Projeto Aracê (2007 a 2014)

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Projeto Aracê Inclusão Produtiva

Ações: Março de 2007 a dezembro de 2014 1


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Sumário (este documento segue uma linha cronológica)

Projeto Aracê, 7 Objetivo geral, 8 Parceiros, 9

Metodologia, 11

Inclusão Produtiva Aracê, 13 Gerência de Inclusão produtiva, 17 Processo de seleção para contratação, 21 Processo de acompanhamento, 22 Oficinas de trabalho, 24 Metodologia de Sensibilização, 27 Elos, 43

Implantação, 48 2007 a 2009, 49 2010, 81 2011, 84 2012 e 2013, 86 2014, 91

Contratações, 95 Festas Vina, 196 Visão da Vina sobre o Projeto, 199 Ficha Técnica, 200 Contatos, 201 Anexos, 203

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Somente os parceiros, diretos e indiretos, do Projeto Aracê têm acesso a este relatório. Assim, as imagens e nomes reais dos integrantes do Projeto, aqui apresentados, serão omitidos caso este documento venha a ser divulgado publicamente. Durante todo o processo de implantação do Projeto Aracê, a Vina insistiu com os parceiros sobre a necessidade de registrar todos os acontecimentos com documentos e fotos. Os parceiros não tiveram disponibilidade para a construção, em equipe, dos registros a partir do ano de 2008. Ao perceber que as informações estavam se acumulando, a Vina assumiu a coordenação das mesmas e tomou a iniciativa de divulgar o projeto-piloto Aracê – de acordo com a visão da empresa – para mostrar que a essência do Projeto é viável: inclusão social via mercado formal de trabalho.

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Projeto Aracê Aracê: do Tupi-guarani: aurora, o nascer do dia. A ideia Em 2005, durante o Festival Lixo e Cidadania, ficou evidente a grande dificuldade em inserir no mercado formal de trabalho pessoas com trajetória de exclusão. As políticas públicas e as Organizações não governamentais (ONGs), na tentativa de resgate dessas pessoas, conseguiam atuar só até certo ponto nesse processo. Mas ainda era necessária a participação do setor privado para que se completasse o ciclo de inclusão: a carteira assinada como garantia de trabalho e símbolo de cidadania. A Diretoria da Vina Gestão de Resíduos Sólidos e Locação de Equipamentos se sensibilizou com a questão e agiu: entrou em contato com os atuais parceiros e colocou para o grupo a sua disposição em desenvolver um projeto-piloto de Inclusão Social que demonstrasse, na prática, a viabilidade do resgate da cidadania via mercado formal de trabalho. A empresa se propunha a ser o “laboratório” do Projeto para que, num futuro próximo, essa experiência pudesse sensibilizar outras empresas e, assim, tivesse início um ciclo capaz de promover a quebra de um paradigma social. O projeto O Projeto Aracê1 foi todo concebido em parceria. A Vina não tinha um modelo pronto e não fez nenhum tipo de imposição, por acreditar que esse projetopiloto deveria ser construído a partir das experiências e demandas apresentadas pelos parceiros para que, juntos, pudessem buscar mecanismos de inclusão social via mercado formal de trabalho. Em março de 2007, o Projeto Aracê começou a ser colocado em prática e, em dezembro do mesmo ano, um Termo de Cooperação2 foi assinado.

Informações sobre o Projeto-piloto Aracê encontram-se disponíveis para consulta no Departamento Socioambiental. 2 O Termo de Cooperação encontra-se disponível para consulta no Departamento Socioambiental. 1

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A partir da proposta da Vina para a inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade social no seu quadro efetivo, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio do seu Projeto de Saúde Mental, a Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social, por meio da sua Gerência de Inclusão Produtiva, e a Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte constituíram, junto com a Vina, uma equipe de referência para criar e desenvolver um projeto-piloto de inserção produtiva, no qual todas as etapas do processo deveriam ser cuidadosamente acompanhadas. Este projeto-piloto tem como objetivo buscar soluções práticas que provoquem a reinserção desse público na sociedade, com respeito e dignidade, assim como servir de parâmetro para que outras empresas, a partir desta experiência prática, possam abrir suas portas para ampliar as possibilidades do exercício da responsabilidade social.

Objetivo geral Possibilitar a inserção produtiva no mercado formal de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Essa inserção possibilitará a melhoria da qualidade de vida para o indivíduo e para sua família, o resgate da cidadania e a promoção social. Objetivos específicos ! Ampliar

as

possibilidades

de

inserção

de

pessoas

em

estado

de

vulnerabilidade social no mercado de trabalho; ! Possibilitar a geração de renda e a inclusão produtiva de pessoas com trajetória de rua, como, também, da saúde mental; ! Criar elementos que subsidiem a discussão sobre implementação de políticas públicas de inclusão produtiva que contemplem esse público; ! Colocar em prática a responsabilidade social; ! Disseminar a experiência em diferentes frentes, com apresentação dos resultados alcançados; ! Despertar o interesse em outras empresas de criar programas similares.

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Os parceiros Para os parceiros do Projeto Aracê, a responsabilidade social é o compromisso que uma organização deve ter com a sociedade, expresso por meio de ações e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a uma comunidade, de modo específico. Assim, numa visão expandida, responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. (ASHLEY, 2002, p. 06).

Vina Gestão de Resíduos Sólidos e Locação de Equipamentos Empresa de Belo Horizonte que atua nas áreas de gestão de resíduos sólidos e de locação de equipamentos. Os esforços empreendidos na busca de formas mais compatíveis e inteligentes de relacionamento com a sociedade, o meio ambiente e a economia, levaram a Vina a promover parcerias com diferentes setores do poder público, instituições acadêmicas e do terceiro setor, sob a coordenação do seu Departamento Socioambiental. PBH: Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social – SMAAS A SMAAS investe em ações que promovem a socialização, a convivência familiar e comunitária do indivíduo, visando também à prevenção de situações de risco e exclusão social. Nessa ótica, a Gerência de Inclusão Produtiva é a responsável pela qualificação e geração de trabalho e renda. Assim, acolhe as pessoas excluídas do mercado de trabalho na perspectiva do resgate da cidadania de forma articulada e integrada, buscando a capacidade produtiva e a autonomia dos usuários da Política de Assistência Social da PBH. PBH: Secretaria Municipal de Saúde – SMSA Essa rede tem como diretriz norteadora e como política o projeto antimanicomial que vem ancorada na insígnia “por uma sociedade sem manicômios”. O atual projeto de saúde mental busca a reinserção social do portador de sofrimento mental.

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Com o Projeto Aracê, abriu-se uma possibilidade de acesso ao mercado formal de trabalho como mais uma forma de resgate da cidadania. Além do projeto Aracê,

a

SMSA

vem

acompanhando,

através

da

Incubadora

de

Empreendimentos Econômicos e Solidários, alguns de seus usuários que se organizaram

numa

Associação

de

Trabalho

e

Produção

Solidária,

autogestionária, chamada Suricato3, que é o resultado da combinação entre o desejo de sustentar uma nova identidade e o empoderamento de seus associados, historicamente submetidos a um processo de exclusão. Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte A Pastoral de Rua atua, em Belo Horizonte, desde 1987. Uma das linhas de ação da Pastoral de Rua é a construção de alternativas de geração de trabalho e renda para pessoas com trajetória de exclusão, além de buscar alternativas que se constituam em políticas públicas. Em parceria com a SMAAS e com a ASMARE, a Pastoral encaminha e acompanha ex-moradores de rua para grupos organizados de geração de trabalho e renda.

O Suricate (Suricata suicatta) é um mangusto que, ao contrário de seus parentes de hábitos noturnos ou crepusculares, adora o sol e sai da toca ao amanhecer para só voltar no fim da tarde. Frágil diante dos grandes predadores, sua principal estratégia de sobreviver é a solidariedade. 3

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Metodologia 11


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Inclusão Produtiva Aracê Mercado Formal de Trabalho Proposta Conceitual A ação primordial do Projeto Aracê consiste na implementação de processos metodológicos que assegurem aos indivíduos possibilidades de criar e/ou resgatar vínculos com o trabalho formal. A construção de um modelo de geração de trabalho e renda condizente com as necessidades de formação do usuário da política de Assistência Social tem como premissa garantir a prática democrática da garantia de direito ao trabalho, difusora de uma cultura geral e de valores éticos e políticos de emancipação social. Tendo como direção esse princípio, a proposta conceitual e metodológica do Projeto Aracê se apoia nas seguintes diretrizes: 1. Ampla reflexão em torno das noções de exclusão e inclusão social e da própria concepção de trabalho; 2. Análise sistemática e acompanhamento da experiência-piloto do Projeto Aracê; 3. Trabalhar as múltiplas dimensões (intelectual, afetiva, ética e estética) buscando uma relação dialética entre a profissionalização e o trabalho como experiência de formação e realização humana.

Caracterização do público-alvo População de Rua Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social /PBH Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte A população adulta com trajetória de vida nas ruas de Belo Horizonte é, em sua maioria, do sexo masculino e tem menos de 40 anos de idade. Portanto, são pessoas que se enquadram na faixa produtiva. Nesse segmento, predomina a baixa escolaridade com percentuais ainda significativos de analfabetos, dos que cursaram até a 4ª série do Ensino Fundamental e dos que concluíram o Ensino Médio. 13


Mais da metade dessa população é oriunda do interior de Minas Gerais e de outros Estados. São pessoas que possuem em comum: a garantia de sobrevivência

por

meio

de

atividades

nas

ruas;

vínculos

familiares

interrompidos ou fragilizados; e a não referência de moradia. Enfim, são expressões da exclusão socioeconômica, do desemprego, do déficit habitacional, dos processos de migração e do crescimento urbano acelerado. SMSA - Secretaria Municipal de Saúde/PBH: Centros de Convivência A clientela dos Centros de Convivência é composta por portadores de sofrimento mental que se encontram em tratamento. Suas oficinas e atividades coletivas compõem o eixo do trabalho dos Centros, nos quais encontramos uma articulação permanente com os espaços do seu território e da cidade. É típico da dinâmica da Reforma Psiquiátrica o surgimento de experiências inovadoras e de novas tecnologias em resposta aos desafios do cuidado e da inclusão social.

Pastoral de Rua - eixos norteadores: Abordagem, acolhida e mobilização A abordagem é o momento da aproximação, da criação de vínculos com o povo da rua, e tem por objetivo ser uma presença nesse meio e mobilizar o morador de rua para novas alternativas de vida. A acolhida se propõe a oferecer um espaço afetivo e acolhedor para criação de vínculos e de laços comunitários. A mobilização é o processo de promoção de ações coletivas e de realização de oficinas e momentos de lazer, de confraternização, de vivência mística e de apoio ao Movimento Nacional da População de Rua. Apoio à luta por moradia Apoiar e incentivar a efetivação de políticas públicas de habitação, colaborar para a criação de novas alternativas de moradia. Apoio social e jurídico junto a moradores de ocupações. Acompanhamento social e jurídico junto à Associação Moradia Para Todos e a ex-moradores dos viadutos.

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Trabalho e geração de renda Favorecer o processo para inclusão no trabalho, acolhendo as demandas. Apoiar as capacitações e os encaminhamentos a novas frentes de geração de trabalho e de renda e fortalecer parceiras. Participação efetiva em projetos de inclusão produtiva: Reciclos, ASMARE, Ecobloco, Fábrica Social, oficina de mosaico e outros. Participação na Colegiada da ASMARE e apoio aos Catadores na luta pela inclusão no trabalho. Parcerias com empresas privadas – como a Vina – para inclusão no trabalho formal. Articulação Visa à construção de parcerias com universidades, com o poder público e com entidades diversas para dar visibilidade às questões do povo da rua e da Ação Pastoral. Formulação e proposição de políticas. Elaboração de projetos, subsídios e material de formação e capacitação. Destaca-se a articulação e participação no Fórum da População de Rua. Direitos Humanos Apoio e defesa do direito à vida e a dignidade da pessoa. Contemplar a formulação de denúncias junto a órgãos de defesa e entidades diversas. Estabelecimento de grupos de discussão para encaminhamentos. Produção de material informativo.

Secretaria Municipal de Saúde Centros de Convivência Os Centros de Convivência são serviços que integram a rede substitutiva ao hospital psiquiátrico na atenção à saúde mental e que oferecem aos portadores de sofrimento mental oficinas de arte, artesanato e atividades externas, com o objetivo da sua (re) inclusão na cultura, na rede social. As oficinas são o eixo organizador do cotidiano desses serviços, orientados por atividades de criação e expressão (artes plásticas, música, teatro, bordado, reciclagem, letras, etc.), e se constituem num espaço em que a convivência estimula o encontro, a (re)construção de relações e oferece a cada sujeito uma ampliação de seu repertório expressivo.

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Por atuarem prioritariamente no campo da cultura e não no da saúde, têm valor estratégico para efetivar a inclusão social. Não são equipamentos assistenciais e não realizam atendimento médico ou terapêutico. A dinâmica da Reforma Psiquiátrica promove o surgimento de experiências inovadoras e de novas tecnologias em resposta aos desafios do cuidado e da inclusão social. Os Centros de Convivência são uma dessas experiências. - Associação Suricato – MG É um Empreendimento Econômico Solidário que visa à conquista da autonomia financeira e da cidadania pelos portadores de sofrimento mental por meio da geração de trabalho e de renda. Desenvolve trabalhos em marcenaria, costura, culinária e mosaico. Vale esclarecer que a Suricato, assim como qualquer proposta de geração de trabalho e de renda, não se realiza no espaço do Centro de Convivência, não constitui ação desse equipamento, mas recebe o apoio de seus trabalhadores e usuários. - GAINP – Grupo de Apoio a Inclusão Produtiva Esse grupo foi criado em 2007 com o objetivo de viabilizar as ações de inserção do público junto ao mercado de trabalho. Com reuniões participativas e periódicas e sob a coordenação de equipe técnica, o grupo trata de questões sobre mercado de trabalho, análise de conjuntura, qualificação profissional, preenchimento de currículo, etc. Entrevista Os diversos programas, projetos e serviços farão uma pré-seleção dos candidatos com interesse de inserção no mercado de trabalho e, em seguida, farão o encaminhamento para a oficina de orientação para o trabalho.

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Gerência de Inclusão Produtiva: Oficina de Preparação para o Trabalho Essa Oficina tem como meta garantir a capacitação de pessoas em situação de vulnerabilidade social - atendidas pelos diversos programas, serviços e projetos – e contribuir para que detenham a capacidade de produção e autonomia de suas condições gerais de sobrevivência, por meio de ações de geração de trabalho e renda. Objetivos: •

conhecer as potencialidades e demandas dos usuários;

realizar oficinas para despertar o interesse e estabelecer vínculos com o mundo do trabalho e retorno escolar;

desenvolver ações educativas que visem ao aprimoramento de valores e de concepções dos usuários, respeitando seu universo cultural, histórico e social;

estabelecer uma via de escuta do usuário para que suas demandas sejam registradas, dimensionadas e encaminhadas ao programa de origem;

garantir a Promoção Social por meio de atividades socioeducativas com foco na identificação do valor e da significação do trabalho.

Durante a oficina, as pessoas são observadas e aquelas que a equipe organizadora considerar aptas para a entrada no mercado de trabalho formal, terão os seus currículos encaminhados. As Oficinas de Trabalho são praxe na Metodologia de Inclusão Produtiva da GEINP. No caso do Projeto-piloto, foi feita uma Oficina de Trabalho específica para a formação do Banco de Dados Aracê, com a participação de todo o público que é foco do Projeto. A participação dos Usuários da Saúde Mental nessa oficina foi muito positiva, tanto para eles como para o restante do grupo participante. Um primeiro passo rumo à quebra de paradigmas dos duplamente excluídos, dentro do próprio público Aracê.

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A partir dessa experiência, que foi considerada muito rica pelos organizadores da oficina, ideias para outras atividades conjuntas foram pensadas entre os parceiros. Em agosto de 2007, a Vina chegou a propor aos parceiros a ação mensal “Cidadania, Diversão & Arte” – que seria realizada com excursões, visitas e atividades culturais e de lazer, nas quais os participantes teriam a oportunidade de ‘redescobrir e conhecer’ a cidade com olhar de cidadãos. A Vina patrocinaria o transporte e o lanche dessas ações. Além disso, a ideia era que os grupos produtivos parceiros produzissem os lanches e gerassem renda. Os parceiros se entusiasmaram com a ideia, mas nunca tomaram providências para que a ação se concretizasse. Nenhum tipo de retorno foi dado à empresa, apesar de a Vina ter cobrado do Grupo, em vários encontros, uma posição a respeito. Aliás, outras propostas por parte da empresa com ações que poderiam enriquecer o Projeto-piloto Aracê também não foram realizadas. Isso talvez tenha ocorrido por falta de autonomia, pela grande rotatividade dos técnicos (vários em cargos temporários), pelo excesso de burocracia das instituições parceiras,

entre

outras

dificuldades,

que

os

setores

públicos

e

ONGs apresentam. O Projeto deixou de realizar ações que poderiam ter dado ao Aracê

uma

dinâmica

mais

interessante

e

completa

no

seu

desenvolvimento.

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Ações destinadas a esse público anteriores ao Projeto Aracê PBH: SMAAS - Secretaria Municipal Adjunta de Assistência: 1) Abordagem Uma equipe de educadores sociais faz a abordagem das pessoas e famílias que estão nas ruas com o objetivo de sensibilizá-las a sair de onde estão e, também, de encaminhá-las para os serviços sócio-assistenciais da PBH/SMAAS. A abordagem é o momento da aproximação, criação de vínculos com o morador de rua. A acolhida se propõe a oferecer um espaço afetivo e acolhedor para criação de vínculos e laços comunitários. 2) Centro de Referência da População de Rua PBH – SMAAS em parceria com a Pastoral de Rua É um espaço diurno de convivência, aberto à população de rua, onde se pode lavar roupas, tomar banho, guardar pertences pessoais e utilizar a biblioteca. No local, são realizadas oficinas socioeducativas de futebol, teatro, cultura popular, ambientação, artes plásticas e cineclube. Os frequentadores do Centro de Referência podem participar dos grupos de debates temáticos e das palestras que buscam resgatar a autoestima e a identidade, além de incorporar valores e comportamentos para a superação do processo de ruptura e exclusão social do morador de rua. Os próprios usuários são responsáveis pelo funcionamento, limpeza, decoração do espaço e organização da biblioteca. 3) Abrigos e Albergues Acolhem os moradores de rua e oferecem pernoite, alimentação e higiene. •

Abrigo São Paulo

Albergue Municipal

República Reviver Parceria: PBH - SMAAS com a Pastoral de Rua Moradia masculina para 40 homens, que podem residir por um período de até um ano. Os moradores participam da organização e gestão da moradia, com regras de convivência e atividades que estimulam a autonomia, o retorno ao mundo do trabalho e ao convívio social. 19


República Maria Maria Parceria: PBH - SMAAS com a Associação Grupo Espírita

‘O

Consolador’. Moradia temporária para 50 mulheres (e filhos pequenos), por um período de um ano, com acompanhamento social. 4) SASF - Bolsa Moradia – PBH - SMAAS Serviço de atendimento sociofamiliar para moradores de rua.

Realiza

acompanhamento para famílias de ex-moradoras de rua que foram inseridas no programa Bolsa-Moradia da URBEL - Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte, um dos órgãos responsáveis pela implementação da Política Municipal de Habitação Popular, criada em 1993.

Metodologia Um dos desafios do Projeto-piloto Aracê era a criação de uma metodologia de inclusão via mercado formal de trabalho que se adequasse à realidade das pessoas com a trajetória de exclusão e à realidade do mercado, ou seja, com as exigências formais que um processo de contratação exige. Atender com inteligência e sensibilidade a realidade desse processo com o objetivo de tornar viável as contratações do Projeto-piloto Aracê: inclusão via mercado formal de trabalho de pessoas com trajetória de vulnerabilidade social. Cabia a nós criar uma metodologia que viabilizasse as contratações, considerando, ao mesmo tempo, a adaptação à rotina do trabalho formal e um acompanhamento próximo e sensível de cada contratado. Diante dessa necessidade, criamos a Metodologia de Referências.

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Processo de Seleção para Contratação A Vina precisou apenas fazer algumas adequações no seu procedimento usual de admissão, pequenos ajustes, embora fundamentais, para tornar viável o processo de inclusão Aracê. No processo de praxe de contratação da Vina é pré-requisito a apresentação de todos os documentos pessoais, inclusive o Atestado de Bons Antecedentes. Os candidatos encaminhados pelos parceiros do Aracê passam pelo processo normal de seleção da empresa, mas podem apresentar a documentação completa após a contratação. Percebendo que a exigência do Atestado de Bons Antecedentes poderia inviabilizar o Projeto Aracê, já que a condição de vulnerabilidade social daqueles candidatos poderia apresentar algum tipo de conflito com a Lei, a Vina decidiu abrir mão dessa exigência. A solução encontrada foi criar a Metodologia de Referências: o técnico, conhecedor da história do candidato, se responsabiliza por sua indicação e, a partir daí, o candidato passa pela via normal de contratação da Vina e a condição do seu passado recente torna-se irrelevante no processo. Depois dos processos acima citados, o candidato que passar nos testes de seleção será contratado dentro das normas da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho - com os mesmos direitos e deveres de qualquer contratado da empresa. No decorrer do processo, os parceiros vão criando mecanismos para que os candidatos possam apresentar a documentação completa. Vale registrar que, do início do Projeto até o fim de 2007, grande parte dos candidatos já apresentava toda a documentação solicitada.

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Processo de acompanhamento Metodologia de Referências A Metodologia de Referências foi criada para facilitar a adaptação dessas pessoas, cuja trajetória de exclusão geralmente provoca uma grande dificuldade em relação à rotina do trabalho, reflexo das condições desumanas a que elas ficaram expostas. Foram criadas duas modalidades de referências: •

Referência Externa (RE): técnico responsável pelo novo contratado, conhecedor da sua história, ligado a uma das instituições parceiras. O acompanhamento é feito dentro e fora do trabalho.

Referência Interna (RI): a Referência Vina/Aracê não é ligada diretamente ao departamento para o qual o candidato foi contratado. Ela acompanha o seu processo de adaptação à nova rotina e auxilia a coordenação do Projeto em caso de alguma dúvida ou problema que possa surgir.

Como funciona Após a contratação, as Referências acompanham o candidato na rotina de trabalho e fora dela. Em caso de algum tipo de dificuldade, as Referências tentam buscar soluções viáveis para uma melhor adaptação do candidato à sua nova realidade, procurando evitar possíveis desgastes na relação de trabalho. As duas Referências deverão estar sempre em contato. Qualquer decisão em relação ao futuro do contratado Aracê deverá ser sempre tomada de comum acordo entre as partes envolvidas. O objetivo é que, entre 60 e 90 dias, o contratado Aracê esteja adaptado à sua nova condição de vida profissional e pessoal, conquistando dia a dia a sua autonomia e não necessitando mais do suporte dado pelas Referências. Aos poucos, espera-se que o trabalhador vá conquistando e resgatando a sua autoestima e a sua cidadania.

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Para que esse acompanhamento seja realizado de forma natural e efetiva, é necessário que a Referência Interna tenha um bom relacionamento com os colegas e apresente um perfil proativo e dinâmico. A atenção prestada aos contratados se dá de maneira cuidadosa, para não trazer nenhum tipo de constrangimento ou regalias. O envolvimento de cada um e o espírito de corresponsabilidade são os eixos fundamentais para alcançar o principal objetivo do projeto: inclusão no mercado de trabalho com respeito e dignidade. A escolha da Referência Interna é feita através de um convite realizado pela coordenadora do Departamento Socioambiental a uma pessoa da equipe Vina que se encaixe nesse perfil.

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Oficinas de Trabalho A função principal dessa oficina é a possibilidade de criar e/ou resgatar vínculos com o trabalho. As Oficinas de Preparação para o Trabalho em 2007 ocorreram nos meses de junho e outubro. Para possibilitar uma maior flexibilidade no processo de inclusão, alguns contratados Vina/Aracê participaram das Oficinas após as suas contratações.4 Sobre o processo de realização das Oficinas As Oficinas foram realizada com um grupo de 40 pessoas, todas elas inseridas nos programas de políticas sociais ligados aos parceiros Vina/Aracê. Por um “ruído” de comunicação interna da empresa, houve um mal entendido entre os responsáveis pelos Departamentos e os novos colaboradores Vina/Aracê em relação ao abono do dia de trabalho durante as Oficinas. Esse “ruído” só foi percebido pelos parceiros Aracê nas entrelinhas das cartas-depoimento sobre as Oficinas. Diante do ocorrido, a Referência Interna da empresa convocou uma reunião com os colaboradores para esclarecer o motivo da resistência e da insatisfação, já que a Oficina foi tão bem aceita por todos os outros participantes. Depois de esclarecidos os fatos, a Vina convocou os responsáveis por seus Departamentos para uma reunião e a situação foi resolvida. Os contratados Vina/Aracê foram ressarcidos pelos dias cortados. Outro fator percebido é que, por já estarem empregados, os contratados Vina/Aracê tiveram uma forte resistência em participar das Oficinas: “Não tinham o quê aprender... nada a acrescentar”. A empresa teve que convocar o grupo de contratados Vina/Aracê para explicar a importância das Oficinas no processo do Projeto-piloto. A conclusão a que os parceiros chegaram é que realmente é preciso evitar a contratação na empresa de pessoas que não passaram pelas Oficinas de Trabalho. Com o tempo, o banco de dados será alimentado sem precisar descumprir nenhuma etapa da metodologia adotada para a realização do Projeto Aracê.

4

Durante as Oficinas, a empresa ofereceu vale-transporte aos participantes.

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Depoimentos Oficina de trabalho – Junho/2007 Abaixo seguem os depoimentos dos primeiros contratados Aracê sobre a vivência nas Oficinas de Trabalho. Eles foram transcritos na íntegra. LIBÉRIO JOSÉ DA SILVA: Gostei mais ao mesmo tempo foi estressante, pois não tive perspectiva do curso porque já conhecia o ritmo do local onde o curso foi dado. Para mim, na pastoral os cursos são todos do mesmo jeito monótonos. Achei que se eu nunca tivesse trabalhado fosse o meu primeiro emprego o curso se encaixaria perfeitamente mais não era o meu caso me senti isolado neste curso. Aprendi a ter paciência e noções de direito trabalhista exemplo horas extras. Senti-me obrigado a fazer o curso, não gostei da decoração, e se caso foi convidado para outro curso da prefeitura infelizmente não aceitarei, pois ouve falta de comunicação se tratando de horas que ficamos fora do trabalho. JOSÉ AILTON M. MEIRELES: Gostei mais me senti traído em relação a propostas de horas, fiquei bastante chateado com a falta de comunicação e respeito, aprendeu em relação há horas extra e férias dentro do trabalho formal e noções do emprego direito e deveres mais não lucrei muito, pois a maioria das coisas eu já sabia. O final do curso foi a melhor parte, pois era o final já não aguentava mais aquele curso não era o meu perfil eu não gostei. HILDEBRANDA DE PAULA DOS SANTOS Achei o curso um pouco monótono em alguns dias já sabia a maioria das coisas que foi falada lá mais achei interessante para me aprofundar mais e mais nos meus conhecimentos no dia da apresentação sobre o tema cidadania gostei bastante foi descontraído foi bastante interessante observar como existiam lá opiniões variadas a certos assuntos. O final achei legal na hora de pegar o certificado foram varias palmas e o orgulho de varias pessoas de mais uma etapa concluída na vida pois esta oficina pode não ter agradado a todos mais com certeza teve pessoas como foi o meu caso que souberam aproveitar isto é o mais importante e a experiência que trouxe desta oficina e a bagagem que vou enchendo de conhecimentos a cada lugar que passo a cada experiência nova que adquiro. Tivemos visita de uma agencia de empregos que fez cadastro para uma possível oportunidade de emprego foi muito legal gostei bastante.

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Metodologia de Sensibilização Durante o processo de criação do Projeto, ficou claro para os parceiros que o Aracê, para ter sucesso, não poderia ser imposto à equipe da Vina. Ele deveria ser apresentado com a intenção de despertar o interesse e o envolvimento de todos que, direta ou indiretamente, participariam dessa proposta de inclusão. Afinal, o envolvimento de cada um e o espírito de corresponsabilidade são os eixos fundamentais para alcançar o principal objetivo do Projeto: inclusão social via mercado de trabalho com respeito e dignidade. Dentro dessa proposta, desenvolveu-se uma Metodologia de Sensibilização, visando a aproximar e envolver toda a equipe da Vina com o Projeto Aracê. Como o foco principal do Projeto Aracê são as pessoas, a metodologia que foi empregada no processo de sua implantação vem sendo sempre avaliada e cuidadosamente transformada para que possa, a cada ano, se adequar às necessidades percebidas na prática e no cotidiano do projeto.

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Sensibilização Primeira Etapa Como o objetivo dessa metodologia era, além de envolver a equipe da Vina, romper as ideias pré-concebidas em relação ao público do projeto, a estratégia utilizada foi a de surpreendê-los com experiências sensoriais por meio do contato com produtos e serviços oferecidos pelos diferentes grupos produtivos, ligados aos parceiros do Projeto Aracê. Data: 16/03/2007 Local: Trem Mineiro - Aterro Sanitário de Belo Horizonte. Nº de Participantes: 30 pessoas A decoração, que foi toda elaborada pelos grupos produtivos, era feita de material reutilizado e/ou reciclado e despertou a curiosidade já na sua montagem. No evento, os participantes puderam admirar e adquirir os objetos expostos5.

Decoração do local: criatividade e arte para sensibilizar

Os custos citados nessa documentação estão disponíveis para consulta no Departamento Socioambiental. 5

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Além da ambientação, foi distribuído um kit informativo produzido a partir do reaproveitamento de materiais como faixas de rua e papel reciclado. O kit continha material sobre o Projeto Aracê e sobre o Departamento Socioambiental da Vina, além de folhetos complementares sobre as ações dos Grupos Produtivos e das Associações ligadas aos parceiros. Os kits continham, também, brindes variados, oferecidos pelos Grupos Produtivos e Associações: blocos de anotação, feitos com aparas de gráficas e sobras de tecido, da ASMARE; porta-chaves, descansos de panela e pequenos quadros (tipo totem) confeccionados com resíduos de construção pela Suricato. Total de Kits: 30 unidades.

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Programação: •

Acolhida: distribuição dos kits;

Apresentação: parceiros Aracê e suas ações. VINA: Departamento Socioambiental Foi feita uma breve explanação das ações

que

Socioambiental Esse

o

Departamento

vem

desenvolvendo.

departamento

funciona

num

espaço todo projetado com móveis e objetos

reciclados

e

reutilizados,

produzidos por associações e institutos que promovem inclusão social. A montagem do escritório foi uma oportunidade prática de colocar, com coerência, a filosofia de trabalho a que o Departamento se propõe.

