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Revista gratuita trimestral, outubro 2015
RUI MASSENA O músico sem medos
PORTO E NORTE
A revolução dos postos de turismo
PLANETÁRIO DO PORTO Viajar ‘ao infinito... e mais além’
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Porto e Norte lidera crescimento turístico no continente Os números do primeiro semestre para a Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) são extremamente positivos e gratificantes, com esta região a apresentar, ao longo dos primeiros seis meses do ano, um crescimento sustentado de 14.2%, revelando que a estratégia concretizada pela TPNP, em sintonia com os parceiros públicos e privados, está a ter resultados. Estes números são de elevada importância para a economia não só regional como também para a nacional e mostram que a aposta feita nos grandes eventos na região está a dar os seus frutos e que a estratégia definida é para continuar. Os dados do turismo no Porto e Norte de Portugal recentemente divulgados pelo INE revelam o território que mais cresceu, em termos de procura, em Portugal Continental: as dormidas tiveram um crescimento de 17,5%, os proveitos totais aumentaram 21,8%, os proveitos por aposento 27,8% e a estada média subiu 1,2%. O turista que visitou o Porto e Norte de Portugal, por via aérea, entre abril e junho, ficou uma média de seis noites e gastou em média 762 euros. Um estudo a que a agência Lusa teve acesso indica que a maioria dos turistas que visitou a região é casada, vive em agregados familiares com duas a três pessoas, tem idades entre os 26 e os 50 anos, pertence às classes média e média-alta, tem rendimentos familiares mensais entre mil a três mil euros e formação ao nível do ensino secundário ou do ensino superior. Os turistas que ficam a pernoitar no Grande Porto preferem alojar-se em hotéis (40%), pensões (21,1%) e casa de familiares e amigos (28%). Os turistas brasileiros são os que gastam mais no Porto e Norte de Portugal - com um consumo médio de 98 euros por pessoa e noite - e são também os que permanecem mais tempo na região. Já os luxemburgueses, belgas, suíços e franceses são os gastam menos, variando entre 33 e 51 euros. Depois do Grande Porto, os turistas elegem Braga como a cidade onde preferem pernoitar. Guimarães, Póvoa de Varzim, Viana do Castelo, Chaves e Espinho são as outras localidades com mais incidência de pernoita. O principal atrativo que os turistas destacam na região é a “hospitalidade” e, logo depois, os “voos de baixo custo” das companhias aéreas, o “alojamento”, a “gastronomia”, “os vinhos e as paisagens”. Um dado do estudo a destacar é que a maioria dos turistas inquiridos (71%) já tinha visitado a região norte de Portugal, com exceção dos turistas em negócios (56%) que nunca tinha visitado a zona. O principal motivo para os turistas estrangeiros visitarem o Porto e Norte de Portugal é o facto de estarem de férias e a principal razão que os traz à região é, sem dúvida, a “beleza natural”, seguida do “Vale do Douro” e “gastronomia”. Os principais mercados emissores de turistas estrangeiros ao Porto e Norte de Portugal continuam a ser França, Espanha, Suíça, Alemanha e Reino Unido.
José Alberto Magalhães Diretor de Informação REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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PERFIL RUI MASSENA
MITOS & MONSTROS PERCURSO DE CORTAR A RESPIRAÇÃO
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PORTO E NORTE A REVOLUÇÃO DOS POSTOS DE TURISMO
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D E S TA Q U E AZULEJO PORTUGUÊS APLAUDIDO NO MUNDO
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CCDR-N UMA AVENTURA PELAS SINGULARIDADES DO CHOCOLATE
M ÁQ U I N A D O T E M P O VESTÍGIOS DA FORTALEZA PORTUENSE
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FC PORTO ANDRÉ SILVA
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PETISCAR NA BAIXA TASCAS DO PORTO
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ÍNDICE Revista gratuita trimestral, outubro 2015
003 EDITORIAL 028 PHILIPS 046 PERLIM 050 EDP GÁS 058 LENDAS 062 DESCOBRIR
FICHA TÉCNICA Propriedade de: ADVICE - Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede de redação: Rua do Almada, 152 - 2.º - 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel: 22 339 47 50 - Fax: 22 339 47 54 advice@viva-porto.pt adviceredacao@viva-porto.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto Diretor de Informação José Alberto Magalhães
076 PORTO CANAL
Redação Mariana Albuquerque
080 MÚSICA
Fotografia Rui Oliveira
082 PRIMEIRO PLANO
Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto advicecomercial@viva-porto.pt Célia Teixeira
088 PORTOFÓLIO 090 M E T R O P O L I S - M AT O S I N H O S 094 METROPOLIS - UF ALDOAR/ FOZ/NEVOGILDE 096 M E T R O P O L I S - PA R A N H O S 098 HORÓSCOPO
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músico sem
medos
NÃO SE DEIXA INTIMIDAR PELAS FALHAS. “SE NÃO ERRARMOS, NÃO AVANÇAMOS”, DEFENDE. NA MÚSICA E NA VIDA, RUI MASSENA ARRISCA SEM MEDOS. DIRIGIU ORQUESTRAS DOS MAIS VARIADOS PAÍSES, TEVE UM PROGRAMA DE TELEVISÃO, DANÇOU HIP-HOP DE BATUTA NA MÃO, REFORÇOU A SUA LIGAÇÃO AO PIANO E AINDA NÃO SE CANSOU DE ACORDAR, TODAS AS MANHÃS, APAIXONADO PELA VIDA E PELA ETERNA DESCOBERTA. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rita Carmo
É doce nas palavras, rebelde no jeito e, acima de tudo, apaixonado pela partilha de experiências, pelos passos ainda incertos dos novos desafios e pela liberdade dos mil e um caminhos da criação. Se salientar apenas o look descontraído – onde não pode falhar o cabelo espetado – talvez não adivinhe, ainda, de quem falamos. No entanto, se lhe pedir que recue no tempo à Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura – na qual a figura em questão embarcou, de batuta na mão, na aventura “Expensive Soul Symphonic Experience” – é capaz de acertar logo à primeira tentativa. Sim, referimo-nos a Rui Massena, maestro e compositor (também conhecido do
universo da televisão), de 42 a minha música acompanhou, anos, que se lançou, no início vou para casa satisfeito. Sinto-as de 2015, num novo desafio, com tranquilas”, afirmou. Na verdade, a apresentação de “Solo”, disco “Solo” surge da necessidade de onde se estreou como pianista um reencontro consigo mesmo – e compositor. após 14 anos de trabalho intenso Com a agenda de concertos bem – daí o seu caráter mais tranquilo preenchida nos próximos meses, e intimista. “Era algo que queria o músico, natural de Vila Nova de mesmo fazer”, constatou, recoGaia, não sabe se este primeiro nhecendo que, a dado momento, trabalho “foi um virar de pági- se viu na necessidade de explona ou um capítulo”. No entanto, rar o lado da criação para se pouco importa. “Por agora, é sentir, efetivamente, realizado uma necessidade de existência e feliz. Agora sim pode conciliar como compositor”, notou, con- o melhor de dois mundos: o da fessando a alegria imensa de composição e o da direção de poder partilhar com o público orquestras. as palavras que escreveu, o seu E enquanto percorre o país a som. “E sabe, no fim, quando as apresentar o mais recente trapessoas me vão cumprimentar e balho (vai atuar a 6 e a 28 de me partilham confidências que novembro no Misty Fest, em Vila
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“Fascina-me poder construir, todos os dias, algo de novo. Gosto da ideia de aprender com novos projetos, da construção. E tento que a minha vida passe, diariamente, por essa palavra” do Conde, e no Centro de Artes e Espetáculos, na Figueira da Foz, respetivamente), já está a preparar um segundo disco, que deverá ser lançado no arranque de 2016. Além disso, tem-se ocupado, nos últimos tempos, com os preparativos para a abertura de um pequeno estúdio de música, nas Antas, que funcionará “como um lugar de experiências, de aprendizagem e de partilha”. Depois de ter dirigido cerca de três dezenas de orquestras, entre Portugal e outros 13 países, Rui Massena fala, agora, com a tranquilidade de quem está a saborear uma nova fase de liberdade. Continua com os seus projetos de direção de orquestra, passa mais tempo ao piano e convive mais com a família e os amigos, algo que, “durante muitos anos” não conseguiu fazer.
descobrir “novas conjugações sonoras”. E num dia a dia que até descreve como banal, a maior adrenalina do maestro talvez seja mesmo a de alimentar a sede de conhecimento e de experiências que o caracteriza. “Fascina-me poder construir, todos os dias, algo de novo. Gosto da ideia de aprender com novos projetos, da construção. E tento que a minha vida passe, diariamente, por essa palavra”, sublinhou. Se, durante o seu trabalho, conseguir “mexer com a sociedade” tanto melhor. Um exemplo? O projeto com os Da Weasel que, em 2005, escreveu na íntegra, no âmbito dos 500 anos do Funchal (Massena foi diretor artístico e maestro titular da Orquestra Clássica da Madeira entre 2000 e 2012). Juntar o hip-hop à orquestra foi o grande desafio assumido pelo músico, que pretendia pro“FASCINA-ME PODER var ao público que uma orquestra CONSTRUIR, TODOS OS DIAS, é um instrumento acessível a ALGO DE NOVO” toda a gente e a todos os tipos Como será o segundo trabalho? de música. E imagens como a “Sinceramente, não sei”, respon- de Massena – um homem de deu, tranquilo, adiantando que, batuta – a cantar e dançar hipneste momento, já tem vários -hop em palco foram levando as temas feitos e que há poucos pessoas a encará-lo como um prazeres na vida como o de maestro “diferente”. Ainda assim,
o compositor é perentório: não se considera excêntrico. “Sou uma pessoa apaixonada pela vida e pelo que faço. Talvez isso me faça gritar alto que gosto muito, e as pessoas acham isso uma excentricidade porque a sociedade está habituada a viver com meios termos. Frequento o que me dá prazer e que não magoa os outros. Gosto do que me desafia e da criatividade”, esclareceu. Mas a música não entrou na sua vida como uma intensa paixão de infância, foi, sim, um caminho descoberto aos poucos, que o foi
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surpreendendo. “Desde criança que estudo música, descobri-a como veículo de contacto entre as pessoas. Quando senti o apelo para me dedicar profissionalmente, avancei”, contou. Ainda menino (dos seis aos oito anos), teve aulas de formação musical e piano com o professor César Morais. Depois, aos oito, foi para a Academia de Vilar do Paraíso, onde, aos 17 anos, começou a dirigir coros e a escrever música para grupos corais e instrumentais. Nessa fase, a música como uma espécie de “bem comum” começou a conquistá-lo, ainda
que as dúvidas não estivessem plenamente desfeitas. Acabou por fazer um ano de Direito, no Porto, mas quando ingressou na Academia Nacional Superior de Orquestra (ANSO), nunca mais pensou em voltar atrás. FAZER DO “SANGUE A FERVER” UMA FORÇA Aos 27 anos, quase a partir para Chicago (tinha-se candidatado à Northwestern University), surgiu a oportunidade de dirigir a Orquestra Clássica da Madeira. Com ou sem medo, arriscou e ficou em Portugal porque, afinal
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de contas, para um maestro, a prática é tudo. Desta forma, iniciou a sua vida profissional (em 2000) a dirigir músicos mais velhos. E se, ao longo do tempo, conseguiu ganhar o respeito do grupo foi por ter assumido “que não tinha experiência, fazendo disso uma força”. “Quando somos muito jovens, o sangue a ferver compensa a menor experiência. Tentei sempre ser correto nas atitudes enquanto líder, mesmo tendo falhado, mas fui sempre dedicado”, notou. Ao longo dessa temporada (de 12 anos), teve oportunidade de REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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da música clássica, envolvendo a população e revelando o que se faz no meio artístico. “Puro serviço público”, resumiu. Experiências internacionais também não lhe faltaram. Aliás, em 2007, foi o primeiro maestro português a dirigir no Carnegie Hall, em Nova Iorque. “Foi bom sentir-me a trabalhar numa cidade que me desafia. São experiências que, muitas vezes, nos constroem mais pela vertente pessoal do que apenas pela artística, por incrível que pareça”, sublinhou. Durante dois anos, de 2009 a 2011, foi também o principal maestro convidado da Orquestra Sinfónica de Roma.
trabalhar com nomes sonantes como os de José Carreras, Ute Lemper, Wim Mertens, Ivan Lins, Dulce Pontes, Mário Laginha e Bernardo Sassetti. Recorda com especial carinho os momentos passados com Guy Braunstein, ex-concertino da Filarmónica de Berlim. “Um músico extraordinário e uma boa pessoa. Aprendi muito com o seu modo. Seria difícil enumerar a quantidade de boas experiências que tive e em que aprendi, quer artística ou pessoalmente. A experiência de dirigir uma orquestra durante doze anos ensinou-me coisas que apenas o tempo ensina. É
“FICAREI SEMPRE EM DÍVIDA COM GUIMARÃES E COM TODOS OS MÚSICOS” Ligado como programador à Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, Rui Massena não só ergueu a Fundação Orquestra Estúdio (FOE), com músicos de diversas nacionalidades, como montou, juntamente com os diferente tomar decisões durante Expensive Soul, a “Expensive três ou doze anos”, observou. Soul Symphonic Experience”, A paixão por comunicar levou-o, levando a música pop e rock entretanto, ao pequeno ecrã e, a caminharem de mãos dadas. em 2010, foi pela primeira vez júri A harmonização de “culturas, da “Operação Triunfo”. “Nestes escolas e personalidades” foi, programas, tenho a oportunida- segundo frisou, um fator decisivo de de acesso a experiências com para o sucesso da FOE, assim outros tipos de música e de artis- como de qualquer outra orquestas. Além disso, são um exemplo tra. “Não se chega à música sem do tipo de entretenimento em que tudo antes esteja tratado. que acredito. A amplificação Foi uma experiência maravilhosa da criatividade da sociedade”, construir uma orquestra do nada, explicou. Mais tarde, em 2013, juntamente com toda a equipa embarcou noutra aventura, desta da Capital Europeia. Ficarei semvez a bordo do “Música, Maestro” pre em dívida com Guimarães (transmitido na RTP1), programa e com todos os músicos pela que servia para falar do mundo experiência”, assegurou.
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dade” e de uma nova atitude das instituições, “que já perceberam que têm de se abrir à sociedade e integrar os novos tempos”.
Na verdade, o projeto orquestral acabaria por se transformar num caso de estudo, tendo arrebatado completamente o coração do público (aspeto que se refletiu no sucesso de bilheteira). E na experiência com os nortenhos Expensive Soul (de que resultou o DVD mais vendido em Portugal em 2012), o que mais surpreendeu o músico também foi a reação das pessoas. “Criou-se um momento muito especial, construído por quem estava no palco e também no público, que irá ficar para sempre na minha memória”, frisou, reconhecendo que, neste projeto, a intenção foi, igualmente, a de “dar a conhecer as possibilidades sonoras de uma orquestra. “Às vezes tem que ser como na ciência – tentativa, erro – não existe outra forma de construir experiência. Se não errares não avanças e apenas avança a prudência”, constatou. E é por isso que ainda lamenta o facto de o modelo da FOE não ter sido preservado. “Os modelos de sucesso devem ser mantidos e aperfeiçoados. De outro modo,
com que modelos vivemos?”, questionou. Como não seria de estranhar, o espírito aventureiro e a entrega total aos desafios valeram-lhe a conquista de alguns troféus, nomeadamente a Medalha de Mérito Cultural da Academia de Artes e Ciências Brasil (em 2013) e a Medalha de Ouro de Mérito Cultural e Científico atribuída pelo município de Vila Nova de Gaia, onde nasceu. Bem conhecedor do panorama musical externo, o maestro acredita que o meio artístico português está a ter dias mais risonhos. “Apesar do nosso contexto geográfico não ser favorável à liderança das grandes correntes artísticas, dispomos de grandes criadores e intérpretes. É verdade que não nos inscrevemos suficientemente na realidade musical europeia porque a cultura também é um investimento e, nesse aspeto, estamos muito longe do básico e da estratégia de outros países”, defendeu. No entanto, ressalva a existência de “gerações musicais [portuguesas] com muita identi-
“O INVERNO DO NORTE É POÉTICO” O compositor está, atualmente, a viver no Porto, mas reparte as suas semanas com a capital, que, aliás, adora. “As cidades são as pessoas. Gosto muito de viajar, faço-o regularmente e não me consigo afeiçoar a apenas uma cidade, gosto dos contrastes”, explicou. A “contradição entre o granito e o mar”, a “hospitalidade e intimidade” e o inverno do Norte, que considera “poético”, são, no entanto, aspetos aos quais não resiste. Gosta de compor logo pela manhã e, ao longo do dia, não prescinde de dedicar uma hora e meia à leitura, pelo prazer de se surpreender “com palavras novas”, que o façam pensar. Quanto à busca de inspiração para o seu trabalho, garante não ter “fórmulas mágicas”. “Gosto de ouvir música, ler, ir ao cinema, estar com amigos. Diria que, se estivermos atentos ao que nos rodeia, o momento está logo ali”, referiu. Ao olhar para o futuro, percebe que tem “tanto para fazer” que até se cansa de pensar nisso. “Bom, cheguei a uma altura na minha vida em que olho para trás com orgulho de ter tido uma vida construtiva e isso cria bases para uma autoestima positiva. Estou, no geral, sempre à procura de duas coisas: estar bem e ser útil à sociedade”, concluiu.
