Vista 67

Page 1


RECEBA 6 EDIÇÕES (1 ANO) DA REVISTA VISTA EM CASA POR APENAS R$ 99 LOJA.VISTA.ART.BR • LEIA@VISTA.ART.BR



O• -

OLP •R

-MOD • EOL T AR

E VDO OO

VI V I

N M

OE

TN

O VNOE • VNI O A T O O PT RO •E T

O E

• O R P L DOE V OO NM

M O •D LT A R V I VI

OE

TN

IO OT A• VN VNOE P T E• TO

O R O •-


E

T

• RIVET • RI

RI

R

I

ET

T • RIVET • VE R I

V

V E T

ET

T

IV

T • RIVE

R

VE I R

ET • RIV ET IV R •

V




V I C T O R

S Ü S S E K I N D

M E G A L I T H I C

R V C A . C O M . B R

S T O N E S

|

# I N S P I R E D B Y R V C A


T H E B A L A N C E O F O P P O S I T E S


expediente

editorial

A REVISTA VISTA É UM PRODUTO DA VISTA S/A NOSSA PROPOSTA É DISSEMINAR E REALIZAR BOAS INICIATIVAS EM PROL DO MOVIMENTO DAS PESSOAS, GERANDO EXPERIÊNCIAS DE CONTEÚDO QUE ELEVEM AS RELAÇÕES E RESULTADOS PARA ALÉM DO IMAGINADO.

O que não é visto, não é lembrado? “Depois que o trabalho vai para a rua, você não tem controle mais de nada. Os lambes são em tamanho real, então incomodava muito porque são pessoas que comumente não são vistas naquelas regiões” conta o Maurício Pokemon em sua entrevista desta edição. Seu trabalho conversa com uma realidade cruel da sua cidade, Teresina. A gentrificação e sua perversa lógica de afastar moradores de áreas que recebem atenção do capital.

vista s/a XANDE MARTEN TOBIAS SKLAR FLAVIO SAMELO FERNANDO TESCH GUSTAVO TESCH EDITOR JEFE XANDE MARTEN XANDE@VISTA.ART.BR CONTEÚDO TOBIAS SKLAR TOBIAS@VISTA.ART.BR DESIGNER FREDERICO ANTUNES OI@FREDERICOANTUNES.COM EDITOR FOTOGRAFIA FLAVIO SAMELO SAMELO@VISTASA.COM.BR FOTOGRAFIA RENATO CUSTÓDIO RENATOCUSTODIO@GMAIL.COM DIGITAL FERNANDO ARRIENTI FARRIENTI@GMAIL.COM COMERCIAL XANDE MARTEN 0 (XX) 11 9837 16304 & 0 (XX) 11 3360 3277 ADMINISTRATIVO SABRINA DESTEFANI FINANCEIRO@VISTASA.COM.BR DISTRIBUIÇÃO VINÍCIUS MELO LEIA@VISTA.ART.BR DISTRIBUIÇÃO GRATUITA REALIZADA EM BOARDSHOPS, GALERIAS DE ARTE, BLITZ & ASSINATURA. FAÇA SUA ASSINATURA, SAIBA COMO: LEIA@VISTA.ART.BR PERIODICIDADE BIMESTRAL IMPRESSÃO: GRÁFICA IMPRESSOS PORTÃO FALE CONOSCO LEIA@VISTA.ART.BR CONFIRA OS CANAIS DA VISTA NO SITE VISTA.ART.BR CAPA FOTO VICTOR SUSSEKIND COLABORADORES DE TEXTO MARCO CRUZ COLABORADORES DE FOTO MAURICIO POKEMON, RICARDO NAPOLI & VICTOR SUSSEKIND COLABORADOR ESPECIAL ANDERSON TUCA AGRADECIMENTOS EU DIGO HEY, VOCÊS DIZEM OH OOH! TEM ALGUÉM AÍ? UM BEIJO.

82

Tobias Sklar

Sonhos também podem estar escondidos em recônditos da memória afetiva e virem à tona em uma despretensiosa viagem como explica o Marco Cruz sobre sua sessão no Nude Bowl: “muito louco pensar nisso! Porque hoje é o sonho se tornando realidade, só quem for um dia neste lugar entenderá na totalidade o que estou passando no texto. O lugar é no meio do deserto e tem uma piscina! Cenário é meio surreal, mas a aventura e a diversão são garantidas. Sei lá quais palavras usar para descrever esse sentimento”. Alguns momentos dispensam mesmo as palavras. Esses são dois exemplos entre tantos que estão nessa edição e em tudo que produzimos. O que ninguém está vendo é o que queremos enxergar primeiro e deixar exposto à sua vista! Para isso que estamos aqui, indo sempre além.


pontos oficiais vista rio grande do sul Matriz Skate Shop

(Shopping Total)

Seja um ponto de distribuição oficial da vista. Saiba como: leia@vista.art.br

rio grande do norte Lee Boards

Matriz Skate Shop (Shopping Palladium)

Avenida Cristovão Colombo 545 - Loja 1072 - Floresta

Av. Ayrton Senna , 146 - Capim Macio

Rua Ermelino de Leão, 703 Loja T009/010 Térreo

Porto Alegre/RS | CEP: 90560-000

Natal/RN CEP: 59080-100

Olarias - Ponta Grossa/PR | CEP: 84035-906

contato@matrizskateshop.com.br

contato@leeboards.com.br

E-mail: contato@matrizskateshop.com.br

www.matrizskateshop.com.br

www.leeboards.com.br

Site: www.matrizskateshop.com.br

51 3018-7072

84 2020-1988

Tel.: 42 3225-7800

são paulo

rio de janeiro

contato@matrizskateshop.com.br

Osklen (Vila Madalena)

