Ano 4 - N° 43 - Agosto de 2014
www.odontomagazine.com.br
comunicação integrada
comunicação integrada
Reportagem A qualidade do sono e a saúde bucal
Ponto de Vista Células-tronco da polpa de dente de leite
R$ 20,00
1686_054_AnĂşncio Odontomagazine - Localizador.indd 1
21/07/2014 16:56:07
Editorial Edição: Ano 4 • N° 43 • Agosto de 2014
Qual é o seu legado? Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7732 Publicidade - Gerente Comercial Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7740 Publicidade - Gerente de Contas Ismael Pagani e. ismael.pagani@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7724 Editora Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7734 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7727 Assistente Administrativo Michelle Visval e. michelle.visval@vpgroup.com.br Marketing Tomás Oliveira e. tomas.oliveira@vpgroup.com.br Designers Cristina Yumi e. cristina.yumi@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7737 João Corityac e. joao.corityac@vpgroup.com.br Flávio Bissolotti e. flavio.bissolotti@vpgroup.com.br Web Designer Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br Analista de Sistemas Fernanda Perdigão e. fernanda.perdigao@vpgroup.com.br Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br Conselho Científico Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Diego Portes, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo, Wanderley de Almeida Cesar Jr. e William Torre. A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. O periódico é distribuído em todo o território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Periodicidade: mensal Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica
M
inha vida profissional tem sido formada por uma sucessão de momentos, com distintos focos. Entrei na faculdade de Odontologia com o objetivo de ser Ortodontista, mas, logo ao me formar, montei o primeiro consultório e, quase ao mesmo tempo, fui trabalhar na prefeitura local. Não demorou muito para estar na área administrativa como coordenador de projetos sociais - e pegar gosto pelo o que acabou se tornando, na ocasião, minha atividade principal. Minha primeira especialização foi, então, em Saúde Pública. Passei a me dedicar muito a esta atividade e achei que faria dela minha carreira definitiva. Meu entusiasmo me impulsionou nesta área e ocupei vários cargos na prefeitura. Mudou minha forma de enxergar a Odontologia. Mas, foi aí que um novo “vírus” me pegou. Com coragem, saí do setor público e fui para o privado. Formei-me em Administração Hospitalar e passei a estudar muito em cursos diversos. Comecei a ler tudo o que aparecia sobre gestão, planejamento, vendas e áreas afins. Essa paixão me levou para diferentes cargos executivos em empresas do setor saúde. Uma gigantesca fase de descobertas e experiências que, mais uma vez, moldou minha forma de enxergar a Odontologia em consultório. O próximo passo foi natural: marketing! Mergulhei de cabeça nessa nova fase, e descobri nesta ciência a convergência de tudo que havia estudado até ali. Foi difícil, mas também uma grande satisfação ir identificando cada nova possibilidade em transformar pessoas, empresas e, também, a Odontologia. Agora, de uns tempos para cá, a maturidade (pelo menos eu acho que seja por isso) tem me levado a buscar temas, como Psicologia e Filosofia. Quanto mais me dedico a conhecer o pensamento filosófico e os meandros do comportamento humano, mais entendo o porquê os clientes agem como agem e porque fazemos o que fazemos. Mais uma vez, tenho a sensação gostosa de deixar meus olhos serem desvendados para o óbvio que eu não via. Sinto-me, novamente, um aprendiz. O mundo se redesenha de significados. Mas, por que estou contando tudo isso no editorial da Odonto Magazine? Porque quero compartilhar com você um pensamento que derivou destas leituras recentes: que legado eu estou deixando? Tenho contribuído - como me propus - a transformar pessoas e corporações com minha atividade profissional, com uma palavra correta e com atitude cidadã? Deixar um legado é escrever uma história relevante, contribuir ativamente com a sociedade, e a Odontologia tem tudo a ver com isso, por oferecer muitas possibilidades de relacionamento com pessoas e expressar esta oportunidade. Lidamos com ciência e, mais do que tudo, com gente. Eis a provocação: qual legado você está deixando para seus filhos, sua classe e seu país? Com o que tem, de fato, contribuído? Qual será a sua maior marca quando você se for? Aproveite todo o conhecimento adquirido para se tornar melhor em tudo que faz. Basta querer. Artigos, aqui publicados, podem ser fontes de algumas destas fagulhas que te levarão aos novos caminhos e oportunidades. Algumas palavras escritas nesta revista que segura em suas mãos podem te trazer a coragem que precisa para mudar, para voltar a estudar, fazer a especialização que tanto sonhou, ou dar um próximo passo que você precisa para crescer e se tornar alguém ainda melhor. Queira ser melhor e seja especial, mas isso requer esforço e movimento contínuo, ser ativo no processo de mudança. Dedique-se a cada momento e se apaixone pelo o que faz. Só assim, sua verdadeira marca como pessoa terá valido a pena. Sucesso sempre! Boa leitura!
Plínio Augusto Rehse Tomaz
Membro de Conselho Científico
Alameda Madeira, 53, 9o andar - conj. 92 Alphaville - Barueri – SP - 06454-010- + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br
Agosto de 2014
3
Sumário
Agosto de 2014 • Edição: 43
pág.
24
Reportagem
28
Entrevista
32
3
Editorial
8
Programe-se
10
Notícias
14
Odontologia Segura
16
Produtos e Serviços
24
A qualidade do sono e a saúde bucal Halitose em pacientes idosos Marcos Moura
pág.
36
Espaço Equipe
Alcançando a equidade em saúde coletiva no Brasil Afonso Luis Puig Pereira
36
38 40 42
Ponto de vista
Células-tronco da polpa de dente de leite: ideais para o futuro tratamento de doenças degenerativas Nelson Hidekazu Tatsui
Colunistas
Periodontia Claudio Mendes Pannuti Prevenção Helenice Biancalana
Casos Clínicos 44
Restaurações cerâmicas anteriores digitais sem moldagens Bruno Godoy
48
Terapia fotodinâmica no tratamento endodôntico com uso do laser de baixa intensidade Hugo Bastos
50
Normas para publicação
Implantodontia André Antonio Pelegrine
Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do periódico. 4
Agosto de 2014
1
Conferência
Odontologia
estética
Um dia inteiro para conhecer o que há de mais moderno e avançado no segmento. Além das seis palestras, você ainda será presenteado com uma aula especial, ministrada pelo ícone da Odontologia Estética, Dr. José Carlos Garófalo.
20/09/2014 Mercure Jardins Al. Itu, 1151 - São Paulo - SP INSCRIÇÕES: R$ 320,00 conferencia.odontomagazine.com.br
Apoio:
C
M
Y
CM
MY
CY
MY
K
6
Agosto de 2014
Programe-se
Agosto 2º Encontro Latino-Americano Zirkonzahn & Friends 1 e 2 de agosto de 2014 A Talmax e a Zirkonzahn reúnem-se, novamente, para trazer ao mercado odontológico nacional um evento exclusivo. Visando o aprimoramento profissional e a integração do universo clínico-laboratorial, consagrados especialistas nacionais e internacionais discutirão lançamentos, tendências e inovadoras técnicas durante o evento.
47º Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas
1ª Conferência Odonto Magazine Odontologia Estética
27 a 30 de agosto de 2014
20 de setembro de 2014
As aulas se dividirão entre o curso básico, os cursos específicos divididos em 13 áreas e a sessão de painéis específicos.
O evento contará com o total de sete palestras, que serão ministradas por ícones da Odontologia. Serão cinco apresentações direcionadas estritamente a Odontologia Estética, uma palestra sobre marketing odontológico e uma aula indispensável sobre biossegurança na Odontologia. Você ainda será presenteado com uma aula especial, ministrada pelo renomado profissional da Odontologia Estética, Dr. José Carlos Garófalo.
Bauru – SP (14) 3223-2100 e eventos.hrac@usp.br
6º Congresso Odontológico de Sorocaba 28 a 30 de agosto de 2014
8º SBO Ortopremium
Sorocaba e mais 12 cidades da região reúnem, aproximadamente, 4 mil cirurgiões-dentistas em plena atuação profissional, uma Faculdade de Odontologia, e centenas de profissionais auxiliares e técnicos do segmento.
13 a 16 de agosto de 2014
Sorocaba – SP
Curitiba – PR
www.talmax.com.br/encontro
A programação científica do evento foi elaborada visando oferecer um evento diversificado e inovador com cursos de treinamento prático (hands on), cursos de credenciamento, curso internacional, simpósio multidisciplinar e palestrantes nacionais renomados.
Rio de Janeiro – RJ www.aborj.org.br
17º Congresso Latino-Americano ALOP 21 a 23 de agosto de 2013 A realização da 17ª edição do Congresso ALOP está a cargo da Associação Paulista de Odontopediatria (APO-SP), filiada a ABO-Odontopediatria. O congresso contará com uma programação científica que abrange todas as necessidades atuais dos profissionais.
São Paulo – SP
www.congressoalop2014.com.br
1º Fórum Norte-Nordeste de Odontologia 27 e 28 de agosto de 2014 O evento acontecerá simultaneamente a Feira Hospital MED, que visa oferecer a oportunidade para relacionamento, atualização profissional e conhecimento, em primeira mão, das novidades que serão tendências no setor.
Recife – PE
(81) 3194-4900 e rdzlegal@uol.com.br
www.apcdsorocaba.com.br
Setembro 6º Encontro de Ortodontia do Distrito Federal 5 e 6 de setembro de 2014 Um encontro científico que tem como objetivo proporcionar intercâmbio intelectual, estabelecer redes de relacionamentos e até mudanças na direção do conhecimento. O Brasil se encontra em Brasília para celebrar os 20 anos da Associação Brasileira de Ortodontia do Distrito Federal em uma grande reunião.
Brasília – DF
Agosto de 2014
www.conferencia.odontomagazine.com.br
5º Congresso Brasileiro de Uso Racional de Medicamentos 22 a 25 de setembro de 2014 A promoção do Uso Racional de Medicamentos faz parte das estratégias da Organização Mundial de Saúde (OMS) e é prioridade na agenda de saúde no Brasil. Diante da grande importância dessa questão, o evento contará com consagrados palestrantes nacionais e internacionais, que participarão de mesas redondas, painéis, oficinas e cursos.
São Paulo - SP
www.saude.gov.br/congressourm
19º Congresso Brasileiro de Ortodontia 25 a 27 de setembro de 2014 Durante três dias serão oferecidas aos participantes visões, ciências e experiências clínicas com o melhor da tecnologia mundial.
São Paulo – SP
www.abordf.com.br
www.ortociencia.com.br/Orto2014
CROPI - Ciclo de Conferências em Reabilitação Oral, Periodontia e Implantodontia
Outubro
17 a 20 de setembro de 2014 O evento tem como presidente o renomado Prof. Dr. Ronaldo Silva, e vem agregando a Ribeirão Preto (SP) importantes valores na conquista do espaço odontológico no cenário nacional. O CROPI visa agregar desenvolvimento e visibilidade profissional aos participantes, enfatizando valores e imediata aplicação clínica.
Ribeirão Preto – SP www.cropi.com.br
8
São Paulo – SP
12º CIOMIG - Congresso Internacional de Odontologia de Minas Gerais 8 a 11 de outubro de 2014 Com o tema “O que nós conhecemos, o que pensamos que conhecemos e o que não conhecemos”, o evento reunirá renomados profissionais da Odontologia.
Belo Horizonte – MG
eventos@abomg.org.br
Notícias A vez da Odontologia estética Após quatro anos no mercado e consolidada no segmento odontológico, a Odonto Magazine organiza a sua primeira conferência. O evento será realizado no dia 20 de setembro, em São Paulo, e tem como tema central “Odontologia Estética”. A 1ª Conferência Odonto Magazine contará com o total de sete palestras, que serão ministradas por ícones da Odontologia. Serão cinco apresentações direcionadas estritamente a Odontologia Estética, uma palestra sobre marketing odontológico e uma aula indispensável sobre biossegurança na Odontologia. Os participantes ainda serão presenteados com uma aula especial, ministrada pelo renomado profissional da Odontologia Estética, Dr. José Carlos Garófalo. De acordo com Victor Hugo Piiroja, presidente & CEO da VP Group - Comunicação Integrada, a 1ª Conferência Odonto Magazine é uma iniciativa para reunir os profissionais de saúde bucal em um espaço para renovação do conhecimento e networking. ”A estética é uma preocupação constante em nosso país e potencializa oportunidades de negócios”, complementa. Mais informações sobre o evento e sobre a programação podem ser obtidas por meio do site www.conferencia. odontomagazine.com.br.
