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Experiência (análise dinâmica da moto

A CFMoto 800MT tem um quadro tubular em aço com sub-quadro em alumínio, suspensões Kayaba totalmente reguláveis (pré-carga, extensão e compressão) e travões J-Juan com ABS Continental e assistência em curva.

A suspensão dianteira é invertida.

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As suspensões têm um curso de 160mm e 150mm, respectivamente à frente e atrás, o que associadas a uma distância ao solo de 190mm, dão claramente a indicação que esta é uma moto muito mais vocacionada para uma utilização estradista do que orientada para situações de offroad mais agressivo.

Ainda assim, com a roda 19” à frente e 17” atrás, não deverá desmerecer se pela frente encontrar um bom estradão em terra.

A altura do assento fica a 825mm do solo, o que a torna acessível para condutores com estaturas medianas, ainda para mais porque o assento é estreito na zona junto ao depósito. Que por sua vez tem uma capacidade de 19 litros.

O motor é o conhecido LC8 construído sob licença da KTM (é aliás a CFMoto que construía este motor para as máquinas austríacas). É um bicilindrico paralelo com 799cc, 8 válvulas, uma árvore de cames à cabeça, refrigeração líquida e injecção electrónica EFI.

Devo dizer que se a potência disponível é um valor respeitável, estranhei o do binário (para um valor de potência igual, a BMW F850GS tem mais 15Nm e ainda por cima a um regime mais baixo).

O acelerador electrónico ride-by-wire permite a disponibilização de modos de condução, que no caso são apenas 2: Sport e Rain. Face às restantes características e à ambição desta moto, julgo que faltará aqui “qualquer coisinha” . Um modo intermédio para utilização habitual, o Sport mais “puxado” para uma condução com um pouco mais de adrenalina - para explorar uma estrada mais revirada, por exemplo - e o Rain para as situações de menor aderência.

O peso? A seco são 231kg. Não é leve....

Estas constatações reforçam o que referi acima: esta é uma moto com uma forte componente estradista. E poderá ser uma excelente companhia para longas tiradas, estrada fora.

4. EQUIPAMENTO

Aqui temos um dos pontos fortes desta moto, principalmente na versão Touring, a mais cara e mais completa. Mas mesmo a Sport não deslustra neste capítulo.

A lista é longa!

O que é comum a ambos os modelos:

Acelerador electrónico Bosch (ride-bywire), embraiagem deslizante, painel TFT de 7” , iluminação full LED, cruise-control, ecrã ajustável (manualmente sem ferramentas), suporte das malas laterais e da top-case, protecções tubular dianteira e de cárter, descanso central, cornering ABS e tomadas USB+12V.

Quick-shift bi-direccional, monitorização da pressão dos pneus, amortecedor de direcção, protecções de mãos, punhos e assentos aquecidos, chave inteligente Zadi (keyless start).

O que lhe falta afinal? Só mesmo uma máquina de tirar cafés...

Ou então poderia ter um interface digital com o telemóvel, com algumas funcionalidades que essa ligação permitisse e fossem convenientes para o condutor (estou a lembrar-me da utilização de softwares de GPS, por exemplo).

Não tenho dúvidas que, principalmente na versão Touring, a quantidade de equipamento versus o preço final da moto é praticamente imbatível.

5. ERGONOMIA

Quando nos sentamos na moto, três aspectos se destacam: o conforto do banco, a forma como as mãos caem naturalmente no guiador e a simplicidade dos comandos existentes nos dois punhos.

A posição dos poisa-pés está no limite para a minha estatura (1,82m). Um condutor mais alto poderá achar incómoda a posição, com as pernas demasiado flectidas. No meu caso estava bem. Não me apercebi que a moto tivesse a possibilidade de regulação em altura do banco do condutor, o que poderia ser vantajoso para os mais altos.

Também a posição em pé satisfaz. Os espelhos estão bem posicionados e, tanto quanto foi possível perceber, dão uma boa visão para a retaguarda.

O espaço dedicado ao pendura pareceu-me bastante adequado e a qualidade e formato do banco proporcionarão certamente bons momentos de condução a dois.

Referi que o layout do painel não é do meu agrado (mera questão estética e subjectiva como tal).

Tem razoável leitura e nos ecrãs secundários dá-nos a informação relativa à viagem - num o odómetro, trip 1 e trip 2 e no outro a pressão e temperatura dos pneus, a carga da bateria, a temperatura de funcionamento e a autonomia).A pressão e temperatura dos pneus é algo que em viagem reputo de bastante útil uma vez que se tivermos, por exemplo, um furo lento, a nossa condução tende a adaptar-se antes de ser verdadeiramente perceptível a quebra de pressão.

