SUPL EM EN T O E SP E C I AL : V E R S US
L IV E
AN T RO D E F O LIA
Er yn N on Dae “ D e vagar se vai ao l o nge ”
In Vain “ Uma grande missão”
S TE VE H O W E
V AS S AF O R C R E S C E NT
RAS G O AO RLHAC
S ONS OF A POL L O
V E R S U S M A G A Z IN E
EDITORIAL
Rua José Rodrigues Migueis 11 R/C 3800 Ovar, Portugal Email: versusmagazinept@gmail.com
W E B S IT E
vErSUS
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P U B L IC A Ç Ã O B IM E S T R A L
MAGAZINE
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D IR E C Ç Ã O Adriano Godinho, Eduardo Ramalhadeiro & Ernesto Martins
Alma Mu itas
b a nd as
que
ent rev i st amos
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G R A F IS M O
q ua nto têm d e ser fortes nas suas conv i cçõe s e s pa ra
Eduardo Ramalhadeiro, Marco Anes (& Rúben Fernandes)
m a nte rem p ro jec tos v i vos durante mui tos a n os . É o ca s o
COLABORADORES
d e band as q u e foram cr i adas há vá ri os a n os , n out ra é p oca talvez, que sobrev i veram a vári a s di fi cul da de s e q ue se ma ntê m apenas porque ac red i t a m n a m ús i ca que fa zem. Te r u ma banda aos 20 anos req ue r ce rtos t runfos ,
Adriano Godinho, Carlos Filipe, Cristina Sá, Dico, Eduardo Ramalhadeiro, Eduardo Rocha, Elsa Mota, Emanuel Roriz, Ernesto Martins, Frederico Figueiredo, Gabriel Sousa Helder Mendes, Hugo Melo, Ivo Broncas, Nuno Kanina, Paulo Freitas Jorge e Victor Alves
F O T O G R A F IA
a o s 4 0 são o u t ros bem di ferentes. É um pra ze r e n orm e
Créditos nas Páginas
ve r isso a co ntecer no met al, no rock e gé n e ros n ã o t ã o
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Bo a s le itu ra s, Adriano Godinho
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1 / VERSUS MAGAZINE
50
ORPHANED LAND
C O N T E ÚDO Nº48 03/18
0 3 T R IA L B Y FIR E
36 CRÍTI C A S V E R S U S
86 RASGO
0 5 S O NS OF A P O L LO
46 STEVE H O WE
9 0 A U T O K R AT O R
0 9 MAJ O R PA R K INS ON
60 NUNO L O P E S
1 4 A O RL AC H
61 PLAYLIS T
9 8 PA L E T E S D E M E TA L
1 9 O HO MEM D A MOTOSERRA
62 VASSA F O R
112 EMANUEL JR.
2 1 I N VA IN
68 ERYN N O N D A E
118 GARAGE POWER
2 3 J E FF GR IMAL
74 CARLO S F IL IP E
2 7 V I C TO R ALVE S 3 0 E MA NU E L JR .
G R Ê L O S D E O RTE L Ã
H E AV Y M E TA L & F U TE B O L
3 4 A L BU M V E RS U S
T H Y C ATA FA L Q U E
94 CRESCENT
M OSH
ANTRO DE FOLIA
O P E S O QU E V E M D O B R A S I L
THE LAST NAIL
1 2 0 E V IL F E A S T
77 M IGUE L T IA G O . . . D O R E S T E L O PA R A O M U N D O 78 JONO 82 GABRIE L S O U S A
(SU)POSIÇÕES
2 / VERSUS MAGAZINE
Trial by Fire AGRIMONIA
CHAOSTAR
ERDVE
Awak en
The Undivided Light
(Southern Lord)
(Season of Mist) MÉDIA: 3,1
Va i t o j i m a s ( Season of Mist)
MÉDIA: 3,1
ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. EMANUEL R. ERNESTO M. NUNO L.
3 2 2,5 4 4
ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. EMANUEL R. ERNESTO M. NUNO L.
3 3 2 4
MÉDIA: 2,8
ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. EMANUEL R. ERNESTO M. NUNO L.
2,5 3,5 3 2
IHSAHN
LIONE/CONTI
MACHINE HEAD
Arktis. (Candlelight)
Li one/C onti (Frontiers Music) MÉDIA: 2,1
C atharsi s (Nuclear Blast) MÉDIA: 2,1
MÉDIA: 3,7
ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. EMANUEL R. ERNESTO M. NUNO L.
4 2 4 3,5 5
ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. EMANUEL R. ERNESTO M. NUNO L.
1 2 2,5 3
ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. EMANUEL R. ERNESTO M. NUNO L.
2,5 0 2,5 3,5 1 3
MOURNFUL CONGREGATION
OLD MOTHER HELL
PESTILENCE
The I ncub u s Of K a r ma (Osmose Productions) MÉDIA: 3,5
Old Mother Hell
Hadeon
(Cruz Del Sur Music) MÉDIA: 3,5
(Hammerheart Records) MÉDIA: 2,7
ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. EMANUEL R. ERNESTO M. NUNO L.
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ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. EMANUEL R. ERNESTO M. NUNO L.
4 3 3,5
ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. EMANUEL R. ERNESTO M. NUNO L.
2,5 2,5 3
T HE RIO N B elov ed A n ti c h ri s t (Nuclear Blast) MÉDIA: 3,3
ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. EMANUEL R. ERNESTO M. NUNO L.
3 / VERSUS MAGAZINE
4 2 3 4
Obra - Prima
5
Excelente
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Esforçado
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Esperado
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Básico
1
4 / VERSUS MAGAZINE
Filhos de um deus maior Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro Fotos: Hristo Shindov
5 / VERSUS MAGAZINE
6 / VERSUS MAGAZINE
… Nem sempre um conjunto de excelentes músicos faz uma grande banda. Não será o caso dos Sons of Apollo que junta ex-membros dos Dream Theater, Guns N’ Roses e Billy Sheehan dos Mr. Big. A Versus teve uma breve conversa com Derek Sherinian. Olá Derek é um prazer conhecer-te, se bem que virtualmente. «Psychotic Symphony» é um grande álbum. Parabéns! Derek Sherinian: Muito obrigado! Estamos muito satisfeitos com os resultados. Consideras que os Sons of Apollo são um supergrupo? Será que, para ti, este “rótulo” faz sentido? Absolutamente mas apesar disso não pensamos muito nisso Estou curioso com alguns factos respeitantes à banda: - A formação: tu, o Mike e o Billy cujas discografias eu conheço bem, foi uma escolha óbvia. Mas o Ron e o Jeff… como é que eles acabaram na banda? O Mike já trabalharam juntos anteriormente e ele pensou que encaixariam perfeitamente no projecto - Ele estava certo! Esta formação trabalha junta na perfeição e acredito muito seriamente que vamos rebentar ao vivo. - A afinação: parece-me que as guitarras não estão afinadas da forma mais habitual. Em vez disso estão afinadas num tom mais abaixo. Porque escolheram este tipo de abordagem e como é que o resto da banda se enquadrou neste tipo de afinação? Há alguns temas que estão afinados em B - Si - apesar disso não é algo raro ou exótico… - O processo: cinco dos mais talentosos músicos juntaram-se numa banda. Como é que foi o processo de criação? Que teve a última palavra relativamente à composição? Quem luta mais arduamente pelas suas ideias tem a última palavra. Todos nos respeitamos musicalmente e por isso, queremos o melhor disco possível, trabalhamos juntos para podermos alcançar esse objectivo. No fim, os melhores temas ganham e são incluídos no álbum. Os teus teclados são muito porreiros: qual foi o teu critério para escolheres o equipamento e sonoridade para este álbum? Como teclista, é muito importante escolher a sonoridade que enriqueça e realce o peso da banda e não criar algo já muito batido e previsível, como muitos teclistas hoje em dia fazem. Há muitos modelos que nunca saem de moda: O Hammond Organ, Mellotron, Moog, Piano, Wurlitzer, Rhodes. Eu toco o meu Nord através de um Marshall Half Stack e alguns pedais. Quando começares a levar iPads e outro tipo de aparelhos para o palco começas
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a cair um pouco na vulgaridade e a música começa a soar como um carnaval! Como é que defines a música dos Sons of Apollo? Somos uma banda de Rock. … e porquê o nome “Psychotic Symphony”? Descreve a nossa música na perfeição. Podemos tomar como garantido que os Sons of Apollo serão uma banda a tempo inteiro? O que podemos esperar de vocês para a digressão de 2018? Vocês podem esperar a banda no topo da forma e seremos explosivos. Nós somos como os Vingadores da Marvel - cada um com a sua personalidade (e sonoridade) muito própria - haverá sempre alguma coisa para agradar a alguém. Neste álbum podemos ouvir várias influências, por exemplo: Deep Purple ou Led Zeppelin. Sãs estas as duas bandas que mais influenciaram o teu estilo musical? Absolutamente. Todos nós somos fãs das grandes bandas de Rock Clássico e neste álbum fazemos uma justa homenagem às nossas raízes musicais. Aos meus entrevistados gosto de falar um pouco mais sobre um tema específico... que pode ser o meu favorito. No entanto, e dada a qualidade dos temas, desta vez escolhi dois: o Deep Purplesk “Figaro’s Whore”/”Divine Addiction”. Estes dois temas estão de alguma forma relacionados? O “Figaro” é uma a introdução para a “Divine Addiction”, também gosto muito deste tema mas, sinceramente, é-me muito difícil escolher uma favorita. Tu tens uma discografia extraordinária e trabalhaste com muitos artistas talentosos, até apareceste no filme Wayne's World como parte integrante da banda de Alice Cooper. O que tem “Psychotic Symphony” de tão diferente que o possa tornar único? Um disco é um reflexo de onde estás, num momento específico da tua vida. Estou muito orgulhoso da minha discografia e planeio continuar a aumentá-la Tu e o Mike têm uma alcunha - “The Del Fuvio Brothers”. Como é que vocês acabaram com este nome? Foi uma alcunha que o nosso produtor, Kevin Shirley, nos deu em 1994… simplesmente pegou. Muito obrigado pelo teu tempo a responder às perguntas e espero ver-vos em Portugal. Obrigado!! (Em bom Português) Facebook Youtube
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Quem luta mais arduamente pelas suas ideias tem a última palavra.
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Universo (nada) fictício O álbum já saiu em Outubro mas nem por isso poderíamos deixar passar esta oportunidade para falarmos e darmos a conhecer os Major Parkinson. Uma das bandas mais cinemáticas que já passou pela Versus e um deleite ouvir esta este filme chamado «Blackbox» Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro Fotos: JHM Tradução: Hugo Melo
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Olá Jon, é um prazer conhecer-te. «Blackbox» saiu em Outubro e foi fácil perceber que o seu acolhimento tem sido excelente. Esta recepção excedeu as vossas expectativas? Jon Ivar Kollbotn: Bem, tenho que admtir que ficámos bastante surpresos pela reacção quer dos nossos fãs, quer dos críticos. Ao longo do tempo, quando trabalhas num álbum de uma forma tão intensa, torna-se fácil perderes a perspectiva das coisas e acabares a andar a bater com a cabeça nas paredes, agarrado aos detalhes. Por vezes sentes-te como um manifesto exotérico do caos, um bastardo deslizando pelo desconhecido, a dançar no vazio sobre um vidro de pouca espessura. Fazer música vem com alguma bagagem, é aquela grande bola de ferro de dúvida, que se encontra amarrada aos teus membros enquanto tentas chegar ao céu, onde se encontra aquela garrafa de loucura que é libertada ao mundo sob a forma de um comprimido laranja para alguém engolir. Assim de facto veio como uma surpresa ver tantas pessoas a arriscar e a agarrar essa prescrição com um sorriso. Parece-me que fizemos alguma coisa bem. Descrevo a música «Blackbox» como cinemática, como um filme noir francês. É esta a melhor maneira de definir (descrever) a vossa música? Definitivamente há imensos elementos cinemáticos dentro da nossa música e sem dúvida que alguma dessa influência venha daquele berço negro do expressionismo cinemático e do realismo poético Francês com Rene Clement, Jules Dassin, Jean-Luc Godard, mas também dos grandes como Fritz Lang, Orson Welles e Sergej Eisenstein. Filmes antigos, literatura, música e arte visual estão intimamente ligados neste álbum. A ideia é ser um género de viagem cinemática que se desenrola sobre as cordas da imaginação associativa. Portanto sim, creio que acertaste em cheio com essa definição. Quem é o Major Parkinson? Bem, para responder a essa questão, em primeiro lugar que faz sentido falar um pouco sobre de onde a banda veio. Em determinado momento, há uns anos atrás, tentámos criar um nome para uma banda que realmente soasse como a Nossa música. Existe algo na dualidade do nome que sinto que realmente representa o nosso estilo musical – o patológico e o militante, o frágil e o firme, a loucura e a sanidade. Major Parkinson tornouse um personagem fictício nesta negra paisagem musical. Trabalhei num teatro em Bergen durante uns anos, e depois dos dias de trabalho costumávamos ter ensaios de bandas no sótão do teatro. Eram cinco gajos rodeados de velhos adereços, máscaras e parafernália de palco. Olhando para trás acredito que muito da nossa expressão e estilo teatral nasceu nestes ensaios nocturnos. Portanto, quem é o Major Parkinson? Bem, em certo sentido podemos dizer que o Major Parkinson é a acumulação criativa disto tudo, uma espécie de superherói dentro do universo fictício que constantemente tenta comunicar com o mundo real. Em palco, também são uma banda única – como conseguimos constatar no youtube. É difícil pegar nesta personalidade musical e apresenta-la ao vivo, ou é algo que vem naturalmente? Para mim, tocar ao vivo é natural. Mais, é terapêutico. Estar no palco é um processo de trazer à superfície emoções e memórias e brincar com elas durante algum tempo, tornando-as assim, tangíveis. É o dia-a-dia, onde nos é fácil perder na rotina, focando o trivial, deixando a vida passar. Há algo de mágico na simbiose colectiva de pessoas a juntarem-se, partilhando emoções, mesmo que seja apenas durante cerca de uma hora. Ser capaz de transportar as pessoas nesta viagem musical é uma dádiva e eu prezo-a com a minha vida. Vejo várias influências - na tua voz, bastante parecida com a do Tom Waits ou o Nick Cave, no ambiente sintetizado, como uns Faith No More… Estes artistas são a vossa maior influência? Creio que as fontes da nossa inspiração sejam demasiadas para as conseguirmos reduzir assim, mas em termos de referencias musicais, fontes de inspiração, creio que o Nick Cave, Leonard Cohen, Tom Waits e Mike Patton projects são totalmente válidos se quiserem mostrar a alguém qual o nosso som. Se adicionares uma dose de Cardiacs provavelmente não estarás muito longe, mas ressalvo que falar sobre música é como dançar sobre a arquitectura. Li alguma das vossas letras – poderia mesmo dizer “poesia” – e achei-as bastante intrigantes e inteligentes. Assumo que foste tu que as escreveste. Escrevi a maioria das letras neste álbum. No anterior tive muita ajuda do Lars, o nosso pianista e maestro dos sons electrónicos. Existe algum conceito escondido por trás das letras? O conceito de «Kalopsia» realmente intrigou-me durante o processo criativo. A forma como distorcemos as memórias para fazer com que a realidade nos surja mais bonita do que realmente é. Creio que tem muito a ver com a infância e a perda da inocência. «Blackbox» transmite esta distorção. Acho-a fascinante! A nostalgia esteve, por outras palavras, omnisciente durante todo o processo de gravação, mas também não
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Major Parkinson é a acumulação criativa disto tudo, uma espécie de superherói dentro do universo fictício que constantemente tenta comunicar com o mundo real. 12 / VERSUS MAGAZINE
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névoa
A minha mente estava num estado de quando comecei a escrever para este álbum.
quis mergulhar no passado e tornar as coisas totalmente antiquadas. Recordo-me de ver de ver o episódio “San Junipero” da série Black Mirror e, enquanto criança dos anos 80, fiquei instantaneamente viciado pela imensa nostalgia sendo completamente apanhado de surpresa pela última cena da série. Havia algo naquele pica miolos metafisico que me deixava imensamente feliz e, ao mesmo tempo, deprimido. Creio que a essência deste álbum é semelhante, é aquela sensação de que o universo te faz sentir pequeno no grande esquema das coisas. Se colocares a tua mão numa queda de água sentes a tremenda força da natureza, séculos batendo uns nos outros como uma explosão anacrónica e aí, naquele erro de segundo, as palavras perdem o significado. Olhas para o abismo e não consegues deixar de rir. Este riso contem uma certa beleza. Nós tentamos manter este riso na obscuridade da nossa música. É curioso constatar que vários nomes femininos aparecem nas vossas músicas – Madeleine, Isabel, Betty – Qual é a ligação entre estas mulheres? A minha mente estava num estado de névoa quando comecei a escrever para este álbum. Metade da banda tinha recentemente saído, adicionalmente, a minha querida avó esta num lar a lutar pela sua vida. Foi um tremendo golpe para mim. Foi ela que me apresentou a literatura e as artes, e eu passei muita da minha infância em casa dela. Um lugar que hoje, em retrospectiva, me aparece tão vívido. Estava realmente deprimido neste pesado período da minha vida e, para aquele estrangeiro não convidado, não há qualquer tipo de protecção, para este silencioso e fumegante fogo, não existe extintor, saída de emergência, apenas um céu e uma corda que nos conduz ao oblívio. Tive de começar a escavar e a reinventar-me como escritor. Foi um período bastante difícil para mim, saltando constantemente de turnos. Fazia o turno da noite num hospital psiquiátrico, trabalhava, num sempre a mutar, mestrado em literatura e, no estúdio, tentava constantemente montar as peças do puzzle. Isto levou a que atingisse o ponto de ruptura ao tentar transformar este pedaço de carvão num género de diamante desfigurado em que conseguisse viver. O tema do conceito do bolo madalena da obra “Em busca do Tempo Perdido” de Marcel Proust encaixa perfeitamente nesta música. Por isso chamei à música «Madeleine Crumbles». Isabel foi diferente. O título encerra em si uma referência a uma pintura de Salvador Dali, de 1945. Há algo no poder monumental desta pintura que realmente te agarra. Isabel, a pintura da mulher branca com uma árvore a nascer do seu coração, enquanto olha para uma espécie de reflexo glacial, é realmente bonito. Avançando, decidi, ao longo da música, usar este personagem como uma figura simbólica. É como… quando atravessas a fronteira para algo estranho e pouco familiar, quando cais no oblívio para te redescobrires do exterior. É quase lisérgico. Noutras palavras, Isabel é um portal para outra dimensão de ti mesmo, mas é representado dentro
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de uma sátira sobre a vida académica e a forma como observamos o que nos rodeia através de uns óculos divergentes. Betty, a jovem rebelde do jazz, como no personagem aninado de Max Fleischer, também conhecida como Betty Boop sempre esteve lá, à espera no fundo, quando nós martelávamos a viagem interestelar numa canção. Embora a aparência do corpo da Betty indicie uma felicidade e vigor vernal, a sua expressão facial reflecte sempre tristeza. Este contraste peculiar faz-te pensar o que residirá por baixo da sua aparente superfície vazia. À luz disto há algo assombrado sobre a Betty Boop, como que uma força cósmica que transcende o tempo e o espaço. A personificação de um erótico silêncio melancólico. O último olhar sobre a humanidade a observar o vazio. Os nomes de algumas pessoas famosas também aparecem nas letras do álbum: Fritz Lang, Karl Marx, Heidegger… O que é que lês que serve como inspiração e conhecimento para escrever as letras? Creio que é diferente de tempo a tempo. Durante cinco anos estudei literatura na Universidade, o que me deu muita bagagem com que trabalhar, mas, como sabes, o mundo académico assenta essencialmente em hipóteses, semióticas e por aí adiante. É inevitável: se puxares o tapete a este ambiente fechado, a este círculo de confiança, a desilusão vai eventualmente aparecer sobre ti como realidade. Muitos dos académicos temem o olhar dos animais pois este representa a imanência imediata, algo puro e espontâneo que nunca conseguiremos obter, e nesta toca de coelho de hipocrisia, os membros da faculdade cantam o Kumbaya até ao por do sol. Estive na festa e foi um estrondo! Na realidade tivemos um semestre inteiro sobre o livro “O Animal de logo sou” de Derrida. Perante tudo isto, creio que brinquei sobre este medo primitivo quando escrevi sobre Isabel. A ideia é ser de certa forma humorístico. Relativamente à música: escrever músicas é um processo associativo e intuitivo. Por vezes o som e a melodia precisa de reflectir as letras e vice-versa. A principal função das letras é servirem a música e, acima de tudo, projectar imagens na tua mente sem o uso de grandes palavras. Que apanhares as referências filosóficas funciona como um bónus, mas não é imprescindível para compreender o grande esquema das coisas. Colocar pedaços de referências aqui e ali sem contaminar a música é um desafio. Sem querer sem pretensioso, às vezes sinto que as letras se estão a desintegrar sobre o peso da música. Creio que este é um problema normal da arte em geral. Quando algo espontâneo, abstracto e imediato são forjados num produto, perde-se sempre algo. Major Parkinson é actualmente constituído por sete membros. Como é trabalhar com tanta gente? Qual é a contribuição deles para a música? O dinamismo no processo de gravação é de alguma forma mais audacioso com estes rejeitados brilhantes a bordo. A formação actual é a mais estranha, e ainda assim musicalmente a mais coerente que já tivemos. Permite-nos ir mais fundo dentro da toca do coelho do que alguma vez fomos. É muito divertido. O grafismo da capa é igualmente intrigante. – Quem é que foi responsável pelo desenho e como é que se relaciona com a música. O desenho da capa foi feito por Martin Kvamme. Foi ele o responsável pela parte gráfica em todos os nossos álbuns anteriores. O Mike Patton também o usa para as suas capas. Creio que o escolhemos porque ele realmente compreende a parte estética da música. O design relaciona-se com a música porque adiciona uma dimensão extra de simplicidade. Enquanto a música é caótica, o design é simbólico e monumental. Quem é a rapariga e porque é que tem um buraco na face (para o céu)? Contrariamente à ideia estabelecida, a capa foi feita antes da nova temporada de Twin Peaks por isso, não, não é a Sarah Palmer. Creio que a ideia era criar uma não pessoa. Como é que esta ilustração se relaciona com o tema principal do álbum? Às vezes a música reflecte o sentimento de estar a cair num buraco negro, viajando entre dimensões. Neste sentido, o buraco na face da rapariga é bastante simbólico. Por exemplo, quando te apaixonas é como cair no vazio. A face então torna-se mais um símbolo de outra coisa qualquer. O sentido de te perderes noutro ser humano é como cair pelo buraco negro. Assim, acho que a capa é uma alegoria válida para tanto o amor, a paixão e o crescimento no meio deste universo caótico. Como a Betty Boop. Em 2015 lançaram um álbum ao vivo, gravado no Ricks Theatre in Bergen, em Agosto de 2014. O que é que tornou este espectáculo especial e diferente dos restantes? Foi o último concerto com os membros originais. Além disso foi a nossa primeira produção ao vivo. Provavelmente não a ultima. Youtube
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Ventos históricos Já vão no terceiro álbum, mas ainda não esqueceram a sua principal missão: divulgar a história – verdadeira e lendária – da Occitânia, a sua região de origem. Entrevista: CSA
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Para começar, gostaria que nos falasses sobre os momentos mais importantes da história de Aorlach. Sei que estiveram “desaparecidos” entre 2010-2017. - O que vos aconteceu? Spellbound – Os acontecimentos da vida fizeram com que a banda vivesse alguns momentos de tensão. Levamos tudo muito a sério, pelo que, de vez em quando, precisamos de nos distanciarmos um pouco uns dos outros, para nos podermos suportar e compreender mutuamente. Além disso, uns foram pais, outros encontraram companheiras ou tiveram de ir viver para outra região… Nessa época, eu sentia necessidade de me afastar da cena e da música em geral, porque tinha muitos problemas pessoais e uma vida muito instável. Estávamos em plena ascensão, mas isso não foi forçosamente benéfico para
o avanço do projeto, como podes calcular. No entanto, não estivemos inactivos durante esses anos: fizemos concertos até 2012, lançámos um split em 2011, o NKS tem agora o seu próprio estúdio e encarregámo-nos de compor um terceiro álbum. Doravante, tudo vai correr pelo melhor e estamos impacientes por mostrar ao mundo que estamos de regresso, mais fortes do que nunca. - O que vos fez vir à tona? O amor pela música e o desejo avassalador de prosseguir a aventura ligada ao nosso projeto são as principais razões que nos levaram a retomar o facho e a pormos novamente mãos à obra e penso que tanto os fãs como a nossa editora apoiam essa decisão! O tema central da vossa música é a história da Occitânia. Podes explicar por que escolheram este
tema (tendo em conta o facto de que não somos franceses)? Embora isso nem sempre aconteça, a verdade é que tratamos de narrativas e lendas ligadas a esse tema de forma recorrente. A Occitânia é uma vasta e rica região linguística e cultural da Europa do Sul, com as suas especificidades, as suas línguas, as suas tradições, que abrange mais ou menos o terço sul da França e das regiões fronteiriças da Itália, da Espanha, etc. Isso faz parte da nossa herança e nós não esquecemos o nosso passado. Eu diria mesmo que, através de Aorlhac, contribuímos para o valorizar. A cruz que vos serve de logótipo tem algo a ver com a história da região de França de que são oriundos? Não tem diretamente a ver com a região de onde vimos. O interior
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do nosso logo representa diferentes símbolos de uma igreja românica da nossa região. A cruz em si é occitana e apareceu pela primeira vez na Provença, porque, na sua origem, está ligada ao conde de Forcalquier. Foi também o símbolo dos Cátaros, porque estava presente nas armas dos condes de Saint-Gilles, que depois foram as dos condes de Toulouse, a seguir do Languedoque, antes da cruzada católica e da Inquisição, que visava aniquilar os Cátaros, um grupo religioso que se opunha a uma visão materialista da fé cristã. Vão no terceiro álbum e todos têm a expressão “des vents” [NR: “dos ventos”] no título. Porquê? O vento representa para nós uma força e um poder que a mão do Homem não pode controlar, que pode destruir tudo à sua passagem. Esta ideia está bem presente nos temas que abordamos na nossa trilogia, através de histórias de guerra, imbuídas de misticismo e violência. Ao ler os títulos das canções de «L’Esprit des Vents», sente-se mesmo que o álbum trata de passagens da história antiga de um país. - A que se referem as várias canções que o compõem? [Parece-me que podemos encontrar aí um pouco de tudo, desde momentos da história até lendas da vossa região.] Quem escreveu as letras para elas? «L’Esprit des Vents» dá continuidade a temas abordados nos dois álbuns anteriores. Sou responsável por todos os textos a partir deste álbum. Pareceu-nos que precisávamos de retomar certos temas, para mantermos a ligação com os outros álbuns. Portanto, fiz pesquisa e desenterrei narrativas e lendas do Auvergne (“La Procession des Trépassés”, “Une Vie de Reclus”), mas também da Occitânia (“L’Ora Es Venguda”, “Infâme Saurimonde”). Outras estão ligadas a figuras belicosas mais ou menos conhecidas, que abrangem diversos períodos da nossa história (“La Révolte des Tuchins”, “Mandrin l’Enfant Perdu”, “Les Méfaits de Mornac”) ou saem muito simplesmente da minha imaginação surgindo como uma homenagem à terra onde nascemos, aos seus terrenos de cultivo, às nossas velhas rochas vulcânicas e às nossas montanhas (“Ode à la Croix Cléchée”). Muitas vezes, os textos saem de escritos preexistentes, que eu manipulo a nosso gosto, porque, apesar de querermos fazer reviver essas lendas ou personagens, não aspiramos minimamente ao rigor dos historiadores! - E como é que pessoas tão jovens como vocês mostram tanto interesse pela história do seu país, da sua região? [Hoje em dia, isso é raro.] Era esse o objetivo da banda, desde a sua formação, há dez anos. Aorlhac serve de divulgador dessas lendas esquecidas e da história da nossa região. Temos a sorte de viver numa zona dotada de um património excecional e isso tem um imenso impacto
1 7 / VERSUS MAGAZINE
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[...] estamos impacientes por mostrar ao mundo que estamos de regresso, mais fortes do que nunca.
em nós como indivíduos. Podemos, portanto, dizer que a nossa região também influencia diretamente a nossa música. Sentem-se influenciados por outras bandas francesas ou estrangeiras? Como o NKS sempre ouviu bandas como Dissection, Ulver, Taake… pode-se sentir uma influência escandinava na nossa música, em algumas canções dos nossos primeiros tempos. Mas penso que, actualmente, atingimos um estádio em que conseguimos definitivamente cortar o cordão umbilical que nos ligava às nossas influências e, mesmo sem querer parecer pedante, e em que Aorlhac soa como Aorlhac! Pareceu-me ouvir instrumentos tracionais (até medievais) em algumas passagens das vossas canções (por exemplo, em “Infâme Saurimonde”). São vocês que os tocam ou convidaram outros músicos para o fazerem? Utilizámos – com conta, peso e medida – sobretudo guitarras acústicas e violino nos nossos lançamentos anteriores. A sanfona (NR: também chamada viela de roda ou hurdy-gurdy) – que é tocado pela Leex, a companheira do NKS em “Infâme Saurimonde” – dá continuidade à nossa experimentação. Não me parece que seja útil à nossa música usarmos muitos instrumentos tradicionais na sua composição. Damos preferência às guitarras – que devem ser eficazes e poderosas – e só recorremos a instrumentos tradicionais, quando nos parece que isso vai valorizar a canção. Não queremos cair no exagero a esse nível. Aliás, o facto de as passagens de natureza Folk/Trad não serem muito frequentes na nossa música faz com que chamem mais a atenção do ouvinte. A dificuldade em tocar essas passagens quando fazemos concertos também nos leva a sermos comedidos, para podermos ser fiéis ao que se ouve nas gravações. O que distingue este terceiro álbum dos seus predecessores? Por um lado, tudo o distância dos outros, mas, por outro, ele tem tudo a ver com eles. Digamos que sabemos olhar para o que fizemos, para tentarmos manter uma certa coerência, tanto em termos musicais, como no que diz respeito aos temas abordados. É uma continuidade necessária. Mas, ao mesmo tempo, evoluímos. A produção é bem melhor, o nível geral da interpretação e da composição é superior os solos de guitarra vêm melhorar algumas das faixas, os vocais são mais maduros e mais variados… O espírito dos ventos é a versão madura e experiente da nossa obra! Quem vos fez a capa do álbum? De que forma ilustra ela o seu tema? Foi Stan WD, um artista talentoso que já trabalhou com muitas bandas conhecidas como Primal Fear,
Manigance, Killers, Tarja Turunen e muitos outros! Foi fácil contactá-lo, porque ele também é natural do Auvergne. O facto de trabalhar com Aorlhac permitiulhe sair da sua zona de conforto e fazer ilustrações de um estilo diferente do seu habitual, para se adaptar ao nosso género de música. Penso que a capa ilustra na perfeição a ideia de base e o ambiente geral do álbum e o mesmo acontece com os desenhos que aparecem no livrinho que o acompanha. É possível ver no artwork referências a temas das letras das canções como, por exemplo, a revolta dos Tuchins do Auvergne. Não se pode negar o facto de que os vossos temas têm muito a ver com Black Metal. - Que características dão à vossa música para que ela se adapte perfeitamente a esses temas? Não nos preocupamos muito com rótulos. Pensamos que manter-nos livres de qualquer restrição nos dá uma liberdade total, o que é condição indispensável para evoluirmos. Temos de deixar as coisas seguirem o seu caminho, sem cairmos em excessos de intelectualização e de racionalização, a pretexto de pertencermos a esta ou aquela cena musical! - Que parte cabe a cada membro da banda na composição da música? Já há vários anos que eu e o NKS somos o núcleo duro de Aorlhac. Ele ocupa-se da composição, da gravação, do som. Eu, pelo meu lado, desde este álbum, encarrego-me de tudo o que diz respeito ao conceito de base, aos textos, além da parte vocal. Não posso deixar de mencionar o Lonn, o nosso guitarrista solista, que fez um trabalho formidável neste disco, nem os nossos músicos de sessão – o Alex, no baixo, e o Ardraos, na bateria. Desta vez, também gravámos no estúdio as partes de bateria. A LADLO reparou na vossa banda e vai certamente promovê-la. - Vão fazer concertos, digressões? Onde? Sim, até já andamos a ensaiar e isso é uma das nossas prioridades. Já tivemos propostas e estamos ansiosos por fazer viver e reviver as nossas canções no palco. - Portugal faz parte do vosso itinerário? De momento, não, mas se nos apresentarem propostas, teremos muito gosto em ir tocar no vosso país! E – já que se está a falar de Portugal e para fechar esta entrevista – conhecem a cena Metal portuguesa? Os leitores não vão ficar muito zangados se eu disser que só conheço Moonspell? Facebook Youtube
18 / VERSUS MAGAZINE
O HOMEM DA MOTOSERRA Ideias tristes em horas bizarras
Devaneios do Bloco de esquerda: “É um Ben-u-ron e um saquinho de ganza, oh faz favor”.
1 9 / VERSUS MAGAZINE
Einstein disse uma certa vez: “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta.”
