Square 6

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A verdade dos fatos Tudo na vida tem o seu lado positivo e o seu lado negativo. Dependendo do ângulo que se quer ver, a realidade pode ser mais ou menos bonita. Há quem diga que, se adotarmos uma atitude positiva perante a vida, atraímos coisas boas. Também podemos olhar as coisas pelo seu lado negativo... Todos podem ter o seu ponto de vista. Mas é sempre bom lembrar que a opinião, por mais coerente que possa parecer, será não mais que um julgamento precipitado quanto mais careça de dados e informação.

True facts Everything in life has its positive and negative sides. Depending on the desired angle, reality may look more or less good. Some people say that we can attract good things if we adopt a positive attitude toward life. We can also view

É preciso ter consciência de que a forma como se enxerga a

things through a negative perspective... Everyone has the

realidade — positiva ou negativa — não necessariamente

right to their own point of view.

corresponde aos fatos. E, também, distorcê-los não vai

But it is always good to keep in mind that an opinion, no

mudar a sua essência.

matter how coherent, will never be more than a snap judgment when it lacks supporting data and information.

Por isso, nesta edição, FMC Square incentiva, como sempre, a troca de idéias e a busca pelo conhecimento e pela informação.

We need to be aware that the way we observe reality — be it is positive or negative — does not necessarily correspond to the facts. And, distorting the facts won't change their essence. For this reason, this edition of FMC Square encourages, as always, the exchange of ideas and the search for knowledge and information.


r

i

o r a

y

05 á m 12 ms u u Praça das Pragas de Solo 16 s 19 Praça dos Insetos 23 25 Praça Social e Ambiental 28 Ponto de Partida 34 Encontro Marcado 38 Entre Amigos 41 Banco de Craques 44 Gente Amiga 46 m

Praça das Plantas Daninhas

Weeds Square

Soil Pests Square

Insects Square

Social and Environmental Square

Questão de sobrevivência A question of survival

Caindo no vazio A new weapon for fighting rust

Milho: proteja seu investimento Corn: protect your investment

Tudo a seu tempo Everything in its due time

Fazendo marketing Doing marketing

O encaixe perfeito The perfect fits

A agricultura e os mitos ambientais The agriculture and environmental myth

Conectando Making connections

Start Point

A Set Engagement

Among Friends

Expert Bench

Friendly People

O que faz uma empresa melhor? What makes a company better?

Quando eles vão pra cozinha When men go to the kitchen

Brasil: o maior exportador do mundo da bola Brazil: the world's largest exporter of soccer players

Um toque feminino no campo A feminine touch on the field

e x p e d i e n t e e x p e d i e n t

FMC Agricultural Products Diretor Presidente América Latina

Ano/Year 3 - nº 6 outubro/october 2007

Latin America Area Director

Redação/Redaction Alfapress Comunicações Ltda. Jornalista Responsável

Antonio Carlos Zem

Responsible Journalist

Diretor Comercial, Marketing & Desenvolvimento

Inês Costa - MTb 28.685 ines@alfapress.com.br Fone/Phone: (19) 3232-0050

Director for Sales, Marketing and Development

Direção de Arte e Projeto Gráfico

Vicente Gôngora

Direction of Art and Graphic Project

Time de Marketing e P&D

VIA B Comunicação Fone/Phone: (19) 3295-5466

Market and R&D Team

Adner Pozzobon Bruno Frossard Carlos Fabri Gustavo Canato Leandro Garcia Luiz Diego Silveira Luiz Felipe Thomaz Marcus Brites

Maria Paula Luporini Paulo Queiroz Renato Nivoloni Ricardo Werlang Santiago Bosch Cabral

Foto de capa /Picture photo Photos.com Revisão/Revision Marília Cotomacci Tradução/Version Roberto Teixeira Elizabeth Bastos Fotolito e Impressão Photolyt and Print

Coordenadora de Comunicação Communication Coordenation

Fernanda Teixeira

Margraf Tiragem/Edition 2.500 exemplares/copies

FMC Square é uma publicação semestral da área de Marketing da FMC Agricultural Products Av. Dr. José Bonifácio Coutinho Nogueira, 150 1º andar - 13091-611 - Campinas - SP (19) 3735-4400 - www.fmcagricola.com.br FMC Square is a bi-annual publication of Market area of FMC Agricultural Products Av. Dr. José Bonifácio Coutinho Nogueira, 150 st 1 floor - 13091-611 - Campinas - SP (19) 3735-4400 - www.fmcagricola.com.br

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista. Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação por e-mail: sac_apg@fmc.com The signed articles do not necessarily reflect the magazine opinion. We did not publish the bibliographic references cited by the authors of the articles which integrate this edition, due to the lack of space. If you have interest you can request them to the redaction by the e-mail: sac_apg@fmc.com


R E A D E R T O L E I T O R / L E T T E R A O C A R T A

C

SQUARE

Foto/Photo: Divulgação/Promotion

aros amigos, Fazemos parte de um universo muito importante, a agricultura! Desde que surgiu, no período pré-histórico, a atividade tem levado o homem a alcançar significativas mudanças que lhe permitiram sobreviver e evoluir. Foi por conseqüência das atividades agrícolas que surgiu o primeiro tipo de comércio de que se tem notícia. Foi também para manter-se próximo às plantações que o homem passou a construir melhores habitações. Já naquele período, a enxada foi substituída pelo arado por tração animal e houve a introdução da irrigação. A relativa fartura alimentar concorreu para o aumento geográfico e o aparecimento das primeiras cidades. Depois vieram as metrópoles, e assim por diante. Com o tempo a agricultura se tornou uma atividade econômica de peso e, como tal, passou a ter responsabilidades ambientais, como qualquer outra atividade. O que aconteceu? A agricultura evoluiu, assumindo esse novo papel sem deixar de manter o antigo: provendo e gerando desenvolvimento à sociedade. Um requisito importante nesse novo papel têm sido os crescentes investimentos em segurança, pesquisa e tecnologia, que destacam o trabalho de inúmeros empresários rurais no nosso país, onde a agricultura floresce cada vez mais... Produtiva, consciente e responsável! Entre outros, esse é um dos motivos por que nós podemos nos orgulhar de desenvolver uma atividade econômica que, ao longo de centenas de milhares de anos, vem garantindo a evolução da nossa espécie e que, dentro de uma nova consciência, está voltada a garantir também a preservação da vida no planeta por muitos e muitos anos.

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Por tudo isso, você é ótimo(a)! FMC

D

ear friends,

We are part of a very important universe: Agriculture! Since it

started, in pre-historical times, agricultural activities have enabled men to achieve significant changes that allowed them to survive and evolve. It was due to agriculture that the first trading activity known to man was initiated. Also, better homes were built around the crops because men wanted to be closer to the fields. In those days, the hoe was replaced by the animal plow and irrigation was introduced in the crops. The relative abundance of food contributed to the land expansion and the construction of the first towns. Next, we had the big cities, large metropolis, an so on. With time, agriculture turned out to be an important economic activity and as such, it began to have environmental responsibilities, like any other business. What happened then? Agriculture evolved, took up a new role while still keeping the old one: that of promoting and fostering development to society. This new role demanded significant investments in safety, research and technology and the farmers who embraced the challenge are successful agribusiness men in our country, a place where agriculture prospers more and more... In a productive, conscious and responsible way! This, among other things, is the reason why we can be proud of developing an economic activity that throughout the years has been responsible for insuring the evolution of our species and, more recently, is also focused on the preservation of life in the planet for many years to come. For all of that, you are great!

Antonio Carlos Zem Diretor Presidente América Latina Latin America Area Director


D A N I N H A S / W E E D S

S Q U A R E

Questão de sobrevivência

P R A Ç A

D A S

P L A N T A S

Por/By Fernando Storniolo Adegas, Dionísio Luiz Pisa Gazziero, Elemar Voll

Depois de conhecer a fase crítica da matocompetição, deve-se realizar o planejamento de controle com base no manejo Once the critical stage of weed competition is known, control planning must be carried out based on integrated management

A question of survival

I

n nature, the fight for space is intense. If in our daily life to seek “a place in the sun” is a question of

survival, it is not much different when talking about

competition provoked by weeds in soybean fields. Weed competition can cause significant losses of up to 90% of crop production. It can also hinder harvesting operations, damaging the quality of the grain or seed (Embrapa Soja, 2006). Weeds compete primarily for basic soybean development resources, such as water, light and nutrients. However, the need for these resources varies within the crop cycle, making it important to know at which stages weed interference is more harmful to soybean. Studies in this field are known as “weed competition” (competition between the invaders and the crop) or interference period studies. Basically, experiments are conducted directly in the fields, with treatments comprised of period of time intervals when the crop is left “clean,” that is, without the presence of weeds, and periods of cohabitation of the crop with weeds. Crop productivity is primarily assessed during the studied time intervals, determining the more critical periods of competition.

SQUARE

N

a natureza, a disputa por espaço é acirrada. Se na nossa vida cotidiana buscar “um lugar ao sol” é questão de sobrevivência, quando se fala em lavoura de soja, a competição provocada pelas plantas daninhas não é diferente, pois sua presença pode resultar em perdas significativas de até 90% da produção da cultura. Também pode dificultar a operação de colheita, prejudicando a qualidade do grão ou da semente (Embrapa Soja, 2006). As plantas daninhas competem principalmente por recursos básicos ao desenvolvimento da soja, como a água, a luz e os nutrientes. No entanto, a necessidade por esses recursos varia dentro do ciclo da cultura, razão pela qual se torna importante conhecer as fases em que a interferência das plantas daninhas pode ser mais prejudicial para a soja. Trabalhos nessa área são denominados estudos de “matocompetição” (competição das invasoras com a cultura) ou períodos de interferência. Basicamente, os experimentos são realizados diretamente no campo, com os tratamentos sendo compostos por intervalos de tempo em que a cultura é deixada “no limpo”, isto é, sem a presença de plantas daninhas, complementados por períodos de convivência entre a cultura e as infestantes. Avalia-se principalmente a produtividade da cultura sob os intervalos de tempo estudados, resultando nos períodos mais críticos de competição. Para a denominação desses períodos, tem-se usualmente utilizado o esquema proposto por Pitelli e Durigan (1984), que definiram da seguinte forma os períodos de convivência, conforme mostra o Gráfico 1:

These periods are usually named according to the scheme proposed by Pitelli and Durigan (1984), which defines coexistence periods as shown in the Chart 1: FMC

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PERIODS OF INTERFERENCE -

Total Period of Interference Prevention (TPIP): period in which the crop must be kept free of weed

Gráfico 1/Chart 1

interference, starting with sowing; -

Period Before Interference (PBI): period in which the crop can cohabit with weeds, starting with sowing;

-

PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA Período Total de Prevenção da Interferência (PTPI): período em que a cultura deve ser mantida sem a interferência de plantas daninhas, a partir da semeadura;

Critical Period of Interference Prevention (CPIP): period in which the crop must be kept free of weed interference, starting with the maximum limit of PBI and the end of TPIP.

Período Anterior à Interferência (PAI): período em que a cultura pode conviver com as plantas daninhas, a partir da semeadura; Período Crítico de Prevenção da Interferência (PCPI): período em que a cultura deve ser mantida sem a interferência de plantas daninhas, a partir do limite máximo do PAI e do final do PTPI.

SQUARE

No Brasil, os principais trabalhos de matocompetição com a soja foram realizados entre as décadas de 60 e 80, cujos resultados obtidos permitiram generalizar que o intervalo de 20 a 50 dias após a emergência da cultura é o Período Crítico de Prevenção da Interferência (PCPI). Os experimentos de matocompetição devem retratar condições próximas às de lavouras comerciais, com atenção especial para os diversos fatores que estão presentes no processo de interferência. Pitelli (1985) relata que os principais fatores ligados às culturas são o cultivar utilizado, o espaçamento e a densidade de semeadura. Em relação às plantas daninhas, destaca o tipo de espécies infestantes, a densidade e a sua distribuição na área. Podemos acrescentar, ainda, os fatores edafoclimáticos, como o tipo de solo e as suas propriedades físico-químicas, a taxa pluviométrica, a temperatura e o sistema de produção adotado com as diferentes tecnologias utilizadas. Como podemos observar, os fatores relacionados à matocompetição são dinâmicos e isso não tem sido diferente na cultura da soja. A flora daninha tem sofrido modificações com o aumento de plantas perenes, de infestantes de difícil controle químico e do aparecimento de espécies resistentes aos herbicidas (Adegas, 1997). A cultura da soja, que na década de 60 era cultivada quase que exclusivamente no Sul do país, hoje está presente em praticamente todas as regiões brasileiras, nos mais diferentes tipos de solo e clima. Além disso, o sistema de produção dessa oleaginosa tem sofrido alterações importantes, como o aumento da semeadura direta, a utilização de cultivares de diferentes ciclos e arquitetura de plantas, o aumento da adubação, a diminuição do espaçamento entre linhas e a utilização de fungicidas, entre outras. Essas tecnologias elevaram o nível de produtividade da cultura, onde já é comum encontrarmos lavouras comerciais com produtividades acima de 4.000 kg/ha. Nesse novo cenário de produção de soja, devemos

6

FMC

fazer a seguinte pergunta: os períodos críticos de matocompetição também sofreram alteração? Alguns pesquisadores têm procurado responder a essa pergunta ajustando os estudos ao sistema de produção atual de soja e “refinando” os experimentos ao aumentar o número de repetições e trabalhar com testemunhas laterais em cada parcela ou, ainda, utilizando metodologias estatísticas de melhor ajuste. Esses trabalhos mais recentes mostram que não tem havido muita mudança no Período Total de Prevenção da Interferência, mas apontam para uma diminuição do PAI para algo próximo dos 10 dias após a emergência, o que alteraria o PCPI, tendo o agricultor a necessidade de realizar o controle das infestantes mais cedo do que anteriormente recomendado. A partir do conhecimento da fase crítica de competição é necessário realizar o planejamento de controle, cujos princípios devem ser norteados pelo manejo integrado. Didaticamente, podemos definir o Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) como sendo a seleção e a integração de métodos de controle e o conjunto de critérios para a sua utilização, com resultados favoráveis dos pontos de vista agronômico, econômico, ecológico e social. A passagem da forma atual de controle de plantas daninhas para o manejo integrado pressupõe diminuir o empirismo e aumentar o conhecimento científico, destacando três áreas estratégicas: a biologia e a ecologia das plantas daninhas; as relações de interferência entre as plantas daninhas e a cultura; e a amostragem e parâmetros de controle. Existe, ainda, a necessidade de mudanças no comportamento dos técnicos e dos produtores no que se refere a utilizar e realmente integrar os diferentes métodos de controle, balanceando a importância de cada um dentro do planejamento de manejo na propriedade. A nossa realidade sugere algumas particularidades nos diversos métodos, conforme mostra o gráfico a seguir:


In Brazil, the main studies of weed competition with soybean took

In this new soybean production scenario, we should ask the

place from the 1960s up to the 1980s and the results obtained

following question: will critical periods of weed competition also

allow us to generalize that a 20 to 50 day interval following crop

undergo changes? Some researchers have attempted to answer

emergence is the Critical Period for Interference Prevention

this questions by adjusting studies to the current soybean

(CPIP). Weed competition experiments must reproduce conditions

production system and by “fine tuning” experiments increasing the

similar to those found in commercial fields, with special attention

number of repetitions and working with side control samples in

given to the various factors that are present in the interference

each lot as well as using best fit statistical methodologies. More

process. Pitelli (1985) reports that the main factors related to

recent studies show that while there has not been much change to

crops are the cultivar used and the sowing spacing and density. In

the Total Period of Interference Prevention, the PBI has been

regard to weeds, he emphasizes type, density and distribution in

reduced to approximately 10 days following emergence, which

the area. We could also add edaphic and climatic factors such as

would alter the CPIP. This means the farmer would need to control

soil type and its physical and chemical properties, rainfall rate,

weeds earlier than what was previously recommended.

temperature and the system of production adopted employing

Once the critical stage of competition is known, control planning

different technologies.

must be carried out guided by the principles of integrated

As we can see, factors related to weed competition are dynamic

management. Integrated Weed Management (IWM) can be

and this is no different for soybean crops. Weeds have undergone

defined as the selection and integration of control methods and the

changes with the increase of perennial plants and have become

set of criteria for their use to obtain favorable results from the

hard to control chemically with the appearance of herbicide-

agronomic, economic, ecological and social points of view. The

resistant species (Adegas, 1997).

change from the current form of weed control to integrated

Soybean crops that in the 1960s were mostly limited to the

management entails less empiricism and more scientific

southern region of Brazil have now spread to practically all regions

knowledge, highlighting three strategic areas: weed biology and

of the country, growing in diverse types of soil and climate. The

ecology; interference relations between weeds and the crop; and

soybean production system has also undergone important

control sampling and parameters.

changes, such as increased direct sowing, the introduction of

Technicians and farmers must change their behavior in regard to

cultivars of different plant cycles and architecture, increased

use in order to achieve true integration of the different control

fertilization, reduced spacing between rows, and the use of

methods, assessing the importance of each method within management planning on the farm. Our local situation contributes some particularities to the various methods, as shown in the chart

productivity levels higher than 4,000 kg/ha.

below:

Preventivo . Cuidados na aquisição de sementes, especialmente de soja e culturas de inverno; . Limpeza rígida de colheitadeiras utilizadas em outras áreas; . Limpeza de beiras de estrada, carreadores e terraços.

Cultural Mecânico Químico . Diminuir as épocas de . Sempre que se justifique, . Uniformizar as áreas de pousio; realizar capinas de repasse ou controle, dividindo-as em mesmo limpeza manual; talhões homogêneos; . Optar por rotação de culturas com maior . Quando viável, substituir a . Realizar o levantamento da produção de massa e de operação de manejo químico distribuição, do nível rápido crescimento; por mecânico. populacional e do estádio de desenvolvimento da flora . Em regiões que favorecem infestante; a rápida decomposição da palhada, selecionar culturas . Analisar as diversas alternativas com relação C/N alta; de produtos, levando em consideração os aspectos de . Considerar os efeitos eficiência, eficácia, alelopáticos positivos na aplicabilidade e custo; escolha das culturas em rotação. . Aprimorar a tecnologia de aplicação dos herbicidas.

Prevention

Crop

Mechanical

Chemical

. Reduce fallow periods;

. Whenever reasonable, carry

. Make control areas uniform,

. Care when acquiring seeds, especially soybeans and winter crops; . Thorough cleaning of harvesters used in other areas; . Cleaning of road sides, trails and strips of high land.

. Choose crop rotation with greater mass production and rapid growth; . Select crops with high C/N ratio in regions of rapid straw decomposition; . Consider positive allelopathic effects in the choice of rotating crops.

out hoeing and gleaning, or

dividing them into homogeneous

even manual cleaning;

planting fields;

. Whenever feasible, replace

. Determine weed distribution,

chemical management with

population level and development

mechanical management.

stage; . Analyze the various alternative products, taking into consideration efficiency, efficacy, applicability and cost;

SQUARE

MÉTODOS DE CONTROLE/CONTROL METHODS

fungicides, among others. These technologies increased crop productivity and today it is common to find commercial farms with

. Enhance herbicide application technology. FMC

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Grupo HRAC HRAC Group

Mecanismo de ação Action Mechanism

Grupo químico

Ingrediente ativo

Chemical Group

Active Ingredient

Ariloxifenoxipropionato

A

Inibição da coenzima acetil carboxilase (ACCase)

Aryloxyphenoxy propionates

Inhibition of acetyl CoA carboxylase (ACCase) coenzyme

Ciclohexanodiona Cyclohexanediones

Sulfoniluréias

8

FMC

B

Inibição da enzima acetolacto sintase (ALS) Inhibition of the acetolactate synthase (ALS) enzyme

Imidazolinona

Imidazolinones

Triazolpirimidina

Triazolopyrimidines

Pirimidiniloxibenzóico

Pyrimidinyl(thio) benzoates

Table 1. Classification of herbicides sold in the Brazilian market, according to their action mechanisms (adapted from HRAC-WSSA).

