ENTREVISTA CAMINHO PARA O DISCIPULADO MISSIONÁRIO - IR. MÁRIAN AMBRÓSIO, IDP
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ANO 6 - N° 31 - JULHO/AGOSTO 2011 w w w. re v i s t a p a ro q u i a s. c o m . b r
SECRETARIA PAROQUIAL ATENDIMENTO PERSONALIZADO EXPOCATÓLICA POR UMA IGREJA VIVA
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PARÓQUIAS EM GESTÃO CÉLULA DA COMUNIDADE MARKETING INTEGRADO
Especializada no segmento católico
COMPORTAMENTO VALOR INTRÍNSECO
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CADERNO DE PASTO
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editorial
A SIMBIOSE DOS TALENTOS NA COMUNIDADE
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o mundo moderno é comum ouvir pessoas expressarem que a felicidade é o caminho para a realização pessoal e profissional, embora nem sempre essa expressão esteja associada às organizações, pois a palavra ‘felicidade’ se traduz objetivamente por ‘satisfação’ ou ‘motivação’. Contudo, enfatizamos que teoria sobre motivação é um meio utilizado para se atingir os objetivos de muitos trabalhos realizados nas instituições. Vemos que as pessoas agem conforme a vontade e, dessa forma, teoricamente, a motivação gera satisfação naquilo que fazem. Logo, discutir sobre este tema nos provoca diversas tomadas de decisão, tendo em vista que segundo Freud, não há limites para os desejos e aspirações humanos. Nesse sentido, não vamos aqui discorrer sobre conceitos ou receitas para se conquistar a ‘felicidade’, mas sim indicar que em diferentes realidades em que você, leitor (a), se encontrar, tem a oportunidade de criar soluções para tal investimento que é subjetivo, mas que traz “satisfação” para o desenvolvimento pessoal e comunitário. Na verdade, o que me ocorre é que em nossas paróquias e comunidades religiosas, sempre estão abertas para o novo. Uma novidade apresentada por Jesus Cristo, quando Ele mesmo apresenta um caminho para que possamos realizar bem as coisas e com “motivação”, isto é, “a um deu cinco, talentos, a outro dois, e um ao terceiro: a cada qual de acordo com a própria capacidade” (Mt 25,15). Faço essa associação pelo fato de que é preciso se arriscar e lançar à ação, para que os dons recebidos frutifiquem e cresçam. Talvez seja um ingrediente para que em nossas instituições religiosas tenham cada vez mais sabedoria para aprimorar a gestão, de forma que a comunidade de fiéis participe com seus talentos, aprendendo com os erros e os acertos. Assim, nessa edição especial de aniversário, comemoramos cinco anos de Revista Paróquias & Casas Religiosas. Uma revista que, por mérito e reconhecimento de todo leitor, motiva as comunidades religiosas, sacerdotes, enfim, pessoas envolvidas diretamente com a vida ativa na Igreja. Afinal, esta edição, traz diversos “ingredientes” que incentivam cada leitor (a) partilhar seus talentos, como a entrevista concedida pela presidente da CRB, Ir. Márian Ambrósio, que nos relata a experiência das religiosas no Haiti e esclarecendo pontos importantes sobre a atuação da CRB na Igreja. A matéria de capa ilustra muito bem como organizar os tribunais eclesiásticos, apresentada pelo nosso consultor canônico D. Hugo Cavalcante, pois ele sinaliza várias indicações para que nossos gestores eclesiais saibam mais sobre o método de instrução processual. Em cada editoria, os autores indicam pistas essenciais e práticas para uma gestão transformadora. No Caderno de Pastoral, destacamos a catequese em uma perspectiva psicopedagógica, também a liturgia nos orienta para celebrar melhor o Tempo Comum, além de como organizar a festa do padroeiro de sua comunidade. Enfim, um caderno que incentiva e motiva a comunidade cada vez mais partilhar seus talentos. Portanto, caro leitor (a), a Revista Paróquias & Casas Religiosas tem se mantido fiel ao compromisso com o conteúdo e produção editorial ao longo desses cinco anos. Esperamos que nosso propósito seja sempre uma iniciativa de aprimoramento pessoal e comunitário.
ANO 6 | N. 31 | 2011 | ISSN 2175-8883
expediente DIRETOR GERAL Fábio Castro fabio@promocat.com.br DIRETOR EDITORIAL Marcelo dos Santos editorial@revistaparoquias.com.br
CONSULTOR CANÔNICO D. Hugo da Silva Cavalcante, OSB hugonis@bol.com.br
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ARTE E DIAGRAMAÇÃO Tânia Mezzari da Conceição criacao@promocat.com.br
FOTOS 123RF | Shutterstock | Arquivo Promocat Publicidade CONSELHO EDITORIAL Fábio Castro, Kiara Castro, Marcelo dos Santos e D. Hugo Cavalcante, OSB CONSELHO DE CONTEÚDO Dom Murilo Krieger, Pe. João Carlos Almeida, SCJ, Pe. Guillermo Gallo, Côn. Edson Oriolo, Pe. Pedro Felix Bassini, Pe. Lício. APOIO EDITORIAL NESTA EDIÇÃO Editoras: Paulinas, Santuário, Vozes, SEPAC, Paulus, A Partilha e Loyola IMPRESSÃO Gráfica Serrano (11) 7733 6247 (Paulo) PÚBLICO DESTINADO Paróquias, Casas Religiosas, Cúrias, Bispos, Sedes de Governos, Seminários, Órgãos da CNBB, Escolas Católicas, Líderes de Comunidades, Livrarias, Lojas e Produtores de livros e artigos religiosos TIRAGEM 15.000 exemplares REALIZAÇÃO
Promocat Marketing Integrado é a empresa que promove:
Fraternalmente,
Marcelo dos Santos Diretor Editorial
E COM O APOIO INSTITUCIONAL DE:
nestaedição
SOB A LUZ
DAS LEIS
CANÔNICAS 06 OPINIÃO DE QUEM LÊ
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MATÉRIA DE CAPA
36 GESTÃO PROFISSIONAL
08 PALAVRA DA PROMOCAT 10 PALAVRA DA IGREJA 12 PALAVRA DO BISPO
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GESTÃO RELIGIOSA
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CADERNO DE PASTORAL
60 PASTORAL DA CATEQUESE
42 GESTÃO FINANCEIRA
64 PASTORAL FAMILIAR
44 LIDERANÇA
66 PASTORAL LITÚRGICA
46 PARÓQUIAS EM GESTÃO
70 PASTORAL DO DÍZIMO
16 ADMINISTRAÇÃO ECLESIAL
50 COMPORTAMENTO
72 PLANEJAMENTO PASTORAL
18 SECRETARIA PAROQUIAL
52 MARKETING E IGREJA
74 PASTORAL DA COMUNICAÇÃO
22 GESTÃO ECLESIAL
56 PARÓQUIA MODELO
76 FATOS E IDEIAS
24 EXPOCATÓLICA
59 GESTÃO E DIREITO
77 GUIA DE PRODUTOS & SERVIÇOS
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ENTREVISTA
A Revista Paróquias & Casas Religiosas é uma publicação bimestral da Promocat Marketing Integrado, empresa que promove a ExpoCatólica e o CONAGE - Congresso Nacional de Gestão Eclesial. Todos os direitos reservados. A reprodução total ou parcial deste material é permitida mediante autorização prévia e expressa da Promocat Marketing Integrado, e desde que citada a fonte. O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos autores. Cartas e mensagens enviadas à Redação devem trazer nome completo, endereço, telefone e, se possível, endereço eletrônico (e-mail). As que forem publicadas, por questões de concordância ou espaço, poderão ser resumidas ou editadas. Autores, religiosos e consultores que quiserem publicar seus trabalhos nas áreas de gestão eclesial, vida religiosa e pastoral, entrem em contato com a equipe editorial pelo e-mail: editorial@revistaparoquias.com.br / redacao@revistaparoquias.com.br
opiniãodequemlê
RECOMENDAÇÃO Nós, Irmãs Medianeiras da Paz, temos a Capela Menino Jesus, há já mais de 40 anos, a qual é aberta à comunidade eclesial com missas diárias e a administramos com muito carinho. Somos assinantes da revista Paróquias. Procuro ler com atenção seus artigos, os quais muito nos enriquecem com seu rico conteúdo. É um importante instrumento de orientação. A equipe está de parabéns pelo trabalho iluminador em favor das nossas Paróquias & Casas Religiosas. Que o Espírito do Senhor continue os iluminando nessa forma de evangelizar. Em Jesus Mediador. Ir. Maria Auxiliadora de Menezes Administradora da Capela Menino Jesus INCENTIVO Quero parabenizar a equipe da revista Paróquias & Casas Religiosas pelo fantástico Caderno de Pastoral. Em nossa paróquia utilizamos os artigos primorosos, pois a cada edição supera a qualidade na formação. Os autores escrevem o que realmente procuramos em um material para nossa formação comunitária. As matérias despertam, não apenas a curiosidade sobre assuntos, mas incentivam para o leitor buscar sempre o aprimoramento para missão na Igreja. Pe. Antônio José dos Santos Paróquia Nossa Senhora Aparecida ANIVERSÁRIO Acompanho a revista Paróquias & Casas Religiosas desde a primeira edição publicada em julho/agosto de 2006. Posso garantir que naquela ocasião, uma novidade na Igreja que tanto buscava por alternativas para aprimorar a administração paroquial. Ao longo desses anos, assino a revista com muito orgulho porque é um subsídio que atende às necessidades de minha paróquia e da comunidade, pois como pároco, com as diversas atividades que tenho, é imprescindível ter um material de formação como este. Sabemos que existem livros, materiais didáticos,
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cursos, mas como o tempo do padre é curto, a revista preenche a lacuna e mostra a preocupação de informar os gestores sobre questões técnicas habitualmente restritas ao mundo das empresas. Excelente revista! Parabéns! Pe. Rosivaldo Andrade de Souza Paróquia São Cristóvão GESTÃO E ECONOMIA Muito interessante a matéria de capa da última edição de número 30. Falar sobre economia e espiritualidade em um contexto, que se pensarmos bem, é realidade próxima de todos os cidadãos de fé. Aqui, na comunidade, pudemos refletir o tema lendo cada parte em um círculo bíblico, e por surpresa, todos os participantes puderam dar suas opiniões e sugeriram continuar a discussão. Ótimas pistas para entender como analisar a economia social na atualidade. A revista Paróquias é impecável em seus assuntos. Ademir Crisolli Membro da Pastoral Social Paróquia Santa Luzia EDIÇÃO EM FOCO Li a matéria sobre o “Transtorno de déficit de atenção”, na edição de 29, e achei muito interessante, mas também me percebi dentro de alguns sintomas como a ‘desatenção’ e a ‘ansiedade’, pois penso que muitas pessoas não conseguem terminar as coisas que organizam, além de terem vontade de fazê-las aleatoriamente. Eu sei que existem muitos religiosos que às vezes não tem vontade de rezar, entre outros sintomas. Isso é sério e precisa de cuidados especiais, por isso, quero parabenizar a autora da matéria, a doutora Graciosa Lusa Wiggers, que indica caminhos possíveis para quem precisa de ajuda e de esclarecimentos sobre este transtorno. Parabéns para equipe da revista Paróquias por discutir um assunto muito importante para a formação dos religiosos e religiosas. Ir. Aline Ferreira Por e-mail
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palavradapromocat
“NÃO SAIBA A MÃO ESQUERDA
O QUE FAZ A DIREITA” Mas para que serve a Candeia sob a cama? POR FÁBIO CASTRO
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Evangelho de Mateus quando relata o Sermão da Montanha nos ensina a fazer o bem sem alardear nossas ações e sem nos vangloriar por isso: “...Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita; - a fim de que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará” (Mt 6, 4). Nesse sentido, dar esmola é um gesto de partilha, tendo em vista que é um sinal de virtude a qual, indistintamente, nós podemos vivenciar, sendo pessoas que reconhecem o bem que praticam. Contudo, há cinco anos criamos, com o apoio de leigos e clérigos, a revista Paróquias & Casas Religiosas que hoje chega, graças a Deus, no seu sexto ano. Um projeto ousado que busca dar subsídios às milhares de comunidades desse país que lutam para manter suas obras pastorais e evangelizadoras; um desafio diário. Entre paróquias, dioceses, comunidades e casas religiosas, mais de 50 mil endereços da Igreja recebem, gratuitamente, a revista Paróquias & Casas Religiosas alternadamente, o que contribui efetivamente para a missão pastoral dessas casas. Com o valor que arrecadamos em cada assinatura, outras duas entidades que não podem pagar por isso também recebem a publicação beneficiando-se com o seu rico e importante conteúdo elaborado por padres, bispos, religiosos, religiosas, leigos e leigas que, voluntariamente, acreditam que é preciso nos empenhar para melhorar a capaci8 Paróquias & CASAS RELIGIOSAS
do aqui nosso sucesso com a revista Paróquias & Casas Religiosas. Muito pelo contrário: não buscamos reconhecimento pelo nosso trabalho, mas sim, pelos trabalhos da Administrar com Igreja que não os moscomo deveria e asprudência e competência tram sim comete uma falha os bens da Igreja é funda- grave na gestão de noscasas. Repito: mosmental para que a evange- sas trar como deveria ser lização aconteça com mais mostrado.
dade administrativa em nossas igrejas, pois com a administração em ordem, sobra tempo para o mais importante: Evangelizar. Uma revista feita pela Igreja e para a Igreja.
