PONTE DE FUGA

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Pintura digital – Vítor Fernandes


NESTE NÚMERO

Nota de abertura

Pág. 4 – Manuel Cid Teles Ponte de Fuga já foi jornal e revista em papel. Projeto bonito e apreciado, mas não consegui suportar os custos. Parei, mas não desisti de ter uma publicação que divulgasse os artistas, as artes, a história e o património da minha terra. Assim nasce a revista Ponte de Fuga digital. O trabalho é o mesmo, mas sai a custo zero. Se este novo projeto tem pernas para andar, ainda não sei. Depende do retorno. Se não tiver leitores, pode muito bem este número ser o primeiro e o último. A minha perseverança chega a ser doentia, mas também cai perante causas perdidas. Se tudo correr bem, esta revistinha poderá ser a primeira peça de uma vasta plataforma de divulgação cultural da região constituída por um blogue, uma página no Facebook, um canal YouTube e um canal na televisão. Tal como nas versões anteriores, a revista está aberta a colaborações. Irei convidar algumas pessoas que já colaboraram na versão em papel. Quem tiver um desenho, uma banda desenhada, uma foto, um conto, um poema ou qualquer outra coisa que entre no espírito da revista, pode contactar-me e terei o maior gosto em publicar. Aqui também se incluem crónicas e artigos de opinião, desde que obedeçam a certas regras a divulgar em breve. A título de exemplo, não publicarei nada que defenda ou ataque ideologias políticas. Tentarei manter uma periodicidade mensal, mas isso depende imenso das colaborações e da minha disponibilidade de tempo. A revista fica disponível para download em PDF e quem quiser receber por Email nesse formato, pode contactar-me.

Pág. 5 – The Beatles – O fim foi há 50 anos Pág. 6 – Urban Sketchers – Uma comunidade global Pág. 7 – Albert Uderzo Pág. 8 – Alminhas – Um exclusivo português Pág. 9 – Antigamente – Cegadas de Carnaval Pág. 10 e 11 – Freguesias – Alvôco das Várzeas Pág. 12 – Património – Ponte medieval de Alvôco das Várzeas Pág. 13 – Personalidades – Comendador Francisco Augusto Mendes Monteiro Pág. 14 – Humor verdadeira História

Bobadela,

a

Pág. 15 – Desenhos – Vítor Fernandes Pág. 16, 17 e 18 – Banda desenhada Pág. 19 – Pintura abstrata – Vítor Fernandes

FICHA TÉCNICA

Resta-me deixar aqui uma palavra de agradecimento ao Sr. José Ferreira por me ceder gentilmente a foto de capa

Ponte de Fuga é uma revista digital de divulgação cultural, independente, gratuita e sem fins lucrativos de inteira responsabilidade de Vítor Paulo Fernandes. Foto de capa – José Ferreira CONTACTOS

Leia e divulgue

Email: vpfernandes1966@gmail.com

Vítor Fernandes


OS NOSSOS AUTORES

s e l e T id C l e u Man Manuel Cid Teles Nasceu a 8 de março de 1911, filho do poeta Oliveirense Manuel Madeira Teles e da pianista Alzira de Matos Cid Teles. Frequentou o liceu em Matosinhos e estudou solfejo e canto no Conservatório do Porto. Com 13 anos começou a escrever poesia e aos 17 anos publicou a sua primeira obra. “Artista dos sete ofícios”, foi professor de música no Colégio Brás Garcia de Mascarenhas e ensaísta de vários Ranchos Folclóricos. Foi declamador e pintor e era um apaixonado do teatro, tendo sido um ator preponderante no Grupo de Teatro da Casa do Povo de Oliveira do Hospital. Cid Telles foi ainda colaborador ativo na imprensa, porém, o género artístico em que mais se notabilizou foi na poesia. Em 2006 a Junta de Freguesia de Oliveira do Hospital editou a sua coletânea “Tendo embora um triste Fado”, que reúne toda a obra literária do autor. “São Restos”, é uma edição póstuma do Município. Texto do Blogue de autores concelhios da Biblioteca Municipal de Oliveira do Hospital

