CADERNO DO FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA
Sebastião
Ribeiro Filho
( Ministério do Turismo, Secretaria da Cultura e EDP apresentam
Tião Xará)
Dono de uma trajetória marcada pelo engajamento em causas coletivas, Sebastião Ribeiro Filho, o Tião Xará, é uma figura múltipla na cena cultural capixaba. Natural de Castelo, no Espírito Santo, e advogado de formação, ele tem relevante atuação como cineclubista, produtor, realizador audiovisual, fotógrafo, compositor e ambientalista.
Sua paixão pelo cinema e seu envolvimento com o movimento cineclubista sempre estiveram presentes em sua trajetória, desde o final da década de 70 e início de 80 – quando foi membro do Cineclube Universitário e fundador e presidente da Federa ção de Cineclubes do Espírito Santo – até os dias atuais.
Como produtor, trabalhou em três vídeos do cineasta Cloves Mendes: Muqui, Cidade Menina; To be Guarani; e Corpus Christi – Castelo, 25 Anos. Já sua estreia como diretor aconteceu nos anos 2000, com o curta-metragem O Homem que Sonhava Fotografia, cujo roteiro e cuja composição de música original também são assinados por ele. É, ainda, um dos diretores do documentário Imprensados – A Luta pelo Território Quilombola do Sapê do Norte.
Além de seu trabalho com o cinema, Tião lançou livros de poesia, compôs músicas e produziu fotografias que fizeram parte de publicações e exposições de particular importância para as questões ambientais, para o patrimônio cultural e para a cul tura popular do nosso estado.
Nesta homenagem, também não poderíamos deixar de mencionar sua incansável e direta atuação em diversas entidades, como conselhos, associações e comissões, voltadas para a preservação e o desenvolvimento da cultura e do meio ambiente.
Tião Xará, com sua vivência em diversas áreas, é uma figura fundamental para a cultura e para o cineclubismo capixaba. Homenageá-lo no 29º Festival de Cinema de Vitória é uma oportunidade de contar parte da nossa história!
Lucia Caus Diretora do 29º Festival de Cinema de VitóriaA fraternidade dos Ribeiros
A rua Barão de Monjardim é um pequeno oásis no Centro de Vitória, capital do Espírito Santo. Cercado pela mata do Parque Municipal Gruta da Onça, o local abriga um sobrado colorido, em cuja fachada predominam o amarelo e o roxo, e que por vezes se transforma em um acolhedor espaço cultural. Essa função secundária dialoga perfeitamente com sua função principal, que é ser a mora dia do cineclubista, produtor, realizador audiovisual, fotógrafo, compositor e ambientalista Sebastião Ribeiro Filho, o Tião Xará.
Natural do município de Castelo, cidade localizada na região sul do Espírito Santo, Tião nasceu em 15 de dezembro de 1957. “Quando eu estava com seis, sete anos, a gente brincava muito, fui ‘lobinho’, fase anterior à de escoteiro, fa zia acampamento, às vezes passava a noite no mato, um aprendizado de convi vência coletiva e com a natureza. Era legal. Nessa época de infância, tinha essa coisa de assistir aos desenhos do Hanna Barbera, tinha o cinema, mas o que eu curtia fazer mesmo era brincar, brincar de pique.”
Ele é filho de Sebastião da Rocha Ribeiro e Maria da Penha Tamara Ribeiro. Seus pais nasceram, coincidentemente, no mesmo dia 12 de abril. Seu pai em 1910, e sua mãe em 1920. E, para fechar o ciclo, também se casaram em 12 de abril, só que de 1944. “Era um barato, era uma comemoração muito legal.” Seu pai percorreu um caminho dentro do serviço público. “Meu pai estudou Direi to em Niterói, aí ele depois fez concurso para promotor, foi nomeado promotor interino, e, quando estava como promotor, ele fez concurso interno e passou a ser promotor concursado. Tive pouca chance de explorar o que meu pai fez, mas algumas coisas consegui, em viagem que a gente fazia, conversava e tal.”
Tião lembra que um dos primeiros contatos com o universo audiovisual vem do gosto da matriarca pelas histórias hollywoodianas. “Minha mãe também tem esse lance assim de cinema, ela adorava cinema, vinha lá de Muqui, via muitos filmes, sempre falava dos artistas Tyrone Power, John Wayne, adorava bangue -bangue. A turma dessa época, com a qual eles ficavam doidos.” Ele fala da mãe como uma figura conciliadora e muito presente na história da sua família. “Ela era uma mulher fantástica. Minha mãe faleceu em 2020, mas ela chegou aos 100 anos, o que foi maravilhoso. Ela parou os estudos em determinado momento, e também tinha um problema de surdez. Mas isso nunca a atrapalhou em nada. Ela estava lá sempre cuidando, essa coisa da mãe que cuida da casa, cuida dos filhos. Então nós somos família, mas somos muito assim de união, de solidariedade.”
Além dele, seus pais tiveram outros seis filhos. “Nós somos sete filhos. O pri meiro que nasceu teve um problema no coração e morreu no mesmo dia. Ia se chamar Zé Antônio, o nome do meu avô. Depois, em 1946, nasceu meu irmão mais velho, o Genulfo. Lá em casa é tudo assim: Genulfo, Gerusa, Gesner, Ge nésio, Geraldo. Quando eu nasci, era o sexto filho, e meu pai achou que tinha encerrado a produção [risos], e me batizou com seu nome, Sebastião Ribeiro
Filho. Só que três anos depois nasceu minha irmã mais nova. Eu tenho duas tias, irmãs da minha mãe, que se chamam Vera e Lúcy, então meus pais coloca ram o nome da minha irmã de Vera Lúcia.”
