www.odontomagazine.com.br
Entrevista Ética na odontologia x pacientes portadores de HIV/AIDS
Relacionamento Evolução comprovada contra cáries
Ponto de Vista
9 772179 879008
02
Coluna Gestão ISSN 2179-8796
Ano 1 - N° 2 - Março de 2011
A saúde bucal dos idosos
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Editorial
Compromisso com a ciência e a qualidade no atendimento
É
com imenso prazer que apresentamos a segunda edição da Odonto Magazine, o que reafirma o nosso compromisso com a atualização técnico-científica e a consolidação de uma prática profissional consciente, por meio do qual a Equipe de Saúde Bucal assume importante papel na garantia do direito à saúde do cidadão, possibilitando atenção a diferentes cenários para o fortalecimento de ações de promoção de saúde, prevenção, diagnóstico, vigilância epidemiológica e sanitária e acompanhamento e tratamento dos portadores de doenças sistêmicas – paciente com HIV-AIDS.
Nesta edição temos como Reportagem a cobertura completa do Congresso Internacional de Odontologia do centenário da APCD, que reuniu 220 nomes nacional e 10 internacionais, onde a programação contou com mais de 250 temas diferentes, assistidos e debatidos por profissionais do Brasil e do mundo. Como Entrevista temos um tema de grande relevância ética relacionado à pacientes HIV-AIDS com a Dra. Sudeshni Naidoo, professora e diretora do Departamento de Odontologia Social da Universidade do Cabo Ocidental (University of Western Cape – UWC), Cidade do cabo, África do Sul. Em Ponto de Vista temos um tema muito interessante e atual que aborda a saúde bucal do idoso escrito por Dr. Cláudia Cotrim Dias, especialista em odontogeriatria. Ela aborda a nova realidade da odontologia onde os cuidados com os idosos e suas necessidade especiais são cada vez mais pungentes. Em nossa seção Relacionamento temos a renomada Dra. Sandra Kalil abordando a revolução no tratamento da cárie e falando sobre o Papacárie e sua aplicabilidade e efetividade. Na coluna Espaço Equipe temos uma abordagem especial da Dra. Marina Montenegro acerca dos atributos e requisitos básicos no atendimento primário aos pacientes, bem como dicas referentes à organização, infraestrutura, limpeza do ambiente e atendimento telefônico, atividades que agregam importantes valores no atendimento de excelência. Esse assunto se estende também à Coluna Gestão Odontológica, que aborda de maneira mais técnica as ferramentas necessárias para organizar e gerir o atendimento e fidelização dos clientes. Na coluna de Endodontia, temos o Prof. Kleber K.T. Carvalho falando do encontro da arte com a ciência. Em Estética, o Prof. Cláudio Luiz Sendyk aborda a harmonia de um sorriso perfeito. Os Casos Clínicos desta edição abordam assuntos muito interessantes, como a abordagem lúdica do paciente autista, a união entre a estética rosa e branca e a colocação de implante na maxila usando a RGO com hidroxiapatita sintética HAP-91®. Agradecemos novamente a confiança de nossos patrocinadores e a credibilidade dos leitores que nos surpreenderam com tamanha receptividade em nossa primeira edição, que foi lançada concomitantemente ao Congresso do Centenário da APCD. Não poderíamos esquecer o nosso impecável e renomado corpo científico, que nos proporcionou uma revista de altíssima qualidade técnica.
Edição: Ano 1 • N° 2 • Março de 2011 Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7501 Gerência Geral Marcela Petty e. marcela.petty@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7502 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7511 Atendimento Geral Natalia Piedade e. contato@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7500 Arte Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br Wesley Costa e. wesley.costa@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente de Contas Vivian Ceribelli Pacca e. vivian.pacca@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7508 Diretora Científica Dra. Lusiane Borges e. lusianeborges@uol.com.br
Conselho Científico Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Rodolfo Candia Alba Jr., Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo e William Torre. A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. É uma publicação da VP Group voltada para profissionais de odontologia das mais diversificadas especialidades. Conta com a distribuição gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica
Desejamos uma proveitosa leitura a todos.
Dra. Lusiane Borges Diretora Científica
4
março de 2011
Alameda Amazonas, 686, G1 - Alphaville Industrial 06454-070 - Barueri – SP • + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br
Sumário
Março de 2011 • Edição: 02
pág.
4
Editorial
6
Programe-se
7
Notícias
9
Produtos e Serviços
12
Reportagem
Inovação e conhecimento marcam o 29º Congresso Internacional de Odontologia
12 pág.
22
Entrevista
26
Espaço Equipe
32
Ética na odontologia x pacientes portadores de HIV/AIDS
Casos Clínicos
A primeira impressão: onde tudo começa... ou termina
36
Marina Montenegro Rojas
28
Relacionamento
29
Ponto de Vista
Adriana Gledys Zink
Evolução comprovada no tratamento contra cáries
39
A saúde bucal dos idosos
46
Colunistas Gestão Odontológica Éber Eliud Feltrim 32
Endodontia
Kleber K. T. Carvalho 34
Estética
Cláudio Luiz Sendyk
O valor da união entre a estética rosa e a branca Francisco Carlos Rehder Neto e Danilo Maeda Reino
Claudia Cotrim Diao
30
Abordagem lúdica do paciente autista para o tratamento odontológico
pág.
29
Colocação de Implantes na maxila e aumento de espessura do rebordo alveolar usando a Técnica de Regeneração Óssea Guiada (R.O.G.) com utilização de Hidroxiapatita Sintética HAP-91® (JHS) William Buelau, William de Simone, Luciana C.R. de Simone e Iago Buelau
50
Normas para publicação
março de 2011
5
Programe-se
Abril 2º Congresso Brasileiro de Maloclusão Infantil 01 e 02 de abril de 2011 Com o objetivo de discutir técnicas de prevenção e tratamento e respeitando as mais diversas filosofias, este ano o evento apresentará uma maior abrangência de temas, procurando seguir a sugestão dos participantes do primeiro evento. Outra novidade será a inclusão na programação de especialidades paralelas, como fisioterapia e fonoaudiologia e as suas relações com a maloclusão infantil.
Março
São Paulo - SP
Congresso Internacional de Odontologia de Minas Gerais Ciomig 2011 – Qualidade com Simplicidade
www.maloclusaoinfantil.com.br
***
diversos setores, permitir acesso aos cursos e a novos conceitos teóricos e práticos, promover palestras de diversas especialidades odontológicas e fórum sobre saúde pública, desenvolver ação comunitária com crianças da rede pública de ensino de Palmas e dar visibilidade ao serviço de saúde odontológico, destacando sua importância na comunidade.
Palmas - TO (63) 3214-2246
***
Junho 6º Congresso Odontológico do Mato Grosso 02 a 04 de junho de 2011 Com o tema central: “Conhecimento: valorização profissional”, o evento contará com uma programação científica especializada, devidamente preparada e desenvolvida por grandes profissionais das áreas específicas (cursos, palestras e simpósios).
Coordenador: Wilson Batista Mendes
EXPOORTO 2011 Congresso Multidisciplinar
23 a 26 de março de 2011
07 a 09 de abril de 2011
Minascentro
O evento será palco para as apresentações e discussões dos problemas específicos, soluções compartilhadas a partir da experiência, o risco real e as dificuldades que estão enfrentadas pelos profissionais de odontologia.
2º Neodent International Congress
Madrid – Espanha
16 a 18 de junho de 2011
info@grupoorbita.com
O evento contará com nomes da odontologia mundial na área da implantodontia, e será uma grande oportunidade para a troca de informações e experiências entre palestrantes, congressistas, estudantes, profissionais e demais interessados na área. Serão realizadas mais de 150 atividades científicas nacionais e internacionais, entre elas: conferências, simpósios, fóruns científicos, painéis científicos, mesas-redondas, empresas expositoras, conferências sequenciais, fórum de tecnologia aplicada e cursos de imersão nacionais e internacionais.
Em 12 auditórios climatizados com projeção em alta definição, serão realizadas 196 palestras sequenciadas no decorrer dos quatro dias do evento. As palestras são de 50 minutos, com 10 minutos para perguntas e respostas. Belo Horizonte – MG abomg@abomg.org.br
*** 8ª Jornada de Odontologia da APCD Evento promovido pela APCD Regional Ribeirão Preto
*** 23º Congresso Brasileiro de Odontopediatria 27 a 30 de abril de 2011
23 a 26 de março de 2011
As atividades científicas do 23º CBO estão subdivididas em: ‘Opinião de quem entende’, ‘Simpósios’, ‘Cursos Integrados’, ‘Cursos Master em Foco’, ‘Cursos de curta duração’ e ‘Conferências’.
Ribeirão Preto - São Paulo
www.23cbo.com.br
Durante o evento ocorrerão três meetings: de ortopedia, dor e ortodontia; implante, cirurgia e periodontia; estética, prótese e afins.
Cuiabá – MT www.abomt.com.br
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Curitiba – PR
Goiania – GO
(45) 3025-2121
www.apcdrp.org.br
*** *** Planejamento Estratégico na Odontologia Coordenador: Prof°. Dr. Felipe Chibás
26 de março de 2011
Os objetivos do treinamento são: mostrar a im portância do planejamento estratégico referente à implantação, organização, manutenção e cres cimento dos consultórios, clínicas e organizações de saúde; contribuir ao desenvolvimento das competências para a realização do planejamento estratégico das organizações da saúde; e contribuir para montar o próprio planejamento estratégico.
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6
março de 2011
Maio 3º Congresso de Odontologia do Estado do Tocantins Saúde Bucal na Conquista da Dignidade Humana 25 a 28 de maio de 2011 o evento tem como objetivo contribuir com a política de promoção de saúde bucal da população tocantinense, valorizar a atualização dos cirurgiões-dentistas no contexto técnico-científico, colaborar com a integração sociocultural, auxiliar na integração da classe odontológica em seus
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Julho 20º Congresso Internacional de Odontologia do Rio de Janeiro - CIORJ 20 a 23 de julho de 2011 Com um público estimado de 55.000 participantes, o CIORJ apresentará riquíssimo conteúdo científico, além de grandes oportunidades de negócios.
Barra da Tijuca – Rio de Janeiro – RJ www.ciorj.org.br
Notícias
Saúde Indígena recebe equipamentos e veículos no Acre O secretário especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, entregou, recentemente, em Rio Branco (AC), 10 veículos 4×4, equipamentos médicos, odontológicos e de escritório para o chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Alto Purus (AC), Raimundo Costa. A cerimônia, na sede da Funasa, faz parte do processo de reestruturação e melhoria das condições de trabalho e assistência à saúde indígena na região. Os veículos e materiais somam mais de R$ 1,5 milhão e foram adquiridos com recursos do Ministério da Saúde, via Funasa, e pela prefeitura de Rio Branco. De acordo com o chefe do DSEI de Alto Purus, os equipamentos vão melhorar a estrutura já instalada nos pólos-base de Boca do Acre, Pauini, Manoel Urbano, Assis Brasil, Caxarari, Santa Rosa, Sena Madureira, Manoel Urbano e da CASAI. Para o secretário Antônio Alves, a finalização da licitação, a entrega dos materiais e veículos garantirão conforto para as equipes de saúde que trabalham nas aldeias, por exemplo, agilizando o atendimento e melhorando a qualidade do serviço prestado à essa população. Além dos 10 veículos, foram entregues 12 barcos, motores para barcos, cadeiras de rodas para higienização, para transporte adulto e infantil, detectores de batimentos cardíacos fetais, materiais odontológicos e hospitalares, móveis e utensílios domésticos, materiais de informática e de escritório. Fonte: Agência Saúde
Clareamento dental: a importância da orientação profissional De acordo com os profissionais de odontologia, a busca por clareamento aumenta na ordem de 30% ao ano no país. Apesar da crescente procura nos consultórios, local adequado para o procedimento, muitas pessoas ainda apostam em métodos inapropriados, como os kits de clareamento dental, comercializados livremente em lojas e pela internet. Apesar de parecerem mais práticos e acessíveis, esses produtos nem sempre oferecem a garantia necessária. O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) alerta que o clareamento sem orientação de um cirurgião-dentista pode gerar danos, como inflamação na gengiva e hipersensibilidade dos dentes. Além desses problemas, a estética também pode sofrer influência. “O clareamento não é indicado para todas as pessoas. Para aquelas que têm problemas gengivais, como sangramento ou algum tipo de inflamação mais simples, o produto do clareamento pode exacerbar essa condição. Além desses casos, pessoas que possuem próteses ou dentes com restaurações não devem esperar dentes clareados, já que o produto não tem efeito sobre eles”, explica o conselheiro do CROSP, Caio Perrella.
www.crosp.org.br
MEC autoriza novo curso de Odontologia em Pernambuco O Ministério da Educação autorizou a Faculdade Maurício de Nassau a oferecer o curso de Odontologia. Na portaria 2.374, publicada em 29 de dezembro de 2010, no Diário Oficial da União, foram autorizadas 150 vagas anuais, distribuídas nos turnos da manhã e noite. O curso tem duração de cinco anos, divididos em 10 períodos, com carga-horária de 4.300 horas. As aulas serão oferecidas já neste semestre, e as inscrições do vestibular estão abertas, podendo ser realizadas por meio do site www.mauriciodenassau.edu.br. Segundo a coordenadora do curso, professora Regina Lopes, a graduação tem por base conceitual propiciar uma formação generalista que atenda às necessidades sociais da saúde, com ênfase no Sistema Único de Saúde (SUS), e que assegure a integralidade da atenção e a qualidade e humanização do atendimento prestado à população. Fonte: Diário de Pernambuco março de 2011
7
Notícias
Receitas para aquisição de antibióticos continua a mesma Farmácias e drogarias de todo país estão obrigadas, desde o último dia 28 de novembro, a reter receitas médicas e odontológicas de antibióticos. A medida está prevista em resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicada no Diário Oficial da União, RDC 44 de 26 de outubro de 2010. Antes, a regra determinava apenas que o paciente apresentasse a receita, mas ele poderia ir embora com ela. Para esclarecer sobre o receituário dos odontologistas, o presidente do Conselho Regional de Odontologia de Rondônia cirurgião-dentista Luiz Fernando Rodrigues Rosa, afirma que já manteve contato com a gerência de Vigilância Sanitária no Estado e ficou decidido que o receituário é o utilizado diariamente pelos cirurgiões-dentistas. “Não existe novo formulário, blocos de receitas especiais”, assegurou Luiz Fernando, informando que o Conselho Regional de Farmácia emitirá nota com mais detalhes sobre o recebimento das receitas pelo setor farmacêutico. Luiz Fernando disse ainda que os cirurgiões-dentistas devem emitir a receita em duas vias: uma fica com a farmácia ou drogaria, e a segunda via carimbada pelo vendedor, com o paciente.
Ele sugeriu que, caso seja necessário, a receita seria emitida em três vias; as duas de acordo com a Resolução e, a outra com o próprio dentista, assinado pelo paciente.
www.cro-ro.org.br
Vida útil da escova de dentes Umidade, pouca circulação de ar e restos de comida formam o ambiente mais propício que existe para a proliferação de fungos e bactérias. Não é difícil concluir, portanto, que as escovas de dentes são alvos frequentes de micro-organismos. Para piorar, elas nem sempre ficam dentro do armário do banheiro, por isso estão expostas às gotículas lançadas do vaso sanitário para o ar quando alguém dá a descarga sem fechar a tampa. É importante higienizar as cerdas de vez em quando e, se isso não for possível,
trocar a escova com frequência maior que a recomendada. É o que se pode concluir de uma pesquisa realizada na Veris Faculdades, em Campinas, que analisou a presença de diferentes tipos de micro-organismos no utensílio, inclusive coliformes fecais e outras bactérias que podem causar problemas gastrointestinais e febre. As pesquisadoras Tássia Bulhões e Adriana Perez analisaram 10 escovas de dente – metade com dois ou três meses de uso e a outra metade, com apenas um mês. Todas elas apresentaram microorganismos, mas aquelas usadas por apenas 30 dias tiveram índices bem mais baixos. Cada escova com mais de um mês de uso continha uma média de 1.100 coliformes fecais, 11 mil bactérias do tipo estafilococos coagulase negativa e cerca de 6.500 bolores e leveduras. Aquelas usadas por somente 30 dias apresentaram apenas 13 estafilococos, uma colônia de fungos e poucos coliformes fecais. A bactéria Pseudomonas aeruginosa, encontrada nas escovas usadas por mais tempo, não apareceu nas mais novas. Fonte: UOL – saúde
Cientistas japoneses criam liga metálica semelhante ao paládio Cientistas japoneses criaram uma liga com propriedades similares ao paládio, um metal precioso usado em produtos de alta tecnologia, segundo uma notícia publicada que enalteceu os avanços da nanotecnologia, à qual denominaram de “alquimia atual”. O professor Hiroshi Kitagawa, da Universidade de Kyoto, e sua equipe de cientistas contaram ter utilizado a nanotecnologia para combinar ródio e prata, elementos que normalmente não se misturam, para produzir o novo composto, destacou a notícia publicada no jornal “Yomiuri”. A liga tem propriedades similares ao paládio, que é usado em conversores catalíticos para redução de emissões de gases em veículos, bem como em computadores, telefones celulares, aparelhos de TV de tela plana e instrumentos de odontologia. Assim como outros metais brancos, como a prata e a platina, o paládio é caro e seus depósitos se limitam à África do Sul e à Rússia. Fonte: France Presse 8
março de 2011
Produtos e Serviços Sucesso em laserterapia A empresa de São Carlos (SP), MM Optics, conta com uma linha completa de equipamentos de última geração para odontologia que facilitam os procedimentos dos profissionais. Entre esses equipamentos está o Twin Flex Evolution, um sistema multifuncional de laserterapia que proporciona ao profissional muito mais praticidade, eficiência e flexibilidade. Dotado de canetas exclusivas onde o laser fica localizado na extremidade das mesmas, não tendo perda de potência, o Twin Flex Evolution possui uma caneta com comprimento de onda vermelho (660 nm) e outra com infravermelho (780 nm ou 808 nm). O equipamento pode ser utilizado em enumeras aplicações, promovendo ações analgésicas, anti-inflamatórias e de reparo tecidual. O Twin Flex Evolution também pode ser usado na aplicação da Terapia Fotodinamica (PDT). As ponteiras dos aplicadores são autoclaváveis, o que proporciona completa higienização e maior segurança nos procedimentos.
www.mmo.com.br
Passo a passo para utilização correta das pontas CVDentus Os profissionais que adquirirem as pontas ultrassônicas CVDentus e o aparelho de ultrassom CVDent 1000, receberão também o DVD Passo a Passo, que demonstra a técnica de utilização das tecnologias. O material é composto por quatro vídeos, o que tornará mais fácil o trabalho do dentista iniciante no uso dos produtos. O DVD mostra de forma simples como as pontas e o aparelho de ultrassom podem ser usados no dia-a-dia clínico. O primeiro vídeo demonstra a montagem e instalação do aparelho CVDent 1000. O vídeo seguinte explica como realizar a montagem do adaptador na peça de mão, e também como a ponta deve ser encaixada no adaptador. Depois destas instruções básicas de instalação, a terceira gravação apresenta algumas informações gerais sobre as operações que podem ser efetuadas (movimentos básicos), e a quarta ensina alguns movimentos e utilizações ideais das pontas ultrassônicas de diamante. O material conta também com depoimentos de profissionais renomados de cinco áreas da odontologia: odontopediatria, dentística / estética, prótese, endodontia e cirurgia.
www.cvdentus.com.br
Compromisso com qualidade e resultados A Perfectu é uma empresa de assessoria em Gestão e Marketing focada fundamentalmente nos segmentos de odontologia, que reúne as competências de consultores, gestores e docentes de excelência, assim como uma equipe de suporte profissional transdiciplinar experiente. Integra o grupo multinacional Global Estratégias, presente em 15 países de quatro continentes. Oferece diversas soluções por meio de produtos e serviços, como treinamentos presenciais, in company e na Internet, palestras, eventos, etc. Também são oferecidos textos didáticos sobre diversos temas de gestão, tais como Planejamento Estratégico, Marketing Estratégico, Marketing Pessoal, Gestão Financeira, Empreendedorismo, Franquias, Técnicas de Negociação e Vendas, Representantes, Visitação e Parcerias, Programas de Atendimento e Fidelização dos Clientes, entre outros. Se o cliente precisar um acompanhamento mais próximo, a empresa apresenta outras soluções. Mais informações por meio dos telefones: (11) 3774-3881, 3774-8407, 3881-8409 e 2694-8409.
