Revista VIVA! Dezembro

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editorial JOSÉ ALBERTO MAGALHÃES

Agustina O Porto não pode, não deve esquecer aqueles que no seu seio se ergueram do comum dos mortais e criaram obras eternas que orgulharam, dignificaram e engrandeceram a cidade. Agustina Bessa Luís é um desses casos. Retirada da cena pública, há alguns anos, por questões graves de saúde, a imortal autora de Fanny Owen e Sibila, entre muitas dezenas de grandes obras, já deveria ter sido distinguida pela cidade onde escolheu ficar ainda muito nova, apesar de ter nascido, em 1922, em Vila Meã, Amarante. Descendente de uma família de raízes rurais de Entre Douro e Minho e de uma família espanhola de Zamora, por parte da mãe, Agustina passou a infância e adolescência nesta região, cuja ambiência marcará fortemente a obra da escritora. Depois fixou-se no Porto onde reside há cerca de 70 anos. Estreou-se como romancista, em 1948, com a novela “Mundo Fechado” mas foi com Sibila, em 1954, que Agustina Bessa Luís se impôs como uma das vozes mais importantes da ficção portuguesa contemporânea. Vários dos seus romances foram já adaptados ao cinema por Manoel de Oliveira, casos de Fanny Owen (Francisca), Vale Abraão e as Terras do Risco (O convento). Membro da Academia Europeia de Ciências, Artes e Letras (Paris), Academia Brasileira de Letras e Academia de Ciências de Lisboa, Agustina recebeu, em 2004, aos 81 anos, o mais importante prémio literário de língua portuguesa, o Prémio Camões. Traduzida em alemão, castelhano, dinamarquês, francês, grego, romeno e italiano recebeu, ao longo da vida, além do Prémio Camões 2004, outras 14 distinções nacionais e internacionais. Entre estas, destaque para o Prémio Eça de Queirós (1954) por A Sibila, Prémio Nacional de Novelística (1967), pelo livro Homens e Mulheres, Prémio Adelaide Ristori, pelo Centro Cultural Italiano, em Roma (1975), Prémio do Pen Club Português de ficção (1980), por O Mosteiro, Prémio D. Dinis da Casa de Mateus (1980), também por O Mosteiro, Prémio da Cidade do Porto (1982), Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (1983), pelo livro Os Meninos de Ouro, Prémio da Crítica, do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários (1993), por Ordens Menores e Prémio União Latina, em Itália (1997), por um Cão que Sonha. Foi distinguida com a Ordem de Sant’Íago e Espada, pelo estado português em 1980, a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988, e o grau de oficial da Ordem das Artes e das Letras, pelo governo francês, em 1989. É por isso de elementar justiça que a cidade que a acolheu, e onde dirigiu o jornal Primeiro de Janeiro e criou uma obra de altíssima qualidade, lhe atribua a sua maior distinção, a medalha de ouro. De preferência, enquanto Agustina Bessa Luís permanecer entre nós... 3


sumário Editorial ............................................................................................... 3 Protagonista: Maria da Fé .................................................................. 6 Propriedade de: ADVICE – Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede da redação: Rua do Almada, 152 - 2.º – 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel.: 22 339 47 50 – Fax: 22 339 47 54 adviceporto@mail.telepac.pt adviceredaccao@mail.telepac.pt www.viva-porto.pt

Moda: Sugestões Reveillon .............................................................. 12 Reportagem: Solidariedade .............................................................. 16 Publireportagem: Hiper janelas ....................................................... 22 Ciência: Jogadas de inteligência artificial ........................................ 26 Música: Curt’&’Grosso ..................................................................... 30 Lazer: Jardim Zoológico da Maia ...................................................... 34 Figura: Hélio Loureiro ....................................................................... 38

Diretor Eduardo Pinto

Guimarães: 2012 Capital Europeia da Cultura ................................ 42 Televisão: Porto Canal ...................................................................... 48

Editor José Alberto Magalhães Redação Marta Almeida Carvalho Mariana Albuquerque

Momentos: ...................................................................................... 52 Memórias: Mercado do Bolhão ......................................................... 60 Decoração: CIN .............................................................................. 62

Música

Galiza: Turismo de sensações .......................................................... 64

Curt’&’Grosso

Desporto: Formação FCP ................................................................. 70 PF News: .......................................................................................... 74 Águas do Porto: Boas práticas reconhecidas a nível europeu ..... 76 Um dia com...: Metro do Porto ......................................................... 78

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Reportagem

Fotografia Virgínia Ferreira Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto Célia Teixeira Produção Gráfica Ricardo Nogueira

Solidariedade

Portofólio: ........................................................................................ 82

Pré-impressão Xis e Érre, Estúdio Gráfico, Lda.

Atualidade: ....................................................................................... 84 Através dos tempos: Pontes do Porto ............................................. 88

Impressão, Multiponto Acabamentos Rafael, Valente e Embalagem & Mota, S.A. R. D. João IV, 691-700 4000-299 Porto

Autarquias Porto: Desenvolvimento sustentado .............................................. 92

Distribuição Mediapost

Matosinhos: Tempo de viver Matosinhos ...................................... 96 Gaia: 70 milhões para investir no centro histórico ..................... 102

Tiragem 140.000 global exemplares

Área Metropolitana do Porto: 100 mil árvores ............................ 106

Revista trimestral gratuita

Sugestões Culturais: ..................................................................... 110

Registado no ICS com o n.º 124969 Membro da APCT

Freguesias

Lazer

Campanhã: Centro de saúde em «stand by» .................................. 112

Jardim Zoológico da Maia

Lordelo do Ouro: Pela defesa do ambiente ..................................... 114

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Depósito Legal n.º 250158/06 Direitos reservados

Nevogilde: Os «Pesquinheiros do Molhe» ....................................... 116 Paranhos: Dois anos de mandato com “balanço positivo” ............. 118 Passatempos. ................................................................................. 120 Crónica: Um desígnio para a cidade ............................................... 122 4

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Ciência Jogadas de Inteligência Artificial 5


protagonista

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Maria da Fé

Maria da Fé é uma fadista de renome internacional que imortalizou temas como «Cantarei até que a voz me doa» ou «Vento do Norte». Nasceu no Porto, cidade de onde destaca as pessoas e a capacidade de trabalho. Já celebrou 50 anos de carreira e conta com diversas homenagens de grande envergadura nomeadamente a Medalha do Mérito Cultural ou as medalhas de ouro das cidades de Porto e de Lisboa.

“Até que a voz me doa” 6

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Jorge Calçada /Ricardo Nogueira

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protagonista “São pessoas verdadeiras, com um carisma muito próprio”, garante. Os símbolos que destaca são a Torre dos Clérigos e a Igreja da Trindade, numa cidade que está muito mais “moderna e cosmopolita” do que era nos seus tempos de menina. A morar em Lisboa desde os 18 anos, altura em que rumou à capital para ter um acesso mais alargado às oportunidades profissionais, não vem ao Porto tantas vezes quantas gostaria e, quando isso acontece é, geralmente, em trabalho. “Ainda tenho cá os meus irmão e outros familiares”, diz. As tripas à moda do Porto e as papas de sarrabulho são rituais que não dispensa quando está no Porto. “É pena que as nossas tripas não tivessem sido eleitas como uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa”, lamenta, garantindo que aqui são cozinhadas “como em nenhum outro local do país”. Destino: fado

Maria da Conceição Costa Gordo, nasceu no Porto a 25 de maio de 1945, na freguesia de Massarelos. Da infância na cidade guarda, principalmente, memórias dos tempos de escola, onde frequentou a da Ordem da Trindade. “Os professores, não sei porque motivo, gostavam muito de mim”, diz, salientando que as suas lembranças mais antigas estão diretamente ligadas à cidade do Porto. “Era a cidade onde vivia com os meus pais e os meus irmãos. Sempre gostei do Porto e continuo a gostar”. Já envolvida no espírito natalício, Maria da Fé recorda os natais da sua infância e a “reunião da família, sempre com o bacalhau e as rabanadas”. “Com o pouco que tínhamos, fazíamos muito. Havia amor e carinho”, garante. Para a fadista, o melhor do Porto são os habitantes. 8

Prometeu cantar “até que a voz lhe doa” e esta é uma “promessa” para cumprir. “Acaba por não ser uma promessa mas antes uma certeza. Cantarei enquanto gostar de me ouvir. Sou muito perfecionista e exigente comigo mesma”, assegura. A aventura no mundo da música era um sonho que tinha desde a infância. “Comecei a cantar na escola. Os meus pais gostavam muito que o fizesse. Cantava em concursos que tinham lugar no Palácio de Cristal organizados pelo Domingos Parker e pelo Jornal de Noticias”, conta a artista, que adotou o nome artístico por se considerar uma mulher de fé. “Já havia uma artista com o nome de Maria da Conceição e na altura não podia haver dois artistas com o mesmo nome. Penso que como mulher de fé que sou, era este nome que melhor me distinguia”, diz. Começou a sua carreira com nove anos de idade, altura em que venceu alguns dos concursos em que participou. Foi aí que consolidou a certeza quanto à sua carreira musical, que se foi tornando numa “realidade cada vez mais presente com o passar dos anos”. Apesar de ter cantado outros estilos, o fado é o que mais gosta e onde se sente “mais verdadeira”. Aos 18 anos mudou-se para Lisboa porque era lá que estavam praticamente todas as oportunidades a nível profissional, tendo sido, quase de imediato, contratada para cantar em diversas casas de fado e no Casino do Estoril.

O seu primeiro disco é de 1959 e a partir de então nunca mais parou de cantar. Temas como «Valeu a Pena», «Fado Errado», «Vento do Norte», «20 Anos», «Cantarei Até Que a Voz Me Doa», «Divino Fado», «Portugal Meu Amor» ou «Senhora do Tejo» são, entre outros, os seus grandes sucessos. Questionada sobre qual a canção que mais gostou de interpretar, a fadista não especificou nenhum tema, garantindo que só canta aquilo de que gosta e sente. Em 1963 lançou uma experimentação musical – o pop-fado – que teve algumas criticas dos mais tradicionalistas. “O pop-fado foi uma experiência em que, além da guitarra portuguesa, havia a guitarra eléctrica e a bateria do José Duarte (um grande nome do jazz em Portugal) e onde o ritmo era diferente do tradicional. A projeção foi enorme, nomeadamente na comunicação social, e só me trouxe notoriedade”, recorda. Em 1968 casou com o poeta José Luís Gordo, seu atual marido, que a tinha como uma “musa”. “O meu marido é o meu maior crítico. É uma pessoa muito sensível, um poeta. Ele é também uma fonte de inspiração para mim. Tenho a certeza que continuo a ser a sua musa de sempre”, garante, salientando que a maior parte dos poemas que canta são da autoria do marido.

50 anos de carreira no fado Maria da Fé, uma admiradora de Amália Rodrigues, foi a primeira fadista a participar num Festival RTP da Canção, em 1969, com o tema «Vento do Norte». “É 9


maria da fé

protagonista uma canção com um significado muito forte e que agradou bastante ao público”, diz, salientando a importância que esta participação trouxe à sua carreira. Importante também foi a participação num filme protagonizado pelo ator americano Robert Wagner, onde interpretou dois dos seus maiores sucessos - «Cantarei Até Que a Voz Me Doa» e «Portugal, Meu Amor». “O filme foi visto a nível mundial, por isso muitas pessoas, de uma maneira ou de outra, ficaram a conhecer-me”, refere. Em 1975 inaugurou o restaurante “Sr. Vinho”, na velha tradição das casas de fado e que se tornou num dos mais importantes espaços culturais da cidade. Na década de 1980, Maria da Fé tornou-se numa das poucas artistas portuguesas a levar o fado até ao Brasil, tendo atuado nas principais casas de espetáculo do Rio de Janeiro e de São Paulo, e sido homenageada pelo prestigiado cantor e compositor Caetano Veloso, no seu álbum «Língua Portuguesa». “Uma homenagem feita pelo próprio é uma grande honra. É uma pessoa pela qual nutro grande estima e amizade. Tive a alegria de cantar no Canecão, no Rio de Janeiro e no Palace de São Paulo e em muitas outras cidades”. A atribuição da Medalha do Mérito Cultural, como reconhecimento por uma carreira de mais de quarenta anos, e de outras condecorações importantes como a Cruz de Mérito da Cruz Vermelha Portuguesa e a Medalha de Ouro da cidade de Lisboa foram de extrema importância mas a que lhe deu mais orgu-

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lho foi receber a Medalha de Ouro da cidade do Porto. “Não desvalorizando as outras medalhas, como a de Ouro da cidade de Lisboa, aquando da comemoração dos meus 50 anos de carreira, a do Porto tem um significado especial”, garante. Maria da Fé foi, ainda, distinguida com o Prémio para a Melhor Intérprete Feminina de 2006 pela Fundação Amália Rodrigues, que, diz “tem um sabor a fado”. Em 2009 celebrou 50 anos de carreira com dois espetáculos nos Coliseus de Lisboa e Porto. Para além da atividade profissional, a artista é uma apreciadora de cinema e teatro, tendo como principais interesses “as causas humanitárias, sobretudo com crianças. “Têm todo o meu apoio”, garante. Maria da Fé considera que foi uma «mãe-galinha» e que se tornou ainda mais «galinha» depois do nascimento das duas netas. “A partir do momento que fui avó, tornei-me muito mais sensível aos problemas das crianças”, conta, salientando que problemas como o abandono e a solidão dos idosos também a sensibilizam. Q 11


júlio torcato e anabela baldaque

moda A pouco tempo do início de mais um novo ano, a Viva desafiou dois conhecidos estilistas – Júlio Torcato e Anabela Baldaque –a apresentarem algumas soluções adequadas à ocasião.

Com gostos atrevidos, confortáveis ou requintados, regra geral, todos gostam de celebrar o entusiasmo dos primeiros minutos do novo ano com um look elaborado com mais cuidado. Para o conhecido estilista Júlio Torcato, esta é uma boa ocasião para esquecer um pouco as derrotas passadas e acreditar em melhores momentos futuros. “Eu acredito nisso, aliás, o tema da minha coleção no Portugal Fashion foi exatamente esse otimismo, o ser feliz”, contou. Normalmente, quase todas as marcas e designers de moda apresentam mini coleções com propostas adequadas ao fim de ano. Apesar da crise, Júlio Torcato defende que este ano não será exceção. “Nas marcas que desenho tenho sempre algumas peças mais vocacionadas para essa ocasião. São sofisticadas, de festa, mais formais, escuras e requintadas. Os fatos escuros e as camisolas estreitas estão no topo das escolhas do estilista. Vestir diferentes estilos de vida masculinos Se há alguns anos a idade era um fator intimamente ligado à moda, hoje, o estilo de vida ado-

Texto: Mariana Albuquerque

Otimismo de Ano Novo 12

tado pelas pessoas é um dos aspetos prioritários no momento de criar. “Antes falava-se muito em idade, agora fala-se em ‘life style’. No ato da criação, imaginamos uma pessoa com uma profissão es-

pecífica, que vive num determinado local e que gosta de determinadas coisas”, descreveu Torcato. Deste modo, no exercício de construção de looks adequados à passagem de ano, o designer de moda imaginou três homens distintos: um irreverente, um mais formal e outro que tenha decidido começar 2012 fora do país. “Diria que para um homem mais urbano, irreverente, que goste de afirmar a sua individualidade, sugiro um blaser escuro de trespasse, que está muito indicado, preto ou com riscas, e uma gola alta fininha e colorida – de um vermelho, verde ou roxo escuros”, afirmou, propondo a utilização de uns jeans ultra skin, também muito escuros, para acompanhar. “A chamada calça de ganga é um item de moda e as lavagens estão a desaparecer”, notou. Se, eventualmente, a pessoa não gostar da gola alta, também poderá utilizar “uma camisa escura, uma gravata muito fina e um chapéu”. Para um homem formal, Júlio Torcato indica a escolha de um fato ou smoking, dependendo do grau de exigência do local onde irá estar. “Um fato escuro ou um smoking, que pode também ser de trespasse, e aí, uma camisa branca e uma gravata. Se 13


júlio torcato e anabela baldaque

moda “Quase toda a gente tem um fato escuro e uma camisa branca. Neste caso, o único investimento seria num laço, que pode ser preto ou bordô”, destacou, salientando tratar-se de uma peça bastante acessível que contribui para um look elegante. “Se quiser ir mais longe, poderá aplicar também uma faixa de smoking em cetim, que também se encontra facilmente nas lojas a preços acessíveis”, apontou. Conforto e requinte no feminino

Proposta de Anabela Baldaque para uma passagem de ano sofisticada (Moda Lisboa)

for uma situação mais formal ainda, será adequada uma camisa de smoking com um laço. Aqui aconselha-se também a utilização de uma faixa de smoking”, ilustrou o estilista. Por fim, se o hipotético cliente optar por um fim de ano no Brasil, por exemplo, é imperativo vestir “branco total”. Look ‘troika’ A pensar nos portugueses que, em tempo de crise, preferem não fazer grandes investimentos nos modelos de passagem de ano, o criador imaginou uma aparência conseguida através de uma pequena reciclagem do que já existe no armário. 14

Apesar de notar que as senhoras pedem cada vez menos peças de roupa especiais para a passagem de ano, Anabela Baldaque considera que um dos aspetos mais importantes é a escolha de uma aparência adequada à própria pessoa. Ainda assim, defende, é necessário ter cuidado com determinados aspetos. “As maiores falhas estão na conjugação dos vários elementos: corpo, vestido, sapatos, maquiagem e cabelo. Às vezes, só o cabelo estraga tudo”, salientou, mencionando que “é o todo que faz o bem estar das pessoas”. Assim, para uma passagem de ano em casa, a estilista portuense sugere, por exemplo, um top de brilho conjugado com umas calças de ganga. “Uma parte de cima festiva e alegre, mas com uma componente jovial e bem disposta”, descreveu, acrescentando que outra escolha interessante seria a de um camisolão de lá, “num estilo mais confortável e aconchegante”. Se, por outro lado, a ocasião for celebrada num hotel, aconselha-se a utilização de sedas, vestidos compridos e lamês, para looks “muitos femininos e mais elaborados”. Nesta situação, mais associada à faixa etária dos 45 aos 50 anos, Anabela Baldaque propõe a utilização de azul marinho. As malhas de seda, os veludos, rendas e estampados bem feitos são outras opções mencionadas pela criadora de moda. O preto, por ser uma “solução fácil”, só seria usado em última instância. “Na passagem de ano, só utilizaria o preto no caso de se tratar de uma pele muito clara, um cabelo loiro e uns olhos muito azuis”, afirmou, revelando que prefere desafios mais arrojados, que envolvam a busca do tecido e da cor certos para cada pessoa. Q 15


solidariedade

reportagem Texto: Mariana Albuquerque/ Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

