Vida Universitária

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edição 226 • fevereiro | março 2014

entrevista Novo reitor, Waldemiro Gremski, fala sobre os desafios e metas para a PUCPR até 2017

Diário de Bordo Acompanhe em detalhes uma viagem missionária surpreendente

Uso de animais em pesquisas Métodos substitutivos estão no foco dos cientistas, mas mudança efetiva ainda dá os primeiros passos



índice

capa

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Novos caminhos na ciência brasileira Foco no bem-estar dos animais usados para pesquisas no Brasil já é realidade, por isso, cientistas vêm desenvolvendo métodos alternativos ao uso de animais para testes.

ESTAçÃO PUC

MUNDO MELHOR sintonia cultural

mundo afora

da puc

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Entre notas e sons

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DNA

Colocar uma escola de samba para desfilar em Curitiba é um desafio e um brinde à criatividade. Confira os bastidores dos foliões da capital.

ENQUANTO ISSO vida docente

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Profissão que vem de berço

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Aventuras improváveis

A participação dos professores da PUCPR em eventos, lançamentos e congressos é destaque na Vida Universitária, com direito a muitas fotos.

Quanto vale o futuro?

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Comer bem, olhando a quem!

pergunte pra puc

vem aí

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Estudantes e professores antenados em eventos, palestras e grandes atividades podem reservar em suas agendas um espaço para atividades selecionadas sobre a esfera acadêmica.

Dúvidas são fundamentais para gerar conhecimento. Aquilo que você não sabe pode ser a pergunta de mais universitários. Saia da dúvida e descubra a resposta.

VEJA +

reportagem

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Viver com pouco e viver bem é a proposta de algumas pessoas que buscam simplicidade. E sim, é possível!

qualidade de vida

drops

Fotos e registros dos acadêmicos que participaram de eventos, premiações e diversas oportunidades dentro e fora da Universidade.

REPORTAGENS

na prática

FALANDO SÉRIO

diário de bordo

registro

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Um passo à frente

espiritualidade

A vez dos {quase} humanos

34 Classe média é a fatia que mais cresce no país e impulsiona a economia, mas também é a mais penalizada. Confira o porquê.

pesquisa

entrevista

reportagem

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Novos desafios na PUCPR

32 Você sabia que falar mais de uma língua pode atenuar os efeitos da perda de memória e exercitar o cérebro? Entenda sobre esse efeito positivo do bilinguismo.


editorial

2014,

desafi os e muito trabalho um ano de muitos

Assumo a Reitoria da Pontifícia Universidade Católica do Paraná consciente das responsabilidades que o cargo exige e com muita energia para que consolidemos nossa Universidade no cenário internacional. Uma das diretrizes é continuar a obra desenvolvida pelo Irmão Clemente e sua equipe, adotando a sua postura de ousadia, trabalho e persistência. Temos que consolidar a PUCPR como centro de pesquisas, uma instituição a serviço da comunidade e que busca o progresso da sociedade, sem perder o foco nos valores humanos, cristãos e Maristas aos quais somos fiéis. Sob a ótica desses valores, damos início a mais um ano da revista Vida Universitária, que já em sua matéria de capa traz um tema muito relevante à Universidade: o avanço dos métodos substitutivos a animais em pesquisas e nas salas de aula. Em nossas páginas você vai saber os avanços da PUCPR e de outras instituições no tema e se inteirar sobre o que acontece nos “bastidores” dos laboratórios. Também, nesta edição, vamos falar da Missão Solidária Marista, que reuniu jovens Maristas em diversas comunidades do Brasil, buscando ações concretas em comunidades em situação de vulnerabilidade social. Veja que ações foram conduzidas na cidade de Ponte Serrada, em Santa Catarina, e como isso promove a transformação dos jovens voluntários e moradores das localidades atendidas. Ainda discutimos a importância do intercâmbio e de uma formação internacional para enriquecer o currículo profissional e pessoal e também mostramos uma bela iniciativa de jovens brasileiros para possibilitar a educação de crianças e adolescentes africanos. Quero finalizar, aproveitando a primeira edição do ano, dando boas-vindas a nossos alunos veteranos e aos calouros que iniciam agora uma nova etapa de suas vidas. A nossa Universidade está de portas abertas para ajudá-los a sonhar e a concretizar os seus projetos. Espero que nossa publicação possa continuar a contribuir para a disseminação de informações relevantes ao meio acadêmico e à sociedade de uma forma geral.

Boa leitura a todos! Waldemiro Gremski Reitor

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GRão-CHANCeleR Dom Moacyr José Vitti

VIDA UNIVERSITÁRIA é uma publicação bimestral da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Registrada sob o nº 01, do livro B, de Pessoas Jurídicas, do 4º Ofício de Registro de Títulos, em 30/12/85 - Curitiba, Paraná CoNSelHo eDItoRIAl – PUCPR REITOR Waldemiro Gremski VICE-REITOR Paulo Otávio Mussi Augusto PRÓ-REITOR DE GRADUAçÃO Vidal Martins PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAçÃO Paula Cristina Trevilatto PRÓ-REITOR COMUNITÁRIO José Luiz Casela PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO E DE DESENVOLVIMENTO Paulo de Paula Baptista DIRETORA DE RELACIONAMENTO Silvana Hastreiter eDIção DIRETORIA DE MARKETING E COMUNICAçÃO DO GRUPO MARISTA Eduardo Correa Vivian Lemos ReDAção JORNALISTA RESPONSÁVEL Rulian Maftum - DRT 4646 SUPERVISÃO Maria Fernanda Rocha EDIçÃO DE ARTE Julyana Werneck PRojeto GRáFICo e loGotIPo Estúdio Sem Dublê | semduble.com RevISão textUAl Lumos – Bureau de Traduções PRoPAGANDA Lumen Comunicação Rua Amauri Lange Silvério, 270 Pilarzinho – Curitiba – Paraná Cep: 82.120-000 www.grupolumen.com.br Para anunciar, ligue: (41) 3271-4700 ImPReSSão GRÁFICA: Fotolaser Gráfica e Editora TIRAGEM: 15.000 exemplares CoNtAto Rua Imaculada Conceição, 1155 - 2º andar Prado Velho – Curitiba – Paraná Caixa Postal 17.315 - CEP: 83.215-901 Fone: (41) 3271-1515 www.pucpr.br conteudo@grupomarista.org.br

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entrevista

Novos desafios

PUCPR © Fotos: João Borges

na

Graduado em História Natural pela PUCPR e doutor em Histologia pela Universidade de São Paulo (USP), Waldemiro Gremski, 68 anos, assume a Reitoria da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. O até então Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Instituição é também pósdoutorado pela Universidade de Estocolmo, na Suécia, pela Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, e pelo Ludwig Institute for Cancer Research, em São Paulo. É claro que a Vida Universitária não poderia deixar de bater um papo com o novo Reitor sobre os desafios, os planos e as metas para a Universidade durante sua gestão, que deve ir até 2017 Por julio Glodzienski

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Qual a responsabilidade em assumir a Reitoria de uma das maiores instituições de ensino superior da América do Sul, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná?

Conheço a magnitude da responsabilidade do cargo de um Reitor em uma Universidade como a nossa. A PUCPR está em momento de transição, de uma instituição ainda muito voltada ao ensino, para uma Universidade direcionada para

Graduado em 1969 em História Natural pela Universidade Católica do Paraná, o senhor é também um Filho da PUC. De que modo esse histórico pode promover um mandato mais próximo dos acadêmicos?

Na época da então Universidade Católica do Paraná, eu era muito próximo de todas as atividades – não apenas como aluno, mas também como presidente do Centro Acadêmico. Isso possibilitou a minha participação em conselhos, reuniões e debates com a Instituição. Desse modo, passei a conhecer a Universidade além das salas de aula, passei a entendê-la como um local de ensino e de formação, além do estímulo à liderança, característica necessária a ser desenvolvida, já que vivíamos um período de regime militar.

a pesquisa, para a sociedade. Uma Universidade que terá que assumir o seu papel não apenas na formação de recursos humanos, mas também no desenvolvimento da sociedade da sua região, do seu Estado, do seu país.

A Universidade Católica do Paraná foi elevada à “Pontifícia” em 06 de agosto de 1985, por decreto do Cardeal Willian Brum. O termo remete a uma Universidade católica romana estabelecida e ligada à autoridade da Santa Sé.

“Devemos ter também a capacidade de atrair alunos de fora, professores visitantes, professores que queiram vir para cá para trabalhar. Esses são os grandes desafios para que tornemos a PUCPR efetivamente uma instituição de classe mundial, para que seja um farol que atrai pessoas de todos os lugares.” Isso quer dizer que a Reitoria pretende desempenhar um mandato aberto ao diálogo com o aluno?

Um dos primeiros passos antes de assumir minha gestão foi conversar com a atual diretoria do Diretório Central dos Estudantes (DCE), com quem discuti uma série de propostas. O que eu assegurei a eles é que a Universidade é um tripé: ela é composta pelo corpo docente, pelo corpo técnico e pelos acadêmicos, que são a razão

da existência da academia. Quero aproximar a administração da Universidade dos estudantes, fazer com que a Universidade seja parceira dos alunos em tudo aquilo que eles podem promover, fazer, discutir, e que certamente irá refletir na sua própria formação.

Quais os desafios futuros e as prioridades que o senhor acredita encontrar ao decorrer de sua gestão como Reitor?

A Universidade deve ser referência em termos de excelência e qualidade no ensino de Graduação, na pesquisa, e na transferência dessa pesquisa para a sociedade. São três os aspectos que nos desafiam e, para superá-los, algumas atitudes são necessárias. Umas delas é a inovação no modo de ensino da Instituição, de modo que deixemos de ensinar como se ensinava há décadas. O mundo mudou, o jovem que nos busca mudou, é uma juventude mergulhada na inovação, então temos que nos adequar, queremos estar próximos. O segundo aspecto é a inovação na pesquisa, isso significa que precisamos desenvolver pesquisas que resultem em tecnologia que possa ser transformada em um produto, em uma melhoria de um produto – um software, um novo serviço, dentre outras coisas. Ou seja, sua publicação é fundamental, mas deve haver a outra vertente, que é a devolução do que aquela pesquisa tem dentro de si. O conhecimento, hoje,

funciona em forma de rede, e a PUCPR precisa entrar com muita força nessa rede mundial. É assim que a pesquisa funciona hoje. E o terceiro passo é a internacionalização. Nós não podemos nos confinar dentro de um ambiente com muros e nos basear no conhecimento desenvolvido apenas dentro dele. Temos que mandar gente para fora do país, para fora da Universidade, tanto docentes, quanto alunos. Devemos ter também a capacidade de atrair alunos de fora, professores visitantes, professores que queiram vir para cá para trabalhar. Esses são os grandes desafios para que tornemos a PUCPR efetivamente uma instituição de classe mundial, para que seja um farol que atrai pessoas de todos os lugares. Para isso, vamos buscar trabalhar com áreas estratégicas; elas serão nosso rumo, é nelas que vamos titular as pessoas, atrair talentos e, desse modo, nos tornar fortes e referência em determinadas áreas.

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entrevista

O primeiro foi o religioso Dom Jerônimo Mazzarotto, que ocupou o cargo durante o período de 1959 a 1973.

Buscando a consolidação da Instituição, o professor Osvaldo Arns exerceu a função de Reitor de 1974 até 1985.

O professor Euro Brandão assumiu entre os anos de 1986 a 1997, período em que a Universidade recebeu o título de Pontifícia.

O quarto Reitor foi o Irmão Marista Clemente Ivo Juliatto, que assumiu o cargo no período de 1998 a 2013, promovendo a ampliação da capacidade da Instituição e abertura de novos Câmpus.

© Fotos: Divulgação | FF Fotos Fernando

Conheça aqueles que já foram reitores da PUCPR e hoje fazem parte da Galeria de Honra da Instituição:

Em 2014, o professor Waldemiro Gremski assume a Reitoria frente aos novos desafios que a Universidaade tem como metas.

A PUCPR teve, até então, quatro Reitores, dois religiosos e dois leigos. Neste momento, entro eu, que sou leigo. Mas os Irmãos Maristas estão exatamente nessa linha, a Igreja está muito interessada em trazer os leigos para dentro dela e das suas

atividades. Temos a convicção de que a Província Marista vai me oferecer apoio em tudo o que for necessário. Acho que não há dúvida nenhuma de que assumir a Reitoria da PUCPR é assumir também os valores e princípios Maristas.

Sendo até então Pró-Reitor de Pesquisa, como o senhor pretende trazer sua experiência na área a fim de aperfeiçoar na PUCPR o desenvolvimento de pesquisas que possam agregar valor ao desenvolvimento acadêmico dos alunos?

Eu atuei em pesquisa durante praticamente toda a minha vida universitária. Efetivamente, a experiência como Pró-Reitor, como gestor da pesquisa, foi fundamental para formar essa visão da Universidade que tenho hoje, pois a pesquisa como tal me obrigou a sair daqui e participar de palestras, fazer pós-doutorados fora, receber alunos estrangeiros. Isso, para mim, foi decisivo no sentido de que ou nós tornamos a PUCPR uma instituição de pesquisa, inovadora e internacional, ou ela regride!

A PUCPR está em momento de transição, de uma instituição ainda muito voltada ao ensino, para uma Universidade direcionada para a pesquisa, para a sociedade.

Durante a gestão do até então Reitor, o Ir. Clemente Ivo Julliato, a PUCPR inaugurou três novos Câmpus no interior do Estado – Londrina, Maringá e Toledo –, além de ampliar a oferta de cursos. Como o senhor pretende continuar essa expansão?

O nosso compromisso será continuar a obra desenvolvida pelo Ir. Clemente e sua equipe, adotando a sua postura de ousadia, trabalho e persistência. Queremos uma Universidade a serviço da sociedade, respondendo a seus anseios, sendo um fórum de debates, um centro irradiador de cultura, produzindo ciência a serviço do país e formando pessoas transformadoras. Tudo isso com atenção muito especial nos jovens, que, juntamente com as crianças, foram o foco da ação de Marcelino Champagnat, homem

audaz e empreendedor, quando fundou o Instituto Marista, há quase 200 anos. Todas essas ações sob o signo dos valores humanos, cristãos e Maristas e que, por isso mesmo, devem estar intimamente associados ao processo de educar e formar pessoas, pois são complementares. Nós já temos uma infraestrutura montada para que a Universidade possa dar esse salto que foi mencionado. A PUCPR está pronta para decolar e se tornar uma Universidade de classe mundial, meta que traçamos para atingir até 2022.

© Foto: FF Fotos Fernando

Como o senhor vê a questão de ser um Reitor leigo que assume a Reitoria de uma instituição até então regida por um Irmão Marista?

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Saiba como é escolhido o Reitor de uma instituição como a PUCPR O nome do Reitor da PUCPR deve ser aprovado pela Sagrada Congregação para a Educação Católica da Santa Sé, no Vaticano. A escolha se inicia com a indicação de um nome, cujo currículo é enviado para Roma. Nele, não consta apenas o conhecimento científico, mas também o preparo religioso, como a vida religiosa foi exercida e sua trajetória. Cabe à Sagrada Congregação de Roma aprovar, após estudos e análises, a pessoa indicada à Reitoria da Instituição.



capa

Novos caminhos na ciência

© Foto: Sasha Strul - Chickens chorioallantoic membrane research

brasileira

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Métodos alternativos ao uso de animais já podem ser usados, inclusive para pesquisas promissoras na área da saúde, até mesmo no Brasil. Com civis e cientistas focados no bem-estar dos animais, o país é pioneiro na América Latina na tentativa de fomentar pesquisas que usem métodos alternativos. Diante disso, órgãos brasileiros são instigados a reformular suas normativas Por michele Bravos, com a colaboração de julio Glodzienski


É na tentativa de simular o que poderia acontecer com as células de um organismo vivo e buscar a qualidade de pesquisa que, desde 2011, a professora do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas e do programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da PUCPR, Selene Elifio Esposito, desenvolve testes in vitro. “Esses são procedimentos metodológicos realizados fora de sistemas vivos”, explica a pesquisadora, que defende o método. “A principal vantagem é o controle que se tem sobre todo o processo. Podemos controlar as condições físicas e químicas do ambiente onde as células estão e analisar como elas se comportam frente às variações a que são impostas durante o experimento”. Como já desenvolveu pesquisas em animais no passado, Selene sabe bem as diferenças de cada método. “Se o objetivo for isolar células do organismo vivo e observar como elas reagem a algum tratamento, o teste in vitro é um bom substituto. Por outro lado, se for de interesse da pesquisa analisar efeitos mais dinâmicos resultantes da ação de diferentes células e tecidos, o uso de animais é necessário”, explica. Como ela desenvolve uma pesquisa que objetiva o estudo pré-clínico de drogas antineoplásicas, ou seja, a busca de medicamentos alternativos para o tratamento de diferentes tipos de câncer (neoplasias malignas), buscando saber se certo composto tem capacidade de matar células tumorais, o método in vitro permite o teste em vários modelos de células diferentes. “Os experimentos exigiam maior espaço no laboratório e maior tempo de execução também. Com isso, os resultados eram mais demorados e, por vezes, inconclusivos”, conta. Mas, ainda assim, ela não descarta a necessidade do uso de animais. “Se quero saber se esse composto pode também ter efeito sobre a migração celular e a metástase ou mesmo sobre a formação de novos vasos sanguíneos, que iriam alimentar o tumor, só posso ver em animais, pois são processos muito dinâmicos e abrangentes”, completa.

