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Revista gratuita trimestral, dezembro 2012
Mónica Ferraz Voz e glamour Moda
O poder da natureza
Galiza
Turismo de emoções
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E D I T O R I A L
O abandono da ponte Como uma rosa enjeitada, abandonada e às escuras, a Ponte de D. Maria Pia, orgulho público de Gustave Eiffel, apodrece num incompreensível esquecimento das autoridades, centrais e locais, e da empresa responsável, a Refer, que gostaria de aliviar o que considera um pesado fardo. Verdadeira rainha das pontes sobre o rio Douro, é hoje uma assombração que durante mais de um século muito significou para as cidades do Porto e Gaia e para a história do caminho de ferro em Portugal. Em 2009 foi objeto de obras de beneficiação que incluíram a aplicação de uma proteção anticorrosiva e a pintura da estrutura metálica, obras orçadas em 2,4 milhões de euros. Depois de desativada, chegou a ser pensada para acolher um circuito turístico de comboios a vapor, entre as Devesas, em Gaia, e a Alfândega, no Porto. Mais recentemente projetou-se criar um circuito ciclo-pedonal entre Gaia e o Porto através da ponte, que chegou a ser protocolado em 2005 e, posteriormente, abandonado. Hoje, com a Refer a lavar as mãos e a empurrar com a barriga a responsabilidade da sua manutenção para as autarquias do Porto e Gaia, e estas a recusarem o que consideram um presente envenenado, o futuro da ponte nem ata nem desata, estando esta em total e desalentado abandono. As partes envolvidas nem sequer se entendem sobre quem deveria pagar a mais que obrigatória – e desejável – iluminação da estrutura. Urge, portanto, que alguém se preocupe com o futuro da Ponte Maria Pia, em 1982 classificada como monumento nacional pelo IGESPAR e, em 1990, International Historic Civil Engineering Landmark, pela American Society of Engineering. A construção da ponte em tempo recorde, aliado às dificuldades de transposição do enorme vão, concedeu a Eiffel a fama que procurava desde 1866, altura em que fundou a sua empresa numa sociedade com Théophille Seyrig. Para acompanhar os trabalhos o célebre autor da Torre Eiffel instalou-se em Barcelos entre 1875 e 1877. Construída entre 5 de janeiro de 1876 e 4 de novembro de 1877, por uma equipa de 150 operários a ponte é assim designada em honra de D. Maria Pia de Sabóia. De grande beleza arquitetónica, esteve ao serviço durante 114 anos tendo sido desativada em junho de 1991 por se ter tornado evidente que a velha ponte já não respondia de forma satisfatória às necessidades. Dotada de uma só linha, obrigava à passagem de uma composição de cada vez, a uma velocidade que não podia ultrapassar os 20 km/hora e com cargas limitadas. Foi substituída em 1991 pela Ponte de S. João. José Alberto Magalhães REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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S U M Á R I O
008 Mónica Ferraz PROTAGONISTA
014 Urgências 007 REPORTAGEM MÚSICA
022 Enólogos UM DIA COM
030 CEC 2012 GUIMARÃES
036 Dragon Force DESPORTO
050 Jardim da Cordoaria MEMÓRIAS
060 Porto Canal TELEVISÃO
064 MOMENTOS
068 Touradas ATRAVÉS DOS TEMPOS
102 SUGESTÕES
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FICHA TÉCNICA Propriedade de: ADVICE - Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede de redação: Rua do Almada, 152 - 2.º - 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel: 22 339 47 50 - Fax: 22 339 47 54 adviceporto@mail.telepac.pt adviceredaccao@mail.telepac.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto Editor José Alberto Magalhães Redação Marta Almeida Carvalho Mariana Albuquerque Fotografia Virgínia Ferreira Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto Célia Teixeira Produção Gráfica Diogo Oliveira Impressão, Acabamentos e Embalagem Multiponto, S.A. R.D. João IV, 691-700 4000-299 Porto Distribuição Mediapost Tiragem Global 140.000 exemplares
ÍNDICE 003 EDITORIAL 026 MODA 040 HIPERJANELAS 044 GALIZA 052 ATUALIDADE 058 DECORAÇÃO 074 AUTARQUIAS - PORTO 080 PORTO VIVO, SRU 082 ÁGUAS DO PORTO 084 EDP GÁS 088 AUTARQUIAS - MATOSINHOS 094 AUTARQUIAS - GAIA 098 ÁREA METROPOLITANA DO PORTO 104 FREGUESIAS 112 HUMOR 114 CRÓNICA
Registado no ICS com o nº 124969 Membro da APCT Depósito Legal nº 250158/06 Direitos reservados
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É já uma das vozes de maior sucesso a nível nacional e com uma boa projeção no estrangeiro. Mónica Ferraz é tripeira «de gema» e orgulha-se disso. Entre algumas brincadeiras com o filho, os gatos e “Ghost”, o cão, a cantora desvendou o seu passado e a sua nova etapa profissional, uma experiência que adjetiva como “fantástica”. Texto: Mariana Albuquerque/ Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
VOZ E GLAMOUR
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s recordações dos momentos vividos, aos três anos, no palco do Teatro Sá da Bandeira, com um tutu cor-de-rosa orgulhosamente vestido, fazem-na desconfiar de que, provavelmente, não saberia viver sem o contacto com o público. “Sinto que preciso mesmo dessa adrenalina”, confessou, descontraidamente, a cantora Mónica Ferraz, que assume contrastar as “pratas e os vestidos rodados” com a máxima “simplicidade de caráter”. E é com boa disposição e atenção focada no aparelho de monitorização do sono do pequeno Ían, o filho, que a artista portuense admite estar a viver os seus verdadeiros “Golden Days”. Depois de “dez anos de bons momentos” ao lado de João Pedro Coimbra, no projeto “Mesa”, a cantora respirou fundo e decidiu alinhar na aventura de uma carreira a solo, experiência que descreve como incrível. Já a trabalhar num novo disco, que deverá sair no primeiro semestre de 2013, Mónica olha para trás e jura não conseguir dissociar o seu percurso de vida do universo da música e da arte em geral.
PALCOS DE UMA INFÂNCIA “FELIZ E TRANQUILA” A carreira artística da portuense, que nasceu a 23 de março de 1980, começou bem cedo e por opção própria, com aulas de ballet e de piano. Aliás, com apenas três anos, Mónica Ferraz conquistou um diploma da “Royal Academy of Ballet and Dance”, aspeto que contribuiu para acentuar o seu gosto pela perfeição. “Os exames de final de curso eram realizados por professores ingleses. Fazíamos o exame e depois recebíamos, ou não, o diploma, sendo que eu tive a sorte de o receber”, contou, assegurando que gosta de “fazer muito bem as coisas”. “O que faço terá de ficar bem feito, caso contrário prefiro não o fazer. Sou, desde pequena, muito disciplinada e perfecionista”, acrescentou. Desta forma, o primeiro contacto com o grande público surgiu aos três anos, num espaço portuense que será, para sempre, um dos “mais especiais” para Mónica Ferraz – o Teatro Sá da Bandeira. De resto, é com grande saudosismo e carinho que a antiga voz dos Mesa descreve os seus tempos de menina. “Com o passar dos anos, tenho vindo a falar mais da minha infância, que foi muito tranquila e feliz”, garantiu, com um sorriso estampado no rosto. “Os meus pais proporcionaram-me várias coisas que eu gostava de poder garantir também ao meu filho”, afirmou, referindose, por exemplo, a viagens e idas ao teatro, experiências REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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que associa bastante ao seu crescimento como pessoa. tenho a necessidade de estar aqui para poder criar. Além das aulas de piano – hoje quase um instrumento Posso ter ideias noutras cidades mas este é o meu de culto para Mónica Ferraz – o percurso musical da ar- porto seguro, é onde consigo focar-me”, descreveu, tista passou também pela Escola de Jazz do Porto, sendo garantindo que nenhum outro local consegue ser tão que, em 1997 e 1999, integrou o cartaz de dois conhe- musical. Prova disso, acrescenta Mónica, é o facto de cidos festivais: o Matosinhos Jazz e o Funchal Jazz. “Tive existiram “tão bons artistas” criados junto ao Douro. aulas com a professora Fátima “Os GNR, o Manuel Cruz e os Serro e também estudei canClã, por exemplo, estão cá. to lírico com o professor Rui Trata-se, sem dúvida, de uma “Sempre vivi no Porto e de Luna, em Lisboa”, contou, cidade muito trabalhadora”, tenho a necessidade de garantindo que “o jazz é algo defendeu. “Talvez o facto de de que não se gosta logo à não ter a agitação das outras estar aqui para poder partida”, aprendendo-se a gosgrandes cidades faça com que criar. Posso ter ideias tar. “Comigo, pelo menos, foi as pessoas se disponham a noutras cidades mas assim. E depois de entranhar, trabalhar”, apontou Mónica, gosta-se eternamente”, afianque prefere “mil vezes o Porto este é o meu porto çou. A moda foi outra das áreas a Londres”, cidade “escura” na seguro, é onde consigo presentes ao longo da formaqual não se sente bem. focar-me” ção profissional da portuense. As próprias pessoas que per“A minha irmã fazia passagem correm as artérias portuenses de modelos e, um dia, fui com são uma fonte de inspiração a minha mãe à agência e perguntaram-me se queria fi- para a cantora, que dedicou, inclusivamente, um tema car e fazer umas fotografias”, contou, esclarecendo que do último trabalho – “Have a Seat” – aos sem-abrigo. a experiência acabou por se estender até aos 17 anos. “Não é bonito ver pessoas a viver na rua, mas eu consigo “Trabalhei com pessoas interessantes como a Olga Rego captar a beleza delas”, sublinhou, revelando que a ideia e o José António Tenente. Além disso, tive o prazer de central da música surgiu num dia em que estava senconhecer os fotógrafos Luís Magone e António Gamito, tada perto do Majestic, numa zona “onde vivem quatro que foram dois bons mestres para mim”, salientou, re- ou cinco pessoas”, e começou a imaginar como seriam ferindo já não se imaginar no universo da moda, talvez as suas vidas. pelo facto de estar a trabalhar naquela que é a sua ver- Apesar de todos os problemas que a cidade possa ter, dadeira “paixão” – a música. Mónica Ferraz garante não trocá-la por nenhuma outra. “O Porto está em explosão, é uma cidade maravilhosa”, “O PORTO É A CIDADE MUSICAL” descreveu, recomendando os passeios pelo Infante, junto ao “lindíssimo” Palácio da Bolsa, sem esquecer uma A Invicta foi o pano de fundo constante de cada vitória passagem obrigatória pelo coliseu. conquistada pela cantora. “Sempre vivi no Porto e
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UMA DÉCADA “DE CONCERTOS INCRÍVEIS” COM OS MESA Mesmo antes de alinhar a fundo como vocalista da banda portuense, Mónica Ferraz teve algumas “experiências bastante enriquecedoras” ao lado de outros artistas. Em 2001, participou no Festival RTP da canção, com “Secreta Passagem”, na sequência de uma “surpresa” realizada pelo compositor e letrista Miguel Braga, autor da canção. “O Miguel decidiu mandar uma música e depois disse-me ‘olha, Mónica, fomos selecionados’”, contou, entre gargalhadas. “Foi engraçado, mas eu não gosto de fazer parte de concursos”, acrescentou, explicando que os ambientes competitivos lhe roubam a serenidade, uma das suas caraterísticas. No ano seguinte, em 2002, surgiu o primeiro disco dos Mesa. “Eu e o João Pedro Coimbra temos um amigo em comum - músico e técnico de som - que nos apresentou. Na altura, o João andava à procura de uma voz e houve logo ali uma química musical bastante interessante”, revelou a cantora, que encara a participação na banda como “dez anos de muito bons momentos”. “Tivemos prémios, ganhámos os globos de ouro da SIC, demos concertos incríveis”, descreveu Mónica Ferraz. Entretanto, outras parcerias musicais viriam a aparecer, nomeadamente com a fadista Mafalda Arnauth e a Filarmónica Gil. “A Mafalda é uma excelente cantora. Nós tínhamos aulas no mesmo sítio, com o professor Rui de Luna, e ela sugeriu que eu participasse no disco ‘Encantamento’, que estava quase a sair. Eu já tinha feito no festival de Jazz de Matosinhos uma fusão de jazz com fado, por isso não me era estranho e ficou muito interessante”, contou. O trabalho com a Filarmónica Gil foi “inesperado”. “O Gil ligou-me e fez-me a proposta. Não estava à espera porque não nos conhecíamos pessoalmente, mas ele achou que a voz era a ideal”, frisou. Já depois de assumir o compromisso com os Mesa, a artista recebeu um convite do saxofonista Maceo Parker para fazer uma turnê nos Estados Unidos, que teve de recusar para não abandonar o trabalho desenvolvido com João Pedro Coimbra.
O “CHOQUE INCRÍVEL” DO TRABALHO A SOLO Há dois anos, Mónica Ferraz decidiu iniciar uma nova aventura musical, desta vez a solo. Num registo “completamente diferente” ao do trabalho dos Mesa, lançou “Start Stop”, com temas da sua autoria cantados em inglês. “Era um disco que já queria fazer há algum REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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tempo. Como tenho um estúdio, acabo por ter facilidade de trabalho e fui armazenando ideias na gaveta, até ganhar coragem de mostrá-las ao André Indiana, que foi o produtor”, referiu. Para a cantora portuense, atuar a solo é “incrível”. “Quando o André ouviu os temas perguntou-me ‘és louca? O que estás a fazer com isto guardado?’”, contou, acrescentando que ”o primeiro passo, por vezes, “é o mais complicado”. “Durante dez anos tive o apoio do João, tínhamo-nos um ao outro. A solo, o choque é diferente. Sou eu contra o mundo. Mas adoro a sensação. Não é uma desvantagem, é um desafio”, garantiu, revelando-se satisfeita com a diferença de registos conseguida nos seus trabalhos. “Uma das razões pelas quais cantei em inglês foi exatamente para que as pessoas não associassem o disco aos Mesa”, explicou, afirmando que, no próximo álbum deverá voltar a ter alguns temas em português. O feedback do público em relação ao “Start Stop” tem sido “muito bom”. “Tenho passado em algumas rádios, nomeadamente em França e no Luxemburgo. Talvez vá ter um contrato discográfico em Espanha”, desvendou a compositora, salientando, contudo, que o seu objetivo é o de vencer primeiro em Portugal. A provar que o novo trabalho conquistou o agrado do público, Mónica Ferraz foi nomeada para o título de Best Portuguese Act nos MTV Europe Music Awards 2012, que acabou por ser conquistado por Aurea. “Ser destacada, logo com o primeiro disco, no meio de tantos bons artistas portugueses é ótimo. Fiquei contente”, garantiu, confessando, contudo, que não gosta de perder. Por vezes abordada pelo público como duas pessoas distintas – para uns a Mónica Ferraz e para outros a vocalista dos Mesa – a portuense confessa gostar do contacto com as pessoas. “É bom sinal as pessoas reconhecerem-me. Gosto desse contacto. No final dos concertos, por exemplo, adoro que as pessoas venham falar comigo porque é assim que sabemos se estamos a falhar em alguma coisa e o que podemos melhorar”, no-
tou, reconhecendo, com satisfação, que os portugueses estão cada vez mais recetivos às propostas nacionais. Mónica Ferraz acredita que o papel das rádios tem sido também cada vez mais importante no apoio aos artistas. “As rádios portuguesas estão a apoiar brutalmente os músicos, que era algo que não acontecia há alguns anos. E é daí que surgem muitas oportunidades de concerto”, sublinhou, garantindo que é dos espetáculos que os artistas vivem, “nunca dos discos vendidos”. A artista atua na Casa da Música, a 20 de dezembro, em estreia absoluta do formato acústico na cidade de Porto.
DESFRUTAR DO “CAOS” DA CIDADE Nos tempos livres, não prescinde dos momentos passados no jardim da sua casa, em Vila Nova de Gaia, entre o filho e os amigos animais, os “verdadeiros donos da casa”. “Adoro mexer na terra e plantar. Gosto de ouvir música, de pintar e de andar de bicicleta com phones, para ver o que habitualmente não vejo”, revelou, sublinhando que, na altura dos ensaios dos Mesa, pedalava diariamente até à Boavista. Os passeios no centro da cidade, “no meio do caos”, são outras distrações da cantora. “Gosto de ver a agitação: parar, deixar passar os carros, ouvir as buzinadelas”, salientou. Se o tempo voltasse atrás, a autora de “Start Stop” não apagaria nenhuma passagem da sua vida. “Arrepender? Não, não me arrependo de nada, faria tudo igual”, respondeu com prontidão. E se os últimos anos da vida da artista têm sido ricos em conquistas profissionais, os últimos nove meses trouxeram-lhe uma surpresa que abalou positivamente a sua forma de encarar o mundo. “Não há nada que explique a sensação de ser mãe. É um amor inacreditável. Ele anda comigo por todo o lado, por isso é que é bastante comunicativo, passa de colo em colo e não chora. Tudo me parece diferente. É lindo”, descreveu, com a garra de quem está pronta para vencer mais um desafio.
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VIDAS EM
CONTRARRELÓGIO
A realidade vivida nos serviços de urgência dos dois hospitais centrais da cidade do Porto – São João e Santo António - é muito semelhante, constituindo, ambas as unidades, importantes pólos hospitalares do Norte do país. Uma panóplia de casos, entre os mais e os menos graves, passam diariamente pelos seus corredores, numa luta constante pela vida. Texto: Mariana Albuquerque/Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
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s corredores, completamente vazios e desimpedidos, transmitem a sensação de que o dia será calmo no Serviço de Urgência (SU) do Hospital de São João (HSJ), no Porto. Mas nada do que lá se passa é em vão. Os profissionais, aparentemente descontraídos, escondem um rigor de movimentos diretamente proporcional ao peso da responsabilidade das suas tarefas. Estão atentos aos sinais, aos ruídos, aos semblantes dos pacientes e sabem exatamente o que devem fazer num determinado momento. Na verdade, tal como conta Dulce Pereira, enfermeira chefe daquele SU, “é como se fosse um jogo de damas” – cada profissional conhece bem o seu lugar
URGÊNCIAS
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no atendimento, daí a implementação do Sistema de Triagem de Manchester. Assim, o doente não é atendido pela ordem de chegada, mas sim pela necessidade de intervenção mais ou menos urgente, de acordo com o tipo de patologia”, explicou João Sá, diretor do SU do HSJ.
