Vida Universitária | 225

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edição 225 • outubro | novembro 2013

Vai de quê? Saúde humanizada Os desafios dos profissionais de saúde para oferecer um tratamento mais humano

Esporte Faça da rua sua academia por meio de esportes diferentes

Bicicleta, carro e ônibus são colocados à prova pelos repórteres da Vida Universitária. Descubra os prós e contras de cada um e qual a melhor opção para você.



índice

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A revista Vida Universitária propôs uma experiência diferente. Quais são os pontos positivos do carro, do ônibus e da bicicleta para quem os utiliza no dia a dia?

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esafio Intermodal

estação puc mercado de trabalho

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mundo afora

da puc A Vida Universitária reservou um espaço para homenagear os professores no mês de outubro. Veja alguns Filhos da PUC que hoje são docentes.

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Gosta de pôr o pé na estrada? Saiba mais sobre as profissões multifuncionais que aliam o trabalho ao prazer de viajar e conhecer vários lugares.

Passos de mestres

dna

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Roteiro gastronômico

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Tese de doutorado de professora da PUCPR pretende entender aspectos que envolvem a desistência de denúncias de violência contra a mulher.

A participação dos professores da PUCPR em eventos, lançamentos e congressos é destaque na Vida Universitária, com direito a muitas fotos.

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diário de bordo

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Doam-se vidas!

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Confira o relato dos jovens que foram para a Jornada Mundial da Juventude e a experiência de viver na simplicidade contribuiu para a vida.

qualidade de vida

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É para a vida

A cidade é sua academia

pergunte para puc

vem aí

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Este espaço é do aluno. Fotos e registros dos acadêmicos que participam de eventos, premiações e diversas oportunidades dentro e fora da Universidade.

reportagens

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Estudantes e professores atentos a eventos, palestras e grandes atividades têm espaço reservado para uma agenda bem selecionada sobre a esfera acadêmica.

Dúvidas são fundamentais para gerar conhecimento. Aquilo que você não sabe pode ser a pergunta de mais universitários. Saia da dúvida e descubra a resposta.

VEJA +

reportagem

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As Obras Raras guardam em suas páginas pedaços da história do mundo. Confira mais sobre os acervos que preservam tanta cultura.

na prática

espiritualidade

falando sério

drops

registro

sintonia cultural

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enquanto isso vida docente

mundo melhor

entrevista

reportagem Humanização dos médicos é desafio em meio a diversos problemas, dentre eles a falta de estrutura oferecida em cidades do interior, Norte e Nordeste.

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A Vida Universitária preparou uma planilha de gastos para você aprender a organizar o seu dinheiro e, assim, conquistar a sua independência financeira. Na foto, Professor Carlos Magno.

pesquisa

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Partiu, entrevista?

O próximo SEMIC apresenta, entre outras pesquisas, dois projetos de acadêmicos com foco na inserção social.


editorial

Por um mundo

de mais

perguntas Por entender que é papel da Universidade promover o debate e a reflexão, esta última edição de 2013 da Vida Universitária abre algumas discussões sobre temas atuais, como mobilidade e saúde pública. Nesta edição, deixamos de lado as repostas unilaterais e trazemos mais perguntas. Um desafio intermodal, proposto aos repórteres da Vida Universitária, tem como objetivo mostrar a você, leitor, os prós e os contras de alguns meios de locomoção em Curitiba, além de questioná-lo sobre a forma como você tem usufruído do transporte na cidade. Por meio de projetos independentes que têm viajado o Brasil e o mundo, e que serão apresentados nas próximas páginas, você também poderá perceber de que forma os cidadãos têm se relacionado com suas cidades e o trânsito. Ao conhecermos soluções criativas de outras localidades, fica a inspiração para fazermos novos questionamentos e buscarmos respostas inovadoras para os problemas que temos enfrentado. As perguntas continuam na reportagem sobre a atual situação da saúde pública no país. Pessoas clamando por ajuda. Lugares sem estrutura para atendimento. Equipes de saúde sendo desafiadas a se doar como podem. A esperança vem ao conhecermos a história e um pouco do trabalho de profissionais que descobrem o que é “ser humano”, em condições nada humanas. Histórias inspiradoras também tomam conta da editoria Filhos da PUC, dedicada, nessa edição, aos docentes da PUCPR, que se formaram na Instituição. Eles, que fortalecem os pilares da Universidade, merecem ser homenageados. O dia a dia não fica de lado e tem espaço reservado. Já parou para pensar onde e como tem gastado seu dinheiro? Para ajudá-lo a organizar as finanças, foi preparada uma planilha destacável, para você não ter desculpas para não economizar. Nesta última edição de 2013, não o convidamos para ler matérias conclusivas. Convidamos para refletir, buscar algumas respostas e fazer novas perguntas. Boa leitura e que surjam muitos questionamentos. São eles os causadores de boas transformações. Boa leitura a todos! Clemente Ivo Juliatto Reitor

A Vida Universitária agora também está presente em versão digital para iOs e Android, com conteúdos exclusivos e complementares às matérias que você lê aqui. Para acessar, baixe o aplicativo Revisteiro. Na categoria Educação, você encontrará a revista. Confira!

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Grão-Chanceler Dom Moacyr José Vitti

Vida Universitária é uma publicação bimestral da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Registrada sob o nº 01, do livro B, de Pessoas Jurídicas, do 4º Ofício de Registro de Títulos, em 30/12/85 - Curitiba, Paraná

CONSELHO EDITORIAL – PUCPR Reitor Clemente Ivo Juliatto Vice-reitor Paulo Otávio Mussi Augusto Pró-reitor Acadêmico Eduardo Damião da Silva Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Waldemiro Gremski Pró-reitor Comunitário Másimo Della Justina Pró-reitor Administrativo e de Desenvolvimento José Luiz Casela DIRETORA DE RELACIONAMENTO Silvana Hastreiter REDAÇÃO Jornalista Responsável Rulian Maftum - DRT 4646 Supervisão Maria Fernanda Rocha Textos Michele Bravos, Julio Glodzienski e Elizangela Jubanski Edição de Arte Julyana Werneck Fotografia Letícia Akemi PROJETO GRÁFICO E LOGOTIPO Estúdio Sem Dublê | semduble.com REVISÃO TEXTUAL Editora Champagnat PROPAGANDA Lumen Comunicação Rua Amauri Lange Silvério, 270 Pilarzinho – Curitiba – Paraná Cep: 82.120-000 www.grupolumen.com.br Para anunciar, ligue: (41) 3271-4700 IMPRESSÃO Gráfica: Fotolaser Gráfica e Editora Tiragem: 15.000 exemplares contato Rua Imaculada Conceição, 1155 - 2º andar Prado Velho – Curitiba – Paraná Caixa Postal 17.315 - CEP: 83.215-901 Fone: (41) 3271-1515 www.pucpr.br

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Grandes apresentações bem pertinho do seu ouvido.

Música ao vivo todas as quintas-feiras, às 18h na praça de alimentação, e todos os sábados, às 17h, no lounge central, piso L2.


entrevista

Cadu Scheffe ator, r, 32 direto anos r, pro , turism dutor ólogo e . No gr respo upo, nsáve é l pelo produ s rote ção, d iros, ir e ção d vária e elen s out ras fu co e nções .

A atriz e publicitária Jéssica Medeiros, 26 anos, colabora com a produção e a assessoria da marca.

Fagner Zadra tem 30 anos e é formado em Engenharia Civil, mas sua com carreira é na arte. Junto Cadu, elabora roteiros, faz co, produção, direção de elen dentre outras funções.

Partiu,

entrevista? A ideia surgiu da vontade de retratar o jeito como o curitibano fala. Vídeos similares já tinham sido feitos em Porto Alegre, Rio de Janeiro e Nova Iorque. Como eu trabalho com stand up, sempre abordei as-

suntos relacionados a Curitiba, e meus textos sempre foram bem aceitos. Vi, nos vídeos, uma oportunidade de dar certo. O público curitibano gosta de rir de si mesmo.

E todos vocês são curitibanos?

A Luana Roloff, o Samuel Machado e eu somos curitibanos. A Jéssica Medeiros é de Joinville, mas mora

em Curitiba desde criança, e o Fagner Zadra é do Rio Grande do Sul e mora em Curitiba há oito anos.

Como vocês se conheceram?

Nós nos conhecemos de diversas maneiras. Quem deu o pontapé e escolheu o elenco fui eu. Então eu chamei a Luana, que faz teatro comigo; o Samuel, que é meu vizinho; a Jéssica, que é minha esposa; e o

Fagner, que faz shows de stand up comigo. Consegui juntar todo mundo. O Fagner e a Luana nem se conheciam, para você ter uma ideia.

Por que apostaram na internet? Vocês a veem como um trampolim para a TV? Há essa intenção?

Eu faço vídeos para a internet desde 2005 e sempre tive bons resultados. Eu fiz a direção do vídeo Dança do Quadrado e ele teve mais de 18 milhões de acessos. Essa plataforma sempre me seduziu e eu a vejo, sim, como um trampolim para a televisão. Afi-

nal, bons talentos surgem na internet. Hoje, o grupo Tesão Piá ainda não tem a intenção de migrar para a TV, pois gozamos da liberdade que a internet nos proporciona.

Como surgiu a ideia do Tesão Piá?

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© Fotos: Letícia Akemi

Luana

Roloff , 31 anos ,é atriz, pro dutora e diretora . No grup o Tesão Piá, é responsá vel pela produçã o, captação de recurs o s e assistên cia de dir eção.

Cinco atores têm levado pra longe a fama de sisudos dos curitibanos. O grupo Tesão Piá, valendo-se da capacidade humana de rir e, ainda mais, de rir de si mesmo, tem criado webséries bem-humoradas para falar dos regionalismos da cidade, a partir de situações envolvendo as bruscas variações de temperatura no mesmo dia e o trânsito caótico que a cidade vem enfrentando, por exemplo. Com a liberdade e a popularidade oferecidas pela internet, as webséries ganham espaço para dar seu recado. Toda piada tem um fundo de verdade. O grupo Tesão Piá compõe esse hall de humoristas da internet desde o começo deste ano, e já contam com vídeos com mais de 390 mil visualizações. Nesta edição, a entrevista é com o idealizador do grupo, Cadu Scheffer. Partiu? Por Michele Bravos

Temos outros exemplos de webséries, atualmente, e vemos que a internet também tem seus limites. Como vocês criam as séries, de forma a combinarem humor e abordagens politicamente corretas?

Nossos roteiros são espontâneos, com observações do dia a dia. Apenas damos um toque lúdico a algumas cenas. Usamos da censura e do bom senso, pois evitamos abordar assuntos polêmicos

e tabus da sociedade. Nosso humor se baseia no cotidiano do curitibano e procuramos retratar essa realidade o mais fielmente possível.

Afinal, quais os limites do humor? Quando uma brincadeira pode virar ofensa?

Não há limites no humor. Tudo depende do jeito como o assunto é abordado. Qualquer piada do mundo vai desagradar alguém, principalmente se tiver

como base o preconceito. O que deve predominar é o bom senso. Saber a dosagem certa para não ofender ninguém.

Como se dá a produção dos vídeos?

Nós sempre nos reunimos na casa de alguém do grupo, para falarmos sobre futuros projetos e escolhermos os temas de forma democrática. Geralmente, levamos uma semana para elaborar o

roteiro, produzir e filmar. Depois, mais uma semana para edição e finalização. Esse tempo tem guiado o lançamento dos vídeos, que tem intervalo de aproximadamente 15 dias.

Alguns vídeos contam com agradecimentos. Os vídeos dão retorno financeiro ao grupo? Que outras ideias vocês pensam em desenvolver para o Tesão Piá?

Temos retorno financeiro com alguns vídeos, mas não com todos. Temos a intenção de abrir o leque para rádio e cinema, a fim de fortalecer a marca Tesão Piá.

Vocês já passaram pela situação de um curitibano se sentir ofendido com algum vídeo?

Até onde nós sabemos, não! As pessoas têm se identificado bastante e a resposta que temos recebido é muito positiva.

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© Foto: Letícia Akemi

capa

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A Vida Universitária propôs uma experiência diferente. Quais são os pontos positivos do carro, do ônibus e da bicicleta para quem os utiliza no dia a dia? Por Julio Glodzienski, Elizangela Jubanski e Michele Bravos

Essa reportagem poderia começar dizendo a você que o carro somente polui e torna o trânsito caótico, ou que os ônibus estão superlotados e com horários defasados. Ou, então, argumentar que a bicicleta, ecologicamente falando, é o melhor meio de transporte, mas que Curitiba não dispõe de uma malha cicloviária ideal para tornar essa prática uma rotina. Curitiba passa por dificuldades, como todos os grandes pólos urbanos, quando o as-

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esafio Intermodal Intermodal

sunto é mobilidade. Segundo pesquisa realizada pelo Sindicato Nacional de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), 85% dos entrevistados apontaram que o trânsito e o transporte público são dois dos maiores problemas da cidade. Grande desafio da sociedade moderna, esse processo torna-se um ciclo vicioso. Afinal, qual o melhor transporte? A bicicleta, o ônibus ou o carro? Pois bem, dessa vez a Vida Universitária quer mostrar a você quais os prós e contras

para quem usa, na apertada rotina do século XXI, esses meios de transporte. Para isso, os repórteres Michele Bravos, Julio Glodzienski e Elizangela Jubanski resolveram encarar o desafio de rodar as ruas da capital em plena sexta-feira, às 18 horas. O itinerário: do Terminal do Cabral à PUCPR - Câmpus Curitiba. Acompanhe essa experiência e os relatos a seguir. Para ver mais, acesse a revista digital e confira o vídeo do Desafio Intermodal Vida Universitária.


l Veja aqui quanto você economizaria de combustível usando bicicleta: migre.me/fYvlz

BICICLETA Aproximadamente 8 km Trajeto feito em 45 min Eu vou de bike... Há pouca estrutura cicloviária porque têm poucos ciclistas na cidade ou há poucos ciclistas porque falta estrutura? Jorge Brand, coordenador-geral do CicloIguaçu – Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu, acredita que o ponto-chave do uso da bicicleta está em gerar condições para mais pessoas aderirem ao transporte. Diante disso, a associação traz algumas sugestões ao poder público e privado. “Precisamos que os espaços públicos e as empresas ofereçam vestiários para os ciclistas. Dentro dos terminais de ônibus, precisamos de bicicletários, para criar a integração modal. A estrutura cicloviária precisa ser renovada, com ciclofaixas e melhores ciclovias”, diz Brand. Segundo o estudo em andamento do CicloIguaçu, o perfil dos ciclistas de Curitiba é composto por 21% de estudantes, com idade entre 23 e 29 anos (36%), que usam a bicicleta de uma a três vezes por semana e têm o Centro como principal destino. Portanto, dentre os itens a serem cumpridos pela atual gestão municipal, está a determinação de um espaço seguro para a circulação das bicicletas, paralelo às canaletas do transporte coletivo. As medidas foram propostas pelos cicloativistas de Curitiba e assumidas pelo prefeito Gustavo Fruet.

l Veja as medidas sugeridas pelos cicloativistas e aceitas pelo prefeito Gustavo Fruet: migre.me/fYvm4

Para conhecer Curitiba de um jeito diferente, vá de bike. Roteiros de cafés, espaços de artes e ecoturismo feitos de bicicleta: novo.kuritbike.com

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l Código de Trânsito: migre.me/fYwBg l Guia do Pedal Defensivo online: migre.me/fYwHO

Iniciativas independentes A Bicicletaria Cultural surgiu em 2011, propondo condições para incentivar o uso da bicicleta, tais como: estacionamento para o modal e aluguel de bicicleta. Fernando Rosenbaum, um dos idealizadores da Bicicletaria, percebe que, por vezes, as pessoas não vêm para o centro de bicicleta por não ter onde deixar ou porque precisam ir a algum lugar mais longe e precisarão pegar um táxi ou ônibus. Enquanto a integração modal não vem, “a Bicicletaria acaba sendo um ponto para facilitar essa ligação”, diz Rosenbaum.

