outras derivas, livro-processo

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rio tietê

LIVRO-PROCESSO

organização

BABI FONTANA VICTOR COSTA


governo do estado de são paulo, secretaria da cultura e coletivo outras derivas apresentam

rio tietê, outras derivas concepção babi fontana e victor costa direção artística e de dança babi fontana direção teatro emílio fontana filho cinema cleber avancini artes visuais laura lydia cartografia cintia camila angelieri elenco teatro mara faustino, claudia sant anna castori, douglas lopes e laioan perret elenco dança giovanni ferro, joão prado, larissa felix, luis fernando rodrigues, rodrigo vandeveld, tiago dias e vivian pompeu intérprete libras claudia sant anna castori depoimento em vídeo emilio fontana oficinas alessandra moreau, babi fontana, boy kolorido, gustavo ciríaco, laura lydia, renato ferracini e uxa xavier desenho outras derivas elaine fontana designer roberto unterladstaetter desenho mapa filomena fontana relatos críticos esdras telles, ivan vagner marcon, gus ribeiro, gilson geraldo assessoria de imprensa jean souza produção executiva lucas traversim

livro-processo organização babi fontana e victor costa projeto gráfico e edição victor costa fotografia cleber avancini, rogério moraes e mariana meireles

fontana, barbara; costa, victor (organizadores). rio tietê, outras derivas: livro-processo. 1ª ed. campinas: coletivooutras derivas, 2017, 44 p. 1. festival de artes - são paulo. 2. artes integradas. 3. processo de criação artística. 4. mostra artística

coletivooutras derivas novembro de 2017


rio tietê

LIVRO-PROCESSO

edição

realização




citação, título ou frase que, colocada no início de um livro, serve de tema ao assunto ou para resumir o sentido ou situar a motivação da obra; mote:


“(...) os que permaneceram debruçam-se nos bastiões sobre os recifes do molhe para acompanhar o navio até que este dobre o cabo; agitam pela última vez os lenços brancos. – ponha-se em viagem, explore todas as costas e procura essa cidade – diz o khan para marco. – depois volte para me dizer se o meu sonho corresponde à realidade. – perdão, meu senhor, sem dúvida cedo ou tarde embarcarei nesse molhe – diz marco –, mas não voltarei para referi-lo. a cidade existe e possui um segredo muito simples: só conhece partidas e não retornos.”

as cidades invisíveis, italo calvino

porto feliz. nos últimos 33 anos, vivi em 6 cidades diferentes. meu corpo, um mapa que caminha. sou parte da movimentação dessas cidades. meu movimento é parte desse território que habitei e habito. agora de volta a um território conhecido, tão desconhecido. rios ocultos. território afetivo, latino e complexo. coisas que não sei. há sempre um antes e um depois. a morte é a única impossibilidade. como nos relacionar com o antes e com o póstumo? como começar? um rio de partidas. paisagem: porto feliz, a cidade que me pariu.

outras derivas, babi fontana


de babi fontana para victor costa ::: 14:41 (9 de agosto de 2017) assunto: para colocar no catalogo, o que acha? acho que precisamos montar um cronograma de trabalho. criar um procedimento para encontros. escritas, frases, derivas virtuais e presenciais. que tal?

de victor costa para babi fontana ::: 14:59 (9 de agosto de 2017) assunto: re: para colocar no catalogo, o que acha? esse seu e-mail já pode ir, do modo como está, para o catálogo. e se recolhessêmos partes de nossa comunicação (nossa, eu digo, sua e minha com os artistas que convidamos para as derivas do dia 10) de e-mail, whatsapps, rascunhos, rabiscos?

de babi fontana para victor costa ::: 14:59 (9 de agosto de 2017) assunto: re: re: para colocar no catalogo, o que acha? gosto muito. temos um procedimento! vai ser uma delícia revisitar o projeto dessa forma. oba. vamos montar o cronograma então. beijos.

de victor costa para babi fontana ::: 08:18 (11 de agosto de 2017) assunto: re: re: re: para colocar no catalogo, o que acha? o processo será aberto também aqui, como você quis que fosse tudo desde o ínicio. montamos amanhã o cronograma? beijos.


GEOLOCALIZAÇÃO

de babi fontana para victor costa ::: 18:11 (26 de outubro de 2017) assunto: catálogo aqui um rascunho do catálogo e também algumas imagens que acho que podem entrar 1 – prólogo ou levantamento ====== coleta poética de sensações: da deriva para o papel ====== lugar: porto feliz, o rio. 2 – mapa movimentação ====== coleta dos percursos: da deriva para o mapa ====== lugar: ruas. 2.1 – mapas singulares ====== correspondências sobre como divulgar eventos no interior de são paulo ====== lugar: margens do rio 3 – transpassagem ====== coleta das imagens em movimento: da deriva para o vídeo ====== lugar : parque das monções, capoava, praça: lugar de espera. 4 – relatos-fala-encontro com o espectador ====== coleta de impressões críticas dos espectadores: da deriva para o encontro e fala. ====== lugar (precisamos encontrar um forma de comunicar isso). como contar nossa deriva coletiva numa publicação? – nosso manifesto, um plano-diretor performático de afetos da cidade. pensamos em viver uma deriva em conjunto. vários derivantes, vários barcos. em tempos difíceis e sombrios, de linhas retas e altíssima velocidade, nada mais subversivo e necessário vibrar em conjunto - em todas as linguagens. há de se ir pra rua. ocupar o espaço público e de produzir encontros com gente – numa cidade que é do encontro e da gente. misturamos, derivamos, procuramos estetizar algum campo simbólico a partir deste rio e plasmar essa estética pra fazer arte, pra encontrar com gente, deixar a água escorrer, transbordando pela cidade.



de victor costa para babi fontana ::: 10:53 (22 de outubro de 2017) assunto: abre do livro-processo bá, pensei neste texto, bem simples e com foco nas linguagens que trabalhamos no outras derivas, e também destacando o tema da comunicação entre nós todos. me diz se gosta. beijos em você.

