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editorial JOSÉ ALBERTO MAGALHÃES
Adeus aeroporto! Já se sabia, infelizmente há muito tempo, que o poder de Lisboa se está a marimbar para o Porto, a sua área metropolitana e toda a região Norte. Sem quaisquer escrúpulos, quando é preciso decidir toma-se sempre a opção que irá prejudicar a região mais exportadora do país, a quem tem o nível etário mais baixo e uma das maiores taxas de desemprego nacionais. Agora a decisão de privatização da ANA - Aeroportos de Portugal e a sua entrega a uma entidade privada vai asfixiar o Aeroporto Francisco Sá Carneiro que, sustentadamente, vem apresentando índices de crescimento notáveis nos últimos anos. Ao optar pela privatização da ANA, em bloco, o governo afastou qualquer hipótese - defendida por inúmeros responsáveis nortenhos de todos os partidos políticos - de uma gestão autónoma e maioritariamente pública do Sá Carneiro. Este verdadeiro assalto ao Porto e ao Norte condena todo o sistema aeroportuário nacional, e designadamente o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, a um papel irrelevante. O presidente da Câmara do Porto e da Área Metropolitana já se manifestou muito preocupado com o processo de privatização da ANA e defendeu que o aeroporto deve ser salvaguardado em nome do interesse regional e também nacional. Embora admita, em face das circunstâncias do país, a privatização da ANA, Rui Rio sustenta que ela deve salvaguardar a estrutura decisiva que é o Aeroporto Sá Carneiro. "A preocupação na Junta Metropolitana e no Norte é que a privatização da ANA seja feita de tal forma que salvaguarde o interesse futuro do Aeroporto do Porto porque, ao fazê-lo, está-se a proteger os interesses do país", afirmou Rui Rio. Para o presidente da Junta Metropolitana do Porto o processo não deve ser feito apenas a partir do Terreiro do Paço, em Lisboa, ou com uma preocupação eminentemente financeira, que pode ser um pouco melhor, no imediato, mas muito prejudicial no futuro. Entretanto, Rui Rio garantiu que o governo se comprometeu a introduzir cláusulas no concurso de privatização da ANA que salvaguardem os interesses específicos do Sá Carneiro. Estas cláusulas, disse, estão ainda a ser preparadas e destinam-se a garantir que o interesse da infraestrutura aeroportuária do Norte não possa, um dia mais tarde, ser engolido pelo interesse do aeroporto maior, o de Lisboa. O Conselho de Ministros aprovou, dia 6 de setembro, o processo de privatização da ANA - Aeroportos de Portugal, mediante a alienação de ações representativas de até 100% do capital social da empresa, através de uma operação de venda, por negociação particular, a um ou mais investidores, nacionais ou estrangeiros, individualmente ou em agrupamento. 3
sumรกrio
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sumário Editorial ............................................................................................... 3 Protagonista: Daniel Serrão ................................................................ 8 Reportagem: Scut’s ......................................................................... 14 Música: Best youth ........................................................................... 22 Moda: Luís Buchinho ........................................................................ 26 Guimarães: "Tempo para Renascer" em diferentes linguagens ....... 30 Desporto: Dragon Force com nova dinâmica .................................... 36 Um dia com: Onde param os fantasmas? ....................................... 40 Galiza: Viagem pelas tradições ........................................................ 46 Memórias: Café Luso ...................................................................... 52 Atualidade: ....................................................................................... 54 Momentos: Festa Rosa Escura ....................................................... 60 Televisão: Porto Canal ...................................................................... 62 Aguas do Douro e Paiva ................................................................. 66 EDP Gás: Gás natural: energia mais económica ............................ 70 Porto: Porto mais colorido ............................................................. 74 SRU: ................................................................................................. 80 Águas do Porto: Ligações prediais a bom ritmo .......................... 82 Através dos tempos: Casa do infante ........................................... 84 Matosinhos: Reagir à crise ............................................................ 88 Gaia: Agenda cheia na ‘rentrée autárquica’ ................................... 94 Área Metropolitana do Porto: Projetos de âmbito regional ............. 98 Sugestões Culturais: ..................................................................... 102
Freguesias Campanhã: Clube desportivo de Portugal ....................................... 104 Lordelo do Ouro: À conquista da responsabilidade social ............. 106 Nevogilde: Música no ‘Castelo do Queijo’ ..................................... 108 Paranhos: 175 anos de história ..................................................... 110 Passatempos. ................................................................................. 112 Crónica: Feliz no Porto... ................................................................ 114 6
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Guimarães "Tempo para Renascer" em diferentes linguagens
Propriedade de: ADVICE – Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede da redação: Rua do Almada, 152 - 2.º – 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel.: 22 339 47 50 – Fax: 22 339 47 54 adviceporto@mail.telepac.pt adviceredaccao@mail.telepac.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto
Um dia com... Onde param os fantasmas?
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Editor José Alberto Magalhães Redação Marta Almeida Carvalho Mariana Albuquerque Fotografia Virgínia Ferreira Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto Célia Teixeira
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Reportagem Scut’s
Produção Gráfica Ricardo Nogueira Pré-impressão Xis e Érre, Estúdio Gráfico, Lda. Impressão, Multiponto Acabamentos Rafael, Valente e Embalagem & Mota, S.A. R. D. João IV, 691-700 4000-299 Porto Distribuição Mediapost Tiragem 140.000 global exemplares Revista trimestral gratuita Registado no ICS com o n.º 124969 Membro da APCT
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Momentos Festa Rosa Escura
Depósito Legal n.º 250158/06 Direitos reservados
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protagonista
O eterno otimista 8
daniel serrão Nasceu Nasceu em Vila Real mas fez-se portuense portuense num num passeio passeio até até àà Foz. Foz. Daniel Daniel Serrão, Serrão, de 84 anos, anos, anátomopatologista anátomopatologista ee professor professor jubilado da Universidade jubilado da Universidade do do Porto, Porto, é conhecido conhecido dentro dentro ee fora fora do do país país ee garante garante que, que, enquanto enquanto não não se se esgotar esgotar aa curiosidade, curiosidade, viver é o que ainda viver é o que ainda lhe lhe falta falta fazer. fazer. ÀÀ chegada, chegada, saudou-nos saudou-nos com com um um forte forte abraço abraço porque, porque, diz, diz, liberta liberta dopamina, dopamina, oo "peptídeo" "peptídeo" da da felicidade. felicidade. Texto: Mariana Albuquerque/ Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
"Eu, a contar histórias, sou uma desgraça", avisou, com a destreza de movimentos de um homem de 20 anos e a experiência de um outro que já chegou além dos 80. Sentado, de perna cruzada, numa das cadeiras do seu escritório "forrado" de livros, Daniel Serrão mantém o tom de voz de quem ensina há várias décadas e guarda nas mãos o poder de alguém que conhece, como ninguém, o interior de um corpo humano. Para o anátomopatologista, conhecido nacional e internacionalmente, lidar com a morte nunca foi um problema, razão pela qual, aos 84 anos, jura manter um "otimismo permanente", baseado na ideia de que nenhuma dificuldade é superior à nossa vontade de a vencer". Apesar de não conseguir explicar exatamente o que leva as pessoas a criarem um vínculo com determinada terra, Daniel Serrão, que nasceu em Vila Real, na freguesia de S. Dinis, sente-se, de raiz "verdadeiramente transmontana". "O Homem
é um animal de território. Não sabemos que temos esse vínculo à terra, mas nota-se quando lá chegamos. Sinto esse vínculo mesmo só tendo lá vivido durante dois anos", referiu. Para trás, nas memórias de família, ficam histórias de uma época em que a sociedade se encontrava profundamente organizada em classes, característica que motivou inúmeras desavenças por motivos do coração. Aliás, o amor dos avós transmontanos do professor catedrático só foi possível devido a um "rapto consentido". "A minha avó era Valadares, descendente do Barão de Ribeira de Pena e o meu avô era um comerciante. Tinha uma situação razoável, não era rico, mas tinha um grande armazém, onde vendiam de tudo (…) E pronto, apaixonou-se pela menina e queria casar com ela, mas os pais opuseram-se terminantemente porque não eram do mesmo 'nível'", contou, acrescentando que a única solução encontrada pelo casal foi a de casarem à revelia dos de Ribeira de Pena, que acabaram por nunca aceitar o seu avô como membro da família. Durante a adolescência, Daniel Serrão deambulou por cidades como Viana do Castelo, Coimbra e Aveiro devido à profissão do pai, que era engenheiro da Junta Autónoma das Estradas. "Motivos políticos" levaramno a ser transferido entre cidades, passando de diretor a subdiretor e acabando o seu percurso na cidade do Porto. Dos tempos de Aveiro, Daniel Serrão guarda o sabor especial da juventude, o momento da "construção da identidade". "Lá fiz a minha grande biografia e comecei a abrir os olhos para muita coisa. Essa abertura ficou marcada para sempre", confessou. 9
protagonista Medicina: um segredo para acalmar a paixão pelas pessoas O entusiasmo pela história "das gentes" - demonstrado ao longo de três horas de conversa - denuncia aquele que será, talvez, o maior vício de Daniel Serrão: as pessoas. "Sempre tive, continuo a ter e vou morrer com esta paixão", assegurou, com a certeza dos seus 84 anos expressa no semblante. A medicina surgiu, por isso, como uma forma de dar resposta à ânsia de perceber as motivações da sociedade. "Eu queria ser psiquiatra porque é, de facto, a área da medicina que nos permite conhecer as pessoas. Contudo, acabei por ir para Anatomia Patológica, que é a ciência do corpo", referiu, salientando que já fez "alguns milhares de autópsias". "Mas sabem o que é mais engraçado? Quando começava uma autópsia, a primeira coisa que eu fazia era olhar para aquele cadáver como pessoa e pensar como teria sido a sua vida", sustentou, garantindo que, posteriormente, o corpo lhe contava exatamente a biografia de alguém. Depois de ingressar no curso de Medicina, em 1946, durante o qual viveu em quartos alugados nas ruas do
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Rosário, Torrinha e Bragas, seguiram-se difíceis períodos de adaptação à cidade do Porto. "O espaço só se transforma em lugar quando eu estabeleço com ele uma relação pessoal e demorou muito tempo para que o Porto se transformasse em lugar", contou, revelando que esse fenómeno só aconteceu no momento em que decidiu "descer a rua, até à margem do Rio Douro, e ir à Foz a pé". "Hoje, todo o Porto é o meu lugar, é onde me sinto perfeitamente bem", garantiu o professor catedrático. A escrita foi outra das paixões que cedo começou a cultivar. Aliás, durante o tempo de universitário, Daniel Serrão escreveu para vários jornais e foi, inclusivamente, diretor do bissemanário "Praça Nova", experiência que descreve como "muito interessante". "Havia pouca abertura para a criatividade em geral. E eu achava que, apesar de tudo, era possível, dentro do próprio regime, ter algum espaço para criatividade", explicou, admitindo ter escrito com "alguma intenção política", na perseguição da ideia de que "a geração de 30", a sua, "era aquela que devia substituir a de 60", de Salazar. Dos artigos que escreveu, apenas um, intitulado "O dever de quem governa", elaborado para o JN, acabou por ser censurado.
daniel serrão Pouco tempo depois de terminar o curso de Medicina, com uma média final de 17 valores, Daniel Serrão rumou ao convento de Mafra para cumprir serviço militar, período que afirma categoricamente ter odiado. "Durante o tempo militar, eu vivia olhando para um outro Daniel que andava ali a fazer umas continências. Era outra pessoa. Foi um verdadeiro tempo de dissociação de personalidade, não chegou à esquizofrenia mas andou perto disso", descreveu. De regresso ao Porto, já em 1958, o médico casou com Maria do Rosário de Castro Valladares Souto, por coincidência uma prima afastada que morava na Rua do Rosário. "Morávamos perto: eu na Rua do Pombal, ela na Rua do Rosário e conhecemo-nos". De resto, "aconteceu uma coisa misteriosa: o amor", salientou. Dois anos depois do casamento, o casal conseguiu comprar um carro, "o mais barato que havia na altura". "E só aí é que tiraste a carta, eu já a tinha e tu não!", brincou a esposa, que foi das primeiras professoras licenciadas em educação física do país. Apesar de se ter doutorado em Anátomopatologia e de, logo de seguida, ter sido contratado como 1.º assistente na faculdade, Daniel Serrão nunca deixou de observar pacientes. "Dava-me mais prazer ver doentes, mas tive de me adaptar. Se fui infeliz? Não, não fui. Consegui ser um bom anátomopatologista, reconhecido no país e no estrangeiro. Nunca fui dado a frustrações", garantiu. Encarar a morte como um acontecimento natural Trabalhar como anátomopatologista - fazer o diagnóstico de doenças através do exame microscópico de células e tecidos ou macroscópico das peças cirúrgicas - implica, segundo Daniel Serrão, que o profissional "tenha resolvido o seu problema pessoal com a morte". "Enquanto não fizer esse esforço é melhor não se aproximar de cadáver nenhum nem tentar fazer uma autópsia porque vai correr muito mal", assegurou, defendendo que a morte é apenas o reconhecimento de que a nossa forma de estar no mundo, ou seja, viver, tem um limite temporal. Entre as milhares de autópsias realizadas pelo professor esteve o primeiro caso de sida em Portugal, apesar de, na altura, a doença ainda não ser conhecida. "Identifiquei as lesões e disse que aquilo não cabia em nenhum quadro clínico conhecido", contou, explicando que, pouco tempo depois, na América, se
falou pela primeira vez no vírus. "Revi o caso e as lesões eram as típicas, nos gânglios e no fígado, mas já não adiantava nada. A esperteza é descobrir. Tenho pena de não ter publicado o caso mesmo sem diagnóstico, mas não tinha muito tempo", notou. De resto, as autópsias dos casos mais "estranhos" foram feitas em Angola, entre 1967 e 1969, quando foi mobilizado para prestar serviço como anátomopatologista. Ainda antes de partir para Luanda, e já com seis filhos, quatro raparigas e dois rapazes, Daniel e Maria construíram uma casa na rua de S. Tomé - na qual 11
protagonista
ainda vivem - através de um empréstimo concedido pela Caixa de Previdência do Ministério da Educação com juros a 4%. Com a revolução de Abril, os juros dispararam, preocupando o casal, uma vez que ainda faltavam dez anos para o fim do pagamento da casa. "Pagar, naquela altura, juros de 20 ou 25% era completamente incomportável porque os salários não aumentaram nessa proporção. Mas mandaram-me um ofício a dizer que o contrato iria ser honrado até ao final do prazo e, por isso, nunca paguei mais do que os 4%", referiu. O "saneamento selvagem" e a construção do laboratório Apesar de, após a revolução, ter sido eleito pelos alunos para o Conselho Pedagógico, entidade responsável pela transformação da faculdade numa estrutura democrática, Daniel Serrão acabou por ser demitido, por interferência "de quem queria controlar o poder". "Como eu conseguia, com argumentos, fazer com que votassem nas minhas propostas, acharam que o melhor seria mandarem-me embora", contou, admitindo ter ficado "profundamente sentido com a instituição", mesmo tendo regressado um ano depois e tendo ganho o salário dos 12 meses em que esteve ausente. Na altura em que foi impedido de exercer as suas funções 12
de docência - e não sendo uma pessoa "dada a sofrimentos" - montou uma laboratório privado de Anatomia Patológica. "Ganhei mais dinheiro depois de ter sido demitido do que em toda a minha vida anterior. Fiz um milhão e seiscentas mil análises. Se fossem todas pagas tinha ficado multimilionário", afirmou, acrescentando que manteve a atividade mesmo depois de ter sido reintegrado na faculdade. A ligação à Bioética expressou-se de forma mais tardia. A professora de Deontologia Profissional da instituição adoeceu e Daniel Serrão foi convidado a lecionar a disciplina. "Assumi a regência gratuitamente, mas com a liberdade de ser eu a definir o programa", revelou. As mil e uma peripécias da vida do médico transformaram-no num homem de sorriso fácil. "Hoje rio-me mais do que antigamente mas isso é característico dos velhos. Fui 'cara fechada' durante muito tempo porque era necessário, como dizia o outro, impor respeito". Grande parte da afetuosidade do professor foi conquistada pelos seus dez netos, com os quais mantém uma relação descontraída. "Quando somos pais olhamos para os filhos como um produto de risco. Com os netos, o risco é transferido para os pais. Para nós, avós, só fica o bom. Só queremos que se sintam bem e que estejam felicíssimos", afirmou. Para o professor, a honestidade e o diálogo são fatores fundamentais para a construção de uma geração capaz de refletir verdadeiramente sobre temas como o aborto. Daniel Serrão acredita que, em primeiro lugar, "era preciso fazer um referendo com tempo, de modo a que houvesse um ou dois anos de informação para que as pessoas soubessem o que está em causa". "A única aposta possível tem de ser na juventude, criar uma geração que seja educada para não ter gravidez na adolescência. A sexualidade é o que há de mais banal, o difícil é o amor, agora o sexo? Fazem-no os cães com a maior facilidade", referiu, defendendo que aquilo que se pede é apenas uma atitude de responsabilidade. De resto, entre dias passados em conferências, estudos e pensamentos, Serrão sabe o que é que ainda lhe falta fazer. "A minha curiosidade por tudo é permanente. Enquanto tiver essa curiosidade tenho muito para fazer, por isso, falta-me realizar tudo aquilo que a minha curiosidade me exigir", apontou, bem disposto. "O que é... não sei", concluiu. Q
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reportagem
Caminhos da polémica Uma quebra de cerca de 45 por cento no Tráfego Médio Diário das concessões Costa da Prata, Douro Litoral e Grande Porto, portajadas desde outubro de 2010, e um aumento na ordem dos quatro por cento nas autoestradas são os resultados diretos da introdução de portagens nas antigas Scut. Para já, os números parecem querer demonstrar que a medida não foi feliz, fator que tem vindo a refletir-se quer no bolso dos utilizadores, quer na economia nacional.
