edição 230 • novembro | dezembro 2014
qualidade de Vida
Direitos humanos: a causa é nossa Especialistas acreditam que os avanços nessa área estão nas mãos da opinião pública. Aproprie-se dos seus direitos e assuma o seu papel de agente transformador da sociedade
A terapia assistida com animais de estimação contribui com a saúde e pode até aumentar nosso tempo de vida
reportagem trabalho escravo ainda existe! saiba de que forma você pode contribuir para acabar com isso
UM CARDÁPIO REPLETO COM AS MELHORES MÚSICAS PARA VOCÊ. MÚSICA AO V IVO TODOS OS DI AS, DAS 18 ÀS 20H, NO PI SO L4 DO PÁT I O BATEL.
O que você mais deseja.
índice capa
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Esta luta também
é sua
A opinião pública é vista por defensores dos direitos humanos como peça-chave para mudanças efetivas nessa luta. Entenda o que prevê a Declaração Universal de Direitos Humanos, quais os avanços e os desafios do Brasil e do mundo nesse assunto e como você pode assumir o seu papel nessa história estação puc
mundo melhor
mercado de trabalho
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mundo afora
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A hora do chá
Conflito entre Palestina e Israel é foco de debate na PUCPR. Um representante de cada território esteve presente para uma discussão franca sobre o assunto com o público.
dna
filhos da puc
sintonia cultural
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Em 85 anos de existência, o Círculo de Estudos Bandeirantes guarda tesouros da história do Paraná e de Curitiba.
Conexão Quênia
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Quebra-cabeça de conhecimento
A participação dos professores da PUCPR em eventos, lançamentos e congressos é destaque na Vida Universitária, com direito a muitas fotos.
44 Terapia à base de amor
pergunte pra puc
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Estudantes e professores antenados em eventos, palestras e grandes atividades podem reservar em suas agendas um espaço para atividades selecionadas sobre a esfera acadêmica.
Dúvidas são fundamentais para gerar conhecimento. Aquilo que você não sabe pode ser a pergunta de mais universitários. Saia da dúvida e descubra a resposta.
VEJA +
reportagem
Futuro incubado
É preciso falar a mesma língua
vem aí
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Fotos e registros dos acadêmicos que participaram de eventos, premiações e diversas oportunidades dentro e fora da Universidade.
reportagens
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Uma vida espiritualizada é apontada também pela comunidade médica como um fator que influencia positivamente na saúde.
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Paraná revisitado
enquanto isso vida docente
espiritualidade
reportagem
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reportagem
16 Trabalho escravo ainda existe! Saiba qual o seu papel nessa história e de que forma você pode Cadeia contribuir para acabar (im) produtiva com isso.
Entenda por que o Brasil, com índices recordes de chuva e reservas de água doce, sofre com a seca que atinge, inclusive, as metrópoles
entrevista
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Tomando partido
pesquisa
24 Tratamento dentário simples e eficaz
Tratamento odontológico sem uso de energia elétrica tem sido aplicado na Penitenciária Feminina do Paraná e garantido uma melhora na saúde e na qualidade de vida das detentas.
editorial
informação para a
transformação
Nesta edição da Vida Universitária, a última do ano, abordamos um tema que é de suma importância para a PUCPR: os direitos humanos. Em nossa matéria de capa, procuramos combater o senso comum e os chavões que acompanham o assunto. Para tanto, buscamos o suporte de fontes extremamente capacitadas no tópico: membros do Núcleo de Direitos Humanos da PUCPR. Esse assunto é fundamental em nossa Universidade, na qual um dos pilares é a formação integral, contribuindo com cidadãos mais conscientes do seu papel na sociedade. Acreditamos que um mundo melhor é um mundo onde as garantias fundamentais dos seres humanos são respeitadas, por isso a importância de conhecermos em profundidade os direitos humanos. Cientes do nosso papel na formação cidadã de nossos estudantes, também trazemos uma entrevista com os líderes de juventudes partidárias do Paraná, que participaram de um importante debate na PUCPR – o Papo Plural –, no qual o tema central foi juventude e participação política. É muito interessante conhecer os diversos pontos de vista de jovens engajados com a política partidária e dispostos a transformar o país. Ainda na perspectiva de temas indispensáveis à formação humana, falamos dos conflitos no Oriente Médio. Nossa Universidade também não se furtou à discussão desse assunto e promoveu um debate bastante interessante entre Ualid Hussein Rabah, diretor de relações internacionais da Federação Árabe Palestina do Brasil, e Konrad Yona Riggenmann, membro da Congregação Judaica Humanista do Brasil. Pudemos aprender um pouco mais sobre os dois lados do conflito – Israel e Palestina – e levantar uma discussão sobre a paz. E como transformar o mundo a partir de nossas próprias experiências? Uma parceria entre PUCPR, Diretoria de Identidade Institucional do Grupo Marista, Instituto Ciência e Fé, Escola de Educação e Humanidades, Núcleo de Direitos Humanos, Núcleo de Línguas da PUCPR e Instituto Vida Nova aponta um dos caminhos. Percebendo a importância da aproximação da Universidade com a comunidade ao seu entorno, os haitianos residentes na Vila Torres estão recebendo aulas de português para que possam se inserir de forma mais efetiva em nossa sociedade, inclusive na busca por emprego e estudo. Essas e muitas outras iniciativas compõem nossa última edição de 2014. Esperamos que vocês se inspirem por essas ideias e compartilhem conosco sua opinião em vidauniversitaria.pucpr.br. Desejo a todos um ano de 2015 com muita saúde e energia para que possamos nos engajar em iniciativas transformadoras de nossa realidade.
Boa leitura a todos! Waldemiro Gremski Reitor
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Grão-CHanCElEr Dom rafael Biernaski
ViDA UniVErsitÁriA é uma publicação bimestral da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. registrada sob o nº 01, do livro B, de Pessoas Jurídicas, do 4º Ofício de Registro de Títulos, em 30/12/85 - Curitiba, Paraná ConsElHo Editorial – PUCPr rEitor Waldemiro gremski ViCE-rEitor Paulo otávio mussi Augusto PrÓ-rEitor DE grADUAção Vidal martins PrÓ-rEitorA DE PEsQUisA E PÓs-grADUAção Paula Cristina trevilatto PrÓ-rEitor ComUnitÁrio José Luiz Casela PrÓ-rEitor ADministrAtiVo E DE DEsEnVolVimEnto Paulo de Paula Baptista DirEtorA DE rElACionAmEnto silvana Hastreiter Edição DirEtoriA DE mArKEting E ComUniCAção Do grUPo mAristA Eduardo Correa Vivian lemos rEdação JornAlistA rEsPonsÁVEl Rulian Maftum - DRT 4646 sUPErVisão maria Fernanda rocha EDição DE ArtE Julyana Werneck ProJEto GráfiCo E loGotiPo Estúdio Sem Dublê | semduble.com rEVisão tEXtUal lumos - Bureau de traduções ProPaGanda lumen Comunicação rua Amauri lange silvério, 270 Pilarzinho – Curitiba – Paraná Cep: 82.120-000 www.grupolumen.com.br Para anunciar, ligue: (41) 3271-4700 iMPrEssão grÁFiCA: maxi gráfica tirAgEm: 10.000 exemplares Contato Rua Imaculada Conceição, 1155 - 2º andar Prado Velho – Curitiba – Paraná Caixa Postal 17.315 - CEP: 83.215-901 Fone: (41) 3271-1515 www.pucpr.br conteudo@grupomarista.org.br
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Tomando partido A revista Vida Universitária conversou com as lideranças partidárias da juventude do Paraná e conheceu os ideais dos representantes desses partidos, além de saber o que pensam sobre o engajamento dos jovens na política e a vontade de mudar o país 6 |
Apatia e política são duas palavras que não combinam, principalmente se envolver os jovens. E foi exatamente isso que aconteceu no mês de setembro na PUCPR. Jovens de lideranças partidárias compareceram à Universidade para conversar com os estudantes sobre a importância do engajamento na política. O evento foi batizado de Papo Plural e faz parte do projeto Meu Voto Vale Mais, realizado pela PUCPR para promover o debate político e estimular a participação do cidadão no processo eleitoral. Seis jovens que fazem parte de partidos de grande representatividade nacional, compareceram ao evento e mostraram que o jovem não usa somente as redes sociais para protestar. “Estamos querendo ocupar um espaço que também é nosso, que é de todos. Essa é a democracia. Não se pode reclamar de política ou da situação de um país, de um estado ou de uma cidade se a gente não se envolve”, diz o secretário jovem da Região Sul do Brasil pelo PSB, vice-presidente do PSB Curitiba e presidente da Juventude Socialista Brasileira do Paraná, Ricardo Ducci. Ducci filiou-se ao partido aos 16 anos; hoje, aos 22, se considera uma peça no imenso quebra-cabeças que monta o processo democrático no país. Ele conta que decidiu se engajar na política por vontade própria. “Sempre gostei, principalmente quando ia para a rua e via a desigualdade entre as pessoas. A política é o melhor jeito de reverter essas diferenças”, afirma o jovem.
© Fotos: gilberto do rosário
entrevista
sEMElHança nas difErEnças E as diferenças são os fatores que unem os jovens na política. Independentemente do partido, o que eles querem mesmo é ser agentes de mudança no país e na comunidade em que vivem. Charluan Gamballe Correia, 26, foi o candidato mais jovem do Paraná a deputado estadual nas eleições de 2010. Filiou-se ao PV aos 16 anos, é secretário municipal da Juventude do PV de Curitiba e presidente da Juventude do Partido Verde do Paraná. Aos 8 anos, Correia tinha um grupo de filantropia na escola. “Sempre me senti mais útil e realizado quando ajudava aos outros”, diz. Em 2010, Correia partiu para o voluntariado político como uma forma de ajudar a educar os jovens e mostrar a eles a importância de serem protagonistas na política. “Quis estar nas ruas, ao lado da juventude. Dizem que os jovens são apáticos, não se envolvem, mas não foi o que vimos nos movimentos sociais do ano passado. O jovem foi às ruas porque quer ser ouvido, quer ajudar a escrever a história do seu país”. A mesma opinião compartilha Fhelipe Cavalheiro, presidente da Juventude do PSC de Curitiba. Para ele, os movimentos sociais são importantes e não devem ser levados como movimentos de esquerda. “Os movimentos eram apartidários, mostrando claramente que os jovens foram às ruas clamando por mais representatividade. Aquele momento não era a hora de levantar bandeiras e defender partidos. A única bandeira a ser levantada ali era, de fato, a do engajamento”, afirma Cavalheiro. O membro da direção executiva estadual do PT Carlos Emar Mariucci Junior, 26, filiado ao partido desde 2003, entende que os motivos que levaram os jovens às ruas foram vários. Como ele mesmo nomeou, as centenas de micropautas levantadas pelos jovens não foram respondidas. “Não dá pra generalizar o motivo que levou a massa à rua. Com isso, avalio que os jovens nunca souberam objetivamente o que queriam, uma vez que não houve concentração das demandas pelas quais reclamavam”.
mas temem que isso possa interferir na sua vida profissional. O presidente da juventude do PSDB no Paraná, Edson Lau Filho, 28, cursou História e atualmente estuda Direito. Ele é também assessor especial de políticas públicas e juventude do Governo do Estado do Paraná. O envolvimento dele com a política se deu de maneira natural, aos 19 anos. “Sempre estive engajado com a política de alguma forma. Desde o primeiro ano do Ensino Médio, quando fui presidente de grêmio estudantil”. A motivação, segundo ele, foi a indignação: “Não adianta a gente se indignar e ficar de braços cruzados, reclamando somente nas redes sociais, temos que fazer valer a nossa voz de cidadãos. Democracia é uma conquista, e só se conquista indo atrás”, diz.
“o mais incoerente é notar que 90% das pessoas só falam de política nas eleições.” Clarissa Viana [Psol]
o professor Jelson oliveira, Diretor de graduação da PUCPr, foi o mediador do primeiro Papo Plural.
“Política é diálogo, e a política que temos hoje é o retrato daquilo que ouvimos dos nossos pais.” Carlos Emar Mariucci Junior [Pt]
Por aMor À CaUsa Clarissa Viana, 23, era a única representante feminina no grupo. Militante desde 2009 e filiada ao PSOL desde 2010, Clarissa diz que quando decidiu ser atuante na política, procurou um partido que estivesse de acordo com os seus ideais. “Acredito que sou um instrumento de mudança. Procuro levar informação por meio dos problemas identificados na sociedade. Quando a gente se envolve em uma causa e se identifica com um partido, fica mais fácil e prazeroso trabalhar por ela”. A jovem, que não tem histórico político na família, diz que os parentes apoiam o engajamento dela na política,
“a democracia é uma conquista.” Edson lau filho [PsDB]
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entrevista
sEr a MUdança qUE qUEr no MUndo A máxima que diz que “quem não gosta de política é governado por quem gosta” faz muito sentido para esses jovens. E é justamente buscando mudanças e gostando de política que eles pretendem engajar-se cada vez mais. “Gostaria muito de poder ser visto como um agente de mudanças, uma ferramenta para promover a transformação no meu país. Se eu conseguir atrair mais pessoas para se tornarem agentes de mudança e cidadãos participativos, posso considerar que atingi meu objetivo”, diz Ducci (PSB). “As pessoas deveriam olhar ao redor e perceber que tudo o que fazemos está relacionado à política. O simples fato de pegar um ônibus, ir trabalhar ou se relacionar refletem, também, em ações políticas”, afirma Clarissa (PSOL). “Fazer parte de um partido com alcance nacional repercute em todo o país, mesmo com ações locais, e política é interagir com o meio e com o outro, se deparar com o problema e encontrar a solução”, diz Lau Filho (PSDB). “Eu me considero um agente, parte de um conjunto de agentes que buscam mudanças no cenário dos sistemas do país, seja político, econômico, jurídico ou em outras esferas de sociedade. Precisamos refletir e buscar uma mudança de mentalidade, devemos buscar uma formação ideológica mais forte para a população como um todo”, opina Mariucci Junior (PT). “Faço política porque acredito que somos a ponte entre pessoas de bem, e a política é a forma mais democrática de atender a todos, sem exclusão, com o objetivo de servir o coletivo”, assegura Cavalheiro (PSC).
“Política é o canal de mudanças. Discutir política é discutir aquilo que está à nossa volta. Como cidadão, é meu dever, é minha obrigação questionar e propor, além de discutir, mudanças estruturais na sociedade em que eu vivo”, conclui Correia (PV).
diCa da JUVEntUdE Todos são unânimes em dizer que para gostar de política, o primeiro passo é se inteirar do que acontece na sua cidade, no seu estado e no país em geral. A escolha dos candidatos que disputam as eleições também é fundamental. “90% da população só fala de política nas eleições”, afirma Clarissa. “É fundamental conhecer os candidatos que disputam as eleições. Escolha pela proposta, pelos ideais que se parecem com os seus, procure investigar o passado de quem está disputando o seu voto”, diz Ducci. “O povo em geral, não somente os jovens, deve visitar a Câmara de Vereadores, consultar o portal da transparência, frequentar o gabinete dos vereadores que ajudou a eleger. Política deve ser uma rotina”, diz Cavalheiro. “Busque conhecer as propostas de cada candidato, as ideias, o partido, a entidade, o movimento, os interesses que eles representam”, afirma Mariucci Junior. Para acompanhar os candidatos em quem você votou, o site Newsletter Incancelável dá uma forcinha e ajuda você a monitorar o seu escolhido. A ferramenta possibilita que você indique os nomes dos candidatos eleitos e passe a receber uma newsletter mensal com as notícias mais relevantes sobre eles. Após as eleições, você receberá sua newsletter incancelável por quatro anos.
“a política é a melhor maneira de reverter as diferenças.” ricardo ducci [PsB]
“faço política porque acredito que somos uma ponte entre pessoas de bem.” fhelipe Cavalheiro [PsC]
Acesse: newsletterincancelavel.com.br
“Política é o canal de mudanças e acredito que os jovens são os instrumentos de transformação.” Charluan Gamballe Correia [PV]
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Esta luta também
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A opinião pública é vista por defensores dos direitos humanos como peça-chave para mudanças efetivas nessa luta. Entenda o que prevê a Declaração Universal de Direitos Humanos, quais os avanços e os desafios do Brasil e do mundo nesse assunto e como você pode assumir o seu papel nessa história
© Foto: Shutterstock
Por Michele Bravos
O sofrimento pelas atrocidades da II Guerra Mundial ainda era latente quando se estabeleceu, em 10 de dezembro de 1948 – três anos após o surgimento da Organização das Nações Unidas (ONU) –, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. É o documento mais traduzido no mundo, disponível em 360 idiomas. Tantas traduções não são à toa. É com firmeza na voz que Zilda Iokoi, doutora em História Social e coordenadora do Programa de Pós-Graduação Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades da Universidade de São Paulo (USP), afirma que para que a Declaração seja efetiva, a população também precisa exercer o seu papel, tomando posse desses direitos e os buscando. “Eu luto pelos Direitos Humanos por vários motivos: primeiro, por ser professora e acreditar que, enquanto educadora, é esse o meu papel. Segundo, porque eu sinto no meu dia a dia as dificuldades de uma população excluída. Eu sou deficiente física e exijo os meus direitos. Por último, luto pela transformação social e por justiça”. Segundo Giancarlo Summa, diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), o grande desafio do Brasil quando o
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assunto é Direitos Humanos é “sair das leis aos fatos”. “O Brasil é signatário de quase todas as convenções. Há um compromisso do Governo Federal, mas muitas vezes esses direitos são negados na prática”. Por isso, há um grande esforço da ONU em promover campanhas, apoiar causas e tornar as necessidades humanas conhecidas, instigando a população a ser agente de transformação. “É cada vez mais importante o peso da opinião pública no mundo. A sociedade pode influenciar na mudança de pensamento de governos, fazendo com que eles ajam”, diz Summa.
