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Janeiro




Sumario Justificativa do Projeto Roteiro Dramático 10 Roteiro Decupado 19 Argumento 29 Sinopse 35 Perfil das Personagens Conceito de som 38 Conceito de Montagem Direção de Produção Cronograma 49 Contatos 55 Direção de Arte 58 Mapas das artes 66 Fotografia 105

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Objetivo O objetivo do projeto Janeiro é produzir um curta-metragem de aproximadamente 15 minutos, que terá três etapas de trabalho: pré-produção, filmagem e pós-produção. A filmagem será feita em película, 35mm. Desta forma, o produto final será: cópias em DvD, uma em DCP e uma em película. Após a finalização, o intuito é divulgar o curta-metragem em festivais nacionais e internacionais; quando finalizado este processo, a obra será disponibilizada gratuitamente pela internet.


Justificativa do Projeto Parece-nos haver alguns conceitos e dicotomias que guiam o curta-metragem, eles são:

Luto (tradicional e digital); Vida real e digital (pela personagem do Carlos); Tempo e memória;

As personagens da obra caminham entre estes temas, que as permeiam completamente. Apesar disto, não nos parece correto reduzí-las a isto: ainda que, no roteiro, as cenas dentro de ambientes privados predominem, é necessário contextualizar o espaço da cidade. Este ponto deve demonstrar como aquela determinada sociedade forma algumas das características das personagens. Por isto, para justificar a coexistência entre pessoas tão opostas como o Carlos e a Maria, nos parece necessário que a cidade em questão esteja em desenvolvimento — o que pode transparecer na rodoviária, em inserts do espaço público, etc. —. Letícia, por outro lado, deve carregar signos de um ambiente mais urbano. Há certa oposição entre a personagem de Letícia e a de Maria. Elas carregam a cruz do progresso e da tradição, respectivamente. Isto se mostra, em especial, através do final: Letícia queima os objetos de Carlos, para poder seguir em frente, e Maria se fecha em sua casa, onde vive apenas de memórias. Por


isto há a referência ao Angelus Novus, de Paul Klee, que se tornou canônico através do texto de Benjamin, que reproduzimos integralmente abaixo: Há um quadro de Paul Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechálas. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso. (grifo nosso) Além de Benjamin, outra referência teórica que temos é o conceito japonês de mono-no-aware, que remete a sensação de uma percepção das coisas através de sua transitoriedade; é uma expressão considerada melancólica, ainda que bela, na língua original. Por esta razão — como já é canônico na cinematografia brasileira — sentimos necessário buscar algumas referências estéticas no cinema oriental. É preciso admitir que nos falta uma referência teórica que trate diretamente da questão do luto e da vida na era digital, isto se dá pelo fato de ainda não existirem estudos de peso nesta área, em geral a Academia se ocupa de temas paralelos a estes. Para além destes temas, é necessário colocar que sempre há um aspecto desconhecido na produção de um filme, em especial quanto o tema é novo, algo a ser descoberto durante as filmagens e a finalização


Roteiro Dramático CENA 1 - EXT. RUA - FIM DE TARDE Uma fumaça preta se dissolve no ar.

CENA 2 - INT. QUARTO DE CARLOS - DIA

Um quadro, com um traço semelhante ao Angelus Novus, de Paul Klee, porém num estilo mais contemporâneo. A imagem é semelhante ao Deus romano Jano. Entra título do filme.

CENA 3 - EXT. RODOVIÁRIA DO INTERIOR - TARDE

O sol está forte. LETÍCIA, 20, está numa rodoviária do interior de São Paulo, carrega consigo apenas uma mochila. Ela está fumando um cigarro. Ela se destaca por sua roupa mais urbana, o ambiente que a circunda é o de uma cidade interiorana. Ela parece desorientada. CENA 4 - EXT. CEMITÉRIO - TARDE Letícia está em frente a uma lápide, na qual está escrito “Carlos Augusto 1991 - 2013”. A mochila de Letícia está aberta, alguns objetos estão em frente à lápide, entre eles


algumas cartas, pequenos bichos de pelúcia e uma pulseira com pingente em forma de coração. Logo sua face se entristece, ela chora de forma contida. Atrás dela aparece MARIA, 53. Maria coloca sua mão sobre o ombro de Letícia, que se vira. MARIA Você é amiga do Carlos? CENA 5 - INT. SALA DE ESTAR - TARDE A sala possui uma decoração simples e vazia. Alguns espelhos preenchem o ambiente. O ambiente está sujo e desarrumado, com poeira e riscos. Na mesa da sala de estar, Letícia mostra, por um tablet, uma print screen dela fazendo um coração com a mão pela tela do Skype numa conversa com Carlos. Ela passa por outras imagens semelhantes. Maria parece triste e chocada. LETÍCIA (possui sotaque mineiro) Ele nunca contou? MARIA (possui sotaque do interior de São Paulo) MARIA (cont’d) ...Por quanto tempo isso? LETÍCIA 8 meses. Mas a gente nunca se encontrou ao vivo. MARIA Ele nunca falou nada... Letícia fica em silêncio, se choca com a fala de Maria. MARIA Tá com fome? Não tem nada, mas posso fazer alguma coisa. Maria se levanta, ela anda até a cozinha ao lado e procura alguma comida.


LETÍCIA Não, não, brigado. Letícia, com raiva, olha para a foto em seu tablet. Maria volta com um recipiente de bolo e o coloca na mesa. Ela se abana com a mão, devido ao calor. LETÍCIA Como ele era aqui? Maria se levanta e vai em direção a um ventilador. Ela tenta liga-lo algumas vezes, mas ele não funciona. Ela abre a janela. MARIA Ele gostava de ficar aqui, em casa mesmo. Letícia faz um olhar de aversão. LETÍCIA Fazia mal ele ficar sempre aqui né? Maria parece surpresa. MARIA Ah, Não. Não... (pausa)A mãe sempre conhece o filho melhor do que ele mesmo, o Carlos estava bem. Letícia acena negativamente a cabeça e quase ri. Letícia e Maria se observam. Silêncio. Maria olha cínica para Letícia MARIA E por que você não veio aqui antes? LETÍCIA E-... não tive tempo, mas... Maria interrompe Letícia. MARIA (desdém) Bem, não tem porque dele contar de um namoro assim.


Letícia fica surpresa. Ela balbucia antes de falar. LETÍCIA Ao menos comigo ele não tinha segredos. Maria está com um sorriso decepcionado. MARIA Mesmo que o Carlos te contasse as coisas, era você que ele escondia. Ou talvez nem fosse tão importante. As duas ficam quietas. MARIA Desculpe, não quis... Elas ficam quietas. Maria anda sem rumo pela sala. Ela para atrás de Letícia. Elas estão de costas uma para a outra. Maria observa um porta retrato de Carlos. Letícia observa seu tablet. LETÍCIA Posso ver o quarto? Maria se vira para Letícia. Maria se mostra incomodada com a pergunta.

CENA 6 - INT. QUARTO DE CARLOS - NOITE

O quarto está perfeitamente arrumado, a cama está feita. O quarto possui uma estante de livros. Há uma mesa, com porta-retratos e um computador, aberto, com uma webcam em cima. Maria está na porta. Letícia entra no quarto com cautela, observa tudo. Letícia passa a mão no computador e pela webcam. Maria faz um gesto interrompido de impedir Letícia. MARIA Cuid-... Letícia sorri amarelo para Maria, que para de falar no meio. Letícia está de costar para Maria.


MARIA O Carlos falava muito de mim? Letícia parece cansada de Maria. Letícia se vira para Maria. LETÍCIA Às vezes. Não muito. Maria parece decepcionada. Letícia olha para uma parede vazia, ela encosta o dedo indicador lá. LETÍCIA (intrigada) Onde ’tá o quadro? Maria parece surpresa com a pergunta. MARIA (constrangida) Co- (pausa) Eu tirei. Nunca foi a cara dele... Letícia lança um olhar revoltado para Maria. Maria se mostra muito constrangida, seus movimentos se tornam artificiais e tensos. Os olhos de Maria estão fixos, olham para o nada. LETÍCIA (irônica) Hmm, claro. Faz sentido. O constrangimento de Maria se torna mais aparente. Maria aperta as mãos angustiada. Ambas ficam quietas. LETÍCIA Posso ficar um pouco sozinha? Maria aperta seus dedos de forma angustiada, ela encosta na parede vazia que Letícia citou. MARIA Maria sai do quarto.


Claro...

CENA 7 - INT. CORREDOR - NOITE

Maria fecha a porta do quarto de Carlos. Ela se encosta na parede do corredor e chora.

CENA 8 - INT. QUARTO DE CARLOS - NOITE

Letícia olha para um porta-retrato de Maria na mesa de Carlos. Ela se senta na cama e pega seu celular, no qual vê antigas mensagens de Carlos. Ela abre sua mochila e retira alguns objetos relacionados ao Carlos, entre eles há a pulseira de coração. Letícia a segura com a mão. Letícia vê o guarda-roupas, arrumado; ela toca numa camisa. Letícia se levanta e vai à mesa, na qual se encontram retratos de pessoas diversas. Perto deles há um espelho, no qual Letícia se observa. Ela parece nervosa. Ela observa sua pulseira de coração. Letícia começa a vasculhar todo o quarto, agora angustiada. Ela abre as gavetas e vê as prateleiras como se procurasse algo. Ela para sua busca, senta-se decepcionada.

CENA 9 - INT. QUARTO DE MARIA - NOITE

Maria está sentada em sua cama. Ela parece triste. Maria, enquanto tira seus brincos e desfaz-se de seus adornos, contempla um retrato de Carlos.

CENA 10 - INT. QUARTO DE CARLOS - NOITE

Letícia liga um ventilador, perto da cama de Carlos, tira a


sua roupa e se deita na cama. Ela aperta-se na cama e se cobre. Por debaixo do cobertor, Letícia começa a se masturbar. Seu rosto possui um misto de prazer e dor. Letícia interrompe a masturbação e se vira para o lado. Sua angústia aumenta. Ela aperta-se no travesseiro. A outra metade da cama está vazia.

CENA 11 - EXT. RUA - NOITE

A casa de Carlos está com todas as luzes apagadas.

CENA 12 - INT. CORREDOR- MADRUGADA

Maria anda até a porta do quarto de Carlos. Ela abre a porta silenciosamente. Letícia está dormindo nua, parcialmente coberta pelo lençol. Maria faz expressão de angústia e repúdio. Maria parece tensa. Ela vai em direção à sala de estar. 5.