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portagens nas ex-scut
Texto: Mariana Albuquerque / Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
"A par de custos não tangíveis, o portajamento das exScut veio provar a má decisão do Governo na matéria. O desvio de cerca de 45 por cento do tráfego destas estradas para as denominadas vias alternativas significa uma quebra acentuada nas receitas do Estado", afirma Jorge Passos, sem grandes dúvidas. Para a sua atividade, o empresário fala num aumento de custos na ordem dos 200 por cento com a circulação das viaturas da empresa, com sede em Viana do Castelo. Para além do acréscimo de despesas nos bolsos dos utilizadores, a introdução de pagamento nas antigas Scut parece também ter influência direta num aumento generalizado do consumo de combustíveis - cujos preços têm vindo a atingir recordes históricos - numa maior produção de CO2 e no aumento do tempo gasto em deslocações, devido à opção do uso das vias alternativas por parte de milhares de condutores. "Sobrecarrega-se, assim, as estradas nacionais que, já com péssimas condições de mobilidade, passam a degradar-se ainda mais, com custos acrescidos para o Estado", sublinha. José Rui Ferreira, porta voz das Comissões de Utentes das três ex-Scut - Costa da Prata, Litoral Norte e Grande Porto - denomina de "pseudoalternativas" as vias que passaram a ser utilizadas para evitar as antigas Scut. "A N13, "alternativa" à A28, transformou-se, nos últimos tempos, numa autêntica artéria urbana, perdendo, assim, as características de uma via estruturante entre localidades", refere, salientando que, depois de pouco mais de ano e meio da introdução de portagens, se verifica uma acentuada quebra de tráfego, "na ordem dos 45 por cento". De acordo com o responsável, os indicadores económicos atuais, que demonstram uma quebra na receita do Estado devido à fuga dos condutores para as vias alternativas, exigem um "estudo sério sobre o impacto real da introdução de portagens nas ex-Scut para a economia nacional". "Será que o montante que o Estado está a arrecadar com as portagens justifica a quebra que a economia está a ter em termos de receitas fiscais?", questiona, salientando outros fatores que as comissões contestam como a intenção de abolir a discriminação positiva (isenção) para os utentes e a atenção especial que deve ser dada às parcerias público-privadas, nomeadamente com a "renegociação de contratos com as concessionárias", processo que, no seu entender, é "pouco claro". "Os acordos foram feitos com base em previsões de tráfego que não são reais", afirma, garantindo que o lema "o segredo é a alma do negócio" não pode ser válido para "negócios do Estado". 15
reportagem Redução de 45% do tráfego nas ex-Scut Segundo os dados do Instituto de Infraestruturas Rodoviárias (INIR) relativos ao primeiro trimestre de 2012, a quebra do Tráfego Médio Diário (TMD) da concessão Costa de Prata já atingiu os 46,7%, da Grande Porto 45,4% e da Norte Litoral 25,4%. No primeiro trimestre de 2012, a Costa da Prata registou um tráfego de 19.814 viaturas, muito aquém das 37.182 que circularam, em igual período, em 2010. Na Grande Porto circulavam, todos os dias, 38.433 viaturas, não tendo ido, este ano, além das 20.971. Quanto à A28, da concessão Norte Litoral, entre 2010 e 2012, registou uma quebra global no tráfego diário de 25,4%, passando de 32.255 para 24.057 viaturas por dia, indica o INIR.
cos. A Brisa detém 60% do capital da Via Verde, um sistema de cobrança eletrónica que assumiu particular importância nas antigas Scut. "O processo de cobrança de portagens nas ex-Scut proporcionou à Via Verde não apenas um incremento do número de clientes, mas também um aumento significativo da procura de identificadores", que se traduziu num "crescimento de 17% no número de clientes e de 80% nas vendas de equipamentos", diz o mesmo relatório. O aumento de tráfego superior a quatro por cento nas autoestradas que concorrem com as antigas Scut, a par do crescimento acentuado na venda de dispositivos eletrónicos e 700 mil novos clientes, foram os principais efeitos diretos da introdução de portagens nas ex-Scut da zona Norte para a Brisa. A concessionária refere um movimento acrescido da circulação na ordem dos 4,2 por cento, nas três autoestradas que concorrem com as ex-Scut, reflexo reconhecido na A1 (Porto-Lisboa), concorrente da concessão Costa de Prata, na A3 (Valença-Porto), concorrente da Norte Litoral e na A4 (Porto-Amarante), concorrente da Grande Porto. A título de exemplo é mais barato viajar entre Viana e Porto pela A3 (4,55€) do que pela A28, onde o mesmo percurso tem um acréscimo de 0,25 cêntimos, o mesmo acontecendo por diversas outras vias. Desvios para as alternativas
Venda de dispositivos eletrónicos disparou "Foram as autoestradas da Brisa que mais ganharam, ao captarem parte do tráfego que deixou de circular nas concessões Costa da Prata, Norte Litoral e Grande Porto" pode ler-se no relatório de contas de 2011 da concessionária, que ainda não contemplou os efeitos da cobrança eletrónica no alargamento a todas as outras Scut do país, salientando, ainda, que "parte da procura" que existia nas ex-Scut foi "repartida entre as vias existentes na sua envolvente"."O ano de 2011 foi um período de crescimento significativo para a Via Verde, que ultrapassou os três milhões de clientes", refere o relatório da empresa, que registou cerca de 36 milhões de euros na venda de dispositivos eletróni16
José Carlos Firmino, advogado, trabalha no Porto e reside na Maia. O percurso diário entre casa e o trabalho é feito pela A28. Os custos que tem com as passagens não vão muito além dos dez euros mensais, porque ainda está a beneficiar da isenção a que tem direito, "a alternativa seria a Via Norte mas, enquanto beneficiar da isenção, ainda me compensa continuar a usar a A28". "Quem privilegia a poupança de tempo ao dispêndio económico,
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reportagem pode optar pela sua utilização", diz. Mas nem todos têm um valor tão baixo a pagar e também nem todos utilizam percursos tão curtos como o advogado. Nuno Vieira trabalha no Porto, vem todos os dias de Santa Maria da Feira, num percurso servido pela A29, e garante que, desde o momento em que aquela via passou a ser portajada, nunca mais a utilizou, bem como nenhuma das outras que servem a Área Metropolitana do Porto, fazendo parte das estatísticas que falam numa redução média de cerca de 40 por cento do volume de tráfego nas três concessões nortenhas. Sendo um dos representantes da Comissão de Utentes das ex-Scut da Costa da Prata, Nuno Vieira refere que as denominadas vias alternativas sofreram um acentuado acréscimo no volume de tráfego, o que alargou, consideravelmente, os períodos de viagens e aumentou o número de acidentes.
nativa à A29, embora não sendo boa no aspeto da rapidez ou mesmo da qualidade do piso, se apresenta como uma boa solução para reduzir um pouco a despesa, acabando por não comprometer, dado o meu trajeto ser relativamente curto", explica. Discriminação positiva e outros descontos Os residentes nos concelhos servidos pelas ex-Scut podem beneficiar de uma isenção, ao abrigo da qual não pagam as dez primeiras viagens do mês, tendo, nas restantes, um desconto de 15% sobre o valor gasto. Ainda assim, há percursos, frequentes ou ocasionais, que são incomportáveis para os bolsos dos utilizadores, mesmo
Vias alternativas: boas e más opções Patrícia Antão Moutinho utiliza habitualmente o carro nas deslocações para o trabalho, entre Mindelo e Maia, e, frequentemente, a A28 para ir ao Porto "visitar a família". Depois da introdução do pagamento, aquela via deixou de fazer parte das suas opções. "Um euro cada passagem?", questiona, sublinhando ter optado por uma via alternativa para este percurso. "Quando vou ao Porto, desde o Mindelo, sigo por vias secundárias e só entro na A28 em Lavra, a entrada mesmo depois do pórtico, no sentido Viana - Porto", exemplifica, garantindo que passou a demorar mais tempo e a gastar mais combustível nesses percursos uma vez que "são estradas utilizadas pelos agricultores e apanham-se muitos tratores pelo caminho". Paulo Meireles optou por deixar de utilizar um pequeno troço portajado da A29, entre Vilar do Paraíso e Serzedo, tendo passado a entrar na A44, de onde sai para EN2, uma das denominadas "vias alternativas". Embora garanta que a viagem é mais demorada em termos de tempo, diz que, "curiosamente, o consumo de combustível diminuiu". É que, apesar da viagem para o emprego ser "mais rápida pela A29", o percurso no regresso a casa era "um pouco mais extenso". Como ele, muitos dos utilizadores da A29 passaram a usar essas alternativas e, recentemente, tem-se notado "um aumento significativo do trânsito". Mesmo assim, garante que esta opção é a mais acertada. "Julgo que a alter18
com a denominada discriminação positiva, sendo que a situação se agrava no caso dos veículos pesados e de mercadorias (classes 2, 3 e 4). É que, apesar de também poderem beneficiar de descontos, que vão dos 10 aos 25 por cento, criados para estas classes mediante a apresentação de determinadas características de fabrico dos veículos, a frequência com que circulam nestas vias é maior e as taxas que pagam são muito superiores às que são cobradas aos ligeiros, para além de que este regime de descontos não é acumulável com o regime de discriminação positiva em vigor. Jorge Passos é proprietário de duas empresas, uma de âmbito nacional, outra regional. Os efeitos do portajamento das ex-Scut foi péssimo para ambas, sendo que, no caso da primeira, o aumento
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das despesas com as portagens se refletiu nas inúmeras deslocações que os comerciais têm de fazer por todo o país no desempenho da atividade. "A grande quantidade de viagens que fazemos a nível nacional - não podendo evitar as ex-Scut por questões de rapidez, consumo de combustíveis e falta de alternativas exequíveis - significa um aumento mensal de cerca de 200 por cento nos gastos da empresa", refere, salientando que este aumento ronda os 300 euros mensais. "Isto porque as viaturas que utilizamos estão na classe dos ligeiros e são poucas. Tenho conhecimento de empresas onde esses custos ascendem a valores exorbitantes de cerca de oito mil euros/ano, devido à classe superior das viaturas e à grande quantidade que têm a circular", ilustra.
Fim da isenção pode significar dificuldades José Carlos Firmino adquiriu o aparelho da Via Verde por ser a alternativa mais cómoda, uma vez que já teve coimas por não pagar as viagens dentro do prazo estabelecido. E deu o exemplo. "O valor da passagem em causa era de 2,45 ao qual acresceram 23,60 de custos administrativos e 50 euros que era o valor da coima", questionando a quantia de 23,60 para "mandar uma carta". Carla Silva, técnica oficial de contas, mora em Matosinhos e trabalha no Porto. A hora de ponta no troço da A28 que utiliza sem apanhar nenhum pórtico de cobrança eletrónica leva-a ao desespero, mas consegue ceder à tentação de fazer um desvio para a A41 que a levaria até à 19
reportagem VCI, próximo ao Estádio do Dragão, por onde entraria no Porto. "Tenho a Via Verde e isenção mas confesso que só utilizo mesmo as dez viagens gratuitas por mês que esgoto em cinco dias (ida e volta). É a minha semana calma, as restantes são caóticas no meio do trânsito intenso", brinca. A contabilista que, desde a introdução de portagens nas ex-Scut, nota um aumento do volume de tráfego nas vias alternativas, diz ter alguma curiosidade em ver o que se irá passar se abolirem de vez com os benefícios da isenção. Embora tenha aderido à isenção, não é nas deslocações para o trabalho que Patrícia Moutinho dela usufrui, sendo que o trajeto habitual entre casa e o emprego é feito pela EN13. "Devido aos pórticos, muitos utilizadores da A28 passaram a frequentar a EN13 para não pagarem as portagens, o que fez aumentar consideravelmente o trânsito nessa via. Antes demorava dez minutos e agora chego a demorar mais de 40", garante, salientando que as alternativas à A28 e à N13 são "estradas sem condições". Paulo Meireles não aderiu à isenção, o que significa que, caso não tivesse deixado de utilizar a A29, iria ter de pagar cerca de 20 euros mensais, que iriam refletir-se em mais um encargo no orçamento familiar. Atividades comerciais prejudicadas Os gastos com portagens não se espelharam da mesma forma no outro negócio de Jorge Passos, de
Concessões
Nor te Litoral (A28: Porto-Caminha-Vila Praia de Âncora + A27: Viana do Castelo-Ponte de Lima) Concessionária: Euroscut Grande Por to (A44: Matosinhos- Águas Santas + A41: Freixieiro-IC24/IC25 + A42: IC24/IC25- Felgueiras + VRI: Aeroporto-Custóias) Concessionária: Ascendi Costa da Prata (A29-A44: Coimbrões + A25: Porto-Aveiro-Albergaria + A17: Mira-Aveiro Nascente) Concessionária: Ascendi
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âmbito mais regional, sedeado na Zona Industrial do Neiva, Viana do Castelo, tendo-se feito sentir, sobretudo, pela perda de clientes que vinham, principalmente da zona Norte do concelho. "Para minorar o efeito, e depois do assunto bem ponderado, decidi abrir uma filial no centro de Viana, com todos os custos que isso acarreta", refere o empresário, salientando outros efeitos perversos de toda a questão. "A isenção, embora oportuna, só beneficia os utilizadores esporádicos, ao passo que para os mais frequentes, pouco ou nada significa", garante, sublinhando que o sistema implementado na vizinha Espanha é mais justo. "Depois da terceira viagem feita por um utilizador na mesma via, este é considerado um utilizador frequente, beneficiando, de imediato, de um desconto de 40 por cento do valor da fatura", explica. Todos estão de acordo quanto às chamadas "vias alternativas" não representarem, de facto, uma alternativa eficaz. "Ao evitar as vias que agora são portajadas, o volume de tráfego, bem como o consumo de combustíveis, aumentou consideravelmente nas estradas nacionais com todas as consequências que daí advêm: degradação rápida do piso, aumento do tempo de viagens - devido a cruzamentos, semáforos, passagens de nível e filas de trânsito - e ainda um aumento considerável do número de acidentes quer com viaturas, quer com peões", alertou Jorge Passos. Q
Taxa Taxa de portagem de portagem veículos classe 1 /Extensão Scut (euros) (cêntimos/km)
N.º de Pórticos
Área beneficiada km 2 /Extensão Scut km
4,05
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portagens nas ex-scut
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música
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best youth
Melodias de amizade
Formada por dois amigos de longa data, que se conhecem desde a adolescência, a banda Best Youth está a tornar-se um verdadeiro fenómeno de popularidade. Catarina (voz) e Ed (guitarra, baixo e percussões) constituem o line up da formação, cujos temas circulam já, com frequência, por ipod´s, tablets, mp4, iphones e telemóveis do público português.
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Filipa Oliveira
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música Apesar do verão já ter acabado, e de já se caminhar pelo dourado outono, "Winterlies" (Mentiras de inverno), o primeiro EP dos Best Youth (2011) continua a dar cartas no panorama musical. O disco, lançado pela banda em 2011, uma incursão pelo pop-rock, indie e música eletrónica, viria a sagrar-se um sucesso de popularidade, sendo uma presença constante no top das rádios nacionais. Fizeram parte da coletânea "Novos Talentos Fnac" e o seu EP foi reeditado pela Optimus Discos, com três vídeos adicionais para além dos cinco temas base ("Hang Out"; "Honey Trap"; "Wait for me"; "Shouts" e "Tigers On The Catwalk"). O verão foi repleto de atuações ao vivo, nomeadamente em dois dos principais festivais de música: Optimus Alive e SW TMN. O nome para a formação, que surgiu de uma lista onde constavam muitos outros, foi o que lhes pareceu adequado para traduzir a vivência que ambos experimentaram ao longo dos anos e que encerra a grande "cumplicidade musical" que os une, sem esquecer a estreita amizade. Os temas surgem de uma interação entre ambos, sendo que as composições musicais partem "quase sempre do Ed" e as letras "da Catarina". O resultado final, esse é a soma de horas e horas de trabalho. Consideram-se autodidatas, fator que não tem impedido o sucesso dos seus temas, e enérgicos em palco. "Apesar de não falarmos muito um com o outro quando estamos a tocar ao vivo, pensamos que a química que existe entre nós é bastante percetível", garantem. Portuenses de "gema", Catarina e Ed sentem-se "inspirados pela
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magia da cidade" que merece já "um tema da banda". Os Best Youth estão já a trabalhar no próximo disco, um álbum de originais que estará concluído lá para "inícios de 2013". Uma porta para a internacionalização Depois da extinção dos Genius Loki, uma banda que formaram com um terceiro elemento, e de alguns anos separados, onde se envolveram em diversos projetos e na experimentação de novas sonoridades, Ed começou a trabalhar num disco a solo, tendo convidado Catarina a participar na gravação de alguns temas. "A Catarina tem muito talento e a voz dela é fantástica, queria mesmo tê-la no meu disco", refere o guitarrista. Mas logo o projeto, que era a solo, passou a duo, e Catarina conquistou um lugar na formação que agora ambos fazem "mexer" juntamente com o público que já conquistaram. O lançamento do EP "Winterlies", uma edição de autor, tem vindo também a conquistar barreiras já que, de acordo com os músicos, os apoios dados à música portuguesa são "escassos". As letras da banda são em inglês, a verdadeira "essência do rock" mas Catarina e Ed têm muito orgulho da sua "portugalidade". A língua inglesa, essa poderá abrir outras portas à banda, nomeadamente a do sonho internacionalização. E porque não? Para ouvir passe por www.wearebestyouth.com ou www.myspace.com/wearebestyouth. Q
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moda
Calçada de inverno Inspirada na calçada portuguesa, a coleção outono/inverno 2012-13 de Luís Buchinho apresenta uma abordagem geométrica, muito feminina e enriquecida com estampados que fazem lembrar as linhas gráficas do tradicional pavimento do nosso país. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Ugo Camera/Virgínia Ferreira
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Com composições geométricas, tecidos que constroem visuais estruturados e uma paleta de cinzas e azuis, a coleção outono/inverno 2012-13 de Luís Buchinho é o passaporte para uma viagem pelas linhas gráficas da calçada portuguesa. O "clique" que despoletou as "luzes criadoras" do estilista surgiu num momento de leitura, durante o qual se sentiu confrontado com a potencialidade das ruas e passeios deste país "à beira mar plantado". "A coleção foi diretamente influenciada pela calçada portuguesa e por tudo aquilo que a mesma nos oferece em termos visuais", começou por descrever Luís Buchinho, acrescentando tratar-se de um trabalho "muito gráfico", com uma composição, "a nível de moldes, bastante geométrica, próxima daquilo que é um mosaico". De acordo com o criador, destaca-se, simultaneamente, "uma apresentação um pouco mais literal do tema, através de uma séria de estampados que foram inspirados em imagens de ruas portugue-
sas" e depois alterados consoante uma "perspetiva mais contemporânea". A ideia que serviu de base à referida coleção outono/inverno nasceu "de uma forma muito espontânea". "Estava a ver um livro que me despertou a atenção", referiu, em declarações à Viva. Depois, foi tempo de criar, criar, criar. Apesar do elevado número de desenhos concebidos para cada coleção, Buchinho reconhece que, terminado o trabalho, os livros onde estão registados todos os croquis vão mostrar peças diferentes das que compõem o resultado final. "As peças sofrem sempre transformações, porque nunca existe um processo muito rígido", notou. Paleta ligada à pedra com o dinamismo do azulão A proposta de Luís Buchinho para esta estação fria apresenta uma paleta baseada quase exclusi27
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vamente nos tons encontrados na pedra e, portanto, nos neutros, acinzentados, beges, azuis, cinza grafite e preto. "A única cor um pouco extra a toda esta influência será o azulão, que foi uma espécie de elemento dinamizador da história da coleção", salientou o criador. Por outro lado, os tecidos surgem "estruturados", com especial destaque para os "crepes de lã com um toque bastante seco e misturas de poliéster com lã", dotadas de maior fluidez. Para a criação de silhuetas "mais secas e contidas", Buchinho abandonou um pouco "toda a parte fluída de chiffon e sedas", tecidos que utiliza geralmente em silhuetas mais libertas. Escolher apenas uma peça "especialmente bem conseguida" no seio da coleção é, para o estilista, uma tarefa praticamente impossível. "Dentro de um tema, os trabalhos apresentam cerca de quatro metodologias: uma serve, por exemplo, os casacos estruturados, dos quais eu gosto muito, com recortes geométricos e formas muito angulosas; depois há também a parte dos vestidos estampados, próximos do corpo, numa silhueta mais feminina, e é impossível estar a compará-los com os casacos", afirmou. "Há também na minha linha os vestidos muito gráficos em três cores com enrugados. É di28
fícil escolher uma peça, porque são propósitos muito diferentes", acrescentou, em declarações à Viva. A admiração dos vários públicos Apesar de reconhecer que, até ao momento, todas as suas coleções foram bem recebidas pela crítica, Buchinho acredita que o trabalho de outono/inverno 2012-13 conseguiu conquistar um lugar especial. "Devo ter tido, provavelmente, o melhor feedback de todas as minhas coleções", arriscou o criador, explicando que, talvez por estar baseada num "património português", a mostra agradou a vários setores: "à vertente fashion e a outras pessoas que se sentiram sensibilizadas com a temática". "Foi realmente muito gratificante ver a coleção elogiada por um vasto leque de cidadãos", confirmou. O feedback positivo do público prova que, mesmo em tempo de crise, o segredo parece ser o de não baixar os braços. "No meu caso, a crise tem-me obrigado a avançar", garantiu o estilista, afirmando que, em 1990, na altura em que concluiu o curso, já se falava em desemprego. Ainda assim, 22 anos depois, a moda continua a ser o dia a dia de Luís Buchinho, segundo o qual até as falhas de inspiração só se resolvem com trabalho. Q
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guimarães Nos últimos meses da Capital Europeia da Cultura, Guimarães 2012 vai contemplar "a vida" que tem desenvolvido, construindo relações que lhe atribuam sentido. A fase de maturidade da CEC será celebrada com uma forte aposta na diversidade de estéticas e linguagens.