© Foto: FF Fotos Fernando

Na busca para desenvolver novos fármacos que possam, futuramente, combater células cancerígenas, a pesquisadora Selene Esposito, da PUCPR, desenvolve estudos in vitro, com cultivo celular. Em outro laboratório, o professor de fisiologia Luiz Fernando Pereira, também da Universidade, vem realizando, há cerca de três anos, testes em ovos de galinha, na expectativa de desenvolver novas terapias para tratamento de tumores. Amparados por validações internacionais, eles têm mostrado que é possível, sim, em algumas instâncias, realizar pesquisas promissoras até na área da saúde com métodos substitutivos ao uso de animais. Octavio Presgrave, presidente do Centro Brasileiro para Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM), órgão pioneiro na América Latina nesse assunto, lembra que o cenário de pesquisa por outros processos é muito novo no Brasil. É aí que o BraCVAM tem atuado fortemente. “Em uma recente reunião no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, foi informado que existe um projeto de aumentar os investimentos na área da pesquisa em métodos alternativos”, conta. Ele ainda afirma que “o Brasil está disposto a contribuir com os estudos em alternativas e entende a real necessidade dessas pesquisas”. Presgrave reforça que cada caso é um caso e que, muitas vezes, as substituições podem ser pontuais durante uma pesquisa. A coordenadora do Laboratório de Bem-Estar Animal (Labea) da UFPR, Carla Maiolino, que vem desenvolvendo estudos sobre métodos alternativos, concorda que não é possível substituir 100% das etapas da pesquisa por métodos alternativos de uma única vez, mas, mesmo que seja apenas parte dela, já é um ganho. “Fala-se em mudanças em 20 ou 30 anos, mas se pensarmos caso a caso, há mudanças que podem começar hoje”, diz Carla. Ela cita como exemplo o teste de toxidade que deve ser realizado com novos componentes de fármacos, por exemplo. Para testar quão tóxico ele é, um grupo de animais é submetido à substância. Se 50% deles morrerem, o componente não é apropriado. Esse teste, conhecido como Dose Letal 50, já pode ser realizado in vitro. Ao expor células a uma substância tóxica, se forem identificados danos, não é preciso prosseguir. “Mesmo que não seja 100%, há etapas que podem ser substituídas, preservando vidas”, explica Carla. No caso de Pereira, o estudo proposto utiliza ovos de galinha fecundados, o que não deixa de ser uma vida. A opção é considerada um método alternativo para a ciência, considerando-se que o embrião ainda não possui sistema nervoso. “Eu sou cientista e não o detentor do direito sobre a vida e a morte. Está nas minhas mãos tentar encontrar medidas que reduzam o uso de animais em pesquisas que

Selene, pesquisadora da PUCPR, desenvolve testes da área da saúde in vitro.

levarão ao óbito”, diz Pereira. Cada ovo equivale a seis ratos, uma vez que, em um único ovo, é possível realizar seis testes simultâneos. Essas alternativas de redução e de substituição de um ser senciente – o que significa que são sensíveis fisicamente e de maneira comportamental – por um não senciente fazem parte de uma base de princípios conhecida como 3R (em inglês: replacement, reduction e refinement, ou seja, substituição, redução e refinamento). Esses conceitos foram estabelecidos em 1959, por Russel e Burch, no livro O Princípio da Técnica Experimental Humana, e fundamentam o uso de animais, nos casos em que isso é inevitável. Também dentro das universidades existe a intenção de se contribuir para a ciência de forma efetiva. Por isso, o rigor e a qualidade das pesquisas não podem ser menores. Para a bióloga Marta Fischer, coordenadora do Comitê de Ética em Uso de Animais (CEUA) da PUCPR, a reflexão sobre o uso ou o não de animais em pesquisas é necessária para todos os envolvidos de alguma forma nessa temática. “Embora a sociedade ainda acredite que nós [da universidade] servimos apenas para ‘esquentar’ pesquisas desnecessárias e sanguinárias, na verdade nós nos colocamos diariamente como mediadores dessa relação desigual e temos a responsabilidade de decidir quantos, quais e em que condições os animais poderão ser usados. Essa demanda nos traz um grande mérito e, também, grandes oportunidades de reflexão”.

“Eu fui o sujeito que prometeu defender a natureza”, diz o biólogo Luiz Fernando Pereira, também professor de fisiologia da PUCPR e pesquisador. Relembrando seu juramento, Pereira deixa clara sua posição quanto ao uso de animais em pesquisas. No entanto, durante sua trajetória, nem sempre foi possível cumprir essas palavras. “Eu sou de uma época em que os alunos se divertiam em ver um sapo agonizando, em uma aula de fisiologia. Eu mesmo já tive que guilhotinar ratos durante uma pesquisa, sem anestesia. Trabalhávamos com pouco tempo”. Tudo isso é contado com pesar, mas foram essas mesmas situações que o fizeram repensar o modo de dar aula e trabalhar em suas pesquisas atuais. Como ele mesmo expressa, é sendo um exemplo para os alunos e graduandos de iniciação científica que acompanha que ele poderá contribuir para que a nova geração de profissionais e pesquisadores seja mais consciente sobre o valor da vida de qualquer ser. Nas suas aulas de fisiologia, os próprios alunos são convidados a se voluntariarem para que sejam observadas alterações de pressão e liberação de hormônios, por exemplo. “É desnecessário sacrificar um animal apenas para que os alunos possam perceber que, quando se injeta adrenalina no corpo dele, a pressão arterial sobe. Isso é possível mostrar, por exemplo, colocando o aluno para correr – o que liberará o hormônio – e, depois, aferindo sua pressão”. No laboratório, sua grande contribuição tem sido a utilização da membrana de ovos de galinhas fecundados para testes utilizando a corrente elétrica, na tentativa de descobrir formas de constringir os vasos sanguíneos. Futuramente, isso poderá ser aplicado para a redução e cura de tumores em seres humanos.

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capa No Brasil

© Foto: FF Fotos Fernando

Em 2012, uma parceria entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) originou o primeiro órgão da América Latina de validação de métodos substitutivos: o BraCVAM. Ao lado do Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal), órgão que aceita o método validado, e da Renama (Rede Nacional de Métodos Alternativos), composta de laboratórios públicos e privados, com expertise em métodos alternativos e que vão realizar os estudos de validação dos métodos, o país tem, hoje, uma tríade solidificada para a necessidade de alternativas ao uso de animais. O intuito é fomentar a busca por métodos substitutivos para as pesquisas brasileiras, bem como reforçar a implementação dos testes alternativos quando eles são uma opção. A ideia é que novos investimentos sejam feitos, inclusive na educação. “O sucesso de uma alternativa depende de vários fatores, entre eles o conhecimento tecnológico e a disponibilidade de equipamentos e reagentes”, diz Pregrave. Para a coordenadora Carla, o envolvimento de instituições nacionais nessa temática é importante para que o Brasil crie suas próprias respostas e possa evoluir. “A Europa não vai responder as nossas perguntas, por exemplo. Temos produzido, sim, conhecimentos relevantes e precisamos encontrar soluções para as nossas dúvidas”. A parceria da Anvisa com essas instituições é valiosa, uma vez que ela é a responsável por avaliar quão seguro é determinado produto e exigir o teste em animais para a sua liberação – principalmente no caso de medicamentos e vacinas. O advogado Guilherme Camargo, especialista em direto animal e membro da Comissão

de Direito Animal da OAB/Campinas, percebe que há uma “metodologia arcaica e ineficaz” nos testes exigidos e aprovados pela Anvisa. Segundo a Anvisa, “dados ainda estão sendo levantados sobre o tema para definir os impactos nas normas da Agência”.

Medidas sobre o uso de animais

“Hoje, ainda não podemos abandonar o uso de animais, mas podemos buscar isso e nos questionar sobre os objetivos científicos que justificam esse uso. Se o mérito no avanço do conhecimento é menor que o sofrimento pelo qual um animal passará, essa pesquisa deve ser proibida”, diz Carla. Já para Guilherme Camargo, o fato de, em algum momento, termos utilizado animais para a criação de medicamentos “não tem o condão de chancelar qualquer continuidade nesse sentido”. Ele também atribui esse prosseguimento a interesses políticos e financeiros. “Não existe teste que não possa ser substituído à altura por métodos alternativos. Não podemos esquecer que estamos tratando de indústrias multimilionárias – farmacêuticas ou de cosméticos –, onde o lucro está acima da vida, seja humana ou animal”. De acordo com Concea, por segurança da população, ainda é necessária a experimentação em animais. O Conselho declara que “não pode, contudo, desconsiderar os sérios riscos ainda envolvidos na completa e imediata exclusão dos animais para fins científicos no que se refere à segurança e à saúde da população brasileira”. Segundo a Anvisa, nos estudos pré-clínicos (experimentos com animais) e clínicos (testes em humanos) são produzidos os dados que permitem conhecer os efeitos, os limites e as condições seguras de uso dos produtos utiliO professor de fisiologia Luiz Fernando, da PUCPR, realiza pesquisas em ovos de galinhas como uma alternativa ao uso de animais sencientes.

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zados para o diagnóstico, o tratamento ou a profilaxia de doenças. Para a bióloga Marta, a ótica sobre a determinação do uso ou não de animais em pesquisa deve ser macro. “Por que a sociedade precisa de tantos novos medicamentos e produtos que demandam novos testes? Não seria conveniente avaliar os motivos do surgimento de novas doenças e trabalhar na origem, em vez de criar cada vez mais métodos paliativos?” Em casos em que o uso de animais ainda é imprescindível, como para testar os efeitos de um fármaco em um organismo como um todo – por exemplo, ao ser desenvolvido um medicamento para o fígado, é preciso saber seus efeitos colaterais nos outros órgãos –, deve-se priorizar a tentativa de redução no número de cobaias. “Não é uma simples redução. O número deve ser embasado em estatísticas, senão o projeto não responde a pergunta científica e os animais são usados em vão”, afirma a coordenadora Carla. Nesse contexto da necessidade da utilização de animais, algumas medidas, embasadas na lei (veja mais sobre legislação na página 15), devem ser seguidas pelos pesquisadores. Dentre elas, a garantia do bem-estar do animal e a ausência de dor durante os procedimentos. Cosméticos A polêmica em torno de testes de cosméticos em animais é latente, colocando-se em questão o peso de uma vida em relação a um interesse, para muitos, fútil. Em dezembro de 2013, o Concea assumiu o compromisso de discutir o banimento em todo o território brasileiro. Em janeiro deste ano, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sancionou a lei que proíbe o uso de animais no testes de cosméticos no Estado. Ainda que o Conselho declare que “o risco de um produto para uso humano induzir a alergia, câncer ou mesmo promover alterações no sistema reprodutivo somente pode ser medido através de estudos em animais”, órgãos reguladores internacionais mostram que já é possível usar métodos alternativos para isso. Desde 2004, na Europa, é proibido o teste de cosméticos em animais. Em 2013, instituiu-se a proibição da comercialização de cosméticos que ainda tenham essa prática. “Eu sou totalmente favorável à proibição do uso de animais para cosméticos. Do ponto de vista ético, isso não é justificável. O meu interesse em ter uma nova cor de rímel é infinitamente mais fútil em relação à preservação da vida de um ser”, diz Carla. O Concea declara que, ainda que cosméticos sejam considerados “produtos não essenciais”, é fundamental considerar a questão da segurança da população.


Condições adequadas Acreditar que o animal não possui sensações nem consciência de sua existência foi uma premissa seguida durante muitos anos na história da ciência, em que procedimentos eram realizados sem cuidados mínimos, nem analgesia. “Acreditar nisso é uma tentativa de livramento de culpa”, diz Naim Akel Filho, coordenador do curso de Psicologia da PUCPR. O fato é que a neurociência já provou que animais são seres sencientes. Fala-se em sentimentos e emoções básicas, como tristeza, alegria, medo, estresse. Nesse contexto, ao usar animais para pesquisas, é preciso pensar nas condições em que eles estão sendo criados e na forma como o experimento será conduzido até o fim, garantindo uma morte sem sofrimento. Esse cuidado é o R de refinamento, na conceituação dos 3Rs. Faz parte desse tópico o manejo adequado dos animais e o enriquecimento ambiental. O biólogo Cândido Thomaz, coordenador do Biotério da PUCPR – local onde os animais são produzidos e alojados para a pesquisa ou fins didáticos e que atende pesquisadores de todo o Paraná –, explica que é essencial que a equipe do Biotério seja tranquila e bastante estável, inclusive em hábitos pessoais. O biólogo comenta que os funcionários não podem usar perfumes, nem cremes e que a simples troca de shampoo pode afetar o comportamento dos animais. Para 2014, há a intenção de se iniciar um programa de treinamento com os alunos que virão a trabalhar com pesquisa, na tentativa de prepará-los para uma futura situação de laboratório. Entendendo que também é necessário melhorar o ambiente em que o animal está inserido, serão implantadas algumas alternativas de enriquecimento ambiental.

Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), papel toalha foi incorporado às caixas onde os roedores estão alojados. “Esse recurso simples e viável permite que o roedor faça um ninho, um comportamento natural dessa espécie”, diz Carla. Ela ainda afirma que quanto mais o animal pode desempenhar seu comportamento normal, menos estressado ele fica, o que garante mais qualidade nos resultados das pesquisas. Outros exemplos de refinamento ambiental são a possibilidade de colocar tubulações dentro das caixas dos roedores ou disponibilizar mais de uma caixa para o mesmo animal, cada uma simulando um ambiente – por exemplo, uma caixa de terra e a outra, de cepilho –, interligadas por tubos. Essas são opções presentes na Universidade de British Columbia, no Canadá. A coordenadora do Labea ressalta que essas possibilidades não excluem a necessidade de esterilidade dos ambientes. “É claro que precisam ser condições controladas. Em um caso como esse, a terra seria esterilizada. Dependendo da pesquisa, o animal não pode ter contato com alguns patógenos”. Na visão de Carla, muitas das restrições impostas aos biotérios estão mais ligadas à conveniência do que, de fato, à preocupação com a esterilidade. “É mais fácil limpar uma gaiola do que duas”. Ela reforça que os profissionais do Biotério e os pesquisadores precisam lembrar que as necessidades dos animais vão além de comer e beber. “A gente não pode sentir uma pressão aliviada porque um determinado ser não tem ou nem sabe que algo existe. Nós somos os responsáveis por ele não saber. Um animal de laboratório também pode sentir a grama”. Ela ainda reforça que “do mesmo tamanho que é essa força de escolha que nós temos sobre o animal é a nossa responsabilidade”.

© Fotos: Understanding Animal Research | Renata Duda

Uso dos métodos substitutivos Veja alguns exemplos de situações em que a ciência conseguiu avançar na substituição do uso de animais em pesquisas. Produção de anticorpos monoclonais Para combater vírus, bactérias e antígenos (que causam câncer), o corpo humano produz anticorpos a partir do reconhecimento dessas partículas que estão afetando o sistema imunológico. Com o avanço da ciência, já é possível produzir anticorpos monoclonais (específicos para uma parte do antígeno) in vitro. Isso significa que não é preciso submeter um animal a determinadas doenças para que ele produza anticorpos e, a partir daí, se inicie um estudo. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que conta com um Instituto de Desenvolvimento de Vacinas e Biofármacos, os anticorpos monoclonais, atualmente, “têm sido aplicados de forma promissora na terapia de diversas doenças, sendo largamente utilizados no tratamento de alguns tipos de câncer”. Testes de toxidade O surgimento de novos medicamentos e cosméticos vem acompanhado da descoberta de substâncias que não eram utilizadas antes. Essas substâncias, antes de virem a compor o novo produto, precisam ser testadas. Segundo Carla, é de praxe que seja realizado o teste de toxicidade conhecido como Dose Letal 50, em que a nova substância é injetada em animais e, se 50 % deles morrerem, ela é considerada inadequada. No entanto, essa parte da pesquisa já pode ser realizada in vitro, segundo as instituições de validação. É possível, inclusive, verificar o potencial cancerígeno da substância por esse mesmo método. “Se ela é tóxica para as células, não precisa passar para a fase seguinte. Ela não vai ser uma substância aceitável para organismos vivos”, diz Carla. Testes de sensibilidade Experimentos realizados para identificar a reação de produtos nos olhos e na pele humanos, em geral, são realizados em coelhos, devido à alta sensibilidade desses animais. No entanto, desde 2009, já existe a possibilidade de esses testes serem realizados com cultivo de células. No caso da avaliação do potencial corrosivo de um produto para os olhos humanos, a experimentação pode ser realizada em olhos bovinos, provenientes do gado abatido para alimentação.