CENA 13 - INT. SALA DE ESTAR - DIA

Maria está sentada com um computador antigo na mesa. Letícia chega, vestida. Maria não olha para Letícia, como se não a suportasse. MARIA Você pode me mostrar ele? Letícia, surpresa, move positivamente a cabeça e vai até o computador. Ela mexe nele rapidamente. No computador está o perfil virtual de Carlos, com diversas mensagens de luto de pessoas diversas. MARIA (chorosa) Tem como eu guardar isso?


CENA 14 - EXT. CEMITÉRIO - DIA Uhum.

LETÍCIA (V.O.)

MARIA (V.O.) Ele está tão diferente... O cemitério está vazio. Um cachorro vira-lata passa por ele.

CENA 15 - INT. QUARTO DE CARLOS - TARDE

Letícia coloca a pulseira de coração em cima da mesa de Carlos. Letícia parece irritada. Ela faz o movimento de sair do quarto, mas para ao observar a parede vazia, que antes possuía um quadro. Letícia pega o computador de Carlos eo guarda em sua mochila. Ela recolhe o resto de seus objetos relacionados ao Carlos, com exceção da pulseira, e os guarda na mochila.

CENA 16 - INT. SALA DE ESTAR - TARDE

Letícia chega na sala. Maria faz um movimento que indica para Letícia que ela deve se sentar. O constrangimento de ambas é visível. Maria respira e parece que vai falar, mas se interrompe e não diz nada. LETÍCIA Eu preciso ir já. Maria acena positivamente com a cabeça. Uhum. MARIA Elas se olham, compreensivamente. Antes de Letícia sair,


quando ambas estão de costas uma para a outra, Maria faz o mesmo impulso de falar mas se interrompe novamente. Letícia sai. Maria fica imóvel na sala vazia.

CENA 17 - EXT. RUA - FIM DE TARDE

Letícia fuma um cigarro. Ela coloca sua mala no chão e acende-a com um isqueiro. A mala pega fogo. Letícia chora, observa o fogo e tenta ir embora. A fumaça preta se dissolve no ar.


Roteiro Decupado CENA 1 - EXT. RUA - FIM DE TARDE

P1 - Plano detalhe, câmera acompanha o movimento da fumaça. Uma fumaça preta se dissolve no ar.

CENA 2 - INT. QUARTO DE CARLOS - DIA

P2 - Plano detalhe do quadro, fixo. Um quadro, com um traço semelhante ao Angelus Novus, de Paul Klee, porém num estilo mais contemporâneo. A imagem é semelhante ao Deus grego Jano. Entra título do filme.

CENA 3 - EXT. RODOVIÁRIA DO INTERIOR - TARDE P3 - Plano geral Letícia na Rodoviária, fixo. LETÍCIA, 20, está numa rodoviária do interior de São Paulo, carrega consigo apenas uma mochila. Ela se destaca por sua roupa mais urbana, o ambiente que a circunda é o de uma cidade interiorana. Ela parece desorientada. P4 - Close Letícia, fixo. Ela está fumando um cigarro.


CENA 4 - EXT. CEMITÉRIO - TARDE

P5 - Plano Geral Cemitério, se aproxima lentamente de Letícia, que está de costas para a câmera. Letícia está em frente a uma lápide, na qual está escrito “Carlos Augusto1991 - 2013”. A mochila de Letícia está aberta, alguns objetos estão em frente à lápide, entre eles algumas cartas, pequenos bichos de pelúcia e uma pulseira com pingente em forma de coração. P6 - Close de Letícia. A câmera recua durante o plano, até reenquadrar Maria. Logo sua face se entristece, ela chora de forma contida. Atrás dela aparece MARIA, 53. Maria coloca sua mão sobre o ombro de Letícia, que se vira. MARIA Você é amiga do Carlos?

CENA 5 - INT. SALA DE ESTAR - NOITE

P7 - Plano detalhe da imagem do tablet. Na mesa da sala de estar, Letícia mostra, por um tablet, uma print screen dela fazendo um coração com a mão pela tela do Skype numa conversa com Carlos. Ela passa por algumas outras imagens semelhantes. P8 - Plano detalhe, câmera começa por mostrar o ambiente da casa, o plano anda até enquadrar Maria e Letícia em um Plano de Conjunto quando se dá a fala: “Ah... Não. Bem, não... não saia. (pausa)A mãe sempre conhece o filho melhor do que ele mesmo.” Ao fim, ele reenquadra quando Maria se levanta. LETÍCIA (possui sotaque mineiro) Ele nunca contou? MARIA (possui sotaque do interior de São Paulo)


...Por quanto tempo isso? LETÍCIA 8 meses. Mas a gente nunca se encontrou ao vivo. MARIA Ele nunca falou nada... Letícia fica em silêncio, se choca com a fala de Maria. MARIA Tá com fome? Não tem nada, mas posso fazer alguma coisa. Maria se levanta, ela anda até a cozinha ao lado e procura alguma comida. LETÍCIA Não, não, brigado. Letícia, com raiva, olha para a foto em seu tablet. Maria volta com um recipiente de bolo e o coloca na mesa. Ela se abana com a mão, devido ao calor. LETÍCIA Como ele era aqui? Maria se levanta e vai em direção a um ventilador. Ela tenta liga-lo algumas vezes, mas ele não funciona. Ela abre a janela. MARIA Ele gostava de ficar aqui, em casa mesmo. Letícia faz um olhar de aversão. LETÍCIA Fazia mal ele ficar sempre aqui né? Maria parece surpresa. MARIA Ah, Não. Não... (pausa)A mãe sempre conhece o filho melhor do que ele mesmo, o Carlos estava bem.


Letícia acena negativamente a cabeça e quase ri. Letícia e Maria se observam. Silêncio. Maria olha cínica para Letícia MARIA E por que você não veio aqui antes? LETÍCIA E-... não tive tempo, mas... Maria interrompe Letícia. MARIA (desdém) Bem, não tem porque dele contar de um namoro assim. Letícia fica surpresa. Ela balbucia antes de falar. LETÍCIA Ao menos comigo ele não tinha segredos. Maria está com um sorriso decepcionado. MARIA Mesmo que o Carlos te contasse as coisas, era você que ele escondia. Ou talvez nem fosse tão importante. As duas ficam quietas. MARIA Desculpe, não quis... Elas ficam quietas. Maria anda sem rumo pela sala. Ela para atrás de Letícia. Elas estão de costas uma para a outra. Maria observa um porta retrato de Carlos. Letícia observa seu tablet. LETÍCIA Posso ver o quarto? Maria se vira para Letícia. Maria se mostra incomodada com a pergunta.

CENA 6 - INT. QUARTO DE CARLOS - NOITE


P9 - Plano Geral do quarto. Câmera acompanha o movimento das personagens. O quarto está perfeitamente arrumado, a cama está feita. O quarto possui uma estante de livros. Há uma mesa, com porta-retratos e um computador, aberto, com uma webcam em cima. Maria está na porta. Letícia entra no quarto com cautela, observa tudo. P10 - Plano detalhe da mão de Letícia. 
Letícia passa a mão no computador e pela webcam. P11 - Plano Geral, igual ao plano 10. Câmera acompanha o movimento das personagens, estando mais próxima a Letícia. Maria faz um gesto interrompido de impedir Letícia. MARIA Cuid-... Letícia sorri amarelo para Maria, que para de falar no meio. Letícia está de costas para Maria. MARIA O Carlos falava muito sobre mim? Letícia parece cansada de Maria. P12 - Plano geral, próximo a Maria (funciona como contra-plano ao anterior). Câmera acompanha movimento das personagens, até enquadrá-las junto a parede sem o quadro. Letícia se vira para Maria. LETÍCIA Às vezes. Não muito. Maria parece decepcionada. Letícia olha para uma parede vazia, ela encosta o dedo indicador lá. LETÍCIA (intrigada) Onde ’tá o quadro? Maria parece surpresa com a pergunta.


MARIA (constrangida) Co- (pausa) Eu tirei. Nunca foi a cara dele... Letícia lança um olhar revoltado para Maria. Maria se mostra muito constrangida, seus movimentos se tornam artificiais e tensos. Os olhos de Maria estão fixos, olham para o nada. LETÍCIA (irônica) Hmm, claro. Faz sentido. O constrangimento de Maria se torna mais aparente. Maria aperta as mãos angustiada. Ambas ficam quietas. LETÍCIA Posso ficar um pouco sozinha? Maria aperta seus dedos de forma angustiada, ela encosta na parede vazia que Letícia citou. MARIA Maria sai do quarto.

CENA 7 - INT. CORREDOR - NOITE

P13 - Plano médio frontal de Maria. Maria fecha a porta do quarto de Carlos. Ela se encosta na parede do corredor e chora. Claro...

CENA 8 - INT. QUARTO DE CARLOS - NOITE

P14 - Plano médio de Letícia, a câmera acompanha seu movimento. Letícia olha para um porta-retrato de Maria na mesa de Carlos. Ela se senta na cama e pega seu celular, P15 - Plano detalhe das mensagens. no qual vê antigas mensagens de Carlos. P16 - Plano médio que acompanha o movimento de Letícia. A câmera se aproxima da pulseira até se


tornar um plano detalhe. Ela abre sua mochila e retira alguns objetos relacionados ao Carlos, entre eles há a pulseira de coração. Letícia a segura com a mão. P17 - Plano geral fixo. Há jump cuts entre as ações de Letícia. Letícia vê o guarda-roupas, arrumado; ela toca numa camisa. Letícia se levanta e vai à mesa, na qual se encontram retratos de pessoas diversas. Perto deles há um espelho, no qual Letícia se observa. Ela parece nervosa. Ela observa sua pulseira de coração. Letícia começa a vasculhar todo o quarto, agora angustiada. Ela abre as gavetas e vê as prateleiras como se procurasse algo. Ela para sua busca, senta-se decepcionada.

CENA 9 - INT. QUARTO DE MARIA - NOITE

P18 - Plano médio de Maria, fixo. Maria está sentada em sua cama. Ela parece triste. Maria, enquanto tira seus brincos e desfaz-se de seus adornos, contempla um retrato de Carlos.

CENA 10 - INT. QUARTO DE CARLOS - NOITE

P19 - Plano médio de Letícia. A câmera acompanha Letícia até esta se deitar, depois se aproxima de seu rosto até um close. Letícia liga um ventilador, perto da cama de Carlos, tira a sua roupa e se deita na cama. Ela aperta-se na cama e se cobre. Por debaixo do cobertor, Letícia começa a se masturbar. Seu rosto possui um misto de prazer e dor.Letícia interrompe a masturbação e se vira para o lado. Sua angústia aumenta. Ela aperta-se no travesseiro. .P20 - Plano médio de Letícia, fixo. A outra metade da cama está vazia.

