Estratégias de Motivação

Page 1


Governo do Estado de São Paulo Governador

Geraldo Alckmin Vice-Governador

Márcio França Secretário da Educação

José Renato Nalini Secretário Adjunto

Francisco José Carbonari Chefe de Gabinete

Wilson Levy Braga da Silva Neto Coordenadora de Gestão da Educação Básica

Valéria de Souza Fundação Faculdade de Medicina - FFM Diretor Geral

Prof. Dr. Flavio Fava de Moraes

Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Praça da República, 53 - Centro 01045-903 - São Paulo - SP Telefone: 0800-7700012 www.educacao.sp.gov.br




Sumário Apresentação................................................ 7 Fatores Intrapessoais x Aprendizagem Escolar

Inteligência..........................................13

Motivação............................................16

Fatores Socioambientais x Aprendizagem Escolar

Interação Professor - Aluno.......................23

Sinalização na Escola............................24

Jogos e Brincadeiras...............................28

Como manter o ALuno na Escola..............30

Práticas Estratégicas...............................31

Conhecimento Prévio x dos Alunos..............32

Educação Física....................................33

Considerações Finais.......................................35 Referências Bibliográficas...............................39



Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem

Toda aprendizagem resulta em alguma mudança ocorrida no comportamento daquele que aprende. Observam-se mudanças nas maneiras de agir, de fazer coisas, de pensar em relação às coisas e às pessoas e de gostar, ou não gostar, sentir-se atraído ou retraído pelas coisas e pessoas do mundo em que vive. Os produtos da aprendizagem são de natureza diferente, sendo possível sua classificação. Embora, forçando um pouco os fatos, porque, geralmente, não se encontra um produto de aprendizagem puro, mas o predomínio de um dos produtos sobre os outros, em cada situação. Comumente, os produtos da aprendizagem são agrupados em automatismo (em que predominam os elementos motores), elementos cognitivos e elementos afetivos ou apreciativos. O homem é um organismo que pensa, sente e atua, e todo o processo aprendido possui componentes motores, ideativos e afetivos. Ninguém, jamais, adquire um hábito motor, como, por exemplo, a patinação, sem algum nexo afetivo, ou consequência cognitiva. O indivíduo que aprende, pensa sobre o que faz ao aprender; forma, pelo menos, uma noção da natureza geral e do significado deste processo; se é interessante ou enfadonho, se constitui uma forma adequada de socialização, ou um exercício físico sadio. Ao mesmo tempo, adquire alguns sentimentos referentes à atividade: passa a apreciá-la ou desprezá-la, a detestá-la ou valorizá-la, e a atividade adquire uma conotação positiva ou negativa, atraindo-o ou repelindo-o. É igualmente verdade que os sentimentos e as emoções, também, têm seus componentes, ou correlatos intelectuais, ou motores. Toda emoção agradável traz consigo uma tendência para repetir a experiência agradável, ou para deixar as coisas como estão prolongando a situação. Cada experiência afetiva, de tonalidade positiva, envolve uma

7


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem tendência motora positiva, que visa a aproximar, prolongar e perpetuar esta vivência, ao passo que estados emocionais desagradáveis acarretam tendências de fuga, reações de aversão e uma tendência reacional que visa o afastamento da situação estimuladora. Expectativas cognitivas e significados perceptivos e conceituais tornam-se parte integrante da reação total, que é de natureza predominantemente afetiva. Assim, por exemplo, percebem-se como amigáveis e desejáveis as situações, em que foram agradáveis as experiências anteriores semelhantes. Ao contrário, são percebidas como ameaçadoras, perigosas e más situações, pessoas ou objetos, que foram previamente fontes de frustrações, conflito, ansiedade, culpa ou dor. Estratégia de motivação de aprendizagem pode ser definida como um conjunto de medidas e estratégias que auxiliarão o docente na aplicação de uma metodologia, visando a motivação do aluno e favorecendo o processo de aprendizagem, objetivando a melhora de seu desempenho no contexto escolar. Atkinson e seus colaboradores (2012) definem a motivação como uma condição que energiza e orienta o comportamento. Caracteriza-se pela intensidade do esforço e dedicação do aluno à aprendizagem, bem como pelas razões que levam esse aluno a se dedicar à apreensão do conteúdo. Esse material tem como objetivo contribuir com o trabalho de docentes da rede estadual de ensino de São Paulo, no aprimoramento dos recursos metodológicos de ensino e aprendizagem, considerando a importância das estratégias de motivação favorecedoras da aprendizagem. Visa explorar e incrementar os interesses e preferências pessoais dos envolvidos, estimular o processo de aprendizagem dos alunos em momentos distintos, entendendo que os indivíduos possuem as próprias particularidades nos aspectos motivacionais, que variam de acordo com o tempo e o ambiente no qual está inserido. Considerando que o aluno motivado desenvolve autoconfiança, estabilidade emocional, percepção e imagem corporal positiva, melhorando o humor, diminuindo a fadiga e a hostilidade no ambiente escolar, esses fatores acabam por melhorar seu desempenho acadêmico. Conforme aponta Brophy (1999), cabe ao docente assumir o ensino como produção de conhecimento. Esta é uma tarefa desafiadora, que exige empenho e envolvimento em todos os processos. É interessante que o professor se preocupe em preparar atividades prazerosas e oportu-

8


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem nizar escolhas; conhecer os alunos, identificando suas particularidades e utilizar este conhecimento para definir o melhor uso das estratégias para ensinar e aprender em sala de aula. O educador deve buscar elaborar o conteúdo de acordo com os objetivos a serem alcançados, além disso, criar situações favoráveis para que o conteúdo desperte interesse dos alunos, pensando no que vai ensinar, visando atingir objetivos de acordo com as propostas de ensino, como transmitir o conteúdo e traçar as estratégias a serem utilizadas para obter sucesso em todo processo. As estratégias de aprendizagem permitem que os alunos se mantenham motivados e tenham um bom desempenho (BORUCHOVITCH, 1999).