FONTE DE RENOVAÇÃO
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Evangelizar é preciso, e administrar com prudência e competência os bens da Igreja é fundamental para que a evangelização aconteça com eficácia e atinja milhares mais eficácia e atinja miPRESENÇA VIVA lhares de pessoas com a de pessoas com a Palavra Em um país como o Palavra de Deus. E para de Deus Brasil, onde a estrutura nós, gestores e gestoras da Igreja Católica forma de comunidades, é imprescindível que a maior base social para a população, é testemunhemos que nossas atividades preciso que nos vejam - Sim, como catenham sempre esse foco, que está alitólico e como Igreja, me incluo nessa cerçada nas palavras do Mestre, infun‘vitrine’ -, e assim nos respeitem mais! didas pela graça de expandir nossos Praticar o bem sem ostentação é sinal propósitos de aperfeiçoamento nessa de humildade, mas se esconder por missão a nós confiados. Ou seja, deve comodismo, vergonha, submissão ou haver diálogo, respeito e, acima de tudo, inoperância, é burrice! criar condições cada vez mais gloriosas, Nossa Igreja é formada por homens como exorta o Documento sobre a atie mulheres; jovens e idosos; religiosos vidade missionária da Igreja, “Ad Gene religiosas; leigos e leigas. Somos a tes”, que diz: “vendo as suas boas obras, maior instituição benfeitora e caritatiglorificarão ao Pai e mais perfeitamente va do Brasil. Alimentamos quem tem compreenderão o autêntico sentido da fome e tratamos quem procura por vida e o vínculo universal da comunhão nossos hospitais. Ninguém distribui fraterna” (AG 886). mais alimentos do que nossa gente, Mas então, o que tem a ver com povo de Deus! isso o Evangelho de Mateus que citei Educamos mais alunos que qualacima? Não vejo a Igreja Católica quer outra instituição de ensino desse Apostólica Romana “trombeteando, país, como as crianças em nossas crecomo fazem os hipócritas”, para divulches e os idosos em nossos lares. Ningar suas obras sociais e caritativas, e guém distribui mais bolsas para a edunem é esse o meu objetivo proclamancação do que nossos colégios e
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faculdades, porque “os alunos desses institutos se formem de fato como homens de grande saber, preparados para enfrentarem tarefas de maior responsabilidade na sociedade e para serem também no mundo testemunhas da fé” (GE 1523). Estamos presentes em todos os municípios do Brasil levando amor, união e esperança para todas as pessoas, de todas as raças, guiados pela Boa Nova da verdade e da paz, sempre na defesa do bem e da dignidade da pessoa humana. Acolhemos milhões de peregrinos em nossos santuários, trazidos pela fé que anima a nossa Igreja. Nossos carismas são inspirados pelo Espírito Santo e estão presentes em mais de 200 mil comunidades pregando o Evangelho, sob a intercessão de Maria, nossa Mãe e Mãe de todos os povos. Repito: todos! Por isso, nós somos convidados a favorecer cada vez mais o bem comum, porque “todo o bem que o Povo de Deus, no tempo de sua peregrinação terrestre, pode prestar à família dos homens, deriva de fato de ser a Igreja ‘sacramento universal da
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salvação’, manifestando e ao mesmo tempo operando o mistério de amor de Deus para o homem” (GS 342). Há mais de 500 anos estamos nesse solo, guiados pela revelação de Cristo Jesus. Nossa cultura está nos quatro cantos do Brasil. Somos mais de 130 milhões unidos em uma só família: a Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil. Esse é um sinal que nos faz criar laços de comunhão fraterna, favorecendo uma Igreja presente e atuante em nossos tempos. E todos devem conhecer isso.
desde a primeira edição, “aceitar o desafio”. Por fim, agradeço a Deus. Obrigado e boa leitura!
“Ninguém acende uma luz para colocá-la debaixo da cama. Ele a coloca no candeeiro a fim de que todos que entram vejam a luz” (Lc 8, 16). Agradeço a todos que colaboraram e colaboram para o sucesso da revista Paróquias & Casas Religiosas. Funcionários, anunciantes, assinantes e colunistas, em especial a Dom Murilo Sebastião Krieger, Arcebispo de São Salvador - BA, a quem agradeço pelos sábios conselhos e pela coragem de,
Fábio Castro Diretor Geral da Promocat
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palavradaigreja
Universae Ecclesiae Conheça a Instrução Universal da Igreja sobre Sagrada Liturgia Apondo a data de 30 de maio de 2011, na memória de São Pio V, a Pontifícia Comissão Ecclesia Dei fez publicar a INSTRUÇÃO UNIVERSAE ECCLESIAE sobre a aplicação da Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Summorum Pontificum do Papa Bento XVI. Essa Instrução, depois de uma introdução que a justifica, apresenta duas partes: As tarefas da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei onde recorda que: “O Sumo Pontífice conferiu à Pontifícia Comissão Ecclesia Dei poder ordinário vicário para a matéria de sua competência, de modo particular no tocante à exata obediência e à vigilância na aplicação das disposições” do Motu próprio acima citado. A segunda parte trata das ‘Normas específicas’, onde vem recordado: “A Pontifícia Comissão, por força da autoridade que lhe foi atribuída e das faculdades de que goza, dispõe, depois da consulta feita aos Bispos do mundo inteiro, com o ânimo de garantir a correta interpretação e a reta aplicação do Motu Proprio Summorum Pontificum, emite a presente Instrução, de acordo com o cânone 34 do Código de Direito Canônico”.
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a espera de que entre nós essa Intrução seja publicada, juntamente com tudo que faça referência ao Summorum Pontificum, nessa tradução é apresentada apenas a Introdução, que conclui afirmando: “�������������� é uma faculdade concedida para o bem dos fiéis e que, por conseguinte, deve ser interpretada em sentido favorável aos fiéis, que são os seus principais destinatários”. 1. A Carta Apostólica Summorum Pontificum Motu Proprio data do Soberano Pontífice Bento XVI, de 7 de julho de 2007, e em vigor a partir de 14 de setembro de 2007, fez mais acessível à Igreja universal a riqueza da Liturgia Romana. 2. Com o supracitado Motu Proprio o Sumo Pontífice Bento XVI promulgou uma lei universal para a Igreja com a intenção de dar uma nova regulamentação acerca do 10 Paróquias & CASAS RELIGIOSAS
uso da Liturgia Romana em vigor no ano de 1962. 3. Tendo recordado a solicitude dos Sumos Pontífices no cuidado pela Santa Liturgia e na revisão dos livros litúrgicos, o Santo Padre reafirma o princípio tradicional, reconhecido dos tempos imemoráveis, a ser necessariamente conservado para o futuro, e segundo o qual “cada Igreja particular deve concordar com a Igreja universal, não só quanto à fé e aos sinais sacramentais, mas também quanto aos usos recebidos universalmente da ininterrupta tradição apostólica, os quais devem ser observados tanto para evitar os erros quanto para transmitir a integridade da fé, de sorte que a lei de oração da Igreja corresponda à lei da fé”1. 4. O Santo Padre recorda, ademais, os Pontífices romanos que particularmente se esforçaram nesta tarefa, em especial São Gregório Magno e São Pio V. O Papa
salienta que, entre os sagrados livros litúrgicos, o Missale Romanum teve um papel relevante na história e foi objeto de atualização ao longo dos tempos até o Beato Papa João XXIII. Sucessivamente, no decorrer da reforma litúrgica posterior ao Concílio Ecumênico Vaticano II, o Papa Paulo VI aprovou em 1970 um novo missal, traduzido posteriormente em diversas línguas, para a Igreja de rito latino. No ano de 2000 o Papa João Paulo II, de feliz memória, promulgou uma terceira edição do mesmo. 5. Diversos fiéis, tendo sido formados no espírito das formas litúrgicas precedentes ao Concílio Ecumênico Vaticano II, expressaram o ardente desejo de conservar a antiga tradição. Por isso, o Papa João Paulo II, por meio de um Indulto especial, emanado pela Congregação para o Culto Divino, Quattuor abhinc annos, em 1984, concedeu a faculdade de
Bento XVI, Carta Apostólica Summorum Pontificum dada como Motu Proprio, I, in AAS 99 (2007) 777; cf. Introdução geral do Missal Romano, terceira ed. 2002, n. 397. 2 Bento XVI, Carta aos Bispos que acompanha a Carta Apostólica “Motu Proprio data” Summorum Pontificum sobre o uso da Liturgia romana anterior à reforma de 1970, in AAS 99 (2007), 798. 3 f. CIC cân. 838, §§ 1-2 4 Cf. CIC cân. 331
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retomar, sob certas condi7. O Motu Proprio O estudo da filoso- Summorum ções, o uso do Missal RoPontificum é mano promulgado pelo fia ajuda o teólogo a ser acompanhado de uma Beato Papa João XXIII. consciente dos próprios Carta do Santo Padre, Além disso, o Papa João com a mesma data do Paulo II, com o Motu Pró- pressupostos filosóficos, Motu Proprio (7 de julho prio Ecclesia Dei de 1988, a criticá-los e a evitar im- de 2007). Nela se dão ulteexortou os bispos a que riores elucidações acerca fossem generosos ao con- por à sua teologia ou à da oportunidade e da neceder a dita faculdade a sua pregação um quadro cessidade do supracitado favor de todos os fiéis que documento; faltando uma o pedissem. Na mesma li- conceitual incompatível legislação que regulasse o nha se põe o Papa Bento com a fé uso da Liturgia romana de XVI com o Motu Próprio 1962 era necessária uma Summorum Pontificum, no qual são innova e abrangente regulamentação. Esta dicados alguns critérios essenciais para o regulamentação se fazia mister especialUsus Antiquior do Rito Romano, que mente porque no momento da introduoportunamente aqui se recordam. ção do novo missal não parecia necessá6. Os textos do Missal Romano do rio emanar disposições que regulassem o Papa Paulo VI e daquele que remonta à uso da Liturgia vigente em 1962. Por última edição do Beato Papa João causa do aumento de quanto solicitam o XXIII são duas formas da Liturgia Rouso da forma extraordinária fez-se necesmana, definidas respectivamente ordisário dar algumas normas a respeito. nária e extraordinária: trata-se aqui de Entre outras coisas o Papa Bento XVI dois usos do único Rito Romano, que afirma: “Não existe qualquer contradição se põem um ao lado do outro. Ambas entre uma edição e outra do Missale Roas formas são expressões da mesma lex manum. Na história da Liturgia, há cresorandi da Igreja. Pelo seu uso venerável cimento e progresso, mas nenhuma ruptue antigo a forma extraordinária deve ra. Aquilo que para as gerações anteriores ser conservada em devida honra. era sagrado, permanece sagrado e grande
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também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial”2. 8. O Motu Proprio Summorum Pontificum constitui uma expressão privilegiada do Magistério do Romano Pontífice e do seu próprio múnus de regulamentar e ordenar a Liturgia da Igreja3 e manifesta a sua preocupação de Vigário de Cristo e Pastor da Igreja universal4. O Motu Proprio se propõe como objetivo: a) Oferecer a todos os fiéis a Liturgia Romana segundo o Usus Antiquior, considerada como um tesouro precioso a ser conservado; b) Garantir e assegurar realmente a quantos o pedem o uso da forma extraordinária, supondo que o uso da Liturgia Romana vigente em 1962 é uma faculdade concedida para o bem dos fiéis e que, por conseguinte, deve ser interpretada em sentido favorável aos fiéis, que são os seus principais destinatários; c) Favorecer a reconciliação ao interno da Igreja. Tradução: D. Hugo da Silva Cavalcante, OSB © Copyright 2011 Libreria Editrice Vaticana
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entrevista Ir. Márian Ambrósio, IDP
CAMINHO PARA O DISCIPULADO MISSIONÁRIO Para refletir sobre a presença e a vocação das religiosas e religiosos no mundo, a revista Paróquias & casas Religiosas convida Ir. Márian Ambrósio, IDP - Presidente da CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil), para esta entrevista, onde ela apresenta os valores sempre atuais da Vida Religiosa, apontando-a como sinal de uma experiência e testemunho de vida de homens e mulheres que se consagram a Deus e ainda apresenta uma leitura sobre as atividades missionárias assumidas no Haiti, e a fecunda participação nos organismos institucionais ligados ao dinamismo de todas das inú meras comunidades daqueles que professam publicamente os Conselhos Evangélicos.