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capa em SAlA De AUlA

Há registros de que, já antes da Era Medieval, animais eram usados para observações e estudos acadêmicos. Nos últimos anos, com a possibilidade de documentação por meio de fotos e vídeos de métodos de ensino já consagrados e a simulação virtual com softwares, torna-se dispensável o uso de animais em salas de aula, à exceção de cursos como o de Medicina Veterinária e Medicina. Para o professor Naim, que liderou a substituição do uso de ratos por softwares nas aulas de análise de comportamento, do curso de Psicologia, “tanto infringir sofrimento quanto criar uma população para ser descartada devem ser vetados quando possível e sem sacrifício para o aprendizado do aluno”. Antigamente, nessas aulas, um rato era disponibilizado para cada três alunos para que seu comportamento pudesse ser observado. Para a prática, o animal era privado, durante algumas horas, de água. Eles eram usados durante um semestre letivo e depois, descartados. Atualmente, um software simula o comportamento do rato e possibilita a prática sem o uso de animais. O novo formato já foi implantado em 60% da disciplina na PUCPR. A previsão é que, até 2015, 100% da prática dessa aula seja virtual. Naim diz perceber que o aluno do século XXI prefere essa relação com o virtual. “Ele é crítico com o uso de animais em experimentos”. Com relação a aulas realizadas com porcos ou sapos, bastante comuns na disciplina de fisiologia, a possibilidade encontrada por alguns professores são os vídeos. A instituição norueguesa Norecopa (Norwegian Consensus Plataform for Replacement, Reduction

em 188 mIl ANoS De evolUção O homem começa a estabelecer uma relação biológica com a natureza, momento em que passa a controlar o nascimento, o desenvolvimento e a forma de plantas e animais.

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and Refinement of Animal Experiments, em português, Centro de Referência Norueguês para a Substituição, a Redução e o Refinamento de Experiências com Animais) disponibiliza vídeo-aulas de práticas animais.

ComItÊS NAS UNIveRSIDADeS Para monitorar a forma como as instituições de ensino têm usado os animais para práticas em sala de aula, bem como nas pesquisas, instituiu-se em 2008, por meio da Lei Arouca, a obrigatoriedade da formação do Comitê de Ética em Uso de Animais (CEUA) dentro das universidades. Exige-se que participem do Comitê médicos veterinários, biólogos, docentes, pesquisadores e um representante da Sociedade Protetora dos Animais. Segundo a bióloga Marta Fischer, a pluralidade de olhares é fundamental na hora de autorizar ou não o uso de animais. Ela complementa que, para este ano, o CEUA da PUCPR ainda está sem um membro da Sociedade Protetora dos Animais. Marta, que participou do processo de implementação do Comitê na PUCPR, em 2006 – antes mesmo da determinação brasileira, devido ao fato de essa já ser uma tendência internacional –, lembra os questionamentos que enfrentou. “Quem participou do processo de implementação dos Comitês vivenciou momentos de reflexão ética, cuja ponderação do certo e do errado era o que valia. A rigidez legal e a mudança do nosso status de mediador para fiscalizador nos traz um peso maior, principalmente porque maioria de nós tem sua formação alicerçada nos animais e não nas bases legais”.

12 mIl ANoS mAIS tARDe Com a explosiva evolução tecnológica, o homem passou a se interessar em estudar os corpos dos animais e, através da dissecação de animais mortos, conseguia transpor o que aprendia para seu autoconhecimento.

Nas aulas de Medicina Veterinária de grandes universidades, tem se proposto o treinamento de práticas cirúrgicas ou de punção de veia, por exemplo, em simuladores de silicone. Após ter recebido o treinamento e já ter acompanhado os procedimentos por vídeo, o aluno passa a executar a prática em animais que realmente necessitam, com finalidade terapêutica. É o que acontece nos hospitais veterinários universitários, com a autorização do dono do animal e o acompanhamento de professores. Carla comenta que é preciso entender que “quando se formam veterinários usando animais para tudo, também se contribui para que o aluno perca a compaixão por eles. Isso é uma perda grande”. Sobre como formar profissionais mais humanitários, ela afirma: “Não se trata de como formar, mas de como preservar. Precisamos de modelos em sala de aula que defendam métodos alternativos”.

mAIS RIGoR

Além de órgãos reguladores, também é preciso um olhar atento para o registro de tudo, bem como o investimento em bancos de dados. “Precisamos de mais qualidade na pesquisa brasileira. Usar animais para não produzir resultados eficazes é totalmente inaceitável”, afirma Carla. Deve-se considerar que, a partir do uso de animais nas pesquisas em que eles ainda são necessários, é possível criar bases de dados que servirão para estudos futuros, contribuindo para uma redução. Para isso, estatísticas sérias e fidedignas a cada etapa da pesquisa se fazem necessárias. Com bancos de dados atualizados, é possível,

NA eRA meDIevAl A fim de suprir a curiosidade em conhecer o funcionamento dos organismos, os cientistas passaram a utilizar animais vivos.


A vAlIDAção Do métoDo AlteRNAtIvo

duas fortes determinações são o Artigo 225 da Constituição Federal, que determina que é proibido submeter animais à crueldade; e a Lei Arouca (2008), que regulariza todo o uso de animais em pesquisa e para fins acadêmicos, prezando pela filosofia dos 3Rs. “A gente precisa entender que os métodos alternativos não são uma possibilidade a ser procurada caso o pesquisador tenha interesse, mas obrigatórios por força de lei federal”, diz Carla.

leGISlAção

No Artigo 32 da Lei 9.605 (1998), declara-se crime a realização de “experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos”. Apesar disso, o advogado Camargo percebe que “as leis no Brasil são parcas a respeito do tema”. Sobre a ótica do CEUA, Marta percebe que a lei brasileira é boa e adequada sobre o uso de animais para fins científicos e acadêmicos. Carla afirma que essas leis precisam ser cumprida mais à risca. “Digo, por experiência própria, que se realmente cumpríssemos a legislação, um alto percentual de trabalhos que envolvem experimentação animal no Brasil não aconteceria”. Além da Lei 9.605,

Imagens meramente ilustrativas

Paradoxalmente, a validação de um método alternativo passa pelo teste com animais. O método a ser implantado é avaliado em comparação com o método convencional para que os resultados sejam comparados e, assim, fique comprovado que a forma substitutiva é tão eficaz quanto a utilizada em animais. Para Carla, o caminho para avançar a passos largos em direção à substituição dos animais é complexo, mas chega a ser óbvio: “Se usássemos os animais para o fim prioritário da produção de métodos substitutivos, precisaríamos cada vez menos deles, uma vez que teríamos cada vez mais alternativas”. Presgrave pondera que, em alguns casos, o método é validado por resultados já provenientes da literatura, quer seja de experimentos já realizados ou mesmo de fatos acontecidos com humanos. “Uma vez que se tenha um parâmetro bem determinado e se busque uma alternativa, podemos usar essa informação como subsídio para avaliar os resultados dos testes que estamos tentando validar”. Após a validação de um método substitutivo – que leva, no mínimo, dez anos –, eles passam a compor uma base de dados internacional, contribuindo para a diminuição do uso de animais. Esses métodos são validados internacionalmente pelas seguintes instituições: Organização para Cooperação Econômica e De-

senvolvimento (OECD), Centro Europeu para Validação de Métodos Alternativos (ECVAM), e Comitê de Coordenação Interagências sobre a Validação de Métodos Alternativos (ICCVAM). Segundo Presgrave, o BraCVAM foi pensado para ser equivalente aos órgãos citados acima. “O Brasil já tem um reconhecimento mútuo com a OECD, embora não seja membro, apenas observador. Mas nada se constrói da noite para o dia. As condições de validação são internacionalmente descritas, o que significa que todos os estudos realizados devem seguir um mesmo padrão. Todo esse conjunto é que vai fazer com que haja, pelos órgãos internacionais, o reconhecimento dos estudos realizados no Brasil, da mesma forma que o BraCVAM pode vir a avaliar um estudo realizado em outro país. O BraCVAM deve ter o mesmo peso que os organismos internacionais”, afirma o presidente.

© Foto: Renata Duda

por meio de softwares, traçar combinações entre pesquisas já realizadas e avaliar se um novo estudo em questão pode ou não continuar por aquele caminho.

NA ReNASCeNçA Os animais passaram a ser os modelos para as experimentações de todos os produtos gerados pela criatividade humana. Rene Descartes assume o papel de principal nome da experimentação animal, com a ideia de que os animais não possuem consciência de dor.

temPoS mAIS tARDe Contudo, o próprio desenvolvimento das ciências comportamentais, provações científicas da sensiência animal, mostraram que eles sofrem física e mentalmente diante da cobiça humana.

No SéCUlo xx Tendo em vista o uso de animais não apenas para pesquisa, mas também para alimento, o governo britânico criou regras para a criação em cativeiro. Mas foi a pressão social liderada por movimentos radicais iniciados na década de 1960 que culminou no posicionamento do governo e na elaboração de leis que regem a experimentação animal. Surge aí o conceito dos “3Rs”.

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capa

Vida Universitária foi às ruas para saber o que a população pensa sobre o assunto PAUlo ANDRADe, 28 anos, contador Eu acredito que se o homem, tão animal quanto qualquer outro ser vivo utilizado nestes experimentos, encontrasse uma forma, sem maus-tratos, de agregar valor ou conhecimento aos seus estudos, sem prejudicar a vida desses animais, poderia ser justificável, em determinados casos, tal experimento. Não consigo também deixar de pensar que ser contra isso talvez seja radical demais. Sou contra o radicalismo de ambas as partes. Não sou a favor de que animais sejam judiados e tratados como se nada fossem ou não tivessem tanto valor quanto qualquer outro ser vivo. Mas também entendo que, em alguns casos, seja necessária essa intervenção humana em prol do avanço da medicina. mIRellI tURoSSI, 29 anos, teóloga A natureza como um todo foi criada para nosso bem, nosso papel para com ela é de respeito e cuidado e não podemos destrui-la ou usá-la por vaidade, ganância ou desregradamente. Acredito que no ramos de cosméticos nada justifica a utilização de animais. Diversas empresas não usam animais em suas pesquisas, é uma causa fútil demais para essa prática e me parece uma opção mais barata que tecnologia que venha a abolir a prática para muitas empresas que a utilizam. No caso de pesquisas de novos tratamentos e remédios, acredito que deva ser a última opção a ser cogitada. ANDReSSA lUIzA CoRDeIRo, 21 anos, bacharel em Biologia É difícil ser muito rigoroso quanto ao uso de animais, pois sabemos que ainda existem pesquisas nas quais eles são indispensáveis, porém acho que se deve tentar reduzir o número de mortes e o sofrimento, principalmente em experimentos que podem ser substituídos por vídeos, bonecos, etc. Por isso, quando não há outra opção possível a ser usada, sou a favor do uso de animais. É difícil querer eliminar o uso de uma hora pra outra. A ciência tem que evoluir para isso também, criar métodos que permitam que os animais sejam substituídos. Aos poucos, acredito que iremos progredir em relação a isso. GABRIelA DUAIlIBe RUSCIolellI, 23 anos, 5º período de Psicologia da PUCPR Os animais precisam de bem-estar. Sou a favor da utilização do animal, ainda não tem como extinguir, é preciso o uso, tendo em vista a busca por um propósito maior – a melhoria coletiva da humanidade. Apesar disso, é necessário que se tenha preocupação para com o bem-estar do animal, de modo que ele não sofra de forma alguma. BRUNo mASSA De vIveIRoS, 26 anos, 2º ano de residência em Anestesiologia pela UFPR Em relação a ensino, existe uma necessidade grande do uso de animais. Nós temos aulas de técnicas cirúrgicas e técnicas hospitalares, em que os usamos, mas são seres que passam por procedimentos simples e como há essa necessidade de passar pelo procedimento, seja porque o dono do animal deseja, ou por questão de saúde, por que não aproveitar para ensinar também? Fazer com que o aluno treine, deixar o aluno fechar a pele, encubar, ou então aplicar alguma prática anestésica, por isso é válido e deve-se continuar o uso de animais. Então, acredito que, para não usar o animal apenas por usar, devem-se utilizar animais que têm um proprietário, deixando o dono ciente de que o animal dele será operado por alunos, com supervisão de pessoas treinadas. Desse modo, é bom para os dois lados.

© Fotos: Arquivo pessoal

vANeSSA GRIS, 24 ANoS, 1º ano de residência em Anestesiologia pela UFPR Eu achava desnecessária a utilização de animais nas aulas de farmacologia, pois eram procedimentos que a gente aprendia, mas que já estavam nos livros, já estava comprovado. Claro, não era nada que causasse dor, mas eu julgava desnecessário por não ser nada novo. Já nas aulas de fisiologia, achei que foi interessante, pois acompanhávamos o funcionamento. Porém, existem áreas em que não conseguimos fazer estudos in vitro, por isso é preciso e necessário o estudo em animais vivos, claro que sempre tentando utilizar o menos possível e oferecendo a eles o maior bem-estar possível.

“Fala-se em mudanças em 20 ou 30 anos, mas se pensarmos caso a caso, há mudanças que podem começar hoje” [Carla Maiolino, coordenadora do Laboratório de Bem-Estar Animal (Labea)]

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© Foto: Renata Duda

em QUe INStâNCIA é jUStIFICável o USo De ANImAIS em PeSQUISAS?

Dificuldades encontradas Altos custos e tradição são apontados pelos pesquisadores como os principais obstáculos para a mudança Por mais que seja crime optar por usar animais em testes cujo método substitutivo é validado, alguns pesquisadores ainda não aderiram a essa mudança. Na coleta de dados iniciada em 2010 pelo Laboratório de Bem-Estar Animal (Labea), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), dois pontos se sobressaíram para justificar a resistência à mudança: custo e tradição. A coordenadora do Labea, Carla Maiolino, diz que o que ocorre, muitas vezes, é a falta de investimento da instituição pesquisadora em possibilidades alternativas, até mesmo pela falta de conhecimento. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as metodologias alternativas apresentam uma diminuição de custos de até 70%. O grande aporte está, na verdade, na validação do método, que pode chegar a R$ 3 milhões. Com relação ao tradicionalismo, Carla percebe que, do ponto de vista comportamental, essa irredutibilidade à mudança é intrínseca ao ser humano, não apenas nesse cenário de laboratório. Fica entendido que a condição de certa resistência está associada à segurança com que aquela prática é executada. Carla conclui que não se pode prosseguir assim. “Precisamos, também, vencer esses obstáculos”.


Encontre a MPB na internet.

