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Entrevista
R$ 20,00
Ano 5 - N° 54 - Julho de 2015
9 772179 879008
ISSN 2179-8796
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CIORJ 2015: conhecimento e negócios em Odontologia
Reportagem Ortodontia: evolução e mercado
Mais do que sólido – Roxolid®. Maior aceitação por parte dos pacientes.
itar nos vis Venha J! R IO C no e f ica estand Nosso ina da na esqu a 5, m o rua C c ntrada e a o im próx ilhão. do pav
Evite procedimentos de enxerto ósseo e ofereça ao seu paciente inúmeras vantagens: • Straumann® SPS - Standard Plus Short 4 mm – exclusivo implante de diâmetro reduzido, pioneiro no mercado • Redução do custo e do tempo de tratamento • Cicatrização mais rápida • Cirurgias menos traumáticas e menor desconforto pós-operatório
Editorial Edição: Ano 5 • N° 54 • Julho de 2015
Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7732 Coordenadora Editorial Carla Nogueira e. carla.nogueira@vpgroup.com.br Editora Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7734 Designers Giovana Dalmas e. giovana.dalmas@vpgroup.com.br Flávio Bissolotti e. flavio.bissolotti@vpgroup.com.br Roger Tambelini e. roger.tambelini@vpgroup.com.br Web e Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br Bruno Macedo e. bruno.macedo@vpgroup.com.br Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br Carolina Teixeira e. carolina.teixeira@vpgroup.com.br Publicidade - Gerente Comercial Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7740 Publicidade - Gerente de Contas Viviane Romão e. viviane.romao@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7723 Ismael Pagani e. ismael.pagani@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7724 Marketing Assistente de Marketing Michelle Visval e. michelle.visval@vpgroup.com.br Financeiro Rodrigo Gonçalves de Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7727 Conselho Científico Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Diego Portes, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo, Wanderley de Almeida Cesar Jr. e William Torre. A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. O periódico é distribuído em todo o território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor.
A importância da prevenção de acidentes de trabalho
A
segurança do trabalho sempre foi uma preocupação por parte dos sindicatos dos trabalhadores. Na área odontológica, a atenção é mais recente, apesar dos apelos constantes da categoria. Recentemente, foi divulgado no site Yahoo Finance que a Odontologia é a segunda profissão de maior insalubridade. A Odontologia do Trabalho foi reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia com a Resolução no 22/2001, enquanto que a Resolução 25/2002 definiu as áreas de competência. A especialidade busca a correlação entre o trabalho com a saúde bucal do trabalhador, além de verificar as condições do ambiente de trabalho, envolvendo ergonomia, espaço físico, disposição dos equipamentos, exposição direta ou indireta às substâncias químicas utilizadas pela equipe odontológica, riscos de intoxicação e contaminação decorrentes da atividade laboral. O risco maior ou não de acidentes de trabalho é resultante das condições ambientais, de vida e de trabalho. Ou seja, quanto maior a exposição a situações de riscos, maiores serão as ocorrências de acidentes. Algumas substâncias químicas quando inaladas ou absorvidas podem levar a alterações no fluxo e composição salivar, resultando em lesões cariosas e doença periodontal. Sabese que uma das razões de absenteísmo no trabalho refere-se a problemas odontológicos. A diminuição do rendimento no trabalho e na qualidade de vida do trabalhador também pode ser atribuída a estes problemas. Um trabalhador com dor de dente pode apresentar alteração psicológica e perda de concentração, gerando riscos para a sua vida e para a vida dos colegas. Em relação às justificativas de falta no trabalho, a dor de dente ocupa o terceiro lugar, após a dor de estômago e a dor de cabeça, com o primeiro e segundo lugar, respectivamente. O sindicato exerce papel importante e deve estar atento para gerir as situações nos ambientes de trabalho, aplicando as leis trabalhistas e oferecendo melhores condições ao trabalhador. Um segundo aspecto a ser abordado é a segurança dos profissionais da área odontológica em relação as suas funções. Por meio da Portaria no 485/2005, do Ministério do Trabalho, foram deferidos os parâmetros de saúde e segurança ocupacional para os trabalhadores da área. A equipe odontológica deve adotar medidas universais para prevenir acidentes e transmissão de microrganismos no ambiente de trabalho, objetivando a redução do risco ocupacional. As medidas preconizadas pela NR-32 consistem em imunização, higienização das mãos, utilização de EPI, descarte adequado de artigos perfurocortantes, desinfecção e esterilização dos instrumentais, equipamentos, ambientes de trabalho, além do descarte de lixo contaminado. Os acidentes de trabalho no ambiente odontológico devem ser notificados por meio da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), constando todos os detalhes sobre o profissional e o paciente, além da forma como o acidente ocorreu e a conduta a ser adotada após o acidente. Os envolvidos no acidente devem se deslocar para um centro de apoio a este tipo de acidente, para documentar, submeter ao protocolo de medicamento e acompanhar os envolvidos, evitando a instalação de doenças infectocontagiosas. Para concluir, celebramos no próximo dia 27, o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho. Vale salientar que a prevenção é a melhor arma para evitar a transmissão de doenças.
Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Periodicidade: mensal Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: Duograf
Francisco Xavier Paranhos Coêlho Simões Membro do Conselho Científico Alameda Madeira, 53, 9o andar - conj. 92 Alphaville - Barueri – SP - 06454-010- + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br Julho de 2015
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Sumário
Julho de 2015 • Edição: 54
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Editorial
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Notícia
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#ValorizaOdonto
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Mercado - OdontoCompany
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Odontologia Segura
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Novidades – CIORJ 2015
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Entrevista
CIORJ 2015 - Conhecimento e negócios em Odontologia Paulo Murilo Fontoura Jr.
Reportagem
Evolução conceitual e tecnológica do mercado ortodôntico
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Colunistas
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Estomatologia: Antonio Fernando Pereira Falcão Odontogeriatria: Eduardo Hebling
Caso Clínico
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Acompanhamento radiográfico e tomográfico do reparo ósseo na instalação e carga imediata de implantes cone morse com superfície Acqua em área estética Geninho Thomé, Sergio Rocha Bernardes, Larissa Carvalho Trojan-Serpe e Mary Stella Kivel Dias Vitório
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Normas para publicação
Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião deste periódico.
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Notícia
Maior Congresso de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da América Latina acontece em agosto
Inovação é a palavra que define o XXIII COBRAC. A Comissão Organizadora está preparando uma programação científica atual e em sintonia com as necessidades dos profissionais da área
Presidida pelo especialista Dr. Fernando Bastos Pereira Junior, a 23ª edição do COBRAC será realizada entre os dias 25 e 29 de agosto, em Salvador (BA). O evento contará com pelo menos 12 convidados internacionais dos Estados Unidos, Espanha, Canadá, Itália, Suíça, Reino Unido, Suécia e Alemanha e mais de 100 renomados especialistas brasileiros como palestrantes. “Inovação é a palavra que define o XXIII COBRAC. A Comissão Organizadora está preparando uma programação científica atual e em sintonia com as necessidades dos profissionais da área, com workshops, simpósios e fóruns que darão mais dinamismo ao evento”, ressalta o presidente do Congresso. Os principais destaques são o Workshop de Artroscopia da ATM durante um dia inteiro, o que favorecerá a participação de um número maior de pessoas; o Workshop de Manejo de Vias Aéreas; o Simpósio de Toxina Botulínica e Preenchimento Orofacial; Simpósios interativos com a participação direta dos congressistas interagindo com os palestrantes nas áreas de Implantodontia e Cirurgia Ortognática; o Fórum de Pesquisa Científica, no qual os três melhores trabalhos serão premiados; e o Simpósio Salvador +10, onde os palestrantes internacionais apresentarão suas expectativas futuras e o que esperam de determinadas áreas da cirurgia buco-maxilo-facial daqui a 10 anos. O presidente ressalta que o XXIII COBRAC está com uma grade científica consistente e abrangente, o que permite a atualização técnico-científica dos congressistas. “Ao participar do COBRAC 2015, na capital baiana, uniremos o útil ao agradável, ou seja, teremos crescimento profissional do ponto de vista científico e desfrutaremos de momentos de confraternização com os colegas, em uma das cidades mais belas do Brasil”. As inscrições podem ser realizadas por meio do site do congresso, onde também é possível conferir toda a programação científica. www.cobrac2015.com.br
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Odonto Magazine e movimento #ValorizaOdonto unidos pela valorização da Odontologia A Odonto Magazine uniu-se à Dental Cremer, Hereaus Kulzer e ao Ident, para apoiar o #ValorizaOdonto. Todo mês, o depoimento que tiver mais curtidas será publicado aqui, como a história da Dra. Elizabeth Passos Silva, que você confere abaixo.
Elizabeth Passos Silva Cirurgiã-dentista. Especialista em Odontopediatria. Trabalha há três décadas na Rede Básica de Saúde. Voluntária da Turma do Bem.
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rinta anos se passaram. Muitos momentos marcaram a minha vida como profissional de saúde bucal. O que mais me comove na minha profissão é a alegria proporcionada aos jovens e para as pequenas crianças, que após a vivência de um trauma ou cáries extensas, olham-se no espelho e se admiram. Ficam felizes por avistarem seus dentes bonitos de novo. A alegria e a satisfação nos olhos dos pacientes valeram, valem e sempre valerão a pena durante todos os momentos da minha vida.