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Produtos e Serviços Novo sistema de radiologia 3D A Carestream Dental, fabricante exclusiva da Kodak Dental Systems, apresenta o Sistema Radiologia 3D de Raio Cônico KODAK 9500, focado em imagens tridimensionais das estruturas craniofaciais. Com precisão incomparável, ele permite que os usuários produzam rapidamente imagens 3D de campo total. O design inteligente possibilita selecionar rapidamente e sem esforço o campo de visão que melhor atende às necessidades clínicas dos profissionais de odontologia. A tecnologia de Tomografia Computadorizada (CT) de raio cônico oferece imagens anatomicamente corretas que ajudam e asseguram diagnósticos e planos de tratamento precisos. Desde um único maxilar até imagem craniofacial completa, o sistema Kodak 9500 oferece opções de imagens que são adequadas às necessidades específicas do paciente. O equipamento está disponível em dois programas – campo total e médio 3D – e tem como vantagem dosar automaticamente a radiação e permitirescanear somente as áreas necessárias, diminuindo assim a quantidade de radiação para o paciente e otimizando o tempo do diagnóstico. O sistema Kodak 9500 integra-se com ambientes DICOM e pode ser facilmente conectado a uma impressora DryView de alta qualidade. As imagens podem ser rapidamente exportadas para aplicações de software de planejamento de implantes, sendo que o equipamento também se integra facilmente com o software de geração de imagens dentais Kodak – que possibilita manipular, imprimir, compartilhar e arquivar as imagens.
www.carestream.com.br
Fotopolimerizador sem fio O EC500, lançamento da ECEL, é um fotopolimerizador sem fio (wireless) com tecnologia LED que utiliza uma fonte de luz azul para a cura da resina. O comprimento de onda é de aproximadamente 470nm, possibilitando assim, maior eficiência, segurança e economia no processo de polimerização das resinas compostas que usam a canforoquinona como fotoiniciador. O produto conta com a intensidade de luz acima de 700mW/cm², programação de tempo, dispõe de recurso “soft start” (aumento de intensidade de luz de forma gradual), e é multitensão (de 100V a 240V). É prático, portátil, de fácil assepsia e manuseio, leve e com design ergonômico.
www.ecel.ind.br
Creme dental com exclusiva tecnologia Pro-Argin™ Chega ao mercado brasileiro o OLGATE Sensitive Pro-Alivio™, o creme dental que contém arginina – um aminoácido presente na saliva – e carbonato de cálcio, atuando na hipersensibilidade dentinária de forma instantânea e duradoura. O produto conta com uma tecnologia inovadora, que proporciona alívio da hipersensibilidade, por meio da vedação dos túbulos dentinários, canais que levam ao centro do dente. O creme dental deve ser utilizado na escovação, no mínimo duas vezes ao dia, para ter alívio duradouro, ou conforme a recomendação do dentista. O consumidor também pode aplicar uma pequena quantidade diretamente no dente sensível, massageando por um minuto, uma vez por semana, para alívio instantâneo.
www.colgate.com.br
10
março de 2011
Reportagem
Inovação e conhecimento
marcam o 29º Congresso Internacional de Odontologia Por: Silvia Guedes Colaboração: Eduardo Boni e Vanessa Navarro
Estiveram presentes no evento: Alexandre Padilha (Ministro da Saúde), Geraldo Alckmin (Governador de São Paulo), Januário Montone (Secretário Municipal da Saúde), Adriano Forghieri (Presidente da APCD), Silvio Cecchetto (Presidente do Congresso), Roberto Vianna (Presidente da Federação Dentária Internacional), Raymond Gist (Presidente da ADA – Associação Dental Americana), Gilberto Pucca (Coordenador Nacional de Saúde Bucal), Ailton Morilhas (Presidente do Conselho Federal de Odontologia), José Gregori (Secretário Especial de Direitos Humanos do Estado de São Paulo), Rodolfo Candia Alba Júnior (Diretor da Associação Brasileira da Indústria Médico-Odontológica), Fernando Gueiros (Federação Nacional dos Odontologistas), Newton Miranda (Presidente da Associação Brasileira de Odontologia), Emil Adib Razuk (Presidente do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo) e José Police Neto (Presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo).
D
urante quatro dias, mais de 65 mil pessoas circularam pelos corredores da Expo Center Norte em busca de inovações, bons negócios e, principalmente, conhecimento. Com o tema “Agregar para crescer”, a 29ª edição do Congresso Internacional de Odontologia, realizada entre os dias 29 de janeiro e 1 de fevereiro, mais uma vez confirmou seu status como o maior evento do setor odontológico da América Latina e um dos cinco maiores no mundo. A edição de 2011 também deu o start para as comemorações dos 100 anos da APCD. “O papel da APCD em um evento dessa grandiosidade realizado em uma data histórica como esta é extremamente importante. O Congresso foi focado para gerar bons negócios para os empresários e mais do que isso, para trazer bem-estar em situações de conhecimento, de reciclagem e de aperfeiçoamento”, afirmou o presidente do Congresso, Silvio Ceccheto. Sílvio destacou o cuidado da coordenação com a reestruturação do local e, ainda, a priorização de uma grade científica que atendesse os diferentes públicos do Congresso, ou seja, profissionais já estabelecidos, recém-formados e acadêmicos. “Acredito que a mudança do local foi acertada. Mas não foi só isso, houve uma reestruturação da grade científica para que colegas com 30 ou 35 anos de profissão pudessem confortavelmente se sentar ao lado de recém-formados e absorverem o conhecimento proposto com a mesma intensidade. Este novo conceito foi um dos nossos diferenciais, promover o interesse de todos os profissionais, desde o jovem ao mais experiente, para que ele possa com a evolução da odontologia - que se faz rapidamente - estar sempre atualizado e com condições de ter um cuidado maior com a saúde do seu paciente”, destacou o presidente. O Brasil, hoje, concentra 19% dos cirurgiões-dentistas de todo o planeta. Ao todo, são 219.575 profissionais, dos quais 59% atuando na região sudeste. Só o Estado de São Paulo detém 33% dos profissionais do país. Os dados são do livro “Perfil Atual e Tendências do Cirurgião-Dentista no
12
março de 2011
Brasileiro”, de Maria Celeste Morita, Ana Celeste Haddad e Maria Ercília de Araújo, lançado na edição passada do Congresso. A APCD possui 40 mil associados, e o Congresso de 2011 deu um pontapé inicial nas comemorações do seu centenário. Segundo o presidente da instituição, Adriano Albano Forghieri, foi uma honra para a entidade poder festejar a data no evento. “Nós temos, nesta edição, o Congresso do centenário. Além da tradição do evento, pudemos contar com a participação de cirurgiões-dentistas não só do Brasil como também do exterior. O presente deste aniversário que pudemos dar a todos foram as diversas ações desenvolvidas no Congresso, que começaram pela escolha de um novo local mais confortável, climatizado e com salas de aula com capacidade expressiva. Mudanças que objetivaram o conforto dos congressistas. A APCD também conseguiu desenvolver uma atividade científica de primeira linha, muito boa. Hoje, tudo o que há de bom na odontologia brasileira relacionado à evidências científicas, trabalhos, projetos, equipamentos, novas tendências, fez parte do Congresso”.
Saúde bucal como prioridade A saúde bucal está na pauta de prioridades de todas as esferas de governo. A noite de abertura do Congresso, sábado, 29, foi marcada pela presença de autoridades dos governos federal, estadual e municipal, além de representantes de entidades de classe, que reforçaram o compromisso do poder público em intensificar ações em todo território nacional para oferecer a população uma saúde bucal eficaz e de qualidade. Representantes do Poder Público destacaram o avanço no trabalho de prevenção e tratamento odontológico no país, que expandiu a oferta de serviços na rede pública. O resultado tem sido a redução dos índices de incidência de cáries no País. Na solenidade, o governador Geraldo Alckmin anunciou que 80 hospitais estaduais passarão a oferecer à população serviços odontológicos.
Reportagem
O Ministro da Saúde, José Padilha, também afirmou que a saúde bucal será prioridade no governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo Padilha, nos últimos 10 anos, o Brasil saiu da condição de alta para baixa prevalência em cárie, mas ainda é necessário avançar mais. “Não podemos comemorar enquanto há 4 milhões de idosos com carência de próteses. Chegar onde nós precisamos em relação à saúde bucal exige cada vez mais de todos nós, ou seja, empenho, estudo, pesquisa”, afirmou o ministro. O secretário da Saúde da cidade de São Paulo, Januário Montone, anunciou a última fase da implantação de decreto que regulamenta o prêmio de produtividade para profissionais de saúde. De acordo com ele, São Paulo detém o maior número de unidades básicas de saúde com serviços odontológicos. “Só no projeto Saúde da Família são 240 equipes de saúde bucal. De 2008 para cá, já atendemos mais de 300 mil crianças, desde escovação até tratamento”, destacou. Também estiveram presentes à cerimônia de abertura do Congresso realizada na sede da APCD, Roberto Vianna (Presidente da Federação Dentária Internacional), Raymond Gist (Presidente da ADA – Associação Dental Americana), Gilberto Pucca (Coordenador Nacional de Saúde Bucal), Ailton Morilhas (Presidente do Conselho Federal de Odontologia), José Gregori (Secretário Especial de Direitos Humanos do Estado de São Paulo), Rodolfo Candia Alba Júnior (Diretor da Associação Brasileira da Indústria Médico-Odontológica), Fernando Gueiros (Federação Nacional dos Odontologistas), Newton Miranda (Presidente da Associação Brasileira de Odontologia), Emil Adib Razuk (Presidente do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo) e José Police Neto (Presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo).
Congresso reúne nomes nacionais e internacionais
Simpósios Os simpósios foram programados para levar à tona assuntos relevantes e polêmicos da atualidade, e permitiram à comunidade odontológica fazer uma reflexão sobre os pós e contras das diferentes propostas de tratamento com foco na melhor solução para os pacientes. Além da Colgate e da GSK, houve ainda simpósios do Comitê das EAPs, de Traumatologia e de Hipnose. Colgate A utilização do flúor foi debatida pelos Professores Jaime Aparecido Cury e Lívia Maria Andaló Tenuta no Simpósio da Colgate, realizado no segundo dia do Congresso com o auditório lotado. Partindo da questão “Dentifrícios fluoretados dos 8 aos 80”, os doutores, baseados em diversas evidências publicadas no Brasil e no mundo, provaram ao público que os cremes dentais fluoretados são os meios mais racionais do uso do flúor e não interferem com os fatores responsáveis pela cárie. Lívia falou sobre os mecanismos de ação dos dentifrícios fluoretados para embasar sua utilização independente da idade. Segundo ela, para entender porque a forma ideal de se utilizar o flúor é através dos dentifrícios, é preciso primeiramente falar sobre cárie, que é conceituada como uma doença multifatorial, cujos fatores determinantes são o acúmulo de bactérias no dente e a quantidade de exposição ao açúcar. Jaime Cury, por sua vez, falou sobre as limitações do uso de fluoreto para evitar o risco de fluorose dental. De acordo com ele, não existe uma relação dose-efeito se for considerado o benefício do flúor. “Fluorose dental é
Imagens: Mozart Latorre
A programação científica foi dividida em: atividade multidisciplinar, conferência clínica, curso internacional, curso nacional acadêmico/clínico, curso nacional avançado, curso nacional clínico, curso para auxiliar e técnico em saúde bucal, curso sequencial para clínica diária, hands-on, simpósio, soluções clínicas, técnico em prótese diária e workshop.
Ao todo, a programação contou com mais de 250 temas diferentes, assistidos e debatidos por profissionais do Brasil e do mundo. Houve ainda um espaço dedicado aos projetos odontológicos e trabalhos científicos que incluiu fóruns científicos e clínicos, temas livres, painéis e mesas demonstrativas. “Uma gama de oportunidades para que os congressistas pudessem se atualizar e oferecer o melhor cuidado para a saúde de seus pacientes”, afirmou o presidente do evento, Silvio Ceccheto.
Dra. Lívia Maria Andaló Tenuta dissertou sobre os mecanismos de ação dos dentifrícios fluoretados.
Dr. Jaime Aparecido Cury falou sobre as limitações do uso de fluoreto para evitar-se o risco de fluorose dental.
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um efeito sistêmico, portanto o grau de fluorose provocado nos dentes dependerá da concentração de flúor no sangue, a qual depende da dose de ingestão diária e da exposição prévia ao fluoreto”, explicou.
Curso internacional O especialista Luc Van Der Sluis, pós- doutorado em Endodontia pela Academic Centre Dentistry Amsterdam da Holanda, falou sobre ‘o efeiImagens: Mozart Latorre
GSK Mais uma gigante do setor de produtos odontológicos esteve presente na programação dos Simpósios realizados no Congresso. A Glaxosmithkline (GSK) promoveu o encontro de três grandes nomes da clínica dentária: Ana Cecília Aranha, Eduardo Muniz Barreto Tinoco e da Inglaterra Stephen Mason. Os três falaram sobre a hipersensibilidade dentinária em três vertentes diferentes. Ana Cecília explicou o fato de a hipersensibilidade dentinária ser uma condição crescente entre os pacientes e os modos de ação dos tratamentos hoje disponíveis. Stephen Mason é diretor técnico da GSK na Inglaterra e há 20 anos atua na indústria da saúde bucal. Mason apresentou aos congressistas um novo produto contra a hipersensibilidade, tema central do Simpósio realizado pela multinacional. O produto apresentado foi o creme dental Sensodyne Alívio Rápido com proteção instantânea e duradoura. A eficácia do dentrifício, segundo Mason, pode ser comprovada pela metodologia instantânea de esfregar o produto no dente.
rondam este assunto, e os professores da FOP-UNICAMP Jaime Aparecido Cury e Lívia Maria Andaló Tenuta, pós-doutorados em Odontologia e especializados em Cariologia, discutiram o tema no curso “Flúor: mitos e realidade de seu uso coletivo, pessoal, profissional e das suas combinações”. Os doutores Aldo Brugnera Jr. e Fatima Aparecida Zanin ministraram uma palestra sobre as novidades no que se refere aos tratamentos da laserterapia e as aplicações clínicas. Entre outros assuntos, falaram sobre a forma correta de calcular as doses do laser e o mecanismo de cálculo reconhecido pela WALT (World Association of Laser Therapy). Outro tópico abordado foi a polêmica em torno do clareamento dental, com a aplicação das técnicas e equipamentos, além do treinamento para que o cirurgião-dentista possa aperfeiçoar sua técnica. A especialista ressaltou que o importante é usar equipamentos que não aqueçam e, enfatizou a revolução representada pelo uso do LED no clareamento dental. “O LED foi a maior revolução no que diz respeito ao clareamento dental, pois faz tudo aquilo que o laser faz, mas sem apresentar calor”, explicou Fatima Zanin.
Stephen Mason, diretor técnico da GSK na Inglaterra.
