Revista VIVA! junho 2012

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Revista gratuita trimestral - junho 2012

GUIMARÃES a descoberta do espaço público

UM DIA COM cruzeiros no Douro

REPORTAGEM investigação criminal

Maria Cândida A senhora da banca


sumรกrio

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editorial JOSÉ ALBERTO MAGALHÃES

O melhor destino europeu A cidade do Porto foi considerada o melhor destino europeu de 2012 numa competição online com mais 19 grandes cidades europeias, distinção, atribuída pelo European Consumers Choice. O Porto foi reconhecido por 212 mil votantes do site European Best Destination como o melhor destino europeu do ano à frente de Viena, na Áustria, Drubovnik, na Croácia, Praga, na República Checa, Bruxelas, na Bélgica, Berlim, na Alemanha e Budapeste, na Hungria. Lisboa, que em 2010 tinha sido o melhor destino europeu, ficou em 8.º lugar. A beleza invulgar da sua disposição à beira rio, o vinho do Porto, o centro histórico - classificado Património da Humanidade - os museus, parques e jardins, bem como lojas de moda - de criadores nacionais e internacionais - são algumas das virtudes do Porto apontadas pela organização. "Com a variedade de recursos disponíveis, o Porto conquista todos os seus visitantes, desde os que o procuram pela história e autenticidade àqueles que o buscam para explorar uma nova cidade, mais cosmopolita e contemporânea" acrescenta o site do European Best Destination. Este prémio, que vem aumentar a responsabilidade da cidade enquanto destino turístico, era expectável dado o "boom" de crescimento turístico que a cidade tem sentido. A procura de informação nos postos de turismo municipais, segundo números do Instituto de Turismo de 2012, cresceu 19 por cento enquanto o número de passageiros no aeroporto Francisco Sá Carneiro aumentou 13,4 por cento e o número de noites dormidas na cidade subiu para uma média de duas noites. De salientar que o Sá Carneiro registou, em 2011 a chegada de mais seis milhões de passageiros duplicando o número dos últimos sete anos. O Porto foi também finalista no Prémio de Melhor Cidade 2012, nos Design Awards da "Wall Paper Magazine" e mereceu destaque noticioso na revista "Lonely Planet", a bíblia dos viajantes internacionais, que indicou a cidade como o 4.º destino mundial favorito para 2012. Internacionalmente a estação de São Bento, a livraria Lello e o café Majestic foram também distinguidos, com a estação a ser considerada uma das 14 mais belas do mundo pela "Travel and Leisure", a livraria a ser classificada como a 3ª mais bela do mundo pelo "Lonely Planet" e o Majestic um dos 10 mais bonitos do mundo pelo "Ucity Guide". 3


sumรกrio

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sumário Editorial ............................................................................................... 3 Protagonista: Maria Cândida Rocha e Silva ........................................ 8 Reportagem: Investigação Criminal PSP ......................................... 14 Música: Cabaret Fortuna ................................................................... 22 Moda: André Gandra ......................................................................... 26 Guimarães: À descoberta do Espaço Público .................................... 30 Católica ............................................................................................ 36 Um dia com: Cruzeiros no Douro ..................................................... 38 Publireportagem: Oftalconde ........................................................... 46 Galiza: Segredos do interior ............................................................. 50 Momentos ....................................................................................... 56 Universidade: Portucalense ............................................................. 62 CIN: Iniciativas ................................................................................ 66 EDP Gás: Crescimento sustentável .................................................. 68 Atualidade: ....................................................................................... 72 Televisão: Porto Canal ...................................................................... 76

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Música

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Moda

Cabaret Fortuna

Aguas do Douro e Paiva ................................................................. 80 Em Foco: Madalena Pinto ............................................................... 84 Porto: Cidade em movimento ........................................................ 88 SRU: Eixo Mouzinho-Flores ............................................................... 94 Memórias: Simbolo da industrialização ............................................ 96 Águas do Porto: Praia acessível, praia para todos ...................... 98 Através dos tempos: Mosteiro de Leça ....................................... 100 Matosinhos: Desafiar o Norte ...................................................... 104 Penafiel: Magikland: fantasia para todas as idades .................... 108 Gaia: Requalificação sempre ........................................................ 110 Área Metropolitana do Porto: Proposta de competências ............. 114 Sugestões Culturais: ..................................................................... 118 Freguesias Campanhã: Preocupações ambientais ............................................ 120 Lordelo do Ouro: Acompanhamento social ..................................... 122 Nevogilde: Verão ativo .................................................................... 124 Paranhos: Cultura para todos ......................................................... 126 Passatempos. ................................................................................. 128 Crónica: É tão bom assim ser do Porto... ....................................... 130 6

André Gandra


Propriedade de: ADVICE – Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede da redação: Rua do Almada, 152 - 2.º – 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel.: 22 339 47 50 – Fax: 22 339 47 54 adviceporto@mail.telepac.pt adviceredaccao@mail.telepac.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto Editor José Alberto Magalhães Redação Marta Almeida Carvalho Mariana Albuquerque Fotografia Virgínia Ferreira Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto Célia Teixeira Produção Gráfica Ricardo Nogueira

Galiza Segredos do Interior

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Pré-impressão Xis e Érre, Estúdio Gráfico, Lda. Impressão, Multiponto Acabamentos Rafael, Valente e Embalagem & Mota, S.A. R. D. João IV, 691-700 4000-299 Porto Distribuição Mediapost Tiragem 140.000 global exemplares Revista trimestral gratuita Registado no ICS com o n.º 124969 Membro da APCT

Em Foco Madalena Pinto

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Depósito Legal n.º 250158/06 Direitos reservados

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protagonista

A Senhora da banca 8


maria cândida rocha e silva Licenciou-se em Letras, mas acabou à frente da Casa Carregosa, instituição de câmbios que herdou do pai. Maria Cândida Rocha e Silva tem duas filhas, cinco netos e é a única banqueira de Portugal. O respeito pela sabedoria dos mais velhos, a leitura e a beleza do Douro são aspetos dos quais não prescinde no seu dia-a-dia.

Texto: Mariana Albuquerque / Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

Aos 68 anos, Maria Cândida Rocha e Silva guarda na bagagem a experiência de ter sido a primeira mulher portuguesa a exercer a profissão de corretora de bolsa. Com uma postura de costas impecavelmente correta e uma grande subtileza nas mãos, que a apoiam no discurso, a banqueira, natural de Vila do Conde, admite que em certos momentos da vida, o seu percurso acaba por estar sobreposto ao do Banco Carregosa, no qual exerce a função de presidente do Conselho de Administração. Tradição será, talvez, a palavra que melhor define a instituição, nascida em 1833, no Porto, pelas mãos de Lourenço Joaquim Carregosa, para negociar divisas. Situada na Rua das Flores - onde ainda mantém o edifício - a então L.J. Carregosa viria a transformar-se numa Sociedade Financeira de Corretagem, tendo sido aprovada como banco em 2009. O percurso profissional de Maria Cândida cruzouse com o da Casa Carregosa pelas mãos do seu Texto: Mariana Albuquerque/ pai, que era sócio da entidade e que, num determi/Marta Almeida Carvalho Virgínia Ferreira nado momento da vida, Fotos: encontrou uma sucessora. 9


protagonista Boa aceitação num universo masculino Numa retrospetiva a alguns momentos marcantes da sua carreira, Maria Cândida destacou a realização, em 1980, de um concurso para corretores na Bolsa do Porto. "Considerámos que foi a abertura da Bolsa porque, até aí, havia um corretor, que nem teria sido nomeado oficialmente, e que transmitia as ordens, colhidas nos bancos do Porto e, posteriormente, efetuadas na Bolsa de Lisboa", explicou. Um dos aspetos que recordou foi o facto de, na altura em que assumiu funções, ter recebido um telegrama de uma filha do referido corretor a felicitá-la por ter sido reconhecida como corretora de bolsa. "Foi um episódio que não esqueci", assegurou, com um sorriso no rosto, relembrando ter, nesse momento, 37 anos. O telegrama de "boas-vindas" ao mundo da corretagem viria a ser a primeira evidência da boa aceitação da sociedade às novas funções de Maria Cândida. "Sempre fui muito bem tratada", reconheceu, admitindo não ter sentido qualquer dificuldade em inserir-se num universo predominantemente masculino. Ainda assim, as provas de trabalho e confiança que o seu pai já havia dado à frente da Casa Carregosa foram fundamentais para o seu desempenho. "Estive muitos anos na Casa Carregosa e as provas tinham sido dadas pelo meu pai. As pessoas sabiam de onde eu vinha. Havia um background que era conhecido. Não fui mal aceite e por isso olho para a sociedade com gratidão", defendeu. Private Banking: um conceito em prática antes da sua expansão A Revolução de 25 de Abril de 1974 foi outro dos marcos que assinalou. "Nas revoluções, o tratamento dado às pessoas e instituições é muito pouco pensado, porque se trata de um ímpeto. Foi o que aconteceu com o nosso 25 de Abril, exceção feita às casas de câmbio - 16 no país - que tiveram um tratamento muito civilizado", esclareceu. Nessa altura, acrescentou Maria Cândida, a banca nacionalizada tinha interesse nos funcionários da Casa Carregosa porque a entidade se dedicava mais aos comércio de títulos do que a câmbios. "A população flutuante de Lisboa, por exemplo, sempre foi muito 10


maria cândida rocha e silva

grande, sobretudo se a compararmos com a do Porto que, praticamente, não tinha turismo. Não era possível sobreviver com a venda de divisas ao balcão", contou. Assim, com funcionários especializados "num tipo de comércio que a banca não tinha quem tratasse", o espírito Carregosa conseguiu sobreviver às convulsões. "Era importante manter no mercado uma casa com tantas provas dadas", sublinhou, explicando que, o aconselhamento que hoje os chamados private bankers dão aos cidadãos com grandes fortunas, já era colocado em prática na Casa Carregosa. "Um bom profissional tem de ter o bom senso de sentir o problema dos clientes. Isto é uma coisa da qual ouvimos falar há relativamente pouco tempo. O que acho que as pessoas não sabem é que a Casa Carregosa fazia isso com os seus clientes sem lhe chamar private banking", destacou a única banqueira do país. "Era uma maneira avançada de tratar dos dinheiros, das poupanças dos clientes, por isso, uma casa que atravessa tantos anos com preocupações de futuro merecia que fosse mantida em funcionamento", acrescentou. Atualmente, Maria Cândida continua a lutar pela manutenção da estratégia que norteou a Casa Car-

regosa durante quase 200 anos. Com a gestão de patrimónios como core business, o banco pretende manter a sua pequena dimensão, apostando na diferença. "Acho que podemos competir enquanto formos diferentes. Como banco pequeno, o cliente encontra outro tratamento e resposta", garantiu, explicando que os efeitos da atual crise que Portugal enfrenta não se refletem, tão notoriamente, na instituição por não haver concessão de crédito. África: a intensidade dos 20 anos Mesmo antes de terminar a sua licenciatura em Filologia Clássica, em Coimbra, Maria Cândida decidiu casar e mudar-se para África, onde lecionou durante alguns anos. "Sabia que as saídas profissionais para quem tivesse um curso de Letras estavam ligadas ao ensino, mas também sabia, com toda a certeza, que não gostava de ensinar, o que me obrigava a fazer um esforço muito grande para que os alunos não entendessem isso", confessou, admitindo, no entanto, que adorou a sua estadia em África, durante seis anos. De acordo com Maria Cândida, nos anos 60, houve uma "emigração interessante" para Angola, protago11


protagonista nizada por "pessoas diferenciadas". "Angola era uma terra com muitas oportunidades e estava a desabrochar", contou, revelando a existência de três fatores que facilitavam muito a vida desta classe emigrante de 20 anos: "o facto de as pessoas começarem a sua vida com ordenados agradáveis, o facto de o calor empurrar as pessoas para a rua e o facto de as pessoas não terem as suas famílias, levava-as a conviverem mais e a terem uma vida muito enérgica". Entretanto, durante umas férias que decidiu vir passar a Portugal, em 1970 ou 1971, uma "premonição acertada" do seu pai viria a fazer com que Maria Cândida não voltasse a abandonar a então metrópole. "África é um problema e tem os dias contados", avisou o pai, em vésperas da Revolução dos Cravos. "Por isso, fiquei", contou, revelando ter sido educada num meio em que a opinião e experiência dos mais velhos tem de ser valorizada. Por incentivo do pai decidiu, então, terminar a sua licenciatura, realizando também outro curso, ao mesmo tempo que trabalhava na L. J. Carregosa. "Em 1994 surgiu a Sociedade Corretora Carregosa, que se transformou, em 2001, em Financeira de Corretagem. Em 2008, o banco foi autorizado", contou, esclarecendo que a casa ainda aberta na Rua das Flores será uma espécie de museu. "Não queremos perder o ponto onde tudo começou. A tradição, para nós, é muito importante", sublinhou. Porto, "cidade simpática e pouco agressiva" Atualmente a viver na Foz, Maria Cândida Rocha e Silva não costuma caminhar a pé pela cidade, mas não prescinde da beleza da marginal e do Rio Douro. "Reconheço que a vida no Porto ainda é um bocado fechada, mas agradável, pouco agressiva", defendeu. Dos tempos de adolescência, guarda os passeios pela baixa da cidade, na Rua de Santa Catarina, aos sábados à tarde. "Havia uma casa, a Confiança - uma ameaça de centro comercial - onde se compravam coisas e onde havia uma confeitaria. Encontrava-se lá toda a gente", recordou, lamentando que, com o 25 de Abril, as "boas confeitarias" tenham "deixado de existir". Apesar de não ter muito tempo livre, já que considera importante a sua presença no Banco Carregosa, gosta de viajar, não prescindindo dos seus momentos de leitura em casa. "A informação é muito importante para 12

mim, gosto de ler jornais e revistas da especialidade", referiu, admitindo também a paixão pelo teatro e pelo cinema. Conciliar os papéis de banqueira, mãe de duas filhas e avó de cinco netos "é bom". "O coração arranja tempo para tudo", afirmou, sorridente. "O que me falta fazer? Tanta coisa!", confessou, afirmando que gostaria de chegar ao fim da sua carreira "com desafogo e energia para se dedicar a causas", sobretudo ligadas aos mais velhos. "Faz-me muita impressão que os velhinhos se vejam atirados para casas onde não são respeitados, onde começam a trata-los por tu, como crianças", lamentou. Apesar de tudo, confessa, "a vida é avaliada pelo saldo, que tem sido muito positivo". Q

Curtas Viagem – Itália Livro – "Os Bichos" de Miguel Torga Filme – "África Minha" Flor – Rosa Sonho – Ter o poder de minorar o sofrimento das pessoas Personalidades – Nelson Mandela, Winston Churchill, Madre Teresa de Calcutá Porto numa palavra – Aconchego


maria c창ndida rocha e silva

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reportagem

Pela verdade 14


investigação criminal PSP

Heroína, haxixe, cocaína, LSD, ecstasy, e toda uma panóplia de estupefacientes, substâncias psicotrópicas, alucinógenos e anfetaminas, circulam, diariamente, pela cidade num mercado ilícito e obscuro. A Divisão de Investigação Criminal da Polícia de Segurança Pública (PSP) do Porto, tem vindo a realizar, na última década, um trabalho notável de investigação no âmbito do combate ao tráfico de droga, com resultados bastante positivos para o seu controlo, uma vez que "erradicar é impossível". Persistência, paciência e perseverança são fundamentais. Texto: Mariana Albuquerque / Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

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reportagem

Alguns segundos soam a eternidade. No momento em que cerca de 15 agentes se encontram dentro de uma carrinha, "equipados até aos dentes", à espera do toque do condutor - sinal de que podem sair do "esconderijo" para colocar em prática a operação, às vezes preparada durante mais de um ano - só há espaço para uma sonoridade: a do bater do coração. Na Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia de Segurança Pública (PSP) do Porto, não se trabalha pelo dinheiro, mas sim "pela verdade". É pela verdade que os investigadores da brigada de estupefacientes, da Esquadra Sede de Investigação Criminal (EIC), passam horas à secretária a ouvir infindáveis minutos de interceções telefónicas e é também pela verdade que correm os mais variados riscos, no terreno, para honrar a "cor azul" que não vestem, mas sentem. Para além de toda a adrenalina da atividade que desenvolvem no terreno, e do tempo gasto nas "escutas", os agentes desenvolvem muito trabalho de "secretária", nomeadamente no que diz respeito à parte burocrática dos processos. Costa Teixeira, elemento da brigada desde 1998, elabora um documento, resultado de meses de uma investigação em curso, para "demonstrar à autoridade judiciária" que os tutela "qual a participação de cada indivíduo na organização criminosa", uma vez que o trabalho também se 16

debruça sobre estruturas de rede de tráfico. Em termos processuais trabalham até à fase de inquérito e o esclarecimento dos magistrados tem de ser total. "Tudo isto vai servir para, quando avançarmos com as detenções, elucidar o magistrado para que este se pronuncie sobre uma eventual medida de prisão preventiva", explica o agente. E não pode haver falhas nem dúvidas, sob o risco de não conseguirem fazer prova. "As substância apreendidas são a prova de confirmação, num conjunto de muitas outras, na maioria das vezes muito mais importantes do que o produto em si", explica Rui Mendes, chefe desta brigada, cujo grau de condenações é de 100%. O agente Américo Oliveira salientou a minúcia dos processos, onde, frequentemente, os elementos que fazem parte da rede estão perfeitamente identifica-


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reportagem dos mas faltam as "provas" inequívocas para a condenação. "Paciência e perseverança são fundamentais, sobretudo quando volta tudo à estaca zero", diz, sublinhando que "garantir as provas inabaláveis contra o líder destas estruturas é sempre o fator mais difícil". Adrenalina no limite Em poucos minutos, numa ação realizada a meio da tarde para surpreender os consumidores de estupefacientes que se aglomeram numa antiga fábrica junto ao bairro de Pinheiro Torres, há rapidez e firmeza de movimentos. Os agentes avançam, a passo apressado, numa tentativa de beneficiar do "efeito surpresa" mas, nesse momento, o traficante já está avisado de que há "bófia" no local. As redes de tráfico de droga tendem a ser cada vez mais organizadas e cada indivíduo assume o seu "papel" - há quem guarde o material, teste a qualidade, transporte e quem apenas controle a presença de agentes policiais nas redondezas dos locais de tráfico. "É o jogo do gato e do rato: umas vezes ganha o gato, outras, o rato", brincou o agente Paulo, salientando que, o mais importante, é ter "frieza". De acordo com Américo Oliveira, uma das situações mais difíceis com que se

debatem é a "constante mudança de números de telemóvel" por parte dos suspeitos e as "manobras mirabolantes" que "inventam". "Temos que ser mais espertos do que eles", sublinha o agente. Todos os dias, a qualquer hora e em qualquer lugar, uma grande diversidade de estupefacientes, substâncias psicotrópicas, alucinógenos e anfetaminas, circulam, pela cidade, provocando danos irreversíveis a quem consome. Apesar das dificuldades que os agentes têm de enfrentar, nomeadamente no que diz respeito à falta de meios, raras são as vezes em que o trabalho fica por fazer. "As vigilâncias exigem viaturas e um bom sistema de comunicação. Temos mais de 40 carros encostados, o que faz com que não trabalhemos com a mesma eficácia", salientou Rui Mendes. Ainda assim, há o "bichinho" que une os agentes e não lhes permite desistir. "Além de um grupo de profissionais somos um grupo de amigos, situação que nos leva a ultrapassar muitas dificuldades que vão aparecendo nesta profissão", notou Paulo, agente que trabalha na área da droga desde 1997. Formada por cerca de dez elementos, todos eles entre os 35-40 anos, a brigada trabalha frequentemente com informadores, num processo de conquista de confiança que pode levar anos a ser construído e segundos a ruir. "Muitas vezes, preferimos adiar as operações a colocar em risco os informadores", garantiu Rui Mendes, salientando a dificuldade crescente em encontrar pessoas para o fornecimento de informações. Traficante de droga: um novo perfil A realidade do tráfico de droga na cidade do Porto é, hoje, bastante diferente da de há alguns anos. "Antigamente, existiam dois ou três grandes traficantes. Agora, cada um trabalha para si. O facto da sociedade ter evoluído e de haver maior mobilidade, fez com que os pequenos traficantes procurassem chegar à origem para conseguirem droga de melhor qualidade a um preço mais baixo. A grande diferença é que há menos intermediários", descrevem os agentes, que garantem que o tráfico é transversal a todas as classes sociais. Com a globalização, tornou-se, assim, possível vender e comprar substâncias ilícitas em qualquer parte, sendo que as drogas duras se vendem, maioritariamente, nos bairros sociais.