SQUARE

Tabela 1. Classificação dos herbicidas comercializados no mercado brasileiro, segundo os seus mecanismos de ação (adaptado do HRAC-WSSA).

Sulfonylureas

Triazina

C1

Inibição da fotossíntese no fotossistema II

Triazines

Inhibition of photosynthesis at photosystem II

Triazinona

Triazinones

C2

Inibição da fotossíntese no fotossistema II

Inhibition of photosynthesis at photosystem II

C3

Inibição da fotossíntese no fotossistema II

D

Inibição da fotossíntese no fotossistema I

Inhibition of photosynthesis at photosystem II

Inhibition of photosynthesis at photosystem I

Uracila Uracils

Uréias Ureas

Amida Amides Benzotiadiazol

Benzothiadiazinone

Bipiridilo Bipyridyliums

E

Inibição da enzima protoporfirinogênio oxidase (PPO)

Difeniléter

Diphenylethers

Inhibition of protoporphyrinogen oxidase (PPO) enzyme

Ftalimida Phthalimides

F1 F2 F3

Inibição da síntese dos carotenóides fitoeno desaturase

Inhibition of carotenoid biosynthesis at the phytoene desaturase

Inibição da síntese dos carotenóides 4hidroxifenil-piruvato-dioxigenase Inhibition of 4-hydroxyphenyl-pyruvatedioxygenase carotenoids

Inibição da síntese dos carotenóides (sítio desconhecido) Inhibition of carotenoid biosynthesis (unknown target)

Inibição da EPSP sintetase

G

Inhibition of EPSP synthetase

H

Inhibition of glutamine synthetase

Inibição da glutamina sintetase

Oxadiazol

Oxadiazoles

Triazolinona Triazolinones

Piridazinona Pyridazinones

Isoxazol

Isoxazoles

Tricetona

Triketones

Glicinas Isoxazolidinona

Glycines Isoxazolidinones

Ácido fosfínico

Phosphinic acids

K1

Inibição da união dos microtúbulos na mitose

Dinitroanilina

K3

Inibição da divisão celular

Cloroacetamida

Inhibition of cell division

Chloroacetamides

N

Inibição da síntese dos lipídios (não por ACCase)

Thiocarbamates

Microtubule assembly inhibition at mitosis

Inhibition of lipid synthesis (not ACCase)

Dinitroanilines

Tiocarbamato

Ácidos fenoxicarboxílicos Phenoxy-carboxylic-acids

Ácido benzóico Benzoic acids

O

Mimetizadores de auxinas Action like auxins

Ácidos piridinocarboxílicos Pyridine carboxylic acids

Ácidos quinolinocarboxílicos Quinoline carboxylic acids

Z

Desconhecido Unknown

Organoarseniacal Organoarsenicals


Cuidados no controle químico problemas de resistência também poderão acontecer com esse produto, fato já constatado em alguns países como os Estados Unidos, a Argentina e até o Brasil, onde casos de resistência de azevém e de buva ao glifosato já foram comprovados (Figura 1). O glifosato é um herbicida que apresenta um grande espectro de plantas passíveis de controle, uma maior amplitude e flexibilidade nas épocas de aplicação e a possibilidade de ajustar uma tecnologia de pulverização com menores riscos, principalmente em relação à deriva. Isso se traduz em maior facilidade no manejo de plantas daninhas, sendo considerado, hoje, uma das principais razões para a adoção da tecnologia RR. No entanto, essa flexibilidade proporcionada pelo produto tem levado alguns agricultores a não realizar uma boa dessecação em pré-plantio ou, mesmo não a realizando, deixando para fazer o controle somente na pós-emergência da cultura, podendo levar a perdas por competição inicial, como demonstrado na Figura 2. Portanto, lembramos que em qualquer sistema de manejo selecionado, inclusive o da soja RR, o conceito básico de se evitar a matocompetição inicial deve ser premissa básica. As opções a serem utilizadas para cumprir tal finalidade dependerão da situação de cada área cultivada. Dentre as opções, podemos destacar a realização de uma boa dessecação, que poderá ser feita em uma única operação, no caso de boa cobertura de palhada e baixa matoinfestação, ou em duas operações, usualmente chamadas de aplicações seqüenciais, espaçadas entre si entre 15 e 25 dias, utilizadas em caso de maior matoinfestação. Outra opção seria a utilização de um herbicida residual associado ao dessecante na operação de manejo préplantio, com o objetivo de controlar a flora daninha existente na semeadura e ao mesmo tempo inibir os primeiros fluxos de plantas daninhas, evitando a matocompetição inicial e facilitando o controle em pós-emergência pelo glifosato. Outro ponto importante dessa tecnologia é que, ao se utilizar um herbicida residual com mecanismo de ação diferente, se evita a troca da flora, reduz-se a pressão de seleção de indivíduos tolerantes e assegura-se a longevidade dos herbicidas utilizados. Portanto, em qualquer sistema de produção de soja e em qualquer cenário de matoinfestação, devemos proporcionar condição livre de matocompetição inicial, para que a cultura expresse todo o seu potencial produtivo. Para tal, o controle de plantas daninhas deve ser, sempre, norteado pelos conceitos básicos do Manejo Integrado, preferencialmente gerenciado por um engenheiro agrônomo responsável pela atividade. É uma questão de sobrevivência não só da cultura, como do próprio negócio.

SQUARE

Dentro do controle químico, dois assuntos, relativamente recentes, têm-se tornado importantes alvos de discussão: a resistência de plantas daninhas e a soja RR. Resistência é a capacidade das plantas daninhas sobreviverem à aplicação de um herbicida ao qual a mesma população era suscetível. É de ocorrência natural, devido às plantas daninhas evoluírem e se adaptarem às mudanças do ambiente e às práticas agrícolas, mas também em resposta às aplicações continuadas de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação, o que aumenta a pressão de seleção, favorecendo a sobrevivência de bióticos resistentes na população (Gazziero et al., 2004). A principal solução para evitar o aparecimento ou a disseminação de plantas daninhas resistentes é planejar o controle químico com a utilização de herbicidas de diferentes mecanismos de ação, cuja classificação pode ser observada na Tabela 1. Podemos, ainda, evitar a resistência das plantas daninhas efetuando algumas ações, como: realizar rotação de culturas; utilizar sementes sem contaminação de infestantes; acompanhar mudanças na flora; evitar a disseminação inicial de sementes de plantas daninhas resistentes; e realizar a limpeza de tratores, implementos, colheitadeiras e semeadoras. A soja RR (Roundup Ready) é oriunda do evento de modificação genética, que proporcionou à mesma a resistência ao herbicida glifosato, na pós-emergência da cultura, sendo, a princípio, a única diferença em relação à soja convencional. A decisão dos agricultores, de utilizar a soja RR no sistema de produção de grãos, deve passar pela consideração dos aspectos legais, agronômicos, ambientais e econômicos. Quando surge uma nova tecnologia para ser incorporada ao sistema de produção de qualquer cultura agrícola, a primeira pergunta a ser feita é se essa tecnologia é imprescindível ou não. No caso da soja RR, pode-se afirmar que a tecnologia não é imprescindível. Então, a análise a ser feita é se a tecnologia é desejável. A utilização do glifosato na pósemergência da cultura da soja pode ser desejável em algumas situações, principalmente em áreas infestadas com plantas daninhas de difícil controle pelos herbicidas convencionais, como também em áreas com alta infestação de plantas daninhas oriundas de pousio, escape no controle ou por outra razão qualquer. Outra situação em que se poderia recomendar a utilização de glifosato em pós-emergência da soja seria em áreas com histórico de resistência de plantas daninhas aos herbicidas comumente utilizados na cultura. Nos últimos anos tem-se constatado o aumento da resistência de plantas daninhas aos herbicidas inibidores da ALS e ACCase. Como o mecanismo de ação do glifosato é a inibição da EPSPs, a sua utilização seria interessante nessas propriedades, pois a probabilidade de sucesso seria grande. Vale ressaltar que o manejo químico de plantas daninhas tem como uma de suas premissas a rotação de herbicidas. Por isso, não é desejável que se comece a utilizar o glifosato ininterruptamente na soja, pois os

FMC

9


Chemical control care Two relatively recent issues have become important issues on the topic of chemical control: weed resistance and RR soybean. Resistance is the ability of weeds to survive an application of an herbicide that it was once susceptible to. This is a natural occurrence, since weeds evolve and adapt to environmental changes and agricultural practices. But it is also a response to continuous herbicide applications using the same action mechanism, which favors the survival of resistant biotics in the population (Gazziero et al., 2004).

Fernando Storniolo Adegas

The main solution to prevent the appearance or spread of resistant weeds is to plan chemical control using herbicides with different action mechanisms, whose classifications are outlined in Table 1. We can also prevent weed resistance by carrying out the following activities: rotating crops; using seeds without infester contamination; monitoring changes in the flora; preventing the initial spread of resistant weeds; and cleaning tractors, tools, harvesters and sowing machines. RR (Roundup Ready) soybean is a genetically modified product, which makes it resistant to glyphosate herbicide during the crop post-emergence. This is the only difference in regard to conventional soybean. The decision to use RR soybean in the grain production system must take into consideration legal, agronomic, environmental and economic aspects.

Dionísio Luiz Pisa Gazziero

The first question to be asked when a new technology arises regarding its inclusion in the production system of any agricultural crop is whether this technology is truly indispensable. In the case of RR soybean, it can be said that the technology is not indispensable. Therefore, the analysis to be made is to determine whether the technology is desirable. It maybe desired to use glyphosate in soybean crop post-emergence in certain situations, particularly if the weed infested areas are hard to control using conventional herbicides, or in case of high weed infestation areas due to fallow periods, lack of control or any other reason. Another situation where the use of glyphosate would be desirable in soybean

Elemar Voll

post-emergence is in areas with a history of weed resistance to herbicides normally used on the crop. In recent years, an increase in weed resistance to ALS and ACCase inhibitor herbicides has been reported. Since glyphosate's action mechanism inhibits EPSPs, it would be interesting to use it in such plantations since the chances of success are good. It is important to note that chemical

Doutores pesquisadores da Área de Plantas Daninhas da E m b ra p a S o j a Researchers at Embrapa Soja's Weed Department

management of weeds is based on herbicide rotation. Hence, it is not desirable to use glyphosate continuously in soybean crops since resistance problems could also occur with this product, as has occurred in some countries, such as the United States, Argentina, and even Brazil, where cases of ryegrass and buva (Baccharis erigeroides) resistance to glyphosate have been reported (Figure 1). Glyphosate is an herbicide that can control a wide array of plants. It has a wider range and flexibility during application periods and poses lower risks when used in spray technology, especially in relation to drift. This means greater ease in weed management, which is one of the main reasons to adopt RR technology. However, the product's flexibility has led some farmers not to perform good desiccation during pre-planting or to control only during the crop post-emergence, both of which may lead to losses due to initial competition, as can be seen in Figure 2. Therefore, initial weed competition prevention must be the basic premise for any

Figura 1. Lavoura de soja RR infestada de buva com suspeita de resistência ao glifosato.

selected management system, including RR soybean. The options available

Figure 1. RR soybean plantation infested with buva

depend on the situation of each cultivated area and include good desiccation,

(Baccharis erigeroides) suspected of being resistant to

which can be performed in a single operation in the case of good straw coverage

glyphosate.

and low weed infestation, or in two operations separated by 15 to 25 day intervals, usually known as sequential applications, in case of greater weed infestation. Another option is the use of a residual herbicide together with desiccation during the pre-planting operation to control weeds present in the sowing and, at the same time, inhibit the first weed flows to prevent initial weed competition and facilitate glyphosate post-emergence control. Another important aspect of this technology is that it prevents flora exchange by using a residual herbicide with a different action mechanism, reducing the selection pressure of tolerant individuals and ensuring longevity of herbicides used. Therefore, in any soybean production system and weed competition scenario, we must provide free initial weed competition conditions so the crop can attain its full

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productive potential. Consequently, weed control must always be guided by the

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basic concepts of Integrated Management and preferably managed by an agronomist in charge of the activity. It is a question of survival not only of the crop, but of the business itself.

Figura 2. Lavoura de soja RR semeada sem a realização da dessecação, com somente aplicação de glifosato na pós-emergência. Figure 2. RR soybean plantation sowed without desiccation, only with a post-emergence glyphosate application.



S Q U A R E D A N I N H A S / W E E D S P L A N T A S

Por/By Fabiano Siqueri

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Caindo january

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resente nas culturas de soja brasileiras desde a safra 2000/01, a ferrugem asiática — causada pela espécie de fungo Phakopsora pachyrhizi — tem sido sinônimo de prejuízos aos produtores. Com o aparecimento das lesões, o desfolhamento da planta é rápido, resultando em redução do número de vagens, do número e peso dos grãos. As perdas somaram aproximadamente 4,5% da safra brasileira de soja em 2006/07. Sabe-se que a principal forma de controle é a aplicação de fungicidas. Porém, em Mato Grosso havia a necessidade de se tomar alguma atitude mais drástica para se manejar a ferrugem asiática, pois, em algumas regiões do Estado, chegou-se a realizar de cinco a sete aplicações, em média, visando o controle dessa doença, principalmente pela precocidade de ataque e pela alta virulência. Desta necessidade surgiu a idéia de se adotar o chamado vazio sanitário no manejo da ferrugem asiática, que é a suspensão ou proibição, por um determinado período de tempo, do cultivo do principal hospedeiro de determinada praga ou doença, dificultando a sobrevivência ou a sua disseminação durante esse período. Por meio da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal, capitaneada pela Delegacia Regional do Ministério da


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Quanto à eficiência deste método, seria muito precipitado dizer que a diminuição da virulência e o atraso da chegada da doença em relação aos dois últimos anos (2004/2005 e 2005/2006) foram resultantes apenas da adoção do vazio sanitário, pois nesta última safra dois fatores importantes colaboraram para um menor impacto da doença: ocorreu seca na maior parte do Estado no mês de novembro e, também, muitos produtores adiantaram o processo de semeadura, contribuindo para um menor dano pela ferrugem. Porém, apesar de ser muito difícil medir isoladamente a contribuição do vazio sanitário para o menor ataque da doença verificado na safra 2006/2007 em Mato Grosso, podemos afirmar, categoricamente, que se trata de uma medida consolidada, que deve ser cada vez mais fortalecida e melhorada, e que, com certeza, dividirá a história da ferrugem neste Estado. É interessante observar que, segundo dados da Empresa Kleffmann, dentre os principais Estados produtores de soja do País, Mato Grosso foi o único que diminuiu o número médio de aplicações de fungicidas por hectare, enquanto que nos demais, principalmente Paraná, Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, esse número cresceu significativamente. Destes, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais foram os Estados que já adotaram o vazio sanitário, além de Tocantins,

A new weapon for fighting rust Soybean rust has been a threat to Brazilian crops since the 2000/01 harvest. It is caused by the Phakopsora pachyrhizi fungus and has been synonymous with losses for farmers. When the lesions start appearing, defoliation sets in along with a reduction in the number of pods, grain weight and quantity. Losses added up to close to 4.5% of Brazilian soybean harvest in 2006/07. It is well known that the main form of controlling this pest is through fungicides. However, in Mato Grosso, a more drastic attitude was needed to manage soybean rust after five to seven applications were carried out in some areas of the state in an attempt to control the onset of a highly virulent strain of the disease. This situation gave rise to the idea of imposing a fallow period to suspend or prohibit for a certain period of time the cultivation of the main host of the disease in order to contain it. It would be something similar to a period of depopulation for cattle stricken by disease. The Plant Health Defense Commission, headed by the Regional Office of the Ministry of Agriculture of Mato Grosso, held discussions and initially implemented a recommendation, that later became law, forbidding the planting of soybean during a period of 90 days throughout the state. After further consideration and

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discussion, the agreed period was set for June 15th and September 15th. This method was adopted, in the soybean rust case in Mato Grosso, as an attempt to interrupt or break what is known as the “green bridge,” which is the off-season central-pivot-irrigated planting of soybean crops that allows the fungus to survive during a period that is normally dry. Growing soybean in the off-season frequently makes it economically unfeasible to grow the crop in the summer, its normal harvest time. Research data shows that fungus spores can survive up to 60 days in the environment. However, since no consensus was reached on the exact number of days, the Commission decided to set the time period at 90 days for safety reasons. During the first year of its implementation, this time period has proven to be appropriate. As far as this method's efficiency is concerned, it is too early to say if the reduced virulence and the delay in the disease's arrival in the last two years (2004/2005 and 2005/2006) were solely the result of the adoption of the fallow period. At least two other important factors contributed to reduced losses from the disease. There was a drought in most of the state during November and many farmers moved up their sowing period. However, despite the difficulty in isolating and measuring the fallow period's contribution to the disease's reduced impact in the 2006/2007 harvest in Mato Grosso, it can be claimed that it is a consolidated measure that needs to be continuously strengthened and improved. It will certainly make a difference in the history of the disease in the state. It is interesting to note that according to data from the Kleffmann company, the state of Mato Grosso, one of the main soybean producers in Brazil, was the only one to reduce the number of fungicide applications per hectare, while other states, primarily Paraná, Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul FMC

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Agricultura de Mato Grosso, discutiu-se e implantouse, a princípio, uma recomendação que em seguida se tornou lei, proibindo-se o cultivo da soja durante um período de 90 dias em todo o Estado. Após algumas considerações e discussões, fixou-se o período entre 15 de junho e 15 de setembro para a proibição. Esse período foi instituído, no caso da ferrugem asiática em Mato Grosso, para se interromper ou quebrar o que se convencionou chamar de “ponte verde”, que era o cultivo de soja sob pivô central, durante a entressafra — o que facilitava a sobrevivência do fungo durante um período normalmente seco. O fato de efetuar o cultivo de soja durante a entressafra muitas vezes inviabilizava economicamente o cultivo desta oleaginosa na safra normal, de verão. Havia alguns dados de pesquisas que indicavam que os esporos do fungo poderiam sobreviver até 60 dias em condições ambiente. Entretanto, como isso não foi unanimidade na discussão, e também por segurança, a Comissão definiu e determinou o período de 90 dias para o vazio, o que se constatou, passado o primeiro ano, ser o intervalo adequado.

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ons. Among these states, Goiás, Mato Grosso do Sul and Minas Gerais have already adopted a fallow period, along with Tocantins, Maranhão and São Paulo. Paraná will adopt a resolution to institute a similar fallow period.

Ao se instituir este método, é crucial que se faça o monitoramento dos campos onde a soja será semeada, desde antes do plantio, verificando se há presença de plantas “guaxas(*)” de soja, que porventura podem estar infectadas com o fungo da ferrugem. Após a semeadura o monitoramento se torna ferramenta básica e vital para o manejo da ferrugem. Não só em termos de lavoura, vistoriando as plantas para verificação da presença do fungo, mas também pelo monitoramento que chamamos de “regional”. Esse monitoramento nada mais é do que aquele em que o produtor deve ficar atento ao que está acontecendo na sua microrregião, pela vizinhança, conversando com seus pares, fornecedores, assistência técnica, participando de eventos e treinamentos relacionados ao assunto e, desse modo, se inteirando do que está ocorrendo à sua volta, não só em relação à chegada da ferrugem, mas também com relação à previsão climática, fator que pode influir diretamente na tomada de decisão para se efetuar aplicações de fungicidas para o controle da ferrugem.