A música era um elo entre os irmãos Ribeiro. “Uma outra coisa legal é que meus irmãos sempre ouviam música e fui nessa aba aí. Na época que tinha No vos Baianos, Mutantes, coisas legais, ouvia música brasileira muito boa. Novos Baianos, Erasmo Carlos, Gal Costa, Caetano. Muito rock, Pink Floyd, Rolling Stones, Beatles.” Os irmãos mais velhos de Tião também contribuíram para sua aproximação com o universo musical, que, anos depois, entraria na sua múltipla trajetória com a cultura. “Eu bebia da água musical do irmão mais velho, o Genulfo. Entre os seus discos, ele tinha o Clube da Esquina, do Milton Nascimento, discos de bossa nova, tipo Maísa, coisas mais tradicionais, mas sempre muito legais. Meu outro irmão, o, morou no Rio de Janeiro por muito tempo. Quando ele morava lá, na década de 1970, comprava muito disco legal. Barrabás, um disco de Paul McCartney, quando ele já estava em carreira solo, Tower of Power (que tem na trilha sonora de Cidade de Deus), um bocado de disco de compacto que ele trazia pra mim. Ele conhecia uma banda de músicos africanos, O Sibisa, com artistas de vários países. Ele sempre trazia umas novi dades.” A proximidade entre os irmãos sempre foi grande. “A gente conviveu muito, especialmente os três mais novos. Geraldo, lá em Castelo; a gente tem amigos mais ou menos em comum. Com minha irmã também, só que um pou co menos. Meu irmão veio para Vitória, estudou medicina e se tornou médico. Trabalhou há muito tempo no Hospital Santa Mônica e atualmente em uma clínica fazendo perícia de trabalho. Ele é muito ligado ao Carnaval e foi jurado dos desfiles do Sambão do Povo por muito tempo.”
Além das referências musicais vindas da família, ele era um ouvinte constante das ondas sonoras da Rádio Mundial e também se aproximava do universo au diovisual como espectador. “Tinha o programa de um cara chamado Big Boy, ele era muito foda. Tem uns vídeos dele na internet, ele estava à frente de sua época por causa da forma como ele se comunicava. Era muito massa. De vez em quan do ele viajava e trazia disco que ninguém conhecia, todo dia tinha um programa, botava umas músicas na rádio, e todo sábado tinha Beatles, ele foi recebido pelos Beatles e tal. Então ouvia bastante a Rádio Mundial, e tinha a ‘Jovem Pan’ da épo ca, que era muito boa. Ouvia muita coisa legal. O que mais gostava era música e cinema, e cinema tinha em Castelo, a gente sempre ia assistir.”
Após ter passado a maior parte de sua infância e adolescência em Castelo, em 1974 Tião decidiu se mudar para Vitória para cursar o terceiro ano colegial e o pré-vestibular. Mesmo com as inspirações culturais e artísticas que teve em Castelo, seja pelos discos, seja pelos livros do seu pai, ou por ter crescido cerca do pelas rodas de samba no município, ele ainda não tinha a área cultural como perspectiva profissional ao se mudar para a capital capixaba. “Apesar de ver meu pai com uma ‘porrada de livro’, não entrei em uma de trilhar esse lado da cultura, né? Passei no vestibular em 1979. Vim primeiro sozinho e logo depois veio meu
pai, moramos com meu irmão Genulfo, que já estava em Vitória. Meu pai, pro motor, sempre teve oportunidade de sair de um lugar pra outro. Mas ele nunca quis, ficou 20 anos morando em Castelo. Em 1974 ele veio também para Vitória, no ano seguinte ele vendeu a casa de Castelo e todo mundo veio pra cá.”
Recentemente, Tião teve acesso a uma informação que aproxima ainda mais a história da sua família ao universo cultural, mais especificamente ao audiovisual. Ele descobriu que seu avô teve contato, no final da década de 1920, com o funda dor do Grupo Severiano Ribeiro – atual Kinoplex, que é a maior rede de cinemas do Brasil por número de salas e complexos, além de estar em atividade ininter rupta há mais de 100 anos – e comprou um projetor dele, criando um cinema em Jerônimo Monteiro. “Tenho uma prima que é da área da saúde, a Celeste, que está sempre na área cultural. Ela me mandou um material sobre esse projetor que meu primo, neto de vovô, guardou em casa e mandou recuperar. Quando fiquei sabendo que vovô Zeca tinha esse projetor, pensei em fazer alguma coisa com essa e outras histórias muito boas dele, que era um empreendedor.”
Um guerrilheiro do cinema
Logo no início da juventude na capital capixaba, Tião conheceu o cineasta Cloves Mendes quando prestavam o serviço militar obrigatório. Ali, iniciaram uma ami zade que se estende até hoje, uma trajetória em que ambos se juntaram, em diver sos momentos, para atuar no cineclubismo e em diversas produções audiovisuais. Mas sua inserção no universo do cinema teve início com a sua atuação cineclu bista enquanto era estudante do curso de Direito da Universidade Federal do Es pírito Santo, quando entrou para o Cineclube Universitário, que era coordenado por Claudino de Jesus, a quem chama de “guru”. Devido a esse envolvimento, ele foi um dos membros fundadores da Federação de Cineclubes do Espírito Santo, organização criada em 1981. “Fizemos junto com a Universidade e o Cineclube Universitário o projeto do Plano de Expansão do Cinema Cultural do Espírito Santo, que teve apoio da Embrafilme e do Departamento Estadual de Cultura, o DEC. Adquirimos vários projetores de 16 milímetros e desenvolvemos ativida des cineclubistas em algumas cidades do sul do estado e também aqui na Grande Vitória. Havia essa rede de cineclubes que foi criada e fortalecida nessa época.”
Nesse período, Tião atuou como coordenador e animador cultural do Plano de Expansão do Cinema Cultural do Espírito Santo, que foi uma iniciativa da Federação de Cineclubes do Espírito Santo com apoio da Embrafilme, da UFES e do Departamento Estadual de Cultura. “A gente conseguiu fazer uma estru turação legal e criar uma rede de cineclubes do estado. A gente exibia também os longas-metragens que já estavam disponíveis pela Diná Filmes, nossa pro dutora, ou pela Embrafilme. Lembro que passei várias vezes Xica da Silva, do Cacá Diegues, e O Homem que Virou Suco, do João Batista de Andrade, que foi um filme produzido pelo próprio movimento.”