Acesse o novo site:

www.lumenfm.com.br


© Fotos: Renata Duda

reportagem

A possibilidade de errar na Medicina é algo praticamente nulo. Estar diante de uma vida faz com que as consequências de cada tomada de decisão sejam determinantes. No entanto, os avanços da tecnologia proporcionam meios de agregar inovação às salas de aula. Com isso, outras formas de aprendizado são trazidas à tona durante as mudanças de geração, interferindo na rotina dos acadêmicos. Já imaginou contar para o seu avô que hoje os alunos que se preparam para atender seres humanos passam a estudar cada vez mais com bonecos ou simulações? Certamente eles teriam a mesma

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opinião que a auxiliar administrativa Cristina Andrade, 32 anos: “Como que eles vão aprender a lidar com a gente estudando em bonecos? E os procedimentos que eles aprendem ‘na gente’ mesmo, tirar sangue, medir pressão? Eu, hein?” O coordenador do Centro de Simulação Clínica da PUCPR, Emilton Lima Júnior, explica que um acadêmico que treina suas tomadas de decisão fica mais confiante e seguro para prescrever um diagnóstico. “Eu queria, sim, que um médico que fosse fazer uma cirurgia em mim tivesse feito cem simulações antes. Sem dúvidas. E o piloto? A primeira vez que ele

tem acesso a procedimentos de pouso e decolagem não é por simulação? Você não viajaria com ele?” A opinião de quem entende mais sobre a área é incisiva. “As pessoas pensam que o acadêmico vai perder esse contato com o paciente, mas a verdade é que ele vai deixar, cada vez mais, de aprender com seres humanos. Quando o acadêmico tiver contato com o paciente, ele será muito mais efetivo e seguro nas tomadas de decisões”, finaliza o médico. O que Cristina não sabe é que esses bonecos que estão nas macas do Centro de Simulação Clínica fazem muito mais


A vez dos

{quase} humanos

Eles não falam, não sentem, não têm temperatura corporal, mas vão mudar a forma de preparar os acadêmicos de Medicina para os consultórios. São bonecos, praticamente perfeitos, com os mais diversos diagnósticos e situações clínicas

ÚNICO

Por Elizangela Jubanski

O Centro

do que se imagina. Eles choram, piscam, têm sangramentos, respiram, vomitam e até mesmo passam por trabalho de parto. A simulação realística é o mais avançado método de treinamento em ambiente hospitalar. Apoiada por alta tecnologia, ela reproduz, por meio de cenários clínicos, experiências da vida real. Especialistas garantem que isso traz ao futuro médico mais segurança no processo de assistência ao paciente. Este ano, os estudantes de Medicina que vão frequentar o Centro estarão entre o 4º e o 8º períodos. “Vamos dar atenção especial àqueles que estão no internato também, já que eles terão menos tempo disponível”, avalia o coordenador.

Durante quatro anos, um espaço na rua Rockefeller, no Rebouças, a 2 quilômetros da PUCPR, recebeu olhares ansiosos dos precursores do projeto. Além de um Centro de Simulação Clínica, inédito no país, a construção ergueu sonhos e lutas de professores e médicos da Instituição. Em dezembro do ano passado, o complexo abriu as portas para a simulação realística com a mais avançada tecnologia de treinamento em ambiente hospitalar. São dois centros cirúrgicos completos, duas enfermarias que podem ser convertidas em UTIs ou em Unidades de Pronto Atendimento, dois consultórios, seis salas de habilidades, quatro salas de reunião, dois auditórios e uma área pré-hospitalar, que contará com uma ambulância e um automóvel, em uma área total de 1,2 mil metros quadrados.

Existem outros centros de simulação clínica no Brasil, como a do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ele foi criado em parceria com o principal centro de simulação do mundo – o Chaim Sheba Medical Center de Tel Aviv, em Israel. Entretanto, Emilton afirma que esse mix de atendimento ambulatorial, hospitalar e pré-hospitalar é inédito no Brasil. “Tivemos o cuidado de fazer com que esse centro fosse reconhecido como de alta fidelidade, ou seja, com ambiente, cenário e situações mais fiéis possíveis, exatamente como os alunos encontrarão nas atividades práticas”. Há duas câmeras instaladas em todos os ambientes e salas de procedimento no Centro da PUCPR. Por meio das imagens, que podem ser gravadas, os professores avaliam o comportamento do acadêmico em tempo real. Há, ainda, um equipamento de última geração que simula cirurgia por vídeo, além de uma maca geriátrica que possui rodas, para treinar o atendimento a idosos. “Isso é definitivamente produtivo para os alunos”, avalia Emilton. Um dos grandes diferenciais da clínica é o espaço pré-ambulatorial, que conta com uma ambulância para que os estudantes treinem a retirada do paciente do veículo. Além disso, houve uma preocupação quanto aos corredores: no Centro de Simulação há um quarto com entradas estreitas, iguais às de apartamentos com corredores, para habituar os estudantes com macas e cadeiras de rodas.

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reportagem

Bonecos Entre os bonecos que serão estudados pelos acadêmicos está Harvey, que foi desenvolvido pela universidade de Miami e é o segundo do modelo em todo o país. Harvey foi assim batizado como referência a William Harvey, um dos mais importantes estudiosos do sistema circulatório. O boneco tem todas as reações das diferentes doenças cardiológicas. Para mostrar, por exemplo, que um coração está se dilatando – um sinal de uma anomalia –, o coração de Harvey passa a bater mais forte não na altura do mamilo esquerdo, como é comum, mas na chamada “ponta do coração”, na lateral do corpo. A pulsação pode ser sentida no braço, no pulso e na carótida, na altura do pescoço. Essa tecnologia traz, de fato, novos avanços ao curso de Medicina da PUCPR, que terá reflexo direto nos futuros profissionais, cada vez mais aptos a enfrentar o dia a dia dos hospitais e das clínicas de todo o país.

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Menos Estresse A psicóloga Gisseli de Amorin defende que avaliar o conhecimento sem estar frente à frente com um paciente de verdade pode ser menos estressante. “Além disso, pode-se evitar a utilização de ‘cobaias’, sejam elas humanas ou animais, e seus efeitos danosos. É melhor que os estudantes errem diagnósticos com os bonecos e que as consequências sejam apenas notas baixas”.

Encenando... Quem pensa que simular situações profissionais é exclusividade da área da saúde está definitivamente enganado. Acadêmicos de Direito planejam e executam júris populares: com promotor de justiça, réu, advogado de defesa, oficial de justiça, testemunhas e jurados. Os professores escolhem um caso e, a partir dele, desmembram as situações e encenam um júri. Na Comunicação Social, as futuras focas (profissionais iniciantes, no jargão jornalístico) montam um programa televisivo com apresentador, reportagens, auxiliares de câmera, diretores, links ao vivo com situações fictícias e tudo é gravado em um determinado tempo: assim como qualquer jornal diário. A simulação auxilia os estudantes de Jornalismo a entenderem como funciona a dinâmica das tarefas. As situações mais diversas possíveis, que acontecem a muitos mil pés de altura, também são treinadas pelos aspirantes a piloto, primeiramente, em simuladores de voos. Eles se adaptam ao painel e a cada função da aeronave em uma base de simuladores. É a fase de adaptação, estudo e também de manobras para depois pilotar um avião de verdade. © Foto: Renata Duda

E os corpos? A dúvida que paira entre os universitários da Escola de Medicina e da Escola de Saúde e Biociência é quanto ao Laboratório de Anatomia. Se os bonecos vão auxiliá-los no treinamento substituindo, inicialmente, o homem, logo os cadáveres deixariam de ser úteis. Mas não é isso que acontece. São fases distintas de aprendizado, defende Emilton, que devem ser estudadas em períodos diferentes também. “O laboratório passa a ter, então, a função de mostrar como são os órgãos, onde ficam dentro do nosso corpo, qual a geografia dele... Não podemos esquecer que, depois de alguns manuseios, os órgãos começam a se esfacelar. Os nervos e os vasos, que são estruturas finas e frágeis, começam a desaparecer. Então, vamos precisar de um número infinito de cadáveres? Sem contar que o formol é altamente tóxico”, completa. A solução, segundo ele, está em órgãos feitos de peças acrílicas que reproduzem fielmente cada característica do objeto a ser estudado e já estão disponíveis no mercado. A PUCPR possui algumas dessas peças para uso dos alunos como: coração, aparelho intestinal, pulmão e cérebro. “É interessante que esses materiais possam ser usados cada vez mais para atingirmos êxito”. Há um mito de que o aluno de Medicina precisa “botar a mão no corpo” para se formar médico. “Isso é totalmente fora da realidade. Não é isso que forma o médico. Ele deve estar preparado diante da tomada de decisão dele. É importante desenvolver a confiança para se tomar uma atitude”, explica Emilton. Para o coordenador, a realidade de usar cadáveres em aulas de anatomias é ultrapassada e, hoje, há outros métodos que não colocam o ser humano em posição de desrespeito. “Há muito tempo, usar pessoas não era errado, era a única alternativa, talvez. Mas, agora, nesse nosso conceito, não é correto. Principalmente porque temos como estudar Medicina sem precisar dissecar um corpo”.


vida docente

Profissão que

Cirurgião cardiovascular, o coordenador na PUCPR e presidente da Fundação Araucária Paulo Brofman colhe os frutos do sonho de ser médico, alimentado desde a infância

vem de berço

© Foto: João Borges

Desde cedo, Paulo Brofman teve certeza da profissão que viria a escolher no futuro. Filho de um cardiologista e vizinho de um hospital, o pequeno aspirante a médico já circulava por consultórios e vivia acompanhando o pai a compromissos de trabalho. A convivência com o ambiente rendeu frutos e o sonho de seguir carreira na medicina não só virou realidade como se transformou em uma bem-sucedida caminhada como cardiologista e também como pesquisador. Sem contar, é claro, a movimentada vida docente. Professor da PUCPR desde 1994, Brofman atualmente exerce na Universidade as funções de professor titular na Escola de Medicina e coordenador do Centro de Tecnologia Celular. A rotina acadêmica nas salas de aula e nos corredores da PUCPR é dividida com as tarefas de médico (cirurgias cardiovasculares e consultas) e, desde 2011, com toda a responsabilidade exigida pela presidência da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná, instituição vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado. Foi o árduo trabalho no comando da Fundação Araucária, aliás, que rendeu a Paulo Brofman a vitória na categoria professor-pesquisador do 26° Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia, distribuído no final de 2013. Perguntado sobre a importância de receber a condecoração, o vencedor garantiu que o reconhecimento ajudará a solidificar os trabalhos da instituição e a dar continuidade aos projetos desenvolvidos,

Por Mahani Siqueira [Especial para Vida Universitária]

cada vez com maior possibilidade de investimentos oriundos do governo e de patrocinadores parceiros. “Na Fundação Araucária, trabalhamos em três grandes linhas: apoio à pesquisa, formação de pesquisadores e disseminação do conhecimento. Para atender essas demandas, temos a filosofia de sempre apostar em pessoas e ideias. É por isso que buscamos, além dos investimentos governamentais, contribuições financeiras vindas de parceiros. Fico muito feliz em dizer que, graças ao nosso trabalho e à nossa credibilidade, temos atraído cada vez mais incentivos junto a agências federais”, conta. Na instituição, Paulo Brofman coordena diversos projetos e se vê à frente de uma imensa equipe de pesquisadores. As principais pesquisas desenvolvidas pelo grupo são relacionadas às células-tronco. Orgulhoso, o professor-pesquisador informa que a Fundação Araucária possui alguns dos laboratórios mais atuantes do Brasil para tratar do tema e não esconde a satisfação em dizer que realiza iniciativas com outros países, envolvendo os mais diversos tipos de células. “Essas pesquisas com células-tronco estão incluídas no que chamamos de 3ª fase da medicina. É tudo muito animador porque estamos trabalhando com células que, um dia, poderão se desenvolver e regenerar órgãos e tecidos, curando doenças como diabetes, isquemia, entre outras”, anima-se ele antes de terminar a entrevista dizendo que a agenda lotada e a estafante rotina dividida em três trabalhos diferentes fazem parte da profissão e do sonho de um menino que sempre quis ser médico.

“Fico muito feliz em dizer que, graças ao nosso trabalho e à nossa credibilidade, temos atraído cada vez mais incentivos junto a agências federais.”

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em busca da simplicidade Um fotógrafo, uma artista digital e um professor de filosofia da PUCPR ensinam que viver com menos é possível Por mahani Siqueira [Especial para Vida Universitária]

Na letra da música que dá nome a De Graça, seu mais recente álbum, lançado no fim de 2013, o músico Marcelo Jeneci canta aos quatro ventos que as melhores coisas da vida são – como já avisa o título do disco – gratuitas. Na canção, o compositor se pergunta quem ele deve procurar para comprar o sol que brilha de manhã. Ele também questiona se é possível vender um passeio pela feira com a única e exclusiva finalidade de encontrar amigos, aproveitar a vida e conversar. Afinal de contas, é possível viver bem e feliz sem se entregar à cultura do consumismo e sem gastar dinheiro com produtos desnecessários? Conversamos com duas pessoas que, com um estilo de vida desapegado dos bens materiais, provam que a composição do paulistano Marcelo Jeneci pode ir muito além da ideologia presente na música e ser um estilo de vida perfeitamente viável.

A simplicidade e o desapego sempre foram muito presentes na vida de Francine graças à religião e ao contato com obras de poetas como Helena Kolody e Mário Quintana.

NADA é PeRmANeNte

Segundo o fotógrafo Gus Benke, mais importante do que desapegar é saber investir o tempo em atividades que gerem alegria. A escolha dele foi a música.

DeSAPeGo e BUSCA PeloS SoNHoS

© Foto: Arquivo pessoal

espiritualidade

A artista digital Francine Canto, de 31 anos, revela que, desde criança, tem uma relação muito forte com a religião. Influenciada por ela e pelo trabalho de poetas como Helena Kolody, Mario Quintana e Manoel de Barros, Francine desenvolveu uma crença na simplicidade e aprendeu a levar uma vida baseada nela, apesar dos desafios impostos por um mundo tão cheio de ofertas e tentações, que, segundo a artista, ela consegue evitar graças aos ensinamentos aprendidos e às meditações, sempre constantes. “Procuro não desejar coisas que não sejam essenciais. Quando desejo algo, olho para aquilo e reflito se realmente é necessário. O que possuo, possuo com desapego. A questão não é não ter nada, mas não me apegar ao que tenho, é saber que tudo se transforma, e nada é permanente”, complementa Francine.

© Foto: Ale Carnieri

“Vivemos na Terra. Por isso, é fundamental aprender a lidar com a matéria, dar valor e saber fazer bom uso dela. Desapegar é simplesmente saber que não somos donos de nada”. A declaração é do fotógrafo curitibano Gus Benke, de 27 anos, que percebeu, quando tinha 24, que as intermináveis horas no escritório – onde chegava a passar a noite até quatro vezes por semana – não estavam sendo nem um pouco positivas para sua qualidade de vida. Foi então que Benke percebeu que o trabalho comercial deveria ser uma forma de sustentar seus sonhos. “Diariamente, recebemos promessas de felicidade em que o principal caminho é ser bem-sucedido para comprar coisas que nos deixem dentro dos padrões da sociedade. Eu aprendi que, para mim, a felicidade só vai vir se eu investir meu tempo e meu dinheiro no que eu acho certo e no que vai me render mais alegrias”, conta o fotógrafo, que está prestes a iniciar a faculdade de Música, em Florianópolis, e começar a busca por mais um sonho.

“Procuro não desejar coisas que não sejam essenciais. Quando desejo algo, olho para aquilo e reflito se realmente é necessário.” [Francine Canto, artista digital]

o lIvRo DA SImPlICIDADe Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia na PUCPR, Jelson Oliveira também é um defensor do desapego. Ele acaba de publicar o livro “Simplicidade”, em que defende a ideia de que não precisamos nos encher de coisas para atingir a felicidade. A obra também ressalta que é possível ser feliz sem se deixar afetar por objetos e outros fatores externos. “Nossa sociedade induz ao consumo como uma forma de acesso a pequenas alegrias cotidianas. No geral, nos enchemos de coisas porque estamos vazios de nós mesmos. Por isso, a simplicidade é uma espécie de higiene, uma condição para a saúde espiritual em um mundo que transformou a gula, que sempre foi tida como um vício ou pecado, em uma virtude”, reflete o autor.

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© Fotos: Michele Bravos

©

diário de bordo

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RUmo Ao oeSte

AS BoAS-vINDAS

INQUIetoS e eNGAjADoS

o INteRIoR Do INteRIoR

Um pouco adiante de Fraiburgo, a terra das macieiras, e antes de Chapecó, já na divisa com o Rio Grande do Sul, está Ponte Serrada. A cidade tem 56 anos e sua história está atrelada aos tropeiros gaúchos e aos imigrantes italianos. Os missionários de Cascavel (PR), Chapecó (SC), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Itapejara d’Oeste (PR), Joaçaba (SC), Ponta Grossa (PR) e Dourados (MS) - para quem a viagem é bastante longa, 18 horas - já estão com tudo pronto. No aguardo dos participantes, algumas pessoas da equipe de missionários de Ponte Serrada e da organização da Missão aproveitaram um churrasco no fim do dia com os Pasa, uma família dedicada ao trabalho e que nutre um verdadeiro zelo pela relojoaria que tem localizada perto da Igreja Matriz. A relojoaria é fruto de dedicação e de uma escolha feita há mais de 30 anos por Zemirio Pasa. “Eu precisava escolher uma profissão. Ou seria mecânico ou seria relojoeiro. Na segunda opção, eu andaria mais bem apresentado e me sujaria menos”, brinca.