SISTEMA DE TRIAGEM: UMA ESTRATÉGIA DE ATENDIMENTO O percurso efetuado pelos pacientes que recorrem às duas unidades está plenamente definido pelo sistema hospitalar. O doente chega, desloca-se ao serviço administrativo, faz a sua inscrição e é encaminhado para a sala de triagem, sendo-lhe atribuída uma prioridade - vermelha, laranja e amarela para os doentes emergentes, muito urgentes e urgentes, verde e azul para os doentes não urgentes. O acompanhamento dos pacientes até à respetiva área de atendimento é feito pelos assistentes operacionais e/ou enfermeiros. “Aqueles que entram em estado considerado grave são imediatamente deslocados para a sala de emergência sendo-
Se, por um lado, os ‘doentes vermelhos’ são vistos de imediato, o tempo de espera para o atendimento dos ‘laranja’ não deve exceder, idealmente, os dez minutos, sendo que os ‘amarelos’ devem ser observados na primeira hora. e sabe o que fazer no momento certo. Entretanto, do outro lado da cidade, abrem-se as portas para a entrada da maca que transporta um ferido grave resultante de um acidente de viação. A área vermelha, que acolhe os casos mais graves, é, de imediato, acionada e Pedro (chamemos-lhe assim) entregue ao cuidado dos profissionais do Serviço de Urgência do Hospital de Santo António (HSA), unidade integrada no Centro Hospitalar do Porto. Em ambos os casos, a introdução de um sistema de triagem, que estabelece a prioridade de atendimento de acordo com a urgência de cuidados de saúde, contribuiu em grande escala para a melhoria do funcionamento dos serviços. “Como havia uma procura excessiva, tivemos de estabelecer alguma justiça
lhes atribuída a cor vermelha”, salientou Isabel Almeida, diretora do Serviço de Urgência do HSA, referindo-se, por exemplo, ao caso de Pedro. Se, por um lado, os ‘doentes vermelhos’ são vistos de imediato, o tempo de espera para o atendimento dos ‘laranja’ não deve exceder, idealmente, os dez minutos, sendo que os ‘amarelos’ devem ser observados na primeira hora. Mas há que não esquecer também as chamadas “Vias Verdes”, cujos doentes adquirem uma prioridade máxima. “Na Via Verde Coronária, os pacientes entram diretamente para a sala de emergência e na de Sépsis entram para a área que a sua prioridade estabelece”, informou a enfermeira chefe, realçando a existência de um conjunto de cuidados desencadeados REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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no imediato. De acordo com Isabel Almeida, “cada vez menos doentes azuis recorrem à urgência, dirigindo-se a outras estruturas como os SASU, o que é bom para que o serviço se possa dedicar, assim, aos doentes que realmente necessitam de ajuda mais urgente”.
EQUIPA “ESPECIALIZADA” EM MEDICINA DE URGÊNCIA A par do sistema de organização proporcionado pela Triagem de Manchester, a existência de uma equipa médica dedicada ao atendimento primário é apontada por João Sá como uma das importantes evoluções registadas no SU do Hospital de São João. “Tradicionalmente, o atendimento primário era feito por médicos que vinham dos serviços. Neste momento, é feito por profissionais que pertencem ao quadro do serviço de urgência”, explicou, acrescentando que a alteração trouxe “inegáveis vantagens”, desde logo a instituição de um provedor do doente. “E depois, porque são médicos cujo principal interesse é a medicina de urgência. Os especialistas que, normalmente, faziam atendimento no SU tinham um conhecimento muito vasto na sua especialidade mas não dominavam todos os conhecimentos necessários a fazer este tipo de medicina”, sublinhou, realçando a existência de um conjunto de competências técnicas fundamentais ao desempenho profissional naquele ambiente hospitalar. A integração de uma equipa de médicos nos quadros do SU foi também importante – acrescentou o diretor – para que o serviço deixasse de ser encarado como “o parente pobre da medicina”. “Os médicos tinham alguma relutância em fazer urgências porque não viam só aqueles doentes que faziam parte do núcleo da sua especialidade, vendo-se obrigados a resolver problemas para os quais necessitavam de apoio de outras especialidades. Esta situação criava indefinições na assunção de responsabilidades e frustração. Com a especialidade de medicina de urgência, muitas destas questões ficam resolvidas”, referiu. A multidisciplinaridade dos SU é outra mais valia para o tratamento dos pacientes. À semelhança do que acontece no HSJ, o reencaminhamento dos doentes graves, quer para a área médica quer cirúrgica, no HSA, é feito com rapidez. Para além de ser uma unidade hospitalar com técnicas avançadas, disponíveis 24 horas por dia, é também o único hospital da AMP capaz de dar uma resposta cabal à Via Verde do AVC, incluindo a remoção do trombo por neurorradiologia de intervenção. “Este é
A multidisciplinaridade dos SU é outra mais valia para o tratamento dos pacientes. À semelhança do que acontece no HSJ, o reencaminhamento dos doentes graves, quer para a área médica quer cirúrgica, no HSA, é feito com rapidez.
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um serviço único no Norte do país”, refere Isabel Almeida. Todos os dias, uma equipa de 40 médicos assegura o funcionamento da urgência, entre especialistas destacados uma vez por semana para o serviço e tarefeiros contratados em permanência.
A VANTAGEM DOS “CORREDORES LIVRES” Outro ganho considerável para doentes e profissionais de saúde foi o facto de os doentes em maca e cadeira de rodas terem saído dos corredores - onde ficavam anteriormente - para junto das respetivas áreas clínicas. “Quem entrar no serviço vai pensar que tudo está extremamente calmo e que não há doentes porque, na verdade, os corredores de acesso à emergência (de quem vem do exterior e do internamento) têm de estar livres”, notou. “Essa foi a grande vantagem. Os doentes graves estão junto de nós. Os restantes pacientes têm espaços próprios de espera junto da área onde vão ser atendidos para estarem também mais próximos dos profissionais”, descreveu a enfermeira chefe. Por outro lado, a situação dos acompanhantes dos doentes tem também estado na lista de preocupações dos serviços de urgência, que caminham no sentido de uma “política de humanização” cada vez mais vincada. Ambas as unidades de saúde dispõem de um gabinete de apoio ao utente e ao acompanhante para “informar sobre todos os processos de atendimento”. De acordo
com Dulce Pereira, o facto de os acompanhantes poderem estar com os seus pacientes é muito positivo, “em primeiro lugar, porque estão calmos”, podendo observar os procedimentos dos profissionais de saúde, e depois porque o próprio doente fica mais satisfeito por estar na presença de alguém que lhe é próximo. “Além disso, existe no serviço uma Sala de Família, onde os profissionais informam sobre o estado de saúde dos pacientes e onde é possível chorar, descansar e ler”. “Era uma necessidade muito sentida pelos profissionais”, garantiu a enfermeira. Com os progressos registados nos últimos anos, os SU tornaram-se, essencialmente, funcionais, conseguindo, por exemplo, encurtar os tempos de atendimento. E se o atendimento aos doentes de cor vermelha sempre foi imediato, o de cor laranja tem vindo a melhorar progressivamente, constatam.
O EFEITO DO AUMENTO DAS TAXAS MODERADORAS Ainda que não existam, para já, estudos oficiais que avaliem o impacto da subida das taxas moderadoras na procura dos SU pelos pacientes, a verdade é que, entre os “profissionais de bata branca”, os efeitos já se fazem sentir. “Não temos nenhum estudo sobre esses dados em concreto, mas sabemos que o facto de a Taxa Moderadora ter aumentado – e de os transportes de doentes serem muito mais restritos - complicou a situação de
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Ambas as unidades de saúde dispõem de um gabinete de apoio ao utente e ao acompanhante para “informar sobre todos os processos de atendimento”
algumas famílias”, admitiu a enfermeira, reconhecendo o aumento do número de pessoas que regressam ao hospital na tentativa de obter os medicamentos prescritos, por não terem tido dinheiro para a sua aquisição. Além disso, as pessoas mais velhas têm procurado os SU em piores condições de saúde. “Os idosos chegam-nos cada vez mais desnutridos, desidratados, mal cuidados. Dá-me a sensação de que o cidadão protela a vinda à urgência”, afirmou, reiterando a inexistência de dados comprovados. Independentemente de uma maior ou menor associação entre o aumento da referida taxa e a procura do serviço, a verdade é que o número de doentes diminuiu em todas as urgências, de norte a sul do país. No último ano, a procura do SU do HSJ registou uma queda de dez
por centro. Ainda assim, a unidade hospitalar continua a ter um número excessivo de pacientes para o que seria considerado ideal. “Andamos entre os 600/700 episódios/ano de urgência por mil habitantes. Já tivemos mais. O ideal deverá estar situado nos 400 episódios/ano por mil habitantes”, referiu João Sá. Para o responsável, o decréscimo da procura está também associado ao aumento da capacidade de resposta dos cuidados de saúde primários. “Os doentes procuravam na medicina de urgência aquilo que não encontravam nos cuidados de saúde primários e, além disso, havia um certo facilitismo na procura do Serviço de Urgência que as taxas moderadoras e os orçamentos familiares mais baixos vieram refrear”, explicou. Numa análise semanal, a segunda-feira surge como o dia mais problemático – facto verificado a nível mundial – seguindo-se, por ordem decrescente, a terça, quinta, quarta e sexta, sendo que o fim de semana é o período com o menor registo de casos. A sazonalidade é, de igual forma, um fator que condiciona a ida às urgências: no outono, inverno e primavera registam-se os picos mais gravosos de acesso. “Durante o verão há um menor registo na afluência aos serviços de urgência por ser um período menos problemático em termos de doenças”, sublinhou Isabel Almeida, salientando que as perturbações de âmbito respiratório são as mais frequentes no outono e inverno e que as doenças cardiovasculares e a dor torácica se registam com frequência ao longo do ano. Em novembro, a média de afluência registada no SU do HSA foi de cerca de 400 doentes/dia.
FORTE DOSAGEM DE ADRENALINA E apesar da responsabilidade de terem, muitas vezes, a vida humana nas próprias mãos, é com um sorriso rasgado que todos os profissionais percorrem os infindáveis corredores do SU. O ritmo de trabalho é acelerado, mas a sensação de dever cumprido acaba REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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por falar mais alto. “se o cidadão vem cá é porque carece de cuidados e nós temos de dar resposta em tempo útil, temos o nosso brio profissional e o conhecimento do serviço que devemos prestar ao cidadão”, defendeu Dulce Pereira. “É um trabalho que, como se costuma dizer, dá pica”, acrescentou, com a determinação de quem adora a sua profissão. Nos momentos de maior agitação, os profissionais de saúde nem precisam de falar, tal é a adaptabilidade do seu desempenho. “Quando entra alguém ninguém os ouve. Ontem entrou um doente com um enfarte e, no espaço de dez minutos, estava na hemodinâmica, já com todos os cuidados inerentes à situação”, contou,
elogiando a “arte de saber e de saber fazer” de toda a equipa.. Ainda assim, no jogo entre a vida e a morte, não é possível vencer a totalidade das batalhas. “Não corre sempre tudo bem, somos seres humanos (...) Se mexe connosco? Mexe porque somos pessoas e vivenciamos as perdas das pessoas que cuidamos”, garantiu a enfermeira chefe, confessando que, por vezes, é necessário criar “uma capa” que lhes permita ultrapassar melhor determinada situação. “Nem sempre ganhamos o jogo e isso toca-nos”, reconheceu. Nesses momentos, os “heróis” de bata branca só têm uma opção: a de parar um pouco, respirar fundo e seguir para a próxima batalha da vida.
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ENÓLOGOS
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Despertar dos Sentidos Acompanham o percurso das uvas desde que são plantadas até ao momento em que se transformam em ‘néctares divinos’, sendo, ainda, responsáveis pela sua divulgação e comercialização. Os enólogos, uma espécie de ‘pai’ dos vinhos, são profissionais que têm de enfrentar “todos os desafios que as uvas lhes colocam”. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
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m enólogo é um profissional com características definidas, com tarefas de coordenação, supervisão e execução, sendo responsável pela produção e por todos os aspetos relacionados com o produto final desejado – o vinho. Manuel Vieira, enólogo da Sogrape, formado em Engenharia Agrónoma e com vários cursos de vinhos, enveredou pela profissão devido à sua precoce ligação à vinicultura. O pai, também enólogo e professor de Enologia no Instituto Superior de Agronomia, foi a figura que o marcou e que o fez enveredar pela profissão, embora não tenha recebido, de sua parte, nenhum tipo de incentivo porque, dizia-lhe o progenitor, “ganha-se mal”. “Acompanhei-o, desde sempre nas suas funções, nomeadamente quando fazia assistência enológica. O primeiro vinho que bebi, um espumante feito por ele, já na altura utilizando o método Charmat, foi Monte Serves, das Caves Camilo Alves. Tinha 12 ou 13 anos”, conta, salientando que foi depois de acabar a tropa, onde serviu no Ultramar, que decidiu enveredar pela Enologia. Mas o que é, concretamente, um enólogo e como vive o seu quotidiano profissional? De acordo com Manuel Vieira, e porque trabalham com um produto da natureza,
é alguém “que alia uma grande componente criativa e estética a um sólido conhecimento científico, no sentido de lidar da melhor forma com as condicionantes e com os desafios que as uvas lhe colocam”. Os enólogos devem ter, ainda, uma grande sensibilidade para “entender o vinho como um produto cultural” e não apenas industrial, e nesse sentido, acompanhar a história e a cultura para “criar vinhos originais e credíveis”. Fora da vindima, o dia a dia de um enólogo passa por “acompanhar, de perto, todo o ciclo da produção do vinho, fazer provas, falar e escrever sobre o vinho. “É tudo feito à volta do vinho”, garante Manuel Vieira.
“UM ENÓLOGO VENDE PERMANENTEMENTE OS SEUS VINHOS” O enólogo exerce também funções de vendedor e assume a parte de marketing relacionado com o produto. Manuel Vieira garante que, embora inconscientemente, o enólogo “está permanentemente a vender os seus vinhos”. Isto acontece com uma certa frequência até porque, em termos sociais, o vinho é um tema e um produto que REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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interessa a muita gente, e que motiva diversas questões, às quais o enólogo tende a responder “defendendo a sua dama”. Estes profissionais podem dedicar-se a uma só região vitivinícola ou podem atuar como polivalentes. Manuel Vieira encontra-se, atualmente, a trabalhar na região do Dão, na Quinta dos Carvalhais, e na do Vinho Verde, na Quinta de Azevedo. “É um desafio extremamente motivante, produzir vinhos diferentes, em realidade diferentes”, refere, salientando que um enólogo também se pode dedicar a vários tipos de vinhos (vinho, champanhe, vinho do Porto, aguardentes) não se especializando num só. “Quanto maior a variedade, maior a motivação, maior o desafio. Tanto gosto de fazer um vinho de grande consumo, como o Grão Vasco, ou um branco de guarda, como o Quinta dos Carvalhais Encruzado, espumante ou colheita tardia. São mundos diferentes, e posso participar em todos eles. Faz parte do prazer de ser enólogo poder experimentar coisas diferentes”, garante. A primeira etapa é a vinha. “Sem boas uvas não há bons vinhos”, garante. Após a preparação do terreno, as castas são plantadas entre fevereiro e março, começando a florir no final da primavera, amadurecendo as uvas sob o sol escaldante do verão. Nesta fase é importante saber “interpretar a uva, perceber o seu potencial e explorá-lo da melhor forma”. Para isso, é necessária uma atenção e dedicação extrema ao vinho durante todo o ano e não só durante a vindima, uma fase importante mas não a única. No início do outono, com as uvas já maduras, iniciam-se as vindimas, uma tradição de séculos. Pisam-se as uvas, esmagam-se e deixam-se fermentar. No final da fermentação o vinho está pronto. Os enólogos estão presentes durante todo o ciclo sendo que a prova é fundamental no processo. “É o instrumento número um do enólogo,
está acima de tudo”, garante, explicando que, quando provam e cheiram um vinho, o paladar e o olfato fazem uma análise que nenhum computador consegue fazer. “O vinho é um produto complexo, e nem tudo pode ser analisado em termos químicos. A análise organoléptica é essencial, e implica muita experiência e muita prática”, explica o enólogo. A qualidade do suporte onde bebemos é fundamental para saborear toda a qualidade do vinho. Manuel Vieira é, por isso, adepto de um bom copo. “O copo tem de ser apropriado de forma a transmitir-nos todo o potencial do vinho. Muitas vezes é por experiência que se percebe qual o ideal, mas é importante assegurar espaço para o vinho respirar e libertar todos os seus aromas, concentrando-os num espaço que nos permita senti-los”, enumera, acrescentando mais duas condições essenciais num copo: ter vidro fino e pé alto.
“O copo tem de ser apropriado de forma a transmitir-nos todo o potencial do vinho.
A AZÁFAMA DAS VINDIMAS
A época da vindima é a altura do ano em que o enólogo está mais ocupado, o que, de acordo com Manuel Vieira, não significa que ao longo dos restantes meses não haja um trabalho de acompanhamento e de gestão de rotina “assoberbante”. “Durante a vindima estamos totalmente comprometidos com a adega, assegurando uma boa nascença dos vinhos, mas ao longo dos outros meses do ano deambulamos entre os armazéns e as salas de provas. Há que acompanhar os vinhos que nasceram nos anos anteriores, e preparar o terreno para as vinhas do ano seguinte”, explica. “A grande paixão da minha atividade? Sem dúvida que é descobrir que fiz um vinho que me agrada e que considero bom. Estou sempre à procura do vinho ideal. Mas a verdade é que há sempre maneira de fazer melhor…e é sempre para o ano”, refere o enólogo. Brindemos!
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M O D A
O poder da natureza
PRIMAVERA/VERÃO 2013
As temáticas divergem de coleção para coleção, mas há denominadores comuns às várias propostas de vestuário apresentadas para a estação quente. Descontração, leveza e inspiração na natureza são algumas das apostas.
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s linhas pedem-se descontraídas, sobre silhuetas bem desenhadas – através de materiais que transpiram leveza – numa espécie de rima com os dias quentes que vão chegar. A passerelle das coleções primavera/verão 2013 já foi desvendada ao público, com as propostas de dez criadores consagrados, 16 jovens designers, quatro escolas de moda, sete marcas de vestuário e
Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Portugal Fashion
outras seis de calçado. E as sugestões reveladas na 31.ª edição do Portugal Fashion são para todos os gostos e feitios. Anabela Baldaque, a estilista que soma mais participações naquele evento de moda – 27 no total – recomenda a utilização de “peças leves, frescas, floridas e coloridas”, realçando, na sua coleção “A vida outra vez, se faz favor!”, vestidos que “evocam borboletas
PORTUGAL FASHION
poderosas”. “É uma necessidade de fluidez e de sonho. E alguma necessidade também de fazer com que as borboletas, que vivem durante um curto espaço de tempo, consigam ser perpetuadas”, mencionou a criadora. As cores, essas, “são as da natureza representada: “azuis perto do céu, polvilhados de brilho, pretos e brancos gráficos no desenho de plantas”. Os materiais escolhidos para a próxima estação dividemse entre as sedas e os algodões, “alguns etéreos e leves, outros densos e incorporados”. Muito apreciada pelo público feminino foi também a “Double Vision” de Katty Xiomara, com uma forte aposta em cores do globo terrestre: “uma ampla gama de azuis e verdes, tons neutros, entre o claro e o escuro, branco, creme, camel e marinho”. A estilista, bem conhecida no universo da moda, apresentou um trabalho rico em formas desconstruídas, ao estilo “faz tu mesmo”, criando sobreposições através da utilização de diversas peças acessórias. Inspirada na “elegância clássica e no lifestyle urbano
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das ruas de Londres”, a coleção masculina de Júlio Torcato caracteriza-se pelos “detalhes extremamente cuidados, com cortes rigorosos e materiais de altíssima qualidade, como puras lãs finíssimas ou misturas de sedas”. Na proposta do criador para a próxima estação, branco, dark navy e cinza pedra coordenam-se com cores mais intensas, como os verdes esmeralda, Amazónia e flúor. Luís Buchinho, por sua vez, propõe a recriação de “linhas arquitetónicas num ambiente ultrafeminino, elegante e sofisticado”. Com “Resort”, o estilista apresenta materiais que variam entre “o estruturado (algodão, stretch, tafetás de seda/poliéster) e o fluído (chiffon de seda, viscose, cetins de seda), recorrendo a estampados com motivos geométricos alusivos a vidros e espelhos. As diferentes peças acabam por reforçar o lado “casual e citadino” de uma coleção na qual predominam os tons neutros – preto, azulmarinho, branco e cinza-gelo – combinados com tons de pele e laranjas. O mesmo contraste cromático é REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
M O D A utilizado por Miguel Vieira na sua coleção “Perfume”, que exalta “culturas exóticas e paisagens idílicas”, recomendando, para os homens, “peças trabalhadas em base de alfaiataria”, e para as mulheres, um “jogo de volumes” entre peças estruturadas e outras casuais e soltas. Os dias quentes de Fátima Lopes surgem associados a uma “infância feliz, livre e de fantasia, vivida na ilha da Madeira”. “Luxuriant Paradise” apresenta peças estruturadas, um pouco futuristas, com formas justas, volumes, golas muito trabalhadas e recortes florais gráficos” a lembrar “os caleidoscópios da infância”. Na paleta de cores, destacam-se os rosas flamejantes, azuis reais e verdes, que se misturam “com os negros e os azuis do fundo do mar”.
