www.odontomagazine.com.br Especial Ano 3 - N째 04 - Novembro de 2013
Especial Implantodontia
Editorial Especial: Ano 3 • N° 04 • Novembro de 2013
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Os passos da Implantodontia Moderna
O
momento é de reflexão sobre uma área da Odontologia muito importante: a Implantodontia. A maioria dos dentistas não se aprofundou na área de Implantodontia durante a formação acadêmica, fazendo com que o segmento odontológico fosse considerado, por muito tempo, como uma especialidade diferenciada e com pequena acessibilidade. Como qualquer atividade emergente, a Implantodontia passou por momentos em que foi desacreditada, devido ao prognóstico desfavorável e ao alto custo dos chamados implantes justapostos e agulhados. Mas, o grande Professor Branemark revolucionou a Implantodontia Moderna, descobrindo o processo de osseointegração, com os implantes de titânio. Hoje, não vejo a menor possibilidade de um profissional da área da Odontologia, com a missão de reabilitar a saúde bucal do paciente, não pensar nos implantes. Os conhecimentos de prótese são fundamentais, mas, a possibilidade de praticamente devolver um elemento dentário com um implante, é espetacular. Atualmente, a técnica de instalação dos implantes está cada vez mais simplificada, e o seu custo mais acessível, tornando inconcebível a ideia de um profissional não oferecer este tipo de tratamento. Não podemos esquecer os casos mais complexos, mas o avanço nesta área foi tão grande, que possibilitou ampliar a previsibilidade dos tratamentos. As cirurgias de elevação do seio maxilar, os enxertos em bloco com osso autógeno ou de doador, as técnicas de manipulação dos tecidos moles para melhorar a arquitetura tecidual e a estética e, até mesmo a utilização de proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs), são uma realidade. Desta forma, aconselho todo o profissional da área da Odontologia a ter contato com essa especialidade. Existem inúmeros cursos de atualização, os quais permitirão conhecer um pouco mais sobre essa área e possibilitará a execução de casos mais simples. Quem possuir mais afinidade, poderá procurar um curso de especialização, o qual permitirá a execução de casos com mais complexidade. Não se assustem com essas colocações, pois a Implantodontia já está sendo ministrada inclusive em cursos de graduação. A grande visibilidade da especialidade foi alvo de grandes empresas, as quais trabalham, de forma incansável, para lançar, a cada instante, novos produtos no mercado, o que é interessante por um lado, pois muitas novidades surgem; mas, os profissionais não podem esquecer que a atividade empresarial visa, principalmente, o lucro. Desta forma, é fundamental que os profissionais não fiquem aflitos com tantas novidades e se apoiem em conhecimentos básicos da Implantodontia, bem como em princípios da Odontologia clínica, que mostram que uma cavidade bucal só poderá ser reabilitada, a partir do momento que exista saúde periodontal e dentária. Não posso deixar de salientar que, a Odontologia baseada em evidências científicas deve ser a meta de qualquer profissional sensato, fato que, certamente, o conduzirá ao sucesso dentro da profissão e permitirá reabilitar - funcionalmente e esteticamente, objetivando a satisfação e a melhora do convívio social dos seus pacientes. Fabiano Ribeiro Cirano
Alameda Amazonas, 686, G1 - Alphaville Industrial 06454-070 - Barueri – SP • + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br
Mestre e Doutor em Periodontia pela USP. Professor Titular das disciplinas de Periodontia e de Implantodontia da UNIP. Professor do curso de Mestrado em Odontologia da UNIP. Coordenador do curso de Especialização em Implantodontia da UNIP. Professor do curso de Especialização em Periodontia da UNIP.
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Ponto de Vista
Terapia Celular em Implantodontia André Antonio Pelegrine Cirurgião-dentista. Mestre em Implantodontia. Doutor em Clínica Médica. Pós- doutorado pela Universidade Federal de São Paulo. Professor da área de Implantodontia da Faculdade São Leopoldo Mandic. Autor dos livros “Transplantes ósseos na Odontologia” e “CélulasTronco em Implantodontia”.