O dia 19 é de preparativos. Entrar em contato com as famílias que receberão os missionários e confirmar a acolhida. Buscar os jovens de Dourados, que o ônibus deixou no posto da cidade. Ir de casa em casa, a pé, de Kombi, atrás de um Santo Antônio para ser colocado no salão paroquial para a festa de abertura da Missão. Ninguém fica parado, sem exceções hierárquicas. O Ir. Adriano Brollo, diretor de Pastoral do Grupo Marista, foi quem assumiu as panelas nesse dia. O jovem Geverson Dave, 15 anos, de Ponte Serrada, cuidou dos enfeites do salão. Em uma conversa breve, na cozinha – entre a prova do molho vermelho e o ponto do macarrão –, ficou claro que todos aqueles preparativos não eram meramente por decoração ou por protocolo. Eram demonstrações de carinho e uma forma muito explícita de dizer aos missionários visitantes o quanto a Missão era bem vinda e esperada na cidade.

Diante de situações desafiantes, como uma criança de seis anos em cima de um banquinho, lavando a roupa da casa em um tanque que é muito mais alto do que ela – e sendo esse o dia do seu aniversário; ou um jovem cadeirante que não possui uma cadeira própria e, a qualquer momento, pode perder a sua forma de se locomover; ou, ainda, um atendimento de saúde limitado, muitos se sensibilizam. Os jovens da MSM fizeram da comoção uma força propulsora para mudanças. Eles retornaram à casa da menina de seis anos, com um presente e muita alegria. Em um gesto de afeto, cantaram-lhe parabéns, em comemoração ao dia que havia sido e, talvez, não lembrado. Por acreditar que a transformação deve ser estrutural e passa pela política, as outras demandas foram apresentadas formalmente e presencialmente ao vice-prefeito da cidade. Fica aos jovens de Ponte Serrada a inspiração e a inquietação para acompanharem o andamento do manifesto e fazerem as propostas serem cumpridas.

Quando alguém que mora no interior diz: “Vamos para o interior”, surge uma certa inquietação. O interior do interior. Foi para lá que os jovens também se deslocaram. Por onde o ônibus da MSM passava, levantava uma poeira alta. Na paisagem, eucaliptos e plantações de milho, principalmente. Na entrada de um dos terrenos, um girico à espera do missionário da cidade. A família é grande e a acolhida calorosa é garantida. Nessas visitas, a ideia é passar tempo com a família, conhecer sua realidade e até mesmo se aventurar em um girico. Ao passar por trechos tortuosos e não ver nem de longe um mercado, um hospital, o que vem à mente é: “O que essas pessoas estão fazendo aqui?” A resposta chega a galope, em uma roda de chimarrão. “Eu morava na cidade, mas gosto desse silêncio, dessa paisagem. Prefiro morar no interior. Não troco isso por nada”, diz a moradora Ilma Vicensi, 61 anos, que vive da aposentadoria e da venda de vassouras que ela mesma faz.


Aventuras

improváveis

Quando a viagem é missionária, o inesperado caminha junto com planejamento e roteiros prévios, definidos nos meses que antecedem a ida. Na prática, a renovação e a vivência plena de uma missão dependem mais do desprendimento e do aceitar as surpresas e as improbabilidades que surgem no caminho. Do dia 18 a 26 de janeiro, a Vida Universitária acompanhou os jovens participantes da Missão Solidária Marista em uma imersão na cidade de Ponte Serrada, no oeste catarinense. O evento aconteceu em parceria com a Pastoral da Juventude e a Pastoral da Juventude Marista Por michele Bravos

ReSPoNSABIlIDADe ColetIvA

GeStoS CoNCRetoS

IlUmINANDo A CIDADe

o leGADo

“Hoje é o melhor dia da minha vida!” Ouvir isso de uma criança, seja porque ela está podendo pular uma manhã inteira em uma cama elástica ou porque ela encontrou um missionário que não ligava de ter o rosto todo pintado, provoca reflexões e gera um senso coletivo de responsabilidade sobre a comunidade. O princepezinho já dizia “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. É essa a sensação que envolve missionários e crianças. Em pouco tempo, gera-se vínculo. Para João de Almeida, 46 anos, pai de uma das crianças que estavam participando da Colônia de Férias, atividades como essas são uma grande alegria para toda a família. “Os pais também ficam contentes em ver os filhos se divertindo. Às vezes, eles não têm onde brincar. É disso que a gente precisa”.

O objetivo da Missão também é deixar para a cidade por onde passa um legado concreto. Em Ponte Serrada, o muro da Igreja Matriz foi pintado por um grupo de jovens, assim como os bancos e os rodapés da praça principal. Paralelamente, outros pegaram a enchada e a pá e se encarregaram de tratar o quintal de um lar de idosos. Mesmo debaixo do forte sol, os jovens não desanimaram. A alguns metros dali, um grupo cuidou da limpeza e da melhoria da gruta de Nossa Senhora de Lourdes, plantando flores ao redor de toda a escadaria que liga a rua à gruta. O grande aprendizado do dia foi ter conhecido Maria Anadori de Almeida, uma das Mensageiras da Imaculada Conceição de Nossa Senhora de Lourdes. Há mais de dez anos, a manutenção da gruta é feita por ela e por mais nove mulheres, de forma voluntária, por acreditarem na mensagem de fé que deve ser divulgada.

Em cidades do interior, as procissões são eventos que atraem muitos fiéis. Para a noite de sexta-feira, os missionários foram desafiados a preparar uma encenação sobre as etapas da vida: nascimento, infância, juventude, fase adulta e velhice, para ser apresentada durante a procissão. A caminhada começou no salão paroquial e seguiu pela cidade em direção a um ponto alto do município, onde está a imagem de Nossa Senhora. Os jovens são os responsáveis por fazer o evento acontecer, junto com a organização da MSM. Por isso, por trás da emoção e da fé que envolvem a procissão, há muito trabalho, prioritariamente, de logística. Ajustar o som para que todos ouçam a mensagem que está sendo proferida, organizar os fogos que enfeitarão o céu no fim da caminhada, entre outras necessidades.

Já no primeiro dia de Missão o jovem aprende que não está ali para solucionar nenhum problema da comunidade. “Ponte Serrada não precisa de nós”, foi o que disse Ir. Adriano. A ideia é que os missionários se permitam viver reflexões internas e somem forças aos líderes locais para possíveis mudanças pontuais na cidade. Durante o último dia de Missão, quando os jovens fazem uma avaliação do que foram esses dez dias, isso fica claro. A Missão é um encontro de pessoas, de trocas de experiência. É um momento de transformação pessoal que se dá a cada instante – em uma visita a um bairro de vulnerabilidade social, em um banho de chuva depois de um dia de trabalho. Na cidade, paira um ar de renovação. “Uma semente foi plantada em nossa comunidade pelos jovens locais e por jovens de outras regiões. O desejo é que sejamos transformadores da história, protagonistas na essência. Fica um sentimento de gratidão”, diz Susineia Bassani, presidente da Pastoral da Juventude de Ponte Serrada.

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na prática

Com doações de R$ 70 por mês, jovens no Quênia podem continuar a estudar

Quanto vale o

© Fotos: José Lucas Seleme

Por Michele Bravos

Doreen e Veronicah são, segundo os diretores da escola fundamental onde estudaram, alunas exemplares, com muito potencial, notas boas e vontade de aprender. No Quênia, na África Oriental, esses fatores não dizem muita coisa quando se chega ao Ensino Médio. Para continuar estudando, é preciso ter uma condição financeira favorável para custear os estudos. Mesmo as escolas públicas são pagas, ainda que mais baratas do que as particulares. Os valores não são altos para o padrão da classe média brasileira, cerca de R$ 850 por ano. Mas para uma população majoritariamente pobre, cujos salários giram em torno de 50 a 90 dólares, o caminho para a escola se torna tortuoso e distante. Para tentar ajustar esse percurso e proporcionar a Doreen, Veronicah e outros jovens quenianos a oportunida-

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de de prosseguir com os estudos, o estudante de Relações Internacionais José Lucas Seleme, 21 anos, deu início, em 2012, à Associação Endeleza. O principal objetivo da ONG é contatar possíveis padrinhos brasileiros que possam financiar os estudos de Ensino Médio de um aluno queniano. “Para pessoas com tantas dificuldades financeiras, a última coisa em que vão investir é em educação. Primeiro, pensam em ter comida, um teto. Eu me questionei: por quantos reais alguns jovens estão sendo impedidos de ter educação de qualidade? Descobri que era por R$ 70 por mês. Mesmo eu, estudante, conseguiria incluir isso no meu orçamento. Um valor relativamente baixo que pode fazer a diferença no futuro de alguém”, diz Seleme. Atualmente, a ONG financia os estudos de 30 jovens quenianos (15 meninas e 15 meninos). Para 2014, a meta é elevar esse número para 50.


Surgimento

A história da ONG começou, na verdade, no Japão. Durante uma conversa com um queniano, a tia de Seleme ficou intrigada sobre o país e resolveu ir conhecê-lo pessoalmente. Ao desembarcar no Quênia, ela se deparou com uma pobreza chocante e com crianças que viviam no ócio. Ela resolveu, então, montar um espaço de atividades no contra-turno escolar, com livros e brinquedos. A convite dessa tia, Seleme foi ao país africano conhecer o Centro que ela havia construído. Durante a estadia por lá, em julho de 2011, seu caminho se cruzou com o de Doreen Gacheri. Uma menina de 17 anos, órfã, irmã gêmea de Eunice e de mais três menores, todos morando com a avó. Não havia quem pudesse pagar o Ensino Médio para ela. Mesmo com toda a sua capacidade intelectual, os estudos teriam que ser interrompidos. “Eu me comovi com aquilo e dei a minha palavra de que pagaria as taxas escolares de Doreen. A minha avó assumiu os estudos da outra irmã. O fato de eu ser branco contribuiu para isso. Não há muitos por lá e, pode parecer estranho, mas existe uma confiança nos brancos”.

Posso fazer mais O incômodo gerado naqueles dias passados na África fez com que Seleme quisesse fazer mais por aquele povo. Conversou com alguns amigos e os convidou para serem padrinhos de outros jovens quenianos. A união dos amigos e suas ações ganhou nome e se formalizou em julho de 2012. O nome, Endeleza – que em suaíle, idioma oficial do Quênia, significa prosperidade –, se encaixou bem no projeto. Em 2013, Seleme resolveu apadrinhar outra menina: Veronicah Munyao. Ela, também com 17 anos, morava com os pais e mais dez irmãos e tinha o sonho de ser médica. Com esse crescimento, os estudos de Doreen foram assumidos por uma amiga de Seleme, Betina Boni, 21 anos, estudante de Direito, que contribui com parte da bolsa de estágio que ganha. “Acredito que essa não seja uma ajuda econômica. É um apoio na formação dessas pessoas. Se não fosse o

projeto, Doreen, Veronicah e os outros estariam destinados a parar os estudos no Ensino Fundamental e seguir como a maioria das pessoas por lá, na agricultura, por exemplo”. Para fortalecer o vínculo entre padrinhos e assistidos, a ONG envia relatórios, com o desempenho acadêmico dos alunos, aos patrocinadores. Junto com as notas, uma carta. Betina conta que ao ler as palavras de Doreen, foi inevitável não se emocionar. O trecho que mais lhe marcou é no que a jovem diz: “Que Deus, o Todo Poderoso, cubra você com seu sangue precioso e esteja contigo onde quer que você vá”. Betina reconhece o quanto os quenianos são religiosos. “É uma marca desse povo”.

Condições adequadas A exemplo de Doreen e Veronicah, muitos faltam à escola em épocas de seca, quando não se tem o que comer nem beber. Deixam de ir à aula porque precisam ajudar em casa. São mais braços para carregar, por quilômetros, baldes de água de um poço até onde moram. Ou seja, uma vez pagos os estudos, há outros buracos a serem preenchidos nesse caminho: a falta de comida; a falta de energia elétrica em muitas moradias, o que dificulta estudar em casa; e, em algumas situações, os maus-tratos domiciliares. De nada adiantaria financiar os estudos se não houvesse condições adequadas para isso. “Nós nos preocupamos em fechar parcerias com escolas internatos, o que garante mais qualidade de vida para eles também”, diz Seleme. Os alunos só voltam para casa nas férias, na metade e no fim do ano.

Os trâmites Com a ajuda dos diretores dos internatos, a ONG seleciona os jovens que serão beneficiados sob os critérios de mérito e necessidade. Enquanto isso, aqui no Brasil, é formada uma rede de padrinhos para custear os estudos deles. A anuidade da escola pode ser paga por boleto em até 12 parcelas. A ONG é responsável por organizar esses investimentos e direcioná-los às respectivas escolas.

Doreen Gacheri, 17 anos Minha ambição é ser bem sucedida na vida e realizar meus sonhos. Eu gostaria de ser advogada e, depois de conquistar esse sonho, ajudarei os necessitados, as crianças desabrigadas e os órfãos. Também darei às minhas irmãs o necessário para que elas possam alcançar seus sonhos. Estar na escola é uma grande oportunidade, a qual eu venho almejando desde pequena. Minha vida vai mudar e serei uma pessoa de sucesso.

© Fotos: Arquivo pessoal

futuro? Veronicah Munyao, 17 anos Esta oportunidade de apadrinhamento fará diferença em minha vida, pois eu estava destinada a ser uma pessoa sem educação, mas vocês decidiram ajudar os que necessitam. Daqui a alguns anos, eu gostaria de ser uma pessoa importante em minha família, em minha vila, e, também, em meu país. No futuro, eu gostaria de me tornar uma médica, pois assim eu poderei ajudar os necessitados. Meu coração se encherá de alegria quando eu vir que as pessoas não estão mais sofrendo com doenças como a malária, HIV e ebola. Betina Boni, 21 anos O investimento na educação é tudo. Ela é a base para a transformação. Ao estudar, a Doreen realmente vai poder transformar o seu meio, vai poder ser alguém profissionalmente e mudar o rumo de sua vida. José Lucas Seleme, 21 anos Além da ajuda financeira com os estudos, percebemos que é bom para eles ter essa certeza de que alguém acredita neles, de que alguém está investindo no futuro deles. Mesmo com as dificuldades, o povo lá é muito aberto e afetuoso. Não tem como não se apaixonar pelo Quênia.

Outras formas de ajudar Em 2014, a ONG lança o programa Rafiki (amigo, em suaíle) Endeleza, por meio do qual as pessoas poderão contribuir com quantias de R$ 15 mensais que serão destinadas a serviços administrativos e caixa para projetos futuros. “Sendo um Rafiki Endeleza, a pessoa também poderá usufruir de descontos em algumas lojas parceiras da ONG”. Endeleza

www.endeleza.org Para apadrinhar um aluno ou ser um Rafiki Endeleza, entre em contato pelo e-mail: jose.seleme@endeleza.org.

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da puc

Entre notas e sons Dizem que, na verdade, o músico não escolhe a profissão – e sim, que é escolhido. Em meio a tantas opções, Felipe Gabriel Motin foi fisgado pelas partituras. Aos 15 anos, convenceu um professor a lhe dar aulas de violão e piano: na faixa. Tornou-se músico e professor, é especialista em contrabaixo elétrico e desenvolve, na companhia de universitários, um admirável projeto dentro da Penitenciária Feminina do Paraná com mães detentas. Conheça os desafios de quem escolhe essa profissão e os prós e contras

Meu pai e meu irmão são instrumentistas. Desde criança, participei de corais infantis na igreja e de um meio extremamente musical. Ter familiares participando ativamente desse ambiente fez com que eu tivesse muita vontade de aprender algum instrumento. Mesmo assim, não houve investimentos para minha formação musical ou instrumental por parte da minha família. Aos 15 anos, um professor se comoveu ao me dar aulas de violão e piano gratuitamente quando percebeu a empolgação com que eu falava das minhas primeiras tentativas no violão, que buscava sozinho vendo outras pessoas. Aos 16, já tinha aprendido tudo que ele tinha para me ensinar, foi quando, por incentivo desse professor, decidi seguir a carreira de músico.

“Não tem como se tornar um bom professor de música sendo apenas um bom instrumentista ou cantor. É preciso entender o contexto da turma.”

© Foto: Michelle Valente

Por elizangela jubanski

A família tem o pé na música. Como foi a construção de identidade e os aprimoramentos para colocar o sonho em prática?

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Depois dessa decisão de seguir carreira, como foi a escolha pelo curso de música da PUCPR?