A COLEÇÃO DO NOVA-IORQUINO MICHAEL BASTIAN No primeiro desfile que realizou na Europa, o designer de moda nova-iorquino Michael Bastian (detentor de uma marca de luxo para homem e responsável pelas linhas masculina e feminina da Gant) apresentou uma coleção inspirada na pintora norte-americana Helen Frankenthaler, numa piscina em Fire Island e na revista GQ do início dos anos 80. A lona, o algodão, o linho natural, a camurça leve, a ganga japonesa, o tecido gofrado sobretingido e a cachemira são alguns dos materiais chave do trabalho, no qual predominam os cor-de-rosa, azuis, verdes, cinzentos e alfazemas pálidos.
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Energias de futuro Doze meses depois do arranque oficial da Capital Europeia da Cultura (CEC), Guimarães provou a Portugal e ao mundo que a cultura pode ser um elemento dinamizador das cidades e das suas gentes. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: João Peixoto/ Paulo Pacheco (CEC 2012)
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m ano depois de desafiarem o mun- de requalificação do tecido urbano contribuiu, assim, do a conhecer a história do berço de para o aumento da área de visitação da cidade, que um país – no qual o coração, símbolo se intensificou “na oferta e na procura”. “Houve um oficial da Guimarães 2012 Capital Eu- aumento do número de equipamentos públicos mas ropeia da Cultura (CEC), já se encontra também dos privados, que têm uma natureza diferenabsolutamente entranhado em lojas, te e muito interessante”, referiu, assinalando o facto casas e muros – os vimaranenses prometem continu- de a cultura ter sido encarada como uma oportunidade ar a celebrar o que foram, são e querem ser. O orgulho de negócio. de um povo cuja força ainda assenta no elmo do Rei Para João Serra, presidente da Fundação Cidade de D. Afonso Henriques, “O Conquistador”, já faz parte dos Guimarães (FCG), “este ano confirmou que era possíroteiros internacionais, que somam testemunhos posi- vel fazer uma Capital Europeia da Cultura nos moldes tivos das experiências vividas sob o teto da CEC 2012. em que tinha sido planeada, ou seja, capaz de valorizar E o impacto do evento, esse, é percetível não só no muito a cidade, de realizar um programa cultural perterritório, mas também nas suas “gentes”. “A cidade tinente e inovador com recursos limitados e ajustados cresceu fisicamente e isso é visível”, notou a vereadora ao momento sem deixar de acreditar na cultura como da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães, Francis- elemento fundamental do desenvolvimento dos terrica Abreu, explicando que, “espaços outrora excluídos tórios”. O investimento prévio no “hardware” da cidade do mapa, regressaram à geografia da cidade com no- foi uma das mais valias destacadas pelo responsável. vas funções”, como é o caso da Plataforma das Artes, “Verificou-se que as apostas na requalificação urbana de Couros e do Laboratório da Paisagem. O processo e nos novos equipamentos funcionaram; foi possível
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realizá-las a tempo e horas e colocá-las à disposição dos cidadãos no decurso do próprio ano”, sublinhou. Ainda assim, o presidente da fundação entende que o “software” despoletado pela CEC 2012 foi de uma extrema importância, como “elemento vitalizador do interesse, da participação, da partilha, da ida a Guimarães”. “A cidade revelou-se a si própria e aos visitantes; preparou-se para estar em melhores condições para enfrentar os desafios das novas gerações”, referiu João Serra, salientando a criação de estruturas de produção “que vão permanecer para lá de 2012, habilitando a cidade a ser um centro produtor de cultura”.
“OS CIDADÃOS FAZEM ACONTECER, NÃO SÃO MEROS FIGURANTES”
soas reagem ao apelo da participação de uma forma muito interessante e diferente, fazem acontecer, não são meros espectadores ou figurantes”, assegurou a vereadora da Cultura, acrescentando que, no caso do Além de ter revolucionado o tecido urbano e a for- CAAA (Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura), ma de viver a cidade, Guimarães 2012 teve também “cidadãos jovens e qualificados juntaram-se, dizendo efeitos na própria atitude dos vimaranenses. “As pes- que queriam participar neste fazer da cidade de uma REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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forma diferente e na área cultural”. O novo paradigma de participação concede, assim, às pessoas uma liberdade acrescida de pensamento e de ação, levando-as a “responder aos apelos mas também a criarem os seus próprios desafios”. Também para João Serra, o “princípio colaborativo” da CEC foi, sem dúvida, “uma marca desta capital”. “Houve um conjunto importante de realizações em que os vimaranenses e, naturalmente, as pessoas dos outros concelhos participaram não só como consumidores mas também como atores. Aliás, acrescentou, estimase que cerca de 15 mil pessoas não profissionais tenham estado envolvidas na produção, na comunicação e mesmo no exercício performativo. Isto é algo de novo na história das Capitais Europeias da Cultura”, sustentou o presidente da FCG. Desta forma, para o responsável, a atitude dos vimaranenses acabou por ser uma “agradável” surpresa, “muito para lá do que se poderia ter adivinhado”. “No princípio de novembro de 2011, estávamos a rever todo o projeto, sobretudo neste ponto da sua relação com Guimarães, e procurámos fazer apelos ao patriotismo de cidade dos vimaranenses. Esperava, naturalmente, que a sua resposta fosse positiva, mas já ultrapassou todas as expectativas”, garantiu. “Sabíamos que tinha havido um período de desconfiança relativamente ao projeto, mas a resposta foi absolutamente excecional, de tal forma que a abertura da capital se transformou numa enorme festa mobilizadora que fez a cidade crescer de uma forma extraordinária”, constatou.
UMA CIDADE REFERENCIADA NOS ROTEIROS INTERNACIONAIS Segundo Francisca Abreu, a CEC 2012 permitiu também que Guimarães reforçasse a sua notoriedade e atratividade, “não só externamente, mas também internamente”. “O reconhecimento internacional serve como fonte de energia para nós próprios e para que continuemos a investir e a acreditar”, referiu a vereadora da Cultura, destacando o reforço da autoestima, do sentido de pertença e da memória do povo. Para além disso, mencionou, “Guimarães está referenciada nas redes internacionais, reforçando o seu papel e a sua importância, por exemplo, na Rede Internacional de Capitais Europeias da Cultura. A experiência da nossa CEC é dada como única e muito interessante pelas próprias cidades e pelas instituições europeias”,
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assegurou. A projeção internacional de Guimarães 2012 é, segundo João Serra, um dos aspetos de maior relevo nesta experiência mobilizadora de vivências, partilhas e personalidades. “Em todos os fóruns internacionais em que temos estado, Guimarães tem sido apontado como um exemplo, não porque nós o digamos, mas porque os visitantes que todas as semanas aqui têm vindo transmitem uma imagem muito positiva”, assegurou o responsável, recordando que, apesar de se tratar de uma capital a uma escala de pequena cidade europeia, a CEC 2012 “marcou pontos fulcrais”, sendo inclusivamente encarada como “uma referência”. “Não é por acaso que as candidatas a Capitais Europeias dos próximos anos estão a marcar visitas de trabalho a Guimarães para discutirem connosco as opções que fizemos e os resultados conseguidos”, declarou o presidente da FCG. O desempenho alcançado por aqueles que trabalharam diariamente no projeto da Guimarães 2012 veio “aumentar a responsabilidade de todos”, segundo defendeu Francisca Abreu, em declarações à Viva. “Quan-
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do aumenta a consciência do que se é capaz, dos direitos e deveres de cada um, aumenta a responsabilidade dos cidadãos e das instituições, dos que planeiam e pensam a cidade, dos que tomam decisões”, salientou.
DESAFIOS E VITÓRIAS DIÁRIAS E num evento de tão grande dimensão, resolver problemas e arranjar alternativas são ações de caráter diário. De resto, para Francisca Abreu, o tamanho do desafio de Guimarães 2012 está a ser diretamente proporcional à carga de sentimentos estimulantes trazidos pela CEC. “Todos os dias, os grandes eventos, projetos e programas têm problemas a resolver”, notou, sublinhando que, neste caso, o mais importante é mesmo “o resultado” obtido. A gestão financeira foi uma das áreas que mereceu mais cuidado por parte REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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resultados estão à vista, através do número de novos negócios, bares, restaurantes e ‘guest houses’. Ainda assim, sustentou, “os espaços que abriram a pretexto de 2012 são novos também pelo design, conteúdo e comunicação, apresentando uma concessão inovadora, cosmopolita e contemporânea que vem trazer uma lufada de ar fresco ao comércio tradicional”.
dos responsáveis. “A capital é financiada pelo QREN e só recebemos o financiamento após a entrega de comprovativos da despesa feita. Isso trouxe alguns problemas de ‘cash flow’, que nos obrigaram a muitas conversas. Mas, neste momento, os contratos de financiamento estão assinados e todos os projetos estão aprovados, o que nos dá uma enorme garantia de que o dinheiro vai chegar”, informou. Resolvidas as questões da gestão financeira, o processo de trabalho de Guimarães 2012 foi, de acordo com os responsáveis, uma sucessão de vitórias. “Demos um enfoque muito grande ao processo. Quase todos os programas e projetos foram realizados em contexto porque recusámos, desde o início, transformar a CEC num grande festival. O nosso objetivo era o de construir um evento único por estar a ser concretizado neste território único, com estas pessoas que também são únicas”, defendeu a vereadora da autarquia. E de facto, acrescentou, “não restam dúvidas de que a candidatura da cidade vimaranense a Capital Europeia da Cultura estava certa, assim como o painel de seleção que a escolheu”. Segundo Francisca Abreu, os
ATIVIDADES PROLONGAM-SE ATÉ JUNHO DE 2013 Para evitar um encerramento repentino do programa da Capital Europeia da Cultura, a lista de ações agendadas pela Guimarães 2012 estende-se até junho do próximo ano. “Este prolongamento decorre da própria natureza do evento”, explicou João Serra, notando que a área do pensamento foi uma das que precisou de mais tempo para a realização de debates. “O cinema também necessita de acompanhar a ida de alguns filmes aos festivais internacionais. É preciso, portanto, fechar a programação em algumas áreas nas quais um ano não é comportável em termos de ritmo e execução de trabalho”, descreveu, salientando que é fundamental avaliar os impactos sociais e económicos da capital. Por outro lado, segundo afirmou Francisca Abreu, Guimarães quis evitar um período de “ressaca da CEC”, pretendendo continuar a ser “uma cidade aberta, disponível e com a cultura no centro das suas políticas”. Assim sendo, para o ano, haverá ainda programas do serviço educativo que estão a acompanhar o ano escolar, tendo arrancado em setembro e terminando em junho. “E temos também atividades na área do pen-
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samento e da discussão da cidade, que foram uma mais valia durante toda a Capital Europeia da Cultura”, defendeu a vereadora. “Conseguimos ter no centro da nossa narrativa a cidade de Guimarães e queremos continuar a discuti-la e a refletir sobre o futuro dos cidadãos, as potencialidades e os recursos disponíveis para a construção dessa cidade da utopia que cada um tem”, referiu. De resto, tal como mencionou o presidente da FCG, Guimarães 2012 terá a capacidade de se prolongar no tempo, “no sentido em que o ´hardware` e ´software se encontram em transferência”. “O ‘hardware’ está na cidade, disponível, é preciso programá-lo, e o ‘software’ – a experiência de gestão cultural e de internacionalização – também tem de ser transferido para outras entidades”, afirmou, explicando que parte das funções da Fundação Cidade de Guimarães deverá ser absorvida por outras instituições da cidade ao longo de um processo que exige “cuidado, empenho e organização”.
O PASSADO COMO “FONTE DE ENERGIA” PARA O FUTURO Num momento em que a CEC 2012 já está a fazer um primeiro balanço do trabalho realizado nos últimos meses, há também que definir os desafios do futuro. “Depois de ter recusado, há umas décadas, o esqueci-
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mento e a decadência, insistindo profundamente na cultura, a cidade quer continuar a fazer história”, sublinhou a vereadora da autarquia vimaranense. “Guimarães não quis ficar amarrada ao passado, olhando-o como uma fonte de energia para construir o futuro”, acrescentou, referindo que a capital europeia serviu para provar que “é possível, através da cultura, juntar tradições e contemporaneidade”. Para Francisca Abreu, as melhores cidades são aquelas que se refazem continuamente, pelo que o território berço de Portugal pretende “manter a aposta no desafio de se intensificar, de se tornar criativo, inovador, cosmopolita e aberto a outros mundos”. De um modo geral, apontou João Serra, depois da CEC, Guimarães deverá funcionar, tal como vem fazendo, como “um grande centro de arte contemporânea capaz de atrair, fixar e ser uma referência na rede das pequenas e médias cidades europeias”. O efeito de “contaminação” da energia da capital está patente em qualquer canto da cidade. “Vejamos pelo logo – os corações estão em todas a casas, lojas, escolas, hospitais, nos sítios mais inusitados. As pessoas apropriaram-se da Capital Europeia da Cultura e esse era o nosso desejo”, realçou a vereadora, recordando um episódio em específico. “Há algumas semanas, desapareceu um coração que estava pendurado na parede exterior de uma loja e os proprietários deixaram um aviso a pedir para que o devolvessem porque fazia parte do espaço. O certo é que, poucas horas depois, o coração estava lá”, contou, afirmando que, mesmo através de gestos simples, é possível entender a disponibilidade das pessoas. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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Dragão Solidário No âmbito de um alargamento dos seus objetivos, a escola Dragon Force criou a «Bolsa Dragon Force Social» que integrou 21 crianças carenciadas nas suas equipas de futebol, bem como em todas as atividades realizadas a nível desportivo, pedagógico e social. Com esta iniciativa, e para além das vertentes da solidariedade, boas práticas e intervenção social, o clube pretende, ainda, a captação de novos talentos para o futuro.
FC PORTO
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Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
as crianças foram integradas em turmas onde, para além de todas as atividades pedagógicas e sociais, bem como o acompanhamento nutricional e de estudo, têm treinos bissemanais, potenciando a vertente desportiva aliada ao desenvolvimento de todas as capacidades motoras e intelectuais. Para além de todo o equipamento de treino, o «kit» disponibilizado à pequenada integra, ainda, a «Rede», uma caderneta onde se regista toda a informação do aluno e que resulta da triangulação entre a Dragon Force, a família (neste caso substituída pela IPSS) e a escola.
TREZE IPSS ENVOLVIDAS
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ão 21 os novos rostos que integram os planteis das diversas equipas de futebol da Dragon Force e que resultam de uma antiga intenção do FC Porto de promover a integração social e desportiva de crianças carenciadas. Neste sentido, os novos talentos “foram escolhidos entre cerca de uma centena de crianças, provenientes de treze Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), envolvidas nesta parceria com o clube azul e branco”, num “evento convívio do qual resultou a captação de mais de duas dezenas” referiu Ricardo Ramos, gestor do projeto Dragon Force. “A «Bolsa Dragon Force Social» tem duração de uma época letiva e a sua renovação está condicionada à avaliação de todos os intervenientes no processo”, explicou. Logo após a avaliação inicial,
As Instituições Particulares de Solidariedade Social envolvidas no projeto «Bolsa Dragon Force Social» estão divididas pelas cinco escolas que integram a Área Metropolitana do Porto sendo que a Dragon Force Porto acolheu seis crianças do Colégio Barão de Nova Sintra, Instituto Profissional do Terço e da Associação Católica Internacional ao Serviço da Juventude Feminina. A escola de Ermesinde integrou cinco crianças, entre o Centro Acolhimento Mãe D’água, FLEP e Lar Maristas de Ermesinde; na Dragon Force de Grijó foram colocadas três crianças, provenientes do Lar Juvenil dos Carvalhos e da Tenda Encontro, e na de Custóias outras três, todas vindas da Obra do Padre Grilo. As quatro restantes estão integradas na Dragon Force de Valadares e são oriundas da Aldeia S.O.S e da Associação Protectora da Criança. Para António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, esta é uma parceria importante sobretudo pelo acesso destas crianças, as quais “estão marcadas por um estigma”, a ambientes diferentes, integrado-as com outras crianças da sua faixa etária”. Para o provedor, o aspeto pedagógico e a cultura do coletivo, transmitida pela prática desportiva, são também fatores que contribuem para o seu bem estar e para a transmissão de posturas diferentes, essenciais à formação da personalidade. “Esta é uma oportunidade que lhes proporciona uma viagem ao «Palácio dos Sonhos»”, refere, salientando que, há semelhança de outras, também muitas delas têm o sonho de poder vir a ser “vedetas na área desportiva”. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
D E S P O R T O
BOAS PRÁTICAS SOCIODESPORTIVAS A Taça da Alimentação, um torneio de cariz social resultante de uma parceria entre o FC Porto e a Associação Empresarial de Portugal – através da campanha «Compro o que é nosso» - pretende uma promoção da atividade física e desportiva aliada a práticas alimentares saudáveis. Assim, e ao longo do ano, serão realizadas várias edições desta taça, bem como de outras taças temáticas, que pretendem a angariação de diversos produtos entre os cerca de três mil alunos das escolas Dragon Force de todo o país, os quais são, posteriormente, doados aos alunos A Taça da Alidas instituições envolvidas nesta mentação, um parceria ou a outras IPSS escolhitorneio de cariz das pelas escolas Dragon Force, fora do âmbito da Área Metropolitana do social resultante Porto. Na última edição da Taça da de uma parceria Alimentação, que decorreu em outuentre o FC Porto bro, participaram cerca de 700 criane a Associação ças, envolvidas em várias equipas com nomes de frutas e vegetais. Ao longo Empresarial de do evento houve ainda tempo Portugal – atrapara diversas degustações, Show vés da campaCooking, promoção de produtos nha «Compro alimentares nacionais e diversos jogos que envolveram os alunos o que é nosso» e que testaram os seus conhecimen- pretende uma tos sobre os alimentos. Para além promoção da da Taça da Alimentação, que envolve atividade física a recolha de bens alimentares para crianças carenciadas - e que já tem e desportiva nova edição programada para a aliada a práticas época natalícia - a Dragon Force tem alimentares vindo a promover outros torneios de saudáveis. angariação, nomeadamente a Taça das Nações e a do Ambiente, com vista à recolha de roupa, livros, calçado e material escolar. Ainda durante o mês de dezembro, as 100 crianças que estiveram envolvidas no torneio convívio, do qual resultou a captação das 21 escolhidas para integrar a escola de futebol, irão participar em diversas atividades promovidas pela Dragon Force, como jogos e uma visita ao estádio do Dragão, onde, em novembro, aquando do FC Porto – Marítimo, foram entregues os diplomas aos 21 bolseiros Dragon Force. A integração destas crianças nos campos de férias de 2013 (Páscoa e verão) é, de igual forma, uma intenção do clube azul e branco.