Na sequência, em 1983, atuou como animador cultural no projeto Periferia: Escola, Cinema e Comunidade, idealizado pela professora Adelzira Madeira e voltado para a formação e difusão do audiovisual como ferramenta de ensi no em escolas públicas da Grande Vitória. “Foram três escolas-piloto de um projeto que era para usar o cinema, os curtas-metragens, como ferramenta de ensino. Como eu tinha coordenado o primeiro projeto, o de cinema cultural, Cloves Mendes foi coordenador deste. A gente se reunia na Federação e fazia as avaliações semanais ou quinzenais. Era justamente essa coisa de fazer a intera ção do cinema com a educação. Era uma coisa informal, porque não era dentro da disciplina especificamente. Podia ser uma aula de geografia, e usava-se um filme, ou uma aula de história, e usava-se outro filme.”
No final da década de 1980, Tião se tornou produtor audiovisual em três pro duções do amigo Cloves Mendes. O primeiro filme foi Muqui, Cidade Menina (1989), que tinha como referência o livro Casa de Muqui, do próprio Tião. “O Cloves Mendes e a Penha Padovan foram comigo a Muqui algumas vezes. Eu fiz as fotos das casas e acabei fazendo o livro Casa de Muqui, em 1998. Nessa época, eles tinham voltado da Espanha, e a Penha tinha feito um curso de pintura com tinta, em cima de fotos em preto e branco. Ela fez algumas intervenções com pin tura nas minhas fotos, e a gente resolveu tentar fazer uma exposição. E o Cloves começou a fazer filmagem das casas, de 1988 para 1989”, relembra. “Esse foi um filme que produzi porque eu estava junto com ele, sempre carregando, dando as dicas de filmagem, ele filmou aquele casario praticamente todo e fez esse filme.”
Logo após, a dupla fez To be Guarani, também de 1989. O documentário é um registro da visita do Cacique Raoni a duas aldeias indígenas do Espírito Santo. “A gente conseguiu levá-lo a duas aldeias, tanto a Guarani como a Tupiniquim. E a avó Guarani que trouxe o povo do Sul pra cá, ela estava viva e conversou com o Raoni. Ela não falava português, mas o filho dela fazia essa tradução e eles conversaram. Então o Cloves filmou lá na aldeia o Raoni conversando com a líder dos Guarani e também com o líder dos Tupiniquins.”
Abrindo a década de 1990 e fechando a trilogia de trabalhos, eles fizeram Cor pus Christi – Castelo, 25 Anos, que conta a história da tradição da montagem dos tapetes durante o feriado religioso católico de Corpus Christi. “Eu acabei produzindo esse curta porque sou de lá e já tinha participado de alguns fes tejos da região. Era a comemoração dos 25 anos da Festa de Corpus Christi. O Cloves foi lá e entrevistou a irmã Zuleide, ela que começou a tradição dos tapetes de forma bem pequenininha na Santa Casa, hospital em que ela atendia os necessitados. Fizemos entrevistas com ela e com várias pessoas de Castelo, que falaram sobre a importância de Corpus Christi, além de algumas cenas do pessoal fazendo os tapetes e depois deles prontos.”
O ano de 2009 marca a estreia de Tião Xará na direção de um projeto de ficção. Em O Homem que Sonhava Fotografia. “O curta é a história de um relaciona
mento que não dá certo. O protagonista começa a sonhar com a outra pessoa, mas só que não consegue sonhar com ela andando, nada disso, sempre sonha em foto. E as fotos começam a ser distorcidas”, conta o realizador, que contou com o trabalho dos artistas visuais Jean R e Julio Tigre para criar os efeitos de distorção e as animações que ilustram os sonhos das personagens.
Embora o curta-metragem tenha sido lançado em 2009, sua produção teve iní cio no começo da década: “O roteiro é de 2001, 2002, mas ele começou, na verdade, em 2004 ou 2005”. E boa parte das filmagens aconteceu na casa onde Tião mora desde a década de 1990, no Centro Histórico de Vitória, capital do Espírito Santo. “A locação foi praticamente toda aqui. Tiveram outras locações, na Casa Porto das Artes Plásticas e na Praia do Canto. Depois fizemos na bar raca do JB, lá na praia da Curva da Jurema. Aí sim que ele vai no balcão pedir a cerveja, aparece a outra mulher, eles se encontram, começa um novo romance, e ele para de sonhar aquelas fotos doidas. Então tem essas outras locações, mas a maioria da ação aconteceu na minha casa”.
Além da direção, ele também assina o roteiro e a trilha sonora original do fil me, com duas músicas de sua autoria: a faixa homônima, O Homem que Sonha va Fotografia, e Lilás, interpretada pela cantora Andrea Ramos. “Eu não lembro agora se no projeto tinha grana pra música. O músico Marcelo Ribeiro gravou sem cobrar nada. Então ele fez a faixa título, gravou os instrumentais e fez a edição da música. A música que Andrea canta é a música-chave, da hora em que o personagem para de sonhar fotografia, na cena externa, ela vai se despe dir dele, dá um beijo e entra a música - ‘você chega, o lilás acaba, fica tudo colo rido’. Não lembro exatamente se tinha grana pra isso, e o Marcelo gentilmente fez o arranjo de violão, que ficou bonito.”
Em 2007, Tião voltou à direção de outro curta-metragem, desta vez uma obra também dirigida por Ariel Lacruz, Breno Vinicius Silva, Lígia Sancio e Vitor Hugo Simon, Imprensados - A Luta pelo Território Quilombola do Sapê do Norte, documentário finalizado e lançado em 2013. Esse filme conta a luta dos qui lombolas da comunidade do Sapê do Norte, localizada no município de São Mateus, em busca do reconhecimento de terras que eram ocupadas por seus ancestrais durante os anos da escravidão e após a abolição. “A gente conseguiu os recursos para fazer a captação das entrevistas e as imagens, mas demoramos um pouco para fazer o lançamento. O Ariel era estudante de comunicação e conseguiu duas câmeras para a filmagem. Depois, para finalizar, que era um negócio, precisava de grana e não tinha mais. Tivemos que fazer o projeto, aprová-lo, e foram dois anos nesse processo. A direção coletiva surgiu porque a gente estava sempre junto.”