Saúde bucal e inclusão social Exercícios físicos e alimentação saudável estão no topo da lista para garantir mais qualidade de vida, e, com certeza, essas ações são as primeiras para quem quer prolongar seus anos dourados. Hoje, o conceito de um equilíbrio saudável é sinônimo de vida longa, mas, com um grande diferencial - a “qualidade” dessa vida é que mais importa, e não só, por quanto tempo estaremos vivos. “No entanto, mais uma preocupação deve fazer parte dessa busca - a saúde bucal como complemento da saúde do corpo e da mente”, diz a psicóloga Carolina Faust.
10
Agosto de 2014
Segundo a especialista, a perda dos dentes pode desencadear uma série de reações nas pessoas, como prejudicar a alimentação, causar insegurança nas relações sociais e, até a perda da autoestima. A ausência de um único dente é capaz de provocar sérios danos à boca e ao restante do organismo. E, se for um dente frontal, a situação ainda é mais dolorosa. Estudos revelam que a qualidade de vida das pessoas, na terceira idade, reflete na melhora da mastigação, que influencia diretamente na digestão, além de diminuir a reabsorção do osso, processo que ocorre naturalmente e em maior velocidade no uso de dentaduras, pontes móveis e pontes fixas. A psicóloga afirma que a felicidade de uma pessoa depende do seu grau de autoestima, e isso interfere diretamente em suas relações psicoafetivas. “Em relação à saúde bucal, essa autoestima pode ser afetada pela perda de um dente, esteticamente, mas com mais intensidade pelo seu bem-estar e reintegração social”, diz Carolina. Fonte: Comunicação do CFO
Notícias Medicamentos e Odontologia O 5º Congresso Brasileiro de Uso Racional de Medicamentos acontece entre os dias 22 e 25 de setembro, no Anhembi Parque Palácio das Convenções, em São Paulo. O congresso é apoiado pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) e conta com a organização do Comitê Nacional de Promoção do Uso Racional de Medicamentos, composto por representantes do Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre outras entidades. A expectativa é reunir mais de 2.500 congressistas. A promoção do uso racional de medicamentos faz parte das estratégias da Organização Mundial de Saúde (OMS) e é prioridade na agenda de saúde no Brasil. Diante da grande importância dessa questão, o evento contará com consagrados palestrantes nacionais e internacionais, que participarão de mesas redondas, painéis, oficinas e cursos. O público-alvo do evento são os cirurgiões-dentistas, farmacêuticos, médicos, enfermeiros, agentes de saúde, gestores e estudantes da área da saúde. Os interessados em assistir o congresso podem se inscrever até 15 de setembro. Para mais informações e inscrições, acesse www.saude.gov.br/ congressourm.
Notícias
Tendências da Odontologia mundial A Dentsply promove, este ano, o 1º Symposium Dentsply. O evento, que será realizado dia 20 de outubro, em São Paulo, contará com grandes nomes da Odontologia internacional e nacional para discutir novas práticas e tendências nas áreas de Estética e Restauração, Endodontia, Implantodontia e Ortodontia, além de abordar temas atuais, como gestão para o seu consultório. Em um ambiente de integração e conforto, os organizadores do simpósio esperam reunir mais de 450 dentistas. Será um dia inteiro de atividades, entre conferências e hands-on. Estão confirmados o palestrante internacional Markus Haapasalo, palestrante da Maillefer da área de Endodontia; Ronaldo Hirata e Walter Dias (um dos desenvolvedores da resina composta de autonovelamento SDR), da área de estética e restauração; e Lutz Ketelaar, da área de Prótese e Laboratório. É a oportunidade ideal para os profissionais reciclarem seus conhecimentos científicos e se atualizarem das tendências da Odontologia mundial. Há duas modalidades de participação: palestras + hands-on e apenas palestras. Em ambas as opções, o almoço e coffee-breaks estão incluídos no valor da inscrição, que varia entre R$ 200,00 e R$ 300,00. O primeiro lote de ingressos já está à venda. O evento será realizado no Espaço São Paulo Center, Av. Lineu de Paula Machado, 1088/1100 - Cidade Jardim - SP das 8h às 18h. Os dentistas interessados em participar podem se inscrever por meio do site http://www.vantagensreais.com.br/ produtos/eventos/symposium.
Museu de ossos humanos A Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp - SP) anunciou a instalação de um Museu de Ossos Humanos. Segundo a direção da FOP, será o maior do gênero no Brasil, com 500 esqueletos humanos catalogados – identificados por cor da pele, estatura, idade e gênero. O museu ficará no prédio central da FOP, localizado no centro de Piracicaba, interior de São Paulo. De acordo com Eduardo Daruge Júnior, coordenador da área de Odontologia Legal e Deontologia, o museu possibilitará o desenvolvimento de pesquisas voltadas à população brasileira. “Atualmente, existem raríssimas tabelas nacionais para auxiliar a determinar a cor da pele e o gênero e estimar a idade e a estatura de cadáveres. Quando peritos trabalham na identificação de um corpo ou na elucidação de um crime, precisam recorrer a bancos de dados internacionais e a padrões que nem sempre condizem com o biótipo da população brasileira”, explica. O museu deverá entrar em operação no primeiro semestre de 2015 e poderá ser utilizado por pesquisadores de qualquer instituição, contanto que sigam as normas preestabelecidas e próprias de um museu de ossos. Participam do projeto do museu pesquisadores e especialistas da Unicamp, da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal do Paraná e da Diretoria Técnico-Científica da Polícia Federal. Para mais informações, acesse: www.fop.unicamp.br. Fonte: Agência FAPESP
12
Agosto de 2014
Odontologia Segura
Mais sobre biossegurança A Dra. Lusiane Borges, cirurgiã-dentista e biomédica, esclarece algumas dúvidas recorrentes nos consultórios odontológicos.
Lusiane Borges Biomedicina - UNISA / UNIFESP. Odontologia – UMESP. Especialização em Microbiologia – Faculdade Oswaldo Cruz. Especialista em Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP. MBA em Esterilização - FAMESP. PósGraduanda em Prevenção e Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos de ASB/TSB desde 2000. Membro do Conselho Científico da Odonto Magazine, São Paulo. Autora-coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”. Consultora em Biossegurança em Saúde – Biológica. Consultora Científica da Oral-B, Fórmula & Ação, Sercon/Steris e outros. Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), EUA. Responsável pelo site www.portalbiologica.com.br.
Como podemos assegurar a esterilização do instrumental? A prática depende da marca da autoclave? Evidentemente, existem equipamentos mais seguros, ou seja, aqueles que possuem câmara interna de aço inoxidável, processamento automático, bomba pré-vácuo e secagem com porta fechada, por exemplo. Porém, a esterilização é um processo multifatorial que não depende exclusivamente da autoclave e de seus testes químicos e biológicos. O processo de esterilização é diretamente afetado pela presença de matéria orgânica. Sabe-se que o biofilme protege microrganismos esporulados nos processos de esterilização mais seguros. Assim, podemos dizer que, mesmo em uma máquina muito sofisticada e “confiável”, é possível existir a negligência da esterilização devido à falha na limpeza do instrumental. É correto utilizarmos detergente doméstico e palhas de aço para lavagem do instrumental? A utilização de sabão e detergente domésticos não garante a remoção total da matéria orgânica e do biofilme do instrumental. Isso compromete, seriamente, o processo de esterilização.
14
Agosto de 2014
É de extrema importância diferenciar a ação do sabão e detergente comum (emulsificadores de gordura e sujidades inorgânicas) do detergente enzimático, que atua na quebra do substrato do biofilme e tem ação enzimática na matéria orgânica aderida ao instrumental. Para a pré-lavagem, é obrigatório (Vigilância Sanitária) a utilização do detergente enzimático. Para a etapa da lavagem do instrumental é altamente recomendável pelas autoridades sanitárias o detergente enzimático. Porém, é aceito também o detergente neutro, que deve ser hospitalar. Não se deve utilizar detergente neutro doméstico para a lavagem de instrumental. É importante ressaltar que o detergente enzimático utilizado na lavadora ultrassônica não pode ser reutilizado, apesar de encontrarmos orientações no rótulo do produto assegurando vida útil de 9 a 12 horas. É totalmente contraindicada a utilização de palhas de aço na lavagem de instrumental. Quando utilizado, o material remove a camada passiva do aço, presente no instrumental, que funciona como protetor de oxidação e microfissuras.
Odontologia Segura Podemos secar os pacotes de instrumental que saem úmidos da autoclave na estufa? Eles são reutilizáveis? Apesar de essa prática ser muito comum, está incorreta e inviabiliza a esterilização. O processo de esterilização em autoclave ocorre com parâmetros diferentes da estufa. No primeiro, são três parâmetros: tempo, temperatura e pressão. A “esterilização ativa”, onde o calor, sob alta pressão, entra em contato com todos as superfícies do artigo simultaneamente e por todas as direções. A manutenção da esterilização depende também da barreira (papel grau cirúrgico ou crepado) e de suas condições de armazenamento. Desta forma, se o papel utilizado estiver com as fibras fechadas (ocorre na secagem do papel na autoclave), a manutenção da esterilização estará assegurada. O papel não pode ser reutilizado, pois existe uma tecnologia especial, onde ocorre a abertura das fibras (penetração do vapor) e o fechamento (na secagem em autoclave) que lhe confere a barreira microbiana. Esse processo ocorre somente uma vez, não garantindo a esterilização quando de sua reutilização. Na estufa, o processo ocorre com dois parâmetros: tempo e temperatura. A “esterilização passiva” se dá com a transmissão paulatina do calor seco de uma superfície (metálica) para a outra, sempre da periferia do equipamento para o centro, não tendo nenhuma ação sobre as fibras do papel. Deve ser com caixas metálicas.
As três doses da vacinação contra Hepatite B imuniza o profissional para sempre? Na grande maioria dos casos, sim. Porém, existe uma parcela da população que não se imuniza (cerca de 10%). Assim, é necessário que todo profissional realize um exame de sangue denominado Anti-HBS, após 30 a 60 dias da 3ª dose da vacina. O procedimento indica, com precisão, se houve ou não a produção de anticorpos, além do número de anticorpos circulante no sangue – um dado importante para garantir a imunidade. Existe também uma parcela da população, ainda não mensurada, que se imuniza e “perde” essa imunidade ao longo dos anos, embora a maioria dos estudos e a grande parte da comunidade científica refutem essa afirmação. Nos últimos anos, tem sido cada vez mais aceita a verdade de que uma vez o indivíduo imunizado, sempre imunizado, desde que ele já tenha realizado o Anti-HBS e o resultado obtido tenha sido dentro dos parâmetros preconizados, ou seja, acima de 10 unidades de anticorpos por ml de sangue. Isso é fantástico, e simplifica a vida do profissional de saúde que não necessita de revacinação para hepatite B, desde que ele tenha certeza que atingiu a imunidade no passado. Caso contrário, deve se revacinar.