Curso nacional clínico Foram apresentados vários módulos com temas de grande relevância na prática clínica, por exemplo, os mitos e as verdades sobre o clareamento de dentes polpados em consultório. O tema foi debatido por Rafael Francisco Lia Mondelli, professor doutor da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP, que quebrou paradigmas quanto ao clareamento realizado em consultório e mostrou aos congressistas diversas opções de equipamentos de luz como principal ação do clareamento. “A técnica de consultório proporciona ao profissional vantagens bastante interessantes, como a complementação de canino e, no caso de dentina exposta, recobrir com a própria barreira gengival, o que não exime o paciente de ter a sensibilidade exacerbada após o clareamento, mas volta ao normal após uma ou duas semanas. É imprescindível que o profissional converse com o paciente”, destacou Mondelli. Outro tema que ganhou destaque na programação científica do Congresso do Centenário foi o uso do flúor como medida utilizada no mundo inteiro para o controle da cárie dentária. Muitos mitos ainda
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Dr. Rafael Francisco Lia Mondelli debateu sobre os mitos e verdades sobre o clareamento de dentes polpados em consultório.
to da dinâmica de fluídos e irrigantes na desinfecção dos canais radiculares’. Ele abriu a discussão agradecendo o convite e elogiando a beleza e hospitalidade do Brasil, que visita pela segunda vez. Van Der Sluis é um estudioso da Endodontia, e, nos últimos anos, aprofundou-se na pesquisa dos diferentes sistemas de irrigação, levando em conta que este é um procedimento químico essencial para a desinfecção, um dos principais propósitos do tratamento do canal. “Vale considerar que 90% dos canais estão infectados depois do tratamento. A parte apical deve ser o foco do tratamento e, quanto mais largo o tamanho apical, mais espaço você tem para a limpeza”, afirmou. A tecnologia CAD/CAM e a moldagem digital em próteses foi o tema ministrado por Roberto Scotti, da Itália. Scotti apresentou um apanhado geral sobre o tema e falando também sobre as perspectivas futuras. O professor, que é diretor do Departamento de Ciência Oral e do Serviço de Reabilitação Protética Maxilofacial da Universidade de Bolonha, abordou em sua palestra a construção em CAD/CAM de próteses bucomaxilofaciais, em pinos de fibra, materiais de impressão e tecnologia
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avançados, coroas estéticas adesivas e próteses sobre implantes. No último dia do evento, um novo ciclo de cursos internacionais aconteceu nos auditórios. Dois deles foram muito concorridos: o de Conceitos Clínicos na Terapia Periodontal e o outro sobre Técnicas Minimamente Invasivas para Enxertos de Tecido Mole. A primeira palestra ficou a cargo do suíço Anton Sculean e a outra foi proferida pelo norte-americano Homayoun Zadeh O Dr. Sculean apresentou conceitos clínicos para o tratamento regenerativo de defeitos de furca e intraósseos. Depois, fechou sua palestra falando sobre os futuros direcionamentos na busca por melhores resultados. Na palestra do Dr. Homayoun Zadeh, o objetivo foi mostrar as técnicas de enxerto minimamente invasivas. O especialista mostrou a técnica racional para recobrimento periodontal da raiz. “Nesses casos, o segredo é encobrir a raiz de forma a não ser vista”, resumiu. Zadeh abordou também sobre os principais problemas que surgem nesses casos, como septos, perfurações e lacerações.
Curso nacional avançado
Imagem: Mozart Latorre
Os cursos nacionais avançados tiveram como público-alvo os especialistas, no entanto, a prática odontológica realizada pelos clínicos também foi privilegiada com os conhecimentos de ponta apresentados nas atividades programadas. Luiz Narciso Baratieri, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, foi um dos palestrantes do segundo dia de atividades do Congresso. O tema do curso foi “Percepção - Dentes e Restaurações”. Durante a palestra, Baratieri propôs uma reflexão sobre a questão da estética quando não há necessidade. “Percepção é o exercício de cinco sentidos. Será que precisamos tanto assim de dentes perfeitos? Será que precisamos sofrer tanto para fazer uma restauração que você não vê a margem? Será que aquilo é tão importante na longevidade das restaurações?”, esses foram alguns dos questionamentos que Baratieri fez durante sua explanação que durou cerca de três horas e foi assistida por mais de 300 congressistas. Assuntos relacionados à reconstrução protética para tratamento de maxilares atróficos foram discutidos pelo especialista Dr. Claudio Luiz Sendyk. Os principais temas abordados pelo profissional foram as possibilidades de planejamento e resoluções clínicas à estética e às limitações e as dificuldades técnicas. Segundo Sendyk, o implante em formato de hexágono externo ainda
é bastante utilizado, e muitos profissionais não começaram a usar o modelo interno por puro receio, porque estão acostumados com ele e por não quererem mudar. “Na realidade, existe uma só vantagem entre um e outro: o parafuso que prende o pilar intermediário ou a prótese está mais protegido no caso do hexágono interno, pois ele está mais protegido da carga, então solta menos. Nos casos em que há muita perda óssea, você deve trabalhar sempre com implantes de conexão interna. É só isso, por que, de resto - infiltração, característica da coroa são muito semelhantes”, explicou. Ainda na linha de cursos nacionais em nível avançado, o destaque foi para Wilson Sendyk, livre-docente da Unicamp, que falou em seu programa sobre Tratamento de Maxilares Atróficos em Implantodontia. Ele abordou temas como a quantidade óssea insuficiente em Implantodontia e mostrou técnicas cirúrgicas para reconstrução óssea em espessura (expansão de rebordo e enxertos aloplásticos) e em altura (enxertos ósseos autógenos).
Curso para auxiliar e técnico em saúde bucal Não foram apenas os profissionais clínicos, especialistas e cirurgiões que puderam ganhar novos conhecimentos durante o Congresso. Este ano, houve uma programação exclusivamente voltada para os auxiliares e técnicos em saúde bucal com o objetivo de melhorar suas atividades no dia-a-dia da prática odontológica. O tema Biossegurança Verde foi uma das pautas dedicadas aos auxiliares e técnicos e foi tratada pela estudiosa do assunto, a cirurgiãdentista Márcia Monteiro Rita, que também é especialista em Dentística Restauradora e Implantodontia e coordenadora dos cursos de formação de ASBs, TSBs e técnicos em Próteses Dentárias da APCD Central. Márcia apresentou aos congressistas as Diretrizes de Controle de Infecção estabelecidas pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária e mostrou como a gestão incorreta do amálgama (material com alta concentração de mercúrio) e de substâncias químicas usadas no processamento radiológico e na desinfecção de materiais pode comprometer o meio ambiente.
Curso sequencial para clínica diária O exercício da prática diária exige do profissional conhecimentos de várias áreas da odontologia. O módulo curso sequencial para clínica diária foi realizado pelos organizadores do evento com o objetivo de trazer de cada especialidade a melhor contribuição em atividades interdisciplinares. O professor titular de Endodontia e coordenador de Mestrado e Doutorado da Universidade de Taubaté, José Luiz Lage-Marques abordou o tema “Como otimizar a redução da microbiota durante o tratamento endodôntico” e destacou a importância da medicação correta para a ação antimicrobiana. Para melhorar os resultados da técnica endodôntica, Lage-Marques afirmou que é fundamental um bom preparo antes do tratamento com medicação sistêmica e local. “Há um universo de micro-organismos que fazem parte do canal e é preciso cuidado na seleção das substâncias químicas a serem utilizadas”, disse.
Atividade multidisciplinar
Dr. Luiz Narciso Baratieri propôs uma reflexão sobre a questão da estética quando não há necessidade.
Para auxiliar o clínico geral e o especialista ao realizar um melhor planejamento no tratamento odontológico, as atividades multidisciplinares apresentaram temas que refletiram a necessidade de conhecimentos interdisciplinares, como o que foi apresentado por Augusto Roque Neto, especialista em Dentística Restauradora e professor da
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Soluções clínicas O tratamento de manchas também foi tema do módulo: soluções clínicas. Quem falou sobre o assunto foi José Carlos Garófalo, professor efetivo do curso de especialização em Dentística da EAP - APCD - Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas - SP. O inovador módulo soluções clínicas teve como principal objetivo analisar criteriosamente os temas apresentados, fazendo com que os mesmos pudessem ser incorporados na rotina diária das atividades clínicas. O tema condutor da palestra de Garófalo foi “Odontologia Minimamente Invasiva - Diagnóstico e Remoção de Manchas Brancas em Dentes Permanentes”. O cirurgião apresentou os fatores etiológicos das manchas brancas em dentes permanentes, estabelecendo um diagnóstico diferencial com alternativas de tratamento minimamente invasivas para sua remoção e para os preparos cavitários. Com o objetivo de discutir as várias possibilidades da colocação de implante imediatamente após a exodontia de um dente e, ainda, a validade desta opção, o coordenador do curso de especialização em Periodontia da FOUSP, Francisco Fernando Todescan discorreu sobre diversas situações clínicas e, baseado em evidências científicas, mostrou quais as abordagens clínicas possíveis. “É necessário sempre levar em consideração dois fatores determinantes no tratamento, que são o biótipo tecidual, que no caso de gengiva delicada tem que ter mais cuidado, e também o posicionamento do implante tridimensional”, destacou Todescan.
Kriger apresentou o tema “Ludoterapia, uma aliada importante no manejo da criança em Odontopediatria” e iniciou sua explanação com a seguinte afirmação: “Temos que deixar de ser tão técnicos e sermos mais humanos”. De acordo com Kriger, na Ludoterapia a humanização do atendimento é fator fundamental para o sucesso na abordagem inicial e a criação do vínculo, e consequentemente a fidelização, com o paciente. “Só senta na minha cadeira quem é meu amigo”, afirmou. Os cuidados e atenções especiais para com os pacientes foi o tema das palestras dos especialistas Ricardo de Andrade e Renata Dias Rezende. O Dr. Ricardo de Andrade procurou passar para os congressistas um pouco da sua experiência de 25 anos no que se refere a procedimentos assertivos de prevenção de acidentes e soluções de complicações trans e pós-cirúrgicas ortodônticas. A especialista Renata Dias Rezende, por sua vez, falou sobre os principais procedimentos de emergência, caso aconteçam problemas no consultório do dentista. Segundo ela, o consultório odontológico é um palco permanente de estresse, por isso, é importante conhecer técnicas para minimizar o estresse. “Quem nunca passou, fica assustado. Mas o importante é saber identificar o problema e saber como agir. Além disso, é importante orientar o paciente a não ir para o consultório em jejum. Ele deve se alimentar normalmente, pois uma queda na taxa de glicose pode causar desmaios”.
Novidades no mercado Mais de 200 estandes fizeram parte do pavilhão de exposições do evento. Ao circularem pela feira, dentistas do Brasil e do mundo puderam conhecer o que há de mais moderno no setor de odontologia. Para Adriano Albano Forghieri, a maior parte das novidades visa facilitar a vida do profissional e ajudá-lo a atingir a excelência na qualidade da saúde bucal da população. “É fato que a saúde começa pela boca. Pudemos conferir no Congresso deste ano, novidades que visam facilitar a vida do profissional e qualificar a nossa prestação de serviço. Vimos várias empresas apresentando produtos interessantes que ajudarão - e muito - o nosso dia-a-dia. O Congresso nos dá a oportunidade de conhecer novos produtos e de fazer bons negócios tanto para quem está começando quanto para aqueles com anos de consultório. É por isso que é Agregar para Crescer em todos os sentidos”, destacou. Durante os quatro dias de evento, os cirurgiões-dentistas tiveram acesso ao que há de mais moderno e avançado no mercado odontoImagem: Mozart Latorre
UMESP. Neto falou sobre os cuidados técnicos que devem ser observados não apenas no momento da restauração, mas desde a hora do planejamento e confecção da cavidade. Citou, ainda, os erros técnicos mais comuns e os meios de evitá-los. Mestre em Ortodontia pela UNICAMP e doutor em Odontopediatria pela USP, Eduardo Guedes Pinto deu sua contribuição no Congresso com a palestra “Equilíbrio da Oclusão no Tratamento Ortodôntico”. Durante os 50 minutos de apresentação, Eduardo falou sobre o quanto a terapia pulpar em dentes decíduos tem progredido nos últimos anos, especialmente no Brasil. “Ortopedia não é mágica. É excelente, mas precisa de acompanhamento, de ajustes”, afirmou. Sandra Kalil Bussadori, coordenadora dos cursos de especialização em Odontopediatria da APCD Central e APCD Humaitá, ensinou como reconhecer os diversos tipos de manchas, realizar um diagnóstico diferencial e desenvolver o processo de classificação de acordo com os índices atuais. Ministrando o tema “Diagnóstico, classificação e tratamento de manchas dentárias”, Sandra abordou de maneira didática as resoluções estéticas e os materiais dentários utilizados para devolver a estética ao paciente. “Nós temos que fazer vários tratamentos interligados, pois existem diversos tipos de imperfeições. É o bom diagnóstico que vai direcionar que tipo de cuidado devemos ter com esses defeitos em nível de esmalte”, disse.
Conferências clínicas A quantidade e a qualidade das informações apresentadas na programação das conferências tiveram como objetivo enriquecer e ampliar a visão clínica, promovendo uma grande interação entre os ministradores e os congressistas. A Odontopediatria foi um dos assuntos abordados durante as conferências. Para falar sobre o tema, um expert da área no Brasil, o cirurgião-dentista Leo Kriger.
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Dr. Francisco Fernando Todescan discorreu sobre odontologia minimamente invasiva.
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lógico mundial. A Associação Brasileira de Odontologia – ABO marcou presença no espaço da Feira Internacional de Odontologia de São Paulo - FIOSP. A associação tem como missão promover a Odontologia nacional e internacionalmente, valorizando o cirurgião-dentista no contexto técnico-científico e sociocultural, contribuindo com a política de promoção de saúde bucal da população. A Bitufo apresentou o gel dental Day and Night, produto para tratamento estético, composto por dois géis dentais: clareamento durante o dia e ação antimicrobiana durante a noite. A Carestream Dental, fabricante exclusiva da Kodak Dental Systems, exibiu durante a FIOSP o Sistema de Radiologia 3D de Raio Cônico Kodak 9500. O sistema é focado em imagens tridimensionais das estruturas craniofaciais. A Colgate apresentou todo o portfólio para o tratamento e para a higienização bucal. Destaque para o sistema de tratamento da hipersensibilidade dentinária e para as soluções anticárie. A escova dental com cerdas cônicas, que massageiam a gengiva e auxiliam na remoção da placa e na prevenção de tártaro, foi o destaque da Condor. A Condor Sensitive Clean foi desenvolvida para as pessoas que possuem dentes altamente sensíveis. A Conexão apresentou o Easy Grip Full Osseointegration, uma inovação em implante. O produto é indicado para as implantações unitárias e múltiplas para osso tipo I, II, III e IV em maxila e mandíbula. A Cosmedent exibiu durante os quatro dias de feira comercial toda a linha de cuidados odontológicos, como compósitos, polimento, resina, cimentos. A Dental Cremer esteve presente em todos os dias da FIOSP, apresentando aos profissionais de saúde bucal as ofertas de todo o portfólio de produtos destinados ao tratamento odontológico. A Cristófoli divulgou toda a linha de equipamentos para cirurgiõesdentistas. Entre eles, a Câmera Intra/Extra Oral. O equipamento conta com excelente definição de imagens, e as mesmas podem ser visualizadas em monitores/TV’s por meio da entrada de vídeo RCA. Grandes novidades para o consultório odontológico foram apresentadas pela D 700. Cadeiras, raios X, compressores, ultrassom, entre outros equipamentos, foram exibidos e comercializados pela empresa. Destaque para os consultórios 4T Flex e 3T Cart, que visam otimizar o trabalho dos cirurgiões-dentistas. A Dabi Atlante apresentou o projeto fruto do desenvolvimento da linha de panorâmicos. O Eagle Raios-X Panorâmico Dabi Digital é um equipamento que conta com design e tecnologia de ponta em todas as funções propostas. A Dental Morelli exibiu o portfólio completo da linha de equipamentos para cuidados odontológicos. Entre os produtos, os kits econômicos de bráquetes Routh Max e o tubo ortodôntico Simples Roth. Um novo conceito em motores para implantes e bomba à vácuo foi apresentado pela Dentscler. O Ômega 2 realiza todos os procedimentos em implantes, cirurgia e endodontia. A DMC destacou os produtos de lançamento da linha química, como o clareador para ortodontia, remineralizador, lápis e caneta marcadora para potencialização do laser cirúrgico, e a nova linha de biomateriais - composta de membrana biológica e diferentes apresentações de hidroxiapatita nanoparticulada. O cirurgião-dentista deparou-se com diversas inovações ao visitar o estande da Driller. Entre os destaques, estava o Inject Care, utilizado na aplicação local de solução anestésica. O equipamento possui introdução linear da agulha e continua do líquido, causando o mínimo de dor.
A Easy Equipamentos Odontológicos divulgou todos os produtos do catálogo, entre eles as novas limas Pro Design e o sistema Pack. O sistema Pack é utilizado para obturação total dos canais ou para “backfill”. O novo Sensodyne Rápido Alívio foi o destaque do estande da GlaxoSmithKline – GSK. O creme dental proporciona alívio clinicamente comprovado, funciona em apenas 60 segundos e a formulação com acetato de estrôncio forma oclusão profunda. A Gnatus apresentou todo o conjunto de equipamentos odontológicos. Os refletores Sirius Sensor, que utilizam intensidade mais baixa e inibem a polimerização precoce de matérias fotoativados; e os Raios X Timex 70 E, que possuem leveza e precisão nos movimentos, foram os destaques do estande. A linha Classic de móveis odontológicos foi apresentada pela Haydée. Os modelos que compõem a linha apresentam excelência em qualidade, proporcionando um ambiente bonito e aconchegante. A Johnson & Johnson compareceu ao evento para apresentar todos os produtos para cuidados odontológicos, entre eles o Listerine. O produto é o primeiro e único enxaguatório bucal a receber o selo de aprovação da IAP. A KaVo inovou mais uma vez no quesito turbinas. A KaVo Century 103 C LUX com luz e sistema de engate rápido multiflex é mais silenciosa, possibilita melhor acesso e excelente visão em qualquer área da boca do paciente, além proporcionar menos esforço do cirurgiãodentista durante o trabalho. Os implantes Drive CM é um novo conceito de estabilidade primária apresentado pela Neodent. Entre as características do produto, estão: mais controle direcional, reversão antiestresse, roscas duplas progressivas e microrroscas cervicais. A Nobel Biocare compareceu ao evento para expor todos os produtos odontológicos do catálogo da empresa. O destaque foi o OsseoSet 200, motor de perfuração com exlusiva função de liberação de torque, que permite tratamentos fáceis e seguros. Com 32 anos de existência, a Olsen marcou presença na FIOSP para exibir a linha Siena de consultórios odontológicos desenvolvidos pela empresa. Os consultórios contam com desde a versão mais básica até a configuração mais completa de alta performance. A Pro-Saúde Whitening com sistema polyfluorite e ação antibacteriana foi apresentada pela Oral B. O produto, que realça a brancura natural dos dentes, conta com uma combinação de ingredientes branqueadores que removem cuidadosamente manchas superficiais. A empresa ainda expôs todo o portfólio de produtos para cuidados odontológicos. A Ravagnani Dental, empresa com sede em Portugal, acaba de fixar seu espaço no Brasil. A Ravagnani Dental Brasil compareceu ao evento para demonstrar a funcionalidade e a ideal ergonomia dos consultórios odontológicos, e ainda apresentou todos os componentes do catálogo de bomba à vácuo. O espaço destinado à Redecard atraiu um grande número de visitas. Os representantes da empresa, conhecida como a amiga dos lojistas, dispuseram-se a tirar as dúvidas dos cirurgiões-dentistas em relação aos cartões e aos serviços oferecidos para a classe odontológica. A Sanders exibiu durante os quatro dias de feira, todos os produtos destinados aos cirurgiões-dentistas. A empresa mineira destacou o Ultralumen sem fio, fotopolimerizador/clareador com autonomia para 200 polimerizações de 20 segundos. Os kits Pola Office + foram os destaques da SDI. Conhecido como o clareador mais rápido do mundo, o produto requer tempo mínimo na cadeira do dentista, pois o total do tratamento dura menos de 30 minutos.