Vina: Departamento Socioambiental

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PBH: SMAAS - Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social: Gerência de Inclusão Produtiva, Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte e SMSA - Secretaria Municipal de Saúde A SMAAS, a Pastoral de Rua e a ASMARE têm uma parceria, de longa data, no trabalho de inclusão produtiva de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Durante a sensibilização, os representantes da Secretaria e da Pastoral fizeram uma apresentação sobre as ações que vêm desenvolvendo na cidade. Ressaltaram, também, para a equipe da Vina, a importância do Projeto Aracê como uma proposta inovadora no resgate da cidadania. A equipe da SMSA comentou sobre o Movimento Antimanicomial, além de destacar o perfil inovador do Aracê e sua importância para esse público. Para a equipe da SMSA, o Projeto-piloto representa uma oportunidade prática de se quebrar paradigmas no mercado formal de trabalho.

Sensibilização no Espaço Trem Mineiro: reunião de parceiros

• Lanche: O lanche foi produzido pelo Caminho do Sabor, um dos grupos produtivos ligados à SMAAS. A qualidade dos quitutes servidos foi apreciada por todos. Cardápio: água mineral, suco natural de frutas (dois sabores), café, duas variedades de bolo e pão de queijo. 31


• Depoimento: Dona Geralda é associada da ASMARE e ex-moradora de rua. Convidada a dar seu depoimento, ela fez um relato comovente. Ela é um exemplo real de como é possível o resgate da cidadania com ações práticas e coletivas da sociedade. Um momento que realmente sensibilizou as pessoas presentes.

Dona Geralda: um breve histórico Maria da Graças Marçal, mais conhecida como Dona

Geralda,

junto

com

um

grupo

de

catadores de papel de Belo Horizonte e contando com o apoio da Pastoral de Rua, criou a ASMARE, no ano de 1990. Uma associação que começou com vinte integrantes e hoje possui em torno de 250 associados. Catadora desde os oito anos de idade, Dona Geralda e demais associados, juntamente com entidades parceiras, buscaram, com a criação da Associação, o reconhecimento e a valorização do trabalho dos catadores.

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O papel da ASMARE é assegurar a importância dessa atividade no processo de coleta seletiva do lixo na cidade de Belo Horizonte, buscando a projeção desse trabalho no Brasil e no exterior. O resultado esperado é contribuir para melhorar a qualidade de vida dos seus associados e contribuir, de maneira significativa, para as questões socioambientais ligadas ao lixo urbano. A ASMARE, durante seus 18 anos, cresceu muito, mas ainda tem muito a evoluir na busca por inclusão social e pelo resgate da cidadania dos seus associados. Hoje, é reconhecida mundialmente com várias premiações, tendo sido sua experiência legitimada pela Organização das Nações Unidas - ONU. Para Dona Geralda, que antes vivia nas ruas, o processo de criação da ASMARE também representou o rompimento com o alcoolismo e a conquista da moradia. Hoje, ela é uma nova mulher, respeitada e reconhecida pela sociedade. Dona Geralda é, de fato e por direito, uma Cidadã Brasileira.

• Encerramento: A Vina ofereceu à Dona Geralda, como presente, um prato de mosaico da Suricato. Foi sorteado, também, entre os participantes, um lustre produzido com sucata criado pelo artista Libério José da Silva (ex-morador de rua).

Parecer dos coordenadores A sensibilização, como já era previsto, teve um papel fundamental na implementação da proposta de trabalho do Projeto Aracê na Vina. Com ela, criou-se uma relação que possibilitou o envolvimento dos colaboradores da empresa, que começaram a se sentir parte dessa ação de inclusão social. A

sensibilização

responsabilidade

foi

fundamental

social

empresarial

para

a

compreensão

transcende

projetos

de

que

a

comunitários

pontuais, geralmente de caráter filantrópico e assistencialista. O projeto Aracê é resultado do compromisso e da responsabilidade para com as questões sociais de diferentes setores, inerentes à nossa sociedade. Obs.: a partir da primeira sensibilização, avaliou-se a necessidade de um segundo encontro, com o objetivo de estreitar o conhecimento das equipes envolvidas, direta e indiretamente, no Projeto, e também de podermos perceber o momento ideal para dar início ao processo de inclusão do Aracê dentro da Vina. 33


Sensibilização Segunda Etapa Data: 30/03/2007 Local: Trem Mineiro - Aterro Sanitário de Belo Horizonte Participantes: 30 pessoas Ambientação: todo o ambiente foi, novamente, decorado com produtos dos Grupos Produtivos e das Associações ligadas aos parceiros. A equipe coordenadora teve o cuidado de criar um novo ambiente, apresentando outras possibilidades. Foram utilizadas nessa nova decoração as peças criadas com sucata pelo convidado especial do evento, o artista Libério José da Silva. Na segunda etapa, o objetivo principal foi ouvir para perceber a equipe da Vina e, ao mesmo tempo, proporcionar um momento de reflexão sobre as diferenças e a corresponsabilidade de cada um.

O ambiente foi decorado com objetos criados pelos Grupos Produtivos.

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Vale registrar que a programação inicial teve que ser readequada, devido a um imprevisto de última hora. A ideia era que Libério - personagem principal do curta metragem O Trecho, do cineasta Elvécio Marins, exibido durante o evento – não fosse reconhecido pela equipe da Vina, permitindo que as pessoas fossem descobrindo naturalmente que o personagem do filme estava entre elas, e que os objetos de arte expostos no local - que causaram tanta admiração - eram criações dele. Porém, logo na apresentação inicial, um dos participantes, que já conhecia o Libério, pediu a palavra e o apresentou ao grupo, alterando a ideia original. Com isso, o evento seguiu uma dinâmica própria, o que acabou sendo muito positivo.

Material de Sensibilização

Livros de Poesia criados pelos usuários de Saúde Mental

Livro de poesia: poemas criados, durante as Oficinas de Letras, pelos usuários do Programa da Saúde Mental dos Centros de Convivência São Paulo e Arthur Bispo do Rosário. A capa dos livros, elaborada com papel artesanal e reciclado, foi criada pelos usuários do CERSAM Noroeste - Centro de Referência em Saúde Mental.

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Ficha Técnica dos Grupos Produtivos •

Centro de Convivência São Paulo

Oficina coordenada por Ingrimar Leal de Azevedo Sérvio Sad, Guilherme de Oliveira, Evaristo, Itamar Martins da Silva e Maria da Luz. •

Centro de Convivência Arthur Bispo do Rosário

Oficina coordenada por Carla Paulino de Castro Amilton Braga (Pensador), Ana Maria (Gruta), Daílton (Relógio), Elon Rabin (Benjamin), Frederico Eymard, Geraldo (Lua), Jaime Carlos, Ludmila (Luz), Lund (Águia), Mauro Sickert (Discípulo), Rafael dos Santos (Brilho), Rogério.

Programação •

Acolhida: distribuição dos Livros de Poesia

Dinâmica do Barbante

Objetivo: formação de rede, teia, grupo. Essa dinâmica contou com a participação de todos os presentes, de maneira bastante descontraída e envolvente, alcançando o seu objetivo: perceber, conhecer um pouco de cada um e despertar o espírito de corresponsabilidade, além de esclarecer e tirar as dúvidas sobre o Projeto Aracê.

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• Apresentação do filme O Trecho Conta a trajetória de Libério José da Silva, andarilho, ex-policial, ex-morador de rua e artista da sucata, que veio a pé de Recife, sua cidade natal, até Belo Horizonte. Libério estava presente e, após a apresentação do filme, deu seu depoimento. Assim como D. Geralda (na primeira etapa), esse depoimento sensível foi fundamental para a compreensão da responsabilidade que cada um tem no processo de criação de mecanismos de inclusão na sociedade, assim como para perceber as diferenças com um novo olhar.

• Lanche O lanche foi, novamente, produzido pelo grupo Caminho do Sabor, sendo oferecido um cardápio diferente do que foi servido na primeira etapa. A qualidade do lanche foi, mais uma vez, apreciada por todos. Cardápio: água mineral, dois sabores de suco natural de frutas, café, duas variedades de salgados e bolo.

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• Encerramento: Libério presenteou a Vina com uma peça criada por ele: um lustre produzido com sucata. Ele também ofereceu, para algumas mulheres presentes, flores de material reaproveitado também criadas por ele. Em seguida, houve o sorteio de brindes produzidos pela Suricato e pela Oficina de Mosaico da SMAAS/PBH - Centro de Referência da População de Rua. Os contemplados puderam escolher os brindes que estavam expostos, decorando o ambiente.

Peças da Oficina de Mosaico: sorteadas durante o evento.

Ao final, Libério pediu, com muita simplicidade, a chance de participar do Projeto Aracê. O grupo, então, decidiu começar o processo de implantação do Aracê na empresa com Libério. Foi um momento espontâneo e comovente. Alguns dias depois, Libério passou pelo processo normal de admissão da Vina e foi o primeiro contratado Vina/Aracê.

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Libério José da Silva: um breve histórico Natural da cidade de Recife (PE), Libério nasceu em 4 de Julho de 1964. Ele tem dois filhos, que residem com parentes na cidade de Salvador (BA). Libério cursou até a 7ª série do Ensino Fundamental. Antes de se tornar andarilho, em 1994, Libério foi Policial Militar em Recife, mas o alcoolismo o levou a abandonar a carreira e a família. Em 2003, ele chegou a Belo Horizonte (MG), onde participou das pequenas comunidades

da

Pastoral

de

Rua.

Fez

um

curso

para

pequenos

empreendedores e também frequentou a Escola de Artes Casa Aristídes, em Nova Lima(MG). Libério foi convidado pelo cineasta Elvécio Marins para protagonizar o curta metragem O Trecho, que conta a sua trajetória de andarilho. Em Belo Horizonte trabalhou com artes plásticas, na ASMARE, como servente, no Abrigo São Vicente de Paula, e em uma fábrica de tijolos, em Ribeirão das Neves (MG). Residiu na República Reviver e também frequentou o Albergue Municipal, em Belo Horizonte. Em

agosto

ingressou

de

no

2004,

Programa

Libério Bolsa

Moradia. Em outubro de 2006, ele solicitou a suspensão do benefício, alegando já ter superado a situação de

vulnerabilidade.

andanças

pelo

Nas

mundo,

suas Libério

acabou tornando-se um artista da sucata.

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Depoimentos da equipe Vina sobre a metodologia de Sensibilização Após as sensibilizações, alguns integrantes da equipe da Vina sentiram a necessidade de se expressar. Abaixo, seguem os depoimentos que foram escritos espontaneamente e incluídos, aqui, na íntegra, sem qualquer modificação ou revisão por parte dos organizadores deste documento.

1º DEPOIMENTO Carta escrita em conjunto por: Patrícia Martins - Assistente do Setor Financeiro Karla Cibele - Auxiliar do Setor de Pessoal. A maior necessidade do homem no mundo para que as coisas sejam melhores é o amor ao próximo! Hoje com o conhecimento desse projeto nós nos alegramos em saber que a empresa na qual trabalhamos tem essa consciência e toma frente perante um projeto de inclusão daqueles que são por algum motivo, excluídos da vida social. É importante que os funcionários da empresa Vina entendam e abracem o projeto dando o rumo esperado, que particularmente nos queremos que dê certo, pois temos a consciência de humanitarismo que é de verdadeiro amor e compressão ao próximo! Visando o projeto como algo que nos enriquece como seres humanos, vimos também a maravilhosa oportunidade que varias pessoas terão de poder praticar o seu direito como cidadão independentemente de cor, situação financeira, deficiência ou qualquer que seja a denominação que fazem algumas pessoas pobres de espírito e de idéias os queiram diferencia-los, que é o direito de trabalhar honestamente e ser visto como igual a todos. Hoje a Vina tomou frente do Projeto Aracê e com certeza e fé será muito bem sucedido, será exemplo para que outras empresas adotem não só esse projeto, mas que sejam criados mais como ele e muito mais outras pessoas possam ser ajudadas.

2º DEPOIMENTO 40


André Malta - Estagiário do Setor Financeiro Em minha opinião, o Projeto Aracê trará enormes benefícios para a sociedade, criando oportunidades e buscando reintegrar o individuo de volta a um ciclo social. Um ato que no mundo de hoje é raro de se ver, pois o que mais se encontra são pessoas e organizações pensando somente em si próprio. Esta iniciativa da Vina é exemplo para todos nós, pois cada um fazendo a sua parte estará contribuindo para um mundo mais justo e melhor.

3º DEPOIMENTO Jane S. Ramos - Estagiária do Departamento Comercial O projeto denominado Aracê (despontar, Aurora) idealizado pelo departamento de responsabilidade social da empresa com objetivo de incluir socialmente pessoas discriminadas por não ter onde morar ou por sofrer de algum tipo de incapacidade mental, surge como uma esperança de melhoria na vida dessas pessoas provocando também um impacto no mercado de trabalho que hoje as define como mão de obra imprópria. Posso dizer que o principal objetivo do projeto Aracê é causar impacto e quebrar paradigmas: na vida daqueles que o recebem como oportunidade, na vida daqueles que proporcionam essa oportunidade, no mercado de trabalho e na sociedade em geral. Para alcançar esse objetivo com êxito é necessário que todos os envolvidos dentro da organização tenham plena consciência que é fundamental e para isso os encontros promovidos pelo depto. de responsabilidade social da Vina foram de suma importância. Acredito que todos os departamentos da empresa podem contribuir diretamente com o projeto absorvendo essa mão de obra, sendo talvez necessária uma pesquisa em cada setor para que seja identificado esse aproveitamento. Reitero minhas palavras do último encontro e acredito ser o mesmo sentimento dos demais colaboradores da Vina de que é gratificante poder contribuir para o sucesso de um projeto que parece ser simples, mas de grande poder transformador. 4º DEPOIMENTO 41


Alba Linhares - Técnica de Segurança Setor: Segurança do Trabalho O projeto vem a ser uma ideia brilhante, pois não é para qualquer um olhar para pessoa que são desprezadas pela sociedade e pelo mundo, que nem o governo quer saber de ajudar, pessoas que para muitos são considerados bichos, doidos, monstros, mas que não passam de pessoas humanas assim como nós. Sabemos que cada um vive de maneira que são permitidas, por isso achamos que pessoas que moram na rua, pessoas com problemas mentais, e outros não estão incluídos em nosso mundo com isso vemos tudo maneira critica sem darmos chances dessas pessoas nos mostrarmos o que realmente são. O projeto está abrindo nossas mentes para pensarmos e refletirmos melhor em tudo isso que vivemos meio a esta sociedade que podemos chamar de hipócritas onde políticos que roubam não vão para a cadeia e pessoas sem oportunidades de mostrar o que sabem fazer por falta de incentivo e apoio tem como mérito o desprezo da sociedade, ou seja, são consideradas o lixo humano. Sempre queremos mais, chances para mostrarmos o que realmente sabemos fazer e o que valemos, sempre queremos espaço para chegar lá pois queremos sempre mais chegar mesmo que para isso temos que pisar na cabeça de pessoas. Hoje temos tudo, mas e amanhã o que será de nós? Já pensou em amanhã você ser o lixo da sociedade sem ter oportunidades para mostrar o que sabe fazer ou que quer conquistar? Parar e pensar é muito importante para que o projeto consiga vencer barreiras do preconceito e da hipocrisia humana para caminhar rumo ao crescimento e ao sucesso com as benção de Deus.

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Elos: Aracê & Vina Os parceiros do Projeto Aracê sentiram a necessidade de criar, na Vina, intervenções criativas – que foram denominadas Elos – utilizando objetos, textos e produtos confeccionados pelos grupos de inclusão, além de disponibilizar informações sobre o Projeto e os Grupos Parceiros. Esses Elos tiveram como objetivo principal despertar o interesse e a curiosidade sobre o Projeto Aracê na rotina da empresa.

Primeiro Elo Exposição: após a primeira sensibilização, foi realizada uma exposição na empresa Vina com objetos criados pelas Associações e pelos Grupos Produtivos envolvidos. Essa exposição divulgou o trabalho dos grupos e gerou renda (ver tabela em Anexos). Duração: 2 semanas

Painel informativo Aracê e exposição dos objetos dos Grupos de Produção.

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Segundo Elo Painéis de fotos do CRPR – Centro de Referência da População de Rua – que ficaram expostos, em pontos diferentes da empresa, despertando muita curiosidade. Duração: 2 semanas

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Terceiro Elo Painel produzido na Vina com a utilização de material reciclado e fotos das duas primeiras etapas da Sensibilização e do Elo/Exposição. Também foram colocadas nos departamentos da empresa cópias do Projeto Aracê, para quem se interessasse por mais informações e detalhes. O material foi impresso em material reciclado. Duração: 1 mês

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Quarto Elo Em agosto de 2007 foi realizada uma exposição com diferentes objetos confeccionados pelos usuários da Saúde Mental nas oficinas dos Centros de Convivência. Foram, também, disponibilizados na empresa folhetos e informações sobre as políticas públicas da Saúde Mental. Esse Elo ficou conhecido como “Sofá Rosa”. Ele despertou o interesse e sensibilizou, de maneira especial, a Equipe da Vina. Duração: 1 mês

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Projeto Aracê e os Grupos de Inclusão Produtiva A conquista do trabalho e a garantia de renda representam uma transformação muito significativa na vida dos grupos de produção e de cada membro integrante. A importância da vivência durante a implantação do Aracê muito acrescentou aos grupos produtivos participantes, ajudando no fortalecimento e no crescimento da valorização do trabalho e, ainda, na geração de renda. Impressões e efeitos positivos sobre a experiência do Aracê: Caminho do Sabor: valorização da produção, geração de renda, controle de qualidade dos produtos, aumento da autoestima e incentivo à realização de novos eventos; Madeirarte: fortalecimento da equipe e da autoestima dos seus integrantes; Mosaico: crescimento do grupo, divulgação dos produtos, valorização da arte e geração de renda; Pitangaporã: divulgação dos produtos, geração de renda e controle de qualidade; Suricato: divulgação dos produtos, melhoria da autoestima, geração de renda, contribuindo para a possibilidade de inclusão com menos preconceito social em relação à loucura.

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Implantação do projeto Para facilitar o entendimento das ações desenvolvidas no decorrer do projeto e narrar com clareza o processo de implantação do Aracê na empresa, os fatos foram divididos anualmente e serão apresentados em ordem cronológica. Seguindo a mesma lógica, os históricos de cada contratado e de cada contratação realizada durante todo esse período, bem como a evolução e o progresso de cada um no mercado formal de trabalho, serão apresentados separadamente ao longo deste dossiê.

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2007 – 2009 Usuários da Saúde Mental e Mulheres: público duplamente excluído Justificativa Diante da percepção de que havia uma dificuldade da equipe Vina, responsável pelo processo de seleção, em aceitar candidatos procedentes do segmento da Saúde Mental, pelo fato de fazerem uso de medicação controlada, além de outros preconceitos, o Grupo do Projeto Aracê resolveu promover uma nova sensibilização com foco específico nos portadores de sofrimento mental. O principal objetivo dessa ação seria esclarecer e quebrar paradigmas: o uso de medicação controlada, nesse caso, tem justamente a função de estabilizar o quadro do transtorno mental e viabilizar a inclusão no trabalho. Dessa forma, foi preparada pelos parceiros da Saúde Mental, junto com a Vina, uma nova sensibilização, que foi dividida em duas etapas:

Primeira Etapa: visita à Suricato Data: 21/09/2007 Local: Centro de Apoio Comunitário – CAC São Paulo Número de participantes: em torno de 30 pessoas entre colaboradores da Vina, coordenadores e usuários dos programas da Saúde Mental. Como já existe uma Associação de trabalho solidário formada por usuários da Saúde Mental – a Suricato – avaliamos que seria interessante uma maior aproximação da equipe da Vina com essa realidade. O objetivo era diminuir o preconceito em relação aos portadores de sofrimento mental – como a incapacidade, a periculosidade, dentre outras ideias – introduzindo os temas da diferença e da tolerância. Dessa forma, foi organizada uma visita da equipe da Vina aos grupos de marcenaria e mosaico. 49


Num primeiro momento, a equipe conheceu a marcenaria, onde os membros da associação trabalham diariamente. Alguns usuários deram depoimentos de sua história de vida e da importância do trabalho como gerador de renda, cidadania e resgate da autoestima. A Equipe da Vina, então, teve contato com o ambiente de trabalho da marcenaria, apreciou os objetos produzidos e até adquiriu produtos confeccionados pelos grupos produtivos da Saúde6.

Marcenaria: visita ao local de trabalho dos membros da Associação Suricato.

Em seguida, a equipe da Vina foi convidada a participar de uma oficina de mosaico. Rita e Mariângela, associadas da Suricato, coordenaram a oficina com competência. Elas ensinaram a arte de juntar caquinhos para transformá-los em objetos. O clima da oficina foi agradável.

Oficina de Mosaico: peças confeccionadas pela Equipe da Vina.

Por um engano da Vina, talvez os valores da renda gerada nessa visita tenham sido computados em outro centro de custos do Departamento Socioambiental da Vina e não foram identificados. A empresa solicitou aos parceiros essas informações, mas não obteve retorno. 6

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Ficou evidente o envolvimento de todos na tarefa. Algumas pessoas, inclusive, quiseram levar as suas peças para terminar em casa. As coordenadoras sugeriram que era melhor deixar os objetos no ateliê para que fosse dado o acabamento final. Em breve, eles seriam devolvidos aos seus criadores. No final da tarde foi servido um lanche, que foi apreciado por todos, produzido pelo Grupo de Culinária da Suricato. Esse serviço gerou uma renda de R$ 134,00 para o Grupo. Cardápio: bolo de laranja, torta de frango e suco de abacaxi.

Segunda Etapa – Dinâmica na Vina Data: 28/09/2007 Local: Trem Mineiro - Aterro Sanitário de Belo Horizonte Participantes: 24 pessoas - colaboradores da Vina, coordenadores e usuários do Programa de Saúde Mental. Para tratar de forma mais específica o tema da Saúde Mental, optou-se por contextualizar o modelo atual de tratamento da loucura, tendo como base a reforma psiquiátrica em curso no País e o projeto de Saúde Mental da PBH. A segunda etapa foi organizada da seguinte maneira: foi iniciada com uma dinâmica de entrosamento e continuidade da oficina de mosaico, na qual cada um deveria pegar uma peça produzida e descobrir o seu autor. Foi um momento descontraído, em que algumas pessoas da Equipe Vina acertaram imediatamente o autor da peça; já para outras, foi necessário que o autor se identificasse. Quando todos já estavam de posse dos seus objetos, foi feito o acabamento final das peças. Essa tarefa foi ensinada por Rita, a mesma associada que orientou o trabalho no CAC São Paulo. Depois de finalizadas, cada um levou a sua peça para casa. Foi mais um bom momento de aproximação. Após a realização da dinâmica, foi exibido o filme Loucura e Cidadania, da coleção Fronteiras da Mente, da Saúde e da Expressão, produzido pelo SENAC. Ao término da sessão, foi aberto um debate no qual procuramos esclarecer as dúvidas e responder as perguntas dos participantes. 51


Em seguida, houve o depoimento de uma usuária do Programa de Saúde Mental, Maria Iredes, que trabalha na marcenaria da Suricato. O objetivo foi mostrar a perda de laços que acontece como consequência do sofrimento mental e da grande dificuldade para retornar ao mercado de trabalho. Mais uma vez, tivemos um lanche preparado pelas associadas da Suricato. Este serviço gerou uma renda de R$132,00 para o grupo. Cardápio: quibe assado, pão de queijo e dois sabores de suco de frutas.

Todo o ambiente foi decorado com produtos confeccionados por usuários dos Centros de Convivência, que integram o Programa de Saúde Mental da PBH. A Vina sorteou alguns desses produtos entre os participantes da dinâmica, que também adquiriram objetos criados pela Suricato, gerando uma renda no valor total de R$ 258,00. Alguns objetos da decoração e alguns produtos permaneceram na empresa como forma de Elo Vina/Aracê. As sensibilizações tiveram um efeito positivo, tanto do ponto de vista das relações entre a equipe da Vina quanto destes com o Projeto Aracê.

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Reunião de Avaliação do Projeto-piloto Aracê – 2007 Data: 30/11/07 Local: Reciclo 27 Horário: das 9h às 17h Número de participantes: 12 pessoas Pauta: avaliação geral do andamento do projeto no período de março a novembro de 2007. Foi consenso entre os parceiros que o andamento do Projeto-piloto Aracê, de maneira geral, se desenvolveu positivamente, apesar de alguns aspectos negativos como a diferença de ritmo entre os setores envolvidos, o atendimento às demandas apresentadas no desenvolver do Projeto e o problema de comunicação entre os parceiros. Os Contratados Aracê apresentaram limitações abaixo das expectativas e o processo de inclusão proposto se deu de maneira tranquila. Foi discutido, também, o fato de que ainda não havia sido feita nenhuma contratação oriunda da Saúde Mental e, a partir daí, ficou decidido que os focos principais de 2008 seriam os usuários da Saúde Mental e as mulheres, por formarem públicos duplamente excluídos.

Geração de renda: Por um engano da empresa, talvez os valores gerados nesse encontro tenham sido computados em outro centro de custos do Departamento Socioambiental e não foram identificados. A Vina solicitou ao Reciclo 2 essas informações, mas não obteve retorno.

Reciclo 2: espaço de entretenimento com responsabilidade social. A decoração é composta por reaproveitamento de materiais descartados. Além do espaço de shows, o Reciclo 2 oferece loja de produtos reciclados, criados e produzidos nas oficinas da ASMARE. O local conta, também, com uma horta orgânica de ervas para temperos. Localizado à Rua da Bahia, nº 2164, Lourdes, em Belo Horizonte (MG). 7

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Definições para 2008 Foco principal: a contratação de usuários da Saúde Mental e mulheres: públicos duplamente excluídos Desafios: •

Aperfeiçoar e agilizar a comunicação entre os parceiros;

Buscar maior equilíbrio entre as demandas dos setores parceiros: público, privado e terceiro setor (ONGs).

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Desafio entre teoria e prática: um exemplo concreto Dezembro 2007 / Janeiro 2008 Vaga: telefonista Período previsto: quatro meses Possibilidade: a contratação temporária tornar-se efetiva. O processo de contratação: Durante o período de férias de grande parte da equipe interna e externa do Projeto Aracê, alguns problemas surgiram e vieram confirmar o preconceito contra os usuários da Saúde Mental dentro da equipe da Vina, além de reforçar a dificuldade de comunicação e agilidade nas solicitações entre os parceiros. Com a ausência da coordenadora do Projeto Aracê na Vina e de alguns parceiros, a Referência Interna Vina/Aracê não cumpriu o acordo de dar prioridade e oportunidade aos focos do Projeto em 2008, definidos na reunião de balanço do Projeto, na qual ela estava presente. Ela justificou sua atitude alegando que, na sua avaliação, não havia currículos no Banco de Dados Aracê com o perfil adequado para a vaga e, também, por não ter conseguido em tempo um retorno para as informações solicitadas à equipe da Saúde Mental. Como os processos de contratação exigem agilidade, a Referência Interna acabou optando por contratar uma pessoa fora dos currículos do Aracê. O fato de a Saúde Mental não ter enviado para o Banco de Dados os currículos ou contatos das pessoas com o perfil para o preenchimento da vaga, como já havia sido combinado na reunião de balanço (na época, foi solicitado, junto aos parceiros, o breve envio dessas indicações), acabou colaborando para que o processo da primeira inclusão da Saúde Mental não acontecesse e, de certa maneira, ajudou a justificar a atitude da Referência Interna Vina/Aracê, como, também, a reforçar mais uma vez a dificuldade de comunicação e de ritmo entre os setores parceiros. O processo de contratação da vaga foi iniciado depois do Natal e finalizado nos primeiros dias de janeiro de 2008, quase um mês depois da reunião de balanço do Aracê. 55


Conclusão Internamente, a Vina questionou a insegurança de sua equipe. Depois de algumas reflexões e ponderações, ficou claro para a empresa que as questões não passavam apenas pelo fator ‘insegurança’, mas por outros: o preconceito, fortemente estabelecido na nossa sociedade, contra as pessoas com problemas de sofrimento mental; ausência da Referência Interna Vina/Aracê nas sensibilizações com foco na Saúde Mental; desgaste de comunicação e diferença de ritmos entre os parceiros. Em setembro de 2007, a Referência Interna Vina/Aracê estava de férias quando aconteceram as duas sensibilizações Aracê com foco na Saúde Mental. Uma das razões que motivaram os parceiros a realizar esse tipo de ação foi justamente por perceber que, além do preconceito já pré-estabelecido socialmente, no desenrolar do projeto, a Referência Interna Vina/Aracê havia demonstrado insegurança e uma resistência pessoal a respeito da contratação dos usuários da Saúde Mental. Por um problema de comunicação interno na empresa, só depois que as sensibilizações estavam acertadas é que a Referência Interna percebeu e comunicou que, neste período, estaria de férias. O Grupo achou melhor não adiar as sensibilizações, pois existia uma urgência no processo para a primeira contratação Aracê da Saúde Mental, e grande parte das pessoas que também eram foco dessa ação estaria presente. Na visão da Vina e de parte do grupo parceiro ficou claro que o conjunto de fatores acima citados contribuiu para o insucesso da primeira tentativa de inclusão dos usuários da Saúde Mental, e que, em breve, teriam que repensar algumas questões nesse sentido. Já a equipe técnica da Saúde Mental, além de se mostrar desanimada com o Projeto-piloto Aracê, discordou e sugeriu que o preconceito contra os seus usuários também passava por uma resistência da empresa em querer, de fato, incluí-los no seu quadro efetivo. A equipe técnica da Saúde Mental colocou a questão como se a Vina estivesse criando dificuldades para essas contratações, que iam além da insegurança da Referência Interna Vina/Aracê.