Desde que decidi seguir a carreira de músico pensava em entrar na faculdade. Esse mesmo professor foi quem me instruiu com relação às provas específicas de música nas diversas universidades. Estudei teoria musical e percepção por quase seis meses, cheguei a ser aprovado nas primeiras fases da UFPR, no curso de Licenciatura em Música, mas, por infortúnio, reprovei na redação. Fiquei dois anos sem tentar passar

no vestibular e quase mudei de ramo em virtude de um trabalho que iniciei naquela época. Foi quando abriu o curso de Licenciatura em Música na PUCPR. Eu vi uma nova chance para minha carreira de músico. Fiquei muito contente, prestei o vestibular para iniciar o curso em 2011, passei, e então finalmente entrei na tão sonhada faculdade de Música.

tornar-se professor era o objetivo desde que você entrou na faculdade? o que pensava em fazer?

Após um ano fazendo aulas de violão, eu já lecionava informalmente na igreja. A questão de ser professor sempre fez parte da minha vida até entrar na universidade, entretanto não imaginava as inúmeras possibilidades que se abriram ao entrar no curso. Quando iniciei Licenciatura em Música, não tinha como objetivo principal me tornar um professor. Na época, tocar em eventos e shows era uma fonte de renda importante, além de ser muito divertido, pois eu era um

bom instrumentista e participava de várias bandas. Além dessa questão, eu precisava trabalhar, portanto grande parte do meu tempo era dedicada a um emprego totalmente diferente do ramo do curso. Muitos professores nos motivavam a lecionar, mas acredito que o meu grande encontro com o “ser professor” se deu na prática, em um projeto desenvolvido pela Pastoral, chamado PUC Solidária.

o que aconteceu nesse projeto? o que o despertou para essa nova caminhada de se tornar professor?

Dentro do PUC Solidária, um grupo de alunos se inscreveu para desenvolver atividades em uma área de vulnerabilidade social. Não pensei que seria transformado em apenas um dia de trabalho. A forma como aquelas crianças participaram das atividades e como me retribuíram me fez enxergar uma potencialidade da educação musical que eu jamais tinha imaginado. Lembro-me de ter chegado em casa sem voz, mas muito feliz com os resultados.

No último ano de faculdade, resolvi deixar o emprego que não tinha relação com o curso e, graças ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência da PUCPR, pude ter uma fonte de renda e, assim, me aprofundar na área docente. Por meio da cooperação de professores e coordenadores, consegui desenvolver excelentes projetos e ter ótimos resultados. Foi quando tive certeza absoluta da minha escolha: ser professor de música.

você participa de um programa sobre musicalização na Penitenciária Feminina do Paraná, desenvolvida pela PUCPR. Como se envolveu no projeto?

A ideia era desenvolver, dentro do projeto Ciência e Transcendência, as atividades de estágio obrigatório na Creche Cantinho Feliz com as mães e os filhos das internas. A proposta inicial era investigar metodologias para a aplicação do ensino da música no contexto da educação infantil, visando proporcionar um momento de socialização em ambiente de reclusão por meio da relação entre mães, filhos e agentes mediadores (os estagiários e voluntários). Os momentos na penitenciária fo-

ram os mais importantes de que tive a oportunidade de participar durante a graduação, tanto para minha formação docente quanto humana. Foram momentos preciosos desde o período de formação com a equipe do projeto, planejamentos, até a entrada na penitenciária e o desenvolvimento dos projetos. Todas as vezes que voltava das atividades, voltava diferente, confiante da minha escolha profissional e do poder da música em transformar um ambiente tão complexo.

Qual sua opinião sobre a maneira de algumas pessoas olharem sua profissão como lazer?

Já respondi inúmeras vezes essa pergunta: “Ah, você é músico? E como faz para se sustentar?” Infelizmente, com a disseminação da informalidade na profissão, tanto para professores de música como para artistas, muitos se aproveitam para usar o título de músico apenas por tocar um violão. Tem artistas que arrecadam muito dinheiro, entretanto, fazem música de péssima qualidade e milhares de pessoas ouvem. A verdade é que para se tornar um bom instrumentista, cantor, compositor, produtor musical, musico-

terapeuta, musicólogo, professor de música e outras várias profissões associadas a esta belíssima arte, é preciso muito estudo e dedicação. Uso deste meu talento para melhorar a vida das pessoas, tocando bem, ensinando bem, compondo bem e fazendo tudo com excelência. Desta forma, com certeza, as pessoas que me conhecem poderão ver que música não é um lazer para quem faz, e sim uma profissão que exige muito estudo e trabalho duro.

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mundo afora

Um passo

© Foto: Acervo pessoal

à frente Mariana Kamiya, estudante de Design de Moda na PUCPR, foi para Seoul, capital sul-coreana, no início de 2013 para estudar e fazer um estágio de um mês na Hyundai.

Quando o relógio finalmente marcou meia-noite e anunciou a chegada de 2014 no Brasil, a curitibana Mariana Kamiya já tinha comemorado a virada de ano há algumas horas, em Seoul. A estudante de Design de Moda da PUCPR foi para a capital sul-coreana no início de 2013 para estudar e fazer um estágio de um mês na Hyundai, gigante montadora de automóveis. Com o intercâmbio, Mariana não ficou à frente dos brasileiros apenas no fuso-horário, mas, com a experiência adquirida no exterior, também se adiantou em relação a milhares de concorrentes no mercado de trabalho. Apesar de cada vez mais estudantes buscarem experiências internacionais – em 2012, a Belta (Associação Brasileira das Operadoras de Viagens Educacionais e Culturais) estimou que, em 2015, até 400 mil brasileiros terão embarcado rumo ao exterior para estudar ou participar de estágios – o fato de conseguir trabalhar na área ainda é um importante diferencial, mesmo que seja voluntariamente, como no caso de Mariana, que conseguiu sua vaga a partir da parceria entre o programa Ciência sem Fronteiras e a Seoul National University. “Não tive remuneração financeira durante o estágio, mas a experiência e o aprendizado serão de grande valor para minha vida profissional. Pude aprender como funciona o processo criativo dentro de uma das maiores empresas automotivas do mundo e criar um modelo 3D do carro que eu mesma desenhei”, conta a estudante, que também valoriza a chance de ter expandido seus horizontes e o fato de agora de conhecer mais pessoas e uma nova cultura. A coordenadora de mobilidade estudantil da PUCPR (setor responsável pelos intercâm-

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Experiências em estágios internacionais fazem a diferença no currículo, no conhecimento, e são cada vez mais acessíveis

bios), Maria Gabriela Finch, explicou qual o primeiro passo para os estudantes da Universidade que desejam incluir um estágio internacional no currículo. “Através do intercâmbio da PUCPR, os alunos podem se matricular em matérias de estágio. No entanto, muitas vezes, é do aluno a responsabilidade de captá-lo, o que geralmente acontece através de networking ou com a ajuda da universidade parceira no exterior”, informa Maria Gabriela. Ainda segundo a coordenadora, muitas empresas locais têm parcerias com as Universidades, o que torna mais fácil a busca pela vaga. Já as multinacionais possuem um processo seletivo mais rigoroso e concorrido e podem oferecer mais obstáculos. Independentemente do porte da empresa, ela garante que a experiência vale a pena. “Os alunos voltam com um diferencial em seus currículos, o contato com novas tecnologias, o desenvolvimento de novos produtos e também o aprendizado de uma etiqueta profissional internacional”, resume. Estudante de Engenharia Elétrica com ênfase em telecomunicações, Luan Bueno viveu por um ano na cidade de Strasbourg, na França, onde estudou e fez um estágio de seis meses em uma empresa que trabalha com automação de persianas. Durante o período do programa, ele desenvolveu projetos e fez parte da minoria que consegue uma remuneração. Não foi o salário de 400 euros por mês, contudo, o maior benefício da temporada na Europa. “O amadurecimento pessoal é indiscutível. Sinto-me mais seguro das minhas responsabilidades e confiante de que posso enfrentar desafios. Acredito que a determinação e o

Por Mahani Siqueira [Especial para Vida Universitária]

planejamento fazem com que você atinja seus objetivos com sucesso. Acredito também que, com essa vivência, além da fluência em inglês e francês, eu poderei ter ótimas oportunidades como engenheiro em empresas francesas e brasileiras”, completa Luan.

De olho no embarque Gisele Mainardi, gerente de produtos de uma agência de intercâmbios, deu quatro valiosas dicas para estudantes que desejam uma experiência de estágio no exterior. l Em primeiro lugar, é preciso entender que o candidato vai concorrer a uma vaga e não simplesmente se inscrever e garantir o lugar dele. Por isso, é preciso ter o melhor currículo possível, com bons conhecimentos do idioma do país para onde a pessoa deseja ir. l Ter experiência profissional é importante, mas, muitas vezes, não é possível. Nesse caso, é essencial ter um currículo com bons cursos e projetos interessantes realizados na faculdade. l É fundamental procurar a agência com pelo menos seis meses de antecedência. A análise do perfil do candidato, a busca pela vaga e os procedimentos de visto levam tempo. l A maioria das vagas é para estágios não remunerados. No entanto, estudantes de Marketing, Tecnologia da Informação, Hotelaria e Administração possuem mais chances de descolar um cargo com salário.



sarado pesquisa

Cérebro

Falar duas línguas exercita o cérebro e retarda o envelhecimento mental Por michele Bravos

Aprender outro idioma é tão benéfico para o cérebro quanto praticar exercícios físicos é para o corpo. Segundo a mestre em Letras Rossana Cirio Uba, professora de língua inglesa do curso de Letras da PUCPR, “usar duas ou mais línguas durante a vida atenua os efeitos da perda de memória, que é uma consequência natural à medida que a idade avança”. De acordo com estudos publicados na revista científica Neuropsychologia*, os bilíngues podem vir a ter uma doença mental até quatro anos mais tarde que um monolíngue. A doença de Alzheimer, que, segundo a Organização Mundial da Saúde, é a causa mais comum da demência e atinge cerca de 22 milhões da população global, pode ser retardada em até cinco anos por aqueles que falam mais de um idioma. A coordenadora do Núcleo de Línguas da PUCPR, Ane Cibele Palma, afirma que o cérebro precisa ser exercitado assim como outros órgãos e músculos. “Estudar uma língua estrangeira faz com que o cérebro se mantenha ativo, fazendo mais conexões e ficando mais flexível”. Essa flexibilidade seria a capacidade do cérebro de acionar e desativar ligações toda vez que é solicitado a transitar do idioma materno para o estrangeiro.

APReNDeNDo DePoIS De ADUlto As vantagens do bilinguismo não estão destinadas apenas àqueles que tiveram a habilidade despertada na infância, ainda que estes possam ter mais desenvoltura com a segunda língua. Para a professora Rossana, o importante é o período de exposição ao idioma em estudo. “É preciso estabelecer um contato mais intenso com a nova língua, de mais de duas ou três horas semanais”. Por isso, não é uma questão de quanto mais idiomas se domina, melhor. É engano achar que cada língua extra significa um ano a mais para a saúde mental. “Não existe um limite de número de línguas que uma pessoa é capaz de aprender, mas, como a aprendizagem requer tempo e contato com o idioma e nós não podemos passar 24 horas por dia apenas aprendendo línguas, o tanto de idiomas que alguém fala vem dessa questão”, diz a coordenadora Ane. Os benefícios do bilinguismo estão mais relacionados ao fato de se ter contato com um processo que estimula novas cognições e a memória.

*BIALYSTOK, E.; CRAIK, F.; FREEDMAN, M. Bilingualism as a protection against the onset of symptoms of dementia. Neuropsychologia V.45, n.2, 2007. p.459-464.

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mAIS FACIlIDADe Quanto mais cedo se inicia o estudo de línguas estrangeiras, mais fácil é o aprendizado e mais natural o processo. Estudos mostram que, até os sete anos de idade, as crianças podem aprender outras línguas pelo mesmo processo de aprendizagem da língua materna e demonstrar um nível de proficiência semelhante ao de um falante nativo.


QUANDo Se APReNDe UmA líNGUA, DUAS áReAS Do lADo eSQUeRDo Do CéReBRo São AtIvADAS:

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A área de Broca, responsável pela fala.

A área de Wernicke, que comanda a capacidade de compreensão do que se ouve.

Tanto a língua estrangeira quanto a materna ativam as mesmas regiões.

Os lobos temporais, presentes dos dois lados do cérebro, estão relacionados à memória. Do lado esquerdo, abrange a área de Wernicke. *O estágio inicial do Alzheimer atinge a memória, a fala e a compreensão.

Há pequenas diferenças entre as células nervosas que processam a língua materna e as que coordenam a estrangeira. Isso explicaria por que somos mais lentos na segunda língua.

© Fotos: Shutterstock

Especula-se que, de fato, algumas pessoas possuem mais aptidão para aprender idiomas do que outras. Isso estaria relacionado a uma sensibilidade mais aguçada de alguns em perceber os diferentes sons e as inúmeras estruturas de cada língua.

PARA oS ANAlFABetoS tAmBém

?

Mesmo os analfabetos podem ser beneficiados com o bilinguismo, ainda que não desenvolvam a habilidade plena de ler e escrever em outra língua. Para a coordenadora Ane, o estudo não é apenas para ler ou escrever em outras línguas, mas para entender música, filmes, ouvir notícias de rádio. “Aprender línguas é se abrir para outras culturas”. O estímulo cognitivo proporcionado por esse aprendizado está além do fato da pessoa ser alfabetizada.

Quanto mais difícil a língua, mais exercício para o cérebro? Não! O cérebro não decodifica os idiomas dessa forma. Para ele, existe a língua materna e as línguas estrangeiras. O processo cerebral é similar tanto para aprender um idioma de mesma raiz (no caso dos brasileiros, seriam as línguas de origem latina: espanhol, francês e italiano), quanto para um de origem diferente (como o inglês e o alemão). A coordenadora Ane atesta que apesar de o cérebro não fazer essa distinção, o que existe é uma facilidade em se aprender idiomas da mesma origem da língua-mãe. Essa dificuldade aumenta quando é necessário conhecer outro código. Por exemplo, para um brasileiro aprender árabe ou mandarim, ele precisa saber outro alfabeto, o que demanda mais estudo e dedicação.

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Crescimento reportagem

A classe média define rumos do país e revoluciona a economia e a sociedade, mas nem tudo são flores na fatia social que mais cresce no Brasil Por Mahani Siqueira [Especial para Vida Universitária]

sem freio

© Fotos: Dreamstime

Se fosse possível fazer um retrato da típica família de classe média atual brasileira, a foto mostraria um casal trabalhador, com marido e mulher ativos no mercado de trabalho (pelo menos um deles com carteira assinada), e dois filhos, ambos usufruindo de ensino particular e planos de saúde. A imagem exibiria uma casa equipada com bens de consumo como eletrodomésticos, televisores com pacote de TV a cabo e computadores conectados à internet. A descrição acima é, naturalmente, uma estimativa aproximada de como vive boa parte da fatia social mais expressiva da economia brasileira hoje. Apesar de ser difícil definir exatamente quem está incluído nessa faixa, uma vez que as pesquisas e os institutos fazem classificações muito diferentes sobre onde começa e termina a classe média, não há dúvidas quanto a seu crescimento e sua representatividade, sobretudo nos últimos dez anos. De acordo com Diana Coutinho, da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal (SAE), “classe C” é o termo que se associa à renda das pessoas que se encontram no meio da tabela de distribuição de renda (entre os ricos e os pobres) e, por isso, é uma forma de se definir a nova classe média, como é chamado o gigantesco grupo de pessoas que alcançaram esse status social na última década. “Na SAE, optamos por tratar a nova classe média como uma aproximação do que se entende por classe C. Nos últimos dez anos, aproximadamente 40 milhões de pessoas ascenderam a essa fatia da população. Com a expansão, a classe média partiu de 38% da população, em 2002, para 53% em 2012”, comenta Diana, antes de explicar os requisitos financeiros para ser um membro da classe média no Brasil. Segundo a representante da SAE, o órgão considera pertencentes à classe média as pessoas que possuem renda familiar per capita entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00, o que faz com que essa camada comece na 24ª posição da distribuição de renda e termine na 77ª posição. Ainda segundo a mesma instituição, em estudo divulgado em agosto de 2013 no quarto caderno Vozes da Classe Média, a renda per capita média dessa faixa passou de R$ 382,00 ao mês para R$ 576,00 em um período inferior a dois anos.

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O RETRATO DA CLASSE MÉDIA As características mais comuns das famílias da classe social que não para de crescer.

