Revista gratuita trimestral - Março 2012
REPORTAGEM O acordo da discórdia
MÚSICA "The Eleanors" do Porto para o mundo
EM FOCO
Lobo Xavier
A Voz dos Ridículos
Um homem de paixões
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editorial JOSÉ ALBERTO MAGALHÃES
Eduardo Souto Moura A cidade do Porto viu nascer, faz em julho próximo 60 anos, um dos seus filhos mais carismáticos, um dos arquitetos portugueses mais internacionais e conceituados com um trabalho qualitativa e quantitativamente, extenso e extremamente inovador. Eduardo Souto Moura, um dos vultos mais marcantes da denominada “Escola do Porto”, ao lado de nomes como Siza Vieira e Fernando Távora, tem uma ligação quase poética, entre o rigor inventivo e a importância concedida aos materiais, fundindo ficção e realidade. A sua arquitetura, que dá uma grande importância ao desenho, revela um apurado sentido crítico da paisagem, que sempre transforma em função de cada contexto. Tem na inovação uma das suas características mais assinaláveis, criando ao sabor de um gosto pessoal em que quebra as regras e, paradoxalmente, parece que se diverte com isso. Curiosamente foi na cidade que o viu nascer que o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, em janeiro deste ano, o condecorou com o título de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Souto Moura recebeu inúmeros prémios e galardões ao longo da sua carreira onde avulta, naturalmente, o Prémio Pritzker 2011, o maior galardão mundial da arquitetura, semelhante à atribuição de um Nobel. Aliás, a cidade do Porto tem obras de três premiados pelo Pritzker: Álvaro Siza Vieira (1992), Rem Koolhaas (2000) e Eduardo Souto Moura (2011). Entre muitas outras distinções, Eduardo Souto Moura recebeu, em 2011, o Prémio Personalidade do Ano, escolhido pela Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal, tendo ainda sido considerado uma das 100 personalidades de 2012 pelo jornal espanhol El País. Doutor “Honoris Causa” pela Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade Lusíada do Porto, em 2011, Souto Moura foi distinguido, em Vigo, com o galardão de mérito dos Prémios de Arquitetura Ascensores Enor, em novembro do ano passado. Na ocasião, Eduardo Souto Moura lembrou que a palavra crise, em grego, significa mudança, sublinhando que “as vanguardas fazem-se na mudança”, ou seja “que as grandes obras da arquitetura são as dos tempos da crise”. “As grandes obras de arquitetura nunca foram as dos períodos altos”, disse enfatizando que na crise “é mais difícil mas o resultado é melhor, porque exige da parte dos arquitetos um rigor e uma depuração mais exigente”. Em 2010 a sua obra da Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, recebeu o Prémio Secil de Arquitetura. Souto Moura já tinha ganho este prémio, em 2004, com o Estádio Municipal de Braga e, em 1992 com a construção da Casa das Artes, no Porto. O arquiteto portuense, que em 1998 foi distinguido com o Prémio Pessoa, já lecionou nas mais conceitudas escolas de arquitetura do mundo, nomeadamente na Faculdade de Arquitetura do Porto, em Paris-Belleville, Harvard (EUA), Dublin, Zurique e Lausanne. 3
sumário Editorial ............................................................................................... 3 Protagonista: Lobo Xavier ................................................................... 6 Reportagem: Acordo Ortográfico ...................................................... 12 Música: The Eleanors ....................................................................... 20 Design: Ilustarte ............................................................................... 24 Marques Soares: Espaços remodelados ........................................... 28 Guimarães: Tempo de arriscar e ultrapassar limites ..................... 32 Através dos tempos: Castelo de Gaia ............................................ 38 Galiza: Geodestinos: uma aposta nas singularidades galegas ......... 42 Empreendorismo: Católica Porto ..................................................... 48 Um dia com...: Taxis ........................................................................ 52 Momentos: ...................................................................................... 58 EDP Gás: Próximo da comunidade .................................................... 68 Ciência: Técnica inovadora reconstrói mandíbulas de crianças ........ 72 Atualidade: ....................................................................................... 76 Televisão: Porto Canal ...................................................................... 80 Em Foco: A voz dos rídiculos ......................................................... 84
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Design Ilustarte
Águas do Porto: A «Nova» Ribeira da Granja .............................. 88 Memórias: A alma da «Belle époque» .............................................. 94 SRU: Viver em pleno património mundial ......................................... 96 Portofólio: ...................................................................................... 100 Desporto: Karting: corridas de adrenalina ..................................... 114 Sugestões Culturais: ..................................................................... 118 Passatempos. ................................................................................. 128 Crónica: E agora, europa? ............................................................... 130 Autarquias Porto: Em defesa de uma região .................................................... 90 Matosinhos: Estratégias anti-crise .............................................. 102 Gaia: Gaia mais atrativa ............................................................... 106 Área Metropolitana do Porto: Que futuro? .................................... 110 Freguesias Campanhã: Amigos do 8 de dezembro ........................................... 120 Lordelo do Ouro: Atentos aos cidadãos ......................................... 122 Nevogilde: Os caídos na praia ........................................................ 124 Paranhos: De mãos dadas com as diferentes gerações .................. 126
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Um dia com... Taxis
Propriedade de: ADVICE – Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede da redação: Rua do Almada, 152 - 2.º – 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel.: 22 339 47 50 – Fax: 22 339 47 54 adviceporto@mail.telepac.pt adviceredaccao@mail.telepac.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto Editor José Alberto Magalhães Redação Marta Almeida Carvalho Mariana Albuquerque Fotografia Virgínia Ferreira Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto Célia Teixeira
Através dos tempos Castelo de Gaia
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Produção Gráfica Ricardo Nogueira Pré-impressão Xis e Érre, Estúdio Gráfico, Lda. Impressão, Multiponto Acabamentos Rafael, Valente e Embalagem & Mota, S.A. R. D. João IV, 691-700 4000-299 Porto Distribuição Mediapost Tiragem 140.000 global exemplares Revista trimestral gratuita Registado no ICS com o n.º 124969 Membro da APCT
Porto Canal Referência nortenha
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Um homem de paixões
Sentado numa esplanada da Foz do Douro, de forma descontraída, António Lobo Xavier admitiu ter sido conquistado e desafiado pela cidade do Porto.Com uma carreira marcada pela advocacia, gestão de empresas e política, do lado do CDS, Lobo Xavier reconhece que gostaria de desempenhar um cargo executivo no Governo.
Texto: Mariana Albuquerque/ /Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
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Nascido em Coimbra, em 1959, o advogado, gestor, comentador político, pai e guitarrista nas horas vagas começou a frequentar a Invicta com maior frequência quando fundou, juntamente com um grupo de amigos, um escritório de advocacia e começou a dar aulas na Universidade Portucalense. Além disso, uma “experiência mais emotiva” viria a fazê-lo optar por transferir a sua vida para a cidade nortenha. “Um dia, ao passar num bairro da Marechal Gomes da Costa, vi uma daquelas casas pequeninas para alugar e acheia irresistível”, confessou, reconhecendo que depressa conseguiu imaginar a sua vida naquele local. Contudo, a decisão de viver no Porto também esteve associada a um “fascínio por uma advocacia que não havia em Coimbra”. “Os meus colegas de escritório eram advogados da Sonae e pediram-me se podíamos encontrar-nos com algumas pessoas da empresa que tinham umas dúvidas sobre impostos”, contou o gestor. “Naquela altura, estava na Comissão de Reforma Fiscal e dava aulas de Impostos, por isso, achava que sabia 8
muito”, afirmou, entre gargalhadas, acrescentando que as questões colocadas “eram de tal maneira profundas e variadas” que, de imediato, percebeu a existência de um mundo profissional que lhe era desconhecido e que recusaria não conhecer. “E confirmo que, passados este anos, boa parte do que aprendi foi nessa relação com as empresas”, assegurou o gestor da Sonaecom. “O engenheiro Belmiro de Azevedo diz-me, meio a sério meio a brincar, que eu ainda devia pagar royalties por aquilo que ele me possibilitou aprender. E eu rio-me mas acho que ele tem alguma razão”, reconheceu. A política é outra vertente da qual o advogado assume não conseguir fugir. Militante da Juventude Centrista desde os 14 anos, passou para as concelhias, depois para a distrital, foi deputado e dirigente nacional, “mas sempre com a profissão desligada” dos assuntos do CDS, partido ao qual já não equaciona candidatar-se à liderança. “Eu já fui candidato e abandonei essa ideia há muito tempo”, garantiu, revelando que encara a participação no programa Quadratura do
antónio lobo xavier Círculo, na SIC Notícias, como o resultado de “uma carreira política frustrada”. “Ali faço o gosto ao dedo porque acabo por poder comentar, dar a minha opinião, estar com atenção aos factos e ler”, referiu. Em 1990, já no Porto, candidatou-se a deputado, sendo acusado de “paraquedismo entre cidades”. “Na altura, o FC Porto tinha um grande ponta de lança, o Kostadinov e, uma vez, os jornalistas perguntaramme por que é que eu, não sendo do Porto, queria vir para cá, ao que respondi: ‘o Kostadinov também não é e marca golos’”, contou, explicando que, depois de tantos anos, já encara a cidade como sua, estando plenamente integrado na vida portuense. Ainda assim, para Lobo Xavier, não se confirma a ideia de que os portuenses são os melhores na arte do acolhimento. “É um mito. Eu adoro o Porto, mas, no princípio das relações com as pessoas é fechado, chega a ser um pouco hostil e nunca vi, na prática, essa ideia de que as casas estão sempre abertas”, salientou. “O Porto mudou muito e para melhor” Outro mito que o advogado considera importante destruir é o de que a vida da cidade do Porto continua atrofiada pela capital. “Quando olho para trás, na última década, vejo como cresceu em importância e em significado a Universidade, a Casa da Música e Serralves, os triunfos e a notoriedade do FC Porto, vejo a mudança da vida cultural, institutos como o IPATIMUP e, portanto, o Porto, hoje, é uma grande cidade”, sublinhou, referindo, no entanto, compreender as queixas “na distribuição dos fundos e no modo como o país está organizado”. Ainda assim, garantiu, “fomos capazes de fazer uma cidade com atrativos diferentes, com uma mudança no turismo brutal nos últimos tempos, quer nas visitas, quer nos equipamentos”, o que também considera ser um indicador de que a Invicta não depende exclusivamente da sua gestão autárquica. Lobo Xavier não deixa, contudo, de admitir que a atuação do executivo de Rui Rio “trouxe uma certa pacificação, um relacionamento da cidade com os políticos que é diferente do de outras câmaras do país”. “Acho que Rui Rio fez muito pelo Porto sobretudo neste plano de estabilização dos cidadãos com a política. Não foi uma gestão baseada no protagonismo, o que deu uma grande tranquilidade à política da cidade”, apontou o gestor.
A “alma” portuense, essa, também evoluiu, segundo Lobo Xavier. “Mantiveram-se o apreço pela liberdade e o sentido de vizinhança, mas o Porto tornou-se mais cosmopolita”, defendeu, enumerando “o gosto pelos heróis da cidade”, como Artur Santos Silva, Siza Vieira e Souto Moura, a “recuperação económica” e “o modo como se aproveitou a Capital Europeia da Cultura [em 2001] para mexer em algumas praças e monumentos”. Apesar de, em tempos, ter ponderado uma candidatura à presidência da Câmara Municipal, o Lobo Xavier explicou que a sua vida profissional se organizou de uma maneira “incompatível com esse sonho”. Em relação à saída de alguns elementos do CDS do executivo camarário, como é o caso de Álvaro Castelo Branco, o advogado admitiu que os cidadãos podem interpretá-la como “um desinvestimento” no Porto, o que acredita não ser a intenção real do partido. “Estamos num momento menos bom da relação PSD-CDS, que eu espero que seja mudado tão depressa quanto possível”, referiu. A importância de criar uma “massa crítica” Segundo Lobo Xavier, para se afirmar a nível nacional e europeu, o Porto precisa de ser “o centro de uma região” marcada por uma liderança e um entendimento com as restantes câmaras. “Enquanto não houver massa crítica, ou seja, um espaço alargado, formado por uns milhões de pessoas, com uma estratégia própria e caminhos articulados entre os concelhos, o Porto será sempre uma cidade pequena”, sentenciou, assumin9
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do-se um defensor da regionalização no caso de a reforma ser sinónimo de uma articulada “produção de bens públicos”. “Tem de haver eleições. Não podem sentar-se numa mesa e articular ideias mas depois irem para casa preocupados com os eleitores de Matosinhos, de Gondomar ou Gaia”, ilustrou o gestor da Sonaecom. Na qualidade de defensor da descentralização do poder como condição da democracia, Lobo Xavier diz não se contentar com a divisão estado central-concelhos. “Acho que falta aqui uma área intermédia”, notou, acrescentando que, não sendo uma reforma urgente, poderia trazer vantagens para as pessoas. Ainda na análise da situação do país, o também membro do Conselho de Administração da Mota-Engil e administrador do BPI considera que Portugal tem criado barreiras a que as empresas permaneçam no país – “obstáculos relacionados com a justiça, a burocracia, os licenciamentos e as questões fiscais”. “O contencioso que há entre quase todas as empresas do país e a administração fiscal a propósito de detalhes mal esclarecidos da lei é um conflito gigantesco que impressiona qualquer investidor”, notou, defendendo que os portugueses que se querem internacionalizar também têm o direito a procurar os melhores sítios, estabilidade e carinho pelo investimento. O advogado considera, portanto, que “Portugal devia tentar perceber porque é que essas pessoas mudam de paragem, sendo que, às vezes, nem é uma questão de dinheiro, nem de regimes fiscais, mas de estabilidade e confiança”. 10
Paixão pela guitarra, motos todo-o-terreno e cozinha Com uma semana de trabalho repartida pela gestão de empresas e o escritório de advogados, no qual dirige uma equipa, Lobo Xavier adapta a sua agenda à gravação da Quadratura do Círculo, à quinta-feira, em Lisboa. “E acabo também por trabalhar ao fim-desemana embora procure ter momentos sagrados com a família”, disse, contando que, há dois anos, se tornou “um velho guitarrista”, que precisa de treinar muito para recuperar o tempo perdido. “Tenho uma banda de rock no escritório que se chama Tier One Band e massacro um bocadinho as pessoas que vivem comigo a ensaiar pela noite fora”, confessou. O gestor, que também pertenceu ao Conselho de Administração do FC Porto, revelou ainda ter um grupo de amigos com os quais agenda aventuras de mota aos domingos. “Para se aguentar este desporto tem que se ter preparação física, que faço no ginásio durante a semana”, afirmou, adiantando que uma terceira paixão é a cozinha, “numa dupla vertente, não só na de fazer receitas, mas na de receber as pessoas”. “Talvez me falte um cargo executivo no Governo” Apesar de se considerar uma pessoa feliz, que gostava apenas de ter mais tempo para a família, António Lobo Xavier afirmou que, se tivesse outras circunstâncias profissionais, gostaria de exercer um cargo executivo no Governo. Ainda assim, aproveitou para esclarecer que não é verdade que tenha sido convidado para um lugar concreto e o tenha recusado. “Nunca equacionei essa hipótese, mas também nunca a coloquei de parte. É algo que eu gostaria de fazer”, confirmou. Relativamente ao desempenho do líder do partido, Paulo Portas, o advogado admitiu que, dentro do CDS, será difícil encontrar um período “tão estável e interessante”. “Por vezes, o partido parece praticamente desaparecido e ele tem a arte de o fazer renascer das cinzas, sendo que, nos últimos anos, o transformou numa peça importante das decisões governativas”, sublinhou. “Há, porventura, coisas que eu gostaria que fossem de outra maneira - a implantação local, o modo como o partido se estabelece nas cidades e a sua base de sustentação - mas isso não anula a importância de o CDS se ter tornado, apesar da sua dimensão contida, um partido para a formação do Governo”, concluiu. Q
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O Acordo da
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acordo ortográfico
discórdia
A grafia da língua portuguesa sofreu algumas alterações, com a introdução do novo acordo ortográfico, o que está a dividir a sociedade: de um lado estão os defensores do caráter simplificador das novas regras; do outro, aqueles que as associam apenas a interesses políticos e comerciais. Texto: Mariana Albuquerque / Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
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Regra geral, os miúdos em idade escolar encararam a descoberta das alterações na grafia da língua portuguesa, introduzidas pelo novo Acordo Ortográfico (AO), como mais uma “aventura”. Os adultos, esses, torceram o nariz à reforma, que consideram “desnecessária” e unicamente ligada a “interesses comerciais”. Os argumentos pesam dos dois lados da balança, mas a verdade é que, com o início do ano letivo 2011/2012, muitos foram os portugueses que tiveram de começar a escrever de acordo com as novas regras. Para João Veloso, coordenador do Centro de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, “há um lado muito emotivo e até histérico na discussão” do acordo que, no fundo, ainda é desconhecido por grande parte das pessoas. “O alarido é inversamente proporcional às alterações que as regras trazem”, ilustrou o professor de Fonologia, explicando que os especialistas em linguística computacional contabilizaram que “a percentagem de palavras na língua portuguesa cuja escrita se altera por causa do acordo não chega a um por cento”. 14
Qualquer estudante que não queira perder pontos com erros ortográficos nos exames e trabalhos escolares terá, por exemplo, de escrever aspeto em vez de “aspecto” e ótimo ao invés de “óptimo”, eliminando, assim, as chamadas consoantes mudas e valorizando a forma como as palavras são ditas. Isabel Campos Fernandes, professora do 1.º ciclo na EB1 Alto de Soutelo, pertencente ao quadro do Agrupamento Vertical de Escolas de Rio Tinto (AVERT), afirmou que “a adaptação às novas alterações foi gradual e de acordo com a idade dos alunos”. Ainda assim, para a docente, que soma já 13 anos de serviço, a nova ortografia não está a gerar dificuldades. “Considerando a abrangência e a complexidade da Língua Portuguesa e do seu funcionamento, as alterações não foram assim tão difíceis. É uma adaptação fácil de fazer, tanto nas aulas com as crianças, como em todos os documentos elaborados para os diferentes departamentos do Agrupamento”, defendeu. Nos dois últimos anos letivos, durante os quais acompanhou turmas do 3.º e 4.º anos, Isabel Campos Fernandes notou o interesse imediato dos mais
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pequenos pela descoberta das alterações de grafia. “As crianças gostam de mostrar aos adultos do que são capazes”, apontou, esclarecendo que as maiores dificuldades se prendem com algumas mudanças na acentuação das palavras. Além de concordar que, para os miúdos, o AO “não é drama nenhum”, João Veloso admite que os seus alunos universitários também não estão a ter qualquer tipo de problema de adaptação às alterações acordadas para a língua portuguesa. “Estou a receber trabalhos e estão todos escritos segundo o novo AO. Nós mudamos de moeda há dez anos, tivemos de recalcular os preços, aprender a fazer conversões e não houve nenhum ‘terramoto’”, defendeu o docente, que já participou em várias ações de esclarecimento a pedido de empresas privadas, autarquias e escolas. “Unificar e simplificar” são os objetivos do acordo ortográfico Para o coordenador do Centro de Linguística da FLUP, grande parte dos “resistentes” às altera16
ções introduzidas, “não conhece o acordo” e “evoca falsos argumentos”. “O que vai mudar não é a língua, é a sua escrita”, começou por explicar o docente, que também não está de acordo com alguns motivos “nacionalistas” apontados pelos cidadãos. “Devíamos assumir com orgulho que o português é uma língua falada em cinco continentes, por cerca de 240 milhões de pessoas”, referiu, acrescentando que “os brasileiros não são menos proprietários da língua” do que os portugueses. João Veloso recorda, aliás, que a grafia brasileira também sofreu alterações com este acordo, nomeadamente com o fim do acento circunflexo numa série de palavras homófonas. O especialista considera, assim, que o novo AO apresenta dois objetivos: o da “unificação”, uma vez que “torna a grafia da língua portuguesa comum a todos os países em que o português é língua oficial e não só” e outro, “mais importante”, o da “simplificação”, já que “aproxima a escrita da língua à pronúncia”. Deste modo, Veloso defende que a eliminação das consoantes mudas acaba por ser um aspeto simplificador da escrita.