Convivência Para a melhor convivência no trânsito, entre os diversos meios de transporte, é preciso uma reeducação dos condutores de veículos motorizados e não motorizados, assim como dos pedestres. Por isso, o Código de Trânsito e os guias sobre boas práticas no trânsito são leitura obrigatória. Michele Micheletto está à frente da elaboração do Guia do Pedal Defensivo, que acredita ajudar na formação de como se portar no trânsito, com respeito: “são pequenas dicas que podem dar muito resultado na prática”, diz. Para Michele, o carro ainda é visto como status, e essa mentalidade precisa mudar. “Foram longos anos de incentivo do governo para que ‘todos’ pudessem adquirir um automóvel, por meio de políticas de diminuição de impostos e longos prazos para pagar. Para um cidadão trocar o carro pela bicicleta, o mínimo que ele precisa é de segurança no trânsito”, completa.

Pés nos pedais... O desafio começou, e começou em alta. Já numa subida. Para quem está de carro ou de ônibus, isso não faz muita diferença. Já para quem está de bicicleta... A solução é respirar fundo, colocar numa marcha mais leve, empurrar o pedal e subir tranquilamente. A poucos metros, a ciclovia já estava ali. O caminho tem tudo para render bons takes para um filme: casinhas históricas na margem da linha do trem, trechos arborizados, uma casa-vagão, vista de pôr do sol. A quebra desse roteiro ideal acontece quando o ciclista se depara com uma ciclovia inapropriada em alguns trechos, com raízes de árvores crescendo sobre ela, buracos e lixo deixado ali mesmo, no meio do caminho. Em alguns momentos, o ciclista pode sentir um pouco de insegurança. Próximo à rodoviária, a ciclovia acaba “do nada” e é preciso descer da bike, atravessar a canaleta, a linha do trem, passar por baixo do viaduto — onde há alguns moradores de rua e não há iluminação —, para, então, acessar a ciclovia novamente. A maior dificuldade mesmo são os cruzamentos. É como naquele jogo da galinha que precisa atravessar a rua. Mas, um pouco de paciência e a imposição de sua presença como ciclista resolvem. Chegamos à PUCPR às 18h47, um tempo não muito maior que o do carro. Avaliando os 10 minutos de diferença entre um e outro, vale pensar se o carro é tão eficiente. Como esse percurso pode ser feito 90% em ciclovia, mesmo com os obstáculos, acaba sendo muito tranquilo para o ciclista, que evita alto fluxo de trânsito. O deslocamento se torna um passeio e um momento de curtir o vento no rosto.

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capa Próxima parada... Curitiba dispõe de uma rede integrada que abrange atualmente 80% da cidade, mais 13 municípios da região metropolitana. São 2 milhões e 225 mil passageiros circulando diariamente nas 395 linhas disponíveis. Levando em consideração que Curitiba possui mais de 1,7 milhão de habitantes, pode-se dizer que é preciso uma atenção especial para esse modo de transporte. Mas o ônibus, a exemplo do carro, passa pelo problema do trânsito caótico, aliado ao superlotamento. Para Carlos Hardt, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUCPR, um fator agravador desse problema “está na incorporação de carros nas vias, por conta da degradação relativa do sistema de transporte público”. Fazer o cidadão perceber que o ônibus é uma vantagem e que, substituindo-se o carro pelo transporte público, as vias teriam mais acessibilidade, vai muito além de campanhas. “A solução definitiva está em tornar o transporte coletivo público qualitativamente mais vantajoso que o uso do veículo individual”, completa Hardt.

Os planos Pensando nesse sistema, que já foi exemplo e, inclusive, exportado para outros países, Curitiba começa a mostrar indícios de que reverá o transporte público, meio que, nos moldes atuais, encontra-se defasado. Pensando nisso, a prefeitura lançou, entre outras propostas, algumas de melhorias para o transporte público. Exemplo disso é a revitalização da Linha Inter 2 (ônibus articulados com portas em ambos os lados, implantação de faixas exclusivas para circulação, sincronização semafórica e trincheiras). Outras ações previstas são a readequação e o aumento da capacidade dos eixos estruturais (canaletas) Leste/Oeste e Sul, além da revitalização de alguns terminais.

Bendita tecnologia! Desde agosto, passageiros têm uma boa opção para traçar rotas e ter acesso online sobre o trajeto do ônibus que espera. Para isso, o usuário precisa ter um smartphone. Ele poderá compartilhar informações sobre a lotação do ônibus, se ele está limpo ou sujo, se o motorista está dirigindo bem ou não, além de acessar as informações já disponíveis no site da Urbs sobre as melhores opções de linhas, localização dos ônibus e tempo de espera. O Moovit é gratuito e está disponível para smartphones com os sistemas Android e iOs. Com mais de 1,5 milhão de usuários pelo mundo, o Moovit está atualmente presente em mais de 30 cidades pelo mundo, incluindo Nova York, Los Angeles, Madri, Barcelona, Roma, São Paulo, Rio de Janeiro, Tel Aviv, Holanda, com lançamentos recentes no Reino Unido, Paris e Sidney.

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ÔNIBUS Aproximadamente 8 km Trajeto feito em 40 min l Baixe o aplicativo Moovit no seu smartphone: www.moovitapp.com l Esse aplicativo pode tornar sua viagem mais prática. Horário, linhas e pontos, mapas. Acesse e confira: migre.me/g7m5P l Acesse os horários dos ônibus pelo facebook: www.facebook.com/PrefeituraMunicipaldeCuritiba

Embarque nessa! Caminhei até o Terminal do Cabral de olho nos ponteiros. Conferir o relógio enquanto caminha em direção ao ônibus faz parte. Para quem está acostumado: um minuto de passos curtos e o embarque fica para o próximo horário. É tudo cronometrado. Embora a Urbanização de Curitiba (Urbs) divulgue na página oficial horários de saídas previstas e, nos últimos meses, painéis nos terminais de ônibus também indiquem essa previsão, nos horários de rush, nem sempre os ônibus conseguem cumprir. Sem contar também que, nos fins de tarde, comboios de ônibus se formam em avenidas e ruas congestionadas. Resultado? Passageiros atrasados e insatisfeitos. Não foi meu caso nesse trajeto. Juro. Foi tranquilo, até desconfiei. Principalmente, porque era uma sexta-feira, às 18 horas. Mas, diferente daquelas viagens em que a gente precisa encontrar um espaço para ter ar puro, essa foi calma. Às 18h05, o Cabral/Portão fechou as portas e seguiu o itinerário. Achei um banco às 18h12 e, acreditem, fui sentada. O trajeto seguiu sem surpresas. Sem obras nem desvios. A tecnologia do 3G deixa os passageiros conectados e entretidos, não ao ponto de passar despercebido o embarque de uma idosa. Um garoto, ao celular, rapidamente levantou do banco preferencial e cedeu o lugar à senhora. Ponto para ele! Pouco mais de 30 minutos, e era o meu ponto de desembarque. Em passos tranquilos, cheguei ao portão principal da PUCPR às 18h40. Não achei meus colegas de desafio e quase comemorei. Foi quando vi o repórter Julio Cesar no canto, encostado, como quem já esperava há tempos. Que nada! Perdi a disputa por apenas cinco minutos. A experiência foi ótima e a sensação plena é que o transporte público de Curitiba não é estatístico nem ciência exata.


Sobre quatro rodas “O carro se apresenta como o mais confortável, na medida em que é confrontado com o atual sistema de transporte público. Esse conforto está fortemente calçado na flexibilidade que oferece quanto a destino e horário”, explica o prof. Carlos Hardt. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Curitiba, atualmente, é a quarta capital com maior proporção entre pessoas e carros do Brasil. Mas a que se deve essa explosão? Curitiba, segundo o Censo 2010, possui o quarto maior PIB do país. Esse dado, aliado à facilidade de crédito, explica por que tantos curitibanos têm realizado esse sonho que é de muitos brasileiros: ter um carro. Para o prof. Hardt, a facilitação da compra tem reflexos na estratégia do trânsito, uma vez que muitos deixaram de usar cotidianamente o transporte coletivo ao adquirirem veículos próprios.

mão no bolso Uma pesquisa realizada pela Prestige Performance Center GB, segundo a revista Quatro Rodas, aponta que o Brasil é o país da América Latina em que manter um carro custa mais caro. Além disso, figura na décima posição no ranking dos países com valor dos combustíveis mais alto. Assim, é importante haver uma programação para que o conforto e a satisfação não virem motivo de estresse.

Carro Aproximadamente 7,7 km Trajeto feito em 35 min

l Veja pesquisa que mostra o Brasil como o país mais caro da América Latina para se manter um carro: migre.me/g5dYe l Quer saber quanto custa manter, em média, um carro? Acesse o simulador: migre.me/g5eYz l Veja a campanha por um trânsito melhor, proposto pela Prefeitura de Curitiba: dicasvogertrudes.com.br

Curitiba pensa mobilidade! Pensar mobilidade de carros não é pensar apenas no fluxo; é preciso estacionamentos, sinalização adequada e consciência. Como explica Hardt, “Curitiba, além de ter que investir continuadamente no aperfeiçoamento das estruturas viárias existentes, com a incorporação de novas tecnologias, também deve focar em modais de circulação alternativos, como linhas de menor porte e sistemas cicloviário e de pedestre”. Além disso, é preciso priorizar o transporte público, incentivando seu uso em detrimento do transporte individual, que o carro oferece. Curitiba apresentou alguns projetos ao governo federal, a fim de obter melhorias para os serviços relativos à mobilidade. Para os carros, prevê obras viárias estruturantes, como binários, contornos, viadutos, trincheiras, passarelas e outros, bem como a revitalização do contorno sul, por exemplo. Aliado aos trabalhos estruturais, aplica uma campanha de conscientização por um trânsito melhor, com as dicas da personagem Vó Gertrudes.

No conforto do carro... Conforto é um dos pontos positivos dos automóveis. A possibilidade de percorrer o caminho de sua preferência e na velocidade que escolher — dentro do permitido —, completa a grade de prós para o carro. Mas é nas ruas que percebemos que, por vezes, o conforto torna-se estresse ou preocupação. Numa das maiores capitais do Brasil, com uma média de três carros para cada quatro habitantes, ou seja mais de 1,3 milhão de automóveis pelas ruas, o carro passa a ser tornar uma alternativa de mobilidade pouco viável. Ou seja, apesar de tranquilo, no percurso escolhido para o carro, que foi pelo Centro da cidade, é inevitável a necessidade excessiva de atenção e, claro, o estresse e os “buzinaços” gerados por ele. Pensando em malha viária, Curitiba apresenta, atualmente, no Centro, asfaltos e sinalização apropriados — para automóveis, vale ressaltar! Aliados a esses pontos negativos, há os custos com a manutenção veicular e com a gasolina. Custos que, somados diariamente, poderiam até render uma poupança. Economicamente, as famosas paradas e “andadinhas” não são nem um pouco bem-vindas. Mas o percurso foi tranquilo, a velocidade utilizada foi, em média, 40 km/h, proposta pela maioria das vias. Às 18h35, eu cheguei a nosso ponto de encontro, o Portal da PUCPR, e fui o primeiro. Não há como negar que é um meio confortável, mas não necessariamente eficaz. Percebemos que outros meios também suprem a necessidade da locomação e ainda estão mais voltados para o pensamento coletivo. É questão cultural, mas... que tal deixar o carro na garagem alguns dias da semana e dar umas pedaladas pela cidade, ou então utilizar o transporte público? Afinal, pensar mobilidade começa por você!

Clique e confira aqui o vídeo.

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capa Que tal um dia sem carro? Essa é a proposta do Dia Mundial Sem Carro, que acontece sempre em 22 de setembro. A ideia é promover o uso de outros modais para descobrir uma cidade melhor, além de provocar uma reflexão sobre os problemas causados pelo intenso uso de automóveis, no dia a dia nas grandes cidades. Dessa forma, o motorista pode perceber que há meios mais interessantes e viáveis de se locomover. Mais de 40 países participam do desafio, inclusive o Brasil, em cidades como Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, dentre outras.

BICICLETA Tempo médio: 30 min Queima de 2.610 calorias por mês

Um dia sem

Por mês, você contribui para a NÃO emissão de 11 kg de gases poluentes no meio ambiente.

CARRO

Andar de carro tem suas vantagens, mas as grandes cidades já não comportam tantos automóveis, gerando tráfego lento, engarrafamentos e muito estresse. Para ter mais bemestar e qualidade de vida, que tal optar por outro modal, não apenas no Dia Mundial Sem Carro, mas uma vez por semana? Você confere aqui alguns benefícios de fazer apenas o trajeto de casa* para a Universidade de outra forma.

ônibus Tempo: 30 min Economia de R$ 14,00 com combustível por mês

*Para esse cálculo, considerou-se como ponto de partida os bairros: Cabral, Capão da Imbuia, Mercês e Portão. Todos estão a cerca de 6 km do destino final, a PUCPR.

Dá para colocar a leitura em dia. Em cinco viagens, você consegue ler um livro de 100 páginas.

a pé Tempo: 60 min Queima de 1.920 calorias por mês

Caminhar deixa mais feliz. Com apenas 30 minutos de caminhada, já dá para aliviar o estresse e a ansiedade, em virtude da produção de endorfina.

O sistema modelo

Esgotamento

Lá em Bogotá

O modelo de corredores exclusivos de ônibus em Curitiba, criado na gestão do então prefeito, o arquiteto Jaime Lerner, em 1974, vai completar quatro décadas. À medida que a cidade nota deficiências, outras soluções surgem, como o caso do mais recente ‘ligeirão’: aquele que não para em todos os pontos, mesmo andando pela canaleta exclusiva. Mudanças das estações-tubo também estão em andamento. Elas estão sendo realocadas para que não fiquem mais uma de frente para a outra, possibilitando a ultrapassagens dos ‘ligeirões’. Os primeiros ônibus híbridos produzidos no Brasil já circulam há um ano na capital paranaense. Os veículos movidos a eletricidade e biodiesel reduzem 90% a emissão de poluentes, na comparação com os ônibus que circulam atualmente, e 35% o consumo de combustível.

O modelo de transporte público de Curitiba virou referência mundial desde a implantação. Cidades como Rio de Janeiro, Istambul, Bogotá, Seul, Cidade do México e outros 80 países adotaram esse sistema. Mas hoje, por ironia, Curitiba assiste aos primeiros sinais de esgotamento desse transporte. A longa espera pelos ônibus e a superlotação apresentaram uma queda no volume dos usuários, que, por consequência, começam a migrar para o uso de automóveis. A capital do Paraná tem a quarta maior proporção de automotores por pessoa: existe um veículo para cada 1,3 habitantes. Ou seja, o transporte coletivo não conseguiu absorver essa demanda, já que o número de passageiros pagantes, segundo a URBS, é praticamente o mesmo que dez anos atrás: cerca de 320 milhões por ano.