6. EXPERIÊNCIA

Duas notas prévias têm que ser dadas: a moto experimentada é uma unidade de préprodução e portanto com alguns pequenos defeitos qualitativos (por exemplo, não foi possível alterar o modo de condução e dessa forma não experimentei a opção Rain) e o local do teste, a pista do Kartódromo de Baltar, com curtas rectas não possibilita uma avaliação adequada, nomeadamente quando pretendemos “esticar” um pouco mais as mudanças ou reproduzir uma condução típica de estrada.

Ligada a moto - a versão Touring vem equipada com sistema keyless - o som que sai do escape é grave e rouco sem ser demasiado alto.

Em andamento, a nota principal é para o comportamento do motor. Assim que passamos de mudança - o quick-shift funciona bastante bem - o motor liberta a potência de imediato puxando-nos para a frente. Não é brusco mas é muito incisivo. Ou seja tem uma boa saída em baixas e médias e depois acalma o que é certamente fruto do menor binário que é habitual encontrar em motores com esta potência - 95cv. Numa estrada revirada pode proporcionar momento de grande prazer de condução mas temos que ter cuidado com este comportamento quase explosivo. Requer hábito...mas não é defeito. É feitio.

A estabilidade em curva é notável o que significa que a leitura do terreno feita pelas suspensões é de elevada qualidade. As mudanças de inclinação entre curvas fazem-se com toda a naturalidade, apesar do peso da moto que, com todos os líquidos ultrapassa os 250kg (e mais ainda se as malas estiverem instaladas e com conteúdo).

Quanto aos travões, são adequados à tipologia da moto, progressivos e sem em algum momento se tornarem demasiado incisivos.

O ecrã (que pode ser regulado manualmente) dá boa protecção, ao nível do que é habitual neste tipo de motos: sente-se alguma deslocação do ar na zona dos ombros mas é perfeitamente normal. Quanto à cabeça, nas condições de teste não foi possível avaliar qual o grau de protecção, nomeadamente com o ecrã na posição superior.

Merece destaque a ausência de vibrações transmitidas ao condutor pelo funcionamento do motor. Muito bom neste aspecto.

Como já referi quando falei sobre a ergonomia, os comandos são simples e acessíveis facilitando por isso a condução. Gostaria de ter testado o quick-shift porque para quem viaja e faz tiradas mais longas em autoestrada, é um acessório fundamental para minimizar o cansaço.

Reitero o que disse no ínicio: esta é uma moto de pré-produção o que significa que alguns pormenores poderão ainda vir a ser ajustados na versão final.

Mas deixem-me que lhes diga: não me importava nada de fazer uma boa viagem com esta CFMoto 800MT. Confortável, de condução agradável, banda sonora a sair do escape com um timbre muito cativante e dotada de alguns requintes que, não tenho qualquer dúvida, farão com que algumas cabeças se virem com curiosidade quando chegar às nossas ruas.

O que nos falta saber? Alguns pormenores que podem ser significativos como sejam: qual o consumo? quais são os intervalos de manutenção e o custo estimado das revisões. E, last but not the least, a fiabilidade. Mas essa resposta só daqui a algum tempo.

CONCLUSÃO

A CFMoto deu um longo passo com o lançamento da 800MT. Mas em nenhum momento temos a percepção que se atirou para fora de pé. Muito pelo contrário. A aposta está, para já, ganha. Veremos qual o veredicto do mercado.

A qualidade percepcionada é muito boa, tem equipamento que nunca mais acaba,

as características dinâmicas são equiparadas às da concorrência de maior nomeada e o preço deverá fazer tremer algumas destas...veremos como o mercado aceita e acolhe esta que é uma proposta francamente competitiva.

Recordo algo: a abordagem aos mercados ocidentais pelos países do extremo oriente faz-se em 4 fases, a saber: primeiro a imitação, depois a criatividade com gosto discutível e qualidade falível, seguem-se os produtos em pé de igualdade e no final, a conquista do mercado. Lembrem-se dos exemplos japonês há 50 anos e coreano há 25. Em que fase está o chinês?

Para terminar, quero expressar a minha gratidão pelo privilégio de poder experimentar a CFMoto 800MT em ante-estreia. Ao longo de um longo dia pudemos desfrutar da que virá a ser, sem sombra de dúvida, uma competidora muito forte neste segmento e, em complemento, também tomarmos contacto directo com o resto da gama desta marca chinesa que poderá vir a tomaer uma posição relevante no mercado português.

Muito obrigado CFMoto e ao representante nacional, a PURETECH MOTO! Bem haja!

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