Versus Magazine #36 Agosto / Setembro '15

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VAGOS OP EN AIR 20 15

Nยบ 36 Agosto / Setembro 2015

TRI AL B Y FIRE ! M I SSI N G I N A CT I O N ! GA R AGE P OW E R !

QUANDO O PROGRESSIVO SE TORNA SEDUTOR +

STEVEN WILSON SCALE THE SUMMIT NATIVE CONSTRUCT LIVE

ZODIAC TEMPLE OF BAAL CROWN DEAD SILENT PARADISE LOST





EDITORIAL V E R S U S M A G A Z IN E

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EDITORIAL

D IR E C Ç Ã O

Adriano Godinho, Eduardo Ramalhadeiro & Ernesto Martins

SEJAM HONESTOS A in s p i r a ç ã o d eve ri a semp re se r um m eio e nunca u m f i m . O q u e ou vi mo s ho j e transfor m a- nos; faz de n ó s o q u e so mos; te mos d e par tir desse ponto e e v o l u i r m o s p a ra o q ue n o s diz m ais respeito, in d u z i r o “e u ” na s i n fl uê n c i as e na realidade actual (o u n ã o ) p a r a cri a r mo s a l g o d e or iginal, único e pró p r i o . M u i t as b an d as n ã o p ar tilham esta m inha o pini ã o e l i m i tam-se ap en a s em tocar ideias de o u t ro s c o m ou tra rou p ag em (à s vezes nem isso) ; f a z e n d o c o m q ue h a j a ta n ta banda a fazer a m e s m a c o i s a. Ta n to na s b a n d as que passam na rá di o c o m o b an d as d e roc k ou m etal. Cabe- nos a n ó s i d e n t i fi c a r o l ea d er d o follower ; a m ente o rig i n a l d o co p y-c a t; a ve rd a de da m entir a. é a lg o q u e re q ue r a l g u m c o n h e c i mento da m úsica qu e o u v i m o s , d a evo l uç ã o d o s ti pos m usicais; Na Ve rs u s t e m o s semp re em c o n si d e r ação este factor, qu e i n f l u ê n c ia a no ssa op i n i ão e claro, o pr azer qu e t e m o s n a a u d i ç ã o d a músi ca . Já dizia o outro, m a i s v a l e u ma mú si ca ma i s si mples m as que nos s a íu d o â m a g o d o q u e uma g rande m alha que foi t ira d a d e u m á l b u m q ue o s-outros- nunca- m aisirã o - d e s c u b r i r-o n d e. S ej am ho n e stos!

Adriano Godinho

G R A F IS M O

Eduardo Ramalhadeiro ™ RubenChamuscaMultimedia® [ www.rubenchamuscamultimedia.com ]

COLABORADORES

Adriano Godinho, Carlos Filipe, Cristina Sá, Dico, Eduardo Ramalhadeiro, Ernesto Martins, Hugo Melo, Ivo Broncas, Jorge Ribeiro de Castro, Ruben Chamusca, Paulo Guedes, Victor Hugo, Miguel Ribeiro (Hintf) e Nuno Lopes (Hintf)

F O T O G R A F IA

Créditos nas Páginas

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5 / VERSUS MAGAZINE


I´ N D I C E Nº33 JANEIRO / FEVEREIRO 2015

48

TIM BOWNESS QUANDO O PROGRESSIVO SE TORNA SEDUTOR

E N T REV I S TA S

CON T EÚ D O 07 08 11 23

N O T Í C I A S V E RS U S T R I A L B Y F I RE G R Ê LO S D E HORTELÃ ES P E C I A L L I V E V E RS U S # Vagos Open air

43 M O S H 56 M I S S I N G I N A C T I O N # Guns n’Roses 62 PA S S AT E M PO

09 12 16 20 36 38 41 44 52 58 63 65

PAR A D IS E LO S T MAKS L Z OD I A C T E MP LE O F B A A L C R O WN SCHWARZER ENGEL CYRAX N ATI V E C O NS TR U C T S C A LE TH E S U MMIT D EA D S I LENT DÉLU G E M O O NR EI C H

3 3 FLA S H R EV IEWS 6 0 G A R A G E P O WER

# Brain For The Masses

6 7 Á LB U M D O MÊS

# Riverside - «Love, Fear and the Time Machine»

6 8 C R ITI C A V ER S US 7 3 P LAY LIS T V ER S US 7 6 LI V E V ER S U S # Steven Wilson

6 / VERSUS MAGAZINE


NOTICIAS DEMONIC RESURRECTION D EMONSTEALER REVELA C APA E SINGLE DO N OVO ÁLBUM “ GENOC IDAL LEADERS” O front-man dos indianos Demonic Resurrection, Demonstealer, planeia editar um novo álbum a solo, no inicio de 2016, com a colaboração do baterista dos Nile, George Kollias. A antecipar essa edição, é lançado a 2/10 na página bandcamp da banda (http://demonstealer.bandcamp.com) e nas plataformas OKListen, Itunes e Spotify, o single “Genocidal leaders”. Video: H TTP S ://Y O U TU .B E /H H G F F S 4 L G U O

BOLT THROWER Ó B I TO Faleceu no passado dia 14, com 38 anos de idade, Martin Kearns, o baterista dos Bolt Thrower. Segundo comunicado da banda, Martin começou por se sentir mal na noite anterior, durante um ensaio de preparação para uma digressão Australiana que a banda britânica tinha em agenda, tendo vindo a falecer depois durante o sono. Alcunhado carinhosamente pelos restantes membros dos Bolt Thrower como ‘Kiddie’ (por ser bastante mais novo do que estes) Martin Kearns entrou incialmente para a banda em 1994 quando tinha apenas 17 anos, tendo gravado os dois últimos álbuns «Honour-Valour-Pride» (2001) e «Those Once Loyal»(2005). Martin era conhecido por não simpatizar com triggers no kit de bateria, considerando que isso facilitava demasiado a execução.

CYNIC SERÁ O FIM? Após uma comunicação no facebook da banda, Sean Reinert anunciou um ponto final na carreira dos lendários Cynic, devido a “divergências criativas e pessoais.” No entanto, Paul Masvidal veio a publico, também através das redes sociais, desmentir de alguma forma a declaração de Sean. “O Sean não falou nem comigo, nem com o Malone sobre os Cynic acabarem e da digressão estar cancelada.” Parece que nas palavras de Masvidal isto poderá não ser bem assim. Aguardam-se mais notícias.

7 / VERSUS MAGAZINE


TRIAL BY FIRE B U T C H ER BABIES

G O B LI N R EB I RTH

KR I S I U N

Goblin Rebirth (Relapse Records) MÉDIA: 3,8

Take It Like A Man

(Century Media) MÉDIA: 1,7

Forged In Fury (Century Media) MÉDIA: 4

C A R L O S F.

C A R L O S F.

C A R L O S F.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

HUGO M.

HUGO M.

HUGO M.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

M A J E S TIC DOWNFALL

SCALE THE SUMMIT

When Dead (MDD) MÉDIA: 2

SER R A B U LH O

V (Prosthetic Records) MÉDIA: 4,0

Star W hores (Independente) MÉDIA: 3,5

C A R L O S F.

C A R L O S F.

C A R L O S F.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

HUGO M.

HUGO M.

HUGO M.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

T E MP L E

TO DI E FOR

The Moon Lit Our Path (Prosthetic Records) MÉDIA: 4,4

U NLEAS H TH E A R C H ER S

Cult (Massacre Records) MÉDIA: 2,8

Time Stands Still (Napalm Records) MÉDIA: 4,5

C A R L O S F.

C A R L O S F.

C A R L O S F.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

HUGO M.

HUGO M.

HUGO M.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

W I L D L I G HT S

Wildlights ( Season of Mist ) MÉDIA: 1,0

C A R L O S F. EDUARDO R. HUGO M.

Obra - Prima Excelente

ADRIANO G.

Esforçado

ERNESTO M.

Esperado

Básico 8 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“TEMOS FICADO BASTANTE DESLUMBRADOS COM AS REACÇÕES, TODOS PARECEM ESTAR TÃO ANIMADOS COM ELE COMO NÓS ESTAMOS”

PARADISE LOST PRAGA BEM-VINDA OS PA R A D I S E L OS T S Ã O SO B E JA M E N TE C O NH EC I D O S EM P O RTU G A L E C O M U MA SÓL IDA CAR R EI R A Q U E PE RM I T I U A B A R C A R U MA G R A ND E LEG IÃ O D E FÃ S . EM 2 0 1 5 V O LTAM COM «T HE P L A G U E WI T H I N » . E ST E A N O T I V EMO S A O P O RTU NI D A D E D E V ER NI C K H O LME S NO VAGO S M A S C OM O S B L OO D B AT H. E S P ER A MO S , P O RTA NTO , P O D ER V ER O S PA RADISE LO S T N O N O S S O PAÍ S. E STI V EMO S À C O NV ER S A C O M A A R O N A ED Y. Por: Miguel Ribeiro P R I M EIR O Q U E TUDO M UITOS PA R A B É NS PE LA GRANDE C A R RE IRA , O Q U E M UDOU DESDE 1 9 8 8 ATÉ A G O R A ? AARON AEDY: Bateristas e cabelo! Haha .. mas a sério, ao longo dos últimos 27 anos temos crescido como amigos e 9 / VERSUS MAGAZINE

(Em colaboração com a HINTF Webzine)

músicos juntos e nosso vínculo ficou muito mais forte ao longo dos anos, o que é muito bom, mas acho que ainda desfrutar da música juntos ao longo dos anos tem sido incrível. Nós sentimos muito felizes por ainda fazê-lo e amá-la.

P O R Q U Ê O N O M E PA R A D ISE LOST? AARON AEDY: Foi ideia de Nick de um poema que ele tinha ouvido na escola, só deveria ser até nós pensarmos em algo melhor, mas nós crescemos a gostar dele e manteve-se.


“LIRICAMENTE EU SEI QUE NICK É MUITO DE ESCREVER SOBRE A VIDA QUE ELE VÊ AO SEU REDOR E TESTEMUNHOS SOBRE SUAS VIAGENS, SEM QUALQUER CANÇÃO SER SOBRE QUALQUER COISA ESPECÍFICA MAS MAIS SOBRE COMO AS COISAS FAZEM-NO SENTIR.”

R E PARE I QUE AS ÚNICAS MU D A NÇ A S NO VOSSO LINEU P FOR A M NA B ATERIA, O QUÃO D I F Í CIL É MA NTE R A ESTABILIDADE N U MA BA ND A ? AARON AEDY: Eu não posso falar por outras bandas, mas no nosso caso eramos todos os amigos antes dos PL, conheci o Greg desde que eu tinha 11 anos e o Nick desde que eu tinha 12. Sobre as mudanças com os bateristas, eu não sei, é apenas uma daquelas coisas e uma coincidência de tipos eu acho, todos partiram por motivos bem diferentes. “É a vida”!

C O MO E STR Ã O OS VOSSOS FÃS A R E A G IR AO VO S S O NOVO ÁLBUM ? E O S MED IA ? AARON AEDY: Temos ficado bastante deslumbrados com as reacções, todos parecem estar tão animados com ele como nós estamos. É bastante impressionante que as pessoas estejam apaixonadas pela nossa música. Maravilhoso!

N A M INHA OP INIÃ O, «THE PLAGUE W I T HIN» É U M DOS VOSSOS ME L HO R E S ÁL BUNS, M UITAS I N F L UÊ NCIA S D O « I CON», «SHADES O F G O D » , « DR A C O NIAN TIM ES» E « S Y MBO L O F L IFE » C O N SIDE RA M-S E M AIS GOTHIC ME TA L O U GO TH IC DOOM M ETAL? AARON AEDY: Acabamos por nos considerar como Paradise Lost, se rotular a nós mesmos, nós nos restringi-mos e isso é algo que nunca quisemos fazer.

FA L A -NOS U M POUCO M AIS S O B RE A S V O S S A S INFLUÊNCIAS, MU S IC A IS E A NÍV EL DAS VOSSAS L E T R A S ... AARON AEDY: A música é toda uma série de coisas, nós amamos a música como adolescentes, bandas sonoras são muitas para mencionar, liricamente eu sei que Nick é muito de escrever

sobre a vida que ele vê ao seu redor e testemunhos sobre suas viagens, sem qualquer canção ser sobre qualquer coisa específica mas mais sobre como as coisas fazem-no sentir.

QUEM F O I R E S P O N S Á V E L P E L A PRODUÇÃ O D E « T H E P L A G U E WITHIN»? Q U E M O M A S T E R IZ O U ? AARON AEDY: Jaime Gomez Arellano foi o responsável por ter produzido e misturado o álbum e fez um grande trabalho, tivemos ideias muito definidas de como queríamos soar e gravar o novo registo e o Gomez esteve totalmente empenhado e conseguiu-o. Foi um prazer trabalhar com ele.

QUAL FOI O C O N C E IT O D A O B R A DO ART WO R K ? Q U E M O F E Z ? AARON AEDY: A capa de «The Plague Within» foi criada pelo artista polaco, ilustrador e arquiteto Zbigniew M. Bielak, demos-lhe algumas letras para ter uma ideia e, em seguida, deixá-lo fazer o seu trabalho, tivemos que ajustar algumas das ideias perto do final, mas estou muito satisfeito com ele, uma imagem sombria realmente combina bem com a música.

COM O É A C E N A M E TA L N A INGLATER R A ? E S P E C IA L M E N T E E M HALIFAX. AARON AEDY: Tem vindo a aumentar, ou pelo menos as pessoas nos concertos. Nenhum de nós vive em Halifax actualmente, não tenho certeza sobre lá, mas eu sei que há ainda muitos fãs de rock na área, o que é muito bom.

QUANDO A C H A M Q U E V Ã O V O LTA R A PORTU G A L PA R A U M C O N C E RT O ? O QUE P E N S A M D O P Ú B L IC O PORTUGU Ê S ? E S O B R E O PA ÍS ? AARON AEDY: Temos tocado em Portugal há mais de 20 anos,

é sempre um prazer voltar e a saudação calorosa e hospitalidade é incrível. Além disso, Portugal realmente gosta metal. E nós amamos Portugal.

O QUE CONHECEM P O RT U G U Ê S ?

DO

M ETAL

AARON AEDY: Como não podia deixar de ser conhecemos os Moonspell há muitos anos, mas nós também tivemos algumas bandas boas de apoio local. Como eu disse, Portugal são amantes de metal \m/

Q U A IS O S V O S S O S P L A NOS PARA O FUTURO? AARON AEDY: Nós temos uma tournée no outono mas eu acho que a maioria dos próximos dois anos serão todos na estrada, não podemos ir a todos os sítios e tentaremos ir ao máximo de países onde se inclui o poderoso Portugal.

C O M O D E F IN E M A V O S S A RELAÇÃO C O M A C E N T U RY M E D IA R E CORDS? AARON AEDY: Almas gémeas.

D E F IN A M A V O S S A M USI CA A P E N A S N U M A PA L AV R A . . . AARON AEDY: Feliz.

S E P U D E S S E S S E R U M SER UM S U P E R H E R Ó I Q U E M S E R IAS? AARON AEDY: Um que pudesse voar iria solucionar muitos problemas! Eu gosto dos novos filmes do Capitão América, mas nas histórias de banda desenhada quando miúdo, o surfista prateado era o meu caminho.

U M A M E N S A G E M F IN A L PARA OS V O S S O S F Ã S E M P O RT U GAL AARON AEDY: Estamos sempre honrados pela vossa paixão e hospitalidade, estamos sempre muito ansiosos para voltar e… vamos! Muito Obrigado WWW.PARADISELOST.CO.UK HTTPS://YOUTU.BE / 55XLI PZY5Q0 10 / VERSUS MAGAZINE


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GRELOS DE HORTELA

... OLHAI PARA MIM AOS BOCADOS POR: VICTOR ALVES Não interessa onde! Eles eram jovens e sublimes e viviam uma bela história de amor. Saudável e tão forte como a luz de um sol, eles eram dois corpos num só. À sua volta, uma outra visão maquiavélica cobiçava todos os seus passos e jeito de estar. A inveja personificada numa matéria frustrada, pior do que qualquer doença terminal movimentava-se.

uma forma possessiva e indigna. Indicou à ponta de um punhal o fim do batimento do coração da sua amada. Tudo pela posse de um beijo, de um sussurro ou de um suspiro. Não interessava

Não há inveja com atitude sem provocar estragos. O plano era simples e infalível. Bastava a coragem de mil monstros e tudo ficava na grandeza da maldade só para satisfação própria. Um pedaço de papel, uma frase e tudo se transforma: - Quero que saibas que foi tão fácil amar-te como mentir-te! A inveja personificada que amava o mesmo rapaz de 1 1 / VERSUS MAGAZINE

como, nem onde, interessava sim, senti-lo perto. E daquele acto criminoso que o rapaz desconhecia, apenas sobrou aquela frase que o consumia

todos os dias… - Quero que saibas que foi tão fácil amar-te como mentir-te! O plano deu certo e o pobre rapaz achava que a sua mais do que tudo se tinha suicidado. Ele seguiu os mesmos passos para ir ao seu encontro, e desta feita, deixou um papel para ninguém dizendo: - Amor… Vou ter contigo ao inferno! Entretanto, no paraíso sabendo do acontecimento. A sua amada desfeita pelo m a c a b r o destino, correu em direcção ao tormento. Quando o encontrou disselhe: Prefiro uma eternidade ao pé de ti em chamas do que uma eternidade perante a tua ausência. E ali ardiam por amor.


ENTREVISTA

MAKS L. AD AUGUSTA PER ANGUSTA E S TA C O N S A G R A DA EXPRESSÃO LAT INA PO D E BEM S I NTETI ZAR O PER C U R S O DE MA K S L. , D A PATH O L O G I K A L , DESDE OS SEUS EST UDOS G R Á FI C O S ATÉ A O MO MENTO PR ES ENTE D A SU A CA R R EI R A . Por: CSA

A D O RE I A C A PA D E «NATRON», O Ú LT I MO Á L BU M DOS ALSACIANOS C R O W N. É BE LA , DE UM A FORM A S I MULTA NE AMENTE CRUEL E T R I S TE ! O Q UE QU E RIA S EXPRIM IR AO C E RTO ? Q U E T ÉC NICAS USASTE PA R A C R IA R E STA ILUSTRAÇÃO Q U E PO R SI SÓ CHEGA PARA D E S E NCA D E AR UM A FORTE E MO ÇÃO ? Maks L . : Steph’ (CROWN) veio ter

comigo e já trazia com ele um título para o álbum e algumas referências visuais bem 1 2 / VERSUS MAGAZINE

precisas, como, por exemplo, as fantásticas fotografias de Nick Brandt, feitas no lago Natron, na Tanzânia. Vieram-me logo à cabeça dois temas principais: a animalidade e a dualidade das coisas. Assim, aprofundei essas ideias e o maxilar inferior pareceu-me ser a imagem ideal para exprimir os conceitos de animalidade e agressividade. O seu simbolismo é muito forte. Mas, para contrabalançar essa força e agressividade, dei a esse maxilar um ar “frágil”, fazendo-a assemelhar-se a algo

feito de porcelana. Desta forma, criei um equilíbrio entre, por um lado, a agressividade e, por outro, a fragilidade/ligeireza. Penso que essa imagem reflete bem o espírito da música dos CROWN neste álbum.

A N A L IS E I O T E U P O RT EFÓLI O E C O N S TAT E I Q U E FA Z E S OUTROS T R A B A L H O S A RT ÍS T IC O S PARA A L É M D E C A PA S PA R A ÁLBUN S. P O D E S C O M E N TA R U M POUCO A T U A O B R A AT É A O MOM EN TO PRESENTE?


“[…] GOSTO DE SER UM FAZ-TUDO, PORQUE SE EVITA CAIR NA ROTINA.” Maks L . : A fotografia é realmente

a minha atividade epaixão principal. Trabalhar nesse domínio é algo absolutamente natural para mim. Aliás, até me parece que não estou a recorrer o suficiente à fotografia na minha arte. É muito difícil trabalhar com ela na cena do Metal extremo, porque, na sua maioria, as bandas são muito mais atraídas pelo desenho feito à mão.

A N A LIS E I O TE U PORTEFÓLIO E C O N STATE I QU E FAZES OUTROS T R A BA L HO S ART ÍSTICOS PARA A L É M DE CA PAS PARA ÁLBUNS. P O D ES CO MENTA R UM POUCO A T UA OB R A ATÉ AO M OM ENTO P R E S E NT E? Maks L . : Comecei por fazer alguns

cartazes alternativos para bandas de que gostava, como uma espécie de passatempo. Isso fez com que reparassem em mim e levou a que viesse a trabalhar com algumas dessas bandas, mas, desta vez, de forma oficial. Depois comecei também fazer catálogos para museus e sinalética para exposições ou ainda mapping vidéo. Gosto de ser um faz-tudo, porque se evita cair na rotina.

TA M BÉ M O B S E RVEI QUE TENS UMA NÍTID A PREFERÊNCIA PELO PRETO E BRANCO, F R E QUE NT EMENTE COM BINADOS C O M V Á R IO S TO NS DE CINZENTO E – RAR A MENTE – COM M ANCHAS D E C O R (P O R E XE MPLO O CARTAZ PA R A NE UR O S IS + ZATOKREV A P R ESE NTA A L GU M VERM ELHO). P O R Q U E E SC OLHESTE ESTA PA L ETA TÃ O R ESTRITA (PELO ME N OS , A PAR E NT EM ENTE)? L.: A resposta pode ser dececionante. Escolhi o preto e branco muito simplesmente porque gosto dessa combinação. Gosto de trabalhar massas e nuances. Maks

Por outro lado, sempre tive alguma dificuldade em gerir a cor. De há algum tempo para cá, já estou a começar a apreendêla melhor, logo a tentar fazer coisas novas com ela. Apesar de ter a certeza de que o meu trabalho nunca virá a encher-se de mil cores, vou tentar sair das gamas de cinzento.

NOTA- SE IG U A L M E N T E Q U E FA Z E S FREQUENT E M E N T E DESENHOS E – PO R V E Z E S – F O T O S . Q U E CRITÉRIOS T E P E R M IT E M D E C ID IR QUAL D A S D U A S F O R M A S D E EXPRESS Ã O VA IS U S A R N U M D A D O TRABALHO ? M a k s L. : A bem dizer, nunca

faço fotos (pelo menos para as capas de álbuns). Quando preciso de fotos, passo esse trabalho a artistas que sejam realmente talentosos nessa área. Por exemplo, no álbum de Jozef Van Wissem, a maior parte do trabalho foi feita por William Lacalmontie. Eu limiteime a afinar as fotos. A escolha da técnica a usar em cada caso depende sobretudo dos desejos da banda em questão, mas também daquilo que me parece mais adequado para a imagem mental do álbum que eu próprio construo. Os sentimentos que ele desperta condicionam muito a escolha das técnicas.

Rotring ou tinta-da-china, os meus dois instrumentos indispensáveis!a usar em cada caso depende sobretudo dos desejos da banda em questão, mas também daquilo que me parece mais adequado para a imagem mental do álbum que eu próprio construo. Os sentimentos que ele desperta condicionam muito a escolha das técnicas.

L I A L G U R E S ( P R O VAV E L M EN TE N O FA C E B O O K ) Q U E F IZ E S T E ESTUDOS D E A RT E S G R Á F IC A S , É V ERDADE? M aks L .: Sim. Quando acabei

o secundário, fui para a universidade estudar arte contemporânea. Na altura, queria ser professor neste domínio. Especializei-me em vídeo experimental. Mas, quando acabei os 3 anos de universidade, fiquei farto dessa área. Queria encontrar trabalho, o que o curso não me permitia realmente fazer. Portanto, concorri para a École de l’Image de Gobelins, para estudar grafismo, e consegui entrar. É claro que tive de trabalhar imenso, porque os meus colegas de turma tinham vindo das grandes escolas preparatórias de artes gráficas. Eu era o único que tinha saído de uma universidade que não me tinha dado preparação alguma nesse domínio.

A QUE TÉC N IC A S / M E IO S R E C O R R E S PARA FAZ E R O S T E U S D E S E N H O S ? L .: Uso sempre a mesma técnica. Começo por encontrar uma ideia, depois faço um esboço a lápis para a amadurecer. A seguir, faço um croqui, umas vezes à mão, outras recorrendo a ferramentas digitais como Illustrator/ Photoshop. Deixo a coisa “em banho maria” durante 1 ou 2 dias e se, depois desse tempo, o trabalho me parece bem, passo-o a tinta, com o apoio de uma mesa luminosa. A maior parte das vezes uso canetas Maks

13 / VERSUS MAGAZINE


“[…] PASSO MUITO TEMPO A LER LIVROS E A FAZER PESQUISA NA INTERNET, PARA ENCONTRAR IDEIAS.” Q U A L É A PE RCENTAGEM I N S P IR A Ç Ã O E QUAL A T R A BA L HO NA T UA ARTE?

DE DE

Maks L . : Eis uma pergunta que

dá pano para mangas! Passo muito tempo a ler livros e a fazer pesquisa na internet, para encontrar ideias. A inspiração não é fruto de um milagre, antes exige muito trabalho. Talvez até mais do que a própria realização da obra. Portanto, daria 50% à inspiração e 100% ao trabalho.

Q U E A RT ISTA S DEIXARAM S U A S MA R C A S EM TI?

AS

Maks L . : Muitos.

Mas, se for necessário indicar alguns, escolho – sem sombra de dúvida – Albrecht Dürer, Gustave Doré e Jean Giraud como as minhas referências absolutas. Noutro nível, também fui muito influenciado pelo trabalho de Rob Sheridan para Nine Inch Nails, devido ao seu minimalismo e ao seu grafismo, que, na época, era profundamente vanguardista, logo ilustrava perfeitamente a música de Trent Reznor. Por último, sempre fui e continuo a ser muito influenciado pelo trabalho do cineasta Mamoru Oshii. As suas realizações aguçaram em mim o gosto pela ideia de nunca fazer nada gratuitamente. Cada elemento deve ter um sentido e mesmo vários, dependendo da leitura que cada um faz dele. Penso que esse princípio falta muito na maioria do artwork ligado ao metal. É essencial, porque gera uma utilização das imagens verdadeiramente inteligente. As coisas começam a estar melhor, mas ainda há muito trabalho a fazer nesse domínio!

ONDE E CO MO E N C OMEND A S ?

ARRANJAS

Maks L . : Nunca o fiz, no sentido

1 4 / VERSUS MAGAZINE


“[FASCINA-ME A] IDEIA DE NUNCA FAZER NADA GRATUITAMENTE. CADA ELEMENTO DEVE TER UM SENTIDO E MESMO VÁRIOS, DEPENDENDO DA LEITURA QUE CADA UM FAZ DELE. […]” estrito da expressão. Sempre tive a sorte de ser requisitado por gente que gosta do que eu faço. Também seleciono meticulosamente as bandas com quem trabalho, porque, paralelamente, tenho um emprego que me permite pagar as minhas contas. E, quando trabalhas em duas coisas ao mesmo tempo, tens de ter o cuidado de fazer pelo menos uma dela por gosto, senão é uma verdadeira tortura. E daí não pode sair nada de bom.

J Á TIV E STE A OP ORTUNIDADE DE E X P O R AS T UA S OBRAS ? Até agora, uma só vez. Participei num exposição coletiva intitulada “Krieghallen“, que serviu para homenagear um célebre estúdio de gravação norueguês: o Grieghallen. Também lá estavam amigos como Dehn Sora, Metastazis ou Fortifem [um duo composto por Adrien Havet e Jessica Daubertes]. É evidente que espero um dia poder fazer uma exposição individual! E num sítio que não seja um bar! Maks L . :

TA M BÉ M É S MÚS ICO, COM O OS T E U S CL IENTE S? Maks L . : Dediquei-me à música,

quando era estudante. Tocava guitarra e baixo. Mas, quando saí da escola, mergulhei a 200% no meu trabalho e nas minhas ilustrações, logo tive de deixar a música. Mas ainda

penso nela e a ideia de voltar não está posta de parte, tanto mais que muitas das pessoas que me rodeiam são músicos. Certamente, essa hipotética futura nova fase musical será bem mais interessante do que quando punha os dedos em sangue à força de tentar aprender a tocar as canções de Tool sozinho, no meu minúsculo quarto de estudante.

ESTÁS 1 0 0 % C O N T E N T E C O M O TEU TRAB A L H O E A T U A V ID A ? NÃO TEN S U M A A M B IÇ Ã O , U M SONHO E S C O N D ID O E M A L G U M LADO? M a k s L. : Atualmente, estou aí

70% satisfeito com o meu trabalho. Gostaria de ter mais tempo para consagrar às minhas ilustrações. Mas é preciso ganhar a vida! Contudo, o meu trabalho principal (diretor artístico num estúdio de vídeo mapping), que consome uma boa parte do meu tempo e da minha energia, também é muito estimulante para mim. E tem a vantagem de ser diametralmente oposto ao trabalho que faço para as bandas. Assim, posso, num mesmo dia, trabalhar para a Dior ou a Lancôme de manhã e fazer um cartaz para Godflesh à noite. Este equilíbrio agradame bastante. É claro que, se pudesse inverter a tendência e fazer mais ilustração e menos mapping, não hesitaria nem um segundo!

SE PUD E S S E S E S C O L H E R , Q U A L DAS TUA S O B R A S G O S TA R IA S Q U E ASSOCIAS S E M IM E D IATA M E N T E AO TEU N O M E ? Não sei bem dizer. É muito difícil escolher uma delas. Cada uma tem a sua génese e a sua história própria. Todas elas são pequenas partes de mim. Provavelmente as pessoas nem se apercebem da quantidade Ma k s L. :

de energia que investi nelas (às vezes excessivamente). Por exemplo, para o último álbum de Zatokrev, fiz um acordo com a banda, que consistia em vender os desenhos originais para financiar uma parte do lançamento. Foi dilacerante separar-me do meu trabalho. Mas, se tivesse mesmo de selecionar uma obra minha, acho que escolheria o cartaz que fiz para “Soleil Noir”. É, sem dúvida, o trabalho que me satisfaz mais até ao momento presente.

S E P U D E S S E S S E R U M A OUTRA P E S S O A , Q U E M G O S TA R IA DE SER? M aks L .: Nunca pensei nisso. Há

muitas pessoas que admiro pelo que fazem ou são. Mas assim ao ponto de querer estar no seu lugar… Mesmo se pensar em alguém como Trent Reznor, que seria provavelmente o primeiro nome que me viria à cabeça, porque se trata de uma pessoa por quem tenho uma grande admiração (a certa altura até andava perto da psicose), acho que não quereria ser ele. No fim de contas, acho que estou muito bem assim B L O G : PAT H O L O G I K . B LOGSPOT.FR V I M E O : V I M E O . C O M / PATHOLOGI KAL


ENTREVISTA

“(…)FOI O NOSSO PRIMEIRO ÁLBUM AO VIVO E CHAMÁMOSLHE «ROAD TAPES VOL. 1», PORQUE HÁ MAIS PARA VIR.”