Sempre tive a perfeita noção que estava incluído neste número cada vez maior de pessoas cujo intelecto e discernimento rivaliza com o de uma pedra da calçada. Mas hoje, não me sinto assim! Hoje tive enquanto ser humano o melhor impulsionador de autoconfiança que se pode ter: saber que há alguém pior que eu! Eu passo a explicar. Dei de caras com a seguinte notícia: “Bloco de esquerda não quer canábis à venda nas farmácias.” “Ok....” pensei eu, “Então e como é? Só hospitais? Estava curioso porque afinal, o Bloco de esquerda é bem conhecido por aprovar o uso de ganza, perdão, canábis, para uso medicinal... e culinário, segundo já ouvi dizer (informação não confirmada). Mas se lermos a notícia encontramos a seguinte declaração: “Ao jornal “Sol”, Moisés Ferreira, deputado bloquista, argumentou que «a venda em farmácias acaba por confundir os fins - a medicinal e a recreativa».” O link da mesma é: aqui Tive de repetir para mim mesmo várias vezes a frase “a venda em farmácias acaba por confundir os fins a medicinal e a recreativa».” ... e mesmo assim, mesmo assim (!!!), não consegui perceber que actividades recreativas é que esta sábia criatura faz nas Farmácias. As farmácias que conheço são lugares sérios, onde se vai, grande parte das vezes, quando precisamos de medicamentos, e quando isso acontece nem sempre é bom sinal. Tal afirmação, leva-me a crer que o Exmº Sr. Moisés Ferreira é daqueles que tem como ideia de diversão tomar muitos medicamentos ao mesmo tempo no balcão da Farmácia, para depois ir andar muito depressa num carro com umas bonitas luzes azuis que faz “tinó ni”. Ou então jogar à roleta russa das doenças: Ir um dia inteiro para uma farmácia e ver que doença apanha. (Lamento dizer-lhe que gonorreia não se transmite pelo ar, portanto essa não vai contar. Caso seja o caso, foi de certeza noutro lugar que a apanhou). Eu tenho uma sugestão: Compre supositórios, comprimidos e solução oral de um qualquer laxante, e tome tudo ao mesmo tempo! As embalagens todas de uma só vez! Provavelmente não se diverte, mas todas as pessoas competentes que trabalham para tornar as Farmácias num espaço de saúde sério, e utentes das mesmas, sim! Oh se vão!! E essas estão em larga maioria. Ah! Mas por favor não faça isso na Farmácia. Pode fazê-lo, por exemplo, na sede do seu partido. Se eles partilham das suas ideias, quem sabe se não irão também divertir-se “à brava”? E quem sabe se toda essa limpeza não lhe fará bem, e se depois da experiência terá outra opinião sobre o assunto? Ou será que quer a canábis à venda em supermercados...para ter o acesso mais fácil à mesma? Ou será que os medicamentos que vai levantar na farmácia têm para si uso recreativo? E já chega de texto, isto porque segundo a óptica do Sr deputado estou a divertir-me à brava, pois estou num Hospital! Isto de ser picado, estar horas à espera, e ter pessoas a vomitar ao meu lado pode ser muito giro sim sr... mas não é para mim. Despeço-me livre de vómito e fezes de terceiros: O Homem da Motoserra
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In Vain
Uma grande missão Apesar do seu nome, os In Vain parecem ter uma missão bem determinada a cumprir: usar todos os meios ao seu alcance para inovar no campo da música extrema Entrevista: CSA
2018 começa bem para mim com a oportunidade de te entrevistar sobre este fantástico álbum. Estão a trabalhar duramente desde 2003. Podes falar-nos um pouco dos momentos mais importantes da vida da banda? Sindre – Antes de mais, gostava de te agradecer os elogios e o facto de teres dispensado algum do teu tempo para fazeres esta entrevista. Quando uma banda já existe há tanto tempo como nós, houve, sem dúvida, muitos momentos importantes, pelo que é difícil selecionar alguns. Mas é claro que a assinatura do nosso primeiro contrato de gravação foi um desses momentos, assim como a nossa primeira digressão. Cada vez que lançamos um novo álbum vivemos também um momento incrivelmente importante. Esse álbum – qualquer que seja – custou-nos tanto trabalho e tempo que o sentimento que acompanha o momento em que está pronto e podemos finalmente mostrá-lo não fica atrás de nenhum outro. A vossa música não é fácil de acompanhar dado combinar muitos “ingredientes”. - Quais são os elementos básicos do vosso som? A base é Progressive Extreme
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Metal. Também lá podes encontrar algum Black Metal, Death Metal, etc. Mas estamos sempre a tentar incorporar nele outros elementos, géneros, instrumentos, etc. O princípio subjacente à nossa música é que nada está fora dos nossos limites desde que soe bem (aos nossos ouvidos) e não pareça deslocado (no nosso som). - Como o exploraram nos quatro álbuns que lançaram até agora? Em todos os nossos álbuns e até nas demo, é possível detetar a nossa tendência para a experimentação. Dos solos de saxofone aos coros de índios americanos, às rosnadelas, aos solos de guitarra acústica e tudo o que pode ficar no meio. Costumam convidar outros músicos para participar nos vossos álbuns ou «Currents» foi uma exceção? Tivemos músicos convidados em todos os álbuns, portanto não me parece que seja algo novo para nós. Penso que é sempre agradável encontrar novos impulsos. Além disso, prefiro ter alguém a tocar um verdadeiro violino do que recorrer a um sintetizador e, como nenhum de nós toca esse instrumento, fazia sentido convidar alguém para o fazer. Hehe!
Quem compõe a música? O Johnar compõe as canções e depois eu e ele reunimos e fazemos uma pré-produção a partir da qual as polimos. Juntamos-lhes as linhas de voz, etc. e depois a banda vai para o estúdio gravar. E quem assina as letras? Isso varia. Neste último álbum, eu escrevi a letra de uma das canções e o Johnar encarregou-se do resto. De que “correntes” falam neste vosso quarto álbum? O título «Currents» refere-se a muitos aspetos deste álbum. Às letras que abordam as mudanças monumentais e dramáticas que caracterizam a nossa época. À própria música, com todas as suas voltas e os diferentes elementos que a compõem e que funcionam como correntes criativas que fazem o ouvinte embarcar numa viagem inesperada. E como tratam essas “correntes” nas várias canções que compõem o álbum? As “correntes” do álbum levam as canções por muitos oceanos e até muitas praias. Senta-te confortavelmente e saboreia a viagem.
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“[...] O princípio subjacente à nossa música é que nada está fora dos nossos limites desde que soe bem [...] e não pareça deslocado [...]”
Em que medida a capa ilustra o sentido que deram ao título do álbum? Quem é o seu autor? Costin Chioreanu. E fez um trabalho brilhante! Tínhamos uma ideia muito clara do que queríamos e o Costin traduziu-a na perfeição. Penso que a capa fala por si mesma. A vossa banda é uma exceção na cena Metal norueguesa ou há muitas mais como ela? Há imensas bandas de Metal fantásticas na Noruega. Mas aprazme pensar que temos algo único e que ninguém mais soa exatamente como nós. Já deram muitos concertos para promover este álbum? Ainda não, mas vamos fazê-lo em breve. Iremos para a estrada na companhia dos Orphaned Land em fevereiro/março. Apareçam para nos ouvir! Infelizmente, não temos nenhuma data para Portugal. Mas vamos fazer dois concertos na Espanha. Os vossos convidados vão tocar convosco ou vão ter de passar sem eles? Isso depende do concerto, mas lá nos desembaraçamos, quando
temos de passar sem eles ao vivo. É claro que é impossível levarmos todos os nossos convidados em digressão connosco, mas arranjamos sempre uma maneira de resolver o problema. Há alguns festivais/salas especialmente para bandas como In Vain? Tivemos muitos espetáculos especiais ao longo destes anos. São demasiados para eu me sentir capaz de escolher só alguns para referir aqui. Vão celebrar o vosso décimo quinto aniversário este ano. Pensarem em algo de especial para comemorar essa ocasião? Na verdade, não pensamos. Temos andado demasiado atarefados com este álbum. Mas, de facto, devíamos pensar nisso. Mais uma vez, obrigado pela entrevista. Espero que todos os leitores decidam tirar algum tempo para ouvir o nosso álbum. Estamos mesmo muito orgulhosos dele e esperamos que gostem de o ouvir. Vemo-nos na estrada! Facebook Youtube
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Do terror tentacular à luminosidade do espaço É entre estes dois limites que se move a arte gráfica de Jeff Grimal, ex-The Great Old Ones e mentor de Spectrale, bandas já entrevistadas nas páginas da Versus. Entrevista: CSA Photos: Jeff Grimal
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Já te entrevistei como membro de The Great Old Ones e Spectrale. Agora vou fazer-te perguntas sobre a vertente de artista gráfico, que conheço pelo menos a partir das capas dos álbuns dessas duas bandas.
ao quadro e conferir-lhe uma natureza tentacular, como se a tela fosse explodir. Esse trabalho converteu-se numa espécie de ritual. Com isto não quero dizer referirme a desenhar pentagramas e fazer feitiços! Refiro-me antes a entrar num estado meditativo, para deixar na tela o lado mais sombrio da minha personalidade. Precisei de muito tempo para me livrar dessa vertente primitiva e tenebrosa. Penso que Spectrale me ajudou muito nesse aspeto, devido à sua natureza luminosa e mais “positiva”.
Como explicas a disparidade de estilos nas capas que fazes para TGOO (estou a pensar, por exemplo, nos álbuns «Tekeli-Li» e «EOD: A Tale of Dark Legacy») e para Spectrale (por exemplo, para álbum homónimo): - Do ponto de vista do tema? Jeff – Os temas de TGOO são o oposto dos de Spectrale, portanto essa disparidade de estilos é perfeitamente normal. São dois mundos diferentes: de um lado, temos o horror abissal e tentacular, do outro, o espaço e o infinito, a vida e todas as questões que esta implica. É uma espécie de bipolaridade artística: o ying e o yang. - Tendo em conta a estética e as técnicas gráficas usadas? Como já referi, é normal fazer coisas diferentes para essas bandas, porque a sua identidade musical é completamente oposta. Para TGOO, recorri muito à pintura a óleo, usando frequentemente muitas camadas para dar relevo
Ao examinar o teu portefólio, fica-se com a impressão de que as capas que fazes para essas duas bandas acabam por definir duas linhas que adotas nos trabalhos que fazes para outros clientes. Eu diria que as capas que fazes para Omrade, por exemplo, pertencem à “linha de TGOO”, enquanto que as destinadas a Lurking e Luminance, por exemplo, estão antes associadas à “linha de Spectrale”. O que pensas deste comentário? Parece-me que tens razão. Mas não te esqueças de que, neste tipo de trabalho, tenho de ter frequentemente em conta o que me dizem. Muitas vezes, as encomendas são acompanhadas por instruções precisas. Alguns preferem pintura a óleo, outros escolhem o desenho. É raro ter uma liberdade absoluta. Tenho de me deixar influenciar pela música das bandas e pelas suas letras, mas, logo à partida, o cliente decide se quer um quadro ou um desenho.
Quando desenho, costumo usar um marcador preto e recorrer à técnica dita dotwork. Dexio aqu um link para um vídeo de demonstração: link De onde te vem a inspiração para estas duas “linhas”? Como já referi, no caso das bandas, tenho de ouvir a sua música e ter em conta as suas instruções. Quando se trata de um trabalho pessoal, deixo-me guiar pelo meu instinto, o que torna o processo muito mais introspetivo e meditativo. Sinto-me como se estivesse numa bolha, fora do tempo e do espaço. É uma espécie de “escrita automática”. Funciona da mesma maneira para a música. Sei que TGOO é muito influenciada por Lovecraft. Mas será que não podemos associar alguns das capas que fizeste para esta banda à obra de um visionário como Júlio Verne? Aceito a tua ideia, mas, na realidade, não sou fã desse escritor. No que diz respeito à literatura, os escritores que me enchem as medidas são Philip K. Dick ou Frank Herbert. Aliás, um dos meus sonhos é, um dia destes, pintar uns quadros sobre a mente doentia de Mr. Dick! Gosto muito dos teus retratos (especialmente dos de David Bowie e Alfred Hitchcock). São o produto de um momento de diletantismo ou da resposta a uma encomenda? Resultaram de um momento de diletantismo e do facto de ser fã dos dois artistas. E o que te levou a dedicares-te às artes gráficas? Tem algo a ver com uma tradição de família? Comecei a desenhar muito novo. Para dizer a verdade, nas minhas memórias, vejo-me sempre a desenhar. A minha mãe também tem fortes tendências artísticas (piano). Ela sempre me encorajou muito e motivou para eu ter aulas de desenho e aprender a
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[...] Quando se trata de um trabalho pessoal, deixo-me guiar pelo meu instinto [...] Sinto-me como se estivesse numa bolha, fora do tempo e do espaço. [...]
tocar um instrumento. Por isso, penso que, se hoje sou músico e desenhador, devo-o muito a ela. Ainda atualmente, ela é sempre a primeira a ver cada desenho que acabo e dá-me bons conselhos. Portanto, de certo modo, posso
dizer que estou a seguir a tradição familiar. Estudaste arte ou sentes-te como um autodidata? Estudei numa escola de Artes e História da Arte, em Bordéus, durante os anos 90. Tenho a impressão de que essa escola já não existe. Se assim for, é pena, porque dispensava um ensino excelente e sólido. Tive ainda a possibilidade de frequentar a Escola de Belas Artes de Bordéus, mas não a aproveitei, porque lá não ensinam desenho. Já fizeste exposições? Onde? Quando? Sim. Fiz uma super exposição/ residência artística, em maio passado, no Centro de Arte Fernand Léger, nos arredores de Marselha. Fica num local verdadeiramente magnífico, de face para o mar. Durante três semanas, dediquei-me à criação e dei aulas e, no fim, fiz uma vernissage consistindo numa performance em que, pela primeira vez, pintei acompanhado por um amigo meu que é músico. Podes ver o vídeo em youtube: link Se pudesses fazer uma espécie de “expo/split” com um ou vários
artistas gráficos ligados à música extrema, quem escolherias? E por quê? Francamente, teria imensa dificuldade em escolher! Gosto de demasiadas coisas para tomar uma decisão dessas. Inclino-me para Giger, mas ele já morreu. E porquê Giger? Muito simplesmente, porque sou um fã incondicional da sua obra. Não tenho palavras para exprimir as emoções que ela desperta em mim, é uma espécie de sentimento místico. Estava precisamente a terminar as perguntas para esta entrevista, quando li o comunicado sobre o facto de teres abandonado TGOO, que não me surpreendeu nada. Spectrale é um projeto de uma qualidade muito elevada e vai tomar-te cada vez mais tempo. Que projetos tens para essa banda e também para a tua carreira de artista gráfico? No que diz respeito a Spectrale, muito simplesmente fazer concertos e lançar álbuns. No que toca à arte gráfica, fazer exposições e continuar a progredir em termos técnicos. Obrigado pela entrevista. Facebook Jeffgrimal
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Grêlos de Hortelã Por: Victor Alves
Em ponto morto
E T F A
m ponto morto esperando por ti primavera. Tu que trazes o sabor da minha perdição, a noite. u que embalas a minha alma a minha força, senhora da minha vontade e cor do meu beijo, o repetido. azes-me esquecer a vergonha dos homens e embebedas me os olhos nos seios da mulher proíbida. rrasta de mim todo este cinzento que me envolve.
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Heavy Metal & Futebol Por: Emanuel Leite Jr.
Aston Villa “O futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes”... A coluna Heavy Metal & Futebol já falou de Steve Harris e sua paixão pelo West Ham, de Andreas Kisser e Paulo Jr. dos Sepultura e seus clubes São Paulo e Atlético-MG, respectivamente, dos Tankard e a loucura pelo Eintracht Frankfurt e homenageou Malcolm Young ao contar sobre o seu Glasgow Rangers (e também do seu irmão, Angus). Nesta edição da Versus Magazine vamos finalmente falar sobre o clube de futebol que faz os corações dos pioneiros do heavy metal bater mais forte. De quem vamos falar? Dos Black
Sabbath e do Aston Villa, clube da cidade de Birmingham do qual são adeptos Geezer Butler, Tony Iommi e Ozzy Osbourne.
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Sobre o Aston Villa O Aston Villa foi fundado em 1874 na zona de Aston, na cidade de Birmingham. O clube surgiu por iniciativa de Jack Hughes, Frederick Matthews, Walter Price e William Scattergood, que eram atletas do Villa Cross Cricketers e pretendiam criar uma nova associação para que pudessem praticar outro desporto durante o inverno. O Aston Villa é um dos membros fundadores da Football League (1888) e da Premier League (1992). Seu primeiro título nacional precede a criação do Campeonato Inglês (a Football League) e veio na temporada 1886/87 com a conquista da FA Cup (a Taça da Inglaterra é o torneio de clubes mais antigo do mundo). Em 1888, foi o diretor do Aston Villa que idealizou e criou a Football League, que viria a estabelecer o Campeonato Inglês, sendo responsável pela principal competição do futebol inglês entre 1888 e 1992, quando surgiu a Premier League. O primeiro título de campeão inglês do Villa aconteceu na temporada 1893/94. Os Villans logo se estabeleceram como um dos maiores clubes do país, conquistando até 1910 seis campeonatos nacionais e quatro FA Cups. Até 1936, o Villa era o maior campeão nacional, quando teve o recorde igualado pelo Sunderland. E apenas em 1953 é que perderia o posto, quando o Arsenal conquistou seu sétimo campeonato. Após a conquista de sua sexta FA Cup em 1920, o clube entrou em um período de decadência que culminou com sua queda para a segunda divisão nacional pela primeira vez em sua história, em 1936. O retorno à elite inglesa ocorreu em 1938, com a conquista da Second Division. Os seus adeptos, porém, esperariam até 1957 para voltarem a comemorar um título de maior grandeza, quando os Lions levantaram a sétima e última FA Cup de seu palmarés. Depois de amargurar o pior período de sua existência na década de 1970, em que chegou a ser despromovido ao terceiro escalão inglês, o Aston Villa daria a volta por cima sob o comando de Ron Saunders, que levou o clube da segunda divisão ao título de campeão inglês em 1980/81 (a última vez que o Villa foi campeão nacional). Saunders daria, ainda, início à campanha na Taça dos Campeões Europeus de 1981/82, mas foi demitido nos quartos-de-final após se desentender com a direção. Naquela edição, o Aston Villa viria a conquistar o maior título de seu palmarés, ao se sagrar campeão da Europa, após bater o Bayern de Munique por 1x0 na final disputada em Roterdão. Em 1992, o Villa foi um dos fundadores da Premier League, da qual foi vice-campeão em sua primeira edição, em 1992/93 (o Manchester United conquistou o título). Ainda seria campeão da Taça da Liga duas vezes nos anos 1990, mas o clube jamais conseguiu se manter ao mais alto nível dos grandes clubes ingleses. Na temporada 2014/15, após 23 épocas na Premier League e a 27ª consecutiva na divisão de elite inglesa, o Aston Villa foi despromovido. Atualmente, o clube ocupa a quarta posição da Championship e deverá disputar os playoffs de acesso à Premier League.
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Títulos
Sabbath foram finalmente induzido ao Rock and Roll Hall Of Fame, em 2006, Butler aproveitou a cerimónia para gritar “Up the Villa” no palco.
• 1 Taça dos Campeões Europeus (1981/82) • 1 Supertaça da Europa (1982) • 7 Campeonatos Ingleses • 7 FA Cups • 5 Taças da Liga
Tom Hanks e o Villa Tom Hanks é amigo de Geezer Butler. E graças a esta amizade e ao fanatismo de Butler pelo seu clube do coração, o lendário baixista converteu o ator também num fã do Aston Villa. O vencedor de dois prémios Óscares já foi assistir a um jogo no Villa Park, a convite de Butler.
Rivalidade O arquirrival do Aston Villa é, naturalmente, o Birmingham City FC. O dérbi é conhecido como Second City Derby, por se tratar da segunda maior cidade inglesa. O primeiro confronto entre os dois clubes aconteceu em 1879, com vitória do Birmingham City por 1x0. Porém, como os dois rivais nem sempre estiveram no mesmo escalão, só houve desde então 117 confrontos na história, com 51 vitórias do Aston Villa e apenas 37 triunfos do Birmingham City. Na Premier League, o Second City Derby só ocorreu em sete temporadas. O outro rival dos Villans é o West Bromwich Albion, clube da mesma região inglesa, West Midlands. Daí vem o nome do confronto, West Midlands Derby. E como o West Brom esteve mais vezes na elite nacional do que o Birmingham City, o dérbi da West Midlands aconteceu mais vezes do que o dérbi de Birmingham. No total, foram 145 confrontos. Também com vantagem para o Aston Villa, que venceu 68 vezes contra 47 do rival.
Dinheiro chinês Em junho de 2016, o empresário chinês Tony Xia pagou £ 76 milhões para adquirir o Aston Villa.
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Birmingham Walk of Stars A cidade de Birmingham tem o seu “passeio da fama”. Ozzy Osbourne foi o primeiro homenageado de todos, com sua estrela colocada no passeio em 2007. No ano seguinte, foi a vez de Tony Iommi ser reconhecido pela cidade natal. Geezer Butler foi homenageado em fevereiro de 2018. E onde foi a cerimónia? No Villa Park, ao intervalo de um jogo do Aston Villa. Tony Iommi esteve presente e declarou estar muito feliz pelo amigo, por saber que o clube é “parte significativa da vida” dele.
Curiosidades A ligação com o Aston Villa Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward cresceram na zona de Aston, na cidade de Birmingham. Ou seja, eram vizinhos do Aston Villa e do estádio Villa Park. A paixão pelo clube da região vem mesmo desta identidade local, algo muito comum no futebol inglês.
“Up the Villa” Geezer Butler é o mais fanático de todos eles. Quando os Black
Retorno dos Black Sabbath? O último concerto dos Black Sabbath aconteceu na cidade natal em 4 de fevereiro de 2017. Tony Iommi, porém, não descarta a possibilidade de um retorno. Porém, o guitarrista deixou claro que isso só aconteceria em uma ocasião muito especial: tem de ser para apenas um concerto e o local teria de ser o Villa Park, casa do Aston Villa.
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ALBUM VERSUS THY CATAFALQUE «Geometria»
(Season of Mist)
Intitular o seu novo álbum de «Geometria», os húngaros Thy Cataflaque não podiam estar a darnos melhor pista para o seu som: uma geometria musical perfeita, que harmoniza graciosamente diversos estilos e texturas musicais, que vão do metal, rock, jazz, folk, ambiente ao eletrónico sendo tudo condensado num Avant-garde Metal que os categoriza no planisfério metálico. Ouvir os Thy Catafalque não é ouvir música, é submergir numa experiência musical única e arrebatadora, onde cada pedaço de música está no lugar certo, na hora certa, tal como um caleidoscópio de cores, que ao rodarmos, vai-nos apresentando mais um novo padrão, o que transportado para «Geometria», significa ouvir a música seguinte e ser presenteado com mais um mosaico de peças que formam um todo musical e emocional. A mais valia dos Thy Catafalque é conseguirem juntar todas estas peças de uma forma genial, a qual faz pleno sentido e é coerente. Já há muito que acompanho o evoluir dos Thy Catafalque e a cada novo trabalho, sou sempre surpreendido pela positiva. Não há dois trabalhos iguais e não haverá atualmente banda do género mais coerente e original no mercado. O facto de cantarem em húngaro, a meu ver, é uma mais valia, não se percebe nada das letras, certo, mas a sonoridade da língua acaba por ser mais um elemento sonoro que dá corpo à mesma. Não consigo destacar nenhuma música em particular, pois cada uma tem a sua essência própria, talvez as minhas preferidas sejam “Gote”, “Balra a nap” e “Tӧltés”, simplesmente porque contêm partes de que gosto mais. Cada um(a) terá as suas preferidas. O que é verdadeiramente surpreendente é que Thy Catafalque é obra de uma só pessoa, Tamás Kátai, que assina todas as letras e músicas. Ouvir esta banda requer alguma abertura de espírito e persistência, afinal como todo o metal, e muita atenção para descobrir todos os seus segredos e a fim de serem gratificados com toda a riqueza musical que nela está contida. [10/10] CARLOS FILIPE
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CRITICA VERSUS
A L KA L OID
ANN A V O N H A U S S W O L F F
AORLHAC
«The Malkuth Grimoire» (Season of Mist)
«Dead Magic» (City Slang)
«L’Espirit des Vents» (LADLO Productions)
Depois dos suíços Virvum, os Alkaloid são outra excelente descoberta da Season of Mist: um projecto promissor formado em torno do baterista Hannes Grossmann (ex Necrophagist e Obscura) e de Morean, o vocalista dos Dark Fortress que aqui acumula funções de guitarrista. «The Malkuth Grimoire», originalmente publicado em 2015 à custa de uma bem sucedida campanha de crowdfunding (e agora reeditado apenas em vinil), dá corpo à visão artística e sónicamente abrangente dos seus mentores. Visão essa que poderíamos descrever de forma simplista (embora redutora) como death metal progressivo, mas que de facto contempla muito mais do que esse rótulo costuma sugerir. Os 15 minutos de “Dyson sphere”, por exemplo, não incluem nada aparentado com death metal, remetendo totalmente para o vanguardismo de estilo dos trabalhos de Age of Silence ou Arcturus. O irresistível “From a hadron machinist” bem como o épico “Funeral for a continent” já contêm partes rápidas death, passagens melódicas tranquilas muito bem conseguidas, solos de levantar a sobrancelha saídos das seis cordas de Christian Muenzner (outro ex-Obscura) e Danny Tunker (dos Aborted), e vocalizações limpas. A beleza e a integração perfeita dos vocais limpos é, aliás, um dos aspectos a salientar, com efeito particularmente notável no refrão de “Carbon phrases”. No geral, o álbum tem todos os traços de um trabalho exploratório, com muito experimentalismo e uma grande variedade de ideias mais ou menos originais, o que se deve certamente à fase embrionária em que o colectivo germânico se encontra. Por vezes é nesta fase – de ingenuidade – que muitas bandas criam o seu melhor. O futuro dirá se é este o caso. [8.5/10] ERNESTO MARTINS
Rebuscando ainda o notável «The Miraculous» (2015), o presente álbum da cantora sueca inicia-se, sintomaticamente, com o ofegante torpor litúrgico de um orgão de tubos do século XIX gravado em Marmorkirken (igreja de mármore de Copenhaga), até este ser resgatado por uma esmorecida batida carnavalesca que aparenta despir a componente folk do prévio trabalho. O registo vocal, continuando ainda bem sugestivo de uma Kate Bush em modo de revisitação do «The Marble Índex» de Nico, mergulha a sua habitualmente difusa luminosidade na ébria dissonância que acompanha a protofonia final de “The Truth, The Glow, The Fall”. “The Mysterious Vanishing of Electra” serpenteia com um magnetismo de pantanosa sensualidade, não inteiramente dissemelhante de uma versão demonizada do “To Bring You My Love” de P J Harvey, com as cordas vocais de Hausswolff a chicotear irascivelmente ásperas entoações banshee. São igualmente de salientar as inquietantes variações do orgão de tubos na delirante psicadelia da funesta “Ugly and Vengeful” ou na desintegrante monumentalidade da instrumental “The Marble Eye”. O álbum é encerrado com “Källans återuppståndelse” a entrangular o embalo do consolante registo “Julee Cruise” da cantora sueca nas dilacerantes cordas de um violino, no que, precocemente, se adivinha como o melhor álbum de “funeral doom” de 2018. [8/10] FREDERICO FIGUEIREDO
Após vários anos de silêncio, é gratificante assistir ao regresso destes senhores e poder ouvir a finalização da trilogia iniciada com «La Croisée des Vents» (2007) e «La Cité des Vents» (2010). «L’Espirit des Vents» conta com 11 faixas sendo um álbum relativamente longo com mais de 50 minutos. A nível lírico, os Aorlhac focam-se na Idade Média, mais precisamente em temas da sua zona de Occitania, que incluía o Sul de França, os vales Occitanos de Itália e a região dos Vales d’Aran, na zona da actual Catalunha. O álbum poder-se-ia definir como uma mistura de BlackMetal com alguns tons de folk e mesmo alguns registos mais épicos. Momentos mais rápidos, como os da primeira faixa “Alderica”, bem como belos riffs mais compassados são o que nos espera ao longo do álbum. De notar que o álbum é bastante multifacetado, sendo que a banda tende a explorar momentos épicos misturados com os acima mencionados. As vozes são agressivas e denotam um certo tom de desespero ao qual o uso da Língua Materna ajuda consideravelmente. De resto, nota-se que a banda continua em forma e que pretendem continuar o trilho iniciado com os dois álbuns anteriores. Em “La revolte des Tuchins” pode-se ouvir um belo lead de guitarra com blast-beats pelo meio, sendo que os Aorlhac adicionam vários elementos ao seu Black-Metal, enriquecendo-o e tornando-o único. “1802-160 Les Mefaits de Mornac” é um outro belo e rápido tema no qual a banda explora os vários aspectos da sua sonoridade, seja em passagens mais ritmadas ou em momentos mais épicos. “La Procession de Trespasses” inicia-se com um incrível riff, desenvolvendo-se em seguida numa música rápida com momentos típicos de Black-Metal. “L’ora Es Vengua” é outro tema no qual os Franceses deixam as suas raízes de BlackMetal tomar o controlo e esta é uma das faixas mais rápidas do álbum. Em resumo, «L’Espirit des Vents» é um excelente álbum com uma mistura saudável de estilos, tornando-o num registo dinâmico e diversificado. [9/10] EDUARDO ROCHA
35 / VERSUS MAGAZINE
CRITICA VERSUS
AZ ZIA RD
C H A O S TA R
«Metempsychose» (Malpermesita)
«The Undivided Light» (Season of Mist)
«Lucifer Gave the Faith» (MDD Records)
Com uma nova formação os franceses Azziard mais parecem uma nova banda, isto porque desde o último lançamento datado de 2014 foram muitas as entradas e saídas, porém a banda consegue não perder a sua identidade e personalidade, sendo que com os novos membros os Azziard atingem um novo patamar quer na sua música, quer no conceito que os acompanha desde o início. «Metempsychose» é um disco que percorre a nossa insanidade, que agarra nos ensinamentos de Jung e os incorpora naquilo que são os dias de hoje. Recorrendo a uma produção suja e negra os Azziard comprovam o que já haviam mostrado nos discos anteriores, que são uma banda que encontra nos grandes mestres do género a sua inspiração e que, de certa forma, encarna a psicose dos mesmos, sendo eles próprios humanos. Este disco é perigosamente frio e negro e uma viagem às ruas mais sombrias da mente Humana. Sendo um terceiro registo, que muitas bandas definem como o mais difícil, os Azziard conseguem provar não só a sua vitalidade, como ainda conseguem fazer um disco que respira maturidade e ambição. [7/10] NUNO LOPES
Chaostar é o projecto de Christos Antoniou, guitarrista dos Septic Flesh, que tem um talento fora do comum para criar arranjos orquestrais. Um dom que ele puxa ao máximo, não só com a excelente qualidade do que tem feito em Septic Flesh - arranjos de orquestra completa vertiginosas a completar uma música já por si de forte impacto - mas também na sua formação (Christos completou estudos de composição clássica em Londres com distinção). Chaostar existe para Christos explorar outra vertente das suas capacidades, criando uma música mais introspectiva, com passagens mais apaixonantes e dramáticas, diria eu - sempre com a componente clássica, mas aqui com uma forma avant-garde, não muito comparável a Septic Flesh. A voz de Natalie Rassoulis enriquece e complementa lindamente o que Christos pretende deste projecto, e após as várias iterações do início, hoje, este «The Undivided Light» traz uma riquesa sonora - de música mas também sons - que podemos nomear como ‘world music’ que eleva o nível e o alcance que a música de Chaostar estava a alcançar previamente. Neste trabalho não existe agressividade do mundo exterior parecendo que nos fechamos numa esfera sonora quando ouvimos os temas longos, lamoriosos, expectantes e por vezes felizes. Um trabalho muito conseguido, que é profundamente afectado pela experiência de Christos, pela longa distância que o separa do seu antecissor e por o que Septic Flesh não é. Recomendado para fãs de música introspectiva com várias camadas de complexidade, que nos faz viajar e descobrir coisas novas a cada nova audição. [8.5/10] ADRIANO GODINHO
«Lucifer Gave the Faith» é o regresso dos germânicos Corrosive aos discos em formato LP, isto numa altura em que passam 13 anos desde o último lançamento e que surge após o muito bem recebido EP «Killing Room» de 2016, que marcou, em definitivo, o regresso ao activo dos germânicos após uma separação de 4 anos. «Lucifer Gave the Faith» é também a estreia dos Corrosive para a independente MDD Records e é, principalmente, um disco marcado pela vontade de recuperar o tempo perdido. Com uma nova formação e seguindo à regra todas as leis do Death Metal «Lucifer Gave the Faith» é uma agradável surpresa exactamente por seguir essas mesmas regras. Ao longo de todo o disco somos fustigados por temas sólidos e encorpados, com muito groove à mistura e onde o feeling oldschool está sempre presente. Com uma produção eximia os Corrosive vão destilando malhas atrás de malhas e é impossivel ficar indiferente a canções como «At the Devil’s Door» ou «My Need to Kill». «Lucifer Gave the Faith» é um disco actual, acutilante e, acima de tudo, um regresso «em grande» dos Corrosive. [7/10] NUNO LOPES
C O R R O S IV E
36 / VERSUS MAGAZINE
CRITICA VERSUS
DOGMA
CR E SC E NT «The Order of Amenti» (Listenable Records)
«Reditum» (Independente)
São egípcios e claramente não renegam as suas origens, muito pelo contrário. O death metal tingido de black que apresentam neste segundo álbum (o primeiro com distribuição internacional) é pautado pelo uso de escalas e padrões rítmicos característicos do médio oriente e por sons discretos de instrumentos tradicionais do seu país. As múltiplas referências aos deuses do antigo Egipto, as pomposas introduções em toada melodramática e os ocasionais coros, remetem inevitavelmente para os Nile, embora o paralelismo entre as duas bandas termine aqui. É que a música deste jovem quarteto do Cairo (a primeira banda egípcia a concluir uma digressão europeia) não tem o grau de brutalidade nem o carácter técnico da produção de Karl Sanders. Em lugar disso, «The Order of Amenti» aproxima-se mais do death/black característico de uns Behemoth e de algum death sueco. Na sua maioria, os temas são muito dinâmicos na constante alternância entre malhas acutilantes a meio tempo, melodias épicas de tons exóticos, e descargas demolidoras de blast beats propulsionadas por uma secção rítmica telúrica, que juntamente com os guturais de Ismaeel Attallah têm o poder de ressuscitar deuses maléficos de sarcófagos milenares ainda por desenterrar. Não sendo claramente pioneiro na abordagem mística e extravagante de death metal que apresenta, é, acima de tudo, na riqueza musical acima da média do material em oferta e na visível competência dos quatro músicos, que reside a mais valia de «The Order of Amenti». Absolutamente colossal. [8/10] ERNESTO MARTINS
