Odonto Magazine #07

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ISSN 2179-8796

Ano 1 - N° 7 - Agosto de 2011

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Editorial

Ciência e inovação

Edição: Ano 1 • N° 7• Agosto de 2011

stamos comemorando a nossa sétima edição com mais uma publicação especial, onde a ciência e a inovação são contempladas. Em Odontologia Segura apresentamos perguntas específicas e pertinentes relacionadas à esterilização. São questionamentos recorrentes de nossos leitores acerca de um tema bastante polêmico. Na seção Entrevista, o Dr. Marcos Jacobovitz aborda uma nova fronteira em odontologia: o Microscópio Odontológico. O Dr. Jacobovitz ressalta as vantagens da microscopia, bem como todas as aplicações da tecnologia em várias áreas de atuação do CD. No Espaço Equipe, a Profª Danielle Palacio fala sobre as competências comportamentais e o sucesso da equipe de saúde bucal. A profissional descreve, de forma bastante didática, a importância do trabalho em equipe e a capacidade de relacionamento com os outros colegas, incentivando o trabalho coletivo para um “bem” comum. Em Relacionamento, temos a entrevista com a Dra. Sandra Vieira Zeferino, responsável Projeto VOE – Voluntariado Educativo. Trata-se de um projeto maravilhoso que leva solidariedade para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social por meio de ações educativas, com foco na saúde bucal associada às atividades para saúde geral e geração de emprego e de renda. Em Ponto de Vista temos o assunto Ergonomia, tema que será abordado em três edições. Nesta edição o título é “Ergonomia: uma importante aliada na prevenção de doenças ocupacionais”, onde a Profª Vanessa Camilo Borges e o Prof. Alexandre Menoncello Ballerine abordam, com maestria, a importância do assunto ao profissional de saúde bucal. A edição conta com três Colunas sobre assuntos muito importantes para a prática odontológica. » Gestão: o tema “Tendências da sociedade e do mercado odontológico: apostas para 2011 e 2012” é discutido pelos autores Felipe Chibás Ortiz e a Claudia Firmino de Freitas. Os profissionais abordam assuntos contemporâneos acerca do mercado consumidor. » Pacientes com Necessidades Especiais: O Dr. José Reynaldo Figueiredo explica de maneira ímpar e humana as questões relacionadas à preservação da dignidade de nossos paciente com necessidades especiais. » Periodontia: o Dr. Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes discorre sobre a maior invenção do século XX: a escova de dentes. O profissional de saúde bucal mostra que a escova de dentes permanece como uma invenção dinâmica, em constante renovação e adequação com as novas realidades tecnológicas e científicas. Em Casos Clínicos, mais uma vez, temos uma diversidade de assuntos. O tema “Dentes claros na adolescência”, com o Prof. Dr. Claudio Heliomar Vicente da Silva e o acadêmico Cleferson Ferreira de Moura da UFPE. O Dr. Ricardo Léllis Marçal traz o assunto: “Clareamento com Whitness HP Blue com cálcio em paciente com sensibilidade dentinária: uma alternativa viável de clareamento”. Já a questão do “Estudo sobre o tratamento funcional ortopédico e ortodôntico em paciente portador da Síndrome de Down com aparelhos pré-fabricados” é elucidada pela Dra. Débora Scariot. Mais uma vez, saudamos os nossos leitores, patrocinadores e corpo científico. Agradecemos a confiança de todos e reiteramos o nosso desejo de seguir melhorando a cada dia, a cada edição. Uma excelente leitura!

Gerência Geral Marcela Petty e. marcela.petty@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7502

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Dra. Lusiane Borges Diretora Científica

Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7501

Assistente de Marketing Ironete Soares e. ironete.soares@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7500 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7761 Atendimento Geral Bruna Oliveira e. contato@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7765 Arte Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7760 Débora Becker e. debora.becker@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 Wesley Costa e. wesley.costa@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7763 Web / Programação Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br t. +55 (11) 4197.7762 Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente de Contas Vivian Ceribelli Pacca e. vivian.pacca@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7507 Diretora Científica Dra. Lusiane Borges e. lusianeborges@uol.com.br Conselho Científico Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Rodolfo Candia Alba Jr., Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo e William Torre. A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. É uma publicação da VP Group voltada para profissionais de odontologia das mais diversificadas especialidades. Conta com a distribuição gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica

Alameda Amazonas, 686, G1 - Alphaville Industrial 06454-070 - Barueri – SP • + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br 4

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Sumário

agosto de 2011 • Edição: 07

pág.

16

Reportagem

22

Entrevista

24

Espaço equipe

4

Editorial

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Programe-se

8

Notícias

10

Odontologia Segura

12

Produtos e Serviços

16

CIORJ: conhecimento compartilhado e renovado

pág.

Uma nova fronteira na odontologia

32

Competências comportamentais e o sucesso da Equipe de Saúde Bucal Danielle Palacio

26

Relacionamento

28

Ponto de vista

36

Voluntariado Educativo Ergonomia: uma importante aliada na prevenção de doenças ocupacionais – Parte I

42

48

Periodontia

Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes

Pacientes Especiais

José Reynaldo Figueiredo 34

Gestão

Estudo sobre o tratamento funcional ortopédico e ortodôntico em paciente portador da Síndrome de Down com aparelhos pré-fabricados Débora Scariot

Colunistas

32

Clareamento com Whitness HP Blue com cálcio em paciente com sensibilidade dentinária: uma alternativa viável de clareamento Ricardo Léllis Marçal

Vanessa Camilo Borges e Alexandre Menoncello Ballerine

30

Casos Clínicos

pág.

08

Dentes claros na adolescência Claudio Heliomar Vicente da Silva e Cleferson Ferreira de Moura

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Normas para publicação

Felipe Chibás Ortiz e Claudia Firmino de Freitas julho de 2011

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AnuCIA

Programe-se

Agosto V Congresso de Ortopedia da CBOFM

19º Conclave Odontológico Internacional de Campinas

12º Congresso Internacional de Técni-

21 a 24 de agosto de 2011

21 a 23 de setembro de 2011

27 a 29 de outubro de 2011

O evento contará com uma programação científica impecável, e será palco da comemoração dos 10 anos da Ortopedia Funcional dos Maxilares como especialidade odontológica.

Termas do Rio Quente - GO www.cbofm.com.br

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XVI Reunião Científica Dor e Disfunção da AILDC 25 a 28 de agosto de 2011

O tema central da reunião é a atualização sobre o diagnóstico e o tratamento da DTM e Dor Orofacial.

Termas do Rio Quente - GO www.aildc.net

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Setembro 1º Congresso Internacional de Odontologia da ABO-SP – CINOSP 04 a 07 de setembro de 2011

O congresso contará com 80 dos mais renomados professores, clínicos e pesquisadores da odontologia internacional e nacional, que apresentarão as mais recentes tendências, técnicas inovadoras e os últimos lançamentos em materiais e equipamentos.

São Paulo - SP www.abosp.org.br/cinosp

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O COIC é um evento científico com apresentação de trabalhos de pesquisas, casos clínicos, tendências, procedimentos ao vivo com pacientes, demonstração de técnicas com materiais, equipamentos e medicamentos, além de recursos em diagnóstico e prevenção.

Os participantes terão a oportunidade de seguir as mais recentes atualizações e avanços nos principais temas da prótese dentária. Ministradores nacionais e internacionais apresentarão cursos e conferências sobre as atualidades e novas técnicas.

Campinas – SP

www.apdesp.org.br

“Novos Horizontes da Saúde Oral” é o tema do programa científico do congresso. Além do programa científico, a feira comercial paralela ao congresso apresentará centenas de expositores de todo o mundo. A experiência ficará completa com uma visita turística aos inúmeros pontos de interesse do México, a começar pela famosa cozinha e espólio cultural.

Cidade do México – México www.fdi2011.org

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São Paulo-SP

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16º Congresso Internacional de Odontologia de Goiás - CIOGO 21 a 24 de setembro de 2011

Serão mais de 1.000 horas de atividades científicas distribuídas entre cursos internacionais, nacionais, integrados, ‘hand’s on’, conferências, videoconferências internacionais, fóruns acadêmico, científico e clínico, painéis, simpósios, temas livres e reuniões paralelas.

Goiânia – GO www.ciogo.com.br

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Outubro

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Novembro 3º Congresso Internacional - Sociedade Brasileira de Endodontia 03 a 05 de novembro de 2011

Várias comissões foram idealizadas para permitir que todos os detalhes possam ser minuciosamente organizados. O objetivo do evento é debater endodontia de forma democrática, o que permitirá interagir ciência, clínica e amizade, demonstrando a tão esperada união entre os participantes.

Campinas - SP www.sbendo.com.br/congresso

11º Congresso Internacional de Odontologia do Paraná (XI CIOPAR)

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06 a 08 de outubro de 2011

O XI Ciopar foi lançado oficialmente no dia 6 de dezembro do ano passado, durante coquetel na sede da ABO/PR. O lançamento serviu para apresentar o evento aos futuros congressistas, expositores e profissionais ligados à Odontologia.

Curitiba-PR www.ciopar.com.br

FDI Annual Dental World Congress 14 a 17 de setembro de 2011

cos em Prótese Dentária da APDESP

***

Congresso Internacional de Auxiliares e Técnicos em Saúde Bucal (CIATESB)

4º Congresso Maranhense de Odontologia 09 a 12 de novembro de 2011

O congresso realizado pela Associação Brasileira de Odontologia (ABO) seção Maranhão terá como tema: “Evidência Científica e Inovações Tecnológicas na Prática Odontológica”.

São Luís – MA www.abo.ma.com.br

15 e 16 de outubro de 2011

O CIATESB é o primeiro Congresso no Brasil direcionado exclusivamente à Equipe Auxiliar (ASB e TSB). O evento contará com a participação de renomados profissionais de saúde bucal e acontecerá no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo.

São Paulo-SP

www.ciatesb.com.br

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CIATESB – 15 E 16 DE OUTUBRO DE 2011 O PRIMEIRO CONGRESSO NO BRASIL TOTALMENTE DEDICADO À EQUIPE AUXILIAR TEMA DO EVENTO:

Prevenção e Educação em Saúde Bucal

1º CONGRESSO INTERNACIONAL DE AUXILIARES E TÉCNICOS EM SAÚDE BUCAL 1º ENCONTRO DE FORMADORES E CAPACITADORES DE ASB E TSB 1º ENCONTRO DAS CÂMARAS TÉCNICAS DE ASB E TSB DOS CROs

15 e 16 de outubro de 2011 Centro de Convenções Rebouças São Paulo – SP Av. Rebouças, 600 – ao lado do Hospital das Clínicas (a 200m da estação Clínicas do metrô – Linha Verde)

Dois dias inteiros de atividades científicas com os melhores palestrantes nacionais e internacionais da área. Regulamentação da profissão ASB / TSB e seus Desafios A Importância da Atuação da Equipe Auxiliar na Saúde Bucal Saúde Bucal do Bebê à Pré-escola Hábitos Bucais e Ortodontia Preventiva Câncer Bucal: Prevenção e Orientação Inovações em Biossegurança e Resíduos de Saúde Atualização em Materiais de Dentística Periodontia: Auxílio e Prevenção Cirurgia e Implante Atualização em Materiais de Moldagem e Prótese Ética e Trabalho em Equipe Políticas Públicas de Saúde Bucal SUS / ESF Promoção em Saúde Bucal e Uso Racional do Flúor Odontologia Hospitalar Doenças de Risco e Acidentes com Material Biológico Riscos Ocupacionais Ligados à Ergonomia Radiologia e Fotografia Concursos e Seleções Marketing e Excelência em Atendimento Valores de adesão para os 2 dias de Congresso:

• Até 31/08/2011: • De 01/09/2011 à 30/09/2011: • De 01/10/2011 à 12/10/2011:

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Valor único, válido para ASB, TSB e Formadores, com direito à participação em todas as palestras, acesso à feira, coffe-break e Certificado. Grupos com mais de 30 participantes terão desconto de R$ 20,00 na inscrição, se realizada até 31/08/2011. Não serão aceitas adesões após 12/10 ou nos dias do evento. Inscrições sujeitas à disponibilidade de vagas.

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Notícias Evento discute o método da fluoretação O Conselho Regional de Odontologia de Alagoas, a Associação Brasileira de Odontologia (seção AL) e a Academia Alagoana de Odontologia irão promover, entre os dias 21 e 22 de novembro próximo, o Fluoral, no centro de convenções em Maceió-AL. A presença de conferencistas nacionais, como o Dr. Gilberto Pucca (Coordenação Nacional de Saúde BucalMinistério da Saúde), o Dr. Marco Manfredini (USP e CROSP), o Dr. Paulo Capel Narvai (USP e Ministério da Saúde), entidades, como a FUNASA e as Secretarias de Estado já estão confirmadas. O evento tem como público-alvo os secretários de saúde: estadual e municipais (COSEMS-Al), os coordenadores estadual e municipais de saúde bucal, os conselhos municipais de saúde, os representantes dos sistemas de abastecimento público de água, os cirurgiões-dentistas e as instituições de ensino. O Fluoral abordará, entre outras, as seguintes temáticas: o perfil panorâmico da situação da cárie dentária no Estado de Alagoas; o mapeamento da distribuição geográfica da água do Estado de Alagoas; a viabilidade técnica e econômica da fluoretação das águas de abastecimento público de Alagoas. Sob essa óptica, as entidades promotoras do evento pretendem mobilizar forças para o estabelecimento de uma política de saúde pública que contemple o resgate da saúde bucal, passando pela adoção do método da fluoretação, reconhecidamente o mais seguro, democrático, eficaz e econômico. www.aboal.org.br

SUS adota testes rápidos para hepatites B e C O Sistema Único de Saúde passa a oferecer, a partir deste mês, testes rápidos para a detecção das hepatites B e C. Os exames, cujos resultados ficarão prontos em 30 minutos, terão investimentos de R$ 10,6 milhões do Ministério da Saúde para a aquisição de 3,6 milhões de testes. Os testes serão oferecidos, inicialmente, nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) das capitais do país, para depois serem estendidos às unidades básicas de saúde. “Queremos acolher os pacientes o mais rapidamente possível. Com o diagnóstico precoce, podemos orientá-los para evitar a transmissão da doença e iniciar a oferta do tratamento adequado, garantindo melhor resposta do organismo e mais qualidade de vida”, destaca o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A medida faz parte de uma série de mudanças em relação à ampliação do diagnóstico das hepatites adotada pelo Ministério da Saúde. Dentre elas, a aquisição de testes rápidos e exames de biologia molecular, como carga viral e genotipagem. Também está sendo expandida a rede de exames laboratoriais. Os testes rápidos comprados pelo Ministério da Saúde são exames de triagem. Ou seja, o paciente que tiver o teste positivo para hepatite B ou C será encaminhado para a rede de saúde para ter seu diagnóstico concluído. Para a realização do teste é necessária apenas uma gota de sangue. Todos aqueles que passam pelo exame recebem aconselhamento antes e depois da testagem, do mesmo modo como no diagnóstico da infecção pelo HIV. Avanços Até o final de 2011, a rede de laboratórios que realizam os exames de biologia molecular para as hepatites B e C será ampliada de 16 para 38 unidades. O Ministério da Saúde vai, ainda, realizar a compra e distribuição de exames de carga viral e genotipagem (biologia molecular) para hepatite C. Um grande benefício desse processo é a possibilidade da aquisição dos insumos por preço menor. Em média, o custo de um exame de biologia molecular varia entre R$ 80 e R$ 298. A redução de

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preço amplia a cobertura para um número maior de pessoas, que passam a ter acesso ao diagnóstico; possibilita o encaminhamento ao tratamento; e reduz o impacto econômico sobre o sistema de saúde. Essa nova estratégia representa, aproximadamente, 60 mil testes de biologia molecular e 15 mil testes de genotipagem para hepatite C, além de 38 mil testes de biologia molecular da hepatite B, com investimentos de R$ 13 milhões. Novo protocolo O Ministério da Saúde publicou, recentemente, uma portaria instituindo o novo protocolo de tratamento para a hepatite C. As novas regras preveem a ampliação do uso de interferon peguilado – mais confortável para o paciente que a apresentação convencional -, a dispensa de biópsia prévia para início do tratamento em alguns casos e a simplificação do processo para autorizar a prorrogação do tratamento. Na prática, a medida permite mais agilidade para indicar o prolongamento de tratamento. O texto anterior, publicado em 2007, garantia a extensão do uso do interferon desde que houvesse aprovação do Comitê Estadual de Hepatites Virais. Agora, o médico que acompanha o paciente já pode prescrever a continuidade do tratamento, de acordo com os critérios estabelecidos no documento. Fonte: Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

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Odontologia Segura

Dúvidas frequentes sobre Biossegurança Odontológica A Dra. Lusiane Borges*, cirurgiã-dentista especialista em biossegurança, esclarece as principais dúvidas sobre a segurança na odontologia.