Monitoring When introducing this method, it is crucial to monitor the fields where soybean will be sowed prior to planting to check for the presence of “guaxas (*)” soybean plants that may be infected with the rust fungus. Following sowing, monitoring becomes a basic and vital tool for managing rust, not only by checking plants for the fungus, but also by conducting what is called “regional” monitoring. This type of monitoring simply refers to the farmer's awareness of what is going on in his micro-region, his neighborhood. This awareness comes about from talking with his peers, suppliers, technical service, or by taking part in events and training programs related to the subject. In this manner, he becomes aware of what going on around him, not only in relation to the arrival of the soybean rust pest, but also in regard to weather forecasting, a factor that can directly influence decision making in terms of fungicides application for disease control. During the fallow period, genetic improvement research can only be conducted with permission from the Health Commission, and it must be committed to maintaining the fields at a “zero” rust level.

"O vazio sanitário, com certeza, dividirá a história da ferrugem asiática em Mato Grosso" "The fallow period will undoubtedly be a landmark in the fight against soybean rust in Mato Grosso"

Durante o período de vazio sanitário só podem ser realizadas pesquisas de melhoramento genético mediante autorização pela Comissão de Defesa, com o comprometimento de manter os campos com nível “zero” de ferrugem. Empresas de pesquisa podem cultivar soja com o objetivo de avanço de gerações do melhoramento genético, com o intuito de acelerar a obtenção de variedades mais tolerantes e produtivas, com a fiscalização do INDEA, que periodicamente vistoria os campos.

Foto/Photo: banco de imagem/image bank

(*) “Volunteer” soybean plants resulting from seeds that fell from the harvester during the previous harvest.

Monitoramento

Hospedeiros/Hosts

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Manejo integrado

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Melhoristas da Fundação MT prevêem a introdução de cultivares tolerantes à ferrugem asiática para a safra de 2008/2009, com disponibilização de sementes aos produtores na safra 2009/2010. Uma mudança que se

O fungo Phakopsora pachyrhizi é um parasita obrigatório. A perpetuação do fungo depende de hospedeiros alternativos existentes em grande quantidade na natureza. Cerca de 95 espécies em 42 gêneros da família Fabaceae são relatadas. The Phakopsora pachyrhizi fungus is an obligate parasite that cannot live independently of its host. Close to 95 species in 42 genera of the Fabaceae family are documented.

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and Minas Gerais, significantly increased the number of applicati-

Maranhão e São Paulo e, ainda, o Paraná, que deverá publicar resolução para instituir.

(*) plantas de soja “voluntárias”, provenientes de sementes que caíram da colheitadeira no processo de colheita da safra anterior.

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espera é que haja uma redução muito significativa do número de aplicações de fungicidas para a ferrugem nestes cultivares. Porém a natureza é muito dinâmica e reage a toda e qualquer mudança que é introduzida pelo homem, às vezes nos surpreendendo e revertendo previsões tidas como líquidas e certas. Porém, vejo a resistência genética como uma das mais importantes ferramentas no manejo da doença. A adoção de mais esta tecnologia não deverá eliminar totalmente o uso de fungicidas para o controle da ferrugem asiática da soja. Entendo que todo controle calcado em um só mecanismo tende a ter a vida útil encurtada. O manejo integrado aliando a ferramenta genética com a ferramenta química tende a dar longevidade a ambas as tecnologias. O que se tem como conseqüência provável da introdução de variedades resistentes à ferrugem seria o aumento da segurança por parte do produtor, em termos de necessidade de urgência de aplicações de fungicidas, e também uma redução no número médio de aplicações efetuadas atualmente nas variedades disponíveis no mercado, trazendo benefícios indiretos ao meio ambiente, reduzindo custos de produção e contribuindo para a sustentabilidade do complexo soja no País.

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Research companies may grow soybeans with the goal of advancing generic generation improvement in order to speed up the availability of new, more tolerant and more production varieties, supervised by INDEA, which periodically supervises the fields.

Integrated management Researchers from the MT Foundation expect that more rustresistant crops will be introduced during the 2008/2009 harvest, and their seeds will become available to farmers during the 2009/2010 harvest. It is expected that a very significant reduction in the number of fungicide applications for these crops will occur. Nature, however, is very dynamic and reacts to any and all changes introduced by man and sometimes surprises us by reversing the most certain and unfailing of forecasts. Nevertheless, I consider genetic resistance as one of the most important disease management tools. The adoption of this additional technology will not totally eliminate the use of fungicides for controlling soybean rust. I believe that any type of control that is based on a single mechanism tends to have a short lifespan, whereas integrated management joining genetic and chemical tools tends to increase the lifespan of both technologies. The probable result of the introduction of rust resistant varieties will be increased safety for the farmer, by lowering urgent needs for fungicide applications, as well as reducing the average number of applications currently carried out on varieties available on the market. This will indirectly benefit the environment, reduce production costs and contribute to the sustainability of soybean production in Brazil.

Estados em que o vazio sanitário foi instituído States where the fallow period was adopted Instituído em 2007 Adopted in 2007

01/07 a 30/09 MS de from 7/1 to 9/30 01/07 a 30/09 SP de from 7/1 to 9/30 MA de 15/08 a 15/10 from 8/15 to 10/15

01/07 a 30/09 MG de from 7/1 to 9/30 deverá publicar resoPR lução para instituir

pending implementation resolution

Instituído em 2006 Adopted in 2006

15/06 a 15/09 MT de from 6/15 to 9/15 01/07 a 30/09 GO de from 7/1 to 9/30 01/07 a 30/09 TO de from 7/1 to 9/30

Fabiano Victor Siqueri Engenheiro Agrônomo, Gestor Técnico Proteção de Plantas / Fundação MT

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Agronomist Engineer, Technical Manager - Plant Protection / MT Foundation FMC

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S Q U A R E P E S T S S O L O / S O I L D E P R A G A S D A S P R A Ç A Foto/Photo: banco de imagem/image bank

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Milho:

Por/By Ivan Cruz

proteja seu investimento "O tratamento de sementes com inseticidas N para o controle das pragas iniciais é a primeira e principal tecnologia a ser utilizada"

os últimos anos no Brasil, verificou-se um aumento substancial na produção de vários produtos agrícolas, principalmente em virtude do uso de tecnologias mais apropriadas aos diferentes sistemas de produção. Por exemplo, é bem conhecido o grande avanço na genética tropical, sendo um dos fatores propulsores dos grandes aumentos verificados em produtividade. No entanto, há ainda muito espaço para crescimento no agronegócio brasileiro. Somente para exemplificar, a produtividade de milho na safra 2006/07 foi de 3.869 kg/ha (CONAB, 2007), enquanto vários agricultores plantando híbridos mais modernos têm alcançado médias acima de 10.000 kg/ha. Além disso, nesta safra de 2007/08, dos 278 cultivares de milho disponibilizados para comercialização, cerca de 44% são híbridos simples. Os híbridos simples e triplos representam, hoje, cerca de 69% das opções para os produtores, mostrando uma tendência na agricultura brasileira e uma maior necessidade de se aprimorar os sistemas de produção utilizados, para melhor explorar o potencial genético dessas sementes. Portanto, pela disponibilidade de materiais genéticos comerciais altamente produtivos, o agricultor deve pensar em propiciar as melhores condições possíveis para se obter o máximo da capacidade genética de cada semente. Uma delas é evitar a competição provocada pelos fatores bióticos, como as plantas daninhas, as doenças e os insetos-praga. De maneira geral, os insetos-praga estão associados a diferentes fases de desenvolvimento dos diferentes cultivos, seja da soja, do arroz, do trigo, do sorgo ou do milho. Existem as pragas-chave, usualmente presentes em níveis que demandariam medidas de controle, com distribuição


Corn: protect your investment "Seed treatment with insecticides for controlling early pests is the first and main technology to be used"

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here has been a substantial increase in the production of various agricultural products in Brazil in recent years, thanks mainly to the use of more appropriate technologies in

different production systems. The well-known great developments in tropical genetics are some of the driving factors of the reported large increases in productivity. Nevertheless, there still is a lot more room for Brazilian agribusiness to grow. As an example, corn productivity in the 2006/07 harvest was 3,869 kg/ha (CONAB, 2007), while many farmers who planted more modern hybrids reached productivity averages over 10,000 kg/ha. Also, in the current 2007/08 harvest, approximately 44% of the 278 corn cultivars available for sale are simple hybrids. The simple and triple hybrids currently account for close to 69% of the options available for producers, revealing a trend in Brazilian agriculture and a greater need for enhancing the production systems used to better exploit the genetic potential of these seeds. Therefore, in light of the availability of highly productive commercial genetic materials, farmers must consider providing the best conditions possible to obtain the maximum genetic capacity of each seed. One such condition is to prevent competition caused by biotic factors, such as weeds, diseases and pest insects. Pest insects are generally associated with different development stages of different crops, be it soy, rice, wheat, sorghum or corn. There are key pests that usually are present at levels that require control measures in an extensive geographic area and key pests that are more localized. These pests may cause indirect damage by reducing the competitiveness of the attacked plant, or direct damage by killing the seed or plant. In this aspect, corn crops are potentially more vulnerable to pest attacks that kill the host plant since they have a lower number of plants per unit of area, compared with other crops such as soy, wheat, sorghum and rice. For the purpose of management strategies, key corn crop pests can be divided into two groups. The first group is made up of pest species that attack the seeds, the forming roots and/or the recently emerged plants, including the underground pests (termites, scarab beetles, conoderus beetles, brown burrowing bugs, Astylus variegatus and Diabrotica speciosa larvae), lesser corn stalk borers and sap-sucking insects, such as bedbugs and thrips. The second group basically consists of fall armyworms (Spodoptera frugiperda) since they attack at practically all of the plant's development stages. Control measures need to be used with great care, in light of these pests' great potential for causing damage and, consequently, inflicting economic losses on farmers. In most cases, for example, the underground pests are already present in the soil prior to planting. The lesser corn stalk borer, on the other hand, demands control measures almost immediately once it is detected in the area. Therefore, early pest detection is essential for preventing significant losses. Despite having a lower reduction potential than the first group of pests, the fall armyworms have become the main corn pest in Brazil, invariably occurring every year in most production areas. Additionally, localized populations have been detected that are resistant to different chemical products, according to the study conducted by Cruz (2002). Therefore, the introduction of integrated management techniques, particularly those that can rationalize the use of agrochemicals, reduces losses caused by pests by means of an efficient control measure, not only in the sense of reducing pest population density, but also, and more

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geográfica ampla, e as pragas-chave de distribuição localizada. Tais pragas podem causar danos indiretos, pela redução da competitividade da planta atacada, ou danos diretos, por matar a semente ou a planta. Neste aspecto, a cultura do milho, por conter, comparativamente à soja, ao trigo, ao sorgo e ao arroz, menor número de plantas por unidade de área, potencialmente é mais vulnerável ao ataque das pragas que causam a morte da planta hospedeira. Em termos de estratégias de manejo, as pragas-chave na cultura do milho podem ser separadas em dois grupos. O primeiro grupo é representado por espécies de pragas que atacam as sementes, as raízes em formação e/ou as plantas recém-emergidas, incluindo as pragas subterrâneas (cupins, bicho-bolo ou coró, larva-arame, percevejo-castanho, larva-angorá, larva-alfinete), a lagarta-elasmo e os insetos sugadores de seiva, percevejos e tripes. O segundo grupo é representado basicamente pela lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) por atacar praticamente todos os estágios de desenvolvimento da planta. Apesar do grande potencial dessas pragas em causar danos e, conseqüentemente, causar prejuízos econômicos ao produtor rural, medidas de controle precisam ser utilizadas com bastante critério. Por exemplo, as pragas subterrâneas, na maioria dos casos, já se encontram no solo antes mesmo do plantio. Já a lagarta-elasmo demanda medidas de controle quase que imediatamente após a detecção da praga na área. Portanto, a detecção da praga em tempo hábil é fundamental para evitar prejuízos significativos. A lagartado-cartucho, embora com potencial de redução menor do que o primeiro grupo de pragas, tornou-se a principal praga de milho no Brasil, por ocorrer invariavelmente todos os anos na maioria das áreas produtoras. Além do mais, já se tem detectado populações localizadas com resistência a diferentes produtos químicos, conforme revisão de Cruz (2002). Portanto, a introdução das técnicas de manejo integrado, especialmente aquelas que possam racionalizar o uso de agroquímicos, objetiva maximizar a redução dos prejuízos causados pelas pragas, através da utilização de uma medida de controle eficiente, não só no sentido de diminuir a densidade populacional da praga, mas também, e principalmente, no sentido de não aumentar ainda mais o desequilíbrio no ambiente. Nesse sentido, ao se implantar o manejo integrado de pragas na cultura do milho, o tratamento de sementes com inseticidas para o controle das pragas iniciais é a primeira e principal tecnologia a ser utilizada. Lembramos que normalmente a semente comercializada vem tratada com fungicida e inseticida para o controle das pragas de grãos armazenados, porém, esses têm pouco efeito sobre os insetos-praga que atacam as sementes no campo ou as plântulas logo após a emergência. Esse método dá proteção à semente e/ou plântula contra a maioria das pragas subterrâneas, seja pelo efeito direto do produto em contato com a praga, causando sua morte, ou pelo efeito de repelência, não deixando que a praga ocasione danos na fase mais crítica da cultura. Dessa maneira, garante-se a população ideal de plantas na área, pois, para cada planta que se perde, as vizinhas conseguem recuperar menos de 20% da produção perdida por aquela planta. Adicionalmente, o tratamento de sementes tem efeito seletivo e requer menos quantidade de ingrediente ativo do que as aplicações no sulco de plantio, seja através de pulverizações ou através de produtos granulados. Como conseqüência o custo do controle é menor.

importantly, by not further increasing environmental imbalance.

FMC

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A utilização da tecnologia TS O tratamento de sementes com inseticidas é na realidade um “seguro” para o agricultor. Resultados de pesquisas realizadas em vários anos atestam o ganho que se obtém em produtividade quando se compara áreas tratadas e não tratadas (Figura 1). A escolha de um ou outro produto para uso via tratamento de sementes de milho deve ser em função da incidência e do potencial de dano da espécie de praga. Pode ser verificado que, para cada espécie de praga, existe um ou mais produtos registrados. Dessa maneira, antes de fazer a escolha do produto será necessário conhecer as pragas. Seja através da experiência passada (histórico da área) ou até mesmo do monitoramento realizado antes do plantio de milho, especialmente no que diz respeito às pragas subterrâneas. Deve ser considerado que medidas de controle após o plantio do milho não são mais possíveis. Já em relação às pragas que atacam a parte da planta acima da superfície do solo, haveria a alternativa da pulverização, caso não tivesse sido feito o tratamento da semente. No entanto, devem ser considerados os seguintes aspectos: plantas recém-emergidas apresentam uma área foliar muito pequena, muitas vezes insuficiente para reter a quantidade mínima de ingrediente ativo para causar mortalidade da praga. Deve ser considerado também que, dependendo da incidência de raios solares, pode ocorrer um maior efeito da degradação do produto químico. Um outro ponto de muita importância na escolha ou não do tratamento de sementes visando as pragas da parte aérea do milho diz respeito ao custo e à precisão do monitoramento dessas pragas. Pelo potencial de dano de tais espécies, há necessidade de acompanhamento quase que diário da lavoura, com aumento substancial do custo de produção.

The introduction of integrated pest management for corn corps, seed treatment with insecticides for controlling initial pests is the first and main technology to be used. It is important to remember that commercial seeds usually come treated with fungicide and insecticide for controlling stored grain pests, but have little effect on the insect pests that attack seeds and recently-emerged seedlings in the fields. This method protects the seed and/or seedling against most underground pests, whether through the product's direct contact with the pest by killing it, or by means of repellence by not allowing the pest to cause damage during the crop's most critical stage. Thus, an ideal plant population is ensured in the area, since for each lost plant, the surrounding plants are able to recover less than 20% of the production lost by that plant. Additionally, seed treatment has a selective effect and requires lower amounts of active ingredient than applications in the furrows, whether by spraying or through granulated products. Consequently, the cost of control is lower.

Using ST technology Seed treatment with insecticides is actually a type of “insurance” for farmers. Findings from research conducted during many years confirm the gain in productivity when treated and non-treated areas are compared (Figure 1). The choice of product for use in corn seed treatment should be a function of the incidence and potential of damage caused by the pest species. There are one or more registered products for each pest species. In other words, you need to know the pests before choosing the product, whether through past experience (area history) or monitoring carried out prior to corn planting, particularly when dealing with underground pests. Keep in mind that control measures are no longer possible once corn is planted. If the seed has not been treated, spraying is an option in the case of pests that attack parts of the plant located above the soil level. However, the following aspects need to be considered: recently emerged plants have a very small foliar area and frequently it is insufficient for retaining the minimum amount of active ingredient to kill the pest. A greater degradation effect of the chemical product can also occur, depending on the occurrence of solar rays. Cost and monitoring precision of pests are very important points to consider when deciding whether or not to treat seeds by targeting pests of the aerial part of the corn plant. Almost daily crop monitoring is required due to the damage potential of these species, which increases production costs substantially.

Principais vantagens/Main advantages Tecnologia de ponta/State-of-the-art technology Segura (totalmente mecanizada)/Safe (totally mechanized) Retardamento de uma pulverização foliar/ Delay of foliar spraying

Pode ser utilizada visando algumas pragas subterrâneas e outras que atacam a plântula/ May be used to target some underground pests and other pests that attack seedlings

Figura 1. Ganho de produtividade (kg/ha) em decorrência da utilização de inseticidas via tratamento de sementes de milho em diferentes anos de avaliação. (No ano de 2004, o experimento também foi conduzido em área de pastagem - 2004P)

Processo mais seletivo (não afeta os inimigos naturais)/ More selective process (does not affect natural enemies)

Custo relativamente baixo/Relatively lower cost Economia de tempo/Time saving

Figure 1. Productivity gains (kg/ha) as a result of insecticide use through corn seed treatment in different assessment years. (In 2004, the experiment was also conducted in pasture areas - 2004P)

Referências Bibliográficas/Bibliography

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CRUZ, I. Manejo da resistência de insetos-praga a inseticidas com ênfase em /Spodoptera frugiperda/ (Smith). Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2002. 15p. (Embrapa Milho e Sorgo. Documentos, 21).

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Ivan Cruz Engenheiro Agrônomo, Doutor Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Agronomist Engineer, PhD Researcher at Embrapa Corn and Sorghum


S Q U A R E P E S T S

Tudo a seu tempo

S O L O / S O I L

Por/By Newton Macedo & Daniella Macedo

P R A G A S D A S

É conhecido que os nematóides de solo passam a maior parte de sua vida na forma de ovos (resistência) e que o sinal que os desperta para se tornarem infectivos são os exsudatos de raízes jovens emitidos pela planta hospedeira. A emissão de raízes pela planta, por sua vez, depende de umidade, calor e luz. Considerando que parte dos canaviais é colhida sob stress, baixa umidade e/ou menor luminosidade, portanto, sem condições ideais para a brotação e imediata emissão de raízes, e que o alcance dessas condições é bastante variável com a época do ano, com a região, com o tipo de solo e até com a variedade de cana, é impossível se padronizar o momento de aplicação do nematicida após a colheita com expectativa de respostas consistentes para as várias situações com que se defronta. Entretanto, a solução para o problema será possível com um aprofundamento do conhecimento da interação nematóides/raízes/nematicidas, de forma a tornar o emprego de nematicidas em soqueira uma operação com maior requinte técnico.