A
procura por um sorriso perfeito, com base nos conceitos estéticos impostos pela sociedade, faz com que os pacientes não busquem somente a substituição dos dentes ausentes, mas também a reconstrução dos tecidos que foram perdidos em virtude da ausência dentária. Além disso, para a correta instalação dos implantes, faz-se necessária a presença de tecido ósseo em volume suficiente, permitindo a ancoragem ideal dos implantes. Portanto, os procedimentos de reconstrução do tecido ósseo são realizados, frequentemente, nos tratamentos reabilitadores, onde os implantes osseointegráveis são indicados como alternativa. As desvantagens descritas na literatura, em relação aos enxertos ósseos autógenos, principalmente os provenientes de fonte extraoral, são as complicações trans e pós-operatórias relatadas, como parestesias, disestesias, infecções, fraturas da crista ilíaca, hemorragias, dores e desconforto na locomoção. Dessa maneira, segue-se a busca para utilização de algum biomaterial para substituir o osso autógeno na técnica de reconstrução do rebordo ósseo, possibilitando uma estrutura adequada para a instalação dos implantes. O material ideal para enxertia deve apresentar excelente quantidade de células viáveis osteocompetentes, como células mesenquimais multipotentes (células-tronco) e osteoblastos, para serem transferidas ao leito receptor do enxerto ósseo. O enxerto de osso autógeno medular apresenta osteócitos, osteoblastos, osteoclastos, células-tronco, fibrina, plaquetas, leucócitos e hemácias, enquanto o local receptor fornece vascularização e células ao enxerto. Os fatores locais e sistêmicos interagem com o potencial genômico das células-tronco para determinar a sua progressão até as células altamente diferenciadas, como os condrócitos e osteócitos. As células-tronco mesenquimais, sendo células mesenquimatosas indiferenciadas, dão origem a vários tipos de células, e o processo de diferenciação depende dos estímulos oriundos do meio.
Como a maioria dos substitutos ósseos indicados como material de enxertia serve somente como arcabouço, não apresentando a devida celularidade e sinalização para ser utilizada com propriedades osteogênicas/osteoindutoras, o grande desafio para os pesquisadores das diferentes áreas de regeneração óssea é conseguir incrementar esses substitutos ósseos com células viáveis e fatores de crescimento, para que esse material apresente características próximas àquelas presentes no osso autógeno, maximizando os resultados regenerativos. A terapia celular, associada a um substituto ósseo com características osseocondutoras, leva a utilização de um enxerto composto que poderia suprir a necessidade de uma região doadora autógena. Os resultados desse padrão de regeneração apresentam excelente manutenção de osso neoformado, com baixos índices de reabsorção, bem como vitalidade e adequada qualidade histológica do tecido ósseo formado. A medula óssea adulta apresenta células-tronco hematopoiéticas e mesenquimais. As células-tronco hematopoiéticas são responsáveis pela renovação dos elementos sanguíneos circulantes, e as células-tronco mesenquimais têm o potencial de se diferenciarem em alternadas linhagens relacionadas aos tecidos mesenquimais. Estas células podem ter o potencial de originar outros tecidos, como o tecido ósseo e a cartilagem. Cabe lembrar que o tecido adiposo também apresenta excelente quantidade e qualidade de células-tronco mesenquimais adultas, que podem dar origem a neoformação óssea e parece representar uma boa alternativa à medula óssea, como fonte doadora em terapia celular. Dessa forma, a grande vantagem da terapia celular em Implantodontia é a de se poder realizar cirurgias reconstrutivas com menor tempo cirúrgico, baixo risco de infecção e contaminação, menor custo, e adequada qualidade celular do material enxertado. Para um aprofundamento nestes conceitos, fica a sugestão da leitura do livro “Células-Tronco em Implantodontia”, da Editora Napoleão.
* Fonte: “Células-Tronco em Implantodontia”; André Pelegrine, Antonio Aloise, Eduardo Sorgi – Ed. Napoleão – 2013.
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Caso Clínico
Osteonecrose bisfosfonato induzida como fator de risco para osseointegração
Carolina Henriques dos Santos Melo
Dario Paterno Junior
Especialista em Endodontia. Pós-graduada em Endodontia, Ortodontia e Implante. Aluna da Especialização de Implantodontia do Núcleo de Estudos Odontológicos (NEO).
Doutor e Mestre em Implantes Orais. Membro do Colégio Americano de Osseointegração. Coordenador do curso de especialização em Implantodontia FACSETE/ NEO (Núcleo de Estudos Odontológicos).