ZODIAC PRIMEIRO DE MUITOS VOLUMES OS ZO D I A C PA S S A R A M M U I T O R A P I DA MENTE D E B A ND A EMER G ENTE A U MA C ERTE Z A NO ROC K E U R O P EU . « S O N I C CH I L D » F OI MU ITO B EM S U C ED ID O E R EV ELA TO D A A Q U A L IDADE DOS A LE M Ã E S . « R O A D TAP E S… » É O P R I MEIR O Á LB U M A O V IV O E A Q U I D EMO NS TR A M TODA A SU A Q U A L I D A D E . E S T I V E M OS À CO N VER S A C O M J A NO S C H S O B R E O S ZO D IA C E NÃ O SÓ… Por: Eduardo Ramalhadeiro

COM «SONIC CHILD» VOCÊS ATINGIRAM O TOP 50 NA ALEMANHA. JÁ AGORA, FOI BEM MERECIDO! SERÁ QUE «ROAD TAPES VOL 1» ESTARÁ À ALTURA DO SEU ANTECESSOR? PARA MIM, APESAR DE SER AO VIVO, INDISCUTIVELMENTE SIM!!! JANOS CH: É somente um álbum ao vivo,

portanto, na minha opinião, é apenas uma interpretação dos álbuns de 1 6 / VERSUS MAGAZINE

estúdio. É realmente cru e natural, então, as pessoas podem ouvir aa canções de uma outra forma. No estúdio, nós tentamos focar-nos em cada detalhe e ao vivo vamos com a corrente. É diferente!

RETOMANDO A QUESTÃO ANTERIOR, NA MI NHA HUMILDE OPINIÃO, ESTE É UM PRENÚNCIO DE UM RECONHECIMENTO AINDA MAIOR PARA A BANDA. TAMBÉM COMUNGAS

DA MINHA OPINIÃO? J A NO S C H : Eu não diria que é melhor.

Como disse, é diferente. Alguns dos temas têm mais energia, quando os tocamos ao vivo, e alguns precisam dos detalhes e do “som limpo” do estúdio.

ESTE FOI O VOSSO PRIMEIRO ÁLBUM AO VIVO. COMO FOI A GRAVAÇÃO? ESTE CONCERTO FOI DIFERE NTE DOS


“É CLARO QUE A NOSSA MÚSICA É INSPIRADA POR UMA SÉRIE DE ARTISTAS AMERICANOS E O NICK, O NOSSO VOCALISTA, FOI CRIADO NO CANADÁ.” RESTANTES? EXIGIU ALGUM TIPO DE PREPARAÇÃO ESPECIAL? JANOS CH: Sim, foi o nosso primeiro

álbum ao vivo e chamámos-lhe «Road Tapes Vol. 1», porque há mais para vir. Claro que este é diferente de uma gravação de estúdio. O nosso engenheiro de som Flo foi o responsável pelas gravações, que abrangeram quase todos os concertos da última digressão do outono de 2014. Às vezes era um bocado stressante, porque se levava sempre algum tempo a preparar o material para a gravação, mas agora já está tudo feito e, da próxima vez, será tudo mais fácil. Claro que isto foi uma boa aprendizagem para todos!

EU VI O PRIMEIRO VIDEO – “HOLDING ON”. O SÍTIO ASSEMELHA-SE A UM PEQUENO BAR, ACOLHEDOR E CALOROSO. NO ENTANTO, PARECEME QUE A CAPA REPRESENTA OUTRO SÍTIO. ONDE É QUE ESTE CONCERTO TEVE LUGAR? JANOS CH: Sim, o vídeo foi gravado

num bar de rock’n roll muito porreiro, em Düsseldorf, na Alemanha, chamado “The Pitcher”. Nós tocámos lá muitas vezes e está sempre cheio, muito quente e húmido, por isso é o lugar ideal para gravar um vídeo íntimo. A foto da capa foi tirada num concerto em França, num cinema velho com um palco muito fixe e toda a gente esteve sentada durante o concerto. Primeiro ainda achámos estranho que isso acontecesse num concerto rock’n roll, mas depois acabou por ser perfeito! Eu sei que vocês têm uma excelente sala no Porto. Espero que toquemos lá brevemente!

GOST O MUITO DO VOSSO ESTILO DE BLUES MISTURADO COM ROCK TRAD ICIONAL, MAS , NO ENTANTO, MUITO VERSÁTIL. «SONIC CHILD» ESTEVE NA MINHA LISTA PARA “ÁLBUM DO ANO”. APESAR DE SEREM ALEMÃES, A VOSSA MÚSICA É MUITO AMERICA NIZADA – NÃO TENHO A CERTEZA SE CONCORDARÁS. TIRANDO ESSE ASPECTO, ISTO É SÓ MUSI CA. POR ACASO, NUNCA SE TIVERAM VONTADE DE SUBSTITUIR O VOSSO ESTILO POR UM ROCK MAIS EUROPEU? (ESTOU A PENSAR E A OUVIR “A PENNY AND A DEAD HORSE”). JANOS CH: É claro que a nossa música

é inspirada por uma série de artistas americanos e o Nick, o nosso vocalista, foi criado no Canadá. Então, talvez seja por isso que o nosso som não é o típico

alemão/europeu. Mas talvez o próximo álbum seja mais britânico ou talvez apresente algumas melodias turcas... (risos). Não pensamos muito nisso e deixamo-nos inspirar por tantos estilos. Nós gostamos de tudo, desde Metal/Rock ao Jazz e ao Hip Hop, mas, quando se trata da essência dos Zodiac, é só Rock’N Roll!

PARA NOS DESVENDAR UM POUCO MAIS DE UM TEMA EM PARTICULAR, MAS CONVOSCO VOU MAIS LONGE. SINTO A FALTA DE “SAD SONG” EM «ROAD TAPES…» - POR Q UE É QUE NÃO A INCLUÍRAM NO VOSSO ÁLBUM AO VIVO?

NESTE GÉNERO DE MÚSICA, EU ACHO QUE É MUITO DIFÍCIL BRILHAR ACIMA DAS RESTANTES BANDAS QUE ANDAM POR AÍ E VOCÊS CONSEGUIRAM-NO AO TERCEIRO ÁLBUM. OK, SEGUNDO! TAMBÉM GOSTEI MUITO DE «A HIDING PLACE». NO ENTANTO, ACHO QUE «SONIC CHILD» ESTÁ UM POUCO ACIMA DO SEU ANTECESSOR. POR ISSO, DIZ-ME: - O QUE É QUE DISTINGUE ESTES DOIS ÁLBUNS OU O QUE É QUE VOCÊS FIZERAM DE DIFERENTE DE UM PARA O OUTRO?

J A NO S C H : Eu gosto muito de “Sad

J A N O S C H : Eu acho que cada álbum que fazíamos era mais variado do que o anterior. Em «Sonic Child», vais encontrar tudo, desde Swampy Blues até melodias funky e o metal hard/rock. Por isso, penso que tivemos de fazer um álbum como este para chegar ao âmago do nosso som. Isto é música Rock e, já agora, eu não gosto quando todos os álbuns de uma banda soam sempre da mesma forma. Há apenas algumas bandas neste planeta para as quais isso não há problema… Ninguém quer ouvir um disco funky dos AC/DC ou Iron Maiden. (risos)

«A HIDING PLACE» FOI LANÇADO EM 2013, « SONIC CHILD» EM 2014 E AGORA LANÇARAM ESTE VOLUME 1 DE UM ÁLBUM AO VIVO. VAI HAVER UM VOLUME 2 DEPOIS DESTA DIGRESSÃO? O QUE PODEMOS ESPERAR DE ZODIAC NO PRÓXIMO LANÇAMENTO? J A N O S C H : Algures no tempo, haverá

um Volume 2, mas ainda não sabemos quando… No que toca ao novo lançamento dos Zodiac, podes esperar dando dois passos atrás e um para o lado. Tem cuidado! (risos)

UMA DAS COISAS DE QUE GOSTO MAIS NOS ZODIAC É AQUELE TOQUE DE CRUEZA, MISTURADO COM UM SOM DE GUITARRA SUAVE E “AVELUDADO” – MAIS UMA VEZ, “A PENNY AND A DEAD HORSE” COMO EXEMPLO – AQUELE SOLO FINAL É ESPANTOSO. PODEMOS OUVIR ISTO, NÃO SÓ NO ESTÚDIO, MAS TAMBÉM AO VIVO. GERALMENTE, PEÇO AO ENTREVISTADO

Song”, mas já tínhamos demasiados temas calmos nessa digressão. Portanto, talvez a possas ouvir no Volume 2!

… E O MEU TEMA FAVORITO: QUEM TE DEIXOU POR UM “CÊNTIMO E UM CAVALO MORTO” J A NO S C H : Oh… Eu acho que todos os

homens conhecem este sentimento, quando uma mulher nos larga. (risos) A maioria das letras são coisas pessoais, mas também tratam de questões com que as pessoas têm de lidar de vez em quando. Eu realmente gosto disso, quando ouço uma música e me lembro de algo passado.

CORRIGE-ME SE ESTIVER ENGANADO, MAS EU ACHO QUE TÊM VINDO A TRABALHAR COM O MESMO PRODUTOR DESDE «A BIT OF DEVIL». ACHAS QUE PARTE DO VOSSO SUCESSO SE DEVE A ELE? CONTINUARAM COM O MESMO EM «ROAD TAPES…»? J A NO S C H : Sim, tens razão. Todos os

nossos álbuns foram gravados nos estúdios Megaphon, em Arnsberg, na Alemanha, com o Martin Meinschäfer. Ele é um gajo porreiro e um grande engenheiro de som. Mas a maior parte dos temas já estão prontos para gravar, quando entrámos no estúdio. Portanto, os três primeiros foram produzidos pelos Zodiac com alguma ajuda do Martin. Talvez trabalhemos com ele como produtor no próximo álbum.

REGARDING THE TOUR, YOU HAVE TWO DIFFERENT LABELS. ONE FOR USA AND ANOTHER FOR EUROPE. IS THERE ANY MAJOR DIFFERENCE IN THE PROMOTION BETWEEN THESE TWO CONTINENTS AND LAB ELS? NO QUE DIZ RESPEITO À DIGRESSÃO, VOCÊS TÊM DUAS EDITORAS DIFERENTES: UMA PARA OS EUA E OUTRA PARA A EUROPA. EXISTEM GRANDES DIFERENÇAS NA P ROMOÇÃO ENTRE OS DOIS CONTINENTES? J A NO S C H : Nem por isso. Na Europa, temos mais saída na imprensa escrita e, nos EUA, as webzines são muito mais importantes. Mas penso que as

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“A MAIORIA DAS LETRAS SÃO COISAS PESSOAIS, MAS TAMBÉM TRATAM DE QUESTÕES COM QUE AS PESSOAS TÊM DE LIDAR DE VEZ EM QUANDO.” bandas na Europa se deviam focar mais na promoção online. Nos tempos que correm, o Facebook, o Youtube e os blogues que são muito mais importantes do que uma boa review numa qualquer publicação de metal escrita, por muito famosa que seja.

VOCÊS ESTÃO EM DIGRESSÃO PELA EUROPA. COMO É QUE ESTÁ A CORRER? EU VI NO VOSSO WEBSITE QUE NÃO TÊM QUALQUER DATA AGENDADA PARA OS EUA. TÊM PLANOS PARA UMA DIGRESSÃO NESSE PAÍS? COMO É QUE ACHAS QUE CORRERÁ? JANOS CH: Sim, fizemos uma digressão

pela Europa no ano passado. Mas este ano 3 digressões foram canceladas, porque algumas pessoas fizeram asneiras das grandes. Portanto, esperamos que haja mais datas no futuro. Brevemente, vamos em digressão por Espanha e depois temos mais uns concertos no final de 2015. Em 2016, vamos dar o maior número de concertos possível! Em 2013, também andámos em digressão pelos EUA, mas, passadas duas semanas, tivemos de regressar porque os nossos vistos foram cancelados. Quando tivermos uma oportunidade, iremos regressar. (risos)

JÁ VI QUE VOCÊS ESTÃO A TRABALHAR NA ESCRITA DE NOVOS TEMAS – A UM POR ANO, DEVEREMOS TER UM NOVO ÁLBUM EM 2016. PODES DESVENDAR-NOS O QUE PODERÁ SER? JANOS CH: Ainda não, mas posso dizer-

te que vai ser mais rock e que nele encontrarás algumas influências que nunca ouviste antes nos Zodiac. A ver vamos!

E AGORA VAMOS A ALGO COMPLETAMENTE DIFERENTE: QUAL FOI O TEU CONCERTO MAIS MEMORÁVEL? JANOS CH: Sem sombra de dúvidas, o do Hellfest, em 2014!

HÁ ALGUMA BANDA COM A QUAL GOSTARIAS DE PARTILHAR O PALCO? (E PORQUÊ, JÁ AGORA…). JANOS CH:

mencionar!

São

demasiadas

para

QUAL FOI A COISA MAIS ESTÚPIDA QUE TE ACONTECEU (OU À BANDA) NUM CONCERTO? JANOS CH: Num concerto, mudámos o alinhamento mesmo antes de

começar… mas nem toda a gente na banda o fez… então, começámos a tocar, mas temas diferentes… isto foi… embaraçoso! (risos)

OBRIGADO PELA ENTREVISTA E SINCERAMENTE ESPERO VER-VOS EM BREVE EM PORTUGAL! J A N O S C H : Acho que não vai tardar muito que estejamos a tocar em Portugal!

W W W. Z O D I A C - R O C K . C O M W W W. FA C E B O O K . C O M / Z O D I A C . R O C K HTTPS://YOUTU.BE/JIMPSL6R4TC



ENTREVISTA

“[…] «MUT» […] REVELA MUITO A NOSSA VONTADE DE NÃO NOS SENTIRMOS LIMITADOS POR GÉNEROS MUSICAIS OU PELO NOSSO PASSADO. […]”

TEMPLE OF BAAL UMA UNIÃO INDISSOLÚVEL S U RPREENDE NTE ME NTE – OU TA LV EZ N Ã O – É A S S IM Q U E O FR O N T M A N D E TEM PLE O F BAAL VÊ A RE L A Ç Ã O EN T R E O B LA C K META L E A R ELI G I Ã O ! Por: CSA

OLÁ, O L I VI E R. TE MP LE O F B A A L É UMA BAN DA COM H IS T Ó R IA . P O D ES APRESE N TAR OS S EU S P R IN C IPA IS MOMEN TO S AOS N OSSO S LEIT O R ES ? AMDUSCIAS: Olá, Cristina. Temple of

Baal surgiu em 1998. Nessa altura, a minha intenção era criar uma banda de Black Metal puro e duro, old shool, cuja música assinalaria o regresso ao Black Metal como eu o apreciava. Havia muitas bandas a seguir a pegadas de Dimmu Borgir e de Craddle of Filth, fazendo um Black Metal melódico, fácil de ouvir,

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com muito sintetizador. Eu queria ir ao encontro desta moda e produzir um som semelhante ao de Darkthrone, Mayhem ou ainda Beherit ou Impaled Nazarene. Na primeira encarnação da banda, o vocalista era MKM de Antaeus, mas não ficou muito tempo. Então, eu passei a encarregar-me da voz e da guitarra. “Oficiámos” como um trio durante bastante tempo, até ao «Verses of Fire» (2009). A nossa primeira demo – «Black Unholy Presence» – foi lançada pela Chanteloup Créations, uma editora de culto, que só fazia cassetes e tinha

uma lista de distribuição alucinante. Esgotou-se em algumas semanas e Temple of Baal tornou-se muito popular na cena underground. Então, assinámos um contrato com a Oaken Shield, a subdivisão da Adipocere Records responsável pelo Black Metal, que lançou os nossos dois primeiros álbuns – «Servants Of The Beast» e «Traitors To Mankind» – muito bem recebidos. Assim, evoluímos de um Black Metal puro para um Black/Thrash e depois, à medida que os anos passavam, a nossa música foi-se tornando cada


“[…] TEMPLE OF BAAL É UMA BANDA PARA QUEM O BLACK METAL É UMA ESPÉCIE DE RELIGIÃO. […] E TODOS OS NOSSOS ÁLBUNS EXPLORAM ESSA DIMENSÃO.[…]” vez mais extrema até que a nossa tendência Death Metal se tornou mais evidente, o que culminou no álbum «Lightslaying Rituals», lançado pela Agonia Records em 2009. Passámos, então, a ser um quarteto, com o Alastor na segunda guitarra. Este álbum dividiu os fãs, porque era talvez demasiado Death Metal… Mas correspondia ao que tínhamos necessidade de exprimir nessa época. Em 2013, o nosso álbum «Verses of Fire» apresentou uma síntese de todas essas tendências, com um regresso ao Black Metal, nos riffs, e uma produção típica do Death Metal. Como o Alastor deixou a banda, recrutámos o Saroth (Aosoth, Antaeus, Cruxifiction). E aqui estamos nós a lançar o nosso novo álbum: «Mysterium». Temple of Baal é uma banda para quem o Black Metal é uma espécie de religião. Para mim, o Black Metal é uma música religiosa e todos os nossos álbuns exploram essa dimensão. Ser-me-ia impossível tocar Black Metal sem ver nessa prática uma espécie de oração, uma música sagrada. O Satanismo e a figura de Lucifer são elementos-chave da nossa abordagem musical. Por esse motivo, temos lançado frequentemente splits, mas unicamente com bandas que têm uma visão próxima da nossa ou equivalente. Defendemos uma prática do Black Metal próxima do seu espírito primitivo, uma adoração fervorosa de Satã através da música.

TODOS OS M E M B ROS D E T EMP LE O F B A A L FAZEM PARTE D E OUTR A S B A N D A S . O Q U E ENCON TRAM E M TE M P LE O F B A A L Q U E NÃO EX I S TE N E S SAS OU T R A S B A N D A S ? AMDUSCIAS: É difícil responder. Penso

que não é assim que se deve encarar a questão. Eu toco em Temple of Baal e Bran Barr e estas duas bandas não têm nada a ver uma com a outra. Bran Barr é uma banda de Folk Metal bastante Heavy e épica. Arkdaemon toca em Hell Militia, cuja música está muito próxima de Mayhem, ou seja, Black Metal, mas que não tem nada a ver com o de Temple Of Baal… Pessoalmente, Temple of Baal é a minha banda, a minha «coisa», fui eu que a criei e sou eu que componho toda a sua música e escrevo todas as letras. Portanto, tenho um controlo quase total de Temple of Baal, o que não acontece nas minhas outras bandas. E tenho boas razões para crer que Saroth ou Skvm pensam da mesma maneira, quando tocam em bandas como Aosoth, Antaeus, The Order Of Appolyon… Todas estas bandas partilham uma abordagem musical de inspiração religiosa: esse aspeto une-nos, mas a sua música é radicalmente diferente.

COM M A I S D E 1 5 A N O S D E C A R R EIR A , CHEGARAM AO V OSSO Q U IN T O Á LB U M. REPAR E I QUE A P ER IO D IC ID A D E D E LANÇA M E N TO É M UIT O VA R IA D A : N O

IN ÍC IO , M E D IAVA M 2 A NO S E NTR E C A D A Á LBU M , D E P O IS 4 A NO S E A G O R A R ET O M A R AM O S 2 A NO S E NTR E E S TE E O S EU P RE D E C E S S O R . H Á R A Z Õ E S PA R A ES TA VA RIA Ç Ã O ? O U TR ATA -S E D E U M M ER O A C A S O ? AMDUSCIAS: A dada altura, as mudanças

de formação retardaram a banda. Também precisei de algum tempo para “convalescer” de «Traitors To Mankind», que foi um álbum muito difícil para mim. Enquanto o compunha, caí numa grande degradação, devido à depressão e ao facto de beber imenso. Depois, tive de me encher de coragem e pôr ordem na minha vida, o que demorou algum tempo.

C U R IO S A M E NTE , O V O S S O P R IM E IR O LA N Ç A MEN TO É U M Á L B U M A O V IV O , A P ES A R DE O V O S S O P R IM E IR O Á L B U M D E ES T Ú D IO TE R S A ÍD O NO M E S M O A NO : 2 0 0 3 . L E M B R A S -TE D E C O M O IS S O A C O N T EC EU ? AMDUSCIAS: Não é um álbum. A Metal

Archives fez confusão. Trata-se muito simplesmente de um concerto, que saiu em cassete, numa edição muto limitada, com um som muito cru, um lançamento muito underground. O nosso primeiro álbum é «Servants Of The Beast».

V O C ÊS FA Z E M M U ITO S S P L ITS C O M B A N D A S D E P R IM E IR A Q U A L ID A D E , EM B O R A B A S TA NTE U ND E R G R O U ND . P O R Q U E G O S TA M TA NTO D E S TE F O R M ATO ? E C O MO ES C O L H E M O S V O S S O S PA R C E IR O S ? AMDUSCIAS: Como referi anteriormente, escolhemos apenas bandas de que nos sentimos próximos no plano espiritual. Seria completamente despropositado fazermos algo desse género com uma banda focada no gore ou em temas políticos, por exemplo. Defendemos uma determinada visão do Black Metal e do Metal em geral e, antes de mais, somos uma banda underground, estamos muito ligados a esse mundo, porque foi de lá que viemos. Lançar splits é uma prática corrente nesse universo e que nos agrada muito. Além disso, permite-nos apresentar bandas a um público que não as conhece forçosamente, sobretudo quando escolhemos grupos estrangeiros. Contudo, não sei se lançaremos mais algum split. Fizeram-me algumas propostas, mas não tive vontade de lhes dar seguimento, já que as bandas em questão não me interessavam. Só quero fazer splits com bandas que aprecio verdadeiramente, fazer um só para ter mais um lançamento não me interessa mesmo nada. «MY S T ER I U M » É U M Á L B U M M A G NÍF IC O : A D O R EI C AD A M O M E NTO . P O D E -S E D IZ E R – T EN D O E M C O NTA O S E U NO M E E O S

TÍTU L O S D A S FA IX A S – Q U E É UMA OBRA R E L IG IO S A ? FA Z -M E P E NS AR NUMA M IS S A . AMDUSCIAS: «Mysterium» é em absoluto

uma obra religiosa. Traduz a minha conceção de Black Metal, que não consigo separar da religião e da espiritualidade. É claro que estou a falar sinistra religião dita “da mão esquerda”. É evidente que os títulos de algumas faixas – por exemplo, «Hossana» – evocam uma missa. Mas o álbum não está estruturado como uma missa, embora seja algo que poderei vir a fazer num futuro próximo. Tratase antes de uma espécie de “livro de orações”. O título - «Mysterium» - referese aos mistérios da fé. Já me pediram muitas vezes para explicar, definir de modo preciso em que consiste a minha religião, quais são as minhas crenças… Mas é-me absolutamente impossível fazê-lo. É uma coisa que me acompanha para onde quer que vou, enraizada nas profundezas do meu ser, ao longo de toda a minha existência. Mas esta espiritualidade não assenta em fundamentos precisos. É claro que tem a sua origem na serpente do Génesis, que transmite o conhecimento ao género humano, no mito de Caim… Mas Lucifer revela-se a cada um de forma diferente. Nós não temos dogmas, o que confere à nossa religião um caráter autêntico, porque cada um a pratica à sua maneira, ao contrário das três religiões dos livros sagrados, que são completamente codificadas e regulamentadas. Nós somos livres, guiados unicamente pela nossa sede de conhecimento, sob o signo de Lucifer, a estrela da manhã. Glorificado seja o seu nome.

O TO M M U D A E NTR E TE M A S, MAS A ID E NTID A D E D A B A ND A NU NC A SE PERDE. P O D E S FA Z E R -NO S U M A V IS ITA GUIADA A O Á L B U M C O M E NTA ND O O CUNHO QUE Q U IS E R A M D A R A C A D A FA IX A ? AMDUSCIAS:

Quando começámos a compô-lo, decidimos logo dar-lhe uma identidade unificada, épica, quase progressiva, com atmosferas diferentes, mas sempre a pensar na unidade, em termos musicais. Isto é complicado, porque somos todos músicos muito abertos de espírito e apreciadores de inúmeros estilos de Metal, que nos influenciaram. É por essa razão que, na música de Temple of Baal, encontras riffs estritamente Black Metal, outros mais Death Metal, passagens de Thash ou até de Heavy. Este álbum tem partes que tu poderias encontrar num lançamento de Doom ou mesmo de Metal Atmosférico! Tudo isto é combinado para dar relevo às composições, mas também para lhes conferir uma unidade perfeita. A composição deste álbum durou quase 2 anos, depois de termos terminado 2 1 / VERSUS MAGAZINE


“[«MYSTERIUM»] É UMA ESPÉCIE DE “LIVRO DE ORAÇÕES”. […] REFERE-SE AOS MISTÉRIOS DA FÉ. […]” «Verses of Fire». Parti de títulos como “Walls Of Fire” ou “Arcana Silentium”, o que me permite afirmar que «Mysterium» é mesmo um prolongamento épico de «Verses of Fire».

OS TE M A S S ÃO T O D O S B A S TA N T E LONGO S, O QUE N ÃO A C O N T EC E N O S OUTRO S Á L B UN S D A B A N D A . Q U E R A ZÕ ES DITAR AM E STA M U DAN Ç A ? AMDUSCIAS:

O desejo de explorar atmosferas. Sempre achei que, no Black Metal, as atmosferas eram bem mais importantes do que a brutalidade. Quando me dizem que álbuns como «De Mysteriis Dom Sathanas» ou «In The Nightside Eclipse» são brutais, fico a pensar que essas pessoas não compreendem minimamente a essência do Black Metal. É claro que há neles brutalidade, mas o que é verdadeiramente importante são as atmosferas e o estado de oração, de transe, em que elas mergulham o ouvinte. O Black Metal é um género sagrado. Limitá-lo à brutalidade equivale, para mim, a privá-lo da sua essência. Eis a razão pela qual trabalhámos tanto as atmosferas em «Mysterium». Por outro lado, a temática do álbum implicava a aposta em ambientes propícios ao recolhimento e à meditação. Isso não significa que tenhamos virado as costas à brutalidade, que está presente neste álbum, mas integrada em passagens que remetem para outras atmosferas.

TENS U M A C AN ÇÃO P R EFER ID A N ES T E ÁLBUM ? OS OUTR OS M EM B R O S D A BANDA SÃO DA M E SM A O P IN IÃ O ? AMDUSCIAS: Tenho muita dificuldade

em escolher uma delas. Gosto de todas por motivos diferentes. Penso que “Lord Of Knowledge And Death” constitui uma boa introdução, com a sua estrutura progressiva e a criação da atmosfera que dá sentido ao álbum. Uma faixa como “Hosanna” vai soar maravilhosamente ao vivo e a combinação de partes lentas com vocais limpos em background constitui um grande momento do álbum. Os riffs Thrash de “Divine Scythe” remetem para as nossas raízes e prometem momentos apocalíticos nos concertos, enquanto “All In Your Name” põe fim ao álbum com uma apoteose de devoção. Não sei dizer-te se são as minhas partes preferidas, mas são certamente os momentos fortes do álbum. Mas preciso de mais distância crítica para ter uma perspetiva clara e precisa sobre essa questão.

Q U EM C OM P Ô S A M Ú S IC A ? E Q U E M ES C R EV EU A S L E TR A S ? F IZ E R A M C O M O D E C O S T U M E O U A D O TA R A M U M A ES T R AT ÉGIA D IF E R E NTE PA R A E S TE Á LB U M ?

AMDUSCIAS: Eu escrevi todas as letras

e uma grande parte dos riffs. “Divine Scythe” e “Black Redeeming Flame” são da autoria do Saroth, o nosso novo guitarrista. “All In Your Name” é uma faixa que eu já tinha escrito, mas que, na altura, me deixou insatisfeito. Saroth reescreveu uma parte dela, inserindo riffs da sua autoria, logo resultou de um trabalho de par. É nosso costume, quando temos as pré-maquetes prontas, sejam da minha autoria ou da dele, enviarmos tudo aos outros, para discutirmos o que fizemos. Daí resultam alterações e arranjos, que fazem com que o trabalho final seja coletivo.

V I Q U E A CA PA D O Á L B U M É D E D AV ID F ITT, O A RT IS TA G R Á F IC O Q U E E NTR E V IS TE I PA R A O Ú LTIM O NÚ M E R O D A V E R S U S . COMO É TRABALHAR COM ELE? AMDUSCIAS: O David é um amigo de

longa data, de há mais de 10 anos. Já tinha trabalhado connosco para a reedição em vinil de «Traitors To Mankind», que deve sair antes do fim deste ano, pela editora alemã Art Of Propaganda. No que toca a este álbum, enviámos-lhe textos, as prémaquetes e a versão final, para ele mergulhar no seu ambiente. Ele e a Maria Yakhnenko trabalharam juntos e foram apresentando várias versões provisórias e nós fomos propondo alterações, à medida que o trabalho avançava.

AMDUSCIAS: Estamos a preparar uma

série de concertos, talvez façamos uma digressão. Já fomos a vários países, quando lançámos «Verses of Fire», mas ainda temos muito a fazer para dar a conhecer a nossa música. Participámos em festivais bem conhecidos (Hellfest, Kings Of Black Metal...) e espero que isso continuará a acontecer. Oxalá tenhamos a oportunidade de visitar países que ainda não conhecemos.

S E V O S C O NV ID A S S E M PA R A T OCAR EM P O RTU G A L , C O M B A ND A S NACIONAIS, Q U E M E S C O L H E R IA M ? AMDUSCIAS:

«Provavelmente Corpus Christii, com quem mantemos contacto há muito tempo e que já tocou connosco em França, ou Morte Incandescente ou ainda Decayed. Conheço mal a cena portuguesa. Já tocámos no Caos Emergente, há alguns anos, e ficámos com uma ótima recordação desse festival. Voltaríamos a Portugal com muito gosto.

Q U E R E S D E IX A R U M A Ú LTIM A MENSAGEM A O S F Ã S P O RTU G U E S E S ? AMDUSCIAS: Ouçam o álbum e deem-nos

a vossa opinião sobre ele. Importunem os vossos promotores de concertos, para que eles nos convidem para tocar no vosso país! E sigam-nos no Facebook e no Twiter. HTTPS://WWW.FACEBOOK.COM/PAGES/TEMPLE-OFBAAL/20135072962 Twitter : @Templeofbaal HTTPS://YOUTU.BE/GI2YQMKVUTW

Q U E R ELA ÇÃ O E X IS TE E NTR E E S TA C A PA E A M EN S A GE M D O Á L B U M ? AMDUSCIAS: A capa inspira-se na arquitetura religiosa e evoca o recolhimento da oração. Na minha opinião, traduz perfeitamente a essência do álbum, com aquelas figuras angélicas cujas rostos nunca são revelados, os jogos de sombra e luz e a glória que rodeia o logo da banda. P O D ES D IZ E R -NO S A L G O S O B R E O S P LA N O S D A B A ND A E D A A G O NIA R E C O R D S PA R A P R O M O V E R « M Y S TE R IU M » ?