"Tempo para Renascer" Depois de ter encontrado os seus protagonistas e ideais, criado novas identidades e sentido, como nunca, as palpitações pelas ruas de um berço histórico que já acolheu pessoas de vários cantos do mundo, a Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura (CEC) pretende conjugar o outono com um renascimento pessoal e intelectual. Até dezembro, a história do povo vimaranense vai continuar a ser escrita durante uma "viagem interior e exterior, individual e coletiva" que, 30
neste tempo de recolhimento, volta a encarar a cidade como um renovado ponto de partida". Ainda que os impactos da CEC 2012 só consigam ser perfeitamente avaliados "a médio ou a longo prazo", a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães, Francisca Abreu, defendeu que "já são bem visíveis os efeitos do projeto cultural europeu de maior escala e reconhecimento que Guimarães conquistou para si". Em declarações à Viva, a responsá-
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Texto: Mariana Albuquerque Fotos: José Caldeira
em diferentes linguagens vel sublinhou que o berço de Portugal conseguiu provar que "uma cidade de pequena/média dimensão tem capacidade e competência para levar a cabo um desafio e uma oportunidade desta envergadura com sucesso". A prová-lo está, de acordo com a vereadora, o próprio reconhecimento feito pelos vimaranenses - "que participam e se envolvem de forma extraordinária", pelos portugueses e pelos representantes das instituições europeias. "Mas também pelos muitos visitantes, na-
cionais e estrangeiros, que vêm 'fazer parte' de Guimarães 2012", apontou. Após vários meses de propostas diárias que têm levado o nome de Portugal além fronteiras, Francisca Abreu garantiu que Guimarães cresceu não só a nível intelectual mas também em termos de infraestruturas. "Aos espaços de referência, como o Castelo, o Paço dos Duques de Bragança e o Centro Cultural Vila Flor, acrescentou novos espaços de criação e produção 31
guimarães A pouco tempo do final de 2012, Francisca Abreu concluiu que a Capital Europeia da Cultura está a ser uma "oportunidade única e excecional" para que as pessoas possam "reforçar o seu sentido de pertença e identidade local, nacional e europeia", a sua "autoestima e as suas competências, pessoais, sociais e de cidadania". "E isto vê-se em todas as manifestações, na entrega, na participação, na partilha, no gosto de participar, de estar e de fazer dos vimaranenses", descreveu. A busca de um "Terceiro Paraíso"
cultural - a ASA, o CAAA, a Plataforma das Artes e Criatividade, o Instituto de Design", referiu, notando que a cidade alargou a "área de visitação", reforçando, assim, a sua atratividade. Os números avançados pela responsável do pelouro da Cultura provam também que a Guimarães 2012 tem agitado os portugueses e despertado a curiosidade dos estrangeiros. "Em agosto, os museus receberam mais cerca de 30% de visitantes, as visitas ao site do Turismo cresceram mais de 450% e a procura dos postos de Turismo aumentou cerca de 107%, relativamente a 2011", sintetizou. Além disso, acrescentou a vereadora, "Guimarães tem sido notícia nos órgãos de comunicação social em toda a Europa, mas também no Brasil e nos Estados Unidos". 32
No sentido de incentivar o público a cultivar essa mesma atitude de dinamismo e reflexão, a programação de Arte e Arquitetura da Guimarães 2012 decidiu incorporar a intervenção do italiano Michelangelo Pistoletto. "É um artista que reflete sobre assuntos importantes para a contemporaneidade, como a questão da ecologia e a ideia de que o coletivo pode produzir arte, por isso, quis trazê-lo à CEC", explicou a coordenadora artística Gabriela Vaz-Pinheiro. A participação de Pistoletto envolve duas vertentes: uma associada ao projeto "Terceiro Paraíso" e outra a um trabalho distinto, intitulado "Love Difference". A primeira obra referida abrange uma componente de instalação de arte pública, desenvolvida em colaboração com a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). "A ligação à comunidade estudantil foi algo de que ele fez sempre questão e que me pareceu bastante importante no programa de Arte e Arquitetura", sublinhou a programadora. Assim, partindo de um novo "símbolo do infinito" criado pelo artista italiano - "com três baías, em vez de apenas duas" - os estudantes desenvolveram criações, trabalhadas através de postes de madeira, "que vão ser integrados numa instalação em Guimarães, inaugurada no dia 5 de outubro". "Michelangelo Pistoletto refere que nós vivemos um primeiro paraíso associado à ideia de natureza, e que o perdemos; vivemos um segundo paraíso associado à ideia da libertação pelas tecnologias de ponta, que também perdemos. E, portanto, propõe um Terceiro Paraíso, que teria um sentido muito mais coletivo e social da abordagem à vida e à vivência", descreveu Gabriela Vaz-Pinheiro. O artista italiano ofereceu, assim, o novo símbolo aos estudantes para que o possam trabalhar à luz de um "objetivo comum". A segunda dimensão do projeto abrange a exposição de todas as peças da série de mesas "Love Diffe-
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rence", de Pistoletto, que retratam sete mares - Mediterrâneo, Vermelho, Negro, Báltico, Mar das Caraíbas, do Sul da China, do Japão ou do Leste. "As peças são objetos em torno dos quais [o artista] pretende debater a ideia de mobilidade dos povos, da contemporaneidade", explicou a responsável, sublinhando que cada mesa funciona como uma espécie de mediador entre terras, línguas, visões políticas e religiões. Expostas em sete espaços da cidade, as mesas podem ser requisitadas pelos cidadãos para reuniões e outros encontros. No dia 8 de dezembro, as peças vão ser reunidas e haverá uma conferência internacional, que está a ser organizada por Michelangelo, destinada a promover um debate sobre a partilha de ideias. Pensar a história dos povos e das cidades Ainda com o objetivo de despertar a reflexão junto dos cidadãos, a Capital Europeia da Cultura vai receber, entre os dias 24 e 26 de outubro, o I Congresso Histórico Internacional - As Cidades na História, promovido pela autarquia local. De acordo com Francisca Abreu, o evento pretende funcionar como um espaço de reflexão e debate internacional sobre temas como a população, a cidade e a história". "Esta iniciativa é uma herança dos emblemáticos congressos históricos de Guimarães, com o acrescento de uma componente internacional que assenta num
tema particularmente relevante nos dias de hoje: As Cidades na Europa", afirmou a vereadora. O congresso vai estar dividido em cinco áreas temáticas - a cidade no mundo antigo, na época medieval, moderna, industrial e na transição demográfica e, finalmente, na época atual. Segundo a responsável, cada uma das secções terá uma sessão plenária estruturada em torno de dois conferencistas, um português e outro estrangeiro, e um conjunto de sessões paralelas de apresentação de trabalhos sobre as respetivas temáticas. Na fase final do encontro, haverá ainda uma mesa redonda que pretende debater a "cidade do futuro". Desafiar o público a desfrutar de um "abrigo" E como a programação da Guimarães 2012 pretende abranger o maior número possível de disciplinas, também na área da escultura e do design a CEC con33
guimarães tinua a "dar cartas". Até dezembro, a Plataforma das Artes apresenta o "Shelter ByGG" - objeto escultórico habitável construído pela artista Gabriela Gomes. A instalação, composta por um quarto duplo, uma casa de banho com chuveiro e um espaço para pequenas refeições, pretende gerar novas experiências aos visitantes, desafiando-os a sentirem o próprio espaço como um "abrigo". "Tenho vindo a trabalhar na fronteira entre o design e a escultura, ou seja, tentar perceber onde é que acaba o design e começa a escultura; se quando a escultura é funcional passa a ser design e deixa de ser obra de arte", explicou à Viva Gabriela Gomes, acrescentando que a estrutura, "toda arredondada, com um sentido uterino de proteção", exige várias preocupações em termos de sustentabilidade, uma vez que as pessoas são desafiadas a passarem lá a noite. Assim, a artista privilegiou a utilização de materiais reciclados ou recicláveis, recorrendo também a painéis solares, para que o "abrigo" seja autónomo. "Uma das vertentes do projeto é a mobilidade: a instalação pode ser colocada em qualquer local e isso implica a existência de um sistema de depósitos de água para que as pessoas possam tomar banho", sustentou. Apesar de serem suficientes para acolher visitantes durante duas ou três noites, os recursos disponíveis na escultura são limitados, de forma a consciencializar as pessoas da importância de utilizarem apenas o necessário. De acordo com Gabriela Gomes, o "Shelter ByGG" está a ter "uma projeção muito grande em termos inter-
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nacionais", havendo já boas perspetivas de continuidade do projeto depois da Capital Europeia da Cultura. "No local, as pessoas têm muita curiosidade (...). Espreitam pelas janelas e quando entram na estrutura gostam imenso, há uma reação muito positiva", assegurou a artista. Desafiar o público a sair de uma "zona de conforto" Entre os dias 16 e 18 de novembro, a Guimarães 2012 vai entrar em "Estado de Exceção", através de uma "obra de cruzamento disciplinar entre dança, teatro, performance e música", que aborda o fracasso como primeiro passo de um recomeço. "Mais cedo ou mais tarde, haverá nas nossas vidas momentos de exceção: doenças, relações que se quebram, momentos fantásticos e difíceis e, na realidade, temos que os superar e seguir em frente", notou Rui Horta, coreógrafo e bailarino envolvido na criação, acrescentando que o discurso da obra é sobre "o fracasso de certas coisas que considerávamos adquiridas" e a forma como se reconstroem identidades. De acordo com o responsável, não se trata de "uma obra negra, apesar de ser sobre uma crise, mas também não é iluminada", procurando transmitir a ideia de que, "aconteça o que acontecer, o mundo vai continuar a girar e as coisas vão continuar". O trabalho, que envolve "cinco intérpretes muito diferentes", apresentará um espaço cénico "desconstruído", de forma a
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retirar o público da sua "zona de conforto". "Há a ideia de que o espectador dentro do teatro é um espelho de todos os rituais que vivemos no dia a dia, ou seja, o próprio teatro em si, como máquina de teatro - com a bilheteira, a entrada, a cadeira, o preço do bilhete, a cortina de cena, os aplausos - representa rituais que, no fundo, são reconfortantes para todos nós", mencionou Rui Horta, esclarecendo que o público pode esperar uma saída dessa zona de conforto, numa tentativa de questionar a própria posição do espectador. Numa fase de assumida crise no país, Rui Horta considera que a posição do Estado face às artes não está a contribuir para superar as dificuldades. "É muito importante termos uma posição em que as artes e a cultura, de uma forma em geral, sejam encaradas como um fator de valorização humana", sublinhou o coreógrafo, defendendo que, enquanto as referidas áreas não constarem do discurso político, dificilmente a ideia passará para as pessoas. Desta forma, notou, é necessário "valorizar criadores e intérpretes", tarefa na qual considera que a CEC 2012 está a triunfar. Optimus Primavera Club pela primeira vez em Portugal Depois de, em junho, a cidade do Porto ter recebido a primeira edição do Optimus Primavera Sound, entre os
dias 30 de novembro e 1 e 2 de dezembro, a Guimarães 2012 vai acolher o Optimus Primavera Club, numa versão semelhante à do primeiro festival referido, mas adaptada ao inverno. Em declarações à Viva, José Barreiro, da PIC PIC, entidade envolvida na organização do evento, explicou tratar-se de "um conceito que pretende trazer o espírito do Primavera Sound, mas em salas", nomeadamente no Centro Cultural Vila Flor, na Plataforma das Artes e no CAE São Mamede. De acordo com o responsável, o público da CEC 2012 poderá esperar um festival "com bons nomes e com a energia musical atual bem presente". "É uma oportunidade única de, por um valor que é muitas vezes equivalente ao de um concerto no Coliseu, as pessoas poderem ver mais de 30 artistas num fim de semana", afirmou, acrescentando que os consumidores de música Pop Rock, Eletrónica e Indie Rock vão ter oportunidade de ver em Guimarães as suas bandas preferidas. A proposta musical do Optimus Primavera Club, que já se realiza em Madrid e em Barcelona há cinco anos, integra artistas nacionais e
internacionais, conjugando nomes emergentes e consagrados que estão fora dos circuitos comerciais tradicionais. "É o ADN do Primavera Sound num formato de inverno", sublinhou José Barreiro, acrescentando que as perspetivas para a estreia do evento no nosso país "estão em alta". E a diversificação da oferta cultural da Guimarães 2012 é, para Francisca Abreu, um dos pontos fortes da CEC. "O programa é eclético e muito diversificado, para abranger todas as áreas, estéticas, linguagens artísticas, mas também corresponder aos gostos e interesses de todos, dos criativos e dos públicos", sustentou, defendendo que a proposta do último trimestre de 2012 "mantém essa marca: é forte, variada e de altíssimo nível de qualidade". Q 35
desporto
"Dragon Force" com nova din창mica 36
fcp modalidades Andebol, hóquei em patins e basquetebol são modalidades que passam agora a integrar a escola "Dragon Force", alargando, assim, a oferta a outras áreas desportivas. Com este novo conceito, o FC Porto pretende reestruturar a formação e incrementar a captação de novos talentos para lá do futebol, de forma ainda mais sustentável. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
"Com este projeto, o FC Porto pretende estender o conceito "Dragon Force", reestruturando e dinamizando as três modalidades", referiu Ricardo Ramos, gestor do projeto "Dragon Force". A iniciativa, dirigida a crianças com idades compreendidas entre os quatro e os 14 anos, arrancou em meados de setembro e já se encontra em funcionamento nos locais escolhidos para a prática desportiva, sendo que o hóquei em patins funciona no Pavilhão Municipal de Fânzeres, o basquetebol na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) e o andebol na escola secundária Rodrigues de Freitas. Para além das novas inscrições, a "Dragon Force" irá, ainda, englobar os escalões de formação das três modalidades do clube, até aos sub-17. "Só os escalões de juniores e de seniores irão ficar sobre a gestão direta das modalidades do FC Porto, sendo que todos os outros passam, agora, para a gestão da "Dragon Force"", explicou. A escola de futebol movimenta, atualmente, mais de 2.500 crianças e a extensão do conceito às outras três modalidades pretende ter o mesmo sucesso, tornando-as "mais sustentáveis, dinâmicas e atrativas para as famílias, aproveitando os padrões de qualidade já firmados pela marca". As inscrições não têm limite temporal sendo que o projeto arrancou com cerca de 80 crianças. "A escola "Dragon Force", para além do seu caráter lúdico e de aprendizagem, integra, também, a vertente de competição, tendo já alunos
referenciados, que pertencem às equipas de competição, daí que esse universo já exista", referiu, salientando que o objetivo atual é o de potenciar o aparecimento de novos valores para integrar essas mesmas equipas. Formar jogadores à imagem do clube Filipe Santos, ex-jogador e capitão da equipa sénior de hóquei em patins do FC Porto é, agora, o técnico responsável pela modalidade na "Dragon Force", numa altura em que ainda se está a habituar ao facto de deixar a competição e ao afastamento do 'balneário'. "Este projeto representa o 'ano zero' para as modalidades, seguindo a orientação do sucesso obtido no futebol e adaptando-a às características próprias de cada uma das valências agora integradas", referiu, salientando a aposta no caráter lúdico e social, para além do desportivo. Apesar de ser uma das modalidades mais acarinhadas em Portugal, o hóquei necessita de equipamentos específicos, o que condiciona, desde logo, a sua prática. "Nem todas as crianças andam de patins mas o objetivo é dar-lhes a oportunidade de poder 37
desporto praticar, detetando as capacidades necessárias à prática da modalidade, tão acarinhada no nosso país", garantiu o técnico portista. Carlos Vaqueiro, responsável pelo basquetebol, tem em mãos a tarefa de encontrar e motivar novos craques, numa altura em que a modalidade sofre uma reestruturação profunda no clube, ao nível dos séniores. "O grande objetivo é o de fazer crescer o 'basquete', numa estrutura assente em bases sólidas, começando pela formação", admitiu, sublinhando que a captação de um maior número de jovens para a prática desportiva serve, também, para melhorar as condições das equipas já existentes na formação, quer ao nível da orientação técnico-tática, quer da competição. "A relação estreita entre a coordenação técnica da formação e a da equipa de sub-20 permite a criação de uma linha de trabalho contínuo e de um modelo de jogador à imagem do FC Porto, desde a formação", garantiu o técnico galego, amigo de longa data e ex-aluno de Moncho Lopez, salientando que "os miúdos têm de ser orientados, desde logo, para a alta competição". O andebol tem como coordenador o técnico Filipe Soares, que destacou o enquadramento pedagógico na área desportiva. "É um projeto pioneiro, de proximidade com as escolas, que permite um envolvimento social completo ao nível das necessidades dos alunos", referiu, salientando a impor-
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tância do envolvimento das famílias com a "Dragon Force". "É um espírito, um conceito, uma forma de ser portista". O técnico destacou, ainda, o alargamento da competição, na modalidade de