Após o processo de esterilização, por quanto tempo o material pode permanecer no interior da autoclave, mesmo com ela aberta? Lusiane Borges - O material que passou pelo processo de esterilização em autoclaves a vapor, desde que embalado corretamente e que não apresente umidade em seu interior e exterior, pode permanecer no interior da autoclave até o momento da sua utilização, pois, a embalagem de papel grau cirúrgico garante esta validade. Porém, se o material for esterilizado desembalado, recomendamos a utilização imediatamente após o processo de esterilização, pois existe o iminente risco de recontaminação do material quando o mesmo é exposto ao ambiente quente e úmido. O processo de esterilização por meio de autoclave a vapor é o método mais eficiente de esterilização? Lusiane Borges - Os micro-organismos em estado vegetativo são facilmente destruídos por um método correto de esterilização. Contudo, seus esporos (bactérias e vírus envoltos por uma cápsula protéica) são extremamente resistentes quando as condições do meio ambiente são desfavoráveis a elas. A forma esporulada é um mecanismo de proteção através do qual a o micro-organismo é capaz de permanecer latente por um grande período de tempo. Neste estado, podem sobreviver às condições nas quais morreriam rapidamente em seu estado vegetativo ou ativo. Entretanto, quando estes esporos são colocados novamente em uma condição favorável para o seu desenvolvimento, eles se tornam bactérias ativas capazes de causar infecção e morte. Esta é a razão pela qual a esterilização por meio da autoclave a vapor é mais eficiente, pois permite a destruição das bactérias e vírus ativos e seus esporos com maior agilidade, o que não ocorre com outros processos, onde os esporos se tornam mais resistentes. Utilizo uma embalagem de papel grau cirúrgico que possui um indicador que muda de cor após a esterilização. Isso prova que o material está realmente esterilizado? Lusiane Borges - Não. Os indicadores químicos externos ou indicadores de passagem têm a função de controlar a exposição, ou seja, eles apenas indicam que o material passou pelo processo de esterilização, evitando, assim, que pacotes não esterilizados sejam utilizados. Já os indicadores químicos internos são uma forma muito eficaz de testarmos os parâmetros da autoclave, como tempe-

ratura, vapor sob pressão e eficácia de penetração nos pacotes. O teste mais eficaz que é sempre aliado ao Integrador Químico é o Teste Biológico. Existem no mercado várias marcas do Teste Biológico ou Indicador Biológico, encontrado em forma de ampolas com os esporos de Bacillus Stearothermophillus. Este teste tem como característica principal o controle sobre a morte ou crescimento bacteriano, pois revela por meio da mudança de cor no seu interior o resultado positivo ou negativo da esterilização. Para que o Teste Biológico seja realizado com sucesso, é necessária a utilização de uma incubadora capaz de incubar esta ampola e, ao final, mostrar o resultado do teste. Após todo o processo de esterilização, percebo que o material ainda sai úmido ou às vezes molhado de dentro da autoclave. Existe algum problema em utilizar este material? Lusiane Borges - A recomendação é para que o material seja retirado da autoclave seco e acondicionado em local limpo e sem umidade até o momento da sua utilização. Se a embalagem sair úmida ou molhada, o material deverá ser reembalado e reesterilizado, pois a umidade provoca o surgimento de pressão negativa no interior da embalagem, o que ocasiona a entrada de ar externo e a possível recontaminação do material recém-esterilizado. Exceções são feitas aos materiais que são esterilizados em autoclaves “Flash” e utilizados imediatamente após a esterilização, lembrando sempre que, neste caso, a autoclave deverá estar próxima ou no mesmo ambiente onde o material será utilizado. Envie suas dúvidas relacionadas à biossegurança odontológica para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br.

*Cirurgiã-dentista pela UMESP, São Bernardo (SP). Formada em Biomedicina pela UNISA/ UNIFESP. Especialização em Microbiologia pela Faculdade Oswaldo Cruz, São Paulo. Especialista e Pós-Graduanda em Controle de Infecção em Saúde pela UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos para ASB/TSB na APCD e na ABO. Autora-Coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”, Editora Santos, 2011. Diretora-Presidente da Biológica Consultoria em Saúde, em São Paulo. Coordenadora da Pós-Graduação da UNINGÁ Santo Amaro, São Paulo. Consultora Científica da Medsteril e da Oral-B, em São Paulo.

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corta tecidos moles, preserva a membrana maxilar, NãoNão corta tecidos moles, preserva a membrana do do seioseio maxilar, melhor acesso, visibilidade e maior segurança o cirurgião. melhor acesso, visibilidade e maior segurança parapara o cirurgião.

PROCEDIMENTOS PROCEDIMENTOS

Pontas de alta durabilidade. Pontas de alta durabilidade.

Foto: Prof. Leandro Matias Foto: Prof. Leandro Matias

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Imagens ilustrativas

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O sistema de pontas CVDentus® para sinus lift. O sistema de pontas CVDentus® para sinus lift.

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Atendimento Atendimento

Fone: (12) 3944-1126 Fone: (12) 3944-1126

CVDentus CVDentus

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Produtos e Serviços Articuladores padronizados Os articuladores padronizados (intercambiáveis) representam uma evolução na relação entre o consultório e o laboratório de prótese. O dentista não tem mais a necessidade de enviar o articulador para o laboratório de prótese. Com o sistema de padronização, os articuladores ficam intercambiáveis “clonados”. Basta o dentista enviar o modelo de gesso para o laboratório e o modelo irá se encaixar no articulador do laboratório sem que exista nenhuma diferença na montagem. O sistema de padronização não traz nenhuma diferença nos procedimentos de montagem, ou seja, para trabalhar com um articulador padronizado, o dentista e o protético não irão alterar em nada a forma de trabalho. O articulador padronizado trás um “disco compensador” colado no ramo inferior, que é o responsável por eliminar qualquer diferença de medidas que o equipamento possa possuir. A padronização é um item opcional, ou seja, você deve comprar o articulador e dizer se gostaria que ele fosse padronizado. Já o articulador modelo 4000 não pode ser fornecido padronizado. www.bioart.com.br

Modelo 7plus

Higienizador para escova dental Preocupada em oferecer produtos que aliam qualidade e bem-estar, a NS Indústria de Aparelhos Médicos amplia sua linha de produtos e apresenta o higienizador para escova dental Steriline 1. Prático, o aparelho é ideal para ser transportado no dia-a-dia, e, inclusive, nas viagens. Integrante da linha Steriline (composta ainda pelos modelos Steriline 2 e Steriline 3 com capacidade para até quatro escovas), o modelo é específico para higienizar uma escova dental por vez, utilizando a tecnologia UV (ultravioleta) como germicida. Desta forma é possível eliminar os micro-organismos nocivos que se acumulam nas cerdas ao longo de sua utilização. Com funcionamento a pilha, o Steriline 1 leva de seis a oito minutos para higienizar a escova. De fácil manuseio, basta colocar as cerdas da cabeça da escova na direção da lâmpada UV e fechar a tampa do estojo. O aparelho desliga automaticamente após o tempo previsto. www.nsam.com.br

Escova dental com partículas clareadoras nas cerdas A Johnson & Johnson do Brasil inova mais uma vez e lança a escova dental REACH® Whitening, única no mercado brasileiro que apresenta partículas de carbonato de cálcio (CaCO3) em suas cerdas centrais, possibilitando a remoção das manchas superficiais existentes no esmalte dental. Com isso, a escova dental REACH® Whitening proporciona benefícios duradouros, ajudando também a clarear os dentes. Outro diferencial do produto é o limpador de língua na parte posterior da cabeça, que ajuda a remover as bactérias causadoras do mau hálito e outras doenças bucais. O pescoço angulado e o cabo emborrachado permitem o alcance das regiões do fundo da boca e maior segurança no momento da escovação, respectivamente. A empresa também apresenta o novo Listerine® Whitening Antimanchas, um antisséptico bucal que previne a formação de manchas amareladas causadas pelo acúmulo de tártaro na superfície dos dentes, além de auxiliar na redução dos germes que causam a placa bacteriana, gengivite e mau hálito. Por não possuir corantes, o uso também é indicado durante tratamentos de clareamento caseiro e realizado em consultórios odontológicos e como apoio na manutenção dos resultados obtidos após o tratamento. www.jnjbrasil.com.br

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Reportagem

Conhecimento compartilhado e renovado 20º Congresso Internacional de Odontologia do Rio de Janeiro reúne cerca de 50 mil pessoas e inova na sua organização para atender à demanda dos participantes.

Imagem: Christian Visval

Por: Leticia Mota Colaboração: Vanessa Navarro

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urante quatro dias, o Rio de Janeiro se transformou num centro de informação, troca de experiência e negócios relativos à odontologia. Isso porque, cerca de 50 mil pessoas, entre congressistas, visitantes e expositores circularam pelos pavilhões do Riocentro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, durante o 20º Congresso Internacional de Odontologia do Rio de Janeiro (CIORJ), que aconteceu entre os dias 20 e 23 de julho. O evento técnico-científico e comercial contou com uma diversificada programação científica e eventos paralelos, como o XII Congresso Mundial de Odontologia Militar e o IV Congresso das Regionais da ABO-RJ (CORA). Além disso, o CIORJ 2011 abrigou a 18ª Feira de Produtos Odontológicos, onde cerca de 300 empresas apresentaram as novidades do mercado de odontologia. “O 20º CIORJ foi fruto de muito esforço de uma equipe comprometida que trabalhou incansavelmente durante meses para que tudo saísse de acordo com o planejado. A marca de nosso trabalho vem sendo a ousadia, e isso deu certo. Pudemos ver que acertamos na receptividade dos participantes às nossas propostas de formato diversificado das atividades que atraíram 35% a mais de inscrições de profissionais e estudantes, em relação ao evento de 2009. É preciso levar em consideração que os dentistas brasileiros são admirados por seus colegas de todas as partes do mundo e

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que, organizar um evento para seduzi-los a participar requer uma programação de alto nível, e foi isso que oferecemos”, explica Paulo Murilo Fontoura Junior, presidente do CIORJ. Presidente da ABO-RJ, Dr. Paulo Murilo Oliveira da Fontoura destacou a inovação como foco desta edição, que organizou as atividades científicas por meio do sistema de módulos e ofereceu cursos e palestras com os temas mais diversificados, tendo sempre em comum a saúde bucal como ponto de partida. “Oferecer as atividades científicas por meio do sistema de módulos foi a forma que encontramos de os participantes não ficarem mais perdidos em meio a tantas opções. Para quem gosta de Estética, havia o módulo de Estética; para os que preferem a Endodontia, módulos de ‘Endo’, assim como tantas outras especialidades. Separamos os módulos por especialidade, criamos módulos específicos para os acadêmicos, outro para os ortodontistas, outro para os periodontistas, e por aí seguimos. Foram mais de 500 profissionais participando dessa disseminação conjunta do conhecimento, e o modelo parece ter sido aprovado”, garantiu.

Cerimônia de abertura do evento Várias autoridades da Odontologia Nacional compareceram à sessão solene de abertura do 20º Congresso Internacional de

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Reportagem

Imagem: Arthur Vídeo Produções

Programação intensa e diversificada Com a saúde bucal como fio condutor, a programação do 20º CIORJ foi bastante completa, e contou com temas atuais e variados, abrangendo diversas áreas da Odontologia. Trazendo à tona assuntos relevantes e polêmicos da atualidade, que permitiram à comunidade odontológica fazer reflexões profundas sobre os assuntos discutidos, o programa de atividades científicas foi dividido em oito módulos relacionados a cada especialidade: 27 palestras de Estética, 14 de Implantodontia, 12 de Cirurgia, 20 Acadêmicas, 20 Clínicas, nove de Endodontia, 12 de Ortodontia e nove de Periodontia. Além disso, os participantes podiam ainda optar entre os 14 cursos especiais e oito módulos de hands on. Isso, sem falar das 39 conferências e 14 simpósios, que faziam parte das atividades gratuitas do evento, que contou ainda com acontecimentos paralelos, repletos de palestras. Enfim, houve espaço e tempo para que palestrantes, professores, congressistas e participantes pudessem ser apresentados às diversas propostas de tratamentos odontológicos e discutir os prós e contras de cada um deles, pensando na melhor solução para seus pacientes.

Odontologia do Rio de Janeiro (CIORJ), no dia 20 de julho, entre eles o Dr. Paulo Murilo O. da Fontoura Jr., presidente do 20º CIORJ; Dr. Afonso Rocha, presidente do CRO-RJ; Dr. Placidino Brigagão, presidente da Academia Brasileira de Odontologia (ABO; Mara Cristina Demier, representante da Secretaria Estadual de Saúde; Daniel Soranz, subsecretário municipal de Atenção Primária, Vigilância e Promoção de Saúde do Rio de Janeiro; Dr. Outair Bastazini, representante do CFO; Dr. Pedro Pires, presidente da Ordem dos Médicos Dentistas de Portugal; José Luís de Medeiros Amarante Jr., contra almirante médico da Marinha do Brasil; entre outros. “Este evento é a cristalização de todo um trabalho elaborado pelo nosso Departamento de Congressos, que a cada ano prima pela excelência tanto no atendimento ao expositor como na elaboração de uma grade científica de qualidade”, contou Dr. Paulo Murilo da Fontoura, presidente da ABO-RJ. De acordo com o Dr. Newton Carvalho de Miranda, presidente da ABO Nacional, o CIORJ é o maior congresso da rede ABO, e esta é a maior rede de ensino odontológico do mundo.

Periodontite e outras doenças Ao longo doas quatro dias de CIORJ foram apresentados vários módulos com temas de grande relevância na prática clínica, que geraram discussões bastante produtivas, do pós e contras de cada proposta de técnica ou tratamento apresentado. No módulo de Periodontia, por exemplo, Ricardo Fischer, Mestre e Doutor em Periodontia pela Universidade de Lund, Suécia e Professor titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), alertou sobre como a periodontite pode interferir em outras doenças. Mostrando aos congressistas as relações entre a periodontite e doenças cardiovasculares, baixo peso, pré-maturidade, pré-eclâmpsia, hipertensão arterial e doenças renais crônicas, ele reafirmou a importância da multidisciplinaridade necessária entre a odontologia e a medicina. “A relação parece lógica, mas muitas vezes não é feita. A boca faz parte do corpo, e por isso, ao manter a saúde dela conseguimos evitar muitas doenças em outras áreas do corpo”. Ele explica que “a partir do momento que médicos entendem que as periodontites são doenças inflamatórias crônicas, eles percebem a possibilidade concreta da integra-

Para encerrar o CIORJ 2011, no dia 23 de julho, a ABO-RJ comemorou essa 20ª edição do congresso com homenagens às pessoas que contribuíram para o engrandecimento do evento nos últimos anos. A solenidade contou com o apoio do diretor do Museu Salles Cunha, que resgatou a história do CIORJ para homenagear os presidentes da ABO-RJ, diretores, coordenadores técnico­­-científicos e presidentes de todas as edições do congresso. “Esse evento é um reconhecimento da entidade aos nomes que fizeram esse congresso”, diz o presidente da ABO-RJ, Paulo Murilo da Fontoura. “Antes era uma expectativa e hoje é uma realidade. Evoluímos com o tempo, com o advento de novas tecnologias e lançamentos de produtos”, conta o ex-presidente da ABO-RJ, coordenador (1999), presidente (2001 e 2003) e presidente de honra (2007) do CIORJ, Leovirgílio Furtado de Oliveira. Outro homenageado presente era Roberto Schirmer Wilhelm (coordenador geral e membro da comissão técnica-científica/1985), que elogiou a iniciativa. “É uma honra estar aqui. O congresso cresceu, e hoje vemos que valeu a pena nossa dedicação ao trabalho, desde a sede na Avenida 13 de Maio”. O show do cantor Lulu Santos (Lulu Acústico II), que reuniu um público de cerca de três mil pessoas na casa de espetáculos Vivo Rio, coroou o evento.

