VOMITORIO 4
VOMITÓRIO #4
POEZINE/ROLEZINE/CXS/POA/GORFO/ TEXTOS/ASMA/ DESILUSÃO/COMPLEXIDADE-FORA-DEPROPORÇÃO/PITOS (NÃO) EDIÇÃO BETA III I: 2014 II: 2015 III: 2017
EDITORIAL/VOMITÓRIO II estamos bebendo, faz muito tempo. bebemos desde quando não podíamos realmente beber. não nos orgulhamos disso, nem achamos que servimos de exemplo. mas não podemos negar tudo o que está dentro de nós. não podemos negar o teor alcoolico do nosso sangue. não podemos negar o enjoô matinal e a dor de cabeça, a sensação de que o mundo inteiro está em cima de uma bandeja sobre as nossas cabeças. é só o sol da manhã. aos poucos lembramos que ontem abraçamos um vaso sanitário. nesse momento o sol ainda nos castiga: estamos apodrecendo de dentro para fora. no momento que refletimos sobre a noite, e as imagens voltam, soltamos um grunhido que poderia ser uma palavra mas não é, é um sentimento. é uma idéia que é muito maior que um momento, que um simples pensamento, é toda a nossa vida condensada em um momento de agonia, e toda a nossa agonia condensada em um momento de vida. vida! vida! respiramos o ar puro. o sol aquece o ar frio da manha. ar! ar! voltamos a vida muito mais vivos. as idéias contínuas continuam, mais fortes, sobreviventes da tempestade no estômago. estômago! estômago! ainda fodido. tudo bem, a gente vai beber de novo.
FUGA que grudenta realidade da qual todos fogem ou tentam ou então se lamentam por nao terem aí o que querem para si fuja aqui fuja ali fuja de carro fuja tirando sarro fuja com maconha fuja com vergonha ou sem fuja com os outros sabe-se que nao são poucos ou fuja sozinho desviando do caminho
a fuga virtual dentro do espectro cerebral nao é nada fora do normal é apenas mais um animal que está se sentindo meio mal nao acha prazer carnal então para nao sucumbir em uma espiral sai do mundo real
nao se pode fugir da fuga ela está em todo o lado no televisor cada vez maior e mais carinhoso na internet onde ninguem está sozinho mas também nao estão juntos as drogas são legais fugas irracionais talvez a fuga mais justa é a arte aquela que interage e cria uma nova imagem que nao pode ser negada ou apagada com tanta facilidade quanto um clique ou tirando uma tomada
AMANHECEU Não achei que fosse possível de novo, até acordar com você ao meu lado. Eu sorria quando sentia o cheiro de terra depois da chuva, ou durante alguma conversa sem fim. Quando alguém apagava o cigarro por vontade própria, ou quando o sol nascia tocando meus pés descobertos e, minutos depois, meu pescoço. Mas estava difícil sem você. O que falar agora, depois dessa noite juntos? Apesar de tudo, ainda lembro dos nuances, dos cheiros, dos detalhes e dos suspiros. Os fins justificam os meios? Ao acordar, tive a certeza que sim. O vento frio de repente adentrou meu quarto, mas não foi o suficiente. O gosto doce da cerveja manteve-se em minha garganta até o amanhecer. Não importava, não queria de volta aquela lucidez. O sol, de súbito, fora coberto por nuvens brancas e finas. Não importava a realidade, o sonho ou a distinção entre os dois, o meu sorriso se manteve durante longos minutos. Ainda sentia você ali, como o sol encoberto, fazendo nascer algo novo. Sentei na cama me segurando, com medo de cair, e levei as mãos à cabeça. O doce virou amargo, mas não importava. Não ouvi você me pedindo para voltar à cama, mas felizmente não foi embora. E, depois dessas noites embaladas pelo sono e ressaca, é você que eu vejo entre as frestas da janela, já desbotada. E que eu sinto beliscando meus pés, meu pescoço. E nascendo dentro de mim, todas as manhãs.