“[…] SEMPRE ACHEI QUE, NO BLACK METAL, AS ATMOSFERAS ERAM BEM MAIS IMPORTANTES DO QUE A BRUTALIDADE. […]”

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ESPECIAL LIVE VERSUS

VAGOS OPEN AIR VOA PARA MAIS UM ANO Por: CSA & Eduardo Ramalhadeiro Fotos: Eduardo Ramalhadeiro

ANTES DE MAIS, APRESENTAMOS AS NOSSAS DESCULPAS À PRIMEIRA BANDA DO DIA DE ABERTURA DA EDIÇÃO DO VOA DE 2015 – OS PORTUGUESES SCAR FOR LIFE – PORQUE, DEVIDO A ANTECIPAÇÃO DA HORA DE ABERTURA DAS PORTAS E À AZÁFAMA GERADA PELA CHEGADA DOS PRIMEIROS FÃS, NÃO NOS FOI POSSÍVEL ASSISTIR AO SEU CONCERTO. UM AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL À PRIME ARTISTS E À ORGANIZAÇÃO DO VOA2015 23 / VERSUS MAGAZINE


ESPECIAL LIVE VERSUS - VOA DIA 7 Assim, no primeiro dia (7 de Agosto), começámos por ouvir a segunda banda: Moonshade. Apesar do empenho que puseram na sua atuação, apenas conseguiram aquecer um pouco o ambiente, que, por acaso, estava um tanto frio, devido ao vento fresco que soprava, nesse dia de verão. Curiosamente, começou logo aqui a notar-se a presença da responsável pelo fenómeno de “dogbanging”, que assinalámos na nossa reportagem do ano passado. De facto, tal como em 2014, uma fã fervorosa resolveu acompanhar os riffs mais substanciais e inspirados abanando animadamente um engraçado cão de borracha, que se erguia acima da multidão.

Foto: Isabel Lopes A exuberância do vocalista e o som pesado e simultaneamente animado dos alemães teve uma excelente receção por parte do público, nomeadamente do mais

jovem, que rapidamente passou para a frente, onde se formou um Mosh Pit, seguido de uma Wall of Death, que muito animaram a atuação desta banda. Convenhamos que a sua música contrastava com o motivo que escolheram para ornamentar o palco: uma reprodução de um quadro representando Lady Godiva do pintor pré-rafaelita John Collier, datado de 1898. Seguiu-se um intervalo mais longo – mas não muito (dado que os holandeses Within Temptation, que encabeçavam o cartaz deste dia, tinham solicitado a antecipação da sua entrada em cena, por terem um compromisso profissional no dia seguinte, pelo que precisavam de partir de Vagos mais cedo do que o inicialmente previsto). Enquanto o público retemperava forças, nas barracas de comes e bebes dentro e fora do recinto e espaços de restauração próximos deste,

Foto: CSA Seguiu-se Vildhjarta, uma banda sueca, que deixou muita gente presa pela sua música ambiental, de contornos psicadélicos. No entanto, não era o tipo de som que pudesse “incendiar” o público. Deixou-o antes fascinado e de olhar preso ao palco até ao fim da sua atuação, marcada por uma espécie de “duelo de vocalistas”, já que dois membros alternavam ou colaboravam nesse papel. Trata-se, sem dúvida, de uma banda que a Versus Magazine vai querer continuar a acompanhar de perto. Quando a quarta banda – Heaven Shall Burn – entrou em ação, o número de pessoas diante do palco tinha aumentado consideravelmente, pois já todos os interessados neste primeiro dia do VOA 2015 tinham tido tempo de chegar. Esta prestação contrastou intensamente com a que a antecedeu.

Foto: Isabel Lopes 2 4 / VERSUS MAGAZINE


ESPECIAL LIVE VERSUS - VOA DIA 7 o palco foi sendo ornamentado com uma imagem que anunciava a banda que se seguia, ao mesmo tempo que se fazia o sound check. Os senhores que se apresentaram a seguir eram uma das bandas mais esperadas da noite e inclusive de toda esta edição do festival: Amorphis. O mote para o seu concerto foi dado pelos 20 anos do lançamento de «Tales of the Thousand Lakes». Coube a Tomi Joutsen – que, na altura, ainda estava longe de fazer parte da lendária banda – a honra de recordar aos presentes alguns dos grandes êxitos dos finlandeses, neste caso maioritariamente saídos desse á bum. A audiência correspondeu com grande entusiasmo, como seria de esperar (sobretudo se nos lembrarmos do enorme sucesso de Amorphis, aquando da sua participação na segunda edição do VOA, em 2010). O encerramento do primeiro dia coube aos holandeses Within Temptation que não pisavam os palcos nacionais desde 2011. Desta vez a primazia foi dada à promoção do mais recente «Hydra». Sharon den Adel é “furiosa” em palco e apesar do frio, manteve o público bem quente. Alguns dos temas mais emblemáticos não faltaram no meio de um setlist bastante recheado de temas: “Stand My Ground”, “Memories” e para terminar “Ice Queen”.

Foto: Isabel Lopes

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ESPECIAL LIVE VERSUS - VOA DIA 8 No segundo dia do VOA, parecia haver mais público presente, até porque era sábado. Apesar das dificuldades de estacionamento e de alguma demora – inevitável – nas formalidades de entrada no recinto do festival, chegámos a tempo para uma parte do concerto da primeira banda: W.A.K.O. O vocalista fez um bom trabalho a puxar pelo público, que correspondeu entusiasticamente aos seus esforços, nomeadamente o segmento mais jovem. O Mosh Pit e Crowd Surfing, assim como o simpático “dog banging”, acompanharam a atuação da segunda banda do dia: os galegos Mutant Squad. Assim, sublinharam o agitado Thrash Metal dos nossos vizinhos do norte de Espanha. discernir os diversos elementos. Aliás, na opinião das várias pessoas com que falámos, esta foi a parte menos positiva do festival. Enquanto isto se passava no palco, os senhores – e senhora – que se seguiram davam autógrafos no local previsto para esse efeito. Mas depressa subiram ao palco, para um dos melhores e mais desejados concertos desta edição do VOA. Estamos a referir-nos aos Triptykon do glorioso Thomas Gabriel Fischer, a alma dos Celtic Frost.

O público mais velho apreciou muito a prestação seguinte, protagonizada pelos alemães Destruction, cujo estilo merece a designação de “good old Metal”. O segmento mais jovem não se deixou intimidar pela idade dos músicos e fez as devidas honras à sua arte, o que terá certamente agradado muito a estes veteranos. A parte menos positiva foi, sem dúvida, o som. Estava demasiado alto – sim, há sempre um limite – o que muitas vezes não deixava espaço para 2 7 / VERSUS MAGAZINE

Muito sóbrios nas suas roupagens negras, foram desfiando canções da banda alternando com alguns grandes êxitos da lendária banda dos primórdios do Black Metal. De vez em quando, Warrior dirigia-se ao público, manifestando o seu contentamento pela forma como o estavam a acolher e aos seus atuais companheiros de lides musicais. Foi agradável ver tal satisfação num homem que fez tanto pelo Metal que já merece o qualificativo de “dinossauro”. Mas, felizmente, parece bem longe da extinção! Sabendo que, em breve, iriam receber mais alimento para o espírito, os metalheads aproveitaram mais um interregno nas hostilidades (desta vez, um pouco mais longo) para irem retemperar os seus corpos. Como se fazia sentir novamente um vento fresco, acompanhado por uma acentuada humidade, a comida quente oferecida pelas barracas do recinto recolheu o apreço de uma boa fatia do público.


ESPECIAL LIVE VERSUS - VOA DIA 8 E eis que uma nova estrela se acende na noite de Vagos: Zakk Wylde, o genial e carismático guitarrista, à frente dos Black Label Society. Foi um espetáculo tão arrebatador como o dado pela banda que o tinha precedido, mas bem diferente, como seria de esperar. O americano mostrou a sua exuberância habitual, exibiu a sua magistralidade na guitarra – ruidosamente acompanhado pelos aplausos do numeroso público – e até interpretou uma canção ao piano: ”In This River”, canção dedicada ao malogrado Dimebag Darrell. Os seus companheiros de banda não lhe ficaram atrás, para grande satisfação dos inúmeros fãs presentes. O facto de se ter cantado os parabéns a um dos membros da banda deu a este concerto um agradável cunho de familiaridade. A honra de fechar a noite coube aos Venom, uma velha glória da música extrema do séc. XX. Não deixaram os seus créditos por mãos alheias, já que foi visível que estavam ali para mostrar os dotes musicais e vocais que lhes valeram um bem merecido prestígio. Revelaram muita energia em palco acompanhada por um setlist que

abarcava temas do seu mais recente trabalho e, como não poderia deixar de ser, dos mais antigos, com destaque para «Black Metal» e «Witching Hour». Para o final, estava guardada uma “surpresa”: a actuação dos Filii Nigrantium Infernalium, que, apesar do cansaço do público, deram um concerto bem pujante.

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ESPECIAL LIVE VERSUS - VOA DIA 9 Chegados ao terceiro dia, o nosso principal destaque vai para os Ne Obliviscaris, banda descoberta para Portugal em 2012, pela VERSUS. Já lá vamos… Este dia abriu com os Midnight Priest, com um concerto bastante competente e energético. Apesar do público ser pouco, ainda se formou um circle pit, que fez levantar pó. … E chegámos a uma das bandas mais aguardadas do festival, no que toca aos repórteres da VERSUS. Não ficaria nada mal, se tivessem trocado de lugar com os Alestorm, o que teria permitido aos aos NeO tocar mais alguns minutos. Mas… adiante. Os australianos arrasaram o festival com o seu metal extremo progressivo. A banda é bastante peculiar devido à inclusão do violino de Tim Charles e à dicotomia vocal entre este e Xenoyr. Apesar de o set contar apenas com cinco temas – incluindo três de «Citadel», o mais recente álbum da banda – a sua prestação não foi breve, porque as canções eram extensas. No fim, Tim Charles deixou-se levar pelo público e acabou a fazer crowdsurfing. Já na sessão de autógrafos, foi possível falar um pouco com a banda, que afirmou não estar à espera de uma receção tão calorosa, tendo sido

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este o concerto onde mais tempo demoraram na habitual comunhão com o público. Ainda a recuperar da apoteose que foram os NeO, os Alestorm mostraram-se muito enérgicos e bem humorados. Christopher Bowes esteve sempre muito ativo na comunicação com o público. A diversão foi garantida com Mosh e crowdsurfing. O apogeu terá ocorrido em “Drink”. No entanto, alguém tem de explicar ao rapaz que brindar à cerveja não é com… Sommersby! Já com as almas mais limpas e alegres, chegou a altura dos Orphaned Land. Os Israelitas com-

binam com mestria os sons orientais e o metal progressivo. Kobi Farhi, como sempre, tenta unir as diferentes ideologias através da música, uma das missões dos Orphaned Land. O concerto foi algo morno (mas competente), como que a preparar os metalheads para o que viria a seguir. É de referir que os Israelitas estarão em Lisboa, no dia 1 de Outubro, para um concerto unplugged. … Seguiu-se aquela que, para muitos, deveria ter sido a banda cabeça de cartaz: por duas vezes, os Overkill estiveram no VOA e, em ambas as ocasiões, foram “secundários”. Os veteranos thrash-


ESPECIAL LIVE VERSUS - VOA DIA 9 ers mereciam a coroa de fechar o festival. Como é hábito, energia é o que não falta aos “avôs” e o set foi um “best of” de hinos old school: “Overkill”, “Elimination” e para terminar… “Fuck You”. Os pescoços dos headbangers devem-se ter ressentido do esforço. O som estava um pouco alto demais ou então era o cansaço a manifestar-se… mas que raio… os Overkill continuam… Overkill! Se dos NeO não saberíamos o que esperar, a “terceira idade” arrasou por completo.

não terem arrasado. Os Bloodbath aproveitaram para apresentar com alguns temas do último álbum: «Grand Morbid Funeral». O encerramento do festival coube aos lusos Ironsword: Power Metal para a malta ir aconchegada para o merecido descanso.

Depois do Trash veio a brutalidade dos Bloodbath, talvez um pouco desenquadrados neste terceiro dia de festival. Com a malta já cansada dos Overkill, mas sem arredar pé, Nick Holmes e companhia levaram o público à exaustão, apesar de

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ESPECIAL LIVE VERSUS - GALERIA

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FLASH REVIEWS AKARUSA YAM I

«Heavy Climb» (Independente) Os Akarusa Yami são uma banda oriunda de terras de sua majestade e lançam em 2015 o seu álbum de estreia - «Heavy Climb» e de Heavy tem muito, com uma pitada de industrial. As guitarras são super-graves o que confere uma boa dose de brutalidade. A voz de Tom Brumpton divide-se entre os gritos quase agonizantes e em alguns temas uma voz mais limpa e melódica. O som, esse, é algo cru mas os músicos são bons tecnicamente, especialmente, os guitarristas. Os Akarusa Yami poderão ser uma boa descoberta para quem gostar deste género industrializado. [ 7,0 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

BRAIN FOR T HE MA S S ES

«Mainstream Muder» (Independente) Os BftM definem «Mainstream Murder» como uma demo e eu discordo, pois estes quatro temas poderiam ser muito bem um EP. Este quarteto do Porto, jovem na idade mas muito maduros na música que fazem apresentam-se com quatro temas, sólidos, muito bem estruturados e interpretados. São suficientemente versáteis para nos apresentarem temas tão diferentes como o melódico/melancólico “How to Forget” e o brutal “Retribution”. Esta foi, sem dúvida, a grande surpresa nacional deste ano. Espero muito dos BftM e aguardo ansiosamente pelo álbum. [ 8,5 / 10 ] ADRIANO GODINHO

DAN DEAGH WEA LC A N

«Who cares what music is playing in my headphones?» (Total Metal Records) Complexo! Certamente ainda não ouviram falar dos DDW, um duo proveniente da Moscovo e Zaporizhzhya (Ucrânia). Mikhail Repp tratou de tudo relacionado com a música – programação, gravações, etc e as letras por Eugene “Iowa” ZoidzeMishchenko. O álbum, como escrevi, é complexo e combina o Industrial, (de alguma forma o) Progressivo, Post-Rock, Hardcore e a música Electrónica. O álbum soa pouco orgânico e muito digital mas nem sequer é um ponto negativo. Grande descoberta! [ 8 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

DEAD SILENT

«The Island» (Independente) Mais um excelente lançamento nacional. Bem, os Dead Silent tem a sua origem na ilha da madeira e surgem das cinzas de alguns projectos musicais. Apesar de não se colarem a géneros – considerem o Death Metal melódico dos Dead Silent bastante poderoso. Temas muito directos e incisivos, bem produzidos, com uma sonoridade impecável e com músicos muito bons tecnicamente os Dead Silent mostram que o metal nacional está bem vivo e recomenda-se. Em termos pessoais, preferia a voz um pouco mais grave - mas isso não belisca minimamente a qualidade de «The Island». Estará pois no meu top dos lançamentos nacionais deste ano. [ 8,5 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

DELUGE

«Aether» (LADLO Productions) Depois de múltiplas e penosas audições, o que nos fica na mente deste disco são, sobretudo, as ferozes rajadas de blast-beats passadas a papel químico de um tema para o outro, e os longos interlúdios atmosféricos feitos de acordes soltos, abstractos e sem sentido, ou as melodias pobres, desligadas de tudo o resto e tão maçadoras quanto o incessante ruído da chuva que se ouve em todo o disco. “Klartraumer” e o segmento inicial de “Vide” salvam «Aether» de um desastre ainda maior, mas o resultado fica, ainda assim, longe da estreia auspiciosa que muitos auguravam para esta jovem formação gaulesa. [ 6,0 / 10 ] ERNESTO MARTINS 3 3 / VERSUS MAGAZINE


FLASH REVIEWS DIABOLICUM

«IA PAZUZU (THE ABYSS OF THE SHADOWS)» (Code666) O prenuncio de um novo trabalho dos principais percursores da vertente industrial no Black Metal, depois de um hiato de 14 anos, deixou-me na esperança de reviver o deslumbramento que o mítico «The Dark Blood Rising» provocou em mim nos idos de 2001. Mas a expectativa deu lugar ao desapontamento dado que este terceiro disco não passa de um pálido reflexo desse clássico de 2001. Barragens incessantes de blast beats sem apelo nem agrado com uma faceta industrial demasiado subtil não escondem a inspiração esgotada de Sasrof e seus comparsas. Nem a presença de Niklas Kvarforth salva a honra do convento. [ 5 / 10 ] ERNESTO MARTINS

SECRET S OF T H E SK Y

«Pathway» (Metal Blade) Disco genial de um grupo de ilustres desconhecidos que fundem, como só eles sabem, elementos progressivos, psicadélicos e Doom Metal, numa experiência sonora de grande profundidade. A música é feita de picos e vales de emoção, com intensidades realçadas por um versátil registo vocal que vai desde o limpo e tranquilo até ao mais monstruoso dos rugidos. Os interlúdios ambientais quebram um pouco a fluidez, mas são peça importante na narrativa conceptual deste ambicioso trabalho que tem tanto de massivo e orgânico como de acessível. [ 9 / 10 ] ERNESTO MARTINS

SIGH

«Graveward» (Candlelight) Quem conhece a banda do excêntrico Mirai Kawashima já sabe que cada novo disco pode ser uma surpresa. Os únicos aspectos previsíveis são demência em doses generosas, composições torcidas e muita insanidade. O resultado é, geralmente, genial. Neste caso, no entanto, o “cinematic horror metal” deste 10º álbum de estúdio é tão idiossincrático, estridente e “over the top” que acaba por nos passar ao lado sem deixar qualquer marca memorável, excepto alguma irritação e a convicção de que uma overdose de avantgardisme nem sempre conduz a bons resultados. [ 6 / 10 ] ERNESTO MARTINS

XANDRIA

«Fire & Ashes» (Napalm Records) Confesso que não sou grande fã deste EPs entre álbuns de estúdio. Faz lembrar o intervalo de um espectáculo onde estamos simplesmente à espera da 2ª parte, o que neste caso significa dos Xandria próximo álbum. Num mundo da música cada vez mais competitivo e inundado de álbuns de inúmeras bandas, este tipo de obra apelidada de EP, não vale o esforço. Musicalmente, «Fire & Ashes» não acresce nada de novo, limitando-se a seguir a fórmula bem conseguida em «Sacrificium» de 2014. No final são duas músicas novas, duas regravações, uma das quais o hino “Ravenheart”, e duas covers, “Don`t Say A Word” dos Sonata Arctica e “I would do anything for love (but I won’t do that)” de Meat Loaf. That’s all folks! Só para fãs colecionadores. [ 5 / 10 ] CARLOS FILIPE

ZODIAC

«Road Tapes Vol. 1» (Napalm Records) Desde a «A Hiding Place» que sou um ávido fã dos Zodiac. O seu estilo rock muito americanizado cativou-me (e cativa) pela simplicidade e pela genuinidade que conseguem imprimir à música. «Road Tapes…» marca a estreia no que aos álbuns ao vivo diz respeito. O setlist é composto por um best of dos três álbuns de estúdio e poderia ser, talvez, um pouco mais longo. No entanto, é um excelente álbum ao vivo e com aquilo que mais caracteriza os Zodiac: genuinidade! [ 9 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

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FLASH REVIEWS ZOM BIEFICAT ION

«Procession Through Infestation» (Doomentia Records) Terceiro longa duração deste duo Mexicano que se dedica ao Death Metal (versão muito Dark) e a uma temática lírica de Voodoo, morte e... Zombies!!! Apesar de não ser dos meus géneros de eleição, é com relutância que às vezes ouço estas bandas brutais. (Uma questão de gosto pessoal, somente) No entanto, falando numa linguagem pouco coloquial, “Que raio, estou a curtir isto à brava!!” São raros os CD’s que ouço mais que as vezes necessárias para uma boa review mas este vai manter-se a “rolar”! [ 8 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

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ENTREVISTA

“ACHO FASCINANTE A FORMA DRÁSTICA COMO A PAISAGEM VAI MUDANDO AO LONGO DO ANO. [EM TEMPOS PODIA] SIGNIFICAR A VIDA OU A MORTE. […]”

“[…] A MÚSICA QUE CRIO É CATÁRTICA, É UMA ESPÉCIE DE VIAGEM, UMA COMUNHÃO AO VIVO, ALGO QUE PRETENDO PARTILHAR. […]”

CROWN PLURIBUS ET UNUM!!! VIVEM S U S P E N S O S E N T RE UM A C U LT U R A V I S TA C O MO LATI NA – A FR A NC ES A – E OUTRAS DE I N S P I R A Ç Ã O G E RM Â N I C A . N U T REM- S E D E INÚ MER A S I NFLU ÊNC I A S , C U LTU RAIS E MUS I C A I S ! D E S S A PL UR A L I D A D E F I Z E R A M A S U A MÚ S IC A . Por: CSA PELO Q UE PE R CE B I , A V O S S A B A S E É EM COLMAR, N A AL S ÁCI A . É U MA R EG IÃ O FRANC E S A QUE C ON H EÇ O MU IT O B EM (PRIN CI PAL M E N TE ES T R A S B U R G O ) . I NFELI Z M E N TE , SÓ VI S IT EI U MA V EZ A VOSSA CI D ADE . STÉPHANE AZ AM: Tens de vir cá um dia. A cidade é linda e as aldeias dos arredores também são muito turísticas. Estamos numa das mais belas regiões da França.

HÁ M UI TAS ALSÁCI A ?

BAN DAS

DE

META L

NA

STÉPHANE AZ AM: Há muitas, sim. Temos 3 6 / VERSUS MAGAZINE

Crusher e Mercyless, que se renovaram há pouco tempo e fazem bastantes concertos. Aliás, os Mercyless lançaram agora um novo álbum absolutamente fantástico. Temos também Absurdity, Dust In Mind, Inhumate, Six Grammes Eight, Smash It Combo. Todas estas bandas estão em plena evolução e começam a dar que falar. Também posso referir Haut et Court e Déluge.

PA R EC E- T E Q U E A D U A L ID A D E A L S A C IA NA T EM IN FLU E NC IA D O A V O S S A M Ú S IC A ? S T ÉP H A N E A Z A M : Não me parece. O certo é que estamos perto das fronteiras com a Suíça e a Alemanha e que

esses países são bem mais abertos ao rock e outras músicas independentes que a França. Quando tinha 17 anos, costumava ir com uns amigos meus a um superclube underground em Freiburg (na Alemanha), chamado Crash. Era uma espécie de refúgio, onde faziam sessões temáticas com fantásticos DJ, que passavam todas as novidades: HxC, Metal, Eletro, Gótico, Industrial. Na mesma noite, podias ouvir Chemical Brothers, NIN, Cypress Hill, Refused, Ministry etc. Também havia concertos nesse clube. Guardei lembranças extraordinárias de alguns deles : Life Of Agony, Fetish 69, Biohazard etc., etc. Não tinha nada


“[…] PENSO QUE «NATRON» PÕE EM CAUSA MUITAS BARREIRAS ENTRE DIFERENTES ESTILOS JÁ REFERIDOS, SEM PERDER A SUA COERÊNCIA.” a ver com ao ambiente crispado e indiferente do público francês. Até ao momento, nunca vi nada de parecido em França. Aliás, estou convencido de que, no meu país, um clube assim, nem 24 horas duraria. Em suma, era um local doido, para gente lunática, com álcool, drogas, sexo, música e uma mistura de estilos e de pessoas incrível, numa atmosfera bem descontraída.

A VOS SA E DI TORA SU B LIN H A O FA C T O DE Q UE A BAN DA C O MB IN A MU IT O S ESTILO S N A SUA M Ú S IC A . R EV EEM- S E NESTA DE S CRI Ç ÃO? QU E EFEIT O Q U ER EM PRODUZ I R COM E SS A MIS T U R A D E ESTILO S? STÉPHANE AZ AM: De facto, na nossa música estão misturados muitos estilos: Eletro, Metal, Post-Punk, Industrial, Sludge. Eu ouço muita música e não me restrinjo ao Metal. Gosto de Hip Hop (mesmo francês), de música clássica, vou até à música mais extrema, mais experimental. A música que crio é catártica, é uma espécie de viagem, uma comunhão ao vivo, algo que pretendo partilhar. Penso que «Natron» põe em causa muitas barreiras entre diferentes estilos já referidos, sem perder a sua coerência.

POR Q UE DE R AM O TÍ T U LO D E «N AT R O N » AO VO SSO ÁL B UM ? STÉPHANE AZ AM: «Natron» é um álbum profundamente niilista e misantrópico. Está relacionado com um lago situado na Tanzânia, que calcifica tudo o que lá cai. Penso que o nosso mundo tem o mesmo efeito: a sociedade atual transforma a maior parte das pessoas em zombies, em fantasmas e, paradoxalmente, fomos nós próprios que criámos essa armadilha que nos há de destruir. Tudo é uma questão de poder e números. O ser humano é um destruidor nato! É claro que há exceções, mas a maioria é engolida pela sociedade do consumo. Não sou o único a pensar assim. Ninguém está preparado e pronto para mudar o destino da humanidade ou poucos estão dispostos a fazer esse esforço, muitas vezes amordaçando-se a si próprios. Como podes perceber, a minha visão do ambiente atual é sobretudo negra e pessimista. O Homem é o lobo de si próprio. Francamente, tenho mais respeito pela Natureza que pelo Homem, acho que somos apenas uma espécie de hóspedes neste mundo e que nada nos pertence, a não ser o nosso corpo.

QUEM F E Z A S L E TR AS PA R A A S V O S S A S CANÇÕ E S ? STÉPHANE AZ AM: Se te estás referir às palavras ditas, são dos ilustres Aleister Crowley e William Burroughs, autores e personagens que me são muito

queridos! Não sou adepto de todas as ideias de Crowley, mas acho que o velho mago era fascinante e continua a inspirar-me.

E Q U EM F E Z A E NIG M Á TIC A C A PA D O Á LB U M E Q U E R E L A Ç Ã O P O D E H AV E R E NTR E A FO T O D O O S S O D E U M A M A ND ÍB U L A E «N AT R O N » ? C O NS ID E R O -A FA NTÁ S TIC A . S T ÉP H A N E A Z A M : Obrigado !!! De facto, é um maxilar. O design é de Maks Loriot, Pathologikal. Vou usar as suas palavras, porque assim é mais fácil de explicar. Maks partiu de uma ideia híper minimalista, com um forte impacto visual. Simples, mas eficaz. Criou o modelo de um maxilar de um carnívoro que não é possível identificar, mas que, de algum modo, simboliza a agressividade. Este simbolismo também resulta muito forte, do ponto de vista visual. Deu ao maxilar um aspeto de porcelana, que lhe confere uma certa fragilidade, produzindo uma metamorfose estranha: ao mesmo tempo, agressiva e frágil. Porque o tema de «Natron» é uma substância que transforma os seres vivos em pedra (para os animais). Mas também transforma os mortos perecíveis (do antigo Egito) em múmias milenares. Maks quis representar simbolicamente este duplo estado.

Q U E LU G A R ATR IB U IS A E S TE Á L B U M NA V O S S A C A R R E IR A ? S T ÉP H A N E A Z A M : Penso que é o resultado de tudo o que consegui fazer no passado, uma síntese de todas as minhas influências e que – apesar de ser um cliché – corresponde ao que eu posso fazer de melhor e ainda que a colaboração com o meu amigo David Husser – que produziu e misturou o álbum – foi a melhor coisa que me podia ter acontecido.

T ÊM C O N VID A D O S E M Q U A S E TO D A S A S C A N Ç Õ ES D O Á L B U M . P O R Q U Ê ? S T ÉP H A N E AZ A M : Aconteceu naturalmente, durante a composição do álbum, tendo em conta o aspeto que certas partes iam assumindo. Vi logo que podia enriquecer essas partes. Neige, de Alcest, é meu amigo, assim como Mat mc Nerney, de Grave Pleasures e Hexvessel. Profissionalmente, sou engenheiro de som e trabalho para essas bandas. Portanto, tecemos fortes laços de amizade, logo, muito naturalmente, veio-me à cabeça a ideia de que certas partes do álbum ficariam bem mais interessantes, se este ou aquele lhes injetasse alguma da sua criatividade. Para mim, a colaboração mais bem-sucedida relaciona-se com “Fossils“, em que participou o Mat. Não sei que outro artista poderia emprestar a sua voz para transformar esse excerto daquela maneira!

Q U E C R ITÉ R IO S U S A R A M PA R A ESCOLHER O S C O NV ID A D O S ? S T É P H A N E A Z A M : Nenhum em particular, apenas o instinto: é assim que eu funciono. Para “Wings beating over heaven”, mal tive o primeiro riff na maquete, pensei logo que a voz dilacerada do Michiel, de Nihill, lhe daria uma dimensão verdadeiramente apocalíptica. O que ele faz no início dessa parte é de uma intensidade rara e deixa-nos quase desconfortáveis, devido ao ódio combinado com obscuridade que dela ressalta. Nihill é uma das bandas de Black Metal mais extremas e vanguardista da atualidade e é temível ao vivo. Fredy, o segundo guitarrista, que às vezes também faz leads, é um amigo de longa data e tem uma banda fantástica chamada Zatokrev, para quem trabalho como engenheiro de som de vez em quando. Juntos fizemos um belo trabalho. Aliás, ele já tinha participado como convidado no álbum anterior.

TE NC IO NA M C O NV ID A R A S BANDAS D E S S E S M Ú S IC O S PA R A PA RT ICIPAREM NA VOSSA D IG R E S S Ã O ? CASO C O NTR Á R IO , Q U E M IR Á C O NV OSCO PARA A E S TR A D A ? E O ND E IR Ã O P ROMOVER O V O S S O « NATR O N» ? S T É P H A N E A Z A M : Seria maravilhoso, mas, infelizmente, são bandas muitíssimo solicitadas. Vamos defender o nosso álbum por toda a Europa, na companhia de Agalloch. Poderás encontrar todos os pormenores na nossa página Fesse de Bouc.

