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editorial T
Flavio Samelo
U ma das coisas que a gente mais
fala aqui na VISTA é o quanto nos preocupamos em fazer algo que nós mesmos gostamos na revista. Não tem a ver com egoísmo ou ignorar as paradas que rolam fora das nossas reuniões malucas via Skype, na real é justamente o contrário. O fato de fazermos uma revista totalmente focada no esquema colaborativo, faz tudo aqui uma mistureba loca, porém organizada, pelo menos é isso que tentamos fazer a cada edição. Acho que como cada um de nós que fazem a revista, temos nossos trabalhos paralelos, e só dedicarmos à VISTA o que realmente gostamos de fazer, assim como nossos colaboradores de todo Brasil, fazemos das páginas da VISTA um catálogo de coisas legais de verdade para as pessoas que as produziram, seja lá o que for.
Toda edição é concebida nessa pegada, sempre! As vezes eu acho que esse tipo de ideia é uma utopia que só conseguimos pelo fato de usarmos a revista justamente para isso, fazer o que realmente gostaríamos de estar fazendo, sem dó, sem pensar se vai vender ou não, até porque a revista é gratuita, dane-se! Não gostou? Azar o seu, ninguém mandou pegar! Mas pelo menos estamos felizes com o que botamos na rua e na internet pros outro verem, é de verdade, é do nosso coração, pensamos realmente aquilo que você está vendo. Estou escrevendo isso pois sinto muita falta de gente pensando igual, não que não tenha, tem sim, mas são poucos, não vem ao caso citar nomes, até porque ia ser muita burrice minha dizer que sei todos, porque é obvio que não. E esses dias conversando com o JP Romero, o vídeomaker do “Simplesmente” vídeo que mostra uma cena nacional do skate desligada totalmente do mercado do skate, um skate de rua mesmo, feito por gente que anda porque gosta de skate e não por causa da pseudo fama que isso tá dando hoje em dia, vi algo que me deixou muito contente. Ele me mostrou um vídeo que fez uns tempos atrás no QG em Santa Catarina. O lugar é um sonho pra qualquer skatista, ali tem obstáculos perfeitos que simulam os que encontramos na rua, só que num lugar que você pode tentar o que quiser, quantas vezes quiser, só com amigos de verdade junto na sessão e ainda mais, pode ter certeza que eles pensam a mesma coisa que você sobre skate. Quase todos ali nesse vídeo trabalham das 9hs as 17hs em coisas diferentes e se encontram ali pra andar de skate, simplesmente.
Olhando o nível das manobras desses Skatistas não amadores, não profissionais, apenas skatistas de verdade, que compram seus shapes, suas rodas e seus tênis, fiquei impressionado, pois eles não tem obrigação nenhuma de ter tudo aquilo em um video. Tem gente que vive do skate na sessão também como o Patrick e o Ique, entre outros, por exemplo, mas todo o resto é skate sem conexão nenhuma ao mercado. Isso é inspirador pra mim. Num momento onde o mercado de skate está cheio de coisas locas acontecendo, ai no Brasil um grupo de amigos se junta sem pretensão nenhuma e faz uma coisa dessa. Quase um milagre pra mim! Vi uma ligação muito grande desse vídeo do JP, da proposta do pessoal do QG e do que fazemos na VISTA. Fazemos porque acreditamos, sem saber se vai dar certo ou não, nós tentamos, seja lá o que for acontecer, estamos curtindo e felizes pelo resultado, dá pra ver isso ali no vídeo também, descaradamente. Valeu a todos presentes no vídeo: Adauto Oliveira de Caxias do Sul/RS, Gerson Dias de Florianópolis/SC, Franco Poloni de Caxias do Sul/RS, Thiago dos Santos de Florianópolis/SC, Patrick Vidal de Canoas/RS, Gutiele Rodrigues de Porto Alegre/RS, Mauricio Carvalho de Porto Alegre/ RS, Carlos Felicce Balneario Camboriu/SC, Lindolfo Oliveira de Maringa/PR, Carlos Iqui de Porto Alegre/RS, Rafael Eduardo de Franca/ SP, Ramon Bagnara de Balneario Camboriu/ SC, Giovani Ricardo de Porto Alegre/RS, Pedro Biagio de Maringa/PR, Jean Duarte de Itajai/SC e Jeferson Silva de Mundo Novo/ MS, ao pessoal do QG, ao JP pela inspiração e aos amigos e colaboradores da VISTA. Veja o vídeo no site da VISTA.
