Caderno do Festival de Cinema de Vitória - Claudino de Jesus - Homenageado Capixaba

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Ministério do Turismo apresenta

CADERNO DO FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA

Claudino de Jesus HOMENAGEADO CAPIXABA 10ª EDIÇÃO


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Claudino de Jesus


No Cineclube Universitário Cláudio Bueno da Rocha, Ufes, Vitória-ES, 1982 (Fotografia de Tião Xará)

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Na inauguração do Restaurante Universitário no campus da Ufes em Alegre-ES, 1990. De pé, da esquerda para a direita aparecem na foto: 1 e 2 - não identificados; 3 - Rômulo Augusto Penina (Reitor da Ufes); 4 - não identificado; 5 - José Geraldo Ferreira (Diretor do Centro Agropecuário de Alegre); 6 - não identificado; 7 - Domingos Azevedo (Coordenador do Projeto Rondon). Agachados Claudino de Jesus (Sub-Reitor Comunitário) e João Batista Maia (Sub-Reitor de Planejamento) (Acervo pessoal de Claudino de Jesus)


Eis que Claudino de Jesus, esse filho de Barra de São Francisco, percorreu os últimos 70 anos construindo uma vida que funde os acontecimentos privados com a luta coletiva por um mundo mais justo e igualitário e na defesa da diversidade cultural. Além de ser médico, gestor público, professor e ambientalista, ele é dono de uma trajetória múltipla com atuações na música, teatro, artes plásticas e, em especial, no audiovisual

Por meio de sua produtora, a Verve Produções, desenvolveu inúmeras funções em vários filmes, entre eles A Morte da Mulata e Expedição Tabacchi, de Marcel Cordeiro; O Fantasma da Mulher Algodão, de Margarete Taqueti; Ilhas Caymã, de Gabriel Perrone; e O Homem que Sonhava Fotografia, de Tião Xará. No 21º Festival de Cinema de Vitória, ele lançou seu primeiro filme como diretor: o documentário Baía do Espírito Santo.

Claudino se aproximou do cineclubismo enquanto era estudante de Medicina e sua militância na defesa do público o tornaram um dos expoentes do Movimento Cineclubista brasileiro e mundial. Assim como os festivais e mostras de cinema, a rede cineclubista atua para tornar as obras cinematográficas acessíveis ao público para que, ao serem assistidas, cumpram, de fato, sua função enquanto obra de arte.

Por todo o seu legado na luta pela democratização da produção artístico-cultural e na defesa dos direitos do público, por uma vida inteira dedicada à defesa das liberdades individuais e coletivas, pelo brado de esperança que sua biografia representa, é com muita honra que rendemos esta homenagem.

Lucia Caus Diretora do 27º Festival de Cinema de Vitória

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Com sorriso generoso e posicionamentos francos, Claudino de Jesus é figura sempre jovial e tenaz no seu engajamento - traços de uma geração que se empenhou para manter viva a democracia brasileira com muita criatividade, subversão e resistência. Médico, professor, ambientalista, produtor cultural, gestor público, artista e, sobretudo, cineclubista, em sua vida couberam todas as ocupações que a luta pela liberdade necessitou. Sua índole gregária foi sua marca e força política para angariar afetos e alianças junto às organizações e instituições por onde passou. Desde muito cedo vinculado às causas coletivas e prestes a completar 70 anos, seu percurso biográfico o confirma enquanto importante liderança para os movimentos culturais do Espírito Santo, do Brasil e do mundo. Além de ter sido um tempo inventivo e lúdico, da experiência familiar comunitarista e da proximidade com a natureza, sua infância e adolescência guardam as reminiscências de sua constituição enquanto sujeito político, homem das artes e pessoa de uma vida em coletivo - linhas mestras de sua biografia pública e pessoal. Nos anos de 1970, quando ingressou na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em plena Ditadura, fez do seu poder conciliatório e da sua criação artística, os principais instrumentos para enfrentar a repressão e reconquistar espaços democráticos enquanto atuava clandestinamente no Partido Comunista Brasileiro. No processo de redemocratização, atuou na criação de diversas organizações culturais e ambientais como a Federação de Cineclubes do Espírito Santo, a Associação Capixaba de Meio Ambiente, a ABD Capixaba, a Associação dos Amigos do Museu Mello Leitão, o Instituto de Pesquisas da Mata Atlântica, entre outros. Foi Sub-Reitor Comunitário da Ufes e também contribuiu com as gestões municipais de Vila Velha e de Vitória e com o Governo do Espírito Santo atuando em pastas nas área da cultura, educação, gestão, planejamento, saúde e finanças.

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No mundo das artes e da produção cultural, desenvolveu trabalhos em inúmeras funções e em diferentes áreas, como as artes plásticas e a fotografia, tendo destaques suas investidas na música como produtor, cantor e compositor; nas artes cênicas, como dramaturgo, ator, diretor, iluminador, contrarregra, cenógrafo e produtor; no cinema, foi roteirista, assistente de direção, diretor e, principalmente, produtor. É um personagem dos mais importantes na história do Movimento Cineclubista mundial. Parte dessa contribuição pode ser medida pela sua presença em instituições como o Conselho Nacional de Cineclubes (CNC) e a Federação Internacional de Cineclubes (FICC), das quais ele foi presidente por diversos mandatos. Indagado sobre ter sua trajetória homenageada pelo 27º Festival de Cinema de Vitória, Claudino reafirma sua crença na coletividade e na luta por uma sociedade: “Essa homenagem é muito maior do que eu. É o reconhecimento de várias gerações de capixabas que lutam há décadas e que acreditam na felicidade, nos direitos humanos e na possibilidade de um mundo melhor, socialmente justo e democrático. É uma homenagem que vai muito além de mim e que é para muitos dos que comigo conviveram. É um libelo contra o que ocorre no país hoje porque, assim como Gilberto Gil, represento o antagônico a toda obscuridade que está presente no poder político do Brasil atualmente”.


Barra de São Francisco-ES, 1951. Ao fundo e de pé, da esquerda para a direita: seus irmãos Dalma, Olindina, Danizia, Madalena, Luzia (prima), Terezinha, Dalvinha e Daltro. Sentados: seus avós maternos Antônio Xavier e Celina da Rocha Guimarães Xavier; seus pais América Fernandes Xavier, com Claudino no colo, e Euclydes Fernandes de Jesus. À frente: suas irmãs Vera e Graça

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Aos cinco anos de idade, Barra de São Francisco-ES, 1956

Na companhia de Ronaldão (ao violão) em show musical no Dispensário São Judas Tadeu, Prainha de Vila Velha-ES,1984. (Acervo pessoal de Claudino de Jesus)


Uma família comunitária Antônio Claudino de Jesus nasceu em 18 de março de 1951, em Barra de São Francisco, município do noroeste capixaba, onde morou até a adolescência. Foi o décimo filho de uma família de 13 irmãos. Seu pai, Euclydes Fernandes de Jesus, filho de cearenses, mas nascido em Santa Teresa-ES, atuava como farmacêutico prático; foi técnico de agrimensura, era um homem politizado e foi vereador em uma época em que o mandato não era remunerado. Também foi ator de teatro, praticava radioamadorismo, gostava de literatura, tocava alguns instrumentos musicais, cursou contabilidade e passou a atuar como contador após os 50 anos e, por volta dos 60, tornou-se padre da Igreja Católica Brasileira.

Sua mãe, América Fernandes Xavier, uma católica fervorosa que gostava de ouvir música popular brasileira no rádio, era natural de Itaguaçu-ES. Mulher sábia, foi uma exímia dona de casa que respondia pelos inúmeros afazeres domésticos e pelos cuidados com os filhos. Mantinha uma horta e a criação de alguns animais no quintal e, além disso, auxiliava o marido na farmácia atuando na manipulação e no preparo de medicamentos. “Meus pais eram muito criativos e versáteis. Acho que puxei muito aos dois nesse sentido. Nada que fosse novo os assustava, eles achavam que sempre precisavam aprender e ir pra frente”.

