administraçãoeclesial
HORIZONTE
DINÂMICO
Além da formação acadêmica o gestor necessita de boas práticas em administração paroquial POR PE. GLADSTONE ELIAS DE SOUZA
A
pós a ordenação, o sonho mais comum entre os novos padres é de se tornarem párocos, ou seja, assumir a coordenação pastoral e consequentemente a administração de uma paróquia. Anos de dedicação à filosofia e à teologia vão agora possibilitar uma prática, não mais como auxiliar, mas como titular em uma comunidade1. Em quase todas as dioceses os seminaristas, desde os primeiros anos de formação, são incentivados à pastoral. Cedo são designados a colaborar com algum pároco para aprender na prática o que professores das disciplinas pastorais ensinaram. E como fica a orienta-
ção administrativa? Poucos são os que tiveram aulas de gestão paroquial e menos ainda os que tiveram acesso às práticas administrativas no período de formação. Por isso, é comum ouvir entre os párocos a expressão “Ah, se eu soubesse!” Eles revelam que é preciso muita criatividade e paciência para (entre erros e acertos), conquistarem algum conhecimento em gestão paroquial.
CRITÉRIOS PARA UMA BOA GESTÃO
Com o objetivo de adquirir competências em planejamento, organização, direção e controle o pároco precisa ter oportunidade de conhecer algumas questões operacionais. É claro que existe uma
infinidade de assuntos que precisam ser explicitados. Por isso, é difícil imaginar que qualquer pessoa consiga saber muito de tudo isso, além de cuidar da pastoral e da vida espiritual de uma paróquia. Mas é perfeitamente possível que se saiba avaliar o material produzido por colaboradores, após estudar um pouco desses mecanismos administrativos. Por isso, cursos de administração paroquial passaram a ser oferecidos para ajudar os sacerdotes e a própria publicação da “Revista Paróquias & Casa Religiosas” propicia formação de qualidade para superar a lacuna deixada no período formativo. Mas vale um alerta: os institutos de formação sacer-
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Com o objetivo de adquirir competências em planejamento, organização, direção e controle o pároco precisa ter oportunidade de conhecer algumas questões operacionais
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www.revistaparoquias.com.br | maio-junho 2010
dotal precisam inserir disciplinas de gestão paroquial no currículo e o acompanhamento da prática administrativa deve fazer parte da vivência pastoral. É natural que de início haja resistência de alguns párocos em falar de prestação de contas, registros, planejamento orçamentário e ainda mais em aceitar a presença de um seminarista (para aprender com o sacerdote), mas essas dificuldades precisam ser enfrentadas, afinal o administrador não é dono da paróquia. A melhor ferramenta para a boa gestão paroquial é a criação do Conse-
lho para Assuntos Econômicos (ou o chamado Conselho Administrativo). O critério para a participação nesse grupo deve ser a capacidade de auxiliar o pároco e não mera simpatia. Toda paróquia pode ser entendida em três dimensões: religiosa, social e administrativa. As pessoas que formam o Conselho devem também ter vivência religiosa e pastoral para ser testemunho de fé na comunidade. Seguindo Jesus Cristo todos aprenderemos valiosas lições que alimentam tanto nossa espiritualidade quanto inspiram ações pastorais e administrativas.
10 coisas que o pároco precisa saber 1. Conselho Administrativo (CA): mesmo sendo um órgão consultivo ele é a melhor ferramenta de gestão. Valorize o trabalho em equipe; 2. Gestão do patrimônio eclesiástico: tanto para manutenção como para compra e venda de bens da Igreja; 3. Captação de recursos financeiros: como aumentar as doações espontâneas e solicitadas e as coletas; dízimos, sem pedir em excesso, o que enfraquecem a credibilidade da Igreja; 4. Justiça do Trabalho e Previdência Social: a Paróquia tem obrigações que precisam ser cumpridas. Não é raro que equívocos administrativos paroquiais recaiam sobre a diocese; 5. Serviço voluntário: Peça aos seus colaboradores que assinem um “termo de voluntário”, para proteger a paróquia de futuros problemas trabalhistas; 6. Prestação de contas: entenda de contabilidade básica para prestar contas tanto comunidade quanto à diocese; 7. Nenhuma comunidade precisa ter conta bancária. A administração deve ser centralizada (cf. At 4, 32). Toda arrecadação deve ser depositada na conta da paróquia e o recibo entregue ao tesoureiro do CA; 8. Para a manutenção da paróquia incentive a Pastoral do Dízimo. Não faça festas religiosas com objetivo financeiro e só em casos extraordinários (como construção), faça promoções com objetivo financeiro; 9. Organize estatutos, regimentos e inventários seguindo a normas da Agência Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e deixe sempre documentados convênios e Livros (de Tombo, Espórtulas, Caixa, Arquivos, Prestação de Contas); 10. Cuide da formação: faça cursos e leia publicações especializadas em gestão paroquial.
Dedico esse artigo a Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte/MG, pelo seu exemplo de que é possível ser zeloso pastor e admirável gestor ao mesmo tempo.
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Gladstone Elias de Souza é Sacerdote, Especialista em Comunicação e Gestão Empresarial e Pároco da Igreja de Santa Teresa e Santa Teresinha em Belo Horizonte/MG. Contato: elias.souza@bol.com.br Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 15