José Luis Bretos Mestre em Ortodontia. Pós-graduado em “Occlusion as Orthodontics” pela Roth Willian Center for Functional Occlusion, na Califórnia. Doutor em Cirurgias. Professor e Coordenador do curso de Pós-Graduação nas instituições FACSETE / CIODONTO / NEO. Professor Colaborador da UNIFESP. Professor Curso de Mestrado em Ortodontia da São Leopoldo Mandic. Coordenador Curso de Especialização em Ortodontia da APCD - regional Cambuci. Coordenador do Curso de Aperfeiçoamento Profissional da APCD – regional Vila Mariana. Atua em clínica privada na área de Ortodontia - Bretos Instituto de Odontologia, em São Paulo, capital.
O
s bisfosfonatos constituem um grupo de fármacos nos quais a estrutura é baseada no pirofosfato: composto que regula a precipitação e extração de minerais do osso, embora sejam sensíveis à hidrólise da fosfatase. Através de uma pequena mudança na sua estrutura, esses fármacos tornam-se bastante estáveis e resistentes a hidrolise enzimática. São capazes de regular a remodelação óssea, diminuindo-a quando existe uma reabsorção excessiva e, dessa forma, é indicado no tratamento de diversas patologias ósseas, como as osteólises associadas ao câncer (principalmente mieloma múltiplo e de mama), osteoporose pós-menopausa e doença de Paget. Alguns pré-requisitos são necessários para diferenciar a Osteonecrose Bisfosfonato-Induzida (OBI) de outras condições que também provocam atrasos na cicatrização: (1) exposições ósseas na região maxilofacial per-
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sistentes por mais de oito semanas; (2) história médica de uso de bisfosfonatos e; (3) não ter sido submetido radioterapia nos maxilares. Diante da gravidade da patologia em questão e da ampla utilização dos bisfosfonatos nos dias atuais, este trabalho fará uma revisão da literatura expondo patogênese da OBI, seus fatores de risco, suas características clínicas e radiográficas, como também opções de tratamento e protocolos preventivos.
Revisão da literatura A OBI foi, inicialmente, descrita em 2003, quando foram identificados 36 casos de exposição óssea dolorosa em mandíbula, maxila ou ambos que não respondem ao tratamento médico ou cirúrgico, onde os pacientes faziam uso de pamidronato ou zoledronato. A maioria dos pacientes apresentou exposição óssea na mandíbu-
Caso Clínico la (80,5%), mas as lesões apareceram também na maxila. Clinicamente, as características se assemelharam a abscessos, ulcerações por dentadura e osteomielites. As extrações dentárias, normalmente, foram as iniciadoras do osso exposto não cicatrizado (77,7%), mas, em alguns casos, as lesões apareceram espontaneamente. O tratamento da doença foi difícil, pois o debridamento não deveria se estender ao osso sadio e poderia, na verdade, provocar mais exposição óssea. O autor sugeriu a prevenção, evitando extrações dentárias e a instalação de implantes, o controle de doenças periodontais, e usando reembasadores soft nas dentaduras. O controle e a limitação das lesões podem ser obtidos por meio da prescrição de antibióticos a base de penicilina por tempo prolongado, bochecho com clorexidina a 0,12% e mínimo debridamento com irrigação da ferida. Foi realizada uma revisão de prontuários pacientes que se apresentaram serviço de Cirurgia Oral do Long Island Jewish Medical Center e Universidade de Maryland entre fevereiro de 2001 e novembro de 2003, com o diagnóstico de osteomielite refratária e histórico de terapia com bisfosfonatos. Sessenta e três pacientes foram incluídos no estudo e, dentre eles, o diagnóstico oncológico mais comum foi mieloma múltiplo (44,44%), seguido de câncer de mama (31,75%). Sete deles, com o diagnóstico de osteoporose, estavam tomando bisfosfonatos e não tinham história de doenças malignas ou quimioterapia envolvida. O quadro clínico mais comum foi dor e exposição óssea em região com extração dentária prévia. Entretanto, nove (14%) não tinham sido submetidos a procedimentos dentoalveolares e, ainda assim, apresentaram exposição espontânea e necrose do osso alveolar. Para tratar as lesões, foi feito um pequeno debridamento e terapia antibiótica, entretanto, a maioria dos pacientes necessitou de procedimento cirúrgico para remover todo osso envolvido. A interrupção do tratamento com bisfosfonato