Acesse o site valorizaodonto.com.br e conte a sua história. Você também pode acompanhar o manifesto nas redes sociais www.facebook.com/valorizaodonto | www.twitter.com/valorizaodonto | www.instagram.com/valorizaodonto www.youtube.com/valorizaodonto | www.ident.com.br/ValorizaOdonto Iniciativa
Apoio
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Mercado
OdontoCompany completa bodas de prata e comemora a atuação no Brasil Com atividades em quase todos os Estados, a OdontoCompany conquista cada vez mais espaço no mercado odontológico. A entrevista com o presidente Paulo Zahr apresenta um pouco mais da empresa e discute o franchising como uma próspera opção de negócio para o dentista brasileiro. Por: Vanessa Navarro
O maior benefício é transformar o dentista em um empreendedor Paulo Zahr Odonto Magazine - Com um quarto de século de atuação no mercado odontológico, a OdontoCompany está presente em 22 Estados brasileiros. Como o senhor explica a ascensão da empresa? Paulo Zahr - Criei a OdontoCompany há 25 anos. A minha intenção era levar o acesso bucal para as classes mais baixas, porém, naquela época, o tratamento odontológico não era prioridade no orçamento dessas pessoas. Foi quando coloquei em prática meu lado empreendedor e enxerguei no setor uma grande oportunidade. Para aproveitar o desconto que um fornecedor oferecia, eu comprei material para montar mais de mil aparelhos ortodônticos, mesmo sem ter clientes suficientes para vendê-los. Como adquiri uma grande quantidade de material, consegui negociar a forma de pagamento junto ao fornecedor. Dessa forma, foi possível parcelar o tratamento dos pacientes em muitas vezes, o que tornou o serviço odontológico viável para o bolso das pessoas. A notícia
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rapidamente se espalhou e, quando percebi, já tinha muitos clientes. Precisei abrir mais clínicas para atender a demanda. Naquela época, os tratamentos chegavam a ser parcelados em até 20 vezes, sendo que as pessoas utilizavam carnê, já que a clínica não possuía parceria com bancos e muitas não tinham cheque ou cartão de crédito. O sistema deu tão certo, que o número de pacientes cresceu rapidamente, o que resultou em 25 consultórios espalhados no interior paulista. Mas, para conseguir atender tantas pessoas, manter a qualidade e levar o atendimento acessível a todo o país, optei por franquear a marca. Em 2010, uni-me ao Sr. José Carlos Semenzato, proprietário da Holding SMZTO e fundador da rede de escolas profissionalizantes Microlins, para tornar a Odontocompany uma franquia, popularizando, assim, o acesso à saúde bucal.
Mercado Hoje, estamos presentes em quase todos os Estados brasileiros, exceto no Acre, Roraima, Amapá, Alagoas e Distrito Federal. Odonto Magazine - A OdontoCompany abrange todas as áreas de atendimento odontológico. Como a empresa visa promover a saúde bucal da população brasileira? Paulo Zahr - Além dos profissionais competentes para o atendimento e equipamentos de qualidade, a OdontoCompany permite que o paciente pague seu tratamento em até 36 vezes. Isso é um grande incentivo, pois muitos brasileiros não têm condições financeiras para arcar com um tratamento odontológico. Ao permitir o parcelamento, a rede passou a atender público que antes ia ao dentista apenas em último caso, para extração dos dentes, por exemplo. Odonto Magazine - Como a empresa é gerida para apresentar benefícios para os profissionais de saúde bucal e também para a população brasileira? Paulo Zahr - O maior benefício é transformar o dentista em um empreendedor. A OdontoCompany oferece suporte de implantação, assessoria na escolha do ponto comercial, fornecedores homologados para compra de estoques com descontos, treinamento de equipe, treinamento do próprio franqueado, software de gestão, planos de marketing, assessoria de comunicação e estudo de mercado, para adaptar a franquia à região onde será aberta. Odonto Magazine - Existem planos de expansão da empresa para outros países do globo? Paulo Zahr - Estamos sempre estudando propostas para crescimento no mercado exterior, mas nada ainda definido.
Odonto Magazine - Quais são as suas perspectivas quanto ao futuro da franquia em Odontologia? Paulo Zahr - São muito positivas. O negócio de franquias sofre menos, pois lidamos com saúde, que não se pode e nem se deve remediar. Uma pessoa com dores de dente, por exemplo, não tem alternativa, a não ser buscar um profissional. É diferente de outras áreas que precisam trabalhar com estoques ou vender produtos perecíveis, por exemplo. Odonto Magazine - Recentemente, a empresa apresentou para a população de baixa renda um programa de tratamento que oferece o parcelamento de tratamentos em até 36 vezes. Esse tipo de atitude pode ajudar a reverter a situação do Brasil, conhecido como o país dos desdentados? Paulo Zahr - Sim, com toda certeza. Eu acredito que já está mudando aos poucos. Há uma mudança cultural dos brasileiros. A preocupação com os dentes passou a ser prioridade na vida das pessoas, principalmente quando se trata de tratamentos estéticos. A maioria dos tratamentos realizados pelo OdontoCompany é voltada para a estética, como o clareamento, aparelho ortodôntico e implantes. Antigamente, as pessoas só nos procuravam quando a situação já estava bem complicada. Hoje, existe uma preocupação com o tratamento preventivo. Odonto Magazine - Pesquisas apontam que os procedimentos mais procurados nas unidades da OdontoCompany são os de estética bucal. Como a empresa pode oferecer tratamentos estéticos sem comprometer a renda familiar da população mais carente? Paulo Zahr – Além da política de parcelamento, temos um bom relacionamento com nossos fornecedores. Costumamos sempre negociar descontos. Todos os franqueados são beneficiados. Estética bucal não é apenas vaidade. Ela melhora a autoestima do indivíduo. Um sorriso bonito abre portas.
OdontoCompany está presente em 22 Estados brasileiros
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Odontologia Segura
Mononucleose infecciosa: a doença do beijo Lusiane Borges Biomedicina - UNISA / UNIFESP. Odontologia – UMESP. Especialização em Microbiologia – Universidade Oswaldo Cruz. MBA em Esterilização - INESP. PósGraduada em Controle de Infecção em Saúde e Epidemiologia– UNIFESP. Coordenadora de Cursos de ASB/TSB, desde 2000. Autora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”, Ed. Elsevier, 2014. Consultoria em Biossegurança em Saúde – Biológica. Organizadora do CIATESB, desde 2011. Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), EUA. Assessora Científica da FOLA (Federação Odontológica Latino-Americana). Responsável pelo site www.portalbiologica.com.br.
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mononucleose infecciosa, também conhecida como doença do beijo, é uma doença contagiosa e causada por um vírus da família do herpes, o vírus Epstein-Barr (EBV), transmitido pela saliva. É mais comum em adolescentes e adultos jovens, e se caracteriza pelos sintomas de febre, dor de garganta e aumento dos linfonodos. Além do beijo, a mononucleose pode ser transmitida por meio da tosse, espirro e objetos - como copos e talheres – ou de qualquer outro modo onde exista o contato com a saliva de uma pessoa contaminada. Um indivíduo infectado pelo Epstein-Barr pode permanecer com o vírus na sua orofaringe por até 18 meses após a resolução dos sintomas, podendo contaminar pessoas com quem mantenha algum contato íntimo, principalmente contatos prolongados. Sendo assim, a maioria das pessoas que desenvolve mononucleose não se recorda de ter tido contato com alguém doente, e a própria pessoa que transmite o vírus também não imagina que ainda possa transmiti-lo. Apesar da baixa infectividade, em alguns países, mais de 90% da população adulta já teve contato com o vírus da mononucleose. Na maioria dos casos, as pessoas têm o primeiro convívio com o vírus da mononucleose ainda quando criança, porém a infecção passa despercebida, afinal, o vírus não costuma causar doença quando adquirido nesta fase. Menos de 10% das crianças que se contaminam com o Epstein-Barr desenvolvem algum sintoma. Portanto, a grande maioria da população já teve contato com o vírus e já possui anticorpos, estando imunes ao vírus. Os casos de mononucleose na adolescência e juventude ocorrem naquela minoria que, por acaso, não foi contaminada quando criança. Ao contrário do que ocorre nas crianças, a doença costuma causar os sintomas clássicos nos adolescentes e adultos jovens infectados. É importante salientar que, apesar do modo de transmissão ser semelhante ao da gripe, o Epstein-Barr é um vírus menos contagioso, o que faz com que seja possível haver contato com pessoas
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infectadas e não se infectar. A infecção só ocorre após contato prolongado de uma pessoa contaminada com outra que nunca tenha sido exposta ao vírus. Portanto, quando se soma ao fato da maioria da população já ser imune à mononucleose com a natural baixa taxa de contaminação do vírus, o risco de transmissão entre jovens e adultos é muito baixo. A mononucleose é rara após os 30 anos de idade, uma vez que, possivelmente, todos nesta faixa etária já foram expostos ao vírus em algum momento da vida. Nas pessoas que desenvolvem sintomas, o período de incubação, ou seja, desde o contato até o aparecimento da doença, acontece entre quatro e oito semanas. Os sintomas típicos da mononucleose incluem febre, cansaço, dor de garganta e aumento dos linfonodos do pescoço. É um quadro muito semelhante às faringites comuns causadas por outros vírus e bactérias. Outros sintomas inespecíficos, como dor de cabeça, dores musculares, tosses e náuseas também são comuns. Na mononucleose, a fadiga costuma ser intensa e persiste por semanas após a resolução do quadro. O aumento dos linfonodos na mononucleose infecciosa é um pouco diferente dos linfonodos da faringite comum, acometendo preferencialmente as cadeias posteriores do pescoço e, frequentemente, espalhando-se pelo resto do corpo. Uma dica para o diagnóstico diferencial entre as faringites bacterianas e a mononucleose é que, neste último, pode haver o aparecimento de uma rash (manchas vermelhas) pelo corpo após o início de antibióticos, principalmente amoxicilina.
Rash da mononucleose Uma situação clássica é o paciente procurar o médico por infecção de garganta e receber uma prescrição de amoxacilina para tratamento. O paciente começa a tomar os antibióticos e, horas depois,
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surgem manchas vermelhas difusas pelo corpo. Outro sinal característico da mononucleose é o aumento do baço, denominado esplenomegalia. Neste caso, é necessário manter repouso, devido ao risco de ruptura do mesmo. A ruptura esplênica é rara, mas quando acontece, leva ao risco de morte, devido ao intenso sangramento que se sucede. O baço aumenta tanto de tamanho que pode ser palpável abaixo das costelas, à esquerda do abdômen.