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Ficou evidente, também, a insatisfação da equipe da Saúde Mental com os outros parceiros, pelo fato de que, até aquela data, nenhum dos seus usuários fazia parte das Contratações Aracê e que, na visão deles, o público oriundo das outras parcerias estava sendo privilegiado no Projeto. Tanto a Vina como as outras instituições parceiras não compreenderam, num primeiro momento, o posicionamento da equipe da Saúde, já que todas as decisões do Projeto Aracê sempre foram discutidas e decididas entre o grupo. Durante todo o processo, a Vina levou com muita abertura ao Grupo as limitações internas que impediram a primeira inclusão dos usuários da Saúde Mental, sempre na tentativa de que buscassem, juntos, soluções para os já previstos obstáculos que um Projeto como este costuma enfrentar. O posicionamento da equipe da Saúde Mental trouxe indignação à equipe da Vina e levou a algumas reflexões: depois de uma análise interna, feita inclusive por respeito à equipe da Saúde, a equipe da Vina concluiu que as questões levantadas realmente não procediam. Na visão da empresa, a posição da equipe da Saúde Mental passava por outros aspectos: primeiro, pela pressão política interna que esta vinha sofrendo por parte da sua instituição (que parecia estar mais preocupada com a ‘quantidade’ de inserções e não com a ‘qualidade’ das inclusões); segundo, e principalmente, por não levarem em conta as dificuldades surgidas - e já previstas - na implantação do Projetopiloto Aracê, especialmente no caso dos seus usuários, que eram um dos focos do Projeto Aracê em 2008. Para a Vina, esses foram os pontos que de fato colaboraram para gerar um ruído de comunicação entre os parceiros da Saúde Mental e o restante do grupo. Afinal, os problemas surgidos no andamento do Projeto, na visão da equipe da empresa, já eram previsíveis, considerando que se trata da tentativa de quebra de paradigmas fortemente estabelecidos na sociedade. Daí, inclusive, a necessidade da criação de um projeto-piloto com o objetivo de vivenciar experiências e criar metodologias capazes de vencer desafios que tornem efetiva a ação da inclusão social via mercado formal de trabalho. E mais: no caso dos usuários da Saúde Mental e das mulheres, por sofrerem um preconceito ainda maior, é que a posição tomada pela equipe da Saúde não procedia. 57


Com essa posição, a Saúde Mental mostrou ter uma visão limitada do projetopiloto, estando apenas preocupada com os seus interesses e não com o sucesso do Aracê como um todo. Após esses acontecimentos, a equipe da Vina se mostrou frustrada com o grau de envolvimento dos parceiros num projeto-piloto tão inovador e desafiador como esse. Já os parceiros sentiram-se pressionados pelo ritmo que o setor privado impõe e alegaram, por sua vez, que o excesso de tarefas que suas instituições demandam impossibilitava uma dedicação maior ao Aracê.

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Desenho: Desemir Teixeira de Araújo (participa das oficinas do Centro de Convivência Cézar Campos – Projeto Saúde Mental). Texto: extraído do filme Loucura e Cidadania, da coleção Fronteiras da Mente, da Saúde e da Expressão, produzida pelo SENAC. Autora: Gisele Torres (que também participou do filme). Apresentamos, a seguir, um breve relato que Desemir fez sobre sua obra e história: "Tem dias que eu fico sem ter nada na cabeça para desenhar, até que faço um traço. Mas antes eu penso em gente ou num animalzinho, ou numa residência. Aí eu faço o resumo e vou colocando aos poucos no papel onde vão surgindo outras e outras coisas: plantas, flores, animais, um cavalo, um burro, um boi, uma família, os conhecidos, a flora e a fauna. Também gosto de bordar. Vim para Belo Horizonte com seis meses. Estudei na Escola Afonso Pena onde adorava assistir às matinês, ao cinema que passavam nas tardes. Desenho animado, Carlitos, O gordo e o magro, me inspiravam com sua alegria. Ah! Também adorava ler gibis. Às vezes eu acho que um desenho não ficou muito bom, que não consegui por graça, nem animosidade nele; ou alguma coisa ficou torta. Eu sinto que não ficou bom e que se alguém for apreciar não vai ter bom gosto pelo desenho. Animosidade? É a coisa que a gente faz que a pessoa reconhece a gente".

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Aracê e a Saúde Mental SOBRE O TRABALHO, A VISIBILIDADE, A REINVENÇÃO E A CIDADE (reflexões acerca do lugar para o louco fora do manicômio) Autor: Dr. Musso Greco O trabalho O modelo de atenção à saúde mental adotado no Brasil estrutura-se sob a forma de uma rede de serviços regionalizados que contemplam a urgência psiquiátrica, o acompanhamento ambulatorial e a reabilitação psicossocial. Nesse modelo, consonante com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e as diretrizes da Reforma Psiquiátrica em curso no País, os portadores de sofrimento psíquico, que anteriormente tinham como único recurso de tratamento a internação em hospitais psiquiátricos, passam a ser acolhidos em programas que levam em conta a necessidade de montar estratégias de inserção social para pessoas historicamente marcadas pela segregação. Além das estratégias clínicas e políticas de estabilização psíquica, expressão de singularidades e socialização, não há como adiar a criação de projetos que revertam a desvantagem social desse grupo de pessoas em relação ao mundo do trabalho. O trabalho, sendo fonte primeira e de maior valor social, deve ser considerado nas ações de promoção do resgate do direito à cidadania dos portadores de sofrimento psíquico. Os passos para a construção do direito ao trabalho incluem o cadastro das oportunidades de emprego formal, o acompanhamento do usuário do serviço de Saúde Mental empregado, a promoção da sua capacitação profissional, a busca de equiparação de oportunidades de geração de renda e o desenvolvimento de estratégias eficazes de rompimento das barreiras socioculturais que isolam os portadores de sofrimento psíquico de uma efetiva participação social. É preciso, entretanto, além de experimentar fórmulas de trabalho e de ampliar as parcerias, dar visibilidade ao projeto. Mostrar, mudar a visão, desmistificar, disseminar uma nova imagem, obter reconhecimento de direitos, poder se expressar, desestigmatizar, desmarginalizar, combater o rechaço social: todas essas ações presentes na clínica dos serviços substitutivos ao manicômio e na militância antimanicomial inscrevem-se no âmbito da visibilidade e apelam a um olhar mais empático da sociedade sobre os ditos loucos, reivindicando entendimento, solidariedade e aceitação das diferenças. 61


A visibilidade Historicamente, o louco tem uma tradição no circuito do olhar. A exibição pública da loucura em carne e osso era quase uma instituição no século XVIII, configurada em espetáculos nos quais os loucos eram monstros − não no sentido de algo temível, mas no de "seres ou coisas que mereciam ser mostradas". Ausente total de razão, o louco, outro do humano, estava ali para entreter a visão razoada. Com o advento do asilo, no século seguinte, a exibição pública deu lugar ao olhar médico - perscrutador de fenômenos -, e o louco ganhou o estatuto de documento vivo: através dele, de sua nudez moral, podia-se chegar a um conhecimento do homem. Com as exposições de arte e artesanato promovidas pelos serviços de saúde mental nas últimas décadas, bem como os desfiles carnavalescos do Dia Nacional da Luta Antimanicomial − que já se tornaram uma tradição em Belo Horizonte − e a inserção de pacientes psiquiátricos no mundo do trabalho, temos uma nova contextualização do louco como objeto de um olhar: trata-se agora de mostrá-lo como igual. Nem monstro alienígena nem pedra de Roseta. No lugar de um outro externo-estranho, um outro semelhante que pode encontrar no olhar do espectador um assentimento, um encontro de imagens que, como no espelho, produz uma identificação. A reinvenção Reinventar a instituição psiquiátrica é permitir aos técnicos e pacientes envolvidos uma travessia, um passe, um encontro de múltiplos talentos, recursos e sujeitos. É reconstruir as relações entre esferas que tendem a autonomizar-se. É representar a sua conexão com cem outras coisas insuspeitadas, inclusive aquelas mórbidas ou obscenas, pessoais ou universais, necessárias ou inúteis, criativas ou apodrecidas. Cem outras coisas, que se revelam na descoberta das relações institucionalizadas e que devem atuar como motores de sociabilidade e produção de sentido nas trocas plurais cotidianas desencadeadas pela desinstitucionalização. Para tanto, é preciso construir e desconstruir discursos, papéis simbólicos e identificações. Mas também derrubar e erguer muros, abrir e fechar portas e, principalmente, inventar novas formas de comunicação. Esse real da transformação institucional pode gerar mal-entendido e desestabilização, 62


colocando em risco os projetos de mudança, em razão das dificuldades operacionais com tudo o que é novo, acrescidas da peculiaridade daquele que é tão radicalmente singular: o dito louco. Será preciso, então, criar tanto uma pacata distância entre o serviço de Saúde Mental e o campo do trabalho para o usuário desse serviço, quanto um olhar atento e não invasivo sobre cada fase do processo de entrada nesse campo: criar a lógica do umbral, imagem que sintetiza as chegadas e partidas; a hesitação; a segurança; a livre acolhida; o respeito ao ritmo próprio, mas, também, o limite do dentro e do fora, do sim e do não, do paciente e do trabalhador, do eu e do outro. A cidade democrática O manicômio não é uma casa nem um lugar de intercâmbio: se está ali por falta de alternativas de casa, de dinheiro, de relações de apoio, de recursos para viver e para se reconhecer no tecido das trocas sociais. A institucionalização de suas rotinas, sua hierarquia e seu esquema impessoal de plantões e de desresponsabilização denunciam sua acomodação ao que se apresenta como impossível, no caso, a loucura. Assim, podemos chamar de “manicomial” qualquer sistema institucionalizado que ofereça superproteção, subestimação, restrição de escolhas individuais, rígida adesão a uma escala rotineira de atividades e perda de um papel social doméstico e público. Ao sustentar um acolhimento dos ditos loucos na cidade verdadeira, ao mundo perturbador e aberto da casa, com suas contradições, estímulos e surpresas, e ao universo do trabalho, com sua necessidade de ordem e produtividade, precisaremos de uma sólida determinação de responsabilidades e de um sistema eficaz de controle de contratos capazes de agregar um projeto de desconstrução de uma lógica manicomial. Assim, sem reproduzir a lógica excludente do manicômio, caminharemos para uma progressiva reconstrução do direito ao uso mais livre da palavra e do corpo próprio, do direito ao uso de objetos pessoais e do espaço doméstico, do direito de ir e vir, do direito de se relacionar com as outras pessoas sem a barreira dos muros e do funcionamento murado do cotidiano do hospital, do direito de ter deveres no ambiente do trabalho.

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Para tanto é necessário organizar uma rede coesa de intercomunicação entre os níveis residencial, ocupacional, clínico e de reabilitação social, que não pode, sob pena de reproduzir a lógica asilar, ser regida de forma autoritária ou meramente burocrática, mas sustentada por uma ética clínica que possa fazer par aos ideais revolucionários de libertação geralmente implicados em processos dessa natureza, pautada por um pragmatismo que leve em conta a dimensão da alteridade radical das psicoses e a possibilidade de uma "cidadania assistida". Trata-se aqui de reinventar o acolhimento no mundo vivo da casa e da cidade, onde cada novo gesto pode ter um novo nome, onde cada velho nome pode ter renovados sentidos, onde cada fala e cada escuta podem abrir ou fechar o mundo comum e os mundos individuais.

Aracê e as Mulheres Na sociedade patriarcal em que ainda vivemos, as mulheres, apesar dos avanços sociais, comportamentais e até mesmo culturais, continuam ainda a sofrer discriminação no mercado formal de trabalho, como, também, de uma maneira geral na sociedade, sob diferentes aspectos, que passam pela violência, pela sexualidade, entre outros. Apesar das muitas conquistas já firmadas, a mulher ainda tem batalhas e desafios a cumprir na busca de um novo papel social. Por essas questões, a situação das mulheres com trajetória de exclusão se torna, particularmente, assim como os usuários da Saúde Mental, um desafio maior dentro do Projeto Aracê, rumo à inserção social via mercado formal de trabalho. Dentro do público alvo do Aracê, as mulheres e os usuários da Saúde Mental, independentemente de sexo, formam um grupo que, pela realidade social, são duplamente excluídos. A partir de 2008, o Aracê passa a focar esses grupos, de maneira mais pontual, na tentativa de quebrar paradigmas fortemente estabelecidos na sociedade.

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Ações Aracê 2008-2009 Começamos e terminamos o ano de 2008 assim como o de 2007, sem problemas significativos com o processo de inclusão Aracê. Já entre as instituições parceiras, o desgaste gerado, principalmente pela diferença de envolvimento e de ritmos entre os setores parceiros, mais uma vez se fez presente. O ano de 2008 foi atípico, visto que a Vina passou por um período de perda de contratos e de reformulações, o que acabou gerando a perda de um importante contrato que atendia, de maneira específica, ao perfil do público Aracê. Essa perda, além de prejudicar as contratações de um modo geral na empresa, também prejudicou de maneira pontual as contratações do Projetopiloto. Os outros contratos da empresa não podem atender ao público do Projeto Aracê por se encontrarem em regiões fora da Grande Belo Horizonte. Entre os parceiros, é consenso a ideia de não arriscar contratações fora deste município, pois, além das limitações naturais que o público Aracê já apresenta, a distância impõe limites para um acompanhamento mais próximo dos contratados durante o processo de adaptação ao mercado formal de trabalho8. No decorrer de 2008, os contratados Aracê não apresentaram nenhum tipo de problema extraordinário. Os problemas foram os de rotina dentro desse nível profissional. O processo de inclusão produtiva ocorreu melhor do que as nossas expectativas, levando-se em conta os problemas que o Projeto enfrentou: a execução de parte da metodologia proposta, a perda do contrato acima citado e a trajetória de exclusão dessas pessoas.

Com a vivência do Projeto, a Vina acredita que as contratações Aracê fora sejam viáveis, já que os contratados Aracê não mostraram nenhum tipo desabonasse esta ideia. Os problemas surgidos na rotina de trabalho normais. Além do que, a Metodologia de Referência Interna Vina/Aracê, sendo desenvolvida com eficácia. 8

de Belo Horizonte de problema que são considerados na empresa, vem

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Em 2008, duas contratações de usuários da Saúde Mental foram realizadas. Em novembro desse mesmo ano, a Secretaria Municipal de Saúde solicitou o encerramento da parceria alegando que o Projeto não havia atingido o seu objetivo. A Vina discordou do motivo alegado e, internamente, decidiu dar prosseguimento ao Projeto-piloto via Banco de Dados Aracê, além de manter a metodologia de Referência Interna Vina/Aracê e os contatos informais com parte da equipe técnica das instituições parceiras para complementar o acompanhamento necessário que este tipo de proposta exige. O foco do Projeto-piloto mostrou-se viável no seu decorrer, apresentando apenas limitações que já eram previstas dentro de uma proposta desafiadora como esta. Foram realizadas duas contratações Aracê atendendo a um dos focos de 2008/2009: as mulheres.

Metodologia de Referências – 2008 Na prática, a Metodologia de Referências apresentou limitações, tanto na empresa, internamente, quanto por parte dos parceiros, externamente. Durante o processo de implantação do Projeto-piloto, alguns problemas surgiram e geraram desgastes. Na Vina, apesar dos problemas, o processo foi desenvolvido de modo bem próximo dos contratados, com o cuidado de não tornar esta ação paternalista ou negligente, mas, sim, eficiente e coerente com a metodologia proposta e, principalmente, com respeito à trajetória de vida daquelas pessoas. Durante o processo da primeira tentativa para a inserção dos usuários da Saúde Mental, a pessoa que ocupava a função de Referência Interna Vina/Aracê demonstrou resistência. A empresa tentou algumas intervenções para adaptar essa pessoa ao perfil que a função exigia. Depois de algumas tentativas, sem sucesso, a empresa concluiu que seria melhor substituí-la, tomando o cuidado de colocar em seu lugar uma pessoa com perfil mais adequado para esse tipo de função.

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A Metodologia de Referências, internamente, vem se desenvolvendo de maneira positiva após a referida substituição, apesar de algumas limitações ainda existentes. Quanto à Referência Externa Aracê, de responsabilidade dos parceiros, na visão da Vina, poderia ter sido mais cuidadosa e eficiente: algumas demissões no andar do Projeto poderiam ter sido evitadas se as Referências Externas estivessem mais presentes, acompanhando de perto os contratados Aracê, como previsto na metodologia do Projeto, especialmente nos três primeiros meses de contratação. A ausência das Referências Externas no acompanhamento da rotina de trabalho dos Contratados Aracê, chegou a gerar problemas operacionais na empresa que poderiam ter sido evitados: a morosidade na comunicação e na busca de soluções para resolver os problemas surgidos, causou, entre a equipe regular da Vina, um sentimento de ‘privilégio’ em relação aos contratados Aracê. Esse fato foi negativo e, ao mesmo tempo, contraditório dentro da proposta do Projeto-piloto Aracê, que é a inserção das pessoas com quadro de vulnerabilidade social na rotina de trabalho, com os ajustes e as adaptações necessárias para que essa inclusão não comprometa a rotina da empresa. Internamente, a demora por parte dos encarregados diretos dos contratados Aracê em comunicar os problemas surgidos também foi um fator relevante que contribuiu para reforçar as dificuldades surgidas, tanto na prática da Metodologia de Referências Aracê como nos problemas que foram consequências desses entraves. A Vina tomou medidas internas e algumas ações foram efetivadas na busca de suprimir a ideia de privilégios dos contratados Aracê perante o restante da sua equipe. A empresa buscou melhorar, por exemplo, a sua comunicação interna e externa, no geral e junto aos Parceiros Aracê, no sentido de evitar reforçar esse sentimento e estabelecer a normalidade dentro da rotina de trabalho.

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É importante destacar que a Vina sempre se mostrou aberta à presença das Referências Externas na empresa, não colocando nenhum tipo de limitação, ao contrário, diversas vezes cobrou dos parceiros uma posição mais efetiva nesse sentido. A cobrança por um posicionamento mais atuante e preventivo das Referências Externas chegou a abalar as relações entre a Vina e os parceiros. Afinal, um projeto-piloto que busca a quebra de paradigmas com a inclusão social via mercado formal de trabalho demanda maiores cuidados. Os parceiros não se envolveram muito com o apelo da empresa, alegando sobrecarga de tarefas. A Vina percebeu que, pelo fato de os contratados Aracê estarem superando, com tranquilidade, as expectativas de adaptação à rotina de trabalho e também com a atenção que a Vina disponibiliza ao Projeto, os parceiros se acomodaram. Observação: É interessante registrar que na prática do Aracê na empresa, muitas falhas internas da Vina foram percebidas, outras reforçadas, algumas solucionadas e outras repensadas. O Projeto-piloto, de maneira geral, foi positivo para a rotina da empresa.

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Perda do contrato SLU9/Vina: principal via de inserção Período: fevereiro/março de 2008 Em março de 2008, foi comunicada aos parceiros a possibilidade da perda do contrato com a SLU que atendia os contratados Aracê e grande parte da demanda futura do Banco de Dados Aracê. A Vina colocou sua preocupação e adiantou que, caso isso acontecesse, de fato, o projeto sofreria uma perda, pois, pela trajetória de vida dos candidatos Aracê e pela dificuldade de acompanhamento dos mesmos em contratos fora de Belo Horizonte, as inclusões ficariam limitadas e o projeto iria passar por um ano mais difícil. Quando o contrato acima citado foi encerrado oficialmente, os parceiros foram informados pela Vina que a empresa estava sondando, junto à SLU, a possibilidade de aproveitamento dos contratados Aracê na nova empresa que assumiria o contrato dali em diante. A SLU se mostrou aberta a essa proposta, mas adiantou que apenas uma parte dos contratados poderia ser aproveitada, já que o novo contrato iria demandar muito menos mão de obra. A Vina apresentou aos parceiros um plano de remanejamento e de promoções e, no caso das demissões, essas aconteceriam como última opção para os contratados Aracê. Ficou acertado, entre os parceiros, que essas ações iriam ser realizadas sempre em conjunto com as Referências Externas de cada um. Foi, também, colocado para os parceiros Aracê que as perdas de contratos, assim como os ganhos, fazem parte da rotina da empresa. O importante a destacar era que o projeto Aracê iria seguir, normalmente, dentro da nova realidade. Comunicado oficial da perda do contrato SLU/Vina Plano da Vina de remanejamento para os contratados Aracê dentro da nova realidade:

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Quatro transferências para a RNV - empresa ganhadora do contrato;

Duas possíveis promoções;

Uma possível demissão.

SLU: Superintendência de Limpeza Urbana da Prefeitura de Belo Horizonte.

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As mudanças trouxeram uma insegurança muito grande para alguns dos contratados Aracê. Acreditamos que se o contrato da Vina com a SLU seguisse seu curso, muitos deles continuariam a sua rotina de trabalho, sem maiores problemas. No que a Vina pôde perceber, além da ansiedade natural que toda mudança gera, a ausência das Referências Externas junto aos contratados Aracê, durante esse processo (e até antes), contribuiu para que algumas demissões acontecessem. A presença mais atuante e próxima das Referências traria, com certeza, maior segurança (os técnicos acompanham a trajetória dessas pessoas desde a abordagem nas ruas) e, talvez, pudesse amenizar um pouco o grau de insegurança gerado. Internamente, a Vina acompanhou de perto o processo de mudança e tentou buscar a melhor solução para cada caso. As readaptações e a posição da Equipe Técnica da Saúde Mental Na primeira proposta de remanejamento dos contratados Aracê, alguns seriam transferidos para a empresa RNV, o que acabou não acontecendo. Então, a Vina decidiu transferi-los para outro setor da empresa, que na ocasião apresentava duas vagas, e, no lugar de demiti-los, optou por oferecer uma nova oportunidade. A decisão foi comunicada aos parceiros Aracê que, de modo geral, concordaram com a nova proposta, com exceção da equipe da Saúde Mental, que protestou, solicitando as duas novas vagas para seus usuários, pois até aquela data (maio de 2008) nenhum dos usuários havia sido inserido no Projeto-piloto. Apesar de, por um lado, ser justo o apelo que faziam, os outros parceiros e a Vina não viram sentido em demitir dois contratados Aracê para contratar novos candidatos. A equipe da Saúde Mental protestou sobre a decisão dos parceiros, deixando a entender que eles sentiam que o real motivo da não inclusão era o preconceito contra os seus usuários.

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Todo o restante da equipe Aracê estranhou o posicionamento da equipe da Saúde Mental, pois desde a construção do Projeto todas as questões surgidas foram sempre discutidas em equipe, com o objetivo de privilegiar o foco do Projeto e não os interesses particulares das instituições parceiras. A Vina colocou de maneira clara e objetiva para todos os parceiros o processo de remanejamento dos contratados Aracê à nova realidade da empresa. Todas as decisões finais foram elaboradas em comum acordo. É interessante ressaltar que, se os fatos tivessem ocorrido de acordo com os planos anteriormente apresentados, as duas vagas surgidas teriam sido naturalmente disponibilizadas para a Saúde Mental: foco do Projeto Aracê em 2008. Mas por uma questão de bom senso, por respeito ao foco do Aracê e dentro de uma visão global do Projeto-piloto, a maioria dos parceiros optou pela manutenção dos antigos contratados no emprego.

Encerramento da parceria a pedido da Secretaria Municipal de Saúde Data: novembro de 2008 A Vina recebeu uma carta10 da Coordenação da SMSA solicitando o fim do Termo de Cooperação Técnica, alegando que o Projeto-piloto não havia cumprido seus objetivos. A Vina discordou dos motivos alegados e respondeu à Saúde Mental e aos outros parceiros, por carta, sua posição a respeito. Talvez, o ritmo de implantação do Projeto não tenha correspondido aos interesses e às expectativas individuais e institucionais, mas correspondeu ao que foi possível dentro dos limites da realidade. Dificuldades são esperadas em qualquer projeto, ainda mais em um projeto-piloto que propõe a quebra de

paradigmas

fortemente

estabelecidos

na

sociedade,

além

das

especificidades que este apresenta.

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A carta encontra-se disponível para consulta no Departamento Socioambiental da Vina.

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Por exemplo, o preconceito dentro do preconceito com os duplamente excluídos: usuários da Saúde Mental e mulheres; a busca do equilíbrio entre as diferenças de demandas e ritmos entre público, privado e organizações não governamentais; além de outros aspectos que deixaram claro, para a Vina, que o encerramento nesse ponto do Projeto-piloto representava uma perda lamentável. O ideal seria que o Aracê cumprisse, pelo menos, dois anos de prazo, pois um projeto-piloto necessita de tempo para consolidar seus objetivos e vencer as dificuldades e demandas que este tipo de projeto normalmente apresenta. O Projeto Aracê, na visão da Vina, merecia uma reflexão mais cuidadosa de todos os parceiros envolvidos em respeito ao seu foco principal - que são as pessoas com trajetória de exclusão - e a todo o trabalho, esforço e dedicação despendidos até o momento. Independentemente do encerramento formal da parceria, a Vina decidiu que daria continuidade ao Projeto Aracê dentro da empresa, como também deixar firmado o seu compromisso com a sua proposta: o resgate da cidadania via mercado formal de trabalho. Na ocasião, a Vina continuou com o Banco de Dados Aracê aberto para o recebimento de currículos de pessoas socialmente vulneráveis e deu andamento à Metodologia de Referências, fazendo o acompanhamento dos atuais contratados Aracê através da Referência Interna Vina/Aracê e, informalmente, com alguns profissionais e ex-parceiros. No caso dos demitidos ou transferidos, a empresa procura checar, quando possível, informações sobre o paradeiro dessas pessoas, já que para o Projetopiloto, a vida deles após a experiência de inclusão social via mercado formal de trabalho é fundamental para a análise geral da viabilidade do Projeto.

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Balanço do Projeto Piloto: anos de 2007 a 2009 Com a experiência prática que a Vina adquiriu com o Projeto-piloto Aracê, alguns aspectos se tornaram claros para a empresa: • O trabalho de base desenvolvido pelos parceiros através de políticas públicas e ações de ONGs direcionadas ao resgate da cidadania vem sendo feito de maneira competente: da abordagem até a fase de seleção para a entrada no Banco de Dados Aracê. A inclusão de pessoas com vulnerabilidade social via mercado formal de trabalho se fez viável graças às ações de base acima citadas, à parceria estabelecida e às ações propostas pela metodologia do Projeto, realizando as contratações da maneira mais natural possível, tendo em vista a trajetória de exclusão do público-alvo do Projeto Aracê e a realidade que esse mercado apresenta. Os contratados Aracê não apresentaram problemas além dos já previstos. Até mesmo surpreenderam pela ‘normalidade’ com que enfrentaram o processo. Com as experiências práticas adquiridas no processo de inclusão Aracê, a Vina percebeu que é preciso desenvolver parâmetros mais criteriosos na seleção de currículos para a entrada no Banco de Dados Aracê, além de determinar o perfil da empresa contratante como um dos pontos de partida para essa seleção. Na visão da Vina, se esse critério tivesse sido rigoroso desde o começo, provavelmente teriam sido evitadas contratações de pessoas que não estavam em condições de enfrentar as exigências que o mercado formal de trabalho impõe. • O perfil que as instituições parceiras (públicas e ONGs) apresentam e pelos objetivos aos quais elas se propõem, muitas vezes, colidem com o ritmo e os objetivos do setor privado, o que acaba gerando conflitos nas relações de parceria, quando os parceiros envolvidos não são capazes de encontrar soluções que busquem equilibrar essas diferenças.

Para a Vina, a busca do equilíbrio entre os setores parceiros, apesar das diferenças de papéis e objetivos dentro da sociedade, é essencial para se

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desenvolver uma experiência mais rica e menos limitada, principalmente, quando se trata de parcerias11 cujo foco é o bem-estar social. Os setores parceiros precisam estar no mesmo grau de envolvimento com a proposta estabelecida, como também precisam incorporar uma visão mais global

e

menos

institucional

do

Projeto.

As

dificuldades

não

comprometeram o desenvolvimento do Projeto como, também, contribuíram para o encerramento oficial do Projeto-piloto no meio do seu percurso. A Vina sempre dedicou ao Aracê, como ainda dedica, a atenção necessária que um Projeto dessa importância requer, tomando medidas cabíveis para esse fim e se esforçando na busca do equilíbrio acima proposto. A empresa também buscou manter a parceria Aracê, já que na sua visão, o trabalho em equipe, especialmente entre setores diferentes da sociedade, é muito positivo, apesar das limitações e dificuldades existentes. Cada um com suas habilidades e competências, buscando tornar possíveis as ações propostas em conjunto, como também provocar mudanças dentro das próprias empresas, nas instituições parceiras e na sociedade. Por acreditar no projeto proposto, a Vina prosseguiu internamente com o processo de inclusão Aracê, utilizando o Banco de Dados, mantendo em ação a Referência Interna Vina/Aracê e solicitando a alguns técnicos (ex- parceiros), informalmente, um suporte para que este processo continue em andamento. Para que essa experiência possa ser divulgada, ela precisa estar embasada na sua vivência prática, oferecendo parâmetros reais que demonstrem a viabilidade, ou não, da inclusão Aracê via mercado formal de trabalho. Além de provocar reflexões para a busca da quebra desse paradigma social. A inclusão de pessoas com trajetória de vulnerabilidade social via mercado formal de trabalho, até o momento, se mostra viável na visão da Vina, apesar de algumas limitações, que passam mais pelos aspectos institucionais das parcerias do que pelo foco do Projeto em si. O Departamento Socioambiental da Vina já vivenciou, de certa maneira, as mesmas dificuldades em outras parcerias público-privadas. Informações disponíveis no Departamento Socioambiental da empresa. 11

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Além do quê, um dos aspectos mais positivos da inclusão social é o fato de que até os contratados Aracê, que, por enquanto, não se adaptaram às exigências da rotina que o mercado de trabalho impõe, conseguiram perder o estigma da ‘exclusão’, pois com a carteira assinada, eles passaram a ter o status de trabalhadores. A carteira de trabalho significa o primeiro passo para o resgate da cidadania e simboliza o retorno das pessoas com trajetória de exclusão à sociedade. Dentro da realidade da Vina e de sua capacidade de contratações e levandose em consideração o ano atípico que foi 2008 – assim como foi 2009 – os objetivos do Projeto-piloto Aracê, que são a ação conjunta para inclusão de pessoas socialmente vulneráveis e o resgate de cidadania via mercado formal de trabalho, vêm sendo executados dentro de um ritmo e de um cuidado coerentes com as dificuldades que um Projeto como este exige e que a realidade da empresa impõe. Para a Vina, a quantidade de inserções não é o mais importante, mas, sim a qualidade do processo, da construção de uma metodologia que possa demonstrar, num futuro próximo, que é viável a inserção de pessoas com trajetória de exclusão social no mercado formal de trabalho, ou não. Os problemas surgidos na rotina de trabalho, até o momento, são considerados normais e dentro do esperado pela coordenação do Projeto. Além do mais, a Metodologia de Referência Interna Vina/Aracê vem sendo realizada, na empresa, de forma eficaz e satisfatória.

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Projeto de consultoria Em novembro, após o pedido de encerramento da parceria pela Secretaria de Saúde, a equipe da Pastoral de Rua propôs aos parceiros Aracê a solicitação de uma consultoria para análise do Projeto-piloto, como um fechamento da etapa realizada até o término da parceria formal. A proposta foi aceita pelo Grupo e uma primeira análise do Projeto foi realizada pelo Professor e Economista Múcio Tosta (FEAD). Na visão dele, apesar das dificuldades apresentadas, havia mais aspectos positivos do que negativos na realização do trabalho até aquele momento, pois a inclusão via mercado formal de trabalho elevava o status social dos excluídos. A partir dessa análise foi proposto ao Prof. Múcio Tosta a realização de um levantamento socioeconômico do Projeto Aracê. Na visão da Vina, a análise já realizada e o futuro levantamento socioeconômico do Projeto são essenciais para uma visão mais ampla desse processo de inclusão.