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Além disso, há outra realidade que os polícias afirmam ser impossível de negar: a criminalidade associada ao tráfico tem vindo a aumentar. "Apesar de os meios de comunicação, o Governo e até a Polícia tentarem, de alguma forma encobrir, a criminalidade disparou de maneira exorbitante", garantem, defendendo que as autoridades se deveriam preocupar mais com os crimes contra as pessoas. As mudanças ocorridas na sociedade imprimiram alterações ao próprio perfil do traficante. "Hoje, qualquer indivíduo é um potencial criminoso porque as ferramentas estão tão perto que, a qualquer momento, surge a tentação de saltar para o outro lado", referiu o chefe da brigada. Além disso, as mulheres ocupam já uma significativa percentagem no seio das pessoas que se dedicam ao tráfico. "Antigamente, quando prendíamos alguém, o marido, por ser o homem da casa, assumia as responsabilidades para deixar a mulher a tratar dos filhos. Hoje em dia já não é assim". Ainda de acordo com os polícias, o típico traficante, com bons carros e boas casas, já quase não se vê. "Como existe muita gente a ir diretamente à fonte, esse tipo de traficante tende a desaparecer". A alteração processual ocorrida em 2007, com a alteração do Código de Processo Penal, facilitou um pouco o trabalho dos agentes, que até aí só podiam efetuar buscas domiciliárias entre as 7h00 e as 21h00. "Isto fazia com que alguns locais fossem muito calmos durante o dia, virando um autêntico pandemónio à noite. A partir das 21h00 começava

tudo a vender droga", ilustrou Costa Teixeira, salientando que os traficantes estão em constante alteração do seu modus operandi mas que a experiência e dedicação de todos os profissionais da investigação permite-lhes desvendar e adaptar-se a essas mudanças constantes. Outro dos marcos que interferiu com a ação da DIC, em 2000, foi a descriminalização do consumo. "Antes investigávamos o consumo e o tráfico, agora só o tráfico", refere Costa Teixeira, salientando que agora, sem o âmbito do consumo, têm uma maior liberdade de movimentos uma vez que a carga de processos diminuiu. Investigação criminal no feminino Odete Oliveira representa o sexo feminino na brigada, à qual chegou em 2003, sem nenhuma experiência anterior de investigação criminal. Hoje, já é considerada por Rui Mendes um elemento fundamental do grupo de trabalho. Apesar do trabalho minucioso, das noites de vigília, do "mundo de decadência" inerente à droga e da paciência e perseverança que todos os processos requerem, a agente não trocaria a sua profissão por nenhuma outra. "É o que gosto de fazer. Estou na investigação há 9 anos e é isto que me preenche em termos profissionais", sustentou. Para os colegas, Odete é a que mais força consegue transmitir nos momentos em que os processos obrigam a voltar à estaca zero. "Somos como uma família, passamos imenso tempo juntos e isso faz com que aprendamos 19


reportagem uns com os outros", referiu a agente, que já recebeu um louvor do Comando Metropolitano, por serviços realizados na investigação. O lado feminino nunca interferiu no desempenho da agente. Aliás, a investigadora considera até que consegue passar mais despercebida nas operações do que os restantes colegas. As situações marcantes que a brigada viveu são tantas que, por vezes, torna-se difícil selecionar uma em particular. Numa vigilância, onde os suspeitos dispararam sobre o local onde se encontravam os colegas, a agente encontrava-se em casa de um "informador" e não podia interferir. No dia da operação, na mesma casa, quando os colegas fizeram a interceção, "faltava" um dos suspeitos, que foram procurar. Com tantas movimentações, o "informador" entrou em stress e, uma vez que não era seguro ele sair de casa, a agente permaneceu, também, só tendo saído "no outro dia de manhã". O agente Paulo, por sua vez, prefere nem comentar os momentos de maior perigo. "Há aquela parte obscura que fica connosco para o resto da vida. E ninguém tem de saber, só nós", defendeu. Apesar dos vários disfarces que usam para as abordagens, todos já tiveram experiências caricatas em que, com o intuito de surpreender, foram surpreendidos, por pessoas e até por animais. "Já fomos "descobertos" por cães e até por cavalos", contam, com humor. Quem não teve vontade nenhuma de rir foi Vitor Santos, agente

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da brigada, quando, durante uma vigilância, foi surprendido pela presença de um rottweiler. "Estava deitado no chão e senti a respiração perto da minha cara. Quando me voltei apanhei um grande susto. Felizmente ele assustou-se e fugiu também", conta, entre as gargalhadas dos colegas. "Desligar a ficha" ao sair da esquadra Só com bastantes anos de experiência é que os investigadores criminais conseguem deixar os problemas na secretária, ao invés de os "levarem para casa”. "Quando saio por aquela porta, desligo as fichas. O que é da polícia fica na polícia porque temos outra vida, a íntima. E quem está connosco não tem de viver os nossos problemas profissionais", justificou o agente Paulo, que afirma conseguir fazer esta separação. "Já são alguns anos. Se tivermos com um processo mais complexo, que exija maior atenção, é mais difícil desligar. Em algumas situações até acordamos de noite a pensar no que temos de fazer, mas, de um modo geral, consigo desligar por completo", acrescentou. Aliás, o investigador considera que, com o tempo, a própria polícia acaba por ensiná-los a apostar na distância. "Não estamos aqui pelo dinheiro. Se fosse por motivos monetários estaríamos no local errado", sublinhou Vitor Santos. Para o agente, "em determinadas alturas dos inquéritos, as coisas complicamse mesmo e, aí, é difícil desligar". Depois, no terreno, "respeito" é a palavra que mais se impõe na conduta da brigada. "Não atuamos pela força sem necessidade mas sim pelo respeito", garantiu Rui Mendes. "Agora entro no bairro da Sé e sou respeitado por toda a gente. Tenho metade do tamanho deles e trago quem eu quero, quando quero", referiu Vitor Santos. Não deixar que a proximidade diária com situações de ilegalidade lhes molde as atitudes é um dos grandes objetivos. "Sabemos que, desde que respeitemos quem está do outro lado, também vamos ser respeitados”, garantem. “Temos de jogar limpo e lembrarmo-nos de que, do outro lado, estão pessoas, com famílias. Justa ou injustamente, uma criança não sabe distinguir a razão pela qual o pai foi preso", notam, com o semblante carregado de muitas histórias que ficam, ainda, por contar. Q


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música

Amor e Coisas Parvas Foi com muito "amor" e algumas "coisas parvas" que o "Cabaret Fortuna" se apresentou ao público em meados de 2011, com sucesso imediato. A adaptação do hit dos anos 80 "Tarzan Boy", dos Baltimora, foi um desafio recente lançado por Nuno Markl que resultou no carismático "Tás um boy".

Texto: Marta Almeida Carvalho

Depois de dois anos a viver em Londres, Alberto Almeida regressou a Portugal, em 2006 com uma vontade enorme de escrever e de cantar. Aliou ambos os fatores e o resultado foi o projeto musical denominado "Cabaret Fortuna". "Sempre estive ligado à música mas quando era adolescente diziam que eu cantava mal", refere, com humor. "Mandaram-me dar uma volta, e eu fui". Agora há muito quem goste de o ouvir, não só pelas músicas como pela generalidade do espetáculo que envolve sátira social, sentido de humor e "nonsense", de uma banda pouco ortodoxa e "politicamente incorreta". "A componente cénica é muito forte nos espetáculos", garante, salientando a importância da imagem como "elemento de "desconstrução"". 22


"Toda a génese do "Cabaret Fortuna" representa o universo afetivo do autor, ou seja, o meu", salienta, acrescentando que é baseado numa série de "histórias e personagens" com quem se tem cruzado ao longo da vida e que fazem parte do toque de "humor e sátira social" que quis imprimir ao projeto. A componente visual é muito importante já que, através do alinhamento das músicas cria uma espécie de teatro, com um argumento próprio, composto por muita energia. A banda foi impulsionada pelo produtor Kiko Serrano, contando, também, com a colaboração de Soul Davies. "Passaram quatro anos desde que o Kiko viu o meu trabalho, em 2007, até ao lançamento do álbum", refere, sublinhando que foi um projeto desenvolvido com "muita

Paula Ferreira

cabaret fortuna

calma e descontração, uma vez que não havia nenhuma pressão editorial". Alberto Almeida é o elemento central de "Cabaret Fortuna", que tem Kiko Serrano como produtor executivo, mas o projeto conta com a colaboração de 23


vários músicos e tem tido um calendário ativo com picos nas "Queimas das Fitas" e festivais de verão. Humor e...mais coisas parvas "A edição do álbum é de 2011, altura em que o single "Bar Aberto" foi um sucesso em várias Queimas", refere, salientando que vai haver agora uma reedição do disco, à qual irá juntar um tema "especial". "O Nuno Markl lançou-me o desafio de fazer uma versão de uma música que foi um ícone nos anos 80 para o seu programa "Caderneta de Cromos": "Tarzan Boy" dos Baltimora", conta. O resultado foi "Tás um Boy", um tema reinventado para o universo "Cabaret Fortuna", ao qual se adicionou uns acordes de "fado e de orquestra de Kusturica, à sonoridade original de italo-disco-sound". A música irá, agora, juntar-se a temas como "Viver à Patrão", "O Pecado Mora ao Lado", "Choca aí Campeão" ou "O Tal Que Show", na reedição de "Amor e Coisas Parvas" que inclui, ainda, a preparação de um novo espetáculo que levou aos palcos das "Queimas" de 2012 e que segue, agora, para alguns festivais de verão. "O universo "Cabaret Fortuna" é também uma espécie de "caderneta de cromos", temos algo em comum e a linguagem acaba por ser idêntica", refere, salientando que são uma espécie de "banda Erasmus". E porquê "Cabaret Fortuna"? "Numa das minhas visitas ao Soho de Londres tive conhecimento de um clube com este nome que foi criado para fazer concorrência ao mítico "markee", onde 24

Hugo Viegas Viegas

Hugo Viegas Viegas

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gravaram bandas de renome como os "Wham"", conta. Mas, ao contrário do que era de esperar, o "Cabaret Fortuna" começou a ser frequentado por uma franja mais "underground", composta por prostitutas e proxenetas, ao invés de artistas e intelectuais, o que levou ao encerramento do clube. "Achei uma história interessante, com um toque burlesco, e decidi colocar o nome no projeto", conta. Afinal, e de acordo com o artista, todo o seu universo afetivo sempre se assemelhou a um glamouroso "cabaret" Q


cabaret fortuna

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moda moda

Porto de vestir Para contrariar os tons de cinzento do Porto, André Gandra criou uma linha de peças de vestuário que pretende "Vestir a Cidade" e provar ao público que o design de autor não tem de ser caro. Entre peças coloridas, gravatas, atacadores, colares, pulseiras, cintos e lenços de seda, o ateliê de André Gandra, situado no n.º 284 da Rua do Rosário, no Porto, esconde pedaços de uma cidade que pretende ser recordada além fronteiras. Aberta há um ano, primeiro com peças de outros autores, a loja do designer de comunicação é já o 26

palco do projeto "Vestir o Porto", que parte da premissa de que a moda de autor não tem de ser cara e, portanto, inacessível a determinadas pessoas. "Há a tendência para se dizer que o design de autor é caro e eu quero combater essa ideia", sublinhou André Gandra, garantindo que é possível rentabilizar se os trabalhos "passarem por poucas mãos". "Eu faço a modelação, o corte, eu é que mando para a costureira e assim consegue-se uma redução de custos", ilustrou. Dar luz à Invicta Numa tentativa de contrariar "o cinzento do Porto", o designer, natural de Valongo, procurou criar uma coleção que trouxesse luz à cidade. "Há muita gente a


andré gandra

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Tiago Bavaresco e David Sousa (manequins: Agência Good Look)

explorar o conceito do Porto, mas acabam por usar sempre os mesmos pictogramas", lamentou, revelando ter utilizado os "ícones mais influentes" - como a imagem da Ribeira, a Ponte D. Luís, os Clérigos, a Câmara, o Barco Rabelo, o Palácio de Cristal, a Estação de S. Bento, lugar de partida e de chegada - para a composição do tecido. "Depois há outro tecido que funciona quase como uma colmeia, em que cada parte da cidade é colocada no seu respetivo lugar, brincando depois com as simetrias", acrescentou. Deste modo, a coleção integra peças femininas e masculinas com referências pouco "agressivas" mas reveladoras da Invicta. "Em pesquisa de fotografias, vi muitas coleções sobre o Porto com estampados básicos e imagens mono cromáticas, mas quis que27


moda brar esses princípios", explicou, admitindo que a intenção era a de "fazer com que o turista pudesse levar um pouco da cidade, não partindo de algo muito agressivo, mas utilizando a Ribeira, a Casa da Música e as pontes para a criação de uma composição". No projeto "Vestir o Porto", não existem duas peças idênticas. "Mesmo que eu repita, por exemplo, um colete, o tecido tem vários padrões, por isso não saem peças iguais", esclareceu o designer, acrescentando que, na roupa de homem, utiliza sobretudo algodão e poliéster e na feminina, crepes de seda, viscose, poliéster e algodão. A importância da modelação A coleção do designer ainda está a ser descoberta pelos portuenses mas já chegou a Nova Iorque e à Finlândia. "As pessoas não conhecem bem o tecido, pensam que é estampagem", apontou, esclarecendo tratar-se de uma técnica chamada sublimação - impressão direta no tecido. "A ideia, depois, é a de brincar com as peças. Eu fiz 20 t-shirts de homem e nenhuma é igual. Uma tem os barcos, a Ribeira, outra tem mais reflexos da Ponte D. Luís. As peças têm o mesmo corte, mas o apontamento do tecido é completamente diferente", assegurou. Independentemente do design e dos desenhos, André Gandra procura, antes de tudo, "compreender a modelação das peças" para que sirvam a toda a gente. "Normalmente, as minhas peças são de tamanho único, porque gosto que se adaptem ao corpo da pessoa, não o contrário", justificou à Viva. Como a coleção é muito vocacionada para turistas, o designer criou também peças em tecidos que não encorrilham, para que possam ser facilmente transportadas nas malas low-cost. O projeto "Vestir o Porto" não está preso a uma única estação, estilo ou preço. "Tenho roupa desportiva, mais clássica, trend chic e casual", descreveu. "As peças acabam por ser relativamente baratas, dentro do design de autor. As t-shirts de homem custam 17.50 euros, as sweatshirts são a 27.50 e os cangurus a 35 euros", acrescentou André Gandra, explicando que a ideia é "tentar fazer com que os trabalhos tenham um preço competitivo e que sejam acessíveis, podendo chegar a toda a gente". Q 28


andrĂŠ gandra

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guimarães

A descoberta do Espaço Público

Com a chegada dos dias quentes, a Capital Europeia da Cultura "celebra, vive, brinca em liberdade, expandindo o indivíduo nas praças e nas ruas". Convida o público a viver a luz do Sol e da Lua, já com a certeza do que se quer e se gosta. Texto: Mariana Albuquerque

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capital europeia da cultura Terminado o período de encontros e de partilha de identidades e expectativas, a Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura (CEC), em fase explosiva de criação, caminha, a passos largos, para o terceiro dos seus capítulos - em que o desafio é, apenas, o de sentir. Numa estação em que o clima convida a sair de casa, incita-se o público a descobrir uma "casa comum" no espaço público que é de todos, seja através dos ritmos musicais ou das artes performativas. E nessa busca de uma valorização patrimonial, a cidade berço já assistiu ao arranque do primeiro projeto da CEC 2012 a utilizar o símbolo mais forte da cidade - o Castelo de Guimarães. Assim, até novembro, várias ações idealizadas por Paulo Cunha e Silva, comissário do projeto "O Castelo em 3 Atos" e atual Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal em Roma, vão desafiar o público da Capital Europeia da Cultura a ter a ousadia de refletir sobre os assuntos que marcam a agenda contemporânea. "O Castelo em 3 Atos": da origem ao futuro Numa cidade com elevada carga histórica, "O Castelo em 3 Atos" recorre ao poder simbólico desta fortaleza, que está a ser "assaltada", "destruída" e

"reconstruída" para discutir o futuro português e europeu no contexto atual. "O Castelo é uma metáfora não só de si próprio, mas da Europa, da questão colonial, da imigração e de tudo aquilo que tem a ver com a relação entre o eu e o outro, com uma estrutura fortemente identitária do nosso imaginário, que, por isso mesmo, faz sentido ser questionada e discutida", explicou Paulo Cunha e Silva à Viva. Assim sendo, acrescentou o comissário, a ideia do projeto, inaugurado a 7 de abril, era justamente a de "pegar na identidade do Castelo de Guimarães, com toda a sua carga patrimonial, e confrontá-lo com as grandes questões do mundo contemporâTexto: Marta Almeida Carvalho neo", questões essas que podem ser colocadas atraFotos: Rui Meireles vés de conferências, mas também de obras de arte e literárias encomendadas "para darem corpo a esta leitura mais aberta da ideia de Castelo". "Assalto, Destruição, Reconstrução": três atos que se cruzam O programa do projeto organiza-se a partir da gestão de três fases que correspondem à relação do Castelo com o espaço e o tempo: Assalto, Destruição e Reconstrução. Ainda assim, sublinhou o comissário, "os três momentos estão misturados, não 31


guimarães para cada um dos espaços do piso superior do Paço dos Duques, reforçando a unidade simbólica e arquitetónica entre os lugares à volta do Castelo. A exposição representa, assim, o núcleo duro do Assalto, significando a capacidade de a arte contemporânea funcionar como um agente capaz de criar um meta-lugar. "O que se inaugurou no dia 14 é, porventura, um dos núcleos mais importantes porque se trata de uma exposição de arte contemporânea no Paço dos Duques e no próprio Castelo, que é um espaço muito patrimonial, em que os artistas foram chamados a criar uma obra para cada uma das salas", referiu Paulo Cunha e Silva, sublinhando que a ideia de Reconstrução também já estaria presente desde o início. "Eu não queria uma narrativa linear em termos de tempo. A minha ideia era a de que, no início do projeto, a possibilidade de reconstrução estivesse já contemplada. E por isso, as pessoas que trabalham no próprio castelo, na torre de menagem, nomeadamente o João Luís Carrilho da Graça, o Miguel Vieira Baptista e R2 apresentam já soluções para a reconstrução do Castelo que, no mesmo momento, está a ser assaltado. São três atos que se cruzam e se misturam", salientou o comissário. Outro dos momentos destacados pelo responsável foi o trabalho de um artista espanhol que fez uma animação centrada na estátua de D. Afonso Henriques. "O fundador é também objeto da nossa interpelação, digamos assim, e, no fim, tivemos um D. Afonso Henriques que chorava copiosamente, a querer dizer que os reis também choram, não são só conquista e violência", referiu.

representam uma sequência linear". Desta forma, o arranque da iniciativa ficou marcado por uma ação performativa realizada pelo coletivo Footsbarn, na qual foi simulada uma verdadeira invasão do Castelo. Pessoas equipadas com utensílios deram corpo à invasão, simulando o cerco - "o abraço" - através de uma corrente humana. Terminado o "ritual", o grupo entrou no Castelo, consumando a invasão e percorrendo, posteriormente, o espaço que separa a fortaleza da estátua de D. Afonso Henriques, numa típica celebração dos invasores. Seguiu-se a inauguração de uma exposição em que um conjunto de artistas produziu uma obra "site-specific" 32


capital europeia da cultura Projeto multidisciplinar: das artes visuais à cozinha de autor Depois de um arranque marcado pelo design, arquitetura, artes visuais e também pelo cinema, com um ciclo dedicado à temática do castelo, desenvolvido entre os dias 28 de maio e 2 de junho, o projeto de Paulo Cunha e Silva desenrola-se, nos próximos meses, com uma aposta na literatura, gastronomia e reflexão. No dia 22 de setembro, haverá uma conferência internacional sobre a Europa e a Migração designada "Destruição: O Castelo em Ruínas". Dias depois, a 10 de novembro, o tema em discussão será "Reconstrução: O Futuro do Castelo", com o debate das estratégias políticas e sociais para um "Mundo de Fronteiras (Muralhas) Permeáveis". "Este programa foi desenhado há dois anos e a questão da Europa e do seu futuro não se discutia ainda de forma tão veemente como está a acontecer agora, por isso, achámos que este ciclo tem qualquer coisa de premonitório, quando as notícias que nos chegam são cada vez mais patológicas e problemáticas", esclareceu o comissário do projeto. Outros dos eventos será a "Última Ceia", agendado também para 10 de novembro e que contará com a participação do Chef José Avillez e da fotógrafa Adriana Freire. "O Chef Avillez é um dos que mais se aproxima desta noção de cozinha como obra de arte. Vai fazer uma espécie de jantar performance, não vai ser um jantar clássico. Será um circuito não só pelos sabores, mas também físico", explicou o conselheiro cultural. A gastronomia surge, neste projeto, para re-

forçar o seu papel enquanto arte contemporânea. "A partir do momento em que o Ferran Adriá foi convidado para a Documenta de Kassel, que é um dos acontecimentos mais importantes das artes visuais, a gastronomia adquiriu quase o estatuto de obra de arte", explicou Paulo Cunha e Silva, justificando, assim, a integração da disciplina no projeto. A 1 de dezembro, haverá a apresentação de um filme encomendado a Ivo Ferreira sobre os três atos que caracterizam o castelo e ainda o chamado "Ato Mais 1: E Depois? Fuga e meditação" - inauguração de uma capela do artista concetual Lawrence Weiner, já fora de Guimarães, em Vila do Conde, "simbolizando também a circunstância de uma Capital Europeia da Cultura não se poder confinar à sua territorialidade mais limitada". Para Paulo Cunha e Silva, até ao momento, "O Castelo em 3 Atos" está a ser bem recebido pelo público, na sua função de estabelecer uma ligação entre património e arte. "Hoje, aquilo para onde olhamos como sendo património, só chegou até nós porque, na altura em que foi concebido, tinha essa ousadia de futuro. E sem esta relação entre o património e a criação contemporânea não há futuro para as artes", considerou. Música na CEC 2012: "legado" e "celebração" O maestro Rui Massena é outros dos protagonistas que tem acompanhado de perto a Capital Europeia da Cultura, experiência que descreve como

