9 772236 033008
73 ISSN 2236-0336
Ano 6 - Edição 73 - Março/2017
Tecnologia, Política e Mercado
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Editorial
Church Tech Expo: Tecnologias para comunicar Áudio, vídeo, iluminação, streaming, acústica, edição de imagens, mixagem, automação, sonorização, projeção, softwares, segurança eletrônica e arquitetura, além de instrumentos musicais estarão em destaque na Church Tech Expo 2017, o maior evento latino-americano de tecnologias e soluções para o mercado religioso. São mais de 150 empresas como Panasonic, Canon, Sony, Yamaha e muitas outras representadas em 8 mil metros quadrados de exposição dedicados a templos, igrejas, instalações religiosas, canais de internet, estúdios e emissoras de rádio e televisão. Desde 2015, milhares de líderes, equipes de ministérios e pastorais, músicos, profissionais da comunicação, produtores de conteúdo audiovisual e administradores participam da feira e congresso para conhecer tecnologias de ponta e propostas inovadoras para comunicar com qualidade. Do projeto a instalação de projetores, dos sistemas de sonorização ao uso correto das redes sociais, a Church Tech Expo apresenta o mais abrangente leque de soluções para templos, igrejas, espaços de louvor e meditação, canais de internet, webradios e redes de rádio e televisão. Graças a sua abrangência, a Church Tech Expo revolucionou a maneira como fabricantes, integradores, distribuidoras e consultores se relacionam com o segmento religioso, tornando-se referência internacional. Prova disso é que em 2016 foram contabilizados mais de R$ 41 milhões em negócios fechados na exposição. O evento acontece de 6 a 8 de Junho no São Paulo Expo, em São Paulo, com exposição aberta ao público e um congresso com mais de 50 sessões, com temas em destaque como:
Ano 6 • N° 73 • Março de 2017
Redação Editor e Jornalista Responsável
Fernando Gaio (MTb: 32.960) fernando.gaio@vpgroup.com.br Reportagem
Gustavo Zuccherato gustavo.zuccherato@vpgroup.com.br Renan Araújo redacao@vpgroup.com.br Editor Internacional
Antonio Castillo acastillo@panoramaaudiovisual.com Coordenador Editorial
Flávio Bonanome flávio.bonanome@vpgroup.com.br Arte Flávio Bissolotti flavio.bissolotti@vpgroup.com.br
• Conceitos Fundamentais de Arquitetura, Infraestrutura e Tecnologias para Templos e Igrejas • Iluminação aplicada aos espaços religiosos • Programação para rádios e webradios religiosas • Streaming ao vivo para HD/4K: Tecnologias para transmitir com qualidade a qualquer hora • Sistemas de PA para grandes instalações: Vencendo desafios • Projetores e painéis LEDs: Quando usar e como escolher? • Infraestruturas IP em emissoras de TV e estúdios: O que está em jogo? • Talk-show: Pergunte ao Engenheiro Luís Cysne • Áudio sobre IP: Um caminho sem volta • Soluções para mixagem ao vivo que podem salvar o seu trabalho • Áudio, Vídeo e Dados integrados: O sucesso das instalações conectadas. • Mídia na nuvem: Até onde é possível levar a sua mensagem. • A igreja nas redes sociais: Quais ferramentas são mais eficientes e como utilizá-las. • Arquitetura para templos e igrejas: Casos de sucesso. • Gravar e gerenciar mídia com economia e velocidade. • Defina prioridades e invista corretamente no som da sua igreja. • Estúdios compactos: A escolha certa para produzir dentro do orçamento. • Como escolher e usar microfones sem fio em templos e igrejas. • Fronteiras da captação de imagens: HD, 4K, 8K... A Church Tech Expo é realizada simultaneamente ao Congresso Panorama Show, que tem programação específica para os segmentos de Cinema, Publicidade, Eventos, Rádio, Televisão, TV Paga e on-line. Os dois eventos são frutos de iniciativas lançadas em 2011, quando a Panorama Audiovisual ampliou a sua atuação para além das páginas das revistas e do seu portal, criando eventos temáticos norteados pelo compromisso de apresentar e promover o debate sobre novas tecnologias de comunicação. Saiba mais em www.churchtechexpo.com.br