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Da infância, Claudino rememora as brincadeiras em uma cidade do interior com ares muito rurais, com ruas sem calçamento e do intenso contato com natureza: “Convivi com natureza quase intocada durante muitos anos, tomando banho de cachoeiras e de rio, correndo pelas ruas, jogando bolega (bola de gude), descendo ladeira de carrinho de rolimã, brincando de pique-esconde, fazendo barragens com barro nos dias de chuva e me divertindo com barquinhos de papel. Enfim, uma infância muito saudável e que me deu amigos que perduram até hoje. Com o passar dos anos, fui assistindo à degradação provocada pelo desmatamento, pela monocultura de café e pela pecuária, o que despertou em mim a semente do ambientalismo”.

Ele também se recorda da primeira geladeira da família ainda movida a querosene e da chegada da luz elétrica. “Até então, mamãe conservava a carne de porco na banha. Mesmo morando em Barra de São Francisco, ela gostava de coisas do mar. Uma vez por mês, um caminhão vindo de São Mateus levava peixe e frutos do mar, mariscos. Então, ela salgava e defumava esse peixe no fogão à lenha”.

Além de ter o pai farmacêutico, sua avó materna era parteira, o que fazia a grande e “mal acabada” casa da família funcionar como ambulatório, hospedaria e maternidade, pois não havia médico ou hospital no lugar. “Seja pelo tamanho da família, que além dos pais, avós maternos, 13 filhos, tia Júlia (irmã do papai), tia Diva - que era cunhada de mamãe e mulher libertária que muito me inspirou - e


uma prima que foi criada junto, como irmã. Além disso, havia sempre mais algum parente que vinha da roça para fazer alguma atividade na cidade ou pacientes que eram cuidados por meu pai, de forma que nunca tínhamos menos que 20 pessoas em casa. Vez por outra, tínhamos agregados fixos conosco, sendo a Maria a mais importante - doméstica que viveu conosco por décadas, cujos dois filhos foram criados como nossos irmãos. Ainda tinha a questão das professoras normalistas que escolhiam escolas de Barra de São Francisco (sede ou distritos) para trabalharem e tinham nossa casa como apoio até que se estabelecessem. E também os padres que vinham e passavam alguns dias no município, pois ainda não havia uma paróquia na cidade até o início dos anos 1950”.

A casa onde mora atualmente, em Jardim Guadalajara, em Vila Velha, é a residência de sua família desde 1972 e reproduz um pouco do ar comunitário que foi aquela casa de Barra de São Francisco, pois continua a funcionar como ponto de apoio para amigos e militantes, ou seja, um ambiente fecundo de encontros, conversas sobre propostas coletivas culturais e políticas. “Nos últimos dois anos, perdi meus dois irmãos mais velhos: Daltro e Dalma. Hoje somos dez irmãos (Olindina, Dalva, Danuzia, Terezinha, Madalena, Graça, Vera, eu, Euclydes, Verônica e Tadeu) e muitos sobrinhos, sobrinhos netos e bisnetos, alguns dos quais foram criados por mamãe em nossa casa, junto comigo e papai”.

Com alguns amores cultivados ao longo da vida, não chegou a constituir família nos moldes convencionais e assumiu o amor paternal por dois filhos de coração: Marcus Vinícius de Jesus Vieira, de 19 anos, seu sobrinho neto que mora com ele desde a adolescência; e Catarina Bispo Martins, a Catita, de 13 anos, filha de um casal de amigos. “Eu os considero filhos e conto com a compreensão dos pais que entendem nossa amizade, carinho e convivência familiar desde a primeira infância dos dois. Ele mora comigo e ela com a mãe, mas está sempre aqui conosco. São como irmãos. São meu tesouro mais valioso. Tenho por eles o maior carinho, amor e responsabilidade. Sou grato aos céus por terem colocado os dois no meu caminho”.

A Guerra do Contestado e as primeiras agremiações Durante sua infância, Claudino foi contemporâneo e testemunha ocular da Guerra do Contestado, litígio territorial entre o Espírito Santo e Minas Gerais que se arrastou por décadas, teve como ponto alto os anos de 1940 e 1950 e, apesar de não ter ocorrido combate direto entre as tropas dos dois estados, causou a morte de civis e militares. A cidade mineira de Mantena, vizinha a Barra de São Francisco, foi o epicentro da disputa fronteiriça que teve como desfecho um acordo estabelecido em 1963 pelos governadores Magalhães Pinto (MG) e Francisco Lacerda Aguiar (ES). “Lembro dos pracinhas do Exército Brasileiro chegando para defender o Espírito Santo contra o exército de Minas Gerais. Eram realizados concursos para escolher a Rainha dos Pracinhas e uma das mi-

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nhas irmãs, a Madalena, ficou como primeira princesa. Houve uma ocasião em que proibiram a população de acessar o Morro da Caixa D’Água, que era o ponto mais alto da cidade onde a gente ia soltar pipa, porque lá foram instalados os canhões do exército para fazer vigilância e impedir a invasão dos mineiros em nosso território. Também recordo o dia em que foi declarado o fim do conflito”.

Aos cinco anos, ingressou no Grupo Escolar Governador Lindenberg. Era um estudante focado e aplicado. Aos domingos, frequentava a missa e aulas do catecismo, chegando a ser sacristão, mas o momento que mais esperava no final de semana eram as sessões matinês do Cine São Francisco. A regra dos pais era: só podia ir ao cinema ao domingo se tivesse apresentado um bom comportamento durante a semana. “Eu procurava me comportar sempre bem pra poder ver os filmes. Eu amava entrar naquela sala escura, ouvir a música subir, a imagem se abrir no telão e ver um mundo que eu não conhecia, que não existia ali numa cidade pequena com meia dúzia de ruas”.

Limitado aos filmes recomendados para sua idade, Claudino queria assistir às produções adultas e passou a pedir que o Sr. Ranulfo, o proprietário do cinema, fizesse-lhe essa concessão. “Descobri que ele ia pra cabine de projeção por uma passagem interna que havia em sua casa. Então, passei a ir pra casa dele e ficava lá até a hora do filme para que me permitisse ver os filmes a partir da cabine. De tanto eu insistir, um dia ele acabou cedendo. Ficamos amigos e me tornei padrinho de consagração do filho mais novo dele. Quando criança, também vi meu pai atuar em algumas montagens teatrais no palco do cinema e no circo do Seu Zé Amaro, nortista que acabou se radicando em São Francisco com a família”.

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Ele se recorda que, nessa época, sentiu despertar um grande desejo de conhecer o que havia para além da pequena e jovem Barra de São Francisco. “Eu olhava para aquele céu estrelado e pensava: ‘existe um mundo que é muito maior que esse aqui e um dia eu vou conhecer esse mundo’’’. Por volta dos dez anos, motivado não pela vocação sacerdotal, mas por essa ânsia de ampliar seus horizontes, ingressou no Seminário Diocesano João XXIII, na cidade de São Mateus-ES, onde permaneceu por oito meses. Muito astuto e observador, passou a incomodar-se com posturas hipócritas e pouco coerentes da instituição e retornou para a casa dos pais.

De volta a Barra de São Francisco, ele deu continuidade à sua vida escolar no Ginásio Independência São Francisco. Nessa escola, participou da fundação do Grêmio Lítero-Esportivo (Glegi), organização estudantil que passou a realizar atividades como grupo de leitura e um time de vôlei - prática esportiva que manteve até durante sua vida universitária. Nesse colégio, foi sedimentada a sua educação formal graças à competência dos professores e à qualidade do ensino público da


época. Foi também durante a sua pré-adolescência que o primeiro aparelho de televisão chegou à cidade, na casa de uma vizinha que passou a ter uma plateia em sua janela para assistir à novidade. Tempos depois, o prefeito instalou um aparelho de TV na praça pública. Poucos anos depois, seu pai adquiriu uma TV.

