exercícios de ocupação e
Ocupação coletiva
de construção, narrativas,
Ananda Giuliani
desvios,interrupções – intervenções – gestos – mudanças dos termos. exercícios comuns.
César Becker Forças Amadas da Arte Gisel Carriconde Azevedo Isadora Dalle Lara Ovidio Luciana Ferreira Luciana Paiva
Mateus Lucena fotografias de alguns trabalhos
Ludmilla Alves Maria Eugênia Matricardi RUT Solar
Abertura Ananda Giuliani
10 de março de 2020 às 19:00 hs
“MUDA” é um conjunto ou reunião não-homogênea de pontos de vista, é “invenção, inversão, intervenção, reenquadramento, lapso, giro, terra, água, planta, linguagem, leitura, corpo, escavação, desmanche, domínio, mudança, posição, espaço, comum: quantas palavras ou gestos cabem no desejo e no movimento de revirar a história? Quando é que o mundo não estava acabando? Alguma coisa acontece e afia a distância entre emudecer ou mudar.
O projeto, selecionado pela Convocatória para exposições da CAL de 2017, surge do interesse por uma reunião de pontos de vista: sugeridos, provocados, interrogados, inventados pelos trabalhos. A equipe de curadores, formada por Ananda Giuliani, Isadora Dalle e Ludmilla Alves, diz que a ocupação torna-se ocasião para o encontro aberto de propostas diversas que, juntas, tecem uma rede de conexões no espaço expositivo: uma espécie de constelação por meio das diversas associações entre obras, linguagens e assuntos.
Ananda Giuliani
O mais dramático dever instalação de cordas, pedras e vidro, dimensões variáveis 2020
a instalação percorre os dois andares de acesso à Galeria Acervo da Casa da Cultura da América Latina.
Ao longo do percurso duas pedras se equilibram entre braçadeiras e roldana numa ameaça a quebra da redoma.
Num patamar de mármore branco se enterram “posse e conquista” e “construção e progresso” protegidas por um domo dourado.
O mármore vem de rejeitos da Esplanada dos Ministérios, as palavras vem de Juscelino Kubitschek no discurso de inauguração de Brasília.
Coube ao público decidir desequilibrar o sistema e expor o eixo.
César Becker
Tire os sapatos e Caminhe 600 x 20 x 20 cm escultura 2020
F.A.D.A. Coletivo
Cildragem: Plantation & Bananation instalação registro de açãoperformática 2019
Queima e enterro da bandeira brasileira às margens do Lago Paranoá, na mesma localização onde, em 1969, Cildo Meirelles realizou a ação "Arte Física Caixas de Brasília/ clareira”. Aportamos em um antigo pier do Paranoá carregando uma bandeira brasileira preta-e-branca onde se lê Plantation & Bananation. Queimamos essa bandeira e enterramos suas cinzas numa caixa de acrílico junto a um cacho de bananas e uma fotografia da bandeira hasteada.
Obs.: em 28 de setembro de um ano que ainda está por vir, quando o país da Plantation & Bananation for já então passado, a caixa será desenterrada e seus restos dispersos no vento do planalto central.
Forças Amadas da Arte: Cléber Cardoso Xavier, Gisel Carriconde Azevedo, Hilan Bensusan, Mateus Lucena, Raisa Curty e Suyan de Mattos.
Gisel Carriconde Azevedo
Plano museológico 2 instalação de objetos e fotografias / MAB dimensões variáveis 2019
Isadora Dalle
Sete terras para misturar instalação de argilas e pedras coletadas em viagem gamela toco de madeira dimensões variáveis 2020
Lara Ovídio
Dicionário Comum dicionários escolares 66 palavras que falei e meus alunos não entenderam medidas confortáveis 2020
Uma espécie de coleção de palavras incompreensíveis que truncam ou impedem que a comunicação aconteça. Está composto por 66 palavras que eu falei em aula e meus alunos não sabiam o que significavam. A coleta segue sem data para terminar. Esse trabalho poderia ser também uma lista de palavras opressoras, distanciadoras, innecessárias. Listo para questionar lugares de poder, opressões cotidianas e, também, para entender como opera a linguagem na luta de classes.