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Foto/Photo: banco de imagem/image bank

P R A Ç A

O

emprego de nematicidas em cana-de-açúcar, na fase de cana-planta, em áreas cujas análises nematológicas indicam populações médias e altas de Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita e Pratylenchus zeae, já se constitui em uma prática adotada em grande escala no Brasil. Contudo, o mesmo não se pode afirmar quando se trata de áreas de soqueiras. Áreas de soqueiras cobertas por nematicidas estão longe de corresponder à importância dos nematóides no comprometimento da produtividade da cana-de-açúcar nesta fase de desenvolvimento. A solução para essa constatação reside na menor consistência de respostas aos nematicidas nesta modalidade de emprego, mesmo em áreas com comprovadas populações elevadas de nematóides fitoparasitas. O fato de se obter boas respostas em determinado momento e em outro nem tanto coloca em dúvida as vantagens econômicas de se aplicar nematicidas em soqueiras e pode estar relacionado ao acerto no momento (“timing”) da aplicação dos produtos.

D E

Estudo busca identificar o “timing” para a aplicação de nematicidas em soqueiras de cana-de-açúcar

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Projeto na Usina Guarani

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Em setembro de 2006 deu-se início a um projeto que está sendo executado na Usina Açúcar Guarani, em Olímpia - SP, com o objetivo de determinar o estágio de desenvolvimento do novo sistema radicular da soqueira de cana-de-açúcar (após a colheita), que dá melhor resposta à aplicação do Carbofuran, em condições específicas de solo (tipo de solo, umidade e aeração), variedade de cana, época do ano e região, sem estabelecer um tempo padrão pós-corte (como é feito atualmente), mas baseado no monitoramento do sistema radicular da área em que se pretende fazer o controle do nematóide. Para tanto, estão sendo coletados e interpretados os parâmetros básicos como: desenvolvimento do sistema radicular, momento da aplicação (tempo póscolheita) e produtividade (durante o primeiro ano). A aplicação do produto (Furadan 350 CE, 7 l/ha) foi feita em 13/09/2006 (zero dia), assim como as subseqüentes avaliações. A área escolhida para realizar o trabalho foi de soqueira, onde as análises indicaram altas populações de nematóides. Para a aplicação do produto, abriu-se uma trincheira de 40x40x40 cm, abrangendo uma touceira, a qual foi arrancada, preservando-se o sistema radicular. O sistema radicular foi limpo da terra (lavando-se) de forma a expor a formação de raízes, sendo devidamente fotografado. O desenvolvimento da lavoura está sendo acompanhado, fotografado, quando conveniente, e ao final do ciclo será feita a avaliação da produtividade por biometria: contando-se todas as canas da parcela e pesando-se 10. Com essas informações, estágio de desenvolvimento do sistema radicular e produtividade final, será possível estabelecer uma correlação visual sobre o momento ideal de aplicação do produto. Durante o segundo ano, serão estabelecidas três áreas-piloto, de um hectare, no mínimo, uma de cada variedade, para testar o sistema desenvolvido durante o primeiro ano do projeto. A partir das informações destes dois anos de pesquisa, deverá ser elaborado um manual, com escala visual, a fim de ser utilizado no monitoramento do sistema radicular da lavoura (soqueiras) para identificar o momento (“timing”) de aplicação do Furadan.

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EVERYTHING IN ITS DUE TIME A research on the right timing for the application of nematicides in sugarcane ratoons

T

he use of nematicides in sugarcane plantations during the stage of grown stems in areas where nematological analysis show the presence of an average to high populations of

Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita, and Pratylenchus zeae has become a common practice adopted in broad scale throughout Brazil. Nevertheless, this practice is not commonly found in areas of ratoons. Areas of ratoons covered by nematicides hardly match the importance of nematodes in their capacity of jeopardizing sugarcane productivity in this stage of the plant development. The solution for such fact resides in the weaker consistency of answers to nematicides in this way of deployment even in those areas where high populations of nematodes that are phyto-parasites are found. The possibility of obtaining good answers in a certain instance and not so good answers in others introduces a factor of doubt concerning the economic advantages of nematicide applications on ratoons and can be related to the proper timing for the application of the products. It is a fact that soil nematodes spend most of their life cycle as eggs (resistance) and that the signal that makes them awake and become infective is the exudates of young roots released by the host plant. The release of roots by the plant, on the other hand, depends on humidity, heat, and light. Taking into consideration that part of the cane plantations is harvested under stress, low humidity, and/or lower luminosity, without the ideal conditions for sprouting and immediate release of roots therefore, and that the reach of such conditions is extremely variable according to the different seasons of the year, with the region, with the type of soil, and even with the cane variety, it is impossible to standardize the instance of application of the nematicide after the harvest with the expectation of obtaining consistent answers for the different situations found. Nevertheless, the solution for the problem will be possible when the knowledge of the interaction nematodes/roots/nematicides is incresead, so as to turn the deployment of nematicides on ratoons an operation with greater technical characteristics.


Project in Guarani Mill On September, 2006, a project was started at Açúcar Guarani Mill in the city of Olímpia - SP and it continues with the objective of determining what stage of development of the new root system of sugarcane ratoons (after harvest) provides the best answer to the application of Carbofuran in specific soil conditions (type of soil, humidity, and aeration), specific cane variety, season of the year, and region without establishing a post-cutting pattern (as it is usually done), but based on the monitoring of the root system in the area where nematode control is being carried out. In this study, basic parameters are being collected and analyzed, such as: the development of the root system, the instance of application (how long after farvest), and productivity (during the first year). The application of the product (Furadan 350 CE, 7 l/ha) was done on 09/13/2006 (day zero) as well as the subsequent assessments. The area chosen for the study was a ratoon where the analysis showed high populations of nematodes. For the application of the product, a trench of 40x40x40 cm was opened including a large clump that was cut but the root system left untouched. The root system was cleansed from earth (washed), so as to expose the root structure, and was properly photographed. The development of the crop is receiving a follow-up, photographed, whenever convenient, and at the end of the cycle a productivity assessment will be carried out through biometry, counting all the cane stems of the parcel and weighing 10. With this information, root system development stage, and final productivity, it will be possible to establish a visual correlation about the ideal instance for the application of the product. During the second year, three pilot areas of one hectare minimum will be established, one for each variety, to test the system developed during the first year of the project. With the information collected during these two years of research, a manual with a visual scale should be developed to be used in the monitoring of the root system of the crop (ratoons) to identify the instance (timing) for the application of Furadan.

Newton Macedo Professor Doutor da Universidade Federal de São Carlos Professor Doctor of the Federal University of São Carlos

Daniella Macedo Engenheira Agrônoma, Doutora, atua como consultora

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Agronomist Engineer, Doctor, consultant

FMC

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Experimento com Furadan

Experiment with Furadan

No momento, o experimento realizado na Usina Guarani, que corresponde à primeira fase do projeto, encontra-se em pleno desenvolvimento, com colheita e avaliação de produtividade de cada tratamento previstas para o final deste semestre. As fotos ilustram o desenvolvimento do sistema radicular durante o período (Figuras de 1 a 5) e, juntamente com o gráfico de precipitação pluviométrica (Gráfico 1), pode-se estabelecer a correlação entre início das chuvas e desenvolvimento do sistema radicular do perfilho. Quando as chuvas ficaram mais consistentes e constantes, observa-se a formação do sistema radicular dos perfilhos, que é o que dá o “start” para que o nematóide passe para a forma infectiva, fixando-se nas raízes jovens.

Currently the experiment conducted at Guarani Mill and that corresponds to the first stage of the project is running at its full activity with harvest and productivity assessment of each treatment planned for this semester of 2007. The pictures show the development of the root system during that period (Figures 1 to 5) and, together with the rainfall chart (Chart 1) it is possible to establish a correlation between the beginning of the rainy season and the development of the new stalk root system. When rain becomes heavier and more constant, there is a formation of the new stalk root system and this “starts” the transformation of the nematode to reach its infective form and attach itself to the young roots.

Figura 1. Implantação do experimento, com aplicação do produto nas laterais das linhas da soqueira.

Figure 1. Implementation of the experiment with the applications of the product on the borders of the ratoon lines. Figure 2. Point zero with the former root

Figura 2. Ponto zero com sistema radicular antigo, sem formação do sistema radicular do perfilho.

system and without the formation of the new stalk root system. Figure 3. Second week after the beginning of the experiment, and beginning of the

Figura 1/Figure 1

Figura 3. Segunda semana após o início do experimento, início da formação do sistema radicular do perfilho.

formation of the new stalk root system. Figure 4. Fourth week after the beginning of the experiment, a well developed root system on the new stalk.

Figura 4. Quarta semana após o início do experimento, sistema radicular próprio do perfilho bem desenvolvido.

Figure 5. Seventh week after the beginning of the experiment, root system showing symptoms of nematode Pratylenchus attack.

Figura 2/Figure 2

Figura 3/Figure 3

Figura 5. Sétima semana após o início do experimento, sistema radicular com sintomas de ataque do nematóide Pratylenchus.

Gráfico 1. Precipitação pluviométrica (ml) do período de julho a dezembro de 2006. Chart 1. Rainfall (ml) from July to December, 2006.

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Figura 4/Figure 4

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Figura 5/Figure 5


I N S E T O S / I N S E C T S

S Q U A R E

Fazendo marketing produto: um inseticida que tem o uso registrado para 13 culturas, entre elas soja, milho, batata, tomate, feijão, e o combate a 23 pragas. Ou seja, é um bravo. Com base nisso, todas as características do novo produto foram resumidas no slogan “Mustang: raça em todo terreno” e, para divulgar essa qualidade, também se buscou uma associação com os eqüinos: shows de cavalos artísticos e de competição, durante o lançamento, na Hípica Paulista, reforçaram o conceito de versatilidade e eficácia do produto. Complementando essa ação, foram realizadas outras com públicos estratégicos nos canais de distribuição, além da exposição do produto em mídia impressa. O lançamento foi em junho, e a sua chegada aos principais distribuidores do País, a partir de agosto, já deu indícios de que Mustang tem tudo para ser uma alavanca que permitirá à FMC ampliar ainda mais a sua participação no setor, uma vez que — e isto é muito importante frisar — o produto cumpre o que o seu conceito promete.

P R A Ç A

Q

uando se lança um produto, uma das ações mais complexas é o desenvolvimento da campanha de marketing e a definição de estratégias, entre as quais a comunicação, fator crucial para que esse produto venha a ser experimentado e possa ter sucesso no mercado. Demonstrar as suas qualidades intrínsecas é uma tarefa que requer muita criatividade e técnica para encontrar os conceitos que melhor se associam à imagem daquele lançamento, porque, como sabem os profissionais da área, o cliente não compra um produto, compra benefícios, e estes são conceituais. Uma campanha de marketing eficiente tem de levar, através de conceitos, o desejo ao cliente de conquistar esse benefício. Isso é o que podemos chamar verdadeiramente de marketing. Por isso, podemos dizer que Mustang, novo defensivo agrícola lançado pela FMC, foi um case em termos de lançamento, na medida em que as características únicas de força, resistência e raça desse cavalo lendário transmitem com perfeição o conceito que se quer passar, sendo a melhor tradução das características desse

D O S

Por/By Fernanda Teixeira

Doing marketing

W

hen a product is launched, one of the most complex activities is the creation of a marketing campaign and the definition of strategies,

creativity and technique is required to extol a new product's intrinsic qualities by devising concepts that best reflect the product's image. As marketing professionals are well aware, clients do not buy a product, they purchase the associated benefits, which are conceptual. An efficient marketing campaign needs to use these concepts to stimulate the client's desire to possess these benefits. This is what we truly call marketing. For this reason, Mustang, the new agrochemical launched by FMC, can be considered a case study in terms of launching, since the unique traits of strength, resistance and breed of this legendary horse perfectly transmit the concept the company wishes to communicate. It is the best translation for the product's features: an insecticide that is registered for use in 13 crops, including soybeans, corn, potatoes, tomatoes and beans to fight 23 pests. In other words, it is fierce.

SQUARE

Foto/Photo: banco de imagem/image bank

which include publicity, a crucial factor for success. A lot of

FMC

23


All of the new product's features are summarized in the slogan

The launching took place in June and the product reached the main

“Mustang: a thoroughbred on all terrains”, and an equine connection

distributors in Brazil in August. There are indications that Mustang

was sought to publicize this quality. The product's launching was held

has everything it takes to help FMC increase its market share

at the São Paulo Equestrian Center with artistic and competition

because — it is very important to emphasize — the product lives up

horse shows that reinforced the product's versatility and efficacy.

to its promises.

Other related activities were held for strategic audiences in the distribution channel that also provided product exposure in the printed media.

Banner/Banner

Anúncio/Ad

Peças da campanha de lançamento do Mustang O novo produto estará disponível para a próxima safra nas principais revendas e cooperativas do País em embalagens de 1 e 5 litros. Mustang launching campaign items The new product will be available for the upcoming harvest at the main retailers and co-operatives in Brazil in 1 and 5 liter packages.

Folheto/Technical brochures

Inspiração no cavalo lendário A campanha de marketing deste novo produto destaca os conceitos de força, raça e versatilidade, numa associação entre os atributos do inseticida e as características deste cavalo lendário. As peças de divulgação — banner, anúncio e folheto técnico — fazem alusão a essas semelhanças de conceito. Inspired by the legendary horse The marketing campaign for this new product emphasizes the concepts of strength, breed and versatility, which associate the features of the insecticide with the traits of this legendary horse. The marketing items — banners, ads and technical brochures — all make reference to these similar concepts.

Fernanda Teixeira Coordenadora de Comunicação FMC

SQUARE

FMC Communication Coordinator

24 F M C


S Q U A R E I N S E T O S / I N S E C T S

Por/By Jonas Guerra

U

m dos desafios da cotonicultura brasileira neste momento é não baixar a guarda quanto à qualidade de fibra do nosso produto, pois os nossos competidores farão de tudo para barrar a expansão da cotonicultura brasileira atualmente e nos próximos anos, diante de um cenário favorável da fibra nacional. É reconhecido que o Brasil possui áreas agricultáveis, clima favorável, tecnologia etc., o que aumenta a nossa competitividade internacional. O cenário mundial aponta para uma melhora nas cotações, todavia o nosso produtor deverá ter em mente o aumento de produtividade. O incremento de novas tecnologias através do uso de novas variedades deve nortear as decisões dos produtores nas próximas safras. Porém, a adoção deve ser feita com critério, e a mudança, por exemplo, de variedades susceptíveis a virose para variedades resistentes deve ser acompanhada de perto. O fato de a variedade ser tolerante a virose não significa que o pulgão (vetor) deva ser desconsiderado no manejo de pragas, pois, em altas populações, o mesmo causa danos diretos à produtividade. Neste ano, ficou bem claro que, onde o clima foi generoso, ocorreu aumento de produtividade, sendo que, em áreas em que ocorreram veranicos, houve queda na produtividade, principalmente naquelas em que não foram adotadas as técnicas de correção e houve ausência de preparo adequado desses solos. Considero que a “sustentabilidade a custos baixos” da cotonicultura dependerá das variedades de algodão a serem plantadas.

P R A Ç A

"São precisos alguns cuidados na troca de variedades, e a escolha correta de um cultivar influenciará todo o sistema de produção" "Special care is needed when changing varieties. The right choice of cultivar will influence the entire production system"

O

ne of the challenges Brazilian cotton producers face nowadays is not to let their guard down in terms of the quality of their product. Competitors will do everything

possible to hinder the current and future expansion of Brazilian cotton industry in light of the favorable outlook for our product. It is well-known that Brazil has large expanses of arable land, favorable climate and technology, all of which increase our international competitiveness. As global trends point to higher quotes, our producers need to keep increased productivity in mind. The enhanced new technologies provided by new varieties must guide producers' decision-making process in the upcoming harvests. However, this should be done with care. A change from virus-susceptible varieties to resistant ones must be closely monitored. The fact that the variety is resistant to viruses does not mean that the aphid (vector) should not longer be considered in pest management since it can still cause direct damage to productivity in high numbers. It has become very clear this year that where the weather was good, productivity was increased. However, there was a drop in productivity in regions that experienced Indian summers, especially in areas where correction techniques were not adopted

SQUARE

The perfect fits

D O S

O encaixe perfeito

and appropriate soil preparation was lacking. I believe that the “low cost sustainability” of the cotton industry will depend on the cotton varieties that will be planted. FMC

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SQUARE

Cenário atual e perspectivas em relação a variedades resistentes

26 F M C

Entre os anos de 1993 e 1997, o Estado de Mato Grosso cultivava 100% de variedade sensível a virose (ITA 90 CNPA), pois era o único material adaptado à colheita mecânica existente no Brasil. A partir de 1997, empresas privadas nacionais firmaram convênios com órgãos internacionais e passaram a desenvolver ou adaptar as linhagens ou cultivares próprios para a distribuição nos cerrados. Conforme o quadro da página seguinte, podemos visualizar que o cenário atual está bem favorável em relação às variedades adaptadas para o cerrado, pois contemplam a maioria das características desejáveis a toda a cadeia do algodão. Atualmente o Estado de Mato Grosso, que antes cultivava 100% de variedade sensível a viroses, hoje, visando à redução de custos com o controle de pragas e doenças, já cultiva 70% com variedades altamente resistentes a virose, 15% com variedades medianamente sensíveis e 15% com variedades altamente sensíveis a virose. Portanto devemos, ainda, considerar que as novas variedades agregaram resistência ou tolerância a diversas doenças que surgiram no Estado, como também mantiveram ou melhoraram suas características produtivas e tecnologia de fibras. Praticamente todos os produtores de algodão do cerrado mato-grossense são assistidos tecnicamente pelos consultores e recebem as orientações técnicas quanto ao uso de variedades, porque existe grande variação quanto aos atributos, levando a diferentes possibilidades produtivas e demandas por: níveis de adubação, uso de defensivos agrícolas (fungicidas, inseticidas e nematicidas) etc. Com isso, podemos observar que a escolha correta de um cultivar (variedade) a ser utilizado influenciará todo o sistema de produção. Por exemplo, a escolha de uma variedade resistente a “virose” mudará os níveis de incidência para o controle de pulgões (vetor de vírus) em relação ao uso de variedades sensíveis à mesma virose. Da mesma forma, isso também ocorrerá para variedades resistentes a uma determinada doença e, conseqüentemente, haverá redução no custo de produção por ocorrer redução no uso de pesticidas nesta lavoura. Os produtores são orientados pelos consultores a não efetuar mudanças bruscas no uso de uma ou mais variedades resistentes no processo para evitar modificações também bruscas no sistema de produção já consagrado. A introdução de variedades resistentes neste processo é feita gradativamente (não mais que 10% da área no primeiro ano) a fim de que o produtor possa avaliar seu desempenho tanto na adaptação do material na região como também na usina de beneficiamento, para comprovar as características de fibra (rendimento, resistência de fibra etc.) e aumento deste percentual ano a ano.