Motivação no Ensino Motivar o ensino é relacionar o trabalho escolar aos desejos e necessidades do aluno. É apresentar “incentivos” que despertem, na criança, certos motivos que a levarão a estudar. Os professores, tradicionalmente, usam como incentivos notas, prêmios, castigos, elogio e censura. Essa motivação produz, no aluno, a atenção voluntária, isto é, o aluno se esforçará para dar atenção ao trabalho escolar, mas, devido à pouca idade de alguns alunos, a duração da atenção voluntária é muito curta. Este tipo de motivação, também chamada de “motivação externa” ou “extrínseca”, é usado pela escola tradicionalista ou escola antiga. Atualmente, recomenda-se que os professores procurem transformar o próprio trabalho escolar em incentivo, despertando, nos alunos, certos “motivos”, como por exemplo: o desejo de novas experiências, de aprovação social, etc. As aulas ministradas como brincadeiras, com historias, cantos, dramatização etc., são exemplos de “motivação interna” ou “intrínseca”.



FATORES INTRAPESSOAIS X

APRENDIZAGEM

ESCOLAR 11



Fatores Intrapessoais X Aprendizagem Escolar

Inteligência A teoria de Piaget define inteligência como uma forma de adaptação do indivíduo ao ambiente, regulada pelos processos de equilibração, o qual, por sua vez, é constituído pelos mecanismos de assimilação e acomodação. A teoria sociointeracionista de Vygotsky considera inteligência a capacidade do indivíduo de se beneficiar das oportunidades de aprendizado que o ambiente – em especial o ambiente social – oferece. As diferenças qualitativas no ambiente social dos indivíduos, incluindo o ambiente doméstico, o escolar, o de trabalho e outros, oportunizam aprendizagens diversas, o que resulta em níveis de desenvolvimento ou de “inteligência” também diversos. De acordo com Bock e seus colaboradores (2003), as concepções do senso comum de inteligência incluem a capacidade de resolver problemas, de adaptar-se a situações novas e de aprender com facilidade. Por outro lado, Coll e Onrubia (1996) destacam que o fator “inteligência” é constantemente associado com a capacidade de aprendizagem e com o rendimento escolar do aluno. No entanto, esta relação – inteligência e aprendizagem na escola – está longe de ser compreendida em profundidade. Esse fato decorre de questões como: • A indeterminação do próprio conceito de inteligência; • A influência do contexto social sobre as teorias elaboradas para explicar a inteligência, e • A pluralidade dos métodos e das técnicas utilizadas para a medição da inteligência. Segundo Prestes e Moro (2010), a inteligência, é, eventualmente, inferida com base no comportamento das pessoas, de modo geral, demasiadamente amplo. Ex: “Fulano é muito esperto”; “Cicrana é tão sabida”. Mas é necessário refletir e compreender o que, de fato, caracteriza as

13


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem habilidades intelectuais dos indivíduos. Com base em várias pesquisas, Coll e Onrubia (1996) concluem que a inteligência deve ser analisada, também, em termos da capacidade de resolver problemas reais e significativos para a vida cotidiana do indivíduo Inteligência significa a capacidade de realizar ações de forma organizada e planejada, aplicadas à adaptação e modificação dos contextos de vida do indivíduo (COLL; ONRUBIA, 1996). Prestes e Moro (2010) também destacam a inteligência como a capacidade de adaptar-se ao meio, à capacidade de realização de acordo com as condições apresentadas em cada situação. Assim, trata-se da habilidade de apresentar variações no modo de agir, considerando os objetivos a serem alcançados e as possibilidades oferecidas para tal. Atualmente, a mídia tem veiculado reportagens a respeito do tema “Inteligência Emocional”. De certa forma, faz sentido pensarmos que o homem possui outras formas de inteligência, além da capacidade de raciocinar logicamente. Nossas possibilidades de realização no campo profissional ou pessoal são determinadas, em grande parte, pela Inteligência Emocional (GOLEMAN, 1996). Esta é definida como um conjunto de capacidades, tais como: •

Capacidade de automotivação e persistir frente a frustrações;

Capacidade de controlar impulsos e adiar as gratificações;

Capacidade de manter o humor;

Capacidade de refletir em situações difíceis; e

Capacidade de empatia.

14


Fatores Intrapessoais X Aprendizagem Escolar As ideias sobre inteligência emocional são coerentes com o momento em que vivemos. Momento esse marcado por uma nova organização do trabalho, a qual valoriza a capacidade dos indivíduos de agir cooperativamente, trabalhar em grupo e enfrentar novos desafios. Assim, a inteligência tem sido definida levando em consideração: •

Criatividade;

Capacidade de liderança;

Habilidades de análise de uma situação e de resolução de

problemas; •

Habilidades de enfrentamento das situações;

Capacidades de tirar benefícios diante das experiências vividas;

Facilidade na aquisição de novos conteúdos, abrangendo formas de pensar, agir e lidar com as emoções;

E, também, resultados obtidos em avaliações da inteligência e desempenho em habilidades intelectuais.