Agosto de 2014
15
Produtos e Serviços Anestesia em Odontologia A obra “Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica” apresenta as técnicas de anestesia local, sedação e anestesia geral em Odontologia. Aliviar a dor cirúrgica sempre foi um sonho acalentado pela humanidade, desde os tempos mais remotos. A associação de sedação às técnicas de anestesia local, ou mesmo o emprego de anestesia geral - em casos de maior complexidade cirúrgica - representam também um grande avanço em conforto e segurança para os pacientes. Publicado pela Editora Rubio, o livro conta com a autoria dos renomados doutores Roberto Prado, Martha Salim e Bianca Bravim, que culminando anos de prática odontológica, tanto na UERJ como na clínica privada, discutem com clareza e concisão as técnicas de anestesia local, sedação e anestesia geral em Odontologia. Os autores demonstraram que essas técnicas, de caráter multidisciplinar, podem e devem ser usadas de modo criterioso em Odontologia, com o objetivo de alcançar o melhor resultado técnico a par do conforto e segurança dos pacientes. www.rubio.com.br
Nova resina no mercado VIPI apresenta a Trilux Color, desenvolvida com as mesmas tecnologias empregadas na fabricação dos dentes. Sua fórmula garante excelente fidelidade de cores, alta resistência mecânica, química e à abrasão, fácil manuseio e praticidade na hora do trabalho. Trilux Color é uma resina acrílica polimerizável bivalente indicada para confecção de coroas, pontes, esculturas de provisórios, fixação de facetas e jaquetas, preenchimentos de retenções em PTR e PPR e preenchimento de cavidades nos trabalhos de caracterização de dentes em acrílico. A novidade possui três camadas; e conta com a facilidade na aplicação para a execução do trabalho, acabamento, polimento e brilho. Os líquidos auto e fotopolimerizável permitem flexibilidade e agilidade nos trabalhos. Trilux Color apresenta uma ampla gama de cores, garantindo uma perfeita personalização de seu trabalho. São elas: 1A, 1D, 2A, 2B, 3E, 4B, incisal I, incisal II, cervical I, cervical II E cervical III. www.vipi.com.br
16
Agosto de 2014
Produtos e Serviços Novidade na Implantodontia A Nobel Biocare expandiu o conceito do implante de sucesso NobelActive™ com um implante de 3,0 mm para uma instalação segura em áreas com espaço limitado. O diâmetro reduzido do implante NobelActive™ 3.0 foi especialmente projetado para a substituição de incisivos laterais superiores e incisivos centrais e laterais inferiores. O implante possui uma resistência excepcional em um diâmetro pequeno, uma vez que é composto do mais forte tipo de titânio, grau 4, trabalhado a frio, patenteado e comercializado pela Nobel Biocare, o qual oferece superior resistência à fadiga (>160 Ncm) e ao torque (>100 Ncm). Possui a sofisticada conexão cônica do NobelActive™, que assegura máxima estabilidade e selamento com mudança de plataforma (platform shifting) integrada. A seleção abrangente de pilares temporários e definitivos pré-fabricados asseguram notável flexibilidade protética e excelentes resultados estéticos. Assim como todos os outros sistemas de implante e componentes da Nobel Biocare, o NobelActive™ foi extensivamente documentado por meio de estudos científicos. www.nobelbiocare.com C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Design e inovação Uma questão de estilo e inovação. É com esse slogan que a Indusbello lança ao mercado seu novo Suporte para Alicates que, além de funcional, tem foco no design, bom gosto, estilo e inovação. A ideia principal do produto é que, além de sua função ‘original’, como um acessório de trabalho para os profissionais dentistas, como suporte em seus procedimentos, a peça sirva também como objeto decorativo, com seu design clean e moderno. O produto está disponível nas cores: branco, preto, verde e lilás e pode ser utilizado por outros profissionais que utilizem alicates e que também se preocupem com a beleza e decoração de seu ambiente de trabalho, como manicures e podólogos, designers de joias, assistências técnicas e outras áreas. Estudos realizados pela Confederação Nacional da Indústria indicam que 75% das empresas que investiram recentemente em design registraram aumentos em suas vendas, e esse é o foco da campanha da Indusbello. www.indusbello.com.br
18
Agosto de 2014
odonto_magazine_agosto_ortoSPO.pdf
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
1
24/07/2014
09:45:07
Produtos e Serviços Elegância e saúde bucal O inverno é a estação em que o colorido dá lugar aos tons mais escuros e azulados e as pessoas ficam mais bem vestidas. É nesta época do ano que a sofisticação e glamour tomam conta das ruas. Essa sofisticação também pode ser levada em conta quando o assunto é saúde oral. E, para cumprir essa função, a empresa suíça Curaprox apresenta ao mercado brasileiro as novas escovas Curaprox 5460 Ice. Esta é uma opção especial para quem quer cuidar do sorriso sem abrir mão da beleza e qualidade de uma escova. As escovas vêm em uma embalagem em trio e quando estão juntas, formam um dégradé. Uma é totalmente transparente, e as outras duas possuem um tom de azul específico, porém, ambas também com transparência. Este é um estilo único, de diferencial estético, comum em todos os produtos da marca. A versão Ice faz parte da família Curaprox 5460, as únicas com mais de cinco mil cerdas de Curen® e, por esse motivo, são consideradas pela comunidade odontológica o que existe de mais avançado para os cuidados com a saúde oral. www.curaprox.com.br
A anatomia essencial para implantodontistas O uso de implantes dentários tem sido uma opção cada vez mais comum entre os brasileiros. Cerca de 800 mil implantes e 2,4 milhões de componentes de próteses dentárias são colocados por ano no país, segundo a Associação Brasileira da Indústria Médica, Odontológica e Hospitalar (Abimo). Para responder a essa demanda, não basta maior número de implantodontistas no mercado, mas profissionais bem formados e atualizados. De acordo com os autores do Atlas de Anatomia para Implantodontia, da Editora Elsevier, a base para que esses especialistas façam a melhor avaliação clínica do paciente, diagnóstico e plano e execução do tratamento com implantes dentários é, sem dúvida, a anatomia. “Se não há implantodontia sem cirurgia, não há cirurgia sem o conhecimento profundo da anatomia local”, diz Dr. Jean François Gaudy, responsável pelo Departamento de Anatomia da Universidade René-Descartes Paris 5, que assina a 2ª edição do livro com outros quatro colegas. Permitir a visualização das estruturas anatômicas e os meios que permitem tornar os procedimentos cirúrgicos mais seguros é, portanto, o objetivo maior desta obra, indispensável para cirurgiões, dentistas e estudantes de Odontologia, e igualmente importante para médicos estomatologistas e cirurgiões bucomaxilofaciais. A originalidade da publicação está em destacar as modificações faciais influenciadas pela perda dos dentes, uma vez que é essa a anatomia com a qual o implantodontista vai se deparar ao longo de sua prática. Os autores evitaram escrever um tratado de anatomia e realizaram um completo livro de anatomia cirúrgica de implante e préimplante com texto claro, fácil de ler e restrito ao essencial. A nova edição foi enriquecida com mais de 800 ilustrações coloridas em perspectiva: fotografias clínicas, técnicas de dissecções, radiografias convencionais e as reconstruções em 3D. Esta última tem importância cada vez maior no balanço pré-implante, pois permite visualizar melhor as estruturas complexas da face e aperfeiçoar o uso das áreas anatômicas. Cada região destinada ao implante dentário tem a sua anatomia detalhada graças a essa iconografia de grande precisão. www.elsevier.com.br
20
Agosto de 2014
Produtos e Serviços
Cimentações bem-sucedidas O lançamento da Ivoclar Vivadent é utilizado, universalmente, para cimentar restaurações indiretas. A seringa automix permite que utilize somente a quantidade necessária de material. O compósito de cimentação autopolimerizável, com opção de fotopolimerização, é de aplicação universal. É adequado para a cimentação adesiva de todos os tipos de restaurações indiretas, sejam elas de metal, metalocerâmica, dissilicato de lítio, cerâmica vítrea, compósito ou de cerâmica de óxido de zircônio. O Multilink N é capaz de estabelecer uma forte adesão a diferentes tipos de materiais restauradores. O cimento é aplicado na peça, em combinação com um silano (Monobond N ou Monobond Plus). No preparo do dente, é aplicado o adesivo autocondicionante Multilink N Primer A/B. Este produto simplifica o procedimento de cimentação, pois elimina a necessidade do condicionamento com ácido fosfórico. O Multilink N Primer A/B, que é autocondicionante e autopolimerizável, não apenas garante elevada força de adesão, como também melhora o selamento dentinário de forma considerável. Além disso, ele promove o sucesso clínico da restauração em longo prazo, influenciando, de forma positiva, na retenção, descoloração marginal, prevenção de cáries secundárias e na resistência a fraturas.
Um sistema de utilização conveniente A seringa automix torna a utilização muito conveniente. Ela permite que a quantidade exata de material seja aplicada diretamente na restauração. Adicionalmente, o cimento apresenta uma consistência que é ideal para aplicação e cimentação. Comparada às cápsulas para mistura, a seringa automix proporciona uma economia considerável de tempo. Acessórios adicionais, como injetor de cápsula, ativador de cápsula ou unidade de mistura, não são necessários. Além do mais, a quantidade de material que pode ser aplicada no total não está limitada ao conteúdo da cápsula.
Fórmula Easy Clean-UP Agora, graças à nova fórmula “Easy Clean-Up” e à técnica de quadrantes, o excesso do cimento “Multilink N” pode ser removido com maior facilidade. O excesso do material deve ser fotopolimerizado durante um a três segundos, por superfície de cada um dos quadrantes (mésiolingual, disto-lingual, mésio-vestibular, disto-vestibular). Desta forma, o excesso do material obterá consistência gelatinosa, permitindo que, com o auxílio de uma cureta, possa ser facilmente removido. www.ivoclarvivadent.com.br
22
Agosto de 2014
1º
20 DE OUTUBRO 2014 SÃO PAULO CENTER DENTÍSTICA · ENDODONTIA · IMPLANTODONTIA · LABORATÓRIO · ORTODONTIA
Não perca esta excelente oportunidade de se atualizar. Participe de Conferências e Hands On com grande nomes da odontologia internacional e nacional. PROFESSORES CONFIRMADOS:
DENTÍSTICA
Dr. Walter Dias
ENDODONTIA
Dr. Ronaldo Hirata
Dr. Markus Haapasalo
Dr. Carlos Bueno
ORTODONTIA
GESTÃO E MKT
Dr. Valdir Muglia
Dr. Flávio Cotrim
Dr. Ricardo Lenzi
Dr. Rogério Moraes
Dr. Raimundo Nonato
IMPLANTE
Dr. Marcelo Nunes
Dr. Manoel Machado
LABORATÓRIO
Dr. Lutz Ketelaar
Inscrições e informações, acesse: go.dentsply.com.br/symposium. Vagas limitadas!
Apoio:
Reportagem
A qualidade do sono e a saúde bucal Alguns distúrbios do sono, incluindo o ronco e a apneia do sono, podem ser controlados com o auxílio de um cirurgião-dentista. Por: Vanessa Navarro
O
s estudos sobre o sono foram iniciados na década de 1920, quando Nathaniel Kleitman, fisiologista e psicológico, passou a se interessar e pesquisar alguns dos efeitos do sono e do ritmo circadiano. Em 1953, Kleitman se uniu a Eugene Aserinsky, até então, seu aluno, e juntos - após detalhadas pesquisas sobre as ondas cerebrais durante a inatividade - descobriram o sono REM (Rapid Eye Movement ou Movimento Rápido do Olho). Porém, apenas na década de 1960, deu-se início à pesquisa clínica. Segundo informações da cirurgiã-dentista e doutora em Medicina e Biologia do sono, Cibele Dal Fabbro*, o primeiro manual de estagiamento foi elaborado pelos Drs. Allan Rechtschaffen e Anthony Kales, e data de 1968. Os parâmetros para definir a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) foram publicados, nessa mesma época, por Christian Guilleminault, hoje, uma das maiores autoridades em estudo do sono. Em solo brasileiro, os estudos foram iniciados com animais, em 1967, com o psiquiatra Núbio Negrão e o psicólogo Katsumasa Hoshino; e também com o médico Werner Robert Schmidek e o professor de Fisiologia, Cesar Timo-Iaría, em 1970. “A partir de 1977, o especialista em Psicofarmacologia Elisaldo Carlini e Sergio Tufik, médico e mestre em Fisiologia, começaram seus estudos no Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina (EPM), hoje, UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), onde as pesquisas eram apenas de caráter experimental. A linha de avaliação desses estudiosos apresentou grande
24
Agosto de 2014
expansão, e a pesquisa clínica teve início na década de 1990. Atualmente, existem vários segmentos de investigação nesse grupo, como estudos epidemiológicos, insônia, distúrbios respiratórios do sono, distúrbios do sono em crianças, bruxismo, movimentos periódicos de pernas, dor, envelhecimento, exercício físico, sistema cardiovascular e sonolência diurna e suas consequências”, esclarece a cirurgiã-dentista. Hoje, a conclusão tida por inúmeros especialistas da área da saúde é que diminuição do tempo de sono já é considerada uma condição endêmica na sociedade moderna. A Dra. Cibele enfatiza que a população está dormindo cada vez menos, principalmente nas grandes cidades, e por isso, a frequência de distúrbios do sono está crescendo, assim como suas consequências para a saúde geral. “Em três estudos epidemiológicos realizados pelo Instituto do Sono (São Paulo), em 1977 e 1995, ambos com 1.000 indivíduos; e, em 2007, com 1.101 indivíduos, tanto a dificuldade de iniciar o sono, como manter o sono, assim como a queixa de despertar precoce, aumentaram na população geral, principalmente nas mulheres. Essa piora foi maior entre 1977 e 1995, do que entre 1995 e 2007. A maior queixa foi o ronco, mais prevalente nos homens, com aumento significante apenas em 2007. Bruxismo do sono, pesadelos, câimbras durante do sono e queixas de sonambulismo foram maiores em 2007, mais frequentes nas mulheres. No estudo de 2007, 76,5% da população apresentou pelo menos uma queixa de sono. Essa mesma prevalência foi
Reportagem
de 63%, quando a mesma equipe entrevistou 2.110 pessoas, em 150 diferentes cidades do Brasil. Tais queixas aumentaram com a idade, independente do local de moradia do entrevistado. Para queixas com frequência de pelo menos três vezes por semana, foi encontrada prevalência de 61% de ronco, 35% de insônia, 17% de pesadelos, 53% de movimentos de pernas e 37% de pausas respiratórias”, esclarece. Acredita-se, ainda, que o sono está envolvido no processo de consolidação da memória. Um recente estudo realizado pela Escola de Medicina de Harvard (EUA) afirma que dormir menos do que o necessário pode dificultar o aprendizado e a memorização de informações novas.