Bibliografia - As minhas quadras, 1932, (2ª ed 1983, ed. do município) - Sombras, 1934, (2ª ed 1994, ed. do município) - Sou como sou, 1945, (2ª ed 1983, ed. do município) - Chuva de Estrelas, 1947 - Canta, cigarra canta, 1999, - Farrapos da minha vida, 2002 - Tendo embora um triste fado, 2006, (ed. do município) - São restos, 2011, ( ed. do município)

SOU COMO SOU Sou como sou, e não me importo nada Que este ou aquele não goste do que eu sou. Sei o que quero, e aonde quero vou, A passo firme e fronte levantada! Amo essa mão estranha, ignorada, Que do destino as linhas me traçou, E dos outros diverso me tornou, Dando-me esta alma inquieta de nortada! Louco! Poeta! E que me importa a mim? Tantos falando porque eu sou assim, Tantos dizendo o que eu devia ser… Sou como sou! E sinto até vaidade, Quando posso gritar esta verdade: Sou como sou, e assim hei-de morrer!


O FIM FOI HÁ 50 ANOS A banda, formada em Liverpool em 1960, ficou famosa em todo o mundo e influenciou toda uma geração, movimento que a imprensa britânica chamou de Beatlemania. Era composta por John Lennon, Ringo Starr, Paul McCartney e George Harrison. Em 1961, The Beatles realizam a sua primeira apresentação no The Cavem Club, onde permaneceram tocando até 1963. Em 1962, assinaram contrato com o empresário Briam Epstein, que mudou o visual da banda, trocando as roupas de couro por trajes formais. Em outubro de 1962, com a gravação de "Love Me Do", a banda participou do programa People and Places, transmitido ao vivo na TV Granada. No início de 1963 a banda estava em todos os top’s britânicos. Em 1964 a banda fez sua primeira apresentação em Nova Iorque, assistida por uma multidão. A beatlemania espalhava-se por vários países. Em 1965 a rainha Elizabeth II da Inglaterra, condecorou os Beatles com a Ordem do Império Britânico. Em 1965 a banda já lançava seu sexto álbum. Em 1966 a banda tira férias de três meses e em março inicia uma turné por cinco países, Alemanha, Filipinas, Japão, Estados Unidos e Canadá. Em 1967 o empresário morre e a banda entra em discórdia para escolher um novo empresário. Em 1969 o grupo grava seu penúltimo álbum "Abbey Road". Em setembro Lennon anunciou sua saída da banda. No dia 10 de abril de 1970, Paul anunciou para o público, o fim da Banda, uma semana antes do lançamento de seu primeiro álbum a solo. O motivo do fim do grupo ainda é cercado de mistérios. 50 anos depois, a banda ainda é considerada uma das melhores de sempre e aquela que mais influenciou músicos de todo o mundo no panorama Pop/Rock. A imprensa sempre alimentou uma rivalidade entre eles e os Rolling Stones, que na verdade nunca existiu.


URBAN SKETCHERS – UMA COMUNIDADE GLOBAL Urban Sketchers (USk) é uma comunidade global de artistas que praticam o desenho em locais, cidades, vilas e aldeias onde que vivem ou por onde viajam. O movimento Urban Sketchers foi iniciado no Flickr em 2007 pelo jornalista Gabriel Campanario. Em 2009, Campanario estabeleceu os Urban Sketchers como uma organização sem fins lucrativos Gabriel Campanario, é um jornalista e ilustrador espanhol que vive em Seattle. Ele é jornalista do The Seattle Times, onde contribui como artista e escritor. À medida que mais e mais artistas começaram a enviar e compartilhar seus desenhos on-line, Campanario começou um grupo para apoiar e promover o desenho jornalístico que descreve a vida real. Em 2008, Campanario criou o blog Urban Sketchers. Os grupos Regionais de Urban Sketchers funcionam de maneira semelhante ao principal grupo global. Todos adotam a visão do Urban Sketchers e Manifesto como diretrizes principais, enquanto cada grupo mantém sua individualidade local e cultural. Muitos grupos têm seus próprios blogs, onde os correspondentes são convidados com base em critérios locais e onde todos são bemvindos.