A presença dos religiosos no “mundo” é sinal da fecunda ação de Deus na vida do consagrado e da consagrada. Por isso, como observar a prática dos conselhos evangélicos em uma realidade pós-moderna? A Vida Religiosa Consagrada é, por natureza, testemunhal. A palavra Consagração, em sentindo bíblico, quer dizer ‘separação’. Deus, autor da vida e da vocação, separa dentre leigas, leigos e presbíteros, pessoas a quem ‘separa’ para sinalizar valores de seu Reino definitivo. Nessa perspectiva, é significativo perceber o incontável número de Carismas Fundacionais, por meio dos quais o Espírito Santo suscita grupos de consagradas e consagrados para vizibilizarem por sua vida e missão, um determinado aspecto do rosto de Deus. Por meio do testemunho carismático das pessoas consagradas que vivem em diferentes Institutos (cada qual com seu carisma específico), o mundo pode ler o Evangelho de Jesus. Outro traço do testemunho da vivência dos valores do Reino está na ‘Profissão 14 Paróquias & CASAS RELIGIOSAS
pública dos Conselhos Evangélicos de Pobreza, Castidade e Obediência’. Por muito tempo, estes votos foram compreendidos e vividos como sinal de renúncia, de ascese, da parte das pessoas consagradas. O foco da consagração ressaltava que, ao deixarem de viver determinados valores, Religiosas e Religiosos faziam uma escolha por algo melhor, superior, que afastava do mundo e aproximava mais de Deus. Com o cultivo da forte consciência de uma única vocação de todos os cristãos à mesma santidade e ao igual valor de cada vocação, a Vida Religiosa ressignifica a compreensão e a vivência dos Conselhos Evangélicos. Cada um dos três votos Anuncia um valor. Pela Castidade consagrada, anunciamos o valor absoluto e indiviso do ‘amor de Deus’ para além dos vínculos familiares, amor que nasce de nosso coração atraído de modo particular pelos que mais carecem de amor; pela Pobreza consagrada, anunciamos ‘Deus presente’
lá onde outro ser humano nada ou ninguém tem a seu lado, presença que gera partilha e gratuidade no ser; pela Obediência consagrada anunciamos que a ‘vontade de Deus’ deve ser obedecida, vontade divina que desperta a liberdade fundamental para o envio missionário e solidário. Os ‘Conselhos Evangélicos’ estabelecem uma relação nova, não mais somente com as coisas (dinheiro, corpo, lugar), mas uma renovada relação com as pessoas que clamam por seu direito fundamental de viver com dignidade. Quais motivos levaram a CRB Nacional se dedicar em uma ação apostólica em terra estrangeira, como o Haiti? A motivação para qualquer resposta missionária da Vida Religiosa Consagrada é sempre a mesma, e é fundamental - compreendemos a missão como engajamento na paixão missionária de Deus. Buscamos ouvir os apelos de Deus, lá onde a vida clama. A CRB Nacional é uma Conferência www.revistaparoquias.com.br | julho-agosto 2011
de animação e coordenação da Vida Religiosa Consagrada, e há muito tempo motiva as Congregações a uma presença profética e solidária em lugares de fronteira. Foi assim em direção ao Nordeste do Brasil, em direção à Amazônia, em direção à África, em direção ao Timor Leste, primeira experiência intercongregacional além fronteiras. Imediatamente após a catástrofe produzida pelo terremoto de janeiro de 2010, a CRB iniciou o processo de conscientização e preparação e envio de uma comunidade missionária. Esse projeto é da Igreja do Brasil, pois congrega as grandes forças missionárias da Igreja do Brasil, e representa todo o povo brasileiro que o mantém, por meio da coleta realizada pela Caritas Brasileira. Como se formou a comunidade de religiosas e religiosos brasileiros para atuar junto ao povo do Haiti? Os primeiros sinais de que haveria uma comunidade religiosa intercongregacional no Haiti, vieram das próprias religiosas, mulheres corajosas que se apresentaram para o envio. É gratificante sentir, tocar esse espírito de doação e iniciativa. Os passos seguintes foram consequência destes “sim, eu vou”, que se multiplicaram. Os critérios que orientaram o envio das seis primeiras missionárias que lá se encontram hoje, foram: vocação missionária, capacidade de aprender outros idiomas, conhecimento e experiência nas áreas da saúde e/ou pedagogia, escolha livre pela vida do povo haitiano. As Irmãs vivem em um bairro de Porto Príncipe, em comunidade religiosa intercongregacional, e se dedicam integralmente à defesa da vida do povo, principalmente na luta pela superação da fome extrema. Acima de tudo, testemunham o amor de Deus por quem tanto precisa dele e de nós. Sabe-se que em algumas reuniões de Conferências Episcopais as Conferências dos Religiosos participam com voz, mas não voto, qual a participação da CRB nas assembleias da CNBB? A CRB Nacional valoriza e cultiva intensa comunhão com a CNBB. Institucionalmente, o vínculo mais direto se dá por meio da Comissão Episcopal para Ministérios Ordenados e Vida Consagrada. Esta Comissão designa um Bispo para o acompanhamento da Vida Religiosa Consagrada e o Assine: assinaturas@promocat.com.br
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diálogo, é o caminho da todas as instâncias - da Com o cultivo da Presidência à assessoria aproximação. A Presidente da CRB forte consciência de uma e secretaria executiva. Nacional participa norA CRB tem sido anfitriã malmente de todas as única vocação de todos os de muitos processos de reuniões do CONSEP cristãos à mesma santida- reflexão e de elaboração (Conselho de Pastoral) de e ao igual valor de cada de subsídios, além da ree do Conselho Permaalização de Seminários e nente da CNBB, com vocação, a Vida Religiosa Congressos. O atual Preatuação responsável e ressignifica a compreensão sidente da CLAR, Irmão propositiva. O fato de Paulo Petry, religioso de não ter direito de voto é e a vivência dos Conselhos La Salle, brasileiro, foi normal e natural, basta Evangélicos eleito enquanto era prilembrar que, em Assemmeiro vice-presidente bleias da CRB, votam igualmente soda CRB Nacional. mente Superioras e Superiores Maiores. A relação com a UISG, União InterA razão primeira de toda a participação nacional das Superioras Gerais, se integrada entre os Organismos do Povo apresenta por meio da USG-CB, União de Deus é a vivência e o testemunho de das Superioras Gerais de Fundações comunhão, na Igreja que somos nós, Brasileiras, um dos setores de destaque para a sociedade junto aos quais nos da CRB Nacional. Ainda nesse ano, inserimos em missão. nos últimos dias do mês de novembro, a Cidade de Aparecida sediará uma Em uma linha de vanguarda a CRB já Sessão ampliada da UISG, como espaço nasceu com conferências das Religiosas e de conhecimento de experiências signidos Religiosos, o que pode sinalizar isso? ficativas da Vida Religosa no Brasil. A Exatamente. Desde seus primeiros dias, relação com a USG se faz diretamente a CRB Nacional levantou a bandeira da por meio da participação dos Superiores renovação, da integração, da questão Gerais das Congregações masculinas de gênero, da comunhão. Sempre foi associadas à CRB Nacional. No Brasil, significativo para a CRB Nacional, o existe um número pequeno de Sedes fato de o centro de todos os Projetos ser Gerais Masculinas, o que pode significar seguimento de Jesus e o compromisso menor vizibilidade dessa União, sem com o Reino. Essa postura é fundaque isso diminua o sentido da pertença mental para todas as Instituições. Com e da comunhão. um projeto central claro e definido, Para finalizar, como a senhora analisa todo o restante se torna consequência. a vocação e a presença dos religiosos e Quando se contempla a logomarca da religiosas no Brasil, hoje? CRB Nacional, se percebe a riqueza A Vida Religiosa Consagrada no Brasil das duas mãos que se levantam unidas vive hoje um momento histórico de forem direção ao alto que, por sua vez, talecimento de sua identidade. Princiestá aberto ao infinito. Essa disposição palmente a Vida Religiosa Feminina foi para a centralidade comum continua reconhecida, por vários séculos, pela sua sendo um princípio fundamental da atuação em âmbitos de Ação Pastoral, CRB Nacional. de Ação Apostólica e de Ação Social. As Que relação mantém a CRB com a CLAR marcas da presença e da atuação nestes (Confederação Latino-americana de Reespaços permanecerão indeléveis. ligiosos e Religiosas da América Latina Hoje, porém, inseridas em outro parae Caribe), a UISG (União Internacional digma sócio-político, emergem outros das Superioras Gerais) e USG (União dos cenários que desafiam a Vida Religiosa, Superiores Gerais)? novas fronteiras que consideramos A relação com a CLAR é imediata, espaços de missão. Lugares onde a isto significa uma relação direta, de vida está ameaçada antes de conhecer primeira hora. A CRB foi parceira a luz, onde Jesus é desconhecido, onde privilegiada na criação da CLAR, as relações estão quebradas, onde os atuando diretamente nos processos direitos humanos são desrespeitados. de reflexão teológica e bíblica. ReprePodemos afirmar que a Vida Religosa sentantes da CRB exerceram sempre vive o privilegiado momento do discifunções de corresponsabilidade em pulado missionário.
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secretariaparoquial
QUALIDADE EM
PRIMEIRO LUGAR Torne sua paróquia uma referência no atendimento personalizado POR PE. JOSÉ CARLOS PEREIRA, CP
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secretaria paroquial é a porta fazendo com que as pessoas saiam insade acesso à paróquia e, por tisfeitas e até revoltadas com a Igreja. Asesse motivo, deve ser o lugar sim sendo, as pessoas que atendem na onde o atendimento deve ser secretaria paroquial devem ter algum exemplar. Pessoas que não tipo de preparo para estar nesta função. À são bem atendidas na sevista disso, traço aqui um As pessoas que aten- esquema que pode ajudar cretaria paroquial levam uma péssima imagem da dem na secretaria paroquial nesta preparação das atenparóquia e podem não dentes da secretaria paroretornar. Assim sendo, devem ter algum tipo de quial, de modo que elas proponho, aqui, de modo preparo para estar nesta tenham uma boa prática. breve, alguns tópicos para reflexão e avaliação função do atendimento que é dado na secretaria, ou expediente da paróquia, tendo em conta três tipos de atendimentos: Direto; Indireto; Subliminar. Devemos conhecer bem estas três modalidades de atendimento e procurar exercê-las com qualidade, de modo que deixem de ser simples atendimento para se tornarem acolhimento. Uma paróquia que se limita a atender as pessoas sem acolhêlas, como se elas fossem meros clientes, não cumpre a sua missão de evangelizar. Pior ainda é quando, por falta de preparo, ou por outros motivos, esse atendimento é sem qualidade, 18 Paróquias & CASAS RELIGIOSAS
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1. ATENDIMENTO DIRETO
Como o próprio nome já diz, é aquele tipo de atendimento feito diretamente com a pessoa, cara a cara, sem o uso de nenhum instrumento. É o atendimento feito no balcão do expediente paroquial. Esse tipo de atendimento exige uma série de cuidados que devem ser levados em conta se queremos que ele seja eficaz e se torne um ato de acolher o outro.
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PROCEDIMENTOS QUE QUALIFICAM O ATENDIMENTO DIRETO: ■ Não deixar as pessoas esperando por muito tempo; ■ Chegar sempre na hora certa; ■ Dar informações corretas e completas; ■ Usar sempre de cortesia, sendo educado com todos; ■ Manter sempre um visual adequado, vestindo-se adequadamente com o ambiente de trabalho; ■ Cuidar do vocabulário ao atender as pessoas, não usando palavras que possam ofender ou constranger as pessoas. ■ Saber ouvir. Ouça mais e fale menos. Fale o necessário. ■ Ser uma pessoa emocionalmente equilibrada, não se descontrolando diante de provocações, ou do descontrole de outros; ■ Seja uma pessoa organizada, deixando cada coisa no seu lugar no ambiente de trabalho, inclusive a mesa, os armários e os arquivos; ■ Tenha sempre a mão à agenda paroquial e pessoal.
PROCEDIMENTOS QUE DESQUALIFICAM O ATENDIMENTO DIRETO: ■ Chegar atrasada no local de trabalho; ■ Sair sem dar nenhum tipo de satisfação; ■ Deixar a pessoa esperando por muito tempo; ■ Deixar que a pessoa saia sem uma resposta, ou com informações erradas ou incompletas; Assine: assinaturas@promocat.com.br
■ Ser indelicada com as pessoas, como, por exemplo, usar de grosserias, tratá-las com indiferença ou ignorá-las; falar muito alto ou fazer críticas a terceiros; ■ Dar ouvido a fofocas e conversas banais; ■ Atender sem olhar para a pessoa atendida; ■ Atender mascando chiclete ou comendo alguma coisa; ■ Bocejar enquanto está atendendo; ■ Fazer outra coisa enquanto atende; ■ Fazer perguntas indiscretas.
2. ATENDIMENTO INDIRETO
É aquele tipo de atendimento em que você não está frente a frente com a pessoa, mas interagindo com ela por meio de um instrumento, como é o caso do telefone, da internet e das correspondências. Essa modalidade de atendimento requer outros tipos de cuidados, mais específicos, que não podem passar despercebidos pela pessoa que atende na secretaria paroquial.
PROCEDIMENTOS QUE QUALIFICAM O ATENDIMENTO INDIRETO: ■ Atender ao telefone no primeiro ou segundo toque e dizer de imediato o nome da paróquia, seu nome e a saudação (bom dia ou boa tarde); ■ Ser objetivo nas informações; ■ Procure deixar a linha desocupada a maior parte do tempo; ■ Seja amável com as pessoas, tratando-as com educação e gentileza; Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 19
secretariaparoquial
■ Ao enviar um fax, coloque um cabeçalho com as devidas identificações e informações; ■ Responda imediatamente os e-mails e outros tipos de correspondências que forem relevantes; ■ Assine as correspondências que forem da sua competência; ■ Na sua ausência, quando não houver ninguém para atender ao telefone, acione a secretária eletrônica.