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capa
Foto: Pedro Perdigão
Skatista: Difre : : Rio de Janeiro : : RJ
índice exp. 12 ORIG.SAMPLER 18 FUDEU 26 MÍSTICO 38 CARLA BARTH 46 GUI DA LUZ 58 SILVAS 66 ARTE MUDA
Editor Chefe: Xande Marten xande@vista.art.br Direção de conteúdo: Tobias Sklar tobias@vista.art.br Direção de arte, projeto gráfico e diagramação: Frederico Antunes oi@fredericoantunes.com Editor Fotografia: Flavio Samelo flaviosamelo@gmail.com Fotografia: Renato Custódio renatocustodio@gmail.com Colaboradores Texto: Manu Rysdyk, Otavio Neto, PIRIKITO SEM ASA, & Raquel Chamis. Colaboradores Fotografia: Alex Brandão, Caetano Oliveira, Chana de Moura, Dhani Borges, Diego Sarmento, Fernando Martins, Helge Tscharn, Jeferson Bortoleto, Pablo Vaz, Patrick Villela, Rodrigo Kbça & Stanley Inacio. Colaboração Internacional: Grazi Oliveira Agradecimentos: Cyroc, RAW, Direção e planejamento digital: Fernando Arrienti farrienti@gmail.com Janine Olinto janineolinto@gmail.com Comercial : Xande Marten 0 (xx) 11 9837 16304 Administrativo: Keila Torelly keila@vista.art.br Distribuição: Janine Olinto distribuição@vista.art.br Distribuição gratuita realizada em boardshops, galerias de arte, blitz & cadastro. Periodicidade: Bimestral Impressão: Gráfica Pallotti Para anunciar: anuncie@vista.art.br ou pelo telefone 0 (xx) 11 2768 2064 Fale conosco: Leitores e lojistas, comuniquem-se com a Vista através do e-mail contato@vista.art.br ou através do telefone 0 (XX) 11 2768 2064 Veja mais em: www.vista.art.br
Caderno Traduções Arte: Felipe Oliveira Tradução: Jayelle Hudson, Flavio Samelo e Raquel Chamis.
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originalsampler
T
Renato Custodio
Renato Custodio
Opá! Vocês que têm acompanhado os primeiros O x S nas últimas edições da Vista, pensou que nós iríamos deixar de fora nossas raízes? “Eis o Ôme”, de “Corpo Fechado”.
O legal dos “samples” é que pode ser tanto um segundo sequer de um timbre, ou uma colagem durante a música inteira. Esse que escolhemos nessa edição aparece lá nos 4.28 minutos da música “Corpo fechado” do Thaíde & Dj Hum.
Originalmente composto por um cantor americano “Sixteen tons”, essa música foi regravada por Noriel Vilela através da “16 toneladas” do clássico álbum “Eis o Ôme” lançado em 1968. Esse disco foi recentemente relançado pelos selos Somatória do Barulho e Brasilis Grooves.
Agora os fans das raridades desaparecidas podem contar com essa preciosidade em vinil disponível nas melhores lojas de discos. Porém o disco do Thaíde & Dj Hum “Preste atenção”, vai ter que fazer um corre maior para conseguir. A volta do vinil já é um fato e esperamos cada dia mais novas reedições como essa.