Apesar dos seus mais de 20 anos de existência e dois EPs, juntos com 15 anos de interregno, só volvido o ano de 2017 é que os Portugueses Dogma renasceram, ao conseguiram editar o seu primeiro LP, mesmo assim, e, infelizmente, de forma independente. O quinteto de Queluz tem em «Reditum» um sólido trabalho, posicionando-se na onda do metal gótico com uma veia bem vincada de doom, presente em todo o álbum. As músicas são dominadas pela magnífica voz da Isabel Cristina, acompanhada ou substituída aqui e ali pela potente voz de Gonçalo Nascimento, mas não fazendo estes o clássico “Beauty and the Beast”. Musicalmente, os Dogma conseguiram incutir numa ou outra música um estilo próprio que os irá, por certo, caracterizar, nomeadamente, por exemplo em “Rosa”, “Sangue & Frio” ou “Esperma de Lava”. Mas, há músicas com o tom de voz do Gonçalo que soam demasiado Moonspell, e isto é a parte que não abona muito a favor de «Reditum», pois este tipo de coisas vai imediatamente deitar por terra o excelente trabalho e fazer uma ligação imediata ao som dos Moonspell, com o famigerado “Isto soa a…”. Isto está bem presente em “Criação” e em algumas partes da grande música que é “Anjo Caído”. No entanto, esta colagem é perfeitamente perdoável para um primeiro trabalho como este e completamente passível de correcção nos seguintes que vierem. Os Dogma só têm a ganhar com isso, pois «Reditum» é uma excelente amostra daquilo que conseguem fazer. Outro facto bastante positivo é o facto de cantarem em Português. Parabéns pela escolha, encaixa magnificamente com a música, e, nos dias que correm, não acho que seja um impeditivo para triunfarem lá fora – vejam a carreira dos Thy Catafalque ou dos Silent Stream Of Godless Elegy, já que se mencionou a banda nacional mor, «Reditum» está para os Dogma como «Wolfheart» está para os Moonspell. Não é um álbum perfeito, longe disso, mas são estas imperfeições que lhe conferem uma alma própria, uma certa sobriedade, o qual será um clássico instantâneo da banda. Só resta mesmo encontrarem uma editora de renome, eu diria que os Dogma se encaixavam perfeitamente, por exemplo, numa Season of Mist… digo eu. [8.5/10] CARLOS FILIPE
37 / VERSUS MAGAZINE
CRITICA VERSUS
EL EC TR IC W IZARD
HAR A K IR I F O R T H E S K Y
«Wizard Bloody Wizard»
«Arson»
(Spinefarm Records)
(Art of Propaganda)
Os britânicos Electric Wizard dispensam apresentações. Ao longo das últimas décadas a banda tem sido aplaudida e venerada a cada novo disco. O mesmo sucede com este «Wizard Bloody Wizard» que, apesar da inevitável comparação com o disco de Black Sabbath, nos traz uma nova abordagem dos Electric Wizard. Em apenas seis faixas a banda transporta-nos para histórias de horror e bruxaria, com muito sangue (começando desde logo na capa) e com um elevado cheiro a enxofre. Sempre com as frequências em baixa, o quarteto tem neste registo um equilibrio memoravel de Doom e Sludge sem esquecer o Blues compassado e claustrofóbico que pode, em alguns momentos, criar alguma dificuldade na audição e que «obriga» a uma segunda e terceira audição, transmitindo um prazer perverso em cada escuta do disco. «Wizard Bloody Wizard» é um disco que nos sodomiza e encanta e que traz uns Electric Wizard mais tenebrosos que nunca. [8/10] NUNO LOPES
A dupla austríaca Harakiri for the Sky (HFTS) está de regresso com o quarto registo de originais...e que registo! «Arson» vem no seguimento de «III: Trauma» que foi, como os anteriores, alvo de aclamação de critica e público. Salienta-se que muito mais que Metal extremo os HFTS são músicos de uma elevada qualidade, não só músical como estética, ou não fossem eles de terras que viram nascer nomes como Mozart ou Beethoven. “Fire walk with me” e o seu piano «mágico» inicial é o prenúncio de uma ameaça extrema que, ao mesmo tempo, transporta uma estranha sensação de bemestar, mesmo que a mensagem transmitida indique o contrário. Os HFTS mostram ser uma banda com «B» grande e parecem sempre ímunes ao burburinho que gira em torno da banda. J.J revela-se um vocalista cada vez mais feroz e capaz de nos fazer estremecer as ossadas enquanto que M.S rompe os céus e derruba todos as fronteiras que se cruzam no seu caminho. Este é um disco de um fogo escaldante que vai muito além das 8 faixas que o compõem. Os HFTS são o fogo que arde incessantemente e parecem, cada vez mais, apostados em ser fogo e enxonfre e, são faixas como “You are the scars” ou “Stillborn” que nos fazem sentir que os austríacos são uma força sobrenatural. De salientar, ainda, a faixabonus “Manifesto” que termina «Arson» da mesma forma com que começou. «Arson» é fogo que arde sem se ver mas que nos queima as entranhas sem mácula. [9/10] NUNO LOPES
HOODED MENACE «Ossuarium Silhouettes Unhallowed» (Season of Mist) Herdeiros do death/doom melódico praticado nos princípios dos anos 90 do século XX, em particular pelos bastiões ingleses do género (é dizer: Paradise Lost, Anathema, My Dying Bride), os finlandeses Hooded Menace colocam neste início de 2018 o seu já quinto disco de originais e o que se pode desde logo afirmar é que «Ossuarium Silhouettes Unhallowed» é um trabalho que não envergonha, bem pelo contrário, a restante discografia dos Hooded Menace nem fica mal quando comparado com as referências atrás citadas, às quais podemos juntar outras, como Asphyx, por exemplo, ou os efémeros, mas saudosos, Enchantment. A veia melódica dos Hooded Menace encontrase extraordinariamente vincada no trabalho de guitarras e compensa muito bem o peso, oferecendo às composições uma toada melancólica que, embora sendo típica neste estilo, é executada com mestria pelo conjunto finlandês. Portanto, se podemos garantir que os Hooded Menace não desenvolvem propriamente nada de novo, a realidade é que fazem com muita competência aquilo a que se propõem. Se exceptuarmos “Black Moss”, a faixa instrumental que fecha o álbum e que está lá mais como “créditos finais” do que outra coisa, «Ossuarium Silhouettes Unhallowed» prima pelo equilíbrio e pela qualidade e não decepcionará aqueles que têm saudades dos primeiros tempos de Paradise Lost, Anathema ou Asphyx. [8,5/10] HELDER MENDES
38 / VERSUS MAGAZINE
CRITICA VERSUS
HY B O R IAN
IH S A H N
«Hyborian, Vol.1»
«Àmr» (Candlelight Records)
«Stigmata Me, I’m in Misery» (Hammerheart Records)
Se «Arktis» mostrou em 2016 alguma incursão por territórios musicais mais acessíveis, nunca antes explorados por Ihsahn, «Àmr» faz isso de forma ainda mais aberta e despida de preconceitos, chegando mesmo a aventurar-se em terreno mainstream. Mas não se alarmem: as raízes black metal do ex-Emperor continuam aqui bem vivas, tal como muitos dos traços vanguardistas que nos seis discos anteriores foram definindo a identidade a solo do músico norueguês. «Àmr» é, no entanto, um trabalho sonicamente mais abrangente. Por um lado inclui faixas intensas como “Lend me the eyes of the millenia”, que funde com mestria uma ondulante e luminosa melodia de sintetizador analógico com a mais negra das barragens de blast-beats, criando um dos temas mais dramáticos de todo o álbum. No outro extremo encontramos o rock padronizado do melancólico “Sámr”, que com pouco air-play chegará facilmente a radio hit, ou o balanceado “Twin black angels” cujo refrão piroso q.b. o tornaria um sério candidato ao festival da Eurovisão. Dentro desta larga amplitude estética há felizmente muito de notável. O progressivo “One less enemy” contém linhas de guitarra particularmente memoráveis e “In rites of passage” destaca-se pela percussão técnica do colaborador de longa data Tobias Andersen (Shining, ex-Leprous). Já “Arcana imperii” só se salva graças ao fenomenal trabalho de guitarra do convidado Fredrik Akesson, dos Opeth. Recheado de refrãos orelhudos e com mais electrónica do que o habitual, «Àmr» está destinado a projectar Ihsahn para uma audiência muito mais vasta. Para o bem ou para o mal. [7.5/10] ERNESTO MARTINS
Os primeiros segundos de “I am sick, I must die” faz-nos sentir calafrios e, apesar do aviso em “Castigate into devine apostle” não estamos preparados para o que aí vem. Isto porque os Inquisitor, fiéis a si próprios, apresentam um disco brutalmente grandioso. Seja pela dificuldade em rotular a banda, seja pela audácia da banda em misturar todas as influências num caldeirão cáustico e dissolvente. Podemos dividir este «Stigmata Me, I’m in Misery» em duas partes bem distintas, sendo que, em nenhumas delas a banda reduz os índices de intensidade e brutalidade. Um especial destaque para as guitarras de Erik Sprooten, de tão poderosas correm o risco de nos fazer sangrar as orelhas. Frio quanto baste, gélido como nunca, este é um disco que traz uns Inquisitor no topo da sua forma, seja em que género for, estes senhores são capazes de nos trucidar a alma. Talvez seja fruto de uma longa espera, porém este é um disco que volta a colocar os Inquisitor nas bocas do mundo. Um disco imperdível. [8.5/10] NUNO LOPES
(Season of Mist) Lançado em 2017, «Vol.1» foi o disco de estreia dos norte-americanos Hyborian e que vê, neste início do ano, a sua reedição pelas mãos da independente Season of Mist, o que vem provar, de certa forma, as reacções positivas a este disco. Este «Vol.1» é um disco que coloca os Hyborian no espectro Sludge/Doom. Vamos esquecer o termo Stoner, porque, apesar de algum psicadelismo e sujidade, este disco deve muito mais a Mastodon ou Kylesa do que Kyuss, ou qualquer outro nome stoner que surja. «Vol.1» é registo que, sem o ser, é uma lufada de ar fresco num género que já ultrapassou o hype e que, de há um tempo para cá, tem visto a sua popularidade invertida. Este é um disco bem conseguido e onde se percebe o investimento que a banda fez na composição e no cuidado como atacou este «Vol.I». Basta perceber os primeiros segundos de “As Above, So Below” para se perceber que «Vol.1» não é um disco qualquer, quando termina, percebe-se o motivo por todo o hype e por esta aposta da editora. Os Hyborian são a nova face do Sludge/Doom porque ouviram as bandas certas na altura certa, nós só temos de o saber aproveitar. Salienta-se a inspiração em Robert E. Howard, escritor de «Conan». Estão prontos para a batalha? [8/10] NUNO LOPES
39 / VERSUS MAGAZINE
IN Q U IS IT O R
CRITICA VERSUS
INS O LVE NCY
L IO N E C O N T I
«Antagonism of the Soul» (Send the Wood Music)
«Lione Conti» (Frontiers Music)
O território francês sempre foi terreno fértil para o Metal. Apesar de, durante alguns anos, a cena francesa se ter vetado a um estatuto underground, o país sempre foi capaz de, tempos a tempos, abanar os alicerces da nação metálica, quer seja com os Dagoba ou, como é óbvio, os Gojira. Pois bem, é neste caldeirão que o quarteto Insolvency nasce e tem, ao longo dos últimos anos, crescido a olhos vistos e para um público cada vez maior. «Antagonism of the Soul» pode ser visto como um registo com um parto difícil, porém, dois anos após a entrada em estúdio a banda apresenta um disco competente onde as referências são óbvias e notórias, porém ao escutar “Divided” (instrumental) e “Tears of the world” percebemos o porquê da demora. O quarteto quis apresentar o melhor trabalho possível e o disco acaba por ser uma agradável surpresa. Muito mais do que referir as influências, é importante salientar que a banda mostra capacidade para se «desligar» das influências e criar um disco que, sem fazer grande mossa, traz momentos que nos satisfazem. Há quem chame a esta sonoridade Modern Metal, seja lá o que isso for. Para mim este é um disco que surpreende e cujos temas de dor, solidão e, porque não, desespero, dão a força e o alento que tantas vezes se procura no silêncio. «Antagonism of the Soul» e os Insolvency são a faceta da nova vaga do Metal francês. [7.5/10] NUNO LOPES
Quando dois vultos do power metal Italiano se juntam, dá isto, um excelente álbum de Metal na mesma veia que estes dois senhores nos têm presenteado ao longo das suas carreiras. Alessandro Conti é o cantor da banda Trick or Treat, mas é principalmente conhecido pela sua participação na banda Luca Turilli’s Rhapsody. Pelo seu lado, Fabio Lione é o vocalista original dos Rhapsody e actualmente o vocalista dos Rhapsody of Fire, acho que não é necessário dizer mais nada. Este álbum não é fruto de uma nova banda iniciada por estes dois colossos italianos da voz, mas sim, um projecto da editora Frontiers Music, o qual se insere na mesma onda do que já fez anteriormente com Allen/Lande o projecto com Russell Allen and Jorn Lande. A ideia aqui é a mesma, dar um punhado de boas músicas a dois excepcionais vocalistas. Feitas as apresentações relativas ao projecto Lione/Conti, vamos à música. E aqui, o que me aprese dizer é que este é um trabalho honesto e bem conseguido de power metal Italiano, mas sem acrescentar nada de novo ou grandioso, onde as 10 músicas desfilam com grande naturalidade e homogeneidade. O álbum foi escrito e produzido pelo Simone Mularoni dos DGM, o qual conseguiu criar uma excelente dinâmica entre os dois cantores. É esta dinâmica junto com o lado bombástico das músicas que faz o interesse deste projecto. «Lione Conti» é um álbum bem conseguido e bom q.b., mas que lhe falta algo para se destacar dos demais da cena em que navega. Estas músicas nas mãos das bandas acima referidas, teriam todas uma outra envoltura e corpo que as colocaria de certeza lá bem em cima na estratosfera. O material é bom, mas no final falta-lhe alguma garra. [7.5/10] CARLOS FILIPE
M A C H IN E H E A D «Catharsis» (Nuclear Blast) Segundo algumas notícias veiculadas na imprensa, a banda pretende aumentar a sua legião de fãs com “Catharsis”. O intuito será, presume-se, captar a atenção de um público não tão familiarizado com o seu estilo de música, e o próprio alinhamento do álbum indica aparentemente isso mesmo. Este novo trabalho dos veteranos californianos quase que pode ser dividido em duas fases. Na primeira apresentam faixas com melodias comerciais, outras com um som mais “rock”, baladas com uma clara influência “Country”, e inclusivamente, uma faixa com grande potencial como é “Kaleidoscope” é manchada com um dos inícios mais “pop” que ouvi numa música de metal. Ninguém pode negar que assim que soam os primeiros acordes deste “Catharsis” reconhecemos de imediato os riffs característicos e a voz rouca e rasgada de Robb Flynn. Porém, a essência não está lá. O “Groove” e potência que lhes é apanágio estão diluídos por uma pós-produção que parece ter tido como principal objectivo adaptar a sonoridade das músicas a um público não afecto ao metal. Finda uma primeira sucessão de faixas que se podem caracterizar como um misto de experimentalismo e autocontrolo, os Machine Head parecem querer enveredar por uma direção mais sua, em consonância com o que têm vindo a fazer. Contudo, apesar de todos os elementos necessários à sua redenção estejam em teoria presentes, a sonoridade continua muito aquém do que seria necessário para tal. Há excelentes composições que são, infelizmente, conspurcadas por secções intermédias mal conseguidas que cortam o ritmo e retiram originalidade à canção. Estamos a falar de um álbum eclético, mas incoerente. A preocupação exacerbada em “suavizar” o som típico da banda descaracterizou o álbum, deixando-o sem alma e fazendo-o cair na banalidade. O resultado final está muito distante de tudo aquilo que os verdadeiros fãs (eu incluído) idealizavam, isto claro, tendo em conta a sucessão de trabalhos de grande qualidade que os Machine Head tinham vindo a lançar. [4/10] IVO BRONCAS
4 0 / VERSUS MAGAZINE
CRITICA VERSUS
MA S TE R’S HAM M ER
MELECHESH
«Fascinator» (Jihosound Records)
«As Jerusalem Burns... Al’Intisar» (Vic Records)
Arautos do experimentalismo na segunda vaga de black metal (bem presente no controverso hermetismo do álbum «Šlágry»), assim como uma das mais antigas e emblemáticas bandas do género a emergir da Europa central, com as enigmáticas libações dos clássicos «Ritual» e «Jilemnický Okultista», o conjunto checo continua a empalidecer as limitações cromáticas do género com o atual «Fascinator». Imaginemos os Mothers of Invention possuídos pelos Bathory num delírio medieval de beladona. O presente trabalho continua a tendência desenvolvida após a rutura de mais de uma década de silêncio com o álbum «Mantras» de 2009, sintetizando a inclemência dos riffs com a bombástica sinfonia das teclas e militância da percussão (salientando os retumbantes tímpanos de Silenthell). Os solos são reminescentes do heavy metal dos anos 80, conferindo alguma eloquência à bizarra primitividade das encantações eslavas encarquilhadas na garganta de Franta Štorm (num alucinado mix de Abbath e Attila Csihar). Mantêm-se algumas sugestões eletrónicas que não desconfiguram a simetria do álbum, ajudando a cimentar o seu lugar na lógica progressiva da discografia da banda. Revelam-se, contudo, notórias as desencantadas vocais femininas que surgem, pontualmente, numa espécie de torpor pós-orgásmico, cuja dissonância chega, curiosamente, neste universo paralelo, a incrementar o poder nostálgico de «Fascinator» pela época faustosa do catálogo da Osmose Productions. [7.5/10] FREDERICO FIGUEIREDO
Esta é a terceira ou quarta reedição do lendário álbum de estreia dos Melechesh desde que o original viu a luz do dia no Inverno de 1996, em Israel. Por essa altura o auto-intitulado Mesopotamian metal que a banda viria a desenvolver nas duas décadas seguintes, e que hoje lhes confere uma identidade sónica sui generis, ainda estava numa fase muito incipiente, confundindose com o black metal furioso e blasfemo da escola escandinava do inicio dos 90s. «As Jerusalem Burns... Al’Intisar» foi o que bastou para despoletar uma polémica tempestuosa com grupos religiosos ultra conservadores em Jerusalém, facto que viria a precipitar a emigração definitiva de Ashmedi e Moloch para a Holanda. O resto é a história de sucesso que se conhece. Apesar da abordagem crua e da produção primitiva a condizer com o estilo estridente de black metal, este primeiro álbum (que vem aqui acompanhado com liner notes exclusivas do punho de Ashmedi) documenta bem as primeiras experiências da banda com percussões étnicas e escalas arábicas registadas com o melhor efeito em temas como “Assyrian spirit”, “The sorcerers of Melechesh” ou o interessante titulo-tema do disco. “The siege of Lachish”, original do EP homónimo (que viria a ser re-gravado no álbum seguinte, «Djinn»), aparece aqui como bónus, ilustrando a introdução dos coros masculinos que se tornariam recorrentes nos trabalhos posteriores. Quem desconhece este primeiro opus dos Melechesh tem aqui uma nova oportunidade para descobrir como tudo começou. [6.5/10] ERNESTO MARTINS
4 1 / VERSUS MAGAZINE
M O U R N F U L C O N G R E G ATI ON «The Incubus of Karma» (Osmose) O subgénero que dá pelo nome de Funeral Doom é um pouco como a prostituição: há quem odeie e queira ver a prática erradicada, a bem da moral e dos bons costumes, e há quem ame de tal maneira que vai lá todos os dias, ou pelo menos enquanto a saúde o permita... Os riffs arrastadíssimos, a atmosfera pesadona, soturna e profundamente deprimente, tudo isto associado a faixas que se estendem ad aeternum, geram estas reacções muito particulares de amor/ódio, ao ponto de dificilmente se encontrar um estilo, dentro do metal, mais propenso a divisões entre a comunidade. Ora, os australianos Mournful Congregation são uma das mais valiosas instituições do Funeral Doom, sempre com um patamar de qualidade invejável nestes mais de 20 anos que contam. E este disco de 2018, «The Incubus of Karma», é mais uma tentativa de suicídio bem sucedida: da introdução com “The Indwelling Ascent” até à final “A Picture of the Devouring Gloom Devouring the Spheres of Being”, que ultrapassa os vinte minutos de duração, os australianos desfiam ambientes que deixam o ouvinte à beira do sufoco, onde não há descanso sem ser na faixa-título, um instrumental que, embora emotivo, não alcança o grau de devastação emocional que tem lugar no resto do álbum. Porém, este sufoco de que se fala é tão aprazível e, paradoxalmente, reconfortante que não se apela a ajuda ou salvação. Como dizia o poeta, natural do Porto, Rui Costa (cuja morte permanece um mistério, embora tudo indique suicídio – isto está tudo ligado!), “há coisas demasiado belas para não serem tristes”. Frase que assenta na perfeição a esta entrega dos Mournful Congregation. [8/10] HELDER MENDES
CRITICA VERSUS
OL D MO TH E R HELL
O L D T O WE R
ORPHANED LAND
«Old Mother Hell»
«Stellary Wisdom» (Profound Lore Records)
«Unsung Prophets & Dead Messiahs»
(Cruz Del Sur Music) À primeira audição deste disco, ainda sem saber muito sobre estes Old Mother Hell, não desconfiei de forma nenhuma que este era um trabalho de estreia! Os germânicos, praticantes de um heavy metal que rotulam de epic doom metal, lançam de forma homónima um conjunto de seis canções com boas características e que cativam logo à primeira audição. A verdade é que a sonoridade aqui registada remete precisamente para algo saído da década de 80. A forma como soam a bateria, baixo, o registo vocal e a guitarra são autenticamente old school. Este sentimento está certamente ligado à forma como o disco foi registado. Tal como eles próprios descrevem: “três músicos, bateria, baixo, guitarra e uma sala de ensaios gigante”. Seis músicas gravadas em formato ao vivo que totalizam 34 minutos de descarga de pura energia. Queriam soar em disco como se de um concerto se tratasse e assim o conseguiram de facto! Diria também que o epic doom dos Old Mother Hell não tem receios de pisar o acelerador e estes brindamnos com verdadeiros momentos de heavy metal tradicional. Para exemplo ponha-se a rodar o tema de abertura, “Another war”, ou o tema título a fechar. E para exemplo da fação mais sentenciosa do disco destacaria como bom exemplo o segundo tema do disco, “Mountain”. Refrões épicos, sem dúvida, melodias gloriosas, alternância entre momentos lentos que se arrastam e movimentações mais aceleradas…estas são as principais características que permitem que os Old Mother Hell se destaquem pela positiva neste primeiro trabalho editado. [7.5/10] EMANUEL RORIZ
Dungeon synth na esteira dos trabalhos instrumentais do período de enclausuramento de Burzum, Wongraven e Mortiis. Num subgénero que promiscua a faceta mais meditativa do dark ambient com a estética e estrutura low-fi do black metal, o projeto do músico holandês conhecido por “The Specter” não prima pela originalidade. Tal não chega, contudo, a comprometer a autenticidade da crepitante nostalgia evocada pelo presente (oitavo) registo de uma discografia de trabalhos de abreviada duração. Em meia hora dividida por duas faixas de lívida primitividade imbuída na melancolia das obscuras notas de órgão e sintetizadores, somos embrenhados numa circunspecta viagem pela fecunda massa de silêncio que suspira entre as estrelas num firmamento de abandono. A misteriosa entidade holandesa permeabiliza os sentidos em oníricos painéis, fazendo tenebrosos séculos segredar na humidade cavernosa do sono purificado. São ressuscitados embriões de ancestralidade num álbum que reanima os fantasmas do corpse paint e parafernália bélica medieval, fazendo esta emotiva e sincera oferenda rivalizar com os melhores trabalhos do subgénero. [7/10] FREDERICO FIGUEIREDO
(Century Media) Os israelitas Orphaned Land são muito mais que uma banda. São, possivelmente e (quase garantidamente) um porta-estandarte de um país que, desde que me lembro, vive no caos e na guerra. No entanto a banda parece estar sempre imune a toda a poeira, literal, que gira à sua volta e insiste em mostrar o outro lado. O lado mistico da música oriental, a sensualidade e, algures, alguma semelhança com o fado, isto porque em «Unsung Prophets & Dead Messiahs» os Orphaned Land conseguem ser o verde, a esperança e a revolta. A música pode, de facto ser um escape e uma arma. Os Orphaned Land são o que se desconhece, são o grito surdo que ecoa na sua música. Ora doce, ora agreste. Assim é este 6º registo dos israelitas. «The Cave» é, nos seus cerca de 8min. o inicio de uma jornada que tem, também, em «In Propaganda», «Like Orpheus» ou «Take My Hand». Começam a deixar de existir palavras para definir os Orphaned Land e «Unsung Prophets & Dead Messiahs» é mais um passo em frente de uma banda única. [8/10] NUNO LOPES
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CRITICA VERSUS
S H INING
V IRV U M
WIC H S W U T
«X – Varg Utan Flock» (Season of Mist)
«Illuminance» (Season of Mist)
«Wichswut» (Music’s Not For Everyone)
Assombroso! É esta a primeira palavra que vem à cabeça quando «X – Varg Utan Flock» o novo registo dos suecos Shining. Já sabemos, está comprovado, que a banda não baixa a fasquia de intensidade mas, ao mesmo tempo, consegue implementar outras nuances e sonoridades, fazendo de qualquer disco destes senhores objecto de grande surpresa e admiração. O que temos aqui é um conjunto de canções frias como gelo e penetrantes como um qualquer prego com ferrugem, porém, em tantos outros momentos, o gelo derrete e somos aquecidos por momentos estranhamente deliciosos. O maior elogio que se pode fazer a estes temas é que nenhum se destaca, fazendo deste registo um acto de devoção por qualquer melómano. Acima de tudo, o que banda consegue fazer é uma amálgama de géneros que não conseguimos descrever, mas pode ser qualquer coisa com Progressivo pelo meio. Assim como Igorrr o faz, também os Shining apresentam as novas coordenadas para a música pesada. «X – Varg Utan Flock» é um disco Assombroso! Não me canso de o dizer e escrever. Um sério candidato a disco do ano 2017 ouvido em 2018. [10/10] NUNO LOPES
Apesar do crescente número de lançamentos de death metal progressivo a surgir no mercado, este continua a ser um género pouco popular. Só isso pode justificar a relativa indiferença demonstrada pela generalidade das editoras face à edição de autor de «Illuminance», que em Setembro de 2016 aterrou com estrondo nas plataformas digitais. O disco, que tem agora uma edição à altura, é uma daquelas raras estreias que não deixa dúvidas quanto à genialidade dos músicos envolvidos: dois guitarristas que impressionam pela destreza técnica e o sentido original de melodia (um deles integrou a formação ao vivo dos Fallujah), um baixista virtuoso que se salienta a cada passo, e um baterista que deslumbra com a sofisticada malha rítmica que produz. Mas é especialmente como unidade criativa que a banda de Zurique se destaca da concorrência. A sonoridade esmagadora e as tiradas rápidas características do death metal reservam amplo espaço para divagações melódicas de contornos entre o jazzy e o neoclássico, passagens atmosféricas de feeling sci-fi e uma profusão de detalhes indescritíveis que transbordam de cada tema. Os leads de guitarra, feitos de acordes planantes que se erguem nos ares, não escondem a vénia subliminar ao mestre Schuldiner ou ao legado dos Cynic, influências estas que se integram com perfeição no estilo moderno do colectivo. «Illuminance» contém, talvez, o melhor tech death progressivo publicado em 2017, deixando grandes expectativas quanto ao próximo trabalho dos Virvum (que está já na forja). Mas mesmo reconhecendo o talento prodigioso da banda, a verdade é que não vai ser fácil superar um disco fenomenal como este. [9.5/10] ERNESTO MARTINS
A abrir com um tom de sirene e com uma toada groovy de baixo e bateria, os Wichswut apresentam-se assim em “Sinner”, a primeira faixa do seu novo registro. Os leads de guitarra ajudam a hipnotizar o ouvinte em conjunção com a voz distorcida de Eddie Chebbie, no que nos indica que estamos perante um muito bom álbum de postrock. Em “Guns” é a guitarra a comandar desde o início com excelentes leads e com toda uma montanha sonora de sintetizadores. Os Wichswut compõem um rock groovy, decadente e assentes em excelentes melodias com bastantes samples misturados para criar uma parede sonora dissonante mas hipnotizante. É fascinante assistir como os Wichswut conseguem pegar em várias misturas, desde o puro rock de um Iggy Pop, a um certo psicadelismo nas guitarras típico de alguns estilos mais progressivos, e criar algo único. O terceiro tema, “Bica”, tem uma pulsante batida com uma toada a roçar o electrónico simulado, e berros fulminantes lá para o fim do tema. “Spacekrieg” inicia-se com umas vozes dissonantes que de seguida dão lugar a um pulsante ritmo de baixo e bateria, cortesia de Lucian Busse e Lars Deutrich, com os típicos leads orelhudos de guitarra de Sascha Niemann enquanto Eddie explora as suas vozes em conjunto com alguns samples bastante interessantes atirados para o meio do tema. “Lass Mich”, tema final do EP, é talvez o mais calmo de todos mas nem por isso, o menos psicadélico. O tema assenta numa batida sedutora e cuidadosos leads enquanto que as vozes exploram terrenos um pouco exóticos. Em conclusão: um excelente EP, com tons bastante negros e degradantes, ou não fossem os Wichswut originais de Berlim. [8/10] EDUARDO ROCHA
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...do coração «Nexus» seria tudo aquilo que Steve Howe, como pai, desejaria. No entanto, a tragédia abateu-se sobre a família e as músicas assumiram um significado ainda maior. Virgil faleceu deixando o legado nas mãos do pai. Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro Tradução: Hugo Melo
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Sendo pai, esta é provavelmente a entrevista mais difícil que já tive de fazer. Espero estar à altura do desafio. Por isso as minhas primeiras palavras são: as minhas sinceras condolências. Muito obrigado. Esta música é a mais fantástica e bonita que já tive a oportunidade de ouvir desde há muito tempo. Soam como notas que saem directamente do coração. A música de Virgil foi sempre assim? Er, não. As melodias dele sempre foram muito boas, mas esteve sempre envolvido com outras bandas e estilos de música muito diferentes da de «Nexus». As três ou quatro bandas onde estava envolvido arrastavam-no para aquilo que achavam ser o apropriado e estava na moda. Apenas com o «Nexus» ele consegue um estilo musical puro, livre da influência de outros membros. Anteriormente tocaste com o Virgil em álbuns a solo, mas parece-me que «Nexus» é o primeiro que fizeram juntos. Como musico como foi trabalhar com ele no «Nexus». Não consigo falar destes assuntos assim por e-mail, seria necessária uma conversa. Portanto o “como foi” é muito vago… «Nexus» foi o resultado de nove melodias retiradas de uma pilha de músicas de piano de Virgil. Posso assumir que há mais músicas que possam trabalhar. Têm planos para trabalhar com as restantes músicas do Virgil? Nem todas as músicas são conhecidas, mas sim muitas são semelhantes ao estilo de «Nexus». Vai depender das vendas deste e das várias considerações das editoras. Os nomes das faixas quase todas se relacionam com o espaço e com o universo. Quem deu o nome às músicas? Qual é a relação dos nomes com a música? As ideias dos títulos vieram essencialmente do Virgil, poucos foram da minha autoria e, por alguma razão estão todos relacionados com o espaço. Gosto que haja um tema central nos títulos das faixas. É divertido dar nomes à música instrumental, porque mais ou menos vale tudo. É possível desassociar a parte técnica da parte que advém do coração e dos sentimentos? Possivelmente não, estão ligadas e suportam-se uma à outra. Embora em 2018 os Yes celebrem os seus 50 anos, em Abril li numa entrevista que há pouca possibilidade de uma reunião dos Yes. Entretanto houve algum desenvolvimento relativamente a esta questão? Não
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Mesmo não havendo reunião, têm alguma coisa especial preparada para este aniversário? Talvez um novo álbum…? Claro que temos ideias para as digressões. Mas neste momento não vou dizer mais nada.
Apenas com o «Nexus» ele consegue um estilo musical puro, livre da influência de outros membros.
Na minha opinião o Steven Wilson é um génio musical, um autêntico feiticeiro, resmaterizado, se não me engano, três álbuns dos Yes. Que pensas do trabalho dele? O que difere estes álbuns dos originais? O trabalho do Steven é extremamente bom. Se pensas que são diferentes então ele não terá feito um bom trabalho. Acredito que eles apenas são diferentes em alguns tons, mas passaram ambos por um processo digital de mistura. Apenas este ano os Yes foram inscritos no Hall of Fame, tendo de esperar 50 anos. Porque é que levaram tanto a tempo a serem presenteados com esta honra? (acredito que mereciam mais cedo). Er, não tivemos grande voto na matéria. Os HoF decide quem e quando. Rick Wakeman fez grande um discurso. Algum comentário? (ri-me ao ouvi-lo…) Engraçado??? Eu diria doentio. Robert Plant disse recentemente que, no que diz respeito à música, não deveríamos viver no passado porque há muito boa música por aí. Achas que o (puro, genuíno) rock está como que… morto? Oh por favor, o rock não acabou. Isso é um assunto demasiado vasto. Estou feliz por tocar em qualquer altura as cenas antigas de Yes & Asia, porque não é a única coisa que toco. Eu escrevo música nova para me manter actualizado.
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Profetas a uma só voz O metal oriental dos Orphaned Land está de volta com “Unsung Prophets & Dead Messiahs”, na forma de mais um grito pela paz e entendimento entre os povos. Neste novo registo espalham novamente a sua mensagem ao longo de temas memoráveis, mantendose fiéis aos seus propósitos e com uma musicalidade ainda mais profunda e progressiva. Ouçam esta voz que fala pelo médio oriente, através da conversa que tivemos com o multi-instrumentista Chen Balbus. Entrevista: Emanuel Roriz & Eduardo Ramalhadeiro Tradução: CSA Fotos: Zoharon Photography
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[...] não compomos música para agradar a ninguém, nunca! 51 / VERSUS MAGAZINE
Musica
Eduardo/Emanuel - Olá Chen, é um prazer conhecer-te, ainda que virtualmente. Obrigado pelo teu tempo. Este álbum é fantástico, logo uma excelente razão para pôr Orphaned Land na capa do próximo número da Versus. Eduardo – Como estão os fãs a reagir a «Unsung Prophets & Dead Messiahs»? Antes de mais, obrigado pela entrevista. Até ver, penso que este álbum ultrapassa tudo o que fizemos até agora – e as reações são extraordinárias! Nos últimos tempos, tenho recebido muitos comentários e mensagens e estou imensamente feliz por ver como este álbum tem sido bem aceite por todo o lado. Essa resposta é ainda mais significativa, se pensarmos no muito que a banda trabalhou e no tempo que gastou para o criar. Emanuel – Neste álbum, sinto a abordagem da música pesada típica de Orphaned Land, mas, ao mesmo tempo, parece-me que a música revela uma finalidade mais profunda. Concordas com esta afirmação? Concordo em absoluto, porque não compomos música para agradar a ninguém, nunca. Tentamos manter-nos fiéis ao que sentimos, apesar de sabermos que há pessoas que gostariam que este álbum fosse um «Mabool2» ou um «Shara2». Isso nunca irá acontecer. Hoje somos pessoas diferentes. Penso que o que aconteceu foi que conseguimos pegar em tudo o que havia de melhor em todos os seus antecessores e unir esses elementos num único álbum grandioso em que aparece tudo o que Orphaned Land tem para oferecer. Eduardo – Algo que captou mesmo a minha atenção foram as partes orquestrais que ainda enriquecem mais a música. São tocadas por uma verdadeira orquestra ou sintetizadas? É a mesma orquestra que tocava em «All Is One». Chamamos-lhe “The Orphaned Land Oriental Orchestra”, porque ocupam um lugar extremamente importante na nossa música. Nenhum sintetizador poderia replicar a sua mestria. Eduardo – Há uns anos atrás, fizeram um concerto acústico aqui em Portugal. Dado que a vossa música é perfeita para ser tocada com uma orquestra, já pensaram em fazer um álbum especial em que isso acontecesse? É uma ideia que já nos passou pela cabeça muitas vezes e iremos certamente concretizá-la um dia destes.