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A nova geração de portas e janelas em alumínio FIN-Project apresenta um conjunto de características funcionais Excelente isolamento térmico
As portas e janelas FIN-Project da FINSTRAL estabelecem novos padrões para o futuro da indústria de janelas. O desenvolvimento técnico constante da referida marca garantiu a combinação de dois materiais credenciados: perfis de alumínio de elevada qualidade e de simples manutenção pelo interior e exterior, unidos por um núcleo de material de rotura térmica com multicâmaras. Os detalhes inovadores do novo sistema procuram alcançar excelentes resultados de isolamento térmico. A utilização de perfis isolantes com multicâmaras e junta central, separador de vidros termicamente otimizados e vidros triplos, garantem valores de isolamento térmico comprovados até Uw 0,83 W/m²K.
Modernidade da versão com aro e folha alinhados pelo interior
A execução da janela com aro e folha alinhados no interior dá origem a um estilo especialmente moderno e simples, que pode ser combinado com qualquer uma das variantes de folhas, sendo aplicadas dobradiças ocultas.
Versão com aro oculto pelo exterior
As janelas e portas do programa FIN-Project também podem ser instaladas com aro oculto pelo exterior. Neste caso, os perfis do aro fixo da janela são revestidos por completo, na parte superior e dos lados, com o sistema de isolamento térmico até ao reboco.
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Variedade de modelos
De acordo com as exigências estéticas e com o tipo de construção, existem quatro variantes de folhas: Novaline com folha oculta pelo exterior, Classic-line com folha esbelta semi faceada, Ferro-line com aro distinto e aspeto de aço e a folha combinada Twin-line, com veneziana integrada no espaço intermédio dos vidros, protegida da intempérie.
1. Nova-line
Máximas superfícies de vidro e excelente isolamento térmico Valor de isolamento da janela: Uw 0,83 W/m2K O design em alumínio elegante e discreto desta versão é caracterizado pelos seus perfis esbeltos. O perfil da folha apenas visível pelo interior proporciona generosas superfícies de vidro e otimiza a entrada de luz nas habitações. O design simétrico da combinação de elementos fixos com folhas móveis contribui para o aspeto harmonioso da fachada.
2. Classic-line
Estática elegante e tradicional Valor de isolamento da janela: Uw 0,85 W/m2K A versão clássica do programa FIN-Project proporciona ao edifício uma estética tradicional e intemporal. O aspeto esbelto e discreto dos perfis, tanto pelo interior como pelo exterior da janela, está associado ao delgado perfil da folha.
3. Ferro-line
O aspeto esbelto e clássico do aço Valor de isolamento da janela: Uw 0,85 W/m2K A aparência do aço da versão da folha Ferro-line é particularmente adequada à renovação de janelas antigas em aço mas também a obras modernas. Mantém-se a estética clássica do aço. Pelo exterior, a folha Ferro-line convence pelos seus perfis elegantes de 26 mm de largura com cantos muito marcados.
4. Twin-line Nova
A janela de alumínio multifuncional com veneziana integrada Veneziana integrada no espaço intermédio dos vidros Ao design simples e intemporal aliam-se as múltiplas vantagens da folha combinada: o isolamento acústico é conseguido especialmente graças aos grandes espaços intermédios entre vidros e ao terceiro vidro de 6mm da folha combinada. A veneziana integrada no espaço intermédio dos vidros, protegida das intempéries, permite a regulação individual de luz natural e obscurecimento da habitação.
Elevado nível de segurança
As ferragens de segurança de alta qualidade, utilizadas na execução standard, os pontos de fecho de segurança posicionados em todo o perímetro, as dobradiças com capacidade de carga até 130 Kg e os vidros colados garantem a funcionalidade a longo prazo da janela e dificultam o arrombamento das folhas. Vidros laminados de segurança protegem contra quebra de vidro e reduzem o risco de lesões em caso de acidentes e situações de pânico. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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Puxadores de janelas
A gama de puxadores FINSTRAL é ergonómica e funcional, permitindo um manuseamento fácil e confortável das janelas e portas. A gama inclui vários modelos, todos disponíveis também na variante com elevada proteção mediante bloqueio com chave.
Segurança funcional a longo prazo
A fixação entre o vidro e o perfil da folha em todo o perímetro alcança uma maior rigidez angular e resistência à torção do perfil da folha, enquanto garante a sua segurança funcional a longo prazo. Uma técnica de fixação especial possibilita perfis mais esbeltos e oferece um bom isolamento térmico e proteção anti-intrusão.
Sistema hermético ao vento e ao impacto da chuva
As janelas e portas FIN-Project, equipadas com junta central, satisfazem em sistema e elaboração as mais altas exigências e resistem a extremas condições meteorológicas. As esquadras dos perfis soldadas, herméticas ao ar e à água, e as juntas firmemente unidas com o aro garantem os melhores valores de impermeabilidade ao ar e hermeticidade ao impacto da chuva.
Ótima proteção solar
Com a aplicação dos vidros especiais de proteção Multivalor Sun e Platin Sun, as habitações com janelas de grandes dimensões permanecem mais frescas. Estes vidros permitem bons valores de transmissão de luz, enquanto protegem do calor excessivo. Para uma regulação individual da incidência de luz e de calor, recomenda-se a janela de alumínio com folha combinada Twinline, com veneziana integrada no espaço entre vidros, protegida das intempéries.
Reciclável
Os elementos FIN-Project são concebidos de tal forma que as janelas desmontadas se decompõem nos seus elementos básicos e se separam nitidamente. De seguida, o PVC e o alumínio são submetidos a vários processos de reciclagem.
Qualidade testada e certificada
A marca FINSTRAL e os certificados de produto de instituições independentes refletem a excelente qualidade de todos os elementos, desde a seleção ao controlo dos materiais, aos processos integrais de produção e monta-
Edifício "Via Norte TradeCenter" Rua do Espido - E.N.13 - Entrada 98 - Loja 5 4470 – 038 Maia Tel: 229 484 889 / 890 Fax: 229 488710 Tlm: 93 495 22 00 http:www.hiperjanelas.pt
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TURISMO DE EMOÇÕES Nesta edição, a Viva convida-o a viver a Galiza de dez formas diferentes, desfrutando dos seus “Faróis e Praias”, do “Património Oculto”, dos “Santuários Mágicos” e “Bosques”, de “Dez Lugares Únicos”, dos seus “Vinhedos” e “Mananciais”, da “Rota da Camélia”, do “Caminho de Santiago” e ainda do “Mar”. Fotos: Turgalicia
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erra de água e vento, a Galiza esconde um misto de paixão, alegria e saudade, além da forte carga artística e histórica que comove os visitantes em cada percurso. Num claro desafio emocional aos fãs das “viagens mágicas”, o Turismo da Galiza lançou dez pacotes turísticos destinados a desvendar os eternos segredos de um lugar feito de experiências. E as opções são para todos os gostos, convidando a um passeio pelo “Património Oculto” em direção aos “Faróis e Praias Selvagens”, com paragem recomendada nos “Bosques da Galiza”, nos “Santuários Mágicos” e nos “Dez Lugares Únicos”. O “Mar”, os “Vinhedos” e “Mananciais”, o histórico “Caminho de Santiago” e a “Rota das Camélias” são outros ingredientes que prometem fazer “vibrar, sentir e sonhar”.
VIVER A GALIZA ATRAVÉS DOS CINCO SENTIDOS De um modo geral, os pacotes turísticos disponíveis, que podem ser conhecidos em detalhe no sítio da Internet da Turgalicia – www.turgalicia.es, foram definidos para proporcionar momentos de amizade, simpatia e ternura – sentimentos de inigualável importância para os galegos. Os “Santuários Mágicos”, por um lado, garantem passeios por templos únicos, onde peculiares rituais religiosos se misturam com as mais antigas lendas pagãs. Os turistas são, por exemplo, convidados a pedir três desejos em Santo André de Teixido, famoso lugar de peregrinação, e a conhecer outros santuários do norte da Galiza. A “purificação da alma”, a “paz” e o quebrar da rotina para entrar num “mundo de mistério” são os principais ingredientes associados ao referido pacote turístico. Se, por outro lado, os visitantes estiverem dispostos a desvendar um “Património Oculto”, há um conjunto de pequenas vilas que apresentam a suas próprias “jóias” artísticas e etnográficas: igrejas inseridas em mosteiros desenhados na própria paisagem natural, moinhos que parecem aprisionados no tempo e petróglifos que revelam a vida dos nossos antepassados. Conhecer as Pedras Sagradas da Costa da Morte, a Ribeira Sacra, os segredos ocultos nas terras de Celanova, Baixa Limia e Allariz e ainda descobrir o passado das Terras de Lugo são algumas das opções à disposição dos visitantes. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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A fazer jus ao constante som galego do mar a bater nas rochas, o terceiro pacote turístico é dedicado aos “Faróis e Praias Selvagens”, oferecendo experiências, por exemplo, pelas maravilhas naturais da Marina Lucense, rota do mexilhão e pelas praias de Rias Baixas. O Turismo da Galiza convida, assim, os visitantes a “viverem” a costa de formas diferentes: através de mergulhos refrescantes, pausas para fazer surf e visitas às ilhas onde os faróis contam histórias de outros tempos. De salientar também o pacote turístico que promete quebrar a rotina do dia a dia através da paz e do refúgio na natureza. Com “Bosques da Galiza”, os turistas são convidados a conhecer os mistérios de Cortegada e da Fraga das Barbudas, assim como o Bosque do Eume – ecossistema de elevada biodiversidade, particularmente no que diz respeito à flora.
Numa terra que não deixa ninguém indiferente, nada melhor do que partir à descoberta dos dez lugares verdadeiramente “únicos”. As Ilhas Cíeis ou as falésias de Vigia Herbeira são duas das sugestões, que apontam ainda para alguns monumentos Património da Humanidade, como a Muralha de Lugo, a Torre de Hércules ou o Caminho de Santiago e seu Centro Antigo, lugares únicos pela sua beleza arquitetónica e paisagística, como a Ribeira Sacra ou Ferrol e outros locais de grande valor mitológico ou histórico, como o Cabo Finisterra ou o Castro de Santa Tegra. E como a vinha é, há séculos, uma das grandes protagonistas da paisagem da Galiza, os turistas são também convidados a descobrir as Rotas do Vinho, passeando pelos próprios vinhedos. Atualmente, Rias Baixas, Ribeiro, Ribeira Sacra, Valdeorras e Monterrei são as
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denominações de origem de alguns dos melhores vinhos da cena internacional, que podem ser saboreados pelos visitantes no próprio território galego. “Belas e enigmáticas”, as camélias constituem outra rota a ser descoberta, embelezando os jardins da Galiza desde o início do século XIX. A “Rota das Camélias” sugere, assim, um percurso através de 12 palácios e jardins, públicos e privados, onde a flor “reina em todo o seu esplendor”. O Palácio Quinones de Leão e os Paços de Oca e Santa Cruz de Ribadulla, talvez os mais antigos da Europa, são alguns dos pontos obrigatórios do pacote turístico. A tradição termal é outro dos elementos diferenciadores da Galiza, terra de lendas, de literatura e até de canções populares dedicadas às suas águas. Aliás, já os romanos souberam utilizar os seus inúmeros mananciais para melhorar a saúde mas também para divertimento. Com um pacote inteiramente dedicado ao termalismo, é possível desfrutar de spas profundamente renovados que atraem cada vez mais jovens pelas suas vantagens terapêuticas e pelos momentos de sossego que proporcionam. A nona experiência turística disponível permite uma aventura num barco de pesca para uma verdadeira jornada com toda a tripulação. No Turismo de Mar, os visitantes são convidados a participar em atividades com pescadores, marisqueiras e confrarias e a desvendar os segredos do ofício. Apreciar uma viagem especial pelo rio para conhecer os criadores de ostras, desfrutar de um passeio de barco admirando os golfinhos ou visitar uma lota e assistir à venda de peixe e marisco são algumas das sugestões apresentadas pelo Turismo da Galiza. A viagem pelas emoções não ficaria completa sem a rota de peregrinação mais antiga da Europa: o “Caminho de Santiago”. Todos os anos, milhares de peregrinos de diversas nacionalidades concretizam o percurso, através de diferentes itinerários como o Caminho Francês, o do Norte ou o do Sudeste-Via da Prata. Desta forma, independentemente das sus crenças, os visitantes são desafiados a alinhar numa viagem espiritual que os leva ao encontro da natureza, dos outros e, sobretudo, de si mesmos.
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O jardim da ÁRVORE DA FORCA Denominado de João Chagas, mas mais conhecido por Jardim da Cordoaria, este espaço verde, circundado por importantes edifícios históricos, foi um dos locais mais frequentados pela burguesa sociedade portuense do século XIX. Durante mais de três séculos ali viveu um ulmeiro conhecido como «árvore da forca» que acabaria por ‘morrer’ em 1986, inocente de tais crimes. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
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onstruído onde na Idade Média existia o Rocio da Cidade - que mais tarde se chamou Campo do Olival - a designação pela qual o jardim é, vulgarmente, conhecido deve-se à cordoaria do Bispo, que ali se instalou no século XV. Em 1611 o antigo campo foi convertido em alameda (Alameda dos Olivais) e, mais tarde em Passeio Público, sendo que as velhas oliveiras foram substituídas por um grande número de ulmeiros. Em 1839, passou a designar-se de Campo Mártires da Pátria. O jardim viria a ser criado pelo paisagista alemão
Emilio David, em 1865, de acordo com uma proposta do visconde de Villar d’Allen, vereador da cidade. No século seguinte, depois de devastado por um violento ciclone (fevereiro de 1941), viria a ser replantado e a sua fisionomia alterada, devido à destruição total do arvoredo. O único exemplar que resistiu ao vendaval foi um dos ulmeiros plantados em 1612, que viria a ficar conhecido como «árvore da forca» e que se manteve firme por quase quatro séculos, acabando por morrer em 1986. Alguns dos enforcamentos decorrentes de diversos episódios da história da cidade, viriam a ocorrer, sim, na zona da Cordoaria, mas, de acordo com os
JARDIM DA CORDOARIA
relatos dos especialistas, nunca na dita árvore que a “imaginação popular”, tão injustamente, propagou, como é o caso dos revoltosos que protestaram a medida do Marquês de Pombal que proibia os taberneiros do Porto de venderem vinho a retalho, ou dos 12 liberais, enforcados em 1829, por motivos políticos, na Praça Nova (atual Praça da Liberdade) que viriam, posteriormente, a ser considerados como “Mártires da Pátria”. Com plantas raras que rodeavam um extenso lago, estátuas, bancos e o tradicional coreto, o jardim era frequentado por todas as classes sociais da época, e mais tarde, pelos estudantes da universidade (e insti-
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tuições embrionárias), que ali encontravam um espaço ideal para estudo e lazer. Até ao princípio do século XX foi considerado jardim botânico, pela variedade de plantas que lá existiam. Recentemente, no âmbito do Porto - Capital Europeia da Cultura - 2001”, foi alvo de obras de remodelação que alteraram, de novo, a sua fisionomia. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
Portuguese
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PRIORIDADE À MODA NACIONAL
FASHION NEWS
No âmbito do projeto Portuguese Fashion News, a Associação Selectiva Moda, em parceria com a ESAD, apresentou, em outubro, mais uma edição da final do Concurso Novos Criadores PFN que teve como cenário a Fábrica de Santo Thyrso. A concurso estiveram 17 alunos, de nove escolas de moda nacionais. Estimular a criatividade e inovação dos jovens designers é o principal objetivo da iniciativa, que possibilitou a interação entre estes jovens e os fabricantes nacionais de tecidos e acessórios, que cederam a matéria prima, viabilizando, assim, o projeto. Desta forma, o PFN pretende não só demonstrar a capacidade criativa dos jovens mas também o que de melhor se produz em Portugal ao nível da combinação entre os têxteis, a moda e a tecnologia. O júri do concurso foi composto por Júlio Torcato , estilista, António Cunha, representante da Orfama, Teresa Marques Pereira, representante da Cheyenne e Sílvia Fauró, jornalista da Vogue Espanha, todos eles profissionais conceituados do mundo da moda nacional. Os três vencedores foram escolhidos pela componente criativa, inovação e qualidade dos coordenados. O 1.º lugar foi para Priscila Franco, da Universidade da Beira Interior, com tecidos da Somelos Tecidos; o 2.º lugar coube a Ana Isabel Ribeiro, da Modatex Porto,
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com tecidos LMA e a 3.ª posição a Maria João Mano, da ESAD, com tecidos Riopele. Também em exposição na Fábrica de Santo Thyrso estiveram três fóruns do setor como o Fórum Tendências de Tecidos – identificação de novos materiais que permitam a execução de têxteis técnicos e inteligentes e novas aplicações, não apenas na área da moda mas também na casa, design urbano, automóvel, saúde, entre outros; o Fórum de Tendências de Confecção – que tem por objetivo demonstrar a importância da moda e do design como fatores de competitividade na indústria, bem como a introdução de novas tecnologias e materiais que permitem novas aplicações e novas vias para a criatividade; e o Fórum da Criança – espaço de divulgação das novas tendências do universo infantil no que se refere não apenas à moda, mas a uma nova forma de comércio que se está a implementar internacionalmente.
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MIL PASSARAM PELO MERCADO DE SABORES
Foram mais de 15 mil os portugueses que visitaram o Mercado de Sabores, que decorreu, em outubro, na Alfândega do Porto, onde apreciaram e degustaram os melhores sabores de Portugal. Todos entraram numa verdadeira viagem às raízes da gastronomia portuguesa com o toque especial dos melhores chefes, apoiando a produção nacional. Com a presença dos produtores nacionais do Clube de Produtores Continente, de quatro regiões de Portugal – Norte, Centro e Vale do Tejo, Sul e Ilhas - representadas pelos chefs Justa Nobre, Hélio Loureiro, Luís Baena e Henrique Sá Pessoa, a Alfândega recebeu ainda os Chefs Rui Paula, Ivo Loureiro, Lígia Santos, Marta Barroso, Pedro Lemos, Luísa Lucas, Américo dos Santos, Mónica Pereira e Nuno Inverneiro, que fizeram as delícias de todos os
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participantes. Ao longo de um final de semana, o Mercado de Sabores e o Porto.Come ofereceram uma verdadeira viagem de sabores e muita animação, com um conjunto de iniciativas e degustações ímpares do que melhor se faz na gastronomia portuguesa, numa seleção dos melhores produtos regionais, confecionados à moda antiga. O Mercado de Sabores do Porto contou com o apoio do Porto.Come, RTP, Rádio Renascença e com a colaboração especial do Clube de Produtores Continente, representado pelos seus 43 produtores nacionais, que deram a conhecer as origens e proveniência dos melhores produtos e aromas de Portugal.