acordo ortográfico A vantagem da uniformização é também para o escritor angolano José Eduardo Agualusa uma mais valia da reforma ortográfica. “Nunca ouvi ninguém defender duas ou mais ortografias para Portugal, isso era o que tínhamos antes em Angola, com livros importados de Portugal e do Brasil”, notou. “Um acordo com imperfeições” Apesar de reconhecer as vantagens do AO, João Veloso admite a existência de “contradições”, por exemplo em relação às regras do hífen, “que já eram complicadas no acordo de 1945”. Para Sofia Rodrigues, coordenadora editorial da Porto Editora, “existem algumas omissões e pontos lacunais no texto do acordo” que geraram diferentes interpretações. “Com a oficialização do Vocabulário Ortográfico do Instituto de Linguística Teórica e Computacional, algumas das exceções consagradas no texto oficial, nomeadamente na questão da hifenização, levantaram polémica entre os linguistas que não entenderam o caráter de excecionalidade em palavras como cor-de-rosa, água-de-colónia, pé-de-meia e arco-da-velha”, sublinha. É que os hífenes só se mantêm, de acordo com a nova escrita, em espécies botânicas e zoológicas
(estrela-do-mar, bicho-da-seda, couve-flor) quando o prefixo termina na mesma letra com que se inicia o segundo (micro-ondas, inter-regional), em casos cujo segundo elemento do prefixo comece por “H” (anti-higiénico, auto-hipnose) ou nas palavras que contêm os prefixos pré, pós e pró (pósgraduação, pré-escolar, pró-vida). Os especialistas aconselham, por isso, a leitura do texto do AO e a utilização dos conversores em caso de dúvidas. A Porto Editora, por exemplo, apresenta no seu sítio online um conversor gratuito, tendo já lançado um dicionário que engloba as duas formas da língua: pré e pós acordo. A jornalista Raquel Madureira, que trabalha nos jornais Metro e Destak, não prescinde de ter o documento das alterações da grafia no ambiente de trabalho do seu computador, admitindo também que o papel da revisora é fundamental. “No Metro começámos agora a adotar, mas está a ser gradual, só nos textos e não nos títulos”, explicou, confessando não ser grande fã do AO. “É matar a nossa língua”, defendeu. De opinião contrária, alguns especialistas em linguística defendem a alteração da grafia como um meio de manter viva a língua que, sem estas “formas de evolução”, poderia ir definhando até morrer. Processo do AO “mal gerido pelo Governo anterior” Os manuais escolares também estão a sofrer as alterações de grafia, de forma gradual, mas segundo Isabel Campos Fernandes, nas áreas em que os livros são mais antigos, os alunos veem-se obrigados a corrigir o que é, agora, considerado errado. Paulo Gonçalves, da Porto Editora, lamenta o facto de não ter havido o envolvimento de todos os agentes educativos, nomeadamente das escolas, locais de formação e de aprendizagem da Língua Portuguesa, na calendarização da introdução do AO na vertente educativa, que foi, na sua perspetiva, tardiamente divulgada. O relações públicas da empresa defende, assim, que o processo do AO foi mal gerido pelo anterior Governo. “O nosso trabalho teria sido muito menos complicado se o Ministério da Educação tivesse programado melhor a entrada em vigor do Acordo nas escolas”, assegurou. 17
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A partir do momento em que se estabeleceu a introdução da reforma no sistema educativo, a editora colocou “mãos à obra” para adaptar a edição escolar às novas regras, sendo que até 2015, todos os manuais terão de estar uniformizados. Ricardo Pinto, de 13 anos, é aluno do 8º ano e não concorda com as mudanças introduzidas na grafia. “A língua é nossa. Porque razão temos de adaptá-la no sentido de a uniformizar com os outros países lusófonos?”, questiona. Para o aluno, as alterações só vão “complicar a vida de quem aprendeu de uma forma e terá de mudar” a meio do percurso escolar. “Quando aprendi a escrever era castigado se escrevesse sem as consoantes mudas, agora serei penalizado se escrever da forma que aprendi”, lamenta, salientando que as maiores dificuldades se prendem com a eliminação de algumas vogais e com a hifenização. Mas, a partir deste ano letivo, Ricardo tem mesmo de começar a escrever segundo as novas regras do Acordo Ortográfico, pelo menos na disciplina de Português. “Nas outras ainda não é obrigatório e, por isso, não o faço ainda”, admite. De forma 18
diferente está já a agir Filipe Fonseca Pinto, de 11 anos. “Se vou ter de escrever de acordo com novas regras, opto por tentar fazê-lo desde já, em todas as disciplinas, nas aulas e nos testes”, garante, sublinhando que lhe poderá “facilitar” a habituação à nova grafia. Para o aluno do 5º ano de escolaridade não parece haver dificuldades de maior, estando a adaptar-se bem às alterações. “Muitas vezes somos nós, os alunos, que corrigimos os professores”, conta. Joana Meireles, nove anos, frequenta o 4º ano do ensino básico, ciclo onde toda a aprendizagem começa. A professora explicou as novas regras e Joana diz estar a familiarizar-se com elas. “Há palavras que nunca tinha escrito da forma antiga, daí não estar a ter grandes dificuldades”, refere, salientando, no entanto, que existem muitas dúvidas quanto à nova grafia e à sua adaptação. “Eu ainda não sei bem tudo o que vai mudar mas, relativamente ao que já sei, não está a ser difícil”, assegura a aluna, explicando que este é um tema que já tem vindo a ser introduzido nas aulas desde meados do ano passado. Q
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música O amor pela música juntou-os em 2009. Depois de um EP (2010) e um ano de atuações para o promover, eis que The Eleanors partiram à conquista do seu «lugar ao sol». Um email, uma viagem a Londres, na senda dos Coldplay, e a confiança na qualidade da sua música, deixaram a banda pronta para experiências musicais mais arrojadas. Are you?
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: TE
Do Porto para o mu Miguel Rizzo, voz e guitarra, Hugo Marques, teclas, Tiago Barrigana, baixo e Manuel Ferreira, bateria, são os elementos que compõem a banda The Eleanors, cujas origens estão ligadas à cidade da Maia. O nome, que remete para o imaginário dos anos sessenta, surgiu de “um brainstorming de várias hipóteses” porque lhes “soou bem”. “Até poderiamos fazer uma analogia com os Beatles mas a 20
justificação para escolha do nome não é essa”, sublinham. Poder-se-ia, também, encaixar a banda num estilo musical algo próximo do indie rock, estereótipo que, de acordo com os elementos, acaba ser um pouco redutor em termos musicais. Começaram por ser o que vulgarmente se denomina de «banda de garagem», uma tradição forte no Porto, que tantas produz. Mas o facto de, logo poucos
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ndo meses após a formação, atuarem na primeira parte de um concerto dos Xutos e Pontapés, deixava antever uma marca de diferença relativamente à banda. «Efeito Eleanors» Garantem, no seu sítio na Internet, que há um “efeito Eleanors” e que “quem ouve uma vez a
música, com certeza que a cantará mais tarde”. E, pelos vistos, há mais quem partilhe desta opinião, nomeadamente um dos maiores produtores musicais do mundo, Ken Nelson, premiado com três Emmys com álbuns dos britânicos Coldplay, que irão atuar no Estádio do Dragão, a 18 de maio. “Resolvemos enviar um email ao Ken a apresentar a nossa música”, contam. Cerca de 21
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uma semana depois já o mítico produtor os convidava para “gravar uma música, num dos maiores estúdios do mundo, em Londres, cidade das grandes referências musicais”. E a experiência não poderia ter sido melhor. “Tudo muito profissional, pessoas fantásticas e profissionais excelentes”, garantem, salientando que tudo era, ao mesmo tempo, “descontraído”. “São culturas muito diferentes. Lá, o profissionalismo está no topo. A dimensão é muito grande e trabalham muitos planos acima”. E a oportunidade de gravar com a marca de alguém com semelhante ga-
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barito é um motivo de orgulho para a banda que, depois de uma música pode vir a carimbar um álbum inteiro com o nome de Ken Nelson. “Vamos ver, em breve tudo vai ficar decidido. Mas que há fortes possibilidades que isso venha a acontecer, há”, garantem. O esperado regresso a Londres 2010 marcou o lançamento do primeiro EP denominado «Back to lies and TV shows» que engloba os temas «Are You», «Back to Lies and TV Shows», «My Tongue», «INYFJ» e «Someone’s Story». O processo criativo é feito em conjunto, sendo que as letras são, basicamente, “trazidas pelo Miguel”. E é a língua inglesa que lhes soa bem no estilo rock. Depois da experiência de uma semana na capital britânica, a trabalhar com o grande produtor, o que lhes deixará uma ligação aos Coldplay, espera-se, agora, o regresso da banda a Londres no sentido de carimbar o seu primeiro álbum de forma tão notável. “Aprender e amadurecer em termos musicais” é o principal objetivo dos The Eleanors. E para início de carreira não está nada mal. www.theeleanors.com Q
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design
Ilustração, a arte de fazer nascer os sonhos Criada há um ano, a marca de design IllustrART desenvolveu uma coleção de t-shirts e cadernos para a Capital Europeia da Juventude (CEJ) 2012. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira/Illustrart
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No número 415 da Rua do Almada, bem no centro do Porto, pelas 8:30 horas da manhã já se trabalha, com afinco, na reinvenção das tradições portuguesas, daquelas que, por teimosia e paixão, as jovens Isabel Coelho e Ana Soares não querem ver morrer. No espaço “Retrato do que Vejo”, as duas designers de comunicação transformam a Invicta na “Inbicta”, terra do “chuço” - o guarda-chuva dos tripeiros - e das conhe-
illustrART realmente te apaixona”. A fundadora da marca portuguesa decidiu desistir de um emprego na área do design gráfico para apostar, a todo o gás, naquela que considera ser a sua praia – a ilustração. “Arrisquei, comecei a trabalhar em casa e as pessoas gostaram”, contou a jovem à Viva, ressalvando que o projeto está intimamente ligado às tradições portuguesas, “ao que é nosso”. Coleção “Porto Sentido” considerada produto oficial da cidade Em março de 2011, um mês depois de se instalar na Rua do Almada, num espaço que conjuga atelier com zona expositiva, a designer foi convidada para participar nas Feiras Francas, que decorrem no Palácio das Artes – Fábrica de Talentos. O tema daquela edição do evento, “Tripas Coração”, inspirou Isabel Coelho a criar uma linha nova de artigos. “E assim
cidas expressões “andor bioleta”, “bai-me à loja” e “és boa como o milho”. Da admiração pelas caraterísticas que marcam genuinamente um povo nasceu a IllustrART, marca de design que aplica a ilustração a diferentes suportes. E o grau de liberdade é, aqui, proporcional ao da imaginação: é possível ter a Amália Rodrigues a cantar o fado na capa de uma agenda, a Torre dos Clérigos a enfeitar um caderno, caixas de madeira pintadas com os mais variados motivos e forradas a veludo ou com papel de parede vintage, pins de diversos temas e peças de cerâmica ilustrada com aplicações – as chamadas IPOP’s (IllustrART Popular Original Pieces). Espreitar a colorida montra da loja é perceber a máxima de vida de Isabel Coelho: “aventura-te no que
nasceu a coleção ‘Porto Sentido’, com t-shirts pintadas à mão, carteiras com imagens da cidade, cadernos e pins. “Foi um sucesso, as pessoas acharam imensa piada aos pregões cá do norte”, confessou, de sorriso rasgado. Com o aumento do número de encomendas, a designer arranjou uma “aliada” disposta a alinhar na aventura da ilustração. Ana Soares, colega de curso de Isabel na Escola Superior de Artes e Design (ESAD), em Matosinhos, juntou-se, assim, ao projeto, mesmo a tempo de começar a trabalhar na coleção de verão da IllustrART. Entretanto, já cansadas de desenhar à mão a t-shirt “Bibó Puorto”, as jovens criaram uma edição em serigrafia, em cinco cores, “que continua a estar no top de vendas”. Muito apreciadas por portuenses e turistas são também as coleções dedicadas à temáti25
design e um caderno”, contou Isabel Coelho, revelando que, posteriormente, foi desafiada a criar uma proposta para a linha têxtil do evento. O trabalho das jovens, que substituíram, nas t-shirts e nos cadernos, as frases portuenses por expressões típicas de Braga – “Estou a ougar por umas papas de sarrabulho” ou “Deixaste a porta aberta?” – foi um sucesso nas redes sociais e está à venda na loja oficial da CEJ 2012. “Fizemos uma pesquisa aprofundada, entre amigos e na Internet, sobre as expressões bracarenses, idealizámos uma t-shirt semelhante à do Porto e criámos também cadernos aplicados a Braga: um com o Bom Jesus, outro com as violas típicas - as braguesas - e outro com expressões”, enumerou Isabel Coelho. ca do São Martinho e dos namorados. Por ser um retrato daquilo que se vê e ouve nas ruas da Invicta, a coleção “Porto Sentido” acabou por ser reconhecida como produto oficial da cidade, estando à venda nos postos de turismo. IllustrART assina linha oficial para Braga 2012 Numa outra edição das Feiras Francas, na qual a IllustrART se encontrava a representar o município do Porto, Isabel e Ana venderam um caderno e uma t-shirt a alguém que viria, pouco mais tarde, a dar-lhes a oportunidade de criarem um projeto de merchandise para Braga 2012 Capital Europeia da Juventude (CEJ). “Levámos os artigos que eram considerados produto oficial e houve uma apresentação com a representante do posto de turismo e das feiras francas. Nesse grupo, estava um executivo que achou imensa piada à coleção e que levou uma t-shirt dos falares em serigrafia Apesar de se ter consolidado num ano particularmente difícil para o país, a IllustrART conseguiu vingar e bater o pé à crise. “Tivemos um bom lucro, o que acaba por ser uma motivação para continuarmos o nosso trabalho”, apontou Isabel, acrescentando que as pessoas começam a dar cada vez mais valor ao facto de as peças serem únicas. “Temos carteiras pintadas à mão que custam para cima de 60 euros e, no entanto, as pessoas perguntam se já não há cá na loja”, notou a designer, que permitiu ao público andar com a cidade do Porto pintada bem perto do coração.Q 26
illustrART
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Sempre a pensar no desejo de elegância e sofisticação dos seus clientes, a Marques Soares mantém a preocupação constante de evoluir e inovar, de modo a manter a qualidade e excelência que lhe são reconhecidas. É neste contexto que surgem os novos espaços – mais simples, amplos, contemporâneos e cosmopolitas – que a empresa agora apresenta completamente remodelados.
faz parte da cidade
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guimarães
Tempo de ensaiar, arriscar Texto: Mariana Albuquerque
Depois de um momento de encontro no qual vimaranenses, artistas e visitantes de vários locais do mundo partilharam o que são, ao que vieram, quem desejam ser e onde querem chegar, a Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura (CEC) “já se respira em todos os lugares”, sensível aos impulsos criadores dos seus protagonistas. Com uma taxa de lotação das salas de espetáculo a rondar os 90%, os impulsionadores da CEC 32
denunciam o rasgado orgulho da cidade berço de Portugal, que já contaminou as páginas dos órgãos de comunicação social estrangeiros. “Há um sentimento enorme de orgulho para as pessoas de Guimarães. O projeto está a ter muita visibilidade na comunicação social portuguesa mas também na internacional e, de facto, aquilo que eram os nossos objetivos mais ambiciosos foram ultrapassados até ao momento”, afirmou o diretor executivo da Fundação Cidade de Guimarães (FCG), Carlos Martins.
capital europeia da cultura
Nos próximos meses, a Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura vai assinalar uma nova fase dedicada às “crescentes explosões criativas”, às “energias que alimentam uma vida de interrogações” e ao risco que traça a “fronteira do que já fomos” perante “aquilo que queremos ser”.
E se o espetáculo de abertura - que transformou o Toural num “ponto de partida de todos os encontros” pelas mãos dos catalães “La Fura dels Baus” - encheu o coração histórico da cidade com mais de cem mil pessoas, o arranque da nova fase da capital, dedicada à criação, pretende despoletar uma nova explosão de rua, na qual anjos, soldados, mulheres, diabos e equídeos voltam a gritar “aqui nasceu Portugal”. Assim, a provar a ideia de que a CEC 2012 “não é uma mera apresentação de espetáculos que já existiam”, uma “esmagadora parte da programação diz respeito a novas criações, encomendas e produções”, que não acontecem apenas durante o chamado “Tempo para Criar” – que se prolonga até ao dia 23 de junho – mas durante todo o ano. Aliás, a Fábrica ASA, inaugurada a 10 de março, já está a funcionar como “o grande espaço da Capital Europeia da Cultura”, servindo de local de trabalho para as estruturas de criação portuguesas e internacionais, cuja componente de arte contemporânea e performativa é, segundo Carlos Martins, a mais relevante. As dinâmicas de uma cidade “mais bonita” E se em qualquer cidade portuguesa, a CEC 2012 anda a dominar os temas de conversa, em Guimarães, vive-se intensamente a vida quotidiana, cul-
e ultrapassar limiares
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Rui Meireles
tural e patrimonial. “A cidade está mais bonita”, garantiu Cláudia Bragança, “nascida e criada no Berço de Portugal”. “As obras de requalificação urbana tornaram mais bonitos alguns dos principais pontos da cidade, como o Toural ou a Alameda de S. Dâmaso, que têm agora um aspeto mais moderno, sendo essas as principais diferenças que se notam logo à primeira vista”, explicou à Viva, acrescentando que o orgulho e a felicidade estão estampados nos rostos dos vimaranenses, “prontos para receber todos os visitantes de braços abertos”. 33
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Os curiosos, esses, começaram a fazer-se notar logo antes da inauguração da Guimarães 2012. “Na semana que antecedeu a abertura oficial da CEC e até ao próprio dia, notei muita gente nova na cidade, muitos turistas interessados em saber o que se ia passar, em fazer parte”, garantiu a jovem vimaranense, defendendo acreditar que, nos próximos meses, com a chegada dos dias quentes, a oferta cultural da cidade venha a atrair cada vez mais pessoas. A disponibilidade demonstrada, até agora, pelo público levou a organização do evento a concluir que “a relação entre o contexto de crise e o consumo cultural não é direta”. “Temos tido salas cheias em todos os eventos. (…) As pessoas sabem separar aquilo que é importante e continuam a acreditar que a cultura é um bem essencial”, sublinhou Carlos Martins, esclarecendo que uma das preocupações da organização foi a de construir uma política de acesso “bastante facilitada”. “É importante que Portugal perceba isto porque se não formos um povo com mais conhecimento, acesso à informação e mais consciente daquilo que é o seu tempo e isso só a cultura o pode fazer - nunca sairemos da crise”, defendeu o diretor executivo da FCG. E uma das mais valias da CEC é, para o vimaranense Hugo Costa, a capacidade de “exportar” o nome de Guimarães, através do aumento da presença de turistas e das obras de requalificação realizadas. “Um 34
evento desta dimensão, além de divulgar o nome de Guimarães ao mundo, dá a oportunidade à cidade de se dar a conhecer a um número incontável de pessoas”, concordou Cláudia Bragança. Sérgio Manuel Silva foi um dos portugueses que, apesar de viver em
Lisboa, não quis perder a oportunidade de percorrer as ruas vimaranenses em ano de Capital Europeia da Cultura. “Estive presente na abertura, no Largo Toural. Assisti ao espetáculo de multimédia com as encenações do grupo “La Fura dels Baus”, contou o algarvio, admitindo ter ficado impressionado com a performance. “As imagens multimédia nos edifícios do largo completaram e muito bem a monumentalidade do espetáculo”, referiu, considerando que, em termos visuais, “o balanço é positivo”.
capital europeia da cultura “O Castelo em 3 Atos”: pensar coletivamente a Europa Numa cidade com elevada carga histórica, a organização da CEC 2012 decidiu utilizar o tema do Castelo como “uma poderosa metáfora para agarrar as grandes questões da atualidade”. Assim, de 7 de abril a 23 de junho, a cidade acolhe uma exposição de arte contemporânea, comissariada por Paulo Cunha e Silva, que contaminará a zona envolvente ao Castelo – “o símbolo mais forte” de Guimarães. “O que ele fez foi desafiar muitos artistas de áreas, linguagens e gerações diferentes a pensar a ideia da fortaleza, o conceito da defesa da Europa”, explicou Carlos Martins, sublinhando que o evento será “uma metáfora sobre aquilo que são, hoje, os grandes desafios políticos europeus”. Adriana Molder, Gabriel Abrantes, Ibon Mainar, João Pedro Vale, José Eduardo Agualusa e José Avillez foram alguns dos artistas convidados a participar na reflexão.