não teve grande impacto na progressão do processo. Cinco pacientes persistiram com osso necrótico e até desenvolveram outras regiões de osso exposto, mesmo tendo a medicação suspensa por seus oncologistas. Apesar da presença de vascularização óssea nas margens das cirurgias, nenhum caso de paciente tratado nesse estudo teve cura. A maxila e a mandíbula são submetidas a constante estresse, advindo da força mastigatória, dessa forma, danos fisiológicos e microfraturas ocorrem, diariamente, na cavidade oral. Em pacientes que fazem uso de bisfosfonato, esses danos não são reparados, dando oportunidade para o desenvolvimento da osteonecrose. Nos estágios iniciais da osteonecrose bisfosfonato-induzida (OBI), nenhuma manifestação radiográfica é vista, e os pacientes, geralmente, são assintomáticos, mas podem desenvolver dores severas se esse osso necrótico exposto na cavidade oral se torna infectado. As evidências mostram uma incidência baixa em menos de seis meses
do início do uso de bisfosfonatos, então, o tratamento dental dos pacientes deve ocorrer antes que esse risco aumente. A OBI pode permanecer assintomática por semanas ou meses, e é, normalmente, identificada apenas como osso exposto na cavidade oral, mas as lesões tornamse sintomáticas quando são infectadas secundariamente ou quando há trauma no tecido mole sadio adjacente e/ou oposto causado pelas superfícies irregulares do osso exposto. Sinais e sintomas incluem dor localizada, inchaço e inflamação dos tecidos moles, perda da estabilidade do dente, drenagem e osso exposto. Esses sintomas, geralmente, ocorrem em locais com exodontias prévias ou outra intervenção cirúrgica, mas podem ocorrer espontaneamente. Suspeitando-se de osteonecrose, radiografia panorâmica e tomografia devem ser realizadas para excluir outras causas. Os sinais radiográficos sugestivos da doença envolvem osteólise consistente com perda óssea. Entretanto, alterações radiográficas em estágio inicial da doença são tão sutis, que se tornam difíceis de serem detectadas, mas, com o passar do tempo, a superfície óssea se rompe e, eventualmente, a radioluscência muda. Em pacientes que já estejam fazendo uso da medicação e que necessitam de procedimentos, não há evidências que a interrupção da terapia com bisfosfonatos vá evitar ou diminuir o risco de desenvolver a osteonecrose, então, um tratamento conservador deve ser realizado com controles frequentes. Em casos severos de OBI, caso seja necessária uma intervenção cirúrgica, a interrupção da terapia com bisfosfonatos pode ser considerada, mas deve ser discutida com o oncologista e antibióticos devem ser administrados antes e depois de 10 dias do procedimento. A penicilina ainda é a droga de escolha, e a sua combinação com metronidazol é útil em lesões refratárias, mas, em pacientes alérgicos, pode-se lançar mão da azitromicina. Foram descritos 30 casos de osteonecrose bisfosfonato oral-induzida e comparados com outros 116 casos de osteonecrose causada por aminobisfosfonatos intravenosos. Os resultados mostram maior incidência relacionada ao uso do alendronato, uma predileção pela mandíbula (94,7%) e, ocorrência de 50% espontaneamente e outros 50% resultantes de procedimento cirúrgico, mais comumente exodontias, mas dois casos estiveram associados à instalação de implantes. Foi observada uma relação direta e exponencial entre o tamanho das lesões de osso exposto e a duração da terapia com bisfosfonatos e também uma relação direta entre o aparecimento de dor e infecção. Os resultados do teste telopeptideo C terminal (CTX) no soro em jejum indicou uma relação com a duração da terapia com bisfosfonatos e também mostraram a recuperação da remodelação óssea com o aumento de seus valores quando a terapia foi descontinuada. Foi observado que valores de CTX menores que