Classificação dos distúrbios do sono A primeira versão da Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono foi criada em 1979. Hoje, em sua quarta interpretação, a classificação se apresenta em mais de 80 tipos, com critérios de diagnósticos bem estabelecidos para cada um dois oito grupos, sendo eles: insônias, distúrbios respiratórios do sono, hipersonias de origem central (não devido a distúrbio do ritmo
circadiano, distúrbio respiratório do sono ou outra causa de sono perturbado), distúrbios do ritmo circadiano, parassônias, distúrbios de movimento relacionados ao sono, sintomas isolados, variantes aparentemente normais e assuntos não resolvidos e outros distúrbios do sono. “Entre os distúrbios do sono que o cirurgião-dentista pode atuar, posso mencionar a Apneia Obstrutiva do Sono, que é classificada como um distúrbio respiratório do sono; e o Bruxismo do Sono, pertencente à classe dos distúrbios de movimento”, explica a Dra. Cibele.
A Odontologia do sono Ainda não regulamentada pelo Conselho Federal de Odontalgia (CFO), a nova área de atuação para o cirurgião-dentista tem como objetivo o diagnóstico e tratamento de distúrbios do sono, como AOS e Bruxismo. A Dra. Cibele conta que, embora a abordagem do Bruxismo seja antiga na Odontologia, foi apenas com o início da atuação do profissional de saúde bucal no diagnóstico e tratamento dos pacientes com AOS que o papel do dentista cresceu na área de sono. Inicialmente, a função se limitava ao diagnóstico
* Dra. Cibele Dal Fabbro é cirurgiã-dentista. Doutora em Medicina e Biologia do Sono pelo Departamento de Psicobiologia da UNIFESP – EPM. Mestre em Reabilitação Oral pela Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). Membro do Corpo Clínico e de Pesquisa do Instituto do Sono (São Paulo). Coordenadora da Divisão Odontológica do Instituto do Sono (São Paulo). Coordenadora do Curso Avançado de Odontologia do Sono - Instituto do Sono (São Paulo). Autora do livro “A Odontologia na Medicina do Sono”, Dental Press Editora.
Agosto de 2014
25
Reportagem craniofacial desses pacientes, principalmente com cefalometria. A partir dos estudos da pneumologista Rosalind Cartwright, em 1982, e do cirurgião-dentista Peter George, em 1987, surgiram os primeiros aparelhos intraorais para tratamento desses distúrbios. Na década de 1990, essa área teve um grande impulso, resultado de muitas pesquisas sendo publicadas, além de muitos aparelhos sendo propostos. “Desde então, a participação da Odontologia do Sono cresceu muito no âmbito médico”, comemora a também mestre em Reabilitação Oral e especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Em 2005, uma grande conquista foi anunciada: a criação da Comissão Odontológica dentro da Associação Brasileira de Sono (ABS). Deste ano em diante, a tendência era só melhorar, e no ano de 2012 foi criada a Associação Brasileira de Odontologia do Sono. As recompensadas não pararam, e, em novembro de 2013, foi realizada a primeira edição do Congresso Brasileiro de Odontologia do Sono, no Rio de Janeiro. “Hoje, com certeza, não se admite mais um evento na área do sono que não conte com a presença de cirurgiões-dentistas como palestrantes e como congressistas. Os benefícios do crescimento nessa área são estendidos aos pacientes, que passam a contar com maior acesso a um tratamento de qualidade. Atualmente, os profissionais têm acesso a cursos que podem fornecer uma excelente formação”, festeja a Dra. Cibele. O papel da Odontologia do Sono está se tornando cada vez mais significante, especialmente na condução de pacientes com ronco e AOS (adultos e crianças), na abordagem preventiva de tais distúrbios, e ainda no manejo de pacientes com bruxismo do sono. Entretanto, o cirurgião-dentista que pretende trabalhar com distúrbios do sono, deve saber que há vários problemas de saúde associados, como depressão e ansiedade, até alterações cardiovasculares, como a hipertensão arterial sistêmica, doença coronariana e arritmia cardíaca. A especialista aponta que é importante salientar que a AOS é de competência diagnóstica do profissional médico, e não cabe ao dentista fazê-lo isoladamente. Esses pacientes estão sujeitos a uma série de complicações cardiovasculares, além de comorbidades, que não sendo bem diagnosticadas e adequadamente tratadas, podem se tornar motivo de grandes complicações, sendo, até mesmo, fatais. “Por outro lado, vale dizer que o tratamento com aparelho intraoral (AIO) no adulto não é um tratamento ortodôntico e nem ortopédico, já que este não possui a intenção de corrigir más oclusões. Por essa razão, não é necessário que o tratamento com AIO seja realizado por um ortodontista, nem por um especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares ou em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, mas, sim, por um cirurgião-dentista com formação e treinamento específicos”, alerta.
A grande vilã A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) acomete grande parte da população mundial e é o distúrbio que mais está relacionado ao desenvolvimento de outras doenças. Segundo a cirurgiã-dentista, o ‘desajuste’ pode levar a complicações cardiovasculares e doenças metabólicas, além de déficits cognitivos e alterações de humor, fatores que comprometem a qualidade de vida dos pacientes. A sonolência excessiva aumenta o risco de acidentes de trabalho e de trânsito. “Diversos estudos têm mostrado que a AOS é considerada como um fator de risco independente para a instalação da hipertensão arterial sistêmica, podendo, ainda, contribuir para a progressão
26
Agosto de 2014
de outras doenças cardiovasculares. Entretanto, antes que a doença cardiovascular se estabeleça, alterações no Sistema Nervoso Autonômico podem já preceder esse quadro, com ativação simpática predominante na modulação autonômica. Alterações cognitivas na atenção, memória, humor e função executiva são frequentes, e aumentam a morbidade associada a essa síndrome, pois contribuem para o prejuízo na qualidade de vida, a queda de desempenho no trabalho, acidentes ocupacionais e de trânsito e absenteísmo”, expõe. A AOS, descrita como uma doença multifatorial e sem um fator causal isolado apresenta, como alguns dos fatores de risco, a obesidade, a circunferência cervical aumentada, a presença de tecido gorduroso na faringe, a hipotonia muscular ou macroglossia, a obstrução na via aérea superior, a predisposição familiar, o uso de álcool e/ou sedativos, e é mais frequente nos homens, com o aumento da idade. Conforme dados apresentados pela especialista, a morfologia craniofacial com redução das bases ósseas, seja no sentido anteroposterior, como laterolateral, também constitui um importante fator de risco. A obstrução pode ocorrer na região retropalatal, retrolingual ou ambas, sendo um processo dinâmico entre alterações anatômicas e atividade neuromuscular de toda a faringe. “A principal característica é a presença de eventos repetidos de apneias e/ou hipopneias, que ocorrem durante o sono. Na maioria dos pacientes, esses eventos causam dessaturação da oxi-hemoglobina, que, frequentemente, são revertidos por despertares, tornando o sono fragmentado. Por esse motivo, os principais sintomas são: sonolência excessiva diurna, dificuldade de concentração e fadiga, além de prejuízos cognitivos. Há, ainda, relatos de paradas respiratórias, engasgo, ronco, acordar com a garganta seca, atividade motora anormal, despertares frequentes, noctúria e sudorese excessiva durante o sono”, avisa.
Tratamento clínico da AOS O tratamento clínico inclui, basicamente, medidas comportamentais, como perda de peso, evitar o decúbito dorsal, medidas de higiene do sono e alteração ou retirada de alguns medicamentos e álcool. A Dra. Cibele explica que não existe um tratamento medicamentoso para o distúrbio, embora a reposição hormonal na menopausa ou em distúrbios tiroidianos possa ser útil no tratamento. “Dependendo da gravidade da doença e dos fatores de risco associados, será instituída a melhor forma de tratamento. Dentre os tratamentos clínicos comprovados cientificamente, podemos citar os aparelhos de pressão positiva contínua na via aérea (CPAP) e os Aparelhos Intraorais (AIO). Já o tratamento cirúrgico tem por objetivo a modificação dos tecidos moles da faringe (palato, amígdalas, pilares amigdalianos e base da língua), ou técnicas que abordam o esqueleto (maxila, mandíbula e hioide). Dependendo do problema anatômico e da gravidade, mais de uma modalidade cirúrgica pode ser utilizada, de forma conjunta ou de forma sequencial. As cirurgias nasais são mais utilizadas no auxílio para o uso do CPAP, e não podem ser consideradas de escolha como forma de tratamento da AOS”, explica a cirurgiã-dentista e mestre em Reabilitação Oral. O aparelho CPAP nasal (“continuous positive airway pressure”) é o tratamento considerado padrão-ouro na AOS. A pressão positiva contínua de ar na via aérea gera um fluxo aéreo contínuo, forma um coxim pneumático, deslocando o palato
Reportagem mole em direção à base da língua e dilatando a área de secção de toda a faringe. O CPAP pode ser indicado para ronco ou para qualquer gravidade da AOS. Entretanto, pacientes com quadros leves da doença, se forem pouco sintomáticos, acabam por não aderir a essa forma de tratamento. Os aparelhos intraorais (AIO) são dispositivos usados na cavidade oral durante o sono, com o objetivo de prevenir o colapso entre os tecidos da orofaringe e da base da língua, ou seja, a obstrução da via aérea superior. A utilização desses aparelhos tem como objetivo aumentar o volume da via aérea superior não só por uma manobra mecânica, através do posicionamento e manutenção anterior da mandíbula ou da língua. Acredita-se que ocorra um aumento do volume e uma melhora na permeabilidade da via aérea superior durante o sono por alargar a faringe ou por reduzir a tendência ao colapso desta, melhorando o tônus dessa musculatura, e aumentando o volume da via aérea superior. Tais aparelhos são apresentados, hoje, como indicação primária para pacientes com ronco e AOS de grau leve e, secundariamente, para casos moderados e graves que não se adaptaram ao CPAP. Estes aparelhos podem ser categorizados pelo mecanismo de ação em aparelhos de avanço mandibular e retentores linguais. “Já os retentores linguais são dispositivos que succionam a língua e são indicados, principalmente, para paciente edêntulos. Hoje, a maioria dos aparelhos intraorais é de avanço mandibular. Existem no mercado uma gama enorme de modelos de aparelho, tanto os pré-fabricados, como os individualizados. Segundo alguns estudos publicados, os aparelhos de avanço mandibular pré-fabricados não apresentam a mesma eficácia, nem a mesma adesão que os aparelhos individualizados. Esses últimos são confeccionados sobre os modelos da arcada do paciente, de forma a terem ótima retenção e posição mandibular ideal e estável”, explana a cirurgiã-dentista.
Receita para um tratamento de sucesso O envolvimento de uma equipe multidisciplinar qualificada no tratamento do portador de ronco e apneia é de extrema importância para alcançar o objetivo principal, ou seja, o bemestar do paciente. “Uma equipe multidisciplinar deve contar com a participação de médicos, cirurgiões-dentistas, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, técnicos em polissonografia, entre outros. Na abordagem do portador de ronco e apneia, esse fato é de extrema importância. No diagnóstico, o papel do médico é, sem dúvida, imprescindível, assim como o técnico de polissonografia durante a execução do exame. Durante o diagnóstico da parte craniofacial, o cirurgião-dentista é essencial, assim como na condução do tratamento com aparelhos intraorais e no seu acompanhamento em longo prazo. O cirurgião-bucomaxilofacial tem destaque na abordagem cirúrgica desses pacientes com cirurgia ortognática. O papel
do fonoaudiólogo é importante quando esse tratamento é indicado como coadjuvante ao AIO ou CPAP”, esclarece a Dra. Cibele Dal Fabbro. Cabe lembrar que não existe um protocolo de tratamento, mas há documentos, na forma de Consensos e Diretrizes, publicados por Associações profissionais, como a AASM (American Academy of Sleep Medicine) e a ABS (Associação Brasileira do Sono), que têm como objetivo orientar os profissionais sobre os fatores de diagnóstico e tratamento dos distúrbios de sono. “Em novembro de 2013, a ABS publicou as Diretrizes/ Recomendações para o Diagnóstico e Tratamento da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, que contou com a participação de 53 profissionais da Medicina e Odontologia do Sono de todo o Brasil. Esse documento se baseou no maior rigor científico disponível até essa época, e serve para nortear a conduta dos profissionais da área”, conta a especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial.