Comunismo cultural Durante a adolescência, Claudino teve seus primeiros contatos com o pensamento marxista e com integrantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB). “Só mais tarde, eu soube que algumas pessoas, que eu frequentava e que me eram próximas, eram comunistas. Elas me apresentaram a algumas leituras e, por volta dos 13 anos, eu já havia lido O Capital, por exemplo. Fui comunista antes de saber o que era. Eu acreditava naquilo que estava lendo e percebia a crítica que era feita ao sistema capitalista”.

O ano era 1964 e, enquanto o jovem Claudino se familiarizava com o ideário comunista, a Ditadura se instalou no Brasil. Poucos anos depois, alguns colegas e amigos da família começaram a desaparecer repentinamente sem motivos claros - muitos deles, fugindo para o exílio, enquanto outros foram presos pela polícia da Ditadura. Nas sessões “clandestinas” na cabine do Sr. Ranulfo, ele assistia a filmes brasileiros que criticavam a realidade sociopolítica e cultural do país, era o Cinema Novo - audiência essa que marcou sua formação audiovisual e estética: “Toda a minha vida com o cinema começa aí, assim como a minha forma de organização política e de trabalho. No Grêmio, a gente organizava um baile ‘Uma Noite na Bahia’ como pretexto para fazer cartazes com frases de protesto do Jorge Amado e para denunciar os desaparecimentos políticos. Isso era espalhado na decoração da festa e era a forma de dar nossos pulinhos para que a Ditadura não colocasse a mão na gente e, aos poucos, ir angariando mais pessoas pra luta”.

Aos 16 anos, a fim de cursar o Ensino Médio, foi morar com seu irmão mais velho no bairro Maria das Graças, em Colatina-ES, onde teve suas primeiras experiências nas artes cênicas ao atuar como diretor e ator em um grupo de teatro vinculado à Igreja Católica da comunidade. Junto com outros estudantes, participou da criação do Festival de Música Estudantil Colatinense (Femec), evento realizado de 1967 a 1969 e que atraia pessoas de diferentes partes do Espírito Santo. Claudino participou como intérprete e compositor nas duas primeiras edições chegando a ficar em segundo lugar. A temática política não ficou de fora do Festival e, a cada ano, as músicas de protesto se faziam mais presentes. No segundo ano do Festival, a Polícia Federal chegou a deter os organizadores nos bastidores enquanto as apresentações aconteciam no palco. Foi necessária a intervenção do então senador capixaba Raul Gilberti para que os realizadores do Festival não fossem presos e o evento não fosse encerrado.

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Em Colatina, ele se aproximou de vez do PCB filiando-se ao partido que, na época, já funcionava na clandestinidade devido ao bipartidarismo imposto pelo regime ditatorial. Em 1968, Claudino era um dos nomes da delegação capixaba que participaria do 30º Congresso da União Nacional do Estudantes, no município paulista de Ibiúna. O dia da viagem coincidia com uma prova de química cuja nota iria definir sua aprovação no ano letivo. Isso levou seu irmão mais velho a não permitir a sua ida ao Congresso que, realizado clandestinamente, teve como desfecho a prisão de cerca de mil estudantes por soldados da Força Pública e por policiais do Departamento de Ordem Pública e Social (Dops).

Nesse mesmo ano, retornou para Barra de São Francisco e continuou a cursar o Ensino Médio na cidade mineira de Mantena. “Em 1969, eu já morava no Ibes, em Vila Velha. Em 1970, mudei-me para o bairro Santa Inês onde fui diretor cultural da Associação de Moradores. Fiz aqui o último ano do Ensino Médio, pois fui reprovado no primeiro ano ainda em Colatina. Em 1971, fiz o vestibular para a Ufes, mas consegui passar apenas no ano seguinte. Iniciei meu curso de Medicina em 1973”. Ele se formou médico em 1979 e, nesse mesmo ano, tornou-se professor do curso no qual acabara de formar-se, cargo que exerceu até o início de 2011.

As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por agitações e transformações políticas e culturais. Se por um lado, os avanços tecnológicos e as revoluções comportamentais apontavam um mundo mais democrático e conectado, por outro, o contexto latino-americano vivia sob forte repressão e retrocesso político sob os governos chefiados por ditadores civis ou militares: “Se o cinema trazia a imagem da utopia e da insurgência, a TV mostrava a mão pesada do conservadorismo que matava as principais lideranças. Foi na televisão que eu vi a imagem de Che Guevara morto em 1967 e também a imagem do Lamarca dilacerado em 1971”. 12

Em novembro de 1985, no auge de sua carreira, tanto na Medicina como na cena artística, Claudino sofreu um grave acidente após um veículo chocar-se contra o seu carro que se encontrava estacionado. Essa fatalidade quase lhe custou sua vida, pois ele ficou gravemente ferido e preso nas ferragens. Após um resgate que durou cerca de duas horas, ficou acamado por um quase um ano, passou por várias cirurgias e teve por incerta a possibilidade de andar novamente - o que felizmente aconteceu dois anos depois. “Voltei impossibilitado de dançar, de fazer exercício. Eu era jogador de vôlei; só natação que, aos poucos, voltei a fazer. Até hoje, devido às sequelas do acidente, não posso fazer uma caminhada longa, fazer corrida, pegar peso. Cheguei a apitar detector de metal de aeroporto devido à quantidade de implantes metálicos que tive no corpo”.

Em 1986, com o retorno dos partidos à legalidade, tornou-se o Secretário Geral do PCB no Espírito Santo. “Agradeço muito à escola do Partido Comunista


Brasileiro, pois realmente aprendi muito ali sobre a ação política para o enfrentamento da realidade com os colegas, com todos os membros, com as orientações internacionais que recebíamos e nos contextualizavam sobre os embates da política mundial”. Desde o período de sua graduação, foi protagonista de movimentos culturais, ambientais e políticos que o tornaram uma referência de militância local, brasileira e internacional, em especial no Movimento Cineclubista. A partir daí, ele passou a ocupar cargos de destaque em organizações da sociedade civil e na gestão pública, além de manter, em paralelo, seu trabalho como produtor cultural, artista e consultor especialmente através da sua produtora, a Verve Produções, empresa criada em 1986.

Um estudante multitarefa Antes de ingressar no curso de Medicina da Ufes, em 1973, Claudino chegou a fazer um teste vocacional: o resultado lhe recomendava praticamente todas as áreas de formação, o que não o ajudou muito a fazer a escolha de qual formação universitária seguir. As principais balizadoras para definir sua opção pela Medicina foram, sem dúvida, sua trajetória política e sua experiência familiar: “Eu já vislumbrava trabalhar especialmente com doenças infectocontagiosas. Eu queria trabalhar com causas sociais, atuar junto aos mais pobres e fazer medicina social”. Porém seu ímpeto de transformar a sociedade se chocava com a realidade política do Brasil que, em plena Ditadura, perseguia qualquer ideia que não estivesse alinhada com os valores do regime, assim todas as formas de organização política estavam suspensas e havia forte repressão aos movimentos de esquerda.

Em 1969, o Centro Biomédico - atual Centro de Ciências da Saúde (CCS), conhecido como o campus de Maruípe, havia sido invadido pela polícia da Ditadura ocasionando o fechamento do Diretório Acadêmico e a prisão de estudantes e de professores. Muitos dos detidos foram torturados e esse incidente foi traumático para a comunidade acadêmica instaurando um clima de temor e de inércia política no campus. Foi nessa atmosfera que Claudino iniciou sua graduação, mas, em resposta ao poder ditatorial desse momento, ele recorda que a canção Apesar de Você, de Chico Buarque, era a paisagem sonora que embalava com esperança aqueles que resistiam ao sistema político imposto.