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guimarães

"única", afirmando estar a desfrutar de uma cidade que o recebeu "de braços abertos", dando-lhe a oportunidade de "desenvolver projetos especiais, num contexto europeu". De acordo com o maestro português, a Música em Guimarães nasce a partir de um duplo encontro entre um espaço e um tempo, um legado e uma celebração. "É uma programação de referencia histórica, nova criação e programas para todos os tipos de público", descreveu, destacando ainda "a vertente clássica mas realizada através de conceitos transversais". "É inclusiva na diferença, na geografia, e no estrato social. Para os jovens, menos jovens e para os aventureiros", acrescentou Rui Massena, que tem protagonizado alguns dos mais altos momentos musicais da Guimarães 2012, ao lado da Fundação Orquestra Estúdio (FOE). Tal como explicou o maestro, em todos os concertos há a estreia mundial de uma obra encomendada a compositores internacionais mas sobretudo portugueses, como forma de incentivo ao mercado 34

nacional". "A arte reflete o seu tempo. Para termos história amanhã temos que construi-la hoje", defendeu Rui Massena. Ainda durante o Tempo para Criar, no dia 17 de junho, o maestro vai dirigir um concerto da Orquestra Clássica da Madeira, que decorrerá no Centro Cultural Vila Flor (CCVF).


capital europeia da cultura barética europeia", reunindo "o charme, a voz, o olhar e a alma de toda a história da canção alemã e da teatralidade dos poemas que interpreta". Com um repertório abrangente, a artista apresenta uma carreira diversificada e comprometida com a política e a história da sua terra, evidenciando uma forte ligação ao trabalho de Brecht e Weil. Durante o concerto com a FOE, Ute Lemper explorará o repertório clássico do cabaret alemão e das grandes orquestrações. Em declarações à Viva, Rui Massena afirmou esperar "uma artista multifacetada a provocar o público com interpretações ousadas de temas que conhecemos". "Expensive Soul - Symphonic Experience" atraiu mais de seis mil pessoas

GMR 360º: uma aposta na diversidade criativa Durante o mês de julho, já no chamado Tempo para Sentir - que decorre de 24 de junho a 20 de setembro - a CEC receberá o festival multidisciplinar GMR 360º, especialmente centrado na música eletrónica. A iniciativa surge em Guimarães 2012 com o objetivo de apresentar paradigmas artísticos do século XXI na sua diversidade de riqueza criativa. Música, artes performativas, artes cinematográficas, artes plásticas e design de moda são os meios utilizados na procura de soluções concetuais e estéticas. Ute Lemper: "diva herdeira da tradição cabarética europeia" No dia 28 de julho, Rui Massena irá dirigir um concerto da Fundação Orquestra Estúdio com a cantora, bailarina e atriz alemã Ute Lemper que é, "provavelmente, a última diva herdeira da tradição ca-

Uma das experiências "memoráveis" destacadas pelo maestro foi o concerto protagonizado pela banda Expensive Soul e pela Fundação Orquestra Estúdio, que esgotou o Pavilhão Multiusos de Guimarães. Na preparação do concerto, os elementos do grupo e Rui Massena realizaram uma seleção de cerca de cem vozes vimaranenses para integrarem a atuação. "A ideia foi chamar a sociedade a participar em projetos que constroem relações especiais entre as pessoas e a música. Cada candidato cantou dois temas e o júri, constituído por mim e pelos Expensive, escolheu as vozes que mais se encaixavam", explicou. A participação surpresa do Grupo de Caixas e Bombos Nicolinos foi um dos elementos que mais surpreendeu os visitantes, que ultrapassaram os seis mil. Rui Massena dirigiu, assim, mais de duzentas pessoas em palco, num concerto que, para o maestro, é um motivo de orgulho para a cidade. "Foi memorável. A energia da participação dos Nicolinos, da Orquestra Estúdio e do Coro foi indescritível. O público que encheu o Pavilhão estava ali para construir uma noite inesquecível. As pessoas dançaram, cantaram e vibraram, também fizeram o espetáculo. Guimarães está de parabéns", afirmou, em tom de balanço, não deixando de salientar o desempenho da FOE - "uma Orquestra de topo internacional que guarda a Europa dentro na busca da excelência". Q 35


ensino superior

Damos oportunidade a quem nos escolhe Na altura de escolher o estabelecimento de ensino superior para a formação dos jovens, as famílias devem procurar, não só "as que lhes deem garantias de qualidade técnica e científica" mas também "as que contribuam para o incremento da personalidade", salienta Joaquim Azevedo, presidente da Católica Porto. Viva – Esta é uma altura em que as famílias e os jovens que querem ir para o ensino superior estão a definir as suas escolhas. Como encara esse processo? J.A. – Os jovens e as famílias procuram uma escola e um curso que lhes dê garantias de qualidade na for36

mação técnica e científica, mas também que os prepare globalmente como pessoas. Por isso, na Católica Porto, cientes da importância da preparação integral da "pessoa" temos diversos seminários, nomeadamente Humanismo e Cristianismo, para que cada um perceba o seu enquadramento no mundo; Pensamento Crítico, para desenvolver virtudes intelectuais como a integridade, justiça, civilidade, empatia, humildade e confiança mútua; Escrita Criativa, que desenvolve, em cada um, competências de escrita e de comunicação. Além de tudo isto, os nossos alunos têm acesso a dinâmicas de Voluntariado Social, Empregabilidade e Empreende-


católica porto dorismo, o que lhes permite o contacto direto com a realidade da sociedade contemporânea, que exige grande flexibilidade, capacidade de adaptação e de correr riscos, dinâmicas com muito impacto junto dos jovens. Numa época de descrença, em que os efeitos negativos da crise ameaçam paralisar a sociedade, queremos contrariar a natural cedência à resignação, evidenciando novas opções e potenciando a criação de caminhos alternativos de sucesso pessoal e coletivo. Viva – Sendo uma Universidade não Estatal, os alunos têm de pagar propinas. Nesta altura, como é que a Católica Porto acolhe os alunos que querendo ir para as suas Faculdades, não conseguem pagar as propinas? J.A. – Há muitos jovens talentosos que nos procuram e que poderão frequentar a Católica mesmo que as suas famílias não tenham os recursos financeiros necessários ou que o injusto sistema de financiamento do ensino superior não os apoie como devia. Temos apoios sociais que vão de encontro às necessidades das famílias. Bolsas sociais e facilidades de pagamento têm permitido a milhares de jovens estudar na Católica Porto. Nesta altura de crise, estamos ainda mais atentos a estas dificuldades e estudamos cada

caso em particular. Além disso, os alunos que têm bons resultados do secundário podem ter Bolsas de Mérito. Por tudo isto afirmo, com toda a convicção, que damos oportunidades a quem nos escolhe, sendo que as famílias podem confiar em nós e na formação que damos aos jovens. Estamos profundamente comprometidos com uma educação de qualidade, que forme para a vida, com dignidade. Q

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um dia com

A afluência de turistas ao Porto tem crescido consideravelmente e contribui para o incremento da oferta de serviços turísticos, nomeadamente os passeios no rio, impulsionados pela recente atribuição do galardão "Porto, Melhor Destino Europeu 2012". O tráfego no Douro tem aumentado de forma notável na última década e, percorrendo-o, ladeados pelas suas majestosas margens, seja a nascente ou poente, desvendamos alguns dos segredos de quem habitualmente cruza as suas águas tranquilas, nos diversos tipos de embarcações. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

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cruzeiros no douro

MistĂŠrios do Douro 39


um dia com

Os barcos rabelos, embarcações típicas do transporte do vinho do Porto, entre as quintas do Douro até aos armazéns de Vila Nova de Gaia, representam um símbolo indissociável do rio Douro, ao qual estão intimamente ligados. Nos últimos anos, multiplicaram-se as réplicas destas embarcações, adaptadas ao transporte de pessoas, no sentido de proporcionarem um passeio turístico único no rio Douro, vulgarmente conhecido como "Cruzeiro das Pontes", uma vez que o circuito destas embarcações se limita ao troço do rio entre a Ponte do Freixo e a barra do Douro, cruzando as seis pontes. A bordo do "Memórias do Douro", da Barcadouro, rendemo-nos aos encantos de ambas as margens, contempladas do meio do rio, onde, durante cerca de 50 minutos se pode usufruir de uma panorâmica singular de Porto e Gaia. Para as várias dezenas de turistas presentes, esta foi uma experiência agradável e cheia de atrativos. Juan Salceda, turista espanhol de Barcelona, passava uns dias no Porto, recomendado por amigos. "Eles gostam muito do Porto e insistiram para que viesse. Confesso que nunca tinha estado cá 40

mas estou a adorar. Este passeio de barco então, é fenomenal", salienta. Quando questionado se iria repetir, Juan nem hesitou. "Claro, tanto o regresso ao Porto como uma viagem mais longa. Quero ir à "Régua"", afirma. Para os mestres que pilotam estas embarcações, o percurso é curto mas as dezenas de vezes que o fazem por semana traz sempre


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um dia com novos encantos. "É muito bonito contemplar as duas cidades de uma perspetiva diferente, do rio", garante o mestre João, salientando que Gaia fica mais bonita "em dias de sol" mas o Porto adquire um tom de magia nos dias "mais cinzentos". Dificuldades não há muitas, apesar das correntes, por vezes fortes, deste troço do rio, devido à proximidade da foz. Rio acima, rio abaixo O "Princesa do Douro", da Douro Azul, a empresa mais antiga a operar no rio, levou-nos mais longe, até ao coração da Régua, num dia nublado que não impediu de usufruir de todos os atrativos de uma viagem singular de cerca de sete horas, recheadas de calma e tranquilidade e de paisagens belíssimas, desvendadas de forma diferente, na descida, já debaixo de calor. Esta é uma embarcação maior que os tradicionais rabelos, construída para viagens mais longas rio acima, rio abaixo. Para o mestre Francisco Nova, o "Princesa do Douro" é uma espécie de "prolongamento" do corpo. "Conheço muito bem esta embarcação", refere, salientando a boa relação que tem com o leme, o "meu leme", como carinhosamente lhe chamou e que garante ter sempre nas melhores condições. Para o mestre, subidas e descidas do rio são percursos que já não têm segredos mas sempre mistérios. "Por muitas vezes que o faça tem sempre novos encantos", diz, sustentando que basta uma luminosidade diferente para que a perspetiva seja, também, diferente. Ao contrário das viagens dos rabelos, entre as pontes, estas embarcações que sobem o rio têm de passar as barragens que, ao longo dos anos, foram construídas. A eclosagem é o processo que permite passar estas infraestruturas, que modificaram a navegabilidade do Douro a partir da segunda metade do século XX. Pedro Sardo, 48 anos, é o mestre da embarcação "Douro Spirit", uma das maiores e mais majestosas que navegam no Douro. Pilotar um barco de 61 cabines duplas, um verdadeiro hotel de luxo sobre a água, é muito diferente dos tradicionais rabelos. Apesar dos mais avançados sistemas de navegação GPS, uma embarcação deste calibre requer alguma perícia nas mano42


cruzeiros no douro

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bras, principalmente na eclosagem, onde as dimensões do barco preenchem quase todo o espaço dos portais por onde tem de passar. "É uma manobra que necessita de muita coordenação mas que é facilmente executada por pilotos experientes", garante. Um só rio para vários operadores Os turistas podem escolher entre diversas viagens de passeio que fazem parte de um circuito integrado entre o Porto e o Douro vinhateiro, numa

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clara lógica de promoção e divulgação de uma região. Nos cruzeiros de um dia pode-se usufruir de uma subida de barco, até à Régua, com descida de comboio, ou vice-versa. A viagem pode ainda ser feita única e exclusivamente de barco, durante um fim-de-semana, com pernoita e regresso no dia seguinte. Se pensa aproveitar um dos solarengos finais de semana dos meses quentes que se aproximam, para fazer um destes cruzeiros de dois dias com pernoita, o Hotel Régua Douro é uma excelente opção. Pinhão e Barca D´Alva são outros dos destinos destes cruzeiros, cujos preços variam entre 75 e 120 euros para um dia, e 250 a 300 para dois. A oferta integrada e diversificada de animação turística no Porto é organizada e disponibilizada pela Associação de Empresários para o Desenvolvimento do Turismo Cultural no Porto e na Região - Porto Tours (ATC) com o intuito de valorizar o destino Porto e Norte de Portugal pela sua qualidade e atratividade, resultante de uma parceria com sustentabilidade entre os agentes públicos e privados do setor. As entidades que operam atualmente no rio, associadas da ATC, são AMDouro, Barcadouro, Douro Acima, Douro Azul, Manos do Douro, Rota do Douro, Tomaz do Douro e Via D'Ouro. Q


cruzeiros no douro

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publireportagem

ExperiĂŞncia

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oftalconde O estilo de vida das pessoas, o modo como se utiliza a visão e as agressões externas são aspetos que interferem na saúde dos nossos olhos. Apesar de as doenças oculares afetarem grande parte da população, existem cuidados que ajudam a prevenir e a tratar de forma mais conveniente algumas patologias. Mesmo sem sintomas, todas as pessoas devem consultar um oftalmologista em diversos momentos da vida. Quais são esses momentos? Nesta edição da Viva, os profissionais da Oftalconde dão a conhecer as principais doenças oculares que afetam a visão dos portugueses.

Como é que a Oftalconde vê a evolução da saúde privada? A prestação de serviços de saúde privada tem vindo a crescer a par das companhias de seguro, que têm cada vez mais soluções atrativas e orientadas para os seus clientes. A concorrência tem aumentado e é cada vez mais exigente, mas é também um fator essencial e saudável para qualquer setor económico. Motivanos a estarmos mais atentos e sermos mais eficientes em todos os aspetos. A Oftalconde tem uma excelente relação com as diversas clínicas e consultórios. Tem as portas abertas para oftalmologistas externos realizarem os seus exames e recebe muitos clientes de outros médicos, o que é, para nós, uma constatação de confiança e qualidade. Qual a "chave do sucesso"? Não existe apenas uma razão, mas um conjunto de fatores como o reconhecimento de um quadro clínico de excelência, o constante recurso ao investimento em tecnologia de ponta, a privilegiada localização, as

a cuidar da visão Fotos: João Ferrand

Situada há quase uma década na Av. da Boavista, no Porto, a Oftalconde resulta do forte crescimento do consultório do médico Eduardo Conde, já com mais de 30 anos de experiência na Oftalmologia, assim como da necessidade de criar um espaço privado que integrasse todas as subespecialidades, exames e tratamentos de oftalmologia.

instalações modernas e acessibilidades a deficientes motores, a gestão organizada que permite ganhos de eficiência sem prejuízo de qualidade e sobretudo a ética, rigor e exigência com que se trata cada cliente.

E quem é o cliente da Oftalconde? Tendo Eduardo Conde, diretor clínico da Oftalconde, sido responsável do serviço de Retina Cirúrgica no Hospital Geral de Sto. António, a Oftalconde foi inici47


publireportagem (cirurgia a laser de correção de miopia, hipermetropia e astigmatismo), contando com equipamento de alta tecnologia para a realização de exames como a topografia corneana, paquimetria e microscopia especular. Mas a Oftalconde dispõe de um quadro clínico diversificado, tendo capacidade humana e técnica para responder a todas as exigências de diagnóstico e tratamento da patologia oftalmológica.

almente pensada como uma clínica de retina, vocacionada para o paciente com descolamento de retina, retinopatia diabética ou degenerescência macular relacionada com a idade. Dispõe dos melhores equipamentos, exames e tratamentos associados a esta subespecialidade, como o OCT, angiografia, retinografia, eletrofisiologia, injeções intra-vítreas, laser, entre outros. Tem também bastante experiência em cirurgia de glaucoma, enxerto de córnea e cirurgia implantorefrativa, nomeadamente lentes intraoculares, lasik

Eduardo Conde,diretor clínico da Oftalconde

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Quais as principais doenças oculares que afetam os portugueses? Entre as doenças oculares que afetam mais portugueses estão a degenerescência macular relacionada com a idade, as cataratas, a retinopatia diabética, o descolamento de retina e o glaucoma. De destacar também o cansaço ocular e o aparecimento de olho seco, devido ao excessivo uso e incorreta postura face ao computador. Com a chegada do calor e da época seca, é muito habitual um maior aparecimento de conjuntivites alérgicas. Na presença de queixas ou sintomas deve-se consultar um oftalmologista. Quando se deve marcar a 1.ª Consulta de Oftalmologia? Ainda que grande percentagem das doenças oculares apareça a partir dos 40 anos, a primeira avaliação da visão deve ser feita durante os primeiros anos de vida. A Oftalconde aposta também na oftalmologia pediátrica e de prevenção. Na idade pré-escolar deve ser feito um rastreio oftalmológico e, mais tarde, entre os 30 e os 40 anos, é indicado ter um acompanhamento periódico dado o maior aparecimento de patologias. É nesse sentido e para celebrar o Dia Mundial da Criança que a Oftalconde está a oferecer um Rastreio Oftalmológico para crianças entre os 5 e 6 anos de idade, a realizar nos dias 23 e 30 de junho na clínica, por marcação telefónica (225 430 080). Q

Ed. Passeio da Boavista, Av. Boavista 2121, SL 211 4100-133 Por to Tel.: (+351) 225 430 080 www.oftalconde.com http://www.facebook.com/Oftalconde


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destinos

Segredos do interior

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galiza

Depois de percorrer os geodestinos galegos da zona costeira, a Viva convida-o a conhecer o interior de um mapa que esconde uma m達o cheia de desafios e segredos.

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destinos

A Galiza elaborou uma nova classificação territorial assente no conceito de geodestinos - mapa turístico da comunidade galega que divide o território em 14 áreas, agrupadas de acordo com as singularidades de cada região. Idealizado pela Junta da Galiza, em parceria com os vários municípios, o projeto destina-se a despertar o potencial atrativo da localidade, de forma a facilitar a acessibilidade dos visitantes aos recursos e serviços turísticos. O segredo está na união das particularidades galegas para mais facilmente ser possível atrair aqueles que aceitam desvendar os seus segredos. O novo mapa é constituído por Costa da Morte, Rias Altas, Terras de Santiago, Marinha Lucense, Lugo e a Terra Chã, Ancares-Courel, Ribeira Sacra, O Ribeiro, Terras de Ourense e Allariz, Celanova-A Limia, Verín-Viana, Manzaneda-Tervinca, Rias Baixas e Deza-Tabeirós. Viagem de sensações Na descoberta dos geodestinos galegos do interior, o primeiro ponto de paragem é Terras de 52


galiza

Santiago, cujo centro se situa em Santiago de Compostela, incluindo, por exemplo, os municípios de Ames, Negreira, Oroso e Sobrado. A Rota Jacobea, com os seus oito Caminhos para Santiago, é uma das atrações em destaque, assim como a majestosa Catedral de Santiago, que se ergue na Praça do Obradoiro, representando um centro milenar de peregrinação cristã. O encontro com a natureza, a gastronomia e os vestígios de épocas passadas são algumas das razões apontadas para uma visita ao Lugo e a Terra Chã, formado, por exemplo, por A Pastoriza, Begonte, Castro de Rei e Friol. Mesmo ao lado, evidencia-se o geodestino montanhoso de AncaresCourel, que integra as serras orientais da Galiza, consideradas um dos tesouros da região. De destacar também A Ribeira Sacra, que engloba municípios como A Teixeira, Monforte de Lemos e Paradela, apresentando importantes mosteiros, dos quais são exemplo o de S. Pedro de Rocas - o mais antigo da Galiza - e o de Santo Estevão de Ribas de Sil. Muito conhecido do público graças ao vinho que lhe utiliza o nome é o geodestino O Ribeiro, for53


destinos

mado, a título de exemplo, por Avión, Leiro, Pontevedra e Ribadavia. Por outro lado, as localidades de Ourense e Allariz - cada uma com uma infini54

dade de monumentos - e o Caminho de Santiago, aqui designado Via da Prata, são as grandes atrações da região Terras de Ourense-Allariz, que abrange A Merca, Allariz, Baños de Molgas e Paderne de Allariz, entre outros municípios. Ainda nos geodestinos do interior, destaque para um território que reúne uma zona de montanha alta e outra antiga, compondo a região Celanova-Limia. Uma parte das montanhas mais pequenas e antigas, que envolvem a maior existente na Galiza, dão corpo ao parque natural do Gerês, que se prolonga por terras portuguesas. Numa mistura de vales e montanhas, surge Verín-Viana, destino que conjuga três elementos principais: a natureza, o Caminho de Santiago e a cidade de Monterrei - o "triângulo mágico" da região galega. O geodestino Manzaneda-Trevinca esconde várias surpresas como a Serra da Enciña da Lastra, tesouro de mais de três mil hectares, e o Maçico Central, com a única estação de esqui da região. Por fim, no interior de Pontevedra, A Estrada, Agolada, Cerdedo, Dozón, Forcarei, Lalín, Rodeiro, Silleda e Vila de Cruces dão forma ao destino DezaTabeirós. Os espaços naturais Brañas de Xestoso e Serra do Candán são algumas das atrações da região, assim como o Bosque de Catasós, considerado um monumento natural de Lalín. Q


galiza

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momentos

Festa Surpresa para Batata Júnior

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A festa surpresa, organizada pela família e amigos para Batata Júnior, começou com um jantar, tendo-se prolongado pela noite dentro com muitos brindes e diversão. 56

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1 – Luís, Batata e Raquel Cerqueira Gomes 2 – Alexandre Pereira e Raquel Cerqueira Gomes 3 – Luís Cerqueira Gomes, Inês Moreira e Luís Cerqueira Gomes 4 – Inês Moreira e Carlota Cerqueira Gomes 5 – Francisco Fontoura, Francisco Sottomayor, David Almeida, António Nascimento e Bernardo Martins 6 – Zé Miguel Quintas e namorada 7 – David Almeida, Gonçalo Cerqueira Gomes e Alexandre Pereira 8 – Carlota Cerqueira Gomes, Luís Cerqueira Gomes, Inês Moreira e Luís Cerqueira Gomes 9 – Luís Cerqueira Gomes recebendo o presente surpresa dos amigos 10 – Carlota com os amigos do aniversariante

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momentos 2

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Wine Party Avidagos 5 1 – Joana Coimbra e Patrícia Cardoso 2 – Carlota Santos e Ana Reis 3 – Miguel Plácido e Fernando Ferrão bem acompanhados 4 – Maria João e Maria Cerqueira Gomes 5 – Xaninho Pereira 6 – Gonçalo Gomes e Gonçalo Cerqueira Gomes 7 – Raquel Cerqueira Gomes e Tó Pena

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A Wine Party Avidagos, organizada por Xaninho Pereira, começou com um jantar para 80 pessoas tendo decorrido com muita animação, que esteve a cargo do fantástico Dj.


