Ano 1 - N° 5 - Junho de 2011
www.odontomagazine.com.br
comunicação integrada
Entrevista
Saúde bucal e qualidade de vida
Editorial Edição: Ano 1 • N° 5 • Junho de 2011
Ciência, tecnologia e qualidade de vida
Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7501 Gerência Geral Marcela Petty e. marcela.petty@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7502 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7761 Atendimento Geral Natalia Piedade e. contato@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7765 Arte Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7760 Débora Becker e. debora.becker@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 Wesley Costa e. wesley.costa@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7763 Web / Programação Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br t. +55 (11) 4197.7762 Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente de Contas Vivian Ceribelli Pacca e. vivian.pacca@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7507 Diretora Científica Dra. Lusiane Borges e. lusianeborges@uol.com.br Conselho Científico Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Rodolfo Candia Alba Jr., Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo e William Torre.
T
emos imenso prazer em participar da construção desse novo canal de comunicação que alia ciência, tecnologia e qualidade de vida. A Odonto Magazine está crescendo em passos largos, e a cada edição o retorno de leitores e parceiros têm sido surpreendente. Nosso quinto número traz uma enorme diversidade de assuntos. Em Reportagem temos o tema “Sedação Consciente”, com a participação do Dr. José Reynaldo Figueiredo, da Dra. Danielle Monsores Vieira e do Dr. Marcelo Diniz de Pinho, abordando a técnica, as indicações e as contraindicações do procedimento. Em Entrevista temos como discussão em destaque a “Saúde bucal e qualidade de vida”, com o Dr. Francisco Xavier Paranhos Coêlho Simões. No Espaço Equipe, Dra. Marina Montenegro aborda a humanização na Odontologia e a relação do ASB e TSB com o atendimento humanizado. Em Relacionamento abordamos o Projeto Saúde Bucal nas Estradas Brasileiras, que atende caminhoneiros e populações carentes de todo Brasil, em parceria com a Ford, Gnatus e Johnson. Em Ponto de Vista temos a Dra. Lúcia Coutinho falando sobre Odontohebiatria em uma visão psicológica. Nossas Colunas desta edição estão bem diversificadas: » Odontologia na UTI: O papel do cirurgião-dentista UTI, com a Dra. Cláudia Monteiro Santos Sousa, Dr. Ronaldo Homero Sanches Hidalgo e Dra. Eliane Gomes Leal. » Periodontia: O segredo do sucesso, com a Dra. Regina Auxiliadora de Amorim Marques. » Gestão Odontológica - Planejamento financeiro, com a Dra. Shirlei Cristina Devesa. Em Especial - Implantodontia temos o Dr. Carlo Trivoli mostrando os benefícios da técnica, apontando o surgimento de uma nova era para a especialidade no Brasil. Em Casos Clínicos contamos, mais uma vez, com assuntos diversos e interessantes. O tema “Cirurgia de levantamento de seio maxilar e instalação imediata de implantes Sistema KOPP®”, com Dr. Hésio Magri de Lacerda e Dra. Evelyn M. Juri de Rezende. “Excelência estética do sorriso: novos conceitos e tecnologias em Implantodontia”, com Dr. Fábio J. B. Bezerra, Dr. Ariel Lenharo e Dr. Luciano Castellucci. O caso clínico “ Laminados cerâmicos minimamente invasivos”, com os autores Dra. Maristela Lobo, Dr.Ariovaldo Stefani, Dr. Sérgio Siqueira Júnior, Dr. Carlos Eduardo Pena e Dr. Oswaldo Scopin de Andrade. Agradecemos o valioso apoio de nosso corpo científico e patrocinadores e desejamos a todos uma proveitosa leitura!
A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. É uma publicação da VP Group voltada para profissionais de odontologia das mais diversificadas especialidades. Conta com a distribuição gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor.
Dra. Lusiane Borges Diretora Científica
Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica
Alameda Amazonas, 686, G1 - Alphaville Industrial 06454-070 - Barueri – SP • + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br
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Sumário
Junho de 2011 • Edição: 05
pág.
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Editorial
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Programe-se
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Notícias
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Produtos e serviços
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Especial: Implantodontia
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pág.
Reportagem
Sedação consciente: mais conforto para o paciente
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Entrevista
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Espaço equipe
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Saúde bucal e qualidade de vida
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A humanização da Odontologia 44
Relacionamento
Saúde bucal nas estradas brasileiras
Ponto de vista
Odontohebiatria: uma visão psicológica
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Gestão
Shirlei Cristina Devesa
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Odontologia na UTI
Claudia Monteiro Santos Sousa, Ronaldo Homero Sanches Hidalgo e Eliane Gomes Leal 30
Periodontia
Regina Auxiliadora de Amorim Marques
pág.
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Excelência estética do sorriso: novos conceitos e tecnologias em Implantodontia
Laminados cerâmicos minimamente invasivos Maristela Lobo, Ariovaldo Stefani, Sérgio Siqueira Júnior, Carlos Eduardo Pena e Oswaldo Scopin de Andrade
Colunistas
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Cirurgia de levantamento de seio maxilar e instalação imediata de implantes Sistema KOPP®
Fábio J. B. Bezerra, Ariel Lenharo e Luciano Castellucci
Lúcia Coutinho Porto
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Casos Clínicos
Hésio Magri de Lacerda e Evelyn M. Juri de Rezende
Marina Montenegro Rojas
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Normas para publicação
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Programe-se
Julho
Setembro
20º Congresso Internacional de Odontologia do Rio de Janeiro - CIORJ
1º Congresso Internacional de Odon-
20 a 23 de julho de 2011
04 a 07 de setembro de 2011
Com um público estimado de 55.000 participantes, o CIORJ apresentará riquíssimo conteúdo científico, além de grandes oportunidades de negócios.
Barra da Tijuca – RJ www.ciorj.org.br
tologia da ABO-SP – CINOSP
Goiânia – GO www.ciogo.com.br
O congresso contará com 80 dos mais renomados professores, clínicos e pesquisadores da odontologia internacional e nacional, que apresentarão as mais recentes tendências, técnicas inovadoras e os últimos lançamentos em materiais e equipamentos.
Outubro
São Paulo - SP
06 a 08 de outubro de 2011
www.abosp.org.br/cinosp
11º Congresso Internacional de Odontologia do Paraná (XI CIOPAR)
Agosto
FDI Annual Dental World Congress
O XI Ciopar foi lançado oficialmente no dia 6 de dezembro do ano passado, durante coquetel na sede da ABO/PR. O lançamento serviu para apresentar o evento aos futuros congressistas, expositores e profissionais ligados à Odontologia.
Congresso Odontológico da Paraíba
14 a 17 de setembro de 2011
Curitiba-PR
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04 a 06 de agosto de 2011
O evento contará com conteúdo científico ministrado por renomados profissionais das mais diversas especialidades da odontologia.
João Pessoa – PB www.abopb.com.br
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V Congresso de Ortopedia da CBOFM
“Novos Horizontes da Saúde Oral” é o tema do programa científico do congresso. Além do programa científico, a feira comercial paralela ao congresso apresentará centenas de expositores de todo o mundo. A experiência ficará completa com uma visita turística aos inúmeros pontos de interesse do México, a começar pela famosa cozinha e espólio cultural.
Cidade do México – México www.fdi2011.org
21 a 24 de agosto de 2011
O evento contará com uma programação científica impecável, e será palco da comemoração dos 10 anos da Ortopedia Funcional dos Maxilares como especialidade odontológica.
Termas do Rio Quente - GO www.cbofm.com.br
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XVI Reunião Científica Dor e Disfunção da AILDC 25 a 28 de agosto de 2011
O tema central da reunião é a atualização sobre o diagnóstico e tratamento da DTM e Dor Orofacial.
Termas do Rio Quente - GO www.aildc.net
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19º Conclave Odontológico Internacional de Campinas
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junho de 2011
www.ciopar.com.br
12º Congresso Internacional de Técnicos em Prótese Dentária da APDESP 27 a 29 de outubro de 2011
Os participantes terão a oportunidade de seguir as mais recentes atualizações e avanços nos principais temas da prótese dentária. Ministradores nacionais e internacionais apresentarão cursos e conferências sobre as atualidades e novas técnicas.
São Paulo-SP
www.apdesp.org.br
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21 a 23 de setembro de 2011
O COIC é um evento científico com apresentação de trabalhos de pesquisas, casos clínicos, tendências, procedimentos ao vivo com pacientes, demonstração de técnicas com materiais, equipamentos e medicamentos, além de recursos em diagnóstico e prevenção.
Novembro 4º Congresso Maranhense de Odontologia 09 a 12 de novembro de 2011
Campinas – SP www.acdc.com.br
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16º Congresso Internacional de Odontologia de Goiás - CIOGO 21 a 24 de setembro de 2011
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nais, nacionais, integrados, ‘hand’s on’, conferências, videoconferências internacionais, fóruns acadêmico, científico e clínico, painéis, simpósios, temas livres e reuniões paralelas.
Serão mais de 1.000 horas de atividades científicas distribuídas entre cursos internacio-
O congresso realizado pela Associação Brasileira de Odontologia (ABO) seção Maranhão terá como tema: “Evidência Científica e Inovações Tecnológicas na Prática Odontológica”.
São Luís – MA www.abo.ma.com.br
Notícias
Hospitalar: negócios e relacionamento no setor de saúde
Jefferson Bernardes
A 18ª edição da Hospitalar, o mais importante encontro de empresários e profissionais do setor de saúde das Américas, atraiu para São Paulo, nos dias 24 a 27 de maio, mais de 89.000 visitas profissionais, principalmente de diretores e gestores de hospitais, cirurgiões-dentistas, enfermeiros, médicos, distribuidores, industriais do setor e compradores internacionais.
Ao lado da presidente e fundadora da Hospitalar, Dra. Waleska Santos, participaram da solenidade de inauguração o Ministro da Saúde e Presidente do Conselho Nacional de Saúde, Alexandre Padilha; o secretário da Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri; o secretário de Saúde da cidade de São Paulo, Januário Montone, os presidentes da ANS, Anvisa, deputados federais e os presidentes de quase 20 entidades representativas da cadeia da saúde
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área de exposição do evento contou com a presença de 1.250 empresas, de mais de 30 países, ocupando 82.000 m2 nos pavilhões do Expo Center Norte. Nos quatro dias de feira, foi apresentado o que de melhor existe em matéria de saúde mundial para utilização em hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios. O mercado brasileiro de saúde tem apresentado evolução acelerada nos últimos anos, graças à constante expansão de hospitais e estabelecimentos prestadores de serviços, que investem em equipamentos, ampliações e novos empreendimentos, em um setor que movimenta hoje cerca de 8% do PIB nacional. A médica e empresária Waleska Santos, fundadora e presidente da Hospitalar, destacou que a feira se tornou um evento imprescindível na agenda de empresários e profissionais de saúde do mundo todo. “A Hospitalar promove negócios e fomenta as relações entre a indústria fornecedora e diretores
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de hospitais, clínicas e profissionais de saúde. É o grande ponto de encontro anual do setor hospitalar nas Américas”, disse Waleska Santos.
Visitantes de 60 países A presença de compradores internacionais na Hospitalar cresce mais de 20% a cada ano. O grande número de visitantes internacionais confirma que os compradores de todo o mundo consideram a feira um evento indispensável na agenda mundial de saúde. A feira funciona também como uma plataforma de negócios para os fornecedores mundiais com os mais importantes compradores da América Latina. Basta mencionar que entre os 15 países com maior representatividade entre os visitantes da última edição, 12 eram latino-americanos: Argentina, Brasil, Perú, Chile, Colômbia, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Venezuela, México, Equador e Costa Rica.
Jefferson Bernardes
Notícias
Movimento dos visitantes na área dos expositores
Dr. João Rubens Montenegro falando sobre as melhoras nos processos empresarias em odontologia
Mas a área de influência do evento é muito maior, comprovada pela diversidade de países visitantes: Canadá, China, República Checa, França, Finlândia, Alemanha, Estados Unidos, Indonésia, Irã, Coreia do Norte, Rússia, Arábia Saudita, Angola, Inglaterra, Paquistão e muitos outros.
Thomaz, um dos profissionais master em empreendedorismo e inovação que falou sobre “Odontologia como Negócio”. Pós-graduado em Marketing, com especialização em Saúde Pública e Administração Hospitalar, Dr. Plínio Augusto, que também dirige a Tomaz Soluções em Gestão e Marketing, disse que além dos tratamentos, o dentista tem que se preocupar também com a qualidade técnica clínica e formato do atendimento. “Como o comportamento de compra influencia muito na escolha do profissional, é justamente neste momento que o empresário tem que gerar oportunidades de envolver os clientes, criando expectativas e desejos, além das possibilidades de escolhas. O segredo do sucesso começa aí”, disse.
OdontoBrasil Reunindo marcas líderes do setor, a OdontoBrasil 2011 - 7ª Feira Internacional de Produtos, Equipamentos, Serviços e Tecnologia para Odontologia - ofereceu uma diversificada amostragem do que existe de mais novo em produtos, equipamentos e serviços para clínicas, consultórios odontológicos e laboratórios de prótese. Durante os quatro dias de evento, o profissional de saúde bucal encontrou uma excelente oportunidade de negócios e de relacionamentos.