REVER SER Disse que não era, mas queria ser, sem saber que era. Aliás, sabia que era, mas disse por dizer, que não era, pois não queria ser. Foi e deixou de ser, pra poder dizer, que aquilo que quisera era inútil e um desprazer.
(IN)FELIZ Ela foi feliz, porque sorriu, nadou nua, com a lua, beijou a arvore e agradeceu a natureza, mas esqueceu de ser feli
SEM NOME I eles e suas marcas: no rosto, nos braços, nas pernas, no peito, na alma; angústia explícita no corpo; uma tela manchada de sangue, tripas e fezes; sensação escatológica de prazer instantâneo; eles e suas tatuagens: alegria, sorrisos, lágrimas, tristeza; corpos esculpidos no lodo, corpos pregados em cruzes; o corpo cai da sacada e some em meio aos prédios cinzentos; só sobrou a consciência. SEM NOME II só mais um dia em que eu acordo e a primeira coisa que eu faço é fumar e a segunda coisa é fumar e a terceira coisa é fumar; fumo várias marcas de cigarros só pra sempre ter um motivo pra fumar de novo e de novo; como eu ia dizendo: e a quarta coisa é fumar e a quinta coisa é fumar e sexta coisa - azedume - é chorar; deixo lágrimas por onde passo; lágrimas do meu corpo e cinzas dos meus cigarros estão em quase todos os cantos da cidade: nas esquinas, nos bares, nos puteiros, nas filas dos bancos; as minhas lágrimas e as minhas cinzas estão em quase todos os cantos: nos abraços já esquecidos, nos gritos sufocados, nos amores mutilados, em todas as facadas já sentidas; e assim foi meu dia: só mais um em que se começa com um cigarro e se termina com um suicídio: a esperança morreu.
GRITO! jogue tudo pro alto, quebre tudo ao seu redor grite o que tanto guardou mostre o teu eu sem medos ou certezas você é livre para ir e voltar mas não volte, ou não vá não pense, ou não pare de pensar corra, corra, corra, não é por muito tempo não há mentiras, nem segredos livre de tudo, solto aos ventos não há portas, nem janelas sem um teto, deitado sobre o chão nada te prende, liberte seu coração!
SEM NOME III jamais chore por despedidas não olhe pra trás, não agora o mundo é tão grande lá fora simplesmente corra para ver mais um dia terminar ou espere um pouco e veja o sol raiar corra e siga seus instintos nada te prende, tudo é mais simples leve e feliz QUATRO DE ABRIL Totalmente escuro, dentro de um quarto fechado, ouvia apenas o barulho do ventilador. Meu corpo não parava de suar e, ao mesmo tempo, minha mente não parava de lembrar o que era a solidão. A cada hora que passava me vinha um novo pensamento, e, com ele, um novo sentimento. Um pior que o outro. Eram cerca de três horas da manhã, quando terminará meu único maço de cigarros. Depois disso, já sabia que era eu, preso em minha mente, sem poder me libertar, sonhando que alguma luz me encontrasse, e me tirasse o vazio que me preenchia. Parecia, simplesmente, que já havia passado a minha vez de ver a luz brilhar, de ouvir os pássaros cantarem. Foi quando percebi que minha antiga luz já havia ido: e que dependia de mim, buscar uma nova para, enfim, sentir novamente, a paz.
SEM NOME VI ando instável; totalmente instável; absurdamente instável e recomeçando a esquecer coisas banais: fico horas depois de acordar, jogado no lado escuro da cama, tentando lembrar como é que eu fazia pra respirar ontem; fico pensando em como é que ontem era fácil respirar e hoje eu quase morro sufocado; como é que ontem eu sabia gritar e hoje eu morro calado? ontem eu soube amar, soube sorrir, mas hoje só fico aqui perplexo por não lembrar como eu fazia pra respirar.
GRITARAM!! GRITARAM!! Gritaram, gritaram!!! Eram eles chegando:
DE PINTINHO A GARNIZÉ porque o querer, é igual em escrita e em ideal, pra frente.