Imagem: Leticia Mota

Congresso faz história

Dra. Lusiane Borges, cirurgiã-dentista especialista em biossegurança dissertou sobre o tema “Atualização em biossegurança e controle de infecção odontológica”.

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Reportagem Imagem: Leticia Mota

A “Instalação de implantes pós-exodontia na região estética” foi tema da palestra de Mário Groisman, especialista em Periodontia pela UERJ e Mestre em Ciências Dentais pela Universidade de Lund, no módulo de Implantodontia. Ao abordar como o conceito de osseointegração modificou o paradigma reconstrutivo em Odontologia e como o protocolo inicial foi desenvolvido para pacientes totalmente edêntulos, ele apontou que a evolução da técnica permitiu que maior variedade de situações clínicas fosse beneficiada por esta abordagem. Durante a apresentação, ele pontuou diversos parâmetros hoje empregados que possibilitam uma melhor padronização de diagnóstico, permitindo a adequada seleção de situações clínicas indicadas para instalação imediata de implantes pós-exodontia em região de alta necessidade estética.

Concursos científicos atraem mais inscritos e dão R$ 30 mil em prêmios O tema “Provisórios em oito minutos e restaurações estéticas diretas” foi ministrado pelo Mestre e Doutor em Dentística da Unesp Marcelo Bálsamo.

ção médico-odontológica”. Durante as Conferências, que aconteceram gratuitamente ao longo do evento, e contaram com auditórios lotados por estudantes, profissionais e visitantes, o tema biossegurança foi destaque na palestra “Atualização em biossegurança e controle de infecção odontológica” da Dra. Lusiane Camilo Borges. Biomédica formada pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e Cirurgiã-Dentista pela Universidade Metodista de São Paulo (Unimesp), com Pós­Graduação, Pesquisa e Difusão Cultural em Microbiologia pela Universidade Oswaldo Cruz, a especialista mostrou que, atualmente, a biossegurança é preocupação mundial em todos os serviços de saúde de qualidade, e deve ser levada à serio. Ela lembra que não só a AIDS e a tuberculose multirresistente, entre outras doenças emergentes, preocupam os órgãos internacionais de saúde. “A Organização Mundial de Saúde elegeu a Hepatite C como a Doença do Terceiro Milênio e alerta para a real necessidade de prevenção. Assintomática em mais de 90% dos casos e de tratamento complexo e caro, a Hepatite C é de fácil transmissão em atividade de risco e não possui vacinas disponíveis até o momento. Por isso, o protocolo de Biossegurança é tão importante, e só é viabilizado quando o profissional toma consciência de sua importância no contexto geral da saúde de seu paciente”, alerta. Seguindo a máxima de que a prática leva à perfeição, os Hands On foram um verdadeiro sucesso do CIORJ 2011. Com inscrições esgotadas, as aulas se tornaram locais propícios para o encontro de novas e antigas gerações de profissionais aprenderem novidades sobre diversos temas, como restaurações em resina composta, Strong SW, endodontia molar em 50 minutos, entre outros. Ao longo de quatro horas, os participantes do hand on “Provisórios em oito minutos e restaurações estéticas diretas”, ministrado pelo Mestre e Doutor em Dentística da Unesp, Marcelo Bálsamo, puderam aprender um pouco mais sobre a técnica descomplicada para confecção de provisórios de longa duração. Na aula prática, o especialista mostrou também as diferenças entre acrílicos convencionais e bis-acrílicos; ensinou como bloquear a dentina manchada e fundos metálicos em restaurações diretas e como fazer ‘mock-ups”. “O uso de materiais provisórios para ensaios restauradores são muito eficientes e práticos”, avalia.

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Um dos grandes destaques da 20ª edição do CIORJ foi o concurso de Painéis Científicos, que contou com o maior número de inscritos em relação às edições anteriores e ofereceu R$ 30 mil em prêmios. Para o presidente do CIORJ, os concursos são o novo foco de investimento da organização do evento, e contam com um número cada vez maior de participantes dispostos a mostrar seu trabalho. “É um prazer poder perceber o interesse dos profissionais em participar dos nossos concursos científicos e oferecer ao vencedor a oportunidade de expor seu trabalho no congresso de Nova Iorque, com as despesas pagas pela ABO-RJ”, avalia. A Comissão Científica recebeu 934 inscrições de trabalhos. No concurso de Painéis Científicos, que foi patrocinado pela Oral ­B, participaram 686 trabalhos, e no Concurso de Apresentações Orais, 45. Para avaliação, a comissão dos Concursos Científicos foi composta por Vitoria Esteves Salgado, Camila Nassur, Carolina Miller, Martinna Bertolini e coordenada por Vinícius Esteves Salgado, que contaram com a ajuda de 72 professores. A estudante de odontologia Débora Cristina de Almeida foi a vencedora do concurso de Painéis Científicos e levou o grande prêmio do CIORJ 2011: uma viagem, com todas as despesas pagas, para participar do “The 2011 Greater New York Dental Meeting”, que acontecerá em novembro, nos Estados Unidos. A CD Débora, que estuda no 7º período do Centro Universitário Newton Paiva, em Belo Horizonte, desenvolveu o projeto de iniciação científica durante um ano. “Este trabalho multidisciplinar

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Reportagem foi realizado entre os cursos de Odontologia e Farmácia. Procuramos, desde o início, fazer um trabalho sólido e consistente, com a participação efetiva de todos os integrantes do grupo. Ao término da pesquisa, fomos reconhecidos como o melhor projeto, conquistamos o 1º lugar geral no XI Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário Newton Paiva e ganhamos o Concurso Científico do CIORJ! É gratificante ver os frutos desta pesquisa por todo esforço e empenho realizados. Valeu à pena a dedicação. Fiquei imensamente feliz com o prêmio e será fantástico expor este trabalho no “The 2011 Greater New York Dental Meeting”, conta.

A estudante de odontologia Débora Cristina de Almeida foi a grande vencedora do concurso de Painéis Científicos e levou o grande prêmio do CIORJ 2011.

União em prol dos dentistas brasileiros Durante o CIORJ 2011, um momento especial marcou o evento: no último dia, o Conselho Deliberativo Nacional (CDN) da ABO Nacional recebeu a visita das diretorias da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD) e da Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas (ABCD). Depois de vários anos e uma divisão sem precedentes, foi a primeira vez que as três diretorias compuseram uma mesa diretiva juntas e declararam que os interesses do dentista brasileiro tem que estar acima das vaidades e dos projetos pessoais de dirigentes de entidades. “Um momento histórico e um passo importante em uma agenda a ser construída em conjunto pelas três entidades para discussão de ações concretas em benefício da classe odontológica”, assim definiu o secretário geral da ABO, Dr. Marco Vasques, responsável pelo convite à visita das coirmãs ao CDN. O vice-presidente do CDN, Dr. Luiz Varrone (ABO-TO), falou da alegria e da responsabilidade de presidir a mesa em uma hora tão importante. Dr. Silvio Cechetto, presidente da ABCD saudou o presidente da ABO-SP, Dr. José Silvestre, e se emocionou ao falar da saudade em retornar a uma reunião do CDN. Lembrou ainda que o vice-presidente da ABO, Dr. Manoel Mello, logo após a eleição da atual diretoria, foi o primeiro a procurá-lo para dizer que a ABO estava pronta para o diálogo em prol da odontologia. Os presidentes Dr. Newton Miranda (ABO) e Dr. Adriano Forghieri (APCD) ressaltaram o compromisso de trabalharem lado a lado na defesa dos interesses comuns das associações e acima de tudo do profissional cirurgião-dentista. Compuseram a mesa também, o tesoureiro geral da ABO, Dr. Wesley Toledo; o vice-presidente da APCD, Dr. Wilson Chedieck; e o assessor internacional da APCD, Dr. Everaldo Nazareh.

Novidades no mercado Aproximadamente 310 empresas foram distribuídas nos 22.700 m2 da área de exposição comercial da 20ª edição do CIORJ. Ao circularem pela feira, dentistas do Brasil e do mundo puderam conhecer o que há de mais moderno no setor de odontologia. Segundo o presidente do evento, Dr. Paulo Murilo Fontoura Júnior, o CIORJ é tradicionalmente um momento “para bons negócios”, especialmente por ser um evento realizado somente a cada dois anos. Entre os dias 20 e 23 de julho, os cirurgiões-dentistas tiveram acesso aos produtos e serviços mais avançados do mercado odontológico mundial. O Clinpro XT Varnish foi apresentado pela 3M do Brasil. O produto oferece uma camada protetora para os túbulos dentinários e alivia a hipersensibilidade dos dentes, além de apresentar longa duração, garantindo seis meses de alívio em apenas uma aplicação. A Carestream Dental, fabricante exclusiva da Kodak Dental Systems, exibiu durante a exposição o Sistema Kodak RVG 6500. O sensor intraoral fornece imagens de alta qualidade, possui design confortável e a durabilidade que os profissionais de odontologia necessitam. A Colgate apresentou sua extensa linha de produtos para o tratamento e higienização bucal. Destaque para os cremes dentais: Colgate Sensitive Pro-Alívio, indicado para pessoas com hipersensibillidade dentinária; e o Colgate Total 12, com propriedades antibacterianas. A Conexão Sistemas de Prótese apresentou a linha periodontal com vida natural precisa na vedação, o que proporciona saúde, harmonia, estética e longevidade na região que aloja o implante: o osso, a gengiva e o próprio implante. Grandes novidades para os cirurgiões-dentistas foram apresentadas pela D 700. Destaque para os equipamentos de diagnóstico por imagem: RX Coluna Móvel e o RX Parede; e para os consultórios 4T Flex e 3T Cart, que apontam uma ótima relação custo x benefício. A Dabi Atlante exibiu novas soluções em equipamentos odontológicos na área de diagnóstico por imagem, a linha Pross de implantes e componentes, além da exclusiva tecnologia do B-Safe, que assegura a biossegurança no consultório. Os sistemas de implantes Supreme e HI foram os destaques da Dentoflex. O Supreme Cone Morse conta com um indexador no interior da plataforma protética do implante. Já o HI Ósseocompressivo apresenta captura direto da embalagem, ambos os implantes são indicados para todos os tipos de ossos. A Dentsply mostrou, durante o evento, seu portfólio diversificado para o mercado odontológico. Entre os produtos: o PathFile, uma nova e revolucionária solução rotatória de níquel-titânio; e o Precise, silicone de condensação com agradável sabor de menta. A DMC apresentou o único laser de alta intensidade de potência com registro da Anvisa. O Thera Lase Surgery é indicado para cirurgias de tecidos moles para otimizar o processo de cicatrização. O equipamento possui as funções de emitir luz laser infravermelha de alta potência e luz laser infravermelha de baixa potência. A FGM, que atua no mercado odontológico desde 1993, exibiu toda a linha Whiteness para clareamento dental. A linha oferece produtos indicados para tratamentos caseiros ou em consultório. A Gnatus destacou as peças de mão coloridas. O objetivo é

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Reportagem dar mais vida e descontração aos consultórios odontológicos. Fabricadas em alumínio, as peças são mais leves e podem ser adquiridas avulsas ou em kits. A Johnson & Johnson compareceu ao evento para apresentar os novos produtos que compõem a linha Whitening: a escova Reach® Whitening com partículas de carbonato de cálcio; e o Listerine Antimanchas, que chega ao mercado como reforço na manutenção de tratamentos de clareamento. O Extrator Dentário Neodent, que apresenta maior facilidade e segurança é um dos lançamentos da empresa. A Neodent ainda divulgou o Kit Cirúrgico Compacto, que permite de maneira versátil a instalação dos principais implantes utilizados nos consultórios odontológicos. O clareador dental Total Blanc foi apresentado pela Nova DFL. O produto libera grande quantidade de radicais livres que rompem as duplas ligações, tornando os dentes mais claros e mais bonitos. A linha Pro-Saúde, composta por creme dental, escova de dentes, fio dental e antisséptico bucal foi apresentada pela Oral B. Estudos comprovam a eficiência dos produtos no controle da placa bacteriana. O espaço reservado para a Redecard atraiu um grande número de visitas. Os profissionais se dispuseram a tirar as dúvidas dos cirurgiões-dentistas em relação aos cartões e serviços oferecidos pela empresa. A Ruca Equipamentos Odontológicos, empresa com 40 anos de história e exportação consolidada em 28 países, exibiu todas as linhas de produtos direcionados aos profissionais de saúde bucal, desde peças de mão até consultórios odontológicos. O único mocho do mercado que dá sustentação ao dentista por meio do esqueleto ósseo foi apresentado pela Salli. O formato de sela de cavalo foi desenvolvido com o objetivo de melhorar a postura, fornecendo conforto e aumentando a produtividade do cirurgião-dentista. A SIN – Sistema de Implantes esteve presente no evento para expor a linha Strong SW, que pode reduzir o tempo de tratamento, eliminar a necessidade de enxerto ósseo (mesmo em pacientes com perda óssea acentuada), com resultado final mais harmonioso. A Sorridents, rede de franquias de clínicas odontológicas, também marcou presença na feira comercial, apresentando os benefícios dos serviços oferecidos aos profissionais de saúde bucal. A Talmax trouxe para o Brasil o novo modelo M3 do sistema CAD/CAM da Zirkonzahn, que possui trocador de brocas automático e tem os mesmos cinco eixos da unidade de fresagem M5, o que possibilita realizar trabalhos sobre implantes, barra protocolo e fixas extensas. Outra novidade no estande da Talmax foi a Ceramax, uma cerâmica já aprovada por profissionais renomados e que está no mercado com um preço bastante competitivo. A Turma do Bem, projeto social com a missão de mudar a percepção da sociedade na questão da saúde bucal e da classe odontológica com relação ao impacto socioambiental de sua atividade, esteve presente no evento para apresentar aos cirurgiões-dentistas um jeito diferente de “fazer” a odontologia.

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Aproximadamente 310 empresas foram distribuídas nos 22.700 m2 da área de exposição comercial da 20ª edição do CIORJ

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Imagens: Christian Visval

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Entrevista

Uma nova fronteira na odontologia O microscópio odontológico sempre foi muito empregado em território americano e europeu. No Brasil, a utilização do equipamento conta com um pouco mais de 20 anos, um tempo relativamente curto se comparado aos EUA e aos países da Europa. A entrevista com o Dr. Marcos Jacobovitz apresenta um pouco da história do conhecido MO e aponta os benefícios do equipamento na prática clínica. Por: Vanessa Navarro

Dr. Marcos Jacobovitz Mestre e Doutor em Endodontia. Pós-Doutorado em Endodontia pela Hadassa Dental Medicine School- Hebrew University of Jerusalem - Israel. Coordenador dos Cursos de Especialização e Atualização em Endodontia da APCD - São Carlos SP-Brasil. Palestrante no Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Panamá, Costa Rica e Israel.