Para ele, a direção é sempre um trabalho desafiador. “Esse lance de dirigir é diferente. Porque você escreve uma coisa e imagina como pode ser, e depois você vai, vê tudo ali. É muito legal! É uma experiência que fica com aquele gostinho de quero mais. Quando você faz, você tem vontade de fazer de novo,
mas é um negócio trabalhoso pra caramba, a luz, os equipamentos, o som, o silêncio, a cena que a gente gravou, tem toda essa coisa.”
Embora tenha ideias e roteiros prontos, tanto para ficção quanto para anima ção, Tião ainda não realizou novos trabalhos atrás das câmeras, mas segue ativo em outras frentes do universo audiovisual. Por exemplo, foi júri da 9ª e da 10ª Mostra Corsária do Festival de Cinema de Vitória, nas edições realizadas em 2020 e 2021. Como analista em gestão cultural, ele atua na Lei Rubem Braga, mecanismo de fomento à cultura do município de Vitória. Entre seus trabalhos realizados pela lei, ele foi coordenador do edital de produção audiovisual, que, através da Lei Aldir Blanc, viabilizou a produção de dois documentários, qua tro videoclipes e duas animações. A ação deu origem à Mostra Orlando Bom fim Netto, que aconteceu em maio de 2022, no Centro Cultural Sesc Glória.
Entre imagens, versos e acordes
Com um olhar amplo para o universo cultural, tanto como militante quanto como fazedor de cultura, Tião Xará tem uma produção artística que, para além do audiovisual, perpassa outras linguagens. A fotografia é uma delas: “Estou sempre fotografando, ainda fotografo bastante”, afirma ele, que não tem a me mória exata de quando a fotografia entrou na sua vida. “Não sei se comecei a fotografar ainda em Castelo, porque lá tinha uma máquina. Mas depois que vim pra cá, durante a UFES, comecei a fotografar em preto e branco.”
Além de atravessar a vida do protagonista do seu primeiro curta-metragem fic cional, O Homem que Sonhava Fotografia, seu olhar rendeu inúmeros registros que valorizam o patrimônio histórico e as belezas naturais do Espírito Santo. Sua primeira exposição foi Folia de Reis (2007), que aconteceu na Casa de Cul tura do município de Muqui, no sul do Espírito Santo. “Eu consegui acompa nhar por muitos anos a Folia de Reis, em Muqui. Então eu fotografei bastante e, chegando em 2007, fiz uma exposição com umas imagens que eu tinha de registro.” No final do mesmo ano, ele apresentou Folia de Reis e Congo como parte da Exposição da Comissão Espírito-Santense de Folclore “Arte e Artesa nato em Terras do Espírito Santo”, desta vez realizada na cidade de Vitória e reunindo imagens de várias manifestações da cultura popular de diversos mu nicípios do estado. “Acrescentei o Congo do Caboclo Bernardo, de Regência, e também de Roda D’água, de Cariacica.” Em 2010, realizou uma nova mostra, Congo, Folia de Reis e Luzes, também em Vitória, no espaço Casa Aberta.
Em 2012, em parceria com a arquiteta Vera Lúcia Tamar Ribeiro, ele mergu lhou nas imagens da Vila de Itaúnas e apresentou a exposição Casario da Vila de Itaúnas na Década de 80 - Século XX. A mostra reuniu imagens de arquivo com registros fotográficos atuais que mostravam as transformações no distrito do município de Conceição da Barra. “A maioria das fotos é da minha irmã. Ela ti
nha essas fotos de slides de cromo, mais de 50 imagens. Pegamos as principais. Eu tinha fotos das dunas e algumas da Vila de Itaúnas. Com esse escaneamento, nós fizemos uma foto 30x40 da imagem antiga e uma foto menor do mesmo local. É bem interessante que a gente vê que tinha poucas construções. Tinha a imagem, por exemplo, do dono de uma casa. A casa que está lá agora é diferen te. A gente fez a evolução. Algumas ainda continuam, um pouco mudadas, mas acho que só tem duas ou três que estão iguais.”
A fotografia também rendeu uma série de publicações para o currículo de Tião Xará. O primeiro livro desta série foi Casas de Muqui, lançado em 1998. “A ideia do projeto era a seguinte: a fotografia em preto e branco de um lado, a fotografia tipo uma moldura colorida do outro. Em algumas delas há trechos de textos sobre casas, de alguns autores, como Carlos Drummond de Andrade”, relembra ele.
O livro também teve importância para o tombamento e a preservação do patri mônio histórico do Sítio Histórico de Muqui. “Foi muito legal o processo deste livro. Eu ia a Muqui fotografar, não se tinha noção, ou não se queria enxergar a importância do patrimônio arquitetônico que existe lá. Quando lancei o livro, teve uma grande repercussão na mídia. A partir daí é que começaram a pensar no tombamento municipal, fizeram o tombamento municipal e, alguns anos depois, aconteceu o tombamento no âmbito estadual. Na verdade, há muita gente ainda que não gosta de tombamento, pois se sente tolhido”.
Esse trabalho também contou com a parceria da artista visual Nelma Guimarães (para quem ele produziu o livro Postais, em 2003). Ela foi a responsável pelas intervenções e pelo colorido das imagens que faziam contraponto aos registros originais em preto e branco. “Fiz essa parceria com a Nelma, e o projeto ficou muito legal, ela também fez o projeto gráfico. Tive a felicidade de ela estar junto”.
Outra publicação voltada para o universo da fotografia foi Belezas Naturais do Espírito Santo, que também reúne textos e foi lançada em 2001. “Eu sempre gostei muito da natureza. Fotografei muita pedra, não só pedra, mas lagoa e tal. Foi assim que surgiu a ideia de fazer um livro de belezas naturais do Espírito Santo. Porque eu tenho um interesse pela natureza, mas é muito atravessado pela minha relação com a fotografia”. Nessa publicação Tião atuou como edi tor, intercalando fotos suas com registros do fotógrafo Carlos Palito. A publi cação também vem das inúmeras viagens que ele fez pelo Espírito Santo desde a década de 1980. “Sempre gostei de viajar. Tive a oportunidade de viajar pelo estado pela primeira vez na época do cineclube. Depois, quando eu estava na Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Espírito Santo, viajei para fazer ações de fiscalização para vários lugares. Conheci vários lugares e fiquei pen sando nesse livro. Fui escrevendo, planejando, e a ideia era ter uma imagem do local e orientações com o itinerário para se chegar ao local fotografado. O livro funciona como um guia mesmo.”