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A Straumann apresentou o seu mais novo implante: o Roxolid, a união do titânio com o zirconium. A nova tecnologia de implantes de diâmetro reduzido Roxolid SLActive oferece benefícios adicionais para os implantodontistas e para seus pacientes. A nova fórmula do cimento endodôntico EndoREZ foi apresentada pela Ultradent. Com a composição a base de metacrilato e hidrofílica, o cimento penetra mais profundamente nos tóbulos dentinários e nos canais laterais, assegurando o selamento perfeito às paredes do canal.
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A SIN – Sistema de Implantes esteve presente no evento para demonstrar toda a linha de implantes da empresa, entre eles os implantes curtos, voltados para facilitar a cirurgia e o tratamento, com segurança e ótimo desempenho. A Sorridents, rede de franquias de clínicas odontológicas, proporcionou aos profissionais e estudantes de saúde bucal que estiveram o estande “a experiência Sorridents”. Os visitantes caminharam por um túnel com televisores que exibiam toda a rotina de uma clínica.
Mais de 200 estandes fizeram parte do pavilhão de exposições do evento. Ao circularem pela feira, dentistas do Brasil e do mundo puderam conhecer o que há de mais moderno no setor de odontologia.
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Durante os quatro dias de evento, os cirurgiões-dentistas tiveram acesso ao que há de mais moderno e avançado no mercado odontológico mundial.
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Bíblia do auxiliar e do técnico em Saúde Bucal
Dra. Lusiane Borges, organizadora da obra ASB / TSB Formação e Prática da Equipe Auxiliar.
São mais de 800 páginas escritas a 61 mãos e organizadas por Lusiane Camilo Borges com o objetivo de levar conhecimento aos ‘anjos da guarda’ dos cirurgiões- dentistas, aqueles que estão sempre prontos a ajudar o profissional nas mais diversas situações clínicas. O livro ASB / TSB Formação e Prática da Equipe Auxiliar foi lançado durante o Congresso no stand da Oral B e além da sua idealizadora contou com a presença da maioria dos colaboradores da obra. Lusiane conta que há cerca de 10 anos defende a regulamentação dos auxiliares e técnicos, e, em dezembro de 2008 a boa notícia chegou. “O treinamento acontecia no próprio consultório, durante a convivência com o dentista”, lembrou.
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Depois da regulamentação em 2008 e da participação em três edições do Congresso Internacional de Odontologia em países diferentes, Lusiane que é especialista em biossegurança e controle de infecção, percebeu que havia uma carência de literatura especializada e direcionada aos ASBs e TSBs. “Há quatro anos eu pensei em reunir alguns professores do curso e fazer um ‘basicão’ para que os auxiliares e técnicos pudessem ter uma referência na área”, conta. Segundo ela, a partir daí, o trabalho foi ganhando novas e maiores dimensões. “A coisa foi crescendo. No início o livro tinha 18 capítulos, passou para 30, depois para 35 e terminou em 42 capítulos. Convidamos um expert de cada área e pedimos que escrevesse sob a luz do ASB / TSB e não para o dentista”, completa. É fato que o livro é direcionado para a formação continuada e a prática do auxiliar e do técnico. Entretanto, Lusiane garante que, devido a quantidade de assuntos extremamente, os conhecimentos podem e devem ser absorvidos também pelo dentista. “O livro é formado por cerca de cinco blocos. Iniciamos com matérias básicas, como fisiologia, anatomia de cabeça e pescoço e farmacologia. Depois passamos para uma área mais específica que é sobre manutenção de equipamentos, resíduos, biossegurança, controle de infecção, além de todas as subespecialidades, inclusive as novas, como odontogeriatria, odontoebiatria, que é para adolescente. O livro fala desde odontologia para bebês, que é um assunto recente, passando pela pediatria, o clínico e a odontogeriatria. Temos ainda um bloco específico sobre SUS, PSF, Saúde Coletiva e odontologia hospitalar”, revela Lusiane. Elaborado para dar apoio didático à formação, o livro conta ainda com um capítulo sobre concursos e seleções. Dos 61 colaboradores que estão no livro, cerca de 90% fizeram parte da programação científica do Congresso. Lusiane completa dizendo que foi extremamente exigente na escolha desses profissionais, principalmente no que se refere a atualização das informações contidas no livro. A obra estará nas livrarias a partir deste mês e, além da qualidade do material gráfico, Lusiane destaca como um diferencial o preço acessível.
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Entrevista
Ética na odontologia x pacientes portadores de HIV/AIDS Os cirurgiões-dentistas precisam adequar a postura profissional à realidade da AIDS nos consultórios odontológicos. O dentista que nega atendimento aos pacientes portadores de doenças infectocontagiosas, inclusive a AIDS, infringe os preceitos éticos mencionados no Código de Ética Odontológico – CEO, Resolução CFO – 42, de 20 de maio de 2003. A entrevista com a dentista africana, Sudeshni Naidoo, apresenta os aspectos éticos e legais relacionados ao tema. A profissional de odontologia atua na África do Sul, país que possui 17% de todos os infectados do mundo com o vírus da AIDS, conforme informa o programa das Nações Unidas para o combate da doença. Por: Vanessa Navarro
Dra. Sudeshni Naidoo Professora e Diretora do Departamento de Odontologia Social da Universidade do Cabo Ocidental (University of Western Cape – UWC), Cidade do cabo, África do Sul.
Odonto Magazine As pessoas soropositivas ainda sofrem preconceito e são, em geral, estigmatizadas pela sociedade. O profissional de saúde bucal precisa ter algum cuidado especial no tratamento de pacientes com HIV? Dra. Sudeshni Naidoo A epidemia do vírus HIV e da AIDS continua colocando desafios morais e emocionais tanto paras os infectados quanto para os afetados indiretamente. Isto ocorre porque aqueles que vivem com HIV/AIDS estão constantemente sofrendo preconceitos, sendo prejudicados e sujeitos a alguma forma de discriminação, estigma, ostracismo social, estereotipação e repressão por parte de seus entes queridos, famílias, comunidades e instituições. O estigma relacionado à AIDS tem sido expresso no mundo todo de diferentes maneiras, com variações de um país para o outro. Apesar do fato de que o estigma e a discriminação ainda são crescentes entre as pessoas vivendo com HIV e AIDS, estamos agora enxergando com muito mais clareza como o vírus é transmitido, sendo os primeiros canais de infecção o sexo desprotegido ou o contato direto com o sangue de pessoas infectadas. Portanto, a principal prevenção da AIDS é teoricamente possível com a mudança do comportamento das pessoas. Entretanto, na prática, a prevenção da AIDS ainda está longe de ser ideal. Taxas menores, em alguns casos, podem ser creditadas a uma prevenção precoce e continuada.
Mas em outros lugares, onde muito menos tem sido feito para incentivar o sexo seguro, as razões para uma estabilidade relativa permanecem obscuras. O campo da saúde pública, tradicionalmente, tem nos ensinado muito daquilo que precisamos saber para prevenir doenças epidêmicas. Mas no que concerne a AIDS, com seus significativos componentes comportamentais, as abordagens tradicionais da saúde pública não são adequadas. A abordagem mais promissora para a prevenção da AIDS é a educação em saúde, com a promoção da saúde e com a mudança de comportamento. Até o presente momento, na área de saúde oral, os dilemas éticos e legais sobre o HIV e a AIDS têm sido tratados com grade sensibilidade com relação a consentimento informado, confidencialidade e revelação. A AIDS sintetiza uma doença que requer uma abordagem holística, tanto para o tratamento médico quanto para o dentário, terapia, apoio e tentativas importantes de modificação do estilo de vida e do comportamento. Além disso, todo esse processo deve estar situado em uma estrutura ética. Odonto Magazine As alterações na boca causadas pela AIDS/HIV dão ao dentista um papel importante no diagnóstico precoce da infecção e na manutenção da saúde do paciente como um todo. Que tipo de treinamento deve ser fornecido para que o dentista possa atender o soropositivo com eficiência e eficácia, tornando-se até
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Entrevista
mesmo uma ferramenta importante para o diagnóstico da doença? Dra. Sudeshni Naidoo As manifestações orais da infecção pelo HIV incluem infecções fúngicas, virais e bacterianas. Neoplasias, doença periodontal, doença da glândula salivar e lesões de origem desconhecida também são observados. Lesões orais, tais como candidíase, úlceras herpéticas e sarcoma de Kaposi estão entre os primeiros sintomas da infecção pelo HIV. Essas condições causam dor, desconforto, restrições alimentares e fornecem uma fonte constante de infecções oportunistas. A detecção precoce de lesões orais relacionadas ao HIV pode ser utilizada para diagnosticar a infecção por HIV, elucidar a progressão da doença, prever o estado imunológico e trazer como resultado uma intervenção terapêutica oportuna e em tempo hábil. O tratamento e o controle de lesões orais causadas pelo HIV podem elevar consideravelmente o bem-estar. O exame oral é rápido e acessível e deve ter um espaço, especialmente na investigação de populações com maior risco de contágio pelo HIV, particularmente aquelas que frequentam clínicas de medicina genito-urinária. Se o diagnóstico de doença das mucosas também prevê a infecção pelo HIV em mulheres, ele pode também ser útil na triagem pré-natal para que um controle apropriado com medicamentos possa ser instituído com o objetivo de reduzir a transmissão vertical. Há grande necessidade de cuidado imediato com a saúde oral e com o encaminhamento, tratamento e prevenção das doenças bucais e a promoção da saúde especialmente entre os mais carentes, grupos desfavorecidos da população dos países em desenvolvimento. Os serviços de saúde bucal e os profissionais da área da saúde oral podem contribuir significativamente para o diagnóstico precoce, para a prevenção e para o tratamento do HIV/AIDS. Esses profissionais, assim como seus colegas médicos e enfermeiros, estão em uma posição ideal para ajudar a assegurar que eles e outros compreendam os fatos sobre a AIDS e as suas responsabilidades. Eles também estão em uma posição favorável para cuidar de pacientes, elaborar e direcionar prevenções adequadas e programas para a promoção da saúde. Odonto Magazine Como o profissional de saúde oral deve se comportar com pacientes soropositivos? Dra. Sudeshni Naidoo O profissional de saúde oral apenas pode examinar ou tratar pacientes que tenham dado o seu consentimento. Tal consentimento é baseado na autorização voluntária do paciente para a realização de um procedimento odontológico, tendo ele entendido as informações relevantes fornecidas por um profissional de saúde oral. Essa autorização repousa no princípio do respeito à autonomia, que reconhece a capacidade das pessoas de compreender, pesar alternativas e formular julgamentos. Dentro de países demograficamente diversos, as diferenças culturais também precisam ser levadas em consideração, assim como o direito ao respeito e à autonomia. Alguns profissionais de saúde oral sentem que eles deveriam realmente conhecer o status do HIV dos pacientes devido ao medo de uma possível infecção. O teste de HIV só deve ser sugerido se o grau de segurança que o
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profissional de saúde possui for substancialmente maior que dano potencial que o paciente pode causar. O HIV/AIDS tem destacado a importância de se obter o consentimento para fins de diagnóstico e terapêutica. Além disso, a obrigação de confidencialidade é universal nos códigos de ética profissionais, especialmente no que diz respeito ao HIV/AIDS. Existe um conflito inerente entre o interesse do paciente pelo sigilo e o interesse do público em se proteger contra doenças infecciosas. Uma pessoa com HIV/AIDS tem direito à privacidade, principalmente no que diz respeito à relação médico/paciente. A violação deliberada desse direito constitui um ato ilícito. Odonto Magazine Como os profissionais de saúde oral devem se preparar - moral e psicologicamente - para estarem cientes das responsabilidades éticas relacionadas ao cuidado com a saúde bucal na clínica? Dra. Sudeshni Naidoo A autonomia do paciente ocupa uma forte posição moral - o direito do paciente à confidencialidade, a obtenção de consentimento informado ou a recusa do teste de HIV é ilustrado por protocolos detalhados de terapia ou aconselhamento pré-testes. Por outro lado, diferentemente de outras doenças sexualmente transmissíveis, a AIDS é uma doença fatal e, consequentemente, as obrigações a terceiros surgem em termos de proteção das pessoas em risco - os parceiros sexuais e os profissionais da saúde. Em outras palavras, este é um exemplo ideal de uma situação em que a confidencialidade é da maior importância devido à natureza da doença, mas é uma situação em que condições reais de quebra de sigilo também existem em termos de risco à terceiros. Deve-se tomar conhecimento da tensão ética inerente aos deveres e obrigações do profissional de saúde oral com seu paciente soropositivo como opostas às obrigações para com os profissionais e para com a própria saúde pública. Odonto Magazine Quais são os fatores relacionados à natureza infecciosa da AIDS que desafiam os valores éticos? Dra. Sudeshni Naidoo O surgimento do HIV e da AIDS, a sua natureza infecciosa e o estigma e a discriminação associados a eles têm desafiado os valores éticos tradicionais da profissão de dentista. A pandemia do HIV vem redefinindo conceitos de ética, responsabilidade e justiça. Em uma escala global, essa situação tem trazido preocupações morais com a justiça social no que concerne ao acesso aos tratamentos de saúde, aos direitos humanos básicos, à responsabilidade do governo em cuidar de seus cidadãos e o dever de beneficência dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento. A situação reabriu o debate sobre questões de justiça distributiva e justiça. O HIV tem forçado a sociedade a olhar para maneiras inovadoras de controlar coletivamente a pandemia de uma forma responsável, sustentável e igualitária. Odonto Magazine Que medidas os pacientes com HIV/AIDS devem tomar para que o atendimento prestado pelo dentista profissional seja realizado de
Entrevista
uma forma ética e eficaz? Dra. Sudeshni Naidoo Para pacientes soropositivos, informar ao seu dentista que têm o vírus HIV é um grande passo. Mas eles devem ser encorajados a fazê-lo já que o profissional de saúde bucal será, então, alertado para procurar sinais de infecção na boca. Todos os profissionais dessa área devem tratar qualquer pessoa, tenha ela o vírus HIV ou não; então, não deverá haver recusa de tratamento ou discriminação de qualquer tipo. Além disso, os pacientes soropositivos devem ser incentivados a verificar a sua boca de vez em quando, procurando por manchas vermelhas e brancas, úlceras, sangramento de gengivas, dentes amolecidos, observando lábios, bochechas, gengivas, debaixo da língua e o céu da boca. Odonto Magazine Quais são os princípios mais amplos da ética quando o tema abordado é a assistência odontológica aos portadores de HIV? Dra. Sudeshni Naidoo Como mencionei, até 70% dos pacientes com HIV/AIDS apresentam manifestações orais da infecção. Os profissionais de saúde bucal são frequentemente os primeiros a diagnosticar isso, e precisam discutir as suas descobertas com seus pacientes. Sob tais circunstâncias, es-
ses profissionais devem também reconhecer os direitos dos pacientes e precisam levar em conta os princípios éticos da beneficência e justiça. A beneficência abrange o seguinte: não causar danos, prevenir danos, retirar danos e fazer ou promover o bem. A justiça tem sido descrita em termos de igualdade e “o que é merecido”. Exceto em caso de emergência ou quando nenhuma outra instalação de tratamento está disponível, muitos profissionais de saúde bucal, em geral, não são legalmente obrigados a aceitar um paciente em particular em seu consultório. A prática ética, no entanto, precisa ser conduzida dentro de um espírito de compaixão que transcende os dizeres da lei e nenhum paciente deve ter seu tratamento recusado por ser soropositivo. Não se espera dos profissionais de saúde oral que forneçam tratamentos que vão além de suas áreas de especialização, e os encaminhamentos são apropriados, desde que não sejam pretextos para discriminação ou recusa de tratamento. Doyal (1997) argumenta que, na gestão ética dos pacientes com HIV, as virtudes da coragem, prudência, caridade e esperança precisam ser parte da abordagem no tratamento. Há, no entanto, limites ao exercício dessas virtudes no decorrer do trabalho. A coragem, como se sabe, que é esperada dentro da prática profissional deve ser mediada pela virtude adicional da prudência.