Balanço das contratações Período: março de 2007 a dezembro de 2009 Total de contratações: 15 Em exercício na Vina: 5 Demissões: 10

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Ações Indiretas Vina/Aracê Período: março de 2007 a dezembro de 2009 O Projeto Aracê, apesar de não ter sido divulgado formalmente, tem tido o apoio de pessoas ligadas à Vina que, informalmente, tomaram conhecimento das suas ações. •

Loja Coisa de Louco: Dezembro 2007

Depois de tomar conhecimento do Projeto Aracê por uma conversa informal com a coordenadora do Departamento Socioambiental da Vina, a Diretora Administrativa do Centro Comercial Barroca decidiu disponibilizar a uma das instituições parceiras do Aracê, a Secretaria Municipal de Saúde, um de seus imóveis para um bazar de fim de ano, em dezembro de 2007. O bazar foi um sucesso e acabou gerando uma nova negociação, que culminou na criação da loja Coisa de Louco12 – com produtos confeccionados pelos usuários da Saúde Mental, estabelecida em ponto nobre da cidade. Num primeiro momento, o imóvel foi emprestado em regime de comodato, para que os Centros de Convivência, a SURICATO e o Projeto Arte da Saúde, vinculados à Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, pudessem expor e comercializar seus produtos. Depois, a loja começou a funcionar, no mesmo local, com nova negociação: o pagamento de aluguel com um valor simbólico. Esse aluguel seria corrigido gradualmente, até chegar ao valor real de mercado.

A Vina não conseguiu autorização da Secretaria de Saúde para publicar uma foto da loja neste relatório. 12

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• Curso de Especialização da Polícia Militar Data: Fevereiro de 2008 Tema: Ética, transparência e controle público. Local: Fundação João Pinheiro Coordenação: Sonia Maria Dias – Socióloga Objetivo: Discutir as noções de ética e de democracia e sensibilizar os policiais a respeito das atitudes preconceituosas para com as pessoas moradoras de rua e catadores de materiais recicláveis. Participação especial Libério José da Silva, ex-policial, andarilho, ex-morador de rua, artista da sucata, primeiro contratado Aracê e que, na ocasião, estava trabalhando na RNV. Libério foi convidado por Sonia Dias, coordenadora do evento, para falar ao público da palestra sobre sua trajetória de vida. Sua história sensibilizou os participantes, todos policiais militares, especialmente pelo fato de ele ser um ex-policial. A atividade cumpriu o objetivo proposto.

Geração de renda para os grupos produtivos parceiros As ações do Projeto Aracê, junto com as ações de outros projetos e eventos da empresa Vina, ligadas ao Departamento Socioambiental, geraram renda para os grupos de inclusão ligados à parceria Aracê: •

Evento de Oficialização da Parceria entre a Vina e a Escola de

Engenharia da UFMG. Aconteceu no Bar Reciclo 213 em 10 de agosto de 2007. A equipe do Reciclo 2 foi responsável pelo Buffet Completo para 30 pessoas. Renda gerada: R$ 417,00 (quatrocentos e dezessete reais).

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Para mais informações sobre o Reciclo 2, ver página 53.

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Café servido pelo Buffet do Reciclo 2

Primeiro Encontro Aberto do Grupo de Estudo Multidisciplinar

Parceria entre Vina e Escola de Engenharia da UFMG: O Encontro foi realizado no dia 6 de outubro de 2007, na residência da professora Maria Teresa Paulino Aguilar, uma das coordenadoras do evento. Nesse evento, foi oferecido para as pessoas presentes, em torno de 30, um lanche, produzido pelo grupo de inclusão produtiva Caminho do Sabor. O lanche foi apreciado pelos presentes, pela qualidade dos quitutes servidos. Renda gerada: R$150 reais (cento e cinquenta reais). •

Reunião de Balanço Aracê: novembro 2007

Local: Reciclo 2 Durante o evento foi servido buffet variado preparado pelo Reciclo 2. Renda gerada: por um engano na empresa, talvez o valores gerados tenham sido computados em outro centro de custo do Departamento Socioambiental da Vina. A empresa solicitou ao Reciclo 2 essas informações, mas até a data de fechamento deste documento não obteve retorno. •

Loja Coisa de Louco

Data: dezembro de 2007 Durante a semana de 18 a 24 de dezembro, no Bazar de Natal, a loja teve um faturamento de R$ 852,00 (oitocentos e cinquenta e dois reais).

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• Palestra Construindo um Mundo Sustentável: parceria entre Vina e Escola de Engenharia da UFMG / CIPMOI14 Data: setembro de 2008 Durante esse evento foi servido, para as 80 pessoas presentes, um café produzido pelo grupo de inclusão produtiva Caminho do Sabor. Renda gerada: R$ 598,00 (quinhentos e noventa e oito reais). Nesse evento, não foram usados materiais descartáveis. Parte do vasilhame utilizado foi alugada e o restante foi adquirido do Grupo Pitangaporã. Renda gerada: R$ 175,00 (cento e setenta e cinco reais). Total de renda gerada: R$ 773,00 (setecentos e setenta e três reais). •

Produção das capas do documento

Uma das ações de 2008 foi a produção das capas usadas em outras versões deste documento, confeccionadas pelos usuários da Saúde Mental durante a Oficina de arte nos Centros de Convivência/PBH. Produção: 50 capas. Renda gerada: R$ 150 reais (cento e cinquenta reais). •

Brindes de fim de ano/2009

Bolsas elaboradas com banners descartados que foram distribuídas junto com as agendas 2010 pelo Departamento Socioambiental da empresa. A criação e confecção das bolsas são do artista da sucata Libério José da Silva, excontratado Aracê. Produção: 120 bolsas. Renda gerada: R$ 480,00 (quatrocentos e oitenta reais).

Resumo Renda Gerada pelo Projeto-piloto Aracê: •

Ações diretas: R$ 1.346,00 (hum mil trezentos e quarenta e seis reais);

Ações indiretas: R$ 2.822,00 (dois mil oitocentos e vinte e dois reais);

Total: R$ 4.168,00 (quatro mil cento e sessenta e oito reais).

A renda gerada com essas ações, sob o ponto de vista empresarial, tiveram um baixo custo. Mas para os artistas e os grupos produtivos envolvidos, o retorno obtido foi significativo, tanto pelo aspecto financeiro como, também, pelo aspecto de valorização do trabalho e da autoestima. 14

CIPMOI: Curso Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra Industrial/UFMG

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2010 Ações Aracê 2010 No ano de 2010 o Projeto Aracê decorreu de forma tranquila, sem problemas significativos no seu processo de inclusão social. Na realidade, aconteceram mais fatos positivos do que negativos, como, por exemplo, uma das contratadas Aracê ter se tornado a primeira operadora de máquinas pesadas da Vina, com um dos melhores testes realizados na empresa. - O Projeto Aracê foi, com o passar do tempo, inserido e adaptado à rotina de trabalho da Vina; desse modo, a Metodologia de Sensibilização se tornou desnecessária. - Com o encerramento das parcerias formais, o projeto foi assumindo seu próprio ritmo, se adequando às necessidades da empresa, como, também, às necessidades dos contratados. Visando somente à qualidade das contratações, e não a quantidade, o processo de inclusão ocorreu de maneira mais natural e eficiente. - As visitas dos técnicos, que antes eram sempre requisitadas pela empresa e demoravam a acontecer, começaram a acontecer de forma ágil, trazendo mais segurança e estabilidade ao projeto como um todo. Isso nos fez perceber também como a Metodologia de Referências é importante para a evolução profissional dos contratados na empresa, já que eles precisam de uma referência para orientá-los nessa nova fase. - Como a parceria é informal, os técnicos que nos apoiam são aqueles que se envolveram com o Projeto Aracê. O desgaste que antes foi gerado pela diferença de ritmos entre os setores parceiros, como já foi citado anteriormente, foi cessado.

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A partir do momento que os técnicos não estavam mais “presos” aos mecanismos e burocracias que o setor público impõe, a Metodologia de Referências passou a funcionar de maneira eficiente. Assim, o processo de inclusão Aracê passou a fluir naturalmente e em tempo hábil. - Em 2010, o Projeto Aracê ampliou as possibilidades para novas inclusões de pessoas com trajetória de exclusão. Em maio, foi feita a primeira inclusão formal de trabalho de um ex-detento.

Balanço do Projeto Aracê – 2010 A equipe da Vina vem percebendo que, a cada ano, o Projeto Aracê tem evoluído e, aos poucos, o seu objetivo principal vem se mostrando cada vez mais viável. Apesar de a empresa não oferecer um grande número de vagas, essas oportunidades oferecidas já transformaram, de alguma maneira, a vida dessas pessoas com a sua reinserção social. Na visão da Vina, a quantidade de inserções pode não ser muito significativa, mas a qualidade do processo como um todo prova a viabilidade e a importância social do Projeto. A Metodologia de Referências vem se consolidando como fator importante no processo de inclusão social dos contratados Aracê. No caso dos demitidos ou transferidos, a empresa procura checar, quando possível, informações sobre o paradeiro dessas pessoas, já que para o Projeto é importante saber sobre os efeitos da experiência de inclusão do Aracê na vida delas. São dados fundamentais para a avaliação permanente da viabilidade do Projeto. Nossa expectativa é de que, num futuro próximo, possamos alcançar outro importante objetivo do Projeto Aracê: sensibilizar outras empresas a colocarem em prática ações de inclusão de pessoas com trajetória de vulnerabilidade social no mercado formal de trabalho, tendo como referência a proposta do nosso Projeto-piloto.

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Balanço das contratações Período: março de 2007 a dezembro de 2010 Total de contratações: 17 Em exercício na Vina: 5 Demissões: 12

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2011 Ações Aracê 2011 No ano de 2011, o Projeto Aracê aconteceu de forma tranquila, sem problemas significativos no seu processo de inclusão social. Com o encerramento das parcerias formais, em 2010 o projeto foi assumindo seu próprio ritmo, se adequando às necessidades da empresa, como, também, às necessidades dos contratados. Em 2011, esse processo continuou caminhando de maneira tranquila. As visitas dos técnicos acontecem de forma natural, trazendo mais segurança e estabilidade ao projeto. Isso nos fez perceber como a Metodologia de Referências é importante para a evolução profissional dos contratados na empresa. Em 2011, o Projeto Aracê teve uma nova contratação e uma promoção de cargo. Além de disponibilizar cursos técnicos e profissionalizantes para alguns de seus contratados.

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Balanço do Projeto Aracê – 2011 Em 2011, não foi possível desenvolver o projeto de consultoria para transformar as contratações Aracê em dados socioeconômicos. A Vina chegou a fazer contatos com profissionais da área para dar início às análises, porém, algumas questões internas e externas impediram que a equipe contatada pudesse desenvolver esta ação, que acabou sendo adiada para 2012. A partir da realização do projeto de consultoria, a Vina terá mais respaldo para sensibilizar outras empresas a colocarem em prática ações de inclusão, ampliando a proposta do Aracê e multiplicando as oportunidades de transformar positivamente a vida de muitas pessoas com trajetórias de vulnerabilidade social.

Balanço das contratações Período: março de 2007 a dezembro de 2011 Total de contratações: 18 Em exercício na Vina: 6 Demissões: 12

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2012 – 2013 Ações Aracê – 2012 e 2013 O Projeto Aracê vem ocorrendo de forma tranquila dentro da empresa, sem problemas significativos. Desde 2010, após o encerramento das parcerias formais, o Projeto começou a assumir seu próprio ritmo, se adequando de forma natural às necessidades da empresa e dos contratados. O trabalho das referências interna e externa entrou em sintonia, o que trouxe mais segurança e estabilidade à rotina de trabalho dos contratados. Em 2012 e 2013, a Referência Interna escolhida pela Vina não conseguiu desempenhar de maneira adequada a sua função, trazendo algumas consequências negativas, como, por exemplo, negligência no preenchimento de vagas que poderiam ter sido direcionadas para o Projeto Aracê, falta de acompanhamento adequado dos contratados, entre outras falhas percebidas pela empresa. Diante dos problemas citados, o Departamento Socioambiental da Vina decidiu assumir esse papel.

Situação do Banco de Dados Até dezembro de 2013, o banco de dados estava desatualizado e desativado. As contratações Aracê geralmente acontecem por meio de contato direto com os técnicos parceiros, informais. Nesse período, aconteceram três novas contratações.

Balanço das contratações Período: março de 2007 a dezembro de 2013 Total de contratações: 21 Em exercício na Vina: 5 Demissões: 16

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Ações Indiretas Foram realizadas palestras e eventos na UFMG com a participação direta de contratados ativos e, também, de ex-integrantes do Aracê. A convite da Profª. Sonia Dias, da Faculdade de Ciências Humanas (Fafich) da Universidade

Federal

de

Minas

Gerais

UFMG,

o

Departamento

Socioambiental realizou três palestras para os alunos do curso de Gestão Pública da UFMG: duas em 2012 e uma em 2013. O objetivo era apresentar brevemente o Projeto Aracê e discutir, com os alunos, a parceria entre os setores público e privado. Nesses encontros, alguns contratados Aracê estiveram presentes para dar os seus depoimentos sobre o projeto.

Primeira palestra – Junho/2012

Libério e a exposição de suas peças.

Material de divulgação entregue aos alunos.

Da esquerda para direita: Lilian Bernardes (aluna), Libério, Cassimara, Allan, Eric (Aracê), Prof.ª Sônia Dias (UFMG), Cláudia Lessa (Vina), Flávia e Maurício (Reciclo 2).

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Material de divulgação: todos os participantes, inclusive os contratados Aracê, receberam um material produzido pelo Departamento Socioambiental, em parceria informal com o ex-contratado Libério. Foram produzidas 60 portacanetas15 em formato de florzinhas de PET, que foram entregues com o caderninho Ações Vina e um marcador de páginas. Exposição Libério: na época da produção dos materiais de divulgação, em conversas informais, Libério vinha se queixando da dificuldade de trabalhar com arte e sucata por falta de divulgação e pela baixa remuneração. Para ajudar na divulgação do trabalho de Libério, Cláudia Lessa, coordenadora do Departamento Socioambiental da Vina, teve a ideia de montar uma exposição dele durante a palestra na UFMG. Foram compradas duas peças para sorteio (valor R$ 80,00). Além disso, foram produzidos 500 cartões de visita (valor: R$ 45,80) e foi oferecido todo o suporte necessário para a divulgação do trabalho de Libério na Internet. Café: nesse evento, o Reciclo 2, grupo de inclusão

produtiva

da

ASMARE

foi

contratado para produzir o lanche, que foi muito apreciado por todos. Algumas peças de arte, criadas a partir de sucata, foram sorteadas para os alunos. (Valor do lanche e das peças sorteadas: R$ 810,00) Eric Dias, um dos contratados Aracê, ficou responsável pelo transporte dos colegas até a UFMG e, na volta, até a residência de cada um. Ele utilizou um carro emprestado pela Vina, que também forneceu o combustível. Além disso, a empresa ofereceu um lanche, que gerou renda extra para uma funcionária da Vina (valor: R$ 60,00).

Por uma falha interna do Departamento Socioambiental da Vina, os custos dessa produção foram perdidos. 15

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Segunda palestra – Novembro / 2012 Nessa palestra também foram entregues kits de material de divulgação do Departamento Socioambiental da Vina. Dessa vez, Eric Dias utilizou o seu carro particular para realizar o transporte. A Vina calculou o valor gasto em gasolina (R$ 57,00) e pagou ao Eric o valor de R$ 80,00, como forma de gratificação pela gentileza. A RI Vina/Aracê também estava presente nesse evento.

Terceira palestra – Maio/2013 O foco dessa palestra era apresentar o projeto Aracê para os alunos, explicando as etapas de construção e implementação do projeto na empresa. Os contratados Aracê foram convidados a participar e deram o seu depoimento pessoal sobre a vivência no projeto.

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Cassimara Ribeiro sensibilizou os alunos com a sua fala e Diego Rocha Batista, por uma falha de logística, acabou se perdendo dentro da universidade e não conseguiu chegar a tempo de participar. Nenhum dos dois teve necessidade de utilizar o transporte oferecido pela Vina. Novamente foi oferecido um lanche, que gerou renda extra para uma funcionária da Vina (valor: R$ 20,00). Durante essa palestra, o Departamento Socioambiental, em parceria informal com a Prof. Sônia Dias, deu início a uma nova ação: o registro audiovisual do evento. O objetivo inicial era gravar a palestra, transformá-la em um vídeo e usá-lo como material de divulgação do Aracê no meio acadêmico. Porém, após esse primeiro registro, chegou-se à conclusão de que esses vídeos deveriam ser gravados em outro formato para serem melhor trabalhados e, assim, cumprirem seu objetivo. A primeira ideia é a realização de filmagens e entrevistas que explorem a história de cada contratado do Projeto Aracê, narrando, a partir do olhar deles, essa experiência. Em novembro de 2013 foi iniciada a primeira fase das filmagens.

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2014 Ações Aracê 2014 Referência Interna – Departamento Socioambiental Como citado anteriormente, no ano de 2013 a função de Referência Interna (RI) do Projeto Aracê passou a ser vinculada ao Departamento Socioambiental. Essa renovação buscou o resgate do que havia sido perdido no ano anterior, por meio de encontros promovidos pela nova RI e que foram essenciais para a criação de elos de confiança e respeito entre os envolvidos. Em 2014 houve uma contratação Aracê por meio da parceria informal com o Instituto Minas Pela Paz – Projeto Regresso.

Instituto Minas Pela Paz – Projeto Regresso Em 2013, o Departamento Socioambiental convidou o Projeto Regresso para fazer parte dos parceiros informais do Projeto Aracê. A Vina teve uma experiência, no período de 2012 a 2013, de uma parceria formal com o Projeto Regresso, resultando em mais de 20 contratações de egressos do sistema prisional de Belo Horizonte e Ribeirão das Neves. Essa parceria formal foi finalizada em novembro de 2013, devido ao excesso de burocracia por parte da Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDES) e por falta de estrutura administrativa interna da Vina. No entanto, nesse período, foi possível perceber que o desenvolvimento do trabalho entre a Vina e o Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (PRESP) foi produtivo, o que motivou o desejo de continuar o trabalho por via informal: pelo comprometimento entre as partes.

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Em novembro de 2014, o Instituto Minas Pela Paz16, por meio do Projeto Regresso17, firmou parceria informal com o Projeto Aracê, seguindo a mesma metodologia da parceria formal, porém sem o pagamento de subvenção e com a adequação à metodologia do Projeto-piloto Aracê, o que aconteceu sem maiores problemas pois as metodologias tinham pontos em comum. A metodologia aplicada na parceria obedece às seguintes etapas: •

Os egressos são indicados pelo PRESP para as vagas em aberto na Vina;

A Vina faz a entrevista e, sendo aprovado, o egresso é encaminhado para o exame médico admissional. É importante ressaltar que, ao ser encaminhado para a contratação, o PRESP orienta e auxilia os egressos quanto à recuperação de documentos, e, de sua parte, a Vina não solicita o atestado de antecedentes criminais.

Após a contratação, o egresso é acompanhado, internamente, pela RI da Vina e, externamente, pelo PRESP, por meio da RE.

Documentário: Projeto Aracê O ano de 2014 foi muito produtivo para o Projeto Aracê. Além do acompanhamento habitual dos contratados Aracê, foram iniciadas as filmagens, citadas na página 90, que formarão um documentário sobre o Aracê, mostrando a visão dos próprios contratados, dos parceiros e da empresa sobre o Projeto.

O Instituto Minas pela Paz é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) criada a partir da iniciativa do Conselho Estratégico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais FIEMG), composto pelos presidentes das maiores empresas do Estado. www.minaspelapaz.org.br 17 O Programa Regresso é o direcionamento estratégico do Instituto Minas Pela Paz na execução dos projetos Regresso e Recuperando que, desde 2009, se orienta pela inserção profissional do egresso do Sistema Prisional, além da formação educacional e profissional de apenados nas unidades prisionais comuns no Complexo Penitenciário Estevão Pinto, no Centro de Referência à Gestante Prisional, e na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC’s). www.minaspelapaz.org.br/wp-content/uploads/2013/11/Relatorio_Projeto_Regresso.pdf 16

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O objetivo de registrar esses depoimentos, que são representativos das partes envolvidas neste projeto, é poder mostrar que a contratação profissional de pessoas que viveram alguma situação de exclusão é uma contribuição significativa para o resgate da cidadania, e que, em sua maioria, essas contratações são satisfatórias para a empresa que as contrata. No mês de dezembro de 2013 foram iniciados os primeiros contatos com os contratados e ex-contratados Aracê. Esse contato inicial teve por objetivo explicar a proposta do documentário e fazer o convite para participação. Inicialmente, a finalização do documentário estava prevista para dezembro de 2014. No entanto, ele ainda se estende, de maneira muito rica, até a data da última atualização deste documento (31/5/15).

Consultoria Socioeconômica para o Projeto Aracê Em dezembro de 2014, finalmente foi iniciada a parceria entre a Vina e a Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) para a realização da consultoria socioeconômica do Projeto Aracê. O Professor Múcio Tosta, do curso de Economia da UFSJ, coordenará essa consultoria dentro de uma visão socioambiental do Projeto Aracê. A Vina – a partir da sua experiência prática, da consultoria da UFSJ e da realização do documentário - irá se empenhar na divulgação do Projeto-piloto para promover a sensibilização de outras empresas para colocarem em prática ações de inclusão social, estabelecendo, gradativamente, um ciclo positivo que promova a quebra de paradigma e mobilize muitas empresas a assumirem de fato a sua corresponsabilidade social.

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Balanço 2014 O ano de 2014 foi marcado pela reestruturação da Metodologia de Referências, que ajudou a fortalecer o Projeto; pela continuidade do projeto do documentário; e pela proposta de parceria entre a UFSJ e VINA para a construção de um levantamento socioeconômico do Aracê, com uma visão socioambiental. A parceria informal estabelecida entre o Instituto Minas pela Paz e o Projeto Aracê também foi uma ação que acrescentou ao Projeto mais possibilidades de inclusão, ampliada para os egressos do Sistema Prisional.

Balanço das contratações Período: março de 2007 a dezembro de 2014 Total de contratações: 22 Em exercício na Vina: 4 Demissões: 18

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Contratações 2007 a 2014 95


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2007 1) Libério José da Silva Admissão: 3/5/2007 Demissão: 5/5/2008 Permanência: 1 ano e dois dias Origem: Bolsa Moradia Função: Servente Setor: Frente de Serviço Escolaridade: Segundo grau Salário: R$ 380,00 + insalubridade R$ 152,00 =R$ 532,00 mensais Vale transporte: R$ 94,60 Alimentação: R$ 132,00 Total: R$ 758,60 Nova função - RNV Cargo: Servente Salário: R$ 559,00 Vale-transporte: não fornecido. Vai de bicicleta (mora perto do trabalho) Alimentação: 159,00 (Cartão Alimentação) Cesta básica em dinheiro: R$ 70,00 (Cartão) Total: R$ 788,00 Demissão da RNV: Setembro/2009 Histórico Libério é um artista plástico que trabalha com sucata, desenha e possui outras habilidades artísticas. Depois de um período de trabalho, em que se revelou um bom profissional, ele solicitou à empresa uma mudança de horário para que pudesse exercer a sua arte que, além de lhe dar prazer, também lhe garantia uma renda extra. Apesar de a sua contratação ser recente, a Vina atendeu ao pedido de Libério. Ele se mostrou capaz, cumprindo com responsabilidade e competência suas obrigações. Em maio de 2008, Libério se desligou da Vina devido ao término do contrato da empresa com a SLU. A Vina entrou em contato com a SLU e a RNV, a nova 97


empresa que assumiu o contrato, e conseguiu que ele fosse admitido por ela nas mesmas condições anteriores. Libério ficou feliz com a oportunidade, pois, para ele, ter duas empresas diferentes em sua carteira de trabalho era muito significativo. Em setembro de 2009, Libério foi demitido da empresa RNV. No dia 31/12/2009, ele foi contratado para trabalhar como fiscal em uma panificadora, com o salário de R$ 600,00 – sem benefícios. Em fevereiro de 2014, o Departamento Socioambiental entrou em contato com Libério para convidá-lo a participar do documentário Aracê. O seu depoimento foi gravado com sucesso. Ele aparentava estar bem e satisfeito com o cargo de fiscal de loja em uma rede de supermercados.

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Depoimento Segue o depoimento18 escrito por Libério sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. O depoimento foi transcrito na íntegra e consta nos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê. “Primeiro de tudo eu quero agradecer a Deus por ter tocado no coração de seu Renato e a Dona Claudia19, obrigado Por deixar-me mostrar que eu Seria Capaz. 1º Veja bem A minha Vida antes do projeto, antes da pastoral de rua era um pouco compricada pos eu não tinha direção, rumo, PesPequitiva de vida. Foi Ai que Deus me levou a conhecer dona Cristina da Pastoral de Rua, que logo me levou p/ Asmare que logo me fez descobrir o Don da ate plástica. Só que éu Libério Com muita umildade queria muito mais. A umildade a qual eu tanto seguir é muito difício seguir neste mundo Com Pricado onde cada um só quer p/se, na Sociedade, imagine fora dela, ou seja morar na Rua. O que nós Queremos é só uma coisa, mostrar que Somos Capazes. ai eu vou mais longe,longe e eu vou expricar.muitas pessoas que nuncar morou na Rua,que tem Casa,familhas Referencias,mesmo Com Tudo isso O sistema ainda sim pede uma referencia,uma Carteira c/ profição,glau de escola,agora imagine p/ quem mora na rua. Este Projeto Foi Bom Pois assim que sair da Vina eu logo entrei na rnv.eu estou vencendo. O Projeto é bom Bom p/ nós.ele serve Com uma Ponte entre a pessoa e o trabalho. Eu Hoje Posso dizer Com Toda Certesa que tenho os meus direito de vouta. Hoje As Pessoas não me ver Com mais Piedade, ou seja diguinó de pena. Foi assim na Vina, é RNV e a te o fim eu irei lutar. Pra finalizar Eu agradeço muito de Coração. Obrigado.” Libério José da Silva 21/11/2008

Todos os depoimentos apresentados aqui foram escritos por livre vontade dos seus autores, que também concordaram com a publicação dos mesmos neste documento. 19 Renato Malta é diretor da Vina. Cláudia Lessa é coordenadora do Departamento Socioambiental da empresa. 18

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2) Hildebranda de Paula dos Santos Admissão20: 3/5/2007 Demissão: 21/1/2013 Permanência: 5 anos e 8 meses Origem: Associação Querubins (ONG que trabalha com arte e educação e atua na Vila Acaba Mundo, Praça JK / Sion). Função: Auxiliar de escritório Setor: Administrativo Escolaridade: 2º grau incompleto Salário inicial: R$ 403,28 Alimentação: R$ 125,00 Transporte: R$ 123,75 Total: R$ 652,03 Em 2008: assumiu a nova função de Auxiliar de Escritório (B) Setor: Departamento Pessoal Salário: R$ 753,00 Alimentação: R$ 187,50 Transporte: R$ 270,00 Total: R$ 1.210,50 Curso: Utilizando o Sistema Master Folha / Mastermaq O curso teve duração de seis dias, 4h/dia, totalizando a carga horária de 24h. Mastermaq – www.mastermaq.com.br Em 2012: transferência para Ribeirão das Neves. Função: Auxiliar de Escritório (B) Setor: Segurança de Trabalho Salário: R$ 1.041,00 + insalubridade R$ 248,80 = R$ 1.289,80 Alimentação: R$ 300,00 Transporte: R$ 130,00 Total: R$ 1.719,80 Hildebranda possui uma deficiência na perna e foi contratada na categoria de PNE (Portador de Necessidades Especiais), comprovada pelo laudo que consta no link: http://bit.ly/pnebranda 20

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Histórico Hildebranda (‘Branda’) é uma pessoa muito querida na Vina. Ela vem desenvolvendo sua função com competência e é evidente a sua evolução profissional. Branda esteve de licença maternidade de março a junho de 2008. Em julho, ela retornou à sua função. Em outubro de 2009, Branda entrou novamente em licença maternidade. Na ocasião, ela estava muito abalada devido à perda do seu companheiro. Dias antes da sua licença, os colegas de trabalho resolveram organizar um “chá de bebê” para animá-la. Branda agradeceu a iniciativa carinhosa que a ajudou a montar o enxoval. Depois do nascimento de sua filha, mais uma vez seus colegas de trabalho tiveram a iniciativa de ajudá-la: recolheram doações na empresa que foram convertidas em uma cesta básica, com itens que também completavam o enxoval do bebê. No mês de dezembro, Branda fez uma visita à empresa para que seus colegas de trabalho pudessem conhecer Karen, sua filha. Branda retornou ao trabalho no dia 18/2/2010. Apesar de não ter origem nos programas de políticas públicas dos parceiros Aracê, por sua trajetória de exclusão, ela é considerada, na empresa, como integrante do Projeto Aracê. Em 2011, Branda foi transferida para o Setor de Segurança do Trabalho e, apesar de não ter mudado de cargo, estava satisfeita no seu novo ofício. No mês de outubro, ela teve a oportunidade de fazer um curso da área do Departamento Pessoal: Utilizando o Sistema Master Folha / Mastermaq. O curso teve duração de seis dias, 4h/dia, totalizando a carga horária de 24h. De acordo com a Referência Interna Vina/Aracê, ela estava feliz e realizando seu trabalho com competência, mas com algumas limitações por causa dos filhos. No início de 2012, após a conclusão do seu curso Mastermaq, na área do Departamento Pessoal, surgiu uma oportunidade de transferência de Hildebranda para o contrato da Vina em Ribeirão das Neves (MG). Apesar de continuar no mesmo cargo, ela passou a receber um adicional por insalubridade, pois, em Ribeirão das Neves, o escritório fica localizado dentro do aterro e a equipe trabalha próxima aos resíduos tóxicos do lixo. Com essa transferência, Branda passou a cumprir seus horários com mais pontualidade, por morar mais próxima ao local de trabalho.

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Em 2012, Branda recebeu uma proposta de emprego em outra cidade e pediu seu desligamento da Vina, após 5 anos e 7 meses de trabalho. Com a mudança de emprego, Branda foi morar no Morro do Pilar, interior de Minas Gerais. Ela se mostrou muito entusiasmada com a nova oportunidade e satisfeita por morar em “um lugar calmo, afastado da cidade, onde poderei criar meus filhos com mais tranquilidade”. Em fevereiro de 2014 a RI do Projeto Aracê esteve na casa de Branda, em Morro do Pilar, juntamente com o produtor Guido Dias para gravar seu depoimento para o documentário do Aracê. Durante a filmagem, foi possível perceber que Branda estava bem e que sua decisão de mudança para o interior foi muito boa. Seus filhos estavam na escola e felizes com a nova casa e os novos amigos. Branda contou que, quando chegou lá, facilmente conseguiu um emprego na prefeitura de Morro do Pilar, pois era a única moradora da cidade que conhecia o programa Mastermaq. Ela trabalhou na prefeitura até o final de 2013, quando o prazo do contrato de trabalho terminou. Em fevereiro de 2014, ela pediu à Vina nova oportunidade de trabalho. Como a Vina não possui unidade na região onde Branda morava, o diretor da Vina, Renato Malta, indicou Branda para trabalhar em uma empresa na qual ele conhecia o diretor. Branda é uma mulher responsável, competente e certamente estaria em breve empregada. Em agosto de 2014, o Departamento Socioambiental teve notícia de que Branda havia retornado para Ribeirão das Neves com os filhos, pois não estava conseguindo emprego em Morro do Pilar. Atualmente ela está empregada, trabalhando no setor administrativo da empresa que substituiu a Vina no contrato de Ribeirão das Neves. Obs.: A Vina tem um programa de empréstimo para sua equipe, no valor máximo de 5 mil reais, sem juros, que pode ser parcelado em até doze vezes e descontado diretamente na folha de pagamento. Esse programa oferece oportunidades e dá um suporte a mais, não só aos contratados Aracê, mas a toda equipe da Vina, e, por isso, vem funcionando de maneira bastante positiva na empresa. Hildebranda já foi beneficiada por esse programa.