Logo no primeiro período, Claudino estabeleceu forte vínculo com Merli Alves dos Santos, sua colega de turma e militante do PCB, e com ela começou a articular estratégias para fazer funcionar novamente os espaços de representação estudantil junto aos colegiados dos cursos do CCS. Com o apoio de alguns professores e de outros colegas, conseguiram fazer funcionar o Diretório Acadêmico de Medicina, em 1976, e Claudino se tornou o seu Diretor de Cultura. Vale lembrar que o Decreto nº 228, de 1967, restringiu a atuação das organizações estudantis e qualquer ação fora da normativa legal era enquadrada como um ato subversivo. Em 1969, o Decreto nº 447, que ficou conhecido

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como o “AI-5 das universidades”, estabelecia punição sumária para qualquer integrante da comunidade universitária que fosse considerado subversivo.

A partir da universidade, Claudino se dedicou ainda mais aos movimentos artísticos-culturais e ao PCB. Primeiro, movimentou o campus de Maruípe, onde seu curso estava alocado, e depois se aproximou dos cursos e das lideranças estudantis do campus de Goiabeiras. Por meio do Diretório Acadêmico, organizou diversas atividades culturais, entre elas a Semana Cultural que ia além do espaço universitário com a realização de, por exemplo, shows no Teatro Carlos Gomes com a presença de atrações como Paulinho da Viola, Clementina de Jesus, Ferreira Gullar e Dona Edith do Prato. Clandestinamente, ele continuou a participar das articulações do PCB. Sua atuação política lhe custou algumas visitas da polícia da Ditadura em plena madrugada. “Não sofri tortura física, mas sim psicológica. Homens encapuzados e armados, identificados como do Dops, invadiram abruptamente a república onde eu morava na época. Fui conduzido à delegacia pra ser interrogado, e solto na manhã seguinte. Isso se repetiu algumas vezes, era uma forma de me intimidarem”.

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Na companhia de Magno Godoy, Margarete Taqueti, Eliza Lucinda, Margô Dalla, Ubiratã Medeiros, Adalto Emerich, Luciano Cola, Alcione Dias, entre outros, fez parte de um núcleo artístico a partir do qual foram empreendidas experimentações no teatro, no vídeo, na música, na dança e nas artes plásticas. “A gente estudava muito, fazíamos muitos laboratórios e pesquisávamos bastante para montar um espetáculo de dança ou de teatro. Buscávamos referências na literatura e nas artes visuais para desenvolver a luz, os cenários e toda a direção de arte. A gente saia da aula e ia direto pro Diretório Acadêmico. Fazíamos muita coisa no pátio dos Hospital das Clínicas, muitas vezes os pacientes e funcionários ficavam nas janelas vendo a gente ensaiar”.

Com alguns dos integrantes desse coletivo, Claudino assinou a instalação Será que Vale?, apresentada na Mostra Ufes/CVRD, em 1977. Essa obra fazia duras críticas aos impactos socioambientais causados pela então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e usava sucata recolhida na instalações da própria mineradora e materiais que foram apodrecendo ao longo da exposição. Ironicamente, esse trabalho foi premiado, o que obrigou a CVRD a recolhê-lo para seu acervo já que se tratava de prêmio de aquisição.

O encontro com o cineclubismo Em 1974, Claudino passou a frequentar o campus de Goiabeiras para fazer algumas disciplinas no Centro de Estudos Gerais (CEG). Ele recorda que, naquela época, existiam poucas edificações erguidas sobre uma área que, originalmente, era um manguezal e as estruturas viárias ainda eram precárias; muitas


vezes, em dias chuvosos, precisou ficar descalço e caminhar sobre o terreno alagado para chegar à sala de aula. No final desse mesmo ano, enquanto almoçava no Restaurante Universitário, recebeu um bilhete passado por debaixo da mesa: era um convite para assistir ao filme Teorema, obra prima do diretor italiano Pier Paolo Pasolini, em uma sessão do Cineclube do CEG - iniciativa que, cerca de duas décadas depois, deu origem ao Cine Metrópolis, ainda em funcionamento. A exibição aconteceu em uma sala de aula sem escurecimento adequado e contava com um projetor de 16 milímetros.

Claudino já havia frequentado exibições cineclubistas no final da década de 1960 no Cine Jandaia, que funcionava no Centro de Vitória. Essas sessões eram organizadas por alguns intelectuais capixabas e enfatizavam principalmente a análise estética da obra fílmica. Já as sessões na universidade propunham uma outra relação com a experiência cinematográfica: além do caráter insurgente de exibir filmes considerados subversivos pela censura da Ditadura, a ênfase estava na auto-organização e na autonomia do espectador em torno da programação e dos rumos do próprio cineclube. Essa perspectiva cineclubista buscava construir um olhar crítico sobre a realidade sociocultural e política a partir do repertório do público tendo como mediação as diversas formas de fazer cinema. Após a sessão, Claudino se tornou um “orgânico”, no jargão militante, do Cineclube do CEG e passou a colaborar ativamente para o seu funcionamento.

Em 1975, os ventos da redemocratização ganham mais força com a posse do economista Manoel Ceciliano Salles de Almeida, “Manoelito” para os mais próximos, na reitoria da Ufes. Essa nova gestão buscou promover uma maior aproximação da universidade com a sociedade e possibilitar uma organização e participação política de toda a comunidade acadêmica a fim de enfrentar a Ditadura. Para ocupar a chefia da Sub-Reitoria Comunitária, foi nomeado o professor de Odontologia Rômulo Augusto Penina, que criou as Coordenações Culturais voltadas a áreas como a música, as artes cênicas, o folclore e as artes plásticas. A partir daí, o Cineclube do CEG, que era uma iniciativa protagonizada pelos estudantes, foi incorporado à instituição, tornando-se o Cineclube Universitário Cláudio Bueno da Rocha, passando a contar com uma sala e novo projetor, além de ter sanadas as dívidas que havia acumulado devido aos gastos com o transporte de filmes para suas sessões. Claudino foi nomeado o seu coordenador, função que exerceu até 1982.

Em 1976, a ação cineclubista desenvolvida a partir da universidade já conseguia articular cineclubes em diversos bairros da Grande Vitória, junto a sindicatos, movimentos comunitários, movimentos de moradia e movimentos rurais no interior do Espírito Santo. Em 1977, Claudino, participou da 11ª Jornada Nacional de Cineclubes, realizada em Campina Grande, na Paraíba. Esse foi o seu primeiro contato com o movimento cineclubista brasileiro.

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No espetáculo teatral As Interferências, Teatro Carlos Gomes, Vitória-ES, 1976. Da esquerda para a direita: Ivone Muniz, Luciano Cola, Claudino de Jesus, Margarete Taqueti, Davi Silveira, Marta Baião e Zanandré Avancini. No chão do palco: Martha Tristão, Aroldo e Penha Pontual (Fotografias do acervo pessoal de Claudino de Jesus)

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Com o diretor e coreógrafo Magno Godoy, 1982 (Fotografia Tião de Xará)


Nos palcos, na Medicina e na sala de aula Mesmo com as perseguições políticas em curso, a Ufes foi um espaço de intensa mobilização em torno da luta pela redemocratização e das revoluções de costumes que marcaram a década de 1970. A vida artístico-cultural também foi um campo em que essas tensões ganharam vazão e em que a luta política também acontecia: “Por baixo do cultural, a gente fazia política, que era o que dava pra fazer na época”. Nos anos seguintes, as organizações representativas dos professores, estudantes e dos servidores técnicos foram retomadas ou criadas: Diretório Central dos Estudantes (DCE), a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes) e a Associação dos Servidores da Ufes (Asufes).

Na segunda metade dessa década, foram realizadas as Mostras de Teatro da Ufes, organizadas por Renato Saudino. Esses eventos, além de apresentarem as montagens teatrais, promoviam debates sobre o contexto e as perspectivas das artes cênicas locais, e contavam com espetáculos e artistas convidados. Claudino participou ativamente de algumas de suas edições atuando em diversas funções e fazendo as vezes de dramaturgo, ator, diretor, cenógrafo, contrarregra, iluminador e compositor de trilhas. Até então, ele havia escrito e dirigido a montagem Chapeuzinho Vermelho no Japão, quando foi estudante do Ensino Médio, em Colatina-ES.