Estúdio Frederico Antunes • cinco anos de Vista
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fudeu. Helge Tscharn
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Puse Nackelig Praga
TROPICALIENT' 'S F: Diego Sarmento
Sabe quando não precisa do melhor pico? Sabe quando não interessa se tem campeonato? Sabe quando tanto faz se as mina colaram? Sabem quando um vinho de garrafão vale mais que champanhe? Então piá, se você entende o que isso significa, você vai entender o que os guris da Tropicalient’s tem pra dizer e mostrar.
Esteban Florio na Praça da Sé.
Guilherme Trakinas
Filipe Ortiz
Luiz Gaida Polonês
Tropicalient’s é skateboard puro de raiz, sem massagem, verdadeiramente, pegada. Inspirada em nós mesmos, no dia a dia, seja debaixo de sol ou chuva a gente sempre vai estar junto para o que der e vier. Até o fim!
Tropicalient's pra mim é aquele sentimento de estar num role com seus mais chegados, curtindo a brisa e andando de skate. Evoluindo, crescendo e aprendendo junto! Tropicalient’s é tudo nóis que ta no estilo de vida da essência do skateboard.
Tropicalient’s meus irmãos do corre diário! Skateboard puro! Vem de milianos a amizade de todos e isso ajuda muito pra que cada um se supere em vários momentos! Nas risadera da vida ou nos dias mais nebulosos estamos sempre buscando ter uma sintonia dahora pra que as coisas aconteçam naturalmente! Sem pressão, deixando fluir e evoluindo com cada vivência, com cada embalada e é assim que tem que ser!
Kalil Chales
Renato Souza
Felipe Espíndola Espeto
Tropicalient's é a família, é skateboard! É os piazinho que cresceram andando de skate juntos. Apesar das dificuldades individuais de cada um, todo mundo se ajuda, afim de continuar a andar de skate. Ninguém quer deixar o bagulho morrer, então todo mundo tenta se puxar de alguma forma em busca da evolução, não só no skate, mas como pessoa. Sempre contando com a irmandade (Malacoçonaria). Não tem muito o que explicar, tem que ser de alma pra saber qual é a verdadeira pegada, vários perrengues, vários momentos mágicos, mas sempre prazerando uma diversão sem limites, o simples andar de skate. "O" prazer. Mancoso não cola!
Não gosto que etiquetem a Tropicalient´s como uma crew, prefiro que vejam a Tropicalient´s como um movimento onde o skate fala mais alto. Ninguém é Tropicalient´s por nível de skate ou por estilo de roupa. E sim por ser skatista de verdade, ajudando um ao outro, querendo ver o outro progredir. Vai muito além de um circulo fechado.
Tropicalient’s não é uma crew, não é uma marca, é um grupo de amigos que se transformou na família que é hoje. Estamos sempre unidos, e essa união que fez a Tropicalient’s ser o que é hoje: uma Família!
Foto: Robson Sakamoto
IGOR SMITH | BS TAIL SLIDE - CAMPINAS, SP
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MÍSTICO T: Otavio Neto F: Alex Brandão
Quando se fala em andar em piscinas automaticamente vem a mente Califórnia, Estados Unidos. pois o skate nasceu nas piscinas deles. Para nossa felicidade na Argentina também tem piscinas, uma delas até se chama Califórnia. O melhor de tudo que é liberada para andar. Mas existem alguns pré requisitos adquiridos com a vida que possibilitam a liberação para andar nela. É preciso ter amigos apaixonados por skate! Conversando com meu amigo Jorge Ladas, um argentino, ele comentou que haviam algumas piscinas com curvas e que existiria a possibilidade de se andar nelas, na Argentina. No mesmo instante disse para ele que eu iria me organizar para conseguir ir o mais rápido para aproveitar este “swell” de piscinas, ou piletas como chamam os nossos hermanos. Em poucos dias eu e o fotógrafo e skatista Alex Brandão embarcamos. Na Califórnia uma sessão em uma piscina invadida dura em média 20 minutos, que é o tempo que a policia chega ao local. Neste tipo de sessão o estresse é muito grande e não é possível desfrutar de todo o prazer que é andar em uma transição que não foi feita para o skate. É como fazer um street nas ruas, pois a maioria dos lugares parecem que foram construídos para andar de skate e na realidade não foram. Andar em uma piscina exige muito trabalho e coragem. A maioria das vezes é preciso invadir uma propriedade particular com rodos, baldes, panos a tiracolo, ou melhor, na mão para esvaziar e limpar a piscina. É uma verdadeira missão.