Ajuda transversal 16

Entre emails reveladores de histórias de vida e pedidos diretos de ajuda, os dias nas instituições de solidariedade são passados a tentar encontrar soluções que permitam estender os apoios a mais pessoas e famílias. E se, em períodos de crise, a dificuldade é grande, maior terá de ser a persistência dos que recusam ficar de braços cruzados a encarar a pobreza. Com apenas seis anos, André já é um motivo de orgulho para o pai, que exibe, com satisfação, os conhecimentos de inglês do pequeno rebelde. Em altas correrias por entre os pratos de sopa distribuídos pela equipa da Legião da Boa Vontade (LBV), o miúdo debita pequenas frases que culminam num longo sorriso. “My name is André! I’m six years old! [O meu nome é André. Tenho seis anos]”, diz, quase em tom cantado, iniciando uma nova corrida nas traseiras da Loja do Cidadão das Antas, no Porto. “É um miúdo muito inteligente, mas foi abandonado pela mãe”, contou Francisco, pai de André, confessando que andar com o filho pela rua é o que mais lhe custa na vida. Um dos voluntários presentes, que já integra a “Ronda da Caridade” há nove anos, conhece bem André e sabe que “o lingrinhas quer é brinquedos”. “Já estamos habituados, mas quando encontramos crianças na rua mexe sempre mais connosco”, confessou o «senhor Cruz», tal como é conhecido entre voluntários e utentes. Ainda assim, apesar das imagens pesadas que se vêem na rua, é com alegria e descontração que a equipa atua na cidade do Porto, todas as sextas e sábados à noite, por trajetos previamente estabelecidos. Mas se é certo que as dificuldades financeiras que o país enfrenta estão a complicar, de forma crescente, a vida dos portugueses, inegável é também a situação de dificuldade que algumas instituições de solidariedade social como a Cáritas, Cruz Vermelha, Legião da Boa Vontade e Coração da Cidade estão a enfrentar para a manutenção do apoio a quem precisa. 17


solidariedade

reportagem

Pedidos de ajuda que não escolhem idades “Quando chegamos de manhã, em dias de atendimento, reparamos que nunca vimos a LBV com tanta gente à espera como agora”, contou Orlanda Silva, da Legião da Boa Vontade, referindo que tiveram de aumentar o número de cabazes mensais, compostos por cerca de 25 quilos de alimentos, de 100 para 120. Os casos de necessidade superam o número, mas a entidade, presente no Porto, Coimbra e Lisboa, sabe que não consegue “ir muito além disso”. “Se é um trabalho difícil? Fácil não é”, garantiu, explicando que, ainda assim, a entidade tem sido surpreendida pela elevada sensibilização da comunidade. “Constatámos que as pessoas fazem questão de dar coisas realmente boas e têm noção do que necessitamos”, referiu Orlanda Silva. Para além da “Ronda da Caridade” e da atribuição mensal de cabazes, a LBV apoia diariamente 80 sem abrigo e disponibiliza uma série de programas de ajuda a pessoas de todas as idades: o “Sorriso Feliz” contribui para a saúde oral dos mais novos, através de uma unidade de saúde móvel que percorre escolas, infantários e centros sociais, em defesa de uma atitude de prevenção; o “Semente da Boa Vontade” trabalha com crianças entre os 4 e os 13 anos, ocupando-lhes os tempos livres de uma forma educativa e o “Viva Mais” reúne, todos os dias, um grupo de 18

idosos que partilha experiências e prepara enxovais para bebés. Curiosamente, os brinquedos estão no topo dos produtos de que a LBV mais precisa. “Temos roupa suficiente, mas precisamos de brinquedos”, afirmou a responsável, explicando que muitos dos que chegam à instituição “já estão um pouco desfalcados” para serem oferecidos às crianças. Afirmação de uma “pobreza envergonhada” De mangas arregaçadas estão também, das 9 às 21 horas, os elementos do “Coração da Cidade”, instituição que serve uma média de 600 refeições diárias, num total de cerca de 12 mil por mês, número que tem vindo a aumentar desde o verão. Como não existe um controlo dos utentes aos quais são servidas as refeições, há pessoas que recorrem à entidade três ou quatro vezes ao dia. “Aqui, todos os que necessitem podem vir matar a fome com uma refeição, onde a sopa está sempre presente”, referiu Maria Lasalete, presidente da instituição. Todos os dias, o “Coração da Cidade” produz litros e litros de sopa – o bem alimentar mais procurado. De acordo com a responsável, as pessoas que procuram ajuda são sobretudo oriundas de classes baixas, ainda que se esteja a verificar o crescente aumento das solicitações da classe média, inclusivamente de licenciados. “Estas pes19


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reportagem soas atuam de forma mais inibida, é a chamada pobreza envergonhada”, notou, salientando que o “Coração da Cidade” foi pioneiro em abrir as portas à toxicodependência. Mais do que um serviço de refeições, a entidade conta com diversos programas sociais, nos quais estão inscritas 150 famílias, num total de cerca de 700 utentes. Cada um deles possui uma caderneta com um código (1, 2 ou 3), atribuído mediante o número de pessoas que compõe o agregado familiar. À luz do documento, é possível levantar determinadas quantidades de bens alimentares no mercado social da instituição, abastecido por excedentes conseguidos através de colaborações, por exemplo com supermercados e empresas de produtos alimentares. O “Coração da Cidade” disponibiliza ainda um serviço de apoio domiciliário, direcionado a idosos e acamados, através de voluntários AVE, cuja missão é a de entregar os alimentos ao domicílio de quem requer este serviço. Abrandar o ritmo para equacionar respostas Com tantas pessoas para apoiar, começam a ser poucas as mãos de quem está do outro lado da ajuda. A Cáritas, por exemplo, está, neste momento, a auxiliar 508 famílias e se, em 2010, a média de cabazes entregues rondava os 322, este ano, ascendeu a 413, num aumento de 29%. “Por uma questão de recursos humanos e de logística, não estamos a fazer novos

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atendimentos. Estamos a organizar-nos internamente para darmos uma resposta mais concertada e mais coerente”, referiu a educadora social Daniela Guimarães. A verdade é que os fenómenos da nova pobreza estão a obrigar as técnicas da instituição a procurar novas abordagens condizentes com a realidade. Perante o “enorme aumento de novos pedidos”, o presidente da Cáritas, Pedro Marques, afirma encarar o futuro “com preocupação”. “Os peditórios estão a baixar e os donativos também porque as pessoas têm os bolsos vazios”, constatou, explicando que o apoio cedido pela entidade não é só a nível alimentar. “Não são só alimentos, empréstimo de camas e cadeiras, nem só medicamentos e consultas médicas e jurídicas, são as propinas, as próteses, os óculos, a conta da luz que não se paga”, enumerou. Incapaz de traçar o perfil das pessoas que recorrem à Cáritas, Pedro Marques salientou a emergência de um número crescente de famílias sobreendividadas, “cujos rendimentos já não chegam para os compromissos assumidos”. “O perfil que quiser imaginar vai, necessariamente, encontrar aqui”, garantiu. E Daniela Guimarães completou: “idosos, jovens, alunos do ensino secundário ou superior que vêm dos PALOP, com promessas de bolsas que não existem e que ficam a passar fome em Portugal, desempregados de longa duração e recentes, casos de pobreza tradicional e da nova pobreza”. Numa fase de balanço de atividade, a educadora social constatou que, no mês de julho, a instituição

recebeu cerca de 70 pedidos de famílias às quais não conseguiu, no imediato, dar resposta. “Estes agregados terão, digamos, prioridade sobre os outros porque se encontram à espera. São pedidos dos mais diversos locais”, contou, lamentando que o futuro para 2012 seja tão incerto. “Em relação ao Programa Comunitário de Ajuda Alimentar (PCAAC), o cenário também é negro porque nem os países da União Europeia se entendem. Por isso, nós, que estamos no terreno, não sabemos o futuro dos apoios”, concluiu a responsável. Apesar dos momentos difíceis que os portugueses estão a enfrentar, o presidente da Cáritas pede apenas que as pessoas se interessem por conhecer o trabalho da instituição, de modo a poderem ajudar conforme as suas possibilidades. “A Cáritas não é só uma entidade diocesana. Atende, acolhe, recebe pessoas e ajuda-as a resolver os seus problemas. Não queremos saber se têm prática religiosa, nem se acreditam. Só nos interessa que são pessoas fragilizadas que têm de ser atendidas com subtileza para não sofrerem a amargura da oferta que lhes damos”, assegurou. Conceito de socorro que evoluiu ao longo dos tempos A atuar numa vertente de ajuda diferente, mas igualmente atenta às necessidades da população está também a Cruz Vermelha, instituição de cariz internacional que nasceu com a função de socorrer feridos. Aliás, ainda hoje a entidade está presente em todos os cenários de conflitos ou de tragédias naturais. “Socorrer os feridos ainda é o ‘core business’ da instituição mas, ao longo dos tempos, o conceito de socorro foise tornando mais abrangente”, afirmou Otília Novais, presidente da delegação do Porto. “Atuar e intervir, bem como desenvolver uma ação preventiva relativamente aos grandes problemas sociais, como a pobreza, são, atualmente, os grandes objetivos”, acrescentou a responsável, salientando ainda a vertente da formação. “Nesta matéria há duas ramificações: por um lado a formação em socorrismo, uma longa tradição da Cruz Vermelha, por outro a formação direcionada para grupos específicos, apostando na qualificação das pessoas”. Deste modo, a instituição tem vindo a desenvolver uma série de projetos, abertos à comunidade, não só para responder aos novos problemas da sociedade mas

também para garantir a sua própria sustentabilidade. Para além de um Gabinete de Apoio à Família e à Comunidade e da distribuição de bens alimentares, a organização conta com diversos planos, nomeadamente o “Espaço 107/37 – Para uma melhor (Maior) idade”, ainda em implementação, e que se traduz num espaço intergeracional que se pretende dinâmico, onde os mais jovens e os mais velhos possam trocar experiências, discutir projetos e ocupar os tempos com atividades diversas, nas mais variadas áreas. A iniciativa irá permitir um desenvolvimento na área do empreendedorismo, em todas as idades, e as receitas servirão para financiar os apoios aos mais necessitados. “São formas de auto-financiamento, de repensar novas respostas que possam ser geradoras de receitas, para financiar a ajuda que vamos prestar a quem dela necessita”, apontou a responsável, sublinhando que o número de famílias que procuram a organização tem vindo a aumentar. “Sobretudo neste período de crise, nota-se uma maior procura de apoio por parte das famílias e cada vez mais da classe média”, admitiu. Conclusões partilhadas pelas várias associações sociais que, apesar de recearem o futuro, prometem não baixar os braços e continuar a lutar pela devolução de sorrisos. Q 21


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ciência e tecnologia Dentro das quatro linhas, a FC Portugal é, talvez, das equipas de futebol que mais espanto consegue despertar junto do público, não fossem os seus jogadores belos exemplares de robôs que, simulados ou não, conseguem realizar ações reveladoras de inteligência. E se as bases do futebol robótico foram lançadas em brincadeiras de amigos, hoje, o trabalho da equipa de investigadores liderada por Luís Paulo Reis, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), já é conhecido além fronteiras. Sentado ao lado de um dos robôs ao qual já “deu vida”, o professor explicou à Viva que o projeto de investigação do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores (LIACC) da referida faculdade começou a fazer história há onze anos. “Começámos a participar nos campeonatos com uma equipa da FEUP em 1998. A partir de 2000, estabelecemos uma colaboração com a Universidade de Aveiro e decidimos criar uma equipa conjunta que fosse uma espécie de seleção nacional – a FC Portugal”, afirmou.

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira

Jogadas de Inteligência Artificial 26

São jogos de futebol com as mesmas regras e que suscitam igual entusiasmo entre os “adeptos”. A FC Portugal é uma espécie de seleção nacional já conhecida internacionalmente que tem uma particularidade: os seus jogadores são robôs que colocam em prática metodologias de coordenação desenvolvidas por investigadores portugueses.

Logo nesse ano, o conjunto luso conseguiu conquistar a Liga de Simulação do RoboCup, campeonato do mundo de futebol robótico, realizado em Melbourne (Austrália). A prova internacional surgiu para incentivar a investigação em inteligência artificial, dando oportunidade às várias equipas de testarem e mostrarem os resultados do seu trabalho. “É uma espécie de jogos olímpicos robóticos”, observou Luís Paulo Reis, acrescentando que existem nove modalidades principais que utilizam robôs de vários tipos: “pequenos, grandes, simulados, humanoides standard [que integram uma liga de programação em que o objetivo é conseguir pôr o robô mais inteligente do que os outros, mas 27


ciência e tecnologia Nas ligas de simulação, é possível obter resultados a um “mais alto nível”. “Já se vêem passes, formações 4-3-3 e 4-4-2, como no futebol”, notou o investigador, salientando que existe até uma liga em que há um treinador, também agente/robô, que pode dar ordens aos jogadores quando o jogo está parado. O conceito de estratégia surge, aqui, numa posição privilegiada. “O treinador analisa o jogo e, através das estatísticas calculadas, vê qual será a melhor tática possível naquele instante contra aquele adversário”, descreveu o responsável. “Injustiças do sistema”

sem construí-lo] e humanoides não standard [onde se desenvolvem os próprios robôs]”. Alargado, desde setembro, à Universidade do Minho, o projeto da FC Portugal já conseguiu conquistar dois campeonatos do mundo e cinco europeus, prova que se realiza todos os anos na Alemanha. Em 2012, o RoboCup vai testar os novos avanços tecnológicos das equipas no México.

Desde a criação da FC Portugal, Luís Paulo Reis só não esteve presente numa competição, realizada na China, devido a um conflito de opiniões em relação às regras do jogo. “Fiquei um bocado chateado porque a nossa equipa tinha sido desclassificada injustamente”, contou o docente, defendendo que no futebol robótico “também há o sistema”. “Nas ligas em que se constroem os robôs, há equipas que desenvolvem, por exemplo, um mecanismo de chuto muito forte e ganham. No ano seguinte, as pessoas que mandam, se tiverem equipas que não tenham esse mecanismo, inventam uma regra para limitar a potência do chuto”, exemplificou, garantindo que a equipa portuguesa já esteve envolvida em situações semelhantes.

O conceito de “jogadas estudadas” A investigação centrada nas equipas de futebol robótico evolui, todos os anos, com a criação de novos mecanismos. Em 2009, por exemplo, o grupo de trabalho de Luís Paulo Reis desenvolveu o conceito de “jogadas estudadas”, “muito semelhante ao que existe no futebol real em que é possível desenhar, tal como faz um treinador, as jogadas que se pretende que os jogadores façam”. Segundo o professor, grande parte do estudo realizado incide na “coordenação de sistemas multiagente”. “Um agente é, digamos, o cérebro que controla um robô. Um sistema multiagente tem vários agentes que, entre si, colaboram ou competem. No caso do futebol robótico eles colaboram, ou seja, têm de se coordenar de forma a comportarem-se como uma equipa e a serem capazes de defender um objetivo comum: neste caso há dois – evitar sofrer e marcar golos”, referiu. 28

Metodologias do futebol robótico ao serviço do cidadão Na perseguição do objetivo de conseguir colocar humanos e robôs na mesma equipa, algumas metodologias (das áreas de cooperação, comunicação, simulação, navegação e localização) utilizadas na investigação das equipas de futebol robótico estão a ser aplicadas no desenvolvimento de uma cadeira de rodas inteligente de nome Intellwheels. O projeto consiste na criação de um kit de software/hardware que pode ser aplicado a qualquer cadeira, permitindo que a mesma seja comandada por voz, movimentos de cabeça e expressões faciais. O trabalho, inovador na área da robótica inteligente, permitirá oferecer uma maior autonomia e qualidade de vida às pessoas de mobilidade reduzida, fazendo com que robôs e humanos se tornem cada vez mais próximos. Q 29


curt’&’grosso ensemble

música

Conhecem-se há décadas e do bom relacionamento entre todos os elementos surgiu o projeto Curt’&’Grosso. Os “covers” da banda fazem verdadeiro «furor entre os fãs que, às centenas, se acotovelam para conseguir o melhor lugar nos inúmeros concertos da formação». Esta poderia ser uma das maneiras de apresentar a banda que reinventa temas míticos que fazem parte da história da música, entre nomes consagrados como Pink Floyd, The Doors, Eric Clapton, Dire Straits e muitos, muitos outros.

Uma “curt” de som

Amigos de adolescência, alguns dos elementos da banda portuense que dá pelo nome de Curt’&’Grosso, já tocavam juntos desde essa altura, embora não com a formação atual e não com esta 30

designação. Fernando Jorge Cardoso (voz e guitarra acústica) e Pedro Amorim (guitarra) atuavam juntos há cerca de 17 anos e, em 2002, juntaram-se-lhes Ricardo Tiago (baixo) e Paulo Pinto (bateria). Com quatro elementos, formaram a banda que tocava em ocasiões especiais como «o casamento do Ricardo e o aniversário do Paulo». Em 2010, numa festa organizada pelos antigos alunos da escola do Cerco do Porto, que todos os elementos frequentaram, acabaram por reencontrar José Lobão (guitarra) que se juntou à formação. “De quatro passamos a cinco, o Zé é um excelente músico e decidimos convidá-lo mais

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Curt’&’Grosso

ou menos assim: ó Zé, anda daí também. E ele veio”. Apesar de toda a descontração e de não terem de provar «nada a ninguém», a atividade musical é uma coisa séria para todos os elementos dos “Curt”. “Somos, basicamente um grupo de amigos que se conhece há muito e que tem um interesse em comum: o gosto pela música”, referem, garantindo que “o que começou por uma brincadeira tem vindo a crescer e a tornar-se numa coisa séria, embora sem a obrigação de ganhar dinheiro”, até porque todos têm uma atividade profissional para além da banda. “Divertimo-nos imenso, tanto nos nossos ensaios

semanais, onde introduzimos sempre temas novos, como nos concertos”, garantem. “Covers” com cunho pessoal Do seu repertório constam mais de 200 «covers», apesar de terem temas próprios que decidiram ainda não acrescentar aos seus alinhamentos. Tocam músicas conhecidas do público e isso permite-lhes uma grande interação e empatia com quem os ouve, embora ponham sempre um cunho pessoal nos temas que não são cópias fiéis dos originais. “Não nos limita31


curt’&’grosso ensemble

música

mos a expressar uma música tal como ela foi tocada pelos seus autores, pomos sempre algo de diferente, no fundo, adaptámo-la ao nosso estilo o que nos permite um som muito característico”, contam, salientando que as variações que põem nos temas permitem-lhes “inovar”. O bandolim e o banjo foram introduzidos em alguns temas míticos e resultou “muito bem”, assim como o oboé – em temas dos U2 e Pink Floyd – o e-bow (arco elétrico) – no tema «Heroes» de David Bowie - o adufe e a pedaleira. “Tenho uma pedaleira (puxador de efeitos) que já nem consta no eBay”, refere José Lobão, com orgulho. O tema de abertura de um concerto é sempre muito bem pensado, pela sua importância de captar a atenção de quem assiste, mas o de fecho surge muito de improviso. “O tema que fecha um concerto é, 99 por cento das vezes, a pedido”, contam, salientando que o alinhamento é, muitas vezes alterado. “Se por exem-

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plo, o público pede música portuguesa nós damos-lhe música portuguesa”, referem, salientando a flexibilidade que faz parte das suas atuações. Cada atuação traz novos fãs Quem os ouve não fica indiferente à sua sonoridade - e à voz poderosa de Fernando Jorge - e não deixa de cantarolar com eles. As atuações dos Curt’&’Grosso passam por um circuito de bares e alguns eventos para os quais são convidados, nomeadamente de solidariedade. “Os concertos são os nossos melhores ensaios”, referem com humor, garantindo que têm fãs assíduos que os acompanham em todas as atuações. O alinhamento dos temas é sempre pensado mediante o local onde atuam mas não é estanque. “Há sempre uma base à qual se junta algum improviso”, garantem, quer para o alinhamento, quer para os próprios temas. Raramente tocam a mesma música da mesma forma, o que demonstra versatilidade e capacidade de improviso. A página da banda no Facebook conta já com mais de 600 fãs e atuam, em média, uma a duas vezes por mês, “por opção”. O disco «Memórias Auditivas» é um registo que reúne uma seleção de músicas da banda. Os cerca de 100 exemplares que fizeram em jeito de apresentação “esgotaram rapidamente” o que os leva já a pensar numa «segunda edição» do disco. “Temos de satisfazer as solicitações dos nossos fãs”, afirmam. Q 33


zoo da maia

lazer

Leões, ursos, panteras, linces, hipopótamos, macacos, zebras, leões-marinhos e uma infinidade de pássaros, primatas e reptéis, constituem as delícias de todos os que passam pelo Zoo da Maia. A cedência de terrenos, contíguos à atual infraestrutura, veio resolver alguns problemas de falta de espaço com que o zoo se vinha debatendo há alguns anos e o futuro apresenta-se, agora, ainda mais risonho para os seus habitantes.

Amigos animais 34

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

O Parque Zoológico da Maia foi criado em 1985 por iniciativa da Junta de Freguesia da Maia, com o objetivo de criar um espaço pedagógico e de lazer para crianças. Os primeiros animais a integrá-lo foram dois casais de saguis, três macacos e algumas aves, cedidos pelo Jardim Zoológico de Lisboa. Através de uma rápida divulgação ao público em geral e a instituições, com ênfase para as de cariz educativo, o zoo tem vindo a crescer de forma acentuada e o futuro traz ainda maior investimento e expansão. O crescimento tem vindo a manifestarse quer em termos de infraestruturas, quer em nú35


zoo da maia

lazer

Os habitantes do zoo

mero de animais e de visitantes, cuja média anual é de cerca de um milhão. De acordo com Carlos Teixeira, presidente da Junta de Freguesia da Maia, entidade que gere o parque zoológico, o período mais acentuado de visitas situa-se entre os meses de fevereiro e junho, com a presença de escolas, e de junho a setembro com turistas. “No período do verão há muitos turistas que nos visitam particularmente espanhóis”, diz, salientando a crescente procura de escolas da Galiza. Espaço em obras de alargamento O parque zoológico é constituído por diversos espaços e encontra-se em fase de alargamento, no sentido de proporcionar melhores condições, quer a animais, quer a visitantes. Para além dos diversos habitats destinados a mamíferos, aves e primatas, o zoo conta ainda com um moderno reptilário, um Pavilhão das Foquinhas, onde há shows de leões marinhos; sala de incubação – onde se pode pro36

São cerca de 200 os habitantes do jardim zoológico da Maia, um número que irá crescer a curto prazo devido à ampliação de que a estrutura está a ser alvo. “Há animais, atualmente à guarda de outras instituições, que irão regressar quando as obras de alargamento estiverem concluídas”, garante Carlos Teixeira. A ampliação a decorrer contempla um novo espaço para os felinos, uma piscina e um reptilário, sendo que no local onde atualmente se encontram irá surgir uma floresta tropical e a um pavilhão para animais notívagos. gramar os nascimentos para acontecerem em períodos de visitas das escolas; clínica veterinária; parque infantil e uma unidade designada de «Quintinha da Criança», onde são expostas, em regime de rotatividade, algumas espécies que servem a curiosidade e o conhecimento das crianças e foram também criados diversos parques de merendas, café e restaurante. Cerca de 99 por cento das receitas do zoo são geradas pelas visitas, sendo que a Câmara da Maia dá apoio material e técnico à estrutura. O investimento, com a ampliação em curso é de cerca de quatro milhões de euros, e a autarquia tem vindo, também, a colaborar com a junta no sentido de, em breve, poder vir a ser criada uma fundação que torne o zoológico autónomo em relação ao poder autárquico, bem como a acesso a fundos comunitários para a sua manutenção.