Espaço Equipe
Marina Montenegro Rojas Cirurgiã-Dentista e especialista em Odontopediatria. Diretora do Departamento Social e de Prevenção – APCD Pinheiros. Membro da coordenação do Projeto Odontocomunidade – CIOSP. CirurgiãDentista do PSF Albert Einstein. Docente dos cursos de ASB/TSB – Biológica – APCD e ABO. Pesquisadora na clínica de trauma em decíduos e na de ART – FOUSP. Consultora em Odontopediatria do site “múltiplos.com.br”. marinamr2006@gmail.com
A primeira impressão onde tudo começa... ou termina
O
que adianta ter um consultório bem estruturado, bem localizado, ter um ótimo relacionamento, atrair pacientes, e, no fim das contas, pecar no atendimento? É claro que é importante divulgar, atrair, atender, mas não podemos nos esquecer de fidelizar. O seu tratamento começa bem antes da chegada do paciente em seu consultório e termina muito depois. Fique atento aos detalhes, e proporcione bons momentos para seu paciente, afinal, a ida ao dentista já está relacionada à tanta dor, sofrimento e preconceitos, não? O pré-atendimento é fundamental na conquista e fidelização de novos e antigos pacientes. Muitos não voltam ao consultório por se sentirem mal tratados, sem o atendimento que mereceriam: ambiente desorganizado, sujo, profissionais grosseiros, mal educados, sem comprometimento, com erros graves de português (este é um “pobrema” sério). Atualmente, com a nossa rotina desgastante, não precisamos de uma secretária e sim de um(a) facilitador(a): um(a) profissional ágil, dinâmico(a), que resolva realmente os problemas ao invés de apenas trazê-los. Para isso é fundamental ser maduro e confiável. O ideal é ter alguém para cuidar da parte administrativa/recepção e outra para a parte clínica, propriamente dita, mas sabemos que isso nem sempre é possível, não só pelos custos elevados, mas também pela dificuldade em encontrar bons profissionais e realmente capacitados e empenhados em desenvolver suas atividades. É muito comum dentistas escolherem seus auxiliares pela aparência ou
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por indicação, mas nem sempre dá certo. Vendemos saúde, sonhos, expectativas. Nossa equipe deve ser treinada para isso. Muitos funcionários exigem seus direitos, aumento, férias, folgas, etc, mas não se preocupam em fazer realmente sua parte, assim como muitos dentistas não valorizam profissionalmente e/ou financeiramente os seus funcionários. Devemos tornar o ambiente de trabalho agradável para que toda a equipe desempenhe seu papel da melhor maneira possível. Nossos pacientes agradecem, e nos indicam! O atendimento primário deve ser executado por alguém que tenha alguns atributos básicos: »»Saiba falar, ler e escrever o português corretamente. »»Consiga resolver questões cotidianas, tais como: agendamento, pagamentos e controle de estoque, sem interromper o profissional a qualquer momento. »»Consiga se expressar de maneira clara e saiba ouvir quando necessário. »»Tenha boa aparência: roupas e sapatos discretos e confortáveis em tons claros ou pastéis, cabelos limpos e presos, unhas limpas e cortadas, acessórios discretos. Para mulheres: maquiagem discreta, esmalte claro (se quiser) e nada de transparências e/ou decotes. »»Saiba controlar seus “gostos” e atitudes durante o expediente e não misture problemas pessoais com profissionais. »»Tenha fala dócil, sorriso agradável e olhar confiante.
Espaço Equipe
»»Não confunda bom atendimento com envolvimento, relacionamento com o paciente. »»Tenha jogo de cintura para contornar as diversas situações. »»Seja atento aos mínimos detalhes e tenha resolutividade (atenda ao telefone prontamente, transmita os recados corretamente e não deixe as coisas “para depois ou para amanhã” ). »»Mantenha sigilo sobre pacientes e colegas de equipe. »» Tenha organização, responsabilidade, comprometimento, proatividade. »»Goste realmente do que faz e seja interessado em se atualizar, adquirir novos conhecimentos, isso não só para crescimento/desenvolvimento pessoal, mas também para contribuir com o sucesso do nosso atendimento. Por que não pagar cursos de atualização, atendimento telefônico, atendimento ao cliente, administração do consultório? Preocupamo-nos em investir em novos equipamentos, materiais, tecnologias, nossas especializações, nossos congressos, mas e o profissional que é nosso braço direito e esquerdo? Mais uma vez não podemos nos esquecer de que, geralmente, o primeiro contato do nosso futuro paciente é com a equipe auxiliar, e a primeira impressão é que fica, não é? Outros fatores importantes: infraestrutura adequada, limpa e organizada (não precisa luxo), localização de fácil acesso, estacionamento, disponibilidade de horários, atendimento no horário marcado. Parece complicado, mas é só lembrarmos de que também somos pacientes: o que eu gostaria de ter como paciente, que tipo de tratamento, de ambiente? A sala recepção também é um local que merece atenção especial: será a primeira impressão do seu paciente sobre seu consultório e sobre você, inclusive. Revistas atualizadas e bem conservadas, com capa, sem rasgos e rabiscos, iluminação e som ambiente adequados, local limpo e bem conservado; atenção também ao lavabo: um referencial para se avaliar condições de higiene e organização do consultório. Esquecidas e negligenciadas, as salas de espera normalmente são frias e pouco adequadas para receber os pacientes odontológicos, que em geral estão ali inseguros, ansiosos, a contragosto, por obrigação, com dor, medo ou todas as sensações juntas. Nos últimos anos, principalmente com a tendência à humanização do atendimento médico e odontológico, tons pastéis, como verde claro, salmão, amarelo claro são mais utilizados, evitando o “branco hospital”. Iluminação indireta, quadros, plantas e peças decorativas dão um toque a mais na recepção, mas atenção para não exagerar e poluir o ambiente! Muitos dentistas despejam no consultório tudo o que não querem mais em casa! A decoração depende também do público que se atende: para crianças e adolescentes há necessidade de livros, gibis, peças para montar, mas cuidado com massinhas de modelar, canetas, giz de cera e brinquedos barulhentos! Sua recepção corre o risco de virar um caos e, muitas vezes, é difícil controlar bagunça do filho dos outros. Atendimento aos idosos e pacientes especiais, exige rampa de acesso, portas mais largas, barras de apoio no lavabo, boa iluminação. Para
um público diferenciado, por exemplo, por que não disponibilizar acesso a internet? Tudo vai depender de quem são seus pacientes. Nem sempre a beleza e o luxo fazem a diferença, encantando seus pacientes. Para uma classe média baixa, uma decoração sofisticada, com piso de granito, jardim de inverno, pia de mármore faria esse paciente se sentir bem? Sanitários, bebedouros ou mesmo uma simples mesinha com água, café e sucos são confortos que não devem faltar na sala de espera. Já a televisão, hoje tão comum nos consultórios, nem sempre é indicada: deve-se ter critério no volume para não tumultuar a recepção e lógico, na escolha do que vai ser assistido. Imagine chamar o paciente bem no meio de uma partida decisiva de futebol, no último capítulo da novela, ou ainda interromper um desenho ou programa infantil? Outra dica importante: esconder aquilo que só os dentistas acham bonito, como fotos de cirurgias e reabilitações, articuladores montados, modelos de gesso, propaganda/folder de dental, revistas e jornais odontológicos. Quem falou que os pacientes gostam disso? Aliás, as revistas devem ser escolhidas de acordo com o público que se atende. Normalmente revistas sobre assuntos gerais, curiosidades e viagens costumam dar certo, desde que atualizadas e bem conservadas. Nosso cuidado pelo consultório acaba educando os pacientes. Se um paciente encontra uma recepção ou lavabo limpo, organizado, dificilmente irá jogar papel no chão, deixar pia ou vaso sanitário sujos, mas é sempre bom nosso(a) auxiliar fazer uma “vistoria local” de tempos em tempos. Também é necessário cuidar do nosso tom de voz e volume do som ou televisão. Imagine a gritaria e a confusão para um local que deveria inspirar tranquilidade... Alguns pequenos detalhes fazem muita diferença para o paciente. Divisórias de Eucatex, por exemplo, são muito utilizadas, mas dão impressão de algo provisório. O ideal é usar divisórias de gesso, que são poucos centímetros mais grossas e parecem com alvenaria, o que causa melhor impressão ao paciente. Cuidado com as flores. Arranjos artificiais, por mais bonitos e naturais que alguns sejam, costumam ficar sujos e empoeirados, dando a impressão de falta de cuidado do profissional; portanto, dê preferência aos arranjos naturais. Atenção com paredes sujas ou descascadas, emaranhado de fios de telefone e computador à mostra, bagunça em cima da mesa, cesto de lixo “transbordando”, falta de copo, papel toalha, papel higiênico... Parece muito, mas por incrível que pareça, é o mínimo que devemos fazer. O tratamento começa no pré-atendimento, nunca se esqueça. O paciente satisfeito com nosso atendimento não faz comentários desagradáveis, pois era exatamente o que ele esperava. Quando se supera a expectativa significa que você e sua equipe conseguiram a excelência, e o paciente, mais que satisfeito, divulgará seus serviços espontaneamente. Valorize seu produto e venda realmente sorrisos. “O diferencial não está no produto/serviço ou preço, está no atendimento e na excelência do mesmo. Fique atento a isso.” (Marcos Antonio de Souza Rocha).
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Relacionamento
Evolução comprovada no tratamento contra cáries O Papacárie foi elaborado para tratar de forma eficaz a dentina cariada. O produto dispensa o uso de anestesia e quaisquer equipamentos tecnológicos, proporcionado o total conforto do paciente durante o tratamento da cárie. A entrevista com a Dra. Sandra Kalil Bussadori apresenta mais detalhes sobre tema, mostrando como tal forma de cuidado está sendo bem aceita no Brasil e em outros países. Por: Vanessa Navarro
Sandra Kalil Bussadori Odonto Magazine - Em que consiste e como surgiu o Papacárie – produto 100% brasileiro? Sandra Kalil Bussadori - O Papacárie é um produto, em forma de gel, composto basicamente por papaína, azul de toluidina e cloramina. A combinação desses três elementos da fórmula proporciona uma segura remoção do tecido cariado, com efeito anti-inflamatório local e bactericida. A dentina cariada tratada química e mecanicamente torna-se friável e é facilmente removida por meio da curetagem com instrumentos manuais sem corte, dispensando, assim, o uso de micromotor e equipamentos sofisticados. O produto surgiu após uma conversa informal com minha mãe, Sra. Linda, que é nutricionista. Ela me disse que a papaína amolecia a carne. A partir disso, surgiu a ideia e comecei a pesquisar a substância juntamente com a farmacêutica Márcia Miziara. Três anos depois, chegou-se à fórmula final do gel Papacárie, que foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e lançado em 2003. Odonto Magazine - Quais são as vantagens do método? Sandra Kalil Bussadori - O método de remoção químico e mecânico da cárie dispensa, na grande maioria das vezes, o uso do motor e da anestesia. Assim, torna o procedimento de remoção da cárie rápido e muito mais confortável. Além disso, preserva melhor os tecidos sadios do dente, uma tendência da odontologia atual. O método de raspar somente o tecido infectado pela cárie preserva muito mais o tecido sadio subjacente, já que ele não é atingido pelo gel. Com a broca, esse controle não pode ser feito, e sempre é removida a dentina saudável junto com o tecido necrosado. Odonto Magazine - O procedimento tem um custo mais elevado ou mais baixo se comparado aos métodos tradicionais? Sandra Kalil Bussadori - O método em si acaba tendo o valor muito próximo ao tratamento tradicional com broca, porém se levarmos em consideração todo o processo, a ausência de anestesia, isolamento absoluto e o menor risco de exposição pulpar, o tratamento com Papacárie acaba sendo bem mais barato e mais rápido, tanto em serviço público como em ambulatórios. Odonto Magazine - Tal procedimento já é utilizado pelos profissionais de saúde bucal? Sandra Kalil Bussadori - Sim, e muito. É utilizado em consultórios de outros cirurgiões dentistas e em Universidades, como a UNINOVE, UMC, UBC, UNIMES, entre outras. Também é utilizado no serviço público de cidades, como São Bernardo do Campo, Santos, Mogi das Cruzes, Niquelândia; e em outros países, como Uruguai, Peru, Paraguai, Chile, entre outros.
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Mestre em Materiais Dentários - FOUSP. Doutora em Odontopediatria - FOUSP. Pós-Doutora em Ciências UNIFESP/EPM. Professora do Curso de Mestrado em Ciências da Reabilitação - UNINOVE.
Odonto Magazine - O que é necessário para que o Papacárie se torne uma solução normal no mercado odontológico? Sandra Kalil Bussadori - O Papacárie, hoje, é bem aceito pelos cirurgiões-dentistas, principalmente entre aqueles que estão inseridos na filosofia de mínima intervenção e de preservação das estruturas sadias. Alguns profissionais ainda resistem por não seguirem essa filosofia. A preservação de estruturas sadias do dente é o que há de mais moderno na odontologia, e é baseada em evidências científicas que comprovam o sucesso da mesma. Odonto Magazine - A pesquisa realizada sobre o Papacárie está patenteada. Quais são as vantagens desse registro? Sandra Kalil Bussadori - O produto é patenteado tanto nacional como internacionalmente. A fórmula é protegida por lei, pois foi elaborada com muito cuidado, após inúmeras pesquisas que comprovam sua efetividade. A vantagem da pesquisa ser patenteada é que o cirurgião-dentista pode ter certeza que está utilizando um material de qualidade, que tem comprovação científica e que foi fabricado dentro dos parâmetros exigidos pela ANVISA. Uma fórmula “genérica”, além de não cumprir a lei da patente, não tem o suporte científico, não passou pelos testes exigidos, e não podemos certificar sua eficácia. Odonto Magazine - Recentemente foi lançado um novo produto da linha, o Papacárie Duo. Quais são as características e benefícios apresentados por tal produto em relação a versão anterior? Sandra Kalil Bussadori - Após mais três anos de pesquisa, lançamos o PapacárieDuo, registrado e aprovado na ANVISA. O produto tem este nome porque, fundamentalmente, apresenta duas vantagens a mais. A primeira é que o gel para ter sua ação efetiva não precisará ser mais armazenado em geladeira, o que facilitará muito a utilização em locais distantes em que não é possível sua refrigeração (lembrando que qualquer material odontológico não deve ficar exposto ao sol). A outra vantagem é o tempo de validade que dobrou, ou seja, agora são dois anos de validade. Outro ponto importante a ser considerado é a consistência que foi modificada, apresentando mais viscosidade, assim haverá menos desperdício e o gel ficará mais localizado na área de atuação.
Ponto de Vista
A saúde bucal dos idosos U
ma disciplina como a Odontogeriatria, regulamentada oficialmente em 2002, apresenta-se logo de saída como uma das áreas mais complexas da Odontologia, e a meu modo de ver, uma das mais ricas também. Principalmente no aspecto em que nos coloca, quer desejemos ou não, frente a alguns de nossos maiores medos: de envelhecer, de ficarmos dependentes, de morrermos. O envelhecimento populacional é uma realidade do mundo contemporâneo. A expectativa de vida aumentou muito nos últimos cinquenta anos, sendo que as projeções indicam que o Brasil terá a 6ª maior população de idosos do mundo em 2025, provavelmente sem termos solucionado nossos problemas básicos de saúde pública e bem-estar social. Está sendo esperado que, de cada três pacientes no consultório, dois serão idosos. O cirurgião-dentista está preparado para essa realidade? Infelizmente, acredito que não. Em que sociedade estamos inseridos? Qual é o papel do idoso nela? O velho parece estar deslocado em uma sociedade extremamente consumista e hedonista, que busca o mito da juventude eterna, que não agrega experiência ao tempo, que cria novas tecnologias a todo instante, para em seguida descartá-las. A odontologia e a medicina parecem também partilhar desses “valores” quando vejo até a troca do símbolo da saúde pelo do comércio em alguns ambientes (o caduceu com as duas serpentes enroladas não é o nosso símbolo, que tem apenas uma serpente). Talvez estejamos esquecendo do nosso principal talento de curar. O Odontogeriatra acaba tendo outro olhar sobre essa veneração da estética, sobre os novos “brinquedos” que inventamos para facilitar nosso trabalho, ou os novos materiais criados a todo o momento (tecnologia necessária, sim, mas que não deveria merecer o papel de destaque). Uma hipótese otimista, apesar de dolorosa, é a de que o estudo do envelhecimento e o atendimento destes pacientes talvez seja o que nos mostrará que precisamos desacelerar o tempo e mudar de “óculos” para sermos verdadeiros profissionais da saúde; com lucro, sim, mas com um propósito anterior a ele. A palavra cuidar vem do latim cogitare, que tem a conotação de revolver dentro da mente junto com..., pensar, projetar, preparar: é preciso tempo para isso. Cuidar do idoso exige um novo lidar com o tempo, que está associado à história e à experiência de alguém. Cuidar do idoso é ouvir essa história, e talvez esse seja o papel do velho em uma sociedade ética. Isso tudo sem saudosismo de um tempo que se foi, sem excesso de compaixão e infantilização em relação a esse indivíduo. O idoso não é um “coitadinho” porque é velho. Ele exige respeito e gratidão pela obra que realizou, seja ela qual for. Trabalhar em uma especialidade, um fragmento da Odontologia, mas que visa o cuidado de um indivíduo que vai se tornando “especial”, necessariamente integra este fragmento a quase todas as outras áreas do conhecimento das ciências humanas e biológicas. E essa é a beleza dessa especialidade. Fazer com que os PHDeuses desçam do Olimpo é ouvir esse paciente e enxergá-lo de forma sistêmica, fazendo articulações com profissionais de áreas aparentemente distintas,
Claudia Cotrim Dias Graduada em Odontologia. Especialista em Odontogeriatria. Atualização em Gerontologia. Mestranda em Ciências da Saúde. Proprietária de consultório particular na zona norte de São Paulo.
como a psicologia, fisioterapia, educação física, neurologia, só para citar algumas. Aprender a trabalhar em equipe! A saúde bucal do paciente acima de 65 anos vem, aos poucos, mostrando os efeitos do avanço da prevenção que iniciamos lá pelos anos 1970, que é a manutenção de dentes por mais tempo: o edentulismo não é diretamente associado ao envelhecimento natural, e sim ao patológico. No entanto, a maioria dos idosos, atualmente, apresenta-se com um quadro clínico ainda precário: edentulismo ou grandes perdas de elementos dentais, doença periodontal avançada, cáries de raiz, atrição, abrasão, lesões da mucosa bucal, xerostomia e presença de próteses. Quanto à saúde geral desses indivíduos, o comum é a presença de muitas doenças crônicas associadas entre si, e a polifarmácia decorrente disso. As doenças mais prevalentes no idoso no Brasil são a hipertensão arterial, artrite, artrose, alterações cardiovasculares, diabetes, demências e depressão. As pesquisas recentes estão demonstrando a associação do comprometimento da saúde bucal do idoso com seu nível nutricional, bem-estar físico e mental, diminuição do prazer de uma vida social ativa, e inclusive relacionando o edentulismo com maior mortalidade dessa população. Esse quadro exige dos odontogeriatras um maior conhecimento e adaptação. Os medos associados ao cuidado do idoso são reais e justificáveis. Precisamos transformar essa enxurrada de informações, que recebemos diariamente, em verdadeiro conhecimento. A ciência se alimenta de dados obtidos da observação: será que observar e dialogar com os nossos pacientes idosos, atentos a suas queixas e alegrias, não nos permitiria construir melhores perguntas? Perguntas mais inteligentes e relevantes para a pesquisa, com o objetivo de buscar o “novo” verdadeiramente importante para termos uma “boa vida longa”, com a saúde bucal preservada. Quem serão os idosos de amanhã, sem passado? Sem experiência? Como poderemos, como cientistas e profissionais do “cuidado”, trabalhar sem um histórico? Não seremos nós estes idosos, que corremos tanto para alcançar um “novo qualquer” e, esquecendo o velho estamos ficando sem ideias que nos dêem suporte para descobrir o que pensamos? Queremos ser peregrinos ou turistas (citando uma metáfora do filósofo contemporâneo Zygmunt Bauman)? Espero que mais cirurgiões-dentistas encarem esse percurso.