Ensino e pesquisa Hoje, existem poucas universidades que dispõem da disciplina de Sono na graduação. Podemos citar a Universidade de São Paulo (São Paulo, Botucatu, Ribeirão Preto), a UNICAMP, a Universidade Federal da Bahia, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Universidade Federal do Ceará e a Universidade de Brasília e UNIFESP. “No Departamento de Psicobiologia da UNIFESP são formados mestres e doutores nessa área, inclusive cirurgiõesdentistas, assim como especialistas médicos. Acredita-se que, no Brasil, existam mais de 250 laboratórios de sono. A atual Associação Brasileira do Sono, antiga Sociedade Brasileira do Sono, fundada em 1985, realizou, até hoje, 14 congressos nacionais bianuais. No período de 2000 a 2014, a ABS realizou vários Consensos e Diretrizes, com especial destaque aos Consensos Brasileiros em Ronco e Apneia do Sono realizados em 2002 e em 2007, além das Diretrizes em Ronco e Apneia do Sono, em 2013”, menciona a Dra. Cibele. Ainda segundo a especialista, existem, sim, alguns tipos de cursos, desde cursos meramente informativos, de duração bastante curta, até cursos mais longos, como os de capacitação, no qual o aluno passa por toda a formação nas áreas básicas de sono, assim como na área Médica e Odontológica, inclusive com atendimento clínico a pacientes com AOS. O Curso Avançado de Odontologia do Sono, do Instituto do Sono, em São Paulo atende a esse pré-requisito e tem formado cerca de 20 cirurgiões-dentistas por ano. “Vale destacar que, a área de sono no Brasil tem grande projeção fora do país, com participação expressiva em congressos internacionais, grande número de artigos científicos publicados, realização de cursos no exterior e colaboração com grupos de pesquisa internacionais. Diante dessa atual realidade, a Medicina e a Odontologia do Sono se encontram consolidadas e, cada vez mais, em expansão”, conclui.
“Acredito que a especialidade deve ser reconhecida em alguns anos no Brasil, mas há muito trabalho a se fazer nesse sentido, tanto de conscientização profissional, como da população geral”
Cibele Dal Fabbro
Agosto de 2014
27
Entrevista
Halitose em pacientes idosos No Brasil, pesquisas realizadas revelam que a halitose é um problema que atinge mais de 50 milhões de brasileiros e, em 80 a 90% dos casos, a origem do mau hálito é bucal. Cabe ao cirurgião-dentista, orientar tanto os idosos quanto às pessoas em processo de envelhecimento sobre fatores associados à prevenção e ao controle do mau hálito. Por: Vanessa Navarro
Marcos Moura Cirurgião-dentista. Especialista em Endodontia. Capacitação em Halitose. Presidente da Associação Brasileira de Halitose – ABHA, São Paulo.
28
Odonto Magazine - Quais são os principais fatores que propiciam a halitose na população da terceira idade? Marcos Moura - Sabendo que existem mais de 60 causas para o mau hálito, e que 90% delas estão na cavidade bucal, o dentista deve sempre realizar tratamentos preventivos. Problemas periodontais, prótese mal adaptadas, redução do fluxo salivar e hábitos precários de higiene bucal estão entre os principais fatores que podem causar o mau hálito. Uma anamnese bem elaborada sobre hábitos de higiene bucal e sobre uso de medicamentos, além da introdução do questionamento sobre halitose, pode fazer toda a diferença. Pergunte ao seu paciente se “alguém já comentou que ele estava com mau hálito”, pois um processo chamado fadiga olfatória, onde as células do nariz se acostumam ao odor vindo da região bucal, irá dificultar a percepção dessa alteração pelo próprio paciente. Caso a resposta seja sim, ouça mais sobre essa queixa, oriente-o para que, em uma próxima consulta, escove os dentes duas horas antes da visita. Faça o teste organoléptico e sinta, com seu próprio nariz, se existe alguma alteração. Claro que, se no bate papo da anamnese você já perceber o mau hálito, nem precisa realizar esse teste. Caso não esteja apto a fazer esse teste, encaminhe o paciente aos indicados da Associação Brasileira de Halitose. Basta acessar o site da ABHA e consultar se existe um profissional mais próximo de seu paciente. E, jamais, caso seu paciente se queixe de mau hálito, encaminhe-o ao gastroenterologista. Apenas 1% das causas do mau hálito é devido a problemas gástricos. Lembro, mais uma vez, que o dentista deve estar apto a diagnosticar e tratar halitose. Caso não esteja, o paciente deve ser encaminhado a outro dentista devidamente capacitado.
mortes por ano. O que pouca gente sabe é que os malefícios do cigarro não se restringem somente a enfisema ou ao câncer pulmonar. Ele pode ser o principal causador de câncer bucal, doença periodontal e halitose. Como o profissional de saúde bucal pode auxiliar o paciente e/ou sua família na questão da prevenção de tais doenças? Marcos Moura - O profissional de Odontologia, frente a um paciente fumante, tem que ser bem incisivo quanto aos malefícios do cigarro na saúde bucal. No caso de halitose, por consequência do cigarro, que resseca a mucosa bucal, causando uma maior descamação, cabe ao dentista dar o alerta e, junto com o paciente, buscar tratamentos alternativos que o estimule a abandonar esse péssimo hábito, caso contrário, mau hálito, câncer bucal e perda de dentes serão fatos presentes, mais cedo ou mais tarde, na vida desse paciente.
Odonto Magazine - A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta o tabagismo como a principal morte evitável do mundo e a com o maior crescimento, com cerca de 5 milhões de
Odonto Magazine - Quais são os pontos cruciais que devem ser tratados pelo dentista em relação à higiene bucal do paciente idoso com sinais de halitose?
Agosto de 2014
Odonto Magazine - Idosos costumam consumir uma quantidade considerável de medicamentos, devido aos tratamentos de doenças crônicas. Como tais medicamentos podem interferir na saúde bucal desses pacientes, inclusive na questão do mau-hálito? Marcos Moura - A maioria dos medicamentos consumidos na terceira idade pode diminuir a salivação. São medicamentos classificados como xerogênicos. Em recente pesquisa da Associação Brasileira de Halitose, onde foram entrevistados 252 idosos em diferentes áreas do Brasil, descobrimos que 80% deles ingerem pelo menos um medicamento por dia. A possível redução do fluxo salivar propicia o aparecimento do mau hálito, já que sabemos que a saliva possui importante ação antimicrobiana e ação de autolimpeza da boca.
Entrevista
Marcos Moura - Os cuidados com a saúde bucal devem estar sempre presente nas visitas de rotina, evitando processos inflamatórios na gengiva. O profissional de saúde bucal deve sempre avaliar a adaptação de próteses, caso o idoso possua, ou seja, é preciso estar atento às práticas preventivas rotineiras. Exames de sialometria devem ser incluídos em todos os casos, e precisam ser realizados, principalmente, no paciente com queixa de halitose. A sialometria é um exame barato, indolor e feito na própria cadeira do dentista. Este exame deveria fazer parte da prática constante no exame clínico inicial, onde seriam colhidos os resultados de uma sialometria de repouso e estimulada, e todas essas respostas anotadas em ficha clínica. Esses dados seriam colhidos anualmente, acompanhando, assim, os padrões salivares do paciente.
Agosto de 2014
29
Entrevista
A halitose é um problema que atinge mais de 50 milhões de brasileiros e, em 80 a 90% dos casos, a origem do mau hálito é bucal
Odonto Magazine - A hipossalivação é muito comum entre pacientes idosos. Existe alguma restrição e/ou diferença de tratamento nesses casos? Marcos Moura - Alguns meios usados para aumentar a salivação podem ter restrição em paciente com pressão arterial elevada, fato que é comum em pacientes idosos. Para isso, uma anamnese bem realizada vai garantir o sucesso no tratamento. Odonto Magazine – Existem estudos que comprovam que o uso de terapias complementares, como a acupuntura, pode auxiliar na diminuição da halitose e no controle da xerostomia. Qual é a opinião do senhor sobre assunto? Marcos Moura - Além da acupuntura, temos, hoje em dia, o laser, que tem sido usado com muita frequência para estimular a produção de saliva e, consequentemente, prevenir a halitose. Odonto Magazine – Ações educativas, não só para a terceira idade, como para quem ainda está em processo de envelhecimento, são de extrema importância para a prevenção do mau hálito. Como o Odontogeriatria, em conjunto com outros profissionais da saúde, pode auxiliar na prevenção e controle da halitose de seus pacientes? Marcos Moura - Prevenção é a palavra de ordem. Uma boa higiene bucal, com a escovação, uso do fio dental e uso de raspadores linguais é indispensável na prevenção do mau hálito em qualquer faixa etária. Em se tratando da saúde geral, exames preventivos e check-up anual devem estar em dia, controlando as taxas para uma boa saúde, evitando doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e o estresse. Odonto Magazine – O hábito alimentar do brasileiro mudou de forma negativa, de magnitude e abrangência nacional, conforme foi constatado pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Quais medidas devem ser tomadas pelo profissional de saúde bucal no que diz respeito à transmissão de informações alimentares relevantes aos pacientes idosos vítimas da halitose? Marcos Moura – Uma dieta balanceada, consumir, no mínimo, dois litros de água por dia, evitar exagerar nas frituras e no consumo de proteínas são dicas para prevenir o mau hálito. Muito se fala sobre alimentos que combatem o mau hálito, que, no fundo, podem ser considerados ‘mascaradores’. O que, realmente, combate o mau hálito é o diagnóstico preciso e o tratamento correto feito por um dentista capacitado em halitose. Porém, sabemos que existem alimentos que podemos chamar de ‘detergentes’, como a cenoura e a maçã. São alimentos que promovem uma ação de limpeza nos dentes. Lembrando, ain-
30
Agosto de 2014
da, que as frutas cítricas estimulam a salivação e, assim, ‘previnem’ o mau hálito. Odonto Magazine - Como o estresse, inimigo número um de grande parte da população e causador de desgastes físico e mental, pode influenciar na saúde bucal dos idosos? Marcos Moura - O estresse, inicialmente, pode desencadear a halitose, por deixar sempre o paciente com a boca mais seca. Essa boca seca propicia uma estagnação de bactérias. O paciente com estresse pode apresentar diversas alterações na sua saúde em geral, levando-o a ter que ingerir algum tipo de medicamento xerogênico, dentre eles os ansiolíticos. Odonto Magazine - O número de idosos cresce ininterruptamente no Brasil. Como consequência, teremos o aumento das doenças bucais, entre elas a prevalência da halitose. Como o Odontogeriatra pode auxiliar na questão da qualidade de vida dessas pessoas que ocuparão grande parte do nosso país? Marcos Moura - Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, o Brasil deverá, em 2025, ser sexta maior população idosa do mundo em números absolutos. Com o avanço da Implantodontia, o pensamento da velhice ligada à dentadura já se dissipou. Porém, a halitose pode vir a ser a queixa principal nos consultórios, e, assim, voltamos à questão da prevenção. Conhecimentos dos profissionais de Odontologia sobre o mau hálito vão encurtar a famosa ‘via sacra’ dos pacientes com queixa de halitose em consultórios do Gastroenterologista ou do Otorrinolaringologista. Informação, orientação e mudanças de hábitos sempre serão as melhores maneiras de prevenir o aparecimento desse vilão tão desagradável. Odonto Magazine - O Brasil é o segundo maior mercado de cuidados bucais do planeta. O senhor enxerga um futuro promissor no que diz respeito à evolução de produtos e/ou serviços destinados ao tratamento da complicação que atinge mais de 30% da população? Marcos Moura - A indústria cosmética na Odontologia sempre está em constante crescimento, e o surgimento de produtos para essa área também. Sabendo que o mau hálito é fisiológico e faz parte do corpo humano, esses produtos serão sempre um meio auxiliar na prevenção. Cabe lembrar que, cada caso é um caso. Não podemos associar o uso de produtos de um modo generalizado. O dentista deve saber essa diferenciação e orientar o produto para cada paciente, esclarecendo sempre que, mesmo sendo cosméticos de fácil acesso e comercialização nas farmácias, esses produtos devem ser prescritos por um profissional qualificado.