Fim de semana no Shaker 1

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Foi num animado fim de semana no Shaker, que amigos e clientes experimentaram a nova ementa do Restaurante italiano e do sushi bar. A noite prolongou-se com muita música, que esteve a cargo do Dj residente John D. 6

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1 – Joana e Tó Pena 2 – Francisco Miranda e Carlota Cerqueira Gomes 3 – Diana e Sofia 4 – Pedro Abreu e Joana Teles 5 – Brenda, Batata e Diana 6 – Raquel e Batata, Fátima Vasconcelos, Martin Portal, Anabela Fernandes e Marcus Macedo Pinto

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momentos

Festa de anos de Paula Caiano 1

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1 – Ana Cabral e Paula Caiano 2 – Maria José Caiano com as netas 3 – Margarida Sá Carneiro e Paula Burmester 4 – Belkiss Oliveira e Paulo Castro 5 – João Caiano e Cláudia Cudell 6 – Luísa Melo, Paula Caiano e Néné Miranda

Paula Caiano comemorou os seus 50 anos no Shaker, com a presença de muitos amigos. Brindes, bolo e fotografias divertidas, tiradas num corner especialmente criado para o efeito, marcaram uma noite especial. 6

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Festa de lançamento do Evel 3

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1 – Tininha e Pedro Lima 2 – Victor Hugo, Arlindo Costa Leite e Tó Magalhães 3– Nininha Espregueira Mendes, Inês Costa Leite, Tininha Amorim e Francisca Doria 4 – Pedro Silva Reis, Francisca Doria, Raquel e Gastão Mendes 5 – Rui Moreira e Sandra

A festa de lançamento de um novo vinho da marca Evel, que decorreu no Shaker, foi organizada por Francisca Doria, tendo começado por um jantar volante, onde cerca de 100 convidados puderam provaram a nova bebida. A animação da festa esteve a cargo do Dj Tó Pena, que pôs toda a gente a dançar até de madrugada.

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universidade

25 anos

ao serviço do saber A Universidade Portucalense (UPT) iniciou atividade em 1986, tendo formado, ao longo destes 25 anos de existência, mais de 12 mil alunos. A Universidade desenvolve atividades de formação e investigação em diversas áreas do saber. 62

Gestão, Economia, Gestão Hoteleira, Direito, Tecnologias de Informação, Solicitadoria, Informática, História, Geografia, Turismo, Psicologia, Educação, Educação Social e Conservação e Restauro são as áreas multidisciplinares que a Universidade Portucalense disponibiliza aos seus alunos, sendo que a formação se desenvolve a vários níveis - 1º ciclo (licenciaturas), 2º ciclo (mestrados), 3º ciclo (doutoramentos), Estudos Avançados (Pós-graduações, ShortMasters, Formação Aplicada e Cursos de Preparação)


portucalense e Formação de Professores. Um dos principais elementos diferenciadores da Universidade Portucalense é a forma como se organiza: divide-se em quatro grandes departamentos - Ciências Económicas e Empresariais, Direito, Inovação, Ciência e Tecnologia e Ciências da Educação e do Património - simultaneamente complementares, o que possibilita a criação de programas interdisciplinares, aproveitando sinergias entre diferentes áreas que vão ao encontro das competências que o mercado, cada vez mais, exige. Ao longo da sua formação, os alunos da UPT são preparados para responder às necessidades das empresas, sendo que milhares deles estão colocados em pequenas, médias e grandes empresas no país e no estrangeiro Brasil, Reino Unido, Angola, Moçambique e Estados Unidos - e espalhados por diversas atividades: banca, seguradoras, administração pública, Governo, escritórios de advogados, magistratura, ensino, instituições de saúde, empresas industriais e comerciais e em associações diversas. Ensino de proximidade A Universidade Portucalense distingue-se ainda por metodologias de ensino de proximidade que procuram estimular o raciocínio crítico. Na prática, os alunos salientam, como fator de excelência, a vocação dos docentes não apenas para a transmissão de conhecimentos atualizados, mas também a sua disponibilidade para esclarecer dúvidas, acompanhar a elaboração de trabalhos e a realização de investigação, sentindo-se, assim, apoiados e preparados para dar resposta às exigências crescentes das empresas e outras organizações.

Joel Dias 1.º ano do 1.º ciclo de Gestão Hoteleira "Como aluno, tenho notado um grande desenvolvimento pessoal. Para além de professores que se preocupam connosco e de instalações fantásticas aprendi coisas novas e segui a licenciatura que sempre desejei. Sei que me abrirá as portas para um futuro risonho".

Diana Nogueira 1.º ano do 1.º ciclo de Gestão "A escolha da universidade que me iria formar para o futuro não foi fácil. Depois de muita pesquisa e informação, decidi que UPT seria a melhor opção e foi, sem dúvida, a escolha acertada. A UPT preocupa-se com os alunos e tem uma equipa qualificada que nos acompanha atentamente para que consigamos alcançar os nossos objetivos com sucesso". Ivo Nogueira 2.º ano do 1.º ciclo de Gestão Hoteleira, piloto de ralis "Estudo há três anos na UPT e, de todas as expetativas que tinha em relação à Universidade, o nível de ensino foi realmente o que mais me surpreendeu pela positiva. A parte difícil é, por vezes, a de conciliar os estudos com o desporto, mas com dedicação, esforço e uma boa organização, tudo se consegue". João Filipe Sousa 2.º ano do 1.º ciclo de Informática "Estes últimos dois anos na UPT foram repletos de atividades que me permitiram aumentar o conhecimento e de imensas oportunidades extra-curriculares que a Universidade oferece (Academia XNA, programa IP, Concursos de Ideias, entre muitos outros)". João Silva 2.º ano do 1.º ciclo de Tecnologias e Sistemas de Informação "Desde que entrei na UPT tenho aproveitado as oportunidades de desenvolvimento que a Universidade oferece. Comecei por entrar na AIESEC, participei num pro63


universidade grama IP de duas semanas. Pretendo, agora, ajudar a fundar uma empresa júnior de consultoria na UPT e candidatei-me ao Programa Erasmus". David Rezende Bruno 2.º ano do 1.º ciclo de Economia, jogador de futebol do Trofense, emprestado pelo FC Porto “Ao longo destes dois anos tem sido gratificante trabalhar com o corpo docente da UPT que me vem apoiando na construção de aprendizagens e conhecimento sustentados. Acredito que farão com que um dia me venha a tornar num profissional competente e capaz. A minha passagem pela UPT é, toda ela, positiva". Ana Catarina Reis Finalista do 1.º ciclo de Psicologia "No ano do 25.º aniversário da Universidade Portucalense, terminei a minha licenciatura. Um marco importante quer para a Instituição, quer para esta fase da minha vida. Olhando para trás, verifico que tomei uma boa decisão. Não foi ao acaso que aqui vim parar. Já tinha amigos muito próximos nesta casa, outros novos surgiram. O nível de relacionamento com os docentes é mais do que mero aluno/professor e, sem dúvida, ajudoume a enquadrar perfeitamente no curso. Quanto ao pessoal administrativo, é do melhor que há. A Instituição tem magníficas instalações, não podendo deixar de referir o bar ao ar livre que é ótimo para relaxar depois das aulas e mesmo para estudar." Catarina Gomes Finalista do Mestrado em Psicologia "Entrei nesta universidade e neste curso cheia de incertezas e receios porque não era este o percurso escolhido. Neste momento sinto que tomei a decisão certa em escolher esta universidade para 64

estudar: o campus universitário é moderno, o ambiente académico é acolhedor e a relação com os professores não podia ser melhor. Estudar na Universidade Portucalense dá-me muito orgulho e a convicção de que a minha formação é de excelência." Ricardo Freitas Finalista do Mestrado em Informática, Especialização em Sistemas de Informação, analista programador "O Mestrado em Informática permitiu a aquisição e atualização de conhecimentos em diversas áreas relevantes ligadas aos Sistemas de Informação, de onde destaco a Gestão do Conhecimento, cada vez mais presente nas organizações nacionais e internacionais. Desta forma, a frequência deste Mestrado proporcionou-me uma nova perspetiva profissional, para a qual pretendo rumar". João Queirós Licenciado em Solicitadoria pela UPT e aluno do Mestrado em Solicitadoria, membro do IJP e do Conselho Regional Norte da Câmara dos Solicitadores "Considero a experiência no Mestrado em Solicitadoria da UPT como um complemento significativo no desenvolvimento de matérias abordadas na licenciatura, com incidência na vertente expositiva e prática, contribuindo para a consolidação de conhecimentos". Manuela Costa Finalista do Mestrado em Solicitadoria “Tendo sido a Universidade Portucalense a minha motivação e orientação na Licenciatura, mais uma vez a escolhi, para um novo marco da minha vida profissional e pessoal, que considero de extrema importância - o Mestrado em Solicitadoria, que frequento com todo o empenho graças a um conjunto de esforços aliados a motivação, carinho e amizade de todos os


portucalense envolvidos. Através deste testemunho manisfesto a minha infinita gratidão à Universidade Portucalense”. Mário Andrade Finalista do Mestrado em Gestão "O Mestrado em Gestão da UPT promove com rigor e excelência o conhecimento na área da Gestão. A relevância e qualidade dos seus conteúdos programáticos, fornecem qualificação e competências aprofundadas e diferenciadoras, que permitem enfrentar os desafios do presente e do futuro com maior capacidade de afirmação". Ana Paula Cunha Aluna de Doutoramento em Direito, jurista

do por um corpo experiente de docentes, disposto a ajudar e a proporcionar novas perspetivas para os problemas do dia à dia, foram fundamentais para o enriquecimento intelectual e consolidação profissional que faltava na minha carreira". Pedro Sampaio Licenciado em Ciências Históricas, diretor do Departamento Municipal de Museus e Património Cultural "Tenho excelentes memórias da UPT. Os notáveis professores, os grandes amigos que fiz, a passagem pela Associação de Estudantes, toda a vida académica e as longas noites de estudo com os colegas de sempre".

"Volvidos 25 anos após a licenciatura em Direito na UPT, regressei para frequentar o Doutoramento, onde fui presenteada com um afável e carinhoso acolhimento e com um ensino de inquestionável qualidade, permitindo-me concluir que as qualidades privilegiadas desta instituição se perpetuam no tempo". José Ribeiro Aluno de Doutoramento em Direito, jurista "Sou aluno fundador da UPT. Por isso, passados 25 anos, quando decidi fazer o Doutoramento em Direito, escolhi a Portucalense. Posso dizer que voltei a uma casa nova e aí reencontrei um espírito de desafio". Luis Filipe Mestre em Informática, especialização Sistemas de Informação, diretor Sistemas de Informação Amorim Turismo "Os conhecimentos e competências adquiridos no 2.º ciclo de estudos realizado na UPT, ministra65


iniciativas decoração

Nova tinta Nováqua HD da CIN

Sete anos de garantia em exterior

A CIN, líder ibérico no setor de tintas e vernizes, acaba de lançar uma nova tinta para exteriores capaz de resistir às piores condições atmosféricas, condensações noturnas ou fungos. Resultado de anos de investigação e desenvolvimento, a nova tinta Nováqua HD é a primeira tinta a incluir um certificado de garantia de sete anos que assegura a qualidade dos resultados em exterior. "Nunca nenhuma tinta havia sido sujeita a parâmetros de exigência tão apertados. Nováqua HD é resistente a alterações de cor provocadas pela exposição aos agentes atmosféricos e à ocorrência de condensações noturnas, que muitas vezes provocam manchas de exsudações nas tintas de exterior", refere Jorge França, gestor de produto. "Com uma performance incomparável no mercado português, as fachadas pintadas com Nováqua HD são cobertas por uma garantia cujos termos e condições podem ser consultados em www.cin.pt ou num ponto de venda CIN", acrescenta. Durabilidade e performance HD significa High Durability, ou Alta Durabilidade, e simboliza a promessa de performance que 66

está associada à nova tinta lisa mate, 100% acrílica, fácil de aplicar, com elevada durabilidade e retenção de cor, que resiste aos agentes atmosféricos, às condensações noturnas e ao desenvolvimento de fungos e algas. Nováqua HD está disponível nas 165 cores do Catálogo de Exteriores da marca e em centenas de outras cores, sempre com a máxima segurança de resistência em exterior. "A seleção de cores de Exteriores CIN resulta de um rigoroso estudo de composição de corantes e pigmentos realizados pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento da CIN, com o objetivo de oferecer uma gama diversificada de cores de elevada resistência em exterior", refere o responsável, salientando que todas elas vêm "dar resposta às múltiplas solicitações de escolha de cor, sejam de cariz moderno e vanguardista, de pendor mais histórico ou patrimonial, ou ainda de manutenção". Os produtos CIN estão abrangidos pela assistência e excelência de Serviço da CIN, que tem assegurado, ao longo dos anos, a máxima segurança a todas as obras realizadas com os seus produtos. Q


cin

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edp gás

Crescimento sustentável A EDP Gás Distribuição é o operador de rede da região Litoral Norte, cuja área de atuação se estende aos distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo, onde fornece gás natural a 29 concelhos, através de mais de quatro mil quilómetros de rede. Contando com 270 mil pontos de abastecimento, a empresa tem vindo a apostar num investimento contínuo, em áreas que garantem o seu crescimento e sustentabilidade, nomeadamente projetos estruturantes, segurança, modernização e responsabilidade social. 68


distribuição

Fotos: Virgínia Ferreira

"O volume de negócios desta empresa situa-se nos 130 milhões de euros/ano sendo que, no último ano, apresentou um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 56,4 milhões de euros e um resultado líquido de 31 milhões de euros, o que representa um crescimento do EBIDTA, em relação a 2010, de 15% e um aumento de 32% dos resultados líquidos", salientou António Marques de Sousa, administrador da EDP Gás Distribuição. Numa altura em que o enquadramento macroeconómico tem ditado

uma redução na procura, a empresa tem obtido excelentes resultados. A estratégia, assente no crescimento forte e sustentável do negócio, com o investimento canalizado para o incremento da densificação da rede e na angariação de novos pontos de abastecimento (passou de 170 mil, em 2007, para 270 mil até meados de 2012), registou um número recorde de 26 mil ligações no ano de 2011. "O gás natural é uma energia competitiva, com forte impacto quer a nível doméstico, quer das empresas", garante o responsável, salientando a boa relação qualidade/preço. Conforto, segurança e abastecimento eficaz, sem perdas 69


edp gás

na rede de distribuição e com uma qualidade técnica de serviço de excelência, fazem do gás natural uma das energias mais eficientes.

com formações para todos os colaboradores diretos e parceiros, e a realização de auditorias internas e externas" são, de igual forma, "fatores que contribuem para a sustentabilidade da empresa".

Aposta em projetos estruturantes Responsabilidade social A EDP Gás Distribuição representa uma âncora do negócio do gás do Grupo EDP no Norte do país, desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento e na competitividade da região. A empresa tem crescido, nos últimos anos, a um ritmo muito elevado, com uma forte aposta na densificação da rede e na expansão da distribuição, nomeadamente aos concelhos de Ponte de Lima, Felgueiras, Vila Verde, Valença, Vila Nova de Cerveira, Lousada e Paços de Ferreira. A par do crescimento sustentado, a EDP Gás Distribuição dá prioridade à excelência operacional, que passa pela inovação e pela melhoria contínua dos processos. Exemplo disso é a implementação de plataformas colaborativas como o portal online que permite o acesso, via digital, a diferentes stakeholders, com significativa redução de custos e importante aumento de eficiência. De acordo com Marques de Sousa, a "aposta na modernização, tecnologia e segurança, 70

A realização de ações de intervenção na comunidade, muitas delas com a participação dos colaboradores da empresa, bem como o apoio a iniciativas cujas receitas revertem a favor de instituições de solidariedade são alguns dos exemplos que traduzem a responsabilidade social da empresa. Neste âmbito, a EDP Gás Distribuição tem vindo a desenvolver várias iniciativas em prol da comunidade, nomeadamente a realização de diversas provas desportivas, interação com escolas e sociedade e ações de "teambuilding". Recorde-se que, no ano de 2011, esta vertente solidária gerou mais de 45 mil euros entregues a diversas entidades. Este ano, para além da continuidade na vertente solidária e na organização de provas desportivas para as comunidades da sua área de concessão, a EDP Gás Distribuição tem, ainda, prevista a participação no futuro alargamento do Parque Biológico de Gaia. Q


distribuição

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portuguese fashion news

Dinamização do setor têxtil No decorrer do primeiro trimestre de 2012, a Associação Selectiva Moda dinamizou várias ações, no âmbito do projeto Portuguese Fashion News (PFN), que visa fomentar o génio criativo de jovens designers e possibilitar a sua interação com os fabricantes nacionais de tecidos e acessórios que gentilmente cedem a matéria-prima, viabilizando esta iniciativa.

Descoberta de novos talentos nacionais Foram várias as ações em destaque no âmbito do Portuguese Fashion News, nomeadamente o Desfile, onde foram apresentadas as criações dos Jovens Talentos PFN; o Concurso Jovens Criadores, cujo vencedor foi Carlos Couto - MODATEX - com tecidos ARCO TÊXTEIS, cabendo o 2º lugar a Juliana Castro ESAD - com tecidos ALBANO MORGADO, e o 3º a Marta Correia - Escola de Tecnologia e Gestão de Barcelos - com tecidos ADALBERTO ESTAMPADOS; o Fórum de Tendências de Tecidos PFN, que decorreu em Viseu, tendo como objetivo disseminar pelo mercado a utilização de tecidos inovadores, em alternativa aos tradicionais; a Exposição PFN - NewComers Week -Semana da Juventude - uma mostra inteiramente dedicada à juventude, que decorreu na Exponor, com vários eventos dedicados a este segmento que vai dos 14 aos 30 anos e que realça o melhor que os alunos fazem no âmbito da moda. Prioridade à moda nacional O tema da NewComers Week foi "Beliefs" e a oferta incluiu diversas iniciativas nas áreas da cultura, moda e dança, passando pela apresentação de

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oportunidades de trabalho e orientação profissional. Entre os eventos que fizeram parte desta iniciativa, destaca-se a feira Qualific@, onde as empresas divulgaram as suas propostas e novidades na área da educação, formação, juventude e emprego, o EuroBattle, um evento de dança urbana que reuniu 1200 atletas de todo o mundo, que competiram em formato de "batalha", o AcrobActic, um concurso internacional de design de moda e o 3 on 3

PowerMovement, um torneio de basquetebol em formato de 3 para 3, similar ao street basket. Outras iniciativas como o Fórum de Novos Talentos, Fórum Têxteis do Futuro, Universo Criança, estão inseridas no projeto PFN, cujo principal objetivo é o de criar condições para que a moda portuguesa possa crescer e afirmar-se a nível internacional. Q

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atualidade

MUUDA leva cor e sabores a Guimarães Concept store nascida no Porto rumou à Capital Europeia da Cultura Em maio, a cidade de Guimarães abriu portas à loja MUUDA, um espaço dedicado à arte, sabores e design, implantado no Porto desde 2006 que foi, agora, inaugurado na Capital Europeia da Cultura, mais concretamente na Fábrica ASA. A inauguração do MUUDA contou com a exposição do artista plástico Daniel Moreira, no mesmo momento em que foram apresentados os designers selecionados para integrar o programa da Plataforma de Moda/Fashion Hub, iniciativa que pretende dar a conhecer o design têxtil do Norte de Portugal internacionalmente. Talento premiado Foram seis os designers selecionados para integrar o programa que divulga a moda e o talento português, sendo que um dos criadores vai representar Portugal no Young Creative Fashion Entrepreneur Award 2012, já em setembro, no Reino Unido. O designer selecionado vai ter a possibilidade de estabelecer contactos e de dar a conhecer 74

o seu trabalho no estrangeiro. A visita ao Reino Unido inclui a passagem em vários eventos da London Fashion Week. A Fábrica ASA acolhe agora diferentes espaços, funcionando como uma plataforma criativa entre empresas e permitindo sinergias de ideias, sendo o local ideal para o MUUDA apresentar a sua arte e sabores à Capital Europeia da Cultura. Edição de 2010 Contando, agora com dois espaços, o MUUDA é reconhecido como uma concept store, um espaço de divulgação do trabalho de criadores e artistas conceituados sem esquecer a revelação de novos talentos nas várias áreas culturais. Q