A par do cinema, a arquitetura é outra área destacada por Carlos Martins nesta Capital Europeia da Cultura. Entre os dias 9 de junho e 2 de setembro, o Laboratório de Curadoria, “plataforma de encontro entre vários agentes ligados à prática curatorial e à produção artística”, terá um segundo momento de programação que incidirá sobre a interpretação dos processos e conteúdos artísticos. O texto, a tradução, a autoedição, o livro de artista, o arquivo e a crítica de arte serão as problemáticas fundamentais em destaque no momento de “reflexão teórica e crítica”.
Cinema: uma das apostas do ano A exibição e produção de filmes é uma constante do programa da Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura. “Temos um ciclo de cinema contínuo. Vamos mudando as temáticas mas, todas as semanas, temos duas sessões, organizadas diretamente pela equipa de programação da capital ou através da parceria com o Cineclube de Guimarães”, revelou o diretor executivo da FCG. Além disso, acrescentou o responsável, a CEC “fez uma encomenda de cerca de 40 filmes, quer a autores internacionais, quer a jovens criadores, num formato mais clássico, em 3D e noutras experiências digitais”, que vão sendo lançados durante o ano. A viagem pelas mais de duas centenas de páginas de programação dos quatro tempos de pulsação do evento revelam que, em abril, o cinema de animação recebe uma panorâmica sobre obras de mulheres realizadoras – agendada para o dia 15, no Centro de Artes e Espetáculos (CAE) São Mamede – e outra dedicada à relação da literatura com o cinema animado. Na continuidade da relação que a Festa do Cinema Italiano traçou com Guimarães, haverá, nesta fase, um alargamento do número de filmes com especial atenção dedicada à obra do realizador neo-realista Ermanno Olmi, que estará em destaque entre os dias 15 e 28 de abril.
“On/Off” – um Laboratório de Criatividade Urbana De maio a outubro, a Fábrica ASA será o palco do “ON/OFF – Laboratório de Criatividade Urbana”, que nasce de uma parceria com o espaço “Maus Hábitos”, do Porto. Tal como explicou à Viva o diretor executivo da FCG, trata-se de “uma estrutura permanente que tem como temática essencial a arte urbana, abordando a sua relação com uma cidade em concreto que é Guimarães”. “Vários artistas vão trabalhar a partir da cidade, 35
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ligando-se às artes plásticas, à música, dança e a outras linguagens”, enumerou, esclarecendo que o projeto tem “ligações à cidade, aproximação ao universo empresarial, comercial, ao espaço público”, assumindo duas preocupações: a ligação à Galiza e ao Brasil. “Os artistas portugueses vão fazer pontes culturais com estes dois territórios que são fundamentais para a Capital Europeia da Cultura”, referiu, salientando a proximidade cultural e geográfica da Galiza e a relevância da lusofonia, marcada pelas relações com o Rio de Janeiro, “que é uma cidade geminada com Guimarães”. A CEC acredita, assim, que, com a importância crescente do Brasil enquanto país cultural, “os artistas e comissários portugueses também têm muito a ganhar, já que é a expressão de língua portuguesa que se expande pelo mundo”. “Não queremos que a Guimarães 2012 perca de vista essa oportunidade”, garantiu Carlos Martins. Viver a Capital Europeia do lado dos protagonistas A Fundação Orquestra Estúdio (FOE), constituída propositadamente para o evento, é outra das presenças asseguradas durante o ano. Sob a direção do maestro Rui Massena, os jovens artistas, oriundos de vários países, estão a liderar inúmeras experiências musicais, atuando, por exemplo, no dia 36
28 de abril, ao lado dos Expensive Soul, num verdadeiro laço entre a força sinfónica e o ritmo e flexibilidade da música pop. Apesar do trabalho árduo que uma iniciativa de tal envergadura exige dos jovens músicos, a alegria de terem conquistado “um lugar de sonho” consegue ser mais forte. “A experiência resume-se numa palavra fantástica. É um sonho alcançado”, assegurou Ricardo Tapadinhas, contrabaixista da FOE. “Sempre desejei integrar-me numa orquestra, foi para isso que estudei e é um modo de vida que eu alcanço”, acrescentou, garantindo que a rotina de trabalho é feita por uma “equipa fantástica”. Apesar de ter iniciado tarde os estudos, o músico, de Lisboa, decidiu não cruzar os braços e fazer os testes de admissão para a Orquestra. “Fomos avaliados com base naquilo que éramos capazes de fazer. A prova consistia em tocarmos determinados excertos e obras”, explicou, destacando o orgulho de ter conseguido obter uma resposta afirmativa. Dois dias antes do arranque da CEC, Ricardo mudou-se para Guimarães e, desde então, não são raros os dias em que passa quase 24 horas a estudar contrabaixo. “Ainda ontem acabei de estudar às 22 horas, comi qualquer coisa e fui para a cama para hoje poder estar em forma”, afirmou, com o rigor de quem pisa os palcos de uma Capital Europeia da Cultura.
capital europeia da cultura Os momentos bons da FOE, esses, “foram muitos”. “Gostei muito da abertura oficial em que tocamos o “Pássaro de Fogo” de Stravinsky”, confessou, destacando ainda o “belíssimo momento” da interpretação de uma obra do compositor Chesky, durante a qual a orquestra “esteve a um alto nível“, em consonância com o ballet. Para Ricardo Tapadinhas, a relação entre os músicos “é saudável”. Apesar de estar mais próximo dos contrabaixistas, com quem trabalha mais horas, o músico garante que “já há alguma afinidade e amizade” entre todos os artistas. “Os colegas que não são de cá já estão integrados, já sabem dizer uma ou outra palavra em português”, contou à Viva, acrescentando que, independentemente da nacionalidade de cada um, no momento de subir ao palco, apenas se “fala” uma linguagem – a da música. De acordo com o contrabaixista, os artistas estão empenhados em lutar para que o projeto da FOE continue depois de 2012. “É a melhor experiência que tenho, neste momento, no currículo, porque iniciei os estudos tarde e a idade sempre me limitou o acesso a concursos que dão algum prestígio”, referiu, sublinhando, no entanto, que, o facto de ter conquistado o lugar de Chefe de Naipe é representativo daquilo que consegue fazer.
Desafios comunicacionais da organização Preparar um evento que conjuga protagonistas de todo o mundo com várias centenas de atividades programáticas exige um esforço adicional por parte da equipa organizadora, que tem de ultrapassar os imprevistos diários e dar resposta aos desafios que vão surgindo. “Normalmente os eventos têm uma duração curta e uma iniciativa com a duração de um ano tem lógicas muito particulares ao nível da gestão dos recursos financeiros, humanos e, acima de tudo, comunicacionais”, mencionou Carlos Martins, referindo que “é muito difícil manter uma comunicação permanente de um evento que dura tanto tempo”, o que exige “um doseamento desse esforço porque os recursos financeiros são limitados e é impossível comunicar todos os dias com a mesma intensidade”. Além desse “trabalho cirúrgico”, outro desafio apontado pelo diretor executivo da FCG tem a ver com a capacidade de acolher em Guimarães a quantidade de pessoas que tem passado pela cidade desde o dia da abertura. “A própria cidade, o comércio e a hotelaria ainda estão a ajustar-se ao evento”, explicou, garantindo, contudo, que essa adaptação “se vai fazendo durante todo o ano e cada vez melhor”. Q 37
atravĂŠs dos tempos
Muralhas de mistĂŠrio 38
castelo de gaia Há quem diga que nunca existiu, outros garantem que se manteve imponente, ao longo dos séculos, no monte ainda hoje conhecido por “Lugar do Castelo”, na margem a sul do rio Douro, em Gaia. O certo é que, entre a lenda e a realidade, o Castelo de Gaia está envolto em algum mistério.
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos:
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através dos tempos O crescimento da investigação arqueológica, desenvolvida em Gaia ao longo das últimas décadas, tem vindo a conceder especial atenção a toda a área ocupada pelo “Castelo de Gaia”. De acordo com alguns autores, as referências documentadas mais antigas de que há conhecimento sobre o monumento remontam ao século XIV, registadas pelo cronista-mor do reino, Fernão Lopes, na sua Crónica de D. João I e não será de afastar a hipótese que as suas estruturas tenham sido destruídas pela população durante a crise de 1383-1385. Posteriormente, existem outras referências ao castelo medieval, em meados do século XVI, feitas pelo cronista João de Barros (1496-1570), segundo o qual era “tão antigo que dizem o fundou Caio Julio Cesar”, opinião reforçada dois séculos depois, em referências que atribuíam os muros do “castelo” a uso romano. O castelo foi mencionado, ainda, no Foral Novo de Vila Nova de Gaia, passado por D. Manuel I, que refere que “pello caseyro do castelo de Gaya” se cobra “setecentos reaaes”. Entretanto, e apesar das estruturas se encontrarem bastante derrubadas e os materiais fragmentados e misturados, as escavações realizadas na área do Castelo de Gaia (sobretudo a partir da década de 80) permitiram, por um lado, confirmar a ocupação da zona durante o período romano e, por outro, relançar a velha questão da localização de Cale. Da lenda à realidade De acordo com as lendas, o Castelo de Gaia foi ocupado por diversos povos desde romanos a mouros, o que terá dado origem à lenda de Gaia que nos conta que, durante o predomínio dos árabes, foi este castelo habitado por Alboazar, um mouro que raptou Gaia, mulher do Rei Ramiro de Castela. Este reuniu as tropas e partiu em direção ao castelo para ir libertar a sua amada. Depois de se ter disfarçado de romeiro, conseguiu entrar no castelo e avisar os seus homens, que o tomaram e mataram Alboazar. Ao constatar que Gaia se tinha apaixonado por Alboazar, decidiu vingar-se. Conta a lenda que, antes de a afogar no rio Douro, lhe terá dito: “Mira, Gaia, mira porque é a última vês que miras”. 40
castelo de gaia
No século XIX, a cidade de Gaia esteve no centro de diversas batalhas, quer na Guerra Peninsular como na Guerra Civil portuguesa (1828-1834), quando uma vez mais o Douro marcou a fronteira entre os beligerantes. E é precisamente do conflito entre realistas e liberais que alguns autores defendem que terá acontecido o desaparecimento do que restava do antigo Castelo de Gaia, onde as tropas de D. Miguel terão montando uma bateria, de onde abriram fogo cerrado sobre o Palácio dos Carrancas onde D. Pedro tinha estabelecido o seu quartel-
general. D. Pedro, bombardeado no seu próprio quarto, mudou-se para Cedofeita, tendo-se dirigido, no dia seguinte, à Bateria das Virtudes, de onde mandou abrir fogo sobre o reduto do Castelo de Gaia. O que restava do antigo castelo desapareceu, então, tendo sido o seu terreno vendido pelo Estado. Um dos proprietários ali ergueu um grande edifício, que foi legado por um dos seus herdeiros à Santa Casa da Misericórdia do Porto para que nele fosse instalado um asilo de cegos pobres e abandonados: o Asilo dos Cegos, na atual ladeira do Castelo. Q 41
destinos
Geodestinos: uma aposta nas singularidades galegas 42
galiza A Galiza traçou uma nova classificação territorial destinada a aperfeiçoar as propostas turísticas da região. Nesta edição, a Viva desafia-o a conhecer alguns dos geodestinos que incluem sugestões de turismo para todos os gostos.
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O segredo está em unir as particularidades de uma região para mais facilmente conseguir atrair aqueles que aceitam desvendar os seus segredos. Numa lógica de desfrutar da diversidade como elemento diferenciador, a Galiza assumiu uma nova estratégia de promoção turística assente no conceito de geodestinos - mapa turístico da comunidade galega que divide o território em 14 áreas, agrupadas de acordo com as singularidades de cada zona. O projeto, criado pela Junta da Galiza, em parceria com os municípios, pretende despertar todo o potencial atrativo da região, conquistando um maior número de visitantes graças a uma oferta diversificada. O novo mapa é, assim, constituído por Costa da Morte, Rias Altas (Ferrolterra-Eume e Corunha-Marinhas), Terras de Santiago, Marinha Lucense, Lugo e A Terra Chã, Ancares-Courel, Ribeira Sacra, O Ribeiro, Terras de Ourense e Allariz, Celanova-A Limia, Verín-Viana, Manzaneda-Tervinca, Rias Baixas (Ria de Muros e Noia, Ria de Arousa, Terras de Pontevedra e Ria de Vigo e Baixo Minho) e, por fim, Deza-Tabeirós. “Cada parte conta para o todo”, notou o presidente da Junta da Galiza, 44
Alberto Feijóo, sublinhando a importância de uma boa articulação das várias zonas. O conceito de geodestino surge, assim, associado a um espaço geográfico que apresenta uma homogeneidade baseada nos recursos naturais, culturais e patrimoniais, capaz de gerar fluxos turísticos. Com a nova classificação territorial, os municípios pretendem dar a conhecer alguns destinos ainda pouco visitados.
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Turismo de experiências Numa viagem pelos geodestinos da zona costeira, o primeiro ponto de paragem é Rias Altas, subdividido em duas áreas: Ferrolterra e Corunha-Marinhas. A primeira delas, constituída, por exemplo, pelos municípios de Ares, Cabanas, A Capela, Cerdido, Fene, Ferrol e Neda, tem o Castelo de Moeche na sua carta de apresentação, assim como o conhecido lugar de peregrinação galego Santo André de Teixido, situado junto às falésias, sobre o mar. O pulmão verde do parque natural do Eume é outro dos atrativos em destaque neste geodestino. Por outro lado, a área Corunha-Marinhas sugere uma visita ao jardim “do Passatempo”, pioneiro parque temático da vila de Betanzos, uma das mais antigas da Galiza. Na “luta constante” entre a terra e o mar surge o geodestino Costa da Morte, no qual é possível conhecer o Farol de Finisterra, conhecido como farol “do fim do mundo”. O pitoresco porto de Caión, o santuário da Virgem da Barca e o Cemitério dos Ingleses são outros locais incluídos no roteiro das experiências galegas.
A natureza e a riqueza biológica e geomorfológica são os principais ingredientes diferenciadores da Marinha Lucense, que integra, por exemplo, os municípios de Alfoz, Barreiros, Burela e Cervo. A praia 45
destinos
“As Catedrais” e o Souto da Retorta, considerados Monumentos Naturais, são algumas das propostas a descobrir pelos visitantes.
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De destacar também o geodestino Rias Baixas, formado por quatro áreas distintas. A “monumental grandeza” das vilas de Ria de Muros e Noia entra em perfeita harmonia com os valores ambientais, a pegada histórica e o crescimento das suas populações. A Ria de Arousa, a maior da Galiza e de toda a Espanha, é conhecida a nível mundial pela riqueza em fauna marinha e pelas suas praias. A Ilha de Arousa, com um parque natural em Carreirón, e as ilhas de Cortegada e Sálvora são os lugares de destaque neste geodestino. Numa combinação de mar, praia e montanha surge a zona Ria e Terras de Pontevedra, composta por A Lama, Barro, Bueu, Caldas de Reis e Campo, entre outros municípios. O Parque Arqueológico Arte Rupestre Campo Lameiro, a aldeia costeira de Combarro e o Caminho Português a Santiago de Compostela integram a lista de atrações disponíveis. Por fim, no cruzamento de três elementos: uma linha de costa, um rio fronteiriço e vários agrupamentos de montanhas, está o destino Ria de Vigo e Baixo Minho, que engloba três núcleos de pessoas com uma pegada no território: Baiona, com a sua história; Vigo, a maior cidade galega e Tui, com a sua conhecida catedral. Q
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Empreendedorismo
Dinâmica empreendedora Numa época de descrença, em que os efeitos negativos da omnipresente crise ameaçam paralisar a sociedade, é ambição da Católica Porto contrariar a natural cedência à resignação, evidenciando novas opções e potenciando a criação de caminhos alternativos de sucesso pessoal e coletivo. O programa Spinlogic oferece um conjunto articulado de atividades direcionadas à comunidade interna e envolvente, com propostas que incluem a dinamização de atividades curriculares e extracurriculares e a motivação e sensibilização para o empreendedorismo, mas também atividades de pré-incubação e incubação de projetos e negócios e o apoio a diferentes processos de transferência de tecnologia. A incubação na Católica Porto é orientada para o desenvolvimento de pessoas e das equipas de projeto, dan-
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do toda a iniciativa aos empreendedores, de modo a que sejam eles a perceber qual a viabilidade dos seus trabalhos. A incubação é caracterizada ainda por critérios que têm diferenciado dinâmicas empreendedoras na Católica Porto: as sinergias com as atividades da Universidade; uma articulação entre as empresas incubadas; a existência de um professor a tutelar cada spin temático e mentores que acompanham os projetos sempre que necessário; as preocupações éticas valorizadas pela comunidade da instituição e a componente tecnológica e inovadora, presente de forma clara em todas as áreas. O programa envolve mais de 50 empresas e negócios em diferentes fases de desenvolvimento, diferenciandose as seguintes áreas: ArtSpin - indústrias criativas; BioSpin - bio-economia; GesSpin - áreas transversais e SocialSpin - Economia Social. Q
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Empreendedorismo
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um dia com
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Tรกxi!!
motoristas de táxis
Robert De Niro imortalizou a profissão no filme “Taxi Driver”, onde desempenhou o papel de um motorista de táxi. Na realidade, a vida destes profissionais não é propriamente um filme mas conta com algumas aventuras. As principais queixas prendem-se com a diminuição do serviço e alguma insegurança.