Síndrome de mononucleose x doença mononucleose Um fato que causa confusão, inclusive entre médicos, é a diferença entre a doença mononucleose infecciosa e a síndrome de mononucleose. O primeiro é causado pelo Epstein-barr vírus. Já síndrome de mononucleose engloba todas as doenças que podem cursar com dor de garganta, aumento de linfonodos, febre e aumento do baço. Entre elas, destacam-se o HIV, citomegalovírus, linfomas e toxoplasmose. Portanto, ter mononucleose infecciosa é diferente de ter uma síndrome de mononucleose. O diagnóstico da mononucleose é feito por meio do quadro clínico, e é confirmado por análises de sangue. Um achado típico no hemograma da mononucleose é o aumento do número de leucócitos, causado pela maior produção de linfócitos, ou seja, o paciente apresenta leucocitose e linfocitose. Quando o fígado é acometido, pode haver elevação das enzimas hepáticas, chamadas de TGO e TGP. O diagnóstico definitivo, porém, é realizado por meio da sorologia, com a pesquisa de anticorpos. O mais comum e simples é um exame chamado monoteste. O tratamento é baseado em medicamentos sintomáticos e repouso. Não há droga específica para o vírus, e o quadro costuma se resolver espontaneamente em duas semanas. Devido ao risco de ruptura do baço, recomenda-se evitar exercícios físicos por pelo menos quatro semanas. Até a próxima!
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Novidades - CIORJ 2015 Gnatus apresenta seus lançamentos em mais uma edição do CIORJ Na linha de ultrassom, a empresa apresenta o Easy Sonic. Com design moderno e compacto, o produto oferece versatilidade, leveza e mobilidade. O equipamento é ideal para as mais diversas aplicações clínicas, como a remoção de cálculo dental, os tratamentos intrarradiculares, a condensação de amálgama, entre outras funções. A Gnatus traz também novidades na sua linha de fotopolimerizadores LED, com o Optilight Prime e o Optilight Color. O modelo Prime é a nova geração dos fotopolimerizadores LED da empresa. É produzido a partir da mais alta tecnologia, com intensidade luminosa que alcança até 1.200 mw/cm², com quatro programações de trabalho e radiômetro integrado. Já o modelo Optilight Color está disponível em três cores: azul, rosa e verde. Também possui LED de alta potência de até 1.200 mw/cm². Seu funcionamento acontece por meio de bateria recarregável, com sistema inteligente de desligamento automático. Também, entre seus destaques, a Gnatus disponibiliza para o mercado o consultório G3 New. O modelo conta com sistema de sensor de proximidade na unidade de água, que realiza o acionamento automaticamente ao detectar a aproximação do paciente, proporcionando maior praticidade, segurança e economia de água a cada procedimento clínico. www.gnatus.com.br
Neodent traz inovação e conhecimento para o CIORJ 2015 A empresa apresentará - durante os quatro dias de evento - sessões exclusivas de hands on, que abordarão as técnicas dos Implantes Drive, Facility e WS, além de cinco palestras na grade científica oficial e uma equipe preparada para apresentar as novidades, entre elas a linha de implantes com a superfície hidrofílica Acqua. O Presidente Científico e também Presidente do Conselho de Administração da Neodent, Dr. Geninho Thomé, ressalta que com ativação físico-química, a superfície Acqua foi desenvolvida para oferecer mais opções em tratamentos de baixa densidade óssea. “É um importante avanço e uma aliada dos profissionais”. www.neodent.com.br
3M apresenta resina em “bulk” de baixa contração FiltekTM Bulk Fill permite a aplicação em dentes posteriores de incremento único de 5mm, sem a necessidade de uma resina de cobertura. Com a verdadeira nanotecnologia em sua composição, apresenta excelente manuseio, facilidade de escultura, melhor resistência ao desgaste e manutenção do brilho e polimento por mais tempo. Possui dois inovadores monômeros metacrilato (AFM - Monômero de Fragmentação Adicional e UDMA - Uretano Dimecrilato) que reduzem a tensão de contração de polimerização, sem comprometer o desgaste. A FiltekTM Bulk Fill estará disponível em seringa de 4g, nas cores A1, A2, A3 e B1, a partir de 1º de agosto. www.3mespe.com.br
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Novidades - CIORJ 2015 Straumann aposta em novas possibilidades de tratamento A empresa apresenta o Roxolid® SLActive® de 4 mm. O lançamento permite tratamentos menos invasivos, diminuindo a necessidade de procedimentos com uso de enxerto ósseo, reduzindo o desconforto e o custo do tratamento para o paciente. A chave para os novos implantes é o material Roxolid®, considerado mais forte que o titânio puro, matéria-prima mais utilizada na produção de implantes dentários. Além disso, aliado à superfície SLActive®, o Roxolid® tem demonstrado superioridade em relação a outros materiais de alta performance, no que tange a osseointegração em estudos pré-clínicos. www.straumann.com.br
Novidades para os Odontopediatras Lançada pela Angelus no CIOSP 2015, a marca de Odontopediatria Angie by Angelus é o grande destaque da empresa no Congresso Internacional de Odontologia do Rio de Janeiro (CIORJ). Com características lúdicas, coloridas e bem-humoradas, os produtos da linha chegaram com uma apresentação inédita no mercado odontológico, e conta com os Dentalfriends, personagens com a missão de divertir e ensinar. Os artigos são direcionados ao dentista como a luva para carpule, seringa tríplice, contra-ângulo, e outros; às crianças, com itens que podem ser usados como reforço positivo e; às mães, que agora guardam os dentinhos de seus filhos no Dental Álbum, um dos grandes destaques de vendas da marca. No exterior, os produtos são comercializados em mais de 60 países da América do Norte, América Latina, Europa, Ásia e Oriente Médio. Aqui no Brasil, a marca Angie é comercializada com exclusividade pela Dental Cremer. www.angelus.ind.br
NSK inova com o VarioSurg3 Os sistemas de cirurgia óssea ultrassônica são essenciais nos tratamentos modernos de cirurgia e implantes. A potência em watts não é o único fator determinante da eficiência de corte e do desempenho em cirurgias ultrassônicas. O importante é o fator de potência entre três elementos: a frequência da unidade de controle, as características de vibração da peça de mão e o design da ponta para fornecer alta potência e eficiência de corte. O VarioSurg3 equilibra esses três elementos. Oferece um corpo esguio e leve, o que garante menos cansaço das mãos, mais visibilidade, corte preciso e mínimo trauma ao paciente. www.latin-america.nsk-dental.com
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Novidades - CIORJ 2015 Indusbello lança linha infantil Com mais de duas décadas de atuação na área odontológica, a empresa apresenta ao mercado a linha infantil Bambini. A novidade conta com vários produtos, entre posicionadores para radiografia, afastadores, abritecs, espelhos, prendedores de babador, entre outros. A nova linha da Indusbello levará um olhar mais divertido e agradável para a Odontopediatria e seus procedimentos, transformando a experiência da criança, ao visitar o dentista, em uma aventura aos olhos infantis. Os personagens Bello, Bella, Bam e Bini farão companhia aos pequenos na divertida jornada. www.indusbello.com.br
Olsen traz tecnologia e inovação para especialistas A novidade da empresa para o evento é um exclusivo kart com 10 instrumentos. Desenvolvido em conjunto com o Dr. Alexandre Capelli, da Helse Dental Tecnology e o consultor da Helse, Dr. Mauricio Camargo, o produto dialoga com um novo conceito da Endodontia, oferecendo funcionalidades integradas à facilidade de acionamento de todos os instrumentos por um único pedal. O produto é inédito no mercado nacional, e é uma solução completa para os profissionais da Endodontia e Cirurgia. A versatilidade proporciona agilidade nos procedimentos, melhor interação com o paciente na demonstração de imagens e integração com documentos de gestão . www.olsen.odo.br
SDI exibe o compósito Aura A novidade possui uma combinação da tecnologia de compósitos nano-híbrido e de micropartículas, um bom recurso dentro de um único sistema de restauração, pois possibilita resistência e uma alta estética, baseada nas cores naturais de esmalte e dentina. Aura conta com oito tons de dentina (DB, DC1, DC2, DC3, DC4, DC5, DC6, DC7) e três cores de esmalte (E1, E2, E3). Para facilitar as restaurações posteriores, o sistema traz também a “Aura Bulk Fill”, que permite a aplicação em incremento único de até 6 mm, aumentando a rapidez do trabalho, proporcionando alta resistência e baixa contração de polimerização. www.sdi.com.au
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Entrevista
Conhecimento e negócios em Odontologia A cidade maravilhosa recebe, entre os dias 15 e 18 de julho, a 22ª edição de um dos maiores encontros de Odontologia no Brasil. Com mais de 800 horas de atividades científicas, o Congresso Internacional de Odontologia do Rio de Janeiro promove, mais uma vez, a integração da classe, com troca de informações e experiências. A entrevista com o presidente desta edição, Paulo Murilo Fontoura Jr., destaca a importância do evento realizado pela Associação Brasileira de Odontologia - Seção Rio de Janeiro - ABO-RJ. Por: Vanessa Navarro
Paulo Murilo Fontoura Jr. Cirurgião-dentista. Pós-graduado em Administração Hospitalar. Pós-graduado em Marketing. Possui MBA em Varejo. Diretor do Departamento de Congressos e Vice-Presidente da Associação Brasileira de Odontologia – Rio de Janeiro. Consultor de empresas para o mercado Odontológico. Presidente da 22ª edição do Congresso Internacional de Odontologia do Rio de Janeiro.