Tais capacidades serão produto de um conjunto de fatores, ligado às características hereditárias e, muito fortemente, aos estímulos oferecidos no ambiente de convívio do aluno. Nesse sentido, a vivência de situações que demandem e incentivem o uso dessas capacidades poderá facilitar o desenvolvimento da inteligência, gerando efeitos no desempenho acadêmico e, também, nas habilidades ligadas às experiências de vida. Durante essas vivências, diferentes processos psicológicos poderão interferir na qualidade da aprendizagem, estando, entre eles, a motivação.


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem

Motivação A motivação é um complexo tema para as teorias de ensino e aprendizagem. Tanto o sucesso, quanto o fracasso do aluno e do professor têm sido relacionados às condições motivadoras. A motivação é definida como o processo que mobiliza o organismo para a ação, como necessidade, desejo, vontade, interesse, impulso, instinto. Na motivação, também está incluído o ambiente que estimula o organismo e que oferece o objeto de satisfação do seu interesse ou necessidade. As pessoas são diferentes não só pela capacidade, mas também pela vontade de fazer as coisas. Os motivos ou necessidades são os “porquês” do comportamento, pois provocam e mantêm as atividades que realizamos no dia-a-dia (BOCK et al., 2003). Nem sempre as pessoas conhecem a razão ou os motivos de suas ações, ou seja, às vezes o que nos motiva a agir de determinada forma pode ser algo inconsciente. A motivação varia entre os indivíduos e até para um mesmo indivíduo, podendo mudar, inclusive, ao longo do tempo, dependendo da situação. Por exemplo: podemos envolver-nos na leitura de um texto científico por pouco mais de meia hora e passar horas lendo um romance. A motivação pressupõe intensidade de esforço, direcionamento para o objetivo e persistência ou manutenção do empenho. É comum a queixa de muitos professores de que seus alunos não têm interesse em aprender, não se esforçam e não mostram vontade de participar das atividades propostas. De acordo com Tapia e Garcia-Celay (1996), a pergunta a ser feita nesse caso é: O que fazer para motivá-los? Diante dessa pergunta, algumas outras poderão ser pensadas, tais como: • Qual (ou quais) elemento (s) do contexto define o significado da atividade escolar para o aluno?

16


Fatores Intrapessoais X Aprendizagem Escolar • Por que, para alguns alunos, esses aspectos são motivadores e para outros não? • Por que os conteúdos, a forma como são apresentados, as tarefas, o tipo de interação, os recursos e avaliação, algumas vezes, motivam os alunos e outras não? De acordo com a teoria Cognitivista de Brunner (1966), _apud MOREIRA, 1985, o aluno deve ser desafiado para que deseje saber. Uma forma de despertar tal interesse é oferecer a ele a possibilidade de fazer descobertas. O professor poderá, por exemplo, incentivar a observação da realidade próxima ao aluno (sua vida cotidiana) com o objetivo de que essa observação gere dúvidas no aluno e a consequente necessidade de investigar e descobrir as respostas a essas dúvidas. Além disso, para o autor, a motivação está relacionada a aspectos como: • O uso, pelo professor, de uma linguagem de fácil de compreensão. • Exercícios e tarefas com grau adequado de complexidade

(tarefas muito difíceis geram fracasso, e tarefas fáceis não desafiam e levam à perda do interesse).

• O aluno deve compreender a importância e a utilidade do conteúdo que está aprendendo. De acordo com Tapia e Garcia-Celay (1996), a motivação do aluno para aprender se revela através da aceitação ou rejeição às tarefas escolares e a persistência em sua realização. Deve ser investigada a representação que o aluno possui sobre quais metas se pretende que ele consiga atingir, que atrativo possuem ou o que existe de aversivo para ele, que possibilidades apresenta para atingi-las ou para evitá-las e a que custo. Partindo desses pressupostos, entende-se que as características das metas e objetivos, portanto, estímulos, propostos ao aluno contribuirão positiva, ou negativamente, com sua motivação. Estas podem ser:

17


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem

1. Metas relacionadas com a tarefa: a) Experimentar que se aprendeu algo – novos conhecimentos ou uma habilidade – o que produz uma resposta de caráter emocional gratificante e ligada à percepção de competência. b) Experimentar que se está fazendo a tarefa que se deseja fazer, ou seja, que se faz algo que é do seu próprio interesse. c) Experimentar a sensação de envolvimento pela natureza da tarefa, ou seja, pelo que aquela tarefa apresenta de revelador sobre algum aspecto da realidade e/ou sobre si mesmo.

2. Metas relacionadas ao “eu”: a) Experimentar que se é melhor que os outros ou que não se é pior que os demais. É o sentimento de orgulho que se segue ao êxito em situações competitivas. b) Evitar a experiência de vergonha ou humilhação que acompanha o fracasso.

3. Metas relacionadas com a valorização social: a) A experiência de aprovação dos pais, professores ou outros adultos importantes para o aluno. b) A experiência de aprovação dos próprios companheiros ou colegas.

4. Metas relacionadas com recompensas externas: a) Ganhar um prêmio. b) Ganhar um presente ou uma nota. c) Ganhar um elogio.

