Odonto Magazine nº 39 - Abril/2014

Page 1

Ano 4 - N° 39 - Abril de 2014

www.odontomagazine.com.br

comunicação integrada

comunicação integrada

Reportagem Saúde bucal do bebê


FRETE GRÁTIS PARA TODO BRASIL. **

PARCELAMOS em até 10 vezes sem juros no boleto ou cartão *

A DENTAL QUE ENTREGA OS PRODUTOS ONDE VOCÊ ESCOLHER FESTIVAL DE MATERIAL DE MOLDAGEM EDIÇÃO DE PÁSCOA

Kit Perfil/Coltene

R$ 117,00

Kit Optosil com 2 Activadores/Heraeus Kulzer

R$ 164,00

Kit Zetaplus/Labordental

R$ 166,35

Kit Express XT/3m

R$ 467,09

Alginato Jeltrate REG Dustless/Dentsply - 410g

Kit Alginato Ezact Kromm ganhe Hydroprint|Vigodent 2 Kromm 410g cada e 1 Hydroprint 454g

R$ 27,20

R$ 29,00

Kit Elite HD/Labordental

R$ 418,40

Kit Virtual/Ivoclar Vivadent

ganhe um bolsa térmica

R$ 513,45

Televendas: 0800.77.44.006 | www.rnldental.com.br

Promoções válidas para o mês de abril ou enquanto durarem os estoques. * Consulte nossa política de pagamento. Parcela mínima de R$ 100,00. ** Consulte nossa política de frete. Veja outras ofertas e promoções em nosso site e televendas.


Editorial Edição: Ano 4 • N° 39 • Abril de 2014 Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7732 Publicidade - Gerente Comercial Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7740 Publicidade - Gerente de Contas Ismael Pagani e. ismael.pagani@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7724 Publicidade - Gerente de Contas Rosana Alves e. rosana.alves@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7723 Editora Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7734 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7727 Assistente Administrativo Michelle Visval e. michelle.visval@vpgroup.com.br Marketing Tomás Oliveira e. tomas.oliveira@vpgroup.com.br Designers Cristina Yumi e. cristina.yumi@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7737 João Corityac e. joao.corityac@vpgroup.com.br Felipe Barros e. felipe.barros@vpgroup.com.br Flávio Bissolotti e. flavio.bissolotti@vpgroup.com.br Web Designer Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br Analista de Sistemas Fernanda Perdigão e. fernanda.perdigao@vpgroup.com.br Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br Conselho Científico Alice Granthon de Souza, Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo, Wanderley de Almeida Cesar Jr. e William Torre. A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. A distribuição é gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica

A Copa do Mundo e a Odontologia brasileira Olá, amigos! O título parece um tanto futebolístico demais para uma revista profissional odontológica, porém, tem tudo a ver. Se pararmos para pensar, vamos perceber que ambos os citados possuem um ponto em comum: a falta de planejamento. “Como assim?”, dirão os profissionais. Então, vamos avaliar! Muito foi falado sobre a Copa do Mundo 2014. Os brasileiros contariam com novos aeroportos, novos metrôs, facilidades de locomoção, etc. O que enxergamos? Aeroportos fazendo ‘puxadinhos’, estádios sem infraestrutura para acomodar o torcedor. Investimentos em telecomunicações e transportes? Bem, ‘vão’ estipular feriados nos dias de jogo, do contrário, corremos o risco de as cidades se tornarem um caos total. Isso se não chover. Bem, e o que o cirurgião-dentista tem a ver com isso tudo? Percebemos que a maioria dos profissionais está “migrando” para áreas mais rentáveis da Odontologia. Em uma rede social, uma colega se queixava que não havia mais periodontistas confiáveis, pois todos estão migrando para a Implantodontia, assim como para o segmento bucomaxilofacial. Muitos clínicos partem para a Ortodontia, pois os custos iniciais são menores. Fazem cursos com a duração de um final de semana e saem colocando aparelhos ortodônticos ‘a torto e a direito’. Perguntamo-nos: qual é a diferença dos aparelhinhos da famosa Rua 25 de março? O consultório? E os “Implantodontistas” resolvem tudo com uma panorâmica. O que, a nosso ver, está faltando é um planejamento que deve começar dos bancos acadêmicos. Melhor base teórica das cadeiras básicas, histologia, farmacologia, fisiologia, materiais dentários e demais, muito bem ministrados e com ênfase na área odontológica. Os cursos de especialização só deveriam aceitar alunos com alguma experiência clínica. O que observamos são cursos de aperfeiçoamento, atualização e especialização, algumas vezes de qualidade discutível, formando profissionais com profundas deficiências. É comum o endodontista só fazer Endodontia mecanizada, pois é moda; o implantodontista fazer emprego de técnicas minimamente invasivas em todos os casos; o especialista em Dentística Restauradora só se preocupar com estética, e assim vai. O que falta, e, cada vez mais faltará, é o planejamento, desde a orientação de sua vida profissional, desde os bancos escolares, até a sua formação mais especializada. Em um curso ministrado de lentes de contato dentais, todos já tinham pacientes em seus consultórios com indicação de tal procedimento técnico. Fomos avaliar alguns alunos e, como resultado, obtivemos: » A maioria nunca havia realizado procedimentos específicos, como preparo e moldagem de tais técnicas. » Não se preocupavam em fazer os preparos em moldagens do caso e os famosos mock-ups. » Não possuíam laboratórios habilitados para tais procedimentos. » Não contavam com conhecimento do tipo de material a ser utilizado. » Não tinham a mínima ideia das técnicas/materiais de cimentação. Consegue imaginar o resultado, não é? Então, a necessidade primeira é o planejamento, não só de sua vida profissional, mas também da sua vida pessoal. Pensem e avaliem muito antes de tomarem qualquer medida profissional. Os custos pessoais, de tempo e econômico são elevados, e a volta, muitas vezes, é bem difícil. Um grande abraço e até a próxima!

Augusto Roque Neto

Membro de Conselho Científico Alameda Madeira, 53, 9o andar - conj. 92 Alphaville - Barueri – SP - 06454-010- + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br

Abril de 2014

3


Sumário

Abril de 2014 • Edição: 39

pág.

3

Editorial

6

Programe-se

8

Notícias

12

Odontologia Segura

14

Produtos e Serviços

20 pág.

20

Reportagem

26

Entrevista

Saúde bucal dos bebês Saúde bucal dos brasileiros: edentulismo em foco

Casos Clínicos

Sérgio Ricardo Moura Saraiva

30

40

Espaço Equipe

O papel do cirurgião-dentista no tratamento de indivíduos obesos

45

Ponto de Vista

Situação atual da Odontologia em transplantes de órgãos e tecidos

Comparativo entre aparelho intraoral e CPAP no tratamento do ronco e apneia do sono Edna A. Khoury, Luiz Roberto Godolfim, Karinne Alano Feuser e Ana Valesca Lothhammer Machado

Héliton Spíndola Antunes e Paulo Sérgio da Silva Santos

34

Remoção cirúrgica de paramolar em maxila Larissa Barros Silva e Bruna César Dantas

Afonso Luis Puig Pereira

32

32

50

Colunistas

Normas para publicação

Estética

Ruth Andia-Merlin e Elcio Magdalena Giovani

36

Odontopediatria

38

Gestão

4

Rubia Garcia Lopes e Sandra Kalil Bussadori

Plínio Augusto Rehse Tomaz

Abril de 2014

pág.

34

Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do periódico.



Programe-se

Abril

Maio

mática central do evento; e estimular a produção de conhecimento na perspectiva da transdisciplinaridade.

22º COPEO - Congresso Pernambucano de Odontologia

Dental Meeting - Niterói 2014

Campina Grande – PB

03 a 06 de abril de 2014

Renomados profissionais reunidos em um único dia para apresentar novas técnicas da Odontologia brasileira.

Com um novo desenho, que congregará profissionais e estudantes da Odontologia e áreas afins de todo país, o Copeo trará atividades científicas interativas, onde serão abordados assuntos que vão do foco das especialidades à atuação generalista e multiprofissional, com discussões nas arenas científicas, cursos de curta duração, encontros de especialidades, eventos paralelos, bem como a apresentação e premiação de pôsteres digitais, bancadas clínicas e fóruns científicos.

Recife – PE

www.copeo.com.br

***

04 e 05 de abril de 2014

O grupo Implante in Rio surge com o objetivo de disseminar a informação da Implantodontia para dentistas e acadêmicos. Ser virá, inicialmente, como uma página para discussão de casos, divulgação de eventos e produtos da área de Implantodontia.

Rio de Janeiro – RJ

contato@implanteinrio.com.br

***

2ª Odonto Management Brazil 28 e 29 de abril 2014

A OMB 2014 é a principal conferência de Gestão Estratégica na Odontologia com foco executivo-estratégico para gestores, sócios e proprietários de clínicas e consultórios de Odontologia no Brasil. O evento tem a missão de prover conteúdo de alto nível para equipar, desenvolver e profissionalizar o mercado odontológico com melhores práticas e ferramentas de gestão.

São Paulo – SP

www.odontomanagementbrazil.com.br

***

Abril de 2014

Niterói - RJ

www.odontoimersao.com.br

***

www.sobep2014.com.br

***

Agosto 8º SBO Ortopremium 13 a 16 de agosto de 2014

29 a 31 de maio de 2014

O evento contará com grandes nomes da Ortodontia, como Jorge Ayala, Alberto Consolaro, Liliana Maltagliati, Eduardo Santana e Mauricio Sakima.

A programação científica do evento foi elaborada visando a oferecer um evento diversificado e inovador com cursos de treinamento prático (hands on), cursos de credenciamento, curso internacional, simpósio multidisciplinar e palestrantes nacionais renomados.

Barra da Tijuca – RJ

Rio de Janeiro – RJ

2º Meeting Internacional de Ortodontia

www.meetingortodontiaiom.com.br

www.sbo.org.br

***

***

Implante In Rio

6

8 de maio de 2014

Julho

17º Congresso Latino-Americano ALOP 21 a 23 de agosto de 2013

XX CORIG – Congresso Odontológico Rio-Grandense 09 a 12 de julho de 2014

A comissão organizadora já começou a planejar a grade científica do evento, que terá a participação de ministrantes nacionais e internacionais. O evento contará com a temática “Odontologia: abrindo novos horizontes”.

Porto Alegre – RS

A realização da 17ª edição do Congresso ALOP está a cargo da Associação Paulista de Odontopediatria (APO-SP), filiada a ABO-Odontopediatria. O congresso contará com uma programação científica que abrange todas as necessidades atuais dos profissionais, com a presença de ministradores envolvidos com a ciência e com o ensino.

São Paulo – SP

www.congressoalop2014.com.br

www.corig.com.br

*** ***

XXII Congresso Brasileiro de Estomatologia e Patologia Oral 23 a 26 de julho de 2014

Com o tema principal “Avanços biológicos e tecnológicos no contexto do diagnóstico oral”, o evento visa oportunizar a estudantes, profissionais e pesquisadores, discussões acerca dos avanços e práticas integrativas em saúde; fomentar a divulgação científica e o intercâmbio entre estudantes, profissionais e pesquisadores e instituições interessadas na te-

Setembro 19º Congresso Brasileiro de Ortodontia 25 a 27 de setembro de 2014

Durante três dias serão oferecidas aos participantes visões, ciências e experiências clínicas com o melhor da tecnologia mundial.

São Paulo – SP

www.ortociencia.com.br/Orto2014



Notícias

Uma década de Programa Brasil Sorridente Lançado em março de 2004, o Programa Brasil Sorridente já beneficiou quase 80 milhões de brasileiros nos seus 10 anos de existência. Considerado o maior programa de saúde bucal do mundo, em uma década, 1.000 Centros de Especialidades Odontológicas (CEO’S) foram inaugurados e outros 205 estão em fase de construção. Além dos centros, a população também é atendida em Unidades Básicas de Saúde que possuem equipes de saúde bucal. Primeira política nacional feita especificamente para tratar de saúde bucal no país, o programa mudou a realidade do acesso da população ao tratamento odontológico gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo, além das ações de prevenção e tratamento básico, o atendimento especializado e a reabilitação em saúde bucal. Em 2013, mais de 415 mil próteses dentárias foram entregues, por meio dos Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias, presentes em 1.465 municípios. Para prestar atendimento à população tanto nos CEOs como nas Unidades Básicas de Saúde, o programa conta com 23.150 Equipes de Saúde Bucal (ESB) espalhadas em 4.971 municípios – o que corresponde a uma cobertura de 89,2% dos municípios. Os mil CEOs implantados estão distribuídos em 808 municípios. Somente em 2013, o Ministério da Saúde investiu R$ 1 bilhão, em todo o país, em recursos destinados às Equipes de Saúde Bucal e também em investimentos nestes centros. O número de equipes trabalhando aumentou 543%, desde 2002. Atualmente, são 23.150, sendo que em 2002 eram 4.261 equipes. O SUS também emprega 30% dos dentistas do país: são 63.584 profissionais atuando na rede pública. Em 2002, este número era de 40.205, o que significa um aumento de 49%. A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – SB Brasil 2010 demonstrou queda de 26% na incidência de cárie na faixa etária de 12 anos, entre 2003 e 2010, fazendo com que o Brasil passasse a fazer parte do grupo de países com baixa prevalência de cárie dentária, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Também houve redução no número de dentes afetados por cáries e ampliação no acesso aos serviços de saúde bucal para as faixas etárias de 15 a 19 anos; 35 a 44 anos; e 65 a 74 anos. Fonte: Ministério da Saúde

8

Abril de 2014



Notícias Atualização odontológica Entre os dias 14 e 17 de maio, a Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP promove a 27ª edição do Congresso Odontológico de Bauru (COB) e a segunda edição do Meeting Erosion, com pesquisadores nacionais e internacionais. Com o tema “Qualidade de vida: a importância de atender integralmente o seu paciente”, o objetivo do COB é chamar a atenção do profissional da área odontológica sobre seu papel de contribuir com a qualidade de vida a partir de procedimentos que vão do diagnóstico, prevenção ao tratamento e controle da saúde bucal. A coordenação científica do congresso é da professora Linda Wang. Os eventos integram a programação de aniversário da FOB, que comemora 52 anos no mês de maio. Também está prevista a realização de um encontro de profissionais que participaram do Programa de Educação Tutorial (PET), desde sua criação. As inscrições devem ser realizadas pelo site até dia 7 de maio. A partir do dia 8 de maio, só poderão ser feitas pessoalmente na FOB. Os preços variam de acordo com a categoria do interessado e a data de inscrição. A FOB está localizada na Alameda Doutor Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75, Bauru, SP. Mais informações podem ser obtidas por meio do telefone (14) 3235-8000 ou pelo e-mail cobusp2014@cobusp.com.br. www.cobusp.com.br

Saúde bucal das crianças A 17ª edição do Congresso Latino-Americano de Odontopediatria acontece em São Paulo, nos dias 21 e 23 de agosto de 2014. Apoiado pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP, o evento será realizado pela Associação Paulista de Odontopediatria (APO), Associação Brasileira de Odontopediatria (abo­ odontopediatria) e a Associação Latino­americana de Odontopediatria (ALOP). Com o tema “Odontopediatria - um olhar latino­ americano”, a grade científica abrange todas as necessidades atuais do clínico, com a presença de ministradores envolvidos com a ciência e ensino. Para a Dra. Adriana Mazzoni, especialista em Odontopediatria, a participação dos colegas une opiniões e renova os trabalhos executados nos consultórios. “A parceria com a América-Latina nos atualiza em relação a todo o continente, fazendo com que a Odontopediatria se desenvolva para todos e na mesma direção”. Para obter mais informações, envie um e-mail para congressoalop2014@gmail.com. www.congressoalop2014.com.br

10

Abril de 2014



Odontologia Segura

Equipe auxiliar: carência de mão de obra qualificada

Lusiane Borges Biomedicina - UNISA / UNIFESP. Odontologia – UMESP. Especialização em Microbiologia – Faculdade Oswaldo Cruz. Especialista em Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP. MBA em Esterilização FAMESP. Pós-Graduanda em Prevenção e Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos de ASB/TSB desde 2000. Membro do Conselho Científico da Odonto Magazine, São Paulo. Autora-coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”. Consultora em Biossegurança em Saúde – Biológica. Consultora Científica da Oral-B, Fórmula & Ação, Sercon/Steris e outros. Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), EUA. Responsável pelo site www.portalbiologica.com.br.