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Coluna - Gestão Odontológica
O que seu
cliente realmente procura?
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xistem várias maneiras de conseguir produtos e serviços. A mais importante é aquela que fica estabelecida uma troca. Para conseguir um serviço ou produto há troca por um valor em dinheiro, e isso, também é marketing. Lembre-se que o ser humano sempre agirá em função dos seus próprios interesses e no que lhe trouxer mais benefícios. Somente para tirar qualquer dúvida, marketing é diferente de propaganda, que é apenas uma das muitas ferramentas do marketing. A propaganda deriva do termo “propagare”, que significa tornar público, sendo assim, utilizada em mídias, como cartão de visita, outdoor, banners, entre outros. Essas ferramentas têm um objetivo comum: despertar a atenção e o interesse do cliente para de motivá-lo à compra, ou no caso de um serviço na área da saúde, causar satisfação para que o cliente volte e relate suas boas experiências. Para isso, é importante diferenciar qualidade técnica, gerenciamento/gestão da clínica e a percepção que o cliente tem do consultório. O sucesso é resultado da intersecção destes três pontos, e acontece quando a oportunidade, o preparo e o comprometimento do profissional se encontram. Se você trabalha somente com uma interface desse tripé, seus resultados serão proporcionais a ele, ou seja, absolutamente abaixo do potencial da clínica. *Publicação autorizada pelo autor e pelo www.sisconsultoria.net *Nota: “Marketing de Serviços Profissionais” – Philip Kotler, Thomas Hayes, Paul N. Bloom
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Éber Eliud Feltrim Graduado e pós-graduado em odontologia (Unesp). MBA em Marketing (FGV e OHIO University). Cursos em Washington – DC (EUA), São Francisco – CA (EUA) e KOLN (Alemanha). Professor de Marketing Empresarial para o curso de pósgraduação em Administração de Empresas (Centro Hermes/ FGV – Unidade Marília). Professor de Marketing para o curso de especialização em Dentística da Fundação Odontológica de Ribeirão Preto – (FUNORP/USP). Professor convidado para ministrar aulas e/ou cursos de Marketing na USP, UNESP, ITPAC, UNIP, UNINGÁ, UNIMAR, CESMAC, Centro Paula Souza, ANEO e APCD. Gestor do Grupo SIS – Consultoria em Marketing.
Qualidade técnica é aquela inerente exclusivamente a técnica administrada pelo médico, dentista e tantos outros profissionais da área de saúde. Percepção é a formatação de como o cliente “vê” a clínica e o serviço prestado pelo profissional; e a gestão é o gerenciamento de todos os acontecimentos dentro da clínica, por exemplo, o cálculo do custo por hora de todos os profissionais que atuam no ambiente de trabalho. Atenção: o que tem acontecido com seu faturamento nos últimos seis meses? Ele aumentou? E o número de novos pacientes que te procuraram, é crescente? Desse modo, técnica é muito importante, mas ela sozinha, em um mercado competitivo, não maximiza resultados. Outro detalhe importante: o maior concorrente do profissional de saúde não é seu colega de profissão!!! Pense em uma viagem de férias, por exemplo, que concorre muito mais para o dinheiro dos pacientes do que o colega. O marketing estuda e auxilia a percepção do cliente, utilizando o gerenciamento da clínica para melhor direcionar as ações para aquele mercado. Além disso, identifica necessidades e cria oportunidades para atendê-las, visando superar a satisfação do cliente, e consequentemente, evoluir o setor financeiro da clínica.
Porém, clientes satisfeitos não significam clientes fiéis. Existem citações de que até mesmo o cliente satisfeito pode procurar outro profissional, por diversos motivos. De acordo com a Burke Customer Satisfaction Associates (uma das maiores empresas de pesquisa de mercado dos Estados Unidos), o único cliente cativo é aquele que teve suas expectativas superadas e não apenas correspondidas. É muito importante identificar a expectativa dos pacientes. Nosso artigo pode te ajudar, na prática, a fazer isso. Convidamos a ler abaixo o que os pesquisadores Zeithaml, Berry e Parasuraman identificaram como fatores mais relevantes que afetam as expectativas de uma pessoa. Promessas explícitas nos serviços: as expectativas dos pacientes são diretamente afetadas pelo que se divulga sobre os profissionais. Vamos a um exemplo: se um profissional da saúde oferecer uma consulta em um determinado horário, ele terá de cumprir esta promessa. O paciente não quer saber as condições que possam provocar atrasos. Por isso, sugestão: evite elevar a expectativa do cliente e prometa sempre menos do que é possível entregar. Promessas implícitas nos serviços: os serviços prestados são intangíveis (em saúde, não há possibilidades de “pegar” um tratamento, como é possível no caso de um celular); portanto, serviços fazem com que os clientes procurem algumas indicações de qualidade, por exemplo, apresentação da clínica, site elaborado, equipe muito bem treinada, papelaria padronizada e diversos outros fatores. Reforços permanentes ao serviço prestado: as expectativas do cliente, por vezes, podem ser orientadas pelas expectativas de seus amigos e contatos próximos. Assim, estimule seu cliente a falar bem do seu negócio para outras pessoas. Reforços momentâneos aos serviços prestados: as expectativas dos clientes podem mudar de acordo com as circunstâncias que envolvem a necessidade da busca por aquele profissional. Exemplo: Você espera por um dentista por algum tempo se sua necessidade for uma profilaxia, mas você não esperaria o mesmo tempo se estivesse com dor. Necessidades pessoais: cada um tem suas necessidades e desejos pessoais, e o profissional de saúde tem que estar atento a isso. A humanização no consultório pode ser um ótimo remédio para o cliente preferir seus serviços e indicá-los para seus amigos. Chamamos esse conceito de marketing de relacionamento, mas isso é assunto para uma outra conversa. Experiência anterior: a base para um serviço futuro, certamente, contará com as experiências passadas. Qualquer ser humano em sã consciência não voltaria a um lugar que lhe foi desagradável. Assim, proporcione momentos mágicos em seu consultório!
Coluna - Endodontia
O encontro
da arte com a ciência
O
tratamento endodôntico, quando bem conduzido, permite a manutenção duradoura do dente na cavidade bucal, favorecendo a devolução de sua forma e função, com consequente colaboração na saúde dos tecidos periapicais e sistêmica. Até alcançar o percentual de sucesso atual, acima de 90% quando realizada por profissionais experientes, a Endodontia passou por momentos menos tranquilos. A teoria da infecção focal no início do século passado, o empirismo, a falta de padrão nos instrumentos, a ausência de técnicas reproduzíveis de preparo do canal colocavam em cheque a validade da terapia endodôntica. Graças ao empenho e paixão de não poucos clínicos e pesquisadores que dedicaram suas vidas ao estudo, capacitação e ensino dessa disciplina odontológica, temos, hoje uma especialidade reconhecida, respeitada e estabelecida como um procedimento seguro realizado por clínicos gerais e por especialistas. A grande evolução científica e tecnológica da Endodontia ampliou consideravelmente as chances de sucesso em longo prazo e posicionou essa especialidade como uma terapia conservadora e mesmo profilática em Odontologia. A própria definição de Endodontia é entendida, hoje, como a prevenção ou tratamento das periodontites apicais. Uma definição aparentemente simples, mas que engloba um universo de diferentes abordagens ou linhas filosóficas no ensino e na aplicação clínica. Essas diferentes linhas filosóficas, que por vezes podem gerar uma discordância aqui ou ali, são, na verdade, salutares ao desenvolvimento de ideias, argumentos e novas abordagens. Os longos anos de contínua aproximação entre pesquisadores, clínicos e fabricantes resultam em equipamentos, instrumentos e técnicas mais elaboradas, de resultados mais previsíveis e de reprodução facilitada para um número cada vez maior de clínicos, nos diferentes procedimentos da sequência da técnica endodôntica. Talvez fosse desnecessário, mas cabe salientar que a despeito de toda tecnologia e facilidades, o clínico jamais pode se furtar de obedecer a uma sequência de procedimentos com atenção, bom senso e esmero, associadas à capacitação e treinamento manual, além de possuir os conhecimentos gerais inerentes à sua atividade. Tecnologia sem conhecimento pode ser frustrante, além de muito perigoso.
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Kleber K. T. Carvalho Graduado em Odontologia. Especialista em Endodontia. Mestre em Endodontia. Coautor do livro “Manual de técnica Endodôntica” - Editora Santos, 2008.
Com pequenas variações, a sequência de uma técnica endodôntica poderia ser apresentada assim: diagnóstico; medidas preliminares; isolamento absoluto; abertura coronária; exploração do canal; preparo cervical; odontometria; preparo dos canais; medicação tópica intracanal; obturação dos canais e proservação. Existem dispositivos tecnológicos desenvolvidos para auxiliar cada etapa do tratamento endodôntico. É importante que o clínico estabeleça metas e selecione quais equipamentos adquirir e, em que momento tomar essa decisão. O diálogo com colegas, os cursos de capacitação e as inúmeras possibilidades de experimentar esses equipamentos por meio de worshop ou hands-on oferecidos pelas empresas são excelentes oportunidades para definir a escolha mais adequada. Dentre os equipamentos ou desenvolvimentos tecnológicos que se destacam, podemos citar o uso das modernas técnicas de imagens radiografia digital, tomografia computadorizada Cone Beam - usados em diagnóstico ou outros propósitos clínicos. A magnificação associada à iluminação direcionada proporcionada pelo microscópio óptico é ímpar, e tem seu uso bastante diversificado nas etapas do tratamento endodôntico conservador e também nas abordagens cirúrgicas. A instrumentação mecanizada, representada por movimentos oscilatórios e principalmente pelo uso de instrumentos de níquel-titânio em rotação contínua, permite que a fase de ampliação do diâmetro anatômico do canal, momento estressante para muitos clínicos, proceda-se de forma mais rápida, segura e eficiente. O uso de localizadores apicais para determinar o comprimento de trabalho e aparelhos de ultrassom com diferentes finalidades são mais alguns exemplos de equipamentos extremamente úteis no arsenal do endodontista. Substâncias químicas e métodos hidrodinâmicos de irrigação e ainda o uso de novos cimentos e cones resinosos aparecem como uma opção aos produtos tradicionais, que mantêm sua aplicação muito difundida e eficaz. Nas linhas desta coluna, teremos a oportunidade de discorrer sobre esses equipamentos e produtos, bem como sobre abordagens clínicas em Endodontia, de maneira aberta para discussões e sugestões. Saudações endodônticas!
Coluna - Estética
A harmonia
de um sorriso perfeito
Cláudio Luiz Sendyk Doutor em Prótese Dental e Mestre em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da USP. Professor Doutor do Departamento de Prótese Dental da FOUSP. Professor Coordenador da Disciplina de Prótese no Mestrado em Implantodontia da UNISA. Possui cursos de aperfeiçoamento em Implantodontia na Columbia University (U.S.A.) e Universidade de Gotemburgo (Suécia). Especialista em Prótese Dental e Dentística pelo Conselho Federal de Odontologia. Possui vários trabalhos de pesquisa publicados no Brasil e no exterior.
www.clinicasendyk.com.br
A
beleza é uma manifestação da perfeição e objeto de desejo de todos. Enquanto a beleza não pode ser medida, a harmonia - o que é mais frequentemente associada com a beleza - pode ser expressa em uma série de características específicas. Estudos sobre rostos e sorrisos de manequins considerados extremamente bonitos e atraentes revelaram quais as características de uma estética facial: harmonia entre a largura e altura da face; perfil facial onde o lábio superior, o inferior e o queixo se apresentam equilibrados, com fechamento labial não forçado e a exposição dos incisivos superiores de aproximadamente 3mm. Ao praticar a arte da odontologia estética, contamos com mais de intuição pura, centrando-se sobre o terço inferior da face, onde o olhar é atraído para apreciar a beleza. A funcionalidade sempre foi uma preocupação primordial na Odontologia. Atualmente, temos materiais estéticos disponíveis que, juntamente com técnicas de colagem, permite-nos restaurar os dentes aproximando-os muito do formato, coloração, brilho e função de um dente natural. Para isso, pequenas lâminas de cerâmica são colocadas na superfície frontal dos dentes para mascarar ou mudar o formato e a cor dos dentes, de forma reversível ou irreversível, dependendo da quantidade pretendida. São mais utilizadas em casos onde os dentes apresentam manchas, separações evidentes, ou descoloração permanente que não pode ser removida com um processo de clareamento dos dentes, ou quando são ligeiramente rachados, desgastados ou lascados. O material fabricado, de porcelana, é muito semelhante aos dentes naturais, com alta durabilidade, com um efeito translúcido, muito parecido com a dentição. Podem ser confeccionados como pequenos fragmentos ou como “lentes de contato” de espessura bem fina, aplicados por cima da superfície dental, sem que esta precise ser previamente preparada. A longevidade das facetas dentárias é influenciada por fatores, como a qualidade do material de colagem ou adesivo dental utilizado, a concepção e montagem das lâminas no laboratório e a correta aplicação e colagem das lâminas sobre os dentes por um dentista experiente. É fundamental que os dentes estejam preparados da forma correta antes da colagem de lâminas. Esta é a parte mais sensível de todo o processo, que deve ser bem feito para garantir uma vida longa do tratamento realizado.
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Esta quantidade de desgaste irá depender do material da faceta. Quanto mais dura e resistente for a cerâmica, menor deve ser a quantidade de dente desgastada, assim as “lentes de contato” começam a ser possíveis justamente pelo desenvolvimento tecnológico do setor. Diferentemente das indicações do passado, as facetas, se corretamente confeccionadas, são muito conservadoras e reversíveis, não danificando a estrutura dental. O sistema é simples. O dentista remove a parte que compromete a aparência, numa camada bem fina da superfície dos dentes com problemas estéticos, deixando-a mais áspera, de forma a obter uma total aderência da faceta que será colocada, que ficará colada e sustentada pelo dente, sem que este tenha qualquer alteração de volume, já que as facetas são confeccionadas e preparadas para cada dente em separado, atendendo às suas necessidades e particularidades. O sistema de colagem é feito na forma de um adesivo, que não permite que se soltem, além de funcionarem como um vedante absoluto. Sua aparência é igual à de um dente natural, e sua cor é escolhida de acordo com os dentes da própria pessoa. A informática também ajuda. O sorriso é colocado na tela do computador para simular as alterações e modificações desejadas. É possível ter uma ideia, antes da realização do serviço, de como será o resultado final a partir de modificações na forma e na cor dos dentes. Então, o sorriso é autenticamente planejado. O que era comum para os artistas, agora está à disposição dos pacientes nos consultórios. A durabilidade das facetas decorre também do nível de manutenção do usuário. Se o paciente tiver uma higiene oral excelente, com uma gengiva saudável, e visitar periodicamente o dentista, é possível maximizar a vida útil das lâminas. Além disso, é importante salientar para os pacientes que rangem ou apertam os dentes, o chamado bruxismo ou briquismo, que as forças geradas com a mordida são muito altas e, consequentemente, as facetas podem fraturar. Desta forma, é geralmente recomendada ao paciente uma placa de mordida, usada no período noturno, para proteção dos dentes e das articulações temporomandibulares. O excesso de tabagismo e o consumo excessivo de refrigerantes ou alimentos e bebidas com corante devem ser evitados na medida do possível, para que as facetas e as estruturas dentais se mantenham livres de manchas e continuem com o brilho natural preservado.
Caso Clínico
Abordagem lúdica do paciente autista para o tratamento odontológico
Adriana Gledys Zink Docente da especialização para Pacientes Especiais da APCD. Dentista voluntária do Projeto Social “Vila Maria: um caso de amor”. Mestranda da Unicsul. Possui consultório particular para atendimento aos pacientes especiais.