Os custos com a alimentação dos animais são avultados e existem alguns protocolos com empresas que cedem os seus excedentes para alimentar os animais. O matadouro de Famalicão contribui com a carne que alimenta os felinos, sendo que tudo que seja frango e peixe é comprado pelo zoo. “O leão marinho necessita de peixe vitaminado pelo que este é importado”, refere, salientando que, quando a nova piscina estiver concluída, poderão rumar ao zoo mais dois ou três leões marinhos. As grandes atrações são o pachorrento hipópotamo, os grandes felinos como os leões, a pantera e o lince, os ursos e, claro, o Nico, um simpático leão marinho que sabe expressar-se na perfeição. Para além dos mamíferos, o zoológico da Maia conta com um grande número de primatas, répteis e pássaros, cujos habitats têm vindo a ser constantemente melhorados e que irão proporcionar ainda melhores condições aos habitantes aquando da ampliação em curso. É um local para toda a família que merece uma visita atenta. Aqui também se aprende. Q 37


hélio loureiro

figura Habituado a fazer as delícias dos clientes, o chefe Hélio Loureiro não dispensa inverter os papéis e ficar sentado à mesa a apreciar um bom prato. Adepto das novas tecnologias e, acima de tudo, da leitura, o cozinheiro defende que é urgente repensar a sociedade.

Mestre

dos sabores sentidos A rapidez e a precisão aplicadas no simples corte de uma cebola revelam os longos anos de experiência dedicados à conquista dos melhores sabores. Hélio Loureiro, chefe de cozinha da Seleção Nacional de Futebol há 17 anos, é uma figura muito associada à “boa mesa portuguesa” que já conseguiu arrebatar o estômago de inúmeras personalidades internacionais. Atualmente a chefiar a cozinha do Porto Palácio Hotel, o “expert” portuense trabalha com uma equipa de 24 pessoas que já tiveram a oportunidade de preparar, ao pormenor, inúmeros eventos de prestígio realizados, por exemplo, no Palácio da Bolsa, na Alfândega do Porto e no Mosteiro de Tibães. 38

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira

Em pouco mais de meia hora de conversa, durante a qual transpareceu uma paixão pela literatura, com a referência espontânea a vários escritores, Hélio Loureiro revelou que o seu dia a dia é “intenso e motivador”. O “sentimento” será, talvez, o principal ingrediente presente na vida do cozinheiro. “Há uma frase de Mia Couto da qual eu gosto muito: ‘cozinhar não é um serviço, é uma forma diferente de amar os outros’”, referiu, garantindo que a dedicação aplicada na preparação de uma refeição para um chefe de estado é rigorosamente igual à que se utiliza para um sem abrigo. “O que é importante quando se está a pensar numa refeição é a

reação que vamos provocar na pessoa. O grau de responsabilidade quando cozinhamos para um chefe de estado ou para um cliente anónimo deve ser exatamente o mesmo”, assegurou. Um “encontro com pessoas, sensações e emoções” Mesmo não se deixando intimidar pela figura para a qual está a cozinhar, Hélio Loureiro já arrancou sorrisos e agradecimentos a várias personalidades de renome nacional e internacional. O rei Juan Carlos de Espanha,

a rainha da Holanda, os reis da Suécia e da Noruega e os reis da Bélgica são alguns dos nomes que, em visita ao nosso país, fizeram questão de conhecer pessoalmente o autor dos pratos que lhes foram servidos. E numa profissão “de encontro com pessoas e sensações”, os episódios caricatos são variados. “Há uma passagem muito engraçada que eu recordo”, afirmou o chefe de cozinha à Viva. “Durante a campanha eleitoral de 2002, a esposa de Durão Barroso dedicou-lhe o célebre poema ‘Sigamos o Cherne”, de Alexandre O’Neill. A partir daí, Durão Barroso ficou conhecido como “o cherne” e, passado um tempo, já nomeado 39


hélio loureiro

figura ral”, apontou Hélio Loureiro, revelando que a despedida do político cubano durou 45 minutos.

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A importância das memórias na construção de uma receita Para o chefe de cozinha da Seleção Nacional, que apresenta o programa de culinária “Gostos e Sabores”, na RTP N, mais do que uma conjugação de ingredientes, uma receita é o reflexo do nosso imaginário. “Quando vamos na rua, somos confrontados com cheiros que nos trazem memórias”, disse, contando que ainda hoje associa o aroma a marmelada de maçã à sua escola primária. Assim, o cozinheiro acredita que, muitas vezes, a construção de uma receita pode ser feita através de memórias olfativas. Aliás, segundo Hélio Loureiro, um dos grandes problemas dos gastrónomos da atualidade é o número exagerado de ingredientes sugeridos para a realização de determinados pratos. “Por vezes, olhamos para a receita e desistimos logo. Com duas batatas, meia dúzia de ingredientes e dedicação já fazemos uma refeição”, notou, destacando a importância de uma atitude criativa. “Isso é que é saber cozinhar. Não nasce com a pessoa, mas é algo que se trabalha”, defendeu Hélio Loureiro, que diz ser tão apreciador de sardinhas de conserva como de caviar, não sendo, por isso, capaz de selecionar um prato preferido.

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A defesa do “culto da mente”

Primeiro-Ministro, veio ao Porto, ao Palácio da Bolsa, para um banquete. Quando lá cheguei, o prato principal era cherne e foi uma contenda porque tivemos de mudar rapidamente a ementa”, revelou entre gargalhadas. Sem outra solução à vista, a equipa viu-se obrigada a trocar o nome do prato para “garoupa”. Ainda assim, confessou Hélio Loureiro, “a chefe de gabinete do primeiroministro passou a refeição toda a dizer ‘que engraçado, isto parece-me mesmo cherne”’. Outra situação que o chefe recorda é a vinda de Fidel Castro a Portugal, na altura da Cimeira Iberoamericana. “Ofereceu-me uma caixa de charutos cubanos. Já os fumei, mas a caixa é muito bonita, de pele de crocodilo que, segundo disse Fidel Castro, morreu de morte natu40

Autor de vários livros de cozinha – “Receitas para Vinho do Porto”, “Gastronomia Portuense”, “À mesa com a nossa seleção”, “Receitas com tradição”, entre muitos outros – Hélio Loureiro assume uma grande admiração pela leitura. “Gosto imenso de ler. Também tenho ipad, iphone, facebook, internet e site, mas leio todos os dias”, garantiu, defendendo que, atualmente, as pessoas valorizam em demasia o “culto do corpo”, descurando o da mente. ”É um aspeto que me assusta na nova geração. Não existe o hábito da leitura”, referiu, acrescentando que, além do tempo dedicado aos cozinhados, consegue fazer tudo o que lhe dá prazer. “Tenho tempo para os amigos, para a minha mulher e filha, para todas as coisas”, assegurou, considerando que a desorganização da atual sociedade é algo a ser repensado. Q 41


capital europeia da cultura

guimarães

Guimarães 2012: caldeirão de pensamentos e emoções Texto: Mariana Albuquerque

O momento é de crise, mas os protagonistas da Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura assumiram o desafio de provar a si próprios e ao mundo que uma cidade de média dimensão pode liderar grandes intervenções culturais.

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Por entre as ameias do Castelo de Guimarães, onde o elmo do Rei D. Afonso Henriques conta a história do berço de um país, já palpita um coração feito de encontros e partilhas que servirá de janela à tradição e à contemporaneidade de uma cidade. Em 2012, Guimarães assume com intensidade máxima a liderança dos motores de uma Capital Europeia da Cultura (CEC) que já está a convidar os cidadãos a celebrarem o que são e querem ser. Numa longa caminhada, cujas bases foram lançadas em 2006, com o início do processo de candidatura da cidade a Capital Europeia, vimaranenses, associações locais, Câmara Municipal e outras instituições deram as mãos à conquista de um cruzamento de memórias e experiências de protagonistas locais e internacionais. “O que desejamos que as pessoas encontrem em Guimarães, em 2012, é uma cidade que vive intensamente a sua vida quotidiana mas também a cultura e o património”, explicou à Viva a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães, Francisca Abreu, destacando a concentração de “artistas, oportunidades e eventos que nos desassosseguem e dêem estímulos e prazeres, com uma vida mais surpreendente”. Em 2012, Guimarães será, portanto, um meeting point da inovação, “o lugar onde tudo pode acontecer” me-

diante a presença de criações e criadores dedicados às mais diversas áreas – cinema, música, fotografia, artes plásticas, literatura, arquitetura, pensamento, teatro, dança e artes de rua. Para João Serra, presidente da Fundação Cidade de Guimarães (FCG), entidade responsável pela programação da CEC, os portugueses que quiserem fazer parte desta celebração, “vão encontrar uma cidade europeia, de média dimensão, com uma programação cultural reforçada e uma criação nova”. “Vão ser surpreendidos com a criação a partir do contexto vimaranense, em que a inspiração da história e da memória Texto: Marta Almeida Carvalho locais se cruza com a experiência, memória história Fotos: RuieMeireles que esses artistas trarão de outros espaços onde viveram ou onde produziram”, salientou. Honrar o passado e assinar o futuro O capital simbólico da cidade e das suas gentes é um dos ingredientes presentes nesta CEC, que mostrará ao público europeu o lado histórico-patrimonial que Guimarães tem preservado ao longo dos tempos. Ainda assim, a permeabilidade à inovação e às manifestações artísticas contemporâneas, que têm marcado a agenda cultural vimaranense, está no topo dos 43


capital europeia da cultura

guimarães Entusiasmo, expectativa e esperança marcam atitude dos vimaranenses

objetivos de Guimarães 2012. “A CEC não é a celebração daquilo que herdámos, é a celebração daquilo que fazemos e do que queremos ser”, esclareceu Francisca Abreu, explicando que o respeito pela memória e simbologia vimaranenses não desliga “a ânsia, vontade e necessidade de se construir memória no futuro e para o futuro”. “A CEC é essa oportunidade de, valorizando a memória física, simbólica e mágica que a cidade tem, construirmos a memória futura e estarmos abertos à contemporaneidade”, apontou. A importância histórica da cidade será, de acordo com João Serra, “uma das âncoras” da programação da Capital Europeia da Cultura, que vive de um conjunto de referências construídas por “pessoas, gerações, grupos sociais e instituições que projetaram alguma coisa do seu saber fazer para lá de si próprios”. “Toda a programação desenvolve essa relação entre dois pólos: o do que faz e o do que sonha; o do que é amador e o do que é profissional; o do que está dentro e o do que parte; o do que vem de fora e se adapta ao que está dentro”, ilustrou o responsável. 44

Até ao final de 2011, Guimarães está a viver a chamada fase de “warm-up”, durante a qual são feitas as primeiras visitas e residências artísticas de criadores que regressam em 2012 para a apresentação dos seus trabalhos produzidos em contexto. Contudo, o entusiasmo dos cidadãos e o desejo de envolvimento na CEC já não são recentes, segundo Francisca Abreu e João Serra. “Desde o primeiro anúncio de que Guimarães era a cidade escolhida para a candidatura à CEC que os vimaranenses acolheram a ideia com muito entusiasmo, expectativa e esperança”, adiantou a vereadora da Cultura. Aliás, notou, as últimas iniciativas realizadas na cidade “são indicadores fortes que levam a concluir que os vimaranenses estão disponíveis para participar, dar ideias e intervir”. “Neste período de ‘warm-up’, na Feira Afonsina, por exemplo, as pessoas responderam vindo para a rua, abraçando a iniciativa, estando presentes”, contou, destacando também a elevada adesão registada na iniciativa “Noc Noc”, para a qual a cidade “abriu as portas” e “se vestiu”. Francisca Abreu salientou ainda o projeto “Pop Up Spaces” que, partindo de uma ideia simples, funcionou como um convite para regenerar espaços devolutos através de ideias criativas. “Registaram-se 253 candidaturas nas mais

diversas áreas, desde o artesanato ao design, arquitetura e teatro”, revelou, assegurando que “o chão é fértil e ilustra a abertura da população à cultura”. Do lado da programação, João Serra também sente o peso da expectativa dos vimaranenses, que aguardam uma iniciativa que obedeça a elevados padrões de exigência. “É uma expectativa que não é acrítica, que tem consciência das circunstâncias em que vivemos e que é exigente”, descreveu, garantindo acreditar que os objetivos assumidos pela CEC vão ser cumpridos. “Isto não significa que tudo esteja, à partida, pré definido. Nós temos uma narrativa, com uma programação especial, num quadro de uma cidade que tem uma trajetória e esse planeamento não é levado até às últimas consequências, supõe ajustamentos”, referiu, justificando assim a aposta na criação em contexto. Programa de Regeneração Urbana: um meio para atingir um fim Na caminhada em busca da “mudança interior que se pretende em cada um e na comunidade”, a CEC serviu-se de um conjunto de transformações físicas, promovidas sob a alçada da Câmara Municipal. A construção de equipamentos e a requalificação de espaços já existentes deram, assim, corpo a um programa de regeneração urbana para o

qual foram destinados 70 milhões dos pouco mais de 100 milhões de euros da Guimarães 2012. Do orçamento total do evento, suportado em 30% pelo Estado português, 25% foi atribuído à programação. “Nós entendemos que a CEC é um oportunidade para a regeneração económica, social e também urbana, na continuidade do trabalho em que Guimarães tem apostado nos últimos 20/25 anos”, afirmou a vereadora da Cultura, acrescentando que a autarquia, apoiada por muitas instituições e individualidades, decidiu alargar o processo de requalificação “para além das tradicionais muralhas da velha cidade”. “Entendemos que valorizar o património significa conservá-lo e dar-lhe novas funções e este trabalho encontrou uma oportunidade na CEC pelo reforço financeiro que foi possível obter”, apontou. Assim, para além da requalificação do Largo do Toural – com o regresso de um chafariz do século XVI que se encontrava situado no Jardim do Carmo – no antigo mercado, da autoria do arquiteto Marques da Silva, está a nascer a Plataforma das Artes e Criatividade. O espaço terá, segundo Francisca Abreu, três áreas fundamentais: “uma para acolhimento do espólio de José de Guimarães, que será um centro vivo de criação e produção internacional de artes plásticas”; uma área de laboratórios destinados a artistas emergentes e, por fim, uma vertente dedicada às indústrias criativas, “que acolherá pequenos projetos nas áreas da arquitetura, design

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capital europeia da cultura

guimarães

e escrita que, devidamente acompanhados, possam crescer”. A vereadora responsável pelo pelouro da Cultura destacou ainda o projeto da Casa da Memória, numa antiga fábrica do centro da cidade, que privilegiará o “casamento entre as novas tecnologias e as tradições” e o Campurbis, projeto desenvolvido em parceria com a Universidade do Minho que visa “trazer para a cidade o campus universitário”, sendo que o Instituto do Design é um dos equipamentos já concluídos. De salientar que todas as infraestruturas criadas no âmbito da CEC deverão permanecer em funcionamento posteriormente. “Não queremos que 2012 seja uma paragem, mas sim uma parte deste processo de crescimento e de abertura ao contemporâneo. É também uma forma de mostrar à Europa que uma cidade de média dimensão tem capacidade para servir como exemplo a outras cidades semelhantes”, concluiu. Celebrar a cidade em quatro tempos De uma forma genérica, a programação da CEC, que arranca no dia 21 de janeiro com um espetáculo multimédia no Multiusos, irá desenrolar-se em quatro momentos essenciais: “Tempo para Encontrar” – de janeiro a março; “Tempo para Criar” – de março a junho; “Tempo para Sentir” – de junho a setembro e “Tempo 46

para Renascer” – de setembro a dezembro de 2012. Segundo João Serra, “a ideia é a de que, no primeiro momento, Guimarães se encontre com os elementos que compõem a sua CEC”. Mais do que uma aproximação intelectual, esta fase será a de um “encontro casa a casa, pessoa a pessoa”. “É como se a capital entrasse em casa das pessoas e se apresentasse”, descreveu o presidente da FCG. A segunda etapa, que corresponde à primavera, privilegia a residência artística, a chegada dos artistas para a montagem dos workshops, das residências e da investigação necessária para a criação em contexto. O terceiro tempo, afirmou João Serra, “é de explosão”, coincidindo com a estação quente, na qual “o clima convida a que aquilo que esteve mais escondido venha para o espaço público e promova esse grande ponto de encontro entre as tradições e a forma de Guimarães estar no espaço público”. “É um momento de celebração da cultura com convivência e reflexão”, acrescentou. O quarto tempo é assumido pelas instituições e pelos vimaranenses “que ficarão para lá de 2012”, concentrando-se na “recolha do legado de uma cidade

que, durante alguns meses, viveu um estado de sítio”. “É tempo de renascer, de ressurgir depois da euforia e de refletir sobre o que se passou, de modo a encontrar novos caminhos”, finalizou João Serra. O legado da qualificação da oferta cultural Apesar de reconhecer que o desenvolvimento do setor da cultura está presente na lista de prioridades vimaranenses há já vários anos, o presidente

da FCG admite que a CEC “surge como uma oportunidade rara para a cidade qualificar a sua oferta cultural”, na luta pela dinamização de uma economia criativa. Deste modo, segundo João Serra, “há quatro áreas onde a oferta será qualificada ao longo de 2012”: a do teatro, com a criação de Teatro Estúdio; a área do cinema e audiovisual, através de um Centro de Produção de Cinema e Audiovisual que já começou a ser preparado e que já está a funcionar; a da música, com a criação de uma estrutura profissional e a área das artes, que ganhará uma plataforma onde “para além de uma parte museológica, se venham a colher experiências de artistas emergentes”. Provar que a cultura é uma solução e não um problema Erguer uma Capital Europeia da Cultura num período particularmente difícil de crise é, para os responsáveis, “um desafio que exige uma disciplina maior”. “É difícil independentemente do período complicado que o país está a viver porque é algo que não se pode adiar. (…) O que acontece é que nós, desde o processo de candidatura, apostamos não nos grandes concertos e eventos, que acabam por ficar caros, mas na escolha de artistas para produzirem em contexto”, revelou Francisca Abreu.

Para João Serra, “no contexto de uma economia que precisa de realizar uma conversão da sua base produtiva para lá de um ajustamento financeiro doloroso”, o desafio é o de “ilustrar o contributo que a cultura pode dar para a solução”. “Queremos vincar que a cultura não é um problema, pode, sim, trazer um contributo importante para a economia, já que é um estimulo à regeneração urbana, social e económica”, defendeu o presidente da fundação, assegurando que o setor cultural “traz mais competências, qualifica os territórios e as pessoas”. A magia simbólica que já palpita nas veias de artistas, voluntários, instituições, associações vimaranenses e cidadãos anónimos comprometidos com Guimarães 2012 conflui, assim, num só caminho: o de provar à Europa que é com a mesma determinação de outros tempos que ainda se travam batalhas para a afirmação cultural e intelectual dos povos. Q A semana de abertura oficial da Capital Europeia da Cultura arranca no dia 21 de janeiro com um espetáculo multimédia concebido pelo guitarrista e produtor vimaranense Manuel d’Oliveira, no Multiusos. Outros eventos marcarão a semana inaugural, que terminará, no dia 28, com concertos nos domicílios dos vimaranenses. 47


televisão

porto canal

A reestruturação que está a ser levada a cabo no Porto Canal está a decorrer por fases, tendo como objetivo a sua transformação num canal com uma forte presença da Região do Porto e Norte de Portugal. O investimento, já em curso, pretende, assim, promover uma renovação total, quer na estrutura física, quer na vertente tecnológica do canal.