Eventos simultâneos A Hospitalar contou com 60 eventos simultâneos para atualização profissional, entre congressos, seminários, workshops e reuniões setoriais, com foco em gestão e otimização dos recursos financeiros e humanos dos estabelecimentos de saúde. A Hospitalar também apresentou eventos direcionados aos profissionais de saúde bucal. Fórum sobre Gestão em Odontologia estimula empresários da área A terceira edição do evento foi focada na concentração de orientações técnicas e de gestão para empresários da área odontológica, seja, clínicas ou redes de serviços e/ou franquias. Organizado pela Hospitalar e coordenado por Dr. João Rubens Montenegro e Dr. Luiz Renato de Melo Paz, o evento ofereceu palestras e debates com profissionais renomados do mercado para estimular o lado empreendedor dos dentistas, para que eles vejam o seu consultório como um negócio de sucesso. Na abertura oficial, o Dr. João Rubens Montenegro agradeceu a parceria da Hospitalar e frisou a necessidade de atualizar gestores na área para acompanharem o crescimento e modernização do mercado. “A gestão em Odontologia não se deve debater apenas nas universidades, por isso, criarmos instâncias de discussão neste Fórum para melhorar os processos empresariais”, disse Dr. Montenegro, anunciando a primeira palestra do evento, que foi apresentada pelo cirurgião-dentista, Plínio Augusto
Prêmio SINOG destaca profissionais da Odontologia Como forma de incentivar e promover o trabalho da classe odontológica no Brasil, tanto no setor acadêmico quanto no profissional, o SINOG – Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo realizou durante o jantar da Hospitalar a entrega do “10º Prêmio SINOG de Odontologia”, em duas categorias: Estudante de Odontologia e Cirurgião-Dentista. O primeiro prêmio da noite, entregue pelo presidente do SINOG, Carlos Roberto Squillaci, foi da categoria Estudante de Odontologia, conferido à Lilian Lessa França, do sétimo período do Curso de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Lilian é autora do trabalho intitulado “Perspectivas e proposições para o uso das novas tecnologias em imagem como forma de melhorar a qualidade do relacionamento entre credenciados e operadoras e da prestação dos serviços em saúde”. Ela recebeu um prêmio de oito mil reais, além de troféu e diploma. Na categoria Cirurgião-Dentista, o premiado foi o Dr. Rowan do Vale Vilar, da cidade do Rio de Janeiro. Dr. Rowan é o autor do trabalho intitulado “Valorização da Odontologia: ações que contribuam para a ampliação e fidelização da rede credenciada das operadoras e que aprimorem a qualidade dos serviços prestados aos beneficiários dos planos odontológicos”. O premiado recebeu o valor de 13 mil reais, troféu e diploma, além do troféu de professor-orientador, pelo trabalho da estudante Lilian França, vitorioso neste ano. Como forma de homenagear a unidade de ensino superior e o corpo docente do Curso de Odontologia, o SINOG também entregou à Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o troféu do Prêmio SINOG Trabalho Acadêmico. www.hospitalar.com
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Notícias Projeto para ensinar a saúde bucal para as crianças O ‘Serra Sorrindo’ prevê a distribuição de cartilhas, treinamento de professores, atividades lúdicas, além de outras iniciativas socioeducativas. Em uma ação conjunta das secretarias de Saúde e Educação do município Serra (ES), foi lançado o projeto Serra Sorrindo. A iniciativa tem como objetivo ensinar os fundamentos da saúde bucal a quase cinco mil alunos de primeira a quarta série de nove escolas do município. O projeto inicial foi concebido com a participação da especialista em Saúde Coletiva e Odontopediatria, Marisa Galvão, e também da Odontopediatra, Débora Domingues Gonçalves. A experiência já foi aplicada em uma escola do bairro de Feu Rosa e agora será expandida ao restante do município. O Serra Sorrindo prevê a distribuição de cartilhas desenvolvidas apropriadamente para cada série escolar, ensinando, por meio de recursos lúdicos, a importância de cuidar da saúde bucal. Além disso, o projeto prevê a orientação dos 181 professores que atuam no ensino fundamental da cidade sobre como abordar o assunto em sala de aula. Também há atividades, como teatro, música, poesia, exposições, desenhos, brincadeiras, jogos, entre outras. A iniciativa tem ainda a intenção de levar às crianças informações que vão além da saúde bucal. Noções de cidadania, bons hábitos alimentares, importância da saúde corporal e meio-ambiente são alguns dos assuntos que também serão abordados pela ação. Fonte: Odonto 1
SOESP cria ‘Comissão do Piso Mínimo’ O Sindicato dos Odontologistas do Estado de São Paulo (SOESP) realizou uma nova mesa redonda em sua sede, em São Paulo, para discutir as primeiras propostas de um valor mínimo a ser pago pelas operadoras de planos de saúde para cada procedimento odontológico prestado. O encontro, realizado recentemente, que retomou o debate iniciado em 23 de maio, foi coordenado pelo presidente do SOESP, Dr. Pedro Petrere. Durante a mesa redonda, ficou estabelecida a criação da “Comissão do Piso Mínimo”, que será formada por cirurgiões-dentistas sindicalizados e ficará responsável por levantar informações e criar tabelas de custos, base de honorários e índices de reajustes anuais. O grupo se reunirá periodicamente para avaliar e discutir os dados levantados e, posteriormente, os encaminhará ao Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo (SINOG) como proposta para obtenção de um valor mínimo a ser repassado pelos atendimentos odontológicos prestados pelos cirurgiões-dentistas. “Nós iremos negociar em todos os níveis. Queremos dos convênios um valor que seja sustentável, garantido e pré-estabelecido”, salientou o presidente do SOESP, Dr. Pedro Petrere. O sindicato monitorará o andamento da “Comissão do Piso Mínimo” e deve se reunir novamente com os membros que a compõem, assim que o levantamento for concluído. www.soesp.org.br
Novos cursos: especialização para CD e capacitação para ASB A Faculdade Ingá Santo Amaro está com inscrições abertas para os cursos de especialização e aperfeiçoamento direcionados ao cirurgião-dentista e à equipe auxiliar. Especialização em Implantodontia - Uningá - Registro MEC e CFO Coordenação: Dr. Reginaldo Migliorança e equipe. Início: junho de 2011, com duração de 24 meses. Aperfeiçoamento em Implantodontia – Módulos - Full Time Coordenação: Dr. Reginaldo Migliorança e equipe. Início: junho de 2011, com duração de nove meses. Especialização em Ortodontia - Uningá - Registro MEC e CFO Coordenação: equipe do Dr. Miguel Neil Benvenga - Dr. Sylvio Gonçalves Filho e Dra. Regina Rossi Gonçalves.
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Início: junho de 2011, com duração de 36 meses. Curso de Capacitação para Auxiliar em Saúde Bucal (ASB) – Registro CFO/CRO Coordenação: Dra. Lusiane Borges e equipe. Início: junho de 2011, com duração de seis meses. Intensivo Teórico-Prático de Biossegurança e Esterilização para CDs e Equipe Auxiliar (TSB, ASB e secretária) Ministradora: Dra. Lusiane Borges. Data: 30 de julho de 2011 - sábado. Carga horária: 8 horas - material didático incluído. *** Descontos especiais para alunos e ex-alunos***
A instituição é localizada na Rua Izabel Schimidt, 118 (esquina com a Av. Adolfo Pinheiro, 220), em Santo Amaro, SP. Mais informações sobre a grade curricular e o investimento podem ser obtidas por meio dos telefones: (11) 2619-5390, 2361-2342 ou 2361-2145.
Produtos e Serviços Curaprox: kit “soft implant” O kit de escovas interdentais, fabricado pela Curaprox, foi desenvolvido para a utilização em áreas com implantes odontológicos. Atualmente sabe-se que os implantes odontológicos podem ser acometidos por inflamações e infecções gengivais semelhantes às que ocorrem nos dentes naturais. É fundamental uma escovação cuidadosa e minuciosa para evitar esses problemas. Por isso, as escovas interdentais “soft implant” possuem cinco diferentes tipos e diâmetros cuidadosamente selecionados que facilitam a higienização. As cerdas do tipo ultramacias e muito longas se adaptam a 100% das necessidades dos pacientes com próteses múltiplas sobre implantes e também sobre os chamados “protocolos”, onde o paciente possui todos os seus dentes substituídos por uma prótese fixa ou removível. As escovas ainda possuem a haste central encapada por um plástico, evitando que os implantes de titânio sejam danificados. www.curaprox.com.br
Conscientização ambiental entre dentistas Com o objetivo de conscientizar os cirurgiões-dentistas sobre a importância da reciclagem do lixo, a Angelus Indústria de Produtos Odontológicos desenvolveu o projeto Angelusorriso que, além de auxiliar na preservação do natureza, também ajuda uma entidade assistencial e premia os profissionais que colaboram. Para participar, basta enviar embalagens usadas de produtos da marca de volta à indústria após o preenchimento de um cadastro no hotsite do projeto e escolher, como contrapartida, kits de produtos no valor de R$ 50 ou R$ 150, de acordo com o número de embalagens devolvidas. O processo para participação consiste no preenchimento do cadastro no site e do envio à Angelus das embalagens vazias de produtos da marca, juntamente com a ficha de troca, via correio. Para estimular a participação do maior número de profissionais de Odontologia, as assistentes também receberão um presente do O Boticário juntamente com o produto enviado pela Angelus. www.angelus.ind.br/angelusorriso
Proteção contra cáries com diversos sabores Evite náuseas e reclamações comuns em seus procedimentos de aplicação tópica profissional de flúor, principalmente em crianças. Chocolate, fresh (menta), uva, morango e tutti-frutti foram os sabores atrativos escolhidos pela FGM Produtos Odontológicos para o Flúor Care, indicado para a fluoretação do esmalte de pacientes de alto risco à cárie, entre eles portadores de necessidades especiais, pacientes que utilizam aparelho ortodôntico, os submetidos à raspagem periodontal e casos de hipersensibilidade dentinária. O produto é apresentado em forma de espuma, o que facilita a aplicação e evita riscos de possíveis ingestões do produto, além de render oito vezes mais do que produtos com a mesma finalidade. www.fgm.ind.br
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Reportagem
Sedação consciente: mais conforto para o paciente É fato que muitas pessoas evitam os tratamentos odontológicos por sentirem o chamado pavor da anestesia ou, em casos mais extremos, a fobia do dentista.
Por: Silvia Guedes
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oje, proporcionar aos pacientes mais conforto durante os procedimentos odontológicos significa estar atento as novas técnicas, adotando em seu consultório um diferencial positivo no tratamento da saúde bucal e com isso diminuir o medo, o estresse e a ansiedade durante o procedimento, atuando indiretamente na prevenção, uma vez que se sentindo mais confortável com o profissional, o paciente retorna com maior frequência às consultas de revisão. Neste contexto, uma das práticas utilizadas é a sedação consciente com óxido nitroso e oxigênio que se trata de uma técnica de sedação leve, segura e passível de titulação. Com uma depressão mínima do nível de consciência, a sedação por meio do óxido nitroso permite que o paciente mantenha a respiração espontânea, respondendo aos estímulos físicos e verbais e que se restabeleça imediatamente após a finalização da administração. Os doutores José Reynaldo Figueiredo, Danielle Monsores Vieira Ferreira e Marcelo Diniz de Pinho utilizam o procedimento e explicam: “Esta sedação é possível porque o óxido nitroso é um gás anestésico de menor potência, de absorção e eliminação rápida, que controla a ansiedade e proporciona uma sensação de relaxamento e conforto ao paciente”. Para os cirurgiões-dentistas, a técnica chegou para facilitar o tratamento odontológico nos pacientes mais ansiosos e com traumas de cuidados anteriores. Com isso, os próprios profissionais conseguem realizar seus procedimentos com calma, critério e cautela, não tendo o medo do paciente como pressão para antecipar o término da sessão. O óxido nitroso é um gás incolor, com odor e sabor agradáveis, não irritante, é pouco solúvel no sangue, pois não sofre metabolização no organismo e atinge rápida concentração. Também apresenta início e término dos efeitos extremamente rápidos após a remoção do gás. “Nitidamente, a utilização da sedação com óxido nitroso em pessoas com medo, ansiosas ou assustadas com o barulho, facilita a abordagem do tratamento odontológico, principalmente a anestesia, devido ao estado de conforto e relaxamento, permitindo o tratamento sem restrições”, acrescenta a Dra. Danielle, especialista em Dentística pelo SOESP, especialista em Estética Dental pela São Leopoldo Mandic, especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais pelo APCD e Mestre em Ciências da Saúde pela UNICSUL.
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Demonstração da técnica de sedação consciente
Indicações De acordo com os especialistas, o óxido nitroso não apresenta efeitos adversos sobre o sistema cardiovascular, respiratório, fígado, rim e cérebro e, portanto, pode ser utilizado, inclusive, em pacientes que requerem cuidados especiais, como cardiopatas, diabéticos e hipertensos. “Adultos, crianças, idosos ou pessoas que necessitem de cuidados especiais podem utilizar esta sedação para controlar o medo, a ansiedade e até mesmo o comportamento, sendo indicado especialmente para portadores de deficiências”, acrescentam os doutores. A maioria dos tratamentos odontológicos, em diversas especialidades, pode ser executada com a sedação com óxido nitroso, como cirurgias, endodontias, procedimentos longos e outros. Entretanto, algumas práticas odontológicas são otimizadas com uso da sedação consciente, como os tratamentos em crianças e em pacientes com alteração de comportamento, as cirurgias e os procedimentos longos e complexos.
Contraindicações São poucos os casos em que o óxido nitroso não é aconselhável. Dentre eles, em pacientes com alterações de personalidade, crianças com problemas de conduta, claustrofóbicos, respiradores bucais e pacientes com obstruções das vias respiratórias ou com doença pulmonar obstrutiva crônica. O histórico do paciente e a associação do óxido nitroso com outras drogas devem receber um cuidado constante do profissional. “O cirurgião-dentista deve saber as drogas utilizadas e seu potencial para produzir efeitos adversos e ainda ter o conhecimento do estado físico e da história do paciente, para estar apto a exercer a técnica de sedação com óxido nitroso, para que em caso de emergência o quadro seja revertido rapidamente”, alerta o Dr. José Reynaldo, especialista em Odontopediatria pela FO-UNICAMP,
Reportagem
Pacientes com necessidades especiais precisam de atenção redobrada O Dr. Marcelo Diniz de Pinho, apto na utilização da sedação consciente, destaca o uso do procedimento em pacientes com necessidades especiais que necessitam de atenção redobrada, como os portadores de doenças cardiovasculares, neurovasculares, hepáticas, convulsivas, alérgicas e diabéticos compensados. “A técnica pode ser considerada como método farmacológico de condicionamento em pacientes com necessidades especiais”, afirma. No entanto, o profissional deve estar sempre atento. “Em pacientes com necessidades especiais e com dificuldade de comunicação (devido aos problemas neurológicos) temos que avaliar bem a indicação da técnica. Precisamos da colaboração do paciente e tomar o devido cuidado com interações medicamentosas de determinados fármacos, principalmente depressores do sistema nervoso central, que podem ser potencializados pela sedação; e ao invés de sedar pode levar o paciente a um estágio mais profundo e causar uma depressão no sistema respiratório e cardíaco”, alerta o Dr. Marcelo. O dentista cita alguns casos que considera a sedação consciente inapropriada: em diabéticos descompensados, usuários de benzodiazepínicos, coagulopatias, infecção sistêmica e respiratória alta, temperatura superior a 38ºC, obesidade severa, asmáticos, anêmicos e pacientes com transtornos psiquiátricos.
especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais pelo CFO, mestre em Odontologia Legal e Deontologia pela FOUSP e mestre em Ciências Odontológicas pela FOUSP.
Habilitação Para utilizar no consultório a técnica da sedação consciente, os dentistas devem se habilitar em um curso específico, onde terão a oportunidade de aprender os conceitos de dor e ansiedade, avaliação física e psicológica do paciente, monitoramento durante a sedação, emergências médicas, além de treinamento em suporte básico de vida. No Brasil, a Lei nº. 5081, de 24 de agosto de 1966, que regulamenta o exercício da profissão odontológica, em seu artigo 6º,
item VI, autoriza o cirurgião-dentista a aplicar a analgesia, desde que o profissional esteja comprovadamente habilitado e a mesma seja indicada como meio eficaz para o tratamento. O uso do óxido nitroso como forma de analgesia em consultório odontológico e os cursos de habilitação foram disciplinados na resolução 51/2004 do Conselho Federal de Odontologia.