Por um Brasil mais forte Por definição, “os Direitos Humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição”. Estão lá, garantidos em 30 artigos, os direitos à liberdade de expressão, à igualdade, à segurança, à educação, ao trabalho digno, de ir e vir. Para diminuir a margem de situações que violam esses direitos, o sociólogo Cezar Bueno, do Núcleo de Direitos Humanos da PUCPR,
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acredita que é preciso romper com as relações autoritárias existentes no Estado. Ele ainda avalia que, no Brasil, é preciso avançar com relação à educação em Direitos Humanos. “É preciso incluir as instituições de ensino (Fundamental, Médio e Superior) nesse processo e convencê-las de que são promotoras da cultura de enraizamento, defesa e proteção dos direitos humanos”. Nesse sentido, o Brasil está dando um passo importante com a iniciativa Caravana de Educação em Direitos Humanos. A ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), esteve em Curitiba em setembro para a divulgação do projeto e firmou esse compromisso. “O objetivo é focar na área da educação em Direitos Humanos, contando com as redes estadual, municipal e particular de ensino, mas também focando nas organizações sociais, que promovem a ‘educação popular’, como a gente costuma chamar. Então, o foco é: fortalecer essa rede e focar em ações educacionais para Direitos Humanos”.
“É cada vez mais importante o peso da opinião pública no mundo. A sociedade pode influenciar na mudança de pensamento de governos, fazendo com que eles ajam.” [Giancarlo summa Diretor do Centro de informação das nações Unidas para o Brasil (UniC rio)] Durante as ações da Caravana, que está percorrendo todo o país, os grupos vulneráveis são ouvidos para que seja criado um espaço aberto e inclusivo para discussões que promovam esses direitos. Zilda afirma que os limites dos direitos humanos precisam mesmo ser repensados. “Os Direitos Humanos atingem a classe média, mas não chegam aos mais pobres e vulneráveis. É preciso discutir esses limites”.
Bueno considera que os Direitos Humanos são uma construção pautada nos interesses dos grupos que compõem a sociedade; por isso, é preciso tolerância. “Não há como definir e estipular, de uma vez por todas, quais direitos (individuais ou coletivos) devem ser priorizados. Os direitos à vida, à liberdade, à crença religiosa, à moradia, à saúde, ao trabalho, etc. não podem ser vistos a partir de valores e concepções que procuram definir uma hierarquia acerca de qual direito é, por si, mais importante que outro”. Segundo Summa, os dias internacionais que homenageiam as causas humanitárias servem justamente para promover essa tolerância, lembrando que a luta pelos direitos vale para todos, além de engajar a população e avaliar a forma como os governos estão andando.
alErta VErMElHo Em um relatório apresentado este ano pela organização internacional Human Rights Watch, o Brasil tem enfrentado grandes problemas de violação de direitos humanos nas áreas de segurança pública e condições dos presídios; igualdade de gênero; orientação sexual; e direitos dos trabalhadores. Para Zilda, é de extrema relevância incluir nesse alerta vermelho a situação dos imigrantes contemporâneos. A seguir, entenda mais sobre cada um desses pontos de atenção e o que tem sido – ou deve ser – feito em busca de avanços.
Human Rights Watch (HRW) é uma organização independente e internacional que trabalha para o avanço social da dignidade e dos Direitos do Homem. Com equipes espalhadas pelo mundo, a organização investiga abusos e violações dos direitos e, depois, os divulga abertamente, pressionando as autoridades e outros segmentos da sociedade a assegurar os direitos de todos. A HrW entende que expor essas violações é importante para que a população tenha conhecimento dos contextos problemáticos em que alguns grupos estão inseridos, gerando empoderamento no ativismo local. Uma frase emblemática da organização diz: “Quanto mais tiranos são submetidos à justiça, mais abusadores em potencial irão reconsiderar a violação dos direitos humanos”.
© Foto: michele Bravos
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
PoPUlação CarCErária O Brasil enfrenta, hoje, uma superlotação do sistema penitenciário, 43% acima de sua capacidade, segundo levantamentos da HRW. Dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (InfoPen), do Ministério da Justiça, mostram que o índice de prisões subiu 30% nos últimos cinco anos. Os atrasos na avaliação dos processos contribuem para a superlotação, que, por sua vez, atrelada às estruturas precárias dos presídios brasileiros, pode levar à proliferação de doenças, rebeliões e mortes. Diante das recentes rebeliões nas penitenciárias do país, a Pastoral Carcerária se pronunciou em nota pública, afirmando que da forma como o sistema tem funcionado, “sequer é lugar de gente”, mas, sim, um ambiente de morte e sofrimento. A questão primordial, para a advogada Priscilla Placha Sa, presidente da Comissão da Advocacia Criminal da OAB/PR e professora da Escola de Direito da PUCPR, é que o sistema penal não pode ser uma aposta de solução para os múltiplos problemas de uma sociedade. “As violações, em meu sentir, são evidenciadas também na saúde e na educação. A falta ou a deficiência estrutural nesses dois setores contribui sensivelmente para o que se tem no sistema penal, que é a reprodução hiperbólica de nossos flagelos sociais”. Ela ainda afirma que antes de se discutir uma melhoria no sistema carcerário, é preciso haver mudança de pensamento coletivo, em que a sociedade entenda que a exclusão não leva à ressocialização, assim como a negação de direitos não soluciona problemas. “Quando se atribui a um grupo a responsabilidade pelo caos social em que nos encontramos, fica fácil negar-lhe direitos. Não há um compartilhamento de vida comum entre a sociedade e as pessoas presas, é como se pertencessem a um grupo de indignos. Parece que os Direitos Humanos dependem de uma outorga, como se alguns merecessem ou fosse necessário fazer por merecer. O fato é que ser uma pessoa é o que basta. Ser detento/ detenta não implica em sua desumanização”, diz Priscilla.
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“As violações, em meu sentir, são evidenciadas também na saúde e na educação. A falta ou a deficiência estrutural nesses dois setores contribui sensivelmente para o que se tem no sistema penal, que é a reprodução hiperbólica de nossos flagelos sociais.”
© Foto: michele Bravos
[Priscilla Placha sa Advogada e presidente da Comissão da Advocacia Criminal da oAB/Pr]
GÊnEros difErEntEs, dirEitos iGUais Discutir igualdade de gênero é, na verdade, propor uma reflexão sobre o respeito das diferenças e características únicas de homens e mulheres. “A questão toda não é dizer que é preciso ser igual, mas que uma dada condição não pode ser usada para diminuir ou discriminar quem quer que seja. Quando se discrimina alguém por uma de suas múltiplas
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características que compõem a subjetividade de cada um é que a questão se complica”, afirma Priscilla. Sempre que essa temática está em pauta, os holofotes se voltam sobre as mulheres, que estão sempre lutando por direitos iguais – o que não significa que querem ser iguais aos homens. Summa constata que, infelizmente, a mulher sofre num mundo machista. “As mulheres ainda são discrimidas, sofrem com a violência, e isso é uma infelicidade global”. Este ano, a ONU lançou a campanha He for She, em que explora o feminismo, a questão dos Direitos Humanos independentemente do gênero e propõe que homens se engajem nessa causa. Analisando o contexto atual, Priscilla percebe que a sociedade entende como naturais as diferenças que originam padrões dominantes ou discriminatórios. No entanto, para ela, essas deveriam ser percebidas como fatos socioculturalmente construídos. “Ao se separar a vida em ‘coisas de homem’ e ‘coisas de mulher’, além de dividir as pessoas de forma binária, deixamos de admitir as pluralidades de gênero e de construir uma forma diversa de comunidade que conviva de forma solidária e fraterna”. A advogada conclui citando um pensamento do doutor em Sociologia do Direito Boaventura de Sousa Santos: “lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem; lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize”.
Eles chegam ao Brasil destruídos e, por isso, muitas vezes, aceitam o que o país pode oferecer. A questão-chave nessa história é que não basta o país acolhedor abrir as portas a esses imigrantes e não lhes garantir o mínimo para que possam ter uma vida digna, como acesso à saúde, educação para seus filhos e documentos que lhes permitam trabalhar legalmente e alugar um imóvel, por exemplo. É importante que os imigrantes sejam convidados a participar de fóruns e conferências locais, em que eles possam expressar suas dificuldades. “A maior cobrança desses imigrantes é pela expansão da lei sobre eles”, diz Zilda. A professora ressalta o papel dos demais cidadãos, que devem entender o fluxo migratório como algo positivo, uma vez que as cidades são espaços de transição. “As cidades são espaços de trânsito de pessoas. Os imigrantes não podem ser acusados de perturbadores da paz local”. Para humanizar a problemática da imigração contemporânea e atingir a população e o governo, a USP está com um campo de pesquisa específico sobre esse tema e voltado para a coleta de história desses imigrantes. “Acreditamos que essas histórias de vida, ao serem contadas, podem refletir nas políticas públicas”.
artiGo 6º toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.
iMiGração ContEMPorânEa “A imigração contemporânea tem feito com que percebamos uma clara precariedade sobre os Direitos Humanos no Brasil”, é o que afirma a doutora em História Social Zilda Iokoi. Situações como a da cidade fronteiriça Brasileia, no Acre, que estava servindo de abrigo para imigrantes que chegavam pela Bolívia – principalmente haitianos –, são preocupantes. O abrigo foi fechado, uma vez que estava superlotado e não apresentava condições adequadas para acolher os imigrantes. Não havia estrutura suficiente de saúde, saneamento básico e alimentação. Zilda lembra quão dramática está sendo a chegada e a tentativa de integração dos novos imigrantes às estruturas brasileiras. “Os imigrantes latino-americanos, africanos e do Oriente Médio são provenientes de situações muito ruins, de contextos sociais e econômicos precários. No caso da África e do Oriente Médio, são pessoas destruídas pela guerra”.
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Ainda no contexto prisional, é preciso levantar questionamentos sobre a condição da mulher nesses espaços. “A prisão é um lugar feito por homens para homens. Quando se colocam mulheres nas prisões, as questões oriundas da divisão do trabalho por gênero e do controle do corpo feminino explodem. Desde o modo como se trata o cometimento de crimes até as questões simbolicamente mais sofisticadas do cotidiano prisional para as mulheres, como as visitas íntimas e a maternidade”, afirma a advogada.
Confira a matéria é preciso falar a mesma língua, na página 38, sobre iniciativas de integração dos imigrantes.
artiGo 4º
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ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
MoViMEnto lGBt
traBalHo EsCraVo Um trabalho que preserva os direitos humanos é aquele em que o colaborador tem a possibilidade de se desenvolver pessoalmente. “As pessoas não podem virar ‘bichos do trabalho’ – de casa para o trabalho, do trabalho para casa”, afirma Zilda. Ela explica que para que um trabalho seja considerado adequado e de acordo com a Declaração, ele não pode ser insalubre; deve apresentar uma compensatória de vida, com aposentadoria adequada – em caso de atividades perigosas –; e deve ter uma carga horária que respeite a educação e o lazer. Como aponta o relatório da HRW, o grande avanço do Brasil no último ano foi com relação às 6,5 milhões de domésticas – representando o país com o maior número de pessoas nessa função –, que passaram a ter garantidos direitos como hora extra, seguro-desemprego, e jornada de 44 horas semanais. Para Zilda, o governo brasileiro está atento às práticas de trabalho forçado e faz o que pode. Ela cita o fechamento de fábricas de tecido clandestinas e retoma a questão dos imigrantes nesse contexto. “Os imigrantes são muito prejudicados, pois, por vezes, são trazidos ao nosso país pela promessa de emprego. Ao chegar aqui, a empresa que os trouxe apreende os seus documentos, fazendo-os viver como escravos”. Ela cita que os mais prejudicados nesse segmento são os latino-americanos, que são os mais cotados para trabalhar em fábricas de tecidos, pela habilidade cultural com artesanatos. Segundo a HRW, o Brasil já libertou 44 mil trabalhadores de condições inadequadas nos últimos 20 anos, mas ainda precisa dar atenção às condições dos trabalhadores do campo. De acordo com Comissão Pastoral da Terra, só em 2012 foram denunciados aproximadamente 3 mil casos de trabalhadores rurais que estavam se sentindo forçados ao trabalho.
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Confira a matéria Cadeia (im) produtiva, na página 26, exclusiva sobre o trabalho escravo na atualidade.
Dez mil denúncias de violação dos Direitos Humanos da população LGBT foram registradas em 2012 no Brasil, segundo dados do 2º Relatório Sobre Violência Homofóbica, apurado pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República. Um aumento de 30% comparado ao ano anterior. O diretor da UNIC Rio, Giancarlo Summa, lembra que a Declaração de Direitos Humanos diz que todos são iguais em direitos e isso também se aplica à orientação sexual dos indivíduos. Por isso, a ONU lançou, neste ano, uma campanha global, intitulada Livres e Iguais, para incentivar a conscientização sobre a homofobia e promover maior respeito às pessoas LGBT. No Brasil, em 2013, paralelo ao escândalo envolvendo o deputado federal Marcos Feliciano e sua postura homofóbica enquanto presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, o movimento LGBT alcançou conquistas importantes. Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) autorizou a celebração do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, assim como instituiu que todas as uniões estáveis homoafetivas fossem convertidas em casamentos civis pelos cartórios. Outra medida que denota progresso sobre a segurança dos direitos da população LGBT foi a criminalização da homofobia. O texto classifica como crime de ódio os atos contra essa parcela da sociedade. Em discurso oficial, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, convidou todos a se juntar a essa causa e afirmou que a luta por direitos iguais demanda engajamento global.
“é preciso incluir as instituições de ensino (Fundamental, médio e superior) nesse processo e convencê-las de que são promotoras da cultura de enraizamento, defesa e proteção dos direitos humanos.” [Cezar Bueno sociólogo e membro do núcleo de Direitos Humanos da PUCPr]
trECHos do PronUnCiaMEnto ofiCial dE Ban Ki Moon soBrE os dirEitos lGBt
“A luta por direitos iguais demanda engajamento global. É por isso que a ONU trabalha ativamente para enfrentar a homofobia e a transfobia ao redor do mundo.” “Nós estamos unindo forças com governos e ativistas para apoiar mudanças em leis discriminatórias. Nossa campanha Livres e Iguais está abrindo o coração e a mente das pessoas.” “Eu digo às pessoas: levantem sua voz. Acabar com a homofobia e a transfobia é uma ótima causa dos Direitos Humanos.” “Juntos, nós podemos – e vamos – fazer um mundo seguro, justo para todos, não importa quem sejam ou quem amem.”
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ConqUistas foi com o objetivo de que uma voz independente pudesse falar sobre direitos humanos em todo o mundo que a onU criou, em 1993, o Escritório do alto Comissariado para direitos Humanos. Esse setor deve aproximar os direitos Humanos da população e apoiar seus defensores. o alto Comissariado publicou, no ano passado, as 20 principais conquistas nesse tempo de atuação. Conheça algumas:
os direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos e o direito ao desenvolvimento são reconhecidos como direitos universais, indivisíveis e mutuamente fortalecidos de todos os seres humanos, sem distinção. A não-discriminação e a igualdade têm sido cada vez mais reafirmadas como princípios fundamentais do direito internacional aos direitos humanos e como elementos essenciais da dignidade humana.
os direitos humanos tornaram-se fundamentais para o discurso global sobre paz, segurança e desenvolvimento.
os direitos das mulheres agora são reconhecidos como direitos humanos fundamentais. Discriminação e atos de violência contra as mulheres estão na vanguarda do discurso de direitos humanos.
tem havido uma mudança de paradigma no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas com deficiência, especial e fundamentalmente no seu direito de participar efetivamente de todas as esferas da vida nas mesmas condições que os demais.
Existe um quadro internacional que reconhece os desafios enfrentados pelos migrantes e suas famílias e garante os seus direitos e os direitos dos imigrantes que não possuem documentos.
os direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros foram colocados na agenda internacional.
os Estados e as nações Unidas reconhecem o papel fundamental da sociedade civil na promoção dos direitos Humanos. A sociedade civil tem estado na vanguarda da promoção e da proteção dos direitos humanos, identificando problemas e propondo soluções inovadoras, pressionando por novas diretrizes, contribuindo para as políticas públicas, dando voz aos que não têm poder, construindo a consciência mundial sobre direitos e liberdades e ajudando na construção da mudança sustentável.
Um consenso crescente está emergindo: as empresas têm responsabilidades de direitos humanos.
o organismo da lei internacional dos direitos humanos continua evoluindo e se expandindo para tratar de questões emergentes, tais como os direitos das pessoas idosas, à verdade, a um ambiente limpo, à água, a saneamento e à comida. quer ter acesso ao documento completo? acesse: www.dudh.org.br/conquistas
saiBa Mais artiGo 5º ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
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Conheça na íntegra a declaração Universal dos direitos Humanos: bit.ly/1CVqinH
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Para conhecer mais do trabalho da Human rights Watch, assista ao documentário “E-team”: bit.ly/1vogYcQ
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acompanhe as notícias sobre os avanços e desafios dos direitos Humanos pelo facebook da onU no Brasil: on.fb.me/1s7Qg0S
l a campanha global livres e iguais lançou um clipe, no estilo Bollywood, propondo uma quebra de preconceitos sobre as relações homoafetivas: bit.ly/1zksOaw l
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ouça o discurso da atriz Emma Watson, embaixadora da campanha He for she: bit.ly/1rOfcQ2
Sem água somos todos miseráveis. Uso consciente da água. Leve essa atitude a todos os lugares. Passe essa ideia adiante e ganhe roupa lavada toda semana em casa.