18


Fatores Intrapessoais X Aprendizagem Escolar Tais metas são reforçadores da conduta, tal como foi estudado na abordagem comportamentalista de Skinner. Mostram-se efetivas enquanto estão presentes, sendo classificadas como de motivação extrínseca, isto é, que vem de fora, do exterior ao sujeito. Nesse sentido, podem apresentar limitações, se não forem alinhadas com a motivação intrínseca. Nessa segunda, consideram-se os aspectos particulares do sujeito (internos), que tem como objetivo próprio a realização da própria tarefa, sentindo-se capaz e autoconfiante. De acordo com Tapia e Garcia-Celay (1996), o caráter motivador desse sentimento, portanto, interior, também é fundamental no processo de motivação, pois leva o sujeito a buscar situações que lhe proporcionem um desafio ótimo, isto é, que não sejam nem muito fáceis, nem muito difíceis. Pois assim, poderá exercer suas habilidades e conquistar o desafio. Interligando a motivação intrínseca (interior) e a motivação extrínseca (aspectos motivadores do ambiente – externos ao indivíduo) é possível contribuir com a motivação dos alunos. Trata-se de um desafio, que para ser alcançado deve ser realizado por meio de atividades previamente planejadas, que considerem não somente os objetivos propostos, mas também as características do (s) aluno (s) com o que se trabalha.

19



Título - Subtítulo

FATORES SocioambientaiS X

APRENDIZAGEM

ESCOLAR 21



Fatores Socioambientais X Aprendizagem Escolar

Interação Professor - Aluno Para Coll e Sole (1996), a partir da década de 50, a ideia de ser humano que sofre passivamente efeitos das ações do meio ambiente (ser humano modelado e dirigido a partir do exterior) é progressivamente substituída pela ideia de ser humano que seleciona, assimila, processa e atribui significações aos estímulos do meio. Tal mudança de concepção de desenvolvimento humano levou a uma nova maneira de entender o processo de ensino e aprendizagem, enquanto o ensino tradicional considerava o aluno como dependente do comportamento do professor e da metodologia de ensino utilizada (transmissão de conteúdo). A partir do enfoque cognitivista, passa a ser ressaltada a importância do próprio aluno no processo de ensino e aprendizagem, e a escola passa a considerar seus conhecimentos e habilidades prévias, suas expectativas diante do professor e da escola, etc. Essa nova maneira de se perceber o aluno - como alguém ativo na construção do conhecimento levou a novas formas de se pensar a relação entre professor e alunos e entre os próprios alunos (COLL; SOLE, 1996). Para Coll e Colomina (1996), o aluno constrói seu próprio conhecimento mediante um complexo processo interativo no qual intervêm três elementos-chave: o próprio aluno, o conteúdo da aprendizagem e o professor, que atua como mediador entre ambos. O professor e seus alunos compartilham e constroem significados sobre os conteúdos do ensino. Além disso, alguns estudos apontam para o fato de que os próprios alunos podem exercer, em determinadas circunstâncias, uma influência educativa sobre seus colegas, podendo desempenhar o papel mediador

23


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem que antes parecia reservado apenas ao professor. Ensinar passa a ser visto como um processo de mediação, por meio do qual o aluno o professor oferece recursos que possibilitam ao aluno encontrar possibilidades no reconhecimento sua identidade, de seu lugar subjetivo diante dos papéis que ocupa. Será necessário envolver aquele que aprende de um modo contextualizado à sua realidade. Então, haverá espaço para que ele possa construir o seu conhecimento, relacionando o mundo interno – sua realidade, significados, ideias e informações já existentes – com o mundo externo – desconhecido, novo – diante das experiências vivenciadas. Dentro dessa linha de pensamento, a qualidade da interação professor-aluno passa a ser valorizada, e o ensino pode ser compreendido como um processo contínuo de negociação e compartilhamento de significados que ocorrem entre professor e alunos e entre alunos. Para Coll e Sole (1996), a interação professor-aluno e entre alunos constitui um dos pontos centrais na compreensão dos processos de aprendizagem e que reafirma a consciência da natureza social e socializadora da educação escolar. Brandão e Machado (2007) destacam o contexto escolar como um elemento social, no qual ocorre a troca, de conhecimentos, conquistas, diversidades culturais, debates de ideias, valores e crenças, entre aqueles que estão presentes nesse cenário. O vínculo de qualidade e confiança entre professores e alunos, entre os alunos e demais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem precisa ser observado e trabalhado cotidianamente. O papel das interações torna-se central na construção do conhecimento. As características individuais dos sujeitos afetam a qualidade do processo de ensino-aprendizagem. As atividades relacionais permitem ao homem estar em contato com novas ideias e, assim, aprender, desenvolver-se, aperfeiçoar seu ambiente e estabelecer a afetividade. Por meio das relações, as pessoas conhecem umas às outras, conhecem a si mesmas e modificam suas formas de pensar, perceber, sentir e agir (PRESTES; MORO, 2010).