Em 1976, ele dirigiu e atuou na peça As Interferências, dramaturgia de Maria Clara Machado, que abriu a primeira edição da Mostra de Teatro da Ufes. Nos anos seguintes, foi o iluminador e assistente de direção de Ubiratã Medeiros na montagem Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come, de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar; e, além de integrar o elenco, participou da criação e direção coletiva de São Mateus Colônia, espetáculo que contou com a orientação da professora do curso de Educação Física da Ufes, Adelzira Madeira dos Santos, e se baseava nas pesquisas do jornalista Rogério Medeiros e do folclorista Hermes da Fonseca sobre personagens da cultura popular do Cricaré, em São Mateus. Ainda nos anos de 1970, também sob a supervisão da profa. Adelzira, concebeu e fez a iluminação e a direção de Orixás - espetáculo de teatro e dança sobre a divindade Omolu - e também participou de um grupo de dança que pesquisava ritmos populares do Espírito Santo, que fazia apresentações em eventos universitários e sobre folclore.

Claudino continuou a participar de montagens para as artes cênicas nas décadas seguintes. Em 1986, junto com Valdir Castiglioni e Aros Ruas, fez a iluminação de Stultifera Navis - A Nau dos Loucos, espetáculo de dança contemporânea concebido e dirigido por Magno Godoy inspirado na obra do pintor holandês Hieronymus Bosch. Nesse mesmo ano, fez seu último trabalho para o teatro ao dirigir A Noite das Longas Facas, peça de Amylton de Almeida com a temática da diversidade sexual na clandestinidade. Sua parceria com Magno Godoy ainda

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se desdobrou em outros cinco espetáculos de dança apresentados entre a década de 1980 e início dos anos 2000, nos quais atuou como iluminador e produtor.

Em 1979, Claudino concluiu sua graduação em Medicina e se tornou professor do curso em que acabara de formar-se passando a ocupar a cadeira de Parasitologia. Nesse mesmo ano, começou trabalhar como médico em Viana onde atuou por três anos. A partir daí, mesmo mantendo suas atividades políticas e culturais em paralelo, lecionou para os graduandos de Medicina, Biologia e Enfermagem por cerca de três décadas ininterruptas. Ao longo desse período, dedicou-se principalmente ao ensino e à extensão e, na pesquisa, fez alguns estudos sobre a Leishmaniose.

Levando em conta as diferentes áreas em que trilhou, o magistério é, sem dúvida, aquela pela qual ele nutre um sentimento de plena realização. “Tive ótimos professores, sempre tive grande admiração pelos professores, pois eles representam a possibilidade de transformarmos o mundo. De sorte que acabei dando aula, havia sido professor substituto durante o Ensino Médio e na graduação, fui monitor desde o segundo período e até formar-me. Sempre gostei de ensinar e estar com os alunos. Essa convivência com jovens é algo muito presente em minha vida, acho que me renova muito e me impede de ficar agarrado a preconceitos e me faz entender novas vidas”.

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Em sua trajetória como professor, construiu um lastro de afeto e de admiração com seus alunos e colegas professores tanto que sua decisão pela aposentadoria não foi vista com muita simpatia por parte da comunidade acadêmica. “Claro que fiquei lisonjeado com essa demonstração de respeito e carinho pelo meu trabalho, mas é preciso abrir o mundo para mais jovens. Permanecer seria ocupar a cadeira de um jovem recém saído do mestrado e do doutorado que precisa trabalhar e que tem um conhecimento refrescado e atualizado”.

Expoente do cineclubismo mundial Criado em 1961 para defender os diferentes modos de fazer cineclubismo no Brasil junto ao Estado e à sociedade civil organizada, o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros (CNC) reunia, até 1968, cerca de 300 cineclubes organizados em seis federações regionais e movimentava um circuito de difusão cinematográfica envolvendo sindicatos, organizações comunitárias, escolas, universidades e igrejas. Com as perseguições políticas impostas pela Ditadura, apenas seis cineclubes continuavam funcionando em 1969 - ano em que o CNC também parou de atuar. Felizmente, a capilaridade da rede de cineclubes que culminou com a criação do Conselho se manteve articulada contribuindo para que ele fosse retomado em 1973, o que fez do Movimento Cineclubista Brasileiro ser um dos primeiros a reagir de forma organizada ao cerceamento imposto pelo regime ditatorial.


É nesse contexto que Claudino de Jesus passou a atuar junto ao Movimento Cineclubista Brasileiro e, ao retornar da 11ª Jornada Nacional de Cineclubes (JNC), em 1977, deu início, juntamente com outros cineclubistas do Espírito Santo, à construção de uma federação estadual de cineclubes tendo o Cineclube Universitário Cláudio Bueno da Rocha como seu principal núcleo articulador. Em 1978, durante a 12ª JNC, realizada em Caxias do Sul-RS, ele passou a integrar a diretoria do CNC na função de segundo secretário. Desde então, e até os dias atuais, nomes de cineclubistas do Espírito Santo têm feito parte das diretorias do Conselho de forma ininterrupta, um reflexo da continuidade e do engajamento da militância local na luta cineclubista.

Nesse mesmo ano, o Cineclube Universitário realizou uma mostra de filmes russos - obras que na época eram proibidas pela censura. O evento contou com sessões lotadas e ganhou ampla repercussão na imprensa da época. Assim, além de importante organização para a rearticulação do movimento cineclubista capixaba e nacional, o Cineclube Universitário funcionou como um ponto de interseção entre diferentes movimentos sociais e pautas políticas que resistiam à ditadura e, por meio dessa práxis cineclubista que ecoava por todo o Espírito Santo, contribuiu para o fortalecimento de uma rede de organizações culturais e políticas que almejavam a redemocratização do país. Em 1979, o Espírito Santo sediou a 13ª JNC e intensificou a aproximação dos cineclubistas capixabas com o movimento nacional. O evento, inicialmente previsto para acontecer em Vitória, foi transferido para a cidade de Santa Teresa, pois a capital estava sitiada devido a um intenso tempo chuvoso.

Em 1981, Claudino se tornou presidente do Conselho Nacional de Cineclubes (mandato que exerceu até 1985) e também participou da criação da Federação de Cineclubes do Espírito Santo. Com a Federação, o movimento cineclubista capixaba adquiriu maior organização, conseguiu estabelecer diretrizes coletivas e mediou aproximações entre instituições públicas locais e nacionais, contribuindo para a formulação e a implementação de políticas culturais. As atividades da Federação permaneceram até a década de 1990, que, assim como o cineclubismo brasileiro no geral, viveu um refluxo até os anos 2000 devido a dois fatores principais: uma espécie de esmorecimento político que se abateu sobre os movimentos sociais após a redemocratização do Brasil e as mudanças tecnológicas que fizeram a arte cinematográfica substituir sua base analógica pela linguagem digital.

Em 2003, primeiro ano do Governo Lula, o cineasta e gestor cultural Leopoldo Nunes, atuando sob o comando de Gilberto Gil no Ministério da Cultura, organizou a Jornada de Reorganização do Movimento Cineclubista, em Brasília-DF, evento que marcou a retomada do cineclubismo brasileiro. No ano seguinte, durante a 25ª JNC, o CNC foi reorganizado com a aprovação de novo estatuto

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Reunião da direção da Federação de Cineclubes do Espírito Santo, 1982. No sentido horário: Deisy Velten, Marcos Valério Guimarães, Dudu Azevedo, Maria Helena Moreira , Cloves Mendes Neto, Penha Padovan, Claudino de Jesus e Lúcia Chequer (Fotografia de Tião Xará)

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De costas, Claudino de Jesus conduz curso sobre cineclubismo no Cineclube Universitário Cláudio Bueno da Rocha, Vitória-ES, 1982. Essa formação resultou no Plano de Expansão do Cinema Cultural do Espírito Santo, iniciativa que foi desenvolvida pela Ufes, pelo Departamento Estadual de Cultura do Espírito Santo e pela Federação de Cineclubes do Espírito Santo e que levou ações cineclubistas para todos os municípios capixabas e para os bairros de periferia da Região Metropolitana da Grande Vitória (Fotografia de Tião Xará)


e Claudino, encabeçando uma chapa única que propunha um amplo programa político, foi eleito outra vez como presidente e permanecendo nesse cargo até 2010, totalizando seis mandatos à frente dessa organização.