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Caso Clínico 100pg/ml representam alto risco, já valores entre 100 e 150pg/ml representam risco moderado; e maiores que 150pg/ml estão relacionados com mínimo risco. Os valores do CTX aumentaram de 25.9 a 26.4pg/ml para cada mês de interrupção da droga (chamado de drug holiday) indicando uma recuperação da remodelação óssea e sugerindo uma diretriz para quando o procedimento cirúrgico pode ser realizado com um menor risco. Os bisfosfonatos têm a estrutura semelhante à do pirofosfato inorgânico, que possui a função de prevenir calcificações, ligando-se aos cristais de hidroxiapatita. Tem sido verificada uma maior frequência de OBI em pacientes com uma patologia óssea coexistente. Considerando que ela ocorre com mais frequência em pacientes que utilizam bisfosfonatos intravenosos para o tratamento de mieloma (46,5%) e metástases de câncer de mama (38,8%), provavelmente, existem algumas considerações sobre essas patologias que favorecem o seu aparecimento. Atualmente, não está claro se as patologias osteoclastos-mediadas existem independentemente da OBI ou se elas causam ou exacerbam a OBI. A incidência estimada de OBI em pacientes que usam a medicação intravenosa varia entre 0,8% a 12%. Já nos usuários dos bisfosfonatos orais, essa incidência cai para 0,7/100.000 pessoas por ano de exposição. Apesar de o risco ser extremamente pequeno em usuários de bisfosfonatos orais, aumenta quando a duração da terapia excede três anos e, esse período de tempo é encurtado quando existem algumas comorbidades associadas, como o uso crônico de corticoesteróides. Se as condições sistêmicas permitirem, o médico pode considerar a interrupção do tratamento três meses antes do procedimento cirúrgico e retomá-lo três meses depois, para diminuir o risco de OBI. Em indivíduos que usam bisfosfonatos orais há menos de três anos e sem nenhum
fator de risco clínico não é necessário o adiamento ou mudança no planejamento cirúrgico. Sugere-se que, se implantes dentários forem instalados, deve ser feito um consentimento informado explicando a possibilidade de insucesso do implante e do risco de desenvolver OBI se o paciente continuar a tomar o bisfosfonato oral. Em pacientes que fazem uso do bisfosfonato oral há menos de três anos, mas que fazem uso concomitante e crônico de corticosteroides ou nos que fazem uso há mais de três anos, deve-se entrar em contato com o médico responsável pela prescrição do medicamento para considerar a descontinuação da terapia por pelo menos três meses antes do procedimento cirúrgico, retornando apenas quando o tecido ósseo estiver completamente cicatrizado. Paciente com osteoporose desenvolveu OBI, fazendo uso de 70mg de alendronato via oral, uma vez por semana, há aproximadamente um ano. Sua queixa principal foi dor na mastigação e edema gengival na região onde havia dois implantes. O paciente foi submetido à cirurgia para a remoção dos implantes (que já estava com mobilidade grau três e drenando secreção purulenta), remoção parcial do osso necrótico, arredondamento das arestas, além de medicado com antibióticos sistêmicos e prescritos o bochecho com clorexidina. A terapia com alendronato já havia sido interrompida, porque a osteoporose encontrava-se estabilizada, mas, apesar disso, o seu CTX foi de 21pg/ml. Após o tratamento, o paciente permaneceu com osso exposto, apesar de assintomática e utilizando uma prótese removível. Foram avaliados 27 casos de OBI associados com implantes dentários, dos quais 41% usavam bisfosfonatos orais e 59% os intravenosos. A osteonecrose desenvolveu-se após períodos médios de 68 meses, 16,4 meses e 50,2 meses em pacientes sob a terapia com alendrona-
Figura 1
Figura 2
Osso necrótico da maxila exposto em paciente recebendo ácido zoledrônico há seis meses e foi submetido a extrações dentárias.
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Palpação da área sugeriu fratura.
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Figura 3
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Figura 6 a
Figura 6 b
Figura 6 c
O exame intraoral revelou uma área extensa de osteonecrose.
A fratura foi estabilizada cirurgicamente, mas a presença de um plasmacitoma foi confirmada na região.
Osso necrótico exposto entre o 14 e 15.
A radiografia panorâmica confirmou a fratura.
Imagem radiográfica da reabsorção óssea.
Roscas expostas na região vestibular e interproximal.
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Figura 6 d
Após a remoção dos implantes e do osso necrótico.
Figura 7
OBI desenvolvida 17 meses após a colocação dos implantes dentários em paciente fazendo uso de ácido zoledrônico. A terapia iniciou concomitantemente com a instalação dos implantes.