Odonto Magazine - O microscópio odontológico já é muito utilizado nas clínicas e consultórios dos Estados Unidos e da Europa. Como foi a introdução do equipamento no mercado brasileiro? Dr. Marcos Jacobovitz - Microscópios operatórios são aparelhos já utilizados há várias décadas, todavia permanecem revolucionários e apresentam-se como recurso indissociável a uma prática de excelência em odontologia. O conhecimento de todo seu potencial desperta no clínico a certeza de que a qualidade no diagnóstico e no tratamento passa por este instrumento de trabalho. Suas vantagens para uso clínico já são reconhecidas pela medicina há mais de 75 anos. Em odontologia estes importantes coadjuvantes de nossa terapêutica foram utilizados pela primeira vez há exatos 30 anos pelo Dr. Garry Carr, endodontista de San Diego, EUA. No Brasil, o emprego e manufatura de microscópios não são recentes, beirando pouco mais de duas décadas. Contudo, a difusão da microscopia odontológica, ao longo deste período, tem sido lenta e quase restrita aos centros avançados de ensino e pesquisa. Apenas nos últimos anos é possível perceber uma inversão nesta tendência: é cada vez maior o número de profissionais brasileiros que buscam cursos de aperfeiçoamento em microscopia, além de divulgarem esta tecnologia como diferencial em seus atendimentos. Odonto Magazine - O microscópio odontológico, antes utilizado apenas em casos endodônticos e cirúrgicos, ganhou mais espaço nos consultórios e clínicas. Hoje, para quais tratamentos odontológicos se faz necessário o uso do equipamento? Dr. Marcos Jacobovitz - Quase de maneira irrestrita, o microscópio odontológico pode circular em todas as especialidades da odontologia, inclusive em âmbito técnico para uso em laboratórios protéticos. Três pontos cruciais sustentam esta afirmativa:

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» Microscópios operatórios magnificam e dão visão detalhada dos detalhes anatômicos e patológicos da cavidade bucal. » O sistema de iluminação coaxial dos aparelhos proporciona iluminação superior a quaisquer dos refletores que utilizamos, permitindo ao operador levar a luz na intensidade ideal exigida pelos seus procedimentos e a qualquer ponto de seu campo de trabalho. » O conforto postural, proporcionado ao profissional quando da utilização destes aparelhos, ajuda a prevenir disfunções ligadas a uma má ergonomia. A soma desses três fatores resulta, sem dúvida, em excelência no trabalho e melhor qualidade de vida para o cirurgião-dentista. Afora todos os benefícios descritos, outra importante vantagem destes equipamentos está relacionada à possibilidade da geração de farta e detalhada documentação de casos clínicos. Filmadoras ou câmeras fotográficas podem ser acopladas aos aparelhos, produzindo material de utilidade didática em ensino e pesquisa; confecção de material publicitário; uso com finalidade jurídica ou simplesmente, o arquivamento de imagens nos prontuários de clientes. Odonto Magazine - Quais são as dificuldades encontradas pelos cirurgiões-dentistas brasileiros para introduzir o microscópio odontológico na prática clínica? Dr. Marcos Jacobovitz - As dificuldades que passa o CD brasileiro para adotar em sua rotina o uso de microscópios operatórios, atualmente já foram bastante atenuadas: o Brasil é produtor e exportador destes aparelhos, com qualidade tecnológica reconhecida internacionalmente. Ademais, cursos de capacitação e aperfeiçoamento de qualidade com profissionais gabaritados são oferecidos nos grandes centros em todas as regiões do país. Tecnicamente, manusear microscópios com conhecimento e obter deles alto rendimento exige treino e disponibilidade para uma leve mudança de paradigmas na rotina do consultório. Algumas variações na disposição dos aparatos utilizados dentro da sala de atendimento, o uso de mochos com apoio para os braços e visão indireta de campo operatório com uso de espelhos de primeiro plano e de boa qualidade são adaptações ligadas ao “modus operandi” que devem ser adotadas pelo profissional. Entretanto, talvez o maior empecilho pode estar relacionado ao valor dos equipamen-

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tos. Para que o profissional possa pesar de maneira crítica a relação custo-benefício no intuito de adquirir ou não esses aparelhos, recomenda-se a frequente participação em cursos de capacitação e a familiarização com a tecnologia. Acredito por outro lado, que se o Brasil seguir uma tendência mundial e introduzir na grade curricular de seus cursos de graduação e/ou pós-graduação a matéria “microscopia clínica”, teremos, em um futuro breve, a presença comum de microscópios na maioria dos consultórios e clínicas odontológicas, a exemplo do que ocorreu em meados do século passado com o uso de aparelhos de raio-X. Odonto Magazine - O que é necessário para que o MO se torne uma solução normal no mercado odontológico? Dr. Marcos Jacobovitz - A mudança de paradigmas, a ruptura da rotina de trabalho, a adequação às novas tendências e tecnologias jamais foram tarefas fáceis ou rápidas. Com esta realidade, a microscopia operatória em odontologia vem convivendo ao longo de vários anos. Entretanto, conforme o exposto, esta é uma tendência que começa a mudar. Com a difusão de seus benefícios, mais profissionais estão buscando o recurso. Por outro lado, durante a formação, estudantes que se graduam com experiência na área certamente incorporarão em sua prática o uso de microscópios operatórios. Odonto Magazine - Quais são os benefícios apresentados pela microscopia na prática odontológica? Dr. Marcos Jacobovitz - Após o primeiro contato com o aparelho, ao cruzar a barreira do “enxergar” o campo de trabalho, muitos odontólogos não escondem sua euforia quanto ao uso destes instrumentos. Não raro, profissionais admitem, após o descobrimento da microscopia operatória, que possuem agora um potente estímulo para muitos anos mais de trabalho. Este recurso traz benefícios preciosos ao cirurgião-dentista. Além de apresentar qualidade apurada no diagnóstico e tratamentos, é também um verdadeiro corretor postural, que impõe ao profissional a ergonomia adequada. O trabalho com coluna reta protege profissionais de futuros infortúnios ligados às doenças ocupacionais . Ao paciente, os benefícios são, por consequência, tratamentos e

diagnósticos mais precisos, restaurações e próteses mais adaptadas e duradouras, tratamentos endodônticos e cirúrgicos mais acurados. Quanto a esta precisão nos procedimentos, ressalto aqui uma experiência pessoal marcante: um paciente que relatava sensibilidade ao frio em um de seus dentes, mesmo após o tratamento endodôntico, retornou ao meu consultório em busca de solução para seu caso. Após algumas sessões e sem êxito, aconselhei ao paciente que aguardasse a chegada do microscópio à minha clínica. Na primeira intervenção com o aparelho, utilizando seus recursos de magnificação, iluminação e sensação de profundidade, pude localizar facilmente um ponto sangrante em uma das paredes do canal radicular e tratar esta ramificação sem quaisquer dificuldades técnicas. A habilidade de localizar canais radiculares de difícil acesso com total precisão antes do uso de microscopia não foi por mim atingida, apesar dos 20 anos de prática em endodontia e dedicação ao ensino e pesquisa. Odonto Magazine - Como os profissionais de saúde bucal brasileiros podem se especializar sobre o tema? Dr. Marcos Jacobovitz - Apesar de existir uma deficiência curricular no ensino superior brasileiro, onde a maioria das instituições ainda não incorporou o ensino de microscopia em seus programas didáticos, facilmente podem ser encontrados cursos de capacitação profissional voltados ao uso de microscopia operatória. Usando mecanismos de busca pela internet, podemos acessar as várias chamadas de associações odontológicas, faculdades e clínicas particulares para cursos de capacitação sobre o tema, suprindo as expectativas de quem quer adentrar na área. Odonto Magazine - Como o cirurgião-dentista deve avaliar a questão da aquisição do MO para seu consultório e/ou clínica? Dr. Marcos Jacobovitz - Vale citar o lema utilizado pelo Prof. Dr. Carlos Murgel de Campinas, uma das autoridades do ensino de microscopia endodôntica no Brasil: “Excelência não é um luxo, é opção”. Esta frase sintetiza todo o aqui já exposto. Atualmente uma odontologia de ponta passa pelo recurso microscopia operatória, portanto, a relação custo-benefício de seu uso deve ser pesada criteriosamente pelo profissional.

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Espaço Equipe

Competências comportamentais e o sucesso da Equipe de Saúde Bucal

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om a abertura de vagas para Equipes de Saúde Bucal, principalmente na Estratégia Saúde da Família, atrelando-se ao aumento da competitividade que o mercado de trabalho atualmente possui, o perfil do profissional de odontologia se torna fator determinante para o sucesso. As competências comportamentais que o profissional apresenta, hoje em dia, são fatores decisivos para contratação. Precisamos ter profissionais com equilíbrio emocional e com boa formação técnica. Poderíamos dizer que ensinar um TSB como inserir um material restaurador em uma cavidade é “mais fácil” do que ensiná-lo a ter empatia ou jogo de cintura. Também é muito mais “tranquilo” mostrar ao ASB como realizar uma escovação supervisionada de qualidade, do que esperar que ele tenha uma comunicação assertiva ou negocie bem. E, em relação ao CD, a dificuldade em orientá­lo quanto ao seu papel de liderança ou visão empreendedora é maior do que atualizá-lo quanto às medicações mais modernas para o controle da dor. A Equipe de Saúde Bucal só pode, de fato, entender como uma equipe se todos os componentes desse grupo tiverem atitudes condizentes com a de um conjunto. O vínculo e a relação interpessoal entre os profissionais dentro de uma sala de odontologia são os segredos para um dia-a-dia bem sucedido. O paciente sente quando ele está em um ambiente onde as relações interpessoais são harmoniosas e bem resolvidas. Portanto, é essencial que o profissional busque ser cada vez mais completo, não só tecnicamente, mas também em suas competências comportamentais. As faculdades de odontologia e os cursos de formação dos ASB e TSB ainda possuem um modelo de educação centrado no tecnicismo, sem preparar os profissionais para o trabalho em equipe. Nossa formação deveria buscar lapidar as competências emocionais que os alunos já possuem naturalmente. Ninguém é 100% bom em todas as competências comportamentais desejadas, é importante lapidá-las. Ademais, deve-se sempre estar em dia com os acontecimentos de nossa profissão, ou seja, é inadmissível que um colaborador de

Dra. Danielle Palacio Cirurgiã-Dentista. Interlocutora de Saúde Bucal do Instituto Israelita de Responsabilidade Social da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Especialista em Saúde Coletiva. Mestranda em Saúde Coletiva. Coordenadora do módulo de Saúde Bucal da Especialização em Saúde da Família e Comunidade do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein. Docente da Equipe Biológica.

saúde bucal não se atualize constantemente, principalmente no que diz respeito às técnicas corretas de biossegurança e às normas de segurança de seus pacientes. Outra situação que compromete um bom desenvolvimento das atividades dentro de um consultório odontológico é a falta de respeito pela atuação dos colegas da mesma ou de outra categoria profissional. Quero dizer aqui que é esperado que um CD respeite seu TSB e seu ASB e o desenvolva, a fim de atuarem bem, dentro dos limites permitidos legalmente. É tão gratificante ver profissionais bem colocados e vestindo a camisa de sua função, sem disputas, havendo somente a somatória de saberes e experiências. Esse exemplo supracitado é esperado também entre ASB e TSB. Segue abaixo uma pequena definição de algumas das principais competências comportamentais importantes para um profissional que deseja atuar na Estratégia Saúde da Família. » Trabalho em equipe: capacidade de se relacionar com os outros colegas, incentivando o trabalho coletivo para um “bem” comum. » Negociação: capacidade de estabelecer acordos em diversas situações onde todas as partes envolvidas saiam satisfeitas. » Empatia: capacidade de se colocar no lugar do outro e entender seu ponto de vista. » Comunicação assertiva: capacidade de se “colocar bem”, no momento certo, sendo objetivo e claro. » Visão empreendedora: capacidade de identificar potenciais nas situações e nas pessoas de forma assertiva, inovadora e adequada. Facilidade em solucionar problemas. Agora, basta refletir quais dessas competências já são fortes em você, para evidenciá-las, e quais são as que requerem melhorias, para trabalhá-las. O desenvolvimento dessas competências também refletirá em seu cotidiano, com sua família e seus amigos! Entrar em uma equipe é fácil, o difícil é permanecer bem consigo mesmo e com seus colegas. Seja feliz! Atualize-se!

* Colaborou na elaboração deste texto: Danielle Machado Lopes, Enfermeira Interlocutora Saúde da Mulher SBIBAE Albert Einstein, Especialista em Obstetrícia, Mestre em Enfermagem, Coordenadora do Módulo de Saúde da Mulher da Pós-Graduação em Saúde da Família e Comunidade - Albert Einstein.

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Voluntariado Educativo Com a missão de promover a cidadania por meio de ações educativas e culturais, o VOE – Voluntariado Educativo, projeto que existe há cinco anos, baseia-se em valores, como o amor, a educação, a saúde, a paz, a participação, a esperança e a alegria.

Por: Vanessa Navarro

Dra. Sandra Vieira Zeferino

Cirurgiã-Dentista. Especialização em Endodontia e Odontologia em Saúde Coletiva. Cocriadora do Projeto VOE – Voluntariado Educativo. sandra.voluntariadoeducativo@yahoo.com.br

Odonto Magazine - Como e quando surgiu o Projeto VOE – Voluntariado Educativo? Dra. Sandra Vieira Zeferino - A VOE- Voluntariado Educativo iniciou seus trabalhos e planejamentos de ações educativas em maio de 2006 em um encontro de amigos no fundo do quintal da minha casa. Eu e a Dra. Gisele Alves fomos inspiradas pelo Grupo de Caminhadas Ecológicas Andarilho da Luz, que na época promovia passeios ecológicos associados à ações sociais na cidade de Capivari, MG. Nestes trabalhos, nós nos conhecemos e, motivadas pelo alcance dessas ações, reunimos amigos e propusemos uma união de forças e ideais que favorecessem à melhoria da qualidade de vida de comunidades em situação de vulnerabilidade social. Iniciada como um simples projeto, em 2008 foi constituída como Organização Não Governamental, com envolvimento de vários voluntários comprometidos com a causa, dentre eles, as Dras. Paula Brasil, Maria Lúcia Faria e Vera Crespo. Tivemos uma primeira fase de promoção de ações junto à comunidade do Aglomerado da Serra, mas percebendo que poderíamos ser mais necessários no contexto de vida de crianças de Casas Lares, fizemos esta importante mudança. Odonto Magazine - Qual é a missão principal do Projeto? Dra. Sandra Vieira Zeferino - A VOE é uma organização que leva solidariedade para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, por meio de ações educativas com foco em saúde bucal, associadas às atividades para saúde geral e geração de emprego e renda. Temos percebido que o que estas crianças mais precisam é de

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amor. E o amor de Deus se manifesta através de cada um de nós quando nos disponibilizamos a nos relacionar uns com os outros. Todas as Ações da VOE são planejadas e executadas pelos voluntários. As parcerias concretizadas têm permitido que nossos objetivos se expandam, passando da inicial fase de educação e prevenção odontológica para então abarcar a parte restauradora e curativa do público-alvo. Odonto Magazine - Qual é o público atendido pelo projeto. Como é realizada a triagem? Dra. Sandra Vieira Zeferino - Nosso público-alvo são crianças e adolescentes abrigados em Casas Lares, instituições que recebem crianças que estão impedidas pelo Conselho Tutelar de estarem junto a seus pais, por motivos de maus tratos ou situação de risco. A seleção é feita por meio da indicação de parceiros competentes e de voluntários da Assistência Social. São escolhidas as Casas Lares consideradas como as menos visitadas por padrinhos e/ou as que mais necessitam de algum tipo de auxílio. As crianças e adolescentes de uma Casa Lar selecionada recebem a visita dos voluntários da VOE, e o núcleo Odontológico se ocupa com a promoção de saúde. Temos feito ações pontuais de promoção em saúde bucal também junto aos índios da etnia Pataxó, em Coroa Vermelha (Bahia), com os devidos consentimentos do Conselho de Ética de Brasília.