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E.LIFE
CRIA “SOCIAL BUSINESS PARA TODOS” Pioneira em Portugal e no Brasil em monitorização e análise de tudo o que se diz na Social Media, a E.Life, sedeada em Portugal desde 2007, vai agora alargar a sua oferta às médias empresas, através do lançamento do Buzzmonitor, uma nova plataforma que permite às empresas, que até agora não tinham acesso à monitorização, uma análise do que se fala sobre as suas marcas nas Redes Sociais. Acreditando que o Buzzmonitor será uma ferramenta muito útil para a gestão das empresas, dando-lhes acesso à informação que, até hoje, só estava disponível para as grandes marcas, a E.Life denominou este projeto de “Social Business para todos”. A grande inovação desta plataforma prende-se com a capacidade para criar uma estrutura de pastas e
relatórios customizados, assegurando que os outputs que daí se retiram são, de facto, orientados a cada um dos negócios. Com este novo serviço, o acesso à tecnologia de monitorização das redes sociais vai ter um investimento proporcional ao volume de dados a analisar, ou seja, vai permitir que empresas mais pequenas paguem muito menos por este serviço. Para além desta novidade, a E.Life acaba também de disponibilizar um novo serviço, o E.Life TV.meter , uma ferramenta que permite às empresas medir o sucesso das campanhas que realizam na televisão através das redes sociais, através de uma série de parâmetros. De acordo com Joana Carravilla, Country Manager da E.Life em Portugal e Espanha, “as marcas que investem em spots publicitários para televisão esperam obter o melhor retorno, percebendo também o que funcionará melhor para o seu produto. Até agora, sem a ajuda das redes sociais, a publicidade era unidirecional. Neste momento, e graças à capacidade de interagir com os internautas, podemos avaliar de imediato o impacto de um anúncio na televisão. Através do E.Life TV.meter, vamos ajudar as marcas a compreender melhor o seu público e a direcionar a sua estratégia através de campanhas televisivas mais eficazes”.
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MUUDA DE IDEIAS
Partindo em busca de lugares que fazem deste Natal uma época ainda mais especial, na cidade do Porto, reencontramos, na Rua do Rosário, um espaço muito conceptual, mas tradicional, que nos sugere ideias, apelativas e atuais, para os presentes mais criativos. O MUUDA incentiva-nos a mudar de vida, de trabalho, de estilo ou até mesmo de namorado mas, também a apostar num comércio tradicional e, ao mesmo tempo, inovador. Foi por isso, que mais uma vez não resistimos e, para este Natal, selecionamos uma série de produtos nacionais com tradição, design e inovação que promovem um conjunto de artistas que demonstram o que se faz bem no país. O espaço, emblemático e multifacetado, pode ainda ser o palco ideal para um jantar de Natal de amigos ou profissionais, pouco convencional. Um espaço a ver ou rever!
MUUDA DE ARTE Patente no MUUDA até ao mês de janeiro de 2013, a Exposição de pintura de Kasia Gubernat da série “Cover”, consiste em pinturas a óleo sobre tela. Através do processo criativo, permite-se uma renovação da realidade que assenta na flexibilidade de adaptação, transformação e reação do que nos rodeia. No entanto, este não é um processo pacífico: a sucessão de imagens, dentro de um espaço indefinido, aponta para estados de espírito que associam, insinuam e suscitam dúvidas. A ausência de contexto ressalta e confunde, cada imagem flutua sobre um fundo perdido, branco ou negro.
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D E C O R A Ç Ã O
Gama Vinyl
garante a qualidade do ar interior Numa altura em que a renovação da decoração do lar assume particular importância, a CIN ajuda a mudar a casa sem mudar de casa, apresentando várias opções de produtos com a máxima qualidade que lhe permitem alterar os espaços dotando-os de um maior conforto. Mudar a cor de uma divisão ou até mesmo de uma só parede pode fazer a diferença na decoração e a CIN, sempre atenta às necessidades dos seus clientes, apresenta-se como uma boa solução para concretizar esse objetivo.
DIFERENTES NÍVEIS DE BRILHO
A gama Vinyl obteve a classificação máxima (A+) por parte do Laboratório da Qualidade do Ar Interior (LQAI), tornando este produto o único existente em Portugal que satisfaz a legislação francesa em vigor sobre esta matéria, sem dúvida a mais exigente a nível europeu. Esta gama está disponível em três níveis de brilho: Vinylmatt é uma tinta com um aspeto mate profundo; Vinylsoft permite um acabamento semi-mate e sedoso ao tato e Vinylsilk apresenta um acabamento acetinado.
Vinylmatt está disponível em mais de 4000 cores e, devido ao seu brilho extra-mate, disfarça as imperfeições das paredes. Ao fim de 25 anos no mercado e com uma imagem renovada, Vinyl continua a surpreender o consumidor e a deixar bem claro que a CIN é uma marca especialista em cor e na proteção da qualidade do ar. Ao visitar uma das 63 lojas CIN poderá confirmar a excelência deste produto e escolher novas cores para decorar e dar uma outra vida à sua casa.
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Mais informação O mês de novembro marcou a apresentação da nova grelha do Porto Canal que, para além de novos programas e formatos trouxe um forte incremento ao nível da informação. Ana Rita Basto e Carla Ascenção são os rostos do «Jornal Diário», o maior espaço informativo do canal que passa a ser emitido em horário nobre. Qualidade, rigor e exigência caracterizam o mais recente desafio do canal. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
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aposta em dois fortes espaços informativos (13h00 e 20h00), para além dos já tradicionais blocos noticiosos da tarde, às 17h00 e 19h00, marcam uma continuidade na reestruturação do Porto Canal que passa, assim, a disponibilizar maiores e melhores espaços informativos. O primeiro bloco de notícias, no ar diariamente à uma, é o Jornal das 13, apresentado por Pedro Carvalho da
Silva e Cláudia Fonseca com a duração de cerca de 45 minutos. Ao longo da tarde, e para além dos blocos informativos dedicados ao FC Porto, a informação continua a ser uma aposta do canal, fortemente concentrada nos espaços das 18h00 e das 19h00. O «Jornal Diário», aquele que é o bloco informativo de maior referência no canal e que, habitualmente, ia para o ar às 21h00, sofreu uma mudança, passando a ser transmitido às 20h00, em horário nobre e com formato diferente, apostando em mais espaços de debate e entrevista, com comentadores em estúdio. O Último Jornal, às 24h00, põe um ponto final na informação diária do canal, com a atualização de tudo o que se passa no país.
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“Este é já um programa de referência do Porto Canal que irá contribuir para o incremento na qualidade da informação, potenciando cada vez mais, as nossas delegações”
A aposta no aumento dos espaços noticiosos permite ao Porto Canal um melhor aproveitamento da informação produzida nas diversas delegações espalhadas um pouco por todo o país, com predominância no Norte.
OS ROSTOS DA INFORMAÇÃO Ana Rita Basto e Carla Ascenção são as apresentadoras do ‘novo’ «Jornal Diário», agora transmitido em horário nobre, alternando, semanalmente, entre este bloco informativo e o das 24h00. “Na semana em que apresento eu o «Jornal Diário», a Ana Rita está nas notícias do final
da noite e vice-versa”, refere Carla Ascenção, salientando a importância desta mudança para o canal. “Este é já um programa de referência que irá contribuir para o incremento na qualidade da informação, potenciando cada vez mais, as nossas delegações”. De acordo com Ana Rita Basto, para além do “maior desafio profissional” que representa para si, a aposta no incremento informativo e em novos formatos vem melhorar, cada vez mais, a qualidade, o rigor e a exigência na informação. O «Jornal Diário» será apresentado por ambas, alternadamente, de 2.ª a 5.ª feira, sendo que, à 6.ª, é Júlio Magalhães, diretor do canal, quem traz toda a informação disponível. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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Uma imagem, um conceito e sempre com novidades. No dia 11 de fevereiro, a noite portuense ganhou um novo folgo. A Baixa do Porto passou a contar com o Villa Saturdays, projeto arrojado de animação noturna com abertura programada para todos os sábados, num espaço multifacetado que se conjuga na comunidade urbana portuense. O Villa Saturdays, situado no cora-
ção da Baixa, pretende ter uma forte componente cultural, com a predominância de música, imagem e design, apresentando vários géneros musicais e as mais badaladas noites temáticas da cidade. Aberto todos os sábados, o espaço promete sempre festas e programação variada. Os sábados são noites especiais e absolutamente fantásticas. As melhores noites do Porto!
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1 – Rafaela Peixoto e Gena Boulhosa 2 – Teresa Taveira, Rafaela Santiago, Ana Valente, Sara Soares e Carolina Oliveira 3 – Helder Leites e Demo (ExpensiveSoul) 4 – Janaina Lima (Kaleidoscopio) 5 – Kiko Themudo, Pedro Baguete, Helder Leites e Cristiano Barros 6 – Lourenço Neves, Beto Formigal e Filipe Themudo 7 - Luis Koch e LeonorGuedes 8 – Miguel Miguens, Carlota Barroso, Filipe Diegues e Henrique Souto Mayor 9 – Pedro Maia, Inês Ruivo e Clara Marques 10 – Margarida Fontes e Joana Ribeiro 11 – Daniela Godinho, Margarida Moreira, Carolina Oliveira e Rafaela Santiago REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
Rosa Escura Rua da Picaria, 32 4050 – 477 Porto
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Diversão no Rosa Escura
O Rosa Escura, em colaboração com a Viva, promoveu, mais uma vez, uma noite de pura diversão, onde a música foi um dos principais ingredientes. Em espírito de festa, muitos foram aqueles que não quiseram perder os momentos de boa disposição de um espaço já conhecido da Baixa portuense.
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DAS ‘ T O U R A DA S ’ Apesar de um notório desinteresse e da pobre adesão por parte dos portuenses, as corridas de touros, na cidade do Porto, gozaram de alguma popularidade, embora por curtíssimos períodos temporais ao longo de dois séculos. A primeira ter-se-á realizado em 1785, nos arredores de Cedofeita, e a última em 1970, no Palácio de Cristal. À semelhança dos autos de fé, também as lides tauromáticas não conquistaram a simpatia dos portuenses. Texto: Marta Almeida Carvalho
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á tiveram alguns momentos de popularidade no norte do país mas a grande maioria dos espetáculos taurinos em Portugal concentra-se, por razão de ordem cultural, no sul. De acordo com Horácio Marçal, num trabalho denominado «Touradas, Toureiros e Tauródromos no Porto, em Gaia e em Matosinhos», integrado na separata do Boletim da Biblioteca Pública Municipal de Matosinhos, existiram, no Porto, alguns locais onde se realizaram touradas sendo que o primeiro desses espetáculos, que deverá remontar a 1785, teve lugar numa «praça especialmente construída para
o efeito, no lugar da Torrinha, à estrada de Cedofeita». O evento, original na cidade, estaria, alegadamente, incluído nos festejos do casamento de D. João VI com Carlota Joaquina, apesar de este não se ter realizado na Invicta que, curiosamente, ganharia este ‘epíteto’ com o filho de ambos, D Pedro IV. Segundo o historiador, em 1793, na “sequência” deste casamento real, ter-se-á realizado um outro espetáculo, «em redondel também propositadamente erguido no então Campo de Santo Ovídio (atual Praça da República)», de forma a comemorar o nascimento da infanta Maria Teresa. «A aludida praça de touros, rematada por uma série de balaústres e pirâmides, com portas em arco de meia volta ladeadas
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por colunas dóricas encimadas pelas armas da cidade, era de formato octogonal e de agradável concepção», descreve o historiador.
PRAÇAS NA BOAVISTA, FOZ E ‘AGUARDENTE’ A construção de novas praças de touros deu-se entre 1869 e 1870. O lugar de Cadouços, na Foz do Douro, a Avenida da Boavista e o Largo da Aguardente, agora denominado de Praça do Marquês de Pombal, foram os espaços escolhidos para o efeito, contando-nos os relatos que, nestes recintos, atuaram «cavaleiros de nomeada, como Francisco Carlos Batalha e Manuel Mourisca Júnior» bem como os «melhores bandarilheiros portugueses». Em agosto de 1869 a Câmara Municipal do Porto autorizou a Raimundo dos Santos Natividade a aquisição de uns terrenos, em Cadouços, para implantação de uma praça de touros. Embora o recinto estivesse ainda em construção, a primeira tourada ocorreu logo no dia 24 desse mês, com grande sucesso e boa adesão do público, sendo que o espaço funcionou durante pouco mais de três anos. Em 1870, o mesmo requereu autorização para a construção de uma praça de touros próxima ao Largo da Aguardente, onde se efetuaram algumas corridas. Simultaneamente, o empresário José Moreira Matos construiu, em janeiro de 1870, um recinto na Avenida da Boavista, junto ao Hospital Militar, que foi inaugurado em março desse ano, algumas semanas antes do da Aguardente. Uma notícia do Comércio do Porto, de 22 de março de 1870, dá, assim, conta deste acontecimento: «Ante-ontem à noute atravessou a cidade o gado que vem para ser corrido na inauguração da praça de touros da Boavista. A manada compunha-se ao todo de 22 cabeças, entrando neste número 4 chocas. É portanto de 18 o número de touros que tem de entrar nesta corrida. (…) Chegou também ao Porto o gosto por este bárbaro divertimento. E foi tão intenso este acesso de paixão tauromática, que, em vez de um circo, se levantaram logo dous, para adoçar os costumes do povo com estes espectáculos de sangue».
REAL COLYSEU PORTUENSE COM LOTAÇÃO PARA OITO MIL PESSOAS Mas, de acordo com os entendidos, as duas melhores infaestruturas da cidade, para a ‘arte de tourear’ foram o ‘Colyseu Portuense’ (assim designado inicialmente e REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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que viria a obter a designação de «Real» aquando das Comemorações Henriquinas, em 1894), o tal da Boavista que se situava entre o Cemitério de Agramonte e a rotunda, e uma praça que existiu na rua da Alegria. O primeiro foi edificado em 1889, quando Lopes Pereira e Joaquim Vieira de Magalhães, dois aficionados, constituíram uma sociedade para a construção e exploração de uma nova praça de touros, um projeto do engenheiro Estêvão Torres inaugurado em 28 de julho de 1889. A descrição do Colyseu Portuense refere que era todo “de cantaria, muito elegante, reunindo na sua construção tudo quanto havia de mais moderno», de acordo com Horácio Marçal. Pela arena desta estrutura, cuja lotação era de oito mil lugares, passaram grandes cavaleiros da época, entre amadores e profissionais, nomeadamente o marquês de Castelo Melhor, os viscondes de Alverca e da Várzea, D. Luís do Rego, Fernando de Oliveira, Alfredo Tinoco e Manuel Casimiro. A pé, matadores espanhóis de envergadura entre os quais Guerrita, Espartero e Cara Ancha. Durante cerca de oito anos, ali se fizeram várias corridas de sucesso, principalmente a que contou com a presença do rei D. Carlos e dos príncipes reais, Filipe e Manuel, em 1894. Mas o entusiasmo da sociedade portuense pelas touradas parecia ser momentâneo e o recinto transformou-se em palco de circo e demonstrações de natação, através da construção de um tanque de grandes proporções ao centro. Em virtude dos fracos resultados financeiros, foi demolido em 1898 e ‘substi-
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tuído’ por uma praça na rua da Alegria, inaugurada em maio de 1902. De acordo com o historiador, esta infraestrutura era «de madeira, ao gosto árabe, com uma lotação para 7000 pessoas» e nela se exibiram nomes como José Casimiro, Morgado de Covas, José Bento de Araújo entre outros.
a touradas quando se deslocavam a Lisboa ou às localidades nortenhas de veraneio nomeadamente Espinho, Póvoa de Varzim e Viana do Castelo, onde as praças de touros ainda estão ativas.
LIDES EM GAIA E MATOSINHOS
À semelhança do que acontecia no Porto, também Gaia e Matosinhos nunca demonstraram grande interesse e entusiasmo pelas corridas, apesar de ambas as localidades terem tido os seus próprios locais de toureio. Em 1920 já estava desativada, tendo-se formado, nesse Em Gaia há conhecimento de pelo menos um local de ano, a Sociedade Tauromáquitoureio na Serra do Pilar, e, ca Portuense, com o objetivo em Matosinhos, organizavamEm 1920 já estava de construir «uma nova e se espetáculos taurinos, em desativada, tendo-se grande praça de touros na recintos temporários, já em Areosa», recinto que não só 1888. Guilherme Felgueiras, formado, nesse ano, a viria a ser palco de corridas na Monografia de Matosinhos Sociedade Tauromáquica de touros, mas também de (1958), refere que “a vila, dePortuense, com o objetivo cididamente, nunca manifesoutros espetáculos, nomeadamente alguns combates tou grande predilecção pela de construir «uma nova de boxe. Ardeu em 1926, brava»” e daí terem e grande praça de touros «festa num «incêndio inexplicável», fracassado as “persistentes na Areosa» que «em quarenta e cinco tentativas para a dotar com minutos apenas, reduziu-a a uma praça de touros”. Diz-nos cinzas.» De acordo com Horácio Marçal, esta terá sido o autor que, em 28 de julho de 1901, “por iniciativa do a última praça de touros do Porto, tendo havido, con- Conde Bettencourt, Raúl Pinto de Sousa, Afonso de Fatudo, um último espetáculo tauromáquico na cidade ria, era inaugurado novo redondel, construído não longe em julho de 1970, no ‘Palácio de Cristal’, embora sem da praia de banhos «D. Carlos I», por detrás da Memória sucesso. A adesão do público foi fraquíssima, fator que do Senhor do Padrão” sendo que a sua “exploração não Horácio Marçal atribuiu ao «elevado custo dos bilhetes chegou a atingir uma década”. Mais tarde, nova praça foi de ingresso». A partir da década de 70, os (poucos) por- erguida no antigo Campo de Sant’Ana, de duração ainda tuenses adeptos da tauromaquia apenas podiam assistir mais efémera.