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Entrevista Odonto Magazine – O Congresso Internacional de Odontologia de Rio de Janeiro está em sua 22ª edição. Como é possível explicar a trajetória de sucesso de um dos maiores encontros científicos de Odontologia do Brasil? Paulo Murilo Fontoura Jr. - Costumamos creditar este sucesso à capacidade que tivemos de ouvir e entender o mercado ao longo destes anos. As demandas mudam, os desejos mudam e, se realmente queremos continuar ocupando o nosso lugar no cenário, precisamos estar atentos a tais fatores. Um exemplo? O CIORJ já foi considerado, em um determinado momento, pouco relevante para o especialista. Isso nos fez mudar totalmente o rumo. Afinal, pensamos: como assim, pouco relevante? Se nossa profissão tende cada vez mais para especialização, era necessário que o congresso se adequasse a esta realidade. E foi o que aconteceu. Com a criação dos módulos de especialidades, trouxemos o melhor de cada área para dentro do evento. Hoje, com muita felicidade, podemos dizer que os especialistas estão lotando os corredores e salas do congresso. Acredito, então, que é necessário se reinventar a cada momento. Ficar sempre de olho no que o mercado diz é a chave para o sucesso. Não só do CIORJ, mas de qualquer negócio. Odonto Magazine – O evento passado foi prestigiado por mais de 20 mil participantes, entre cirurgiões-dentistas, estudantes de Odontologia e outros profissionais da área da saúde. Como foi elaborada a programação - com mais 800 horas de atividades científicas - para atender às necessidades dos participantes da 22ª edição? Paulo Murilo Fontoura Jr. - Pautado no princípio anteriormente destacado, de sempre ouvir o que o mercado tem a dizer, definimos nossa programação de acordo com o que existe de demanda. Se há mais procura por Odontologia Estética ou Implantodontia, mais horas de programação são dedicadas a estas especialidades. É bem simples. Quanto mais demanda, mais espaço na programação. Partindo deste princípio, dividimos as atividades em três modelos muito bem definidos. Acreditamos na simplificação como forma de trabalho e, por este motivo, oferecemos o Módulo de Especialidade ou Evento Paralelo, lembrando que o evento paralelo é um módulo com nome próprio; Simpósios, Fóruns e Seminários, que são encontros sobre temas especiais que não se aplicam aos módulos; e Conferências, que, na verdade, são apresentações com duração de 50 minutos e que abrangem todas as áreas. Com esse layout é possível atender às necessidades de todos os participantes. Algumas áreas com mais atividades, outras com menos, mas sempre presentes na programação. Dois módulos especialmente desenvolvidos para os acadêmicos também fazem parte da programação científica. Neles, optamos por oferecer uma série de temas, de modo que o participante possa se atualizar nas mais diversas áreas. Odonto Magazine – Renomados profissionais de saúde bucal ministrarão palestras durante o 22º CIORJ. O que esta edição traz de diferente das outras edições em relação ao conteúdo científico? Paulo Murilo Fontoura Jr. - Acredito que a abrangência. Nunca fizemos um congresso com tantos temas abordados. Odontologia Hospitalar, Odontologia do Trabalho, Odontologia do Esporte, Odontologia para Pacientes Especiais, Laser, Toxina Botulínica, enfim, são tantos os aspectos da profissão abordados que fica até difícil escolher. Já ouvi de um colega que é realmente uma tarefa árdua definir o que fazer no CIORJ. Isso é muito
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bom! Sinal de que estamos oferecendo algo de bom aos profissionais e estudantes de Odontologia. Em nosso último levantamento, já eram mais de 520 palestrantes cadastrados. Somos muito gratos a todos eles, que disponibilizam tanta informação aos participantes. Odonto Magazine – O CIORJ abrigará o II Encontro Carioca de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais. Como o senhor avalia a importância deste evento e a qualificação dos cirurgiões-dentistas brasileiros nesta área da Odontologia? Paulo Murilo Fontoura Jr. - Entendo que este evento é um dos destaques de nossa programação, justamente por ter uma proposta muito clara: apresentar o cenário deste segmento de nossa profissão e eliminar possíveis mitos que ainda permaneçam com relação ao atendimento de pacientes com necessidades especiais. É preciso que muito mais profissionais estejam capacitados e, principalmente, mostrem-se dispostos a atender esta parcela da população. Diversos fatores vêm contribuindo para o aumento da demanda na especialidade. É preciso estar preparado para atendê-los. O II Encontro Carioca de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais é uma das sementes que buscamos plantar para que o dentista brasileiro olhe com mais atenção para a referida especialidade e para a sua atividade profissional. Odonto Magazine – Entre as atividades realizadas nos quatro dias de evento, podemos mencionar o simpósio intitulado “Pessoas, liderança e processos”, coordenado por Nísia Teles, especialista em empreendedorismo e novos negócios. Como a comissão organizadora do evento pretende auxiliar, por meio de palestras, os profissionais recém-formados e já formados nas questões que envolvem a gestão odontológica? Paulo Murilo Fontoura Jr. - Gestão, Marketing e Empreendedorismo fazem parte do meu dia a dia profissional. Há muitos anos não atuo mais como cirurgião-dentista clínico e dedico 100% do meu tempo para as atividades administrativas. Sou muito mais gestor do que dentista, mas nunca perdi o meu olhar de profissional da saúde bucal. Por conta deste caminho trilhado em minha carreira, sou um apaixonado pelo tema Gestão e por tudo aquilo que o envolve. O CIORJ, por sua vez, acaba refletindo um pouco deste meu entusiasmo e se apresenta com diversas atividades, como este simpósio, focadas no tema. Os congressistas podem contar com grandes palestrantes do segmento. Odonto Magazine – O evento comporta a segunda maior feira do país no setor. São 25.000m² direcionados para expositores brasileiros e também de diversas partes do mundo. O que os expositores e os congressistas podem esperar em relação aos negócios entre os dias 15 e 18 de Julho de 2015? Paulo Murilo Fontoura Jr. - Nossa esperança é que realmente sejam realizados bons negócios nos quatro dias de evento. Estamos em um ano complexo, com retração econômica, mas torcendo para que o CIORJ se apresente como uma boa oportunidade para a indústria e o comércio do setor. Contamos com o apoio dos empresários, no sentido de oferecerem excelentes ofertas ao público presente. Precisamos tornar o congresso um momento realmente interessante para compras. Esse sempre foi um dos grandes motivadores, junto com os cursos oferecidos aos congressistas. Alguns colegas estão dispostos a investir em seus consultórios, e estão esperando o CIORJ para definir suas compras. Isso é bom para todos. Estamos bem confiantes!
Reportagem
Evolução conceitual e tecnológica do mercado ortodôntico Considerada a mais antiga das especialidades odontológicas, a Ortodontia mostra uma evolução muito significativa de técnicas e apresenta novos conceitos. Por: Vanessa Navarro
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elatos de historiadores da Odontologia apontam que o segmento ortodôntico foi o primeiro a se organizar, de fato e de direito. Inúmeros pesquisadores e professores fizeram da Ortodontia o que ela é hoje no Brasil e em todo o mundo, mas, de acordo com ortodontista Mauricio Accorsi*, alguns nomes merecem grande destaque. “Considerado o pai da Ortodontia Moderna, o americano Edward Hartley Angle fez contribuições que são reconhecidas e utilizadas até hoje, como o aparelho Edgewise e sua classificação para as más oclusões, publicada em 1899, que continua sendo a mais utilizada e amplamente aceita”, comenta. Angle também acreditava que a Ortodontia deveria ser ensinada de maneira segmentada, como uma ciência independente da Odontologia. Embasado por tal pensamento, criou a sua própria escola de formação em Ortodontia. Discípulo de Angle, Charles Tweed herdou sua firme convicção de que todos os tratamentos deveriam ser realizados sem a extração de dentes permanentes. “Porém, ao realizar estudos utilizando as telerradiografias em norma lateral e após retratar vários de seus casos, com extrações de dentes, em 1936 publicou o seu primeiro artigo sobre extrações com finalidade ortodôntica, e após várias pesquisas e a determinação de um padrão cefalométrico, que muitas vezes só poderia ser alcançado com a extração dos primeiros pré-molares, foi considerado o responsável por uma abordagem ‘extracionista’, que prevaleceu nos Estados Unidos entre os anos 1960 e 1970”, esclarece Accorsi. O especialista ainda cita as contribuições de nomes como Robert Ricketts, que criou toda uma filosofia baseada em seus estudos de crescimento e desenvolvimento da face humana, assim como Lawrence Andrews, criador dos braquetes pré-ajustados, que dispensavam a confecção de dobras nos arcos metálicos, para o posicionamento tridimensional, de cada dente individualmente nas arcadas. “Outro nome que merece destaque é o de Ronald Roth, ortodontista americano que popularizou o conceito de oclusão funcional em Ortodontia e das inter-relações entre a função mastigatória, a parafunção e da necessidade de diagnosticar e tratar os pacientes, tendo como objetivo uma finalização coincidindo a posição de ‘relação cêntrica’ com a ‘máxima intercuspidação dentária’”. Em território brasileiro aconteceram grandes e marcantes evoluções na área da Ortodontia. A década de 1950, por exemplo, foi premiada com a criação dos primeiros cursos direcionados à prática ortodôntica e com a formação da Sociedade Brasileira de Ortodontia (SBO). Accorsi explica que, até meados da década de 1950, os ortodontistas brasileiros encontravam sérias dificuldades para obter o material necessário para a execução do tratamento ortodôntico. Era necessário fazer um pedido por carta, endereçado a algum fabricante do setor. Muitos exigiam um valor mínimo por pedido, sendo o material enviado pelo cor-
reio. A alternativa era a confecção da própria aparelhagem, o que dependia da habilidade e da disponibilidade de tempo por parte do profissional. “Em 1955, o Brasil foi presenteado com uma associação que tinha o objetivo de estabelecer regras mais bem definidas. A Sociedade Brasileira de Ortodontia (SBO) vinha divulgar o conhecimento ortodôntico técnico-científico no Brasil”, conta o especialista. O ano de 1959 foi o escolhido para mais uma conquista: o primeiro curso de especialização em Ortodontia dentro de uma universidade brasileira, na Faculdade Nacional de Odontologia da Universidade do Brasil, atual Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Hoje, os profissionais do segmento contam também com o auxílio da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR), que representa os ortodontistas brasileiros junto à World Federation of Orthodontists.