Com inúmeros artigos publicados em livros voltados para temas diversos, Tião fez duas incursões no universo da poesia. Seu primeiro livro no gênero foi Ardorarte, lançado em 1991. Depois, em 2013, foi a vez de Queda Livre. A pu blicação reúne textos de diversas fases do autor, desde poemas até canções ainda inéditas em registros fonográficos. Poemas que brincam com a língua portuguesa, flertam com outros idiomas e que jogam luz sobre temas que atra vessam o cotidiano do brasileiro. Como ele mesmo afirma na introdução do livro: “Eu sigo, sigo nos caminhos da poesia que mantêm os que não desistem das lutas ‘acendendo a esperança e apagando a escuridão’, pois tenho ‘fé no nosso povo que ele resiste’, tenho ‘fé no nosso povo que ele insiste’. E ainda será, um dia, respeitado de fato”.
Na área musical, Tião também confirma sua versatilidade criativa atuando como compositor e intérprete que transitou por diversos gêneros da MPB, especial mente o samba e o forró. As inspirações de Tião para suas composições surgiam de situações vividas no seu cotidiano, da maneira como ele observava a vida social e o comportamento, de suas vivências afetivas e memórias familiares, da vida boêmia do centro de Vitória. “Comecei a compor no comecinho dos anos 1980, fazia umas coisas bem simples, nada específico. Entre uma coisa e outra, fui compondo e tive algumas músicas gravadas. Já quis gravar um disco, mas nunca tive tempo, é um projeto que ainda gostaria de lançar em breve.”
Em 1998, Tião participou do disco Tambores do Congo, do grupo América 4, com a música Magia do Vermelho e Branco, composição feita em parceria com Tobi Gil e César Rebechi, em 1998. A letra dessa composição faz referências ao Festival Folclórico de Parintins, grande festa popular do interior da Amazô nia. Sua participação nesse projeto musical deve-se, em parte, à proximidade de Tião com a cultura popular capixaba, em especial com o Congo, tanto pela música quanto pela fotografia.
No ano seguinte, composições suas foram gravadas no disco Forró de Itaúnas, do Trio Lampião, músicas que resultaram de sua amizade com os integrantes do grupo. “José Carlos Elias – Zero – é um dos compositores e integrantes do Lampião, a gente já morou junto lá em Tabuazeiro, de 1993 para 1994. Tocá vamos e fazíamos músicas juntos. A música ‘Josefina’ foi uma brincadeira que surgiu e eu fiz a letra, e o Trio Lampião fez um arranjo que ficou bacana.”
Tião também participou do Festival de Vila Velha, em 2007, e do Festival Vitória em Canto, em 2008, eventos para os quais criou composições misturando ritmos do samba com o Congo. Outra composição sua, o samba Segunda Pele, chegou até a fase eliminatória do Festival São Paulo Exposamba, em 2002. Ele mesmo foi o intérprete da canção durante a competição. “A música Segunda Pele é uma referência ao Júnior, quando era jogador do Flamengo e falava que a camisa do time era a ‘minha segunda pele’. Apresentei essa música para um amigo vascaíno em uma ocasião em que a gente estava no Bar do Raimundo, lá no Morro do Ala goano, e o Flamengo empatou. Lá, eu comecei a improvisar a música.”
Um advogado das causas ambientais e culturais
Quando chegou o momento de ingressar no curso universitário, Tião tinha o de sejo de cursar Engenharia Eletrônica para trabalhar com produção de som eletrô nico. Mas, com a falta dessa formação disponível em Vitória, ele escolheu cursar Direito, mesmo sem ter muitas expectativas com o curso. “Resolvi fazer Direito e passei, mas eu não via muitas perspectivas na área, porque tinha muita gente conservadora cursando na época. Eu não tinha muito estômago para aquilo.”
Em meio à falta de opções profissionais dentro do Direito que o atraíssem diante de sua afinidade com áreas mais progressistas, o Direito Ambiental sur giu como um possível campo de atuação, por volta de 1984, como uma opção inesperada e empolgante com a qual ele logo se identificou. “Foi muito bom. Cheguei nessa área ambiental depois, mas pelo menos foi uma salvação, por que pude trabalhar com as entidades de defesa do meio ambiente”, conta ele sobre suas primeiras experiências na área. A partir desse encontro, a luta pela preservação ambiental por meio da atuação jurídica tornou-se uma bandeira defendida por Tião até os dias atuais.
Com isso, a partir de 1988, Tião passou a atuar na gestão ambiental como chefe da Divisão de Meio Ambiente da Sub-Reitoria Comunitária da Ufes. Também foi assessor jurídico na Secretaria de Estado para Assuntos do Meio do Espírito Santo, de 1989 a 1994, e assessor técnico na Secretaria Municipal de Meio Am biente de Vitória, onde atuou de 1994 até 1995.
Buscando aperfeiçoamento nesse campo, Tião ingressou em 1991 no primeiro curso de pós-graduação em Direito Ambiental do país, oferecido pela Universi dade do Amazonas, em Manaus. “Fui o único da região Sudeste que foi pra lá. Na minha turma, tinha pessoas de Recife, Roraima, do Pará, entre promotores, juízes e advogados. O coordenador desse curso foi um professor fantástico, Ro berto Vieira. Em 1981, ele tinha criado de forma pioneira a primeira disciplina em Direito Ecológico. Em 1991, veio esse primeiro curso de pós-graduação. E depois, em 2001, criou o primeiro mestrado. Ele era tão visionário que queria formar pro motores e juízes, capacitá-los para poder enfrentar a questão ambiental.”
A partir dessa especialização, somada à atuação e aos debates que Tião já de senvolvia localmente, sua atuação foi potencializada para o enfrentamento, por meio de denúncias e ações jurídicas contra diversos danos ao meio ambiente causados por empresas e indústrias que exploram recursos naturais no Espírito Santo. Com isso, ele percorreu uma trajetória na luta ambiental pela defesa de reservas naturais e das comunidades tradicionais.