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andebol, ao sexo feminino, uma novidade no clube. "O andebol funciona na escola Rodrigues de Freitas, um estabelecimento de ensino mítico, que patenteou grandes atletas do andebol do FC Porto nos últimos 40 anos". Apesar de este ser um ano difícil em termos de investimentos, Filipe Soares acredita no sucesso da iniciativa que, garante, pode ser um ponto de partida para uma dinamização desportiva. "A motivação de jogar contra o FC Porto pode incrementar novos conceitos e investimentos desportivos, fator que irá contribuir para um aumento da percentagem da prática desportiva, seja em que modalidade for", sublinhou. Roadshows com grande adesão O FC Porto realizou quatro roadshows - Estádio do Dragão, Leça, Edifício Transparente e Miramar - entre os meses de agosto e setembro, com o intuito de "levar a marca FC Porto e a submarca "Dragon Force", a um maior número de crianças e famílias", contando, todos eles, com grande adesão por parte dos mais novos, que puderam praticar as quatro modalidades ao longo de um percur-
so pré-definido, podendo experimentar cada uma delas. "Uma das finalidades dos roadshows foi a de mostrar a todas as crianças as modalidades que agora fazem parte da "Dragon Force", dandolhes a oportunidade de as praticar" referiu o gestor do projeto. Pelos roadshows passaram cerca de 600 crianças e as expectativas são as de que, em outubro, estejam já integradas, em cada uma novas modalidades, entre 100 a 150 alunos. Q 39
um dia com Raros são os humanos com capacidade para ver e sentir a presença de espíritos mas há quem afirme que estas entidades deambulam por entre o mundo dos vivos, sendo os animais as criaturas com mais capacidade para as captar. A Team Anormal é uma equipa de 'investigadores', como se autointitulam, em busca de atividade paranormal, ou, por outras palavras, uma espécie de 'detetores de fantasmas'. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
Onde param os fantasmas? 40
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"Epa, o que é isto?", lançou Jessica, com espanto, ao ver a nuvem de fumo que passava a grande velocidade na imagem, revelada, de súbito, pela câmara de visão noturna. O bom senso diz-nos que haverá, com certeza, uma explicação 'lógica' para o fenómeno, mas o certo é que ele aconteceu, e de forma não visível a olho nu. A equipa que, nessa noite, a Viva acompanhou ao Castro de Ovil, em Paramos, concelho de Espinho, achou estranha a manifestação embora não tenha avançado com nenhuma teoria, reme-
tendo a conclusão para uma posterior análise ao material recolhido. Apesar do bom humor que imperou durante toda a visita às ruínas de uma antiga fábrica de papel, situada no meio de um mato ermo, onde a fraca luz da lua não chegava a alumiar, todos os elementos que constituem a equipa levam o 'trabalho' muito a sério, com maior ou menor dose de ceticismo. Logo no local onde tivemos de abandonar os automóveis, a falta de luminosidade deixava antever a jornada 41
um dia com cas digitais, câmaras com projetores de infravermelhos - que detetam fontes de calor - gravadores com hipersensibilidade a baixas frequências - com os quais se gravam os EVP (Electronic Voice Phenomena) - e detetores de campos magnéticos, foram registando a paisagem escura, conferindo-lhe alguma luminosidade artificial. "Ora vê lá se isto não parece mesmo uma 'orb'", questiona Sónia, aproximando-se de Hugo. O engenheiro informático, o mais cético dos cinco elementos, afirma que pode ser um ponto de luz originário das próprias câmaras. Questionada sobre a explicação para o termo 'orb', Sónia apontou para os pequenos globos brancos visíveis nas fotografias, que explicou serem pontos de energia. "Na tradição popular diz-se que são espíritos em formação", reforçou. "Silêncio que se vai gravar o EVP"
que nos esperava. Enquanto que o nervosismo começou a tomar conta de alguns, nomeadamente da equipa de reportagem, pouco habituada a estas 'andanças', o sentido de alerta pareceu encarnar nos outros. Analisou-se o material, distribuíram-se as lanternas e partiu-se à conquista de novas experiências e de fenómenos paranormais. Prontos para tudo. Nuvem de fumo misteriosa "Essa lanterna não está a funcionar bem, se calhar vai ficar sem pilhas", avisou Hugo Barbosa, perante o olhar de pânico da fotojornalista. "Soubemos da existência deste local através de amigos e resolvemos averiguar. A primeira visita que realizamos revelounos alguns pormenores curiosos que queremos, agora, confirmar", contou Sónia Tavares, ao mesmo tempo que sossegava a equipa: "Não tenham medo, somos muitos e vai correr tudo bem, estamos ao ar livre". Munidos de iluminação, percorremos o caminho escuro até um antigo castro que dá o nome ao local. Aí, em campo aberto, foi o momento de juntar toda uma parafernália de aparelhos eletrónicos, usados nas deslocações da Team Anormal, cujo investimento por parte dos próprios ronda os mil euros. Máquinas fotográfi42
Do aglomerado castrejo seguimos de encontro às ruínas da antiga fábrica de papel, situadas um pouca mais abaixo, por caminhos irregulares e invadidos pela vegetação. Ao longo deste trajeto, Joaquim Coelho, o líder da equipa, gravava para lá do carreiro de terra estreito por onde circulávamos e onde algo de estranho aconteceu. "Passou aqui qualquer coisa", assegurou, ao mesmo tempo que todos paravam, até que se revisse a gravação. E, de facto, todos viram uma pequena nuvem de fumo branco, que serpenteou na imagem, mesmo ao nosso lado e a grande velocidade, não tendo sido percetível por nenhum dos presentes, mas que a eletrónica detetou. A partir desse momento a ansiedade cresceu um pouco, deixando antever uma noite de grandes aventuras. Chegados ao objetivo, a enorme fá-
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brica de papel, erguia-se, recortada contra o negro do céu, com sinais evidentes de um longo abandono. Rodeados de silêncio, unicamente cortado pelo sibilar de um ribeiro que passava nas proximidades, o espaço foi analisado, fotografado, filmado, sondado, enfim, passado a 'pente a fino'. Joaquim manifestou alguns sinais que diz serem comuns em determinados locais e que atribui à "presença de qualquer coisa" que não sabe explicar e que se pode traduzir numa "entidade sobrenatural". Dores de cabeça, enjoos, suores frios são alguns desses sintomas, que também afetam Jessica Smith, o elemento mais jovem e mais recente da equipa. Depois de analisados os vários pavilhões que compõem a unidade fabril em ruínas, chegou o momento mais tenso da noite: a gravação do EVP. "Agora quero silêncio absoluto", avisa Joaquim, dirigindo-se ao centro de uma grande divisão, sem teto, cujo chão está coberto de vegetação. Senta-se, com a câmara de projetor de infravermelhos e o gravador de baixas frequências apontados para a frente e começa a falar. "Há aqui alguma entidade que queira entrar em contacto connosco?", questiona, perante absoluto silêncio. Nesta fase é habitual que o líder da equipa faça algumas perguntas, deixando espaço para algumas 'respostas'. Depois de
introduzir a gravação no computador, onde esta é limpa de todos os ruídos, através de um avançado programa informático, esperam-se respostas que possam vir de outros que não os presentes. Apesar das várias perguntas formuladas ao longo de cerca de 10 minutos que pareceram intermináveis, o resultado, após a análise posterior feita três dias depois, foi nulo. "Neste EVP não foi detetada nenhuma voz nem qualquer manifestação que pudéssemos atribuir a fenómenos paranormais", apesar da pequena luz vermelha que cintilou, junto ao solo, durante a sessão de perguntas de Joaquim. Mas nem sempre é assim e a equipa garante já ter obtido respostas, noutros locais, a perguntas idênticas. "Vão-se embora daqui", respondeu-lhes uma voz metálica numa casa abandonada que analisaram, em Gaia. A Team Anormal Os cinco elementos encaram cada saída como uma nova aventura, à qual se junta uma boa dose de coragem. Analisam diversos locais, alguns emblemáticos, do Grande Porto, casas abandonadas, locais de ruínas. "Há que ter espírito de aventura", garante David Sousa, o elemento mais velho da equipa, interes43
um dia com
sado na área do espiritismo e que se juntou ao grupo por "carolice". Joaquim Coelho é o líder e foi com ele que tudo começou. Mesmo tudo. "A Team começou em 2010 quando eu e mais dois elementos, que
também se interessavam pelo assunto, nos juntamos para investigar atividades e manifestações paranormais. De minha parte, esta iniciativa deveu-se a uma experiência que vivi em criança, para a qual estou sempre em busca de explicações", salienta. Aos 12 anos teve uma experiência no campo do paranormal que, em adulto, quer poder explicar. Sónia Tavares, interessou-se pela área depois da morte da mãe e mantém a serenidade ao longo de todo o percurso. Hugo Barbosa é um cético que procura explicações para todas as ocasiões. "Há coisas às quais não podemos chamar fenómenos e que são, antes, manifestações naturais seja de equipamentos eletrónicos, digitais ou mesmo da Natureza", garante. Jessica Smith é uma jovem que chegou mais recentemente ao grupo, reativa a determinados fenómenos e ambientes. "Não somos médiuns nem exorcistas", garantem, salientando que apenas buscam a existência de fenómenos paranormais, tendo-se já cruzado com alguns. Q
Conclusões da Team Anormal após análise do material recolhido "Após a análise à gravação de vídeo é possível ver na imagem central (canto inferior direito) durante aproximadamente um segundo, uma "mancha" que, após vários procedimentos, nomeadamente a reprodução baixa, frame a frame, ampliação, focus e outros, não é possível concluir com certeza do que se trata, pois a duração do seu aparecimento é demasiado curta e apenas temos um ângulo para análise. Apesar de não estar a afirmar tratar-se de uma "entidade", mas antes apontar para uma análise inconclusiva, salientamos que tal "mancha" não parece ser provocada por lanterna, respiração, insetos, ou movimento da máquina. Quanto às fotos obtidas no local, uma delas manifesta interesse de análise, apresentando um ponto circular luminoso, sem no entanto querer dizer que possa ser identificado como uma 'orb'". Hugo Barbosa e Sónia Tavares "Como é, cer tamente percetível, a Jessica, a Sónia e eu temos alguns poderes extra-sensoriais que nos permitem identificar algumas 'presenças'. Pessoalmente posso dizer que me senti observado durante toda a investigação e, no local onde fizemos o EVP, sentimos, os três, uma sensação intensa. Má disposição, enjoos e uma pressão for te na cabeça, levou-me a acreditar que estava perante uma presença invisível, mas o EVP nada registou. Posso concluir, quer pela imagem captada no vídeo, quer pelas sensações que nos acompanharam, que 'algo' esteve ali, connosco". Joaquim Coelho 44
team anormal
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destinos
viagem pelas tradiçþes
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Nesta edição, a Viva apresenta-lhe o município de Ferrol, um destino repleto de história que celebra algumas das tradições mais antigas da Galiza. Fotos: Turgalicia
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cissão do Santo Encontro, que tem origem na Praça das Armas, seguida, já na parte da tarde, da Procissão do Santo Enterro, "de caráter marcadamente litúrgico", onde a Santa Urna assume o papel de destaque. À noite, as ruas do centro histórico da Madalena recebem a Procissão de "Os Caladiños", que termina já de madrugada, depois dos cânticos tradicionais. A maior de todas as procissões realiza-se na Quinta-feira Santa, com a participação de 1800
Situado a noroeste da Galiza, a cerca de 50 quilómetros da Corunha, Ferrol guarda nas suas ruas e gentes uma marcada tradição associada à Semana Santa que, entre os domingos de Ramos e de Páscoa, invade por completo o espírito da população em procissões que recordam a paixão, morte e ressurreição de Jesus. As ruas enchem-se de um grande fervor religioso que envolve cinco confrarias, herdeiras de uma tradição secular que resiste às mudanças sociais e geracionais. "Vistosas, emotivas e solenes", as atividades nas Sextas-feiras Santas começam pela manhã com a Pro48
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confrades e nove bandas de música, acabando com o "emotivo canto dos militares". Misto de cultura, história e elegância urbana Com uma densidade populacional de 72.963 habitantes, Ferrol surge como um "misto de cultura, elegância urbana e poderio militar". O Bairro da Madalena, traçado exatamente como uma tablete de chocolate, é o reflexo do espírito ilustrado da dinastia borbónica, apresentando "uma das propostas urbanísticas mais interessantes da Europa daquele tempo. Para os amantes da história naval, Ferrol sugere um passeio pelo Arsenal, destacado "exemplo da arquitetura militar" que integra o Museu Naval, a Porta do Dique e o Museu de Âncoras.
Para além da tradição da Semana Santa, a mais antiga da Galiza e classificada, desde 1995, como Festa de Interesse Turístico Nacional, Ferrol cultiva também a arte da "boa mesa", espelhada nos seus mercados, pastelarias e cafés. Sempre de "mãos dadas" com o mar, o município nasceu como uma vila piscatória, transformando-se, ao longo do tempo, numa cidade de 49
destinos
grande potencial naval e militar, sobretudo graças ao seu porto natural, "um dos mais protegidos e belos do mundo". Em relação à arquitetura, ainda é visível em Ferrol o traçado medieval do bairro de Ferrol Velho. Na Rua Espírito Santo ergue-se a elegante Fonte da Fama, de 1787. A marginal, orlada de palmeiras, conduz à Igreja Paroquial do Socorro, que guarda as imagens do Cristo dos Navegantes e da Virgem do Socorro, de grande devoção popular. A cidade, "que enfrentou mil batalhas", esconde ainda um conjunto de episódios históricos que a transformaram num dos principais pólos da luta operária do século XX, tendo sido o palco da primeira greve realizada no estado espanhol durante o franquismo, em 1946. Q 50
galiza
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memórias
O regresso do lendário Com mais um "éfe" no nome, o Luso Caffé regressou, renovado, após uma década de portas encerradas. Situado em plena Praça de Carlos Alberto, num edifício totalmente restaurado, a história do Luso está intimamente ligada à da cidade do Porto. Por este espaço histórico passaram personalidades como Amália Rodrigues e o General Humberto Delgado, tendo sido aqui "concebido" o mítico Fantasporto. 52
café luso Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
Luso
Dizia-se que aqui se serviam os melhores finos da cidade do Porto, acompanhados pelos tradicionais tremoços e os famosos "preguinhos". Agora denominado de Luso Caffé, o espaço reabriu em 2010, ano em que celebrou o seu 75º aniversário. Inaugurado em meados de 1935 como Café Luso-Africano, foi ponto de passagem obrigatória de todos os portuenses, bem como de diversas personalidades ligadas à cultura, tendo sido, também, palco de vários momentos históricos para o país e para a cidade do Porto. Em 1952 terá recebido a visita de Amália Rodrigues e, em 1958, o edifício onde o café está integrado serviu de sede à campanha presidencial de Humberto Delgado, de cuja varanda o General "Sem Medo" proferiu, a 14 de maio, perante uma multidão de milhares de pessoas, a histórica frase: "O meu coração ficará no Porto". Humberto Delgado foi um militar de carreira na Força Aérea, que corporizou o principal movimento para derrubar o regime ditatorial e corporativista de Salazar, através de eleições, tendo sido derrotado nas urnas (junho de 1958), num processo eleitoral considerado fraudulento, que deu a vitória ao almirante Américo Tomaz, o candidato do poder. O general viria a ser assassinado pela PIDE, em Villanueva del Fresno, Espanha, em 1965. Foi também no Luso que veio a nascer o mítico Fantasporto - Festival Internacional de Cinema do Porto, pelas mãos de Beatriz Pacheco Pereira, Mário Dorminsky e Manuel José Pereira. O novo Luso Depois de 65 anos de história, com tertúlias e animação cultural diversa, que marcaram várias gerações de portuenses, o Luso encerrou devido ao avançado estado de degradação do edifício que viria a ser recuperado no âmbito da requalificação do Quarteirão de Carlos Alberto, a primeira obra da Sociedade de Reabilitação Urbana a ficar concluída na cidade, em 2010. Com um look renovado e muito clean, o Luso Caffé conta agora com uma sala intimista, no piso inferior, e uma moderna esplanada. A funcionar diariamente entre as 08h00 e as 02h00, mantém como especialidade as francesinhas e os "pregos", não descurando os tradicionais finos. Para além destes petiscos, o Luso conta com uma grande diversidade de pratos, adaptados também aos estrangeiros que o visitam, seja para jantares intimistas ou de grupos, num espaço onde se respira História. Q 53
atualidade
20.º aniversário da Selectiva Moda celebrado na Capital da Cultura Em junho, todas as atenções se centraram no Instituto do Design em Guimarães, para a festa oficial dos 20 anos da Associação Selectiva Moda (ASM), onde estiveram reunidas as principais figuras da Indústria Têxtil e Vestuário nacional. Ao longo do ano, a associação tem vindo a desenvolver várias ações comemorativas, associando-se ao evento Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, que permitiu uma aproximação geográfica a parceiros chave da indústria. Ao longo do seu percurso de duas décadas, a ASM tem assumido um papel preponderante ao nível da promoção do setor têxtil, sobretudo na dinamização da internacionalização das empresas portuguesas.
