Editoria de Tecnologia - Correio Braziliense [ Vitor Sales ]

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Tecnologia Inovação

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12 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 4 de julho de 2016

Professor da Unicamp traduz ferramenta americana muito utilizada no ensino de programação. Objetivo é estimular a adoção da plataforma nas escolas de ensino básico brasileiras

Fábrica de aplicativos desenvolvimento de aplicativos e programas de computador ainda é visto por muita gente como uma atividade complexa, que apenas técnicos extremamente especializados podem realizar. Porém, iniciativas que buscam deixar a programação mais simples surgem para impulsionar novos projetos na área e ampliar o número de pessoas que se arriscam a inovar no mundo da informática. Uma das ferramentas fundamentais a esse processo é o MIT App Inventor, plataforma criada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts que, agora, se torna ainda mais acessível aos brasileiros, graças à sua tradução completa para o português pelo professor EduardoValle, da Universidade Estatual de Campinas (Unicamp), em São Paulo. O programa de criar aplicativos funciona como uma linha de montagem, na qual diferentes módulos devem ser preenchidos pelo usuário. Depois de completadas todas essas etapas, o aplicativo está pronto para rodar em qualquer sistema Android. Segundo o desenvolvedor de softwares João Paulo Apolinário,

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Nós estamos desenvolvendo uma matriz de ação em que ficarão claras todas as necessidades que uma escola precisa atender para pôr em prática o ensino de programação. Nela, estarão expressos os conteúdos e as formas pedagógicas adequadas para passar o conhecimento para os alunos” Eduardo Valle, pesquisador da Unicamp

tudo é muito intuitivo, e o usuário ainda conta com diversos vídeos no YouTube que ensinam como utilizar a plataforma do MIT. “Há módulos pré-prontos que você pode alocar da forma que quiser. Você também pode criar seus próprios módulos ou usar alguns dos criados por outros usuários, pois ela também é colaborativa. Com tutoriais básicos, qualquer um pode sair fazendo”, garante o especialista. Devido à sua simplicidade, o App Inventor é muito utilizado em aulas de ensino fundamental e médio, principalmente nos Estados Unidos. “Ele é usado principalmente para ensinar as bases da lógica e da programação para os estudantes criarem aplicativos mesmo sem trabalhar com

Tornar o uso do programa mais acessível aos estudantes brasileiros do ensino básico foi a principal motivação de Eduardo Valle para criar uma versão em português. Tudo começou com um projeto desenvolvido pela Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) e pelo Instituto de Computação (IC) da Unicamp para despertar o interesse das meninas pela programação. “Nós levávamos para as

escolas públicas aulas de programação. E usávamos o App inventor para ensinar essas crianças”, conta o professor. A iniciativa claramente despertava o interesse das alunas, mas o fato de a plataforma ser em inglês intimidava algumas delas. Foi quando surgiu a ideia da tradução. Durante o recesso iniciado no fim do ano passado, Valle contatou o MIT, que aprovou a ideia. “Em uma semana eu traduzi o programa. Parece algo simples, mas faz muita diferença para o aprendizado das pessoas”, completa. Com a ferramenta adaptada para o português, os professores e alunos de iniciação científica envolvidos já sonham mais alto e planejam ampliar o projeto para outras escolas do país. Para isso,

Srinivasan explica: “Nós estudamos como pequenas aves e abelhas usam sua visão para evitar a colisão com obstáculos, voar seguramente por passagens estreitas e controlar sua distância em relação ao chão, além de outras ações. Depois, nós usamos princípios biologicamente inspirados para projetar novos sistemas de visão e algoritmos para a orientação dos Vants”. À primeira vista, insetos e pássaros têm cérebros muito diferentes em termos de tamanho e arquitetura. Mas o processamento

visual nos dois tipos de animais é muito eficaz para orientar seus voos. “O cérebro de abelhas pesa um décimo de miligrama e contém muito menos neurônios que o nosso, porém os insetos são capazes de navegar com precisão até fontes de alimentos a mais de 10km de distância da colmeia”, diz Srinivasan, em um comunicado à imprensa. “Pássaros podem realizar acrobacias e façanhas de navegação incríveis. Esses animais estão usando estratégias simples e elegantes, afinadas por milhares de anos de evolução.”

códigos efetivamente. Ele permite que você use o conceito sem necessariamente passar pela curva de aprendizado ou pelos pormenores da programação”, explica Apolinário.

Barreira superada

querem criar o que batizaram de Mapa da Revolução. “Nós estamos desenvolvendo uma matriz de ação em que ficarão claras todas as necessidades que uma escola precisa atender para pôr em prática o ensino de programação. Nela, estarão expressas os conteúdos e as formas pedagógicas adequadas para passar o conhecimento para os alunos”, explicaValle.

Ampliação Nada impedirá, portanto, que a iniciativa ultrapasse as fronteiras de Campinas nem precise se restringir às meninas, públicoalvo da primeira fase do projeto. Na avaliação do professor, o Brasil ainda precisa caminhar muito

no ensino da computação, mas pode avançar mesmo com a falta de recursos. “A escola pública mais pobre nos Estados Unidos tem mais recursos que uma escola pública brasileira comum, mas esse não é obstáculo intransponível. Nossa ideia é propor uma melhor utilização dos recursos disponíveis. Alguns exemplos disso seriam a utilização de um computador por até três alunos e a recuperação de máquinas doadas”, diz Valle, citando alguns exemplos das diretrizes que estão sendo elaboradas na Unicamp. Outro ponto destacado por ele é a carência de profissionais ou pessoas interessadas em transmitir esse conhecimento aos alunos. “Não é necessário que esse conteúdo seja dado por um especialista em computação. Qualquer professor da escola ou da comunidade poderá dar aulas de programação, pois a nossa intenção é simplificar ao máximo o aprendizado e a pedagogia necessárias”, explica. “Não queremos que a computação se torne um monstro temido como outras matérias da área de exatas. Queremos que ela sirva como meio de desenvolver a criatividade e a expressão.”

INOVAÇÃO

No futuro, os veículos aéreos não tripulados ( Vants), também chamados de drones, serão capazes de coordenar visualmente seu voo e navegação exatamente como pássaros e insetos fazem, sem necessitar de intervenção humana, radar ou mesmo navegação por GPS.

Para tornar o cenário realidade, um grupo de pesquisa da Universidade de Queensland, na Austrália, busca identificar técnicas de voo compartilhadas por periquitos e abelhas e aplicar os achados em programas de controle de Vants. Líder do estudo, Mandyam

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Drones autônomos inspirados na natureza

Acuidade visual O time escolheu comparar o voo de abelhas e periquitos especificamente porque esses animais são relativamente fáceis de estudar, esclarece o cientista. “Eles são espertos, podem ser facilmente treinados e possuem sistemas visuais sofisticados que não são tão diferentes dos nossos”, diz. A comparação do comportamento de voo desses animais usando câmeras de alta velocidade levará a sistemas de orientação de drones melhores, garante

Srinivasan. “Os princípios inspirados na natureza que desenvolvemos vai possibilitar nova geração de Vants totalmente autônomos, que não dependerão de ajuda externa, como GPS ou radar. Esses drones poderiam ser úteis em aplicações como vigilância, operações de resgate e defesa.” Sobre outros benefícios que podem surgir da pesquisa, o autor diz: “A observação do comportamento desses animais pode revelar princípios básicos da orientação visual em diversos organismos, incluindo humanos”.


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