A Socialização na Escola

24

A socialização é um processo contínuo e permanente que se re-


Fatores Socioambientais X Aprendizagem Escolar veste de características diferenciadas, dependendo do momento do desenvolvimento do indivíduo e do grupo social a que pertence. Pode ser entendida como a internalização de normas, o respeito a regras e a aquisição de conceitos, como sociedade, justiça, liberdade, o estabelecimento e a manutenção das relações interpessoais. Tendo em vista que a socialização ocorre num processo de interação com os outros, os contatos significativos que a criança, o jovem e também os adultos estabelecem com o mundo social servirão como modelos a serem observados, imitados ou questionados e, consequentemente, gerarão efeitos na formação e reconhecimento da sua identidade. Frequentemente, a escola é um dos primeiros cenários de circulação da criança, depois do contexto familiar. O ambiente escolar, que possui convenções e regras ainda desconhecidas pela criança, terá entre suas funções fortalecer e manter a diversidade cultural, por meio do convívio com as diferenças econômicas, sociais, pelo cumprimento de deveres, estabelecimento de direitos, etc. De acordo com Perrenoud (2000), a família e a escola funcionam como propagadoras de valores, modelos e padrões de comportamento. A inserção do indivíduo nesses grupos sociais representa possibilidades de mudança ou de construção de novos comportamentos, atitudes e valores. Nesse sentido, a dimensão educativa (ética e moral) do trabalho docente é inegável, porém família e escola não representam as únicas agências sociais capazes de influenciar comportamentos e estabelecer modelos a serem seguidos. Enquanto instituição educativa, a escola influencia e é influenciada pela sociedade que a faz instrumento de transmissão de valores e ideias de seu interesse, ou seja, a educação propagada pela escola tem um sentido político. Perrenoud (2000) coloca, ainda, que os professores fazem parte da mesma sociedade que exibe violência, desigualdades e preconceitos o tempo inteiro. A escola encontra-se, hoje, em uma desafiadora situação, ao pregar virtudes cívicas e intelectuais em um mundo de valores confusos como o nosso, no qual miséria e opulência convivem abertamente.

4 4

As relações escolares não implicam necessariamente a reprodução das relações extraescolares, inerentes ao contexto histórico (conjuntura política, econômica e cultural) (AQUINO, 1998).

25


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem Algo de novo se produz no cotidiano escolar, pois é impossível admitir que o cotidiano das diferentes instituições opera alheio às influências de seus atores constitutivos. É fundamental que o educador tenha uma filosofia de vida e de educação e que seu fazer pedagógico seja coerente com suas crenças e valores; estabeleça um padrão de interação calcado no respeito mútuo, no afeto, na confiança e na iniciativa; seja estimulador de criatividade e promotor de situações desafiadoras (PALMA FILHO, 1998). Como ensinar a justiça, se não é praticada em sala de aula? Como incutir o respeito sem vivenciá-lo no dia-a-dia? Diferentes concepções de educação estão sempre presentes no planejamento educacional e curricular (mesmo de forma implícita). Assim, quando a escola faz uma opção por métodos educacionais, conteúdos, metodologia e critérios de avaliação do aluno, adota um determinado modelo de ensino que pode levar ao conformismo e obediência ou ao desenvolvimento intelectual e melhor compreensão do educando em relação ao meio onde vive. Assim atuará de um modo não coercitivo, contribuindo para a formação de um indivíduo crítico e reflexivo (PALMA FILHO, 1998). Brandão e Machado (2007) ressaltam que o contexto escolar deve ser um espaço, não somente, de transmissão de conhecimentos, mas também de socialização de conquistas e convívio com diferentes culturas, valores e crenças. Segundo Perrenoud (2000), uma educação coerente com a promoção da cidadania deverá considerar estratégias que visem: • Prevenir a violência na escola e fora dela; • Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e socais; • Participar da criação de regras de vida comum referentes à disciplina na escola e à apreciação da cultura; • Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em aula, e • Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça.

26


Fatores Socioambientais X Aprendizagem Escolar Os professores que desenvolvem tais competências oferecem um modelo confiável de educação, pois suas ações, atitudes e valores são vivenciados nas situações do “aqui e agora” com os alunos. Utilizando-se de práticas pedagógicas atuais e diferenciadas, o professor e a instituição poderão promover mudanças nos alunos no sentido da aquisição de novos valores, maneiras de ser e de conviver socialmente. O papel do professor, enquanto modelo de comportamento e como mediador de conhecimentos, leva os alunos à assimilação de novas ideias e formas de relacionamento em grupo. O entusiasmo que o educador passa em sala de aula, relacionado ao próprio conhecimento, e a sua satisfação profissional é decisivo para se criar uma atmosfera positiva e um ambiente propício à expressão, elaboração e troca de afetos, conhecimentos e valores éticos, estéticos e morais (GALVÃO, 2003). De acordo com Galvão (2003), a ideia de que o ser humano se constrói na interação social, traz importantes consequências para a compreensão do papel da escola e sobre os sujeitos em formação: os alunos têm, na escola e na família, entre outros ambientes com os quais interagem, meios nos quais se constituem. A complexidade das relações que se estabelecem entre o sujeito e os ambientes nos quais ele se insere, deverá ser considerada nos julgamentos que a escola realiza do comportamento de seus alunos, principalmente nos casos em que se considera a qualidade do ambiente familiar como sendo responsável por problemas de aprendizagem e de comportamento presentes em sala de aula. As interações em sala de aula devem ser pensadas, também, como responsabilidade dos professores. O chamado “rótulo” que alguns educadores atribuem aos alunos, em nada contribui para o seu desenvolvimento, visto que tal julgamento pode levar um aluno a desistir de tentar expressar o próprio ponto de vista e realizar uma argumentação em seu próprio favor. Se o aluno tiver a oportunidade de falar e ser ouvido, poderá ser capaz de avaliar a coerência, ou não, das suas atitudes, pela possibilidade de expressão de sentimentos, conflitos e ideias, percebendo-se e colocando-se no lugar do outro. (GALVÃO, 2003).