Em 1998, uma visita de Enrique Peñalosa, então prefeito de Bogotá, capital da Colômbia, a Curitiba o fez descobrir um novo modelo de transporte coletivo para a cidade que gerenciava. A implantação do Transmilênio teve resistência e foi alvo de protestos no início. Hoje, tem relação de confiança com os moradores e é o principal sistema de transporte público de Bogotá. Na infraestrutura, o sistema conta com 84 quilômetros de corredores exclusivos e 633 quilômetros alimentadores distribuídos por 1.290 ônibus articulados, 518 alimentadores e 114 estações localizadas em nove zonas urbanas. O pagamento da passagem é antecipado nas estações, que são elevadas e cobertas. Atualmente, cerca de 1,7 milhão de pessoas usam o Transmilênio todos os dias.

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Pé, pedal e rodas na estrada

Os cinco mandamentos

A necessidade de se locomover está presente em todos os centros urbanos — e até nos nem tão urbanos assim —, mas é a forma como cada cidade soluciona essa questão que interessa, podendo servir de exemplo para as demais. Conheça alguns projetos que têm percorrido o Brasil e o mundo, com foco na mobilidade.

Correspondências Com o intuito de documentar as diferenças e semelhanças dos meios de transporte e da infraestrutura das macrorregiões brasileiras, o projeto Correspondências, realizado pelo coletivo Garapa, esteve em Rio Branco, Goiás, Fortaleza, São Paulo e Curitiba. O resultado do trabalho é uma série de vídeos, elaborada colaborativamente por 60 participantes de todo o país, que traçam correspondências entre as cidades e provocam uma reflexão sobre as formas como as pessoas interagem com o meio.

www.garapa.org/correspondencias

Projeto Transite Durante 400 dias, o fotógrafo Felipe Baenninger pretende percorrer 17 mil quilômetros pelo Brasil, documentando as pessoas que optaram pela bicicleta como meio de transporte, assim como a estrutura das cidades para os ciclistas. O término da jornada está previsto para agosto de 2014, em Belém do Pará.

projetotransite.com.br

Cidades para pessoas Quando a questão é mobilidade, o ponto central é o trânsito ou os cidadãos? O Projeto Cidades para Pessoas acredita que o foco deve ser a segunda opção. Com esse olhar, a jornalista Natália Garcia e a artista plástica Juliana Russo estiveram em 12 destinos pelo mundo, buscando iniciativas que tenham contribuído para melhorar a locomoção nas cidades. Por meio de um blog e de um livro virtual, o projeto compartilha as boas soluções encontradas — tanto as promovidas pelo poder público quanto as de iniciativa civil.

cidadesparapessoas.com

1) Entender que cidades são feitas por pessoas. É preciso pensar em melhorias para elas. O foco não deve ser melhorar o trânsito, mas melhorar a qualidade de vida dos que estão no trânsito. 2) Coletar informações com os cidadãos. Ouvir deles como as cidade está sendo utilizada por eles. O que está bom e o que precisa ser mudado. 3) Testar as ideias que surgiram. Pequenos testes, como transformar um estacionamento de carros em um para bicicletas. 4) Colocar em prática grandes ideias, que tenham aparecido com base nos dados de pesquisa e nos testes práticos. Por exemplo, no centro histórico de Copenhague, as vias de 1950, utilizadas somente por carros, foram transformadas em vias para pedestres. 5) Incentivar o respeito mútuo entre as pessoas que usam a cidade, tratando com igual importância os vários modais. Proporcionar uma cidade em que os diversos transportes coexistem com qualidade.

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Em uma de suas andanças, o Cidade para Pessoas conheceu uma iniciativa colaborativa que pode salvar vidas no trânsito. O mapa Cycling in London: Severe crashes, 2006-2013 apresenta os pontos da cidade onde já aconteceram acidentes envolvendo ciclistas e outros veículos. O mapa aponta as ruas e os cruzamentos mais perigosos. A ideia começou em 2006, com o inglês Olaf Storbeck, autor do blog Cycling Intelligence, após ter presenciado o atropelamento de uma amiga. Hoje, o mapa é atualizado pelos cidadãos e simboliza a força da sociedade para melhorar a convivência no trânsito e na cidade, pensando nas pessoas. Essa é uma ideia que pode começar por você.

Em entrevista ao Cidade para Pessoas, o urbanista Jeff Risom, do escritório de arquitetura Gehl Architects, localizado em Copenhague, lista cinco mandamentos dinamarqueses que podem ser empreendidas nas cidades brasileiras. A capital dinamarquesa está entre as dez melhores para se viver e ocupa o primeiro lugar no ranking de países onde os habitantes são mais felizes. Felicidade que é consequência de uma cidade com alta infraestrutura na saúde, educação e também no transporte. A cidade também é considerada uma das mais virtuosas no trânsito. Ciclistas não circulam na contramão, carros param para o pedestre atravessar — mesmo que seja de madrugada, há faixas exclusivas para ônibus, carros e bicicletas. Bem-estar dos cidadãos em primeiro lugar.

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mercado de trabalho

Viagem a trabalho Conhecer diversos lugares sem estar de férias? Profissões usam sua multidisciplinaridade para atuar em campos que podem combinar viagem a trabalho. As mais variadas profissões dão essa opção para quem gosta de estar na estrada. Por Elizangela Jubanski

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Viajar é hobby. Não mais. Diversas profissões estão se destacando por serem multifuncionais e proporcionando ao profissional escalas de viagens e compromissos fora da cidade de atuação. As viagens a trabalho tomam conta dos aeroportos e das agendas mensais do trabalhador, que se vê ultrapassando divisas e agregando negócios às empresas. A escolha de cargos que permitam o “vaivém” pode ser vislumbrada por muitos profissionais, mas nem sempre estar em outra cidade ou país significa conhecê-los, efetivamente. Para a coaching Ana Artiga, que é psicóloga e atende diversas empresas do Brasil, os últimos anos foram bastante representativos, com viagens a trabalho e fechamento de negócios. Porém, com o avanço da tecnologia, os encontros estão sendo substituídos por videoconferências, que proporcionam conversas com áudio e imagem sem que, necessariamente, as pessoas envolvidas estejam presentes fisicamente. “Esse tempo, que a tecnologia ajudou a economizar com viagens, está sendo deslocado para outras áreas do profissional”, acredita a psicóloga. Ela defende que pessoas com tais oportunidades de viajar precisam ter perfil aventureiro. “É importante alertar aos jovens que esse perfil é indispensável para a escolha de profissões que permitem viagens a trabalho. Nem todos se adequam a esse estilo de vida. É preciso ter maturidade e responsabilidade”. Sem dúvida. Ser o representante da empresa em outra cidade acaba gerando uma responsabilidade maior na atividade exercida. Talvez, por isso, de acordo com os profissionais com os quais a Vida Universitária conversou, viagens a trabalho acabam estendendo o expediente, mas de maneira compensadora.


© Fotos: Arquivo pessoal

© Fotos: Arquivo pessoal

© Fotos: Arquivo pessoal

© Fotos: Letícia Akemi

Dentro e fora do campo

Edificando negócios

De cima

Vê e conta

Há dez meses, o atleta Renan Ceschin, 28 anos, deixou os campos para empresariar jogadores de futebol. De estadias longas para defender clubes nos mais variados países aos cansativos “bate e volta”, Ceschin continua viajando em busca de bons negócios.

O engenheiro civil Bruno Martins, 39 anos, teve de se acostumar com viagens a trabalho, digamos, “na marra”. A empresa na qual ele trabalhava, em Belo Horizonte, passou a atender também em Curitiba, para onde foi transferido. Além dessa ponte-aérea, outras viagens internacionais se somaram à rotina de trabalho.

Ter ângulo aéreo das coisas. Renan Tisse, 27 anos, decidiu que viajar seria, sim, a trabalho. Ele entrou para uma escola de pilotos e, hoje, passa por um processo de capacitação. A escolha foi tomada depois de dois anos conversando com amigos e profissionais da área.

Mapear hotéis, restaurantes e passeios em cidades de todo o país. Essa é a atividade profissional do jornalista Eduardo Merli, 35 anos, que atua como editor das páginas do Guia Quatro Rodas. Ao todo, 12 anos viajando pelo país. Ele atribui sua função de jornalista de turismo como uma consequência feliz na carreira.

“Comecei a jogar bola na escolinha do Colégio Marista Santa Maria. Depois, o pai de um grande amigo meu me levou pra jogar futsal na AABB e, de lá, parti para o futebol de campo. Aos 20 anos, fiz minha estreia na equipe profissional do Coritiba. Atuei em vários clubes e, por causa dessa profissão, conheci vários lugares. O bom é que sempre gostei de viajar, mas no futebol nem sempre é possível conhecer os lugares como realmente a gente quer. Acabamos vendo a cidade pela janela do ônibus. Mesmo assim, conheci praticamente o mundo todo. São mais de 30 países visitados, e os que mais me agradaram foram a China e a Venezuela. Por problemas de saúde, resolvi parar cedo de jogar. Então, como tinha muitos contatos e amizades, decidi empresariar os jogadores. Hoje, minhas viagens são mais curtas e acontecem mesmo para acertar detalhes. Minha vida foi inteira ligada ao futebol e não teria como fugir disso”.

“Gosto quando são viagens rápidas, mas não deixo que se tornem um sacrifício, pois fazem parte da minha profissão e função. Também vejo que elas acabam sendo oportunidades de conhecer locais que não conheceria turisticamente. No início de carreira, as viagens são mais empolgantes, pois tudo é novidade. Mas, com o crescimento profissional, novos desafios vão surgindo também. Algumas viagens são mais estressantes e outras mais tranquilas. Elas quebram a rotina do escritório. A viagem que representou um marco na minha carreira foi a ida ao México, por ter sido a primeira internacional.”

“A ideia de seguir a carreira de piloto de avião foi amadurecendo aos poucos. Tenho alguns amigos pilotos que atuam em empresas aéreas, então, fui conversando com eles para entender a rotina de trabalho, me identifiquei e decidi fazer o curso. Gosto muito de viajar, conhecer lugares novos, mas acabo não tendo tempo de conhecer as cidades pra onde vou como aluno. Espero ter um tempo maior depois da formação. Não me vejo mais em outra profissão. Estou me dedicando totalmente ao curso e espero, em breve, atuar na área, seja como instrutor de voo, piloto particular ou de linha aérea. Pessoas que têm esse privilégio sabem a sensação de felicidade que se tem ao pilotar.”

“Já viajei o Brasil por mais de 700 dias. Viajar é uma nova vida. É deixar sua rotina, ali, onde mora, e vivenciar novas pessoas, comidas, o inesperado. Quando é uma viagem a trabalho, você precisa prestar muito mais atenção no que vê e sente, pois vai escrever isso para outras pessoas. Suas impressões e descobertas precisam ser bem fundamentadas e razoáveis para ganhar credibilidade diante do leitor. Isso leva tempo e, muitas vezes, também suor. Escolhi jornalismo porque gostava de escrever. Sempre quis entender também o que se passava no mundo. Ser jornalista de turismo foi uma consequência, podemos dizer, feliz na carreira.”

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da puc

Passos de

Se ensinar é um dom, fazer-se compreender é divino. Ser professor é destinar parte da vida debruçado em ensinamentos. É transmitir assuntos, tantas vezes repetidos, com empolgação, a cada ano, a cada turma. É uma escolha movida por paixão e, sobretudo, por vocação. Se o mês de outubro é dedicado para as peças-chave na Educação, a Vida Universitária também reservou páginas especiais para descrever a transformação de deixar a carteira e assumir o quadro negro. Conheça um pouco da história daqueles professores que se formaram pela PUCPR e hoje integram o grupo docente da Instituição.

mestres © Fotos: Letícia Akemi

Escola de Comunicação e Artes Francieli Mognon Coordenadora do curso de Relações Públicas Entendo que a arte de educar requer paixão e dedicação. O educador deve ser exemplo para seus alunos, e isso requer disposição incondicional, no que se refere à postura diante da vida e desenvolvimento intelectual. Iniciei a carreira acadêmica logo após concluir a graduação. Tive grandes mestres que me inspiraram e incentivaram a tomar essa decisão. Poder lecionar na Instituição na qual me formei faz toda diferença. Conviver com pessoas que foram e são meus queridos professores é fonte de motivação, aprendizado e perseverança. Um grande desafio para o professor é atualizar o conhecimento e estreitar as relações com os colegas e os alunos. Trabalhar com educação sempre foi algo desejado. Desde muito cedo, iniciei com atividades relacionadas à área. Nunca pensei em desistir de ser professora. Esse sonho de criança se tornou realidade e não penso em parar tão cedo.

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Escola de Educação e Humanidades Fabiane Lopes Professora do curso de Pedagogia Nem sempre quis ser professora. Quando eu era criança, queria ser advogada. Mas acabei fazendo Magistério e, com 18 anos, iniciei minha trajetória. Como muitos alunos da Educação, comecei a trabalhar com crianças de 4/5 anos e, então, me apaixonei de verdade. Fiz o curso de Pedagogia e mestrado em Educação na PUCPR, e desde 2010 realizo um grande sonho: dar aula na Instituição em que me formei. Essa responsabilidade me deixou com uma mistura de sentimentos. Queria mostrar um bom trabalho, pois os professores já me conheciam como aluna. E, ao mesmo tempo, demonstrar que aprendi muito com eles, e continuo aprendendo! A satisfação obtida no momento em que os alunos demonstram o conhecimento transmitido por nós não tem preço! É bom demais saber que participei da vida deles. Embora tenhamos inúmeros percalços pelo caminho, ainda acredito e amo o que faço. “Desistir é para os fracos”, gosto dessa frase.

Por Elizangela Jubanski

Escola de Saúde e Biociências Mari Ângela Calderari Professora do curso de Psicologia Durante minha formação não havia planos para a carreira docente, embora sempre tivesse contato com essa profissão, pois minha mãe era professora. Em 1983, ano seguinte a minha formatura, fui convidada para assumir uma disciplina. Hoje em dia, avalio a responsabilidade assumida e penso em meus primeiros alunos, pois, embora tenha estudado muito o conteúdo para o início das aulas, a segurança de um professor em sala de aula é fundamental, e tal competência fui adquirindo ao longo desses 30 anos. Hoje, tenho certeza de que esse é um potencial fortalecido. Outro aspecto fundamental é a conexão com as demandas sociais presentes na sala de aula, por meio de um aluno com características diferenciadas a cada década de trabalho. Eu almejo que as instituições ofereçam cada vez mais condições para que esse profissional esteja em constante movimento e exercendo a essência de sua função.


Escola de Direito Karina Magatão Coordenadora adjunta do curso de Direito Minha mãe e outros membros de minha família são professores. Seguimos os bons exemplos que temos na vida. Acredito também que o dom de lecionar está no sangue. Pensava em fazer Direito. No início, jamais imaginei ingressar na vida acadêmica, mas o destino acabou me levando até ela: quando percebi, já tinha sido monitora, feito pesquisas e estava no mestrado. Percebo que, antigamente, existia um carinho e respeito pelo professor. Acredito que isso tenha diminuído, mas não o prestígio dessa profissão. Eu me realizo quando estou em sala de aula. Lecionar onde me formei é muito mais que uma experiência, é um sentimento de gratidão misturado com o orgulho da formação que recebi. Simplesmente, os olhos enchem de lágrima quando estou diante de situações que me fazem pensar nisso.