A

pesar da profissão de ASB (Auxiliar em Saúde Bucal) ter completado sete anos de regulamentação, muitos questionamentos têm ocorrido acerca da qualidade da mão de obra e formação desses profissionais. Entendo que se faz necessário, novamente, um esclarecimento pautado nas leis e resoluções recentes do CFO. Acompanhe um resumo que objetiva esclarecer uma série de questões a respeito do assunto. A Lei nº 11.889, de 24 de dezembro de 2008, que regulamenta a profissão do ASB - Auxiliar em Saúde Bucal, sancionada há 18 meses, modificou, totalmente, o panorama dos serviços odontológicos no território nacional e, sobretudo, nos grandes centros urbanos, como São Paulo. Era uma luta dos profissionais auxiliares que atuavam como membros da equipe odontológica sem o devido reconhecimento legal. Foram mais de duas décadas de reivindicações e, finalmente, aconteceu, por conta de fatores relacionados à saúde ocupacional, biossegurança e outros. Para se habilitar à profissão de ASB, o interessado deve ter, no mínimo, um curso de qualificação de 300 horas registrado no CFO, segundo prevê a Resolução CFO-85 de 30 de janeiro de 2009, que complementa a lei nº 11.889. Esse conjunto de leis faz com que o mercado de trabalho do ASB cresça a cada dia, pois todo profissional auxiliar que atua dentro da sala clínica deve ter o registro no CFO.

12

Abril de 2014

Muitos esforços têm sido feitos pelos governos federal, estadual e municipal no sentido de ampliar a assistência em saúde bucal. Desta forma, centenas de vagas são abertas, anualmente, para o ASB no PSF (Programa de Saúde da Família). A cobertura da população brasileira por equipes de saúde bucal é cinco vezes maior desde 2002, passando de 7% para os atuais 37%. A capacidade de oferecer procedimentos especializados aumentou quatro vezes no mesmo período: de seis milhões de atendimentos por ano - em 10 anos - para mais de 30 milhões hoje. De acordo com o Ministério da Saúde, esses resultados se devem ao programa Brasil Sorridente, que ampliou os recursos anuais para a área em 13 vezes: dos R$ 58 milhões em 2002 para cerca e 1 bilhão em 2013. A cada mês são abertas inúmeras oportunidades para o ASB no PSF, sendo muito comum que o processo seletivo termine sem o preenchimento das vagas, tamanha falta de profissionais qualificados na praça. Isso se agrava, ainda mais, na escassez de profissionais gabaritados na área privada. Vale a pena investir na qualificação de nossos auxiliares ainda não credenciados no CRO e que trabalham de forma irregular. Lembrando que é uma exigência do CFO, desde 2009. O ASB é o nosso ‘braço direito’ e necessita de informações técnicas específicas para que o nosso trabalho tenha mais eficiência e qualidade. Até a próxima edição!



Produtos Resina nano cerâmica Com a Lava™ Ultimate, a 3M ESPE conseguiu combinar as características das resinas compostas com as características das cerâmicas, criando, assim, uma nova e inovadora categoria de material. O Lava™ Ultimate é uma resina nano cerâmica em bloco para a confecção de próteses dentárias em fresadoras CAD/CAM. O diferencial do produto é a inovadora tecnologia nano cerâmica, exclusividade da 3M ESPE. Este novo material é constituído por cerca de 80% de partículas nanocerâmicas, incorporadas em uma matriz orgânica altamente polimerizada, através de um processo exclusivo e patenteado. Essa combinação resulta em um desempenho único com alta resistência à flexão (200 MPa), resistência ao desgaste, retenção do brilho e do polimento e alta resistência ao manchamento. A resina possui um módulo de elasticidade comparável ao apresentado pela dentina, o que permite absorver melhor as cargas mastigatórias, de modo a reduzir a tensão sobre as restaurações, evitando, assim, o lascamento e a fratura da coroa. Esta característica é importante, principalmente para coroas sobre implantes, uma vez que, nesses casos, não há ligamento periodontal. www.3mespe.com.br

Música e saúde bucal “Odontologia para o Músico de Sopro”, de autoria do Dr. Alexandre de Alcântara, é o lançamento da Keyboard Editora. O livro traz, pela visão do dentista, questões importantes sobre a saúde e estética bucal para o bem-estar físico e eficiência do profissional de sopro. Estudos comprovam que todos os movimentos realizados repetidamente e com muita frequência podem gerar algum tipo de dano ou lesão ao corpo humano. Com os instrumentos musicais bucais não poderia ser diferente. Estas observações e o interesse em entender a relação entre os músicos sopro-instrumentistas, seus instrumentos e a fisiologia bucal, levaram o Dr. Alexandre de Alcântara a escrever a obra, não objetivando ensinar técnicas ou protocolos, mas, sim, chamando a atenção dos cirurgiões-dentistas para os músicos sopro-instrumentistas e vice-versa, mostrando que a classe odontológica precisa de profissionais interessados em aprender e desenvolver procedimentos que ajudem no equilíbrio bucal dos referidos profissionais, já que a grande maioria vive em situações de pressão constante e dedica-se a horas de estudo estafantes. Uma obra importante e madura, possuidora de ingredientes necessários para torná-la uma recomendação de leitura indispensável, tanto para o profissional da música, quanto para a classe médica odontológica, ocupando lugar de destaque na pesquisa e na difusão de informações sobre as interações entre a saúde bucal e a funcionalidade dos dentes na atuação dos instrumentistas de sopro, revelando, assim, a importância da aproximação desses dois universos. www.keyboard.art.br

14

Abril de 2014



Produtos Tempo e qualidade de trabalho O ResinBox é a mais nova aposta da Coraldent. Trata-se de um dispenser para seringas de resinas utilizadas em estética restauradora. Com nada parecido no mercado, o ResinBox tem entre suas utilidades, armazenar, transportar e organizar as seringas de resinas de diferentes marcas e cores em um só lugar. Não se limitando apenas nas seringas, a escala de cores, recipiente de adesivos e até pinceis possuem o seu lugar certo no ResinBox. A empresa ainda desenvolveu um broqueiro projetado especialmente para o ResinBox, que se adapta perfeitamente na frente ou parte posterior do produto, ficando mais próximo ou mais distante do profissional, que decidirá em qual situação lhe será mais conveniente. Pode ser levado para a geladeira ou armário, sem que as seringas de diferentes marcas se misturem, ou se preferir, pode ser disposto na bancada de trabalho, pois é de excelente estética e combina com a decoração. www.coraldent.com.br

Flexibilidade e agilidade VIPI apresenta o Duolay Gel, o gel de resina vermelha fotopolimerizável pronto para usar. O gel chegou para melhorar o tempo de trabalho no laboratório ou no consultório. Os bicos dosadores de metal dão a possibilidade de aplicação direta no trabalho a ser executado, garantindo ao profissional flexibilidade e agilidade no preparo de modelos para fundição, além de uma concentração mínima de polimerização e cura rápida. Duolay Gel apresenta, após a moldagem, uma superfície lisa que pode ser queimada sem deixar resíduos no anel. As aplicações podem ser realizadas em contorno anexo de precisão telescópica; contorno de pilares de implantes individuais; contorno de pontes adesivas, inlays e onlays; contorno de elementos para a transmissão pantográfica; coping para confecção de próteses fixas; casquetes para prótese fixa; estruturas para cerâmica prensada, como laminados inlays; etc. Entre os diferenciais do produto, estão: mínima contração; mais seguro, evita retrabalho; queima sem deixar resíduos; rápido para modelar; alta precisão; fácil manuseio para iniciantes; não tem cheiro. O tempo de trabalho poderá variar, dependendo do fotopolimerizador utilizado. www.vipi.com.br

Mais sobre Dentística A obra “Dentística: uma abordagem multidisciplinar” foi escrita e organizada pelo professor da Universidade Anhanguera Educacional, Camillo Anauate Netto, e pelos professores José Carlos Pereira e Silvia Alencar Gonçalves, com mais de 60 renomados colaboradores em 16 capítulos e 324 páginas. Os organizadores contaram com a participação dos docentes do Programa de Mestrado de Biomateriais da Universidade Anhanguera e de pesquisadores renomados que produziram uma obra didática, ilustrada e acessível. Editado pela Artes Médicas, o livro aborda, de forma atual e inovadora, a Biologia Molecular aplicada a Dentística, o manejo da dor em Dentística, a remoção parcial da dentina cariada, as novas perspectivas dos preparos cavitários para restaurações diretas, a intervenção ortodôntica aliada aos procedimentos restauradores, os princípios e procedimentos periodontais aplicados a Dentística, dentre outros assuntos. A obra é referência para estudantes de Odontologia, professores e profissionais em seu dia a dia. www.grupoa.com.br

16

Abril de 2014



Produtos Novidade Cristófoli O compressor Max Press Cristófoli possui um design compacto, desempenho estável, grande capacidade de fluxo, além de propiciar fácil operação e manutenção, oferecendo também um ano de garantia. O equipamento é adequado para consultórios com consumo de ar até 170 litros por minuto, e possui sistemas de segurança que garantem grande estabilidade no funcionamento, tornando-o mais eficiente e confiável. Max Press é isento de óleo, proporcionando um ar mais puro e limpo, garantindo grande eficiência nos procedimentos. O compressor ainda conta com reservatório de ar com pintura interna e dreno de alta eficiência localizado na parte inferior central do reservatório. www.cristofoli.com

Brasil e a saúde bucal A promessa para junho deste ano é que os sorrisos estarão estampados nos rostos dos brasileiros, torcedores ou não. Afinal, a vitória nas partidas de futebol é esperada e não há nada mais gostoso do que comemorar com um sorriso e o grito de gol. Para participar do evento e trazer para dentro de casa as cores do Brasil, entra em campo a versão Curaprox Brasil de 5460 cerdas ultramacias, que passa a fazer parte da seleção escalada para mandar as cáries para escanteio. A nova versão vem em pares, pois, quando juntas, formam a bandeira nacional. Os cabos continuam anatômicos, fashion e coloridos, prestigiando as cores da bandeira. “O cabo oitavado possibilita a angulação correta durante o ato da escovação, onde a escova deve ficar inclinada em um ângulo de 45° (metade das cerdas apoiada sobre a coroa dental e metade apoiada sobre a margem gengival). Sempre vale destacar que, a grande quantidade de cerdas possibilita desorganizar a placa bacteriana de forma atraumática e sem prejudicar o brilho do esmalte dos dentes”, garante o cirurgião-dentista e professor, mestre e doutor em Odontologia pela USP, Hugo Lewgoy. www.curaprox.com.br

Sobre Cirurgia Bucomaxilofacial Editora Santos apresenta a obra “Tratamento das Complicações em Cirurgia Bucomaxilofacial”. O livro, escrito por Michael Miloro e Antonia Kolokythas, apresenta o conteúdo abrangente e atualizado acerca da melhor conduta e tratamento nos casos de complicações resultantes de procedimentos realizados por cirurgiões bucomaxilofaciais. A especialidade de Cirurgia Bucomaxilofacial é uma das mais diversificadas em Odontologia e, por isso, requer atualização constante. Sendo assim, a obra apresenta uma abordagem sistemática do reconhecimento, da complicação e da conduta para residentes em treinamento e cirurgiões que já realizam a cirurgia bucomaxilofacial. Cada capítulo apresenta as possíveis complicações encontradas durante a prática da cirurgia bucomaxilofacial, das mais comuns às mais raras, dos problemas simples aos mais complexos com os quais cada cirurgião bucomaxilofacial deve estar familiarizado. Além de ser uma fonte de consulta, é um ótimo recurso durante o preparo para exames, já que o reconhecimento da complicação e a conduta são essenciais na prática clínica. Nesta obra, os especialistas Miloro e Kolokythas dedicam-se às possíveis complicações de cada aspecto da cirurgia, incluindo anestesia, cirurgia do terceiro molar, cirurgia implantar, traumatismo maxilofacial, cirurgia ortognática, cirurgia da articulação temporomandibular, cirurgia de fenda labiopalatina, cirurgia oncológica de cabeça e pescoço, reconstrução de tecidos moles e duros, transferência de tecido livre e cirurgia estética facial. www.grupogen.com.br

18

Abril de 2014


Sistemas ERP integrando todo o seu negócio Desenvolvemos sistemas integrando todos os processos operacionais, administrativos e gerenciais da empresa, aperfeiçoando o fluxo dos processos de trabalho, controlando e garantindo confiabilidade nas informações de forma rápida.

www.vpgroup.com.br contato@vpgroup.com.br Solicite uma visita: (11) 4197-7500 comunicação integrada


Reportagem

20

Abril de 2014


Reportagem

Saúde bucal dos bebês Cuidados bucais básicos durante a primeira infância podem fazer toda a diferença no decorrer da vida.

Por: Vanessa Navarro

E

studos apontam que o ideal é que o bebê comece a frequentar o consultório odontológico antes mesmo de nascer, ainda no aconchego do ventre da futura mamãe. Afinal, é no período de vida intrauterina que os dentes decíduos e outras estruturas bucais da criança são formados. Segundo a Odontopediatra Maria Salete Nahás Pires Corrêa*, neste mesmo período, quaisquer problemas sistêmicos apresentados pela mãe podem prejudicar e alterar a correta formação dessas estruturas. “A saúde bucal da gestante é de suma importância, desde os primeiros meses de gestação, pois evita problemas periodontais, instalação da doença cárie e erosão dentária. Isso faz com que a gestante se mantenha alerta à saúde oral e crie hábitos e rotinas saudáveis, além de já começar a receber orientações de cuidados com o bebê”, explica a especialista em Odontopediatria e professora associada da disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Após o nascimento, os cuidados com a saúde do pequeno devem ser intensificados. O bebê deve “se sentar” na cadeira do Odontopediatra antes mesmo do nascimento do primeiro dente, para que a mãe receba orientações detalhadas quanto às reais atenções com a saúde bucal do filho. “Além disso, o bebê pode apresentar problemas em tecidos moles, como freio lingual curto, hematomas de erupção, epúlide, entre outras alterações que necessitam de cuidados específicos do Odontopediatra”, esclarece a especialista. Diferente do documento destinado às crianças, jovens e adultos, o prontuário odontológico do bebê deve apresentar as informações completas e abrangentes sobre a saúde geral e bucal da mãe e de outros familiares. Segundo a Dra. Maria Salete, a ficha clínica se baseia no exame dos tecidos moles e gengiva. Neste momento, evidentemente, a famosa seção Odontograma não será completada. “Com o crescimento e o desenvolvimento da dentição decídua, essas informações serão, gradativamente, preenchidas, e o prontuário odontológico do bebê se ‘transformará’ no prontuário da criança”. Para os profissionais de saúde bucal, a criança pode ser considerada bebê até os três anos, período em que acontece a erupção dos 20 dentes decíduos, porém, antes mesmo de nascer o primeiro dentinho, o pequeno paciente precisa contar com cuidados específicos. A higiene oral antes da erupção dentária deve ser realizada com gaze, fraldas ou lenços umedecidos indicados pelo profissional

de saúde bucal. A limpeza deve ser realizada uma vez ao dia. “Esta higienização deverá ser realizada após a amamentação noturna, para a remoção somente dos restos de leite estagnados nas comissuras labiais e na cavidade oral, ou nos casos em que ocorrer regurgitação”, aconselha a Odontopediatra. Após a erupção do primeiro dente, a higiene bucal precisa ser realizada com a utilização de escova dental. “O Odontopediatra deve orientar os responsáveis pela criança a realizarem a higienização dos dentes com escova dental adequada após cada refeição”, acrescenta. A Dra. Maria Salete ainda indica o uso de escova infantil associado à pasta fluoretada, desde o nascimento do primeiro dente decíduo do bebê. O ideal é que a escova usada seja de cabeça pequena, cerdas extramacias e de tamanho compatível com a cavidade bucal do bebê. Recomenda-se o uso de pasta fluoretada com concentração de F entre 1,000 a 1,500 PPM, sendo que para encontrar o melhor equilíbrio entre evitar o risco de fluorose e prevenir a cárie dentária, o ideal é usar uma pequena quantidade de pasta até os três anos de idade. “A frequência de escovação em bebês sem atividade de cárie é de duas vezes por dia, sendo a escovação noturna a mais importante. Os responsáveis sempre devem ser aconselhados a escovar os dentes dos seus filhos e os únicos a dispensarem a pasta na escova até, aproximadamente, os sete anos de idade”, orienta. Segundo a especialista, a escolha da escova dental é extremamente importante para obter os resultados esperados com uma eficaz higienização oral. “A escova dental ideal deve possuir cerdas flexíveis, extramacias e arredondadas; cabo longo (10 a 13 cm) e cabeça pequena (1 a 1,5 cm), suficiente para cobrir de dois a três dentes por vez. Escovas unitufos ou bitufos também podem ser indicadas”. A Dra. Maria Salete ressalta a importância da fase que vai do nascimento até um ano de idade, momento de grandes descobertas. “A criança explora o corpo e os arredores por meio da boca. Com a erupção dos dentes, o bebê aprende a mastigar; e, a partir de um ano, já está mais seguro em relação às suas escolhas. Aos três anos, em média, o pensamento se completa, e a criança tem condições de colaborar e se comunicar com o profissional”.