CENA 11 - EXT. RUA - NOITE

P21 - Plano geral da casa, fixo.


A casa de Carlos está com todas as luzes apagadas.

CENA 12 - INT. CORREDOR- MADRUGADA

P22 - Plano médio de Maria. Câmera acompanha Maria de início, se solta dela para mostrar Letícia na cama, em plano geral, e volta a Maria em plano médio. Maria anda até a porta do quarto de Carlos. Ela abre a porta silenciosamente. Letícia está dormindo nua, parcialmente coberta pelo lençol. Maria faz expressão de angústia e repúdio. Maria parece tensa. Ela vai em direção à sala de estar.

CENA 13 - INT. SALA DE ESTAR - DIA

P23 - Plano médio de Maria. Câmera fixa. Maria está sentada com um computador antigo na mesa. Letícia chega, vestida. Maria não olha para Letícia, como se não a suportasse. MARIA Você pode me mostrar ele? Letícia, surpresa, move positivamente a cabeça e vai até o computador. P24 - Close de Letícia, fixo. Ela mexe nele rapidamente. P25 - Plano detalhe do computador. No computador está o perfil virtual de Carlos, com diversas mensagens de luto de pessoas diversas. MARIA (chorosa) Tem como eu guardar isso?

CENA 14 - EXT. CEMITÉRIO - DIA LETÍCIA (V.O.) Uhum.

MARIA (V.O.) Ele está tão diferente... P26 - Plano geral do cemitério, fixo. O cemitério está vazio. Um cachorro vira-lata pas-


sa por ele.

CENA 15 - INT. QUARTO DE CARLOS - TARDE

P27 - Plano detalhe da pulseira. Letícia coloca a pulseira de coração em cima da mesa de Carlos. P28 - Plano médio, segue o movimento de Letícia. Ao fim, fixa o enquadramento na parede. Letícia parece irritada. Ela faz o movimento de sair do quarto, mas para ao observar a parede vazia, que antes possuía um quadro. Letícia pega o computador de Carlos e o guarda em sua mochila. Ela recolhe o resto de seus objetos relacionados ao Carlos, com exceção da pulseira, e os guarda na mochila. A parede vazia sem o quadro.

CENA 16 - INT. SALA DE ESTAR - TARDE

P29 - Plano geral, fixo. Letícia chega na sala. Maria faz um movimento que indica para Letícia que ela deve se sentar. O constrangimento de ambas é visível. Maria respira e parece que vai falar, mas se interrompe e não diz nada. LETÍCIA Eu preciso ir já. Maria acena positivamente com a cabeça. MARIA Uhum. Elas se olham, compreensivamente. Antes de Letícia sair, quando ambas estão de costas uma para a outra, Maria faz o mesmo impulso de falar e para. P30 - Close em Maria, enquadramento pega Letícia indo embora. Câmera se afasta lentamente de Maria. Letícia sai. Maria fica imóvel na sala vazia. CENA 17 - EXT. RUA - FIM DE TARDE P31 - Close Letícia.


Letícia fuma um cigarro. P32 - Plano detalhe da mala. Ela coloca sua mala no chão e acende-a com um isqueiro. A mala pega fogo. P33 - Close Letícia. Se torna plano detalhe da fumaça após Letícia sair. Letícia chora, observa o fogo e tenta ir embora. A fumaçapreta se dissolve no ar.


Argumento Uma fumaça preta se dissolve no ar.

Num quarto há um quadro, com um traço semelhante ao Angelus Novus, de Paul Klee, porém num estilo mais contemporâneo. A imagem é semelhante ao Deus romano Jano. O sol está forte. Letícia, 20, está numa pequena rodoviária de interior, carrega consigo apenas uma mochila. Ela está fumando um cigarro. Ela se destaca do ambiente que a contorna por sua roupa mais urbana. Ela parece desorientada. Um pequeno cemitério de interior. Letícia está em frente a uma lápide, na qual está escrito “Carlos Augusto 1991 - 2013”. A mochila de Letícia está aberta, alguns objetos estão em frente à lápide, entre eles algumas cartas, pequenos bichos de pelúcia e uma pulseira com pingente em forma de coração. O rosto de Letícia logo se entristece, ela chora de forma contida. Atrás dela aparece MARIA, 53. Maria coloca sua mão sobre o ombro de Letícia, que se vira. A primeira pergunta: — Você é amiga do Carlos? Uma sala de estar, ela possui uma decoração simples e vazia. Alguns espelhos preenchem o ambiente. O ambiente está sujo e desarrumado, com poeira e riscos.


Na mesa da sala de estar, Letícia mostra, por um tablet, uma print screen dela fazendo um coração com a mão pela tela do Skype numa conversa com Carlos. Ela passa por outras imagens semelhantes. Maria parece triste e chocada. Letícia pergunta: — Ele nunca contou? — ...Por quanto tempo isso? — 8 meses. Mas a gente nunca se encontrou ao vivo. — Ele nunca falou nada... Letícia fica em silêncio, chocada. Maria diz: — Tá com fome? Não tem nada, mas posso fazer alguma coisa. Maria se levanta, ela anda até a cozinha ao lado e procura alguma comida. — Não, não, brigado. Letícia, com raiva, olha para a foto em seu tablet. Maria volta com um recipiente de bolo e o coloca na mesa. Ela se abana com a mão, devido ao calor. — Como ele era aqui? Maria se levanta e vai em direção a um ventilador. Ela tenta liga-lo algumas vezes, mas ele não funciona. Ela abre a janela. — Ele gostava de ficar aqui, em casa mesmo. Letícia faz um olhar de aversão. — Fazia mal ele ficar sempre aqui né? Maria parece surpresa. — Ah, Não. Não... (pausa)A mãe sempreconhece o filho melhor do que ele mesmo, o Carlos estava bem. Letícia acena negativamente a cabeça e quase ri. Letícia e Maria se observam. Silêncio. Maria olha cínica para Letícia — E por que você não veio aqui antes? — E-... não tive tempo, mas...


Maria interrompe Letícia. — Bem, não tem porque dele contar de um namoro assim. Letícia fica surpresa. Ela balbucia antes de falar. — Ao menos comigo ele não tinha segredos. Maria está com um sorriso decepcionado. — Mesmo que o Carlos te contasse as coisas, era você que ele escondia.Ou talvez nem fosse tão importante. As duas ficam quietas. — Desculpe, não quis... Elas ficam quietas. Maria anda sem rumo pela sala. Ela para atrás de Letícia. Elas estão de costas uma para a outra. Maria observa um porta retrato de Carlos. Letícia observa seu tablet. — Posso ver o quarto? Maria se vira para Letícia. Maria se mostra incomodada com a pergunta. O quarto de Carlos está perfeitamente arrumado, a cama está feita. O quarto possui uma estante de livros. Há uma mesa, com porta-retratos e um computador, aberto, com uma webcam em cima. Maria está na porta. Letícia entra no quarto com cautela, observa tudo. Letícia passa a mão no computador e pela webcam. Maria faz um gesto interrompido de impedir Letícia. — Cuid-... Letícia sorri amarelo para Maria, que para de falar no meio. Letícia está de costas para Maria. Esta pergunta: — O Carlos falava muito de mim? Letícia parece cansada de Maria. Letícia se vira para Maria. — Às vezes. Não muito. Maria parece decepcionada.


Letícia olha para uma parede vazia, ela encosta o dedo indicador lá. — Onde ’tá o quadro? Maria parece surpresa com a pergunta. — Co- (pausa) Eu tirei. Nunca foi a cara dele... Letícia lança um olhar revoltado para Maria. Maria se mostra muito constrangida, seus movimentos se tornam artificiais e tensos. Os olhos de Maria estão fixos, olham para o nada. Letícia pergunta: — Hmm, claro. Faz sentido. O constrangimento de Maria se torna mais aparente. Maria aperta as mãos angustiada. Ambas ficam quietas. Letícia pergunta: — Posso ficar um pouco sozinha? Maria aperta seus dedos de forma angustiada, ela encosta na parede vazia que Letícia citou. — Claro... Maria sai do quarto. Maria fecha a porta do quarto de Carlos. Ela se encosta na parede do corredor e chora. No quarto de Carlos, Letícia olha para um porta-retrato de Maria na mesa. Ela se senta na cama e pega seu celular, no qual vê antigas mensagens de Carlos. Ela abre sua mochila e retira alguns objetos relacionados ao Carlos, entre eles há a pulseira de coração. Letícia a segura com a mão. Letícia vê o guarda-roupas, arrumado; ela toca numa camisa. Letícia se levanta e vai à mesa, na qual se encontram retratos de pessoas diversas. Perto deles há um espelho, no qual Letícia se observa. Ela parece nervosa. Ela observa sua pulseira de coração. Letícia começa a vasculhar todo o quarto, agora angustiada. Ela abre as gavetas e vê as prateleiras como se procurasse algo. Ela para sua busca, senta-se decepcionada. Maria está em seu quarto, sentada em sua


cama. Ela parece triste. Maria, enquanto tira seus brincos e desfaz-se de seus adornos, contempla um retrato de Carlos. No quarto de Carlos, Letícia liga um ventilador, perto da cama de Carlos, tira a sua roupa e se deita na cama. Ela aperta-se na cama e se cobre. Por debaixo do cobertor, Letícia começa a se masturbar. Seu rosto possui um misto de prazer e dor. Letícia interrompe a masturbação e se vira para o lado. Sua angústia aumenta. Ela aperta-se no travesseiro. A outra metade da cama está vazia. A casa de Carlos está com todas as luzes apagadas. Maria, no corredor, anda até a porta do quarto de Carlos. Ela abre a porta silenciosamente. Letícia está dormindo nua, parcialmente coberta pelo lençol. Maria faz expressão de angústia e repúdio. Maria parece tensa. Ela vai em direção à sala de estar. Na sala de estar, Maria está sentada com um computador antigo na mesa. Letícia chega, vestida. Maria não olha para Letícia, como se não a suportasse. — Você pode me mostrar ele? Letícia, surpresa, move positivamente a cabeça e vai até o computador. Ela mexe nele rapidamente. No computador está o perfil virtual de Carlos, com diversas mensagens de luto de pessoas diversas. Maria fica Chorosa. — Tem como eu guardar isso? — Uhum. — Ele está tão diferente... Enquanto elas conversam, o cemitério está vazio. Um cachorro vira-lata passa por ele. No quarto de Carlos, Letícia coloca a pulseira de coração em cima da mesa de Carlos. Letícia parece irritada. Ela faz o movimento de sair do quarto, mas para ao obser-


var a parede vazia, que antes possuía um quadro. Letícia pega o computador de Carlos e o guarda em sua mochila. Ela recolhe o resto de seus objetos relacionados ao Carlos, com exceção da pulseira, e os guarda na mochila. Letícia chega na sala de estar. Maria faz um movimento que indica para Letícia que ela deve se sentar. O constrangimento de ambas é visível. Maria respira e parece que vai falar, mas se interrompe e não diz nada. Letícia fala: — Eu preciso ir já. Maria acena positivamente com a cabeça. — Uhum. Elas se olham, compreensivamente. Antes de Letícia sair, quando ambas estão de costas uma para a outra, Maria faz o mesmo impulso de falar mas se interrompe novamente. Letícia sai. Maria fica imóvel na sala vazia. Na rua, Letícia fuma um cigarro. Ela coloca sua mala no chão e acende-a com um isqueiro. A mala pega fogo. Letícia chora, observa o fogo e tenta ir embora. A fumaça preta se dissolve no ar.