OUTRAS DERIVAS rio tietê, outras derivas é um projeto de artes integradas que ocupou espaços da cidade de porto feliz, de abril a julho de 2017, com dança, teatro, desenho, cinema e palavra. as derivas (residências artísticas, oficinas, performances, um filme e este livro) propuseram um rastromapeamento afetivo dos percursos dos artistas pela cidade a partir das margens do rio tietê, que cruza o município e segue sua viagem. ao longo do dia 10 de junho, foram apresentadas, em espaços públicos da cidade, três grandes derivas finais: performances de desenho, teatro e dança. o processo de criação do projeto foi filmado, editado e virou um filme (e a deriva de cinema). um filme-processo que documenta justamente o modo como as grandes derivas finais foram concebidas. neste livro também está documentado o processo de criação artística do projeto, com especial destaque para a comunicação entre os artistas e demais integrantes do projeto, a comunicação como trânsito criativo, como via de mão dupla.


PORTO FELIZ mapa: cĂ­ntia camila angelieri


de emilio fontana para babi fontana e victor costa :::18:22 (30 de outubro de 2017) assunto: texto emilio porto feliz (locução para o filme) barbara e victor, segue texto sobre porto feliz. mexam à vontade.

de victor costa para emilio fontana e babi fontana :::18:53 (30 de outubro de 2017) assunto: re: texto emilio porto feliz (locução para o filme) obrigado, emilio! vai para o catálogo também!

PORTO FELIZ latitude: 23º 12’ 53’’ sul. longitude: 47º 31’ 26’’ oeste. num cantinho do interior de são paulo, na região de sorocaba, a 100 km de são paulo, repousa a cidade de porto feliz. foi o berço do inquietante movimento monçoeiro do século xvlll. as monções foram expedições fluviais que rasgando o rio tietê atingiam as minas de ouro de cuiabá. hoje seus 50.000 habitantes, que vivem a mais de 500 metros do nível do mar, lembram que sua terra um dia chamou-se araritaguaba, junção dos termos arara (arara), itá (pedra) e aba (lugar). a vila foi promovida a cidade em 1797. o porto era tido como feliz porque dele os monçoeiros partiam em busca dela, da felicidade. além do lendário rio tietê, o rio sorocaba e o rio avecuia também compõem a geografia da cidade.


amaria se tivessem um tempinho para ler. um grande beijo na certeza de que essa deriva é só a primeira de muitas, esse é só mais um começo, entre tantos.

NASCENTE começamos com um desejo enorme de mapear porto feliz de uma forma diferente, na busca de descobrir novas perspectivas para o nosso fazer artístico e para a produção de arte em cidades do interior. um desejo que a partir de um mapa diferente, um “rastromapeamento afetivo”, pudéssemos através dele observar certos parâmetros da arte que já era produzida aqui e do que ainda podia-se produzir nesse território. o que os artistas de porto querem falar? e como falam? para quem falam? com o apoio do proac – programa de ação cultural do governo do estado de são paulo, esse desejo se tornou objeto de pesquisa de nós, cinco artistas pesquisadores eu, emílio, victor, cleber, laura e cintia que juntamente com o lucas e o jean, abraçamos esse projeto que

de babi fontana para grupocoletivooutrasderivas :::02:02 (24 de novembro de 2017) assunto: agradecimentos


se desdobrou em diversas atividades entre abril e junho de 2017 na cidade de porto feliz – uma série de oficinas, residências de criação e espetáculos- intervenções artísticas. ao longo desse tempo, passaram tantas perguntas e, acreditem, a maioria delas ainda continuam em nossas cabeças. as perguntas dessa cidade corpo cresceram com a gente. na primeira fase do projeto, que contou com a participação de nós cinco, artistas- pesquisadores, foi o momento em que começamos a coletar dados sobre a pesquisa individual de cada um. e ai as perguntas começaram a pipocar: como aquele poderia ser um projeto coletivo mas que respeitasse a linguagem e pesquisa individual? como a cidade interferiria nesse processo? o que da cidade afetava o fazer artístico de cada um e de forma? eu com a dança, emilio, com o teatro, cleber no cinema, victor com a palavra e cintia com cartografia e meio ambiente. uma vontade pulsante de troca não parava por aí, e então durante esses meses tivemos encontros e oficinas de criação abertas ao publico com o gustavo ciríaco, renato ferracini, uxa xavier, alessandra moreau, b boy, laura lydia, artistas do sarau da casa, criadores de todas as linguagens e backgrouns na tentativa de tentar compreender a fala e corpo desse território. também gravamos um material em vídeo do diretor teatral emilio fontana, meu avô, que nos contou sobre a intersecção das linguagens em seu trabalho, e nos forneceu muito material de reflexão e memória. mergulhamos nesse levantamento vertiginoso de ideias sobre deslocamento, cidade, cartografia e nos permitimos ficar à deriva para encontrar um (ou vários) caminhos. depois disso, em junho de 2017, estreamos outras derivas, uma performance de rua com todas essas linguagens na e para a cidade de porto feliz. mas o projeto não acabou aí. sentimos a necessidade de partilhar publicamente o processo de pesquisa do outras derivas, através da edição de um filme e também dessa publicação, que reúne relatos dos artistas e profissionais envolvidos, rastros de criação, mapas usados, reais e também inventados, registros, escritos, imagem do processo de criação e também da intervenção final. a cidade vive por meio dos corpos, torna-se uma cidade-corpo. suas fronteiras não são limites, são passagens. espaços de encontros e de produção de arte. gostaria de agradecer a todas as pessoas envolvidas ao longo do processo de criação desse trabalho que começa aqui. especialmente aos meus grandes companheiros que se lançaram à deriva comigo victor, emilio (meu pai), cleber, cíntia e laura, lucas, jean e aos bailarinos e atores por todo tempo e carinho dedicados a esse trabalho.


de victor costa para babi fontana :::03:53 (03 de novembro de 2017) assunto: re: minha locução para o filme ficou ótimo! acho que devemos utilizar o mesmo texto no catálogo! o que acha?

procedimento

1.