Devido ao seu ativismo cineclubista, Claudino também foi convidado a fazer parte de outras entidades relacionadas à política nacional audiovisual, como o Conselho Consultivo da Diretoria de Operações Não Comerciais da Embrafilme, o Conselho Consultivo da Secretaria Nacional do Audiovisual do Ministério da Cultura e o Conselho Nacional de Cinema. O seu trabalho de importante liderança na reorganização do cineclubismo brasileiro chamou a atenção internacional e, em 2006, ele se tornou vice-presidente da Federação Internacional de Cineclubes (FICC). No mandato seguinte, foi eleito presidente da FICC, sendo o primeiro latino-americano a ocupar esse cargo no qual permaneceu por três mandatos consecutivos: de 2010 até 2019.

À frente dessa organização, Claudino consolidou alguns projetos das gestões anteriores, atuou para que mais países latino-americanos passassem a integrar a FICC e para aproximar as nações ibero-americanas, além de ter desenvolvido ações para a recuperação da memória do cineclubismo mundial. “A coisa mais importante que fiz na minha vida pública foi a minha trajetória enquanto cineclubista, pois o movimento cineclubista me proporcionou projeção nacional e internacional, me abriu portas para outras entidades e me nutriu com essa minha ânsia de lutar pelos direitos do público. Não me sinto um herói, mas reconhecido por ter contribuído para esse movimento que é tão importante. Os direitos culturais são fundamentais para que tenhamos uma cidadania plena. O cineclubismo luta pelo acesso do público a todas as formas de manifestação cultural existentes e para que nenhuma cultura seja imposta a outra. Os cineclubes tratam o cinema como um objeto central para dialogar com o público, buscam despertar o senso crítico sobre a obra cinematográfica e promover a autonomia dos espectadores em torno da programação dos próprios cineclubes”.

Um produtor de cinema Uma das bandeiras do movimento cineclubista é a defesa de políticas culturais para a produção de filmes que não sejam limitados aos interesses do circuito comercial de cinema, que exponha diferentes realidades socioculturais e que tragam propostas estéticas igualmente diversas. Alinhado a essa perspectiva, Claudino também se envolveu com a realização cinematográfica, por meio da qual trabalhou, na maioria das vezes, como produtor e também como roteirista, diretor e ator. Sua primeira empreitada com a produção de filmes foi atuando como um produtor informal para uma série de documentários que Orlando Bomfim dirigiu entre meados da década de 1970 e início dos anos de 1980, por meio do Cineclube Univesitário Cláudio Bueno da Rocha. Em 1986, ele criou a Verve Produções, empresa por meio da qual realizou inúmeros projetos e

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atividades com finalidade ambiental ou artístico-cultural como shows, lançamento de publicações, consultorias e, claro, a realização de filmes. “Percebi que os artistas e realizadores enfrentavam muitas dificuldades para executarem seus projetos, porque eles tinham que se autoproduzirem, como acontece até hoje muitas vezes. A Verve foi especializando-se em produção audiovisual e abraçando projetos nessa área”. Uma outra experiência em produção audiovisual que ele vivenciou nessa época foi como coordenador da produção de vídeo para a campanha eleitoral na televisão do Partido Comunista Brasileiro: de Fernando Pignaton, candidato a deputado estadual no Espírito Santo, em 1986, e de Jairo Régis, candidato a prefeito de Vitória (1988).

O primeiro filme a levar sua assinatura como produtor foi O Fantasma da Mulher de Algodão (1995), curta-metragem ficcional que também foi estreia de Margarete Taqueti na direção. “Margarete já era minha amiga, havíamos feito teatro juntos. Quando me convidou para fazer a produção, ela disse que o filme tinha tudo a ver com a nossa história, pois o roteiro do filme fazia uma crítica à ditadura. Ela fez da lenda da mulher de algodão, que assombra banheiros nas escolas, uma metáfora sobre o ambiente de terror político ao qual a sociedade brasileira estava submetida: era o fantasma da ditadura. Aprendi muito com esse trabalho”.

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Em 1997, Claudino foi procurado por Roberta Fassarela, grande amiga que trabalhava com ele na Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo, para fazer a produção de um projeto de um filme com roteiro e direção do seu irmão Marcel Cordeiro. Tratava-se de A Morte da Mulata, longa-metragem que narra uma espécie de rapsódia onírica com críticas à religião, à classe média e à mídia. “Naquele momento, a Verve se encontrava desativada, pois eu estava sem sócios. Aceitei produzir o filme, mas, pra isso, a Roberta se tornou minha sócia e reabrimos a produtora para realizar o filme. A nossa sociedade dura até hoje”.

Após cinco anos de pré-produção, A Morte da Mulata foi rodado em 2000 e seu lançamento aconteceu no final de 2002. Foi uma produção ítalo-brasileira, pois contou com a participação do italiano Franco Menna que, além de assinar a direção de arte, foi produtor associado do projeto. As filmagens duraram dois meses e as locações foram em Vitória, Vila Velha, Nova Almeida, Conceição da Barra e Guarapari. O projeto, aprovado pela Lei do Audiovisual, teve dificuldades em conseguir patrocinadores e foi executado apenas com cerca de 25% do valor orçado inicialmente. Para viabilizar a produção, ao invés da captação direta para a película de 35 milímetros, optou-se por gravar em Betacam para depois fazer a cópia em Transfer e, por fim, fazer uma cópia em película. Dessa forma, foi a primeira produção capixaba a fazer uso desse suporte tecnológico e um dos primeiros no Brasil. Devido às limi-


tações orçamentárias, após a captação e edição do filme, foram necessários cerca de dois anos para que o filme fosse finalizado e lançado.

Claudino considera que a proposta do filme era muito ambiciosa, o que tornava o roteiro muito carregado. “O Marcel resolveu colocar em um longa-metragem tudo o que ele pensava do mundo. Eu não sabia que o produtor poderia ter sugerido cortes ao diretor. Minha inexperiência enquanto produtor fez com que eu não exercesse esse papel ou tivesse esse olhar na época. Com as exibições de que participei, durante as discussões com o público e com outros cineastas, constatei que dava para ter guardado algumas histórias ali que renderiam outros filmes. Hoje, para escolher produzir um filme, preciso ser convencido pelo projeto e pela precisão do roteiro, também chamo o diretor ou roteirista e sugiro supressões, mudanças e reposicionamentos de cenas”.

Claudino repetiu a parceria com Marcel Cordeiro ao fazer a assistência de direção do documentário Expedição Tabacchi (2009). Rodado no Espírito Santo e na região do Trento, na Itália, esse curta-metragem apresenta uma versão atualizada sobre a vinda dos primeiros imigrantes italianos ao Brasil a partir de pesquisas documentais junto ao Arquivo Público do Espírito Santo e contou com o aporte de estudos feitos pelos historiadores Renzo Grasselli e Agostino Lázaro. O filme foi editado na cidade italiana de Milão e lançado simultaneamente no Brasil e na Itália. A única produção cuja direção Claudino assina foi Baía do Espírito Santo (2014), documentário que apresenta uma visão sobre como a ocupação portuária da baía de Vitória repercute no cotidiano das pessoas, no meio ambiente e na paisagem. Sua exibição de estreia foi no 21º Festival de Cinema de Vitória e circulou no Brasil e no exterior por meio da rede cineclubista. 23

Outros dois projetos de curtas-metragens ficcionais que contaram com seu trabalho de produtor executivo: O Homem que Sonhava Fotografia (2009), de seu amigo e companheiro de militância cineclubista Tião Xará; e Ilhas Caymã (2011), de Gabriel Perrone. “São dois filmes muito primorosos. A fotografia dos dois foi feita por Tião Fonseca. Sempre gostei do trabalho dele, pois ele tem muito cuidado e esmero com o diretor do filme. Ele busca entender a alma do diretor para poder fazer a fotografia que foi imaginada para o filme”.