Sinopse Numa cidade do interior paulista, Letícia, jovem urbana de 20 anos, vai visitar o túmulo de seu falecido namorado virtual, que nunca viu pessoalmente, Carlos. No cemitério, ela encontra Maria, 53 anos, mãe do menino. A ação, a partir de então, se dá na casa de Maria. De início elas tentam processar o luto, rememorando a figura de Carlos, mas logo percebem que o conhecimento que cada uma tem desta pessoa é diverso, o que dá início a um conflito entre as lembranças de ambas. Letícia, além disto, se sente ofendida pelo fato de Carlos não haver contado a sua mãe do relacionamento que eles tinham; Maria, por outro lado, se sente excluída da vida do filho. Soma-se a isto o fato de que Maria haver tirado um quadro do quarto do filho, o que incomoda Letícia, pois esta considerava o objeto de grande importância para o falecido. Letícia tenta processar seu luto no ambiente do quarto de Carlos, local que nunca esteve antes, porém que conhece profundamente, devido a fotos e conversas de vídeo. Letícia procura objetos relacionados a ela, mas não encontra, como se o relacionamento sequer houvesse existido. Sozinha no ambiente, ela tenta masturbar-se no intuito de cessar a dor e tentar, de alguma forma, um contato íntimo com Carlos. Ela não consegue


completar o ato e sente-se profundamente angustiada. Ela cai no sono no quarto de Carlos. A oposição entre as duas personagens se apazigua um pouco quando Maria pede à Letícia que lhe mostra o perfil virtual de Carlos. Neste se vêem diversas mensagens de luto, postada por amigos, o que emociona a mãe do falecido. Apesar de ambas não estarem em posições opostas, elas ainda não conseguem se conciliar. Letícia decide ir embora, mas, antes, ela coloca um pequeno objeto seu (relacionado ao namorado, uma pulseira com um pingente) no quarto de Carlos e guarda o computador dele em sua mochila. Ao final, as personagens tomam caminhos opostos: Maria guarda toda a memória do filho, o quarto inteiro arrumado e, agora, o perfil virtual, enquanto Letícia decide queimar sua mochila, que continha seus objetos relacionados ao Carlos e, também, o computador dele.


Perfil das Personagens Letícia referência para a personagem da Letícia.

Letícia, 20 anos, nasceu em Belo Horizonte, e lá reside. É branca, de corpo físico regular e cabelos curtos; ainda que quieta e de poucos gestos, age com naturalidade. É estudante de Arquitetura na UFMG, está inserida num grupo urbano alternativo, e se veste desta maneira - porém não de forma chamativa. É de uma família de classe média, seus pais são abertos e receptivos. O grupo social em que Letícia se insere em Belo Horizonte é caracterizado por uma liberdade pessoal, social e sexual. É o meio em que Letícia se sente mais acolhida, ainda que ela seja algo tímida. Dentre suas amigas, Letícia é a que menos faz sexo - não por falta de desejo, mas pela timidez citada e, também, por um leve problema de autoestima que possui. O humor de Letícia varia com o tempo, é flutuante. Em geral, ela é uma pessoa que se interessa mais pela personalidade da pessoa do que pelo perfil físico - o que não significa que ela não sinta tesão corporal apenas. Letícia é uma nativa digital, a internet lhe é muito natural. É ativa em diversas comunidades virtuais, em geral relacionadas a arte, arquitetura e conservação cultural. Não faz grande diferenciação entre sua persona online e


sua vida física. Por volta de seus 17 anos, iniciou um namoro com José, 18, em sua cidade. O relacionamento durou 2 anos e meio, terminou devido as diversas infidelidades que Letícia sofreu (e, nas primeiras vezes, perdoou). Com isto, ela se fechou para qualquer tipo de relação amorosa. Letícia começou a ser mais presente nas comunidades virtuais: era um tipo de relação que lhe parecia mais fácil. Seu namoro com Carlos começou 6 meses após o término com José. O relacionamento de Letícia e Carlos foi relativamente conturbado. De início, eles se falavam todos os dias pelo computador e por telefone. Após alguns meses, porém, Letícia voltou a se interessar na vida social em sua cidade, o que levou a um pequeno distanciamento seu de Carlos, mas o relacionamento não chegou a terminar. Já com 6 meses de namoro, ambos voltaram a se falar mais - como se estivessem se conhecendo novamente pela primeira vez. Isto se deve ao fato da Letícia ter mudado, durante o período em que estava mais aberta, e também por conta do Carlos ter se aberto mais ao mundo neste período. Eles estavam no auge de sua relação quando Carlos faleceu. Letícia sentiu, além de dor, culpa. O casal não teve a oportunidade de se conhecer ao vivo, quando tentaram combinar pela primeira vez (e chegaram a marcar uma data), houve a crise no relacionamento. Carlos faleceu 2 semanas antes da segunda data que ambos marcaram para se encontrar. Apesar de ter uma preocupação social e cultural forte, Letícia não é militante. Não lida bem com situações de tensão, não sabe agir direito quando contrariada. Possui diversas idéias, mas nunca as põe em prática. Do ponto de vista profissional, o objetivo de Letícia é trabalhar na área de restauração cultural; do ponto de vista pessoal, pretende fruir do quanto for possível de arte.


Maria

Luah Guimarães, uma atriz de referência para a personagem.

Maria, 53 anos, é a mãe de Carlos. É uma mulher de aparência forte e vaidosa, porém não está dentro do padrão de beleza feminino. É de gestos abertos e fortes. Sempre viveu no interior de São Paulo, nasceu numa família de poucos recursos. Ela se casou com um homem mais abastado e, desde então, possui uma vida econômica estável. Após 17 anos de casada, o marido de Maria pediu-lhe divórcio. Ela se culpa por este evento, ainda que seu marido possuísse uma amante. Desde então, Maria recebe pensão de seu ex-marido, o que lhe ajuda a ter uma vida mais confortável. Maria foi, desde cedo, professora em uma pequena escola de sua cidade. Era rígida e austera. Após sua separação, ela continuou com o trabalho, que lhe permitia sustentar melhor o filho. 2 anos antes de Carlos falecer, Maria se aposentou. A relação de Maria com Carlos sempre foi boa. Ela faz o papel de uma mãe protetora. Maria, porém, possui uma dificuldade em enxergar as opiniões dos outros como válidas, sua mente é fechada. Apesar de ter sido próxima ao filho, Maria se culpa pela sua relação com ele: não se considerou uma mãe boa o bastante. Maria não abria espaço para que seu filho falasse muito. Nos 2 anos que conviveu com o filho, após ela ter se aposentado, passou a protegê-lo ainda mais. Quando Carlos passou a sair mais - no fim de seu relacionamento com Letícia - Maria se incomodou, queria-o por perto. Não por possessividade, mas por afeto e instinto materno. Maria não se identifica com a sociedade que a circunda, ainda que goste da cidade onde mora. Ela se sente


superior às outras pessoas. Maria, apesar disso, não se considera uma ótima pessoa - mas não vê nos outros a mesma força pessoal que ela tem.

Carlos

Carlos sempre teve uma vida economicamente confortável. Isto, porém, não o impediu de ter seus conflitos. Era uma pessoa excluída socialmente, que viu na internet um meio de incluir-se em algum grupo. Desta forma, os meios digitais, para ele, são de importância absoluta. As roupas de Carlos não são chamativas. Ele era um intelectual, adorava ler, mas mais para desvendar seus próprios conflitos internos do que para compreender o mundo. A separação de seus pais lhe foi marcante; Carlos passou a ver cisões em todos os pontos: real x digital, verdade x mentira, entre outras. Isto se reflete no quarto de Carlos. O meio social de Carlos, em sua cidade, se resumia a três amigos, todos também dominados pela vida digital. Em seu relacionamento com Letícia, Carlos a princípio foi extremamente ciumento: era a primeira vez que havia uma mulher que se importava com ele. Com o tempo, e o incentivo de Letícia para que isso acontecesse (direto ou indireto), Carlos passou a sair mais em sua cidade. Ele virou uma pessoa mais aberta. Sua morte veio quando, ao sair com os amigos para ir a um bar, sofreu um acidente automobilístico. Carlos costumava fugir dos problemas que o cercava. Assim, se alguém falava algo que ele discordava, sua reação natural era mentir, para ser aceito por esta outra pessoa. Carlos acabou por criar-se socialmente em cima de mentiras, o que o levou ao conflito pessoal anteriormente citado.