O RIO COMO PONTO DE PARTIDA como é que um rio afeta as pessoas do seu entorno? e como as cidades crescem ao seu redor? elas crescem de frente ou de costas para os rios? pensando sobre isso, comecei a ficcionar mapas das cidades por onde eu passava, onde eu pudesse colocar o rio em diversos lugares; eu poderia colocar o rio nas margens e então a cidade poderia começar a crescer de lá; eu poderia colocar o rio no meio da cidade, e então a cidade cresceria igualmente para os dois lados; e então não existiria margem? existiria margem na cidade se o rio a cruzasse pelo meio? era essa a minha dúvida.



eu tenho na memória quando conheci pela primeira vez a nascente do rio tietê, eu tinha uns 15 anos; via aquela nascente tão pequena comparada àquele rio que cresceu junto comigo. eu cresci com esse rio ao meu lado. passando ao lado do meu corpo. o rio na verdade pra mim sempre foi uma desculpa pras pessoas se encontrarem – o rio de uma aldeia pra outra, de um ponto ao outro. o rio é a primeira estrada, a primeira rua. nos meus mapas de cidades fictícias que morei, as cidades sempre derivam dos rios. acho que a pessoa que pensou a palavra deriva pela primeira vez, deve ter pensado no movimento dos rios, no deslocamento desses corpos pelos rios. o mais difícil do derivar é o começar. e nos meus mapas ficcionais ou não, é como se o rio tivesse tanta força que ele espraiasse água para todos os lados.


como num sonho, uma utopia. onde quer que eu colocasse os meus rios, eles iriam jorrar água por todas as ruas da cidade. e tudo viraria rio, e tudo viraria margem. e sendo tudo margem, tudo é começo. dá pra começar a derivar de qualquer lugar, jogar tudo para o limite da margem, então tudo pode ser ponto de partida para qualquer linguagem. foi então a partir dessas linguagens, da dança, do teatro, do desenho e do cinema que começamos, em 6 artistas, um mapeamento dessa cidade paulista chamada porto feliz. a ideia era promover encontros, oficinas, debates e produzir performances de rua, que decidimos chamar de derivas.

A DECISÃO DE TRAJETÓRIA QUE CONDUZ SEM HIERARQUIA O MOVIMENTO. SERÁ POSSÍVEL?


foi então a partir da linguagens da dança, do teatro, do desenho e do cinema que começamos, em 6 artistas, um mapeamento dessa cidade paulista chamada porto feliz, uma pequena cidade que fica a 100 km de são paulo. a ideia era promover encontros, oficinas, debates e produzir performances de rua, que decidimos chamar de derivas. nossos pontos de partida: o rio tietê e o livro cidades invisíveis, do ítalo calvino, e então começamos a ocupar as ruas e espaços da cidade. como estávamos desenvolvendo um projeto de artes integradas, pensamos em alguns critérios que dessem unidade aos trabalhos individuais. surgiram então 3 procedimentos de criação para as pesquisas e para as derivas:


procedimento 1 o rio, como ponto de partida

procedimento 2 cruzar linguagens artísticas

procedimento 3 criar de novas derivas que decidimos que seriam 4. 3 delas, uma em seguida da outra, no mesmo dia, e em espaços públicos da cidade: teatro, dança e desenho.e a de cinema, com exibiçoes públicas pela cidade.

começamos o processo de criação na mesa da sala da casa dos meus pais. meu pai, que é diretor teatral, e mora em porto feliz há mais de 30 anos, aflito com o tempo e com o formato do projeto, pegou um papel de pão, desenhou um mapa e elencou algumas possibilidades para essas as derivas: possibilidades de retomada de trabalhos envolvendo o ser ou não ser do hamlet até chegar em fernando pessoa, cleber desenhou um mapa do roteiro das filmagens, cintia trouxe ideias de mapas ficcionais enquanto laura mandava ideias de novos mapas vindos de longe, de outro rio, o rio de janeiro. áudios e desenhos por whasapp, e foi naquele momento que eu pensei em trabalhar com mapas em larga escala onde os bailarinos pudessem desenhar e dançar suas trajetórias pela cidade.


de victor costa para jean souza e babi fontana :::18:48 (11 de abril de 2017) assunto: re: projeto caros, minhas percepções sobre isso. anexei aqui. jean, depois de ler, fale comigo, please. para eu saber quais informações a mais você vai necessitar. preciso lhe enviar fotos. farei isso daqui a pouco. abraços.

campinas, 11 de abril de 2017. caro jean, vou te escrever em forma de correspondência. o projeto rio tietê, outras derivas surgiu da cabeça da barbara num momento (que se estende até hoje) em que ela estava com trabalhos que derrubavam as fronteiras disciplinares. artes integradas. além disso, numa pegada em que o processo de criação é exposto, é compartilhado na cena. em que o público é encarado como parte da criação, da própria cena. ele a compõe. então levar o processo aberto para o público, e na relação dele com a cena, atingir uma espécie de unidade, de málgama; uma convergência bastante orgânica entre o fluir e o fazer estético. bem, a bá surfou (e ainda tá na onda) da cena contemporânea; sobretudo da cena da dança. uma coisa a mais nesse contexto. as formas e as estruturas da composição, do fazer artístico, costumam ser evocadas à experiência. o que im-

porta é que o público, ele, ele, ele, um semideus (porque deuses são os artistas), seja convocado à experiência. e experimente. experimente os lances que compõem a cena. sinta-os, entenda-os. veja seu funcionamento, organizado, orgânico ou caótico. é pinga no chão, diz uma dramaturga chamada grace passô. essa é a qualidade, ainda diz ela, de terreiro da arte contemporânea. o cenário é o de um monte de gente preocupada com a experiência da cena, gente sedenta por encontros, criando diferentes pesquisas, linguagens, procedimentos, intenções, entendimentos. e afinal chegando a alguns lugares-comuns. o outras derivas surgiu desse roteiro. e acoplado à ideia de levar bastante disso tudo pros limites da sociedade paulista, porto feliz. sacar os afetos das pessoas da cidade. forjar esses encontros com o portofelicense. é um projeto de artes integradas, que envolve residência artística, oficinas, criação de performances-deriva, produção de um filme e publicação de um catálogo.