#águapedeágua Saiba mais em
aguapedeagua.org.br
Realização:
reportagem
O Brasil detém 16% do total das reservas de água doce do planeta, apresenta índices recordes de chuva e não utiliza nem 1% de todo seu potencial. Mesmo assim, metrópoles sofrem com os efeitos de secas expressivas. Degradação dos rios, mau gerenciamento, crescimento desordenado das cidades e desperdício estão entre as principais causas do problema. Entenda por quê Por Claudia Guadagnin, especial para a Vida Universitária
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Crise generalizada Nos últimos dez anos, o sul do Brasil sofreu com estiagens mais intensas e frequentes do que o normal. Em 2014, até a hidrelétrica de Itaipu foi afetada: o nível do lago que a abastece se aproximou do registrado em 2001, considerado o mais baixo da história, quando o governo precisou fazer racionamento de energia. Outra ocorrência recente que chamou atenção para o problema foi a seca que atingiu São Paulo. O Sistema Cantareira, responsável por quase 50% da água que abastece a metrópole, chegou, até o momento da produção desta reportagem, a 3% da capacidade, um índice muito menor que o necessário para atender à demanda de mais de 9 milhões de pessoas da capital. Nos três primeiros meses do ano, as chuvas de verão, que deveriam alcançar níveis de precipitação
em torno de 600 milímetros, atingiram menos de 300 milímetros. A escassez de chuvas, o alto consumo, as mudanças climáticas, o mau uso do solo e a falta de preocupação em proteger com eficiência as Unidades de Conservação foram alguns dos fatores apontados como facilitadores do problema. Em julho de 2014, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou um estudo sobre os estragos gerados pela crise de abastecimento. Entre os dias 12 e 26 de maio, foram analisadas 229 empresas de micro e pequeno porte, 140 de médio porte e 44 de grande porte. Os resultados indicaram que mais de 3 mil postos de trabalho foram fechados devido à redução da produtividade pela falta do recurso hídrico. André Ferretti é engenheiro florestal, gerente de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e coordenador geral do Observatório do Clima, uma rede que reúne ONGs da sociedade civil para discutir as mudanças climáticas no Brasil. Para ele, casos como a recente estiagem tornam evidente a fragilidade do sistema e a escassez da água, mesmo num país tropical. “No Sistema Cantareira, a cobertura original foi drasticamente removida ao longo dos anos. Esse desmatamento certamente contribuiu para a diminuição da quantidade e da qualidade das águas”, explica. Estimativas indicam que cerca de 70% da mata nativa da região foi perdida em duas décadas. Em entrevista recente, a coordenadora da rede das águas da ONG SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, disse restarem apenas 30% de áreas com florestas preservadas na Cantareira. Em outubro, a crise tomou proporções ainda mais drásticas ao afetar comércios pequenos, como bares e restaurantes da Avenida Paulista. Pela segunda vez em menos de dois meses, os estabelecimentos precisaram fechar as portas mais cedo pela falta de água. O prejuízo financeiro gerado pelo imprevisto, segundo um dos comerciantes, ficou em torno dos 80%.
“No Sistema Cantareira, a cobertura original foi drasticamente removida ao longo dos anos. Esse desmatamento certamente contribuiu para a diminuição da quantidade e da qualidade das águas.” [André Ferretti Engenheiro florestal]
Monitor Brasileiro de Secas será lançado ano que vem A partir de janeiro de 2015, uma metodologia que avalia a seca nas dimensões meteorológicas, hidrológicas e econômicas será lançada no Brasil. Com o apoio do Banco Mundial, integrado por instituições federais e dos estados do nordeste, o primeiro monitor brasileiro de secas vai ser criado. A novidade tem o objetivo de produzir relatórios mensais ou quinzenais que descrevem a situação atual da seca na região, reunindo dados que atualmente são coletados e analisados isoladamente por essas instituições. A tecnologia, ao que tudo indica, será facilmente replicável para outras partes do país.
Sistema Cantareira Existe desde a década de 1970 e retira água das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí para abastecer São Paulo e região metropolitana. Algumas denúncias defendem que a Sabesp (empresa de abastecimento da capital) conseguiu, em 2004, uma autorização do governo do Estado para retirar 36 mil litros de água por segundo. Na época, especialistas criticaram a expressividade do volume e disseram que planos de contingência para situações emergenciais e obras necessárias para aumentar a capacidade de armazenamento da Cantareira não ocorreram no ritmo necessário.
© Fotos: Divulgação
No dia 23 de setembro, jornais do país inteiro veicularam uma preocupante notícia: a nascente do Rio São Francisco, localizada no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, secou. O evento é inédito na história e especialistas defendem que ele ocorreu em virtude da sucessão de secas que assolam a região há cerca de três anos. No local da nascente, com aproximadamente um metro de profundidade, restaram pequenas poças. A expectativa mais otimista é de que, quando voltar a chover, a água consiga, aos poucos, verter novamente. Funcionários do parque disseram que não será possível perceber os efeitos do problema de imediato, já que o volume do São Francisco é alimentado por outros córregos. No entanto, o fato de o rio ser considerado a única fonte hídrica para milhares de pessoas que vivem em 504 municípios próximos torna a ocorrência, no mínimo, alarmante. Clóvis Borges é diretor executivo da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) – ONG cujo foco, há 30 anos, é a conservação da biodiversidade – e explica que o fenômeno é resultado, principalmente, da união de duas variáveis pouco aceitas pela sociedade: os efeitos das mudanças climáticas e a perda em grande escala das áreas naturais e da biodiversidade. “Outros fatores também pesam, mas a severidade da situação vem, finalmente, mostrando que estamos ignorando os riscos e as ameaças que nos afetam diretamente e de forma significativa”, opina. Ele explica que a região sudeste do Brasil recebe grande quantidade de água gerada pela Floresta Amazônica. “O desmatamento do bioma, somado à deficiência das áreas naturais, afetam fortemente essa ordem, o que explica cientificamente alguns dos principais fatores para a crise em curso”, comenta.
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reportagem
Para Borges, não há dúvidas de que situações como essas representam uma amostra do que deve ocorrer num futuro bem próximo. “Nos dados apresentados, não estão computadas as ampliações de negócios ou implantações de novas atividades econômicas, por exemplo”. Ele defende que por mais importante que seja o controle do consumo de água, não se pode ignorar que um sistema de abastecimento natural está deixando de funcionar. “Ou atacamos as razões do problema ou apenas retardaremos efeitos que tendem a ficar cada vez mais intensos e colocam em risco a existência de cidades inteiras e também da agricultura. Sem uma política adequada para combater o fenômeno do aquecimento global e sem esforço para conservar a biodiversidade e restaurar áreas degradadas, todos os paliativos serão insuficientes”. Ferretti compartilha da opinião e lembra que a máxima de a água ser um recurso “renovável” precisa ser reavaliada. “Não é bem assim. Para que ela ‘caia do céu’, os ecossistemas precisam estar conservados e protegidos. Devemos tomar consciência de que somos responsáveis por gerir nossos recursos naturais”, defende. Ele também lembra a importância de serem adotadas medidas simples por pessoas físicas ou empresas nas construções de empreendimentos. “Garantir a coleta da água da chuva, a existência de pisos permeáveis, com terra e grama, para facilitar o escoamento da água e até os chamados ‘telhados verdes’ são alternativas conscientes para evitar o desperdício de água tratada e inundações”, orienta. Nos anos 80, a vila de Baontha-Koyala, no noroeste da Índia, enfrentou uma severa crise gerada pela falta de água. A escassez era tamanha que as pessoas chegaram a sofrer com a sede. Ao final dos anos 90, graças a poços cavados no quintal das casas para recolher água da chuva, os lençóis subterrâneos da região foram recuperados e o principal rio da região voltou a ter vida.
da para tornar possível aquela produção. Seria fundamental passarmos a dar mais atenção ao balanço hídrico de cada região e, dependendo das análises, substituir culturas para explorar nossos territórios com o mínimo de coerência”.
Ainda que cara, dessalinização é alternativa para falta de água Um estudo recente das Nações Unidas prevê que 2,7 bilhões de pessoas (45% da população mundial) ficarão sem água até 2025. De acordo com o autor da defesa, o geólogo Igor Shiklomanov, do Instituto Hidrológico Estatal de São Petersburgo, na Rússia, o problema já afeta 1 bilhão de pessoas, principalmente no Oriente Médio e no norte da África, e dentro de 25 anos, chegará à Índia, à China e à África do Sul. Uma das alternativas para sobreviver nesse cenário inóspito seria optar pelo processo de dessalinização. Hoje, o sistema que tira o sal da água dos mares já é utilizado em nove estados brasileiros e responsável por 60% da água que chega às torneiras de Fortaleza, por exemplo.
Projetos incentivam conservação de áreas naturais no Brasil Você sabia que a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) e a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza mantêm iniciativas que contribuem com a conservação de áreas naturais e a qualidade da água no país? Para saber como elas funcionam, acesse os sites das instituições e conheça os programas Oásis, da Fundação, e ConBio e ConBio Água, da SPVS. l
Oásis
migre.me/m8EQk l
ConBio
condominiobiodiversidade.org.br l
ConBio Água
migre.me/m8Foj
Agricultura em risco Dados recentes da ANA (Agência Nacional de Águas) mostraram que a agricultura é responsável por 70% do consumo de água do Brasil e é recordista de gastos com irrigação. Segundo a agência, o cidadão seria responsável por apenas 10% do desperdício total. Para o diretor da SPVS, a atividade é também a que mais causa emissões de gases de efeito estufa no país. “Ela degrada ambientes naturais e polui a água por meio do uso de agrotóxicos e fertilizantes”, comenta. Já Ferretti lembra que é preciso atenção nas alternativas de cultivo no Brasil. “Quando o país exporta carne, soja e commodities, por exemplo, também está exportando a água que foi utiliza-
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A cada hora de funcionamento, a máquina elimina o sal de até mil litros de água, mas o procedimento ainda é considerado caro, já que custa cinco vezes mais do que a produção convencional da água tratada, que é de R$ 0,33 a cada mil litros. A necessidade de manutenção permanente das membranas que separam o sal da água também é vista como outro fator responsável por tornar a tecnologia ainda onerosa.
VOCÊ SABIA? Nos Estados Unidos, todas as casas construídas depois de 1995 têm descargas com caixas de seis litros, consideradas mais econômicas. As válvulas convencionais não podem mais ser vendidas no país e são consideradas as maiores vilãs domésticas, já que utilizam 40% de toda a água consumida em uma casa. Nesse sistema, em cada segundo apertando a descarga, são dois
litros de água que saem, literalmente, pelo cano.
mercado de trabalho
A hora do CHÁ Profissões pouco conhecidas procuram popularizar a tradicional bebida e oferecer uma experiência única para todos os paladares Dizem por aí que tudo que não pode ser encontrado no Google, na verdade, não existe. Em muitas ocasiões, a afirmação provavelmente é verdadeira, mas no caso da profissão de designer de chá, o ditado encontra uma falha. Ainda pouco popular ou conhecido no Brasil, o trabalho confunde-se com o dos tea sommeliers, mas envolve atividades bem diferentes. Sobre a busca no Google, tente procurar qualquer referência a “designers de chá”. Garanto que não vai ser nada fácil ter um resultado muito frutífero. Falando em frutas, elas costumam fazer parte do trabalho dos designers de chá, que têm a função de criar blends – ou misturas – utilizando ingredientes como flores, frutas e especiarias. Segundo Daniele Lieuthier, o processo da criação dos blends é complexo e exige que o designer pense em aparência, sabor e aroma de cada um dos ingredientes antes de colocar a mão na massa – ou, no caso, nos bules e xícaras. “Além de pensar nos ingredientes separadamente, é preciso aprender a usá-los com harmonia. Dois chás muito gostosos podem ficar horríveis se misturados da maneira incorreta. Cada tipo de ingrediente harmoniza com um caráter de chá, mais amargo, mais doce, mais adstringente ou mais azedinho. É preciso pensar também nas proporções”, revela Daniele, que descobriu o interesse pelo chá durante uma visita à Argentina, onde experimentou pela primeira vez um blend a granel, totalmente diferente – em todos os sentidos – do tradicional chá de saquinho. Segundo a designer de chá, que viajou pelo mundo durante nove meses só para descobrir mais detalhes sobre a bebida e preparar a abertura da sua casa de chás (batizada de Caminho do Chá, a loja tem inauguração programada para os próximos meses), o trabalho ainda envolve criar um conceito para a linha de chás, estudar o público-alvo da bebida e estabelecer o posicionamento da marca, além de pensar nas propriedades de cada ingrediente. “Não faz sentido, por exemplo, misturar melissa, que é uma erva calmante, com guaraná, que é estimulante”, completa Daniele, que faz todos os seus chás com frutas frescas, descascadas e desidratadas por sua equipe.
Perguntada sobre as oportunidades na área, a designer revela que, por enquanto, não há muitas ofertas de trabalho, porque o mercado ainda está engatinhando no Brasil e, por isso, existem poucas empresas voltadas a essas atividades. Ela estima, contudo, que dentro de dois anos já terão surgido várias novas chances para quem quiser se aventurar nesse universo. Formada pelo argentino El Club del Té (O Clube do Chá), uma das mais importantes instituições da bebida do mundo, a paranaense Thalita Ferronato teve aulas com grandes nomes da área e, hoje, é representante do clube onde se graduou e também responsável pela carta de chás da Moncloa Tea Boutique, na função de tea sommelier. O trabalho é diferente do desenvolvido pelo designer de chá: o sommelier tem várias outras funções e não se limita a criar os blends. “A profissão de tea sommelier é extensa. Tenho que saber a origem dos ingredientes, os cuidados que tiveram os produtores e distinguir sua qualidade diferenciada por isso. Diferenciar tipos e variedades, desenhar cartas de chás, conhecer e disponibilizar todos os utensílios para o melhor preparo da bebida, orientar clientes ao chá mais adequado e sua harmonização, ou seja, converter o ato de tomar um chá em uma completa experiência sensorial”, complementa Thalita.
© Fotos: Divulgação
Por Mahani Siqueira, especial para a Vida Universitária
“Além de pensar nos ingredientes separadamente, é preciso aprender a usá-los com harmonia. Dois chás muito gostosos podem ficar horríveis se misturados da maneira incorreta.” [Daniele Lieuthier, designer de chás]
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Quebra-cabeça de
conhecimento Quando ingressou no Ensino Médio como técnica em edificações, Fabiana Andreoli já tinha a docência como um plano para o futuro. O convívio com o ensino foi herança de uma família de educadores – sua mãe e sua avó foram docentes e alfabetizaram diversas pessoas. Nascida em Vitória, Espírito Santo, concluiu o Ensino Médio e optou pela graduação em Engenharia Civil. Foi o estágio na Companhia Espírito Santense de Saneamento que a direcionou para a área ambiental, fazendo com que Fabiana se inscrevesse no Mestrado em Engenharia Ambiental e começasse a trabalhar na área de saneamento. “Em 1996, me mudei para Curitiba já com o Mestrado concluído e comecei meu trabalho como docente e pesquisadora”. Finalmente, a engenheira havia colocado os planos iniciais em prática e começava sua história com a educação. Durante seus primeiros passos como docente, percebeu que, devido às mudanças de comportamento dos jovens e os avanços da tecnologia, era preciso ter, em sua formação, mais do que as disciplinas de abordagem pedagógica que havia estudado. “Senti a necessidade de usar as possibilidades da tecnologia. Foi ela que fez com que eu apostasse meu Doutorado em Educação e no tema que comecei a trabalhar”. Em 2008, Fabiana iniciou seu período como coordenadora do curso de Engenharia Ambiental e começou o Doutorado em Educação na PUCPR.
ColaBoração A docente iniciou seus novos estudos buscando uma forma mais atual de ensino. Em sua tese (“Ensinar e aprender: uma proposta de aprendizagem colaborativa na disciplina da Engenharia Ambiental”), Fabiana decidiu se focar em práticas pedagógicas do professor, usando o ambiente virtual e o conceito de aula invertida. “Como temos o ambiente virtual de aprendizagem (Eureka), é possível trabalhar com um plano de atividades individuais, anteriores às aulas. O aluno recebe um conteúdo para estudar e faz uma produção individual”. Essa produção poderia ser feita a qualquer hora e em qualquer lugar – outra adaptação de flexibilidade, fundamental para a realidade de hoje. Também foi desenvolvido um material didático online, disponibilizado em partes na mesma plataforma. Com esses recursos, o aluno já chegaria em aula com uma bagagem de conhecimento. “A aula invertida é isso: o aluno tem o embasamento para discussão em sala de aula, o conhecimento individual para colaborar no ensino”. Durante as aulas presenciais, a professora optava por um trabalho de produção coletiva, para que cada aluno colaborasse com o seu conhecimento. A aplicação da metodologia comprovou que o estudante é, sim, participativo e reforçou que ele faz parte do ensino tanto quanto o professor. “O aluno tem que saber que ele faz parte. Ele tem que ser colaborativo, cooperativo. Precisa saber o conteúdo para poder opinar e, juntos, alunos e professores podem dar um passo a mais. É a ideia do quebra-cabeça: desmontado, é um pedacinho de cada coisa; montado, se torna uma outra coisa, totalmente nova”, comenta Fabiana. A tese, inclusive, ficou em primeiro lugar no Prêmio de Excelência da Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED/Pearson Education Brasil, na categoria Pesquisa. “A diferença do trabalho é que foi uma tese aplicada. Eu escolhi uma turma da Engenharia Ambiental, desenvolvi a metodologia, apliquei, e tive o meu resultado”. Desde então, Fabiana vem aplicando a mesma metodologia, que tem sido passada para outros professores da Universidade. A coordenadora está dando continuidade ao estudo por perceber não apenas sua eficácia, mas também sua comprovada importância.