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A REVOLUÇÃO DOS POSTOS DE TURISMO
NA REGIÃO PORTO E NORTE DE PORTUGAL
EM BREVE, A TURISMO DO PORTO E NORTE DE PORTUGAL VAI INAUGURAR O PORTO WELCOME CENTER, NO CORAÇÃO DA CIDADE DO PORTO, NO PALÁCIO DAS CARDOSAS, E AINDA O PRIMEIRO AUTOCARRO INTERATIVO QUE APRESENTARÁ A REGIÃO “SOBRE RODAS” EM DIFERENTES PONTOS DO PAÍS E NO ESTRANGEIRO. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: TPNP
É um projeto inovador, “criado no Norte e para o Norte”, mas cuja influência não conhece fronteiras. A Rede de Lojas Interativas da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) ainda não parou de crescer e, até ao final deste ano, estima ter 68 equipamentos totalmente disponíveis para satisfazer as necessidades dos cidadãos. Conseguir “revolucionar o paradigma do Posto de Turismo tradicional” foi o grande desafio assumido e superado pela entidade regional. Com um modelo profundamente inovador – passível de ser aplicado a todo o país – o projeto conseguiu unir, de forma inédita, os 86 municípios da região, que trabalham, ‘de mãos dadas’, para mostrar ao mundo as suas mais-valias, produtos e serviços diferenciadores. A iniciativa foi pensada e concretizada de modo a es-
tar absolutamente disponível para turistas e residentes. Tal como esclareceu o presidente da TPNP, Melchior Moreira, “as lojas funcionam com informação disponível 24 horas por dia, 365 dias por ano” e “apresentam um conjunto de equipamentos de última geração: mesas interativas multi-touch, ecrãs de projeção temática, ambientes tridimensionais e um conjunto de ferramentas interativas de apoio aos produtos estratégicos e eventos do Norte de Portugal”. Independentemente do local e da hora a que os cidadãos precisem de obter esclarecimentos, é garantido que o projeto da rede de lojas estará ao dispor, através de uma promotora virtual que fornecerá todas as informações necessárias (em português, inglês e espanhol e, brevemente, também em francês e alemão). Localizadas nos municípios
do território Porto e Norte, as lojas foram idealizadas como espaços versáteis e adaptáveis ao território, encontrando-se instaladas em diferentes edifícios por todo o Norte de Portugal. Além disso, são transversais a todos os públicos, uma vez que, ao contrário do tradicional posto de turismo, não se destinam apenas aos visitantes, mas também aos residentes do território. Outra
TURI SM O DO PORTO E N ORTE DE PORTU GAL
característica importante reside no facto de associarem as tecnologias limpas a instrumentos de promoção tradicionais para que seja possível substituir, gradualmente, o papel no fornecimento de informações turísticas. Entre os seus grandes objetivos estão a promoção da região (com todas as suas potencialidades) e a venda de serviços (culturais e desportivos, entre outros) e dos mais
diversos produtos regionais (envolvendo desde artesãos a produtores de biscoitos e compotas, empresas de transporte, hotelaria e restauração, etc). A multifuncionalidade e a interatividade são as grandes mais-valias das lojas, que se encontram ligadas em rede. Isto quer dizer que, se acedermos à promotora virtual ou à mesa interativa na loja de Vila Nova de Gaia, a título de exemplo,
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podemos ter acesso à agenda de Carrazeda de Ansiães (e vice-versa, para a totalidade dos equipamentos da lista, que pode ser consultada na página oficial da TPNP - http://www. portoenorte.pt/). E claro que, se estivermos no estrangeiro, também é possível chegarmos à região com a viagem completamente planeada, graças às facilidades do projeto. De referir ainda que, na loja online, REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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serviços. Aliás, muitos deles tendem a repetir a experiência, face ao sucesso das iniciativas dinamizadas. A Loja Interativa Santiago de Compostela foi a primeira da rede a abrir portas. Situada numa zona estratégica, na Rua de Vilar, em pleno centro histórico de Santiago de Compostela (e a uns escassos cem metros da Catedral), funciona igualmente como uma das bandeiras da promoção turística da região no mercado espanhol.
é possível efetuar a compra de um determinado produto com a opção de entrega em casa do cliente, seja em território nacional ou no espaço Schengen. Para os responsáveis da entidade regional, a dinâmica de relações estabelecida entre municípios – que comunicam permanentemente entre si – é verdadeiramente notável, contribuindo, assim, para o sucesso do projeto, que está a conseguir contribuir para o crescimento económico da Região e do país. LOJA DO AEROPORTO DO PORTO: HÁ 3 ANOS A BATER RECORDES A Turismo do Porto Norte tem duas lojas interativas âncora abertas: a do Aeroporto Francisco Sá Carneiro e a de Santiago de Compostela. Localizada numa das principais portas de entrada da região, a primeira
delas – que ocupa uma área de 117 metros quadrados – funciona como “uma montra do Porto e Norte de Portugal”, promovendo os produtos regionais e constituindo, atualmente, uma das infraestruturas de informação turística mais importantes do setor. A arquitetura e o design impactante foram uma grande aposta na conceção do equipamento, sendo inspirado nas mangas de acoplagem dos aviões aos aeroportos. Desde a sua abertura, em junho de 2012, já recebeu cerca de um milhão e meio de turistas, mais de metade com atendimento personalizado. A faturação em bilhética intermodal já ultrapassou 1,6 milhões de euros. Pela sua localização estratégica, esta loja é reconhecida pelos parceiros do projeto como um palco privilegiado para a realização de ações de promoção e venda dos seus produtos e
PORTO WELCOME CENTER E “TOPAS” ENTRE AS PRINCIPAIS NOVIDADES Em breve, a TPNP abrirá o Porto Welcome Center, que será a maior loja da rede, estrategicamente situada em frente à estação de São Bento, num local nevrálgico em termos de acessibilidades. Com 417 metros quadrados (e 50 metros quadrados de esplanada), o equipamento disponibilizará serviços inovadores, que prometem potenciar a deslocação de turistas à região. Mas as novidades não se esgotam aqui. No rol de surpresas consta ainda uma loja interativa móvel, “profundamente revolucionária”, que apresentará a região “sobre rodas”. “Trata-se do ´TOPAS` um autocarro que, com base no modelo das lojas interativas fixas – nomeadamente com recurso aos mesmos meios tecnológicos de ponta – terá disponível um conjunto de outras valências que permitirá efetuar a promoção do destino Porto e Norte
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em diferentes pontos do país e no estrangeiro, com especial atenção para o mercado espanhol”, adiantou o presidente da entidade. O projeto nasce de uma parceria entre a TPNP e a Salvador Caetano e promete funcionar como uma “grande porta de entrada na região”, independentemente do local onde se encontre o autocarro. E para ‘levantar a ponta do véu’, o veículo terá um exterior totalmente forrado por tecnologia que promoverá os produtos do Porto e Norte, alterando-se através de um simples clique. Levar a região aos “principais mercados emissores, no seu local de residência habitual” é, assim, a meta da iniciativa.
OS NÚMEROS DOS ÚLTIMOS DOIS ANOS DA REDE DE LOJAS INTERATIVAS DE TURISMO De acordo com dados disponibilizados pela TPNP, contabilizaram-se, nos últimos dois anos, cerca de 4,2 milhões de interações de mudança de menu nas várias lojas interativas da rede. “Só considerámos, aqui, mudanças de menu, o que significa que, se considerarmos interações dentro de cada menu – como consulta de pontos de interesse turístico, onde comer, o que fazer, como ir para o ponto de interesse escolhido, etc. – obteremos números ainda mais avassaladores”, observou Melchior Moreira. E a provar que os equipamen-
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tos também se destinam aos cidadãos locais, a consulta de informação foi feita, em 66% dos casos, em português (sendo que os utilizadores em inglês/espanhol foram na ordem dos 34%). De referir igualmente que mais de 250 mil visitantes das lojas interativas não prescindiram de eternizar aquele momento e tirar uma fotografia, enviando-a, por email, a algum destinatário. Dados que comprovam o sucesso da Rede de Lojas Interativas da Turismo do Porto e Norte de Portugal, que continuará a consolidar-se na região e a nível nacional, prometendo ainda conquistar outras capitais europeias consideradas estratégicas. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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Azulejo português aplaudido no mundo É APRECIADO NÃO SÓ PELA SUA ORIGINALIDADE MAS TAMBÉM PELO DIÁLOGO QUE ESTABELECE COM AS RESTANTES ARTES. COM MAIS DE 500 ANOS DE HISTÓRIA, O AZULEJO PORTUGUÊS AINDA CONSEGUE ARRANCAR OLHARES DE ADMIRAÇÃO E INSPIRAR CRIADORES E ARTISTAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS.
Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira
Basta um olhar mais atento para constatar que, de facto, está por toda a parte… a contar histórias dos séculos passados e a refletir a evolução da própria sociedade. O azulejo português tem vindo a despertar o interesse crescente de arquitetos e criadores (não só a nível nacional) e, à semelhança do que aconteceu com o fado e com o cante alentejano (já co n s i d e ra d o s P a t r i m ó n i o Mundial) está a caminho da UNESCO. De acordo com a Secretaria de Estado da Cultura, a elaboração da candidatura é da responsabilidade da Direção-Geral do Património Cultural, em parceria com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil e a Comissão Nacional da UNESCO. Para os
especialistas, não há tempo a perder. Há que apelar – tal como sublinhou a historiadora de arte Maria José Goulão – “à salvaguarda patrimonial deste espólio” porque, na verdade, Portugal não inventou o azulejo (ao contrário do que muitos pensam) mas conferiu-lhe “características muitos específicas, que são, também, o espelho daquilo que nós somos, da nossa abertura ao mundo”. UMA HISTÓRIA COM MAIS DE CINCO SÉCULOS Interessa, por isso, fazer uma breve viagem pela história deste original elemento de revestimento arquitetónico no nosso país. Apesar de ser erradamente associada ao
termo ‘azul’, a palavra azulejo é de origem árabe, derivando de ‘al zulaycha’ ou ‘zuléija’, que tanto significa ‘pequena pedra polida’ como ‘ladrilho’. Segundo explica José Meco na obra “O Azulejo em Portugal”, a palavra deverá ter surgido “nos centros cerâmicos da Andaluzia, de origem muçulmana, donde foi adotada pela língua castelhana”. “A sua assimilação pela língua portuguesa deu-se provavelmente através das importações de azulejaria andaluza no final do século XV, aparecendo já referenciada na documentação nacional do início do século seguinte”, revela o especialista na temática. Durante muito tempo, o início da produção nacional de
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azulejos foi, assim, apontado para o século XVI. Contudo, novos estudos provam que a presença de oficinas de produção de loiça cerâmica e ladrilhos em Portugal deverá ser anterior, obrigando-nos a recuar aos séculos XIV e XV. “Foram encontrados vestígios de azulejos em escavações arqueológicas relativamente recentes, na Baixa de Lisboa, que, estudados pelos especialistas, indicam que possamos falar do início da produção nessa altura”, informou Maria José Goulão. No século XVI deu-se uma forte corrente de importação dos chamados azulejos hispano-árabes (com influências da produção cerâmica do mundo islâmico) de Sevilha, das
oficinas de Triana (criadas por artesãos e artífices de origem árabe que se estabeleceram em solo ibérico). Ao estilo artístico desenvolvido entre os séculos XII e XVI nos reinos cristãos da Península Ibérica (que incorporam influências, elementos ou materais de estilo ibero-muçulmano) dá-se o nome de arte mudéjar. Mas voltemos às exportações para território português. As encomendas eram feitas, de um modo geral, por pessoas cosmopolitas, de classes privilegiadas (clero e nobreza). Um bom exemplo será – notou a historiadora e docente na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto – o do bispo D. Jorge de Almeida, que importou uma grande
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Intervenção de conservação e restauro de azulejos realizada, no verão, por alunos da Católica Porto em Ovar
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remessa de azulejos hispano-árabes para revestir toda a Sé Velha de Coimbra. Nesta altura, além do interior dos edifícios, também as fontes, muretes de jardins, chaminés e casas de fresco surgiam revestidas com esta peça de cerâmica. Mas é no período barroco (nos séculos XVII e XVIII), com a criação de oficinas por todo o país, que a produção nacional conhece o seu maior desenvolvimento. As peças, essas, são já de tipologias
e características distintas, uma vez que, no século XVI, a introdução de uma nova técnica de fazer cerâmica – intitulada Majólica – abre novos horizontes, consistindo na cobertura do azulejo com um esmalte branco, onde podem ser pintados motivos sem que as cores se misturem. Com o fim da Guerra da Restauração, em 1668, assiste-se a um reatar das relações políticas e comerciais com Espanha, França e os Países Baixos,
surgindo uma nova influência na produção de azulejos (desta vez holandesa), associada à predominante utilização das composições em azul e branco. Os painéis transpõem para os azulejos cenas de gravuras da época executados tendo em atenção o enquadramento a que se destinam. Com o passar do tempo, outras influências económicas, sociais e culturais vã o m o l d a n d o o a z u l e j o português. É por isso que, para Maria José Goulão, estes
AZU LE J O P O RT U G U Ê S
elementos não podem ser apreciados apenas do ponto de vista estético, uma vez que refletem também o próprio evoluir tecnológico. A portuense Igreja do Carmo, apesar de ter sido construída na segunda metade do século XVIII, durante o período barroco, tem uma particularidade: os azulejos que vemos na sua fachada lateral são bastante mais recentes (datam de 1912), apresentando um desenho de Silvestre Silvestri. Surpreendido?
Pois bem, a explicação é simples: no século XIX, iniciase, em termos estéticos, um período de revivalismo, “de apreço pela estética do passado,
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com o retorno aos grandes temas da cultura medieval”. “Aquele revestimento azulejar não é barroco. Corresponde a um historicismo: essa ideia REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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de recuperar estilos históricos do passado”, esclareceu a docente, acrescentando que o mesmo se verifica no famoso painel da estação de São Bento, da autoria de Jorge Colaço. Segundo José Meco, a obra, realizada em 1915 na Fábrica de Sacavém, representa a evolução dos transportes ao longo dos séculos. “É uma das obras mais representativas da corrente nacionalista e historicista do azulejo português da primeira metade do século XX”, sublinhou. De referir que, no norte do país, há três fábricas que, no século XIX, foram pioneiras na produção de azulejos em grande escala: a do Carvalhinho, das Devesas e de Massarelos, numa altura em que estas peças de cerâmica passaram a revestir
as fachadas dos prédios de habitação, conferindo-lhes impermeabilidade e um aspeto mais ‘alegre’. ELEMENTO PRESENTE NA ARTE URBANA No século XX, o azulejo entrou na arte urbana, sendo utilizado em vários espaços da modernidade, nomeadamente em aeroportos, estações de metro e viadutos. De acordo com Maria José Goulão, há um “novo interesse” nestes elementos por parte dos grandes artistas e arquitetos portugueses. É o caso da dupla Siza Vieira e Souto de Moura, nos projetos das estações de metro do Porto. “Mesmo não sendo atraídos pelo lado mais barroco, exótico e ornamental do azulejo, entenderam que as
pequenas cambiantes de luz, relevo e textura o transformam num excelente dinamizador de superfícies”, salientou, destacando igualmente as composições da autoria de Maria Keil, responsável pelos revestimentos de azulejo do metropolitano de Lisboa e da Avenida Infante Santo. Aliás, para José Meco, esta última obra (produzida na Fábrica Viúva Lamego e aplicada em 1959) é “uma das mais representativas da azulejaria moderna portuguesa, tanto pela excelente integração do painel no suporte arquitetónico, como pela elaboração formal da decoração, tratada com notável plasticidade através das múltiplas variações das formas geométricas utilizadas”.
D E S T A Q U E
Painel de azulejos de Júlio Resende, na estação de metro do Bolhão
“OVAR, CIDADE-MUSEU VIVO DO AZULEJO” A riquíssima coleção de azulejos que revestem as fachadas de muitos edifícios de Ovar valeu-lhe o epíteto de Cidade-Museu do Azulejo, atribuído por Rafael Salinas Calado (primeiro diretor do Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa). E para fazer jus ao título conquistado, um grupo de alunos de Conservação e Restauro da Escola das Artes da Católica Porto realizou, recentemente, uma intervenção de conservação nos painéis da estação ferroviária local.