e reúne artistas das áreas de cinema, dança, desenho, teatro e cartografia, e tem inspiração no livro as cidades invisíveis, do italo calvino (que em 2017 completa 45 anos de publicação). o projeto coreográfico, cartográfico, gráfico e cinematográfico propõe um “rastromapeamento afetivo” dos percursos dos artistas a partir das margens do rio tietê. penso que você poderia escrever um release destacando a natureza do projeto, artes integradas. o que estamos chamando de derivas, são as performances de cada expressão (teatro, dança, desenho e cinema). são as apresentações. derivas porque o processo de criação de cada uma delas passa pelo seguinte procedimento: criar algo a partir da relação da cidade de porto feliz com esse rio chamado tietê; a partir da carga simbólica deste rio, que afeta a percepção de cada artista (do emilio para o teatro; da bá para a dança; da laura para o desenho; e do cleber para o cinema). procurar estetizar algum campo simbólico a partir deste rio e plasmar essa estética num objeto artístico, as apresentações. as derivas.. serão 4 derivas: teatro, dança, desenho e cinema. três delas acontecerão no mesmo dia (confirma a data com a bá): teatro, dança e desenho, em diferentes espaços da cidade. há também a ideia de que essas derivas transbordam-se na cidade, a partir das margens do rio. este é um projeto marginal. à margem. porque sai de fato das margens do rio e anseia a

rua, a arte de rua. mais precisamente: a arte na rua. há um grande desejo, inato a este projeto, de ir pra rua. ocupar o espaço público. paralelamente a isso, aliás, antes disso, ocorrem outras atividades: a residência artística e as oficinas. uma oficina já ocorreu no último domingo (bá pode te falar como foi essa oficina – acho que não precisamos comunicá-la, avaliem). as oficinas são atividades de exercício criativo, de contato com técnicas dos artistas, de ouvi-los falar sobre seu trabalho. a residência artística é o momento de criação colaborativa, o momento de produzir as derivas. acontecerão residências da bá e do emilio (acho eu, precisa confirmar isso). e oficinas, uma da bá com a alessandra, outra, com o cleber. fora isso, o processo todo de criação das derivas vai sugerir um mapeamento afetivo da cidade de porto feliz. um mapeamento de interesses dos artistas por esta cidade. a cintia camila irá produzir mapas. mapas mesmo. de porto feliz. mas com indicadores de acordo com os desejos, interesses e estéticas dos artistas. o que eles querem ver nesta e desta cidade. e então a cintia vai gerar os mapas. sairão mapas ficcionais aí. por exemplo, eu adoraria saber em que partes da cidade as pessoas falam mais e em que outras falam menos. eu montaria um mapa assim. esses mapas, além de funcionarem como processo de criação de proposições para os artistas (porque eles irão imaginar uma cidade x ou y), fomentarão o visual do catálogo. o catálogo


será uma publicação com a narrativa de criação e execução do projeto, um registro de tudo isso – ou como você sugeriu, um manifesto. algo que cause, provoque. ele mesmo tem que ser performático. ele mesmo, uma deriva. o cinema. será produzido pelo cleber um filme com cerca de 50 minutos (ou menos). a ideia é muito parecida com a do catálogo, registrar o processo de criação e execução do projeto. queremos exibir o filme na rua, talvez em praça pública. o filme, também ele, é uma deriva. o cleber talvez ainda faça intervenções audiovisuais no dia das derivas: projetar vídeos-arte nas fachadas de prédios públicos (vou insistir para ele fazer isso). bem, meu caro, este é um pouco meu discurso para falar do outras derivas. leia isso, me liga se quiser e conversamos mais pragmaticamente sobre como escrever o release. de imediato, sugiro que o lead trate desta característica de artes integradas, coração e núcleo pulsante do projeto, e das várias atividades ao longo de um período x em porto feliz. depois, os destaques podem

ser para: 1) o conceito do projeto (falar do cidades invisíveis, talvez); 2) falar sobre as derivas, sobre o conceito-poético de deriva do projeto; 3) um pouco sobre a natureza de cada atividade; 4) serviços. uma linha no final dizendo que o projeto foi comtemplado pelo proac (a bá sabe como escrever isso); 5) serviços. e as fotos que irei lhe enviar. vamos nessa, estou aqui. sinta-se abraçado, desculpe pela desorganização. escrevi isso no fluxo de consciência.


METÁFORA RIO COMEÇA A PERCORRER O CAMINHO A PARTIR DO PONTO QUE VOCÊ O COMPREENDEU.

CORPO-RIO / QUE SE COMPREEMDE COMO NASCENTE, COMO CURSO, PERCEPÇÃO DO MOMENTO DE CONSCIÊNCIA DE ONDE SE ESTÁ > CONSCIÊNCIA DE TEMPO PRESENTE NASCENTE, CURSO OU DESÁGUE. DESÁGUE: NÃO SER ÁGUA, SENDO MUITA ÁGUA.


procedimento

2.

CRUZAR lINGUAGENS ARTÍSTICAS como se deslocar por essa cidade hoje? o que significava para nós coletar esses dados hoje, pensar sobre o tema “cidades” no temeroso brasil de 2017? e como fazer isso? como nos conectar com o que estava sendo produzido dentro de porto feliz, nas bordas e também fora dos limites da cidade? assim surgiu a ideia das oficinas, nos aproximando de criadores de várias linguagens, e de diversos lugares, no desejo de dilatar esse encontro e de compreender as falas e corpos do território portofelicense.


OFICINAS 9/4 | 15h oficina de dança e teatro em espaços não convencionais: performando o (in)visível. na

casa da cultura, com GUSTAVO CIRÍACO.