Nutrição e cuidados específicos Os hábitos e as escolhas dos pais influenciam, e muito, no desenvolvimento do bebê. Decisões sábias, no momento correto, podem fazer toda a diferença não só na saúde bucal, mas na

* Maria Salete Nahás Pires Corrêa é especialista, mestre, doutora e livre docente. Professora associada da disciplina de Odontopediatria do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria - Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Autora do livro “Conduta Clínica e Psicológica na Odontopediatria”,Editora Santos.

Abril de 2014

21


Reportagem

O melhor atendimento odontológico se baseia em uma relação mútua de confiança entre o profissional e os pais

saúde geral da criança, é neste momento que o cirurgião-dentista deve entrar em cena. Influenciar positivamente também é uma maneira de cuidar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais, se possível; e ainda frisa que o desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-oclusão dentária, respiração bucal e alteração motora-oral. “A amamentação desenvolve corretamente os ossos da face e favorece uma dentição mais saudável. Além disso, as crianças resistem melhor às infecções e se tornam mais seguras emocionalmente”, aponta a Odontopediatra. Durante a amamentação são realizados movimentos musculares de avanço e retração. Com isso, a articulação da maxila e mandíbula - articulação têmporomandibular (ATM) - recebe estímulos neuronais constantes, o que promove o crescimento da mandíbula, fazendo com que se encontre em posição ideal para a erupção dos dentes de leite. A Dra. Salete afirma que o papel da alimentação é importante não só como função nutricional, mas também pela sua grande influência no desenvolvimento das funções orais. Todo bebê, ao nascer, está preparado para sugar. Ele possui rebordos gengivais e o impulso natural da sucção. Com o crescimento e desenvolvimento, os dentes irrompem, preparando-o para uma alimentação diferente daquela que recebia. Aos seis, sete meses de idade ocorre a erupção dos incisivos inferiores e, com isso, o impulso da sucção diminui, o qual é substituído pelo impulso da apreensão. Nessa fase, a criança se encontra em um período de transição alimentar, que compreende uma alimentação mista, com suco e papas de frutas,

22

Abril de 2014

cereais e tubérculos, além de papinhas com acréscimo de proteínas (carne, frango e peixe). “É importante que, nessa nova fase, a criança receba alimentos para começar a morder. Aos oito e nove meses, a dieta poderá ser a mesma, aumentando a consistência dos alimentos, de amassados para aos pedaços. Após a erupção dos incisivos, inicia-se a modificação do tônus muscular, ou seja, toda a musculatura da boca vai se fortalecendo e se desenvolvendo para a mastigação com modificação da dieta. O primeiro molar decíduo erupciona por volta dos 16 meses, alterando o padrão mastigatório, tornando a mastigação mais eficiente, permitido a criança ingerir alimentos mais sólidos”, esclarece. Vale ressaltar que, neste período, recomenda-se diminuir a frequência diária de ingestão de sacarose em até quatro vezes por dia. Em relação às mamadeiras e chupetas durante o período da primeira infância, a especialista defende que o uso de tais artifícios pode influenciar, de forma negativa, na saúde bucal do bebê. “A mamadeira é um fator predisponente para a instalação de hábitos de sucção não-nutritiva, tais como sucção de dedo e chupeta, já que as necessidades psicoemocionais do bebê não estão sendo supridas quando o bebê não faz aleitamento materno. Por tal motivo, recomenda-se, sempre que possível, o uso de aleitamento materno exclusivo e o uso de canecas de transição depois de desmame. Além disso, quando do uso de chupetas, a recomendação é que a mesma seja removida junto com o desmame, depois do primeiro ano de vida do bebê, quando cessa a sucção fisiológica; ou, no máximo, até os quatro anos de idade, quando ainda há possibilidade de resolução fisiológica de possíveis mordidas abertas anteriores. O uso das chupetas deve ser restringido aos momentos de sono e soneca da criança, e não de forma indiscriminada”, alerta a Odontopediatra.


Reportagem A doença cárie De acordo com a Federação Dentária Internacional (FDI), 90% da população mundial terá alguma doença bucal ao longo de sua vida, de cárie a doenças periodontais e câncer bucal. De todos esses problemas, a cárie é o que mais afeta a população brasileira. Segundo dados do Ministério da Saúde, 56% das crianças com 12 anos de idade têm a doença. Bebês de 18 a 36 meses já têm, em média, um dente cariado. Aos cinco anos de idade mais de 53% das crianças têm mais de dois dentes de leite cariados. O atual panorama já foi muito pior, se comparado à última década. Hoje, é possível afirmar que medidas preventivas, entre elas a visita periódica ao cirurgião-dentista, podem reduzir em 69% a incidência da doença entre os pequenos pacientes na faixa etária de zero a três anos. Embora a cárie dentária seja considerada uma doença infecciosa, pesquisas apontam que não existe a transmissão de uma pessoa para a outra. “Durante muito tempo, acreditou-se na teoria de que a cárie dentária era causada pelo Streptococcus Mutans, uma bactéria presente na cavidade bucal do biofilme dentário. Entretanto, estudos nessa área têm mudado o paradigma da doença e, hoje em dia, sabemos que a cárie é uma patologia que não depende apenas da bactéria, mas de vários fatores biológicos e ambientais. Esses fatores influenciam o indivíduo e a presença de desequilíbrio entre a placa bacteriana (formada por vários tipos de bactérias produtoras de ácidos fermentáveis da sacarose, entre elas o S. Mutans), o hóspede (dente) e os demais fatores, ocorrendo assim, o processo de desmineralização do tecido dentário, conhecido como cárie dentária. Esse desequilíbrio pode ser interrompido, principalmente, pela desorganização dessa placa por meio da escovação, possibilitando controlar e paralisar a doença”, elucida a Dra. Maria Salete. “Porém, é importante ressaltar que existe a transferência de micro-organismos da saliva, como o S. Mutans ou Lactobacillus, da mãe para o bebê, sem que isso signifique que o bebê desenvolverá a doença. O que muitas vezes acontece é uma transferência de hábitos de higiene, principalmente de pais para filhos, o que faz com que a criança possa desenvolver lesões de cárie, devido ao desequilíbrio já mencionado, pela aquisição de maus hábitos de higiene bucal”, complementa. Para um exame clínico adequado da cavidade bucal, de forma mais padronizada e confiável, sistemas de diagnóstico, como os índices para observar lesões de cárie têm sido propostos. Os mais conhecidos e utilizados são ceo-d, que observam o número de dentes cariados, extraídos por cárie e\ou obturados no bebê ou em crianças que possuem dentes decíduos. No caso dos dentes obturados, atualmente, esses são reconhecidos como restaurados. Entretanto, esse índice se limita ao tamanho, profundidade e presença ou ausência de cavidade, sem levar em consideração a atividade da lesão. “Sendo assim, outro índice visual para diagnóstico de cárie tem sido difundido entre pesquisadores e clínicos, denominado International Caries Detection and Assessment System (ICDAS). Esse índice detecta as lesões cavitadas e não cavitadas. Além disso, juntamente com ele, existe um critério para atividade das lesões, favorecendo um plano de tratamento mais adequado ao paciente, visto que a Odontologia tem sofrido uma mudança nos últimos tempos, criando-se um pensamento voltado para prevenir e não para remediar”, evidencia a especialista em

cuidados bucais infantis. É importante ressaltar que a doença cárie é um processo altamente dinâmico e que o diagnóstico é muito mais complexo, devendo-se levar em consideração vários fatores. Para a especialista, dentro do contexto de controle da cárie como doença, o uso profissional de produtos fluoretados é uma grande ajuda. Estudos têm demostrado que os dentifrícios de baixa concentração de flúor (500ppmF) não oferecem nenhuma proteção contra a cárie dentária. Os dentífricos fluoretados com 1100 ppmF têm comprovado efetividade contra a cárie e estão sendo recomendados para crianças em quantidade pequena (tamanho de um grão de arroz). Já para crianças com cinco anos ou mais, a indicação é a quantidade equivalente a um grão de ervilha. “O flúor de aplicação profissional (géis, vernizes e espumas fluoretadas) é recomendado para pacientes que apresentam atividade de cárie ou algum risco de apresentar a mesma, e devem ser especificamente recomendado para pacientes que não estão conseguindo controlar cárie com o uso de apenas dentifrício fluoretado”, informa. Ações governamentais de prevenção também se tornam essenciais para manter a saúde bucal das crianças, dos adolescentes, dos adultos e dos idosos. A fluoretação das águas pode ser umas das saídas para chegarmos à saúde bucal ideal, conservando todos os dentes até o final da jornada.

Bebês especiais A saúde bucal do bebê com necessidades especiais pode se apresentar comprometida ou não. Uma situação bastante comum observada por profissionais que atendem esse grupo de pacientes é o fato de que, devido a maior preocupação dos pais e/ou responsáveis com a saúde geral do bebê, os cuidados bucais acabam sendo secundários. “Quando comprometida, pode variar em função da intensidade com a qual uma determinada patologia ou síndrome afeta esse paciente. Daí, a importância do bom cuidado com a higienização da cavidade bucal”, ressalta a Odontopediatra. “Podemos citar como exemplo, as diversas alterações em cavidade bucal de um paciente com síndrome de Down, como hipotonia de lábios e língua, menor desenvolvimento do maxilar e hipofunção de mandíbula. Dentre as alterações dentárias, também é possível citar oligodontia, microdontia, hipodontia, fusão, etc. Assim sendo, devido ao grande espectro de alterações bucais possíveis em bebês com necessidades especiais, o tratamento desses pacientes deve ser individualizado, considerando-se as manifestações físicas e sistêmicas de cada um”, acrescenta. Na visão da Dra. Maria Salete, é importante lembrar que o trabalho em equipe é de grande valia quando do atendimento ao bebê, seja ele um paciente saudável ou portador de necessidades especiais, pelo fato de englobar experiências de outros profissionais e enxergar a criança na sua integralidade, na busca pela eficácia do tratamento. “No caso dos bebês sindrômicos, é importante o contato do Odontopediatra com o médico geneticista, por exemplo, para melhor elucidar as causas das possíveis manifestações bucais presentes nesses pacientes. Algumas patologias bucais podem estar associadas a uma dieta não adequada, uso de diversas medicações (nos casos de bebês nefropatas) e hábitos deletérios, sendo necessário o contato com o nutricionista, médico nefropediatra e fonoaudiólogo, o que auxiliará no delineamento de um plano de tratamento adequado para esse paciente”.

Abril de 2014

23


Reportagem Cuidado humanizado O Odontopediatra tem um importante papel de educador na fase da primeira infância. É preciso entender, motivar, convencer. O profissional vai introduzir a criança à Odontologia, monitorar o seu crescimento e desenvolvimento, tanto no aspecto psicológico como no bucal. O ambiente tranquilo e acolhedor auxilia no desenvolvimento de um tratamento odontológico eficaz. “Cores fortes, como vermelho, laranja e amarelo denotam agressividade, nervosismo e ansiedade. São cores estimulantes. Enquanto que as cores frias, como azul e verde, trazem serenidade e acalmam o ambiente. O consultório precisa ser um ambiente acolhedor, ao mesmo tempo em que a criança está sendo cuidada pelo cirurgião-dentista”, justifica a especialista em saúde bucal do bebê. Cabe lembrar, que o melhor atendimento odontológico se baseia em uma relação mútua de confiança entre o profissional e os pais. A Odontopediatria visa à prevenção, seja da

doença cárie, seja de doenças bucais, além de acompanhar o desenvolvimento e crescimento dessas crianças, promovendo saúde bucal. Os encontros não se resumem somente aos cuidados preventivos e à realização de um tratamento de boa qualidade, mas também criam oportunidade de construir com a criança, por meio de consultas sucessivas, um relacionamento de confiança, despertando atitudes positivas, evitando dificuldades psicológicas relacionadas à Odontologia, inserindo bons hábitos de higiene bucal, para que essa criança se torne um adulto livre da doença cárie e com o mínimo de intervenções ao longo da vida. “Os pais e a criança precisam saber como cuidar da boca e dos dentes para mantê-los saudáveis, livre da doença cárie, doença periodontal e outras complicações. Não existe gratificação maior para os pais e profissionais do que visualizar seus filhos e pacientes adultos sem problemas bucais”, finaliza.

Teste da língua em pauta A avaliação de frênulo lingual, mais conhecida como teste da linguinha, visa diagnosticar possíveis problemas que possam comprometer o aleitamento. O teste foi aprovado recentemente pela Comissão de Assuntos Sociais, devendo ir ao plenário para decisão final e, a seguir, para sanção da Presidente da República, Dilma Roussef. Desenvolvida e publicada em 2012, pela fonoaudióloga Roberta Lopes Castro Martinelli, a avaliação segue um protocolo com verificações da anatomia e função da língua, de forma detalhada. “A apreciação da morfologia, inserção e as funções do freio lingual, assim como outras características anatômicas da cavidade bucal são muito importantes e fazem parte da primeira consulta ao Odontopediatra, dos bebês ainda edêntulos”, afirma Maria Salete. A anquiloglossia é uma anomalia que pode estar presente e representa a redução na mobilidade da língua em grau variável. Causada por uma membrana que une a parte inferior da língua e o assoalho bucal de forma anteriorizada, pode estar associada a limitações funcionais, como dificuldade na amamentação, deglutição atípica, problemas na fala en-

tre outros. A maioria dos casos em que há indicação para frenectomia lingual em recém-nascidos é dada por problemas na amamentação: alimentação insuficiente, pouco ganho de peso do bebê, má pega e ferimentos no mamilo da mãe (Argiris et al., 2011; Berryet et al., 2012; Griffiths - 2004). O procedimento cirúrgico, realizado por um profissional capacitado, sob anestesia local, é seguro e apresenta baixas taxas de complicações. “É importante salientar que os estudos na literatura ainda não são conclusivos e, nem todas as crianças com anquiloglossia terão problema na amamentação. Algumas se adaptam à condição, sendo necessário reavaliá-las durante o desenvolvimento quanto às outras funções mecânicas, como autólise, deglutição e fala, determinando a necessidade e melhor oportunidade cirúrgica”, finaliza a autora da obra “Conduta Clínica e Psicológica na Odontopediatria”. O teste da língua, assim como a avaliação de toda a cavidade bucal, é importante, e deve ser realizado - de acordo com o protocolo - e aliado a outras informações, para obter o correto diagnóstico e indicação cirúrgica.

“O Odontopediatra tem um importante papel de educador na fase da primeira infância. É preciso entender, motivar, convencer”

Maria Salete Nahás Pires Corrêa

24

Abril de 2014


Ideal para

APLICADOR DE SAPATILHA DESCARTÁVEL AUTOMÁTICO

Clínicas Fábricas Hospitais Escritórios Residências Laboratórios Ind. Eletrônicas Ind. Alimentícias

Higiene e conveniência 1. 2. 3. 4. 5. 6.

Fácil de usar Seguro e rápido Higiênico e prático Dispensa eletricidade Conforto na aplicação Dispensa o uso das mãos

O Propé Mágico foi desenvolvido com o objetivo de facilitar a aplicação de sapatilhas descartáveis de forma prática e higiênica.

Veja vídeo demonstrativo em nosso site: www.raskalo.com.br

Modelo sem suporte

Modelo maleta sem suporte

Modelo com suporte

Marca Registrada | Patente Requerida | Avisa nº L7M4L3H67X98 (8.08177.0)

produtos que embelezam

Caxias do Sul | RS | Brasil Fone|Fax: 54 3222.7778 www.raskalo.com.br vendasprope@raskalo.com.br


Entrevista

Saúde bucal dos brasileiros: edentulismo em foco O edentulismo é considerado, por muitas pessoas, algo comum nos lares brasileiros. A entrevista com o Dr. Sérgio Ricardo Moura Saraiva, cirurgião-dentista especialista em Saúde da Família, mostra que é possível - com muito empenho - reverter esse quadro na saúde bucal brasileira.