ORGULHO QUE ‘SE SENTE NA PELE’ E se o património azulejar português tem características tão específicas (que têm conquistado aplausos internacionais), por que não homenageá-lo? Esta foi a questão colocada por Catarina Furtado (engenheira do ambiente), Cristina Barradas (designer de moda) e Ana Ventura (ilustradora), criadoras da Tiled, marca
que já lançou duas coleções de roupa feminina inspiradas no azulejo nacional. A ideia, essa, começou a desenhar-se há mais tempo, mas as primeiras peças foram apresentadas em meados de 2014. As dinamizadoras do projeto vivem em Lisboa mas utilizam uma base de dados, constantemente atualizada, com imagens de azulejos, de finais do século
XIX e do século XX, de todo o país. Aliás, a segunda coleção da marca partiu de um padrão avistado na rua do Bonfim, no Porto. Os padrões apresentados nas peças, produzidas no norte do país, não correspondem às fotografias recolhidas, mas sim ao resultado do tratamento digital que lhes é dado. E as criações não se esgotam numa estação do ano específica. “São
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Fotos: Herberto Smith
AZU LE J O P O RT U G U Ê S
peças atuais, que podem ser vestidas em qualquer altura e em qualquer parte do globo”, esclareceu Catarina Furtado. Nos dois primeiros trabalhos, foram utilizadas duas matérias-primas diferentes: “o tencel e o polyester com acabamento seda”. No entanto, até ao final do ano, haverá novidades, com o lançamento de uma linha de homem, que contará com novos materiais. E se, no início, o objetivo da Tiled consistia apenas em “transportar para peças de vestuário os magníficos padrões de azulejos
que existem espalhados pelas fachadas de norte a sul do país”, rapidamente o trio percebeu que o projeto poderia ir mais além e “contribuir para a salvaguarda do património azulejar de Portugal”. Nesse sentido, a marca firmou uma parceria com o Programa de Investigação e Salvaguarda do Azulejo de Lisboa e, em cada peça de roupa, há uma etiqueta com a imagem do azulejo inspirador e um enquadramento histórico desse património. Além disso, colabora igualmente com o Museu Nacional do Azulejo, para o qual desenvolve peças exclusi-
vas com azulejos da sua coleção permanente. Segundo reconheceu a engenheira do ambiente, a recetividade do público tem sido surpreendente. “O azulejo é algo muito específico e diferente, mas tanto os portugueses como os estrangeiros gostam da ideia e da forma como transportamos este ícone do nosso país para as peças de vestuário”, reconheceu. Por isso, não estranhe se, um dia, enquanto passeia calmamente no estrangeiro, identificar na roupa de alguém o padrão azulejar da fachada de um prédio da sua rua. Poderá não ser coincidência. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
UMA AVENTURA PELAS SINGULARIDADES DO CHOCOLATE É UM PROJETO JOVEM, ACOLHIDO “COM ENTUSIASMO” PELO PÚBLICO. DE PORTAS ABERTAS HÁ POUCO MAIS DE UM ANO, EM VIANA DO CASTELO, A FÁBRICA DO CHOCOLATE (QUE É HOTEL, RESTAURANTE E MUSEU) FAZ, LITERALMENTE, AS DELÍCIAS DOS QUE NÃO RESISTEM A UM DOCE MOMENTO DE DESCANSO.
Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Fábrica do Chocolate
Mais do que um simples hotel, pretende ser uma experiência capaz de levar os visitantes a embarcarem numa viagem que se adivinha deliciosa. A Fábrica do Chocolate – Hotel, Re st a u ra n te e M u s e u fo i inaugurada, em junho de 2014, no antigo edifício da fábrica de chocolates “Avianense”, na Rua do Gotim, um espaço bem conhecido de todas as famílias de Viana do Castelo. Respeitar a “alma” da fábrica centenária
– uma das primeiras a produzir chocolates em Portugal, criada em 1914 – foi, aliás, um objetivo sempre presente durante a criação do pequeno hotel de charme. “Do ponto de vista económico e social, era uma das empresas mais importantes da cidade. Empregava muitas pessoas e quase todas as famílias tinham um ou mais elementos a trabalhar lá. Além disso, o doce aroma do chocolate fazia-se sentir nas ruas e o hábito de passar na fábrica para ir buscar chocolates é
algo que ainda permanece nas memórias mais estimadas dos vianenses”, garantiu Goretti Silva, gerente da empresa “Na Rota do Chocolate”, promotora do projeto. Hoje, quem por lá passa, poderá encontrar a mesma magia de sabores num espaço multifuncional, com as componentes de hotel, museu, restaurante e loja. O projeto, com pouco mais de um ano de vida, resultou de um investimento global de cerca de 3,5 milhões de euros, comparticipado em 2,2 milhões por fundos europeus
FÁ B R I CA D O C H O COLAT E
do FEDER, através do ON.2 O Novo Norte. A fachada da antiga fábrica – que laborou até 2004, tendo ficado, depois, quase uma década em ruínas – foi mantida. O interior, esse, contém uma mão cheia de surpresas prontas a serem d e sve n d a d a s , o u m e l h o r, desembrulhadas. “Percebemos que o edifício estava à venda e acabaria, muito provavelmente, por ser destinado a habitações. C o m o s e m p re e s t i ve m o s ligados a turismo (…) pareceunos evidente que esta era uma oportunidade única de criar um produto turístico inovador e que honrasse e preservasse a memória do chocolate em Viana do Castelo”, explicou. E os vianenses aplaudiram a ideia.
VIAJAR NO TEMPO E NO ESPAÇO À BOLEIA DOS CINCO SENTIDOS O Museu do Chocolate foi, digamos, a âncora de todo o projeto. É um espaço interativo, dividido em cinco salas, nas quais é possível explorar várias dimensões do cacau e do chocolate, desde as suas origens, países produtores e plantação ao papel desempenhado nas diferentes civilizações ao longo da história. Na sala ‘Origens’, é possível “ver, tocar, sentir e cheirar verdadeiras cápsulas do cacau e das suas favas”. Na ‘Xocolati’, os visitantes podem assistir a uma projeção 3D que conta a história da utilização do cacau pelas civilizações Olmeca, Asteca e Maia e da sua chegada à Europa, através
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de navegadores espanhóis. Depois, a sala ‘Mundi’ é um espaço circular que representa a difusão deste produto pelo mundo. Na ‘Culto’, desvenda-se o chocolate “enquanto objeto de devoção e elemento inspirador em diversas áreas da sociedade”. E, por fim, na Sala da Fábrica, é simulada a confeção de uma tablete de chocolate, “símbolo da produção em massa dos tempos modernos”. Partir à descoberta do museu (aberto ao público em geral) custa entre oito e seis euros, havendo descontos para famílias e grupos. A reação dos visitantes tem sido “muito boa”, confirmou a responsável da empresa. “A surpresa é enorme sobretudo q u a n d o a s p e s s o a s tê m a oportunidade de ver os REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
cacaueiros, tocar nos frutos e nas sementes de cacau e perceber a história mais antiga do seu consumo”, reconheceu, acrescentando que poucos conseguem resistir, também, à demonstração do processo de fabrico de uma tablete de chocolate, na última das salas referidas. “NINGUÉM CONSEGUE ARRANCAR OS NOSSOS FILHOS DO QUARTO” Entrar em cada um dos 18 quartos do hotel é mergulhar numa história diferente. “É possível dormir no conforto de uma das marcas de chocolate preferidas, no ambiente das roças equatoriais de cacaueiros ou até no imaginário de histórias clássicas como ‘Charlie e a Fábrica de Chocolate’ ou ‘Hansel and Gretel’, referiu. E como os ‘gostos não se discutem’, há quartos dedicados a chocolate negro, branco e de leite. “Wow, aterrei num paraíso do chocolate!”, atirou um visitante, estupefacto. Os pormenores multiplicam-se para estadias que se pretendem “únicas”. “Há chocolate a escorrer
pelas paredes, candeeiros que derretem, cabeceiras de cama em formato de tablete gigante e mesinhas de cabeceira às quais já lhes falta uma dentada”, contou, sublinhando que “na irresistível Suite Hansel & Gretel, as crianças têm a sua própria casa dos doces em tamanho real para poderem brincar”. Fazê-los sair de lá é que pode tornar-se um problema, reconheceu um casal de hóspedes na receção do hotel. “Não sei como é que vamos fazer, mas ninguém consegue arrancar os nossos filhos do quarto!”, confessaram. Para os mais apaixonados também há uma suite decorada
de forma especial e um serviço de quartos que pode incluir uma fonte de chocolate com fruta fresca ou champanhe. E como não poderia deixar de ser, no Restaurante da Fábrica, o cacau e o chocolate também são os principais elementos inspiradores, “numa carta pouco extensa mas variada”, que “honra a gastronomia nacional”, apostando igualmente numa “cozinha de fusão internacional e criativa”. O empreendimento é mais procurado por portugueses e espanhóis, mas já começa a conquistar hóspedes de outros países.
DO U RO ROYA L VA LLEY H OT E L & SPA
TURISMO E FORMAÇÃO DE MÃOS DADAS NO DOURO Foi inaugurado no passado mês de junho e, para além de estar a gerar uma resposta “verdadeiramente impressionante” do público, promete dar que falar na área da formação em Portugal. O Douro Royal Valley Hotel & SPA, localizado no concelho de
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SITUADO NO CONCELHO DE BAIÃO, O DOURO ROYAL VALLEY HOTEL & SPA – ABERTO HÁ TRÊS MESES – VAI FORMAR PROFISSIONAIS DA ÁREA DA HOTELARIA, APOSTANDO NUM MODELO DE NEGÓCIO “INOVADOR” NO PAÍS. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Douro Royal Valley Hotel & SPA
Baião, sobre a margem norte do Rio Douro, vai funcionar, já a partir deste ano letivo, como um hotel-escola, no âmbito de uma parceria estabelecida com o IPP (Instituto Politécnico do Porto). Os três cursos de especialização – “International Hospitality
Management”, “Culinary & Innovation Management” e “Wine & Beverage Service Management” – com a duração de quatro semestres, serão ministrados, em contexto real, na nova unidade hoteleira de cinco estrelas do grupo JASE - Empreendimentos REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
Turísticos. O equipamento, que será o primeiro do país a ter uma escola residente, representou um investimento de 14 milhões de euros, cofinanciado em sete milhões por fundos comunitários do ON.2 – O Novo Norte. A oportunidade de conciliar as componentes turística e de formação nasceu de “vários fatores”. “Um dos grandes problemas do Turismo em Portugal, e em particular na região do Douro, é a sazonalidade. (...) Como os cursos vão funcionar dentro dos meses normais de formação escolar (outubro/junho), a presença de alunos traz uma receita extra, muito importante para o equilíbrio financeiro durante a época baixa”, referiu Joaquim Ribeiro, sócio gerente do grupo JASE. “Por outro lado, teremos também a vantagem de poder formar profissionais e reter alguns no hotel, uma vez que, para algumas funções, estas regiões mais afastadas do litoral continuam a ter carências importantes que, com esta formação interna, ficam resolvidas”, acrescentou.
“VIVEIRO DE PROFISSIONAIS COM ELEVADAS COMPETÊNCIAS” A Porto School Hotel conta com 35 quartos destinados aos alunos, sendo que, além das aulas, os jovens poderão alinhar noutras atividades (culturais, desportivas e de lazer). “Deste modo, vão aprender num ambiente hoteleiro real, que irá potenciar a sua aprendizagem e integração no mercado de emprego. Para além dos professores do IPP, vamos ter profissionais hoteleiros com grande experiência e conhecimentos, que vão partilhar e ensinar as melhores
práticas hoteleiras, preparando melhor os estudantes”, notou, reconhecendo que a escola será, efetivamente, “um ‘viveiro’ de profissionais com elevadas competências”. Durante a formação, as aulas serão lecionadas em contexto real, junto dos hóspedes do Douro Royal Valley Hotel & SPA. “Não será uma simulação numa sala de aula de uma escola. Serão aulas num hotel e com hóspedes reais! É um modelo de ensino que desenvolve competências técnicas, comportamentais e de atitude que em Portugal é inovador”, afirmou Joaquim Ribeiro. Depois
Vamos passar o fim de semana a
Gazelar significa fazer muitas coisas, sendo que uma delas é não fazer absolutamente nada. Seja na praia ou numa esplanada, significa aproveitar a vida entre amigos, com muito sol, histórias, gargalhadas e um belo copo de vinho. Ou, numa palavra, a Gazelar.
SEJA RESPONSÁVEL. BEBA COM MODERAÇÃO.
de três semestres de formação, os alunos alinharão num estágio de seis meses “numa unidade hoteleira de grande prestígio nacional ou internacional”, que lhes permita “continuar a desenvolver a sua aprendizagem”. TAXAS DE OCUPAÇÃO ACIMA DOS 70% Situado a uma hora do aeroporto Francisco Sá Carneiro e a 50 minutos da cidade do Porto, o hotel dispõe de 70 quartos (distribuídos por cinco pisos), com “vistas para o rio, ar condicionado, internet Wi-Fi gratuita, televisão por cabo, minibar, cofre e secretária”. Além disso, está equipado com “o maior SPA da região”, o The Royal SPA – Elements, com tratamentos baseados nos quatro elementos naturais: ar, água, fogo e terra, e ainda um ‘business center’ com seis salas polivalentes, onde é possível realizar os mais diversos eventos. Outra das atrações é o restaurante Palato D’Ouro, com uma oferta gastronómica centrada em produtos regionais e uma “considerável lista dos melhores vinhos das
Quintas da região do Douro”. A unidade hoteleira disponibiliza igualmente a chamada Piscina Infinita sobre o rio Douro, “uma das maiores do Norte do país”, piscinas interiores, court de ténis, ginásio e o ‘Kids Club’. Claro que os visitantes podem preencher o seu dia a dia com uma mão cheia de atividades proporcionadas pelos parceiros do hotel, usufruindo, assim, “de tudo o que a região tem para oferecer”: cruzeiros no Rio Douro (o empreendimento dispõe de um cais para barcos de grande envergadura), visitas a quintas vinícolas da região, museus e
monumentos classificados, percursos pedonais com guia nas serras da região, passeios em viaturas todo terreno, canoagem e BTT. A resposta do público, essa, tem sido “impressionante”. “Dada a localização do Hotel, encostado à maior albufeira do Rio Douro, a sua arquitetura e a fabulosa piscina infinita, o espaço tem despertado muito interesse do público nacional e estrangeiro”, constatou o responsável, adiantando que, desde a sua abertura, as taxas de ocupação têm sido bastante elevadas, acima dos 70%.
“MITOS & MONSTROS” de cortar a respiração
R ESPIRE FUNDO E DEIXE-SE LEVAR PELO UNIVERSO MÁGICO DAS CRIATURAS BIZARRAS QUE POVOAM, DESDE OS TEMPOS MAIS REMOTOS, O IMAGINÁRIO DO SER HUMANO. ATÉ AO DIA 4 DE JANEIRO DE 2016, A VERDADE DAS SUAS ORIGENS VAI SER DESVENDADA NO PALÁCIO DA BOLSA. CURIOSO?
E
se fosse convidado a desafiar os seus medos? Estaria disposto a aventurar-se num cenário conquistado pelas mais diversas feras que povoam o nosso imaginário? A partir do dia 7 de outubro, o Palácio da Bolsa e o Museu de História Natural de Londres convidam o público a partir à descoberta dos “Mitos & Monstros”, exposição que poderá ser vista até 4 de
janeiro do próximo ano. Gigantes, unicórnios, dragões, ciclopes, o monstro de Loch Ness e o Abominável Homem das Neves são algumas das criaturas que poderão ser conhecidas e desmistificadas no Pátio das Nações do Palácio da Bolsa. Mas prepare-se. A combinação de movimento e de som – no cuidado cenário montado no espaço portuense, propriedade da Associação Comercial do Porto – promete transformar estas criaturas em seres ainda mais misteriosos, num ambiente com efeitos verdadeiramente naturais. O evento, dinamizado em parceria com o reputado museu inglês, destina-se a todas as idades e vai marcar decisivamente a agenda cultural e de lazer do Porto no último trimestre do ano. Segundo adianta a organização,
no certame, os visitantes poderão “experimentar uma jornada de tirar o fôlego, com início em tempos remotos, quando lendas de bestas bizarras começaram a fazer parte do imaginário de diversas culturas”, e terminando no presente, “em que a ciência tem muitas vezes alcançado o incrível feito de desvendar os verdadeiros factos da ficção”. De referir que a mostra “olha para cada criatura a partir de uma perspetiva mitológica, histórica e científica, explorando a abrangência e o limite da imaginação humana para a criação de bestas terríveis”. ENTRE A REALIDADE E A FANTASIA O Museu de História Natural de Londres, com enorme reconhecimento internacional na área da investigação científica,
PA LÁC I O DA B O LSA
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INFORMAÇÕES ÚTEIS: Palácio da Bolsa, Porto 7 de outubro a 4 de janeiro HORÁRIO: 9h às 13h e 14h às 18h PREÇOS: Adultos: 6€ Crianças (4-16 anos): 3€ Família (dois adultos + duas crianças): 12€ facebook.com/mitosemonstros é frequentemente chamado a examinar algumas das estranhas descobertas que vão surgindo, como foi o caso de Yeti, mais conhecido como o Abominável Homem das Neves. O seu couro cabeludo foi descoberto por Sir Edmund Hillary durante as expedições que realizou ao Tibete na década de 1960 e mandado analisar para a obtenção de possíveis explicações. Na altura, reivindicou-se pertencer a uma criatura humana gigante (com cerca de dois metros de altura e 200 quilos), ainda que não se ignore o facto de grandes macacos terem sobrevivido até tempos relativamente recentes em zonas de natureza selvagem. Entre as criaturas em destaque no certame estarão, por exemplo, o Dragão, o Unicórnio, com a sua história complexa de magia e poderes, o temível Ciclope (de um olho só) e o incontornável Mostro de Loch Ness. Mas também poderá descobrir a Quimera, uma figura mística de aparência híbrida, que, na mitologia grega, era um monstro cuspidor de fogo com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão. Do que é que está à espera? REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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Vestígios da fortaleza portuense Texto: Mariana Albuquerque
FOI UMA DAS MAIS EMBLEMÁTICAS CONSTRUÇÕES DO SÉCULO XIV, MOBILIZANDO TRABALHADORES DE TODA A REGIÃO DE ENTRE DOURO E MINHO DURANTE QUATRO DÉCADAS. A MURALHA FERNANDINA, ASSIM CONHECIDA POR TER FICADO CONCLUÍDA NO REINADO DE D. FERNANDO, COMEÇOU A SER DEMOLIDA NO SÉCULO XVIII – PARA DAR LUGAR A CASAS E ARRUAMENTOS – MAS AINDA HOJE É CAPAZ DE SURPREENDER. NÃO ACREDITA?