PROCEDIMENTOS QUE DESQUALIFICAM O ATENDIMENTO INDIRETO: ■ Deixar o telefone tocar muitas vezes antes de atender; ■ Atender ao telefone com voz de quem está de mau humor, ou com um “oi”, sem se identificar; ■ Se alongar em conversas ao telefone; ■ Deixar a linha telefônica ocupada por muito tempo, ou fora do gancho; ■ Usar excesso de gerúndio como, por exemplo, “vou estar providenciando”; vou estar transferindo”, “vou tentar estar fazendo”, etc. 20 Paróquias & CASAS RELIGIOSAS
■ Atender o celular enquanto está ao telefone fixo, principalmente se o celular for particular; ■ Enviar fax, e-mail ou qualquer outro tipo de correspondência sem identificação, ou com informações incompletas; ■ Não responder os contatos; ■ Passar informações restritas a paróquia ou confidenciais; ■ Usar webcam no ambiente de trabalho; ■ Descuidar da página da paróquia, deixando-a desatualizada ou sem manutenção.
3. ATENDIMENTO SUBLIMINAR
É o tipo de atendimento que se dá por intermédio de alguma postura, situação ou conjunto de fatos que não necessariamente se configura numa relação direta, imediata, entre um emissor e um receptor. Ele está presente nas duas modalidades de atendimentos supracitadas e requer, para a sua eficácia, alguns cuidados.
PROCEDIMENTOS QUE QUALIFICAM O ATENDIMENTO SUBLIMINAR: ■ Ter sintonia com a vida conjuntural da paróquia para poder responder as suas demandas com eficiência; ■ Demonstrar controle da situação; passar segurança; ■ Cuidar da postura do corpo e de suas partes (braços, pernas, cabeça, etc.); ■ Olhar para a pessoa enquanto fala com ela; ■ Sempre se levantar para atender as pessoas; ■ Criar um ambiente favorável, onde ocorra uma empatia entre quem atende e quem é atendido; ■ Fazer perguntas diretas, com tonalidade de voz suave e tranquila. Fazer com que sua voz transmita tranquilidade e segurança, porém com firmeza e objetividade; ■ Driblar o mau humor com racionalidade e pensar antes de dizer qualquer coisa; ■ Usar mais o pronome pessoal “nós” que o “eu”; www.revistaparoquias.com.br | julho-agosto 2011
ExpoCatólica
Reúna sua comunidade e venha participar de uma Igreja Viva POR SANDRA DE ANGELIS
T
odo o segmento religioso católico prepara-se para convergir seus interesses de gestão para a ExpoCatólica, um evento que veio para atender a demandas práticas dos mais variados setores da Igreja no Brasil. Criada em 2003 nos mesmos moldes das feiras internacionais, como a Koiné, na Itália, a ExpoCatólica tornou-se um pólo aglutinador de empresas e instituições que precisavam se compor para chegar mais perto de seus públicos e de forma organizada. Hoje ela é considerada o
Kiara Castro Diretora Comercial
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mais importante evento do segmento na América Latina. Em sua oitava edição, a feira ocupa o Pavilhão Verde do ExpoCenter Norte de 07 a 10 de julho. A mudança para um espaço maior, com 17.300 m2, foi necessária para abrigar toda a gama de expositores do evento: fabricantes de artigos religiosos e material litúrgico, editoras, prestadores de serviços de tecnologia, distribuidores e representantes especializados. Dentre os maiores estandes no pavilhão, estão o Santuário de Aparecida, com 182 m2, contemplando a igreja, editora, rádio e TV Aparecida. A Arquidiocese de São Paulo também está na feira consagrando o evento, com sua relevância e apoio institucional. “Este é o papel de uma feira segmentada”, analisa Kiara Castro, diretora comercial da ExpoCatólica. “Não é à toa que o calendário de São Paulo está totalmente tomado por eventos de todas as ordens, o ano inteiro. Os setores que englobam vários perfis produtivos precisam se organizar como segmento para ganhar força e representatividade”, analisa. “Para nós, que organizamos a ExpoCatólica desde o início, isso é muito claro e é encarado como nosso maior compromisso perante a Igreja”, reitera Kiara. A feira deste ano amplia seu papel de “elo” entre os elementos que compõem o segmento e seus públicos, abrindo o espaço de visitação, especialmente para o público leigo,
nos quatro dias da feira. “Com isso, sabemos que haverá uma reverberação dos efeitos de marketing aos quais a feira se presta”, diz Kiara. O ingresso para o público leigo é proposto na forma de doação de 1 kg de alimento não perecível, cuja arrecadação é destinada a obras sociais da Igreja. A ampliação dos espaços culturais também tem esse público como foco. Uma programação de shows exibe nomes importantes da música religiosa nacional. Um dos destaques é a cantora Adrielle Lopes. Na sexta-feira, 8/7, ela fará o show de lançamento de seu novo CD, “Asas da Liberdade”, e gravará ao vivo seu DVD, pela ALP Produções. Estão confirmadas também as presenças de Padre Hewaldo, Dunga, Ricardo Sá, Cantores de Deus e Padre Joãozinho e Padre Juarez, entre outros. No que se refere às celebrações religiosas, estão programadas duas missas com transmissão ao vivo. No sábado, dia 09/07, às 14 horas, Padre Abério Christi preside missa no estande da Rádio 9 de Julho e às 17 horas, o Padre Robson Oliveira, reitor do Santuário Divino Pai Eterno (GO), preside missa transmitida ao vivo pela Rede Vida, em louvor ao Divino Pai Eterno, a todos os visitantes da ExpoCatólica. Pela primeira vez, desde sua inauguração, a feira recebe o Museu de Arte Sacra de São Paulo que traz para a ExpoCatólica parte de seu acervo histórico, composto por imagens e paramentos religiosos provenientes de todo o Brasil. www.revistaparoquias.com.br | julho-agosto 2011
EVENTOS PARALELOS
Para o padre que é pároco, administrador eclesial, e para o leigo que atua nas frentes de gestão das instituições ligadas à Igreja, o destaque é o 7º CONAGE, Congresso Nacional de Gestão Eclesial. Nesse ano o tema escolhido é “Gestão e Evangelização: os bons administradores repartem seus dons”. Nos dias 7, 8 e 9/07, os congressistas poderão assistir a palestras sobre boas práticas de Administração, Contabilidade, Gestão de Pessoas, Dízimo, Catequese, dentre outros temas. Os palestrantes são colunistas da revista Paróquias & Casas Religiosas, religiosos e profissionais de diversas áreas envolvidos com Administração. Durante o Congresso, ocorrerão lançamentos de livros, com sorteio de brindes e também de assinaturas da revista Paróquias & Casas Religiosas. O CONAGE é um encontro que já é marca registrada da ExpoCatólica, porque durante suas edições, mais de 3000 congressistas já puderam atualizar seus conhecimentos em administração eclesial. “A gente sabe que com a administração em ordem, sobra tempo para o mais importante: EVANGELIZAR! É isso que move o propósito do CONAGE”, declara Marcelo dos Santos, diretor da Revista Paróquias e coordenador do congresso. Veja a programação completa no site oficial: www.conage.com.br. Outros eventos importantes complementam o leque de opções para o visi-
Assine: assinaturas@promocat.com.br
tante. O Salão da Educação Católica, receberem grande número de peregrique está em seu segundo ano de realizanos, são cadastradas pela Igreja como ção, é uma iniciativa conjunta da Assolugares sagrados e de peregrinação. O ciação Nacional de EduMinistério do Turismo e Os setores que os órgãos que compõem cação Católica do Brasil - ANEC e da Promocat englobam vários perfis o setor estimam que há Marketing Integrado, com um mercado potencial de o objetivo de promover as produtivos precisam se pelo menos 20 milhões instituições católicas de organizar como segmento de turistas para esses desensino e possibilitar a trotinos, só no Brasil. ca de experiências entre os para ganhar força e repreA ExpoVocacional – educadores católicos. O sentatividade Feira de Congregações e maior estande do salão, Comunidades Religiocom 176 m2, é dos Salesianos do Brasil. A sas, também em sua quinta edição, Universidade Católica de Brasília e a complementa a lista de eventos anexos Unilassalle são alguns dos destaques no à feira. Trata-se de um espaço para a âmbito do ensino superior. promoção das vocações religiosas. A No Salão Peregrinus, já em sua diversidade de carismas e ações evangequinta edição, o visitante terá a possibililizadoras da Igreja será apresentada nos dade de contato direto com agências de estandes da Conferência Nacional dos turismo, operadoras e representações Bispos do Brasil (CNBB), da Conferêndos mais importantes destinos de perecia dos Religiosos do Brasil (CRB), do grinação nacionais e internacionais. Centro de Estatística Religiosa e Investi“Destinos como Puglia (Itália), que vem gações Sociais (CERIS) e de movimenao Salão Peregrinus pela primeira vez, tos e congregações religiosas. Fátima (Portugal), Santiago de ComposVenha conhecer as novidades da 8ª tela (Espanha e Portugal), e Israel, que Edição da ExpoCatólica, de 07 a 10 de são expositores desde o primeiro evento, julho de 2011, no Pavilhão Verde do apostam na visitação do público leigo, ExpoCenter Norte, em São Paulo. Um pois é cada vez maior o interesse por romundo de oportunidades espera por tas religiosas. A Secretaria de Turismo do você! Confira a programação e retire Espírito Santo, o Santuário de Aparecida, seu convite acessando o site oficial: Bom Jesus da Lapa e Canção Nova, estão www.expocatolica.com.br. dentre os expositores de maior relevância nas rotas do Brasil”, ressalta Kiara. No Sandra de Angelis é Jornalista e Assessora de país, estão registrados cerca de 150 sanImprensa da ExpoCatólica. tuários católicos, ou seja, igrejas que, por Contato: sandra@edgemidia.com.br
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SOB A LUZ
DAS LEIS
CANÔNICAS Para a administração da justiça eclesiástica no Brasil tivemos sempre alguns desafios tais como a dimensão continental do nosso País e a presença elevada de circunscrições eclesiásticas compostas de grandes contingentes populacionais ou ainda enormes áreas territoriais, acrescentando-se a essas situações, o fato de ser ainda bastante exíguo o número dos nossos Tribunais, para que pudessem corresponder, com mais celeridade e necessária profundidade, as demandas. POR D. HUGO DA SILVA CAVALCANTE, OSB
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A
Igreja, a nível universal, como também particular, sempre procurou, na medida do possível, estar atenta a todas essas necessidades encontrando as soluções jurídico-pastorais, mediante as quais pudessem ser sanadas as principais dificuldades que assinalamos. Dentro dessa perspectiva, em 26 de abril de 1974, como sinal concreto de uma preocupação pastoral, manifestada já dantes pelo Supremo Legislador para a Igreja Ritual Latina, por meio do Motu proprio Causas matrimoniales1, foram criados, em nosso país, por Decreto do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica STAA (Prot. 3275/72 V.T.) os Tribunais Eclesiásticos Regionais e, concomitantemente a esses, foram constituídas as então chamadas Câmaras Auxiliares Permanentes - CAP, como parte integrante dos Tribunais Regionais; essa criação se deu após a devida tramitação que aconteceu entre o STAA e a CNBB2, sendo evidente que, com tal organização, foi encontrada, ao menos para aquele momento, alguma solução para uma maior celeridade tanto na instrução das causas como também para o cumprimento de alguns atos judiciais. A constituição dos Tribunais Regionais foi o modo imediatamente encon-
trado, diríamos, para se juntar as forças de um pessoal competente, já que não se tinha e ainda hoje, o que é lamentável, não se possui, um pessoal capacitado, juridicamente expressando-se, para exercer o ministério nos tribunais eclesiásticos, se por caso cada Diocese viesse a constituir, como vem previsto pelo Direito, seu próprio tribunal. A CNBB, na execução do Decreto do STAA, a que nos referimos acima, que entrou em vigor aos 2 de junho de 1974, sem que, entretanto, no seu original isto estivesse na realidade expresso, determinou o prazo de dez anos para o funcionamento dos referidos Tribunais Regionais, que vale salientar, não eram coincidentes com a divisão mesma dos regionais na Conferência, definia-se, então no Decreto: “... e terá validade, a título experimental, por 10 anos”. Passados os dez anos que estavam determinados somente pelo Decreto Executório3, que estava datado de 29 de março de 1974, e imaginando que o Decreto do STAA estivesse também por expirar, embora isso ocorresse de fato somente com o Decreto Executório, mas não com o Decreto do STAA, sob o Prot. 195/84 de 1º de março de 1984, o então Presidente da CNBB, solicitou a prorrogação do Decreto que havia sido emanado pelo STAA4, que em resposta, datada de 3 de abril de
1984, afirmava, para deixar de lado qualquer dúvida, que o Decreto emanado por aquele Dicastério continuava em vigor e de que o mesmo não necessitava de prorrogação, já que verdadeiramente, não havia sido emanado por qualquer tempo determinado. Apesar de tal resposta, a 31 de maio, sob o Prot. N. 515/84, a Presidência deu um Decreto sobre a prorrogação da composição dos Tribunais Eclesiásticos do Brasil, já que o seu Decreto Executório, dado por tempo determinado, estava verdadeiramente por expirar; na conclusão de tal decreto, encontramos: S a prorroga“DECRETAMO a dos Tribuem ção do atual sist egionais, sua R os tic ás si le nais Ec ectivas Norsp re Constituição e lusão das dilimas, até a conc s e sua ia gências necessár ção”. va ro ap e nt te pe com
PAULO VI, Motu proprio Causas matrimoniales, 28 de março de 1971, in AAS 63 (1971), 442. Cf. Comunicado Mensal da CNBB, abril de 1974, n. 259, p. 265-270. 3 Cf. Comunicado Mensal da CNBB, março de 1974, n. 258, p. 272-279. 4 Entre esses, consta também como Regional aquele de Brasília – DF, que em verdade sempre foi Interdiocesano, nunca manteve-se integrado ao Tribunal do Regional (Centro Oeste), com sede em Goiânia. 1 2