Título...
Emanuel – Consigo lembrar-me facilmente de vários Messias mortos. Mas quem são estes “Unsung Prophets”? Os que representam a voz da razão, que falam da paz, que proclamam a aceitação e defendem a unidade. Tentaram sublevarse contra a grande máquina, mas foram eliminados. São pessoas como Victor Jara, Martin Luther King e outros do mesmo jaez. Sempre que alguém tenta revolucionar o mundo, acaba por ser assassinado. Eduardo – Este álbum é concetual? Conta uma história, do princípio ao fim, baseada na “alegoria da caverna” de Platão, o filósofo grego. Para abreviar, reflete sobre o facto de – até aos tempos que correm – as pessoas preferirem permanecer nas trevas, independentemente de estas não serem mais do que mentiras e exercerem uma péssima influência. Sentem-se bem assim e não estão a pensar em contestá-las. Eduardo – Onde vão os Orphaned Land buscar a inspiração para as letras? As nossas letras tratam dos mesmos temas desde o primeiro dia: a vida quotidiana no Médio Oriente e o que vemos acontecer no mundo em geral. Falamos do ódio, dos anos infindos de guerra para conquistar terra, por uma fé e por outros objetivos ridículos. A música é uma voz que defende a paz, por isso nos servimos dela para falar do que verdadeiramente se passa aqui. Esperamos que as pessoas abram os olhos e vejam o que está realmente a acontecer – e nem sempre é o que mostram nos jornais ou na TV.
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UNSUNG PROPHETS & DEAD MESSIAHS OUT NOW!
The pioneers of Oriental Metal are back with their new and strongest album ever! Featuring guest appearances by Hansi Kürsch (BLIND GUARDIAN), Tomas Lindberg (AT THE GATES) and Steve Hackett (ex-GENESIS) Available as Ltd. 2CD Mediabook in Slipcase incl. “Orphaned Land & Friends” bonus CD, Gatefold 2LP+CD with LPBooklet, Jewelcase CD and as digital album
Out on March 16 th!
Gunfly is the musical solo outlet of Rikard Sjöblom, the multi – instrumentalist madman behind the microphone of the now legendary BEARDFISH Expect incredible vocal range, intensely personal lyrics, Sjöblom’s signature sense of complex-yet-catchy keyboard melodies and a guitar work that spans the spectrum of folksy to downright face melting.
THE BA NISHED HE A RT OUT NOW! The new masterpiece of Houston, Texas based progressive metal sensation! Available as Gatefold 2LP+CD, Jewelcase CD and digital album.
OUT NOW!
MARK OF THE NECROGRAM From the sulphurous depths of hell Necrophobic ascend with their strongest and most evil album to date. This is real Swedish Satanic blackened death metal. Available as CD, deluxe LP (with gatefold cover, double-sided poster, 180 gram vinyl and 4-page inlay), digital album as well as strictly limited box set (with Digipak CD, five photo cards, patch and Necrogram pendant).
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“
Mais vale ter algo que vai fazer história do que dinheiro que não serve para nada. Adoramos a música do Steve [...] Hansi, ele é uma espécie de Orfeu.
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...e capa
Eduardo – Qual é o sentido subjacente à capa de «Unsung Prophets» e de que modo se relaciona com a música? É um álbum cheio de ira, um álbum de protesto contra tudo o que tem acontecido no Oriente e no Ocidente. O artwork simboliza o modo como a máquina governa o mundo, representa o olho que está sempre a vigiar-nos e as armas que estão sempre apontadas a todos nós, tudo isto num fundo da cor de uma nota de um dólar. Reflete a história que queremos contar às pessoas e que diz respeito ao mundo e à própria humanidade.
Raízes da música oriental 55 / VERSUS MAGAZINE
Emanuel – É agradável constatar que não abandonaram as vossas raízes tradicionais, tanto em termos musicais como no que diz respeito às letras. O facto de alguns textos serem escritos em Hebreu torna tudo muito mais intenso. Gostariam de usar mais a vossa língua ou parece-vos preferível escrever numa língua mais universal como o Inglês para fazer chegar a mensagem a mais gente? A nossa ideia de base no que toca a compor música e a cantar é que vale tudo o que ficar melhor. Tudo nas canções tem de estar ao serviço dos seus objetivos e, por vezes, uma língua pode ser uma forma de exprimir algo diferente. Cada língua tem a sua própria música, de tal modo que algumas pessoas não conseguem pronunciar palavras noutra língua que não seja a sua devido a problemas como o sotaque. De qualquer modo, acabamos por escrever quase tudo em Inglês, mas – se a canção o pede – podemos recorrer a outra língua que fique melhor. Eduardo – ...Mas, em 2011, Johanna Fakhry [NR: famosa bailarina de dança do ventre] protagonizou um “incidente” que envolveu as bandeiras de Israel e do Líbano. Recuando 7 anos, como veem esta ação? Têm alguma coisa a lamentar? Assumimos total responsabilidade por tudo o que fazemos. Todas as nossas ações visam um bem que se sobrepõe a tudo e fazemos questão em mostrar ao mundo de que forma as coisas são percecionadas aqui e o que TEM de mudar. São temas que interessam mais do que as vicissitudes de Kim Kardashian.
Eduardo – Parece-vos que a atribuição desse prémio a Bob Dylan pode ter alguma influência na possibilidade de Orphaned Land vir a ser um possível candidato ao Prémio Nobel da Paz? É possível! Talvez olhem para nós um dia destes. Este mundo nunca deixa de me surpreender. Emanuel – O que significaria para a banda receber esse prémio? Francamente, não teria muito significado. Quer dizer, seria agradável ter esse prémio na nossa Wall of Fame, mas isso não mudaria nada no mundo. Estamos muito longe de cumprir a nossa missão. Esperamos que, se isso acontecer, confira maior grandiosidade à nossa mensagem e a torne mais conhecida. Emanuel – Têm alguma história interessante a contar a propósito da união que a vossa música procura promover? Mais do que uma. Com Orphaned Land, estamos sempre a encontrar pessoas que se estão a borrifar para diferenças de crenças e de visual. Reconhecem que somos todos humanos unidos por um mesmo objetivo: apreciar a música, a nossa música. Isso acontece em todos os nossos concertos.
Prémio Nobel
Eduardo/Emanuel – Estão constantemente a lançar petições para que Orphaned Land seja nomeada para o Prémio Nobel da Paz e Bob Dylan ganhou o Prémio Nobel da Literatura. Pois. Bob Dylan é um gajo porreiro!
Video
Eduardo – Outra coisa que até dá arrepios é o vídeo oficial que fizeram para “Like Orpheus” – baseado numa história verdadeira – e a mensagem subjacente a ele. Penso que esse material define na perfeição a essência de Orphaned Land: um instrumento de pacificação e unificação através da música. Concordas com esta opinião? Completamente! Imagina que isso é o que se está a passar no mundo inteiro e as pessoas não conseguem perceber que - independentemente das nossas crenças, do que usamos/lemos, da forma como nos vestimos – somos todos humanos e vivemos todos no mesmo planeta.
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Convidados
Emanuel – Neste álbum aparecem dois músicos de renome, duas vozes de referência no seu estilo. O que levou a esta participação? Sempre gostamos de colaborar com artistas que admiramos (que, atualmente, são nossos amigos). Quando andámos em digressão com Blind Guardian, fizemos amizade com o Hansi [Küsch] e queríamos que ele viesse a fazer parte da história da nossa banda. Na altura, ainda não sabíamos que história seria essa, mas, mais tarde, conseguimos identifica-la. Quanto a Mr. Thomas Lindberg, telefonamos-lhe para lhe pedir que nos concedesse a graça de podermos usar a sua voz na nossa música. Emanuel – Essas parcerias têm um valor especial para a banda? Imagina-nos muito mais novos do que somos agora, a ouvir esses músicos. Nós também somos fãs de música. E, de repente, eles são nossos amigos e participam na nossa música. Isso dá-te uma sensação de realização inigualável. É como um sonho que se torna realidade. Eduardo – Por que escolheram Steve Hackett e Hansi Kürsch para essas faixas? Compuseram “Chains Fall to Gravity” e ”Like Orpheus” a pensar neles? O Kobi participou no álbum de Steve Hackett e ele perguntou-lhe se queria ser pago ou receber em troca um solo num dos nossos álbuns. A resposta foi fácil de encontrar, como hão de imaginar. Mais vale ter algo que vai fazer história do que dinheiro que não serve para nada. Adoramos a música do Steve e esta faixa era a indicada para ele. Sempre o imaginámos a tocar nela. Quanto ao Hansi, ele é uma espécie de Orfeu. De acordo com a mitologia grega, Orfeu cantava tão bem que encantava a terra e o que a rodeava. Para nós, o Hansi é “Like Orpheus”!!!
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Todas as nossas ações visam um bem que se sobrepõe a tudo e fazemos questão em mostrar ao mundo [...]
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Bandeiras Nacionais Emanuel – Cada vez que vou assistir a um concerto de Orphaned Land, em Portugal ou no estrangeiro, fico maravilhado por ver todas aquelas bandeiras nacionais hasteadas durante o espetáculo. Já é uma espécie de tradição nos vossos concertos. As pessoas costumam reagir positivamente? Os nossos concertos são sempre interessantes de ver, algo que não encontras todos os dias. Portanto, acho que conseguimos algo. Sempre que tocamos, perguntamos às pessoas de onde vêm e elas acabam por perceber que estamos todos lá pela mesma razão e que podemos divertir-nos todos juntos. Não há qualquer necessidade de nos bombardearmos e odiarmos uns aos outros.
Concertos
Emanuel – Ainda há algum lugar, país, cidade onde gostariam de tocar ao vivo? Há algum sítio que Orphaned Land veria como especial? Seria espantoso podermos tocar nos países que fazem fronteira com Israel. Infelizmente, não nos aceitam neles, embora também lá tenhamos muitos fãs. É completamente idiota que as pessoas da Síria ou dos países árabes tenham de apanhar um avião para a Turquia ou a Alemanha para assistir a um concerto nosso, quando bastariam algumas horas de carro. Eduardo/Emanuel – E foi com grande alegria que recebemos a notícia de que Orphaned Land vai estar no Vagos Metal Fest… de novo! Vemo-nos lá! Vamos arrasar. Disso não tenho menor dúvida! Vemo-nos por lá!
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Divagações Metálicas... Música Surda
... e por vezes, quando o silêncio da vida se agita perante os nossos olhos e damos liberdade à imaginação. é aí que entra a música surda, aquela música que só tu ouves enquanto ouves tudo o resto. Já me aconteceu, vezes sem conta, estar perdido entre música que só passam pela cabeça enquanto nada há a fazer! O engraçado é que são músicas que, muitas vezes, nem sei o nome das bandas... é aí que a aventura começa! O que ainda é mais engraçado é que, sendo Metal, Rock... ou algum dos seus derivados, é dificil encontrar alguém para dizer que se está com um ataque de música surda. A sério, por vezes a minha cabeça parece uma daquelas jukebox perdida no deserto da Route666 tal a panóplia de sons e cadências que por ali andam! Muitas vezes a música surda remete-nos para o passado, aquelas que surgem do baú. Assenta a nostalgia, a saudade. O amor que foi e já não o é! A banda que já não é! O silêncio de vozes que nada mais são do isso mesmo...o pó! O mesmo pó que leva a saudade de tempos que não vivemos mas que, de alguma forma, recriámos. A nossa maneira. A música surda instala-se. A noite já caiu há a muito. Meto a última ficha na jukebox e coloco os meus headphones. Rompe-se o silêncio da música surda.
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Playlist Carlos Filipe
Imperial Age - The Legacy of Atlantis Pantera - The Great Southern Trendkill Pantera - Far Beyond Driven Therion - Beloved Antichrist Luciferian Light Orchestra - Luciferian Light Orchestra Wallachia - Monumental Heresy Thy Catafalque - Geometria
Cristina Sá
Azagatel – SOL Urze de Lume – As Árvores Estão Secas e Não Têm Folhas Ad Hominem – Napalm for All Autokrator – Hammer of the Heretics Ar Bard – Armorica Glorior Belli – The Apostates Thy Catafalque – Geometria Orphaned Land – Unsung Prophets and Dead Messiahs
Eduardo Ramalhadeiro
W.E.T. – Earthrage Bon Jovi – New Jersey Kino – Radio Voltaire Melvins – Pinkus Abortion Technician Dogma - Reditum
Emanuel Leite Jr.
Ernesto Martins
Hallows Eve - Death and Insanity Exhorder - Slaughter in the Vatican Vorbid - Mind Agrimonia - Awaken Orphaned Land - Unsung Prophets & Dead Messiahs
Frederico Figueiredo
Miles Davis - Bitches Brew Tales of Murder and Dust - Hallucination of Beauty Eliane Radigue - Trilogie de la Mort Anna von Hausswolff - Dead Magic Dead Can Dance - Into the Labyrinth Jozef van Wissem - Nobody Living Can Ever Make Me Turn Back
Gabriel Sousa
Queensryche - Operation:Mindcrime Angra - Angels Cry JoanOvArc - Ride Of Your Life CoreLeoni -The Greatest Hits - Part I John Norum - Total Control
Ivo Broncas
Corrosion of Conformity - No cross no Crown Dead Cross - Dead Cross Lamb of God - The Duke Godsmack: When Legends Rise
Unsung Prophets & Dead Messiahs - Orphaned Land Beloved Antichrist - Therion Vida: The play of change - Imago Mortis
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Devagar se vai ao longe Ao invés de clamarem por uma completa revolução de álbum para álbum, os franceses Eryn Non Dae afirmam avançar lentamente, mas de forma segura. Ouçam para crer! Entrevista: CSA
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Olá, Mickäel! Vou começar por te perguntar o que significa o nome da banda. Mickaël – Olá! A banda chamou-se End. entre 2001 e 2009. A ideia era conservar as letras E. N. D. para fazer a ligação com o nome anterior. Mathieu – A bem dizer, Eryn Non Dae não significa nada. Tivemos de mudar de nome, quando assinámos com a MetalBlade, na altura em que lançámos «Lernaïa», porque eles entendiam que End. (o nosso antigo nome) era demasiado “discreto”, ideia de que não discordo. Assim, tivemos uma semana para dar cabo da mioleira a tentar encontrar um nome novo e, depois de muitas tergiversações, decidimo-nos por Eryn Non Dae. Tinha um ar enigmático, misterioso, pelo que nos pareceu adequado. Já agora, posso também dizer-te que um fã de J. R. R. Tolkien, na net, nos informou de que, na língua dos elfos, Eryn Non Dae poderia significar “um grito sombrio na floresta” ou algo semelhante… Afinal de contas, este nome tem tudo a ver connosco. E por que escolheram um nome tão estranho? [É verdade que chama a atenção, mas também é difícil de reter.] Mathieu – O nosso antigo nome – END – conotava algo de realizado, acabado, dava uma sensação de plenitude. O que me agrada mesmo neste nome é que, quando alguém nos pergunta por ele, vemos logo o interesse que a pessoa tem pela resposta que lhe dás: se a pessoa fingir ter compreendido, percebes que é algo que não lhe interessa para nada; se te pede para repetires, porque fica surpreendida pelas cinco sílabas de ressonância latina difíceis de memorizar (lol), mostra interesse. O facto de ser difícil de reter gera uma espécie de atração, mesmo que não digas logo qual é o género
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de música da banda. Continuo a dizer: o que é sensacional neste nome é que é verdadeiramente enigmático. Pode ser difícil de reter, mas, uma vez memorizado, fica na cabeça. Quanto mais tempo passa, mais me congratulo pela nossa escolha. A vossa música é tão estranha como o nome da banda, de uma forma muito positiva. Como descrevem o vosso som? Que nome poderiam dar ao som de Eryn Non Dae? Mickaël – A banda já não está habituada a falar de géneros musicais: vemo-los apenas como imagens. Queremos que a nossa música seja sombria, intrigante, exigente e imersiva. Assim, provavelmente utilizaríamos referências diferentes para a caracterizar, tendo em conta o interlocutor, para sermos compreendidos. Mas, globalmente, os adjetivos que já apresentei correspondem à forma como vemos a nossa música. Além disso, também me parece que, à medida que o tempo passa, se torna cada vez mais evidente que as características da nossa música dependem exclusivamente das nossas personalidades, com todos os seus desvios, as suas demandas e os seus desejos. Quanto à designação a dar à nossa música, no fundo aspiramos a chamar-lhe apenas “música”, porque nos parece que todos esses rótulos são maçadores e só servem para orientar as pessoas que não se interessam verdadeiramente pelo que fazemos. E, se calhar, diremos apenas que se trata de Metal. Como evoluiu o som da banda ao longo dos quatro álbuns que já lançaram? Mathieu – De modo espontâneo e sensível, seguindo o ritmo da evolução de cada membro da banda. Tivemos a sorte de, ao longo destes 15 anos, termos
conseguido levar as pessoas a respeitarem-nos e encontrar um equilíbrio, o que constitui a essência da nossa entidade. Mickaël – Posso acrescentar que esse equilíbrio musical se foi criando de forma verdadeiramente progressiva. Não há grandes alterações, de álbum para álbum, mas cada pequena novidade – seja um som, um tipo de voz, um arranjo – abre uma nova porta ao que se vai seguir. A cada álbum novo, exploramos cada vez mais a nossa “paleta de cores”. E que processo(s) usam para compor a música para cada um dos vossos lançamentos? Mickaël: Até agora, eram quase sempre o Yann e o Franck, os nossos guitarristas, que traziam o material para a sala de ensaios. Depois trabalhávamos juntos as canções até que estivéssemos completamente satisfeitos com elas, o que poderia demorar seis meses ou mais, para algumas das faixas… Para «Abandon of the Self», procedemos de forma diferente. A maioria das canções saiu de sessões de trabalho em que participámos eu e o Julien, o baterista. Muitas vezes, até surgiram a partir de demos quase concluídas que eu preparava sozinho em minha casa, antes de as apresentar à banda e depois ao Mathieu, para ele definir as linhas de voz. Algumas faixas nunca foram ensaiadas antes de serem gravadas, o que é completamente fora do usual para nós. O método que usámos na criação deste álbum trouxe uma certa frescura ao nosso processo de composição. Agora sabemos que podemos alterar os métodos e penso que isso nos fez muito bem! Quem escreve as letras que o Mathieu tem de “cuspir” em cada álbum? Mathieu – Eu sou e sempre fui o único responsável pelas letras malfazejas da banda desde 2004 (lol). A bem dizer, para mim nem poderia ser de outra forma, já que considero que o trabalho do cantor não consiste exclusivamente em vociferar para o microfone. Mesmo pensando que a voz pode ser considerada como um instrumento, sinto que as palavras têm muita importância: exprimem uma emoção, transmitem um sentimento. E eu nunca poderia “cuspir” palavras que não tivessem sido escritas por mim. Aliás, agradeço-te teres usado o verbo “cuspir”, porque é exatamente isso que eu faço: cuspo as minhas emoções… Eu vivo cada palavra que escrevo. A escrita é para mim um processo longo e doloroso, porque vou buscar as ideias ao âmago de mim mesmo e é apenas depois de uma longa introspeção que consigo transformar em palavras as emoções que, à partida, surgem espontaneamente… Faço parte do grupo dos vocalistas que assumem a música da sua banda como uma terapia.
alma… Dei-me conta, não vai há muito tempo, de que falava muito de perdição, de solidão e do facto de que é difícil para mim encontrar o meu lugar neste mundo… Apesar de – como toda a gente – aspirar à serenidade, à paz interior, tenho de reconhecer que continuo a ser uma pessoa sombria e que ainda guardo muita raiva em mim. Por outro lado, quando estou a escrever, não posso deixar de pensar que os males que me atormentam e me perturbam estão presentes em todos os seres humanos. Baseio-me em mim, no que sinto, nos meus medos e depois “universalizo”. Foi o que aconteceu neste álbum, nomeadamente. Estou bem consciente de que o que eu vivo nele é universal, é experimentado por todas as pessoas… Aliás, é a primeira vez que me abstraio do meu prisma e me encontro a falar na primeira pessoa do plural. A ideia de base, o conceito subjacente a «Abandon of the Self» é simples: aprende a pôr de lado o teu ego, aprende a abandonar-te, a esquecer a tua personalidade, para poderes ver a vida e o mundo de forma mais universal.
Não há grandes alterações, de álbum para álbum, mas cada pequena novidade [...] abre uma nova porta ao que se vai seguir.
Quais são os vossos temas preferidos? Mathieu – De um modo geral, continua a ser o lado tenebroso da alma humana: na realidade, da minha
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O que é que em «Abandon of the Self» se assemelha aos álbuns que o precederam? Mickaël – Penso que é o facto de se tratar da mesma banda e também de – apesar de termos querido mudar muitas coisas – usarmos os mesmos instrumentos (guitarras, bateria, etc.). Portanto, admito – sempre com uma pontinha de hesitação – que este novo álbum segue a linha dos anteriores, mas com o seu lote de surpresa e de evolução. E o que o separa deles? Mickaël – Ora bem! Essencialmente, o método de composição que usámos e ainda pequenos contributos dados pelo recurso a sons eletrónicos, à mudança de afinação. Tem um lado mais “essencial”, há muitas passagens e momentos nas canções em que pretendemos desembaraçar-nos de tudo o que é supérfluo. Isso pode parecer estranho a quem não conhece a banda, mas os que conhecem bem a nossa música compreenderão este “emagrecimento”… Quem é o Mobo ? Porque trabalham com ele desde o início? Mickaël – Foi a primeira pessoa que nos propôs gravar os nossos trabalhos, em 2003 ou 2004. Não fizemos nenhuma promessa de trabalhar sempre com ele, mas até agora ele sempre soube tirar o melhor da banda. Mesmo quando saímos das nossas respetivas zonas de conforto, daí resulta sempre algo interessante. Gravar um álbum é um processo longo e bastante complexo para nós e ficarmos fechados juntos esse tempo todo torna-se sempre agradável graças ao Mobo. É um verdadeiro psicólogo, sempre positivo, que sabe entender-se na perfeição com todos nós e criar um ambiente ao mesmo tempo produtivo e descontraído. Temos muita sorte em poder trabalhar com ele e, por conseguinte, voltamos a escolhê-lo para este álbum. Atualmente é muito simplesmente um amigo. E isso vai ser sempre assim? Mickaël – Quem sabe? É sempre tentador trabalhar com amigos, pisar terreno conhecido, mas também tenho consciência de que mudar de pessoa pode trazer algo de novo. Pessoalmente, gosto de trabalhar com pessoas diferentes. Por exemplo, tentámos fazer gravação ao vivo num estúdio com um outro amigo para preparar as demos de algumas das canções de «Abandon of the Self», algo que nunca tínhamos feito com esta banda e aconteceu algo de especial. Não temos o hábito de trabalhar assim, mas esta experiência trouxe-nos muitos ensinamentos e é muito interessante comparar essas gravações ao vivo com as que fizemos para o álbum. Não é de descartar a hipótese de voltarmos a experimentar essa via um dia destes… Portanto, a ideia de experimentar coisas novas está sempre no nosso espírito, procuramos apenas fazer as melhores opções em cada momento.
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Sei que te encarregaste da parte gráfica deste álbum. Foi assim para os outros? Mickaël – Não. Para «Meliora», limitei-me a pintar as imagens criadas pelo Romain Barbot, mas foi ele que fez todo o trabalho de conceção gráfica. Em «Hydra Lernaïa», o Romain fez tudo. No EP, usámos uma foto de uma amiga da banda. Porque decidiste fazer o artwork para este álbum? Mickaël – Porque senti que tinha chegado o momento de assumir essa responsabilidade. Discutimos longamente os textos com o Mathieu e eu tinha a certeza de que iria ser capaz de criar imagens adequadas a eles. Também era mais fácil aproveitarmos a energia que nos foi guiando ao longo da criação do álbum do que seria mergulhar novamente no conceito mais tarde, para dele extrair uma interpretação que passaríamos a um terceiro. Todas as fotos que ilustram o álbum foram feitas num fim de tarde, entre duas sessões de gravação, portanto estávamos “mergulhados no álbum até ao pescoço”! Acredito piamente que há uma linha que liga todos os elementos, que foi um processo contínuo e constante. Foi também uma forma de levar tudo o mais longe possível, sem ter medo de ficar sem dinheiro ou de nos faltar o tempo. Como associas a capa que criaste ao conceito de base do álbum? Mickaël – A capa foi inspirada por uma frase da letra que o Mathieu criou para “Fragment” e que diz: “What we all seek by fragments, the connection between our body, mind & soul”. Na realidade, nós tínhamos uma ideia muito precisa do que queríamos pôr na capa do álbum e esta imagem não fazia parte das nossas opções, mas ela impôs-se a nós, gerando aquela faísca de imprevisto que tanto nos agrada. Não é uma imagem que represente ou ilustre algo, é uma espécie de eco do momento em que os temas do álbum – tal como foram criados pelo Mathieu – se manifestaram e não apenas do ponto de vista estético. E foi por essa razão que a escolhemos. Também trabalhas para outras bandas (como artista gráfico)? Mickaël – Às vezes, acontece, mas apenas o faço para amigos. Posso criar capas, imagens para t-shirts, flyers. É uma faceta da minha atividade que sempre me fascinou e que gostava de explorar mais, mas, de momento, falta-me o tempo… Fazem concertos e participam em festivais? Que planos têm para promover a banda e o álbum ao longo de 2018? Mickaël – Voltámos a dar concertos no mês passado. Fizemos um, na Bélgica, com várias bandas, entre as quais Dodecahedron e Zhrine. Há mais de um ano que não dávamos nenhum concerto. Vamos participar num pequeno festival na Suíça – o Toxoplasmose
Festival – e estamos a tentar arranjar outras datas para promover este álbum. Também queremos fazer um vídeo para «Abandon Of The Self». Com que bandas vão tocar? Mickaël – Para já, com Svart Crown, Rosetta e outras de que não me lembro de momento. É provável que venhamos a partilhar o palco com Dodecahedron mais vezes. É uma coisa a ver! A vossa editora associa-vos a bandas que eu conheço como Gorguts, Nero di Marte ou ainda Gojira. Identificam-se com elas? Mathieu – Além de termos partilhado o palco com as três, é claro para nós que fazemos parte da mesma esfera. Talvez estejamos mais perto de Nero di Marte, dado que Gorguts é mais Death Metal e Gojira mais… mais Gojira! Lol! Mickaël – Sim, é verdade que sentimos mais afinidades com Nero di Marte: a nossa composição tem uma estética semelhante. Gostaríamos muito de partilhar datas com eles no futuro. Aliás, também com Gorguts. Falar de identificação é ir longe demais. Digamos que nos parece coerente porem-nos na mesma
Queremos que a nossa música seja sombria, intrigante, exigente e imersiva. [...] as características da nossa música dependem exclusivamente das nossas personalidades
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categoria, o que não acontece com muitas outras bandas, penso eu… Quem veem em França que possa seguir a mesma linha que Eryn Non Dae? Mathieu – Oh, no que toca a isso, parece-me que há outros que seriam mais capazes de responder a essa questão. Há uma banda amiga chamada Hacride (talvez conheças) que é mais ou menos do nosso género. Mickaël – Hacride sim. A associação com eles assenta no termo “progressivo”, mas o estilo deles parece-me um pouco mais “moderno”. Enfim, não sei explicar bem. Por exemplo, no que diz respeito à produção, sei que há muitos fãs de uma das bandas que também são fãs da outra, mas penso que Hacride se assemelha mais ao Metal moderno do que nós… mas são boa gente! E no estrangeiro? Mickaël – Lá volta Nero di Marte à baila. Não é fácil sentir afinidade com outra banda, quando se pertence a uma cena tão variada. Quero eu dizer que, se fôssemos uma banda de Hard Core ou de Heavy Symphonic, se tivéssemos um estilo mais definido, seria mais fácil integrarmo-nos numa comunidade. Assim, sentimo-nos um tanto isolados. Apesar de conhecermos muita gente, devido à nossa experiência que já é longa e também porque alguns de nós tocam noutras bandas, sentimo-nos nitidamente fora do circuito, de certa forma. Portanto, pensar em grupos na nossa linha no estrangeiro centra-se essencialmente na vertente musical. Estou a pensar, por exemplo, em Neurosis de há uns anos atrás, que é uma influência para alguns de nós. Poderia também referir Ulcerate, devido à sua vontade de levar a violência mais longe nos ambientes. Devo estar a esquecer bandas pertinentes, mas estas são as que me ocorrem de momento como tendo aspetos em comum connosco do ponto de vista musical. Li algures que já tocaram em Portugal. Ainda se lembram disso? Mickaël – Claro que sim! Tocámos muito em Espanha e tentámos muitas vezes ir a Portugal. Acabámos por participar no Bracara Extreme Fest, no SWR e ainda fizemos um concerto no Porto. Esses concertos deixaram-nos boas recordações, porque fomos muito bem acolhidos e nos deram condições boas para tocarmos! Voltaríamos a fazê-lo de boa vontade! Como é que os meus compatriotas reagiram à vossa música? Mickaël – Oh, como nos outros lados. Quando não se conhece a nossa música, há sempre uma reação de espanto e de incompreensão. Penso que é preciso algum tempo para compreender onde queremos chegar e cada vez que tocamos comporta algumas surpresas…
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ANTRO DE FOLIA
Por: Carlos Filipe
O título do Antro desta versus bem podia ser “A Fórmula do Mexicano”, pois, o filme que serve de base, A Forma da Água (The Shape of Water, 2017) é mais um ponto de chegada do seu realizador, Guillermo del Toro, do que um ponto de partida para uma carreira de sucesso, uma vez que este magnífico filme é o culminar de uma longa caminhada de um cinema peculiar que só este realizador sabe a fórmula. O que ele conseguiu com este filme, foi aperfeiçoar a sua fórmula, o seu cinema de autor, e, realizar, produzir e escrever uma obra cinematográfica que mostra todo o seu cinema na perfeição, toda a sua mestria na sétima arte. Culmina assim, numa obra ímpar que seduziu muita gente e conquistou os membros da academia e do cinema americano. Tendo desta forma, os seus pares premiado este filme com 12 nomeações e 4 estatuetas, também mundialmente conhecidas por Óscares. Mas afinal, do que trata este filme? Na base da história está a relação entre um ser anfíbio, descoberto num pântano da América do Sul nos anos 60 e trazido para um complexo militar Americano em plena guerra fria e uma senhora da limpeza muda. Aí, o ser é mantido num tubo de água nas catacumbas do complexo e utilizado para experiências pelo estado Americano. No mesmo complexo, que tem de ser mantido limpo tal como em qualquer empresa, circula a senhora da limpeza, surdamuda, que irá desenvolver uma relação com o ser anfíbio, ser este que parece ter saído directamente do filme dos anos 50, O Monstro da Lagoa Negra (The Creature from the black lagoon, 1954) mas actualizada na personagem Abe de hellboy. Não será por acaso esta semelhança, sendo no primeiro caso uma homenagem e no noutro o aproveitar em causa própria de uma excelente ideia. A partir daqui a história só pode seguir um único caminho... O especial deste filme é a criação de uma fábula, no relacionamento entre dois seres distintos que não conseguem comunicar verbalmente, num ambiente invertido onde os supostos perfeitos são na essência os monstros e aqueles que aparentemente o são ou são rejeitados pelo sistema, são na realidade os verdadeiros heróis da história. A Forma da Água é um filme onde os valores trocam de posição, num período da história onde a América é vista com a “América Ideal”. A heroína deste filme representa uma face oculta desta América, uma América que vive à margem do sistema, dado que é uma rapariga que vive sozinha, empregada de limpeza numa base governamental, surda-muda e que vive num prédio em que os vizinhos se encaixam igualmente nesta rejeição social. Já há muito anos que conheço o cinema do “grande” Mexicano. O primeiro filme que vi dele foi Mimic (1997). Um filme da Miramax, estúdio dos Weinsteins, que nos anos 90 ganhou reputação e nome, com os seus filmes oscarizados como Pulp Fiction(Tarantino, 1994) e amplamente nomeado como o Carteiro de Pablo Neruda(Massimo Troisi, Michael Radford, 1995) entre outros, logo, um filme devido à sua temática, encomendado ao realizador que tinha dado nas vistas com o seu primeiro filme Cronos (1993). Este filme tal
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A Forma do Mexicano como mais tarde Pacific Rim (2013) não são verdadeiras obras do autor pelo que têm de ser vistas à parte da sua filmografia. No caso de Mimic, a realização foi dificílima, pois del Toro não estava habituado a interferências artísticas, tendo na altura o próprio Quintin Tarantino – Companheiro da atriz principal do filme Mira Sorvino – mediado o relacionamento entre realizador e os Weinsteins, pelo que a experiência não podia ter corrido senão mal. Felizmente, em 2006 saiu em DVD um “director’s cut” deste filme que repõe alguma justiça ao mesmo. Além de ser conhecido por ter desenvolvido a adaptação muito pessoal ao cinema de Hellboy (2004 e 2008), num tempo em que as adaptações de BD não eram sinónimo de sucesso imediato, ou de ter realizado o sombrio, mas bem conseguido, Blade II (2002), onde algumas das ideias aqui introduzidas foram utilizadas na série The Strain (2013-2017), a qual durou 4 temporadas, Guilherme del Toro tem um conjunto de filmes magníficos que são o cerne da sua carreira, pois como filmes de autor, ele assina quase tudo de relevante, que o colocam ao nível dos melhores da sua categoria: o cinema fantástico e de horror. Estes são filmes que têm sempre algo de fantástico, de mágico, de sobrenatural, sempre com uma abordagem, um ponto de vista singular, que transforma uma simples história em algo extraordinário e com um ângulo interessante, que lhe confere aquele lado de fábula imaginativa e emocional. Se pudéssemos resumir a obra de Guillermo del Toro seria como uma fábula fantástica e emocional para adultos.