Sobre o mercado ortodôntico Por ser a especialidade mais antiga, é possível imaginar que a Ortodontia é a que se encontra mais ameaçada em um mercado odontológico saturado. Há 15 anos, a revista americana Time apontou a Ortodontia na lista das 10 carreiras que despareceriam no novo milênio. A questão, também destacada pelo consultor da Wall Street, Brett Blake, ganhou muita repercussão. Segundo Accorsi, Blake afirmou que a especialidade em solo americano não teria futuro, pois clínicos gerais estavam utilizando alinhadores de forma indiscriminada, após a realização do que ele chamou de ‘cursos de final de semana’. “No Brasil, o quadro é ainda mais complicado, pois mostra um aumento dramático no número de cursos de especialização em Ortodontia e, consequentemente, de profissionais no mercado de trabalho. Isso sem contar as dezenas de milhares de cirurgiões-dentistas sem especialização praticando a Ortodontia corretiva em seus consultórios e, utilizando, de forma inadequada e indiscriminada, algumas inovações tecnológicas como alinhadores, fios elásticos e sistemas préajustados. Como consequência, o mercado encontra-se caótico, com prejuízos tanto para a população, que está confusa e não encontra tratamen-
* Mauricio Accorsi é cirurgião-dentista. Especialista e mestre em Ortodontia. Presidente da Associação Paranaense de Ortodontia. Autor do Livro “Diagnóstico 3D em Ortodontia, a Tomografia Cone-beam adaptada”, Editora Napoleão. www.aortodontia.com.br
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Reportagem tos de qualidade que atenda às suas necessidades, como também para os profissionais especialistas que investiram anos de estudo, trabalho e recursos materiais para verem sua especialidade degradada e erroneamente interpretada”, lamenta o também Presidente da Associação Paranaense de Ortodontia. Caminhando por tal fase, digamos turbulenta, o aparecimento de inovações tecnológicas e de novas filosofias de tratamento precisa ser extremamente útil no resgate da especialidade como ciência, no melhor interesse dos pacientes e profissionais. “Essas tecnologias incluem os dispositivos de ancoragem temporária, as mecânicas com braquetes autoligados, as reconstruções em 3D por meio da tomografia cone-beam e do escaneamento de superfícies, que permitem realizar o diagnóstico e planejamentos virtuais dos casos, além da confecção de guias terapêuticos e da avaliação de resultados em 3D”, esclarece o mestre em Ortodontia. “A utilização dessas inovações tecnológicas, em conjunto com os conceitos contemporâneos de tratamento ortodôntico como uma prática baseada em evidências científicas, abordagens e procedimentos minimamente invasivos, engenharia tecidual, medicina oral e aceleração do tratamento ortodôntico, definem uma inovadora abordagem para a especialidade focada em aspectos sistêmicos para a promoção de saúde e qualidade de vida”, completa.
Ortodontia Estética e técnicas inovadoras Não há muito tempo, os especialistas passaram a se preocupar, de maneira fervorosa, com a questão estética no tratamento ortodôntico. De acordo com Accorsi, existem dois aspectos importantes sobre a questão estética na Ortodontia. Primeiro, em relação à estética da face e do sorriso como objetivos de tratamento. “A ‘saúde ortodôntica’ pode ser mais bem definida como uma constelação de características dentomaxilo-faciais, compatíveis com um bem-estar biopsicossocial. Assim, entre os vários objetivos de tratamento, a harmonia facial e a estética do sorriso são fundamentais para alcançarmos tal objetivo”. Ainda sobre o primeiro aspecto, o especialista defende a importância do entendimento real de que as premissas funcionais em relação ao correto posicionamento dentário e na relação entre as arcadas, tanto do ponto de vista estático como dinâmico, não necessariamente podem vir acompanhadas dos objetivos estéticos, pois essa ‘oclusão dentária funcional’ deve estar em harmonia com a face, com o posicionamento das articulações temporomandibulares e com as vias respiratórias. “O arco do sorriso, que também possui características próprias e que lhe confere atratividade, deve estar em harmonia com os lábios e com a exposição das coroas dentárias e gengivas. Mais uma vez, uma abordagem interdisciplinar, em conjunto com a Odontologia Estética, faz-se necessária para a obtenção de resultados satisfatórios sob o ponto de vista dos clientes e dos profissionais de saúde bucal”. O segundo aspecto diz respeito a manobras ortodônticas realizadas por meio de técnicas que proporcionam tratamentos discretos, como no caso dos chamados aparelhos invisíveis. Accorsi sustenta que existe uma demanda muito grande pelos procedimentos cosméticos, principalmente no Brasil, país que é considerado campeão na realização de cirurgias plásticas. “Esse mesmo público, na sua maioria composto por adultos, também quer tratar o sorriso de forma discreta, pois, em seu pensamento, aparelhos ortodônticos metálicos remetem a adolescência e, ao contrário das décadas passadas, quando representavam prestígio social e poder econômico, atualmente é visto como algo banal e até mesmo indesejável, principalmente pelo sucateamento e popularização que a indústria da Ortodontia de massa promoveu no Brasil nos últimos anos, utilizan-
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Reportagem Ao contrário dos médicos, que aprendem desde cedo a trabalhar em equipe, ficamos fechados em nossos consultórios e não percebemos o quanto perdemos com essa falta de união e de respeito mútuo
do materiais de baixo valor agregado e profissionais sem o preparo adequado para realizar um correto diagnóstico e planejamento dos tratamentos, com objetivos claros e mais bem definidos”, defende. Vale lembrar que, independente do material utilizado, os aparelhos ortodônticos podem ser construídos com ou sem ‘controle de qualidade’, tanto por parte dos fabricantes como também pelos próprios profissionais que os utilizam no dia a dia clínico, ao final do processo, montando os aparelhos nos pacientes. “Existem excelentes braquetes metálicos no mercado, assim como existem péssimos aparelhos ditos estéticos à disposição dos profissionais e pacientes. Normalmente, em tudo o que fazemos na vida, recebemos pelo que pagamos e, nesse caso, muito mais do que um aparelho de qualidade, o importante é contar com um profissional capacitado e comprometido com uma boa prática, justificando o investimento feito por parte dos clientes”, enfatiza o especialista. O mercado odontológico conta uma quantidade significativa de soluções quando se trata de Ortodontia Estética, além dos já mencionados aparelhos invisíveis, os braquetes estéticos de cerâmica ganham cada vez mais espaço nas cabeças dos pacientes e nos consultórios odontológicos. De acordo com Accorsi, dois aparelhos vestibulares fazem grande sucesso. São eles os confeccionados com braquetes estéticos de cerâmica e os de compósito. Os primeiros, mais caros e que oferecem melhores resultados, são também os mais duráveis e estáveis, proporcionando um aspecto estético mais atrativo quando em comparação com os de compósito. Já os braquetes de compósito são mais susceptíveis a quebras e manchamento. Apresentam mais dificuldades durante a aplicação de forças ortodônticas. “Ainda podemos mencionar os aparelhos linguais, que podem ser confeccionados pelos próprios profissionais com braquetes especiais adaptáveis às superfícies linguais dos dentes, que, por sua vez, possuem uma anatomia distinta das faces vestibulares. Por isso, os procedimentos demandam mais tempo e uma técnica mais apurada por parte do profissional, além de um período de adaptação maior em relação à língua e a fala. Esses mesmos aparelhos linguais podem ser totalmente customizados por meio de sistemas CAD/CAM”, explica. “Os aparelhos linguais customizados são sistemas invisíveis para o mundo exterior. Os braquetes são personalizados para se encaixarem anatomicamente na face lingual dos dentes, tornando o aparelho mais confortável para a língua e com menor impacto na fala. Além do aparelho, propriamente dito, os arcos metálicos, que são construídos com ligas especiais, também são individualizados, transferindo todo o planejamento virtual realizado anteriormente no computador sobre os modelos ortodônticos digitais 3D para o tratamento real”, completa o especialista. Hoje é possível perceber a real preocupação por parte do profissional de saúde com a estética do tratamento ortodôntico, seja pelos materiais utilizados, ou mesmo com as técnicas diferenciadas. O especialista em Ortodontia defende que um tratamento ortodôntico deve ser, ao
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mesmo tempo, eficaz e eficiente. “Eficácia, em outras palavras significa ‘fazer a coisa certa’. Tem relação com todo o processo de diagnóstico e planejamento, levando o profissional, em conjunto com o paciente e à luz das evidências científicas, a tomar a melhor decisão terapêutica para aquele caso em particular, tomando-se como base os aspectos inerentes a cada indivíduo. Já eficiência diz respeito à ‘fazer certo a coisa’, ou, em outras palavras, está mais relacionada com produtividade, ou seja, um tratamento mais rápido, menos invasivo e que permita a obtenção dos resultados desejados, de forma segura e mais previsível, utilizando os melhores recursos terapêuticos disponíveis”.Atualmente é possível a obtenção de tratamentos eficazes e eficientes, de forma mais estética e confortável para os pacientes que buscam por atenção.