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Depoimentos Seguem os depoimentos escritos por Hildebranda sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. Os depoimentos foram transcritos na íntegra e constam nos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê.

1º depoimento “Bom, tudo começou quando morava no sion, na vila do Acaba Mundo, vidinha dura mais levamos assim mesmo, até que apareceu Magda uma mulher guerreira e decidida a cuidar da praça onde era o local de diversão para nós, então começamos a salvar a praça e tudo foi crescendo na minha vida e se transformando criamos um projeto começou somente com a dança afro e capoeiras, era tudo muito bom mais ainda faltava algo até que conseguimos um espaço na mineradora lagoa seca lá perto mesmo,então figemos um multirão lavamos,pintamos ficou lindo lá era o nosso espaço o projeto so foi crescendo as aulas aumentando os professores novos chegando tudo muito bom depois de tudo renovado começou lá mesmo um projeto de encaminhamento para o mercado de trabalho fui contemplada por uma vaga para trabalhar lá me especializar para conseguir um emprego de carteira assinada. Até que um belo dia tive o prazer de saber que o Renato estava com uma vaga de telefonista na empresa dele até então não sabia quem era ele, depois o conheci conversei com ele e vim até a vina fiz a entrevista,fiz um processo de aprendizagem passei e estou na empresa até hoje,estou muito feliz satisfeita querendo aprender sempre mais e mais.Neste meio tempo engravidei hoje tenho uma benção de Jesus na minha vida que é o meu filho Kaiky estou bem,mais pretendo ficar melhor,sempre quero ficar melhor.” Hildebranda Santos 18/11/2008

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2º depoimento “Meu nome e Hildebranda estou na empresa a mais ou menos 3 anos e estou adorando, gosto muito da profissão, do cargo que exerço e as pessoas com quem eu trabalho também são muito legais, as vezes rola algum desentendimento mais logo é resolvido, confesso que tenho o gênero forte mais não gosto de ser dependente de alguém para completar a minha tarefa. Procuro fazer tudo que me foi designado. A Empresa para mim e um amigo, sempre disposta a cobrar e a cobrar também (rsrsrs). Atualmente trabalho no Setor de Depto. De Pessoal estou aprendendo bastante e pretendo aprender mais por este motivo o meu alvo é mudar de Cargo já que enfim já faz 03 ano que estou no mesmo, já passei por telefonista, agora Auxiliar de Escritório e meu alvo é assistente de Depto. Pessoal. Tudo que tenho e o que sou agradeço primeiramente a Jeová Deus, que me dá o fôlego da vida, A vina e aos meus filhos que me dá força para continuar esta jornada, pois são tantos acontecimentos na minha vida que se for parar para refletir sobre, não suportaria eles são a minha força de vontade e Deus e meu sustento Sem eles não sou nada Agradeço a todos” Hildebranda Santos 02/03/2011

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3º depoimento “Ribeirão das Neves, 09 de janeiro de 2012 Bom Gosto muito de trabalhar na Vina é uma empresa que lhe da oportunidades de crescimento e aposta em que o funcionário o mais leigo que seja pode chegar a ter um grande potencial , no ano de 2011 tive muitas oportunidades , muitas tristezas e felicidades dentro da empresa e neste ano de 2012 espero que seja melhor do que o ano anterior . Agradeço a todos que tiveram paciencia comigo Att Branda”

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4º depoimento “Eu Hildebranda gostei muito de trabalhar na Vina foi uma experiência Maravilhosa. Agradeço 1º a Jeová por ter me guiado meus caminhos e depois a Claudia e o Renato pela oportunidade. A empresa me fez crescer como pessoa e profissionalmente. Tudo que aprendi na Vina vou levar para a minha vida profissional, as oportunidades os amigos e os desafios que fizeram parte do meu crescimento profissional. A minha saída da Vina, é para alcançar novos alvos e poder dedicar a minha vida mais a Jeová e aos meu filhos. Agora posso dizer que posso andar com as minhas próprias peras, pois a Vina me ensinou a andar. Agradeço por todos os momentos bons e todo apoio e conselho profissional dos meus colegas de trabalho. Fiquem com Jeová e que tudo possa dar certo na vida de todos da Empresa Vina Equipamentos. Tel contato 8890-6685 14/01/2012”

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3) José Ailton M. de Meireles Admissão: 21/5/2007 Demissão: 17/7/2008 Permanência: 1 ano e quase 2 meses. Origem: República Reviver/SMAAS Função: Frente de Serviço Setor: Produção Escolaridade: 1º grau Salário: R$ 380,00+ insalubridade R$ 152,00 = R$ 532,00 Vale Transporte: R$ 94,60 Alimentação: R$ 132,00 Total: R$ 758,60 Histórico Até março de 2008, José Ailton não havia apresentado nenhum tipo de problema. Nessa época, durante o expediente, ele saiu para beber. Voltou alterado e chorando muito. A RI Vina/Aracê conversou com ele e José Ailton relatou a sua insatisfação, devido à perseguição do seu Encarregado21. Ela tentou acalmá-lo, pediu para que ele fosse para casa e que, no dia seguinte, eles conversariam novamente antes de tomar qualquer tipo de decisão. No dia seguinte, bem mais tranquilo e envergonhado, José Ailton conversou com a RI Vina/Aracê e eles decidiram por sua permanência na empresa. José Ailton era um dos contratados Aracê que seriam absorvidos pela RNV, fato que acabou não acontecendo e a quem a Vina resolveu dar mais uma chance, transferindo-o para o Setor de Manutenção. Depois disso, ele se mostrou mais tranquilo e adquiriu confiança, trabalhando normalmente até julho de 2008, quando pediu demissão. Apesar de estar gostando do trabalho, ele queria voltar para sua terra natal, no município de Araçuaí, norte de Minas Gerais. Lá ele tem família e um pedaço de terra.

Esse Encarregado teve problemas com várias pessoas da equipe da empresa, fora e dentro do Projeto Aracê. Ele acabou sendo dispensado, pois a Vina percebeu que ele não tinha perfil para o cargo. 21

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José Ailton percebeu que a cidade grande é uma ilusão, a saudade apertou e os seus padrinhos estavam insistindo na sua volta, para ele cuidar da roça. A família nunca soube da realidade do José Ailton em Belo Horizonte. Nos pedidos de demissão por parte dos contratados Aracê, pela trajetória de vulnerabilidade social que apresentam, a Vina sempre optou por demiti-los para que eles pudessem ter algum respaldo além do seguro-desemprego. Depois da sua saída, não tivemos mais notícias de José Ailton. Depoimento: Segue o depoimento escrito por José Ailton sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. A carta foi transcrita na íntegra, porém a versão original foi perdida e não consta nos arquivos da Vina. “Desde o primeiro momento que entrei na empresa fui tratado muito bem, me receberam com muito carinho e atenção por todos, tive o apoio que eu não esperava, superou minhas expectativas, não tenho reclamações da Vina e agradeço por tudo que fizeram por mim, pois estou saindo por livre e espontânea vontade, pois acredito que já estou preparado para crescer e com intuito de subir na vida como qualquer pessoa. Só tenho á agradecer.” José Ailton Meireles 11/07/2008

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4) José Reinaldo Ramos Admissão: 24/7/2007 Demissão: 12/11/2007 Permanência: 3 meses e 18 dias Origem: República Reviver/SMAAS Função: Ajudante de paisagismo Setor: Paisagismo Escolaridade: 1º grau incompleto Salário: R$ 380,00+ insalubridade R$ 152,00 = R$ 532,00 Vale Transporte: R$ 189,00 Alimentação: R$ 132,00 Total: R$ 853,00 Obs.: não estava preparado para a entrada no Banco de Dados. Histórico José Reinaldo não estava preparado para trabalhar em equipe. Demonstrou ter um perfil antissocial. Sua demissão foi um processo tomado em conjunto com as equipes de Referência Aracê (Interna e Externa) e com o próprio José Reinaldo, que pediu para ir embora por sua dificuldade em se relacionar. Durante sua permanência na Vina, ele se mostrou agressivo. Houve até uma situação em que alguns colegas de trabalho fizeram uma brincadeira com ele (as brincadeiras são habituais nesse nível profissional), José Reinaldo não gostou e atirou várias pedras nos companheiros. Por sorte, ninguém se feriu. Na época, a Referência Interna Vina/Aracê apurou os fatos e constatou que a brincadeira não tinha sido ofensiva, apenas uma brincadeira entre colegas de trabalho. José Reinaldo se mostrou emocionalmente desequilibrado. Nos pedidos de demissão por parte dos contratados Aracê, pela trajetória de vulnerabilidade social que apresentam, a Vina sempre optou por demiti-los para que eles pudessem ter algum respaldo além do seguro-desemprego. Até dezembro de 2009 não tivemos notícias de seu paradeiro. Depoimento Devido à sua curta permanência na empresa, José Reinaldo não escreveu sua carta/depoimento.

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5) Luiz Carlos Ferreira dos Santos Admissão: 24/7/2007 Demissão: 28/8/2008 Permanência: 1 ano, 1 mês e 4 dias (na maior parte do tempo ausente e de licença médica). Origem: Abordagem Centro Sul - República Reviver/SMAAS Função: Servente Setor: Frente de Serviço Escolaridade: 1º grau Salário: R$ 380,00+ insalubridade R$ 152,00= R$ 532,00 Vale Transporte: R$ 94,60 Alimentação: R$ 132,00 Total: R$ 758,60 Histórico Logo que Luiz Carlos começou a trabalhar ele teve inúmeras faltas. Ele não se mostrou uma pessoa responsável, não comunicando à empresa suas ausências e apenas entrando em contato com a Vina na véspera do pagamento do seu salário. Em fevereiro, ele estava para ser demitido quando a empresa recebeu um comunicado de licença médica. Luiz Carlos estava com tuberculose. A licença médica do Luiz venceu no dia 14 de junho de 2008. No dia 15, ele não se apresentou e não deu qualquer tipo de satisfação à empresa. A direção da Vina decidiu aguardar os 30 dias necessários para caracterização de abandono de emprego quando, em 8 de julho (24 dias após o vencimento da licença) ele apareceu. Luiz Carlos estava bastante deprimido e disse à RI Vina/Aracê que ela poderia demiti-lo, pois não queria criar mais problemas. Ele relatou que estava nas ruas bebendo, mas que não estava mais usando drogas já havia uns quatro meses. Ele contou que tinha se submetido a um tratamento, mas não entrou em detalhes. Bastante emotivo, comentou que não tinha ninguém, que sua vida não tinha sentido e que o salário que ele recebia da Vina estava todo sendo consumido em álcool. Ele também não queria voltar para o Albergue, pois lá convivia com viciados como ele. Na ocasião, ele estava trabalhando com um ‘carrinho’, catando papelão, e estava pensando em voltar para as ruas. A RI 115


Vina/Aracê conversou com Luiz Carlos e resolveu dar a ele uma chance. Garantiu a sua permanência no trabalho e liberou um alojamento da Vina para ele morar. Lá, Luiz Carlos iria dividir o espaço com mais quatro pessoas, desde que respeitasse as regras de convivência estabelecidas pelo grupo e pela empresa. Ele ficou bastante animado com a oportunidade e se comprometeu a cumprir o combinado. A RI Vina/Aracê também ofereceu a ele suporte para desintoxicação química, pois sabia que, sozinho, Luiz não daria conta de superar a dependência. Na hora, ele gostou da ideia, mas na realidade nunca tomou qualquer iniciativa nesse sentido, apesar de a RI Vina/Aracê, em diferentes oportunidades, abordar o assunto com ele direta e indiretamente. Luiz Carlos estava com uma aparência e higiene bastante desagradáveis e, como ele não tinha condições para adquirir produtos de higiene, roupas de cama e de banho, a Vina disponibilizou os produtos necessários. Até o dia 5 de agosto de 2008 a rotina de trabalho do Luiz transcorreu com normalidade, sem problemas. Ele trabalhou direito, teve boa convivência com os colegas de trabalho e do alojamento, cumpriu com responsabilidade as suas tarefas. Porém, ao ser liberado para fazer uns exames pendentes, Luiz Carlos saiu e só retornou três dias depois, bastante alterado e muito abatido. A RI Vina/Aracê teve com ele uma conversa firme e objetiva. Luiz Carlos pediu desculpas e prometeu retornar ao trabalho. No dia 18 de agosto, ele tornou a desaparecer e só reapareceu em 28 de agosto, para pedir demissão. Luiz Carlos estava com péssima aparência e bastante constrangido. Nos pedidos de demissão por parte dos contratados Aracê, pela trajetória de vulnerabilidade social que apresentam, a Vina sempre optou por demiti-los para que pudessem ter algum respaldo, além o seguro-desemprego. O nível de dependência química em que Luiz Carlos se encontrava fez com que ele não suportasse a responsabilidade. Ele precisava de um suporte maior para tentar se recuperar. A Referência Externa do Luiz Carlos nunca esteve presente na empresa e não participou do processo. A RI Vina/Aracê entrou em contato com a equipe da Secretaria de Inclusão Social/GEINP apenas por telefone, na busca de orientações para a melhor solução do caso. Depoimento Devido à sua tumultuada permanência na empresa, Luiz Carlos não escreveu sua carta/depoimento. 116


6) João Eduardo dos Santos Silva Admissão: 26/ 7/2007 Licença Médica: 10/1/2008 a 31/3/2008 Demissão: 16/5/2008 Motivo: desejo de fazer um curso no SENAC, incompatibilidade de horário com o trabalho. Permanência: 10 meses e 20 dias. Origem: República Reviver Função: Servente Setor: Frente de Serviço Escolaridade: 2º grau incompleto Salário: R$ 380,00+ insalubridade R$ 152,00 = R$ 532,00 Vale Transporte: R$ 94,60 Alimentação: R$ 132,00 Total: R$ 758,60 Histórico Até outubro, João Eduardo não apresentou nenhum tipo de problema, desenvolvendo sua atividade normalmente até entrar de licença médica, com o diagnóstico de Síndrome do pânico. Ele ficou afastado pelo INSS no período de 10 de janeiro de 2008 a 31 de março de 2008, quando voltou a trabalhar normalmente. Durante o seu afastamento, se mostrou uma pessoa muito responsável e preocupada com o trabalho, ligando várias vezes para a RI Vina/Aracê para dar satisfação do seu quadro, apesar de não ser necessário. Em maio, ele pediu para ser demitido, pois desejava fazer um curso profissionalizante no SENAC e não seria possível conciliar com o horário de trabalho na empresa. A RI Vina/Aracê perguntou ao João Eduardo sobre a possibilidade de ele ficar desempregado e ele relatou que já tinha um emprego em vista e que só faltava se desligar da empresa.

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João Eduardo, logo depois do pedido de demissão, entrou em crise. Ele procurou a RI Vina/Aracê para conversar, estava muito magro, abatido e com sintomas de depressão. A RI ficou preocupada e entrou em contato com a GEINP. Na ocasião, uma das técnicas chamou João Eduardo para uma conversa, mas, infelizmente, ele não apareceu e a técnica também não foi à Vina procurá-lo. Nos pedidos de demissão por parte dos contratados Aracê, pela trajetória de vulnerabilidade social que apresentam, a Vina sempre optou por demiti-los para que eles pudessem ter um respaldo maior, além do seguro-desemprego. João Eduardo é uma pessoa que, fora do quadro da sua doença, se mostra educado, responsável e que deseja muito superar suas dificuldades, trabalhar, evoluir e ter uma vida digna. Na visão da Vina, ele é uma pessoa que, se tivesse recebido o acompanhamento adequado da sua Referência Externa, provavelmente teria uma trajetória mais positiva. Paradeiro: na reunião do dia 29 de outubro de 2008, um dos parceiros comentou que ele estava para ser contratado pela SUDECAP/PBH. Como João Eduardo saiu da República Reviver, não se tem notícias sobre seu paradeiro.

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Depoimento Segue o depoimento do João Eduardo sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. O depoimento foi transcrito na íntegra e consta nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê. “Acho louvável a iniciativa da empresa Vina Equipamentos à atitude de colocar em prática a responsabilidade social. O ponto alto do projeto que é a inclusão produtiva do individuo, fazendo assim à verdadeira promoção humana. O verdadeiro resgate da cidadania é a oportunidade de trabalho digno. Que esta atitude, possa ser copiado por outras empresas.” João Eduardo dos Santos Silva 11/12/07

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7) Allan Carlos de Alcântara Mesquita Admissão: 13/8/2007 Origem: Bolsa Moradia Função: Servente Setor: Sudecap Escolaridade: 1º grau incompleto Salário inicial: R$ 380,00 + insalubridade R$ 152,00 = R$ 532,00 Alimentação: na época da contratação, a refeição era oferecida pela empresa. Transporte: R$ 100,00 Total: R$ 632,00 Em outubro de 2008, Allan foi promovido a Borracheiro de Equipamento Pesado. Setor: Oficina Salário: R$ 431,20 + insalubridade R$ 166,00 = R$ 597,20 Transporte: R$ 100,00 Alimentação: na época, a refeição era oferecida pela empresa. Total: R$ 697,20 Em dezembro de 2012, Allan foi promovido para Operador de Retroescavadeira. Setor: Sudecap Salário: R$ 959,00 + insalubridade: R$ 248,80 = R$ 1.207,80 Alimentação: R$ 300,00 Transporte: R$ 265,00 Total: R$ 1.772,80 Até dezembro de 2014: Cargo: Operador de retroescavadeira Salário: R$ 1.367,00 + insalubridade R$ 289,60 = R$ 1.656,60 Alimentação: R$ 330,00 Transporte: R$ 250,80 Total: R$ 2.237,40

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Histórico Allan trabalha bem em equipe e desenvolve sua função de maneira satisfatória. Durante o carnaval de 2008, ele faltou ao serviço por alguns dias sem dar explicação. Ele recebeu uma advertência, depois de ter sido feita uma avaliação com os encarregados do seu setor. Allan era um dos contratados Aracê que deveria ser remanejado para a empresa RNV, após o término do contrato com a SLU, mas, como voltou a se ausentar sem motivo justo, isso pesou contra ele no processo de seleção. A Vina resolveu dar a ele mais uma chance, transferindo-o para o setor de manutenção. Com essa oportunidade, Allan mudou seu comportamento e se mostrou um profissional responsável. Em setembro de 2008 foi oferecida a ele a oportunidade de uma promoção: ocupar a vaga de borracheiro de equipamento pesado no setor de Oficina da empresa. Ele aceitou a proposta e ficou muito feliz com a oportunidade. Em seguida, ele fez o curso específico e, em outubro de 2008, assumiu sua nova função. Curso de Borracheiro para Equipamento Pesado Período: de 2/10/2008 a 10/10/2008 Carga horária final: 72 horas Empresa: JP Pneus (Radial) - www.jpradialpneus.com.br Endereço: Rodovia BR-040 - km 514, s/nº - Bairro Napoli - Ribeirão das Neves – MG Custo: curso oferecido pela empresa JP Pneus (Radial) como cortesia, devido a uma parceria de serviços com a Vina. No primeiro semestre de 2010, Allan começou a treinar no equipamento retroescavadeira e demonstrou grande potencial para a nova tarefa. Nessa época, Allan também iniciou o curso de mecânica de moto, mas acabou não concluindo. Em 2011, ele continuou na função de borracheiro, mas com possibilidades de uma promoção para a função de Operador de Retroescavadeira. Allan já tinha sido aprovado nos testes e, para assumir essa nova função, dependia da CNH na categoria D e do surgimento de vaga.

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De acordo com o seu encarregado, é notória a evolução profissional e pessoal de Allan.

Em 2012, ele cumpriu sua função sem maiores problemas e

conquistou sua CNH na categoria D, necessária para a promoção de cargo. Após essa aquisição, Allan foi transferido, em dezembro, para a função de Operador de Retroescavadeira. Um fato interessante para o projeto: em 2012, foi Allan quem treinou e acompanhou o processo de experiência do contratado Aracê Wellington Alves na borracharia. Allan se mostrou empenhado e satisfeito na nova função. Porém, em janeiro de 2013, começou a queixar com relação ao seu salário. Ele solicitou um aumento ao seu encarregado algumas vezes e, por esse motivo, chegou até a se desentender com ele. De acordo com a Referência Interna, essa era a única queixa de Allan com relação ao trabalho. Em julho de 2013, Allan recebeu o aumento e está trabalhando bem, sem maiores problemas. Ele deseja realizar futuramente um curso de informática. Em março de 2014 foi feita uma visita ao Allan no seu local de trabalho para realização da filmagem para o Documentário Aracê. Nessa ocasião tivemos a oportunidade de conversar com ele, que demonstrou estar satisfeito com o trabalho, sem problemas com adaptação ou com horários. Ele afirmou que deseja permanecer na Vina por muitos anos, pois gosta de trabalhar na empresa, onde conquistou muitos amigos e a confiança de seus encarregados. Em setembro de 2014 o Departamento Socioambiental recebeu uma reclamação do encarregado do Allan sobre atrasos e faltas. O encarregado disse que, caso Allan não mudasse sua postura, iria trocá-lo de setor. O Departamento Socioambiental entrou em contato com Allan para saber o que estava acontecendo. Ele esclareceu que tem bebido muito aos domingos e que, na segunda-feira, acorda passando mal. Afirmou que não foram muitas vezes que isso aconteceu e que não continuará agindo assim. Ele não deseja mudar de setor e, ao ser questionado se está satisfeito com o trabalho, disse que sim. Em novembro de 2014 o encarregado de Allan informou ao Departamento Socioambiental que não teve mais problemas com ele, que está trabalhando bem. 122


Depoimentos Seguem os depoimentos de Allan sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. Os depoimentos foram transcritos na íntegra e constam nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê.

1º depoimento “Eu sou o Allan e antes de ter a oportunidade de conhecer o projeto eu andava fazendo alguns bicos uma semana tinha outra não e era difícil porque meus filhos come todos os dias .Mas graças a Deus eu tive uma oportunidade muito boa na minha vida. No período do treinamento para trabalho Foi meio istranho,porque ninguém conhecia ninguem assim pessoa com istorias diferentes trajetória diferentes.Mas no ocorre do tempo eu fui percebendo que todos com eu estava querendo um impurrãozinho para tentar mudar de vida.Eu consegui graças A Deus me incaminharão para vina me oferecendo uma vaga na função de servente e entrei numa turma que tinha apelido de mata cobra.Aonde eu fiz varias amizades mas infelis mente A turma teve que se disfazer por causa do tempo do contrato da vina co A SLU.então eu e mai alguns companheiros do projeto fomos convidados para continuar na vina.e graças A Deus min deram A oportunidade de fazer um treinamento para que eu aprendese A Função de Borracheiro e e o que estou fazendo Hoje na empresa e estou gostando muito Obrigado.” Allan Carlos de Alcântara Mesquita 18/11/2008

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2º depoimento 17/11/2010 - Belo Horizonte Meu nome é Allan Tenho 25 anos de idade trabalho na vina equipamentos a pouco mais de 3 anos comecei numa turma de ajuante conhecida como mata cobra no decorre do tempo a turma acabou a licitação passou para outra empresa e o mais importante com redução de funcionarios. Mas cara minha sorte e de alguns outros colegas tivemos a oportunidade de continuar na Vina me passaram para a borracharia, tirei habilitação confiaram eu deixar eu ir executar o serviço de Rua com carro da empresa sozinho tenho varios amigos de verdade aqui inclusive estamos tendo uma grande perda que é o Felix que esta indo embora pessoa que sempre me ajudou aqui na empresa. Sempre com boa vontade e paciencia. Graças a Deus meu apartamento que aguardava pela prefeitura agora minha esposa esta trabalhando meus filhos na creche. Ano que vem meu mais velho vai para a escola e eu estou muito felis. E agraceço ao Doutor Renato e a sua esposa Claudia pela oportunidade e pela confiança e desejo toda felicidade do mundo obrigado! Allan Carlos A. Mesquita

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3º depoimento “09/01/2012 – Belo Horizonte Gostaria de fala um pouco o que melhorou na minha vida depois que eu tive a oportunidade de trabalha na Vina primeiramente foi minha casa própria daí

senti

necesidade de ter uma habilitação e a tirei da habilitação me veio a vontade de ter um altomovel e então eu conçegui nao posso deixar de dizer uma das coisas que eu mais valorizo na vida e a oportunidade e fazer novas amizades . No entanto tenho novos objetivos na vida objetivos esses que so surgiram através do que eu passei e vivi durante esses quatro anos e pouco de vida no entanto eu so tenho a agradecer a oportunidade e espero que a vida continue acim , para que mais pessoas possam ter oportunidade de crecer na vida Obrigado .”

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4º depoimento “Ola Sou Alllan e gostaria mais uma vez de agradecer a Vina Pelas oportunidades que me oferece estou muito satisfeito pela confiança que depositam em mim. Isso para mim e muito importante pois aumenta minha auto estima e mim deixa mais confiante Por isto gostaria de dizer obrigado Por mim ajuda contudo graças a deus neste ano aconteceu muitas coisas boas na minha vida por exemplo troca minha carteira troca de função e espero que as oportunidades continue surgindo.” Allan Carlos

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8) Jefferson de Magalhães Fonseca Admissão: 10/9/2007 Demissão: 10/3/2008 Permanência: 6 meses Origem: Bolsa Moradia Pastoral. Função: Servente Setor: Frente de Serviço Escolaridade: 1º grau incompleto Salário: R$ 380,00+ insalubridade R$ 152,00 = R$ 532,00 Vale Transporte: R$ 189,00 Alimentação: R$ 132,00 Total: R$ 853,00 Histórico Jefferson é uma pessoa pouco comunicativa, com desempenho médio no trabalho. Nas tentativas de aproximação que a Referência Interna Vina/Aracê fez com ele, as respostas dele se resumiam a ‘sim ou não’. Esse traço de personalidade gerou dificuldades de relacionamento e de trabalho em equipe. Com o término do contrato da Vina com a SLU, toda a equipe da empresa que estava trabalhando neste contrato foi remanejada, demitida ou então contratada pela RNV, em maio de 2008. Como a RNV não aceitou Jefferson, a Vina resolveu dar uma chance a ele, transferindo-o para o Setor de Manutenção. Jefferson não aceitou a transferência e pediu para sair. Nos pedidos de demissão por parte dos contratados Aracê, pela trajetória de vulnerabilidade social que apresentam, a Vina sempre optou por demiti-los para que eles pudessem ter algum respaldo, além do seguro-desemprego. Fica a pergunta: por que ele não aceitou continuar na Vina? É provável que as mudanças de contrato tenham gerado um

alto grau de insegurança para

Jefferson. Se o contrato continuasse, acreditamos que ele ainda estaria na sua função, sem problemas. Ele não tinha nenhuma perspectiva de novo trabalho. De modo geral, a perspectiva de mudança “mexeu” com os contratados Aracê, perturbou a tranquilidade e trouxe uma desestabilização emocional significativa.

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Paradeiro: no dia 29 de outubro de 2008, recebemos a informação de que Jefferson viveu por um período do seguro-desemprego e que estava fazendo ‘bicos’ na rua, mas estava bem. Uma informação mais recente diz que agora ele está em tratamento de saúde devido a um problema pulmonar, mas não se sabe há quanto tempo. Desde dezembro de 2009 não tivemos notícias dele. Depoimento Segue o depoimento escrito por Jefferson sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. O depoimento foi transcrito na íntegra e consta nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê. Jefferson contou com o apoio da RI Vina/Aracê para redigir o seu depoimento. “Estou muito satisfeito com a experiência que estou tendo na Vina e agradeço de coração a oportunidade que me foi concedida, e busco cada vez mais me aprimorar para subir, crescer como profissional, a Vina está me ajudando muito e estou feliz dentro da mesma. Agradeço aos companheiros de trabalho e aos amigos que me dão força para que eu possa crescer como profissional. Obrigado.” Jefferson de Magalhães Fonseca

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9) José Geraldo Santos Admissão: 05/11/2007 Demissão: 11/11/2008 Permanência: 1 ano e 6 dias Origem: República Reviver/SMAAS Função: Servente Setor: Frente de Serviço Escolaridade: primeiro grau incompleto Salário: R$ 380,00 + insalubridade R$ 152,00 = R$ 532,00 Vale Transporte: R$ 94,60 Alimentação: R$ 132,00 Total: R$ 758,60 Histórico Até a perda do contrato com a SLU, José Geraldo se mostrou uma pessoa equilibrada e um profissional competente. A Vina tinha planos para lhe dar uma promoção para o cargo de Auxiliar de Oficina. Mas, depois que José Geraldo foi comunicado sobre as mudanças, ele se tornou uma pessoa bastante ansiosa. Na primeira quinzena de abril, ele começou a reclamar do horário e da função, se sentindo muito à toa (período de encerramento do contrato SLU/fase de transição: foi dito a ele para ter paciência, que aos poucos as coisas iriam retomar ao ritmo normal). Mesmo assim, José Geraldo pediu para mudar de função, dizendo: “Eu não posso ficar à toa, penso muitas bobagens!”. O caso foi analisado pela empresa e, uma semana depois, José foi atendido na sua solicitação: ele foi transferido, provisoriamente, de horário e função. Ficou com a função de ajudante de pedreiro. Ao mesmo tempo, ele foi comunicado que, em breve, seria promovido ao cargo de soldador. A princípio, ele ficou muito satisfeito, porém, uma semana depois (início do mês de maio de 2008), ele pediu demissão repentinamente. A Referência Interna Vina/Aracê questionou sua decisão, mas José se mostrou inflexível. Ele solicitou sua saída e não teve condições emocionais nem para cumprir o aviso prévio.