Conceito de som

Para a construção sonora do curta Janeiro, nós pretendemos utilizar uma trilha sonora estritamente não musical; o aspecto que mais marca na narrativa desse curta é a presença ensurdecedora do vazio, seja ele o vazio existencial das personagens, seja o silêncio efetivo que se dá a cada vez que o assunto entre Letícia e Maria morre. Acreditamos que única forma de mostrar esse vazio, de dar ritmo e ambiência adequados ao filme, deva ser com a utilização extensiva de sons incidentais, sem trilha musical. Ao longo do curta, temos um aumento constante da angústia da protagonista, que será acentuada pelo silêncio que se configura na maior parte do filme. Para dar mais ênfase a esse silêncio, nossa ideia é intercala-lo com momentos em que os sons incidentais aumentam momentaneamente em intensidade. No lado de fora da casa, temos uma grande variedade de sons; motores de carro, latidos, passos, vento nas folhas, sons de uma construção ao longe. A rodoviária e o cemitério, com seus ambientes sonoros ricos em ruídos, serão colocadas


como contraposição ao silêncio sepulcral da casa de Maria. Diante da crescente desconstrução da imagem idealizada de Carlos, fica cada vez mais aparente a desolação de Letícia também por meio do abandono sonoro. Em pontos-chave, de acordo com a mudança nas imagens mostradas ou com o diálogo, criaremos pequenos pontos de ruídos, vozes ou carros do lado de fora, para que possamos lembrar que o mundo ao redor da casa ainda existe, mas esses sons são prontamente soterrados pelo silêncio, que se intensifica de forma gradativa. Conceitualmente, os sons servem como representação da capacidade que a protagonista tem de sentir. Cada memória retomada por Letícia será acompanhada por um som apropriado, seja ele uma risada ou simplesmente o barulho de um teclado de computador quando são retomadas as mensagens que os namorados virtuais trocavam. O silêncio, que teima em tomar o foco, é algo que incomoda, que aumenta a consciência da passagem do tempo. Um exemplo excelente dessa utilização dos ruídos incidentais é o filme Stalker, de Tarkovski: a angústia e aflição crescentes, ainda que em outra escala, podem ser construídos com base em ruídos extremamente simples como gotas de água caindo ou o uivo sutil do vento. O roteiro do curta metragem é construído de forma a espelhar todos os seus conceitos-chave; as imagens invertidas de Letícia e Maria, a oposição entre o real e o virtual. O início do filme, que mostra fumaça negra no ar, é um prenúncio do plano final do filme. Em ambos, a trilha deve ser o mais minimalista possível, o ápice da perda da identidade de Carlos na mente de Letícia: sem apresentar sequer sons incidentais, a fumaça flutua com um apito praticamente inaudível, clímax de tensão máxima do vazio do filme.


Conceito de Montagem Para conseguir abarcar os conceitos principais do filme, como a cisão entre o real e o digital, e o luto no âmbito da montagem e explorar essa dualidade em nossa relação com o tempo, as memórias e as imagens pessoais, será utilizada uma lógica baseada na caracterização e na desconstrução da narrativa convencional; o nível da desconstrução varia de acordo com as necessidades imagéticas e emocionais ao longo do filme. O filme será baseado em planos longos e sem grandes movimentações para criar momentos contemplativos; os diálogos e grande parte das cenas podem ser resolvidos com planos sequências mais gerais que abarquem toda a ação no quadro. O conflito geracional entre Letícia e Maria será demonstrado na montagem por meio da exploração de longos momentos de silêncio no diálogo, sem a necessidade de se colocar uma estética baseada no plano/contra-plano para se estabelecer a oposição das personagens. Esses planos longos representariam a nossa percepção natural do ambiente e da passagem do tempo, uma visão natural, realista.


A desconstrução narrativa previamente mencionada se dará por meio da representação da psique de Letícia, sua vida interna, sentimentos e memórias; não somos capazes de racionalizar e compreender tudo o que sentimos, não lembramos de tudo, pois nossa mente seleciona detalhes que considera mais relevantes para guardar de forma quase caótica, extremamente fragmentada. Consideramos que essa fragmentação pode ser relacionada com a grande fragmentação que a era digital propõe; a enxurrada de informação, o hyperlink e a acessibilidade criam uma lógica anti-racionalista, ao mesmo tempo extremamente passional, idealizada e fria, pois cada relação significa menos quando nos afogamos em um número crescente de estímulos. Imageticamente, essa ideia será resolvida por meio de inserts de curtíssima duração que serão representações diretas do processo de livre-associação (representativo tanto do subconsciente humano quanto da ideia de hipertextualidade) de Letícia, a personagem principal.

O resultado da sobreposição dessa lógica à narrativa clássica será um filme com uma estética mista; um plano longo e sem grandes movimentações compõe o realismo da cena. Os diálogos entre as personagens serão mostrados de forma integral, com todos os silêncios, pequenos erros e falhas de comunicação a que estão sujeitas conversas normais. Mas ao mesmo tempo estamos sujeitos às emoções da protagonista, que podem transbordar para a tela a qualquer momento. Quanto mais propensa à melancolia, quanto mais à flor da pele estiverem os sentimentos da personagem, maior o número de intervenções. No início do filme, Letícia passa pelos primeiros


estágios do luto; ainda está em negação, presa aos objetos que simbolizam sua relação com Carlos. As cenas da estação de ônibus e do cemitério, feitas com um ou dois planos cada, serão entrecortadas por detalhes do colar que Letícia ganhara de Carlos, de trechos de mensagens e cartas, fragmentos de conversações de menos de um segundo, fotos da internet e até, eventualmente, o som de uma batida de carros. Sem a necessidade de grandes explicações, é possível mostrar a nível sentimental o contorno da relação entre os dois e do motivo geral pelo qual Letícia está em luto. Durante o segundo momento do filme, quando Letícia e Maria conversam na sala, as intervenções serão gradualmente mais espaçadas entre si, restritas à pontos-chave do diálogo, onde um assunto ou palavra desperta a memória de Letícia para alguma característica de sua relação com Carlos. Por ser baseada na livre associação, essa característica pode se dar tanto na confirmação como na negação do que acaba de ser dito, ou mesmo apenas em um assunto vagamente relacionado; se, por exemplo, Maria comenta que Carlos era um garoto quieto, poderíamos mostrar um momento em que Carlos se mostrara envergonhado em uma conversa por computador com Letícia, mas também seria possível mostrar um trecho de mensagem de texto em que ele comenta o quanto ele gosta de sair pela cidade. Também podemos mostrar pequenos detalhes do quarto de Carlos, sempre vistos do mesmo ponto de vista, a webcam.

No terceiro momento do filme, que se passa no quarto de Carlos, Letícia passa por um processo mais intenso de desconstrução da imagem ideal que tinha do namorado. Acho interessante que os planos mais lon-


Direção de Produção (Metodologia) A metodologia para a direção de produção do curta metragem “Janeiro” se baseia nos princípios básicos da hierarquia da práxis cinematográfica, ou seja, a produção se encarregará das funções burocráticas e será, juntamente da assistência de direção, a ponte mediadora entre as equipes e o diretor. Pelo teor do curta, é necessário que haja uma certa preocupação com a concentração das áreas artísticas (som, arte, fotografia, montagem e direção), por isso, entendo que nossa equipe precisa trabalhar sempre respondendo as questões mais burocráticas relacionadas a orçamento e cronograma ao produtor, poupando o diretor de preocupações distintas à concepção artística do filme. Sendo assim, a produção fica responsável pela realização de reuniões gerais e setoriais durante a pré-produção, e também por coordenar as funções de cada um, propondo prazos e exigindo dinâmica de equipe.


As reuniões da pré-produção serão realizadas constantemente: três reuniões gerais semanais (segundas-feiras com o professor Mario Saladini, quartas-feiras com o professor Humberto Neiva, e sextas-feiras com os membros do grupo), desta forma, a equipe se integrará melhor com o projeto e com seus membros, além de se comprometerem com os prazos finais da criação e do desenvolvimento do conteúdo artístico – dramaturgia, composição, movimentos de câmera, etc... Após o período de preparação conceitual, reuniões setoriais serão marcadas conforme a demanda exigida para a pré-produção.

(Estratégias) O filme pretende ser um dos primeiros a serem rodados, pois será uma produção relativamente pequena, e, por ser filmado em película 35mm, agilizaremos o processo de pós-produção, uma vez que teremos o material bruto revelado antes do termino do semestre. Temos a intenção de trabalhar com uma equipe reduzida e dentro de uma lógica de filme-viagem, ou seja, filmaremos em alguma cidade do interior de São Paulo (Embu das Artes, Morungaba e Paulínia), com toda a equipe trabalhando junto e sem as preocupações e intempéries de uma cidade grande (atrasos, estresses...). As locações, porém, estão sendo definidas, e caso as cidades citadas acima caírem, temos duas opções de fácil acesso à equipe: uma é na cidade de Americana, e a outra em São Paulo. Dessa forma, tentaremos construir um set mais concentrado, dando ênfase maior à direção de atores e aos ensaios.


Quanto as questões orçamentárias, uma planilha acadêmica foi definida de acordo com a soma dos orçamentos de cada setor, e uma planilha “real”, a qual está mais de acordo com a produção, também foi definida. Tentamos financiamento através de patrocínios via lei de incentivo - ProAc ICMS; O projeto foi encaminhado à CAP na Secretaria de Cultura do governo do Estado de São Paulo, e aguardamos aprovação. Além disso estamos rifando cosméticos, e mais posteriormente iremos rifar uma garrafa de whisky. Também iremos promover bazares e festas para angariar fundos. Outras opções seriam a negociação de descontos com fornecedores de alimentos e bebidas oferencendo como contrapartida a aparição da logomarca da empresa nos créditos do filme. Após a filmagem iremos recorrer à algum tipo de financiamento coletivo “crowdfunding” (catarse, sivite, etc...), para realizarmos a pós-produção e a cópia em 35mm do filme.




Cronograma 02 meses de pré-produção A qual as seguintes atividades serão realizadas:

Pesquisa de locação em cidades do interior de São Paulo como Itatiba, Morungaba, Americana, Avaré, Paulínia, entre outras... Elaboração de roteiro – com orientação dos professores de roteiro da instituição de ensino. Seleção de elenco final. Idealização de direção de fotografia e arte – o diretor de arte, diretor de fotografia, cenógrafo, figurinista e seus respectivos assistentes irão se reunir com a equipe de direção para definir os conceitos e os rumos da direção de arte e fotografia. Produção da arte e dos figurinos – objetos de cena, cenários, props, compra de materiais, confecção e ajustes, além da pesquisa e definição de locações. Preparação e ensaios – serão definidas análises técnicas do roteiro, ordens do dia e ensaios frequentes com os atores e a direção.


02 semanas de filmagem Serão realizadas as filmagens no período de 02 semanas (12 dias) com o objetivo de ao final deste período obtermos o material bruto necessário.

03 meses de pós-produção A pós-produção será realizada com o acompanhamento da instituição de ensino e através de laboratórios como CineColor. Pretendemos realizar as etapas de montagem, correção de cor e sonoplastia em ambos os formatos (digital e 35mm) tendo como produto ao final do processo o filme em 35mm, DCP, HDCam e ProRes. Após finalizado, o filme será enquadrado em diversos festivais nacionais e internacionais, e após este período será disponibilizado na internet.