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Norberto 'El Gato' Binda :: rock'n'roll to fakie
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Alex Brandão :: heelflip
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A viagem começou na zona norte de Buenos Aires. Chegamos e fomos direto conhecer a piscina recém encontrada por Ladas. Semanas antes da nossa chegada rolou uma sessão pesada com direito a grafitti dentro da casa que vai ser demolida daqui seis meses. Estacionamos o carro e vimos que a rua estava movimentada pois na esquina estavam construindo um prédio, mas mesmo assim a vontade de andar era maior e pulamos o muro da casa. Quando vimos as curvas azuis da piscina foi uma euforia só, não sabia o que fazer. O Ladas pegou um vaso de flores e rapidamente começou a tirar toda a água e dizendo que tínhamos que ir rápido. Achei um balde e comecei a ajudar, em poucos minutos a piscina já estava quase pronta para o role, faltava somente recolocar o ralo. Assim que terminei de parafusar o ralo a policia chegou nos expulsando e perguntando o que estávamos fazendo dentro da casa. Jorge Ladas entrou em cena mais uma vez e explicou que já havia andado de skate na piscina e conhecia o dono e tudo mais. O vigia da rua o reconheceu e conseguimos ir embora sem maiores problemas.
rasteira rodeado por pinheiros de diferentes partes do mundo. Você acredita ou não?! Adoro viajar pois assim posso ver e conhecer lugares que a geografia e a didática da escola me fez esquecer. Acordei as margens do Rio Paraná e se eu fosse bom de natação poderia nadar 48 km e chegaria no Uruguai. Mal sabia eu que estava prestes a ter outra experiência mística, fomos andar nos silos subterrâneos.
Na argentina existe grupos de pessoas que invadem casas vazias para morar, são conhecidos como os “ocupas.”
No final da tarde, exaustos, fomos conhecer a piscina Califórnia, que fica dentro do Complexo Felix de cabanas. Ao chegar no local perguntamos se podíamos esvaziar a piscina para andar de skate. O Sr Daniel, que já morou em Salvador, disse que era impossível esvaziar a piscina de noite. Neste instante achei que iríamos ficar somente na vontade de andar.
O swell de piscinas começou a entrar em San Lorenzo, que fica a 300 km de Buenos Aires. Fomos convidados pelos amigos do Ladas para andar na Onda Mística. E ai volto falar que para andar em lugares especiais é preciso ter “amigos apaixonados por skate”. Fomos muito bem recebido pelo Pancho, Vampy e Gato, locais de San Lorenzo que estavam nos esperando com a piscina limpa e com a brasa para o churrasco acesa. A tal da onda mística é uma piscina quadrada no formato, mas possui uma pequena transição com um vertical gigantesco que dificultava muito para manobrar. Diz a lenda que o local há muitos anos era usada por mestres espirituais que faziam cura com energias das mãos. O lugar traz uma paz incrível, mesmo estando no meio do nada, literalmente. Também diz a lenda que naves de outros planetas pousavam no lugar durante os rituais. A prova disso é circulo vago de vegetação
Silos são tubos gigantescos que servem para armazenar grãos tipo exportação. Para descer dentro do tubo é necessário cordas, escadas e muita disposição, mesmo assim é uma descida difícil. O ar parece que fica rarefeito e enquanto andamos sobe uma poeira que chega a sufocar. Aos poucos fomos andando e nos acostumando com a transição irregular até chegar o ponto de colocarmos um lance de escada na porta do tubo para dar sustentação para dropar. O que me encorajou a dropar foi aquele ditado popular,“do chão não passa”, porque do chão eu estava bem longe dos sete palmos de baixo da terra.