Por: Vanessa Navarro

Sérgio Ricardo Moura Saraiva Cirurgião-dentista graduado pela Universidade Federal do Ceará. Especialização em Saúde da Família. Especialização em Prótese Dentária. Mestrado em Saúde da Família. Supervisor de Saúde Bucal da 11ª Coordenadoria Regional de Saúde, em Sobral – CE. Atua em consultório particular nas áreas de Odontologia Estética, Reabilitação Oral e DTM.

Odonto Magazine - O Brasil tem mais de 200 milhões de pessoas. 80% da população têm algum nível de doença periodontal e 40 milhões de pessoas já perderam seus dentes. Como é possível modificar esse panorama? Sérgio Ricardo Moura Saraiva - Esse quadro é muito bem explicado pelo modelo de assistência praticado no Brasil até o início da década passada. Era um modelo centrado em práticas curativas, de baixa complexidade e que privilegiava o atendimento dos escolares (0 a 12 anos). Adultos e idosos estavam excluídos nesse sistema e tinham dificuldade de acesso aos serviços odontológicos, só lhes restando as práticas mutiladoras (exodontia). Acredito que a situação vem melhorando desde a implantação da Política Nacional de Saúde Bucal, em 2004. A partir de então, vem-se construindo uma rede de serviços de atenção em saúde bucal, com as Equipes de Saúde Bucal (ESB) da Estratégia Saúde da Família (ESF) como primeiro nível de assistência e os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), representando o nível de assistência especializada. Os investimentos aumentaram consideravelmente, e o acesso aos serviços também. A dívida histórica é muito grande, e faz­-se necessário que essa rede funcione efetivamente, principalmente em sua porta de entrada, que são as unidades básicas de saúde, onde cerca de 90% dos problemas podem ser resolvidos. Ao mesmo tempo, devemos investir, fortemente, em prevenção, para que as gerações futuras possam experimentar uma realidade diferente dessa apresentada. Odonto Magazine – Há uma década, apenas 3% de procedimentos odontológicos realizados no país eram procedimentos especializados. Hoje, não vivemos a mesma realidade, mas, ainda assim, 7 milhões de idosos brasileiros

26

Abril de 2014

necessitam de prótese total. Como o Brasil pode quitar essa dívida com a saúde bucal? Sérgio Ricardo Moura Saraiva - O Ministério da Saúde (MS) publicou, em 2004, duas portarias na tentativa de diminuir essa enorme dívida. Na portaria 74, a reabilitação protética deixou de ser um procedimento especializado e foi incluído no rol de procedimentos da Atenção Básica (AB), e por meio da Portaria 2373 foram instituídos os Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD), que dariam o suporte técnico para a realização desses procedimentos. O objetivo era aumentar o acesso da população a esse tipo de tratamento. Mas, aí eu pergunto: quantos de nós conhecemos municípios onde essa realidade está presente? A verdade é que, apesar da boa intenção, essa realidade não está presente em muitos municípios do país, por diversos motivos, como a falta de entendimento do gestor municipal sobre essa problemática, ou ainda, muitos profissionais da AB não se sentem motivados ou devidamente preparados para realizarem esse tipo de tratamento. Dados recentes do MS falam em 674 LRPD em atividade no país, com uma capacidade máxima para produzir 480 mil próteses por ano. Se lembrarmos de que existe um déficit de mais de 10 milhões de próteses totais, somente na faixa etária dos idosos, precisaríamos de algo em torno de duas décadas para pagar a dívida atual. A sensibilização dos gestores e profissionais de saúde nos municípios e um programa de capacitação continuada para a formação de profissionais aptos a realizar esses tratamentos seriam um bom começo. Odonto Magazine - Apesar de recebermos o título de melhor Odontologia do mundo, também somos reconhecidos


Entrevista ainda como o país dos desdentados. Qual é a opinião do senhor em relação a essa grande e triste contradição? Sérgio Ricardo Moura Saraiva - Essa é mais uma das grandes contradições existentes no nosso país. De um lado temos grandes profissionais, incansáveis na busca da excelência. Temos excelentes cursos, congressos e publicações. Somos reconhecidos internacionalmente, em especial na área da Odontologia Estética, como profissionais (CDs e TPDs) de um talento diferenciado. Por outro lado, temos as consequências da ausência, em até pouco tempo, de uma política pública em saúde bucal. Dados do mais recente estudo epidemiológico em saúde bucal de base nacional (SB Brasil 2010) mostram-nos bem as consequências disso: indivíduos na faixa etária de 35 a 44 anos possuem um CPO-D médio de 16,75, ou seja, metade dos dentes dos adultos brasileiros foi atingida pela doença cárie, e desses, aproximadamente a metade teve como tratamento a sua exodon-

tia. Quando vamos para a faixa etária de 65 a 74 anos, a situação é ainda mais alarmante, existe um índice médio de 27,53 dentes atingidos pela cárie, e destes, mais de 90% foram extraídos. A Organização Mundial da Saúde estipulou para o ano 2000 uma meta em que, pelo menos a metade dos idosos deveriaa possuir pelo menos 20 dentes funcionais em boca. Dados de 2003 nos mostraram que apenas 10% dos nossos idosos apresentavam essa condição. Hoje, 7 milhões de idosos brasileiros necessitam de prótese total, sendo 4 milhões monomaxilar e 3 milhões bimaxilar, gerando um déficit, só nessa faixa etária, de 10 milhões deste tipo de prótese. Mas, os dados atuais nos mostram também uma queda continuada do índice CPO-D em crianças (2,07 aos 12 anos) e adolescentes (4,25 dos 15 aos 19 anos), fruto do investimento em saúde bucal dos últimos anos, mas também de um maior acesso da população à informação e aos meios preventivos (água fluoretada, escova de dentes

Abril de 2014

27


Entrevista e dentifrícios). Falando em prevenção, apesar de ser o meio mais eficaz e menos oneroso de se promover saúde, o que vemos ainda, em muitos locais, é um predomínio das ações curativas. Odonto Magazine - Quais são as consequências clínicas ocasionadas pelo edentulismo? Como o profissional de saúde bucal pode auxiliar seus pacientes? Sérgio Ricardo Moura Saraiva - Complicações decorrentes da perda dos dentes incluem menor eficiência mastigatória, desordens da articulação temporomandibular e estruturas associadas; comprometimento estético por perda de tônus muscular, além de atrofia óssea alveolar e do osso basal dos maxilares. Problemas sistêmicos podem ser exacerbados devido a restrições alimentares. Além disso, o aspecto psicológico e a qualidade de vida podem ser comprometidos quando a perda de dentes afeta a estética e a expressão facial, uma vez que os dentes são importantes para a comunicação interpessoal e para a habilidade de falar claramente. O paciente desdentado pode ser considerado então não só um mutilado funcional, mas também um mutilado social. Apesar de todos esses problemas, para algumas pessoas o fato de perder os dentes é culturalmente aceito como um processo natural do envelhecimento. O profissional que se propõe a reabilitar esse tipo de paciente deve possuir extrema empatia pelo problema e conhecer todas essas nuances. Deve entender que se trata de muito mais do que apenas devolver dentes. Odonto Magazine - No caso de uma possível reabilitação bucal, como o profissional de saúde bucal deve agir sobre as questões do alcance e das limitações técnicas, ou seja, no gerenciamento das expectativas do paciente? Sérgio Ricardo Moura Saraiva - É fundamental que se faça uma excelente consulta inicial. Nela, o profissional deverá realizar uma boa anamnese, buscando conhecer o seu paciente, inclusive em seus aspectos psicológicos. Nesse momento, devemos tentar estabelecer uma relação de confiança, pois esse é um dos aspectos mais importantes para o sucesso de qualquer tratamento. Devemos questionar a respeito da experiência com reabilitações anteriores. Isso pode nos dar informações preciosas sobre erros e acertos de trabalhos passados. Também devemos perguntar qual o conceito que o paciente faz sobre a sua prótese atual e copiar aquilo que o agrada. Os exames clínicos e de imagens irão complementar os dados necessários para que se possa sugerir as possibilidades reabilitadoras (idealmente mais de uma opção) e traçar um prognóstico para o caso. Este deverá ser apresentado de forma clara e sincera. Nessa etapa, um dos pontos cruciais é conhecer a expectativa do paciente em relação ao tratamento. Jamais devemos começar um tratamento sem que o paciente entenda o alcance e as limitações da opção escolhida. Devemos sempre trilhar pelos caminhos mais seguros e cientificamente comprovados. Isso, com certeza, irá poupar muitas frustrações. Odonto Magazine - Quais são as opções de tratamento mais indicadas e as mais utilizadas para reabilitar um desdentado total?

28

Abril de 2014

Sérgio Ricardo Moura Saraiva - Existem basicamente três opções de tratamento para o paciente desdentado total: a prótese total removível convencional, a prótese total removível sobre implantes (overdenture) e a prótese total fixa retida por implantes. É indiscutível o valor das opções em que os implantes são utilizados. Mas, daí, devemos lembrar os milhões de brasileiros que se encaixam nesse perfil de pacientes: será que todos eles desejam e podem ser reabilitados com implantes? Sem dúvidas, o fator econômico ainda é o maior obstáculo, o que nos faz pensar que, por muito tempo ainda, a prótese total convencional continuará sendo a única opção de tratamento para muitos desdentados. Importante lembrarmos também que, desde 2010, existe uma portaria do Ministério da Saúde (Portaria 718/ SAS) que trata do financiamento de implantes dentários e próteses sobre implantes nos Centro de Especialidades Odontológicas e Centros de Tratamento da Má Formação Labiopalatal, mas essa ainda é uma realidade vista em poucos municípios. Vale a pena compartilharmos essa informação. Odonto Magazine - A Odontologia brasileira está preparada para o iminente crescimento da população idosa e para o consequente indicador de edentulismo? Sérgio Ricardo Moura Saraiva - O envelhecimento da população brasileira é uma realidade. Dados do IBGE mostraram que havia 23,5 milhões de brasileiros com mais de 60 anos em 2012, mais que o dobro do registrado em 1991, quando a faixa etária contabilizava 10,7 milhões de pessoas. Quanto mais longa é a vida média da população, mais importante se torna o conceito de qualidade de vida, e a saúde bucal tem um papel relevante nesse contexto. Existe uma falta de percepção quanto à necessidade de tratamento odontológico, tanto por parte do paciente idoso como pelos seus familiares, cuidadores e demais profissionais de saúde. Os idosos devem ser conscientizados de que existe uma necessidade contínua de cuidados bucais, mesmo que apresentem poucos ou nenhum dente remanescente. O cirurgião-dentista deve estar atento a essa realidade. O atendimento a esses indivíduos requer atenção diferenciada tanto no diagnóstico como na execução do tratamento. Deve-se ter em mente que os idosos, geralmente, apresentam uma grande variação no que se refere às condições sistêmicas, psicológicas e sociais, além de serem portadores de várias alterações decorrentes do processo natural de envelhecimento. Acredito que, embora esse quadro já venha sendo discutido há algum tempo, não estamos ainda preparados para essa realidade, e faz­se necessária, não só uma maior atenção na formação dos nossos estudantes, mas também uma busca de qualificação por parte dos profissionais já em atividade. Necessitamos, também, ampliar a nossa capacidade de trabalhar interdisciplinarmente, uma vez que esses pacientes, geralmente, são acompanhados por outros profissionais de saúde. Com relação ao edentulismo, o mais recente estudo epidemiológico de base nacional (SB BRASIL 2010) mostrou um discreto declínio no indicador com relação aos dados de 2003 (a proporção de idosos que necessitam de próteses totais caiu de 24% para 23%). Embora esse estudo mostre melhoras impactantes nas faixas etárias mais jovens, é provável que aconteça a necessidade de reabilitar pacientes desdentados totais por mais algumas décadas.


Publique

seu caso clínico na

Aceitamos casos clínicos de todos os segmentos odontológicos. Os trabalhos, que não precisam ser inéditos, serão publicados após a aprovação do conselho científico.

Vanessa Navarro

Editora Odonto Magazine vanessa.navarro@vpgroup.com.br +55 11 99933.0653 • +55 11 2424.7734 Skype: vanessa.navarro83

www.odontomagazine.com.br


Espaço Equipe

O papel do cirurgião-dentista no tratamento de indivíduos obesos Afonso Luis Puig Pereira Cirurgião-dentista no Instituto de Responsabilidade Social do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Professor universitário no curso de Odontologia da Universidade Ibirapuera, em São Paulo. Professor dos cursos Selo Biológica. Especialista em Dentística pela Universidade de São Paulo.

30

Abril de 2014


Espaço Equipe

E

m saúde pública, a obesidade é um quadro importante de ser observado, uma vez que o aumento da prevalência da mesma na população representa um complexo desafio para os profissionais de saúde e para a sociedade, pois, uma vez instalada, predispõe a uma série de morbidades, tais como doenças cardiovasculares, diabetes, questões socioculturais e comportamentais, além de afetar, de forma expressiva, a qualidade de vida dessas pessoas. Em função disso e focando o tratamento do indivíduo como um todo, uma equipe com psicólogo, médico, nutricionista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, educador físico e, também, cirurgião-dentista ajudará a prevenir e a tratar a obesidade e suas consequên­cias, objetivando uma melhor qualidade de vida ao indivíduo. Psicologicamente, podemos encontrar indivíduos obesos com baixa autoestima, problemas relacionados à autoimagem, sentimento de rejeição, sintomas de ansiedade e/ou depressão e isolamento social, o que pode gerar dificuldades emocionais e sociocomportamentais, as quais os psicólogos poderão contribuir para o tratamento destas questões. Educadores físicos e nutricionistas ganharam muita importância no tratamento da obesidade, porque nas últimas décadas, principalmente em nações em desenvolvimento, as mudanças dos padrões alimentares e sociais provocaram aumento calórico per capita, devido ao declínio no gasto energético, dietas ricas em gorduras, açúcares e alimentos refinados, além de pobres em carboidratos complexos e fibras. Médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, apesar da abrangência do tratamento da obesidade, tratarão dos efeitos deletérios ao organismo. Desta forma, não dissociando a cavidade bucal do restante do corpo, devemos conhecer a influência do acúmulo de gordura corporal nos processos infecciosos bucais. Os cirurgiões-dentistas não devem negligenciar sua importância no tratamento de indivíduos obesos. Há evidências científicas de que substâncias secretadas por células de gordura provocam um aumento na resposta inflamatória gengival e, a própria inflamação, estimula ainda mais a secreção destas substâncias nas células gordurosas. O processo inflamatório se torna, então, cíclico. Existe uma relação direta entre resposta imunológica exacerbada e indivíduos obesos. O tecido adiposo é um órgão endócrino ativo que secreta uma variedade de enzimas pró-inflamatórias (citocinas), que podem ser chamadas de adipocinas. Entre elas, estão TNF-α, IL-6 e IL-8 (Fator de Necrose Tumoral - alfa, Interleucina 6 e 8, respectivamente), que são prevalentes na resposta inflamatória e secretadas em uma quantidade proporcional ao tecido adiposo existente. Devido ao alto nível destas citocinas liberadas, a obesidade influencia na resposta inflamatória e imunológica do paciente, resultante da agressão causada pelo biofilme bacteriano periodontopatogênico, o que sugere que a obesidade contribui para a exacerbação das doenças periodontais. Ou seja, na presença de periodontite, a gordura corporal aumentada pode estimular a ocorrência de uma hiper-resposta inflamatória nos tecidos periodontais pela liberação dessas citocinas em maior quantidade. É fundamental frisar que, as periodontopatias são biofilme dependentes, portanto, se o indivíduo fizer o controle do biofilme dental adequadamente, não desenvolverá doença periodontal. As condições sistêmicas contribuem, porém, não desencadeiam doenças periodontais. Desta forma, o cirurgião-dentista pode desenvolver um papel importante em uma equipe multiprofissional, inclusive na atenção de indivíduos obesos cujas morbidades e sequelas são cada vez mais complexas.

Abril de 2014

31


Ponto de Vista

Situação atual da Odontologia em transplantes de órgãos e tecidos

O

Héliton Spíndola Antunes

Paulo Sérgio da Silva Santos

Staff da Divisão de Ensaios Clínicos e Desenvolvimento de Fármacos do INCA. Coordenador da Medicina Bucal das Clínicas Oncológicas Integradas (COI).