Espaço Equipe
Alcançando a equidade em saúde coletiva no Brasil Afonso Luis Puig Pereira Cirurgião-dentista no Instituto de Responsabilidade Social do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Professor universitário no curso de Odontologia da Universidade Ibirapuera, em São Paulo. Especialista em Dentística pela Universidade de São Paulo.
A
implementação da Estratégia Saúde da Família exige do profissional de saúde o conhecimento do território, das condições de vida das pessoas e a vigilância dos riscos sociais aos quais as famílias estão expostas, para que o planejamento das ações alcance a diminuição das desigualdades em saúde da população brasileira. Porém, o que vimos, muitas vezes, hoje em dia, é o que, em 1970, foi chamado de “lei dos cuidados inversos em saúde”. Significa que a disponibilidade do cuidado em saúde é inversamente proporcional à necessidade da população atendida. Em poucas palavras: existe pouca cobertura em saúde onde a população mais precisa. Um dos princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS) é a equidade, que determina a atenção em saúde de forma justa, ou seja, este sistema deve disponibilizar seus recursos e serviços de acordo com a necessidade dos usuários. Porém, o que vemos diariamente na mídia é que o acesso e a assistência em saúde estão limitados e a demanda, por vezes, é tão grande que se faz necessário um replanejamento das ações em atenção básica.
32
Agosto de 2014
Para que alcancemos o princípio da equidade no SUS se faz necessário escolhermos indicadores para nortear a avaliação do grau de necessidade da população e interpretar os resultados adequadamente. Por isso, uma mudança no modelo assistencial, proposta pelo SUS, envolve modificarmos o processo de trabalho, a gestão e o treinamento dos profissionais. O planejamento deve se dar pelas necessidades de saúde do usuário e, o reconhecimento dos indivíduos com maior vulnerabilidade no território propicia o desenvolvimento de ações voltadas para quem mais precisa do serviço, identificando os grupos excluídos do sistema, a fim de melhorar a equidade no acesso. Uma das formas de atender as famílias que ficam à margem da assistência é a correta utilização dos sistemas de informações em saúde. A existência do Sistema de Informação em Atenção Básica (SIAB) pode facilitar, e muito, o processo de trabalho. Pesquisas mostram que uma avaliação da ficha A do SIAB, a qual é preenchida pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), colaboram para visualização do risco familiar. Nesta ficha, os
Espaço Equipe agentes identificam e acompanham os indivíduos da comunidade, sendo que cada família tem um número de identificação e nestas fichas há a descrição de cada indivíduo pertencente àquela família. Também há informações sobre as condições socioeconômicas, como número de cômodos na residência, saneamento básico, recolhimento do lixo, tipo de moradia, quantas pessoas residem, além do grau de escolaridade. Para avaliação do risco familiar associado ao risco de cárie, alguns estudos adotaram modelos, como o de Coelho e Savassi (2004), que consiste em uma lista de indicadores, baseados na ficha A, com escores cuja somatória classifica o risco familiar em R0 (sem risco), R1 (menor risco), R2 (risco médio) e R3 (risco máximo). Outros estudos sugerem adições à ficha A, como o de Sala et al (2004), que acrescentam indicadores, como tempo de moradia da família no bairro, número de pessoas por cômodo utilizado para dormir, renda familiar per capita, porcentagem de crianças com idade menor que 12 anos, escolaridade entre 20 e 29 anos e porcentagem de famílias com cobertura de convênio de saúde. Já Ferreira et al (2013) salientam que uma avaliação da coesão familiar, que é definida como uma variação entre a separação e conexão dos membros da família ou o vínculo emocional entre seus integrantes, pode gerar mais risco de hábitos prejudiciais aos familiares, levando a uma necessidade de atenção maior em saúde.
34
Agosto de 2014
Silva et al (2013) relacionaram o risco familiar, por meio da ficha A do SIAB, e o risco individual da doença cárie, segundo critérios da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, e notaram total relação, indicando ser uma possibilidade de uso prático para priorizar atendimento odontológico em saúde coletiva. Carnut et al (2011) e Bezerra & Goes (2013) concluíram que o risco familiar calculado por meio do Índice de Necessidade de Atenção à Saúde Bucal (INASB), obtido com a avaliação da ficha A (tipo de moradia e grau de escolaridade materna), é uma forma simples, coerente e comprovada de analisar a necessidade de atenção, tanto em saúde bucal, como em outros serviços de saúde. Demonstraram, portanto, uma associação entre a classificação de risco social atribuído às famílias, obtido com informações da ficha-A, com a cárie dentária, podendo se caracterizar como uma medida que auxilie as Equipes de Saúde Bucal (ESB) a programar ações para a população de áreas cobertas pela estratégia. Então, pautar o processo de trabalho em saúde praticando equidade é fundamental e, para isso, é necessário o uso de informações sobre as condições de vida da população. Estas informações devem servir de base para análise de saúde/doença de cada comunidade, como também para programar as ações, visando quem mais precisa. Resumindo: devemos usar a informação para a ação, garantindo equanimidade nas ações desenvolvidas.
Publique
seu caso clínico na
Aceitamos casos clínicos de todos os segmentos odontológicos. Os trabalhos, que não precisam ser inéditos, serão publicados após a aprovação do conselho científico.
Vanessa Navarro
Editora Odonto Magazine vanessa.navarro@vpgroup.com.br +55 11 99933.0653 • +55 11 2424.7734 Skype: vanessa.navarro83
www.odontomagazine.com.br
Ponto de Vista
Células-tronco da polpa de dente de leite: ideais para o futuro tratamento de doenças degenerativas
Nelson Hidekazu Tatsui Hematologista. Hemoterapeuta. Diretor Técnico da Criogênesis. www.criogenesis.com.br
A
troca dos dentes faz parte do desenvolvimento de toda criança e torna-se um acontecimento na família quando as primeiras “janelinhas” começam a aparecer no sorriso dos pequenos. Uma fase importante, sustentada por muitos pais pelo lado lúdico, como a história da Fada, a troca por dinheiro e o dente da sorte. Mas, poucos sabem que aquele dente jogado em cima do telhado ou colocado debaixo do travesseiro poderia servir de material para o tratamento de diversas doenças e estudo para futuras inovações na área da saúde. A polpa do dente de leite é uma fonte de células-tronco, que se destaca das outras pela grande concentração celular e pela facilidade de obtenção. A razão, por ainda ser menos conhecida, deve-se ao fato de a técnica de retirada ainda ser nova no Brasil, regulamentada há apenas dois anos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Antes de entrarmos, no entanto, no assunto propriamente dito, é importante ressaltar informações importantes sobre as célulastronco. Primeiramente, vale destacar que há dois grandes grupos de células-tronco: embrionárias e adultas. As célulastronco embrionárias possuem capacidade de se transformar em praticamente qualquer célula do corpo, sendo encontradas somente em embriões humanos; as células precursoras do organismo já desenvolvido, chamadas células-tronco adultas, possuem capacidade de diferenciação mais limitada, porém,
36
Agosto de 2014
mais segura e estudada. Dentro do grupo das células-tronco adultas há dois subtipos: hematopoiética, conhecida pela capacidade de regenerar os tecidos sanguíneo e imunológico, e mesenquimal, tipo celular promissor na atualidade. É justamente o potencial de autorrenovação e a capacidade de originar linhagens celulares com diferentes funções que impulsionaram as pesquisas terapêuticas dessas células, uma vez que elas poderiam funcionar como substitutas em tecidos lesionados ou doentes. Sendo assim, qual a relação dessas células e a importância da preservação da polpa de dente de leite? É justamente a presença de células-tronco do tipo mesenquimal, que têm a capacidade de, em laboratório, de se transformar em uma variedade de outras células para a reparação de tecidos, dentre os quais, muscular, nervoso, ósseo, além de cartilagem, pele e outros tecidos epiteliais. As células-tronco que são encontradas nos dentes de leite são multipotentes e imunotolerantes, ou seja, servem tanto ao doador como para a sua família. Além disso, por serem muito jovens, multiplicam-se com mais velocidade. Seu potencial de multiplicação é tão grande que, apenas um dente já é suficiente para que as células se estabeleçam em cultura. Em primeiro lugar, este é um processo não invasivo, pois a queda do dente é natural e ocorre na maioria das crianças entre cinco e 12 anos de idade. Esta é realizada a partir de um material descartado e que faz parte da troca da dentição.
Ponto de Vista
Por serem células jovens e com ótima qualidade, elas são potencialmente excelentes para o tratamento de doenças degenerativas em um futuro próximo. Cabe ainda continuar as pesquisas clínicas nesta área, no entanto, resultados promissores estão surgindo. Uma preocupação bastante relevante em relação ao tema é a presença e a viabilidade dessas células. Para minimizar os riscos e que se tenha uma maior chance de aproveitar as células-tronco do dente de leite, a retirada deve ser feita por um dentista. O material deve ser acondicionado em um kit específico para transporte e enviado imediatamente à clínica para o devido processamento laboratorial. No entanto, caso o dente venha a cair antes da consulta, recomenda-se que a família possua o kit para acondicionamento correto
e transporte, que como dissemos anteriormente, deve ser realizado imediatamente. Dada a sua importância, cada vez mais, com os avanços da medicina regenerativa, as células-tronco da polpa de dente de leite não deixam de ser um benefício próprio ou de familiares próximos, sendo ideais para o futuro tratamento de doenças degenerativas e para aplicações clínicas na odontologia. Ainda em fase de pesquisas, estas células, por enquanto, só estão sendo guardadas por laboratórios especializados. Muitos especialistas têm se mostrado confiantes em relação à utilização futura de células-tronco extraídas de forma não invasiva, diretamente da polpa de dente de leite. E essa crença não se restringe apenas à área de Odontologia, mas para várias outras.
Agosto de 2014
37
Coluna - Periodontia
Uso adjunto de agentes químicos no tratamento da mucosite peri-implantar
Claudio Mendes Pannuti Mestre e Doutor em Periodontia pela FOUSP. Professor da Disciplina de Periodontia da FOUSP (Faculdade de Odontologia da USP) e do Curso de Especialização em Periodontia da FUNDECTO (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia).
A
s altas taxas de sucesso e sobrevivência de implantes osseointegráveis em Odontologia mostram que estes constituem uma possibilidade terapêutica previsível para a reabilitação protética de pacientes totalmente ou parcialmente edêntulos. No entanto, em algumas situações, podem ocorrer falhas. Estas falhas podem ser observadas logo após a instalação do implante, ou posteriormente, quando o implante já está em função1. De modo geral, as doenças peri-implantares são classificadas em mucosite e peri-implantite. A mucosite é caracterizada por uma reação inflamatória reversível na mucosa adjacente ao implante. Por sua vez, a peri-implantite é caracterizada pela perda óssea ao redor do implante já osseointegrado e em função1. Estudos de mucosite experimental, como o de Pontoriero et al.2, mostram que o acúmulo de biofilme na superfície do implante pode resultar em uma reação inflamatória da mucosa periimplantar. Caso o paciente não consiga controlar este biofilme ao longo do tempo, a reação inflamatória pode progredir, resultando em destruição do tecido ósseo peri-implantar3. Por outro lado, há evidência de que medidas caseiras de controle de biofilme são capazes de prevenir a instalação deste processo inflamatório e, consequentemente, o desenvolvimento da peri-implantite4. Portanto, assim como na dentição natural, a remoção do biofilme formado sobre a superfície do implante é a chave para a prevenção de doenças peri-implantares. No entanto, deve ser lembrado que a maioria dos indivíduos apresenta limitações com relação à capacidade de remoção mecânica do biofilme, devido à falta de motivação, destreza manual reduzida ou desconhecimento sobre a patogenia das
38
Agosto de 2014
doenças bucais5,6. Neste contexto, o uso adjunto de agentes químicos com propriedades antiplaca e antigengivite pode auxiliar no controle do biofilme que se acumula sobre a superfície dos implantes. Alguns estudos clínicos e laboratoriais testaram o efeito de controle químico do biofilme em pacientes portadores de implantes. Gosau et al.7 estudaram a eficácia de diversas substâncias químicas na redução do biofilme acumulado sobre peças de titânio afixadas em aparelhos intrabucais. Os autores demonstraram que digluconato de clorexidina a 0,2%, hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio e óleos essenciais foram capazes de reduzir a viabilidade das bactérias do biofilme acumulado na superfície de titânio. Por sua vez, Ciancio et al. (1995) conduziram um estudo clínico, no qual demonstraram que o uso adjunto de bochechos com óleos essenciais foi eficaz na redução de biofilme e sangramento da mucosa periimplantar de pacientes em manutenção, quando comparados com placebo. Além disso, de acordo com Renvert et al.8, há evidência de que o uso adjunto de bochechos com antissépticos melhora os resultados do tratamento mecânico da mucosite. Há evidência de que, pelo menos dois agentes químicos apresentam eficácia contra biofilmes formados sobre diferentes superfícies na cavidade bucal: digluconato de clorexidina a 0,12% e óleos essenciais9. Embora ainda haja necessidade de mais estudos a respeito de métodos de prevenção e tratamento das doenças peri-implantares, o uso de antissépticos pode ser recomendado para pacientes portadores de implantes.