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

Um milhão de euros para a reestruturação 48

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porto canal

televisão um ainda maior incremento de programas com a marca FC Porto. “Nesta segunda fase pretende-se, essencialmente, fomentar a presença das autarquias, das empresas e da realidade social da região no canal, sobretudo através de programas de cariz informativo e de novos espaços de debate que reflitam a realidade da Região”, refere Domingos de Andrade, diretor de Informação e de Programação do canal, salientando ainda a criação de mais blocos informativos e de novas delegações. “A presença de uma delegação em Lisboa poderá estar já para breve”, assegura. Nova etapa em 2012

ções. O investimento, de cerca de um milhão de euros, prevê não só a reestruturação física como também a tecnológica do canal portuense, que entra assim, a partir de meados de janeiro, na segunda fase de uma mudança profunda, sob a chancela do clube azul e branco. Para esta nova etapa, e já com novo visual, a grande aposta prende-se com a solidificação da presença da Região Norte do canal, para além de

Para inícios de 2012 está prevista também a mudança do canal para HD. A denominada HighDefinition Televison (HDTV) é uma plataforma com maior resolução do que a do sistema tradicional de televisão. Esta mudança vai implicar um esforço financeiro mas colocará o Porto Canal num patamar de grande qualidade técnica. “Para além da remodelação do sítio online – que contou com 20 mil acessos nos primeiros 20 minutos – o canal já está presente em todas as plataformas de comunicação, nomeadamente no IPhone e no IPad, o que permite aos utilizadores aceder à emissão em tempo real”, sublinha o responsável. A criação de um estúdio virtual, que irá incrementar a modernização tecnológica, bem como a construção de um novo estúdio

físico e a insonorização do já existente, são também mudanças que irão ser executadas e que contribuirão para o novo rosto do canal. “A aposta na remodelação da sala de caraterização, da régie e da sala da redação foram elementos fulcrais para o desenvolvimento da qualidade técnica e humana do canal”, acrescenta, sublinhando um reforço na equipa, já no início do ano. Q

Porto Canal promove ação de solidariedade

Em setembro, já sob a gestão do FC Porto, e depois da implementação de mais programas informativos e de diversos outros com a marca azul e branca, o Porto Canal entrou numa nova fase estrutural, que arrancou com a remodelação das instala50

Numa altura em que se aproxima a quadra natalícia, o Por to Canal, não querendo ficar fora do espírito de solidariedade que se generaliza nesta época, vai proceder à remodelação dos espaços comuns do Internato de Nossa Senhora da Conceição, instituição que acolhe 40 meninas que se encontravam em famílias de risco. O programa dedicado ao tema será dividido em três par tes e exibido ao longo das três semanas que precedem o Natal. 51


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Aniversário

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de Raquel Cerqueira Gomes e Paulo Lobo

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1 – Paulo Lobo e Raquel Cerqueira Gomes 2 – Carlota e Raquel Cerqueira Gomes 3 – Batata Cerqueira Gomes e Paulo Lobo 4 – Fernando Colónia e mulher 5 – Pedro Cunha, Francisco Miranda e Paulo Lobo 6 – Paula Lobo, Batata e Carlota Cerqueira Gomes 7 – Raquel Cerqueira Gomes, Rita Guedes e Inês Furtado 8 – Carlota Cerqueira Gomes, Tiago Escudero, Raquel Cerqueira Gomes, Tobias Azevedo e Nina Godinho 9 – Paulo, Paula, Carlota e Tomáz Lobo 10 – Raquel Cerqueira Gomes, Sofia Ferreira e Belkiss Costa Oliveira 11 – Francisco Miranda e Mafalda Ferreira 12 – Raquel, Batata e Carlota Cerqueira Gomes 13 – Grupo geral 14 – Batata Cerqueira Gomes, Paulo Lobo e Fernando Santos 15 – Rita e Manuel Guedes e Batata Cerqueira Gomes 16 – Manuel Magalhães e Matilde Vasconcelos 17 – Batata Cerqueira Gomes e Paulo Lobo

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Em novembro, Raquel Cerqueira Gomes e Paulo Lobo celebraram o seu aniversário no restaurante “Tea Point”, situado no Largo São Domingos, em plena Baixa portuense. Carlota Cerqueira Gomes, Paula Lobo e Mafalda Ferreira fizeram uma surpresa aos aniversariantes. Tomáz Lobo fez de DJ e animou a noite com boa música. 52

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Aniversário de João Anacoreta Correia 5

João Anacoreta reuniu cerca de 200 amigos para comemorar o seu 45º aniversário. Numa noite fantástica no bar Deck Foz, dançou-se até ao nascer do dia.

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1 – Carminho Cerqueira Gomes e Manuel Tavares Tabela 2 – João Anacoreta Correia com a filha e amigas 3 - Paulo Ortigão e mulher 4 – Rosarinho, Luísa Anacoreta Correia e Joana Rocha Leite Salgado 5 – Luísa e João Anacoreta Correia 6 – Bernardo Lobo Xavier e Miguel Pinto Sousa 7 – João Anacoreta Correia e família

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Inauguração Deck Foz 5

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Inaugurado em setembro, o restaurante-bar Deck Foz, em conjunto com a Geração Vinil, promoveu um agradável jantar que reuniu 150 convidados, dando as boas vindas ao outono. A festa que encerrou o evento foi também um sucesso. Contou com a presença de cerca de 500 pessoas e prolongou-se até às 06h00 da manhã, numa noite onde a animação foi rainha.

1 – Zé Terrível, Mariana Moreira, Rosarinho e Xinha 2 – Pedro e Marta Roquette, Jójó e Cristina Moutinho, Filipe Vieira de Campos e Helena Carvalhosa 3 – I e Carminho 4 – João Anacoreta Correia, Zé Terrível, Zé Marcelo, Luísa Anacoreta Correia e Eduardo Pinto 5 – Sónia Lages Plácido, Sofia Novais e Joana 6 – Chefe Pedrinha, João Paulo Lencastre e Paulo Cerquinho 7 – I, Floco Guedes e Vasco Mourão

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8 – Pedro Trigo e filha 9 – Eduardo Pinto, Nuno Moreira, Bernardo Lobo Xavier e Xana 10 – Cardoso Leitão e Cristina 11 – Bruno Seara Cardoso e João Paulo Rocha 12 – Bruna e I 13 – Mariana Moreira, Zé Terrível e Rosarinho 14 – Fernanda Cerquinho e Eduardo Pinto

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mercado do bolhão

memórias

O Bolhão é um dos mercados mais emblemáticos da cidade do Porto. Homologado como imóvel de interesse público em fevereiro de 2006, a construção carateriza-se pela sua monumentalidade, própria da arquitetura neoclássica.

Ex-libris do comércio portuense 60

Texto: Marta Almeida Carvalho Foto: Virgínia Ferreira

O Mercado do Bolhão situa-se na freguesia de Santo Ildefonso, num quarteirão delimitado pelas ruas de Fernandes Tomás, Formosa, Alexandre Braga e Sá da Bandeira, com entradas por todas elas. A zona da baixa portuense, onde está integrado, é conhecida por ser uma área de lojas especialmente dedicada a produtos alimentares. Para além do Mercado do Bolhão, situam-se ao seu redor diversas mercearias tradicionais, como a “Casa Chinesa”, “Casa Transmontana” e “Pérola do Bolhão”. O Mercado foi construído em 1839, quando a Câmara Municipal do Porto quis concentrar todos os mercados da cidade num só espaço e, inicialmente, estava ladeado apenas por um gradeamento em ferro. O atual edifício - cuja obra foi conduzida pelo arquiteto António Correia da Silva, por decisão da primeira vereação republicana da câmara portuense, presidida por Elísio de Melo – foi inaugurado em 1914, substituindo o anterior, e passou a estar vocacionado para produtos frescos, sobretudo alimentares. Atualmente encontra-se dividido em diferentes secções especializadas, designadamente zonas de peixarias, talhos, hortícolas e florais. A Câmara Municipal do Porto lançou, na década de 1990, um concurso público para a sua reabilitação, nomeando para júri o IPPAR, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e o arquiteto Álvaro Siza Vieira. As bases do concurso tinham por fundamento manter o caráter geral do edifício, no que respeita aos aspetos formais e funcionais, e à manutenção do mercado tradicional, ao acrescentar novas funções aos diversos espaços. O edifício encontra-se em acentuado estado de degradação, tendo sido proposta a sua reabilitação e lançado o concurso público para a sua gestão por privados. Todo este processo foi alvo de uma forte contestação por diversos movimentos cívicos sendo que o Mercado do Bolhão ainda aguarda pela tão ansiada reabilitação. Q 61


cin

decoração

CIN Clean

Produto do Ano 2011 “Branco sujo” não é cor Acabar com as paredes manchadas sem ter de pintá-las novamente é possível graças a CIN Clean, a nova solução inovadora da CIN. A justificação reside numa tinta aquosa mate, para interiores, super lavável, que, através de um simples pano húmido, sem pêlo, e um pouco de detergente, devolve às paredes o seu aspeto natural, sem brilhos ou marcas indesejáveis. Pelas suas características inovadoras, a tinta CIN Clean foi distinguida com o prémio “Produto do Ano 2011”, na categoria de Tintas. A atratividade da nova solução, a experimentação e a satisfação foram os aspetos que estiveram na origem da distinção. Nos referidos indicadores, CIN Clean conquistou a preferência de 34,2% dos entrevistados. 62

Como remover eficazmente a sujidade das paredes Para a correta remoção de manchas e nódoas da parede, basta aplicar na área suja um detergente neutro, com uma esponja ou um pano macio que não largue pêlo, e esfregar o suficiente para acabar com a sujidade, abrangendo uma área ligeiramente maior do que a que está a ser limpa. De seguida, é necessário remover, com água, os eventuais resíduos decorrentes da limpeza, finalizando a tarefa com o recurso a um pano seco. De referir que os produtos abrasivos podem danificar a tinta original, obrigando à realização de uma nova pintura. Q 63


destinos

galiza

Programar experiências de descanso num período de férias é agora mais fácil para todos aqueles que quiserem descobrir a Galiza. O programa “Vive Galicia” oferece diversos pacotes turísticos que prometem conquistar todo o tipo de público.

Turismo de sensações

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galiza

destinos Este Natal, o Turismo da Galiza e um conjunto de agências de viagem deram as mãos para desafiar o público a desfrutar das melhores experiências turísticas da região. O “Vive Galicia” é

um programa de divulgação da oferta turística que oferece mais de uma centena de pacotes cuidadosamente pensados para facilitar o contacto dos clientes com as agências comerciais. 122 experiências para revelar As diferentes propostas do “Vive Galicia” para cada ocasião podem ser descobertas na página www.vivegalicia.es. Através do programa, o visitante poderá conhecer 122 experiências de turismo, agrupadas em oito temáticas que permitirão descobrir alguns segredos bem guardados do Turismo Religioso, Rural, Termal, Marítimo, Náutico, Urbano, de Golf e Acessível. Três simples passos para desfrutar da Galiza O “Viva Galicia” surge como método auxiliador no momento de programar um período de férias, uma vez que reúne as ofertas das melhores agências de viagens galegas. Assim, com apenas um telefonema, é possível encontrar todos os serviços necessários a bons momentos de descanso.

todas as épocas do ano; ligar para o número da agência que fornece o produto selecionado e que enviará para casa do cliente o respetivo pacote com todo o material necessário e, finalmente, deixar-se surpreender e alinhar na aventura de descobrir os segredos do destino eleito. Pacotes para todos os gostos e bolsos Para desfrutar do programa basta seguir três passos: escolher um dos produtos da página www.vivegalicia.es, que apresenta sugestões para 66

Para os amantes de um passeio pela natureza, o “Vive Galicia” sugere diferentes formas de per67


galiza

destinos

correr o Caminho de Santiago e de testemunhar as festas mais populares do norte da Galiza. Se, por outro lado, os interesses dos visitantes estão mais direcionados para a náutica e a vida marítima, o programa disponibiliza 41 experiências distintas, quatro delas em cruzeiros pelas costas galegas. Há ainda 28 maneiras de descobrir o mundo rural da Galiza e a sua oferta de Turismo Ativo. O “Vive Galicia” disponibiliza também 13 pacotes de Turismo de Saúde, com uma oferta que cobre todos os gostos e necessidades. A gastronomia é outro dos aspetos em destaque no programa, sendo que os visitantes têm a oportunidade de escolher entre seis ofertas diferentes, conjugadas com outras seis dedicadas ao enoturismo. Para os apreciadores de golfe existem quatro possibilidades: duas para a iniciação no desporto e duas de golfe com Turismo de Saúde. A oferta fica completa com 12 propostas de Turismo Urbano e duas relacionadas ao Turismo Acessível. Q 68

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formação fcp

desporto

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

«Cinco estrelas» na formação Embora não sendo os principais protagonistas nas camadas jovens do FC Porto, já foram grandes «estrelas» da equipa principal dos «dragões». Atualmente integram as equipas técnicas que compõem os diversos escalões da formação do clube, cabendo-lhes a tarefa de formar, não só jogadores mas também homens, sempre com a mística azul e branca. António Frasco, Nuno «Capucho», Paulinho Santos, António Folha e Bino são os líderes que “gerem os sonhos” dos mais novos. 70

António Frasco, que integrava a equipa que ganhou a primeira Taça dos Campeões Europeus da história do clube, em Viena, é, atualmente, o treinador adjunto do escalão de sub-17 do FC Porto, lugar onde assiste a Nuno «Capucho», o técnico principal. Ambos fizeram parte das formações que ganharam títulos europeus inéditos nos azuis e brancos: o primeiro na Taça dos Campeões, em 1987, o segundo na Taça UEFA, em 2003. Os sub-17 contam, assim, com uma equipa técnica de luxo. “O meu percurso dentro do FC Porto começou em 1978, vindo do Leixões, e o vínculo tem sido permanente”, garante Frasco, que começou por treinar, em 2004, os sub-17 passando, depois, aos sub-19. O «médio», que está, agora, de regresso aos

sub-17, salienta o orgulho que sente por contribuir para a formação dos jovens, que começam, desde cedo, a integrar a mística azul e branca. “Trabalhar em conjunto com o «Capucho» é fácil”, assegura, sublinhando que, entre ambos, há uma boa “interpretação do modelo de jogo e de treino do FC Porto”. Ser portista é viver intensamente o clube e ter um sentimento de vitória permanente”, diz, salientando que não é difícil incutir este espírito nos «miúdos». “A liderança do treinador acaba sempre por se impor”. É com emoção que recorda o mítico título de 1987, conquistado, na final de Viena, ao Bayern. Questionado sobre se o facto de ser um jogador emblemático do clube lhe traz responsabilidades acrescidas na 71


formação fcp

desporto formação dos mais jovens, Frasco garante que há uma mística a transmitir. “Para além dos pormenores técnicos e táticos há que lhes incutir o que é ser Porto”. Também «Capucho», o técnico principal, garante que há uma boa dose de responsabilidade em transmitir o espírito do «dragão». “Há que o difundir em pleno, para além de todos os pormenores técnicos”, refere, salientando que ser Porto “é garra, é conquista, é espírito, é amor”. «Gerir sonhos» Para além de todos os fatores positivos, há, ainda, que os alertar para as dificuldades. “O futebol não é feito só de coisas boas. Nos momentos mais difíceis, têm de estar preparados para lutar, com garra, à conquista dos objetivos, sobretudo com muito espírito coletivo”. «Capucho» entrou na segunda época como técnico principal dos sub-17, onde já passou um ano como treinador adjunto, tendo já trabalhado

em outros escalões como técnico auxiliar, nomeadamente nos sub-19 e sub-15. O ex-extremo-direito possui o Nível 3 do Curso de Treinadores, que tirou por sua própria iniciativa, e que o trouxe à formação do clube azul e branco. Sentiu isso como um desafio e gostou da experiência. “O mais importante é transmitir-lhes a garra de jogar e também a nossa própria vivência como profissionais do clube. No fundo, prepará-los para o futuro”, diz, salientando a importância quer do coletivo, quer do individual na formação da personalidade de um jovem jogador. “Um jogo de futebol é um ato coletivo de onde resul72

tam ações individuais”, garante, sublinhando que um treinador é um “gestor de sonhos”. “Aqui formam-se jogadores mas também homens com caráter”, garante Paulinho Santos, treinador-adjunto dos sub-19, há duas épocas. Aos 41 anos, o ex-médio-defensivo mantém uma relação estreita com o clube, onde chegou com 21, e do qual nunca se desvinculou. “É uma ligação muito forte. Passei duas décadas ligado ao FC Porto, que ocupa um lugar especial no meu coração”, refere. Para além dos sete campeonatos e das cinco Taças de Portugal que conquistou enquanto jogador, o técnico foi, também, na época passada, campeão de sub-19 e, anteriormente, de juvenis. “Já passei por vários escalões na formação do FC Porto, nomeadamente iniciados, juvenis e juniores”, conta, garantindo que a vertente formativa tem sido uma forte aposta do clube. A mística na base da formação “Este escalão já não é constituído por adolescentes. São adultos aos quais temos de transmitir valores, não só em termos de jogo mas também de vida”, sustenta o técnico, salientando a interligação entre todos os escalões que compõem a formação, essencial para transmitir aos mais jovens que o clube funciona “como um todo”. “O Porto é constituído por pessoas que dão um forte contributo para sua organização. É essa a mística do clube, uma estrutura forte, um

espírito de grupo”, assegura, salientando a importância da cumplicidade entre os técnicos das camadas jovens na gestão dos diversos escalões. De acordo com Paulinho Santos, todos são ex-jogadores e sentem o clube de “uma forma especial”. Folha treina, pela primeira época, o escalão de sub15, tendo sido o técnico principal dos sub-14 em 2010. Também ele é um ex-jogador do clube e uma referência na mística portista. “O nosso dever é o de lhes transmitir os valores adequados à sua formação enquanto desportistas e homens, incentivando-os a perseguir os seus sonhos”, explica, sublinhando que a formação é uma vertente muito apoiada no clube. “A nossa missão é a de, em conjunto, desenvolver ao máximo as capacidades dos jogadores, não esquecendo nunca o seu lado humano”. De acordo com o ex-avançado do FC Porto, o patamar de exigência para um jogador do clube é muito elevado, o que torna o trabalho ainda mais difícil mas, ao mesmo tempo, mais aliciante. “Todos trabalhamos de acordo com o modelo de jogo e parâmetros do clube, numa lógica de interação ente os vários escalões. Quando esse trabalho der os frutos esperados, vai ser, para nós, uma enorme recompensa ter contribuído para apoiar o sonho destes jovens e tê-los transformado em atletas de «elite»”, afirma, salientando como grandes desígnios do clube o rigor, a ambição e a determinação. “O mais importante não é que os jovens me vejam como uma referência do clube mas sim como alguém que tem uma forte ligação ao Porto, que sabe o que é

«ser Porto» e que lhes quer transmitir esse valor”, diz Folha. Bino tem 38 anos e o 2.º Nível do Curso de Treinadores. Esta é a sua primeira época, quer como técnico principal dos sub-14, quer como adjunto dos sub-16, onde assiste José Guilherme. Já com experiência na formação, uma vez que treinou os escalões jovens numa escola de futebol, fora do âmbito do FC Porto, Bino diz que ainda está a absorver alguns ensinamentos do técnico principal, uma vez que é a sua «estreia» como treinador no clube. Questionado sobre as dificuldades de lidar com jovens na adolescência, ao nível dos treinos, Bino diz que há idades complicadas de gerir. “Sinto que existem algumas dificuldades, na minha equipa de sub-14, uma vez que se trata de adolescentes. É uma idade de transição, onde ainda não existe vincadamente a ideia de responsabilidade e onde ainda se desconcentram facilmente”, diz, salientando ser uma competência do treinador a de gerir essa vertente. As manhãs são passadas nos treinos dos sub-16, enquanto que as tardes são dedicadas à equipa dos mais novos. O médio, oriundo das escolas do Varzim chegou ao FC Porto na época de 1992/93 onde venceu o campeonato nacional, tendo regressado nas épocas de 1995/96 e 1996/97, onde também foi campeão e venceu a Supertaça. “Não concebo um jogador de futebol que não tenha paixão pelo jogo”, refere Bino, sublinhando que esse é um dos fatores mais importantes para o sucesso destes jovens, aliado a uma grande força de vontade e capacidade de trabalho. Q 73


stockmarket fashion news portuguese Criar condições para que a moda portuguesa possa crescer e afirmar-se a nível internacional é o grande objetivo do projeto “Portuguese Fashion News”. Para contribuir nesse sentido, tem vindo a por em prática iniciativas como o «Fórum de Novos Talentos», o «Concurso de Novos Criadores» e o «Fórum Têxteis do Futuro» que, nesta edição teve como tema central os EPI – Equipamentos de Proteção Individual. A Marcação CE assumiu um papel importante de entre as várias iniciativas desenvolvidas, nomeadamente a tertúlia sobre EPI, onde foram abordadas as principais tendências de inovação deste mercado e os principais fatores a ter em conta na certificação destes produtos, sendo de salientar, também, o lançamento da 4ª edição do Diretório de Têxteis Técnicos, no decorrer do fórum. O principal objetivo da exposição «Fórum Tendências de Tecidos» é a de divulgar no mercado