Assim, tal como disse no início deste antro, há uma sequência de filmes que levam até à Forma da Água, sendo este o culminar de toda uma vida dedicada ao cinema. O primeiro filme que inicia esta escada cinematográfica é Nas Costas do Diabo (El Espinazo del Diablo, 2001) produzido por Pedro Almodôvar, um thriller sobrenatural passado em plena guerra civil espanhola, onde uma criança chegada a um orfanato vai descobrir o trágico segredo que está gravado no seu ambiente com a ajuda de uma criança, o jovem Santi, que pauta o filme com o seu espectro fantasmagórico. Este filme é importantíssimo, pois, del Toro tinham vindo de uma rodagem infernal com Minic, e, este filme abriu-lhe as portas para Blade II e os dois Hellboy. É aqui que começa a verdadeira génese do seu cinema. O próximo filme a destacar é o supremo o Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006). Se Nas Costas do Diabo é um excelente filme, este, é uma obra prima. Este é uma emocionante fábula para adultos num exercício visual impressionante. Estamos em 1944, no seguimento da sangrenta guerra civil espanhola. Ofélia vai viver
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ANTRO DE FOLIA com o padrasto, um tirano militar fascista, onde armada da sua imaginação, vai descobrir o misterioso labirinto onde encontra um fauno que lhe vai ajudar a reaver a sua verdadeira identidade e revelar o seu destino secreto. As fronteiras entre a realidade e fantasia começam a esbater-se, e, Ofélia vê-se a braços com uma feroz batalha entre o bem e mal. O fauno, símbolo da ambiguidade, é um guia da força da natureza, podendo ser tão criativo como destrutivo. O que del Toro fez com a Forma da Água foi pegar na essência fantástica do Labirinto do Fauno e criar uma história igualmente impossível, numa fábula moderna, aperfeiçoando o carácter da mesma, a fim de suplantá-la a todos os níveis, evidentemente com duas histórias ímpares e díspares uma da outra, e assim criar o filme que suplanta a sua obra prima anterior. O grande Mexicano com esta extraordinária carreira, conseguiu talhar um nome no meio cinematográfico, sendo-lhe oferecido vários projectos para fazer como Pacific Rim (2013) ou Crimson Peak: A Colina Vermelha (2015), tendo mesmo participado no desenvolvimento do Hobbit(2012) de Peter Jackson, onde assumiu os comandos quando del Toro saiu de cena por não conseguir focar-se no projecto por este ir alocar alguns anos da sua vida, e assim, não teria realizado o filme da sua vida, A Forma da Água. O nome é de tal forma de peso, que associado a qualquer outra produção é sinónimo de qualidade, de algo que irá ser bem feito e interessante, e que não é de estranhar pois insere-se no seu universo fantástico horrorífico. São todas estas vertentes do mundo do cinema que tornam determinado indivíduo num autor, num realizador de culto. Del Toro ainda não utiliza a máxima de associar o seu nome ao nome do filme, tipo “Guillerme del Toro’s…”, mas não anda muito longe. Um dos pontos que faz um autor é ter os seus actores fetiche. No caso do Mexicano estes são dois: Doug Jones e Ron Perlman. Doug Jones é o mestre dentro do fato dos “monstros” dos seus filmes, isto é, o fauno, o Abe e o ser anfíbio da Forma da Água – A personagem não tem nome. Doug Jones é uma instituição no que respeita incorporar “o homem dentro do fato”, e o facto de ser alto (1,92 m) e magríssimo, tem tudo a ver. Ron Perlman é outra história, pois quando chega às mãos do grande Mexicano já tem uma carreira notável. Quem não se lembra dele como “Salvatore” no Nome da Rosa (Jean-Jacques Annaud, 1986) ou em a guerra do Fogo (Jean-Jacques Annaud, 1981), tenho aterrado no cinema de del Toro no seu filme de estreia Cronos, seguido por os dois Hellboy como personagem principal, o qual teve de lutar para impor o seu actor!
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do restelo para o mundo transpusemos a ombreira da humanidade numa fuga vertiginosa para o que os velhos (é sempre assim) chamam abismo. é nessa profundidade contudo que as candeias se acendem e os caminhos ei-los: a época produz os homens necessários. somos uma massa universal feita de milhões de passados somos uma colmeia de gigantes uma montanha de corações nas mãos numa nave levada por todos os braços vogando sobre o dorso do cosmos rumo ao sol do futuro. 7 6 7/6 VERSUS / VERSUS MAGAZINE MAGAZINE
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Vive(R) «Life» é o mais recente álbum dos Jono, o primeiro desde que assinaram pela Frontiers. Um exemplo de sobriedade e como deveria ser um álbum de Hard-Rock Melódico. Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro Fotos: Mats Ek Tradução: Hugo Melo
Olá aos dois e obrigado pelo vosso tempo. «Live» é espectacular… vai directamente para o topo da minha lista de 2017. A vossa biografia que acompanha o álbum diz que a vossa música é difícil de definir. Podes dizer-nos quem são vocês e porque é que a vossa música não é simples de definir? Johan Norrby - Muito obrigado! Eu não acho que a nossa música seja difícil de definir, é Hard-Rock Melódico com algumas “texturas” sinfónicas. Isto é a forma como eu vejo. Porquê é que se decidiram por este título e qual o conceito subjacente? Johan: A ideia do título veio na sequência dos nossos álbuns anteriores: «Requiem» (Morte), «Silence» e agora «Life» (Vida). Não é um conceito, mas uma ideia que vai fluindo. Stefan: Tem algo grandioso e lindo Olhando para os membros da banda: Johan N., Nicka (que também toca nos Within Temptation) e o resto dos músicos que são muito talentosos e experientes, fazem dos Jono um supergrupo? (risos) Stefan - Supergrupo! Se quiseres podes o considerar dessa nesses termos, de qualquer das formas, eu não o consigo. No entanto, estou muito orgulhoso do que conseguimos, da nossa sonoridade e da forma como tocamos juntos…
acho que é algo que não se vê todos os dias. A propósito, o Nicka tocou bateria no «The Unforgiven», mas não é um membro dos Within Temptation. Os Jono são um projecto paralelo ou tem a intenção de os tornar um trabalho a full-time? Johan Norrby – Há cinco anos que os Jono são o meu projecto principal. Nos álbuns anteriores foste o principal compositor. Presumo que o mesmo tenha acontecido com este «Life». Quais foram os contributos da restante banda? Johan Norrby – Sim, isso é verdade, eu escrevi todo o material para este «Life». Posteriormente, em grupo, efectuamos os arranjos. Mas as coisas não são assim tão simples. Só o facto de estares num grupo é inspirador, sabendo que o Stefan consegue elevar as guitarras a um outro nível, que o piano lírico de Johan C consegue marcar o tom em qualquer álbum, o tocar de baixo cheio de groove do Janne, a bateria energética do Nick e o desempenho sempre preciso e técnico dos ritmos do Leo. «Silence» é descrito como tendo “melodias fortes, elementos de uma atitude mais progressiva e uma produção cheia”, enquanto que a «Requiem» é descrita como tendo “melodias fortes e uma produção bastante dinâmica e quente”. Tenho um grande
problema porque só consegui ouvir o «Life» e não consegui ouvir os outros álbuns. Peço desculpa! Como defines «Life» e quais são as principais diferenças dos álbuns anteriores? Stefan Helleblad – À partida, nunca planeamos gravar um álbum com “este ou aquele tipo de músicas”. O Johan N trás o novo material para os ensaios e nós desenvolvemolo. Assim deu-se que no «Silence» tivemos músicas mais curtas e directas que em «Life», onde estas ficaram mais longas. Agarramos no que achamos que é nosso melhor material e gravamo-lo. «Silence» teve um estilo de musicas que me fez ir por uma sonoridade mais seca, enquanto que em «Life» quis seguir um som um pouco mais longo. «Requiem» foi um álbum onde perdemos imenso tempo a testar as coisas antes de encontrarmos o caminho que queríamos seguir. Tem alguns elementos experimentais, como por exemplo, na faixa título, o grande coro russo (que foi cantado por nós). MAS, acho que é melhor descobrires por ti mesmo :). Na nota de imprensa referem influencias que conheço bastante bem: Dream Theater, Within Temptation, Circus Maximus, Queen (e ainda os Beyond The Bridge e Meat Loaf). São estas a principais influencias que definem o som de «Life» e dos Jono? Johan Norrby – Diria que por esta altura já temos o nosso próprio
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[...] estou muito orgulhoso do que conseguimos, da nossa sonoridade e da forma como tocamos juntos…
som. Mas às vezes os que nos influenciaram brilham. Eu não ouço assim tanta musica, estou demasiado ocupado a escrever material novo. Este é o vosso primeiro álbum pela Frontiers. Como é que esta mudança aconteceu, e o que é que esperam deles? Johan – Eles entraram em contacto connosco no inicio de 2016 e chegamos a acordo por volta da Primavera. Tenho grandes espectativas. Frontires é uma grande editora para os Jono. Stefan – Concordo. Tem uma grande rede de contactos e têm a capacidade de fazer chegar a nossa musica a muito mais pessoas que nós sozinhos. Creio que gostam de nós e é por isso. Como é produzir os membros do teu grupo? Quem tem a última palavra? Johan – O Stefan fez a maior parte do trabalho neste «Life». Normalmente estamos de acordo sobre aquilo que é melhor para os Jono. Stefan – É óbvio que é muito trabalhoso, ser ao mesmo tempo membro da banda, engenheiro de som e produtor, mas temos
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uma visão similar para onde queremos ir. Adicionalmente os outros membros tem bastante fé em mim o que me permite fazer “a minha cena” antes de apresentar as minhas ideias. Nas vezes em que não concordamos, experimentamos ambas as ideias e decidimos no final. A “Crown” é uma música fantástica. Que tem esta musica de tão especial que te levou a misturar e masterizá-la? Stefan Helleblad – Pensei que era uma faixa perfeita para me divertir! Tem ao mesmo tempo elementos sóbrios e épicos. Quem é o responsável por dar o toque clássico às musicas, sendo a “The March”, o pináculo? Johan – Eu adoro musica clássica, portanto creio que a ideia inicial para uma parte clássica partiu de mim. Stefan - Johan N surgiu com a ideia e o Johan C deu, com o seu piano, o toque especial e claro que para essa música não nos podemos esquecer dos belos sons de sopro, dos metais, etc, interpretados pelos Gotlandsmusiken.
Vocês trataram de quase tudo relacionado com o som de «Life». Que acham da guerra do som (i.e. música que é mistura/gravada de forma tão alta que acaba com a dinâmica)? Stefan Helleblad – Nunca foi uma coisa boa, mas certos estilos são mais propensos que outros a uma masterização mais alta. O ponto positivo é que, hoje em dia, parece existir neste meio, uma maior consciência deste facto. Também me parece que a importância, neste estilo de música, de se optar por uma masterização mais fechada, tem vindo a ser relevada. Na “Crown”, que nome estás a chamar? Johan - Oh não... Isso é segredo. Como é que te surgiu este solo de guitarra e como é que conseguiste sacar aquele som suave de uma guitarra Jackson? (risos) Stefan Helleblad – Está tudo nos dedos! Também na guitarra, nos pickups, amplificadores, etc ;). Falando a sério, sou bastante comichoso com o meu som. A Jackson faz grandes instrumentos, por isso a tarefa foi facilitada. Dei com este solo, da forma habitual, no meu estúdio em casa. Gravo
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À partida, nunca planeamos gravar um álbum com “este ou aquele tipo de músicas”.
algumas ideias, depois volto a ouvilas para ver se gosto delas. Esta em particular levou algum tempo e algumas tentativas. Depois de pensar bem optei pela Jackson Kelly, porque estava à procura de fazer um solo com um whammy bar/floyd rose por forma a me conseguir exprimir de uma forma diferente da habitual. Quando encontro alguma coisa que gosto, começo a construir a partir desse ponto e, passado algum tempo, tenho um solo completo. Para mim é importante que tudo o que esteja presente tenha um sentido e um significado. Ainda agora quando esta ver o vídeo “No Return”, vi um comentário de um fã dizendo que deverias cantar nos Dream Theater. Respondi que “eras demasiado bom”, mas depois
apaguei porque “Haters will always hate...”. Mas por curiosidade… E se te convidassem para cantar para eles? (risos) Johan Norrby – Obrigado!! Nunca deixarei os Jono, mas não poderia cantar em ambas as bandas? (risos). Sim, sentir-me-ia honrado. Uma vez mais, muito obrigado pelo vosso tempo e espero vos ver em Portugal! Johan: Obrigado!! Esperamos tocar para vocês em breve. Stefan: De nada. Facebook Youtube
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(Su)Posições - Hard N’ Heavy Por: Gabriel Sousa
Embirrações A crónica desta “Versus” é sobre as minhas maiores embirrações em relação ao mundo da música em geral e ao Hard Rock/Metal em particular. Ao longo dos meus tempos de fã de música (em especial de Hard Rock e de Metal) várias são as situações, definições e actuações que em causam algum urticária. Uma dessas embirrações foi largamente desenvolvida na crónica passada e é sobre a definição de “”White Metal (e o preconceito a ela subjacente) como estilo musical”. Esta é apenas uma das minhas maiores embirrações e hoje vou dar brevemente voz a outras embirrações.
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Tesla tivessem o mesmo cuidado e impacto visual de Nitro ou Cinderella.
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ão sei qual é para mim a minha maior embirração mas consigo pôr 3 noções no mesmo patamar e todas têm o mesmo significado para mim, estou a falar de “Hair Metal”, “Pop Metal” e “Glam Metal”, estas 3 definições são geralmente dadas às mesmas bandas e no mesmo contexto, ou seja, é uma definição dada às bandas de Hard Rock dos anos 80. O que a mim me incomoda nestas 3 definições é o tom preconceituoso e o uso jocoso que quem não gosta (da maioria) das bandas desta época usa para as categorizar. Estas 3 definições servem para catalogar as bandas dos 80s como bandas poser, bandas que se preocupam mais com o visual, com o cabelo do que propriamente com a música. Dizem os críticos que estas bandas querem ser de Metal mas com um som mais acessível e palatável ao gosto popular, como se isto fosse realmente algo mau, para um fã de Venon ou de Celtic Frost, o som de bandas como Metallica, Judas Priest ou até mesmo Motorhead pode ser considerado mais acessível e até mesmo Pop e isto não torna estas bandas em menos Metal, ou menos Rock. Para mim, a grande maioria das bandas que caem nestas 3 definições nem sequer podem ser consideradas como Metal mas sim Rock, Hard Rock. Outra das coisas que me incomoda nestas definições é colocarem debaixo destas noções “todas” as bandas de Hard Rock dos anos 80 como se Great White ou
Outra das minhas velhas embirrações é aquela frase (ridícula) “...depois dos 80s a música é uma porcaria, já não há bandas novas boas.” Geralmente quem se sai com estas frases é um público que ficou preso ao que ouvia na época da formação da sua personalidade e esta frase pode vir de 2 tipos de fãs: por um lado aqueles que ficaram com os seus gostos cristalizados e nada de novo lhes consegue agradar mesmo que seja tão bom ou melhor do que o que consideram clássico. O segundo tipo de fãs é ainda mais complicado, são aqueles que no meio de meios de propagação de novidades e de informação continuam à espera que sejam os meios de comunicação de à 20/30 anos a dar-lhes as novidades, as mesmas rádios, as mesmas televisões e os mesmos jornais. São aqueles que durante anos dizem que nada de novo bom aparece e quando aparece uma banda como Greta Van Fleet até babam mas durante anos e anos não ouviram falar de JoanOvArc, Airbourne, The Answer, H.E.A.T., Inglorious, Halestorm, entre muitas outras. E vamos agora para a terceira embirração, aquela em que os fãs de determinada banda acham que eles é que sabem o que é melhor para a banda, quer em termos da direcção musical que a banda deve seguir, quer em termos de novos membros que devem entrar ou não nas bandas porque os fãs é que sabem o que é melhor, não os membros das bandas, um guitarrista está 20 anos numa banda com um vocalista mas por algum infortúnio o vocalista falece, logo é o fã que sabe quem a banda deve ou não contratar ou deve ou não continuar, ou deve mudar de nome, o guitarrista dessa banda não sabe nada, não conhece a historia da banda e só continua a banda por dinheiro, quer ainda aqueles que acham que a banda devia acabar, porque eles acham que sim, para estes fãs eu só tenho uma palavra a dizer: Chatos. Vamos agora para a quarta e última embirração de hoje, “a banda X vendeu-se, só faz música para ganhar dinheiro” , mais uma vez os fãs é que sabem o que a banda deve ou não lançar, os 2,3,4,5 ou 6 membros de uma banda nada sabem, eles ao longo dos anos devem manter-se inalterados e obedecer à turba de ditadores que sabem o que a banda deve ou não lançar. Mas esta regra só funciona se as alterações feitas ao som (sempre por motivos financeiros) não lhes agradar, porque se lhes agradar já não é um rendição ao mercado, já não é ajoelharem-
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se ao mainstream, é uma revolução sonora, é um renascimento da banda. Os Metallica por terem realizado músicas menos agressivas, mais ao gosto popular (mesmo já sendo uma banda enorme quando o fizeram) são uns vendidos, já os Pantera (eu sei que vou entrar em polémica e em terreno sagrado mas cá vai disto) não são uns vendidos, os Pantera eram uns Zés Ninguém enquanto banda de Hard N Heavy, nunca tiveram sucesso mas ao alterarem o seu som tornaram-se uma grande banda e um dos últimos bastiões do Metal. Percebam uma coisa, nem os Metallica são uns vendidos, nem muito menos os Pantera, o que
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acontece aqui são diferentes formas de ver a carreira, arrisco-me a dizer que se os Pantera tivessem feito algum sucesso com Terry Glaze, como banda de Hard N Heavy, nunca o Phil Anselmo teria entrado na banda e nunca a banda se tinha entregue a um Metal mais pesado e agressivo. E é esta a minha opinião, apenas e só minha que não serve para catequizar ninguém mas se servir para o debate já me faz feliz. Até à próxima.
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Ecos de grandeza Com um metal cantado em português e vontade de com ele quebrarem barreiras, os Rasgo entraram pela porta grande do Metal Luso. O seu trabalho de estreia “Ecos da selva Urbana”, foi um dos melhores de 2017, o que não surpreende visto tratarem-se de cinco excelentes e experientes músicos, com provas dadas no panorama nacional. A experiência de abrir para os todo poderosos Slayer e a tragédia que foi o catalisador final que levou à sua formação, são apenas alguns dos assuntos que estiveram em “em cima da mesa” nesta conversa que a Versus teve com a banda. Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro & Ivo Broncas
Eduardo: O álbum «Ecos da Selva Urbana» entrou a rasgar pelos ouvidos do pessoal, quando partiram para este projecto vocês estavam à espera que fosse considerado um dos álbuns do ano? Sarrufo: Quando decidimos avançar com a banda e gravar o disco a única coisa que tínhamos em mente era que íamos dar o nosso melhor e fazer o disco exactamente como o imaginávamos sem pressas ou pressões; não estávamos a pensar na opinião de terceiros, nem de como iriam avaliar o nosso trabalho. O nosso foco sempre foi a música e o público, não a crítica… Mas claro que ficámos contentes de ter recebido excelentes críticas, algumas vindas de vários países, achámos isso até surpreendente por ser um disco totalmente em Português! Ivo: É muito interessante ver as diferentes abordagens que tiveram com as várias músicas. Em termos de composição houve essa preocupação, ou é algo inerente ao processo criativo da banda? Sempre pensámos fazer um disco que fosse coeso e em que todas as músicas fizessem parte do mesmo universo… mas não queria um disco em que cada música fosse uma repetição da fórmula da música anterior. Por isso
procurámos fazer um disco diverso mas consistente. Eduardo: Este é o vosso álbum de estreia, de onde vêm os Rasgo e para onde vão? Os Rasgo vêm da soma de todas as experiências que os músicos da banda foram somando ao longo das suas carreiras e quanto ao futuro o que posso dizer é que sonhamos ir o mais longe possível! Ivo: Li numa entrevista que já deram, que a trágica morte do João Ribas foi como que o catalisador final para os Rasgo se formarem. A formação da banda esteve de alguma envolta num sentimento agridoce? A ideia da criação da banda já estava no ar mas realmente acabou por ser nessa altura que se decidiu avançar a sério. Para o Ruka sei que foram tempos muito difíceis, mas sei também que os Rasgo sempre foram uma energia positiva para todos! Eduardo: Cada vez menos vemos as bandas a escrever em Português, mas vocês optaram (e bem…) pelo contrário, porquê esta abordagem? Essa pergunta é recorrente e a resposta que tenho para dar é realmente simples, eu sempre escrevi em português e faço isso em bandas desde o início dos anos
90. Sinto-me bem a escrever na nossa língua e sempre senti que as músicas em portugueses chegam mais fundo dentro de nós. Ivo: Ainda relativamente à questão de cantarem em Português: Não acham irónico que há não muito tempo se questionava as bandas sobre o porquê de adoptarem o Inglês para as suas canções, e agora é precisamente o inverso? Acham que está a haver uma mudança no paradigma? Sarrufo : Eu não julgo as bandas por cantarem em inglês ou português, mas sinto que realmente o nosso disco teve um impacto forte e que pode ter dado um bom contributo contra o preconceito de que o português soa mal, claro que estou a falar dentro do nosso estilo. Eduardo: O Pedro escreveu as letras e chamou-me logo à atenção “Homens ao Mar”, que me parece um tema quase de intervenção. Em que te inspiraste para escrever “Homens ao Mar” e já agora, o que retractam as letras em geral? Sim há de facto protesto e intervenção ao longo de todo o disco e nesse tema também, julgo que essa vertente mais interventiva vem do facto de eu sempre ter escrito letras para bandas de punk
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e hardcore, de certa forma as letras dos Rasgo são uma evolução de todas as letras que escrevi para trás e por isso têm lá esse espírito embora numa outra estética. Além disso o disco foi escrito na altura em que Portugal estava sob gerência da Troika e era visto como lixo ao olhos da agências de rating… tínhamos uma Europa do norte que via os países do sul como preguiçosos, etc...a letra Homens ao Mar é um manifesto que pretende por um lado dizer quem foram e são os Portugueses mas também dizer a nós próprios que é preciso continuar a lutar pela liberdade e pelos nossos direitos. Ivo: Todos os elementos da banda são músicos experientes com muitas horas de palco, mas… como foi tocar pela primeira vez como “Rasgo”? Tiveram os típicos nervos da estreia? Se acrescentares aí que o concerto era no Coliseu e com Slayer talvez faça sentido haver algum nervosismo sim... :) Mas não senti muito isso para te ser franco, talvez ali 10 minutos antes de subir ao palco… Senti sim que era um momento muito importante para nós e por isso trabalhámos para fazer o trabalho bem feito, quando lá chegámos íamos preparados . Eduardo: Logo no vosso primeiro ano de existência vocês atingiram o pináculo ao fazerem a primeira parte dos Slayer. Vocês chegaram a conhecer a banda? Como se sentiram ao tocar para um Coliseu cheio? Sim fomos convidados para ir ao camarim dos Slayer beber uns shots com eles depois do concerto e falar um pouco, foram simpáticos e receberam-nos bem, além disso deixaram-nos usar material de luz e som que não era suposto ser usado pela banda de abertura. Tocar num coliseu cheio no primeiro concerto de uma banda é algo único e olhar em frente e ver as pessoas a vibrar é indescritível, foi uma estreia ímpar e ficará guardada na nossa memória por muitos e bons anos.
Eduardo: Nas fotos vocês usam algumas t-shirts de bandas como Pantera, Tara Perdida, Obituary ou Black Sabbath. São estas algumas das influência que suportam a música dos Rasgo? Sim são algumas das influências entre muitas outras, as t-shirts que usamos são obviamente de bandas de que gostamos e admiramos, não fazia sentido ir gravar um vídeo com uma T-shirt de uma banda que não nos diz nada !
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Os Rasgo vêm da soma de todas as experiências que os músicos da banda foram somando ao longo das suas carreiras [...]
Eduardo: Este não será um país de oportunidades para quem quer viver da música. O que é que achas que nos falta, a nós… povo ou sociedade para que haja mais oportunidades de se viver da música? Há vários problemas de mentalidade tanto no público como nas próprias bandas que aceitam tocar sem condições e queimam o mercado...mas julgo que o principal problema talvez seja difícil de ultrapassar e é um
problema de escala… somos um país pequeno em que bandas que não sejam mainstream terão sempre dificuldades em rentabilizar o seu trabalho. Eduardo: … e como é para os Rasgo? Para os Rasgo é uma luta porque somos ambiciosos e queremos fazer as coisas bem feitas...por isso temos de recusar vários concertos por não reunirem condições, mas tentaremos como já disse anteriormente chegar o mais longe possível. Eduardo: Este álbum é excelente, por isso, quais são os vossos planos (ou será que têm alguns…) para editar este álbum no estrangeiro? Em primeiro lugar obrigado pelo elogio! Claro que temos ambição de arranjar uma boa editora lá fora, mas faremos as coisas com calma e quando surgir uma boa oportunidade avançamos com isso. Deixamos até em cima da mesa a possibilidade de se fazer uma versão do disco em inglês se esse for um requisito para se chegar mais longe mas os nossos discos serão sempre primeiramente em português! Veremos o que se vai fazer, uma coisa é certa: procuramos editoras que nos possam dar condições de fazer bem as coisas e não iremos editar por uma editora qualquer. Eduardo: O que é que podemos esperar de vocês no futuro? O futuro é e será sempre uma incógnita e por isso não perdemos muito tempo em grandes projecções a longo prazo, estamos focados em dar o nosso melhor e tocar nos melhores palcos possíveis e acreditamos que se continuarmos a trabalhar bem como até aqui o resto virá de forma natural. Muito obrigado pela entrevista boa sorte para a Versus e um abraço para todos! Puxa! Facebook Youtube
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Temas fortes Parece ser uma das principais características de Autokrator, que agora lança o seu terceiro álbum dedicado a várias formas de ver a heresia. Entrevista: CSA
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Este álbum é verdadeiramente misterioso, logo fascinante. Para começar, a quem se refere o título («Hammer of the Heretics»)? Loïc – A Tomás de Torquemada, um dos mais terríveis inquisidores espanhóis, cujo nome era sinónimo de terror, crueldade e fanatismo religioso. Terá sido responsável pela execução de 25000 pessoas, era um obcecado pelo trabalho e, segundo contavam, dormia em cima duma prancha de madeira. Uma personagem dura. No entanto, parece que os historiadores minimizam o papel de Torquemada, considerando-o mais como uma lenda do que uma realidade histórica. Os temas abordados nos álbuns de Autokrator são sempre extremos e estão sempre mais ou menos ligados à história. Fazemos questão de mudar de tema de álbum para álbum. No primeiro, tratámos dos imperadores romanos; no segundo, da experiência de Stanley Milgram intitulada “Obedience to Authority: An Experimental View” e do “Brain-Washing Book”, de L. Ron Hubbard. Ao ler os títulos das canções, deduzi que o conceito de “herege” subjacente a este álbum é bastante complexo, porque fazem alusão – entre outros elementos – aos cavaleiros do Templo (Templários) e à Santa Inquisição. Podes explicar-nos de que forma este conceito é tratado em «Hammer of the Heretics»? Não se trata propriamente de um álbum concetual. Decidimos dar-lhe esse título, porque esse também é o nome de uma das canções que fazem parte dele. Nele pode-se encontrar os seguintes temas: “Against Flesh and Blood” trata dos deveres dos cristãos durante a Guerra Santa; “Le Sang Impur” baseia-se na letra de “A Marselhesa”, de Rouget de l’Isle, um canto patriótico rebelde e guerreiro que deu origem ao hino francês; “Hammer of the Heretics” fala do infame Tomás de Torquemada, como já referi; “Inquisitio-Denunciatio-Exceptio”
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faz referência a um procedimento inquisitório e baseia-se em verdadeiras transcrições históricas de interrogatórios.
facto de que o Homem encontra sempre um pretexto e uma “tradição” para justificar a sua sede de sangue e de conquistas.
Onde foste buscar a inspiração para escrever as letras das canções? Vivi 10 anos em Paris e, em 2016, regressei à região de onde sou oriundo. A Occitânia tem um passado ligado às Cruzadas e à Inquisição e este álbum constitui uma espécie de homenagem a essa ligação. Quanto à faixa “Le Sang Impur”, era meu objetivo retomar “A Marselhesa” desde o início do meu antigo projeto – N. K. V. D. – mas nunca fiquei satisfeito com o resultado obtido… exceto desta vez. Posto isto, não escrevi propriamente letras para o álbum. A maior parte dos textos é tirada da bíblia, de cânticos históricos ou de interrogatórios. Foi mais um trabalho de adaptação dos textosfonte à finalidade que lhes queria dar.
De acordo com as informações que constam da caixa do CD, tu fizeste tudo neste álbum… ou quase. Que lugar deste ao David, o outro membro da banda? Ele está muito comprometido com outros projetos e nunca quis ser mais do que o intérprete em Autokrator. Além disso, a sua participação vocal na banda já lhe exige um enorme investimento… Por outro lado, como é um músico perfeito, dá sempre ótimos conselhos. Funciona como uma espécie de auditor externo, apesar de fazer parte da banda. Como queríamos que este álbum ficasse o melhor possível, decidimos recorrer ao melhor baterista que conhecemos. Por isso, contactámos um dos melhores bateristas de música extrema do mundo: Kevin Paradis (de Benighted, Agressor, Mithridatic, Svart Crown, Melechesh, Seth, Shining...). Ele teve um desempenho fora do comum e sem artifícios. Nada foi retocado, nenhuma parte foi editada. É quase inacreditável que seja possível atingir um tal nível. É uma autêntica proeza desportiva, do ponto de vista físico, e, ao nível criativo, se ouvires com muita atenção as partes de bateria, vais aperceber-te de como é um instrumentista polifacetado. Francamente, neste tipo de música, é difícil encontrar uma tal variedade.
Só tive acesso ao texto da primeira canção, que termina por uma longa lista de nomes, a maior parte dos quais evoca cavaleiros do Templo (Templários), incluindo o último Grão-Mestre, que se tornou célebre devido ao processo que culminou na sua morte na fogueira. Por que incluíste essa lista na letra da canção? Esse texto é tirado de uma passagem da bíblia: “Porque não é contra adversários de sangue e carne que temos de lutar, mas antes contra os Principados, contra as Potências, contra os Chefes deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal que habitam os espaços celestes…” (Efésios 6:12). Para fechar a canção, precisava de algo marcial e, assim, surgiu uma espécie de denúncia em que eram referidos os mais “nobres” representantes da Ordem dos Templários. Os Templários, os ditadores, os senhores da guerra, os terroristas levam-nos a tomar consciência do
Quem fez a capa de «Hammer of the Heretics»? Novamente Nestor Avalos? Não. Nestor é um grande artista, mas, desta vez, quisemos fazer algo diferente. Tanto a capa como o layout são fotografias da artista russa Elena Samko, especialista em cosplay. As fotografias foram retocadas e adaptadas por mim, tanto ao nível do formato, como no que diz respeito à coloração.
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[...] Os temas abordados nos álbuns de Autokrator são sempre extremos e estão sempre mais ou menos ligados à história.
O que representa a personagem misteriosa e velada que aparece na capa? O véu tem algo a ver com a religião muçulmana? Ñão é um véu, mas sim um colete de forças. O lado religioso do álbum refere-se exclusivamente ao cristianismo. A fotografia representa uma pessoa que foi torturada e que está prestes a ser executada. É a Inquisição 2.0, da nossa época Se reparares bem, havia uma foto semelhante na versão de «The Obedience to Authority» em vinil. E a personagem que aparece no interior do CD? É a mesma que está na capa? [Curiosamente, identifiquei a primeira como um homem, mas, no interior, aparece uma foto de mulher.] A personagem do interior é uma feiticeira, possuída pelo diabo. Este é o terceiro álbum da banda, portanto Autkrator já deve ter uma fiel fan base. O que me dizes desta ideia? Sim, claro. Mas prefiro falar de ouvintes do que de fãs, que, por vezes, tem uma conotação pejorativa. Portanto, temos
ouvintes fieis e muitos já andavam a pedir um novo álbum. Como vão as Krucyator Productions promover este álbum? Delineámos uma campanha promocional com o nosso parceiro Qabar PR. Apesar de não ser nada divertida, a promoção é necessária e tem de ser feita de forma estratégica. A Krucyator Productions não é uma grande editora, Autokrator não toca ao vivo e cada vez são lançados mais álbuns atualmente. Assim, é indispensável ser rigoroso na estratégia de promoção, para evitar que um álbum passe despercebido. Além do mais, eu trabalho sozinho nas Krucyator Productions, portanto ter um parceiro eficaz para assegurar a promoção, como é o caso da Qabar, é um verdadeiro trunfo. O álbum será bem distribuído mundialmente, graças a eles, como acontece com todos os que são lançados pela Krucyator. Por outro lado, ter a tua própria editora dáte imensa liberdade: não tens de prestar contas a ninguém, não és pressionado por causa das vendas.