A 16 de junho de 2019 nasce em Lourosa, um pouco por acaso, o grupo Urban Sketchers de Oliveira do Hospital. Foi durante o encontro “Desenhar e Pintar Lourosa” que os vários participantes decidiram fazer em grupo aquilo que já faziam a sós. O grupo no Facebook tem o seguinte endereço: www.facebook.com/groups/usoliveiradohospital


Faleceu Albert Uderzo, o pai de Astérix Uderzo nasceu em Fismes, Marne, filho dos imigrantes italianos Silvio (de origem vêneta) e Iria Crestini (de origem toscana). Durante a infância Uderzo desejava ser mecânico de aviões, embora já exibisse algum talento para as artes. Durante a Segunda Guerra Mundial, o jovem Uderzo deixou Paris e viajou para a Bretanha, onde trabalhou numa quinta, e ajudou o seu pai no negócio de mobílias. Anos mais tarde, ao optar-se por uma localização adequada para a aldeia gaulesa central da série Asterix, René Goscinny deixou essa decisão a Uderzo, que prontamente optou pela Bretanha. Uderzo iniciou a sua carreira de artista em Paris depois da grande guerra com Flamgerge ou Clopinard, um pequeno idoso perneta que venceu todas as contrariedades. Já em 1947-1948, criou novos personagens, tais como Belloy e Arys Buck. Uderzo conheceu Goscinny em 1951. Tornaram-se grandes amigos, e em 1952 decidiram trabalhar juntos na delegação de Paris da empresa belga World Press. Os seus primeiros trabalhos foram Oumpah-pah, Jehan Pistolet e Luc Junior. Em 1958, as aventuras de Oumpah-pah foram adaptadas e publicadas na revista Le Journal de Tintin, até 1962. Em 1959, Goscinny tornou-se um editor e Uderzo um diretor artístico da revista de banda desenhada para crianças Pilote criada em 29 de outubro. A primeira edição da revista publicou pela primeira vez a série Asterix, a qual se tornou um êxito na França. Em 1961, após dois anos a serem publicadas na revista Pilote, as histórias da nova série foram publicadas individualmente em livro – o primeiro, chamando-se Asterix, o Gaulês. Em 1967, depois do êxito do primeiro livro, ambos os autores decidiram dedicar-se apenas a essa série. Mesmo depois da morte prematura de Goscinny em 1977, Uderzo seguiu a ilustrar os livros da série. A autoria dos livros ainda indica Goscinny e Uderzo. Paralelamente, Uderzo veio a trabalhar também com Jean-Michel Charlier na série Michel Tanguy mais tarde chamada As Aventuras de Tanguy e Laverdure. Colaborou também na autoria na revista de banda desenhada Foguetão (1961). dirigida por Adolfo Simões Müller. Morreu do dia 24 de março de 2020, aos 92 anos, em consequência de um ataque cardíaco. Foi sem dúvida um dos maiores autores de sempre da nona arte


ALMINHAS – UM EXCLUSIVO PORTUGUÊS As alminhas são padrões de culto aos mortos, hoje consideradas património artístico-religioso. São pequenos altares onde se passa por um momento para deixar uma oração. Geralmente, as alminhas são erguidas em encruzilhadas de caminhos, quase sempre em caminhos rurais, em matas ou perto de cursos de água, embora também se possam encontrar alminhas junto às estradas nacionais. O nosso país é o único do mundo que possui no seu património cultural, este tipo de monumento religioso. As alminhas, representações populares das almas do purgatório que suplicam rezas e esmolas e que frequentemente surgem em pequenas capelinhas, padrões, nichos independentes ou incrustados em muros ou nos cantos de igrejas, com painéis de azulejo ou noutras estruturas independentes. As alminhas também podem ser incrustadas em velhos muros ou na frontaria de casas e podem ser construídas dos mais diversos materiais, mesmo dos mais frágeis como madeira ou vidro. Aos diferentes estilos de alminhas dá-se o nome de: Colunas de granito trabalhadas, capelinhas, nichos e estelas. São fruto de uma época em que se vivia devagar, mas de modo mais intenso e sentido pelos devotos que calcorreavam caminhos rurais de pé posto, junto aos quais se construiriam ou criavam de raiz muitas alminhas, se dedicava tempo aos antepassados com o temor reverencial de que a morte seria comungada por todos os vivos. As representações mais habituais até agora vistas são anjos, santos, Cristo crucificado, a Virgem Maria e o Espírito Santo na forma de pomba, mas nunca se encontra uma criança, sendo esta vista como inocente e sem pecados. Mas uma grande parte deste património representativo da religiosidade popular portuguesa está a degradar-se crescentemente, rodeada por silvas, ou alvo de atos de vandalismo avulso, reflexo direto e generalizado da sociedade atual, do abandono das zonas rurais do país e da indiferença que predomina nas autarquias em relação aos pequenos monumentos saídos da imaginação e da devoção do povo. (Fonte: http://museuvirtual.activamanteigas.com/index.php/places/patrimonioarqueologico/alminhas-em-portugal/ )


ANTIGAMENTE...