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Como a colaboração de cada aluno dentro da sala de aula é capaz de transformá-la em uma experiência muito maior Por fernanda Brun, especial para a Vida Universitária
© Fotos: gilberto do rosário
vida docente
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mundo afora
Palestina e Israel:
um caldeirão em constante ebulição
Debate na PUCPR discutiu origens de conflitos entre os povos
Por Vivian Lemos, especial para a Vida Universitária
© Fotos: Gilberto do Rosário
O evento “Visão internacional – Palestina e Israel: a origem do conflito”, realizado na PUCPR, contou com as presenças de Konrad Yona Riggenmann e Ualid Hussein Ali Mohd Rabah.
Os conflitos no Oriente Médio nunca saíram da pauta da política internacional, mas com o surgimento do grupo Estado Islâmico – também conhecido como ISIS – e o aumento da violência em suas ações, o debate sobre a possibilidade de paz na região ganhou novo fôlego. Pensando na importância de discutir as causas do conflito na região – mais especificamente entre Israel e Palestina – a PUCPR recebeu o evento “Visão internacional – Palestina e Israel: a origem do conflito”, que contou com as presenças de Ualid Hussein Ali Mohd Rabah, diretor de relações institucionais da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) e conselheiro titular no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), e de Konrad Yona Riggenmann, membro
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da Congregação Judaica Humanista do Brasil – Judaísmo Humanista Internacional (Israel/América Latina), Society for Humanistic Judaism (com sede nos Estados Unidos). O debate foi promovido pelo Núcleo de Empregabilidade e Oportunidades da Escola de Negócios e pelo Núcleo de Direitos Humanos da Escola de Educação e Humanidades da PUCPR. De acordo com Rabah, não se pode falar que existe uma guerra na região, muito menos de cunho religioso. Para ele, o que existe é uma disputa de território: “Os palestinos não são alienígenas. Eles estão na Palestina há muito tempo e já professaram diversas religiões. Eles são uma mescla de todos os povos que por lá passaram. Não é verdade que há, na Palestina, um conflito milenar”.
Já Riggenmann acredita que a religião pode ter um papel relevante no que se refere ao interesse pelos conflitos da região: “Muitas pessoas ligam o local ao nascimento de Jesus. Por esse fator, talvez as batalhas ali sejam tão interessantes para boa parte da humanidade”. Ele defende a ideia de que o conflito é geopolítico, mas não descarta o componente religioso. Outro fator que contribui para o interesse pelos combates no Oriente Médio é a constante cobertura da imprensa. De acordo com Rabah, a imprensa desempenha um papel específico e nocivo aos palestinos na crise. “Os grandes veículos de comunicação hoje patrocinam uma voz única do conflito, e essa voz única, via de regra, é produzida em Washington (EUA) e, secundariamente, em Londres, Paris e Berlim. Eles são a antessala da guerra. Demonizam um grupo, tachando-os de étnicos, tribais, atrasados. Ao desumanizar esse grupo, ele ‘pode’ ser eliminado”. Ele ainda fala dos recentes casos de decapitação de jornalistas americanos e britânicos que tanto têm chamado a atenção do mundo. “A prática das decapitações teve início recentemente, em 2002/2003, na Síria. O grupo autoproclamado Estado Islâmico estava na Síria. Ele recebeu treinamento na Jordânia, por instrutores israelenses, norte-americanos, sauditas, catares e por diversos homens experientes no que chamam de jihad. É importante lembrar que o termo ‘Guerra Santa’ nasceu muito antes, na época das Cruzadas, na Europa. Agora, houve a decapitação de um jornalista norte-americano, mas e os milhares que foram decapitados na Síria? E os que foram decapitados dias antes no Iraque por não aceitarem a presença desses terroristas? Essas decapitações não contam?” Um dos pontos de concordância entre os dois foi o sionismo. De acordo com Riggenmann, a origem dos conflitos está aí: “Não há solução de curto prazo para a região por causa do sionismo e do direcionamento do governo de Israel – direitista”. Rabah concorda e afirma que a maior vítima do sionismo é o próprio povo israelense, “vítima da indústria da desinformação, propagada pela mídia”. O sionismo é a teoria ou o movimento para fundar na Palestina um Estado israelita autônomo, também conhecido como nacionalismo judaico. A proposta do movimento é o re-
torno de todos os judeus ao Estado de Israel. No fim do debate, que despertou o questionamento de muitos alunos, uma certeza: a solução para os conflitos entre palestinos e israelenses não é algo possível em curto prazo e envolve fatores políticos, culturais e religiosos, ou seja, um caldeirão em constante ebulição. Haverá um consenso para que as futuras gerações vivam em paz, apesar das diferenças? Só nos resta aguardar e torcer para que o futuro traga ponderação aos novos líderes.
Para saber mais Documentário “Promessas de um Novo Mundo” O documentário de 2001 retrata a história de sete crianças israelenses e palestinas em Jerusalém que, apesar de morarem no mesmo lugar, vivem em mundos completamente distintos, separados por diferenças religiosas. Com idades entre oito e 13 anos, raramente elas falam por si mesmas e estão isoladas pelo medo. Nesse filme, suas histórias oferecem uma nova e emocionante perspectiva sobre o conflito no Oriente Médio.
Livros “O Islamismo”, de Karen Armstrong A conceituada historiadora inicia seu relato com a fuga de Maomé para Meca e as primeiras revelações do Corão e passa pelas diversas fases do desenvolvimento do Islã até os dias de hoje. Fruto de anos de reflexão e pesquisa, “O Islamismo” revela que a fé que mais cresce no mundo é um fenômeno muito mais complexo e interessante do que pode sugerir sua facção fundamentalista.
“De Amor e Trevas”, de Amós Oz Mais conhecido escritor israelense da atualidade, defensor da causa da paz entre palestinos e israelenses, o israelense Amós Oz oferece no livro de memórias uma crônica detalhada de sua vida pessoal em Israel. A partir de seu relato particular, o autor abre uma janela que narra a história de Israel e os caminhos percorridos pelos judeus no século XX. O período da infância e da juventude do autor em Jerusalém nos anos 40 e 50 toma a maior parte do livro
“Hamas”, de Khaled Hroub O autor do livro é o aclamado estudioso palestino estabelecido em Cambridge, Kahled Hroub, que atua também como jornalista da rede de TV Al Jazeera. Nele, Kahled Hroub analisa criticamente as atitudes do Hamas em relação a Israel e à OLP, as crenças religiosas de seus membros, os ataques suicidas e o programa de assistência social voltado para as camadas menos favorecidas dentro da Palestina.
“Israel’s Occupation”, de Neve Gordon, e “Hollow Land: Israel’s Architecture of Occupation”, de Eyal Weizman As análises dos autores cobrem a história da ocupação israelense em Gaza e na Cisjordânia, mesclando a análise sociológica de Gordon à mistura de arquitetura e antropologia de Eyal Weizman, tornando os livros intelectualmente riquíssimos e provocantes.
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pesquisa
lTRATAMENTO
DENTÁRIOl
simples e eficaz Aluno da PUCPr aplica tratamento odontológico sem uso de equipamentos elétricos na penitenciária feminina do Paraná, em Piraquara. medida é preventiva e ajuda a tratar problemas simples de forma efetiva, garantindo a inclusão de mulheres encarceradas na saúde bucal Por Janaína fogaça, especial para a Vida Universitária
Saúde é um direito básico e universal dos cidadãos. Isso todos já sabem, mas e quanto à população encarcerada, com o seu direito de ir e vir impedido? Foi pensando justamente nesse público que o estudante de Pós-Graduação da PUCPR Alan Faques Cavalcanti decidiu aplicar na Penitenciária Feminina do Paraná (PFP) o tratamento restaurador atraumático. A iniciativa faz parte da sua pesquisa de Mestrado: “Avaliação do impacto do tratamento restaurador atraumático na qualidade de vida de mulheres e seus filhos confinados em uma penitenciária”. “O foco da pesquisa em si não é o tratamento, mas sim a maneira como ele impacta na qualidade de vida das detentas”, afirma Cavalcanti. O trabalho é desenvolvido na penitenciária feminina desde o início de 2013. O tratamento restaurador atraumático, conhecido pela sigla do inglês ART – atraumatic restorative treatment –, surgiu em meados da década de 1980 no oeste da África como uma alternativa para as numerosas populações impossibilitadas de obter cuidados restauradores convencionais por falta de energia elétrica e/ou equipamentos odontológicos sofisticados, como grupos de refugiados e crianças em países subdesenvolvidos. Desde 1994, o ART tem sido recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Federação Dentária Internacional (FDI) como parte de programas de saúde bucal em países em desenvolvimento.
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o trataMEnto no final da década de 1980, a partir de estudos em campo liderados pelo holandês Jo E. frencken, na tanzânia, surgiu o art. nos anos 90, a oMs lançou um manual explicando o tratamento e indicando-o para locais sem infraestrutura convencional e para países em desenvolvimento. o tratamento visa dar suporte à população menos favorecida.
a téCniCa Uma cadeira simples e instrumentos básicos de odontologia. “não é necessário utilizar as canetas de rotação e nem mesmo anestesia. a técnica dispensa a energia elétrica e equipamentos específicos e permite que se trate cárie bucal, impedindo que ela se torne um canal e venha a causar problemas mais complexos futuramente”, afirma Cavalcanti. a cavidade no dente, uma vez que é extraída a cárie, é preenchida com cimento ionômero de vidro.
loCais dE aPliCação além das penitenciárias, a técnica pode ser aplicada em locais de difícil acesso em nosso país. Periferias, favelas e demais locais com assistência deficiente de saúde também podem usufruir do art.
o ProCEdiMEnto o tratamento iniciou por meio de uma pesquisa excludente, para a qual se inscreveram 300 mulheres. “o questionário, com 14 questões, foi o primeiro passo do tratamento. Procuramos saber se a condição das detentas ali dentro era preventiva (em caráter temporário); em caso positivo, elas não poderiam participar do tratamento, uma vez que não poderiam ser acompanhadas. outro fator que as excluía era a sensibilidade e a facilidade para sentir dor. o tratamento não usa anestesia, portanto, pacientes que referiam dor eram eliminadas antes de iniciá-lo”, diz Cavalcanti. Por conta disso, 239 mulheres não puderam receber o tratamento.
os rEsUltados a maioria das mulheres se sentia insegura para se relacionar com as pessoas e, muitas vezes, tímida. o tratamento, além de melhorar a qualidade de vida das detentas, melhorou a autoestima delas. Ele foi realizado com 100% de eficiência, do começo ao fim, em 61 mulheres atendidas pela pesquisa. o custo da técnica é baixo e o benefício é enorme, porém, ela ainda não é utilizada em larga escala.
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reportagem
Cadeia (im) produtiva Trabalhadores submetidos a condições degradantes de trabalho no mundo todo. Parece impossível que, nos dias atuais, pessoas sejam escravizadas em nome da nossa maneira de consumir. Saiba qual a sua posição nessa cadeia e de que forma você pode contribuir para interromper esse ciclo Por Janaína Fogaça, especial para a Vida Universitária
No Brasil, a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, decretou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre outra, porém o trabalho semelhante ao escravo se manteve de outra maneira. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego referentes ao primeiro semestre de 2014 revelam que 109 empregadores foram flagrados utilizando mão de obra ilegal. Ao todo, foram identificados 421 trabalhadores em condição análoga à de escravo, em 57 operações de auditores em busca de exploração de trabalhadores no país. Este ano, a maior parte das ações fiscais ocorreu em fazendas e fábricas. O estado de Minas Gerais foi o campeão em trabalhadores resgatados pelos auditores fiscais. Em quase 20 anos de atuação, o grupo já libertou mais de 46 mil trabalhadores, sendo-lhes asseguradas indenizações que somam aproximadamente R$ 86 milhões. Embora esteja normalmente associado ao trabalho no campo, o trabalho escravo tem sido cada vez mais flagrado nos centros urbanos. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, em 2013 o número de libertações no meio urbano foi maior que no meio rural pela primeira vez na história. Uma das explicações para a mudança é o inchaço das cidades.
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Escravidão pelo mundo Por outro lado, a OIT – Organização Internacional do Trabalho divulgou, em maio deste ano, um levantamento a respeito do trabalho escravo no mundo e constatou que 21 milhões de pessoas são submetidas ao trabalho escravo anualmente, gerando um lucro de 150 bilhões de dólares anuais aos empregadores. 22% das pessoas sofrem exploração sexual, enquanto 78% trabalham de maneira ilegal e/ou forçada. De 2011 para cá, 12.800 crianças a partir de cinco anos de idade foram libertadas da exploração de mão de obra. Os dados se assemelham aos levantados pela ONG Walk Free em 2013, que estimaram que há aproximadamente 30 milhões de pessoas submetidas a práticas análogas à escravidão pelo mundo, o equivalente à população do Peru. O cálculo levou em conta estudos de outras fontes e projeções próprias baseadas em amostragem. A Mauritânia está em primeiro lugar, com 4% da sua população em condição de escravidão, persistindo também práticas como compra, venda e aluguel de pessoas. Em segundo lugar, vem o Haiti. A China e a Índia, ambas com população acima de 1 bilhão, também figuram entre os que possuem um grande número de pessoas submetidas a condições análogas à escravidão. O Brasil aparece no 94º lugar de uma lista que engloba 162 países. O estudo apontou ainda que, no Brasil, cerca de uma em cada mil pessoas trabalha em condições semelhantes à escravidão.
O que você tem a ver com isso? Atualmente, o ritmo de vida imposto à população faz com que velhos hábitos sejam deixados de lado. No lugar deles, surgem novas formas de pensar, agir, consumir e até mesmo de se relacionar. Um pedido de socorro em etiquetas de roupas acendeu o alerta de que uma cadeia britânica de lojas estaria envolvida em exploração de mão de obra. “Forçados a trabalhar exaustivamente por horas” era o que estava escrito nas etiquetas. As mensagens foram descobertas por Rebecca Gallagher, em vestidos comprados por ela. Há relatos de uma mulher, na Irlanda do Norte, que afirma ter encontrado uma mensagem escondida no bolso de uma calça. Acredita-se que as mensagens tenham sido escritas por trabalhadores de fábricas em diversos países. Todos os recados fazem referência a horas exaustivas de trabalho forçado.
O que nós podemos fazer em relação a isso? Pesquisar a origem dos produtos que adquirimos – inclusive de peças de roupa e eletrônicos comprados pela internet em sites cuja origem dos itens são desconhecidos da maioria dos consumidores. O consumo consciente está ligado a conhecer a origem dos produtos que consumimos. Muito provavelmente, aquele produto que “não pode faltar” em sua mesa recebe insumos de empresas que utilizam o trabalho escravo. É necessário consumir, sim, mas de maneira consciente e com cautela. Se a população estiver consciente de como é a situação dos trabalhadores que produzem o que consumimos, pode evitar adquirir produtos oriundos dessa exploração como forma de pressionar as empresas a cumprirem padrões dignos de produção, cessando o lucro desses empregadores.
21 milhões submetidas ao trabalho de pessoas escravo anualmente 150 Bilhões lucrados anualmente
de DÓLARES pelos empregadores 22% EXPLORADOS
SEXUALMENTE 78% TRABALHAM
ILEGAMENTE Alguns de nossos hábitos de consumo estão diretamente relacionados ao trabalho escravo. Falando assim, isso pode ser algo muito distante da maioria dos consumidores. Para trazer essa conta para a nossa realidade, a ONG Made in a Free World criou um site, o slaveryfootprint.org. Por meio dele, é possível calcular e descobrir quantos escravos estão diretamente ligados aos nossos hábitos de consumo. Tudo começa com um questionário completo, que abrange números de cômodos em sua residência, hábitos alimentares e outras atividades. Com os dados coletados, o site informa quantas pessoas trabalham de maneira análoga à escravidão para manter o seu ciclo do consumismo. No site, há várias medidas de como auxiliar no combate a esse tipo de violência, além de links de empresas que estão envolvidas de alguma forma com trabalho escravo (uma espécie de “lista suja”), além de várias maneiras de angariar fundos para auxiliar a ONG nesse trabalho. Segundo a ONG, cerca de 29 milhões de pessoas pelo mundo são forçadas a trabalhar em situações semelhantes a do trabalho escravo. Mulheres são 55% desse total e crianças, 26%.
[5+] crianças liberadas © Foto: Divulgação
© Fotos: Reprodução
12.800
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Fique de olho A ONG Repórter Brasil lançou um aplicativo que mostra quais as atitudes das principais marcas de roupas no Brasil para combater o trabalho escravo. As grifes foram convidadas a responder perguntas envolvendo a mão de obra escrava e o respeito aos direitos humanos e foram classificadas como verde (sem envolvimento com a prática), amarelo (já esteve envolvida, mas hoje condena a prática) ou vermelho (empresa se negou a responder ou não combate o problema). O aplicativo Moda Livre foi lançado em comemoração aos 65 anos da Declaração Internacional dos Direitos Humanos.