Escola Politécnica Ricardo Diogo Coordenador do curso de Engenharia de Controle e Automação Recebi um convite para ser professor em função do que vinha desenvolvendo nos cursos de especialização vinculados ao curso de Engenharia Mecatrônica, na época. Durante a graduação, alguns colegas viam que eu tinha um perfil de colaboração na aprendizagem, mesmo tendo algumas dificuldades em determinadas disciplinas. Entrei no mestrado e, em paralelo, comecei a prestar tutoria para cursos de especialização semipresencial. Fui aprovado em um concurso público para perito criminal na Polícia Científica do Estado do Paraná. Tentei conciliar os dois, mas não deu certo. Tive que tomar uma decisão: quase saí da PUCPR para aceitar um cargo público, graças aos benefícios, mas a possibilidade de transmitir conhecimento e poder colaborar com a formação de novos engenheiros mecatrônicos, hoje, de Controle e Automação, pesou mais. Fiquei na PUCPR!

Escola de Negócios Luis André Fumagalli Professor do curso de Administração A decisão de me tornar professor foi, basicamente, um “plano B” que virou “plano A”. E muito mais cedo do que eu imaginava. Eu trabalhava com a parte de engenharia, desenvolvimento e instalação de máquinas e equipamentos. E levado à área comercial e administrativa, senti a necessidade de uma nova graduação na área. Então, fiz Administração, mestrado, e comecei a lecionar em 2008. Hoje me considero plenamente realizado nessa nova carreira. Os objetivos sempre foram muito claros e, quando se faz aquilo de que se gosta, o caminho fica mais leve e a satisfação de um trabalho bem feito recompensa todo o sacrifício. A experiência de lecionar na Instituição em que me formei me parece um processo natural. Afinal, incorporamos também a cultura e os valores. Logo, sair da carteira para o quadro não é tão difícil, mas a responsabilidade é sempre grande. Eu me cobro sempre o melhor do melhor, à luz dos ensinamentos de meus professores e do respeito que carrego por eles. É preciso dar o máximo, sempre.

Escola de Arquitetura e Design Antônio Martiniano Fontoura Professor do curso de Design A decisão de me tornar professor surgiu quando eu ainda era aluno. Tive alguns bons exemplos que me inspiraram. Assim que terminei a faculdade de Design na PUCPR, fui trabalhar na indústria, mas logo surgiu a oportunidade de seguir na área acadêmica. Iniciei meu trabalho docente na UTFPR e, logo em seguida, ingressei na PUCPR. Dar aulas é como um vício. Dá muito prazer, mas é um trabalho que exige muita dedicação. Para me tornar um bom professor, achei necessário buscar formação adequada. O mestrado e o doutorado estavam ligados às questões educacionais do Design. Essa jornada não é muito fácil, mas me permitiu ter muita satisfação. Sinto-me realizado! No início, ainda me sentia um aluno diante de meus antigos professores, mas aos poucos fui aprendendo com eles como lecionar. A experiência veio com o tempo. Foi muito significativo para a minha vida poder ensinar onde aprendi tantas coisas.

Escola de Ciências Agrárias e Medicina Veterinária José Ademar Villanova Professor do curso de Medicina Veterinária A decisão de me tornar professor foi tomada poucos meses após o início da monitoria. Foi o despertar de uma realização pessoal muito intensa. Sou um afortunado. Desde criança quis ser médico veterinário, e sempre atrelei o exercício da medicina veterinária a atos cirúrgicos. Sou médico veterinário, opero quase todos os dias e leciono disciplinas relacionadas à cirurgia, o que me desobriga de estudar e trabalhar com temas que não me são prazerosos. Trabalhar na PUCPR, onde me formei, faz com que as relações transcendam o aspecto profissional. O convívio é mais amistoso, harmonioso e edificante. De muitos ainda recebo o carinho que me era dado como aluno. Tenho com muitos uma incalculável dívida de gratidão. Cada aluno possui seu universo de potencialidades, ajudá-lo a desenvolvê-las é desafiante e muito gratificante.

Escola de Medicina Lídia Zytynski Moura Professora do curso de Medicina Tornei-me professora de forma muito natural. O processo de replicação na Medicina é algo bastante frequente, uma vez que, desde a residência, você encara aquele que está à frente e aquele que terá que ensinar. Então, logo depois que me formei eu fiz mestrado, não especificamente para dar aula, mas para entrar na área de pesquisa. Depois fiz doutorado, também em um processo natural. Há oito anos, recebi o convite para ministrar aulas e, após um curto tempo, fui chamada para a coordenação adjunta do curso, porém sem jamais perder de vista a sala de aula, bem como minha profissão, a Medicina. O que torna melhor a rotina de ser professora é uma relação próxima com os alunos. Talvez o fato de ter o pé muito forte na prática e vivenciar a carreira médica ativamente transforme essa relação entre aluno e professor em algo muito mais rico.

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Por Julio Glodzienski

O sorriso e o carisma anunciaram a chegada de um Papa que propõe uma revolução na Igreja por meio dos jovens. E foi nesse espírito de proximidade que o “futuro” pôde viver, incentivado pelos passos do Papa Francisco, a simplicidade na Jornada Mundial da Juventude Rio 2013. Foi nas areias da praia de Copacabana, que mais de 3 milhões de jovens de todas as nacionalidades puderam presenciar essa experiência para a vida: viver na simplicidade. Para Flávia Meirelles Israel, estudante do 6º período de Terapia Ocupacional na Universidade de São Paulo (USP), que ficou hospedada no Colégio Marista São José, no bairro da Usina (RJ), viver os dias de 23 a 28 próxima ao Papa “foi inspirador para ser como ele, uma pessoa santa, com valores que se fazem verdade no jeito de ser, vivenciando sua fé cristã de modo singular, encorajando milhões de peregrinos. O Papa propõe que a igreja seja jovem, que ela seja simples e feita pelas práticas cotidianas”. O mesmo sentimento contagiou os peregrinos dos mais diversos idiomas e culturas. Mas o que é simplicidade para você? Segundo o Dicionário Aurélio, é: “Qualidade do que é simples, do que não apresenta dificuldades, naturalidade, espontaneidade, forma simples e natural de dizer e escrever”. Para Juliano Szpak, estudante do 6º período de Engenharia Civil da PUCPR - Câmpus Curitiba, ser simples é “viver com somente o necessário, reconhecendo o real valor do que se tem e deixando de lado preconceitos”. Camila Peternella Veltrini, do curso de Nutrição da PUCPR — Câmpus Maringá complementa: “Viver simplicidade é poder viver leve, e olhar a vida de uma forma humana, sem torná-la mais difícil do que realmente é”. Mas, para eles, viver este momento é mais que um instante. É lição que volta na bagagem

para casa e para a vida. Para Juliano, a vontade era de pegar as ferramentas necessárias e começar a mudar o mundo. Já Eduardo Henrique Rodrigues, estudante de Medicina na Universidade Estadual de Londrina, percebeu que essa experiência podia mudar o seu próprio mundo. “Ela me mostrou que posso e consigo viver de maneira, mas mais que isso, que posso SER mais simples. Surpreendentemente, tenho percebido que essa atitude de simplicidade ajuda bastante no relacionamento com as pessoas que vivem cotidianamente comigo”, explica. Além de todo esse momento de aprendizado, a troca de conhecimentos e experiências, para alguns, só se tornou possível por meio da mistura de etnias que tomou conta do Rio de Janeiro. “Pelas ruas do Rio, via gente envolta com as bandeiras de seus países e, a partir daí, era só chegar e começar o papo — muitas vezes só na base dos gestos mesmo, já que pelo idioma nem sempre era possível”, conta Eduardo. “Enquanto nas aulas de Geografia sonhávamos em um dia visitar todos aqueles países tão pequenos e tão distantes, de repente, a gente se dá conta de que todos aqueles lugares estão ali, tão pertinho!”, completa Camila. Seja hospedados nas areias de Copacabana, nas escolas e colégios, em albergues ou casas de família, para eles, viver na simplicidade não foi ruim. “Percebemos que não é nada difícil ou penoso e que viver na simplicidade pode se estender pelo dia a dia”, aponta Juliano. Para eles, uma mudança pessoal aconteceu: “a entrega e o aprofundamento da minha fé, que deve ser cultivada todos os dias e que possibilita trabalhar outros valores que não só a simplicidade, pois, para mim, a fé é um dos valores que desencadeia outros”, afirma Flávia. “Em todos os âmbitos, sinto que minha vida voltou renovada, mais firme, com mais vontade. Mais vontade de vida! De mudança. De esperança”, finaliza Camila.

Foto na praia de Copacabana, da estudante Flávia Meirelles Israel.

© Fotos: Sxc.hu | Arquivo pessoal

A simplicidade vivida pelos jovens durante a Jornada Mundial da Juventude 2013: uma experiência maravilhosa

A representação de várias nações na JMJ, na foto de Juliano Szpak.

vida

É para a

espiritualidade

“Viver simplicidade é poder viver leve, e olhar a vida de uma forma humana, sem torná-la mais difícil do que realmente é.” [Camila Peternella Veltrini]

Com peregrinos de diversos países, Eduardo Henrique Aos pés do Cristo Redentor, Camila Peternella Veltrini vive novas experiências. Rodrigues confraterniza nas areias de Copacabana.

Confira mais imagens na versão digital da revista Vida Universitária.

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Com crianças e jovens na promoção de um mundo com direitos.

A Rede Marista de Solidariedade atua na promoção e defesa dos direitos das infâncias e juventudes nas quatro áreas de atuação do Grupo Marista. Com esse objetivo, realiza o atendimento contínuo a crianças, jovens e famílias por meio de projetos socioeducativos, desenvolve estratégias de incidência política e fomenta ações de educação para a solidariedade em todo o Grupo Marista. Conheça mais sobre a solidariedade no Grupo Marista. Acesse solmarista.org.br ou facebook.com/solmarista


© Foto: André François

reportagem

Falta de estrutura no interior de algumas cidades do país pode ser um agente de desumanização do profissional. Mas o que é ser humanizado e como enfrentar esse desafio?

Médico humanizado Por Julio Glodzienski com a colaboração de Michele Bravos

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Desafios no interior Não é raro ouvir as críticas à classe: “Eles recebem altos salários... O que mais querem?”. Pois bem, assim como em todas as profissões, os médicos buscam algo além de boa renumeração. Uma das principais reivindicações é a criação de um plano de carreira. Horácio explica que essa é uma segurança que o profissional tem, além da perspectiva de crescimento e benefícios. “Então, pode ter um alto salário no interior, mas se o profissional não tiver perspectiva, ele vai acabar não ficando muito tempo no emprego, até porque ele passa a lidar com a falta de estrutura”, explica o vice-coordenador. Portanto, há a necessidade de criação de um plano governamental palpável, que veja a saúde de maneira séria. “É preciso um sistema de saúde sólido, que respeite não só o médico, mas também o paciente, e faça da saúde não só uma bandeira para a arrecadação de votos em campanha eleitoral, mas uma bandeira de prática”, defende Horácio.

A experiência vivida pela médica psiquiatra Cristina Monteiro ao se mudar para o Norte do país permitiu perceber que a falta de médicos, medicamentos, estrutura, dentre outras controvérsias percebidas por meio de sua atuação no Centro de Atenção Psicossocial em Coari (AM), é uma realidade. Segundo ela, a grande dificuldade em atuar foi motivada por distorções das estratégias preconizadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “Não funcionávamos com a clientela, pois atendíamos pacientes que deveriam estar em outros dispositivos de saúde, principalmente nas Clínicas da Família. Nessas, não eram atendidos por despreparo dos profissionais”, explica. Outros fatores que completam a não ida de profissionais ao interior envolvem a estrutura para a própria família. Ou seja, além da ausência de um plano de carreira, a impossibilidade de dar continuidade aos estudos e a falta de estrutura, como escolas adequadas e outras dependências de suporte à família do médico, pesam nas decisões dos profissionais. Se por um lado, a classe médica que encara a vida nas cidades precárias se depara com o desafio de ser humano, sem condições nem preparo para isso; por outro lado, médicos que trabalham em instituições privadas e com boas condições, também precisam resgatar a humanização. “O atendimento em um hospital de primeira linha, dotado de modernos recursos tecnológicos e com profissionais tecnicamente preparados e bem remunerados, também pode ser desumanizado”, afirma Maria Nassar. A relações públicas defende que a humanização é um processo complexo que integra a qualidade técnica e a conduta ética.

Foi viajando para o Norte do país, após terminar a residência médica, que a psiquiatra Cristina Monteiro pôde conhecer outras realidades, inclusive da saúde pública. A busca por experiência fora do Rio de Janeiro, onde vivia, fez com que fosse para o município de Coari (AM), por um período de 15 meses. O motivo do retorno? O alto salário não compensava a falta dos direitos trabalhistas, bem como a impossibilidade de dar continuidade aos estudos, a falta de estrutura e o despreparo de alguns profissionais. “Retornei, portanto, com uma maior percepção da importância das políticas públicas de saúde, incluindo a boa formação dos profissionais e o estímulo ao comprometimento com o SUS”, explica Cristina.

“É preciso um sistema de saúde sólido, que respeite não só o médico, mas também o paciente, e faça da saúde não só uma bandeira para a arrecadação de votos em campanha eleitoral, mas uma bandeira de prática.” [Victor Horácio]

O instante do cuidado

© Foto: André François

A que preço valeria trabalhar em uma cidade precária e muito vulnerabilizada socialmente? É com esse questionamento que se deparam os médicos que decidem exercer sua profissão em cidades no interior do país. Atuar como médico extrapola a busca pelos altos salários. O Brasil enfrenta problemas graves na medicina e, dentre os fatores que afastam os profissionais do trabalho no interior, estão a falta de estrutura e de plano de carreira. São questões que afetam diretamente o “atuar” do profissional, como aponta Maria Nassar, especialista em comunicação estratégica para a área de saúde: “a falta ou a inadequação da infraestrutura para o atendimento e para o trabalho em saúde pode ser considerado como desumanização”. A dúvida que paira é como ser humano diante de fatores tão desfavoráveis, presentes, principalmente, no interior e nas regiões Norte e Nordeste do país. A medida prática, a fim de atender mais de 180 milhões de cidadãos que dependem da saúde pública, foi criar o Programa Mais Médicos, para contemplar áreas carentes de atendimento e com investimento disponível para hospitais e unidades de saúde, além da convocação de mais médicos, para atuar nas regiões mais vulneráveis do país. Além dos fatores estruturais, a humanização também depende da relação de comunicação médico-paciente, que vai além de diagnósticos e teorias. O caminho possível para essa re-humanização médica pode começar, segundo o vice-coordenador do curso de Medicina da PUCPR, Victor Horácio, na universidade. “Seria importante realizar algumas atividades práticas com os alunos, levá-los a alguns campos de estágio com supervisão, para que pudéssemos verificar qual seria o comportamento desse aluno diante de uma situação social um pouco mais crítica”, explica. Com estrutura e profissionais mais preparados para situações de vulnerabilidade extrema, o serviço prestado poderia ser mais humano, próximo e coerente.

Por diversas localidades do Brasil, equipes de saúde vencem desafios e colocam à prova sua capacidade de superação em prol do outro. Com o intuito de revelar momentos sutis de cuidado, de humanidade, nessa rotina, o fotógrafo André François realizou uma expedição fotográfica e coletou mais de 25 mil imagens sobre o ato de cuidar. As fotografias, como esta da matéria, compõe o livro Cuidar - Um documentário sobre a medicina humanizada no Brasil (2006). O fotógrafo também é idealizador do Image Mágica, uma organização afiliada à ONU (Organização das Nações Unidas), que realiza projetos audiovisuais no âmbito educacional, ambiental e da saúde, com o objetivo de promover desenvolvimento pessoal e social.