Prevenção e saúde na Ortodontia Pesquisas comprovam que os pacientes em tratamento ortodôntico são considerados de alto risco para desenvolver algumas doenças, como a cárie dentária e a periodontite. É certo afirmar que o ortodontista tem obrigação ética de informar aos seus pacientes sobre todos os riscos inerentes a movimentação ortodôntica, independentemente de esses riscos serem altos, mas com consequências insignificantes, ou mesmo baixos, mas com grande potencial de sequelas. Accorsi afirma que entre as muitas possibilidades, é possível ocorrer perda de minerais da estrutura dental durante o tratamento ortodôntico, podendo resultar em manchas brancas. Tais problemas estão relacionados à higienização deficiente e à dieta. Também é possível ocorrer um aumento do volume da gengiva durante o tratamento, podendo resultar em pequeno sangramento eventual. Este problema, em geral, também tem relação com uma higienização deficiente. Em alguns casos, pode existir perda óssea nas estruturas de suporte dento-alveolar. Este problema pode ter relação com doença periodontal, predisposição individual e com o próprio tratamento ortodôntico, principalmente naqueles casos em que a direção e intensidade da força são inadequadas. “O ortodontista deve determinar o acompanhamento regular com um periodontista, principalmente quando há presença de bolsas periodontais e/ou perda de suporte ósseo já no início do tratamento. Reabsorção radicular também pode ser deflagrada pela movimentação ortodôntica, e pode ter várias causas, entre elas, uma predisposição individual, força exercida pelo aparelho e causas idiopáticas e, também, por um traumatismo dentário prévio a movimentação. Um controle radiográfico está indicado para o acompanhamento das lesões”. Uma oclusão saudável, do ponto de vista dinâmico, é fator coadjuvante na estabilidade e saúde músculo-articular. É importante ressaltar que os aspectos relacionados ao estresse físico e mental podem ser determinantes no aparecimento da disfunção temporomandibular. “Cabe lembrar que, as alterações nas mucosas são comuns, tais como o incômodo, o inchaço ou vermelhidão. Isto faz parte do processo de adaptação das mucosas ao aparelho, não traz problemas sérios e regride espontaneamente durante e após o tra-
Reportagem tamento”, explica Accorsi. Sobre prevenção e promoção da saúde em pacientes sob tratamento ortodôntico, o cirurgião-dentista explica que o profissional é o responsável por educar seus clientes. “A Odontologia nada mais é do que uma especialidade médica. Dessa forma, o primeiro passo na promoção de saúde em um paciente em tratamento ortodôntico é o mesmo que em qualquer outro, ou seja, deve ser realizada uma abordagem integral, não vendo mais o paciente somente como ‘uma boca’, o que antigamente dava a Odontologia um conceito mais técnico e menos científico”, explica Mauricio Accorsi. “O cirurgião-dentista deve tirar o pé do salão de beleza e entrar de cabeça erguida em um hospital, e, para isso, é necessário muito estudo e dedicação, é preciso estar ‘antenado’ com as novidades tecnológicas e conceituais e passar a valorizar mais essa profissão fantástica. A nossa Odontologia tem um potencial gigante para mudar a vida das pessoas para melhor”, completa. Ao contrário do presságio publicado na edição de maio de 2000 da ‘Time Magazine’, a especialidade mais antiga da Odontologia não deverá desaparecer em função de uma simplificação de processos e do entendimento equivocado dos seus benefícios, objetivos e área de atuação. A Ortodontia passa por um momento divisor de águas em vários sentidos. Uma nova geração de tecnologias, com
múltiplas possibilidades está sendo desenvolvida e incorporada rapidamente à prática clínica, além de despertar grande interesse científico e comercial. “As novas tecnologias estão servindo como veículos para mudanças conceituais na especialidade. Questões relacionadas ao processo de tomada de decisão terapêutica, formação de uma nova base de conhecimentos, necessidade de novas ferramentas de trabalho, maior importância para uma prática baseada em evidências científicas e uma abordagem minimamente invasiva, além do entendimento do indivíduo como um todo, serão cada vez mais importantes na atual mudança de paradigmas da Ortodontia Contemporânea”, defende Accorsi. “Melhorar a qualidade de vida dos nossos clientes deverá ser o maior objetivo dos tratamentos. Dessa forma, essa abordagem pede uma maior interação entre as especialidades odontológicas, assim como com as outras disciplinas da área da saúde. Assim, a utilização das imagens tridimensionais vem acompanhada de uma mudança conceitual na Ortodontia em conjunto com o avanço nos protocolos que utilizam os sistemas CAD/CAM para a customização de todos os procedimentos, não só na Ortodontia, mas na sua inter-relação com a Implantodontia, Prótese Dentária, Odontologia Estética, entre outras. Finalmente, grandes avanços em relação à aceleração do tratamento ortodôntico podem ser esperados”, finaliza o especialista.
Imagens em 3D e o diagnóstico de anomalias dentofaciais As novas tecnologias que permitem a utilização das imagens 3D a partir da tomografia computadorizada por feixe cônico (TCFC) e do escaneamento intrabucal e de modelos de gesso são motivos de grande interesse na Ortodontia. No que diz respeito às muitas das áreas de interesse, a TCFC tem sido bem reconhecida e aceita como um meio de obtenção de informações mais completas e precisas. “Uma visualização da anatomia real por meio da TCFC, para a avaliação ortodôntica, proporciona uma abundância de informações com relação à dentição, ATMs, morfologia esquelética, morfologia alveolar, vias aéreas e morfologia da cavidade bucal como um todo, no que diz respeito a patologias e traumas”, explica o ortodontista Mauricio Accorsi. O especialista argumenta que as informações em 3D possibilitam o entrelaçamento de arquivos digitais, como os arquivos de TCFC, as fotografias 3D e os modelos 3D digitais, permitindo a obtenção de dados extremamente relevantes e que eram impossíveis de serem
obtidos com as técnicas convencionais. Dentre as informações que estão disponíveis aos clínicos e pesquisadores, é possível citar a avaliação do posicionamento axial 3D de todas as raízes dentárias, as inter-relações entre tecidos moles e duros, a avaliação volumétrica das vias respiratórias e a determinação de planos de referência para uma análise cartesiana ortogonal. As ferramentas de software disponíveis no mercado oferecem uma vasta gama de possibilidades no que diz respeito a simulações virtuais de tratamento ortodôntico e ortodôntico-cirúrgico, assim como a confecção de guias cirúrgicos, alinhadores transparentes, guias de colagem indireta para técnicas labiais e linguais. “Até mesmo os braquetes e fios podem ser customizados para cada paciente, individualizando o tratamento dentro das necessidades específicas de cada caso. Isso faz com que o procedimento terapêutico seja muito mais objetivo e com um nível de previsibilidade muito maior dentro de uma abordagem minimamente invasiva”, finaliza.
“Uma abordagem interdisciplinar é primordial para que essa nova Ortodontia prospere, não somente em relação às outras especialidades odontológicas, mas também em conjunto com outras disciplinas da área da saúde”
Mauricio Accorsi
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Estomatologia como especialidade odontológica e os benefícios para a saúde bucal e sistêmica Antonio Fernando Pereira Falcão Cirurgião-dentista. Especialista em Estomatologia e em Odontologia Legal. Mestre em Clínicas Odontológicas: Estomatologia pela UFBA. Doutor em Odontologia: Radiologia Odontológica pela UFBA/UFPB. Professor Titular da FOUFBA, componentes curriculares: Estomatologia I e II e Ética Odontológica.
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specialidades Odontológicas estão definidas na Res. CFO 63/05, Capítulo VIII - Anúncio do Exercício das Especialidades Odontológicas: Art. 36. A especialidade é uma área específica do conhecimento, exercida por profissional qualificado. Parágrafo único. No exercício de qualquer Especialidade Odontológica o cirurgião-dentista poderá prescrever medicamentos e solicitar exames complementares necessários ao desempenho profissional em suas áreas de competência. Esta particularizado na seção V, Art. 57: a Estomatologia é a especialidade da Odontologia que tem como objetivo a prevenção, o diagnóstico, o prognóstico e o tratamento das doenças próprias do complexo maxilomandibular, das manifestações bucais de doenças sistêmicas e das repercussões bucais do tratamento antineoplásico. Art. 58. As áreas de competência do especialista em Estomatologia incluem: a) promoção e execução de procedimentos preventivos em nível individual e coletivo na área de saúde bucal, com especial ênfase à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de boca; b) condução ou supervisão de atividades de pesquisa e epidemiológica, clínica e/ou laboratorial relacionadas aos temas de interesse da especialidade; c) realização ou solicitação de exames complementares e necessários ao esclarecimento do diagnóstico. A Estomatologia tem como finalidade: promover, prevenir, diagnosticar, tratar doenças que se manifestam na cavidade bucal e no complexo maxilomandibular/sistema estomatognático. O estomatologista deve se atentar para o diagnóstico e encaminhamento aos demais profissionais de saúde, ante doenças sistêmicas que possam apresentar manifestação na boca ou exercer alguma influência ou interação negativa com tratamentos: odontológico propriamente dito, medicamentoso sistêmico com efeitos adversos na cavidade bucal, cirúrgico radical sequelante nos traumas do terço médio e inferior da face e nas neoplasias benignas extensas e/ou malignas, químio ou radioterapia, entre tantos outros. Destacando-se efeitos