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O evento pretendeu homenagear todos os expositores, parceiros, patrocinadores, associações, universidades, centros de investigação e amigos que, ao longo do percurso, contribuíram para cimentar as ações onde a associação se envolveu. Q
portuguese fashion news
Concurso Jovens Criadores 2012 A Associação Selectiva Moda, em parceria com Guimarães 2012 -Capital Europeia da Cultura, no âmbito do projeto Portuguese Fashion News, apresentou na cidade berço, mais uma edição da final do Concurso Novos Criadores PFN, onde participaram 14 alunos e diversos representantes de uma dezena de escolas de moda nacionais. Estimular a criatividade e a inovação de jovens designers, é o principal objetivo deste projeto, onde a participação dos novos criadores permite uma aproximação à indústria da moda e, sobretudo, uma primeira interação com os fabricantes nacionais de tecidos, que cedem a matéria-prima para a criação dos coordenados. O júri do concurso foi composto por Cristina Marvão e Nneka Fleming (Guimarães 2012 -Capital Europeia da Cultura), Alexandra França (Lona), Cristina Flores (Iora Lingerie) e Tony Miranda (Tony Miranda), todos eles profissionais conceituados da moda nacional. O primeiro lugar foi para Ana Segurado (Modatex), com tecidos Albano
Morgado, a segunda posição foi ocupada por Martinho Gonçalves (Escola de Moda do Porto), com tecidos Riopele e no terceiro lugar do pódio ficou Catarina Ferreira (ESAD), com tecidos Teviz. Os três vencedores, foram escolhidos mediante a componente criativa, inovação e qualidade dos coordenados. Q
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atualidade
Convenção Mundial do Vestuário A Indústria da Moda em Cimeira Mundial, no Porto, decorreu entre os dias 24 e 28 de setembro, na 28.ª Convenção Mundial de Vestuário. "O Negócio da Moda num Ambiente em Mudança" foi o maior congresso mundial da fileira da moda, que tem percorrido diferentes locais, privilegiando países emergentes, onde o crescimento económico tem sido mais expressivo do que na Europa ou nos Estados Unidos. A realização deste congresso em Portugal representa um
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significativo regresso à Europa do têxtil e do vestuário. As alterações ocorridas na economia mundial têm influenciado os resultados financeiros de diversas empresas do setor têxtil. A procura está a mudar em todo o mundo, tal como a relação com os fornecedores. A internet, os telemóveis e as novas aplicações provocaram alterações na distribuição dos produtos têxteis e de moda e irão continuar a fazê-lo no futuro. Inovações nas fibras e nos têxteis originam novas funcionalidades dos tecidos e novas oportunidades de mercado. Todos estes temas foram abordados e analisados neste congresso, onde os trabalhos se dividiram em quatro painéis sob os temas "Economia", "Cadeia de Fornecimento", "Tecnologia e Inovação" e "Retalho Moda e Comportamento do Consumidor". Os oradores foram alguns dos principais CEO´s de grandes empresas internacionais, da Europa, Estados Unidos, América Latina e Ásia. Portugal esteve representado em todos os painéis, com as participações de Daniel Bessa, diretor-geral da COTEC, e de Camilo Lourenço, jornalista, no painel "Economia"; Paulo Nunes Almeida, presidente da Fundação AEP, como moderador do painel "Cadeia de Fornecimento"; Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, no painel "Tecnologia e Inovação" e Isabel Cantista, managing partner na Fast Forward Innovation, como oradora do fórum no painel "Retalho Moda e Comportamento do Consumidor". A sessão de abertura do evento contou com o secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, Carlos Oliveira, e a de encerramento com o ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira. Q
animar os convidados e munícipes mais resistentes. Entre atuações, o público surpreendeu o autarca Manuel Moreira, que completou nessa noite mais um ano de vida, cantando-lhe, em uníssono, os parabéns. O evento contou, ainda, com a apresentação do novo site do 'Pecado Capital' feita pelo próprio produtor José Armindo Ferraz. Vinhos frescos e sublimes Ao longo da noite, os vinhos que integram a Rota dos Vinhos do Marco - vinhos de excelência, sublimes pela frescura e jovialidade - estiveram disponíveis nos bares situados na zona envolvente aos
'Pecado Capital', rei dos vinhos verdes "O Melhor Verde do Mundo é no Marco de Canaveses", foi o mote para a realização de uma sessão solene de homenagem aos produtores premiados do concelho, em setembro, cujo destaque foi para o vinho 'Pecado Capital', vencedor da Medalha de Ouro no concurso mundial de Bruxelas 2012, seguida de degustação, promovida pela Câmara do Marco de Canaveses. A festa prolongou-se com a atuação da Banda Oriente e o DJ Nuno Nobre a
Paços do Concelho, onde decorreu, ainda, uma ação de sensibilização no âmbito da campanha "Wine in moderation". Lançada em Maio de 2002, a Rota dos Vinhos do Marco de Canaveses é constituída por 21 produtores e engarrafadores, sendo que os seus vinhos têm sido alvo de distinções, nacionais e internacionais, em diversos certames e concursos vínicos, denotando a sua qualidade e excelência crescentes. Q 57
atualidade
Continente lança 3.ª edição do Mercado de Sabores
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O Continente vai lançar a 3.ª edição do Mercado de Sabores numa viagem às verdadeiras origens da inspiração e criatividade da gastronomia e da cultura nacionais, aliada ao toque dos melhores chefs. Com o objetivo de divulgar e dar a conhecer os melhores produtos gastronómicos do país, e após o sucesso das edições anteriores, o Continente vai estar presente na Alfândega do Porto, de 5 a 7 de outubro, numa parceria com a iniciativa Porto.Come. Com a presença de produtores nacionais do Clube de Produtores Continente e com destaque para quatro dos mais reconhecidos chefs portugueses, entre os quais Justa Nobre, Hélio Loureiro, Luís Baena e Henrique Sá Pessoa, o Mercado de Sabores vai proporcionar experiências únicas e trazer muita animação ao espaço, integrando uma zona dedicada aos produtos de marca própria. Rui Paula, Ivo Loureiro, Lígia Santos (vencedora do Masterchef) são mais alguns dos chefs de renome que irão estar presentes, fazendo as delícias dos participantes. Para além da presença de diversas gamas, onde é possível degustar e adquirir produtos, provas de vinhos e de azeite, zonas de restauração, showcookings, com chefes nacionais, e um espaço exclusivamente dedicado às crianças, que tem como anfitriãs a Leopoldina e a Popota, esta iniciativa representa uma verdadeira viagem às raízes da gastronomia portuguesa. Os bilhetes, que têm o custo de 3 euros, podem ser adquiridos em qualquer hipermercado Continente. Com esta iniciativa, o Continente pretende fomentar a aproximação entre os consumidores e os produtores locais e regionais, valorizando a produção nacional e os melhores sabores de Portugal. Q 59
momentos
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1 – Rita Dias, Maria Rene Arias Roca 2 –Francisca Araújo, André e Mariana Cardoso Esteves 3 – Amigas com Ana Rita 4 – André Coelho, Tiago Machado, Eduardo Terrível Pinto 5 – António Mesquita, Leonor Mesquita e Miguel Sarmento 6 – Luis Assunção, Maria João, António Quintanova e Ana Carina Gomes 7 – Bruno, Mariana e Mariana Cardoso Esteves 8 – Sérgio Mourão, Joana Estrela e amigo 9 – Tiago Machado e Gonçalo Costa
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O Rosa Escura, em conjunto com a revista Viva! e a cerveja Desperados, promoveu uma divertida noite de verão, onde não faltou animação e boa música, com a presença de muita gente jovem, que tem vindo a caracterizar a 'movida' da Baixa portuense.
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Rosa Escura Rua da Picaria, 32 4050-477 Porto 61
televisão Proximidade, influência, afetividade. São estas as pretensões do Porto Canal no sentido de solidificar a relação com o público, cimentando as raízes nortenhas ao mesmo tempo que estende a sua área de cobertura à zona centro, com novas delegações. A remodelação total do canal, em termos estruturais, e uma nova dinâmica na programação são, também, apostas já em curso.
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
Remodelação total 62
porto canal
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televisão
"A abertura de novas delegações na zona centro, a remodelação total da sede e um reforço substancial ao nível da programação, são as grandes linhas reestruturantes do canal", salientou Domingos de Andrade, diretor de informação e de programação do Porto Canal que tem Júlio de Magalhães como diretor geral. A reestruturação, que tem vindo a decorrer desde há cerca de um ano, altura em que passou para a gestão direta do FC Porto, tem por objetivo a sua consolidação de canal nacional com uma forte ligação à região Porto e Norte de Portugal e a solidificação da presença da Região no país, para além de um ainda maior incremento de programas com a marca FC Porto. A aposta simultânea na reabilitação do edifício sede - dotando-o das melhores condições de tra64
porto canal
um avultado investimento quer na estrutura, quer na vertente tecnológica", admite Domingos de Andrade. Reestruturação física e tecnológica
balho para todos os profissionais - e na reestruturação técnica e tecnológica do canal, representa um forte investimento, consolidado por uma nova dinâmica na programação. A "implementação de mais programas informativos em horário nobre", com a marca azul e branca, a par de muitas outras novidades que irão surgir na programação - como um programa da manhã de cariz inovador - representam uma verdadeira 'revolução' no canal, alicerçada numa melhoria das condições de trabalho. "Os três novos estúdios de gravação e a régie, implementada num espaço construído de raiz para o efeito e dotada da mais avançada tecnologia, a par dos novos espaços para camarins e zona de produção, significam
O investimento prevê a reestruturação física, tecnológica e de conteúdos do canal portuense, que entra, agora, numa nova etapa de consolidação e com novo visual. Logo após o incremento da presença das autarquias, das empresas e da realidade social da região no canal, sobretudo através de programas de cariz informativo e de novos espaços de debate que traduzem a realidade regional, dá-se, agora, uma verdadeira 'revolução' em termos de informação, quer ao nível da aposta em mais blocos noticiosos, quer na extensão de novas delegações à zona centro do país. A inovação tecnológica implicou também um avultado esforço financeiro e o processo em curso para a presença do canal nas diversas plataformas de comunicação, nomeadamente no IPhone e no IPad, trazem, de igual forma, uma nova dinâmica à estação nortenha. Para já, a criação de mais dois estúdios, a par da insonorização do já existente, foram também mudanças efetuadas no sentido da modernização. As mudanças agora efetuadas, que se encontram na reta final de concretização, representam uma sólida aposta para o futuro e são fulcrais para o desenvolvimento quer da sua qualidade técnica, quer humana. Q 65
ambiente
Projeto 'Mil Escolas': A Águas do Douro e Paiva (AdDP) vai continuar, nos próximos anos, a apostar numa ação pedagógica junto das comunidades escolares. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira
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Num momento em que "contenção" é a palavra chave no setor empresarial, a Águas do Douro e Paiva (AdDP) afirma não estar disposta a prescindir de uma das suas importantes ferramentas de trabalho na tarefa de sensibilização da sociedade para a defesa ambiental - o projeto "Mil Escolas". "O serviço público está nos nossos objetivos e tencionamos continuar com o programa nos próximos anos",
águas do douro e paiva "A água é um bem escasso e finito e agora descobriu-se que existe outro bem que também não é infinito: o dinheiro. Obviamente que a questão orçamental é importante, mas há que saber equilibrar as coisas, fazer aquilo que é fundamental sem exagerar", destacou Castello-Branco, garantindo que, mesmo no caso de ser necessário aplicar um corte de cinco ou dez por cento ao orçamento do projeto, o seu funcionamento não será afetado. Educar os graúdos pela ação dos miúdos A mobilizar as comunidades escolares dos 20 concelhos da área de atuação da AdDP desde o ano letivo 2004/05, o "Mil Escolas" tem prosseguido o objetivo de educar as crianças através de diversas palestras e atividades práticas no terreno, durante as quais os estudantes aprendem a preservar e a respeitar os ecossistemas ribeirinhos. "O balanço é extremamente positivo porque se trata de um programa direcionado às pessoas mais novas, que são as que aprendem melhor", notou o presidente do conselho de administração da empresa, referindo tratar-se de uma forma de chegar às gerações mais velhas. "Os alunos já crescem com valores assentes nas questões ambientais e muitas vezes são eles que os transmitem aos pais", reconheceu. "O meu filho mais novo tem quatro anos e, no outro dia, eu ia deitar uma garrafa de plástico ao lixo e ele indicou-me logo em que ecoponto deveria fazê-lo", contou o responsável, que deteve o pelouro do Ambiente na Câmara Municipal do Porto, na qual também foi vice-presidente.
uma aposta de futuro garantiu o presidente do Conselho de Administração da AdDP, Álvaro Castello-Branco. De acordo com o responsável, a empresa esteve sempre atenta ao equilíbrio das suas contas, razão que lhe permite, desde já, assegurar que a quantia destinada ao Programa Integrado de Educação Ambiental (PIEA): A Água e os Nossos Rios - Projeto "Mil Escolas" não sofrerá cortes que coloquem em causa a sua realização.
O ambiente na lista de preocupações das sociedades civilizadas O responsável da AdDP - empresa que integra o grupo Águas de Portugal (AdP) - considera ainda que, pela sua experiência no setor ambiental, as pessoas estão, hoje, muito mais conscientes da importância da adoção de uma atitude de respeito pela natureza do que há duas 67
ambiente
décadas. "O ambiente já ocupa o lugar que devia ocupar nas sociedades civilizadas. Não sou partidário de fundamentalismos nem de laxismos. Acho que Portugal não deve nada aos outros países em relação às questões ambientais", referiu, acrescentando, aliás, que o sistema de abastecimento de água nacional "é extremamente desenvolvido", aspeto que "traduz um esforço de cerca de 20 anos de grande investimento". Álvaro Castello-Branco considera, assim, que "tudo o que havia de mais importante está feito". "Claro que se pode sempre melhorar, nunca podemos parar. Temos de continuar atentos, mas não me parece que haja, neste momento, nenhum problema com alguma questão de fundo", defendeu, recordando que a qualidade da água que chega a casa das pessoas é o aspeto que está no topo das prioridades da empresa. Fusão de empresas dará origem à Águas do Norte E é exatamente a pensar no bem estar dos consumidores que a AdDP se vai fundir com outras três empresas (Águas do Noroeste, Águas de Trás-os-Montes e a SIMDOURO) para dar origem à Águas do Norte, entidade que passará a fornecer água a toda esta região de Trás-os-Montes, Minho e Douro Litoral. "O desafio da 68
AdDP é estar integrada nessa nova entidade em julho de 2013. Por que é que estamos a fazer isto? Não faz sentido ter tantas empresas no país, interessa, sim, ter quatro ou cinco conforme a região", explicou o responsável, admitindo que venha a ser possível reduzir as tarifas da água graças a uma maior eficiência. A tão falada crise é um fenómeno que, para já, não está a ter grandes efeitos na AdDP. "Não temos dívidas de clientes e podemos, por isso, funcionar à vontade porque a tarifa está calculada não propriamente para a empresa ter lucro, mas para poder continuar a fazer o abastecimento de água", explicou Álvaro Castello-Branco, salientando o trabalho realizado pelas anteriores administrações da Águas do Douro e Paiva, que conseguiram fazer com que a empresa se tornasse uma das mais equilibradas do grupo Águas de Portugal. Q
águas do douro e paiva
Educação de excelência Escola Básica Prof. Dr. Marques dos Santos inaugurada
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Gás natural: energia mais económica Sabia que o gás natural é a energia mais económica, segura e ecológica para a utilização diária na sua residência? Para incentivar à adesão a esta forma de energia, que representa uma maior sustentabilidade, quer em termos económicos, quer ecológicos, a EDP Gás Distribuição está a promover uma campanha de instalação domiciliária de ligação à rede com descontos vantajosos para os orçamentos familiares, acompanhando as mudanças que serão introduzidas no setor energético já a partir de 2013. 70
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"A EDP Gás Distribuição continua a apostar na densificação da rede como forma de garantir, a cada vez mais famílias, o acesso a esta energia", afirmou João Dias Santos, diretor comercial de redes da empresa. Apoiada numa lógica de sustentabillidade, a concessionária do serviço público de distribuição de gás natural na região litoral Norte conta, atualmente, com 280 mil pontos de abasteci-
mento e tem vindo a pontenciar o alargamento da rede de distribuição aos 29 concelhos dos distritos de Porto, Braga e Viana do Castelo da área de concessão. "Quanto maior for o número de utilizadores do gás natural, maior se torna a sua eficiência", defende, sublinhando o elevado grau de segurança e o reduzido número de perdas associados a este tipo de energia. 71
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Vantagens do gás natural "O aquecimento do ambiente e das águas sanitárias, através do gás natural, é uma solução que oferece altos níveis de desempenho e uma redução significativa nos custos energéticos mensais", garante o responsável, salientando que, esta energia se apresenta como uma "solução acessível e adaptável a todas as necessidades, assumindose como uma excelente alternativa ao uso de energias convencionais mais poluentes", uma vez que é 100% natural e, portanto, limpa e amiga do ambiente. "O gás natural é uma forma de energia barata, cómoda, segura e ecológica, que contribui para a diminuição do impacto ambiental", defende. 72
Maior economia, mais ecologia No sentido de promover o acesso a todas as vantagens deste tipo de energia por parte de cada vez mais famílias, a EDP Gás Distribuição tem em curso, até 31 de dezembro, uma campanha de adesão ao gás natural, com descontos bastante atrativos, que podem ir dos 415 aos 721 euros, para imóveis individuais e coletivos. "A campanha contempla o pagamento, por parte do cliente, de uma pequena percentagem sobre os custos totais de adesão à rede de gás natural, sendo que a empresa suporta o restante valor", explicou o responsável, salientando que a campanha é válida quer para conversão (instalação de raiz de todas as infraestuturas interiores e exteriores de ligação aos ramais de acesso em locais que ainda não possuam a pré-instalação), quer para reconversão (edifícios que já se encontrem corretamente infraestruturados para receber o gás natural). Para saber mais sobre esta campanha passe por www.edpgasdistribuicao.pt e informe-se das vantagens de que pode usufruir! Q
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A requalificação da Praça de Lisboa, um projeto que acentua a crescente dinamização da Baixa portuense, estará concluída durante o outono. Para além do novo espaço 'devolvido' à cidade, a autarquia tem vindo a desenvolver diversas ações no sentido de estreitar os laços entre o Porto e os seus habitantes.
Victor Leorne
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Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Rui Meireles
Porto mais colorido Praça de Lisboa requalificada Está quase concluída a reabilitação da Praça de Lisboa, uma aposta na arquitetura moderna e num conceito de comércio de rua, privilegiando a abertura do novo espaço à cidade. "O Passeio dos Clérigos dispõe de um conjunto de restaurantes ocupados pela marca Shis, com diversos conceitos de alimentação integrados”, referiu o promotor do empreendimento, Rocha Antunes, da UrbaClérigos. Para além de um café da marca Costa, que já se encontra em funcionamento, os restantes espaços referem-se a lojas de roupa e acessórios, cabeleireiro, loja de chocolates e de produtos tecnológicos. O Pólo Zero da Federação Académica do Porto (FAP), uma promessa 74
antiga do executivo de Rui Rio que vem ao encontro da vontade dos estudantes de ter um local de estudo alargado em plena Baixa da cidade, também tem lugar na nova praça, ocupando cerca de 500 metros quadrados com salas de estudo e um gabinete de apoio ao empreendedorismo. A grande atração da zona são as oliveiras colocadas na cobertura, transformada num imenso jardim. A superfície ondulada em betão está coberta com um amplo relvado que acolhe um olival. Algumas das 50 oliveiras são centenárias e estão dispostas em diversos canteiros, numa área com três mil metros idealizada para o lazer e bem-estar, prevendo-se que o investimento, de cerca de sete milhões de euros, esteja concluído, na íntegra, durante o mês de novembro.