Na Comissão de Honra da 24ª edição do Encontro Nacional de Cineclubes junto com António Costa Valente, Presidente da Federação Portuguesa de Cineclubes. Curia, Portugal, 2019 (Fotografia de Gabo Rodriguez)

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No 41º Festival de Cinema de Gramado, Gramado-RS, 2013, entregando Menção Honrosa da FICC ao cineasta Paulo Nascimento (Fotografia da PressPhoto)


TEATRO Chapeuzinho Vermelho no Japão / Colatina-ES (1968) / dramaturgo e codiretor junto com Lísias Teixeira de Moura. As Interferências / de Maria Clara Machado / Vitória-ES (1976) / diretor e ator.

Se correr o bicho Pega, Se ficar o Bicho come / de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar / direção de Ubiratã Medeiros / Vitória-ES (1977) / assistente de direção e iluminador. O Marinheiro / de Fernando Pessoa / direção de Magno Godoy / Vitória-ES (1978) / ator.

São Mateus Colônia / criação e direção coletiva de Claudino de Jesus, Magno Godoy, Margarete Taqueti, Elisa Lucinda, Luciano Cola e Zanandré Avancini / Vitória-ES (1980 e 1981) / dramaturgo, diretor e ator. Orixás: Omolu / Vitória-ES (1981) / dramaturgo, diretor e iluminador.

A Noite das Longas Facas / de Amylton de Almeida / Vitória-ES (1986) / diretor.

DANÇA

Stultifera Navis / direção e coreografia de Magno Godoy / Vitória-ES (1986) e Brasília-DF (1987) / iluminador. Neo-Iaô / direção e coreografia de Magno Godoy / Brasília-DF (1987) / iluminador.

El Dorado / direção e coreografia de Magno Godoy / Brasília-DF (1987) / iluminador.

Heliogabalus / direção e coreografia de Magno Godoy / Brasília-DF (1987) / iluminador.

MInimal Drop / direção e coreografia de Magno Godoy / Vitória-ES (1996) / produtor. Manguezal / direção e coreografia de Magno Godoy / Vitória-ES (2002) / produtor.

MÚSICA

Festival da Música Estudantil Colatinense / Colatina-ES (1967 a 1969) / Criador e concorrente como cantor e compositor - premiado em segundo lugar na edição de 1969. Shows musicais diversos / Vila Velha-ES (1983 a 1985) / cantor.

LP Maurício de Oliveira / FCAA-Ufes / Vitória-ES (1987) / supervisor.

LP Devaneio do Quarteto JB / FCAA-Ufes / Vitória-ES (1987) / produtor junto com Afonso Abreu.

AUDIOVISUAL

Direção, Roteiro, Edição e Pesquisa Baía do Espírito Santo / curta-metragem (2014). Produção Executiva O Fantasma da Mulher Algodão / curta-metragem / direção de Margarete Taqueti (1995). A Morte da Mulata / longa-metragem / direção de Marcel Cordeiro (2002).

Assim Caminha Regência / curta-metragem / direção de Ricardo Sá (2005).

O Homem que Sonhava Fotografia / curta-metragem / direção de Tião Xará (2009).

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Expedição Tabacchi / curta-metragem / de Marcel Cordeiro (2009). Ilhas Caymã / curta-metragem / direção de Gabriel Perrone (2011).

Baía do Espírito Santo / curta-metragem / de Claudino de Jesus (2014). Assistência de Direção Expedição Tabacchi / curta-metragem / direção de Marcel Cordeiro (2009). Ator Mundo Cão / curta-metragem / direção de Sáskia Sá (2002). Personagem de documentários: Na Parede, Na Toalha, No Lençol / curta-metragem / direção de Virgínia Jorge, Luciana Gama, Lizandro Nunes e Ursula Dart (1998). Geração Gota D’Água / curta-metragem / direção de Rômulo Mussielo (2009). Outros trabalhos Campanha em vídeo do marketing eleitoral do Partido Comunista Brasileiro - candidatura de Fernando Pignaton a deputado estadual no Espírito Santo (1986) e de Jairo Régis a prefeito de Vitória (1988) / coordenador da produção de vídeo para a campanha na televisão. Museu Vivo / vídeo institucional para o Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (1992) / roteirista e produtor. De Volta pra Casa / campanha audiovisual de educação ambiental para projeto de reintrodução do sagui da cara branca em remanescentes florestais nativos da empresa Aracruz Celulose S/A (1992 e 1993) / diretor e roteirista. 26

Parque Natural Municipal Sombra da Tarde / vídeo institucional para a Prefeitura Municipal de Barra de São Francisco (1995) / supervisor técnico. Parque Natural Estadual da Fonte Grande / vídeo institucional para a Prefeitura Municipal de Vitória (1996) / supervisor técnico.

Parque Natural Municipal Recanto do Jacaré / vídeo institucional para a Prefeitura Municipal de Águia Branca (2005) / supervisor técnico. Júri de Festivais Atuou como jurado em diversas mostras e festivais de cinema nacionais e internacionais.

PUBLICAÇÕES

mARTErra: Pescadores de Itapoã / Editora FCCA / Vitória-ES (1984) / autor.

Nem Tudo que é Lixo é Lixo / Prefeitura Municipal de Vitória (1985) / organizador. Brain Storm – de como o capitalismo investe no futuro: capítulo sobre cultura capixaba para o Projeto ES Século XXI (1987) / autor.

Educação Ambiental nas Escolas – Experiências Bem Sucedidas: Um Projeto Inovador / Prefeitura Municipal de Vitória-ES (1994) / organizador.


O audiovisual e o público na Educação: cineclubismo, cinema e comunidade capítulo do livro Cineclube, Cinema & Educação / Editora Praxis (2010) / Coautor junto com Sáskia Sá

Plano de Ação Vitória Sustentável / Prefeitura Municipal de Vitória, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Caixa Econômica Federal e Instituto Polis (2015) / organizador e coautor

ARTES PLÁSTICAS

Será que VALE? / instalação apresentada no Salão das Artes Ufes-Companhia Vale do Rio Doce / Vitória-ES (1978) / coautoria com Magno Godoy, Margô Dalla e Luciano Cola / obra premiada pelo júri. Planeta Criança / instalação com a temática ambiental no Shopping Vitória / Vitória-ES (2002) / produtor.

VERVE PRODUTORA / sócio-fundador da empresa Verve Produções e Consultoria Ltda que funciona desde 1986 por meio da qual atuou na realização dos seguintes projetos: Audiovisual

Mundo Cão / curta-metragem / direção de Sáskia Sá (2002).

A Vez do Morro / curta-metragem / direção de Sáskia Sá (2006). A Fuga / curta-metragem / direção de Sáskia Sá (2007).

O Homem que Sonhava Fotografia / curta-metragem / direção de Tião Xará (2009). Punhal / longa-metragem / direção de Luiza Lubiana (2015). Artes Cênicas Metrópolis / espetáculo de teatro dirigido por Marcelo Ferreira / Rio de Janeiro-RJ (2008). Publicação O Mundo Encantado das Conchas / de Adelzira Madeira dos Santos (2009). Consultoria Internacional para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) / Execução da etapa de levantamento de dados e capacitação para certificação de municípios capixabas para o Projeto Selo Unicef Municipal de Proteção à Criança e Adolescente (2006).

INSTITUIÇÕES PÚBLICAS

Universidade Federal do Espírito Santo Coordenador do Cineclube Universitário Cláudio Bueno da Rocha (1975-1982).

Professor Adjunto do Departamento de Patologia do Centro de Ciências da Saúde (1979-2011).