C O NH E C E M B A ND A S P O RTU G UESAS DE B L A C K M E TA L ? H Á M U ITA S BANDAS F R A NC E S A S Q U E S Ã O P O P U LARES EM P O RTU G A L , TA IS C O M O A L C E S T, ANTAEUS, A O S O TH , ATA R A X IE , B L U T AUS NORD, C E L E S TIA , D E ATH S P E L L O M E G A, GLORIOR B E L L I, G O J IR A , H E L L M IL IT IA, LES D IS C R E TS , M IS A NTH R O P E , MONOLIT HE, O TA R G O S , P E S TE NO IR E ( E NÃ O SE T RATA D A M INH A L IS TA P E S S O A L ) . S T É P H A N E A Z A M : Confesso que só conheço Moonspell e Process of Guilt. Mas gostaria muito de conhecer outras! Sou fã da maior parte das bandas francesas que referiste! Adoro Deathspell Omega! Os membros de Gojira são amigos de longa data, apesar de nos vermos muito pouco. Também adoro Blut Aus Nord e Alcest! Belas referências!!! HTTPS://WWW.FACE BOOK.COM/ CROW N BAN D HTTPS://WWW.Y OUT UBE.COM / WATCH?V=8LI E1CG2UM M

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ENTREVISTA “EU FORMEI A BANDA DEPOIS DO SONHO E ESCREVI O ÁLBUM DE ESTREIA “APOKALYPSE”, QUE FOI LANÇADO EM 2010.”

SCHWARZER ENGEL ANJOS NEGROS OS

SCHWA RZ E R

NESTA

CURTA

E N G EL MAS

SÃO

D IR EC TA

UM

EN T R EV IS TA ,

DESCULPEM A MINHA IGNORÂNCIA MAS O QUE ISSO SIGNIFICA SCHWARZER ENGEL? DAVE J ASON : Sem problemas. Schwarzer Engel significa “Anjo Negro” em alemão. O nome surgiu de um sonho que eu tive em 2007. Neste sonho, um anjo cinzento-negro voou sobre um campo de batalha abandonado, acompanhado por melodias orquestrais escuras.

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P R O J EC T O O

DE

D AV E

P R INC IPA L

JASON M E NTO R

V IND O S

D IR E C TA M E NTE

C O NTA -NO S

Por: Miguel Ribeiro - (HINTF Webzine)

COMO É QUE VOCÊS SE DEFINEM EM TERMOS MUSICAIS? CONSIDERAM-SE MAIS DARK GOTHIC, SINFÓNICOS OU MAIS METAL?? D AV E J A S O N: Schwarzer Engel sempre foi uma mistura com elementos de todos esses géneros. Na minha opinião, o tempo é longo, quando uma banda poderia ser classificada em apenas um género. Schwarzer Engel combina riffs de metal duros, com o espírito dark/gótico e partes de orquestra sinfónicas.

UM

POUCO

DE

TE R R A S

M A IS

SOBRE

G E RMÂNICAS. A

BANDA.

COMO TUDO ISSO COMEÇOU? D AV E J A S O N: Eu formei a banda depois do sonho e escrevi o álbum de estreia “Apokalypse”, que foi lançado em 2010. Mais tarde assinei um contracto com a editora TRISOL. Simultaneamente criei uma formação para os Schwarzer Engel tocarem ao vivo e começámos a digressão com os Vision Bleak e AHAB. Esse foi o começo…


“EU ACHO QUE MELHOREI A ESCRITA DAS MINHAS CANÇÕES E TAMBÉM A PRODUÇÃO DOS CD’S […]” QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS DO PRIMEIRO CD PARA AGORA? DAVE J ASON : Eu acho que melhorei a escrita das minhas canções e também a produção dos CD`s de álbum para álbum. Mas, no caso de Schwarzer Engel vocês reconhecem logo, nenhum álbum soa como o anterior. Isso também faz parte do nosso estilo.

E COMO FUNCIONA AO VIVO? DAVE JASON : Eu escrevo a música e a letra, porque não tenho que assumir nenhum compromisso com a música. Ao vivo tenho os músicos convidados.

ÀS VEZES A TUA MÚSICA FAZ LEMBRAR OS RAMMSTEIN MAS COM UM AMBIENTE MAIS NEGRO. CONCORDAS? D AV E J A S O N: Sim, Rammstein é uma das minhas influências. Eles escrevem grande música!

O QUE CONHECE DE PORTUGAL? D AV E J A SO N: Que vocês têm um grande mundo natural, com grandes praias e uma grande paisagem. Espero que minhas férias me possam levar ao vosso país !

UMA MENSAGEM FINAL AOS NOSSOS LEITORES E PARA SEUS FÃS EM TODO O MUNDO ... D AV E J A S O N: “Stay Rock” e ouçam o nosso novo álbum “Imperium I – Im Reich der Götter”!

HTTPS://WWW.FA CEBOOK.COM / SCHWARZ EREN GELBAN D HTTPS://WWW.Y OUT UBE.COM / WATCH?V=X M BCN T 6QGCK

COMO ESTÃO OS FÃS E OS MEDIA A RECEBER O NOVO CD? DAVE J ASON : Tive sorte. O cd está a ter críticas positivas. É sempre importante obter opiniões positivas e honestas do nosso trabalho, e aí tu sabes como as outras pessoas e os fãs estão sentindo o novo material.

QUEM O PRODUZIU E MASTERIZOU? DAVE J ASON : Desde álbum de estreia “Apokalypse” Jan Vacik (Serious Black, Graveworm) está a lidar com a mistura e masterização dos nossos álbuns. Ele também o fez no caso de “Imperium I - Im Reich der Götter”.

O QUE INSPIRA SUAS MÚSICAS E LETRAS? DAVE J ASON : Filmes, Vida e Música.

PROJECTOS PARA O FUTURO? Novo álbum em 2016. Prometido!

CANTAS APENAS EM ALEMÃO OU PENSAS EM CANTAR EM INGLÊS? DAVE JASON : Eu só canto em alemão. Isso é uma marca comercial da Schwarzer Engel.

39 / VERSUS MAGAZINE



ENTREVISTA

“CYRAX O NOME DE VIVER UMA PERSONAGEM “NUNCA É TENTAMOS DE MANES, DE MORTAL KOMBAT. UMA BANDA COM UM LOGO, NÃO TOMAMOS PARTE DA INDÚSTRIA NOME DESTES PODE QUALQUER DA MÚSICA COMOEXPLORAR ENTERTAINERS DE TIPO DE MÚSICA: QUALQUER ESPÉCIE.”ELETRÓNICA, FUNK, POWER, PROGRESSIVA…”

CYRAX VITÓRIA PERFEITA NÃO TÊM PASSADO M UI TAS BAN DAS I TA L I A N A S P E L A V E R S U S M A S A B R E V E T R E C HO ISTO POD ER Á MU DAR. N ESTA EDI ÇÃO TE M OS O S C Y R A X Q U E N O S A P R E S E N TA M O N O V O « P I C TURE S» . A BAND A ES TEV E À CON VE RSA PARA N OS R E V E L A R U M P O U C O M A I S D E S T E P R O J E C T O I TAL IANO. Por: Miguel Ribeiro - (HINTF Webzine)

ANTES DE MAIS, OBRIGADO POR NOS DAREM ESTA ENTREVISTA. DIGAMNOS COMO TUDO COMEÇOU E PORQUÊ O NOME “CYRAX”? MARCO: Cyrax é o nome de uma personagem de Mortal Kombat. Uma banda com um nome destes pode explorar qualquer tipo de música: eletrónica, funk, power, progressiva… Tudo começou quando eu planeava fazer um álbum de heavy metal, então conheci Antonio Rubuano e Paolo Musazzi e eles começaram na hora 41 / VERSUS MAGAZINE

a escrever para mim. Baseados em algumas ideias originais minhas, as músicas de Cyrax foram escritas nos finais de 2012, gradualmente assumindo traços fortes de progressiva e experimental. No início de 2013 Cesare Ferrari e Paolo Biocchi juntaram-se ao projeto. “Reflections” foi gravado na Primavera de 2013, a seguir “Pictures” em 2014.

VOCÊS COMEÇARAM EM 2012 E ESTE É O VOSSO SEGUNDO ÁLBUM. É FÁCIL

TER UMA BANDA? C E S A R E : Não, não é nada fácil. Uma banda requer um grande investimento de dinheiro, imagina só o custo da produção de um álbum. Ainda por cima todos nós temos um emprego, pelo que não é fácil arranjar tempo para ensaiar ou mesmo para escrever as músicas. G IU S E P P E : Não. Além do tempo e dinheiro, tens que trabalhar com outras pessoas e elas têm que a mesma paixão e determinação ou arriscas-te a não ir a lado nenhum.


“TEM SIDO UM SUCESSO MAIOR QUE “REFLECTIONS”. TODA A GENTE DIZ QUE FOI UMA EVOLUÇÃO PERFEITA DE ESCRITA E DE PRODUÇÃO EM RELAÇÃO AO PRIMEIRO ÁLBUM.” FALEM-NOS DAS VOSSAS INFLUÊNCIAS, MÚSICAS E LETRAS… CESARE : Todos temos gostos diferentes no que toca a música. Todos ouvimos algum tipo de Metal, desde progressivo a clássico, de power a sinfónico moderno. As letras são inspiradas na arte em geral, inclusive cinema e literatura.

CONSIDERAM-SE UMA BANDA MAIS POWER, HEAVY, HARD, PROGRESSIVA OU SIMPLESMENTE UMA BANDA DE METAL? CESARE : Após o lançamento de “Reflections” eu diria mais heavy, agora com “Pictures” acho que nos podemos chamar mais progressiva. No entanto um traço de heavy metal está sempre presente.

QUEM FOI O RESPONSÁVEL PELA PRODUÇÃO DE “PICTURES”? CESARE : O álbum foi gravado e produzido na íntegra na RecLab Studio, em Milão. Larsen Premoli e Matteo Bolzoni, que já tinham feito “Reflections”, encarregaramse de todo o processo de mistura e edição.

COMO ESTÃO OS FANS E OS MEDIA A REAGIR A ESTE NOVO ÁLBUM? MARCO: Tem sido um sucesso maior que “Reflections”. Toda a gente diz que foi uma evolução perfeita de escrita e de produção em relação ao primeiro álbum. GIUSE P PE : Ainda não tivemos um feedback dos fans, mas ambos os álbuns receberam bons feedbacks de revistas de imprensa e de revistas web, em Itália e no estrangeiro. O que nos falta é a relação direta com o público, esperamos em breve anunciar datas de espetáculos.

COMO É A CENA DO METAL EM ITÁLI A, ESPECIALMENTE EM MILÃO, LOMBARDIA? CESARE : Esta questão não me surpreende, De facto, a cena do Metal em Milão (aliás em toda a Itália) é tão negligenciada tanto por fans como pelos media, que alguém de fora até poderia

imaginar que não há Metal em Itália. Certamente que temos bandas muito boas por cá. A filosofia da música descartável afastou os fans dos artistas; neste momento os únicos seguidores da música são os próprios artistas. G IU S EP P E : O Cesare tem toda a razão. Pessoalmente só posso dizer que a Itália não é o melhor país para o desenvolvimento deste tipo de mésica. Na realidade, existe Metal em Itália e há muitas bandas que merecem emergir mas muitos italianos não compreendem de todo a música Metal.

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JÁ PENSARAM VIR A PORTUGAL PARA UMA DIGRESSÃO? C ES A R E: Vamos certamente pensar numa digressão. Ainda não traçamos um itinerário, mas gostaríamos muito de tocar no vosso país – tenho um sentimento que a nossa música seria muito mais apreciada em Portugal do que no nosso país.

QUAIS SÃO OS VOSSOS PLANOS PARA O FUTURO?

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C ES A R E: Pessoalmente preciso de umas férias. Estou muito, muito cansado. G IU S EP P E : Eu vou passar grande parte do mês de Agosto à procura de datas para o meu duo acústico e a escrever músicas, ahahahah. Quanto a Cyrax, mal posso esperar por uma digressão, agora que estou na banda, farei o meu melhor com eles.

UMA ÚLTIMA MENSAGEM PARA OS VOSSOS FANS PORTUGUESES M A R C O : Muito obrigado por nos apoiarem, ao Metal de Itália e de todo o mundo. G IU S EP P E : Ouçam “Reflections” e “Pictures” e sigam-nos no Facebook, não se vão arrepender! Espero ver-vos a todos em breve.

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HTTP://WWW.CYRAXMUSIC.COM / HTTPS://WWW.YOUTUBE .COM/ WATCH?V=55XL IPZ Y5Q0

“VAMOS CERTAMENTE PENSAR NUMA DIGRESSÃO. AINDA NÃO TRAÇAMOS UM ITINERÁRIO, MAS GOSTARÍAMOS MUITO DE TOCAR NO VOSSO PAÍS” 4 2 / VERSUS MAGAZINE


REPORTAGEM

MOSH «A MUSICA, OS (DES)AMORES E AS VICISSITUDES...» Por: Nunokanina (Hintf)

sentimento que nos paira na alma. És o refugio. Ainda hoje me lembro, no dia que o amor fugiu, de saltar, moshar, cair, levantar e terminar em lágrimas ao som de Cradle of Filth. Sempre estiveste comigo, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até mesmo quando nos chateavamos. Sempre me compreendeste, musica. Talvez por isso hoje faça o que faço, talvez tenhas feito de mim oq ue sou hoje, talvez por isso não seja capaz de romppar contigo, de te rasgar, de cortar em fanicos. É este o teu poder sobre mim. Estás sempre presente seja de que maneira for. Tens tantas musicas, conheço tantas de tantos sitios, espaços, géneros. Tens tantas atitudes (ou falta delas). Tens tantas caras como uma qualquer multidão, mas não te importas. Para ti não há traiçoes, para ti não há fronteiras. Sei que nao te importas de ser o meu porto de abrigo pois também tu te refugias em mim. E como gosto de ti, musica.

DEVO COME ÇAR, ANTE S D E T U D O O R ES T O , DE PE DIR DE SCUL PA A T O D O S O S Q U E S E HABI TUARAM A L E R E ST E ES PA Ç O E Q U E, DEVI DO A UM SE M NUME R O D E S IT U A Ç Õ ES , S E VI RAM AMPUTADOS PE L AS MIN H A S PA LAV R A S . FI CA DE SDE JÁ E SSE PE DID O FEIT O . Des de h á m u i t o q u e a m u sic a se to r n o u o ref u g i o p a r a t a n t a s p e sso a s n o m u n d o , s eja q u a l f o r o g é n e ro a m u sic a é u m a das m a r a v i l h a s d a h u m a n id a d e . A m u sic a t em o p o d e r d e n o s a le g r a r, d e n o s ent ris t e c e r, d e n o s p u x ar p a r a c im a e p a r a baix o. A m u s i c a é a l g o b e lo e q u e to d o s, s em e x c e p ç ã o , d e v e m os p re se r va r. Desde os meus tempos de criança que me habituei a escutar musica, não só Metal (sim, nao sou quadrado!), desde sempre que parece que a musica é a minha melhor amiga, foi ela que me acompanhou nas primeiras saídas nocturnas, foi ela que me guiou nas primeiras bebedeiras, foi ela que me enchem o peito de ar quando precisei de gritar, da mesma forma que foi ela que me fez

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chorar quando o choro teimava em não sair. Ainda hoje recordo os mediocres programas de rádio em que discos eram pedidos e mensagens de amor e desamor eram enviadas pelas ondas hertzianas. Nada é o que um dia já foi (quiça ainda bem!). Mas a musica ficou, sempre ela. A aquecer nas noites frias, nos momentos em que o coração gelava. Aqueles momentos unicos em que, na solidão, alguem nos toca sem nos conhecer, alguém parece dizer o que sentimos e nao conseguimos exprimir. Alguém não, a musica. Ainda hoje recordo as musicas que foram as relações, as musicas que me limparam dos desgostos, as musicas que secaram as lágrimas e me fizeram sorrir. Questiono-me de onde vem este meu amor por ti, musica, sei a resposta mas não a sei escrever. Sei que me fazes sentir bem, sei que me aqueces o peito, sem que transformas o peito em pedra. Ás vezes detesto-te por seres fria e crual, mãs a culpa não é tua, é a vida e tu, como sempre, és o reflexo do

Tens no Metal uma das formas extremas de te fazeres representar, quem mais poderia adorar a morte como tu? Quem mais poderia amar o sangue como tu? Quem mais pode rasgar um corpo em palavras senão tu? Quem mais pode trazer alegria a uma qualquer noite de amor? Ainda hoje, quando a mente se perde, quando o corpo não aguenta é contigo que falo, és tu quem procuro e és tu o padre que me julga na confissão do silencio da alma. A musica éo acompanhamento de uma vida, quando se ama, quando se desama, quando se ganha, quando se perde, quando...quando...quando! São tantos quandos que me perco na confusão que me trazes ao corpo, quando a alma está confusa. É triste ver-te maltratada como andas a ser, é triste ver-te desrespeitada, é triste ver a vulgaridade com que dizem és má, ou não prestas...tu, que dizes tanto, que fazes tanto. Este artigo é para ti, musica e para todos os que, como eu, sentem o mesmo por ti. Sabes que já te odiei porque um dia me odiei, sabes que já te amei quando amei. Já chorámos, rimos, conhecemos pessoas e sitios. Juntos somos felizes. E é isto a vida...os amores e desamores, as vicissitudes da vida num caminho feito a teu lado. És minha, és do mundo e és, sobretudo, para quem te ouve com o peito, para quem que te ve com os ouvidos.


ENTREVISTA

“O OBJETIVO DOS NATIVE CONSTRUCT NO QUE DIZ RESPEITO A “QUIET WORLD” FOI QUEBRAR BARREIRAS E CRIAR O INESPERADO.”

NATIVE CONSTRUCT IMPRESSIONANTE NOVA GERAÇÃO C H E G A R A M, V I R AM E VENCERAM . M ESM O A NTES DO LANÇA MENTO DO SEU ÁLB U M D E E S T R EI A , O S N AT IV E C O NST RUCT JÁ DAVAM QUE FA LA R . ES TES TRÊS ESTU D A NTES DA PR ES T I G I A D A E S C O L A D E MÚ S ICA DE BERKLEE, SEDIADA EM BO S TO N, CO MPU S ER A M, GR AVAR A M E PR O D U ZI R A M Q U A S E N A T O TALIDADE UM ÁLBUM CONC EP TU A L Q U E É U MA D A S S U R P R ES A S D O A N O . O V O C A L I S TA R O B ERT EDENS FOI O M EST RE-DE-C ER I MÓNI AS E R ES P O NDEU ÀS NO S S A S PER G U N TA S . Por: Ivo Broncas ANTES DE MAIS PARA B ÉN S P ELO V O S S O EXCELENTE ÁL BUM DE E ST R EIA ROBERT E DE NS: Muito obrigado! PARA OS NOSSOS L E IT O R ES S A B ER EM U M POUCO MAIS SOBRE VOC ÊS , S ER Á Q U E N O S PODI AS DIZ E R COMO O V O S S O P R O J ET O V IU A LUZ DO DIA? SABE MOS Q U E ES T U D A R A M N O PREST IGIADO BE RKL E E COLLEG E O F MU S IC EM BOSTON, MAS CONHE CIAM- S E A N T ES D IS S O ? ROBERT

E DE NS: O Myles (guitarrista, programador e principal compositor) e eu conhecemo-nos desde os nossos 9 anos,

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e temos tocado juntos desde essa altura. Quando entrámos em Berklee, começámos a fazer jam-sessions com músicos que partilhavam os nossos gostos e ideias relativamente à música. No meio deste processo conhecemos o Max (Baixista).

P ELO Q U E P E R C E B I , M E S M O A N T E S D O Á L B U M S ER LA N Ç A D O , FA L O U - S E M U I T O D E V Ó S E D A V O S S A MÚ S I C A . A G O R A Q U E “ Q U I E T W O R L D ” ES T Á D IS P O N Í V E L E M T O D O O M U N D O E S T Ã O S AT IS FEIT OS C O M O F E E D B A C K Q U E T Ê M T I D O ? R O B ERT ED E N S : Nós sentimo-nos humildes

perante a receção extraordinariamente positiva que o álbum teve até agora. Tem

sido espetacular!

N Ã O D E V E T E R S I D O F Á C I L FA Z E R QUASE QUE U M M A L A B A R I S M O E N T R E A FA C ULDADE E AS G R AVA Ç Õ E S D O Á L B U M . F O R A M D I A S DI FÍ CEI S, A P E S A R D E T O D O O E N T U S I A S M O I NER ENTE A C O M P O R E G R AVA R A V O S S A P R Ó P R I A MÚSI CA? Q U A I S F O R A M O S M A I O R E S O B STÁCULOS E D I F I C U L D A D E S Q U E E N C O N T R A R A M DURANTE T O D O E S T E P R O C E S S O ? ( A M Ú S I CA EM SI É T Ã O C O M P L E X A Q U E N E M C O N S I G O I MA GI NAR T O D O O T R A B A L H O Q U E E S T Á P OR D ETR ÁS DELA…) R O B E RT E D E N S : Conciliar a produção do


“QUANDO ESCREVEMOS ESTE TRABALHO NÃO CONSIDERÁMOS DE TODO A VIABILIDADE COMERCIAL DAS MÚSICAS. NUNCA NOS PASSOU PELA CABEÇA QUE ESTE DISCO SERIA VENDIDO POR TODO O MUNDO.” álbum com a carga de trabalho a que fomos sujeitos na faculdade não foi de facto fácil, especialmente tendo em conta que o projeto era bastante ambicioso. A parte mais difícil de compor um álbum como “Quiet World” enquanto se frequenta a escola de música de Berklee, não é apenas encontrar o tempo necessário para criar a própria música. É sim não ficar “bloqueado criativamente” pela carga de trabalho a que somos sujeitos. É muito complicado terminar um trabalho de composição musical para a escola, e de seguida conseguir escrever uma faixa para o nosso álbum.

É JÁ DO CONHE CIME NTO G ER A L Q U E “ Q U IET W ORLD ” É UM ÁL BUM C O N C EP T U A L, E C O M FOI DI TO POR VOCÊ S ME SMO S “ … É S O B R E U M RAPAZ QUE SE APAIXONA P O R U MA R A PA R IG A . ESTE RAPAZ É UM POUC O ES T R A N H O , AT É EXCÊNTRICO – UM DE SAJU S TA D O . ELE TA MB ÉM É M UDO E UM POUCO I N S T Á V EL. O S S EU S SENTI ME NTOS NÃO SÃO C O R R ES P O N D ID O S , M AS E L E NÃO CONSE GUE U LT R A PA S S A R ES TA SI TUAÇÃO. ” MAS PE RCEB I Q U E O EN R ED O É M UI TO MAIS COMPL E XO Q U E IS T O . VA MO S I M AGI N AR QUE SE TRATA D E U M FILME, E QUE PRE CISAVAM DE FA ZER U M T R A ILER PARA O PROMOVE R. CO MO S ER IA ? O Q U E DI RI AM PARA SUSCITAR A C U R IO S ID A D E D O S ESPECTADORE S? ROBERT E DE NS: Bem, para ser honesto, se

fizéssemos um trailer tentaríamos que a música falasse por ela. Nós não queremos fornecer muitos detalhes acerca do nosso conceito. Queremos mesmo que a nossa audiência consiga elaborar as suas próprias histórias a partir da nossa música. Quiet world está repleto delas, e cada faixa conta uma diferente, de um modo também diferente. Juntas dão origem ao universo criado pela personagem que nós descrevemos como um mudo solitário. Ele cria o seu próprio mundo devido à necessidade que tem de se relacionar com outras pessoas, e para criar um povo que viva de acordo com as suas imposições. É devido a este controlo obsessivo que os conflitos começam a surgir….

ALGUMA VE Z PE NSARAM Q U E U M Á LB U M CONCE PTUAL TÃO E L ABOR A D O , Q U E N Ã O É M UI TO COMUM NOS DIAS D E H O J E, FO S S E T Ã O BEM ACE ITE POR UMA G R A N D E D IV ER S ID A D E DE AUDIÊ NCIAS? ROBERT E DE NS:

Nunca pensámos que o público se mostrasse tão interessado no conceito em si. Simplesmente tivemos esperança que a música fosse por si só fosse suficiente para captar as atenções. Contudo estamos muito felizes que o público tenha mostrado tanto interesse na história! Deu às pessoas uma forma de se relacionarem de alguma forma com a música, e isso é obviamente muito importante.

A M EL HOR F ORMA QUE EN C O N T R EI PA R A DESCRE VE R O VOSSO TR A B A LH O A A LG U ÉM É DI ZE R QUE SE TRATA D E U MA “ Ó P ER A DE M E TAL ”. QUANDO O O IÇ O T EN H O A SENSA ÇÃO QUE ANTE S D E T U D O , FO I C R IA D A A HI STÓRIA QUE E STÁ PO R T R Á S D ELE, E S Ó DEPOI S , QUANDO E STAVA T ER MIN A D A E B EM ESTRUTURADA, É QUE COMEÇ A R A M A C O MP O R AS MÚSICAS PROPRIAMEN T E D ITA S . FO I ASSI M QUE ACONTE CE U? S E N Ã O , S ER Á Q U E PODES PARTIL HAR CONNO S C O C O MO S E LEV O U

A CABO O PROCESSO DE COMPOSIÇÃO? R O B ERT ED E N S : A primeira música que

escrevemos para o álbum foi “Chromatic Aberration”, que é a última faixa. Sendo a mais longa e aquela onde procurámos explorar mais a diversidade de sons, serviu como ponto de partida para muitos dos outros temas que se tornaram marcos em termos de composição para o restante trabalho. À medida que fomos desenvolvendo estes temas, a história também se foi desenrolando. Foi então que iniciámos a trabalhar no álbum tendo como base a história que queríamos contar. Por isso, na realidade, tecnicamente a música veio antes da narrativa.

NAS VOSSAS MÚSICAS ENCONTRAMOS MUITOS SONS QUE NÃO SÃO MUITO HABITUAIS NUM Á LB U M D E M E TA L . A I N T R O D U Ç Ã O D E S T E S S O N S FO R A M O R E S U LTA D O D A S V O S S A S A B R A N G EN T E S I N F L U Ê N C I A S , V I S T O Q U E S Ã O T O D O S ES T U D A N T E S D E M Ú S I C A , E C O M O TA L C O N S TA N T E M E N T E E X P O S T O S A O S M A I S D IV ER S O S E S T I L O S ? F O I D E V I D O A O FA C T O D E A LG U M A S D A S E M O Ç Õ E S Q U E Q U E R I A M PA S S A R N Ã O C O N S E G U I A M S E R F E I TA S AT R AV ÉS D O S I N S T R U M E N T O S T R A D I C I O N A I S USADOS NESTE GÉNERO DE MÚSICA? POR T O D A S ES S A S R A Z Õ E S , O U P O R N E N H U M A D ELA S ? E JÁ A G O R A … C O N S I D E R A M - S E U M A B A N D A D E M E TA L ? R O B ERT ED E N S : Respondendo à última parte

da tua pergunta em primeiro lugar: Não. Não nos consideramos uma banda de metal. O objetivo dos Native Construct no que diz respeito a “Quiet World” foi quebrar barreiras e criar o inesperado. Quando estávamos a compor o álbum, quisemos criar algo dentro do “prog. metal” que soasse único, interessante e estranho. Nós estávamos cansados de ouvir novas bandas que soavam todas de forma igual, e queríamos fazer algo diferente. Isto levou-nos a uma dinâmica emocional e musical que se enquadrava perfeitamente com a história que queríamos contar.

TA MB ÉM LI Q U E A B AT E R I A F O I P R O G R A M A D A , O Q U E ME S U R P R E E N D E U P O R Q U E T E M U M S O M MU IT O “ O R G Â N I C O ” , E P O R I S S O O S M E U S PA R A B ÉN S ! E S TA E S C O L H A Q U E F I Z E R A M , E M P R O G R A MA R O S O M D A B AT E R I A , F O I D E V I D O AO GOSTO QUE TÊM PELA PROGRAMAÇÃO, O U FO I U M A F O R M A D E M A N T E R O P R O J E T O LIMITA D O A T R Ê S ? R O B ERT ED E N S : Muito obrigado. A escolha de

se programar o som da bateria deveu-se em primeiro lugar a restrições de financiamento. Porém, o facto de, dessa forma, termos controlo absoluto na performance, ajudou à decisão.

P O D ES -N O S D I Z E R U M P O U C O M A I S S O B R E C O MO S U R G I U E S T E V O S S O I N T E R E S S E E M R EC O R R ER À P R O G R A M A Ç Ã O PA R A FA Z E R MÚ S IC A ? R O B ERT ED E N S : No que ao “prog. metal” diz

respeito, Myles e eu fomos apresentado ao género através do álbum Colors (2007) dos Between the Buried and Me. Nós eramos apreciadores de vários géneros de metal durante os nossos anos de adolescência, mas foi no nosso primeiro ano da secundária que ouvimos pela primeira vez este estilo de metal bombástico, único e teatral, que nos

levou a consumir mais música deste género. Hoje em dia absorvemos influências de todo o tipo de música. O facto de termos estudado em Berklee permitiu-nos entrar em contacto com uma grande panóplia de estilos e sons diferentes, dos quais também bebemos influências.

D U R A N T E O P R O C E S S O D E C O MPOSI ÇÃO, M U D A R A M A L G U M A C O I S A T E N D O EM ATENÇÃO O L A D O C O M E R C I A L D A S C A NÇÕES, O U A P E N A S E S C R E V E R A M A M Ú S I C A Q UE SEMPRE Q U I S E R A M O U V I R , I N D E P E N D E N T EMENTE D A OPINIÃO DE OUTROS? R O B E RT E D E N S : Quando escrevemos este

trabalho não considerámos de todo a viabilidade comercial das músicas. Nunca nos passou pela cabeça que este disco seria vendido por todo o mundo. Para além disso, nunca entras neste ramo pelo aspeto monetário. E essa é mais uma das razões pela qual ficámos agradavelmente surpreendidos por a nossa música ter sido tão bem aceite.

E U L I A L G U R E S Q U E O M Y L E S D IS SE: “S E A M Ú S I C A N Ã O F O S S E C O N S I D E R A D A ES TR ANHA, N Ã O S E I S E T E R I A I N T E R E S S E E M FA ZÊ-LA ”. É V E R D A D E ? PA R A S E R S I N C E R O I S SO FEZM E S O R R I R , T E N H O D E O A D M I TI R, PORQUE A C H E I U M A AT I T U D E E S P E TA C U L A R. P OR I SSO P E R G U N T O Q U E T I P O D E “ M Ú S I C A ES TR ANHA” É QUE VOCÊS APRECIAM. (Risos) Sim, é verdade. Eu dou por mim a usar o termo “estranha” em vez de “boa” ou “entusiasmante” para descrever músicas que realmente gosto. Quanto a música que apreciamos, há os artistas “óbvios” (BTBAM, Unexpect, Mr. Bungle), mas existem outros projetos muitos interessantes que também admiramos. São bandas como os Sleepytime Gorilla Museum, Trophy Scars, Radiohead, WHY?, Primus… Eu pessoalmente comecei recentemente a consumir muita música eletrónica de artistas como Amon Tobin, Trentemøller, Lapalux, Jon Hopkins, Autechre, Eno, entre outros. A inovação sónica e harmónica tão característica da boa música eletrónica inspiram-me bastante.