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Ele relatou que não estava satisfeito, não queria mais fazer parte do Projeto Aracê. Disse que ia procurar outro emprego que não tivesse ligação com o Projeto, pois ele queria apagar todo o seu passado que foi muito triste e sofrido! José citou que não tinha nada contra a empresa ou seus colegas de trabalho, que era agradecido, mas que desejava ir embora. Obs.: José era bastante ansioso. Quando tinha que esperar e cumprir etapas, ele se desestruturava. As mudanças na empresa acarretaram uma forte mudança no seu comportamento. Quando ele foi questionado sobre não querer fazer mais parte do Aracê, José não soube se colocar ou dizer o que realmente o incomodava. Na percepção da Vina, o incômodo não passava pelo Aracê, mas pela questão da mudança em si, o que, no caso dele, provocou uma grande insegurança. Talvez se José Geraldo tivesse o acompanhamento mais próximo e cuidadoso da sua Referência Externa, provavelmente teria uma trajetória mais positiva. Nos pedidos de demissão por parte dos contratados Aracê, pela trajetória de vulnerabilidade social que apresentam, a Vina sempre optou por demiti-los para que eles pudessem ter algum respaldo, além do seguro-desemprego.

Paradeiro: no dia 29 de outubro de 2008, segundo informação dada por uma das técnicas da Pastoral de Rua, ele estava trabalhando em Ribeirão das Neves. Desde dezembro de 2009 não tivemos notícias do seu paradeiro.

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Depoimento Segue o depoimento escrito por José Geraldo sobre sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. O depoimento foi transcrito na íntegra e consta nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê. José Geraldo contou com o apoio da Referência Interna Vina/Aracê para redigir o seu depoimento. “Estou achando está oportunidade especial, agradeço a oportunidade, e acho que em especial que a empresa tem um grande objetivo de fazer crescer os seus funcionários e é isto que acredito, tenho um objetivo de crescer e realizar sonho em uma empresa onde não há preconceito pelo seu passado que apóia e acolhe o funcionário e mostra a lê que ele realmente é importante para o crescimento da empresa.” José Geraldo Santos

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10) Manoel Lúcio Lucas Admissão: 19/11/2007 Demissão: 7/7/2010 Permanência: 2 anos e 4 meses Origem: Bolsa Moradia Função: Servente Setor: Frente de Serviço Escolaridade: 1º grau incompleto Salário: R$380,00+ insalubridade R$ 152,00 = R$ 532,00 Alimentação: R$ 132,00 Transporte: R$ 94,60 Total: R$ 758,60 Em abril de 2008, Manoel Lúcio foi promovido e passou a assumir o Cargo de Motorista de Caminhão Toco. Salário: R$ 693,00 Alimentação: R$ 136,80 Transporte: R$ 100,80 Total: R$ 930,60 Obs.: Ao assumir o cargo de motorista, seu Manoel perdeu o direito à remuneração por insalubridade. Histórico O “Seu Manoel”, como é carinhosamente chamado na Vina, é uma pessoa muito querida na empresa. É um funcionário competente, comunicativo e prestativo. Em março de 2008, foi comunicado a ele que havia a possibilidade de uma promoção: de Servente para Motorista. Ele ficou muito feliz com a oportunidade e passou com louvor nos testes para a nova função. Desde abril de 2008 ele está exercendo sua nova função. Com algumas limitações no começo, mas com muito esforço e apresentando evolução profissional a cada dia, Seu Manoel vem realizando seu ofício com muita responsabilidade e desenvoltura.

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Até o primeiro semestre de 2010 ele estava satisfeito com o trabalho. Porém, no início de junho, a RI Vina/Aracê foi informada de que Seu Manoel estava passando por sérios problemas pessoais, que estavam afetando seu bom desempenho no trabalho. Ela o procurou para saber o que estava acontecendo. Ele contou seus problemas e pediu que, naquele momento da sua vida, o melhor seria a empresa dispensá-lo para que ele pudesse quitar algumas dívidas e que isso iria lhe trazer mais tranquilidade. Assim, a empresa optou por atendê-lo. Em julho, data em que ele recebeu o acerto, agradeceu a todos pela oportunidade e se despediu, muito desanimado, pois estava muito triste com a sua situação. Em novembro de 2011, a Referência Interna entrou em contato com Seu Manoel, que lhe disse que estava trabalhando há um mês como motorista em uma empresa de asfalto, na cidade de Joatuba (MG). Seu Manoel parecia estar bem, estava morando no alojamento da empresa e havia conseguido quitar as dívidas. Obs.: A Vina tem um programa de empréstimo para sua equipe, no valor máximo de 5 mil reais, sem juros, que pode ser parcelado em até 12 vezes e descontado diretamente na folha de pagamento. Esse programa oferece oportunidades e dá um suporte a mais, não só aos contratados Aracê, mas a toda a equipe da Vina, e por isso vem funcionando de maneira bastante positiva na empresa. Seu Manoel fez uso desse programa algumas vezes.

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Depoimento Segue o depoimento escrito por Seu Manoel sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. O depoimento foi transcrito na íntegra e consta nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê. “Progeto Aracê A Minha vida antes do Progeto Aracê era muito ruim. Eu sofrir muito não tinha trabalho. Como foi a minha entrada no Projeto Aracê Foi muito bom porque Eu lá eu aprendi muitas coisas. boas. e eu estou muito feliz de ter entrado no projeto. Como foi minha entrada na vina.Foi pela assistência Social que mim encaminhou. A minha família antes estava passando uma vida ruim.agora eu estou muito feliz pela o portunidade e a minha família esta muito alegre pela a portunidade que eu ganhei no trabalho. Aminha família hoje estar muito feliz porque eu estou trabalhando. Quando eu era servente Eu estava satisfeito porque eu estava ganhando o meu pão de cada dia.E esta muito feliz porque estava trabalhando. Eu estou muito feliz pela promoção de motorista e minha família tambem.Aminha vida antes do projeto era muito ruim. Eu sofrir muito.depois que eu entrei no projeto arace e aprendi muitas coisas boas. O Projeto Aracê e muito bom porque la eu aprendir muita coisa. Eu estou muito satisfeito de ter conseguido um emprego na Vina. A vina para min e uma grande empresa. Eu adoro a Vina. porque não e todas empresa que ficha o trabalhador da minha idade. Eu já trabalhei em muitas empresas mais como a vina nunca trabalhei. A vina e uma empresa que dar oportunida aos seus funcionarios. Eu estou muito feliz na vina. Eu gosto da vina de coracao. Eu amo meus colegas de trabalho.” Manoel Lucio Lucas 20 de Novembro de 2008

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Ricardo Vieira Souto

Admissão: 5/11/2007 Demissão: 19/12/ 2007 Permanência: 49 dias Origem: Bolsa Moradia Função: Servente de produção Escolaridade: 1º Grau incompleto Salário: R$ 380,00 + insalubridade R$ 152,00 = R$ 532,00 Vale Transporte: R$ 100,80 Alimentação: R$ 144,00 Total: R$ 776,80 Paradeiro: No final de 2008, ele estava internado em uma Clínica de Desintoxicação. Histórico Ricardo, depois de 10 dias de trabalho, se ausentou por 10 dias sem avisar. Retornou ao trabalho e depois continuou faltando sem dar nenhum tipo de satisfação. Foram feitas pela empresa, através da Referência Interna Vina/Aracê, várias tentativas para ajudá-lo no processo de adaptação à rotina de trabalho, mas ele não foi capaz de corresponder às expectativas. Ele relatou que o lugar dele era na rua, onde não precisava dar satisfação a ninguém e era onde ele se sentia livre. Ele necessitava de suporte psicológico para se desintoxicar e se readaptar à sociedade. No final de 2008, ele estava internado em uma Clínica de Desintoxicação. Em 2010, Ricardo fez um tratamento de recuperação na Igreja Batista da Lagoinha. Na ocasião, ele trabalhava nessa igreja e vivia bem, não apresentando sintomas de dependência química e havia reatado sua relação com a família. Em janeiro de 2011, a Vina tentou um contato com a Igreja Batista da Lagoinha, nosso único elo com Ricardo, para saber sobre seu paradeiro. Até a data de fechamento deste documento, não tivemos nenhum tipo de retorno. Depoimento Devido à sua curta permanência na empresa, Ricardo não escreveu seu depoimento. 139


2008 12) Paulo Eustáquio de Souza Admissão: 20/10/2008 Demissão: 21/10/2008 Permanência: 24 horas Origem: Saúde Mental Função: Servente Setor: Produção Escolaridade: 1º Grau Completo Salário: R$ 415,00 Vale transporte: não precisava, pois morava próximo da empresa. Alimentação: R$ 136,80 Total: R$ 551,80 Paradeiro: Atualmente, o Paulo não está trabalhando. Frequenta as oficinas do CERSAM – Centro de Referência em Saúde Mental e está fazendo seu tratamento regularmente. Sua experiência de trabalho na Vina foi significativa, apesar de só permanecer lá por um dia. A chance de alguma empresa aceitá-lo para trabalhar foi muito importante para ele e o deixou muito feliz. No futuro, quando se sentir mais seguro, pretende arrumar algum serviço na área de limpeza ou de cozinha para trabalhar. Obs.: As informações acima foram passadas por telefone à Referência Interna Vina/Aracê por uma técnica da Saúde Mental do CERSAM, que o Paulo frequenta.

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Histórico O Paulo se saiu bem nos testes de seleção. No seu primeiro dia de trabalho, se mostrou muito tranquilo e eficiente. A Referência Interna Vina/Aracê conversou com ele no final do expediente e ele relatou que tinha gostado muito do serviço. No dia seguinte, Paulo procurou a RI Vina/Aracê dizendo que gostaria de sair porque o serviço era muito pesado, ele tinha problemas de coluna e que seus pais acharam melhor ele não trabalhar. Ele pediu demissão e, como permaneceu no trabalho por apenas 24 horas, recebeu o valor referente às horas trabalhadas. A vaga do Paulo foi, imediatamente, disponibilizada para a Saúde Mental. Obs.: Durante o processo de seleção, seus exames médicos não acusaram nenhum problema de coluna. Depoimento: Devido à sua curta permanência na empresa, Paulo Eustáquio não escreveu seu depoimento.

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13) Éderson André de Oliveira França Admissão: 13/11/2008 Demissão: 6/2/2009 Permanência: 2 meses e 23 dias Origem: Saúde Mental Função: Servente Setor: Produção Escolaridade: 2º Grau Completo Salário: R$ 415,00 Vale transporte: R$ 88,20 Alimentação: R$ 136,80 Total: R$ 640,00 Obs.: O Éderson foi enquadrado na empresa na categoria ‘Portador de Necessidades Especiais’. Nos testes, ele apresentou algumas limitações. Histórico Éderson se mostrou bastante ansioso durante os testes e, por essa ansiedade excessiva, teve dificuldades para aceitar o processo de seleção e cumprir as etapas. Seu processo foi mais moroso que o normal, por ele demorar a apresentar a documentação médica exigida. Durante a sua seleção, percebeuse que ele não estava tomando os seus medicamentos de maneira correta. A Vina entrou em contato com a técnica da Saúde Mental, que chamou o Éderson para uma conversa. Foi feito um acordo para que ele assinasse uma carta ‘simbólica’, na qual ele se comprometia a tomar os seus medicamentos corretamente e levar seu tratamento a sério, visitando seu médico periodicamente, pois só assim ele poderia começar a trabalhar (o acordo se encontra na página seguinte). O encarregado-chefe do Éderson foi avisado das suas limitações e foi pedida a ele uma atenção mais especial. Os colegas de trabalho do Éderson perceberam suas limitações e, enquanto o Éderson esteve na Vina, ele foi tratado com respeito por todos, que ficaram sensibilizados com seu problema.

142


Durante o seu tempo de permanência na empresa, sempre que a RI Vina/Aracê percebia qualquer problema ou alteração com o Éderson, ela entrava em contato com a técnica da Saúde Mental, RE Aracê para pedir orientação e, juntas, tomarem as decisões cabíveis. A intenção era sempre a de evitar a demissão do Éderson e encontrar soluções, dentro das suas limitações, para sua inclusão efetiva. Éderson, depois de um período, começou a apresentar problemas de saúde física e mental e teve que se ausentar por uns dias no trabalho. Depois desses fatos, Éderson exerceu suas funções sem maiores problemas, apesar da dificuldade em aceitar comando. Porém, com o passar do tempo, a resistência em aceitar ordens e regras cresceu e ele passou a não respeitar o horário, a demonstrar falta de comprometimento com o trabalho, dentre outros pequenos problemas que surgiram e que acabaram levando à sua demissão. No fim de quase três meses de trabalho na empresa, as Referências Interna e Externa Aracê chegaram à conclusão de que Éderson ainda não estava preparado para o mercado formal de trabalho. A Vina ponderou com a técnica da Saúde Mental que, apesar dos problemas surgidos, talvez valesse à pena dar ao Éderson mais uma oportunidade, um prazo maior para sua adaptação, já que estávamos desenvolvendo um projetopiloto e o Éderson era um usuário da Saúde Mental. Mas a técnica da Saúde Mental achou que não convinha. A Vina acatou sua decisão e no dia 6 de fevereiro de 2009 comunicou oficialmente ao Éderson sua demissão. A técnica da Saúde Mental esteve presente na Vina para dar apoio durante o comunicado.

Éderson

agiu

com

naturalidade,

não

fazendo

nenhum

questionamento sobre os motivos que levaram à sua demissão. O processo correu normalmente. De modo geral, Éderson desenvolveu seu ofício sem problemas significativos, mas não teve condições de cumprir as exigências que a rotina de trabalho impõe. Obs.: quando a RE era solicitada pela Vina, Éderson é que se deslocava até o Centro de Convivência. Durante o tempo de permanência dele na empresa, não aconteceram visitas espontâneas dos parceiros da Saúde Mental à Vina. Por várias vezes, Éderson procurou espontaneamente a RI Vina/Aracê para colocar suas angústias, reclamações e solicitações. Ele criou um forte elo de confiança com ela. 143


Paradeiro: Na época da sua demissão, em fevereiro de 2009, Éderson parou de frequentar o Centro de Convivência. Ele achava que tinha sido sua Referência Externa Aracê, uma profissional da Saúde Mental, quem o tinha demitido do trabalho. Porém, tivemos informações de que ele, apesar de estar desempregado, voltou a frequentar o Centro de Convivência normalmente e continuava fazendo seu tratamento psicológico. É importante registra que a mãe de Éderson, que antes era contra o filho enfrentar a rotina do mercado formal de trabalho, mudou de opinião depois da experiência dele na Vina. Ela gostaria que ele tentasse, novamente, arrumar um emprego de carteira assinada. Além do aumento da renda familiar, ela sentiu que seu filho, durante o período da experiência na Vina, estava mais feliz e seguro. Essas informações foram passadas por telefone à Referência Interna Vina/Aracê por uma técnica da Saúde Mental do CERSAM, que o Éderson frequentava.

144


Depoimento Segue o depoimento de Éderson sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. O depoimento foi transcrito na íntegra e consta nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê. “Na Vida eu sempre sonhei em trabalhar. Minha vida eu vejo Com os olhos do coração a esperança e a ultima que morre e a força mais poderosa que existe. A empresa vina me deu uma boa oportunidade, Você Karina22 me acolheu numa boa hora. Karina, eu estou super bem Com esse serviço e vou me esforça bastante para me sair bem nesse serviço eu quero lutar Com toda minha força. Karina eu sempre vou me esforça aõ Maximo Cumprindo sempre meu dever. Karina vou ser Cinsero Com Você, o que eu espero da empresa e poder Conquistar o que eu sempre sonhei que e Comprar uma casa sempre vou lutar até o fim pois se acreditarmos em nossos sonhos eles se tornam realidade. Karina Sei que posso crescer Com esforço e dedicação e quero mostra isso a você não Com palavras mas sim Com ação. Karina Sei que um dia vou realizar meus sonhos não vou desistir ate conquistar meus objetivos. Karina eu quero que saiba que eu sempre estarei de pe nunca vou fraqueja sempre lutando pelos meus objetivos. Karina você o pessoal todo são gente boa,é e por isso que eu quero crescer na empresa também para que você um dia possa se orgulha de min minha amiga. Karina eu sempre estarei firme dando tudo de mim. Karina esse serviço me incentivou e agora eu quero ir até o fim pois eu gostei muito desse serviço o pessoal me trata bem Karina se eu falar que isso foi coisa do destino você não vai acreditar minha amiga E já era pra eu estar ai a bastante tempo,mas o destino preferiu que eu fosse agora e como um poeta falou:A verdadeira batalha e aquela não realizada mas sim conquistada Con o coração.” Éderson André de Oliveira França 20/11/2008

22

Karina era a Referência Interna Vina/Aracê na ocasião.

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146


2009 14) Luceni Secundina de Oliveira Admissão: 13/4/2009 Demissão: 13/1/2010 Permanência: 9 meses Origem: Bolsa Moradia GEINP Função: Auxiliar de Serviços Gerais Setor: Administrativo Escolaridade: 1º grau completo Salário: R$ 548,00 Alimentação: R$ 150,00 Transporte: R$ 184,00 Total: R$ 882,00 Histórico Luceni foi contratada, inicialmente, para ocupar o lugar de uma profissional que estava de licença. Como o seu desenvolvimento foi satisfatório, a empresa resolveu efetivá-la e ela foi contratada para a vaga de serviços gerais. Apesar de desenvolver sua função com responsabilidade, Luceni começou a apresentar problemas de saúde e psicológicos. Ela passava mal com frequência e, nesses dias, seu desempenho no trabalho ficava comprometido. Foi, então, orientada a procurar um posto de saúde e, dias depois, começou a tomar a medicação necessária e voltou a trabalhar normalmente. Por um período, Luceni ficou bem, porém sua saúde voltou a piorar e, após uma consulta com um psiquiatra no CERSAM, ficou decidido que Luceni seria afastada por 15 dias.

No seu retorno, ela teve uma conversa com a

Referência Interna Aracê e disse que gostaria muito de continuar trabalhando. A empresa decidiu oferecer essa oportunidade a Luceni, mas seu estado emocional não permitiu que ela realizasse as suas atividades de maneira profissional, se mostrando bastante desanimada e desmotivada. Nesse mesmo período, Luceni mudou-se para uma casa perto da empresa com a intenção, segundo ela, de facilitar a sua vida e estar mais próxima do trabalho. Renato Malta, diretor da Vina, viabilizou o carreto da mudança. 147


Na data do seu aniversário, Luceni foi surpreendida com uma festa surpresa organizada pela RI Aracê, que tomou esta iniciativa com a intenção de entrosála com os colegas e motivá-la para o trabalho. Mesmo recebendo atenção especial da RI Vina/Aracê e morando ao lado da empresa, ela, ainda assim, apresentava problemas para se adaptar e demonstrava

um

comportamento

instável

em

relação

às

suas

responsabilidades no trabalho. Chegou-se à conclusão de que, talvez, Luceni não tivesse equilíbrio emocional para assumir uma rotina de trabalho, bem como condições psicológicas para adaptar-se ao mercado formal. Sendo assim, ficou decidido que ela seria dispensada, pois seu comportamento já estava começando a afetar a rotina da empresa. No dia 13/1/2010, a Referência Interna chamou-a para uma reunião e comunicou a sua demissão, explicando o porquê de sua dispensa. Em novembro de 2010 a RI Aracê entrou em contato com Luceni. Ela disse que, depois de sua saída da Vina, estava em busca de um novo emprego. Depois disso não tivemos noticias do seu paradeiro. Depoimento Seguem os depoimentos de Luceni sobre sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. Os depoimentos foram transcritos na íntegra e constam nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê.

1º depoimento “Olá meu nome é Luceni Estou trabalhando na empresa Vina, pois gosto muito de esta trabalhando porque antes a minha vida era um fracaço, eu mexia com droga, Hoje não mexo mais, Nem tenho vontade, andava com mal influença. Hoje eu agradeço muito a Deus, depois as pessoas que estão me ajudando muito pois antes eu achava que a minha vida não tinha mais solução, mas agora eu sei que Deus existe porque a minha vida mudou completamente. Pois gosto muito aqui na Vina trabalhando pois eu sei que aqui as pessoas gostão de mim Antes eu nem ligava para a vida, hoje eu sei que eu tenho um trabalho, ai eu mim preocupo mais com o trabalho, as vezes eu mim cinto muito sozinha, mas um dia vou ser mais feliz.

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Tomo meus remédios mas não gosto de tomar, mais eu tenho que tomar Mas eu prefiro tomar remedio do que mexer com droga pois tenho meus filhos que eu amo muito, e que são muito importante para mim as vezes fico pensando que eu não sou ninguém por hisso agradeço todos vocês.” Luceni Secundina de Oliveira

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2º depoimento “Olá Claudia como vai você, espero que esteje bem. Meu nome é Luceni, já trabalhei na empresa Vina e gostei muito de ter trabalhado com as pessoas da Vina, pois foi muito bom. Adorei mas infelizmente fui mandada embora, sei que já passei por várias coisas na minha vida pois estou desempregada. espero conseguir outro emprego, a minha vida é muito difícil pois espero melhorar de vida pois gostei muito das pessoas, são pessoas educadas emfim paro por aqui.” 27/1/2010 Luceni Secundina de Oliveira

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15) Grazielle Regina de Castro Admissão: 22/10/2009 Demissão: 22/09/2012 Permanência: 2 anos e 11 meses Origem: Bolsa Moradia Função: Ajudante de Paisagismo Setor: SLU Salário inicial: R$ 506,00 Alimentação: R$ 187,50 Vale transporte: R$ 172,50 Total: R$ 866,00 2010 Nova função: Operadora de Trator de Esteira II (B) Setor: SLU Salário: R$ 698,00 + insalubridade R$ 282,80 = R$ 980,80 Transporte: Grazielle não dependia de transporte, pois era vizinha da empresa. Alimentação: R$ 187,50 Total: R$ 1.168,30 2012 Nova função: Operadora de Trator Esteira II (D) 23 Setor: SLU Salário: R$ 879,00 + insalubridade R$ 248,80 = R$ 1.127,80 Transporte: Grazielle não dependia de transporte, pois era vizinha da empresa. Alimentação: R$ 300,00 Total: R$ 1.427,80

As letras ao final do nome do cargo indicam faixas salariais que determinam a experiência do empregado. Essa nomenclatura é utilizada para controle interno da Vina. 23

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Histórico Grazielle conquistou a admiração de todos na empresa por sua determinação e coragem. Seu processo de admissão ocorreu normalmente. Por ser mulher, no início enfrentou algumas dificuldades com seu Encarregado, pois ele não se mostrava confortável com o fato de ela realizar a função de ajudante de paisagismo, que até sua entrada era somente desenvolvida por homens e incluía capina, plantio de mudas, limpeza das máquinas e outros serviços pesados. Após uma conversa com a RI Aracê, o Encarregado “aceitou” que Grazielle realizasse as tarefas. Com o tempo, ela mostrou ser capaz de desenvolver o seu trabalho com competência. Em 23/11/2009, Grazielle começou seu treinamento para exercer a função de operadora de máquina pesada. O Sr. Pedro Julião, experiente operador de máquinas na Vina, foi o seu instrutor. Grazielle recebeu treinamento teórico com carga horária de duas horas, habilitando-se para o treinamento prático, com duas horas/dia de treinamento. Em março de 2010, após passar por um teste com o Sr. Arlindo Filho Baeça, Grazielle já estava operando as máquinas em tempo integral, porém ainda não tinha sido oficialmente transferida para a nova função. Em maio, ela realizou os testes necessários para a mudança de cargo e, oficialmente, se tornou a 1ª Operadora de Máquinas da Vina, com um dos melhores testes já realizados na empresa para essa função. A satisfação de Grazielle é visível e ela vem desenvolvendo sua nova função com competência. Em junho ela começou a treinar no equipamento retro-escavadeira. Durante o ano de 2010, Grazielle atendeu ao contrato do Serviço de Limpeza Urbana – SLU de forma tranquila, profissional e tendo boa relação com os colegas de trabalho. No final de 2010, ela deu início ao processo para tirar sua CNH e, em 2011, passou na prova de legislação e começou as aulas de direção. Nessa ocasião, a Vina flexibilizou seu horário de trabalho, para que ela pudesse frequentar a autoescola com mais tranquilidade. Grazielle foi reprovada no exame e acabou perdendo a sua pauta. Em julho de 2012, após informar à Vina sobre sua gravidez, Grazielle começou a questionar algumas de suas condições na operação do equipamento: cabina aberta sujeita a contaminação e vibração. 152


A partir desses questionamentos, ela foi encaminhada ao SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho para apresentação de um laudo médico que informasse sobre suas restrições como gestante. Diante desse laudo, Grazielle foi transferida para um novo local, fora do Aterro Sanitário: para a frente de trabalho em Capitão Eduardo, bairro de Belo Horizonte, no qual ela poderia operar uma máquina cabinada, mais apropriada ao seu estado. Mesmo com a mudança, os problemas continuaram. Grazielle levou suas questões para sua Referência Externa, que solicitou uma reunião para discutir as questões levantadas por Grazielle. Nessa reunião, a Vina reconheceu que as condições de trabalho nesse setor ainda não eram as ideais, mas assegurou que trabalha dentro das normas técnicas exigidas (Grazielle recebe insalubridade em grau máximo). Por essa e outras razões, a empresa vem tentando melhorar as condições de trabalho, inclusive com a aquisição de equipamentos cabinados. A Vina sempre esteve aberta ao diálogo e acredita que não houve negligência por parte de sua RI que, por diversas vezes, tentou conversar com Grazielle no intuito de achar soluções para as questões levantadas. Além disso, a Vina, sempre que possível, ofereceu suporte às demandas profissionais e particulares solicitadas por ela, como: empréstimos financeiros, flexibilização na jornada de trabalho para retirada de carteira de motorista, empréstimo de veículo da empresa para mudança de residência, entre outros. Na visão da empresa, o que havia mudado era a postura da contratada em relação ao trabalho. Infelizmente, em agosto do mesmo ano, Grazielle perdeu o bebê. Após essa perda, ela continuou mantendo uma postura distante e de insatisfação com a Vina. Ao perceberem sua insatisfação, o Gerente e o Encarregado, responsáveis pelo contrato onde ela atuava, a chamaram para uma conversa, na qual foi discutido o futuro de Grazielle na empresa. Eles queriam entender o porquê de sua mudança radical de atitude, o que estava se passando na sua vida pessoal e os seus objetivos profissionais. A conversa não foi positiva, pois ela mostrou-se desinteressada, deixando claro que não possuía nenhum objetivo profissional na empresa. 153


A partir daí, a Vina decidiu colocá-la de aviso prévio, sem a intenção real de demiti-la, mas para provocar uma reflexão com a possibilidade da perda do emprego. Essa tática acabou não dando certo, pois o que Grazielle realmente queria era ser demitida. Em setembro de 2012, assim que o aviso prévio terminou, a Vina recebeu uma intimação a respeito de uma ação trabalhista, movida por Grazielle, que alegava falhas no contrato de trabalho, dando a entender que não gozava de horário de almoço e folga semanal, e, também, por falha no pagamento de valores corretos por horas extras trabalhadas e insalubridade em grau máximo. Na audiência, que aconteceu em 31 de outubro de 2012, na 24ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, a Vina esteve presente com toda a documentação necessária que comprovava que as alegações não procediam. Grazielle não compareceu a essa audiência e o processo foi arquivado. No dia 9 de novembro do mesmo ano, a Vina recebeu nova intimação, que confirmava a reabertura do processo, com outra audiência marcada para o dia 22 de novembro, a ser realizada no mesmo local e com as mesmas alegações. Nessa data, Grazielle chegou atrasada e sua entrada não foi permitida. O processo foi arquivado novamente. Em janeiro de 2013, Grazielle abriu um novo processo24 e a audiência foi realizada no dia 14 de fevereiro do mesmo ano. Na ocasião, o representante da Vina optou por fazer um acordo trabalhista, no valor de R$ 1.500,00, evitando prolongar aquela ação, que gerou desgastes e custos para a empresa. Desde a implantação do Projeto Aracê, foi a primeira vez que um dos contratados entrou na Justiça do Trabalho contra a empresa. Obs.: A Vina tem um programa de empréstimo para sua equipe, no valor máximo de cinco mil reais, sem juros, que pode ser parcelado em até doze vezes e descontado diretamente na folha de pagamento. Esse programa oferece oportunidades e dá um suporte a mais não só aos contratados Aracê, mas a toda a equipe da Vina, e por isso vem funcionando de maneira bastante positiva na empresa. Grazielle fez uso desse programa.

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Documentos disponíveis para consulta no Departamento Socioambiental da Vina.

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Depoimento Seguem os depoimentos de Grazielle

sobre a sua experiência pessoal e

familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. Os depoimentos foram transcritos na íntegra e constam nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê.