Sub-Reitor Comunitário para assuntos de cultura, esportes, lazer, meio ambiente, relação com a sociedade e assistência à comunidade universitária (1988-2002).

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Governo do Estado do Espírito Santo Coordenador Técnico convidado / Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (1994).

Coordenador convidado para implantação do Sistema Estadual de Ciência e Tecnologia / Casa Civil (1994).

Assessor Técnico / Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (1993). Prefeitura Municipal de Vila Velha Secretário Municipal de Turismo e Cultura (1984-1986). Prefeitura Municipal de Vitória Encarregado de Unidade de Conservação / Secretaria Municipal de Meio Ambiente (1995).

Chefe da Divisão de Educação Ambiental e Coordenador do Plano Municipal de Educação Ambiental / Secretaria Municipal de Meio Ambiente (1988-2005). Assessor Técnico, Coordenador do Planejamento Estratégico / Secretaria de Gestão, Planejamento e Comunicação (2013-2014).

Coordenador do Programa Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentáveis (Banco Interamericano de Desenvolvimento - Caixa Econômica Federal) / Secretaria de Gestão, Planejamento e Comunicação (2013-2016).

Subsecretário de Gestão Pública / Secretaria de Gestão, Planejamento e Comunicação (2014). Assessor de Projetos Especiais e Coordenador do Programa de Requalificação Urbana e Segurança Cidadã de Vitória, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento / Secretaria de Gestão Estratégica (2014-2020).

Assessor Especial de Captação de Recursos / Secretaria de Gestão, Planejamento e Comunicação – 2016/até a presente data.

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ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS, ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL E CONSELHOS REPRESENTATIVOS

Partido Comunista do Brasil / Filiado de 1968 até 1992 e foi secretário geral do partido no Espírito Santo, em 1986. Movimento Comunitário de Santa Inês / Diretor cultural (1971).

Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema) / Sócio-fundador (1978). Federação de Cineclubes do Espírito Santo / Sócio-fundador (1981).

Conselho Nacional de Cineclubes (CNC) / Segundo secretário (1978-1980) e presidente (gestões 1981-1985 e 2004-2010). Conselho Consultivo da Diretoria de Operações Não Comerciais da Embrafilme / Membro (1981-1983).

Conselho Nacional de Cinema / Conselheiro da Câmara de Cineclubes, Cinematecas e Escolas de Cinema (1981-1983) Associação dos Amigos do Museu Mello Leitão / Sócio-fundador e presidente (1986-2003).

Conselho Estadual de Cultura do Espírito Santo / Membro (1991-1994 e 2008-2014). Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente / Assessor técnico voluntário (1998-2005).


Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas do Espírito Santo / Sócio-fundador e primeiro vice-presidente (2000-2004).

Instituto de Pesquisas da Mata Atlântica / Membro fundador e Conselheiro (2004-2012). Conselho Consultivo da Secretaria Nacional do Audiovisual do Ministério da Cultura / Membro (2005-2010). Coalizão Brasileira pela Diversidade Cultural / membro (2008-2013).

Federação Internacional de Cineclubes / Vice-presidente (2006-2010), presidente (2010-2019), membro da Coordenadoria Ibero-Americana de Cineclubes (2005 até a presente data), membro da Coordenação do Secretariado Latinoamericano (2005 até a presente data), membro da Coordenação do Catálogo de Difusão Audiovisual CineSud (2008 até presente data). Organização dos Cineclubes Capixabas (Occa) / Sócio-fundador (2011).

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) / Unidade Gestora do Programa de Requalificação Urbana e segurança Cidadã de Vitória / Coordenador Geral (2016 até a presente data). TÍTULOS E HOMENAGENS Títulos de Cidadão das cidades de Vitória, Vila Velha, Cachoeiro do Itapemirim e Cariacica. Título de Cidadão Francisquense Ausente / Barra de São Francisco (1990). Educador Emérito / Prefeitura Municipal de Jerônimo Monteiro-ES (1991). Homenagem do Centro de Ciências Agrárias da Ufes / Alegre-ES (1991).

Homenagem do Parque Natural Municipal Sombra da Tarde / Barra de São Francisco-ES (2000).

Homenageado por diversas turmas de formandos dos Cursos de Enfermagem, de Biologia e de Medicina da Ufes (2000-2011). Prêmio Ecologia do Governo do Espírito Santo / 1º colocado na categoria Educação Ambiental junto com Roberta Fassarella (2003).

Homenagem do Centro de Educação Ambiental do Parque Pedra da Cebola / Vitória-ES (2004). Homenagem do Cineclube do Sindicato de Jornalistas do Estado de São Paulo (2004).

Homenagem do Parque Natural Municipal Recanto do Jacaré / Águia Branca-ES (2002).

Troféu Vento Norte - Homenageado Nacional / Festival Santa Maria Vídeo e Cinema / Santa Maria-RS (2006). Troféu Especial Paulo César Vinha / 2ª Mostra de Vídeo Ambiental de Vila Velha (2007). Homenagem do Fórum Nacional de Festivais de Cinema (2010).

Troféu Paulo Emílio Salles Gomes / Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros (2010).

Prêmio Tião Sá de Educação Ambiental - 1º colocado / Prefeitura Municipal de Vitória / vencedor junto com Roberta Cordeiro Fassarella, Renata Cordeiro Fassarella, Angela Goulart e Rita de Cássia Gonçalves (2010). Homenagem Centenário de Augusto Ruschi / Assembleia Legislativa do Espírito Santo (2015). Homenageado Capixaba / 27º Festival de Cinema de Vitória (2020).

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Durante as gravações da homenagem do 27º Festival de Cinema de Vitória no Teatro do Sesc, Vitória-ES, 2020. Entre seus filhos Marcus Vinícius de Jesus Vieira e Catarina Bispo Martins (Foto de Tati Hauer/ Acervo IBCA-Galpão Produções)


CADERNO DO FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA HOMENAGEADO CAPIXABA / 10ª Edição Projeto Editorial - Lucia Caus e Paulo Gois Bastos Reportagem e Edição - Paulo Gois Bastos Projeto Gráfico - Paulo Prot Diagramação - Gustavo Binda Revisão de Texto - Luiz Claudio Kleaim Fotos - Capa: Fotografia de Sérgio Cardoso / Acervo IBCA-Galpão Produções. Segunda Capa: Frames do documentário Na Parede, Na Toalha, No Lençol, de Virgínia Jorge, Luciana Gama, Lizandro Nunes e Ursula Dart (1998) Folha de Rosto: Acervo pessoal de Claudino de Jesus (Formatura de Medicina, Vitória-ES, 1979). Especificações Gráficas Tipografia - Gandhi Serif (opensource) Papéis - Offset 180 g/m² para miolo e Supreme 250g/m² para a capa Impresso em Vitória|ES O Caderno do Festival de Cinema de Vitória - Homenageado Capixaba é uma publicação do 27º Festival de Cinema de Vitória, evento realizado de 24 a 29 de novembro de 2020 em Vitória-ES. O Festival é uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte. Nosso endereço e contatos: Rua Professora Maria Candida da Silva, nº 115-A Bairro República - Vitória/ES, CEP 29.070-210 Tel: +55 27 3327 2751 / producaofcv@ibcavix.org.br www.festivaldecinemadevitoria.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bastos, Paulo Gois Caderno do Festival de Cinema de Vitória : Claudino de Jesus / Paulo Gois Bastos. -- 10. ed. --Vitória, ES : Galpão Produções Artísticas e Culturais, 2020. -- (Caderno do Festival de Cinema de Vitória : homenageado Capixaba ; 10) ISBN 978-65-992666-1-4 1. Cinema - Festivais 2. Documentário (Cinema) 3. Festivais de cinema - Brasil 4. Festivais de cinema - Vitória (ES) 5. Festival Nacional de Cinema 6. Jesus, Antônio Claudino de, 1951-2020 I. Título. II. Série. 20-49278

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Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

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