Fotos: Rui Oliveira
São pedaços de História, espalhados pelo coração do Porto, que se fundem por completo na paisagem urbana, sob a tão característica névoa que abraça, com frequência, o rio Douro. E ‘se as pedras falassem’ (como nos diz a sabedoria p o p u l a r ) , a s d a M u ra l h a Fernandina não se cansariam de narrar episódios dos séculos passados, do tempo dos reis, dos iminentes ‘assaltos’ às cidades e dos amores e desamores secretos de freiras aventureiras. Os documentos antigos mostram-nos que os grandes
muros, de traçado geométrico, que começaram a ser construídos em 1336, seguiam, com várias portas e postigos, pela margem ribeirinha do Douro até ao limite de Miragaia, subiam pelo Caminho Novo e São João Novo até ao cimo do Morro do Olival, assumiam a direção leste e continuavam para Cimo de Vila, contornavam os morros da Cividade e da Sé e fechavam o circuito descendo pela escarpa dos Guindais até à Ribeira. No século XVIII, quando a sua importância militar se dissipou, a grande cerca foi sendo demolida, dando lugar a arruamentos, praças e edifícios. Hoje, dos aproximadamente
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três mil metros de perímetro da construção medieval, sobram dois grandes ‘panos’ de muralha, perfeitamente visíveis, e uma mão cheia de pequenos pedaços e pistas que, tal como defendeu o jornalista Germano Silva, também mereciam fazer parte dos roteiros turísticos do Porto. ‘PEDRA A PEDRA’... DURANTE 40 ANOS Ainda que a edificação da muralha tenha arrancado no reinado de D.Afonso IV, só
terminou em 1376, já no tempo de D. Fernando, o que viria a refletir-se na designação pela qual ficaria conhecida. A cintura medieval foi idealizada e concretizada para defender a cidade de uma eventual invasão castelhana. “Portugal andava em guerra com Espanha e chegou a haver uma incursão de espanhóis – que chegaram às portas do Porto – mas o Bispo conseguiu organizar uma defesa. A partir daí, D. Afonso IV mandou construir muralhas à
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volta da cidade, por uma questão de defesa. Mas não consta que, depois, tivesse havido algum assalto”, referiu. No entanto, para Germano Silva, é impossível não reconhecer a mestria de uma obra desta dimensão, com três mil metros de comprimento e 11 metros de altura, concretizada ao longo de 40 anos e sem os apetrechos hoje utilizados em qualquer empreitada. “Se tivermos em conta a época em que foi feita e as condições em que se trabalhava – não havia máquinas, as pedras eram colocadas uma a uma – é, de facto, um monumento notável da cidade”, sublinhou. “E mobilizou toda a região Douro e Minho, não foi só o Porto. Toda a gente vinha trabalhar para a muralha, era obrigatório. Por exemplo, o lavrador que tinha um carro de bois era obrigado a utilizá-lo para trazer pedras ou outro material necessário à construção”, REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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Reconstituição da Porta do Olival pelo pintor Gouveia Portuense.
explicou Germano Silva. Hoje, os troços sobreviventes da muralha são considerados “Monumento Nacional”, classificação atribuída em 1926. Com o avançar dos séculos, face à perda de importância militar, a cintura medieval foi sendo demolida para dar lugar a novas casas. “Essas construções surgem muito no tempo de D. Maria I [que reinou entre 1777 e 1816]. A rainha concedia facilidades a quem lá construísse”, contou o estudioso, lamentando que, nessa altura, se tenham destruído quase todas as portas e postigos existentes na grande cerca. Mas se o desafio é desvendar os pedaços ainda
visíveis da obra, comecemos por um local especial do Porto. A PORTA QUE SE ABRIU À PASSAGEM DE D. FILIPA DE LENCASTRE Situado bem perto da Torre dos Clérigos, o Café da Porta do Olival, um dos mais antigos do Porto (sabe-se que já funcionava, com a mesma designação, no ano de 1853), contém no seu interior vestígios da porta que, naquele exato local, se abria na Muralha Fernandina. Segundo revelou Germano Silva, num desenho do pintor Gouveia Portuense, feito com base em estudos arqueológicos dos anos 40 do século passado e
em relatos de pessoas antigas, a referida porta aparece voltada para o lado onde está, agora, o edifício da antiga Cadeia da Relação (atual Centro Português de Fotografia), em consonância com o que podemos ver se entrarmos no estabelecimento. A ‘magia’ da Muralha continua a despertar o interesse de especialistas e curiosos, que já visitaram o local para avaliar a hipótese de se efetuarem novas pesquisas. E há um dado interessante em relação à porta do Olival: foi por lá que entrou D. Filipa de Lencastre quando veio ao Porto para casar, na catedral da cidade, com D. João I. De referir ainda que era
MURA LHA FERN AN DIN A
nessa porta que se encontrava o “sino de correr”, colocado logo a seguir à construção da muralha, tocando, à noite, para o recolher obrigatório ao interior do burgo. Entretanto, em 1583, o sino foi transferido para uma das torres da Sé, gerando “uma demorada contenda entre o bispo e a câmara, suscitada pela dúvida sobre quem devia pagar o ordenado ao sineiro”. A dois passos do Café da Porta do Olival, na Rua Dr. Barbosa
de Castro (antiga Rua do Calvário), bem lá no topo, entre as casas, ainda é possível ver um pedaço das ameias da antiga Muralha Fernandina, que seguia, dali, até à Ribeira. Como as casas foram surgindo encostadas aos muros da cerca, há pedaços de muralha ‘sobreviventes’ que escapam completamente à atenção das pessoas. É o que acontece, por exemplo, na Rua Francisco da Rocha Soares,
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onde, subindo um conjunto de escadas íngremes, de acesso a várias casas, se vislumbra mais uma parte da construção. Aliás, numa das pedras vê-se, de forma absolutamente percetível, a chamada sigla de pedreiro, símbolo gravado para identificar a autoria do trabalho. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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Uns metros à frente – continuando a descer rumo à Ribeira – somos confrontados com um dos panos de muralha melhor conservados, nas Escadas do Caminho Novo. Na verdade, apesar das facilidades concedidas por D. Maria I a quem quisesse construir casas junto à cerca, como o terreno, naquela zona, apresenta um declive bastante acentuado, tornava-se difícil transportar os materiais de construção,
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razão pela qual o muro ainda hoje existe, desafiando-nos a imaginar como seria viver no interior do burgo. “No século XIV, as obras mais importantes no Porto foram a construção da muralha, a instituição da alfândega onde está, hoje, a Casa do Infante, também no tempo de D. Afonso IV, e a criação da Rua Nova, por D. João I. Foram as grandes obras da época, por isso, tudo isto devia estar nos roteiros turísticos”, destacou
Germano Silva, já prestes a chegar a outro local “especial” da Muralha Fernandina. POSTIGO DO CARVÃO: O ÚNICO QUE RESISTIU ATÉ AOS NOSSOS DIAS Depois de descerem pelas Escadas do Caminho Novo, os muros históricos seguiam pela beira-rio, onde é possível ver o Postigo do Carvão, a única das 18 entradas da muralha (entre portas e postigos) que
MURA LHA FERN AN DIN A
conseguiu chegar à atualidade. Das portas Nobre, do Cimo de Vila e das Virtudes e dos postigos da Lingueta, da Alfândega, do Pelourinho, da Forca e da Madeira (entre outros) restam apenas registos históricos. “Tudo desapareceu”, lamentou o jornalista. Mas depois de passar pela Ribeira, a construção medieval seguia pelos Guindais até à Batalha e é exatamente nessa área que se pode contemplar um
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Porta Nova ou Nobre
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Postigo da Lingueta
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Postigo da Alfândega ou do Terreirinho
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Postigo do Carvão
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Postigo do Pelourinho 8 Postigo da Forca
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Postigo da Madeira
10 Postigo da Lada ou da Areia
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Porta do Sol
12 Porta do Cimo de Vila
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Porta de Carros
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Porta do Olival
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Postigo de São João Novo ou da Esperança
segundo pano de muralhas em perfeito estado de conservação. Mesmo ao lado do tabuleiro superior da Ponte Luís I, onde circula o metro, portuenses e turistas são confrontados com um imponente muro de outros tempos, que inclui até um miradouro, utilizado, na altura, pelas freiras do vizinho Mosteiro de Santa Clara. No entanto, muitos não saberão, talvez, que há um acesso ao torreão, exatamente do lado
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Postigo dos Banhos
Porta da Ribeira
esquerdo da entrada da Igreja de Santa Clara. O impacto da paisagem portuense com que nos deparamos entre as ameias daquele miradouro natural é de tal forma intenso que, à chegada, durante largos minutos, só impera o silêncio. “Vim para cá namorar muitas vezes”, confessou Germano Silva, de sorriso maroto. Mas não conte a ninguém. Fica a ser este o nosso segredo. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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PERLIM
A MAGIA DO NATAL NA QUINTA DOS SONHOS O MAIOR PARQUE TEMÁTICO DE NATAL DO NORTE DO PAÍS ABRE PORTAS EM SANTA MARIA DA FEIRA NO INÍCIO DE DEZEMBRO.
De 5 de dezembro a 3 de janeiro de 2016, Perlim volta a ganhar vida num lugar único e simbólico de Santa Maria da Feira – a Quinta do Castelo. Em 2014 foram 80 mil os visitantes que por lá passaram, naquele que é o maior Parque Temático de Natal do Norte do País. Na edição de 2015/2016, a organização assume novos compromissos e dirige um convite a todos os cidadãos: “venham sonhar connosco!”. Esta é a 8ª edição em que Perlim abre portas para encantar um público cada vez mais exigente e que busca conteúdos diferenciadores, originais e inéditos, na
expetativa de viver momentos únicos e experiências inesquecíveis. No certame há uma Quinta de Sonhos para ser descoberta. Há espetáculos de grande formato em que a alegria, a musicalidade e a excelência dos cenários são o ponto de ordem. Haverá diariamente um espetáculo que conta a história de Perlim e dos seus habitantes, ao som do tema musical “Era uma vez em Perlinês”, que terá como pano de fundo o mais extraordinário dos cenários da Quinta do Castelo – o lago, a gruta e a encosta da Árvore do Amor, onde Perlim viverá. Não faltarão
também as famosas mascotes, os mais emblemáticos habitantes de Perlim. Pelo segundo ano consecutivo, o evento terá um dos pontos de maior relevância de sempre no projeto do Parque Temático de Natal de Santa Maria da Feira – palcos cobertos. Faça chuva, faça sol, quer neve ou caiam pozinhos de perlimpimpim do céu, todos os espetáculos marcados serão realizados. Perlim contará com mais de 300 horas de animação em 19 dias de evento. O espaço reinventa-se, na busca constante do novo e da reinterpretação do melhor do imaginário infantil, dedicando-se ao público familiar e escolar em performances de interação constantes, onde estará presente a grande dimensão cénica e a espetacularidade dimensional das plataformas e áreas temáticas. Em Perlim há um doce oficial - a “Bola de Perlim”, que pode ser degustada na área alimentar do parque. Depois, a história de
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Perlim e dos seus habitantes foi construída à volta da mística que encerra o espaço emblemático da Quinta do Castelo, sendo a “Árvore do Amor” a protagonista da história. A língua oficial deste lugar, mundo, ou país é o “Perlinês” – a nostálgica língua dos Pês – transversal a várias gerações e, sobretudo, à dos pais e mães que trarão os seus filhos a Perlim. E não podemos esquecer a música oficial de Perlim, o “Era uma vez em Perlinês”, que aparece cantada na voz da Joana Andrade e que conta a história deste lugar, como só esta podia começar – na língua dos Pês – “Eperapa upumapa vezpez”! Tudo o resto é muito, é diferente e será pura magia!
INFORMAÇÕES/RESERVAS: em www.perlim.pt 256 370 241 | 915220811 reservas@perlim.pt
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EDP Gás Distribuição instala contadores de gás inteligentes Fotos: Elisa Pinto Freitas
A EDP Gás Distribuição, concessionária da rede de gás natural na região litoral Norte (distritos de Porto, Braga e Viana do Castelo) está a instalar os primeiros contadores inteligentes. O projeto-piloto foi iniciado em junho e, até ao final de 2015, ficarão instaladas as 50 unidades. Um contador inteligente - também conhecido pela designação inglesa ‘smart meter’ – pode ser definido como um equipamento que permite, entre outras funcionalidades, a leitura remota periódica, o processamento e transmissão de dados de contagem, a capacidade de comunicação de dados bidirecional, a atualização remota de informação e a realização
remota de operações comerciais, como desligar e religar. Após a análise das várias soluções tecnológicas disponíveis, a EDP Gás Distribuição definiu requisitos que garantem um significativo incremento de informação, o controlo operacional remoto do equipamento e a deteção de situações anómalas. Os principais requisitos foram: envio de leitura diária, através de sistema GPRS; possibilidade de realização de operações comerciais remotas, como cortes e religações; válvula de abertura com sistema de segurança incorporado; sistema antifraude; alarme de bateria baixa; caudal máximo registado. Do ponto de vista da arquitetura foi definida uma
solução point-to-point, ou seja, cada contador tem um cartão de comunicação independente que comunica com o sistema central. Os resultados são ainda preliminares, uma vez que a tecnologia e os sistemas associados estão numa fase de maturidade reduzida, estimando-se um potencial de desenvolvimento significativo. No entanto, as vantagens dos equipamentos são inequívocas do ponto de vista da qualidade de informação, nomeadamente leituras reais, balanços energéticos mais rigorosos, deteção de potencial situação de fraude, operação remota dos equipamentos e cálculo do perfil de consumos.
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DOS CONTADORES ÀS REDES INTELIGENTES Os contadores inteligentes constituíram a primeira abordagem às redes inteligentes, ou smart grids, através da componente de AMR (Automatic Meter Reading). Fundamentalmente, garantia-se a substituição das leituras manuais, por vezes ineficientes, por leituras reais, evitando-se também a utilização de medidas estimadas, assegurando-se ainda um balanço energético rigoroso às redes. Hoje em dia, o conceito das redes inteligentes gás incorpora o controlo remoto dos equipamentos de medida, a sensorização da infraestrutura, a modulação e atuação
Solução “point-to-point” da EDP Gás Distribuição
sobre elementos da infraestrutura, assim como o controlo de fluxos e a deteção remota de potenciais problemas na infraestrutura.
REDES INTELIGENTES DE DISTRIBUIÇÃO NO GRUPO EDP Com o lançamento deste projeto-piloto da EDP Gás Distribuição de instalação de contadores inteliREVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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Contador analógico (esquerda) e contador inteligente
gentes de gás natural dá-se mais um passo no projeto das redes inteligentes do Grupo EDP. Já na eletricidade, a EDP Distribuição, distribuidora do Grupo EDP, iniciou o desenvolvimento do projeto redes inteligentes – ou smart grids – em 2007 com a criação da primeira Inovcity em Évora. O projeto Inovgrid permite uma gestão mais inteligente da rede elétrica de distribuição, passando pela substituição de antigos equipamentos de contagem por contadores inteligentes – o “gestor inteligente” é o elo de ligação dos consumidores à rede inteligente de energia. A EDP Distribuição tem obtido reconhecimento internacional pelo Inovgrid, projeto de referência que tem vindo a ser alargado a outros concelhos, incluindo o Porto.
CONTEXTO EUROPEU
A Comissão Europeia publicou, em 2009, a Diretiva 2009/73/CE que estabelece a obrigação de os Estados-Membros avaliarem a implementação de sistemas de contadores inteligentes no setor do gás natural. Esta diretiva comunitária foi transposta para a legislação nacional através do Decreto-Lei n.º 77/2011 que determina que a implementação de sistemas de contadores inteligentes depende de: - avaliação económica de longo prazo de todos os custos e benefícios para o mercado, designadamente para operadores de rede, comercializadores e para os consumidores; - estudo que determine qual o modelo de sistema inteligente economicamente mais racional e o prazo para a sua instalação. A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) desenvolveu um estudo, envolvendo os vários stakeholders, em que o resultado económico desfavorável do projeto evidenciou que não estão criadas as condições para a execução de um programa amplo para o setor. Convicta de que o futuro passará pela instalação de contadores inteligentes, a EDP Gás Distribuição aprofundou o conhecimento sobre esta nova realidade tecnológica – tendo em conta as funcionalidades adicionais que aqueles equipamentos oferecem face aos atuais e, também, os diversos projetos desenvolvidos noutros EstadosMembros – e avançou para o projeto-piloto no Porto. Estudos sobre esta temática salientam o incremento de informação, nomeadamente a componente da leitura remota diária e, através desta, o cálculo do perfil do consumo, que possibilitam uma maior diversificação da oferta comercial e a eliminação da faturação por estimativa.