Saiba mais
Na TV O documentário “The Dark Side of Chocolate” (“O Lado Negro do Chocolate’), de 2010, produzido pelo jornalista Miki Mistrati, revela o tráfico de crianças para plantações de cacau. Mistrati foi até a África do Sul e, com uma câmera escondida, fez registros que revelam o tráfico de crianças para as plantações escravocratas de cacau da vizinha Costa do Marfim, de onde sai a massa de cacau utilizada por empresas como Nestlé, Hershey’s e Mars.
Políticas públicas no Brasil O estudo da ONG Walk Free enaltece o Brasil como o país que criou o melhor conjunto de políticas do mundo para combate à escravidão. Entre as medidas destacadas pelo estudo está a “lista suja”, ferramenta do Ministério do Trabalho e Emprego que reúne os empregadores que foram flagrados explorando mão de obra análoga à escravidão. Em agosto de 2003, foi criada a Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), órgão vinculado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e que tem a função de monitorar a execução do Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Lançado em março de 2003, o Plano contém 76 ações cuja responsabilidade de execução é compartilhada por órgãos do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, do Ministério Público, de entidades da sociedade civil e de organismos internacionais. O Decreto Lei nº 2.848 de 1940, artigo 149, define uma pena de reclusão de dois a oito anos e multa para quem “reduz alguém à condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva; quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho; quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”. Quinze anos após ser apresentada, a chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Trabalho Escravo foi aprovada pelo Senado Federal. A proposta altera o artigo 243, determinando que as propriedades rurais e urbanas de qualquer região do país onde for flagrada a exploração de trabalho escravo sejam expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Além disso, prevê que todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência dessa exploração seja confiscado e revertido a fundo especial.
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Na tecnologia A startup holandesa Fairphone promete comercializar um aparelho de celular politicamente correto. Com todos os recursos de um aparelho top de linha, a empresa garante que adquire insumos de jazidas certificadas por não alimentarem os grupos armados. Grande parte dos recursos minerais usados na fabricação do Fairphone vem da República Popular do Congo, na África. Segundo o fabricante, a empresa investe na melhora das condições de trabalho e dos salários de seus operários. A cada Fairphone vendido, três euros vão para remoção do lixo eletrônico em Gana.
Na estante O livro “Pisando Fora da Própria Sombra” (Ed. Civilização Brasileira, 2004), referência para quem quer estudar a escravidão moderna Brasil, se funda na ampla experiência pessoal do autor, que há anos pesquisa as áreas de trabalho escravo no Pará e no Mato Grosso. O livro traz um encarte com imagens de João Roberto Ripper, um dos maiores fotógrafos de imagens humanas.
No celular O aplicativo Free World, disponível para celulares com sistema Android e iOS, permite que o usuário faça check-in em estabelecimentos comerciais e questione se há escravos envolvidos na fabricação dos produtos. O recado é repassado para as marcas e para outros consumidores que estão no Twitter e no Facebook, que podem colaborar com a discussão.
Na internet O site do Ministério do Trabalho e Emprego atualiza semestralmente a lista suja. O cadastro possui, atualmente, 609 nomes de empregadores flagrados na prática de submeter trabalhadores a condições análogas às de escravo, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Acesse: portal.mte.gov.br/portal-mte
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espiritualidade
A fé
não costuma © Fotos: gilberto do rosário © Foto: shutterstock
falhar
Além de gilberto gil, uma grande parcela da comunidade médica também afirma que a espiritualidade é capaz de agir positivamente na vida e na saúde das pessoas Por fernanda Brun , especial para a Vida Universitária
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Em 2011, Cecília Regina Cardoso Harcar recebia o diagnóstico de câncer pela primeira vez. Depois desse, outros dois ainda estavam por vir. Católica devota e de extremo alto astral, reuniu forças e se focou em resultados positivos, na vontade de passar pela doença e seguir a vida levemente. “A gente tem que ter fé; eu já saí dessa três vezes”, conta. Foi o terceiro diagnóstico, no entanto, que a aproximou mais da espiritualização. No Centro de Apoio ao Paciente com Câncer (CAPC), criado com objetivo de cuidar e apoiar pessoas com câncer usando a filosofia “A alegria é a prerrogativa da alma alimentada pelo amor”, Cecília foi em busca de uma parte que a medicina convencional nem sempre trabalha: o tratamento espiritual. “Relutei muito antes de ir, mas a insistência dos familiares foi grande, e acabei cedendo. Lá, a gente trata a nossa alma e entende melhor o que está acontecendo. Não é uma religião, é um trabalho do espírito”, explica Cecília. Sua devoção prévia aumentou durante o tratamento e foi uma força importantíssima para que os bons pensamentos a acompanhassem. “Não é autoajuda, não é religião, é espiritualização mesmo. Fui mudando alguns comportamentos, me tornando mais tranquila, tratando meus conflitos internos, aprendendo a ficar em silêncio, seja para me ouvir um pouco ou para rezar. Sem essa força da espiritualização, a gente não consegue”, conta Cecília. Além disso, ela relata que a aproximação com a espiritualidade durante seu tratamento a fez pensar em coisas maiores, se afastar um pouco do apego material, trabalhar mais o perdão. “São coisas pesadas, que podem fazer mal para nossa alma e nosso corpo”.
tão cada vez menos à margem na medicina. “Quando você mostra o tema com seriedade, apresentando toda uma base de estudos, a receptividade é muito boa”, completa.
“não é autoajuda, não é religião, é espiritualização mesmo. Fui mudando alguns comportamentos, me tornando mais tranquila, tratando meus conflitos internos, aprendendo a ficar em silêncio, seja para me ouvir um pouco ou para rezar. Sem essa força da espiritualização, a gente não consegue.”
aBranGÊnCia o nupes é apenas um dos centros de pesquisa entre os diversos espalhados pelo Brasil – e pelo mundo. Entre outros brasileiros que também estão envolvidos nesse trabalho, álvaro avezum, diretor da divisão de pesquisa do hospital dante Pazzanese de Cardiologia e coordenador do Grupo de Estudos em Espiritualidade da sociedade Brasileira de Cardiologia, relata que são muitas as evidências científicas de que pessoas espiritualizadas têm uma pressão arterial mais controlada, menores riscos cardíacos e maior qualidade de vida. © Foto: Aline Carvalho
A proximidade com a espiritualização fez diferença na hora do tratamento. Cecília se sentia melhor, mais forte, e essa energia era sentida pelas outras pessoas de alguma forma. “É engraçado porque eu sinto que as pessoas se aproximam de mim, parece que elas percebem que eu estou mais leve, sentem a energia. Nas sessões de quimioterapia, por exemplo, eu vejo que muita gente se aproxima, que quer conversar comigo”, lembra. Relatos como o da Cecília são, hoje, motivo de uma série de estudos que relacionam a saúde com a espiritualidade. A Universidade Federal de Juiz de Fora é um dos nomes mais fortes no assunto, com o Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (Nupes), que tem como missão exatamente o desenvolvimento de pesquisas interdisciplinares sobre a relação entre a espiritualidade e a saúde. O Núcleo é um centro de referência internacional em pesquisas na área e produz conteúdo constantemente. Alexander Moreira Almeida, diretor do Núcleo e coordenador das seções de espiritualidade e psiquiatria da Associação Mundial de Psiquiatria e da Associação Brasileira de Psiquiatria, afirma que o grupo não é sobre uma religião, nem reúne pessoas apenas da medicina: “Ele até é ligado à faculdade de Medicina, mas é bem interdisciplinar, temos gente de todas as áreas profissionais e de todas as correntes”. O grupo trabalha com três linhas de investigação: epidemiologia da religiosidade e saúde, que investiga em grupos populacionais a religiosidade e suas relações com indicadores de saúde; experiências religiosas e espirituais, que tem como foco as experiências religiosas e espirituais em seus vários aspectos – como neurofisiológicos, genéticos, psicológicos e efeitos a longo prazo; e história e filosofia das pesquisas sobre espiritualidade, que investiga aspectos históricos e filosóficos das pesquisas sobre espiritualidade e religiosidade, analisando as relações entre ciência e espiritualidade, como a espiritualidade impacta na atividade científica e a postura da comunidade científica frente a ela. Apesar da descrença de parte da comunidade científica, o trabalho do Núcleo cresce a cada dia e a necessidade pela busca de informações sobre o assunto tem aumentado. “É um tema importante, que grande parte da população considera relevante – ainda mais a brasileira. Esse tipo de trabalho já sofreu muita resistência, mas hoje isso diminuiu, principalmente quando você olha para fatos e consequências. Ser ou não ser religioso não está em questão, o ponto é que esse tipo de estudo é relevante”, afirma o professor, que recém regressou de um congresso no qual pôde confirmar que o número de pessoas envolvidas nesses estudos é grande, que o reconhecimento vem crescendo e que eles es-
[Cecília regina Cardoso Harcar, paciente] Em seu trabalho, o Núcleo acompanha centenas de pessoas e os impactos que a religião tem na saúde delas. “De um modo geral, a espiritualidade reflete muito no aumento da qualidade de vida das pessoas. Pacientes com problemas de depressão, que tentaram suicídio, que possuem algum tipo de dependência, por exemplo, são impactados de forma muito positiva”, afirma o pesquisador. Nos trabalhos e pesquisas realizados, o que se mostra ao paciente é que, de um modo geral, eles podem enfrentar melhor uma doença, ter uma melhor sobrevida. Todo o trabalho independe da religião na qual o paciente se encaixa: os fatores principais são a fé e a sua genuinidade. Sobre isso, Almeida comenta que os estudos mostram que as pessoas de fé verdadeira têm impactos mais positivos do que as que se aproximam da fé apenas para buscar um benefício. Cecília confirma a teoria na prática. Sentindo-se espiritualmente mais forte, ela se vê confiante para enfrentar o câncer, mantendo seu emocional estável e trabalhando o psicológico para beneficiar também o físico. “Hoje, eu não apenas rezo, mas olho mais para dentro. Mudei minha maneira de pensar, minha maneira de agir e identifiquei atitudes e coisas que não desejo mais para mim. Acho que entendo mais sobre quem eu sou”, completa.
Alexander moreira Almeida, diretor do núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e saúde
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filhos da puc
CONEXÃO QUÊNIA
© Fotos: Divulgação
Estudante da PUCPR é vicepresidente de associação que ajuda crianças do país africano a ir à escola Por Mahani Siqueira, especial para a Vida Universitária
No suaíli, idioma oficial do Quênia, a palavra “endeleza” significa prosperidade. E foi dessa tradução que jovens paranaenses tiveram a ideia de criar uma ferramenta para auxiliar crianças que não têm acesso ao sistema de educação do país africano. Maxwell Meissner, um dos fundadores da Associação Endeleza, ocupa o cargo de vice-presidente e é aluno do 10° período de Direito na PUCPR. Prestes a se formar, ele ainda arranja tempo e dedicação para cuidar de assuntos burocráticos da ONG e até viajar para o Quênia quando possível, como aconteceu no último mês de julho. A Endeleza nasceu após o estudante José Lucas Seleme visitar a região de Meru e descobrir que, por diferentes motivos – da necessidade precoce de trabalhar para ajudar a família ao fragilizado sistema educacional queniano –, muitas crianças não conseguem estudar em todo o Quênia. De volta ao Brasil, o jovem apresentou várias ideias a amigos (Meissner entre eles) e, depois de muitas conversas, o grupo chegou à melhor alternativa: um programa de apadrinhamento. Com o projeto, as pessoas interessadas em contribuir podem doar valores suficientes para manter uma criança dentro da escola durante um ano letivo inteiro. A iniciativa, acredite, faz muita diferença. “Centenas de jovens são excluídos anualmente do ciclo acadêmico pela impossibilidade de arcar com os custos escolares. As escolas primárias – de baixa qualidade – não conseguem ser mantidas pelo governo em condições aceitáveis. Faltam professores, salas de aula, alimentação apropriada e incentivo familiar. Mesmo os alunos qualificados por suas notas a continuar com seus estudos enfrentam outro obstáculo: a ausência de condições financeiras, já que até as escolas públicas cobram taxas pelos serviços prestados”, explica Meissner. A Associação Endeleza foi inaugurada formalmente em junho de 2012 e, desde então, já apadrinhou 46 pequenos quenianos. Quem quiser ajudar pode contribuir com
uma anuidade de R$ 960, capaz de garantir que o aluno estude em uma escola de boa qualidade em regime de internato, com acesso a três refeições diárias e a um ambiente saudável e propício aos estudos. De acordo com Meissner, os estudantes precisam dar provas de merecimento antes e depois de receber a ajuda financeira. “Nós oportunizamos o acesso à educação das crianças. Fazemos com que as taxas escolares não sejam um obstáculo que as impeça de alcançar os seus sonhos. No entanto, como não podemos estudar por elas, possuímos uma atuação intermediária no processo. Claro que também exigimos uma série de requisitos para que as crianças sejam selecionadas e possam participar do programa, sendo a manutenção de um bom rendimento acadêmico uma obrigação dos alunos apadrinhados”, explica o vice-presidente da Associação Endeleza, que, no Quênia, possui parceria com três escolas filiadas, nas quais todos os auxílios às crianças são centralizados. Perguntado sobre os maiores desafios que envolvem tocar uma associação como a Endeleza, o estudante comenta que não é fácil conciliar o tempo entre a instituição e os outros projetos, já que todas as tarefas demandam muito tempo e esforço de todos os envolvidos. Ele também admite que a inexperiência dos colaboradores, todos universitários, é um obstáculo, mas que pode ser superado na base da dedicação e do aprendizado, nos acertos e nos erros. Durante a entrevista, Meissner aproveitou também para declarar os motivos de maior satisfação em fazer parte da ONG. “O maior prazer é a possibilidade de retribuir para a sociedade algumas oportunidades que eu pude ter ao longo da minha trajetória e, assim, causar uma enorme diferença na vida de outras pessoas. Estive no Quênia pela primeira vez em julho deste ano com quase toda a equipe da associação e foi uma experiência maravilhosa. Ficamos 18 dias lá e pudemos conhecer os alunos apadrinha-
dos, a estrutura das três escolas parceiras, captar material para a produção de um documentário e realizar diversas atividades. Foi incrível”, relembra. Prestes a concluir os estudos na PUCPR, o acadêmico de Direito e vice-presidente da Endeleza não esconde o auxílio que todo o aprendizado adquirido durante os anos na universidade oferece para as tarefas na associação. “Sempre procurei aplicar os meus conhecimentos técnicos da melhor forma possível, os quais, em grande parte, foram adquiridos ao longo da minha graduação no curso de Direito. Também acho válido mencionar o meu apreço pelos valores de solidariedade e de voluntariado pregados pela PUCPR”, completa Meissner, com a certeza de que a Universidade é parte do processo que o levou ao nobre desafio à frente da Endeleza.
COMO FUNCIONA Quer apadrinhar uma criança queniana ou colaborar com a Associação Endeleza? Veja como! Programa de Apadrinhamento (valor referente ao ano de 2014)
Contribuição: R$ 960 – 12 mensalidades de R$ 80
A contribuição garante: l Todos os custos de educação para uma criança queniana; l Estudo em uma escola de qualidade; l Regime de internato; l Três refeições diárias; l Ambiente saudável e propício aos estudos.
Programa Rafiki*
(valor referente ao ano de 2014)
Contribuição: R$ 15 por mês
A contribuição garante: l Arrecadação para cobrir gastos administrativos da Endeleza; l Investimento em projetos futuros da Associação; l Os colaboradores ganham direito a descontos e vantagens fornecidas pelos parceiros da ONG. * Em suaíli, “rafiki” significa amigo.
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reportagem
Futuro
{incubado} Incubadoras tecnológicas criam espaço perfeito para crescimento e desenvolvimento de iniciativas inovadoras. PUCPR acaba de lançar a sua própria versão
© Fotos: Gilberto do Rosário
Por Mahani Siqueira, especial para a Vida Universitária
Não é segredo para mais ninguém que, em uma época em que aplicativos, redes sociais e plataformas virtuais são modelos de empreendimento cada vez mais comuns – sendo vários deles bem-sucedidos –, a forma de fazer negócios é completamente diferente da que todos conhecíamos e que era usual há alguns anos. Nessa leva de investimentos que ajudam a definir e a explicar nossos hábitos e a maneira como vivemos atualmente, se tornou frequente ouvir termos como startups, coworking e TimeMoney (alguns deles foram, inclusive, assuntos de matérias em edições anteriores da revista Vida Universitária). Um método de projeto que não é tão recente, mas ganhou novos estímulos com o desenvolvimento de espaços colaborativos e promete ganhar cada vez mais destaque entre empreendedores é a ferramenta de incubadora de empresas ou incubadora tecnológica, definição mais precisa para as formas de atu-
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ação que essas iniciativas aderem atualmente, dando fôlego e orientações e oferecendo apoio e uma série de vantagens a pequenas empresas que começam a dar seus primeiros passos e a descobrir como atuar no competitivo mercado de trabalho. O conceito de incubadoras de empresas não é recente e teve sua origem nos Estados Unidos, no fim da década de 1950, quando um empresário decidiu sublocar as instalações de uma fábrica recém-desativada para que os funcionários demitidos pudessem dar início a seus próprios negócios. Para baratear os custos, o empreendedor novato podia dividir os gastos dos serviços e tinha acesso a uma série de ferramentas compartilhadas com os outros negócios incubados. De secretárias a contadores e profissionais de marketing, a divisão desses serviços servia para reduzir os custos, aumentar a competitividade das empresas e, além de tudo, oferecia a oportunida-
de de trocas de conhecimentos entre o dono do espaço e todos os empreendimentos instalados na incubadora.