Em seguida com um sorriso debochado, Sr Daniel disse, que poderíamos dormir na cabana e começar a esvaziar de manhã. O universo estava mesmo conspirando ao nosso favor. Perguntei se teríamos que alugar uma bomba para esvaziar a piscina e ele disse que tinha tudo para o serviço. Tirei a conclusão que a melhor Califórnia é na Argentina. A noite caiu e junto acabou a energia, não se enxergava nada. Era como tampar os olhos no escuro, nem as estrelas era possível de enxergar por causa das árvores. Bateu um medo e fui trancar a porta mas não encontrei a chave. Fiquei pirando que alguém iria entrar na cabana para nos atacar. Coloquei uma
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Ignacio 'Nacho' Vidal :: wallride nollie-out
cadeira para trancar a porta e o Alex Brandão me trouxe uma faca para eu dormir com ela ao lado da cama. Quando fui dormir me sentei na beira da cama e senti algo peludo e quente... Fui direto na faca com o coração na boca de susto. Antes que eu pudesse fazer algo o gato soltou um miado e a risada comeu solta. Ansiosos acordamos muito cedo para começar o serviço de limpeza da piscina e para nossa surpresa o Daniel já tinha ligado a bomba e era possível ouvir um barulho da água correndo morro abaixo. Tinha até uns passarinhos aproveitando a água para tomar banho. Depois de 4 horas a piscina estava pronta para o role e os ânimos acelerados, foi até difícil para o Alex fazer as fotos porque mal um cara caia outro já descia em cima para fazer render o tempo deste “sonho” acordado que estávamos vivendo. Com o tempo fomos conseguindo usar as bordas para manobrar e as lajotas começaram a soltar e a piscina começou a ficar toda quebrada, mais uma surpresa foi o Daniel dizer que não tinha problema porque ele vai reformar a piscina para o verão. Na brincadeira disse para ele colocar coping block de concreto e fazer um acampamento de skate. Na despedida de San Lorenzo o sentimento de saudades bateu forte porque nos três dias de experiências místicas conseguimos fazer uma amizade muito forte e chegamos ao grupo dos “Pileteiros”. Voltamos para Buenos Aires fomos conhecer um pouco da cena do skate no pais. O skate na Argentina não tem tanta visibilidade na grande mídia como aqui no Brasil e por isso ainda esta muito verdadeiro e criativo. Fomos convidados a dar uma entrevista na Jam Skate Radio, a única skate rádio do mundo. A rádio é transmitida via internet tocando skate music 24 horas por dia.Ao longo da programação são dado informativos de eventos e noticias
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Otavio Neto :: bs tailslide
gerais do skate. Toda quinta feira as 22 horas tem um entrevistado que é sempre muito bem recebido com comida e cerveja. Diz Lagart, o locutor e idealizador, que com uma boa dose de álcool consegue tirar mais informações dos convidados. Criei até um slogan: Jam Skate Radio manobrando pelos ouvidos. A criatividade estava mesmo a flor da pele. Conheci os criadores da Skate Guitar, Gian Franco. Ele é músico e uma lenda do skate! Para quem não o conhece podemos dizer que ele é um ser tipo o Fabio Cristiano, que atravessou gerações do skate com um estilo técnico e verdadeiro em todos os terrenos. Em um role de skate matinal com seu amigo Galasso, que é um luthier de mãos cheias, brincando disseram que seria magnífico fazer uma guitarra com peças de skate recicláveis. Em pouco tempo começaram a fazer algumas experimentações usando nosso famoso board de maple e conseguiram desenvolver uma guitarra construída totalmente com materiais recicláveis. Assim que fizeram a primeira guitarra postaram a foto no facebook e, em um dia tiveram mais de 400 mil visualizações. Depois os pedidos para o mundo todo começaram de maneira espontânea. Vários músicos famosos já aprovaram a sonoridade da guitarra. Flavio que é integrante do Los Fabulosos Cadillacs e skatista aprovou, quem aprovou também foi o guitarrista do Pearl Jam, também o Tony Hawk e Steve Cabalero, entre outros skatistas. Outro grupo de skatistas que fazem a história do skate na Argentina acontecer é a galera de Quilmes. Sim! É a cidade da cerveja e do skate. Aqui tem a pista Eh! Park, ponto de encontro para a maioria das sessões. Esta viagem foi mística pois todos lugares que passamos e as pessoas que conhecemos foram partes importante nesta nossa jornada e tenho certeza que agora fazem parte da nossa vida.