Tendência mercadológica O mercado nacional ainda é pouco explorado pelos fabricantes de aparelhos para sedação com óxido nitroso em consultórios odontológicos e a demanda por parte dos profissionais ainda é pequena, entretanto, de acordo com os profissionais que já os utilizam, esse contexto vem passando por mudanças. “A pequena demanda na-
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Reportagem cional não permite uma disputa entre os fabricantes que tornem os equipamentos com preços competitivos. Mas, aos poucos com mais informação e principalmente com mais formação de profissionais habilitados, a tendência é a melhora desse quadro. Desde a aprovação da prática pelo CFO, a queda de preços dos gases utilizados é real e novos fabricantes começam a aparecer no mercado”, acrescenta o Dr. Reynaldo. Segundo ele, as máscaras utilizadas na aplicação dos gases atualmente são bastante confortáveis, com tamanhos ajustáveis, coloridas, leves e muitas delas têm aroma agradável, o que favorece a aceitação do paciente, principalmente as crianças.
Monitoramento constante De acordo com o Dr. Marcelo, que é especialista em cirurgia bucomaxilofacial, habilitado em sedação com óxido nitroso, coordenador do projeto social “Vila Maria um caso de amor” e membro da Câmara Técnica de especialidades do CROSP, como todos os sedativos podem produzir depressão da respiração, é necessária a constante monitoração do paciente, com a observação da respiração, oximetria de pulso, monitoramento cardíaco e controle da pressão arterial. Para o dentista, diversos tipos de monitores podem ser utilizados durante a sedação consciente, entre eles os mais comuns são: os oxímetros de pulso, aparelhos de pressão, estetoscópios precordiais e termômetros. “O oxímetro de pulso é um instrumento fechado que monitora de modo não-invasivo a saturação de oxigênio das moléculas de hemoglobina no sangue do paciente e o ritmo cardíaco do paciente”, acrescenta.
Passo-a-passo da sedação consciente O Dr. Marcelo Diniz de Pinho explica detalhadamente os passos para a prática da sedação consciente. » Anamnese completa e detalhada » Traçar o perfil psicológico do paciente » Explicar ao paciente ou responsável o procedimento de sedação » Autorização para o procedimento assinada » Remoção de anéis, pulseiras, relógios e esmaltes » Sinais vitais / Teste de Trieger inicial (teste psicomotor) » Teste de apneia » Auscultação cardíaca e pulmonar » Ficha clínica » Familiarizar o paciente com o procedimento - adaptação da máscara nasal » Colocação de oxímetro de pulso e monitoramento cardíaco no paciente » Mensuração da P.A. » Colocação de máscara nasal e orientação para não conversar e manter respiração nasal » Determinar o total de litros por minuto de O2 » Adicionar 10% ou 1 L de N2 O a cada minuto até atingir o nível ideal de sedação (fluxo constante de O2 ) » Manter o monitoramento » Checar os sinais vitais no trans-operatório » Finalizar com O2 puro por cinco minutos » Teste de Trieger pós-sedação » Checar os sinais vitais no pós-operatório » Dispensar o paciente com acompanhante
Para saber mais No Brasil há diversos estudos em andamento sobre a utilização do óxido nitroso nos procedimentos odontológicos. Confira: » Langa, Harry. Relative analgesia in dental practice. W.B. Saun-
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ders Company, 2a.ed, 1976. » Craig, David and SKELLY, Meg. Practical Conscius Sedation. Quintessence Publishing Co, 2004. » Malamed, Stanley F. Sedation a guide to patient management. Mosby Inc., 4a.ed, 2003. » Clark, Morris, Brunick, Ann. Handbook of Nitrous Oxide and Oxigen Sedation. Mosby Inc., 2a.ed., 2003. » Falqueiro, João M. Analgesia Inalatória por óxido nitroso/oxigênio. Livraria Editora Santos, 1ª.ed., 2005. » http://www.odontosedacao.com.br/publicacoes_0202.asp » http://www.abo.org.br/jornal/105/profissao1.php » http://www.sbtd.org.br/artigos_sbtd_detalhes.asp?IdArtigo=3 » http://www.odontosedacao.com.br/publicacoes_0901.asp » http://www.odontosedacao.com.br/publicacoes_0701.asp » http://www.odontologia.ufrj.br/odontopediatria/esp_analgesia.ht
Um pouco de história O óxido nitroso foi descoberto pelo pesquisador Joseph Priestley por volta de 1770. Entretanto, os primeiros relatos de inalação do óxido nitroso foram descritos em 1800 por Humphrey Davy. Porém, durante quatro décadas, o uso do óxido nitroso foi apenas recreacional. Horace Wells, um dentista americano, foi o primeiro a utilizar o gás em procedimentos odontológicos, em 1844. Em 1868, Edmunds Andrews, preocupado com a oxigenização do paciente, sugeriu a mistura pré-dosada de gases, misturando 80% de óxido nitroso e 20% de oxigênio. Neste mesmo ano, Paul Bert desenvolveu o primeiro aparelho para administrar o óxido nitroso e o oxigênio no paciente, começando assim, a ser utilizado com mais frequência e mais segurança. A técnica de sedação consciente com óxido nitroso foi idealizada e difundida pelo professor Harry Langa, em 1949, na qual a Odontologia foi a principal área de saúde a utilizar este procedimento.
“O cirurgião-dentista deve saber as drogas utilizadas e seu potencial para produzir efeitos adversos”
Dr. José Reynaldo Figueiredo
“Nitidamente, a utilização da sedação com óxido nitroso em pessoas com medo, ansiosas ou assustadas com o barulho, facilita a abordagem do tratamento odontológico”
Dra. Danielle Monsores Vieira
“A técnica pode ser considerada como método farmacológico de condicionamento em pacientes com necessidades especiais”
Dr. Marcelo Diniz de Pinho
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Entrevista
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Entrevista
Saúde bucal e qualidade de vida A saúde e a qualidade de vida andam de mãos dadas. Não é diferente quando o assunto está relacionado à saúde bucal. O cirurgião-dentista, Dr. Francisco Xavier Paranhos Coêlho Simões, mostra - de maneira simples e objetiva - que a prevenção é sempre a melhor saída.
Por: Vanessa Navarro
Dr. Francisco Xavier Paranhos Coêlho Simões Cirurgião-Dentista. Especialista em Odontopediatria pela APCDBauru. Mestre em Clínicas Odontológicas pela FOUFBA. Doutor em Odontopediatria pela FOUSP. Professor Adjunto de Odontopediatria da EBMSP e UESB.
Odonto Magazine - Como a saúde bucal pode afetar diretamente na qualidade de vida da população? Dr. Francisco X. P. C. Simões - A qualidade de vida está diretamente relacionada com o estado de saúde. Os idosos apresentam ausência parcial ou total de dentes, e esta condição interfere na mastigação, fonação e na estética. Os alimentos não são processados corretamente, resultando em uma digestão insatisfatória, além de restringir a consistência dos alimentos, sendo mais adequados os alimentos líquidos e pastosos. Uma das funções dos dentes é de cortar e triturar os alimentos. Nesse momento, os alimentos são envolvidos pela saliva, que formará o bolo alimentar e, assim, dará início a primeira fase da digestão. Quando o paciente tem restabelecida sua oclusão com as próteses dentárias sua autoestima aumenta. A limitação na mastigação dos alimentos pela perda de dentes pode comprometer o processo de digestão, que resulta em problemas de saúde geral. Dor de cabeça pode ser sintoma de desajuste da oclusão, principalmente pela falta de dentes, repercutindo no processo da mastigação e do humor do indivíduo. O profissional deve estar apto a realizar o correto diagnóstico e tratamento. Boa saúde bucal significa melhor convivência social, autoconfiança social. A maioria dos problemas bucais é passível de prevenção. Quando a saúde bucal está comprometida, resulta em desajustes que irão influenciar em todos os setores da vida. Dores, desconforto, insônias causadas por patologias bucais, tais como as doenças cárie e periodontal, erosões dentárias ou câncer bucal, refletem na saúde e nas atividades escolares e laborativas.
Odonto Magazine - Há algum tempo a OMS apresentou um documento afirmando que a saúde bucal está entre os cinco
primeiros itens que contribuem para a qualidade de vida. O senhor poderia nos explicar essa relação? Dr. Francisco X. P. C. Simões - A saúde é definida pela Organização Mundial da Saúde como “completo estado de bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade”. Isso dá a certeza de que não basta estar livre de doenças sistêmicas, mas devem ser considerados outros fatores de saúde da vida do indivíduo, como por exemplo, indicadores que possam mensurar a qualidade de vida. Isso envolve moradia, lazer, satisfação pessoal, emprego, remuneração adequada. Esses fatores e muitos outros irão definir o bem-estar do indivíduo. Essa condição é definida como qualidade de vida, que ainda pode ser bem entendida como a “percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. A saúde bucal era avaliada somente clinicamente e separada do corpo - além de não ter critérios -, sem visualizar o impacto que a falta de saúde bucal pode influenciar na vida do indivíduo. Hoje existem vários instrumentos que avaliam a qualidade de vida e que contemplam vários fatores do bem estar do paciente. Odonto Magazine - O Brasil conta com programas sociais que têm como missão cuidar da saúde bucal das populações mais carentes. Mesmo com tais facilidades, grande parte dos brasileiros não dá a devida importância para os dentes. Como o senhor explicaria esse descomprometimento das pessoas com a saúde da boca? Dr. Francisco X. P. C. Simões - Este questionamento pode ser explicado pelo tempo que a saúde bucal não era valorizada, mas de alguns anos para cá, a informação tem chegado à po-
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Entrevista pulação de diferentes formas. Os cursos de Odontologia vêm realizando atividades extramuros que motivam as pessoas a dar maior atenção à saúde bucal. Os meios de comunicação (escrita e televisiva) abordam assuntos de interesse da população, dando ênfase aos cuidados com a saúde bucal e da forma que devem ser cuidada. A televisão tem seu papel importante, pois atinge uma boa parte da população e as pessoas tendem a copiar. O mercado de trabalho também exige boa aparência no vestir, nas atitudes, mas também ter um belo sorriso, o que significa ter uma estética dental. Os últimos resultados do levantamento epidemiológico demonstram que os índices de cárie, de dentes restaurados e perdidos têm diminuído. O sorriso contribui para rejuvenescer as feições, pois estimula a musculatura facial. Mas, para uma parcela da população brasileira, o hábito de não sorrir pode ter por trás problemas bucais, como cáries, mau hálito, escurecimento dentário e até mesmo perda da dentição. Nestes últimos anos, o governo federal tem inaugurado vários centros de atendimento, que proporcionam o acesso ao consultório odontológico. É uma questão de tempo para que outros centros de atendimento sejam implantados, ampliando ainda mais a área de abrangência, permitindo maior acesso das pessoas ao tratamento odontológico.
Odonto Magazine - A perda dos dentes pode causar não só danos estéticos, mas também psicológicos e sociais. Como o dentista pode auxiliar o paciente com tais sensibilidades psicossociais para que o mesmo volte a desfrutar de qualidade de vida? Dr. Francisco X. P. C. Simões - O ideal é que não ocorra a perda dos dentes. Para isso, o profissional deve instruir o paciente quais os métodos de prevenção. O Odontopediatra tem papel importante neste processo, motivando seus pacientes para que tenham saúde bucal adequada. A instalação do hábito de higiene bucal na infância resulta em saúde bucal adequada na fase adulta. Os indivíduos que têm perda dentária apresentam maloclusão e estética comprometida. Essa condição também interfere na vida social. O cirurgião-dentista restaura a função e a estética e, consequentemente, a autoestima do paciente. Este terá a mastigação e fonação restabelecida, e estética adequada. O tratamento protético não é privilégio de poucos, a população menos favorecida tem acesso aos centros de atendimento odontológico, como faculdades de Odontologia ou unidades odontológicas. Manter os dentes e a boca bem cuidados é o primeiro passo para garantir um sorriso saudável, elevando a autoestima. Para isso, a higienização bucal após as refeições é tão importante quanto a visita ao dentista. O mau hálito pode estar relacionado ao cuidado com a cavidade bucal. Manter um bom hálito é escovar os dentes e a língua. Pessoas que possui mau hálito pode sofrer discriminação no meio social e no trabalho, comprometendo o rendimento e a qualidade de vida. Parte da população procura os consultórios para realização de clareamento dentário - para ter dentes brancos semelhantes aos artistas.
Odonto Magazine - Com o crescimento acelerado da população idosa, as patologias bucais aumentam - fator que compromete a qualidade de vida. Os profissionais de saúde bucal estão preparados para tal realidade? Dr. Francisco X. P. C. Simões - A população tem mais acesso aos serviços odontológicos, com o aumento do número de locais de atendimento (faculdades, centros odontológicos
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Boa saúde bucal significa melhor convivência social, autoconfiança social. A maioria dos problemas bucais é passível de prevenção municipais e estaduais). A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil 2010) revela que o Brasil passou a integrar o grupo de países com baixa prevalência de cáries. Desde 2003, cresceu 30% o número de crianças sem cárie, um reflexo direto da implantação do programa Brasil Sorridente, em 2003, pelo Ministério da Saúde, que passou a oferecer prevenção, tratamento especializado e reabilitação em todo o país. Salvador, na Bahia, apresenta um dos menores índices de cárie do país (CPOD 1,43 aos 12 anos). Podemos ainda citar alguns dados fornecidos pelo Ministério da Saúde: para indivíduos de 35 a 44 anos o número de dentes perdidos passou de 13,2 para 7,3. Outros dados podem ser encontrados no site do Ministério e demonstram que o Brasil está conseguindo diminuir o número de dentes acometidos por cárie, restaurados e perdidos.
Odonto Magazine - Sabe-se que a saúde bucal está diretamente ligada à saúde geral. Como é possível divulgar essa asserção junto a população e aos pacientes? Dr. Francisco X. P. C. Simões - Realizando fóruns entre médicos e cirurgiões-dentistas para que a população tenha informação completa e de duas profissões da área de saúde que se completam. As pessoas devem dar maior credibilidade aos cirurgiões-dentistas, que são profissionais da saúde e estão capacitados para esclarecer sobre as consequências da saúde bucal deficiente na saúde geral. Instalações de centros de atendimento odontológico, como os Centros de Especialidades Odontológicas - que já são 853 em todo o país - são importantíssimas. O Programa Brasil Sorridente, do Governo Federal, tem ampliado o número de procedimentos odontológicos, incluindo tratamento ortodôntico e implante dentário. Essa ação vem contribuir com a qualidade de vida do indivíduo. Esses programas são divulgados na mídia e chegam à população.