Homegrown

www.matrizskateshop.com.br

Rua Harmonia, 488/498

Rua Maria Quitéria, 68 - 201 Sobreloja

51 3026-6083

Sumarézinho - São Paulo/SP | CEP: 05435-000

Ipanema - Rio de Janeiro/SP | CEP: 22410-040

online@osklen.com

sac@homegrown.com.br

Matriz Skate Shop (Shopping Walig) Avenida Assis Brasil 2611 - Loja 248 Cristo Redentor - Porto Alegre/RS | CEP: 91010-006

Matriz Skate Shop (Canoas)

www.osklen.com

www.homegrown.com.br

Avenida Guilherme Schell 6750 - Loja A 03

11 3813-9408

21 2513-2160

contato@matrizskateshop.com.br

Volcom Flagship

Osklen Surfing

www.matrizskateshop.com.br

Rua Augusta, 2490 - Jardim Paulista

Rua Francisco Otaviano, 67

51 3059-9702

São Paulo/SP | CEP: 01412-100

Galeria River - Arpoador - Rio de Janeiro/RJ | CEP: 22080-040

augustasp@volcom.com.br

online@osklen.com

Centro - Canoas/RS | CEP: 92010-260

Happy Day Shop

www.volcom.com/store/sao-paulo-brazil

www.osklen.com

Rua Cel. Theobaldo Fleck, 110 - Sala 01

11 3082-0213

21 2513 0369

contato@happydayshop.com.br

Matriz Skate Shop

Osklen (Shopping Rio Sul)

www.happydayshop.com.br

Rua Augusta 2414 - Cerqueira Cezar

Rua Lauro Muller, 116 - Loja 401 - 4º Piso - Rio de Janeiro/RJ

51 3545.8013

São Paulo/RS | CEP: 01412-000

CEP: 22290-160

contato@matrizskateshop.com.br

online@osklen.com

Centro - Igrejinha/RS | CEP: 095650-000

The Box Skate Shop

www.matrizskateshop.com.br

www.osklen.com

Alameda Major Francisco Barcelos, 127

11 3061-0016

21 2219 4295 | 2542 0039

Boa Vista - Porto Alegre/RS | CEP: 91340-390 theboxskateshop@gmail.com

Storvo

www.theboxskateshop.com.br

Rua Aspicuelta, 300 - Vila Madalena

51 3013 7078

São Paulo| SP | CEP: 05433-010

mato grosso do sul

santa catarina

contato@storvo.com

Osklen (Shopping Iguatemi)

www.torvo.com

Avenida Madre Benvenuta, 687 - loja 229/203

11 3360-5151

Santa Mônica - Florianópolis/SC | CEP: 88035-000 online@osklen.com

Rema Boardhouse

www.osklen.com

paraná

48 3239-8377 | 3239- 8477

contato@remaboardhouse.com.br

Matriz Skate Shop (Catuai Shopping)

Pousada Hi Adventure

www.remaboardhouse.com.br

Avenida Colombo, 9161, Térreo - Centro

Rua Sotero José de Faria, 610 - Rio Tavares - Florianópolis/SC

67 3213-2504

Maringá/PR - CEP: 87070-000

CEP: 88048-415

Rua Pedro Celestino, 1387 Centro - Campo Grande/MS | CEP: 79002-371

contato@matrizskateshop.com.br

hiadventure@hiadventure.com.br

www.matrizskateshop.com.br

www.hiadveture.com.br

44 3123-5177

48 3338-1030 | 9159-1847


12

rapa


nui Victor Sussekind

13


14


15


A primeira vez que ouvi falar da Ilha de Páscoa foi através do meu pai, eu devia ter uns 10 anos de idade. Ele estava assistindo a um documentário na sala de casa e me falou algo do tipo: "olha esse lugar, uma Ilha onde existem várias estátuas gigantes e todas estão de costas para o mar". E isso ficou na minha mente. Alguns dias mais tarde eu faltei a aula, então liguei a TV e já estava no canal da Discovery Channel e começou a reprisar o tal documentário – Gigantes. Falava sobre as estruturas Megalíticas que salpicam a superfície de nosso planeta e que remontam a um passado muito distante. Isso ficou mais ainda na minha cabeça! Mais tarde meu pai me apresentou o filme de Erich Von Däniken - Eram Os Deuses Astronaltas. Ali mostrava um pouco mais sobre a Ilha dos mil enigmas. Isso me tocou mais ainda!

16

E ficou por isso... Passaram-se uns anos, até que então, a curiosidade despertou e comecei a querer saber mais novamente sobre essas coisas. Procurava na internet sobre a Ilha de Páscoa, as informações eram muito pobres, nada falando sobre nada, cada site dizia uma coisa diferente. E isso me intrigou um pouco! Então em agosto de 2012 que o encontrei Fantástica Ilha de Páscoa, de Francis Maziere. Foi num Sebo de São Paulo que fica perto da Galeria do Rock, ao lado do Rei do Mate. Foi o primeiro Livro que li na vida e o que me fez ir à Ilha de Páscoa. Li pela primeira vez e demorei para terminalo, não entendia nada, havia muitos nomes estranhos que nunca tinha ouvido falar. Em 2013 comecei a ler pela segunda vez e foi ai que o sentimento me tocou intensamente. A maneira como o autor descreve suas experiências na Ilha me fez querer ver e sentir de perto o que era isso que ele estava descrevendo no livro. Era incrível! Daí em diante comecei a ler todos os livros que eu pude encontrar e a me organizar para essa viagem. Sentia que era isso que eu tinha que fazer, precisava conhecer. Comecei a economizar rapidamente, parei de gastar, não comia na rua, não comprava nada, a não ser livros sobre a Ilha de Páscoa. A energia da Ilha me chamava! Por Victor Süssekind