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Relacionamento e adolescentes em seus próprios consultórios, utilizando uma tabela própria, custeada pelos parceiros. Dentistas voluntários se encarregam da perícia final que é executada na Casa Lar uma vez ao mês. Odonto Magazine - Existem dados que apontam a melhoria da qualidade de vida aliada à saúde bucal da população atendida pelo projeto? Dra. Sandra Vieira Zeferino - Estamos em contato com este público-alvo há apenas dois anos. Antes, nossas ações eram pontuais, em comunidades do Aglomerado da Serra, nas quais não era possível avaliarmos os resultados, dada a grande variação na presença das crianças. Já nas Casas Lares, com um público mais constante, que permite um olhar de mais proximidade, temos notícias, tanto através dos educadores, como das crianças, de uma maior motivação para cuidar do sorriso. E um sorriso saudável reflete na qualidade de vida, no comportamento e em relacionamentos que direcionam o andamento de cada vida. Sabemos que a autoestima de um indivíduo é afetada quando ele apresenta doenças bucais (cárie, doença periodontal, principalmente se seguidas de perda dental), e assim, queremos contribuir atuando como ferramentas neste processo de readquirir saúde e autoestima.

Odonto Magazine - Os profissionais de saúde que fazem parte da ação recebem treinamentos e/ou cursos de reciclagem periodicamente? Dra. Sandra Vieira Zeferino - Já foi realizada uma calibração interexaminadores entre os dentistas voluntários que participaram do levantamento epidemiológico feito em 2010. Manteremos este padrão para os próximos, e estamos em busca de material educativo que possa ser repassado para cada voluntário. Odonto Magazine - Quais e como são desenvolvidas as ações educativas realizadas pelos profissionais de saúde bucal que integram o VOE? Dra. Sandra Vieira Zeferino - Os profissionais de saúde que integram a VOE participam de atividades de educação em saúde bucal que são executadas nas próprias Casas Lares, utilizando de palestras educativas, aplicação de fucsina e escovação orientada nos Risódromos (escovódromo portátil idealizado pelos voluntários e construído pelas próprias crianças atendidas, feito com canos de PVC, garrafas PET, bambolê, espelho e balde). É feito, em outra visita, um levantamento da condição da saúde bucal, de maneira bem simples, utilizando abaixador de língua, gaze e luz ambiente. Com base nesta coleta de dados inicial, fazemos um projeto específico para cada Casa Lar, e então buscamos parceiros que possam patrocinar a fase restauradora ou curativa. Os dentistas parceiros atendem às crianças

Odonto Magazine - O projeto ainda conta com a realização de serviços administrativos. Quais ações são desenvolvidas junto às comunidades auxiliadas? Dra. Sandra Vieira Zeferino - A VOE conta ainda com a participação de voluntários que se disponibilizam para os serviços de secretaria e administrativo em nossa sede. Ainda não temos secretária contratada, principalmente pela dificuldade na captação de recursos para este fim. As ações educativas com o público-alvo acontecem, normalmente, nos fins de semana, nas próprias Casas Lares, com a participação de vários voluntários. Nosso foco é a educação em saúde bucal, mas através de uma busca de demandas de cada casa, procuramos oferecer, também, o que as crianças mais desejam. Na última Casa Lar visitada, levamos um conjunto de Hip-Hop para interagir com as crianças e adolescentes. E, para uma Casa Lar de meninas já temos voluntários se mobilizando para oferecer à elas um curso de bordado e pedrarias. Acreditamos na busca da saúde integral de cada ser, em todos os níveis, e esperamos que cada ação planejada e executada possa contribuir para a melhoria de detalhes de vida que possam fazer diferença no dia-a-dia de cada criança ou adolescente que tem contato com os voluntários. Odonto Magazine - Como o profissional de saúde bucal deve agir para fazer parte do Voluntariado Educativo? Dra. Sandra Vieira Zeferino - Entrem em contato conosco pelo e­ -mail projetovoe@yahoo.com.br ou liguem diretamente na secretaria, que funciona às quartas e sextas-feiras das 14h30 às 17h30, e converse com um dos voluntários de plantão. Você pode também ser um voluntário colaborador, depositando sua doação em nossa conta na Caixa Econômica Federal, Agência 2255, Conta 823-8, operação 003. Será um prazer enorme poder contar com você! Não é à toa que nosso lema é: VAMOS JUNTOS! Visite nosso site e conheça nossos trabalhos: www.voluntariadoeducativo.com

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Ergonomia: uma importante aliada na prevenção de doenças ocupacionais - Parte I

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Vanessa Camilo Borges

Alexandre Menoncello Ballerine

Graduada em Educação Física. Pós-Graduada em Fisiologia do Exercício. Especializada em GL Ginástica Laboral. Coordenadora Científica e Pedagógica da Biológica. Professora dos cursos de ASB e TSB da Biológica. Membro da diretoria da ALAPOS (Associação Latinoamericana de Pesquisa em Odontologia e Saúde).

Graduado em Fisioterapia. Especialista em Estabilização Segmentar, Fisioterapia e Fisiologia do Exercício. Docente das disciplinas de Ergonomia, Primeiros Socorros e Agentes Infecciosos nos cursos de Auxiliar em Saúde Bucal / Técnico em Saúde Bucal (APCDs e ABO). Pratica Home-Care nas áreas de Neurologia (adulto e infantil), Ortopedia, Geriatria e Cardiorrespiratória. Membro da ALAPOS (Associação Latino Americana de Pesquisas em Odontologia e Saúde).

ste texto tem como finalidade alertar a classe odontológica para este problema, apresentar os quadros clínicos característicos de LER/DORT, os fatores de risco, o tratamento e principalmente a prevenção. Cada profissão apresenta uma série de características específicas de desempenho, que ao longo do tempo, pode levar à instalação de lesões e/ou doenças profissionais. A primeira publicação sobre doença ocupacional no Brasil foi em 1713, quando Bernardino Ramazzini publicou o livro “Doença dos Trabalhadores”. A LER (Lesão por Esforço Repetitivo) foi reconhecida como doença ocupacional e introduzida na adequação da Norma Regulamentadora nº 17 – Ergonomia, através da Portaria nº 3751 de 13 de novembro de 1990. Já o termo DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), foi adotado pelo INSS em 1998, e é o mais preciso para se referir à doença ocupacional. É importante esclarecer a diferença entre LER e DORT. A segunda é muito mais comum, pois determina qualquer lesão ocasionada pelo trabalho, como a própria terminologia determina. Já a LER, é uma evolução de DORT. Quando diagnosticadas em fase inicial, são grandes as chances de cura, o que dependerá muito da disciplina do paciente. Entre 1985 e 1992 o número de profissionais portadores de LER já era superior a 20 mil nas diversas classes trabalhistas, porém o cirurgião-dentista sempre esteve entre os mais atingidos. Este quadro ocorre em função das particularidades da profissão (como adoção de posições inadequadas, uso prolongado de grupos musculares específicos, etc.); de condições ergonômicas inadequadas somadas às exigências do mundo moderno e a disputa de espaço no mercado de trabalho de forma acirrada, fonte geradora de estresse, que constitue fator determinante para o desenvolvimento de LER/DORT. Tendo em vista este panorama, é fundamental que o cirurgião­ dentista conheça as alterações patológicas as quais está exposto, bem como suas causas, afim de que possa se preservar física e mentalmente para o desempenho da profissão. Caso não sejam tomadas providências para prevenir o desenvolvimento

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da doença, o profissional pode ser levado à incapacitação temporária ou até mesmo permanente, em um período onde sua produção é extremamente alta. Normalmente, os sinais e sintomas do DORT podem variar, no entanto, alguns deles são comuns em todos os pacientes, caso da dor intermitente por curtos períodos, que pode ser acompanhada por desconforto e fadiga muscular, recuperados após curtos períodos de repouso. Caso as causas não sejam tratadas, a dor poderá passar de leve ou moderada (e sempre ligada aos movimentos) para muito intensa, com períodos acentuados de piora quando determinados movimentos são executados, dentro ou fora do exercício das funções ligadas ao trabalho. Nesse momento é comum o surgimento da dor noturna, podendo até impedir o sono e causando considerável desgaste psicológico. Segundo o Programa Nacional de Prevenção às LER e DORT (UOL, 2002), esses distúrbios atingem o trabalhador no auge de sua produtividade e experiência profissional. A maior incidência ocorre na faixa etária de 30 a 40 anos. A incidência desse tipo de doença é maior em mulheres. Isso se dá por várias razões, dentre elas pelo o fato de a mulher normalmente ter a musculatura menos desenvolvida e mais frágil em comparação ao homem; apresentarem uma menor densidade óssea e pelo fato de algumas vezes fazerem uso de anticoncepcionais. Outro fator determinante para que haja uma maior incidência de LER/DORT entre as mulheres é o fato de que normalmente elas executam tarefas domésticas após a jornada de trabalho.

Ombros: os mais sofridos Devido aos aspectos inerentes ao desempenho da profissão, os cirurgiões-dentistas têm na articulação do ombro um dos pontos mais atingidos por lesões. Isso se explica pelo fato dessa articulação ser muito complexa, permitindo uma grande variação de movimentos (flexão, extensão, abdução, adução e rotações interna e externa), fato que ao longo da jornada de trabalho e sob a influência de fatores, como a resistência exercida pela gravidade levam esta articulação à exaustão, podendo causar lesões.

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Em 2006, a Anvisa listou alguns dos riscos mais comuns aos quais os cirurgiões-dentistas estão expostos, por meio do documento “Serviços Odontológicos: Prevenção e Controle de Riscos”. São eles: » Físicos: ruído, vibração (caneta de alta rotação, compressor de ar), radiação ionizante e não-ionizante (RX), temperaturas extremas, iluminação deficiente ou excessiva, umidade e outros (equipamento de laser, fotopolimerizador, autoclave, condicionador de ar e etc). » Químicos: poeiras, névoas, vapores, gases, mercúrio, produtos químicos em geral. São causadores destes riscos: amalgamadores, químicos (álcool, glutaraldeído, hipoclorito de sódio, ácido paracético, clorexidina entre outros) e os gases medicinais (óxido nitroso e outros). » Ergonômicos: postura incorreta, ausência de um profissional auxiliar e/ou técnico, falta de capacitação do pessoal auxiliar, atenção e responsabilidade constantes, ausência de planejamento, ritmo excessivo, atos repentinos, entre outros. » Mecânicos ou de acidente (mais frequentes): espaço físico reduzido e/ou inadequado, instrumental com defeito ou impróprio para o procedimento, perigo de incêndio ou explosão; edificações com defeitos, improvisações na instalação da rede hidráulica e elétrica e outros. É necessário que o cirurgião-dentista seja visto como um todo e, a partir daí, consiga despender algum tempo para a preservação da sua saúde, prolongando com qualidade a sua vida útil. Nas próximas edições continuaremos abordando ergonomia. A ideia é apresentar os exercícios de compensação (relaxamento, tração, fortalecimento), com o objetivo de informar, prevenir e tratar doenças ocupacionais que são caracterizadas como um “mal silencioso”.

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Coluna - Periodontia

Escova de dentes é escolhida como a maior invenção do século XX Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes

Cirurgião-Dentista. Odontopediatra. Especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais. Consultor Científico da TePe.

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e perguntarem a você qual foi a maior invenção do século XX, é possível que se lembre do carro, do computador ou do telefone. Mas para os norte-americanos, um povo obcecado por dentes reluzentes e um hálito fresco, a escova de dentes é a maior das invenções desse período. Esta é a principal conclusão de uma pesquisa divulgada pelo Lemelson-MIT Invention Index, do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Na ocasião da pesquisa, os entrevistadores fizeram a seguinte pergunta aos entrevistados: Quais são as cinco invenções essenciais para a vida dos norte-americanos? A escova de dentes ocupou um incontestável primeiro lugar, superando o carro, o computador, o telefone e o micro-ondas, respectivamente. Os investigadores do Lemelson-MIT entrevistaram várias pessoas, em todos as partes dos Estados Unidos. A pesquisa da instituição, praticada há alguns anos, incluiu mil adultos e 400 adolescentes. No total, 54% dos adolescentes e 60% dos adultos disseram acreditar que uma cura do câncer seria a maior “nova” descoberta da humanidade. O fato é que a escova de dentes recebeu o maior número de votos, segundo os investigadores, pois “as grandes invenções não precisam ser, necessariamente, complexas”. A primeira escova de dentes, oficialmente noticiada, foi fabricada em 1498 por um imperador chinês, que usou cerdas de pelos de suínos. Antes disso, achados de ramos mastigados de galhos foram encontrados junto a múmias egípcias e pareciam escovas de dentes. No século XVII o objeto tornou-se popular na Europa. Em curto espaço de tempo as pessoas começaram a se interessar pela novidade. Devido ao alto custo, as famílias pobres eram obrigadas a compartilhar uma mesma escova entre os seus membros. Foi só a partir de 1938 que surgiram as escovas dentárias com cerdas de nylon - o que disseminou o uso deste produto em todas as partes do mundo.

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Isso colaborou com a popularização e a redução do custo desse recurso. Essa inovação impulsionou o consumo das escovas de dentes, que passaram a ser adotadas por grande parte dos cidadãos do mundo. Atualmente, além das cerdas de nylon, outros materiais de excelente qualidade estão disponíveis em inúmeras versões, com desenhos e finalidades variadas, para atender a prática total da higiene bucal. Com o aumento do poder aquisitivo e do interesse da população em investir na melhor preservação da saúde e da estética bucal, surgiram modelos variados de escovas dentárias destinadas às inúmeras recomendações dos profissionais de odontologia. Um dos maiores diferenciais das propostas modernas de higiene bucal é o da preocupação tanto com a escovação das áreas livres dos dentes (partes voltadas para a bochecha, língua e céu da boca), quanto dos espaços entre dentes. Isso estimulou a produção de uma vasta literatura de apoio científico, que respalda o uso das escovas interdentais como alternativa vantajosa ao fio dental ou como parceira deste na melhor higiene entre dentes. Existem inúmeros tipos de escovas interdentais - com calibres variados - e que podem atender a necessidade de higiene dos espaços entre dentes da grande maioria das pessoas - sem distinções ou recomendações outras, que não a de observar o calibre adequado dessa escova para a higiene dos espaços entre dentes de cada paciente. Outra vantagem das escovas interdentais diz respeito a maior durabilidade e a possibilidade de inserção do creme dental na sua estrutura. Isso permite que este valioso complemento da higiene consiga atingir uma região anteriormente ignorada - a dos espaços entre os dentes. Além das escovas para dentes também existem as que estão voltadas a higienização dos implantes e os vários tipos de limpadores linguais - apropriados para a higiene desta superfície apta a retenção de biofilme bucal e de restos alimentares (também chamados de saburra lingual, nestas circunstâncias). O fato é que a escova permanece como uma invenção dinâmica, em constante estado de renovação e de adequação com as novas realidades tecnológicas e científicas da odontologia. É isso o que respalda, e seguirá respaldando, a recomendação dos nossos colegas dentistas e a rotina de higiene bucal dos nossos pacientes.

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Coluna - Pacientes Especiais

Preservando nossos Pacientes Especiais “É muito mais importante possuir compreensão clara dos princípios gerais, sem considerá-los leis fixas e definitivas, do que sobrecarregar a mente com um conjunto de técnicas minuciosas... Para o pensamento criador é mais importante ver a floresta do que as árvores”. William Beveridge

José Reynaldo Figueiredo Cirurgião-Dentista. Odontopediatra. Especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais.