. 07/5 |10h30 às 12h oficina de dança e consciência corporal. no parque das monções (gruta), com ALESSANDRA MOREAU e BABI FONTANA. 15/4 | 9h oficina de dança clássica na praça.na praça da matriz, com ALESSANDRA MOREAU. 06/5 | 19h às 21h oficina de breakdance. na praça 13 de maio, jardim excelsior, com BOY COLORIDO E DANGER CREW. 20/5 | 10h oficina desenho corpo e lugar. no parque das monções (gruta), com LAURA LYDIA e BABI FONTANA.

21/5 | 15h oficina treinamento cotidiano do ator: teatro e presença, com RENATO FERRACINI. na casa da cultura. 21/5 | 15h oficina treinamento cotidiano do ator: teatro e presença, com RENATO FERRACINI. na casa da cultura. 12/6 intervenção poética na capoava. 15h

oficina de dança para crianças: corpo-paisagem, com UXA XAVIER e BABI FONTANA.

16h

bate papo com crianças: meio ambiente e arte.

exibição do curta metragem ilha das flores e debate com CLEBER AVANCINI. . 11/6 | 15h oficina de cartografia com CÍNTIA CAMILA ANGELIERI, no cemex.

17h



TEATRO emilio fontana filho ser pai da barbara é um desafio maior que o rio tietê e seus afluentes, derivas. de tanto amor, embora artistas, me atrapalho e tropeço buscando formas, cores e gestos. gaguejo e me sinto inseguro em cumprir suas expectativas. barbara ou babi. qui ló çá?, diria carmita mãe. reuniões em cima de reuniões,horas dum relógio não digital que passam rápido, rápido demais para um velho. entendo sua genialidade como artista. não sou capaz. não chego lá. faço um teatrão. sempre fiz um teatro quadradinho e perfeito, embalado por caixas com pouco respiro, quase hermeticamente fechadas. me veio à mente, shakespeare -que trás o mote eterno do ser ou não ser, dúvida que não é respondida nem por bob dylan, que muito ouço. a vontade de trabalhar com filha e especialmente com uma barbara me move e comove. vamos em frente então! shakespeare é velho, é rançoso, tem algo de mofo, repenso, reflito... que tal fernando pessoa em um dos seus heterônimos? me parece menos mofado... tabacaria no palco! tá feita a escolha, é isso! mas como? de que forma contentar a avidez criativa desta filha? água. muita água, derivas. outras derivas.que projeto lindo, doce, e ao mesmo tempo perturbador. reuniões e mais reuniões, vivências que não cessam. não consigo dormir. me acostumo com a vigília. chorando sem lágrimas, continuo. reúno um grupo de notáveis, notáveis pessoas. também ávidas por arte da melhor qualidade. laioan, mara, claudia e douglas. indivíduos inquietos, meio atores, meio fiscais da receita federal, ou bancários, ou vendedores de seguro, ou donos de tabacaria. mas acima de tudo, atores. acima de tudo pensadores da vida, e isso me interessava. e interessa. topam. grudo nos quatro que vêm comigo numa jornada que nasce no porto português e termina no porto de araritaguaba, com o gênio fernando. preciso de barbara, pois sua cabeça fervilhante e brilhante me tira da


inércia do teatro encaixotado e me leva a uma doce loucura. me chacoalha. sinto que não a alcanço. privilégio grande ser diretor da poesia de fernando num museu em ruínas. comandado por barbara, hélice de uma trupe de antepassados que insistem, teimam contra tudo e todos em transformar arte em arte. rio tietê. quero voltar a pescar lambari nestas águas. quem sabe no próximo verão... mas sempre ombro a ombro emilio e barbara, senão, vou brincar de outra coisa.


margem margem margem margem marge


(COME CHOCOLATES, PEQUENA; COME CHOCOLATES! OLHA QUE NÃO HÁ MAIS METAFÍSICA NO MUNDO SENÃO CHOCOLATES. OLHA QUE AS RELIGIÕES TODAS NÃO ENSINAM MAIS QUE A CONFEITARIA. COME, PEQUENA SUJA, COME! PUDESSE EU COMER CHOCOLATES COM A MESMA VERDADE COM QUE COMES! MAS EU PENSO E, AO TIRAR O PAPEL DE PRATA, QUE É DE FOLHAS DE ESTANHO, DEITO TUDO PARA O CHÃO, COMO TENHO DEITADO A VIDA.)

Tabacaria, Álvaro de Campos Heterônimo de Fernando Pessoa


CORRESPONDÊNCIAS SOBRE COMO DIVULGAR EVENTOS NO INTERIOR DE SÃO PAULO de jean souza para babi fontana e victor costa :::20:12 (30 de junho de 2017) assunto: imprensa à deriva escrevi algo, não sei se em tamanho ou tom adequado, avaliem se se encaixa na proposta do catálogo. escrevi meio rápido. então pode haver erros e etc, se decidirem utilizar eu mando uma versão revisada, abs, de babi fontana para jean souza e victor costa :::20:54 (30 de junho de 2017) assunto: re: imprensa à deriva obrigada, meu querido. esse guia politicamente incorreto nos traz pirofagias pulsantes. obrigada por tanto. sim, vamos utilizar no catálogo. beijos,


posfácio: aparelho de rádio sintonizado em emissora recém convertida à pregação

o cenário é porto feliz, distante 118,5 km da cidade de são paulo. estamos em setembro de 2017, e uma assessoria de comunicação procura meios para divulgar intervenção cultural resultado de projeto transartístico que escavou o território imaginário da cidade para buscar suas bordas. surge uma questão: por quais meios porto feliz se comunica?

algum tempo depois, outro acontecimento midiático que poderia passar batido se não fosse este texto: um homem, modelo ano 1990/1991, com direção autônoma e pensamento off-road, apanha da superfície de um balcão um catálogo, idêntico ao que agora está em suas mãos, caro leitor, e após ler a respeito de derivas e outras derivas repousa o olhar sobre uma pequena história cujo tema é a mídia. nesse texto, a partir de seu segundo parágrafo, há uma vaga idealização de como mensagens, símbolos e signos são transmitidos ao longo do tempo, desde os imemoriais, por mediações técnicas, que não são mais do que soluções simples para alavancar a engrenagem que move a humanidade, chamada na última frase desse mesmo parágrafo de comunicação.