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reportagem Médico (humanizado) e até mesmo desumano. “Para tornar a área da saúde mais humanizada, são necessárias ações decorrentes de políticas, projetos e programas que tenham como objetivo melhorar a qualidade técnica e interacional dos profissionais de saúde, além da melhora na infraestrutura de atendimento e nas condições de trabalho”, defende.

Equipes multidisciplinares Porém, esse modo de humanizar deve ser baseado em informação, comunicação, educação contínua e gestão participativa. Um exemplo seria a criação de equipes multidisciplinares para assistência ao paciente. Desse modo, o problema é percebido para além do consultório médico. Busca-se entender a fundo a raiz do que pode estar gerando determinado problema de saúde. Para o vice-coordenador Horácio, “o problema não está apenas na saúde; pode haver um problema social na comunidade, por exemplo. Então, a presença de um fonoaudiólogo, de um assistente social, de uma enfermeira é importante. Hoje, o médico está aprendendo a trabalhar mais com outros profissionais de outras áreas. E também é preciso entender que a mera reunião de diversos profissionais não assegura a formação de uma equipe multidisciplinar, no sentido necessário para as práticas humanizadas em saúde”, completa Nassar. Portanto, ao fazer saúde humanizada, a comunicação melhorada entre médico e pacientes, a educação em saúde para a prática da escuta sensível e qualificada e a construção de uma nova cultura institucional e de relacionamentos fundamentadas nos valores, nos princípios da humanização e no reconhecimento das subjetividades que envolvem as práticas em saúde, como defende Maria, são caminhos possíveis para a mudança desse quadro. Pensando nisso, o Governo Federal

© Foto: Divulgação

Mas, o que é humanização? É o ato ou efeito de humanizar, que, segundo o dicionário Aurélio, é dar condição humana, tornar afável. Como completa Maria, “humanizar é tratar bem e realizar qualquer atividade considerando cada pessoa como ser único e em toda a sua complexidade. Humanizar é respeitar a si e ao outro”. O tratar humanizado não depende apenas do médico. Afinal, atender com a devida atenção que cada paciente demanda é humanizar o atendimento, entender o que se passa. “Por vezes, percebe-se que, em algumas situações, o médico deve atender 20 pacientes em 3 horas. Se essa estrutura de atendimento fosse modificada, isso permitiria que o médico fosse mais humano na sua prática do dia a dia”, explica Horácio. A formação do profissional generalista, de forma mais humanizada, deve começar na Universidade. “Isso permite que o aluno possa ter a sua habilidade como médico”, afirma o vice-coordenador do curso de Medicina da PUCPR. O acadêmico passa a assumir a capacidade de resolver situações do dia a dia. Essa prática se dá, no curso de Medicina da PUCPR, por meio da disciplina de Práticas Ambulatoriais, que vai do 4º ao 12º período. Nela, o aluno faz esse treinamento. Isso o torna, por vezes, capaz de desenvolver suas atividades em locais com pouca estrutura. “Então, ele fica apto a trabalhar nessas cidades, onde muitas vezes existe falta de estrutura, sim, mas é possível fazer o diagnóstico e tratar a grande maioria das doenças médicas sem uma ferramenta de exame laboratorial mais especializado”, completa. Para Maria Nassar, os avanços tecnológicos hoje aplicados em todos os níveis de Atenção à Saúde passam a formar um profissional baseado na crença cega no poder da tecnologia, o que pode levar ao distanciamento do ser humano, tornando o atendimento mecânico, impessoal

lançou, em 2003, a Política Nacional de Humanização (PNH). Esse projeto, que completa 10 anos, busca colocar em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de saúde, produzindo mudanças nos modos de gerir e cuidar. O PNH procura inovar a saúde por meio de ações de vários profissionais, alinhados pela busca dos problemas do paciente. “Sua importância é indiscutível, buscando reafirmar princípios importantes do SUS que realmente são negligenciados na prática diária. Na minha opinião, os principais pontos são o favorecimento da participação dos usuários e o foco na importância de um ambiente acolhedor nos diversos serviços, que valorize o ser humano e suas demandas”, defende Cristina.

Iniciativas Pensando nesse lado mais humano, de atender o próximo, a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras atua com o intuito de levar o atendimento a quem não possui condições. A organização, que em 1999 ganhou o Prêmio Nobel da Paz, conta com mais de 34 mil profissionais de várias áreas de atuação, espalhados por mais de 70 países. Outra iniciativa que serve de exemplo de humanização é a Dr. Consulta, clínica aberta por um grupo de médicos dos hospitais particulares Sírio Libanês e do Albert Einstein na favela de Héliopolis (SP). A proposta é oferecer consultas e exames a famílias de baixa renda, ao custo de R$ 60, podendo ser parcelado em 2x de R$ 30. Para que cada vez mais médicos vivenciem a profissão de forma mais humana, seja em empregos públicos, de forma voluntária ou em iniciativas próprias, Horácio afirma que é preciso apostar nesse discursos do começo ao fim na formação dos novos profissionais. Eles são o futuro da humanização.

E a população?

O programa Mais Médicos, lançado pelo Governo Federal em julho, também resultou em renúncia de cargo. O presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Alexandre Gustavo Bley, pediu licença do cargo para não assinar os registros provisórios aos médicos com formação no exterior. Segundo o Conselho, “o Governo Federal implantou o programa de forma impositiva e agora pressiona e intimida os CRMs a fazer as inscrições, confrontando leis vigentes e preceitos éticos da Medicina”.

© Foto: Sxc.hu

Mais Médicos

A maioria dos brasileiros é favorável à contratação de médicos estrangeiros pelo programa Mais Médicos, do Governo Federal, segundo pesquisa encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e realizada pelo instituto MDA. Segundo o levantamento, a aprovação aumentou de julho para setembro e a desaprovação caiu. Declararam-se favoráveis à importação dos profissionais formados no exterior 73,9% dos entrevistados. Em julho, logo que o programa iniciou, o porcentual era de 49,7%.

Confira o documentário do fotógrafo André François, que registrou profissionais de saúde que fazem a diferença: http://goo.gl/1533hn Saiba mais sobre o programa Médicos Sem Fronteiras: www.msf.org.br

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vida docente

No [DES]

aconchego do lar © Fotos: Letícia Akemi

Investigar aspectos envolvidos na desistência de denúncias de violência contra a mulher compõe tese de doutorado em Direito de professora da PUCPR Por Julio Glodzienski

O contexto é o século XXI, e o panorama ainda é a presença da violência doméstica em muitos lares. Porém esse tipo de violência não compreende apenas a agressão física, mas também a agressão verbal e psicológica feita por um membro familiar em relação a outro. Pode ser uma mulher, um idoso ou uma criança, por exemplo. A mais comum, e que recebe maior evidência midiática, é a violência contra a mulher. Segundo números da Central de Atendimento à Mulher (180), no ano de 2012, foram registradas 732.468 denúncias, das quais 88.685 consistiram em relatos de violência. Nesse aspecto, 56% dos registros totalizam a agressão física, 28% maus-tratos psicológicos e 12% morais, contabilizando o ranking de chamadas. E é em meio a esses registros que a Lei Maria da Penha completa seus sete anos. Ela está para ajudar. A Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006) foi criada para coibir a violência doméstica contra a mulher. Segundo dados do Governo Federal, por meio de pesquisa do Instituto Patrícia Galvão, após sete anos de vigência, 86% das mulheres começaram a denunciar os maus-tratos que sofrem. É neste contexto que a Maria Cristina Neiva de Carvalho, psicóloga, professora do curso de Psicologia, docente de Psicologia Jurídica no curso de Direito e coordenadora da Pós-Graduação em Psicologia Jurídica da PUCPR, vai desenvolver sua tese de doutorado em Direito na PUCPR, orientada pela profa. Dra. Claudia Maria Barbosa. O trabalho, relacionado aos maus-tratos domésticos contra a mulher, é integrado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e tem como objetivo identificar as variáveis que interferem na agilidade, na

eficácia e na eficiência do Sistema Judiciário no Brasil. O ato da agressão contra a mulher compõe um quadro histórico machista. “É um processo cultural, não se muda tão rápido. Tudo vem da relação de gêneros diferentes, a mulher era submissa ao homem. As religiões influenciavam isso, a própria cultura”, explica a doutoranda Maria Cristina. Para ela, a sociedade contemporânea se encontra em uma configuração especial, e começa a criar leis para resolver problemas de toda espécie, como uma medida legal para situações que não necessariamente seriam jurídicas. “É a judicialização da vida, e o objetivo deste trabalho – que é entender o conceito de justiça dessas mulheres agredidas – é uma ponta dessa questão”.

É lei, mas... Apesar de ser uma lei que visa a proteger as próprias mulheres, muitas, encorajadas com o ardor do momento, realizam a denúncia contra o agressor, mas acabam por retirar a queixa. O medo, o arrependimento, o peso da família, todos esses fatores compõem as problemáticas de pesquisa a serem levantadas pela doutoranda. “O objetivo é tentar identificar qual o conceito de justiça que essas mulheres têm, por que elas realizam a denúncia e depois as retiram”, explica. Para Maria Cristina, não é possível analisar a violência doméstica desvinculada da saúde pública. “O alcoolismo e as drogas são agentes que estimulam a violência doméstica. Ou seja, trabalhar a lei por si só não basta”, completa. Por isso, a tese de doutorado quer entender qual a real concepção de justiça para essas mulheres. Por que elas denunciam e voltam atrás? “Essas pessoas querem que a justiça eduque, dê um susto apenas ou simplesmente converse. Elas não querem os parceiros presos. Por isso, acabam buscando os meios er-

rados, tudo por falta de informação sobre o verdadeiro papel da lei”, completa. Esses são fatores que acabam interferindo e deixando o sistema judiciário lento. Por isso, desde fevereiro de 2012, a decisão do Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 4.424/2012, estabelece: as mulheres que realizaram a denúncia e deram entrada no processo por agressão física não podem mais renunciar ao processo. O Estado pode mantê-lo independente da vontade da vítima. Podem, portanto, renunciar (ou seja, desistir do processo) mulheres que sofreram outros tipos de violência, não a física. O trabalho se baseará nessas mulheres que têm o direito de renunciar, “afinal, se a lei está disponível para elas, por que estão renunciando?”. O motivo talvez se dê pelo fato de o judiciário assumir o papel de outras instituições que se encontram enfraquecidas no momento, tais como a Igreja, a família, a escola, a política, dentre outras. “Essas instituições sempre tiveram influência no funcionamento social e, quando perdem seu papel, afetam muitas áreas”, completa. Mas a resposta virá após pesquisa qualitativa, em que se conversa com o entrevistado para entender a fundo o que se passa.

“Afinal, se a lei está disponível para elas, por que estão renunciando?” [Maria Cristina Neiva de Carvalho]

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vida docente

A campanha Se Liga no Livro é uma iniciativa da Lumen FM com a Rede Marista de Solidariedade para incentivar a leitura em Curitiba. Todos os dias na 99,5 você fica por dentro de projetos, iniciativas e diversas ações que incentivam a leitura na cidade, no Brasil e no mundo. E aos domingos, a união das linguagens da música e literatura no Se Liga na Letra, com o professor e poeta Marcelo Sandmann.

Se Liga no Livro

Diariamente às 8h, 12h30, 18h30 e 21h.

Se Liga na Letra

Domingo às 18h30. Reprise às quartas-feiras, às 23h.

Apoio:

www.lumenfm.com.br/seliganolivro


mundo afora

Roteiro Avocado não é abacate Alejandra Gutiérrez, 23 anos, estudante de Design Gráfico na UFPR

O intercâmbio para outro país pode começar de um jeito bem saboroso: pela cozinha. A culinária de cada lugar possui segredos que só os habitantes conhecem. São temperos regionais, um jeito de fazer passado de geração para geração e uma forma de apreciar que tornam o prato parte da cultura local. Por isso, quatro estudantes estrangeiros serão os guias na viagem gastronômica que começa agora.

Sabe aquele acompanhamento que está em todas as refeições? No México, esse título é da guacamole. Não a abrasileirada, feita com abacate. Mas a verdadeira, feita com avocado, um fruto parecido, só que menor e menos adocicado. A mexicana Alejandra Gutiérrez atribui essa adaptação ao alto preço do avocado por aqui, se comparado ao que ela paga em seu país. Todo mexicano que se preze também come tortillas, de farinha ou de milho, em quase todas as refeições. Elas acabam fazendo a vez do pão. Com guacamole e tortillas à mesa, só falta um punhado de pimentas. Isso mesmo, no plural. “Quase todos os pratos mexicanos têm algum de tipo de pimenta. Aqui no Brasil, pimenta é dedo de moça. Lá, não. Temos muita variedade”, diz.

Dica: No Mercado Municipal de Curitiba, é possível encontrar o avocado e as tortillas.

França além do croissant Fabien Coulomb,22 anos, estudante de Engenharia Civil na UFPR Um bistrô com meia-luz, alguns croissants, baguetes, uma tábua de queijos e um vinho. Depois, um petit gâteau ou um creme brulée. Certamente, essa é a França que habita a imaginação da maioria das pessoas. Mas o país guarda sabores que vão além desses. Fabien Coulomb, filho de um dono de restaurante, lista algumas sugestões para ninguém duvidar da variedade de pratos típicos franceses. Na região de Lorraine, há a quiche homônima, uma torta de massa podre — similar à de empadão — preparada com queijo. O chucrute (como no Brasil) e a torta de cebola são comuns na região da Alsácia. O gratinado dauphinois, feito com batatas, noz moscada e queijo, é de Toulouse. O crepe salgado recheado, da Bretânia. Na casa do estudante, na França, o prato típico de sua família é o pot au feu, bem rústico e preparado com carne bovina, alho-poró, salsa e ervas. O prato, geralmente, é feito pelas mães ou pelas avós e servido em refeições para reunir todos.

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Dica: www.cuisine-france.com/recettes.htm www.chefsimon.com


gastronômico

Um tour pela culinária de outros países, com guias locais Por Michele Bravos

Rússia de muitos sabores Maria Gof, 24 anos, estudante de Engenharia Civil na PUCPR O fim da União Soviética, em 1991, não decretou o fim das misturas culturais geradas por tantos anos como um único território. Por isso, atualmente, a Rússia é um pouco ucraniana, lituana, uzbequistanesa... Na cozinha, não é diferente. Maria Gof morou na Rússia até os 18 anos e conta que seu prato favorito é uma sopa ucraniana bem encorpada, preparada com carne bovina, repolho, beterraba, dentre outros vegetais à escolha de cada um. Esse prato pode ser servido a qualquer hora. “Tem gente que come no café da manhã. Na verdade, os russos comem quando têm fome”, conta. Por lá, fazer uma refeição está mais atrelado a suprir uma necessidade do que a um costume ou um momento social. Essa visão faz com que não dediquem muito tempo ao ato de comer. Após o prato principal, é hora de voltar à rotina. Nada de cafezinho ou sobremesa. Quem gosta come um doce, desses industrializados mesmo, só para dar um gostinho mais suave para o dia a dia.