Com a perspectiva da adoção de cultivares transgênicos nas próximas safras, o produtor deve ficar atento às modificações necessárias no manejo, principalmente no controle de pragas. O evento liberado no Brasil é o Algodão Bollgart (BT1), que possui ação sobre três lagartas (curuquerê, lagarta-damaçã e lagarta-rosada), sendo que esse evento não controla outras lagartas que ocorrem no algodão (lagartas spodopteras spp. e a trichoplusia nii) e, com isso, o produtor deverá controlar quimicamente essas lagartas e os demais insetos e pragas como pulgões, percevejos, ácaros, bicudo, mosca-branca etc. Current situation and outlook for resistant varieties Between 1993 and 1997, 100% of the variety grown in the state of Mato Grosso was sensitive to viruses (ITA 90 CNPA) because it was the only one adapted to the mechanic picking system in existence in Brazil. Starting in 1997, private domestic companies signed agreements with international agencies and started to develop or adapt their own lineages or cultivars for distribution in the Cerrado region. According to the table on the other page, we can see how the current situation is quite favorable in regard to the varieties adapted for the Cerrado since they possess most of the characteristics considered desirable by the entire cotton supply chain. Production in Mato Grosso, which was previously 100% of the virus-sensitive variety, is now composed as follows: 70% highly resistant varieties, 15% medium resistant varieties and 15% highly sensitive varieties. Therefore, we must take into account that the new varieties added resistance or tolerance to various diseases that emerged in the state, as well as maintaining or enhancing their production characteristics and fiber technology. Practically all cotton producers in the Mato Grosso Cerrado region receive technical assistance and guidance from consultants when it comes to using different varieties since there is a wide range of attributes entailing different production possibilities and requirements, such as fertilization levels, pesticide use (fungicides, insecticides and nematicides), etc. We can see that the right choice of cultivar (variety) used will influence the entire production system. For example, the choice of a “virus”resistant variety will change the incidence levels for aphid control (virus vector) in relation to the use of varieties that are sensitive to the same virus. Similarly, this will also occur with varieties that are resistant to a certain disease, resulting in lower production costs due to the reduction in pesticide use in the fields. Consultants advise producers not to make abrupt changes in the use of one or more resistant varieties in the process to avoid sudden changes in the tried and true production system. The introduction of resistant varieties into this process is done gradually (not more than 10% of the total area in the first year) in order to allow producers to assess the adaptation of the material to the region as well as in the processing unit to verify the product characteristics (yield, fiber resistance, etc.) and to annually increase this percentage. With the perspective of adopting transgenic cultivars in the upcoming harvests, producers need to be aware of the necessary management changes, especially in pest control. The event available in Brazil is the Bollgart Cotton (BT1) that targets three caterpillars (cotton leaf worm, tobacco budworm, pink bollworm). It does not control other pests that are also present in cotton (spodopteras spp. and trichoplusia nii). Hence, producers need to chemically control these caterpillars and other insects and pests such as aphids, bedbugs, mites, boll weevils, whiteflies, etc.


CULTIVARES OBTENTORES VIR CNPA ITA 90 Embrapa S BRS Aroeira Embrapa AR BRS Ipê Embrapa MR BRS Sucupira Embrapa R BRS Camaçari Embrapa R BRS Cedro Embrapa AR BRS Peroba Embrapa MS BRS Acácia Embrapa S BRS Jatobá Embrapa MR BRS Araçá Embrapa R BRS 269-Buriti Embrapa R FM 966 Bayer Seeds S FM 986 Bayer Seeds AR FM 977 Bayer Seeds AS FMT 501 Fundação Mt R FMT 701 Fundação Mt R FMT 702 Fundação Mt R Deltaopal Delta & Pine AR Suregrow 821 Delta & Pine S Deltapenta Delta & Pine S Makina Syngenta AS Fabrika Syngenta AS Destak Syngenta AS ST 474 Stoneville AS DP Acala 90 Delta & Pine S IAC 24 IAC R Coodetec 406 Coodetec R Coodetec 407 Coodetec MS Coodetec 408 Coodetec R Coodetec 409 Coodetec MR Coodetec 410 Coodetec AR

RAM RLA MR MR MR MR MR MS MR MR MR MR MS MS MR MR S MR MR MR MR MR MR MR MS MR S MS MS MR S S MR MR R S MS AS MR MS MS S S MS MS MS MS MS R MR MR MR MR R MS MS MR MR MS MR MS MR S MR

BAC MR R MR R R MS MS S R R R AR AR AR R R R AR S S AS MS MS MS MR AR AR R R R AR

F+N AS MR MS R MR MS MS S MS MR MR MR MR MS MR MS AS MS MS MS MS MS S R S S -

A+S R MR MR MR MR MR MR MR MR MR MS MR AS S MR MR S AS MR MR MR MR MR MR R MR MS MS MR MR S

PAC 4.557 4.611 4.660 4.380 4.450 4.585 4.977 3.691 4.656 4.625 4.868 4.629 4.659 3.960 4.551 4.523 4.629 4.441 4.642 4.412 4.428 -

PFB 1.946 1.877 1.981 1.738 1.801 2.100 2.028 1.278 2.057 1.923 2.083 2.037 1.947 1.748 1.775 1.744 1.986 1.958 2.047 2.016 1.838 -

PF (%) 38-39 37-38 39 38-39 37,5 41-42 38 36 38-39 38-39 39-40 40-42 37-39 41-43 40,3 39,7 39,4 39-42 39-42 39-43 42 43 42,5 38-39 38,5 40-41 38-40 40-42 38-39 41-42

1) Características agronômicas:

3) Reação às doenças:

C: ciclo; P: precoce (100 a 130 dias da emergência à colheita); M: médio (131 a 160 dias da emergência à colheita); T: tardio (161 a 180 dias da emergência à colheita). P: porte; B: baixo (menos de 1 m na colheita, com uso de reguladores); M: médio (entre 1,10 m e 1,40 m na colheita); A: alto (acima de 1,50 m na colheita).

VIR: viroses (doença azul e mosaico comum); RAM: ramulose; RLA: ramularia; BAC: bacteriose ou mancha angular; F+N: complexo fusarium + nematóides; A+S: Alternaria sp. e Stemphylium sp.

1) Agronomic characteristics: C: cycle; E: early (100 to 130 days from emergence to harvest); A: average (131 to 160 days from emergence to harvest); L: late (161 to 180 days from emergence to harvest). H: height; S: short (less than 1 m at harvest, with use of regulators); A: average (between 1.10 m to 1.40 at harvest); T:tall (over 1.50 m at harvest).

FIN 3,8-4,2 4,1 4,2 4,5 4,6 4-4,3 4,3 3,8-4,0 4,6 3,8-4,2 3,8-4,3 4,0-4,2 3,8-4,0 3,8-4,0 4,4 4,56 4,5 3,8-4,4 3,9-4,5 3,8-4,5 4,3 4,3 4,4 3,8-4,2 4,4 4,0 4,0 -

3) Reaction to diseases: VIR: viruses (cotton blue disease or common mosaic); RAM: ramulosis; RLA: ramularia; BAC: bacteriosis or angular spot;

2) Características produtivas:

F+N: fusarium + nematodes complex; A+S: Alternaria sp. and Stemphylium sp.

PAC: produtividade média de algodão em caroço, em kg/ha; PFB: produtividade média de fibra, em kg/ha; 4) Tecnologia de fibras: %F: rendimento de fibra algodoeira em %. FIN: finura da fibra, em índice micronaire, medida em HVI; 2) Production characteristics: RES: resistência da fibra, em gf/tex, medida em HVI. ACP: average cottonseed productivity, in kg/ha; AFP: average fiber productivity, in kg/ha; %F: fiber yield in cotton plant (%).

RES 28,8 28,0 28,8 29,6 30,5 28,3 31,5 32-34 30,8 30,1 30-34 29-33 29,4 27-29 26,8 29,51 27,2 29,2 28,8 28 29 28,9 26,5 28,8 29,5 29,7 29,3 -

C T M T T M T M T T M M P M M P M M M M M P M P M T M M M M M P

P A M M A A A M A A B B B A A M A A M B A B M B M A M M A M A B

Fonte/Source: Revista Visão Agrícola

Variedades de algodão plantadas no cerrado. Cotton varieties planted in the "cerrado" region.

5) Dados médios obtidos no Ensaio Regional do Cerrado e no Ensaio Cooperativo do Facual, safra 2004/2005. 5) Average data obtained from: Ensaio Regional do Cerrado and Ensaio Cooperativo do Facual, harvest 2004/2005.

Legenda: AR: altamente resistente; R: resistente; MR: medianamente resistente; MS: medianamente susceptível; S: susceptível ou sensível; AS: altamente susceptível. Key: HR: highly resistant; R: resistant; MR: moderately resistant;

4) Fiber technology:

MS: moderately susceptible;

FIN: fiber fineness, HVI-measured micronaire index;

S: susceptible or sensitive;

RES: fiber resistance, in gf/tex., HVI-measured.

HS: highly sensitive.

Jonas Guerra Engenheiro Agrônomo Guerra Consultoria - MT (jonas@guerraconsultoria.com)

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Referências Bibliográficas/Bibliography FARIAS, F.J.C. MORELLO, C. de Lelis, FREIRE, E. Curvelo. Visão Agrícola: Produtividade registrou ótimos ganhos na última década, 6ª ed., USP/ESALQ, São Paulo: Piracicaba. 2006.

Agronomist Engineer Guerra Consulting Company - MT (jonas@guerraconsultoria.com) FMC

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S Q U A R E E N V I R O N M E N T A L

A agricultura e os mitos ambientais

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P R A Ç A

S O C I A L

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A M B I E N T A L / S O C I A L

A N D

The agriculture and environmental myth

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Por/By Laura Tetti

E

m muitos fóruns nacionais e internacionais de que tenho tido a oportunidade de participar, em meio aos inevitáveis debates sobre os impactos negativos da expansão dos biocombustíveis e da bioenergia, depois de muito esclarecimento factual, do tipo: “Não, a cana não desmata a Amazônia...”, “Não, não existe trabalho escravo no Brasil. Trabalho escravo é crime na legislação brasileira...”, “Não, não existe monocultura no Brasil, que tem uma das agriculturas mais ricas em diversidade no mundo...”, “Não, a expansão da cana não diminui a oferta de alimentos...”, “Não, não é a agricultura para uso energético que causa a fome. Desde o fim da Idade Média, já se sabe que o que causa a fome é a falta de dinheiro, de renda e de inclusão social...”, inexoravelmente chega o momento do impasse: “E se a cana pressionar o realocamento dos grãos, que pressionará o realocamento dos pastos, e os pastos e o povoamento desmatarem a Amazônia?...”, “E se a legislação não for cumprida e o crime não for castigado?...”, “E se o status quo do comércio das commodities agrícolas (reconhecidamente controlado por mecanismos e centros colonialistas) for afetado?...”. Muitas dúvidas? Então vamos continuar discutindo, usando o petróleo e derretendo o planeta. Ou, como já se percebe, vamos ampliar e difundir a energia nuclear... É impressionante como, em especial no que diz respeito aos temas ambientais, nos negamos a reconhecer uma das Leis essenciais da vida: tudo, absolutamente tudo, tem impactos e conseqüências. E, aliás, é justamente essa infinita cadeia de eventos, efeitos e conseqüências que chamamos de vida. Quando nossa incompetência científica obscurece as razões ou as forças que determinam certos acontecimentos, chamamos isso de “eventos ao acaso” ou “evolução natural”. Quando temos — ou acreditamos ter — alguma mão no jogo dos eventos, chamamos isso de “escolha de alternativas”.

I

n the midst of inevitable debates on the negative impacts of biofuel and bioenergy expansion at the various national and

international conferences I have attended and after much

clarification along the lines of: “No, sugarcane does not cause deforestation in the Amazon...”; “No, there is no slave labor in Brazil. Slave labor is a crime in Brazil...”; “No, there is no monoculture in Brazil, which has one of the most richly diverse agricultures in the world...”; “No, sugarcane expansion does not reduce food supply...”; “No, agriculture for energy use does not cause hunger. Since the end of the Middle Ages, it is known that hunger is caused by lack of money, income and social inclusion...”, an impasse would inevitably be reached: “And what if sugarcane forces grain reallocation, which in turn forces pasture reallocation, won't pastures and increased population deforest the Amazon?...”, ”And what if legislation is not respected and crime is not punished?...”, “And what if the status quo of agricultural commodity trade (controlled, it is well known, by colonialist mechanisms and centers) is affected?...”. Too many questions? Then let's go on debating and using oil and melting the planet. Or, let's expand and spread nuclear energy... It is amazing how we deny one of the essential Laws of Life, particularly in regard to environmental issues: everything, absolutely everything, has its impacts and consequences. And, by the way, it is exactly this infinite chain of events, effects and consequences that we call life. When our scientific incompetence obscures the reasons or forces that cause certain events, we call it a “haphazard event” or “natural evolution”. When we have — or believe to have — some say in the game of events, we call it “choice of alternatives”. Like everything else, there is no zero impact in issues related to the environment and society, which assemble the totality of all complex flows of what we call life. There is no such thing as “no consequences” and, just like in life, we cannot control the future effects of these consequences. Perhaps because they are intrinsically linked to the principles of uncertainty, few topics are discussed in such an immature, escapist and unrealistic manner as environmental issues. It is part of human nature to turn to one's beliefs and interests when facing things that are beyond our abilities and knowledge. And in our uncultured and illiterate country, where we are have become accustomed to accepting stories and not observing reality, and


"É da natureza humana recorrer à crença e à vontade para encarar aquilo que escapa à sua competência e conhecimento."

"It is part of human nature to turn to one’s beliefs and interests when facing things that are beyond our abilities and knowledge."

where instead of solving problems, what is important is the performance in front of an audience, playing the “good guy” of the story of the day, this trend is fast approaching schizophrenia. The issue of burning sugarcane straw as a harvesting method (something that is reasonably easy to understand and much less complex than other environmental issues) is an exuberant case of unreality, adherence to beliefs and distortion of facts in favor of interests and fiction. It is full of ungrounded versions. Let's consider some points: sugarcane burning does not cause greenhouse effect and does not contribute to global warming. The process for growing sugarcane today is one of the few production processes that present a positive balance in terms of atmosphere emissions. If we consider that more than half of the total amount of planted sugarcane is earmarked for substituting oil and its derivatives, we arrive at an even more positive position: from the start of its production process to the consumption of its final product, sugarcane eliminates more equivalent CO² than it emits. In other words, making use of the same popular (and incorrect) language used by the media, not only is sugarcane not “dirty,” but it also “cleans” part of the “dirt” of others... Anyone who is minimally interested in studying this subject already knows this fact. There are greenhouse effect measurements, reports, studies and research of all levels, formats and nationalities that prove this fact (including the State of São Paulo's Secretariat of the Environment, incredibly enough...). Although many people were pleased with the idea that eliminating sugarcane burning would further prevent greenhouse effect gases, we regret to inform that it is not necessarily the case. The simple reason is that mechanization throughout the extensive sugarcane production chain generates a substantial increase in fossil fuel use and negative effects in terms of emissions and pollution of the environment. Just like in life, the most attractive solution is not always the best solution. Like any combustion process, sugarcane burning gives off polluting elements into the atmosphere. In the case of sugarcane in particular, this means a lot of charcoal and dirt particles. What determines pollution risk is the concentration of these polluting elements in the environment “vis-à-vis” its negative effects on health. Any children's primer on ecology explains this (or should). As can be expected — due to the increasing expansion of cities, the inconveniences created by sugarcane burning trash cause

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No que diz respeito aos assuntos do meio ambiente e da sociedade, que congregam a totalidade dos fluxos complexos que chamamos vida, como em tudo o mais, não existe o impacto zero. Não existe o “sem conseqüências” e, como na vida, não podemos ter controle dos desdobramentos futuros dessas conseqüências. Talvez por serem intrinsecamente vinculados aos princípios da incerteza, poucos temas são debatidos de forma tão imatura, escapista e descolada da realidade como são os temas ambientais. É da natureza humana recorrer à crença e à vontade para encarar aquilo que escapa à sua competência e conhecimento. E no nosso país, inculto e iletrado, onde nos acostumamos a viver de versões e não da observação da realidade, onde, em vez de se solucionar problemas, o que vale é fazer jogo de cena para a platéia (ou plebe), fingindo ser o “mocinho” da versão em moda ou da historinha do momento, essa tendência chega aos limites da esquizofrenia. A questão da queima da cana como método de despalha para a colheita (coisa razoavelmente fácil de entender e de muito menor complexidade que outros temas ambientais) é um caso exuberante de descolamento da realidade, apego a crenças, distorção dos fatos em função da vontade e de versões. Muitas e muitas versões sem fundamento. Vejamos alguns pontos: a queima da cana-de-açúcar não causa efeito estufa e não contribui para o aquecimento global. A cana-de-açúcar, tal como se cultiva hoje, é uma das poucas atividades produtivas que apresentam um balanço de emissões positivo para a atmosfera. Se considerarmos que bem mais da metade de toda a cana plantada é voltada para a substituição de petróleo e derivados, chegamos a uma situação ainda mais positiva: da ponta da produção à ponta do consumo do seu produto final, a cana retira mais CO² equivalente do que emite. Ou seja, usando a

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mesma linguagem da versão popularesca (e errada) da mídia, a cana não só não “suja”, como também “limpa” parte da “sujeira” dos outros... Todo mundo que é minimamente sério no estudo do assunto já está cansado de saber disso. Existem medições, balanços de emissões de gases de efeito estufa, estudos e levantamentos em todos os níveis, formatos e nacionalidades possíveis, atestando isso (até da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, vejam só...). Embora muitos ficassem felizes com a idéia de que a eliminação da queima da cana pudesse evitar, ainda mais, emissões de gases de efeito estufa, sentimos muito informar que não necessariamente. E isso pela simples razão de que, ao longo de toda a ampla cadeia produtiva envolvida na cana, a mecanização traz como conseqüência um aumento substantivo do uso de combustíveis fósseis e dos seus efeitos negativos em termos de emissões e de contaminação no ambiente. Assim como na vida, nem sempre o que é mais bonitinho é o que melhor atende aos nossos objetivos. A queima de cana, como qualquer processo de combustão, gera elementos poluidores na atmosfera. No caso da cana, em particular, muita partícula — carvãozinho, sujeira. O que determina a poluição e o seu risco é a concentração desses elementos poluidores no ambiente “vis-à-vis” os efeitos negativos dessa concentração à saúde. Qualquer cartilha infantil de ecologia explica (ou deveria explicar) isso. Como se pode imaginar — até porque, com a expansão cada vez maior das cidades, os transtornos ocasionados pela sujeira da queima da cana causam problemas de convivência semelhantes em todo o mundo — , existem estudos de todos os gostos e tamanhos avaliando a poluição da queima da cana e seus potenciais danos à saúde. Aqui também — infelizmente para a vontade de muitos — todos sabem que, pelo menos até hoje, nenhuma relação direta de causa e efeito foi estabelecida comprovadamente. Pelo contrário, na maior parte dos municípios canavieiros, em plena época da colheita e da queima, a poluição atmosférica mais ameaçadora que acaba sendo detectada é a que é emitida pela frota dos veículos em constante expansão. Dizer que a queima de cana é um problema, pois emite milhões de toneladas de monóxido de carbono ou milhões de toneladas disso e daquilo, é equivalente a afirmar que qualquer farmácia de esquina é um risco à saúde e ao ambiente, pois guarda quantidades de substâncias químicas que podem matar qualquer um que as ingerir, bem como contaminar todas as caixas d'água do quarteirão... Tais afirmações possuem efeito de grande dramaticidade, mas são uma bobagem completa... E seriam até curiosas, como recurso de oratória, se não manipulassem o terreno fértil da falta de cultura e da formação escolar de qualidade do nosso povo (o tipo da manipulação que, nos mostra a História, nunca resulta em boa coisa...).