1º depoimento “Vou contar um pouquinho da minha vida, minha vida era muito difícil antes de eu conhecer a Vina e ter oportunidade de trabalhar foi através de uma moça que minha vida mudou pra mim foi quando esta moça do projeto vei fazer uma reunião na minha casa e ela mim perguntou Graziele você esta trabalhando e eu falei com ela que eu não estava trabalhando e ela falou eu vou ver se eu arrumo um serviço pra você ta Grazi, você já trabalhou de carteira assinada e eu falei não o meu sonho era ter um dia uma carteira assinada e ai ela falou eu vou se eu arrumo um serviço pra você de carteira assinada e ai eu fiquei contando as horas e os minutos e ai recebi um telefonema desta moça Grazielle eu consegui um serviço pra você e ai ela falou primeiro você vai ter que fazer uma entrevista e so tem uma vaga e eu pedi a Deus sim for pra ser eu ser a escolhida que seja da sua vontade se não for porque não era a hora ainda e ai eu fui a entrevista e logo Perse bi que a minha hora de alegria esta chegando e chegou mesmo eu pasei na esntrevista nossa foi uma alegria tão grande que eu não estava nem acreditando que eu ia sair do inferno onde eu estava e ia trabalhar fixada era tudo o que eu queria e ai comeceia a trabalhar na Vina comecei fazendo faxina e capinando aprendi uma coisa que eu não sabia e tive uma oportunidade de dirigir um trator uma coisa que eu não sabia tive vários professores que mim ensinou a bilotar um trator e eu descobri uma coisa que eu não sabia que um dia eu estaria dirigindo um trator de que quando eu era pequena eu tinha medo mas eu ficava imaginando eu dirigindo um trator se ia ser legal e hoje eu tive a oportunidade e tive a oportunidade de conhecer pessoas novas e eu estou muito feliz e estou adorando pilotar um trator obrigado Vina você mudou minha vida para mim hoje eu posso dizer eu sou feliz e tenho que agradecer muito a Deus e esta pessoa maravilhosa que é a Laura i Renato e a esposa dele por esta oportunidade você mim fez a mulher mais feliz do mundo.” Grazielle Regina de Castro 19/04/2010

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2º depoimento “Belo Horizonte 06/01/2012 Estou muito feliz pela oportunidade que Eu recebi hoje tenho condição de cria minha filha com carinho Não deicho falta nada para minha filha sou muito feliz porque antes eu não tinha esta felicidade que tenho hoje porque eu não tinha condição nem de comprar um roupa para minha filha nem para mim Nem no dia das crianças nem um brinquedo hoje não depois que eu recebi esta oportunidade de trabanha aqui minha vida. Melhorou, muito , hoje o que eu poderia ter , hoje eu tenho e minha finha também , graças a vocês sou muito feliz . adoro a minha profissão e guero tira minha cartera, mais rapido , possivem por que eu sei que e esta carteira que vai mim ajuda nesta profissão que eu adoro e eu também tenho, um sonho de compra um carro para mim passear com minha filha Fim”

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2010 16) Cassimara da Silva Ribeiro Admissão: 14/01/2010 Origem: Bolsa Moradia Função: faxineira Salário inicial: R$ 548,00 Alimentação: R$ 187,50 Transporte: R$ 172,50 Total: R$ 908,00 Em novembro de 2010, Cassimara foi promovida a Auxiliar de Serviços Gerais Salário: R$ 698,00 Alimentação: R$ 300,00 Transporte: Não fornecido pelo fato de Cassimara ser vizinha da empresa. Total: R$ 998,00 Em setembro de 2011, Cassimara foi promovida a Auxiliar Administrativa. Salário: R$ 769,00 Alimentação: R$ 300,00 Total: R$ 1.096,00 Resumo atualizado da Cassimara em dezembro de 2014: Cargo: Auxiliar Administrativo Salário: R$ 841,00 Alimentação: R$ 330,00 Transporte: R$ 365,20 Total: R$ 1.536,20

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Cursos profissionalizantes 2010 – Curso de Informática (Windows XP) pelo SENAC Minas Período: julho a setembro (3 meses) Carga horária: semanalmente, aos sábados, das 8h às 13h, totalizando 30h de curso. 2011 – Técnicas em Serviços de Recepção e Telefonia, pelo SENAC Minas. Período: no mês de setembro, com duração de 10 dias Carga horária: 20h Histórico Cassimara teve uma trajetória de vida muito difícil e já enfrentou muitas dificuldades. Ela mora com os filhos e tem um parceiro. Seu processo de admissão ocorreu normalmente e, desde então, ela realiza seu ofício sem maiores problemas. No começo, os colegas de Cassimara comentaram que ela era muito calada, que se comunicava pouco. Com o passar do tempo, ela foi se soltando e agora tem um relacionamento muito bom com todos da empresa. De acordo com a RI Vina/Aracê, seu serviço Era impecável. Cassimara comentou, inclusive, que gostaria de fazer um curso que a ajudasse na sua evolução profissional. Com o patrocínio da Vina, ela começou um curso de informática no SENAC Minas, no período de julho a setembro, que acontecia todos os sábados, das 8h às 13h, no valor de R$ 220,00. Nesse meio tempo, Cassimara passou por problemas pessoais, que envolveram seus filhos e sua moradia. Seu filho passou por um sério problema emocional, mas teve o suporte do Conselho Tutelar e foi acompanhado de perto para conseguir superar o trauma. No início de julho, por causa ainda desconhecida, a cozinha de sua casa pegou fogo e foi parcialmente destruída. Ela ficou muito angustiada e, sensibilizados , seus colegas de trabalho se mobilizaram para ajudá-la, comprando e doando utensílios, eletrodomésticos, móveis, e também ajuda financeira. A Vina forneceu à Cassimara refeições pelo período de uma semana, até que ela se reestruturasse. Apesar dos problemas, Cassimara não deixou de frequentar o curso de informática e só faltou uma única vez ao serviço. Ela se mostrou muito responsável e comprometida com seu trabalho. 160


No dia 24 de setembro, Cassimara concluiu o curso de informática e obteve seu certificado. Ela ficou muito animada, disse que estava interessada em fazer outros

cursos

para

conseguir

novas

oportunidades.

Apesar

de

estar

desenvolvendo bem suas atividades e de estar morando próximo à empresa, Cassimara vem reclamando um pouco do serviço e dizendo que está muito cansada. Durante o ano de 2012, Cassimara evoluiu muito como profissional no seu novo cargo e estava satisfeita, realizando bem suas tarefas sem maiores problemas. Em dezembro de 2013, Cassimara iniciou um curso de Excel, com duração de 6 meses. Ela recebeu um desconto de 50% no valor do curso e está pagando com recurso próprio. A Vina está financiando o transporte, o lanche e uma babá para os dias em que Cassimara precisa se ausentar para fazer o curso. Em Janeiro de 2014, ela solicitou um empréstimo à Vina para tirar sua CNH e este lhe foi concedido. Em julho de 2014 a Sede da Vina mudou de endereço, alterando a rotina de muitos funcionários, devido à distância da Nova Sede. Cassimara encontrou dificuldade em chegar a tempo no curso de Excel, passando a perder aulas. Para solucionar o problema, ela solicitou a alteração do seu horário de trabalho e, assim, foi possível continuar o curso. Além disso, a coordenação do curso permitiu que ela estendesse o prazo para poder concluí-lo. Cassimara está tirando a CNH e já fez a primeira prova de rua. Como não passou, continua a fazer aulas de direção. Em outubro de 2014, Cassimara indicou seu irmão, Carlos Pedro da Silva Ribeiro, para uma vaga na Vina, pelo Projeto Aracê. Carlos havia saído recentemente da prisão e estava procurando uma oportunidade de emprego. A Vina aceitou a indicação e Carlos passou no processo seletivo, sendo contratado em novembro de 2014. Em dezembro de 2014, Cassimara solicitou ao Departamento Socioambiental a renovação do contrato de ajuda de custo, para que ela pudesse dar continuidade ao curso de informática, iniciado em dezembro de 2013. A renovação do benefício foi concedida.

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Depoimento Seguem os depoimentos de Cassimara sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. Os depoimentos foram transcritos na íntegra e constam nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê.

1º depoimento “Meu nome é Cassimara, tenho 25 anos, particularmente me acho uma criança grande e claro meus amigos aquelas pessoas que a tenho mais próximos também acham, muitas das vezes viajo no mundo de ilusionismo e vou a fundo procurar a infância que não tive, a vida me obrigou a amadurecer muito cedo pois Deus Levou meu pai, eu ainda tinha apenas oito anos de idade, então ai começou todo o desespero da minha mãe que alem de mim, ainda tinha meus 2 irmãos mais novos do que eu, e ela estava desempregada, tentou por alguns dias, continuar trabalhando como o meu pai autônomo, como vendedor ambulante mas não deu, pois eu e meus irmãos ficamos sozinhos eram uma barra, mas eu tinha noção de tudo que eu tinha que fazer e embora eu fosse uma criança ainda, eu fazia tudo que um adulto faz mas do jeito de uma criança, mas não deu, eu lembro como se fosse hoje minha mãe me chamou era 12 de outubro de 1992 e ela me falou: Cassimara, hoje é o dia das crianças não tenho nada para dar para você e seus irmãos, então eu tenho uma idéia; nos vamos descer para o centro ai vocês pedem dinheiro no sinal, porque ai amanha eu compro algum brinquedinho para vocês e alguns mantimentos para fazer comida, porque aqui em casa não tem nada para comer, foi triste um filme si passou em minha mente rápido, lembrei que meu pai nunca gostou de que nem minha mãe, nem eu e meus irmãos pedissem nada para ninguém e que íamos pedir no meio da rua! Somente em mente perguntei a Deus porque ele havia feito isso com nos. Mas então eu levantei a cabaça e vi minha mãe chorando entrei em desespero, e hoje eu consigo entender a minha cumpulsividade, meu desejo era de puxar minha mãe pelo braço e os meus irmãos do jeito que estávamos; sujos, descalças, eu queria dar um jeito, mostra que nos iríamos conseguir continuar a vida, sem meu pai. Mas minha conseguiu perceber minha vontade nos arrimou de forma humilde e simples, mas limpos nos estávamos. Neste dia, há este dia foi o dia que mais ganhamos brinquedos, roupas, sapatos ate comida, comida que nunca tínhamos provado, ate o dinheiro foi mais que o suficiente, lembro do meu irmão, ainda era pequenininho demais falava tudo errado, o real estava bem recente então quando ele ganhava uma nota de um real, ele começava a gritar: A notra, a notra verde eu vou levar pra mamãe compra carne, querendo atravessar o transito sozinho.

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Neste dia em diante era dessa forma que fazia o sustento da casa, mas ao longo do tempo as coisas estavam mudando, meu corpo estava mudando eu já estava com meus onze anos corpo começava a ganhar forma de moça, foram varias vezes que motoristas de taxi tentava passar a mão em mim, ou chamava para fazer programa ate si dispia quando eu me aproximava do carro. Um dia um taxista me puxou me segurou pelos braços forte, já estava tarde da noite e tinha me jogado dentro do carro, o sinal abriu e minhas pernas saiu arrastando no asfalto, ate que um casal, parou o carro deles na frente do taxi e pediu que ele me largasse ou ia chamar a policia, esse demônio me largou e eu cai no chão aos prantos, daquele dia em diante eu decidi que não dava mais, cheguei para minha mãe e disse que não queria ir mais para o sinal, embora eu vivia mais a pedi por um trocado e sim estava trabalhando vendendo balas e chicletes, muitos homens parecia não entender que eu não queria nem nunca quis ganhar a vida como uma garota de programa, foi uma barra minha mãe aceitou, mas ele impôs para mim que todas as obrigações da casa eram todas minha se ainda que quando ela fosse para o centro com meus irmãos, aminha irmã mais nova filha de outro homem que minha mãe namorou depois do falecimento do meu pai, eu que iria olhar também, casada dos atrevimentos daqueles homens aceitei. Mas tempo si passaram, mas certo dois anos minha mãe reencontrou uma namorado do passado e eles se reconciliaram consequentimente minha mãe engravidou e eu passei a descer com meus dois irmãos por parte de mãe e pai para eles venderem balas, foi neste período que conheci meu primeiro namorado. Os acontecimentos foram todos rápidos, comecei a namorá-lo, engravidei da minha primeira filha passamos por fortes rejeições do meu padrasto mas aos 15 anos tive minha filha, vivemos 3 anos e meio e separamos pois tenho certeza que do lado dele eu já não estava vivendo. Aos 19 anos conheci o pai dos meus filhos, foi também uma relação muito conturbada, mas embora eu saiba que minha necessidade e de sofrer para me fazer reagir hoje graças a Deus já se tem quese três anos que eu renasci, hoje eu sua mulher amaziada, vivo por minha mãe e meus filhos e aquela criança grande que eu contei que sou no começo, se tranca aqui dentro toda vez que eu lembro dos meus filhos, as obrigações que tenho que cumprir por eles que não pediram para vim ao mundo para mim que sou mãe e pai das minhas grandes e única riqueza Charles Daniel, Anny Gabryelly e Lorayne.” Belo Horizonte, 23 de Abril de 2010.

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2º depoimento “Belo Horizonte , 06 de Janeiro de 2012. Bem , me sinto muito bem , hoje próximo da data em que se completa 2 anos que faço parte do quadro de funcionários permanente na Vina , posso afirma que minha vida mudo e para melhor , muita aprendi convive com situações boas e ruins . Hoje diante de meu comportamento , minha forma de agi , sinto que melhorei , antes eu era muito tímida, não conversava com ninguém , mais minha mudança de comportamento veio após Kelly conversar com migo e ai fui mudando gradativamente , hoje me sinto espontânea , converso e até descontraio um pouco o dia a dia , tenho meus deslizes sou humana também erro , mas sempre com a certeza que posso corrigi-los porque e errando que se acerta e a vida é uma escola continua , porque e o melhor que eu quero para mim , para meus filhos . Quando entrei na Vina aceitei o cargo de Auxiliar de Serviços gerais , tive algumas dificuldades , me cansei diante de algumas tarefas desgastante, cheguei a pensar em desistir , mais inúmeros foram os conselhos do Kelly para que eu não desistisse , hoje eu entendo que são das minhas dificuldades que encontro tanta força e perseverança , hoje sou recepcionista e tenho reconhecimento no carteira como auxiliar administrativo II , fiz curso de técnicas de recepção para aperfeeiçoar-me e estou colocando em prática o que aprendi , e crescer e minha meta . Na minha vida pessoal estou muito feliz , meus filhos estão morando com migo , passaram de ano com boas notas , são eles que me dão força para lutar , são minha base e eu não me importo de trabalhar meses inteiro para suprir as suas necessidades e lazer , para mim nada tem maior valor do que o sorriso no rostinho deles m vou ficando por aqui até a proxima . Tchau !”

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3º depoimento Belo Horizonte, 21 de Janeiro 2014. Na vida é preciso ter foco para realizar sonhos, e isso é algo que nunca me faltou.Sempre sonhei em ser recepcionista, em uma empresa. A rotina de uma recepção pra mim sempre foi fascinante. Hoje a quase três anos sinto que meu sonho foi realizado, claro com muitas coisas a aprender. E se tratando de aprender, que orgulhosamente falo do curso que estou fazendo, Informática e Assistente Administrativo. O que me orgulha é a forma que a oportunidade de fazer esses cursos surgiu na minha vida, eu estava saindo de férias, e a funcionária da Instituição SOS, me convidou para participar de um sorteio de bolsas com 10, 20, 30,40 e 50% de desconto. Tempo passou e me ligaram da SOS, informando que eu havia ganhado a bolsa de 50 % de desconto, na hora fiquei frustrada, em duvida ,mas em pensamento conversei comigo mesma e senti a necessidade de ir até lá ,pois precisava ao menos saber o que estava abrindo mão. A proposta foi irresistível, pago mensalmente em torno de cem reais por mês, fixo dentro de 2 anos, fora o valor da passagem (6,10R$ Ida e Volta ,totalizando 42,70 por mês). Fico desconfortada financeiramente, pois afinal tenho minhas obrigações e gastos com a casa, meus filhos, água, luz e outros, mas sinceramente não podia deixar passar essa oportunidade de aprimoramento para expandir minha vida profissional. Quero muito continuar aqui na Vina, pois afinal foi a empresa que mim deu oportunidades de realizar sonhos, mas quero crescer ,respirar novos ares, aprender novas rotinas e enfim receber mais. Algo de novo também na minha vida é o empréstimo que fiz na empresa, para conseguir realizar um grande sonho meu que é ter minha CNH. Sempre me limitei a realizar esse sonho, pois carregava comigo o medo de não conseguir passar nem no primeiro teste, mas depois que voltei de férias, me sinto encorajada, sei que estou sujeita ao bom e o mal, mas no lugar do medo coloquei coragem porque é caindo que se aprende ,minha persistência será infinita porque o foco eu não posso perder. Hoje eu e Lilian saímos para almoçar, conversamos ,trocamos ideias e novidades. Achei ótima a novidade do Departamento Sócio Ambiental está próximo da Vina, diante disso pode ver a minha oportunidade de aprender, mudar de rotina e enfim fazer parte dessa equipe. Certamente se essa oportunidade chegar será muito bem vinda. Mas tudo tem seu tempo, e se tem algo que aprendi é que devo está sempre preparada para o bem e o mal. Meus sonhos não terminam jamais rsrs...Não vejo a hora de conseguir minha carteira ,compra meu carrinho e enfim vencer obstáculos. 170


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Abaixo, segue o relatório elaborado por Cassimara e enviado por e-mail sobre o curso em andamento em 2014: ---------- Mensagem encaminhada ---------De: Cassimara Vina <cassimara@vinaec.com.br> Data: 3 de dezembro de 2014 16:56 Assunto: Relatório Para: Lilian Bernardes <lilian.vinasocial@gmail.com> Boa tarde Lilian, Segue anexo o relatório que fiz conforme sua solicitação. RELATÓRIO Curso Informática e Assistente Administrativo O curso de informática é composto por: -Introdução de Informática -Windows 7 -Word -Excel -Windows Multimídia .Power Point .Assistente Contábil .Assistente de RECURSO HUMANO .Crédito e Cobrança O curso de informática são 08 módulos e no momento estou caminhando para o quinto módulo. É necessário fazer o de informática primeiro porque com esses recursos, estarei preparada para o curso de Assistente Administrativo (Rotinas Administrativas). Está sendo muito útil para a conclusão das minhas atribuições, principalmente de Excel, eu era totalmente leiga não sabia nem fazer uma planilha usava apenas “copiar e colar”. Aprendi a diferença entre copiar e recortar, inserir figuras e logomarcas em planilhas, usar formas, gráficos, inserir planilha no Word, no Excel. Também aprendi no Excel a fazer a planilha, formatar a planilha,soma,subtrair,multiplicar cédula, enfim estou gostando de fazer o curso é sem duvidas aprimoramentos. O lado ruim é que faço esse curso após o trabalho, já venho cansada ainda passo na minha casa faço janta para meus filhos e vou para o curso sem tempo de ouvir deles como foi o dia a dia. Já pensei em desistir sinceramente, mas meu desejo de vencer todos os obstáculos é maior, o sonho da conclusão desse curso e a realização profissional que vai refletir no meu lado pessoal. O valor que eu pago pelo curso è de (Noventa reais e noventa centavos),o lanche que faço antes do curso porque não tenho tempo de jantar é entre 5,00 e 8,00 R$. A passagem de ida e volta , no total é de 32,50 e atualmente estou pagando a babá que fica com meus filhos nesse período 10,00 Reais de cada. GASTO MENSAL Passagem: R$ 3,25 - Ida e volta: R$ 6,50 Total por mês: R$ 32,50 Lanche: R$ 5,00 Total: R$ 30,00 Babá: R$ 20,00 por dia. Total: R$ 100,00 VALOR CUSTO TOTAL: R$162,50 Atenciosamente, Cassimara Ribeiro.

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17) Eric Dias de Souza Admissão: 10/5/2010 Demissão: 26/2/2014 Permanência: 3 anos e 9 meses Função: Ajudante de paisagismo Setor: SLU Escolaridade: 1º grau incompleto Salário inicial: R$ 548,00 + insalubridade R$ 204,00 = R$ 752,00 Alimentação: R$ 300,00 Transporte: R$ 172,50 Total: R$ 1.224,50 •

Em novembro de 2010, Eric foi promovido a Operador de pá carregadeira.

Salário: R$ 601,00 + insalubridade R$ 204 = R$ 805,00 Alimentação: R$ 300,00 Transporte: R$ 172,50 Total: R$ 1.277,50 •

Em agosto de 2011, Eric foi promovido a Operador de pá carregadeira II.

Salário atual: R$ 798,00 + insalubridade R$ 218,00 = R$ 1.016,00 Alimentação: R$ 264,00 Transporte: R$ 215,60 Total: R$ 1.495,60 •

Em outubro de 2012, Eric foi promovido a Operador de Retroescavadeira

Salário: R$ 1.052,00 + insalubridade R$ 248,80 = R$ 1.300,80 Alimentação: R$ 300,00 Transporte: R$ 402,50 Total: R$ 2.003,30 •

Resumo atualizado do Eric em dezembro de 2014:

Cargo: Operador de retroescavadeira Salário: R$ 1.302,00 + insalubridade R$ 289,60 = R$ 1.591,60 Alimentação: R$ 330,00 Transporte: R$ 116,60 Total: R$ 2.038,20

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Histórico Eric foi o primeiro contratado Aracê na condição de ex-detento. Ele passou pelo processo habitual de admissão e iniciou suas atividades normalmente no dia 10/5/2010. A intenção da empresa era que Eric se tornasse um operador de máquinas, objetivo que foi alcançado com sucesso. Ele passou por uma série de treinamentos, teóricos e práticos, tais como manejar as máquinas: rolo compactador e pá carregadeira. A duração do treinamento foi de 6 meses, com carga horária de 2h/dia. De acordo com a RI Vina/Aracê, Eric é muito pontual e vem demonstrando um desempenho satisfatório. Além disso, não teve problemas de adaptação e mantinha um bom relacionamento com seus colegas. O canteiro de obras, onde Eric estava treinando com o rolo compactador, foi finalizado. No dia 6 de agosto de 2010, ele começou a treinar no equipamento de pá carregadeira. Em novembro, ele iniciou o processo para tirar sua CNH. Em 1° de novembro de 2010, Eric foi promovido a Operador de Pá Carregadeira. Em 2011, Eric tirou sua carteira de moto. Ele foi promovido no seu cargo para Operador de Pá Carregadeira II. Em março de 2012, Eric realizou um grande sonho: comprar o próprio carro. Em junho, ele foi surpreendido com a notícia de que sua namorada estava grávida. Após descobrir que seria pai, Eric apresentou um considerável amadurecimento como profissional e como pessoa. Em conversa com a RI, ele demonstrou sua preocupação com os gastos de um recém-nascido e resolveu fazer um chá de fraldas para ajudar nas despesas e para comemorar a chegada de seu filho. Quando recebeu a notícia de que seu filho seria um menino, ficou muito feliz e escolheu o nome: Cauã. Em outubro de 2012, Eric foi promovido a Operador de Retroescavadeira. Cauã nasceu em março de 2013. Eric conseguiu conciliar o período de suas férias com o nascimento do filho e estava muito feliz! Ele se mostrou satisfeito com a promoção de cargo e novo salário, fazendo planos para 2013: pretendia tirar sua Carteira Nacional de Habilitação - CNH categoria D e concluir seus estudos. Eric também se mostrou interessado em realizar um curso de Operador de Motoniveladora (Patrol), que tem como objetivo a capacitação para operar máquinas de forma segura e eficiente, com procedimentos operacionais, manutenção e conservação do equipamento. 175


Em dezembro de 2013, Eric solicitou um empréstimo para o diretor da Vina. O valor era elevado e fugia ao padrão estabelecido pela empresa. Não foi concedido o empréstimo. Em 22 de março Eric pediu demissão. Ele disse que estava com novos projetos e que precisava do acerto. O encarregado de Eric havia feito algumas reclamações sobre o comportamento dele no local de trabalho e informou que ele havia sido proibido de entrar na SLU. No dia em que Eric foi até a Sede da Vina para pedir demissão, ele bateu o seu carro dentro da empresa, em uma árvore. Desconfia-se que ele apresentava sinais de embriaguez, mas isto não foi confirmado. O diretor da Vina decidiu mandar o Eric embora, pois assim ele não perderia os direitos trabalhistas, como FGTS e Seguro Desemprego. Em fevereiro de 2014, Eric participou do Documentário Aracê, na ocasião ele havia dito que estava satisfeito em trabalhar na Vina. Após a demissão de Eric, o Departamento Pessoal não obteve notícias sobre ele. Segundo seu amigo e ex-colega de trabalho na Vina, Diego (contratado Aracê indicado também por Eric), ele estava bem e desejava voltar a trabalhar na Vina. No entanto, até o momento, Eric não procurou a empresa para pedir nova oportunidade. A Vina tem um programa de empréstimo para sua equipe, no valor máximo de 5 mil reais, sem juros, que pode ser parcelado em até doze vezes e descontado diretamente na folha de pagamento. Esse programa oferece oportunidades e dá um suporte a mais, não só aos contratados Aracê, mas a toda a equipe da Vina e, por isso, vem funcionando de maneira bastante positiva na empresa. Eric fez uso desse programa. .

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Depoimento Seguem os depoimentos de Eric sobre a sua experiência pessoal e familiar pósinclusão no mercado formal de trabalho. Os depoimentos foram transcritos na íntegra e constam nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê.

1º depoimento “Eu Eric Dias de Souza, tenho 20 anos, natural de Belo Horizonte, solteiro. Vou iniciar contando um pouco da minha história: Eu moro com a minha mãe e um tio, que ajudaram na minha criação; pois infelizmente não conheci meu pai. Na minha infância sempre fui uma criança agitada e feliz, independente as dificuldades; não podendo esquecer também, que em meia tantas dificuldades; sempre estavam ali presentes a minha madrinha e meu padrinho que me ajudaram bastante. Mudando um pouco o assunto, vou contar agora como foi a convivência na escola. Eu estudei ate a 7º série, tendo repetido por 2 vezes; sendo assim parei com meus estudos sem completar o ensino fundamental .Depois que parei de estudar vieram as falsas amizades, que me deixaram levar e quando assustei já estava envolvido no trafico de drogas; e com os meus 18 anos vieram a acontecer que eu fui preso e condenado a 1 ano e 8 meses de detenção por ter praticado venda de drogas. Tendo cumprido 1 ano e 7 meses de pena , eu fui liberado , e ai surgiu a oportunidade de vim conhecer a Empresa VINA , que me deu a chance e confiança e uma grande assistência de ensino para que no futuro, eu possa ser uma pessoa bem sucedida e capaz de conquistar os meus objetivos. Hoje pretendo voltar com os estudos, estou tirando a minha habilitação e desejo aprender que me esta sendo ensinado no serviço e agradecer a Deus e a VINA a oportunidade que eles estão me dando. Este foi um pequeno resumo contando um pouco da minha vida.” Belo Horizonte, 05/08/10

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2º depoimento “Eu Eric Dias de Souza presto serviço pra Vina Equipamentos e Construções, fui promovido de Op. De Pá Carregadeira para Op. De Retroescavadeira e estou satisfeito. Estou concluindo os meus estudos e logo mais pretendo estar tirando minha habilitação categoria D. e fazer uns cursos. Tambem estou muito feliz pois vou ser pai e é menino. Agradeço a oportunidade que a Vina vem me dando e penso evoluir mais e mais na Empresa. Meu filho ira nascer no mês de Fevereiro. Fim Eric Dias Grato” Dezembro de 2010

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3º depoimento “Desde quando comecei a trabalhar na Empresa Vina, tenho recebido vários benefícios; um deles é ter uma profição que jamais pensei que teria, trabalhar com máquinas pesadas. Também aprendi a ter compromisso com a área proficional da empresa e cumprir com os meus deveres e ter um bom relacionamento em equipe. Aprendi com os meus erros a me aperfeiçoar e proficionalizar em meus objetivos , para me torna um bom proficional no mercado de trabalho. Com isso aproveito ao máximo tudo que a Empresa tem me oferecido. Sou muito grato pela oportunidade que a Vina tem me dado , e por acreditar na minha capacidade de ser um bom proficional .” Janeiro de 2011

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2011 18) Rosemary Menezes de Jesus Admissão: 24/3/2011 Demissão: 9/1/2012 Permanência: 10 meses Origem: Bolsa Moradia Escolaridade: Fundamental incompleto Função: Faxineira Setor: Geral Salário inicial: R$ 579,00 Vale Transporte: R$ 198,72 Alimentação: R$ 252,00 Total: R$ 1.029,72 Histórico Rosemary iniciou suas atividades no dia 24 de março de 2011. No começo, ela foi acompanhada por Cassimara, que ocupava o cargo assumido por ela. Cassimara forneceu todo o apoio necessário à Rose nas atividades de limpeza, na compra de materiais e nos procedimentos internos ligados à função. Ela se mostrou animada para começar o trabalho, mas estava insegura, pois temia perder o emprego pelo fato de não executar as tarefas com muita agilidade. Após três meses trabalhando normalmente, Rosemary começou a apresentar algumas limitações: abandonava o trabalho no meio do expediente, não se relacionava com os colegas, se ausentava sem avisar e chegou até a pedir demissão. Mas, ao mesmo tempo, desenvolvia sua função com eficiência. Diante disso, as Referências Interna e Externa Vina/Aracê dispensaram uma atenção especial a Rose, com a intenção de mantê-la na função e evitar a sua demissão. Com o apoio das Referências e melhor orientação médica, Rose se mostrou mais estável, começou a conviver melhor com os colegas, além de realizar suas tarefas com a eficiência de sempre.

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Porém, com o passar do tempo, ela voltou a se ausentar sem aviso prévio. A Referência Interna Vina/Aracê solicitou à Lucinéia, sua Referência Externa, um acompanhamento mais próximo, para que ela conseguisse, de forma gradativa, se adaptar à rotina de trabalho. Rose, quando não apresenta os problemas acima citados, é considerada umas das melhores faxineiras que já passaram pela empresa. Por isso, as Referências Interna e Externa decidiram levar ao conhecimento da diretoria da Vina a dificuldade que Rose alegava para as faltas que vinha cometendo. Segundo ela, por problemas relacionados à dificuldade de ter alguém para cuidar da sua filha, não conseguia cumprir o horário estabelecido. Foi sugerida, então, a possibilidade de Rose mudar seu horário de trabalho, para que pudesse desenvolver suas funções com mais tranquilidade. A empresa acatou a sugestão das Referências e, no final do mês de novembro de 2011, ela começou a trabalhar na sua nova rotina. Pelas dificuldades que Rose apresentou no processo de adaptação ao trabalho, a Vina cogitou substituí-la, chegando a entrevistar outros candidatos para a sua vaga. No entanto, após a adaptação de seu horário e a mudança de comportamento de Rose, a Vina suspendeu esse processo, pois acreditava que ela, aos poucos, iria se adaptar ao trabalho, além de respeitar e reconhecer o excelente serviço que ela desenvolve dentro da sua função na empresa. Porém, mesmo após as mudanças no horário, Rose continuou a se ausentar. No final do mês de dezembro, ela faltou por mais de uma semana, o que causou grande preocupação por parte das suas Referências. A Vina ficou em uma posição delicada, na qual as limitações de Rosemary estavam afetando, de forma pontual, a rotina da empresa. Ela teve que ser substituída e reapareceu na empresa no dia 9 de janeiro de 2012 para assinar sua demissão, duas semanas após o seu sumiço. Depoimento Rose não escreveu o seu depoimento.

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2012 19)

Welligton Alves Rio Branco

Admissão: 23/4/2012 Demissão: 12/12/2012 Permanência: 8 meses Origem: Bolsa Moradia Cargo: Borracheiro I (A) Setor: Oficina Central Salário inicial: R$ 713,00 + insalubridade R$ 248,80 = R$ 961,80 Alimentação: R$ 300,00 Transporte: R$ 265,00 Total: R$ 1.526,80 Histórico Welligton Alves já trabalhou como pintor autônomo e sua última função na carteira de trabalho era de Auxiliar de Serviços Gerais. Ele não tem filhos, mora com a mãe e dois irmãos no Bairro Céu Azul. Quem o indiciou para a vaga foi a técnica Lucinéia, RE do Bolsa Moradia. De acordo com ela, Wellington tem uma história de vida complicada, mas, apesar das dificuldades, estava interessado em mudar o seu futuro, terminar os estudos e tirar a CNH. Para realizar os serviços de borracharia, ele foi treinado pelo Allan, que também é contratado pelo Aracê. Wellington ficou 8 meses na empresa e se mostrou um funcionário responsável, comunicativo e eficiente. Porém, aos poucos, foi perdendo a motivação com os serviços de borracharia. De acordo com a RI, ele passou por um período de muita indecisão a respeito do seu futuro na empresa. Em dezembro, em uma conversa com seu encarregado, Wellington oficializou sua demissão. Ele alegou que tinha outras propostas de trabalho em uma empresa de ônibus (Transimão).