Odonto Magazine - Como o cirurgião-dentista pode motivar seus pacientes no cuidado da saúde bucal, mostrando-o como um grande facilitador na qualidade de vida? Dr. Francisco X. P. C. Simões - O cirurgião-dentista orienta a família quanto às técnicas de higiene bucal. Várias formas de motivação são adotadas, tais como: projeção de imagens, vídeos, além da explicação das técnicas preventivas. É importante mostrar imagens das consequências que podem ocorrer em caso da falta de higiene bucal (desde a mancha branca, cavitação, até a perda do dente), que resulta em mastigação inadequada. Deve expor também imagens de como prevenir todas essas situações, como: técnica de escovação, uso do fio dental e enxaguatórios e orientação dietética. O mau hálito é outra consequência da falta de higiene, e atrapalha no convívio social.
Espaço Equipe
A humanização da Odontologia
Marina Montenegro Rojas Cirurgiã-Dentista. Membro da Diretoria da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD Pinheiros) e da Coordenação do Projeto Odontocomunidade – CIOSP. Cirurgiã- Dentista do Programa Saúde da Família da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Docente da Equipe Biológica nos Cursos para Auxiliares - APCD e ABO. Consultora em Odontopediatria do site “multiplos.com.br”. marinamr2006@gmail.com
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om a crescente necessidade de profissionalização e melhoria contínua da qualidade dos serviços médicos e hospitalares, é cada vez mais comum o interesse em humanizar ambientes e utilizar palavras como “acolhimento” e “atendimento de excelência”, como se bastasse para agregar valores ao tratamento em si. Mas assim como a tecnologia tem sido um dos maiores responsáveis pela desumanização dos serviços em saúde, a busca exagerada pelo status por meio de premiações, creditações e selos de órgãos nacionais e internacionais também tem desviado a atenção do real objetivo: cuidar da saúde dos pacientes. Apesar do avanço tecnológico, o importante é o que se transmite ao paciente. A confiança, o respeito, o reconhecimento e a compreensão são fundamentais para o sucesso de qualquer tratamento odontológico, e a melhor técnica é aquela que resolve a queixa principal do paciente e satisfaz suas necessidades. Nossos pacientes estão cada vez mais exigentes e informados sobre os diversos tipos de tratamento. Devemos personalizar, ouvir cada caso, respeitando suas decisões. Cada ser humano é único e traz consigo seus conceitos, medos, traumas; e o profissional que consegue captar, sobretudo, o perfil psicológico do paciente, estará mirando no sucesso de qualquer tratamento. Diferente dos demais modelos de qualidade, o Planetree visa resgatar o cuidado com a saúde pela perspectiva dos pacientes. É um selo de reconhecimento de instituição com serviço centrado nos pacientes, em ambientes saudáveis e de cura. Através de mais informação e educação, incentiva a participação ativa dos pacientes e cuidadores.
Componentes do Modelo Planetree 1. Interações humanas: atendimento personalizado para os pacientes e seus familiares, além de suporte e apoio à equipe. 2. Apoio da família, dos amigos e do grupo social: envolvimento
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da família e amigos sempre que possível; terapia com animais de estimação pode melhorar o humor, melhorar os níveis de pressão arterial e a interação social. 3. Acesso a informações como forma de aumentar a participação dos pacientes: oferecer aos pacientes mais informações e habilidades para que participem ativamente de seu cuidado. 4. Alimentação e nutrição: a nutrição é parte integral do processo de cura, não só essencial para uma boa saúde, mas também fonte de prazer, conforto e familiaridade. 5. Artes e diversão - nutrição para a alma: música, contadores de história, palhaços e filmes engraçados criam uma atmosfera de serenidade e diversão no Modelo Planetree. Obras artísticas nos quartos dos pacientes e áreas de tratamento criam a ambientação correta. 6. Ambientes de cura através da arquitetura: o ambiente físico é essencial para a cura, e deve valorizar o ser humano e não só tecnologia, incluindo bibliotecas, cozinhas, sala-de-estar e de atividades, capela, jardins e acomodação para que as famílias possam passar as noites. 7. Terapias complementares: aromaterapia, acupuntura, Reiki, ioga são opções que podem ser oferecidas além das modalidades clínicas de tratamento, pois melhoram a dor e acalmam o paciente. 8. Toque humano: o toque reduz a ansiedade, a dor e o stress e beneficia os pacientes, seus familiares e a equipe. 9. Espiritualidade - a importância dos recursos internos: a espiritualidade tem papel essencial na cura da pessoa como um todo.
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As capelas, jardins, labirintos e salas de meditação são oportunidades para reflexão e oração. 10. Comunidades saudáveis - como expandir as fronteiras do serviço de saúde: ao trabalhar com escolas, centros de terceira idade, igrejas e outros parceiros na comunidade, os hospitais estão redefinindo a saúde para incluir a saúde e o bem-estar da comunidade como um todo. Expande-se o papel dos hospitais, passando do tratamento exclusivo de doenças para a promoção do bem-estar. Na Saúde Pública, temos a Política Nacional de Humanização, HumanizaSus, uma proposta de nova relação entre profissionais da saúde e a comunidade, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Seus objetivos: redução das filas e tempo de espera com ampliação do acesso e atendimento acolhedor e resolutivo baseados em critérios de risco, identificação e responsabilização de funcionários, garantia dos direitos dos usuários do SUS, gestão participativa da equipe de saúde e usuários, assim como educação permanente e valorização do profissional. A clínica ampliada visa produzir saúde e aumentar a autonomia do sujeito, da família e da comunidade, por meio da integração da equipe multiprofissional, construção de vínculo, intervenção precoce e tratamento individualizado, respeitando os anseios e expectativas de cada um. Como já vimos em outras edições, a primeira impressão é muito importante! O paciente julga o serviço prestado com base na aparência local e na simpatia e profissionalismo da equipe. São necessários vários comportamentos positivos para anular o impacto de um único comportamento inicial negativo.
A parte clínica de um consultório deve ser criada para tornar o trabalho mais prazeroso à toda equipe, de maneira prática e funcional. Já a recepção deve ser projetada para refletir o gosto dos pacientes e para tornar o local agradável, dando a sensação de conforto, bem–estar e aconchego, reduzindo a tão comum ansiedade (...), fazendo com que se sintam realmente especiais. A intenção, na humanização do espaço, é a de adequar o espaço físico do seu consultório ou clínica em função das necessidades, desejos e expectativas de todos que realmente interessam: você, seus funcionários e pacientes, aumentando os lucros, a qualidade de vida e o prestígio social. Humanizar o atendimento não é apenas chamar o paciente pelo nome, nem ter um sorriso nos lábios constantemente, mas também compreender seus medos, angústias, incertezas, dando-lhes apoio e atenção permanente. Hunter “Patch” Adams, inspiração do filme Patch Adams: o amor é contagioso, foi um médico norte-americano famoso por sua metodologia inusitada no tratamento a enfermos. Na verdade, seu lema era “a amizade é o melhor remédio”. Sua filosofia de vida era o amor no âmbito hospitalar e em nossas relações sociais como um todo, independente de lugar. Para ele, o objetivo do médico não era curar e sim cuidar. Cuidar com muito amor, com um toque, com um olhar, com conversa, com sorriso (...). A saúde está relacionada com a família, com a comunidade, com o mundo. Fazer realmente o que gosta e transmitir essa energia e dedicação a quem precisa.
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Relacionamento
Saúde bucal nas estradas brasileiras Há mais de uma década, o “Projeto Sorrindo com a Ford” percorre as estradas do Brasil levando atendimento bucal aos caminhoneiros, às crianças e às populações carentes do país. A entrevista com o idealizador do projeto, Dr. Cássio de Melo, apresenta o funcionamento da ação social.
Por: Vanessa Navarro
Dr. Cássio de Melo Cirurgião-Dentista formado pela Faculdade de Odontologia de Santos. Idealizador do “Projeto Sorrindo com a Ford”.
Odonto Magazine - Qual é a missão principal do “Projeto Sorrindo com a Ford”? Dr. Cássio de Melo - O “Sorrindo com a Ford” iniciou suas atividades em 10 de abril de 2000 em Cambé (PR), com o objetivo social de levar a informação e a educação em saúde bucal, além do tratamento odontológico gratuito aos caminhoneiros e às comunidades carentes de todo o Brasil. No Odontomóvel Ford são realizados todos os procedimentos em Odontologia, desde a consulta até cirurgia oral menor.
Odonto Magazine - Existem dados estatísticos que apontam o número de atendimentos e quais foram os principais procedimentos realizados desde a criação do “Projeto Sorrindo com a Ford”? Dr. Cássio de Melo - Até o momento, nossos números são esses: » 408.176 km percorridos. » 267 municípios. » 22 estados brasileiros. » 39.916 caminhoneiros. » 11.127 pessoas de comunidades. » Ações e palestras em 162 escolas para 82.337 crianças. » Kits de higiene bucal e folders distribuídos: 133.380. » Procedimentos realizados: 147.062 (consultas, profilaxias, raspagem, restaurações, cirurgias e emergências).
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Saúde bucal e atendimento gratuito aos caminhoneiros e comunidades carentes
Lembrando que não estão computadas as outras ações nas escolas.
Odonto Magazine - Como é realizada a divisão de atendimento entre caminhoneiros brasileiros e outras pessoas das comunidades visitadas? Dr. Cássio de Melo - Quando estamos realizando as ações em postos de abastecimento pelo Brasil, a preferência do atendimento é dirigida ao caminhoneiro, uma vez que estes profissionais, na sua grande maioria, não encontram tempo para visitar um dentista em sua estada em casa. Isso não impede de atendermos a comunidade local, visto que as rodovias normalmente são margeadas por uma população distante de qualquer serviço de atenção à saúde.
Odonto Magazine - A Ford lançou recentemente o veículo modelo 2011. Qual é a diferença do modelo em termos de estrutura e atendimento? Dr. Cássio de Melo - Neste veículo incorporamos uma área para a realização da escovação antes do indivíduo passar pela consulta. A pessoa responde a um questionário sobre seus atos de higiene, ganha uma escova de dente, faz a higienização e depois vai para o consultório. A área é composta por quatro pias com torneiras e um espelho.
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Relacionamento
No Odontomóvel Ford são realizados todos os procedimentos em Odontologia, desde a consulta até cirurgia oral menor
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Dr. Cássio mostra com orgulho o fruto do seu sonho
Odonto Magazine - Além dos atendimentos odontológicos, existem outras ações promovidas pelo projeto e direcionadas à saúde bucal da população? Dr. Cássio de Melo – Existem. A principal delas é a realização de palestras e exibição de vídeos educativos sobre os principais temas em Odontologia. Abordamos principalmente a educação quanto aos corretos hábitos da higienização, que é o fator primordial para evitar as principais doenças em Odontologia. Essas palestras são dirigidas para crianças, jovens, adultos, colaboradores e professores de instituições de ensino. Outra palestra importante é sobre a prevenção do câncer bucal. Posteriormente à palestra, realizamos uma consulta preventiva para todos os interessados.
Odonto Magazine - Como são financiados os gastos com material e equipamentos necessários para um excelente atendimento odontológico? Dr. Cássio de Melo - Os principais gastos são absorvidos pela Ford Caminhões, a patrocinadora do programa, mas alguns itens essenciais têm a participação importante de algumas empresas. A Gnatus, que nos apoia desde o início do projeto, doou todo equipamento odontológico. Posso garantir que temos à disposição o que há de melhor nesse sentido. A Reach Johnson e Listerine doam os principais itens que compõem o kit de higiene bucal, ofe-
recido para cada pessoa que passa em consulta. Eles cedem a escova dental ECO, o fio dental Essencial e o enxaguatório Listerine. A pasta de dente é oferecida pela Ice Fresh e a necessaire é doada pela Locomotiva (empresa que fabrica lonas para cobertura de caminhões e outros itens que compõem nosso dia-a-dia). Infelizmente nenhuma empresa de Odontologia fabricante de produtos de uso diário no consultório participa deste projeto.
Odonto Magazine - Como as pessoas atendidas pelo projeto podem garantir a manutenção do tratamento realizado durante a visita do veículo? Dr. Cássio de Melo - Mantendo sempre a boa higiene bucal e principalmente adotando o hábito saudável de visitar o dentista a cada seis meses, uma vez que a grande maioria das pessoas que nos visitaram até o momento, só procura este profissional em caso de dor, e na sua maior porcentagem é para extrair o dente (66%).
Odonto Magazine - Como deve agir o profissional de saúde bucal para obter mais informações sobre o projeto que leva a saúde bucal pelas estradas brasileiras? Dr. Cássio de Melo - As informações podem ser obtidas pelo site www.sorrindocomaford.com.br ou pelo telefone (11) 8555-7855.
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Ponto de Vista
Odontohebiatria: uma visão psicológica
Lúcia Coutinho Porto Especialista em Odontopediatria. Odontologia para Adolescentes e Ortopedia Funcional dos Maxilares. Membro da Associação Paulista de Odontopediatria – APO. Ministra conferências em Simpósios e Congressos no Brasil e no exterior. Coordenadora do Grupo de Saúde Oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
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adolescência é um período da vida que começa aos 10 e vai até os 20 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, esta fase começa aos 12 e vai até os 18 anos, onde acontecem diversas mudanças físicas, psicológicas e comportamentais. Não se pode definir com exatidão o início e fim da adolescência (ela varia de pessoa para pessoa), porém, na maioria dos indivíduos, ela ocorre entre os 10 e 20 anos de idade. Muitas pessoas confundem adolescência com puberdade. A puberdade é a fase inicial da adolescência, caracterizada pelas transformações físicas e biológicas no corpo dos meninos e das meninas. Durante a adolescência ocorrem significativas mudanças hormonais no corpo. As alterações hormonais acabam influenciando no comportamento dos adolescentes. Uma marca comum da maioria dos adolescentes é a necessidade de fazer parte de um grupo. As amizades são importantes e dão aos adolescentes a sensação de fazer parte de um grupo de interesses comuns. A dualidade entre o amadurecimento do corpo e o amadurecimento psicológico, frequentemente, causa certa susceptibilidade à instabilidade emocional, que pode levar ao consumo de drogas ou álcool, problemas mentais, como esquizofrenia ou distúrbios alimentares (como anorexia e bulimia), e aos problemas sociais, como a gravidez adolescente. É um ser humano em fase de mudanças físicas e psicológicas, uma criança se descobrindo adulto e questionando valores morais, responsabilidades sociais e se perguntando ainda sobre relações humanas e os valores de suas famílias. Logo, de “aborrescente” o adolescente nada tem, já que ele vê possibilidades de mudanças onde muitos adultos desistiram de enxergar. Por se tratar de uma fase difícil para os adolescentes, é importante que haja compreensão por parte de pais, professores e profissionais de saúde que irão tratá-los, incluindo a abor-
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dagem do dentista e equipe. O acompanhamento e o diálogo neste período são fundamentais.