Departamento de Estomatologia - Disciplina de Radiologia e Estomatologia - Faculdade de Odontologia de Bauru - Universidade de São Paulo.

s transplantes de órgãos e tecidos são procedimentos indicados em situações clínicas específicas e vêm crescendo nas últimas décadas. De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em 2012 foram realizados 7.426 transplantes de órgãos e 40.275 transplantes de tecidos. Entende­-se por transplante de órgãos sólidos os de coração, fígado, pâncreas, pulmão; e rim e transplante de tecidos, os de córnea, células-tronco hematopoéticas (TCTH), ossos e pele. Considerando que, atualmente, o Brasil tem 254.427 dentistas registrados no Conselho Federal de Odontologia (CFO- http://cfo. org.br/servicos-e-consultas/Dados-estatisticos), e alguns hospitais transplantadores não têm dentistas na equipe multiprofissional, faz-se necessária à inserção do profissional na equipe, tornando a participação da Odontologia de forma mais ativa nos hospitais transplantadores. Em 2010, junto à Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), foi formada a Comissão de Odontologia em Transplantes, e, hoje, a ABTO conta com 12 cirurgiões-dentistas como membros. A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) tem em seu rol de membros 32 cirurgiões-dentistas e um Comitê de Odontologia que se reúne há 15 anos nos congressos de Hematologia. Em uma menor proporção, a Sociedade Brasileira deTransplante de Medula Óssea (SBTMO) conta com somente três cirurgiões-

32

Abril de 2014

-dentistas como membros em seu quadro, o que é um número muito reduzido de profissionais que têm algum vínculo documentado com as equipes transplantadoras. Essas comissões e comitês têm o objetivo de agregar profissionais que estudam, publicam e elaboram protocolos para o suporte dos pacientes transplantados e para os profissionais da Odontologia que atenderão estes pacientes. Como a Odontologia é inserida neste contexto? Os protocolos de atendimento são importantes, pois os pacientes com indicação de transplante de órgãos ouTCTH serão submetidos à imunossupressão sistêmica e existe uma preocupação com as infecções prévias ao transplante que podem exacerbar durante o período de imunossupressão. Devemos considerar, também, que os pacientes que possuem indicação de transplante de órgão ou TCTH são portadores de doenças de base, portanto, apresentam morbidades específicas e, em alguns casos, comorbidades que requerem uma atenção especial. Em atenção aos pacientes que têm indicação do TCTH, precisamos fazer algumas considerações. Primeiramente, evidenciamos a doença de base e suas comorbidades, pois os pacientes portadores de linfomas, leucemias, síndromes mielodisplásicas e anemia aplástica que têm indicação doTCTH, são pacientes que, na maioria das vezes, estão em tratamento com quimioterapia antes do TCTH. Temos também que considerar o tipo de transplante: autólogo, alo-


Ponto de Vista

gênico aparentado e não aparentado; e a fonte de célula: medula óssea, sangue periférico, sangue de cordão umbilical e placentário. Por fim, independente dos fatores supracitados, todos os pacientes, antes da infusão da medula óssea, passarão por um período chamado condicionamento, onde receberão doses altas de quimioterapia associada ou não à radioterapia. Além disso, os pacientes que serão submetidos ao TCTH alogênico farão uso de imunossupressores durante um longo período. A Odontologia é inserida neste contexto quando fazemos a associação entre a imunossupressão, risco de infecção sistêmica e infecção odontogênica. Portanto, atualmente, temos evidência científica que sinaliza que é fundamental o preparo da cavidade oral dos pacientes antes do TCTH, com atenção para eliminar os focos de infecção e, por conseguinte, infecções futuras. Durante o período de internação para oTCTH, a Odontologia tem posição de destaque na equipe multidisciplinar, na condução da prevenção da mucosite oral, reduzindo a morbidade durante este período. Por fim, ressaltamos que, após o TCTH, o paciente deve ficar em acompanhamento odontológico para prevenir quaisquer intercorrências. Assim como no TCTH, no transplante de órgãos sólidos também existe a preocupação com a adequação bucal prévia ao transplante, com a remoção e a redução de focos infecciosos bucais. Nas pessoas que serão submetidas ao transplante, os critérios são os mesmos, lembrando que a abordagem para procedimentos invasivos deve respeitar a limitação de cada doença crônica, a condição clínica e laboratorial destes grupos de pacientes, sejam eles com doença renal crônica, doença hepática e cardíaca terminal. Diferente dos TCTHs, os transplantados de órgãos, geralmente, recebem drogas imunossupressoras para a prevenção da rejeição do órgão transplantado pelo o resto da vida. Essas drogas desencadeiam alterações bucais diretas, como úlceras bucais e alterações

indiretas relacionadas às infecções oportunistas, como infecções virais, fúngicas e bacterianas. Dentre essas, as mais comuns são a candidíase oral e as infecções por herpes simples vírus, que, frequentemente, têm a primeira manifestação em boca, portanto, de diagnóstico e terapêutica do cirurgião-dentista. A grande preocupação com as infecções oportunistas é a possibilidade de disseminação sistêmica associada à imunossupressão a que esses pacientes estão submetidos, o que exige acuidade diagnóstica do profissional de saúde bucal e trabalho em conjunto com o médico transplantador, na decisão de tipo de antimicrobiano e dose para tratamento dessas infecções, principalmente pelo fato desses pacientes já utilizarem muitas outras medicações, e a preocupação com interações - tanto antagônicas quanto sinérgicas – pode ocorrer. A participação do cirurgião-dentista no atendimento aos transplantados deve ocorrer desde o momento em que há a indicação médica para o transplante, para que possa providenciar, em tempo hábil, a adequação bucal dos pacientes. Essa participação se estende durante o transplante, para o suporte às possíveis alterações bucais que possam ocorrer decorrentes do início da terapia imunossupressora. E, também, após o transplante, na manutenção de saúde bucal e no diagnóstico e tratamento das manifestações bucais, fatos que podem ocorrer decorrentes do uso das medicações imunossupressoras. Há uma preocupação quanto ao preparo do cirurgião-dentista para o atendimento correto do paciente transplantado, pois são exigidos cuidados especiais. Para essa formação, sugerimos a leitura de artigos científicos na área de Odontologia em transplantes, a participação em eventos que abordem a temática, assim como a adesão às entidades médicas que possuam grupos de Odontologia dedicados ao estudo e atendimento aos transplantados de órgãos e tecidos.

Abril de 2014

33


Coluna - Estética

Devolvendo a estética do sorriso após clareamento dental interno

D

o ponto de vista estético, existe uma grande procura pelos pacientes por dentes brancos saudáveis, bem alinhados, outorgando-lhes sorrisos perfeitos, sendo este o indicador de um padrão de beleza e rejuvenescimento. A busca por essas exigências estéticas faz com que o cirurgião-dentista procure alternativas restauradoras mais eficientes. Existem vários problemas estéticos que afetam nossos pacientes, entre eles, o escurecimento dos dentes despolpados, que pode ser causado pelos seguintes fatores etiológicos: traumatismos, materiais restauradores, hemorragia intracoronária, decomposição de detritos intrapulpares, tratamento endodôntico incorreto, medicamentos de uso intracanal ou, ainda, pela doença cárie. Resíduos destes podem penetrar através dos túbulos dentinários, resultando em um quadro de descoloração dental. Antigamente, quando esse problema existia, o cirurgião-dentista recorria a técnicas restauradoras indiretas que, muitas vezes, resultavam em soluções questionáveis, devido à necessidade de remoção de estrutura dental íntegra. Na atualidade, a técnica de clareamento dental interno baseada na ação do oxigênio, obtido a partir da decomposição do peróxido de oxigênio, é uma alternativa econômica e conservadora, se comparada com alternativas mais invasivas. Para executar a técnica de clareamento dental interno com total segurança, o clínico deve realizar um exame minucioso, verificando a integridade da coroa e dos tecidos periodontais, bem

34

Abril de 2014

como o estado das restaurações. O exame radiográfico deve constatar o tratamento endodôntico satisfatório. A presença de recidivas de cáries, fraturas, trincas, reabsorção radicular e outras alterações da estrutura dental podem contraindicar o clareamento. O mecanismo de ação dos agentes clareadores ocorre por reação de oxidação. Estes apresentam baixo peso molecular e são capazes de desnaturar proteínas, possibilitando o trânsito de íons através da estrutura dental. Geralmente, o agente clareador é o peróxido de hidrogênio, ou produtos que se desdobram em peróxido de oxigênio, entre eles o perborato de sódio, peróxido de carbamida e peróxido de ureia. Este peróxido de oxigênio se dissocia, formando radicais livres, oxigênio e água. Por serem fortes agentes oxidantes, estas substâncias reagem com as macromoléculas responsáveis pelos pigmentos e, por um processo de oxidação, os materiais orgânicos são convertidos em compostos com menor peso molecular, eventualmente em dióxido de carbono e água, removendo os pigmentos da estrutura dental por difusão. Existem várias técnicas para a execução do clareamento dental interno sendo feitas no consultório durante a sessão de consulta e/ou como um curativo de demora. Entre elas, a técnica termocatalítica, que preconiza o uso de calor, através de instrumentos aquecidos ou aparelhos de fontes de luz, reduzindo o tempo de tratamento e potencializando seu efeito clareador;


Coluna - Estética

Ruth Andia-Merlin Professora adjunta das áreas de Clínica Integrada, Dentística e Pacientes com Necessidades Especiais. Professora do curso de Pós-Graduação em Pacientes com Necessidades Especiais - Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista FOUNIP – São Paulo. Especialista e Mestre em Dentística. ruthmerlin@hotmail.com

Elcio Magdalena Giovani Professor Titular das disciplinas de Clínica Integrada e Pacientes com Necessidades Especiais e do Curso de Pós-Graduação e Pesquisa – Mestrado em Odontologia Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista FOUNIP – São Paulo. elciomg@unip.br

entretanto, esta técnica tem sido questionada por ser um fator de risco para o desenvolvimento de reabsorção radicular externa. A técnica Walking Bleach, indicada para clareamento de dentes pouco escurecidos, usa uma mistura de pasta de perborato de sódio ou peróxido de ureia e água destilada. A técnica Walking Bleach modificada emprega uma mistura de perborato de sódio e peróxido de hidrogênio a 30% e tem resultados muito satisfatórios para dentes mais escurecidos. A técnica Power Bleaching aplica peróxido de hidrogênio ou de carbamida a 35% na cavidade, ativada com diferentes fontes de luz, podendo ser colocado na superfície vestibular. Ainda, dependendo a dificuldade de resposta ao clareamento, podem ser associadas duas técnicas, de forma tal que, entre as sessões da aplicação de Power Bleaching, o dente também recebe a técnica de Walking Bleach, ou vice-versa. Terminado o tratamento, o dentista deve realizar proservação do caso com acompanhamento clínico e radiográfico. O clareamento interno representa uma solução terapêutica conservadora para restabelecer a cor natural do dente após tratamento endodôntico, porém, pode apresentar alguns efeitos adversos, entre eles: diminuição da resistência à fratura, recomendando-se que o dente clareado seja submetido a uma restauração que permita a reconstituição das estruturas perdidas. A longevidade do tratamento não é previsível, podendo resultar, em longo prazo, recidiva do manchamento. Muitas vezes, essa recidiva responde a uma infiltração marginal causada pela execução de uma restauração insatisfatória. O desenvolvimen-

to de reabsorção radicular externa como efeito adverso ao clareamento é outro item indesejável. O agente clareador difunde-se da câmara pulpar através dos túbulos dentinários em direção aos tecidos periodontais, iniciando uma reação inflamatória no ligamento periodontal, em função de uma queda do pH, cuja resposta acarretaria a reabsorção radicular externa. Por isso, é importante o diagnóstico correto, a eleição da técnica e o agente clareador a ser utilizado. Assim como a correta execução dos procedimentos clínicos para cada caso, é importante enfatizar que a embocadura do conduto deve ser hermeticamente selada, primeiramente com um selamento biológico com hidróxido de cálcio, mantendo a alcalinidade, e neutralizando o meio, mediante seu pH elevado. Posteriormente, deve ser feito selamento mecânico da entrada do conduto até a junção amelo-cementária com ionômero de vidro resino modificado. Esse tampão cervical evitará a difusão do agente clareador por meio dos túbulos dentinários no sentido apical e nos tecidos periodontais. Os resultados satisfatórios imediatos proporcionados pelos agentes clareadores outorga ao paciente segurança, confiança no tratamento e no cirurgião-dentista. Porém, o paciente deve ser conscientizado que os resultados podem variar de acordo com as características individuais de cada paciente e a etiologia da descoloração dental, bem como da possibilidade de retratamento em caso de recidiva. É importante informar ao paciente dessas possibilidades, juntamente com as orientações básicas de rotina pós-clareamento.

Abril de 2014

35


Coluna - Odontopediatria

Halitose em crianças e jovens Rubia Garcia Lopes Cirurgiã-dentista. Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. Especialista em Odontopediatria. Mestranda em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde pela Universidade Nove de Julho. rubia.lopes.rl@gmail.com

A

halitose, também conhecida como mau hálito, é considerada um problema comum que afeta grande parte da população mundial (25%) e causa constrangimento tanto para quem a possui como para as pessoas com as quais o indivíduo convive. É um fator negativo importante na comunicação social, com impacto direto na qualidade de vida1, que está, frequentemente, associado a adultos e problemas estomacais. Porém, estudos sobre etiologia da halitose mostram que 80-90% dos casos estão diretamente ligados às condições da cavidade oral, principalmente pela presença da saburra lingual, 8% por alterações respiratórias e otorrinolaringológicas, e 2% gastrointestinais, renais e síndromes metabólicas. É comum encontrar um grande número de crianças e adolescentes acometidos pelo mesmo problema, e, no entanto, a queixa principal parte dos pais, que, muitas vezes, erroneamente, acabam buscando soluções no profissional errado2. O mau hálito é provocado, principalmente, por compostos sulforados voláteis (CSV), produzidos pela ação de bactérias Gram-negativas anaeróbias sobre substratos, contendo enxofre encontrado na boca. Recentemente, a bactéria Gram-positiva anaeróbia Solobacterium moorei, conhecida como Bulleidia moorei, também foi associada à halitose, pela produção sulfidreto (SH2) na presença de diferentes suplementações com aminoácidos, em especial, a cisteína3. Os CSV produzidos a partir desse metabolismo são sulfidreto (SH2) - encontrados principalmente em dorso lingual; metilmercaptana (CH3SH) - presentes no sulco gengival; e dimetilsulfeto (CH3SCH3) - tanto pode ser de origem periodontal como de origem sistêmica (intestinal, hepática, pulmonar), sendo possível fazer a distinção entre o dimetilsulfeto de origem bucal e o de origem sistêmica, através da comparação dos resultados da halimetria feita com e sem o desafio da cisteína. A concentração desses gases é usada como indicador da severidade da halitose. Em 2013, foram descobertos 1840 compostos orgânicos voláteis provenientes do corpo humano e atribuídas a respiração (872), saliva (359), sangue (154), leite (256), secreções da pele (532), urina (279), e fezes (381) em indivíduos aparentemente saudáveis. Pesquisas vêm demonstrando que a presença destas bactérias no dorso lingual, saliva e sulco periodontal podem desencadear, além da halitose, problemas sistêmicos, como complicações na gravidez, doenças cardiovasculares e principalmente doenças respiratórias - consideradas a terceira causa mais comum de mortalidade, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (World Health Organization)4. A falta de controle da higiene lingual e as alterações do fluxo salivar, também estão relacionadas com o aumento da saburra