27


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem Algumas condutas, se consideradas como inerentes ao momento do desenvolvimento da criança ou do jovem, não se constituem em atos “contra a ordem estabelecida”, podendo-se perceber outros significados para determinados comportamentos e afetos. O educador deverá estar atento no sentido de não atribuir uma conotação moral a atos que, muitas vezes, são simplesmente a expressão de peculiaridades próprias a fases do desenvolvimento humano, podendo assim criar modos mais apropriados de lidar com cada situação específica e melhor estruturar a sua prática. Entender o funcionamento das emoções e suas principais características leva o educador a uma melhor compreensão dos alunos, o que pode contribuir para um clima social ameno na sala de aula e propício a interações saudáveis (Galvão, 2003). Prestes e Moro (2010) consideram a escola como uma possibilidade de articulação das normas na educação dos alunos, o que contribui, de modo mais amplo, com a ordem cultural, social, econômica, educacional e psicológica. As interações, presentes na socialização, tornam-se fundamentais para uma prática reflexiva do ensino, que possibilite a autonomia de pensamento e, consequentemente, gere efeitos que estejam além da sala de aula. A socialização será facilitada por metodologias que: • Prezem as interações entre professores e alunos e entre alunos, • Considerem as características e particularidades dos alunos e do grupo, • Sejam didáticas e respaldadas cientificamente e • Tenham flexibilidade, a fim de cumprir o conteúdo curricular e contribuir com o desenvolvimento do aluno enquanto sujeito em formação.

Jogos e Brincadeiras Uma atividade frequentemente mencionada como agente de socialização é o jogo. Huizinga (2014) explica que o jogo é uma atividade realizada voluntariamente, com regras (que podem ser livremente consentidas pelos envolvidos, mas devem cumpridas) e limites de tempo e

28


Fatores Socioambientais X Aprendizagem Escolar espaço. Trata-se de uma ocupação da qual se tem consciência de que é diferente da vida cotidiana, que provoca sentimentos de tensão e alegria. Prestes e Moro (2010) complementam com a ideia de que os jogos, assim como as brincadeiras, devem gerar, também, alegria, prazer e espontaneidade. Considerando que estas atividades sejam espontâneas, voluntárias e lúdicas, é possível utilizá-las como recursos de grande valia nas ações realizadas em sala de aula. Os autores elucidam que, nos jogos e brincadeiras, a criança poderá: • Adquirir conhecimentos • Exercitar e desenvolver o pensamento • Exercitar e desenvolver a linguagem • Analisar situações • Resolver problemas • Refletir sobre a realidade • Inventar, criar e transformar Vygotsky considera os jogos e brincadeiras como importantes atividades de socialização, que estimulam as crianças a produzirem e vivenciarem situações relacionadas ao seu tempo histórico e contexto de vivências. Organizados de modo que provoquem situações desafiadoras e possíveis de resolução, serão ferramentas que tendem a contribuir com o desenvolvimento físico, mental, afetivo e social das crianças. Mais especificamente no contexto do ensino, poderão ser associados com os conteúdos curriculares e, ainda, provocar as reflexões que levam à associação entre os temas estudados em sala com o cotidiano vivido nas experiências fora dela. Conforme visto, a motivação tende a ser maior e a aprendizagem melhor consolidada quando o aluno compreende o sentido das informações que lhe estão sendo apresentadas, relacionando-a com o dia-a-dia, isto é, com o seu contexto e a sua realidade. Entre diversas atividades, considerando as particularidades dos alunos e dos conteúdos trabalhados, o professor poderá: • Utilizar jogos existentes, conhecidos e de interesse dos alunos, que estimulem a utilização de habilidades psicológicas fundamentais à aprendizagem, como, atenção, memória, análise, raciocínio, tomada de decisão, resolução de proble-

29


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem mas, controle emocional, etc. • Adaptar jogos existentes, conhecidos e de interesse dos alunos, aos conteúdos estudados na disciplina ministrada, a fim de facilitar a motivação, a aprendizagem e outros processos psicológicos fundamentais à aprendizagem. • Criar jogos e brincadeiras que abordem os conteúdos da disciplina, gerando situações desafiadores e que, ao mesmo tempo, sejam possíveis de resolução para os alunos em questão. • Criar jogos e brincadeiras que tenham como base o trabalho em equipe para o cumprimento da tarefa, estimulando a socialização, comunicação, negociação e flexibilidade, ética, entre outros aspectos ligados às relações interpessoais e aos processos de grupo.