AS DERRADEIRAS TOURADAS NO PORTO
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Reforço na dinâmica da cidade Em tempo de Natal, o Porto veste-se de luz para receber a época mais colorida do ano. Para além de uma diversificada programação cultural aliada à efeméride, a autarquia tem vindo a apostar na dinamização constante da Baixa, bem como na persistência da defesa dos interesses de toda a área metropolitana e da região Norte. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Rui Meireles/Fábio Reis
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‘1.ª AVENIDA’ DINAMIZA BAIXA DO PORTO
Programação 1.ª Avenida Até 28 fev’13
Primeira Avenida – Rua de Sentido Único 3.ª e 4.ª: 10h00-20h00; 5.ª 6.ª e sáb:10h00-24h00; dom:10h00-19h00
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Natal na 1.ª Avenida Os Aliados e a sua envolvente voltarão a ser palco, ponto de partida e de chegada, dos mais altos momentos da programação de natal da cidade, com a tradicional Corrida de S. Silvestre e a festa de Passagem de Ano.
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Concerto de Ano Novo pela Banda Sinfónica Portuguesa 16h00 - Paços do Concelho
O programa ‘1.ª Avenida’ tem como principal objetivo a dinamização da Baixa portuense, nomeadamente através da promoção da atratividade do centro do Porto, criando condições para atrair investimento para a sua reabilitação e revitalização, e do desenvolvimento de metodologias de ação e reforço da cidadania e de afinidade dos cidadãos. O programa que irá decorrer até 31 de dezembro de 2013, tem como área de intervenção prioritária a zona dos Aliados, e a sua envolvente mais próxima, abrangendo um total de 17,4 hectares, e é delimitada pela Rua de Sá da Bandeira, Praça da Trindade, Rua do Almada, Largo dos Lóios e Estação de São Bento. O projeto resulta da candidatura submetida pela Câmara do Porto, através da PortoLazer, e pela Porto Vivo SRU, no domínio de intervenção “Ações Inovadoras para o Desenvolvimento Urbano”, integrando o Programa Operacional Temático Valorização do Território (POVT), do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) 2007-2013. Assim, e até final de 2013, o programa irá promover diversas iniciativas culturais e de lazer para animar o coração da cidade.
MUSEU ROMÂNTICO CELEBRA 40 ANOS Adquirido pela autarquia em 1972 o Museu do Romântico da Quinta da Macieirinha está a celebrar, em 2012, 40 anos enquanto museu municipal. A preservação histórica e arquitetónica de todo o espaço que o constitui, manteve a traça da antiga casa senhorial, rodeada pelos jardins do Palácio de Cristal, e que já serviu de
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morada ao monarca italiano exilado, Carlos Alberto de Sabóia, rei da Sardenha e príncipe de Piemonte. Avô de D. Maria Pia, rainha de Portugal, passou aqui os seus últimos dias, onde faleceu a 28 de julho de 1849. “O Museu do Romântico da Quinta da Macieirinha tem ancorada a visão romântica com que a morte do rei Carlos Alberto, em 1849, o marcou”, refere Pedro Sampaio, diretor municipal dos Museus e Património Cultural. O edifício foi construído em meados do século XVIII como casa de campo da família António Ferreira Pinto Basto. Os espaços interiores pretendem reconstituir uma habitação da alta burguesia tripeira da altura, com destaque para os aspetos ligados à implantação do Romantismo como movimento literário e artístico. Em 2011, o museu ultrapassou os 40 mil visitantes, atingindo o marco de 3500 visitas mensais, sendo o público constituído essencialmente por estrangeiros, nomeadamente franceses, britânicos, espanhóis e norte-americanos. De acordo com o responsável, este aumento deve-se, sobretudo, à programação cultural diversificada que o museu oferece, com atividades culturais e de lazer, para além da visita ao espaço.
COMBATE AO GRAFITO
No sentido de reforçar a estratégia de combate aos grafitos na cidade, a autarquia portuense tem vindo a proceder a um aumento das brigadas anti grafitos. Às duas equipas de trabalho já existentes (diurna e noturna) juntou-se, agora, mais uma, constituída por sete elementos, exclusivamente dedicados a esta tarefa, delegada à Direção Municipal de Ambiente e Serviços Urbanos (DMASU), em estreita colaboração com a Polícia Municipal. “Para intensificar a limpeza dos grafitos na cidade, foi criado este grupo de trabalho que faz o levantamento da situação existente, definindo, caso
a caso, o método de limpeza aconselhável, mantendo, após a sua remoção, a vigilância sobre a área limpa e intervindo em caso de reincidência”, referiu António Abel, coordenador do grupo, garantindo que o trabalho tem tido “boa recetividade por parte dos proprietários e inquilinos dos prédios afetados e pelos munícipes em geral”. Os serviços camarários fazem a limpeza de cerca de 75 mil metros quadrados por ano, contando com fachadas, grafitos e cartazes, espalhados um pouco por todo o lado e feitos na clandestinidade, sendo que, na maioria dos casos, se desconhecem os autores. De acordo com Gabriela Leite, diretora municipal da DMASU, este “é um trabalho que quase não se nota”, porque as pinturas são frequentes. “Parece o jogo do rato e do gato: hoje vamos limpar e amanhã já está outra vez grafitado”, afirma. A limpeza é feita com recurso a máquinas de alta pressão, usadas essencialmente para limpar a pedra e a limpeza de outras superfícies
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P O R T O
V I V O
Programa VIV’A BAIXA
A Porto Vivo, SRU tem vindo a implementar, desde a sua fundação, um conjunto de incentivos à reabilitação de prédios ou frações localizados na sua área de intervenção.
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s incentivos promovidos pela Porto Vivo, SRU, descritos como facilitadores do processo de transformação da cidade, têm sido coordenados pela Loja da Reabilitação Urbana (LRU), tendo como ex-libris o Programa «VIV’a BAIXA» que visa contribuir para a dinamização de operações de reabilitação urbana na fase mais importante, a última, que é a execução da obra. O enorme sucesso deste programa, destinado à melhoria dos edifícios inseridos na Zona de Intervenção Prioritária (ZIP), definida pela Porto Vivo, SRU, deve-se à eficaz gestão dos processos pelos serviços da
LRU, mas sobretudo à qualificação dos parceiros selecionados e à qualidade dos materiais e serviços por estes disponibilizados, que permitem, aos beneficiários do programa, a aquisição a custos reduzidos de serviços, equipamentos, componentes, e materiais de construção civil a utilizar na reabilitação urbana. As informações acerca deste programa de excelência, cujo êxito se revela uma aposta ganha por todos, encontram-se disponíveis na Loja da Reabilitação Urbana na rua Mouzinho da Silveira nº212, e em www.portovivosru.pt.
SRU
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M O B I L I D A D E
António Marques de Sousa, administrador delegado da EDP Gás Distribuição
EDP GÁS
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Veículos a gás natural O gás natural tem vindo a assumir um papel cada vez mais relevante, no contexto energético mundial, por ser uma fonte de energia económica, flexível, polivalente, com características ambientais que o tornam num produto com uma vasta amplitude de aplicações, desde a produção de eletricidade, calor ou frio, à utilização em soluções de mobilidade. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
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gás natural contribui, de forma relevante, para a diversificação do ‘mix’ energético, sendo que as recentes evoluções tecnológicas têm permitido a exploração e produção sob novas formas (Shalegas, Biogás e Biometano)”, refere António Marques de Sousa, administrador delegado da EDP Gás Distribuição, salientando que estas têm vindo a “ampliar o fornecimento para muitos séculos”, com a vantagem de apresentarem uma ampla diversidade geográfica a nível mundial.
GÁS NATURAL: VERSÁTIL EM DIVERSOS SETORES
De acordo com o responsável, os transportes representam uma significativa percentagem no consumo energético mundial (superior a 30%), sendo o gás natural cada vez mais utilizado no setor, através de duas formas
de abastecimento: o GNL - gás natural liquefeito - e o GNC - gás natural comprimido. “Nos setores marítimo e ferroviário, a introdução de normas ambientais cada vez mais exigentes (no caso do marítimo, as zonas ECA – Emission Controled Area), tem permitido um crescimento significativo, sendo que uma percentagem importante dos novos navios de transporte de mercadorias e de passageiros utilizam o gás natural liquefeito”, refere o administrador. No setor dos transportes rodoviários a nível europeu - responsável por 32 por cento da energia final e por 21 por cento das emissões de gases com efeito estufa - existem “cerca de 1,5 milhões de veículos, prevendo-se que, em 2015, este número aumente para os 4,6 milhões e, em 2020, para os 11 milhões”. Por outro lado, as normas europeias restringem as emissões resultantes da queima dos combustíveis, nomeadamente a redução de mais de 50 por cento das emissões de óxidos de azoto (passagem da EURO5 para a EURO6 em 2014), e o não cumprimento, por parte dos construtores, irá acarretar fortes penalizações, sendo que o gás natural se apresenta como uma solução altamente REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
Pedro Ávila, diretor técnico da EDP Gás Distribuição
vantajosa do ponto de vista económico e ambiental. No entanto, a Europa tem vindo a “incentivar projetos específicos para o transporte pesado, onde existem cerca de 300 mil veículos, criando o Blue Corridor, cujo objetivo é o de criar rotas logísticas com capacidade de utilização do gás natural”.
VEÍCULOS MOVIDOS A GÁS NATURAL Os construtores de veículos têm vindo a diversificar as suas gamas, apresentando veículos bi-fuel (gás natural e gasolina: através de um botão no tablier permitem, de um modo simples, fazer a comutação de gás natural/gasolina), dual-fuel (gás natural e diesel) ou exclusivamente a gás natural. As vantagens decorrentes prendem-se, essencialmente, com razões económicas cujos valores da poupança se situam entre os 30 e os 40 por cento relativamente ao diesel; de autonomia - um veículo ligeiro apresenta uma autonomia média de cerca de 700 km - 400 a gás natural e 300 a gasolina; ambientais - os veículos a gás natural têm baixas emissões de substâncias tóxicas, quase emissões zero de partículas, reduzidas emissões de NOx (óxidos de azoto), especialmente o NO2 (dióxido de nitrogénio), e uma redução superior a 20 por cento de CO2 (dióxido de carbono) por quilómetro percorrido, constituindo um forte contributo para a indústria devido à implementação das cada vez mais exigentes normas ambientais, nomeadamente a EURO VI; segurança - o ponto de ignição é bastante mais alto que o dos outros combustíveis (620.ºC quando comparado com os 300.ºC da gasolina) e a faixa de explosividade é estreita (concentrações de gás no ar entre 5 e 15 por cento). Por outro lado, o gás natural é mais leve que o ar (ao contrário do GPL), pelo que o risco de incêndio e explosão é minimizado. Os veículos movidos a gás natural têm um reservatório próprio, sujeito aos mais elevados padrões de segurança, e contam com válvulas específicas. Um veículo ligeiro bi-fuel apresenta um preço equivalente ao do seu homólogo a diesel, pelo que, desde o momento da compra, o utilizador passará a obter significativas vantagens económicas. Existem soluções de abastecimento dos veículos domésticos, empresariais (para pequenas frotas) e públicos, estando Portugal a dar passos importantes no sentido de infraestruturar o país com estações de enchimento capazes de fazer face à procura.
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NA LUTA CONTRA a crise
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uma altura em que o “bolso” dos portugueses está a sofrer o efeito das sucessivas medidas acordadas com a “troika” em nome do aumento da receita nacional, Matosinhos desenhou uma política fiscal assente no apoio aos cidadãos. Desta forma, a câmara municipal decidiu prescindir de aproximadamente oito milhões de euros da receita para o próximo ano, “aliviando” o peso dos impostos no orçamento das famílias. “Em 2013, vamos abrir mão de cinco milhões e meio de euros do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis), uma
Para contrariar as dificuldades económicas sentidas pelas famílias portuguesas, a câmara de Matosinhos vai prescindir de oito milhões de euros da sua receita para 2013, apostando numa política fiscal de apoio aos cidadãos. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Francisco Teixeira (CMM)
vez que não vamos aplicar a taxa máxima”, esclareceu o presidente da autarquia de Matosinhos, Guilherme Pinto, em declarações à Viva. De recordar que, sendo um imposto de receita municipal, cabe a cada município definir a taxa a aplicar, sendo que, em Matosinhos, o valor se fixa nos 0,4%. Atento ao processo de reavaliação em curso - baseado nas novas regras do IMI - o município está convicto de que, para o ano, poderá até receber uma menor quantia referente ao imposto, afirmando que, na generalidade dos casos, a reavaliação dos prédios “está a correr bem aos proprietários”. “De acordo
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com os nossos estudos, este processo, tendo aumentado o valor dos prédios, vai diminuir a coleta, que só aumentará no caso de o valor dos fogos subir além dos 75%”, explicou. Além disso, acrescentou o socialista, a câmara vai ainda prescindir, de forma temporária, de 20% do IRS (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares), “o que significa menos dois milhões de euros de receitas, numa tentativa de acorrer, de alguma forma, à situação de crise em que vivem as famílias”. A câmara de Matosinhos dispensou igualmente o pagamento de cerca de 500 mil euros relativos a outras taxas, medida que também contribuirá para que o orçamento autárquico para o próximo ano conte com menos oito milhões de euros.
APOIO ÀS FAMÍLIAS “EM VÁRIAS VERTENTES”
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luz verde do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) para o início das obras – a autarquia estabeleceu uma ajuda na aquisição de livros e na facilitação do transporte aos alunos carenciados. O também presidente do Fórum Europeu para a Segurança Urbana destacou ainda a existência de 600 famílias integradas no plano municipal de apoio ao arrendamento, destinado a permitir que os cidadãos com dificuldades se mantenham nas habitações, no interior da cidade. ”Diria que, no total, o programa representa um investimento de um milhão e meio de euros”, referiu o autarca, acrescentando que os projetos de empregabilidade, assim como outro tipo de prestações sociais proporcionadas pela câmara, constam igualmente do rol de ações anti-crise determinado pelo município.
As estratégias de ajuda aos agregados familiares do concelho de Matosinhos encetadas pela autarquia não se esgotam na política fiscal. Para responder às necessidades mais urgentes dos cidadãos em necessidades, a câmara municipal definiu uma quantia que é concretizada em apoio alimentar. “A pensar nas famílias totalmente carenciadas, temos uma verba, correspondente a cerca de 200 mil euros, que atribuímos, através de bens alimentares, às instituições que na sociedade civil prestam esse apoio, nomeadamente os Vicentinos”, sublinhou Guilherme Pinto. No setor escolar - cujo processo de requalificação está praticamente terminado, faltando apenas três das 29 escolas do concelho, que aguardam, neste momento, REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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SOLIDARIEDADE, SAÚDE E EMPREGABILIDADE SÃO OS “TEMAS DE FUTURO” Para além de apostar em medidas destinadas a atenuar os efeitos da crise na vida dos cidadãos, a um ano das próximas eleições autárquicas, Guilherme Pinto afirma estar também concentrado naqueles que são os “temas do futuro”. A solidariedade, a saúde e a empregabilidade ocupam, desta forma, um lugar de destaque na lista de preocupações da autarquia. “Até ao final do mandato, pretendo dar atenção ao tema da solidariedade porque, tendo em conta o envelhecimento da população, temos de nos preparar para um aumento exponencial da necessidade de apoiar uma sociedade particularmente envelhecida”, defendeu o socialista. Por outro lado, acrescentou, há que encarar com cuidado as questões ligadas à saúde, “que são transversais a toda a comunidade e que têm a ver com uma panóplia de instrumentos que permitam às pessoas com necessidades especiais a manutenção de uma saúde capaz”, nomeadamente através de uma “política de rastreios” e da criação de uma farmácia social. Segundo o presidente da câmara, o referido projeto representa “uma tentativa de, através daqueles produtos que as farmácias têm em carteira, conseguir fazer chegar aos mais carenciados alguns medicamentos sem os quais não conseguem resolver os seus problemas de saúde”. Guilherme Pinto recordou ainda que, nos bairros sociais de Matosinhos, as despesas de saúde de cada agregado são tidas em conta no momento do cálculo da renda, fazendo com que as famílias dos conjuntos habitacionais paguem quantias significativamente inferiores às previstas. A empregabilidade é, por outro lado, mais um dos de-
safios do concelho, que diz estar empenhado na criação dos instrumentos necessários à atração de investimentos. “Celebrámos, recentemente, um protocolo de cedência de um terreno onde vai estar instalada a nova unidade do Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel (CEIIA), que vai empregar cerca de 200 pessoas, 180 dos quais engenheiros altamente especializados”, mencionou.
CLUSTER DO MAR EM “FRANCO DESENVOLVIMENTO” E em tom de balanço em relação ao trabalho que tem sido feito na orla costeira, Guilherme Pinto foi perentório, afirmando que, “enquanto os outros falam, Matosinhos faz”. “Está a arrancar a construção da maior fábrica de conservas do país, está a ser construída a plataforma logística que vai permitir uma outra abordagem às mercadorias que circulam por Leixões e está a nascer o terminal que vai possibilitar a saída de cruzeiros a partir de Matosinhos, pela primeira vez”, enumerou o autarca, acrescentando que, consequentemente, está a ser desenvolvida a nova Marina de Leixões, “que permitirá a acostagem dos veleiros que circulam na costa com mais segurança”. De salientar também a construção do Polo do Mar do Parque de Ciência e Tecnologias da Universidade do Porto (UPTEC MAR) e a já concluída requalificação da orla costeira. “Desta forma, Matosinhos só precisa de mais um aspeto - um investimento fortíssimo que haverá de ser feito, no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio, na preparação do Porto de Leixões para a receção de navios com 14 metros de calado”, adiantou Guilherme Pinto.
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A CRIATIVIDADE COMO ELEMENTO DIFERENCIADOR Numa análise mais alargada em relação aos desafios que o país enfrenta, o presidente da autarquia considera que é urgente que os cidadãos saibam “olhar de outra forma” para as suas próprias capacidades. “As pessoas têm de entender que não há razão nenhuma para acharmos que não temos nem capacidade nem competência para competir com os outros”, sublinhou. De acordo com o presidente do Fórum Europeu para a Segurança Urbana, os portugueses apresentam um “fator diferenciador essencial”: o facto de serem, porventura, “ um dos povos mais criativos do mundo”. “Costumo dizer muitas vezes que somos descendestes dos povos que invadiram o Império Romano, mas somos também descendentes dos que chegaram mais longe na Europa. Não nos limitámos a ficar no nosso cantinho e fomos descobrir o resto do mundo. Isso dános uma chancela de nação curiosa que é a primeira condição básica para o conhecimento”, defendeu, sublinhando que, em falta fica apenas uma maior organização em várias áreas e uma reflexão mais positiva sobre os próprios valores lusitanos.
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Investimento sustentado
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: CMG
A par da ampliação do Parque Biológico e da requalificação das escolas do concelho, onde já disponibilizou mais de 100 milhões de euros para políticas educativas, a Câmara Municipal de Gaia tem vindo a fomentar novas formas de investimento no concelho nomeadamente com capital estrangeiro.
AMPLIAÇÃO DA ÁREA DO PARQUE BIOLÓGICO O Parque Biológico de Gaia, um dos melhores do país e pioneiro, a nível nacional, como centro de Educação Ambiental e na preservação e recuperação de espécies, passa, agora, a contar com uma área mais extensa, alargando o seu território para as mais de 50 espécies que nele vivem e se reproduzem ao longo do ano, e também para as diversas espécies migratórias que, constantemente, chegam e partem. Integrado numa área de cerca de 42 hectares, resultantes dos sete novos
hectares florestais recentemente assimilados, o espaço é constituído por um conjunto de quintas agrícolas, preservadas e recuperadas no sentido de manter todas as suas características. De acordo com a pretensão da autarquia, liderada por Luís Filipe Menezes, a recente ampliação, dos 35 para os 42 hectares, não será a última, prevendo-se que, a curto prazo, o Parque Biológico passe a integrar uma área total de cerca de 53 hectares.