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A promoção da saúde e a proteção específica são as formas mais efetivas de prevenir os agravos e minimizar os riscos à saúde bucal e sistêmica adversos, entre outros, associados a: difenil-hidantoinato, nifedpino, ciclosporina A, alendronato de sódio. Há muitas décadas, na Europa, América do Sul e nos Estados Unidos, a Estomatologia é exercida em toda sua plenitude. No Brasil, somente em 1992, o Conselho Federal de Odontologia CFO reconheceu sua importância e a oficializou como especialidade odontológica, graças aos esforços dos pioneiros e abnegados membros titulares fundadores da então Sociedade Brasileira de Estomatologia, atual Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral e Maxilofacial. O reconhecimento tardou a ocorrer, principalmente pela tendência histórica da Odontologia brasileira, que durante muito tempo concentrou suas atenções, quase exclusivamente, ao dente, esquecendo-se das demais inter-relações com todo o corpo humano. Como especialidade relativamente nova e desconhecida, não se insinuou no ensino odontológico com a profundidade desejada, para formar cirurgiões-dentistas com uma real visão da importância da saúde bucal para com a saúde sistêmica, resultando que numerosos pacientes, com doenças bucais de diversas etiologias, ficam sem atendimento técnicocientífico adequado pela falta de profissionais experientes na área. Consoante às DCNs para os cursos de Odontologia, a Estomatologia, como componente curricular, afigura-se como especialidade que exige, dos que a exerce, um estudo contínuo das bases técnico-científicas inerentes a sua atuação, desenvolvimento do raciocínio lógico e senso crítico. É emergente em um momento difícil da Saúde Pública Brasileira, pela falta de políticas públicas, gerenciamento, educação para a saúde, saneamento básico, alimentação, entre outros fatores importantes para a melhoria da qualidade de vida da população. Apesar das dificuldades, o profissional não poderá fugir às responsabilidades, atuando incisivamente na melhoria da saúde bucal e sistêmica da população. Na visão moderna dos profissionais da área da saúde, valoriza saúde e não doença. Norteiam suas ações e atuações nas demais especialidades odontológicas: a promoção, a prevenção, o diagnóstico precoce das doenças da boca e do complexo maxilomandibular e a reabilitação, quando necessário, ficando patente no controle do câncer de boca, que o Estomatologista tem significativa participação nos três níveis de prevenção e aplicação, destacando-se no primeiro e terceiro. O tratamento odontológico em pacientes com câncer, doença crônico-degenerativa, endócrino-metabólica, deve estar inserido em uma equipe multidisciplinar, na qual o cirurgião-dentista e estomatologista habilitado em Odontologia Hospitalar, incumbe-se do tratamento odontológico especializado, possibilitando diagnóstico precoce de lesões potencialmente malignas na cavidade bucal, de alterações odontológicas e do sistema estomatognático, contribuindo importantemente na redução do tempo de internação e permanência na UTI. Pacientes com diagnóstico conclusivo de câncer, antes de iniciarem o tratamento, passam por avaliação com equipe médica e de
enfermagem, que seguindo critérios predefinidos, verificam a necessidade obrigatória da avaliação pelo Estomatologista. Independentemente do risco potencial de desenvolver complicações bucais decorrentes/associadas às modalidades terapêuticas oncológicas, são agendadas consultas odontológicas prévias, objetivando-se avaliar o controle: biofilme, cálculo dentário, focos de infecção local e áreas retentivas; diagnóstico precoce de lesões potencial/verdadeiramente malignas; recorrências/recidivas de lesões associadas; mucosite; úlceras e ulcerações; tumor primário e ou secundário; radiodermites; infecções virais, bacterianas ou fúngicas; trismos; anquiloses; protocolo de tratamento proposto pela equipe médica e de enfermagem, com finalidade de estabelecer o risco de alterações bucais e o protocolo de tratamento odontológico a ser implementado. São dadas orientações sobre: higiene bucal, saliva artificial e seus substitutos para controle da xerostomia, bochechos e enxaguatórios a base de clorexidina, xilocaína, dexametasona, fluoreto de sódio; controle de hábitos; restaurações CIV e ART. Pacientes internados em tratamento ambulatorial ou institucionalizados recebem suporte da equipe odontológica, sempre que necessário, ainda que esses cuidados sejam prestados em regime domiciliar ou de home care, destacando-se o LASER de baixa potencia para prevenção e tratamento da mucosite/ulceração oral. A Laserterapia não acarreta efeitos adversos ao paciente, sendo eficaz e eficiente, quando utilizada corretamente, seguindo protocolos e cuidados definidos pela comunidade científica. Na atenção terciária, o estomatologista atua na reabilitação dos danos e sequelas resultantes do tratamento oncológico em suas diferentes modalidades. No processo saúde-doença, os hábitos e estilo de vida contribuem com 50%; a carga genética ou hereditária com 20%; a carga de trabalho com 20%; e, apenas 10% dependem da intervenção do profissional de saúde. A promoção da saúde e a proteção específica são as formas mais efetivas de prevenir os agravos e minimizar os riscos à saúde bucal e sistêmica. Em Estomatologia, a promoção da saúde pode ser conseguida por meio de ações educativas, tentando mudar hábitos e estilos de vida, valores e comportamento de riscos assumidos pelos pacientes. A orientação ao paciente quanto aos malefícios do fumo, álcool, exposição excessiva ao sol, importância de uma boa higiene e saúde bucal, integridade dos elementos dentais e aparelhos protéticos, benefícios da alimentação balanceada e orientações quanto à importância e técnica de autoexame são possíveis exemplos que, se adotados e incorporados podem evitar o aparecimento de inúmeras doenças. Para se viabilizar diagnóstico precoce é necessário esforço do profissional para criar oportunidades para consecução deste objetivo. O estomatologista deve se preocupar em constatar a normalidade e, diante de qualquer alteração, adotar a metodologia clínica necessária para equacionar o diagnóstico. Desta forma, ele criará oportunidades para que as metas mais importantes na área da saúde sejam atingidas, afinal, o diagnóstico precoce determinará ações terapêuticas mais eficientes, menos agressivas e com menor custo.
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Coluna - Odontogeriatria
Quantos dentes são necessários para uma função oral adequada? Eduardo Hebling Cirurgião-dentista. Mestre e Doutor em Periodontia. Especialista em Odontogeriatria. Professor Associado da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Coordenador do Curso de Especialização em Odontogeriatria da FOP/UNICAMP. Membro da Câmara Técnica de Odontogeriatria do CRO-SP. Vice-presidente da Sociedade Latino-Americana de Odontogeriatria (SOLAGE).
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s dentes desempenham funções na mastigação, na digestão, na fonética, na estética e nas relações sociais, facilitando a socialização das pessoas e permitindo uma melhor autoestima 1. O número de dentes tem sido utilizado como um indicador de condição de saúde bucal 2,3. A Organização Mundial da Saúde declarou, em 1992, que a manutenção, ao longo de toda a vida, de uma dentição natural, funcional e estética, de, ao menos, 20 dentes, não exigindo recursos de próteses, deve ser o objetivo do tratamento odontológico para adultos e idosos 2. A eficiência mastigatória - avaliada como eficiência na trituração dos alimentos - e a habilidade mastigatória (autorrelatada) são relacionadas ao número de dentes presentes. Um mínimo de 20 dentes, com nove a 10 pares de unidades de contato oclusal (incluindo os dentes anteriores) tem sido associado com uma adequada eficiência e habilidade mastigatória em adultos e idosos. Pacientes com número de dentes abaixo desse nível apresentam redução na eficiência e na capacidade mastigatória 4. A perda de dentes anteriores prejudica a estética e a satisfação dos pacientes com a dentição e com o sorriso. A manutenção dos dentes pré-molares permite um melhor co-
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Coluna - Odontogeriatria
A perda dentária é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de Doença de Alzheimer
nhecimento da satisfação com a dentição e o sorriso por parte dos pacientes. Já nos indivíduos que retiveram os dentes molares o nível da satisfação com a dentição e sorriso é baixo. No entanto, não há grandes variações nas medidas subjetivas de estética e conforto psicossocial entre as faixas etárias, classes sociais, culturas, regiões e países. Para a maioria das pessoas, suporte e estabilidade oclusal são obtidos com três a quatro unidades de dentes posteriores funcionais com um padrão simétrico de perda de dente ou de cinco a seis unidades com um padrão assimétrico4. Os pacientes costumam atribuir pouca importância à fonética, à percepção tátil e ao paladar em comparação com a mastigação e a aparência. A fonética pode ser mantida, mesmo com grandes restaurações anteriores 4. A perda dentária é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de Doença de Alzheimer5. A função mastigatória normal estimula o fluxo sanguíneo para o cérebro, podendo prevenir a sua degeneração1,7. A reabilitação protética em pacientes que apresentam perdas dentárias pode aumentar o volume sanguíneo cerebral, prevenindo o desenvolvimento de demências8. Estudos clínicos têm demonstrado que os pacientes tratados com reabilitação de arco curto com reconstruções dentárias fixas necessitam de menos unidades oclusais de contato, se comparados aos pacientes tratados com próteses parciais removíveis de extremos livres 9,10. O processo de envelhecimento humano induz a uma redução da massa muscular, com consequente redução na atividade muscular e na capacidade mastigatória 6. Isso faz com que o avanço da idade necessite de menores quantidades de unidades de contatos dentários. Dos 20 aos 50 anos, quando temos um nível funcional ótimo, o número mínimo de pares oclusais deve ser de 12. Dos 50 aos 80 anos, esse número mínimo de pares funcionais deve ser de 10, com reabilitação dentária de arco curto. Dos 80 aos 100 anos, o número mínimo de pares funcionais deve ser de 8, com reabilitação dentária de arco curto extremo10. As necessidades de reabilitação da função oral percebida pelo paciente (subjetivas), assim como o bem-estar, devem ser os pontos de partida no planejamento do tratamento. Essas necessidades variam de indivíduo para indivíduo e se alteram com a função do tempo 4,6. Todavia, o conceito de arco curto é ainda considerado controverso por muitos clínicos. Segundo esses críticos, a perda dos
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molares é associada com a redução na habilidade mastigatória e com o aumento do risco de alterações na ATM 11. Contudo, o conceito de arco curto oferece uma alternativa de tratamento de menor duração, complexidade e custos para o paciente. Essas razões fazem com que essa alternativa de tratamento seja mais viável aos pacientes idosos e fragilizados.
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Caso Clínico
Acompanhamento radiográfico e tomográfico do reparo ósseo na instalação e carga imediata de implantes cone morse com superfície Acqua em área estética
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Geninho Thomé
Sergio Rocha Bernardes
Cirurgião-dentista. Mestre e Doutor em Implantodontia. Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico (ILAPEO). Presidente Científico da Neodent.
Cirurgião-dentista. Mestre e Doutor em Reabilitação Oral. Gerente de Educação Global & Pesquisa da Neodent. lserpe@neodent.com.br
Larissa Carvalho Trojan-Serpe
Mary Stella Kivel Dias Vitório
Cirurgiã-dentista. Especialista em Ortodontia. Mestre em Biomecânica.