Tradição: tempero marroquino Soufiane Benani, 23 anos, mestrando em Negócios na PUCPR Quem já comeu couscous marroquino no Brasil — aquele preparado com sêmola de trigo, uvas-passas, damascos, hortelã, cheiro verde — pode ficar desiludido, no momento. Esse não é o verdadeiro couscous. Na verdade, está longe de ser. No Marrocos, couscous é um prato especial, sempre preparado às sextas-feiras para a hora do almoço, com a mesma sêmola, mas com carne ou frango, muitos legumes (como batatas, cenouras e abobrinhas) cortados em tiras largas e uma pitada generosa de tradição. O marroquino Soufiane Benani explica: “O país é muçulmano, por isso fazemos cinco orações diárias. A sexta-feira é um dia de reunirmos a família para comermos e rezarmos juntos”. Ele conta que esse costume é levado tão a sério que o comércio começa a fechar às 12h e só retorna às 14h. Justamente para as famílias poderem se encontrar. Com o crescimento das cidades, principalmente da capital Casablanca, a população teve que se adaptar para manter a tradição. “Alguns restaurantes preparam o couscous para receber as famílias que não têm tempo de prepará-lo”. Na casa de Benani, em Fez, onde moram seus pais, irmãos, primos, tios e tias, são as mulheres que cozinham, e homem na cozinha é quase uma ofensa. O estudante, que há cinco anos fez do mundo sua casa — tendo também já morado —, conta que sabe cozinhar, mas quando volta para casa, não chega perto do fogão. Assim como, no Brasil, após a refeição um cafezinho é sempre bem-vindo, no Marrocos, esse posto é ocupado pelo chá marroquino, um chá preto preparado com menta. “Tomamos chá o dia todo. O chá marroquino é o melhor que existe. Adoro a comida do meu país”.

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registro DESTAQUE

O professor, ator e diretor de teatro Laercio Ruffa faleceu no dia 3/10 em decorrência de um câncer. Laercio começou sua carreira como ator de teatro, em 1975, e dois anos depois ministrava oficinas pelo interior de São Paulo quando se identificou com a direção teatral. Além de atuar, gostava de escrever roteiros. Veio para a capital paranaense em 1985 e desde 1988 era professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Durante 25 anos esteve à frente da direção do Tanahora, grupo de teatro da PUCPR. Atualmente, também coordenava o curso de Teatro da Universidade.

O professor do curso de Medicina da PUCPR e dermatologista da Santa Casa de Curitiba, Caio Castro, em parceria com Roberto Azambuja, lançou o livro “Vitiligo: manual explicativo para pacientes e familiares”. Além desse manual, foi lançado, no evento, o “Atlas de dermatologia: da semiologia ao diagnóstico”, que tem um capítulo sobre vitiligo escrito por Castro.

© Foto: Arquivo pessoal

© Foto: João Borges

FALECIMENTO

Os professores Fernando Bittencourt Luciano e Renata E. F. Macedo apresentaram trabalhos no 59th International Congress of Meat Science and Technology (ICoMST), na cidade de Izmir, Turquia. O ICoMST é o congresso internacional mais importante para a área de ciência e tecnologia de carnes e, nesta edição, reuniu congressistas de mais de 39 países.

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A PUCPR participou do Congresso Mundial de Universidades Católicas 2013 (CMUC), realizado na PUC Minas, em Belo Horizonte. O Reitor da PUCPR, Ir. Clemente Ivo Juliatto, foi uma referência no Fórum de Reitores, falando sobre a internacionalização das universidades. Na foto, a professora Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira, diretora de Graduação e Avaliação Institucional, o Ir. Rogério Renato Mateucci, diretor de Pastoral e Identidade Institucional, a professora Mirian Célia Castellain Guebert e o professor Gerald Cattaro.

A Escola de Direito da PUCPR promoveu o congresso “Direitos Fundamentais e Processo Constitucional: 25 anos da Constituição de 1988”. O evento contou com mesas-redondas com constitucionalistas, sobre as conquistas e dificuldades da aplicação e atuação da Constituição de 88. O decano da Escola de Direito, Alvacir Alfredo Nicz, professor da casa por 30 anos, na área do Direito Constitucional, foi homenageado. Na foto, o professor Nicz recebendo a homenagem da professora Amélia Sampaio Rossi.

© Foto: Divulgação

O curso de Fisioterapia realizou, em parceria com o Centro Acadêmico de Fisioterapia (CAFI), a Blitz da Saúde. Nessa edição, o público-alvo foram as secretárias das Escolas da PUCPR. Os alunos realizaram avaliação ergonômica das profissionais em seus postos de trabalho. A proposta é demonstrar que medidas simples e de baixo custo, como orientações quanto à melhor postura e ajustes de mobiliários às características de cada pessoa, podem melhorar a saúde.

© Foto: Divulgação

© Foto: Divulgação

© Foto: Divulgação

EVENTOS


Destaque

© Foto: Arquivo pessoal

A PUCPR, por meio do curso de Educação Física da Escola de Saúde e Biociências, participa do programa-piloto Fifa 11 pela Saúde. Pelo projeto, 15 escolas de Curitiba selecionaram 30 alunos para participar de oficinas do esporte. Para orientar as crianças e os adolescentes, um professor de cada escola passou por treinamento. Além disso, 15 alunos do curso de Educação Física da PUCPR auxiliarão nas oficinas. Eles também participaram dos treinamentos, realizados nos auditórios e no ginásio de esportes da PUCPR. As oficinas para as crianças e os adolescentes acontecerão durante os jogos da Copa do Mundo, em 2014.

Professores e funcionários do Câmpus Maringá da PUCPR participaram da X Maratona de Revezamento Vanderlei Cordeiro de Lima — Pare de Fumar Correndo. O evento reuniu 2.496 atletas de 312 equipes, em um circuito de 42.195 m. O objetivo da prova foi comemorar o Dia Nacional de Combate ao Fumo com uma grande festa do atletismo, que convidou os participantes a uma vida saudável.

© Foto: Divulgação

© Foto: João Borges

O professor do curso de Educação Física da PUCPR Rui Meslin foi convocado para treinar a Seleção Brasileira de Natação Paraolímpica durante o Mundial de Natação que aconteceu no mês de agosto no Canadá.

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pesquisa

Alunos desenvolvem pesquisas pensando no deslocamento seguro de portadores de necessidades especiais pela cidade

Mobilidade

acessível Por Julio Glodzienski com a colaboração de Michele Bravos

Programas de pesquisa

Pensar mobilidade é preciso, mas pensar mobilidade direcionada ao benefício de portadores de necessidades especiais é essencial. Por isso, alunos da Universidade desenvolvem estudos para o crescimento de tecnologias que possam auxiliar no dia a dia dessas pessoas. A seguir, confira dois projetos referentes ao tema e que foram apresentados na última Semana de Iniciação Científica (SEMIC) da PUCPR.

A Universidade oferece vários programas para jovens acadêmicos que querem ser pesquisadores. O PIBITI (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação) e PIBIC (para Iniciação Científica) são oportunidades das quais os acadêmicos podem participar. Há também a pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), e o concurso PUC Jovens Ideias, que busca atrair universitários com boas ideias para aplicá-las.

DETECTOR DE SIRENE O Detector de Sirene busca aplicar a segurança automotiva para pessoas com deficiência auditiva ou com deficit auditivo, por exemplo, que não percebem a aproximação de veículos com sirene ligada, alertando prioridade e passagem livre. O objetivo do projeto é evitar acidentes, consistindo em “pesquisa sobre as próprias sirenes, e desenvolvimento de um projeto eletrônico, não muito complexo, que pode, com certeza, ser levado adiante para uso comercial”, como explicam os idealizadores dos projetos do PIBIT, Luís Felipe Nogoseke e Gabriel Herman Bernardim Andrade, estudantes do 6º período de Engenharia de Computação da PUCPR. Entenda o funcionamento: Microfones instalados na parte externa do veículo fazem a captação de todo áudio. Tudo que é capturado é processado por meio de um hardware, que filtrará os áudios indesejáveis, e um microcontrolador DSP, específico de áudio, fará um processamento para verificar se, em meio ao áudio capturado, há o som de uma sirene ou não. Logo, caso esse microcontrolador detecte a presença de uma sirene, ele acionará um sinal visual ao motorista (no caso, uma luz), para que ele perceba a aproximação do carro de emergência ou socorro, evitando, deste modo, o envolvimento em acidentes de trânsito.

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ACCESS FOR BLIND O Access for Blind é uma ferramenta assistiva desenvolvida com materiais recicláveis e utiliza padrões sonoros e táteis para auxiliar as pessoas com deficiência visual a terem autonomia para o acesso ao transporte público. “Esse projeto, além do cunho social e a proposta de sustentabilidade, é desenvolvido visando ao interesse de empresas de publicidade, que terão um espaço para anunciar”, apontam Altemir Trapp, bacharel do 6º período de Educação Física, e Rui Kelson Fonseca, 6º período de Ciência da Computação, ambos da PUCPR, e que apresentam seu trabalho por meio do PUC Jovens Ideias. Entenda o funcionamento: Nas paradas de ônibus, serão instaladas bases com um texto em braile descrevendo as linhas e horários dos ônibus que por ali passam. Após a leitura, o deficiente visual pode acionar um botão anexo à base que enviará sinal a uma central, responsável por reencaminhar a informação de que naquela parada há um deficiente visual aguardando determinado veículo. O motorista deve parar no ponto para recolher a pessoa, mesmo que não receba a sinalização com a mão.

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sintonia cultural

Reserva

especial C

© Fotos: Letícia Akemi

aro leitor, você já se perguntou qual o valor histórico de um livro? Ou então de uma obra rara? Aliás, você sabia que no Paraná existem várias bibliotecas com um acervo especial de obras classificadas como raras? É nas prateleiras, cuidadosamente colocados, que esses livros guardam a história do mundo. “Já imaginou quanto a humanidade teria perdido se alguém não começasse a se preocupar com a conservação desses materiais?”, questiona a bibliotecária Maria Solange Rodrigues, responsável pelo Setor de Obras Raras da Biblioteca Central da PUCPR. Elas são mais do que folhas e capas amareladas. Para receber essa titulação, não basta simplesmente ser velho ou com aspecto de coisa antiga. É preciso obedecer a critérios rigorosos. Geralmente, seguem-se normas com diversas classificações, propostas basicamente pela Biblioteca Nacional.

Maria Solange no acervo de Obras Raras da PUCPR, com a Bíblia Holandesa de 1748 em mãos, O. R. única no Brasil.

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São vários os critérios para classificar a raridade de uma obra. Alguns deles são o fato de a obra ser de uma edição de luxo, com papel artesanal superior; especiais, em que a tiragem é limitada, papel de luxo ou encadernação especial; exemplares que pertenceram a celebridades, são alguns dos vários itens que devem ser obedecidos para ser classificado como O.R.

Guardando história Parceira do Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras (Planor), o Setor de O. R. da PUCPR compõe o acervo da Biblioteca Nacional de Obras Raras. Só na PUCPR, são 2.333 títulos de livros raros e 5.331 exemplares, além de 20 títulos de periódicos com 482 exemplares raros cuidadosamente conservados. “O ambiente é climatizado, com temperatura ideal de 12° C, a luz fica apagada, há controle de entrada de luz solar, além de higienização específica, sem produtos químicos”, explica Solange. A obra mais antiga da PUCPR é Noctes Atticae, de Aulus Gellius, publicado na Itália em 1515. E quando se fala em livros raros, o uso de luvas e máscaras é obrigatório, a fim de contribuir para a conservação (em virtude do ácido das mãos, por exemplo) e para que o leitor não adquira nenhum fungo. Mesmo com esses cuidados, “quando uma obra ‘nova’ chega, é feita desinfestação e higienização das páginas. Quando há necessidade de restauração, o trabalho é terceirizado, uma vez que a PUCPR não realiza esse serviço”, explica a bibliotecá-

Obras raras guardam, em suas páginas amareladas, recortes da história da humanidade. Preservar e conhecer é fundamental para a cultura Por Julio Glodzienski

ria. Já na Biblioteca da UFPR, o acervo da área de Ciências Humanas e Educação conta com 1.380 títulos e 1.821 exemplares à disposição. A obra mais antiga disponível, guardada em um cofre, é Orlando furioso, de Ludovico Ariosto, publicada em 1567. Como explica Sirlei do Rocio Gdulla, bibliotecária e responsável pela catalogação e organização do acervo, “a biblioteca dispõe de um comitê formado por professores e especialistas que, além das regras, analisam e classificam uma obra como rara ou não”. Para Sirlei, que já catalogou 85% do acervo para disponibilizá-lo para consulta online, este trabalho é manter a memória viva. “Escanear essas obras é disponibilizar mais facilmente e difundir este conhecimento que está guardado”. Com uma estrutura para restauro e preservação dos 2.082 títulos e 4.114 exemplares de obras raras, a Biblioteca Pública do Paraná dispõe seu acervo catalogado também para consulta na internet. “De alguns anos para cá, tem existido a preocupação com a preservação desse material. É a história da humanidade”, afirma Vilma Aparecida Nascimento, assessora técnica da Biblioteca Pública do Paraná. A BBP também dispõe de um rico acervo composto por ex libris (uma página do livro, normalmente a página de rosto, com o brasão ou nome do seu proprietário), livros, revistas, cartões postais, manuscritos, dentre outros registros que tornam seu acervo rico.

No acervo da UFPR, dicionário francês/ inglês de 1764, publicado em Londres.

Mini Bíblia Francesa, 1889; Bíblia FrancêsLatim, 1938; Bíblia Francesa, 1843; são exemplos do acervo da Biblioteca Pública do Paraná

Setor de restauração de obras da PUCPR.

Acervo da biblioteca da UFPR que é administrado pela bibliotecária Sirlei do Rocio Gdulla

Consulte os acervos de obras raras. PUCPR | www.pucpr.br UFPR | www.portal.ufpr.br BPP | www.bpp.pr.gov.br

Quer saber um pouco mais? Acesse a revista digital e veja as curiosidades que o acervo da Biblioteca Central da PUCPR reserva.


Ministério da Cultura e Vivo apresentam:

O maior cinema ao ar livre do mundo. De 31/10 a 10/11 - Eco Estádio - Curitiba

PATROCÍNIO:

Grease - Nos Tempos da Brilhantina 23h Show Rodrigo Santos E Os Lenhadores

20h45

19h30

Django Livre

PRODUÇÃO:

CO-PRODUÇÃO:

INGRESSOS:

ASSESSORIA:

APOIO:

QUA

Curtindo a Vida Adoidado

20h45

Pulp Fiction – Tempo de Violência

QUI

03 11

20h45

06 11 07 11

20h45

Blue Jasmine

SEX

SAB

02 11

O Poderoso Chefão I

08 11

20h45

Tatuagem

SAB

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01 11

20h45

09 11

20h45

Como Não Perder Essa Mulher

DOM

QUI

31 10

DOM

PROGRAMAÇÃO

www.vivo.com.br/openair

10 11

19h30

E.T. - O Extraterrestre

REALIZAÇÃO:


drops Ação Social Integrada

© Foto: Divulgação

© Foto: Arquivo pessoal

CONCURSO DE MODA SUSTENTÁVEL

O Núcleo de Práticas Jurídicas da PUCPR — Câmpus Maringá está participando da Ação Social Integrada. O evento é promovido pelo Procon-PR, em conjunto com a PUCPR e outras instituições de ensino. Participam 45 alunos, com a As alunas Camila Ezaki e Roberta Máximo, do 6° período do curso de Design de Moda, fica- orientação de quatro professores. Na foto, o diretor do Procon e coordenador do evento, João Luiz Agner Regian, a ram em primeiro lugar no Concurso Moda Urbana Sustentável, realizado pelo F1H2 Festival. professora e coordenadora do NPJ da PUCPR — Câmpus Maringá, Fernanda Correa Pavesi Lara, o prefeito de Maringá, O evento é um dos mais importantes da dança e da cultura urbana no Brasil, e quarto na Carlos Roberto Pupin, o professor Cristian Tenório e as alunas de Direito da PUCPR Ana Paula Lemos B. Marques, categoria mundial. Bruna Gabriela V. Godoi e Julia Munhoz.