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illiam Beveridge foi um economista e reformador social que trabalhou com Sir Wiston Churchill, Primeiro­ Ministro Inglês, na reconstrução da Grã-Bretanha, durante e após a Segunda Grande Guerra. Beveridge recomendava que o governo inglês encontrasse formas de combater os cinco grandes males da sociedade: a escassez, a doença, a ignorância, a miséria e a ociosidade. O Plano Beveridge, de 1942, era um plano de segurança social extensiva, baseado no argumento da universalidade, posto que as necessidades não atendidas repercutissem sobre toda a sociedade, portanto, todos deveriam ter acesso aos serviços de saúde. Mas, e daí? O que tem Beveridge a ver com os pacientes com necessidades especiais? Você deve estar se perguntando. Nada. Ou tudo, se olharmos suas palavras com carinho. Se analisarmos os males a que se refere o economista, todos têm praticamente uma ligação com os PNE, e mesmo a ociosidade mostra o descaso em que muitas vezes são tratados esses pacientes. Porém, fundamentado em questões sociais do século passado, Beveridge ainda nos brindou com uma citação, a qual nos remete à essência da Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais: a necessidade de sermos criativos. Não, não se trata aqui de abdicarmos de uma forte base de estudos e do rigor científico, mas a questão é: apenas os especialistas conseguirão dar conta da alta demanda que essa população requer? Os dados mais recentes do Conselho Federal de Odontologia mostram que apenas 445 profissionais são especialistas na área, e esse número tende a crescer lentamente devido ao pouco empenho de direções das faculdades e de entidades profissionais. Tradicionalmente, a Odontologia tem sido focada em técnicas

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educacionais e motivacionais para prevenir ou controlar as doenças bucais. Os profissionais de Odontologia têm procurado oferecer aos pacientes programas eficazes de tratamento, mas não há “receita de bolo” para tratar esse paciente. Pacientes com necessidades especiais requerem criatividade, imaginação, experimentação e pesquisa, por isso para a realização de um plano realístico de tratamento é necessário o conhecimento da causa das patologias nesses indivíduos. As classificações existentes, mesmo idealizadas com afinco por quem as propõem, ainda são discutíveis; e fica difícil entender os PNE sem o uso da criatividade (...) e experiência prática. A criatividade parece não ser tão desenvolvida quando do ensino de Odontologia. Claro que existem mestres preocupados em desenvolver seus pupilos no decorrer dos cursos, mas geralmente eles se pautam em seguir a programação pré-concebida e tchau. Levando em conta a Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais, a situação é mais contundente (isso quando a escola se dispõe a “ensinar” essa disciplina para seus graduandos). A preocupação com as complexidades da saúde do paciente às vezes tornam o atendimento tão ortodoxo que impede de buscar soluções adequadas às idiossincrasias de cada indivíduo. Afinal quem é esse “paciente”? Inicialmente eram indivíduos que apresentavam desvios de padrão de normalidade, especificamente deficiência física e intelectual, e foram denominados “pacientes excepcionais”. Em 1981, sob os auspícios da Associação Americana de Odontologia (ADA), os periódicos da Associação Americana de Dentistas de Hospitais, da Academia de Odontologia para Pessoas com Deficiências e da Sociedade Americana para Odontologia Geriátrica uniram-se para formar um único periódico: Special Care in

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Dentistry (SCD). Esta foi a primeira vez que o termo “special care” (cuidados especiais) foi usado dentro da profissão. Glassman e Miller, em 1998, propuseram que o termo “paciente com necessidades especiais” se referia às pessoas que apresentavam deficiências médicas, sociais, psicológicas ou físicas. Isso tornava necessário modificar o curso normal de um tratamento odontológico. Para Ettinger, os termos “Special Care Dentistry” e “Special Needs Dentistry” se tornaram, essencialmente, sinônimos. Com o passar dos anos, essa terminologia “paciente excepcional” acabou por se tornar extremamente restritiva e foi substituída por “paciente especial”, por ser mais abrangente e por englobar outras alterações além das deficiências físicas e intelectual. Atualmente, o termo “paciente com necessidades especiais” (PNE) é considerado mais elucidativo. Com o conceito de “limitação de capacidade” utilizado pela Organização Mundial da Saúde, estima-se que hoje, no Brasil, mais de 100 milhões de pessoas estejam direta ou indiretamente envolvidas com pessoas com necessidades especiais. Obviamente não podemos depender apenas dos especialistas e dos abnegados profissionais, que tentam de uma forma ou de outra dar algum tipo de atenção aos PNE, mesmo sem mínima formação técnica. Precisamos de todos que possam ajudar. Estudem um pouco mais, peçam ajuda a quem tem mais experiência, mas principalmente sejam criativos. Garanto para vocês, sem estudos mais aprofundados, 50% daqueles que consideramos “especiais” são tratados por qualquer cirurgião-dentista formado no mês passado. Os números parecem exagerados, se não tivermos boa vontade. Mas são números expressivos e que apesar da frieza com que são apresentados significam gente, pessoas que estão ao nosso lado, fazem parte do nosso pedaço, vão à nossa praia, frequentam 100 nosso shopping. 95 Você não está vendo? Olhe para o seu lado! Se necessário, abra mais o olho! Se ainda não conseguiu ver, tente olhar para dentro de si mesmo! 75 A sociedade generosa, boa de viver, será aquela na qual houver justiça social somada à liberdade democrática e à sustentabilidade, isto é, ao respeito à natureza e preservação de seus recursos e de seus participantes. Preservemos nossas “florestas” e nossas “árvores”. 25

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Coluna - Gestão Odontológica

Tendências da sociedade e do mercado odontológico: apostas para 2011 e 2012 - Parte I “Há três coisas que nunca voltam atrás: a palavra proferida, a flecha desferida e a oportunidade perdida”. Provérbio Chinês

Felipe Chibás Ortiz

Diretor da Consultoria Perfectu. Psicólogo. Mestre e Doutor pela USP em temas de Gestão e Comunicação Organizacional. Especialista em Marketing Direto pela Universidade Alcalá de Henares, Espanha. Autor de 11 livros publicados em vários países.

Claudia Firmino de Freitas

Diretora da Perfectu. Odontóloga. Especialista em Ortodontia e em Atendimento e Fidelização ao Cliente pela Universidade Politécnica de Madrid, Espanha.

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cada início de um novo ano, sempre aparecem os vaticínios, prognósticos, gurus e “Peters Druckers” de plantão que oferecem sua opinião sobre como será o ano do ponto de vista das tendências de consumo. Sem querer imitá­-los, queremos deixar registrada nossa opinião, fruto de nossas pesquisas e da observação direta do mercado e dos nossos clientes do segmento. Jill Fehrenbacher, CEO do site Inhabitat, listou alguns temas e orientações sobre tendências de mercado. Também a empresa MoIP e o site Trendwatching divulgaram uma lista com tendências de consumo para 2011. Nós fizemos a adaptação dessas tendências gerais para o mercado odontológico e o da saúde. A seguir mostramos a nossa releitura: » Consumo colaborativo: é um termo utilizado para descrever os diferentes modos de uma família ou empresa poupar dinheiro e reduzir o próprio consumo, seja por meio do escambo, trocas ou propriedades fracionadas de produtos. Hoje, os consultórios, clínicas e demais serviços odontológicos estão cada vez mais preocupados com entender o funcionamento de seu negócio, do ponto de vista financeiro, e diminuir custos » Ecossuperior: declínio na venda de produtos projetados para se tornarem obsoletos em pouco tempo. Isso não só servirá para que os consumidores poupem mais, mas também ajudará na preservação de recursos naturais e na redução da quantidade de lixo. Assim, cada vez mais, as pessoas em geral e os profissionais da saúde (em particular), farão menos cópia impressa dos exames realizados, apenas os enviarão de forma digital e via e-mail quando necessário. » Reduzir, reciclar e reutilizar: as preocupações quanto ao lixo e à

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diminuição de recursos cresceram. Alguns negócios passaram a se preocupar com a redução do desperdício e do consumo, entre eles o ramo da odontologia e o da medicina. Cresce cada vez mais a preocupação com o lixo hospitalar, sendo este coletado e separado do lixo comum para não gerar poluição para o meio ambiente. » Compras sociais e grupos de compras: incremento das compras de livros de texto da área odontológica, médica e de saúde em geral por via de sites de venda de livros e dos sites de venda coletiva. Também da compra de material cirúrgico e odontológico em geral. » Ações locais: negócios locais também podem se beneficiar dessa tendência graças a uma maior sensibilização da comunidade para fazer parcerias com os negócios próximos, no próprio bairro. Assim, por exemplo, hoje existe uma maior compreensão por parte de consultórios, clínicas e organizações do setor da necessidade de fechar acordos com as escolas e empresas próximas para ter maior fluxo de pacientes/clientes. » Tecnologia e internet: novos negócios ligados a aplicativos móveis serão criados para o setor odontológico e da saúde. Valorizar-se-á o uso do Ipad e celulares conectados na “net” pelos profissionais e organizações da saúde. A venda de smartphones deve aumentar bastante e o acesso à internet móvel mudará o modo de navegação. Mesmo assim, o lap top continuará tendo o lugar de destaque entre estes profissionais. Usar-se-ão mais os disparos de e-mail e mensagens de celular para marcar e remarcar consultas, passar lembretes, avisos, etc. Crescerá o fluxo de diagnósticos realizados ou enviados online, assim como os softwares utilizados para fins administrativos de clínicas, hospitais e demais serviços de saúde. Será incrementado o papel das mídias sociais como forma de divulgar os serviços, para saber o que o paciente e seus familiares querem e para interagir com os mesmos. www.perfectuodontologia.com.br

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Caso Clínico

Clareamento com Whitness HP Blue com cálcio em paciente com sensibilidade dentinária: uma alternativa viável de clareamento

Ricardo Léllis Marçal Especialista e Mestre em Dentística Restauradora – CPO São Leopoldo Mandic - Campinas – SP. Professor de Dentística e Clínica Integrada – Faculdade de Odontologia –UNIRG-TO. Coordenador e Professor dos Cursos de Especialização em Dentística ABO-TO (Palmas), Atualização em Odontologia Estética ABO-PA (Redenção) e CEOM (Gurupi-TO).

ricardodentistica@uol.com.br

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procura por tratamentos estéticos nos consultórios odontológicos é cada vez maior. Os pacientes procuram os profissionais da odontologia em busca de um padrão de beleza que é mostrado na mídia (personalidades do meio artístico) e passa a ser o “sonho” de consumo das pessoas que estão fora deste meio. Este padrão de beleza é definido através de dentes brancos, bem alinhados e contornados. Na odontologia estética, este “sonho” pode ser alcançado por diversos tipos de tratamentos, entre eles os clareamentos dentais, remodelações estéticas por meio de resinas compostas ou lâminas de porcelana. Dos diversos tipos de clareamento (caseiro, consultório ou conjugado), a técnica realizada no consultório é bastante utilizada, devido a comodidade de aplicação, onde o paciente não necessita aplicar o produto em casa1,2 e pela simplicidade e facilidade da técnica, embora o clareamento caseiro seja utilizado desde a década de 1980 preconizado por Haywood e Heymann3 com sucesso e com evidências científicas 4, o clareamento no consultório aumentou muito e, nos últimos anos, vários produtos de aplicação no consultório sem ativação por luz têm sido lançados no mercado.

Caso clínico A paciente procurou o serviço odontológico para tratamento

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de clareamento em dentes polpados e relatou seu grande desejo de ter os dentes mais “brancos”, porém desanimada por sentir grande sensibilidade dentinária, principalmente com variações de temperatura. Após procurar alguns profissionais que contraindicaram este tratamento pela hipersensibilidade apresentada, resolveu procurar por alguma alternativa que conseguisse recuperar a “cor” de seus dentes e com isso melhorar sua autoestima. Após uma anamnese detalhada, onde se avaliou condições sistêmicas, hábitos alimentares e de higiene, histórico de doenças e qualquer outra informação relevante para o tratamento em questão e para tratamentos futuros, realizou-se um exame clínico, onde foram examinados dentes e tecidos moles, onde uma importância maior foi dada aos dentes, para verificar presença de trincas de esmalte, desgastes incisais, retrações gengivais, dentina exposta por lesões cervicais não cariosas e qualquer outro fator relacionado com hipersensibilidade dentinária. Foi indicada a realização de clareamento com peróxido de hidrogênio a 20% com cálcio em sua composição (Whiteness HP Blue - FGM). A escolha do produto foi determinada após a anamnese e exame clínico, onde foi preterida uma concentração mais baixa do peróxido e sem ativação por fonte luminosa (devido à sensibilidade pré-existente), além da presença do cálcio que aumenta a microdureza inicial do esmalte

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Caso Clínico

Figura 1

Figura 2

Fotografia de sorriso inicial.

Fotografia inicial intrabucal.

Figura 3

Figura 4

Detalhes de excessos de resina composta (dente 11) devido a utilização de aparelho ortodôntico e inadequado acabamento e polimento após a remoção do mesmo.

Seleção de cor inicial com escala Vita Classical antes do polimento e profilaxia.

após clareamento, além de diminuir a sensibilidade pela liberação de cálcio e vedamento dos túbulos dentinários. A paciente relatou que usou aparelho ortodôntico por três anos e mesmo após a remoção do mesmo foi possível verificar a presença de resina composta remanescente em alguns dentes pelo acabamento e polimento inadequado após sua remoção. Na figura 3 observa-se esse excesso no dente 11, que causava maior retenção de biofilme além de um discreto aumento do croma nesta região pela descoloração da resina. Foram realizadas as fotografias iniciais para um posterior acompanhamento do clareamento (figuras 1 e 2) e seleção da cor inicial do dente (figura 4). Foi agendada a primeira sessão de clareamento no consultório. Na primeira sessão de clareamento, inicialmente foi realizada uma profilaxia com pedra-pomes com água e taças de borracha, posteriormente os lábios da paciente foram lubrificados com creme hidratante, e um afastador labial com um retentor lingual (para promover um controle da língua) e descanso de mordida foi colocado (ArcFlex – FGM). Uma barreira gengival (figura 5) foi aplicada nas regiões das papilas e contorno gengival dos dentes com o objetivo de impedir o contato do peróxido com os tecidos moles. A barreira gengival utilizada foi a barreira da FGM (Top Dam) (figura 6) nas cores branca (arcada superior) e azul (arcada inferior). Após a aplicação do Top Dam, o produto escolhido para o

caso (figura 7) foi misturado através do sistema de autoativação, onde a seringa de peróxido é acoplada ao espessante (como mostra a figura 8) e misturada até oito vezes para uma boa homogenização do produto; em seguida é aplicado na vestibular dos dentes. O Whiteness HP Blue (20% ou 35%) com cálcio são produtos de fácil aplicação, onde dispensa a utilização de fontes luminosas e são aplicados uma única vez, sem a necessidade de troca do produto, devido maior estabilidade do pH e à característica de autocalização do produto, dispensando a troca do produto. O produto é aplicado na face vestibular dos dentes anteriores e pré-molares (dentes visíveis no sorriso), como demonstrado na figura 9; e ativado a cada cinco a 10 minutos com um microbrush (Cavibrush – FGM) (figuras 10 e 11) ou pincéis para eliminar eventuais bolhas de oxigênio geradas e obter um melhor contato do gel com os dentes2. O produto permanece por 50 minutos para concentração de 20%. Após os 50 minutos de contato do gel com os dentes, o clareador é removido com sugadores, e um polimento com pasta de polimento diamantada (figuras 12 e 13 - Diamond Excell – FGM) e discos de feltro é realizado. O resultado imediato após a primeira sessão pode ser visto na figura 14. Ao final da sessão, a paciente não relatou nenhum tipo de sensibilidade, o que levou a decisão de não utilizar nenhum tipo de desensibilizante. Na segunda sessão, como a pacien-

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Caso Clínico

Figura 5

Detalhe de abridor de boca Arc-Flex (FGM) e barreira gengival Top Dam (FGM).