Descente, Não pensantes crescente, estranhos, todo dia a gente sua ignorância sente, bradando, que tu eras, vozes ensaiadas, que tu fois, de ideias e conjugo ultrapassadas, e refugo de cor, amor e tudo só julgo, em mim, que o bem quer. pra mim, pra nós Eu sou o mal, e pra vós, faz bem ao me que há de ser, fazer sofrer, igual
Não quero spoiler da vida, mamãe, to de partida. Sem saída, coloco o dedo na ferida. Pra fazer o bolo, só preciso do fermento, o modo de preparo, caso não saiba, eu invento. E olha eu aqui, já vivi, não preciso mais de A.S. então mamãe, não se'stresse, por enquanto eu vou errando, mas logo logo a gente cresce.
POST-LOVE POEM Os quartos, os carros os largos, os estreitos e os chãos de banheiro não guardam este segredo tão bem quanto eu A lua, os pássaros, as ruas e demais inanimadas testemunhas nenhuma delas sequer supunha o que sempre supus eu Mas os corpos pintados, molhados e pelados manterão sempre simbolizado aquilo que para mim, sempre seremos tu e eu
I’M FULL!! I've just lost a few hours of my day I'm tired tired 'cause my head is really full I'm in an electric mood now None smoke's enough now I'm running running with no reason It's chaotic It's nervous It's my stomach It's my brain I wanna feel everything that is unconfortable and take its best I don't care I don't care I don't care And I can't even get proud of myself When a huge part of my life are lies outside
DESCOUNTRUINDO DITADOS "O que os olhos não vêm, o coração não sente" Pura balela... Só em fechar os olhos, você já lembra, já reflete, já divaga, já origina sentimentos, já morre por dentro. Tudo isso é sentir, com a parte cerebral que nós chamamos de 'coração'. E se o coração sentisse de verdade, já teríamos mil taquicardias. Ou simplesmente, não aguentaríamos a primeira. Ou já estamos todos mortos por dentro mesmo. LET ME DOWN Ela sabe me botar pra baixo. Sabe como transformar pequenas palavras em grandes punhais de aço. Sabe disparar frases como se fossem tiros de metralhadora. Minhas lágrimas e minha depressão são como o sangue jorrado de minha jugular. E sua indiferença serve como um machado que retira meus membros. O seu silêncio mórbido serve como um instrumento que arranca o meu coração sem dó e muito menos anestesia. E o golpe de misericórdia é nada mais, nada menos que um singelo "adeus".
SEM NOME IV O acesso ao âmago é irreversível. Mesmo que estejamos profundamente distantes, querendo olhar para a superfície de nossas essências - tentando caminhar onde seja mais raso - esse abismo converge na ausência de ego entre nossos indivíduos. Conhecimento irrefutável - inescapatória eterna.
O JOGO DAS 5 MARIAS SATÂNICO o jogo das cinco-marias satânico: a velocidade e a quantidade de pensamentos/acontecimentos automáticos/induzidos aumenta cada vez que uma almofadinha é jogada, dando uma sensação de satisfação e prazer numa repetição interminável de movimentos padronizados. o jogador se mantém fiel ao jogo, sem reparar que já faz aquilo de olhos fechados. segue de olhos fechados… impelido pelo placebo do falso avanço. existem alguns jogadores que simplesmente nunca mais abrem os olhos e se deixam levar pelas almofadinhas. os outros, quando abrem os olhos, sentem-se no direito de revanche e começam a jogar de novo - com outras almofadinhas.
SEM NOME VI atenção notei a falta da atenção entendia o trabalho como purgatório onde não há prazer. onde o prazer é condenado. PELO JURI MÁXIMO KAFKIANOOBVIOUTÓPICO todo o ambiente pesa sobre o ser. não há leveza mas você pode sempre fugir pra dentro olhar pra lugar nenhum com olhar-de-horizonte no rosto e se entregar. e se eNtregar é leve. sorry i was under the sky, pai mãe prô mô