Cegada de Carnaval Lagos da Beira 1942

Cegada de Carnaval Lagos da Beira 1942

CEGADA DE CARNAVAL Uma cegada e Carnaval em Lagos da Beira em 1954. Terá sido a segunda e última vez que tal aconteceu. A cegada era, basicamente, uma peça de teatro com o texto em verso e representada na rua. Tratava-se de uma peça cómica onde imperava a sátira social. Sempre me surpreendeu não haver relatos de cegadas nas aldeias vizinhas. Uma foto de uma primeira cegada esteve exposta no Museu Tarquínio Hall com a legenda: “Contradança”. Quem legendou, foi induzido em erro pelo facto de não haver cegadas nas Beiras. Uma rápida pesquisa levou-me a concluir que a cegada é uma tradição de Lisboa, arredores (Região Saloia) e algumas localidades alentejanas. As cegadas dos bairros típicos lisboetas chegaram a ser proibidas no tempo do Estado Novo por causa dos seus textos que criticavam o regime. A questão que se põe é a seguinte: Como é que uma tradição alfacinha salta de Alfama ou da Mouraria para as ruas de Lagos da Beira. A explicação parece-me simples e óbvia. As cegadas foram escritas e ensaiadas por José Fernandes. Ele viveu alguns anos em Lisboa trabalhando no Palácio do Marquês de Fronteira. Bom emprego, bem pago, mas Lisboa tinha demasiados atrativos para um bon vivant como ele. Em resumo, dinheiro não trouxe, mas trouxe uma guitarra, que tocava com surpreendente mestria, e trouxe as cegadas carnavalescas que animaram a região.


FREGUESIAS – I – ALVÔCO DAS VÁRZEAS Alvôco das Várzeas é uma povoação muito antiga, provavelmente anterior à nacionalidade. O aparecimento de mós e moedas e o legado de antroponímicos que ainda hoje existem em Alvôco provam que esta povoação foi ocupada pelos romanos devido, talvez, à proximidade das explorações mineiras existentes nas várzeas do rio Alvôco. Nesta localidade é obrigatório visitar a Ponte Medieval – classificada como Monumento Nacional – sobre o Rio Alvôco, que terá sido construída no século XIV de estilo gótico – românica, com boa construção de alvenaria, muito sigilada e possuidora de dois arcos. Curiosas são as Alminhas do Terreirinho que segundo a superstição popular é um local onde se reúnem as bruxas para o “congresso” e “acções de formação”, situada à saída da povoação, na estrada de Alvôco das Várzeas para a Carvalha. Ao longo das margens do rio Alvôco existem diversos moinhos alguns ainda em funcionamento. Pode ainda ver o sistema de irrigação comunitária, talvez o maior da região, sendo provável que remonte à época romana/árabe, designado por Levada. Existem duas levadas, a maior, com 7 km, começa ainda na freguesia de Vide e percorre a margem esquerda, numa extensão de 3 km, tem origem no açude de Candam (Parente) e termina no lagar antigo de Alvôco.