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UM HOMEM DE POUCAS PALAVRAS... E MUITOS GOLOS
É UM TALENTO ‘DA CASA’ – COM FORMAÇÃO ‘À FC PORTO’ – QUE MERECEU, ESTA TEMPORADA, A PROMOÇÃO À EQUIPA PRINCIPAL. ANDRÉ SILVA, DE 19 ANOS, INAUGUROU O MARCADOR DO PRIMEIRO ENCONTRO DE PRÉ-ÉPOCA, NO ESTÁDIO DO FORTUNA SITTARD, E, DESDE ENTAO, AINDA NÃO PAROU DE CRESCER. Fotos: Rui Oliveira e FC Porto/adoptarfama
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ão é de grandes conversas, mas na ‘hora H’, de Dragão ao peito, sabe bem o que fazer. O ponta de lança André Silva, de 19 anos, foi promovido esta época à equipa principal do FC Porto, numa clara aposta do clube nos jovens talentos. Os entendidos na área não têm dúvidas: o ‘miúdo maravilha’ pode muito bem vir a escrever algumas páginas de história no caderno azul e branco. Tudo graças a um bom controlo de velocidade, forte domínio técnico da bola com os dois pés e um notável instinto de finalização. Características essas que, aliás, lhe valeram um ‘passaporte’ com as cores da seleção nacional para o Mundial Sub-20 de futebol (disputado entre 30 de maio e 20 de junho deste ano, na Nova Zelândia), já depois de, em 2014, ter sido o segundo melhor marcador do Europeu de sub-19 (cinco golos), no qual Portugal foi vice-campeão (tendo perdido com a Alemanha). “Sempre preparado” (à boa moda portista) para ajudar o clube a conquistar pontos, o goleador tem dado provas de eficácia no plantel secundário. E as suas metas pessoais estão mais do que traçadas. “Esteja na equipa A ou na B, tento estar sempre confiante. Só penso em dar o máximo e as conquistas que tiverem de aparecer, aparecem”, referiu, depois de um dos treinos matinais no Olival, em Vila Nova de Gaia, mostrando-se bastante mais nervoso do que se lhe pedissemos para para dar uns toques na bola.
“ENTRAR EM CAMPO E MARCAR É A MINHA MAIOR FELICIDADE” O internacional sub-20 fez o estágio de pré-temporada com o restante plantel em Horst, na Alemanha. “O que me passou pela cabeça quando soube [da promoção]? Que tinha de trabalhar mesmo muito”, confessou, sorridente, reconhecendo, todavia, que, como tinha chegado do mundial, acabou por não ficar muito tempo sem treinar, o que ajudou bastante. Foi, portanto, uma questão de se “ambientar”, num momento em que estava longe de saber que viria a inaugurar o marcador do primeiro encontro de pré-época. No Trend Work Arena, estádio do Fortuna Sittard, ao som de aplausos e gritos de incentivo de duas centenas de adeptos portistas (entre os três mil que assistiram à partida), André Silva assinou o primeiro e terceiro golos da
vitória (5-1) sobre o clube mais antigo da Holanda. “Tive a felicidade de marcar dois golos, sendo que o primeiro foi logo da minha autoria. Fiquei… nem sei explicar. E depois, claro, continuei a dar o meu máximo durante todo o estágio”, referiu, acrescentando, sem rodeios, que, “treino e ambição” são qualidades imprescindíveis a um bom jogador. Não será, por isso, de estranhar que, além de ter conseguido chegar aos “dragões” – onde teve formação intensiva – o estágio realizado com os colegas mais velhos tenha merecido um lugar especial no seu rol de vitórias pessoais. “As minhas maiores conquistas foram ter chegado ao FC Porto, ter conseguido marcar muitos golos durante a minha formação, ter ido à seleção – com um bom desempenho no Europeu e no Mundial – e, principalmente, ter ido à equipa A e marcar aqueles dois golos no primeiro jogo”, REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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constatou. O doce sabor do golo é algo que o jovem futebolista quase nem consegue descrever. “Representar o FC Porto é, desde logo, um orgulho. E entrar em campo e marcar é a minha maior felicidade. Às vezes nem sei como comemorar”, confessou. Curiosamente, André Silva é um ponta de lança que viajou por outros lugares em campo, antes de descobrir onde é que realmente se sente ‘em casa’. O ‘DECO’ QUE SEMPRE PREFERIU SER ANDRÉ Natural de Baguim do Monte, o portuense ‘nasceu’ para o futebol aos seis anos, no Salgueiros, onde permaneceu grande parte da infância. Entretanto, esteve meia época no Boavista e regressou ao clube de origem. Em 2010, num domingo de manhã, um jogo disputado com o FC Porto, na Constituição, viria a mudar o seu destino. A equipa visitante derrotou o conjunto azul e branco (por 2-3) e André, autor de um golo, brilhou em campo. Nessa altura, o jo-
gador tinha uma alcunha especial. Ainda não era ponta de lança, jogava a extremo, na esquerda ou na direita, mostrando um talento semelhante ao do ex-futebolista Deco. Contrariamente ao que aconteceu com alguns dos companheiros de equipa (todos tinham nomes de craques), o seu epíteto não foi esquecido assim tão facilmente. “Todos me chamavam Deco. Eu até preferia André, mas pronto”, contou, bem disposto. E há outro aspeto curioso: o jovem alinhou na modalidade quase por ‘contágio’. “Gostava de desporto, não de futebol em particular, mas o meu pai inscreveu-me porque o meu primo também foi”, constatou, acrescentando que começou, desde então, a alimentar o ‘bichinho’ de querer ser o melhor e de “fazer as coisas bem feitas”. Mesmo “quando ainda nem sabia o que era futebol” já era adepto do FC Porto, talvez por influência do pai, razão pela qual nunca ambicionou integrar outro clube.
100% FOCADO NA EVOLUÇÃO A concentração e o rigor que imprime ao seu trabalho não representam qualquer novidade. Já nos tempos do Salgueiros mostrava uma certa obstinação em crescer como futebolista, tanto que, às vezes, era preciso recordá-lo de que o treino já havia terminado. O bom aproveitamento escolar e o apoio familiar talvez tenham sido determinantes, nesta fase, para as boas performances em campo. “Sou muito ligado à minha família. Sempre fui muito apoiado. Lembro-me perfeitamente de chegar a casa e de vibrarem, comigo, a cada conquista”, recordou o portuense. Desta forma, com o grau de exigência a que estava habituado (quase por sua própria imposição), quando vestiu a camisola azul e
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branca, não teve grandes surpresas. “Já sabia que este era um clube único, com ótimas condições. Nada me surpreendeu”, assegurou. Entretanto, estreou-se como ponta de lança e, neste momento, já não se imagina a jogar noutra posição, nutrindo uma forte admiração por Ronaldo (o “fenómeno” brasileiro), Cristiano Ronaldo e Jackson Martínez, transferido esta época do conjunto portista para o Atlético de Madrid. De resto, o espírito do clube está perfeitamente assimilado. É por isso que não deixa de reconhecer, com segurança, que, trabalho, títulos e orgulho são os fatores que mais o distinguem. ‘Fazer das tripas coração’ até ao fim é, assim, o único caminho a seguir. E a verdade é que a receita ‘mágica’ parece estar a resultar: o avan-
çado português ainda não parou de marcar golos no FC Porto B. A provar que seriedade, rigor e boa disposição são características possíveis de conciliar, André Silva gosta de treinar com um grande sorriso nos lábios. “Encaro
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as sessões de trabalho de uma forma divertida, sempre a sorrir. É tudo sério, atenção, mas sempre com muito à-vontade”, constatou, transparecendo os valores absorvidos ao longo dos anos de formação na casa azul e branca. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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‘BRAÇO DE FERRO’ ENTRE SAPATARIAS
ATUALMENTE É PEDONAL E RELATIVAMENTE TRANQUILA, MAS, DURANTE GRANDE PARTE DO SÉCULO XX, A RUA DE CEDOFEITA FOI CARACTERIZADA POR UM INTENSO TRÁFEGO AUTOMÓVEL E DE TRANSPORTES PÚBLICOS. A SUA VOCAÇÃO COMERCIAL, ESSA, É AINDA MAIS ANTIGA, TANTO QUE, NOS FINAIS DO SÉCULO XIX ERA JÁ CONHECIDA – JUNTAMENTE COM A RUA DE SANTA CATARINA – COMO UMA DAS MAIS IMPORTANTES ARTÉRIAS COMERCIAIS DO PORTO, ATÉ AO ADVENTO DOS SHOPPINGS E DAS GRANDES SUPERFÍCIES. A APTIDÃO PARA O COMÉRCIO VIRIA A SER ENFATIZADA PELA ABUNDÂNCIA E QUALIDADE DOS SEUS ESTABELECIMENTOS DEDICADOS À VENDA DE CALÇADO. É POR ISSO QUE, PARA MUITOS PORTUENSES, CEDOFEITA PASSOU A SER A CONHECIDA COMO A “RUA DAS SAPATARIAS”. CONHECE A LENDA QUE LHE ESTÁ ASSOCIADA? Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Sérgio Jacques (Lendas do Porto III) e Rui Oliveira
N ã o fo ss e o e n t u s i a s m o estampado no rosto do senhor Silva e este seria apenas mais um dia normal de comércio na muito concorrida Rua de Cedofeita de meados do século XX. A artéria – uma das mais comerciais da cidade do Porto – estava repleta de sapatarias, mas o lojista não tinha dúvidas da qualidade do seu estabelecimento. Aliás, a vasta clientela que o procurava era a prova do cuidado com que selecionava, criteriosamente, o
calçado que vendia: a maior parte escolhida em revistas e catálogos internacionais. E tal como relata o historiador Joel Cleto na obra “Lendas do Porto” (terceiro volume), “aproveitando um raro momento em que, depois da passagem do carro-elétrico, não se seguira nenhum automóvel”, o senhor Silva posicionou-se bem no meio da rua para poder apreciar o letreiro que estava a ser colado, no momento, por duas funcionárias, nos vidros do espaço. “Orgulhoso
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e sinceramente convencido da veracidade do que aí se apregoava, o empresário contemplava o pomposo e colorido letreiro que anunciava ‘Sapataria Silva – a melhor da cidade do Porto’”. Ainda assim, a mensagem publicitária também despertou a atenção de outros comerciantes, nomeadamente do senhor Costa, com ‘casa’ aberta mesmo em frente. “A sua primeira reação ao ler o letreiro na montra da loja rival foi de alguma irritação. Como ousava o Silva apregoar tal coisa? Ainda por cima mesmo em frente ao seu estabelecimento. O mesmo que já fora dirigido pelo seu pai e que, antes dele, abrigara a oficina do seu avô sapateiro”, explicou Cleto. Com efeito, a sapataria
Costa era uma das referências de Cedofeita, fruto do trabalho de, pelo menos, três gerações. E a quarta preparava-se já para prosseguir o negócio. Contudo, a raiva rapidamente “cedeu o lugar à ironia”. “Ai o Silva era a melhor sapataria do Porto? Pois ele não esperaria pela demora e por uma resposta adequada”, pensou o lojista. A montra do estabelecimento não tardou, então, a evidenciar uma grande cartolina na qual se podia ler “Costa, a melhor sapataria do país”. A REAÇÃO DO JOVEM EMPRESÁRIO No dia seguinte, já um pouco atrasado, o senhor Machado
deixou para trás a Praça de Carlos Alberto e entrou na Rua de Cedofeita, em direção à sua sapataria. Com pouco mais de 30 anos, percorria aquela artéria há bastante tempo, uma vez que, ainda muito jovem – logo após concluir a quarta classe – começou a trabalhar como moço de recados para poder ajudar os pais. Os anos foram passando e, dada a sua familiaridade com o mundo do calçado, singrou rapidamente, passando a ter o seu próprio negócio: a Sapataria Moderna. Os produtos disponibilizados no estabelecimento comercial faziam jus ao nome. “Além das botas e sapatos mais ou menos tradicionais, o senhor Machado
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vinha-se especializando em modelos ortopédicos, botas de caça, sabrinas de ballet e num tipo de calçado que – acreditava que sim – poderia vir a ter uma grande importância no futuro: aquele que era utilizado pelos praticantes de desporto”, contou o historiador, na sua obra. Os empregados já haviam aberto a loja e, por isso, o proprietário aproveitou para espreitar as montras concorrentes. Foi então que, com alguma surpresa, se apercebeu do ‘duelo’ travado entre o senhor Silva e o senhor Costa. A sua primeira reação? Uma sonora gargalhada. Todavia, depois de retomar a marcha em direção ao seu estabelecimento comercial, “foi tomado de assalto por uma
ideia”. “Mas que raio! Porque é que os velhos estão nesta disputa quando, de facto, a minha sapataria é que é a mais moderna e a melhor de todas?! Eles já vão ver”, refletiu. Assim, nessa mesma tarde, o responsável tratou de colar na sua montra uma séria de letras, “caprichosamente recortadas e coloridas”, a dar conta de que “A Moderna é a melhor sapataria do mundo!”. O SÁBIO VALENTE Com o cair da noite, a rua de Cedofeita despediu-se do seu habitual rebuliço. Mas os raros transeuntes que por lá passaram, às primeiras horas da madrugada, não deixaram
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de reparar que, no interior da sapataria Valente, o seu velho proprietário – dos mais experientes e respeitados comerciantes daquela artéria portuense – trabalhava, afincadamente, rodeado de cartões, tesouras e papéis. “Na manhã seguinte, uma multidão amontoava-se junto às montras da sapataria. E rapidamente os risos e comentários se espalharam por toda a rua, para desespero dos senhores Silva, Costa e Machado, que se sentiram totalmente esmagados pela explícita e arrasadora m e n s a g e m a f i xa d a n e ss a madrugada: ‘Sapataria Valente – a melhor da Rua de Cedofeita’”, concluiu Joel Cleto. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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VIAJAR ‘AO INFINITO… E MAIS ALÉM’ ESTEVE ENCERRADO ONZE MESES PARA OBRAS DE MODERNIZAÇÃO E CONTA, AGORA, COM UM SISTEMA DE PROJEÇÃO QUE PERMITE DEAMBULAR DESDE OS PLANETAS DO SISTEMA SOLAR ÀS GALÁXIAS MAIS DISTANTES DO UNIVERSO. MIÚDOS OU GRAÚDOS, LEIGOS OU ESPECIALISTAS NA MATÉRIA, NINGUÉM FICA INDIFERENTE À MAGIA DAS SESSÕES DO RENOVADO PLANETÁRIO DO PORTO. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira
“Mas já aterrámos?”, questionou um dos miúdos que por lá passou, talvez num misto de euforia e espanto face à viagem pelo Universo que acabara de testemunhar. E não. Não estamos a falar de uma nave espacial que tenha aterrado na cidade para proporcionar experiências inesquecíveis aos mais curiosos. Os olhares estupefactos e os rostos boquiabertos são, sim, as principais reações dos que já tiveram oportunidade de alinhar na visita ao renovado Planetário do Porto – Centro Ciência Viva, que reabriu no passado mês de junho, depois de ter estado encerrado onze meses para obras
de modernização. E se, antes de entrar no equipamento gerido pelo Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), a ingenuidade da pergunta lançada pelo aluno pode despertar sorrisos, a verdade é que assume novos contornos depois de nos sentarmos numa das 95 cadeiras reclináveis do espaço. Sim. Há momentos em que até o cérebro de um adulto se deixa levar pelo realismo das imagens e do movimento de uma autêntica viagem pelo espaço (sem sair do Campo Alegre). E, na verdade, nem o cinto de segurança é preciso apertar, já que a magia
acontece graças a uma nova tecnologia que permite ver (como quem saboreia) simulações de todo o Universo visível. MAIS DE 100 MIL ESTRELAS E 400 MIL GALÁXIAS O novo sistema informático e de projeção digital e a renovação da cúpula foram as grandes apostas nesta intervenção, que representou um investimento de cerca de 500 mil euros, cofinanciado em 60% por fundos do ON.2 – O Novo Norte. A restante verba foi assegurada pela U.Porto. Com as inovações introduzidas, o Planetário “entrou, finalmente, no século XXI”, segundo constatou
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Ricardo Reis, da instituição. Antes da alteração, o equipamento voltado para a promoção da cultura científica e tecnológica utilizava um projetor optomecânico (Zeiss Spacemaster RFP DP3) dos anos 70, construído na Alemanha de Leste. Embora fosse “de qualidade excecional”
– projetando cerca de seis mil estrelas dos dois hemisférios terrestres – estava “desatualizado”, o que complicava simples tarefas como a de mudar uma resistência (pela dificuldade em encontrar peças adequadas). “Além disso, se quisessemos exibir uma imagem em movimento, um vídeo,