DENTRO DE CASA Atualmente, o modelo de negócio é popular nos quatro cantos do mundo e há incubadoras espalhadas por todo o planeta. O Vale do Silício, na Califórnia (EUA), onde estão baseadas algumas das mais importantes empresas de tecnologia do mundo, e o Research Triangle, na Carolina do Norte (também nos EUA), são regiões que se destacam por ter um grande número de incubadoras atuando com eficiência no objetivo de preparar empreendedores, gerar inovações e estimular cada detalhe no processo de desenvolvimento de empresas e startups. No Brasil, ecossistemas similares são cada vez mais comuns e, em agosto, foi a vez da PUCPR lançar a sua própria versão.
O projeto, mais uma iniciativa que prepara a Universidade para seu processo de expansão para alcançar um nível global, possui rigorosos processos de pré-aceleração dos empreendimentos selecionados, com direito a ciclos de 120 horas de capacitação, 260 horas de mentoria e 80 horas de validação da inovação no mercado, tudo em um período de apenas três meses, em que as ideias serão avaliadas por investidores, potenciais usuários e até formadores de opinião. Segundo José Pugas, gestor responsável pelos ambientes de inovação e parques tecnológicos e também gerente dos programas de formação empreendedora da Incubadora Tecnológica da PUCPR, a iniciativa é fundamental para ressaltar o foco na inovação proposto pela entidade. “O que queremos é criar uma geração de inovadores extremamente competitivos e que disparem um novo ciclo irreversível de impacto positivo na cadeia de inovação do ecossistema de Curitiba e da PUCPR. Somente assim a ambição de nossa estratégia universitária será alcançada de forma sustentável e acelerada: com foco no inovador”, defende Pugas, que avalia como imprescindível investir no empreendedorismo da comunidade acadêmica e na capacidade de gerar ciclos econômicos próprios para que a PUCPR continue dando passos largos no seu processo de globalização. Perguntado sobre quais projetos têm espaço e se encaixam na filosofia da incubadora, Pugas avisa que as startups (selecionadas a partir de editais) devem estar ligadas à inovação e à tecnologia, além de apresentar novas formas de dialogar com mercados e mostrar preocupação com os valores Maristas. Depois de escolhidos e instalados no ambiente, os empreendimentos passam por uma série de processos que visam preparar e estabilizar o negócio antes de seu lançamento. “Viabilizamos todas as condições necessárias para o desenvolvimento de uma startup, concedendo capacitação, networking, aproximação com investidores, plataformas de lançamento global, o selo da PUC e leitura privilegiada de tendências de mercado e laboratórios
de prototipagem”, explica Pugas, que não esconde a ambição de criar uma nova geração de inovadores globalmente competitivos e que encarnem o melhor dos princípios Maristas no mercado mundial. Perguntado sobre as inspirações que a equipe responsável pelo desenvolvimento da Incubadora Tecnológica da PUCPR adotou para a criação do projeto, o gestor conta que foi importante estudar diversas propostas parecidas e observar, principalmente, as falhas que apresentavam. Ele ainda aproveitou para descrever quais foram as melhores alternativas na busca pela forma certa de trabalhar.
“O que queremos é criar uma geração de inovadores extremamente competitivos e que disparem um novo ciclo irreversível de impacto positivo na cadeia de inovação do ecossistema de Curitiba e da PUCPR. Somente assim a ambição de nossa estratégia universitária será alcançada de forma sustentável e acelerada: com foco no inovador.” [José Pugas, gestor responsável pelos ambientes de inovação e parques tecnológicos e gerente dos programas de formação empreendedora da Incubadora Tecnológica da PUCPR]
“Acredito que os cases mais emblemáticos são aqueles que aproveitaram seus ecossistemas de entorno para acelerar suas inovações e se responsabilizaram pela melhoria desses ativos externos de inovação. Como Universidade, temos todo potencial para nos acelerarmos a partir da nossa comunidade acadêmica, da comunidade de investidores, das capacidades urbanas de Curitiba e região metropolitana e de ativos de pesquisa”, afirma Pugas, que cita a 500 Startups e a CVentures (ambas parceiras da incubadora da PUCPR) como ótimos exemplos de inspiração graças à capacidade de articulação junto à comunidade.
EM BUSCA DO SUCESSO Estudante de Sistemas de Informação, o jovem empreendedor Thiago Oliveira criou uma plataforma online para o mercado hoteleiro que promete proporcionar aos viajantes um novo modo de reservar quartos e oferecer aos hotéis uma ferramenta de gerenciamento da capacidade excedente. Batizado de Hotel-Já, o aplicativo atua com foco nas reservas para o mesmo dia, ajudando o hoteleiro a ofertar quartos não ocupados ao mesmo tempo em que atende o viajante que precisa de uma reserva de última hora. Selecionado para fazer parte da Incubadora Tecnológica da PUCPR com a sua startup (o exemplo perfeito do modelo de negócios que a iniciativa pretende estimular, segundo José Pugas), Oliveira afirma que as grandes vantagens de estar incubado são o fortalecimento da empresa, o networking com outros empreendimentos e o acesso a cursos e workshops, além da utilização dos espaços da PUCPR e a possibilidade do encontros com os donos de outras startups. “Quando você tem uma parceira grande como a PUCPR do seu lado, todo o nome e reconhecimento dela pode ser usado ao seu favor para fortalecimento da sua marca, além da capacitação oferecida, voltada não somente à empresa, mas também ao empreendedor”, comemora Oliveira, cuja startup está incubada há apenas um mês, mas já passou por várias etapas de consolidação.
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© Foto: Gilberto do Rosário
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José Pugas e Thaigo Oliveira
Entre os passos já concluídos pelo Hotel-Já estão o início do processo da abertura do CNPJ, a elaboração de contratos jurídicos e a apresentação do projeto para investidores e formadores de opinião. Satisfeito com os resultados que vem colhendo, Oliveira prevê que iniciativas parecidas serão cada vez mais comuns e decisivas em todo o mundo. “Na minha opinião, as incubadoras serão mais do que uma tendência. Elas se tornarão uma necessidade para formação e networking de empreendedores. A importância desses projetos para o desenvolvimento de regiões específicas é gigantesca, porque eles proporcionam uma união e um fortalecimento do ecossistema, com empreendedores, investidores e mentores aplicados todos em um mesmo ideal”, opina Oliveira.
EXEMPLO PARANAENSE Sediada na Universidade Estadual de Maringá, a Incubadora Tecnológica de Maringá é mais uma mostra quão positivos esses ecossistemas podem ser para o desenvolvimento de empresas e iniciativas empreendedoras. Com duas estruturas, o projeto se dedica a estimular empreendimentos de engenharia, TI e comunicação, além de laboratórios, maquinários e produção efetiva de produtos. Com o objetivo de ser uma real geradora de empresas de base tecnológica fundamentada em ideias e projetos criados a partir do empreendedorismo das pessoas, a incubadora já possui 20 empresas em seus domínios. “Nossa incubadora funciona atraindo e aco-
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lhendo iniciativas tecnológicas empreendedoras. O apoio se dá com o ambiente físico, o suporte administrativo, o apoio acadêmico e a ajuda na inserção do produto gerado no mercado. A inovação de produtos e serviços é uma necessidade constante. Uma região cresce e se desenvolve com mais qualidade quando pode contar com esses ativos eficazmente”, afirma Carlos Walter Martins, presidente da Incubadora Tecnológica de Maringá, que tem uma banca avaliadora para analisar os pedidos de entrada de novos produtos ou serviços. Os projetos devem ser inscritos dentro das normas da incubadora e apresentar ideias de base tecnológica. Incubado há dois anos com a Gearcloud, sua empresa especializada em cloud computing e backup em nuvem, Pedro Paulino tem, na incubadora, o apoio de uma equipe que trabalha para auxiliar todas as startups nas mais diversas áreas: pesquisa de mercado, departamento jurídico, comercial, fiscal e outros. Já acostumado ao método de trabalho, o empresário vê a ferramenta como decisiva para o desenvolvimento local. “Uma incubadora é crucial para o desenvolvimento de uma região, pois permite que ideias inovadoras possam resolver problemas que pessoas e empresas enfrentam todos os dias, e isso acaba por criar um ecossistema de desenvolvimento e melhoria constante do mercado, onde empresas inovadoras nascem e criam outras oportunidades para que mais pessoas possam ter e implementar outras ideias inovadoras”, complementa Paulino.
“A importância desses projetos para o desenvolvimento de regiões específicas é gigantesca, porque eles proporcionam uma união e um fortalecimento do ecossistema, com empreendedores, investidores e mentores aplicados todos em um mesmo ideal.” [Thiago Oliveira, empreendedor]
FIQUE DE OLHO Tem uma ideia? Quer desenvolver um aplicativo? Pretende lançar sua própria startup mas não sabe exatamente como fazer? Fique atento ao site da Incubadora Tecnológica da PUCPR e inscreva seu projeto no próximo edital, que deve ser aberto em janeiro de 2015. queremosteconhecer.pucpr.br
sintonia cultural
Paraná revisitado
Círculo de Estudos Bandeirantes completa 85 anos de uma história recheada de passagens fundamentais para a cultura e a sociedade paranaense Por Mahani Siqueira, especial para a Vida Universitária
MUITA HISTÓRIA PARA CONTAR Idealizada e fundada por nomes de imensa importância da cultura e da intelectualidade do Paraná, como José Loureiro e Bento Munhoz da Rocha, a entidade teve suas primeiras reuniões nas casas de seus membros. Esse modo de operação durou 16 anos, até que, em 1945, o Círculo transferiu-se definitivamente para o prédio onde está abrigado até hoje, com quatro andares e diversas salas reservadas para livros raros, espaços para reuniões e até um auditório com capacidade para 140 pessoas, tudo com a arquitetura que remete ao tempo em que as personalidades responsáveis pela fundação do CEB transitavam pelas escadas e pelos corredores da casa na rua XV. Além de toda a importância que o espaço representava para o estudo e para as pesquisas, o Círculo também teve papel decisivo na constituição da UFPR e da PUCPR. Em 1950, a Universidade do Paraná ganhou o rótulo de Federal. Isso só aconteceu graças à doação da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras (requisito obrigatório), criada pelos fundadores do CEB. Já a Católica teve, na mesma Faculdade, uma das engrenagens mais significativas para sua fundação, em 1959. Agregado à PUCPR desde 1987, o Círculo de Estudos Bandeirantes sempre teve, desde seu início, o objetivo de ser um instrumento divulgador da cultura paranaense, além de representar um ambiente para estudos, pesquisa e busca do crescimento intelectual e cultural. Pelo estatuto, a entidade deve ser
sempre presidida pelo reitor da Universidade, o que dá a Waldemiro Gremski a atual honra de comandar o CEB, auxiliado diretamente pela primeira secretária e coordenadora do espaço, Kátia Maria Biasek, responsável por boa parte das operações do Círculo atualmente. Em entrevista à revista Vida Universitária, ela aproveitou para fazer um apelo aos alunos da PUCPR e ao público em geral. “O Círculo é aberto ao público e conta com um imenso acervo de livros sobre a história e a cultura do Paraná, além de diversos outros assuntos. Gostaria de ressaltar isso a todo mundo, principalmente aos alunos da PUCPR, pois temos aqui um excelente espaço para pesquisa, estudo e até para eventos, caso professores queiram utilizar nosso auditório ou fazer consultas em nossa biblioteca”, explica a coordenadora. Hoje, além de abrigar o CEB, o prédio na rua XV de Novembro é sede da Academia de Cultura de Curitiba e da Academia Sul-Brasileira de Letras. Com eventos realizados esporadicamente e um espaço aberto para pesquisas, o Círculo possui mais de 19.765 exemplares de publicações raras dos séculos XVII e XVIII, que incluem manuscritos, periódicos e obras de artistas paranaenses. Entre os materiais mais interessantes estão a compilação de jornais feita por Bento Munhoz da Rocha durante seu governo e diversos documentos relacionados à vida de José Loureiro. Muitas das publicações estão passando por um cuidadoso processo de restauração, já como forma de preparar o Círculo de Estudos Bandeirantes para o futuro que se aproxima. É o que garante a coordenadora Kátia. “Queremos que o Círculo volte a representar um espaço fundamental para os debates, para a pesquisa e para a intelectualidade paranaense. Temos vários projetos preparados para entrar em vigor a partir do ano que vem com o objetivo de trazer mais pessoas, estudantes e professores ao nosso dia a dia, para movimentar ainda mais essa vontade que vem desde os fundadores”, completa Kátia, preparada para dar início a mais 85 anos de Círculo de Estudos Bandeirantes.
© Fotos: Gilberto do Rosário
No número 1050 da rua XV de Novembro, entre as ruas Mariano Torres e Tibagi, dentro de um prédio histórico imponente e de arquitetura neoclássica, encontra-se um valioso tesouro histórico que resgata o passado da cultura e da sociedade curitibana e paranaense. O Círculo de Estudos Bandeirantes (CEB), fundado em setembro de 1929, acaba de completar 85 anos voltados à pesquisa, ao estudo e ao debate, aliados à tecnologia e aos ideais católicos. Com uma história diretamente ligada às trajetórias da UFPR e da PUCPR, o CEB pode ser considerado peça fundamental no desenvolvimento das duas maiores universidades do estado.
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na prática
É preciso falar
a mesma língua Ronaldo Chaime Macedo, de 41 anos, já não é mais um “camuflado” em Curitiba.
Ser entendido para ter direitos preservados. Com esse objetivo, aulas de português são oferecidas a haitianos que vivem na Vila Torres Por Michele Bravos
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Existe, atualmente, um pequeno Haiti muito próximo do Câmpus Curitiba da PUCPR. Cerca de 80 haitianos vivem na Vila Torres, comunidade ao redor da Universidade, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Vida Nova, que atua na região na defesa e na assessoria de direitos. A comunicação é citada como o principal obstáculo encontrado pelos novos imigrantes. Para superar essa situação e possibilitar que eles não tenham seus direitos violados por falta de entendimento da língua, o Núcleo de Direitos Humanos e o Núcleo de Línguas da PUCPR, em parceria com o Instituto Vida Nova, passaram a ofertar, neste semestre, aulas de português para haitianos. Também são parceiros desse projeto a Diretoria de Identidade Institucional do Grupo Marista, o Instituto Ciência e Fé e a Escola de Educação e Humanidades.
A coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos da PUCPR, Jucimeri Isolda Silveira, ressalta a relevância da iniciativa. “Nós entendemos que é de fundamental importância que a Universidade abra as portas e acolha os haitianos, ofertando um curso que auxiliará a superar a primeira barreira que eles enfrentam ao chegar ao Brasil: o idioma”. Não falar o idioma do país em que se está vivendo impede os imigrantes de conseguir empregos, por exemplo. Sem emprego, sem salário. O que leva muitos a viverem nas regiões periféricas da cidade, onde os aluguéis de moradia são menores – em torno de R$ 400 por mês, segundo informações do Instituto. Mesmo com um diploma e uma Especialização em Educação, Teuvenot Elisias, 27 anos, que está no Brasil há um ano e é aluno do curso ofertado
Teuvenot Elisias: aluno das aulas de português e professor de francês.
“Nós entendemos que é de fundamental importância que a Universidade abra as portas e acolha os haitianos, ofertando um curso que auxiliará a superar a primeira barreira que eles enfrentam ao chegar ao Brasil: o idioma.” [Jucimeri Isolda Silveira, coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos da PUCPR] A coordenadora do Núcleo de Línguas da PUCPR Ane Palma conta que o curso foi montado para ser bastante comunicativo. “São 60 horas de curso e a professora usa a língua portuguesa o tempo todo para que os alunos se acostumem com o idioma. São feitas atividades de áudio, produção e recepção de textos, por meio dos quais são trabalhados vocabulário e estruturas da língua portuguesa”. Em uma análise macro, o fato de não se falar o português não dificulta apenas a comunicação cotidiana, mas também pode acarretar um grave problema social.
Via de mão dupla
pela PUCPR, não conseguiu um trabalho adequado à sua qualificação em Curitiba, e está morando na Vila Torres. “Eu dava aulas de francês e crioulo, no Haiti. Gostaria de fazer isso aqui, mas as escolas me dizem que preciso falar português fluente”. O caminho criado foi o de dar aulas particulares de francês para membros do Instituto e da PUCPR. A assistente social Karla Chugamm, que está diariamente em uma das sedes do Instituto, na Vila Torres, afirma que “a falta de comunicação impossibilita a socialização, sendo este um dos fatores determinantes para a marginalização dos novos imigrantes”. As áreas periféricas são também as mais vulneráveis e violentas. Conforme a pesquisa realizada pelo Instituto, dos haitianos que vivem na Vila, a maioria está morando em regiões onde o
tráfico é mais concentrado. A equipe de reportagem da Vida Universitária constatou isso em uma caminhada pelas proximidades do Instituto, passando por ruas onde vivem alguns haitianos. O uso e o comércio de drogas são feitos à luz do dia, sem nenhum acanhamento, e até com olhares de provocação a quem passa por ali.
Encurtando distâncias Elisias conta que, por vezes, enfrenta dificuldade de se relacionar com alguns brasileiros. “Português é uma língua complicada, há palavras diferentes em cada região do país e o sotaque também dificulta um pouco. Em São Paulo, onde morei quando eu cheguei, as pessoas eram mais solidárias e me ajudavam quando eu tinha algum problema. Aqui, em Curitiba, isso é raro”.