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Em abril de 2014 a RI da Vina fez um contato com Wellington para convidá-lo a participar do documentário sobre o Aracê. Ele aceitou e pôde contar como está depois que saiu da Vina. Ele conseguiu outro emprego, mas não ficou nele por muito tempo. Em março de 2014, Wellington passou em uma seleção para trabalhar no Instituto Neunuco de Desenvolvimento Sustentável (INSEA). Ele ficou muito feliz, pois, além do trabalho, conseguiu também se matricular em um curso de espanhol e em um curso de Políticas Públicas, pelo INSEA. Wellington está estudando novamente através do EJA (Escola para Jovens e Adultos). Em agosto de 2014, Welington entrou em contato com o Departamento Socioambiental para fazer um convite para o "3º Dia de Luta do Movimento Nacional de Moradores de Rua", que ocorreu em 19 de agosto, na Praça Rio Branco. Ficamos muito felizes pelo convite e por constatar no evento como o Welington estava envolvido com o movimento das pessoas em situação de rua e continuava trabalhando no INSEA. Em dezembro de 2014 tivemos notícias de Wellington através da sua RE, da Pastoral de Rua. Ela nos disse que ele continua no INSEA e está firme nos seus propósitos renovadores.

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Depoimento Segue o depoimento escrito por Welligton sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. O depoimento foi transcrito na íntegra e consta nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê. “08/05/2012 aos 15 anos eu e o meu irmão sairmos de casa porque o meu pai era aucolatra e espancava a minha mãe e nós . ai eu sen destino fui morar na favela ai eu parei de estudar, e comesei a usar drogas aí o meu irmão foi assasinado aí as coisas ficaram piores porque ele era tudo que eu tinha ele morreu com 18 anos ate hoje sinto fauta dele vocês não imagina a dor quê eu sentir pra mim o mundo tinha acabado ai tristre e sen ninguém e fui morar nas ruas de BH aí só foi tristesa e solidão fui preso varías veses aí já com 29 anos eu resouví para e mudar de vida. Aí parei com as droga e com tudo que min prejudicava agora espero reconquistar tudo o que o passado levou. E isto aí joguei 24 anos da minha vida fora. Agora e só arrependimento felicidades . obrigado pela a oportunidade e prometo não decpisionar vocês .”

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20) Diego Luiz Pereira Rocha Batista Admissão: 4/6/2012 Origem: indicação de Eric Dias, contratado Aracê. Função: Capinador Setor: SLU Salário inicial: R$ 713,00 + insalubridade R$ 248,00 = R$ 961,00 Alimentação: R$ 300,00 Transporte: R$ 265,00 Total: R$ 1.526,00 Em junho de 2013, Diego foi promovido a Operador de Retroescavadeira. Salário: R$ 1.041,00 + insalubridade R$ 271,20 = R$ 1.312,20 Alimentação: R$ 375,00 Transporte: R$ 265,00 Total: R$ 1.952,20

Histórico Diego é ex-detento e foi contratado em junho de 2012 na função de Capinador, na qual ele realizava capinas e podas internamente e nas redondezas da empresa. Diego demonstrou grande interesse no seu crescimento profissional e, após seu primeiro mês de trabalho, foi transferido para a função de Operador de Rolo Compactador, na área de entulho. Após a sua entrada na Vina, Diego evoluiu como profissional e, aparentemente, está satisfeito. Ele conseguiu tirar a Carteira Nacional de Habilitação – CNH na categoria B. Em conversa com a RI, ele disse que estava construindo a casa própria, em cima da casa de sua mãe, que já está em processo final, faltando só colocar as cerâmicas. De acordo com Diego, após terminar a casa, ele pretende realizar um grande sonho: comprar um carro. Em 2013, o caso de Diego, que foi preso injustamente, foi julgado e ele estava muito ansioso pelo resultado. Ele foi absolvido e ficou muito contente por ter recuperado a liberdade.

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Em março de 2014, Diego participou do documentário sobre o Aracê e disse o quanto estava feliz por ter sido reconhecida na Justiça a sua inocência. Disse que estava muito satisfeito em trabalhar na Vina e que desejava fazer um curso de funilaria. Em setembro de 2014, Diego solicitou uma conversa com o diretor da Vina para ver a possibilidade de ser promovido do seu cargo de Operador de Retroescavadeira 1 para a modalidade 2. Segundo ele, desde junho, ele vinha solicitando ao encarregado a promoção, mas não obteve sucesso. Ele deseja a oportunidade de crescimento, pois já tem um ano e três meses de experiência na modalidade 1. O gerente de Diego entrou em contato com o Departamento Socioambiental e explicou que não era possível subir o nível do cargo dele, pois é necessário que ele possua Carteira Nacional de Habilitação CNH de categoria D e a que ele possui é categoria B. Mas o gerente afirmou que Diego é um excelente funcionário, muito dedicado e assíduo, e que era uma pena não poder dar a ele a promoção.

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Depoimento Seguem os depoimentos de Diego sobre a sua experiência pessoal e familiar pós-inclusão no mercado formal de trabalho. Os depoimentos foram transcritos na íntegra e constam nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê.

1º depoimento “04/06/2012 Minha vida mudou depois que um fato ocorreu comigo há alguns anos atrás. Quando um rapaz foi morto por alguns jovens, fato que até hoje eu não entendo. Muitos falam que foi por ele ter envolvimento com o trafico de drogas, outros dizem que ele foi morto por engano, que ele tinha problemas mentais e mesmo assim era honesto e trabalhador Um policial foi testemunha ocular dos fatos e disse que eu era o assassino do rapaz quando eu passava pelo local do ocorrido. Fui preso mais com os testes de balística da policia civil foi comprovado que não era eu o assassino. O policial rebateu os fatos dizendo que não era mesmo , mais que eu era o mandante do crime e que eu era o chefe do trafico da comunidade como uma palavra de uma pessoa comum contra um policia não vale muito na verdade não vale nada, eu fiquei presso por esse crime quase oito meses e respondo até hoje . Tudo isso para encobrir que dois jovens que eram presentes no crime são parentes dele . Desde então minha vida ficou difícil pois sempre trabalhei e muitos lugares não aceitam pessoas na minha condição , mesmo assim eu tenho batalhado muito para mostrar que sou um cidadão de bem. Minhas metas não são muito pretenciosas, a minha prioridade era conseguir um bom emprego de carteira assinada onde eu poderia ter oportunidade de crescimento e aqui na Vina paresce que encontrei, a minha outra prioridade é ajudar minha mãe que jamais esqueceu de mim em momento algum e terminar com a minha casa que está com a obra parada. As outras metas ficam para a próxima !!!”

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2º depoimento “Belo Horizonte, 12 de novembro de 2012 Minha vida está cada dia melhor, graças a Deus. Estou trabalhando, apreendendo uma profissão boa, que até algum tempo jamais imaginaria ter. sou grato a vina por está oportunidade não só pelo emprego mais também por me ajudar a mostrar que sou um cidadão de bem e que posso conviver com a sociedade independente de ter um processo na justiça. O pouco tempo que estou na empresa já consegui resolver algumas pendencias, adiantei bastante a obra da minha casa, estou ajudando a minha família que pra mim é uma melhora significativa. Ainda mais com o meu julgamento chegando, porque não vejo a hora de ficar liberto desse processo e conquistar minha liberdade por completo. O resto agente conquista devagar sem stress!! Um abraço, Diego”

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2013 21) Thiago Souza Rodrigues Admissão: 8/5/2013 Demissão: 3/5/2014 Permanência: 1 ano Escolaridade: Ensino Médio Completo Função: Gari Coletor Setor: Aterro Ribeirão das Neves Salário: R$ 736,00 + R$ 271,20 insalubridade = R$ 1.007,20 Alimentação: R$ 225,00 Transporte: R$ 130,00 Total: R$ 1.362,20 Histórico Thiago chegou à Vina por indicação de um colega. Por ser ex-detento, ele foi contratado pelo Projeto Aracê. O seu contrato atende o município de Ribeirão das Neves e, até o momento, ele tem se mostrado um bom profissional. De acordo com sua Referência Interna, ele é pontual com os horários e cumpre suas obrigações com empenho. Além disso, ele também tem se mostrado atencioso e educado com os colegas de trabalho. Em abril de 2014 Thiago participou das filmagens para o documentário sobre o Aracê. Foi na entrevista que descobrimos que Thiago perdeu um filho de 3 anos com leucemia antes de ser contratado pela Vina. Em maio, o contrato com o local onde Thiago estava alocado foi encerrado e, embora o encarregado o tenha convidado para continuar na Vina, Thiago achou mais apropriado ficar no aterro e trabalhar para a nova empresa. O local de trabalho é próximo de sua casa e, se ele aceitasse o convite do encarregado, teria que levantar 2 horas mais cedo. Sendo assim, desde maio Thiago está trabalhando em uma nova empresa, na mesma função.

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O Departamento Socioambiental teve notícias do Thiago por contato telefônico, em setembro de 2014. Ele disse que não está feliz na nova empresa, pois o tratamento é muito diferente daquele que ele recebia na Vina. Apesar disso, ele não pretende sair do emprego. Depoimento Segue o depoimento de Thiago sobre a sua experiência pessoal e familiar pósinclusão no mercado formal de trabalho. O depoimento foi transcrito na íntegra e consta nos nossos arquivos sob a responsabilidade da Referência Interna Vina/Aracê. “Eu Thiago Souza Rodrigues venho contar como foi que eu fui preso. sem esta trabalhando fui chamado para poder guarda em minha casa cocaina em grande quantidade, para ser entregue a outras pessoas cujo nome e endereço eu não sabia so o motoqueiro que me entregava e pegava a droga sabia, e como achei o dinheiro que iriam me pagar era bom acabei aceitando, mas como nada dura pra sempre, vizinhos vendo que sempre eu comprava roupas, celulares e saia

sempre com meus amigos sem está trabalhando

acabaram fazendo uma denúncia anônima dizendo que eu estaria vendendo drogas em minha casa e no ano de 2010 policiais atendendo a essa denúncia entraram em minha casa e encontram as drogas, um caderno de anotações e uma balança, então nesse ano fui enquadrado no artigo penal 33 que é o tráfico de drogas onde ganhei a pena de 2 anos e 6 meses, fiquei preso 1 ano e uns 9 meses e ganhei o beneficio de semi-aberto e depois o aberto que tive de ficar assinando uns 9 meses, e depois disso trabalhei em três firmas e hoje estou aqui na vina trabalhando de gari coletor a uma semana e meia e estou gostando muito pois todos la me tratam bem e com muita simpatia, meus companheiros de trabalho são alegres e cheios de humor por isso me senti bem lá i é só isso que tenho a dizer.”

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2014 22) Carlos Pedro da Silva Ribeiro Admissão: 20/10/2014 Origem: Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (PrEsp) Função: Lavador Setor: Oficina Central Escolaridade: Até a 5ª séria incompleta Salário inicial: R$ 949,00 + insalubridade R$ 289,60 = 1.238,60 Alimentação: R$ 330,00 Transporte: R$ 407,00 Total: R$ 1.975,60 Histórico Carlos é irmão da Cassimara (contratada Aracê 2010) e foi indicado por ela. Em novembro de 2014, Carlos se integrou à equipe Vina, após passar pela seleção para o cargo de Lavador de Equipamento. A intenção do Encarregado do setor de Carlos é, com o tempo, treiná-lo para o cargo de Ajudante de Mecânica ou de Operador de Máquina. Carlos foi contratado pelo Projeto Aracê em parceria com o Projeto Regresso25, e é acompanhado pela assistente social do mesmo. Carlos afirmou à RI do Aracê que está se adaptando bem ao trabalho. Embora Carlos seja muito tímido e calado, ele tem mantido uma relação de confiança com a coordenadora do Departamento Pessoal, que o tem auxiliado na sua adaptação à rotina de trabalho. Ele tem desabafado com ela sobre a dificuldade e a falta de respeito que ele encontra sempre que precisa voltar à instituição prisional. Depoimento Carlos ainda não escreveu o depoimento. O Projeto Regresso busca a inserção de ex-detentos no mercado de trabalho, em um esforço conjunto entre Estado e iniciativa privada para mantê-los distantes da criminalidade que um dia os levou para a prisão. Mais informações no site: http://minaspelapaz.org.br/useruploads/files/ORIENTA____ES.pdf 25

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Festas Vina A tradicional festa da Vina, que acontece sempre no final do ano, reúne toda a equipe para uma confraternização. Nas festas de final de ano já virou tradição a realização de sorteios de brindes. A verba para a realização das festas vem da venda da sucata nobre gerada pela Vina durante o ano. Em 2007, foram sorteados também alguns kits com objetos confeccionados pelos usuários do Programa de Saúde Mental. Alguns desses objetos foram, também, produzidos a partir de material reutilizado.

Contratados Aracê que já foram contemplados: •

2008

Allan, ganhador de um cheque, e Éderson, que ganhou uma bicicleta26. •

2009

Allan, ganhou um cheque de R$ 500,00. •

2010

Hildebranda e Allan ganharam cheques no valor de R$ 500,00. •

2011

Eric Dias ganhou uma máquina fotográfica. •

2012

Cassimara ganhou um cheque de R$ 400,00. •

2013 e 2014

Em 2013, devido a dificuldades internas, a festa de fim de ano da Vina não foi realizada. Em 2014, a festa aconteceu normalmente já na Nova Sede da empresa, porém nenhum contratado do Projeto Aracê foi sorteado.

Éderson, contratado Aracê da Saúde Mental, acabou trocando a sua bicicleta por um celular. A Referência Interna Vina/Aracê, atendendo a um pedido da mãe de Éderson, convenceu-o a trocar a bicicleta pelo celular por uma questão de segurança. Com bastante resistência, ele acabou aceitando a ideia. 26

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Construção da árvore de Natal com sucata A árvore de Natal, que enfeita a festa da Vina desde 2007, foi criada por Libério (artista da sucata e primeiro contratado Aracê). Ele criou a estrutura da árvore a partir da sucata metálica gerada pela Vina e, para os detalhes, utilizou garrafas PET doadas pela equipe durante uma campanha interna. Na ocasião, a construção da árvore mexeu com a empresa, quebrou a rotina, despertou curiosidade e o espírito de colaboração. O resultado foi uma árvore de Natal bela, criativa e ecologicamente correta. Durante os anos seguintes, a árvore de Natal sempre enfeitou a festa, simbolizando o Projeto Aracê, a reutilização de materiais, a renovação e o trabalho em equipe.

A árvore em duas festas: 2009 e 2011.

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Em 2012, a árvore criada por Libério ganhou uma nova decoração. Ela recebeu borboletas coloridas, criadas com embalagens de produtos de limpeza em oficinas realizadas na UMEI (Unidade Municipal de Educação Infantil) Águas Claras, parceira do Departamento Socioambiental da Vina, no Projeto Multidisciplinar Nova Sede27. As oficinas foram coordenadas pela artista plástica Cristina Araújo28 e contaram com o trabalho criativo de um grupo de mulheres da comunidade.

Informações sobre essa parceria encontram-se disponíveis para consulta no Departamento Socioambiental. 28 Os contatos da artista plástica Cristina Araújo estão disponíveis na ficha técnica deste documento. 27

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Visão da Vina sobre o Projeto Aracê Com a experiência vivenciada durante a implantação do Projeto-piloto Aracê, ao final de 2014 alguns aspectos se tornaram claros para a empresa: •

De acordo com a realidade da Vina e de sua capacidade de contratações, os objetivos do Projeto-piloto Aracê - a ação conjunta para inclusão de pessoas socialmente vulneráveis e o resgate de cidadania via mercado formal de trabalho - vêm sendo executados com um ritmo e um cuidado coerentes com as dificuldades que um projeto como este exige.

Para a Vina, a quantidade de inserções não é o mais importante, mas, sim, a qualidade do processo e a construção de uma metodologia que possam demonstrar, num futuro próximo, para outras empresas e para a sociedade, que é viável a reinserção de pessoas com trajetória de exclusão social no mercado formal de trabalho.

Desde sua implantação, os contratados Aracê não apresentaram nenhum problema significativo. Aliás, os problemas que surgiram foram abaixo das expectativas se considerarmos a trajetória de vida dessas pessoas. De certa maneira, as dificuldades apresentadas não fogem a um padrão, nesse nível profissional, e são comuns na rotina da empresa. Salvo os contratados da Saúde Mental.

Na visão da Vina, a inclusão de pessoas com trajetória de vulnerabilidade social, até o momento, se mostrou viável. Um dos aspectos mais positivos dessa experiência é o fato de que mesmo os contratados Aracê que, por enquanto, ainda não se adaptaram às exigências da rotina do trabalho formal, conseguiram perder o estigma da ‘exclusão’. Com a carteira assinada, eles passaram a ter status de trabalhadores.

A carteira de trabalho significa o primeiro passo para o resgate da cidadania e simboliza a reinserção, com dignidade, dos excluídos do mercado de trabalho e da dinâmica social.

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Ficha técnica

Vina Gestão de Resíduos Sólidos e Locação de Equipamentos Ltda. Referências Internas: Kelly Rodrigues, Karina dos Santos, Lilian Bernardes, Patrícia Hellen Viviane Barreto.

Departamento Socioambiental Vina Coordenação: Cláudia Pires Lessa Equipe de Apoio: Igor Rabelo, Izabel Dobbin, Keyty Andrade, Lilian Bernardes, Sonia Rocha.

Colaboração: PBH: SMAAS - Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social: Flávia Aparecida Gonzaga Silva, Rosa Maria Porto de Sena PBH: SMASA - Secretaria Municipal de Saúde Karen Zacchê, Elisa Maria de Vasconcelos, Patrícia Moreira Gomide Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte Claudenice Rodrigues Lopes, Roseni Schmidt Ferraz Oliveira Musso Greco: Psiquiatra, psicanalista membro da Escola Brasileira de Psicanálise, ex- coordenador de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Autor do texto: Sobre o trabalho, a visibilidade, a reinvenção e a cidade – reflexões acerca do lugar para o louco fora do manicômio. Criador e coordenador do CAPUT. Capa do relatório: Confeccionados pela artista e designer Cristina Araújo. (Em suas edições anteriores, outros artistas participaram da produção de capas para este relatório. Mais informações disponíveis no Departamento Socioambiental da Vina).

Desenvolvimento e Programação Visual: Juliana Foini Edição e revisão (realizada de acordo com a nova ortografia): Élida Murta

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Contatos Centro Comercial Barroca Diretora Administrativa: Vânia Mintz vaniamintz@gmail.com Cristina Araújo – Artista e designer cristinaaraujo.gotz@gmail.com Élida Murta – Jornalista e revisora trema.textos@gmail.com Guido Mintz – Videomaker guido.dias@gmail.com Juliana Foini – Programação visual julianafoini@gmail.com Múcio Tosta – Consultoria socioeconômica mucio@ufsj.edu.br Musso Greco mussogreco@gmail.com

Palestra na Polícia Militar: Sensibilização para abordagem de moradores de rua Coordenação: Sonia Maria Dias – Socióloga soniamdias2010@gmail.com

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Projeto Aracê – realização: Vina Gestão de Resíduos Sólidos e Locação de Equipamentos: Departamento Socioambiental vinasocial@gmail.com Cláudia Pires Lessa: Coordenadora do Departamento Socioambiental E-mail: pireslessa@gmail.com

PBH: SMAAS - Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social: E-mail: geinp@hotmail.com

PBH: SMSA - Secretaria Municipal de Saúde: Acompanhamento Técnico: Incubadora de Empreendimentos Econômicos e Solidários da Secretaria Municipal de Saúde Centro de Convivência Carlos Prates Rua Mario Mirim, n° 415 – Carlos Prates - Tel.: 3277-7228

Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte: E-mail: pastoralrua@yahoo.com.br

Minas Pela Paz Av. Contorno, 4520, 7º andar – Funcionários –MG Tel: (31) 3214-0417/(31) 8577-1400 www.minaspelapaz.org.br

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Anexos 203


2007 Expositores presentes nas sensibilizações •

Grupo de Produção Madeirarte

Todos os brinquedos são produzidos com tintas atóxicas e cantos arredondados. A matéria- prima utilizada é basicamente composta de MDF e Pinos. Em sua embalagem, como previsto por lei, o brinquedo traz a faixa etária para a qual seu uso é recomendável. Acompanhamento Técnico: GEINP - Gerência de Preparação para Inclusão Produtiva Apoio: SMAAS/PBH - Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social /Prefeitura de Belo Horizonte. Local de Execução: Qualificarte OPP - Oficina Pública Profissionalizante - PBH. Programa de Origem: População de Rua - PBH. Contatos: Tel: (31) 421-2718 e 9687-9553 / E-mail: oficinatrabalho@hotmail.com Rua José Clemente Pereira, 460/ Bairro: Ipiranga – BH/MG - CEP 31.160.130 •

Grupo de Produção Pitangaporã

O Grupo produz e comercializa peças decorativas em papel marché. A matériaprima utilizada é composta por revistas usadas, pente de ovos e jornais. O grupo produz gamelas, potes, petisqueiras, etc. Toda a morfologia e grafismo das peças têm inspiração em temas africanos. Acompanhamento Técnico: GEINP - Gerência de Preparação para Inclusão Produtiva SMAAS/PBH - Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social /Prefeitura de Belo Horizonte. Local de Execução: Qualificarte Ipiranga/ PBH Entidade Financiadora: Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - PBH Parceria: Programa de Origem: Muriki /PBH Parcerias: Centro de Educação Especial INALPLIC - Clínica de atendimento à criança com deficiência e MDS - Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Contatos: Tel: (31) 3458-3907 / E-mail: oficinatrabalho@hotmail.com Rua José Clemente Pereira, nº460 - Bairro Ipiranga – BH/MG - CEP 31.160.130 •

Grupo de Produção Ecobloco 204


O bloco reciclado é feito com o entulho da construção civil, fornecido pela Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte. A produção obedece às normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas e tem o Certificado de Qualidade emitido pelo DIEFRA – Empresa de Engenharia e Consultoria, parceira do Ecobloco. Atualmente, os blocos são comercializados em depósitos de materiais de construção. Acompanhamento Técnico: GEINP - Gerência de Preparação para Inclusão Produtiva Apoio: SMAAS/PBH - Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social /Prefeitura de Belo Horizonte Local de Execução: Usina de Reciclagem Estória Entidade Financiadora: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Entidade executora: ASMARE - Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável Programa de Origem: População de Rua. Contatos: Tel: (31) 3378-1432 / E-mail: oficinatrabalho@hotmail.com Rua Nilo Antônio Gazire, 147 - Bairro: Estoril – BH/MG - CEP 30.455.570 • ASMARE - Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável. A ASMARE é o resultado de uma parceria entre a PBH/SMAAS, Pastoral de Rua e os catadores, com o objetivo de gerar trabalho, renda e novas condições de vida a partir da experiência construída pelos moradores de rua. Ela é organizada administrativamente na forma de co-gestão, em comissões de trabalho formadas pelos catadores, e desenvolve diversas atividades além da coleta de material reciclável: cursos profissionalizantes para os catadores; oficinas de marcenaria (para filhos dos associados); oficinas de arte, de alimentação, de papel artesanal e de corte e costura. A associação possui um espaço cultural – o Reciclo – que, além de garantir espaço para comercialização e exposição dos produtos das oficinas, possui também um bar e uma oficina de teatro. Contatos: Tel: (31) 3295-6320 / E-mail: fabricasocial@yahoo.com.br Avenida do Contorno, nº. 10.564 – Bairro: Barro Preto – BH/MG - CEP 30.110.140 •

Grupo de Produção Suricato 205


Associação de Trabalho e Produção Solidária, que agrega quatro grupos de produção: MOSAICO: as peças de mosaico são produzidas artesanalmente, com exclusividade e esmero, a partir de propostas dos empreendedores - cuja experimentação é referenciada em pesquisas - ou atendendo às demandas de clientes.

A articulação com o grupo da Marcenaria também dá origem à

realização de trabalhos bastante originais. Contatos: Central de Abastecimento Municipal Rua Maria Pietra Machado, 125 – Bairro São Paulo/ CEP 31.910-070 - BH/MG Tel: (31) 3277-668 MARCENARIA: boa parte da produção é realizada a partir do reaproveitamento de matéria-prima. Os projetos são desenvolvidos a partir da criação original dos empreendedores, a partir de pesquisas na área da decoração e, também, atende pedidos de clientes. Contatos: CAC - Centro de Apoio Comunitário Rua Aiuruoca, 501 – Bairro São Paulo – BH/MG - CEP 31.910-130 Tel: (31)3277-6684 COSTURA: este grupo produz acessórios, objetos de decoração, roupas de cama e de mesa. A pesquisa e a experimentação estimulam a criatividade, cujo resultado é uma produção que demonstra liberdade e espontaneidade. Contatos: Centro Público de Economia Popular Solidária Avenida dos Andradas, 367 – Praça da Estação - BH/MG - CEP 30.120-010 Tel: (31|) 3277-6684 CULINÁRIA: atendendo a encomendas ou produzindo para as feiras, este grupo de produção da Suricato, como os demais, constrói uma prática cujo fazer passa pela liberdade de opinar, escolher, decidir e desenvolver novas formas de relação com o trabalho e seus resultados, o que contribui para o enlaçamento social. Contatos: CAC - Centro de Apoio Comunitário Rua Aiuruoca, 501 – Bairro São Paulo – BH/MG - CEP 31.910-130 Tel: (31) 3277-6684

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Acompanhamento Técnico: Incubadora de Empreendimentos Econômico e Solidário da Secretaria Municipal de Saúde. Apoio: Secretaria Municipal de Saúde Parcerias: Fórum Mineiro de Saúde Mental, Instituto Marista de Solidariedade, Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais, Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social, Secretaria Municipal Adjunta de Abastecimento e diversas outras articulações : ASMARE, Fórum Metropolitano de Economia Solidária, Centro Público de Economia Popular Solidária, Programa Pólos da Faculdade de Direito da UFMG etc. Programa de Origem: Política Pública de Saúde Mental do Município de Belo Horizonte, proposta pelo Movimento de Reforma Psiquiátrica. •

Oficina de Mosaico

GEPROS - Gerencia de Promoção Social Apoio: SMAAS/PBH - Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social /Prefeitura de Belo Horizonte Breve Histórico - Centro de Referência da População de Rua. A partir de um encontro de usuários do Centro de Referência da População de Rua (com assembleias realizadas periodicamente), surgiu a proposta de desenvolver uma oficina com o perfil de geração de renda. Diante da constatação de uma grande familiaridade de muitos dos usuários com os materiais e ferramentas utilizadas nesta atividade, por já terem trabalhado na de construção civil e no ramo de reciclagem, foi sugerida a oficina de mosaico. Outro ponto importante na escolha dessa oficina foi a relativa facilidade de obtenção de materiais pelos participantes, que se empenharam em conseguir cacos de cerâmica, de azulejos e as bases para aplicação. A ideia central era trabalhar a transformação desses resíduos em arte e utilitários. Contato: Avenida do Contorno, 10852 – BH – MG - CEP 30.110.150 E-mail: gecapo@pbh.gov.br

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2008 PBH: Políticas Públicas da Saúde Mental O Projeto de Saúde Mental da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte tem como objetivo básico a substituição do modelo hospitalocêntrico por uma rede de serviços abertos, articulados e mutuamente dependentes (CERSAM, Centro de Convivência, Equipes de Saúde Mental nos Centros de Saúde, Serviços Residenciais Terapêuticos). Essa rede presta a assistência adequada ao portador de sofrimento mental e deve ser capaz de possibilitar o pagamento da dívida histórica e social que o poder público e a sociedade têm com aqueles que são excluídos do meio social por serem vítimas da indústria da loucura. O principal objetivo desta proposta é tentar substituir os hospitais psiquiátricos, os famosos manicômios, por um atendimento completo e direto, no qual cada paciente tem sua história e cujo foco está na quebra de paradigmas, baseado num tratamento personalizado, humano, voltado para o convívio, o resgate da autoestima, da aceitação familiar e da inclusão social. Nos CERSAMs o atendimento é, principalmente, para as situações de urgência, tais como os surtos psicóticos, os ataques de esquizofrenia, etc. Os pacientes atendidos pelos CERSAMs precisam ter mais de 18 anos e não pagam nada pelo atendimento. Depois da chegada, os profissionais avaliam o caso e mantêm um contato direto com o paciente e sua família. O atendimento é feito, geralmente, uma vez por semana, em consultas com o psicólogo e a distribuição gratuita do medicamento necessário. Paralelamente, são oferecidas oficinas de arte, esporte e outras atividades lúdicas que são importantes ferramentas no processo do tratamento. A equipe é composta por psicólogos, enfermeiros, psiquiatras, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais que atuam dentro dos CERSAMs e até mesmo nas ruas, o que é chamado de “psicologia clínica ampliada”. Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT’s) fazem parte do Programa de Desospitalização Psiquiátrica. São pequenas residências, “moradias”, que abrigam portadores de sofrimento mental que permaneceram abandonados em hospitais psiquiátricos e que romperam seus laços sociofamiliares.

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As casas são localizadas em diversos bairros da cidade e, além das moradias mantidas pela Secretaria Municipal de Saúde, que abrigam os usuários, os que puderam voltar para as próprias casas e famílias recebem uma bolsa mensal. As Equipes de Saúde Mental nos Centros de Saúde são constituídas por profissionais de saúde mental que acompanham, nos Centros de Saúde, os casos que podem ser tratados em ambulatório. Atualmente, Belo Horizonte conta com nove Centros de Convivência, que oferecem oficinas de música, teatro, pintura, marcenaria, costura e várias outras, assim como passeios, idas ao cinema e festas. Fonte: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade

PBH: Políticas Públicas para as Mulheres Belo Horizonte foi uma das primeiras cidades brasileiras a implantar ações específicas para as mulheres. A criação de centros de apoio às mulheres vítimas de violência tem como destaque o Benvinda - Centro de Apoio à Mulher e a Casa Abrigo Sempre Viva. Em 1998, foi implantada a Coordenadoria Municipal dos Direitos da Mulher (COMDIM), com a função de formular, articular e monitorar as políticas públicas municipais de apoio à mulher vítima ou não de violência. O serviço Disque Cidadã atende pelo telefone uma média mensal de 60 ligações. Oferece às mulheres orientação jurídica e ajuda psicológica. Quando necessário, elas também

são

encaminhadas

ao

Benvinda

ou

à

Casa

Abrigo.

Para facilitar ainda mais o atendimento, os serviços vêm sendo centralizados no Disque Cidadã e no Benvida, que podem ser procurados diretamente pelas usuárias. Além dos atendimentos jurídico e psicológico, os procedimentos envolvem iniciativas de prevenção, com agentes multiplicadores treinados pela Coordenadoria

Municipal

de

Direitos

da

Mulher.

A Coordenadoria Municipal dos Direitos da Mulher é responsável por elaborar e coordenar as políticas municipais que assegurem a defesa dos direitos das mulheres para a superação das desigualdades e o combate às diferentes formas de discriminação de gênero em Belo Horizonte.

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A COMDIM conta, também, com os serviços de atendimento e orientação às mulheres vítimas de violência: o Benvinda – Centro de Apoio à Mulher, que atende, orienta e encaminha mulheres e possui uma equipe que presta atendimento

psicossocial

e

orientação

jurídica

a

elas.

lalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalallalala Desde a sua criação até hoje já prestou mais de 10.000 atendimentos. A Casa Abrigo Sempre Viva acolhe as mulheres que, ao denunciarem sua situação, ficam em risco iminente de morte, juntamente com seus filhos. Fonte: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade

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“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Guimarães Rosa

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