Coluna - Periodontia
Referências 1. Lindhe J, Lang NP, Karring T. Clinical Periodontology and Implant Dentistry. WileyBlackwell; 5 edição. 2010. 2. Pontoriero R,Tonelli MP, Carnevale G, Mombelli A, Nyman SR, Lang NP. Experimentally induced peri-implant mucositis. A clinical study in humans. Clin Oral Implant Res. 1994;5(4):254-9. 3. Lang NP, Wilson TG, Corbet EF. Biological complications with dental implants: their prevention, diagnosis and treatment. Clin Oral Implant Res. 2000;11(Suppl 1):14655. 4. Serino G, Ström C. Peri-implantitis in partially edentulous patients: associations with inadequate plaque control. Clin Oral Implants Res. 2009; 20: 169–174. 5. Addo-Yobo C, Williams SA, Curzon ME. Oral hygiene practices, oral cleanliness and periodontal treatment needs in 12-year old urban and rural school children in Ghana. Community Dent Health. 1991 Jul;8(2):155-62. 6. Morris AJ, Steele J, White DA. The oral cleanliness and periodontal health of UK adults in 1998. Br Dent J. 2001 Aug 25;191(4):186-92. 7. Gosau M, Hahnel S, Schwarz F, Gerlach T, Reichert TE, Bürgers R . Effect of six different peri-implantitis disinfection methods on in vivo human oral biofilm. Clin Oral Implants Res. 2010 Aug;21(8):866-72. 8. Renvert S, Roos-Jansåker AM, Claffey N. Non-surgical treatment of periimplant mucositis and peri-implantitis: a literature review. J Clin Periodontol. 2008 Sep;35(8 Suppl):305-15. 9. Gunsolley JC. Clinical efficacy of antimicrobial mouthrinses. J Dent. 2010 Jun;38(Suppl 1):S6-10.
Agosto de 2014
39
Coluna - Prevenção
A saúde para o futuro
Helenice Biancalana Cirurgiã-dentista. Especialista em Odontopediatria e em Ortopedia Funcional dos Maxilares. Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela FCM - UNICAMP. Diretora do Departamento de Prevenção e Promoção de Saúde da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas - APCD.
E
m meio às evidências científicas e ao aumento populacional no mundo e, com tantas desigualdades sociais, culturais, a preocupação com o futuro da educação e da saúde, entre tantas outras questões pertinentes a uma população que deve possuir, minimamente, uma condição de viver com qualidade de vida, há necessidade de uma prospecção elaborada sob aspectos abrangentes no decorrer da próxima década. Em 2022, o Brasil comemorará o bicentenário de sua independência. A data, simbólica, é também assumida como um marco para o qual aponta firmemente a necessidade de se pensar nos rumos do país para a conquista de uma sociedade mais igualitária, integrada regionalmente e inserida, com independência, nas questões mundiais. Impõe-se, então, construir, no âmbito de todos os setores da ação governamental e da sociedade, uma visão integrada e compartilhada sobre as possibilidades do futuro do país, com a definição de compromissos e indicação dos esforços necessários para alcançá-los, a fim de acelerar e aprofundar o processo do desenvolvimento brasileiro. No plano da organização dos serviços e ações de saúde, a proposta da Reforma Sanitária Brasileira encontra espaço na organização do Sistema Único de Saúde (SUS), do qual a Fiocruz é parte integrante. O SUS, instituído como política de Estado, responde ao conceito de saúde entendido enquanto finalidade social, direito de cidadania e dever do Estado, como consagrado no texto constitucional de 1988, em seu artigo 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Este conceito ampliado de saúde constitucional da sociedade brasileira, é fruto de continuada ação política para a qual também a Fiocruz contribuiu. Ele baliza o conjunto de
40
Agosto de 2014
propostas que, aprovadas neste VI Congresso, resultarão em diretrizes orientadoras dos rumos de sua política institucional, programas, projetos e ações, voltadas para a preservação, desenvolvimento e sustentabilidade dos princípios básicos do SUS: universalidade da atenção, equidade no acesso e nos benefícios e integralidade do atendimento, com participação da sociedade. No entanto, apesar dos inúmeros e reconhecidos avanços e benefícios sanitários gerados, o SUS se apresenta com relativo grau de vulnerabilidade, fruto de políticas e recursos públicos insuficientes e instáveis, tanto setorialmente quanto em tantos campos a condicionar seu funcionamento. Ainda são limitados os recursos públicos aplicados em saúde no país, revelando o quanto a saúde pública e o SUS ainda precisam ganhar centralidade e prioridade na agenda dos governos, de modo a superar fragilidades e riscos à sua condição de política de Estado e de interesse maior da sociedade.
Coluna - Prevenção
A Fiocruz reafirma sua posição na defesa e fortalecimento do SUS, por seu desenvolvimento e alcance de padrão sustentável, assegurando a realização plena de seus princípios e possibilitando as necessárias conquistas sociossanitárias para a sociedade. A saúde, enquanto direito de cidadania, e o desenvolvimento da base produtiva e de inovação estão intimamente relacionados. A primeira postulação, sem o suporte de uma base produtiva que lhe dê sustentação, torna-se um ideal sem materialidade. Uma base produtiva que não atenda às aspirações da melhoria da qualidade de vida e da saúde de toda a população gera iniquidade e sofrimento. Desenvolvimento, portanto, não é sinônimo de crescimento econômico. Incorpora as dimensões de cidadania, justiça social e sustentabilidade ambiental. É neste sentido que afirmamos não haver desenvolvimento sem um estado de saúde das populações que reflita o potencial produzido pela consciência
social, ciência, tecnologia, capacidade produtiva e inovação de uma sociedade. A saúde contribui, de forma crescente, para o dinamismo econômico das sociedades; e sua integração com outros setores, como ciência e tecnologia, comércio exterior e política industrial, entre outros, pode influir, decisivamente, no modelo de desenvolvimento de nosso país. O documento produzido pela Fundação Oswaldo Cruz, intitulado “A saúde no Brasil em 2030: diretrizes para a prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro” (Fundação Oswaldo Cruz...[et al.]. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ipea/Ministério da Saúde/Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. 2012. http://pt.scribd.com/doc/167901750/SaudeBrasil-2030), apresenta um quadro muito claro, significativo diante da complexidade. É uma publicação de 323 páginas, elaborada com base em estudos originais preparados no contexto do projeto Saúde Brasil 2030.
Agosto de 2014
41
Coluna - Implantodontia
42
Agosto de 2014
Coluna - Implantodontia
Doença periodontal x sobrevida dos implantes: existe correlação?
André Antonio Pelegrine Cirurgião-dentista. Mestre em Implantodontia. Doutor em Clínica Médica. Pós- doutorado pela Universidade Federal de São Paulo. Professor da área de Implantodontia da Faculdade São Leopoldo Mandic. Autor dos livros “Transplantes ósseos na Odontologia” e “Células-Tronco em Implantodontia”.
D
esde os primórdios da Implantodontia contemporânea, preocupamo-nos com a instalação de implantes em pacientes periodontais. No entanto, o nível de sucesso, sob o ponto de vista relacionado à obtenção da osseointegração, vem sendo considerado semelhante entre pacientes com ou sem histórico de periodontite. Porém, essa informação não significa que a sobrevida dos implantes seja a mesma entre esses dois grupos de pacientes. A obtenção da osseointegração é normalmente avaliada poucos meses após a instalação dos implantes. A sua longevidade, por outro lado, deve ser avaliada ao longo da vida dos pacientes. A obtenção da osseointegração é um dado estático, que contrasta com o dinamismo da sua longevidade. Dentro deste escopo, uma metanálise feita por pesquisadores asiáticos (Wen et al) e que se encontra no prelo, pelo conceituado International Journal of Oral and Maxillofacial Implants, mostrou que apenas após 100 meses (mais do que oito anos), pacientes com histórico de doenças periodontais apresentaram maiores níveis de perda de implantes do que pacientes sem esse histórico. Ou seja, se nos limitarmos a verificar a obtenção da osseointegração ou se fizermos um acompanhamento apenas de curto prazo dos nossos pacientes, poderemos cair no erro de deixar de relacionar a doença periodontal como um importante fator de risco para a perda dos implantes. Outra lição que podemos retirar desse estudo é a de que devemos sempre reavaliar os implantes dos nossos pacientes, sob o ponto de vista peri-implantar. Pois, se
após oito anos apenas da implantação temos um nível maior de perda de implantes nos pacientes periodontais, isso não quer dizer que os problemas peri-implantares se iniciaram apenas após esse período de tempo. Logicamente, eles se iniciaram bem antes, culminando com a perda em médio prazo, após algum tempo de evolução. Essa discussão nos força a refletir sobre a nossa resistência em reavaliar o tecido peri-implantar dos nossos pacientes previamente implantados. Isso sem falar da baixíssima adesão à terapia peri-implantar de suporte. Por que toda essa resistência ainda existe? Por falta de critério ou por falta de informação?Talvez, ambas. A falta de critério pode ser de difícil resolução, mas como faltar informação em uma era de tão amplo acesso? Pois bem, neste ponto, a falta de informação não tem sentido pejorativo daquela relacionada a quem tem preguiça de obtê-la. A realidade é que nós, realmente, não sabemos muito bem como tratar a doença peri-implantar. As revisões sistemáticas da literatura sobre as peri-implantites nos retratam muito bem isso. Portanto, se ainda não sabemos tratar adequadamente as doenças peri-implantares, temos duas alternativas: ou descobrimos como tratá-las efetivamente ou as prevenimos. Claro que melhor seria se tivéssemos as duas coisas em mente. No entanto, enquanto não tivermos uma terapia efetiva para tratamento das peri-implantites, que tal focarmos mais na boa e velha prevenção? E, pelo que sabemos hoje, especialmente para aqueles pacientes com histórico periodontal.
Agosto de 2014
43
Caso Clínico
Restaurações cerâmicas anteriores digitais sem moldagens Bruno Godoy Cirurgião-dentista. Especialista em prótese dental. Mestrado em Laser. Professor Academia Dental Sirona Brasil
R
estaurações cerâmicas adesivas é um tema muito abordado, atualmente, em congressos, cursos e periódicos. Pacientes procuram seus dentistas para melhorar seu sorriso com esse tipo de tratamento, pois é possível alinhar e/ou mudar a forma e cor dos dentes, tendo como resultado estético, função e durabilidade com baixa manutenção. O procedimento convencional pode levar algumas sessões, por exemplo, a consulta inicial, quando é realizado o diagnóstico, a captura de imagens e as moldagens para um enceramento diagnóstico, que, normalmente, é feito pelo laboratório. Após um período médio de duas semanas, com o uso de guias de silicone e resinas, o paciente pode experimentar (mock-up) a forma de seu futuro sorriso. Caso ele aprove, o dentista pode começar a preparar seus dentes e fazer uma moldagem dos preparos para, novamente, enviar ao laboratório. A tomada de cor deve ser informada ao protético que, tendo em mãos uma ficha e um gesso, procura adivinhar e reproduzir as informações passadas. No mundo de hoje, em que as pessoas têm pressa para tudo, todo esse processo, sem contar com o uso de provisórios que podem se soltar, podem levar pacientes a desistir do tratamento pela demora e, principalmente, porque, em cada sessão de prova, eles precisarão tomar anestesia novamente.