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Ezequiel Galasso & Gianfranco De Gennaro Gilmour
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Otavio Neto :: bs disaster
Jorge Ladas Amarilla :: rock and roll
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Otavio Neto :: bs smith
Jorge Ladas Amarilla :: fs rock and roll
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Nacho :: air wall to wall
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CARLA BARTH F: Chana de Moura
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F: Patrick Vilela
T: Raquel Chamis baseada em entrevista concedida a Renato Custodio
F: Chana de Moura
Desenho é bicho solto, e por onde anda deixa um trajeto impresso. Assim Carla Barth explica sua técnica preferida, que aprendeu pelas mãos do pai serigrafista e da mãe escultora. Nos cômodos de um grande ateliê compartilhado com artistas amigos da família, a menina nascida em 1975 encheu a imaginação. E guardou tudo como mero divertimento até fazer da arte um ofício: dois anos de faculdade de turismo a convenceram que sua matéria prima não eram as viagens por países distantes. A inspiração morava nos sonhos. Movimentos artísticos que lidam com o inconsciente como o dadaísmo e o surrealismo serviram de suporte para o trabalho de Carla nos desenhos, nas pinturas e nas esculturas de papel machê. Colecionadora de referências, tem gosto por folhear páginas de livros, ver filmes, olhar a rua. Encontrou no cineasta Alejandro Jodorowsky uma inspiração pelo misticismo, no pintor britânico David Hockney um norte em cores – e esses são apenas dois exemplos do que ela carrega. Decidida a praticar, descobriu o terrorismo poético e as intervenções com o gaúcho Guilherme Pilla. Misturou tudo: leituras, tintas, rua. E aos poucos suas obras saíram de dentro de si para olhar o mundo. A profissionalização veio com a galeria paulista Choque Cultural, e no embalo trabalhos com grandes marcas (Adidas, Redley, Absolut e Alçacuz-Wonder, para citar algumas). A artista diz que seu trabalho pode ser chamado de neo-naïf: sem ser cru como a estética primitiva, ainda tem brasilidade e um gosto declarado pelo improviso. Tenta se livrar do excesso de correção, e quando a pintura coloca limites demais – algo que acontece quando ela precisa contar uma história com começo, meio e fim –, lembra que também a própria vida é esboço. Ao desenhar murais nas cidades ou criar intervenções poéticas, foge das amarras. Carla Barth então é um pouco do seu desenho: quer também ser bicho solto.
REFERÊNCIAS DE ONTEM E HOJE O dadaísmo e o surrealismo têm muito a ver com os sonhos, estão fora da razão. São lógicas bem diferentes do mundo em que vivemos, onde tudo é programado e mecanicista. Por isso gosto de trabalhar com esses movimentos. Andava muito nessas de estudar mitologia, arte simbólica, Jung. Tudo de mais místico e intuitivo. Meu trabalho é assim, meio psicológico. Eu estou um pouco presa a isso. Gosto de arte popular, folk art e toda gente que faz o que as coisas mesmo sem saber fazer direito. Já fui obcecada por cultura japonesa e seus artistas underground. Assim como por tatuagens old school – fazia personagens a partir disso. Meus pais fizeram Instituto de Artes, então por causa deles sempre tive muitas referências da academia. Passei a vida inteira indo a exposições e ouvindo sobre fine arts, até que cansei. Queria um contato mais real com as pessoas com quem me identificava. Da rua veio muita informação.