A avaliação do economista Másimo Della Justina, chefe do gabinete da Reitoria da PUCPR, no entanto, é mais abstrata. Segundo ele, uma família está na classe média quando 1/3 da renda familiar mensal sobra depois que todos os gastos básicos com alimentação e moradia foram sanados. Essa parcela é a responsável por consumir produtos, gastar com a saúde, educação dos filhos e ainda poupar. Para Della Justina, a classificação mais indicada das classes econômicas brasileiras é a elaborada pela Fundação Getúlio Vargas, que utiliza como base o rendimento familiar mensal. Segundo esse estudo, a classe A é aquela que recebe mais de R$ 9.700,00 por mês. Na sequência, a classe B tem um rendimento entre R$ 7.400,00 e R$ 9.669,00. Já a classe C é a mais abrangente, com uma renda mensal que varia entre R$ 1.600,00 e R$ 7.399,00. CLASSE MÉDIA SOFRE? Apesar de ser o setor social brasileiro que mais cresceu graças à ascensão de milhares de pessoas, não é seguro dizer que a classe média só tem motivos para comemorar. Por diversas razões, as finanças dessa fatia da população não estão totalmente sob controle. Segundo Carlos Magno Andrioli Bittencourt, professor de ciências econômicas e políticas da PUCPR, uma dessas causas é a tênue linha em que se encontra a classe média, entre as classes mais ricas e as mais pobres. “Se analisarmos, a classe média é a classe social mais penalizada em nosso país. Ao mesmo tempo em que é obrigada a pagar todos os impostos, boa parte dos integrantes preferem utilizar planos de saúde privados e escolas particulares para os filhos. Dessa forma, eles são bitributados, ou seja, pagam duas vezes pelo serviço, mesmo sem possuir o mesmo rendimento das classes altas, que podem gastar sem tantas preocupações”, comenta o professor. O desejo de se manter na classe média e não retornar para a obscura realidade das camadas inferiores é mencionada por Másimo Della Justina como um dos obstáculos mais constantes para quem pertence a essa fatia. “É complicado porque inclui conseguir acesso a vagas em escolas de excelência para os filhos – em todos os níveis de educação pública e privada –; garantir a segurança patrimonial e integridade física contra o crime e a violência; gastos com segurança privada; encarar problemas de trânsito; alta generalizada de preços; entre vários outros. Sem contar que é necessário tolerar um setor público ineficiente e su-

portar a carga tributária indireta”, avalia o economista. Já Diana Coutinho vê as possíveis dívidas como as maiores ameaças aos integrantes da classe média, além da preocupação com várias outras decisões que, inevitavelmente, devem ser tomadas. “As dificuldades da nova classe média precisam justamente passar por excessos de endividamento, quer sejam para investimentos em bens duráveis ou em educação. É necessário equilibrar o investimento com a vontade de consumir imediatamente aquilo que, antes, não era possível. Também é bom lembrar que são muitas decisões a tomar. Se antigamente muitas famílias tinham que se preocupar com a sobrevivência diária, agora essas mesmas famílias podem planejar seu futuro e isso aumenta o número de escolhas estratégicas”, complementa.

Casal no mercado de trabalho, com pelo menos uma carteira de trabalho assinada

Chefes de família com curso superior completo

Número de filhos varia entre um e dois

CONSEQUÊNCIAS VIRÃO Boas ou más, as consequências do crescimento da classe média são inevitáveis e já podem ser sentidas não só na economia, mas também na educação da população, na superlotação das cidades e até nos congestionamentos das ruas. O professor Carlos Magno Bittencourt admite que são dois lados da moeda. “Em primeiro lugar, é importante saber que esse crescimento da classe média é um reflexo do fomento da economia, das políticas de inclusão e da maior geração de empregos nesses últimos anos, o que é bom. Isso faz com que nossa economia se desenvolva e surjam novos consumidores e mais indivíduos com ensino superior completo. Por outro lado, há uma saturação dos espaços urbanos, um aumento real no trânsito das cidades e, consequentemente, um prejuízo da mobilidade nos grandes centros”, completa, seguro de que a classe média ainda será objeto de muito estudo para alunos dos mais variados cursos.

“Se analisarmos, a classe média é a classe social mais penalizada em nosso país. Ao mesmo tempo em que é obrigada a pagar todos os impostos, boa parte dos integrantes preferem utilizar planos de saúde privados e escolas particulares para os filhos.” [Carlos Magno Andrioli Bittencourt, professor de ciências econômicas e políticas da PUCPR]

Filhos matriculados em escolas e universidades particulares

Plano de saúde privado para toda a família

Televisão por assinatura

Variedade de eletrodomésticos em casa

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CONFIRMA

Peso fundamental nas eleições e na garantia da democracia

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sintonia cultural

Hora de colocar ritmo no pé

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Por julio Glodzienski

novo desafio a cada ano. “É preciso melhorar o carnaval em Curitiba, e isso vai acontecer oferecendo para as escolas um espaço, um galpão, onde possam ensaiar, promover ensaios abertos para a população, organizar ações para arrecadar verba, além de um carnaval mais presente em todos os bairros, com oficinas de percussão e festas nas Ruas da Cidadania”, defende Seu Divino, que já participou de ensaios em escolas de samba do Rio de Janeiro e toma essa experiência como exemplo do que pode dar certo na capital. A Fundação Cultural, por sua vez, visa ampliar o carnaval. “Isso vai acontecer por meio do pré-carnaval, os famosos Garibaldis e Sacis, desfiles de bailes e matinês em vários locais da cidade”, pontua Cordiolli, que frisa a intenção e a importância da volta dos blocos de rua, tudo em busca de atrair mais espectadores para o evento.

“Fazer carnaval aqui em Curitiba é um desafio, pois temos recursos limitados, por vezes insuficientes, mas isso estimula a criatividade e faz da nossa festa aqui algo diferente.”

camos uma avenida maior, é um dos desafios em fazer carnaval em Curitiba, além de uma estrutura que comporte a população”, diz. E como para o samba não tem limite de faixa etária, bastando ter o ritmo nas pontas dos dedos, não é isso que prejudica o empenho da festa. “O curitibano tem samba no pé e tem ritmo. E não tem limite de idade, é criança é jovem, pessoas da terceira idade, todos se envolvem para o brinde do momento”, completa o Mestre Marquinhos, atual mestre da bateria da escola, discípulo de Seu Divino. “Tenho samba no pé, no coração e na alma, meu pai tinha escola de samba e eu o segui com minha filha e minhas netas na Leões”, conta a curitibana Aldaléia Libanio Barros, 64 anos, acompanhada da filha Terezinha Barros, 44 anos, e das netas Maiara de Oliveira, 18, Geovana de Oliveira, 16, e da caçula Hellen de Oliveira, de nove anos, durante o ensaio da escola. E nesses tantos anos de experiência, a matriarca confirma: manter o carnaval em Curitiba é um desafio. “O que faz com que as coisas aconteçam é a força de vontade, a união e o companheirismo”, completa Maiara.

[Wiliam Lenerneiee]

Essa situação mudou na festa de 2014, como explica Cordiolli: “O investimento foi maior, foram destinados às escolas pouco mais de R$ 262 mil, fora o investimento em infraestrutura; o espaço irá mudar, além do uso de uma avenida maior, estimam-se, por isso, mais de 30 mil espectadores neste ano.” O novo local do desfile, a Avenida Marechal Deodoro, no Centro da Capital,, como acredita o fundador da Leões da Mocidade, Vilmar Alves, é o sinal de que o evento esta tomando força como antigamente. “Já fomos prejudicados por dispormos de uma avenida pequena como a Cândido de Abreu, por isso revindi-

© Fotos: Alice Rodrigues

“Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé”, já dizia aquela consagrada música de Dorival Caymmi. Na época do carnaval, o foco está em fugir de Curitiba. O motivo? “Curitiba não tem carnaval”. Isso é o que facilmente se ouve nas ruas. Mas é para provar que o curitibano tem, sim, samba no pé, que as escolas de samba da capital colorem e encantam uma das principais ruas da cidade durante os desfiles, mantendo viva a festa mais popular do país, mesmo por aqui. Mas ninguém disse que seria fácil. Colocar uma escola de samba para desfilar em uma avenida central de Curitiba em pleno carnaval é um desafio e um brinde à criatividade. Diferentemente do eixo Rio – São Paulo, carnaval não é o forte da nossa capital – pelo menos é a fama que ela carrega, mas que tende a mudar. Como explica o diretor de carnaval da Escola de Samba Leões da Mocidade, Wiliam Lenerneiee, campeões da Série B, em 2008, e vice na Série A, em 2012, “fazer carnaval aqui em Curitiba é um desafio, pois temos recursos limitados, por vezes insuficientes, mas isso estimula a criatividade e faz da nossa festa algo diferente”. O presidente da Fundação Cultural de Curitiba Marcos Antonio Cordiolli afirma que, “independentemente de as pessoas gostarem, nosso primeiro foco é dar vazão ao evento, combater o preconceito, incentivar e, por meio de recursos da Fundação Cultural, fazer com que a festa continue vistosa, como os foliões fazem”. Tese mais que confirmada pela velha guarda do carnaval da cidade. José Arnaldo Cardoso Nascimento, ou melhor, Seu Divino, como é conhecido, de 66 anos, é integrante da bateria da Leões da Mocidade, da qual já foi mestre, e, na sua experiência, começada em 1961, quando participava do Carnaval no Colorado, hoje Paraná Clube, defende que nossa festa é única. “Não é possível comparar nosso carnaval ao de outras cidades, lá é outra estrutura e outra finalidade. A festa daqui é única, feita especialmente para quem fica para prestigiar esse momento de dedicação”, conta. Falta de recursos, de locais apropriados para as escolas se instalarem e localização que atenda à demanda, de aproximadamente 25 mil espectadores, fazem do carnaval um

Para provar que Curitiba tem, sim, carnaval, escolas de samba se empenham e superam desafios para desfilar na rua


AS FÉRIAS ACABARAM. MAS O MAR CONTINUA BEM PERTO DE VOCÊ.

O FTD Digital Arena une as características de um planetário com as de um cinema digital. E sabe o que é melhor? Ele está bem pertinho de você, no câmpus da PUCPR. Então aproveite e venha conhecer de pertinho o universo, os planetas e também matar as saudades do mar. Afinal, ninguém merece ficar longe dele. Confira as condições especiais para alunos da PUCPR e a programação no site.

F T D D I G I TA L A R E N A . C O M . B R / E S P A C O D I G I TA L A R E N A @ D I G I TA R E N A


registro PUCPR lamenta o falecimento de colaborador e professora

Congresso

O II Congresso Internacional sobre Gestão do Esporte e V Congresso Brasileiro sobre Gestão do Esporte contou com a participação do professor do curso de Educação Física, Rodrigo Reis, e aconteceu em dezembro, em Recife, Pernambuco. Reis participou da mesa redonda intitulada “Gestão de Programas de Saúde e Exercícios Físicos”.

© Foto: João Borges

A PUCPR lamenta o falecimento da professora do curso de Direito Jimena Aranda e do colaborador e ex-aluno da Universidade João Paulo Souza Lima. Eles foram vítimas do acidente com o ônibus que ia de Curitiba ao Rio de Janeiro e tombou na rodovia Régis Bittencourt (BR 116), no dia 22 de dezembro. Jimena trabalhava com a defesa de crianças e adolescentes e coordenava a área cível do Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade. Recentemente, foi aprovada no Programa de Doutorado da UFRJ e seria co-orientada pela professora do curso de Ciências Sociais da PUCPR Samira Kauchakje, que também foi sua orientadora no Mestrado. João Paulo Souza Lima, 23 anos, se formou em Filosofia pela PUCPR em dezembro de 2010. Em maio de 2013, começou a trabalhar no Núcleo de Informática para Atividades Acadêmicas da Universidade. No final do ano, passou no processo seletivo para o Mestrado em Filosofia e iria começar a cursar as disciplinas em 2014.

© Foto: Divulgação

O professor Vladimir Passos de Freitas, do Programa de Pós-Graduação em Direito da PUCPR, que recebe, na foto, o certificado do juiz Ali Al Madhani, da DIFC Courts, participou do Congresso Internacional Excelência de Tribunais em um Mundo em Transformação, em Dubai, promovido pela Cortes de Dubai e pela International Association for Courts Administration – IACA. No evento, ele ministrou a palestra “As Relações Entre os Presidentes dos Tribunais e os Administradores de Tribunais”.

O Governador Beto Richa entregou ao Decano da Escola de Saúde e Biociências, o Prof. Dr. Sergio Surugi de Siqueira, a Comenda da Ordem Estadual do Pinheiro, em solenidade comemorativa à data da Emancipação Política do Estado do Paraná, no dia 19 de dezembro, no Palácio Iguaçu. A comenda é a mais alta honraria do nosso Estado e, segundo o Artigo Segundo do Decreto nº 5143 de 2 de julho de 2012, “tem a finalidade de agraciar brasileiros e estrangeiros, civis ou militares, que tenham se distinguido pela notoriedade do saber ou por serviços relevantes prestados ao Estado do Paraná, bem como em âmbito nacional”.

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A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgou, em dezembro, os resultados da avaliação trienal de 2013. O conceito dos programas de Pós-Graduação Stricto Sensu da PUCPR teve um importante salto, com seis cursos avaliados com nota 5. Os cursos de Ciências da Saúde, Gestão Urbana e Educação passaram de conceito 4 (na avaliação do triênio de 2010) para 5 e Administração, Engenharia Mecânica e Direito, que mantiveram o conceito 5.

© Foto: Divulgação

© Foto: Arquivo pessoal

DESTAQUES


O MBA em Gestão Estratégica da Inovação, ofertado em parceria da PUCPR e Faculdades da Indústria do Sistema Fiep, está entre os 100 melhores do mundo. O resultado foi divulgado, no dia 31 de janeiro, pela Eduniversal Masters Ranking que avaliou cursos de Mestrado e MBA de cerca de mil instituições. O ranking considera o valor do primeiro salário dos alunos após a PósGraduação, satisfação na realização do curso e reputação do programa.

O ministro interino da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luiz Antonio Rodrigues Elias, participou da inauguração do Centro de Simulação Clínica da PUCPR. No espaço, inédito no Brasil, alunos de cursos ligados à área de saúde, sobretudo Medicina, poderão treinar suas habilidades em manequins e salas cirúrgicas. Elias parabenizou a Universidade por aceitar o desafio de construir um centro de simulação de alta fidelidade e padrão internacional. “Este laboratório é um centro de excelência para a realidade do país e mostra que estamos no caminho certo. Os recursos destinados à área de ciência e inovação são cada vez maiores”, disse.

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© Foto: Divulgação

O coordenador do curso de Biotecnologia da Escola de Saúde e Biociências da PUCPR, Rodrigo Távora Mira, foi convidado a fazer parte do corpo de pareceristas da avaliação de cursos superiores do “Guia do Estudante”, da Editora Abril. A avaliação é realizada há mais de 20 anos e consiste em uma pesquisa de opinião, realizada via internet, com professores e coordenadores de cursos de todo o Brasil. Os pareceristas avaliam os cursos da área em que lecionam de forma objetiva, de acordo com os conceitos ruim, regular, bom, muito bom e excelente.

© Foto: João Borges

© Fotos: João Borges

© Fotos: Arquivo pessoal

ENSINO


qualidade de vida É possível apostar em receitas gostosas e saudáveis. E, melhor, atreladas à praticidade. Com o tempo tomado por estudos, cursos, atividades e tudo mais, alimentar-se bem, com ingredientes nutritivos, pode se tornar esporádico. Mas não para nós! Afinal, quem disse que tudo isso não pode andar junto? A Vida Universitária foi procurar quem entende de cozinha para dar receitas saborosas de comidas gostosas e saudáveis, que podem ser feitas em até 30 minutos. Abra a geladeira, separe os ingredientes e mão na massa! Chame os amigos e descubra que comer bem é mais prático do que se imagina.

© Fotos: Michelle Valente

Comida da vovó Quem comandou a colher de pau foi Eli Mariana Widmer Alves, de 60 anos, que há 30 faz receitas que juntam o delicioso ao saudável. Foi então que, em 2012, Dona Eli resolveu alimentar outras ”bocas”: o blog Baú da Vó Eli. E acredite: ela mesma faz as atualizações.

baudavoeli.wordpress.com

Comer bem...

olhando a quem!