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Em 3 de junho de 1986, dois anos depois apenas, parecendo, segundo o texto da normativa, terem sido cumpridas as diligências necessárias, no Decreto anteriormente aludidas, foi promulgado o Decreto de Constituição e Normas dos Tribunais Eclesiásticos do Brasil, aprovados na 24ª Assembleia Geral da CNBB (contendo 8 capítulos e 41 artigos), nessa ocasião, foram mantidos os 13 Tribunais Regionais já existentes, acrescentando-se outro, que fora criado no decurso dos últimos dois anos (TER - NE 4), modificando-se, no entanto, os nomes que o STAA havia confirmado, dantes atribuído5 no ano de 1974 pela própria CNBB. Esse Decreto, sem dúvida alguma, sendo posterior a promulgação do novo Código de Direito Canônico, deveria assumir as normativas vigentes, contidas no novo CIC. No Art. 6º, recorda: O Ordinário Militar6 e os Prelados de Ritos Orientais que não tenham próprio tribunal (na verdade todos não possuíam) podem utilizar os serviços dos Tribunais do Brasil, para os súditos aqui residentes, respeitadas as normas próprias do direito oriental7. Nas Normas então emanadas, o que diz respeito, propriamente as en-
tão chamadas Câmaras Eclesiásticas está assim expressamente definido:
conhecer e julgar processo documental, de que trata o Cân. 1686. As renomeadas Câmaras Eclesiásticas Auxiliares Permanentes (CEAP) foram DAS CÂMARAS ECLESIÁSTICAS E SUA COMPETÊNCIA então instituídas dantes e agora confirArt. 8º - Constituam-se, enquanto madas para prestarem seu auxílio, sobrepossível, em todas as Igrejas particulares, tudo, ajudando o Tribunal na execução câmaras eclesiásticas, com a função de das rogatórias para as oitivas de instrução executar as cartas rogatórias dos Tribudas causas de declaração de nulidade do nais e colaborar com estes e os Bispos matrimônio ou também outras causas, diocesanos na administração da Justiça. ajudando a compor os autos do processo Art. 9º - A câmara como também para a exeA câmara eclesiás cução dos atos judiciais, eclesiástica é formada de juiz auditor, defensor do tica é formada de juiz au- além disso, como detervínculo, eventual promomina o Decreto, quando tor da justiça, e notário, ditor, defensor do vínculo, existisse entre os seus clérigos ou leigos, desta- eventual promotor da jus- membros juízes, ao mecados por seus bons cosnos um clérigo, as CEAPs tumes, prudência e ciên tiça, e notário, clérigos ou tinham a competência cia jurídica. para conhecer e julgar os leigos Art. 10º § 1 - Sem processos documentais prejuízo do estatuído no Art. 7, atos em conformidade com o cân. 1686. judiciais de qualquer natureza, que não Em 1999 por ocasião da 13ª Assemse definam por sentença, podem ser bleia Geral da Sociedade Brasileira de feitos pela câmara eclesiástica, por deCanonistas - SBC8, realizada em Camterminação do Bispo diocesano, ou a pinas–SP, no mês de julho, os Servidopedido de Tribunal competente. res dos Tribunais Eclesiásticos conhe§ 2 - Caso a câmara tenha juiz clériceram a Comissão Episcopal da CNBB go, pode também, por determinação para os Tribunais de Segunda Instância do Bispo diocesano ou designação do e foram informados das alterações prePresidente de Tribunal competente, vistas quanto à Segunda Instância, em
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Cf. Comunicado Mensal da CNBB, abril de 1986, Ano 35, n. 399, p. 437-442. No Acordo entre a Santa Se e a República Federativa do Brasil, com o qual foi erigido o Ordinariado Militar do Brasil (cf. AAS 82 (1990) 126-129) a 23 de outubro de 1989 em seu artigo 15 vem determinado:que os Tribunais de Brasília e de São Sebastião do Rio de Janeiro são competentes para as causas dos fieis do Ordinariado Militar na primeira instância e o Tribunal de Goiânia as julgaria em 2° Instância. 7 Embora Igrejas Rituais Orientais, as três eparquias existentes são sufragâneas das Arquidioceseses da Igreja Ritual Latina (Curitiba – Ucranianos e São Paulo – Greco-Melquitas e Maronitas;), portanto, incluídas nas suas respectivas províncias eclesiásticas. Desde 1990 existe o Codex Canonum Ecclesiarum Orientalium. 8 Cf. Catálogo da Sociedade Brasileira de Canonistas AD MMX, s. e.; s. c. p.; p. 31, 5 6
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gestãofinanceira
DISCIPLINA
E ORGANIZAÇÃO Entenda a validade das obrigações contábeis e sua importância para a segurança patrimonial POR MÁRCIO DE SOUZA MOREIRA
A
s entidades eclesiásticas têm garantido o exercício público de suas atividades no fundamento constitucional da liberdade religiosa. É um direito da Igreja Católica desempenhar a sua missão apostólica e social, desde que observado o ordenamento jurídico brasileiro. A criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das entidades religiosas são independentes, sendo inclusive vedada ao poder público, a negativa de reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. Por consequência, as Paróquias, Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, dentre outras entidades eclesiásticas, são responsáveis por registrar contabilmente - revestidas das formalidades cabíveis - todas as suas
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operações, conforme disciplinado no Código Civil (Lei 10.406/2002). Na forma dos artigos 1.180 a 1.184 (Código Civil), toda entidade é obrigada a escrituração do ‘Livro Diário’, seguindo o sistema contábil e a uniformização de registro, em consonância com a documentação respectiva. Permite assim, o levantamento anual do balanço patrimonial e o do resultado econômico apurado (art. 1.179) a ser reinvestido na própria instituição.
FUNDAMENTOS PRELIMINARES
O Código Civil determina também que a escrituração dos livros, é de competência de contabilista legalmente habilitado nos órgãos competentes (art. 1.182). O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) oferece, com as Normas Brasileiras de Contabilidade, toda a
orientação necessária para escrituração desses livros. O registro contábil, com a respectiva escrituração das receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão, é também um dos itens obrigatórios constantes do Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), para que prevaleça a vedação à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios de cobrar impostos sobre as pessoas jurídicas eclesiásticas, assim como ao patrimônio, renda e serviços relacionados com as suas finalidades essenciais, em conformidade com a Constituição brasileira, conforme previsto no acordo firmado pelo Governo Brasileiro com a Santa Sé validado por meio do Decreto 7.107/2010. A obrigação contábil se ratifica, ainda na medida em que algumas des-
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tas entidades eclesiásticas, exercendo o direito da livre iniciativa, perseguem fins de assistência e solidariedade social. Elas se subordinam a legislações autônomas para gozar dos direitos, imunidades, isenções e benefícios, com exigências diferenciadas nas áreas de assistência social, saúde e educação, as quais trazem grandes percalços, inclusive contábeis, devido ao volume de normas a serem assimiladas e praticadas, dentre elas a segregação contábil pelas respectivas áreas de atuação. A segregação proposta encontra eco na dimensão organizacional1 que a contabilidade faz da entidade. Esta abordagem considera os registros por centro de custos, centro de superávit e contabilidade por fundos, dentre outros. A legislação que regula a certificação das entidades filantrópicas ao expressar que a entidade mista “deverá manter escrituração contábil segregada por área de atuação, de modo a eviden-
ciar o seu patrimônio, as suas receitas, os custos e as despesas de cada área de atuação”, não deixa dúvida quanto à intenção de desmembrar contabilmente os respectivos registros patrimoniais.
FIQUE ATENTO
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‘subentidade’ ou ‘macroentidade’, ou mesmo, por área de atuação da entidade, conduza ao equilíbrio entre custo e benefício. O exposto se justifica pela afirmativa de que a entidade sem fins lucrativos deve cumprir as normas do CFC e, esta autarquia corporativa afirma que o benefício decorrente da informação deve exceder o custo de produzi-la e os órgãos normativos em especial, assim como os elaboradores e usuários das demonstrações contábeis, devem estar conscientes dessa limitação.
É um direito da Igreja Católica desempenhar a sua missão apostólica e social, desde que observado o ordenamento jurídico brasileiro
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A mensuração do patrimônio é feita por meio da demonstração dos ativos (bens e direitos), passivos (obrigações) e do patrimônio social no Balanço Patrimonial2. Assim, o patrimônio não se restringe exclusivamente aos bens imóveis, mas à totalidade dos bens, direitos, capital de terceiros e capital próprio ��� devendo-se atentar para a sua essência e realidade econômica e não apenas sua forma legal. Contudo, deve-se considerar que a manutenção de registros tão minuciosos e separados para cada ‘entidade’,
Márcio de Souza Moreira é Diretor do Instituto Axis, Mestre em Finanças, Contador, Auditor, Perito Judicial, Especialista em Gestão Tributária e atua como docente nos Cursos ministrados pelo Instituto Axis, dentre eles Gestão da Filantropia e Gestão Contábil. Contato: marcio@institutoaxis.com.br Site: www.institutoaxis.com.br
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBECKE, Ernesto Rubens. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações: Aplicável às demais Sociedades. 2 ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 2 Resolução CFC n.º 1.121/2008 – Deliberação CVM n.º 539/2008 – CPC S/N.º 1
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Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 43
liderança
O AMBICIOSO Aprenda administrar dificuldades com o apóstolo Tiago Maior POR PE. JOÃO CARLOS ALMEIDA, SCJ
O
apóstolo Tiago era um dos ruim. Mas se não for trabalhada pode filhos de Zebedeu; o outro se tornar uma fonte de discórdias no era João, o discípulo amado. grupo. Pior do que um ambicioso faOs dois eram muitos jovens lante é um ambicioso calado. No fundo quando foram chamados. ele nutre o sonho de se tornar o Enquanto João tinha muitas ideias e “maior”. Este tipo de disputa em nossas dava opiniões o tempo instituições pode matar todo, Tiago era um sujeiPrecisamos adminis- o espírito de corpo. Preto sem muita expressão, cisamos administrar o que preferia ficar calado. trar o potencial de ambição potencial de ambição e No fundo nutria a ambi- e evitar dificuldades evitar dificuldades. ção de fazer parte do Texto extraído do livro: “Conselho”. Ficou célebre o dia em que Como liderar pessoas difíceis, a mãe de Tiago e João pediu a Jesus que João Carlos Almeida seus filhos ocupassem os principais cargos: um à direita e outro à esquerda. Para adquirir a obra: Imagino a reação que isto causou nos http://editora.cancaonova.com demais. Jesus se fez de desentendido. Mas no fundo sempre manteve mais próximo de si o trio: Pedro, Tiago e Pe. João Carlos Almeida, SCJ é Doutor em João. Estiveram juntos no Monte TaTeologia, Educação e Espiritualidade. É Profesbor, na Transfiguração e no Getsêmasor e Diretor Geral da Faculdade Dehoniana, em Taubaté-SP, Membro do Conselho de Conteúdo ni, na hora da agonia. da revista Paróquias & Casas Religiosas. Autor Dando este cargo de confiança a de vários livros publicados pela Editora Canção Tiago Maior, Jesus soube transformar Nova e Edições Loyola. sua ambição em perseverança e fideliContato para cursos e palestras: padrejoaozinho@uol.com.br dade. Nem sempre a ambição é algo 44 Paróquias & CASAS RELIGIOSAS
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paróquiasemgestão
CÉLULA DA
COMUNIDADE
Saiba que a paróquia é parte constitutiva e organizada da diocese POR CÔN. EDSON ORIOLO
A
célula é a parte com forma definida que constitui um ser vivo, porque é a menor porção da matéria viva, a unidade estrutural e funcional dos organismos vivos. A paróquia é estrutura constitutiva da organização diocesana em virtude do princípio da territorialidade e, se a Igreja local não é uma parte da Igreja universal, mas uma porção, isto é, a realização da Igreja do Senhor em um determinado lugar, também na paróquia se realiza esta mesma Igreja. Para entender a paróquia, como célula da diocese, é necessário delinear a missão da diocese. A revitalização da paróquia só vai acontecer quando entendermos a razão de ser, a finalidade e a estrutura organizacional da diocese. A partir daí, podemos gerenciar uma paróquia com objetividade e clareza. A paróquia, com parte constitutiva da diocese, é uma comunidade estável por ter sido devidamente ereta na Igreja particular (cf. Cân. 374, §1) pelo bispo diocesano (cf. Cân. 515, § 2).
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O Código de Direito Canônico de��� fine a diocese como “uma porção do povo de Deus confiada ao pastoreio do bispo com a cooperação do presbitério, de modo tal que, unindo-se ela a seu pastor e, pelo E������������������������ ������������������������� vangelho e pela e������� �������� ucaristia, reunida por ele no Espírito Santo, constitua uma Igreja particular, na qual está verdadeiramente presente e operante a Igreja de Cristo una, santa, católica e apostólica” (Cân. 369). Nesse cânone, o Código de Direito Canônico apresenta três critérios importantes sobre a diocese, base estrutural e organizacional da paróquia como célula da diocese.