Figura 8
Devido ao fato do paciente não responder ao tratamento não cirúrgico, os implantes foram removidos.
to, ácido zoledrônico e pamidronato, respectivamente. Apenas seis pacientes desenvolveram a OBI durante os primeiros seis meses da colocação do implante dentário. Quando o tratamento com bisfosfonatos tinha iniciado antes da colocação do implante, o que aconteceu em 23 casos, houve um período médio de 16,2 meses até o aparecimento da OBI. Quatro pacientes realizaram implantes dentários, iniciaram a terapia com bisfosfonatos posteriormente e também desenvolveram a patologia. O tratamento de escolha foi antibioticoterapia por tempo prolongado e procedimentos cirúrgicos essenciais e a taxa de resposta foi, consideravelmente, maior nos pacientes que usavam os bisfosfonatos orais.
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Discussão Os sinais e sintomas mais encontrados na OBI foram áreas de extração dentária que não cicatrizavam, exposição óssea na mandíbula associada a edema e secreção purulenta. Nos estágios iniciais, os pacientes, geralmente, são assintomáticos, mas podem desenvolver dores severas se esse osso necrótico exposto na cavidade oral torna-se infectado. Outros sinais e sintomas, ainda descritos, são: inflamação dos tecidos moles que circundam o osso exposto e perda da estabilidade do dente. Esses sintomas, geralmente, ocorrem em locais com exodontias prévias ou outra intervenção cirúrgica, mas podem ocorrer espontaneamente.
Caso Clínico Existem alguns fatores que aumentam o risco para o desenvolvimento da OBI ao quais são divididos em locais e sistêmicos. Dentre os fatores locais, o mais comum é a extração dentária. O trauma de adaptação de próteses, presença de doença periodontal, lesões inflamatórias e precária saúde oral também são comumente descritos, entretanto, a associação entre placa bacteriana ou doenças periodontais com OBI pode ser apenas coincidência. Devido ao fato dessas condições existirem em toda parte, não existe, dessa forma, uma relação de causa-efeito. Apesar do descrito, diversos autores mostraram lesões que apareceram espontaneamente, ou seja, sem associação com nenhum desses fatores de risco locais. Existem, ainda, os fatores de risco sistêmicos, os quais estão relacionados com a droga (potência, via de administração e tempo de duração da terapia com bisfosfonatos), doença (diabetes melitus, câncer, uso de corticoides) ou demografia (está mais associada a mulheres acima de 60 anos). Um enfoque conservador e não cirúrgico é fortemente recomendado para tratar a OBI. Apenas um debridamento ósseo pode ser realizado para arredondar arestas e diminuir irregularidades e, assim, diminuir o trauma nos tecidos moles. A interrupção da terapia com bisfosfonatos é um ponto controverso, pois devido a sua estrutura molecular (análogo a dos pirofosfatos), a droga é acumulada, em altos níveis, dentro da matriz óssea, portanto, mesmo com a interrupção da terapia, eles continuam no organismo por bastante tempo. Por outro lado, a interrupção da terapia com bisfosfonatos pode produzir consequências piores, como hipercalcemia associada com tumor ou complicações esqueletais em metástases de câncer. O oncologista responsável pelo tratamento é quem deve decidir a descontinuação da terapia.
Conclusões Diante da literatura consultada, foi possível concluir que: » Os bisfosfonatos são fármacos que trazem inúmeros benefícios, principalmente em paciente com lesões ósseas consequentes de câncer, entretanto, não existe mais nenhum questionamento sobre a relação da droga e a osteonecrose. » O risco para desenvolvimento da Osteonecrose Bisfosfonato-Induzida (OBI), basicamente, está diretamente relacionado com a potência da droga, a via de administração, a duração da terapia e o envolvimento de algum procedimento cirúrgico intraoral. » O diagnóstico da patologia deve ser, basicamente, sustentado nos achados clínicos associado com a história médica do paciente. » O tratamento da OBI é um ponto controverso e depende da gravidade das lesões. » A instauração de um protocolo preventivo nos usuários crônicos dos bisfosfonatos é mandatória, já que a cura completa da doença não é, frequentemente, conseguida.