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similar coexistence problems worldwide —, there are studies of all shapes and sizes assessing sugarcane burning pollution and their potential damage to health. Here as well — unfortunately for the wishes of many — everyone knows that, at least until now, no direct cause-effect relationship has been proven. On the contrary, in most sugarcane producing towns at the height of the harvesting and burning season, the most threatening atmospheric pollution detected comes from the continuously increasing number of vehicles. To state that sugarcane burning is a problem because it emits millions of tons of carbon monoxide or millions of tons of this or another is the same as saying that any corner drugstore poses a risk to health and the environment because it stores a number of chemical substances that could kill anyone who swallows them or contaminate the block's water supply... Such statements create a great dramatic effect, but are complete hogwash... These statements could work as rhetoric resources, if they did not manipulate the fertile terrain of our people's lack of culture and education (the type of manipulation that never ends well, as History teaches us...). Obviously, no one wants to live near a sugarcane burning area. No one wants to live next to a noisy airport. No one wants to live in a place with heavy and continuous traffic, or near cemeteries, trash or sewer treatment units, slums, etc., etc., etc. However, urban expansion forces living areas increasingly closer to airports, cemeteries, highways and sugarcane growing areas. After all, the same people who live in these areas also travel, drive a car, generate trash and sewage and die...

"A queima da cana-de-açúcar não causa efeito estufa e não contribui para o aquecimento global." "Sugarcane burning does not cause greenhouse effect and does not contribute to global warming." It is made to seem that the sugarcane burning practice is merely a decision: those who want to be righteous and “nice” don't burn and those who burn, do it because they don't want to be “nice” and righteous (they must certainly be masochists, considering the numerous nuisances this practice entails). Let's repeat again what everyone already knows: sugarcane burning is a typical management activity for the crop. In other words, sugarcane is burned wherever sugarcane is produced, this true for Australia, Hawaii, Florida, Louisiana, almost every African nation, Central America, Latin America, Brazil, São Paulo, etc., etc., etc... It is incredible how sugarcane can be such a well known and misunderstood crop at the same time. And we are talking about Brazil (for God's sake!...), whose entire development process is linked to this product and to other agricultural activities, whether we like or not. Let's make a simple reflection: sugarcane is grown (and burned) in some regions of Brazil since 1500; in São Paulo, since 1700 in the region of Piracicaba (when we supplied the United States during the Revolutionary War) and since 1930 in the region of Ribeirão Preto (when Italian immigrants who came to work on coffee plantations bought at rock bottom prices — the lands devalued by the Great Depression of 1929-30). The average


productivity levels in these plantations grow an average of 4% a year. In other words: not only doesn't burning destroy the land, it actually enhances its fertility. This large increase in productivity is not a “natural” phenomenon occurring at all plantations worldwide and nor is it “by accident” that Brazil is the great center of excellence for sugarcane. In addition to a lot of experience, research, work and careful management are needed to achieve these results. If growing sugarcane (including burning) were so primitive and wrong, how could we have obtained such substantial gains in productivity? How could sugarcane in Brazil be recognized as one of the most conservation-minded agricultural activities in the world, with low rates of erosion and agrochemical soil contamination, as well as the lowest rates of water use and contamination and beneficial results in the struggle against the huge climate change problem? Of course, mechanization is a natural progression in the modernization process of sugarcane plantations. Just like automation in industry and service chains. This process is a fact of the production system. But it will only be positive if it is seen as an improvement process, which can be encouraged and accelerated in light of the ease and advantages it provides. This is the way things work in all activities and in life. To simply prohibit sugarcane burning because there are alternative mechanization techniques would be as absurd as the housewife who purchased a microwave oven and ban the conventional stove from her kitchen... This is not the way it works. If we understand that a microwave oven does not replace all the needs covered by a conventional stove (maybe not yet...maybe it will never replace everything... maybe another technology will cover a more extensive range of requirements and needs... maybe and maybe...), why the heck is it so hard to understand that it is exactly the same way with replacing conventional harvesting with mechanized harvesting (and with any automated process)? In fact, it is important to recall that much of the environmental damage was caused by hasty agricultural mechanization and examples are readily available in studies on the severe problem of desertification that, according to the UN, has already consumed 25% of our planet's arable land. But what interest do these facts contain if everyone just wants to invent stories to justify interests (and, following in the steps of Paris Hilton, win over coverage in the media just for the heck of it)?... What interest is there if no one wants to deal with the real issues and everyone just wants to create and circulate tall stories?...

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É claro que ninguém quer morar próximo a um local de queima de cana. Ninguém quer morar ao lado de um barulhento aeroporto. Ninguém quer morar em um local com tráfego intenso e ininterrupto, próximo a cemitérios, próximo a uma usina de tratamento de lixo ou esgoto, a favelas, etc., etc., etc. Só que a expansão urbana faz com que as áreas de moradia se aproximem cada vez mais dos aeroportos, dos cemitérios, das vias expressas e das áreas de cultivo da cana. Afinal, as mesmas pessoas que moram também viajam, andam de carro, geram lixo, esgoto e morrem... Parece que a prática da queima de cana é um ato de decisão: quem quer ser correto e “bacana” não queima e quem queima é porque não quer ser “bacana” e correto (além de, com certeza, também ser masoquista, tendo em vista os inúmeros aborrecimentos que esse assunto acarreta). Vamos lá — mais uma vez — repetir o que todo mundo já sabe: a queima da cana é um manejo típico dessa cultura agrícola. Ou seja, queima-se cana onde quer que se produza cana, e isso vale para a Austrália, Havaí, Flórida, Louisiana, quase todos os países da África, Ásia, América Central, América Latina, Brasil, São Paulo, etc., etc., etc... É inacreditável que a cana-de-açúcar seja uma cultura tão conhecida e tão desconhecida ao mesmo tempo. E estamos falando do Brasil (pelo amor de Deus!...), que tem, gostemos ou não, todo o seu processo de formação histórica ligado a esse produto e outras atividades agrícolas. Façamos uma reflexão simples: em algumas regiões do Brasil cultiva-se cana (com queima) desde 1500. Em São Paulo, na área de Piracicaba desde a metade dos 1700 (quando abastecíamos os Estados Unidos em guerra com sua metrópole, Inglaterra), na região de Ribeirão Preto desde 1930 (quando os imigrantes italianos que vieram trabalhar nas lavouras de café compraram — na bacia das almas — as terras desvalorizadas pela Grande Depressão de 29/30). Os níveis médios de produtividade dessas lavouras crescem a uma média de 4% ao ano. Ou seja: não só as terras não estragam, como melhoram sua performance de fertilidade. Esse alto incremento de produtividade não é um fenômeno “natural” de todas as lavouras do mundo e não é “sem querer” que o Brasil é o grande centro de excelência quando o assunto é cana. Além de muita experiência é preciso pesquisa, trabalho e manejo cuidadoso para se alcançar esses resultados. Se a cultura da cana-de-açúcar (com queima) fosse tão primitiva e equivocada, como poderíamos ter ganhos

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de produtividade dessa ordem? Como poderia a cana-de-açúcar do Brasil ser reconhecida como uma das atividades agrícolas mais conservacionistas do mundo, com os mais baixos índices de erosão e de contaminação dos solos por agroquímicos, os mais baixos índices de uso e de contaminação das águas e resultados benéficos no combate ao macroproblema das mudanças climáticas? É claro que a mecanização é um processo natural de modernização da lavoura de cana. Assim como a automação das indústrias e das cadeias de serviços. Esse processo é um fato do sistema produtivo. Mas só será saudável se for visto assim: como um processo de melhoria. Que pode até ser estimulado e se acelerará pelas facilidades e vantagens que apresenta. É assim que funciona em todas as atividades e na vida. Simplesmente proibir a queima de cana, porque existem alternativas técnicas de mecanização, é um procedimento tão amalucado como o da dona de casa que, porque comprou um forno de microondas, proíbe o uso do fogão convencional em sua casa... Não é assim que funciona. Se entendermos que um forno de microondas não substitui todos os requisitos atendidos por um fogão convencional (talvez ainda não... talvez nunca atenda... talvez outra tecnologia venha a atender melhor um conjunto mais amplo de requisitos e necessidades... talvez e talvez...), por que diabos será que é tão difícil entender que é exatamente assim que se passa com a substituição da colheita convencional de cana pela colheita mecanizada (e com qualquer processo de automação)? Aliás, nunca é demais lembrar que muito estrago ambiental já foi realizado por mecanização agrícola atabalhoada e os exemplos estão todos à mão nos estudos do grave problema da desertificação, que, como nos afirma a ONU, já consumiu 25% das terras agricultáveis do nosso planeta. Mas que interesse tem todos esses fatos se tudo o que se quer é inventar estórias para justificar vontades e versões (e, a exemplo de Paris Hilton, ganhar por ganhar espaços na mídia)?... Que interesse tem, se, em vez de encarar as verdadeiras questões, o que se quer mesmo é ampliar a produção e circulação de abobrinhas?...

A agricultura é sustentável Para quem conhece mais a fundo a atividade agrícola no Brasil, salta aos olhos o atual nível tecnológico conquistado devido ao crescente investimento em pesquisas, profissionais especializados, equipamentos e novas técnicas de manejo mais evoluídas e menos agressivas ao meio ambiente. O Grupo André Maggi, sediado em Rondonópolis, MT, com seus projetos de preservação e investimentos em melhorias da prática agrícola, é um exemplo do progresso que este segmento atingiu ao longo dos anos, tornando-se um legítimo representante da agricultura moderna hoje praticada no País, produtiva e sustentável. Há quase 35 anos o trabalho do Grupo se limitava à produção de sementes e à comercialização de safras, em São Miguel do Iguaçu (PR), onde surgiu. Hoje atua em diversas áreas da agricultura, da originação e comercialização de grãos, seu principal foco de negócios, até geração de energia para atender a sua necessidade e para realizar estudos de potenciais energéticos, passando pelo cultivo de soja, algodão e milho (safrinha). Nas dez fazendas administradas pela Divisão Agro, todas localizadas em Mato Grosso, prevalecem as Boas Práticas Agrícolas, que envolvem o plantio direto; a rotação de cultura, a tríplice lavagem e a correta destinação da embalagem dos agrotóxicos, entre outras. Além disso, o Grupo possui 85 mil hectares de vegetação nativa preservada.

Agriculture is sustainable People who are very familiar with Brazilian agriculture are astonished at the current technological level that has been achieved thanks to an ever-increasing investment in research, specialized professionals, equipment and new, more advanced and environmentally friendly management techniques. The conservation projects and investment in improved agricultural practices carried out by the André Maggi Group, headquartered in Rondonópolis, MT, are examples of the progress attained by this segment throughout the years. The Group has become a bona fide representative of the modern, productive and sustainable agriculture currently practiced in Brazil. Almost 35 years ago, the Group was limited to seed production and

Laura Tetti

harvest sales in the town of São Miguel do Iguaçu (PR), where it was founded. Nowadays, it operates in various areas of agriculture,

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Socióloga, doutora em Desenvolvimento e Alternativas de Desenvolvimento, ex-diretorapresidente da CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), faz parte da delegação brasileira dos negociadores do Protocolo de Quioto e da Convenção do Clima da ONU e é consultora na área de meio ambiente da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar)

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Sociologist, doctor of Development Studies and Development Alternatives and former director of CETESB (Environmental Sanitation Technology Company), Laura Tetti is a member of the Brazilian delegation of negotiators of the Kyoto Protocol to UN Framework Convention on Climate Change and is an environmental consultant at UNICA (Sugarcane Industry Union)

including soybean, cotton and off-season corn crops. Its main business focus is grain origination and commercialization and it is also active in energy generation for meeting its needs and conducting research on energy potential. Good Agricultural Practices are the norm at the ten farms managed by the Agro Division, all located in Mato Grosso: direct planting, crop rotation, triple rinsing and the correct disposal of agrochemical packaging, among others. Additionally, the Group owns 85,000 hectares of preserved native vegetation.

Burning for a good cause One of the environmental research projects sponsored by the André Maggi Group is the Savannization Project carried out in partnership with the Amazon Institute of Environmental Research (IPAM). The Group provides land and infrastructure for the project's researchers to conduct studies on the dynamics of fire and its effect in transition areas between forest and the cerrado. “This region is very dry and


Queimada do bem

Resultados

Entre os projetos de pesquisas ambientais apoiados pelo Grupo André Maggi está o chamado Projeto Savanização, realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Por meio desse projeto, o Grupo Maggi cede uma área e infraestrutura para que pesquisadores efetuem estudos sobre a dinâmica do fogo e os seus efeitos em áreas de transição entre floresta e cerrado. “Essa região, por ser muito seca, tem essa característica de ser devastada todos os anos por incêndios nas matas”, explica o gerente de meio ambiente do Grupo André Maggi, Ocimar Villela. O projeto, que tem duração de seis anos, consiste em realizar queimadas científicas anuais para avaliar a intensidade e a forma com que os incêndios interferem no desenvolvimento da fauna e da flora na região amazônica. Neste ano, de 20 a 23 de agosto, os pesquisadores realizaram a quarta etapa de queimadas científicas anuais. O propósito é medir a real emissão de gás carbônico (CO2) na atmosfera, entender o comportamento do fogo e sua dinâmica para, entre outras coisas, tornar mais eficiente a sua contenção, identificar zonas de escape, monitorar cada espécie nativa e testemunhas para verificação daquelas que são mais resistentes e promover o desenvolvimento da flora de menor resistência para conter o processo de savanização da região.

Até o ano passado foi comprovado, através de simulações, que, à medida que as queimadas acontecem, a floresta fica cada vez mais suscetível ao incêndio. A mortalidade provocada pelo fogo, segundo os estudos, aumenta a quantidade de combustível no chão (madeira e folhas mortas), formando um ciclo vicioso que resulta em novos incêndios e, conseqüentemente, no aumento de material inflamável no solo, que servirá de combustível para incêndios cada vez mais fortes. Além dos estudos sobre o fogo em florestas, os pesquisadores estudam as diversidades de plantas e animais encontradas em Áreas de Preservação Permanente (APPs), dentro da Fazenda Tanguro, unidade que recebeu a certificação ambiental do governo de Mato Grosso e o Selo Verde. Nesta fazenda há, ainda, um projeto de recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP), visando entender a regeneração natural desta formação vegetal e também avaliar diversas interferências que acelerem este processo. Ocimar Villela - Gerente de Meio Ambiente do Grupo André Maggi Ocimar Villela - Environmental Manager for Grupo André Maggi

every year it is devastated by forest fires”, explains Ocimar Villela, environmental manager for the André Maggi Group. The six-year project carries out annual scientific burnings to assess the intensity and the manner in which fires interfere with fauna and flora development in the Amazon region. This year, researchers conducted the fourth stage of annual rd

scientific burnings on August 20th through the 23 . Their goals included: measuring the actual emission of carbon dioxide (CO2) into the atmosphere; understanding the behavior of fire and its dynamics in order to more efficiently contain it, among other things; identifying escape routes; monitoring native species to identify the most resistant ones; and promoting the development

Área de Preservação Permanente (APP) localizada na Fazenda Tanguro Permanent Conservation Area (PCA) located at the Tanguro Farm

of flora with lower resistance to contain the savannization process of the region.

Results The project was able to prove last year, using simulations, that as burnings take place, the forest becomes increasingly more susceptible to fires. According to the studies, mortality caused by fire increases the amount of fuel on the ground (dead wood and leaves), creating a vicious cycle that leads to new fires and, consequently, to an increase in flammable material on the ground that will serve as surface fuel for increasingly more intense fires. In addition to studies on forest fires, researchers study the diversity of plants and animals found in Permanent Conservation Areas (PCAs) within the Tanguro Farm, which is environmentally also conducts a project to recover Permanent Conservation Areas (PCAs) with the goal of better understanding natural plant regeneration and also evaluating the various interferences that speed up this process.

Detalhes da 4ª etapa do Projeto Savanização (queimada do bem), realizada no mês de agosto na Fazenda Tanguro

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certified by the state of Mato Grosso and by Selo Verde. The farm

Details of the 4th stage of the Savannization Project (burning for a good cause) carried out in August at the Tanguro Farm

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Foto/Photo: banco de imagem/image bank

Conectando

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P O N T O

Por/By Luciano Pires

Making connections

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P A R T I D A / S T A R T

P O I N T


"... há quarenta anos eles eram apenas pequenos produtores rurais, que um dia encontraram o caminho: conectaram-se." "And yet, only forty years ago, they were just a group of small farmers who found their way by connecting with each other."

I

have dealt with “connectivity” in my previous articles as a

possible solution for Brazil, envisioning thousands of worker

ants connecting with each other to transform their work into

an avalanche of activity capable of transforming society. Now I have discovered a model that clearly shows how connectivity can change people's lives. Recently, I gave a talk at Corol, an agroindustrial cooperative founded forty years ago in Rolândia, a small town near Londrina, in the north of the state of Paraná. People who work with agriculture are familiar with the work carried out by cooperatives, but those who do not work in the field have no idea what these people are capable of doing through connectivity. Corol is the perfect example. Small farmers started the cooperative with the goal of joining forces to pursue opportunities that none of them were able to accomplish on their own. During the past forty years, these small farmers built a business that now sells hundreds of millions of dollars annually. Today, the cooperative has more than 7,000 members.

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T

enho tratado, em meus artigos, da "conectividade" como uma solução possível para o Brasil: milhares de pequenos abnegados conectando-se para transformar seus esforços de formiguinhas numa avalanche de ações capazes de transformar a sociedade. Pois agora encontrei um modelo que demonstra claramente como a conectividade pode mudar a vida das pessoas. Recentemente realizei uma palestra para a Corol, uma cooperativa agroindustrial fundada há pouco mais de quarenta anos em Rolândia, pequena cidade próxima de Londrina, no norte do Paraná. Quem atua no segmento agrícola conhece o trabalho das cooperativas, mas quem está fora do segmento não faz idéia do que esse pessoal consegue, usando a conectividade. E a Corol é um exemplo perfeito. A cooperativa nasceu com o objetivo de juntar as forças dos pequenos produtores agrícolas para abraçar oportunidades que, individualmente, nenhum deles conseguiria. E ao longo de quarenta anos aqueles pequenos agricultores construíram um negócio que alcança centenas de milhões de dólares de faturamento anual. São hoje mais de sete mil cooperados.

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A Corol tem 1.400 funcionários diretos e mais 1.600 no campo, abrangendo 34 municípios. Ela oferece aos cooperados — seus clientes-donos — desde consultoria com técnicos e agrônomos, para determinar as melhores soluções para as culturas da região, até um banco, com linhas de crédito e, até mesmo, cartão de crédito internacional. Tem comitês de tecnologia e educação, femininos e masculinos, que discutem temas de ponta relacionados ao crescimento dos negócios e das pessoas, e uma usina de processamento de cana para produção de álcool e açúcar, que tive a oportunidade de conhecer. Visitei também uma moderna fábrica de suco concentrado de laranja, totalmente automatizada e tocada por 12 funcionários por turno, que exporta para todo o mundo. Para visitar esses empreendimentos, desloquei-me pela região em meio a plantações de trigo, laranja, uva e canade-açúcar, com índices de produtividade inacreditáveis. Uma região linda, onde a gente respira energia e sente claramente a força que o agronegócio tem no Brasil. Conversando com os técnicos, ouvi repetidamente um novo termo: agroenergia. Estão criando meios inovadores de gerar energia, e o segredo é: conectividade. O milho plantado gera o farelo que alimenta os bois, cuja carne é exportada. Da casca da uva e da laranja são tirados óleos e produtos para outras indústrias. A indústria moveleira da região fornece seus resíduos — serragem — como combustível para as caldeiras que geram a energia para a fábrica de suco de laranja. O bagaço da cana produz energia para a própria usina. Os resíduos que eram poluidores hoje são aproveitados. Um frigorífico será instalado ao lado da usina de cana, usando energia excedente produzida pela própria usina. Tudo conectado.