E que tem a tua editora em mãos (à parte este álbum de Autokrator)? Vou lançar: «Tightenened Noose of Sanctimony», de Profane Order, em CD, uma banda de War Metal Canadiana (que segue a tradição de Archgoat, Beherit, Blasphemy e Teitanblood), mas com características e um som muito pessoais. Vou também lançar o primeiro vinil da Krucyator Productions: «Hail Infernal Darkness», de Drawn and Quartered, uma banda americana veterana e uma das mais subestimadas da história do Death Metal, que não deve nada a Incantation, Immolation et Suffocation. Estes álbuns – assim como o novo de Autokrator – podem ser ouvidos em: http://krucyatorproductions. com Facebook Youtube Krucyatorproductions
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Uns jovens milenares Estamos a referir-nos a Crescent, uma banda egípcia que se vê como descendente da cultura milenar dessa região do mundo. Entrevista: CSA
Não é todos os dias que se tem a sorte de entrevistar uma banda egípcia que já deu provas no universo do Metal. Obrigado por nos contactarem. Já demos provas, mas só até certo ponto. Pensamos que ainda temos muito para mostrar! Para começar, gostaria que nos falassem um pouco da história da banda Crescent foi formada em 1998 por Ismaeel Attallah e Amr Mokhtar. Na altura, eram metalheads adolescentes e muito influenciados por Death Metal old school como Bolt Thrower e Death e ainda pela cena Black Metal sueca, com destaque para Dissection. Portanto, começamos por ser essencialmente uma banda de Black Metal. Gravámos e lançámos a nossa primeira demo – «Dreamland» – em 1999. É um dos lançamentos de Metal extremo mais antigos desta região! Nos anos que se seguiram, até cerca de 2006, fizemos muitos concertos no Cairo e em Alexandria, em que tocávamos músicas originais e covers dos poderosos Dissection! Mais tarde, começámos a explorar mais o nosso Death Metal melódico (e um tanto egípcio) e acabámos por lançar o nosso EP intitulado «The Retribution», em 2008. Depois desse período,
escrevemos um álbum de Black Metal, mas decidimos deitá-lo fora, porque não tinha nada a ver com o que nós sentíamos e com o tipo de música que queríamos tocar! Entretanto, o nosso som amadureceu e foi evoluindo levando ao lançamento de «Pyramid Slaves», em 2014. Desde então, fizemos uma digressão na Europa Central e tocámos em muitos festivais no estrangeiro, tais como o Wacken Open Air e o Inferno Metal Festival. Como é ser uma banda de Metal num país como o vosso? [Devem fazer parte de uma pequena minoria que fez uma opção inovadora num país mais que milenar.] Somos, sem dúvida, uma minoria no nosso país! É um desafio que tem as suas vantagens e desvantagens. Contudo, o desafio é o que nos dá gosto e o combustível que nos torna temíveis. Tocar Metal extremo é um desafio, tanto a nível pessoal como musical. Mas o que é o Metal senão um desafio? Portanto, nós abraçamos as dificuldades. Aqui não nos podemos dar ao luxo de fazer muitos concertos por ano com bandas internacionais, sobretudo desde que a libra egípcia (a nossa moeda) desvalorizou imenso.
No nosso país, as bandas não são reconhecidas pelos meios de comunicação mainstream e não têm um apoio local tangível, porque a cena é ainda muito jovem, imatura e imbuída de preconceitos. Porém, é melhor não ser reconhecido do que ficar associado a propaganda ridícula. Como pode a vossa música contribuir para o enriquecimento da cultura egípcia? A nossa música é a voz agressiva da narrativa egípcia. Temos orgulho em representar o Egito no mundo do Metal extremo e o Metal extremo no Egito! O Metal está a crescer por todo o lado e é um dos movimentos mais globais em todo o mundo. Ter uma variante de influência egípcia e fazermos parte do esforço para lhe dar forma é algo fantástico! Por outro lado, estamos a medir forças com a nossa antiga herança e isso é algo de que o Egito (e o mundo) necessita muito atualmente. A vossa editora afirma que a música de Crescent tem características tipicamente egípcias. - Podem explicar-nos onde é que elas aparecem na vossa música? Primeiro, usamos escalas especificamente egípcias (e, de um modo geral, características
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[...] Já demos provas, mas só até certo ponto. Pensamos que ainda temos muito para mostrar!
do Médio Oriente). Também procuramos incorporar os nossos instrumentos tradicionais na nossa música, mas sem exageros, porque não queremos parecer uns pacóvios! Criar uma atmosfera específica é também algo de extremamente importante para a nossa música e algo que emana naturalmente da nossa vida quotidiana e do ambiente cultural que nos rodeia. Além disso, em algumas das nossas faixas, usamos letras escritas com verdadeiros hieróglifos e isso é algo que nenhuma banda fez antes de nós! - Como criaram essas características tipicamente egípcias? Fizeram investigação (à semelhança do que bandas como Wardruna fizeram relativamente à música tradicional dos seus países)? É claro que tivemos de fazer alguma pesquisa, especialmente no que diz respeito aos hieróglifos. Na realidade, consultamos um egiptólogo
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do nosso país. Mas Wardruna é um projeto Folk, enquanto nós somos essencialmente uma banda de Metal. Quanto às características egípcias, são para nós perfeitamente naturais, algo a que os nossos ouvidos estão habituados e de damos a nossa interpretação própria! - Os elementos característicos do Médio Oriente presentes na vossa música por vezes fazem pensar em Melechesh. Sentem-se influenciados por essa banda? Para dizer a verdade, não. Cada coisa no seu lugar. Melechesh é uma banda que apresenta influências sumérias e Crescent foca-se em temas egípcios. O Ashmedi é um compositor brilhante e um grande amigo nosso, mas cada banda segue o seu caminho e estes são diferentes. É claro que é possível detetar algumas semelhanças – aqui e além – mas não podemos esquecer que as nossas bandas adotaram estilos musicais próximos. Contudo, de
um modo geral, Melechesh é uma banda muito influente. - Por outro lado, dado o tema central da vossa música, é quase impossível não aproximar Crescent de Nile. São fãs da abordagem épica dos temas egípcios típica da música de Karl Sanders? Nile é para vocês uma fonte de inspiração? O Karl é um grande compositor e Nile uma extraordinária banda de Technical Death Metal, que respeitamos muito e cuja homenagem ao Egito prezamos! Porém, Nile não é uma influência para nós, de modo nenhum. As nossas influências egípcias provêm diretamente do Egito e as nossas influências Death/Black Metal de bandas que já referimos. Podem comparar-nos aos Nile, mas acreditamos que isso apenas vai subestimar o nosso mundo e o deles. Os Nile são mestres no que fazem e nós estamos a tentar deixar a nossa marca no universo Black/Death Metal tocando
música em que verdadeiramente acreditamos. O Egito impõe-senos, porque tem um legado cultural suficientemente poderoso para influenciar quem quer que seja. Mas penso que as duas bandas são muito diferentes uma da outra. De facto, nunca ninguém nos tinha comparado a Nile! - Na vossa opinião, há muitas diferenças entre Nile e Crescent a nível da música e das letras? Nile ilustra histórias. Nós narramolas, mas à nossa maneira, o que instila nelas princípios/ paralelismos/filosofias semiocultos. A mitologia egípcia reflete a história e as experiências do povo egípcio. Pensamos que não podemos fazer justiça à mitologia da nossa cultura, se não explorarmos as razões subjacentes à sua existência. No que diz respeito à música, nós inclinamo-nos para o Death Metal old school, o Melodic Death Metal e o Melodic Black Metal. Basicamente, tocamos Death Metal com uma atmosfera Black Metal e, por vezes, Black Metal com uma atitude Death Metal. O que é a “ordem de Amenti” que deu o título ao vosso segundo álbum? A ordem de Amenti é algo que se nos impôs, quando andámos a fazer pesquisa e a ler sobre todos esses deuses. Todos os conflitos entre os deuses e entre estes e os homens se resumem à noção de Justiça. A ordem de Amenti representa esse conceito com algo tão simples como a história de Anúbis a julgar as almas que se apresentam em Amenti [NR: O templo onde as almas se reuniam depois da morte.], de forma justa, pesando o seu coração numa balança cujo peso de referência é uma pena, algo que não pode ser manipulado e é decisivo! No fundo, é uma ordem eterna e divina. Podes também imaginar que esta “ordem” é um culto devoto mantido por adoradores dessa noção. Podes ver a coisa como quiseres, mas vais acabar por chegar a uma noção igual à nossa.
No texto que promove o álbum, afirma-se que este constitui uma homenagem aos antigos deuses egípcios. - Como são muitos, que critérios usaram para escolher os que referem neste álbum? Escolhemos os principais e mais influentes, como é o caso de Set, Apophis, Amon-Ra, Hórus e Osíris. Quase todas as canções se referem pelo menos a um desses deuses e ao que podemos aprender com eles. Como já disse, os deuses são reflexos da experiência egípcia (e humana). - O que podem esses deuses antigos ensinar aos humanos do séc. XXI (ou, por outras palavras, a que temas se referem as canções do álbum)? Podia passar o dia todo a discutir esse assunto, mas vou resumilo em poucas palavras: piedade, perseverança, lealdade, rebeldia, inevitabilidade, natureza divina da justiça e caminho de toda a humanidade. Sei que isto pode parecer muito generalista e talvez um tanto batido, mas quem se der
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[...] Temos orgulho em representar o Egito no mundo do Metal extremo e o Metal extremo no Egito!
ao trabalho de ler atentamente as nossas letras vai compreender exatamente o que pretendo dizer! Não é uma tarefa fácil, mas também não é demasiado árdua para aqueles que a veem como interessante. Por que escolheram o Xaay para criar uma interpretação visual para o conceito subjacente a este álbum? Tentámos trabalhar com outro artista, mas só encontrámos o que queríamos quando escolhemos o Xaay. Ele é um artista tremendamente brilhante, apaixonado e sério. Trabalhámos como uma equipa e discutimos juntos todos os pormenores! Sabíamos que ele tem trabalhado com grandes bandas como Behemoth e Nile, por isso decidimos contactá-lo. Ele ficou muito entusiasmado com a ideia de trabalhar para nós e mostrouse muito profissional e atencioso desde o início até ao fim do processo Vêm tocar à Europa? Vão fazer concertos noutros continentes também? Desde 2014 que nos dedicamos a tocar em pelo menos um festival na Europa por ano e temos conseguido cumprir o nosso intento até agora apenas com o nosso esforço, isto é, sem a ajuda de ninguém e de nenhuma entidade. Temos a intenção de visitar as Américas e talvez algumas partes da Ásia, mas, de momento, estamos a focar-nos na Europa. Portanto, de certeza que vamos tocar na Europa em 2018. Mantenham-se atentos às nossas notícias! Obrigado por esta grande entrevista. Saudações de Ismaeel Attallah e Youssef Saleh com Crescent! Facebook Youtube
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PALETES Por: Carlos Filipe
Zud- «A Wilderness Left Untamed» (EUA, black’n’roll) Desde o lançamento do álbum de estreia dos ZUD em 2013, «The Good, The Bad And The Damned», a capacidade da banda de combinar perfeitamente o estilo de Necrovore, Old Bathory e Old Mayhem, com o de Roky Erickson, Van Halen, Blue Öyster Cult e até mesmo os Heart foi apregoado como uma das abordagens mais exclusivas de Black Metal dos últimos anos. Considerados como tendo um som que se distingue de forma distinta do chamado género de “black’n’roll”, os ZUD não têm tempo para o que os outros podem dizer da sua música, se é “verdadeiro” ou não. A banda provou ao vivo e em estúdio que, forjaram um caminho que é verdadeiramente o seu. (Earsplit)
Deathkin- «Kohti Kotiani Kaaosta» (Finlândia, Black/Death Metal) As raízes de Deathkin remontam ao inverno de 2003-2004. Após muitas mudanças na formação, os Deathkin foram oficialmente formados por volta de 2009,
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concentrando-se apenas num único propósito: a proclamação da majestosa trindade do caos, da morte e da imoralidade. A banda lançou uma demo autointitulada em 2010 e recebeu boas reviews, incluindo ser chamado de “demo do mês”. Deathkin consiste em black metal feroz com algumas influências de death metal. (Hammerheart Records)
Himmellegeme- «Myth Of Earth» (Noruega, Psych-rock) Das sombras psicadélicas escuras de Bergen, Himmellegeme surge com seu álbum de estreia único «Myth of Earth». A música dos Himmellegeme é influenciada tanto pelo psych rock quanto pelo prog rock atmosférico, que juntos se combinam para criar um som que vai para lá do mundo e é intemporal. Com riffs pesados, melodias geladas e letras melancólicas, escritas tanto em norueguês quanto em inglês, os Himmellegeme criam música que retrata eventos passados das suas próprias vidas, bem como das vidas dos outros. (Karisma Records)
Comeback Kid- «Outsider» (Canadá, hardcore punk) A complacência mata a criatividade, e ninguém parece saber melhor do que os COMEBACK KID. «Outsider», o mais recente LP da série hardcore, mostra isso mesmo. Captando a intensidade total dos shows ao vivo, desenfreados da banda, «Outsider» é tão urgente e implacável como qualquer coisa que eles fizeram no passado. E, no entanto, enquanto muitos de seus pares consideram a evolução sonora como inimigo de sua cena, COMEBACK KID construiu uma carreira em progressão e evolução, expandindo continuamente o seu som, sem comprometer sua integridade. (Nuclear Blast)
Jared James Nichols- «Black Magic» (EUA, blues-rock) JARED JAMES NICHOLS e seus companheiros rapidamente criaram uma grande reputação como uma impressionante banda Heavy Edged Blues Rock, tendo compartilhado palcos com ZZ TOP, Lynyrd Skynyrd, Zakk Wylde, Glenn Hughes, Walter Trout, Blue Öyster
Cult, OVNI e Saxon! Todos esses passeios foram executados dentro de tão curto período de tempo em apoio à sua muito aclamada estreia «Old Glory and the Wild revival». (Listenable Records) Novelists- «Noir» (França, progressive metal) NOVELISTS são uma banda de metal progressiva de Paris. «Noir» descreve a atmosfera que abrange as letras ao longo do registro; era importante para eles encontrar uma palavra francesa como título para o álbum, pois é uma grande parte da sua identidade. Embora a indústria da música de hoje obrigue a cantar em inglês, os NOVELIST ainda gostam de colocar algumas dicas aqui e aí. (Nuclear Blast) Act Of Defiance- «Old Scars, New Wounds» (EUA, Thrash Metal) Com um álbum de estreia em 2015, «Birth And The Burial», os Act of Defiance entregaram uma explosão de metal puro e não adulterado que ignorou as modas e atingiu o seu fim com dificuldade. Voltando com «Old Scras, New Wounds», eles apenas aumentaram o risco. Naturalmente, misturando uma infinidade de estilos metálicos e nunca reciclando ideias, este trabalho é uma coleção ainda mais dinâmica e diversa que o seu antecessor. (Metal Blade Records)
The Black Dahlia Murder«Nightbringers» (EUA, melodic death metal) Qualquer banda que ganhou um exército de seguidores devotos,
ao lançar sete álbuns mortais ao longo de dezasseis anos, talvez pudessem ser perdoados por pensar que eles poderiam facilitar na medida no seu último lançamento. Mas isso não é apenas o estilo dos Black Dahlia Murder, e «Nightbringers» é um testemunho disso. Tendo lançado o trabalho mais completo, agressivo e emocionalmente diversificada até ao momento na forma de «Abysmal» em 2015, o quinteto de Michigan voltou a empenhar-se em novos voos, e os 34 minutos de death metal melódico abrasador arrebentam com a audição. (Metal Blade Records) Novelists- «Noir» (França, progressive metal) NOVELISTS são uma banda de metal progressiva de Paris. «Noir» descreve a atmosfera que abrange as letras ao longo do registro; era importante para eles encontrar uma palavra francesa como título para o álbum, pois é uma grande parte da sua identidade. Embora a indústria da música de hoje obrigue a cantar em inglês, os NOVELIST ainda gostam de colocar algumas dicas aqui e aí. (Nuclear Blast)
Threshold- «Legends Of The Shires» (Inglaterra, Progressive metal) «Legends Of The Shires» é uma conquista impressionante e, obviamente, o disco mais ambicioso e progressivo que os THRESHOLD fizeram até à data. Embora seja um álbum de conceito extenso e multicamadas,
ainda contém todos os refrões irresistíveis, corantes e momentos de intensidade de metal que os fãs de longa data esperam, mas desta vez há inúmeras profundidades ocultas a serem mergulhadas e uma grande quantidade de reviravoltas musicais inesperadas para manter os ouvintes colados à sua música. Com Glynn Morgan a carimbar a sua autoridade vocal em todo o novo álbum, parece que a química mágica que sempre foi uma parte importante do apelo dos THRESHOLD já começou a mexer em redor do recente lineup da banda. (Nuclear Blast)
Across The Atlantic- «Works Of Progress» (EUA, pop-punk/posthardcore) Quando se trata de fazer música, o seu som só irá levá-lo até ao esforço que colocar para trás. Para algumas bandas, isso significa nunca deixar a sua pequena cidade suburbana ou enclave rural. Outros podem ganhar notoriedade regional, mas nunca conseguem reconhecimento numa escala nacional - e depois há as bandas que trabalham incansavelmente e dedicam-se até se tornarem um nome mundial. É o caso dos Across The Atlantic. (Nuclear Blast) Soror Dolorosa- «Apollo» (França, Gothic/Death Rock) Soror Dolorosa, com sede em Paris, cria uma pedra gótica crua e inspirada no pós-punk, death rock e cold wave. Francês para ‘Sister Pain’, Soror Dolorosa foi formado em 2001 pelo vocalista Andy Julia. Tomando o nome da novela
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“Bruges-la-morte” do escritor simbolista flamengo Georges Rodenbach, Soror Dolorosa canaliza as fortes influências da paixão, da nostalgia e do luto na sua inspiração, transferindo esses poderosos estados emocionais para a sua música e performances ao vivo. Esses elementos
que caracteriza o som do grupo são bem presentes nas suas músicas, guitarras vibrantes, linhas de baixo sobre dividas, ritmos de condução e o estilo vocal distintivo e distintivo de Julia. Quatro anos em construção, «Apollo» é a conquista de Soror Dolorosa; uma visão de mundo distópico bombástico encapsulada em dark popcraft. Melódico e memorável, o álbum brilha com luz tanto em beleza deslumbrante quanto em tristeza assombradora com o pressentimento de Julia, o profeta do barítono da desgraça subindo por uma estrada longa e solitária, cheia de angústia barroca e requintada. (Prophecy Productions)
Game Over- «Claiming Supremacy» (Itália, Thrash Metal) «Claiming Supremacy» é o novo álbum dos Game Over, sucedendo aos bem-sucedidos «Crimes Against Reality» e «Blessed Are The Heretics» EP, que confirmou a banda como uma das mais promissores na Europa e entre os melhores do NWOTM. Inspirado na clássica área do thrash metal da Bay Area dos anos 80, os Game Over misturam essas influências com sons modernos e uma personalidade muito distinta. «Claiming Supremacy» é a combinação perfeita da raiva furiosa da banda, da atitude Hardcore e das influências Classic Metal, com letras muito obscuras e, claro, com coros hínicos que os fãs reconhecem como uma marca de banda. (Scarlet Records) Midnight Sin- «One Last Ride» (Itália, Hard Rock) Midnight Sin traz de volta o som de Street Rock com poderosas e cativantes músicas, letras chocantes e uma atitude sexy que traz de volta a energia e o hedonismo daquilo ao qual se chamava Hair Metal. O novo álbum «One Last Ride», que foi descrito como uma combinação perfeita de 80’s Sleaze Rock, Hard Rock moderno e AOR, é a combinação perfeita de Hair Metal e Hard Rock moderno. (Scarlet Records) Loincloth- «Psalm Of The Morbid Whore» (EUA, instrumental metal) O culto Loincloth é um ponto culminante de anos de adoração no altar dos riffs e «Psalm Of The Morbid Whore» chega com a promessa de destruição absoluta! O guitarrista Tannon Penland e o baterista Steve Shelton (Confessor) retornam com a sua marca de metal instrumental, mas desta vez também incluindo as mãos infernais de Tomas Phillips no baixo. (Southern Lord) Angel Vivaldi- «Synapse» (EUA, Guitar Hero) Angel Vivaldi é um guitarrista, compositor, produtor, filantropo
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e ambientalista. Votado como o 3º “Melhor guitarrista em 2014 pela Prog-Sphere, ele começou a sua carreira a solo em 2003. Vivaldi auto lançou 5 discos, «Revelations», «The Speed of Dark», «Universal Language», «Away With Words - Part 1» e «The Speed of Dark: Revisited». Em 2015, lançou uma cover do single «Crystal Planet» de Joe Satriani. Ele é conhecido pelo seu estilo virtuoso de tocar violoncelo e vídeos de música cinematográfica. O novo e completo opus conceitual, «Synapse», é composto por oito músicas, cada uma escrita para um químico cerebral específico, que incite uma emoção diferente. Para a imersão total, o estúdio foi pintado 8 vezes durante a escrita de cada música individual, numa cor associada. (Vários)
Necro Deathmort- «Overland» (Inglaterra, Electronic /noise / doom Metal) Necro Deathmort cria uma mistura intrigante e sedutora de música eletrónica que se entrelaça perfeitamente no ambiente obscuro, ruído, batidas cintadas, paisagens sonoras cinematográficas e drones pesados. «Overland» expande a sua paleta sonora introduzindo mais instrumentação acústica e explorando novos territórios. A dupla, composta por Matthew Rozeik e AJ Cookson, acumulou um impressionante catálogo e prolífico até o momento em que «Overland» aparece como número oito. (Vários)
primeiro novo LP em quase duas décadas. Após a dissolução em 1999 devido à morte de seu cantor original J.P. Morrow, o grupo reformou a fase dois de sua missão. Sem dúvida, o seu material mais focado, mais agressivo e direto até o momento, «9-13» é um ataque total de ódio violento e negatividade de pesadelo. Chamada recomendada para fãs de dor, sofrimento e misantropia. (Relapse Records) Cradle Of Filth - «Cryptoriana The Seductiveness Of Decay» (Inglaterra, Black Metal) Às vezes, parece que os monstros são reais. Vivemos em tempos cada vez mais obscuros e é dever dos músicos mais inspiradores criar uma banda sonora que ofereça escapismo e uma dose solvável de grãos do mundo real. Durante o último quarto de século, CRADLE OF FILTH assumiu o papel de diaristas de metal obscuro, explorando os horrores amorfos que escondem as sombras da humanidade e divertindo-se com a opulência do pecado mortal, alimentados por um romance sombrio e uma luxúria para o sensual e grotesco. (Nuclear Blast) Perihelion- «Örvény» (Hungria, Eerie Post Metal / Post Rock) «Örvény» (húngaro para “Maelstrom”) é o terceiro álbum do húngaro pós-metallistas Perihelion. O álbum deve ser interpretado como uma única jornada com sete músicas entrelaçadas entre si e as suas letras girando em torno de passagens oníricas em direção ao subconsciente. Mais uma vez, todas as letras são completamente cantadas em húngaro, a língua nativa da banda, que dá a este lançamento uma abordagem musical excepcionalmente pura e honesta. (Apathia Records) Iron Monkey- «9 13» (Inglaterra, doom/sludge) A banda de culto britânica de doom / Sludge IRON MONKEY regressa com «9-13», o seu
Unsane- «Sterilize» (EUA, Noise rock/ Post-hardcore/ Alternative Metal) O lendário grupo de noise rock de New York City, os Unsane, tem aqui o seu oitavo álbum de estúdio, «Sterilize». Os Unsane fazem um retorno vicioso, um álbum que lembra os elementos mais definidores dos álbuns seminais dispersos, sufocados e protegidos da banda, surgindo com o som singular implacável criado pelo guitarrista / vocalista Chris Spencer, baixista / vocalista Dave Curran e o baterista Vinnie Signorelli. (Southern Lord) Blackened Death Metal/ Grindcore/Crust) IMPLORE é a nossa língua e a nossa maneira de expressar os nossos pensamentos mais profundos de descontentamento e raiva contra um mundo de injustiça e egoísmo centrado no homem”, grita o vocalista / baixista IMPLORE Gabriel ‘Gabbo’ Dubko. “A violência sonora representa os nossos pensamentos, e os nossos
pensamentos refletem a nossa expressão musical”. Os europeus alinham com os princípios do grindcore, death metal e hardcore para formar um enorme punho cerrado. (Century Media)
Tusmørke - «Bydyra» (Noruega, psychedelic / progressive folk rock) Tusmørke é uma banda psicadélica e progressiva de folk rock de Skien, Noruega. «Bydyra» (“Urban Wildlife”) é o 5º álbum, e também o primeiro para (e com) crianças. Composto por dois mini musicais originais e escritos para uma escola infantil local em Oslo, «Bydyra» consegue misturar a conquista única de prog rock com humor e assuntos relativamente crescidos como a vida selvagem urbana, os preços alucinantes da habitação em Oslo, a crise financeira, questões sociais, aquecimento global e a magia boa e má. Embora seja destinado a crianças, este álbum é tão divertido para os adultos do prog-loving. (Karisma Records) Belphegor - «Totenritual» (Aústria, Death/Black Metal) Os dias sombrios de outono e inverno aproximam-se quando a tropa europeia BELPHEGOR planta outro sinal para o inferno sobre a superfície da Terra. Uma das bandas mais consistentes e extremas na cena Death / Black comprime o seu trono construído de ossos mais uma vez para atacar intransigentemente a humanidade, três anos após a sua manifestação
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de brutalidade, «Conjuring The Dead». «Totenritual» consiste em nove composições que, soprandopor-sopram, silenciam quaisquer dúvidas sobre a supremacia desses ícones da cena europeia. Força de riff implacável, explosões crocantes num cenário obscuro - 24 anos após a sua fundação, a criatividade dos BELPHEGOR coloca-os cabeça e ombros acima do resto. (Nuclear Blast)
Diablo Blvd. - «Zero Hour» (Bélgica, Southern/Heavy Metal, Hard Rock) Os roqueiros do condado belga DIABLO BLVD têm aqui o lançamento internacional de seu quarto álbum «Zero Hour», o qual é um monstro obscuro de onze pistas com melodias assustadoras, guitarra com enormes riffs. Tirando a inspiração de bandas de metal clássico como TYPE O NEGATIVE, METALLICA e BLACK SABBATH e bandas de novas ondas dos anos oitenta como KILLING JOKE, SISTERS OF MERCY e GANG OF FOUR, DIABLO BLVD criou um som único ideal para estes tempos obscuros. A banda sonora perfeita para o fim dos tempos. (Nuclear Blast) Kill The Unicorn - «Prism» (Suiça, HARDCORE / DEATH / PROGRESSIVE) Kill The Unicorn passou os últimos anos retorcendo o som tradicional do metalcore num animal muito mais aventureiro. Pouco depois de sua fundação, a banda gravou um EP de demonstração com 3
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faixas no SOS Basement Studios. Das suas primeiras obras, a KTU trabalhou arduamente para se inspirar em suas influências mais esotéricas, mantendo o groove e a melodia. (Vários) Forgotten Tomb- «We Owe You Nothing» (Italia, Black/Doom/ Sludge Metal) «We Owe You Nothing» é o nono álbum de estúdio dos FORGOTTEN TOMB, o qual Marca o ponto mais alto na constante evolução da banda e, mais uma vez, torna difícil restringir o seu som a alguns rótulos pré-existentes. Misturando sem esforço o som estranho e dissonante de black metal, a banda é conhecida pelos seus riffs musculares e uma atitude sutil e niilista punk. «We Owe You Nothing» define a personalidade da banda mais do que nunca, reafirmando o seu som único. (Agonia Records)
Kaipa- «Children Of The Sounds» (Suécia, Progressive Rock) Os lendários rockers progressistas suecos Kaipa, liderados pelo Mastermind Hans Lundin, lançaram o 13º álbum da banda e o 8º desde que a banda renasceu em 2002. O álbum queima com fervor criativo e espírito mais vividamente exibido na faixa do título, dos 17 minutos de ‘On The Edge Of New Horizons’ ou a música de fecho ‘What’s Behind The Campos’. Este trabalho incorpora uma energia poderosa, positiva e brilho artístico que é irresistível e fiel à própria essência do género. (InsideOut Music)
Threat Signal - «Disconnect» (Canadá, Melodic Thrash Metal/ Technical Metalcore) Desde o trabalho premiado «Under Reprisal» de 2006, TREAT SIGNAL tornou-se conhecido internacionalmente como uma das bandas modernas mais interessantes do thrash metal. Os seus dois últimos discos, o intensa «Vigilância» (2009) e o «Sinal de Ameaça» (2011), ambos encontraram um hype implacável, gerando cada um interesse crescente na comunidade metálica. Combinando a complexidade do thrash metal, com um som de groove mais contemporâneo que envolve ritmos técnicos e passagens musicais melódicas, a banda finalmente retorna com seu quarto álbum de estúdio, «Disconnect». (Agonia Records) Infaust - «Verblichen» (Alemanha, Black Metal) Fora de um longo véu preto e um hiato de 9 anos, os lunáticos de black metalde Thuringia, Infaust, retornam devidamente preparados com o seu 3º álbum. Esses sete manifestos de black metal de energia misantrópica e fria parecerão sangrar perfeitamente sombrio nos vossos ouvidos. Enquanto disparam ondas de melodias cruas e opressivas, eles criam um vórtice de morte, declínio e reflexões sombrias sobre a vida. Manipulando e psicologicamente letras de adoração da morte enroladas num fluxo de baixo atmosférico, baixo profundo e duplo desespero vocal. (Eisenwald) THE WALKING DEAD ORCHESTRA - «Resurrect» (França, death metal) A banda autoproduzida afirma: “Nós condicionamo-nos na libertação das nossas influências primitivas, sendo este um processo de regresso à raiz dos riffs da velha escola, sintonizados com o som mais moderno. Estamos orgulhosos desta combinação. Cada música tem a sua própria identidade e este álbum impõe um ambiente com muitas reviravoltas e surpresas,
apresentando estruturas musicais mais maduras. Este é um novo capítulo para a banda, mas também para o arquiteto, o personagem principal do conceito de THE WALKING DEAD ORCHESTRA que ocorre através de um mundo pós-apocalíptico. (Earsplit)
Until The Sky Dies - «The Year Zero» (EUA, Avant-garde Doom/ Death Metal) UNTIL THE SKY DIES é o último projeto de prolífico músico Clint Listing (Grizzle, Long Winters Stare, As All Die, Broken Hands for Brilliant Minds, Black Deepths Grey Waves), que aqui fornece músicas, baixos, graves e efeitos, onde se juntou Ryan Michalski (Cosmic Punch), que fornece todas as guitarras e bateria. Ao empregar uma mistura familiar de ingredientes dos outros projetos, UNTIL THE SKY DIES mantém sozinho enquanto se considera o modo avançado de metal vanguardista, doom metal, pós hardcore, juntamente com elementos industriais e eletrónicos combinados para formar um som verdadeiramente único. (Earsplit) The 3Rd Attempt - «Egocidal Path» (Noruega, Black Metal) Sentir-se incomodado numa rotina e tomar a decisão de deixar a relativa segurança de uma banda de grande nome como Carpathian Forest, os guitarristas Tchort (Green Carnation) e BloodPervertor (Apostasy) partiram para encontrar o entusiasmo e a criatividade que sentiram que faltavam há bastante
tempo, formando uma nova banda que se tornaria nos The 3Rd Attempt. Com o seu próximo álbum «Egocidal Path», os The 3Rd Attempt mostram, sem sombra de dúvida, como dois veteranos se dirigem para novos campos de criatividade. Este é um álbum que não só se baseia no seu antecessor, mas como o deixa para trás. Ainda há Thrash, ainda existe Black’n’Roll, e não há dúvidas sobre a presença desse Black Metal vibe. (Dark Essence Records)
VOICE - «The Storm» (Alemanha, Melodic Power Metal) 10 anos passaram entre «Soulhunter» e «The Storm», e a musica é cada vez melhor, continuando sempre em mutação, o bit VOICE permaneceu fiel a si mesmo - e é por isso que o álbum acabou por ser variado, ao mesmo tempo que oferece um toque progressivo, bem como atraentes melodias. A voz de Oliver Glas é tão poderosa quanto sempre o foi, e rouba o espectáculo em intervalos vocais altos e baixos. Em suma, as músicas são mais pesadas e mais agressivas, porque o som do teclado ficou para segundo plano, deixando mais espaço para as guitarras. (Massacre Records) Gwar - «The Blood Of Gods» (EUA, Indefinido) A história dos GWAR está esculpida na história deste planeta estéril e sem esperança, mas os próprios GWAR não são deste mundo ... A sua história começa no alcance mais profundo do espaço
exterior. Há muito tempo, os seres que se tornariam numa banda de rock GWAR, e que faziam parte de uma força de combate de elite, os Scumdogs do Universo. Nascidos da adversidade, «The Blood of Gods» é uma cicatriz sonora... uma pergunta e resposta ... A morte não pode matar GWAR. Nada pode. GWAR VIVE! (Metal Blade Records)
Panzer - «The Fatal Command» (Alemanha, Heavy/Thrash Metal) Dois anos e meio após o seu infame «Call The All To Hell», os salvadores do heavy metal PÄNZER voltam à cena. Na sua agenda: fazer metal excelente novamente! O seu mote: mais forte do que nunca! O seu focus: O trabalho sucessor furiosamente rugindo «The Fatal Command». A previsão: não deixará nenhuma pedra por se virar! (Nuclear Blast) MEYHNACH - «Non Omnis Moriar» (França, French Black Metal) MEYHNACH é o novo projeto do ex-líder dos Mutiilation, e o seu primeiro trabalho é intitulada «Non Omnis Moriar». Depois de anos de tocar raw black metal com seu projeto de um só homem Mutiilation, depois com a gangue de HELL MILITIA, e após uma longa ausência da cena, MEYHNACH decidiu explorar novos horizontes musicais. Podese reconhecer a sua identidade específica e influências musicais primitivas, mas liberadas dos clichês do black metal. O seu
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novo álbum é mais experimental e o levará para uma viagem ao seu mundo sufocante. (Osmose Productions)