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
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um dia com Na cidade do Porto existem cerca de 726 táxis, com licença e alvará, e duas centrais. A Ráditaxis é uma cooperativa que opera desde 1960 sendo a mais antiga a nível nacional. Atualmente possui cerca de 442 associados aos quais distribui o serviço, mediante o pagamento de uma quota mensal de 60 euros. A Invicta Táxis, um Agrupamento Complementar de empresas sem fins lucrativos, é outra central que opera no Porto desde 1987 e que representa cerca de 210 taxistas. Para todas as chamadas que caem nas centrais, estas encaminham os carros que representam e que estejam livres. Tudo funciona eletronicamente e por sistema GPS e nos ecrãs consegue-se ter uma panorâmica geral de todos os carros, onde e como circulam – a cor verde representa os que estão livres, a vermelha os ocupados com clientes, a azul os que estão parados nas praças de táxis e a cinzenta os que estão em recolha. O sistema emite um sinal ao carro, dando-lhe a indicação da morada à qual se deve dirigir, quase nem sendo necessário falar com o elemento da central. Cerca de 652 táxis estão integrados nas duas centrais o que significa que são 74 os carros que ainda trabalham sem recorrer aos serviços de ambas. As centrais apostam em ações de formação para os seus associados, pelo que o nível de profissionalismo dos motoristas tem vindo a aumentar na última década. Decréscimo acentuado do serviço A Raditaxis recebe uma média de 45 mil chamadas por mês, embora tenha havido um decréscimo em novembro e dezembro. De acordo com Mário
Ferreira, as dificuldades económicas que o país atravessa e a expansão da rede do Metro fizeram cair um pouco o negócio. Mas ainda há quem prefira o táxi para as suas deslocações, esporádicas ou constantes. Humberto Almeida, gestor de qualidade da Invicta Táxis, salienta, a este respeito, os serviços que a central mantém com hotéis, colégios e hospitais. A central aderiu à gestão da frota por GPS em 2009 e foi pioneira, em 2010, ao disponibilizar o ebooking, um sistema que permite efetuar reservas através do seu sítio na internet, bem como o serviço ringback, através do qual o cliente é contactado quando o táxi chega à sua porta. Apesar de toda a inovação, o certo é que são cada vez menos as pessoas que utilizam o táxi para as suas deslocações. “A crise e o metro são os principais fatores para a quebra no serviço” refere Paulo Cardoso, motorista há cerca de 13 anos. De acordo com o taxista, há uma década a atividade era quase “em dobro”. “A linha de metro para o aeroporto tira-nos muito serviço”, lamenta Luís Silva. Alice Costa salientou a frustração de quem passa tantas horas a trabalhar para chegar ao final do dia e ver “meia dúzia de tostões na mão”. Insegurança é preocupação comum Quisemos saber quais as vantagens de estar ligado a uma central e todos os motoristas abordados salientaram maior segurança. “É muito mais seguro estar ligado a uma central. Para além de nos encaminharem
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o serviço, que é pedido pelas chamadas telefónicas, ainda temos com quem contactar em caso de necessidade”, refere Agostinho Ferreira, motorista há cerca de um ano. Luís Silva, de 71 é taxista há 25. Este profissional, de vasta experiência, refere também a segurança de ter com quem contactar em caso de emergência, salientando ainda o sistema «Táxi Seguro», ligado diretamente à PSP, usado por quase todos os carros em atividade. “Se houver algum problema, acionamos o botão que está ligado à Polícia que nos deteta de imediato pelo GPS”, conta. Também este é um sistema útil posto à disposição dos taxistas, que se queixam de alguma insegurança, principalmente os que trabalham de noite. Apesar de tudo, Mário Ferreira, presidente da direção da Raditáxis e taxista há cerca de 20 anos, diz que, no Porto, a falta de segurança é menos acentuada do que em Lisboa. “Na capital sim, é um risco ser taxista. Aqui não há assim tantos incidentes”, diz, salientando que “por vezes acontecem”. Manuel Almeida, 58 anos, está na profissão há 30 anos. Adora a sua atividade apesar da insegurança crescente que se foi instalando na profissão e que se “alastrou a todos os setores da sociedade”. De acordo com o taxista, este é o resultado “da falta de autoridade e da impunidade dos tribunais”. Agostinho Ferreira é recente na profissão, à qual chegou como “um recurso”. “Tenho 53 anos e fiquei desempregado. Isto foi a única coisa que consegui para sobreviver”, refere, salientando que trabalha por conta de outrém. Apesar de nunca ter passado por nenhuma situação de assalto diz já ter tido umas
quantas situações de clientes que “fugiram sem pagar”. Alberto Almeida, motorista há 28 anos, já foi assaltado duas vezes, quando trabalhava de noite: na primeira levaram-lhe o carro, na segunda foi ameaçado de faca. “É mais inseguro o trabalho à noite”, admite. A introdução de terminais de multibanco nos táxis veio reduzir a percentagem de assaltos de que os motoristas eram alvo. “Apesar de ainda haver alguns, houve um decréscimo com o incremento do multibanco nos carros”, refere Humberto Almeida. Alice Costa é motorista de táxi há cerca de uma década. Recém 55
um dia com “Existe a ideia de que o táxi é um transporte de luxo” As praças, com o nome técnico de «posturas», são locais onde todos os táxis podem parar e aguardar por clientes. “Os táxis só podem usar as posturas da cidade onde operam e estão registados”, refere Alice Costa. A bandeirada em serviço urbano são 2 euros passando a 2,5 euros se for à noite – aos quais acresce o valor de 80 cêntimos se a chamada for feita por via telefónica. A partir daí, e durante o resto do percurso, vão sendo acrescentados mais 15 cêntimos de 260 em 260 metros. Estes valores referem-se à tarifa 1, sendo que aos serviços em percurso misto (urbano e suburbano) se aplicam as tarifas 3 (retorno em vazio) ou 5 (retorno com cliente), onde em ambas o acréscimo do serviço suburbano só começa a contar a partir dos limites da cidade onde atuam, regressando à tarifa 1 quando entram novamente no percurso urbano. Os táxis podem ser do tradicional «preto e verde» ou de cor bege, existindo, ainda, os isentos de cor para clientes que procuram maior discrição. Relação com os clientes chegada da Suíça, e com dificuldades em arranjar emprego na hotelaria, resolveu pedir trabalho a um familiar que “trabalhava na «praça»”. Começou por trabalhar de noite. Durante 14 meses fez o horário entre as 18h00 e as 06h00. “Mal tive a oportunidade de passar para o dia nem hesitei. A noite é muito perigosa e sentia-me muito insegura”, conta. A presença de mulheres na profissão é escassa. Apesar de tudo, Alice diz que há pessoas que preferem ser conduzidas por uma mulher. “De uma forma geral, as mulheres têm uma condução mais suave e menos agressiva”, assegura. Questão polémica foi a utilização dos vidros separadores, que poderiam garantir alguma segurança aos profissionais dos táxis mas a maioria diz que não é cómodo. “Para além de retirar muito espaço ao habitáculo do carro e de reduzir para três o número máximo de pessoas que podemos transportar não tem grande utilidade”, afirma Alberto Almeida, salientando que até facilita o “sair sem pagar”. Muitos taxistas têm licença de porte de arma para se poderem defender em caso de risco. 56
“Neste cidade não há o hábito de andar de táxi”, garante a maior parte dos motoristas. Mário Ferreira diz que ninguém se preocupa em apostar na publicidade. “Já viu algum placard a incentivar a andar de táxi?”, questiona. Para Paulo Cardoso há poucos clientes novos, ou seja, quem apanha um táxi já tem o hábito de o fazer. A relação com o cliente é sempre diferente, dependendo da personalidade. Existe a ideia de que os taxistas falam muito com os clientes mas nem sempre é assim. “Depende da pessoa que entrar no carro. Há as que puxam conversa e as que se mantêm caladas. Quando é assim também não costumo falar”, conta Luís Silva, salientando que há até quem se “lamente da vida”. Manuel Almeida já apanhou “de tudo” no seu táxi. “Desde ir a comer dentro do carro e deixar o lixo lá dentro, até uma senhora que mudou as fraldas ao bebé”, conta. “Faço questão de dizer sempre bom dia a quem entra no meu carro, é uma questão de educação”, refere Alice Costa, acrescentando que “nem todas o fazem quando entram”. Mas a “sensibilidade feminina é mais acentuada neste tipo de coisas”, ironiza. Q
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A Rua Padre Luís Cabral, situada na freguesia da Foz do Douro, é constituída por espaços comerciais de qualidade. Entre diversos estabelecimentos de restauração, moda ou decoração, é uma das ruas, por excelência, para desfrutar de bons momentos.
Restaurante Pedro Lemos no Guia Michelin Pedro Lemos abdicou do curso de engenharia para se dedicar à sua grande paixão: a cozinha. O seu restaurante, homólogo, foi eleito Restaurante do Ano de 2011 pela conceituada Revista dos Vinhos. No Guia Expresso “Boa cama, boa mesa”, foi classificado como um dos 25 melhores do país (Garfo de Ouro) e também recomendado pelo Guia Michelin 2012.
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1 – Chef Pedro Lemos e a sua paixão pelo mar 2 – Chef Pedro Lemos e Chef Massimo Bottura, n.º4 do Mundo 3 – Luis Barolli, Paulo Lobo e Enrico Baleri 4 – Katty Xiomara e marido 5 – Chef Pedro Lemos e Joana Espinheira 6 – Luis Buchinho e amiga
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«Casa Aberta», é um espaço misto de cafetaria e loja que mais parece uma casa familiar. Um espaço amplo, cheio de pormenores irresistíveis onde se nota a influência de viagens pelo mundo, resultando num atmosfera cosmopolita e, naturalmente, eclética. Ideal para um almoço ligeiro, para lanchar ou beber um copo ao final da tarde, sozinho ou na companhia de amigos, à descoberta de cada detalhe, do mobiliário ao artesanato urbano, objetos de decoração, peças de roupa, acessórios de moda, brinquedos, ou simplesmente, numa amena conversa com o proprietário, o Diogo. Uma experiência a repetir vezes sem conta. 60
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1 – Diogo Baldaque e Anabela Baldaque 2 – Carlota Cerqueira Gomes e Annie Kleinhesslink 3 – Eduardo Neto e Juliana Strogan 4 – Diogo Baldaque e Joana Ramirez 5 – Nuno Couto 6 – Chef Camilo Jana 7 – Filipe Carvalho 8 – Virgínia e Jorge 9 – Diogo Baldaque e Tino de Rãs 10 – Rui Varela 11 – Diogo Baldaque e Rui Livramento 12 – David e Andreia Montalvão 13 – Joana
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O Restaurante Bar Shaker, de Raquel e Batata Cerqueira Gomes, foi inaugurado em dezembro e é já um sucesso. A decoração do espaço é da responsabilidade do arquiteto Paulo Lobo e a ementa foi preparada pelo vibrante Chef Guerrieri, que reinventou a cozinha italiana com os sabores tradicionais portugueses. O bar de Sushi, muito apreciado, está aberto até às 02h00. O conceito do Shaker é o de poder jantar, continuando a noite no bar, e divertir-se ao som de boa música, proporcionada pelo DJ 62
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John D. O Shaker está situado mesmo atrás do Hotel da Boavista, nas antigas instalações do «Dona Urraca», e funciona de segunda a sábado, sendo o descanso ao domingo.
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1 – Alfredo Vale, Marta e Pedro Araújo 2 – Inês Aguiar, André Melo e Nuno Vareta 3 – Mafalda Macedo Pinto e Batata Cerqueira Gomes 4 – Paula Lobo e Miguel Flores 5 – Miguel Oliveira e mulher 6 – Manuel e Rita Guedes, com os filhos Manuel e Teresa e Batata Cerqueira Gomes 7 – João e Nené Cerqueira Gomes e Laranja Lucena e Vale 8 – Sónia Carvalho, José Luís Vasconcelos e Francisco Miranda
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9 – Joana Ehmes, Tiago e Maria Bravo e Inês Furtado 10 – Fernando Ferrão e Francisco Miranda 11 – Chef Michael Guerrieri 12 – Pedro Vale e Gianni Giudice 13 – Isabel Alves e amigo
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CIN apresenta Tendências de Cor para 2012 Inspirado no tema “Home Stories”, o novo catálogo de Tendências de Cor 2012 da CIN reúne quatro coleções de cor – “Delicate Harmony”, “Natural Impressions”, “Pure Tranquility” e “Creative Touch” - que pretendem transformar a casa num refúgio do mundo exterior, com o regresso da cor em todos os recantos. “Este ano, temos um catálogo de Tendências CIN mais humanizado, baseado em casas reais, vividas por pessoas reais”, explica Céline de Azevedo, Designer de Cor da CIN. “Pela primeira vez, demos protagonismo às pessoas e às suas casas para proporcionar aos que veem o nosso catálogo uma maior identificação com os espaços, com diferentes histórias de vida”, acrescenta. Azul Bali é a cor do ano Em 2012, a CIN oferece uma seleção de cores mais vivas e intensas, adequadas a um ano alegre e positivo. O catálogo evidencia uma predominância dos tons de azul, sendo que o destaque vai para a cor do ano, o turquesa, a que a CIN chamou Azul Bali. Trata-se de uma cor fresca e revitalizante que traduz a harmonia e a liberdade dentro e fora da casa. A coleção “Delicate Harmony” surge associada à doçura e nostalgia, sendo que o conforto e romantismo são as palavras de ordem nesta redescoberta dos clássicos com inspiração assumidamente inglesa. Dirigida aos amantes da natureza, a coleção “Natural Impressions” representa a passagem do tempo, as superfícies envelhecidas e texturadas. Por outro lado, “Pure Tranquility” traduz a inspiração para aqueles que procuram o bem estar e a serenidade interior. Os ambientes “Creative Touch” são marcados pela vibração cromática, pelos contrastes e ligações improváveis, adequadas a uma casa otimista, expressiva e alegre. (www.cin.pt) Q 66
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EDP Gás próxima da A EDP Gás tem vindo a apostar em iniciativas de cariz solidário em prol da comunidade, envolvendo quer os seus colaboradores, quer o público em geral. O apoio a iniciativas cujas receitas revertem a favor de instituições e a realização de ações de intervenção na comunidade são exemplos da responsabilidade social da empresa. 68
comunidade Sob os lemas da solidariedade e responsabilidade social, a EDP Gás tem vindo a desenvolver diversas iniciativas em prol da comunidade. Neste sentido, na última ação de «teambuilding» da empresa, realizada na Casa dos Rapazes, em Viana do Castelo, foi lançado um desafio aos colaboradores da empresa: dar uma nova vida à instituição de solidariedade que acolhe e acompanha crianças e jovens em risco. Oitenta e dois colaboradores abraçaram o projeto e puseram mãos à obra para remodelar alguns dos espaços da casa, realizando tarefas distintas como pintura, montagem de camas,
mesinhas de cabeceira e cortinados nos quartos, bem como sofás e pufs nas salas de convívio, limpeza e reciclagem, passando pela preparação do almoço e do lanche oferecido às crianças e jovens da instituição. No final de um dia de trabalho, a casa estava pronta para receber os seus habitantes, para quem a surpresa foi grande. Com esta iniciativa a EDP Gás pretendeu realizar uma ação de «teambuilding» diferente, demonstrando o espírito solidário dos seus colaboradores e canalizando a energia da sua equipa para a nobre missão de tornar a Casa dos Rapazes mais colorida e acolhedora. 69
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Interação com escolas e sociedade A EDP Gás tem, também, reforçado o seu compromisso com a comunidade, junto dos mais jovens, através do projeto “Energia com Vida”. A iniciativa pretende fomentar a criação de projetos de apoio ao desenvolvimento humano nas comunidades, que solucionem ou minimizem problemas reais na área de envolvência. No ano letivo 2010/11 a EDP Gás desafiou alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico dos distritos de Porto, Braga e Viana do Castelo a agirem e demonstrarem a sua solidariedade junto dos que mais necessitam. No total
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foram concretizados 78 projetos de intervenção, dos quais dez foram distinguidos pelo excelente desempenho ao nível da solidariedade. Os alunos das escolas distinguidas viram os seus projetos expostos no evento final que reuniu estas equipas na sede da EDP, no Porto. O sucesso da primeira edição levou a EDP Gás a regressar às escolas, neste ano letivo, alargando o desafio ao ensino secundário. As áreas de intervenção dividem-se pelos temas pobreza/fome, conviver com a diferença, doenças graves, desemprego, população sénior, analfabetismo, sustentabilidade ambiental e parceria global para o desenvolvimento humano. A segunda edição desta iniciativa conta com a participação de colaboradores da EDP Gás, que irão apadrinhar alguns dos projetos, colaborando com as equipas. Seguindo uma lógica de interação com a comunidade, a EDP Gás tem, também, promovido anualmente diversas provas desportivas. Em 2011, cerca de 63 mil pessoas participaram em vários eventos de vertente solidária, tendo sido entregues cerca de 45 mil euros a instituições de solidariedade social. Este ano a empresa irá manter os apoios, reforçando, assim, o seu compromisso com a comunidade, realçando a sua vertente de responsabilidade social. Q
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Técnica inovadora reconstrói mandíbula de Uma equipa médica do Centro Hospitalar Gaia/Espinho conseguiu transplantar retalhos de osso da bacia e do perónio para devolver a mandíbula a crianças. O contributo português já foi partilhado com outros cirurgiões europeus. Texto: Mariana Albuquerque
Com uma técnica inédita a nível mundial, a equipa de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e MaxiloFacial do Centro Hospitalar Gaia/Espinho conse72
guiu retirar tumores dos maxilares de três crianças e tratar uma infeção destrutiva no rosto de outro paciente sem recorrer ao retalho ósseo simples ou placa de titânio e parafusos - método tradicional que acaba por resultar numa deformidade facial. Liderado por Horácio Costa, o grupo de médicos utilizou um pedaço ósseo da zona da bacia ou do perónio, que mantém a sua capacidade de crescimento, de modo a permitir que o fragmento transplantado consiga crescer juntamente com os restantes ossos. Apesar de a técnica aplicada ao rosto ainda estar em fase de estudo, os exames efetuados às crianças já operadas, algumas há cerca de um ano, revelam que tem havido um crescimento praticamente normal das mandíbu-
Técnica aplicada em doenças congénitas, traumáticas e tumorais A cirurgia efetuada pela equipa de Horácio Costa adequa-se a casos de doenças congénitas – de crianças que nascem com um desenvolvimento anómalo da mandíbula, normalmente associado a um defeito da orelha e da face; traumáticas, sendo que, atualmente, tal como apontou o cirurgião, “os acidentes de viação diminuíram em número, mas aumentaram em gravidade”, e ainda a situações de doenças oncológicas ou tumorais. “As crianças podem ter tumores malignos ou benignos, sendo que são mais frequentes os benignos, que podem atingir grandes dimensões, chegando, por exemplo, a ocupar metade de uma mandíbula, como é o caso da criança que estamos agora a acompanhar”, descreveu. Horácio Costa afirmou ainda que, menos frequentemente, podem surgir tumores ósseos, bastante mais comuns em África, e osteomielites (infeções ósseas) da mandíbula, tal como se verificou numa das crianças já operadas em Gaia. Ora, em qualquer uma das referidas doenças se evidenciam defeitos na mandíbula, que terá de ser reconstruída com osso. Como as faces das crian-
crianças las. A quinta criança a precisar de uma intervenção cirúrgica já está a ser preparada, através da realização dos chamados Modelos Estereolitográficos, que mais não são do que modelações tridimensionais do defeito e da sua possível reconstrução. “Nós sabemos que o esqueleto tem centros de crescimento que estão em atividade até à maioridade, que se estende até aos 16/17 anos na mulher e aos 18/19 anos no homem”, começou por explicar o diretor do serviço. Algumas entidades mundiais têm tido experiências de reconstrução de ossos longos, como o úmero, rádio, fémur e tíbia. “Somente na mandíbula é que esse trabalho não tinha sido efetuado”, notou o cirurgião. 73
ciência e tecnologia modo, através da análise da velocidade de crescimento, a equipa médica poderá descobrir se, na mandíbula, é mais adequado utilizar o perónio ou a crista ilíaca. Osso transplantado assume a forma da mandíbula A equipa de Cirurgia Plástica já conseguiu concluir que, independentemente de a cirurgia ser efetuada numa criança ou num adulto, ao fim de seis meses ou um ano, o osso transplantado assume a forma da mandíbula. “Quando fazemos uma TAC [Tomografia Axial Computadorizada] ao doente verificamos que o osso se remodelou”, garantiu o médico, explicando tratarse de um fenómeno designado de Biomodelação dos Retalhos Ósseos – “o osso transplantado assume as caraterísticas anatómicas locais”. A importância do pós-operatório
TACs efetuadas a crianças antes e depois da reconstrução da mandíbula.