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podíamos projetar apenas umas janelinhas numa parte muito limitada da cúpula e nada mais”, acrescentou. O novo sistema digital permite projetar simulações de todo o Universo, colocando cerca de 13,7 mil milhões de anos-luz à disposição dos visitantes. Na prática, utiliza bases de dados (obtidas através de missões científicas) com mais de 100 mil estrelas e nebulosas e 400 mil galáxias, permitindo navegar pelo Universo com realismo, desde os planetas do nosso sistema solar até galáxias mais distantes. “Este sistema de projeção digital ‘fulldome’ faz com que os planetários sejam apelidados de cinemas imersivos porque, além de simular todo o Universo, também nos permite passar documentários feitos especialmente para este tipo de formato”, notou Ricardo Reis. Conclusão: com o sistema anterior, os mais pequenos perguntavam aos investigadores do Instituto de Astrofísico e Ciências do Espaço (IA) – que acompanham as sessões educativas – se a cúpula iria abrir para poderem ver o céu. “Agora, ficam mesmo convencidos de que isto é uma espécie de disco voador que anda a viajar pelo espaço”, contou. A ‘janela para o Universo’ (nova tela de projeção), “das melhores que há no mundo”, é outra inovação: foi feita à medida, com 12,5 metros de diâmetro. Reunidos os ingredientes necessários ao ‘salto’ tecnológico, o Centro Ciência Viva operou, nas palavras de Daniel Folha, diretor executivo do Planetário, “uma verdadeira revolução”. Não será, por isso, REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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Ricardo Reis e Daniel Folha, do Planetário do Porto
de estranhar que, independentemente da idade dos participantes nas diferentes sessões promovidas, todos saiam de lá com o entusiasmo de uma criança estampado no rosto. “O nosso cérebro fica mesmo na dúvida se somos nós que nos estamos a deslocar algures ou se estamos sentados. É uma sensação única, difícil de descrever”, garantiu o responsável, sublinhando que, com o novo software, a capacidade de criação de sessões lúdicas e pedagógicas se desenvolveu “extraordinariamente”. RECUAR AO INÍCIO DE TUDO Antes das obras de modernização, 80 ou 85% do público do Planetário era escolar. Agora,
nesta nova fase, os responsáveis do espaço estão a trabalhar para alterar um pouco estes números. “Não vamos, obviamente, descurar os visitantes das escolas, mas queremos conquistar novos públicos”, sublinhou Ricardo Reis. E, na verdade, esta estratégia começou a ser posta em prática logo na reabertura do equipamento, com a apresentação inédita em Portugal do filme imersivo “Vida – uma história cósmica”. Produzido pela Academia de Ciências da Califórnia, o documentário (narrado, na versão original, pela atriz Jodie Foster, e pelo ator Diogo Infante na versão portuguesa) corresponde, em termos de investimento, a uma superprodução de Hollywood,
que parte da questão “como começou a vida na Terra?”. “O custo de produção foi de 1,5 milhões de dólares. Eles têm uma equipa de oito pessoas a trabalhar a tempo inteiro e demoraram um ano a fazer este filme. Estamos a falar de 25 minutos. Decidimos fazer esta grande aposta porque, aqui, dificilmente vamos ter capacidade financeira para fazer algo do género”, frisou. Entre os primeiros segundos do vídeo – em que ‘mergulhamos’ numa floresta de sequóias – e o final, o visitante é guiado numa viagem através dos tempos, ao início de tudo. As imagens, de caráter educativo, percorrem os conteúdos programáticos do primeiro ciclo ao secundário e, como a ciência “é interdisciplinar”, não se focam apenas na astromonia, mas também na biologia, geologia e química. Com visualizações científicas capazes de arrancar expressões de admiração, somos convidados a
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entrar no mundo microscópico de uma célula e a recordar a importância da matéria escura: “um ingrediente misterioso mas fundamental do Universo, que nos influencia através da força da gravidade” e sem o qual não existiriam estrelas, planetas e vida. E a viagem prossegue, refletida em toda a cúpula, com a entrada na Via Láctea e um mergulho ao fundo do oceano da Terra primitiva, momento esse em que os espectadores quase são obrigados a suspender a respiração. Há ainda tempo para ouvir falar de rochas sedimentares, fósseis e vulcões e para percorrer o misterioso Planeta Vermelho, onde os especialistas acreditam ter existido um oceano. Enfim… em menos de 30 minutos, fornecem-se dados sobre a origem dos primeiros elementos, 380 mil anos após o Big Bang. “Vida – uma história cósmica” é um dos filmes disponíveis no
Planetário, onde não faltam, claro, os infantis. E para além das projeções, cada sessão inclui um momento explicativo, ao vivo, durante o qual é feita uma viagem ‘ao infinito’, aproveitando as potencialidades do novo software. “É um complemento fantástico a muitos conteúdos que se dão nas escolas. Uma coisa é ler um texto e ver as imagens do livro, outra coisa é ver tudo isso aqui”, constatou Daniel Folha. A aposta na produção de conteúdos para exibição continua nas prioridades do espaço portuense, empenha-
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do em aproveitar as sinergias criadas com a Universidade do Porto. “Há muitas competências no seio da U.Porto que podem ser utilizadas no Planetário. É uma questão de vermos como podemos juntar esforços para continuarmos a fazer as nossas sessões”, acrescentou. E se pensa que a astronomia não é, de todo, a sua ‘praia’, fica uma garantia: atravessar os anéis de Saturno, confortavelmente sentado numa das cadeiras do Planetário, pode muito bem ser o momento mais alto (e surpreendente) do seu dia. Não acredita? REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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Petiscar na Baixa do Porto POUCO IMPORTA SE HOUVER FILA PARA ENTRAR: NINGUÉM ARREDA PÉ. ENTRE VERSÕES TÍPICAS E MODERNAS, HÁ TASCAS E TABERNAS PORTUENSES PARA TODOS OS GOSTOS. Fotos: Rui Oliveira
SANDES DE PERNIL QUE CONQUISTAM GERAÇÕES A fila, junto à entrada, não engana. A qualquer hora do dia – seja ao almoço, lanche ou jantar – a Casa Guedes, situada no número 130 da Praça dos Poveiros, é um bom ponto de paragem. Turistas ou locais, não há quem resista às famosas sandes de pernil (com ou sem queijo da Serra), aviadas, a todo o gás, pelos irmãos Correia. O modo de confeção do pernil está ‘no segredo dos Deuses’, mas a verdade é que a pequena tasca tradicional portuense já conquistou os mais diversos guias de sugestões de sites e revistas internacionais. As fatias, cortadas finas de uma peça inteira assada em tabuleiro de alumínio, contêm um molho especial e são colocadas num pão estaladiço. Mas há mais ‘estrelas’ na casa: os bolinhos de bacalhau feitos na hora, o paio de porco preto do Alentejo, o presunto de Bragança e o salpicão de Baião. Há quatro anos, os gerentes decidiram apostar na criação de uma esplanada para facilitar os momentos de convívio. O espaço funciona de segunda-feira a sábado, das 09h00 às 22h30.
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TENTAÇÕES ASSIM? ‘VENHAM MAIS 5’ Deve o nome à letra de uma música de Zeca Afonso porque a ideia é exatamente a de ser um espaço de intervenção, de incentivo à luta contra as dificuldades que o país atravessa. No Venham Mais 5 (Rua Santo Ildefonso, 219), o grande protagonista das refeições é um suculento prego no pão – com lombo de boi e queijo da Serra – mas o restaurante também soma pontos nas sobremesas caseiras (o bolo de chocolate já arrebatou muitos corações) e no camarão. Outra tentação? A sangria de espumante e frutos vermelhos, equilibrada e saborosa. Quem experimenta garante: “é de beber e chorar por mais”. Além da sede – onde se destaca, na decoração, uma homenagem ao talento português – o Venham Mais 5 tem mais dois espaços, abertos ao público, na Rua Santo Ildefonso. Os petiscos podem ser apreciados entre as 12h00 e as 23h00.
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DELÍCIAS PARA TODAS AS HORAS É um bom espaço para quem gosta de petiscar, beber e conversar… com a mais valia de disponibilizar as sandes de presunto (com ou sem ovo) mais famosas do Porto. Numa parceria com a Badalhoca (situada em Ramalde), a Taxca chegou ao coração da cidade (mais especificamente à Rua da Picaria) para fazer as delícias de miúdos e graúdos. Pendurada por cima do balcão,
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a matéria-prima ‘de ouro’ (os presuntos) do espaço faz as honras da casa. Mas além das tão apreciadas sandes há outros petiscos: polvo, rojões, orelha de porco, bifanas, iscas, sopa, ovos mexidos com enchidos… enfim, delícias para todas as horas. A Taxca está aberta entre as 12h00 e as 22h30 (de segunda a quarta-feira) e entre as 12h00 e as 02h00 (de quinta a sábado).
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ESPECIALIDADES PORTUENSES EM TABERNAS DE TRADIÇÃO A provar que, no Porto, a tradição ainda é ‘rainha’, há uma mão cheia de tascos dignos de visita, quer pelas suas especialidades gastronómicas, quer pelo caráter pitoresco dos seus espaços. Não acredita?
Adega Alfredo Portista (Rua do Cativo) - Bacalhau frito e polvo cozido, vinho diretamente tirado da pipa. Adega Correia (Rua Dr. Barbosa de Castro 74) – Tripas à moda do Porto, servidas às quintas-feiras. Bufete Fase (Rua de Santa Catarina 1147) – Francesinha Adega O Leandro (Rua de Trás, 12, Lóios) – Bolinhos de bacalhau e rissóis de carne. Adega do Quim (Rua da Madeira - ao lado da Estação de S. Bento) – Panados de sardinha, fígado de cebolada. O Buraquinho (Praça dos Poveiros, n.º 33) – Buchinho de porco e tripas enfarinhadas.
Adega Rio Douro “Casa Piedade” (Rua do Ouro, 223) – Fígado de cebolada, iscas de bacalhau. Todas as terças há tardes de fado vadio, entre as 16h00 e as 19h30. Taberna Filha da Mãe Preta (Cais Da Ribeira 39) - Petiscos variados, entre os quais filetes de polvo. Adega Cantareira (Rua do Passeio Alegre, 382/384, Foz do Douro) – Tripas à moda do Porto, sardinhas fritas ou assadas e petiscos variados. Taberna Canoa (Rua do Alto de Arrábida) - Iscas de bacalhau com arroz de tomate e feijoada. Há fado nas primeiras sextas-feiras de cada mês.
Adega do Olho (Rua de Afonso Martins Alho, 6) – Tripas à moda do Porto Casa Costa (Rua de Trás, 224) Frango frito, orelheira, presunto, rojões e moelas. Adega S. Martinho (Rua D. João IV, 795) – Pataniscas, chispe e canecas de tinto. É uma das tascas mais antigas da cidade, mantém-se praticamente intacta há mais de 40 anos. Casa Louro (Rua de Cimo de Vila, 78) – Nacos de presunto com broa e azeitonas e vinho verde tinto. Taberna Santo António (Rua das Virtudes, 32) – Tripas à moda do Porto e petiscos variados.
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O PIANISTA BEM DISPOSTO DO “GRANDES MANHÃS” NASCEU EM AVEIRO – ONDE DEU AULAS DE MÚSICA – MUDOU-SE PARA ESPANHA, REGRESSOU, ENTRETANTO A PORTUGAL (INSTALANDO-SE NO PORTO) E, HOJE, É JÁ UMA FIGURA MUITO ACARINHADA PELOS TELESPECTADORES DO PORTO CANAL. FALAMOS DO PIANISTA FRANCISCO TAVARES, QUE SE JUNTOU AOS APRESENTADORES DO “GRANDES MANHÃS” PARA, EM CONJUNTO, ALEGRAREM O DESPERTAR DO PÚBLICO. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira/Porto Canal
É um rosto bem conhecido dos portugueses que alinha, há dois anos, ao lado dos apresentadores Ricardo Couto e Maria Cerqueira Gomes, na aventura do “Grandes Manhãs”, do Porto Canal. Mas além de ser o pianista do programa, Francisco Tavares, de 52 anos, é já uma peça importante do trio que dá cor ao acordar de muitos cidadãos. “O meu trabalho é de recorte musical, mas também de intervenção”, notou, reconhecendo que já não prescinde de ‘meter a sua colherada’ nas conversas. É por isso que os produtores têm o cuidado de
lhe enviar, no dia anterior, os alinhamentos do programa seguinte, para que possa estar por dentro das temáticas a abordar. De resto, é deixar fluir o sentido de humor e a espontaneidade que dão origem a muitos dos melhores momentos de televisão. O clima de picardia que se cria, em direto, é, para o músico, uma das grandes mais-valias do espaço matinal. “Vou-me metendo com os apresentadores e gera-se, ali, um ambiente de muita brincadeira”, afirmou, explicando que essa é também uma das principais metas do programa. “Muitos dos nossos espectadores estão
aposentados ou desempregados e, por isso, querem distrair-se, passar um bom momento e esquecer um pouco a forma como o mundo está. As pessoas precisam de companhia, de arejar as ideias e essa é uma das nossas funções”, destacou. “E depois temos várias rubricas [relacionadas, por exemplo, com astrologia, etiqueta, beleza, decoração, dança, música, ginástica, gastronomia, bricolage, saúde e finanças] com conteúdos muito interessantes para ajudar as pessoas”, acrescentou, mostrando-se orgulhoso do trabalho desenvolvido no canal.
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UM PROGRAMA “MUITO QUERIDO DO PÚBLICO” Natural de Aveiro, o músico instalou-se em definitivo no Porto em 1997 e teve oportunidade de acompanhar, com atenção, o nascimento e a afirmação do Porto Canal. Hoje veste a camisola do projeto e está seguro das suas potencialidades. “Embora sejamos um canal regional, temos claramente um âmbito nacional. Damos destaque à região Norte, claro, mas abarcamos o país inteiro e trabalhamos para toda a gente”, frisou. “Estou encantado por fazer parte desta equipa”, acrescentou. A oportunidade para alinhar no “Grandes Manhãs” surgiu há dois anos e não houve hesitações. “Agarrei-a imediatamente”. E os desafios de se estrear num projeto “que faz muito com pouco” não o assustaram. Arregaçou as mangas e lançou-se ao trabalho. Como já era conhecido do grande público (Francisco Ta-
vares esteve, anteriormente, na Praça da Alegria, da RTP), teve de “desconstruir um pouco” a figura que o ligava à outra estação televisiva. “Não foi preciso muito. Com o trato do dia a dia fomos criando ali o ambiente que temos agora, que é espetacular”, frisou, adiantando que, atualmente, já é abordado na rua como o pianista do Porto Canal. E, curiosamente, a ação da equipa de profissionais tem chegado além-fronteiras. “O nosso canal não passa em sinal aberto, mas muita gente que vive em França e na Suíça, por exemplo, conhece o nosso trabalho”, contou, com admiração, adiantando que já testemunhou várias vezes essa influência no Aeroporto do Porto, onde tem atuado no âmbito de um projeto orquestral em que está envolvido. “Fico mesmo muito contente porque vejo que estamos a chegar onde pretendemos: às pessoas. Se não tivermos ninguém do outro lado, isto não
tem interesse absolutamente nenhum”, confessou, frisando que há um cuidado extremo na hora de saber “qual é exatamente o target” da estação, de modo a que a adequação dos conteúdos às necessidades das pessoas possa ser perfeita. A cumplicidade existente entre todas as pessoas que erguem o “Grandes Manhãs” é, para o músico, um dos elementos que faz com que se trate de um programa tão “querido do público”. “Devo sublinhar a forma amistosa e cordial com que fui recebido logo no primeiro dia”, referiu, sublinhando a boa relação criada com Ricardo Couto e Maria Cerqueira Gomes, seus companheiros no programa. Para Francisco Tavares, a ligação de Júlio Magalhães, diretor-geral da estação, aos seus ‘colegas de estrada’ é outro dos segredos. “Ele sabe bem o que quer, tem uma enorme experiência televisiva e uma visão muito humanista”, reconheceu.
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PAIXÃO QUE FOI CRESCENDO A música entrou na vida de Francisco bastante cedo. “O meu pai tocava violino, embora tivesse outra profissão. Talvez o facto de o ver tocar tenha despertado em mim algum interesse na área”, confessou. Entretanto, ainda miúdo, começou a ter aulas com um professor particular com o objetivo de ver até onde ia a sua aptidão natural. E não houve dúvidas: deixou-se conquistar pelo violino e decidiu estudar no Conservatório de Música de Aveiro de Calouste Gulbenkian. Mais tarde, deu aulas e, em 1993, partiu para Espanha, também à boleia de iniciativas musicais. Alguns anos depois, em 1997, um convite endereçado pelo Coliseu do Porto viria a mudar-lhe o destino: foi desafiado a reavivar a chamada Orquestra do Salão Jardim, que, na versão original, atuava, no início do século XX, no Jardim Passos
Manuel, espaço elegante que funcionava como lugar de cultura e ponto de encontro da sociedade portuense. “Era uma orquestra que tinha exatamente a mesma formação e o mesmo reportório da do filme ‘Titanic’”, explicou, garantindo que participar nesta iniciativa foi “extremamente marcante” na sua vida musical. “Começámos a tocar, a dar concertos e fomos à Praça da Alegria fazer um programa de fim de ano. Desse programa surgiu o convite para tocarmos no programa dois dias por semana”, recordou. Entretanto, dois ou três anos depois, quando o projeto da orquestra se esgotou, Francisco acabou por ser convidado a permanecer na estação pública. Em 2008, já depois de sair da Praça da Alegria, dedicou-se aos seus projetos pessoais, até alinhar na aventura do Porto Canal.