Lançamento de "Contos Consentidos" decorreu na ANJE O lançamento do primeiro livro de António de Souza-Cardoso, "Contos Consentidos", decorreu em abril, na Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), no Porto e, posteriormente, em Lisboa. Administrador, empresário, comentador televisivo, colaborador em várias revistas e jornais, professor e escritor, são apenas algumas das experiências que António de Souza-Cardoso acumula neste livro. Licenciado em Direito pela Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, e pós-graduado em Economia Europeia e em Direito Comunitário pelo Centro de Estudos Europeus da mesma universidade, cedo despertou o seu espírito empreendedor, tendo dedicado uma grande parte da sua atividade profissional à ANJE, instituição que dirigiu durante cerca de 18 anos, onde presidiu à equipa que concebeu e lançou a Academia dos Em-

preendedores, primeira iniciativa desta natureza lançada pela ANJE, em 1996, e o Portugal Fashion, em 1995. Depois da passagem pela ANJE, António de Souza-Cardoso não descurou o espírito empreendedor que o caracteriza, dedicando-se, atualmente, à gestão de empresas, para além da presidência do Congresso da Causa Real - Federação das Reais Associações - e da Direção da AGAVI - Associação para a Promoção e Apoio da Gastronomia, Vinhos, Produtos Regionais e Biodiversidade. Q 75


televisão

O "rosto"

feminino do canal

São mulheres jovens e bonitas. Cláudia Fonseca, Ana Rita, Maria Cerqueira Gomes e Carla Ascenção representam alguns dos muitos rostos femininos que abrilhantam o Porto Canal, um dos órgãos de comunicação mais representativos do Norte do país. Da informação ao entretenimento, elas dão a cara por toda uma região. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

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porto canal

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televisão Cláudia Fonseca, Carla Ascenção e Maria Cerqueira Gomes chegaram ao Porto Canal no início de tudo. Presentes desde a primeira emissão, Cláudia e Carla na área informativa e Maria na do entretenimento, todas elas dizem representar o "espírito do Porto Canal" que, garantem, é "sólido" e "muito consistente". De acordo com Maria, a equipa do Porto Canal é constituída por "profissionais com formação e experiência que "vestem a camisola" e colocam todo o seu profissionalismo ao serviço da estação". Todos vivem o canal de "forma intensa" e "acreditam neste projeto", realçou. O espírito de equipa e os profissionais multifacetados são, para Cláudia Fonseca, as grandes "armas" do canal, a par de um projeto sustentado de crescimento. Carla Ascenção destacou o trabalho que tem vindo a ser realizado pela nova direção, salientando que a entrada de Júlio Magalhães, como diretor geral, e de Domingos de Andrade, como diretor de Informação e Programação, foi "fundamental" para a evolução do canal. Ana Rita chegou mais tarde, há cerca de três anos, mas o sentimento é idêntico. "Esse espírito de equipa e de interajuda, de que as minhas colegas falam foi de imediato apreendido, talvez pelos exemplos que tive desde que cheguei", diz, salientando também o reforço de meios, técnicos e humanos, que o canal tem vindo a fazer nas delegações. As grandes transformações que estão em curso no canal não afetaram o trabalho destas profissionais, que constataram agradavelmente que a entrada do FC Porto não se imiscuiu na linha editorial nem lhes trouxe quaisquer pressões acrescidas. "As mudanças não interferiram, de forma alguma, no meu trabalho", refere Maria Cerqueira Gomes, salientando que a única alteração sentida prendeu-se com o facto de ter sido ela a escolhida para apresentar a última gala dos "Dragões de Ouro". "Como jornalista, o facto de não ter havido interferências editoriais agrada-me particularmente", garantiu Cláudia Fonseca que destacou a maior consolidação do canal, a nível informativo. "Houve uma melhoria em termos informativos para a qual contribuiu o reforço na equipa de jornalistas", refere. Passo a passo Ana Rita é a mais jovem das quatro e também a que está há menos tempo no canal. Anteriormente tinha participado noutros projetos e, os 27 anos, a 78

jornalista representa o rosto principal das notícias, sendo que é a responsável pela apresentação do principal bloco noticioso do canal: o Jornal de Norte, transmitido diariamente no Porto Canal. Cláudia Fonseca é a apresentadora de "Mentes que Brilham" um programa semanal, dedicado à ciência e à investigação, e também apresenta o "Jornal do Norte", ao fim-de-semana. Carla Ascenção, cujo percurso profissional é já de cerca de uma década, tem 30 anos, é licenciada em Jornalismo e passou


porto canal

por outros órgãos de comunicação antes de chegar à estação, nomeadamente o Diário de Notícias e a RTP N. A jornalista é responsável por três programas no canal: "Consultório", boletim sobre saúde e medicina, e "Territórios", um espaço informativo onde se pretende dar notícias originais e muito locais, ambos transmitidos de segunda a sexta-feira, apresentando, ainda, o "Testemunho Direto", um programa semanal de debate que vai para o ar à quinta, e que é o seu preferido. Deixando a área da informa-

ção para entrar na do entretenimento, Maria Cerqueira Gomes, 29 anos, licenciada em Comunicação, é um dos rostos mais conhecidos do Porto Canal, onde apresenta o "Porto Alive", um magazine diário que aborda com informalidade uma grande diversidade de temas e que conta com várias rubricas semanais. Transmitido de segunda a sexta-feira, entre as 19h e as 21h, o "Porto Alive" é uma espécie de alerta para os espectadores antes do principal bloco noticioso do dia. Q 79


ambiente

Reflexos de uma educação ambiental 80

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira


águas do douro e paiva As escolas vencedoras do Projeto "Mil Escolas" 2011/2012 e 2012/2013 - Programa Integrado de Educação Ambiental (PIEA): A Água e os Nossos Rios - cinco do 1.º, cinco do 2.º ciclo do Ensino Básico e ainda cinco galardoadas com "Menção Honrosa" - partiram para o terreno para mais um conjunto de atividades pedagógicas promovidas pela empresa Águas do Douro e Paiva (AdDP), responsável pelo Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água ao Grande Porto e ao Vale do Sousa. Mais de 2000 alunos e 170 professores trabalharam em defesa da Água e dos Ecossistemas Ribeirinhos. Quando a chuva deu tréguas, a equipa do Projeto "Mil Escolas", os professores e os alunos regressaram ao estudo da biodiversidade ribeirinha e da qualidade das linhas de água pertencentes à área de abrangência da AdDP. Destinado aos alunos e professores dos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico dos 20 municípios da área de influência da empresa, o "Mil Escolas", que arrancou no ano letivo 2004/05, já mobilizou milhares de alunos em torno das questões ambientais, sendo que os resultados práticos das muitas horas de atividades lúdico-pedagógicas, palestras e saídas de campo são reconhecidos por toda a comunidade educativa e científica no âmbito da temática da educação ambiental. "Outra postura e preocupação em relação ao ambiente" No passado dia 10 de maio, entre as 14h30 e as 18h00, realizou-se uma saída de campo com a escola EB 2/3 Passos José - Matosinhos, na Foz do rio Leça, orientada pela equipa do Projeto "Mil Escolas". A acompanhar de perto o desempenho dos alunos nas edições anteriores do concurso, José Luís Araújo, professor na EB 2/3 Passos José - Matosinhos, não tem dúvidas de que, apesar do longo caminho que ainda há a percorrer, a atitude dos miúdos revela já uma maior preocupação com a sustentabilidade ambiental. "Não se

pode avaliar a atitude individual. Mas não há dúvidas de que existe outra preocupação. Os alunos que participam no Projeto "Mil Escolas", em parceria com o Projeto Rios, ficam sempre sensibilizados", garantiu. A integrar pela quarta vez o projeto promovido pela AdDP, os alunos da referida escola estão a desenvolver o projeto "O Leça que nos atravessa - da nascente até à foz a uma só voz" e é com euforia e entusiasmo estampados nos rostos corados que saem da escola rumo ao troço do rio Leça em estudo. "Ao longo destes anos, gostaria que os alunos conhecessem o rio da nascente até à foz, porque ainda existem aspetos positivos, ainda há locais onde a água está completamente límpida e pura", garantiu o docente de Educação Visual. Assim, de mochila às costas, os pequenos aventureiros iniciaram a saída de campo a explorar as margens do rio, na expectativa de encontrarem o maior número possível de espécies que contemplam a biodiversidade local. "O desafio é vermos que, mesmo em zonas bastante poluídas, ainda existe muita vida junto ao rio, nomeadamente o pato-real, a galinha de água e alguns peixes", afirmou José Luís Araújo. Com a ajuda da equipa do Projeto "Mil Escolas", João Luís Roseira e Mariana Cruz, os mais novos conseguiram ainda testemunhar a existência de répteis, aves e 81


ambiente

insetos, assim como espécies de árvores autóctones das quais se destacam o carvalho, azevinho, sobreiro, freixo e salgueiro. Para além de ser promovida a prática de preservação e conservação dos ecossistemas ribeirinhos, os alunos tiveram a oportunidade de admirar o Castro de Guifões, junto ao caminho que terá sido "o primeiro de Matosinhos". As explicações históricas do docente arrancaram expressões de admiração dos alunos, num dos únicos momentos em que a perplexidade conseguiu superar a agitação dos jovens estudantes. "Eu prefiro mil vezes vir aqui do que ir ao shopping", afirmou uma das meninas, enquanto pisava cuidadosamente o "solo histórico". Transmitir a mensagem ambiental a amigos e familiares Para a professora Luísa Teixeira, do mesmo estabelecimento de ensino, o efeito do Projeto "Mil Escolas" na educação das crianças está a ser "decisivo". "Os miúdos começam a fazer perguntas diferentes, questionam os professores sobre temas que, quando iniciámos a participação no concurso, não dominavam minimamente", assegurou, referindo que nas suas aulas de educação visual estão a ser tratadas as temáticas da energia, movimento e ambiente sustentável. "Criámos um dicionário e vamos, aos poucos, introduzindo novos conceitos. Há dias, estivemos a pesquisar informações sobre telhados verdes e os alunos ficaram 82

tão entusiasmados que foram falar do assunto aos pais", referiu, salientando a importância desta transmissão de conhecimentos. José Luís Araújo também tem comprovado as "vitórias" do PIEA na sua escola. "Algumas alunas que estão no 12.º ano contactaram-me a pedir ajuda para um trabalho de Área de Projeto, que consistia na monitorização de um troço de rio. E eu lá fui com elas, num sábado, para fazer esse trabalho. Isto demonstra o interesse no tema e a importância destes projetos", defendeu. Os dois docentes consideram, portanto, que o objetivo do Projeto "Mil Escolas" de envolvimento de alunos, professores, auxiliares da escola, encarregados de educação e de toda a comunidade local está a ser cumprido. "Há uma melhoria na qualidade da água e os comportamentos tendem a ser mais corretos em relação às questões ambientais", notou o professor, defendendo que, ainda assim, o espírito do programa da AdDP deveria ser adotado por mais instituições. Como os docentes desempenham um papel crucial no programa, a empresa promoveu, em colaboração com o Centro de Formação Júlio Resende, a III Oficina de Formação Creditada - "Educação Ambiental e Ecossistemas Ribeirinhos", destinada a dotar os professores das competências científicas necessárias à função de educadores ambientais. Q

Projeto "Mil Escolas" já está no Facebook Com o intuito de conseguir sensibilizar cada vez mais cidadãos, o "Mil Escolas" já chegou ao Facebook (https://www.facebook.com/pages/ProjetoMil-Escolas/162866239893), utilizando a rede social para apresentar as iniciativas desenvolvidas no âmbito do PIEA. Por outro lado, a AdDP dinamiza também, desde outubro de 2008, o Portal http:// www.aguaonline.net, que conta já com mais de 400 mil visitas. O envolvimento da empresa no sucesso do projeto valeu-lhe o terceiro reconhecimento consecutivo da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA) para o melhor projeto educativo no âmbito da temática da educação ambiental. A AdDP foi a vencedora, através do Projeto "Mil Escolas, na categoria de "Melhores Ações de Educação Ambiental" no Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento - ENEG de 2007, 2009 e 2011.


รกguas do douro e paiva

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em foco As moléculas intervenientes em vários fenómenos que se encontram na base de muitas emoções associadas ao amor, à paixão e ao sexo são o tema em destaque na obra "A Química do Amor e do Sexo", da autoria de Madalena M. M. Pinto.

"A Química do Amor e Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira/Rui Oliveira

O célebre poeta português Luís Vaz de Camões afirmou que "o amor é fogo que arde sem se ver, ferida que dói e não se sente". Para uns, é uma realidade, para outros, ainda restam dúvidas mas, 84

a verdade, é que todos acabam por senti-lo num determinado momento da vida. O amor, considerado por muitos "a maior de todas as conquistas do ser", engloba explicações das mais diversas disciplinas, sendo a Química uma das vertentes que interfere em todo o processo. Esta é uma das conclusões apontadas por Madale-


madalena pinto culas biogénicas e fármacos, suportado por um largo número de artigos científicos baseados em investigações validadas", explicou. Outro dos objetivos da também Coordenadora do Centro de Química Medicinal da Universidade do Porto era o de "fazer chegar ao grande público, de uma forma acessível, a explicação dos fenómenos do dia-a-dia, diretamente relacionados com a Química", meta essa que a investigadora considera ter cumprido, pelo feedback que tem tido do público das suas palestras e dos leitores sem conhecimentos específicos na área. Betafeniletilamina: um "cupido químico"

do Sexo" na Pinto, professora catedrática na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) e autora da obra "A Química do Amor e do Sexo". "O livro surge, inicialmente, da necessidade de fornecer aos estudantes um texto de apoio para aulas, escrito de uma forma coordenada e integrando os vários aspetos relacionados com o tema, nomeadamente molé-

Mas será que o chamado "amor à primeira vista" está, assim, associado a ocorrências químicas? De acordo com a investigadora, embora no fenómeno do amor se encontrem como intervenientes várias substâncias produzidas a nível cerebral, há uma delas - a betafeniletilamina - que atua durante um tempo curto, acelerando o fluxo de informação entre os neurónios e levando a um aumento de produção de dopamina". Na verdade, acrescentou Madalena Pinto, esta substância é muitas vezes designada de "cupido químico", por estar "associada predominantemente à fase inicial da paixão e ao chamado 'amor à primeira vista'". Assim, existem aspetos ligados, por exemplo, à visão e audição que podem despoletar uma aproximação entre duas pessoas, acionando um conjunto de acontecimentos químicos que se refletem em comportamentos associados ao amor e ao sexo. A maior ou menor predisposição para a paixão, "ou se quisermos ser mais específicos, para o ato sexual", tem a ver com "uma intricada inter-relação hormonal, envolvendo hormonas sexuais e outras, como a oxitocina e vasopressina, que se intermodulam, induzindo até uma maior ou menor sensação de prazer". Ainda que, numa primeira abordagem, as pessoas reajam com alguma surpresa à explicação de que o amor não é um fenómeno meramente "associado ao coração", depois, entendem-no "facilmente". Contudo, segundo Madalena Pinto, muitas vezes, há uma "tentativa de desculpabilizar certos atos com fenómenos químicos", o que, para a investiga85


em foco

dora, "não é de forma nenhuma aceitável". "A Química não é determinista e todos os fenómenos associados ao amor e ao sexo devem ser entendidos num contexto multi e interdisciplinar, envolvendo aspetos psicológicos, fisiológicos, antropológicos, biológicos, etc. Seria demasiado redutor associar esses fenómenos apenas à Química", defendeu. "Ensinar é quase um estado natural" Madalena Pinto começou a dar aulas na FFUP um dia depois de terminar a sua licenciatura. Contudo, o gosto pelo ensino começou a revelar-se bastante cedo. Com 11 anos, no Liceu Rainha Santa Isabel, a investigadora idealizou uma forma de ocupar os intervalos nos dias chuvosos, em que os alunos não podiam brincar no jardim. "Reuni um grupo de

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coleguinhas para depois do almoço ocuparmos o tempo livre dando aulas. Até tínhamos "minicadernos", feitos por mim, com pedaços de papel e com as "lombadas" cosidas à máquina de costura para terem um ar mais "sério", em que se faziam "exercícios" e a respetiva professora tinha de os corrigir", contou a professora catedrática. Assim, ser docente é, para Madalena Pinto, "quase um estado natural". Além de ser responsável pelo Laboratório de Química Orgânica e Farmacêutica da FFUP, a investigadora é também coordenadora do Centro de Química Medicinal da Universidade do Porto (CEQUIMED-UP), trabalho que diz apresentar "as duas faces de uma moeda". "É altamente gratificante pela possibilidade que dá de incentivar, dinamizar e ver surgirem os frutos de um trabalho, seja a nível de resultados científicos, seja na formação de jovens Mestres e Doutores ou ainda na partilha de conhecimentos com investigadores de outros grupos de pesquisa; por outro lado, a parte burocrática (...) é, na minha opinião, bastante pesada e 'time consuming'. É necessário ter uma equipa muito colaborante para que as coisas corram bem", sublinhou. O CEQUIMED-UP está, neste momento, a trabalhar em vários projetos de investigação, exigindo a conjugação de áreas como a química, biologia e tecnologia farmacêutica, nas quais trabalham os investigadores e um grupo de estudantes de graduação - "sementes científicas dos cientistas de amanhã". Q


madalena pinto

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autarquias Escolhida como "Melhor Destino Europeu" de 2012, a cidade do Porto promete um verão ativo no que respeita a eventos culturais e desportivos, pioneiros no país e internacionalmente reconhecidos. Enquanto o "Optimus Primavera Sound" dá música em vários pontos da cidade, numa espécie de aquecimento para mais um S. João, o "Extreme Sailing Series" vai agitar as águas do Douro, na única etapa do campeonato do mundo da modalidade disputada em Portugal.

Cidade

em movimento 88


porto Porto, melhor destino turístico europeu de 2012 A cidade do Porto foi considerada "Melhor Destino Europeu" 2012, numa competição online onde figuraram 20 grandes cidades europeias. A distinção, atribuída pela European Consumers Choice, resultou da votação do público, tendo participado cerca de 212 mil votantes. "Descobrir o Porto significa descobrir o que o torna diferente: o famoso Vinho do Porto, um centro histórico designado Património Mundial pela Unesco, museus, parques e jardins encantadores, lojas de moda de designers nacionais e internacionais", refere o site da organização que considera que, com a variedade de recursos disponíveis, "o Porto conquista todos os seus visitantes", desde os que o procuram pela sua história e autenticidade aos que pretendem explorar uma nova cidade "mais cosmopolita e contemporânea". De acordo com Vladimiro Feliz, vice-presidente da autarquia e vereador do turismo, Inovação e Lazer, o reconhecimento alcançado com este galardão "aumenta a responsabilidade do Porto enquanto destino turístico", reforçando, simultaneamente, o posicionamento da cidade "como elemento âncora na promoção e dinamização do país e de toda a região". Optimus Primavera Sounds

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Rui Meireles

O Porto foi a cidade escolhida para acolher a edição de 2012 do "Optimus Primavera Sound", um dos mais importantes festivais de música emergentes do mundo, que decorre entre 7 e 10 de junho, altura em que o Porto vai estar, uma vez mais, na mira do mundo, não fosse o festival reconhecido internacionalmente como um dos mais importantes eventos musicais, face à sua incrível capacidade de antecipação daquele que acabará por ser o panorama musical nos anos seguintes. A aposta que a Câmara Municipal do Porto tem vindo a fazer ao longo dos últimos anos e que se traduz na realização de grandes eventos de visibilidade nacional e internacional, com elevado potencial de atração turística e de afirmação da cidade dentro e fora do país, tem-se "revelado uma estratégia bem sucedida de ativação dos seus recursos turísticos, cap89


autarquias

1. Palco ATP 2. Palco Primavera 3. Palco Optimos 4. Palco Club 5. Entrada

tando mais valor para a marca Porto e consolidando progressivamente a sua imagem enquanto destino no panorama turístico internacional", referiu o vicepresidente da autarquia Vladimiro Feliz. Com um cartaz de luxo que conta mais de 70 nomes nacionais e internacionais, o "Optimus Primavera Sound" vai decorrer em diversos pontos da cidade nos dias 7 e 10 de junho, sendo que se confinará ao recinto do Parque da Cidade entre 8 e 9.