Corol employs 1,400 direct employees and another 1,600 employees in the field, encompassing 34 towns. It offers its members, who are its clients and owners, services ranging from technical and agronomist consulting on the best solutions for each region to banking by offering lines of credit and even an international credit card. Corol has technology and education committees made up of men and women who discuss topics related to growing the business and its people. I had the chance to visit its sugarcane processing plant, as well as its modern orange juice concentrate plant, which is fully automated and run by shifts of 12 employees. To visit these business ventures, I traveled to a region full of extremely productive wheat, orange, grape and sugarcane plantations. It is a beautiful region where we can clearly feel the energy and power of agribusiness in Brazil. During my conversations with the technicians, I repeatedly heard them use a new term: agro-energy. They are using innovative methods to create energy and connectivity is their secret. Corn is fed to the cattle whose meat is then exported. Grape skin and orange peel provide oil and products for other industries. The local furniture industry supplies its residues — sawdust —to be transformed into fuel for the boilers in the orange concentrate plant. Sugarcane bagasse produces energy for sugarcane plants. The residues that once were pollutants are now useful inputs. A slaughterhouse will be built next to the sugarcane plant to take advantage of the excellent energy produced from sugarcane leftovers. Everything is interconnected. The grain crops connected with livestock, connected with industry,

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Foto/Photo: banco de imagem/image bank

connected with resale of consumer goods, connected with lines of

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COROL - Cooperativa Agroindustrial Mais de 7 mil cooperados / More than 7,000 members 1.400 funcionários diretos e mais 1.600 no campo / 1,400 direct employees, plus more than 1,600 employees on the field

Abrange 34 municípios / Covers 34 towns Consultoria com técnicos e agrônomos / Consulting services with technicians and agronomists

Banco com linha de crédito e cartão de crédito internacional / Bank offering lines of credit and an international credit card

Comitês de tecnologia e educação / Technology and education committees Usina de processamento de cana para produção de álcool e açúcar / Sugarcane processing plant for alcohol and sugar production

Fábrica de suco concentrado de laranja / Orange juice concentrate plant

credit, connected with new technology research, connected with shipping companies, connected with... whatever you can think of. The result: by joining Corol, a small farmer becomes an agribusiness industrialist, with access to cutting edge technology and lines of credit. A small farmer can export his products; he is no longer the small farmer who struggled alone with his business. The community reflects all these efforts; it is a beautiful region. All you need to do is to take a stroll through the streets to feel its economic strength, or chat with the Corol technicians to hear about their even more ambitious growth plans. And I had delicious coffee, grape and orange juices like I never tasted before... These Brazilians are developing techniques that will revolutionize the environmental and energy areas. They will certainly increase Brazilian exports. And yet, only forty years ago, they were just a group of small farmers who found their way by connecting with each other. Nowadays, their dreams are limitless. My friends, I saw it with my own eyes. Connectivity.

Luciano Pires Executivo, comunicador multimídia, cartunista, aventureiro, jornalista, escritor, contador de histórias e palestrante Executive, multimedia communicator, cartoonist, adventurer, journalist, writer, storyteller and public speaker

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As culturas de grãos conectadas com a pecuária, conectada com a indústria, conectada com a revenda de bens de consumo, conectada com as linhas de crédito, conectadas com as pesquisas de novas tecnologias, conectadas com as empresas de logística, conectadas com... o que mais você puder pensar. O resultado: um pequeno produtor rural, ao associar-se à Corol, transforma-se num agroindustrial. Tem acesso a tecnologias avançadas. Conta com linhas de crédito. Exporta. Transforma-se, enfim, num empresário muito diferente daquele pequeno produtor rural que lutava sozinho por seu negócio. E a comunidade mostra claramente o reflexo desse esforço: a região é linda. É só andar pelas ruas para sentir a força econômica do lugar. Basta conversar com os técnicos da Corol para ouvir planos muito, mas muito agressivos de crescimento. E tomei ali um café, um suco de uva e um de laranja como nunca experimentei... Aqueles brasileiros estão trabalhando no desenvolvimento de técnicas que revolucionarão a questão ambiental e de geração de energia. Com certeza, vão multiplicar as exportações do Brasil. No entanto, há quarenta anos eles eram apenas pequenos produtores rurais, que um dia encontraram o caminho: conectaramse. E hoje não têm mais limites para seus sonhos. Meninos, eu vi. Conectividade.

FMC

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E N G A G E M E N T S E T M A R C A D O / A SQUARE

Foto/Photo: banco de imagem/image bank

E N C O N T R O

O que faz uma empresa melhor?

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Por/By Maria Lúcia Murinelli

"... é necessário contarmos com uma equipe capaz de traduzir objetivos em ações."

"... we need to count on a team that is able to translate goals into action."


A

FMC participa desde 2001 das pesquisas realizadas pelas revistas Exame e Você S/A, que elegem as melhores empresas para se trabalhar no Brasil, e, desde então, nas seis edições de que participamos, temos figurado neste guia. A decisão de participar é motivada por considerarmos que esta é a maior pesquisa de clima realizada no país e, além disso, é uma oportunidade de a FMC conhecer a opinião de seus colaboradores e fazer benchmarking das melhores práticas de Recursos Humanos vigentes no país. Qual a conclusão que tiramos? Temos práticas competitivas, mas estamos conscientes de que temos pontos de melhoria e um caminho pela frente. Este é o grande aprendizado, focar na gestão de pessoas e convergir os interesses de nossos colaboradores e os objetivos de negócio da empresa, nos aprimorando permanentemente. Estar no guia realça o sentimento de orgulho em nossos colaboradores e na liderança, significando que a estratégia, as políticas e as práticas adotadas são compreendidas e aprovadas pelos colaboradores e, portanto, consistentes e coerentes, gerando efetiva contribuição para a sustentabilidade dos negócios da FMC Química (APG e BioPolymer) no Brasil. Temos certeza de que para evoluir e prosperar é necessário contarmos com uma equipe capaz de traduzir esse objetivo em ações. E o papel de Recursos Humanos é contribuir para que essa dinâmica aconteça e as pessoas desenvolvam e maximizem seu potencial, cresçam e tenham sucesso e, conseqüentemente, o traduzam numa competente atuação junto aos clientes e parceiros da FMC. Aprendizado e orgulho de sermos considerados pela 6ª vez uma das melhores empresas para se trabalhar, essas são as grandes contribuições que reforçam a importância do Direcionamento Estratégico da FMC Química na Gestão de Pessoas. Continuaremos a propiciar um ambiente de aprendizado, focado no desenvolvimento das habilidades individuais e das equipes, gerando excelência nos resultados através das pessoas.

What makes a company better?

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MC has been participating since 2001 in the annual surveys conducted by the magazines Exame and Você S/A that elect

the best companies to work for in Brazil and we have been

named as one of the best in all six editions since. We decided to participate because we consider it to be the best work climate survey conducted in Brazil. It is also an opportunity for FMC to know the opinion of its employees and conduct benchmarking studies of the best current Human Resources practices in Brazil. What have we found out from the survey? We know we have competitive practices, but we are also aware of areas that need improvement and more work that has to be done. This is a great learning experience that allows us to focus on people management and integrate our employees' interest with the company's business goals, as well as constantly improving ourselves in the process. Being named one of the best companies to work for makes us even more proud of our employees and leaders. It also means that the strategies, policies and practices we adopted are understood and approved by our employees. Therefore, they are consistent and coherent, contributing effectively to FMC Química (APG and BioPolymer)'s business sustainability in Brazil. We are certain that in order to grow and prosper, we need to rely on a team that is able to put this objective into practice. And the role of Human Resources is to contribute to the success of this process by developing our employees' potential so that they can grow as successful professionals, which consequently allows them to perform competently with FMC's clients and partners. The lessons we learned and the pride we feel in being named for the sixth time one of the Best Companies to Work For further strengthen the importance of FMC Química's Strategic Focus in People Management. We will continue to create an environment of constant learning, focused on the development of individual and team skills, generating excellent results through our people.

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A equipe de Recursos Humanos comemora a inclusão no Guia Você S/A-Exame na empresa e durante a solenidade em que foram anunciadas as vencedoras The Human Resources team celebrates FMC's inclusion in the Você S/A-Exame Guide at the company and during the ceremony where the winners were announced FMC

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A pesquisa

The Survey

O Guia Você S/A-Exame — As Melhores Empresas para Você Trabalhar é a maior pesquisa de clima organizacional do país. Para selecionar as 150 empresas, é realizado um trabalho de pesquisa e checagem de informação que inclui desde a utilização da metodologia da Fundação Instituto de Administração (FIA) até visitas de jornalistas a todas as pré-classificadas. Este ano, 491 organizações se inscreveram, o que resultou em 123.445 questionários tabulados. Um total de 220 empresas foi visitado. Depois de feitos os cálculos, as companhias são listadas em ordem decrescente do Índice de Felicidade no Trabalho (IFT), havendo um corte na 150ª posição. O IFT é resultado da composição da percepção dos funcionários sobre a empresa, que vale 70% na nota final; da avaliação das práticas, que tem peso de 25%; e da visita dos jornalistas, que são os 5% restantes.

The Você S/A-Exame — Guide to the Best Companies to Work for is the largest organizational climate survey conducted in Brazil. Research and fact checking are carried out to select the 150 top companies that include methodology developed by the Fundação Instituto de Administração (FIA) and visits by journalists to all finalist companies. This year, 491 organizations participated, 123,445 questionnaires were processed and a total of 220 companies were visited. Following the calculations, the companies are listed in descending order according to the Happiness at Work Index (HWI) and there is a cutoff at the 150th position. The HWI is the result of the overall of employee perception of the company that accounts for 70% of the final grade. An assessment of practices is worth 25% and the visit by journalists makes up the remaining 5%.

Etapas do levantamento /Survey stages

1

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As inscrições são gratuitas e feitas pelo hotsite do Guia. A empresa dá Ok no Termo de Compromisso, com as regras do processo.

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Os funcionários que respondem ao questionário com suas percepções sobre a empresa são selecionados randomicamente por meio de um dispositivo do site.

Registration is free on the Guide's hotsite. The

Employees answer the questionnaire providing their

company agrees to the regulations contained in

perceptions of the company and are randomly selected

the Commitment Agreement.

by means of a device in the site.

Enquanto isso, a empresa preenche outro questionário, em que declara suas práticas para gerir as pessoas.

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Meanwhile, the company completes another

Os dados são tabulados e a partir daí definese as pré-classificadas: empresas com um mínimo de questionários respondidos e mais de 74% de aprovação do time. Este ano foram 220.

questionnaire where it states its people

The data is processed and the finalists are defined:

management practices.

companies with a minimum amount of completed questionnaires and more than 74% approval from the team. 220 companies were finalists this year.

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Nesta etapa os jornalistas visitam as empresas pré-classificadas: checam as instalações, entrevistam profissionais do RH e conversam com gerentes e funcionários do grupo operacional. At this stage, the journalists visit the finalist companies: they check out the facilities, interview HR employees and talk with managers and

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Depois os jornalistas da Você S/A e a equipe da FIA comparam os dados da pesquisa com a percepção das visitas, selecionando as 150 melhores do ano. After the Você S/A journalists and the FIA team compare the survey data with the impressions from the visits, the 150 best companies of the year are selected.

employees in the operations group.

Maria Lúcia Murinelli Diretora de Recursos Humanos da FMC

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FMC Human Resources Director

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F R I E N D S

Quando eles

A M I G O S / A M O N G

vão pra

E N T R E

cozinha A

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ntigamente a simples presença masculina na cozinha era encarada com total desconfiança, algo entre “separa que é briga” e “tem pai que é cego”. Ainda bem que hoje esse é um conceito ultrapassado, que se dissolveu junto com a idéia de que cozinhar era uma obrigação da mulher. Na verdade, é preciso ter um talento muito especial para se tornar um bom cozinheiro, tanto para homens quanto para mulheres, mas todos concordam que eles parecem se divertir bem mais nessa função do que elas. É o caso de Alcindo Sartori, ex-jogador de futebol, que atuou de 1986 a 1992 nos clubes brasileiros do Flamengo, São Paulo, Grêmio e Corinthians, e que levou dos gramados para a cozinha o senso de oportunidade que tinha na sua posição de atacante, transformando a sua habilidade de churrasqueiro no seu maior capital fora do campo. Foi assim que, ao ser transferido para o Japão, em 1993, esse paranaense de Medianeira — craque das churrasqueiras antes mesmo de jogar bola — se tornou uma referência nesta especialidade, tendo como principal acompanhamento o seu não menos famoso arroz-de-carreteiro. No Japão, onde ficou de 1993 a 1997, jogou no Kashima Antlers, atuando ao lado de Zico, e também passou pelo Verdy Kawasaki. Mas pode-se dizer que o seu maior legado na terra do sol nascente foi ter ensinado os japoneses a fazer churrasco, e com eles ter aprendido uma nova habilidade, virando um craque também da cozinha oriental. De volta ao Brasil, Alcindo aposentou-se dos gramados e se transformou em agroempresário, plantando soja e milho na cidade de São Miguel do Iguaçu - PR. Mas não esqueceu os segredos para se preparar um bom sushi, sashimi e yakisoba, que, segundo ele, se resumem basicamente na técnica de corte dos peixes. Para os incrédulos, ele garante: “Cozinhar, para mim, é um lazer, uma atividade que desestressa bastante”.

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Outro que também tem “um pé na cozinha” é o comerciante Ricardo Wagner Salim, proprietário da revenda Rural Técnica, de Ponta Grossa, PR. Mistura de libanês com mineiro, Salim é um freqüentador assíduo dessa ala da casa. “Desde os seis anos de idade — quando meu pai montou um restaurante, o Chez Salim — sou um observador, e aprendi que a cozinha requer um certo ritual.” Salim tem faca para isso, panela para aquilo, talheres específicos etc. E chega ao exagero de ter em seu apartamento dúplex duas cozinhas: uma na parte de baixo, segundo ele, a cozinha “da casa”, e outra na parte de cima: “a minha cozinha”. A dele é ultraequipada e tem fogão a lenha, churrasqueira... “Muito melhor que a de baixo, com certeza.” Salim teve a felicidade de herdar os mesmos dotes culinários da mãe e também do pai, um exímio cozinheiro. Além disso, traz no sangue, e no paladar, referências de duas cozinhas bastante ricas, gastronomicamente falando: a mineira e a árabe. Mas só foi começar a cozinhar mesmo por uma necessidade, quando, por volta dos 20 anos, saiu da casa dos pais para cursar engenharia agronômica, na Universidade Federal de Viçosa. “Lá assumi, com prazer, o posto de 'chef' de cozinha da república de estudantes em que morava, me tornando uma quasesumidade, sem exagero, para quem conhece os cardápios típicos desse tipo de moradia. Por causa disso, tinha uma vantagem competitiva nas paqueras, ganhando muitas garotas pelo estômago”, diverte-se. Já formado, mudou-se para Ponta Grossa e por obra do destino, vejam só, se casou com uma mulher que na época não sabia sequer fritar um ovo. “Mas que, nesses 24 anos de casados, tem sido a minha mais perfeita parceira de cozinha.” Como dicas, Salim faz apenas duas recomendações: “O segredo da cozinha é não misturar muitos temperos e deixar o alimento se expor pelo seu sabor natural. Um bom cozinheiro é aquele que cozinha por prazer. E é tudo”.

When men go to the kitchen

I

n the past, the mere presence of men in kitchen was seen as something somewhat unusual and people would say “this is not

right” or even “some parents are blind”. Thankfully this is no

longer the case and the kitchen has ceased to be a place for women only. In fact, being a good cook demands special talents; both from men and women, but anyone would agree that men seem to enjoy this task more than women do. This is the case of Alcindo Sartori, a former soccer player who played for Flamengo, São Paulo, Grêmio and Corinthians from 1986 to 1992. Sartori transfers from the soccer fields to the kitchen, the same sense of opportunity he had when he was an attacker — his skill as a bar-b-q expert is his best asset out of the fields. Therefore, when he moved to Japan in 1993, this player from Medianeira, in the Brazilian state of Paraná, was the master of bar-b-q even before he kicked the ball, and as such, he was famous for his “carreteiro” rice recipe. In Japan, where he lived from 1993 to 1997, he played for the Kashima Antlers, playing ball next to Zico and Verdy Kawasaki. However, some may say that his best legacy in the land of the raising sun, was teaching the Japanese how to make a real “churrasco” and becoming, he learned from them the best in oriental cooking. Back to Brazil, Alcindo Sartori retired from soccer and became an agribusiness man, planting soybeans and corn in the town of São Miguel do Iguaçu - PR. However, he did not forget the secrets for preparing a good sushi, sashimi and yakisoba that, according to him, it is all about the way you cut the fish. “Cooking gives great pleasure, it is a very relaxing activity”, says Sartori. Another “cooking expert” is Ricardo Wagner Salim, owner of Rural Técnica, a agriculture inputs distributor from Ponta Grossa, Paraná. Salim is half Lebanese, half “mineiro” and he loves to spend time in the kitchen. “When I was six years old, my father opened a restaurant — Chez Salim — and since then, I have been an attentive observer and learned that the kitchen has its own ritual.” Salim has a knife for this, a pan for that, specific silverware for different occasions, etc. At his duplex apartment, he goes as far as having two kitchens: one in the lower level and another one on the top floor, which he calls “my kitchen”. His kitchen is fully equipped and has a barbecue pit, an old style charcoal stove, etc… “Much better than the other kitchen”, says Salim. Salim was fortunate enough to inherit the same culinary gift his parents had — his dad was an excellent cook. In addition, he carried with him, references from two very rich culinary cultures: the Lebanese and the “mineira”. However, he only started to cook when he left his parents house at the age of 20 and went out to the university to study agronomics engineering at Viçosa Federal University. “It was there that I took pleasure in cooking and became the 'chef' in the sorority house where I lived. Considering the type of food we eat in these places, I soon became a celebrity in the kitchen. “For that reason, I was always ahead of everyone when it came to flerting with girls because I could win them by the stomach”, jokes Salim. After graduation, he moved to Ponta Grossa and, believe it or not, ended up marrying a woman that at the time, did not even know how to boil an egg. “But, throughout the 24 years of our marriage, she has become my best partner in the kitchen.” Salim has two recommendations: “The secret of cooking is not mixing too many seasonings together, but allowing the food to

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produce its own natural flavor. A good cook is the one that cooks for

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pleasure. And that's it”.


a t i e c e R

RECIPE For those of you who want to test their ski lls in the kitchen, Salim recommends this recipe, which is very simple and easy to make. CHICKEN WITH DARK BEER 2 kg of chicken cut in pieces of only the thighs. Wash it well and soak it in a solution wit h water and lime or vinegar to make it eas ier to remove the fat between the meat and the skin. Season it with garlic and salt, but only 50% of the amount you would normally use. Chop a medium onion in small pieces and cook it in oil until medium brown. Next, put the chicken in the pan and cook at average temperature. From now on, you will be cooking the chicken, that is: stir and let it cook for a while with the lid on the pan e repeat this procedure for about 20 minutes. During this time, the water from the chicken should dry out. When it starts to burn, leave the lid only partially on top of the pan and add 3 seedless tomatoes cut in small cubes. The tomatoes will also produce water, that is why you must re-start the cooking process, stirring and letting is rest until it is dry. This ritual shall last approximately half an hour. After that, add a previously prepar ed mix consisting of the 2 packages of onio n soup mixed with 1 bottle of Malzbier (da rk beer) in a bowl large enough to accommoda te both ingredients and taking into acco unt that the beer will foam. Add the mix with the chicken, close the lid of the pan and let it cook in low temperat ure, stirring from time to time. If the gravy is too thick, add ½ or 1 cup of water gradually. At the end, add with 2 glasses full of mushrooms and a can of peas. After turning off the stove, decorate with parsley. Serve with white rice and a green salad. On the side, I suggest a good cabernet sauvignon wine.