Caso clínico No caso descrito, a paciente solicitou a troca das restaurações dos incisivos centrais superiores, que falhavam com frequência e necessitavam de manutenção constante de acabamento, reparos e polimentos por novas restaurações cerâmicas. Com o uso do sistema CEREC, Sirona, uma câmera (scanner intraoral) e fresadora nos permitiu realizar o caso descrito em um único procedimento, sem o uso de moldagens e modelos de estudo. A paciente perguntou se haveria possibilidade de deixar os dentes longos, e se poderia diminuir área escura entre os dentes. Antes de começar o preparo dental, foi simulada, com resina
44
Agosto de 2014
composta, uma restauração vestibular para apresentar para a paciente a futura forma de seus dentes. Os preparos foram feitos com uso de motores elétricos e contra-ângulos multiplicadores, para, assim, ter mais controle no torque e nos acabamentos. Após o preparo dental, os dentes foram escaneados pelo scanner intraoral da Sirona modelo BLUECAM e digitalizados para o software. O software é capaz de copiar o enceramento e reproduzi-lo sobre o preparo dental (biocopy) ou de criar sua proposta aleatoriamente. O mesmo pode simular, sobre o rosto do paciente digitalizado, as restaurações. Outro recurso interessante é o articulador virtual, ferramenta do software que simula todos os movimentos que a boca realiza e ajusta sua restauração, virtualmente, para que, depois de fresada, não necessite ajustes em boca. Após os design e ajustes em software, escolhemos a fresagem um bloco que empress da Ivoclar, que ao sair da fresadora ainda permite personalizações, tais como redução, textura, acréscimo de material (se necessário), aplicação de stain e glaze, e polimento. Nessa fase, o sprue é recortado do bloco e é realizada a checagem da peça, para concluir se a mesma está adaptada. As personalizações são feitas na peça, na boca do paciente. Sendo assim, copiamos o real, e não a foto. Quando temos a satisfação e a aprovação do paciente, podemos cimentar com cimento resinoso. Neste caso, foi utilizado o Variolink da Ivoclar. Na mesma sessão, com uma anestesia, e em uma única consulta, é possível realizar restaurações monolíticas sem o uso de moldagens e gesso.
Conclusão A conclusão pode ser observada no comparativo de antes e depois. A paciente ficou satisfeita por realizar o procedimento em uma única consulta, e com o conforto de não precisar moldar para alcançar seu objetivo: estética, função e longevidade.
Caso Clínico
Figura 1
Imagens intraorais pré-operatórias.
Figura 2
Black space e longos eixos dos dentes.
Figura 3
Black space e longos eixos dos dentes.
Agosto de 2014
45
Caso Clínico
Figura 4
Articulador virtual do software da Sirona.
Digital Smile: recurso do software que simula a restauração com o dente do paciente.
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Digital Smile: recurso do software que simula a restauração com o dente do paciente.
Note que o software apresenta todos os parâmetros de oclusão. Ele pode corrigir as propostas, considerando forma e função dos dentes.
46
Figura 5
Agosto de 2014
Digital Smile.
Dentes preparados em esmalte sobre o mock-up.
Caso Clínico
Figura 11
Imagens do sorriso após procedimento.
Figura 10
Faceta em Empress HT logo após fresagem. Note como sai fina.
Figura 12
Imagens do pós-operatório.
Figura 13
Imagens do pós-operatório.
Figura 14
Resultado final.
Agosto de 2014
47
Caso Clínico
Terapia fotodinâmica no tratamento endodôntico com uso do laser de baixa intensidade
Hugo Bastos Cirurgião-dentista. Especialista em Endodontia. Curso de Endodontia Avançada, EASY, Belo Horizonte – MG. Curso de Microscopia em Endodontia, Zeiss - APCD Vila Mariana, São Paulo. Prática Exclusiva em Endodontia, desde 2004. Membro da ABRAMO - Associação Brasileira de Microscopia Operatória.
O
êxito do tratamento endodôntico vem aumentando, significamente, com o avanço e procura de novas terapias, que empregam novas tecnologias. As constatações clínicas, aliadas ao conhecimento da literatura, esclarecem que o insucesso pode ser justificado por falhas no processo de limpeza e de desinfecção, o que irá perpetuar a permanência de microrganismos no interior dos condutos radiculares e, muitas das vezes, na face externa do ápice radicular, impedindo o total sucesso do tratamento. A terapia fotodinâmica na Endodontia está relacionada, principalmente, à ação antimicrobiana, reduzindo, comprovadamente, a infecção endodôntica. A terapia fotodinâmica ou PDT, do inglês Photodynamic Therapy, baseia-se na associação de um fotossesibilizador, no caso, azul de metileno a 0,01% e o laser de baixa intensidade no comprimento de onda 660nm. Esta terapia apresenta também a vantagem de ser de fácil aplicação, indolor, não promove resistência microbiana e não causa efeitos sistêmicos.
Caso clínico Paciente com queixa de dor e aumento de volume na região do 46. Clinicamente com exposição da cavidade pulpar pela mesial e presença de fístula e bolsa localizadas por vestibular. Tratamento endodôntico realizado em três sessões, com utilização de PDT, tanto intracanal como “intrafístula”. Em cada
48
Agosto de 2014
sessão, foi realizada a aplicação do agente fotossensibilizador (azul de metileno á 0,01%) no interior dos canais, deixando-o agir por cinco minutos. Após tal procedimento, foi realizada a aplicação do laser vermelho no comprimento de onda 660 nm com equipamento laser DUO (portátil), da empresa MMOptics, no interior de cada canal - com utilização da fibra óptica para uma maior concentração da luz laser vermelha no interior dos conduto radicular, proporcionando, assim, a ação bactericida e antimicrobiana pela terapia fotodinâmica. Medicação intracanal com hidróxido de cálcio entre as consultas.
Discussão A presença de microrganismos no sistema de canais radiculares propicia o aparecimento de lesões periapicais como resultado da agressão microbiana. Sendo assim, o tratamento endodôntico tem como principal objetivo a eliminação da infecção, pois a permanência de uma microbiota viável no interior dos túbulos dentinários, dependendo de seu fator de virulência, pode propiciar a reinstalação do processo patogênico e, consequentemente, o insucesso da terapia instituída. Portanto, a desinfecção do sistema dos canais radiculares é fator decisivo para o sucesso terapêutico. A ação do laser de baixa intensidade, em conjunto com o fotossensibilizador azul de metileno a 0,001% (PDT), atua na desnaturação morte) dos microrganismos, devido aos danos estruturais que ocorrem na parede bacteriana ou
Caso Clínico metabólitos, produzidos pelos espécimes de oxigênio quando o fotossensibilizador é ativado pela luz laser, promovendo a morte celular. A microbiota encontrada no sistema de canais é dinâmica e diversificada. A bactéria Enterococcus faecalis é a espécie predominantemente encontrada nos casos de lesão periapical. O corante azul de metileno foi eleito o melhor fotossensibilizador, por ser de fácil manuseio, fácil de encontrar no mercado e por apresentar um coeficiente de absorção compatível com o comprimento de onda de laser de baixa potência (PDT).
Conclusão
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Radiografia inicial do paciente.
Laser DUO da empresa MMOptics (São Carlos) utilizado no caso clínico em questão.
Por meio do presente caso clínico, foi verificado, por comprovação radiográfica e clínica, que no tratamento endodôntico convencional de canais radiculares infectados complementados com terapia fotodinâmica (PDT) ocorreu uma notável redução bacteriana em menos tempo clínico (três meses), em relação ao tratamento convencional (de seis a oito meses). Isto trará uma opção mais rápida, seletiva e indolor ao clínico geral e ao especialista para o tratamento desta condição clínica, resultando em um benefício inigualável ao paciente.
Radiografia final do paciente.
Utilização de metileno a 0,001%.
Agosto de 2014
49
Caso Clínico
NORMAS PARA PUBLICAÇÂO
A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínicogerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas. Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www.odontomagazine.com.br Os trabalhos devem atender as seguintes normas: 1) Ser enviados acompanhados obrigatoriamente de uma autorização para publicação na ODONTO MAGAZINE, assinada por todos os autores do artigo. No caso de trabalho em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. Essa autorização deve também dar permissão ao editor da ODONTO MAGAZINE para adaptar o artigo às exigências gráficas da revista ou às normas jornalísticas em vigor.
Figura 5
Óculos de proteção utilizados para biossegurança do profissional.
Referências 1. Almeida-Lopes, L. Laserterapia na Odontologia. Biodonto, Bauru, v. I. n. I, março-abril, 2004. 2. Almeida-Lopes, L.; Figueiredo, A.Cr.; Lopes, A. O uso do laser terapêutico no tratamento da inflamação nas clínicas odontológicas, através de drenagem linfática. Revista da APCD, v. 56,supl., p. 27, julho 2002. 3. Garcez AS. Laser em baixa intensidade associado à fotossensibilizador para redução bacteriana intracanal comparado ao controle químico [dissertação]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2002. 4. Garcez AS, Nuñez SC, Hamblin MR, Ribeiro MS. Antimicrobial effect in photodynamic therapy on patients with necrotic pulps andperiapical lesion. J Endod. ;34(2):138-42. 5. Love RM. Enterococcus faecalis: a mechanism for its role in endodontic failure. Int Endod J. 2001;34(5):399-405. 6. Nair PN, Sjögren U, Krey G, Kahnberg KE, Sundqvist G. Intrarradicular bacteria and fungi in root-filled, asymptomatic human teeth therapy-resistant periapical lesions: a longterm light andelectron microscopic follow-up study. J Endod. 1990;16(12):580-8. 7. Peciuliene V, Balciuniene I, Eriksen HM, Haapasalo M. Isolation of Enterococcus faecalis in previously root-filled canals in a lithuanian population. J Endod. 2000;26(10):593-5. 8. Bagnato, V.S. Novas técnicas ópticas para áreas da saúde. São Paulo: Livraria da Física,2008. 239p.II. 9. Lizarelli,R.F.Z. Protocolos clínicos odontológicos- Laserterapia de baixa intensidade. São Carlos: Bom Negócios 2012.
50
Agosto de 2014
2) O texto e a devida autorização devem ser enviados para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br. As imagens precisam ser encaminhadas separadas do texto, em formato jpg e em altaresolução. Solicitamos, se possível, que o artigo comporte no mínimo três imagens e no máximo 30. As legendas das imagens devem estar indicadas no final do texto em word. É necessário o envio da foto do autor principal do trabalho. 3) O texto deve seguir a seguinte formatação: espaço entre linhas simples; fonte arial ou times news roman, tamanho 12. As possíveis tabelas e/ou gráficos devem apresentar título e citação no texto. As referências bibliográficas, quando existente, devem estar no estilo Vancouver. 4) Se for necessário o uso de siglas e abreviaturas, as mesmas devem estar precedidas, na primeira vez, do nome próprio. 5) No trabalho deve constar: o nome(s), endereço(s), telefone(s) e funções que exerce(m), instituição a que pertence(m), títulos e formação profissional do autor ou autores. Se o trabalho se refere a uma apresentação pública, deve ser mencionado o nome, data e local do evento. 6) É de exclusiva competência do Conselho Científico a aprovação para publicação ou edição do texto na revista ou no site. 7) Os trabalhos enviados e não publicados serão devolvidos aos autores, com justificativa do Conselho Científico. 8) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor (res). Os trabalhos publicados terão os seus direitos autorais guardados e só poderão ser reproduzidos com autorização da VP GROUP/Odonto Magazine. 9) Cada autor do artigo receberá exemplar da revista em que seu trabalho foi publicado. 10) Qualquer correspondência deve ser enviada para: Vanessa Navarro - Odonto Magazine Alameda Madeira, 53 – conj. 92 - 9º andar Alphaville – Barueri - SP CEP: 06454-010 11) Ao final do artigo, acrescentar os contatos de todos os autores: nome completo, endereço, bairro, cidade, estado, CEP, telefones e e-mail. 12) Informações: Editora-chefe e Jornalista responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7734
PARCERIA COM RECONHECIDAS INSTITUIÇÕES: EXCELENTES RESULTADOS EM SUAS MÃOS. Junto com as instituições mais reconhecidas do Brasil, a Neodent investe em parcerias para disseminar técnicas e conceitos inovadores. Milhares de profissionais participam de mais de 600 cursos parceiros em que a Neodent está presente. Além disso, a empresa compartilha seus conhecimentos através dos NeoEventos.
neodent.com.br/neoeventos SAC - Consultoria Técnica: 0800 725 6363 Televendas: 0800 707 2526