uma pequena história sobre a mídia: certo dia um bípede, um pouco parecido com o que você enxerga no espelho hoje e também um pouco parecido com o que um primata do zôo mais próximo vê refletido todo dia ao escovar os dentes e pentear seus cabelos antes de mais um dia de trabalho viu uma fumaça no céu. a mensagem entendida por ele: fogo, próximo. ao se aproximar, havia outros, parecidos com ele, mas sem peles de animais sob o corpo, em volta de uma árvore recém atingida por um raio. diante de crepitações fosforescentes, estalos iluminados, moviam-se na sincronia das línguas de fogo. foi ali, segundo contam pinturas em cavernas ainda por serem escavadas, que aconteceu a primeira performance pirofágica da nossa pré-história. chamas e fumaça se encarregaram de levar, pelo meio a qual tinham acesso, neste caso o céu, a mensagem de que ardiam. trouxeram de volta o olhar do primeiro espectador.

guia politicamente incorreto da solidão contemporânea


à sombra de uma árvore, cansada das escadarias do parque das monções, alguém lê o catálogo rio tietê - outras derivas e pensa na solidão do primeiro espectador.

cristã. o locutor se exalta ao falar da degeneração da arte e pede a prisão de homem que se despiu diante de uma plateia. sentencia: arderá no fogo do inferno, mas antes precisará pagar por seus pecados na terra. com fones de ouvido, uma mulher ignora a profecia que ocupa seu ambiente e digita rapidamente sob a tela de seu telefone: esses viados, putas e maconheiros querem destruir a tradicional família brasileira. recebe gosteis, é isso aí, kkk, e ecoa pelas redes. minha tia, que está bem distante daquela sala, envia mensagem em que alerta sobre a trama de homens maus para tomarem minha casa, que será dividida entre outros homens maus - sem teto e sem moral. sua única recomendação: repasse.


DESENHO laura lydia

laura lydia rj para whatsapp de babi fontana mensagem de aúdio | 02:03 | 24 de junho

desenho, corpo e lugar. existe o lugar do corpo, e o corpo cria lugares; ao existir, ao se mover no espaço. cada gesto, ou antes, cada desejo ou impulso de gesto é um desenho possível que se cria no mundo, enquanto ideia, enquanto matéria. existem os lugares em que o corpo habita, igualmente desenhado ou desdenhável. a criação de um desenho que se inicia aqui, neste convite, e que dará sequência , coletivamente, no parque tal hora tal, sem que seja concluído nesta data e local específicos. esse desenho, ou desenhar, será continuado nos deslocamentos de cada pessoa e na construção ou permanência das relações iniciadas. um desenho afetivo e derivante.



DANÇA babi fontana babi fontana para whatsapp de laura rj mensagem de aúdio | 01:01 | 24 de junho

ontem, no primeiro dia da residência de dança, trabalhei o desenho com eles, isso tá muito na minha cabeça. saíram desenhos e movimentos lindos... e esse lugar do entre, do pré-gesto que gera o desenho, é lindo. o lugar que o desenho é gerado por um lugar antes do movimento. há algo que quero descobrir, que ainda não sei o que é. vontade pq eu acho que tem algo do movimento que vem antes do movimento, que é isso que a gente tem pesquisado nesse trabalho. ontem a gente trabalhou muito com o mapa da cidade. a coisa da dúvida, tanto espacial, como... o risco. percebo como é bonito o movimento que sai da dúvida. do risco. aquele que precede o risco. isso me inquietou muito, ontem à noite, quando eu pedi que traçassem a trajetória que eles fazem no papel, e depois a experimentassem no corpo. tenho também experimentado muito a música eletrônica também como parte da vontade de um corpo em risco, desse caos organizante – várias formas de relacionamento com o conhecimento, envolvendo tempos, espaços, especialidades, generalidades, relações interpessoais e intercontextuais, ausência de hierarquia, ou hierarquia mutante e flexível.


trajetórias movidas por desejo percurso na cidade paisagens possíveis inventadas desejantes um corpo cartográfico, sem legenda no que eu insisto? o olhar como parte do movimento paisagem x instantâneo quanto tempo o movimento permanece e quanto tempo para se instaurar como paisagem? rio como reflexo da cidade velocidade, planos, tons, gestos que te representam, fala e sem fala. essa dança é sobre um lugar ____________________________ corpo espaço agitado calmo solitário agradável fofoca delícia vontade cuidado atrocidade capacidade duplicidade elasticidade ferocidade fugacidade historicidade multiplicidade organicidade periodicidade plasticidade reciprocidade sagacidade simplicidade tenacidade velocidade veracidade vivacidade voracidade



CINEMA cleber avancini de babi fontana para cleber avancini e victor costa :::19:03 (09 de agosto de 2017) assunto: derivas, o filme oi cleber, querido. tudo bem? primeiro queremos dizer que o teu trabalho está delicadíssimo, está sendo um prazer trabalhar assim tão perto. aqui no anexo a primeira parte do roteiro que estamos trabalhando . assim vc ja pode ir decupando (aqui fizemos até o lab. dança): ah, e ficou faltando e precisamos que você nos envie: 1- ensaios teatro 2- ensaios dança 3- sarau 4- dança classica na praça da matriz 5- oficina break 6- intervenções ( somente seus takes separadamente e o drone) 7- capoava (cinema, uxa e cintia ca) 8- cemex (mapas cintia ca) não estou conseguindo abrir naquele formato do drive. conseguiria deixar ja separado esses 8 itens e pegamos contigo no sábado de tarde com o hd? obrigada querido, beijos