Figura 6 Barreira gengival Top Dam – FGM (Blue).

Figura 7

Figura 8

Seringas de Whiteness HP BLue a 20%.

Seringas acopladas para mistura.

Figura 9

Figura 10

Aplicação do Whitness HP Blue a 20%.

Aplicador descartável – Cavibrush (FGM).

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Caso Clínico

Figura 11

Figura 12

Ativação de bolhas de oxigênio utilizando Cavibrush (FGM).

Pasta de polimento Diamond Excel (FGM).

Figura 13

Figura 14

Aplicação de pasta de polimento Diamond Excell (FGM).

Aspecto do sorriso após a primeira sessão.

Figura 15

Figura 16

Aplicação do Whitness HP Blue a 35%.

Ativação de bolhas de oxigênio utilizando Micro-brush (FGM).

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Caso Clínico

Figura 17

Figura 18

Seleção de cor final após duas sessões; e sete dias após a última sessão.

Aspecto intrabucal após o término do clareamento.

te não relatou nenhuma sensibilidade, todo o procedimento foi realizado novamente, porém foi utilizado o Whiteness HP Blue a 35% com cálcio (figuras 15 e 16). Devido maior concentração do peróxido, o tempo de contato do gel com os dentes foi de 40 minutos. Após a segunda sessão, um novo polimento foi realizado e a consulta foi agendada para sete dias após o procedimento, onde foi realizada uma nova tomada de cor (figura 17). Observou-se a redução no croma e aumento do valor (brilho) dos dentes, o que satisfez a paciente. Foi então decidido paralisar o clareamento e realizar uma aplicação tópica de flúor (Flúorcare – FGM) para remineralização mais rápida do esmalte. Nas figuras 18, 19 e 20, pode-se observar o resultado final do tratamento. Figura 19

Visão aproximada dos incisivos centrais após clareamento, remoção de excessos de resinas e polimento final. Observar detalhes estéticos, como textura, translucidez, opalescência e halo branco incisal nos incisivos centrais.

Conclusão Por meio do caso clínico apresentado, pode-se concluir que tratamentos clareadores realizados em consultório, utilizando Peróxido de Hidrogênio sem ativação com fonte luminosa, independente da concentração, é viável, desde que se faça uma cuidadosa prevenção da sensibilidade por meio de condutas clínicas de proteção das possíveis regiões onde possa apresentar sensibilidade e que o resultado final seja satisfatório.

Referências 1. Conceição, E.N. et al. Restaurações Estéticas: Compósitos, cerâmicas e implantes. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 2. Conceição, E.N. et al. Dentística: Saúde e estética. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 3. Haywood V.B.; Heymann H.O. Nightguard vital bleaching. Quintessence Int n. 28, p.173-6, 1989.

Figura 20 Vista frontal do sorriso após clareamento.

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4. Riehl, H.; Francci, C.E.; Costa, C.A.S.; Ribeiro, A.P.D.; Conceição, E.N. Clareamento de dentes vitais e não vitais – Uma visão crítica. In: Odontologia estética: A arte da perfeição. São Paulo: Artes Médicas, 2008.

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Caso Clínico

Estudo sobre o tratamento funcional ortopédico e ortodôntico em paciente portador da Síndrome de Down com aparelhos pré-fabricados Débora Scariot

Odontóloga. Especialização em Odontopediatria. Curso de Capacitação para Atendimento de Pacientes Portadores de Necessidades Especiais. Coordenadora do Departamento de Odontopediatria da Associação Brasileira de Odontologia, Secção Nordeste, Caxias do Sul–RS.

scariotdebora@hotmail.com

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Síndrome de Down foi descrita pela primeira vez pelo médico inglês John Longdon Haydon Down em 1866¹. Devido às características faciais, em especial ao epicentro dos olhos, era chamada “Mongolismo”, terminologia essa não mais utilizada modernamente. Conhecida por Trissomia do 21, é um distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 extra, total ou parcialmente. Os efeitos dessa cópia extra de cromossomo variam. Este estudo tem por objetivo demonstrar a eficácia na utilização diária de aparelhos dos Sistemas Trainer e Myobrace como coadjuvantes na reabilitação orofacial de crianças e adolescentes portadores da Síndrome de Down.

Revisão De acordo com o Dr. Jerôme Lejeune, geneticista francês, que identificou a alteração pela primeira vez, classifica-se a Trissomia do 21 em três tipos, detectados por meio de exame chamado “cariótipo”. São eles: » Trissomia do 21 simples: ocorre em 95% dos casos, e os indivíduos apresentam 47 cromossomos em suas células. » Mosaico: representa 2% dos casos da Síndrome de Down, e a alteração não ocorre em todas as células, isto é, algumas células apresentam 46 cromossomos, e outras, 47. » Translocação: acontece em 3% dos casos de Síndrome de Down, e resulta da união do cromossomo extra do par 21 com outro cromossomo. Nesse caso, mesmo que o indivíduo apresente 46 cromossomos, será considerado portador dessa síndrome. A Trissomia do 21 ocorre em 1/600 ou mais nascimentos vivos2, sendo que é a mais estudada das doenças congênitas, que afetam a capacidade intelectual, sendo considerada um evento genético universal. A manifestação genética nos portadores da Trissomia do 21 ocorre de forma heterogênea, e isso explica a grande diferen-

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ça nas características biológicas, nas potencialidades e nos desafios individuais entre eles. A característica mais frequente é o atraso mental, pois o cérebro, ao nascimento, se apresenta-se menor do que o normal (microcefálico). Fisicamente, tem cabeça pequena, podendo adquirir uma forma plana nas partes anterior e posterior; ossos occipitais achatados; nariz hipoplásico (encurtado); dorso achatado (devido ao pequeno desenvolvimento do osso nasal); ponte nasal baixa; pescoço grosso, curto e alargado; ossos curtos e finos; e musculatura hipotônica. Em alguns casos, podem apresentar problemas cardíacos, renais e respiratórios crônicos. São susceptíveis às infecções das vias respiratórias, às alterações auditivas, de memória e de linguagem. Além disso, estão predispostos a distúrbios, como: hipertrofia tonsilar e adenoideana, laringomalácia, apneia obstrutiva durante o sono e hipoplasia mesofacial, que justificariam a existência secundária de obstrução crônica das vias respiratórias superiores. Tais alterações podem provocar vários sintomas, como ressonar (ronco), posições anormais na cama, fadiga durante o dia e apneia do sono. Associadas aos aspectos bucais, todas essas características justificam o interesse pelo quadro e são sinalizadoras de que se deve atuar interdisciplinarmente em busca da minimização dos efeitos causados por essas deficiências. De acordo com Sappey 3, o nosso corpo é formado por 501 músculos, sendo que 63 estão na cabeça; 190 formam o tronco; 98 estão nos membros superiores, 104, nos inferiores; e 46 são encontrados no aparelho da vida nutritiva. Os grupos musculares são nove: cabeça, pescoço, membros superiores, tórax, abdômen, região posterior do tronco, membros inferiores, órgãos dos sentidos e períneo. Juntamente com os ossos e demais estruturas humanas, eles formam unidades funcionais, e todas elas estão interligadas.

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Caso Clínico O crânio é um elemento fixo que se apoia na coluna e é por ela movimentado. Nesse elemento fixo, encontramos outros elementos móveis, recebendo especial atenção neste trabalho, o osso mandibular e o osso hioide, que, constantemente, alteram a posição e se adaptam às posturas e aos movimentos do crânio. No meio da mandíbula está inserido o complexo lingual, que é formado por dois grupos musculares principais: os intrínsecos – responsáveis pela forma, retração e execução de movimentos mais sutis; e os extrínsecos (genioglosso e estiloglosso), que, por contração simétrica, protraem a língua4. A língua está conectada à mandíbula e ao hioide, e esses aos ossos do crânio e do pescoço; e o pescoço está ligado ao tronco. Durante o sono, em decúbito dorsal, a mandíbula fica em posição de retração, e a língua acompanha esse movimento, pressionando o osso hioide contra os tecidos da orofaringe, o que produz eventos de obstrução respiratória, que são conhecidos como “Síndrome da Apneia e Hipoapneia Obstrutiva do Sono” (Sahos), que tem como indicação o uso de aparelhos intraorais, a fim de evitar o colapso dos tecidos na região orofaríngea. Alguns dos processos orgânicos e dos comportamentos complexos, como: sucção, respiração, mastigação, fala e fonação (vitais para o ser humano), ocorrem com a participação das estruturas, que compõem a cavidade bucal. De acordo com Proffit e Fields, embora possa parecer curioso citar respiração como uma função oral, desde que o nariz detenha a maior parte da função respiratória, as necessidades da respiração são determinadas principalmente pela postura da mandíbula e da língua5. No caso dos portadores dessa síndrome, a língua é resistente às atrofias e pode se projetar por não encontrar espaço para alojamento no vazio bucal, devido à hipoplasia mandibular e à hipotonia desse órgão. Por essas razões, acomoda-se externamente, apoiando-se sobre o lábio inferior e entre os dentes. Esse posicionamento favorece o aparecimento de baba e de respiração bucal, bem como acarreta um mau posicionamento dentário do tipo “mordida aberta” posterior e/ou anterior. É sabido que alteração na função lingual leva a alterações de posicionamento dentário, o que, por consequência, provoca um desarranjo em todo o sistema estomatognático. Esse sistema é composto por ossos, dentes, articulação temporomandibular, músculos, sistema vascular e sistema nervoso e espaços vazios. Marchesan6 refere que “sobre os ossos estão as partes moles e, portanto, ao examinarmos as partes duras”, a saber, ossos e dentes, “teremos conhecimento do grau de comprometimento das funções orofaciais”. O bom funcionamento do sistema estomatognático está relacionado ao desempenho das seguintes funções: sucção, mastigação, fala e respiração, envolvendo o relacionamento dos dentes e dos maxilares superior e inferior, sendo essencial para o crescimento e o desenvolvimento harmoniosos dos demais sistemas. Diretamente ligado ao sistema estomatognático está o aparelho respiratório, cuja função básica é “suprir o organismo com oxigênio e dele remover o produto gasoso do metabolismo celular, CO2, isto é, o gás carbônico”7. As fossas nasais são a porta de entrada desse sistema e, com a laringe e a faringe são responsáveis pelo aquecimento, umidificação e filtragem do ar inspirado. O ar aquecido entra nos pulmões, de onde é distribuído para todo o organismo via circulação pulmonar, que é muito rica. Os pulmões captam, então, todo o O2 e expelem o CO2 produzido pelo organismo, mantendo o equilíbrio do pH plasmático. Ainda se pode afirmar que o sistema respiratório é responsável pela defesa do

Os profissionais da reabilitação trabalham para auxiliar as pessoas no aprendizado e na adaptação

corpo contra agentes agressores e também pela fonação. Nos portadores da Síndrome de Down, os problemas respiratórios são frequentes em função da hipotonia da musculatura traqueobrônquica, na qual se apoia o epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado, “responsável pelo movimento do muco produzido pelas células caliciformes. O muco tem funções de umidificação, filtro, aquecimento e defesa imunológica”8. O acúmulo de secreção, causada pela hipotonia da musculatura lisa, favorece a proliferação bacteriana. A maior parte das características apresentadas pelos portadores dessa síndrome é diagnosticada a partir de aspectos craniofaciais, como: microcefalia leve; proeminência do osso frontal, principalmente no sexo feminino, aspecto que se modifica com o crescimento; e hipoplasia ou aplasia dos seios frontais e paranasais. A maxila também apresenta um crescimento menor, quando comparada com a de pacientes normais, dando a impressão de prognatismo, devido à relação maxilomandibular. O palato duro apresenta forma ogival e reduzida, mais estreito e curto, porém normal em altura. As alterações congênitas, típicas da Síndrome de Down, podem ser reconhecidas facilmente pela observação dos ossos, da língua, dos dentes e lábios. Fourniol Filho1 ensina que as características bucais, encontradas em pacientes com essa síndrome, são as seguintes: » A erupção dos dentes decíduos e permanentes é atrasada e pode não seguir uma cronologia de erupção. » Observa-se, com frequência, hipocalcificação do esmalte dentário, microdontia e agenesia dentária. » A língua, geralmente, é grande, fissurada e hipotônica, o que ocasiona mordida aberta anterior e/ou posterior por interposição lingual. » A qualidade da saliva e sua quantidade se mostram alteradas. Observa-se, em alguns casos, saliva gomosa, podendo escorrer, devido à projeção da língua, problemas gengivais e cáries associados às disfunções orais, que surgem com frequência. A incompetência da musculatura leva ao acúmulo de restos alimentares, e a saliva alterada deixa de cumprir seu papel, que é de agente de limpeza bucal há comprometimento da musculatura, que participa da sucção, respiração, mastigação e da fala (em alguns casos). » A respiração bucal assessória agrava as condições preexistentes, podendo apresentar ronco, apneia e/ou hipoapneia obstrutiva do sono, em casos em que houver maior comprometimento. Na década de 1930, o casal Karel Bobath (psiquiatra) e Berta Bobath (fisioterapeuta) trabalhando de modo interdisciplinar na reabilitação de pacientes comprometidos neurologica-

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Caso Clínico mente, criaram uma técnica que inibe o tônus muscular patológico e estimula o movimento normal em casos de hipotonia ou inatividade muscular 9. Os primeiros estudos de reabilitação intraoral para crianças com Síndrome de Down foram desenvolvidos em Munique, Alemanha, a partir de 1978, pelo argentino Rodolfo CastilloMorales, com base nos métodos do casal Bobath. Seu conceito terapêutico prioriza as capacidades de cada um e, a partir disso, avalia quais são as dificuldades para proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente, levando em conta o comprometimento neurológico, porém, destacando as possibilidades e não as incapacidades do indivíduo. O Sistema Trainer foi criado pelo pesquisador Dr. Chris Farrell, da Myofunctional Research Co, que também desenvolveu outro sistema de correção miofuncional e ortodôntico/ortopédico combinados, chamado “Farrell Bent Wire”, em 1989, em Sydney, Austrália. A principal função desses aparelhos é estimular as funções orofaciais e, assim, corrigir as disfunções do tecido mole, decorrentes dos maus hábitos miofuncionais. Tal correção leva a uma melhora na oclusão dentária e na postura mandibular. Ramirez-Yañez e Faria explicam que o Trainer para crianças (T4K™, Myofunctional Research Co, Austrália) é um aparelho funcional de poliuretano pré-fabricado, composto de vários elementos que estimulam os músculos faciais, mastigatórios e linguais. Esse aparelho funcional leva a mandíbula a uma posição anterior e estimula o desenvolvimento transversal10. (tradução da autora). Já o Ti III foi desenvolvido para tratar de problemas de desenvolvimento do maxilar superior de crianças asiáticas com tendência à atresia do terço médio da face e à projeção mandibular. Possui uma estrutura externa de poliuretano macio, bem como uma armação interna, que atende aos mesmos princípios do aparelho de Fränkel11, ortodontista alemão, autor de Orofacial orthopedics with the function regulator.

Em 2008, chegou, ao Brasil, o novo aparelho do Sistema Trainer, o Ti III (figura 14), sendo esse o aparelho de escolha para o tratamento, pelas suas propriedades. Recomendamos, também, ao paciente, o uso do aparelho no turno da noite. Mesmo não perfazendo o total de tempo preconizado pelo fabricante, relativamente ao tratamento funcional (de uma hora a duas horas durante o dia), e durante toda a noite, a evolução do quadro clínico foi ocorrendo conforme o esperado nesse caso. Atualmente, o paciente ainda se mantém com a mordida cruzada (figuras de 15 a 19), porém, já com a dentição permanente e a rizogênese completada. Tentamos a recolocação de um novo aparelho disjuntor, de Hass, mas não obtivemos sucesso por falta de colaboração do paciente.

Figura 1 Início do tratamento. Paciente com oito anos de idade.