Essa história não acaba aqui. A viagem à Ilha de Páscoa rendeu ainda muitas fotos que estarão no lançamento especial em parceria com a Rvca no QG da Vista em SP. Caso não possa estar conosco, veja como foi pelo @vistaskate. E também temos um vídeo desvendando os mistérios que o Victor encontrou na Ilha esperando você no vista.art.br e no fb.com/vistaskate





20


21


22


23


24


25


26

hap-


pen.

13

Ricardo Napoli

27


28

Lindolfo Oliveira :: Bs kickflip up


29


20

NOVA YORK TEM EM SEU DNA A VOCAÇÃO PARA RECEBER POVOS E CULTURAS. NÃO POR ACASO É A CIDADE MAIS POPULOSA DO PAÍS E TEM COMO UM DOS SEUS APELIDOS A ALCUNHA DE “CAPITAL DO MUNDO”. TODO NÓS EM ALGUM MOMENTO DA VIDA ASSOCIAMOS A ESTÁTUA DA LIBERDADE À TERRA DAS OPORTUNIDADES INFINITAS. E POR AÍ VAMOS… RICARDO NAPOLI, UM FOTÓGRAFO BRASILEIRO QUE VIVE HÁ VÁRIOS ANOS EM NY, RESOLVEU APROVEITAR O ESPÍRITO DA CIDADE E CRIAR O PROJETO “MAKING IT HAPPEN”. APAIXONADO POR CINEMA, JUNTOU SUAS HABILIDADES AS DIVERSAS AMIZADES COM SKATISTAS RESIDENTES DA CIDADE E VISITANTES DO MUNDO INTEIRO QUE APORTAM NA CIDADE DE TEMPOS EM TEMPOS, PARA FILMAR SEU PRIMEIRO VÍDEO.

Em “Making It Happen” poderemos assistir os brasileiros Jhony Melhado, Bruno Aguero, Lindolfo Oliveira, Daniel Marques, Alexandre Cotinz, Guiri Reys, Murilo Romão, Lucas Xaparral, Evandro Martins e Patrick Vidal ao lado de talentos da América do Norte, Europa, América do Sul, Ásia, África e Oceania. Como disse o Napoli "Making It Happen é um vídeo independente de skate inspirado por New York City e a mistura diversificada de cultura e talentos que a cidade reúne de diversas parte do globo.

A cada ano skatistas de todo o mundo vêm para Nova York com os olhos brilhantes e mentes abertas - trazendo sua perspectiva para as ruas e querendo escrever um novo capítulo em uma cidade de um milhão de histórias”. Filmado exclusivamente nos cinco distritos, o vídeo é história da cidade que nunca dorme contada por pessoas que foram em busca dos seus objetivos e que em meio a embaladas pelo trânsito louco vão construindo amizades e deixando suas marcas na linha do horizonte mais famosa do universo. Por Tobias Sklar


Celian Cordt :: Boardslide

31


32

Christian Bica :: Fastplant


33


12 34

Guiri Reyes :: Crooked Bonk


Paris Laurenti Kickfliip shifty

35


36

Evandro Martins :: Bs smith


37


12 38

Fabian Long :: Bs 50-50


Patrick Vidal Ss flip

39


40

Lindolfo Oliveira :: Ss crooked


41


N

O

V

O

>

G

A

L

Á

C

T

I

G

A

L

C

A

Á

C

T

I

C

A



44


Rudy da Silva BsWallride São José dos Pinhais/PR f: Erick Bollman

a.m.

ARTE MUDA

45


46

Leandro Romero - SP/SP • f: Raphael Kumbrevicius


47


48


Mauricio Fratea :: ss crooked - Newport Beach/CA • f: Samelo

49


50

Mario Marques Fs180 SP/SP f: Raphael Kumbrevicius


Felipe Felix Ollie Peruibe/SP f: Raphael Kumbrevicius

51


38 52

Luiz ApelĂŁo Flip Porto Alegre/RS f: Samelo


Bruno Dissenha ShiftyOIllie Apucarana/PR f: Erik Bollman

53 39


54


i have a dream Flavio Samelo

55


56 22


Marco Cruz :: rock'n'roll - CA/EUA

57


Eu sempre sonhei em andar de skate nas piscinas e o que mais me inspirou a pensar nisso foi uma foto publicada numa revista nacional sobre o Nude Bowl nos anos 80, por volta de 87. Como era incrível ver um dos meus ídolos andando de skate no deserto e aquela foto do Fs Grind (slash) sempre vinha na minha cabeça quando assistia algum vídeo da época. Acredito que o Álvaro Porque foi o primeiro brasileiro a andar por lá e quem o levou foi outra lenda, o Kao Tai, que já reside pela América há muitos anos. Logo fiz como a maioria dos skatistas, recortei a revista e colei a foto na parede do meu quarto. Aliás tinha muito foto das revistas Overall e Yeah. Era meu universo, o lugar aonde eu sonhava tudo que vivi durante minha vida. Passei por Iniciante, Amador e posteriormente para Profissional. Quem anda de skate sabe o quanto nosso quarto pode nos inspirar e nos levar a diversos caminhos imaginários. 58