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PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE ESPÉCIES O Parque Biológico de Gaia acolhe animais selvagens feridos para os tratar, restituindo-os, depois, ao seu habitat natural. Este processo surgiu no âmbito de um protocolo com o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade e com a Direção Nacional de Veterinária e conta com um enorme êxito, sendo reabilitados neste espaço cerca de três mil animais por ano. No passado mês de outubro, aquando da celebração do Dia do Animal, nove animais recolhidos e reabilitados pelo Centro de Recuperação de Fauna Selvagem do Parque Biológico foram restituídos à natureza, em vários locais da Área Metropolitana do Porto “O município de Gaia comemora o Dia do Animal durante o ano inteiro, uma vez que o Parque Biológico tem como principal objetivo preservar a fauna e os seus habitats”, afirmou Mercês Ferreira, vereadora do Ambiente da Câmara Municipal, que assistiu à libertação de uma rola-do-mar, na Reserva Natural do Estuário do Douro. Não foi por acaso que estes animais foram libertados em vários sítios da Área Metropolitana do Porto, precisamente nos locais
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onde foram recolhidos. “Procuramos sempre libertar os animais nas zonas onde eles foram encontrados por razões que têm a ver com a manutenção da espécie”, explicou Nuno Oliveira, administrador do parque, que integra o centro de recuperação do país que mais animais recebe. “Conseguimos recuperar e libertar cerca de 50% das espécies recolhidas. Somos o centro com maior taxa de restituição de animais à natureza”, referiu o responsável, salientando, ainda, a prestação de apoio a outros centros congéneres, designadamente ao Parque Nacional da Peneda-Gerês. No Dia do Animal foram libertados, de forma simbólica, três milhafres, no Parque do Castelo (Gaia), na Quinta da Conceição (Matosinhos) e na Escola EB de Susão (Valongo); dois borrelhos no Parque de Dunas da Aguda; uma coruja das torres e um ouriço-cacheiro no Parque da Lavandeira, dois mochos galegos no Parque Biológico, uma rola-domar na Reserva Natural do Estuário do Douro, um mocho galego e uma coruja das torres no Parque de Avioso (Maia) e dois mochos galegos na Casa da Natureza (S. João da Madeira).
REABILITAÇÃO DE ESCOLA EM FRANCELOS SOBE INVESTIMENTO NA EDUCAÇÃO PARA OS 100ME A inauguração das obras de requalificação da EB1 de Francelos, em outubro, possibilitou uma atualização dos valores do investimento público nas políticas de educação que, ao longo dos últimos 14 anos, ascende já a 100 milhões de euros. “Os dinheiros públicos devem ser geridos e utilizados numa lógica de reprodutividade do serviço público”, defendeu Luís Filipe Menezes, durante a cerimónia, REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
A U T A R Q U I A S apontando resultados muito positivos ao nível da melhoria dos cidadãos, designadamente no domínio da competitividade, da saúde, do acesso ao desporto e à cultura, da proteção da velhice, entre outros benefícios. Relativamente ao tema da educação, o autarca salientou as mais valias introduzidas ao longo da última década, de caráter pioneiro, nomeadamente os programas de enriquecimento curricular - através da implantação do ensino da música, informática, inglês e educação física no 1º ciclo – as parcerias pró-ativas com as associações de pais e apetrechamento do parque escolar com quadros interativos em todas as salas de aula das 102 escolas primárias existentes no concelho. O edil salientou, ainda, a coabitação de dois conceitos escolares representativos de realidades diferentes, ambas necessárias como resposta aos interesses das populações: as novas super-escolas e as pequenas escolas de proximidade que voltaram a ganhar espaço. “Devemos dar aos pais o direito de escolha, de acordo com as suas necessidades”, assegurou. A cerca de um ano de concluir o seu mandato, Luís Filipe Menezes anunciou a intenção de impulsionar, novos projetos educativos nas escolas do concelho, numa lógica de aprofundamento do conceito de agrupamento escolar e das relações de proximidade entre escolas, designadamente a promoção de um conjunto de atividades desportivas e de lazer entre alunos, pais e professores, a disponibilização de assistentes sociais ao serviço da comunidade educativa e o alargamento da oferta de livros escolares a todos os alunos até ao 6.º ano de escolaridade, para continuar a cimentar o seu “modelo de escola pública”.
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GAIA PROMOVE INVESTIMENTO DE CAPITAL ESTRANGEIRO Em outubro, uma delegação de empresários e investidores chineses visitou Vila Nova de Gaia a convite do município e da InovaGaia, com o objetivo de promover oportunidades de investimento no concelho. Na receção oficial, Luís Filipe Menezes reafirmou o enorme potencial nortenho e a importância do investimento chinês para alavancar o seu desenvolvimento. De acordo com o autarca, Portugal é uma porta de entrada desse investimento na Europa e o Porto uma porta para a sua entrada em Portugal. “Vamos apresentar um conjunto de projetos da região, públicos e privados, que terão outra pujança e capacidade de desenvolvimento se houver investimento estrangeiro, nomeadamente da China, que é considerada uma das maiores potências do século XXI”, garantiu, salientando que, na região, existem várias áreas com oportunidades interessantes de investimento, desde a indústria – cujas pequenas e médias empresas são das mais competitivas a nível de exportação – aos serviços, nomeadamente na área do turismo. “A parceria com potências seria interessante também no que diz respeito aos projetos imobiliários, atualmente em dificuldades no país, e à reabilitação urbana das cidades, nomeadamente do Porto, considerado Património da Humanidade”, alertou. O presidente da Fundação de
Macau, Wu Zhiliang, garantiu que a delegação se mostrou bastante interessada em desenvolver projetos em Portugal, a curto prazo. “Recentemente, fizemos alguns estudos sobre oportunidades de negócio em Portugal e quando foram apresentados aos nossos empresários, eles ficaram imediatamente interessados em conhecer pessoalmente os projetos disponíveis para cooperação. Agora que cá chegamos, ficamos encantados. Penso que, a curto prazo, teremos alguns projetos em comum”. Após a receção oficial, a apresentação de alguns projetos - Serra do Pilar Design Hotel, Cais Cultural de Gaia, CS Vintage Oporto Hotel, Gaia Golf Park, Oporto Boeira Garden Hotel e Quinta Marques Gomes, levou a delegação a visitar os locais de cada um dos projetos. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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José Vieira, presidente da CCDR-N, e Emídio Sousa, presidente do conselho de administração do PERM, na assinatura do contrato de financiamento.
Obras do PERM já arrancaram
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: AMTSM
Já arrancaram, em Santa Maria da Feira, as obras do futuro Parque Empresarial de Recuperação de Materiais (PERM), uma pretensão antiga da Junta Metropolitana do Porto que, para além de “colmatar a lacuna existente na recolha e tratamento de sucata, representa um passo importante para o desenvolvimento económico da sub-região de Entre Douro e Vouga”, afirmou o presidente do conselho de administração da empresa PERM, Emídio Sousa.
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omeçaram as obras de construção do futuro com grande potencial que responde a uma grave laParque Empresarial de Recuperação de cuna ambiental nos cinco municípios envolvidos”, Materiais, no concelho de Sansublinhou o também vice-presidente da ta Maria da Feira. Situado Câmara de Santa Maria da Feira, alerna freguesia de Pigeiros, o projetando para a importância desta to representa um investimento infraestrutura no Norte do país. global na ordem do 15 milhões “O PERM será o único parque de euros, oito dos quais comde recolha e tratamento de participados por fundos cosucatas e de resíduos elétrimunitários, prevendo-se que cos e eletrónicos existente na possa estar concluída durante região Norte de Portugal o que o primeiro semestre de 2014. lhe atribui uma maior impor“O início dos trabalhos de constância dentro da Área Metropotrução desta infraestrutura é o litana do Porto, uma vez que a sua culminar de quatro anos de trabaárea de influência não se esgota na lho intenso”, referiu Emídio Sousa, presub-região onde ficará situado”, admite sidente do conselho de admio responsável. A sociedade Inserção do PERM no local de implantação nistração da empresa PERM. “PERM – Parque Empresarial “Esta é uma área de negócio ( Carta militar n.º 143/144 - escala 1:20.000) de Recuperação de Materiais REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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Localização do PERM - Pólo 1 das Terras de Santa Maria, EIM” é composta pelos municípios de Arouca, Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira e Vale de Cambra e por um consórcio constituído por cinco empresas, sendo o projeto dinamizado pela Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (AMTSM).
preservando o meio ambiente. Outros dos objetivos do projeto, que irá estender-se por uma área de cerca de cinco hectares, constituídos por 116 módulos, prendem-se com a criação de uma área de acolhimento empresarial, concebida de raíz para o setor da recuperação e reciclagem de materiais, tendo em vista uma melhoria e controlo das condições de exercício de atividade de recuperação e comerciaRECOLHA E TRATAMENTO lização de materiais. A integração das cerca de 86 DE SUCATA organizações empresariais E RESÍDUOS dedicadas ao setor, e locaELÉTRICOS “O PERM será o único lizadas na área territorial da principal fiAMTSM, bem como a criação parque de recolha e nalidade do de serviços específicos de tratamento de sucatas PERM é a de utilidade coletiva nas áreas e de resíduos elétricos e da recuperação e reciclagem c o n c e n t r a r, numa área geeletrónicos existente na de materiais, são fatores que ográfica única, contribuir para um maior região Norte de Portugal irão as diferentes empresas de desenvolvimento das indússucata a funcionar na subtrias tecnológicas relacionaregião de Entre Douro e Vouga, proporcionando- das com a recuperação de materiais, potenciando lhes as condições necessárias para o exercício da o desenvolvimento económico e a criação de novos atividade de acordo com as normas legais em vigor, postos de trabalhos, numa zona que se prevê que se impedindo a proliferação de atividades ilícitas rela- venha a transformar, a curto prazo, num polo dinacionadas com a recolha destes materiais, bem como mizador de implantação empresarial da sub-região potenciar o desenvolvimento económico da região, de Entre Douro e Vouga.
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S U G E S T Õ E S Música
Dança
6 janeiro 2013 18 horas
“Temper Temper” Bullet For My Valentine
O novo trabalho dos Bullet For My Valentine, oriundos do País de Gales, vai ser lançado no dia 11 de fevereiro de 2013. “Temper Temper” será o quarto disco de estúdio da banda de metalcore, depois dos álbuns “The Poison” (2005), “Scream Aim Fire (2008) e Fever (2010). Gravado na Ásia, o novo projeto foi produzido por Don Gilmore, que já trabalhou com conhecidas bandas como Lacuna Coil, Good Charlotte e Linkin Park. Formado em 1998, o grupo começou o seu percurso musical com o nome “Jeff Killed John”, que contava com a participação de Nick Crandle, posteriormente substituído por Jason James.
Música
Concerto Sigur Rós 13 fevereiro 2013 21 horas Depois de três anos de pausa, os Sigur Rós estão de regresso aos grandes palcos, atuando em território português nos dias 13 e 14 de fevereiro, no Porto e em Lisboa, respetivamente. Apreciada por grandes nomes do universo musical, a banda islandesa surpreende pelo complexo jogo de ideias e misturas, que a leva das melodias pós-rock a elementos de música clássica e minimalista. No concerto agendado para 2013, os fãs portugueses vão poder conhecer, ao vivo, o sexto álbum dos Sigur Rós – “Valtari” – editado em maio deste ano. A primeira parte do espetáculo no Coliseu do Porto está a cargo dos Blanck Mass. O preço dos bilhetes varia entre os 23 e os 35 euros.
O Lago dos Cisnes
Depois de ter conquistado o público em anos anteriores, o famoso bailado de Tchaikovsky “O Lago dos Cisnes” volta a Portugal para um espetáculo repleto de romance, protagonizado por bailarinos reconhecidos em todo o mundo. A obra clássica promete, através de uma impressionante coreografia, mergulhar o público num verdadeiro conto de fadas. A performance surge centrada na história da jovem rainha Odette, que é vítima de um feitiço que a transforma em cisne, permitindo-lhe adotar a forma humana durante a noite. A magia só poderá ser quebrada perante uma jura de amor eterno. Mais de 30 artistas vão tomar conta do palco, realçando a beleza da história e a harmonia da música do compositor russo. Os bilhetes custam entre 25 e 49 euros. Coliseu do Porto Rua Passos Manuel, 137 – 4000-385 Porto Tel. 223394940 | Fax. 223394949 www.coliseudoporto.pt
105 Cinema
Cinema
1 a 10 de março de 2013
FANTASPORTO
Festival Internacional de Cinema do Porto
A 33.ª edição do Fantasporto vai chegar à cidade Invicta em fevereiro com uma programação dedicada ao novo cinema do mundo mas também a Michael Powell, reconhecido autor de diversas obrasprimas como “The Red Shoes” (1948). Os 70 anos de “Aniki Bobó”, o filme de Manoel de Oliveira que melhor retrata a cidade do Porto, e as estrelas do cinema francês vão também estar em destaque na grande festa portuense. O Programa Especial 2013, de cruzamento entre o Cinema e as Artes e Ciências, será dedicado à Música.
Rivoli Teatro Municipal Praça D. João I | 4000-295 Porto Tel. 223 392 200
“The Hunt” A Caça Estreia 14 de fevereiro de 2013
“The Hunt” chega às salas de cinema portuguesas no dia 14 de fevereiro para contar a história de Lucas (Mads Mikkelsen), funcionário de uma creche que procura reconstruir a sua vida depois de um complicado processo de divórcio, no qual perdeu a guarda do filho. Um dia, a pequena Klara (Annika Wedderkopp), de apenas cinco anos, revela à diretora da escola que Lucas lhe mostrou os seus órgãos genitais. A acusação leva ao seu afastamento do trabalho e, mesmo não havendo provas da veracidade do relato da criança, Lucas começa a ser perseguido pelos habitantes da cidade onde vive, tendo de lutar para salvar a sua dignidade.
Leitura
“Lendas do Porto”, de Joel Cleto O segundo volume de “Lendas do Porto”, da autoria de Joel
Cleto, dá a conhecer mais duas dezenas de histórias tradicionais da região, não abdicando de uma análise crítica que não só explica o que é inverosímil, mas também o que é credível. Do povo que habitava há mais de dois mil anos o Monte da Senhora da Saúde até aos surpreendentes materiais de construção utilizados por Siza Vieira na Casa de Chá da Boa Nova, o leitor conhecerá as lendas que justificaram a relação da cidade com os seus três santos padroeiros, o motivo da associação do Futebol
Clube do Porto ao dragão e a explicação de topónimos como Vitória e Campanhã. E porque o Porto é um território comum de Identidade, de Memória e de Património(s), de uma comunidade que não se confina ao espaço definido pelo rio Douro e pela Estrada da Circunvalação, as lendas que explicam a construção da igreja de Matosinhos, o reflexo da peste negra nas margens de Gaia ou a origem das Águas Santas da Maia juntam-se às suas congéneres portuenses. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
F R E G U E S I A S
Apoio a famílias em risco Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Fios e Desafios
“Fios e Desafios” é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) cujo principal objetivo é o de proteger e potenciar o bem-estar e o fortalecimento das famílias com crianças e jovens em risco e na sua integração na sociedade.
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intervenção é centrada no apoio a crianças, jovens e respetivas famílias, com vista à promoção e integração social e comunitária, potenciando a sua autonomização. Tendo em conta que a zona oriental revela, ainda, algumas carências de âmbito social, a área de ação da “Fios e Desafios” centra-se, basicamente, nesta área geográfica, estando a sua sede em construção na freguesia de Campanhã, num terreno cedido pelo
Vitória Sport Club São Pedro de Campanhã, situado na Rua da Levada (Freixo). Para o efeito, a instituição tem vindo a lançar alguns apelos na ajuda às obras de requalificação do edifício, que se encontra degradado, com a doação de materiais de construção nomeadamente tijolos, pladur, tintas de interior e exterior, tijoleiras e material sanitário para pessoas de mobilidade reduzida. A instituição, cujo apoio aos seus utentes ainda está condicionado devido à falta de espaço, sobrevive, atualmente das quotizações dos cerca de 50 sócios e de alguns donativos. Recentemente foi elaborada uma parceria com a Junta de Freguesia, que possibilita à instituição, um apoio por parte do Gabinete de Ação Social da autarquia. A “Fios e Desafios” tem vindo a promover, pelo segundo ano consecutivo, um piquenique denominado “Famílias Solidárias” onde participam todos os utentes, num convívio apoiado pela Sonae, empresa que contribui com os alimentos distribuídos nesta ação.
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JUNTA REIVINDICA OBRAS NA ZONA ENVOLVENTE À ESTAÇÃO DE CAMPANHÃ “Quem espera desespera”, salientou Fernando Amaral, presidente da junta de freguesia, referindo-se à já antiga pretensão da autarquia relativamente às obras de requalificação da zona envolvente à estação, nomeadamente na Rua Pinheiro de Campanhã. “O piso, onde os buracos abundam, está lastimoso” alertou o autarca, reforçando a reivindicação junto da Câmara do Porto para que assuma um papel ativo nesta pretensão. “A Câmara deveria interferir junto das entidades competentes para proceder às melhorias que a zona necessita”, afirma, sustentando que as obras de melhoramento são urgentes, bem como a criação de novas vias e parques de estacionamento. “Esta é a maior estação do norte do país, onde se movimentam, diariamente, milhares de pessoas”, salienta, acrescentando que é preciso “dar uma nova imagem àquela zona esquecida da cidade”. O autarca alerta ainda a câmara portuense para uma nova dinâmica a criar, no sentido de resolver o problema das diversas fábricas que existiram na freguesia e que se encontram abandonadas. “Espaços como as fábricas do Cobre, da ‘Tripa’, Duarte Ferreira e Mário Navega não podem ficar eternamente ao abandono. É urgente encontrar soluções de revitalização destes espaços,
promovendo a requalificação das zonas envolventes e a criação de novos postos de trabalho”, refere, alertando, ainda para o estado de degradação a que a autarquia deixou chegar o edifício do antigo Matadouro Municipal.
DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO
A Junta de Campanhã, em colaboração com o Dolce Vita Antas, celebrou o Dia Mundial da Alimentação com uma mostra de trabalhos das crianças que frequentam as escolas de todos os agrupamentos da freguesia. A exposição, integrada no concurso “Começa o Dia com Energia”, esteve patente naquele shopping entre 15 e 28 de outubro.
Na última edição da viva, o campo de jogos Ruy Navega foi apresentado como propriedade do Clube Desportivo de Portugal mas, na realidade, o espaço pertence a uma família e a uma outra entidade que o arrendam àquela instituição desportiva.
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F R E G U E S I A S
Voz aos cidadãos Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira/Virgínia Ferreira
A dar provas de que está apta a ser, até ao final do ano, a primeira junta portuguesa com certificação em responsabilidade social, a freguesia de Lordelo do Ouro desafiou os cidadãos a criarem projetos que possam ser inseridos no Plano de Atividades e Orçamento para 2013.