Prioridade à moda nacional Numa iniciativa promovida pela Associação Selectiva Moda(ASM), no âmbito do projeto Portuguese Fashion News (PFN), foram várias as iniciativas que decorreram ao longo deste semestre. Das diversas ações realizadas, o destaque vai para os fóruns «Têxteis do Futuro», «Tendências de Tecidos» e «Novos Talentos». 74

a utilização de tecidos inovadores. Na última edição foram apresentadas as cores, fios e combinações mais inovadoras do mercado. O «Fórum Novos Talentos» - uma mostra da criatividade dos finalistas dos cursos de moda que trabalham os tecidos dos fabricantes nacionais de acordo com as tendências da estação resulta do Concurso Jovens Criadores. Os dez finalistas deste concurso tem participação garantida na próxima edição do salão Modtissimo, apresentando uma mini-coleção, sendo que o vencedor poderá desfilar a sua no Portugal Fashion. No seguimento desta iniciativa, as vencedoras das duas últimas edições do Concurso Jovens Criadores PFN abriram o terceiro dia do Portugal Fashion com os seus desfiles. Claúdia Garrido e Juliana Cunha tiveram a oportunidade de criar as suas próprias coleções e apresentálas na passerelle de um dos maiores eventos da moda nacional. Q

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prémio

águas do porto A Águas do Porto foi uma das 15 empresas finalistas do Prémio Europeu para o Setor Público (EPSA 2011 – European Public Sector Award) com o projeto «Porto, uma Cidade Sensível à Água: Gestão Sustentável do Ciclo Urbano da Água». Promovido pelo Instituto Europeu da Administração Pública (EIPA), com o apoio da Comissão Europeia, o galardão pretende reconhecer publicamente as práticas mais eficientes e inovadoras no âmbito do setor público europeu.

as e empresas, o júri seleccionou 21 projetos para uma avaliação exaustiva «in loco» pela equipa do EIPA, tendo nomeado apenas 15 candidaturas para a fase final. Submetido no âmbito do Tema 2 “Ser verde: soluções concretas para o setor público”, o programa da Águas do Porto assenta na redução drástica das perdas de água. Entre outubro de 2006 e setembro de 2011, o volume de água perdida desceu 68 por cento, de 56 mil para 18 mil metros cúbicos/dia, o que corresponde a uma poupança acumulada de cerca de 20 milhões de euros. Estes ganhos de eficiência têm vindo a financiar grande parte dos investimentos na melhoria da rede de abastecimento de água, na conclusão da rede de saneamento e, ainda, a alargar o âmbito da atividade da empresa à globalidade do ciclo urbano da água (águas pluviais, ribeiras e praias do Porto). O plano de investimento tem sido executado com sustentabilidade, sem aumentos reais das tarifas e sem endividamento bancário. O júri internacional do EPSA 2011 vem, assim, reconhecer o trabalho da Águas do Porto como um exemplo de boas práticas no contexto da União Europeia, destacando o seu caráter de excelência, inovação e sustentabilidade, bem como o seu elevado efeito demonstrativo e potencial de transmissibilidade. Melhor empresa municipal do país

Eficiência premiada a nível europeu Depois de, em 2010, ter sido galardoada com o prémio «Boas Práticas no Setor Público», na categoria «Redução de Custos Internos», com o projeto «Porto sem Perdas, Gestão da Mudança rumo à Sustentabilidade», a empresa Águas do Porto voltou a integrar os finalistas do «Prémio Europeu para o 76

Setor Público» com o projeto intitulado «Porto, uma Cidade Sensível à Água: Gestão Sustentável do Ciclo Urbano da Água», que foi reconhecido pelo júri internacional, composto por diversos especialistas de diferentes países, como um caso de sucesso na gestão de um processo de mudança no

setor público a nível internacional, como resultado do apoio político, da liderança forte e do envolvimento dos colaboradores. Das 274 candidaturas ao EPSA 2011, provenientes de 32 países europeus, de entidades públicas nacionais, regionais e locais, incluindo institutos, autarqui-

A Águas do Porto foi também considerada a empresa com a melhor situação económico-financeira no panorama nacional das empresas municipais e intermunicipais. Das 280 que integram a lista da Direcção-Geral das Autarquias Locais (DGAL), a Águas do Porto sobressai com um saldo positivo de 91,9 milhões de euros entre ativo e passivo. A empresa municipal do Porto tem apresentado lucros desde que foi criada, em 2006. No exercício de 2010, o resultado líquido alcançado atingiu perto de 1,2 milhões de euros. É de salientar que Águas do Porto, cujo objeto social foi alargado a todo o ciclo urbano da água (abastecimento, drenagem e tratamento de águas residuais, águas pluviais, ribeiras e praias), obteve estes resultados num contexto de contenção tarifária, ou seja, as tarifas aumentaram apenas um por cento, ficando abaixo da taxa de inflação, e sem recurso a financiamento bancário. Q 77


agentes de condução

um dia com

Metro a metro Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

A primeira viagem do Metro do Porto realizou-se em 7 de dezembro de 2002, entre as estações da Trindade e Senhor de Matosinhos, percurso que constituiu a primeira fase da linha A (Azul). Com a expansão da rede, dentro e fora da cidade do Porto, o metro tem vindo a conhecer um acréscimo acentuado de utilizadores. Mas se andar de metro já se tornou um hábito para milhares de portuenses, fazer andar o metro é só para alguns. 78

Denominam-se agentes de condução e são eles que fazem deslizar os veículos pelos carris das seis linhas que compõem a rede de metro do Porto. São funcionários da operadora Via Porto e asseguram, diariamente, o transporte de milhares de utilizadores de toda a Área Metropolitana do Porto. A atividade dos cerca de 200 agentes de condução pode, à primeira vista, parecer pouco complicada, mas exige grande concentração e algum espírito de sacrifício. Alguns dos «segredos» foram desvendados à medida que acompanhávamos estes profissionais de condução. Antes de entrar em funcionamento, um veículo que vá iniciar a marcha pela primeira vez nesse dia tem de ser testado, um procedimento habitual que cada agente de condução tem de realizar. Bruno Pereira, 33 anos, é condutor do metro há seis. A preparação do

Eurotram, que iniciou a marcha na estação de Fânzeres com destino à de Senhor de Matosinhos, esteve a seu cargo. Ao longo de 15 minutos, tempo máximo para verificar um veículo simples – e que se convertem em 20 se for duplo – há que testar luzes, câmaras, abertura e fecho de portas, os sistemas sonoros de alerta e de informação, as comunicações com os passageiros, os painéis que compõem o habitáculo e toda uma série de fatores que garantem o seu bom

Concentração para quebrar monotonia

funcionamento. Logo após a verificação interna, em ambas as cabines, o agente de condução dirige-se ao exterior, onde efetua uma «ronda» ao veículo, garantindo, também o bom funcionamento da parte externa. Depois de 20 minutos de preparação, uma vez que se tratou de um veículo duplo, entrou na cabine, onde passa uma boa parte do seu tempo, e foi explicando todos os procedimentos que a função exige. “Há que estar atento a diversos pormenores pois são eles que garantem o bom funcionamento da nossa atividade”, diz, salientando que há uma grande diversidade de fatores a ter em conta para uma manutenção correta, quer do veículo, quer da segurança dos passageiros. “Aqui, tudo é planeado ao minuto e cada segundo conta para que o veículo chegue dentro do horário a cada destino e a cada estação. Por isso não podemos falhar”.

tanto, que tem de haver a máxima concentração. “Estar atento a tudo: limites de velocidade, sinalização, horários, entrada e saída de passageiros”, enumera, acrescentando ainda os obstáculos que podem surgir na envolvente e que são muitos, principalmente nos troços urbanos à superfície. E, por isso, o agente de condução prefere, por dois motivos, a linha D (Gaia). “Desde logo por uma questão emocional, uma vez que sou de Gaia e nutro uma grande afinidade por esta cidade. A travessia da ponte mostra-nos sempre uma paisagem fantástica, não é?”, questiona. O segundo motivo pelo qual prefere trabalhar nesta linha está ligado ao facto do percurso ser feito, essencialmente, em ambiente urbano, com mais «adrenalina». O tempo de paragem nas estações é cronometrado e os agentes de condução têm de estar atentos, sendo eles

Iniciada a marcha, o agente de condução fica isolado dentro do habitáculo, uma vez que não tem contacto direto com os passageiros. Francisco Reis gosta da sua atividade mas reconhece que este isolamento acaba por torná-la um pouco monótona. “Esta «solidão» acaba por gerar uma ausência de estímulos e, consequentemente, alguma monotonia”, admite, acrescentando, no en-

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agentes de condução

um dia com

quem aciona a abertura e fecho de portas dos veículos e garante a segurança na entrada e saída dos clientes. Para isso contam, no habitáculo, com a ajuda de câmaras que lhes dão uma panorâmica do cais de embarque, uma vez que os veículos não têm espelhos retrovisores. Ao entrar nas estações, o veículo tem de emitir um sinal sonoro, acionado pelo agente de condução, tendo, o mesmo, de ser igualmente acionado sempre que o veículo iniciar a marcha. Uma buzina é também acionada sempre que se justifique, ao passar em cruzamentos, travessias de peões ou zonas urbanas cruzadas pelo metro. “Funciona quase como a buzina de um automóvel”, diz Bruno Pereira, que nutre uma preferência pelas linhas A (Matosinhos) e D (Gaia), justamente as que têm o maior percurso em ambiente urbano. Depois de todos os passageiros em segurança, as portas são fechadas e o veículo arranca, seguindo todos os procedimentos até à próxima estação. No final da linha, o agente de condução troca de cabine e inverte, assim, a marcha da composição. Para além dos sinais interiores, os agentes de condução têm de estar atentos às indicações que lhes são transmitidas externamente, quer pela sinalização (vertical ou luminosa), bem como pelo posto de comando, com quem têm de entrar em contacto via móvel, sempre que surja uma anomalia. Bruno Pereira imobiliza o veículo devido à inativação de um sinal luminoso que deveria estar ligado e pede, de imediato esclarecimentos ao posto de comando que o manda avançar. “A luz que indica que há energia 80

para a catenária estava desligada e se houvesse anomalia o veículo iria ficar sem energia, o que lhe poderia causar danos mecânicos”, refere, salientando que, neste caso, poderia ser simplesmente a lâmpada indicadora que estava fundida. Francisco Reis parou a composição num sinal vermelho, devido ao atravessamento de outro veículo proveniente de outra linha e que, de acordo com o horário teria que passar à frente. Mas depois de algum tempo de espera, o agente de condução estranhou a demora da abertura do sinal e contactou a central que o mandou avançar. “Por vezes acontecem pequenas falhas no sistema que são, de imediato, colmatadas”, esclarece. Ao contrário de muitos dos seus colegas, Francisco Neves tem uma preferência pela linha de F (Fânzeres) por não passar, à superfície, pelo centro das cidades. “A viagem é mais tranquila, não existem tantos obstáculos”, diz, exemplificando com a zona comercial de Matosinhos. “As pessoas andam na rua sem prestar os cuidados devidos, uma vez que aquela é uma passagem do metro. Nós temos de ter cuidado com elas mas também elas devem ter atenção ao veículo que circula”. Eurotram e Tram-Train A Metro do Porto conta com dois modelos de veículos que circulam nas várias linhas: o Eurotram (ET) e o Tram-Train (TT). O primeiro, o mais antigo, circula desde a entrada em funcionamento da rede, num total de 72

veículos, tendo como velocidade máxima os 80 quilómetros; o segundo (30 veículos) é mais recente, apresenta maior comodidade para os passageiros e atinge os 100 quilómetros/hora. Devido à robustez que acrescentou à frota de veículos, o TT só circula nas linhas B (Póvoa) e C (ISMAI), as mais extensas da rede. Apesar de ser mais potente e suave, em termos mecânicos, é menos funcional para a condução. “Se pudesse reunia aspetos de um e de outro”, refere António Rafael, agente de condução desde 2003. “O ideal era juntar o conforto para os passageiros e a potência e suavidade no arranque e no freio do TT com a condução prática e a ergonomia do ET”, admite. Todos os agentes de condução estão habilitados a conduzir o Eurotram mas só alguns podem «pilotar» o Tram-Train. “Para conduzir este modelo mais recente, os agentes necessitam de um curso de formação específico que ainda só alguns têm”, refere Carlos Elíseo, responsável de Linha e coordenador de uma equipa de agentes de condução, admitindo, no entanto, que “em breve, todos os outros estarão, também, aptos a conduzir o TT”. António Rafael manifestou, também, a sua preferência por conduzir as composições nas linhas A (Matosinhos) e D (Gaia), enquanto descia a Avenida da República, em Gaia, local onde o metro circula por um corredor central às faixas de rodagem automóvel e se depara constantemente com atravessamentos de peões e de automóveis. Tal como o seu colega, tam-

bém Manuela Sousa está habilitada para conduzir ambos os veículos mas, por uma questão de ergonomia, diz preferir o Eurotram. “A cadeira de condução é central e temos acesso prático a todos os comandos que estão dispostos no formato de «meia-lua» e muito melhores distribuídos do que no Tram-Train. Apesar de ser um veículo mais potente e confortável para os passageiros é menos ergonómico em termos de condução”, refere, salientando o facto da cadeira de condução estar ligeiramente à esquerda da cabine e certos comandos se estenderem pelo painel à direita. Sobressaltos, já todos os tiveram às mãos cheias, mas os acidentes são pouco frequentes. “Quando acontecem são, na esmagadora maioria das vezes, por culpa das pessoas ou dos automóveis que não respeitam a sinalização”, diz António Rafael que já teve um acidente na Maia, com um veículo que se atravessou na linha. Francisco Reis lamenta o atropelamento de uma raposa que atravessou a linha mesmo junto ao veículo e Bruno Pereira recorda um “toque” que deu num transeunte que se aproximou demasiado da composição em andamento. “No fundo, ele é que atropelou o meu veículo” refere com humor. Os sustos são mais frequentes e já fazem parte do quotidiano dos agentes de condução, podendo até servir, de alguma forma, para quebrar «aquela» dose de monotonia que mencionaram. Mas, felizmente, o que não falta nas composições são campainhas e buzinas de alerta. Q 81


portofólio

“A minha cidade” (...) Na minha cidade os Poentes são de ouro sobre o Douro e o mar e só ela tem a luz do entardecer a enfeitar o granito... Na minha cidade (...) há gaivotas e maresia mas não há cacilheiros no rio há rabelos transportando nectar e almas... Na minha cidade também há pregões, gatos, pombas, castanhas assadas e iscas e fado pelas vielas, pendurado com molas, como roupa a secar nos arames...

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A minha cidade tem também tardes languescentes, coretos nas praças velhos jogando cartas em mesas de jardim e o revivalismo de viúvas e solteironas passeando de elétrico (...) a luz da minha cidade é um frémito de amor do astro-rei a beijá-la na fronte, cada manhã!... Maria Mamede

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atualidade

Torneio de Golfe solidário reúne figuras públicas Em outubro, realizou-se um Torneio de Golfe a favor da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António, em parceria com o Golf Club da Estela. O torneio, que somou cerca de 100 inscrições, contou com a participação de diversas personalidades

Negócios em tempo de “crise” A primeira edição do “Best Of Stock”, que se realiza entre 9 e 11 de dezembro, no Pavilhão Rosa Mota, surge como um evento que visa apoiar fortemente os comerciantes portugueses, como forma de criar uma plataforma comercial de vendas de stocks estagnados e, ao mesmo tempo, afirmar-se como um meio de excelência para a divulgação de marcas com valor acrescentado. O conceito deste evento assenta na filosofia ativa e produtiva, que ajuda os lojistas a escoarem produto com descontos que respeitem, no mínimo, os 50 por cento. 84

Assim, as marcas têm a possibilidade única de, em três dias, realizarem vendas rápidas, com o objetivo de alcançar o maior número de transações comerciais. Horários: 9 de dezembro – das 17h00 às 23h00 / 10 de dezembro – das 10h00 às 23h00 / 11 de dezembro – das 10h00 às 20h00 Valor da entrada: 4 euros, reembolsável nas compras (em cada 10 euros, 1 é debitado do valor da entrada, nos stands aderentes) Nota: Crianças e casais com filhos não pagam.

como Jorge Gabriel, Júlio Magalhães e Manuel Serrão, entre muitas outras que não quiseram deixar de contribuir para esta causa. A noite terminou com um jantar, cuja receita reverteu a favor da

Liga dos Amigos do Hospital de Santo António e onde foram, também, atribuídos os prémios aos vencedores da competição. Recorde-se que a Liga dos Amigos do Hospital de Santo António é uma associação que integra mais de 320 voluntários, cujo trabalho incide na melhoria da qualidade de vida dos doentes deste hospital. Q 85


atualidade

7.º aniversário do Vila do Conde The Style Outlets Edição de 2010

Vinhos do Douro e Porto e a moda de Fátima Lopes Alguns dos maiores exemplos da produção nacional, com registo de sucesso em todo o mundo, associaram-se num evento único. À notoriedade dos vinhos do Douro e Porto juntou-se a moda da estilista Fátima Lopes, para dois dias de provas, palestras e demonstrações culinárias de grande glamour. A 6.ª edição do «Porto e Douro Wine Show», promovido pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), juntou, entre 26 e 27 de novembro, no Convento do Beato, em Lisboa, produtores da Região Demarcada do Douro, manequins, chefes de cozinha e especia86

Edição de 2010

listas da área em redor de novos conceitos e novas formas de apreciar os vinhos do Douro e Porto. Cativar novos públicos e reconquistar os portugueses foram os grandes objetivos desta ação. Q

A comemoração do 7º aniversário do Vila do Conde The Style Outlets, que decorreu entre 5 e 13 de novembro, não podia ter sido mais especial, com o centro a oferecer aos seus clientes vários dias em que a música e os prémios foram as principais «estrelas», numa ação que prometia “mudar o armário” dos clientes com mais vontade de alterar o seu estilo. Depois de uma semana de grande atividade, o encerramento da festa contou com a presença dos GNR. Para além da banda portuense, passaram também pelo palco do «Style on Stage» os Amor Electro (banda revelação 2011), The Sean Riley & The Slowriders, Best Youth, Soapbox, The Underdogs, Jazz Combo, At Freddy’s House e Os Tornados. Diana Chaves, Lourenço Ortigão, Sara Matos, José Fidalgo e Manuel Serrão foram algumas das caras mais conhecidas da televisão que não quiseram deixar de marcar presença no concerto do arranque das comemorações. Para além dos espetáculos gratuitos, o Vila do Conde The Style Outlets desafiou os seus clientes a mudar de estilo, com um passatempo online, cuja inscrição consistiu no upload de uma fotografia e de um pequeno texto a explicar as razões pelas quais queriam mudar de estilo. O vencedor ganhou um vale de compras no valor de mil euros. Para além deste prémio, foram, ainda, oferecidos vales diários de 100 euros aos clientes que apresentassem o talão de compras mais elevado. A maior compra efetuada durante a semana do aniversário foi também presenteada com um vale de compras no valor de mil euros. Q 87


pontes do porto

através dos tempos

As cidades das oito pontes

As relações afetivas e comerciais entre Porto e Gaia, duas cidades vizinhas que partilham o mesmo rio foram, desde sempre, muito fortes. As diversas pontes construídas ao longo dos séculos demonstram a crescente necessidade de ligação entre ambas. «Portus Cale» era o nome de uma cidade da Gallaecia romana, que integrava as atuais cidades do Porto (Portus) e Gaia (Cale). A denominação deu origem ao Condado Portucalense e, mais tarde, a «Portugal». Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