Página oposta: Marco Cruz :: feeble - CA/EUA

Muito louco pensar nisso! Porque hoje é o sonho se tornando realidade, só quem for um dia neste lugar entenderá na totalidade o que estou passando no texto. O lugar é no meio do deserto e tem uma piscina! Cenário é meio surreal, mas a aventura e a diversão são garantidas. Sei lá quais palavras usar para descrever esse sentimento. Por isso prestes a ir ao Nude Bowl eu já ficava sonhando a noite e convidando amigos para irem comigo. Trombei o Samelo na Agenda Show e quando convidei ele me disse que havia compromisso, pois ia fotografar o Mauricio Bozo na rua. Ops, mas espera ai? Com esse sol da Califa a galera geralmente anda no fim de tarde e para ser possível uma sessão lá nosso plano era sair as quatro e meia da madrugada, então viabilizou a ida do Flavio. Que topou na hora quando eu disse que voltaríamos até o meio dia. Só alegria vamos lá! A sugestão da logística foi do Rodney Rodrigues, o cara que desenterrou a piscina que esteve 12 anos coberta por terra. Ele nos deu o mapa e disse que seria melhor sair de madrugada e chegar ao amanhecer ou levar geradores a noite para fazer uma sessão mais tranquila, porque no deserto o calor chega quase a 50º. O caminho é complicado, nada fácil de achar. Demoramos umas 3 horas de estrada, mais uma hora de deserto, até encontrar o pico.

Sobre o Nude Bowl O Nude Bowl era um local de skate popular a partir do final dos anos 1970 até o início dos anos 1990. O nome vem do fato de que o local era uma vez um resort de nudismo chamado “Desert Gardens Ranch”, empreendimento que não deu certo. Felizmente não ocorreu o mesmo com a piscina! Inicialmente, o Nude Bowl era apenas um local de festa para os skatistas, mas na década de 1990, grandes festas e violência se tornaram banais lá. Depois de inúmeras queixas sobre armas e brigas ao redor do Nude Bowl a polícia encheu ele com terra. Skatistas voltaram, retiraram a sujeira, e arrumaram a piscina deixando ela "skatável" novamente. Depois de alguns meses, a polícia invadiu o pico novamente e enterrou os restos da piscina, mas recentemente Rodney e seus amigos botaram a mão na massa e desenterraram a Nude que foi reparada e agora está intacta pronta pras sessões. Ele localiza-se bem longe, no Desert Hot Springs na Califórnia, a piscina tem forma de feijão e na area próxima foi construída uma pequena parte de Street. Não existe nenhuma estrada pavimentada até o Nude Bowl, você é obrigado a andar 3 a 4 milhas até o lugar. O Palm Springs Skatepark contém uma réplica do Nude Bowl, que é a característica mais popular da pista. A história do Nude Bowl é o tema da canção popular da JFA “Nude Bowl Resurrection”.

POR MARCO CRUZ




Marco Cruz :: crail slide - CA/EUA


Flavio Samelo

62

resistĂŞncia. Arquivo pessoal


63


Desde quando conheci o Maurício “Pokemon” falei pra ele que aqui em São Paulo tem um Pokemon também. Ele resistiu ao apelido e agora parece que virou febre mundial. Bom, brincadeiras à parte, ele é um puta talento do Nordeste do Brasil e faz um trabalho admirável! Sempre na humildade, volta e meia aparece aqui em São Paulo para respirar o ar poluído e rever seus amigos que largaram de Teresina. Quando fui para o Piauí, em 2011 com Adelmo Jr, pude ver de perto o quanto ele movimenta a cena em sua cidade. Recentemente ele apareceu com um projeto chamado "Existência", que me chamou muito a atenção e gostaria de compartilhar com vocês. Skate salva, arte também.

alguns trabalhos publicitários e hoje trabalho na Revista Revestrés, uma revista cultural, onde tenho total abertura de criação e posicionamento. Paralelo a isso, tento desenvolver um trabalho como artista visual, tendo como linguagem base a fotografia, claro, mas tentando levá-la para outros lugares.

ouvidas, querem ter direitos iguais e querem, simplesmente, continuar em suas casas. E depois que você fotografou eles, e já havia colado alguns na cidade, eles ficaram muito de cara, ou já esperavam que iriam ver os lambes espalhados? Isso foi muito legal, porque eles sabiam por me ver explicar o que era a ação, mas eles não visualizavam direito como seria. Depois de colado alguns nas ruas, foi que a coisa se espalhou entre eles, e que amigos e parentes viam também e levavam a informação, e sempre alguém vinha me falar disso, que fulano estava pregado na rua tal, cicrano estava naquela parede do centro (risos). Eles gostaram muito, e eu fiquei super feliz com o resultado. O propósito da ação ia além da colagem ou da foto.