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a tentativa de dar mais um passo rumo à construção de uma comunidade socialmente ativa e participativa, a junta de Lordelo do Ouro decidiu “ouvir” as propostas dos cidadãos para o desenvolvimento da freguesia, tendo em mente a elaboração do Plano de Atividades e Orçamento para o próximo ano. “Quando surgiu a ideia, percebemos que já não íamos a tempo de implementar um verdadeiro orçamento participativo tal como está regulamentado. Ainda assim, não querendo descartar esta aposta, implementámos um processo de consulta alargada a todos os cidadãos lordelenses para que, até ao valor de dez mil euros, nos apresentassem propostas com o objetivo de serem incluídas no Plano de Atividades e Orçamento a realizar em 2013”, informou a presidente da junta, Gabriela Queiroz.
Em declarações à Viva, a responsável explicou que o desafio foi lançado a todas as pessoas, exigindo-se apenas que estivessem recenseadas na freguesia de Lordelo ou, no caso das associações ou coletividades, que tivessem a sua sede ou realizassem grande parte do respetivo trabalho na freguesia. As propostas apresentadas pelos cidadãos estão, neste momento, em fase de análise e seleção, representando já uma medida desenvolvida à luz da responsabilidade social, cuja certificação deverá ser obtida pela junta até ao final de 2012. “Entendemos que a consulta alargada seria também uma forma de concretizar a responsabilidade social com o envolvimento das partes interessadas, sendo elas as que, de algum modo, trabalham ou se relacionam, em maior ou menor medida, com a junta de freguesia”, referiu Gabriela Queiroz. Dentro do mesmo espírito, todos os colaboradores da junta estão envolvidos num processo de formação e desenvolvimento de competências individuais e coletivas, participando em cursos de diferentes áreas e em
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A presidente da junta de freguesia de Lordelo do Ouro, Gabriela Queiroz, pede a todos os cidadãos que, no caso de pretenderem apoiar o Clube Fluvial Portuense, o façam através do NIB 0046 0196 00600 195714 62.
de, para além do montante financeiro necessário para assegurar mensalmente o cumprimento do plano de insolvência, o clube ser anualmente obrigado ao pagamento da verba do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), que a câmara municipal entendeu não isentar mesmo no seguimento de um pedido formal da junta de freguesia”, sustentou.
CABAZES DE NATAL ATRIBUÍDOS ÀS FAMÍLIAS CARENCIADAS
ações destinadas a reforçar a capacidade de trabalho em equipa. “Garantir que o freguês vai ser servido com eficácia” é, segundo Luís Osório, membro do executivo da junta, uma das grandes metas do processo de trabalho.
CLUBE FLUVIAL PORTUENSE NO CENTRO DAS ATENÇÕES
Numa altura em que as famílias portuguesas enfrentam crescentes dificuldades económicas, os agregados residentes em Lordelo do Ouro vão poder beneficiar da já habitual atribuição de cabazes de natal pelo poder local. “A junta vai distribuí-los aos mais carenciados naturalmente com alguns limites e com a necessidade de comprovar a situação de carência ou deficiência económica do agregado familiar a ser beneficiado”, sublinhou a responsável, adiantando que está prevista a entrega de, pelo menos, 200 cabazes, número que poderá aumentar mediante as necessidades observadas pelos serviços autárquicos. E para que o espírito natalício chegue também aos mais novos, a junta está a organizar, em parceria com o Lions Clube da Boavista, uma atividade que mobilizará todas as crianças das escolas primárias e jardins de infância de Lordelo num “momento de festa”. “Nos anos anteriores foi uma ida ao cinema”, informou Gabriela Queiroz, adiantando que, apesar de ainda não estar definida, a atividade deste ano também não vai desapontar os pequenos lordelenses.
Ainda no âmbito da estratégia de dar voz aos cidadãos e às necessidades da freguesia, a junta de Lordelo continua empenhada em sensibilizar a sociedade para a canalização de todos os esforços em torno do Clube Fluvial Portuense, que está a cumprir o plano de insolvência. A propósito da comemoração dos 136 anos da instituição portuense – assinalados no dia 22 de novembro - Gabriela Queiroz aproveitou para convidar os cidadãos a visitarem o clube, a conhecerem as suas instalações e, eventualmente, a tornarem-se sócios. “O principal problema do Fluvial tem a ver com o facto REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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Reforço na ação social
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
Apostada em reforçar o investimento no âmbito da ação social na freguesia, a junta de Nevogilde tem vindo a promover algumas atividades para uma melhor sinalização e apoio de carências da população através de uma cooperação mútua entre a autarquia e Polícia de Segurança Pública (PSP).
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o sentido de intervir e solucionar, de forma mais eficaz, muitos dos problemas e carências que afetam a população, a junta de Nevogilde tem vindo a reforçar a colaboração com a PSP, nomeadamente através de um programa de policiamento de proximidade, que se tem revelado de grande utilidade com vista aos objetivos comuns – a segurança e bem estar da população. De acordo com Marisa Madeira, educadora social da autarquia, existem, por toda a freguesia, alguns casos que preocupam aquele organismo. “Temos vindo a detetar, de forma mais acentuada, casos que necessitam de intervenção, sobre os quais temos procedido agilmente,
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de forma a prestar todo o apoio à população que dele necessita, encaminhando-a para as entidades apropriadas ou ajudando-a através dos nossos próprios meios de acompanhamento”, refere, salientando que, em muitas das situações não se trata da tradicional carência financeira mas sim da falta de acompanhamento e apoio.
COLABORAÇÃO ESTREITA COM A PSP Para Manuel Fonseca, chefe supervisor das Equipas de Proximidade e Apoio à Vítima da esquadra de Aldoar, questões como “o abandono, maus tratos e violência” são alguns dos problemas com que diversas franjas da população se debatem e que se expressam das mais variadas formas, sendo necessário percorrer diversas etapas com vista à sua resolução. “A nossa intervenção passa pelo acompanhamento a pessoas idosas que vivem sós - as quais tentamos alertar para os perigos a que estão sujeitas, nomeadamente através de ações de sensibilização de proximidade – bem como à vigilância e ação direta sobre elementos referenciados por violência, física e psicológica, maus tratos, coação ou violência
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doméstica”, refere, salientando o papel da polícia no âmbito da profilaxia. “Devemos tentar diminuir, por todos os meios que estão ao nosso alcance, qualquer morte sem assistência médica”, ilustrou. E foi a pensar no bem estar e na segurança dos cidadãos que a PSP instituiu, em 2006, um programa denominado de «Policiamento de Proximidade e Apoio à Vítima», através do qual criou equipas de agentes com formação específica, no sentido de detetar e fazer o devido acompanhamento a todos os casos que apresentem gravidade. A cooperação entre a junta de Nevogilde e a equipa da esquadra de Aldoar (no âmbito territorial onde a freguesia se insere) tem sido, assim, intensificada. Devido ao trabalho comum, que vai desde a identificação dos casos mais urgentes – que podem ser detetados quer pela acão social da autarquia, quer pela própria polícia – à resolução dos mesmos, o processo é desenvolvido num intercâmbio enérgico entre estes dois organismos, que também recorrem à interação com outras entidades, aptas para intervir no âmbito da ação social, nomeadamente a Segurança Social, Autoridade de Saúde, Unidade de Cuidados na Comunidade, Assiciação Portuguesa de Apoio à Vítima e Santa Casa da Misericórdia do Porto. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
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Ação Social
no topo das prioridades Apesar de já ter definido a Ação Social como prioridade deste mandato, o executivo da Junta de Freguesia de Paranhos decidiu, este ano, reforçar as verbas do pelouro. Na sequência da análise das necessidades
da população, dada a conjuntura nacional, a junta lançou um conjunto de projetos de apoio aos idosos, às famílias carenciadas e aos agregados familiares em risco de rutura iminente.
Texto: Mariana Albuquerque Fotos: JF Paranhos
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um momento em que se multiplicam os casos de idosos em situação de isolamento social, a junta de freguesia de Paranhos procurou encontrar uma solução capaz de dar resposta às carências dos cidadãos mais velhos e em dificuldades, lançando um projeto de Teleassistência. “Trata-se de uma estratégia destinada a apoiar as pessoas com mais de 65 anos que vivem sozinhas”, afirmou o presidente da junta, Alberto Machado. Para isso, os idosos apenas têm de utilizar um aparelho – no pulso ou ao peito – com determinadas funcionalidades essenciais ao seu bem estar e segurança: pressionando o botão de alarme, é acionada uma ligação ao call center onde se encontram enfermeiros prepa-
rados para qualquer eventualidade. “A chamada pode ser realizada por algum motivo de urgência, seja de saúde ou policial, mas também se o idoso sentir apenas necessidade de conversar um pouco”, esclareceu o autarca Alberto Machado. O call center funciona 24h por dia, 365 dias por ano, o que permite que os cidadãos efetuem ligações em qualquer altura. A Teleassistência pode ainda ser utilizada no momento de os recordar de determinados compromissos. “Se, por exemplo, estiver contratualizado que o idoso vai receber uma chamada quando tiver que tomar a medicação, o call center fará a ligação na hora certa”, acrescentou. Equipado com GPS, o sistema permitirá, também, conhecer de imediato a localização do utilizador, no caso de o mesmo se perder. Através dos
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restantes botões do aparelho, é possível programar chamadas para familiares ou vizinhos. Uma das características do projeto é a sua associação ao voluntariado. “O Movimento Comunidades de Vizinhança está a trabalhar connosco na monitorização domiciliária dos idosos sem retaguarda familiar. Assim, uma vez por dia ou de dois em dois dias, o voluntário destacado pelo movimento vai visitar o idoso, fazendo-lhe companhia durante algum tempo. O acompanhamento dos mais velhos pode ser feito de diversas formas, seja numa ida ao médico e às compras ou simplesmente num diálogo. Na altura em que a bateria do aparelho de Teleassistência estiver a ficar sem energia, o call center recebe uma mensagem escrita e liga ao utilizador para que o carregamento seja efetuado. “Se o idoso desligar o equipamento, o call center também é alertado. Nesse caso, o familiar ou o voluntário é acionado no sentido de tentar perceber a razão pela qual o aparelho não está a funcionar”, descreveu Alberto Machado. O equipamento custa 150 euros, sendo que os cidadãos carenciados da freguesia poderão adquirilo gratuitamente. Além disso, o sistema inclui uma mensalidade de 12 euros que deverá ser paga pelo idoso, “salvo exceções devidamente ponderadas”.
PACOTE DE 50 MIL EUROS PARA APOIAR INSTITUIÇÕES SOCIAIS Ainda a pensar no aumento do número de pessoas em dificuldades, a junta de Paranhos destacou um pacote de 50 mil euros para apoiar as instituições sociais, designadamente na área alimentar. “Estamos a trabalhar com as entidades da freguesia no sentido de conseguirmos atribuir mais cabazes às famílias e reforçar o número de refeições das cantinas sociais”, explicou Alberto Machado, realçando que aqueles espaços apoiam, diariamente, mais de 300 pessoas, “com tendência para aumentar”. “Através do programa das cantinas sociais, a Segurança Social está a pa-
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gar às IPSS para que possam dar refeições às pessoas mais carenciadas. No entanto, como há mais procura do que oferta, a junta disponibilizou uma verba destinada a evitar que qualquer pessoa fique sem refeições”, esclareceu.
AJUDA ÀS FAMÍLIAS EM RISCO DE RUTURA IMINENTE A par do auxílio alimentar concretizado nas duas vertentes – através da atribuição de cabazes e do apoio às instituições – Paranhos dispõe de um Programa de Emergência Social destinado a ajudar agregados em risco de rutura iminente, ou seja, “famílias que vão gerindo o seu orçamento muito no limite mas que, por vezes, deparadas com despesas extra, correm o risco de desequilibrar a sua situação financeira nos meses seguintes, entrando numa situação em que nunca mais se conseguem reequilibrar financeiramente”. Para que o futuro dos cidadãos não seja prejudicado, a junta, em colaboração com as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) e a Comissão Social de Freguesia, decidiu apoiá-los através do pagamento pontual de algumas despesas. Tal como esclareceu Alberto Machado, a Comissão Social de Freguesia surge como um “grupo de trabalho, coordenado pela junta, no qual têm assento todas as instituições de Paranhos que prestam apoio na área social, desde as paróquias aos vicentinos, IPSS, centros sociais, movimentos de voluntários, polícia e centros de saúde”. O objetivo da comissão é, portanto, o de monitorizar, a cada momento, a situação social dos paranhenses. A ilustrar ainda a colaboração da junta com as IPSS, neste caso com a Ajudaris, a freguesia conta agora com o centro de convívio “Clube dos Habilidosos”, no qual as pessoas podem participar em workshops e atividades diversas, estando já programada a abertura de outro espaço semelhante. De salientar ainda a realização de uma campanha de reutilização de manuais escolares que permitiu a entrega de mais de 600 livros a perto de 90 famílias de Paranhos. “Este ano, recolhemos uma quantidade enorme de manuais que já não estavam em utilização, por isso, vendemos o papel e, com o dinheiro, comprámos géneros alimentares que reverteram para a nossa Loja Social”, informou Alberto Machado, aproveitando para recordar os cidadãos de que podem ajudar os mais carenciados através da entrega de diversos donativos na junta de freguesia de Paranhos (alimentos, roupa, calçado, eletrodomésticos, mobiliário e produtos de higiene) que, por sua vez, serão entregues às famílias em dificuldades. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2012
H U M O R
Chefe à maneira
O empregado diz ao chefe: - Chefe... a minha sogra vem cá passar o fim de semana e a minha mulher disse-me para lhe pedir se me podia dar a tarde para a ir buscar ao aeroporto... - Lamento, mas há imenso trabalho para fazer. Não o vou poder dispensar... - Obrigado, chefe! Eu sabia que podia contar consigo!
Prisão
Um tipo vai para a cadeia. Ao fim de um mês já tinha arrancado três dentes, cortado um dedo e extraído o apêndice. Diz um guarda para outro: - É melhor vigiarmos este de perto...acho que está a tentar fugir aos bocados.
Raciocínio
Um motociclista vai contra uma mulher muito gorda. A mulher grita-lhe: - Então?? Não me podia ter contornado? - Eu ainda pensei nisso mas tive medo que acabasse a gasolina!
No paraíso
O que é que Adão disse a Eva da primeira vez que se zangaram? - A tua sorte é eu não te poder mandar para casa da tua mãe!
Operações
Conversa entre miúdos: - O meu pai já fez operações à cabeça, ao coração, aos pulmões, aos intestinos e ao estômago... - Coitado...tá assim tão mal? - Não, é cirurgião...
No consultório
Diz o paciente ao médico: - De modo que tenho este problema e estou sempre com as mãos a tremer. - Estou a ver...o senhor bebe muito? - Nem por isso...entorno a maior parte!
Sugestão
Dois amigos encontram-se: - Então, estás melhor? - Estou na mesma. - Foste ao consultório que te indiquei? - Fui. - E o médico, acertou com o que tinhas? - Quase... eu tinha 100 euros, ele levou-me 90...
Campanha
Em plena campanha eleitoral, um candidato promete que, se for eleito, só se trabalhará 30 dias por ano. Do meio da assistência há um alentejano que diz: - Sim senhori, é assim mesmo! 30 dias! Olhe lá, e desses 30 dias, quantos é que vamos poder tirar de férias?
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C R Ó N I C A
Nuno Grande Obrigado, muito obrigado por ter partilhado connosco o riso, a dor, a esperança, a angústia, os afetos, o sonho, o amor e a morte. António Vilar Advogado … E todos, todos se vão! Osíris, o deus do Além, passou, na sua barca, à porta de Nuno Grande e levou-o, há dias, consigo. Vai chegar primeiro, Professor. Espere por nós, os que sempre e incondicionalmente em si acreditamos e que continuaremos, entretanto a combater por cá de olhos postos em si. Homens como Nuno Grande, num mundo agreste, cínico, egoísta, desnorteado, ganancioso, levam-nos a pensar que a natureza humana não é necessariamente má e o “homem o lobo do homem” (homo homini lupus, Hobbes). Há, afinal, outros caminhos na sociedade que podem ser percorridos na senda da liberdade, da igualdade e da solidariedade. Foi por estes que a luz da sua vida viajou com uma grandeza infinita. E fica entre nós. Lembro, neste momento, em especial a sua dedicação à Fundação Afro-Lusitana e o apoio constante que generosamente lhe prodigalizou para a manter viva na ajuda a estudantes dos países africanos de língua portuguesa. E se em muitas outras circunstâncias tive o privilégio da partilha da sua bondade (Forum Portucalense, Liga dos Amigos da Ponte D. Maria, Centro Juvenil de Campanha, sei lá que mais!) convoco aqui a Fundação Afro-Lusitana para, em jeito de homenagem – e até ao nosso encontro no Oriente eterno – lhe prometer que a fundação que tanto lhe deve vai voltar a ser o que queria que fosse. Vai, sim, Professor. Porque era sua vontade e é a nossa, segundo os seus ensinamentos. Com este humano evento – o seu e o nosso adeus – mais uma noite sem lua acontece na nossa impiedosa sociedade que, cada vez mais desumanizada, caminha a passos largos para a tragédia final – suspensa a democracia, uma certa liberdade poderá fazer, a seu tempo, retornar o fascismo. Não devia, pois, deixar-nos por aqui quando vivemos num país agrilhoado por poderes não
eleitos e mortificado por eleitos imbecis; quando há crescentemente fome em muitos lares e a saúde deixou de ser um direito humano incontestável; quando a mediocridade e o oportunismo estão encavalitados à mesa do Estado; quando a liberdade se esvai e a democracia apodrece; quando o medo escraviza os portugueses; quando a esperança já não nasce ao raiar do dia. Afinal foi contra toda esta miséria que os seus valores sempre o levaram a lutar corajosamente! Ao curvar-me perante o seu corpo biológico na capela mortuária onde descansava, a sua extremosa esposa grande Mulher sempre ao lado de um grande Homem – olhou-me e, entre lágrimas, sussurrou-me ao ouvido: “Sabe, ele gostava muito de si”. Agradeci comovido e sem jeito. Mas o Professor gostava de todos e a todos ajudava numa permanente disponibilidade para fazer o bem sendo eu apenas um dos devedores que ele deixou e que não teve, ainda, ocasião de lhe pagar a sua generosidade. Nuno Grande, não viveu no, e do, materialismo vulgar que ignora a singularidade de cada pessoa e a dignidade humana de todos. Homem aberto à totalidade do real percorreu caminhos diversos com um humanismo insuperável na busca permanente de mais liberdade, mais democracia, mais justiça, mais dignidade. E com a esperança meta-histórica (estou disso convencido) de que para além do tempo, tempo haverá, deixou sinais e marcas nos caminhos que sulcou na sua terrena peregrinação que farão avançar no futuro os homens de boa vontade como ele o foi Obrigado, muito obrigado por ter partilhado connosco o riso, a dor, a esperança, a angústia, os afetos, o sonho, o amor e a morte. Até logo, Professor. Deixe o seu comentário em www.viva-porto.pt
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