O Instituto, ao entender que os brasileiros também deveriam dar um passo para essa socialização, uma vez que o país assumiu a responsabilidade de acolher os haitianos, passou a ofertar aulas de francês e crioulo haitiano para a comunidade da Vila Torres e para os profissionais que atuam lá. “É preciso capacitar o outro lado, principalmente médicos e assistentes sociais, para que as necessidades da população imigrante também sejam atendidas”, afirma Karla. Elisias é o professor desse grupo. “Sinto que o brasileiro tende a achar que aprender outra língua é algo impossível e que isso só serve para o caso de viagens para fora do país. Isso não é verdade. Aprender uma nova língua permite que façamos novos amigos e conheçamos novas culturas. Além de não ser algo tão difícil assim. Eu já estou falando bem o idioma de vocês”, conclui Elisias, que concedeu a entrevista para esta matéria em “brasileiro” – como ele mesmo diz.
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diário de bordo
Visita
inforMatização
aUla
aMBUlatÓrio
os pacientes ainda dormem quando a médica Caroline de oliveira Costa, 25 anos, no primeiro ano de residência em ortopedia, entra no quarto 101 com quatro leitos – todos ocupados. “Bom dia”, vai ela dizendo com voz suave, mas bastante objetiva, enquanto acende a luz. “Como o senhor passou a noite? Está com alguma dor?”. As perguntas são breves e ela anota tudo em um caderno pequeno com bastante agilidade. na maca perto da porta, um traficante observa a cena com olhar desconfiado. Caroline conta que ali, no Hospital Universitário Cajuru (HUC), é bastante comum atenderem pessoas envolvidas no crime. “somos orientados a tratá-los sem alarde, mesmo sabendo quem eles são”. Cada residente é responsável por nove pacientes. Diariamente, Caroline tem cerca de 30 minutos para visitar todos os que estão sob os seus cuidados, logo na primeira hora da manhã. o médico marco Pedroni, chefe-geral da ortopedia do HUC, define que “residência é a fase em que o médico está colocando em prática todo o ensinamento teórico que teve na universidade”.
6h28, na sala dos residentes, no primeiro andar do hospital, uma caixa de pizza sobre a mesa – com cara de ser da noite anterior – dá indícios de uma rotina exaustiva e com tempo apertado. Pedroni pontua que, como o nome sugere, residência é o período em que o médico vai, quase literalmente, morar no hospital e ter acesso a todos os tipos de exames e métodos. sem rodeios, Caroline se senta em frente a um dos três computadores que tem na sala e começa a digitar o que presenciou e observou sobre os pacientes naquela manhã. Atualmente, tudo está no sistema. Assim, todos os médicos têm acesso ao prontuário. “Quando há médicos de várias áreas acompanhado o mesmo caso, ter as informações na rede facilita”, diz Caroline. Na parede direita, uma estante com vários livros sobre ortopedia e alguns raios X separados por categoria: ombro, mão, quadril, coluna, pés, pernas. Ficam à mostra somente os raios X que estão sendo utilizados para estudo ou de algum paciente que será operado em breve. os demais estão digitalizados e arquivados no sistema, junto com o prontuário.
Ao lado de Caroline, outro R1 (como são chamados os médicos que estão no primeiro ano de residência) também passa para o sistema suas anotações. outros residentes entram e saem da sala, sem ficar muito tempo por ali. todos precisam estar às 7h no auditório do terceiro andar para o “Bom dia, residente”, um momento em que eles têm aulas sobre a especialidade escolhida. Cada dia, fala-se sobre um tema: ortopedia pediátrica, traumas e reconstrução, coluna, entre outros. Ao entrar na sala, deve-se respeitar uma hierarquia. na primeira fila, sentam-se os R1; na segunda, os r2; e na terceira, os r3. A ideia é que, assim, qualquer pessoa que entrar no auditório saiba quem é quem no espaço. Durante uma hora de aula, discute-se sobre casos que estão sendo atendidos e todos são convocados a avaliar a situação, explicando seu ponto de vista.
Às segundas-feiras, Caroline não assiste à aula até o final, pois precisa estar às 8h no ambulatório, que está localizado na Rua Rockefeller. De carro, ela se desloca até lá. sem muito trânsito, ela chega pontualmente à unidade. o ambulatório está lotado. Há muitas crianças e idosos. Às 8h02, o primeiro paciente já está na sala de atendimento. é no ambulatório que se faz o acompanhamento de casos já atendidos e a troca de curativos. Por exemplo, Caroline atendeu um senhor que amputou o dedo há menos de um mês e estava sentindo dor e uma menina que precisava trocar o curativo da mão machucada. no final da manhã, chega um carro do Departamento de Execução Penal (Depen), trazendo um detento para ser atendido. Eles têm prioridade e a consulta deve ser rápida. todos os atendimentos são separados por categoria. nas segundas-feiras, apenas casos de mão são assistidos. Essa triagem deve ser feita pelas recepcionistas. é responsabilidade delas cumprir essa agenda. os residentes devem ficar até o último paciente ser atendido. Em geral, eles ficam na unidade até o fim da tarde.
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Prova de resistência
Com rotina exaustiva, residentes se dedicam integralmente ao aprendizado e ao bem-estar de seus pacientes. No dia a dia do Hospital Universitário Cajuru, credenciado pelo Ministério da Saúde como Unidade de Alta Complexidade em Ortopedia, não há tempo para cansaço, nem incertezas. É uma verdadeira prova de resistência física e psicológica. A equipe de reportagem da Vida Universitária acompanhou, durante uma semana, a residente em ortopedia Caroline Oliveira da Costa, ex-aluna da PUCPR. Por Michele Bravos
CirUrGia
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Em dia de cirurgia, o R1 é peça-chave para garantir que tudo corra como o previsto. é função desses residentes organizar a sala de cirurgia, separando os instrumentos e suportes necessários. todos paramentados de azul, oito profissionais – R1 e R2 de ortopedia, R1 de anestesia, instrumentador, técnico de enfermagem, radiologista, doutorando (acadêmica de último ano de medicina) e o médico responsável pela cirurgia – circulam pela sala de aproximadamente 15 m². Além da maca, há também aparelhos para acompanhar a pressão e os batimentos cardíacos e um aparelho de raio X.
o médico responsável chega e identifica um problema em um kit que seria utilizado. É preciso trocar tudo. Abrir um novo kit, organizar as peças. A mudança precisa ser feita com rapidez, uma vez que o paciente já está sedado e pronto para ser operado. o problema com o kit é de responsabilidade do laboratório fornecedor. Como tudo é controlado e contado, o descarte de um kit significa que uma cirurgia não aconteceu naquele dia como programada. Após quatro horas na sala de cirurgia, sendo duas horas e meia de operação, Caroline desce para a sala dos residentes. lá, descreve a cirurgia com detalhes no sistema. isso não leva mais que dez minutos. Ela precisa voltar ao centro cirúrgico e preparar tudo para a próxima operação. Há, ainda, cinco pela frente, sendo que a primeira costuma ser de maior complexidade.
Em um dos dias da semana, os residentes passam na enfermaria, acompanhados dos professores, analisando alguns casos específicos. Essa visita é uma aula/ prova sob bastante pressão psicológica. Entram, em um quarto, 15 residentes, dois professores e um professor convidado, que vem para contribuir sobre casos da sua especialidade. os professores assumem uma postura rígida e questionam os residentes sobre o tratamento que está sendo feito e hipóteses sobre o caso. Para evitar constrangimentos, os pacientes são avisados na manhã da visita que seu caso será apresentado ao grupo. Durante esse período, os professores deixam claro o quanto o médico precisa ter um entendimento amplo do contexto de vida de cada paciente. outro ponto no qual os alunos são cobrados é com relação ao excesso de exames que são solicitados. Além de isso cansar o paciente, há custos. isso deve ser levado em consideração.
Antes de entrar no auditório do terceiro andar para uma manhã de seminários, apresentação de artigos (elaborados nas horas vagas, que não são muitas) e discussão de casos interessantes, a equipe médica é abordada pelos representantes de laboratórios. todos estão no corredor que dá acesso ao auditório. Esse é o momento que eles têm para apresentar seus produtos. também participam dessa manhã de atividades os doutorandos. A ideia é que eles se acostumem com o ambiente hospitalar e com a rotina que os espera em breve. Por ano, são abertas seis vagas de residência para a ortopedia. Pedroni ressalta o quanto a medicina está sofisticada, atualmente, e a importância da residência nesse contexto. “na universidade, formamos generalistas. isso é necessário e importante para que tenham noção do todo, mas é preciso que se especializem para que possam atender melhor e com mais precisão”.
De dentro do maior pronto-socorro do estado do Paraná, escuta-se a sirene da ambulância. Ela está trazendo um motociclista que sofreu um acidente de trânsito. Caroline é ágil em prestar os cuidados necessários. o caso não é grave e o paciente está consciente. Assim começa a sua rotina, que só terminará dali a 24 horas, pois hoje ela tem plantão. Quando a rotina de plantão está mais tranquila, os médicos podem descansar em um quarto separado para eles. mas isso nem sempre acontece. Após o plantão, os médicos não trabalham nas próximas 24 horas.
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registro EXCELÊNCIA NA EDUCAÇÃO
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A PUCPR é a 1ª colocada do Paraná entre as universidades privadas no Ranking Universitário Folha 2014 (RUF) e a 3° melhor colocada em relação às instituições privadas de todo o Brasil. É a 32ª colocada geral entre as 192 universidades avaliadas. O RUF avaliou os indicadores: qualidade da pesquisa, qualidade de ensino, avaliação do mercado e indicador de inovação. A PUCPR teve a melhor avaliação no item mercado, no qual ocupa a 16ª posição, sendo que no Paraná apenas a UFPR está à frente nessa colocação.
A PUCPR teve 47 cursos de graduação estrelados com cinco, quatro e três estrelas – conceitos considerados excelente, muito bom e bom – no Guia do Estudante 2014 da Editora Abril. Receberam cinco estrelas os cursos de Administração, Marketing, Medicina, Odontologia, Sistemas da Informação, Educação Física e Pedagogia. Outros 24 cursos receberam quatro estrelas e 16 ficaram com três estrelas.
MARCANDO PRESENÇA
O curso de Engenharia de Alimentos participou do I Startup Foods da América Latina, projeto idealizado pela Nutrimental em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Paraná. O objetivo é incentivar o empreendedorismo na área da alimentação saudável, com foco na saúde e no bem-estar. Alunos de Nutrição, Gastronomia e Administração também participaram do evento. Diana Fachin, Flavia Auler e Alexandre Dhein compuseram a comissão julgadora. A especialidade de Nefrologia da PUCPR e da Santa Casa exibiu 13 trabalhos científicos no 27° Congresso Brasileiro de Nefrologia. O coordenador do Programa de Ciências da Saúde, Roberto Pecoits, foi o presidente do comitê científico do evento, além de palestrante, juntamente com Thyago de Moraes, Fellype Barreto, Daniela Barreto e Maurício de Carvalho. O professor Fellype Barreto também foi o organizador do curso internacional pré-congresso, com o tema “Toxicidade urêmica”.
A PUCPR participou, em Belém (PA), do XXIV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas em conjunto com XXII Workshop Anprotec, cujo tema foi “Fronteiras do empreendedorismo inovador: novas conexões para resultados”. Estiveram presentes representantes de NAGIs (Núcleos de Apoio à Gestão da Inovação), NITs (Núcleo de Inovação Tecnológica), agências e entidades como FINEP, Sebrae e Fundos de Investimentos, além de unidades autônomas e instituições de Ensino Superior. A equipe da Agência PUC de Inovação e do Tecnoparque, sob a direção do professor Álvaro Amarante, marcou presença nos workshops e seminários.
COMEMORAÇÃO
Para festejar os dez anos do Câmpus Maringá, completados em agosto, houve uma celebração com a presença dos dirigentes que fizeram história na Instituição, diretores e professores. A biblioteca do Câmpus recebeu doação da biblioteca pessoal do reverendo Robert Stephen Newnum e de sua esposa Maria Newnum. Newnum e o professor Luiz Alexandre Solano Rossi realizaram o descerramento da placa que marca a data.
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PELO MUNDO A professora Cláudia Turra Pimpão, do curso de Medicina Veterinária da PUCPR, em seu programa de PósDoutorado na China, foi convidada a ministrar uma palestra sobre regulamentações na inspeção de produtos de origem animal no Brasil na VI Conferência sobre Prevenção e Controle de Zoonoses de Chongqing, em Chongqing, China.
O coordenador do curso de Música da PUCPR, Jorge Falcón, participou do BKN 25 – Cornerstones in Music and Cognition, promovido pela Schulich School of Music da McGill University. O simpósio ocorreu em Montreal, no Canadá, e tratou de temas como psicologia da música, teoria musical e neurociência cognitiva.
LANÇAMENTO INTERNACIONALIZAÇÃO
A Editora Champagnat lançou o selo PUCPRess com o objetivo de identificar a editora com a marca PUCPR e remodelar o escopo editorial. De acordo com a diretora da Ed. Champagnat, Ana Maria de Barros, as obras lançadas pelo selo caracterizam-se pela análise criteriosa do conteúdo das publicações, pelo direcionamento ao público-alvo e pelo zelo editorial, desde o projeto gráfico às necessidades de uso de materiais, nos formatos impresso ou e-book. Além do selo PUCPRess, a editora tem também os selos Champagnat e PUCSul, em parceria com a editora da PUCRS.
INTERNACIONALIZAÇÃO
A PUCPR assinou um convênio com a Universitat de Vic – Universitat Central de Catalunya (UVic-UCC) da Espanha, que oferta a dupla diplomação para alunos dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Engenharia de Controle e Automação. A parceria veio depois de intensos trabalhos em conjunto das duas universidades em 2013 e 2014. A PUCPR e a UVic-UCC também estão estudando a possibilidade de ofertar a dupla diplomação para o curso de Marketing e também para a área da saúde.
A PUCPR recebeu a primeira edição brasileira do evento Kids Hack Day. O projeto nasceu na Suécia há um ano e foi desenvolvido por um time de suecos e brasileiros – entre eles Gregory Carniel, da Lead Instigator Brasil. Nesse período, o Kids Hack Day já aconteceu em 15 cidades de diferentes países. No evento, as crianças aprendem noções básicas sobre condutividade e circuitos, descobrindo na prática como isso funciona.
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© Fotos: gilberto do rosário
terapia à base de
Estudos cada vez mais frequentes comprovam que a convivência com animais de estimação contribui com a saúde e pode até aumentar nosso tempo de vida Por Claudia Guadagnin, especial para a Vida Universitária
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Difícil encontrar quem resista a tantos encantos. Quem tem ou já teve um animal de estimação sabe o bem que eles costumam fazer. Talvez por isso, dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) revelam que o Brasil fica em quarto lugar no ranking mundial da população de pets, atrás apenas de China, Estados Unidos e Reino Unido. São mais de 37 milhões de cães e 21 milhões de gatos espalhados pelo país, responsáveis por movimentar um mercado de, aproximadamente, R$ 15,4 bilhões. O que algumas pesquisas revelam, no entanto, é que ter contato com um animal de estimação pode oferecer experiências ainda mais significativas. Eles são capazes, por exemplo, de prevenir doenças respiratórias, contribuir com a saúde de gestantes, ajudar pessoas com autismo, que se recuperam da dor do luto e levar conforto e alegria a crianças, idosos e hospitalizados.
De acordo com uma investigação da Universidade de Kitasato, no Japão, pacientes com doenças crônicas que contam com a companhia de um animal de estimação têm o coração mais saudável em comparação aos que não convivem com nenhuma espécie. O estudo acompanhou 191 pessoas, com idade entre 60 e 80 anos, com diabetes, pressão e colesterol altos. Seus batimentos cardíacos foram monitorados por 24 horas e no grupo dos que conviviam com os pets, a sobrevida foi de um ano. Outro estudo realizado por psicólogos da Universidade de Miami e St. Louis, nos Estados Unidos, revelou que pessoas que convivem com cães ou gatos têm mais qualidade de vida e conseguem resolver melhor as diferenças individuais. Segundo o pesquisador Allen McConnel, o resultado está relacionado à menor sensação de solidão e preocupação e maior extroversão e consciência do que ocorre à sua volta. A pesquisa considerou respostas de 217 pessoas, sendo 79% mulheres com idade média de 31 anos. Tatiany Porto ministra a disciplina de Análise Experimental do Comportamento no curso de Psicologia da PUCPR e lembra que, cada vez mais, terapeutas e profissionais da saúde contam com os bichanos para auxiliar em tratamentos médicos. Por meio da chamada “terapia assistida com animais” (TAA), resultados expressivos vêm sendo conquistados. “São inúmeras as comprovações de que os pets promovem sensações de bem-estar e ajudam no tratamento de diversos problemas, como a depressão, por exemplo”.
Pet terapia e autismo Em 2012, especialistas do Centro de Pesquisa do Hospital de Brest, na França, comprovaram que crianças autistas que conviveram com cães ou gatos quando já tinham mais de cinco anos de idade demonstraram mais chances de apresentar melhora no relacionamento com outras pessoas se comparadas às que passaram a vida sem conviver com nenhum animal de estimação. Marisol Montero Sendin é psicanalista no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq), onde, em parceria com a ONG TAC (Terapias Assistidas por Cães), são mantidos alguns grupos de pesquisa sobre autismo, entre eles, o projeto Cães e Crianças Autistas, que trabalha com pacientes de quatro a 18 anos. Ela explica que os trabalhos do instituto promovem a participação do animal como facilitador e mediador das atividades terapêuticas desenvolvidas, seja para reabilitação física, emocional ou social do indivíduo. Em 2010, a iniciativa recebeu menção honrosa no prêmio Doutor Cidadão, da Associação Paulista de Medicina (APM), que contemplou iniciativas de médicos desenvolvidas em São Paulo para benefício da comunidade. “Há vários
VOCÊ SABIA?