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D. Pedro IV na toponímia portuense A Câmara do Porto, por iniciativa do presidente Rui Rio, decidiu atribuir o nome de D. Pedro IV à futura via que irá ligar a Avenida da Boavista à Praça do Império, prevista no Plano Diretor Municipal, vulgarmente conhecida por Avenida Nun'Álvares. O autarca justificou a proposta com o facto de não existir na cidade, "178 anos depois da sua morte, qualquer via pública que ostente o topónimo de D. Pedro IV", sendo de "grande justiça" atribuir o seu nome "a um importante arruamento da cidade", defendeu, sublinhando que o monarca "ficou na memória dos portuenses como símbolo de liberdade,
patriotismo e força de vontade, valores que, desde sempre, moveram a cidade e os seus habitantes. No entanto, o maior gesto de reconhecimento de D. 75
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Pedro IV para com o Porto foi a doação que fez, ainda em vida, do seu coração à cidade que tão bem o acolheu e o ajudou na sua hercúlea tarefa", lê-se, ainda, no texto da proposta. O Executivo aprovou, ainda, uma consulta à Comissão de Toponímia no sentido de "rebatizar" o Largo da Lapa como Praça D. Pedro IV, criando um centro museológico ligado às lutas liberais, e admitindo proceder à abertura de um concurso de ideias, destinado à reformulação urbanística do largo, sendo avaliado o custo da proposta mais interessante. A Câmara do Porto decidiu, de igual forma, solicitar à Estradas de Portugal (EP) que aceite a deliberação de "homenagear D. Nuno Álvares Pereira", atribuindo o seu nome à Via de Cintura Interna. JMP contesta retenção de 5% do IMI A Junta Metropolitana do Porto (JMP) está contra a decisão do Governo em retirar 5% das receitas do IMI às autarquias. Unânime na contestação, a estrutura intermunicipal acusa o Ministério das Finanças de "falta de rigor" técnico e político, considerando "não ser admissível" que o Governo tenha decidido avançar com um aumento de despesa "a meio de um exercício orçamental". Dando conta da insatisfação do organismo metropolitano, Rui Rio, na qualidade de presidente e porta-voz da JMP, acu76
sou o Ministério das Finanças de "não ter rigor numa coisa essencial: saber fazer um orçamento e, fundamentalmente, saber depois executá-lo". "As câmaras da Junta Metropolitana estão disponíveis para pagar, mas apenas o que é devido e nunca de forma atabalhoada e sem critério", sustentou. "Casa Como Nova" ajuda na reabilitação do interior das habitações Paralelamente às obras de reabilitação exterior do edificado que tem vindo a realizar na habitação municipal, a autarquia continua a ajudar os seus inquilinos a melhorarem o interior das habitações, tendo alargado o leque de produtos do programa de auto manutenção "Casa Como Nova". Pavimento flutuante de madeira e tintas de várias cores, são os novos materiais disponíveis, com descontos de cerca de 70% em relação aos preços normais de mercado. São já mais de mil as famílias que aderiram ao programa, tendo sido adquiridos cerca de 25 mil litros de tinta, mil metros quadrados de pavimentos e 758 portas interiores. Porto, cidade mais verde A cidade do Porto foi eleita a 12.ª cidade mais "verde" da Europa, entre as 31 analisadas, no âmbi-
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autarquias to do European Green City Índex, num estudo patrocinado pela Siemens ao Economist Intelegence Unit, que traçou um retrato da sustentabilidade das urbes europeias. Energia, emissões de CO2, edifícios, transportes, resíduos e utilização do solo, água e qualidade do ar foram as categorias analisadas para um retrato da sustentabilidade ambiental. O Porto é líder europeu na categoria de edifícios, graças à prioridade dada à conservação de energia, tendo, também, um bom desempenho na área da energia, alcançando a sétima posição no índice da sustentabilidade, liderando entre as cidades europeias de pequena e média dimensão. Fundo imobiliário para o Aleixo Depois da demolição de uma das torres do Aleixo, no final de 2011, a Câmara do Porto aprovou, em julho, o aumento da participação autárquica no fundo imobiliário que irá levar à demolição das outras quatro torres do bairro e a entrada de António Oliveira no negócio. O ex-selecionador nacional e
antigo treinador do F.C. Porto é o maioritário de três novos investidores do fundo imobiliário, criado para executar a operação urbanística. Centro Social S. Martinho de Aldoar Fruto do envelhecimento generalizado da população, o apoio à terceira idade deve ser uma causa defendida com afinco pelas sociedades modernas. Nesse sentido, e guiando-se por esta pretensão, a Câmara do Porto e a Paróquia de Aldoar celebraram um protocolo para a criação do Centro Social de S. Martinho de Aldoar, em construção desde janeiro de 2012, cuja previsão de conclusão é para o início de 2013. A nova infraestrutura terá capacidade para acolher 46 utentes no Lar de Idosos e 60 no Centro de Dia, e o Serviço de Apoio Domiciliário estará em condições de poder funcionar com 80 elementos. O futuro centro, que se situa próximo ao Hospital Magalhães Lemos e está orçado em 2,2 milhões de euros, conta com uma área de cerca de quatro mil metros quadrados. A entrada principal é feita à cota do primeiro piso, localizando-se aí as áreas de atendimento, receção e administração, a zona destinada ao voluntariado e as salas de refeições. No segundo piso situam-se as salas de estar e de atividades, ficando o piso superior reservado aos quartos. Os serviços de cozinha, lavandaria e garagem ficarão instalados no piso zero. Q
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porto
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porto vivo, sru
Requalificar, renovar, renascer O Passeio das Cardosas é um empreendimento com uma localização e características singulares, símbolo da força da requalificação urbana a que a Baixa do Porto tem vindo a assistir. O andar modelo foi apresentado em julho, altura em que a cidade ganhou a nova Praça das Cardosas. O Passeio das Cardosas ocupa um quarteirão delimitado a norte pela Praça da Liberdade - com o Hotel Intercontinental a ocupar toda a frente - a nascente pela Praça de Almeida Garrett (em frente à Estação de S. Bento), a sul pela Rua das Flores e a poente pelo Largo dos Lóios e Rua Trindade Coelho. Nos limites do burgo medieval, o quarteirão faz a transição entre o centro histórico e aquele que foi, até aos anos 80, o centro cívico, social e cultural da cidade. Constituindo desde 2007, pela localização e importância patrimonial, uma unidade de intervenção prioritária, no âmbito do processo de reabilitação urbana da Baixa portuense, promovido pela Porto Vivo, SRU, o quarteirão começa, 80
assim, a ser devolvido à cidade acrescentando comércio e habitação de qualidade, a par do Hotel Intercontinental, em funcionamento desde Julho de 2011, fruto da requalificação do conhecido Palácio das Cardosas (que deu o nome a todo o quarteirão), levada a cabo pela Lucios. Este hotel é o primeiro da marca em Portugal e também o primeiro internacional de luxo no centro histórico do Porto. Ao nível imobiliário, esta intervenção, iniciada em janeiro de 2011, integra a requalificação de 19 parcelas, constituídas por 52 apartamentos - T0, T1 e T2 - e 19 espaços comerciais. Prevê-se que os trabalhos estejam concluídos em fevereiro de 2013. A experiência da construtora Lucios tem sido determinante neste processo, quer pelo know-how da empresa no que concerne a requalificação, quer pelos meios técnicos e logísticos de que dispõe. A nova Praça das Cardosas resulta do aproveitamento do espaço interior do quarteirão, um miolo desordenado que constituía um problema de salubridade e segurança públicas. Aqui irá funcionar a loja Porto Welcome Center, ponto de acolhimento aos visitantes da responsabilidade da Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte (ERTPN) e da Câmara do Porto. Q
Programa de Realojamentos Definitivos do Morro da Sé A par do Programa de Ação para a Reabilitação Urbana do Morro da Sé_CH.1, a Porto Vivo, SRU, tem em curso um Programa de Realojamento, financiado pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e pelo Banco Europeu de Investimento, destinado a arrendamento de cariz social. Trata-se de produzir fogos para famílias da zona, que saem das suas residências, libertando edifícios em mau estado que estão a ser reabilitados para equipamentos ou para fins
residenciais no âmbito deste programa, mas também de produzir fogos para chamar mais famílias ao Morro da Sé, quer as que saíram por falta de condições, quer outras que queiram residir no local onde o Porto nasceu como cidade estruturada e muralhada, há cerca de 2500 anos.
No quadro do Programa de Realojamento, foram elaborados 15 projetos que deram origem a 10 empreitadas de reabilitação. O programa, que intervém em 32 edifícios, vai produzir 83 fogos, na sua maioria T1 e T2, atingindo os 9.000 m2 de área bruta construída, cerca de 17% da área bruta total intervencionável, pública e privada, do Morro da Sé. As obras de reabilitação dos prédios localizados na Rua de Santana nºs 24 a 30 e no Largo da Pena Ventosa nºs 25 a 27, foram iniciadas em maio, sendo que, até ao final de setembro, se prevê o início das obras de reabilitação nos prédios que se encontram da Rua dos Mercadores, 74 a 84 e 116 a 120 e na Rua da Bainharia, 50 a 52 e 117 a 121. Q 81
águas do porto
Ligações prediais a bom ritmo Com o objetivo de que, dentro em breve, todos os prédios da cidade estejam ligados à rede de saneamento, a empresa Águas do Porto tem vindo a desenvolver esforços no sentido de finalizar a instalação dos ramais domiciliários e coletores nos arruamentos ainda em falta, prevendo que, até final de 2012, essa tarefa possa estar concluída. A despoluição total das linhas de água e das praias portuenses é a grande meta a atingir. 82
saneamento ribeiras que atravessam a cidade do Porto e, consequentemente, das suas praias. Nesse sentido, a empresa tem vindo a proceder à instalação dos troços de coletor ainda em falta e à execução de ramais de saneamento, em vários arruamentos da cidade, de modo a permitir a ligação de todos os prédios à rede de drenagem de águas residuais e a condução dos esgotos às Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR's) do Freixo e de Sobreiras, assegurando o seu correto tratamento e uma qualidade do efluente rejeitado compatível com o destino final.
Ligações à rede pública de saneamento em marcha
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: AP
No âmbito do projeto 'Porto Saneamento 100%', a Águas do Porto (AP) pretende ligar todos os prédios da cidade à rede de saneamento, eliminando as descargas de águas residuais no meio natural bem como as ligações indevidas ao sistema de águas pluviais. O grande objetivo deste projeto tem por fim a eliminação total das descargas indevidas no meio natural e no sistema de águas pluviais, que provocam situações de insalubridade e de risco para a saúde pública, assegurando uma melhoria da qualidade da água das
As zonas prioritárias de intervenção encontram-se maioritariamente localizadas na zona Oriental (subbacias hidrográficas dos rios Tinto e Torto) e na zona Norte (sub-bacias hidrográficas das ribeiras da Asprela, Amores e Picoto). Nos seus cinco anos de atividade, a AP já instalou cerca de 32 quilómetros de coletores e 6.256 ramais domiciliários, sendo que, só no ano de 2011, foram construídos cerca de oito quilómetros de coletores e 1.232 ramais de ligação, tendo-se atingido, até ao momento, os 37.591 prédios ligados à rede pública de saneamento. O aumento, em termos de drenagem de águas residuais, decorre da ligação à rede de 5.379 prédios existentes entre 2006 e 2011. Q
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Novas Ligações (N.º)
503
538
1.526
966
1.122
724
Prédios Ligados (N.º)
31.838
32.376
33.902
34.868
35.990
36.714
Evolução das ligações prediais à rede pública de saneamento
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atravĂŠs dos tempos
Alfândega 84
casa do Infante Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
velha
O edifício, que hoje conhecemos por Casa do Infante, foi mandado construir, em 1325, por D. Afonso IV, para servir de "almazém" régio, contra a vontade do Bispo, então senhor do burgo, e terá sido o local de nascimento do Infante D. Henrique. Ao longo dos séculos, o edifício albergou diversas atividades do comércio, finanças e tesouro, inclusive a cunhagem de moeda. Constituído por duas torres - Norte e Sul - a primeira destinava-se a habitação enquanto que, na segunda, se desenvolvia toda a atividade económica da cidade do Porto.
O edifício da velha Alfândega está intimamente associado à figura do Infante D. Henrique que, de acordo com a tradição, terá nascido neste local, em 4 de Março de 1394. A origem portuense do Infante D. Henrique foi divulgada através das crónicas de Fernão Lopes, e no Arquivo Histórico Municipal do Porto existe o documento com as despesas efetuadas durante as festas do seu batizado, em 8 de Março de 1394. A ligação do nascimento do Infante ao edifício da velha Alfândega pode ser explicada com base em pesquisas que revelaram que a torre Norte do edifício seria destinada a habitação do almoxarife do rei, podendo ter sido este um local de estadia da Corte, uma vez que os reis ficavam alojados no edifício mais importante da cidade. Recorde-se que o herdeiro do trono, D. Duarte, nascera em Viseu três anos 85
através dos tempos antes e precisamente nas mesmas circunstâncias, em casas do almoxarife. A credibilidade da versão popular assenta ainda no facto de se tratar do maior edifício civil do burgo e de ser propriedade da Coroa, usando o rei do seu direito de aposentadoria.
Séculos de História Já foi Alfândega Régia, Contadoria da Fazenda e Casa da Moeda, onde Pêro Vaz de Caminha foi funcionário. A Casa do Infante, classificada como monumento nacional em 1924, foi construída por D. Afonso IV para servir de "almazém" régio, tendo sido, assim, que nasceu a Alfândega do Porto, por onde eram encaminhadas todas as mercadorias que chegavam à cidade, a fim de ser cobrado o respetivo imposto, fosse por terra ou por rio. O edifício primitivo, um dos mais importantes da cidade, era constituído por duas torres e um pátio central, cuja localização ainda se pode identificar. Os pisos mais elevados da torre Norte funcionavam como local de habitação, enquanto que na torre sul se desenvolvia a atividade económica e comercial da cidade. O desenvolvimento comercial refletiu-se na progressiva monumentalização do edifício alfandegário, que, no século XIV possuía já, na parte oriental, um amplo recinto, onde funcionava a Casa da Moeda, e no século XV sofreu uma ampliação por ordem de D. João I. No século XVII, entre 1607 e 1688, a Casa da Moeda medieval foi parcialmente demolida durante um interregno de laboração, passando a funcionar, mais tarde, em metade do seu espaço inicial, a leste da alfândega. 86
Nas imediações do edifício foram-se concentrando importantes serviços da Coroa, como a Contadoria da Fazenda e o Paço dos Tabeliães, onde também se localizava a Bolsa dos Comerciantes, para além de inúmeras casas de oficiais régios, profissionais de relevo da área financeira e de gente abastada da cidade. A construção do cais de desembarque e a abertura da Rua Nova - hoje Rua do Infante D. Henrique - surgiram em virtude do desenvolvimento da zona ribeirinha, tendo desempenhado um papel fundamental no seu ordenamento urbanístico.
casa do Infante fante passado a ser utilizada por particulares, como armazém de mercadorias. Em meados do século XX, o edifício veio a ser alvo de profundo restauro pela Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, tendo sido, então, ocupado pelo Gabinete de História da Cidade que, em 1980, deu origem ao Arquivo Histórico Municipal do Porto, onde é conservada toda a documentação camarária, desde o período medieval, bem como o conjunto de documentos que personificam a cidade e que possibilitam fazer a sua reconstrução histórica, nomeadamente diversos manuscritos da Idade Média e a Série das Vereações. Arquivo histórico e museu
Era moderna e contemporaneidade No séc. XVII, todo o conjunto arquitetónico que englobava a alfândega e a Casa da Moeda sofreu profundas alterações, tendo sido demolida a parte superior das torres, que deu lugar a dois amplos cobertos. Numa porta, que liga o pátio central ao setor Leste do edifício, existe uma inscrição de 1677 que assinala essa obra. Os serviços alfandegários funcionaram neste local até ao século XIX, sendo então transferidos para o edifício de Miragaia, que passou a ser denominado entre os portuenses por "Alfândega Nova", tendo a Casa do In-
As necessidades deste serviço implicaram a remodelação da casa, aproveitando-se a circunstância para o estudo das raízes históricas do edifício. Os resultados das escavações arqueológicas, permitiram um conhecimento mais pormenorizado do local e da sua utilização ao longo dos séculos. Para além dos objetos do quotidiano, nomeadamente cerâmicas, vidros e selos da alfandegagem, que constituem importantes indicadores dos fluxos comerciais que abasteciam a cidade do Porto, a pesquisa arqueológica permitiu, ainda, a descoberta de vestígios anteriores, uma vez que foram encontrados testemunhos da ocupação romana, destacando-se os primeiros mosaicos do Baixo Império encontrados no Porto. A musealização destes vestígios, no local onde foram descobertos, foi um elemento fundamental para a transformação das instalações, onde um circuito museológico de visita ilustra, agora, a história do local, desde a ocupação romana, com recurso a aplicações multimédia e a uma maqueta interativa representando o Porto Medieval. O edifício, que reabriu ao público em 2001, após as obras de remodelação, e que está dividido em duas partes arquivo histórico e museu - beneficiou de uma melhoria na qualidade dos serviços, com o aumento da capacidade dos depósitos e aperfeiçoamento das condições de preservação dos documentos, bem como com a implementação de laboratórios especializados em conservação e restauro, amplas salas de leitura (disponíveis também via Web) e uma extensa área cultural. De todo o circuito faz ainda parte uma biblioteca especializada em assuntos portuenses, que serve de apoio direto aos investigadores, e que possui um núcleo específico sobre o Infante D. Henrique. Q 87
autarquias
Reagir à crise Para o presidente da Câmara de Matosinhos, mais do que problemas financeiros, Portugal enfrenta graves questões de confiança e autoestima, defendendo que é necessário reaproximar os cidadãos da política.
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matosinhos Com as atenções voltadas para a criação de estímulos que permitam impulsionar o país a sair da crise, Matosinhos defende que o mais importante é não cruzar os braços e contrariar a "quebra de confiança" assumida pela população. Numa altura em que Portugal enfrenta graves dificuldades financeiras, o presidente da autarquia, Guilherme Pinto, identifica outro problema ligado a uma evidente perda "de autoestima" dos cidadãos. Ainda assim, para o socialista, "a zona norte está a reagir melhor à crise do que a zona sul", uma vez que a economia da região, "sobretudo virada para a exportação e para a produção de bens transacionáveis", continua a "crescer". "Mas o problema do país é também a perda de autoestima", notou o autarca, defendendo que "a forma como se faz discussão política e se colocam os pro-
blemas gera uma quebra de confiança total e absoluta dos cidadãos para consigo próprios e para com aqueles que os dirigem". Inverter essa tendência é, para Guilherme Pinto, a tarefa "mais difícil". "A responsabilidade é de todos. As exportações cresceram 6,5% o que, numa altura de crise como esta, em que as economias estão a decrescer, é importante. No entanto, a notícia refere é que as exportações não cresceram tanto como no ano passado", referiu, lamentando que exista "sempre uma forma tão negativa" de encarar os factos. Outro aspeto que merece a reprovação do autarca é a Reforma Administrativa do Poder Local, que Guilherme Pinto considera ser "um absurdo". "Não vamos colaborar porque esta reforma territorial não faz qualquer sentido", defendeu, explicando que a preocupação dos Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Francisco Teixeira (CMM)
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governantes deveria ser a de "reaproximar a política dos cidadãos". "Entendo que seria necessário criar condições para uma maior proximidade entre os cidadãos e a atividade política e, se quisessem fazer uma reforma em condições, deveríamos, então, perceber porque é que havemos de partidarizar os confrontos até ao nível das juntas de freguesia, ao invés de aproveitarmos para apelar ao voluntariado das pessoas", salientou. Para o presidente da Câmara de Matosinhos, Portugal devia seguir o exemplo do estrangeiro, dando mais poder de decisão à própria população. "Esta experiência é muito importante e já se faz noutros países - em que os cidadãos são escolhidos aleatoriamente para dinamizarem o seu bairro ou a sua comunidade", descreveu, acrescentando que "eliminar freguesias não induz nenhuma poupança". Na lista de preocupações da autarquia está também o crescente nível de burocratização a que os processos conduzidos pela câmara são submetidos, "fazendo com que se perca dez vezes mais tempo", na medida em que, para o presidente, a legislação passou, "de
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uma situação que se queria mais simples, para uma profundamente complexa, que praticamente inviabiliza a gestão atempada de alguns dossiês". Turismo: uma aposta estratégica "sempre presente" A propósito da necessidade de adotar uma atitude de dinamismo perante as dificuldades do país, Guilherme Pinto defendeu que o setor do turismo é uma "arma" essencial para a saída da crise. "Aliás, desde que sou presidente, essa tem sido uma das apostas que temos vindo a fazer", salientou. "É evidente que as pessoas podem achar que se faz mais ou menos, mas eu recordo que reformulámos toda a orla costeira, a pensar num turismo de proximidade", afirmou o socialista. A restauração é outro elemento chave destacado pelo autarca, assim como "a valorização de ativos do território" do concelho. "Este ano, para além dos Hospitalários no Caminho de Santiago, tivemos um encontro de Piratas - uma recriação daquilo que era o ambiente vivido durante muitos séculos ao longo da costa portuguesa, particularmente em Matosinhos", contou, em declarações à Viva, afirmando tratar-se de "mais um pretexto para atrair os cidadãos". Guilherme Pinto salientou, contudo, que a iniciativa privada também deverá sentir "que fazem falta lojas dedicadas à venda de produtos na área dos cruzeiros". "Ainda não conseguimos materializar uma loja porque o edifício está em construção. Mas, mais importante do que aquilo que o público pode fazer, é a iniciativa privada movimentar-se também nesse sentido", defendeu.