© Foto: Divulgação

Projetos para o idoso no II Missão Saúde

O evento Missão Saúde II, promovido pela Escola de Saúde e Biociências da PUCPR, chegou ao fim com três equipes vencedoras: Cuca Fresca, Acquaclock e Viver a Vida. As seis equipes que chegaram à última etapa apresentaram projetos de produtos ou serviços para a melhoria da qualidade de vida do idoso. O grande objetivo do Missão Saúde foi, além de proporcionar a integração e a interdisciplinaridade entre os alunos dos diversos cursos da Escola, desenvolver a criatividade e a capacidade de inovação e de sustentabilidade.

© Foto: Divulgação

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© Foto: Arquivo pessoal

O estudante Melvin Quaresma, do 4º período do curso de Jornalismo da PUCPR, foi o vencedor do 6º Concurso Universitário de Fotografia, promovido pela Canon e pela revista Fotografe Melhor. O prêmio foi uma câmera e um kit com lentes novinhos. A cerimônia de premiação foi realizada em São Paulo e contou com uma palestra do fotógrafo Jonne Roriz, um dos principais nomes da fotografia esportiva.

11º Simpósio Nacional de Diagnósticos de Enfermagem © Foto: Divulgação

Estudante vence prêmio de fotografia

As alunas Avana Mocellin Terra e Jéssica de Fátima Carvalho, do 8º período de Enfermagem da PUCPR, apresentaram o trabalho “Assistência de Enfermagem em Saúde da Família: relato de caso” no 11º SINADEn (Simpósio Nacional de Diagnósticos de Enfermagem), que ocorreu na PUCPR — Câmpus Curitiba. O trabalho teve orientação da professora Maria Helena Leviski Alves.


Aluno conquista 3º lugar em Batalha de logomarca

© Foto: Divulgação

© Foto: Arquivo Pessoal

Alunos de do Câmpus Toledo fazem visitas em Curitiba

O curso de Psicologia da PUCPR — Câmpus Toledo realizou duas visitas técnicas a instituições de Curitiba. Os acadêmicos do 6º período foram recebidos no Hospital Nossa Senhora da Luz e na Instituição Pequeno Cotolengo. Nessa visita, assistiram a uma apresentação sobre o funcionamento das instituições e interagiram com os funcionários e com os pacientes internados, além de acompanhar a rotina da tarde dos moradores do Pequeno Cotolengo.

Nova Diretoria do DCE

O Fala Egresso, evento organizado pelo curso de Relações Públicas da PUCPR, recebeu o analista de Marketing do Grupo Marista Fernando de Oliveira para falar sobre o mercado de trabalho para o egresso de Relações Públicas. Após o evento, o ex-aluno, graduado em Relações Públicas e pós-graduado em Marketing pela PUCPR, também ressaltou a boa sensação que sentiu ao ser convidado para voltar à Universidade.

© Foto: Agência Link

© Foto: Divulgação

Fala egresso

O aluno do curso de Design Gráfico da PUCPR, Alan Maranho, do 6º período, conquistou a terceira colocação na Batalha Talk, concurso para estudantes de Design promovido pelo site Battle of Concepts. O concurso consistiu na criação completa de uma marca para uma holding de empresas voltadas ao desenvolvimento e gerenciamento web, incluindo o nome, a marca e suas aplicações.

Tomou posse a nova diretoria do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUCPR. A cerimônia de posse foi realizada no auditório John Henry Newman e contou com a participação de solistas da Orquestra de Câmara da PUCPR e do Coral Champagnat. Estiveram presentes o Reitor da PUCPR, prof. Clemente Ivo Juliatto, Pró-Reitores, Decanos, Coordenadores de Curso e demais autoridades convidadas. O dia marcou a posse do primeiro Presidente do curso de História, o acadêmico João Henrique Arco-Verde, que assume o comando da Gestão Interação.

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qualidade de vida Se você é daquelas pessoas que passam longe de academia e têm pavor de dedicar algumas horas do seu dia cuidando do físico dentro de um espaço fechado, não desanime achando que para você não há solução. Algumas práticas, como o parkour e o slackline, vêm se apropriando do espaço urbano e angariando os avessos aos tradicionais exercícios físicos. O professor Anderson Matias, da Cia Athletica, afirma que para todo mundo existe uma atividade ideal. O que acontece é que, às vezes, ela não vai ser convencional. “As pessoas precisam procurar uma atividade com a qual elas se identifiquem. O ambiente onde a atividade será realizada também conta. Para o hábito ser positivo e trazer qualidade de vida, ele precisa ser prazeroso, permitir que a pessoa faça novos amigos e se sinta bem de forma geral”. Conheça essas duas práticas de rua.

A cidade Práticas ao ar livre aliam benefícios corporais ao bem-estar mental Por Michele Bravos

Link útil: slackcuritiba.com.br www.facebook.com/groups/283410578354121 Slackline Onde praticar? Principalmente em parques e praças. O empresário Paulo Andraus, da Slackline Curitiba, ressalta que, se as fitas forem amarradas em árvores, é preciso proteger os troncos com EVAs, para ninguém ser barrado. Quem pode? Não há contraindicações, mas não é recomendável para crianças com menos de 9 anos. Pessoas com lesões no joelho ou na coluna precisam ter mais cuidado e buscar uma evolução gradativa. Investimento inicial: R$ 149,90 (fita para iniciante, com proteção para árvore). Andar se equilibrando numa fita pode parecer coisa de circo, mas os resultados para o corpo e a mente não são brincadeira. Segundo Matias, que, além de dar aulas de slackline no Rio de Janeiro, também encara o exercício, em uma hora de prática é possível queimar até 400 calorias. Além disso, desenvolve a concentração. “São

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movimentos que as pessoas não estão acostumadas no dia a dia, exigindo dedicação e alto nível de atenção”. Essa sensação de desequilíbrio a certa altura do chão faz com a pessoa trabalhe muito o abdômen, as pernas e o glúteo. O tempo de prática, quem determina é o praticante. Matias afirma que é possível treinar de 30 minutos a uma hora todos os dias. Ele avisa que é só lá pelas primeiras cinco horas que são dados os primeiros passos. Então, persistência! Com o tempo, o nível deve avançar, e a cada passo podem ser incluídos saltos e até posições de ioga — em cima da fita. Matias conclui que praticar em grupo faz com que a pessoa não desista facilmente, já que há incentivo coletivo. Nessa ideia, os praticantes de Curitiba criaram um grupo no Facebook, o Slackline Curitiba. Por lá, eles marcam encontros para andar sobre a fita.


é sua academia ATENÇÃO: mesmo as práticas independentes precisam de cuidados. Por isso, antes do exercício, faça um aquecimento e, ao fim, alongue-se.

Parkour Onde praticar? Onde houver obstáculos. Praças e ruas, principalmente. Quem pode? A prática é indicada a partir dos 7 anos e não há nenhuma restrição. Até cadeirantes podem fazer, pois o objetivo principal é vencer limites individuais. Investimento inicial: De R$ 60 a R$ 130 (mensalidade de acordo com a frequência semanal). No começo, é interessante fazer algumas aulas com acompanhamento de professores que entendem da prática, para não ocorrerem lesões. Nesse momento, o aluno aprende o jeito certo de saltar um obstáculo ou de se pendurar num muro. Mais que coragem e força, para saltar barreiras urbanas e escalar muros é preciso preparo físico e uma mente conectada com a verdadeira filosofia do parkour: superar os próprios obstáculos, usando apenas seu corpo. O educador físico Lucas Ribeiro, professor da parkour do GAP, afirma que essa é uma prática não compe-

© Fotos: Letícia Akemi

!

Link útil: aulasdeparkour.com.br titiva. “O pensamento é: eu treino para ser melhor que eu mesmo”. Um dos alunos da turma, o estudante Bruno Padovan, 17 anos, interessou-se pelo parkour após ver alguns vídeos na internet. Para aprender a fazer os movimentos com excelência, começou a fazer aulas há sete meses. “O meu objetivo é ser forte para ser útil. Encontrei no parkour a emoção que não achei em outras práticas. Desde que comecei a treinar, minha noção de altura mudou”. O exercício pode ser praticado de duas a três vezes na semana, durante 1h30, e pode ser alternado com outras práticas, de acordo com as intenções de cada um. Alguns combinam o parkour com pilates, ginástica olímpica, corrida. A partir de três meses de treino, a pessoa já tem conhecimento da técnica e os movimentos já podem começar a ser melhorados. Dentre os principais benefícios corporais, estão: mais agilidade, força, equilíbrio e melhor coordenação motora. Quer saber um pouco mais? Acesse a versão digital da Vida Universitária e confira como dar os primeiros passos e o que motiva cada geração.

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diário de bordo

Doam-se

vidas Avaliação

Referências

Entra para a fila de transplante de coração aquela pessoa com insuficiência cardíaca e cujo órgão, por algumas causas, não responde mais ao tratamento. Diferente do que se pode pensar, a prioridade na fila acontece de acordo com a gravidade do problema, não por ordem de chegada. A Santa Casa de Curitiba é o segundo hospital do país em número de atendimentos de cirurgia de transplante de coração.

Identificada a necessidade de cirurgia, uma equipe médica começa as primeiras avaliações. Questões psicológicas, sociais e, sobretudo, o estado clínico do paciente são analisados. A médica cardiologista Lídia Zytynski Moura revela que uma gripe pode ser responsável pelo não transplante. “O paciente precisa estar com a imunidade em perfeita condição”.

De acordo com dados oficiais do Governo do Estado, além da Santa Casa, o Hospital Infantil Pequeno Príncipe também tem serviços credenciados para transplante de coração em Curitiba. Na região metropolitana, o Hospital Angelina Caron, que fica em Campina Grande do Sul, também realiza essa cirurgia de transplante.

© Foto: Letícia Akemi

Quem precisa?

Por Elizangela Jubanski

Doador em potencial

Ponto alto

Ligação esperada

Toda pessoa pode ser um doador de órgãos. A menos que possua doença que prejudique o funcionamento do órgão, não há idade nem perfil que determine o doador. A certificação da morte encefálica é o primeiro passo para o desencadeamento dos fatos. A compatibilidade imunológica também é avaliada clinicamente. O peso e a altura do doador também têm influência sobre quem vai recebê-lo.

O aval da família do doador em potencial é um ponto delicado e que deve ser respeitado a qualquer custo. A lei autoriza a doação em vida ao cônjuge, aos familiares até o quarto grau ou mesmo a pessoas sem nenhum parentesco. Sem documentos oficializados em vida, a família do doador não pode escolher quem receberá o coração: ele será sempre indicado pela Central de Transplantes. A entrevista familiar acontece em dois momentos, com médicos destinados a essa mediação.

“Geralmente elas vêm à noite”, diz o cirurgião cardiologista Sérgio Veiga. Como a parte burocrática das etapas do potencial doador acontece à tarde, a ligação ao hospital, sobre a oportunidade para outro paciente, ocorre à noite. Atualmente, há cerca de 200 brasileiros esperando por esse tipo de cirurgia no Sistema Nacional de Transplantes. Dados apontam que 40% deles morrem aguardando o procedimento.

A cardiologista clínica Lídia Zytynski Moura e o cirurgião Sérgio Veiga, ambos da Santa Casa.

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Trocar de coração. A medicina tornou realidade o processo de fazer bater, de volta, um coração em outra pessoa. A Vida Universitária identificou algumas etapas dessa ação cheia de vida, que estreita o fim com um novo começo


© Foto: Dreamstime © Fotos meramente ilustrativas

No Paraná

Coração a caminho

Cirurgia

Pós-cirúrgico

Riscos

Falando nisso...

Este ano, de janeiro a agosto, já foram realizados 14 transplantes de coração no Paraná. Em 2012, foram 26 procedimentos cirúrgicos para esse fim. A lista de espera, no total, aponta 38 pessoas aguardando um coração para ser transplantado. Dessas, 25 são homens e 13 são mulheres. A faixa etária da maioria está entre 50 e 64 anos. Duas crianças entre 1 e 5 anos estão na fila.

O coração tem “prazo de validade” curto, se comparado a outros órgãos. Por isso, pode ficar sem pulsar por, no máximo, quatro horas. Geralmente, o deslocamento é interestadual e helicópteros municipais e escoltas policiais auxiliam o tráfego do órgão até a chegada ao hospital. A equipe de médicos responsável pelo implante do coração no paciente é, usualmente, a mesma que vai até o hospital onde está o potencial doador. O trabalho é intenso e chega a durar 12 horas.

Assim que a equipe de médicos chega à cidade onde o paciente está, outros profissionais dão início a um trabalho de equilíbrio de horas. Para diminuir o tempo de isquemia, que é o período em que o órgão fica resfriado, a cirurgia do receptor começa antes mesmo da chegada do coração ao hospital. Essa é a forma de otimizar o tempo do transplante e a efetivação da troca.

As primeiras 24 horas são as mais críticas, período em que outras situações clínicas podem se desencadear. O comportamento da família do paciente que recebe o órgão, assim como os enlutados que fizeram a doação, não listam uma estatística. Segundo os médicos, alguns desejam saber quem é o doador, e vice-versa. Outros preferem não acompanhar as informações sobre o processo de transplante.

Os principais riscos que um transplante de coração envolve são: infecção, rejeição ao órgão transplantado e o desenvolvimento de aterosclerose (entupimento das artérias cardíacas). O paciente tem acompanhamento médico mensal, com a realização de biópsias para avaliação. Depois de dois anos, as consultas passam a ser de seis em seis meses.

Para facilitar o processo de doação de órgãos, é importante manifestar a vontade aos familiares próximos. A grande dificuldade é a forma de abordar a família do possível doador. A falta de informação sobre a morte cerebral, condição irreversível, também leva a situações de desencontros. Para mais informações sobre o assunto, ligue para o Disque Saúde, no número 136.

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na prática

Tudo tem seu

© Fotos: Arquivo pessoal

lugar

Confira o vídeo na versão digital da revista Vida Universitária.