Kadavar - «Rough Times» (Alemanha, Rock) Para as poucas bandas que vivem para ver uma carreira sair da paixão, ainda menos conseguem evitar a estagnação criativa sem esperança quando o hobby se transforma em “trabalho”. Todos sabemos que assim que o rock n ‘roll começa a parecer-se com o escritório, não há vencedores - todos estão tramados. Tal como o trio alemão KADAVAR - indiscutivelmente a banda de trabalho mais difícil do rock europeu – estes estão à beira de lançar a seu quarto álbum, olhando para trás, para uma carreira de sete anos a fazer o contraditório. (Nuclear Blast) BAND OF SPICE - «Shadows Remain» (Suécia, Hard N’ Heavy Rock) O legendário cantor e compositor sueco Spice (Spiritual Beggars, Kayser) está de volta com um novo álbum em nome próprio, os Band of Spice, que não é mais do que um registro de temas sobre um certo período na vida do cantor, o qual foi dominado pela loucura. A música é como uma bolsa de m&ms de diferentes cores, sabor e finalidades. É Rock, Hard Rock, Heavy Metal. É Blues, Jazz, Funk e até mesmo um pouco de bossanova. O som do álbum é muito honesto e puro. (Scarlet Records)
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melodia e incorporando partes eletrónicas cinematográficas e até mesmo acústicas. Tão hipnóticos quanto pesados, essas treze faixas significam “progresso” sólido. (Spinefarm Records)
World War Me - «World War Me» (Alemanha, Punk) Vivemos tempos tumultuosos. Entre os gritos de justiça, unidade, paz, tolerância e a persistência de “Make America great again”, não parece haver bastião de cultura popular ou política que não esteja cheia de aberturas nas costuras à espera de uma revolução. Isto, é claro, inclui a cena da música underground - ainda assim, pouco conhecida por pop-punkers e alt-rockers em todo o mundo, a revolução já começou com um conflito arrojado e turbulento entre o rock alternativo agressivo e obstinado e catchy, peculiar e criativo pop- punk. (Nuclear Blast)
TOOTHGRINDER - «Phantom Amour» (EUA, American metal) Embora mantendo o espírito esquizofrénico que os transformou num dos favoritos dos críticos com o «Masquerade Nocturnal» de 2015, a banda aumentou dramaticamente a sua palete criativa através da expansão da
ENTHEOS - «Dark Future Masters» (EUA, technical death metal) O supergrupo de metal técnico ENTHEOS, composto por músicos de classe mundial que actuaram em bandas como Animals as Leaders e The Faceless têm aqui mais uma prova da sua tecnicidade e virtuosismo. (Spinefarm Records)
Dr Living Dead! - «Cosmic Conqueror» (Suécia, Thrash Metal/Hardcore/Crossover) Legiões de jovens continuam a bater forte, começam as suas próprias bandas e juntam novos elementos à causa. Os suecos DR. LIVING DEAD foram obviamente influenciados por muitas bandas, vestindo a marca dos anos 80 com orgulho nas mangas, e ignorando a experimentação e a inovação forçada em favor do simplesmente escrever músicas memoráveis. (Century Media) Hornwood Fell - «My Body My Time» (Itália, Black metal, Avantgarde metal) A evolução é um processo longo e complexo que requer diversas fases diferentes. Hornwood Fell, das florestas do centro da Itália, atinge o terceiro marco da sua carreira e continua em mutação. Começou no primeiro álbum
como black metal clássico e anos noventa, o trio começou a adicionar novos elementos à sua música no segundo álbum «Yheri» e agora, com o seu novo opus «My Body, My Time», eles estão noutro caminho da evolução. Musicalmente, os riffs afiados agora são misturados com padrões mais intrincados, estranhas dicas psicadélicas brotam aqui e ali, mas o que é principalmente surpreendente é a abordagem completamente nova nos vocais. (Avantgarde Music)
Savage Messiah - «Hands Of Fate» (Inglaterra, Thrash/Power Metal) Se a música é uma linguagem universal, o metal pesado certamente deve ser o dialeto mais potente e inspirador. Formado em Londres, os Savage Messiah têm construído uma reputação como uma das bandas de metal mais distintivas do Reino Unido, com um som que abraça as melhores tensões metálicas, passadas e presentes, e uma devoção incansável para escrever hinos que afirmam a vida. (Century Media) Battle Dagorath - «Ii - Frozen Light Of Eternal Darkness» (Internacional, Black Metal/ Ambient) O quinto álbum dos Battle Dagorath chegou para invocar os caminhos assombrados. Aproveitando a força de «Mystique Revelation», “II” é uma jornada através de campos além desses horizontes, explorando os reinos das dimensões profundas. Através
do tempo, Battle Dagorath evoluiu gradualmente como um outsider criando paisagens distantes. “II” é música de uma dimensão de sonho. Uma cerimónia solene para os ciclos internos da alma, um rito de purificação que agrega as coberturas profundas da desintegração. (Avantgarde Music)
Atoll - «Fallout Frenzy» (EUA, slam metal) Saindo de um terreno queimado, os ATOLL representam o death metal americano puro, carregado de riffs pesados e obscuros, melodias contagiosas. O opus de trinta minutos oferece dez hinos assassinos cheios de brutalidade vil, num álbum produzido pelos ATOLL e misturado pelo vocalista Wade Taylor nos Filthy Swine Studios. «Fallout Frenzy» garante uma queda de metal inesperado num álbum que é o mais pesado da ATOLL até à data. (Earsplit)
Oblivion - «The Path Towards» (EUA, Technical Death Metal)
O tão aguardado álbum ganhou forma em «The Path Towards», o mais obscuro, pesado e ainda mais eclético dos Oblivion. Foi composto por Vasallo e possui uma lista de artistas convidados que incluem Karl Sanders (Nile, compositor convidado), Eddie Hermida (Suicide Silence / All Shall Perish, vocais convidados), Enrico H. Di Lorenzo (Divindade Cúbica, vocais convidado) e Carlos Saldana (Connoisseur, vocais convidado). Este álbum também marca o retorno de Ben Orum e Nick Vasallo. Com precisão e intrincada nas cordas da guitarra de O’Neill e performances lendárias de Martinez, os OBLIVION estão mais forte do que nunca com «The Path Towards». (Earsplit)
Sons Of Apollo - «Psychotic Symphony» (EUA, Progressive Metal) APOLLO: O antigo deus grego e romano de música e poesia. SONS OF APOLLO: O novo supergrupo com membros do Dream Theater, Mr. Big, Guns ‘N Roses e Journey. No início de 2017, rumores começaram a circular sobre um novo projeto secreto, incluindo os ex-membros dos Dream Theater, Mike Portnoy e Derek Sherinian. Finalmente, no dia 1 de agosto, a dupla revelou os detalhes, apresentando a sua nova banda: SONS OF APOLLO. Assim, estes juntam forças com o guitarrista Ron “Bumblefoot” Thal (ex-Guns N ‘Roses), o baixista Billy Sheehan (The Winery Dogs, o Sr. Big, David Lee Roth) e o vocalista Jeff Scott
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Soto ( ex-Journey, ex-Yngwie Malmsteen’s Rising Force). O seu álbum de estreia é «Psychotic Symphony». (InsideOut Music) Premiata Forneria Marconi «Emotional Tattoos» (Itália, Rock) Premiata Forneria Marconi (também conhecida como PFM) é uma das bandas de rock italianas mais famosas do mundo. Premiata Forneria Marconi é um grupo musical muito eclético e exuberante com um estilo distintivo que combina impressionantemente música rock, progressiva e clássica numa entidade sonora fascinante. «Emotional Tattoos», marca o retorno do som de imagem de marca após dois lançamentos experimentais. Gravado entre maio e julho de 2017 no Metropolis Recording Studio com Alessandro Marcantoni, o novo álbum traz uma rocha melódica de prog rock, oferecendo reviravoltas musicais surpreendentes, incluindo sintetizadores temperamentais, arranjos orquestrais, passagens directas de violão e maravilhosas baladas. (InsideOut Music)
Eternal Flight - «Retrofuture» (França/Suiça, Melodic Prog Power Metal) «Retrofuture» contém 13 faixas escritas por Gérard Fois (incluindo 3 músicas remixadas e gravadas anteriormente em 2015 com a lenda do tambor John Macaluso), que são um banquete para todos os fãs de metal que se encontram num poderoso
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metal melodioso e ambicioso, e progressivo! «Retrofuture» é um nome apropriado para o álbum; musicalmente, é como se as bandas tradicionais de hard rock e metal como Judas Priest, Savatage e Deep Purple se juntasse com Dream Theater, Opeth e Nevermore para fazer uma mistura única! (Massacre Records) Evilfeast - «Elegies Of The Stellar Wind» (Polónia, Black Metal) «Elegies of the Stellar Wind» marca o 5º LP da banda épica de black metal da Polónia, os Evilfeast. No sucessor de 2011, «Wintermoon Enchantment», o único membro do GrimSpirit não mudou muito na fórmula majestosa da banda. Desdobrando as camadas por faixa, o álbum desbloqueia uma atmosfera única. Às vezes geladas na solidão, em outros melódicos resolutos com pilares corais. Melhorado como nunca antes, essas elegias atingem um pico quase monumental. (Eisenwald)
Beast In Black - «Berserker» (Finlândia, Melodic Heavy/Power Metal) Álbum de estreia. O grupo começou a trabalhar neste seu primeiro álbum imediatamente e, mais tarde, em 2015, tiveram a chance onde outras bandas morrerem. Assim, BEAST IN BLACK fez a sua estreia ao vivo como banda de abertura para os metaleiros sinfónicos conhecidos do mundo como NIGHTWISH. Mas como soa o resultado? Em primeiro lugar, os fãs de Anton,
que esperavam uma direção musical totalmente nova, podem respirar fundo: o álbum mantém o estilo de suas obras previamente compostas, que incluem os três primeiros álbuns de BATTLE BEAST. (Nuclear Blast) Grabak - «Bloodline Divine» (Alemanha, Black Metal) Do ponto de vista musical, «Bloodline Divine» dos GRABAK, ocupa o espaço onde «Agash Daeva» e «SIN» não foram. Os riffs furiosamente rápidos e as partes atmosféricas, bem como um som estridente, formam a base das nove músicas blasfemas de black metal. As linhas melódicas opostas de ambas as guitarras se complementam mutuamente, oferecendo ao ouvinte uma experiência de audição totalmente nova, o que lhe fica ainda melhor com a frequência com que irá ouvir o álbum. (Massacre Records) Then Comes Silence - «Blood» (Suécia, Post punk) O mundo não está em melhores condições do que nos anos 80. Se uma banda contemporânea já soubesse como embrulhar a beleza de um mundo em ruínas numa música sombria e brilhante, só podiam estar sediados em Estocolmo. THEN COMES SILENCE. (Nuclear Blast) Exhumed - «Death Revenge» (EUA, Death Metal/Grindcore) Bloqueie as portas do mausoléu feche os portões do cemitério – Maníacos do Gore Metal de longa data, os EXHUMED reaparecem com um novo álbum chamado de «Death Revenge». O 6º LP da banda, que os vê entrar num novo território ambicioso, aqui a lançarem o seu primeiro álbum conceptual. Um melodrama musical em treze partes, baseado em eventos verdadeiros chocantes. (Relapse) We Came As Romans - «Cold Like War» (EUA, post-hardcore) Ser um artista - especialmente no domínio da musica pesada - é
assumir a mentalidade e a natureza de um tubarão. Num nível, têmse de estar com fome e disposto a perseguir o sucesso como se fosse uma presa. Noutro nível, no entanto, é necessário manter o movimento: sem desenvolvimento e crescimento, a complacência e a estagnação pesam, arrastando até os sons e estilos do início mais sólidos nas profundidades de monotonia e tédio. Quando se trata de capturar essa mentalidade e aproveitar ao máximo, poucas bandas fizeram isso, bem como os pós-hardcore de Michigan, We Came As Romans. (Nuclear Blast)
Destruction - «Thrash Anthems II» (Alemanha, Thrash Metal) Os fãs influenciaram a seleção da lista de faixas e, assim, garantiram que «Thrash Anthems II» consiste principalmente em sucessos clássicos dos DESTRUCTION dos anos 80. Da «Black Mass» à «Sentence Of Death» passando por «The Ritual» e «Antichrist», as músicas são intransigentemente difíceis, mas ainda se apresentam como clássicos intemporais de uma banda lendária. A história da DESTRUCTION é gravada ao longo de bem-sucedidos anos onde o seu trabalho árduo (já desde 1982!) levou-os a fazer parte dos “Big Four Teutonic” ao lado de seus camaradas do Thrash: KREATOR, SODOM e TANKARD. Os DESTRUCTION continuam sendo uma das bandas de metal mais fortes do mundo. Com «Thrash Anthems II», eles dão à cena outra oferta de riffs brutais e músicas
imortais ... puro Thrash Metal! (Nuclear Blast)
Wildestarr - «Beyond The Rain» (EUA, Melodic Power Metal) WildeStarr estabeleceu-se como os mestres do metal melódico e agressivo, repleto de drama. O metal melódico e agressivo de classe mundial com Dave Starr (Vicious Rumors, Chastain) na composição de musicas superiores com grandes ganchos, riffs e melodias e vocais Halfordescos do talentoso London Wilde. Banda imperativa para fãs de metal feminino e clássico de Judas Priest, Dio, Queensrÿche, Savatage. (Scarlet Records) Umyrkvi - «Umbra» (Islândia, Black Metal) O LP de estreia dos UMYRKVI «Umbra» é um triunfo de Black Metal sobrenatural. Já estabelecido no escalão superior da crescente cena do black metal islandês, o mestre de ALMYRKVI, Garðar S. Jónsson, baseia-se nas fundações desenvolvidas nos últimos anos, em especial o monumental «Pupil of the Searing Maelstrom». Numa disposição em constante evolução, mas coesiva, de paisagens sonoras sufocantes, UMYRKVI tem profundindo ainda mais na escuridão melancólica do abismo cósmico. (Ván Records) Eye Of Nix - «Black Somnia» (EUA, Avant Doom Metal) Seguindo os elogios críticos de «Moros», os EYE OF NIX, completaram recentemente o seu
2º opus de «Black Somnia». Este centra-se em temas do medo, controle e ansiedade enquanto se deslocam através de uma lente psicadélica enegrecida e doom. «Black Somnia» é a turbulência e a tensão das suas músicas com camadas de atmosfera. (Earsplit)
Coraxo - «Sol» (Finlândia, melodic death metal) A banda Coraxo foi formada no verão de 2014 em Tampere, Finlândia. Depois da banda anterior de Tomis e Villes terminou, eles sentiram a necessidade de fazer algo novo, um tipo diferente de death metal melódico. Depois de um tempo a desenvolver a ideia base, o estilo dos sintetizadores banda sonora scifi, experimentação de música eletrónica dos 70 e metal melódico nórdico, conseguiram chegar a som enraivado. (Earsplit) Signs Of The Swarm - «The Disfigur» (EUA, death metal) SIGNS OF THE SWARM é uma horda de death metal de cinco elementos que vem de Pittsburgh, Pensilvânia. Com o lançamento de seu álbum de estreia, «Senseless», no ano passado, eles começaram a ganhar alguma atenção. Combinando vários estilos, como death metal, slam e hardcore, cada canção dos SIGNS OF THE SWARM evoca uma certeza mutiladora e esmagadora. Com riffs cativantes, falhas raunchy, vocais maníacos, e off-the-rails, os SIGNS OF THE SWARM provocaram rapidamente uma
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agitação no underground. (Earsplit) Coughdust - «Worldwrench» (Finlândia, Stoner/Death Metal) Combinando o peso pesado de doom metal com a escuridão gelada do death metal e a vibração groovy do Stoner Rock, os Coughdust são um grupo de quatro elementos originários da Finlândia que criam uma mistura única de espíritos doentios e escuridão naturalmente pesada fundida com alguns dos mais sombrios sabores dos anos 70. «Worldwrench», começa onde «A Means To A End» acabou, oferecendo uma combinação deslumbrante de doom pesado, death metal cru e psicadélica de stoner infeciosa. Ao ouvir essas músicas, podemos dizer facilmente que a sua música é tão escura quanto groovy e tão brutal quanto pessimista. (Viral Propaganda PR)
Virgil Steve Howe - «Nexus» (Inglaterra, Progressive Rock Metal) Em «Nexus», Steve manipulava guitarras acústicas, elétricas e de aço, enquanto Virgil cuidava de baixo, bateria e todas as teclas. Os resultados são belos, as composições diversas as quais vão variando entre elementos neoclássicos, jazz e temas cinematográficos e espaciais. «Nexus» é um álbum instrumental que impressiona pelos seus sentimentos e modos, unindo as biografias e estilos individuais de dois músicos como um todo fascinante. (InsideOut Music)
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Coronatus - «Secrets Of Nature» (Alemanha, Symphonic Metal / Gothic Metal) O 8º álbum de estúdio da banda de metal sinfônico / gótico CORONATUS, o qual oferece algumas novidades: pela primeira vez, a banda lançará um álbum conceptual sobre o misticismo da natureza, que apresenta 9 músicas no total. Há também algumas mudanças musicais notáveis: a maioria das músicas agora possui mais partes corais. A banda, aparentemente, concentrou-se num som mais atraente, sem parecer trivial. Os fantásticos arranjos orquestrais de Dennis Schwachhofer são mais uma vez um must no álbum. (Massacre Records)
Almanac - «Kingslayer» (Internacional, Symphonic Power Metal) Toda a gente quer o trono. Todo o mundo quer estar no topo, para ser o primeiro, o melhor, o maior. A vontade de obter poder,
o pouco de escrúpulos enquanto se luta pelo trono, o qual está profundamente incorporado na série de fantasia de TV «Game Of Thrones», está agora sendo transferido para um equivalente musical colossal, cortesia dos virtuosos do poder metal virtuais ALMANAC. Levante a cortina de «Kingslayer», o segundo álbum da banda envolvente do violinista Victor Smolski - e uma jornada assassina para os tempos sombrios dos regicidas. Vamos deixar uma coisa clara desde o início: o poderoso segundo golpe dos ALMANAC «Kingslayer» não é sobre fantasia, não é um conto de fadas sobre matar dragões e usar magia poderosa. São as nossas próprias histórias num regresso à forma de hinos épicos, vigorosos, maravilhosamente melódicos e habilidosos. (Nuclear Blast)
The Adicts - «And It Was So!» (Inglaterra, Punk Rock) Possivelmente mais relevante do que nunca, os reis clássicos de Punk THE ADICTS voltaram com uma intensidade surpreendente no seu último lançamento: «And It Was So!». O Punk Rock genuíno sempre teve a passagem de uma mensagem, mas, o mais importante, trata-se de permanecer fiel às suas raízes e, durante décadas, os THE ADICTS nunca tentaram tornar-se senão o que são: Punk Rock puro e não adulterado. (Nuclear Blast)
Asphodelos - «The Five Rivers Of Erebos» (Alemanha, Death/Thrash Metal) Após o «Hatred Within» em 2010, a banda de Turingia Asphodelos dedica-se ao death metal clássico com um toque escandinavo. Desde a sua fundação, eles têm lançado trabalhos regulares que atraíram muita atenção na cena. Com o tão esperado álbum de estréia «The Five Rivers Of Erebos», eles mostram agora que estão prontos para dar o próximo passo. Musicalmente, o ouvinte pode esperar muitos riffs e um modo básico como um steamroller, e por vezes partes frisky e cortes rápidos. (MDD Records)
Ketha - «0 Hours Starlight» (Polónia, avant-garde metal / experimental / math-core) KETHA. Um dos atos vanguardistas de metal / experimental. Trazido à vida em 2008 com o álbum chamado «III-ia», estes Poloneses têm evoluído para o próximo nível, trazendo música que é muito mais directa, densa e até mais original. Riscos fortes, grooves pesados combinados com vocais cativantes e uma excelente produção tornaram este disco um dos mais maduros dos KETHA até à data. Liricamente, o álbum foi dedicado às emoções humanas, fazendo perguntas sobre personalidade, o ser individual e consequências das suas escolhas. (Selfmadegod Records)
clássico Rock pesado... um som retornando aos temidos dias quando “pesado” significava Grand Funk e Black Sabbath, e “rock” significava drogas, agrupamentos e montanhas de amplificação. Este é século XXI do Blues... (Spinefarrm Records)
Anti Flag - «American Fall» (EUA, punk rock) Desde que desencadeou a sua estreia seminal de 1996 para o governo, os Anti-Flag fortaleceram e encorajaram os ouvintes de duas gerações assediando-os com um novo milénio atingido pela guerra, agitação racial e colapso financeiro. Consistentemente incorporou um espírito punk intemporal no decorrer de nove influencias, incluindo «The Terror State», «For Blood and Empire» e, mais recentemente, «Spring American» de 2015. (Spinefarrm Records)
Electric Wizard - «Wizard Bloody Wizard» (Inglaterra, Doom/Stoner Metal) ‘See You In Hell’ é o primeiro single do novo LP dos ELECTRIC WIZARD intitulado «Wizard Bloody Wizard», e, este é PESADO!!!! Seis minutos e meio de cranium-crushing. Finalmente, elevando-se acima da convenção e do género, ELECTRIC WIZARD construiu a sua própria visão do
V - «Pathogenisis» (Suécia, Sludgy Doom Metal) O quarteto de sludgy doom metal V, com os atuais e ex-membros da Katatonia, In Mourning, Oak e Afgrund, regressam com a sua primeira obra «Pathogenisis» quase uma década depois de gravar o seu EP “VI” de três faixas. Gravado nos estúdios Midlake em Dalarna Suécia, misturado por A. Baier nos estúdios Midlake 2 e dominado por Panu Posti no Mean Seed Lab em Helsínquia, o novo álbum é composto de 6 músicas num total de 42 minutos de metal sombrio, escuro e sludgy doom que vai certamente atrai fãs de outras paragens para esta banda. (Viral Propaganda PR)
Eisley Goldy - «Blood, Guts And Games» (EUA, Hard Rock) O cantor David Glen Eisley e o guitarrista Craig Goldy (exDio), ambos anteriormente em GIUFFRIA, voltaram a juntar-se em EISLEY / GOLDY, uma parceria que vê os dois artistas trazer de volta o som de assinatura que lançou as suas carreiras no início dos anos 80. (Frontiers Music)
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Æsthetica - «Sonorous Æon» (Noruega, Psychedelic Doom Metal) Dos subúrbios de Oslo densamente arborizados, surgiu um som profundo e sombrio com a intensidade sonora de um Armagedão e as sonoridades melancólicas dos pássaros. Æsthetica é uma banda de pós-rock auto-denominada de Kolbotn cujos shows ao vivo têm fascinado o público pelo seu feroz e grandes partes do som que envolvem o ouvinte como uma névoa misteriosa. Combinando elementos de doom, blues rock progressivo, escalas orientais e até tubas, Æstethica cultivou um som exclusivo e o seu álbum de estreia «Sonorous Æon» está trazendo a sua música para o formato físico (CD) pela primeira vez. (Viral Propaganda PR)
Jono - «Life» (Suécia, Progressive Metal/Progressive Rock) A banda sueca JONO começou como um projeto a solo do cantor Johan Norrby (daí o moniker “JoNo”), que cantou, escreveu e tocou a música em várias bandas e projetos ao longo dos anos. Isso aplica-se também para todos os outros membros da banda. O guitarrista Stefan Helleblad é membro dos holandeses Within Temptation. A música de JONO é difícil de identificar. Talvez seja melhor descrito como rock melódico com elementos sinfónicos e progressivos, sempre com base em melodias fortes com arranjos bombásticos. A dinâmica
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e um som contemporâneo e gordo são ingredientes importantes na receita musical JONO. (Frontiers Music) Operation Mindcrime - «The New Reality» (EUA, Progressive Rock / Metal) «The New Reality» é o terceiro e último capítulo da trilogia musical do icónico vocalista Geoff Tate. Após um pouco mais de um ano depois do lançamento do segundo capítulo, «Ressurreição», em 2016 e cerca de dois anos após o primeiro capítulo, «The Key», Operation Mindcrime é uma plataforma criativa que continua no espírito do histórico álbum com o mesmo nome, criando conceitos tão grandiosos e entrelaçando a intensidade do passado icónico do ex-vocalista dos Queensryche com a mentalidade provocadora e progressiva que o tornou uma das forças mais resolutas e um dos líderes da música. (Frontiers Music)
Pretty Boy Floyd - «Public Enemies» (EUA, Hard Rock) Não há muito tempo atrás, quando o rock era sobre ter um bom tempo, deixando o cabelo cair e criando caos e anarquia, quatro homens juntaram-se em Hollywood e formaram uma banda. A guitarrista da NYC, Kristy Majors, ligou-se ao Steve Summers, líder da costa oeste, e lançou as bases para a banda de sonhos. À medida que o novo milênio entrou, os novos fãs de música começaram a perguntarse o que eles haviam perdido no apogeu dos anos 80 e início da
década de 90. Uma nova geração de jovens fãs que não nasceram quando a banda surgiu pela primeira vez começou a descobrir a sua música. (Frontiers Music) Raintimes - «Raintimes» (Itália, Melodic Rock) Raintimes é uma nova banda de projeto de rock melódico com dois jovens e talentosos músicos italianos, Pierpaolo “Zorro” Monti (Charming Grace, Shining Line) e Davide Barbieri (Wheels of Fire, Grace Grace), juntamente com o incrível cantor Michael Shotton (Von Groove) . A formação é completada por Sven Larsson e Ivan Gonzalez nas guitarras e Andrea Gipponi no baixo. Os seus ritmos, mergulhados em pura classe melódica, são o cruzamento perfeito entre AOR e Melodic Rock. (Frontiers Music)
Steve Moore - «Mayhem Original Motion Picture Sound» (Internacional, Movie Soundtrack) Steve Moore (Zombi) está de regresso com outra nova nota hipnotizante para o aclamado filme de ação / terror MAYHEM, de Steven Yeun (The Walking Dead, OKJA). Um verdadeiro retrato de choque e medo em mais de setenta minutos de tensão de sintetizador analógico, Steve Moore organiza metodicamente ritmos pulsantes e arpejos penetrantes que restringem o ouvinte a um profundo senso de ansiedade auditiva. (Relapse Records)
27. Wave- Gotik-Treffen annual gathering from 18th of May to 21t of May (Whitsun) in Leipzig / Germany The following artists already promised their appearance: 3TEETH (USA) G ACTORS (USA) G AEON RINGS (USA) G AEVERIUM (D) G ALL GONE DEAD (USA) – exclusive european show G A PROJECTION (S) G ARCANA (S) G ASH CODE (I) G ATARAXIA (I) G AUTHOR & PUNISHER (USA) G AUTOBAHN (GB) G BEINHAUS (D) G BLACK LIGHT ASCENSION (GB) G BLACK LINE (GB/USA) G BLANCK MASS (GB) G BOOTBLACKS (USA) G BOY HARSHER (USA) G BUZZ KULL (AUS) G CELLAR DARLING (CH) G CENTHRON (D) G CESAIR (NL) G CHAMELEONS VOX (GB) G CONFRONTATIONAL (I) G CRISIS (GB) G CRYING VESSEL (CH) G DAGEIST (F) G DEAD LEAF ECHO (USA) G DETACHMENTS (GB) G DE/VISION (D) G DIE KAMMER (D) G DIORAMA (D) G DIVE (B) G DOOL (NL) G DONNER & DORIA (D) G DRIFTER (S) G E-CRAFT (D) G EDEN WEINT IM GRAB (D) G EINAR SELVIK (N) G EIVØR (FO) G ELEGANT MACHINERY (S) G EMINENZ (D) G ES23 (D) G EXT!ZE (D) G FABRIK C (D) G FADERHEAD (D) G FAIRYTALE (D) G FEUERSCHWANZ (D) G FIRST HATE (DK) G FORMALIN (D) G FRANK THE BAPTIST (USA) G FRONT LINE ASSEMBLY (CDN) G GOD MODULE (USA) G GRAVE PLEASURES (FIN) G GRENDEL (NL) G GREYHOUND (D) G GRIMNER (S) G GUERRE FROIDE (F) G HEIDEVOLK (NL) G HEIMATAERDE (D) G HEKATE (D) G HELDMASCHINE (D) G HEXHEART (USA) G ILLUMINATE (D) G IMMINENT & SYNAPSCAPE (B/D) G IMPERIUM DEKADENZ (D) G INGRIMM (D) G JAPAN SUICIDE (I) G JO QUAIL (GB) G JOY/DISASTER (F) G KAIZER (D) G KAUNAN (D) G KIEW (D) G LES DISCRETS (F) G MERCIFUL NUNS (D) G MERCURY‘S ANTENNAE (USA) G MODEL KAOS (D) G MODERN ENGLISH (GB) G MONICA JEFFRIES (D) G MONICA RICHARDS & ANTHONY JONES (USA) G MONO NO AWARE (D) G MONOLITH (B) G MR. KITTY (USA) G MYSTIGMA (D) G NACHTSUCHER (D) G NACHTWINDHEIM (D) G NEUMENTROLL (D) G NEUN WELTEN (D) G NEWMOON (B) G NOTHGARD (D) G NYTT LAND (RUS) G OBERER TOTPUNKT (D) G OOMPH! (D) G OST+FRONT (D) G PADDY AND THE RATS (H) G PALAST (D) G PG.LOST (S) G PHIL SHOENFELT & SOUTHERN CROSS (GB/ CZ) G PHOSGORE (D) G PRINCIPE VALIENTE (S) G PYOGENESIS (D) G QNTAL (D) G RAISON D‘ÊTRE (S) G RANDOLPH‘S GRIN (USA/A) G RAPALJE (NL) G READERSHIP HOSTILE (USA) G ROME (L) G ROSA CRVX (F) G SAMSAS TRAUM (D) G SARDH (D) G SARIN (IR) G SCARLET AND THE SPOOKY SPIDERS (I) G SCHANDMAUL (D) G SCHEUBER (D) G SECOND STILL (USA) G SEELENNACHT (D) G SEIGMEN (N) G SIGLO XX (B) – exclusive show G SILENT RUNNERS (NL) G [:SITD:] (D) G SIVA SIX (GR) G SKELETAL FAMILY (GB) G SOLITARY EXPERIMENTS (D) G SPARK! (S) G STAHLR (NL) G STILL PATIENT? (D) – 30th anniversary show G STURM CAFÉ (S) G SUIR (D) G SULD (CHN) G SULPHER (GB) G SURTURS LOHE (D) G SVARTSINN (N) G TEHO TEARDO & BLIXA BARGELD (I/D) G THE BEAUTY OF GEMINA (CH) G THE CRIMSON GHOSTS (D) G THE EDEN HOUSE (GB) G THE FRIGHT (D) G THE JESUS AND MARY CHAIN (GB) G THE KVB (GB) G THE LAST CRY (GB) G THE NEW DIVISION (USA) G THE OTHER (D) G THEN COMES SILENCE (S) G TIAMAT (S) – perform songs from the albums “Wildhoney” and “Clouds” G TORUL (SLO) G TOTUS GAUDEO (D) G TRAITRS (CDN) G TRAUMTAENZER (D) G TREPANERINGSRITUALEN (S) G TRISOMIE 21 (F) G UNDERTHESKIN (PL) G UNTERSCHICHT (D) G VIC ANSELMO (LV) G VOCAME (D) G VOGON POETRY (S) G VOMITO NEGRO (B) G WARDRUNA (N) G WOLFCHANT (D) G XENTURION PRIME (N) G YE BANISHED PRIVATEERS (S) G ZANIAS (AUS) G ZERAPHINE (D) G ZEROMANCER (N) Furthermore we recommend to you: WGT-Musik-Kammer G opera performances G readings G autograph-shows G museums & exhibitions G motion pictures G Victorian picnic G concerts in sacred venues G guided tours through Leipzig‘s largest cemetery G concerts at the Gewandhaus G theatre & variety G Aftershow parties with well known DJs G WGT scene-fair in the agra exhibition hall No.1 G medieval mile “Celebrant 2018” G pagan village G horse-drawn buggy rides G knight performances G medieval acrobats G fashion shows G fetish party “Obsession Bizarre” G fire and light performances G esotericism and much more G More details will be published soon!
The following tickets, including the below listed range of services, you can acquire in advance sale. Ticket-Order at www.wave-gotik-treffen.com or call **49.341.2120862
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Obsorge-Karte:
Limited up to 9999 Tickets for 25,- € each (excl. advance sale charges), contains the following service-package: • Camping at the Treffen-Campingground (agra-fairground)
Please note:
Entrance and usage of the campingsite is not possible without the “Obsorgekarte”. The “Obsorgekarte” is only valid in connection with the Treffen-Event-Ticket.
Treffen-Event-Ticket:
4-Days-Ticket for all events within the 27th Wave-Gotik-Treffen Whitsun 2018, 120,- € each in advance ticket sale (excl. advance sale charges). The Treffen-Event-Ticket includes free using of public transport (tram, city-busses, regional trains, suburban trains) within the zone 110 of MDV (“Mitteldeutscher Verkehrs Verbund”) from 18th of may, 8.00 am to the 22nd of may, 12.00 am (except for special routes)
Parking Vignette:
For car parking at the Treffen-area you have to purchase a Parking Vignette for 15,- € (excl. advance sale charges). Please note: Parking at the Treffen-area (agra-fairground) is definitely not possible without a Parking Vignette.
Treffen & Festspielgesellsaft für Mitteldeutsland mbH
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O peso que vem do Brasil Por: Emanuel Leite Jr.
Pandemmy
A
música pesada brasileira vai muito além dos Sepultura, Krisiun, Angra, irmãos Cavalera e Ratos de Porão. De Norte a Sul daquele país de dimensões continentais há uma intensa e diversificada cena metaleira. Nesta edição da coluna, falamos sobre os Pandemmy, uma banda de death/thrash metal do Recife, do Nordeste brasileiro.
Sobre os Pandemmy Os Pandemmy surgiram no Recife, capital do estado de Pernambuco, em janeiro de 2009. Da formação original, apenas o guitarrista e idealizador do grupo, Pedro Valença, permanece no alinhamento. Desde os primórdios, a banda se notabiliza pela sua sonoridade pesada, agressiva e rápida, mas também com elementos mais melódicos em suas composições, com nítidas influências que vão desde o thrash metal, passando tanto pelo death metal clássico, como o death metal melódico, mais moderno. Nas letras, encontramos reflexões políticas e sociais, com uma
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latente preocupação com questões não apenas do Brasil, mas da geopolítica internacional. Em 2010, a banda lançou a demo “Self-Destruction”, único trabalho com a formação original e que, graças às críticas positivas, colocou o nome do grupo em evidência no cenário do Nordeste brasileiro. Em 2011, na esteira do lançamento do EP “Idiocracy” os Pandemmy venceram a etapa regional do W:O:A Metal Battle. O que permitiu ao grupo a participação em seu primeiro grande festival, uma vez que a disputa da final brasileira da “batalha” do Wacken Open Air aconteceu no tradicional festival Roça N’ Roll, em Minas Gerais. Ainda em 2011, os Pandemmy participaram da compilação “Ratamahatta - De Pernambuco para o mundo: Um Tributo ao Sepultura”, com o cover da música “Convicted in Life”. No início de 2012, os Pandemmy lançam mais um EP, “Dialectic”, marcando uma evolução musical, apostando em elementos novos e atípicos ao seu estilo. Neste ano a banda participou de um dos maiores festivais do underground brasileiro, o Abril Pro Rock, dividindo o palco com nomes como Exodus, Brujeria e Ratos de Porão. Somente após quatro anos de estrada, em 2013, é que o grupo lançaria seu primeiro álbum full-lenght. Com produção de Fabiano Penna, “Reflections & Rebellions” foi lançado pelos selos brasileiros Gallery Productions, Impaled Records e Rising Records, e teve repercussão positiva na crítica especializada nacional e internacional. Em 2016, os Pandemmy apostaram nas plataformas virtuais e lançaram na web o seu segundo álbum de estúdio, “Rise Of A New Strike”. Um trabalho marcado pela evolução e maturidade musical e lírica do grupo e cujo lançamento em formato físico saiu no fim de 2017, da Burn Distro e Sangue Frio Records. Também em 2017, a banda revelou o nome de sua nova vocalista. Rayanna Torres, a primeira mulher a integrar o grupo e ex-vocalista da também pernambucana Vocífera, foi apresentada de forma oficial no vídeoclipe da música “Circus Of Tyrannies”. No mesmo ano, os Pandemmy integraram o cartaz da segunda edição do Hellcifest, ao lado de nomes como Amon Amarth e Abbath. Em seus nove anos de atividade, além dos referidos festivais em que tiveram oportunidade de tocar, os Pandemmy já dividiram palcos com Artillery, Belphegor, Obituary, Ragnarok e Tankard. Formação Pedro Valença - Guitarra Guilherme Silva - Guitarra Rayanna Torres - Vocal Marcelo Santa Fé - Baixo Arthur Santos - Bateria
sequência das músicas, que trabalhamos para que não soem repetitivas.