36

Abril de 2014

Sandra Kalil Bussadoria Cirurgiã-dentista. Mestre em Materiais Dentários. Doutora em Ciências Odontológicas (Odontopediatria). PósDoutorado em Pediatria. Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde da Universidade Nove de Julho sandra.skb@gmail.com

lingual, onde a baixa produção de saliva e consequente aumento da viscosidade e mucina favorecem o acúmulo de bactérias. Essas alterações podem estar relacionadas a diversos fatores, como: utilização de medicamentos, estresse, radioterapia de cabeça e pescoço, diabetes e alterações hormonais. Sendo assim, nos adolescentes, as intensas transformações hormonais - que influenciam nas características normais do periodonto e, muitas vezes, favorecem o processo inflamatório gengival - corrobora com a formação de biofilme lingual pelo aumento da descamação do epitélio gengival, e associado ao sangramento gengival, piora o quadro de halitose. A halitose matinal é resultado da associação entre diminuição do fluxo salivar e relaxamento da musculatura perioral durante o sono, o que viabiliza a multiplicação bacteriana, portanto, crianças e adolescentes com mau hálito persistente ao longo do dia, na maioria dos casos, está relacionado com a respiração oral pelo aumento de ressecamento da cavidade oral e alteração de pH salivar5. Pouco divulgada no Brasil, contudo, mundialmente conhecida e utilizada na área médica e odontológica, a mensuração dos CSV pode ser realizada por meio de cromatografia gasosa (Oral Chroma®), que é o método mais apropriado para detectar a halitose de diferentes origens e considerado padrão ouro na literatura. A avaliação organoléptica (através do olfato) foi a primeira forma de análise do hálito, porém, a capacidade olfatória pode ser influenciada pelo estado emocional do examinador e por condições climáticas; o monitor de sulfeto, como o Halimeter®, que determina a quantidade de CSV em partes por bilhão (ppb) no ar expirado, não permite diferencia-los quanto ao tipo e origem6,7. Desenvolvido no Japão, no ano de 2004, o Oral ChromaTM (Abilit Corporation) utiliza um sensor de gás semicondutor altamente sensível para mensuração individual dos três principais gases (sulfidreto, metilmercapitana e dimetilsulfeto), permitindo avaliar a intensidade do hálito e sua origem. Em São Paulo, o Centro de Excelência no Tratamento de Halitose (CETH), empresa representante no Brasil do equipamento, capacita profissionais da saúde e realiza exames para colaborar com o planejamento e orientar quanto ao tratamento adequado da halitose. A coleta do exame é rápida, o Orall Chroma®, conectado ao computador (com software específico), permite a captura de um gráfico correspondente aos picos e valores de concentração dos gases, medindo os limiares dos CSV (de 0 a 1000 ppd), com muita precisão após oito minutos. Dra. Olinda Tarzia, uma das pioneiras no estudo da halitose e precursora do uso da cromatografia gasosa no Brasil, associa o uso de bochecho com cisteína antes da halimetria para um resultado mais preciso, o que permite diferenciar o dimetilsulfeto quanto a sua origem e ativar as bactérias Gram-positivas anaeróbias Solobacterium moorei,


Coluna - Odontopediatria

que liberam o sulfidreto apenas na presença de aminoácidos. Sendo assim, na ausência da cisteína a halimetria pode apresentar um resultado falso negativo8. O tratamento convencional para halitose proposto pela literatura está relacionado ao controle do nível de acidez e fluxo salivar, por meio de medicamentos, estimulador químico e/ou mecânico, aumento do consumo e até utilização de ultrassom, tens e laser. Na fase puberal, indica-se um maior controle dos cuidados com a higiene oral, aumentando o número de escovações ao dia, uso adequado do fio dental e evitar o uso de enxaguatórios com álcool. Em se tratando de paciente adolescente e com respiração oral, o tratamento passa a ser multidisciplinar. De modo geral, quando relacionado à presença de biofilme no dorso de língua, o tratamento consiste na redução mecânica e química da saburra por meio de raspadores linguais e enxaguatórios específicos, no entanto, a grande dificuldade na redução da carga bacteriana - devido às características irregulares da superfície do dorso lingual, tem motivado o desenvolvimento de novas pesquisas para tratamentos não invasivos, rápidos e duradouros da halitose9.

Referências

1. Kizhner V, Xu D, Krespi YP. A new tool measuring oral malodor quality of life. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2011 Aug;268:1227–32.

2. Marocchio LS, Conceição MD da, Tárzia O. Remoção da saburra lingual: comparação da eficiência de três técnicas. RGO. 2009;57:443–8. 3. H araszthy VI, Gerber D, Clark B, Moses P, Parker C, Sreenivasan PK, et al. Characterization and prevalence of Solobacterium moorei associated with oral halitosis. J Breath Res [Internet]. 2008 Mar [cited 2013 Oct 25];2(1):017002. 4. World Health Organization [Internet]. 2013. Available from: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/. 5. Motta LJ, Bachiega, Joanna Carolina Guedes, Carolina Cardoso Laranja, Lorena Tristão BussadoriI SK. Association between halitosis and mouth breathing in children. Clinics. 2011;66(6):939–42. 6. Rosenberg M. Bad breath, diagnosis and treatment. Univ Tor Dent J. 1990;3(2):7–11. 7. Tangerman a, Winkel EG. The portable gas chromatograph OralChromaTM: a method of choice to detect oral and extra-oral halitosis. J Breath Res. 2008 Mar;2(1):doi: 10.1088/1752– 7155/2/1/017010. 8. Tarzia O. Halitose: um desafio que tem cura. 1st ed. São Paulo: EPUB; 2003. 9. Bollen CML, Beikler T. Halitosis: the multidisciplinary approach. Int J Oral Sci. 2012 Jun;4(2):55–63.

Abril de 2014

37


Coluna - Gestão

A força dos adjetivos

Plínio Augusto Rehse Tomaz Cirurgião-dentista. Master em Empreendedorismo e Inovação (B.I International). Pós-graduação em Marketing (ESPM), com especialização em Saúde Pública (Unaerp) e Administração Hospitalar (IPH). Conferencista internacional. Articulista de jornais e revistas voltados aos profissionais de saúde. Professor de diversas instituições de ensino. Diretor da Tomaz Gestão e Marketing. plinio@tomazmkt.com.br

F

ulana é feia. Cicrano é gigante. Já reparou como temos o hábito de rotular as pessoas por suas características mais marcantes? Pensando nisso, passei a observar como as pessoas se denominam e como “classificam” seus dentistas. Cheguei a perguntar para mais de 100 pessoas. Muito interessante! Reparei que enquanto alguns se referem a si mesmos como “fracos”,

38

Abril de 2014

“quietos”, “pobres” (ouvi vários destes), “moles”, “inseguros” ou “tontos”, outro grupo o faz com adjetivos, como “vencedores”, “lutadores”, “espertos”, “eficazes”, “líderes”, “seguros”, etc. Preciso perguntar qual grupo é bem-sucedido e qual está reclamando da vida? Autoestima baixa! Foi isso que observei no primeiro grupo, o das pessoas que reclamavam de tudo. Ao tratarem a si mesmas


Coluna - Gestão como derrotadas, acabam conhecendo a derrota mesmo. Por outro lado, o grupo dos bem-resolvidos acredita mais em seu potencial e é mais ousado. Que eles não me ouçam, mas ainda que se achem, nem todos são tecnicamente tão maravilhosos assim. No grupo dos que se consideram “fraquinhos”, por sua vez, tem muita gente boa, com mestrado, doutorado e habilidades clínicas invejáveis. O que muda, então? Muda a forma como veem a si mesmos e mudam as habilidades paralelas que dominam. Os bem-sucedidos são muito melhores em questões relacionais, pessoais, comerciais e administrativas. Com isso tudo, podemos concluir que o nosso maior inimigo ao sucesso é nossa própria percepção do “eu”. Quando nos apropriamos de adjetivos ruins, acabamos acreditando neles e nos colocamos nesta posição. O remédio é fazer de tudo para acreditar em seu potencial e ter certeza de que pode mudar qualquer situação. Um exercício: visualize a si mesmo em uma situação de sucesso dentro de um ou dois anos. Veja seu sonho em detalhes, o consultório, o tipo (e quantidade) de clientes que estão lhe procurando, como você os trata, etc. Diga para você mesmo todos os dias: “eu posso”, “eu estou construindo o meu lindo futuro com meu melhor presente”. Entregue seus projetos nas mãos de Deus. Os adjetivos nos aprisionam ou nos libertam. Faça sua escolha! Mas, não quero falar apenas de como nos adjetivamos,

mas também de como somos adjetivados. Quando observei como as pessoas adjetivam seus dentistas, encontrei o seguinte: “forte”, “careiro”, “rápido”, “lerdo”, “bom”, “simpático”, “divertido”, “interessado”, “tranquilo”, “ultrapassado”, “atualizadíssimo”, “ansioso”, “agitado”, “tagarela”, “ultratímido”, “estranho”, e etc. Como você acha que seus clientes o rotulam quando falam a seu respeito? Se você pudesse ouvi-los, que adjetivo será que usariam para descrevê-lo? Será que algum lhe agrada? Precisamos pensar e planejar como queremos ser adjetivados por nossos clientes. Essa palavra-chave deve ser a matriz da construção de sua marca, ou seja, de como você ficará conhecido e percebido na comunidade. Se você pretende ser conhecido como o “tecnológico”, tudo que gira em torno de seu nome, o trabalho e o consultório devem reforçar essa ideia. Isso vai dos aspectos visuais aos itens e equipamentos que possui e utiliza. Se pretende ser a “atenciosa”, sua marca será a forma carinhosa e interessada como você e sua equipe atendem aos clientes. Só para constar: este negócio de “adjetivo” possui um nome técnico em marketing muito importante. Chamamos a isso de posicionamento de mercado, ou seja, como o mercado o vê e classifica, posiciona, considera, adjetiva. Sugiro que faça uma avaliação de sua marca atual e passe a agir de acordo com o adjetivo que quer receber. Comece agora! Você pode, “vencedor”!

Abril de 2014

39


Caso Clínico

Remoção cirúrgica de paramolar em maxila Larissa Barros Silva

Bruna César Dantas

Graduada em Odontologia pela Universidade Nilton Lins de Manaus - AM. Pós-graduanda em Prótese Dentária pela Escola Superior de Ciências da Saúde - Universidade do Estado do Amazonas.

Graduada em Odontologia pela Universidade Nilton Lins de Manaus - AM. Pós-graduanda em Implantodontia pela São Leopoldo Mandic de Fortaleza - CE.

larissa_barros@me.com

O

s supranumerários são dentes que se desenvolvem além da série normal nos ossos gnáticos do indivíduo¹. Podem estar presentes em qualquer região das arcadas, tanto na dentição decídua quanto na permanente². Ocorrendo de maneira única ou múltipla; unilateral ou bilateral; parcial ou totalmente impactados; parcial ou totalmente erupcionados ou não-erupcionados³. As nomenclaturas têm sido aplicadas aos dentes supranumerários, de acordo com o local de sua origem. Um supranumerário na região do incisivo central superior é denominado mesiodente; um quarto molar acessório é chamado distomolar; e, um supranumerário posterior situado lingual ou vestibularmente a um dente molar, ou em situação interproximal entre o primeiro e o segundo ou terceiros molares superiores é denominado paramolar1. Estes dentes extranumerários são também classificados de acordo com sua morfologia. Na dentição decídua é, usualmente, normal ou cônica. Já na permanente há uma grande variedade de formas. Eles são divididos em dois tipos: suplementar (tamanho e forma normal) e rudimentar (tamanho menor e forma anormal). Os rudimentares são ainda classificados em conóides (pequenos e cônicos), tuberculados (anterior, em forma de barril com mais de uma cúspide) e molariformes (semelhante a pré-molares e molares)¹. Alguns autores afirmam que os supranumerários, quando presentes, podem acarretar diversas complicações clínicas, como: impactação e posicionamento inadequado, reabsorção radicular, desvitalização de dentes vizinhos e má formação dos mesmos, apinhamento, giroversões, diastemas, formação de cistos com destruição óssea significativa, e também predispõem a área à pericoronarite subaguda, gengivite, formação de abscessos e tumores odontogênicos¹. O diagnóstico precoce dos supranumerários e a elaboração de um plano de tratamento correto são de extrema importância, visando evitar complicações posteriores já mencionadas. Como a presença dos supranumerários é geralmente assintomática e apenas em 25% dos casos eles erupcionam, deve-se ressaltar a relevância da solicitação dos exames complementares, como radiografias panorâmicas e, quando diagnosticado tal anomalia, solicitar radiografias periapicais utilizando a técnica de Clark como método de localização. Outras radiografias que podem ser úteis no diagnóstico são respectivamente a oclusal e cefalométrica4. A etiologia dos dentes supranumerários ainda não é bem evidenciada. Algumas teorias citadas são: a teoria da hiperatividade da lâmina dentária na fase de iniciação, resultando em um novo germe dentário; a teoria atávica, que seria regressão aos padrões de ancestrais primitivos do Homo sapiens; a associa-

40

Abril de 2014

ção a distúrbios do desenvolvimento, por exemplo, síndrome de Gardner, disostose cleidocraniana e fissuras labiopalatais; a teoria da hereditariedade, e ainda a teoria da dicotomia do botão dental, que consiste na divisão, por razões desconhecidas, de um único germe dental em dois germes gêmeos5. Os dentes supranumerários são mais frequentes na dentição permanente do que na decídua. Entre os ossos gnáticos, há uma maior predominância na maxila em relação à mandíbula, e uma proporção de 9:16. Existe uma forte predileção pela região anterior da maxila7, porém, quando múltiplos dentes estão envolvidos (mais que cinco), a região de pré-molar na mandíbula é o local mais afetado8. O gênero masculino é mais acometido, e uma proporção de 2:1¹. Quando diagnosticada a presença de supranumerários, o tratamento adequado será proposto mediante uma avaliação individual. Desta maneira, os autores afirmam que todo e qualquer procedimento dependerá do tipo, da posição do dente e do seu efeito potencial sobre o dente adjacente9. Para outros, a remoção ou manutenção do elemento supranumerário vai depender do discernimento do profissional, que deve levar em conta os riscos que a sua permanência poderá acarretar10. Quando não interferem na cronologia de erupção, deve-se optar por uma abordagem mais conservadora, remover o dente supranumerário somente após a completa formação das raízes dos dentes permanentes adjacentes.Todavia, se esse estiver irrompido ou retido, interferindo no processo normal da oclusão, deve ser removido, desde que não prejudique o desenvolvimento radicular dos dentes vizinhos11.

Caso clínico Paciente V.C.P., de gênero masculino, melanoderma, 46 anos e sete meses de idade, não sindrômico, compareceu a clínica odontológica da Universidade Nilton Lins, em Manaus, para realização de uma triagem, com finalidade de fazer o tratamento odontológico que fosse necessário para estabilizar sua saúde bucal. Durante a anamnese, o paciente relatou ter feito uma cirurgia cardiológica há sete anos, devido a um defeito congênito, uma comunicação intra-atrial. No exame clínico intrabucal foi observada a presença de um elemento supranumerário erupcionado na região dos molares pela face palatina no lado direito. Foram solicitados exames complementares de imagem para comprovação do diagnóstico: radiografia panorâmica, oclusal e periapical. Ao confirmar a hipótese, foi proposta ao paciente a cirurgia para remoção do supranumerário em questão e foram solicitados, ainda, os exames pré-operatórios, como hemograma, coagulograma, glicemia em jejum, e ainda, o risco cirúrgico, junto ao seu cardiologista.


Caso Clínico Nenhuma medicação pré-operatória foi necessária, pois no risco cirúrgico, o cardiologista que o assistiu, comunicou que não seria necessária profilaxia antibiótica, devido a cirurgia de correção que o paciente fez há sete anos ter sido um sucesso, e o meio bucal se encontrava em perfeitas condições, propiciando procedimento com baixo risco de infecção. No dia da cirurgia, procedeu-se a preparação do paciente com colocação dos EPI’s, a antissepsia intraoral com bochecho de clorexidina a 0,12%, a antissepsia extraoral foi feita com clorexidina degermante (Digluconato de Clorexidina a 2%). A técnica da anestesia local utilizada no caso clínico foi infiltrativa no fundo de vestíbulo na região do terceiro molar (nervo alveolar superior posterior) e no palato (nervo palatino maior). O anestésico de escolha utilizado foi a articaína com epinefrina 1:100.000. Foi feita a sindesmotomia com o sindesmótomo, luxação e avulsão com fórceps número 69. Em seguida, foi realizada a curetagem do

alvéolo com cureta de Lucas, por conseguinte irrigação com soro fisiológico 0,9%, e, por fim, a sutura em ponto simples, fazendo a coaptação dos bordos com fio de nylon 5.0. A prescrição pós-operatória foi apenas para analgesia: Dipirona 500mg, oito comprimidos, tomar um comprimido de seis em seis horas, por dois dias (se existisse dor). Na avaliação do supranumerário extraído, o mesmo foi classificado como paramolar unilateral, devido à sua localização, estando palatinamente na região dos molares. E, de acordo com sua morfologia, foi considerado um dente rudimentar – molariforme, com forma anormal e tamanho pequeno, semelhante a um pré-molar. Após sete dias, o paciente retornou a clínica cirúrgica odontológica da Universidade Nilton Lins, para remoção do ponto e avaliação da cicatrização. Foi realizada outra tomada radiográfica, para confirmar a ausência de estruturas remanescentes.