A L G U M A V E Z , D U R A N T E A FA S E D E GRAVA ÇÃO O U D E C O M P O S I Ç Ã O , P E N S A R A M : “I S TO É DEMASIADO C O M P L E X O / E S T R A NHO PARA I N C L U I R N O Á L B U M ” ? N Ã O D E V I D O A R AZÕES E X T E R N A S O U C O M E R C I A I S , M AS PELAS VOSSAS PRÓPRIAS RAZÕES. Sim, definitivamente. Isso é algo que acontece naturalmente durante o processo de composição. Estás sempre a tentar coisas novas para ver se funcionam e encaixam na música. Muito frequentemente estas experiências não são bem-sucedidas. Por vezes o objetivo é conseguir introduzir o máximo possível de elementos estranhos na música, mantendo-a ao mesmo tempo coerente!

V O C Ê S F I Z E R A M U M E X C E L E N T E TR ABALHO A O G R AVA R E M O Á L B U M V O C Ê S MESMOS. S E N Ã O E S T O U E M E R R O A P E N A S A S V OZES F O R A M G R AVA D A S P E L O P R O D UTO R J AMI E K I N G . C O M O F O I A E X P E R I Ê N C I A ? DE FUTU RO P E N S A M T R A B A L H A R C O M U M PRODUTO R À V O S S A E S C O L H A , O U P R E F E R E M V O LTA R A TER C O N T R O L O A B S O L U T O , TA L C O MO FI ZERAM PA R A E S T E “ Q U I E T W O R L D ” ?

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“….O NOSSO SOM NUNCA SE REPETIRÁ ENTRE DISCOS. NÓS ESTAMOS CONSTANTEMENTE A TENTAR INOVAR.” ROBERT E DE NS: Embora quiséssemos, como

é óbvio, o maior controlo possível a nível criativo, muito do processo de produção acabou por ser restringido pelo nosso curtíssimo orçamento de estudantes. E isso levou-nos a gravar e a editar nós mesmos tudo o que conseguíssemos. O Jamie King foi em muitos aspetos uma excelente ajuda na produção (foi também responsável pela masterização), e nós gostaríamos muito de continuar a trabalhar com ele no futuro. Também trabalhámos com o produtor Rich Mouser (Transatlantic, Spock’s Beard) na mistura do álbum, que trouxe o seu clássico som “prog. rock” à música. Devido a termos de fazer tanta coisa nós próprios, a produção levou muito mais tempo do que aquele que desejávamos. Por isso, de futuro, espero que continuemos a ter uma grande margem de controlo sobre a parte criativa, e que o processo de produção se desenrole de uma forma menos trabalhosa para a banda.

DEVI DO À E NORME VARIE D A D E D E S O N S Q U E USARAM NO DISCO, AC R ED IT O Q U E T O C Á LO AO VIVO NÃO SE JA U MA TA R EFA FÁ C IL. COM O É QUE O CONSE GUEM FA ZER ? Q U A N D O ESCREVE RAM A MÚSICA, T IV ER A M LO G O À PARTI D A E SSE ASPE TO E M C O N TA ? ROBERT E DE NS: Enquanto escrevíamos o

álbum apenas nos focámos no resultado final, ou seja, em como iria soar quando gravado. Sabíamos que tocá-lo ao vivo viria mais tarde, mas o disco em si, e como ele iria soar depois de gravado, sempre foi a principal preocupação. Agora que está terminado estamos focados em apresentar o melhor espetáculo ao vivo que conseguimos. Embora grande parte da música seja tocada em instrumentos tradicionais, há muitas partes para as quais teremos de usar samples. Isto é, até nos ser possível, em termos financeiros, ter uma pequena orquestra sinfónica a tocar connosco e que nos acompanhe durante as turnés. E essa é a realidade da situação! (Risos) Contudo, estamos a mudar secções de algumas músicas para que também possam ser tocadas em guitarra, baixo, bateria, etc.

OBVI AME NTE AS VOSSAS IN FLU ÊN C IA S S Ã O ECLÉTICAS E PROVÊ M D E V Á R IO S G ÉN ER O S M USI C AIS DIF E RE NTE S. Q U A IS FO R A M A S BANDAS OU TRABAL HOS Q U E MA IS V O S I NFLUE NCIARAM E NQUAN T O ES C R EV ER A M

ES T E V O S S O P R I M E I R O T R A B A L H O ? R O B ERT ED E N S : Para trabalho em particular….

Between the Buried and Me, Queen, Mr. Bungle (especialmente o álbum “California”, Cynic, várias obras de teatro musical (escritas por Sondheim, Webber e Les Mis) e até mesmo My Chemical Romance.

O FA C T O DE T E R E M E S T U D A D O E M B E R K L E E P ER MIT IU , O B V I A M E N T E , Q U E C O N S E G U I S S E M D ES EN V O LV E R A S V O S S A S T É C N I C A S E P O T EN C IA R O V O S S O TA L E N T O N AT U R A L . S E R I A P O S S ÍV EL O S N AT I V E C O N S T R U C T E X I S T I R E M , N O S MO LD E S AT U A I S , S E N Ã O T I V E S S E M ES T U D A D O N O B E R K L E E C O L L E G E O F M U S I C ? R O B ERT ED E N S : A banda talvez existisse, mas

definitivamente não soaria da mesma forma! Berklee também nos deu a oportunidade de nos relacionarmos com uma enorme variedade de músicos talentosos e criativos, e isso, moldou e de que maneira, o nosso som.

QUAL ACHAS QUE FOI A LIÇÃO MAIS IMP O RTA N T E Q U E A P R E N D E R A M E M B E R K L E E , E Q U E N Ã O ESTAVA M À E S P E R A D E A P R E N D E R E M LÁ ? R O B ERT ED E N S : A nível pessoal diria que o

melhor que Berklee me deu foi a capacidade de melhor apreciar a música como arte, independentemente do estilo ou do formato. A exposição e o estudo de tantas formas de música diferentes ensina-te a encontrares algo com que te possas relacionar em quase tudo que ouves.

D IR IA Q U E V O C Ê S S Ã O O T I P O D E B A N D A Q U E IR Á S EMP RE T E N TA R FA Z E R Q U A L Q U E R C O I S A N O VA EM C A D A Á L B U M Q U E L A N C E . E S T O U C ERT O ? JÁ E S T Ã O A P E N S A R N O V O S S O P R Ó X IMO T R A B A L H O ? S E É O C A S O , S E R Á Q U E P O D EM O S T E R S Ó U M P E Q U E N O AVA N Ç O S O B R E A Q U I L O Q U E P R E T E N D E M FA Z E R ? A Q U I EM P O RT U G A L D I Z E M O S Q U E “ O S E G R E D O É A A LMA D O N E G Ó C I O ” , P O R I S S O S E N Ã O N O S P U D ER E M A D I A N TA R N A D A , É Ó B V I O Q U E P ER C EB EMOS . R O B ERT

EDENS: Sim, absolutamente. Pelo menos é esse o objetivo. Estamos constantemente a registar novas ideias

que vamos tendo, colecionando pequenas coisas dignas de atenção à medida que elas vão acontecendo naturalmente. Mas para o próximo álbum ainda não há nada concreto nem nada definido. Neste momento estamos focados na nossa performance ao vivo. Mas fiquem descansados, o nosso som nunca se repetirá entre discos. Nós estamos constantemente a tentar inovar.

T E N D O E M C O N TA Q U E O V O S S O NÚMERO D E F Ã S D E S T E L A D O D O AT L Â N T IC O ESTÁ A A U M E N TA R , P R E C I S O D E V O S PER GUNTAR: PA R A Q U A N D O U M A T O U R P E L A E U ROPA ? JÁ T Ê M P L A N O S PA R A TA L ? R O B E RT E D E N S : Ainda não há nada planeado, mas esperamos que muito em breve isso possa acontecer. Adoraríamos fazer uma tour pela Europa.

PA R A T E R M I N A R , V O U P E D I R PARA ME C O M P L E TA R E M A S E G U I N T E F R A S E : “ E U M O R R E R I A F E L I Z S E PA RT I L H A S SE O PALCO COM……” R O B : Mike Patton. Há anos que eu o idolatrizo

pela sua mestria e versatilidade vocal. Mas por outro lado, em comparação com ele, eu ia parecer horrível! (risos) M A X : Koji Kondo. O seu trabalho nas séries Zelda (famosa série de jogos de consola) despertaram-me o interessa pela música quando era mais novo, e ainda hoje são das minhas músicas preferidas. M Y L E S : David Gilmour.

M U I T O O B R I G A D O P E L O V O S S O TEMP O. F I Z E R A M U M Ó P T I M O T R A B A L H O C O M O V OSSO Á L B U M D E E S T R E I A , E E S P E R A MOS VÊ-LO S D E S T E L A D O D O AT L Â N T I C O E M B REVE. B OA S O RT E PA R A V O C Ê S ! Muito obrigado! Foi um prazer.

“POR VEZES O OBJETIVO É CONSEGUIR INTRODUZIR O MÁXIMO POSSÍVEL DE ELEMENTOS ESTRANHOS NA MÚSICA, MANTENDO-A AO MESMO TEMPO COERENTE!”

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4 6 / VERSUS MAGAZINE



ENTREVISTA

“PARA MIM, «STUPID THINGS…» É, SIMULTANEAMENTE, MAIS ACESSÍVEL E MAIS EXPERIMENTAL, MAIS DURO E MAIS SUAVE.”

TIM BOWNESS QUANDO O PROGRESSIVO SE TORNA SEDUTOR TIM BOWNESS É UM ARTISTA POR EXCELÊNCIA E TRABALHOU COM STEVEN WILSON NO PROJECTO NO-MAN. DEPOIS DE «ABANDONED DANCEHALL DREAMS» TER SIDO UM SUCESSO, EIS QUE «STUPID THINGS THAT MEAN THE WORLD» CHEGA PARA ACOMPANHAR O SEU “IRMÃO GÉMEO”, RODEADO COMO SEMPRE PELOS MAIS ILUSTRES INTÉRPRETES MUSICAIS. DEIXEM-SE LEVAR PELA FINA ARTE DA SEDUÇÃO MUSICAL. Por: Eduardo Ramalhadeiro Fotos: Charlotte Kinson

48 / B T B A M


“SINTO QUE OS DOIS ÁLBUNS ME ABRIRAM NOVAS POSSIBILIDADES E ME AJUDARAM A CRIAR UMA IDENTIDADE BEM DIFERENTE DA RELATIVA AO MEU TRABALHO COM STEVEN WILSON E NO-MAN. “ OLÁ T I M ! O BRI G ADO P ELA EN T R EV IS TA . «ABAN DON E D DAN CE H A LL D R EA M S » É U M EXCEL E N TE Á L B UM E F O I EX T R EMA MEN T E BEM RE C E B I D O. L I N O S ÍT IO P R O G . TEAMR OCK. COM Q UE «S T U P ID T H IN G S THAT M E A N THE W O R LD » EN T R O U B EM NAS TABE L AS D O R E I N O U N ID O . T U S Ó CONSE GUE S FA Z E R GRA N D ES Á LB U N S … TIM B OW N E SS:

Muito obrigado. Foi também extremamente agradável aparecer no Top 10 da primeira tabela oficial (Progressiva) do Reino Unido, que foi anunciado na semana passada.

EU BEM TE N TO E N C O N T R A R A LG U MA S DIFEREN Ç AS E N TRE E ST ES D O IS Á LB U N S , MAS, QUAN TO M AI S O U Ç O , MEN O S ENCON TRO. PARE C E M -M E D U A S “ A LMA S GÉMEAS” – R OM E U E J U LIETA , C O M UMA L I GAÇÃO F O RTE . N O EN TA N T O , ACHO QUE « STU PI D T H IN G S … » É M A IS ORQUE S TR ADO. CON CO R D A S C O M ES TA PERSPE TI VA? A CHAS Q U E ES T ES Á LB U N S SÃO U M A E S PÉ C I E DE G ÉM EO S ? Tim Bowness: Tens razão, nalguns aspectos eles são muito parecidos. Para mim, «Stupid Things…» é, simultaneamente, mais acessível e mais experimental, mais duro e mais suave. Portanto, penso que «Stupid Things…» “explora” – e ultrapassa, espero eu – os limites da música de «Abandoned Dancehall Dreams». Sinto que os dois álbuns me abriram novas possibilidades e me ajudaram a criar uma identidade bem diferente da relativa ao meu trabalho com Steven Wilson e No-Man. Como qualquer outro músico, espero que isto represente uma franca evolução em relação ao que tenho feito até agora.

UMA D I F E R E N Ç A QUE EN C O N T R EI FO I A MU DAN ÇA N A M I S T U R A . P EN S O Q U E NÃO T E M FAL H AS E M N EN H U M D O S D O IS ÁLBUN S. POR QUE É QU E S T EV EN WILS O N NÃO F O I O E S COL H ID O ? N A M IN H A OPI NIÃO E L E É UM G ÉN IO . H Á MU ITA S DIFEREN Ç AS E N TRE E L E E B R U C E S O O R D ? TIM B OW N E SS: Desta vez, o Steven estava muito ocupado e recomendoume o Bruce (que fez um excelente trabalho.) Steven conhece-me há muitos anos, portanto consegue obter os resultados que quero muito rapidamente. O Bruce adicionou mais instrumentos a «Stupid Things» do que Steven em «Abandoned Dancehall…». Ele prefere um som um

pouco mais pesado (o que reforçou particularmente “The Great Electric Teenage Dream” e “Press Reset”), mas fui atraído sobretudo pelo facto de trabalhar tão facilmente com os sons eléctricos e electrónicos como com os acústicos.

R EU N IS T E U M G R U P O D E M Ú S IC O S EX T R EMA ME NTE TA L E NTO S O S , A L G U NS D O S MELH O R E S NO M U ND O P R O G R E S S IV O : C O LIN ED WIN, B R U C E S O O R D , P H IL M A N ZA N ERA O U PAT M A S TE L O TTO , S Ó PA R A C ITA R A L G U NS . C O M O É T R A B A LH AR C O M E S TA S P E S S O A S ? A L É M D E T O C A R E M , E L E S PA RTIC IPA M , D E A LG U M A O U TR A F O R M A , NO P R O C E S S O D E C R IA Ç Ã O ? T IM B O WNE S S : O núcleo duro da banda

– Colin Edwin, Michael Bearpark, Andrew Booker e Stephen Bennett – é constituído por músicos com quem trabalho há muitos anos. Eles são instrumentistas muito imaginativos e bons ouvintes. Isto também se aplica a Anna Phoebe e Andrew Keeling, que providenciaram os arranjos de cordas para este álbum. É uma honra poder trabalhar com tamanhos talentos (mais os convidados Peter Hammill, Pat Mastelotto e Phil Manzanera). Geralmente, dou instruções específicas, mas também permito que os músicos interpretem o material da forma como quiserem. No fundo, acabo por utilizar ambas as abordagens.

ES T E Á LB U M É M U ITO R IC O NO Q U E D IZ R ES P EIT O À S L E TR A S . D E Q U E FA L A M ? EX IS T E A L G U M C O NC E ITO S U B J A C E NTE A «S T U P ID T H ING S …» ? T IM B O W NE S S : O título do novo álbum refere-se às coisas pequenas e aparentemente triviais que nos fazem de nós aquilo que somos ou que nos ajudam ao longo das nossas vidas. Poderia ser um velho brinquedo, arte/música, linguagem íntima compartilhada, um sistema de crenças, um feriado anual, a imagem ou ideia de alguém que amámos na nossa juventude, etc. Eu estava a pensar em algo como o significado do aparentemente insignificante “Rosebud”, no filme de Orson Welles intitulado “Citizen Kane” (em Português, “O mundo a seus pés”). Posto isto, as letras dos temas são independentes. Por exemplo, apesar de estarem especialmente relacionadas com a ideia de coisas estúpidas que acabam por ter muito valor (neste caso,

a ligação da pessoa com a ideia de um feriado), uma canção como “At The End Of The Holiday” é mais uma história independente sobre uma pessoa que nada tem a ver comigo.

O Q U E FA Z E S P R IM E IR O ? A M ÚSICA OU A L E TR A ? E L A S E S TÃ O L IG A D A S DE ALGUMA F O R M A , O U S Ã O D U A S “CAMADAS” IND E P E ND E NTE S ? TIM B O WNE S S : Uma responde à outra,

logo estão ligadas. Eu estou sempre a reunir pedaços de letras e música. Eu uso qualquer método que resulte para gerar material de que goste e que tenha algum significado para mim. Os temas surgem quando estou a compor na minha guitarra, a programar no computador, a improvisar com outros músicos, etc. Geralmente, demoro mais tempo a escrever as letras do que a música. A maior parte das vezes, escrevo primeiro as melodias e depois a letra para elas (por vezes, é um processo muito demorado). Às vezes, trabalho a partir de letras que já existiam e crio melodias para elas.

G O S TO SEMPRE DE P EDIR AO E NTR E V IS TA D O PA R A FA L A R M AIS SOBRE U M A D A S M INH A S C A NÇ Õ E S FAVORITAS NO Á L B U M . NE S TE C A S O , É M U IT O DIFÍCIL E S C O L H E R U M A , P O R Q U E S ÃO T ODAS M A R AV IL H O S A S . G O S TO M U ITO DO “ NOM A NIS M O ” D E “S ING TO M E ”, DO GROOVE D O B A IX O E M “S TU P ID T HINGS…” , M A S D E L IR O C O M O P R IM E IR O SOLO DE “K NO W TH AT Y O U WE R E L O V E D” , PORQUE L E VA A C A NÇ Ã O A U M NÍV E L SUPERIOR. S IM P L E S , M A S E M O TIV O . O UVIR ESTA C A NÇ Ã O É C O M O A ND A R NA S NUVENS! H Á A L G U M A R A Z Ã O E S P E C IA L PARA QUE IS S O A C O NTE Ç A ?

O NÚCLEO DURO DA BANDA – COLIN EDWIN, MICHAEL BEARPARK, ANDREW BOOKER E STEPHEN BENNETT (...) MAIS OS CONVIDADOS PETER HAMMILL, PAT MASTELOTTO E PHIL MANZANERA. 49 / p h i l m


ENTREVISTA

“EU NÃO GOSTO MUITO DAS MASTERIZAÇÃO E MISTURAS MODERNAS, (...) POR ISSO, EU ESTOU MAIS DO LADO DA DINÂMICA E DO NATURAL, EM VEZ DO ALTO.” TIM B OW N E SS: “Know That You Were

Loved” foi o ultimo tema a ser escrito e é também um dos meus favoritos. Deve ser o tema mais emocional em «Stupid Things». De certo modo, narra as reminiscências no leito de morte, sobre o amor e a vida, e tem origem no trabalho que eu costumava fazer com os idosos nos lares de terceira idade no final de 1980. Não se trata de ninguém específico mas, na letra, há referências a elementos específicos (por vezes, autobiográficos) e a pessoas reais.

TENS AL G UN S E XCE L EN T ES P R O J ET O S . UM DE L E S É ( F O I ? ) N O - M A N . “ S IN G T O ME” É O PON TO DE PA RT ID A PA R A U M DESTA QUE N O Á L B UM M A IS A MP LO . P O R QUE P E G ASTE N E S TA DEMO D E 1 9 9 4 ? TIM B O W N E SS: No ano passado, o

Steven enviou-me algumas demos antigas de No-Man que eu me tinha completamente esquecido. Uma delas, datada de 1994, chamoume particularmente a atenção, Não consegui acreditar que não tínhamos pensado em a desenvolver mais, embora, como, nessa altura, estávamos a trabalhar no «Wild Opera» depois do »Flowermouth», o tema não encaixava no que tínhamos em mãos. Eu ouvi-a a primeira vez em 20 anos, em Outubro de 2014, e senti que era exatamente aquilo de que que

50 / p h i l m

precisava para continuar o «Stupid Things…». A demo original de No-Man, intitulada “Best Boy Electric” tem, somente, um minuto, enquanto “Sing to Me” tem cerca de seis minutos e apresenta uma nova letra e secções instrumentais. Gosto dela, porque me lembra dos momentos agradáveis dos primórdios de No-Man e também porque se encaixa perfeitamente no que estou a fazer agora em termos musicais.

são feitas para as pessoas ouvirem por stream ou download. Até nas baladas, o som parece distorcido, demasiado alto… implacável. Por isso, eu estou mais do lado da dinâmica e do natural, em vez do alto.

N A T U A O P INIÃ O Q U E C O IS A S E S TÚ P ID A S “ FA ZEM O M U ND O ”?

TIM B O WNE S S : Obrigado, Eduardo, o

T IM

B O WNE S S :

Provavelmente, a música. Continuo a ser tão movido e fascinado por ela como quando era adolescente. Disseram-me que essa sensação havia de passar com a idade. Mas, até agora, isso não aconteceu.

EU P R ES TO M U ITA ATE NÇ Ã O À D INÂ M IC A D A MÚ S IC A , Q U E É M U ITA S , M U ITA S V E Z E S A R R U IN A D A NO P R O C E S S O D E M IS TU R A . P EN S O Q U E A TU A M Ú S IC A É M U ITO A G R A D Á V EL D E S E O U V IR NE S S E A S P E C TO . J Á O U V IS T E FA L A R D A “L O U D NE S S WA R ”, IS T O É, D A P O L É M IC A “A LTU R A D O S O M V S D IN Â MIC A D A M Ú S IC A ”? Q U A L É A T U A O P IN IÃ O A C E R C A D IS TO ? T IM B O WNE S S : Eu não gosto muito das masterização e misturas modernas, que

MUITO OBRIGADO POR ESTA OPORTUNIDADE D E TE E NTR E V IS TA R . G O S TÁ MOS MUIT O D O Á L B U M E E S P E R A M O S Q U E SEJA UM G R A ND E Ê X ITO . ATÉ B R E V E . prazer foi meu. Saudações musicais

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ENTREVISTA

“A IDEIA QUE TEMOS É QUE O «V» É O NOSSO DISCO MAIS DINÂMICO ATÉ À DATA. INCLUI DESDE ELEMENTOS EXTREMAMENTE SUAVES ATÉ AO MATERIAL MAIS TÉCNICO QUE ALGUMA VEZ CRIAMOS.”

SCALE THE SUMMIT 5 NA ESCALA DE SUMMIT ALGODÃO NÃO ENGANA. OS SCALE THE SUMMIT SÃO JÁ UMA DAS REFERÊNCIAS NAS BANDAS PROGRESSIVAS I NS T R U M E N TA IS . «V» QUE DE SER LIDO COMO NÚ MERO RO MANO “5” É, PR EC I S A MENTE, O SEU Q U I N T O ÁLBUM. CONVERSÁMOS UM POUCO COM MARK MICHELL SOBRE O QUE PODEMOS ESPERAR DE «V» E NÃO SÓ… Por: Eduardo Ramalhadeiro Tradução: Ernesto Martins Fotos: Trish Badger ANTES DE MAIS GOSTARIA D E T E FELIC ITA R PELO ÁL BUM « V» . O DISC O A IN D A N Ã O FO I EDI TADO, MAS POSSO J Á A N U N C IA R A O S NOSSOS L E ITORE S QUE S E T R ATA D E U M TRABAL HO MARAVIL HOSO, C O MO S EMP R E! NO CASO DE UMA BAN D A IN S T R U MEN TA L COM OS SCAL E THE SUMM IT, O MA IS D IFÍC IL, PENSO E U, DE VE SE R MA N T ER A MÚ S IC A SUFI CIE NTE ME NTE ATRA C T IVA E LIV R E D E CLI CHÉS. ACHAS QUE O «V » É D E FA C T O UM PASSO E M F RE NTE R ELAT IVA MEN T E A O ACLAMADO « THE MIGRAT IO N »? O Q U E É Q U E O PRIME IRO NOS TRAZ Q U E N Ã O ES TAVA PRESENTE NO SE GUNDO?

5 2 / VERSUS MAGAZINE

MA R K :

Em cada álbum que fazemos tentamos sempre que a composição seja mais dinâmica e variada, quer nos temas em si, quer no tipo de tons e sons que usamos. A ideia que temos é que o «V» é o nosso disco mais dinâmico até à data. Inclui desde elementos extremamente suaves até ao material mais técnico que alguma vez criamos. O «The Migration» já incluiu de facto muitos elementos exuberantes, mas no «V» levamos a coisa a um patamar mais elevado. No «The Migration» o objectivo era ser mais explosivo e “in-your-face”. No «V» corremos alguns riscos e tentamos algumas coisas novas, algo que consideramos ser essencial numa banda instrumental. banda a tempo inteiro?

Q U A N D O E S C R E V O S O B R E M Ú S I CA TENDO A E X P R I M I R P O R PA L AV R A S A “ I M A GEM” QUE A M Ú S I C A F O R M A N A M I N H A M E N T E. A I D EI A É Q U E O L E I T O R P O S S A D E P O I S R E C ONSTI TUI R E S S A “ I M A G E M ” . S E R Á Q U E É S CAPAZ D E D E S C R E V E R A M Ú S I C A I N C L U Í D A N O «V» PARA OS NOSSOS LEITORES? M A R K : A beleza da música instrumental

reside exactamente na liberdade dessa imagística uma vez que não existe uma imagem pré-determinada a sugerir ao ouvinte. Aqui é tudo mais interpretativo o que permite que o ouvinte “veja” o que quiser ver. Cada ouvinte experimenta algo diferente. Os títulos das músicas sugerem o que nós


ENTREVISTA

“AQUI É TUDO MAIS INTERPRETATIVO O QUE PERMITE QUE O OUVINTE “VEJA” O QUE QUISER VER. CADA OUVINTE EXPERIMENTA ALGO DIFERENTE.” próprios “vemos”, mas as possibilidades são de facto infinitas.

PORQUE RAZ ÃO USASTE O N Ú MER O R O MA N O CI NCO PARA INTITUL AR O Á LB U M? A P EN A S PORQUE É O 5º ÁL BUM O U EX IS T E O U T R A RAZÃO? M ARK: Hoje em dia poucas são as bandas

que chegam ao 5º álbum. Portanto este título surge mais como uma afirmação do orgulho que sentimos por continuarmos fortes ao fim de cinco álbuns, e também por considerarmos que este disco é um marco na nossa carreira.

O GREASE MOP, MAIS CO N H EC ID O P O R J . C . BRYANT É O NOVO BATE R IS TA . C O MO ES T Á A CORRE R A ADAPTAÇÃO DELE? M ARK: O J.C. caiu que nem uma luva na

banda, quer ao nível pessoal quer ao nível artístico. O Mark (baixo) e o J.C. já tinham estado em bandas anteriores e já tocam juntos há quase dez anos, portanto a entrada do J.C. só veio reactivar uma química que já existia há muito. Além disso o J.C. já nos tinha acompanhado na qualidade de técnico em digressões passadas, pelo que a escolha recaiu obviamente nele assim que surgiu a necessidade de um baterista.

NO QUE CONCE RNE À COMP O S IÇ Ã O , O J . C . D EU ALGUM CONTRIBUTO PARA O «V »? M ARK: A entrada do J.C. aconteceu de

forma algo súbita, a poucas semanas das gravações. Assim que o chamamos para a banda, ele começou logo a compor as partes de bateria para as demos da pré-produção.

Quando depois entramos em estúdio ele já tinha tudo escrito e o álbum todo aprendido. Partindo das estruturas de base bastante sólidas que ele criou começamos a gravar e a trocar ideias para trás e para a frente durante uma semana. A flexibilidade e a mente aberta características do J.C. permitiram-nos que lhe sugeríssemos ideias que ele testava de bom grado de imediato. A bateria acabou por ser gravada de uma forma muito espontânea o que lhe conferiu uma posição de destaque nas composições.

S EN D O V O C Ê S A RT I S TA S TA L E N T O S O S C O M U M S Ó LID O B A C K G R O U N D F O R M A L E M M Ú S I C A , IMA G IN O Q U E E S C R E VA M A V O S S A M Ú S I C A EM PA U TA S. É V E R D A D E ? T O D O S O S M E M B R O S DA BANDA CONTRIBUÍRAM NA COMPOSIÇÃO? V O C ÊS D EVE M U S A R A S S I N AT U R A S T E M P O R A I S MU IT O ES QU I S I TA S . É S C A PA Z D E D I Z E R Q U A L É O R IFF E O PA D R Ã O T E M P O R A L M A I S D I F Í C I L QUE JÁ CRIARAM? MA R K : O Chris é o principal compositor na banda e costuma fazer a estrutura básica dos temas incluindo as duas partes de guitarra. Depois o Mark e o J.C escrevem as partes de baixo e bateria, respectivamente. A nossa música contém de facto assinaturas temporais esquisitas, mas isso não é algo que nos dediquemos a criar de propósito. O objectivo é que essas assinaturas esquisitas soem fluentes na música. Quanto à questão do riff mais difícil, penso que cada membro da banda teria uma resposta diferente. O que é importante para nós é que cada membro dos Scale the Summit tenha a sua oportunidade de sobressair de vez em quando.

QUANDO TOCAM AO VIVO USAM ALGUM TIPO

DE CLICK OU METRÓNOMO? M A R K : Sim, usamos durante vários anos

um metrónomo. O baterista ouvia-o e a banda seguia o baterista. À medida que aperfeiçoamos a produção dos nossos concertos com luzes e a projecção de vídeos, passamos a usar um sistema com auriculares que permite que todos os membros da banda se mantenham sincronizada entre si e com a parte visual do espectáculo.

É C A S O PA R A D I Z E R Q U E C A PA D E «V » C ONTÉM M U I T O M A I S D O Q U E O L H O A L C A NÇA. QUEM T E V E A I D E I A D E R E P R E S E N TA R TODOS O S T E M A S N A C A PA ? Q U E M F O I O A RTI S TA? OS T E M A S T Ê M A L G U M S I G N I F I C A D O ESPECI AL Q U E Q U E I R A S R E F E R I R ? S E R Á Q UE ESTAMOS P E R A N T E U M T R A B A L H O C O N C E P T UAL? Q UAL É Q U E S U R G I U P R I M E I R O : O T E M A O U O TÍ TULO? M A R K : De álbum para álbum sempre nos

esforçamos por ter artworks atraentes e orgânicos – uma foto, uma adaptação ou interpretação, ou simplesmente uma pintura. É sempre algo que tem que ver com a nossa música e especialmente com os títulos. Até agora nunca tivemos uma capa cujo conceito se ligasse ao colectivo dos temas, pelo que desta vez pensámos em usar um artwork que representasse de uma maneira mais surrealista todos os temas do disco. O autor da aguarela foi o artista inglês Duncan Storr que pintou também a capa do «The Migration». Não podíamos ter ficado mais contentes com o trabalho dele. Os temas surgem primeiro. Depois de estarem completos (e, por vezes, já gravados), nós sentamo-nos calmamente a ouvi-los e atribuímos os títulos de acordo

5 3 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA com as imagens mentais que a música nos suscita. Acaba por ser um processo divertido porque é muito pessoal e subjectivo.