Por Elizangela Jubanski, com a colaboração de Julio Glodzienski

Brigadeiro Ingredientes 1 lata de leite condensado 120 gramas de biomassa 2 colheres de sopa de chocolate em pó 3 bananas bem verdes Preparando a biomassa Separe as bananas e deixe as cascas intactas (com o talo). Lave-as uma a uma. Leve ao fogo uma panela de pressão com água até que ferva. Coloque as bananas, que devem ficar imersas, na água fervente e feche a panela. Marque 13 minutos depois que pegar pressão, e desligue o fogo. Deixe a panela fechada até que não tenha mais pressão interna. Esse tempo é importante, pois, dessa forma, as bananas terminam de cozinhar, aproveitando o calor residual. Abra a panela, retire as frutas e descasque-as. Coloque-as no liquidificador, sem casca, até que formem uma pasta. Se necessário, acrescente um pouco de água quente (nunca a água do cozimento!), para facilitar o trabalho. Modo de preparo Em uma panela, misture o leite condensado, a biomassa e o chocolate em pó. Mexa bem sob o fogo médio até que a massa adquira uma consistência pastosa. Após atingir o ponto ideal, típico do brigadeiro, reserve até que esfrie.

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“O brigadeiro feito com a biomassa de banana verde vai nutrir muito mais, vai sustentar. Em uma festa infantil com esse brigadeiro, as crianças vão comer menos porque vão se sentir mais saciadas, e também vão ingerir ao nutrientes da banana, que limpa o organismo.”


Pizza 3 sabores: escarola, abobrinha e berinjela com requeijão Ingredientes 200 gramas de farinha de trigo 1 colher de sobremesa rasa de fermento fresco ½ copo de água 1 colher de sal 3 colheres de sopa de óleo 200 gramas de requeijão 1 berinjela 1 abobrinha 1 cabeça de escarola 2 dentes de alho 300 gramas de queijo mussarela ralado 1 tomate Azeite de oliva Orégano Modo de preparo

Massa Coloque os ingredientes (farinha, fermento, água, sal e óleo) no processador ou misture bem até deixar no ponto em que a massa não grude nas paredes da bacia. Após a massa adquirir a textura desejada, reserve-a para que o fermento faça efeito. Enquanto isso, prepare o recheio. Recheio Lave a berinjela, a abobrinha e a escarola. Corte a berinjela e a abobrinha em rodelas não muito finas, com casca. Em uma chapa ou frigideira, despeje um fio de óleo e coloque as rodelas lado a lado. Coloque sal a gosto sobre elas para dar um leve sabor. Retire-as assim que ficarem douradas e reserve. Junte as folhas de escarola e corte-as em tiras. Pique os dois dentes de alho na escarola para temperar e adicione uma colher de chá de sal, misturando bem para dar sabor. Reserve. Para preparar o molho, adicione em um processador ou liquidificador o tomate cortado, 1/8 de colher de chá de sal (duas pitadas), orégano para dar um leve sabor e um fio de óleo. Bata até que fique triturado e reserve. Montagem Em uma forma redonda, polvilhe farinha de trigo apenas para untar e coloque a massa. Vá abrindo-a sobre a forma com a mão. Espalhe o molho cru – ele irá cozinhar no forno junto com os demais ingredientes. Polvilhe 300 gramas de queijo mussarela ralado. Cubra, então, com a berinjela, a abobrinha e a escarola, cada qual em uma parte, de modo que a pizza tenha três sabores distintos. Polvilhe orégano e adicione um fio de azeite de oliva sobre o recheio. Espalhe o requeijão sobre a pizza, em linhas.

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Assando ao forno Pré-aqueça o forno por 15 minutos. Insira a pizza e asse-a de 10 a 15 minutos. Bom apetite!

“A massa é integral, tem muito mais nutrientes, e tem fibras. Você sabe a quantidade de sal e óleo que está adicionando na sua receita.”

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A campanha Se Liga no Livro é uma iniciativa da Lumen FM com a Rede Marista de Solidariedade para incentivar a leitura em Curitiba. Todos os dias na 99,5 você fica por dentro de projetos, iniciativas e diversas ações que incentivam a leitura na cidade, no Brasil e no mundo. E aos domingos, a união das linguagens da música e literatura no Se Liga na Letra, com o professor e poeta Marcelo Sandmann.

Se Liga no Livro

Diariamente às 8h, 12h30, 18h30 e 21h.

Se Liga na Letra

Domingo às 18h30. Reprise às quartas-feiras, às 23h.

Apoio:

www.lumenfm.com.br/seliganolivro


drops

Os alunos Matheus Tomio, de Engenharia de Controle e Automação, e Tuanny Bonafé, de Engenharia Mecânica, ficaram em 3º lugar no Desafio Renault Experience com o projeto “Baby bag”, um dispositivo de segurança inovador no mercado de cadeirinhas e transporte de crianças. Na foto, Antonio Calcagnotto, Diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Renault; Tuanny Bonafé; Matheus Tomio; e Ricardo Diogo, orientador dos alunos.

Alunos e bolsistas do PIBID no encontro nacional em Minas Gerais

No mês de outubro, os alunos do English Semester puderam conhecer um pouco mais da cultura brasileira. Acompanhados pelos professores Felipe Belão, da disciplina Creative Thinking, e Luiz André Fumagalli, que ministra Marketing, eles foram a Foz do Iguaçu, onde passearam pelas Cataratas e fizeram uma visita técnica à Usina de Itaipu. Nos semestres anteriores, os alunos já haviam ido para Florianópolis, onde visitaram a Intelbrás, e para São Paulo, com uma visita à Bovespa.

© Foto: Arquivo pessoal

castrações e animais em vias públicas

A mestranda em Ciência Animal pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da PUCPR, Dariane Catapan, realiza a pesquisa intitulada “Estudo retrospectivo (2011-2013) do número de castrações realizadas no Município de São José dos Pinhais e sua relação com a quantidade de animais errantes em vias públicas”. O estudo, sob orientação da professora doutora Cláudia Turra Pimpão, pode ser respondido por meio do link: pucpr.co1.qualtrics.com/SE/?SID=SV_aW4o4YZlCJGQ0E5. Mais informações pelo e-mail: dariane.catapan@pucpr.br.

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© Foto: Pibid e bolsistas

© Foto: Luiz André Fumagalli

Alunos do English SEMESTER EM Foz do Iguaçu

© Fotos: Divulgação

O aluno do curso de Engenharia Química da PUCPR, Giuliano Bergamin, ficou em segundo lugar no Prêmio Ciser de Inovação Tecnológica com o projeto “Grampo de fixação via excêntrico”. O prêmio, que visa reconhecer jovens talentos no desenvolvimento de pesquisas para novos produtos relacionados a fixadores, recebeu 133 projetos encaminhados por estudantes de diversas universidades e escolas técnicas do país.

Desafio Renault Experience

Alunos e bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) da PUCPR participaram do Encontro Nacional das Licenciaturas e do Seminário Nacional do PIBID realizados na Univerdecidade da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), localizada em Uberaba. Estudantes dos subprojetos de Inglês, História e Química tiveram seus trabalhos aprovados.

IV Prêmio Insight Comunicação O Prêmio Insight de Comunicação é um prêmio que tem como objetivo simular a atuação de uma Agência de Comunicação Integrada através da realização de um projeto real e da participação em palestras com grandes nomes do ramo. O cliente deste ano foi a RIC TV, para a qual as equipes deveriam realizar um projeto. A partir do briefing, os estudantes tiveram três semanas para elaborar o projeto e apresentá-lo aos jurados do evento. A equipe Verve foi a grande vencedora, composta por quatro estudantes da PUCPR: Rafaela Lech (Design Gráfico), Ceres Yohanna (Publicidade e Propaganda), Matheus Franceschi (Publicidade e Propaganda) e Guilherme Pinheiro (Publicidade e Propaganda).

© Foto: Divulgação

© Fotos: Divulgação

Prêmio Ciser de Inovação Tecnológica


vem aí

Programe-se FeStIvAl_De_CURItIBA Anote na sua agenda: acontece entre os dia 25 de março e 6 de abril a 22º edição do Festival de Teatro de Curitiba. Neste ano, o evento terá diversas atrações como música, circo, stand-up, dança, gastronomia e teatro, além das demais vertentes que também fazem parte do Festival, como Gastronomix, Risorama, Guritiba, Mish Mash, Derepente e Sesi na Rua. Para mais informações sobre espetáculos, apresentações e eventos, fique ligado no site e acompanhe a programação. www.festivaldecuritiba.com.br

© Fotos: Divulgação

14_A_16_mAIo Acontece, entre os dias 14 a 16 de maio, o V Seminário Nacional Sociologia e Política, no câmpus da Reitoria da UFPR. O evento propõe um espaço de reflexão, no qual as respectivas áreas de Sociologia e Ciência Política elegem seus temas e objetos de investigação, e onde os estudantes podem interagir e trocar experiências, idéias, problemas de pesquisa, além de poderem publicar seus resultados, contribuindo assim para sua formação acadêmica e intelectual. O evento está aberto para o público em geral. Contudo, as taxas cobradas são para aqueles que desejam publicar e apresentar os artigos aprovados ou obter certificado de participação como ouvinte.

CoNvIte Fique mais próximo da Vida Universitária! Envie-nos suas dúvidas sobre o mundo acadêmico, sugestões de pautas, informações sobre eventos e críticas. Assim, você estará sempre conectado com a equipe da revista e vai ter acesso aos conteúdos de seu maior interesse. Participe! conteudo@grupomarista.org.br

www.humanas.ufpr.br/portal/seminariosociologiapolitica

FotoBIeNAl_mASP SImPóSIo_ INteRNACIoNAl leIte_INteGRAl Durante os dias 26 e 27 de março será realizada a 4ª edição do Simpósio Internacional Leite Integral. O evento reunirá os maiores especialistas nacionais e internacionais em criação de animais jovens. O simpósio acontecerá na Expo Unimed, em Curitiba. As inscrições podem ser feitas por meio do site oficial. www.simposioleiteintegral.com.br.

Esta acontecendo, até o dia 13 de abril, no Museu Oscar Niemeyer a exposição FotoBienal MASP. O evento, que está em sua primeira edição, reúne trabalhos de 35 fotógrafos de diferentes origens com a proposta de confrontar a fotografia tradicional com os demais meios artísticos que dialogam com ela, como a pintura, o vídeo e a instalação. Jovens fotógrafos ao lado de consagrados, autores brasileiros e do exterior em uma troca intensa de pontos de vista e soluções estéticas, indispensável no atual momento da comunidade global da arte. Para mais informações, acesse o site. www.museuoscarniemeyer.org.br

FISIoloGIA_De_SemeNteS CoNGReSSo_PARANAeNSe_De_CARDIoloGIA_2014 A 41º edição do Congresso Paranaense de Cardiologia 2014 acontece entre os dias 23 e 24 de maio, no Centro de Eventos Expo Unimed. Na oportunidade, são trazidas atualizações da área com a colaboração de um grande elenco de professores nacionais e internacionais, além da discussão de questões fundamentais para o exercício da profissão. As inscrições acontecem até o dia 25 de abril e podem ser feitas através do site. www.abev.com.br/paranaense2014

O III Curso de Fisiologia de Sementes acontece entre os dias 17 e 21 de março no auditório do Crystal Palace Hotel, na cidade de Londrina. O curso é direcionado a representantes da indústria de sementes, laboratórios, cooperativas, empresas de armazenamento e logística, estudantes e pesquisadores. O objetivo é proporcionar um melhor entendimento dos processos fisiológicos em todas as etapas de produção das sementes, da formação à pós-colheita. As inscrições podem ser feitas pelo site. www.abrates.org.br/eventos

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...mas

pergunte pra puc

e AGoRA? A vida acadêmica é rica em descobertas e experiências. Um mundo novo se abre a cada livro, a cada leitura, a cada conversa ou aula. Mas como não poderia deixar de ser, essa vivência é repleta de perguntas. Dúvidas a respeito do universo acadêmico, que envolvem, acredite, não só você, mas a mente de muitos alunos que cursam o Ensino Superior. Fomos atrás de algumas dessas dúvidas frequentes e comuns, e buscamos uma resposta para você tirar sua dúvida aqui, na Vida Universitária.

o QUe é o DCe e QUAl A SUA FUNção DeNtRo DA UNIveRSIDADe?

o QUe é o BANCo De DeNteS DA PUCPR? josé luiz moreira junior Comunicação Social | Jornalismo 1º período

luísa Patsis Alves Engenharia Civil 8º período

QUEM RESPONDE: João Oleynik, que responde pela Diretoria de Cultura e Relações Internas subordinada à Pró-Reitoria Comunitária da PUCPR:

QUEM RESPONDE: Vânia Portela Ditzel Westphalen, Diretora da Clínica de Odontologia da PUCPR: o Banco de Dentes Humanos da PUCPR, localizado

© Fotos: Arquivo pessoal

o Diretório Central dos Estudantes (DCE) é a entidade estudantil máxima de representação dos alunos da PUCPR. Os eleitos pelos colegas para participar do DCE têm direito a voz e voto no Conselho Universitário e em suas Câmaras. O DCE possui estatuto próprio e, além de representar os estudantes junto à Universidade, também organiza diversas atividades esportivas, culturais e filantrópicas, destacando-se os Jogos Internos da PUC e o apoio ao Trote Solidário, organizado pela Pastoral da Universidade. Como entidade independente, pela sua natureza, atua junto aos Centros Acadêmicos dos cursos da Universidade, apoiando a organização das semanas acadêmicas. Identificada alguma necessidade proveniente dos estudantes, o DCE reporta-se, primeiramente, à Pró-Reitoria Comunitária, na busca de solução.

no primeiro andar do Bloco Verde, foi criado no ano de 2005 e é vinculado ao curso de Odontologia. A ele cabem a coleta, a limpeza, a seleção, o armazenamento, a preservação, a esterilização, a distribuição e a documentação dos dentes extraídos. Sua finalidade é prevenir os riscos de contaminação por armazenamento e manipulação inadequados em consultórios e residências. O protocolo para armazenamento desses dentes visa preservar sua estrutura e interferir o mínimo possível em suas propriedades físico-químicas, mantendo o dente extraído com as características semelhantes à do dente implantado na boca. Os dentes são fornecidos para utilização em pesquisas de forma padronizada e para uso no ensino de Graduação e Pós-Graduação. Campanhas que promovem a doação de dentes extraídos por indicação profissional serão divulgadas em breve.

QUem tem ACeSSo À FtD DIGItAl AReNA? QUEM RESPONDE: Diorgenes Falcão Mamédio, Gerente de Negócios – FTD Digital Arena da PUCPR: a FTD Digital Are-

na é o primeiro e mais moderno espaço digital com tecnologia 4D Fulldome da América Latina. Sua cúpula de 14 metros de diâmetro possibilita a projeção em 360 graus, gerando uma completa imersão, que coloca o espectador dentro do cenário. O espaço está disponível para todos os professores e alunos de

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Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado da PUCPR, da TECPUC, assim como da Rede de Escolas do Grupo Marista, que têm a oportunidade de assistir a um material exclusivo. Além disso, existe uma equipe de profissionais voltada à produção de conteúdo, que possibilita desenvolver aulas interativas nas mais diversas áreas do conhecimento. A capacidade da FTD Digital Arena é de 120 pessoas, sendo 116 pol-

tronas e quatro espaços para portadores de necessidades especiais. O horário de funcionamento é das 9h às 21h. Durante a semana, os professores podem agendar aulas e visitação encaminhando um e-mail pelo site: www.ftddigitalarena.com.br. Aos sábados, o espaço está aberto ao público em geral, com horário de funcionamento das 12h às 18h, com cinco sessões disponíveis.

júlia Porfírio Medicina Veterinária 3º período



QUAIS POSSIBILIDADES VOCÊ ENXERGA PARA O SEU FUTURO?

Se você olhar bem, vai enxergar muito mais opções para a sua vida. Independentemente da carreira que escolheu, a Pós da PUCPR oferece diversas oportunidades para os seus próximos passos.

VEJA AQUI PORQUE ONDE TEM P DE PÓS PUCPR, TEM P DE POSSIBILIDADES: Reconhecimento mundial

Diploma PUCPR reconhecido em diversos países, o que possibilita ao aluno trabalhar em empresas ao redor do mundo.

Rede de contatos

Convivência e troca de experiências em ambiente enriquecedor, além de contato com professores, mestres e doutores, ampliando ainda mais as alternativas.

9 Escolas

Possibilidades em todas as áreas do conhecimento para atender aos mais variados anseios.

VOCÊ NO PLURAL.

Ambiente plural

Permite o relacionamento de pessoas de diversos níveis acadêmicos, oferecendo palestras de renome e cursos variados, além de oportunidades para experiências locais, nacionais e até internacionais.

INSCRIÇÕES ABERTA S.

www.pucpr.br/pos


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