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autarquias vestimentos". O autarca justificou, assim, a aposta "na construção de uma incubadora de empresas de design no mercado municipal, na criação de uma montra para a Escola de Design de Matosinhos e na realização de outros projetos culturais que atraiam parte dos turistas que chegam ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro". Guilherme Pinto sublinhou ainda que o concelho está também a tentar induzir a presença de indústria, "não a que caracteriza Matosinhos, mas uma indústria nova, sobretudo ligadas às novas tecnologias, nas quais a instalação do CEIIA será uma parte importante da estratégia". Porto de Leixões no centro das atenções A situação do Porto de Leixões continua a merecer a preocupação da Câmara Municipal de Matosinhos. "Em relação ao Aeroporto do Porto, temos de garantir que, a haver uma concessão, os investimentos necessários para o futuro crescimento da infraestrutura estejam garantidos. (...) Mas o Porto de Leixões precisa de muita atenção porque, se não conseguirmos investir de forma a termos os navios de futuro lá acostados - que são os navios acima de 14 metros - vamos ter alguma dificuldade em poder atender àquilo que são as suas necessidades de futuro", explicou o presidente. De resto, a autarquia tem em mãos "diversos projetos". Um dos mais "decisivos" para o concelho será o da construção de um novo polo de engenharia e investigação do Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel (CEIIA), que pretende colocar Matosinhos no mapa do cluster aeronáutico português. Segundo Guilherme Pinto, o contrato de financiamento do projeto está fechado, pelo que as obras deverão arrancar brevemente. Segundo o autarca, o balanço do processo de infraestruturação concretizado nos últimos anos é "positivo". "Temos 100% de saneamento, 100% de tratamento e recolha de resíduos sólidos urbanos, 100% das escolas, temos quase fechado o dossiê da área social (dos centros de dia, lares da terceira idade), estamos a 80% em termos de matéria de equipamentos desportivos - faltarão dois ou três campos de futebol", resumiu. Assim sendo, notou, "os principais investimentos que a autarquia tem de fazer são os potenciadores de dinamização económica, isto é, que tenham capacidade para atrair pessoas e outros in92
Combater a pobreza e a solidão através do voluntariado Apesar de considerar que os cidadãos estão, nesta fase, "mais disponíveis" para a solidariedade, Guilherme Pinto considera que "ainda há um longo cami-
nho a percorrer", espelhado na baixa adesão conseguida pelo V.E.M. - Projeto de Voluntariado em Matosinhos, destinado a sensibilizar e mobilizar as pessoas para o apoio aos mais carenciados. "O que acontece é que, nestas matérias de intervenção social, é muito importante ter estruturas a que as pessoas possam recorrer em caso de problemas profundos", salientou o autarca, em referência à solidão, "que é um dos maiores problemas que nós temos na nossa comunidade". Para o presidente da câmara é, por isso, fundamental que as pessoas que se comprometem com o voluntariado assumam uma "atitude profissional" e que existam cada vez mais cidadãos disponíveis para as questões sociais. "Nós temos de responder a estas questões com alguma solidez. As iniciativas de solidariedade isoladas são interessantes, mas não passam de fogachos", alertou o também presidente do Fórum Europeu para a Segurança Urbana. Q
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Agenda cheia na 'rentrée autárquica' A construção dos novos centros escolares da Serra do Pilar e da Lavandeira, a par da oferta dos livros escolares a todas as crianças do concelho que frequentam o 1.º ciclo do ensino básico, foram as grandes novidades que marcaram a agenda da 'rentrée política' da Câmara de Gaia, que está ainda a participar na reabilitação do Bairro de Cabo Mor. A autarquia assinalou, também, a parceria de uma década com o FC Porto. 94
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Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: CM Gaia
Duas décadas de "parceria perfeita" com o FC Porto "O sucesso do FC Porto em Gaia foi o primeiro passo na construção da cidade única - Porto/Gaia", escreveu Luís Filipe Menezes, presidente da autarquia, na placa comemorativa do 10º aniversário do Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia, vulgarmente conhecido por Centro de Estágio do Olival. Nesta placa, colocada à entrada da bancada do Estádio Luís Filipe Menezes, ficou também manuscrita a mensagem de Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, que evidencia uma "parceria perfeita" entre o clube e o município gaiense. "Dez anos de sucessos, de vitórias e de uma parceria perfeita entre
o FC Porto e a Câmara Municipal de Gaia", registou o dirigente portista. Tiago Barbosa, um menino de dez anos que nasceu no mesmo dia deste equipamento desportivo, completou os manuscritos para memória futura com uma frase que assinala a esperança das crianças. "O meu destino é ser campeão". A cerimónia teve, nas mensagens registadas numa placa de zinco, o ponto alto das comemorações do 10.º aniversário do Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia, que decorreu durante o intervalo de um encontro amigável entre a equipa B do FC Porto e o Celta de Vigo, que terminou com a vitória dos portistas por 4-0. Luís Filipe Menezes manifestou o desejo de continuar esta parceria, enquanto que o presidente portista evidenciou o seu sucesso. "Depois de várias tentativas para encontrar um espaço na Região Norte para construir este centro, foi por iniciativa de Luís Filipe Menezes que partimos para esta aventura. Foi uma parceria de sucesso, com uma compreensão total e uma realização perfeitamente conseguida nos objetivos que pretendíamos". Novos centros escolares já em funcionamento Os Centros Escolares da Serra do Pilar e da Lavandeira, situados na freguesia de Oliveira do Douro, entraram em funcionamento em setembro. As unidades educativas, que representam um investimento global que ronda os 10 milhões de euros, têm capacidade para cerca de mil alunos do ensino básico e, de acordo com o vice95
autarquias
presidente da Câmara de Gaia, Firmino Pereira, "fazem parte de todo o trabalho desenvolvido pelo município, através do Pelouro da Educação, no que diz respeito à modernização do parque escolar", salientando que "não fazia sentido abrir novos centros escolares no concelho se as 102 escolas que integram o parque escolar estivessem em más condições". A capacidade de integração dos alunos do ensino básico das freguesias de Oliveira do Douro, Mafamude e Santa Marinha, o horário alargado - entre as 07h30 e as 19h30 (o regime de ATL funciona entre das 07h30 às 09h00 e das 17h30 às 19h30), a existência de auditórios, laboratórios, pavilhões desportivos, cantinas, quadros interativos e o acesso às novas tecnologias são mais valias dos novos centros escolares, evidenciadas pelo autarca, que reforçou a intenção do município avançar para a construção de mais três centros escolares em Avintes, Arcozelo e Pedroso (os dois últimos em projeto). "Gaia ficará, assim, completa a nível de oferta educativa para mais de duas décadas", garantiu, salientando que os novos equipamentos escolares pretendem "acabar com o regime duplo nas escolas", impondo-se como um complemento da oferta da rede pública escolar no concelho. Livros escolares gratuitos O município gaiense ofereceu, pelo quinto ano consecutivo, os livros escolares às 14 mil crianças que frequentam o 1.º ciclo do ensino básico, mantendo, assim, a medida de apoio social, que beneficia 12 mil famílias e comerciantes locais, e que representa um esforço financeiro de meio milhão de euros. "Mantive96
mos, contra a corrente da austeridade, o apoio aos livros escolares a todas as crianças que frequentam o ensino básico no concelho. Esta medida significa ajudar mais de 12 famílias que deixam de ter essa despesa, que representa um peso enorme no seu rendimento disponível", justificou Menezes, durante a cerimónia de assinatura do protocolo para a atribuição gratuita de manuais escolares aos alunos do 1º ciclo do ensino básico, celebrado entre o município, a Associação Comercial de Gaia e a Federação das Associações de Pais de Gaia, lembrando o duplo benefício desta medida. "A obrigatoriedade de os livros escolares serem adquiridos nas livrarias e papelarias que aderiram à medida (num total de 13), deu a estes comerciantes a possibilidade de verem as suas pequenas economias de escala melhoradas, até porque as famílias precisaram, também, de adquirir diverso material escolar". No fundo, esta medida permite, de igual forma, dar algum alento ao comércio tradicional. Fundamentado nos princípios da obrigatoriedade, universalidade e gratuitidade do ensino, o autarca considerou esta medida "inquestionável". Por isso, há muito que defende o seu alargamento até ao 9º ano de escolaridade, embora de acordo com um processo de transferência de competências diferente daquele tentado pelo anterior Governo. "Não de forma coerciva, mas sim de maneira participada", garantiu, anunciando a apresentação de novos projetos inovadores na área das políticas educativas. "Se, no futuro, eu tiver responsabilidades autárquicas em qualquer outro sítio, esta medida será transladada. As crianças terão sempre livros escolares gratuitos. Do ponto de vista social, é uma medida incontornável", sublinhou Luís Filipe Menezes.
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Por seu turno, o próximo ciclo político anuncia a continuidade numa gestão municipal eficaz, uma vez que, ao mesmo tempo que o município investiu cerca de 1,2 mil milhões de euros, financiados em 80 por cento por capitais próprios, também assistiu a uma redução acentuada do passivo autárquico. Câmara ajuda Estado na reabilitação do Bairro de Cabo-Mor O município de Gaia está a colaborar com o Estado na reabilitação do Bairro de Cabo Mor, situado na freguesia de Mafamude, o que mereceu aplausos da população residente, maioritariamente de etnia cigana, durante a visita efetuada por Luís Filipe Menezes às obras em curso. "Viva o nosso presidente! Viva a Câmara de Gaia que vai tomar conta de nós!", foram algumas das frases que se fizeram ouvir durante a visita do autarca. "Durante muitos anos, o Estado deixou estas pessoas abandonadas, o que é uma profunda injustiça. Finalmente, esta nova administração do IHRU teve consciência de que é preciso resolver o problema", afirmou Menezes, acompanhado pelo arquiteto Loza, diretor regional do Norte do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). "É necessário que estejamos atentos às famílias que aqui vivem, e que entretanto cres-
ceram, construir mais casas, ver em que condições vivem os jovens casais, saber se têm dinheiro para alimentar os filhos, se têm emprego, enfim, tentar melhorar a vida destas pessoas", garantiu, aproveitando para reafirmar o reforço das políticas sociais no concelho. Uma década depois de ter construído mais de 30 empreendimentos sociais e realojado cerca de 4000 famílias, o autarca prossegue as suas políticas sociais através da reabilitação de bairros pertencentes ao Estado (tal como está a acontecer com a urbanização de Vila d'Este), numa lógica de dignificação e igualdade de condições de habitabilidade de todas as pessoas residentes no concelho. O Bairro de Cabo Mor é propriedade do IHRU, mas conta com a preciosa ajuda do município gaiense na sua reabilitação, uma obra iniciada em Maio de 2012 que tem conclusão prevista para o primeiro trimestre de 2013, num investimento aproximado de um milhão de euros. As obras em curso, neste bairro com 72 habitações, implicam a reabilitação da envolvente, coberturas e zonas comuns, substituição das caixilharias exteriores, reconversão das caves em frações habitacionais (aumentando para 84 o número de habitações), reformulação das entradas dos blocos e habitações existentes em cave, construção de logradouros, trabalhos diversos nas instalações elétricas, de telecomunicações e hidráulicas. Q 97
amp
Projetos de âmbito
A Junta Metropolitana do Porto tem vindo a apoiar diversas iniciativas dos municípios que fazem parte da área geográfica que representa. Para além da dinâmica na defesa dos interesses de toda a região, a estrutura intermunicipal pretende, ainda, a divulgação de todos os projetos que contribuam para o seu desenvolvimento. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: GPA
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regional
pois do sucesso que foi o Congresso Internacional de Geoturismo, que levou a Arouca, em novembro de 2011, alguns dos mais reputados especialistas mundiais na temática, o Arouca Geopark voltou, este ano, a transformar-se num centro de debate e partilha de ideias e de boas práticas no âmbito da preservação e divulgação destes territórios. "Crescimento sustentável, inclusivo e inteligente", a partir do programa "Europa 2020", lançado pela União Europeia, foi o mote para esta conferência, com centro no novo pavilhão multiusos da escola secundária de Arouca. Envolver as comunidades educativa e local nas sessões da conferência, nas exposições e na animação cultural, foi um dos objetivos da organização, com vista à promoção do contacto e à troca de experiências com os conferencistas. O evento contou, ainda, com visitas ao pólo "geoparquiano", ao Centro de Interpretação Geológica de Canelas e aos geossítios da serra da Freita, estendendo-se, ainda, as saídas de campo ao Geoparque Naturtejo e ao dos Açores (em processo de candidatura a geoparque). Geoparque de Arouca
11ª Conferência Europeia de Geoparques Mais de 30 países, de todo o mundo, marcaram presença na 11ª Conferência Europeia de Geoparques, que se realizou, entre 19 e 21 de setembro, no Arouca Geopark. Durante três dias, a estrutura funcionou como centro mundial de debate em torno dos territórios Geoparques, com vista a um crescimento inteligente, inclusivo e sustentável, partilhando os objetivos da "Estratégia Europa 2020". Conhecimento e inovação, incremento de uma economia sustentável, do emprego e da inclusão social foram as temáticas abordadas num evento que acolheu cerca de 300 conferencistas. De-
Os geoparques são territórios com limites bem definidos que possuem um notável património geológico, aliado a toda uma estratégia de desenvolvimento sustentável. O Geoparque Arouca, correspondendo à área administrativa do concelho, é reconhecido internacionalmente pelo seu diversificado património geológico, cujo destaque vai para as Trilobites gigantes de Canelas, as Pedras Parideiras da Castanheira e os Icnofósseis do Vale do Paiva. Este valioso e singular património cobre um total de 41 geossítios, que constituem a base do Geoparque de Arouca, e beneficia de uma estratégia de desenvolvimento territorial que assegura a sua proteção e dinamização à qual, em simultâneo e em complementaridade, se associam outros importantes valores arqueológicos, ecológicos, históricos, desportivos e culturais, bem como a promoção da etnografia, artesanato e gastronomia da região, tendo em vista a atração de um turismo de elevada qualidade, baseado em valores naturais e culturais. Junta Metropolitana pretende reabilitação da Linha do Vouga A Linha do Vouga, originalmente conhecida como Linha do Vale do Vouga, é um troço ferroviário que liga 99
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a Linha do Norte, em Espinho, à do Dão, em Viseu, numa extensão de 140 quilómetros, e que entronca, em Sernada do Vouga, com o ramal de Aveiro, tendo sido inaugurada em fevereiro de 1914. Atualmente é uma linha secundária, com ligações à Linha do Norte em Aveiro e Espinho, sendo que os troços que registam o maior movimento ferroviário são os que ligam Aveiro a Águeda e Oliveira de Azeméis a Espinho. Depois de décadas de funcionamento, a necessidade de renovação e requalificação desta linha tornou-se urgente, devido à sua natureza sinuosa, tendo sido encomendado, em 1995 à empresa Pró Atkins, um estudo de viabilidade da sua reabilitação, no âmbito de um concurso levado a cabo pela Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (AMTSM). Nessa altura, o documento dava conta de alguns constrangimentos que continuam a verificarse, atualmente, na Linha do Vouga, nomeadamente o excesso de curvas apertadas, que restringe a velocidade das composições aos 50 quilómetros/hora, diminuindo a atratividade do percurso, ao mesmo tempo que reduz a sua operacionalidade. Inclusão nos serviços ferroviários urbanos do Porto No sentido de sustentar a viabilidade da inclusão do troço da Linha do Vouga, entre Espinho e Oliveira de Azeméis, nos serviços urbanos do Porto da CP - no âmbito de qualquer concurso que venha a ser realizado para a concessão global destes serviços - a Junta Metropolitana do Porto encomendou, recentemente, um estudo que trouxe uma maior atualidade às pretensões daquele organismo no sentido de reabilitar a 100
Linha do Vouga, uma vez que o último foi elaborado há quase duas décadas. O documento, elaborado pela TRENMO, em março de 2012, demonstra que existem "soluções de viabilidade para a reconversão da Linha do Vouga, caso sejam cumpridos determinados pressupostos", já que os cenários simulados "consubstanciam uma reformulação total do serviço, com um investimento no troço Oliveira de Azeméis - Silvalde e posterior ligação à estação de Espinho da Linha do Norte, permitindo a criação de um serviço Oliveira de Azeméis - Porto que se propõe integrar na operação dos Urbanos do Porto" num eventual cenário de privatização da CP, que poderá avançar já em 2013. No documento pode ainda ler-se que esta solução "simulada implica o investimento e operação por parte de um agente privado, com as vantagens em termos de racionalização de custos que daí advêm", concluindo que existe um potencial forte de procura captada para este serviço, tendo em conta as importantes ligações que iria permitir, e a procura em modos alternativos atualmente existente nestas ligações, sendo que o sucesso desta solução está dependente de algumas
variáveis" nomeadamente em termos do "nível de investimento, operação prevista e custos dela decorrentes, tarifário definido para o serviço e nível de comparticipação comunitária do projeto". O estudo conclui que o projeto de reabilitação da Linha do Vouga é exequível para "a reconversão total de uma infraestrutura ferroviária que, atualmente, não é viável e que poderá ser encerrada a curto prazo", caso se mantenha o cenário atual. Esta alternativa representa um salto qualitativo na melhoria das acessibilidades ao transporte público para a população abrangida. Q
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sugestões culturais Coliseu do Porto Rua Passos Manuel, 137 - 4000-385 Porto Tel. 223394940 | Fax. 223394949 www.coliseudoporto.pt 30 e 31 outubro, 1 de novembro 2012 | 21:30 horas Concerto Ornatos Violeta "1991-2002" Depois de um conjunto de concertos esgotados, os Ornatos Violeta decidiram acrescentar novas datas à celebração "1991-2002" nos Coliseus de Lisboa e do Porto. Pouco tempo após a memorável presença no festival Paredes de Coura, durante o qual tocaram, na íntegra, o aclamado álbum "O Monstro Precisa de Amigos", a banda promete revisitar todo o seu repertório nas próximas atuações. Formados em 1991 por Manuel Cruz (letras e voz), Nuno Prata (baixo), Kinorm (bateria), Elísio Donas (teclados) e Peixe (guitarra), os Ornatos Violeta editaram dois álbuns: "Cão!", em 1997, e "O Monstro Precisa de Amigos", em 1999. O preço dos bilhetes para o concerto varia entre os 25 e os 35 euros.
22 novembro 2012 | 21:30 horas Concerto Daniela Mercury A cantora e compositora Daniela Mercury está de regresso a Portugal para dois espetáculos nos Coliseus do Porto e de Lisboa, durante os quais pretende revisitar o seu último álbum "Canibália", lançado este ano no nosso país, e outros "hinos" da sua carreira como "Canto da Cidade", "Rapunzel", "Nobre Vagabundo" ou "Ilê Pérola Negra". No regresso às salas portuguesas, a artista brasileira promete algumas surpresas, nomeadamente a parceria em palco com alguns dos grandes nomes da música nacional. O preço dos bilhetes varia entre os 15 e os 30 euros.
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Música "Girl on Fire" - Alicia Keys Depois de ter lançado, em junho, o single "New Day", Alicia Keys confirmou a data de apresentação do seu próximo disco de estúdio, "Girl on Fire", que estará nas lojas a partir do dia 27 de novembro. Trata-se do quinto álbum da cantora americana, que aborda, agora, a temática da confiança e do poder dos instintos. Apesar de um reconhecido talento no piano, cuja utilização é habitual nos seus trabalhos, Alicia deixa de lado o instrumento em "Girl on Fire", que conta com a participação de Babyface, Emeli Sandé e Jamie XX, do grupo The XX, e que teve inspiração numa série de viagens pelo mundo, "especialmente por Londres, Jamaica e Nova Iorque".
Cinema A Saga Twilight: Amanhecer Parte 2 Estreia 16 de novembro de 2012 A Saga Twilight, inspirada nas obras de Stephenie Meyer - que conta a história de Isabella Swan (Bella), uma adolescente que se muda de Phoenix para Forks, em Washington, experimentando um mundo totalmente novo ao apaixonar-se pelo vampiro Edward Cullen - está prestes a chegar ao fim. Na segunda parte do episódio final, que chega às salas de cinema no dia 16 de novembro, Bella (interpretada por Kristen Stewart) é finalmente transformada por Edward (Robert Pattinson), tornando-se imortal. O nascimento da filha do casal, Renesmee, vai despoletar uma série de acontecimentos que deixará os Cullen encurralados e contra os Volturi, desencadeando-se uma sangrenta batalha.