ças intervencionadas vão continuar a crescer, “se o osso transplantado não tiver centro de crescimento, a taxa de desenvolvimento não vai ser normal, gerando-se uma assimetria futura”. “Neste contexto, é possível a transferência óssea englobando um centro de crescimento de dois locais, que são possíveis de transplantar com menos deformidade local – a crista ilíaca [osso da bacia] e o perónio”, sustentou Horácio Costa. O responsável sublinhou ainda que a técnica está integrada numa investigação clínica que se vai desenvolver durante vários anos e durante a qual as crianças operadas continuarão a ser acompanhadas, até aos 18 anos, nas várias especialidades cirurgia plástica e reconstrutiva, estomatologia, medicina dentária, ortodontia e radiologia. Deste 74
Uma das questões centrais a ter em conta na reconstrução da mandíbula é a fase do pós-operatório, durante a qual os doentes, traqueostomizados temporariamente por questões de segurança ventilatória, têm de ser vigiados por anestesistas e equipas de enfermagem diferenciadas em cuidados intensivos. “Apesar de as condições deste hospital [Santos Silva] serem medíocres em termos de edifício, a taxa de insucesso que temos é igual à do Memorial Hospital de Nova Iorque – de 1%”, assegurou Horácio Costa, destacando a organização dos cuidados intensivos do estabelecimento de Gaia, cujo serviço de Cirurgia Reconstrutiva é reconhecido a nível nacional e internacional. O especialista defendeu ainda a importância de os doentes procurarem o atendimento de médicos acreditados, uma vez que nem todos dominam a área da Cirurgia Plástica. “As pessoas podem encontrar no site da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica Reconstrutuiva e Estética o nome das pessoas que são acreditadas a nível formativo e esses é que são os médicos de opinião”, sublinhou o antigo presidente da entidade, garantindo não haver sensação melhor do que a de receber um aperto de mão de um doente que chegou a Gaia com o membro superior amputado. Q
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atualidade
Parque Nascente vestido a rigor para a Noite de Óscares Foi uma noite de charme e glamour, inspirada nos anos dourados do cinema que levou vários apaixonados pela sétima arte, ao Centro Comercial Parque Nascente, numa organização conjunta com a Zon Lusomundo. Várias figuras públicas do mundo do cinema e televisão nacionais, como Rita Pereira, Pedro Lima, Cláudia Jacques, Ricardo Trêpa, Laura Figueiredo, Lourenço Ortigão, Débora Monteiro, Maria Cerqueira Gomes, Mafalda Teixeira e Vera Deus, entre outros, estiveram presentes no evento. As salas do cinema Zon Lusomundo daquele centro comercial exibiram filmes nomeados e os mais resistentes puderam acompanhar a transmissão, em direto, da gala mais aguardada do ano, no Kodak Theatre de Los Angeles. Esta é uma forma do Centro Comercial Parque Nascente reunir amigos e clientes, num ambiente elegante para celebrar o acontecimento mais importante do ano para o mundo do cinema. O Parque Nascente é uma referência incontornável no universo comercial do Grande Porto. Compreende um total de 152 lojas, nomeadamente das marcas Jumbo, Leroy Merlin, Norauto, Media Markt, Primark, Zara, C&A e Sport Zone, distribuídas por 3 pisos superiores. Com 63.500 metros quadrados, 12 salas de cinema ZON Lusomundo e 3.400 lugares de estaci76
onamento, o Parque Nascente é o centro comercial dominante na zona onde está implementado. Gerido pela SÉGÉCÉ Portugal é propriedade da Klepierre. www.parquenascente.pt. Q
Negócios celebram Modtissimo Milhares de compradores nacionais e estrangeiros encheram a Alfândega do Porto, nos últimos dias de fevereiro, permitindo à primeira edição do ano do Modtissimo celebrar não só os 20 anos do salão mas também vários negócios para os expositores. O mote “Must Celebrate”, que decorreu nos dias 28 e 29 de fevereiro, foi mais do que cumprido, com os compradores a juntarem-se às celebrações e a proporcionarem ótimos contactos e negócios aos cerca de 300 expositores presentes no único salão português de tecidos e acessórios europeus e confeção portuguesa. 4.340 compradores nacionais e 320 internacionais encheram o edifício da Alfândega do Porto, engalanado com uma “nova imagem” para lembrar os 20 anos que o certame, organizado pela Associação Selectiva Moda, comemora em 2012. «Estamos no Modtissimo desde as primeiras edições. Trata-se de uma feira nacional com cada vez maior adesão de compradores estrangeiros. Recebemos visitas de clientes oriundos da Finlândia, Rússia e França», revelou Maria da Glória, comercial da marca de vestuário infantil Patachou. A produtora de tecidos Teviz revelou-se igualmente entusiasmada com a participação. «Ficou acima
das expectativas», frisou Bernardino Ferreira, comercial da empresa, visivelmente satisfeito pelas muitas visitas. «O Modtissimo já é visto como uma mais-valia para desenvolver coleções. É muito concorrido e há sempre contactos extremamente interessantes. Nesta edição, para além da visita de espanhóis e holandeses, estiveram presentes representantes da Hugo Boss, da Barbour e da Versace», referiu António Cunha, sales area manager da Orfama. Paralelamente, o Modtissimo foi o palco escolhido para apresentar o Projeto Conservatório da Moda Portuguesa/ATP Fashion Council, que tem como objetivo constituir um acervo com as criações de alguns dos melhores designers de moda nacionais, que contou com a exposição das criações de diversos nomes da moda portuguesa, como Miguel Vieira, Luís Buchinho, Anabela Baldaque, Katty Xiomara e Júlio Torcato, e de jovens criadores como Andreia Oliveira e Daniela Barros. A próxima edição já está marcada para os dias 26 e 27 de setembro e promete repetir o sucesso das antecessoras. Q 77
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Tecnologia e inovação Portuguese Fashion News potencia os mais importantes fatores de competitividade, que são difundidos pela Fileira da Moda e pela área dos Têxteis Técnicos e Inteligentes, no sentido de aumentar as exportações de elevado valor acrescentado das empresas nacionais. O Fórum de Tendências – Confeção, tem como objetivo demonstrar a importância da moda e do design como fatores de competitividade na indústria. A introdução de novas tecnologias e materiais permitem novas aplicações e novas vias para a criatividade. No Fórum de Tendências – Tecidos, a identificação de novos materiais que permitem a execução de têxteis técnicos e inteligentes para novas aplicações em áreas como a Moda, Casa, Design Urbano, Automóvel e Saúde, entre outros, são resultados proveitosos que dele advêm. Cabe aos alunos das Escola de Moda Portuguesas transformarem as matérias-primas em belos exemplares de aplicabilidade destes tecidos, combinando a beleza das matérias-primas com bom gosto. O Fórum Têxteis do Futuro, organizado pela Associação Selectiva Moda (ASM) em parceria com o CITEVE, 78
Edição de 2010
tem como objetivo a divulgação do que de mais moderno, tecnológico e inovador se faz no que se refere aos artigos têxteis e à incorporação de novos
e tecnológicos materiais, nomeadamente no âmbito dos Têxteis Técnicos/ Inteligentes. Green Textiles O papel do STV na sustentabilidade do planeta é um dos temas desenvolvidos que aborda o conceito de Green Textiles de pontos de vista distintos: os têxteis na proteção do ambiente - nomeadamente através de produtos pensados para aplicações específicas que visam garantir uma melhor proteção
contra fenómenos potencialmente perigosos ou contribuir para minorar o impacto ambiental de determinadas atividades – e a tendência para um crescente número de oportunidades que gravitam à volta da designada Green Economy. Ambos os fatores determinaram a opção por este tema, onde coabitam conceitos, produtos demonstradores, projetos e iniciativas centradas nesta temática. Q
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O Porto Canal tem um novo diretor geral. Júlio Magalhães, que dispensa apresentações, torna-se, assim, num rosto do canal nortenho que ambiciona vir a ser um orgão de comunicação de referência e respeitado a nível nacional. “Temos a vantagem de estar ligados a uma marca de renome mundial como o FC Porto”, sublinha o responsável.
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porto canal
ReferĂŞncia nortenha
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: VirgĂnia Ferreira
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televisão É jornalista e tem grande reputação profissional. Júlio Magalhães vem reforçar, a convite do FC Porto, a equipa do Porto Canal, na nova imagem que se pretende para a estação. Perante a pergunta de como iria ser o Porto Canal com Júlio Magalhães, o novo diretor foi rápido a responder. “Vai ser, com certeza, uma continuidade do que já existe mas sempre com uma perspetiva gradual de melhoria. O Porto Canal tem uma marca própria, construída ao longo dos anos por profissionais de qualidade, que já tem vindo a ser trabalhada, desde agosto, pelo diretor de Informação e Programação, Domingos de Andrade, com o intuito de fazer crescer o canal. Eu sou mais um reforço para a equipa”, sublinhou o jornalista. E não poderia ter havido reforço melhor, já que Júlio Magalhães representa, em termos profissionais, tudo aquilo que o canal ambiciona: nutre um forte sentimento pelo Porto e pela Região Norte e sempre manifestou o desejo de fazer jornalismo por cá, garantindo que não é necessário “estar próximo ao poder central para fazer projetos de qualidade a nível de comunicação social”. Espírito vincadamente nortenho Apesar de ter vivido a infância e parte da adolescência em África, nasceu no Porto e reconhece um grande potencial à cidade e ao canal. “Este é um
projeto de alguns anos, uma espécie de maratona que pretende transformá-lo numa referência, a médio prazo, no país inteiro”. Será, pois, um canal feito a partir do Porto, com grande enfoque no Norte, mas de nível nacional. “Assim como os canais feitos a partir de Lisboa, e que se tornaram em referências nacionais, o Porto também tem capacidade e competências para o fazer ”, garante, salientando a vantagem de estar associado a uma marca de sucesso mundial como é o FC Porto. Todos sabem do seu amor ao clube, do qual já foi atleta e sobre o qual já escreveu, inclusivamente, um livro: “T’Antas Glórias”, que retrata a vida do antigo estádio das Antas. Começou a sua carreira profissional no “Comércio do Porto” com 16 anos e aos 18 já era “um profissional”. Passou pelos semanários “Europeu” e “Liberal”, foi um dos fundadores da Rádio Nova, tendo passado pela RTP e TVI. Chega, agora, ao Porto Canal, numa escolha do clube azul e 82
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branco que lhe apresentou o projeto e fez o convite. “Foi no verão passado e comecei, desde logo a ponderar a decisão” que só foi tomada em dezembro, devido a compromissos que ainda tinha com a TVI, nomeadamente os “domingos com o Professor Marcelo Rebelo de Sousa”. Decidiu abraçar o projeto Porto Canal porque lhe reconheceu potencial mas também porque sempre disse que faria a sua carreira profissional a partir do Porto. “Foi juntar o útil ao agradável. O país é demasiado pequeno para termos de ir todos para Lisboa”, observou. Potencialidades do canal De acordo com Júlio Magalhães, o Porto Canal tem uma grande oportunidade para se afirmar devido à falta de investimento dos orgãos de comunicação na cidade. “O Porto é secundário para os três grandes canais tele-
visivos generalistas”, refere, defendendo que o canal pode, assim, vir a ocupar um espaço que se encontra “quase vazio“, tornando-se na “principal voz do Norte do país”. O jornalista salientou, ainda, a necessidade crescente que as regiões têm de demonstrar visibilidade, contrariando a ideia de que tudo o que acontece de relevante é na capital, e a grande abrangência de «públicos» que, como serviço público de qualidade, pode conquistar. As estreias de novos programas, debates e transmissões têm dinamizado o canal que, à medida do crescimento do público e do investimento feito com as novas infraestruturas, vai, com certeza “apresentar grelhas cada vez mais fortes, ambiciosas, com muitas novidades e de grande notoriedade”, garante, salientando que os indicadores demonstram um crescimento acentuado no “share”. “À medida que vamos tendo mais público, convencemos o mercado que o Porto Canal será um bom projeto”, garantiu o jornalista. Q 83
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Tripeira Voz dos tempos Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira/ “A Voz dos Ridículos”
Entre as fotografias a preto e branco que segura, cuidadosamente, com as duas mãos, está um panfleto amarelado, de grafia antiga, que desafia o público a fazer “um intervalo no drama da vida” para assistir a um espetáculo dos “im...pagáveis ases do humorismo”. O nome do cabeça de cartaz 84
João Manuel – será suficiente para que muitos portuenses identifiquem, em poucos segundos, o património tripeiro em destaque na pequena folha de papel: o da “Voz dos Ridículos”. Criado em 1945, o programa de rádio acompanhou muitas páginas da história do país, analisando, com mordaz ironia, os acontecimentos do diaa-dia. Com “aqueles tempos complicados” - os da censura - bem presentes na memória, o portuense
a voz dos ridículos mitido aos domingos, na Rádio Festival, das 13 às 14 horas. Salazar Ribeiro, um dos elementos da equipa, não tem dúvidas: “é obra manter um programa no ar há 66 anos!”. “É o mais antigo da rádio portuguesa e não temos a veleidade de pensar que o seja também a nível mundial porque não temos elementos para isso”, confessou, com orgulho. “Ver o copo meio cheio, nunca meio vazio”
Sessenta e seis anos depois, a mesma ironia e o mesmo diretor. O programa de rádio “A Voz dos Ridículos” é o mais antigo do país, já deu nome a uma rua do Porto e continua com pouca vontade de se calar.
Na lista imensa de nomes de colaboradores que já cederam voz ao programa, lançado pela primeira vez na Ideal Rádio, com a participação de Castro Silva, Eduardo Augusto, Correia de Oliveira, André Brun e Mena Matos, evidencia-se um denominador comum: o estado de espírito. Para Salazar Ribeiro, o segredo é acordar todos os dias e escolher viver o momento de forma saudável, evitando lamentações. “É ver o copo sempre meio cheiro, nunca meio vazio. E é acordar de manhã e pensar: ‘tenho duas hipótese - ou levo o dia de uma forma saudável e humorística, tendo uma apreciação mordaz do humor; ou então passo o tempo a lamentar-me’”, ilustrou, garantindo que João Manuel opta, todos os dias, por continuar a “ver o sol”. Deste modo, o humorista defende que “A Voz dos Ridículos” representa “uma outra forma de estar na vida”. “Podemos ter um dia cansativo, mas chegamos ao nosso grupo de amigos e é uma lufada de ar fresco disparar gargalhadas”, contou à Viva, poucos minutos depois da gravação de mais um programa. A arte da “crítica velada”
João Manuel, já com as suas nove décadas, continua a escrever dez páginas semanais de um humor “impregnado de espírito são”, que é gravado e trans-
E se atualmente, não há nada mais natural do que ouvir, num qualquer programa de rádio, a frase “O Zé Povo está raquítico porque está o sol a dar-lhe”, há 50 anos, na época do Estado Novo, a situação era bastante diferente. Aliás, João Manuel é o primeiro a confirmar que os tempos mais difíceis que “A Voz dos Ridículos” teve de enfrentar foram “os da censura”. A referência disfarçada à situação do “Zé Povinho” na altura do regime salazarista, acabou por valer ao diretor do programa um longo “período de reflexão” fecha85
em foco
do numa sala. “O Mena Matos interpretava aquilo maravilhosamente e dava a ideia de que o povo estava assim por causa de Salazar. Na segundafeira chegou logo o telefonema para eu lá ir [ao quartel general]”, contou, acrescentando que compareceu por volta das 19 horas, sendo informado de que teria de esperar “um bocadinho” pelo inspetor. “Eu esperei. Passado tempos fecharam-me a porta e fiquei preocupado. Dez horas, onze, meia-noite, uma hora da manhã e, às duas e meia, abriram-me a porta a dar conta de que o senhor inspetor já não vinha”, contou, entre risos, como quem ainda hoje desafia o “castigo” do sistema. Para Salazar Ribeiro, uma das mais valias do programa sempre foi, assim, a capacidade de criar críticas veladas, para que o público que acompanhava a equipa, “religiosamente, todos os domingos”, soubesse de imediato do que se estava a falar. Humor que foge “à ordinarice e à piada fácil” A tarefa semanal de João Manuel prende-se com a manutenção daquilo que considera ser “um humor diferente”. “Na televisão aparecem uns en86
graçados, não são humoristas, transmitem o humor de quem lhes escreveu e a maior parte deles nem diz o nome dos autores”, lamentou o portuense, que chegou a dirigir o Hospital de crianças Maria Pia. Na mesma linha de pensamento, Salazar Ribeiro explicou que as piadas do programa até podem parecer “um bocadinho demodé”, mas que surgem “impregnadas de um espírito são”. “A ordinarice e a piada fácil não são o nosso tipo de humor. Não seria difícil atirar com umas asneirolas para o ar, mas não é o nosso estilo”, defendeu, sublinhando o poder dos trocadilhos de palavras e dos jogos com um pouco de malícia à mistura. O humorista considera, assim, que todo o trabalho desenvolvido por João Manuel não foi em vão. “A cidade mostrou-se grata ao diretor do programa porque lhe outorgou a comenda de mérito ouro há uns quatro ou cinco anos”, contou, relembrando também que “A Voz dos Ridículos” é o nome de uma rua, em Requesende. O reconhecimento da cidade do Porto em relação ao programa de rádio mais antigo do país está, acredita Salazar Ribeiro, ligado “à sua essência”, que sempre foi a de “dar voz a quem não tem voz”. Q
a voz dos ridĂculos
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águas do porto
A «nova» Ribeira da
A Ribeira da Granja, a maior linha de água que atravessa a cidade do Porto, tem vindo, nos últimos anos, a sofrer intervenções rumo à despoluição. A requalificação da ribeira, a par do seu desentubamento e da reabilitação dos espaços envolventes, tem-lhe conferido uma nova vida, devolvendo-a aos munícipes.
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ribeiras
Granja
Já há quem lhe chame de «mini Parque da Cidade». A segunda fase de requalificação da Ribeira da Granja, que englobou o troço entre Ramalde e Viso, está concluída. A par do desentubamento de cerca de 400 metros da ribeira, e da manutenção da qualidade da água, os espaços envolventes foram dotados de áreas de lazer, percursos pedonais e ciclovias, transformando locais que se encontravam em avançado estado de degradação, em espaços agradáveis, com um novo visual. Como exemplo, refira-se que, durante a obra foram descobertos antigos moínhos que se encontravam camuflados pela vegetação e cujos vestígios foram recuperados e integrados na paisagem. “A Ribeira da Granja tem cerca de 15 quilómetros dos quais 3,5 correm a céu aberto. Um dos objetivos é o de desentubar ainda mais para que a ribeira fique à vista de todos e haja uma maior facilidade de identificar possíveis focos de poluição”, refere Poças Martins, da Águas do Porto (AP), garantindo que a ribeira está cerca de “dez vezes mais despoluída do que no passado”. Com esta intervenção, a empresa pretende caminhar para a despoluição total da ribeira, reabilitação das margens e zonas envolventes e criação de áreas de lazer para que se possa usufruir da sua proximidade. De acordo com Poças Martins, “os espaços adjacentes às ribeiras possuem um grande potencial lúdico pretendendo-se, com a reabilitação, aumentar a visibilidade e a qualidade das linhas de água” e proceder à sua interligação através da criação de caminhos pedonais e de ciclovias que irão integrar uma vasta rede ciclável prevista pela Câmara do Porto. Próxima etapa
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Rui Meireles
A curto prazo, a AP pretende a ligação dos percursos pedonais e cicláveis da Ribeira da Granja ao Bairro de Ramalde do Meio e Circunvalação, facilitando o acesso dos moradores daqueles locais à estação de Metro do Viso. Outro dos objetivos é o de arranjar uma solução de enquadramento que permita que o troço da ribeira que passa pela zona industrial, possa correr a céu aberto. O equilíbrio ambiental, entre fauna e flora é, também, uma preocupação da empresa, cujo controlo diário pormenorizado da rede de saneamento tem permitido um avanço rumo à despoluição total das linhas de água da cidade. Praias e ribeiras do Porto estão, agora, mais limpas permitindo uma maior utilização e uma melhoria na qualidade de vida dos munícipes. Q 89
autarquias
Em defesa de uma região A par das competências de líder da autarquia portuense, Rui Rio é, também, presidente da Junta Metropolitana do Porto, uma estrutura que pretende defender e garantir os interesses da região, com vista ao seu desenvolvimento. Temas como a Regionalização, a alteração da lei eleitoral e mudanças na organização administrativa do país, são aqui analisados pelo autarca, que defende uma “profunda reforma do Regime”. 90
porto
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Rui Meireles
Um ciclo de conferências sobre o Regime, realizado ao longo do último ano, no Porto, abriu as portas a novas perspetivas sobre a ação governativa e democrática de Portugal, desde o 25 de Abril de 1974. Lançado pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, o ciclo «Grandes Debates do Regime», cuja sessão de encerramento será a 30 de março, com a presença de Jorge Sampaio, incluiu um seminário subordinado ao tema «Regionalização e Revisão Constitucional: que
perspectivas?» que abriu portas à possibilidade da realização de um referendo sobre a regionalização que, de acordo com o autarca “não é urgente” mas necessário que seja pensada “de forma séria”, já que o país poderá ter evoluído em termos de maturidade política. O autarca apela, assim, à necessidade de se encontrar um consenso neste sentido, se for para “ganhar eficiência com um orçamento mais reduzido e um controlo apertado do endividamento”, no âmbito de “uma profunda reforma do Regime”, defendendo ainda mudanças na organização política e administrativa do país, sobretudo “ao nível do poder local”, onde, diz, é “urgente a 91
autarquias
alteração da lei eleitoral” no sentido de garantir “maiorias executivas”. Consolidar competências metropolitanas O autarca, que é também presidente da Junta Metropolitana do Porto (JMP), vê como uma possível solução para a descentralização, a criação de áreas políticas e administrativas intermédias que garantam uma maior autonomia da regiões através da transferência de competências ao nível metropolitano, apesar de não concordar com a fusão de municípios. “As tarefas não se fazem com a mesma eficácia. O município do Porto não deveria ser mais pequeno, mas maior também era um problema”. No final de mês de março, a JMP vai reunir com o Governo no sentido de apresentar propostas sobre competências que, no seu entender, poderiam ser transferidas para a Área Metropolitana do Porto (AMP). Assim, aquele organismo vai-se basear num estudo que está a ser realizado pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto nesse âmbito para “dar a conhecer as que são tuteladas pela administração central ou local/municipal e que poderiam passar para uma esfera metropolitana”. Contrariamente a esta ideia de 92
consolidação de poderes regionais, o Governo já manifestou a intenção de avançar com a privatização da ANA (Aeroportos de Portugal), o que implicaria uma mudança no modelo de gestão atual do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, uma das estruturas de maior importância para o desenvolvimento da região Norte. De igual forma, o poder central pode vir a centralizar a gestão da Administração dos Portos do Douro e Leixões, o que iria implicar, também, mudanças na gestão do Porto de Leixões, outra estrutura vital para a economia nortenha. Rui Rio não concorda com estas pretensões. “A ANA é uma empresa rentável e o Estado deveria antes alienar as que não o são”, sublinhou, garantindo que a JMP tem vindo a reivindicar ativamente a “salvaguarda dos interesses da região” e a “importância fulcral” de ambas as infraestruturas no “desenvolvimento económico” da Área Metropolitana e da região. Questionado sobre se a possível mudança só traria desvantagens, Rui Rio sublinhou que “o encaixe financeiro que iria ser obtido se destina a baixar a dívida pública e por isso, numa lógica nacional, seria “estratégico”. No entanto, alerta, teria de ser feito “com o equilíbrio necessário” para “não morrermos da cura”. “Temos de exigir ao Estado que olhe para a região em nome do interesse do país”, afirmou. Q
porto Breves Breves Breves Breves Breves Breves Breves Breves Breves Breves natal. Entre 7 e 10 de junho, o festival vai desenrolar-se no centro do Porto e no Parque da Cidade.