Como Manter o Aluno na Escola Atualmente as crianças já crescem em contato com os recursos tecnológicos, tablete, notebook, brinquedos interativos, a mídia cada dia mais atrativa, é uma geração que anseia por modernidade, habituadas a velocidade da informação e da comunicação. A escola no formato tradicional tem um grande desafio: manter a motivação e interesse desses alunos em sala. A falta desses recursos e outros atrativos levam, muitas vezes, à dispersão da turma, gerando, a cada dia, mais dificuldades em envolve-los na compreensão da importância do conteúdo curricular das disciplinas. É necessário repensar e recriar o ambiente para que professores possam utilizar os recursos disponíveis da forma que melhor atenda aos objetivos. Para isso, pode ser interessante promover: • Reflexão e interação entre os profissionais, dirigentes escolares precisam assumir o papel de ajudar os docentes a pensar coletivamente, incentivando-os a interagir com seus

30


Fatores Socioambientais X Aprendizagem Escolar pares e técnicos na busca pelas razões da baixa assimilação do conteúdo pelos alunos. • Formação mais prática do professor, com espaços para complementação de aprendizado em serviço e possibilidade de se tirar dúvidas in loco. • Promoção de projetos criativos baseados nas vocações e interesses do grupo de alunos e que motivem a aprendizagem, como concursos, maratonas de matemática e de leitura. • Uso melhor dos espaços e aceitação da tecnologia, a abordagem dos conteúdos deve prever atividades de experimentação e maior ocupação dos espaços da própria escola e da cidade. Também é preciso abrir-se ao uso de internet e celulares, aproveitando o interesse dos jovens por tais novidades para propor trabalhos com o uso de ferramentas e aplicativos • Reforço em língua portuguesa e matemática, alunos com baixo desempenho nas disciplinas básicas terão dificuldades em acompanhar as explicações das demais.

Práticas Estratégicas Contextualização O termo contextualizar causa certa confusão com relação ao seu significado. A primeira definição é a de que se trata de trazer o conteúdo escolar para o cotidiano dos alunos. É, também. Porém muitos conceitos e conteúdos são contextualizados na própria disciplina, inserindo o objeto de estudo dentro de um universo que faça sentido para o aluno. Por exemplo, em uma aula sobre divisão celular, os alunos precisam saber o que é DNA para que consigam entender o processo. Portanto, o DNA passa a ser um objeto de estudo que faz sentido neste conteúdo, que é a divisão celular. Esse é um exemplo de contextualização que não está necessariamente ligado à rotina cotidiana (o que não impede que o professor diga que o DNA faz com que eles se pareçam com seus pais, por exemplo). Entendido isso, evitam-se situações forçadas, em que o profes-

31


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem sor se sente na obrigação de relacionar todo e qualquer conteúdo à vida dos alunos. Algumas vezes, aquilo que ele não consegue contextualizar acaba até sendo excluído do currículo o que prejudica, e muito, a aprendizagem da turma.

Conhecimento Prévio X Interesse Dos Alunos Os conteúdos abordados em sala de aula devem, necessariamente, contribuir para a formação de cidadãos conscientes, informados e capazes de melhorar a sociedade. Por isso, é muito importante que os professores busquem planejar suas aulas tendo como centro do trabalho o interesse dos alunos. Dessa maneira, eles terão mais elementos para refletir sobre o meio em que vivem e sobre o que os cerca. Para que essa prática se torne efetiva, é necessário que o professor não permita que o conteúdo caia na superficialidade, presos a interesses imediatos ou destacando roteiros pontuais. Um dos melhores caminhos para garantir o aprendizado da turma é, sem dúvidas, relacionar os conteúdos com as questões cotidianas e mostrar como eles se complementam. Isso é o que dá significado ao estudo. Geralmente, os tópicos aparecem de forma fragmentada, como se não tivessem nenhuma ligação entre si. Na prática, é como ensinar multiplicação com o objetivo de fazer o aluno calcular mais rapidamente e de cabeça, sem fazer nenhuma relação com situações com situações em que a operação é necessária. “O professor deve organizar os temas e forma que possam ser vistos como uma rede de significados”. Por exemplo, em vez de pedir à turma apenas para calcular quanto é 2 a 4, é possível pedir para desenhar em um papel quadriculado duas colunas com quatro linhas. Assim todos perceberão que 2 a 4 é igual a 8 quadradinhos. Esse resultado significa também a área de um retângulo (com 2 unidades de altura e 4 de comprimento). Nesse tipo de atividade, estão relacionados multiplicação, figura geométrica e perímetro. “ É sempre interessante que o aluno compreenda que um mesmo assunto pode ser estudado sob vários aspectos”.

32


Fatores Socioambientais X Aprendizagem Escolar

Educação Física É importante lembrar que os princípios pensados até aqui, servem não somente para a sala de aula. Mas para a formação escolar como um todo. Brandão e Machado (2007) sugerem que a prática esportiva nas escolas pode (e deve) ir além da saúde física e motora dos alunos e que as interações têm papel significativo nesse processo. Por meio da Educação Física, é possível atingir diferentes aspectos do desenvolvimento, como, entre vários exemplos, as dimensões pessoais, social, intelectual, comportamental, emocional, motora, etc. Diversos autores, mais especificamente das áreas do desenvolvimento e psicomotricidade, indicam que o as atividades motoras são fundamentais para o desenvolvimento físico, psicológico e social. Evidencia-se que a Educação Física está atrelada ao desenvolvimento como um todo. Sedo a prática motora fundamental para o desenvolvimento, as crianças devem estar motivadas para tal. Frequentemente, estas já tendem a apresentarem certa motivação pela prática em si, mas as estratégias e recursos utilizados nas aulas podem contribuir ainda mais (ou diminuir) essa motivação. Além de desenvolver habilidades fundamentais motoras e esportivas, cumprindo as propostas curriculares e atingindo diretamente o desempenho psicomotor, o esporte nas escolas pode ter suas próprias características, que valorizem situações imprevisíveis, liberdade de pensamento, de ação e criatividade (BRANDÃO; MACHADO, 2007). Experiências positivas nas aulas de Educação Física podem despertar nos alunos o prazer pelas atividades esportivas, tão importantes à saúde física e mental, quando praticadas ao longo da vida. Por meio das aulas é possível, ainda, reconhecer talentos, sem perder de vista, os princípios da formação escolar educacional. O professor de Educação Física tem, à sua disposição, um meio de contribuir amplamente com o desenvolvimento e a motivação do aluno. Para tal, sugere-se que, associado às práticas motoras, considere em suas práticas:

33


Estratégias de Motivação para Facilitar a Aprendizagem • A fundamentação científica dos recursos utilizados, associando o conteúdo a ser trabalhado a uma prática didática e lúdica • A adequação das metodologias ao perfil dos alunos em questão – idade, experiências, gostos, particularidades • A realização de jogos e brincadeiras • O incentivo à reflexão e à auto avaliação por parte dos alunos envolvidos • Atividades que demandem a análise de problemas e a tomada de decisão • O desenvolvimento das relações interpessoais socioafetivas

• O desenvolvimento das habilidades necessárias ao trabalhar em equipe: comunicação, negociação e flexibilidade, ética, etc. • O uso da comunicação, com exercício das habilidades de falar, ouvir e pensar sobre o conteúdo em questão • Entre outros aspectos ligados ao dia-a-dia dos alunos Para compreender a importância dessa disciplina, e auxiliar na criatividade do docente ao planejar suas aulas, convida-se ao exercício de responder a seguinte pergunta: “Quais aspectos e características existem nas aulas de Educação Física, no contexto esportivo, que também existem na vida real? ”. Vê-se que o esporte escolar é um meio, pelo qual é possível desenvolver as habilidades motoras, mas também exercitar as diversas habilidades que o aluno utilizará na vida.

34


Título - Subtítulo

CONSIDERAÇÕES

FINAIS 35



Considerações Finais As ideias propostas tiveram como objetivo lhe convidar a refletir sobre as possibilidades e recursos que docentes possuem para contribuir com a motivação de seus alunos. Por vezes, essa pode ser uma tarefa desafiadora! Mas seu alcance, certamente, será compensado diante do aluno que sorri e que aprende. Paulo Freire nos diz que “a alegria não chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo de busca. E que ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”. Pensar a motivação no contexto do ensino, entre vários fazeres, é isso! É encontrar estratégias que auxiliem possibilitem o alcance dos objetivos curriculares, promovendo a realização nos processos de descoberta e construção do próprio conhecimento. A ideia é que ensinar seja visto como um processo no qual se envolve o aluno, para que, diante das informações que lhe são apresentadas, ele possa construir seu próprio conhecimento. Sua realidade e experiências terão importância diante do que é aprendido e o conteúdo visto fará sentido em sua vivência e realidade!

37



REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

39



AQUINO, J. G. A violência escolar e a crise da autoridade docente. Caderno Cedes, Campinas, Dezembro 1998. 7-19. ATKINSON, R. L. et al. Introdução à Psicologia de Hilgard. Porto Alegre: Artmed, 2012. BOCK, A. M. B.; AL, E. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: Saraiva, 2003. BRANDÃO, M. R. F.; MACHADO, A. A. Coleção Psicologia do Esporte e do Exercício: Teoria e aplicação São Paulo: Atheneu, 2007. BROPHY, J. Motivating students to learn. Boston: McGraw Hill, 1999. BUROCHOVITCH, E. Aprendizagem: Processos psicológicos e o contexto social na escola. Petrópolis: Vozes, 2010. COLL, C.; COLOMINA, R. Interação entre alunos e aprendizagem escolar. In: COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, v. 2, 1996. p. 298-314. COLL, C.; ONRUBIA, J. Inteligência, aptidões para aprendizagem e rendimento escolar. In: COLL, C.; PLACIOS, J.; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação: Picologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, v. 2, 1996. p. 141-153. COLL, C.; SOLE, I. A interação professor/alunos no processo de ensino e aprendizagem. In: COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A.


Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Medicas, v. 2, 1996. p. 281-297. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 30 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004 (Coleção leitura) FILHO, J. C. P. Cidadania e Educação. Cadernos de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas, São Paulo, 1998. 101-121. GALVÃO, I. Expressividade e Emoções Segundo a Perspectiva de Wallon. In: ARAÚJO, V. A. A. D. Afetividade na Escola: Alternativas Práticas e Teóricas. São Paulo: Summus, 2003. GOLEMAN, D. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996. HUIZINGA, J. Homo Ludens: O Jogo Como Elemento da Cultura. Rio de Janeiro, Perspectiva, 2014.


MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagem. In: Livro de texto Teorias de Apredizagem. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 2005. PERRENOUD, P. Dez Novas Competencias para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. PIAGET, J. A Epistemologia Genética. São Paulo: Abril Cultural, 1983. PRESTES, I. C. P.; MORO, C. S, de. Psicologia e Educação. Curitiba: IESDE Brasil S.A, 2010. TAPIA, J. A.; GARCIA, I. M. C.-. Motivação e Aprendizagem Escolar. In: COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, v. 2, 1996. p. 161-175. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.



secretaria da educação do estado de são paulo

centro de atendimento especializado - caesp direção Técnica

Cristiano de Almeida Costa fundação faculdade de medicina - ffm coordenação

Marluce Camarinho Marcos Galvez organização E coordenação técnica

Damião Silva Revisão gramatical

???? projeto gráfico / diagramação / ilustrações

Vinicius Andrade



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.