Bebês que convivem com cães e gatos são mais saudáveis e resistentes a alergias Pesquisadores da Universidade da Finlândia acompanharam o primeiro ano de vida de 397 crianças. Ao final da análise, descobriram que o contato com os animais, mais especificamente com cachorros, foi o responsável por menos casos de infecções respiratórias e por um menor contato com antibióticos.
Gestantes que têm um cachorro de estimação são mais saudáveis Cientistas da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, avaliaram o comportamento de 11 mil mulheres que estavam na 18ª ou 32ª semana de gravidez. Foram levadas em conta informações como peso, altura, tempo para o lazer e se tinham um animal de estimação. A conclusão mostrou que as que contavam com a companhia de um cachorro apresentavam uma chance 50% maior de caminhar rapidamente por, pelo menos, 30 minutos ao dia.
relatos de mães de crianças com transtornos do espectro autista que revelam mudanças de comportamento dos pacientes durante o tratamento. Diminuição do isolamento, das crises de agressividade e das fobias e melhorias comportamentais são algumas das características mais facilmente observáveis, que se manifestam em ambientes além do hospital, como a casa e a escola”, explica. Marisol lembra, ainda, que diante de situações como perdas, luto, doenças, isolamento por transtorno mental, solidão e envelhecimento, a presença de animais é capaz de diminuir o isolamento e incentivar o contato afetivo, social, a empatia e o desenvolvimento de vínculos de apego. “Pessoas de qualquer idade que convivem com animais também tendem a ser mais ativas fisicamente. Controlando o peso, existe a melhora da função cardiovascular e a manutenção do tônus muscular, por exemplo. O contato com os pets também aumenta a produção de ocitocina, hormônio relacionado ao afeto e à interação social”, esclarece.
“Há vários relatos de mães de crianças com transtornos do espectro autista que revelam mudanças de comportamento dos pacientes durante o tratamento.” [Marisol Montero Sedin, psicanalista]
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qualidade de vida
“Imaginava ser possível unir pessoas e animais para fazer o bem e tornar o mundo um pouquinho mais alegre com a presença desses ‘anjos de quatro patas’.”
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[Letícia Castanho, médica veterinária e idealizadora do projeto Amigo Bicho]
Sonho concretizado O projeto Amigo Bicho nasceu de um sonho antigo da médica veterinária Letícia Castanho. “Imaginava ser possível unir pessoas e animais para fazer o bem e tornar o mundo um pouquinho mais alegre com a presença desses ‘anjos de quatro patas’”. As ações tiveram início em 2005, na cidade da Lapa, onde visitas a um asilo eram promovidas durante os finais de semana. Depois, o Hospital Pequeno Príncipe, escolas especiais e orfanatos de Curitiba foram conquistados pela credibilidade da iniciativa. Hoje, 37 cães e 42 voluntários se revezam nas visitas a dez instituições da capital paranaense, entre elas, o Hospital Universitário Cajuru, administrado pelo Grupo Marista. Letícia também explica que o Amigo Bicho desenvolve algo inédito na terapia assistida com animais na cidade. Em parceria com a terapeuta ocupacional Andressa Chadour, o projeto promove um circuito de fisioterapia para portadores de Parkinson. Uma vez por mês, a terapia convencional é substituída pelo contato com os cães. “O resultado é fantástico! Na Associação de Parkinson, temos o exemplo de um senhor que só participa da terapia nos dias do Amigo Bicho. Ele se locomove com cadeira de rodas e precisa da ajuda de familiares para sair de casa. Mesmo assim, não falta a nenhuma sessão. É emocionante ver a expressão de alegria dele”, conta a veterinária.
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Para participar do projeto, os cães são submetidos a uma rigorosa análise. Devem estar com a saúde perfeita, vacinas e vermífugos em dia, além de precisarem passar por um teste comportamental realizado por um especialista em comportamento animal. Letícia explica que, nos hospitais, os cuidados são redobrados. “Hoje, a aceitação do nosso trabalho é melhor. Contamos com o apoio de muitos médicos, que entendem que a terapia assistida com animais proporciona incontáveis benefícios a paciente, familiares, acompanhantes, enfermeiros e toda equipe médica. Uma pessoa feliz e disposta certamente responde melhor a qualquer tratamento”.
“Pessoas de qualquer idade que convivem com animais também tendem a ser mais ativas fisicamente. [...] O contato com os pets também aumenta a produção de ocitocina, hormônio relacionado ao afeto e à interação social.” [Marisol Montero Sedin, psicanalista]
Contato que conforta Em Nova Iorque, cães e gatos têm sido usados em prisões como forma de melhorar o clima interno. Na penitenciária feminina de Bedford Hills, por exemplo, detentas ajudam a adestrar filhotes de labradores e golden retrievers. Depois de um ano, eles são doados a pessoas com deficiência físicas ou estresse póstraumático. Desde 2008, uma instituição de caridade da Igreja Luterana nos Estados Unidos envia cães de terapia para lugares onde ocorreram tragédias nacionais. A iniciativa busca confortar pessoas que se recuperam da dor do luto.
Quer ser voluntário? Para contribuir com o Amigo Bicho, é preciso dedicação. Os candidatos devem assistir a uma palestra do CAV (Centro de Ação Voluntária), com duração de uma hora, garantir as perfeitas condições de saúde do animal e entrar em contato com o projeto para participar da avaliação da equipe. Depois de aprovado, o voluntário assiste a outra palestra, agora sobre terapia e atividades assistidas com animais, para entender objetivos, regras e técnicas do trabalho.
drops Aplicativo facilita a vida dos estudantes
© Foto: Miguel Ruiz
Alunos de Jornalismo da PUCPR visitam o FC Barcelona
O FC Barcelona recebeu a visita de um grupo de estudantes de Jornalismo da PUCPR na véspera da sua estreia na UEFA Champions League 2014/15, contra o APOEL. O Barça, de forma excepcional, permitiu que os futuros jornalistas paranaenses vissem de perto como é um dia de trabalho no clube um dia antes do início de sua competição mais importante.
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Design de Moda EM parceria com o Grupo de Teatro TanaHora
Os integrantes do Centro Acadêmico de Medicina Mário de Abreu (o Camma) decidiram desenvolver, no início deste ano, o iCamma, aplicativo disponível em iOS que reúne importantes informações para o dia a dia dos acadêmicos de Medicina da PUCPR, como calendário do ano todo, recados enviados pelos representantes de turma, horário das aulas de cada período, contato dos professores para PIBIC e muito mais. O objetivo é que ninguém fique por fora do que acontece no curso.
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Enfermagem promove oficinas para gestantes
O grupo de teatro da PUCPR, TanaHora, estreará seu novo espetáculo em outubro. A peça será baseada em texto do italiano Luigi Pirandello e as alunas do 8° período do curso de Design de Moda são responsáveis pelo figurino da peça.
O acadêmico do doutorado PPGIA (Programa de Pós-Graduação em Informática) André Menolli (o segundo da esquerda para a direita) conquistou o 2º lugar no Concurso de Teses e Dissertações em Qualidade de Software (CTDQS), no Simpósio Brasileiro de Qualidade de Software (SBQS) 2014. Com o trabalho “Ambiente colaborativo semântico voltado à aprendizagem organizacional para empresas de desenvolvimento de software”, Menolli desenvolveu seu projeto no Grupo de Pesquisa em Engenharia de Software (GPES) do PPGIA sob orientação da Profª Drª Andreia Malucelli, com co-orientação da Profª Drª Sofia Pinto, da Universidade de Lisboa.
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Doutorando do PPGIA conquista 2º lugar em concurso
Estudantes do 5º período do curso de Enfermagem, da Escola de Saúde e Biociências da PUCPR, participaram da oficina de semiologia obstétrica “Visualizando o ser”. A oficina foi desenvolvida pela professora da disciplina de Saúde da Mulher, Adelita Gonzalez M. Denipote, e proporcionou aos participantes (acadêmicos, gestantes e familiares) um ambiente de aprendizado descontraído, acolhedor e humanizado.
Equipe vencedora do III Missão Saúde
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Alunos visitam a AFRIS
Os alunos do curso de Psicologia da PUCPR Câmpus Toledo realizaram uma visita técnica à Associação Friedrich e Ingrun Seyboth – Filadélfia (AFRIS), antigo Hospital Psiquiátrico Filadélfia, de Marechal Cândido Rondon. O objetivo era ampliar o conhecimento sobre psicopatologia. Os alunos da turma do 3º ano do curso puderam conhecer a equipe do serviço de psicologia e psicopedagogia do hospital e debater temas atuais sobre tratamento, internação e alta em psicologia e psiquiatria.
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Alunos visitam terminal de cargas do Aeroporto
A equipe vencedora do III Missão Saúde, promovido pela Escola de Saúde e Biociências, foi a iSaúde, que propôs um aplicativo para desenvolver soluções alimentares sob medida para qualquer pessoa. Basta cadastrar os resultados de exames de sangue e pressão para receber dietas alternativas. Assim, você entende melhor o que está comendo e pode prevenir doenças como obesidade, hipertensão, colesterol e diabetes. Cada integrante levou para casa uma bicicleta.
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aluno de direito de londrina apresenta o pbic
Os alunos da Especialização em Logística Empresarial da Escola de Negócios da PUCPR realizaram, no dia 27 de setembro, uma visita técnica ao terminal de cargas do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais/PR. Esta visita faz parte de um conjunto de atividades proporcionadas pelo curso e que busca inserir os alunos em ambientes de prática profissional para que tenham uma formação completa, aliando a realidade do ambiente logístico às teorias e aos conceitos apresentados durante o curso.
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ALUNOS DE DESIGN DE PRODUTO E A Meu Móvel de Madeira
Alunos do 3º período de Design de Produto, orientados pelos professores Aguilar Selhorst e Paulo D’Assumpção Zaniol, apresentaram para os designers da Meu Móvel de Madeira – Alexandre Oliveira, Grasielli Leite, Juliano França e Rodrigo Schroeder – os projetos desenvolvidos na parceria do curso com a empresa. Nesta parceria, os empreendedores ofereceram aos alunos treinamento, visita à indústria e material para que eles desenvolvessem seus protótipos. Os projetos de destaque serão produzidos pelo fabricante e seus criadores serão remunerados pelas vendas dos produtos dentro do programa “Meu primeiro royalty”.
Guilherme Augusto Lippi Garbin, acadêmico de Direito do Câmpus Londrina da PUCPR, participou do Encontro Nacional de Pesquisadores e Pesquisadoras de Políticas de Juventude, promovido pela Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República em Brasília. No encontro, o estudante apresentou sua pesquisa de PIBIC, “Estatuto da Juventude: uma análise das antinomias legislativas decorrente da hermenêutica jurídica”, além de mostrar o Observatório das Juventudes junto à comunidade de pesquisadores de juventudes.
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vem aí
Programe-se ConVitE
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Fique mais próximo da Vida Universitária! Envie-nos suas dúvidas sobre o mundo acadêmico, sugestões de pautas, informações sobre eventos e críticas. Assim, você estará sempre conectado com a equipe da revista e vai ter acesso aos conteúdos de seu maior interesse. Participe!
Curitiba sediará pela terceira vez o Congresso Brasileiro de neurologia, que está na sua 26ª edição. o congresso acontecerá no Expo Unimed Curitiba e irá apresentar novas perspectivas no ramo da neurologia com profissionais renomados. Serão mais de 90 temas, aproximadamente 400 palestrantes, sendo 26 estrangeiros.
conteudo@grupomarista.org.br vidauniversitaria.pucpr.br
www.neuro2014.com.br
23_a_31_JanEiro_ 2015 A 18ª Mostra de Cinema de tiradentes, maior evento do cinema brasileiro contemporâneo, inaugura a temporada do audiovisual do país, apresentando a diversidade da produção cinematográfica em mais de 100 filmes durante nove dias de programação. www.mostratiradentes.com.br
Brasil_Passado_E_fUtUro A mostra “Brasil, Passado e Futuro”, que está sendo realizada desde 9 de setembro, permanece no Memorial de Curitiba até 4 de janeiro de 2015. Nela, o público é convidado a uma visita ao passado do Brasil e a uma reflexão sobre o futuro. A mostra aborda de forma dinâmica as diversas características – políticas, econômicas, sociais e culturais – que formam a nação brasileira. Para estudantes e educadores, são oferecidos dois guias da exposição: o guia do Visitante, com a síntese do conteúdo do projeto; e o guia do Professor, com a síntese do conteúdo e sugestões para trabalhar os temas em sala de aula. bit.ly/1xq1wLi
if_stUdEnt_dEsiGn_aWard_2015
19_a_22_noVEMBro O congresso acontecerá em Curitiba, entre os dias 19 e 22 de novembro, no Expo Unimed Curitiba. A programação do evento será voltada à prática da assistência à saúde com foco nos pacientes, trazendo atualização e novidades da experiência e vivência de profissionais renomados. Além disso, estão programadas atividades em áreas contemporâneas, contemplando uma sala cirúrgica, uma Uti e diversos estandes com produtos e serviços. www.abev.com.br/controledeinfeccao
Estão abertas, até o dia 15 de dezembro, as inscrições para o iF student Design Award, prêmio voltado para estudantes ou recém-formados nas áreas de design, arquitetura e marketing. Realizado anualmente, o iF Student Design Award premia 100 projetos entre os mais inteligentes, criativos e inovadores dentro de cada disciplina: Design de Produto e industrial; Design de Comunicação e multimídia; Design de moda; e Arquitetura e Design de interiores. As inscrições são gratuitas e estão disponíveis via internet. no total, serão distribuídos mais de 30 mil euros em dinheiro. www.ifdesign.de/student_index
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13º_ConGrEsso_ BrasilEiro_dE_ HansEnoloGia O congresso será realizado em Curitiba, de 21 a 25 de novembro. O evento terá programação científica variada, incluindo cursos pré-congresso, conferências, simpósios, mesas redondas, apresentações, temas livres e sessões de pôsteres e de experiências exitosas na atenção primária. bit.ly/1tC51dM
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pergunte pra puc
E aGora? A vida acadêmica é rica em descobertas e experiências. Um mundo novo se abre a cada livro, a cada leitura, a cada conversa ou aula. Mas, como não poderia deixar de ser, essa vivência é repleta de perguntas. Dúvidas a respeito do universo acadêmico, que envolvem, acredite, não só você, mas a mente de muitos alunos que cursam o Ensino Superior. Fomos atrás de algumas dessas questões frequentes e comuns, e buscamos respostas para você tirar suas dúvidas aqui, na Vida Universitária.
qUais são os Critérios Para aBErtUra dE noVas tUrMas Para os CUrsos?
dErYCK WillE Engenharia mecânica 4º período
QUEm rEsPonDE: Paulo Baptista, pró-reitor administrativo e de desenvolvimento da PUCPr: Considerando o nosso compromisso com
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o desenvolvimento do estado, o critério utilizado é de existência de demanda da sociedade por determinada área de conhecimento e formação. Após avaliarmos esta questão, identificamos nossa capacidade para oferecer um curso com elevada qualidade. Existindo essa combinação entre demanda e recursos que envolvem um corpo docente qualificado e estrutura necessária – como laboratórios e equipamentos -, lançamos um novo curso ou uma nova turma. Essa abertura não precisa ser previamente autorizada pelo Ministério da Educação (MEC), uma vez que a Universidade possui autonomia para lançar novos cursos e ampliar vagas.
dEsdE qUando o PontifíCia UniVErsidadE CatÓliCa atUa no Paraná? o GrUPo Marista EstEVE dEsdE o CoMEço JUnto CoM a PUCPr?
GaBriEllE YoKota Administração 5º período
QUEm rEsPonDE: másimo Della Justina, Chefe de gabinete da reitoria da PUCPr: Quando a Católica do Paraná foi fundada, em 1959, ela era admi-
nistrada por diversas ordens religiosas, junto com a diocese de Curitiba. Em 1974, a Católica foi assumida pelos Maristas, sendo que o Grupo Marista foi criado na corrente década. O título de Pontifícia veio em 1984.
qUal é o siGnifiCado das CorEs qUE rEPrEsEntaM as EsColas E os BloCos da PUC? QUEm rEsPonDE: José Casela, pró-reitor Comunitário da PUCPr: Essas cores foram definidas no plano diretor, onde foram estabelecidos os princípios e regras orientadoras de construção e utilização do espaço urbano do Câmpus, assim como a organização visual
dos espaços. As cores possuem uma afinidade com os cursos e profissões, sendo a Escola de Educação e Humanidades na cor amarela, Escola de Direito na cor vermelha, Escola Politécnica na cor azul, e Escola de Saúde e Biociências e Escola de medicina na cor verde.
Como a Universidade é uma entidade viva, em constante evolução, há sempre a oportunidade para refletirmos sobre a sua identidade e a representatividade visual de seus espaços.
Maíra Karas relações Públicas 7º período
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Além de mobilizar diversos projetos que promovem a música, o teatro e a gastronomia, a Lumen FM dedica boa parte de seus programas à cultura. Como o Lumenoso, que dá dicas diárias do Circuito Cultural de Curitiba, e o Arte na Mesa, que revela receitas e dicas culinárias do renomado chef Celso Freire. Então aproveite, ouça e descubra um universo de cultura na Lumen FM. Acesse www.lumenfm.com.br e confira a programação completa.
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