Eixo Mouzinho/Flores No âmbito dos projetos que estão a ser desenvolvidos pela Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) continua em curso a requalificação do Eixo Mouzinho/Flores. A área de intervenção incide no centro histórico da cidade, numa área delimitada pelas ruas do Infante D. Henrique, Clérigos e 31 de Janeiro. Recorde-se que, para além das alterações a nível de mobilidade e melhoramentos à superfície, a intervenção inclui ainda a revisão e colocação de diversas infraestruturas, iluminação elétrica, escoamento de águas pluviais, saneamento, telecomunicações e abastecimento de água.
Optimus Primavera Sounds em junho O Porto foi a cidade escolhida para acolher a edição de 2012 do Primavera Sound, um dos mais importantes festivais de música independente do mundo. Originalmente sedeado na cidade de Barcelona, o festival vai agora, pela primeira vez, ter uma edição fora da sua cidade
Um ano de Hard Club O Hard Club comemorou o seu primeiro aniversário, no renovado Mercado Ferreira Borges, em setembro. Mais de 500 espetáculos, que se traduziram em 500 mil entradas, demonstram que este espaço cultural tem vindo a afirmar-se como um dos principais pontos de passagem na animação da Invicta. Concessão de parquímetros A Câmara do Porto decidiu concessionar a privados a exploração das zonas de estacionamento pago na cidade, pelo prazo de dez anos. Com esta medida, a autarquia prevê garantir um encaixe inicial de 10 milhões de euros em termos de receita, além de cerca de dois milhões de renda anual. Tendo em conta as poucas garagem no centro da cidade, a autarquia garante a atribuição de avenças de estacionamento aos residentes, a preços moderados. Programa “Aconchego” Os mais velhos oferecem a casa, os mais novos a companhia. São já 44 “duplas de sucesso” que o Programa Aconchego conseguiu juntar, numa iniciativa da Câmara Municipal do Porto, em parceria com a Fundação Porto Social e a Federação Académica do Porto. No terreno desde 2004, trata-se de um projeto destinado a juntar estudantes e seniores que aceitarem o desafio da partilha de casa e de experiências de vida, em troca de companhia, recentemente distinguido com um prémio europeu de inovação social. 93
memórias
A alma da «belle époque»
A Avenida dos Aliados, inicialmente denominada de Avenida das Nações Aliadas, foi rasgada em 1916, nos terrenos situados a norte da Praça da Liberdade. A proposta de construção desta avenida foi lançada em 1914, no âmbito do plano de renovação do centro da cidade para ligar as praças da Liberdade e da Trindade, e aprovada pela Câmara em 1915. 94
A avenida foi traçada por Barry Parker, em inícios do século XX, e edificada pelo arquiteto portuense Marques da Silva sendo, desde logo, designada de
av. dos aliados av. aliados
Texto: Marta Almeida Carvalho
«o boulevard» do Porto. Foi, na época, o maior espaço público urbano projetado na cidade, tratandose da sua avenida central, com traços de caráter cosmopolita tal como o da própria cidade. A imponência da panorâmica arquitetónica e da centralidade, fazem dela a “sala de visitas” do Porto e o local preferido pelos portuenses para a celebração de momentos especiais. Todos os edifícios são de granito, muitos deles «coroados de lanternins, cúpulas e coruchéus», ao bom estilo da «belle époque». O eixo da avenida é marcado por uma ampla placa central que, até meados de 2006, era toda ajardinada e agora se encontra revestida a granito.
A reformulação total desta artéria deveu-se, essencialmente, à construção da estação subterrânea de metro dos Aliados, e é uma obra do arquiteto Álvaro Siza Vieira. O projeto sofreu enorme contestação por, alegadamente, desvirtuar a tradição histórica e paisagística do local. Ao cimo, ergue-se o edifício imponente dos Paços do Concelho, já implantado na Praça do General Humberto Delgado. A avenida presta homenagem aos Países Aliados (França, Rússia, Grã-Bretanha, Itália e Estados Unidos) que lutaram contra as Potencias Centrais (Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Bulgária) na I Guerra Mundial. Q 95
porto vivo, sru
Viver em pleno Patrim贸nio Mundial 96
O projeto de reabilitação do quarteirão do Corpo da Guarda agregou 11 parcelas distintas, tendo originado 21 habitações, cinco espaços comerciais, um escritório e 18 lugares de estacionamento. Integrado em plena Baixa portuense, e de fácil acesso através da rede pública de transportes (metro, autocarros e caminho de ferro), na proximidade da saída de grandes eixos viários, o quarteirão do Corpo da Guarda tem uma localização privilegiada. 97
porto vivo, sru
Constituído por edifícios dos finais do século XIX, o quarteirão do Corpo da Guarda, localiza-se no Centro Histórico do Porto Património Mundial, na confluência da Rua de Mouzinho da Silveira com a Avenida da Ponte, junto à Estação de S. Bento, sendo delimitado pelas ruas do Souto, Pelames, Corpo da Guarda, Mouzinho da Silveira, Travessa do Souto e Praça Almeida Garrett. Com o projeto de reabilitação deste quarteirão pretendeu-se disponibilizar fogos habitacionais de tipologias maioritariamente T2 e T3, favorecendo a fixação de novas famílias no Centro Histórico, não descurando a oferta de tipologias inferiores. Os elementos e materiais típicos das casas tradicionais do Centro Histórico do Porto foram conservados, nomeadamente clarabóias, janelas, pórticos, portadas, portas, rodapés e lambrins, telhado com quatro águas e varandas. Conservaram-se, ainda, as fachadas e respetivos tardozes, bem como a cércea dos edifícios. Maior translucidez e luz natural são mais-valias fundamentais às moradias de uma cidade granítica, sendo o projeto desenvolvido de modo a tirar o máximo proveito da insolação natural dos alojamentos, privilegiando a exposição a sul e oeste, abrindo sempre que possível varandas e miradouros, valorizando a vista sobre o
Centro Histórico. Todos os fogos possuem boas condições de segurança, salubridade e estética. Os interiores, com acabamentos de qualidade, privilegiam o uso de materiais nobres como a madeira e o estuque, alvenaria de granito à vista. A inclusão de garagem interior e a manutenção de todos os elementos patrimoniais de fachada, constituem traços distintivos destas habitações. Habitações de conforto Todo os apartamentos estão dotados de caraterísticas que lhes conferem grande conforto nomeadamente abastecimento de gás, caldeira, janelas em madeira, com vidro duplo, aquecimento em piso radiante, em todas as divisões, soalho em pinho americano, isolamento térmico e acústico - nas coberturas e nos pisos - cozinhas equipadas com exaustor, placa, forno, micro-ondas, frigorífico e máquina de lavar louça e portas de entrada corta-fogo. No que respeita aos cinco estabelecimentos comerciais, foi valorizada a qualidade do panorama urbano, na interligação funcional com os espaços envolvente através de rampas e nivelamento de cotas. Manteve-se o comércio tradicional no rés-do-chão, compatibilizando o novo uso com o antigo, fomentando a apropriação dos espaços pelos moradores. Q
Aguardamos a sua visita! Loja da Reabilitação Urbana Rua Mouzinho da Silveira, 212 Telf: 222 072 700 - Fax: 222 072 709 Email: sru.loja@cm-por to.pt 98
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portofólio
“Há um prenúncio de morte Lá do fundo de onde eu venho Os antigos chamam-lhe relho Novos ricos são má sor te É a pronúncia do Nor te Os tontos chamam-lhe torpe
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Hemisfério fraco outro for te Meio-dia não sejas triste A bússola não sei se existe E o plano talvez abor te Nem guerra, bairro ou cor te É a pronúncia do Nor te É um prenúncio de mor te Corre o rio para o mar
E as teias que vidram nas janelas esperam um barco parecido com elas Não tenho barqueiro nem hei-de remar Procuro caminhos novos para andar É a pronúncia do Nor te Corre o rio para o mar” Rui Reininho Pronúncia do Norte
Não tenho barqueiro nem hei-de remar Procuro caminhos novos para andar Tolheste os ramos onde pousavam Da geada as pérolas as fontes secaram Corre o rio para o mar E há um prenúncio de mor te
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autarquias Matosinhos continua a estudar a melhor forma de contrariar as dificuldades económicas, repensando estratégias e investindo de forma crescente no capital cultural.
Estratégias anti-crise Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Francisco Teixeira (CMM)
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matosinhos Num período em que a crise económica está a tomar conta do país, os autarcas da Câmara Municipal de Matosinhos consideram que o principal desafio está na descoberta de uma fórmula que, aliando o capital humano, económico e cultural da região, consiga fazer a diferença dentro e fora de Portugal. Deste modo, o presidente da autarquia, Guilherme Pinto, defende que, com a nova Reforma Administrativa do Território em curso, a Área Metropolitana do Porto (AMP) tem “uma oportunidade histórica para dar um grande passo”, com a atribuição de competências às juntas metropolitanas eletivas. Para o responsável, apesar de se tratar de uma “reforma impensada”, “porque é certo que irá resultar no aumento das despesas e na perda de identidade para as populações”, anulando, assim, a intenção inicial de reduzir os custos
podermos eleger a junta metropolitana”. Guilherme Pinto considera, assim, que é fundamental a existência de uma “voz que consiga interpretar as vontades e o pensamento da região”, através de uma articulação das políticas relacionadas com o ordenamento do território, cultura, turismo, tratamento de resíduos, abastecimento de água e transportes. “A minha convicção é a de que todas essas decisões sejam tomadas de melhor forma numa junta metropolitana que seja diretamente responsável pelos cidadãos e que possa ter uma estratégia para lá daquilo que são os interesses próprios de cada uma das câmaras municipais”, sublinhou. O presidente da autarquia de Matosinhos defende que a atribuição de competências aos novos organismos intermédios pode ser uma das estratégias a utilizar para combater a depressão económica da
associados às freguesias, é um “momento decisivo, se o país quiser aproveitar”. “Esta reforma pode criar condições para que haja na AMP outra entidade, entre as câmaras e o Governo, que possa ser o pólo dinamizador da região”, destacou, em declarações à Viva, acrescentando que, através de uma estratégia que considera “errada por parte do Governo”, é possível conquistar uma mais valia para a região – “o facto de
região. “Porque é que, com excelentes estruturas rodoviárias, portuárias e aeroportuárias, instituições como as Universidades do Porto, de Aveiro e do Minho, uma economia extremamente aberta ao exterior no calçado, no têxtil, na madeira e nos transformadores e a liderar em algumas áreas a revolução tecnológica, somos uma das regiões mais deprimidas da Europa?”, questionou, defendendo a existência 103
autarquias
de várias respostas. “Uma delas é a urgente necessidade de qualificação das nossas pessoas, sendo, por isso, quase criminoso pôr em causa o programa das novas oportunidades; a segunda é a qualificação dos empresários, que precisam de se abrir à inovação, ao design, aos técnicos e deixar de funcionar em circuito familiar e a terceira é a inexistência de uma entidade que possa, em conjunto com as universidades e empresas, criar um nicho de inteligência que não obrigue os quadros que se formam na nossa região a terem de ir prestar serviço nas sedes das empresas que estão fora do Grande Porto”, sustentou Guilherme Pinto. Aposta na “economia da cultura e do conhecimento” Ainda a propósito das estratégias económicas de Matosinhos, Nuno Oliveira, vice-presidente e responsável por diferentes pelouros, entre eles o das Finanças e o do Desenvolvimento Estratégico e Promoção Económica, explicou que, nos últimos anos, o desempenho da autarquia tem estado marcado pela transformação do concelho num “território apetecível e atrativo” para quem quer montar negócios, trabalhar ou apenas visitar”. “E Matosinhos é, digamos, ‘privilegiado’, na medida em que dispõe de uma localização geográfica fantástica, no contexto da área metropolitana”, notou. 104
Em declarações à Viva, o responsável destacou a presença, em Matosinhos, de infraestruturas como o Porto de Leixões, “hoje um dos principais portos nacionais e o maior exportador português”, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro e a Tertir – Terminais de Portugal, importantes para o processo de recepção e envio de mercadorias. Além disso, apontou Nuno Oliveira, Matosinhos conta ainda com “uma boa parte do comércio
matosinhos e serviços da região”, referindo-se ao primeiro hipermercado – Continente – e “ao centro comercial mais lucrativo do país” – o Norte Shopping – situado na Senhora da Hora. “E também ninguém se esquece que grandes empresas que têm elevado o nome de Portugal têm sede em Matosinhos”, acrescentou, referindo-se à Efacec, “líder mundial na produção de transformadores”, à Unicer, “que está a concentrar toda a sua produção em Matosinhos” e à indústria conserveira que, apesar de ter passado um período negro, conseguiu reforçar a sua posição. “A Ramirez, por exemplo, está hoje a preparar a instalação da sua nova unidade concentrando toda a produção nacional no nosso município”, sublinhou. A internacionalização das Artes Plásticas Ainda a pensar na importância da cultura como fator de afirmação regional, a Câmara Municipal de Matosinhos inaugurou, em dezembro do ano passado, o Centro de Arte Moderna Gerardo Rueda. Em declarações à Viva, o vereador da Cultura, Fernando Rocha, explicou que, com a criação da galeria municipal, há seis anos, o setor das artes plásticas começou a ter uma política “mais consistente e regular”. Surgiu, assim, “uma dinâmica que levou a autarquia a estabelecer alguns contactos com outras entidades”, nomeadamente com a fundação espanhola Gerardo Rueda, que aplaudiu o es-
tabelecimento de um protocolo para a criação de um Centro de Arte Moderna (CAM). Atualmente instalado no Edifício dos Paços do Concelho, num espaço adaptado ao circuito expositivo pretendido, o CAM deverá ser transferido, até 2013, para o edifício da Real Vinícola, de arquitetura industrial de finais do século XIX. “Teremos melhores condições expositivas, um espaço mais amplo, com uma zona de reservas, que é sempre importante para entrada e saída de exposições”, notou o vereador, esclarecendo que o objetivo da abertura do centro nunca foi o de “fazer concorrência nem entrar em competição com ninguém”. “Achamos que a relação com Serralves, por exemplo, é muito importante, porque as pessoas que lá vão também vêm ver a coleção que temos aqui e vice-versa”, sublinhou, afirmando lamentar que os meios de comunicação social portugueses ainda não tenham dado grande enfoque ao Centro de Arte Moderna, ao contrário do que aconteceu no país vizinho. O CAM é constituído por uma área dedicada à exposição da coleção e por duas zonas de exposições temporárias, sendo que uma delas será sempre dedicada ao pintor que deu origem à fundação – Gerardo Rueda. Na coleção geral estão representados pintores como Joan Miró, Manuel Millares, Chillida, assim como os portugueses José de Guimarães, Nikias Skapinakis e Noronha da Costa. Fernando Rocha acredita que o protocolo firmado com a entidade espanhola permitiu acentuar a dimensão internacional das artes plásticas em Matosinhos, possibilitando ainda a realização de duas exposições anuais de pintores portugueses em Madrid, um dos grandes centros de arte do mundo. “Por outro lado, também nos permitiu entrar num circuito e estamos, neste momento, a ver ligações com outros centros de arte moderna da Europa e de fora da Europa, nomeadamente nos EUA”, adiantou o vereador. Outra mais valia do centro reside no seu serviço educativo, adequado aos diferentes públicos. “Há visitas para diversas faixas etárias, menos especializadas para os grupos escolares e mais especializadas para pessoas conhecedoras da arte moderna, já com outro tipo de explicação, voltada para a discussão da estética”, referiu, salientando que, até ao final de janeiro, o CAM recebeu a visita de mais de duas mil pessoas, sem contar com o dia da inauguração do espaço. Q 105
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Gaia mais atrativa «Revolução» à beira-mar O município de Gaia vai continuar a investir na valorização e reordenamento do espaço público do litoral, para além dos 50 milhões de euros já aplicados nos últimos 14 anos, numa lógica de potenciar a captação de investimento nacional e internacional. “Quero concluir o meu mandato com a consciência de que a orla marítima de Gaia é a mais qualificada da Área Metropolitana do Porto e que, graças às suas enormes potencialidades, poderá captar investimento e negócios no mercado internacional”, referiu Luís Filipe Menezes, presidente da Cãmara de Gaia, durante a cerimónia de apresentação do Percurso CicloPedonal entre a Aguda e o Canidelo, no âmbito do projeto de Valorização e Reordenamento do Espaço Público de Gaia. De acordo com o autarca, a orla 106
marítima afirma-se naturalmente como uma zona de “primeira habitação e de turismo de qualidade”. Um dos exemplos apontados foi o segmento de negócios associado ao turismo de saúde, nomeadamente o direcionado para a terceira idade, otimizando as potencialidades naturais e paisagísticas do litoral gaiense, bem como beneficiando de toda a valorização promovida pelo município. O corredor ciclo-pedonal agora anunciado representa um investimento de mais 2,5 milhões de euros para uma extensão de 10 quilómetros e deverá estar concluído já no verão. Trata-se de uma intervenção que pretende consolidar o percurso ciclo-pedonal da orla marítima de Gaia, melhorando os traçados existentes e colmatando-os com a realização de novos troços, de forma a responder ao objetivo de reabilitação. Está também previsto o reperfilamento de artérias, a renovação de materiais de pavi-
gaia A par das novas zonas industriais que estão a ser contruídas em Gaia, a autarquia vai investir cerca de seis milhões de euros na recuperação das já existentes. O investimento de cerca de 50 milhões de euros na requalificação da orla marítima, que o município pretende vir a transformar na melhor da Área Metropolitana, bem como a construção da terceira fase da Circular do Centro Histórico, são as grande apostas para o concelho que em breve estarão concretizadas. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: CMGaia
mentação, designadamente em faixas de rodagem, passeios, baías de estacionamento e ciclovia, bem como a revisão dos sentidos de trânsito e atualização da respetiva sinalização, incluindo a recolocação de dispositivos de recolha de resíduos sólidos e modernização de mobiliário urbano.