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o Brasil, país com uma população de cerca de 190 milhões de pessoas em 2007, estima-se que haja cerca de 1 milhão de casos de autismo (Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, 2007). O aumento dos casos de autismo no Brasil tem sido relatado por instituições ligadas ao atendimento de famílias de crianças com autismo em todas as regiões brasileiras. Nos dias de hoje, o autismo é frequentemente referido como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), nomenclatura que indica uma ampla variação na sintomatologia. Crianças com os diagnósticos de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ou Transtorno Global do Desenvolvimento (TID, ou a sigla PDD em inglês), Transtorno Invasivo Não Especificado do Desenvolvimento (sigla PDD-NOS em inglês) ou Síndrome de Asperger tendem a exibir comportamentos similares em um nível moderado. A criação de um constante ambiente de aprendizagem otimizado deve ser estimulada. Devido a conexões diferentes nos cérebros de crianças com autismo, elas percebem seu meio-ambiente de forma diferenciada em relação a uma criança neurotípica. Ao adaptarmos o ambiente físico e social de uma criança, podemos criar condições que possibilitem um maior nível de conforto, interatividade social e concentração. O relacionamento paciente-profissional se torna extremamente limitado quando a comunicação é praticamente inexistente, principalmente no caso do atendimento odontológico do paciente com diagnóstico dentro do espectro autista. O presente trabalho tem como objetivo apresentar formas de condicionar pacientes com autismo ao uso do Sistema de Comunicação por intercâmbio de figuras (PECS) adaptado à odontologia. O Sistema de Comunicação por Intercâmbio de Figuras (PECS) é um sistema de comunicação alternativa que foi descrito por Frost e Bondy (1996) como manual de treinamento de comunicação alternativa para aumento progres-
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sivo das habilidades de comunicação interpessoal, principalmente de pessoas com dificuldades severas de comunicação. Segundo a ASA (Autism Society of American), indivíduos com autismo, usualmente, exibem pelo menos metade das características listadas a seguir: »»Dificuldade de relacionamento com outras crianças »»Riso inapropriado »»Pouco ou nenhum contato visual »»Aparente insensibilidade à dor »»Preferência pela solidão; modos arredios »»Rotação de objetos »»Inapropriada fixação em objetos »»Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade »»Ausência de resposta aos métodos normais de ensino »»Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina »»Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam perigo) »»Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé em uma perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determinada maneira os alisares) »»Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal) »»Recusa colo ou afagos »»Age como se estivesse surdo »»Dificuldade em expressar necessidades (usa gesticular e apontar no lugar de palavras) »»Acessos de raiva (demonstra extrema aflição sem razão aparente) »»Irregular habilidade motora (pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos)
Caso Clínico
Caso clínico Paciente I.M., 12 anos, autista de baixo funcionamento, auto e heteroagressivo, baixo cognitivo, em acompanhamento com diversas terapias, apresentou-se com a responsável para tratamento na clínica de pacientes com necessidades especiais da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas - Central). Inicialmente a mãe relatou que a criança apresentava trauma de ambulatórios devido a um problema ocorrido em um laboratório biomédico, não aceitava contato físico e mordia com facilidade. A abordagem iniciou na sala de espera, onde foram apresentadas as primeiras figuras de comunicação- pecs (como mostram as imagens). Foi realizada uma
anamnese criteriosa e cuidadosa, onde detalhes preciosos do dia-a-dia da criança foram relatados, inclusive seus gostos preferidos e tudo que ele menos gostava. Com uso de músicas e brincadeiras aconteceu a primeira tentativa de entrar na clínica odontológica. O paciente caminhou até a porta e retornou correndo e gritando muito. Durante a entrevista, a mãe relatou sua adoração por trens e metrô, então pensei em levá-lo à clínica com a ajuda do brinquedo. Em uma sessão seguinte passei pela recepção puxando um trem de plástico e caminhei até a clínica na tentativa que a criança seguisse o brinquedo, o que realmente aconteceu e nos surpreendeu muito. O menino seguiu o trem e com a ajuda da mãe entrou na clínica
Figura 1
Figura 2
Primeira tentativa frustrada de entrar na clínica brincando e cantando.
Paciente seguindo o trem para entrar na clínica.
Figura 3
Figura 4
Início do contato paciente-profissional. Nesse momento existe a aceitação e a interação. Os dois sentados no chão observando a pasta de condicionamento lúdico com figuras de comunicação (pecs).
Tentativa de chegar mais perto da cadeira e comemoração com bolinhas de sabão, sempre com auxílio dos pais. Paciente e profissional ainda no chão. O reforço positivo foi o uso das bolinhas de sabão.
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Caso Clínico
Figura 5
Figura 6
Colocando o paciente na cadeira e brincando de escorregar. A cadeira foi usada como escorregador por várias vezes para que o paciente se acostumasse com ela.
Avaliação da cavidade bucal e limpeza - ainda no chão. Paciente mais tranquilo. Não tentou morder a profissional, apenas não sentou na cadeira odontológica.
Referências
Figura 7 Sentado ao lado da cadeira: usando o foco de luz.
da APCD.Logo após, sentou-se no chão. Gritou e mordeu as mãos, demonstrando medo e ansiedade misturados intensamente, agitando todas as crianças que estavam em tratamento. Cantei músicas infantis para acalmá-lo, sempre em tom baixo e buscando o contato visual. Nesse momento, usei a pasta para condicionamento lúdico com figuras de comunicação. A aceitação foi difícil, mas não impossível. A mãe colaborou muito na sessão. Foram utilizados brinquedos, como reforçadores de habilidades conquistadas, ou seja, entrou na clínica e comemoramos, sentou e comemoramos, aceitou o contato e comemoramos, realizou contato visual e comemoramos e, assim, sucessivamente. Acredito que a comemoração incentiva que aquele comportamento certo seja fortalecido e repitido em outra sessão. Na sessão seguinte, ele observou o pecs referente a clínica e entrou espontaneamente, mostrei o pecs referente ao dentista e a cadeira odontológica, sentamos no chão, cantamos e aceitou a manipulação da cavidade bucal com uso de luvas. O pecs para as luvas também foi apresentado antes. A sessão foi encerrada quando começou a morder as mãos sem parar. Na sessão seguinte brincamos de escorregar na cadeira odontológica e, finalmente, ele ficou sentado sozinho. O exame clínico e a limpeza foram realizados no chão ao lado da cadeira odontológica. O condicionamento desse paciente continua e, futuramente, será tratado na cadeira. O que importa é tratá-lo e proporcionar saúde.
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Caso Clínico
O valor da união entre a estética rosa e a branca
Francisco Carlos Rehder Neto
Danilo Maeda Reino
Cirurgião-Dentista graduado pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – FORP, USP. Mestre em Odontologia Restauradora pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – FORP, USP. Doutorando do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – FORP, USP.
Cirurgião-Dentista graduado pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. Especialista em Periodontia pela Associação Odontológica de Ribeirão Preto – AORP. Mestre em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – FORP, USP. Doutorando do Departamento de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e Periodontia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – FORP, USP.
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ense em um sorriso bonito, que lhe agrada. Agora pense, o que o torna tão atraente, tão especial, tão único? Com certeza poderíamos enumerar várias características, como cor, forma, alinhamento, tamanho, textura e tantas outras que formam aquele sorriso saudável. No entanto, como seria a percepção de um sorriso se nele se observasse retrações gengivais, exposições radiculares; lesões por desgaste cervical ou até mesmo se a gengiva estiver inflamada, se houver dor? Será que este sorriso continuaria bonito aos seus olhos? Tenho certeza que, mesmo que este sorriso tenha uma ótima estética branca, ele não seria escolhido por você, certo? E é assim que podemos facilmente demonstrar o valor da estética rosa, a qual é composta pelos lábios e tecidos gengivais. Logo, se os dentes são a nossa obra de arte, a nossa pintura, então os tecidos moles adjacentes são a moldura, devendo ser valorizados e bem cuidados. Para que um sorriso esteja completo, estética branca e rosa devem estar unidas. Assim é a integração entre a Periodontia e a Dentística, duas especialidades que hoje se completam e que cada vez mais andam de mãos dadas. Este artigo demonstra a integração entre periodontia e dentística no tratamento de retrações gengivais múltiplas associadas a lesões cervicais não cariosas.
Introdução Retrações gengivais associadas ou não a lesões cervicais não cariosas (LCNC) apresentam relação direta com a exposição de tecido dentinário, e esta comunicação direta entre o ambiente oral externo e o complexo dentina-polpa, pode ter como consequências respostas dolorosas, especialmente quando ocorrem mudanças repentinas na temperatura ou no pH do meio bucal. Assim, frente a uma associação de fatores, em retrações gengivais, grande é a incidência de hipersensibilidade dentinária; situações clínicas comuns no cotidiano1-3.
As retrações gengivais apresentam como fator etiológico primário a inflamação, que pode ser causada por acúmulo de placa ou trauma mecânico sobre o tecido gengival4-6. LCNC podem ser causadas por desgaste mecânico (abrasão), erosão (dissolução ácida) ou concentração excessiva de tensão (abfração)7,8. Lesões cervicais, usualmente, não apresentam forma definida, sendo frequentemente observadas na região da junção cemento-esmalte, podendo em alguns casos apresentar cavidades que podem ter seus limites localizados subgengivalmente. Desta maneira, elas, por favorecerem o acúmulo de biofime bacteriano, podem ocasionar ou mesmo agravar um quadro de retração gengival2. Por agravarem a perda de conteúdo mineral, podem também piorar os níveis de hipersensibilidade, causando desconforto estético com possíveis implicações no convívio social e qualidade de vida do paciente. Nesse contexto, há de se considerar que o não tratamento/controle dos processos que levam à retração gengival culminará com a exposição de superfícies radiculares, a qual não possui esmalte para proteger sua dentina, sendo facilmente prejudicada pelos ácidos oriundos da dieta e do biofilme, assim como pela ação mecânica da escova5. Concomitante a este processo, as LCNC podem ser agravadas, tornando os níveis de desgaste cada vez mais pronunciados, passando a se estender além da coroa dentária, progredindo até a raiz, piorando o quadro de hipersensibilidade. Há também de se considerar a presença de cavidades que poderão agir em sinergia com o processo inflamatório do tecido periodontal adjacente em detrimento ao acúmulo de biofilme e, por conseguinte, a retração gengival tenderá a aumentar, gerando um círculo vicioso. Atualmente, tem sido demonstrado que a integração entre Periodontia e Dentística permite o sucesso clínico no tratamento da retração gengival (estética rosa) e da LCNC (estética branca), com resultado plenamente satisfatório quanto aos processos relacionados à sensibilidade dental. Hoje, entende-se que existem três modos de encararmos a integração Periodontia e Dentística, quanto a discriminação de planos de tratamento. Desse modo, o objetivo deste
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Caso Clínico
trabalho é informar o clínico sobre as modalidades de tratamento possíveis para retração gengivais associadas à LCNC.
Casos clínicos As três abordagens de tratamento apresentadas (tabela1) serão ilustradas para o conhecimento do clínico, de modo a orientar suas decisões de tratamento. Considerando que para todos os casos, uma ananmese e exame clínico detalhados serão partes fundamentais de um plano de tratamento bem elaborado. Para todos os casos apresentados, inicialmente os paciente receberam informações sobre a etiologia e o tratamento das retrações gengivais, lesões cervicais não cariosas e hipersensibilidade dentinária. O preparo básico periodontal foi realizado, consistindo de instrução de higiene bucal, raspagem supra gengival e profilaxia; bem como as orientações referentes ao controle da progressão das LCNC e hipersensibilidade. Em todos os casos, somente após a obtenção de índice de placa inferior a 20%, o procedimento cirúrgico foi realizado.
retalho, foi removido o excesso de resina para tornar mais lisa a superfície das restaurações com uso de brocas de acabamento. Em seguida, um enxerto de tecido conjuntivo obtido do palato foi inserido sobre as raízes dos elementos a serem tratados. O retalho foi tracionado coronalmente e suturado (figura 2). Após seis meses, pode-se notar um bom resultado no recobrimento radicular (figura 3).
Caso 1 Paciente de 35 anos apresentava restaurações realizadas em canino e pré-molares (figura 1). Devido à boa adesão das restaurações, para evitar a remoção das restaurações recentes, por não termos como prever a profundidade das restaurações e para evitar aumentar a hipersensibilidade na área caso o material resinoso fosse removido, decidiu-se por executar a cirurgia plástica. Após a elevação do
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Figura 1 Situação inicial. Paciente apresentando restaurações recentes em canino, primeiro e segundos pré-molares.
Figura 2
Figura 3
Retalho suturado coronalmente cobrindo o enxerto de tecido conjuntivo inserido sobre as raízes do canino e dos pré-molares.
Resultado após seis meses. Boa cicatrização e bom recobrimento radicular obtidos.
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Caso 2 Paciente de 34 anos apresentava retrações e LCNC em pré-molares superiores, com queixa de hipersensibilidade nestes elementos (figura 4). Como a junção cemento-esmalte desses elementos estava desgastada devido a LCNC, fica difícil determinar os limites da LCNC e da retração gengival. Isso dificulta prever o possível recobrimento radicular a ser obtido, levando a indicar a cirurgia periodontal e, posterior restauração da LCNC. Objetivando diminuir a hipersensibilidade e para aumentar a taxa de recobrimento radicular, foi inserido enxerto de tecido conjuntivo sobre as raízes dos elementos em questão (figura 5). Após quatro meses de cicatrização dos tecidos periodontais, restaurações foram realizadas sobre as LCNC, que ficaram acima da margem gengival (figura 6).
Figura 4 LCNC associadas às retrações gengivais nos pré-molares superiores.
Figura 5
Figura 6
Enxerto de tecido conjuntivo inserido e suturado sobre os pré-molares.
Após quatro meses de cicatrização da cirurgia, foram realizadas restaurações sobre as LCNC e retrações gengivais remanescentes, camuflando-as.
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Caso 3 Paciente de 38 anos, gênero masculino, não fumante e sem problemas sistêmicos, queixava-se de hipersensibilidade dentinária, a qual estava associada a retrações gengivais e lesões cervicais não cariosas com cavidades profundas nos elementos 23, 24, 25 e 26 (figura 7). Em vista do quadro de sensibilidade e LCNC profundas, optou-se pelo emprego
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da técnica restauradora trans-cirúrgica, onde as LCNC foram restauradas durante o ato cirúrgico com cimento ionomérico modificado por resina (figuras 8 e 9), visando um tratamento mais rápido. Após seis meses de proservação (figura 10), o paciente apresentou ausência de sensibilidade3. As imagens também revelaram a manutenção das alturas gengivais, praticamente eliminando as retrações.
Figura 7
Figura 8
LCNC associadas às retrações gengivais em pré-molares e primeiro molar superior.
Elevação do retalho sem incisões relaxantes.
Figura 9
Figura 10
Restaurações realizadas com cimento de ionômero modificado por resina, preenchendo as LCNC, mantendo a distância biológica.
Resultado após seis meses de controle.
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Caso Clínico
Discussão Para todos os casos, a questão relacionada à hipersensibilidade pode ou não estar presente. Logo, a opção pela restauração seguida do recobrimento radicular tem como vantagens permitir um fácil acesso a LCNC. Frequentemente, nesses casos, é feita a opção por restaurações estéticas com resinas compostas e sistemas adesivos. Contudo, ainda que esta seja uma das saídas mais simples, se considerarmos o tipo de substrato presente nessas regiões, devemos nos atentar para a possibilidade de falha no sistema adesivo, levando-se em consideração que o substrato dentinário localizado cervicalmente pode apresentar uma dentina hipermineralizada9 ou esclerótica10. Devemos ponderar que falhas na margem cervical relacionadas aos adesivos dentinários, como resultado, a infiltração pode comprometer a retenção de restaurações com resina composta10 e na dependência do tipo de periodonto e cuidados com higiene os resultados podem ser comprometidos. Além do mais, deve-se ter cuidado para não ultrapassar os limites da LCNC, pois posteriormente será realizada a cirurgia para o recobrimento radicular. Deve-se evitar comprometer a distância biológica. No entanto, é difícil prever o resultado do procedimento cirúrgico, e caso não se consiga obter um recobrimento completo, será necessário um novo procedimento restaurador para “camuflar” a retração gengival restante, o que pode prolongar o tratamento e aumentar seu custo. Especificamente em relação a lesões por abfração, se o processo não for controlado, os resultados podem ser comprometidos, agravando-se a condição inicial. Se considerarmos a cirurgia para o recobrimento radicular com posterior restauração, duas vertentes poderão ser limitantes neste processo, ou seja, há o risco de extravasamento de excessos de material restaurador, e essa invasão do espaço biológico pode levar a um quadro de inflamação, culminando em nova retração, ou, no caso de um quadro de hipersensibilidade, a mesma poderá persistir por conta da manutenção da exposição
de túbulos dentinários, que agora tem seus acesso limitado a uma condição subgengival. Como revés dessa técnica, a abordagem necessita de pelo menos 90 dias para cicatrização dos tecidos periodontais antes da realização do procedimento restaurador, tornando o tratamento mais longo. Especificamente em relação à aplicação desta técnica em situações onde seja evidenciada a presença de lesões por abfração, posto que estas lesões de desgaste quase sempre apresentam limites subgengivais, a técnica restauradora pós-tratamento cirúrgico será dificultada em relação aos limites da restauração. Uma nova abordagem tem sido a implementação de restaurações transcirúrgicas. Este tratamento simultâneo tem como benefício reduzir o número de sessões clínicas, diminuindo o custo do tratamento, tornando-o mais rápido3. Contudo, a limitação a este tratamento é a sua realização sob isolamento absoluto, especialmente quando nos deparamos com retrações múltiplas, o que também impossibilita a utilização de sistemas adesivos convencionais, sendo os cimentos ionoméricos indicados como material restaurador, em vista de suas propriedades adesivas ao substrato dental3. Além disso, estudos recentes têm demonstrado que o uso de cimentos ionoméricos modificados por resina, quando este recebe bom acabamento, polimento e polimerização eficiente, podem ser mantidos subgengivais sem comprometimento do recobrimento radicular11-13, mostrando também que histologicamente há a ocorrência de adesão do epitélio juncional ao cimento ionomérico14. Estudos clínicos demonstraram que é possível obter bons resultados no tratamento de retrações gengivais associadas à LCNC quando o recobrimento radicular é efetuado simultaneamente a restaurações, eliminando as condições de sensibilidade3,13,15. Contudo, a técnica, por si, demanda de um processo a quatro mãos, que necessita de parceria entre periodontista e especialista em dentística. A tabela 1 traz um comparativo dos benefícios e das limitações das diferentes técnicas.
Tabela 1: Diferenças entre as formas de tratamento para LCNC associadas às retrações gengivais Tratamento
Restauração com posterior cirurgia periodontal
Cirurgia periodontal e posterior restauração
Tratamentos simultâneos - restauração trans-cirúrgica
Benefícios
Em casos de fácil acesso às margens da LCNC, o campo visual facilita a realização da restauração.
Possível camuflar uma raiz parcialmente recoberta após a realização da cirurgia periodontal para o recobrimento radicular
Menor tempo e redução do custo de tratamento.
-
Limitações
Redução da hipersensibilidade
-
Permite tratar a LCNC subgengivalmente. Permite a devolução da anatomia radicular perdida.
Determinar a previsibilidade do recobrimento radicular.
Maior tempo de tratamento Necessário esperar a cicatrização dos tecidos periodontais antes de realizar a restauração.
Isolamento para realizar a restauração.
Pode necessitar uma segunda restauração (falhas na restauração / adesão por conta do substrato).
Limites sub-gengivais das LCNC. Extravasamento de material restaurador.
Poucos estudos na literatura.
Manutenção da exposição de túbulos subgengivais. Hipersensibilidade.
Manutenção da exposição de túbulos sub-gengivais Hipersensibilidade.
Complementação com restaurações cervicais (estética dos cimentos ionoméricos).