“Existência” é o nome do seu primeiro projeto de fotografias coladas na rua. Como surgiu essa ideia? O “Existência” veio para mim muito natural. O processo foi acontecendo no seu tempo certo. Ao passar pela Avenida Boa Esperança, na zona norte de Teresina, vi que em quase todas as casas daqui haviam faixas com as seguintes mensagens: "Prefeito, não vamos sair!", "Não há Lagoas do Norte sem moradores: ficaremos!", "Prefeito, não apague a nossa história", e ainda "Valor sentimental não se compra, essa casa é Você falou de como incomoda o fato do a história da nossa família". Esse discurso de lambe ser do tamanho real de uma pessoa, resistência me chamou muita atenção, eles Antes de falar do seu trabalho atual, fala e citou o caso de um bairro mais nobre denunciavam um problema que o outro lado da pra gente um pouco sobre você, sua que você colou, outro que tinham uns cidade praticamente desconhecia. Aquilo me ligação com o skate e com a fotografia. pixos e bombs do outro lado do muro e marcou e fiquei alguns dias pensando naquele Então, minha relação com o skate já vem pintaram só o seu lambe, como foi isso? cenário. Voltei lá e tive os primeiros contatos desde moleque. Eu morava no centro da com os moradores para entender o que estava cidade e tinha alguns amigos que andavam. (risos) Isso teve muito. Depois que o trabalho Eu sempre ficava vendo eles andarem e tentava acontecendo. Aquelas pessoas estavam sendo vai para a rua, você não tem controle mais de ameaçadas de desapropriação pela prefeitura me equilibrar no skate deles. Em 2000, com nada. Os lambes são em tamanho real, então municipal, que tem um novo projeto para o 11 anos, eu e meu irmão Alexandre, um ano incomodava muito porque são pessoas que local, um complexo turístico milionário que mais velho, ganhamos nossos primeiros skates comumente não são vistas naquelas regiões. envolve a duplicação da tal avenida. O plano de de uma tia e de lá pra cá mudou tudo, (risos). Eu colava alguns na zona leste, onde tem maior "embelezamento" da área, em outras palavras Comecei a andar quase todo dia. Colava concentração de renda em Teresina, aquilo é uma espécie de higienização social, que na “Vulgo”, uma loja de skate no centro e lá gerava um desconforto talvez, daquela pessoa visa retirar as casas à margem do rio, cujos sempre aprendia umas coisas novas com o ali colada com uma pose de resistência, como donos sobrevivem, entre outras coisas, de James “Piva” e outros caras. Quando percebi uma árvore fincada e com raízes na natureza. plantação de vazantes. Aquelas pessoas são, eu já estava muito envolvido, participando de Algumas colagens não duravam 24 horas. Esse quase todas, descendentes de índios, escravos, campeonatos amadores e sempre andando outro caso foi no centro, em um muro de um vaqueiros e pescadores. Teresina surgiu na rua. Esse começo foi muito bom, porque estacionamento, havia um espaço livre e o dali, é a região berço da cidade. São pessoas sempre tinha meu irmão como um parceiro restante cheio de bombs e pixos. Coloquei o com uma conexão incrível com a natureza, fazendo tudo muito juntos. No ano de 2007, a lambe nesse espaço em um final de semana. com outro ritmo de vida costumes e crenças gente já andava em vários picos pela cidade Na segunda-feira já estava completamente peculiares. A relação que eles têm com o e ai surgiu uma vontade e necessidade de coberto de preto, enquanto os bombs e espaço onde moram há 30 ou 40 anos é de fotografar esses rolês. A ideia cresceu e pixos permaneciam intactos, sem nenhuma total pertencimento. Então quis retratá-los e tomou forma em um zine, chamado Skatemostrar que ali existem pessoas, vidas e sonhos. censura (risos). A rua tem suas nuances. PI. A partir disso comecei a fotografar muito Fotografei todos em seus quintais e colei skate e então minha relação com a cidade Essa especulação imobiliária ta pela cidade seus retratos, em tamanho real. passou a ser ainda mais particular, por conta rolando só nessa área, ou outras desse “fazer fotográfico”. Contei toda essa áreas de Teresina também? A partir disso, como foi a relação com os história para dizer que a fotografia veio depois A cidade está se expandindo muito moradores dessa área em Teresina? do skate, foi ele quem me apresentou esse geograficamente. Quase sempre esse Eu passei a frequentar as casas e fui mundão. Depois disso comecei a fotografar crescimento vem junto com uma higienização sempre muito bem recebido. A relação de outras coisas fora do skate, trabalhei com social, colocando pessoas mais humildes em confiança era mútua. São pessoas de coração fotojornalismo em um jornal local, colaborei regiões mais distantes - é como se o objetivo enorme, que no fundo, querem muito ser com alguns meios de comunicação, faço


65


fosse esconder a pobreza. Aconteceu isso na época da construção da ponte Estaiada, um “cartão postal” de Teresina. E sempre vem rolando, mas se discute pouco sobre isso. Uma das coisas mais fodas, foi você conseguir visibilidade da mídia de massa para um caso que eles iriam ignorar. Você acha que a partir disso, algo pode ser “menos pior” para aqueles moradores? Isso foi interessante. Eu vi o poder da arte diante de um problema social. Algumas emissoras de televisão, portais e jornais entraram em contato comigo para fazer matérias sobre esse trabalho. Então não era exatamente o objetivo deles falar sobre as ameaças de desapropriações naquela zona, mas queriam falar de um trampo artístico que, por sua vez, denunciava as desapropriações. E foi assim que o problema entrou em pauta na grande mídia. O Existência tentou e talvez conseguiu, em partes, denunciar algo que não estava sendo discutido. Outra parada engraçada foi você se inscrever em um edital da prefeitura e eles usaram esse seu trabalho de divulgação como um dos selecionados né? Isso também foi foda. Foi né? (risos) Saiu um edital de um Prêmio de Criação em Artes Visuais, escrevi um projeto e dentro disso enviei como portfólio algumas imagens do Existência. Quando saiu o resultado, fui selecionado e a imagem que eles escolheram para divulgar o prêmio era justamente a do Existência (risos). A gente se infiltra às vezes, né. São formas de "furar" o sistema. À partir desse seu trabalho “Existência”, outras coisas vieram acontecer por conta disso? Eu senti que o “Existência” foi muito importante também para mim, tanto como conhecimento, experiência, colaboração com os moradores, como para o meu processo criativo e entender um pouco melhor disso tudo. Logo depois desse trabalho ir para a rua, surgiram alguns convites de trampo, exposições etc. Um deles foi o Póros, um outro projeto, onde fiz colagens na fachada do CAMPO, um espaço de criação e gestão em arte contemporânea, que tem base aqui em Teresina. Esse projeto foi diferente do “Existência”, eles me convidaram para pensar em uma ação que passasse a dialogar