De 1995 a 1999, Tião atuou junto à Comissão de Meio Ambiente enquanto assessor legislativo na Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Em seguida, vivenciou experiências marcantes na área ambiental, tendo se dedicado a con sultorias e assessorias jurídicas no Governo Federal. Atuou na Secretaria de
Meio Ambiente da Presidência da República, como consultor ad hoc para ela boração da proposta de alteração do decreto que regulamenta a Lei de Agrotó xicos, e prestou assessoria jurídica no caso sobre a Contaminação por BHC na Baixada Santista, tal como lembra ele: “A gente fez reuniões com o Ministério Público do Estado de São Paulo e foi na Baixada Santista visitar uma grande área onde foram enterrados produtos químicos. Muitos desses locais foram ocupados depois, os alimentos plantados e colhidos ali eram muito contamina dos e podiam causar doenças graves. Fomos pegar amostras, gerar provas para criar as denúncias e as ações jurídicas contra as empresas responsáveis”.
Trabalho parecido com o que ele também realizou em 1999 enquanto assessor jurídico para o Setor de Toxicologia do Ministério da Saúde em ações integra das ao Ministério do Meio Ambiente. “Era justamente esse trabalho de avaliar os impactos do lixão na saúde para depois tentar fazer uma indenização, atra vés de uma ação civil pública, provando que aquilo era gerado por empresas. Era uma ação coletiva; uma decisão como essa alcança toda a sociedade.”
A partir dos anos 2000, a trajetória de Sebastião na gestão ambiental se intensi ficou com novas experiências como assessor jurídico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento de Vila Velha, cargo que ocupou de 2002 a 2003. Nessa gestão, contribuiu para a elaboração e implantação do decreto que gerou a construção do Parque Natural Municipal de Jacarenema. Trata-se de uma reser va ecológica que engloba o estuário do Rio Jucu, em Vila Velha, importante pa trimônio natural capixaba com uma vegetação diversa e extensa, entre mangues, restingas e áreas da Mata Atlântica. Em seguida, atuou como assessor técnico na Gerência Executiva do Ibama no Espírito Santo, de 2003 a 2006.
A experiência e o conhecimento de Tião nas questões ambientais também o le varam a alguns anos de ensino e docência. Foi professor de Direito Ambiental, de 1995 a 1998, na Escola de Estudos Superiores da Associação Espírito-San tense do Ministério Público. E também lecionou no Curso de Especialização em Gestão Ambiental como professor convidado de Direito Ambiental/Legis lação Estadual na Universidade de Vila Velha (UVV), de 2002 a 2006.
Para além da oportunidade de estar no Poder Legislativo, Executivo e Judi ciário, contribuindo para a fiscalização e gestão das políticas voltadas ao meio ambiente, Tião esteve envolvido com entidades da sociedade civil e com as comunidades tradicionais, debatendo e cobrando do poder público a garantia de direitos em questões ambientais diversas. Assim, foi representante do Con selho Estadual de Cultura no Conselho Estadual do Meio Ambiente do Espírito Santo, de 1990 a 1991 e de 1995 a 1997. Contribuiu para a fundação da Socie dade dos Amigos do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, tendo atuado como membro entre 1990 e 1993. Foi fundador e assessor jurídico do Instituto de Pesquisa e Estudos da Mata Atlântica, a partir de 1994. Em seguida, fundou e presidiu a Sociedade dos Amigos do Parque de Itaúnas. Seguindo o caminho de lutas ambientalistas, colaborou com outras diversas entidades ao longo do tem
po, tal como a Rede Alerta contra Desertos Verdes, que atua no enfrentamento aos impactos ambientais causados por grandes empresas, tais como produtoras de celulose e eucalipto. Assim, essas lutas combatem empreendimentos que ocupam grandes extensões de terras com a monocultura voltada para a expor tação, retirando a fertilidade do solo, ameaçando a produção agrícola, os recur sos naturais e o modo de vida de diversas comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas. “A Rede era formada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento dos Pequenos Agricultores, Conselho Indigenista, sin dicatos, comunidades indígenas e quilombolas. Juntávamos essa turma toda e fazíamos os planejamentos, seminários para discutir a questão das lutas, discu tir os impactos dos projetos e fazer ações, protestos e muitas lutas.”
Ao ter passado por diversas experiências ao longo dos anos, acompanhando de perto o processo de exploração e degradação da terra e das comunidades em torno dela, causado pelos interesses dos grandes empreendimentos, Tião carrega essa luta até os dias atuais, levando a defesa ambiental para todos os setores de sua vida. Além de mover suas atuações por essa causa no setor jurí dico e no poder público, sua crítica contra a “bomba-relógio ecológica” inspira e acompanha muitas de suas produções artísticas, audiovisuais, fotográficas e musicais. Ao longo dessa trajetória, ele permanece apontando as batalhas que existem pela frente no enfrentamento aos crimes ambientais. Com engajamen to social, permanece utilizando seus conhecimentos e suas experiências para uma fiscalização contínua desses problemas. “O poder econômico passa por cima mesmo. É justamente a bomba-relógio ecológica; precisa fazer mais usi nas? Para quê? Ocupam áreas quilombolas e indígenas para virar pastos de pro dutos destinados à exportação. É uma luta muito difícil. O poder econômico passa por cima mesmo. Estamos sempre lutando para conseguir barrar esses empreendimentos, há lutas que a gente ganha e outras que a gente não ganha.”