___ no anexo: capoava a estética deste trecho (capoava) é de making off: coleta para nós por favor essas cenas de making). arquivo 056 – bárbara saindo do matagal (casarão abandonado + som bruto) arquivo 059 – início do take arquivo 060 – 0:56 até 1:50 arquivo 016 – bárbara árvore (cena que parece justamente um making off ) encontrar mais trechos da capoava (estética making off ) trecho da água (gruta) caminhada alê e ba (gruta) locução deste início: fala sobre o afastamento da cidade para compreendê-la, institucional do projeto oficina ciríaco estética deste trecho (ciríaco): sons da rua. carro, sino, buzinas, motos, etc. som urbano – se possível do próprio bruto. a ideia, cleber, é editar o áudio do ciríaco com os sons (em segundo plano) da rua. trecho do gustavo falando do flanar-derivar 02:05:00 – 02:05:37 | atravessando a rua com o som do sino da igreja (off ciríaco + sons da rua) continua: gustavo falando do flanar-derivar 02:06:32 – 02:06:52 | subida da rua (sons da rua, do próprio bruto) trecho da janela (invenção-paisagem) 02:08:25 – 02:08:49 | pessoal descendo (off ciríaco + sons da rua) continua: trecho da janela (invenção-paisagem) 02:10:38 – 02:11:00 | caminhada noturna (off ciríaco + sons da rua)


02:11:07 – 02:12:16 | caminhada noturna 2 (sons da rua do próprio bruto) oficina alê e ba estética deste trecho (gruta): natureza, mato, verde, água, rio. arquivo 9447 – escadaria (início locução mapas para dançar) arquivos 9445, 9448, 9449, 9454 – take rio-fábrica- vassoura (montar quase como um teaser da performance da vassoura, explorar o som da vassoura) solo thiago com magrinha (locução mapas e trilha de segundo plano: espaço 1, dallanora) take do teaser (tiago no primeiro plano, bá no segundo) – trilha dallanora locução (começa na escadaria, pula o take da vassoura e volta no solo tiago-magrinha): mapas para dançar roteiro lab. dança estética deste trecho (lab.dança) é a sala de ensaios (cleber, corta por favor todas as cenas que tenham teto e janela, o resto podemos explorar: linóleo, faixas no chão, barras, espelhos, paredes brancas). 13:33 – 15:00 | oficina 1 thiago e ba (locução de acordo com bruto) cena cafe muller (achar cena almodovar) cena 4 estações (achar cena win wenders) 38:36 – 40:09 | oficina 4 mapa palavra 00:00 – 00:25 | oficina 4 mapa palavra 30:00 – 30:42 | oficina 4 fila (luis falando sua trajetória 25:34-26:24) 23:14 – 23:28 | oficina 1 pés (trilha, espaço 1, dallanora) 24:35 – 25:32 | oficina 1 espelho (trilha dallanora) 29:08 – 29:23 | oficina 1 parede branca e giovanni (trilha dallanora) 31:00 – 32:51 | oficina 1 plano sequencia câmera baixa (locução corpo-papel) 07:55 – 08:20 | oficina 2 conversa (locução esquecimento) 15:20 – 16:03 | oficina 2 caminhadas (locução esquecimento) 21:26 – 21:52 | oficina 2 fita crepe (locução corpo-espaçoborda-limite) 35:22 – 36:00 | oficina 2 roda 36:30 – 37:04 | oficina 2 pés e pernas final jackson five (áudio: musica 4 estações do filme pina) cartela: tela preta lettering central em branco fonte neutra que gesto representa sua trajetória até aqui¿ 09:17 – 09:58 | oficina 3 plano sequencia (it´s a long way – caetano) – trecho da lagoa


procedimento

3.

CRIAR NOVAS DERIVAS um diagrama é um mapa, uma sobreposição de mapas. e, de um diagrama a outro, novos mapas são traçados. por isso não existe diagrama que não comporte, ao lado dos pontos que conecta, pontos relativamente livres ou desligados, pontos de criatividade, de mutação, de resistência; é deles, talvez, que será preciso partir para compreender o conjunto. em foucault, de gilles deleuze


de ivan vagner para babi fontana :::12:19 (04 de julho de 2017) assunto: relato crítico bom dia bárbara... tudo bem? antes de tudo: obrigado pela oportunidade e perdão pelo deslize. segue meu relato/poesia do projeto e o mini cv. estou certo que o catálogo-arte será pleno. continue a travessia... ocupe o porto: nossa cidade a se mo [ver]. um grande abraço.

outras derivas às margens de um rio uma prosa sonha poesia. pés emaranhados. impetuosos braços abrindo passagens. movimentos antecedendo palavras enroscadas - daquelas de acordar fronteiras. a dança hora cochicho, ruído ou pleno silêncio ocupam o vão de todas as coisas. rastros e percursos respingando no infinito e reverberando o traçado (agora janelas abertas ao mundo). penso: espaço, tempo e pele escapam ao se esconder na linguagem da vida [nossa delirante travessia]... mas esta deriva... ah, esta sabe que na verdade... o corpo é altar. IVAN MARCON. de tatuí (sp). 45 anos. autor do livro em alguma parte inteiro (scortecci2013). vencedor do mapa cultural paulista 2014. tem textos publicados em antologias (virtuais e impressas) no brasil, portugal e espanha. de esdras telles para babi fontana :::17:51 (20 de junho de 2017) assunto: relato crítico boa tarde. minha querida. segue em anexo. bj

de tempos em tempos havemos de mudar o curso de nossa rotina, vislumbrar com algo novo que nos é proposto, partindo de um ponto de repouso, e movimentar-se através de experimentos nunca antes tidos. são infindáveis as maneiras como podemos os derivar, desviando-nos do nosso curso habitual, conhecendo e reconhecendo expressões artísticas, performáticas, com sonetos, poemas, teatro, danças e desenhos, expressar o outro conduzindo a sua mão concomitantemente à do seu parceiro, revelando olhares e sensibilidades nunca antes


atribuídas a nós. a expectativa fora superada, pois derivamo-nos e com maestria, no silêncio, no nada e no tudo, pequeno e intenso, movimentos que sentimos ao nos despertar para outras derivas. e que assim continuemos, causando estranheza, despertando curiosidade, principalmente para o novo, o inusitado – e que o inesperado nos surpreenda, desvendando outros caminhos que nos aponte a arte. ESDRAS TELLES marciano de camargo, 36 anos formado em história pela ceunsp, pós graduando em psicopedagogia clinica, docência bo ensino superior e gestão e coordenação escolar pela campos eliseos.