O adolescente no consultório A abordagem inicial ao adolescente é importante, pois pode influenciar no sucesso ou no fracasso das consultas. Os adolescentes já estão cansados do estereótipo, assim não se deve tratar o paciente nem como uma criança nem usando gírias de adolescentes. É importante que o adolescente enxergue toda a equipe odontológica como adultos compreensíveis e amigos, que irão dizer o que está certo e o que está errado, sem infantilidades ou rodeios. Trazer o adolescente para o tratamento odontológico é uma tarefa que exige criar um vínculo de credibilidade e identidade, com o objetivo de traçar um compromisso do adolescente com o tratamento proposto e a prevenção odontológica. Algumas alterações bucais têm maior prevalência durante este período. Entre elas: o traumatismo dentário e as lesões não cariosas.
Como falar com o adolescente É importante pedirmos ao nosso adolescente para fazer o básico bem feito. Não adianta pedir “excessos”, pois não vamos conseguir a sua colaboração. Usar a capacidade do adolescente de aceitar desafios e correr riscos de uma maneira positiva é uma das formas de convencer o paciente adolescente a adotar bons hábitos. Buscar sua colaboração, fazendo tratos e dizendo que ele é capaz e que existe confiança, mencionando que ele não irá te decepcionar (...). Juntos vocês mostrarão aos pais que ele é ótimo e cumpriu o que prometeu. É importante utilizar temas tocantes para os adolescentes, como a estética do sorriso que pode influenciar na relação com os amigos, namoradas (os) e o mau hálito. A halitose para o
Ponto de Vista
adolescente é um quesito importante, assim conseguimos a colaboração na higiene de dentes e língua, usando isso como estímulo. Utilizar sempre o reforço positivo, não criticar repetidas vezes e elogiar qualquer sinal, mesmo que leve, de melhora. Devemos abordá-lo de forma elucidativa com orientações e críticas amenas, reforçando seu comportamento positivo em outras áreas e trazendo suas qualidades e habilidades para o cuidado com seus dentes. Mostrar que “ele é capaz” e “ele sabe fazer” e que o tratamento será feito com o comprometimento em melhorar a higiene. Não permita que a mãe fique criticando seu comportamento na cadeira odontológica. Quando o paciente apresentar lesão de cárie, não podemos criticá-lo, e sim mostrar a lesão no espelho e por meio do raio-x, dizendo a ele o prejuízo e o desconforto de sua saúde dentária, e que a evolução da lesão de cárie poderia levar a necessidade de um tratamento endodôntico. Faze-lo entender que o maior “prejudicado” é ele, e que estamos prontos para tratar e explicar que a cárie é uma doença que não tem tanta frequência hoje em dia, e que ele já aprendeu conosco como evitá-la e vai cuidar para não se repetir. Tirar fotos do cliente antes e depois, fazendo-o enxergar que ficou melhor, auxilia no incentivo e reforço positivo. Não adianta bater de frente com o adolescente quando diz respeito à higiene, à dieta e aos hábitos, o ideal é achar formas alternativas que atinjam o objetivo maior: a saúde. Não criticar se a higiene não estiver boa, usando termos que possam confrontá-los. Os pais já fazem isso todos os dias. Não podemos repetir o papel dos “pais críticos e repressores” na cabeça deles, porque não conseguiremos atingir nosso objetivo. Ajudar o adolescente a criar autoconfiança, levantar a sua autoestima com elogios verdadeiros e significantes são fatores essenciais. Outra tática para convencer o adolescente é falar diretamente a eles. Além de mostrar os benefícios futuros de um esforço extra agora, deve-se apresentar como é frustrante ficar mais velho e se dar conta de que deveria ter tido alguns cuidados extras na adolescência. Existem aqueles que, com tudo isso, ainda se mostram “preguiçosos” para a higiene. Os meninos apresentam mais dificuldades com relação à higiene quando comparados com as meninas. O ideal é propor para a mãe uma profilaxia e orientação de higiene mensal no adolescente, principalmente quando se faz uso de aparelho ortodôntico.
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Coluna - Gestão Odontológica
Planejamento financeiro
Shirlei Cristina Devesa Cirurgiã-Dentista. Professora de Empreendedorismo.
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m um cenário econômico cheio de incertezas, crises econômicas e grande concorrência, o planejamento financeiro mostra-se não somente como uma ferramenta para a boa gestão, mas sim como algo necessário para a sobrevivência da empresa. O conceito de planejar é traçar metas, elaborar planos direcionados a peculiaridades do projeto que se almeja colocar em prática. O planejamento é uma ferramenta administrativa que possibilita perceber a realidade, avaliar os caminhos, construir um referencial futuro, que organiza e define as ações a serem utilizadas. Sendo, portanto, o lado racional da ação. É uma maneira de antecipar (por suposições e/ou análises estatísticas) os resultados esperados e a possibilidade de concretização dos mesmos. A intenção do planejamento dentro de um consultório, bem como em qualquer empresa, é buscar, racionalmente, o melhor caminho para chegar ao lugar esperado (meta estipulada). O planejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objetivos financeiros podem ser alcançados. Um plano financeiro é, portanto, uma declaração do que deve ser feito no futuro. A estruturação de um planejamento financeiro é um documento semelhante a um demonstrativo de resultados do exercício (DRE), pois contém informações necessárias para estipular metas, objetivos, serviços a serem comercializado, estabelecimento do preço de venda de cada serviço e obtenção de índices financeiros, como rentabilidade, tempo de retorno do investimento e lucratividade. É possível perceber, dessa forma, que será o planejamento financeiro que responderá algumas das dúvidas mais frequentes entre os dentistas:
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» Como cobrar pelo procedimento? » Quanto cobrar? » Como determino o preço do meu trabalho? » Devo cobrar conforme os consultórios próximos ao meu? » Posso parcelar o tratamento ou tenho que cobrar à vista? O primeiro passo do planejamento financeiro de um consultório é estabelecer o volume de atendimento semanal, mensal e anual que ele terá. A partir daí, com os serviços prestados já estabelecidos, é que se pode iniciar o cálculo do preço de venda (PV) dos serviços, conforme fórmula a seguir: PV=CF+CV+CC+L
Ou seja: » PV – Preço de venda. » CF – Custo Fixo: são todos os custos do consultório que não estão relacionados com os serviços odontológicos prestados, ou seja, eles continuarão existindo mesmo que não haja atendimento aos pacientes. » CV – Custo Variável: são todos os custos que estão diretamente ligados aos serviços prestados (pacientes atendidos). » CC – Custo de Comercialização: são os custos relacionados com a venda do produto. » L – Lucro: é a remuneração do capital investido. De posse da formação de preço de cada serviço é possível começar a lançar mão de estratégias para alcançar as metas de volume de atendimento estabelecidas no início do planejamento, sabendo exatamente qual será o resultado alcançado. Siga seu planejamento rumo ao SUCE$$0!
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Coluna - Odontologia na UTI
O papel do cirurgião-dentista na UTI Claudia Monteiro Santos Sousa Cirurgiã-Dentista. Especialista em Odontopediatria. Assistente da Clínica de Odontopediatria do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM). Aprimoramento em Odontologia para bebês e Odontologia Hospitalar. Membro da equipe de Odontologia Hospitalar – UTI Adulto do HSPM.
Ronaldo Homero Sanches Hidalgo Cirurgião-Dentista. Especialista em Dentística Restauradora pela USP. Assistente da Clínica de Odontologia de Adultos do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM). Membro da equipe de Odontologia Hospitalar responsável pela criação e implantação dos Protocolos das UTIs, Pacientes Oncológicos, HIVs e Hepatites. Treinamento em Serviço em DST/AIDS: Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
Eliane Gomes Leal
Cirurgiões-dentistas atendem paciente em UTI Adulto
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s unidades de terapia intensiva (UTIs) têm a finalidade de agrupar pacientes com necessidades de cuidados frequentes e extraordinários de suporte de vida. Nesses pacientes, o monitoramento de órgãos e sistemas, que não são a causa direta do problema, não é esquecido. Este monitoramento também deve incluir o sistema estomatognático, pois existem evidências clínicas de que a saúde bucal está relacionada à saúde geral. Os cuidados bucais dos pacientes de UTIs são essenciais para evitar a proliferação de bactérias e fungos, que, além de prejudicar a saúde bucal e o bem-estar do paciente, pode prejudicar outros órgãos e sistemas, agravando o quadro clínico e prolongando a estada na UTI. A diminuição na limpeza natural da boca pela mastigação, pela movimentação de língua, bochechas, a xerostomia e a ventilação mecânica (intubação) que impede o fechamento da boca deixando-a ressecada, somada às periodontopatias, favorecem a colonização por micro-organismos, agravando ainda mais a condição sistêmica pré-existente, influenciando o curso das infecções respiratórias. Após a aspiração, esses patógenos vão para as vias aéreas inferiores e os pacientes que recebem intubação e ventilação mecânica têm as defesas alteradas, aumentando o risco de desenvolver uma infecção pulmonar, principalmente broncopneumonia – BCP. A cavidade oral tem sido considerada como um potente reservatório de patógenos respiratórios, em especial, a pneumonia nosocomial, ou por aspiração, que é uma infecção prevalente de alto custo e representa uma significativa causa de morbidade e mortalidade. A maioria dos pacientes que se encontram impossibilitados (de forma temporária ou permanente) com pneumonia bacteriana nosocomial são: crianças,
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Cirurgiã-Dentista. Assistente da Clínica de Odontopediatria do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM). Membro da equipe de Odontologia Hospitalar - UTI Pediátrica do HSPM.
jovens, pessoas acima de 65 anos de idade, pessoas que têm doença de base grave, imunossupressão, doença cardiopulmonar e pessoas que fizeram cirurgia tóracoabdominal. Os protocolos de cuidados com a saúde bucal para diminuir riscos de doenças sistêmicas infecciosas são de grande valia para a saúde pública e privada, mas poucas instituições empregam esses protocolos para pacientes internados em enfermarias ou UTI. Nunca é demais lembrar que ter saúde bucal é um direito de cidadania, assegurado pela Constituição de 1988, direito que deve ser efetivado mediante políticas públicas ou privadas, assegurando a promoção, a proteção e a recuperação, significando o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde. Medidas simples, como limpar a região peribucal, mucosa jugal, palato, dentes ou rebordos alveolares e a língua, com gaze e escovas dentais descartáveis embebidas em digluconato de clorexidina a 0,12% duas vezes ao dia, influenciam na prevenção da pneumonia nosocomial, modulando-se o ambiente oral. A clorexidina, até o momento, é o agente antimicrobiano local e apresenta boa substantividade, pois se adsorve às superfícies orais, mostrando efeitos bacteriostáticos até 12 horas após a sua utilização, pois é de amplo espectro e atua como antisséptico, descontaminando a cavidade bucal. A concentração preconizada atualmente é de 0,12%, o que permite a retenção de mais de 30% da clorexidina nos tecidos moles. Alguns desafios são identificados, mas nenhum que não possa ser enfrentado: » Cirurgião-Dentista com conhecimento de fisiologia oral, identificando as barreiras relacionadas à higiene bucal para
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Coluna - Odontologia na UTI
Nunca é demais lembrar que ter saúde bucal é um direito de cidadania, assegurado pela Constituição de 1988, que deve ser efetivado mediante políticas públicas ou privadas Atendimento odontológico realizado em UTI Pediátrica
saber transmitir à equipe de enfermagem. » Aquisição ou adaptação de materiais já existentes na UTI. » Percepção da importância do tratamento bucal e entender o desconforto do paciente pela equipe de enfermagem. » Dificuldades de comunicação com o paciente crítico. O projeto de lei 2776/2008, de autoria do Deputado Federal Neilton Mulin (PR-RJ), está em andamento na Câmara dos Deputados, que torna obrigatória a inclusão do cirurgião-dentista nas equipes multiprofissionais das unidades de terapia
intensiva (UTI), e se aprovado, vai garantir mais benefícios para a população e para a Odontologia. As dificuldades na melhora do quadro clínico do paciente infantil ou adulto e o prolongamento do tempo de internação na UTI geram uma diminuição no número de vagas disponíveis e, consequente, aumento dos gastos hospitalares. A participação do cirurgião-dentista na relação interdisciplinar de saúde é de fundamental importância para a terapêutica e qualidade de vida dos pacientes hospitalizados.
Coluna - Periodontia
O segredo do sucesso
Regina Auxiliadora de Amorim Marques Cirurgiã-Dentista. Especialista em Periodontia.
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o ser convidada para escrever uma coluna sobre a especialidade que mais me encanta, a Periodontia, fiquei pensando o que seria importante e também interessante aos nossos leitores. Conversando com um e outro colega, clínicos gerais, não havia confluência entre as sugestões. Pensei, então, no que mais me perguntam alguns estudantes e colegas: o que fazer para ter sucesso em Odontologia? Qual o segredo? Será que há mesmo algum segredo? Sinceramente? Não há segredo. O sucesso de qualquer tratamento odontológico está fundamentado em uma boa relação profissional x paciente, cada um assumindo suas responsabilidades. Admitindo que os profissionais assumem tais responsabilidades, o que se verifica é que há certo conflito. Como fazer para que os pacientes façam a parte que
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lhes cabe? E qual é a parte que lhes “cabe desse latifúndio”? A vivência clínica e muitos estudos científicos têm demonstrado que o sucesso em Odontologia, e certamente em qualquer de suas especialidades clínicas, está fundamentado no processo de educação para adoção de um bom controle mecânico do biofilme dentário, utilizando não apenas a escova dental, mas também o fio ou a fita dental e recursos auxiliares, como as escovas interdentais, de acordo com cada caso. As mudanças comportamentais também são fundamentais para a manutenção da saúde periodontal. Em muitos dos casos é preciso uma mudança radical de hábitos. Esse é o desafio maior. Mudar hábitos é sempre muito difícil. Conhecer os efeitos deletérios de determinados comportamentos, hábitos ou vícios sobre a saúde bucal pode auxiliar nas mudanças de comportamento dos nossos pacientes. Esse conhecimento pode ser alcançado por informações impressas ou se processa por meio de ações educativas realizadas por profissionais de saúde bucal. Os Auxiliares em Saúde Bucal – ASB e os Técnicos em Saúde Bucal – TSB desempenham importante papel no processo educativo, orientando os pacientes, motivando-os a adotar práticas saudáveis de cuidado bucal. As ações educativas em saúde bucal podem e devem ser também realizadas pelo cirurgião-dentista, principalmente pelo clínico geral, quando o comprometimento periodontal ultrapassa a capacidade de resolução no âmbito do clínico geral e vai para o especialista.