+
+
+++
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Caso Clínico
Conclusões Um criterioso exame clínico poderá determinar o nível de hipersensibilidade dentinária, o que será importante na escolha da abordagem terapêutica para o tratamento de retrações gengivais associadas às LCNC. Conclui-se que as opções de tratamento para a tríade retração gengival, LCNC e hipersensibilidade dentinária pode dentro da associação Perio-Dentística, assumir várias abordagens, de acordo com o diagnóstico empregado. Não existe uma técnica que se sobressaia sobre a outra. O que existe na verdade é a correta indicação. Especialmente em relação aos quadros de hipersensibilidade, o tratamento simultâneo de retrações gengivais múltiplas associadas a LCNC, por meio do emprego do cimento de ionômero de vidro modificado por resina tem demonstrado bons resultados em reduzir a hipersensibilidade dentinária. O equilíbrio entre a estética branca e a rosa é, hoje, fator fundamental nos tratamentos odontológicos e deve ser promovido.
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Caso Clínico
NobelReplace™
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Colocação de implantes na maxila e aumento de espessura do rebordo alveolar usando a Técnica de Regeneração Óssea Guiada (R.O.G.) com utilização de Hidroxiapatita Sintética HAP-91® (JHS) William Buelau Especialista em Implantodontia - UCCB.
William de Simone
Luciana C.R. de Simone
Mestre em Odontologia pela SLMandic. Especialista em Implantodontia - UCCB.
Cirurgiã-Dentista - FMU. Especializanda em Prótese Dentária – CETAO.
Iago Buelau Cirurgião-Dentista – USP, SP.
O
defeito ósseo pode se formar em várias situações, tais como: exodontia, rarefação óssea circunscrita ou difusa, trauma, doença periodontal, cirurgia, fenestração, deiscência, cratera em implantodontia imediata e outras1. Isso causa problemas estéticos e restauradores, tal como a redução de volume para instalação de implantes2, contorno gengival, e outros; mas podemos restabelecer o osso perdido com uso de técnica corretiva3, e dessa forma alcançar volume e qualidade ideais dos tecidos moles e duros. Para a reconstrução dos tecidos perdidos podemos utilizar vários materiais, dentro dos quais destacamos: osso autógeno, hidroxiapatita de origem animal, fosfato de cálcio (hidroxiapatita), tricálcio fosfato, biovidro, e outros, cada um com vantagem e desvantagem. Alguns fatores devem ser levados em consideração para a escolha e a utilização do biomaterial, como: o limite de tolerância que o tecido apresenta no que se refere à remoção dos produtos de degradação, visto que se este for excedido, poderão ocorrer respostas inflamatórias indesejáveis no tecido, diminuição do tempo de vida útil do dispositivo, reabsorção óssea ou mesmo necrose do tecido. O osso, quando lesado, tem a capacidade de regenerar e retornar à estrutura tecidual original, sem a formação de tecido cicatricial. A regeneração consiste em um processo hiperplásico, com substituições das células lesadas ou mortas por células novas e sadias, para isso é necessária a presença e manutenção do coágulo, osteoblastos preservados e contato com tecido vital1. Apesar desse potencial, a regeneração necessita de auxílio em várias ocasiões, como exemplo: no preenchimento de cavidades ou defeitos segmentares extensos. Para manter ou auxiliar a capacidade regenerativa inerente, de forma relativamente inalterada, utilizam-se substitutos ósseos osteoindutores e osteocondutores. Uma das vantagens desses substitutos ósseos é
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não produzir trauma adicional ao paciente, o que ocorre na coleta de enxerto autógeno. Os osteocondutores não têm capacidade de induzir a citodiferenciação de osteoblastos, mas preenchem a falha, orientando as novas células originadas por proliferação de células osteoprogenitoras da descorticalização óssea a promoverem a neoformação de tecido ósseo 4. Neste caso clínico, utilizamos a hidroxiapatita sintética (HAP-91®), biomaterial que apresenta semelhança química com os tecidos duros dos animais, tem sido empregada como reconstituinte ósseo, uma vez que vários estudos têm demonstrado ser este material altamente biocompatível5. Na cirurgia óssea reconstrutiva, uma barreira é usada para impedir a invaginação de tecido conjuntivo mole nos defeitos ósseos. Em princípio, a membrana é colocada em contato direto com a superfície do tecido ósseo circundante, mantendo o periósteo na superfície externa da membrana. O retalho mucoperiosteal é, então, reposicionado e suturado, criando-se um espaço onde apenas as células do osso adjacente podem migrar 6. A função da membrana é dupla: proteger o coágulo da invasão de estruturas não osteogênicas e direcionar o tamanho do hematoma prevenindo sua distorção pela pressão dos tecidos adjacentes1. Portanto, as membranas para regeneração óssea guiada devem ter como características básicas a biocompatibilidade, oclusão celular, integração tecidual, formação e manutenção do espaço, manejo clínico na cirurgia e suscetibilidade limitada às complicações7. Um material biocompatível pode ser definido como aquele que uma vez implantado no organismo não provocará uma resposta tecidual exacerbada, tal como uma diferenciação desapropriada dos tecidos em torno do implante, portanto, o termo define a capacidade do material de funcionar em uma aplicação específica, na presença de uma resposta apropriada do hospedeiro, e os materiais
Caso Clínico
biocompatíveis devem estar livres de quaisquer riscos ou questões
Caso clínico
de segurança para o paciente 8.
Paciente M.C.G.P., 73 anos, gênero feminino, leucoderma. Durante
Emprega-se a membrana como barreira biológica. A eficácia de
o exame clinico foi constatada a falta dos elementos 22 e 23 e
seu uso está relacionada à capacidade de atuação como barreira
perda óssea significativa na mesma região, com comprometimento
mecânica, promovendo um ambiente adequado, não permitindo
estético devido à perda do contorno ósseo local (figuras 1 e 2).
a invasão do defeito por tecido mole e permitindo ao organismo
Foram solicitados exames tomográfico e laboratoriais, mostrando
utilizar seu potencial de cicatrização natural e regenerar os tecidos
condições sistêmicas adequadas para os procedimentos necessários.
perdidos e ausentes7.
O exame radiológico apresentava, além da ausência dos elementos,
As membranas não bioabsorvíveis, caso da membrana de titânio,
uma rarefação óssea na região em questão.
são muito utilizadas, contudo, possuem como desvantagem a
Na primeira etapa foi realizada a cirurgia para colocação de
necessidade de uma segunda cirurgia para retirá-las, a sua estrutura
implantes e R.O.G. Após o acesso, foi verificada a reabsorção
rígida é necessária para conseguirmos manter o arcabouço.
significativa do osso (figura 3), em seguida, foram colocados
A regulação da deposição de osso é feita parcialmente pela
dois implantes INP Conus de 3.5 X 12 (figura 4) e realizada a
quantidade de força aplicada no osso. Um osso que é continuamente
regeneração com uso de: hidroxiapatita sintética HAP-91® (JHS
submetido à carga fica forte e resistente, e o não usado fica atrofiado,
Laboratório Químico Ltda.) misturado com Rifocina SV Spray,
portanto, é recomendado que o osso enxertado entre em função de
inserida com tela de titânio presa nos tapas implantes e colocados
quatro a seis meses quando o volume for de até 5mm de enxerto,
dois parafusos nas abas laterais superiores vestibulares da
e de seis a 10 meses para volume maior, caso contrário, corre-se o
membrana (figura 5).
risco de absorver todo o enxerto9.
Após seis meses, desde a colocação dos implantes e a realização
Apesar de não estar definido o tempo adequado e necessário de
da R.O.G., foi realizado o exame radiográfico e, em seguida,
permanência de uma membrana para promoção da R.O.G. em falhas
a reabertura dos implantes e constatada a osteointegração.
ósseas segmentares, utilizamos sempre oito meses para a remoção
Foram realizadas as próteses necessárias, mas não foi retirada
da barreira, tempo suficiente para uma formação óssea inicial
a membrana de titânio, aguardando o tempo necessário para a
consistente.
formação de um osso mais consistente.
O presente trabalho visa mostrar as vantagens da utilização da R.O.G
Após oito meses, foi realizada a reabertura para remoção da tela
com o uso da hidroxiapatita sintética em paciente com desfeito ósseo.
de titânio (figura 6) e a verificação da formação óssea (figura 7).
Figura 1 Inicial vista vestibular.
Figura 2 Inicial vista oclusal.
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Caso Clínico
Figura 3
Figura 4
Reabsorção significativa do osso.
Colocação dos implantes.
Figura 5
Figura 6
Colocação de HAP 91 e tela de titânio.
Reabertura para remoção da tela de titânio.
Figura 7 Resultado após a remoção da tela de titânio.
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Caso Clínico
Discussão Para alcançar os objetivos de reparação dos tecidos moles e duros, precisa-se fazer uso da R.O.G.. Para isso utiliza-se biomateriais que são classificados em: osteocondutores, osteoindutores e osteogênicos10. O uso de osso autógeno tem apresentado extrema confiabilidade e previsibilidade pela sua capacidade osteogênica10,11, mas isso leva, dependendo da quantidade, desenho e localização do material de enxerto necessário, a uma segunda cirurgia, causando maior morbidade, algumas sequelas, em alguns casos utilização de anestesia geral, demora para coleta do material, maior risco de infecção, maior período de convalescença, maior custo, e outros problemas12. Vários materiais têm sido testados na busca de um substituto ósseo mais adequado para reabilitação das estruturas perdidas13. Na tentativa de encontrar um material ideal para substituir os enxertos ósseos autógenos, pesquisas de biomateriais introduziram novos materiais que podem desempenhar a função de osteocondutores ou osteoindutores11. Os enxertos ósseos xenógenos são materiais biocompatíveis derivados de outras espécies, osso bovino e coral natural, tendo como característica a osteocondução. No caso de produtos derivados de tecidos bovinos, a preocupação com a rastreabilidade da matéria prima, o controle dos processos de fabricação e a garantia da biossegurança do material produzidos devem ser pontos fundamentais na escolha do profissional14, fato este que apresenta grande dificuldade para avaliação do profissional. O enxerto xenógeno tem como maior desvantagem o potencial de transmissão de doenças, como exemplo a encefalopatia espongiforme bovina, e uma nova variante da doença de CreutzfeldtJakob, ambas transmitidas por prions. Essa possibilidade foi avaliada por vários autores15 em 2001, que concluíram não haver risco de transmissão, mas ainda não se sabe muito sobre as infecções por prions. Entretanto, a infecção por prions apresenta importância em nível de saúde coletiva, e os cirurgiões-dentistas têm de atuar estritamente de acordo com protocolos de controle de infecções. Ainda é necessário refletir sobre a natureza de aquisição e uso de produtos derivados de tecidos biológicos animais e/ou humanos16. O enxerto com osso alógeno, tecido transplantado de indivíduos de genótipo diferente do receptor, possui capacidade osteocondutora e osteoindutora e tem, teoricamente, capacidade ilimitada, não
necessitando de outro sitio doador no receptor11. As desvantagens dos aloenxertos envolvem o risco da transmissão de doenças e o potencial de antigenicidade, complicações estas que podem ser controladas por meio dos métodos de congelamento e armazenamento. Alguns casos de transmissão dos vírus da imunodeficiência humana e hepatite, relacionados a este material, têm sido relatados17. O risco infeccioso pode ser diminuído por meio de testes sorológicos dos doadores, descarte de material que produz cultura bacteriológica positiva, manipulação do enxerto sob condições assépticas e esterilização18. O biomaterial aloplástico é de origem sintética, tipicamente oste o condutor e pode ser dividido em: metais, polímeros e cerâmicas. As cerâmicas são divididas em: sulfato de cálcio, fosfato de cálcio, carbonato de cálcio e vidro bioativo. Trabalha-se com o fosfato de cálcio (Hidroxiapatita), que é biocompatível5,19, osteocondutor, favorece o suporte nutricional do tecido dentro de seus poros, uma continuidade com o osso em volta, já que os poros incentivam o crescimento celular e fibrovascular, a formação de osteóide e o crescimento do osso mineralizado19, têm quantidade ilimitada, apresenta um bom resultado e não temos risco de transmissão de doenças 20.
Conclusão Nesse período de oito meses houve a formação de um tecido com características macroscópicas de tecido ósseo, portanto, conseguiuse reabilitar o contorno ósseo e gengival por meio da R.O.G. com o uso da hidroxiapatita sintética HAP-91®.
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Caso Clínico NORMAS PARA PUBLICAÇÂO 4. Ciani RB, Rahal SC, Volpi RS, Taga R, Granjeiro JM, Cestari TM, Mamprim MJ. Mistura de proteínas morfogenéticas ósseas, hidroxiapatita, osso inorgânico e colágeno envolta por membrana de pericárdio no preenchimento de defeito ósseo em coelhos. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec 2006; 58(1):59-67. 5. Bicalho SMC; Rezende CF: Borges APB et al. HAP91 e Col.HAP91 casuísticas e estudos científicos. 1ª Edição JHS Laboratório Químico Ltda. 2004;(1):8-10. 6. Dahlin C. Scientific background of guided bone regeneration. In: Buser D, Dahlin C, Schenk RK (eds). Guided Bone Regeneration in Implant Dentistry. Chicago: Quintessence, 1994:3-48. 7. McAllister BS, Haghighat K. Bone augmentation techniques. J Periodontol 2007;78:377396. 8. Hardwick R, Scantlebury TV, Sanchez R, Whitley N, Ambruster J. Membrane design criteria for guided bone regeneration of the alveolar ridge. In: Buser D, Dahin C, Schenk RK (eds). Guided Bone Regeneration in Implant Dentistry. Chicago: Quintessence, 1994:101-136. 9. Guyton AC. Fisiologia Humana – Sexta edição Editora Guanabara Koogan,1988, p 484-497. 10. Misch CE. Implantes Dentários Contemporâneos. 2ª edição, Editora Santos, 2000, 497-508. 11. Souza RO. Aumento de rebordo ósseo alveolar utilizando peptídeos de união celular associado a derivado de osso bovino inorgânico. Estudo clínico e histológico. Dissertação do Curso de Pós-graduação em Patologia da Universidade Federal Fluminense 2003. 12. Dall´Antonia RC, Okamoto T, Milanezi LA, Vancetto JR, Sant´Anna AJ, Okamoto R. Implante de osso cortical bovino inorgânico liofilizado (genox®) em alvéolos dentais: estudo microscópico em ratos. Revista Odontológica de Araçatuba 2006;27(2):129-135. 13. Gehrke AS. Implantodontia fundamentos clínicos e cirúrgicos. Bioface Editora, Santa Maria, 2005, p181. 14. Carbonari M, Ludtke J, Santos PCV, Carvalho NTA, Gehrke AS. Caracterização físicoquímica e biológica de enxerto ósseo bovino, Bonefil, em bioensaios. Parte 1 Revista implantNews 2010; 7(11):103-110. 15. Wenz B, Oesh B, Host M. Analysis of the risk of transmitting bovine spongiform encephalopathy through bone grafts derived from bovine bone. Biomateriais 2001; 22: 15991606. 16. Pedron IG, Pedron BG, Shinohara EH. Infecções por prions e suas implicações na odontologia. Rev Assoc Paul Cir Dent 2009;63(5):395. 17. Mellong JT. Donor selection, testing, and inactivation of the HIV vírus in freeze-dried bone allografts. Pract periodontics Aesthet Dent 1995;7:13-22. 18. Baptista AD, Sorrilha A, Tormes TAM, Abdoune YA, Croci AT, Camargo OP, Oliveira CRGCM. Estudo Histológico dos Enxertos Ósseos Homólogos Humanos. Acta Ortop Bras 2003; (4)11. 19. Bicalho SMC, Rezende CF, Borges APB et al. HAP-91 e Col.HAP-91 casuísticas e estudos científicos. 3ª Edição JHS Laboratório Químico Ltda. 2008;(1):8-10. 20. Buser D. 20 anos de regeneração óssea guiada na implantodontia In: Jensen SS, Bosshardt DD, Buser D. Enxertos ósseos e materiais substitutos ósseos. Quintessence Editora Ltda. 2010; 71-96.
A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínicogerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas. Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www. odontomagazine.com.br Os trabalhos devem atender as seguintes normas: 1) Ser enviados acompanhados obrigatoriamente de uma autorização para publicação na ODONTO MAGAZINE, assinada por todos os autores do artigo. No caso de trabalho em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. Essa autorização deve também dar permissão ao editor da ODONTO MAGAZINE para adaptar o artigo às exigências gráficas da revista ou às normas jornalísticas em vigor. 2) O texto e a devida autorização devem ser enviados para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br. As imagens precisam ser encaminhadas separadas do texto, em formato jpg e em altaresolução. Solicitamos, se possível, que o artigo comporte no mínimo três imagens e no máximo 30. As legendas das imagens devem estar indicadas no final do texto em word. É necessário o envio da foto do autor principal do trabalho. 3) O texto deve seguir a seguinte formatação: espaço entre linhas simples; fonte arial ou times news roman, tamanho 12. As possíveis tabelas e/ou gráficos devem apresentar título e citação no texto. As referências bibliográficas, quando existente, devem estar no estilo Vancouver. 4) Se for necessário o uso de siglas e abreviaturas, as mesmas devem estar precedidas, na primeira vez, do nome próprio. 5) No trabalho deve constar: o nome(s), endereço(s), telefone(s) e funções que exerce(m), instituição a que pertence(m), títulos e formação profissional do autor ou autores. Se o trabalho se refere a uma apresentação pública, deve ser mencionado o nome, data e local do evento. 6) É de exclusiva competência do Conselho Científico a aprovação para publicação ou edição do texto na revista ou no site. 7) Os trabalhos enviados e não publicados serão devolvidos aos autores, com justificativa do Conselho Científico. 8) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor (res). Os trabalhos publicados terão os seus direitos autorais guardados e só poderão ser reproduzidos com autorização da VP GROUP/Odonto Magazine. 9) Cada autor do artigo receberá exemplar da revista em que seu trabalho foi publicado. 10) Os trabalhos, bem como qualquer correspondência devem ser enviados para: Vanessa Navarro ou Vivian Pacca – ODONTO MAGAZINE Alameda Amazonas, 686 – G1 Alphaville Industrial – Barueri-SP CEP 06460-100 11) Ao final do artigo, acrescentar os contatos de todos os autores: nome completo, endereço, bairro, cidade, estado, CEP, telefones e e-mail. 12) Informações: Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente de Contas Vivian Ceribelli Pacca e. vivian.pacca@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7508
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