VI NO TE U WE BSITE QUE T EN S U MA ES C O LA ONLI NE DE BAIXO: WWW. LO WEN D U N IV ER S IT Y. COM /. O QUE É E XACTAM EN T E ES TA ES C O LA E COMO F UNCIONA? C O MO C O N S EG U ES CONCI L IAR A ACTIVIDAD E D O S S C A LE T H E SUM M IT COM A E SCOL A ? N O S V ÍD EO S V I QUE TO CAS COM BAIXOS D E 4 E 6 C O R D A S . QUAL DE L E S É O MAIS D IFÍC IL? EU P R Ó P R IO SOU BATE RISTA MAS CAS O D EC ID A A P R EN D ER BAI XO QUAL DE L E S É O MA IS FÁ C IL PA R A COM EÇAR? ( A RE SPOSTA D EV E S ER Ó B V IA , M AS CÁ VAI NA ME SMA R IS O S ) M ARK: Sim, estou a dar lições de baixo há

alguns anos através do Skype a alunos de todo o mundo. A tecnologia é fantástica, não é? Mas não tem sido fácil atender às solicitações de pessoas localizadas em fusos horários distantes e, ao mesmo tempo, estar em digressão com a banda várias vezes ao longo do ano. Por esse motivo tive a ideia de criar um website onde posso ter um fluxo constante de lições de forma a ensinar qualquer pessoa em qualquer lugar e a qualquer hora. O website está sujeito a uma subscrição mensal que dá acesso a uma grande biblioteca de lições de baixo em vídeos HD, que é actualizada semanalmente. Inclui ainda “backing tracks”, uma secção de perguntas e respostas, uma zona para requisitar lições, um fórum para membros e o desafio “Lick of the Week”. Enfim, fiz tudo o que foi possível para que a plataforma proporcione ao aprendiz de baixo uma experiência completa. E também me divirto imenso com isto. Não acho que seja mais difícil tocar um baixo de quatro cordas ou um de seis. São apenas diferentes instrumentos. Os princípios e as técnicas são fundamentalmente as mesmas num caso e no outro. Não obstante, eu recomendaria o baixo de quatro cordas apenas porque é com este que tradicionalmente se começa a aprender.

NÃO PO SSO TE RMINAR E S TA EN T R EV IS TA S EM PERGUNTAR QUE M TE VE A ID EIA MA LU C A PA R A O VÍ DE O “STOL AS”? FART EI-ME D E R IR ! ! O S VOSSOS NICKNAME S SÃO MES MO A Q U ELES ? AS M ASSAGE NS SÃO HIL A R IA N T ES E T U AT É CONTAS AS NOTAS! ( RISO S ) M ARK:

Haha, obrigado! Divertimo-nos imenso com esse vídeo desde o momento em pensamos na ideia até às filmagens. Para resumir uma longa história, quando chegou o momento de filmar ainda não tínhamos terminado o guião, pelo que pusemos em prática o que nos ocorreu no momento. Foi uma ideia inteiramente do J.C. e até que saiu bem!

HTTP: //WWW. SCA LET H ES U MMIT. C O M/ H T T P S: / / W W W. FAC E BO O K . C O M/ S C A LETH ES U MMI T H T T P S : / / YO U TU . B E/ I T5 Q Q TU G 9 EY

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MISSING IN ACTION

GUNS N’ ROSES NÃO, NÃO FOI UM ENGANO INCLUIRMOS OS GUNS N’ ROSES NESTA RUBRICA DEDICADA A BANDAS QUE JÁ NÃO ESTÃO EM ATIVIDADE. “MAS ELES AINDA ESTÃO NO ATIVO!”, OIÇO DIZER DESSE LADO. BOM, A PERGUNTA É: ESTARÃO MESMO? PARA ALGUMAS PESSOAS, EU INCLUÍDO, A RESPOSTA É NÃO. QUANTO AO PORQUÊ, LÁ CHEGAREMOS. PARA JÁ UM POUCO DE HISTÓRIA E A CONSEQUENTE EXPLICAÇÃO. Por: Ivo Broncas Ao bom velho estilo “Rock ´n´ roll”, a história dos Guns n’ Roses foi sempre marcada por abusos, discussões e polémicas. A formação dá-se em 1985 na cidade de Los Angeles como resultado da junção de membros de duas bandas e da fusão dos nomes das mesmas; Hollywood Rose, da qual faziam parte Axl Rose (vozes) e Izzy Stradlin (guitarra rítmica), e L.A. 5 6 / VERSUS MAGAZINE

Guns, da qual migraram Tracii Guns (guitarra), Ole Beich (baixo) e Robbie Gardner (bateria). Depois vem a dança das cadeiras: Sai Tracii Guns, entra o mítico Slash, sai Ole Beich, entra Duff McKagan, sai Robbie Gardner e entra Steven Adler. E estas ainda são as mudanças na formação mais fáceis de acompanhar! E é com

esta formação que encontram alguma estabilidade e gravam um ep intitulado “Live?!*@ Like a Suicide”, e mais tarde o aclamado e bem sucedido “Appetite for Destruction”. Este é inclusivamente, até à data, o disco de estreia que mais vendeu na história do rock. Tudo ia bem para os lados do reino de Axl Rose e seus comparsas. Até mesmo o facto de um dos membros mais influentes,


GUNS N’ ROSES Slash, tocar sempre contrariado um dos maiores sucessos da banda, “sweet child o’mine”, parecia não afetar o bom ambiente que se sentia no seio da mesma. Nem isso, nem mesmo Axl Rose ter tatuado no braço o retrato de uma ex-namorada de Slash com quem ele também namorou. Bem…. Ok… Se calhar e pensando bem, o ambiente não devia ser o melhor! E estes são apenas dois pequenos incidentes na imensa lista de desentendimentos que os dois tiveram ao longo dos anos. Lista essa demasiado extensa e complexa para ser aqui esmiuçada. Porém, não obstante os problemas internos e mais uma alteração da formação, sai o baterista Steven Adler devido a problemas com substâncias ilícitas, e entra Matt Sorum, ex Cult (dizem algumas fontes que Igor Cavalera recusou o cargo), os Guns n’ Roses continuaram com a sua, até então, brilhante carreira. Lançaram os álbuns “Use your illusion” I e II, que entre os dois venderam mais de 30 milhões de cópias. Não nos esqueçamos que este foi o ano em que dois dos álbuns mais bemsucedidos do rock/metal viram a luz do dia. Estamos a falar do popularmente conhecido como “black album” dos Metallica e do eterno “Nevermind” dos Nirvana. Apesar da concorrência de peso, os Guns n’ Roses conseguem ganhar o seu lugar entre os grandes da música. Analisando hoje em dia esse facto, temos de admitir que é bastante impressionante. Êxitos como “Don´t cry”, “November Rain”, “Knockin’ on Heaven’s Door”, entre tantos outros, ficaram na história da música, e a sua atitude de puro “Rock ‘n’ rol” ajudou a catapultálos para um estrelato estratosférico. Seguem-se concertos em estádios lotados, uma mega digressão com os Metallica que acabou envolta em polémica, polémicas internas, polémicas com outras bandas (lembrese que Axl Rose e Kurt Cobain quase chegaram a vias de facto), polémicas, polémicas, e mais polémicas…. Mas tudo isto vendia e ajudou a criar uma mística muito especial em redor dos Guns n’ Roses. O público gostava destas discussões, e gostava de tomar partidos, e os fãs ficavam ainda mais fãs! A banda podia e devia utilizar esta publicidade (alguém disse que não há má publicidade) e trabalhá-la para servir os seus propósitos, mas não houve capacidade para tal. A formação voltou a sofrer alterações e as desavenças continuaram, e escalaram. Elas chegaram ao ponto de Slash dizer que não gravava nada caso Axl estivesse presente na mesma sala. Mesmo assim ainda foi lançado um álbum de versões em 1993 (“The Spaghetti Incident?”), que esteve longe de ser um êxito ao nível dos seus trabalhos anteriores. Como consequência de tudo isto, a estrela brilhante da banda colapsouse e transformou-se num buraco negro, para onde a toda tolerância

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que restava dentro da mesma foi sugada. Em 1994 Slash ainda fez uma tentativa de reaproximação, e apresentou aos seus colegas algumas músicas que tinha composto. Contudo essas músicas foram prontamente rejeitadas pelo vocalista de serviço. Daí à total deterioração da banda foi um ápice. Axl Rose vê-se então só, sem os seus músicos de longa data, com a responsabilidade de ser detentor do nome “Guns n’ Roses”, e o tempo provou que não teve capacidade para o ressuscitar. O álbum “Chinese Democracy” começou supostamente a ser escrito em 1996. Todos os anos se anunciava o seu lançamento. Em 2008, quando foi finalmente posto à venda, todos ficaram incrédulos. Afinal o novo álbum dos Guns n’ Roses não era um mito urbano. Quando li nas notícias que “Chinese Democracy” iria ver a luz do dia, julguei que estavam mesmo a falar de uma revolução na China, com alteração do regime político do país. Foi uma surpresa saber que se tratava mesmo do novo álbum de originais dos Guns n’ Roses, que todos pensámos ter ficado retido numa realidade alternativa. Aliás, sempre achei mais provável que o regime nesse país asiático fosse alterado, do que Axl Rose conseguir lançar outro álbum. Mas lá está, saiu! Aleluia, dizem os fãs! Correram às lojas e conseguiram que “Chinese Democracy”, que em Português se pode traduzir para “Obras de Santa Engrácia”, estreie no terceiro lugar da tabela musical Billboard 200 com mais de 200 mil cópias vendidas na primeira semana, e em quatro meses, mais de um milhão de edições comercializadas. Ótimos resultados! E teve inclusive algumas boas críticas. Mas… sabemme dizer o nome de um single do álbum? Um vídeo que tenham visto? É que eu, mesmo depois de ter olhado para a track list do mesmo, não me recordo de ter ouvido alguma. Até posso ter ouvido, e isso ainda será mais grave! Teve algum “Buzz” quando saiu, mas depois, inexplicavelmente ou não, como que se apagou da memória dos ouvintes. Foi quase como se nunca tivesse existido. Mas por favor corrigiam-me se estou enganado! Isto é só uma opinião. As opiniões valem o que valem, e para bem da banda, oxalá esteja enganado! Banda…”Banda” talvez seja o termo mais correto. No que diz respeito a alterações na formação destes “novos Guns”, o guião é quase tão extenso com o de “Dallas” e tão complexo como o de “Twin Peaks”, daí nem me ter atrevido a tentar sequer perceber o que se tem passado a este nível. Os nomes de todos ex-integrantes devem ser suficientes para encher uma folha A4, e as saídas continuam. Ninguém ainda está a par de quem toca nos “Guns”. É verdade que continuam a chamar público aos seus concertos, mas esse mesmo público sai horrorizado com a excelente forma (de bola) em que está Axl Rose. A sua degradação física é (infelizmente) tal, que a disposição de

quem vai assistir a um concerto dos Guns n’ Roses atualmente, é mesma de quem vai assistir a um filme de terror, ou a um “The Walking dead”, ou de quem fica a ver os estragos causados por um acidente rodoviário. É um misto de gosto e atração pelo bizarro, misturado com aquela sensação de não conseguir deixar de olhar para um cenário grotesco.

Antes que me roguem pragas, deixemme explicar: Eu próprio em adolescente ouvia Guns n’ Roses. Também eu vibrei com o seu Rock, e também os tinha no rol de bandas preferidas. O que nós temos a infelicidade de ver hoje em dia, não é a banda que nos finais de 80, princípios de 90 nos fez vibrar. É uma manta de retalhos, liderada por um Axl Rose decadente, que tenta a todo custo continuar a alimentar o seu ego e ganhar dinheiro para a reforma (bom, pelo menos este último motivo é válido!). Foi nisto que os outrora estratosféricos Guns n’ Roses se tornaram? Não. Estes não são os Guns n’ Roses. E quanto a isso, e por mais fã que alguém ainda seja, penso que não há grandes discussões relativamente a este facto. Por tudo isso se incluíram os “Guns” nesta rubrica. Porque embora o nome perdure, a mística e a essência da banda já não existem. E não existem desde 1996, ano fatídico em que Slash bateu com a porta. Em boa verdade acredito que banda acabou nesse momento. Foram, e continuam a ser, uma das bandas de culto dentro do género, e fizeram músicas que permanecerão nos anais da história. Hoje em dia teremos, talvez, uma homenagem do vocalista à sua banda de sempre. Nada mais.


ENTREVISTA “É LÓGICO QUE ENQUANTO DER PARA FAZER MÚSICAS HÁ DE SE MANTER, MAS A BANDA É PARALELA À “VIDA REAL” (FAMÍLIA, TRABALHO, RESPONSABILIDADES)... É FAZER MÚSICA ATÉ ONDE FOR POSSÍVEL PARA TODOS.”

DEAD SILENT METAL INSULAR OS DEAD SILENT SÃO ORIUNDOS DA ILHA DA MADEIRA E SE PARA BANDAS DO (E NO) CONTINENTE A LUTA É TITÂNICA O QUE DIZER DOS INSULARES? … E É POR ISSO QUE A VERSUS TRABALHA, PARA VOS DAR A CONHECER PROJECTOS E BANDAS DE QUALIDADE. DÁRIO E EURICO RESPONDERAM ÀS NOSSAS PERGUNTAS… Por: Eduardo Ramalhadeiro OLÁ! ANTE S DE MAIS, PAR A B ÉN S P ELO Á LB U M! ESTÁ MUITO BOM!

S ILEN T ?

DÁRI O: Antes de mais obrigado pelo apoio e

penso que os Dead Silent nascem do fim dos Blue Sound Trafic e dos Extended e da necessidade do Eurico e do Saúl de fazer música juntos, sendo que o Dieter (vocalista EP 2007) e o Jorge (baterista) eram as escolhas óbvias para o efeito. O Jorge e o Saúl foram companheiros numa serie de projectos como os míticos Drawned In Tears e os Supracitados Blue Sound Trafic, eu já tinha tocado com o Eurico em Insania, Sendo que eu e o Jorge somos irmão e todos já nos conhecemos há muito tempo era quase inevitável até porque começaram a ensaiar na minha casa e não tinham baixista e eu, na altura guitarrista em Outerskin, sempre gostei de tocar baixo e sentia necessidade de tocar outras sonoridades.

atenção prestada. Sendo que é sempre bom obter feedback positivo.

VOCÊS DE NOMINAM-SE CO MO U MA B A N D A O U PROJE CTO? DÁRI O: Banda Projecto, às vezes fazemos essa mesma pergunta, mas não pensamos muito nisso.

RELATIVAME NTE AO TE R MO B A N D A : C O MO SURGI RAM OS DE AD SIL EN T ? T O D O S V O C ÊS SÃO ORIUNDOS DE OUTRA S B A N D A S , EN T Ã O , DE QUE M F OI A IDE IA DE FO R MA R O S D EA D 5 8 / VERSUS MAGAZINE

D Á R IO : Eu Não estava lá no dia do parto mas

N O Q U E D I Z R E S P E I T O A O N O M E PROJECTO : I S T O É M E S M O U M P R O J E C T O PA R A MANTER ? O U É A L G O PA R A L E L O ? E U R I C O : Não se sabe se é para manter a

banda porque ninguém consegue prever o futuro. É lógico que enquanto der para fazer músicas há-de se manter, mas a banda é paralela à “vida real” (família, trabalho, responsabilidades)... é fazer música até onde for possível para todos.

O S D E A D S I L E N T N Ã O T Ê M E D I T O R A. O ÁLBUM E S T Á D I S P O N Í V E L PA R A D O W N L O A D G RATUI TO . C O M O E S T Á A S E R A R E C E P Ç Ã O A O ÁLBUM? D Á R I O : A recepção ao álbum tem sido

relativamente boa, o feedback tem sido positivo e temos tido algum airplay em


“A RECEPÇÃO AO ÁLBUM TEM SIDO BOA, (...) TEMOS TIDO ALGUM AIRPLAY EM ALGUNS PROGRAMAS DE RADIO NACIONAIS E ESTRANGEIROS (…) EM PROGRAMAS COMO O HIPERTENSÃO (…)” alguns programas de radio nacionais e estrangeiros online ou através das ondas hertzianas. Sendo sempre uma honra passar em programas como o Hipertensão, Demon Cleaners ou na Rocknradio ao lado dos pesos pesados do METAL …

COM O JÁ DISSE GOSTE I D O Á LB U M E N O T EI UM A SÉ RIE DE INF L UÊN C IA S N A V O S S A M ÚSI C A. COMO NA VOSS A B IO G R A FIA D IZEM QUE NÃO QUE RE M COL AR - S E A U M G ÉN ER O ESPECÍF ICO – E AINDA B EM – P ER G U N T O - T E, M ESM O ASSIM, COMO É Q U E D EFIN EM O S D EA D SI LENT? EURI CO : Obrigado por ouvires o nosso

trabalho. As influências e comparações são sempre inevitáveis, em qualquer trabalho criativo, seja da parte de quem cria como da parte de quem frui. Defino os Dead Silent como uma banda/grupo de pessoas a fazer música porque gosta. DÁRI O: Apesar de não gostar de rótulos, porque o que interessa mesmo é o que está dentro da garrafa, por alguma razão têmnos rotulado como thrash/groove METAL, no fundo os Dead silent são quatro gajos que gostam de fazer música e lutam e tentam, contra todas as adversidades do mundo real, fazer musica o melhor que sabem, com as armas que dispõem. Sendo que todos ouvimos coisas diferentes uns dos outros, em Dead Silent tentamos manter um certo nível de peso mesmo que as harmonias sejam melódicas e a influência venha de algum lado mais soft.

… NÃO VOS PE RGUNTO S O B R E G ÉN ER O S ( O U SUB-GÉ NE ROS) E M QUE A V O S S A MÚ S IC A DEAM BUL A MAS POSSO PER G U N TA R Q U A IS S Ã O AS TUA S/VOSSAS INF L UÊ N C IA S MU S IC A IS ? DÁRI O: Penso que embora cada um de

nós tenha as suas preferências pessoais, há bandas que de uma forma ou de outra são comuns a todos como Paradise Lost, Testament, Amorphis, Entombed, Pantera, Iron Maiden, Canibal Corpse, The Haunted, Ramp, Moonspell, Slayer, etc.

ESTA É UMA DAS P ER G U N TA S QUE COSTUMO FAZ E R A QUAS E T O D A S A B A N D A S PORTUGUE SAS: NÃO VIVE MO S P R O P R IA MEN T E NUM PAÍS DE OPORTUNI D A D ES N O Q U E D IZ RESPEITO À MÚSICA – E EU G O S T O D E O U V IR A OPINIÃO DE TODOS O S MÚ S IC O S Q U E ENTREVISTO. A CULTURA É S U B VA LO R IZA D A E É M UI T O DIF ÍCIL VIVE R DA MÚ S IC A . EURI CO : Não temos a ilusão de querer

ou sonhar viver da música nesta fase da vida. Para quem tem a ambição de viver da música terá dificuldades como outra profissão qualquer, trabalhar arduamente, procurar oportunidades onde estas existirem e persistir muito. Não há talento sem horas incontáveis a investir no que pretendes desenvolver. DÁRI O: As principais dificuldades passam pelo tempo que não é tanto como o que gostaríamos de ter para nos dedicarmos a isto, a parte monetária já que a música é um vicio que encerra uma serie de custos, a dificuldade em arranjar concertos sendo que na maioria dos casos as pessoas pensam que estão a fazer um grande favor às bandas ao deixa-las tocar “á borla”, esquecendo todo o investimento pro bono que é feito em material, manutenção, transporte, tempo, desgaste psicológico e mental já que uma banda é partilha mas também por vezes

choque de ideias e expectativas por aí a fora.

A J U N TA R A I S T O V O C Ê S S Ã O O R I U N D O S D A ILH A D A MA D E I R A . Q U A I S F O R A M A S V O S S A S P R IN C IPA IS D I F I C U L D A D E S ? C O M O É S E R U M A B A N D A D E M E TA L N A I L H A ? C O N C E RT O S ? EU R IC O : A insularidade tem vantagens e

desvantagens. Estar próximos uns dos outros geograficamente facilita a existência da banda e ensaios. Por oposição é complicado ir ao continente tocar devido a custos e viagens. A Cultura de bandas está a crescer, há mais bandas agora do que há dez anos atrás. Se entendes que a cultura não é valorizada o suficiente, há que trabalhar para a valorizar, contribuir com alguma coisa, apresentar trabalho. Essa premissa é igual aqui ou em qualquer outro lugar. Estamos aqui devido a outros que trabalharam para a cultura antes de nós, abrindo caminhos.

O P ES S O A L N Ã O É O B R I G A D O A C O N T R I B U I R … MES MO A S S I M C O N T R I B U I ? D Á R IO :

Contribuições…não têm havido muitas infelizmente, mas também não estamos nisto pra ficar ricos, a ideia mesmo era antes de mais nada concluir os temas, regista-los e disponibiliza-los a quem os quisesse ouvir. Por outro lado se o pessoal contribuísse se calhar poderíamos avançar para outros formatos como o CD ou o Vinil e outras situações, mas compreendo já que eu próprio hoje em dia infelizmente também não posso gastar dinheiro em música como noutros tempos. EU R IC O : Aqui fica um agradecimento sincero e um abraço a quem contribuiu e continua a contribuir pra a existência da banda.

LA N Ç A R A M O Á L B U M P O R V O S S A C O N TA , S E M ED IT O R A . C O M O É Q U E E S T Á A S E R A F E I TA A P R O MO Ç Ã O E P O R Q U E É Q U E D E F I N I R A M A S S I M ES TA ES T R AT É G I A ? D Á R IO : Entre a saída do Dieter e tentativa de arranjar um vocalista, depois o avanço para a gravação houve uma serie de avanços e recuos. Depois decidimos que se nos dávamos os 4 se calhar não havia necessidade de forçar a entrada de um novo elemento e foi tudo feito em modo DIY, apareceram algumas possibilidades mas entre as perspectivas e a necessidade de algum investimento financeiro, neste momento complicado para nós, decidimos ir fazendo as coisas com calma, basicamente a promoção tem sido feita via e-mail, Facebook, Bandcamp, através de contactos com zines, sites e rádios em Portugal e no estrangeiro, sendo que algumas têm sido bastante receptivas e apoiado a cena. Entretanto através de uma distribuidora digital pretendemos, a partir de Setembro, ter o álbum disponível nas principais plataformas digitais como o Itunes, MediaNet, Rhapsody, eMusic , MixRadio, Telecom Italia S.p.A, iHeartRadio, Mix&Burn, Amazon Digital Services Inc., Spotify, Xbox Music, Google Music, e outras mais.

“ T H E IS LA N D » T E M A L G O A V E R C O M A I L H A ( D A MA D E I R A ) ? Q U A L A T E M Á T I C A D A S V O S S A S LE T R A S E Q U E M É O “ P O E TA ” D O S D EA D S ILENT ? D Á R IO : Seria falso se disséssemos que não,

mas não se limita a isso, eu por exemplo, gosto de pensar no título invertendo a expressão “nenhum homem é uma ilha”,

sendo que todo o homem é uma ilha. As nossas letras falam do dia-a-dia e do mundo, politica, religião, violência, dinheiro, poder, revolução. Pode-se dizer no fundo que não há um poeta específico, basicamente, tal como com o instrumental, é um trabalho de construção e desconstrução, alguém aparece com um texto ou uma ideia e os outros tratam de torna-la sua, o tema Colossal Pain por exemplo começou por um texto do Joe) sobre enxaqueca, o The Island por exemplo inicialmente era um texto do Eurico, penso eu que, influenciado pela insularidade sendo que depois transformamos a ilha num lugar tenebroso, uma prisão sendo que por vezes aparecia o conceito de libertação e superação. O Disarray por exemplo fala do mundo em desassossego permanente, crise, hipocrisia, exploração e ventos de revolução e violência com tudo o que de bom ou mau possa trazer.

E S T Á N O S V O S S O S P L A N O S A R R A NJAREM UMA E D I T O R A ? P O RT U G U E S A O U E S T RANGEI RA? V O C Ê S T Ê M P L A N O S PA R A S E L A N Ç AREM FO RA D O PA Í S ? D Á R I O : O nosso plano é dar o nosso melhor e

ver o que vai acontecendo estando atentos às oportunidades já que a banda acima de tudo funciona para alimentar o nosso próprio ego enquanto grupo de indivíduos e satisfazer o nosso vício de fazer música pesada. Quanto á questão da nacionalidade pra mim o importante é que a editora tenha um real interessa na banda e nos proporcione, dentro das nossas limitações financeiras e geográficas, oportunidades às quais por nossa conta não poderíamos chegar, por conta própria, em Portugal ou no estrangeiro.

V O C Ê S C O N S E G U I R A M G R AVA R U M Á LBUM C O M P L E T O , M U I T O C O M P E T E N T E E MA DURO, P O R V O S S A C O N TA . Q U E C O N SELHOS DÃO A E S TA M A LTA N O VA ( … E N Ã O SÓ) Q UE P R E T E N D E C R E S C E R E E V O L U I R N A MÚSI CA EM P O RT U G A L ? D Á R I O : Acima de tudo penso que têm que

fazer musica para si próprios resistindo à vil e inevitável necessidade de aprovação de terceiros, têm de faze-lo tendo uma serie de noções pois só tocar bem e/ou fazer boas musicas não chega. Eu por exemplo acho que o Saúl fez um excelente trabalho de produção mas por muito tempo, aqui na ilha, tínhamos muitos músicos mas não tínhamos ninguém que soubesse registar minimamente uma banda de METAL. Sejam honestos mas não sejam demasiado inocentes, estejam por dentro dos contornos do negócio da música. E acima de tudo sejam pró-activos, respeitem os vossos “bandmates”, usem muita distorção e façam muito barulho.

M A I S U M A V E Z , O B R I G A D O P E L A E NTR EVI STA E PA R A B É N S P E L O V O S S O Á L B U M ! D Á R I O : Sem pretender iniciar uma discussão

agradecemos nós o apoio e atenção demonstrado. Risos! Abraço e tudo de bom. E U R I C O : Nós é que agradecemos a oportunidade de divulgação e o apreço pelo nosso trabalho. Boa sorte para a Versus Magazine e muitas bandas para divulgarem. HTTPS://WWW.FACE BOOK.COM/DE ADSI LEN T M ETAL HTTP://DE ADSIL E NTOF F ICIAL .BAN DCAM P.COM /

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GARAGE POWER

“PODEMOS DIZER QUE ESTAMOS OPTIMISTAS “TENTAMOS MANTER-NOS IMACULADOS DE PARA O QUEMÚSICA AÍ VIRÁ. ESTAMOS COM VONTA-É RÓTULOS. É EXPRESSÃO, MÚSICA DE DE TRABALHAR O QUETENTAMOS É ESSENCIAL LIBERDADE, PORTANTO NÃO PARA NOS QUE AS COISAS CORRAM BEM.” LIMITAR COM NOÇÕES PRÉ-CONCEBIDAS.”

BRAIN FOR THE MASSES MÚSICA… PARA TODOS! O S B R A I N F O R T HE M ASSES SÃO UM A BAND A (JO V EM) D O P O RTO Q U E C O MEÇA A D A R O S P R I MEI R O S PA S S O S N O MU NDO ( CÃO) DA M ÚSICA. «MA I NSTR EA M MUR D ER » É A SU A PR I MEI RA DEMO MA S Q U E D E D E MO N ÃO T EM NADA. PODERIA FA C I LMENTE S ER ELEVAD O À C ATEGO R I A D E EP. A P ES A R D A J U V E N T U D E REVELAM UM A M AT URIDAD E MU S I C A AC I MA DA MÉD I A E Q U A NDO AS S I M É, N A D A N O S D Á MA IS O RGULHO QUE VOS APRESENTA R – CA R O S LEI TO R ES – OS B R A I N FOR TH E MA S S ES Por: Eduardo Ramalhadeiro OLÁ PE SSOAL ! ANTE S DE MA IS , EX C ELEN T E DEM O! DEVO-V OS DIZ E R QUE GO S T EI D O Q U E O U V I. SURPRE E NDE RAM-ME PE L A MAT U R ID A D E D A M ÚSI C A, JÁ QUE VOCÊ S S Ã O J O V EN S . C O MO OS BR AIN F OR THE MA S S ES S E ES T Ã O A APRESE NTAR, CONTE M-N O S U M P O U C O D A VOSSA HISTÓRIA ATÉ CHEG A R A ES TA D EMO . RUI : Olá! Antes de mais muito obrigado pelos elogios. Os primórdios dos Brain for the Masses remontam a 2012, quando Ryu Nyx decidiu partilhar algumas composições com Goghy Laurus, um amigo e companheiro de banda 6 0 / VERSUS MAGAZINE

num projecto anterior. Rapidamente a ideia de tornar esses esboços numa banda completa tornou-se uma prioridade e foi assim que Alexandre Brandão embarcou nos Brain for the Masses. Concluímos a nossa formação com a chegada de João Lobo e consequentemente dedicamos o ano de 2013 a crescer musicalmente e a compor o que eventualmente se iria tornar no Mainstream Murder. Após a saída de Lobo entramos no estúdio para gravar a já referida demo que finalizamos em Maio de 2014. Depois de sairmos de estúdio, Henrik Ferrara torna-se teclista da banda, cargo que por falta de meios estava entregue a Ryu. Com Henrik veio também Shepard, o nosso

actual baterista. Esta formação manteve-se até à saída do nosso até então guitarrista Alexandre Brandão.

E U D E V O D I Z E R Q U E N Ã O C O N SI DERO I S TO U M A D E M O – Q U E D E D E M O N Ã O TEM NADA – E C H A M A R - L H E - I A A N T E S E P. H Á PLANOS V O S S O S PA R A A G R AVA Ç Ã O D E U M Á LBUM? S E R Á N A M E S M A L I N H A D E S T E S 4 TEMA S? R U I : O surgimento de um sucessor ao

Mainstream Murder é evidente, mas para já preferimos não revelar muitos detalhes, apenas que continuará a filosofia destes 4 temas.


GARAGE POWER VOCÊS DIZ E M NA APRE SE NTA Ç Ã O Q U E G O S TA M DE “BRINCAR” COM A D IN Â MIC A MU S IC A L. SENDO ASSIM, COMO É Q U E S E D EFIN EM EM TERM OS MUSICAIS? RUI : Tentamos manter-nos imaculados de

rótulos. Música é expressão, música é liberdade, portanto tentamos não nos limitar com noções pré-concebidas. Tentamos ser um bocado inocentes. Todos nós gostamos de sonoridades alternativas e temos noção que o nosso som pode, de uma forma ou de outra, ser classificado como Metal. Porém não queremos ser embaixadores desse estilo musical. Não estamos a fugir desse rótulo, no entanto também não estamos conscientemente a persegui-lo.

final. Claro que podíamo-nos ter debruçado mais na produção mas foi assim que nós pretendemos. Queríamos um produto simples. Queríamos uma demo e foi o que tivemos.