De onde surgiu a ideia de formar os Pandemmy? E qual o significado deste nome? Pedro Valença: Quando eu estava aprendendo a tocar guitarra, logo perdi o interesse em tirar covers pelo gosto em compor meus próprios riffs. O Pandemmy se originou na minha experiência na banda Monstera, que fiz parte por um ano e tinha uma levada mais thrash. Quando decidi sair, busquei membros para um projeto com mais death metal na sonoridade. Sobre o nome, eu pensava em algo que desse a ideia de abrangência, seja na sonoridade que transita entre o death e o thrash metal, seja nos temas das letras. Em inglês, ‘Pandemic’ significa pandemia, uma enfermidade amplamente disseminada, em nosso caso, a vontade de disseminar nossa música. Desde 2009, quando os Pandemmy surgiram, a banda sempre teve elementos de thrash e death metal. Porém, o grupo evoluiu ao longo deste nove anos e teve algumas mudanças de formação. Quais eram as influências musicais no início e quais são as influências mais atuais? Pedro Valença: Eu diria que na época da demo ‘SelfDestruction’ e do EP ‘Idiocracy’ nosso som era bem cru, ríspido. Resgatamos um pouco disso na mixagem do álbum ‘Reflections & Rebellions’. Hoje trabalhamos um pouco mais nas composições sem perder a agressividade. Por mais curioso que seja, as mudanças de formação não alteraram as influências em comum. Carcass, Kreator, Morbid Angel, Megadeth, Sepultura e o Torture Squad são nossas influências principais. Obviamente, cada integrante tem suas preferências que fazem diferença nas composições e arranjos das nossas músicas. O nosso objetivo é trabalhar cada vez mais nossa identidade musical, evoluindo sempre, sem barreiras. Outra característica nos nossos álbuns é a
Viver o underground do heavy metal não é fácil em lado nenhum. Muitas bandas sobrevivem às custas da dedicação abnegada de seus músicos. No Brasil não é diferente. Quais foram e são as maiores dificuldades enfrentadas pelos Pandemmy? Marcelo Santa Fé: Eu poderia chegar aqui e dizer que as maiores dificuldades não só para o Pandemmy, mas para a maioria das bandas brasileiras são a falta de espaço para tocar, falta de contato com pessoas influentes de outros lugares para fechar shows, a dificuldade em encontrar algum selo para lançar seu material além das fronteiras do seu estado ou país. Porém, a maior dificuldade que uma banda pode ter é a falta de vontade dos membros. Muita gente acha que pagar ensaio é estar comprometido o suficiente. Gerir uma banda como um projeto sério é algo muito complexo, exige constantemente a participação efetiva de todos os membros nas mais diversas funções, principalmente se o grupo não dispõe de recursos financeiros para contratar pessoas e serviços. Se você jogar nas costas de apenas uma pessoa atribuições como composição de músicas e letras, cuidar das mídias sociais, fazer contatos, produção, distribuição de material, gerenciamento de merchandising e demais atividades, essa banda fatalmente, vai acabar. Os Pandemmy passaram por diversas mudanças de formação. Por quê? Essa é outra dificuldade que vocês encontram em vossa carreira? Pedro Valença: A banda começou com quatro integrantes bem jovens. E com o passar dos primeiros anos, muita coisa influenciou. A forma de pensar e agir diante de algumas dificuldades no underground, a maturidade, as prioridades pessoais. Existiram conflitos que quebraram o clima para alguns membros. Eu como líder e fundador da banda também errei em algumas situações. Olhando ao redor, é uma realidade do underground até as bandas que estão no mainstream do Heavy Metal. Por sermos um quinteto, acho que estamos mais expostos a esses acontecimentos. Atualmente, estamos muito bem, coesos em palco e com um relacionamento bem objetivo no backstage. Nas vossas letras nota-se a consciência social e política de músicos que usam sua arte como forma de manifestar suas opiniões e denúncias. Qual é a vossa visão do momento delicado que o Brasil vive, da ameaça cada vez mais grave e real à frágil democracia brasileira? Pedro Valença: Primeiramente nós lamentamos a distância que as bandas de Metal Nacional criam com os assuntos políticos. Em locais que as pessoas têm mais consciência política, vemos o apoio de governos no fomento de projetos ligados a bandas e festivais.
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Particularmente, o RAP me influencia mais na instiga de escrever sobre temas como o preconceito, democracia, justiça. Sobre o Brasil, eu custei a acreditar que vivenciei um golpe de estado. Achava que eram práticas passadas, dos livros de história. O que resta é se mobilizar, apesar de doloroso, sabemos que esse ciclo conservador e opressor terá um fim. Marcelo Santa Fé: Nota-se que a democracia de um país está em estado crítico, quando uma grande parcela da população vai às ruas pedir por intervenção militar, quando uma presidente eleita pelo voto do povo sofre um golpe, veementemente repudiado pelas nações mais democráticas do mundo, quando professores de história são chamados de doutrinadores comunistas. Eis que armamentistas, homofóbicos e misóginos se tornam "mitos". Guilherme Silva: A atual situação da democracia brasileira é alarmante! A falta de consciência social e política dos brasileiros é a grande culpada de estarmos neste péssimo momento. Dentro da cena Metal, por exemplo, vemos inúmeras vezes, headbangers apoiando discursos conservadores de políticos da extrema direita, o que não fazer sentido algum apoiar o conservadorismo dentro da música extrema, visto que a música pesada se contrapõe ao status quo e aos padrões impostos pela sociedade. Achamos extremamente necessário posicionarmo-nos politicamente contra estes ideais.
“[...] Carcass, Kreator, Morbid Angel, Megadeth, Sepultura e o Torture Squad são nossas influências principais.”
Vocês já se apresentaram em festivais como Roça N’ Roll, Abril Pro Rock, Hellcifest e dividiram palcos com grandes nomes da música pesada mundial. Qual a importância destes momentos para a vossa trajetória e formação como músicos e banda? Pedro Valença: É sempre uma oportunidade de trocar contatos e observar como as bandas trabalham no backstage e daí como podemos melhorar. Muitas vezes as bandas gringas gostam de conhecer o material das bandas dos locais que eles tocam, e na maioria os músicos de fora são bem receptivos. Dividir palco com essas bandas agrega valor e experiência para quem está no underground, abre portas e aumenta a divulgação. Como é o processo criativo da banda? Quem é o responsável pelas composições das músicas e letras? Pedro Valença: Eu e Guilherme dividimos a função de compor as músicas. Juntamos nossos riffs, fazemos uma bateria programada por cima e depois levamos pro estúdio de ensaio para adicionar e modificar arranjos. Sempre há contribuição de todos os membros nesse processo. Como estou sempre pensando nas propostas líricas da banda, escrevo as letras também e Rayanna cuida da execução do vocal. Em “Rise Of A New Strike” há dois covers. Um da música “Ecce Hommo”, da banda pernambucana
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de death metal Decomposed God. O outro é dos Sentenced, “Nephente”. Por que os Sentenced? Pedro Valença: Estamos num momento de despedidas com nossos ídolos. Todos os anos perdemos artistas que nos marcaram. Muitas bandas também estão em suas ultimas turnês, como recentemente anunciou o Slayer e o Manowar. O Sentenced é uma das bandas preferidas dos atuais membros do Pandemmy, e além de uma homenagem sabemos que é muito improvável o retorno deles depois da morte do guitarrista Mika Tenkula. Entre 2009 e 2017 os Pandemmy sempre tiveram vocalistas masculinos. Como foi o processo de escolha da Rayanna Torres e o que vos levou a optar por uma mulher para assumir os vocais do grupo? Pedro Valença – A entrada de Rayanna foi aos quarenta e cinco do segundo tempo. Já estávamos praticamente certos com um vocalista masculino. Ela foi a última a fazer o teste e nos surpreendeu. Não tínhamos a proposta de optar apenas por uma vocalista mulher. Ela simplesmente chegou no ensaio e cantou três músicas com bastante instiga, nos convencendo sobre o posto de vocalista. Não vamos negar que chama mais atenção uma mulher como frontwoman, mas sabemos do talento dela e dos nossos esforços em produzir boas músicas. Ouvindo o álbum “Rise Of A New Strike” é possível perceber que algumas canções, embora gravadas por um vocal masculino, encaixam-se muito bem nas linhas vocais femininas, com alguma influência, por exemplo, de Arch Enemy. Vocês pensam em lançar um álbum com regravações de músicas antigas? Pedro Valença: Sim! Uma coletânea com regravações de algumas faixas antigas e algumas faixas nunca utilizadas, está dentre os nossos desejos. Rayanna regravou algumas faixas do “Rise Of A New Strike” para alguns vídeos que iremos lançar até o fim deste ano. O videoclipe da faixa “Circus Of Tyrannies” já
conta com os vocais dela. Na sequência da pergunta anterior, quais são os planos futuros dos Pandemmy? Pedro Valença: Estamos trabalhando em um Lyric Video para a faixa Almost Dead e um single a ser lançado até o mês de junho. O single será uma faixa inédita, cujo tema é a opressão que a Palestina sofre nas mãos do estado israelense. Em dezembro, iremos lançar digitalmente, a princípio, um Split com uma banda italiana. Serão cinco faixas: uma intro, três inéditas e um cover. Em breve divulgaremos mais detalhes sobre este lançamento. O próximo álbum de inéditas do Pandemmy ganhará vida apenas no segundo semestre de 2019. Os vossos trabalhos se encontram disponíveis nas plataformas de stream. Mas, pensam em lançar algo no mercado europeu? Alguma vez foram procurados por alguma editora europeia? Pedro Valença: Já tivemos contato com uma gravadora europeia, mas a proposta não era vantajosa para o Pandemmy. Ainda em 2018, vamos ver a possibilidade de colocar o álbum “Rise Of A New Strike” em alguns pontos de vendas no continente Europeu. Agradeço pela entrevista. Deixo este espaço para uma última mensagem. Pedro Valença: Nós gostaríamos de agradecer pelo espaço cedido, foi uma das nossas melhores entrevistas. Quem quiser conhecer as nossas músicas, estamos presentes nas principais plataformas de streaming, incluindo os álbuns completos no YouTube, além das novidades que postamos nas nossas redes sociais no Facebook e Instagram. It’s time to spread the Pandemmy again!!! Facebook Video
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Vivemos em uma sociedade desigual, excludente e de dominação masculina. As mulheres têm que lutar muito mais para conquistarem seus espaços. Na cena heavy metal, infelizmente, não é diferente. O machismo ainda se faz sentir presente no nosso cenário. Como tem sido a tua experiência como headbanger e artista? Rayanna Torres: Ainda temos que discutir sobre o machismo no Metal. Particularmente eu acho um saco ter que falar disso ao invés de falar só do meu som, como quando homens são entrevistados, infelizmente. Já aconteceram várias situações chatas comigo, desde gritos de homens nojentos enquanto estou no palco, até "Você canta igual um homem" e "Você não canta gutural" dentre vários outros comentários. Uma vez estava tocando com a Vocifera e tivemos o desprazer de escutar "Eu não acredito que uma banda só de meninas toca Death/Thrash. Eu escutei o disco e tenho certeza que são outras pessoas tocando"... Foi foda! Antes de integrares os Pademmy, fizeste parte das Vocífera, uma banda de death/thrash metal do Recife que era formada apenas por mulheres. Como surgiu o convite para entrares na Vocífera e como foi essa experiência? Amigos em comum. Dois amigos tinham comentado comigo que a Vocífera estava sem vocalista e outro amigo disse para Marcella Tiné (baterista da Vocífera) que me conhecia. Então entrei em contato com elas e fiz o teste. Logo após começamos ensaiar e gravar o disco. Foi bem legal! E os Pandemmy, como foi o processo para a tua entrada? Foi praticamente a mesma coisa. Um amigo me disse que os meninos estavam sem vocalista, eu entrei em contato com eles e fiz o teste.
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Cinco perguntas a Rayanna Torres
No cotidiano da cena (viagens, festivais/concertos, estúdios, etc.), notas alguma diferença na forma como fãs, produtores e afins tratam os Pandemmy, em que és a única mulher, em comparação às Vocífera, em que eram todas mulheres? Querendo ou não, sabemos que o tratamento é um pouco diferente. As vezes a galera "pira" por ser uma mulher no vocal, pede pra tirar foto e me tratam super bem. Outras vezes é bem diferente ... Não acham que sou capaz por ser uma garota, mas na maioria dos casos eu sou bem recebida e respeitada pelos produtores, caras de outras
bandas e público. Entre os amigos eu nunca fui desrespeitada para falar a verdade. É massa! No Vocifera eu sentia muito mais o machismo. Alguns não acreditavam que cinco mulheres podem fazer metal. Foda-se! Quais são as tuas principais referências? Eu curto muito Death e Thrash Metal, então minhas principais referências são: Death, Suffocation, Cannibal Corpse, Obituary, Kreator, Krisiun, Slayer e Dying Fetus. E algumas bandas com meninas tipo Cerebral Bore, Torture Squad e Arch Enemy.
A Revolução Bolchevique de 1917 foi o maior fenômeno social do século 20. Ao mesmo tempo, o futebol, outro fenômeno social, consolidou-se como esporte global. Bicampeã olímpica e primeira campeã europeia, a seleção soviética marcou história. Também as rivalidades de seu campeonato. O orgulho ucraniano, Dínamo Kiev; o time da KGB, Dínamo Moscou; do exército, CSKA Moscou; e “do povo”, Spartak Moscou. Revolução bolchevique e futebol, histórias que se entrelaçaram ao longo da “era dos extremos”. Aqui narradas como uma série de reportagens. Preço: 12€ Selo Drible de Letra, editora Multifoco (https:// editoramultifoco.com.br/) Se tiver interesse, favor contatar diretamente o autor emanuel.leite.junior@gmail.com Capa de autoria de Tânia Ribeiro
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O primeiro prego O Brasil sempre foi um território fértil no que toca às vertentes mais pesadas do Metal. Sepultura, Ratos de Porão, Sarcófago, entre muitos outros são apenas exemplos da riqueza do país. Os The Last Nail são mais uma dessas bandas que, apesar de estar agora a dar os primeiros passos, promete vir a ser um nome a ter em conta no futuro. Afinal, nem tudo é samba e futebol. A HellHeaven/Versus Magazine esteve à conversa com Wit, baixista e vocalista destes brasileiros. Entrevista: Nuno Lopes
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Os The Last Nail são uma nova banda de São Paulo, como é que tudo começou e como é que definiriam a vossa sonoridade? Wit: Tudo começou no show do Mpire of Evil, Wit (baixo e vocal) e eu montamos uma excursão só de amigos para o show, nisso o Mr.Honor (guitarra ) meu irmão da época de Leprous Soul comentou comigo que estava louco para voltar a tocar , comentei com ele que toparia , então no show entre uma cena e outra fui convidado para esse projeto , depois dessa primeira reunião, tivemos mais uma pra traçar o caminho que tomaríamos em termos de música e começamos a ensaiar e bolar riffs O ano passado lançaram a vossa demo e muitos esperam agora um novo registo, já estão a trabalhar nisso? Existe algo que possas desvendar? Estamos compondo para um novo trabalho, talvez pra 2018 , laçaremos algo inédito , estamos com alguns riffs prontos e vamos ver como eles soam, verdade em nossas músicas são nossa prioridade se não for assim começamos do zero , muito importante entregar algo de alta qualidade para quem gosta de nosso som . Nessa demo ficaram bem patentes as vossas influências de Black Metal, mas também de ouros géneros mais clássicos, como Black Sabbath ou Iron Maiden. Como é juntar tudo isso no mesmo caldeirão? Espontâneo, afinal somos fãs de Heavy Metal e suas vertentes. Ouvimos de tudo, THOR é uma grande influência, tem muito “Thunder On TheTundra” em nossas músicas. Qual o conceito das cinco faixas que integram a vossa demo e onde encontraram essa inspiração? As cinco faixas giram em dois eixos, guerras e Magick. Tomo a liberdade de grafar assim para diferenciar da mágica de salão. Na segunda parte da letra de «Si vis
pacem para Bellum», temos um tributo ao Celtic Frost. «The Battle of Thermophilae» é um compilado de várias leituras, uma em especial os 300 de Frank Miller. Belial e EL Azel, são descrições das entidades, mas a experiência Magick vai muito além. Em Belial minha casa foi infestada por moscas e em El Azel, uma perna de bode apareceu do nada... The Elder sign é um compilado de temas desenvolvidos por Lovecraft. O Brasil tem um longo historial no Metal, no entanto o género parece estar a perder alguma força, apesar dos muitos projectos que constrói. O que se passa no Brasil? O METAL é divido em muitos segmentos e você tem uma media especializada que quer forçar as pessoas a ouvirem as porcarias que pagam para ter espaço nos circuitos. Acho que é isso que acontece aqui. Neste momento o Brasil enfrenta uma enorme crise política e social, que parece durar desde sempre, como é que olham para toda esta situação e qual seria a solução para o país? Temos visões diferentes, tendemos mais para a social democracia, estamos longe de compartilhar uma visão socialista de mundo e a cada dia que passa parece não existir uma solução pacifica. Sendo Portugal e Brasil países unidos pela mesma língua, acham que deveria existir uma maior ligação entre os dois países e entre as suas bandas de Metal? Penso que não existe um intercâmbio cultural maior porque o Brasil é uma colcha de retalho, várias nacionalidades vivendo no mesmo solo, deste modo a cultura portuguesa acabou sendo suplantada por outras, temos em comum a língua, mas não temos tantos vínculos culturais. Acredito que exista mais bandas cantando em inglês do que em português aqui no Brasil, isso também cria um distanciamento entre as bandas brasileiras e portuguesas.
Esperamos muito um dia quem sabe poder tocar e mostrar nosso som aos irmãos portugueses. Queres deixar uma palavra para os nossos leitores? Agradecemos o espaço cedido, apoiem a cena underground pois a mainstream já tem uma media que faz isso. Conheçam bandas novas, comprem o material físico delas, vão aos pequenos shows! Enfim, apoiem a cena, sem seu apoio a cena acaba. Agora… uma brincadeira – respostas rápidas: Brasil: dois pesos, duas medidas Primeiro Disco que compraste: O primeiro disco que comprei com meu dinheiro foi Possessed - Seven Church Primeiro concerto que assististe: O primeiro show foi Camisa de Vênus em 86 Filme: Alien - O Oitavo Passageiro Maior influência: Hellhammer & Celtic Frost Maior decepção: não ter ido em nenhum show no Hellhammer & Celtic Frost Sonho: Paz na Terra. Livro: Drácula de Bram Stoker Comida: Macarrão à carbonara Filosofia: “Do what thou wilt shall be the whole of the Law”
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Um eremita musical Desta atitude nascem as canções incrivelmente sombrias e penosamente belas desta one man band que nos saúda a partir da Polónia. Entrevista: CSA
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Temos aqui um álbum de Black Metal bem old school lançado por uma one man band. Grim Spirit – Saudações. Fico feliz por gostares do álbum. Não quero parecer presunçoso, mas, na minha opinião, «Elegies...» é um momento grandioso de ódio, tristeza e magia. Já agora permito-me fazer uma observação: não penso que Evilfeast seja old school, nem o vejo como „new school” ou algo desse estilo. O verdadeiro Black Metal é intemporal. «Elegies of the Stellar Wind» é o teu quinto álbum de estúdio, logo a tua carreira já é longa. Podes falar-nos um pouco da história deste projeto de Black Metal? Certamente saber algo sobre a banda é essencial para compreender este álbum. Evilfeast nasceu no bosques da Mazóvia, no leste da Polónia, em 1998, a partir das ruínas de um projeto efémero que dava pelo nome de Darkfeast. Os primeiros anos corresponderam a uma espécie de semi-existência, porque eu não passava de um miúdo muito novo sem as competências técnicas necessárias para gravar as minhas ideias. Esta situação modificou-se por volta de 2001 e pouco depois lancei a minha primeira demo tape intitulada «Thy Abhorrent Emerging». Obteve algumas boas reações na cena underground da época e suscitou interesse nas editoras. Daí resultou o lançamento do primeiro álbum – «Mysteries of the Nocturnal Forest», em 2004 – e os passos seguintes, que me levaram ao mundo da fria obscuridade intitulados: «Funeral Sorcery» (2005), «Lost Horizons of Wisdom» (2008), «Wintermoon Enchantment» (2011) e a minha mais recente obra a que dei o nome de «Elegies of the Stellar Wind» (2017). Para além destes álbuns, a discografia da banda inclui outras peças – promo tapes, splits, EP de 10”. Creio que é fácil para quem estiver interessado verificar em que consiste a minha discografia, portanto não me vou
alargar mais em considerações sobre o assunto. Sei que fazes tudo em Evilfeast. Por conseguinte, peço-te que nos expliques… - Como encontras as ideias que estão na base dos teus álbuns. É difícil explicar esse processo recorrendo a palavras. É uma questão de ter momentos especiais de inspiração, que não obedecem a quaisquer regras, portanto não posso especificar o que os faz surgir. Esses momentos ocorrem normalmente durante as minhas frequentes jornadas solitárias, que me levam a vaguear em florestas e montanhas, dado que a natureza é uma grande fonte de inspiração para mim… Basicamente, as ideias para os álbuns de Evilfeast emergem das minhas próprias esferas negras interiores, nascem da minha ira, do meu ódio, do meu desgosto… Também decorrem das minhas reflexões sobre conceitos como a morte, a eternidade, astralismo, herança, destino… - O que fazes primeiro (a música ou as letras). Essa sequência não é fixa… Por exemplo, nos casos de «Myseries…» e «Funeral…», as letras ficaram prontas primeiro e a atmosfera da música adaptouse a elas. Tanto quanto me lembro, para «Lost Hoprizons…» e «Wintermoon…», a música e as letras foram escritas mais ou menos em simultâneo. Com o novo álbum, o processo ocorreu novamente de forma diferente: tinha as ideias gerais sobre as letras e estava no meio da gravação, quando fiz um intervalo para fazer uma viagem à Alta Áustria/Baviera, no decurso da qual, durante alguns dias, explorei diversas áreas e, enquanto vagueava, pensava na poesia, revirando na minha mente frases, expressões, etc. À noite, depois de regressar ao meu alojamento, escrevia o que tinha surgido na minha mente durante o dia. Assim, quando regressei da viagem, pude completar as letras. Nunca me tinha acontecido algo
assim e o processo constituiu uma experiência interessante e criativa… - Como ajustas cada um destes elementos ao outro. Também não consigo descrever de forma exata a maneira como ajusto a música às letras, dado que essas componentes são criadas separadamente, mas, como já disse, as ideias gerais/ conceitos ficam prontos primeiro, depois dou-lhes a forma definitiva e coordeno entre si todos os elementos. - Se escolhes sempre quadros antigos para as capas dos teus lançamentos (como fizeste para este álbum). Não, nem sempre uso quadros. Nas capas dos dois primeiros álbuns, figuram fotos que eu próprio tirei. Tenho muitas fotos impressionantes tiradas em vários locais por onde passei. Contudo, sou um grande admirador das artes visuais e particularmente da pintura realista do séc. XIX, que se converte facilmente numa grande fonte de imagens que posso usar. Não há regras fixas, limito-me a procurar a imagem que reflita da forma mais perfeita o conceito/a atmosfera de um determinado álbum. Estudaste artes gráficas, ou música ou ambas? [Estou a referirme a frequentar a escola, porque, como sou professora, também sei que se pode aprender muito fora dela, se se prestar atenção ao que se possa à nossa volta.] Não, nunca estudei artes gráficas ou música, sou um completo autodidata no que diz respeito a essas duas áreas. As minhas capacidades técnicas para tocar instrumentos estão longe da mestria, mas parecem-me suficientes para me permitirem concretizar as minhas ideias de uma forma adequada. No Black Metal, os aspetos técnicos nunca podem ser prioritários. O espírito, a paixão e a devoção, apoiados pelo talento criativo, constituem a sua essência.
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[...] não penso que Evilfeast seja old school, nem o vejo como ‘new school’ ou algo desse estilo. O verdadeiro Black Metal é intemporal.”
Até que ponto o facto de seres polaco está presente na tua música? É evidente que o amor à terra que me viu nascer tem um grande impacto em mim. Sou oriundo da antiga região chamada Mazóvia, cujas paisagens, florestas, montes e monumentos ancestrais exploro tanto quanto possível. A inspiração vem-me também da história e da herança. Apenas a alguns quilómetros da minha casa, encontram-se as ruínas de um castelo, que foi a morada dos princípes medievais da Mazóvia. Circunstâncias históricas, relacionadas com as naturais alterações do curso do Vístula (que era a principal via de comunicação naquela época), deterioraram esse forte e fizeram com que Varsóvia se tornasse a capital da Polónia e que a povoação próxima do castelo se convertesse num pequeno burgo. Eu aprofundo esses aspetos e isso reflete-se nos conceitos associados a Evilfeast. Sou também influenciado por todo o território da Polónia – desde as terras da Pomerânia a norte até às montanhas dos Cárpatos e das montanhas do sul – mas também por outras regiões da Europa. Apresento-te dois exemplos tirados do novo álbum: “From the Northern Wallachian Forest... Tyranny Returns” é uma espécie de lenda que eu próprio escrevi e cuja ação decorre na região histórica a que o título alude, que visitei várias vezes e admiro. Situa-se maioritariamente na República Checa e na
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Eslováquia, só pequenas partes são polacas. “Archaic Magic... A Cenotaph Below the Cursed Moon” contém as minhas impressões sobre a área mais atmosférica em que alguma vez estive, que atualemnte é fronteira de três países: a Baixa Silésia, na Polónia, a Saxónia Oriental, na Alemanha, e o norte da República Checa. Portanto, de um modo geral, posso dizer que a minha alma estará para sempre ligada ao solo pátrio e dele tira as forças que se refletem em Evilfeast. Esta ligação estabelece-se a vários níveis: primeiro com a região de onde sou oriundo, depois com o meu país – a Polónia – e, por fim, com a Europa. Como te sentes ao seres comparado com bandas como Emperor (nos primeiros tempos), Enslaved ou Blut Aus Nord e Burzum ou Midnight Odyssey? Não tenho nada contra isso, porque é realmente possível encontrar alguns elementos nessas bandas que se podem associar a Evilfeast. Mas há muitas outras em que se pode identificar semelhanças com o meu projeto. Mas o que é importante para mim? Nunca tentei ser particularmente original, pelo contrário: crio o que considero como a essência do Black Metal – a sua forma pura, não contaminada. No entanto, apesar dessas ligações com outras bandas que encontrarás obviamente (porque não se podem evitar, dado estarmos ligados pelo género), eu sei que
Evilfeast tem um estilo próprio e uma forma única de compor canções, que não podem se encontram em mais ninguém. Uma vez que assinaste com uma editora conhecida como a Eisenwald, sentes-te especialmente ligado a algumas das suas bandas? Não me sinto particularmente ligado a nenhuma, mas, de um modo geral, gosto de algumas delas ou respeito-as. Estou a pensar, por exemplo, em Häive, que me parece muito boa, ou Odal, Fellwarden, Infaust, sem esquecer o primeiro álbum de Mork Gryning. Há alguma banda de Black Metal – passada ou presente – que gostasses de emular? De modo nenhum. Como já referi, nunca me preocupei em ser original, mas criar música com a intenção de imitar uma determinada banda seria para mim um fracasso total. Posso mencionar algumas que considero fundamentais para o processo de formação do estilo de Evilfeast: por exemplo, Satyricon dos primeiros tempos, Emperor, Gehenna, Troll, Graveland, Infernum... Mas isso não significa que tivesse alguma vez tido a intenção de me assemelhar a elas tanto quanto possível em termos de composição das canções, de sonoridade, de produção, etc.
Dás concertos? Ou preferes fazer música que as pessoas possam ouvir em casa? Não toco ao vivo, pela razão mais óbvia: sou eu que faço tudo em Evilfeast. É claro que podia contratar outros músicos. Ao longo destes anos todos, tenho recebido convites para levar Evilfeast a alguns festivais. Mas parece-me que aceitar que pessoas externas ao projeto – que provavelmente nem sequer sentem de forma adequada, porque seriam apenas profissionais pagos para o fazer – executem as minhas ideias entraria em contradição com a sua essência. Além disso, francamente duvido que a minha música se adapte à atmosfera de um concerto, a não ser que ocorresse no meio dos bosques e sem público… Gostas do inverno? Foi essa a razão que te levou a dedicar este álbum a essa estação do ano? [Eu gosto dela, porque a vejo como uma pausa necessária antes da renovação trazida pela primavera. Infelizmente, isso não acontece para os seres humanos.] Sim. Embora cada estação do ano seja única à sua maneira, o inverno é verdadeiramente especial para mim. É uma época do ano em que a natureza mostra a sua face mais impiedosa, mas, ao mesmo tempo, é também um momento de extrema beleza. Mesmo assim, não diria que o meu novo álbum é inteiramente
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[...] a minha alma estará para sempre ligada ao solo pátrio e dele tira as forças que se refletem em Evilfeast. dedicado ao inverno. É claro que esse tema está muito presente nas letras e no seu conceito, mas, em primeiro lugar, é um de muitos temas abordados no álbum e, em segundo, aparece em cada um dos álbuns anteriores. O inverno foi sempre um tema fundamental para Evilfeast, tanto nas letras, como na música, umas vezes presente de forma direta (quando exprimo a minha admiração pelas paisagens invernais, as minhas impressões sobre as viagens que fiz durante essa estação), outras de modo alegórico (funcionando com uma metáfora que representa a pureza, a escuridão, a crueldade, o desvacimento, a morte... no entanto, não posso dizer que «Elegies...» seja dedicado a este conceito de forma mais ou menos acentuada que os álbuns anteriores de Evilfeast. Como vês a estação gelada (pelo menos no teu país) neste álbum?
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Em certas regiões da Polónia, os invernos têm sido diferentes nestes últimos anos, nem sempre tão severos como seria de esperar. Certamente é apenas uma manifestação da tendência geral associada às mudanças climáticas periódicas. Lembro-me que, há uns anos atrás, fui à zona oriental dos Cárpatos, perto da fronteira com a Ucrânia. Estava-se em fevereiro e eu ia a contar fazer caminhadas nas montanhas cobertas de neve, mas a maior parte do tempo chovia e os trilhos estavam todos enlameados. No entanto, quando o tema do inverno surge em «Elegies…» – especialmente na letra de “Winter Descent’s Eve... I Become the Journey” – eu retrato-o como ele devia ser, revelando a sua verdadeira face. Posso considerar que a natureza é um dos temas principais da discografia de Evilfeast? Sem dúvida. Tal como afirmei acima, a natureza ocupa um papel de destaque no conceito de Evilfeast e é assim muito simplesmente porque tem um lugar preponderante na minha existência. Admiro-a, afundome nela, retiro dela forças e sabedoria... As minhas relações com a natureza são complexas, têm muitos níveis, do espiritual ao emocional, do figurativo ao científico... Trata-se de algo que não se pode exprimir em meia dúzia de palavras, até porque alguns aspetos são indescritíveis, não cabem em quaisquer palavras. Afinal de contas, temos aqui uma razão de peso para criar arte... Concordo com a Eisenwald quando diz que a tua música é uma espécie de passaporte para uma outra dimensão. Sentes o mesmo? Como crias esse efeito? Sim e esse é um dos pontos principais de Evilfeast: evocar a atmosfera tenebrosa, fria, que transporta a alma numa viagem para dimensões muito além… Não consigo explicar como o faço. Faço essencialmente o que qualquer artista honesto tenta fazer:
transformar os meus sentimentos, visões, ideias, pensamentos, estados de espírito por vezes efémeros, impressões indefinidas em músicas, melodias, canções… Como sempre, alguns artistas conseguem atingir esse nível de forma mais ou menos completa, outros não chegam lá de maneira nenhuma. As palavras-chave neste contexto são, sem dúvida, talento, paixão, devoção e sinceridade. Como vais promover «Elegies of the Stellar Wind» com o apoio da Eisenwald? Essa parte cabe à editora. Pela minha paerte, o máximo que posso fazer é dar entrevistas à imprensa e trocar correspondência com indivíduos interessados no álbum. Gostas de viver no séc. XXI? Se pudesses escolher, preferirias viver noutro período da História da humanidade? Bem, é evidente que os tempos passados podem parecer mais “atmosféricos” vistos a partir da perspetiva atual. Certas épocas são realmente únicas, extremamente interessantes como objecto de estudo e importantes como parte da nossa identidade e herança. Evilfeast refere-se ao passado, evoca os tempos antigos… Contudo, é fácil tecer considerações sobre como seria viver no passado, quando tu vives aqui e agora. Seria fácil dizer que gostaria de ser um cavaleiro medieval, mas, se tivesse nascido nessa altura, poderia também ter sido um servo vegetando semimorto de fome ao serviço de um senhor feudal. Portanto, não vejo essas coisas de forma abstracta, antes procuro realizar-me na medida das minhas possibilidades na época em que verdadeiramente existo. Facebook Youtube
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Glorior Belli Der Blutharsch
the infinite church of the leading hand
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