Cronograma Geral FILME: JANEIRO

CRONOGRAMA

Diretor: João Lyra Inicio do projeto: 01/04/2014 Termino do projeto: 16/06/2014 Duração do projeto: 3 meses QUANT. MESES

MÊS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

ANO

DESCRIÇÃO ATIVIDADES 1 DESCRIÇÃO ATIVIDADES 2 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2015 2015

Pré-­‐Produção Pré-­‐Produção Pré-­‐Produção/Entrega Preparação Filmagem Telecine Pos-­‐Produção Pos-­‐Produção Pos-­‐Produção Férias Entrega

conceitos, assistentes, referencias, roteiro final análise técnica, roteiro decupado, desenho de produção locação, produção de arte, equipamento

1 -­‐ Pré-­‐Produção/Preparação (Duração 3 meses) 2 -­‐ Filmagem 3 -­‐ Pós-­‐Produção

Cronograma pré-producão FILME: JANEIRO

CRONOGRAMA -­‐ pré-­‐produção

DIAS 03/04-­‐11/04 12/04-­‐18/04 19/04-­‐25/04 26/04-­‐30/04 01/05-­‐08/05 09/05-­‐15/05 16/05-­‐22/05 23/05-­‐31/05 TAREFAS Abril Maio Início do Projeto de Captação de recursos Envio do projeto para lei de incentivo Aprovação do Projeto Registro do Projeto na CVM PREPARAÇÃO Decupagem do Roteiro 23-­‐Apr Análise Técnica do Roteiro Pesquisas Orçamento Definitivo Locações Teste de Elenco Diagramador 14-­‐Apr Conceitos 14-­‐Apr PRÉ-­‐PRODUÇÃO Contratação equipe técnica Aluguel da locação Comprar Negativos Ensaio do Elenco Planta baixa Produção Objetos e Cenário ENTREGA Entrega do boneco 21-­‐May Devolução do boneco canetado 28-­‐May Envio à gráfica Retirada da gráfica Entrega do livro na FAAP


Cronograma filmagem FILME: JANEIRO DIAS PRODUÇÃO Checagem de todos itens para a filmagem Filmagem DESPRODUÇÃO Devolução de Equipamento Viagem dos atores Preparação de cartas de agradecimento POS-­‐PRODUÇÃO

Agosto 11-­‐Aug

12-­‐Aug

Cronograma mês a mês Maio Domingo

Segunda

Terça

Quarta

Quinta

Sexta

Sábado

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29

30

1

2

3

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5

6

7

8

9

10

11

12

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14

15

16

17

CADERNO DE ARTE CADERNO DE ARTE (JULIA, BRUNI, JOAO, (JULIA, BRUNI E JOAO) VINI, CAROL, NATY)

18

19

20

21

PLANTA BAIXA FOTO PROJETO IMPRESSO (NATY); RETOMAR UNIFICAÇÃO (TODOS) UNIFICAÇÃO (TODOS) ENTREGA BONECO CONCEITOS (TODOS) (TODOS) PLANILHAS (VINI) 25

26

DEADLINE DATA DO CASTING NA ESCOLA SP

27

28

DEVOLUÇÃO DO PROJETO CANETADO

CADERNO DE ARTE (TODOS) - REUNIÃO PLANTA - MANHA; PLANTA BAIXA FOTO SALADINI ENTREGA DE REDECUPAGEM E (NATY); RETOMAR TUDO! REDECUPAGEM ANALISE TECNICA CONCEITOS (TODOS); (JOAO, CAROL, NATY) PLANILHAS (VINI) E ANALISE TECNICA (NATY, CAROL, JOAO) 22

23

VIAGEM A PAULINIA 29

24

DEADLINE PAULíNIA E EMBU DAS ARTES

30

REVISÃO

31

REVISÃO

Notes: CADERNO DE ARTE: REFERENCIA, PALETAS, BOARDS DOS PERSONAGENS, TUDO, ABSOLUTAMENTE TUDO PLANTA: IDEALIZAÇÃO DA PLANTA DA CASA PLANTA BAIXA: DECUPAGEM DA FOTO E DIREÇÃO UNIFICAÇÃO: PERIODO DE CAOS NO QUAL TODOS DORMIRÃO JUNTOS PARA UNIRMOS E DEFINIRMOS O LAYOUT DE ENTREGA DO BONECO

REVISÃO


Junho Domingo

Segunda

1

Terça

2

REVISÃO

Quarta

3

5

REVISÃO

REVISÃO

9

10

11

PESQUISA DE LOCAÇÃO

PESQUISA DE LOCAÇÃO

RETIRADA DA GRÁFICA

16

17

18

8

15

REVISÃO

23

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COPA 29

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REVISÃO 12

19

1

GRÁFICA

21

DEADLINE ATRIZES

COPA

COPA

27

3

28

COPA

ENSAIO

2

14

ENTREGA PROJETO FINAL 20

26

ENSAIO

Sábado 7

13

COPA

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ENSAIO

Sexta 6

CASTING

COPA 22

Quinta

4

COPA

4

5

COPA Notes:

Julho Domingo 29

Segunda 30

Terça 1

Quarta

Quinta

Sexta

3

4

5

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25

REVELAÇÃO RIFA LANCOME COPA 6

7

8

13

14

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COPA

COPA

DEFINIR CATTERING

20

21

ENSAIO

27

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ENSAIO

30

DEFINIR CARRETO

Notes:

COPA

DEADLINE LOCAÇÃO

ENSAIO

29

COPA

COPA

DEFINIR CATTERING

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Sábado

2

ENSAIO

31

DEFINIR CARRETO

26

ENSAIO

1

2


Agosto Domingo

Segunda

Terça

Quarta

Quinta

Sexta

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1

3

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5

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7

8

PRODUÇÃO ARTE

PRODUÇÃO ARTE

13

14

FILMAGEM

FILMAGEM

20

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Sábado 2

DEFINIR CARRETO

PRODUÇÃO ARTE

10

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RETIRADA DE EQUIP. 17

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PRODUÇÃO ARTE

12

FILMAGEM 19

FILMAGEM FILMAGEM FILMAGEM 24

25

INICIO POSPRODUÇÃO

Notes:

26

FILMAGEM 27

DESPRODUÇÃO

28

9

PRODUÇÃO ARTE

15

FILMAGEM 22

DEADLINE PRÉ

16

FILMAGEM 23

DEVOLUÇÃO DE EQUIP. 29

30


Contatos FILME:

JANEIRO

CONTATOS

EQUIPE FUNÇAO DIREÇAO 1º ASS. DIREÇAO DIR. FOTOGRAFIA ASS. FOTOGRAFIA DIR. DE ARTE DIR. DE ARTE ASS. DE ARTE ASS. DE ARTE ASS. DE ARTE FIGURINISTA PROGRAMA VISUAL DIR. DE SOM ASS. DE SOM DIR. DE PRODUÇÃO PRODUÇAO BASE PRODUÇAO SET MONTAGEM ASS. DE PRODUÇÃO ASS. DE PRODUÇÃO ASS. GERAL / MKG OF

NOME João Lyra Carolina Dellanina Nathália Lukjanenko Tania Campos Brunella Martina Julia Gimenes Marina Malheiros Isis Caroline Ayesca Ariza Flávia Salama Victoria Carvalho Mirela Cabral

TEL 11 22830880 11 35676017 11 47712326

Vinícius Lopes Biela Flávio Isawa Mariana Pereira Caio Romano Guerra Leonardo Tiene João Marcondes

-

NOME

TEL

CELULAR 11 992591506 11 971268007 11 998997284 11 94970 0398 11 961513377 11 998068866 11 968764868 11 976264443

RG 52.293.279-0 48.727.437-4 34.327.533-8 45.776.377-2 61.058.474-43 32.170.093-4 50258947-4 49.154.039-5

11 994472719 11 55391027 11 999863666 37.625.551-4 11 991919043 11 78107496 35.183.376-6

11 35861490 11 32831302

11 11 11 11 11

957086659 35.291.107-4 989399154 97648 3331 55.658.236-6 985261879 36.515.648-6 976526968

CPF 388.815.288-78 418.379.888-46 399.008.998-65 347.542.668-46 028.358.030-50 379.382.678-30 431203448-69 397.253.768-97

MATRICULA 41115564 41111704 41115890 41215232 41123419 41114517 41215331 41316586

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ELENCO PERSONAGEM MARIA LETÍCIA

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Direção de Arte (Introdução) O roteiro de Janeiro é um ensaio a respeito do luto e da memória. Embasado na dicotomia existente entre as diferentes visões sobre a transitoriedade da vida. Comparando passado e presente, o filme visa a reflexão acerca das diferentes maneiras de lidar com a morte. E para isso, se vale de um embate entre ritos de passagem brasileiros antigos (de tradição ibérica), com as novas formas de relacionamento criadas através da internet. A concepção da arte deve se basear no preceito japonês do mono no aware, que compreende o conceito da melancolia do passar do tempo, a erosão que deixa no âmago do individuo. Assim, iremos compor cada ambiente de maneira que seja tangível o rastro do passar dos


anos. Os objetos de cena evidenciarão o desgaste pelo uso e a dimensão do antigo pautará a composição em vários aspectos, explorando a composição de texturas. Outro fator importante no conceito será trabalhar com a sombra como elemento cênico. Através do aprofundamento no trabalho de Junichiro Tanizaki, mais precisamente seu livro intitulado “ Elogio da Sombra”, concluímos que devemos tentar compreender a profundidade do não iluminado, do escuro, invisível, e trabalhar em favor disso, pois essa circunstância é um fator decisivo na dimensão dramática pretendida. Como Junichiro propõe em seu trabalho : “ A beleza inexiste na própria matéria, ela é apenas um jogo de sombras e de claro escuro surgido entre matérias”. Assim, nossa referência visual para os aspectos acima é a obra de Francesca Woodman, que constrói uma atmosfera com a qual queremos dialogar.