LI N O FA C E B O O K Q U E A N D A M ( A N D AVA M ? ) À P R O C U R A D E G U I TA R R I S TA . C O M O E S T Á I S S O ? ( S E A IN D A F O S S E B AT E R I A D AVA - V O S U M A AJUDA. :-))))) ) R U I: (Pois, é pena.) Infelizmente ainda não encontramos a pessoa indicada. Já tocamos com alguns guitarristas entretanto mas ainda não arranjamos um membro definitivo.

QUAI S SÃO AS VOSSAS INF LU ÊN C IA S MU S IC A IS E COMO SE RE F L E CTE M N O S T EMA S ?

À D ATA D ES TA E N T R E V I S TA N Ã O T Ê M E D I T O R A . C ERTA MEN T E E S TA R Ã O À P R O C U R A E P O R I S S O P ER G U N T O : O Q U E É Q U E V O C Ê S E S P E R A M D A ED IT O R A Q U E V O S A C E I TA R ?

RUI : Gostámos de tudo um pouco dentro

R U I: Acima de tudo, uma entidade que nos

dos vários subgéneros do Rock, Metal e Punk. Gostamos de tratar cada música como uma entidade individual e os nossos gostos diversificados permitem-nos um maior leque de possibilidades.

COM O DISSE , VOCÊ S S Ã O J O V EN S MA S A M Ú SICA JÁ RE VE L A U MA S O LID EZ E M ATUR IDADE F ORA DO CO MU M – A P ES A R D E ACHAR QUE AINDA PRE CI S A M D E T R A B A LH A R M AI S PARA ATINGIR O PATA MA R S EG U IN T E. ALGO QUE E STOU CE RT O IR Ã O C O N S EG U IR FACI LME NTE . EU I A P E RGUNTAR-VOS SE J Á T IV ER A M O U T R O S PROJE CTOS MAS COM E STA ID A D E N Ã O ES T O U M UI TO CE RTO DISSO. TODOS NÓS JÁ INT EG R A MO S O U T R O S PROJE CTOS ANTE S DOS B R A IN FO R T H E M ASSES. VOCÊS TÊ M F ORMAÇÃO MU S IC A L? RUI : O Henrik e o Shepard estão a terminar a formação clássica, o Ryu estudou teoria musical numa escola durante um curto espaço de tempo.

COM O É A VOSSO MO D O D E C O MP O R E ESTRUTURAR OS TE MAS? RUI : Assim que identificamos uma linha

musical que achamos ter potencial, discutimos possíveis ideias e direcções, de forma a moldar e potencializar a identidade da música.

HÁ ALG UÉ M QUE SE DE STA Q U E N ES S E A S P EC T O OU TOD OS CONTRIBUE M? RUI : Todos contribuem de uma forma ou de outra nas composições, no entanto o Ryu é normalmente quem acende a primeira chama.

leve a ouvidos novos. Que consiga apontar um foco benéfico para o nosso som, sem nunca corromper ou manipular o nosso núcleo artístico. Procuramos alguém que acredite em nós, assim como alguém que nos compreenda.

A B A N D A T O M O U C O N TA D A P R O M O Ç Ã O , D IV U LG A Ç Ã O E J Á T Ê M A L G U M T R A B A L H O FEIT O . V O C Ê S D E V E M T R A B A L H A R / E S T U D A R (?) E POR ISSO O TEMPO TERÁ DE SER D IV ID ID O . ( N U MA P E R S P E C T I VA D I F E R E N T E D O Q U E FIZER A M…) P O R Q U E É Q U E O P TA R A M P O R D I V U L G A R O S Q U AT R O T E M A S E S Ó D E P O I S P R O C U R A R ED IT O R A ? E U V E J O I S T O D A P E R S P E C T I VA D E Q U E ES T ES Q U AT R O T E M A S N Ã O S E R Ã O U S A D O S N O Á LB U M E TA LV E Z E S T E T R A B A L H O D E D IV U LG A Ç Ã O E P R O M O Ç Ã O D E V E R I A M PA S S A R P ELA ED IT O R A . ( N O E N TA N T O , I N F E L I Z M E N T E , A S EN T ID A D E S T Ê M - S E D E M A R C A D O D E S S E T R A B A LH O , D E I X A N D O - O PA R A A S B A N D A S ) N Ã O P O N D E R A R A M A P R E S E N TA R E S T E S T E M A S P R IMEIR O À S E D I T O R A S E A P R O V E I T Á - L O S PA R A O Á LB U M ? R U I:

Foi tudo muito orgânico. Quando gravamos a demo, apenas queríamos ter um registo das nossas composições. Algo que nos permitisse ouvirmo-nos na perspectiva da terceira pessoa. Assim que começamos a partilhar o nosso trabalho, tivemos reacções muito positivas e com o tempo as coisas cresceram consideravelmente. Acho que podemos admitir que fomos apanhados de

surpresa. Assim sendo, há a possibilidade de alguns temas da demo serem regravados em futuros lançamentos.

G E R A L M E N T E C O S T U M O P E D I R PA RA FA LAREM D E U M T E M A E M PA RT I C U L A R . PARA MI M, S E M S O M B R A D E D Ú V I D A E S S E T EMA É “H OW T O F O R G E T ” . N A M I N H A O P I N I Ã O DEFI NE A V O S S A “ B R I N C A D E I R A ” . A F O RMA Q UASE S U B T I L C O M O I N C L U E M O P I A N O E GOSTO D A F O R M A C O M O V O C Ê S I M P R I M E M UMA CERTA AT M O S F E R A M I S T E R I O S A , C O N T R A STADA C OM A M E L O D I A D O C O R O . C O N T E M - N O S U M P OUCO M A I S S O B R E E L E . C O M O N A S C EU ? D E Q UE T R ATA A L E T R A ? O Q U E É Q U E V O C ÊS Q UEREM ESQUECER? R U I : As nossas letras exploram a condição

humana, sempre na perspectiva da primeira pessoa. Como tal queremos deixar a interpretação das músicas ao juízo do ouvinte. Era interessante saber a interpretação da versus magazine.

E U D E V O - V O S D I Z E R Q U E FA C E A ESTA DEMO E S P E R O M U I T O D E V O C Ê S . M A S PENSO QUE D E V E M S A B E R D I S S O , A I N D A T Ê M MU I TO A A P R E N D E R PA R A S E C O N S E G U I R E M DESTACAR DOS DEMAIS. O Q U E É Q U E V O C Ê S P E N S A M E ES TÃ O D I S P O S T O S A FA Z E R PA R A S O B R E SSAÍ REM? O Q U E P O D E M O S E S P E R A R D E V O C Ê S D AQUI PA RA A FRENTE? R U I : Acima de tudo queremos aperfeiçoar o

nosso trabalha ao máximo. Queremos afirmar a nossa identidade, a nossa presença. Queremos expressar a nossa sonoridade a ouvidos novos e se tudo correr bem, uma surpresa vai chegar. PE SSOAL , OBRIGADO PE L A E NTREVI STA, N ÃO E NVAIDE ÇAM À CUSTA DAS CRÍTICAS POSI T I VAS E USE M ISSO E M VOSSO PROVE ITO. MAN T EN HAM A HUM IL DADE E NÃO PE RCAM A VOSSA IDEN T I DADE.

R U I : Muito obrigado pela oportunidade e pela

entrevista. Um grande abraço para toda a equipa da Versus magazine!

HTTPS://BRAINF ORTHE MASSE S.BAN DCAM P.COM / HTTPS://WWW.FACE BOOK.COM/BR AI N - FOR- T HEMASSE S-1410133379260964/

“AS NOSSAS LETRAS EXPLORAM A CONDIÇÃO HUMANA, SEMPRE NA PERSPECTIVA DA PRIMEIRA PESSOA. COMO TAL QUEREMOS DEIXAR A INTERPRETAÇÃO DAS MÚSICAS AO JUÍZO DO OUVINTE.”

SENDO UMA DE MO QUE M P R O D U ZIU O S Q U AT R O TEM AS? RUI : A demo foi produzida pelo Daniel

Carvalho(Go Baby Go, Dear Sherlock, entre outros) Foi uma experiencia muito positiva, o Daniel foi muito flexível e sempre nos respeitou enquanto músicos.

M UI TAS VE Z E S NÃO F IC A MO S S AT IS FEIT O S COM O TRABAL HO F INAL – V O C ÊS FIC A R A M SATI SF E ITOS COM “MAIN S T R EA M MU R D ER ” ? RUI : Sim, ficamos satisfeitos com o produto

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--- PASSAT EM PO --G a n h a C D ’s c o m a V ER S U S e LA D LO P r o d u c t io n s A VERSUS Magazine tem para oferecer 3 (três) cópias do Sampler da editora francesa Les Acteurs de L’Ombre Productions (inclui temas dos The Great Old Ones, Regarde Les Hommes Tomber, Moonreich, entre muitos outros) aos primeiros leitores que responderem correctamente à seguinte pergunta:

- COMO SE CHAMA O ELEMENTO DOS MOONREICH QUE COMPÕE A MÚSICA? (*) As respostas devem ser enviados por email para versusmagazinept@gmail.com, indicando nome e endereço postal completo. Este passatempo termina às zero horas do dia 30 de Outubro, data em que serão divulgados os nomes dos premiados em www.facebook.com/versusmagazinepage. (*) Para encontrar a resposta facilmente, leia a entrevista com a banda nas páginas desta edição.


ENTREVISTA

« […] QUEREMOS DAR-LHE ALGO DE NOVO “[...] A QUÍMICA QUE SE PRIMITIVA SENTE NA DO BLACK METAL COMBINANDO A ENERGIA BANDAELEMENTOS NUNCA FOI TÃO FORTE.” COM POST-HARDCORE AMBIENTAIS E MAIS MODERNOS. »

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DELUGE REMANDO CONTRA A CORRENTE N O SE U Á L B U M DE EST REIA, REM ARAM CO NTRA A C O R R ENTE GER A L D O ES TI LO MUS I C A L Q U E A D O TA R A M. PA RA O FUT URO, AM EAÇAM REMAR EM C O NTRA … A SU A PR Ó P R I A CO R R EN T E. Por: CSA

D E O ND E VÊ M E PARA ONDE Q U E R E M IR? FT:

Embora tecnicamente as primeiras composições de Déluge datem de 2011-2012, tenho a impressão de que este é o projeto musical que eu sempre quis ter, do mesmo modo que me parece que será o último a que dedicarei tanto tempo.

O Q U E V O S FE Z ES COLHER O BLACK ME TA L C O MO VIA A SEGUIR? FT: Não somos os primeiros a querer 6 3 / VERSUS MAGAZINE

modernizar esse estilo musical, mas queremos dar-lhe algo de novo combinando a energia primitiva do Black Metal com elementos post-hardcore ambientais e mais modernos.

O QUÊ OU Q U E M Q U E R E M A F O G A R NAS ÁGUA S D O V O S S O D IL Ú V IO ?

FT: A mediocridade e a falta de profundidade.

E POR Q U E R A Z Ã O U M A B A N D A CHAM AD A DÉLUGE D E C ID IU INTITULR «ÆTHER» O SEU

P R IM E IR O Á L B U M ? FT: Na Física e na Astronomia, o

éter corresponde a uma espécie de vazio absoluto, que está por todo o lado, em tudo e em todo o tempo e que se pode associar a imensas coisas do ponto de vista filosófico (sentimentos, sentido da vida, calma, absoluto, …). «Æther» não é um álbum concetual, mas precisámos de identificar um denominador comum a todas as faixas que o compõem e foi esse que nos pareceu o mais adequado.


« [QUEREMOS AFOGAR] A MEDIOCRIDADE E A FALTA DE PROFUNDIDADE.» Q U E RE LA Ç Ã O ES TA BELECES ENTRE O V O SS O FE RO Z B LACK M ETAL E O N O ME DIÁ FA NO DO ÁLBUM ? FT: Uma boa parte das influências

do álbum tem a ver com a ausência de alguém ou de algo. «Æther» simboliza esse célebre vazio absoluto, sem o qual, de forma paradoxal, nada pode existir ou comunicar.

G O S TO IMENS O DA CAPA DO Á L B U M. DE PR E SS A M E APERCEBI D E QU E E RA D A AUTORIA DE VA L NO IR , D E VIDO AO SEU E S T I LO PART ICU L AR QUE EVOCA O UNIV E RS O DA ARTE NOVA. A L I Á S, JÁ O E NT REVISTEI PARA A S E C Ç Ã O D A V E RS U S CONSAGRADA À S A RT ES GR Á F ICAS, PELA QUAL S O U RE SP O NS Á V E L. O Q U E R E PR E SE NTA ESTA M ÃO QUE S A I DA Á G U A NA CAPA DO VOSSO Á L B U M? FT: Quero dar aos fãs o direito

de interpretar livremente certos elementos do álbum dos quais faz parte a respetiva capa. (O leitor atento encontrará a resposta ao longo desta entrevista.)

E S T E DE TA L HE FOI ESCOLHIDO P E L A B A ND A , PELO ARTISTA G R Á FICO OU RE SULTOU DE UM A C A SO INSP IR A D O ? FT: Obrigado pelo interesse. Eu

dei algumas indicações gerais ao Valnoir, mas dei-lhe carta branca para lhes dar forma. Depois, discutimos um pouco alguns detalhes, mas ele baseou-se essencialmente nas emoções que a banda queria exprimir.

Q U E M É O R E SP ONSÁVEL PELA C O MP O S IÇ Ã O NA VOSSA BANDA? FT: Eu componho tudo e depois

juntamo-nos no estúdio para fazer os arranjos.

E Q U EM E SC R E VE A S LETRAS PARA A S C A NÇ Õ E S DE D ÉLUGE? FT: No início, cada um de nós à

vez trabalhava com o Maxime, o nosso vocalista. Mas, pouco a pouco, ele foi começando a fazer tudo sozinho. Adoro o seu estilo poético e lapidar as letras com ele, quando a nova composição está praticamente pronta.

COM O VIE R A M A FA Z E R PA RT E DO CAT Á L O G O D A L A D L O , U M A EDITORA Q U E M E IN S P IR A A M AIOR C O N F IA N Ç A ? FT: Entrámos em contacto com a

LADLO ainda antes de lançarmos o nosso EP intitulado «Mélas|Kholé». As negociações correram bem e ficámos logo ligados a eles. A comunicação entre nós e eles nunca foi interrompida e assim, quando demos início ao processo de criação deste álbum, rapidamente chegámos a um acordo para o seu lançamento.

O FIM D O V E R Ã O A P R O X IM A SE A PA S S O S L A R G O S E C O M ELE O D O S G R A N D E S F E S T IVA IS ONDE C O N TA M IR A P R E S E N TA R «Æ THER» ? FT: Teoricamente, não queríamos

fazer concertos antes de o álbum ter saído. Mas o set estava pronto e nós disponíveis e até muito impacientes. A digressão com os nossos amigos de Celeste ficou rapidamente delineada e a data com Gojira combinada. Temos muitas datas previstas para o fim de 2015 e para 2016. A festa de lançamento do álbum terá lugar a 19 de setembro, no Ferrailleur, em Nantes. Vamos tocar com as outras três bandas que vão lançar álbuns pela LADLO.

defender «Æther» no palco e isso vai certamente consumir bastante tempo.

E S S E N O V O Á L B U M T E R Á ALGUM A C O IS A A V E R C O M « Æ T H ER»? OU P R E T E N D E M FA Z E R A L G O M UI TO D IF E R E N T E ? FT: Com este álbum, pretendemos

contrariar as normas da cena recorrendo a um estilo de composição e produção muito moderno. Não é impossível que, no próximo, tenhamos a tentação de nos contrariarmos a nós mesmos.

« […] NÃO É IMPOSSÍVEL QUE, NO PRÓXIMO [ÁLBUM], TENHAMOS A T E N TA Ç Ã O D E N O S CONTRARIARMOS A NÓS MESMOS. »

HTTPS://WWW.FACE BOOK.COM /WEAREDELUGE

H T T P S : / / Y O U T U . B E / U L UC0RXFEEQ

DÉLUGE É U M A B A N D A J O V E M , CERTAM E N T E C H E IA DE INSPIRAÇ Ã O . J Á T Ê M A L G U M A S IDEIAS PA R A O V O S S O S E G U N D O ÁLBUM ? FT: Obrigada por referires esse

tópico. As sessões no estúdio e o trabalho de promoção deste álbum foram extenuantes e consumiramnos quase todo o tempo. Já tenho algumas ideias e composições que andam sempre na minha mente, mas, para já, precisamos de

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ENTREVISTA

“[…] ESTE ÁLBUM É O MAIS DIVERSIFICADO QUE FIZEMOS ATÉ AGORA [O QUE] RESULTA […] DAS MINHAS INFLUÊNCIAS MUSICAIS […] EXTREMAMENTE DIVERSIFICADAS […]”

MOONREICH SEM PAPAS NA LÍNGUA! É O MÍNIM O QUE PODE M OS DI Z E R DO M E N T O R D E S TA B A N D A D E B L A C K M E TA L F R A NCE SA, QUE J Á VA I NO SE U PRI M E I RO ÁL BU M E Q U E S E A F I R M A P E L A G R A N D E D I V E RSIDADE DE INFLU ÊNCIAS M USI CAI S E UM A V I S Ã O D E S A S S O M B R A D A D A R E A L I D A D E ATUAL . Por: CSA MOONREICH É UMA «ONE MAN BAND» COM DOIS MÚSICOS DE SESSÃO OU UMA BANDA COM TRÊS ELEMENTOS? WEDDIR: Moonreich é uma banda no verdadeiro sentido do termo. Eu sou o único compositor, mas todos contribuem com a sua pedra para o edifício, de algum modo. Atualmente, até somos cinco.

«PILLARS OF DETEST» É O TERCEIRO ÁLBUM DESTE PROJETO MUSICAL. ÉS CAPAZ DE O SITUAR EM RELAÇÃO AOS ANTERIORES? 6 5 / VERSUS MAGAZINE

WEDDIR: Na minha opinião, este

álbum é o mais diversificado que fizemos até agora. Essa característica resulta certamente das minhas influências musicais, sempre extremamente diversificadas, que vão da Country Music à Pop, passando mesmo pelo Rapp francês. Não há limites para a música que me pode influenciar. Na minha opinião, um verdadeiro artista – como eu – deve limitarse a deixar a sua caneta escrever livremente, sem se refugiar neste ou naquele estilo, o que é recorrente

na cena Black Metal.

E QUE POSIÇÃO OCUPA A VOSSA BANDA NA MARAVILHOSA CENA BLACK METAL FRANCESA? WEDDIR: Não sei dizer ao certo.

Parece-te mesmo que é a mim que compete responder a essa pergunta ? A única coisa que posso dizer é que não me sinto próximo de nenhuma banda ou movimento em particular que possa existir em França.


“[…] UM VERDADEIRO ARTISTA [NÃO SE DEVE] REFUGIAR NESTE OU NAQUELE ESTILO, O QUE É RECORRENTE NA CENA BLACK METAL.” SEI QUE ÉS O AUTOR DA CAPA DO ÁLBUM. PODES COMENTÁ-LA PARA OS NOSSOS LEITORES?

NUNCA PENSASTE EM TE EXPRIMIR EM FRANCÊS? POR QUE ESCOLHESTE O INGLÊS?

WEDDIR: Esta capa diz-me muito,

WEDDIR:

porque tem um forte cunho metafórico. Reflete totalmente o espírito do álbum : é malsã, insana e um tanto absurda.

CONSIDERAS-TE COMO UM ARTISTA GRÁFICO (COMO PERSECUTOR DE HELL MILITIA, POR EXEMPLO)? SE ASSIM É, ACEITARIAS SER ENTREVISTADO SOBRE ESSA FACETA DA TUA PERSONALIDADE ARTÍSTICA? WEDDIR:

Não tenho a mínima pretensão a ser um artista gráfico e não trabalho para nenhuma outra banda, além da minha. Aliás, não tenho nada de especial a dizer sobre esse tema. Trabalho principalmente com ferramentas informáticas : Photoshop, etc.

Já tínhamos cantado em Francês, no nosso primeiro álbum e no primeiro EP « Zoon Politikon ». Não decidimos cantar em Inglês neste álbum, aconteceu naturalmente. Talvez um dia voltemos ao Francês? Por que não?

UMA ÚLTIMA CURIOSIDADE: POR QUE APARECES SEMPRE NAS FOTOS COM A BOCA E O NARIZ TAPADOS POR UMA FAIXA DE TECIDO? WEDDIR:

Trata-se muito simplesmente da aparência que queremos ter nesta banda, quer

nas fotos, quer no palco. Decidimos ocultar os nossos rostos um pouco, para contrariar todos os músicos que têm um ego desmesurado. H T T P S : / / W W W. FA C EB OOK.COM/ M O O N R E I CH?FREF= TS H T T P S : / / Y O U T U . B E / F RASB1TI MH A

“ E S TA C A PA [ … ] R E F L E T E T O TA L M E N T E O E S P Í R I T O DO ÁLBUM: É MALSÃ, I N S A N A E U M TA N T O ABSURDA.”

TAMBÉM ÉS O AUTOR DAS LETRAS QUE ACOMPANHAM OS TEMAS DE MOONREICH? WEDDIR: Claro que sim. Eu faço

tudo o que diz respeito ao lado criativo de Moonreich, Textos, artwork, música, etc.

COMO É QUE MOONREICH VEIO A FAZER PARTE DO CATÁLOGO DA LADLO, UMA EDITORA QUE ME INSPIRA A MAIOR CONFIANÇA ? WEDDIR:

Há muito tempo que conheço Gérald, o patrão, e tenho por ele o maior respeito. Tenho a maior confiança nele e sei que fará tudo o que estiver na sua mão para honrar o nosso álbum. Tenho a mesma opinião sobre o resto da equipa. Penso que são gente apaixonada pela música e que acreditam no que fazem. Isso é fundamental.

VOCÊS (BANDA E EDITORA) TÊM UM PLANO BEM DEFINIDO PARA PROMOVER «PILLARS OF DETEST»? WEDDIR: De facto, a editora tem

tudo prevista. Pela parte que nos toca, não planeámos nada, mas sabemos que vamos fazer alguns concertos.

66 / VERSUS MAGAZINE


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ALBUM DO MES

RIVERSIDE «LOVE, FEAR AND THE TIME MACHINE»

(InsideOut Music)

Devo confessar que era um dos regressos mais esperados de 2015! Os Riverside não podem ser considerados um dos valores emergentes da senda progressiva, uma vez que o seu caminho até ao merecido reconhecimento já foi feito. Encontram-se neste no patamar da “certeza absoluta”, caminhando a passos largos para serem uma influência e referência importante. Quem conhece os seus últimos trabalhos percebe que Mariusz Duda – principal compositor – deambulou por caminhos musicais um pouco mais negros, obscuros, tristes 67 / VERSUS MAGAZINE

e melancólicos. «Love, Fear and the Time Machine» é uma epifania na história dos Riverside. Como li numa entrevista, uma “crise de meia idade”… «Love, Fear…» representa, também, (a) uma mudança, aquela mudança que muitas vezes as bandas não fazem e as que fazem são criticadas por isso. A música está intimamente ligada ao nosso estado de espírito. Quando se está alegre tem-se a tendência para procurar sonoridades mais “claras” e que nos mantêm nesse estado de espírito. Mariusz revela-nos esse estado, o seu estado, através de «Love, fear…». Se analisarmos os álbuns anteriores, o “lado negro da Força” impera, inclusive no seu projecto a solo Lunatic Soul

e desta vez chegou o momento de fazer algo positivo e escrever sobre decisões que mudam a vida. Por isso, o álbum começa com o tema “Lost” e termina com “Found” – no entretanto, as mudanças positivas da vida. A mudança é (positivamente) arrebatadora, aquela mudança que muitos temem e poucos têm a coragem e abertura para fazer. Deverão estar a pensar, então e a música?! É uma das minhas epifanias, escrever sobre um álbum e nem uma palavra sobre a música em si. Também acho que não é necessário. O melhor dos Riverside e um dos melhores do ano. [ 9,5 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO


CRITICA VERSUS AT T H E HOLLOW «What I Hold Most Dear» (Spinefarm Records) O álbum já é de Fevereiro e esteve hibernado à espera de ser descoberto. Em certas alturas procuro algo diferente que rompa o marasmo musical em que muitas vezes mergulhamos. Os At the Hollow mostram como fazer música de uma forma absurdamente simples: guitarra+voz, violoncelo e precursão. Só isto é suficiente para vos deixar colados às colunas. Melodias melancolicamente negras, no entanto, bastantes fluídas e “leves” como o ar; letras introvertidas e sombrias mas estranhamente estimulantes. Música despida de qualquer tipo de preconceitos, nua e crua, entrando directamente na mente e na alma. «What I Hold Most Dear» suga-nos para as profundezas da meditação, do pensamento e da reflexão. Os At the Hollow conseguem captar a atenção e todas estas dicotomias sentimentais e elevar a música a um nível superior. Custa a acreditar que todo este universo foi criado por um trio, seguindo a visão do seu mentor Kalle Koo e que «What I Hold Most Dear» é só um álbum de estreia. É assim que deveria ser a música: um meio para despertar a mescla de emoções, sentimentos, memórias e introspecções; genuína em toda a sua plenitude. Haverá algo para destacar? Haverá algo menos bom? Só se for o facto de ter demorado cinco meses a descobri-los, de resto está tudo como deveria estar, uma perfeita simbiose de sons. Ouçam e “Abram a vossa mente e os At The Hollow abrirão o vosso coração” – Esta frase tem o seu quê de verdade e só está à espera que vocês os ouçam.

9,5 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

B A R R E N EART H «On Lonely Towers» (Century Media) De vez em quando lá acontece: descobrimos por acaso preciosidades que já andam por aí há algum tempo sem que nunca tivéssemos dado conta disso. Foi assim com os Barren Earth. A banda finlandesa está activa desde 2007 e lançou em Março passado este que é já o terceiro álbum de originais, uma verdadeira pérola de death metal melódico progressivo marcadamente influenciado pelos clássicos prog dos anos 70. E o entusiasmo com os Barren Earth foi tanto que tive logo de desencantar também o disco anterior «The Devil’s Resolve». Este é um trabalho igualmente recomendável mas onde as referências a Amorphis são muito mais óbvias – o que não admira se tivermos em conta que a banda inclui o baixista Olli-Pekka Laine e o teclista Kasper Martenson. Em comparação

com esse disco de 2012, o recente «On Lonely Towers» é um trabalho muito mais aventureiro no sentido do progressivo, com temas mais longos e envolvidos, apresentando rasgos de inspiração que nada ficam a dever a uns Opeth. O feeling e a sonoridade retro, característicos do rock mais artístico de há umas quatro décadas, estão bem presentes nos leads de guitarra e no revivalismo do som Hammond dos teclados. E o mais importante é que tudo isto se harmoniza da melhor maneira com os segmentos doom ou death metal puro e duro que surgem a cada passo, e com o fabuloso ataque vocal duplo (voz limpa, alternada com growls semelhantes aos de Swano/ Akerfeldt) do novo frontman Jón Aldárá que veio substituir com vantagem o anterior Miko Kotamaki. Para quem gosta de Metal progressivo de pendor mais extremo, esta é uma proposta a não perder.

[ 9,0 / 10 ] ERNESTO MARTINS

ENAB LER «Fail to Feel Safe» (Century Media) Há álbums que não foram feitos para se ouvirem com o volume baixo. Este «Fail to Feel Safe» é para puxar o controlo do volume todo para a direita, até os vizinhos chamarem a polícia e serem eles a desligarem o geral do prédio. Gostas daquele riff mata-avó? Do refrão empura-tio-pela-janela? Do drop-down pontapeia-a-meia-irmã? Então vais gostar do «Fail to Feel Safe». A energia não está em exagero, não cheira a produto pró-comercial virado para agradar a tudo e todos (ahh metalcore...) e ter todos os ingredientes repescados em tantas outras bandas. Enfim.. até pode ser que tenha/seja mas a mim parece-me genuíno; talvez seja eu o ingénuo. Bom, o mais incrível é que Enabler é uma pessoa só: Jeff Lohrber. O tipo toca guitarra, baixo, bateria, escreve as letras, canta as vozes limpas e distorcidas, mas também grava, edita e produz o álbum. Apenas teve a ajuda de outras pessoas para a masterização(!) e alguma edição. (Enabler foi uma banda de vários elementos até 2014, mesmo sofrendo várias mudanças de elementos; desde este ano que Lohrber está a pilotar o avião a solo). Impressionante quando se ouve o resultado: soa mesmo a uma banda; a energia em “Suffer to Survive”, a evolução da música em “By Demons Denied” ou a estrutura de “Euphoric Revenge” impressionam ao saber que provêm todas da mesma mente. Ouçam sem saber que vos contei e julguem por vós-mesmos. força a energia em foco neste novo trabalho dos “Call of the Void” (antigamente conhecidos por “Ironhorse”), dois anos pós ter largado o “Dragged Down a Dead End Path”, não deixa ninguém indiferente.

Um álbum claramente virado para o som grosso, duro e feio; a ideia aqui não é embelezar as qualidades do mundo, é mais largar bombas em tudo o que mexe. A recomendação irá portar, portanto, para fãs de grind e/ou hardcore; nomes como Napalm Death, Converge, Nails ou Trap Them. Os americanos de Denver conseguem com o “Ageless” um trabalho de música extrema que nos arrebate sempre (ou quase sempre) o mesmo encaixe mortífero de agressividade. A proliferação consecutiva das mesmas rajadas poderá obstruir o consenso dos não mais acérrimos fãs do género, sendo que se sente algum cuidado para algumas variações de perspectiva ou de espectro em partes mais avançadas do trabalho (notar a faixa “I”). Os destaques vão para “The Sun Chaser”, “Black Ice” e “Honor Among Thieves”. A integridade do trabalho não é posta em causa e os fãs do género e principalmente do “Dragged Down aDead End Path “ poderão encontrar em “Ageless” um bom álbum que vale a pena conhecer.