e entender como aquele espaço pretendia a sua relação com o entorno. Passei um tempo fotografando pessoas do bairro e falando do que se tratava e fizemos um grande painel misturando pessoas da comunidade e artistas residentes do espaço, tentando quebrar um pouco esse “lugar de artista” que estamos acostumados a pensar. E as colagens tem uma escala enorme, porque preenche uma fachada de 8m de altura. E você disse que foi selecionado para uma residência aí em Teresina mesmo? O que você pretende desenvolver? Então, fui selecionado no Prêmio de Criação em Artes Visuais, um edital da Fundação Municipal Cultural Monsenhor Chaves, um órgão da Prefeitura Municipal de Teresina, com mais 7 artistas. Estamos trabalhando nela para em agosto/setembro apresentar uma exposição coletiva dos trabalhos, mas cada um com seu projeto e tentando dialogar com os outros. Eu estou tentando fazer uma relação dos moradores do centro da cidade com os seus quintais, um lugar meio místico, meio sombrio, meio revelador. Isso é uma investigação minha que veio dentro da pesquisa do “Existência”, onde vi naquelas pessoas uma relação muito grande com seus quintais, sendo um lugar de conexão com a natureza e um lugar de revelação, onde eles me contavam muitas coisas sobre suas vidas. Antes dessa residência começar eu já estava envolvido em outra residência no espaço CAMPO e acabaram se chocando os períodos e a produção, mas também penso em compartilhar algo publicamente dessa residência mais para o final do ano. Lá eu estou pesquisando sobre o próprio bairro São João, onde fica localizado o espaço, pensando em vestígios que os moradores/pedestres/ transeuntes deixam ali, visto que o local se tornou geograficamente o centro da cidade e descentralizou o comércio, se tornando um bairro de passagem para muitas pessoas. E quando vai colar uns lambes em São Paulo, “Desistência”? Na real, eu tenho muita vontade de colar umas coisas em SP. Até surgiu um convite para levar o “Existência”, embora não tenha ainda se concretizado. Mas não vai rolar a “desistência” (risos). Por Renato Custodio


67


68 70


69 71


70


71


72


73




Anderson Tuca @anderson_tuca



Anderson Tuca @anderson_tuca



Anderson Tuca @pomb_ @anderson_tuca



Anderson Tuca @pomb_ @anderson_tuca


Victor Sussekind

english version Translated by Flavio Samelo


RAPA NU by Victor Süssekind

RESISTANCE by Renato Custódio

The first time I heard of Easter Island was through my father, I must have been 10 years old ... my father was watching a documentary in the living room and told me something like, "Look at this place, an island where there are several giant statues and all are back to the sea." and that stuck in my mind ... a few days later, I missed class, then turned on the TV and it was discoverychannel ... and began to reprise this documentary “Giants” that one my father had watched, talking about the Megalithic structures all over the surface of our planet and going back to a very distant past, showed some pictures of the statues of Easter Island, it was even more so in my head! Later that day my father introduced me to the movie of Erich von Däniken - “Chariots of the Gods? Unsolved Mysteries of the Past”, where it shows a little more about the island of misterys, and that touched me even more! And that was it ... times goes by, until curiosity awakened and began to wonder me about that subject over again, and searching on the internet about Easter Island, the information were very poor, nothing real, or good about it for me ... and that intrigued me a lot ... Each website spoke a different thing, I got to read everything and see everything he had on the internet on Easter Island at the time. Then in August 2012 I met the book “ The Fantastic Easter Island” of Francis Mazière, in a second hand shop in São Paulo, Brazil, in downtown. It was the first book I read in my life, and introduced me to Easter Island real experience. Took me a long time to finish it, didn’t understand anything, there were many strange names and words I had never heard. In 2013 I began to read the second time and the feeling touched me deeply, the way the author describes his experiences on the island, it made me want to see and feel what he was saying in the book, it was amazing! Thereafter I started reading all the books I could find, and organize myself for this trip. I felt it was what I had to do, I needed to know, the energy of the island called me, I began to save money, stopped spending money, didn’t eat outside, not buying anything except books about Easter Island.

Since I met Mauricio "Pokemon", I told him that here in São Paulo has a Pokemon too. He resisted the nickname and it now appears that became a worldwide fever hahahaha Well, jokes aside. He's a huge talent in te north of Brazil and does an admirable job! Always in humility, now and then appears here in São Paulo to breathe polluted air and reviewing his friends from Teresina as well. When I went to Teresina in 2011 with Adelmo Jr, I could see firsthand how much he moves the scene in his city. He recently came up with a project called “Existence” it caught my attention and I would like to share with you all. Skateboard saves, art too.

introduced me to this big world. After that I began to photograph other things outside the skateboard market, with photojournalism in a local newspaper, collaborated with some media, did some advertising work and today my current job is in the Revestrés magazine, a cultural magazine, where I have full open creation and directing. Parallel to this, I try to develop a work as a visual artist, and as a language based on photography, of course, but trying to take it to other places. "Existence" is the name of your first photo project with posters pasted on street walls. What it is?