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A unidade é pelo Evangelho e a Eucaristia: a �������������������������� paróquia é a Igreja reunida pela Palavra ��������������������� de Deus, pelo E������ vange1. A diocese é confiada ao bispo; lho como palavra de graça e prática 2. Deve ter a cooperação do presque testemunha a nossa fé. bitério; Na paróquia�������������������� , ������������������ os sacramentos devem estar subordinados à eucaristia. 3. A unidade é pelo Evangelho e a Santo Tomás de Aquino mostrou Eucaristia. como, em última análise, todos os sacramentos estão subordinados à ����� e���� ucaConfiada ao bispo: o bispo �������������� é o resristia e giram em torno dela (cf. STh, ponsável por uma determinada Igreja III, 65,3). Batismo e Confirmação são a local, mediante a ordenação e em conporta de entrada para a Eucaristia. O tinuidade com os apóstolos. Para exissacramento da Penitência, como setir como tal, a paróquia deve estar gundo e laborioso batismo, acolhe no“constituída estavelmente” (Cân. 515, vamente na comunidade eucarística §1), isto é, ter sido ereta pela autoridaquem pecou gravemente. A Unção dos de eclesiástica competente; neste caso, Enfermos prepara seriamente os doenhoje em dia, pelo bispo diocesano, tentes e moribundos para a participação do ouvido o conselho presbiteral (cf. na plenificação eucarística no banqueCân. 515, § 2). te nupcial celeste. A Ordenação PresbiAs paróquias são comunidades de teral confere plenos poderes para a cefiéis, organizadas localmente sob a dilebração da eucaristia. O sacramento reção de um pastor que faz às vezes do do Matrimônio retrata a unidade e o bispo (cf. SC 42; CD, 30). frutífero amor entre A nomeação episcoA paróquia, como Cristo e a Igreja e torna o pal dos párocos, a b��� ê�� ncasamento e a família ção dos santos óleos célula que é, deve estar uma espécie de Igreja para os sacramentos nas voltada e orientada por doméstica (cf. LG 11). paróquias, a celebração Portanto, a paróquia, do sacramento da con- uma instância maior, a como célula que é, deve firmação por um bispo, diocese estar voltada e orientada a oração pelo bispo na por uma instância maior, eucaristia, o exercício do ministério a diocese����������������������������� . Deve ser delineada de acorpastoral sob a autoridade do bispo do com os critérios, objetivos e estratédiocesano, são sinais demonstrativos gias estabelecidas pela���������������� �������������������� estrutura orgade que a paróquia é célula da diocese. nizacional da diocese. Cooperação do presbitério: é imCélula da diocese cabe à paróquia portante para o bispo ter ao redor de si promover uma articulação pastoral mais a realidade do presbitério, da comuniorgânica e missionária em todas as insdade de sacerdotes que se ajudem, que tâncias pastorais, movimentos, comuniestejam juntos em um caminho codades em um caminho de santificação, mum, solidários na fé comum (cf. Bento vivido na comunhão do presbitério de XVI, discurso, 25 de julho de 2005). uma Igreja local (cf. PO, 12; PDV, 24). Os presbíteros constituem verdaPor isso������������������������� , a fim de manter a paródeira comunidade de irmãos que dequia como célula viva da Igreja de vem sustentar-se e ajudar-se mutuaCristo uma nova exigência se impõe e mente. Essa comunhão entre os se torna mais premente: conhecer a sacerdotes é hoje mais importante que estrutura organizacional da diocese. nunca, pois “nenhum sacerdote é saCôn. Edson Oriolo é Mestre em Filosofia Social, cerdote sozinho, nós somos um presEspecialista em Marketing, Gestão Estratégica de bitério, é só nessa comunhão com o Pessoas, Professor na Faculdade Arautos do Evanbispo que cada um pode prestar o gelho e Pároco da Catedral Metropolitana de próprio serviço” (cf. Bento XVI, disPouso Alegre/MG, faz parte do Conselho de Concurso, 6 de agosto de 2008). A paróteúdo da revista Paróquias & Casas Religiosas. Contato: edsonoriolo@uol.com.br quia é do presbitério. 3 critérios da estrutura organizacional da diocese
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comportamento
Valor INTRÍNSECO
Encontre na dissonância comportamental o autoaperfeiçoamento e a elevação da autoestima POR DRA. GRACIOSA LUZA WIGGERS
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m dia ou outro, aquele mau humor vindo não sei de onde, aparece. As coisas tornam-se diferentes, descontinuadas, chatas. Tudo parece ficar do lado avesso e aqueles resultados esperados não acontecem. Então, na comunidade as situações encrespam. A oração não tem “sabor”, o trabalho não rende, as pessoas próximas estão distantes e a desarmonia interior começa a acontecer. Negar a presença de sentimentos estressantes, dificuldades pessoais, comportamentos inadequados, é a mesma coisa que negar sentimentos e valores positivos. Como conviver com os meus comportamentos negativos junto ao meu grupo de trabalho e à minha comunidade? Como suportar os defeitos daquele co-irmão estressado, daquela religiosa teimosa, daquele paroquiano ansioso, daquela senhorinha que insiste em querer mudar as flores do altar diariamente, sem ser convocada? Na verdade, problemas emocionais viram defeitos junto a um grupo. Eles existem. Os sentimentos negativos
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existem. Como administrá-los? Como aprender com eles? Na música entende-se por dissonância a falta de clareza nos sons musicais, nos tons e na harmonia gerando inadequação no ritmo ou no estilo. Porém, para desenvolver tarefas conjuntas e viver comunitariamente passa-se, necessariamente, pelo processo do convívio social e comunitário. Religiosos, religiosas e sacerdotes estão constantemente assediados por pessoas das mais diferentes culturas e raças. Cada uma delas apresenta seu estilo de vida, sua maneira de pensar e agir, sua forma de interagir, seu nível de entendimento, postura, opinião, sua religiosidade, suas dores. Por outro lado, os religiosos e religiosas são igualmente seres humanos e também se estressam, adoecem e sentem dores, e possuem seus problemas pessoais e até dificuldades para serem assertivos. “Fecho-me quando me apontam verdades”. “Não aceito mudanças sem que me consultem”. “Fico irritadíssimo
quando chegam atrasados na capela”. “Perco a cabeça quando desobedecem exa tamente naquilo que foi trabalhado e solicitado”. “Por que aquela religiosa quer aparecer mais do que as outras?” Dentro da Vida Religiosa o humano salta ainda mais aos olhos, enquanto as dissonâncias internas, na maioria das vezes, não facilitam em nada para ninguém. Naturalmente há uma alta exigência das congregações quanto a postura e aos comportamentos frente aos objetivos propostos por elas, mas internamente o “homem velho” insiste em se perpetuar no ser humano, que a princípio se propõe seguir as regras religiosas. A estratégia inicial para quem busca aperfeiçoar-se em Deus por meio da fé, e de uma caminhada religiosa, é traçar objetivos e ir avançando suave, mas continuamente em busca de uma visão clara, sistêmica e definida. No entanto, a consciência do quão longe ficam as
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metas a quem inicialmas se a verdade for A maturidade nos ria, mente se propôs a uma objetivamente persegui caminhada espiritual, relacionamentos depende da, novas ondas de valogera um encadeamento em muito da profundi- rização e de aprendizade frustrações, tibiezas gens se instalarão e o espirituais e constrangi- dade de aprendizagens crescimento pode acon mentos pela dissonância verdadeiras, e da conexão tecer. entre o humano e o diviA maturidade nos com o espírito da verdade relacionamentos depenno. Não há uma válvula com o qual cada um se de em muito da profunque possa segurar um didade de aprendizagens comportamento compul compromete verdadeiras, e da conesivo, apenas porque a pessoa se tornou xão com o espírito da verdade com o religiosa, padre ou consagrado leigo. qual cada um se compromete. Pode-se Palavras ofensivas, comentários e intertirar proveito das situações difíceis e pretações levianas de colegas de comuaté ganhar com elas. nidade, ditas de maneira impensada, Com base nessas premissas como podem criar dificuldades na convivênconscientização, empatia, confiança, cia fraterna, e mesmo entre sacerdotes participação, colaboração, etc, é possíe paroquianos. Acessos de raiva, desvel desenvolver habilidades intra e incontroles emocionais, faltas constantes terpessoais dos candidatos à Vida Relide respeito acontecem também nas giosa e Sacerdotal, de modo a convergir melhores comunidades. para o aperfeiçoamento pessoal, isto é, Por situações banais, por palavras ‘aprender a aprender’. Assim, com base trocadas, impensadas, por antipatias, nesse contexto, uma metodologia de por comportamentos provocativos, Capacitação Personalizada poderá ser pela luta de poder, algumas comunitrabalhada ainda com os candidatos e dades sofrem e se dividem, e tome candidatas, abrangendo basicamente decepção! O grau destes danos nem três etapas: pode ser mensurado, porque a convi1ª. Diagnóstico do/a Candidato/a: vência se torna insuportável, e as pesidentifique qual a situação da pessoa soas, cujas vocações ainda estão insecom relação à capacitação necessária, guras, ficam abaladas, quando não mas também ao conhecimento dos desanimadas. Lastimavelmente, muiobjetivos estratégicos da Instituição to se perde na qualidade de vida e Religiosa; intensificam-se os descontentamentos e climas completamente tensos e des2ª. Levantamento de necessidades: confiados. é a fase em que, em função dos objetivos estratégicos e do diagnóstico do/a Admitir e entender as situações, é o candidato/a poderão ser elencados primeiro passo para o crescimento e programas prioritários de capacitação; para a verdade. Quando uma comuni3ª. Programa personalizado: prodade quer verdadeiramente aceitar e gramas prioritários de acordo com as discutir seus próprios erros, com certenecessidades do/a candidato/a, visanza a verdade eclode e os vínculos verdado muito mais que tenha aprendizadeiros começam a surgir. gens pessoais e espirituais, pois com A comunidade que quer realmente elas o mesmo poderá adicionar outros exorcizar-se, depende da maturidade, conceitos também necessários para sua do bom senso e da busca profunda da vida religiosa. verdade, em Deus. Seja em que área for, Graciosa Luza Wiggers é Psicóloga e Psicotesempre haverá um caminho aberto a rapeuta Especializada, Mestra em Recursos Huser seguido. Toda mudança e confronto manos Psicodramatista, Doutora em Psicologia geram sofrimentos e muitas vezes sofriClínica, Doutora em Ciências Sociais Aplicadas e mentos intensos, especialmente quanEspecialista em Neuro-Linguística, Cascavel/PR. Contato: galw@certto.com.br do a mudança é pessoal ou comunitá-
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marketingeigreja
PONTO CHAVE Aplique técnicas em marketing para ampliar e renovar a missão de sua comunidade POR MARCELO DOS SANTOS
A
s áreas de aplicação do marketing mostram vários meios para fidelizar clientes. Porém, do ponto de vista empresarial, o marketing é a metodologia que possui objetivos claros, utiliza de ações para ampliar o foco de suas mensagens, investe em uma comunicação pensada e estruturada com o intuito de alcançar determinado público. Desse modo, Philip Kotler analisa que o marketing é “um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, oferta e troca de produtos de valor”1. Esta definição permite compreender que existe um artifício gerencial, onde o gestor e sua equipe procuram atingir suas metas pretendidas. Porém, para contemplar estes objetivos, o líder religioso deve planejar as ações. Contudo, nosso olhar sobre o mar keting conduz para uma observação, que por meio dos processos de troca, existe um serviço que atende às necessidades que reúnem características próprias para cumprir as definições de cada setor. Ou seja, o gestor de uma empresa age de forma que aquele bem ou serviço atende às necessidades do cliente. Nesse sentido, os mais variados métodos sobre marketing podem ser aplicados em diversos setores e segmentos. E a Igreja pode e deve utilizar de técnicas em marketing para que sua missão seja ainda mais eficaz.
COMO APLICAR O MARKETING?
Para aplicar determinadas técnicas de marketing, é preciso estudá-las de forma que as ações sejam elaboradas e partilhadas, entre os líderes de pastoral, sempre em sintonia com o pároco. As estratégias devem ser bem entendidas e 52 Paróquias & CASAS RELIGIOSAS
esclarecidas para que não haja qualquer Portanto, estas ideias e outras podem dúvida ou incerteza, pois o marketing é ajudar seu trabalho de forma que estabeuma ferramenta prática e de grande poleça vínculo com os grupos de apoio, tencial. Entretanto, nessa como as pastorais, entre A Igreja pode e outros. Elabore em sua breve apresentação, requer que o leitor procure refletir, deve utilizar de técnicas paróquia ou comunidaanalisar e, junto com a de religiosa meios de coequipe, elaborar estratégias em marketing para que municação que favoreque viabilizem tais ações. sua missão seja ainda mais çam sempre a unidade Por isso, de acordo entre os irmãos e irmãs, com as linhas estabeleci- eficaz por uma Igreja atuante e das, quando a comunidade se reunir missionária. para compor o planejamento, é bom criar, semelhante o que ensina o markeMarcelo dos Santos é Diretor Editorial da Revista Paróquias & Casas Religiosas, Coordenador ting, um “departamento” (ou equipe) Operacional do Censo Católico (Caic-Br), Bachaque ajude a pensar estas ações para o rel e Licenciado em Filosofia e História, pela futuro das relações com a comunidade PUCCampinas/SP, Bacharel em Teologia pelo de fiéis. Assim, este pensamento está de ITESP/SP, cursa Pós-Graduação em Comunicaacordo com o que Kotler defende: atenção Social, pela PUCSP/Sepac. Autor do livro “Sob a Luz do Evangelho”, publicado pela Editoder às necessidades das pessoas. Nesse ra A Partilha. sentido, quais são as necessidades da sua Contato: editorial@revistaparoquias.com.br paróquia? Então, baseado em orientações na composição de um departamento, o marketing ajuda a pensar e aplicar seus métodos no contexto eclesial. 1 KOTLER, Philip. Administração de marketing, p. 14.