Alcindo Sartori

Ricardo Wagner Salim

É paranaense, filho de agricultores, ex-jogador de futebol que se tornou agroempresário, além de cozinheiro ocasional. É casado com Leila, proprietária da agrorrevenda Disam, de São Miguel do Iguaçu, PR, e pai de três filhos: Igor (14), Isabela (7) e Laura (2), sua filha com Leila

É mineiro e descendente de libaneses, proprietário há 21 anos da revenda Rural Técnica, de Ponta Grossa, PR, e cozinheiro por vocação e convicção. É casado com Ângela e pai de dois filhos: Jamile (21) e Felipe (18) Is from Minas Gerais and has a Lebanese descent. He has been the owner of Rural Técnica, in Ponta Grossa, PR, for the past 21 years and cooking is his vocation and passion. Salim is married to Ângela and they have two children: Jamile (21) and Felipe (18)

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Is from Paraná, his parents were growers, he was a former soccer player and became a grain producer himself in addition to being an occasional cook. He is married to Leila, owner of Disam, a distributor of agricultural inputs in São Miguel do Iguaçu, PR. He has three children: Igor (14), Isabela (7) and Laura (2), his daughter with Leila

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B A N C O

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C R A Q U E S / E X P E R T

Por/By Mauro Naves

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st e g r a l s ' d l r o Brazil: the w occer players exporter of s

aijão? E Chipre? Azerbr lá? Pois ã? n t ie V o e o ec esteve p ocê conh ou Malta? Já quiser as Ilhas Faroéia for a um desses países e que s, hat rbaijan? W bem, se um dcostumes e tradições dele idéia yprus? Aze C ? m na n e et s be there? en to Vi obre o or lá? A ? Have you ave you be se informar s a um brasileiro que vive pguntando sobre s? Or Malta and nd la Is un e co tries Faro ne of these about the o to el t tal perguntar as você pode estar se per vai aqui uma av no talk day you tr itions, why Well, if one ms and trad o st parece boa, m ar o tal brasileiro. Então cu its d, o but you ut ay sound go rn more abo The idea m wish to lea e? como encontrcampo de futebol. is also a er ho th w es liv lian m r nd a Brazi zilian who u fi o a a d Br ad á ul a g v o w to jo a: c di w you encontrar um er field. ondering ho visit a socc might be w A chance de po desse mundão de meu ! o m a is our tip: e es er m H t. so of finding en Is local resid od chance or Fábio Sá qualquer cam tremely go ours. In ex of n d l a or is w e brasileiro em e. Como afir ma o professRJ, o futebol é ge t! Ther ld in this hu y of That's righ l Universit y soccer fie Deus é enormituto de Economia da UF mpriu ayer at an the Federa pl of n p a ili ar E az w Br Sá u fe c st o i e n I se áb th F e o r of u d so , q is one em Earp of profes te, soccer the words ão: a extinção cas atividades balization: mics Institu ises of glo m ro's Econo uma das pou a promessa da globalizaç as i o pr ne e Ja th de to o i r. R up d e as te iv l d in s en to ud g labo at truly ha integralm goods, incl capital e para abalho. o activities th a r a capital and r p s fo a s s r ir a e de t tr rt r po de al of bo das fron try can ex the remov uindo a força cl other coun in r a no s, , rt a er o ri p cc o x d so e merca it comes to s consegue And when hum outro paírasil. rds, 981 en n ea r as Brazil. ár bo sa la ration) reco oB much E nes to an er Confede u cc q So ra n b ia l ue -o te zi rs their a des year to pu to CBF (Br tanta mão-de até a metade nho , F According half of this B st C fir a e 2006, the d th n s I n o i zil ad. registr ca do so s m u ns left Bra b co soccer abro so o r ng em i pe rd s o ay aí pl ac p 0. It is ing De rning a liv was over 80 as deixaram oma bola no exterior. Em so es llowing p e number dream of ea 1 th , 8 5 9 0 , n o 20 a u tur the fo an ndo erou p ta u su of them re was 915. In ch o r lf a er be ha id m m y v ll ú a nu n ca i r pract 2005 o de ganha to note that ente a metade xatos 915. Em important are 2006 foram e Vale registrar que praticam stars who year. successful shows the ho play in ly w casa dos 800. seguinte. e on os a i th ed y arl the m s, particul Generally, are many volta no ano soccer team ostra os bem l m ies, there só European tr in al un g er co in g t be e n i a es o sh m th b r n I te fo d. fu a t would no a o an m n th gl u e n and En leading a lif A mídia de ros que estão brilhando do na Itália, d n a Italy, Spai s ro 2 eu 10 are earning , there are sucedidos astespecial os que estão atuanitos que w ou an idea players who st to give y League's ne Ju ns u . l o zi m m pi a e o m , Br tã Cha r lá es europeu o possible in p s earning European o E s, e . e a m th u q rr ea in t a te h ed id la r tc v g p no registe play for to Brazilians Espanha e In anhar em euros e ter uma a eles. Só pra se All of them g m 8 season. m ia e 00 u ar g /2 d . se 07 e ão n 20 n co paid on tim aves Brazil idos por aqui 2008 da Liga s that are ayer who le top salarie reais consegu a nova temporada 2007/ leiros at every pl th ne maybe this gi a d im si decision. An is why we is ht th rig e be ter uma idéia, da Europa tem 102 bra de primeira th ay low M rents to al d is making es uck abroa convince pa to e bl dos Campeõ odos pertencentes a timesos (altos) em a ife l to try his l ly is w easing path. But ho nts are incr the same y is why age registrados. Tor isso mesmo, com salári ld be if the to follow in ou ns w t so i p as ge a d r ba their unde grandeza e, t is just as I ? em th most of que abroad for dia. rs os que todos fazendo am in in Brazil. spend yea ag ed im ay e st o u d lians who ha a estã so é q ds of Brazi t able to an no us e r o a th Talvez por is sil para se aventurar lá for da vez mais os n tio e way as in construc r, or In the sam or working just as poo deixam o Bra . Por isso também é que capais a liberar os ing dishes n to Brazil sh a ur w et r d a s o r te e a s ab hl rt o e at r c e of c o s çã en nv a op h, hundred . esse mesmo conseguem co save enoug e n they l eft empresários s de idade para que sigamioria que está lá to tell. Som , than whe er or po en any stories ev re a o m of a se, with m d lls ur a te co id f va v l o a Si filhos men d, as n older an one Dougl como anda por aqui. They retur ent's us, like the caminho. Mas como se eles estivessem his apartm ad or curio s on be ef n be ca s ng m ie ui al sa or ec t m s as a, rb p di ão ba s In r T ro in ei d fo fora? was living ing arreste ares de brasil do como h il almost be m tten that he o e rg u q fo a y pl rm e had sim animals. Da mesma fo vando pratos ou trabalhan m conseguir balcony. H ered sacred se la r, s are consid o o s ri w an te co e e s ex r o sy! no an whe t it is not ea marceneiros eia, também centenas de u o abroad, bu s t o ir ee re sw d e be p Life can res do que ado pé-de-m juntar o cham ao Brasil tão ou mais pob atletas voltam . m muitas quando saíram hos e, claro, cotras curiosas, el v s ai m am u Apenas retorncontar. Algumas tristes, o u um estórias para ouglas Silva, que promove a do como a de D m carne de vaca na varand simplesmente Mauro Naves churrasco co dele e quase foi preso. Ele vaca é apartamento ue estava na Índia, onde a Jornalista esportivo da se esqueceu q m animal sagrado. Rede Globo de Televisão do velho ar considerada u r b m le Sports journalist for the Globo m o esta nos faze le não!”. Television Network Situações comdura é doce, mas não é mo ditado: “rapa

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P E O P L E A M I G A / F R I E N D L Y G E N T E

Um toque feminino no campo A feminine touch on the field

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Foto/Photo: banco de imagem/image bank

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ulieta Azevedo, empresária que atua nos segmentos de algodão, soja, milho e feijão, com sete mil hectares de área plantada, e diretora executiva do Grupo ER Agropecuária, sediado em Buritis, MG, há 21 anos trocou a cidade pelo campo. Deixou o ramo de cosméticos e estética — área voltada quase que exclusivamente ao público feminino — e passou a se dedicar totalmente à agricultura, um universo praticamente dominado por homens, provando que também no agronegócio há espaço para as mulheres. “Às vezes chego à exaustão, pois ser esposa, mãe e empresária o tempo todo não é fácil, mas é um desafio que no fundo me agrada. Me sinto vitoriosa em todas as minhas funções, acho que é porque amo tudo que faço”, resume. Com dons natos como a capacidade de liderança e o tino para os negócios, foi se embrenhando aqui e ali e conquistando seu espaço apenas com o que aprendeu intuitivamente. “Apesar de muitos me verem como agrônoma, advogada, nunca freqüentei uma universidade. Minha escola foi a vida.” Esse aprendizado começou lá em Porteirinha, cidadezinha então com cinco mil habitantes, no norte de Minas Gerais, que a adotou aos 15 dias de vida e onde ela morou até os 11 anos de idade. Não eram tempos fáceis, pois, àquela época, 48 anos atrás, a cidade não dispunha de energia elétrica nem de água encanada e também não havia TV ou qualquer outro conforto da modernidade. “Meus pais compravam água no carroção de boi e armazenavam em tanques

no quintal”, conta. A despeito dessas dificuldades, para Julieta aquele período é inesquecível. “Por incrível que pareça, eu tive a infância mais linda que alguém poderia ter tido”, lembra. Mas por falta de escolas de qualidade em Porteirinha, dos 11 aos 16 anos Julieta foi estudar pelo sistema de internato no Colégio Santa Marcelina, de Belo Horizonte, cidade em que nasceu. Dirigido por freiras e um dos mais tradicionais do Brasil, o Santa Marcelina também teve um papel importante na sua formação. Lá, muito mais que estudar, aprendeu a lidar com suas potencialidades. Deu-se conta de que era líder nata e apaixonada por projetos sociais. Com apenas 12 anos estruturou e executou sua primeira obra social. “Mandamos, na época, em dez meses de trabalho, 34 toneladas de roupas prontas para a Amazônia.” Além da liderança e da vocação para os trabalhos sociais, tinha talento também para o comércio e, por isso, ficou financeiramente independente muito cedo. “Fazia dinheiro com tanta facilidade, que nada me convencia de que eu precisava me formar além do segundo grau.” E foi assim que, ao terminar o colégio, com 19 anos, deu por finalizada a sua vida de estudante. Aos 21 já estava casada e morando em Goiânia, mas o casamento durou apenas quatro anos. Porém, nem tudo deu errado nesse período: em 1981, quando tinha uma clínica de estética, deu uma entrevista à TV Brasília, filiada da antiga Rede Manchete, e saiu dessa entrevista com um convite para fazer um programa feminino: “Julieta e a Mulher”.


"Às vezes chego à exaustão, pois ser esposa, mãe e empresária o tempo todo não é fácil,... "

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wenty-one years ago, Julieta Azevedo gave up city life for the countryside. Nowadays, she is a businesswoman who manages 7,000 hectares of cotton, soybean, corn and

bean plantations as the executive director of the Grupo ER Agropecuária, headquartered in Buritis, Minas Gerais. She left behind the field of cosmetics and beauty — traditionally a

"Sometimes I am exhausted. Being a wife, mother and businesswoman the entire time is not easy,... "

woman's field — and dedicated herself completely to agriculture, a male dominated world. Julieta has proven that there is also room for women in agribusiness. “Sometimes I am exhausted. Being a wife, mother and businesswoman the entire time is not easy, but it is a challenge I cherish. I feel I am successful in all my roles and I think it is because I love everything I do”, she says. With innate talents such as leadership and a mind for business, Julieta starting becoming involved here and there, and was successful relying on what she had learned intuitively. “Although many people think I am an agronomist or lawyer, I actually never went to college. Life was my college.” This learning experience began in Porteirinha, a small town in northern Minas Gerais that had 5,000 inhabitants at the time it was Julieta's home from when she was 15 days old until the age of 11 years. Those were not easy times, since 48 years ago there was neither electricity nor plumbing. There was also no TV or any other modern comfort. “My parents bought water that was brought in on an oxcart and stored it in tanks in the backyard”, she says. Despite these difficulties, those years were unforgettable for Julieta. “As incredible as it may seem, I had the most beautiful childhood imaginable”, she recalls. Due to the lack of good schools in Porteirinha, Julieta went to study from age 11 to 16 at the boarding school Colégio Santa Marcelina in Belo Horizonte, her place of birth. Run by nuns, the Santa Marcelina was one of the most traditional schools in Brazil

Outra coisa boa que lhe aconteceu foi que adotou suas duas filhas, Débora, hoje com 27 anos, e Juliana, de 24 e mãe de uma garota de cinco. Já separada, não tardou até que encontrasse um novo amor: Egon Otto Rehn, agricultor com quem divide a administração dos negócios e o mesmo teto há 21 anos. Com ele, teve dois filhos, os gêmeos Pedro Rehn e Egon Rehn Jr., de 14 anos. “Costumo dizer que o meu lazer é o meu trabalho. Cheguei aonde cheguei lutando. Cada conquista minha foi dura: nada ganhei que não tivesse vindo do meu trabalho. No passado, antes do Egon, apanhei muito, trabalhava como um burro de carga, mas não tinha tempo para gerir meus negócios. Fali, literalmente, ao ponto de perder tudo. Não foi fácil recomeçar algumas vezes, mas levantei e venci sempre. Depois que conheci o Egon, me especializei em gestão e posso dizer que o segredo está aí, em conseguir resultado no trabalho dos que o assessoram, mas o controle tem que ser seu.”

and played an important role in her education. At school, Julieta did more than just learn from books, she also developed her skills. She realized she was a born leader and became passionate about social projects. At the age of 12, she conceived and carried out her first social work project. “We shipped 34 tons of ready-to-wear clothes to the Amazon during ten months of work,” she recalls. In addition to leadership and the vocation for social work, she also had talent for trade and soon became financially independent. “I made money so easily that nothing could convince me that I needed to study beyond high school.” When she graduated from school at the age of 19, she ended her career as a student. At the age of 21, she was married and living in Goiânia. Her marriage, however, only lasted four years. Nevertheless, not everything went wrong during those years. In 1981, when she owned a beauty clinic, she was interviewed by TV Brasília, an affiliate of the former Manchete TV network, which led to an invitation to have her own television show geared at women: “Julieta and Women.” Another happy event was her adoption of two girls, Débora, currently 27 years old, and Juliana, who is 24 and mother of a five year old daughter. Separated from her first husband, it was not long before she found her new love: Egon Otton Rehn, a farmer with whom she has been sharing her life and work for 21 years. Julieta and Egon have two sons, 14-year old twins Pedro Rehn and Egon Rehn Jr. “I usually say that my leisure is my work. I worked hard to get to where I am today. Everything I have comes from my work. In the past, before meeting Egon, I struggled a lot, worked like a mule, but did not have time to manage my business. I literally went bankrupt and lost everything. It was not always easy to start over, but I always did and always made it. After meeting

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Acima, Julieta e o marido Egon e, abaixo, com os filhos Above, Julieta and her husband Egon and, below, with the children

Egon, I specialized in management and can now say that the secret lies in getting good results from teamwork, but you have to remain in control.” FMC

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Dos saltos para a botina O melhor exemplo da personalidade camaleônica de Julieta foi a sua adaptação ao meio rural. “Durante os anos que fiz televisão e, concomitantemente, trabalhava na área de estética, era produzida 24 horas por dia e não descia do salto por nada. Quando conheci Egon e me mudei para a fazenda, há 21 anos, calcei botina de corpo e alma e, desde então, passei a ser infinitamente mais feliz no campo, como peoa, do que quando estava à frente dos holofotes.” No começo — ela reconhece — foi muito difícil, pois sendo uma mulher totalmente voltada à área feminina, não conhecia absolutamente nada do agronegócio. E, pelo fato de ser um universo masculino por excelência, também foi rejeitada de cara. Logo no primeiro mês da sua administração na fazenda, ao chegar com o marido ao escritório, eles se depararam com todos os funcionários da fazenda, parados, aguardando Egon para dar-lhe um ultimato: “Ou ela ou nós!”. Dois terços deles seguiram o gerente e o restante permaneceu naturalmente no quadro. “Assim foi o meu início no agronegócio, pura adrenalina e desafios, do começo ao fim.” Por conta disso, admite que o reconhecimento profissional é o que realmente mexe com a sua vaidade, tendo em vista a sua condição de mulher, sem currículo escolar condizente e, como gosta de brincar, “pior de tudo, 'loura'!”. “Então, chegar aonde cheguei, para mim, isso sim é motivo de vaidade.”

From high heels to work boots The best example of Julieta's chameleon-like personality is her adaptation to rural life. “During the years I was on television and also worked in the beauty industry, I wore make up 24 hours a day and was always in high heels. When I met Egon and moved to the farm 21 years ago, I embraced work boots with body and soul and since then I have been infinitely happier in the field as a farm hand than when I was in front of the television cameras.” Julieta recognizes that she had a hard time in the beginning. She only had work experience in a woman's industry and knew absolutely nothing about agribusiness. She was also immediately rejected by this essentially male world. In her first month as farm manager, all the employees gathered at the office to give Egon an ultimatum: “It's either her or us!”. Two thirds of them left with the old manager and the rest remained on staff. “That was my start in agribusiness, pure adrenaline and challenges, from beginning to end.” Julieta admits that professional recognition is what really makes her proud, considering she is a woman with no college degree and, “worst of all, a blonde!” as she likes to joke. “So, to

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Projeto vencedor Com um projeto de criação de uma brinquedoteca e reforma da Creche Frei Pio Bars, de Buritis, onde mora, Julieta foi a vencedora da terceira edição (2006) do concurso “Mulheres de Fibra”, promovido pela FMC. Seu mérito foi o de conseguir envolver as famílias, a comunidade, comerciantes e as autoridades locais no projeto. “Julieta conseguiu engajar essas pessoas e fazê-las ver que o projeto era mais que oferecer um lugar para as crianças brincarem enquanto seus pais trabalham; trata-se na verdade de dar a oportunidade de desenvolvimento social a essas crianças, oferecendo-lhes acesso a um mundo desconhecido naquela realidade, uma vez que esse tipo de creche só se vê em grandes centros”, avalia a coordenadora de Comunicação da FMC, Fernanda Teixeira, responsável pela realização do concurso. Para Julieta, a questão é simples: “Não fazemos mais do que o nosso dever de cidadãos, pois, enquanto empresários que desenvolvemos uma atividade econômica nesta região, é justo que a recompensemos em forma de incentivos e investimentos sociais”.

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reach where I am now is something to be proud of.”

A winning project Julieta won the third edition (2006) of the “Women of Fiber” contest promoted by FMC with her project for the building of a playroom and remodeling of the Frei Pio Bars Daycare Center in Buriti, the town she lives in. She was successful in involving families, the community, merchants and local authorities in the project. “Julieta was able to engage these people and make them see that the project was more than just a place for children to play while their parents were at work. It is actually an opportunity to provide these children with social development, offering them access to a new world since this type of daycare center is only found in large cities”, says Fernanda Teixeira, FMC Communication Coordinator in charge of the contest. For Julieta, the issue is a straightforward one: “We are only doing our duty as citizens. We are entrepreneurs who carry out our economic activity in this region, so it is only fair that we give back in the form of incentives and social investments”.




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