Caso clínico O paciente V. B. F., oito anos, portador da Síndrome de Down, entregou no consultório sua documentação inicial, em maio de 2006, para dar início ao tratamento (figuras de 1 a 6). O tratamento proposto foi a utilização do disjuntor de MacNamara, para tratar a mordida cruzada posterior e bilateral. Após quatro meses, foi necessário remover o aparelho, pois o mesmo estava interferindo na manutenção da higiene bucal. A placa de contenção sugerida, após a remoção do disjuntor, não foi corretamente utilizada pelo paciente, havendo, em conse­ quência, recidiva da mordida cruzada. Para a continuidade do tratamento usamos os aparelhos do Sistema Trainer, o T4k–1ª fase (figura 7), em caráter experimental, nesse caso, objetivando a reabilitação funcional, considerando as alterações musculares faciais e linguais observadas. Na sequencia, o T4K–2ª fase (figura 8). Os aparelhos do sistema foram ajustados ao paciente por meio de recortes na sua estrutura. O uso limitou-se há alguns minutos diários (de 10 a 20) e com a supervisão da família. Após dois anos, foi solicitada nova documentação (figuras de 8 a 13). Como se pode observar, houve uma melhora significativa na tonicidade da musculatura orofacial. O paciente, naquele momento, estava fazendo a troca da dentição e não possuía ancoragem dentária para uma nova disjunção. Seguimos, então, com o uso de aparelhos de silicone, sendo substituídos quando necessário.

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Figura 2 Observa-se respiração buconasal e interposição lingual por hipotonia.

Figura 3 Observa-se olheiras e hipertonia mentoniana.

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Caso Clínico

Figura 4

Observa-se mordida aberta anterior e cruzada posterior (bilateral); acúmulo de saliva na região anteroinferior (hipotonia de língua); agenesia dentária; e dentes decíduos conoides.

Figura 5 Vista lateral esquerda. Observa-se acúmulo de saliva

Figura 7

Vista lateral direita.

T4K – 1ª fase. Foi utilizado, inicialmente, somente para uso diurno (10 a 20 minutos), tendo sido introduzido o uso do mesmo durante a noite, na medida em que o paciente foi se adaptando. Utilizaram-se dois aparelhos, pois o primeiro, o paciente rapidamente estragou devido à sobrecarga gerada durante apertamento dentário.

Figura 8

Figura 9

T4K – 2ª fase. Aparelho cuja estrutura é mais rígida e mais resistente.

Observa-se olheiras menos acentuadas e selamento labial.

Figura 6

Figura 11 Figura 10 Vista lateral.

Nesse estágio, introduziu-se o aparelho Ti III, para uso diurno (em torno de 10 minutos), e durante o sono, à noite. Como o paciente não estava usando o aparelho conforme preconiza o sistema, optou-se por acrescentar ao tratamento uma placa acrílica de contenção superior.

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Caso Clínico

Figura 12

Figura 13

Observa-se melhora no aspecto lingual e diminuição do acúmulo de saliva.

Início do fechamento da mordida aberta anterior.

Figura 14

Figura 15

Foto do Ti III.

Quatro anos após o início do tratamento (documentação de finalização e de alta temporária).

Figura 16

Figura 17

Aspecto facial harmonioso.

Observa-se, pelos aspectos faciais apresentados, o resultado da terapia ortopédica, ortodôntica e funcional com a utilização de aparelhos do Sistema Trainer.

Figura 18

Figura 19

Observa-se dentição mista; agenesia de dentes permanentes; redução da mordida aberta anterior. Ainda se mantém indicação para seguir o tratamento com o aparelho Ti III, a fim de melhorar o quadro clínico e minimizar as disfunções orofaciais apresentadas.

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Observa-se mordida cruzada posterior remanescente; melhora no posicionamento da língua no espaço intraoral, o que contribui para o controle do fluxo salivar e o fechamento da mordida aberta anterior.

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Caso Clínico Conclusão Considerando que uma característica fundamental do sistema nervoso é a notável capacidade de aprender ou modificar o comportamento na maioria dos níveis do sistema, as pessoas quando são incapazes de se adaptar, são consideradas deficientes. Os profissionais da reabilitação trabalham para auxiliar as pessoas no aprendizado e na adaptação, quando são incapazes de fazê-los por si mesmas. Observou-se que o tratamento proposto atingiu os objetivos, porque melhorou o tônus muscular da língua e dos lábios; auxiliou no posicionamento dentário e mandibular; favoreceu o quadro respiratório; participou no desenvolvimento postural cefálico; e atuou como coadjuvante no controle da baba, sendo que essa é uma grande preocupação para os pais de portadores da síndrome citada, uma vez que isso afeta o convívio social do indivíduo. Por se tratar de uma criança portadora da Síndrome de Down, que possui necessidades especiais e exige acompanhamento em diversas áreas de reabilitação, o resultado desse tratamento torna-se de grande relevância, pois houve uma melhora nas condições de vida, tanto do paciente como de seus familiares. Outro aspecto considerado importante é a possibilidade de reabilitar outros pacientes, que apresentem anomalias de crescimento e desenvolvimento orofacial.

Referências 1. Fourniol Filho, A. A odontologia para excepcionais. São Paulo: Panamed, 1981. 2. Mustachi, Z.; Rozone, G. Síndrome de Down: aspectos clínicos e odontológicos. São Paulo: Cid, 1990. p. 94. 3. Sappey, C. Disponível em: <http://www.sogab.com.br/anatomia/miologiajonas.htm>. Acesso em: 27 maio 2011. 4. Castillo-Morales, R. Terapia da regulação orofacial. São Paulo: Memnon, 2002. 5. Proffit, W. R. Ortodontia contemporânea. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. 6. Marchesan, I. Q. Avaliando e tratando do sistema estomatognático. 2001. Disponível em: <http://www.ibemol.com.br/ciodf2001/004.asp>. Acesso em: 3 maio 2007. 7. Aires, M. M. Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. 8. Mustachi, Z.; Rozone, G. Síndrome de Down: aspectos clínicos e odontológicos. São Paulo: Cid, 1990. 9. <www.down21.org/educ_psc/.../tecnica.../bobath.htm> Acesso em: 31 maio 2011. Ramirez-Yañez, G. O.; Faria, P. Early treatment of a Class II, division 2 malocclusion with the Trainer for kids (T4KTM): a case report. J Clin Pediatr Dent 2008; v. 32, 4: 325-30. 10. Fränkel, R. Disponível em: www.ortosite.com.br/downloads/Artigo_funcionais.pdf Acesso em: 08 de junho de 2011. 11. Cohen, H. S. Neurociência para fisioterapeutas. São Paulo: Manole, 2001.

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Caso Clínico

Dentes claros na adolescência

Claudio Heliomar Vicente da Silva

Cleferson Ferreira de Moura

Professor Adjunto do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Disciplina de Dentística. Professor do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (Mestrado e Doutorado) da UFPE. Membro do Grupo Brasileiro de Professores de Dentística.

Aluno do Curso de Graduação em Odontologia da UFPE.

A

adolescência constitui uma fase do desenvolvimento humano que se caracteriza pela instabilidade do comportamento socioemocional do indivíduo, que passa a se deparar com momentos de angústia e grande número de conflitos internos de etiologia sociobiológica enfatizados pela falta de controle das mudanças físicas. Essas mudanças podem gerar insegurança, com busca constante pela identidade corporal e aceitação social. Este cenário pode ser realçado pela mídia, que dita padrões de beleza, os quais podem contribuir positiva ou negativamente para este processo. É comum adolescente atribuírem à sua dificuldade de socialização à cor escura de seus dentes, e serem apelidados de “sorriso amarelo”. O que motiva, ainda mais, a procura por tratamentos dentais clareadores.

Relevância clínica A imagem passa uma quantidade maior de informações a uma velocidade muito mais rápida do que a fala. Sendo assim,

a expressão facial, em especial o sorriso, torna-se elemento importante no processo de socialização e comunicação não verbal, influenciando no desenvolvimento psicossocial do ser humano. O desejo por um sorriso com dentes claros desperta a busca por métodos de clareamento dental em adolescentes e adultos, que associam este contexto aos sentimentos relacionados à saúde, cuidado, bem-estar, juventude, virilidade, sensualidade, sexualidade, confiança e credibilidade, fundamentais para as relações interpessoais.

Caso clínico Jovem adolescente, 15 anos, sexo masculino, procurou a Clínica de Dentística do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco apresentando um sorriso tímido e relatando insatisfação com a cor dos seus dentes e dificuldade de socialização. Clinicamente, constatou-se vitalidade e escurecimento natural dos seus elementos dentários (figura 1), bem como erupção dos pré-molares. Tomou-se como

Quadro 01 – Técnica mista para clareamento de dentes vitalizados

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Etapas

Procedimentos

Agente clareador

1

Clareamento em consultório (uma sessão inicial)

Peróxido de Hidrogênio 35%

2

Clareamento supervisionado (sete dias)

Peróxido de Carbamida 20%

3

Clareamento em consultório (uma sessão final)

Peróxido de Hidrogênio 35%

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Caso Clínico decisão terapêutica, o clareamento dental com emprego de técnica mista (clareamento supervisionado + clareamento em consultório) esquematizada no quadro 01. Após profilaxia (escova de Robinson em baixa rotação e pasta de pedra pomes SSWhite + água), foi realizado registro fotográfico da cor do sorriso, seguido da verificação visual com escala de cor Vita sob luz ambiente, constatando as cores A3,5 para os elementos 13 e 23; e A3 para os demais dentes anteriores. Realizou-se moldagem total de ambos os arcos dentários com alginato (Jeltrate Plus – Dentsply) e obtenção de modelo em gesso (G4 – SSWhite), para posterior confecção de moldeira personalizada (acetato 0.2 – 0.3mm) (figura 2), com auxílio de plastificador à vácuo (Bioart). A etapa 1 do tratamento consistiu em uma sessão de clareamento em consultório. Inicialmente, posicionou-se o afastador labial (Expandex – Indusbello); realizou-se profilaxia (escova de Robinson em baixa rotação e pasta de pedra pomes SSWhite + água), Posteriormente, solicitou­se para o paciente morder o protetor lingual confeccionado com sugador descartável; secou-se dentes/gengiva com jato de ar; aplicou-se a barreira gengival de pré-molar à pré-molar em ambos os arcos (1,5mm sobre a gengiva e 0,5mm sobre a região cervical dos dentes); ativou-se sua polimerização por 20 segundos com ultraled (Radiicall Plus – SDI); aplicou-se uma camada uniforme de 2mm de espessura de gel clareador com pH neutro, à base de peróxido de hidrogênio 37,5% e dessensibilizante (nitrato de potássio) (Polla Office+ Red/SDI) (figura 3) sobre a superfície vestibular e borda incisal dos dentes envolvidos, deixando repousar por 15 minutos (sem ativação com fonte de energia luminosa para evitar possível sensibilidade trans e pós­­-operatória, considerando a pouca maturação do esmalte em dentes jovens - figura 4), sendo removido com auxílio de uma cânula de aspiração endodôntica. A aplicação do gel clareador foi repetida mais duas vezes durante a sessão clínica. Ao final, retirou-se a barreira gengival, lavou­se a superfície dos dentes e realizou-se novo registro da cor (A3 para os elementos 13 e 23; e A2 para os demais). Sequencialmente, na etapa 2, foram testadas e ajustadas as moldeiras personalizadas (figura 5) para realização da aplicação diária de gel a base de peróxido de carbamida 35% e água (Polla Zing / SDI), simultaneamente, em ambos os arcos, 30 minutos/dia, por sete dias. Quanto menor o tempo de exposição ao gel clareador na técnica supervisionada, menor a irritação gengival e a sensibilidade transoperatória. O paciente foi instruído quanto aos cuidados com a manutenção de uma adequada higiene bucal com o uso de fio dental, escova dental Oral-B Advantage Artica/Brancura (cerdas centrais concentradas que contribuem a remoção de novas manchas) e creme dental Oral-B Pró-Saúde (colabora para a não fixação de novos pigmentos); bem como a adotar uma dieta pobre em corantes naturais e artificiais durante todo o período do tratamento clareador e após a sua conclusão, para que o procedimento tenha maior velocidade e manutenção dos resultados. Após o período de sete dias, a etapa 3 da técnica mista foi realizada em consultório (de forma semelhante à etapa 1). O registro final da cor evidenciou A1 para os dentes participantes do tratamento clareador misto (figuras 6 e 7). O paciente esboçou satisfação com o resultado do tratamento clareador. A técnica empregada demonstrou eficácia no clareamento de dentes vitais em paciente adolescente, evidenciando ausência de sensibilidade dentária e de irritação gengival.

Figura 1 Aspecto clínico inicial.

Figura 2 Moldeiras personalizadas - após confecção.

Figura 3 Aplicação do agente clareador.

Figura 4 Tratamento clareador em consultório.

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Caso Clínico NORMAS PARA PUBLICAÇÂO A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínicogerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas. Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www. odontomagazine.com.br Os trabalhos devem atender as seguintes normas:

Figura 5 Ajuste da moldeira personalizada.

1) Ser enviados acompanhados obrigatoriamente de uma autorização para publicação na ODONTO MAGAZINE, assinada por todos os autores do artigo. No caso de trabalho em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. Essa autorização deve também dar permissão ao editor da ODONTO MAGAZINE para adaptar o artigo às exigências gráficas da revista ou às normas jornalísticas em vigor. 2) O texto e a devida autorização devem ser enviados para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br. As imagens precisam ser encaminhadas separadas do texto, em formato jpg e em altaresolução. Solicitamos, se possível, que o artigo comporte no mínimo três imagens e no máximo 30. As legendas das imagens devem estar indicadas no final do texto em word. É necessário o envio da foto do autor principal do trabalho. 3) O texto deve seguir a seguinte formatação: espaço entre linhas simples; fonte arial ou times news roman, tamanho 12. As possíveis tabelas e/ou gráficos devem apresentar título e citação no texto. As referências bibliográficas, quando existente, devem estar no estilo Vancouver. 4) Se for necessário o uso de siglas e abreviaturas, as mesmas devem estar precedidas, na primeira vez, do nome próprio.

Figura 6 Aspecto clínico final.

5) No trabalho deve constar: o nome(s), endereço(s), telefone(s) e funções que exerce(m), instituição a que pertence(m), títulos e formação profissional do autor ou autores. Se o trabalho se refere a uma apresentação pública, deve ser mencionado o nome, data e local do evento. 6) É de exclusiva competência do Conselho Científico a aprovação para publicação ou edição do texto na revista ou no site. 7) Os trabalhos enviados e não publicados serão devolvidos aos autores, com justificativa do Conselho Científico. 8) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor (res). Os trabalhos publicados terão os seus direitos autorais guardados e só poderão ser reproduzidos com autorização da VP GROUP/Odonto Magazine. 9) Cada autor do artigo receberá exemplar da revista em que seu trabalho foi publicado. 10) Os trabalhos, bem como qualquer correspondência devem ser enviados para: Vanessa Navarro ou Vivian Pacca – ODONTO MAGAZINE Alameda Amazonas, 686 – sala G1 Alphaville Industrial – Barueri-SP CEP 06454-070

Figura 7 Aspecto final do sorriso.

11) Ao final do artigo, acrescentar os contatos de todos os autores: nome completo, endereço, bairro, cidade, estado, CEP, telefones e e-mail. 12) Informações:

Referências 1. Silva, C. H. V. da. Dentes Claros – Sorriso transformador – Qual o papel do Cirurgião Dentista? Odontol. Clín.-Cient., Recife, 10 (2) 115, abr./jun., 2011. 2. Paraíso, M. C. et al. Avaliação clínica da efetividade do peróxido de carbamida em diferentes concentrações para clareamento de dentes vitalizados naturalmente escurecidos Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 7 (3): 235-239, jul/set., 2008.

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Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente de Contas Vivian Ceribelli Pacca e. vivian.pacca@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7508

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