Outra participação relevante de Tião foi no Conselho Estadual de Cultura do Es pírito Santo (CEC), do qual ele foi membro por diversas vezes entre o final dos anos de 1980 e até bem recentemente, atuando principalmente na defesa do pa trimônio cultural e ecológico do estado e garantindo o tombamento de diversos monumentos naturais do território capixaba. Nessa instância de controle social das políticas públicas de cultura do estado, ele esteve lado a lado de importantes nomes da cena cultural capixaba, como o cineasta, crítico e jornalista Amylton de Almeida e o pesquisador de cultura popular Hermógenes da Fonseca. Du rante o biênio 1990-1991, ele foi presidente do CEC, ocasião em que assinou a resolução de Tombamento da Mata Atlântica e seus Ecossistemas Associados no Estado do Espírito Santo. Em 2019, como conselheiro titular, foi responsável por uma proposta de indicação para destinar 0,5% da receita líquida do estado para o Fundo Estadual de Cultura, com a previsão de realizar repasse de metade dessa verba para os fundos municipais de cultura. Parte dessa proposta foi recen temente implementada pelo governo do estado com a criação do Programa de Coinvestimentos da Cultura - Fundo a Fundo, medida importante para a estrutu ração e o fortalecimento do Sistema Estadual de Cultura.
AUDIOVISUAL
Plano de Expansão do Cinema Cultural do Espírito Santo / Federação de Cineclu bes do Espírito Santo com apoio da Embrafilme, Ufes e Departamento Estadual de Cultura / Coordenador e animador cultural (1982).
Periferia: Escola, Cinema e Comunidade / Projeto de formação e difusão audiovi sual realizado em escolas públicas de Vitória / Animador cultural (1983).
Produtor Muqui, Cidade Menina / Curta-Metragem / Direção de Cloves Mendes (1989).
To be Guarani / Curta-Metragem / Direção de Cloves Mendes (1989).
Corpus Christi – Castelo, 25 Anos/ Curta-Metragem / Direção de Cloves Mendes (1990)
Direção, roteiro e música original O Homem que Sonhava Fotografia / Curta-Metragem (2009).
Direção
Imprensados - A Luta pelo Território Quilombola do Sapê do Norte / Curta-Me tragem / filme com a codireção de Ariel Lacruz, Breno Vinicius Silva, Lígia Sancio e Vitor Hugo Simon (2013).
Júri
Jurado da 9ª e da 10ª Mostra Corsária do Festival de Cinema de Vitória, edições realizadas respectivamente nos anos de 2020 e 2021.
Mostra Orlando Bomfim Netto / Coordenador da mostra que resultou do Edital 007/2021 de produção audiovisual da Secretaria Municipal de Cultura de VitóriaLei Aldir Blanc / Centro Cultural Sesc Glória (2022).
FOTOGRAFIA / EXPOSIÇÕES
Folia de Reis / Casa de Cultura de Muqui - Secretaria Municipal de Cultura de Muqui -ES (outubro a novembro de 2007).
Folia de Reis e Congo / Como parte da Exposição da Comissão Espírito-Santense de Folclore “Arte e Artesanato em Terras do Espírito Santo” - Centro Cultural MajesticVitória-ES (dezembro de 2007 a janeiro de 2008).
Congo, Folia de Reis e Luzes / Casa Aberta - Vitória-ES (agosto de 2010).
Casario da Vila de Itaúnas na Década de 80 - Século XX / Exposição com fotos pró prias e da arquiteta Vera Lúcia Tamara Ribeiro / Assembleia Legislativa do Espírito Santo - Vitória-ES (janeiro de 2012).
LITERATURA / PUBLICAÇÕES
Autor
Ardorarte / Poesias / Massao Ohno - Nemar Editora (1991).
Casas de Muqui / Fotografias / Lei Rubem Braga - Prefeitura Municipal de Vitória (1998)
Belezas Naturais do Espírito Santo / Textos e fotografias / Lei Rubem Braga - Pre feitura Municipal de Vitória (2001).
Patrimônio Cultural e Licenciamento Ambiental / Capítulo do livro Espírito Santo: Um Painel da Nossa História II, sob a coordenação de Gabriel Bittencourt - Edição do Governo do Estado Espírito Santo, Biblioteca Estadual e Instituto Sincades (2011)
Fraudes e Ilegalidades / Capítulo do livro Aracruz Credo – 40 Anos de Violações e Resistência no ES organizado por Helder Gomes e Winnie Overbeek / Rede Alerta con tra o Deserto Verde e Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais (2011).
Queda Livre / Poesias / Lei Chico Prego - Prefeitura da Serra (2013).
O Tombamento e a Declaração como Reserva da Biosfera, como Instrumento de Proteção da Mata Atlântica / Monografia apresentada para conclusão do Curso de Pós-Graduação em Direito Ambiental na Universidade Federal do Amazonas (1991).
O Sonho Kyneklubysta / Artigo publicado na Revista TendaLab (2021).
Produtor
Postais de Nelma Guimarães 1981 - 2002 / Lei Rubem Braga de Vitória - Gráfica A1 (2003).
MÚSICA
Magia do Vermelho e Branco / Letra de música composta em parceria com Tob Gil e César Rebechi / CD Tambores de Congo da banda América 4 (1998).
Forró do Lampião e Josefina / Músicas integrantes do CD Forró de Itaúnas do grupo Trio Lampião (1999).
Pagode do Bebum / Música concorrente no Festival de Música de Vila Velha (2007).
Vitória Poema Insular / Música concorrente no Festival Vitória em Canto (2008).
Segunda Pele / Música concorrente na São Paulo ExpoSamba - São Paulo-SP (2012).
Lilás / Música interpretada pela cantora Andrea Ramos, com arranjo e instrumentos executados por Marcelo Ribeiro que faz parte da trilha sonora do filme O Homem que Sonhava Fotografia (2009).
Segunda Pele / Videoclipe da música homônima com a direção de Cloves Mendes (2019).
Festival #Fico em Casa ES / Participação solo musical (2020).
ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL, ORGANIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS E CONSELHOS REPRESENTATIVOS
Movimento Cineclubista Cineclube Universitário / membro (1979-1983).
Federação de Cineclubes do Espírito Santo / Fundador e 1° presidente (1981-1982).
Conselho Nacional de Cineclubes / Diretor de publicações (1982-1984) e segundo tesoureiro (2004-2006).
Associação Casa da Cultura Capixaba / Fundador (1982) e tesoureiro (1983-1984).
OCCA – Organização dos Cineclubes Capixabas / Tesoureiro (2020-2022).