5A e 6A, terminou em março, representando um investimento na ordem dos 700 mil euros. A intervenção englobou a reabilitação das fachadas, substituição e ventilação das coberturas, aplicação de novas caixilharias e marquises, arranjo dos espaços comuns e fecho das caixas de escadas e iluminação. Matilde Alves, vereadora da Habitação da Câmara do Porto, visitou, recentemente, as intervenções no Bairro de S. Roque da Lameira, que se encontram em adiantada fase de reabilitação concretamente no que diz respeito à penúltima fase da empreitada, iniciada em agosto do ano passado, e cuja conclusão está prevista para breve. Este trecho da obra está orçado em mais de 1,4 milhões de euros, a que acresce os cerca de 2,9 milhões das fases anteriores. A intervenção, que decorre em simultâneo em seis blocos habitacionais (13 a 17 e 19) visa a reabilitação das fachadas, substituição e ventilação das coberturas, novas caixilharias e marquises bem como o arranjo dos espaços comuns. "Fórmula 1" da Vela agita águas do Douro

Reabilitação dos bairros como prioridade A requalificação e reabilitação dos bairros sociais tem vindo a ser uma das grandes prioridades da autarquia portuense, quer pelo facto de representarem um importante património urbano, quer pela importância da coesão social. Apesar de diversos constrangimentos financeiros, a câmara do Porto pretende continuar o investimento na reabilitação destas estruturas, uma das principais vertentes das prioridades do executivo. A segunda fase de requalificação do Bairro de Contumil, que contemplou os blocos 90

Entre 5 e 8 de julho, e pela primeira vez na sua história, a cidade do Porto vai receber o "Extreme Sailing Series", campeonato do mundo dos "Fórmu-


porto

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autarquias la 1" da Vela. Oito equipas mundiais vão disputar a prova no rio Douro, naquela que será a única etapa da competição realizada em Portugal. Constituída por oito etapas, distribuídas pela Europa, Ásia, Península Arábica e América do Sul, a prova reúne a elite de "skippers" e tripulações olímpicas e veteranas da Taça América. De acordo com Marc turner, CEO da Extreme Sailling Series, o Porto tem "uma vista boa para a realização da prova, boas condições de vento e boas ligações" e garante estar certo de que "a população vai ficar entusiasmada com o evento" e as equipas contentes por competir na cidade.

quitetónico e Arqueológico do Estado, uma vez que vai manter o traçado arquitetónico e a conservação de algumas lojas que se encontram em funcionamento no rés do chão do edifício.

Novos hotéis para a Baixa portuense O edifício conhecido como "Frigorífico do Peixe", em Massarelos, e o edifício Axa, na Avenida dos Aliados, vão ser transformados em hotéis de quatro estrelas. O imóvel à beira rio, com vista para o Douro, será constituído por 95 quartos, restaurante, bar, ginásio e spa. O projeto do novo hotel dos "Aliados", será dotado de 177 quartos, restaurante e salas de reuniões. O projeto de arquitetura deste espaço, aprovado pela autarquia, já tem o "parecer positivo" do Instituto de Gestão do Património Ar-

"Movida" com mais regras A autarquia está atenta aos problemas que decorrem do aumento da animação noturna na Baixa e que têm sido vindo a ser expostos pelos moradores. Para a sua resolução, foi constituído um grupo de trabalho que apresentou um plano articulado entre os vários agentes envolvidos. O levantamento exaustivo dos problemas decorrentes da "movida" deu origem a várias propostas, nomeadamente no que toca a licenciamentos, condições de segurança, horários, ruído e limpeza do espaço público. As medidas apresentadas incluem, ainda, um reforço da fiscalização e "tolerância zero", em caso de incumprimento das regras, aos estabelecimentos de animação das ruas de Cândido dos Reis, Galerias de Paris, Conde Vizela, José Falcão, Passos Manuel e das praças de Parada Leitão e Poveiros. Q 92


porto

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porto vivo, sru

Eixo Mouzinho-Flores O Programa de Reabilitação Urbana do Eixo Mouzinho/Flores, iniciado em julho de 2009 e que se prevê concluído no primeiro semestre de 2013, é uma das operações que constituem a estratégia territorial do Plano de Gestão do Centro Histórico do Porto Património da Humanidade. O Eixo Mouzinho/Flores estende-se entre a Praça Almeida Garrett/Largo dos Lóios e a Praça do Infante, representando uma área constituída por 15 quarteirões com mais de 200 mil metros quadrados de área construída. A par do Morro da Sé, esta é uma unidade territorial em transformação, quer através de intervenções de cariz público, su94

portadas por comparticipações de fundos comunitários, quer de privados, que se espelham na recuperação e reabilitação do edificado e na instalação de novas atividades comerciais, de alojamento turístico e de restauração e também de novos serviços. No edificado em causa, 45% está em mau estado, 20% devoluto e 40% apenas parcialmente ocupado, sendo que a resolução destes problemas é o grande objetivo do Programa em curso, que assenta numa estratégia voltada para a regeneração de componentes urbanas que contribuam para a re-habitação da área, conforme as pretensões para todo o centro da cidade, com es-


pecial enfoque para a revitalização, conferindolhe uma dinâmica de zona de grande expressão comercial. Por ser um eixo de passagem obrigatória para os turistas, que procuram o centro histórico classificado como património da humanidade, justifica que se criem boas condições de utilização do espaço público, se aumente a qualidade do ambiente urbano local e se potenciem outros pólos de animação centrados em atividades lúdicas e culturais, nos quais já existem sólidas âncoras como o Palácio da Bolsa, Igreja de S Francisco, Hard Club, Palácio das Artes, Museu de Arte Sacra e o Circuito do Vinho do Porto, na Casa da Compa-

nhia. A parceria que foi gerada para executar a estratégia está em ação e a pôr no terreno o conjunto de operações que foram definidas, nomeadamente: Estudo para a Mobilidade no Centro Histórico, Requalificação do Espaço Público, Modernização e Qualificação do Ninho de Empresas, Feiras Francas, Criação do Circuito do Vinho do Porto, Instalação do Museu e Arquivo da Santa Casa da Misericórdia, Instalação e Operacionalização da Gestão de Área Urbana, Apoio ao Empreendedorismo e Valorização do Espaço e do Comércio Tradicional através da Memória. Q

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memórias

Símbolo da industrialização

0 Matadouro Industrial do Porto funcionou, entre 1923 e 1988 na Rua de S. Roque da Lameira, próximo à Praça da Corujeira, em Campanhã. O edifício, que durante longos anos acolheu aquela infraestrutura, está, agora, desativado, depois de servir, durante um curto período, como depósito para carros abandonados e para que a Sociedade Protetora dos Animais do Porto pudesse dar guarida aos animais que tinha a seu cargo, devido à deslocalização da sede aquando das obras do Estádio do Dragão. Texto: Marta Almeida Carvalho Foto: Virgínia Ferreira

O primeiro matadouro da cidade do Porto terá funcionado na zona das Fontaínhas. De acordo com uma notícia publicada no "Periódico dos Pobres do Porto", na edição de 26 de fevereiro de 1839, as excursões habituais de diversas famílias ao Passeio das Fontainhas nos "fins de tarde, domingos e dias santos de guarda, estavam em causa porque perduravam por lá os maus cheiros produzidos pelo 96


matadouro

funcionamento", naquele local, do "matadouro municipal e de meia dúzia de oficinas de curtidores de peles", os chamados pelames. Antes da instalação desta infraestrutura, ainda muito arcaica, a matança dos animais fazia-se em praça pública, geralmente na Ribeira. As autoridades locais começaram, então, a sensibilizar-se relativamente aos perigos desta prática para a saúde pública e foi assim que, em 1880, a autarquia construiu o que viria a ser o primeiro matadouro municipal da cidade do Porto - o de S. Diniz, que funcionou próximo ao Jardim de Arca d`Água. Por volta de 1910, sentindo-se necessidade de substituir o velho e insuficiente matadouro de S. Diniz, foi aprovado o projeto de construção de um novo matadouro municipal, do género 0ffenbach, também conhecido por sistema alemão. A escolha da zona da Corujeira para a sua implantação recaiu sobre vários requisitos: apesar de povoado era um local para onde a cidade não tendia a estender-se; possuía captação

de água própria e abundante, escoava os líquidos residuais com facilidade e permitia futuras ampliações. A tudo isto acrescentou-se, ainda, a existência do caminho-de-ferro e de uma boa rede viária. Para a sua construção, a autarquia procedeu, em 1914, à expropriação amigável de alguns campos de lavradio anexos a terrenos municipais existentes, o que lhe custou 12000$00 (12 mil escudos, cerca de 60 euros). Mas o processo viria a ser longo já que só em 1923 é que as operações de abate foram transferidas para o novo matadouro, então concluído, e que só foi inaugurado oficialmente em julho de 1932, segundo a mais moderna conceção e obedecendo aos rigorosos preceitos higiénicos da época. Em 1974, o decreto-lei n.° 661, retira-o da alçada do património municipal, passando para a responsabilidade da Junta Nacional dos Produtos Pecuários, organismo que tutelava todo o serviço da rede nacional de abate. Foi desativado em finais da década de 1980. Q 97


águas do porto

Praia Acessível, praia para todos Pelo quinto ano consecutivo, a praia do Homem do Leme vai hastear a Bandeira Azul e a de "Praia Acessível" durante a época balnear de 2012. Trata-se de uma distinção que reconhece que esta zona balnear possui um conjunto de condições que permitem a sua utilização por todos os cidadãos, independentemente da idade ou de dificuldades de locomoção e mobilidade. Com a criação de novos acessos e a instalação de diversos serviços de apoio nesta zona balnear, a Águas do Porto contribui, assim, para o cumprimento do compromisso assumido com os portuenses de dar prioridade às pessoas com mobilidade reduzida ou condicionada. A praia do Homem do Leme é considerada como acessível pelo facto de reunir algumas condições, nomeadamente o acesso pedonal facilitado, estacionamento ordenado com lugares para as viaturas ao serviço das pessoas com deficiência, acesso à zona de banhos por rampa, instalações sanitárias adaptadas e posto de socorros acessível. Para além destes serviços e equipamentos de apoio, os utilizadores poderão, ainda, usufruir de uma cadeira de rodas anfíbia (tiraló), que permite que as pessoas com mobilidade condicionada se possam banhar. Criado em 2004, o projeto "Praia Acessível, Praia para Todos" tem como objetivo tornar as praias marítimas e fluviais acessí98


praia

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: AP

veis a toda a população, promovendo a igualdade de direitos no acesso efetivo a espaços de lazer através da criação de condições básicas de acessibilidade. Destino de férias Outro propósito desta iniciativa é o de dar a conhecer às pessoas com deficiência e, de um modo geral, a todas com mobilidade condicionada, com especial destaque para os idosos, as praias com acessibilidade e promovê-las, a nível nacional e internacional, como destino de férias. O projeto é coordenado pelo Instituto Nacional para a Reabilitação e está a ser desenvolvido através da cooperação interinstitucional entre diversos intervenientes, nomeadamente o Instituto da Água, as Administrações de Região Hidrográfica, Turismo de Portugal e Instituto do Emprego e Formação Profissional.

Quinto ano de Bandeira Azul Na época balnear 2012, e pelo quinto ano consecutivo, a praia do Homem do Leme recebe, também, o galardão Bandeira Azul. A Águas do Porto renova, igualmente, esta distinção nas zonas balneares da Foz e de Gondarém. Este é um galardão ambiental atribuído pela Associação Bandeira Azul da Europa às comunidades/concelhos que fazem um especial esforço na gestão dos seus ambientes costeiros e fluviais e zonas balneares, respeitando o ambiente local e a natureza. Para receber a Bandeira Azul, a comunidade e a sua zona balnear têm de cumprir um conjunto de critérios que vão desde a informação e educação ambiental, à qualidade da água de banho e do ambiente costeiro, à informação, segurança, equipamentos e serviços. Q 99


atravĂŠs dos tempos

Palco de casamento

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mosteiro de leça

real O Mosteiro de Leça, de origem medieval, anterior ao século X, é um belíssimo exemplar da arquitetura religiosa fortificada. Ao longo dos séculos, foram-lhe associadas diversas lendas e narrativas, para além de vários acontecimentos relevantes na nossa História, dos quais se destaca o casamento real de D. Fernando com Leonor Teles, que o celebrizou.

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

Classificado como monumento nacional, o Mosteiro de Leça do Balio representa a arquitetura religiosa fortificada. De origem medieval, anterior ao século X, é considerado um dos melhores exemplares da transição do estilo românico para o gótico. No século XII foi a primeira casa mãe dos Cavaleiros Hospitalários da Ordem de Malta, a primeira ordem militar em Portugal.

Foi reedificado no século XIV, segundo o modelo das igrejas fortaleza, e da construção românica, cuja planta é em forma de "cruz", apenas resta uma ala incompleta do claustro, um portal e uma janela. A fachada é de estilo gótico, ladeada por uma torre quadrangular, que lhe confere um aspeto de fortaleza militar. O Mosteiro de Leça é palco de diversas histórias das quais se destaca a do "Santo Homem Bem Cheiroso". D. Frei Garcia Martins, que durante longos anos presidiu aos destinos do mosteiro morreu em 101


através dos tempos Casamento real Um dos acontecimentos mais ilustres que celebrizou o Mosteiro de Leça foi o matrimónio do rei D. Fernando com D. Leonor Teles. Esta união viria provocar uma crise de sucessão que levou ao término da Dinastia de Borgonha. Leonor Teles, ainda muito jovem, casou com João Lourenço da Cunha, de quem teve um filho. Mais tarde travou-se de amores por D. Fernando, que conseguiu obter a anulação do casamento invocando razões de parentesco. O povo reagiu perante esta situação, manifestando-se contra o casamento do rei com Leonor Teles, mas D. Fernando reprimiu violentamente os protestos e casou secretamente no Mosteiro de Leça do Balio, em 15 de maio de 1372. 1306. Conta-nos Joel Cleto, historiador, que, de acordo com a tradição, e passados mais de 40 anos da morte do frei, do seu túmulo "saía um odor que com o passar dos dias, se ia tornando cada vez mais intenso e agradável". O túmulo foi, então, aberto constatando-se que "o corpo se mostrava quase intacto" e que a barba e as unhas tinham continuado a crescer" durante cerca de meio século. O povo, que realizou autênticas peregrinações para ver este "milagre", passou então a designar o monge por Homem Santo e outros por Santo Homem Bem Cheiroso. Nunca reconhecido como santo pela Igreja, e hoje esquecido, terá realizado muitos milagres, tendo, por isso, recebido muitas ofertas de cera. Entre os milagres atribuídos ao Frei Garcia, destaca-se o da "prova do ferro-caldo". De acordo com o historiador, e baseado na narrativa popular, a mulher de um ferreiro do vizinho lugar do Souto, acusada de adultério com um frei do mosteiro, terá sido obrigada a submeter-se à prova do ferro-caldo para demonstrar a inocência. Esta consistia "em marchar pelo menos oito pés com um ferro em brasa nas mãos, sem o largar ou emitir qualquer queixume". Submetida ao teste, a mulher não só não se queixou, como andou muitos mais metros do que seria necessário para provar a sua inocência, não tendo ficado com marcas de queimaduras nas mãos, porque avançara com a brasa em direção ao túmulo do monge, ainda hoje visível no Mosteiro. 102

Crise e problemas de sucessão No ano seguinte nasceu D. Beatriz, que casaria mais tarde com o rei D. João I de Castela, de acordo com o estipulado no final da guerra entre Portu-


mosteiro de leça

gal e Castela, em 1382. Quando, em 1383, morreu D. Fernando, Leonor Teles assumiu a regência e passou a viver com João Fernandes Andeiro (Conde Andeiro) um fidalgo galego que o povo acusava de ser seu amante já em vida de D. Fernando. Quando Leonor Teles, a pedido do rei de Castela, mandou proceder à aclamação de D. Beatriz e do marido, como reis de Portugal, o povo revoltou-se, sendo acompanhado por alguns nobres e pela burguesia, o que resultou na Crise de 1383-1385, um período de interregno, onde o caos político e social dominou no país. Tal revolta levou ao assassínio do Conde Andeiro e à fuga de Leonor Teles para Castela. Respondendo aos apelos de grande parte dos portugueses para manter o país independente, D. João, mestre de Aviz, irmão bastardo de D. Fernando, declara-se rei de Portugal, tornando-se no primeiro monarca da Dinastia de Aviz. Ainda no contexto desta Crise, pelo Mosteiro de Leça também passou Nuno Álvares Pereira, o Condestável, no início da jornada que lhe deu a posse do Castelo de Neiva e de outras localidades na região. Na década de 1930, o mosteiro sofreu uma intervenção de restauro profunda, efetuada pela Direcção Geral dos Monumentos Históricos. Conta-se

que, ao longo dessa mesma década, António de Oliveira Salazar frequentou, por diversas vezes, a herdade contígua ao mosteiro, propriedade do engenheiro Ezequiel de Campos, com quem se aconselhava e trocava correspondência de cariz intelectual. Em 1996, o mosteiro foi palco de obras de beneficiação suportadas pela Unicer, ao abrigo da Lei do Mecenato. Recorde-se que este monumento está afeto à Direção Regional de Cultura do Norte. Q 103


autarquias

Desafiar o Norte

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Francisco Teixeira (CMM)

Num momento de combate ao marasmo económico que está a tomar conta de Portugal, a Câmara Municipal de Matosinhos considera urgente definir as fragilidades da zona Norte, de forma a conseguir contrariá-las. Assim, em tom de análise ao atual momento da região, o presidente da autarquia, Guilherme Pinto, defendeu a crescente necessidade de se criarem centros de decisão, lamentando que a implementação de qualquer projeto exija um período de espera de vários meses. "Não conseguimos, por exemplo, ter um empréstimo aprovado antes de decorrido um 104

ano. E depois, quando esse empréstimo é aceite, parte das obras não podem ser financiadas, uma vez que as datas já não o permitem", explicou o socialista, acrescentando ainda que a aprovação de um projeto elétrico obriga a que a autarquia tenha de negociar com uma entidade de Lisboa. Deste modo, sublinhou, "antes de mais, o que falta ao Norte é essa entidade que possa ser uma referência estratégica na região". Além disso, segundo Guilherme Pinto, outra estratégia importante será a de aprofundar a relação entre os diferentes atores económicos. "Há um excesso de competitividade entre as empresas, quando, na verdade, deveriam colaborar para serem competitivas face a blocos de empresários de outros


matosinhos

Com o conceito de competitividade como palavra chave para o futuro, a autarquia de Matosinhos está empenhada em desafiar universidades, empresas, instituições e autarquias a trabalharem em conjunto para a definição de uma estratégia de ação.

países com a mesma dimensão", sublinhou o autarca socialista. Por outro lado, para o responsável, é preciso que o Norte consiga encontrar uma forma de se financiar. "Há a necessidade urgente de se criar uma instituição mutualista porque nós precisamos de alavancar a nossa economia, já que o grande problema é a falta de liquidez", apontou, afirmando ser "escandaloso que 38% das exportações sejam no Norte, mas 55% do financiamento às mesmas esteja em Lisboa". Desta forma, Guilherme Pinto reconheceu que "é urgente a região Norte olhar para si própria em vez de se deter a reivindicar a capital e tentar perceber como é que, em conjunto, universidades, empresas, instituições e autarquias, podem criar uma estratégia".