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Sumário
10 História da TV Digital O caminho tecnológico e político do ISDB-Tb.
24 Entrevista:
36 Gunnar Bedicks, CTO da Seja Digital
Entrevista: Roberto Franco, Presidente do Fórum SBTVD
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Especial - TV Digital
B A era da radiodifusão digital No dia 30 de Março de 2017, por volta da meia noite, os últimos transmissores analógicos em funcionamento foram definitivamente desligados dentro das ERBs que atuam na Grande São Paulo. O ato na região mais populosa do país não só significou a continuidade de um processo que já se arrasta há mais de uma década, e que ainda deve prosseguir até 2023, mas também representou o fim de um capítulo na história da televisão brasileira e o início de uma nova era: a da TV Digital. Durante os seis anos de vida da Panorama Audiovisual, raras foram as edições que não abordamos o assunto e o processo de Switch-Off em alguma profundidade. Seja no âmbito tecnológico, seja no âmbito político, a discussão nos acompanhou em nossa redação, nos eventos de mercado, nas entrevistas e conversas informais com profissionais do setor. É por esta importância, e pela proximidade que tivemos para cobrir o tema, que dedicamos esta edição número 73 inteira a uma primeira parte de um material especial trazendo o mais aprofundado debate sobre o processo de digitalização. Confira!
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Especial - TV Digital
Das pesquisas à decisão final O caminho para a digitalização da TV Brasileira não foi dos mais amenos. Anos de pesquisa, batalhas de lobby, muita política e adiamentos marcaram a estrada da implantação do ISDB-Tb. Confira neste retrospecto. Por Fernando Gaio
1950
1948
Primeira versão do padrão NTSC, com normas para transmissão em preto e branco
que acontecem que as ondas eletromagnéticas rebatem nas construções entre as antenas de transmissão e recepção, fazendo com que o sinal chegue mais de uma vez ao televisor e duplique ou triplique a imagem exibida; - Permitir a recepção móvel, quase impossível no modelo analógico por conta dos fatores acima citados; - Aumentar a resolução. Inicialmente, a resolução era limitada apenas pelos sensores de imagem e câmeras disponíveis no mercado, mas depois atingiu-se uma incapacidade de transmitir mais dados de pelos canais de TV com tecnologia analógica (uma limitação da relação Bit/Hertz); - Criar um som envolvente. Isso já era proporcionado pelas novas tecnologias de captação e processamento de áudio, mas a TV ainda estava limitada ao mono ou estéreo;
Fundação da TV Tupi, primeira emissora de TV do Brasil
1953
A
televisão foi integrada ao dia a dia da sociedade desde o seu surgimento, na metade da década de 1920, atingindo um público continuamente maior. No caso do Brasil, onde chegou em 1950, a penetração chega a 90% dos lares, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE), a televisão é um importante fator de formação de opinião. Além disso, seja por razões culturais ou financeiras, a televisão é uma das principais formas de entretenimento da maior parte da população. Quando a televisão digital começou ser pesquisada, existia a missão de melhorar a experiência que o espectador vencendo os seguintes desafios: - Eliminar imagens com chuviscos – as interferências chamadas de ruídos impulsivos causadas por rádios, liquidificadores e redes de alta tensão, por exemplo; - Eliminar fantasmas causados pelo fenômeno dos multipercursos,
Aprovada a segunda versão do NTSC, que introduz as cores na TV
Especial - TV Digital <<
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Um canal em ISDB-T é dividido em 13 segmentos. Um destes segmentos é usado para TVs em dispositivos móveis. Radiodifusor
Recepção Fixa TV, SBT, Gravador
13 segmentos
Recepção Portátil
Recepção Móvel HDTV ou multi-SDTV 13 segmentos (Full-Seg)
Smartphone, Desktop, etc
Sistema de Navegação, GPS, In car TV
1 Segmento (One-Seg) LDTV
Um dos destaques do padrão nipo-brasileiro é a transmissão segmentada em 13 portadoras, sendo uma delas designada para transmissão em baixa resolução para celulares