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PIANO E VIOLINO: AMORES CONCILIÁVEIS Neste momento, o pianista está também envolvido (mas como violinista) numa orquestra sinfónica, lançada há cerca de ano, que tem vindo a mostrar o talento dos músicos da região Norte. A Sinfonieta partiu de uma iniciativa criada na rede social Facebook que, num abrir e fechar de olhos, juntou 50 músicos, entre jovens artistas e nomes já conceituados da área. “Estabelecemos um protocolo com a autarquia de Gaia para a cedência de um local de ensaio, o belíssimo Convento Corpus Christi. Constituímo-nos como associação sem fins lucrativos e estamos a trabalhar a todo o gás”, contou, enquadrando, assim, as atuações realizadas no Aeroporto do Porto, mencionadas anteriormente. “É um projeto giríssimo, que também me está a dar muito prazer”, referiu, defendendo que a proatividade pode bem ser o melhor elixir da vida. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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s o t r e c n o C r a c r a m para da na agen TADO ARIZA APRESEN “MUNDO” DE M r Javier EM OUTUBRO da fadista Mariza, produzidocaponções de
m o, com O novo álbu 9 de outubr e Rui r editado a ago Machado Ti a, m Limón, vai se Li eu br de A o so ul es Pa do, uardado regr Jorge Fernan s entará o ag ao es s pr sa re ue ” ug do artistas port Veloso. “Mun is na o io e ac nt rn ra ais inte o anos, du uma das m egno de cinc rr o te nd in gu um Se ). is de f” (em 2014 discos, depo mas, eiro “Best-O te im 14 pr a u m se o so ho qual editou o novo trabal dição”, arner Music, drigues, “Mal Ro ia ál adiantou a W m A de io a”, de ór ru rt pe ha re in a sol na m dois deles do Pinto, e “And rnando Fe ira e ie rg V Jo do a. ch de Arman sé Fontes Ro “Missangas” o-Ferreira e Jo e “Sombra”. o” David Mourã xã ai “P as ic ús m etivamente, s sp da re a , musicados assina a letr as m te , o” Paulo in pequen da autoria de e “Meu amor i Veloso, são Ru e s, dos ho tin al ar rv M Ca a é Pedro Silv por Paulo de s re to au s dade Outro do artins, “Sau Abreu Lima. Luís José M m ece co , qu na es si o e as a, “’Mundo’ nã Deolinda, qu nca a discográfic nu m o co iss e do a, or ariza é fadist solta”. De ac “M ”. ou bre, eç le m cé tudo co do uma frase o fado, onde , parafrasean iza do ar Fa M o e as qu m , so, fado é o a abandonará quiser. No ca eu. As em nd m fe ho de , e” um é quando está lá sempr rrerão e seja, porque Portugal deco quiser que el nt se ações em re ap s de an bro. primeiras gr 27 de novem Porto a 26 e no Coliseu do
PATRICK WAT DE NOVEMBR SON NA CASA DA MÚSICA O A
29 O cantor e composito r ca vai regress nadiano P atrick Wat ar a Portu son gal em no contro mar vembro, te cado com ndo eno s portuense 22h00, na s no dia 29 Casa da M , pelas úsica. Na b trará o se agagem, o u mais rece produtor nte álbum Robots”, ed , “Love So itado em m ngs for aio deste Records. O ano, via D quinto trab omino alho suced in Your Ow e a “Adven n Backyard tures ”, lançado em voltará a território 2012. O ar português tista no Festiva depois da l Paredes atuação de Coura (h passagens á três ano por Lisboa s) e das e Santa M bilhetes par aria da Fei a o concert ra. Os o no Porto custam 25 euros.
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O “GIGANTE O BETTENCOUR BRIGADO” DE TIAGO EMBLEMÁTIC T NAS SALAS “MAIS AS” DO PAÍS O ex-vocalis ta dos
Toranja, Tiag -se nos co o Bettencou liseus do P rt vai estrea orto e de Li rde novemb sboa nos d ro, respetiv ias 7 e 14 amente. “A podermos cho que o dormir des sucesso é cansados fizemos. Po com as es dia ter feito colhas que o s C Por algum oliseus na al a razão, re tura dos To solvi contin ranja. maneira só uar caminh lida e adu o. Hoje, de lt a, longe de o prematuro ndas e suce s, depois d e sete disco ssos arriscar aq s gravado uelas que s, vamos p ara mim sã emblemát o as duas sa icas do paí las mais s. Se vamo vamos seg s encher? N uros e com ão sei. Mas esperança reencontro de que seja s, e que tod um dia de os aqueles se cruzaram que ao long com minha o do tempo música este desta vez jam present cantarmos es para todos junto com eles. E s, eles com stes Coliseu ig o e eu s vã a todos os o ser um g que, algure igante obri s nestes 14 gado da sua casa anos, abrira para uma ca m a porta nção minha convidado entrar. Estão s. Vou, com todos o no princí mim”, afirm pio, dar o ou o músico melhor de , em comu nicado.
VIÇO CERRAM “SER RTO N E S A N O IT E Z O OP OS A ncluir a diNO COLISEU D OCASIONAL” se Os Azeitonas vai co victa, num
In ortuen na cidade A banda p 16, Ocasional” ço eiro de 20 vi n ja er e “S d gressão te a o dia 23 en ar m p sa o ci ad re d p en 2013, foi em concerto ag e, D u V q /D ar D . De record varam o C no Coliseu e: uenses gra rt ad o d p ri s la o cu e ti la qu há uma par z, naquela sa ve a ta um es paço para casional”. D r naquele es s “Serviço O ua o it at u o m vã e vez que posição” é a primeira ra” ”, “boa dis ei ia g rr er ca n e “E d s pé. dez ano . plateia em m mais de o concerto e marcara firmados n n co s “êxitos qu te n ie d re g dos in são alguns
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DO PORTO PARA O MUNDO DIZEM OS ENTENDIDOS QUE É UMA BEBIDA “GENUÍNA” E QUE, GOSTE-SE OU NÃO DE CERVEJA, O MELHOR MESMO É EXPERIMENTAR. A SOVINA, DE CONFEÇÃO ARTESANAL, FOI LANÇADA EM 2011 E AINDA NÃO PAROU DE CONQUISTAR ADEPTOS. PARA OS QUE NÃO SABEM, FICA O DESAFIO: PODE SER CONCEBIDA LÁ EM CASA. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira e Sovina
UMA HISTÓRIA DE PAIXÃO ros’ à frente do negócio – que A origem desta cerveja ‘especial’ ‘vai de vento em popa’ – são as revela-nos uma história com dé- duas filhas de Alberto (Paula cadas de paixão. Ligado ao ramo Abreu Martins e Isabel Abreu) e imobiliário, Alberto Abreu nunca Arménio Martins (Pedro Sousa escondeu o desejo de criar “uma dedicou-se, em 2013, a outros cervejaria artesanal aberta ao projetos). Três sócios – tal como público”. Aliás, durante as suas no início – e a mesma paixão dos viagens à Alemanha, muitos dos primeiros tempos. A reação ao passeios turísticos acabavam tro- lançamento desta cerveja, mais cados por visitas a cervejarias. turva do que a industrial, foi Entretanto, vários anos depois, surpreendente até para os seus conheceu Pedro Sousa, desde criadores. A Sovina começou sempre interessado na arte de a ser produzida em Cedofeita, produzir cerveja. Mas a equação “num pequeno espaço”, e, face ao só ficaria completa com Arménio número crescente de encomenMartins (genro de Alberto) que, das, os responsáveis viram-se aliás, foi o designer responsável obrigados a procurar um local pela imagem das garrafas. E es- maior. A novidade suscitou tamtariam, assim, lançadas as bases bém o interesse de diferentes para a afirmação da empresa “Os municípios. “Tivemos convites Três Cervejeiros” (em 2009), dois de outras câmaras municipais, anos antes de a Sovina começar mas era importante ficarmos no a chegar ao público. Porto. Esta é a nossa cidade”, Atualmente, os ‘três mosquetei- referiu Paula Abreu Martins. A
casa-mãe da Sovina encontra-se, assim, desde fins de 2013, no número 65 da Rua Manuel Pinto de Azevedo, numa zona onde – recorda a sócia – “há indústrias de grande história na cidade”. Todos os meses são produzidos dez mil litros de cerveja. O número de clientes, esse, atinge os cerca de três mil, em todo o país. E a Alemanha, Holanda e França também já se renderam aos encantos da bebida artesanal. “SOTAQUE E PERSONALIDADE” A escolha do nome ideal não foi imediata, mas, “depois de muitos ‘brainstormings’”, Sovina pareceu-lhes o mais indicado,
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Arménio Martins, da empresa “Os Três Cervejeiros”
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numa ironia face aos tempos de crise que já se viviam. “Era uma palavra portuguesa, com sotaque e personalidade”, descreveu Paula, acrescentando que, neste momento, a marca produz cinco estilos de cerveja constantes: a Amber (receita francesa), a Helles, a IPA (tipicamente inglesa), a Stout (preta) e a Trigo (‘cerveja branca’ tipicamente bávara). Além disso, há cinco Sovinas sazonais: Bock (alemã, de longa maturação, adequada à primavera), Natal, Baltic Porter (tradicional da região do mar Báltico), Atlântica e Red X. A Helles e a Amber, de caráter macio e sedoso, são as mais apreciadas do público. Os empresários não escondem ainda o desejo de voltar a produzir a Amber Vintage, lançada em 2013, “em homenagem à cultura vinhateira e à cidade do Porto”. Trata-se de “uma cerveja REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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envelhecida em cascos velhos de vinho do Porto”. Independentemente do sabor mais doce ou amargo, intenso ou suave, a Sovina tem a particularidade de conseguir arrebatar o paladar daqueles que não apreciam cerveja. “Como alguém nos disse um dia, se uma pessoa chegasse à Terra pela primeira vez e provasse uma cerveja industrial e uma artesanal não diria que a bebida tem o mesmo nome: cerveja. São bebidas distintas e o não apreciador consegue chegar à alma da cerveja [artesanal] pela degustação”, garantiu. Na cidade do Porto, é possível encontrar Sovina à pressão na Cervejaria Brasão, “com uma receita es-
pecial”, na Mercearia das Flores, “NUNCA VIMOS TANTOS HOna Degust’Art (Mercado Bom MENS À VOLTA DAS PANELAS!” Sucesso) e no Catraio (bar de Mas para os mais aventureiros, cerveja artesanal situado na Rua que gostam de ‘pôr a mão na de Cedofeita). As mercearias massa’, “Os Três Cervejeiros” Mosaico de Sabores (na Praça lançaram também uma loja onliGuilherme Gomes Fernandes), ne - http://www.cervejartesanal. Nabos da Púcara (Rua da Pi- com – onde é possível adquirir caria) e Saboriccia (Foz e Rua kits e os ingredientes necessáSanta Catarina), a loja A Vida rios à confeção de cerveja em Portuguesa (localizada na Rua suas casas. De acordo com Paula Galeria de Paris) e o restaurante Abreu Martins, existem três forBacalhau (no Muro dos Baca- mas caseiras de a produzir: uma lhoeiros - Ribeira) também fa- básica, uma intermédia e outra zem parte do roteiro da bebida. avançada. “Confecionar cerveja
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é confecionar uma receita, é preciso gostar para ter bons resultados. Nunca vimos tantos homens à volta das panelas! No nosso armazém ou online ajudamos a começar a fazer cerveja em casa”, elucidou, acrescentando que, neste momento, a plataforma na Internet soma já cerca de 2500 clientes, não só do Porto mas de todo o país. Testarem os seus dotes [na produção de cerveja artesanal] com muita paixão é, para a responsável, o principal conselho que os amadores devem ter em conta. Entretanto, inspirada por uma das sócias – que produzia sabonetes artesanais em casa – a empresa decidiu renovar a sua aposta e testar uma combinação à primeira vista improvável: sabonetes e cerveja. “Como na tradição da saboaria portugue-
sa não existia nenhum produto semelhante, a Sovina quis marcar a diferença”, contou Paula, destacando os benefícios da matéria-prima utilizada na cerveja para a saúde. “É rica em cereais, flor de lúpulo e levedura, ingredientes estes que contêm minerais, proteínas, vitamina B e que são ricos em aminoácidos. Além disso, tem propriedades antibacterianas e antioxidantes,
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qualidades ideais para o cuidado da pele”, explicou. E assim nasciam os sabonetes hidratante e esfolidante da Sovina, produzidos pela Saboaria e Perfumaria Confiança e “ideais para ambos os sexos e para todas as idades”. Uma cerveja que, independentemente da forma como se apresenta, promete – garantem “Os Três Cervejeiros” – cuidar do corpo… e do espírito. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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Vieiras marinadas com creme de abacate INSPIRADAS NOS CEVICHES DA COSTA MEXICANA DE VERACRUZ, AS VIEIRAS MARINADAS DO CHEFE JOSÉ AVILLEZ JÁ CONQUISTARAM UM LUGAR DE DESTAQUE NA CARTA DOS SEUS ‘CANTINHOS’ E NAS PREFERÊNCIAS DOS QUE NÃO PRESCINDEM DE UMA BOA VIAGEM À BOLEIA DO PALADAR. Fotos: Rui Oliveira
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uma entrada que arrebata corações – razão pela qual é das mais antigas da carta do Cantinho do Avillez – e que reflete a magia absorvida nas viagens realizadas por uma das referências da cozinha em Portugal. Para que portuenses e visitantes possam aproveitar os dias de sol na cidade do Porto, o chefe José Avillez diz ter a receita ideal: incluir no trajeto do passeio um momento de descontração no número 166 da Rua Mouzinho da Silveira, onde está situado o seu ‘Cantinho’, e partir à descoberta das Vieiras marinadas com creme de abacate. “As pessoas adoram. É uma entrada inspirada nos ceviches da costa mexicana de Veracruz, que juntam abacate ao peixe marinado. Neste caso, apostamos nas vieiras”, explicou. O tempero, enriquecido pela força cítrica do sumo de limão ou lima, pelos cominhos, malagueta, cebola roxa e coentros, é a grande mais-valia do prato. Outro segredo? O crocante que lhe é adicionado, tradicionalmente feito com milho frito e, na criação de Avillez, com pão, “por ser mais típico”. A entrada sugerida pelo chefe não foge à tendência dos restantes petiscos do ‘Cantinho’, que são o espelho de uma cozinha portuguesa contemporânea com influências das mais diversas aventuras pelo mundo. “Nada é feito exatamente como o tradicional e, depois, há influências que eu vou trazendo, inspirações de sítios, lugares e pessoas”, contou Avillez, garantindo que o segredo passa mesmo por estarmos atentos a tudo o que nos rodeia.
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“Toda a cidade, com as agulhas dos templos, as torres cinzentas, os pátios e os muros em que se cavam escadas, varandas com os seus restos de tapetes de quarto dependurados e o estripado dos seus interiores ao sol fresco, tem toda ela uma forma, uma alma de muralha.” Agustina Bessa Luís
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CULTURA E DESIGN EM MOVIMENTO
A CAPITAL DA CULTURA DO EIXO ATLÂNTICO SERÁ ASSINALADA, EM MATOSINHOS, NÃO SÓ COM A INAUGURAÇÃO DA CASA DA ARQUITETURA, QUADRA-GALERIA DE DESIGN, QUADRA-INVESTIGAÇÃO E MUSEU DA CIDADE, MAS TAMBÉM COM VÁRIAS AÇÕES DE REQUALIFICAÇÃO URBANA E UMA PROGRAMAÇÃO QUE PROMETE ENVOLVER CIDADÃOS E GRUPOS LOCAIS (COMO A ORQUESTRA JAZZ DE MATOSINHOS E O QUARTETO DE CORDAS DE MATOSINHOS) E DA GALIZA. Fotos: Francisco Teixeira (CMM)
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atosinhos já está, a todo o gás, a ultimar os preparativos para assumir, no próximo ano, o estatuto de Capital da Cultura do Eixo Atlântico, iniciativa que pretende ser uma lufada de ar fresco na vida cultural e artística do concelho. Segundo reconheceu o presidente da autarquia local, Guilherme Pinto, o evento levou à definição de ambiciosas metas que servirão para “consolidar a vocação cultural de Matosinhos e a aposta continuada na criatividade enquanto fator de diferenciação e coesão social”. Além disso, acrescentou, permitirá reforçar a cooperação com os restantes municípios do Eixo Atlântico. A par de um conjunto de obras de requalificação urbana e da criação de novas praças, onde os cidadãos possam conviver, há diferentes espaços cuja abertura de portas está agendada exatamente para o
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arranque de 2016. “A Capital da Cultura vai enquadrar a inauguração de equipamentos que estamos a construir – nomeadamente a Casa da Arquitetura – e várias ações de recuperação do património. Depois, vamos igualmente apostar numa programação cultural mais intensa do que a dos anos anteriores, muito voltada para a partilha com a Galiza, de modo a que os espanhóis que nos visitam possam ter acesso a uma oferta cultural atraente”, referiu.
internacional na área do Design. Tal como explicou Guilherme Pinto, o Espaço Quadra Brito Capelo resulta de uma parceria entre a autarquia e a ESAD (Escola Superior de Arte e Design), materializando-se num espaço multifacetado com uma área de exposições, zonas dedicadas à formação e investigação, uma residência destinada ao acolhimento de artistas, uma “concept store” e uma cafetaria. Em fase de concretização está também a transformação da
QUADRA DESIGN DISTRICT EM FASE DE CONCLUSÃO Na lista de novidades para o próximo ano está, deste modo, a abertura da Quadra-Investigação (na Rua de Brito Capelo) e da Quadra-Galeria que, juntamente com a Quadra-Incubadora (já a funcionar no mercado da cidade), compõem o projeto Quadra Design District, destinado a transformar a cidade num centro de referência nacional e
antiga garagem da Câmara de Matosinhos numa Casa do Design (Quadra-Galeria), num investimento de 300 mil euros. “Vamos ter exposições temporárias e permanentes que permitirão atrair um público com ligação ao setor”, adiantou o autarca independente. De sublinhar que a obra contempla a criação “de uma entrada que enobrece a antiga garagem do edifício dos Paços do Concelho” REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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– zona que já acolhia exposições, mas que passava despercebida no espaço público – e de uma grande escadaria de acesso à galeria. O desenho do espaço interior está a cargo da ESAD, que promete despertar a atenção dos cidadãos para esta Casa artística. A data da inauguração ainda não está definida (estima-se que decorra em novembro), e, se tudo correr conforme o planeado, deverá ser assinalada com uma grande exposição comissariada por Guta Moura Guedes, co-fundadora e presidente da associação cultural sem fins lucrativos “Experimenta – Associação para a Promoção do Design e Cultura de Projeto”. Os dois novos equipamentos juntar-se-ão, assim, à já inaugurada Quadra-Incubadora, vocacionada para acolher, apoiar e promover empresas e projetos criativos. De referir que este projeto, orçado em mais de 381 mil euros, constituiu um momento de consolidação da nova filosofia para o Mercado Municipal de Matosinhos, onde a reabilitação promovida pela autarquia está a permitir o convívio do comércio tradicional com uma nova vida cosmopolita e criativa. “Ainda é cedo para fazer um balanço, mas estamos muito satisfeitos [com a vida do equipamento]”, destacou Guilherme Pinto, reconhecendo que, neste momento, gostaria que a empreitada já estivesse completamente concluída. “Estivemos muito tempo à espera de uma
aprovação por parte dos responsáveis gorvenamentais do Património. O mercado é Monumento Nacional e, portanto, muitas obras tiveram de aguardar autorização. O espaço já tem uma vida bastante simpática, mas agora, com a chegada de novos participantes às instalações, será ainda mais interessante”, assegurou.