Coluna - Periodontia
O sucesso de qualquer tratamento odontológico está fundamentado em uma boa relação profissional x paciente Qualquer profissional ao receber um paciente precisa saber qual foi o motivo da consulta, qual sua queixa principal. Quer o paciente tenha sido encaminhado, quer ele tenha vindo por si, é importante ouvir a sua queixa. No que se refere aos pacientes encaminhados para o periodontista, o que observamos (muitas vezes) é que o paciente chega ao especialista sem entender muito bem porque ele foi encaminhado. O paciente que chega sabendo porque foi encaminhado, normalmente tende a ser mais colaborativo, sensibilizado, mais aberto ao processo educativo. Nesses casos é mais fácil despertar a corresponsabilidade. O tratamento periodontal é fundamental para devolver a in-
tegridade dos tecidos. Além do exame físico (exame clínico intra e extrabucal), deve-se realizar anamnese muito criteriosa, identificando não apenas a história pregressa da doença, mas fatores de risco a que o paciente esteve ou está exposto para instalação e/ou agravamento das doenças periodontais. A realização de procedimentos básicos em Periodontia deve restabelecer a saúde bucal, mas só serão bem sucedidos se atrelados a um bom controle. Todas as intervenções em odontologia devem ser precedidas de orientações educativas para despertar o autocuidado, seguidas de avaliação das condições periodontais para diagnóstico precoce e tratamento de alterações periodontais. Essa recomendação se aplica aos procedimentos restauradores, tratamentos endodônticos, preparos para colocação de prótese, exodontias ou qualquer outra cirurgia eletiva, como a colocação de implantes dentários, movimentações ortodônticas ou tratamento ortopédico em odontologia. Em suma, cabe ao cirurgião-dentista, clínico geral ou especialista, fazer a identificação de alterações periodontais o mais precocemente possível, sensibilizar e motivar o paciente para o autocuidado e, diante de situações que fujam à sua alçada, encaminhar o caso a um periodontista, explicando os motivos do encaminhamento. Deve ficar claro que o cirurgião-dentista tem um espectro de ação, mas o sucesso pleno do tratamento odontológico só será alcançado com a participação e empenho de ambos: profissional e paciente.
Especial Implantodontia
Mais dentes para os brasileiros A Implantodontia é um dos segmentos que mais cresce na prática odontológica. As informações cedidas pelo Dr. Carlo Trivoli mostram os benefícios da técnica, apontando o surgimento de uma nova era para a especialidade no Brasil.
Por: Vanessa Navarro
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técnica da Implantodontia começou a ser desenvolvida na década de 1950 pelo médico sueco Per Ingvar Branemark, porém, a prática só ganhou espaço mundial em uma apresentação no congresso do Canadá, em 1982. “No ano de 1986 foram realizadas as primeiras cirurgias dos implantes osseointegrados no Brasil, feitos por profissionais brasileiros que estudavam em universidades Americanas e Suecas e trouxeram a técnica para cá. Daí por diante, outros profissionais procuraram o conhecimento no exterior e outros passaram a frequentar cursos ministrados pelos colegas que voltavam ao país”, esclarece o Dr. Carlo Trivoli, especialista em Endodontia e Implantodontia, coordenador do Curso de Implantes da SDS Cidade do Porto (Portugal), coordenador do Curso de Implantes da ABO – Campinas e palestrante internacional. “No início dos anos 1990, a osseointegração já estava bem difundida no Brasil. Hoje em dia podemos dizer com orgulho que figuramos entre os primeiros do mundo na técnica”, completa o Dr. Trivoli. Com o advento da carga imediata, implantes colocados em regiões com osso de pior qualidade, implantes unitários, implantes colocados em regiões enxertadas e planejamentos de maior risco e complexidade, a margem de insucesso aumentou. Em contrapartida, a tecnologia melhorou. O avanço das superfícies, os desenhos dos parafusos modernos e o progresso científico no entendimento do comportamento do sistema de reabilitação com implantes estão sendo fatores determinantes para atingir o mesmo patamar dos resultados excelentes da região mentoniana apresentados por Branemark. O implante dentário, que antes era um procedimento realizado apenas em pessoas da classe média e alta, hoje, já é praticado em todas as classes da população brasileira. Tal a afirmação se deve, primeiramente, ao avanço da indústria nacional, responsável pela fabricação de implantes similares aos importados e com preços muito mais incorporados à realidade econômica brasileira. Além disso, o número de profissionais na área aumentou muito nos últimos anos, acirrando a concorrência e forçando a redução dos preços. “A consolidação das técnicas cirúrgicas tornou a cirurgia de implantes corriqueira nos consultórios odontológicos, a tal ponto que os implantes se tornaram a primeira opção na reabilitação de dentes perdidos. O avanço da técnica, tornando-a mais rápida e indolor, encorajou o paciente a acreditar e a procurar mais por essa solução dos problemas dentais”, afirma o Dr. Carlo Trivoli.
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Odonto Magazine - Como o cirurgião-dentista deve agir ao escolher o implante ideal para cada caso clínico? Carlo Trivoli - O principal fator para escolha do implante é o tipo de osso em que iremos trabalhar (qualidade óssea). Nisso implica saber que o planejamento, desde a escolha da prótese até o ato cirúrgico, muda de acordo com a área a ser reabilitada. A indústria nos oferece grande variedade nos desenhos, formas, superfícies, chegando, uma mesma marca de implantes, a produzir 10, 12 ou mais implantes diferentes, levando o profissional a ter dificuldade de escolha e manutenção de estoque. Seria perfeito que um implante só resolvesse todos os problemas. Já que isso ainda não é possível para simplificar, utilizamos implantes cônicos na maxila e cilíndricos na mandíbula. Damos preferência as superfícies trabalhadas e procuramos dimensões certas para cada tamanho de dentes e espessura óssea da região a ser reabilitada.
Odonto Magazine - Quais são os tratamentos ligados a Implantodontia mais procurados pelos pacientes? Dr. Carlo Trivoli - Os pacientes desdentados são as melhores indicações e talvez os que mais procuram o dentista pela desadaptação das próteses, dificuldade de se alimentar e convívio social prejudicado por falta de segurança e perda da autoestima, pois uma prótese total bem executada têm só 20% de efetividade mastigatória. Esse paciente geralmente é reabilitado com as próteses fixas híbridas com quatro, cinco ou seis implantes suportando 12 elementos dentais, ou ainda nos casos mais avançados, os implantes zigomáticos. Perdas dentais por fraturas, infecções irreversíveis também têm alta procura nos consultórios, e por último: as reabilitações ósseas por meio dos enxertos para posterior reabilitação com implantes.
Odonto Magazine - Hoje, quais são os tipos de implantes mais utilizados na prática odontológica? Dr. Carlo Trivoli - No mercado nacional, o que ainda é mais utilizado é o implante de hexágono externo, cópia dos primeiros implantes desenvolvidos por Branemark. Isso se deve à facilidade de estoque dos componentes que são padrão internacional, das brocas e fresas, peças de moldagens e domínio da técnica de reabilitação. Segundo a indústria nacional, 70% do mercado utiliza o hexágono externo. Porém, o avanço tecnológi-
Especial Implantodontia
co incorporou novos desenhos e encaixes protéticos, tornando os implantes novos peças mais sofisticadas com melhor distribuição de cargas e adesão óssea. Porém, isso implica em investimento em novos kits cirúrgicos e protéticos, pois fogem do padrão dos implantes tipo Branemark; e também no aprendizado à novas técnicas o que envolve custo mais elevado e tempo.
Odonto Magazine - Qual é a importância do preparo adequado para a prática da Implantodontia? Dr. Carlo Trivoli - Os implantes são a última parte da reabilitação oral, primeiro o preparo de boca com a execução da periodontia, remoção das infecções e cáries dentais. Depois o ajuste da articulação, a recuperação da dimensão vertical, o preparo e os provisórios dentais, de acordo com o planejamento e diagnóstico prévio. O planejamento reverso com enceramento diagnóstico e produção do guia tomográfico, cirúrgico e multifuncional nos dará a perfeita orientação para chegarmos a um resultado favorável esperado. Portanto, o planejamento é fundamental para o sucesso das reabilitações com implantes, e nele está incluído todo o preparo adequado. Além disso, o profissional deve ser bem treinado e especializado na técnica, e deve também dar continuidade aos estudos para estar “up to date” às novas tecnologias.
Odonto Magazine - Como o senhor vê a prática da Implantodontia daqui a 10 anos?
Dr. Carlo Trivoli - Com os avanços tecnológicos, as pesquisas enveredando à genética humana com as células-tronco e o mapeamento dos genes, talvez não utilizaremos mais os parafusos atuais de titânio e produziremos os dentes humanos a partir das células progenitoras e fatores de crescimento. Embora as pesquisas já estejam em andamento, ainda é cedo para fazer tal afirmação, pois existem alguns fatores complicadores, como posição tridimensional do dente, tamanho, oclusão, tecidos periodontais, técnica cirúrgica e outros. Por outro lado, se ainda não estivermos produzindo dentes humanos, estaremos bem avançados com os materiais, no controle maior da integração óssea em qualidade e tempo, no crescimento dos ossos dos rebordos alveolares e na estética e função de nossas próteses dentais.
“ Segundo notícias veiculadas, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, liberará uma verba de 134 milhões para somar aos 710 milhões gastos anualmente com a saúde bucal, para que 1.15 milhões de brasileiros tenham acesso aos implantes orais. Espero que essa notícia seja mesmo real e que este dinheiro seja realmente empregado para este fim”.
Dr. Carlo Trivoli
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Especial Implantodontia
Diminuição de tempo cirúrgico Os implantes dentais de Torque Direto (TD) Bionnovation dispensam o uso de montador, cuja vantagem está na diminuição do tempo cirúrgico. O tratamento de superfície é de última geração (Supex), além disso, possuem o hexágono externo - que permite a adaptação protética universal. As chaves de instalação TD Bionnovation foram mecanicamente desenvolvidas com a finalidade de preservar o hexágono do implante. Possuem pontas de 0,9mm, que permitem a instalação do Tapa Implante. www.bionnovation.com.br
38 novas opções de ortoimplantes da Conexão chegam ao mercado Ano a ano, o Brasil busca técnicas mais modernas e eficazes para aperfeiçoar os produtos dirigidos às diferentes características das pessoas. Cada vez mais, a segurança e a variedade de opções são imprescindíveis para garantir a qualidade dos tratamentos de ortoimplantes. Por esta razão, a Conexão Sistemas de Prótese apresenta a nova linha de ortoimplantes. São 38 novos modelos, de diversas medidas, que foram aperfeiçoados ao associar ciência e tecnologia em todos os detalhes, desde a cabeça até o ápice. Para o diretor da empresa, Dr. Rodolfo Candia Alba Junior, os novos ortoimplantes aumentam as opções de tratamento e o sucesso nos procedimentos, o que possibilita realizar com maior precisão e agilidade intrusões, correção de apinhamentos e diastemas, onde, em alguns casos, elimina-se o uso dos aparelhos ortodônticos convencionais. www.conexao.com.br
A hora e a vez do Pross A Implantodontia é uma área com a qual a Dabi Atlante apresenta uma sinergia natural, incluindo a montagem de consultórios completos para os profissionais da área e as soluções em biossegurança que os procedimentos com implantes requerem. Por isso, entrou no mercado com um sistema de implantes próprio, o Pross, que foi apresentado pela primeira vez no CIOSP de 2010 para um público restrito. Mas, a partir do segundo semestre de 2011, os cirurgiões-dentistas de todo o país poderão encontrar Pross em mais de 70 pontos de varejo da rede Dabi. www.dabiatlante.com.br
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Especial Implantodontia
Novo implante Cone Morse da Dentoflex Apresentando um corpo com núcleo cônico e três formatos diferentes de espiras, o implante Supreme apresenta também microespiras na plataforma protética do implante, além de possuir um assentamento protético menor em comparação ao diâmetro de sua plataforma, o que confere ao implante um conceito de plataforma switch. O passo de rosca largo aliado à dupla rosca permite uma inserção mais rápida e menos traumática do implante em qualquer tipo de osso. Sua conexão do tipo Morse permite ao cirurgião a instalação em três situações clínicas possíveis – ao nível de crista, 1,0mm ou ainda 2,0mm abaixo da crista óssea. www.dentoflex.com.br
Ômega II: harmonia e tecnologia O Ômega II, da Dentscler, possui display gráfico com maior definição dos caracteres; visor de cristal líquido, facilitando a leitura pelo operador; painel de fácil leitura e interpretação; novo software PID. A peça de mão leve, anatômica e autoclavável, proporciona maior precisão e segurança nos movimentos. O novo modelo da bomba peristáltica apresenta maior facilidade para substituição do conjunto de condutos para assepsia e esterilização. As ponteiras são em aço inoxidável. Mais uma novidade do equipamento é o pedal, que funciona como acelerador. Pressionando o acionamento, o profissional tem o controle progressivo da rotação, o que facilita e aumenta a segurança nos procedimentos cirúrgicos. Por meio do pedal é possível acessar os programas armazenados na memória do motor (até 20 programas). O Ômega II possui sistema bivolt: 90/240V. www.dentscler.com.br
Os implantes Cone Morse, da Neodent, conta agora com indexador protético hexagonal O indexador simplifica a instalação, diminui o tempo cirúrgico, aumenta a resistência ao torque de inserção e proporciona ainda mais segurança e versatilidade aos trabalhos clínicos e laboratoriais. O comportamento biomecânico do implante CM permanece, promovendo resistência mecânica, estabilidade do parafuso protético e selamento bacteriano, garantindo a saúde dos tecidos peri-implantares. Também merece destaque o lançamento do implante DRIVE, que é indicado para ossos tipo III/IV e promove um novo conceito de estabilidade primária. Os componentes protéticos EXACT permitem o posicionamento da prótese com transferência de forma indexada e moldagem direta dos implantes. www.neodent.com.br
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Caso Clínico
Cirurgia de levantamento de seio maxilar e instalação imediata de implantes Sistema KOPP®
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Hésio Magri de Lacerda
Evelyn M. Juri de Rezende
Mestre e Especialista em Implantodontia. Coordenador do curso de especialização em Implantodontia Aprimore Barbacena.