Francesca Woodman - House series (referência de texturas)


A arte terá uma abordagem naturalista, aproximada da realidade vivida pelas personagens, tanto no que diz respeito ao figurino, quanto a cenografia. Sendo que, no caso da cenografia, os ambientes estarão mais associados ao contexto de Maria, mãe de Carlos, já que boa parte da ação do filme se dá dentro de sua casa. Além disso, a casa onde morava Carlos deve representar também o único ponto de contato entre Letícia e a existência física de seu namorado de internet e, por isso, deve ser marcado por rastros da trajetória de vida do personagem. Sob este aspecto torna-se importante também a construção imagética do quarto de Carlos, aonde sua vida material permanecerá intacta em seus antigos objetos Com estes traços de sua vida “real” contrastarão também objetos estrategicamente localizados no campo visual da webcam de Carlos, que representarão a construção de sua persona cibernética por ele próprio. Ademais os objetos que permeiam o universo das personagens são de grande importância, dado que irão revelar o contraste entre essas mulheres. Porém, vale ressaltar que a intenção da arte é distanciar-se de possíveis exageros na construção deste ambiente e que a arte aqui não deve ser um fator que sobressaia, dando espaço e sendo sutil para dar enfase ao desenrolar narrativo.


(Figurino) Maria

Referência Maria

O vestuário de Maria, assim como os elementos de sua casa, devem evidenciar a tradição iberoamericana católica, que rege seu modo de agir e pensar, além de demonstrar uma visão de mundo um tanto obtusa, limitada por seu modo metódico. Assim, a limpeza e organização caraterizarão tudo o que for relativo à Maria, evidenciando sua necessidade de tentar manter o controle.


Letícia

Referência Letícia

O figurino de Letícia, por conter marcas de um ambiente urbano, demarca o seu distanciamento da cidade onde se encontra. Composto por tênis de marcas conhecidas como Vans ou All Star, shorts jeans rasgados, além de camiseta lisa e camisa xadrez amarrada na cintura, o figurino se sobressai quando colocado contra a paleta de madeira escura e pintura desbotada da casa de Maria. E é neste contraste que construiremos primordialmente a dificil relação entre as duas mulheres, representantes de duas épocas diferentes, duas formas de pensamento e de contato, estabelecido com o ponto central da trama, Carlos. Além disso, o atrito entre elas, bem como a sua


distensão, serão demarcados pelo figurino. Mais ousado quando Letícia chega à casa da mãe de Carlos, evidenciando um primeiro choque e mais básico e contido no dia seguinte, quando os animos de ambas se acalmaram.

(Ambiente) #1:Sala

A sala deve explicitar o momento psicológico pelo qual a mãe passa. Neste período de luto, a mãe se vê estagnada, parada no tempo. Como que sua passagem já lhe é irrelevante, vivendo, então, de lembranças. Um vaso com flores mortas ou uma vasilha com frutas putrefatas nos parece eficaz para evidenciar que Maria está tendo dificuldades em lidar com o mundo físico de seu entorno. A mobília irá remeter á tradição, ao passado, compondo um mosaico de recordações. A madeira dialoga bem com esse conceito, com a profundidade de sua textura porosa.

Stalker – Andrei Tarkovski (referência do clima melancólico criado pelo ambiente)


Um armário de mogno, com portas de vidro, onde dentro encontra-se relíquias da infância do filho: sapatinhos de bronze, algumas medalhas ganha na época do colégio, etc.

#2:Quarto de Carlos

Carlos é um personagem fantasma, sua presença física inexiste no quadro, assim, sua personalidade e caráter irá ser exprimido pela composição de cenário e objetos de cena de seu quarto. A arte assume importante papel neste cômodo, sendo responsável em tornar acessível ao espectador a cissão da vida de Carlos. Pautados nessa ruptura entre real X virtual, iremos construir um universo onde seja visível as diferentes facetas do personagem. Em parte seu quarto ainda retém aspectos de sua infância, objetos que compõe suas formação, porém esses artefatos estão fora do campo de visão da webcam. O lado do quarto que está voltado para o computador irá


mostrar particularidade de Carlos, objetos que o inserem no universo adulto e também na cultura moderna,como referências a bandas de música e filmes cult, compondo a faceta que Carlos projetava para Letícia.

# 3: Cemitério Por ter uma ampla vista da cidade, o cemitério dá um panorama do local aonde as personagens se encontram: uma cidade pequena, em processo de crescimento e modernização. Além disso, a falta de padronização da lápides demonstra a quebra de um pensamento linear, de uma certeza, que é o que a aparição de Letícia representa para Maria.


Mapas das artes DRESSING POR AMBIENTES

SALA DE ESTAR

DRESSING POLTRONA ANTIGA MESA DE CENTRO SOFA DOIS LUGARES MESA 4 LUGARES CADEIRAS ANTIGAS TAPETE QUADRADO TAPETE REDONDO BANCO BAIXO MESA ESCRITÓRIO CADEIRA ESCRITÓRIO CRISTALEIRA

QTD 2 1 1 1 4 1 1 1 1 1 1

TV ANTIGA VASO SAMAMBAIA APARADOR XÍCARAS DE PORCELANA VASILHA PORCLANA FRUTAS ARTIFICIAIS SAPATINHOS DE BRONZE

1 1 1 8 2 8 1

ESTÁTUA DE SANTA TOALHA DE RENDA POTE DE MANTIMENTOS VASO DE FLORES PORTA RETRATO COMPUTADOR ANTIGO QUADRO PAREDE

6 2 6 2 4 1 3

DRESSING

QUARTO CAMA CARLOS CRIADO MUDO

ARMÁRIO ESTANTE MESA COMPUTADOR LAPTOP CABIDEIRO PÔSTER QUADRO CD DVD VHS VINIL LIVROS BONECO DE AÇÃO

PROPS

PROPS CENA VENTILADOR COMPUTADOR ANTIGO BOLO+RECIPIENTE PORTA RETRATO C TRAVESSEIRO Quadro de P. Klee

QTD 1 1 1 2 1 1 1 10 1 20 30 30 20 20 15

ESPECIFICAÇÕES

ORIGEM

ESPECIFICAÇÃO END:

UNIBES UNIBES UNIBES

RUA RODOLFO MIRANDA RUA RODOLFO MIRANDA RUA RODOLFO MIRANDA

SAMBURA SAMBURA

RUA FRANÇA PINTO, 783 RUA FRANÇA PINTO, 783

TV DE TUBO E REVESTIDA EM MADEIRA

ADORNO DE PLÁSTICO 30CM ALTURA ( tamanhos e materiais variados) VIDRO; 20CM ALTURA VIDRO; 20CM ALTURA TAMANHOS VARIADOS 4 PEÇAS; TAM VARIADOS; REPRODUÇÕES.

SOLTEIRO

ACERVO EQUIPE SAMBURA

RUA FRANÇA PINTO,783

SAMBURA

RUA FRANÇA PINTO

ESPECIFICAÇÕES

ORIGEM

ESPECIFICAÇÃO

UNIBES

ACERVO EQUIPE VARIADOS - ROCK REPRODUÇÃO PAUL KLEE;ANGELOUS VARIADOS VARIADOS VARIADOS VARIADOS VARIADOS VARIADOS;REFERÊNCIA CULTS

REFERÊNCIA SALA MARIA SALA MARIA COZINHA SALA MARIA QUARTO CARLOS QUARTO CARLOS

ESPELHO QUARTO COMPUTADOR (LAPTOP) QUARTO WEBCAM QUARTO CAMISA MASC. C QUARTO PORTA RETRATOS QUARTO VENTILADOR QUARTO RETRATO D CARLOS QUARTO

UNIBES

CARLOS CARLOS CARLOS CARLOS CARLOS CARLOS MARIA

ACERVO EQUIPE

COMPRA SAMBURA

PROPS PERS MOCHILA CIGARRO CARTAS BICHO DE PELÚCIA ISQUEIRO TABLET PULSEIRA COM PINGENTE CORAÇÃO. CAMISA MASC BRINCOS

END:

REFERÊNCIA LETICIA LETICIA LETICIA LETICIA LETÍCIA LETÍCIA LETICIA

CARLOS MARIA


FILME JANEIRO MAPA DE ARTE CENA 01 DESCRIÇÃO :