ALDEIA ENTRE A SERRA DA ESTRELA E A SERRA DO AÇOR. BELEZA NATURAL DO NOSSO PORTUGAL


A Quinta da Moenda é um antigo assento de lavoura constituído por três edifícios, um antigo lagar de vara de 1770, um moinho e uma destilaria, dos quais foram respeitados os volumes e arquitectura originais, para uma unidade de turismo em espaço rural. Junto a esta esquina existe um açude onde o rio se alarga oferecendo uma bela perspetiva do vale em direção à Serra da Estrela. Destaque para as margens e encosta do rio Alvôco, onde se encontram espécies de fauna e flora raras na região. Lontras, garças, pica-peixes, guarda-rios ou martim-pescadores, trutas, cucas, pimpilros, azevinhos; na flora são de realçar as encostas da Presa e Barreiros (viradas a norte). Esta é uma das povoações do concelho de Oliveira do Hospital mais rica em lendas, bruxas, lobisomens, princesas, amores eternos, saudades… de tudo um pouco a população se foi servindo ao longo dos tempos para contar histórias, umas de encantar, outras de arrepiar. Ordenação Heráldica do Brasão Escudo de prata, sobreiro arrancado de verde, descortiçado e glandado de vermelho; em campanha, ponte medieval de dois arcos, de negro, lavrada de ouro, movente dos flancos e de um pé de três tiras ondadas de azul e prata. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: «ALVÔCO das VÁRZEAS». Breve resenha histórica (cortesia CMOH) A Freguesia de Alvôco das Várzeas foi inicialmente um curato dependente de Penalva de Alva, a cujo concelho pertenceu, até à sua extinção em 1853. Posteriormente, foi anexada pelo concelho de Sandomil e, com a extinção deste último, transitou para o concelho de Oliveira do Hospital a 24 de Outubro de 1855.

Fotos: José Ferreira


PATRIMÓNIO Ponte Medieval de Alvoco das Várzeas Esta ponte monumental situa-se nas imediações da EN230, sobre o rio Alvoco, afluente do rio Alva, junto a uma praia fluvial. Tem um desenho invulgar, proporcionado pela necessidade de vencer margens com cotas desiguais, o que lhe confere leveza e elegância à estrutura, construída com um grande cuidado. Ponte de pedra siglada, possui dois arcos desiguais sendo o seu tabuleiro rampante de um dos lados. A rampa, situada na margem direita e sobre o primeiro e mais baixo arco, é bastante acentuada, fazendo ângulo sobre o segundo e mais elevado arco que se une à margem com maior cota, dando a impressão de fazer cavalete apesar de nessa margem não ter qualquer inclinação.

Os dois arcos são em cantaria aparelhada e com aduelas regulares (de 25cm a 30cm) sendo o mais pequeno de volta perfeita com 8m de diâmetro e o maior com cerca de 25m de abertura, sendo apontado, em ogiva. O tabuleiro tem 70m de comprimento por cerca de 4,40m de largura e encontra-se delimitado por guardas de cantaria com cerca de 20cm de espessura. A estrutura é reforçada em ambos os lados por talhamares prismáticos bem integrados na estrutura. Fontes: http://jf-alvocodasvarzeas.com https://www.cm-oliveiradohospital.pt


PERSONALIDADES

O COMENDADOR FRANCISCO AUGUSTO CARVALHO MONTEIRO Nasceu em Lagos da Beira em 1816, e na sua árvore genealógica até ao século XVI todos os seus ascendentes são desta zona do País. Contraiu matrimónio com Teresa Carolina Alves de Carvalho de quem teve três filhos, sendo um deles António Augusto Carvalho Monteiro. Faleceu em Novembro de 1890 na sua Quinta do Vadre, em São Domingos de Benfica, Lisboa. Francisco Monteiro emigrou ainda jovem para o Brasil onde trabalhou como escriturário, tendo conseguido enorme fortuna, graças ao matrimónio com Teresa Carolina Alves de Carvalho, uma senhora de muitas posses, passando a partir daí a ser apelidado “Monteiro dos Milhões”, alcunha que o filho herdaria. De regresso a Portugal, mais propriamente a Lagos da Beira, o seu nome ficaria ligado à ampliação e renovação da sua igreja paroquial. Para esse efeito, ofereceu à Junta da Paróquia a quantia de um conto e duzentos mil reis (quantia exorbitante para a época) com o fim de restaurar o templo, sobretudo a sua fachada e edificar-se uma torre. Tão valiosa oferta ficou registada em ata da Junta referente à sessão extraordinária de 7 de Dezembro de 1856. Antes desses aumentos a igreja possuía uma dimensão modestíssima, pouco maior que uma capela. Segundo o testemunho dos populares, a razão de levantar-se a torre prendia-se ao motivo de que tanto Francisco Augusto Mendes Monteiro como o seu filho António Augusto Carvalho Monteiro, pretendiam ver os sinos tocar na igreja desde a sua casa. O poder financeiro dos membros desta família era tanto e tamanho que o povo apelidou-os de “Fidalgos”, não só pela sua proximidade à Igreja e à Coroa mas também por isso como indicativo de “distintos”, dizendo-se até hoje que tudo o que tenha muros de pedra em Lagos da Beira era propriedade sua. Francisco Mendes Monteiro foi comendador da Ordem da Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, e muito provavelmente mordomo da Irmandade de São Miguel das Almas, que teve larga atividade e importância em Lagos da Beira. Foi também grande amigo de D. Fernando II e quase de certeza mecenas de muitas obras de recuperação do património português, em boa hora encetadas pelo “Rei-Artista”. A título de curiosidade, podemos informar que tanto Francisco Augusto Mendes Monteiro como o filho António Augusto Carvalho Monteiro, assim como D. Fernando II, fizeram parte da primeira direção do Jardim Zoológico de Lisboa.