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Produtos Implantodontia e biossegurança A Dabi Atlante lançou um produto inovador que eleva os padrões de biossegurança no mercado. Trata-se do novo Cicatrizador Pross com aplicação B-Safe, até então disponível na linha de equipamentos da empresa. O B-Safe é a nanotecnologia exclusiva da Dabi Atlante, que não permite a proliferação de fungos, bactérias e vírus, evitando contaminações e melhorando o pós-operatório do paciente. Na prática, o elemento contaminante, ao entrar em contato com a superfície do componente, é eliminado pelo efeito bactericida das nano partículas de prata. O Cicatrizador Pross com aplicação B-Safe representa mais segurança à restauração protética, pois controla a infecção, propiciando um processo de cicatrização mais seguro à mucosa peri-implantar e facilitando a escolha do componente protético. www.dabiatlante.com.br
Motores de implante A Gnatus firmou, recentemente, parceria com a empresa suíça Bien-Air, reconhecida pela tecnologia aplicada a seus produtos. Essa união será um marco na carreira dos profissionais mais exigentes, que terão a oportunidade de trabalhar com os melhores equipamentos e proporcionar para seus pacientes a máxima qualidade em todas as etapas do tratamento. São frutos desta parceria: os motores elétricos para prótese, dentística e endodontia e os motores de implante Chiropro L e iChiropro. Este último é um produto exclusivo, com características que o diferem de tudo já visto no mercado. Com um aplicativo desenvolvido pela Apple, o iChiropro utiliza a interface do iPad para controlar as funções do equipamento. Um dos grandes diferenciais deste motor de implante é a geração de relatórios contendo o torque e rotação em cada etapa da cirurgia, incluindo a instalação do implante. O iChiropro reúne todas as características essenciais para uma prática clínica segura e confiável. Rapidez e praticidade www.gnatus.com.br A Sirona acaba de lançar no mercado brasileiro a Omnicam, novo sistema de captura de imagem mais rápido e preciso do mercado. Trazendo mais simplicidade à digitalização, a Omnicam possui ótimo manuseio, garantindo uma digitalização precisa e impressões 3D em cor natural. A Omnicam é ideal para a digitalização, sem o pó Optspray, das estruturas dos dentes naturais e gengiva. Basta colocar a câmera sobre a superfície dental e a digitalização é iniciada automaticamente. A eliminação do pó traz mais facilidade ao processo de digitalização. O escaneamento total ou parcial da arcada dentária do paciente pode, agora, ser realizado de forma mais ágil e conveniente. Devido ao design fino com a compacta câmera na ponta, a Omnicam se encaixa perfeitamente na mão do usuário, garantindo uma digitalização dos dentes posteriores sem problemas. É possível, ainda, interromper e retomar a digitalização a qualquer momento. www.sirona.com.br
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Especial Implantodontia 2013
Produtos Excelência e inovação em Implantodontia
Resultado de expressivos investimentos em pesquisa e desenvolvimento e do foco na qualidade e inovação tecnológica permanente, o portfólio de implantes dentários, componentes protéticos e instrumentais cirúrgicos Neodent oferece as melhores soluções para a reabilitação oral de pacientes. Entre os mais de 1.000 itens disponibilizados, é possível destacar as seguintes inovações: » Implante Acqua: com propriedades biológicas inovadoras, tem potencial de aumento da formação óssea. » Implante Facility: aliado à alta resistência do conceito Cone Morse, é indicado para espaços reduzidos. » No Sistema CAD/CAM, as técnicas Neoguide e Neoshape permitem o planejamento digital cirúrgico e protético da reabilitação oral personalizada, otimizando a conclusão da técnica virtual guiada. A logística integrada garante agilidade e pronta entrega de produtos, e os clientes contam com apoio e orientação de assessores comerciais e das equipes de consultores técnicos e científicos. www.neodent.com.br
Complicações em Implantodontia Oral A editora Santos, integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional, apresenta a obra Complicações em Implantodontia Oral – Etiologia, Prevenção e Tratamento, escrita por Stuart J. Froum. O livro tem por objetivo transmitir aos cirurgiões-dentistas todos os níveis de habilidade com instrução prática alicerçada na pesquisa baseada em evidências. A obra guia o leitor em relação às complicações associadas ao diagnóstico, ao plano de tratamento, à colocação, à restauração e na manutenção dos implantes dentários em qualquer estágio. Cada capítulo utiliza um formato altamente ilustrado que mostra as principais características pedagógicas, incluindo uma lista com dicas e resumindo os pontos fundamentais. Além do seu conteúdo clínico, o livro apresenta os padrões atuais da indústria e as questões médico-legais que os cercam, dando ao leitor o contexto necessário para que a informação esteja disponível. A obra finaliza com uma série de casos resolvidos por especialistas, ressaltando as complicações mais complexas e as medidas multifacetadas de tratamento. www.grupogen.com.br
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Especial Implantodontia 2013