Mestre e Especialista em Implantodontia. Coordenadora do curso de especialização em Implantodontia Aprimore Barbacena.
ma das mais frequentes limitações à correta implantação na maxila em região posterior é representada pela pneumatização dos seios maxilares, associadas à crescente reabsorção em edentados e ao osso tipo IV caracterizado por má qualidade, baixa densidade e fina camada cortical1. Os procedimentos de levantamento do assoalho do seio maxilar têm demonstrado, há mais de duas décadas, ser uma opção segura e previsível para a reabilitação oral com implantes osseointegrados. Algumas complicações, durante e após os procedimentos de enxerto de seio, foram e têm sido demonstradas na literatura, sendo dentre elas: a perfuração da membrana do seio maxilar, sinusite crônica, infecção, perda do material do enxerto e do implante 2-3 . A técnica invasiva inicialmente apresentada 4 vem sendo modificada no que tange a incisão 5-6 osteotomia maxilar7-8 e aos diferentes tipos de enxertos empregados. Em um consenso com objetivo de chegar a pontos de acordo sobre as grandes controvérsias desta técnica, definiu-se que:9 » O objetivo fundamental da técnica é a formação de osso vital no seio maxilar para a sobrevivência em longo prazo dos implantes. » Os biomateriais mais comumente utilizados são eficazes. Mesmo em casos graves de atrofia seu potencial para regenerar osso é limitado a osteocondução, ou seja, a capacidade de criar uma matriz óssea, onde o coágulo que o permeia na verdade é o substrato para regeneração óssea biológica. O biomaterial é um mantenedor de espaço, e as paredes da cavidade fornece a vascularização, células e fatores de crescimento responsáveis pela formação óssea endosteal. Os xenoenxertos têm mostrado melhores resultados do que o autógeno isolado em termos de sobrevivência do implante. A membrana sinusal é usa-
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da para evitar a contaminação bactéria e a disseminação de biomaterial através do seio maxilar. » A perfuração da membrana de Schneider é a complicação cirúrgica mais comum, com incidência entre 7 e 56%. A perfuração da membrana não parece determinar a sobrevivência ou o fracasso de implantes. » Aumentar o número de implantes é uma medida excelente para reduzir o stress no osso. É recomendado um implante para cada dente perdido. Em caso de parafunções, recomenda-se colocar dois implantes para cada molar perdido. » A antibioticoterapia profilática é recomendada para reduzir a incidência de infecções. » Tratamento com PRP não parece melhorar a evolução clínica dos procedimentos de elevação do seio com osso autógeno ou substitutos ósseos. Compararam a eficácia de duas técnicas diferentes pa ra aumentar os seios maxilares utilizando uma abordagem lateral, por meio de barreira reabsorvíveis sintética rígida versus granulos inorgânicos, usados de forma randomizada, e os resultados mostrararam que apesar de enxerto ósseo não ser necessário para aumentar os seios maxilares atróficas, desde que o espaço conseguido pela barreira seja mantido, o osso se apresentou, histologicamente, mais maduro e resistente quando usado o Bio-Oss. Além disso, foi considerado mais simples para preencher cavidades do que a aposição de uma barreira rígida para a manutenção do espaço10 . Em um estudo com total de 263 implantes submetidos a um procedimento de elevação do seio, todos os sítios foram tratados com enxerto composto de autógeno cortical, bovino e plasma rico em plaquetas (PRP). Com implantação tardia e simultânea. Os locais foram examinados clini-
Caso Clínico ca e radiograficamente 24 meses após o seu carregamento protético. Não houve diferença estatísticamente significante no que tange o momento da implantação.11 Com base em uma análise retrospectiva em uma série de 177 procedimentos realizados por mais de 12 anos, pode-se concluir que o aumento dos seios é um procedimento muito versátil. Sua eficácia e previsibilidade em termos de sobrevida do implante é extremamente elevada e independente do material de enxerto, técnica cirúrgica, comorbidades associadas, tabagismo, e tempo de colocação do implante. Complicações, como perfuração de membrana, sinusite e peri-implantite parecem ter influenciado falha do implante12 . O objetivo deste caso clínico é relatar a técnica empregada para alteração da anatomia do soalho do seio por meio da instalação de implantes imediatos associados a enxerto xenógeno e autógeno.
Caso clínico Paciente leucoderma, sexo feminino, 76 anos, ASA II. Presença apenas dos elementos 21, 22 do lado esquerdo e um implante osseointegrado, funcionalmente aproveitável no 23. Paciente medicada com Amoxicilina 875 mg – Clavulanato de potássio 125 mg de 12 em 12 horas por 10 dias, 04mg de Dexametasona uma hora antes a 0,5mg de Alprazolan. Anestésico e incisão na crista da região do 23 ao 28. Radiograficamente apresentava disponibilidade óssea para implante região do 24, porém osso sem espessura onde foi utilizada apenas a fresa piloto e o uso de expansores rosqueáveis Kopp, que nos permitiu não somente expansão como promoveu uma condensação óssea lateral, onde foi utilizado implante FI de 3,3 x 10 mm com torque acima de 45 N. A partir da região 25, radiograficamente o seio maxilar com grande pneumatização, restando uma disponibilidade
óssea aproximada de 1,5 mm. Uma janela óssea foi realizada com auxílio de fresa diamantada esférica e ponta reta sob abundante irrigação com solução fisiológica. A cortical vestibular foi reservada em soro e procedimentos de descolamento da membrana sinusal foram cuidadosamente realizados. Um instrumental adequado foi colocado no seio com a finalidade de proteger a membrana durante as perfurações. Com a fresa piloto foram efetuadas, seguindo orientações da guia cirúrgica, mais três perfurações que foram cuidadosamente alargadas com uma fresa de Lindemann de 10mm em ponta reta apenas para adaptação da ponta do primeiro expansor rosqueável de 02mm dando início a expansão do orifício para melhor travamento imediato dos implantes. Foram utilizados manualmente os expansores Kopp de 2,0 e 2,5mm. O de 3,0mm foi usado levemente com a intensão apenas na entrada de cada orifício para permitir adaptação da primeira rosca do implante e penetrar no alvéolo cirúrgico. Três implantes Friccional I - Kopp foram instalados com excelente travamento digital conseguido nas roscas iniciais. A partir deste momento, interrompeu-se a aspiração do campo cirúrgico para que a presença abundante do coág ulo fosse garantida, como princípio básico de toda regeneração tecidual guiada. Todo o osso autógeno da janela do seio e das perfurações foram colhidos e misturados com xenoenxerto ao sangue presente na área e loja cirúrgicas com auxílio de um descolador de Molt em um pote e colocado no seio maxilar, preenchendo toda a cavidade sinusal disponível. Toda a abertura óssea com margem de segurança foi coberta com uma membrana reabsorvível de colágeno. Dada a excelente disponibilidade de gengiva queratinizada do lado palatino do retalho, manobras de deslizamento de
Figuras 1 e 2
Aspectos pré-operatórios.
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Caso Clínico
Figura 3
Incisão na crista.
Deslocamento e divulsão de tecidos moles (rebordo em faca).
Figura 5
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Figura 8
Figura 9
Figura 10
Abertura óssea para acesso ao seio.
Membrana descolada.
Uso de expansor nº 2 – Kopp após perfuração cortical com fresa piloto – aumento de espessura.
Implante instalado.
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Figura 4
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Implante Kopp FI Medular.
Instalação anteriormente ao seio.
Caso Clínico retalho e enxerto conjuntivo foram realizadas, contribuindo substancialmente com a melhora da qualidade e quantidade de mucosa queratinizada. Suturas isoladas e colchoeiro modificado foram feitos sem tracionamento ou tensão nos tecidos moles. A paciente foi orientada a manter irrigação com soro nas narinas três a quatro vezes ao dia, com finalidade de auxiliar na drenagem pelo óstio sinusal além de outros cuidados pertinentes a este tipo de intervenção. As suturas foram removidas após oito dias.
O objetivo fundamental da técnica é a formação de osso vital no seio maxilar para a sobrevivência em longo prazo dos implantes
Figura 11 Perfurações com fresa Lindemann.
Figuras 12 e 13
Alargamento dos alvéolos cirúrgicos com fresa Lindemann com diâmetro aproximado de 2,8 a 3 mm – sub-instrumentação.
Figuras 14 e 15 Instalação do segundo implante Kopp FI Medular.
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Caso Clínico
Figuras 16 a 19
Conclusão da instalação dos implantes.
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Figuras 20 a 23
Coleta de sangue local para misturar ao material de enxerto Allobone® e início do preenchimento da cavidade sinusal.
Caso Clínico
A membrana sinusal é usada para evitar a contaminação por bactéria e a disseminação de biomaterial através seio maxilar
Figuras 24 e 25
Figuras 27 a 29
Figura 26
Figura 30
Término do preenchimento sinusal com Alobone Poros®/sangue.
Alobone Poros®.
Cobertura da janela óssea com membrana de colágeno Colatape®.
Final de preenchimento. Adaptação da membrana.
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Caso Clínico
Figuras 34 e 35
Suturas tipo colchoeiro modificado e complementado com pontos isolados.
Figuras 31 a 33
Enxertia conjuntiva e deslizamento de retalho, visando a melhoria de espessura e contornos da mucosa queratinizada.
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Figuras 36 e 37
Aspectos radiográficos do pré-operatório e pós-operatório de 120 dias.
Caso Clínico
Conclusão
A técnica de elevação invasiva do seio maxilar com implantação imediata, enxerto xenógeno associado a autógeno é um procedimento viável e amparado pela literatura vigente desde que princípios, como estabilidade primária do implante, conhecimento da técnica cirúrgica e possíveis intercorrências sejam criteriosamente seguidos.
Referências 1. Goodacre CH, Bernal G, Runcharassaeng K, Kan J. Clinical complications with implants and implant protheses. J Prosthet Dent 2003; 90:121–132. 2. Doud SK, Lebowitz RA, Giacchi RJ et al. Chronic sinusitis complicating sinus lift surgery. Am J Rhinol 2001 May-Jun; 15(3):181-6. 3. Maksoud MA. ComplicaÁies apÛs o aumento do seio maxilar: Relato de caso. J Implant Dent 2003; ano IV(1): 74-6. 4. Boyne PJ, James RA. Grafting of the maxillary sinus floor with autologous marrow and bone. J Oral Surg 1980; 38: 613-6. 5. Chanavaz M. Maxillary sinus: anatomy, physiology, surgery, and bone grafting related to implantology- eleven years of surgical experience 19791990. Journal of Oral Implantology 16: 199-209 1990. 6. Smiler D.G.; Johnson P.W.; Lozada J.L.; Misch C.; Rosenlicht J.L.; Ttatum H.; Wagner J.R. Sinus lift grafts and endosseous implants: treatment of the atrophic posterior maxilla.. Dental Clinics of North America 36. 1; 151-186, 1992. 7. Betts N.J.; Miloro M. Modification of the sinus lift procedure for septa in the maxillary antrum. J Oral Maxillofac Surg 52: 332-333, 1994. 8. Misch C.E. Implante odontológico contemporâneo. Editora Pancast, São Paulo 1996. 9. Conferência Nacional de Consenso sobre el Injerto Óseo del Seno Maxilar. Rev esp cir oral maxilofac. 2010;32(2):41-63. 10. Pietro Felice, Antonio Scarano, Roberto Pistilli, Luigi Checchi, Maurizio Piattelli, Gerardo Pellegrino, Marco Esposito. A comparison of two techniques to augment maxillary sinuses using the lateral window approach: rigid synthetic resorbable barriers versus anorganic bovine bone. Five-month post-loading clinical and histological results of a pilot randomised controlled clinical trial Eur J Oral Implantol 2009;2(4)293–306. 11. Evaluation of sinus floor elevation using a composite bone graft mixture Pablo Galindo-Moreno, Gustavo A´ vila, Juan Emilio Fernández-Barbero, Mariano Aguilar, Elena Sánchez-Fernández, Antonio Cutando, Hom-Lay Wang, 2007 The Authors. Journal compilation c_ 2007 Blackwell Munksgaard 377 | Clin. Oral Impl. Res. 18, 2007 / 376–382. 12. A 12-year Retrospective Analytic Study of the Implant Survival Rate in 177 Consecutive Maxillary Sinus Augmentation Procedures Gui-Youn Cho-Lee, MD1/Luis Naval-Gías, MD, DMD, PhD2/Sergio Castrejón-Castrejón, MD3/ Ana Laura Capote-Moreno, MD, PhD2/Raúl González-García, MD4/Jesús Sastre-Pérez, MD2/ Mario Fernando Muñoz-Guerra, MD, PhD2 Int J Oral Maxillofac Implants 2010;25:1019–1027.
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Caso Clínico
Excelência estética do sorriso: novos conceitos e tecnologias em Implantodontia
Fábio J. B. Bezerra Professor do Curso se Especialização em Implantodontia da ABO – Bahia. Diretor Clínico e Científico do INEPO - SP.
fabiobezerra@cenior.com.br
Ariel Lenharo
Doutor em Implantodontia pela UNESP – Araçatuba.
Luciano Castellucci
Doutor em Reabilitação Oral pela FOB-USP.
O
s implantes osseointegráveis têm sido utilizados para reabilitação de pacientes nas últimas décadas com índices crescentes de sucesso clínico e evidenciação científica, impactando positivamente na qualidade de vida de pacientes, do ponto de vista social, funcional e estético1. Dentro desta realidade, o conhecimento aprofundado da biomecânica e biologia peri-implantar possibilitaram a utilização de novos conceitos e tecnologias para preservação do nível ósseo ao redor dos implantes2, aumentando assim o prognóstico de sucesso clínico, sobretudo em casos de alta demanda estética ou funcional (figura 1). Como em todos os procedimentos realizados em Implantodontia, a decisão clínica baseada em evidências científicas que demonstrem efetivamente o benefício para os nossos pacientes deverá nortear a terapia utilizada no dia-a-dia da reabilitação oral com implantes. Com este intuito, existe uma convergência de opiniões de diversos autores embasados em resultados científicos expressivos de que a manutenção do nível ósseo peri-implantar é mutifatorial, sendo que alguns fatores têm demonstrado ser importantes, como o tratamento de superfície, o tipo de conexão protética, a plataforma switching e a macrogeometria do implante, além de variáveis clínicas, como higienização, risco periodontal e padrão oclusal. Em recente artigo, Momen e colaboradores 3 revisaram completamente a literatura sobre a eficiência da plataforma switching para preservação do osso marginal peri-implantar, através de uma metodologia padronizada e com alto impacto científico (meta-análise), e concluíram que quando há a utilização de um abutment com diâmetro menor do que o do implante, a perda óssea tende a ser menor do que quando implante e abutment possuem o mesmo diâmetro. Um estudo clínico longitudinal realizado por Canullo e colaboradores 4, demonstrou que as alterações no nível ósseo marginal peri-implantar podem estar relacionadas com o diâmetro de assentamento do abutment, sendo que os níveis ósseos marginais foram melhor mantidos nos casos reabilitados, de acordo com o conceito de plataforma switching.