F: Chana de Moura
SOBRE A ARTE QUE VÊ E FAZ Apesar da cena fortíssima de arte contemporânea, em que um trabalho de arte também é conteúdo, a nossa geração é muito bombardeada por imagens. Especialmente em função da publicidade a imagem tem muita influência nas pessoas. Sempre quis contribuir para fugir da imagem ligada ao consumo. A arte coloca novos símbolos na rua. Acho massa pensar em tudo que vai contra a burocratização. Arte serve para ir contra, para olhar o mundo. A arte contemporânea fez com que eu entendesse o desenho como soma de camadas, um trajeto que fica impresso. Me ensinou a entender a espontaneidade e o gestual. Existe uma divisão entre arte alta e baixa, erudita e popular. É uma divisão construída historicamente, mas as coisas não estão divididas dessa forma – basta pensar que Bispo do Rosário agora está nos museus. Há muita gente que consegue aparecer mesmo não estando nos padrões, seguindo o que todo mundo quer. Eu gosto dos loucos.
DESENHO E CRISE
ILUSTRAÇÃO OU PINTURA?
O desenho hoje é uma categoria. Há um campo expandido das artes: tudo se fundindo e virando uma coisa só – uma pintura na linguagem do desenho, um desenho escultórico, uma foto na linguagem do desenho ou da pintura. Todas as linguagens se comunicam e venho trabalhando formas de incorporar essas maneiras de fazer arte.
Comecei a pensar em outras formas de fazer arte, inclusive arte aplicada (ilustrações para produtos, por exemplo) e trabalhos de design. Tenho pintado muito pouco porque quero me profissionalizar na ilustração. Quero fazer arte para camiseta, para produtos. Isso não necessariamente se encaixa no trabalho com uma galeria, é outro tipo de rotina.
Gosto de desenhar e comecei fazendo desenho de observação. Quando senti que estava estagnada fui estudar teoria, história e crítica de arte. Assim, descobri muitos artistas contemporâneos que não conhecia porque nunca se popularizaram. Esses trabalhos fizeram com que eu me perdesse um pouco. Fiquei um pouco em crise.
A pintura consome tempo. Para fazer uma individual, preciso de quantidade, no mínimo 10 telas. Mas não é meu foco agora. Quero pintar tranquila, quando estiver a fim. Estou vivendo uma fase experimental.
SKATE E ARTE
Tenho escutado algumas coisas psicodélicas nessa fase da vida. Aumenta as fronteiras, me permite fazer as coisas. É um som que me diz: “faz”. É diferente do rock, que me limita.
Minhas professoras mais acadêmicas não entendem a relação do skate com a arte. Isso ficou claro quando eu fui fazer mestrado vi que as minhas referências eram muito fora do que se falava: não eram os nomes consagrados da arte contemporânea – aquilo que não se entende, que é enigmático.
MÚSICA PARA DESENHAR
Para trabalhar, escuto um monte de música folk, Bob Dylan (sendo que antes não gostava, dá pra acreditar?), Neil Young. Parece que flui bem, que o tempo passa diferente. Também Robert Johnson, uns caras dos blues. Parece que o tempo rende mais, a música me envia para uma zona calma, diferente da cidade.