The "Existence" came to me very natural. The process was happening on in its own time. Passing by the Boa Esperança avenue, in the north side of Teresina, I saw that in almost every house here there were banners with the following messages: "Mayor, we will not leave", "There are no North Ponds without inhabitant: we will stay", "Mayor, do not erase our history" and even "sentimental value Before talking about your work, lets can not be bought, this house is the story of talk about you, your connection our family." This resistance speech caught with skate and photography. my attention, they denounced a problem So, my relationship with the skateboard comes practically unknown to the citizens from the other side of town. That struck me and stayed when I was a kid. I lived in downtown Teresina a few days thinking about that scenario. I went and I had some friends who skate back than. back there and had the first contacts with I was always watching them skateboarding the locals to understand what was happening. and sometimes I tried to stand myself on Those people were being threatened with their skateboard. In 2000, with 11 years old, expropriation by the municipal government, myself and my brother Alexander, a year which has a new “project” for the site, a older, we got our first skateboards from our millionaire tourist complex that involves aunt, and from there until now, everything duplication of that avenue. The plan of has changed. I started skate almost every day. "beautification" of the area, in other words Went to "Vulgo", a skate shop in downtown, is a kind of social hygiene, which aims to and I was always learning some new stuff remove the houses on the river bank, whose with James "Piva" and other guys. Sundely, owners survive, among other things, vazantes I realized I was already very involved on it plantation. Those people are almost all, all, being in amateur championships and descendants of Indians, slaves, cowboys and always pushing down the street. This start was fishermen. Teresina came from that region, very good, because I always had my brother is the birthplace of the city. They are people as a partner doing everything together. In with an amazing connection with nature, with 2007, we already skate many spots around in another rhythm of life, peculiar customs and the city and there were a desire and need to beliefs. The relationship they have with the photograph these sessions. The idea grew and place where they live for 30 or 40 years is full became a fanzine called Skate-PI. From there membership, totally balanced. So I wanted to I started shooting more and more skateboard portray them and show there are people, lives and then my relationship with the city has and dreams in that area. All photographed become even more particular because of in their back yards and after that I pasted it this "photographic do." I told the whole story around the city those photo posters in full size. to say photography came after the skate, it


From this, how was the relationship with the residents of this area in Teresina? I started to visit the homes all the time, and have always been very well received. The trust was mutual. They are all people with huge heart, and they just want very much to be heard, they want to have equal rights and they just want to simply stay in their homes. And after you photographed all them, and had pasted some around the city, they were very excited, or weren’t expecting would see the posters around the city? That was pretty cool, because they knew, I explain what it was all about, but they didn’t visualized for real what it would be like. After pasted some on the street, they started to understand better the idea, so other friends and relatives saw the posters on the walls and took the information to everybody there, and whenever someone came to tell me that, that guy was pasted to the wall, the other was on that wall in downtown (laughs). They loved, and I was very happy with the result. The purpose of the project went beyond the collage or the photo. You said how uncomfortable the fact the posters be the actual size of a person, and mentioned the case of a upscale neighborhood you pasted, others who had a pixos and graffiti on the other side of the street and someone just covered your posters, how was that? That happened all the time. After the work is on the street, you have no control over anything. The posters are real size, so bothered a lot because they were people who are not usually seen in those regions. I pasted some on the east side, which has a higher concentration of income in Teresina, it generated a discomfort, because that person with a resistance pose as a tree planted and rooted in nature. Some collages didn’t last 24 hours. This other case was in downtown Teresina, on a parking lot wall, there was an empty space and the rest was full of graffiti and tags. I paste the posters on that empty space on a weekend. Monday was completely covered in black, while graffiti and tags remained intact without any censorship (laughs). The street has its nuances.

This realstate speculation is happening only in that area, or other areas of Teresina as well? The city is expanding very geographically. Often this growth comes along with a social hygiene, moving more humble and simple people in suburbs, in distant regions,it is as if the goal were to hide poverty. This happened at the time of the construction of cable-stayed bridge, a "postcard" of Teresina. After that it is always happening everywhere here, but almost nothing is discussed about it. One of the amazing things to me, you get mass media visibility for the case, something they would probably ignore. Do you think it can help, something can be "less worst" for those residents? That was interesting. I saw the power of art in front of a social problem. Some television stations, newspapers and web sites have contacted me to talk about this project. So it was not exactly their goal talk about the threats of expropriations in that area, but wanted to talk about an artistic project that, in turn, denounced the expropriations. And so the problem came on the agenda in the mainstream media. The Existence tried and perhaps succeeded, in part, to report something that was not being discussed. Another funny story was when you enroll the project on a official cultural project of the city and they selected it right? That was insane to me. It was right? (Laughs) there was an edict of a Price for Creation Award in Visual Arts, so I wrote a project and within that I sent as portfolio some images of Existence project. When they released the result, I was selected and the image they chose to publicize the award was one of the Existence project (laughs). Sometimes we make it work right?. They are forms of "brake" the system. From that project "Existence", other things happened? I felt that the "existence" was also very important for me, both as knowledge, experience, collaboration with the locals, as