Figura 1

Figura 2

Figura 3

Figura 4

Figura 5

Figura 6

Radiografia panorâmica inicial - identificando o elemento supranumerário.

Foto inicial demonstrando a condição bucal do paciente.

Mesa cirúrgica.

Radiografia periapical inicial - identificando o elemento supranumerário.

Identificando a localização do elemento supranumerário.

Antissepsia intraoral com clorexidina 0,12%.

Abril de 2014

41


Caso Clínico

Figura 7

Figura 8

Figura 9

Figura 10

Figura 11

Figura 12

Antissepsia extraoral com digluconato clorexidina a 2%.

Anestesia infiltrativa do palato (nervo palatino maior).

Luxação com fórceps 69.

42

Abril de 2014

Anestesia infiltrativa do nervo alveolar superior posterior.

Sindesmotomia.

Avulsão do supranumerário (paramolar).


Caso Clínico

Figura 13

Figura 14

Figura 15

Figura 16

Morfologia e tamanho do paramolar extraído.

Pós-operatório com sete dias.

Sutura com fio de nylon 5.0 (ponto simples).

Pós-operatório com 21 dias.

Figura 17

Radiografia periapical final, mostrando ausência de estruturas remanescentes.

Abril de 2014

43


Caso Clínico Discussão

A etiologia dos supranumerários é um fator questionável e de muitos desencontros entre os estudiosos. Alguns deles acreditam na hereditariedade como causa da existência desses elementos, podendo, também, estar associado a síndromes, como disostose cleidocraniana, síndrome de Gardner, entre outras 5, contrapondo o caso clínico em questão, uma vez que constatamos a ausência de síndromes associada ao paciente, e o mesmo relatou na anamnese que nenhum familiar, até então, tinha apresentado elementos supranumerários, sendo descartadas as duas hipóteses anteriores. Já outros autores1,12,13 concordam com a teoria de que os supranumerários provem da hiperatividade da lâmina dentária. Dizem que um dos fatores responsáveis por tal hiperdesenvolvimento é a mobilidade do processo facial durante o desenvolvimento da face, que pode resultar na ruptura da lâmina dental. Os prolongamentos epiteliais da lâmina dental são responsáveis pelo desenvolvimento do órgão do esmalte e, algumas vezes, eles sofrem uma proliferação exagerada. Se essas estruturas penetrarem em uma região que permita o seu desenvolvimento, haverá a formação de um órgão do esmalte e, assim, teremos a formação de um dente supranumerário. Diversos autores1,14,15 concordam com relação à prevalência dos supranumerários ser maior na maxila; a dentição permanente ser a mais afetada; o gênero masculino ser o mais acometido; corroborando com o caso clínico relatado. Em relação à localização dos supranumerários, o caso relatado contraria a literatura pesquisada. Pois autores16 descrevem a incidência maior na região anterior da maxila. No entanto, no caso clínico em questão, encontrava-se na região posterior do palato. Além deste fator da localização, outro aspecto que foge do padrão, defendido pelos estudiosos, é o que se refere à faixa etária de maior prevalência. A maioria dos dentes supranumerários desenvolve-se durante as duas primeiras décadas de vida, entre 12 e 20 anos1,17. No caso, o paciente em questão, encontra-se na 4º década de vida. A respeito da morfologia do paramolar, encontramos autores18 que em seus estudos relatam variações anatômicas interessantes nos supranumerários. Foram analisados por esses autores 23 elementos, dos quais 13 eram distomolares, que apresentavam morfologia multicuspídea e conoide. Os outros 10 eram paramolares de morfologia normal e tamanho reduzido, contestando o que se notou no supranumerário do relato de caso, que se trata de um paramolar que apresenta dimensões menores e aspectos rudimentares.

Conclusão

Com base no que foi descrito, fica evidente a importância de um diagnóstico precoce e preciso sobre os elementos supranumerários, visando evitar complicações tardias ao paciente. Sendo necessária uma avaliação criteriosa no exame clínico e a solicitação rotineiramente de exames complementares, como radiografias panorâmicas, mesmo em pacientes que não apresentem alterações patológicas, para que seja possível obter o diagnóstico correto e, consequentemente, realizar o tratamento mais adequado para cada caso. O tratamento proposto para o caso relatado foi a remoção do paramolar, sendo o procedimento mais adequado para a resolução do mesmo, devolvendo, assim, ao paciente, a sua oclusão normal, evitando que o elemento permanente da arcada sofra algum tipo de agressão, como a sua reabsorção.

44

Abril de 2014

Referências

1. Neville BW, et al. Patologia oral e maxilofacial. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 972 p. 2. Fardin AC, et al. Quarto molar retido: a importância do diagnóstico precoce. RFO, Passo Fundo, v. 16, n.1, p.9094, jan./abr., 2011. 3. M oruzzi-Lima PD, et al. Quarto e quinto molares em maxila: Relato de um raro caso clínico. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, São Paulo, ano III, nº6, jul/dez 2005. 4. Lobato AMR, et al. Hiperdontia na região de incisivos superiores. J Bras Ortodon Ortop Facial, Curitiba, v.7, n.41, p.389-396, set./out. 2002. 5. Tommasi AF. Diagnóstico em patologia bucal. 3 ed. São Paulo: Pancast, 2002. 6. Regezi JA, Sciubba JJ. Patologia bucal: correlações clinico patológicas. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 7. Watanabe PCA. Estudo radiográfico (ortopantográfico) da incidência das anomalias dentais de número da região de Piracicaba. São Paulo. ROBRAC, 1997; 6(21); 32-8. 8. Yusof Wz. Non-syndrome multiple supernumerary teeth: literature review. J Can Dent Assoc, 1990 Feb; 56(2): 147-9. 9. Garvey, M. T.; Barry H. J.; Blake M. Supernumerary theeth na overview of classification, diagnosis and management. Journal of the Canadian Dental Association, 1999. 10. Cancio, A. V., et al. Quarto molar retido: revisão de literatura e relato de caso clínico. Rev. Int. Cir. Traumatol. Bucomaxilofacial, v.2, n.8, p. 225-229, 2004. 11. C outo Filho, C. E. G.; Santos, R. L.; Lima, A. R. G. Supranumerários: uma revisão de literatura – relato de casos clínicos. BCI, Curitiba, v.9, n.34, p.150-155, abr./jun., 2002. 12.Bertollo, R. M. et al. Dente supranumerário: tomografia computadorizada: método de localização: relato de caso clínico. Rev. Odonto. Ciênc., Porto Alegre, v.15, n.30. p.97-109, ago. 2000. 13.Cal Neto, J. O. A. P.; Cunha, D. L; Miguel, J. A. M. Diastemas interproximais superiores associados a dentes supranumerários: considerações clínicas e relato de caso. J. Bras. Ortodop. Ortop. Facial, Curitiba, v.7, n.39, p.239244, 2002. 14.Almeida, T. E., et al. Hiperdontia: relato de caso com 8 elementos supranumerários. Rev. de Odon. da Uni. Cid. de São Paulo. v.22, n.1, p. 78-84, jan./abr. 2010. 15.Abreu E Lima, F.; Motisuki, C.; Bordin, M. M. Mesiodens: detecção e intervenção cirúrgica precoce. RGO, Porto Alegre, v.50, n.2, p.69-73, abr./jun. 2002. 16.Casttilho, J. B. et al. Estudo sobre a prevalência de dentes supranumerários numa população infantil na faixa etária de 6 a 12 anos com vista à prevenção de futuras maloclusões. Ver Paul Odont, São Paulo, v.22, n.1, p.2629, jan./fev. 2000. 17. Corrêa, et al. Prevalência de dentes supranumerários – estudo retrospectivo. Int J Dent, Recife, jan./mar., 2009. 18. Casetta M., Pompa G., Stella R., et al. Hyperdontia: na epidemiological survey. J. Dent. Res. 2001.


Caso Clínico

Comparativo entre aparelho intraoral e CPAP no tratamento do ronco e apneia do sono

Luiz Roberto Godolfim Edna A. Khoury Cirurgiã-dentista.

Cirurgião-dentista. Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares. Certificação em “Tratamiento de la Roncopatia y la Apnea Obstructiva del Sueño” pela Academia de Odontologia Integral e Sociedad Española de Medicina Oral Del Sueño. Idealizador do aparelho PLG para tratamento do ronco e apneia do sono. Autor do livro “Distúrbios do Sono na Odontologia”, Editora Santos. godolfim@godolfim.com.br

Karinne Alano Feuser

Cirurgiã-dentista. Especialista em Ortodontia. Mestranda em DTM e Dor Orofacial. Professora convidada do curso de especialização em Ortodontia da Universidade Cruzeiro do Sul.

Ana Valesca Lothhammer Machado

Cirurgiã-dentista. Especialista em Ortodontia. Especialista em DTM e Dor Orofacial.

S

egundo a Academia Americana de Medicina do Sono, a Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é um distúrbio respiratório do sono caracterizado por episódios recorrentes de obstrução total ou parcial das vias aéreas superiores durante o sono, pelo colapso das paredes da faringe1,2. É uma condição comum, afetando cerca de 2% das mulheres adultas e 4% dos homens adultos1-3. A SAOS é um problema multifatorial envolvendo fatores anatômicos, neuromusculares, a obesidade, fatores hormonais e alterações craniofaciais2,4. As consequências desse distúrbio envolvem maior risco de acidentes de trabalho e de trânsito, bem como de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral, além de alterações neuroendócrinas e neurocognitivas5-7. Os sinais e sintomas mais comuns da SAOS são ronco, sonolência excessiva diurna e a presença de pausas respiratórias durante o sono (1.2.3.8). Além desses achados clínicos, o diagnóstico deve ser auxiliado pelo exame físico e polissonografia, de acordo com a Academia Americana de Medicina do Sono2.

A classificação da gravidade da SAOS depende do grau de sonolência diurna e do índice de apneia e hipoapneia (IAH), o qual se refere ao número de cessações da respiração por hora de sono, avaliado durante o exame polissonográfico. A doença é considerada leve quando a sonolência diurna ocorre durante atividades que exigem pouca atenção, com discreta alteração da função social, associado à IAH com valores entre 5 e 15. Quando moderada, os episódios involuntários de sono ocorrem em atividades que requerem alguma atenção, como eventos sociais. O IAH varia entre 16 e 30. Na SAOS grave, ocorre marcada alteração da função social e o indivíduo tem dificuldade em se manter acordado mesmo em atividades que exigem maior atenção, tais como: comer, conversar, andar ou dirigir. O IAH é habitualmente maior que 30 eventos por hora de sono2,4,8,9. Os pacientes com SAOS moderada a grave, ou com sonolência excessiva diurna em consequência da SAOS, independente da sua gravidade, têm indicação para tratamento, como recomendação padrão. Os casos de SAOS leve, ronco primário ou

Abril de 2014

45


Caso Clínico para tratar hipertensão arterial e outras comorbidades cardiovasculares associadas ou agravadas pela SAOS podem ter o tratamento indicado, de acordo com a opção do paciente ou indicação médica8,9. O tratamento clínico geral da SAOS inclui redução de peso, higiene do sono, e investigação de doenças endócrinas. O tratamento farmacológico apresenta resultados controversos, envolvendo diversos grupos farmacológicos, e ainda não há evidências clínicas sobre sua efetividade10.

CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) A pressão positiva contínua em via aérea durante o sono é atualmente o tratamento de escolha para os pacientes com SAOS moderada e grave, tendo nível de evidência I11. O principal fator limitante é a aceitação e adesão do paciente, que pode relatar rinorreia, congestão nasal, epistaxe, abrasão da pele pela máscara, desconforto e claustrofobia11-16.

Aparelho intraoral (AIO) Os aparelhos que têm os melhores resultados no tratamento da SAOS são os que usam o avanço mandibular através do qual afastam os tecidos da garganta e aumentam a tonicidade da musculatura da região, principalmente do genioglosso. Eles também devem estabilizar a mandíbula impedindo que ela “caia”, pois a boca se abrindo faz com que a língua se posicione posteriormente, estreitando a passagem do ar e reduzindo a eficiência dos músculos dilatadores da faringe17. São indicados para tratamento de ronco primário e apneia leve ou moderada 17,18, podendo ser utilizados em pacientes com apneia grave, quando não há possibilidade ou aceitação pelo paciente dos tratamentos de primeira escolha (CPAP ou cirurgias). Alguns relatos mostram sucesso no uso dos aparelhos orais no tratamento de apneia grave19-21. Os aparelhos orais de avanço mandibular de confecção laboratorial têm sido os que apresentam melhor eficiência, na avaliação dos diversos autores, com várias revisões sistemáticas 22-25, tendo ampla evidência científica de seus resultados positivos.

AIO X CPAP Vários estudos na literatura comparam o uso de aparelhos de pressão positiva e aparelhos orais nos tratamentos da SAOS. Foram encontrados resultados igualmente satisfatórios no controle da SAOS, tanto para uso do CPAP quanto para AIO26-29. Em longo prazo, porém, o CPAP mostrou maior eficácia nos parâmetros respiratórios30, enquanto alguns aspectos da pressão arterial noturna tiveram melhoras apenas com AIO26. Os resultados mostram que o uso do AIO pode aumentar a qualidade de vida e o funcionamento neurocognitivo em pacientes com SAOS tão bem quanto o CPAP29. Em uma revisão de literatura, Chan e colaboradores31 encontraram, em 2007, sete estudos transversais, realizados a partir de 1996, que comparavam o uso do CPAP e do aparelho oral para tratamento da SAOS, e concluíram que o CPAP alcança um maior grau de melhoria do IAH e de saturação de oxigênio. Por outro lado, os aparelhos orais têm um maior índice de aceitação pelo paciente, o que pode resultar em maior adesão ao tratamento. Além disso, a melhora de índices subjetivos, como diminuição da sonolência diurna excessiva, foi encontrada tanto para o uso do CPAP quanto para os aparelhos orais. Desta forma, os autores concluem que, salvo em SAOS grave e/ou

46

Abril de 2014

com importante nível de dessaturação de oxigênio, os aparelhos orais podem ter excelentes resultados aliados a um maior conforto do paciente. A adesão ao tratamento também foi estudada por outros autores, os quais mostram maior aceitação ao uso do AIO em relação ao CPAP31,32. A não adesão ao CPAP é encontrada especialmente em pacientes com SAOS leve e moderada32. O número de horas necessárias para um bom resultado com o CPAP é em torno de quatro a cinco horas por noite, porém, alguns trabalhos mostram um número significante de pacientes com uso reduzido de horas por noite, o que compromete a eficácia do tratamento com pressão positiva em longo prazo 14-16. Em estudo com mais de 500 pacientes, usuários de CPAP por mais de cinco meses, Palau et al(2006)16 verificou que apenas 20% usavam o número de horas recomendado, e que mais de 60% usavam um número de horas insuficiente para o tratamento. Alguns estudos que avaliam a eficácia do CPAP e AIO favorecem o CPAP 31,33,34, enquanto a preferência por tratamento mostra-se favorável ao AIO 31. Milmann e Rosemberg 36 comentam o estudo de Smith e Stradlin 34, o qual mostrou baixa tolerância aos AIO e alto índice de efeitos colaterais, justificando estes achados pela escolha do tipo de aparelho, que era um aparelho simples, tipo monobloco, não ajustável, recobrindo dentes e gengiva, o que difere dos aparelhos mais modernamente utilizados, que permitem um ajuste gradual da protrusão mandibular, apresentam menos efeitos colaterais e têm vários relatos de sucesso na literatura19-25,29,36.