Porto de Leixões: "arma estratégica da região" A propósito da necessidade de investir em infraestruturas capazes de estimular a competitividade do país, o autarca destacou o Porto de Leixões, que considera ser uma das "armas estratégicas" da região, por ser "moderno, eficiente" e ainda por estar perfeitamente integrado na cidade que o acolhe. "O normal noutras latitudes é que as relações entre as cidades e os portos sejam tensas, mas, aqui, há uma relação de colaboração", garantiu, acrescentando encarar "com preocupação" as notícias que foram avançadas em relação a uma eventual fusão deste porto com outros portos. "Faltam-nos sedes 105


autarquias

de empresas que permitam 'fixar inteligência' e o Porto de Leixões também serve para isso. No momento em que for fundido deixa de desempenhar esse papel", alertou. Além disso, o autarca referiu ainda que, através desta infraestrutura, tem sido possível "aumentar as exportações de uma forma muito interessante". "Por isso, espero que, numa altura em que o desemprego é uma das maiores preocupações da região, o Governo não queira acabar com um dos fatores de maior competitividade", salientou. O Norte "a uma só voz" Ainda que, de acordo com Guilherme Pinto, a taxa de desemprego em Matosinhos esteja abaixo da média referente à Área Metropolitana do Porto (AMP), trata-se de um fenómeno "extremamente preocupante", na medida em que "está associado a algum desinvestimento". "O Governo deixou de considerar a obra pública um fator de empregabilidade, o que é, na minha opinião, profundamente errado. Por outro lado, ao ir além daquilo que são as políticas restritivas que tinha de tomar, está a desincentivar outros setores da economia", defendeu o presidente da Câmara, referindo-se, por exemplo, à restauração - setor fundamental em Matosinhos 106

"que vive muito da qualidade de vida dos cidadãos", refletindo, por isso, a diminuição da capacidade financeira das pessoas. O responsável sustentou, assim, que a solução deverá passar pelo aproveitamento das capacidades e entidades que o país e a região Norte já possuem. "Temos instituições fantásticas, como a Universidade do Porto, uma imagem extremamente poderosa no exterior - sobretudo através do futebol,


matosinhos que tem sido um belíssimo embaixador do Porto temos tudo o que precisamos para sermos uma região de sucesso", referiu, defendendo que o "excesso de protagonismo" tem sido prejudicial para o cumprimento dos objetivos traçados. "Não há uma só voz, há várias vozes que tendem a não colaborar entre si. E temos de ultrapassar este atavismo que é a excessiva divisão a norte fruto de bairrismos bacocos e de individualismos das principais personalidades da região", reiterou. Neste contexto de união, Guilherme Pinto adiantou ter desafiado a AEP (Associação Empresarial de Portugal) a fazer uma espécie de congresso no Norte, não com um caderno reivindicativo, mas para estabelecer estratégias e criar condições para alcançar "as peças que nos faltam: uma agência mutualista que superintenda as questões do crédito, uma agência que internacionalize a nossa economia, alguém que consiga influenciar a criação ou a dinâmica de grupos dos empresários, um maior aprofundamento da universidade com o tecido empresarial e as autarquias". Implementadas as referidas estratégias, o responsável considera que haverá condições para a afirmação da eurorregião "Norte-Galiza" ou até da macrorregião Norte/Galiza/Leão/sul de França. A formação dos cidadãos no topo das prioridades O presidente da Câmara Municipal de Matosinhos afirmou ainda não concordar com a posição do atual Ministro da Educação relativamente à introdução dos exames da quarta classe. "A medida será contra todas as modernas conceções do que é a escola. Os exames da quarta classe são algo do passado. Precisamos, sim, de uma escola que tenha capacidade para levar os alunos a uma permanência e a um aproveitamento, situação que é exatamente o aposto ao conceito de uma escola de régua e esquadro", sublinhou. No plano da educação, a autarquia está, neste momento, a tentar que os alunos dos ensinos básico e secundário consigam permanecer na escola com as mesmas condições - refeições escolares e apoio em livros. Os problemas que afetam os estudantes do ensino superior chegam à autarquia sobretudo através das redes sociais, que transmitem

a grande dificuldade dos jovens no momento do ingresso no mercado de trabalho. Assim sendo, para Guilherme Pinto, o principal desafio do futuro é justamente a empregabilidade. "Todas as nossas políticas vão no sentido de perceber que temos que atrair indústria e preservar o setor primário, nomeadamente a pesca, já que está ligada à ideia de restauração que, em Matosinhos, é decisiva". O município está, por isso, a fazer uma aposta no mar, "quer do ponto de vista da pesca e das praias, do ponto de vista científico - através do Centro de Ciências do Mar que está em construção - quer com o aproveitamento do potencial turístico ligado ao mar, à arquitetura, aos eventos culturais e religiosos, como também com a atração de empresas - da área dos media, da criatividade e da inovação". Deste modo, o socialista acredita que a solução estará na capacidade de reação e participação dos cidadãos, vantagem possibilitada pelo regime democrático em que vivemos. "A democracia precisa de ser reinventada, mas é o melhor dos mundos e a participação dos cidadãos pode fazer a diferença", defendeu, considerando que a dificuldade inerente à "mudança do que quer que seja" não pode ser uma desculpa para a apatia das pessoas. "Se os partidos atuais não são atrativos, façam-se outros. Em democracia é possível fazê-lo. Não faz sentido é ficar na mesa do café a resmungar", concluiu Guilherme Pinto. Q Correção: A fotografia de abertura do artigo de Matosinhos da edição passada é da autoria de Luís Ferreira Alves

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autarquias

Magikland Penafiel:

Fantasia para todas as O renovado parque temático de Penafiel promete transmitir emoções e despertar os sentidos de miúdos e graúdos, já que nunca é tarde para dar asas à imaginação. Entre momentos passados a pisar um chão alaranjado, que faz lembrar o calor tórrido das savanas do continente africano, a viajar pelo "Mundo das Gargalhadas" ou a explorar o interior das muralhas de um castelo fantasma, os pequenos aventureiros - entre os 3 e os 14 anos - vão encontrar, no renovado parque temático da "Terra da Magia", um conjunto de diversões desenhados ao pormenor. Na Magikland, equipamento que surge no espaço da antiga Bracalândia, em Penafiel, todos podem ser príncipes e princesas e partilhar experiências vividas em família. Apesar de não haver datas definidas, junho será o mês da reabertura do parque de diversões, cuja requalificação e otimização representou um investimento de 118 mil euros. Para o presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Alberto Santos, não restam dúvidas de que 108

o equipamento será uma mais valia para toda a região. "É uma infraestrutura com grande impacto na economia, no turismo e até na restauração de Penafiel", sublinhou, reconhecendo que, já nos últimos anos de funcionamento da Bracalândia, se havia registado uma grande afluência de pessoas de outras cidades e até da Galiza.


penafiel

idades

Texto: Mariana Albuquerque

"Bosque Encantado", onde habitam elefantes voadores e duendes. A recordar os tempos dos grandes guerreiros, princesas prisioneiras e cavaleiros, a "Aldeia Medieval" é a terceira área de diversões, que promete "verdadeiros festins, bem ao jeito de mesas fartas e animadas por bobos e jograis". Espaço de índios e cowboys, o "Far-West" é atravessado pela "Montanha Mágica", pelo "Caravana" e pelo "Western Train", vindo do lado em que o sol se põe. No "Refúgio dos Piratas", outra das paragens, “a Corsária não dará descanso aos mais arrojados", havendo um carrossel "pronto a ser tomado por pequenos capitães destemidos". Por fim, no "Souk", as crianças poderão participar em vários ateliês e workshops, aprendendo, por exemplo, a fazer sabonetes perfumados e origamis. Segundo Alberto Santos, uma das mais valias da Magikland "é a capacidade de criar um ambiente familiar". Por isso, a pensar também nos mais velhos, o parque terá espaços verdes reabilitados e quatro áreas alimentares com pratos quentes e snacks, sendo que uma delas assume o conceito de taberna de comida típica portuguesa.

Seis áreas de diversão e quatro zonas alimentares Numa fase em que a crise está a tomar conta dos portugueses, o autarca penafidelense considera que "é bom encontrar soluções" para que as pessoas possam fugir às dificuldades, razão pela qual afirmou que a câmara municipal se empenhou, desde logo, a apoiar o projeto de abertura da Magikland. "É uma boa notícia para Penafiel e para o país que um espaço como este continue a desempenhar a sua função de encantar as crianças e as famílias", salientou Alberto Santos. O parque infantil, que ocupa uma área de 12 hectares, abrirá ao público com quatro áreas alimentares específicas e seis áreas de diversão onde se encontram cerca de 30 atrações diferentes. Com elementos cenográficos de grande dimensão que ajudam os mais novos a mergulhar no mundo do imaginário, o equipamento apresenta uma área dedicada a África, onde é possível alinhar em aventuras nas vertiginosas descidas do "Zambeze" e numa viagem imaginária no "Dakar". No "Mundo das Gargalhadas", os "Carrosséis Parisienses" espalham a magia dos dias da belle époque enquanto que a famosa Torre Eiffel fornece uma vista privilegiada sob o

Ainda a pensar nas dificuldades económicas das famílias portuguesas, o preço dos bilhetes de entrada no parque infantil serão mais baixos do que os praticados na Bracalândia, variando entre os dez e os 15 euros. Para crianças até aos quatro anos e seniores com 76 ou mais anos, o passaporte para a terra da fantasia será gratuito. Q 109


autarquias

Requalificação, sempre O crescente desenvolvimento do concelho de Gaia tem-se pautado por grandes doses de investimento camarário. Dotar o município da melhor frente marítima da Área Metropolitana e torná-lo um dos mais competitivos em termos de oferta cultural, social e estrutural são os grandes objetivos da autarquia. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: CMG

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Requalificação da Via Edgar Cardoso inaugurada por Luís Filipe Menezes A Circular do Centro Histórico de Gaia está a avançar e prevê-se a conclusão total da obra para o início do próximo ano. Em abril, o autarca inaugurou a requalificação da Via Eng. Edgar Cardoso/VL8, uma das artérias que, juntamente com a Via Panorâmica, integra o segundo troço desta circular interna ao IC23 que vai permitir ligar as cotas alta e baixa do Centro Histórico de Gaia com toda a Área Metropolitana do Porto. A Via Circular do Centro Histórico é composta por um conjunto de obras que correspondem a um investimento global de oito milhões de euros, comparticipados pelos fundos comunitários do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN). Do anel interno ao IC23 fazem parte a requalificação da Via Eng. Edgar Cardoso/


gaia gaia

VL8 e Via Panorâmica, cujas obras foram visitadas também por Luís Filipe Menezes no final da referida inauguração; a ligação da VL8 à Via Rosa Mota; a ligação da Via Rosa Mota à Rua de General Tor-

res, e respetiva requalificação; a construção de um viaduto que vai atravessar a Rua de Cândido dos Reis e fará a ligação à Rua do General Torres, que também será requalificada, passando a ter dois

1.º Via Rosa Mota Extensão 0,6 km Valor da obra 3,5 M € 2.º Via panorâmica | VL8 Extensão 2,1 km Valor da obra 2,3 M € 3.º Ligação VL8 | Via Rosa Mota Extensão 1,0 km Valor da obra 925 m € 4.º Ligação Via Rosa Mota | Rua General Torres Extensão 1,2 km Valor da obra 1,1 M € Total: 7,825 M €

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autarquias

sentidos de trânsito. "Esta é uma obra de reabilitação urbana. A Via Edgar Cardoso era uma entrada pouco urbana, tipo auto-estrada, que não fazia sentido. Fez-se esta transformação, beneficiando a avenida com rotundas e ajardinamentos para dar outro ar de entrada na cidade", referiu, valorizando os arranjos urbanísticos e paisagísticos associados a esta requalificação. O autarca explicou a trajetória deste segundo troço da Circular do Centro Histórico de Gaia. "Nos dois topos, vão enxertar-se a ligação à zona ribeirinha, através da Via Panorâmica que se encontra em construção e deverá estar concluída até outubro, e a ligação à Rua do General Torres/Avenida da República, através da Via da Misericórdia, cuja conclusão está prevista para setembro", destacou, salientando que quando se completarem estes dois topos de ligação da Circular, ficará assegurada a ligação do Centro Histórico no contexto da Área Metropolitana do Porto, facilitando o acesso às ribeiras do Porto e Gaia, bem como a alguns estabelecimen112

tos de ensino superior que estão sediados no Centro Histórico, onde foram criados nos últimos anos cerca de mil lugares de aparcamento. O autarca anunciou, para o primeiro trimestre do próximo ano, a inauguração de uma grande obra de reabilitação urbana e valorização patrimonial e sócioeconómica da zona histórica do concelho, com valor acrescentado nos domínios das acessibilidades, atração e fixação de população, captação de mais investidores privados, criação de novas oportunidades de relançamento de pequenos e médios negócios geradores de postos de trabalho. Após a inauguração da requalificação da Via Engenheiro Edgar Cardoso, Luís Filipe Menezes visitou as obras em curso da Via Panorâmica, uma empreitada que corresponde a um investimento de 2,3 milhões de euros e que deverá estar concluída em outubro. Esta obra vai garantir a ligação entre o Candal e a zona ribeirinha, e, num futuro próximo, abrir mais uma possibilidade para o lançamento de uma ponte à cota média entre o Candal e a Rua de D. Pedro V, no Porto.


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Requalificação Afurada/Canidelo A renovação da Afurada e Canidelo encontra-se em fase final de um avultado ciclo de investimento feito pela autarquia de Gaia que tem em vista o crescente desenvolvimento do concelho. Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara Municipal de Gaia, evidenciou os benefícios da mudança em curso ao nível da atração turística, empregabilidade e autoestima da população. "A Afurada está a viver uma mudança completa ao nível de condições de vida, aspirações, esperança e de papel a desempenhar do ponto de vista comunitário", destacou o autarca, referindo-se aos benefícios socioecónomicos para as cinco mil famílias autóctones, na sequência do investimento aplicado ao longo da última década. A Douro Marina, cujas obras se encontram em fase de instalação de equipamentos de apoio, designadamente a academia de vela e as lojas comerciais, foi apontada por Menezes como um exemplo de empreendedorismo e investimento privado que assumiu o risco

do negócio com base no elevado índice de confiança no trabalho desenvolvido pelo município. "Trata-se da maior marina entre Cascais e a Galiza, representando um investimento global de 8,6 milhões de euros, que vai gerar 70 postos de trabalho diretos e mais 100 indiretos", referiu o autarca que visitou, ainda o Mercado e Restaurante da Afurada, assim como o Centro Interpretativo do Património Natural e Cultural do Lugar. "Estes equipamentos municipais representam um investimento global na ordem dos dois milhões de euros e vão gerar cerca de 150 postos de trabalho". O primeiro estará concluído até ao verão, enquanto o segundo deverá estar pronto antes do final do ano. Luís Filipe Menezes Gaia destacou outros resultados positivos, decorrentes das linhas de rumo para a mudança da Afurada: o aumento da atração de turistas e das potencialidades do setor, a criação de novas oportunidades de empregabilidade em micro e médias empresas de proximidade, a multiplicação da oferta no mercado de trabalho e o aparecimento de novos segmentos de negócio. "É inevitável que este desenvolvimento vá alterar a realidade da Afurada e Canidelo. Basta vir aqui e verificar a auto-estima das pessoas, a crença no futuro que é muito diferente da de outras comunidades, a lógica de brio que colocam em tudo", sublinhou. A valorização da Afurada vai continuar com a construção da lota, junto ao porto de pesca, as novas acessibilidades à comunidade piscatória, potenciadas pela extensão da Via Circular do Centro Histórico e com a construção da ponte D. Pedro V, que irá ligar a marginal de Gaia a Massarelos (junto à Rua de D. Pedro V). Q 113


amp As Áreas Metropolitanas têm vindo a ser confrontadas, no seu quotidiano, com novos desafios resultantes de profundas mutações que marcam as condicionantes económicas, sociais e políticas nacionais. A Reforma Administrativa que irá ser implementada pelo Governo pretende dotar as áreas intermunicipais de maiores competências que irão alterar o modelo de gestão autárquico. Neste sentido, a Junta Metropolitana do Porto (JMP) apresentou a sua proposta sobre a descentralização de competências da administração central para as áreas metropolitanas, com base num estudo encomendado à Faculdade de Economia do Porto, e que se encontra em análise pelo poder central. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Rui Meireles

Proposta metropolitana De acordo com as pretensões do Governo, o objetivo da nova Reforma Administrativa, que surge no âmbito do acordo com a troika e cujas linhas gerais deverão ser lançadas faseadamente até julho, é o de alterar radicalmente o modelo de gestão autárquica, dando-lhe escala e criando sinergias, reforçando as competências das comunidades intermunicipais e áreas metropolitanas, de modo a que passem a fazer uma gestão integrada dos meios municipais. Um verdadeiro "choque reformista" como lhe chamou o ministro Miguel Relvas, garantindo que isto não irá aumentar o "despesismo" mas apenas "racionalizar o 114

que já existe". O que se pretende com estas alterações à escala metropolitana é que os municípios reorganizem, de forma coletiva, as suas estruturas empresas ou serviços municipais - bem como o modelo de compras, de modo a que deixem de ser feitos à escala municipal e passem a sê-lo em conjunto pelos vários municípios duma área metropolitana. As mudanças fazem parte do pacote da Reforma Administrativa Local, prevista no acordo com a troika, cruzando-se com a necessidade de equilibrar as despesas autárquicas com os limites ao endividamento das entidades públicas, impostos pela lei


ção intermunicipal. A consciência desta situação, que assume contornos mais gravosos em aglomerações como as do Porto e Lisboa, levou à institucionalização das Áreas Metropolitanas como "espaços" adequados de procura de soluções de âmbito metropolitano para muitos dos problemas estruturais que afetam o conjunto dos municípios integrantes, soluções estas concebidas no quadro de uma estratégia de desenvolvimento territorial que, para a Área Metropolitana do Porto, tem vindo a ser sedimentada gradualmente. Assim, a JMP pretende que, seja qual for o processo de reforma, este venha a ser implementado de forma gradual e faseada no tempo, permitindo a transição suavizada do atual modelo, que considera "excessivamente centralizado" e que as transferências de novas competências se verifiquem de forma mais vincada em áreas determinadas, não considerando o documento a alteração da definição geográfica e territorial das atuais áreas metropolitanas. Fomentar empreendedorismo, inovação e turismo Para um adequado desenvolvimento económico, a Junta Metropolitana considera fundamental a implementação de ações de inovação empresarial, empreendedorismo e internacionalização, em estreita ligação com as universidades, a gestão de programas de incen-

de competências discutida na Assembleia da República. A redução dos recursos municipais prevê, ainda, a extinção de 1500 freguesias em todo o país, o que irá alterar, de igual forma, a estrutura dos municípios. Competências "transferíveis" para a AMP O crescimento populacional, as transformações da base produtiva e a emergência de novos problemas sociais têm vindo a representar um desafio para os responsáveis autárquicos e a exigir a adoção de novas formas de resposta baseadas no princípio da coopera-

tivos financeiros, a regulamentação e supervisão de atividades económicas com atuação ou interesses supra municipais, a participação no planeamento e gestão de infraestruturas de suporte às atividades económicas, incluindo portos e aeroportos, a articulação com os operadores turísticos na definição e implementação de uma estratégia geral e de medidas de promoção do território, o planeamento de investimentos de caráter supramunicipal, bem como o licenciamento de instalações empresariais, atualmente sob a alçada da Direção Regional de Economia. Nos termos da Mobilidade, Ordenamento do Território e Ambiente, a JMP considera 115


amp

válido integrar nas suas competências o planeamento das redes rodoviárias e ferroviárias, com uma Autoridade Metropolitana de Transportes, a coordenação supramunicipal do planeamento dos transportes coletivos, a elaboração do Plano Metropolitano de Ordenamento do Território e coordenação dos PDM's, a administração e supervisão de atividades de proteção da natureza e biodiversidade, bem como de combate à poluição e monitorização da qualidade do ar e da água, gerindo, de igual forma, os sistemas de saneamento e tratamento de resíduos. Promoção do emprego e da educação A área do Emprego e Solidariedade Social prevê o planeamento, apoio e execução de ações de promoção do emprego e da mobilidade laboral, bem como a gestão e tutela dos Centros de Formação Profissional e de Emprego, a execução de ações de apoio a pessoas e famílias carenciadas, a promoção de proteção social a pessoas e famílias em risco ou exclusão, incluindo a execução de programas de inserção social e profissional. A nível educativo e cultural, a Junta prevê o apoio às escolas no desenvolvimento dos programas de educação nos diversos graus de ensino (incluindo o tecnológico, profissional e de adultos), tal como assegurar a construção e conservação das instalações escolares, através de acordos de colaboração com os municípios e a decisão sobre questões de gestão de recursos humanos, docentes e não docentes, nomeadamente mobilidade e carreiras, adequando os recursos necessidades metropolitanas. 116

Organismo reforça aspiração da criação dos Bombeiros Metropolitanos Para as áreas da Cultura, Desporto e Lazer, o organismo propõe o planeamento e programação de grandes eventos, a construção de novos equipamentos de dimensão metropolitana, bem como a conservação e gestão de edifícios e equipamentos culturais já existentes, nomeadamente museus, teatros e edifícios classificados. A gestão de eventos e iniciativas culturais, desportivas e de lazer, com dimensão supramunicipal, é também contemplada. A Junta pretende, igualmente, a criação e supervisão de um corpo metropolitano de bombeiros, a construção, conservação, manutenção e gestão das instalações e centros metropolitanos de proteção civil, bem como a programação de ações de formação e treinamento de recursos humanos afetos a esta área, e ainda uma coordenação entre os meios metropolitanos de prevenção e apoio ao combate a incêndios. Para já, o documento não prevê a transição de competências de serviços de grande proximidade, tais como os cuidados de saúde primários, embora seja previsível que, numa linha evolutiva gradual, isso possa vir a acontecer. Recorde-se que, para além da proposta de competências transferíveis para a AMP, a Junta Metropolitana está atenta às pretensões do Governo que visam novos modelos de gestão para as duas grandes infraestruturas da região - o aeroporto de Francisco Sá Carneiro e o porto de Leixões - sobre os quais tem vindo a desenvolver esforços para que se mantenham como estruturas impulsionadoras do desenvolvimento da Área Metropolitana. Q


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sugestões culturais 19 julho Festival Marés Vivas Concerto "Kaiser Chiefs" A banda liderada por Ricky Wilson está de regresso ao palco do Festival Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia, no dia 19 de julho. Depois de terem lançado, em maio de 2004, o single de estreia "Oh My God", que esgotou em apenas três dias, os Kaiser Chiefs apresentaram, logo de seguida, "I Predict a Riot", sendo que o primeiro álbum - "Employment" - só foi apresentado em março de 2005. Dois anos depois, a banda britânica de indie rock e britpop lançou "Yours Truly, Angry Mob", seguindo-se o trabalho "Off With Their Heads". O quarto e último disco - " The Future is Medieval" - que surgiu no ano passado, será agora apresentado em Portugal

Teatro Nacional São João Praça da Batalha | 4000-102 Porto Tel. 223401900 | Fax. 222088303 http://www.tnsj.pt/home/index.php

Até 1 de julho de 2012 "O Doente Imaginário" Da autoria de Molière, a peça "O Doente Imaginário" representa a confusão inerente à parafernália terapêutica e, acima de tudo, o medo da morte. A "amarga comédia" - a última escrita pelo dramaturgo francês - retrata a história do hipocondríaco Argão: "personagem grotesca no seu egocentrismo, simultaneamente magnética e repulsiva", que será interpretada por Jorge Pinto. Encenada por Rogério Silva, a peça promete ser o espelho da "salutar demência do universo de Molière". 118

9 junho Optimus Primavera Sound Porto 2012 Concerto "Kings Of Convenience" O duo norueguês de folk-pop indie "Kings of Convenience" vai atuar no Optimus Primavera Sound Porto a 9 de junho, no Parque da Cidade. Depois do concerto realizado na edição passada do Festival de Paredes de Coura, Erlend Oye e Eirik Glambek estão de regresso a Portugal no segundo fim-de-semana de junho. O grupo, conhecido pela aposta em melodias delicadas e vozes calmas, vai trazer à cidade do Porto três álbuns de estúdio editados desde 2001 e emblemáticos temas como "I'd Rather Dance With You" e "Toxic Girl", num cruzamento muito próprio entre a música folk e a pop.