for my creative process and understand a little better of it. Soon after this project went to the street, there were some invitations, exhibitions etc. One was the “Póros” project, I was invited to make some collages on the facade of CAMPO, a space of creation and management in contemporary art, which is based here in Teresina. This project was different from the "Existence", they invited me to think about an action that invite for dialogue and understanding that space and their relationship with the environment and the area around. So I spent some time photographing people in the neighborhood and talking about what it was doing and we got a great panel mixing people from the community and space resident artists, trying to break some of this "artist of place" idea that we used to think. And the collages has a huge scale, because it fills a facade of 8m high. And you said that was selected for a residency in Teresina, is that right? What do you want to do now? So I was selected in the Creation Award in Visual Arts, an edict of the Municipal Cultural Monsenhor Chaves Foundation, an state agency of the City of Teresina, me and more seven artists. We are working on and in August / September 2016 to present a group exhibition of the work, but each artist with its own project and trying to have some connection with the others artists projetcs. I'm trying to make a list of city center residents with their back yards, kind of a mystical place, dark, kind of revealing. This is an investigation I am making, it came during the production of "Existence", where I saw on those people a huge relationship with their back yards, connecting place with nature and a place of revelation, where they told me many things about their personal lives. Before this residence start I was involved in another residence within CAMPO place and it ended up clashing periods and production, but I also think to share something about it towards the end of the year. There I am researching on that neighborhood Saint John, where is located the space, thinking of traces that residents / pedestrians / homeless because the location geographically became the center of the city and decentralized the commerce, becoming a passing by neighborhood for a lot of people.


me the most was a photo published in a brazilian magazine of the Nude Bowl in 80’s, around 87 I guess. It was amazing to see one of my idols skating in the desert and that picture of a fs grind (slash) always came to my mind when watching a video from back in the days. That guy was Alvaro Porque, I believe he was the first Brazilian to skate there and who took him there was another legend, Kao Tai, who lives for America for many years. Like most skaters, I cut out the magazine page with that photo and pasted on the wall of my room. A lot of those photos were from Overall magazine and Yeah magazine, the brazilian famous magazines from the 80’s. It was my universe, where I dreamed everything that I experienced during my life, since I was a beginner, amateur and then professional. Those who skate know how much our bedroom walls can inspire us and lead us to different imaginary paths. It is so crazy think about it right now! Today the dream comes true, only those who were in this place before can understand what I'm writing here. The place is in the desert and has a swimming pool? Scenario is surreal but the adventure and fun are guaranteed. I don’t know words to describe this feeling. So, about to go to the Nude Bowl I was already dreaming at night and inviting friends to go with me. I saw Samelo in the Agenda Show in Long Beach/CA days before and when I invited him to go with me he said he had a shoot with Mauricio Fratea somewhere in Newport Beach/ CA. Wait, what? With this Californian sun we usually skate in the late afternoon and to be able to skate there on the pool, our plan was to leave at 4am, then allowed Flavio to the trip who instally said YES, when I said I would return to the noon. Garanteed fun, let’s go!! Rodney Rodrigues, who was the guy who dug out the pool that was 12 years covered by dirt, sugested us to go on te early morning. He gave us the map and said it would be better to leave as early possible or bring generators to night session because the desert heat reaches almost 120F. The path is complicated, not easy at all to

find, takes on average 3 hours of road, and over a hour on the desert to find the pool. the “Nude Bowl” has that name because in that location there was a nudist hotel in the '70s, it didn’t work, it was destroyed but fortunately it didn’t happen the same with the pool. Nude Bowl was a place of popular skateboard from the late 1970s to the early 1990. The name comes from the fact that the place was once a nudist resort called "Desert Gardens Ranch." It is located away in Desert Hot Springs in California, the pool has a bean shape, also nearby there is some foundations that were used around the pool, today there is a small area of street. There is no paved road to the Nude Bowl, you are forced to walk 3 to 4 miles to the place from the end of the road to the pool. Initially, the Nude Bowl was just a party place for skateboarders, but in the 90s, large parties and violence become commonplace there. After numerous complaints about weapons and fighting around the Nude Bowl police filled it with dirt. Skaters returned, removed the dirt, and packed the pool leaving it live again. After a few months, the police raided the peak again and buried the remains of the pool, but recently Rodney and his friends, put their hands dirty and dig up the pool, and it was repaired and is now ready intact to skate. The Palm Springs Skatepark contains a replica of the Nude Bowl, which is the most popular feature of the track. The history of the Nude Bowl is the subject of popular song JFA "Nude Bowl Resurrection" as well.

HAPPEN

by Tobias Sklar

New York has in its DNA the vocation to receive foreigners and cultures. Not by chance is the most populous city in the country and has as one of its nicknames: "capital of the world." All of us at some point in life we associate the Statue of Liberty to the land of endless opportunities. And there we go …

Ricardo Napoli, a Brazilian photographer who has lived for several years in New York, decided to seize the spirit of the city and create the project "Making It Happen". Fond of cinema, he joined their skills various friendships with residents of the city and skateboarders worldwide visitors that dock in the city from time to time, to film his first video. In "Making It Happen" we watch Brazilians Jhony Melhado, Bruno Aguero, Lindolfo Oliveira, Daniel Marques, Alexandre Cotinz, Guiri Reys, Murilo Romão, Lucas Xaparral, Evandro Martins and Patrick Vidal alongside talent from North America, Europe, South America, Asia, Africa and Oceania. As I said Napoli’s "Making It Happen” is a independent skate video inspired by New York City and its diverse mix of culture and talent that the city brings together various part of the globe. Every year skaters from all over the world come to New York with bright eyes and open minds - bringing their perspective to the streets and wanting to write a new chapter in a city of a million stories. Filmed exclusively in the five boroughs, the video is the history of the city that never sleeps told by the people who were in pursuit of its objectives and pushing between the crazy traffic, building friendships and leaving their mark on the most famous skyline in the universe.


Victor Sussekind



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.