Caso clínico O paciente GAK, caucasiano, sexo masculino, 43 anos de idade, compareceu ao consultório com queixa de sonolência e reclamação do cônjuge dos roncos altos que dificultavam o sono e o relacionamento do casal. No exame clínico odontológico, o paciente apresentava classe I de Angle com dentes em boas condições, boa mobilidade mandibular, sem desvios de abertura ou protrusiva significativos. Apresentou IMC de 30,6 (peso 106 kg e altura 1,86m). A avaliação polissonográfica basal foi realizada em clínica de sono, com tempo total de registro (TTR) de 07hs e 06min. Apresentou SAOS moderada com IAH de 24 eventos por hora, fragmentação do sono com 3,7 despertares por hora durante o tempo de sono, dessaturação de O2 leve - com mínimo de 89% - e alteração acentuada na arquitetura do sono com ausência de sono de ondas lentas (fases III e IV) e redução do tempo de sono REM (17% do tempo total de sono). O paciente apresentou, também, movimentos periódicos de pernas (MPP) de grau leve (5,9 MPP/h) Na avaliação cefalométrica, o paciente mostrou redução das medidas da faringe média e inferior, padrão facial meso e medidas esqueléticas dentro dos padrões cefalométricos normais, estando dentro das características indicadas ao uso de AIO. Para confecção do AIO foi determinada a protrusão mandibular com o uso de instrumento próprio (George Gauge® - Great Lakes Orthodontics), onde obtivemos as medidas de protrusão máxima de 08 mm e determinamos, como medida inicial para montagem do aparelho, 50% (4 mm) da protrusão máxima e, 07mm como medida máxima para posterior avanço (titulação) do aparelho.


Caso Clínico Quadro 1 – Valores obtidos após o traçado cefalométrico para apneia do sono

FATOR

PADRÃO M

PADRÃO F

MEDIDA

AVALIAÇÃO

Base anterior do crânio (SN)

80,0 ± 2

73,0 ± 3

80,0

Normal

Comprimento maxilar (ENA-ENP)

62,5 ± 4

54,0 ± 3

50,0

Diminuído

Comprimento mandibular (Goc-Me)

84,5 ± 5

74,0 ± 5

79,0

Diminuído

Distância atlas-maxila (A-Enp)

36,0 ± 3,5

36,0 ± 3

53,0

Aumentado

Espaço Faringeu superior (upphw-PP1)

26,0 ± 4

24,0 ± 3,5

28,5

Normal

Espaço posterior palatal médio (PP2-PP2’)

12,0 ± 3,5

14,0 ± 2

13,5

Normal

Comprimento do palato mole (Enp-P)

34,0 ± 5

35,0 ± 4,5

54,0

Aumentado

Espaço faríngeo médio (Mpphw-Maphw)

22,0 ± 4,5

21,0 ± 3,5

7,3

Diminuído

Espaço faríngeo posterior (PAS)

15,5 ± 3,5

13,0 ± 2,5

9,5

Diminuído

Distância Hioide - vértebra C3 (H-C3)

41,0 ± 3,5

36,0 ± 3

52,0

Aumentado

Distância Hioide – plano mandibular

19,0 ± 6

15,0 ± 3

28,5

Aumentado

Comprimento da língua (TGL)

79,0 ± 5

72,5 ± 3

81,0

Normal

Altura da língua (TGH)

29,5 ± 3

24,0 ± 3

17,0

Diminuído

Espaço aéreo inferior (LAS)

17,5 ± 4

13,5 ± 2

8,0

Diminuído

Após a colocação do aparelho, o paciente passou por duas consultas de titulação, onde o aparelho foi ajustado até 07 mm, sendo titulado em 1 mm, a cada 15 dias. Após os ajustes finais serem realizados, o paciente foi encaminhado para a segunda polissonografia, onde se optou pela realização de uma polissonografia dividida em duas partes (split night). Na primeira metade da noite foi utilizado o aparelho oral e

na segunda metade, realizou-se a titulação de um aparelho de pressão positiva (CPAP). O quadro 2 apresenta os resultados dos dois tipos de terapia para SAHOS (AIO e CPAP), que tiveram comportamentos semelhantes, sendo os dois eficientes e obtendo a resolução completa do caso, apesar do IAH residual de 1,45 com o uso do AIO (Padrão de normalidade: IAH < 5).

Quadro 2 - Dados dos estudos polissonográficos - Basal, com AIO e com CPAP IAH

SO2

MPP

DESPERTARES

SONO III/IV

REM

BASAL

20,93

89%

5,9

3,7

0%

17,4%

c/ AIO

1,45

95%

0

1

17,7%

22%

c/CPAP

0

95%

0

0

17,7%

22%

IAH: índice de apneia e hipopneia; SO2: saturação da oxiemoglobina; MPP: movimentos periódicos de pernas; Sono III/IV: sono profundo, tempo nas fases III e IV do sono não REM; REM: tempo em sono REM.

Abril de 2014

47


Caso Clínico

Figura 1

Figura 2

Figura 3

Figura 4

Figura 5

Figura 6

Figura 7

Figura 8

Máxima intercuspidação habitual, vista frontal.

Aparelho PLG instalado, vista lateral direita.

Máxima intercuspidação habitual, vista lateral direita.

Máxima intercuspidação habitual, vista lateral esquerda.

48

Abril de 2014

Aparelho PLG instalado, vista lateral esquerda.

Telerradiografia lateral com traçado cefalométrico para avaliação de vias aéreas superiores.

Fotografia inicial do paciente.

Aparelho PLG instalado, vista frontal.


Caso Clínico Discussão No caso clínico apresentado, o paciente apresentava SAOS moderada e características morfológicas favoráveis ao uso do AIO. Foi constatada eficácia semelhante no controle dos índices avaliados na polissonografia, tanto com uso do CPAP quando com uso do AIO, em curto prazo. Esse resultado concorda com outros citados na literatura26-28. Quando avaliados o funcionamento neurocognitivo e melhora na qualidade de vida, AIO e CPAP também mostram resultados semelhantes 29. Em avaliação de longo prazo, CPAP mostrou maior eficiência no controle dos índices da polissonografia após seis semanas de tratamento comparando com AIO30. Quanto à adesão ao tratamento, os AIOs ajustáveis mostram-se mais facilmente toleráveis pelo paciente em relação ao CPAP31,32. Alguns artigos mostram que um alto índice de pacientes não usa o CPAP pelo número de horas suficientes16,26, e a gravidade da SAOS parece ter influência na adesão ao uso do CPAP32, sendo mais tolerado por paciente com SAOS grave do que pelos pacientes com SAOS leve e moderada, provavelmente, pela maior percepção de melhora nas complicações da SAOS grave. A maior aceitação ao uso dos AIOs, mesmo com resultados pouco mais limitados em relação ao CPAP, resulta na sua indicação para tratamento da SAOS, salvo em casos graves31. Porém, em alguns estudos e em apresentação de caso clínico, já foi constatada alta eficiência do AIO mesmo em pacientes com SAOS grave 19-21. Alguns resultados diferentes foram encontrados, em que o CPAP mostrou eficiência maior no controle da SAOS em relação ao AIO aliado à mesma aceitação do paciente33 ou até preferência pelo CPAP34. Porém, nestes estudos, foram utilizados AIOs monobloco, os quais não permitem ajustes e individualização da protrusão, sendo mais desconfortáveis do que os aparelhos com liberdade de movimentos laterais e possibilidade de regulagem do avanço. A escolha do tipo de aparelho influencia tanto nos seus resultados terapêuticos quando nos efeitos colaterais que interferem na adesão ao tratamento, sendo que os aparelhos que permitem um ajuste gradual da posição mandibular (titulação) mostram resultados superiores aos AIOs monobloco36.

Referências 1. Dal Fabro C, Chaves Jr CM, Tufik S. Odontologia na medicina do sono, Dentalpress, Maringá, 2009 376p. 2. American Academy of Sleep Medicine. International Classification of Sleep Disorders, 2nd Edition: Diagnostic and coding manual. Westchester, IL 2005, p 257. 3. Young T, Palta M, Dempsey J, Skatrud J, Weber S, Badr S. The occurrence of sleep-disordered breathing among middle-aged adults.N Engl J Med 1993;328:1230–1235. 4. Tufik, S. Medicina e Biologia do Sono. Manole, São Paulo, 483 p. 2008. 5. Barbé F, Pericás J, Munõz A et al. Automobile accidents in pacients with sleep apnea syndrome: an epidemiological na cechanistic study. Am J Respir Crit Care Med. 1998;158: 18-22. 6. Drager LF, Ladeira RT, Brandão-Neto RA, Lorenzi-Filho G, Benseñor IM. Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono e sua Relação com a Hipertensão Arterial Sistêmica. Evidências AtuaisArq Bras Cardiol, volume 78 (5), 531-6, 2002.

7. Kim HC, Young T, Matthews CG et al. Sleep-disordered breathing and neuropsychological deficits. A population-based study. Am J Respir Crit Med. 1997; 156 : 1813-9. 8. I Consenso em ronco e apnéia do sono. Sociedade Brasileira de Sono, São Paulo: 2000. 9. American Academy of Sleep Medicine. Sleep-related breathing disorders in adults: recommendations for syndrome definitions and measurements techniques in clinical research. Sleep. 1999; 22:667-89. 10. Abad VC, Gulleminault C. Pharmacological management of sleep apnoea. Exp Opinion on Pharmacol. 2006; 7:11-24. 11. Gay P, Weaver T, Loube D, Iber C. Evaluation of positive airway pressure treatment for sleep related breathing disorders in adults. A review by the positive airway pressure task force of the standards of practice committee of the American Academy of Sleep Medicine. Sleep. 2006; 29:381-401. 12. Kushida AC, Littner MR, Hirshokowitz M, et al. Practice parameters for the use of continuous and bi-level positive airway pressure devices to treat adult patients with sleep-related breathing disorders. Sleep. 2006; 29:375-80. 13. Weaver TE. Adherence to positive airway pressure therapy. Curr Opin Pulm Med 2006; 12:409-13. 14. Marquez-Baez C, Paniagua-Soto J, Castilla-Garrido JM. Treatment of sleep apnoea syndrome with CPAP: compliance with treatment, its efficacy and secondary effects. Rev Neurol., 1998, 26: 375-80, 15. Pepin JL, Kreiger J, Rodenstein D, et al. Effective compliance during the first three months of continuous positive airway pressure. A European prospective study of 121 patients. Am J Respir Crit Care Med., 1999, 160: 1124-9. 16. Palau JJ, Marler MR, Hacklander S et al. CPAP adherence rates in a large clinical population. Sleep. , 2006. 29 Abst Suppl :173. 17. Godolfim, L.R. O tratamento do ronco e apnéia do sono com Dispositivos intra-orais. Ortodontia 2002; 35(2):87-91. 18. Kushida CA et al. Practice parameters for the treatment of snoring and obstructive sleep apnea with oral appliances: an update for 2005. Sleep. 2006; 29(2):240-243. 19. Godolfim LR. Tratamento da Apnéia do sono grave com aparelho intra-oral. Rev Esp Odont. 2008; 1(1):49-51. 20. Godolfim LR. Efficacy of oral appliance in severe OSA patients not compliant with CPAP therapy. Sleep, 2009; 32(Abst suppl):A193. 21. Levendowski DJ, Morgan T, Melzer V, Popovic D, Scarfeo D, Westbrooke P. Benefit of mandibular repositioning device therapy in patients with moderate and severe OSA. Sleep, 2009; 32(Abst suppl): A203. 22. Ferguson KA, Cartwright R, Rogers R, et al. Oral appliances for snoring and obstructive sleep apnea: a review. Sleep, 2006. 29(2):244-262. 23. Hoffstein V. Review of oral appliances for treatment of sleep-disordered breathing. Sleep Breath, 2007; 11(1):1–22. 24. Hoekema A, Stegenga B, Bont LGM. Efficacy and co-morbidity of oral appliances in the treatment of obstructive sleep apnea-hypopnea: a systematic review. Crit Rev Oral Biol Med. 2004. 15(3):137-155. 25. L im J, Lasserson TJ, Fleetham J, Wright J. Oral appliances for obstructive sleep apnoea. Cochrane Database of Systematic Reviews 2006, Issue 1. Art. No.: CD004435.

Abril de 2014

49


Caso Clínico 26. Barnes MR, McEvoy D, Banks S, Tarquinio N, Murray CG, Vowles N, Pierce RJ. Efficacy of Positive Airway Pressure and Oral Appliance in Mild to Moderate Obstructive Sleep Apnea. Am J Respir Crit Care Med 2004; 170 : 656–664. 27. Ferguson KA, Ono T, Lowe AA, Keenan SP, Fleetham JA. A Randomized Crossover Study of an Oral Appliance vs Nasal-Continuous Positive Airway Pressure in the Treatment of Mild-Moderate Obstructive Sleep Apnea. Chest 1996;109:1269-1275 28. Clark GT, Blumenfeld I, Yoffe N, Peled E, Lavie P. A Crossover study comparing the Efficacy of continuous positive airway pressur with anterior mandibular positionind devices on patients with obstructive sleep apnea. Chest 1996; 109:1477-83 29. Dal-Fabro C, Garbuio S., D’ Almeida V, Tufik S, Bittencourt L. Efficacy of an oral appliance (OA) compared to nCPAP over quality of life and neurocognitive functioning in OSAS patients. Sleep and Breathing, 2009; 13( 3):301. 30. Randerath WJ, Heise M, Hinz R, Ruehle KH.An Individually Adjustable Oral Appliance vs Continuous Positive Airway Pressure in Mild-to-Moderate Obstructive Sleep Apnea Syndrome. Chest 2002;122;569-575 31. Chan ASL, Lee RWW, Cistulli PA. Dental Appliance Treatment for Obstructive Sleep Apnea. Chest 2007;132:693-699 32. Yetkin O, Kunter E, Gunen H. CPAP compliance in patients with obstructive sleep apnea syndrome. Sleep Breath (2008) 12:365–367 33. Engleman HM, McDonald JP, Graham D, Lello GE, Kingshott RN, Coleman EL, Mackay TW, DouglasNJ. Randomized Crossover Trial of Two Treatments for Sleep Apnea/ Hypopnea Syndrome Continuous Positive Airway Pressure and Mandibular Repositioning Splint. Am J Respir Crit Care Med, 2002, 166: 855–859, 34. Smith DM, Stradling JR Can mandibular advancement devices be a satisfactory substitute for short term use in patients on nasal continuous positive airway pressure? Thorax, 2002; 57: 305-308 35. M illman RP, Rosenberg CL . Are oral appliances a substitute for nasal positive airway pressure? Thorax 2002; 57: 283-284.

NORMAS PARA PUBLICAÇÂO

A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínicogerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas. Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www. odontomagazine.com.br Os trabalhos devem atender as seguintes normas: 1) Ser enviados acompanhados obrigatoriamente de uma autorização para publicação na ODONTO MAGAZINE, assinada por todos os autores do artigo. No caso de trabalho em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. Essa autorização deve também dar permissão ao editor da ODONTO MAGAZINE para adaptar o artigo às exigências gráficas da revista ou às normas jornalísticas em vigor. 2) O texto e a devida autorização devem ser enviados para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br. As imagens precisam ser encaminhadas separadas do texto, em formato jpg e em altaresolução. Solicitamos, se possível, que o artigo comporte no mínimo três imagens e no máximo 30. As legendas das imagens devem estar indicadas no final do texto em word. É necessário o envio da foto do autor principal do trabalho. 3) O texto deve seguir a seguinte formatação: espaço entre linhas simples; fonte arial ou times news roman, tamanho 12. As possíveis tabelas e/ou gráficos devem apresentar título e citação no texto. As referências bibliográficas, quando existente, devem estar no estilo Vancouver. 4) Se for necessário o uso de siglas e abreviaturas, as mesmas devem estar precedidas, na primeira vez, do nome próprio. 5) No trabalho deve constar: o nome(s), endereço(s), telefone(s) e funções que exerce(m), instituição a que pertence(m), títulos e formação profissional do autor ou autores. Se o trabalho se refere a uma apresentação pública, deve ser mencionado o nome, data e local do evento. 6) É de exclusiva competência do Conselho Científico a aprovação para publicação ou edição do texto na revista ou no site. 7) Os trabalhos enviados e não publicados serão devolvidos aos autores, com justificativa do Conselho Científico. 8) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor (res). Os trabalhos publicados terão os seus direitos autorais guardados e só poderão ser reproduzidos com autorização da VP GROUP/Odonto Magazine. 9) Cada autor do artigo receberá exemplar da revista em que seu trabalho foi publicado. 10) Qualquer correspondência deve ser enviada para: Vanessa Navarro - Odonto Magazine Alameda Madeira, 53 – conj. 92 - 9º andar Alphaville – Barueri - SP CEP: 06454-010 11) Ao final do artigo, acrescentar os contatos de todos os autores: nome completo, endereço, bairro, cidade, estado, CEP, telefones e e-mail. 12) Informações: Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506

50

Abril de 2014




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.