A intervenção vai garantir novas condições de mobilidade viária, ciclística e pedonal ao longo do litoral, incidindo nas freguesias de Madalena, Valadares, Gulpilhares e Arcozelo. Na sequência da valorização e reordenamento do espaço público do litoral, o município vai renegociar o POOC - Plano de Ordenamento da
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autarquias
Orla Costeira, para a limpeza e reabilitação das dunas. “Através de uma política sensata e pró-ativa de ordenamento, pode resolver-se este problema, indemnizando as pessoas e atribuindo-lhes uma habitação condigna, para depois ser possível eliminar o que está mal”, sublinhou, referindo-se à existência de menos de cem habitações clandestinas que deverão ter uma solução a curto prazo. 11 milhões para os parques industriais São quatro os parques industriais de Gaia que vão ser alvo de obras de requalificação, não só a nível de infraestruturas, como também das redes viárias adjacentes. “Estamos a intervir nas zonas industriais mais
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antigas do concelho, dando-lhes um aspeto melhorado do ponto de vista de envolvência”, garantiu Luís Filipe Menezes. O autarca acrescentou que é intenção construir, ainda, “locais de estacionamento e plataformas para cargas e descargas”, bem como facilitar os acessos, permitindo, assim, que “as indústrias recebam os seus clientes e importadores, com dignidade”, explicou. Trata-se de uma melhoria significativa das acessibilidades que pode ser determinante para atrair novas empresas e criar mais postos de trabalho no concelho. Este pólo de empresas é um dos quatro do concelho que serão alvo de obras de requalificação. À zona industrial de Canelas junta-se outra, na mesma freguesia, e ainda os parques empresariais de Avintes e Serzedo. No total, a intervenção ao nível das infraestruturas e acessibilidades representa um investimento de aproximadamente seis milhões de euros, inserindo-se, também, num contexto global de beneficiação da rede viária, uma das apostas fortes do município na última década. A requalificação da Zona Industrial dos Terços, em Canelas, que representa um investimento de um milhão de euros, tem a sua conclusão já agendada para o próximo mês de maio. A par destes investimentos, o município pretende também expandir o Parque Tecnológico de São Félix da Marinha, morada da INOVA.Gaia
gaia - Centro de Incubação Base Tecnológica - no qual se encontram instaladas várias empresas. A área será alargada para 100 hectares e a sua expansão tem já um orçamento aprovado de cinco milhões de euros. “Num momento que muito se fala de finanças públicas, fazemos um esforço para apostar mais no crescimento económico. Podíamos estar só a investir em fachadas e em grandes pavilhões, mas estamos a investir onde há economia e onde existem empresas”, garantiu o autarca. Para o presidente da Câmara, esta é a prova de que o município não investe unicamente no centro urbano do concelho, mas também na periferia. “Estas zonas não são deslocalizáveis. Estamos a fazer novos parques empresariais, mas os que já estão consolidados são para manter. Há uma lógica relacionada com a acessibilidade, mas também com a estética, porque os acessos estão muito degradados”. Circular do Centro Histórico A construção da 3ª fase da Circular do Centro Histórico foi oficialmente iniciada, com o lançamento da primeira pedra do troço de ligação da Via Edgar Cardoso (VL8) à via Rosa Mota, efetuado por Luís Filipe Menezes. O novo troço terá cerca de um quilómetro de extensão, está orçado em 925 mil euros e prevê-se que esteja concluído em fevereiro de 2013. ”Santa Marinha é uma freguesia com prestígio, na qual a Câmara vai investir cerca de um milhão de euros. Estou muito sensibilizado, porque esta via é muito importante para o desenvolvimento da freguesia”, destacou Joaquim Leite, presidente da Junta de Freguesia de Santa Marinha, satisfeito com o início desta nova etapa na construção da Circular do Centro Histórico. Com a conclusão das quatro fases da Circular, que representam um investimento de aproximadamente oito milhões de euros, comparticipados pelos fundos comunitários do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), o Centro Histórico ganharnovos acessos, principalmente à cota alta, onde se encontram as caves do Vinho do Porto, permitindo assim o fomento do turismo. Tal como as restantes obras do concelho, o nome desta nova via, informalmente batizada de ‘Via da Misericórdia’, será associado a uma personalidade. Luís Filipe Menezes sugeriu dois vultos da cultura nacional, originários do Porto: o cineasta Ma-
noel de Oliveira e o pintor Júlio Resende, recentemente falecido, mas o município vai aceitar sugestões da população gaiense. Uma década de aposta na rede viária Ao longo da última década foram construídos em Gaia milhares de quilómetros de estradas. “Este é o terceiro maior concelho do país, correspondendo a duas vezes a área de Lisboa e quatro a do Porto. Só as ruas de Conceição Fernandes (Rotunda de Santo Ovídio - Hospital), Bélgica (Nó do Fojo – Orla Marítima) e a de 25 de Abril (Carvalhos – Granja), em conjunto, davam para pavimentar algumas das cidades portuguesas na totalidade”. Segundo o autarca, esta é a demonstração de “um enorme esforço feito nos últimos anos e a desproporção existente entre a rede viária de algumas cidades e a deste município”, sublinhou. Questionado sobre o estado de diversas estradas do concelho, Luís Filipe Menezes admitiu que algumas vias foram priorizadas graças ao movimento nelas registado, mas assegurou que o munícipio tem feito tudo o que está ao seu alcance para melhorar a estrutura viária do concelho. “Atuamos em freguesias inteiras, asfaltamo-las, e ainda construímos novas vias estruturantes de raiz, tudo no espaço de uma década. Sabemos que existe uma rede colateral que necessita de intervenção, mas vão ser precisos muitos anos para a sua reabilitação”. Q 109
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Que futuro? Numa altura em que muito se fala da intenção do Governo de privatizar a ANA (Aeroportos de Portugal) e centralizar a gestão das estruturas portuárias, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro e o Porto de Leixões, duas âncoras fundamentais para o desenvolvimento da Área Metropolitana do Porto e Norte do país, poderão vir a ser integrados em âmbitos de gestão distintos dos atuais, o que, de acordo com a maioria dos políticos e notáveis nortenhos, poderá representar um fator «negativo» para a região. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Rui Meireles
O Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro movimenta muitos milhões de passageiros por ano, sendo, atualmente, o mais utilizado pelos turistas nas deslocações a Portugal. Esta é uma infraestrutura fundamental para o desenvolvimento da região Norte e do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular. Da mesma forma, o Porto de Leixões é um dos mais importantes terminais de mercadorias que representa uma quota signi110
ficativa no setor das exportações portuguesas. Ambas as estruturas estão em risco de poder vir a ser integradas numa gestão distinta da atual, que não é bem vista quer pelos líderes políticos da Área Metropolitana do Porto, quer por empresários e gestores nortenhos. Rui Rio, presidente da Junta Metropolitana do Porto (JMP), salienta que, antes de qualquer tomada de decisão relativamente a possíveis mudanças na gestão das duas infraestruturas, vitais para o desenvolvimento económico da Área Metropolitana do Porto (AMP), há que salvaguardar os interesses da re-
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gião, em caso da privatização da ANA poder vir a realizar-se. “Na reunião da JMP com o ministro da Economia, manifestamos a intenção de salvaguardar, no concurso público, o interesse do aeroporto enquanto infraestrutura de serviço à região”, garantiu o autarca, salientando que seria “uma pena privatizar uma empresa rentável como a ANA”. Opinião idêntica tem Álvaro Costa, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. “O aeroporto pode vir a ser privatizado mas tem de se garantir o desenvolvimento de uma concorrência entre aeroportos, já que não podemos privatizá-los em rede, basta ver a experiência britânica para se perceber isto”, alerta. Ainda de acordo com o docente, a privatização da TAP seria o primeiro passo a dar já que a empresa se encontra “a funcionar num mercado eminentemente concorrencial”, deixando a privatização da ANA para uma fase posterior porque “estamos perante um monopólio, o que requer especial cuidado na regulação”.
Gestão deve estar intimamente ligada à AMP e CCDRN Para Bragança Fernandes, presidente da Câmara Municipal da Maia, a mudança de gestão do Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro, localizado naquele concelho, não faz sentido. “A Maia é um município desenvolvido, com forte pendor industrial e empresarial que tem no seu aeroporto internacional um pólo elementar para o desenvolvimento de toda a região. A gestão do aeroporto, integrada numa lógica de privatização significaria, para o autarca, a “decapitação estratégica de uma política que tem levado ao crescimento, quer do número de voos, quer do número de passageiros, que tanto tem beneficiado a região”. Bragança Fernandes garante que não vê nenhuma vantagem neste processo. “O distanciamento da realidade prejudica a adoção das medidas estratégicas necessárias para o seu desenvolvimento de acordo com a realidade regional”. Na sua opinião, a gestão do Aeroporto do Porto deve estar “umbilicalmente ligada aos autarcas envol111
amp vidos, à Área Metropolitana e à CCDRN” já que a infraestrutura representa um dos principais “mecanismos de desenvolvimento da marca Porto e Norte de Portugal”. Numa altura em que a economia nacional está em recessão e a região Norte “tem no seu aeroporto internacional e no seu porto de mar eixos fundamentais para fomentar a sua capacidade exportadora”, amputar estas infraestruturas de gestão própria e capacidade de resposta às necessidades específicas de toda a região seria “um forte revés para a economia”. Gestão da APDL pode também sofrer alterações A Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL), Sociedade Anónima de capitais exclusivamente públicos, tem por objeto a administração dos dois portos integrados na Área Metropolitana do Porto, visando a sua exploração económica, conservação e desenvolvimento abrangendo o exercício das competências de autoridade portuária. De acordo com uma alegada intenção do poder central, a APDL seria integrada numa rede nacional de gestão de portos, que iria englobar todas as estruturas portuárias do país. Para Álvaro Costa, retirar autonomia à APDL seria “um erro irreparável numa altura em que o país não tem dinheiro para aventuras do género”. Relativamente ao aeroporto, o professor garante que o perigo não é “tirar-lhe autonomia” mas antes “institucionalizar a prazo através de uma privatização que impedirá o desenvolvimento de um modelo de gestão semelhante ao dos portos”, garantiu, salientando que “o Porto de Leixões já tem um modelo de gestão bem definido” no sentido da “maximização da criação de valor desta infraestrutura” para a comunidade. “Não devemos destruir o que funciona bem”, alertou, sublinhando que travar o desenvolvimento da região trava o desenvolvimento do país. Competitividade da região Norte em causa “O país nunca cresceu nos momentos em que o Norte esteve em crise. É preciso entender que o Norte vive da competitividade de bens transacionáveis num mercado global e, por isso, tem de ser eficiente”. Na opinião de Álvaro Costa, a correta gestão das infraestruturas é, por isso “vital”. Para Guilherme Pinto, pre112
sidente da Câmara de Matosinhos, a fusão dos portos também não faz qualquer sentido, uma vez que prejudica a “competitividade”. “As estruturas portuárias devem ter capacidade competitiva entre si. Ao fundirem-se, perder-se-ia essa lógica que é quase sempre centralista”, referiu, sublinhando que o “desempenho do Porto de Leixões tem sido fabuloso” uma vez que já se tornou na estrutura que movimenta o maior volume de exportações. “Percorreu-se um árduo caminho para que Leixões se tornasse rentável” por isso uma possível fusão “não faz sentido”, alertou o autarca. José António Barros, presidente do Conselho Geral da Associação Empresarial de Portugal (AEP) salienta a importância de ambas as infraestruturas no contexto de desenvolvimento da região. “O Porto de Leixões tem servido a região Norte com particular eficiência, registando significativo crescimento das exportações e da carga contentorizada”, no âmbito das quais é já “o maior do país”. Para o empresário é, por isso, necessário continuar a promover a articulação entre os diferentes meios alternativos de transporte, tendo em vista dotar de maior eficiência e operacionalidade o transporte intermodal, promover o desenvolvimento da navegação de cabotagem e projetar o Porto de Leixões de forma a torná-lo fundamental no desenvolvimento do tráfego ibérico, europeu e transcontinental, de acordo com a sua missão primordial de torná-lo “numa referência para as cadeias logísticas da fachada atlântica da Península Ibérica”. Numa altura em que o novo Terminal de Cruzeiros de Leixões se tem vindo a destacar no desenvolvimento da atividade turística - potenciando a expansão do consumo e o investimento nas economias local e regional – é, em sua opinião, relevante e necessária a articulação com o Aeroporto Francisco Sá Carneiro que, em 2011, terá atingido os seis milhões de passageiros. Q
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Karting: corridas Apesar da difícil tarefa de conciliar os estudos com a preparação das corridas, o portuense Carlos Pedro Pinto, que se iniciou no karting aos dez anos, conquistou o título de vice-campeão nacional em 2011, distinguindo-se também em diversas provas europeias. 114
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de adrenalina Texto: Mariana Albuquerque
Com apenas 15 anos, Carlos Pedro Pinto, natural da Foz do Douro, no Porto, já soma participações nacionais e internacionais ao volante dos karts, que lhe elevam ao máximo os níveis de adrenalina. “Uma corrida de karting é sempre uma nova experiência”, garantiu, em declarações à Viva, confessando que “a emoção da partida” nesta variante do automobilismo “é única”, tornando-se
cada vez maior à medida que cresce também a grelha de pilotos. A dificuldade das provas é, assim, encarada como um desafio para o jovem piloto, que pretende tornar-se engenheiro mecânico. 5.º lugar conquistado na primeira experiência de Karting Apesar de ter começado a revelar interesse pelo mundo automóvel desde cedo, foi na Feira da Agri115
desporto
val do verão de 2006 que Carlos Pedro Pinto teve a primeira grande oportunidade para testar o domínio dos karts. “O desporto automóvel faz parte das minhas preferência e, em Penafiel, na Feira da Agrival, havia um stand do Kartódromo de Baltar que estava a promover a modalidade, oferecendo testes gratuitos”, contou. Desafiado a experimentar, o jovem, na altura com dez anos, decidiu inscrever-se e participar nas provas realizadas no kartódromo. “Inscrevi-me, prestei provas e fui de imediato selecionado para fazer parte de uma equipa de escolinhas”, referiu, sublinhando que, desde então, nunca mais abandonou as corridas de karting, distinguindo-se a nível nacional e internacional. A primeira experiência que teve sentado ao comando de um kart é algo que Carlos Pedro Pinto afirma não esquecer. “Recordo-me perfeitamente. Na sequência da minha inscrição na Agrival, em que participaram 305 candidatos, fui fazer testes 116
ao kartódromo de Baltar e fiquei logo em 5.º lugar”, salientou, satisfeito com a estreia. Presença em provas nacionais e internacionais Depois de, em 2007 e 2008, ter entrado no Campeonato Regional de Baltar, os anos seguintes ficaram marcados pela integração em corridas de um âmbito mais alargado. Em 2010, participou, pela primeira vez, em provas europeias, realizadas na Áustria, Bélgica e Espanha, e um ano depois, competiu no Campeonato Nacional de Karting e no Campeonato Nacional Rotax, na categoria de Júnior, sagrando-se vice-campeão português. Ainda em 2011, voltou a levar o nome do país ao Campeonato Europeu de Karting, disputando provas na Bélgica, Dinamarca e França. Já em 2012, Carlos Pedro Pinto prepara-se também para integrar, na categoria MAX, o Campeona-
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to Nacional Rotax e o Campeonato Europeu, cuja primeira prova decorre entre os dias 27 de março e 1 de abril, na Bélgica. Tal como explicou o jovem piloto à Viva, as categorias no karting organizam-
se em função da idade, distinguindo-se, de uma forma crescente, a Micro-Max, Mini-Max, Junior, MAX e DD2. As restantes corridas do europeu serão disputadas na Suécia, Alemanha e França. Conciliar os estudos com a paixão pelas corridas É pelo sabor especial das vitórias e pelas subidas ao pódio que o jovem procura, da melhor forma possível, conciliar os estudos com o tempo dedicado aos karts, tarefa que admite não ser fácil. “Tenho que aproveitar todos os momentos livres extra-karting para dedicar ao estudo. Por vezes, outras atividades de lazer ficam prejudicadas, mas os estudos estão sempre primeiro”, garantiu. A preparação física para as provas implica duas idas à natação por semana e dois ou três treinos de karting mensais, ao fim de semana. O tempo livre, esse, é escasso, mas normalmente dedicado aos amigos e à família. Ainda que não aceite descurar a dedicação à modalidade, Carlos Pedro Pinto admite que, “em Portugal, é muito difícil ser-se profissional no desporto automóvel”. Contudo, assume o desejo de continuar a conquistar títulos e a contornar as dificuldades que surgirem nas provas, sobretudo associadas às condições meteorológicas, da pista, do carro e à condição física do piloto. Q 117
sugestões culturais Teatro Nacional São João Praça da Batalha | 4000-102 Porto Tel. 223401900 | Fax. 222088303
Até 1 de abril 2012 Alma Encenado por Nuno Carinhas, o auto “Alma”, com inspiração em Gil Vicente, promete ser “um espetáculo vibrante, com um elenco muito jovem”. Situado entre a composição da Barca do Inferno e da Barca do Purgatório, a obra não coloca a ação no território post mortem, recriando a ancestral metáfora da vida como peregrinação – um caminho de provação, mudança, descoberta. Formada por um conjunto de diabos, anjos, doutores da Igreja e uma “Alma caminheira”, a peça questiona a natureza humana, a sua liberdade e o seu destino último, a sua inscrição no tempo e a sua demanda de eternidade.
Cinema Estreia 31 de maio de 2012 A Bela e o Monstro 3D “A Bela e o Monstro”, um dos grandes sucessos da Disney, chegará às salas de cinema portuguesas em versão 3D no dia 31 de maio, para relembrar a história de Belle, rapariga que sonha com uma vida para além da pequena aldeia onde vive. Um gesto não intencional de Maurice, pai da jovem, fará com que o destino de Belle se cruze com o do Monstro - príncipe amaldiçoado por uma feiticeira como punição pela sua falta de amor. No início, a jovem encara o Monstro apenas como uma criatura disforme e teimosa, descobrindo, depois, que a mudança pode acontecer até no mais inesperado local.
Música “Essência” – Madredeus O novo trabalho dos Madredeus, intitulado “Essência”, chega às lojas portuguesas no dia 2 de abril, com o selo da Sony Music. Composto por 13 canções, “selecionadas de um cancioneiro de quase duas centenas que o grupo construiu ao longo de um quarto de século recheado de sucessos”, o álbum percorre os registos “Os Dias da Madredeus” (1987), “Existir” (1990), “Espírito da Paz” (1994), “O Paraíso” (1997), “Movimento” (2001) e “Metafonia” (2008), situando-se sobretudo na primeira década de trabalho da banda. Depois do lançamento, “Essência” chegará aos palcos nacionais com atuações agendadas para os dias 14 de abril, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, 27 de maio, na Casa da Música, no Porto, e 31 de maio, no CCB, em Lisboa. 118
Coliseu do Porto Rua Passos Manuel, 137 – 4000-385 Porto Tel. 223394940 | Fax. 223394949 www.coliseudoporto.pt 27 março 2012 | 21h30 Giselle - Russian Classical Ballet Criado por Adolphe Adam, o bailado em dois atos “Giselle” constitui uma das mais expressivas obrasprimas do ballet romântico, retratando a história de uma jovem camponesa, de origens modestas, apaixonada por Albert, Príncipe da Silesia, que se faz passar por um camponês para conquistar o seu amor. Sem conseguir sair da espiral de loucura criada pela mentira, a jovem acaba por sucumbir. O amor eterno de Giselle por Albert, que à noite visita o seu túmulo, salva-o de ver o seu espírito possuído pelos Willis espectrais, fantasmas vampíricos de jovens noivas que morreram antes do dia do seu casamento, e por Myrthe, Rainha das Willis. 27-29 abril 2012 | 21h30 Fuga – espetáculo de teatro Entre os dias 27 e 29 de abril, a cidade do Porto “estará em Fuga”, com um espetáculo de comédia cujo elenco, liderado por José Pedro Gomes e Maria Rueff, conta ainda com Jorge Mourato, Sónia Aragão e João Maria Pinto. O palco do Coliseu vai acolher, assim, a história de um ministro que se demite na sequência de um escândalo de corrupção, caso que marca o início de uma sequência de enganos na qual “nem tudo o que parece, é”. O preço dos bilhetes varia entre os 10 e os 22 euros.