A primeira ponte construída no rio Douro foi a denominada Ponte das Barcas. Projetada por Carlos Amarante e inaugurada a 15 de Agosto de 1806, era constituída por vinte barcas ligadas entre si por cabos de aço com abertura a meio para facultar passagem ao tráfego fluvial. Em 1809, na sequência da investida militar liderada pelo marechal Soult, aquando da segunda invasão francesa, deu-se a célebre catástrofe da Ponte das Barcas que fez milhares de mortos. Na ânsia de fugir às cargas das tropas francesas, o excesso de multidão fez abalar a ponte e as pessoas caíram ao rio. A ponte foi reconstruída depois da tragédia, sendo substituída definitivamente pela Ponte Pênsil em 1843. A nova infraestrutura, com 150 metros de comprimento e seis de largura, viria assegurar 88

um melhoramento no tráfego entre as duas margens do Douro e, num teste à sua resistência, suportou mais de 105 toneladas, constituídas por cerca de 100 pipas de água. Manteve-se em funcionamento durante cerca de 45 anos, tendo sido substituída em 1887 pela Ponte Luíz I, construída mesmo ao lado. Dela restam ainda os pilares e as ruínas da casa da guardamilitar que assegurava a ordem e o regulamento da ponte, bem como a cobrança de portagens para a sua travessia. A arte do ferro de Eiffel Antes da construção desta ponte ter início, começou a ser construída a de D. Maria Pia, também designada por Ponte Maria Pia, a primeira infraestrutura ferroviária a unir as duas margens do Douro. Batizada

em honra de Maria Pia de Sabóia, é uma obra de grande beleza arquitetónica, projetada pelo engenheiro Théophile Seyrig e edificada, entre 1876 e 1877, pela empresa Eiffel Constructions Métalliques. Na sua construção trabalharam 150 operários e foram utilizados 1.600.000 quilos de ferro. Tendo em conta as dimensões da largura do rio e das escarpas envolventes, foi o maior vão construído até essa data, aplicando-se métodos revolucionários para a época. Na inauguração, a 4 de novembro de 1877, estiveram presentes a própria D. Maria e D. Luís I. No último quartel do século XX tornou-se evidente que já não respondia de forma satisfatória às necessidades. Dotada de uma só linha, obrigava à passagem de uma composição de cada vez, a uma velocidade que não podia ultrapassar os 20 km/h e com cargas limitadas. No entanto, a ponte esteve em serviço durante 114 anos, como parte da Linha do Norte, até à entrada em funcionamento da Ponte de S. João em 1991. Em 2009, iniciaram-se várias obras de preservação na ponte, que se encontra desativada. A Ponte Luís I, popularmente também chamada Ponte D. Luís, é uma estrutura metálica construída entre 1881 e 1887e, tal como a de D. Maria Pia, também projetada pelo engenheiro belga Teófilo Seyrig. A ponte foi inaugurada em 1886 (tabuleiro superior) e 1887 (tabuleiro inferior), sem a presença do Rei D. Luís I e, por isso, a população do Porto decidiu, em resposta ao que considerou um ato desrespeitoso do monarca, retirar o “Dom” do respetivo nome. Logo a ponte chama-se “Luíz I” e não “D. Luíz I”, como erradamente é designada. Na segunda metade do século XIX, com o comércio a progredir na cidade, as fábricas espalhavam-se por toda a parte oriental da cidade. O tráfego para Gaia e Lisboa crescia e a Ponte Pênsil não chegava para uma circulação eficaz. Por proposta de lei de 11 de fevereiro de 1879, o Governo determinou a abertura de um concurso para a “construção de uma ponte metálica sobre o rio Douro, no local que se julgar mais conveniente em frente da cidade do Porto, para a substituição da atual ponte pênsil”, após ter já recusado um projecto da firma G. Eiffel et Cie. que só contemplava um tabuleiro ao nível da ribeira, com setor levadiço na parte central que, apesar de ter merecido um Grande Prémio na Exposição Universal de Paris de 1878, não servia para uma eficaz ligação entre os núcleos urbanos de Porto e Gaia, impondo-se, assim, como pre-

missa necessária a conceção de uma ponte de dois tabuleiros. A vencedora foi a proposta da empresa belga Société de Willebroeck, com projeto do engenheiro Teófilo Seyrig, que já tinha sido o autor da Ponte D. Maria Pia, e que assina, como único responsável, a grandiosa Ponte Luís I. A estrutura da nova ponte, verdadeira filigrana de ferro, que passou a ser, juntamente com a Torre dos Clérigos, um ex-libris da cidade do Porto, pesava no seu conjunto 3.045 toneladas, tendo ficado iluminada por meio de artísticos candeeiros de gás - 24 no tabuleiro superior e oito no inferior. Atualmente o tabuleiro superior serve a Linha D do Metro do Porto e o tabuleiro inferior destina-se a peões e veículos automóveis. A era do betão Desde 1930 que se sentia necessidade de criar ligações alternativas às antigas pontes (Maria Pia e Luís I) de modo a responder ao crescente fluxo da circulação viária entre Porto e Gaia, motivado sobretudo pela expansão demográfica de todo o distrito. Dessa necessidade permente resultou a construção, em 1963, da Ponte da Arrábida que contou com o maior arco em betão armado de qualquer ponte no mundo. O engenheiro responsável pelo projeto e construção da segunda ponte rodoviária sobre o Douro foi Edgar Cardoso, um dos mais notáveis engenheiros de pontes do país, que teve a colaboração do arquiteto Inácio Peres Fernandes e do engenheiro José Francisco de Azevedo e Silva. Na sua construção, cujo custo foi de cerca de 1.200.000 €, foram gastas 20 mil toneladas de cimento, 58.700 metros 89


pontes do porto

através dos tempos cúbicos de betão armado, 2.250 toneladas de aço e 2.200 toneladas de aço laminado. Foi inaugurada em 22 de junho de 1963 e dispunha de quatro elevadores para que os peões pudessem vencer a distância de setenta metros do rio ao tabuleiro, facilitando em muito a sua travessia pedonal. Nas torres dos elevadores, parte integrante da estrutura, podem observar-se quatro esculturas ornamentais em bronze com cinco metros de altura, duas do lado do Porto, do escultor Barata Feyo, simbolizando “O Génio Acolhedor da Cidade do Porto” e “O Génio da Faina Fluvial e do Aproveitamento Hidroeléctrico” e duas do lado de Gaia, do escultor Gustavo Bastos, representando “O Domínio das Águas pelo Homem” e “O Homem na sua Possibilidade de Transpor os Cursos de Água”. O tabuleiro era composto por duas vias de trânsito com oito metros cada, separadas por uma via sobrelevada de 2 metros de largura, duas pistas para ciclistas com 1,70 metros e dois passeios sobrelevados de 1,50 metros. Em 1995 passou a contar com três faixas de rodagem em cada sentido e atualmente passam pela ponte, em média, 136 mil carros por dia. Arte contemporânea A Ponte de São João foi construída com o propósito de fornecer uma ligação ferroviária alternativa à Ponte Maria Pia, que, devido à sua única via, não conseguia escoar eficazmente o intenso tráfego ferroviário de e para o Porto. Assim, em 1966, a companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses planeou a duplicação da via entre as Estações Ferroviárias de General Torres e Porto-Campanhã, sendo a travessia do rio Douro efetuada por uma ponte de via dupla de traça semelhante à da Ponte da Arrábida. O anteprojeto foi, assim, entregue ao engenheiro Edgar Cardoso, autor da Ponte da Arrábida. Fazendo jus ao nome, a ponte foi inaugurada no dia de São João, em 24 de Junho de 1991.. Tal como a Ponte da Arrábida, à data da sua inauguração, também a Ponte de São João com o seu vão central constituiu um recorde mundial neste tipo de pontes, neste caso, para caminho-de-ferro. Das pontes que ligam o Porto a Vila Nova de Gaia, a Ponte do Freixo é a que está mais a montante do rio Douro, em plena zona histórica, ligando as Fontaínhas à Serra do Pilar. Projetada por António Reis, foi cons90

truída na tentativa de minimizar os congestionamentos ao trânsito automóvel vividos nas pontes da Arrábida e de Luís I, particularmente notórios desde finais da década de 1980. É uma ponte rodoviária com oito vias de trânsito (quatro em cada sentido), mas com um tabuleiro a cotas muitos inferiores à de todas as outras que ligam o Porto a Gaia. Esta ponte, que na verdade se trata de duas construídas lado a lado mas afastadas 10 centímetros, foi inaugurada em setembro de 1995 e em 2011 passam pela ponte, em média, 95 mil carros por dia. Batizada em honra do Infante D. Henrique, nascido no Porto, a Ponte do Infante é a mais recente e, de acordo com diversas opiniões, a mais esbelta ponte que liga Porto e Gaia. Foi construída para substituir o tabuleiro superior da Ponte Luís I, entretanto convertida para uso do Metro do Porto. O engenheiro José Antonio Fernández Ordóñez foi o responsável pelo projeto desta ponte de 371 metros de extensão e 20 de largura, com duas vias de rodagem em cada sentido. Dotada de um arco em betão de 280 metros, a nova travessia demorou 27 meses a ser construída e implicou um investimento de 14 milhões de euros. Como já vem sendo tradição nas pontes entre o Porto e Gaia, constituiu um recorde mundial nesta tipologia e serviu de referência a inúmeras pontes construídas posteriormente. Q 91


porto

autarquias

foram a Itália (53 por cento de turistas), a França (40) e a Holanda (47). Em contrapartida, o mercado inglês foi o que evidenciou a maior retração, com menos 16 por cento. Dos 30 mil turistas que visitaram o Porto durante o mês de julho, os que vieram em maior número foram os espanhóis embora o crescimento mais acentuado se tenha registado em termos de turistas portugueses e franceses, que, nesse mês, evidenciaram um aumento de 25,35 por cento e 25,16 por cento, respetivamente.

Desenvolvimento sustentado O turismo tem vindo a crescer de forma exponencial no Porto. Há cada vez mais estrangeiros a procurar a Invicta como potencial destino de visita seja pela sua beleza, seja pela diversidade cultural, paisagística ou arquitetónica. O investimento na reabilitação que tem vindo a ser desenvolvido contruibui, também, para o «novo rosto» da cidade. 92

Polícia Municipal tem certificado de qualidade Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Rui Meireles / CMP

Turismo cresce no Porto de forma substancial Alguns indicadores têm vindo a dar conta de um crescimento acentuado do turismo na cidade do Porto. Só no primeiro semestre deste ano, os postos de turismo municipais registaram um crescimento na procura de 26,50 por cento face a igual período de 2010. O aumento da procura da cidade do Porto como destino turístico tem vindo a acentuar-se desde julho, mês em que cerca de 30 mil turistas, mais 17,14 por cento do que em julho do ano passado, a visitaram. Nos primeiros seis meses de 2011, o maior número veio de França, Espanha e de outras regiões de Portugal, sendo que os países que tiveram o maior crescimento

A Polícia Municipal (PM) do Porto é a primeira polícia, a nível nacional, a obter o certificado de qualidade. O processo de certificação foi iniciado em 2009, após a aprovação da candidatura apresentada ao Programa Operacional Potencial Humano (POPH). A Polícia Municipal segue-se, assim, ao Gabinete do Munícipe, Departamento Jurídico e de Contencioso e Direcção Municipal da Via Pública, que foram, igualmente, distinguidos com a certificação, e que, de acordo com Rui Rio, presidente da autarquia, foi “a consequência natural da política de rigor e de reorganização interna que culminou na aprovação, em 2003, da nova macroestrutura, cujo principal objetivo estratégico foi o de melhor responder às necessidades e interesses dos munícipes”. Ainda segundo o autarca, esta certificação representa um incentivo a outras unidades ainda não certificadas, contribuindo assim para criar uma dinâmica de melhoramento da qualidade do serviço prestado aos cidadãos. “A Polícia Municipal é a 93


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autarquias primeira polícia no país a obter a certificação de qualidade, o que nos dá uma dupla satisfação e, no meu caso, um grande orgulho”, garantiu Rio, salientando o trabalho realizado ao longo desta década de gestão autárquica. Para Leitão da Silva, comandante da PM, o principal objetivo da candidatura foi o de “reorganizar a casa com vista a melhor servir o munícipe”. De acordo com o responsável, o desafio passa, agora, por manter um grau de exigência “elevado, inovando-o e reinventando-o todos os dias”. “Só assim é possível ter uma boa polícia”, afirmou, confessando-se orgulhoso pelo caráter pioneiro de todo este processo. Manuel de Novaes Cabral, diretor municipal da presidência, traçou, em linhas gerais, a política de certificação na Câmara Municipal do Porto, anunciando a criação de um sistema único da gestão e da qualidade, que irá integrar todos os serviços municipais. “É neste âmbito que, ainda este ano, será implementado o projeto de Auscultação da Satisfação dos Clientes da Autarquia, bem como o de Gestão Integrada das Reclamações, Sugestões e Elogios”, salientou.

rapidamente o impasse quanto ao novo conselho de administração, que será comum às duas empresas. “O Governo vai desbloquear a situação rapidamente, mas vai haver a fusão (Metro/STCP) e haverá uma administração comum”. Álvaro Santos Pereira garantiu também uma “equidade” para as regiões, afirmando que “todos serão tratados da mesma maneira e as necessidades das regiões serão tomadas em conta” assim que a situação económico-financeira permita avançar com novas grandes obras públicas. “Há investimento que não é possível fazer, mas fica a garantia de que quando o problema financeiro estiver resolvido ou atenuado haverá boa vontade governativa”, frisou Álvaro Santos Pereira. A JMP viu, assim, garantida a reivindicação de que a 2.ª fase do Metro do Porto irá avançar, embora só quando forem desbloqueadas as verbas para outras grandes obras públicas no país. Reabilitação do Eixo Mouzinho/Flores Concluídas as obras de requalificação do espaço público no morro da Sé, a Câmara do Porto está já a ultimar os procedimentos de contratação para o início das obras de reabilitação urbana do «Eixo MouzinhoFlores».Trata-se de mais um contributo para a reabilitação e revitalização do Centro Histórico do Porto, Património da Humanidade, que envolve uma profunda intervenção na zona que abrange as ruas de Mouzinho da Silveira, Flores (esta passará a artéria pedonal

Fusão entre Metro do Porto e STCP O Governo veio anunciar, recentemente, as futuras fusões a ser implementadas no setor dos transportes, nomeadamente entre o Metro e a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto. Depois da indignação demonstrada pelos autarcas da Área Metropolitana do Porto, relativamente ao facto de não terem sido consultados antes do anúncio destas medidas, a Junta Metropolitana do Porto (JMP) solicitou uma reunião com o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que teve lugar em novembro. No final do encontro, Santos Pereira garantiu que o Governo irá desbloquear 94

depois da requalificação), Praça Almeida Garrett, Largo dos Lóios, Taipas, Caldeireiros e Ferreira Borges. O projeto representa um investimento global na ordem dos 8,6 milhões de euros e tem já aprovado um apoio comunitário de 6,9 milhões, no âmbito do QREN. Câmara apresenta proposta para salvar o «Fluvial» No âmbito do processo de insolvência que o Clube Fluvial Portuense atravessa, a autarquia continua apostada em apresentar uma proposta de saneamento das dívidas do clube à Assembleia de Credores. A intenção poderá, no entanto, vir a ser abandonada, caso o Fluvial apresente uma proposta própria que seja aprovada na referida assembleia, garantindo, assim, o pagamento das dívidas, incluindo a que tem para com a autarquia e que ascende aos 476 mil euros. A decisão foi tomada em Assembleia Municipal, onde se chegou a um entendimento quanto ao futuro das instalações do Fluvial, evitando-se, deste modo, que o respetivo património vá parar a mãos de privados, depois de a Câmara ter “ajudado” o clube com mais de 10 milhões de euros ao longo dos anos. Segundo a proposta do Executivo, o município salvaguarda o património do Fluvial, que lhe foi cedido gratuitamente pela câmara, evitando que o mesmo seja vendido em hasta pública e assegurando, em simultâneo, a oferta desportiva à cidade. Além disso, ficou também decidido que a autarquia lhe irá facultar as condições necessárias para que o clube possa continuar a desenvolver as suas atividades desportivas.

Limpeza da baixa aquém das expetativas A zona da Baixa do Porto ainda não atingiu os níveis de limpeza desejados, fator que tem em conta as novas dinâmicas criadas pelo fluxo dos milhares de pessoas que frequentam a vida noturna, e a elevada concentração diária de visitantes. A limpeza urbana desta zona ainda não foi concessionada pela autarquia a empresas especializadas, no âmbito da decisão da autarquia de concessionar a privados cerca de 50 por cento da recolha de resíduos sólidos e limpeza urbana, uma medida

aprovada em julho de 2008 na sequência da abertura de um concurso público internacional. Este processo englobou a transferência de funcionários municipais, no âmbito da reestruturação orgânica interna da autarquia, o que deixou desfalcados os serviços municipais responsáveis pela limpeza da metade restante da área do concelho. Já a partir de janeiro de 2012, a autarquia espera poder concessionar uma parte significativa dos restantes 50 por cento da limpeza urbana, ficando os serviços municipalizados com apenas dez por cento. Desta forma, será possível adequar os recursos humanos às necessidades concretas. Q 95


matosinhos

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ceira idade em construção ou já concluídos e uma profunda renovação na área do desporto, com a construção de inúmeros equipamentos desportivos e a aquisição de outros”, acrescentou o presidente, referindose, por exemplo, às intervenções realizadas no Campo de Custóias e de Leça do Balio e à requalificação do equipamento da Bataria, com a instalação de um piso sintético que “multiplicou a capacidade de utilização do recinto”. Outra vitória realçada por Guilherme Pinto no trabalho realizado nos últimos seis anos prende-se com a atração de importantes investimentos para Matosinhos, nomeadamente na área da comunicação social, com a instalação do Porto Canal, da SIC e do grupo Impresa no município. Em declarações à Viva, o também presidente do Fórum Europeu para a Segurança Urbana, realçou que um dos seus objetivos iniciais era o de “simplificar a vida às pessoas”, tarefa que considera cumprida já que, segundo o autarca, Matosinhos é “a câmara que tem o melhor serviço à população em termos de informatização e simplificação de processos”. Na análise dos últimos anos de mandato, Guilherme Pinto refere ainda que o município foi “o primeiro ponto do país a liderar as políticas relacionadas com o mar, quer na gastronomia e na componente lúdica em geral, quer do ponto de vista científico, com a aposta no Centro de Ciências do Mar, quer do ponto de vista económico, com o Porto de Leixões”.