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5 passos para compor e trabalhar em equipe 1. Elabore um nome forte para o grupo; 2. Tenha um banco de dados com nome, endereço, telefone, e-mail, etc; 3. Mantenha um relacionamento de parceria nos encontros e festas na comunidade; 4. Tenha pessoas voluntárias que aceitem o desafio de trabalhar para a comunidade; 5. Faça um marketing ‘boca a boca’ para convocar as pessoas.
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paróquiamodelo
INVESTIMENTO QUE DEU CERTO
Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Camanducaia-MG POR PE. AGENOR ROBERTO DA SILVA
E
mbora desconhecida a data de sua fundação, em 1766 já existia a Capela Nossa Senhora da Conceição e em 1776 passou Camanducaia a ter arquivo próprio tornando-se Capela curada sobre a administração de seu primeiro encarregado o Pe. João Manuel da Silva. De acordo com os arquivos, em 1787 a matriz já estava sendo construída e, somente em 26.12.1790 aconteceu a Sagração da Igreja Matriz pelo Pe. Bernardo Sampaio de Barros e administrativamente pertencia ao município de Campanha. O patrimônio da paróquia foi constituído pelos senhores Capitão Manoel da Silva, José Inácio Rodrigues e Inácio de Cubas.
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Atualmente a Paróquia Nossa Segrando novos membros como contador, nhora da Conceição que pertence à bancário e comerciante, pessoas estas, Arquidiocese de Pouso Alegre-MG, é bem sucedidas e atuantes na vida da cocomposta de 13 comunidades rurais e munidade. Foram estabelecidas metas e um Distrito, São Mateus de Minas e 20 ações planejadas, como conscientização comunidades urbanas. Seu Arcebispo, do valor do dízimo na vida do cristão. Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto FiIsto se deu graças às visitas dos membros lho e seu pároco Pe. Agenor Roberto da equipe do dízimo às famílias, a distrida Silva, estão caminhando a passos buição de material de conscientização, largos como Igreja viva, participativa e folder, panfletos e atualização dos dados missionária. A população da Paróquia e renovação das carteirinhas. Primeiro Imaculada Conceição está alvo a ser atingido foi as Despertar para a lideranças. entre 13.500 a 14.500 habitantes. Quarta medida: direalidade foi essencial Há dois anos, quanvisão do perímetro urbado cheguei a esta paró- para novas mudanças, tais no em setores e criando quia encontrei uma lide- como, momentos de for- em cada setor uma equirança desmotivada e pe responsável pelo fundesarticulada. Um déficit mação e palestras cionamento dos mesmos. de quatro a cinco mil reais mensal. O resultado dessa ação veio com a realiPrimeira medida: levantamento zação da semana da família a qual enda real situação pastoral e administravolveu todas as forças vivas da cidade, tiva de como se encontrava a paróquia. principalmente, as escolas estadual, Segunda medida: como dar contimunicipal, particulares e creches. Como nuidade às obras da igreja, se não há resultado desse trabalho houve debates, recurso para tal? De quem é a responsapalestras, apresentações teatrais durante bilidade pela manutenção da paróquia toda Semana da Família, além da partifinanceira e pastoralmente? Este descipação ativa dos responsáveis pelo sepertar para a realidade foi essencial para tor na programação da rádio América novas mudanças, tais como, momentos FM local. Essa medida trouxe uma de formação e palestras. Planejamento maior participação e comprometimendas atividades pastorais fortalecento dos paroquianos. do assim os momentos Para os próximos quatro anos, esmais fortes: Quarespero ver as comunidades criadas nos ma, Semana Santa, setores bem como as comunidades ruCorpus Christi, rais em pleno funcionamento e que Semana da Famítodas possam ter o seu espaço físico, lia, novena e fescapela ou salão, como lugar para a celetas da padroeira. bração e vivência fraterna das mesmas. Terceira mePe. Agenor Roberto da Silva é Pároco da dida: reestrutuParóquia Nossa Senhora da Conceição, Caração da Pastoral manducaia/MG. do Dízimo inteContato: paroquiacamanducaia@yahoo.com.br
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Pastoral da Catequese 60 | Pastoral Familiar 64 | Pastoral Litúrgica 66 Pastoral do Dízimo 70 | Planejamento Pastoral 72 Assine: assinaturas@promocat.com.br
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PASTORAL
FAMILIAR
ESCOLA DE VIDA
Construa bases sólidas para uma pastoral ativa e missionária POR GLAUCIO ALBERTO FARIA DE SOUZA
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oje em dia é muito comum ouvirmos falar que passamos por uma crise moral e ética profunda, pois somos bombardeados por todos os lados, e muitas vezes esquecemos o que realmente somos de fato. As mudanças sociais repercutem na família, surge uma nova cultura, novos hábitos, valores, costumes e comportamentos. O cristão é chamado a discernir os fatos e olhar a realidade dos nossos dias iluminando-os com o evangelho. Dentro dessa orientação de vida, a família possui um papel muito importante, pois, nas relações familiares se constroem a personalidade do ser humano. A família é a primeira escola das virtudes humanas, é o laboratório do amor e da fé. E olhando para a história cristã, percebemos que as primeiras comunidades viviam a realidade da Igreja doméstica, com o passar dos anos perdemos um pouco dessa identidade, e pior ainda, perdemos a capacidade de criarmos relações. Diante desse quadro, surge um enorme desafio para a Pastoral Familiar: Como realmente atingir as famílias? Poderíamos abordar vários aspectos importantes da ação pastoral em questão, como: a finalidade e preparação do matrimônio, a educação dos filhos, etc. Porém, o Documento de Aparecida já nos aponta um caminho quando apresenta o tema “Discípulos Missionários”. O discipulado é questão prioritária, o agente da Pastoral Familiar deve ser um discípulo, deixando-se modelar por Cristo, buscando sempre a maturidade cristã. 64 Paróquias & CASAS RELIGIOSAS
2 motivos para o discipulado
1. Ser discípulo é andar no mesmo caminho, não é andar de qualquer maneira, pode-se andar ao lado, à frente, distante, mas o discípulo anda atrás, no sentido profundo de dependência e relação, verifica-se nessa relação uma construção de identidade.
2. Nenhum discípulo nasce pronto, é necessário
um processo de formação contínua, que conduza o agente e capacite-o a ser um divisor de águas na vida de uma determinada família.
existe nem sujeito e nem objeto, somente comunhão de vida. Verificamos claramente nos evangelhos esta prática por parte de Jesus ao sentar-se à mesa. Estar à mesa é comungar da vida, prefiguração da entrega de Cristo na cruz, isso significa uma vida voltada ao amor e ao outro, sendo esta a maior vocação do ser humano. Ser discípulo é construir a vida, levando Cristo como base às famílias, para que esta vida ressoe nos relacionamentos familiares, eclesiais e sociais.
Em um mundo desfigurado, a Pastoral Familiar é convidada a construir, veja bem, construir é colocar A família é a pribases, é apresentar o rosto de Cristo, é criar uma pro- meira escola das virtudes funda relação pessoal. Este é um fator determi- humanas, é o laboratório nante na nossa ação pas- do amor e da fé toral, ou acolhemos de fato nossos irmãos, com tudo ou nada que eles possam nos oferecer, ou corremos o risco de não cumprirmos o nosso papel de ser sal e luz.
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Glaucio Alberto Faria de Souza é Teólogo, Professor e Palestrante. Ministra cursos de formação cristã e iniciação teológica em diversas paróquias. Contato: gafs74@ig.com.br
ACOLHIMENTO É:
Doar-se sem reservas; Assumir o caminho de Cristo a partir de uma expe riência querigmática; Quebrar a barreira da indiferença; Deixar-se ser marcado pelo outro e também marcar o outro; É comungar da vida, como a eucaristia. Essa relação tem como modelo a própria Trindade, porque não www.revistaparoquias.com.br www.revistaparoquias.com.br || julho-agosto julho-agosto 2011 2011
PASTORAL
LITÚRGICA
ENCONTRO
M E M O R I A L
Celebre com zelo e dignidade o Mistério Pascal no Tempo Comum POR PE. CRISTÓVÃO DWORAK, CSSR
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epois de celebrarmos o Ciclo Pascal, que se inicia na Quarta-Feira de Cinzas e se encerra com a solene celebração do Domingo de Pentecostes, retomamos o Tempo Comum. São 33 ou 34 semanas distribuídas ao longo do Ano Litúrgico, durante as quais o Mistério Pascal de Cristo é proclamado e celebrado, presente e atuante, no “hoje” das co66 Paróquias & CASAS RELIGIOSAS
munidades (cf. Lc 24,13-35). Isto se dá, de modo especial, por meio da celebração do Domingo e das Solenidades do Senhor. É muito importante levar isso em consideração especialmente quando se celebram as Memórias da Santíssima Virgem Maria e dos Santos e Santas de Deus. O Tempo Comum, assim como o Ciclo Pascal e o do Natal, foi restaura-
do pelo Concílio do Vaticano II a fim de que o Mistério Pascal, centro da fé cristã, pudesse ser celebrado ao longo de todo o Ano Litúrgico, possibilitando, assim, uma participação plena, consciente e ativa de todo o povo de Deus na liturgia da Igreja. Dessa maneira, o Domingo foi revalorizado como o “Dia do Senhor”, fundamento e núcleo do Ano Litúrgico. www.revistaparoquias.com.br | julho-agosto 2011
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A celebração do DoUma celebração Santo, acompanhais semmingo ao longo do Tempre a vossa Igreja, peregripo Comum, pela sua dominical da Eucaristia ou na neste mundo; e por Jeprópria natureza, ali- da Palavra de Deus, como sus Cristo, Vosso Filho, a menta a espiritualidade acompanhais pelos camicristã por meio da escuta verdadeiro encontro dos nhos da história até a fiatenta da Palavra de missionários e discípulos delidade perfeita em vosso Deus e da partilha do com o Senhor, exige muito Reino”. Pão Consagrado, recorAs romarias, celebradando, assim, a Ressur- preparo e cuidado para que ções especiais, festas poreição do Senhor. Esse seja bem celebradal pulares e dos padroeiros, Tempo Litúrgico tem também cabem nesse sua origem na Páscoa da Ressurreição Tempo, podendo ser celebradas com die, necessariamente, para ela se encamiversas missas votivas (p. ex.: Sagrado nha e se dirige. Coração de Jesus, Nossa Senhora, São A configuração desse Tempo está João Batista, São Pedro e São Paulo, etc.), diretamente relacionada ao Evangemissas rituais (p. ex.: nas ordenações, em lho dominical (nesse ano estamos aniversário de casamento, na dedicação lendo o Evangelho de Mateus), núcleo de um altar, etc.) e missas e orações para da Liturgia da Palavra, e em torno do diversas necessidades (p. ex.: missa em qual são organizadas as outras leituras ação de graças, pelos prisioneiros, pelos - do Antigo e Novo Testamento – e o doentes, pela pátria ou pela cidade, etc.), Salmo Responsorial. Também a hopropostas pelo Missal Romano. milia, os comentários, os cantos e a O Tempo Comum também é música devem encontrar nestes textos marcado pela comemoração de meses, a sua inspiração. semanas e dias temáticos, como, por Os Prefácios, textos privilegiados de exemplo, o mês da Bíblia, das Vocações, Glorificação e de Ação de Graças, nos entre outros. Entretanto, tais comemoajudam a perceber e relacionar o nosso rações devem, igualmente, respeitar a tempo e a nossa própria história com o centralidade do Mistério Pascal. Elas Tempo Comum, cuja centralidade está devem ser celebradas “por Cristo, com calcada no Mistério Pascal de Cristo: Cristo e em Cristo”, e não à luz de um “Hoje, com a luz e a força do Espírito tema ou ideia!
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12 pistas para celebrar melhor o Tempo Comum
1. Valorize o Domingo, o Dia do Senhor Ressuscitado. Lembre sempre da precedência do domingo sobre outras comemorações.
2. Realce a dimensão Pascal do Domingo, por meio da procissão solene dos ministros e/ou da asper-
são da assembleia no início da celebração, em substituição ao Ato Penitencial. Para isso podemos utilizar as lindíssimas orações do Missal Romano, que nos remetem à celebração da Vigília Pascal quando, solenemente, renovamos nossas promessas batismais e fomos aspergidos com a água benta. É preciso respeitar a dignidade do rito e não esparramar a água benta de qualquer jeito!
3. Dê destaque ao Evangeliário e investa na primorosa proclamação e escuta atenta da Palavra de Deus. Será que os folhetos, livrinhos e o datashow favorecem de verdade tais atitudes?
4. Valorize a homilia. Ela é de fundamental importância para a celebração. Santo Afonso de Ligório
recordava aos pregadores do seu tempo que o povo de Deus esperava do pregador “não as palavras belas e os ditos agudos, mas um pão nutritivo da Palavra!” O padre Antônio Vieira, por sua vez, dizia, no Sermão da Sexagésima: “Quem semeia misturas, mal pode colher trigo. Se uma nau fizesse um bordo para o norte, outro para o sul, outro para leste, outro para oeste, como poderia fazer viagem? Por isso nos púlpitos se trabalha tanto e se navega tão pouco”.