Conselho Estadual de Cultura do Espírito Santo
- Representante das Entidades Ambientalistas / Conselheiro titular da Câmara de Patrimônio Natural (1989-1991 e 1995-1997);
- Presidente do Conselho (1990-1991);
- Colaborador na Câmara de Patrimônio Natural (1998-1999);
- Conselheiro suplente da Câmara de Patrimônio Natural e Ecológico (2008-2012 e 2015-2017);
- Conselheiro titular (2017-2019).
Conselho Consultivo da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura do Con gresso Nacional
- Coordenador local da Audiência Pública da Frente Parlamentar com o tema “Políti cas Públicas para a Cultura” (2011);
- Suplente na área de literatura (2011-2013).
Conselho Estadual do Meio Ambiente do Espírito Santo (Consema)
- Representante do Conselho Estadual de Cultura do Espírito Santo no Consema (1990-1991 e 1995-1997);
- Suplente do Gerente Executivo do IBAMA/ES (2004-2006);
- Representante da Comissão Espírito-Santense de Folclore (2007-2009, 2009-2011 e 2011-2013).
Conselho Municipal de Política Cultural de Vitória
Conselheiro representante da Secretaria Municipal de Cultura de Vitória (2012);
- Vice-presidente (2015-2017 e 2021-2023);
- Presidente (2019-2021).
Outras Entidades
Sociedade dos Amigos do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão / Fundador (1997), membro do Conselho Deliberativo (1990 a 1991) e membro do Conselho Fis cal (1991 a 1993).
Instituto de Pesquisa e Estudos da Mata Atlântica / Fundador (1993) e assessor jurídico (a partir de 1994).
Sociedade dos Amigos do Parque de Itaúnas / Fundador e primeiro presidente (1997-1999).
Associação Brasileira de Curtas-Metragistas e Documentaristas do Espírito San to / Membro.
Comissão Espírito-Santense de Folclore / Membro colaborador (2007).
Instituto Orca / Colaborador e assessor jurídico (1990).
Voz da Natureza / Colaborador (2013).
Centro Cultural Claudino de Jesus / Fundador (2022).
Outras organizações
Conselho Penitenciário Estadual do Espírito Santo / Auxiliar de chefia (19861988).
Universidade Federal do Espírito Santo / Chefe da Divisão de Meio Ambiente da Sub-Reitora Comunitária (1988).
Secretaria de Estado para Assuntos do Meio do Espírito Santo / Assessor jurídico e chefe do Setor de Fiscalização (1989-1994).
Prefeitura Municipal de Vitória
- Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória / Assessor técnico (1994-1995);
- Secretaria Municipal de Cultura de Vitória / analista em Gestão Cultural (2012 aos dias atuais).
Escola de Estudos Superiores da Associação Espírito-Santense do Ministério Pú blico / Professor de Direito Ambiental (1995-1998).
Assembleia Legislativa do Espírito Santo
- Comissão de Meio Ambiente / Assessor legislativo junto ao gabinete do deputado Nasser Youssef com atuação (1995-1999) e consultor na Comissão Parlamentar de Inquérito da Concessão da Rodovia do Sol - 3ª Ponte (2003);
- Comissão de Cultura e Comunicação Social da Assembleia Legislativa / Assessor sê nior da Supervisão da Comissão de Cultura e Comunicação Social (2007-2012).
Universidade de Vila Velha (UVV) / Professor convidado de Direito Ambiental/Le gislação Estadual no Curso de Especialização em Gestão Ambiental (2002-2006).
Prefeitura Municipal de Vila Velha / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sa neamento de Vila Velha / Assessor jurídico (2002-2003).
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Iba ma) / Gerência Executiva no Espírito Santo / Assessor técnico (2003-2006).
Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da República / Consultor ad hoc para elaboração de proposta de alteração do Dec. 98.816 de 11/01/90 (que regula menta a Lei de Agrotóxicos) e assessoria jurídica no Caso da Contaminação por BHC na Baixada Santista (1990).
Ministério da Saúde / Setor de Toxicologia / Assessor jurídico como consultor ad hoc para revisão da proposta de alteração do regulamento da Lei de Agrotóxicos (1999).
CADERNO DO FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA HOMENAGEADO CAPIXABA / 12ª Edição
Projeto Editorial - Lucia Caus e Paulo Gois Bastos Edição - Paulo Gois Bastos
Reportagem - Leonardo Vais e Paulo Gois Bastos Redação - Laís Rocio e Leonardo Vais
Projeto Gráfico - Paulo Prot
Diagramação - Gustavo Binda
Revisão de Texto - Patrícia Galleto
Fotos - Capa: Fotografias de Thais Gobbo / Acervo BCA-Galpão Produções (2022).
Verso da capa: Felipe Amarelo / Acervo Molaa - Hub Criativo (2013).
Folha de Rosto: Thais Gobbo / Acervo IBCA-Galpão Produções (2022).
Especificações Gráficas
Tipografia - Gandhi Serif (opensource)
Papéis - Offset 180 g/m² para miolo e Supreme 250g/m² para a capa Impresso em Vitória|ES
O Caderno do Festival de Cinema de Vitória - Homenageado Capixaba é uma publicação do 29º Festival de Cinema de Vitória, evento realizado de 19 a 24 de setembro de 2022 em Vitória-ES. O Festival é uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte.
Nosso endereço e contatos: Rua Professora Maria Candida da Silva, nº 115-ABairro República - Vitória/ES, CEP 29.070-210 Tel: +55 27 3327 2751 / producaofcv@ibcavix.org.br www.festivaldecinemadevitoria.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Rocio, Laís Caderno do Festival de Cinema de Vitória : Tião Xará / Laís Rocio, Leonardo Vais da Silva. -- 12. ed. -- Vitória, ES : Galpão Produções Artísticas e Culturais, 2022. -- (Caderno do Festival de Cinema de Vitória - Homenageado Nacional ; 22)
ISBN 978-65-992666-5-2
1. Cinema - Festivais 2. Documentário (Cinema) 3. Festivais de cinema - Brasil 4. Festivais de cinema - Vitória (ES) 5. Festival Nacional de Cinema I. Silva, Leonardo Vais da. II. Título III. Série.
20-49278 CDD-791.4309
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129