[ 6,5 / 10 ] AG

G O B LI N R EB I RT H «Goblin Rebirth» (Relapse Records) Os fãs do cinema de terror italiano reconhecerão de imediato as origens de Goblin Rebirth, que é a reincarnação da fantástica banda italiana de rock progressivo que acompanhou o melhor período do cinema de terror italiano, tenho como expoente máximo a banda sonora do filme Suspiria de Dario Argento - Descubram, quer o filme como a banda sonora. Tudo aquilo que fizeram entretanto, no decorrer dos já quase 40 anos de carreira e o que farão no futuro, terá eventualmente e fatalmente de ser comparado com essa obra-prima dos Goblin, «Suspiria». É «Goblin Rebirth»? O mínimo que posso escrever é que está ao nível da referência, ou seja, da obra-prima, mantendo em todo o seu esplendor a característica musical que define desde sempre os Goblin, mas penso que conseguiram elevar este legado e projectá-lo mais além, num renascimento musical actual e moderno com a atmosfera de antigamente. Cada música tem a sua textura bem vincada e uma alma revivalista e nostálgica, fazendo deste trabalho algo de único e muito interessante. É um álbum (quase todo) instrumental não fosse «Evil In The Machine», magnificamente composto e carregado de emoção desde “Requiem For X” até “Rebirth”. Estes Goblins renascidos não são mais do que uma reformulação feita em 2009 do grupo original, dos quais se mantêm o baterista Agostino Marangolo e o baixista Fabio Pignatelli.

[ 9,5 / 10 ] CARLOS FILIPE 68 / VERSUS MAGAZINE


CRITICA VERSUS LY N C H M OB «Rebel» (Frontiers Music) Novo trabalho do gang do David Lynch, que tem mantido um ritmo mais estável nestes últimos anos; é um prazer de ver. Depois do último longa-duração do ano passado e de dois EPs: “Sound Mountain Sessions” em 2012 e “Unplugged: Live from Sugarhill Studios” em 2013; quase nos parece ter sido há pouco tempo o lançamento de “Smoke and Mirrors”, em 2009. Este “Rebel” revela-nos um Lynch em grande forma assim como todo o colectivo pois as faixas estão muito bem seleccionadas e deslizam pelos nossos ouvidos com uma impressionante facilidade. Diria que a “fluidez” atingida é a palavra que melhor descreve este álbum; trabalho de músicos com uma grande experiencia em compor e em estruturar música. Desde a abertura com “Automatic Fix” onde Logan canta “this is my rock ‘n roll, no other world I’d rather be” passando por grandes momentos ao longo deste trabalho que somos conquistados pela prestação melódica e técnica deste álbum. Grande menção especial para a prestação de Lynch na guitarra, claro. Que não rouba o protagonismo da banda (como tantos muito bons guitarristas) mas sabe colocar-se e apenas nos (grandes) solos de guitarra é que excede o espectável; ainda bem. De destacar “Between the Truth and a Lie”, “Testify”, “Sanctuary” e “Dirty Money”. Recomendado a fãs de rock com um toque muito leve de Dokken (desculpem, não resisti).

[ 7,5 / 10 ] AG

M A IE U TIST E «Maieutiste» (LADLO Productions) INão gosto nada de generalizações, mas a verdade é que, quando se trata de Black Metal, o que é francês é geralmente bom e este sexteto originário de Saint-Étienne não é excepção. É isso, pelo menos, que me ocorre inferir deste disco de apresentação, que se revela uma agradável caixinha de surpresas em praticamente todas as suas onze faixas e quase oitenta minutos de duração. Pouco na música dos Maieutiste é previsível graças sobretudo a uma forma de compor que favorece padrões rítmicos e estruturas bastante invulgares que fazem toda a diferença. Além disso a banda explora com fluidez múltiplas estéticas que fazem do rótulo Black Metal uma descrição muito redutora. Ouçamse, por exemplo, os andamentos doomy integrados em “...in the mirror” e “Lifeless visions”, os ambientes fantasmagóricos com cantos litúrgicos

6 9 / VERSUS MAGAZINE

de “Purgatoire”, os segmentos jazzy de “Absolution”, os acordes de inspiração erudita presentes no brilhante “The eye of the Maieutic art” ou o psicadelismo de contornos progressivos patente em “Death to free thinkers” e “Annonciation”. Dito assim o disco até pode parecer uma desconcertada manta de retalhos, mas não é. Na verdade toda esta panóplia de elementos distintos surge perfeita e harmoniosamente integrada, pelo que «Maieutiste» é na verdade uma experiência multi-dimensional, sofisticada e difícil de classificar que requer, contudo, mais do que uma mão cheia de audições para se revelar.

[ 8,5 / 10 ] ERNESTO MARTINS

NEGATI VE SELF «Negative Self» (High Roller Records) Ao longo das nove malhas que compoem o disco a banda destila o seu Crossover com muito Thrash e com pitadas de Metal Old School, muitos sao os nomes que nos poderão passar pela cabeça, uns mais obvios que outros, porém, os Negative Self fazem recair sobre si os pontos altos, seja com guitarras quentes que nos abraçam, seja pela voz quente, e timbre limpo, do baterista/ vocalista Andreas Sandberg. Arracando com uma potente, mas harmoniosa, «Back on Track», os suecos não deixam os créditos por mãos alheias e o disco segue, sendo impossivel ficar indiferente a malhas como «Self Destruct...The Pain Never Ends» ou «Dancing With The Dead», estamos a falar de Riffs que nos ficam na mente, de melodias que nos atravessam o corpo. Claro que nem tudo pode ser perfeito e, em alguns momentos, sentimos um ligeiro cansaço, apesar da qualidade da produção e da musica propriamente dita. Se há capas que reflectem o conteudo da rodela mágica este é um deles e os Negative Self tem neste registo uma estreia de louvar, sendo que no futuro se espera algo mais, restando para isso que os suecos apostem numa maior versatilidade e independencia sonora. Como conclusão podemos dizer que «Negative Self», o disco, é suficientemente bom para se escutar umas quantas vezes, sendo de escuta obrigatória nestes dias quentes, podendo acontecer que a audição seja, suficientemente, aditiva. um disco para tardes em que a confraternização é obrigatória e que pode, eventualmente, causar algumas mazelas nos mais desatentos. Para fans de bom Rock, de boa musica e, principalmente, para quem tem saudades dos miticos bares que enchiam Portugal de boa musica e camaradagem.

[ 7,0 / 10 ] NUNO LOPES

OR K A N «Livlaus» (Dark Essence Records) Há discos que claramente não trazem nada de novo mas que são feitos daquela matéria preciosa que compõe os grandes clássicos. É o caso deste segundo registo de estúdio dos noruegueses Orkan. O estilo de Black/ thrash rege-se pelos parâmetros chave que definem muito do Metal extremo originário da sua terra natal, incluindo mesmo traços inequívocos da genialidade presente no legado deixado por formações incontornáveis desse ponto do globo (entre as quais destacamos os Enslaved como maior influência). As composições são variadas e bem conseguidas e estão cheias de ganchos infecciosos e riffs aditivos que nos mantêm grudados o tempo todo. “Brende bruer, svart metall” e as primeiras duas partes do tríptico “Livlaus” são especialmente irresistíveis, mas o tema “Uforgjengeleg”, com os seus notáveis riffs enviesados, ou o fustigante “Skodde” não lhes ficam atrás. Formados em 2008, em Bergen, pelo guitarrista da formação ao vivo dos Taake, Gjermund Fredheim, e pelo antigo baterista dos Byfrost, Rune Nesse, os Orkan estrearamse em 2012 com o auto-financiado «Crimson Canvas». Em comparação, este segundo longa duração é um disco não só mais negro, mas, acima de tudo, mais contagiante. A produção impecável e a atitude genuína que emana do disco são trunfos adicionais que contribuem para fazer de «Livlaus» uma experiência sonora duradoura.

[ 8 / 10 ] ERNESTO MARTINS

PO W ERW O LF «Blessed & Possessed» (Napalm Records) Com cinco álbuns na sua discografia, não será em nada de estranhar que os germânicos Powerwolf não se desviam do seu trilho nem um milímetro, aplicando a máxima do futebol: ‘em equipa que vence, não se mexe’. Assim, «Blessed & Possessed» é uma alegre aposta na continuidade e numa carreira que vai em modo de cruzeiro, ou melhor, em piloto automático. Este trabalho tem tudo o que encontramos nos anteriores trabalhos, ao nível do melhor que eles nos têm habituados desde então. Desde a faixa título que abre as hostilidades até a «Let There Be Night», o power metal é potente, sinfónico quanto baste e épico, indo ao ponto de ser mesmo monumental, mantendo sempre a fasquia lá bem em cima. Não há aqui um momento musical fraco. Vê-se que os Powerwolf se esforçaram para ter um álbum moderno, funcional e bastante catchy


CRITICA VERSUS (como sempre). Talvez a única crítica a fazer é pelo facto de não ter uma daquelas músicas que arrebatam-nos completamente, culpa porventura de o nível das onze músicas estar muito lá em cima e de se tornarem previsíveis, o que pode levar a algum desinteresse e aumenta o risco de fazerem um álbum fraco. Mas, relativamente a este «Blessed & Possessed», quem conhece os Powerwolf não ficará em nada desiludido, pois têm entre mãos um bom álbum com mais um punhado de bons temas para disfrutar.

[ 8,5 / 10 ] CARLOS FILIPE RE GARDE L ES H O MMES T O MB ER

«Exile» (LADLO Productions) Desde há uns anos que o nome “Regarde Les Hommes Tomber” (nome que vem do título do primeiro filme (1994) de Jacques Audiard com o mesmo nome) nos vem dizendo mais e mais, sobretudo aos mais atentos ouvintes/apreciadores do género sludge - género que é de si já complexo de caracterizar e se torna cada vez mais vasto; Estes franceses da cidade de Nantes gravaram o seu primeiro LP em 2013 com nome homónimo e foi recebido com muito boas críticas; hoje este terceiro longa-duração “Exile” segue a coerente linha evolutiva que os anteriores trabalhos delinearam e nos habituaram. Portanto não esperem muitas surpresas aqui - o passo dado vai mais na afirmação e coesão que se sente ao ouvir este trabalho, exemplos claros em “Embrace The Flames” ou “Thou Shall Lie Down”. A componente obscura tematizada pela perdição da humanidade é tão acentuada quanto nos trabalhos anteriores; as melodias embalam tanto quanto martirizam a atmosfera envolvente. As faixas marcam um ritmo lento, alternando com alguns momentos mais dinâmicos, com melodias aqui e ali...sem enjoar nem pegar muito. O desfecho em “The Incandescent March” é a mistura que define a banda: som ora leve, ora selvagem; negro e alucinante. O trabalho mostra qualidade no género e é recomendado para os fãs de som pesado, obscuro e arrastado. mas nem tanto.

[ 6,5 / 10 ] AG

R O YA L HUNT «XIII-Devil’s_Dozen» (Frontiers Records) Não parece mas há que ter em atenção alguns pormenores, no que diz respeito a este lançamento em particular e se quiserem os Royal Hunt em geral. Estes senhores Dinamarqueses já são veteranos pois andam-nos a dar

música desde 1989. Se há bandas que têm alguns elementos carismáticos, os Royal Hunt são um deles, na figura do seu vocalista D.C. Cooper. Após algumas mudanças na formação Cooper voltou em 2011, qual David Lee Roth. André Andersen é dono e senhor no que diz respeito à composição e dele saem oito temas que caracterizam em toda a sua extensão aquilo que são os Royal Hunt. Andersen imprime um cunho muito imaginativo, com arranjos orquestrais muito bem elaborados, as vocalizações são cristalinas, sem se notar qualquer esforço nas notas mais altas e os coros são também alvo de requintada produção. Não conseguimos dissociar qualquer tema porque quase se fundem num só e quando damos pelo tempo estamos de volta ao tema de abertura. As melodias são requintadas, longe do banalismo, apesar de ser muito “directo” – a audição é “fácil”, não há que ouvir duas vezes para tirar as dúvidas (muitas vezes há aquelas músicas que demoram a “entrar” no ouvido) - e sem querer estamos perante um tremendo álbum de rock progressivo. O que muitas vezes noto em relação a outros lançamentos é o protagonismo excessivo dos sintetizadores, em «XIII…» está tudo na dose certa; Andersen sabe muito bem o que faz. «XIII» é o 13º álbum da banda… e aqui não há azar, nem traidores. Há, sim, gente com muito talento.

[ 9 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

RU S S K A J A «Peace, Love Russian Roll»

(Napalm Records) Auto intitulados como reis do turbo polk metal, os vianeses Russkaja são das bandas musicalmente mais divertidas que tive a oportunidade de ouvir e disfrutar. O mais similar que conheço é os Swing Diablo Orchestra, pelo tom leve e divertido da sua música, mas aqui numa vertente cultural tanto russa como do mundo. «Peace, Love and Russian Roll» é uma misturada de estilos musicais e instrumentos musicais bem conseguida, com base na música de caracter Russo ao bom velho estilo do rock n´roll. É estranho ao início, pelo que é necessário ter alguma abertura de espírito para isto, mas a música é de tal forma contagiante e divertida que nos agarra completamente logo à primeira música, “Rock’n Roll Today”. O ritmo é sempre de festa não havendo qualquer momento para descansar a não ser em “Parachute” - A mais calma, para respirarmos a meio do álbum. Os instrumentos mais clássicos como o trompete, trombone, violoncelo e violino entre outros têm lugar nesta banda Austríaca de Viena de Russos, cantado quer em Russo, quer em inglês com sotaque Russo como em “There Was A Time”, “Let’s Die Togehter” Para dançar a Plyaska - ou mesmo

“Parachute” ou mesmo em espanhol com sotaque Russo como este hino de esquerda com influência mexicana “El Pueblo Unido”. Alias, o forte sotaque presente em todas músicas não cantadas em Russo é um must desta banda, uma característica abonatória. Esta é a verdadeira música metal do mundo - World Metal Music.

[ 8 / 10 ] CARLOS FILIPE

SERRABULHO «Star Whores» (Independente) Os Serrabulho são das bandas mais estranhas que alguma vez ouvi. Alias, eu até os tenho ignorado completamente até hoje, muito pelo facto de a cena grindcore não ser a minha praia, mas, e há sempre um mas, com este alucinante álbum de 2015 «Star Whores», os Serrabulho conseguiram captar a minha atenção e interesse, e eu, consegui vislumbrar a genialidade subjacente a este trabalho dos Vila-realenses. Com os Serrabulho é mesmo assim: Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Esta banda é única no mundo, quer na sua atitude, no sentido de humor, sonoridade musical, temática e ambiente surreal. Têm tudo para serem uma banda de culto, se conseguirem fazer o breakthrought na cena europeia ou mesmo da Americana. Musicalmente, os Serrabulho são indiscritíveis, só ouvindo (bastantes vezes) mesmo, até porque apesar de terem um fio condutor na voz híper gutural que mais parece um porco a grunhir (sem ofensas, é um elogio, já que para mim é um dos must da banda) de Paulo ventura e no grindcore brutal do seu metal, cada música, associado a um titulo sempre muito “sugestivo” tem aqui e ali a incorporação de diferentes texturas e universos mais eruditos como a literatura ou o cinema - O título e a magnífica capa dizem tudo a este respeito, que dão corpo à música. Outra mais-valia dos Serrabulho é a grande criatividade e sentido de humor, que juntos com as duas características anteriores, caracterizam os completamente e assim tornandoos reconhecíveis imediatamente. Os Serrabulho são das bandas mais originais e interessantes que tive o prazer de descobrir. Venha o terceiro, que é disto que o povo gosta!

[ 9 / 10 ] CARLOS FILIPE

TEMPEL «The Moon Lit Our Path» (Prosthetic Records) Constituindo-se como o segundo álbum de originais dos Americanos Tempel, este é a sua prova de fogo depois do excelente «On The Steps of the Temple», clara alusão à mudança de nome da

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CRITICA VERSUS banda de Temple para Tempel, o que lançou o mote e talhou a forma musical desta banda instrumental de metal progressivo. A prova foi superada com grande mestria, virtuosismo e performance, tornando «The Moon Lit Our Path» um grande passo musical deste duo maravilha. Sim, os Tempel são Rich na bateria e Ryan em tudo o resto. Simplesmente magnífico, cativante e poderoso, uma das melhores propostas do género do ano. Este álbum é um verdadeiro hino à vertente instrumental, e está bastante distante do estilo guitarhero de muitos (e excelentes) outros virtuosos, e não tem comparação com todas as outras excelentes bandas de metal progressivo instrumental que pautam por aí. Os Tempel conseguiram em dois trabalhos algo de único e com personalidade musical bem vincada. «The Moon Lit Our Path» é constituído por somente 5 músicas com um tempo médio de duração de 10 minutos e 20 segundos, cada uma com a sua identidade e interesse próprio, que se encaixa perfeitamente na sonoridade e tom geral. Não há aqui nenhum momento baixo, o nível é altíssimo de início ao fim. Este é um álbum claramente a descobrir e desfrutar eternamente.

[ 10 / 10 ] CARLOS FILIPE

T E M P E RANCE «Limitless» (Scarlet Records) «Limitless» é o 2º álbum dos italianos Temperance, estes formados somente em 2013. Isto é que é “dar-lhe gás”! Apresentando-se como mais uma banda de metal feminino, na mesma veia de todas as bandas que andam por aí, a música dos Temperance parece querer misturar um bocado de tudo. Será esta uma boa aposta? Riffs pesados, componente sinfónica a rodos, uma boa dose de electronica, a uma pitada de folk, juntam-se vozes guturais, ¼ de medida de pop metal e mistura-se tudo com muito power metal, solidificando tudo com a magnífica voz da cantora Chiara Tricarico, que é sem dúvida uma das mais-valias desta banda dado a sua extraordinária gama vocal, indo do Soprano até ao mais pop rock. Fantástico. Penso que esta “salganhada” de estilos prejudica a música destes italianos, não parecendo ser a melhor receita, pois parecem não saber para onde querem ir. A componente que se destaca mais, é a electrónica, que constituiu um risco enorme, e a qual é de gosto minimamente discutível. Musicalmente, «Limitless» é um álbum agradável e de fácil audição com um bom punhado de músicas tais como “Oblivion”, “Here and Now” ou «Mr. White». O segredo dos Temperance está, tal como o nome indica, saber “temperar” cada uma das

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músicas com o estilo e a dose certa, mantendo sempre uma componente metal muito forte e bem presente. Penso que o álbum teria ganho mais com menos ingredientes, menos electónica e pop metal. Vamos ver o que esta banda nos reserva no futuro...

[ 7,5 / 10 ] CARLOS FILIPE

TI M B O W NESS «Stupid Things That Mean The World»

(InsideOut Music) Para os mais incautos ouvintes de música, talvez o nome de Tim Bowness seja desconhecido. No entanto, se disser que juntamente com o genial Steven Wilson partilhou o projecto No-Man já consiga chamar a vossa atenção. Não é um músico banal que partilha um projecto com uma lenda do Rock Progressivo. No entanto, nem só deste projecto vive Bowness e será bastante óbvio que nos seus projectos a solo se rodeia sempre dos melhores músicos - Colin Edwin (Porcupine Tree), Bruce Soord (The Pineapple Thief), Peter Hammill, Phil Manzanera, Pat Mastelotto (King Crimson), Anna Phoebe, David Rhodes (Peter Gabriel, Kate Bush, Scott Walker). O que podem pedir mais?! «Stupid Things That Mean The World» é o terceiro álbum a solo e cada um sempre como uma extensão do antecessor. Dado o incomensurável talento dos integrantes só podemos esperar o melhor. Extremo bom gosto, lírico e composicional resultando daqui onze temas muito íntimos, épicos que nos envolvem numa atmosfera familiar, terna e aconchegante. Por ventura, poderão achar a voz de Tim demasiado “melosa” mas deixem-se envolver pelo ambiente criado que é magnífico. Escolher um tema favorito é complicado para algo tão coeso. No entanto, só porque o primeiro solo é de uma simplicidade arrebatadora, elejo “Know That You Were Loved”. Este será, certamente, um dos álbuns a constar nas listas de álbum do ano no que diz respeito ao rock progressivo.

[ 9 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

UNLEASH THE ARCHERS «Time Stands Still» (Napalm Records) «Time Stands Still» dos Canadianos Unleash The Archer parece ser assim à primeira vista como mais um álbum de uma pilha deles que adiciono ao meu winamp para ouvir, e, ouvir com menor ou maior interesse dependendo do estilo e da música que me entra pelos ouvidos a dentro. Assim, um dos melhores feelings que tenho é quando ouço algo invulgar e completamente surpreendente que capta a minha atenção de imediato, qualquer que seja a actividade entre mãos. Foi isto

que aconteceu com esta banda Norte Americana, o qual fui (e continuo a ser) completamente surpreendido e arrematado extraordinário power/ melodic death metal e principalmente pela potentíssima voz da sua vocalista Brittney Slayes, a qual a nível e gama vocal, vai a todas de forma exequível e inolvidável. Este é um dos melhores projectos que descobri este ano neste género, foi aquele que consegui sobressair da pasta e com esplendor. «Time Stands Still» é tudo aquilo que desejamos num álbum de metal: Portentoso, com músicas de cortar a respiração, riff e solos ao mais alto nível straight and simple, uma performance magistral de todos e uma fresquidão musical que avassala o álbum todo. Este é somente o seu 3º album e aquele que além de os consagrar como grande banda, também os projecta mundialmente, já que os dois anteriores trabalhos conquistaram a América do Norte. Cada música tem a sua identidade própria e o todo constituiu um álbum homogéneo e bem conseguido, com músicas que são autênticos hinos da banda, tal como “Time Stands Still”, “Dreamcrusher” e “Hail to the Tide”, só para mencionar os meus preferidos. Unleash The Archer é uma banda a ter em conta no panorama do power metal em particular e do metal em geral, e fico ansiosamente a aguardar como irão no futuro evoluir, passada esta fase dos 3 primeiros álbuns.

[ 9,5 / 10 ] CARLOS FILIPE


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PLAYLIST VERSUS A D R IA N O G O D IN HO

C A R LO S FI LI PE

LY N C H M O B «Rebel»

I R O N M A I D E N «The Book of Souls»

T E R R O R «The 25th Hour»

U N L E A S H T H E A R C H E R S «Time Stands Still» T E M P E L «The Moon Lit Our Path»

A H A B «The Boats of the Glen Carrig»

G O B L I N R E B I R T H «Goblin Rebirth»

E N A B L E R «Fail to Feel Safe»

C H I L D R E N O F B O D O M «Relentless reckless Forever»

E D U AR D O R A MA LHADEIRO

V A N D E N P L A S «Spirit of Live»

M A R T Y F R I E D M A N «Inferno»

M E G A D E T H «Rust in Peace Live»

R I V E R S I D E «Love Fear and Time Machine»

ER NESTO MA RTI NS

R O YA L H U N T «XIII Devil’s Dozen»

M A I E U T I S T E «Maieutiste»

S P O C K S B E A R D «The Oblivion Particle»

S E C R E T S O F T H E S K Y «Pathway»

IVO BRONCAS

O R K A N «Livlaus»

L A M B O F G O D «Sturm und drang»

LY N Y R D S K Y N Y R D vários albuns

B L A C K L A B E L S O C I E T Y «Mafia»

GOBLIN REBIRTH

T O O L «Aenima»

HU G O MELO

E V I L E «Skull»

PA N T E R A

MORE THAN A THOUSAND Enemies»

«Make Friends and

«Goblin Rebirth»

«Vulgar Display of Power»

C A R A C H A N G R E N «Where The Corpses Sink Forever» I R O N M A I D E N «The Best of The Beast»

C R S IT I N A S Á

T R Y P T I C O N «Melana Chasmata»

C R W O N «Natron» A M O R P H I S «Silent Waters»

M E TA L I U M «Millennium Metal»

A M O R P H I S «Skyforger» M O O N R E I C H «Pillars of Detest» T E M P L E O F B A A L «Mysterium»

BREVEMENTE .PT

A VERSUS PROCURA NOVOS COLABORADORES! SE ESTÁS INTERESSADO EM FAZER PARTE DA NOSSA EQUIPA ENTRA EM CONTACTO PELO ENDEREÇO:

VERSUSMAGAZINEPT@GMAIL.COM 7 3 / VERSUS MAGAZINE




LIVE VERSUS

STEVEN WILSON

SALA TEJO – LISBOA 15.09.2015

STEVEN WILSON O SENHOR DO MOMENTO Por: Eduardo Ramalhadeiro Fotos: Eduardo Ramalhadeiro

O dia prometia. O tempo estava “manhoso”, triste e a viagem era longa. Nada que nos fizesse parar até ao nosso destino – Sala Tejo. A viagem foi tranquila, como não poderia deixar de ser à volta da música, sempre a música. A playlist foi imensa com destaque para os Italianos Barack Project. Como seria óbvio também se ouviu e discutiu Steven Wilson, o nosso

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anfitrião desta noite. Um estudo prévio aos concertos disponíveis pelo youtube deixava antever um setlist longo, onde comungavam músicas de Steven Wilson e Porcupine Tree. Depois de um repasto bem farto, regado com bom vinho, o corpo estava quente e aconchegado, preparadíssimo para o tão aguardado espectáculo. A alma, essa, há muito que se

encontrava preparada… A sala Tejo estava muito bem composta, o ambiente estava excelente e acolhedor com o público ansioso pelo início. Meticuloso como é, Steven Wilson não deixa ficar nada ao acaso. O palco era simples mas todo o concerto foi acompanhado com projecções e vídeos, enriquecendo


LIVE VERSUS ainda mais o ambiente. Com pontualidade Britânica «Hand. Cannot. Erase» começou a ser tocado (quase) na íntegra, ficando de fora somente “Transience”, intercalado por temas de outros álbuns e dos Porcupine Tree, como foram o caso de “Lazarus (Porcupine Tree)” e “Harmony Korine”. O único senão desta parte mais visual foi a inclusão de um tecido (quase transparente) que separou o público da banda. Esta encenação durou todo o primeiro encore. Se durante a introdução de “Temporal”, um tema dos Bass Communion e a introdução de “The Watchmaker” as projecções no tecido resultaram muito bem,

SETLIST First Regret 3 Years Older Hand Cannot Erase Perfect Life Routine Index Home Invasion Regret #9 Lazarus Harmony Korine Ancestral Happy Returns Ascendant Here On...

Encore: Temporal / (Watchmaker Intro) The Watchmaker Sleep Together Encore 2: The Sound of Muzak Open Car The Raven That Refused to Sing

não se compreende porque os restos dos temas foram tocados à contraluz. No entanto, este aspecto não belisca minimamente a noite que até a essa altura estava a ser vivida. Steven Wilson é O mestre do som e esse estava… impecável e o setlist ultrapassou as duas horas. Após uma série de datas pelas Américas, este era o primeiro concerto da segunda parte da digressão europeia de apoio ao último álbum. Os dois encores foram completados por temas dos Porcupine Tree – “The Sound of Musak”, “Open Car” e “Sleep Together” - e do álbum «The Raven That Refused to Sing (And Other Stories)» - “The Watchmaker” e finalizou com o tema que dá nome a este álbum. Sabendo que Steven Wilson não tem uma personalidade fácil, foi com agrado que assisti a uma boa comunicação com o público e com direito ao bom humor britânico. Os músicos são de grande classe, no entanto, foi com uma pontinha de desilusão que não vi Marco Minnemann e Guthrie Govan. Isto baseado, somente, na minha opinião e gosto pessoal. Há uns anos atrás tive a oportunidade de ver os Porcupine Tree no Porto, um concerto para lembrar, assim, como esta noite com Steven Wilson e companhia. No fim, ainda foi possível tirar uma foto com Nick Beggs e Adam Holzman para mais tarde recordar.

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LIVE VERSUS

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LIVE VERSUS

AS THEY COME + LYFORDEATH + LIFE OR DECAY + VENIAL SIN + SURVIVE THE WASTELAND. METALPOINT – PORTO 11.07.2015

No dia 11 de Julho os Life or Decay, fizeram uma visita ao Porto com o Wolfheart Fest, organizado pelo vocalista Fábio Infante. Um pequeno festival que durou aproximadamente 5 horas acompanhadas de bandas de peso: As They Come, Lyfordeath, Venial Sin e Survive The Wasteland. Os As They Come ficaram encarregues de abrir os concertos, com um Stoner/ Motorcycle Rock já conhecido por muitos. A banda entrou com grande potência, originando alguns mosh pits. Pudemos ouvir temas como “The Road is Getting Old” e “50 Miles”, que estarão presentes no EP de estreia a ser lançado brevemente e esperado por todos os fãs. Boa prestação em palco a mostrar a sua boa disposição dentro e fora dos palcos, boa interacção com o público proporcionando sing along’s. Seguiram-se os Lyfordeath, uma banda de Thrash do Porto, apresentar alguns trabalhos prontos para começar o seu primeiro EP ou álbum. Entre estes foram apresentados: o single “Emissary Of Death”, “Satan”, “Devourer Of Worlds” e “Mortal”. Cerca de meia hora acompanhados de headbangs, uma boa performance da banda fazendo uma óptima junção dos estilos Thrash, Domo e Death. Life or Decay foram os seguintes. A banda de Metalcore, que organizou 7 9 / VERSUS MAGAZINE

este evento e iniciou a sua carreira muito recentemente, participou em vários concertos promovendo o seu trabalho, e escolheu esta data para se estrear na cidade invicta, no Metalpoint. Também a preparar o primeiro EP, os Life or Decay apresentaram algum material já preparado: “Tides of Despair”, a demo “Death Messenger” e um cover de Parkway Drive “Carrion”. Os Life or Decay com poucos concertos dados desde a sua criação souberam mostrar que vieram para ficar; o público também gostou bastante acompanhando todas as músicas com mosh pits. Aguardamos o seu regresso para apresentar o seu EP. De Vila Real vieram os Venial Sin que, apesar de apenas ter lançado um EP “Sphere of Morality” (2012), está a preparar o álbum de estreia e é uma banda com uma reputação internacional, tendo já feito concertos em Portugal, Espanha, Inglaterra, Áustria e Hungria sendo as críticas bastante positivas. Com a sua prestação neste evento, provaram (e nós confirmamos) isso mesmo: que a banda tem uma grande experiência e profissionalismo em palco. “Prepare for Battle”, “A New Rose” e “Sphere of Morality” são três das músicas presentes na setlist desta noite. Do lado do público, mesmo sem a companhia de mosh pits ou crowdsurfing, mostraram apoio

total e grande apreciação do estilo, estilo este que consegue ser diferente do habitual, pela positiva. Para finalizar a noite subiram ao palco os Survive the Wasteland, mais uma banda que tocava em casa e que mantém grande favoritismo na sala, apenas com um EP “Devour” e um single “Bringing Back The Dead” mas que promete subir na carreira com um Death Metal diferente do habitual, mas que vale sempre a pena ouvir. A iniciar com “Breed of Corruption” numa versão mais rápida que a versão de estúdio, “Sculpting The End”, “Stolen Ceremony”, “Link of Damnation”, entre outras fizeram parte de uma performance destruidora. Uma prestação incrível, nunca dececionante, sempre com muita “brutalidade” boa disposição. No final, do concerto o público pediu que a banda tocasse mais uma música o que foi imediatamente aceite pela banda e pelos responsáveis do espaço; a música escolhida foi (novamente) “Bringing Back The Dead”.




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