Frase Verde II pigmento mineral sobre papel fotográfico 108X67 cm 2020
Luciana Ferreira
Leitura 1 Vídeo 10'45" 2016
Leitura 2 Vídeo 1'56" 2017
Leitura 3 Vídeo 7'57" 2018
Luciana Paiva
Texto: Saudade instalação 10 letras de metal pintadas de preto dimensões variáveis 2020
Em "texto: saudade" realizo uma reorganização pensada especificamente para o espaço da CaL com 10 letras de metal (a maior delas com cerca de 2,5 de comprimento) que já utilizei em montagens anteriores. Além de questões sobre a visualidade e espacialização do texto recorrentes em meu trabalho e da noção de reorganização (usar a mesma coisa de outro jeito), esta montagem coloca com mais evidência a necessidade da presença física. As letras não formam um texto legível, mas colocam-se em relação ao corpo do espectador que percorre o espaço e as visualiza em alturas, distâncias e velocidades diferentes, produzindo outras possibilidades de leituras.
Ludmilla Alves Novo mundo, Fim do mundo instalação em processo, carvão, pigmentos de pedras coletadas no cerrado, paginas de livro, papel carbono, retalhos alterados do volume História das Civilizações, capítulos Grandes Descobrimentos 2020
Memória do Fogo (série de golpes) Instalação Carvão e cabo de aço 2018
Maria Eugênia Matricardi Corpo contra conceito participantes Diego Azambuja e Rogério Luiz 4’16’’ registro de performance 2013 Fotografias de Thalita Perfeito e Alexandre Martins
Rut Solar
Corpo contra conceito Maria Eugênia Matricardi Um corpo nu, um caminhão pipa com vinte mil litros de água, dois homens para segurar a mangueira, uma estrutura arquitetônica limpa visualmente, fim de tarde, pôrdo-sol. Água, luz, corpo. Água densa, flexível, abraça formas existentes, se molda, flui capaz de deformar e perfurar as superfícies mais duras. Retiro o roupão, me posiciono nua de costas para a parede externa do museu, peço para acionarem a mangueira na pressão máxima. O corpo intima o fluxo, estabelece lugar de combate. O jorro de água comprime, deforma a carne, superfície contra superfície; espaço incidente onde as coisas se manifestam em sua materialidade somente em relação ao seu limite contra o espaço. Contraposição: estar contra como forma de engendrar com-tato, zonas de aderência. Corpo contra conceito. Conceito contra conceito. Corpo contra corpo. Na vulnerabilidade de deixar-se escorrer, deixar o corpo vibrar sem organismo. Pele água, pele fluxo, pele ar, quase nada, poça no chão. O corpo incorre, escorre, se lança, se expõe, flui, se deixa arrebatar pela pressão do jato, é empurrado contra o duro, concreto, realidade: limite inegável que se impõe como barreira material. Atua no limite propondo deslimites.
A violência desta ação nada tem a ver com a violência das guerras ou da polícia. Em ambos os casos a violência transpassa o corpo, o sistema nervoso, a carne. Mas uma lhe faz mergulhar na sensação abrindo caminhos para que se possa conhecer outros lugares de experimentação, onde a vida não depende do organismo, por isso mesmo vai além dos limites do que é representado, vivido. A outra lhe rouba a subjetividade, atua por medo e constrangimento, determina e localiza os lugares onde podem habitar as sensações, estancando, desta forma, a potência do sensível. Se me lanço na tempestade variável é para sentir o corpo vibrar, não o organismo. O jato de água violento dispersa manifestações, cala a revolta dos presos em ritual humilhatório, controla. Ele é trazido na ação com a crueza arrebatadora de um poder, sem o horror destas imagens, somente com a sensação que o torna controle presente em diversos níveis, agência do poder imanente sobre o corpo, deformando a carne. Este é um fato recorrente, mas se atualiza na ação como acontecimento singular. Preferi usar poucos elementos, deixar acontecer com força de reverberação própria, sem poluição visual ou simbólica. A brutalidade não anula a beleza. Prefiro quando o corpo diz sem dizer. Grita em silêncio fazendo a vida reverberar na superfície da pele. Suspende hábitos, rasga roupa, entende corpo como corpo, só isso, tudo isso… muitos podem ser os tipos de nudez: desterritorializada ou não, navalha na carne, pornográfica, sagrada, sutil, rito de gênese, travesti na pista, gesto no mundo, não importa: que o corpo seja campo de batalha.
Rut Solar
Gravo teu grito performance 2014
Tempo 10/03/2020 — 03/08/2021 Caminhe de César Becker registro de Mateus Lucena