de gilson g para babi fontana :::17:51 (20 de junho de 2017) assunto: relato crítico olá bárbara! primeiramente, obrigado pela consideração, é uma honra poder fazer um comentário de um trabalho realizado por você e seu pai, sou fã de vocês. gostei muito ! parabéns a você, ao emílio e toda equipe. quanto ao texto, vou tentar passar a minha interpretação daquilo que vi e senti:

formando pessoas da mão de obra “que se utiliza de “ferramentas diárias”, surgem formas e sensações, e do amor, elemento indispensável, assim como a água, que preenche e envolve cada “tijolo” dessa construção humana, edificamos aquilo que somos. surpreendente e fantástico, o espetáculo permite questionar e descobrir novos caminhos. através da poesia, os atores exploram novas possibilidades, saem da zona de conforto e se redescobrem brilhantemente. com uma direção sensível, objetiva e uma proposta inovadora, desperta sentimentos e transporta o seu público a uma nova dimensão, em um momento de reflexão e renovação da vida. GILSON GERALDO, ator.


de jornal pf news para babi fontana :::16:55 (21 de julnho de 2017) assunto: relato crítico babi, segue.

a praça vazia inspirações de uma vertente aquífera a praça vazia, só mais um dia normal na silenciosa porto feliz. meus passos vagarosos transportaram-me para um banco de madeira que circunda uma tentativa falha de copiar alguma fonte europeia. no verão tão esperado pelos povos do hemisfério norte, as crianças e adultos se esbaldam nas águas de suas fontes cheias de história. as autoridades locais proibiram as crianças de brincar com os jatos de água. não queriam aqueles garotos pobres se divertissem em sua infância já castigada com tantas outras desgraças. quem se importa com a diversão alheia? sentado nesse banco de madeira percebi algo me vigiando. uma banheira velha, inerte, pesada e vazia. poderiam as pobres crianças brincar ali? sem água uma banheira não tem muita serventia, tão pouco uma fonte que permanece desligada, contrariando a ideia inicial do arquiteto. alguns dizem que a água é poluída assim como as águas do grandioso rio tiete. o rio que cruza o estado paulista em direção ao centro do brasil, e já foi palco de sangrentas batalhas entre os trabucos e garruchas dos bandeirantes contra as flechas indígenas. piratas de água doce. invadiram terras em busca de riquezas. quem se importa com os índios? quem se importa com a arte? a banheira vazia me fez pensar que a cidade sem arte também não me tem serventia. às vezes me sinto a fonte, às vezes percebo que o que me falta é jorrar minha arte para fora. sem arte me sinto uma banheira vazia no meio de uma praça pública. sinto uma imensa vontade de gritar, sair logo correndo daqui, só daí me lembro que o que me comanda é o cérebro. podemos fazer tudo. não somos obrigados a nada, ou somos? tudo que me faz pensar transformo em arte. o que é arte? socorro preciso comer logo faz dois dias que não saio da praça. a banheira não se encheu com a chuva. a água seguiu seu fluxo através de buracos em sua velha bacia de banho. ganhamos a vida, intactos, quando percebemos nos deram diversos buracos para nossa coleção de grandes feitos. com tantas frestas ainda nos obrigam a transbordarmos.


se não fostes perfeito não te enquadras! porem o fluxo é grande, quanto mais nos furam mais água vertemos. assim como o gigante tietê. porto feliz ganha novos olhares artísticos com a passagem do rio tietê e outras derivas. aquele que dá um passo a frente não está mais no mesmo lugar, já dizia algum poeta que não lembro o nome. algumas sementes foram semeadas, ainda bem que não usam mais água na fonte ou na banheira, assim sobra mais água para regar, mesmo que lentamente a arte em uma cidade que as vezes percebo, esquecida no tempo. que os espaços públicos continuem sendo ocupados. por músicos, arquitetos, dançarinos e poetas. que o velho porto de araritaguaba traga novas ideias. que as crianças possam brincar na fonte da praça da matriz e que eu consiga ver mais vida e arte nas ruas dessa cidadela que tanto gosto. GUS RIBEIRO, músico e escritor.

lucas para whatsapp de victor mensagem de aúdio | 01:07 | 22 de novembro

fala vitão, cara, se eu for parar pensar hoje o que foi para mim o projeto outras derivas, eu posso dizer que foi um negócio muito louco. por que eu entrei meio de paraquedas pra ajudar, mas o envolvimento acabou sendo enorme. e quando eu entrei, eu não tinha ideia do que que era esse projeto, do que que ia acontecer. ensaios de ballet, ensaios de teatro, coisas sobre desenho, eu falava - meu, que que é isso? mas daí você vai vendo tudo aquilo tomar forma. todo o trabalho que tivemos, dias e dias sem parar e aí chega no dia da apresentação, aquela coisa toda formada, tudo junto, todos os fragmentos que trabalhamos durante tanto tempo se juntaram num único sábado e a sensação da realização daquele dia foi algo extraordinário. eu posso dizer que foi algo que eu não vá viver novamente. foi um negócio totalmente surpreendente pra mim. a gente passa a ter um carinho imenso por aquilo. tanto que todo muito, acho que você viu a choradeira que deu no final da realização do evento. o projeto tem um lugarzinho guardado no meu coração por toda a loucura que foi e pela beleza que foi no final. um abração, querido!


PORTO FELIZ ocupamos uma cidade que cresceu às margens de um rio, mapeando afetivamente pessoas e lugares. o desafio agora é contar nossa deriva coletiva numa publicação, um livro-processo: nosso manifesto, um plano-diretor performático de afetos da cidade. vivemos uma deriva coletiva. vários derivantes, vários barcos. em tempos difíceis e sombrios, de linhas retas e de altíssima velocidade, nada mais subversivo e necessário que vibrar em conjunto. há de se ir para a rua. ocupar o espaço público. e produzir encontros com gente – numa cidade, que é do encontro e das gentes.

edição

realização


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