Teatro Nacional São João Praça da Batalha | 4000-102 Porto Tel. 223401900 3 e 4 novembro de 2012 Hell Publicado pela escritora Lolita Pille, o romance "Hell", que rapidamente se tornou um campeão de vendas em França, vai chegar aos palcos, pelas mãos do realizador Héctor Babenco e do encenador Marco António Braz. A obra, que aborda o degradante modo de vida de jovens com pais milionários, foi transformada num "espetáculo implacável, concebido para revelar a irresistível espiral de autodestruição da protagonista", interpretada pela atriz Bárbara Paz. "Hell é um espetáculo de alta categoria, que honra o teatro como instrumento de conhecimento de nós mesmos", mencionou a crítica brasileira no jornal "O Globo".
Leitura História Prodigiosa de Portugal: Mitos e Maravilhas, de Joaquim Fernandes Na sequência de um exaustivo trabalho histórico e jornalístico, Joaquim Fernandes apresenta a obra "História Prodigiosa de Portugal: Mitos e Maravilhas", que aborda a forma como o sobrenatural foi uma presença constante até mesmo na tomada de decisões políticas, sobrepondo o emocional ao racional. Ao longo de 328 páginas, o professor da Universidade Fernando Pessoa, no Porto, e cofundador do Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência, apresenta "um país formatado pelos enlaces com o sobrenatural, os compromissos com o milagroso, as alianças com o maravilhoso e o fantástico; um país onde se revelam episódios de uma vida coletiva, mentalmente organizada em torno de mitos, crenças e lendas, que orientaram muitos dos atos políticos ao longo dos séculos, da pré- nacionalidade ao século XVIII". 103
freguesias
Clube Desportivo de Portugal Nove décadas ao serviço do desporto O Clube Desportivo de Portugal, instituição de utilidade pública, está sedeado na freguesia de Campanhã. Fundado em 25 de agosto de 1925, o clube orgulha-se de uma prática desportiva ininterrupta, ao longo da sua história, com diversas modalidades, nomeadamente halterofilismo, judo, xadrez, futsal, andebol e futebol.
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O "Desportivo" teve os seus tempos áureos durante as décadas de 60, 70 e 80 e para isso muito contribuíram as direções lideradas pelo já desaparecido Maurício Pinto, conhecido em toda a freguesia pelo saudoso "doutor Maurício", atualmente presidente honorário do clube. De acordo com Hélder Nogueira, presidente do Desportivo de Portugal, foi no andebol, nas décadas de 70 e 80, que o clube alcançou os maiores sucessos desportivos, tendo conquistado "dois títulos nacionais de juniores e competindo na 1.ª divisão nacional contando, nas suas fileiras, com vários jogadores internacionais". Embora as várias equipas de futebol do clube se tenham mantido sempre pelos distritais, foram alcançando diversos títulos ao longo dos anos. Recorde-se que o clube contou com jogadores de grande qualidade transferindo-se, alguns deles, para clubes da I Liga chegando, inclusivé, a inter-
campanhã
nacionais, "como é o caso de Duda, jogador do Málaga, de Espanha". Atualmente, e depois de 87 anos de intensa projeção desportiva na cidade do Porto, o clube conta com 125 atletas, distribuídos por todos os escalões de futebol, desde as escolinhas à equipa sénior, que treinam e jogam no
Campo de Jogos Ruy Navega, propriedade do clube, de forma gratuita. A grande maioria são oriundos dos bairros mais carenciados das freguesias de Campanhã e Bonfim e têm no Desportivo de Portugal "a única forma de uma prática saudável de desporto". Q
Bairro do Lagarteiro Integrado no programa-piloto "Bairros Críticos", o Lagarteiro, viu, recentemente, uma das principais entidades promotoras retirar-se do projeto que prevê a requalificação do bairro, através da recuperação dos blocos habitacionais, bem como da implementação de infraestruturas de apoio, com vista à integração social da população. Fernando Amaral, o presidente da Junta de Campanhã, uma das entidades que compõem a parceria do projeto, destacou a criação de uma nova associação, que irá substituir o IHRU, com vista a dar continuidade à programação e reabilitação, agendadas até 2013. De acordo com o autarca, os contactos já estão a ser estabelecidos, estando já em execução com as entidades envolvidas.
Reforço de linhas da STCP No sentido de manter a continuidade da linha ZR, a Junta de Campanhã encetou conversações com a STCP com vista, igualmente, a um alargamento do percurso dos autocarros, que agora circulam entre FreixoAreias-Bonjóia-Freixo. A empresa de transportes garantiu, ainda, um reforço na linha 400, que irá circular dentro do bairro do Lagarteiro de forma a assegurar o transporte das crianças da zona de S. Pedro e Azevedo, devido à ampliação do Agrupamento de Escolas do Cerco do Por to que integra um maior número de estabelecimentos de ensino. A linha 400 irá, mais tarde, prolongar-se até ao Parque Nascente num percurso que servirá o futuro centro de saúde de Campanhã (antiga Escola Preparatória do Cerco do Porto). De acordo com a STCP, este programa será posto em prática até ao final do ano. 105
freguesias
À conquista da responsabilidade social Até ao final do ano, Lordelo poderá transformar-se na primeira junta de freguesia do país com certificação em responsabilidade social.
Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira/Rui Oliveira
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lordelo do ouro Depois de já ter conquistado uma distinção em Qualidade, a Junta de Freguesia de Lordelo do Ouro assumiu o desafio de dar um novo passo, esperando obter, até ao final deste ano, uma segunda certificação, desta vez em responsabilidade social. Assim, a junta está a assegurar a adoção de uma série de normas, pressupostos e requisitos, quer ao nível do tratamento de todos aqueles que interagem com os seus serviços, quer ao nível dos próprios colaboradores e funcionários. Em declarações à Viva, a presidente da junta de Lordelo, Gabriela Queiroz, explicou que as estruturas físicas pertencentes ao poder local estão também a ser alvo de um processo de adaptação. "Decidimos dar um passo em frente e procurar obter a certificação em responsabilidade social. Se tudo correr conforme o previsto, seremos, até ao final do ano, a primeira junta de freguesia do país com esta distinção", salientou. A adequação do manual de procedimento interno da junta é uma das exigências do processo de certificação. "Basicamente, esse manual sistematiza a forma de agir, de fazer uma iniciativa, de concretizar um determinado evento, de emitir um documento. A responsabilidade social implica algumas atenções especiais nomeadamente no que diz respeito aos direitos, liberdades e garantias, ao respeito pelas diferenças", destacou Gabriela Queiroz, acrescentando que o trabalho da junta passa pela inclusão dos referidos aspetos no manual de procedimento. Outra fase importante do processo diz respeito à adaptação das estruturas, "por exemplo em termos de higiene e segurança no trabalho, de proteção contra os incêndios e de sinalética". A junta de freguesia dedicou ainda especial atenção às questões de caráter ambiental, "nomeadamente no cemitério", tendo em conta os produtos usados e a sua biodegradabilidade. "No fundo, é fazer com que todas estas preocupações comecem a fazer parte da rotina diária", resumiu a presidente da junta, esclarecendo que a responsabilidade social promove a aposta num comportamento ético e transparente que seja consistente com o desenvolvimento sustentável e o bem estar da sociedade. Numa fase posterior à certificação, as entidades distinguidas devem sensibilizar as empresas com as quais trabalham para a aplicação dos mesmos procedimentos. "Se formos certificados, devemos privile-
giar aqueles que, de algum modo, também cumpram as normas de responsabilidade social", mencionou Gabriela Queiroz. Fundo de Emergência dá resposta a casos de carência comprovada Com a ajuda dos cidadãos carenciados no topo das prioridades, Lordelo continua a apoiar as situações mais críticas através do Fundo de Emergência Social (FES), contemplado no orçamento da junta desde 2010. "O FES permite-nos ter algum recurso financeiro para ajudar em casos extremos", referiu a presidente da junta, esclarecendo que o fundo opera numa lógica pontual, não pretendendo, por isso, substituir a ação da Segurança Social. "Trata-se, sim, de uma ajuda extraordinária em casos de deficiência económica comprovada, seja devido a uma doença súbita que resultou no acréscimo das despesas do agregado familiar num determinado mês; seja por alguma despesa extraordinária com uma prótese, uma cadeira de rodas, uma intervenção cirúrgica: seja porque há um aviso de corte de água e luz, nomeadamente numa habitação social", explicou. Ainda assim, de acordo com Gabriela Queiroz, é importante que as pessoas percebam que o Fundo de Emergência Social não é uma verba à qual possam "recorrer reiteradamente". Na altura em que criou o FES, a junta de Lordelo pretendia apenas ter uma segurança económica disponível para os casos mais urgentes. "Só que estamos a perceber que há situações realmente dramáticas que nos passam ao lado porque as pessoas acham que não podem ser ajudadas", notou a responsável, justificando-se, assim, uma divulgação mais sistemática do apoio. Q 107
freguesias
O Forte de S. Francisco Xavier, vulgarmente conhecido por 'Castelo do Queijo', foi palco, na última semana de setembro, de uma comemoração inserida nas Jornadas Europeias do Património, que contou com uma intervenção sobre a história daquele forte, seguida de um sarau musical.
Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira
Música no 'Castelo do Queijo' 108
nevogilde Integrada nas Jornadas Europeias do Património, sob o tema "O Futuro da Memória", a Junta de Nevogilde promoveu, em parceria com a Associação de Comandos, Paróquia da freguesia, Rotary Club Porto Foz e Escola Superior de Música, Artes e Espetáculos (ESMAE), uma iniciativa de cariz cultural, aberta ao público em geral, que teve como palco o 'Castelo do Queijo'. Composta por uma intervenção sobre a história do forte, da responsabilidade do historiador e professor universitário, José Manuel Tedim, a iniciativa que decorreu a 28 de setembro, contemplou ainda um sarau musical realizado pelos alunos da ESMAE.
ce para esta pequena fortificação marítima, erguida com dinheiros públicos da Câmara Municipal Porto durante a Guerra da Restauração da independência portuguesa (1640-1668). Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1934. Jornadas Europeias do Património
Construído no século XVII (1662) para defesa costeira contra as incursões de piratas do Norte de África, o Forte de S. Francisco Xavier é vulgarmente conheci-
As Jornadas Europeias do Património são uma iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia, que envolve cerca de 50 países, e cujo objetivo é o de sensibilizar os cidadãos para a importância da salvaguarda do património. Assim, cada país elabora, anualmente, um programa de atividades a nível nacional, a realizar em setembro, acessível gratuitamente ao público. A Direção-Geral do Património Cultural, entidade responsável
do por 'Castelo do Queijo' por, segundo a tradição, ter sido edificado sobre uma rocha de granito arredondada, com um formato similar ao de um queijo. Em posição dominante sobre o oceano Atlântico e a pouca distância da foz do rio Douro, está situado na Praça Gonçalves Zarco, na freguesia de Nevogilde. Desde tempos remotos que se diz que o enorme penedo do Queijo foi um lugar de culto sagrado para os Draganes, uma tribo celta que havia chegado à Península Ibérica no século VI a.c. e, nesse local, terá sido, inicialmente, edificado um forte no século XV que, em ruínas em meados do século XVII, serviu como alicer-
pela coordenação do evento a nível nacional propôs, para a edição de 2012, o tema "O Futuro da Memória", no sentido de promover a aproximação do público ao património cultural e de realçar a sua importância enquanto memória e documento histórico do desenvolvimento das sociedades e também o seu papel para a construção do futuro. Com este objetivo, e à semelhança dos anos anteriores, estendeu o convite a agentes públicos e privados, no sentido de se associarem à iniciativa através da realização de atividades apelativas e diversificadas. Q
O 'Castelo do Queijo'
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freguesias
175 anos de história O clima é, simultaneamente, de festa e de orgulho pela história da freguesia. Em ano de comemoração dos 175 anos da integração de Paranhos no concelho do Porto, o presidente da junta e o seu executivo organizaram um conjunto de atos simbólicos destinados a enaltecer as "gentes de Paranhos". Texto: Mariana Albuquerque Fotos: JF Paranhos
Nas comemorações dos 175 anos da integração de Paranhos no concelho do Porto, a junta de freguesia tem organizado diversas atividades para honrar o passado dos seus habitantes, mantendo a luta pela defesa dos interesses dos cidadãos no topo da lista de prioridades, sob o mote "conhecer o passado é preparar o futuro!". A história de Paranhos começou a ser escrita em 1835 - com a criação da junta de freguesia - pertencen110
do, durante dois anos, às "Terras da Maia". À luz da reforma administrativa de Mouzinho da Silveira passou, em 27 de setembro de 1837, a estar integrada no concelho do Porto. A comemoração assume contornos especiais num momento em que se ultima a preparação de uma nova Reforma Administrativa do país. Assim, o presidente da junta de Paranhos, Alberto Machado, garante que está a fazer os possíveis para que a freguesia se mantenha na nova estrutura. "Temos dimensão e população para que, independentemente da forma como decorrer a reforma, possamos manter a nossa área ge-
paranhos
ográfica", referiu, reconhecendo que o processo não será fácil, uma vez que "ninguém quer perder a sua freguesia". O responsável defendeu ainda que existem juntas de freguesia "tão pequenas" que até lhes chega a ser difícil servir convenientemente a população. "Viver numa freguesia grande como a de Paranhos tem as suas vantagens", notou, referindo, a título de exemplo, as atividades realizadas a pensar na população que, "numa freguesia pequena, não são possíveis". Para assinalar o aniversário da integração da freguesia no Porto, a junta desafiou os cidadãos a apresentarem doces típicos e objetos associados à história e aos costumes de Paranhos. Glória Ferreira arrecadou o primeiro lugar na confeção da doçaria, uma vez que, de acordo com o painel de jurados, a sua proposta era a que mais se aproximava da do doce original de Paranhos. Na categoria do Património Material, o vencedor foi António Aires, pela conceção de um conjunto de chávenas com pinturas de motivos da freguesia, nomeadamente da Igreja Matriz, da capela de Nossa Sra da Saúde e do jardim de Arca d'Água. Outro dos pontos altos que marcaram a efeméride foi a sessão solene, realizada no dia 27 de setembro, que contou com a presença do Adjunto do Secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa, Ricardo Carvalho, e de Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto. No âmbito das Jornadas Europeias do Património foram realizadas várias iniciativas que promoveram a história de Paranhos, nomeadamente as exposições "Arquiteturas e Espaços de Paranhos" e "jornal Vida de Paranhos na evolução da freguesia". As conferências "As Águas de
Paranhos" e "Os lugares e os monumentos de Paranhos" foram momentos de grande participação do público. De salientar ainda a realização das visitas guiadas "Do Campo Lindo a António Cândido: a cidade abrindo-se à modernidade", "A cidade conquista o campo" e "Da avenida dos combatentes ao bloco de costa Cabral: uma viagem na primeira metade do século XX". Homenagem a figuras da arte, ciência e investigação O médico Daniel Serrão foi a primeira personalidade homenageada pela junta de freguesia, numa sessão durante a qual os cidadãos ficaram a conhecer um pouco mais da sua personalidade. O professor Francisco Carvalho Guerra foi outra das figuras em destaque no conjunto de cerimónias, salientado-se o contributo dado pelo paranhense nas áreas do ensino e da investigação, aspetos "marcantes" da sua carreira. A artista Maria Amélia Canossa, conhecida pela interpretação do Hino e da Marcha do Futebol Clube do Porto e residente em Paranhos, também foi homenageada no âmbito do aniversário da freguesia, assim como o escritor, dramaturgo e poeta Fernando Campos de Castro, que tem dado importantes contributos para o desenvolvimento cultural de Paranhos. O auditório foi pequeno para acolher todas as pessoas que quiseram participar no tributo às duas personalidades, destacando-se, por exemplo, a presença do presidente da Assembleia Geral do FC Porto, Sardoeira Pinto, e de representantes de outras associações culturais. Q 111
passatempos
Sudoku Perverso
Crítico
Crítico
Perverso
Anedotas Na universidade Uma senhora conversava com uma criança magra e esfarrapada que brincava à beira da estrada. - Pobre criança. Que faz o teu pai? - O meu pai bebe! - Bem me parecia. E a tua mãe? - Também bebe! - Lamentável! Tens irmãos? - Só um… os outros morreram todos quando eram pequeninos... - Pois, não me admira! E o que faz esse teu irmão? - O meu irmão está na faculdade de medicina. - Em medicina? Mas isso é formidável! O que é que ele lá faz? - Está num frasquinho! Engate à tuga Um português de gema, em viagem de negócios, longe da família e livre que nem um passarinho, senta-se no avião com destino a Nova Iorque, e maravilha-se com uma loira sentada junto à janela. Após 15 minutos de voo ele mete conversa: 112
- É a primeira vez que vai a Nova Iorque? - Não, é uma viagem habitual. - Trabalha em moda? - Não, viajo por causa das minhas pesquisas. Sou sexóloga. - E as suas pesquisas dedicam-se a quê? - De momento, pesquiso as características do pénis masculino. - E a que conclusão chegou? - Que os africanos são portadores de pénis com as dimensões mais avantajadas e excitantes e os árabes são os que proporcionam mais prazer às suas parceiras. Os europeus não costumam fazer parte das minhas pesquisas porque são desmotivadores, quase que não dão prazer às mulheres. Desculpe-me, mas... eu estou aqui a falar consigo e nem sei o seu nome... - Mohammed Nhantumbo!
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crónica e as cidades
Feliz no Porto
Experimente andar de nariz no ar e ver o que, normalmente, com a cabeça na sua posição normal, não veria. Repare nos beirais de cerâmica pintada, nos azulejos das cornijas, nas chaminés. Passe pela Praça dos Leões, pelas ruas de Alexandre Herculano, até à Constituição, sempre de nariz empinado. Observe toda uma variedade de janelas tradicionais e de portas, na rua do Rosário, em Cedofei-
ta, Álvares Cabral, na rua Mártires da Liberdade, em Sá da Bandeira. Passe depois para as lojas antigas, as mercearias, as confeitarias que resistiram ao "progresso", entre nelas e delicie-se com os pormenores. Vá à Praça da Liberdade ver o 'McDonald's', e investigue, na rua de Ceuta, o café com o mesmo nome, entre no Guarany e suspire de prazer - o Porto tradicional que ainda existe é o que dá carácter à cidade. E você, caminhante, é que vai perpetuar, no 'boca-a-boca', a necessidade de o preservar. Depois esqueça a arquitectura e vá de eléctrico percorrer a marginal do rio, até à Foz. Pare para ver os pássaros na ilhota da Pasteleira (só se vê bem de manhã, na maré baixa!). Perca-se no passeio, olhe para trás - para a Ponte da Arrábida - e para a frente, para o Anjo da escultora Irene Vilar. Pense como temos sorte em ter este rio neste local mágico - deixemos a Ribeira para os turistas - e mergulhe o olhar nas pedras da margem. Depois almoce na Praia do Ourigo e faça um passeio pela Avenida do Brasil, sem pressa, comendo um "croissant" no caminho. No Homem do Leme pare e olhe para o mar. Quantas cidades possuem este mar? E este mar ao pôr-do-sol? O mais admirável de todos os mares. Depois sinta-se feliz por estar no Porto. Beatriz Pacheco Pereira Directora do Fantasporto e escritora
* este texto não foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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