Tempo de viver Matosinhos

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Francisco Teixeira (CMM)

Após um período estratégico de aposta na construção e requalificação de equipamentos ligados às mais diversas áreas, Guilherme Pinto está a desafiar os cidadãos a viverem Matosinhos, dando-lhes espaço para uma participação ativa nos assuntos do município. 96

Seis anos depois da tomada de posse do atual Executivo de Matosinhos, o presidente da Câmara Municipal, Guilherme Pinto, defende que “a casa está pronta e é preciso vivê-la”. Após um período de forte aposta na construção e requalificação de equipamentos ligados à educação, desporto, ciência, inovação e design, o autarca considera que o maior desafio para os próximos tempos será o de mobilizar os cidadãos em torno das infraestruturas que têm à sua disposição. À luz da estratégia “Mar, Movimento e Cultura”, que continuará na linha da frente do trabalho do município, Guilherme Pinto afirma ter cumprido os objetivos propostos, nomeadamente na área da educação – com quase todo o parque escolar renovado – num investimento de cerca de 100 milhões de euros. “Tenho feito tudo aquilo a que me tinha comprometido em matéria de ação social: centros de dia, lares de ter-

Município pretende abrir Conselhos Consultivos aos cidadãos Segundo o presidente da Câmara de Matosinhos, o próximo passo no trabalho do município será o de mobilizar a população. “Para isso, vou tentar fazer uma coisa inédita: abrir os nossos Conselhos Consultivos”, revelou. “Em todas as áreas, sobretudo nas que implicam grandes investimentos, temos documentos estratégicos que são concebidos pelos serviços e partilhados por todos os atores no terreno (…) O meu interesse, neste momento, é que possamos abrir esses Conselhos Consultivos a cidadãos escolhidos aleatoriamente nos cadernos eleitorais para uma participação mais ativa na cidadania”, acrescentou. O autarca destacou ainda a intenção de constituir “Unidades de Cidadania”, integradas por pessoas escolhidas ao acaso nos cadernos eleitorais que serão 97


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autarquias

desafiadas a “fazer a sua cidade, o seu local de residência, o seu bairro”. “É uma forma de ir ao encontro de pessoas que, normalmente, estão a quilómetros de distância da atividade política”, salientou, afirmando esperar respostas afirmativas dos selecionados. “Não basta dizer mal, é preciso participar porque mudar o que quer que seja é muito difícil”, apontou. Autarquia prepara pacote de medidas de apoio social para 2012 Num momento particularmente difícil de crise económica, Guilherme Pinto explicou que a principal estratégia de Matosinhos foi perceber de que modo é que, face à redução das receitas, seria possível manter uma autarquia sustentável. “Isso foi feito e, neste momento, estou em condições de garantir que, com os devidos ajustamentos, é possível manter o essencial daquilo que tinham sido os padrões de qualidade definidos pela câmara”, salientou. Ainda assim, o presidente afirma querer ir mais longe. Além das quatro mil famílias que moram em habitações sociais da câmara e das 600 famílias que, recebendo menos do que o rendimento mínimo per capita, são apoiadas pela autarquia no pagamento mensal da renda, o responsável está a tentar descobrir novos caminhos de ajuda para os próximos tempos. “Com a ajuda da universidade, estamos a perceber 98

bem o que podemos fazer e temos uma reunião aprazada, onde um conjunto de personalidades importantes do país virão a Matosinhos para, em conjunto, discutirmos quais são as novas formas de apoio possíveis para os cidadãos”, explicou à Viva. Do ponto de vista financeiro, a câmara está a auxiliar os cidadãos com programas sociais destinados às crianças em idade escolar, por exemplo através de refeições durante as férias, e ainda à terceira idade, nomeadamente com medidas ligadas à aquisição de medicamentos. Depois, “do ponto de vista imaterial”, Guilherme Pinto referiu ainda a importância de proporcionar o acesso à Internet e à SporTV e a tentativa de fomentar o voluntariado, dirigindo-o muito às pessoas que estão desempregadas, “para que possam ter uma atividade social que lhes mantenha o espírito ocupado”. A autarquia está, assim, a tentar criar um pacote de medidas que estejam prontas no início de 2012 e que consigam atenuar as dificuldades dos cidadãos. “Devo dizer que nós não vamos aumentar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), apesar de termos menos receitas do que no ano passado”, assegurou o autarca, defendendo que as famílias não iriam aguentar o aumento de 25% pretendido pelo Governo e pela “troika”. Com esta opção, a câmara pretende servir de exemplo em relação ao primeiro princípio da chamada estratégia SIM – “Solidariedade, Inovação, Mobilizar”. 99


matosinhos

autarquias

As dificuldades Ao longo dos últimos seis anos de mandato, Guilherme Pinto reconhece que algumas das dificuldades a superar foram criadas por organismos de avaliação. “Por exemplo, o Tribunal de Contas obrigoume a retirar quase 3 milhões de obras relacionadas sobretudo com escolas, por uma interpretação que não se aplicou a nenhum outro lado, mas porque está distante”, explicou. Outra situação “incómoda” mencionada pelo presidente da autarquia prende-se com a invenção de histórias para promover a crítica. “Aborrece-me porque dá a ideia de um clima negativo que não existe. Quando olhamos para aquilo que fomos fazendo, percebemos que é difícil haver quem fizesse tudo diferente”, apontou, lamentando que se tentem encontrar “deficiências no caminho traçado para utilizar no combate partidário”. “Passo a passo” uma Capital do Design A Câmara de Matosinhos está a desenvolver um conjunto de projetos que pretendem transformar o município numa espécie de Capital do Design. “Neste momento, temos uma montra da Escola Superior de Artes e Design (ESAD) no mercado de Matosi100

nhos”, afirmou Guilherme Pinto, referindo-se ao projeto do chamado “Espaço Quadra”, que conta com uma pequena galeria que atrai milhares de pessoas por cada exposição. Uma das novidades pensadas para a área artística é criação de uma zona de ruído que revolucione a vivência do espaço. No interior do mercado, a autarquia está a preparar uma incubadora de empresas. “Estou, nesta fase, à espera de duas coisas: que me aprovem a candidatura ao QREN para fazer a remodelação de um antigo edifício da Caixa Geral de Depósitos na Rua Brito Capelo que será a “pièce de résistance” de toda esta estratégia, ou que me deixem utilizar a minha capacidade financeira porque Matosinhos tem vindo a baixar a sua dívida de longo prazo – quando eu entrei tínhamos 57 milhões, hoje temos 42 milhões”, referiu Guilherme Pinto. De uma forma ou de outra, o presidente garante avançar com o projeto que considera ser um dos elementos diferenciadores de Matosinhos. “Nós temos condições para levar longe o nome do país, temos é de ter confiança nas nossas próprias capacidades e deixar de ouvir, todos os dias, de todo o lado, que somos um conjunto de emplastros”, assegurou, defendendo que “ninguém ganha uma batalha baixando os braços e desistindo”. Q 101


gaia

autarquias VL5 batizada de José Maria Pedroto

A Câmara de Gaia homenageou José Maria Pedroto, ao associar o nome do antigo técnico do FC Porto e da selecção nacional à VL-5, via que liga a CREP à A32, e tornar mais próximo o acesso ao Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia (em Olival/Crestuma), e ao Estádio Jorge Sampaio (em Pedroso). Na ocasião, para além de Luís Filipe Menezes, marcaram também presença várias glórias dos «Dragões» como António Oliveira, Fernando Gomes, João Pinto e Frasco, entre outros. Não faltaram também elementos da família, como a viúva do técnico, Cecília Pedroto, e o filho, Rui Pedroto. Em todos os intervenientes, o sentimento era unânime: José Maria Pedroto foi mais do que um simples técnico de futebol, marcando gerações e uma postura de inconformismo do norte do país em relação ao poder instituído. “Foi, porventura, a personalidade que mais marcou a génese de uma identidade nortenha nos últimos 30 anos. Enquanto líder técnico do FC Porto - ao lado de dirigentes do clube de que foi percursor – criou uma identidade de rebeldia nortenha, de crença nas nossas próprias capacidades. O Norte não tem desculpa por não ter seguido o seu exemplo”, salientou Luís Filipe Menezes, na ocasião. Para além da lápide que assinala a rua, a autarquia encomendou uma estátua alusiva a José Maria Pedroto, que será colocada nas imediações da via. Gaia investe mais 20 milhões

70 milhões para investir no centro histórico A par dos 20 milhões de euros que a Câmara Municipal de Gaia pretende investir, nos próximos dois anos, na criação ou remodelação de diversas infraestruturas emblemáticas do concelho, Luís Filipe Meneses, presidente da autarquia, garante que o investimento em curso no Centro Histórico ascende já aos 70 milhões. 102

O município de Gaia vai investir cerca de 20 milhões de euros nos próximos dois anos, num conjunto de sete obras emblemáticas: Via Circular do Centro Histórico, que inclui a Via Panorâmica, a Via da Misericórdia e o viaduto de ligação à Rua General Torres, Centro de Alto Rendimento, Centro Escolar do Parque da Cidade, remodelação do Pavilhão Municipal e Mercado da Afurada. “Este esforço financeiro da autarquia é muito importante numa altura em que o país atravessa uma grave crise económica. A aposta em obras financiadas pelo QREN vai continuar, porque fizemos o trabalho de casa. Vamos dar continuidade ao processo de modernização do concelho, torná-lo mais atrativo e gerador de impulso da iniciativa privada”, afirmou Firmino Pereira, durante uma visita às obras do Centro Escolar do Parque da Cidade. O novo 103


gaia

autarquias equipamento escolar, em construção junto ao Parque da Cidade, representa um investimento de 4,9 milhões de euros e tem capacidade para 450 alunos do pré-escolar (5 salas) e 1º ciclo (15 salas) do Ensino Básico. “Surgirá aqui uma cidade educativa, desportiva e um parque verde que constituem um pólo de grande atração e uma nova centralidade”, explicou. O Centro Escolar do Parque da Cidade insere-se no programa de modernização e expansão dos equipamentos escolares de Gaia e sucede à construção do Centro Escolar da Serra do Pilar, que será inaugurado em breve. Seguir-se-ão os Centros Escolares do Parque Biológico, Arcozelo e Canidelo. Os quatro novos centros escolares de Vila Nova de Gaia representam um investimento de 19,5 milhões de euros, têm capacidade para 1900 alunos, e disponibilizam 22 salas de ensino pré-escolar e 55 salas do 1º ciclo do Ensino Básico. Teleférico é um êxito A Câmara Municipal de Gaia assinalou o Dia Mundial do Turismo, e também os seis meses de entrada em funcionamento do teleférico, com uma cerimónia na estação do Jardim do Morro. Para o efeito marcaram presença várias individualidades da região Norte, que assim testemunharam o êxito do teleférico no seu

primeiro período de vida: 125 mil pessoas transportadas em seis meses. Na ocasião Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara de Gaia, congratulou-se com a forte adesão, sobretudo turística, ao teleférico, e salientou a importância do equipamento no seio da Área Metropolitana do Porto. “A marca Porto é fortíssima. É mais forte que a marca Portugal. O Porto tem de ser visto com uma grande mancha territorial que englobe

Maquete do Campus Escolar do Parque Biológico

os vários concelhos envolventes para que se torne ainda mais competitivo”, explicou o autarca, acrescentando que, sem recurso a fundos estatais, estão em curso no Centro Histórico intervenções cujo investimento ascende a 70 milhões de euros. Melchior Moreira, presidente da Região do Turismo do Porto e do Norte de Portugal, deu ainda conta que o teleférico se transformou num “incremento indireto do setor do Vinho do Porto”. Na cerimónia estiveram presentes diversas figuras de relevo da cidade, nomeadamente o arquiteto Alcino Soutinho, o ex-selecionador nacional de futebol António Oliveira e o presidente do Metro do Porto Ricardo Fonseca, entre outras. Centro Histórico com mais estacionamento O parque de estacionamento da Ponte Luiz I dispõe de 204 lugares e também de magníficas vistas sobre o Douro. O arquiteto Alcino Soutinho, autor do projeto, criou esta nova estrutura dentro de uma ruína encastrada numa escarpa. Desenvolvido pela Parque Gil – Planeamento e Gestão de Estacionamento, SA, trata-se de um investimento de 4,5 milhões de euros e faz parte de um pacote de parques desenvolvidos pela empresa, que engloba também os do Centro Histórico, Centro Cívico e Soares dos Reis, num total de 604 lugares. “Nos próximos dois anos serão dados muitos passos no sentido de demonstrar a

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utilidade e a rentabilidade deste parque”, esclareceu Luís Filipe Menezes. O autarca referia-se, em concreto, aos próximos capítulos de desenvolvimento previstos para o Centro Histórico ao nível da mobilidade: construção da via circular que fecha o anel da VCI/IC23, reperfilamento da Avenida Diogo Leite num só sentido (nascente/poente), ligação do Cais do Cavaco à Via Edgar Cardoso e ligação do Yeatman Hotel à Rua de General Torres. No futuro, o Centro Histórico irá contar com cinco parques de estacionamento: Guilherme Gomes Fernandes (já em funcionamento), Cais Cultural, CS Oporto Vintage Hotel, Taylor’s e Estação de General Torres. Q 105


ambiente

amp

A implementação de áreas arborizadas com espécies espontâneas está a ser promovida por diversas entidades que integram o Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto (cre.porto). O projeto «Futuro – 100.000 árvores» foi lançado no âmbito do Ano Internacional da Floresta e, ao longo dos próximos cinco anos, pretende reflorestar mais de 100 hectares que integram a área metropolitana.

100 mil árvores para a área metropolitana 106

Diversas entidades, nomeadamente Área Metropolitana do Porto (AMP), Universidade Católica Portuguesa, Forestis e Quercus, unidas pelo Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto (cre.porto), em colaboração com mais algumas parcerias, lideram o

projeto, denominado «Futuro – 100.000 árvores» que pretende a criação de bosques autótones em toda a região. O grande objetivo deste novo projeto é o de reflorestar, com espécies espontâneas da região, cerca de 100 hectares de área ardida, livre ou que necessite de re107


ambiente

amp «Embaixadores da Floresta»

conversão ao longo dos próximos anos. Estas áreas, na sua maioria de gestão pública mas que em alguns casos pertencem a privados - solidários com a importância da iniciativa – vão ser alvo de uma gestão continuada com a colaboração das autarquias, das associações florestais e da própria Autoridade Florestal Nacional (AFN). Numa primeira fase, o projeto irá contar com intervenções distribuídas por várias áreas prioritárias definidas na Rede de Parques Metropolitanos, como os parques do Salto, Freita, Montalto, Monte Córdova, Brisas e Leça, nos municípios de Arouca, Gondomar, Maia, Santo Tirso, S. João da Madeira, Trofa, Valongo e Vila do Conde. Para um futuro mais verde Criar bosques mistos, e com espécies autótones, no território apresenta-se como uma prioridade e uma questão fundamental para o aumento da biodiversidade, proteção dos solos, salvaguarda dos recursos hídricos, prevenção do efeito dos incêndios e, consequentemente, para a incrementação de uma melhor qualidade de vida, uma vez que os bosques têm um importante papel no sequestro de dióxido de carbono, gás que resulta da combustão das energias fósseis e que acelera as alterações climáticas. Nas plantações destas matas serão privilegiadas espécies autótones como carvalhos, sobreiros, amieiros, castanheiros, freixos, loureiros, medronheiros, ulmeiros e pinheiros-mansos, entre outras. 108

As plantações tiveram início em outubro, sendo promovidas pelas autarquias, em coordenação com as associações florestais e a AFN, e todas as entidades, bem como cidadãos, que queiram participar são convidados a colaborar nas campanhas de plantação e manutenção dos bosques. Para o efeito, vários cidadãos interessados já concluíram o roteiro de formação prática, «Embaixadores da Floresta», de modo a estarem preparados para desempenhar um papel ativo na proteção e promoção dos bosques autótones da Área Metropolitana do Porto. Este curso preparou cerca de uma centena de cidadãos relativamente a várias temas, nomeadamente a história das florestas, a identificação de espécies de árvores autótones, os benefícios ambientais, sociais e económicos das áreas florestais e as técnicas para disseminar, plantar e manter árvores nativas e limitar as espécies invasivas. Os 50 participantes que completaram o curso obtiveram o certificado de Embaixadores da Floresta. Mas qualquer pessoas interessada em participar pode-se inscrever como voluntária neste projeto, podendo ser uma Curadora da Floresta. http://embaixadadafloresta.blogspot.com Melhoria na qualidade do ar para cerca de meio século As 100 mil árvores a plantar contribuem para o sequestro de cerca de 20 mil toneladas de dióxido de carbono ao longo dos próximos 40 anos, uma das grandes qualidades “invisíveis” da floresta, a que se juntam a regulação do clima e da água, controlo da erosão e retenção de sedimentos, formação do solo, reciclagem de nutrientes, produção de matérias-primas e proteção dos recursos genéticos e da biodiversidade. Q O cre.porto é uma rede regional com entidades públicas e privadas que atuam na área da educação-ação dos cidadãos para um futuro mais sustentável, liderada pela Área Metropolitana do Porto, Universidade Católica Portuguesa e Direção Regional de Educação do Norte. Formalmente reconhecidas pela Universidade das Nações Unidas, as iniciativas «Futuro – 100.000 árvores» e «Embaixadores da Floresta» surgem no âmbito desta rede e vivem da colaboração dos seus parceiros. www.crepor to.blogspot.com 109


sugestões culturais Coliseu do Porto Rua Passos Manuel, 137 – 4000-385 Porto Tel. 223394940 | Fax. 223394949 www.coliseudoporto.pt

17 fevereiro 2012 | 22 horas Concerto Guano Apes Depois do cancelamento de vários concertos devido a uma lesão na perna da vocalista Sandra Nasic, os Guano Apes já definiram as novas datas para os espetáculos em solo português. No dia 17 de fevereiro, a banda alemã atua no Porto, depois de anunciar o seu quarto trabalho, intitulado “Bel Air”, que será lançado em abril. Após uma pausa de alguns anos, durante os quais os elementos da banda se dedicaram a projetos a solo, os artistas de rock alternativo estão de regresso à música e prometem brindar o público com conhecidos temas como “Open your Eyes”, “No Speech”, “You Can’t Stop Me” e “Quietly”. O preço dos bilhetes para o concerto varia entre os 25 e os 30 euros.

28 março 2012 | 21 horas Concerto James Morrison O cantor e guitarrista britânico James Morrison estará em Portugal em março para apresentar “The Awakening”, trabalho editado em setembro de 2011 que alcançou o primeiro lugar do top de vendas no Reino Unido. O primeiro single do artista – “You Give Me Something” – lançado em 2006, conquistou rapidamente a Europa, a Austrália e o Japão. Com apenas 21 anos, o álbum de estreia “Undiscovered” valeu ao artista três nomeações para os Brit Awards, arrecadando o galardão de Melhor Artista Britânico a Solo. Dois anos depois, James Morrison editou o segundo trabalho “Songs for You, Truths for Me”, incluindo o conhecido dueto com Nelly Furtado, “Broken Strings”. Os bilhetes para o concerto em território nacional custam entre 23 e 35 euros. 110

Música “Resolution” – Lamb of God

Leitura “Este Sou Eu”, de Daniel Martins A autobiografia de Daniel Martins, produtor de espetáculos responsável por eventos como a Grande Gala do Fado ou o Baile da Rosa, chegou recentemente às livrarias, integrando testemunhos de conhecidos nomes como Alexandra Lencastre, Adelaide Ferreira, Anita Guerreiro e Margarida Martins. Sete anos depois de contrair o vírus da sida, Daniel Martins partilha, agora, episódios da sua infância e adolescência, experiências no mundo dos negócios, polémicas familiares e a forma como luta diariamente contra uma doença sem cura. “Este Sou Eu” surge como um relato de vivências que pretende sensibilizar a sociedade em geral e chegar a todos aqueles que têm de aprender a viver com novas regras e vencer o estigma social.

O novo trabalho de estúdio dos norte americanos Lamb of God, intitulado “Resolution”, vai ser lançado no dia 23 de janeiro de 2012. O disco, que sucede a “Wrath” (2009), será composto por 14 faixas, entre elas a “Straight for the Sun”, “Ghost Walking”, “The Number Six”, “Invictus” e “Terminally Unique”. Composta pelo vocalista Randy Blythe, pelos guitarristas Mark Morton e William Adler, pelo baixista John Campbell e pelo baterista Chris Adler, a banda esteve na origem do “Metal Americano Puro” e conta já com seis álbuns de estúdio, um ao vivo e três DVD’s.

Cinema Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras Estreia 5 de janeiro de 2012 A nova aventura de Sherlock Holmes, considerado o melhor detetive do mundo, vai chegar às salas de cinema portuguesas no dia 5 de janeiro de 2012. Dirigido por Guy Ritchie, “Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras” desenrola-se em torno do mistério da morte do príncipe herdeiro da Áustria. O inspetor Lestrade (Eddie Marsan) acredita tratar-se de uma situação de suicídio, mas o detetive (Robert Downey) entende estar diante de um assassinato. Ao investigar o caso com a ajuda de Watson (interpretado por Jude Law), Holmes apercebe-se de que a morte do príncipe é apenas uma peça de um complexo quebra cabeças montado pelo professor Moriarty (Jared Harris).

20 fevereiro a 4 de março de 2012 FANTASPORTO – Festival Internacional de Cinema do Porto

Rivoli Teatro Municipal Praça D. João I | 4000-295 Porto Tel. 223 392 200

A 32.ª edição do Fantasporto vai chegar à cidade do Porto em fevereiro com uma programação dedicada ao tema “O Futuro Agora”. Além de promover filmes, retrospetivas e homenagens, o festival celebrará o 30.º aniversário do filme “Blade Runner”, visto pela primeira vez no Fantasporto de 1983. A obra servirá de mote para o cruzamento entre as áreas do cinema, artes e ciências. O evento promete, então, oferecer uma visão do que poderá ser o futuro expectável nas Artes Plásticas, Música, Literatura, Ciência e Teatro, através de conferências, novos filmes, publicação de uma antologia de ficção científica, demonstrações científicas e exposição de hologramas. 111


campanhã

freguesias

Junta organiza quadras tradicionais

Algumas infraestruturas de importância vital têm vindo a ser inauguradas em Campanhã, nomeadamente o gimnodesportivo do Bairro do Lagarteiro. No entanto, a freguesia ainda vai ter de aguardar pela construção do tão ansiado centro de saúde.

Centro de saúde em «stand-by» Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

evitar, no futuro, o dispêndio monetário com os centros de saúde do Ilhéu e Azevedo que, com a construção da nova unidade de saúde, serão desativados.