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López-Marí e colaboradores5 avaliaram a literatura disponível e concluíram que o conceito de plataforma switching ajuda a prevenir a perda da crista óssea marginal após a colocação de implantes, contribuindo para a obtenção e manutenção de resultados estéticos satisfatórios. Outro fator fundamental para preservação da estrutura óssea marginal está relacionado ao tipo de plataforma protética utilizada, sendo que a associação de conexões internas e a plataforma switching geram menor stress ósseo e dissipação mais uniforme das cargas oclusais 6, fatores estes que têm minimizado a perda óssea marginal e, consequentemente, incrementado a excelência da terapia com implantes. Wennenberg e Albrektsson7 avaliaram o efeito da topografia da superfície do implante na resposta óssea e concluíram que, apesar da falta de padronização dos estudos disponíveis atualmente, a topografia óssea influencia a resposta óssea em nível micrométrico e existem indícios de que isto também pode acontecer no âmbito nanométrico. Os autores citam que superfícies lisas ou minimamente rugosas demonstraram resposta óssea mais fraca do que as superfícies rugosas. A distribuição uniforme das forças oclusais também pode ser potencializada pela macrogeometria do implante, sendo que um dos objetivos deve ser minimizar a concentração de stress na região cervical do implante para diminuir ou evitar a perda óssea marginal fisiológica, definida como saucerização. Uma das possibilidades é a utilização de microrroscas na porção cervical do implante, que têm como objetivo aumentar a estabilidade primária do implante e ao mesmo tempo transferir as forças oclusais para a medular óssea ao invés de concentrá-las na cortical alveolar8, 9. Dentro dos critérios de sucesso propostos por Albrektsson e colaboradores10, na década de 1980, caracterizava-se como sucesso e fisiologicamente aceitável uma perda óssea marginal de 1,5 milímetros no primeiro ano após a instalação do implante e, a partir daí, uma perda de 0,2 milímetros anualmente. Em recente meta-análise, Laurell e Lundgren11 demonstraram que os sistemas de implantes que se enquadraram nos critérios de inclusão
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O conhecimento da biomecânica e da biologia peri-implantar possibilitaram a utilização de novos conceitos e tecnologias para preservação do nível ósseo ao redor dos implantes
Figura 1
Harmonia estética da composição dento-gengival que deve ser mimetizada com o tratamento reabilitador com implantes.
do estudo apresentaram perda óssea marginal estatisticamente inferior aos critérios propostos por Albrektsson, variando de 0,24 a 0,75 milímetros após cinco anos em função. Estes mesmos autores sugerem que os critérios utilizados atualmente deveriam ser revistos, uma vez que a evolução nos sistemas de implantes associada ao conhecimento biológico atual incrementaram a estabilidade da estrutura óssea peri-implantar. Clinicamente, o desafio se encontra na identificação dos fatores de risco estético e funcional de cada caso tratado, sendo que quanto maior for a complexidade do caso, mais crítico
será o conhecimento dos limites biológicos e biomecânicos a serem vencidos, sempre em busca da previsibilidade de resultados e manutenção da excelência alcançada por períodos longos de tempo (figuras 2, 3 e 4). Novos conceitos e tecnologias, como o tratamento de superfície, a plataforma switching, conexões internas, selamento marginal e alterações macrogeométricas na porção cervical dos implantes parecem contribuir de maneira multifatorial para a preservação da estrutura óssea marginal, de acordo com a literatura disponível atualmente (figura 5).
Figura 2
Figura 3
Caso clínico demonstrando a agenesia dos incisivos laterais maxilares tratada com implantes osseointegráveis. Denotar o correto contorno do tecido mole peri-implantar.
Próteses sobre os implantes instaladas em harmonia com os dentes naturais.
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Caso Clínico
A associação de conexões internas e a plataforma switching geram menor stress ósseo e dissipação mais uniforme das cargas oclusais
Figura 4
Excelência estética do resultado final do tratamento com implantes.
4. Canullo L, Fedele GR, Iannelo G, Jepsen S. Platform switching and marginal bone-level alterations: the results of a randomized-controlled trial. Clin Oral Implants Res. 2010 Jan; 21(1): 115-21.
Plataforma Switching Micro-roscas cervicais
Conexão Interna Selamento Marginal
Tratamento de Superfície Integral (Até a Cervical)
6. Rodríguez-Ciurana X, Vela-Nebot X, Segalà-Torres M, Rodado-Alonso C, Méndez-Bianco V, Mata-BuquerolesM. Biomechanical repercussions of boné resorption related to biologic width: a finite element analysis of three implant-abutment configuations. Int J Periodontics Restorative Dent. 2009 Oct; 29(5): 479-87.
Figura 5
7. Wennerberg A, Albrektsson T. Effects of titanium surface topography on bone integration: a systematic review. Clin. Oral Impl. Res. 20 (Suppl. 4), 2009 / 172–184.
Referências
8. Schrotenboer J, Tsao YP, Kinarjwala V, Wang HL. Effect of microthreads and platforma switching on crestal bone stress levels: a finite element analysis. J Periodontol 2008 Nov; 79(11): 2166-72.
1. Felix Gb, Filho HN, Padovani CR, Machado WM.A longitudinal study of quality of life of elderly with mandibular implant-supported fixed protheses.Clin Oral Implants Res 2008;19:704-708.
9. Hansson S, Werke M. The implant thread as a retention element in cortical bone: the effect of thread size and tread profile. A finite element study. J Biomech. 2003 Sep; 36(9): 1247-58.
Novos conceitos macrogeométricos para manutenção óssea peri-implantar exemplificado pelo Implante Strong SW, SIN, Sistema de Implante Nacional, São Paulo, Brasil.
2. Fickl S, Zuhr O, Stein JM, Hürzeler MB. Peri-implant bone level around implants with platform-switched abutments. Int J Oral Maxillofac Implants, 2010, may-jun; 25(3): 577-81. 3. Momen A, Atieh HM, Ibrahim I, Ahmad HA. Platform switching for marginal bone preservation around dental implants: A systematic review and meta-analysis. J Periodontol, October 2010; 1350-1366.
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5. López-Marí L, Calvo-Guirado, JL, Martin-Castellote B, Gomez-Moreno G, López-Marí M. Implant platform switching concept: an updated review. Med Oral Patol Oral Cir Buccal, 2009 Sep 1; 14(9): 450-4.
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10. Albrektsson T, Zarb G, Worthington P, Eriksson AR. The long-term efficacy of currently used dental implants: a review and proposed criteria of success. Int J Oral Maxillofac Implants 1986;1(1):11-25. 11. Laurell L, Lundgren D. Marginal bone level changes at dental implants after 5 years in function: A meta-analysis. Clin Implant Dent Relat Res. 2009 Aug (3) Epub ahead of print, 1-10.
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Laminados cerâmicos minimamente invasivos Sérgio Siqueira Júnior Maristela Lobo Especialista em Periodontia. Mestre em Cariologia. Doutora em Dentística. Membro ITI. Professora dos cursos de especialização em Implantodontia e PósGraduação em Odontologia Estética do Centro Universitário SENAC.
Ariovaldo Stefani Especialista em Periodontia. Mestrando em Prótese. Professor dos cursos de especialização em Implantodontia e PósGraduação em Odontologia Estética do Centro Universitário SENAC.
Especialista em Periodontia e Implantododontia. Mestre em Implantodontia. Membro ITI. Professor dos cursos de especialização em Implantodontia e Pós-Graduação em Odontologia Estética do Centro Universitário SENAC.
Carlos Eduardo Pena Mestre em Dentística. Professor dos cursos de especialização em Implantodontia e Pós-Graduação em Odontologia Estética do Centro Universitário SENAC.
Oswaldo Scopin de Andrade Especialista. Mestre e Doutor em Prótese. Coordenador dos cursos de especialização em Implantodontia e PósGraduação em Odontologia Estética do Centro Universitário SENAC.
A
Odontologia Moderna busca “restaurações invisíveis” – que mimetizam os dentes naturais – confeccionadas com o mínimo de prejuízo dos tecidos dentais. Essa união entre as técnicas restauradoras avançadas, materiais com propriedades biomiméticas e a filosofia de preservação do remanescente dental favorece a construção de sorrisos saudáveis, funcionais e estéticos. Nesse contexto, os laminados cerâmicos são excelentes opções restauradoras, quando bem-indicados, pois requerem pouco desgaste de estrutura dental e devolvem anatomia, forma, textura, cor e harmonia aos dentes envolvidos. Quando aderidas ao esmalte dental, as cerâmicas têm excelente longevidade clínica. O presente artigo tem como objetivo descrever um caso clínico no qual restaurações prévias de resina composta falharam e foram substituídas por laminados cerâmicos minimamente invasivos, aderidos em esmalte dental, que conseguiram devolver a estética natural ao sorriso da paciente em questão.
Caso clínico Uma paciente do gênero feminino, com 28 anos, cirurgiã-dentista, procurou a clínica de pós-graduação em Odontologia Estética do Centro Universitário SENAC, em São Paulo, insatisfeita com o seu sorriso. Essa paciente teve agenesia de laterais e submeteu-se ao tratamento ortodôntico, quando ainda era adolescente, com o objetivo de posicionar os caninos na posição dos incisivos laterais, e os primeiros pré-molares na posição dos caninos. Ao final do tratamento ortodôntico, esses dentes foram reanatomizados com restaurações de resina composta, quando a paciente tinha a idade de 16 anos. Foram realizadas facetas diretas em resina composta nos dentes anteriores superiores (dentes #13 ao 23). A paciente relatou que, durante os primeiros cinco anos, essas restaurações mantiveram-se de forma satisfatória. Entre-
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Figuras 1a e 1b Nota-se o colapso da reconstrução em resina composta, percebido por meio de pigmentação marginal, desgaste superficial, fraturas, além da ausência de forma, contorno e textura adequados. A interface dente-resina composta é facilmente notada, gerando a desarmonia visual.
tanto, após esse período, elas fraturaram, e os reparos se tornaram constantes, o que a desagradava (figuras1a e 1b). Após um minucioso exame clínico, radiográfico e fotográfico da paciente, e um estudo em modelos de gesso encerados, foi proposto à mesma que fizesse laminados cerâmicos com preparos minimamente invasivos e aderidos em esmalte dental. Um enceramento diagnóstico do resultado final foi confeccio-
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Figuras 2a e 2b A discrepância da margem gengival dos dentes #13, 14, 15, 23, 24 e 25 interfere na harmonia estética do sorriso, portanto, foi corrigida por meio de cirurgia plástica periodontal prévia: aumento de coroa clínico estético.
Figuras 3a e 3b Os preparos dentais supra-gengivais e restritos ao esmalte foram realizados com o auxílio de guias de silicone baseados no enceramento diagnóstico.
nado e transferido para a boca da paciente através de mock up. Esse ensaio restaurador intraoral permite a avaliação de diversos parâmetros clínicos: estética, fonética, guias de desoclusão, proporção gengiva-dentes, suporte labial, quantidade de desgaste necessária para o material restaurador, dentre outros. O mock up, nesse caso específico, confirmou a necessidade do aumento de coroa clínico dos dentes #13, 14, 15, 23, 24, 25, envolvidos na estética do corredor bucal (figuras 2a e 2b). Inicialmente, foi realizado um clareamento dental caseiro, com peróxido de carbamida a 10% por 21 dias consecutivos. Depois, a paciente foi submetida ao aumento de coroa. Noventa dias após a cirurgia periodontal, foi realizado o preparo dental guiado pelo enceramento diagnóstico, utilizando-se guias de preparo em silicone (Zetalabor, Zhermack), e pontas diamantadas de granulação fina e extra-fina, sob rotação controlada (contraângulo multiplicador Sirona) (figuras 3a e 3b). A moldagem foi realizada com slicone de adição (Virtual, IvoclarVivadent), sob a técnica de passo único e de duplo-fio (fios afastadores gengivais Ultrapack #000 e #00) (XXX) (figuras 4a e 4b). Os provisórios foram confeccionados de maneira direta com o uso de resina bisacrílica (Luxatemp, DMG) e cimentados com resina fluida (Tetric Flow, Kerr), permanecendo por sete dias (figura 5). Os laminados, confeccionados sobre refratário (cerâmica feldspática) foram cimentados (Variolink II, Ivoclar-Vivadent) após a aprovação estética e funcional da paciente (figuras 6a, 6b e 6c). A prova foi realizada utilizando pastas de prova à base de glicerina corada, próprias do sistema de cimentação empregado.
Figura 4a Após a inserção dos fios afastadores (#000 e #00), nota-se a transparência gengival, revelando a fragilidade do biótipo periodontal fino/festonado.
Figura 4b Na técnica de moldagem de duplo-fio, o primeiro fio afastador gengival pode estar capturado no molde.
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Caso Clínico NORMAS PARA PUBLICAÇÂO A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínicogerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas. Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www. odontomagazine.com.br Os trabalhos devem atender as seguintes normas:
Figura 5 Os provisórios foram confeccionados com resina bis-acrílica, guiados pelo enceramento diagnóstico.
1) Ser enviados acompanhados obrigatoriamente de uma autorização para publicação na ODONTO MAGAZINE, assinada por todos os autores do artigo. No caso de trabalho em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. Essa autorização deve também dar permissão ao editor da ODONTO MAGAZINE para adaptar o artigo às exigências gráficas da revista ou às normas jornalísticas em vigor. 2) O texto e a devida autorização devem ser enviados para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br. As imagens precisam ser encaminhadas separadas do texto, em formato jpg e em altaresolução. Solicitamos, se possível, que o artigo comporte no mínimo três imagens e no máximo 30. As legendas das imagens devem estar indicadas no final do texto em word. É necessário o envio da foto do autor principal do trabalho. 3) O texto deve seguir a seguinte formatação: espaço entre linhas simples; fonte arial ou times news roman, tamanho 12. As possíveis tabelas e/ou gráficos devem apresentar título e citação no texto. As referências bibliográficas, quando existente, devem estar no estilo Vancouver. 4) Se for necessário o uso de siglas e abreviaturas, as mesmas devem estar precedidas, na primeira vez, do nome próprio. 5) No trabalho deve constar: o nome(s), endereço(s), telefone(s) e funções que exerce(m), instituição a que pertence(m), títulos e formação profissional do autor ou autores. Se o trabalho se refere a uma apresentação pública, deve ser mencionado o nome, data e local do evento. 6) É de exclusiva competência do Conselho Científico a aprovação para publicação ou edição do texto na revista ou no site. 7) Os trabalhos enviados e não publicados serão devolvidos aos autores, com justificativa do Conselho Científico. 8) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor (res). Os trabalhos publicados terão os seus direitos autorais guardados e só poderão ser reproduzidos com autorização da VP GROUP/Odonto Magazine. 9) Cada autor do artigo receberá exemplar da revista em que seu trabalho foi publicado. 10) Os trabalhos, bem como qualquer correspondência devem ser enviados para: Vanessa Navarro ou Vivian Pacca – ODONTO MAGAZINE Alameda Amazonas, 686 – G1 Alphaville Industrial – Barueri-SP CEP 06460-100 11) Ao final do artigo, acrescentar os contatos de todos os autores: nome completo, endereço, bairro, cidade, estado, CEP, telefones e e-mail. 12) Informações: Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506
Figuras 6a, 6b e 6c Após a cimentação definitiva, nota-se a harmonia visual entre os laminados e os elementos que compõem o sorriso da paciente.
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Publicidade - Gerente de Contas Vivian Ceribelli Pacca e. vivian.pacca@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7508