Fumaça preta se dissolve no ar

LUZ TARDE EXT

CENÁRIO RUA

EFEITOS FUMAÇA

PERSONAGEM

FIGURINO

MAKE

PROPS

CENA 02 DESCRIÇÃO: DETALHE DO QUADRO DE KLEE NO QUARTO DIA INT

QUARTO DE CARLOS

QUADRO "Angelus Novus", de Paul Klee

CENA 03 DESCRIÇÃO: LETÍCIA DESEMBARCA NA RODOVIÁRIA TARDE EXT

LETICIA

RODOVIÁRIA DE MORUNGABA

FIGURINO LET1

OLHOS PRETOS, UM POUCO BORRADA

MOCHILA

CENA 04 DESCRIÇÃO: LETÍCIA E MARIA SE ENCONTRAM NA LÁPIDE DE CARLOS TARDE EXT

CEMITÉRIO

CHÃO SUJO: FOLHAS VEGETAÇÃO

LETÍCIA MARIA

FIG. LET 01 FIG. MAR 01

OLHOS PRETOS MOCHILA LEVE E SUAVEMENTE PLACA DE BORRADA "CARLOS AUGUSTO" CARTAS BICHO DE PELUCIA PULSEIRA CORAÇAO

LETÍCIA MARIA

FIG. LET 01 FIG. MAR 01

OLHOS PRETOS TABLET LEVE E SUAVEMENTE ESPELHO BORRADA BOLO VENTILADOR

LETÍCIA MARIA

FIG.LET 01 FIG.MAR 01

OLHOS PRETOS WEBCAM LEVE E SUAVEMENTE BORRADA

MARIA

FIG MAR 01

MA E BORRADA

LETÍCIA

FIG LET 01

MARIA

FIG MAR 01

LETÍCIA

FIG LET 0

MARIA LETICIA

FIG MAR 02 FIG LET 02

MAKE BORRADA OLHOS PRETOS MARIA: CARA LAVADA

MARIA LET CIA

FIG MAR 0 FIG LET 0

CARA LAVADA LAPIS E RIMEL

COMPUTADOR ANTIGO

LET CIA

FIG LET 0

LAPIS E RIMEL

PULSEIRA CORAÇÃO MOCHILA

MARIA LET CIA

FIG MAR 0 FIG LET 0

CARA LAVADA LAPIS E RIMEL

FIG LET 0

OLHOS PRETOS

CENA 05 DESCRIÇÃO: MARIA E LETÍCIA CONVERSAM NA SALA TARDE INT

SALA DE ESTAR CASA MARIA

AMBIENTE SUJO DESARRUMADO PAREDE DESCASCADAS POEIRA

CENA 06 DESCRIÇÃO: LETÍCIA CONHECE O QUARTO DE CARLOS NOITE INT

QUARTO DE CARLOS

POEIRA

CENA 0 DESCRIÇÃO: MARIA CHORA NOITE INT

CORREDOR CASA MARIA

PAREDE DESCASCADA

CENA 0 DESCRIÇÃO: LETÍCIA BUSCA POR NOITE INT

QUARTO DE CARLOS

OLHOS PRETOS

PULSEIRA DE CORAÇÃO PORTA RETRATO CELULAR OB ETOS CARLOS CELULAR MOCHILA

CENA 0 DESCRIÇÃO: MARIA EM SEU QUARTO NOITE

QUARTO DE MARIA

MA E BORRADA

BRINCOS

CENA 10 DESCRIÇÃO:LETÍCIA SE MASTURBA INT NOITE

QUARTO DE CARLOS

OLHOS PRETOS

VENTILADOR

CENA 11 DESCRIÇÃO:RUA DA CASA

NOITE

RUA X

CENA 12 DESCRIÇÃO: MARIA VAI ATÉ A PORTA DO QUARTO DE CARLOS MADRUGADA CORREDOR DA CASA

CENA 1 DESCRIÇÃO: MARIA PEDE PARA VER O PERFIL DE CARLOS DIA

SALA DE ESTAR

CENA 1 DESCRIÇÃO:CEMITÉRIO VA IO DIA

CEMITÉRIO

MARIA LET CIA

CENA 1 DESCRIÇÃO: LET CIA PEGA OS OB ETOS DE CARLOS TARDE

QUARTO DE CARLOS

CENA 1 DESCRIÇÃO: LET CIA VAI EMBORA TARDE

SALA DE ESTAR

CENA 1 DESCRIÇÃO: LET CIA FUMA UM CIGARRO ENQUANTO SUA MALA PEGA FOGO FIM TARDE

RUA

FUMAÇA

LET CIA

CIGARRO ISQUEIRO MOCHILA


Caderno de Arte



Maria

15

14

13

12

8 – figurino 9 – figurino e ambientação. Classe média brasileira 10- comportamento. Sofrimento e luto. 11- figurino, maquiagem e comportamento 12 e 13 - maquiagem arrumada / primeiro momento 14 – cara lavada/ depois de conhecer e criar certa intimidade com Letícia 15 – referência acessório

1- Referência de cabelo e acessórios; 2-Filme “ la mujer sin cabeza” de Lucrecia Martel. referência de maquiagem; 3-Filme “ Espírito da colmeia” de Victor Erice. Referência de cabelo e composição de cor. 4 – Composição de cores seguindo imaginário católico. Simboliza o luto cristão da mãe. 5 e 6 – As imagens da Virgem Maria trabalham a composição do azul com o vermelho para representar respectivamente o sublime e o terreno, o espírito e o sangue. 7 – Ambientação da casa segue momento confuso em que a personagem se encontra. Bagunça, espaços abarrotados e descuidados.


17

18

16

LetĂ­cia

1

15

2

14

13

12

3

4 6

11

7

10

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5


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Letícia

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25

25

22

21 23

24 30

1 – Unhas lascadas e pulseiras 2 – figurino: calcinha 3 – Blusa da chegada/ ousada/ momento de confronto 4 – comportamento 5 – comportamento 6 – figurino 7 – acessórios 8- comportamento e maquiagem 9 – pulseiras 10 – figurino 11 – blusa mais contida/ segundo momento/ relaxamento no atrito entre as duas mulheres 12 – acessórios 13 – comportamento 14 – kit figurino 15 – acessório 16 – acessório 17 – tênis de marca famosa 18 – comportamento e maquiagem 19 – maquiagem primeiro momento 20 – maquiagem/ visita ao túmulo 21 - prop 22 – cartas/prop 23 - prop 24 – cabelo/ toque romântico 25 – blusa mais ousada/ detalhe do sutiã 26 – prop 27 – prop 28 – prop 29 – pulseira de coração/ ponto de contato com Carlos/ prop 30 – acessórios


CASA

Plantas

BARRACAS

LOJA

BAR

LOJA

LOJA

RODOVIÁRIA

LOJA

CEMITÉRIO


Casa OPÇÕES DE LOCAÇÃO


1

15

16

3

2

17 14

4

5

Ambiente I : Sala

13

12

6 7

11 10

8 9


1

15

16

3

2

17 14

4

5

Ambiente I : Sala

13

12

6 7

11 10

8 9


18

Sala

19

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21

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23

24

1 – referente ao sofrimento de Maria/ parte do altar 2 – santinhas / altar 3 – detalhe Virgem Maria/ próximo ao altar 4 – aparador 5 – cozinha aberta/ explorar diversas alturas 6 – mesa encosatada na parede que liga a cozinha à sala/ alturas/ ambientação classe média brasileira 7 – detalhe tapete 8 – rendas 9 – referência móvel/ composição do ambiente 10 – espelho de pé/ móveis soltos e amadeirados 11 – referência xícara 12 – composição de cor: personagem + ambiente 13 – arte + foto/ luz amarelada por tecido da cortina 14 – referência estilo de cortina 15 – Referência mobiliário 16 – moldura porta-retrato/ memórias 17 – referência mobiliário e textura 18- prop 19 - objetos herdados/ tradição/ familia 20 - prop 21- poltrona velha/ desgaste do tempo 22 – mesa e cadeiras rústicas/ clima de interior 23 e 24- props


1

13

12

11

2

3

Ambiente II: Quarto Carlos

9

10

5

4

8

7

6


14

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18

15

Quarto Carlos

17

19

20

14 – ambientação/ composição de cor 15 – referência pop cult/ persona virtual 16, 17, 18, 19, 20 – props

1 – quarto abarrotado/ dressing 2 – referência para quadro 3 - quarto moderno/ composição em azul com iluminação amarela 4,6,7 e 8 – mídias velhas e novas: trasitoriedade/ efemeridade/coexistência de diferentes tempos, diferentes épocas 5 – um dos vários posteres que ocuparam a parede em frente à webcam/ construção da persona virtual de Carlos 9 – ambientação/ muito livros em toda parte 10 – ambientação/compotamento/ dressing 11 – ambientação/ quarto organizado 12 – composição: dressing e cor 13 – objetos que caracterizam o personagem/ referências pop cult


9

10

8

Quarto Maria

6

7

3

1

5

4

2


1 – composição de cor/ dressing 2 – flores mortas/ descuido com o presente/ morte 3 – cor/dressing/ ambientação 4 – dressing 5 – fios emarranhados: confusão de Maria, falta de relação com o presente, desconhecimento tecnológico/ textura 6 – Tv/ renda/ ambiente interiorano, provinciano 7 – dressing/ memória do filho 8 – dressing específicos 9 – dressing/ objetos amadeirados 10 - composição de objetos/ ambientação/ quarto pequeno e abafado/ coisas amontoadas


1

Corredor

3

2

8

7

6

5

4

Cozinha

3

2

1


cozinha 1 – dressing/ composição/ cor 2, 3 e 4 – referência de cor/ dressing 5 e 6 – props 7 - dressing 8 – ambientação

1 – porta-retratos/ dressing/ composição/ memória 2 – ambientação 3 – espelho velho/ desgaste do tempo/ transitoriedade

corredor


END: Av. Elias Yazbek, 1713centro. Embu das artes- SP

7 7

Ambiente III: CemitĂŠrio

1

6

2

4

5

3


1 – arquitetura/ composição de cor/ ambientação 2 – objetos sobre o túmulo/ lembrança 3 – referência arquitetônica 4 – prop/ produzir 5 – ambientação/ dressing 6 – arquitetura/ textura/ cor/ visual da cidade 7 - referência de composição de cor

Cemitério


BARRACAS

LOJA

BAR

LOJA

LOJA

Estação rodoviária de Morungaba - Rua fortunato Estela. Morungaba - SP

LOJA

Rodoviária



Fotografia A fotografia do curta-metragem “Janeiro”, terá como principal característica o naturalismo, reforçando a tristeza e sentimentalismo trazidos pelo roteiro e pela dramaturgia. Pretendemos criar imagens levemente dessaturadas e que destaquem as texturas dos ambientes, evidenciando as marcas do tempo. Faremos uso de filtros para estetizar a imagem e intensificar o clima de tensão, como pode-se ver nas imagens a baixo.

Em geral teremos enquadramentos mais abertos e estáticos, com exceção à alguns planos mais próximos aos rostos das personagens para evidenciar seus sentimentos e expressões. Nos enquadramentos sem movimentos de câmera, acompanharemos as personagens


com leves Tilts e Pans, para as manter dentro de quadro. Apesar das texturas e dos enquadramentos abertos, pretendemos ter bastante profundidade de campo. Também queremos oprimir as personagens dentro dos enquadramentos abertos, como já foi exemplificado no conceito de Direção. Em vários momentos do curta teremos a presença de um dispositivo eletrônico como computador, “tablet” ou celular. Nessas cenas pretendemos filmar os aparelhos, ao invés de colocarmos um “print screen” do que consta na tela. Ao produzir essas imagens, gostaríamos de revelar os pixels, como mostra a imagem a baixo:


Na primeira parte do curta-metragem, nas cenas externas da Rodoviária e do Cemitério, faremos uso de luz natural com o apoio de alguns refletores e rebatedores para intensificar a luz solar e nos remeter a ideia de calor, já que o filme se passa no verão e será filmado no Inverno. Nas cenas internas, na casa de Maria, o ambiente se torna um pouco mais escuro e com algumas leves sombras, que serão utilizadas como elementos cênicos. A partir da leitura de “Elogio a Sombra”, de Junichiro Tanizaki, optamos por estudar a profundidade daquilo que não é iluminado. Dessa forma, a sombra terá fundamental importância na narrativa e dramaturgia. O Amarelo estará presente, as vezes pela luz, outras vezes pela arte. Enquanto Maria e Leticia dialogam, a câmera as enquadra abertamente e se mantem parada. Nessa cena, um dos únicos momentos em que há movimentação é ao fazer um reconhecimento do local, captando as tais texturas e objetos que identificam a personagem de Maria e de Carlos. Já na cena noturna, no quarto de Carlos, o ambiente será bem escuro, porém haverá um “foco” de luz que tornará possível vermos o rosto de Letícia. Esse foco virá de uma janela, de um abajur no ambiente, ou até mesmo do celular de Letícia. O quarto será invadido por uma luz mais forte quando Maria abre a porta do corredor. Ao final do filme, na cena da rodoviária, faremos uso de câmera na mão para criar um certo movimento com “respiro”. Nesse momento, assim como no cemitério, não faremos muito uso de luz artificial.


(Mapa de camĂŞra)













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