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Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 67
PASTORAL DO
DÍZIMO
EXPERIÊNCIA
SAUDÁVEL Conquiste novos recursos para sua comunidade por meio do dízimo 3.0 POR PE. JERÔNIMO GASQUES
A
lguns já me questionaram sobre esse tipo de reflexão sobre o dízimo. Acredito que estamos vivendo um tempo de maturidade eclesial suficiente para repensar a experiência do dízimo em nossas comunidades. 70 Paróquias & CASAS RELIGIOSAS
A experiência do dízimo tem passado por uma evolução crescente pelos séculos. O que vemos hodiernamente, não é mais uma contemplação passiva do dízimo projetado no Antigo Israel. Houve um enriquecimento da experiência e novos modos de abordagens a esse respeito.
Certamente que isso não foi tranquilo para a grande maioria daqueles que optaram por essa forma de contribuição. Por outro lado, também houve inúmeros exageros que fazem ‘dó’ à releitura decimal. Será a respeito disso que estarei refletindo nesse artigo. Sobre o tema, www.revistaparoquias.com.br | julho-agosto 2011
pretendo escrever um livro mais elaborado a respeito dessa nova tendência (pastoral) decimal. Sem muito rodeio e de forma bastante resumida, vamos à reflexão em três tempos.
PRIMEIRO: DÍZIMO 1.0
25,31-40; 2 Coríntios 9,7. À margem dessa reflexão crescia a consciência de auxílio aos pobres, às necessidades dos cristãos em geral e a manutenção dos agentes de pastoral: apóstolos, presbíteros, diáconos e outros. Esse é um grande capítulo que merece bastante atenção. Por ora ficamos apenas com essas singulares ideias.
O foco é o dízimo em si mesmo. Resumidamente e com alguns questionamentos ele nasce naturalmente e TERCEIRO: DÍZIMO 3.0 sem a pretensão de se tornar algo quesO foco desse terceiro momento tionável no Antigo Testamento, apenas será a insistência que se deu ao dízimo o dízimo por si mesmo. a partir do final da década de 80, no Nessa primeira fase o dízimo nada século passado. mais é que a devolução dos produtos de É uma página bastante empobrecicereais e de animais. Historicamente antes da sobre a experiência do dízimo que da Lei. Sem demora podemos conferir merece mais atenção e cuidado pastoral. alguns textos elementares: É uma mistura de contra Gênesis 14,20; Genesis Apelemos, enfim, valores que faz pena pen28,22; 2Samuel 8,15-17; sar o dízimo como reflepara um dízimo sadio, ético xão de pastoral. Números 18,21-24. Nesse contexto, o dí- e evangelicamente equiliA consequência é zimo era uma troca de pelos valores perdidos favores; nada obrigató- brado em função da aborrecida rio ou imposto por Deus, apenas pestendência mercantilista da maioria: soal e uma atitude que tinha um procedinheiro a todo custo! O comércio relidimento metodológico: vender, comer gioso, em nome do dízimo, sem liga e repartir. com a experiência de Deus contradiz a O dízimo sobre a lei ganha outro proposta inicial de um dízimo limpo e destaque: planejado para a manutensustentável. O dízimo nesse patamar ção dos levitas e, consequentemente, deve ser inventado, seduzido, pregado descrito como parte dos produtos da e conquistado. terra. A teologia da prosperidade com sua saga de domínio sobre as pessoas: busca de prazer e conforto individual. SEGUNDO: DÍZIMO 2.0 O dízimo nessa instância deve ser O foco será a comunidade inscrita constantemente reinventado; seduzir no Novo Testamento. Aqui o dízimo para conseguir mais dividendos aos ganha outra dimensão ou contorno cofres da igreja. que não o de obrigatoriedade, algo pesApelemos, enfim, para um dízimo soal ou coisa que o valha. A comunidasadio, ético e evangelicamente equilide será a mais nobre expressão de arbrado. gumentação e de sustento para a A comunidade que apela ao dízimo identidade nascente. como mantenedor da atividade pastoral O dízimo, nesse período, é praticadeve ficar atenta aos desafios próprios mente extinto da reflexão, apenas o inde certas tentações. Enfim, muitos viteresse em se manter a comunidade vem de um dízimo saudável. Isso faz que se organiza de forma a criar comutoda a diferença na pastoral do dízimo! nidades alicerçadas no amor fraterno e na solidariedade humana. Pe. Jerônimo Gasques é Conferencista, Pároco O “dízimo” nesse contexto (até séda Igreja São José, Presidente Prudente-SP e Auculo VI) era para satisfazer as necessitor de diversos livros, dentre eles “As Sete Chaves dades dos santos. Podemos conferir: do Dízimo”, publicado pela Paulus Editora. Contato: jeronimo.gasques@gmail.com.br Atos 2,44-45; Gálatas 6,9-10; Mateus
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PLANEJAMENTO
PASTORAL
A UNIÃO FAZ A FORÇA
Siga os passos para montar a festa do padroeiro de sua paróquia POR ANDRÉ LUIZ MOREIRA DOS SANTOS tório paroquial em suas comunidades, grupos, movimentos e pastorais; mais ainda existe um P fundamental segundo Philip Kotler: o P de pessoas, pois é necessário o envolvimento de todos para execução de tão grande evento. Como elaborar e tornar a Festa do Padroeiro o maior evento de evangelização da paróquia? Se existe Pastoral de Comunicação ou Equipe de Eventos, entregue à coordenação sobre suas responsabilidades (a comunicação é o principal antídoto). Caso não haja, escolha um grupo ou pastoral ou forme uma equipe com paroquianos envolvendo pessoas da área de comunicação, como marketing, financeira, administração, jovens
para que coordenem a Festa. Após sua montagem e a aprovação do pároco, é partir para mãos a obra. 11 passos para elaboração da Festa do Padroeiro
1. Junto com o pároco pense no tema da
Festa, tendo como princípio as principais necessidades pastorais, catequéticas da comunidade paroquial ou até mesmo o que a Igreja está vivendo a nível Diocesano, Nacional ou Mundial para ser trabalhado nos dias da Festa, transformando a mesma em um grande momento de formação;
2. Elaborado o tema, crie os sub-temas que
serão expostos no decorrer do novenário que deverá estar ligado ao tema e a realidade de cada dia do novenário (pastoral do dia, comunidade, homenageados, etc);
3. Reúna a equipe e comece a traçar os objeti-
vos da Festa, criar as demais equipes, pensar na infra-estrutura, nas reuniões preparatórias e em tudo mais que iremos ver a seguir;
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O envolvimento de todos os paroquianos engajados se faz necessário na preparação e execução da festa
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Festa do Padroeiro São Sebastião - São Sebastião do Passé - Bahia
A
‘Festa do Padroeiro’ de uma paróquia é o momento mais propício para: uma ação evangelizadora, integração dos paroquianos, captação de recursos, investimento em comunicação e um posicionamento da Igreja em um ambiente cada dia com um maior pluralismo religioso. Pode-se afirmar que a ‘Festa do Padroeiro’ se insere perfeitamente no quarto P do marketing ao qual se refere à Promoção, porém, há como se aplicar outros P’s segundo Jerome Mccarthi: o P de produto, pois a Salvação que vem de Cristo deve ser a principal intenção desse evento; o P de preço seria o lucro maior dessa festa referente à conversão dos fiéis; o P de praça estaria focado no terri-
4. Utilize diversos meios de comunicação para divulgação do evento: crie uma logomarca da Festa para
memorizar a imagem e o tema, um blog com todas as informações necessárias e divulgue-o, utilizem de redes sociais (Orkut, Facebook, etc), gravações padronizadas para rádio, sonorização móvel. Faça da comunicação o grande chamado de Deus para pessoas;
5. Convide os representantes de pastorais, movimentos, grupos e comunidades para divisão de diversas tarefas: acolhimento, limpeza, infra-estrutura, cantina, liturgia, e outras;
6. Pense em diversas celebrações envolvendo todos os públicos: missa para crianças, idosos e enfer-
mos, jovens, confissões, procissões, show católico, adorações, além de um solene novenário com pregadores ligados diretamente aos temas, orações próprias e muito mais que for necessário a um reavivamento espiritual;
7. Se possível antes de cada novenário, monte um telão que possa mostrar imagens ou filmes da realidade de sua paróquia (evangelização, pastoral, ação social, administração) para um maior conhecimento de todos;
O envolvimento de todos os paroquianos engajados se faz necessário na preparação e execução da festa������� .������ ����� É importante não deixar apenas nas mãos de uma comissão. Se possível faça parceria com os poderes públicos (prefeitura, secretarias) buscando mais recursos estruturais. A ousadia é singular para tão grande evento de manifestação do povo católico, caso não possa fazer dentro da igreja pela quantidade de pessoas, realize no lado externo. Por isso, não perca tempo!
8. Prepare com a equipe do Dízimo de sua paróquia momentos específicos para conscientização e prestação de contas, não só por meios verbais, mais também visuais, levando os paroquianos ao compromisso de fidelidade e adesão ao Dízimo, como principal responsável pelo andamento da paróquia;
9. Elabore meios de captação de recursos no decorrer de toda a Festa: confeccione camisetas, monte
uma livraria, contate patrocinadores, quermesse, bazar, afim de que com esses recursos se pague as despesas da festa e sobre algo para o caixa paroquial;
10. Elabore uma pesquisa de opinião para entrevista dos fiéis em busca de uma avaliação e aprimoramento da próxima Festa;
11. Não se esqueça de agradecer a todos que colaboraram reconhecendo o valor e a participação de
André Luiz Moreira dos Santos é Graduado em Administração com Habilitação em Marketing, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas, trabalha na área de Administração Paroquial. Palestrante e promotor de encontros na área de Administração e Secretariado Paroquial, Mar keting Católico, Relações Humanas e Lideranças Comunitárias, Dízimo. Contato: decveris@yahoo.com.br
cada indivíduo.
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fatoseideias
APOSTOLADO LITÚRGICO EM RECIFE
WEB TV PARA TODOS OS SITES CATÓLICOS Abre-se uma nova fronteira para os sites católicos: a possibilidade de criar, com um só click, a própria Web TV, com eventos ao vivo (como a beatificação de João Paulo II) e vídeos (notícias, entrevistas e reportagem). Trata-se de uma nova iniciativa gratuita lançada em colaboração com o Centro Televisivo Vaticano, Rádio Vaticano e a agência multimídia H2onews. A subscrição ao serviço é imediata e não é necessária uma preparação específica para poder utilizar a Web TV no próprio site. A Web TV pode ser baixada em dois formatos: maxi (760x420 pixels), ideal para sites de mídia ou vídeo; e mini (330x550 pixels), ideal para sites pessoais ou sites com muito conteúdo. Para baixar o código gratuitamente, que permite a inserção da Web TV nos sites católicos, é necessário subscrever-se diretamente a partir da página na internet de H2onews, em www.h2onews.org.
Com profunda gratidão ao Senhor Ressuscitado, sétimo aniversário da beatificação de Padre Alberione, a nossa Província, teve a alegria de poder ver abençoado e aberto ao público, em sede própria, o “Centro de Apostolado Litúrgico” na arquidiocese de Olinda-Recife. Com este novo local, se atinge o objetivo que nos propunha o Pe Alberione, oferecer, juntamente com a beleza a serviço da liturgia, o conhecimento e o aprofundamento dos Mistérios que nela celebramos. Damos graças ao Divino Mestre por ter-nos chamado a tão bela vocação e por nos ter concedido esta nova possibilidade a serviço da Igreja presente em todo o Nordeste do Brasil. Acesse nosso site: www.apostoladoliturgico.com.br Ir. Maristela Bravin, Superiora PDDM Brasil
RETIRO ESPIRITUAL ONLINE
SEMINÁRIO REDEMPTORIS MATER Instituído o “Seminário Missionário Arquidioces no Internacional ‘Redemptoris Mater’ São Paulo Apóstolo”, pela Arquidiocese de São Paulo-SP. O novo seminário – conduzido pelo Caminho Neocatecumenal – é voltado para a formação de sacerdotes do clero secular, isto é, não ligados a ordens ou congregações religiosas. É totalmente direcionado para a formação missionária. Este é o segundo a ser instalado no Brasil. O primeiro fica em Brasília. Saiba mais: www.arquidiocesedesaopaulo.org.br
Duas freiras beneditinas na Inglaterra estão oferecendo uma versão online do tradicional retiro espiritual. Elas, mesmo cobrando pelo retiro, o intuito é arrecadar fundos para no futuro mudar para um lugar maior, pois o espaço onde vivem é pequeno para realizar os retiros. Assim, a saída foi utilizar o meio virtual, onde há também a novidades como bate-papos online e ligações por Skype.
PÓS-GRADUAÇÃO EM LOGOTERAPIA A CNBB, em parceria com a PUC-PR, está promovendo um curso de especialização em Análise Existencial e Logoterapia. O objetivo é formar psicólogos, psiquiatras, formadores e outros profissionais, em uma linha da psicologia em que a visão de pessoa é mais próxima daquela que anunciamos e defendemos. O curso será realizado em 3 etapas: julho de 2011, janeiro de 2012. Inscrições: www.pucpr.br/especializacao
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