CELEBRAR A HISTÓRIA DE MATOSINHOS DE FORMA INTERATIVA Durante a Capital da Cultura do Eixo Atlântico deverá abrir também um equipamento emblemático, instalado no Palacete Visconde de Trevões: o Museu da Cidade. “É um local que, além de celebrar a história de Mato-
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sinhos, vai desafiar os cidadãos a visitarem os diferentes pontos do concelho”, contou o autarca, revelando que interatividade será uma das palavras-chave do projeto. “Não abrirá logo no início do ano, porque ainda estamos a definir o conceito, mas será, sem dúvida, uma mais-valia”, afirmou. O núcleo museológico contará a história matosinhense desde os tempos mais remotos até à atualidade, com áreas elucidativas que remetem para outros espaços dentro do território. Será, por isso, uma zona de estudo, de investigação e de interpretação, com atividades e uma exposição permanente, subdividida em vários pólos temáticos. EVENTOS DO ÚLTIMO TRIMESTRE E ainda antes de dar início a uma ambiciosa agenda cultural que integrará, inclusivamente, espe-
táculos teatrais de companhias galegas em itinerância – seja no âmbito da programação regular do Cine-Teatro Constantino Nery ou inseridos noutros eventos do concelho – Matosinhos promete muita animação já no último trimestre de 2015. De 2 a 11 de outubro, pelas 21h30, a sala principal do Cine-Teatro receberá a peça “Caminham nus empoeirados”, do encenador brasileiro Gero Camilo, “uma história de sobrevivência, companheirismo e amor” contada por dois atores que “decidem romper com a vida pacífica que tinham tido até então e partem em busca do espetáculo que sonham encenar”. Entretanto, de 17 a 31 do mesmo mês, o público poderá apreciar a exposição “Retratos de Ilustres Matosinhenses”, no Museu da Quinta de Santiago. A mostra – que pode ser visitada,
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de terça a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 18h00, e aos domingos e feriados entre as 15h00 e as 18h00 – visa dar a conhecer um conjunto de personalidades do município que tiveram um papel marcante a nível político, cultural, social e desportivo, ao longo de vários séculos. Agendado para o dia 14 de novembro está o concerto da fadista Ana Moura, às 22h00, no Constantino Nery, onde atuará, dias depois, a 27, o pianista Vasco Dantas (21h30). No início de dezembro (dia 8), a cidade mergulhará na Festa da Poesia, com atividades dirigidas a miúdos e graúdos em vários espaços do concelho. Por fim, de 14 a 20, as escolas de dança matosinhenses terão oportunidade de mostrar os seus trabalhos em mais uma edição do festival “Dancem Todos – Inverno”. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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DAR A MÃO
às instituições locais ALÉM DE APOIAR AS COLETIVIDADES QUE MARCARAM PRESENÇA NO CORTEJO DO TRAJE DE PAPEL, A UF DE ALDOAR, FOZ DO DOURO E NEVOGILDE VAI MANTER, ESTE ANO LETIVO, AS BOLSAS DE ESTUDO CONCEDIDAS EM ARTICULAÇÃO COM O EXTERNATO CANTINHO ESCOLAR E A AJUDA CONCEDIDA AOS CLUBES DESPORTIVOS DAQUELA ÁREA GEOGRÁFICA. Texto: Mariana Albuquerque
Diz-nos a tradição que é um dos momentos mais aguardados da agenda de verão da União das Freguesias (UF) de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde e, este ano, não houve exceção. Milhares de pessoas assistiram, no passado dia 23 de agosto, ao Cortejo do Traje de Papel, evento anual inserido nas Festas de São Bartolomeu e até foram brindadas com uma surpresa. O presidente
da autarquia portuense, Rui Moreira, vestiu a pele de Infante D. Henrique – para celebrar os 600 anos da conquista de Ceuta, que serviu de mote da festividade – e acompanhou o presidente da UF, Nuno Ortigão, ao longo de todo o percurso, que terminou com o habitual banho de mar, para cumprir o ritual festivo. Terminadas as celebrações, interessa fazer o balanço das
ações realizadas e do apoio que a União das Freguesias tem vindo a dar às coletividades, para que possam continuar a trabalhar em prol dos cidadãos. Um dos eventos em destaque foi a Festa do Livro (promovida no âmbito do São Bartolomeu), cuja componente solidária reverterá a favor do Centro Social de Nevogilde e da Associação Recreativa dos Pauliteiros de Nevogilde. Para reconhecer a paixão com que se dedicaram ao Cortejo do Traje de Papel, a UF decidiu conceder uma ajuda financeira às quatro entidades que participaram na iniciativa – a Associação de Moradores do Bairro da Pasteleira, a Academia de Danças e Cantares, o Paraíso da Foz e o Orfeão da Foz. “É uma forma de retribuir o esforço de participação destas instituições e de distinguir o trabalho notável que fazem ao longo do ano”, afirmou Nuno Ortigão.
U F AL DOAR , FOZ DO D OU R O E N EVO G I LD E
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TRAJETÓRIAS 2015 | 2016 “REFORÇAR A APOSTA NOS NOSSOS SÉNIORES“ Criado em 2006 para dar à comunidade sénior local a oportunidade de participar em diversas áreas formativas e atividades lúdicas, o projeto Trajetórias continuará também a ser uma das apostas da UF. O programa de Ocupação de Tempos Livres, destinado a esta faixa etária tão especial e instalado no Centro Sociocultural da Foz do Douro (na Rua Diogo Botelho), visa melhorar a qualidade de vida das pessoas e das suas famílias, estimular as relações e o trabalho em rede e promover uma mudança de atitude face ao envelhecimento. Em 2014/15, a iniciativa envolveu 120 séniores, que beneficiaram de novos equipamentos a nível informático e material para a prática desportiva. Nesta fase, o programa passou a integrar 12 atividades semanais e seis mensais, nomeadamente workshops e visitas. Nos próximos meses, a União das Freguesias pretende criar uma extensão do projeto em Aldoar, reforçar os seus módulos formativos e as tão apreciadas visitas de estudo pela população sénior.
PRIMEIRO CICLO DE ESTUDOS E CLUBES DA UF NOVAMENTE APOIADOS Entretanto, num momento de regresso às aulas, a UF já tratou da renovação dos protocolos com as associações de pais das EB de S. Miguel de Nevogilde e de S. João da Foz com vista ao apoio atribuído às crianças que frequentam o espaço de ATL. “Tentamos compensar os alunos destas duas áreas geográficas, que não têm um equipamento de ATL como o de Aldoar”, explicou. Numa articulação com o externato Cantinho Escolar, na Foz, será também preservada a oferta de oito bolsas de estudo, “uma valência social importante, que
fará com que algumas famílias consigam ter as suas crianças numa escola de qualidade, o que, sem este apoio, não seria possível”. De referir ainda o auxílio concedido à associação de pais do Agrupamento Manoel de Oliveira, que permite a participação de mais de 20 alunos em Oficinas de Xadrez e Percussão. Na área desportiva, a UF manterá igualmente os acordos estabelecidos já no ano passado co m a U n i ã o Ac a d é m i c a António Aroso (basquetebol), o Paraíso Sport Clube da Foz
e o Desportivo Operário Fonte da Moura (ambos de futebol de salão) no sentido de apoiar os escalões de formação. No fundo, o apoio assenta num acordo tripartido – firmado com os clubes e as escolas que cedem os seus pavilhões para os treinos – em que a junta paga diretamente aos estabelecimentos de ensino as horas de utilização das instalações. “É um custo muito significativo, na ordem dos dois mil euros mensais”, adiantou Nuno Ortigão, assumindo que pretende estender a medida a todos os escalões de formação. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
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E T R O PO LI S
PARANHOS COMBATE O DESPERDÍCIO ALIMENTAR SÓ NOS MESES DE JULHO E AGOSTO, FORAM DISTRIBUÍDOS MAIS DE MIL QUILOS DE ALIMENTOS EM PARANHOS, NO ÂMBITO DO PROJETO ZERO DESPERDÍCIO. “PORTUGAL NÃO SE PODE DAR AO LIXO” É O LEMA DA INICIATIVA, QUE, NOS TERRITÓRIOS ADERENTES, JÁ BENEFICIOU MAIS DE DUAS MIL FAMÍLIAS E 7300 PESSOAS. Fotos: JFParanhos/Rui Oliveira
O objetivo é simples: juntar esforços para que seja possível fazer a diferença junto de quem mais precisa. Paranhos já é, neste momento, uma freguesia Zero Desperdício e está a desafiar a comunidade a juntar-se ao projeto de combate ao desperdício alimentar. A iniciativa partiu da associação Dariacordar, que promove, há cerca de três anos, a recuperação de excedentes alimentares – confecionados em refeitórios, cantinas, hotéis e supermercados – que estão em boas condições para o consumo humano. Em Portugal, esta doação de alimentos era proibida, mas o esforço de mobilização promovido por António Costa Pereira, presidente da entidade, acabou por sensibilizar a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica), que
reinterpretou a legislação existente, dando luz verde ao arranque do projeto. Desta forma, o movimento está a aproveitar bens alimentares que, anteriormente, acabavam no lixo (produtos que não estão em contacto com o público, cujo prazo de validade está próximo do fim ou que não saem das cozinhas dos estabelecimentos), fazendo-os chegar aos mais carenciados. Já implementado em Lisboa, Cascais, Sintra e Loures, o Zero Desperdício soma e segue também em Paranhos, num momento em que a freguesia está a angariar novas empresas doadoras e instituições que pretendam juntar-se ao lema “Portugal não se pode dar ao lixo”. O executivo da junta elaborou, assim, uma carta destinada a eventuais parceiros
na qual explica detalhadamente o projeto, procurando reunir novos aliados. No documento apresentado aos comerciantes da restauração, são referidos alguns números que ilustram a atividade do movimento ao longo dos últimos dois anos. Com efeito, já foram entregues quase 1,2 milhões de refeições a famílias sinalizadas pelas instituições de solidariedade e juntas de freguesia dos municípios envolvidos. E em Paranhos, só nos meses de julho e agosto, foram distribuídos mais de mil quilos de alimentos. De referir ainda que o Zero Desperdício obteve o alto patrocínio da Presidência da República e já recolhe refeições em instituições do Estado, nomeadamente na Assembleia da República, Banco de Portugal e Casa da Moeda.
PA RA N H OS
REFORÇO DO BANCO DE PRODUTOS DE APOIO Paranhos está igualmente a sensibilizar a comunidade para a doação de equipamentos ao Banco de Produtos de Apoio. Esta valência da Loja Social visa ajudar cidadãos em situação de incapacidade ou dependência, através da cedência temporária de equipamento técnico. Na lista dos materiais mais solicitados estão, por exemplo, cadeiras de rodas, andarilhos, canadianas, almofadas para prevenir úlceras de pressão, colchões ortopédicos, camas articuladas, equipamentos para a alimentação (garfos, colheres, pratos e copos adaptados) e para a higiene (barras de apoio, assentos de banheira, cadeiras e bancos para o banho, banheiras, m a te r i a l a n t i d e r ra p a n te) e adaptações para carros
(assentos e almofadas especiais, adaptações personalizadas para entrar e sair do carro). Segundo realçou o presidente da junta, Alberto Machado, com estas iniciativas inovadoras o seu executivo procura colmatar necessidades, particularmente dos agregados familiares mais carenciados e, neste caso, dos portadores de incapacidade, temporária ou permanente e/ ou deficiência. Os interessados deverão contactar o Gabinete de Serviço Social através do endereço de email servico. social@jfparanhos.pt ou do telefone 225020046. ASSISTÊNCIA PERMANENTE A IDOSOS Outra iniciativa em destaque na freguesia é a da Teleassistência, destinada à população idosa residente em situação
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de isolamento. O projeto contempla a disponibilização de um equipamento fácil de manusear que permitirá aos cidadãos estarem em contacto permanente com um serviço de assistência especializada da área da saúde, 365 dias por ano, 24 horas por dia. O idoso poderá colocar o dispositivo ao pescoço ou no pulso e, em caso de emergência, terá apenas de pressionar um botão, estabelecendo-se, de imediato, o contacto com o serviço de assistência. Segundo reconheceu o presidente da junta de freguesia de Paranhos, Alberto Machado, o aparelho “promove a independência e confiança destes idosos, contrariando a desintegração social e a exclusão social dos mais desfavorecidos ou incapacitados”. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2015
H O R Ó S C O P O
Carneiro
Touro
21/03 a 20/04
21/04 a 20/05
21/05 a 20/06
Junte num copo medidor 250 gramas de sementes de maracujá. Apare as unhas dos pés com um serrote e dance a lambada às cinco da manhã de dia 11.
Adote um sapo e escreva-lhe um poema todas as semanas. Vista um fato de homem-aranha e viaje de bicicleta até Beja com o seu melhor amigo.
Entre numa loja dos chineses e jogue mini-golfe. Quando vir um grupo de crianças a passear na rua grite que o pai natal não existe. Peça um hambúrguer com 18 fatias de queijo.
Caranguejo
Leão
Virgem
21/06 a 22/07
23/07 a 22/08
23/08 a 22/09
Ligue à Ivone e diga-lhe quais são as suas flores favoritas. Olhe para o sol até não conseguir ver. Corra numa direção qualquer até ouvir gritos.
Faça uma sanduíche com pimentos, cola, maionese e esparguete. Tente maquilhar o seu animal de estimação enquanto ele dorme.
Vá a uma esquadra e confesse um crime que nunca aconteceu. Beba todo o sumo de beterraba que conseguir enquanto joga gamão com o seu tio.
Balança
Escorpião
23/09 a 22/10 23/10 a 21/11 Compre uma tartaruguinha de Decore a tabela periódica e a tabuada estimação e apanhe sol com ela, do 67. Saia de casa com um guardadurante uma semana, numa esplanada. -chuva todos os dias. Jogue futebol Encere o teto da sua sala de jantar. com uma couve no supermercado Aprenda cinco palavras em coreano. mais próximo de sua casa.
Gémeos
Sagitário 22/11 a 21/12 Suba a um telhado e deixe cair torradeiras pela chaminé até ouvir o dono da casa. Diga aos seus amigos que o seu nome é Anacleto Pereira.
Capricórnio
Aquário
22/12 a 19/01
20/01 a 18/02
Peixes 19/02 a 20/03
Unte-se com chocolate dos pés à cabeça. Ligue e desligue as luzes da sala de jantar 17 vezes antes das refeições. Faça uma caravela com fósforos e pastilha elástica.
Durma num berço. Pergunte ao motorista do autocarro se pode conduzir somente por duas paragens. Monte a árvore de natal na casa de banho, mas só com bolas roxas.
Leia todos os e-mails com óculos de natação e smoking. Compre uma vassoura e varra a estação de metro mais próxima da sua residência, todas as tardes, durante uma semana.