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GUI DA LUZ T: Manu Rysdyk F: Pablo Vaz
T: Otavio Neto F: Alex Brandão
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Ss shove-it heel flip :: Shenzhen - China
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SILVAS DO BRASIL T: Tobias Sklar F: Diego Sarmento
Não podemos ignorar que vivemos um período de turbulências. Momento em que acreditamos e duvidamos da capacidade do nosso povo de fazer o bem a todos, e não em beneficio próprio, a cada segundo. Política, economia, segurança e mais um monte de itens são jogados no ventilador que atira na mesma proporção e para infinitos pontos, alegrias e tristezas. Mas nós ainda temos um porto seguro! O Skateboard nos traz orgulho independente de categorias e estilos. Tanto o fazemos bem, que sempre vemos nossos jovens irem para outros lugares e acabarem sendo adotados, como bons filhos que não resmungam a qualquer dificuldade e estão sempre prontos pra botar o pezinho na lixa. CR Pack é um projeto da Converse com a intenção de homenagear o Brasil. Carlos Ribeiro foi o rider escolhido para representar o povo, e as cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Recife para serem o palco e inspiração dos modelos. Para sacar toda a proposta assista aos vídeos inspiração de cada cidade e o final com as marretadas do Carlos Ribeiro no site da Vista. + vista.art.br
Pois foi para homenagear o povo brasileiro, esses que não temem nada e nem ninguém para conseguir dar suas manobras, que a Converse resolveu executar o projeto CR Pack. Carlos Ribeiro foi o rider escolhido para representar o povo, e as cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Recife para serem o palco e inspiração dos modelos. A Vista acompanhou e apresenta agora como foi o processo de inspiração nessas cidades que carregam o DNA dessa bagunça linda onde nascemos.
CARLOS RIBEIRO
Esse guri não foi escolhido por acaso para esse projeto. Era necessário alguém que pudesse realmente ser um espelho do povo brasileiro no CR Pack. Skatista desde que largou o futebol, como disse em entrevista pra Vista em 2009, Carlos é um cara de família, amado pelos amigos, e respeitado no mundo todo. Ainda tem duvida? Nessa mesma entrevista, ele contou sobre a parceria com o seu pai e uma Kombi, que carregava ele e os amigos para cima e para baixo. Tinham acabado de voltar do Uruguai, onde havia sido registrada a entrevista. Desde então, as viagens internacionais representando o estilo brasileiro seguiram por Israel, Nicarágua, Espanha, China, República Tcheca... Na América, a conquista de grandes patrocínios e de quebra uma indicação para o Helliez Awards, oferecido pelo Hellaclips graças a sua parte apresentada pela LRG e Thrasher. Isso tudo, sempre com o conselho dos pais na cabeça “faz o que te diverte, o que te faz feliz”. Não que exemplos sejam definitivos, mas servem bem para você ter noção do barulho que o alemãozinho tá fazendo e de como ele tem alcançado o seu maior objetivo: viver do skate!
PORTO ALEGRE
PORTO ALEGRE
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brasa style: flip de front
RECIFE
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braza style: nollie flip tailslide de back bigspin out
RIO DE JANEIRO
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braza style: tailslide de back
CARLOS RIBEIRO
Foto: Loft312
Manobra: Bs Nollie Flip
converseallstar.com.br/skateboard
THE CONVERSE CVO LS / EML LS / SEA STAR LS CRPACK
ARTE MUDA Salba :: Florianópolis
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SC / f: Helge Tscharn
Gustavo dos Anjos :: ss ollie - Campinas
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SP / f: Stanley Ignacio
Rodrigo Maizena :: fs blunt - Osasco
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SP / f: Caetano Oliveira
Ademar Luquinha :: bs heelflip - Rio de Janeiro
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RJ / f: Dhany Borges
Daniel Marques :: nollie - São Paulo SP / f: Renato Custodio
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Marcello Gouvea :: fs tailslide - Piracicaba
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SP / f: Flavio Samelo
Mike Vallely :: Crail - Bertioga
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SP / f: Jair Bortoleto
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RYAN SHECKLER // POLARIZED TWOFACE™
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