Música "Confess" - Twin Shadow Estreia em julho Depois do lançamento do aclamado álbum de estreia "Forget", Twin Shadow vai apresentar, em julho, o seu novo trabalho: "Confess". O disco de George Lewis Jr., apresentado pela editora 4AD, foi gravado em Los Angeles, sendo parcialmente inspirado num acidente de mota em que o americano esteve envolvido. "Enquanto a mota escorregava por debaixo de nós, a minha cabeça enchia-se de palavras. Os momentos de calma, em câmara lenta, que seguem a surpresa e que antecedem o arrependimento são de felicidade. Lembro-me daquele momento em que quis dizer-lhe tudo", descreveu o cantor. "Five Seconds" é o nome já revelado de uma das faixas do novo disco de Twin Shadow.

Cinema Resident Evil: Retaliação (3D) Estreia 13 setembro de 2012 Dirigido por Paul W.S. Anderson, o filme "Resident Evil: Retaliação" chegará às salas de cinema portuguesas no dia 13 de setembro, em versão 3D. O filme de ficção científica, que conta com as participações de Milla Jovovich e Michelle Rodriguez, retrata um mundo devastado por um vírus que transforma as suas vítimas em zombies. A "bela e mortal" Alice, interpretada pela atriz soviética, continua a sua busca por sobreviventes. À medida que a batalha contra os criadores do vírus ganha uma nova dimensão, Alice vê-se rodeada de zombies assassinos, preparando-se para enfrentar uma ameaça nunca antes vista.

Leitura "Os Filhos de Krondor - O Príncipe Herdeiro" de Raymond E. Feist A nova obra do escritor norteamericano Raymond E. Feist retrata a vida dos gémeos Borric e Erland - os homens mais despreocupados do Reino das Ilhas. No momento em que se preparam para suceder ao trono do seu pai - Príncipe Arutha - são enviados, como embaixadores, ao reino de Kesh, a mais poderosa das nações. No entanto, antes de partirem, o mais velhos dos irmãos sofre uma tentativa de assassinato. Trata-se, apenas, do início de uma jornada traiçoeira que levará os irmãos a assumirem caminhos diferentes: um enquanto fugitivo e outro enquanto futuro rei. 119


freguesias O lugar da antiga Casa da Mitra, em Campanhã, vai acolher, a curto prazo, a primeira horta comunitária da freguesia, fruto de uma parceria desenvolvida entre a autarquia local e o Movimento Terra Solta (MTS), com vista ao desenvolvimento de boas práticas de sustentabilidade através dos produtos biológicos, ligados à terra, bem como a ações pedagógicas e de solidariedade social. Texto: Marta Almeida Carvalho Foto: MTS

Preocupações ambientais 120


campanhã Movimento Terra Solta A criação deste novo espaço tem por finalidade impulsionar a criação de hortas biológicas, cujos produtos irão reverter para as instituições de solidariedade social da freguesia, ao mesmo tempo que incentiva a produção própria de produtos hortícolas, explorando ainda a vertente formativa e pedagógica para escolas e centros de dia da freguesia. O Movimento Terra Solta nasceu em 2009 de um encontro de amigos que partilham ideais de uma sociedade mais justa, mais próxima da terra, que pode e deve usufruir do conhecimento e da tecnologia. Em finais de 2011, após várias ações no âmbito sócio-ambiental, e para fazer face aos diversos contactos, constituiu-se como associação, tendo como principais fatores que regulam a sua área de atuação, os de contribuir para o desenvolvimento do gosto pelas atividades e profissões ligadas à terra, bem como fomentar aspetos que incrementem a saúde pessoal e a proteção do ambiente. Outro dos objetivos desta entidade prende-se com a promoção de iniciativas em espaço urbano e rural, no âmbito sócio-ambiental e pedagógico, motivando aspetos que possam aumentar a qualidade de vida da população. Para o MTS, o incentivo à prática da produção e da distribuição de bens de forma próxima, fomenta a gestão racional de recursos pelo uso de boas práticas, fundamentais para a sustentabilidade. O MTS pretende, ainda, promover o espírito comunitário, solidário e cooperativo e as boas práticas de utilização da terra e do solo como recursos limitados, incentivando os cidadãos a participar no desenvolvimento social, tanto a nível local, como regional, nacional e, até mesmo, global, contribuindo para a erradicação da pobreza. Referenciar terras desaproveitadas, promovendo a sua boa utilização por métodos legais, recolher e implementar métodos e práticas ancestrais, promover iniciativas de desenvolvimento sustentável e de revalorização dos espaços urbanos e rurais, recorrendo a práticas tecnológicas e sociais de baixo impacto para o ambiente, são outras das pretensões da associação que destaca, ainda, a sensibilização do público em geral, com especial relevo nas camadas jovens, para a questão da economia sustentável. De acordo com José Inácio, o Movimento Terra Solta pretende, também, colaborar com as instituições oficiais de proteção da natureza, do meio ambiente e do património

IRHU retira-se do projeto "Bairros Críticos" O Bairro do Lagarteiro, integrado no projeto-piloto denominado "Bairros Críticos" que prevê a recuperação dos blocos habitacionais, bem como a criação de infraestruturas de apoio com vista à integração social e de requalificação do bairro, viu a principal entidade promotora retirar-se do projeto antes da sua conclusão. Fernando Amaral, presidente da Junta de Campanhã, uma das entidades que compõem a parceria do projeto, a par de diversas outras instituições nacionais e locais, lamenta o facto da retirada do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) que considera "vergonhosa", uma vez que deixa incompleta a requalificação de cinco blocos habitacionais. Será criada uma nova associação no sentido de continuar a programação agendada até 2013.

FC Porto, campeão nacional A Junta de Campanhã felicita o FC Por to pela conquista do campeonato. O clube, sediado na freguesia, celebrou o seu 26.º título de campeão.

natural e cultural, quer no âmbito nacional quer internacional. Recorde-se que horta comunitária vai surgir na Mitra, em terrenos cedidos pela Junta. Q 121


freguesias Com a conquista da certificação em Responsabilidade Social como meta a alcançar até ao final do ano, a junta de Lordelo do Ouro está a estudar novas formas de apoio aos idosos e às famílias que habitam nos bairros sociais da freguesia. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira/Virgínia Ferreira

Acompanhamento social Monitorização e acompanhamento dos mais velhos Com o bem estar dos cidadãos no centro das preocupações, a junta de freguesia de Lordelo está, neste momento, a desenvolver um projeto destinado a apoiar os idosos que vivem numa situação de isolamento social. 122

Através de um protocolo com a ADILO (Agência de Desenvolvimento Integrado de Lordelo do Ouro), está a ser feito um levantamento global, em todo o território da freguesia, dos idosos em situação isolada, sem assistência médica e sem retaguarda familiar. "Esperamos, em dois ou três meses, ter este processo concluído para depois, em função do que descobrirmos,


lordelo do ouro propormos a monitorização e o acompanhamento destas pessoas", explicou à Viva a presidente da junta de Lordelo, Gabriela Queiroz. Uma das soluções apresentadas para minimizar o efeito de um problema que afeta cada vez mais a população idosa portuguesa será o alargamento da instalação do equipamento de teleassistência, serviço que, de acordo com a responsável, ainda carece de divulgação e implementação. A teleassistência, cuja instalação e manutenção é feita pela junta de freguesia, funciona através de um botão que, quando pressionado pelo utente, em qualquer situação de emergência, aciona um telefonema para uma entidade que prestará a ajuda necessária. Dar resposta às necessidades das famílias dos bairros sociais Em relação à área da habitação social, a junta de freguesia está a desenhar um projeto piloto centrado na população dos bairros sociais, que será desenvolvido em duas fases diferentes. Segundo Gabriela Queiroz, inicialmente, haverá uma "caracterização individual dos agregados que habitam os bairros, com o objetivo de se fazer um levantamento daquilo que são as suas necessidades do ponto de vista de uma resposta social ou de uma resposta a algum problema que a junta possa resolver ou encaminhar para a entidade adequada". Terminado o processo de caracterização, a ideia é a de construir um programa cultural adequado aos bairros sociais, de modo a "tentar colmatar aquilo que é a resistência das pessoas em saírem do bairro para determinadas atividades". "Queremos capacitar os cidadãos e abrir-lhes o horizonte para outras realidades que não as das dificuldades que vão vivendo e sentindo", esclareceu a responsável. De referir que a junta de freguesia de Lordelo do Ouro, entidade com certificação de qualidade há cerca de três anos, vai, agora, dar "mais um passo neste processo e avançar para a certificação em Responsabilidade Social. "Se o concretizar, será a primeira junta do país a fazê-lo e, por isso, estamos a preparar internamente todo o processo de adaptação dos nossos procedimentos à responsabilidade social, esperando, até ao final do ano, conseguir atingir a certificação", revelou Gabriela Queiroz.

Fluvial poderá ter imóvel de interesse municipal O Clube Fluvial Portuense, a cumprir, neste momento, o seu plano de insolvência, é outro dos temas em destaque na agenda da freguesia. A junta tem em curso um pedido na Câmara Municipal do Porto para a classificação do edifício ocupado pelos equipamentos do clube como imóvel de interesse municipal. No caso de o pedido ser deferido, a entidade terá a vantagem de beneficiar de uma isenção do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis). Por outro lado, segundo a presidente da junta, a classificação seria ainda importante para rodear o edifício de uma proteção, impedindo que o mesmo fosse desvirtuado ou afeto a qualquer outra utilização que não aquela que hoje tem. Q Lordelo do Ouro prepara-se para receber as tradicionais festividades do São João que, como é habitual, vão realizar-se no Largo do Calém, de 15 a 30 de junho. E por falar em clima festivo, a par tir do verão, a Casa de Chã da Pasteleira começará a acolher atividades ligadas ao contrato local de desenvolvimento social, no seguimento da efetiva formalização do protocolo para cedência do espaço pela Câmara Municipal do Por to. 123


freguesias

Entre feiras de artesanato, de antiguidades e de trocas, e um vasto programa cultural e de arraiais sanjoaninos, Nevogilde veste-se de gala para receber o verão, que irá ficar mais colorido pelo dourado dos seus areais.

Verão ativo

Como vem sendo habitual, a freguesia de Nevogilde é utilizada, quer por moradores, quer por portuenses em geral, para diversas atividades ao ar livre nomeadamente os passeios ao longo do seu percurso marítimo, exercício físico, esplanadas à beira mar, passeios de bicicleta e demais ações, devido à particularidade da sua configuração geográfica, marítima e muito original. Neste sentido, com o intuito de fomentar a crescente animação dos 124

espaços públicos, a Junta de freguesia tem vindo a promover diversas atividades culturais, populares e de lazer. Animação na freguesia

Entre maio e outubro, a Pérgola, um dos ex-libris da freguesia, recebe, no primeiro domingo de cada mês, uma feira de artesanato e de antiguidades. Para junho,


nevogilde

Texto: Marta Almeida Carvalho Foto: Virgínia Ferreira

o mês das festas sanjoaninas na cidade do Porto, espera-se igualmente, muita atividade em Nevogilde, sendo que está programado, para 23 de junho, véspera do Santo Popular, um "arraial" de S. João, no Largo de Nevogilde, que promete muita animação e diversão. Para finais de julho, no dia 29, um festival de folclore vai animar a Praia do Molhe e Setembro promete oferecer um diverso leque de atividades culturais, nomeadamente uma exposição de pintura no Forte de S. Francis-

co Xavier (outro dos ex-libris da freguesia vulgarmente conhecido por Castelo do Queijo), uma feira de trocas, no adro da Igreja de Nevogilde, onde se poderá fazer permuta de frutas, legumes, comidas, doces e artesanato e ainda as "Jornadas do Património", organizadas por esta autarquia local, a par de todas as iniciativas já mencionadas. A Junta de Nevogilde iniciou, ainda, o acompanhamento a pessoas necessitadas da terceira idade. Q 125


freguesias

Cultura para todos O objetivo é fazer com que todos os cidadãos participem na programação cultural da Freguesia, independentemente da idade e da sua situação social. Aulas de dança, de desenho e de línguas, eventos centrados na poesia e apresentação de livros são algumas das propostas que os paranhenses têm ao seu dispor. A pensar na qualidade de vida dos cidadãos, a Junta de Paranhos desenhou um programa cultural "intenso" que se realiza essencialmente em dois espaços da Freguesia: na Casa de Cultura e no próprio Auditório da Junta. Dividida em três espaços - biblioteca, sala de exposições e auditório polivalente - a Casa de Cultura de 126

Paranhos funciona "a cem por cento", acolhendo atividades de manhã, à tarde e à noite. "Cada um desses espaços recebe um conjunto de iniciativas que nos permite levar a cultura a todos os cidadãos", afirmou o presidente da Junta, Alberto Machado, explicando que as pessoas podem usufruir da pesquisa e requisição de livros e ainda do acesso gratuito à Internet. O "Bibliotecário por um dia" é uma das atividades promovidas no espaço, levando as escolas da Freguesia à Casa da Cultura para que os alunos possam entender, por exemplo, o funcionamento de uma biblioteca, o trabalho desenvolvido em termos de catalogação, diferenciação de livros e os diferentes estilos de escrita. Além disso, uma vez por mês, o espaço recebe o evento "A Poesia anda no ar… Um mês um poeta". "Escolhemos um autor português, as pessoas discutem um pouco a sua vida e obra e, posteriormente, os presentes são convidados a declamar poesia desse mesmo escritor", salientou Alberto Machado, mencionando uma das recentes sessões, durante a


paranhos Machado, as únicas aulas pagas são as de inglês, espanhol e pintura. As restantes podem ser frequentadas pela população de forma gratuita. A Casa da Cultura de Paranhos é também o palco de um projeto de voluntariado dirigido a crianças carenciadas da freguesia com dificuldades a Matemática e Física. Por fim, o presidente da Junta referiu uma atividade associada aos objetos que se encontram nos livros da biblioteca, todos doados pela população. "No ano passado fizemos uma exposição muito interessante com mil e umas coisas que se foram encontrando dentro desses livros", referiu, acrescentando que a coleção de obras da biblioteca é já composta por mais de 15 mil livros. No âmbito de um projeto de reutilização de manuais escolares, os cidadãos são convidados a entregar na Casa da Cultura ou na Junta de Freguesia os manuais escolares usados no ano letivo anterior para que possam ser entregues às famílias mais carenciadas de Paranhos.

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Casa da Cultura de Paranhos

qual foi homenageado Sebastião Alba. Normalmente, os encontros conjugam a literatura com outras manifestações culturais como a pintura e a música. O auditório da Casa da Cultura acolhe também vários workshops "muito voltados para as necessidades das pessoas". "Convidamos os paranhenses a saberem mais, através de aulas de Inglês, Alemão, Espanhol e Língua Gestual", referiu o autarca, realçando a elevada procura das lições de Inglês, frequentadas por cerca de 120 alunos. "Temos também alguns ateliês de manualidades, em que convidamos os seniores a aventurarem-se pelas artes plásticas", acrescentou, mencionando ainda as aulas de dança social para os mais idosos - que contam com um professor de danças clássicas e latinoamericanas - as tertúlias semanais realizadas pelo "Clube do Cancro & C.ª", ligado ao IPO, e as aulas de competências básicas em Língua Portuguesa. De salientar ainda as aulas de desenho e pintura, que se desenrolam em dois níveis: um de iniciados e outro mais avançado em termos técnicos. Segundo Alberto

Auditório da Junta muito utilizado por instituições da Freguesia Com uma taxa de ocupação a rondar os 90%, o Auditório da Junta é outro espaço que acolhe as mais diversas ações das coletividades, escolas e associações de Paranhos. "Existe um conjunto de iniciativas que são promovidas pelas instituições e, paralelamente, outros eventos realizados pela própria junta, como por exemplo uma homenagem que fizemos recentemente ao professor Daniel Serrão", salientou o autarca. Aliás, acrescentou, com o fim do período de aulas, muitas escolas e infantários da Freguesia vão utilizar as referidas instalações para a realização das festas de fim de ano. Q 127


passatempos

Sudoku Perverso

Crítico

Crítico

Perverso

Anedotas Viver até aos 90 O médico diz ao velhinho: - O senhor está de excelente saúde! Há-de viver pelo menos até aos 90! - Mas, senhor doutor, eu já tenho 90 anos... - Vê? O que é que eu lhe disse? Bandeira da pátria Logo no primeiro dia da recruta, o sargento aponta para a bandeira e pergunta ao primeiro soldado: - O que é aquilo? - É uma bandeira... - Não! Aquilo não é uma bandeira, aquilo é a tua MÃE! O sargento aproxima-se do segundo e pergunta, apontando novamente para a bandeira: - O que é aquilo? - Bem... como aqui o camarada é meu primo, aquilo deve ser a minha tia... Aniversário O miúdo entra na igreja com a mãe, vê muitas velas acesas diante de Santo António e diz: - Mãe, ele faz anos hoje? 128

Silêncio No dia após uma noitada nos copos, um amigo diz a outro: - Então e a tua mulher, não disse nada, por teres chegado às sete da manhã? - Nadinha! - Eia, nada? - Nada! - Ena... Isso foi bom, não? - Por acaso até foi... Eu de qualquer forma tinha que tirar aqueles dois dentes. Grande coisa Diz um miúdo para outro: - Eu tenho um papagaio que diz "olá" e "estás bom"! - Grande coisa! Eu tenho lá em casa um garrafão que diz "Água do Luso"".


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crónica e as cidades

É tão bom assim ser do Porto...

Estou mais do que saturado com os chamados media, que acham que o que está a dar no momento é louvar o sensacionalismo barato, apregoando os mais perversos sistemas de crueldade, de tudo quanto seja crime de qualquer espécie. Estão a ir pelo pior lado, do mais fácil, para criar factos que levem a população a acreditar que os portugueses são mesmo assim e que nada mais resta do que, e já não é novidade, cada qual se armar por sua conta e risco, e tentar fazer justiça por suas mãos. Só falta apelar ao regresso à pena de morte, o que, aliás, alguns já preconizam... Ora como o chamado país real não é esta choldra vampiresca, prefiro sempre falar de algo verdadeiro e que valha a pena enaltecer a nossa chama de humanidade. E vamos aos factos: quer eu, quer o meu colega e Amigo Germano Silva, andamos juntos na escola primária, ao tempo chamada do Palácio, mesmo frente à entrada oficial daquele nosso jardim. Os anos passaram e a escola foi desativada, mas como estava instalada em prédio alugado à família Van Zeller, ficou encerrada e sem movimento que se visse, até que, um dia, na frontaria surgiu o anúncio de ali se ir instalar uma escola destinada ao ensino musical de crianças. O velho bichinho de saber e comunicar, levou-nos a indagar qual a transformação e, por gentileza do diretor da Escola, com origem em Lisboa, e que para se encontrar connosco se deslocou ao Porto, soubemos toda a maravilhosa realidade. Ao tempo em que era Escola, o último andar era habitado por um casal de antigos professores, ali colocados a D. Belmira e o Senhor Moura. Ela é que comandava as "tropas" e conseguia dar aulas ao mesmo tempo que fazia o almoço, e ele era um apagado bom homem, colocado na

posição de diretor consorte mas (soubemo-lo posteriormente) dedicado melómano. Tinham uma filha e uma sobrinha, que estudavam na Escola do Magistério Primário e que, pelas aulas, às vezes, apareciam. Quando a escola acabou, o casal entrou em negociações com o proprietário, que lhes vendeu o imóvel a preço mais que acessível. E lá ficaram a viver todos, até que a porca da Parca foi cortando o fio da vida do casal e a filha seguiu para Lisboa, onde se colocou no Instituto de Meteorologia e só ocasionalmente vinha ao Porto, ocupando, então, o seu quarto, ao lado do da prima, que ali se mantinha. Talvez pela influência do pai, dedicou-se ao grupo coral do Instituto e descobriu, em Lisboa, uma escola dedicada ao ensino musical de crianças, com a particularidade de ser grátis para as que não tivessem outra possibilidade, mas tivessem vontade de aprender. Ficou deslumbrada com tal maravilha e logo lhe surgiu a ideia de que "uma coisa destas é que era precisa no Porto". O diretor da Associação achou graça e respondeu que para isso se concretizar só precisava de instalações acessíveis e viáveis, nesta cidade. Se o problema era esse, ela oferecia a sua casa no Porto, com a condição de manter o último andar ao serviço dela e da prima, enquanto viverem. "Negócio" fechado, com o requinte de oferecer também o piano do pai, que tem uma caixa de música incluída, a que acresceu quase cem cilindros, que ele possuía, e que utilizava na referida caixa. E que ainda funciona... E assim nasceu a Escola de Música Guilhermina Suggia, a funcionar em pleno na nossa antiga escola, e onde tenho uma amiga, de dez anos, a Catarina, que ali faz o seu aprendizado de guitarra. De propósito não divulgamos (nem ela o quer) o nome desta Benfeitora, mas queremos com isto afirmar do nosso muito contentamento por poder, com um exemplo destes, continuar a acreditar na humanidade, no altruísmo, no desejo de ser útil, mesmo à custa do desprendimento de algo de seu. Obrigado, querida Amiga, que fica sempre recordada em cada acorde, mesmo dissonante que seja, saído pelas mãos de uma criança num qualquer instrumento. Bem hajas. Júlio Couto

Para comentar esta crónica vá a www.viva-porto.pt e clique em “Notícias/Crónicas” 130




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