Novo Centro de Saúde aguarda decisão De acordo com Fernando Amaral, presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, o novo Centro de Saúde, projetado para funcionar nas antigas instalações da EB2 do Cerco do Porto, encontra-se, agora, em «stand-by». A estrutura aguardava o lançamento do concurso público que, mediante a nova conjuntura económica do país, foi «congelado» pela Administração Regional de Saúde (ARS). O autarca alerta para a degradação que este atraso pode provocar no edifício e para o vandalismo a que já tem vindo a ser sujeito. “É o local ideal para a colocação da nova unidade de saúde, uma vez que o edifício é térreo, facilitando a utilização por parte dos utentes com dificuldade de locomoção“, explica, salientando ainda que é um investimento urgente que irá 112

Complexo desportivo do Lagarteiro já inaugurou Em novembro foi inaugurado o pavilhão ANIMAR, complexo desportivo integrado no Bairro do Lagarteiro, construído no âmbito do projeto “Bairros Críticos”. Durante uma semana, o programa que marcou o arranque da nova infraestrutura incluiu atividades culturais, desportivas, musicais e de lazer, organizadas pelos vários parceiros do projeto. Fernando Amaral salientou a importância desta nova estrutura, há muito aguardada na freguesia. “O novo gimnodesportivo vai permitir maior dinâmica para uma grande diversidade de instituições que vão fazer uso do complexo para a sua atividade desportiva”, sublinhou o autarca.

Para além de assinalar o Dia de S. Martinho com o habitual magusto no Centro de Dia, a Junta de Campanhã colaborou, ainda, com diversas associações de pais, na realização de magustos para as crianças da freguesia. Para a quadra natalícia, a autarquia prepara-se, igualmente, para distribuir cerca de 300 cabazes de Natal, às famílias carenciadas da freguesia, numa organização conjunta com a Cruzada de BemFazer de Campanhã.

equipas de outras empresas e para a participação e realização de torneios da modalidade, contribuindo de forma crescente quer para a prática quer para a divulgação da modalidade. Com a chegada de novos elementos ao grupo, em janeiro de 2005, foi decidido dar um novo rumo ao clube com a criação de bases para um novo projeto, bem como proceder à sua oficialização nos órgãos competentes. Embora recente, a «Invicta» é já uma referência do futsal amador, com presença solicitada em diversos eventos da modalidade, tanto a nível nacional como internacional, bem como em vários eventos conceituados e homologados pela Associação de Futebol do Porto e pela Federação Portuguesa de Futebol, e em torneios que habitualmente realizam através do Elite Futsal. De acordo com Arnaldo Andrade, presidente da direção, a formação é uma das grandes apostas do clube, para além da equipa de seniores masculina, que se

Lar para população envelhecida Para além de um incremento dos serviços domiciliários junto da população idosa, a autarquia encontra-se em negociações para que possa vir a ser implementado, na freguesia, um Lar para a terceira idade, que poderá vir a ser explorado por uma IPSS. “À semelhança do que acontece por toda a cidade, a população de Campanhã está envelhecida. Torna-se, assim necessário a implementação de uma infraestrutura que ajude a minorar um problema de carência e de abandono dos idosos”. Invicta Futsal Clube A «Invicta» é uma associação desportiva, sem fins lucrativos, da freguesia de Campanhã. Tudo começou em novembro de 2002, quando um grupo de colegas de trabalho, reuniu uma equipa para um jogo de amigável, com o objetivo de iniciar uma atividade que proporcionasse o convívio para além da vertente profissional, onde conceitos como os de companheirismo e amizade, pudessem ser incrementados com base na prática desportiva. Após alguns jogos entre colegas e amigos, passou rapidamente para jogos com

encontra a disputar o campeonato da Divisão de Honra, com o intuito de chegar ao campeonato nacional. “A ideia é a de criar, a curto prazo e de forma sustentada, escalões de camadas jovens a nível competitivo”, garante, salientando que este projeto teve início com a abertura em 2006 da escolinha «Os Minicraques», destinada a crianças dos 5 aos 12 anos, incluindo as que têm necessidades especiais. Todas recebem gratuitamente do Invicta Futsal Clube, um equipamento completo (camisola, calção e meias), bola de futsal e material didático. Para além da aposta na formação e na manutenção da equipa senior masculina, o clube já contou com uma equipa de infantis e uma de seniores feminina, que acabaram por encerrar devido à falta de verbas. Outro grande objetivo da associação é o de conseguir um espaço para a instalação da sua sede social. Q 113


lordelo do ouro

freguesias

Pela defesa do ambiente

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: JF Lordelo/Virgínia Ferreira

Com a defesa dos valores ambientais na lista de prioridades da freguesia, a junta de Lordelo do Ouro promove atividades para os mais novos, apoia visitas de estudo a espaços verdes do município, ouve e discute as questões levantadas pelos cidadãos e está a investir na criação de hortas municipais. A preocupação com a qualidade de vida das gerações futuras e o despertar de uma consciência ambiental ativa em cada pessoa, independentemente da idade, têm estado presentes no trabalho desenvolvido pela Junta de Lordelo. Para tirar partido das zonas verdes da freguesia, como o Jardim Botânico, o Parque da Pasteleira e os jardins de Serralves, foram desenhados vári114

os projetos que procuram colocar a população em contacto direto com a natureza. Segundo Francisco Tártaro, membro do executivo da junta responsável pelo Pelouro do Ambiente, a Ribeira da Granja é já um “símbolo de proteção ambiental” de Lordelo, pelo “trabalho de recuperação que tem sido feito”. Por outro lado, a freguesia conta também

com uma das duas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da cidade do Porto – a de Sobreiras. “Em termos de enquadramento urbanístico e ambiental, as pessoas passam por lá e nem se apercebem de que é uma ETAR”, referiu Francisco Tártaro, acrescentando que os munícipes já tiveram oportunidade de participar em visitas para conhecerem objetivamente o funcionamento da estação de tratamento. “Há uma preocupação em mostrar às pessoas como é que a ETAR funciona para desmistificar algumas ideias que se criaram”, salientou, referindo-se às queixas relativas ao mau cheiro. Além das ações de despoluição, a junta atua no seio da população recorrendo a várias iniciativas. “Temos desenvolvido um trabalho nas escolas de alerta para a importância da proteção ambiental, por exemplo através da Semana do Ambiente, que se realiza em junho, com atividades no Parque Urbano da Pasteleira”, afirmou o membro do executivo, mencionando também que a junta já disponibilizou autocarros para visitas de estudo a locais como o Zoo de Santo Inácio, o Pavilhão da Água e o Parque Biológico de Avintes. No âmbito da Agenda 21 Local, a freguesia de Lordelo foi também escolhida, juntamente com a de Ramalde, para desenvolver um projeto que integra colóquios e debates abertos à população, com o intuito de se perceber “o que está mal, o que é preciso fazer e quais são as necessidades da população”. Francisco Tártaro destaca ainda o programa “Rotas Verdes” que, de abril a outubro, promove, todos os sábados à tarde, visitas guiadas ao Jardim Botânico, Parque Urbano da Pasteleira e Jardins de Serralves. E “como em tempo de crise é preciso ser-se inventivo”, a junta está a tentar encontrar um terreno para a segunda horta urbana da freguesia. “Já temos a Horta da Condomínia, só que há uma grande lista de espera”, afirmou o responsável, defendendo que se for possível ter 40 ou 50 pessoas a cultivar um pequeno espaço de terra, a contabilidade familiar poderá sair beneficiada. Empresa da freguesia com ETAR própria para tratamento de efluentes Localizada na zona do Fluvial, em Lordelo do Ouro, a MOSSA – Miguel Oliveira, Sucessores, S.A. é

uma das empresas cuja atividade está organizada de modo a não prejudicar o ambiente. A entidade, fornecedora de corantes e outras especialidades químicas para os setores têxtil, farmacêutico, de curtumes, adubos, vidro e agro-pecuária, entre outros, assume a missão de “vender produtos aos clientes com a melhor qualidade e ao melhor preço, tendo sempre em mente os requisitos ecológicos que cada vez mais se impõem”. Assim, contou Miguel Oliveira à Viva, o fabrico dos produtos obedece a rigorosas exigências ambientais de purificação do ar e da água, através de filtros adequados e de uma ETAR privada. A estação de tratamento, herdada de uma tinturaria que funcionava no local da empresa, foi reativada e adequada à atividade da empresa. “Transformámos a ETAR que já existia, reativámos o licenciamento e, neste momento, está a funcionar. Os efluentes são tratados e, depois, a água final vai para a Ribeira da Granja, que desagua no Douro”, explicou o empresário. Miguel Oliveira acrescentou ainda que, brevemente, encetará contactos com os SMAS (Serviços Municipalizados de Água e Saneamento) no sentido de avaliar a possibilidade de ligar o efluente tratado à rede pública, mediante a apresentação periódica das análises à água que, aliás, a empresa já realiza. Q 115


nevogilde

freguesias

Os «Pesqueirinhos do Molhe» Definem-se como “um grupo de grandes amigos com interesses em comum: a pesca e a diversão”. Os «Pesqueirinhos do Molhe» nasceram em 1984 e há 27 anos que os fundadores se mantém juntos, trazendo com eles outras pessoas para o grupo que vive, essencialmente da carolice e de grande divertimento, partilhada por todos. 116

amigos”, asseguram, com humor, recordando o intenso convívio, quer ao almoço, quer ao jantar, proporcionado a todos os elementos, no dia do evento. Os sócios, onde também figura o presidente da Junta de Freguesia de Nevogilde, João Luís Rozeira, pagam uma quotização anual de vinte e cinco euros e outra verba idêntica pelo jantar de entrega de prémios, referente ao concurso. “Houve tempos em que as ofertas dos patrocinadores eram tantas que tivemos de inventar títulos para atribuir os prémios todos” contam, salientando que algumas peças em prata, e até banhadas a ouro, eram oferecidas para servirem de galardão. “O mais mal vestido, o mais palerma ou apostar na cana vencedora dava, também, direito a um prémio”, asseguram. Atualmente, os tempos são de crise mas ainda têm quem patrocine os prémios atribuídos aos primeiros lugares da «tabela classificativa». Os troféus são expostos no «paredão», se o tempo assim o permitir, e a hora de almoço serve para mais um momento de convívio, ao ar livre se estiver sol, entre paredes se chover. Quando o concurso acaba tem início um jantar-convívio, onde todos se divertem, seguido da entrega de prémios aos vencedores. Entre sargos, «cachotes» e «ranhosas» Texto: Marta Almeida Carvalho

Naturais da zona marítima da cidade do Porto, e todos amigos desde a infância, Ângelo Santos Ferreira (sócio nº1), Alberto Ferreira (nº2), António Lima (nº3) e Pedro Silva (nº 6), foram os quatro amigos que estiveram na base da formação dos «Pesqueirinhos do Molhe». “No primeiro ano éramos 20, hoje somos 49”, dizem. A ideia inicial foi a de criar um grupo onde, para além do gosto pela pesca, pudessem organizar “umas tainadas de convívio”. E assim foi. A ideia vingou e ainda hoje se mantêm unidos na organização do concurso anual de pesca desportiva, que se realiza em dezembro. “O concurso é reservado aos elementos que integram o grupo, que são trazidos por eles, habitualmente familiares ou amigos”, referem, salientando que nem participam pessoas externas ao grupo, nem o grupo participa em concursos externos. “Isto é pura carolice e funciona mais como uma espécie de «desculpa» para umas valentes tainadas entre

São um grupo de amadores e pescam “ao fundo”. “Na maioria das vezes, os peixes são de novo lançados ao mar, exceto quando já seja um «bicho» digno de se ver”, garantem, salientando que António Lima, pescador desportivo e praticante de caça submarina há cerca de 40 anos, já capturou um congro com “37 quilos e mais de dois metros de cumprimento” mas fora do âmbito do concurso dos «Pesqueirinhos». “Foi um recorde, até saiu no jornal. Eu estava perto dele e vim logo com mais duas armas, tal era o tamanho do congro”, diz Ângelo Ferreira, que também pratica o mesmo desporto. Para além do congro, o «senhor Lima» já apanhou um robalo com nove quilos e meio. “Os peixes que mais se apanham, aqui na zona onde se realiza o concurso são sargos, «cachotes» (robalos) e «ranhosas»”, dizem. Recorde-se que, este ano, o concurso de pesca dos “Pesqueirinhos do Molhe” se realiza a 10 de dezembro, um dia que será de festa para todos os intervenientes. E reforçam a ideia de que fazem “isto pelo prazer” que lhes dá. Q 117


paranhos

freguesias

Apesar das dificuldades resultantes dos cortes orçamentais, o atual Executivo de Paranhos assegura que grande parte das promessas eleitorais já foi cumprida, confirmando que vai continuar a trabalhar em prol do empreendedorismo e da defesa dos mais carenciados.

Dois anos de mandato com “balanço positivo” Texto: Mariana Albuquerque Fotos: JF Paranhos

Dois anos depois da tomada de posse do atual Executivo de Paranhos, é com satisfação que o presidente da junta, Alberto Machado, encara o trabalho realizado na freguesia. Aliás, segundo o autarca, os compromissos eleitorais assumidos estão “quase totalmente cumpridos”, apesar dos fortes cortes orçamentais impostos pela crise financeira do país. Durante a cerimónia comemorativa do segundo aniversário do Executivo – data que se assinala no dia 29 de outubro - o responsável analisou o percurso traçado em Paranhos, destacando os seus aspetos positi118

vos e negativos. O corte sistemático nas transferências do Estado, o encerramento dos CTT do Campo Lindo e a diminuição progressiva dos eleitores foram os aspetos menos bons mencionados pelo responsável. Ainda assim, Alberto Machado considera que os projetos desenvolvidos na freguesia ao longo dos dois últimos anos conseguiram superar as referidas situações. A somar pontos estão, por exemplo, a resolução do problema do Apoio Domiciliário, os projetos de voluntariado, a nova esquadra de Paranhos, os eventos realizados no âmbito das Jornadas Europeias do Património, a abertura da Loja Social, os Ateliês e aulas na Casa da Cultura e a realização da segunda fase do HUB Porto.

Terminado o momento de balanço do trabalho realizado, o presidente da junta aproveitou ainda para traçar novas metas para o futuro: a estabilização dos serviços depois das alterações já introduzidas, a comemoração dos 175 anos da freguesia de Paranhos, em 2012, a manutenção dos projetos, atividades e trabalho desenvolvido junto da população e a preparação de Paranhos para a Reorganização Administrativa pós-2013. HUB Porto equipado com gabinetes individuais A plataforma para a inovação social e empreendedorismo localizada em Paranhos – HUB Porto – conta agora com uma nova abordagem de apoio à criação de postos de trabalho na freguesia. Depois do elevado número de adesões ao espaço de cowork durante 2010 e 2011, a Junta de Freguesia decidiu oferecer aos interessados a possibilidade de trabalharem em gabinetes individuais. Desta forma, foi criada uma tarifa adequada a espaços mais reservados, mas inseridos, de igual modo, no edifício do HUB. A utilização de cada gabinete, durante 30 dias, custará 250 euros, valor que já inclui todos os serviços de apoio: telefone, alarme do edifício, Internet, água, luz, seguros e limpeza. Desde a inauguração da nova valência do HUB Porto, a 28 de setembro, a taxa de ocupação dos escritórios individuais situa-se já nos 70 por cento. A 2.ª fase do HUB contou também com a inauguração da Sala Diogo Vasconcelos, em tom de homena-

gem ao “visionário” responsável pela introdução da rede no Porto. Alimentos e artigos de higiene na lista de prioridades da Loja Social A trabalhar diariamente no apoio aos carenciados, a Loja Social da Freguesia de Paranhos, inaugurada em abril, já ajudou dezenas de famílias em dificuldades. A funcionar de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, o equipamento disponibiliza alimentos, vestuário, artigos de higiene, brinquedos, material didático, mobiliário e eletrodomésticos. De acordo com o Pelouro Social da Junta de Freguesia, no topo das necessidades da Loja Social estão os alimentos e os produtos de higiene. Ainda assim, com a chegada das estações frias, a autarquia apela também à importante doação de vestuário quente (casacos, luvas, cachecóis, botas de Inverno) que permita dar um Natal mais aconchegante aos agregados familiares dependentes do apoio. Mas nem só de bens materiais se fazem os donativos. As pessoas interessadas podem também colaborar com a Loja Social dedicando-lhe um pouco de tempo e talento profissional. Desta forma, apontou Alberto Machado, será necessário “combater a pobreza através de apoios que assegurem a satisfação das necessidades básicas das famílias mais vulneráveis”. Q 119


passatempos

Sudoku Perverso

Crítico

Crítico

Perverso

Anedotas Árabes O filho árabe escreve ao pai: ”Meu querido pai. Berlim é maravilhoso. As pessoas são excelentes e eu estou realmente a gostar disto. Mas, pai eu estou um bocado envergonhado de chegar à faculdade com o meu Ferrari 599GTB em ouro, quando todos os meus professores e meus colegas vêm de comboio. Teu filho, Nasser Al-Asry” No dia seguinte o pai responde ao e-mail de Nasser: “Meu querido filho: 200 milhões de dólares acabaram de ser transferidos para a tua conta. Por favor pára de nos envergonhar. Vai comprar um comboio para ti também”. Tradução Sabes o que e que quer dizer «I don´t know» em Português? - “Eu nao sei”! - Entao quando souberes diz-me! No zoo Numa visita ao zoo, os alunos vêm o carpinteiro a arranjar a jaula dos leões. - Aquele é que é o bicho carpinteiro, sr. professor? 120

Pai-Natal Joãozinho preparase para escrever ao Pai-Natal: - “Querido Pai-Natal, fui um bom menino durante todo o ano. Gostaria de ganhar uma bicicleta” Olha para o papel e, insatisfeito, amachuca-o e deita-o no lixo. - “Querido Pai-Natal, fui um bom menino durante a última semana. Por favor, manda-me uma bicicleta”. Mas continua insatisfeito. Rasga o papel, olha para o presépio de onde retira o Menino-Jesus, que guarda numa gaveta. - “Virgem Maria, sequestrei o teu filho. Se quiseres vê-lo novamente, manda-me uma bicicleta”. Futuro Cartomante: Vejo nas linhas da sua mão que o seu marido vai ser assassinado. Mulher: E eu vou ser absolvida? Posso alegar legítima defesa? 121


crónica e as cidades

Um Desígnio para a Cidade

Se me perguntarem qual é o principal desafio, interrogação ou problema a que o Porto tem de responder, direi, sem hesitações: a reabilitação urbana. Ela é, de facto, o desígnio e a grande esperança para o relançamento da cidade no reencontro com a sua dignidade. Em primeiro lugar, porque, na urbe devastada por mais de meio século de incúria, indiferença, erros, interesses espúrios e opções que nada tinham a ver com a prossecução do Bem Comum, a reabilitação urbana pode constituir a requalificação, não só de parcelas hoje perdidas para a civilidade como da própria vida quotidiana dos portuenses. Em segundo lugar, porque uma cidade internacionalmente competitiva (particularmente na Europa) não pode atingir tal objectivo mantendo largas parcelas do seu tecido físico arruinadas, degradadas, despovoadas. Em terceiro lugar, porque se torna essencial ao Porto retomar o seu carácter de cidade inclusiva (rejeitando os modelos concentracionários de exclusão social para onde foi empurrada). Este reassumir de uma identidade perdida encontra, nos nossos dias, um poderoso adversário chamado gentrification, cujo combate só pode travarse através de políticas de reabilitação hábeis, sensí-

veis e pragmáticas, conciliando (ou reconciliando) os sectores público e privado através da intervenção do mercado, do movimento cooperativo e do Estado, que não pode alienar a sua responsabilidade na matéria. Em quarto lugar, o Porto tem, no facto de ver o seu Centro Histórico classificado como Património da Humanidade, a oportunidade de assegurar uma decisiva mais-valia para o futuro. Mais-valia em termos de reconhecimento da sua herança cultural agregadora da coesão social da comunidade, do seu orgulho e auto-estima, e mais-valia em termos de contribuição fundamental para a atractividade do Burgo enquanto destino turístico em ascensão. Esta categoria de Património Mundial impõe uma responsabilidade acrescida na gestão do Centro Histórico, tanto no campo da simples conservação como da necessária renovação e sua densificação populacional. Em quinto lugar, e finalmente, porque a reabilitação urbana é a oportunidade do regresso dos portuenses ao coração da cidade, da reidentificação dos mais velhos com espaços vitais que pareciam perdidos, da reinvenção dos territórios da diferença por parte dos jovens. É, sobretudo, a oportunidade de reconciliação dos portuenses consigo próprios, reencontrando os símbolos e os signos de uma realidade que ajudou a moldar o carácter e a mentalidade de gerações que nasceram, viveram e usufruíram de um quadro de referências a que chamamos Centro Histórico e Baixa do Porto – e a que os românticos (designadamente Camilo) chamaram Cidade Eterna. A reabilitação urbana do Porto de sempre, do Porto dos séculos, não é apenas uma questão técnica de reconstrução de um território estilhaçado pelo tempo e o desmazelo. É, mais do que isso, a aposta num projecto civilizacional para o Renascimento da cidade e o progresso do país. Hélder Pacheco Investigador de assuntos portuenses.

* este texto não foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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