Leitura “Segredo de Prata” de Patricia Briggs A nova obra da escritora americana Patricia Briggs retrata as aventuras de Mercy, que depois de conseguir escapar das garras da temível rainha dos vampiros, Marsilia, apenas deseja integrar-se calmamente no bando de lobisomens do seu companheiro. Contudo, ao tentar devolver um livro mágico, que contém segredos que as fadas pretendem proteger, vê-se obrigada a lutar para salvar os seus amigos. Entretanto, Mercy terá ainda de lidar com o lado depressivo do seu amigo Samuel, cada vez mais atormentado pelo conflito entre a sua natureza humana e animal. 119
freguesias
A caminho de comemorar o seu 60.º aniversário, o grupo «Amigos do 8 de dezembro» subsiste como um símbolo do associativismo em Campanhã. Amigos que, tal como há seis décadas, ainda se juntam para o seu almoço anual. E sempre com o mesmo espírito, apoiado em memórias que lhes são gratas de recordar. Em nome dos velhos e bons tempos da sua juventude.
Amigos do 8 de dezem “Depois de um jogo de futebol, nada como um bom almoço regado com bom vinho”. Quem o diz, em uníssono, são três dos fundadores do grupo que ainda participam no tradicional almoço anual. Ângelo Vieira tem 82 anos, Alberto Soares (Bertuzi) 81 e Adélio Soares 70. Todos fizeram parte do primeiro convívio que instituiu, oficialmente, o grupo dos «Amigos do 8 de dezembro» em 1953. “Tudo começou literalmente 120
num jogo de solteiros contra casados”, explicam. Um dia resolveram fazer um jogo com uma equipa de solteiros e outra de casados que terminou num empate. Depois do jogo foram todos almoçar e ficou determinado que, a partir daquele dia se juntariam sempre no 8 de dezembro para “jogar à bola, comer e beber bem”. E assim foi. Aos mais velhos juntaram-se os mais novos, quase todos filhos, e assim se manteve o con-
campanhã «presidente» foi Lopes Viana, recentemente falecido e que fizeram questão de recordar. “Era um homem muito dinâmico e foi, sem dúvida, uma das peças fundamentais para a longevidade deste grupo”, garantem. Inicialmente deslocavam-se nos seus próprios carros mas logo passaram a ir “todos juntos de autocarro”. Atualmente, o transporte do grupo é assegurado pela Junta de Campanhã, que contribui com um autocarro para a sua deslocação ao almoço anual. “Hoje já não há futebol, já não conseguimos jogar”, dizem, com humor, lembrando que a última partida se realizou em 2003, aquando do 50º aniversário do grupo. Ainda assim, persiste a vontade de se reunir com amigos de longa data, quase todos da zona envolvente à Estação de Campanhã. Todos os anos escolhem um elemento para homenagear, ao qual oferecem uma caravela de filigrana. “É uma tradição antiga que fazemos questão de manter”, contam. E como recordar é viver o 8 de dezembro fica, na história do grupo, como um dia para acender as memórias do que um dia fizeram e sonharam. Q
Horta biológica
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Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Vírgínia Ferreira
vívio entre duas gerações. Fernando Sousa (Nani) juntou-se ao grupo por influência do pai. Hoje, já com 58 anos, continua a manter o contacto com “a outra geração”. O grupo nunca teve uma direção instituída, nem sequer associados, mas antes uma comissão organizadora que planeava os jogos e escolhia o local do convívio. Sempre no Norte, zona do “vinho verde”. O grande dinamizador do grupo, a quem chamavam de
A Junta de Campanhã desenvolveu uma parceria com a associação «Terra Solta» no sentido da criação de uma hor ta comunitária de forma a poder colaborar com as associações que prestam ajuda social, as principais beneficiárias dos produtos. Para além do cariz solidário, esta parceria surgiu de forma a incentivar o desenvolvimento de hor tas biológicas na freguesia. De acordo com Fernando Amaral, presidente da Junta de Campanhã, este será “um espaço ambiental e cultural para promover ações entre a junta e a população” onde se irão desenvolver “visitas e atividades pedagógicas para escolas e centros de dia e uma feira de produtos de agricultura sustentável”. A nova hor ta vai surgir na zona da Mitra, em terrenos cedidos pela Junta.
Junta promoveu festas de Carnaval Mais uma vez a Junta de Campanhã organizou uma festa de Carnaval para os idosos do Centro de Dia tendo, ainda, apoiado a tradicional festa de Carnaval da Associação Nun’Alvares de Campanhã. 121
freguesias
O processo de transferência dos moradores do Aleixo, o agravamento dos problemas sociais no bairro da Pasteleira Nova e o cumprimento do plano de insolvência do Fluvial fazem parte da lista de prioridades da junta de freguesia de Lordelo do Ouro.
“Estamos atentos Texto: Mariana Albuquerque Fotos: JFLordelo/Virgínia Ferreira
Numa lógica de dinamização social e cultural do Parque da Pasteleira, a Junta de Freguesia de Lordelo do Ouro está a finalizar um processo de negociações com a Câmara Municipal do Porto para a cedência do espaço vulgarmente designado de Casa de Chá ao poder local. O desafio passa pela transformação do equipamento, “ao abandono há muitos anos”, numa infraestrutura apta ao acolhimento de ações recreativas e culturais, “em ligação com as atividades promovidas pela Adilo [Agência de Desenvolvimento Integrado de Lordelo do Ouro] ao abrigo do Contrato Local de Desenvolvimento Social” de que esta entidade é atualmente executora. “Aquele espaço nunca teve utilização, exceto de uma forma muito pontual”, explicou a presidente da Junta, Gabriela Queiroz, esclarecendo que, “na primavera ou no verão, o local já deverá estar em funcionamento e com uma oferta diversificada para a comunidade”. Na lista de prioridades da freguesia está ainda a criação de um espaço multidisciplinar no antigo 122
jardim-de-infância do Estoril, cujas salas vão ser transferidas para a Escola das Condominhas. Em declarações à Viva, Gabriela Queiroz explicou que o referido jardim-de-infância, que era gerido também pela Junta, foi cedido e integrado na rede pública. “Em consequência dessa intervenção, as salas do edifício da Rua do Estoril vão ser transferidas e prevê-se que, a partir de abril ou maio, o seu funcionamento já esteja a ser feito na escola”, revelou. “O que temos em mente é criar ali um espaço multidisciplinar, que permita alojar um gabinete de apoio às coletividades para que estas possam, por um lado, desenvolver as suas atividades, e por outro, ter um local que sirva como sede”, acrescentou a presidente da junta. Bairros sociais e Fluvial no centro das atenções Além de estar a criar novos espaços de cariz sociocultural, a Junta de Lordelo afirma estar a dedicar grande atenção aos problemas sociais da população que, de acordo com Gabriela Queiroz, “se
lordelo do ouro
aos cidadãos” têm intensificado”. “Lordelo já é uma freguesia com problemas e com alguns focos socialmente deprimidos mas, fruto da atual conjuntura, sentimos que a situação se tem vindo a deteriorar”, lamentou, garantindo que, ao longo do ano, a junta continuará a ajudar as famílias carenciadas, “seja em bens alimentares, seja em necessidades básicas sinalizadas pela segurança social”, nomeadamente através do Fundo de Socorro Social – instrumento criado propositadamente para o efeito. Na ordem do dia permanecem ainda os processos do Aleixo e do Fluvial, que a junta está a acompanhar de perto. “Neste momento, o clube está com o seu plano de insolvência aprovado, mas precisa de o cumprir, o que implica que vai precisar da ajuda de todos nós”, afirmou a responsável, acrescentando que o Fluvial necessita “de uma disponibilidade financeira mensal muito grande para fazer face não só aos custos de gestão e manutenção do espaço, como também aos pagamentos aos credores a que se obrigou por via do referido plano”. Deste modo, segundo Gabriela Queiroz, qualquer cidadão interessado pode ajudar o clube, bastando para isso que se converta
em sócio. “Toda a ajuda que se possa canalizar, seja através de atividades ou do apoio de algum portuense, não portuense, amigo ou interessado que queira transformar-se em sócio e pagar as suas quotas, é muito bem-vinda”, apelou. Em relação ao Aleixo, a atuação da junta assenta sobretudo na sinalização de determinadas situações do processo de transferência de moradores que carecem de uma “atenção especial, nomeadamente nos casos em que as relações de vizinhança se tornaram essenciais para o bem estar das pessoas. É com igual preocupação que a junta de freguesia tem assistido ao agravamento dos problemas no bairro da Pasteleira Nova. Segundo Gabriela Queiroz, a integração populacional foi, desde logo, “muito difícil”, sendo que, atualmente, “com o fenómeno do tráfico de droga”, a situação está a tornar-se “insustentável”. “Temos tido muitas queixas de moradores e o que estamos a fazer é um esforço de sensibilização das autoridades competentes para que reforcem o cuidado relativo ao bairro”, referiu, sublinhando que a junta tem recebido relatos de “moradores quase dispostos a abandonar a sua casa”. Q 123
freguesias «Convívio, Amizade, Saúde, Desporto» é o lema do Grupo Desportivo e Recreativo “Os Caídos na Praia”. A coletividade nasceu há 87 anos, no Molhe, dedicando-se ao convívio desportivo entre os associados que, todos os domingos, durante os meses de inverno, se reúnem para os já tradicionais jogos de futebol de 11 na areia, seguidos de um banho de mar. A coletividade já celebrou as «Bodas de Diamante» o que a torna numa das mais antigas da freguesia de Nevogilde.
Os Caídos na Praia Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: GDROCP
Ninguém fica indiferente aos tradicionais jogos de futebol que se realizam no areal entre a Praia do Molhe e a do Homem do Leme, em Nevo124
gilde, todos os domingos entre setembro e junho, faça sol ou chuva. São os elementos do Grupo Desportivo e Recreativo “Os Caídos na Praia” que se reúnem, numa tradição mantida há décadas, honrando o lema desenvolvido pelos fundadores: «Convívio, Amizade, Saúde, Desporto». A
nevogilde de um espírito saudável e desportista (a maioria do grupo praticava ténis, modalidade então na moda), com a chegada do inverno tornou-se necessário um “aquecimento” antes do mergulho nas águas habitualmente frias do Atlântico. Assim, um dia surgiu uma bola e o jogo de futebol. Ao longo dos anos foram chegando novos aderentes a uma atividade que alguns classificaram de radical. Tão radical, que diversos elementos passaram também a dedicar-se aos famosos saltos para a água na ponta do Molhe de Carreiros.
Futebol de 11 na praia
coletividade desportiva popular nasceu em 1925 quando um grupo de pouco mais de meia dúzia de jovens amigos, frequentadores da Praia do Molhe, decidiu levar a cabo um anseio que os unia: aprender a nadar. Para o efeito, passaram a reunir-se, aos domingos de manhã, na praia do Molhe. Aproveitando as águas calmas da pequena baía do molhe de Carreiros, começaram as suas “aulas de natação”. Era o tempo do fato de banho de corpo inteiro. Apesar de fortemente dotados
Cinco gerações passaram já pelos “Caídos na Praia” e o crescimento do número de elementos faz com que a sua atividade desportiva se caracterize por algo inédito: a prática de futebol de 11 na praia. Apresentando grande ecletismo a nível social, mantém uma atividade que visa o descomprimir da semana de trabalho em hora e meia de exercício e jogo de futebol, seguido de um banho de mar. A sua estrutura, história e funcionamento serviu de base a uma tese de doutoramento, realizada por Marco Paulo Stigger, professor da Universidade de Porto Alegre, Brasil, da qual resultou ainda a publicação do livro “Esporte, lazer e estilos de vida”. Em permanente evolução “Os Caídos na Praia”, acalentam o projeto de criar uma escola de futebol de praia, para a captação de novos “talentos”. Passados 87 anos, continua firme no seu propósito que, tal como canta no hino “quer faça chuva ou frio, vê lá sempre um desafio, vê lá a malta a jogar”. Rumo ao centenário, “Os Caídos na Praia” prometem continuar a animar as praias de Nevogilde. Q 125
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De mãos dadas com as No Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre gerações, a Junta de Freguesia de Paranhos está atenta aos idosos em situação de abandono, prestandolhes cuidados de saúde, protegendo-os e criando atividades de dinamização social. Texto: Mariana Albuquerque
Num momento em que a temática do isolamento dos idosos está na ordem do dia, os técnicos e voluntários da Junta de Paranhos estão no terreno a desenvolver ações destinadas a assinalar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações – que se comemora em 2012. O Presidente da Junta, Alberto Machado, coordena a Comissão Social de Freguesia que, por sua vez, articula todas as Instituições no terreno e os diversos projetos desenvolvidos. 126
Aposta no policiamento de proximidade Com as atenções voltadas para os grupos sociais de risco, como os idosos, vítimas de violência doméstica e comerciantes, a Esquadra da PSP do Bom Pastor conta já com duas Equipas de Proximidade e Apoio à Vítima (EPAV), integradas no Modelo Integrado de Policiamento de Proximidade em vigor naquela força policial. De acordo com o subcomissário Ricardo Jorge Caldas, os bons resultados gerados pela primeira equipa no terreno motivaram a criação de uma outra valência, também constituída por dois elementos. As duas EPAV’s estão, assim, “vocacionadas para o contacto com os cidadãos de grupos sociais de risco, procurando, antes de mais, um contacto prévio e fornecendo conselhos de segurança e apoio”. Os Agentes da Proximidade assumem, portanto, a função de procurar, identificar e sinalizar os casos de idosos ao abandono e/ou exclusão social, promovendo ações de sensibilização com vista à adoção de medidas preventivas de criminalidade.
paranhos “problemas mais urgentes” a resolver. Neste contexto, surgiu a Casa dos Vizinhos, “proposta de ordenamento social que, em cada rua, possa servir de ponto de encontro e de disponibilização de informação sobre as pessoas idosas que precisem de resposta adequada aos seus problemas”. O coordenador do MCV afirmou ainda que, nos próximos tempos, o grupo irá trabalhar no estreitamento das relações com as várias instituições da freguesia, de modo a articular uma ajuda cada vez mais eficaz aos que precisam. Cuidados de saúde ao domicílio A Unidade de Cuidados na Comunidade de Paranhos (UCC) é outra das estratégias utilizadas para garantir um envelhecimento digno dos idosos sem retaguarda familiar. A equipa da UCC presta cuidados de saúde e de apoio psicológico e social ao domicílio, dirigindo-se sobretudo às pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis, em situação de maior risco ou dependência física. O Grupo Alta Mente (GAM) é um
Misericórdia do Porto dinamiza “corpo e mente” sénior Ainda na lógica de promover uma sociedade para todas as idades, o departamento de Intervenção Social e Gerontológica da Santa Casa da Misericórdia do Porto vai dinamizar ações, durante todo o ano, destinadas a promover o envelhecimento ativo dos seniores acolhidos nos seus lares. Uma das iniciativas em destaque será o projeto “Memórias e Pai-
diferentes gerações dos projetos a desenvolver pela Unidade de Cuidados, que consistirá num Grupo de Ajuda Mútua para pessoas que cuidam de portadores de doença mental crónica. A intenção é, assim, a de lutar pela diminuição do forte impacto psicossocial da referida doença nas pessoas que com ela convivem mais diretamente. A UCC integra ainda uma Equipa de Cuidados Continuados que presta serviços domiciliários de enfermagem, nutrição, reabilitação e apoio social a cidadãos em situação de dependência funcional, doença terminal ou em processo de convalescença. “Sentinelas de Rua” atentos às situações de isolamento No âmbito do Movimento Comunidades de Vizinhança (MCV), os voluntários que dão corpo ao projeto “Sentinelas de Rua” têm estudado diversas ruas, concluindo que, tal como notou o padre José Maia, coordenador do movimento, “a solidão, o isolamento, o abandono e a doença de pessoas idosas” são os
xão”, organizado juntamente com a Fundação Porto Social, através do qual os idosos poderão revelar experiências e vivências festivas aos mais novos. Até junho deste ano, a Misericórdia do Porto vai ainda permitir aos seniores a participação nos Recitais Ciclo de Música, assim como a criação de um grupo coral, de teatro e de outras coletividades que promovam a interação e o exercício da cidadania, independentemente da idade.Q 127
passatempos
Sudoku Perverso
Crítico
Crítico
Perverso
Anedotas Incêndio Duas loiras estavam num prédio a arder. Cada uma vai a uma janela e grita: - Socorro! Como parece não resultar uma vira-se para outra e diz: - Vamos gritar juntas. -1,2,3,…JUNTAS!! Infância Dois amigos conversavam: - Quando era pequenino o meu pai costumava atirar-me ao ar para eu adormecer. - Ai é? E tu adormecias? - Claro, o teto era tão baixinho.... A vespa A mãe, ao ver a filha de 10 anos voltar da pescaria com o pai com a cara toda inchada, perguntou, indignada: - Filha, o que te aconteceu? - Foi uma vespa, mamã! - Picou-te? - Quase...mas o papá matou-a logo com o remo! 128
Romântico Um homem e uma bonita mulher jantavam à luz de velas num restaurante de luxo. De repente o empregado notou que o homem escorregava lentamente para debaixo da mesa. A mulher parecia não reparar que o companheiro tinha desaparecido. - Perdão, senhora! Acho que seu marido está debaixo da mesa. - Não está não, disse a mulher. O meu marido acabou de entrar no restaurante. Multa O polícia manda parar uma mulher, aproxima-se do carro e diz: - Vou ter que a autuar; a senhora vinha a 220 quilómetros por hora! - O quê? Impossível, senhor agente! Eu só comecei a andar há 10 minutos!
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crónica e as cidades
Egídio Santos
E agora, europa?
O sonho de que a unidade política da Europa se obteria facilmente pela via económica e de um mercado comum - ficou provado nas últimas semanas - é uma mera ilusão. Alicerçado apenas deste modo, muito rapidamente emergem, em períodos de crise como o que vivemos, sentimentos egoístas em relação ao Projeto Europeu, associados a atitudes intolerantes e paternalistas ao abrigo de nacionalismos despropositados. É por isso urgente sedimentar a dimensão cultural do Projeto Europeu. É crucial recentrar as nossas perspetivas na ideia original de uma Europa dos Povos, das Regiões e das Culturas. Sem, com isso, querer secundarizar a economia que, de resto, está na génese da própria União Europeia (UE), nascida de uma comunidade económica. Mas, também por aí, é decisivo prestar maior atenção ao peso, nada despiciente, que a atividade cultural possui na UE. O último balanço (KEA 2006) revelava que na UE o setor cultural e criativo contribuía para 2,6% do PIB. Mais do que, por exemplo, os setores do imobiliário e produtos alimentares. E em 2004 esta área gerava um volume de negócio superior ao da indústria automóvel…
Seja como mecanismo capaz de contribuir para o alavancar da economia europeia ou como fator de integração e de construção da unidade do Velho Continente, a Cultura é decisiva. Ora, há setores culturais e há regiões na Europa que possuem, nesse contexto, mais potencialidades e, concomitantemente, mais responsabilidades. Há espaços privilegiados onde se pode alicerçar e difundir um espírito de plena cidadania europeia. A cidade do Porto encontra-se nesse grupo. Considerado pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade, o Porto é uma daquelas “cidade-memória” que, pelo seu percurso histórico ao longo dos últimos mil anos e pela abertura ao exterior no Passado e no Presente, é um incontornável agente de atratividade e de fusão cultural. O crescente sucesso que vem registando como destino de turismo cultural, ou a notória “internacionalização” da sua Universidade, vieram sublinhar o impacto e a importância da cidade no estreitamento de relações com outros povos e culturas e no alicerçar de ideais tão caros à Europa como a tolerância e a solidariedade. Um papel que a cidade pode potenciar também através de projetos culturais de escala e impacto europeu, de que já são exemplos a programação e animação da Casa da Música, do Museu de Serralves, o FITEI, o Fantasporto, o Festival de Jazz de Matosinhos… É decisivo, nos dias que correm, não deixar morrer o projeto da União Europeia perspetivando-o através de um outro paradigma. O Porto, que tantas vezes se perde numa quixotesca luta contra o centralismo lisboeta, deve, como fez no século XIV, olhar mais longe, para lá das fronteiras nacionais, e almejar a sua justa afirmação internacional. Afinal, possui todas as potencialidades para poder e dever, no atual contexto, ousar fazer parte dos pilares de uma efetiva construção europeia. Assim saibamos aceitar a responsabilidade e estar à altura do desafio. Nosso. E da Europa. Joel Cleto
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