Aluna da Especialização em Implantodontia no Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico (ILAPEO).
xtrações dentárias resultam, com o tempo, na perda do tecido alveolar de suporte1. Tal perda limita a formação de um perfil de emergência dentário das próteses de modo similar ao dos dentes perdidos. Assim, inúmeras técnicas que buscam a manutenção deste tecido vêm sendo propostas pela literatura2. De forma geral, são procedimentos cirúrgicos que usam tecido autógeno ou biomateriais com o objetivo de evitar a reabsorção desse arcabouço ósseo. Estudos em animais já demonstraram que a instalação de implantes não apresenta qualquer influência sobre esse processo fisiológico3,4. Porém, a instalação de implantes dentários logo após a extração resulta em menos consultas e menos morbidade para paciente que, por fim, é submetido a apenas um procedimento cirúrgico5, além de apresentar índices de sucesso similares aos de implantes instalados em áreas edentulas6. Assim, o momento para a instalação de implantes osseointegráveis substituindo dentes que foram condenados à extração passou ser amplamente discutido na literatura odontológica7. Propostas atuais relacionadas ao tema se tratam da instalação de implantes no mesmo ato cirúrgico da remoção do dente, concomitantemente ao uso de biomateriais de acordo com determinadas situações clínicas e técnicas específicas8-11. Tais técnicas podem variar desde o uso de biomaterial entre o implante a lâmina dura vestibular12, até a manutenção de parte da raiz dentária junto à tabua óssea vestibular13,14, com o objetivo de manter o perfil de emergência dentário. A aplicação da técnica da carga imediata com instalação de implantes pós-extração também possui resultados positivos na literatura12,15,16. No entanto, independente do momento da instalação do implante, logo após a extração ou depois da cicatrização do alvéolo, a carga imediata também resulta em menor tempo de trabalho/consultas e estabelecimento precoce do futuro perfil de emergência dentário. Assim, a presente descrição clínica objetiva apresentar e discutir, à luz da literatura científica, um caso com instalações de dois implantes em alvéolos frescos na zona estética de maxila com diferentes técnicas.
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Caso clínico Paciente do sexo feminino, 18 anos, procurou a clínica do ILAPEO, em Curitiba (PR), para avaliação odontológica e relatou desconforto estético nos incisivos centrais, os quais possuíam tratamento endodôntico prévio (figuras 1a, 1b e 2). Ao exame clínico, o paciente apresentava todos os elementos dentários superiores e inferiores, coroas dos elementos 11 e 21 escurecidas e com restaurações extensas. Foi solicitado exame radiográfico panorâmico e tomográfico computadorizado. Após os exames, foi diagnosticada a reabsorção interna e externa dos elementos 11 e 21 e fratura radicular do elemento 21 (figuras 3a e 3b). Em radiografia de mão e punho, foi comprovado que o crescimento do paciente já estava finalizado, pela fusão completa entre epífise-diáfise do dedo polegar e a presença do osso sesamoide. O elemento 21 foi inicialmente extraído após anestesia local (Mepivacaína 2% com Epinefrina 1:100.000, Nova DFL, Rio de Janeiro, RJ) com o mínimo de trauma e sem abertura de retalho. Já o dente 11 apresentou dificuldade para a extração, devido ao diagnóstico clínico sugestivo de anquilose dentária. Assim, com o objetivo de minimizar o trauma local, o cirurgião decidiu utilizar brocas diamantadas, buscando remover o dente sem trauma no leito ósseo periodontal, mantendo uma fina espessura vestibular, relativo à estrutura dentária do incisivo central, seguindo as orientações da técnica socket shield14. Duas osteotomias foram realizadas junto a tábua palatina do alvéolo com brocas cônicas em motor elétrico Surgic XT (NSK, Kanuma, Japão), acionado a 800 rpm segundo o protocolo cirúrgico recomendado pela empresa. E, dessa forma, dois implantes Drive Cone Morse Acqua (Neodent, Curitiba, PR, Brasil) com 4,3 mm x 13 mm foram instalados a cerca de 2 mm infraósseo (figuras 4, e 5a e 5b). O posicionamento final do implante resultou em um espaço entre o implante e a tábua vestibular. O torque final de instalação dos implantes foi acima de 32 N.cm, e a paciente apresentava oclusão fisiológica (mutuamente protegida).
Caso Clínico Logo após a instalação dos implantes, dois munhões anatômicos retos para incisivos centrais (Neodent) de 3,5 mm de altura foram instalados e os alvéolos foram preenchidos com biomaterial sintético (Klonos, Neoortho, Curitiba, PR, Brasil). Não foi necessária sutura. No caso do elemento 21, o biomaterial se posicionou entre um pequeno fragmento dentário e o implante. Foram confeccionadas as próteses provisórias imediatas obliterando o alvéolo (figuras 6a e 6b) e, para o pós-operatório, foi prescrito o uso de analgésicos em caso de dor. Foram realizados controles pós-operatórios de sete dias; dois, quatro, seis e 11 meses (figuras 7a,
7b e 7c), com exames clínicos, fotografias e com radiografias periapicais digitais (Sirona Dental Systems GmbH, Bensheim, Alemanha). O acompanhamento radiográfico e tomográfico, ao longo dos 11 meses, mostra a manutenção da altura do rebordo alveolar (figuras 8 e 9). O acompanhamento com exames tomográficos foram realizados com dois e 11 meses, a fim de evitar excessiva exposição do paciente à radiação. Foram realizados, também, remoção, higienização e ajuste das próteses provisórias, teste dos implantes individualmente e recimentação das mesmas.
Figuras 1a
Figuras 1b
Figura 2
Figura 3a
Radiografia panorâmica inicial.
Imagem de exame de Tomografia Cone Beam em corte interseccional do elemento 11 (esquerda).
Figura 3b
Figura 4
Fotos iniciais do paciente (vista frontal e oclusal superior).
Imagem de exame de Tomografia Cone Beam em corte interseccional do elemento e 21 (direita).
Fotos iniciais do paciente (vista frontal e oclusal superior).
Imagem da instalação do implante com superfície hidrofílica.
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Caso Clínico
Figura 5a
Imagem pós-cirúrgica (vista oclusal).
Figuras 6a e 6b
Pós-operatório imediato. Próteses imediatas instaladas.
Figuras 7a e 7b
Pós-operatório. Acompanhamento de 11 meses.
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Figura 5b
Radiografia periapical da região.
Caso Clínico Discussão
Figura 7 c
Pós-operatório. Acompanhamento de 11 meses.
Figura 8
Acompanhamento radiográfico. (1) Pré-cirúrgico; (2) Pós-cirúrgico imediato; (3) Pós-cirúrgico com sete dias; (4) Pós-cirúrgico com dois meses; (5) Pós-cirúrgico com quatro meses; e (6) Pós-cirúrgico com 11 meses.
Implantes dentários não previnem reabsorção óssea, porém, procedimentos de enxertia minimizam o processo de remodelação óssea10. Assim, a instalação de implantes concomitante ao procedimento de enxertia, no mesmo ato cirúrgico da remoção do elemento dentário, é um procedimento validado cientificamente8,9,11 que resulta em menos consultas, menor desconforto e sucesso, especialmente em casos de carga imediata12,15,16. O posicionamento final do implante é um passo importante e deve ser respeitado, pois implantes posicionados distantes da lâmina dura vestibular resultam em mais possibilidade de sucesso11. Como a instalação de implantes em alvéolos frescos exige um procedimento de enxertia, o uso de implantes com superfícies hidrofílicas é justificado, pois superfícies bioativas influenciam na estabilidade do implante durante o processo de osseointegração, assim como as interfaces cone morse resultam em menor possibilidade de infecção do material de enxertia que está em contato direto com a plataforma do implante, devido ao fato desse tipo de interface reduzir a microinfiltração bacteriana no interior do implante17. No presente relato de caso, um dos dentes estava aquilosado e a decisão pela técnica de socket shield foi realizada com o objetivo de evitar maiores danos ao tecido ósseo alveolar remanescente pós-extração. Apesar de esta ser uma técnica relativamente nova, estudos já vêm demonstrando resultados promissores que justificaram a decisão13,14. Antes do advento da técnica de instalação imediata pós-extração, dentistas usavam próteses provisórias com elemento pôntico em forma oval sobre o alvéolo fresco unido aos dentes vizinhos, com o objetivo de manter as características do tecido original18. Desta maneira, o tecido mole cicatriza, respeitando a forma de emergência das próteses instaladas imediatamente após a extração, e a coroa provisória tem um papel fundamental para o sucesso clínico do caso. Além disso, a oclusão também determina o sucesso do implante dentário em carga imediata, uma vez que essa ajuda na fisiologia da remodelação óssea19 e auxilia a manter a estabilidade mecânica do implante ao longo do processo de osseointegração, minimizando o risco de falhas. Além de boa oclusão, pacientes submetidos ao procedimento de carga imediata devem ter um torque mínimo no momento da instalação do implante. Vários valores de torque são sugeridos na literatura20 e o valor mínimo de 32N.cm foi estabelecido para essa paciente, como em outros casos já descritos12. Um planejamento que pode facilitar o acesso a esse valor de torque mínimo seria o de bicorticalização do implante dentário, que resulta em maior contato do implante com tecido ósseo cortical e, como consequência, maior estabilidade mecânica inicial21.
Considerações finais O presente caso clínico ilustrou o sucesso de dois implantes contíguos, com superfície hidrofílica, instalados em alvéolos frescos na região de incisivos superiores, utilizando a técnica da carga imediata em duas situações diferentes e em um mesmo paciente. O resultado final apontou para o padrão estético satisfatório e conforto funcional para a paciente.
Referências
Figura 9
Acompanhamento tomográfico. Pré-cirúrgico, pós-cirúrgico com dois meses e pós-cirúrgico com 11 meses.
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