BOBADELA – A VERDADEIRA HISTÓRIA Bobadela é uma Freguesia do Concelho de Oliveira do Hospital e pronto. Estava tudo dito se não houvesse mais nada a dizer. Acontece que é uma aldeia muito especial, graças aos romanos que, nos fins do Século I – A.C, aqui assentaram arraiais. A região já era habitada por camponeses que ficaram de boca aberta quando viram chegar uns fulanos de saias, escudos, lanças, espadas e capacetes foleiros. Resta saber se os romanos conquistaram, pilharam e escravizaram ou se, simplesmente, se juntaram aos campónios e ficaram todos grandes amigos. Certo é que governava Augusto lá na longinqua Roma quando os seus rapazes aqui fundaram a cidade de Velladis, ou Elbocóris, ou nem uma coisa nem outra. De facto não sabemos o nome da cidade, mas sabemos que, uma vez fundada, alguém exclamou: Mas que esplêndida cidade! Quem assim exclamou, exclamou em latim porque era a língua que sabia falar e devia ser alguém importante, porque outro alguém se apressou a gravar na pedra essa mesma frase, também em latim porque era a língua que sabia escrever. “Splendidissima Civitas” é então a frase que define a cidade. Os romanos, talvez por saudosismo, por boa organização ou por terem a mania, organizavam as cidades à semelhança de Roma. Assim também aqui construiram um fórum que era o centro comercial, religioso e político-administrativo da cidade. No centro do fórum havia um templo dedicado ao Imperador ou a Jupiter ou a Neptuno ou, ainda, a nenhum deles. Uma pedra cravada na parede da Igreja Matriz tem a inscrição: “Neptunale”, o que sugere que havia um templo dedicado a este Deus, mas tanto podia ser o templo do Fórum, como outro qualquer. Ao lado do Fórum, construiram os romanos o anfiteatro. Era espaço de jogos, teatro, música, circo e, claro está, de lutas de gladiadores. Eles eram loucos por essas lutas sangrentas, tão loucos como hoje somos pelo futebol. Durante quatrocentos anos, a cidade foi capital de um vasto Município entalado entre as serras da Estrela, Açor e Caramúlo. Daqui partiam estradas para lugares tão esquisitos como Conimbriga, Igaedis, Aeminium, Talabriga e Vissaium. Claro que esses lugares só tinham nomes esquisitos nessa época porque hoje são Condeixa-a-velha, Idanha-a-Velha, Coimbra, Cabeço do Vouga e Viseu respetivamente. Como nada é eterno e como todos os impérios acabam por cair, também o Império Romano se foi abaixo. Chegou-se a um ponto em que andava tudo à repa-gadelha e depois eram os povos bárbaros a atacar por todo lado e coisa começou a dar para o torto e pronto. Lá se foi o império e os imperadores e os fulanos de saias e capacetes foleiros. O que vale é que esta Península Ibérica sempre teve tendência para ser um corrilório de povos vindos de todo o lado. Vieram os alanos, suevos, visigodos, vândalos e mouros. Foi então que os cristãos arrancaram lá da Galiza e vieram por aí a baixo a desancar os mouros e fundaram Portugal. Os séculos passaram e a vida continuou chata como um piolho. Da glória do Império restam um arco, um anfiteatro, diversos objetos e muita História. Isto é enquanto a malta não pega nas pás e enxadas e começa aí a virar tudo do avesso. Pode bem acontecer que lá no avesso esteja um teatro, umas termas, um templo, uma coleção de vasos, moedas ou mesmo uma lata de atum. Por enquanto sugiro que visitem o nosso centro interpretativo. Não dói nada e é grátis.








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