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De publicitário a artista, conheça o jovem que cria desenhos em latões de lixo e os ‘esquece’ em pontos estratégicos na cidade de Curitiba

A sujeira espalhada pelo chão chama atenção de muita gente. Porém, latões de lixo coloridos, com desenhos grandes e bem descolados deixam os olhares muito mais atentos. Esse é o projeto Lixarte, uma medida que mistura arte e responsabilidade urbana e tenta estancar a falta de lixeiras em Curitiba. O projeto é do publicitário Gustavo Santos Silva, 24 anos, que mora na capital há apenas dois anos e sentiu a necessidade de lixeiras em locais mais amplos, como parques e bosques. Como se tivesse sido atingido por uma maçã na cabeça, Gustavo teve a ideia de levar lixeiras para esses locais, depois de ver latas, papéis e muita sujeira pelas gramas. “Uma tarde, meus amigos e eu fomos ao Museu Oscar Niemayer e vimos que a galera que frequentava lá ia embora e deixava as garrafas de bebidas no chão. Ficava uma sujeira muito grande. Com certeza, deveria ser trabalhoso demais para quem fizesse a limpeza de tudo aquilo. Vimos que faltavam lixeiras ali no meio, e isso fazia com que as pessoas tivessem preguiça de levar o lixo em um local tão longe”, lembra o publicitário, que é “amigo íntimo” do desenho e do grafite. Estava desenvolvido o novo projeto de arte urbana e responsabilidade ambiental: o Lixarte. Mas por que lixeiras? Gustavo disse que se incomoda com esse comportamento: as pessoas sabem que estão fazendo algo que não é legal, como jogar lixo no chão, e mesmo assim fazem e depois disfarçam. “Acho estranho esse comportamento. Então, comecei a ver o que poderia fazer para amenizar isso. Um dia conversei com um gari e ele me falou que lixeiras grandes eram bem melhores, pois as que há na cidade são pequenas e dificultam a retirada do lixo. Disse que, às vezes, até se machucam”. Mesmo o projeto sendo levado por conta própria e, muitas vezes, saindo do bolso dele, Gustavo não desanima e move a atenção de várias pessoas próximas que, hoje, se tornaram grandes incentivadores. “Eu gosto é de desenhar. Nunca fiquei desmotivado porque isso é o que eu mais gosto de fazer. Por ser um projeto pessoal, eu não tenho a pressão de, necessariamente, ter que fazer; então, eu faço quando rola. O bom é que fazer um me motiva a fazer outro, é viciante”, explica. Hoje, ao todo, 16 lixeiras levam os traços do publicitário. Dessas, nove estão no estado de São

Por Elizangela Jubanski

Paulo: sete na capital e duas em Capão Bonito, cidade onde nasceu. Em Curitiba, sete foram grafitadas e “esquecidas” em locais que Gustavo julgou importante: dentre eles, no MON, palco da ideia que fez nascer o projeto. “O que eu mais gosto é de pintar as lixeiras na rua. É muito bom. A interação das pessoas, as crianças que se interessam e vêm fazer milhões de perguntas, as senhoras que acham um trabalho muito bonito, os malucos da rua que ficam pirando, os catadores de latinha que trocam uma ideia. É uma atmosfera muito legal”, descreve Gustavo.

Incentivo Além daqueles que colaboram com a limpeza da cidade, quem também vê com bons olhos e cheios de orgulho são os pais do jovem, que, inclusive, participam ativamente. “Minha mãe até grafita comigo quando eu faço em casa. O primeiro projeto grande de grafite que eu fiz foi com ela, que é professora de Artes em uma escola municipal em Capão Bonito e me convidou para pintar a quadra com os alunos. Fiquei uma semana inteira pintando com as crianças, eram 300 no total e todas elas colocaram a mão na massa e pintaram as paredes da quadra. Meu pai também sempre me apoia quando conto alguma ideia nova de projeto que tenho. Meus pais são demais. Sempre me apoiam em tudo”.

Aí não Uma lembrança nada boa foi ver um das lixeiras que ficam na Rua Trajano Reis, no Centro de Curitiba, servir de cenário para um espetáculo inusitado. “Um dia, à noite, vi um homem bastante bêbado tentando entrar na lixeira para tirar foto. Ele acabou se machucando feio”, lembra. Sobre isso, Gustavo gosta de deixar claro que as lixeiras servem — apenas — para depositar lixo. Tudo bem, pessoal?

Dá para ficar melhor? Sempre dá. Para o projeto ficar mais consistente, Gustavo está à procura de parcerias que cedam latões com mais facilidade. “Também tenho dificuldade com o transporte delas para os locais onde planejo levar. Essa é a maior dificuldade, na real”, finaliza. Até lá, os latões vão ganhando caronas nos bancos traseiros de carros de amigos, familiares e incentivadores.


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reportagem

Planejar para TER Jovens que procuram independência financeira sabem da importância que um bom planejamento traz. A Vida Universitária preparou uma tabela de gastos gerais para ser preenchida de acordo com cada necessidade. É nossa maneira de contribuir com seu orçamento e seus planos Por Elizangela Jubanski

É unânime. A melhor forma de concretizar um bom fluxo de “caixa” é colocar as despesas na ponta do lápis. Aquilo que se gasta não pode, de forma alguma, ultrapassar o que se ganha. Para a maioria dos universitários, mesmo sem a responsabilidade com boletos de água, luz e outras prestações, saber administrar o dinheiro é um passo para uma boa independência. De acordo com uma pesquisa realizada em 2012, pela administradora de cartão de crédito Visa, feita com jovens entre 13 e 18 anos, da América Latina, 83% dos jovens brasileiros gastam tudo o que têm no curto prazo. Além disso, 76% deles fazem compras por impulso. Para o professor de Ciências Econômicas e Políticas Carlos Magno Bittencourt, o gasto desenfreado dos jovens é resultado de não terem presenciado o fenômeno da inflação. “Essa geração não sentiu na pele esse fenômeno econômico de uma alta generalizada e persistente do nível do preço da economia.

Isso fez com que os pais deles sofressem e se ajustassem aos orçamentos. Agora, temos a economia estável, bem diferente do que era, tornando a tarefa da responsabilidade com gastos um desafio”, explica. Para a produção de uma planilha de orçamentos, é fundamental, segundo o economista, analisar os gastos da semana. “Perceba quantas vezes vai ao posto de combustível, quanto gasta no intervalo, nas saídas. E, então, projete esse gasto para o mês. É assim que você terá uma média com gastos que são variáveis”, esclarece o economista. Importante destacar que, ao fim da planilha — o resultado da diferença entre o ganho e a despesa —, o valor da poupança deve ser entre 10% e 15%.

Onde gastam? Em recente pesquisa do Datafolha, os gastos dos jovens somam 61% com roupas e calçados, 31% com alimentação, e 22% com divertimento e lazer.

Cuidado Algumas situações podem prejudicar o andamento dos planos com as despesas:

Gastar mais que o planejado por influência de amigos Você sabe o que tem no bolso. Comprar ou frequentar locais que estão acima de seu planejamento pode se tornar uma atividade rotineira nessa situação, deixando seu fluxo desfalcado. Não pesquisar preços Por falta de tempo ou de vontade, jovens acabam comprando o que veem pela frente, sem pesquisar o mesmo produto em outras lojas. Deixar de controlar a conta-corrente Pelo menos uma vez ao dia, cheque seu saldo bancário. Não perca o controle com o cartão de débito, porque a sensação de gastar sem “ver” o dinheiro pode trazer surpresas. Emprestar dinheiro para amigos O complicado do empréstimo é o laço existente entre vocês. Fazer qualquer cobrança deixará a amizade abalada e, em contrapartida, o prazo para a devolução acaba ficando subentendido.

O que fez com seu primeiro salário? “Meu primeiro emprego foi aos 14 anos, como empacotadora em um supermercado, no ano de 1991. Não via a hora de receber meu primeiro salário, que, comparado aos dos dias de hoje, equivaleria a um salário mínimo. Meu objetivo era conseguir comprar a bota de meus sonhos, igual à que a Xuxa e as Paquitas usavam. Andei em quase todas as lojas de calçados e encontrei o ultimo par em uma loja no centro de Curitiba. Chorei de emoção quando a gerente da loja disse que tinha a bota no meu número, foi quase um sinal de Deus, né? Era pra ser minha. Lembro que ela levou quase a metade do meu rico salarinho, mas minha mãe me deixou comprar mesmo assim. Ela sabia que eu sempre quis ser paquita, sabia que era importante pra mim”. “Meu primeiro emprego foi como menor aprendiz. Minha mãe é comerciante e formada em Ciências Contábeis. Então, imagina só a pressão que não tinha sobre mim quando o assunto era dinheiro. Eu nunca gostei de controlar dinheiro, mas aí o tempo força você a aprender. Eu fiquei alegre quando o bendito quinto dia útil chegou. Eram R$ 500 na conta. Fiquei boba com a quantia, mas minha mãe, antes mesmo de eu nascer, fez uma conta-poupança. Então pensei: R$ 300 eu guardo e R$ 200 é para o dia a dia. No entanto, eu tinha uma paixão enorme. Tipo vício de refrigerante ou algo parecido: tênis All Star. Todo mês eu acabava gastando meu dinheiro do dia a dia com All Star. Mas eu ficava muito feliz, pois, quando abria a parte do armário dos tênis, tinhas milhões de opções de All Star”.

Paula Rejane 36 anos Consultora externa

Kauanna Batista 21 anos Estudante de Jornalismo

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Quanto sobrou?

Total de despesas

Namoro

Academia

Produtos Eletrônicos

Cursos

Bebidas

Baladas / Shows / Ingressos

Transporte

Alimentação

Roupas / Calçados

Despesas

Total

Extras / Mesada

Receita / Salário

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

planilha de gastos Março

reportagem Aprenda a ter controle das suas despesas. Recorte esta planilha e coloque seus gastos na ponta do lápis.


vem aí

© Fotos: Divulgação

Programe-se

6_a_9_NOVEMBRO Profissionais da odontologia vão se reunir para o 19º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética, na Expo Unimed Curitiba. O encontro ocorre para aperfeiçoamento técnico e oportunidade de negócios. Esse é o maior congresso de odontologia estética do Brasil, congregando cerca de 40 palestrantes nacionais e internacionais. www.sboe.com.br

EXPOSIÇÃO_CURITIBA_PROTESTA Os protestos realizados na capital tornaram-se tema de uma exposição fotográfica coletiva. A exposição reúne um recorte visual dos vários momentos dos atos realizados no mês de junho. Profissionais da imprensa local como André Rodrigues, Daniel Castellano, Marco Lima, Joka Madruga, Franklin de Freitas, Brunno Covello, Valquir Aureliano, Henry Milléo, dentre outros, apresentam um visão apurada, fotojornalística e informativa dos fatos. O evento acontece no Memorial de Curitiba – Salão Brasil, até o dia 3 de novembro. A entrada é gratuita. www.salaodoestudante.com.br

DE_14_a_16_NOVEMBRO Curitiba recebe o 45º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologi, um evento que reúne médicos, ortopedistas e outros especialistas para tratar de assuntos atuais e abrangentes na área na saúde. Palestrantes integram mesas-redondas e conferências durante todo o congresso. www.sbot.org.br

DE_21_a_24/11_frames

08_ a_10_NOVEMBRO _HABITACOM Construtoras, administradoras e fornecedores promovem, na Expo Renault Barigui, a Habitacon – Feira de Fornecedores para Habitação, Construção e Condomínios. É o maior evento do setor, que reúne engenheiros, arquitetos, designers, dentre outros, que encontram fornecedores de produtos, equipamentos, tecnologias e serviços. www.montebelloeventos.com.br

Entre os dias 21 e 24 de novembro acontece a (Frames) Instantes de Comunicação e Arte. O evento faz parte da Bienal Aberta da Bienal Internacional de Curitiba e pretende promover o diálogo entre a produção acadêmica e a comunidade, envolvendo duas iniciativas integradas: oficinas e mostra de trabalhos. Oficinas serão ministradas pelas professoras Miriam Fontoura e Silvia Monteiro. O evento acontece no Centro de Arte Digital - Portão Cultural, a partir das 14 horas. educere.pucpr.br

DEZ_ANOS_DE_CEUA Para comemorar os dez anos do CEUA (Comitê de Ética em Uso de Animais) da PUCPR, ocorrerá, de 27 a 29 de novembro, o workshop “Sucesso e Vicissitudes dos CEUAs”. No evento, serão discutidas questões que ainda desafiam esses comitês no Brasil e no Chile. O evento ocorre no Auditório Gregor Mendel, no Bloco Verde da PUCPR. São ofertadas 100 vagas e o valor da inscrição é de R$ 50. bit.ly/15IBnxL

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...mas

pergunte para puc

e agora?

© Fotos: Arquivo pessoal

A vida acadêmica é rica em descobertas e experiências. Um mundo novo se abre a cada livro, a cada leitura, a cada conversa ou aula. Mas, como não poderia deixar de ser, essa vivência é repleta de perguntas. Dúvidas a respeito do universo acadêmico, que envolvem, acredite, não só você, mas a mente de muitos alunos que cursam o Ensino Superior. Fomos atrás de algumas dessas dúvidas frequentes e comuns, e buscamos uma resposta para você tirar sua dúvida aqui, na Vida Universitária.

Ao entrar na Universidade, ouvi falar do Prêmio Marcelino Champagnat. O que é esse prêmio? Quem responde: Pró-Reitor Acadêmico, Eduardo Damião da Silva: O reco-

nhecimento ao mérito acadêmico tem se manifestado de diversas formas, podendo se caracterizar por concessão de bolsas ou por condecorações, dependendo da universidade. Algumas instituições destacam ou reconhecem o mérito acadêmico por meio das duas coisas, ou seja, oferecem uma condecoração que, ao mesmo tempo, dá acesso a uma bolsa de estudos. Dentro desse espírito de reconhecimento do mérito acadêmico, a PUCPR instituiu

o Prêmio Marcelino Champagnat, para laurear o aluno ou a aluna que obteve o melhor desempenho acadêmico durante o curso, tendo concluído integralmente o currículo pleno previsto. Esse prêmio foi instituído pela Resolução n. 017/1996 do Conselho de Ensino e Pesquisa. O nome do referido prêmio representa uma homenagem ao padre Marcelino Champagnat, destacado educador que, em 1817, fundou o Instituto Marista. Esse prêmio consiste em incentivo ao aluno agraciado para a continuidade dos estudos, repre-

Estou nos últimos períodos do meu curso e queria saber se, depois de formado, eu ainda posso utilizar a Biblioteca?

José O. F. Mello Engenharia Civil 8º período

Quem responde: Heloisa Helena Anzolin, coordenadora do Sistema Integrado de Bibliotecas [SIBI/PUCPR], da Biblioteca Central: ao terminar o curso, o aluno pode,

sim, continuar utilizando a Biblioteca. Para ter acesso, basta informar, na recepção da Biblioteca, que foi aluno da PUCPR. Os serviços disponíveis são: consulta ao acervo, fotocópia e uso dos espaços. Caso queira fazer empréstimos de livros, deverá fazer parte do Alumni PUCPR. Nesse caso, terá direito ao empréstimo de três livros pelo prazo de dez dias úteis. O Alumni PUCPR é a comunidade de egressos da PUCPR, na qual o ex-aluno tem uma série de benefícios dentro da Instituição, como acesso aos serviços do PUC Talentos e da Biblioteca, com descontos exclusivos. Para obter esse benefício e continuar usufruindo de todas as dependências da Biblioteca, acesse: www.alumni.pucpr.br e saiba mais.

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sentado por uma bolsa integral para a realização de curso de pós-graduação stricto sensu na PUCPR, conforme o previsto na Resolução n. 07/2009, do Conselho de Administração Econômico-Financeira, atual Conselho de Curadores. Diversos alunos já foram beneficiados pelo prêmio e o utilizaram para viabilizar a realização de um curso de mestrado ou até mesmo doutorado, demonstrando sua alta capacidade acadêmica ao concluírem este nível de formação com sucesso.

Como são definidos os temas da revista Vida Universitária?

Maycon Tavares Engenharia Ambiental 8º período

Gabriela Vidoto Direito 6º período

Quem responde: Vivian Lemos, assessora de Comunicação da PUCPR: Definimos a pauta da Vida Universitária em

reunião com a Reitoria da Universidade. Buscamos apresentar temas que despertem o interesse da comunidade universitária e tragam o debate para a vida acadêmica, em sala de aula ou fora dela. Também procuramos abordar assuntos atuais, que estejam na mente dos leitores. Dessa forma, conseguimos uma publicação mais atrativa e que fomenta o debate. Acreditamos ser esse um dos principais papéis da Universidade: contribuir para a reflexão e o debate, formando cidadãos críticos e com capacidade de transformar a sociedade em que vivem.


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10 dias de atraçþes especiais celebrando a cultura francesa em diversos pontos da cidade. www.francefolie.com.br



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