se Alternation by Line, adotado no Brasil), houve um grande interesse no padrão de Televisão de Alta Definição (HDTV - High Definition Television), mas as dificuldades em realizar a radiodifusão terrestre do sinal HDTV limitou o acesso a esta tecnologia. No início da década de 90, os principais centros tecnológicos mundiais, como EUA, Europa e Japão, já estavam pesquisando
Japão apresenta o padrão de TV analógica de alta definição MUSE
1994
Brasil escolhe o padrão PAL-M para transmissões em cores
1980
1972
- Aprimorar a interatividade, uma demanda impulsionada pela internet; - Criação de novos canais com a otimização no uso do espectro. Os estudos para concretizar a televisão digital começaram há mais de 40 no Japão e ganharam forma no início da década de 80, quando pesquisadores do país apresentaram o sistema analógico de alta definição denominado de MUSE (Multiple sub-Nyquist sampling encoding). Este sistema, embora complexo e dispendioso, foi comercialmente implementado e obteve algum sucesso no Japão, mas apenas para transmissão via satélite. A largura de banda requerida inviabilizava a transmissão terrestre do sinal analógico de alta definição. Devido ao grande ganho na qualidade da imagem com relação aos padrões convencionais de TV (NTSC - National Television System Committee, SECAM - Sequential Couleur Avec Memoire, e PAL - Pha-
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) e a Sociedade Brasileira de Engenharia da Televisão (SET) iniciam o estudo para definir a migração da TV Analógica para a TV Digital no Brasil
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Especial - TV Digital
padrões digitais para radiodifusão terrestre de televisão. No ano de 1993, a Grande Aliança, formada por empresas do ramo, apresentou o padrão que foi adotado pelo Comitê de Sistemas de Televisão Avançados (ATSC – Advanced Television Systems Committee), nos EUA. Neste mesmo ano, um grupo de estudo europeu denominado de ELG (European Lauching Group) definiu o padrão de televisão digital a ser utilizado na Europa. Esse padrão foi chamado de DVB-T (Digital Video Broadcasting - Terrestrial). Em 1999, o grupo japonês denominado de ADTV-LAB (Advanced Digital Television Laboratory) apresentou o padrão ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting - Terrestrial), que é o padrão adotado no Japão e no Brasil. Todos os padrões possuíam o mesmo objetivo, que é melhorar a qualidade de imagem e som, utilizando a mesma largura de faixa dos canais de TV analógica (6, 7 ou 8 MHz).
Resoluções na televisão digital Um dos parâmetros que mais motivou o estudo e desenvolvimento da televisão digital foi o ganho na definição de imagem. Com as técnicas de modulações digitais associadas com as técnicas de compressão de vídeo, é possível transmitir um sinal digital de alta definição dentro da largura de faixa destinada para a televisão analógica. Essa largura do canal varia em função do padrão analógico utilizado em cada país. No Brasil, Japão e EUA utiliza-se o canal de 6 MHz, mas na Europa e Ásia existem países que adotam canais de 7 MHz e 8 MHz. Outra razão para investir na televisão digital é a possibilidade de aumentar a diversidade da programação. Por este motivo, previu-se diferentes resoluções que podem ser acomodadas em uma mesma faixa. Assim, ao invés de um único canal em alta definição, hoje é
possível ter até dois canais HD com pouco comprometimento na qualidade final num espaço de 6 MHz, ou combinações entre HD e SD que podem chegar a 8 canais SD reunidos na mesma faixa de banda que anteriormente acomodava apenas um canal analógico. Obviamente existem questionamentos sobre a validade de transmitir imagens em SD, entretanto esta possibilidade é muito útil para dar vazão a milhares de horas de programas gravadas nesta resolução e que podem ser reexibidos, além de tele-aulas, por exemplo. Uma das emissoras pioneiras nesta aplicação é a TV Cultura de São Paulo, com os seus canais Vunesp e Multicultura. Vale lembrar que o formato LDTV (Low Definition Television) foi concebido para permitir a transmissão de vídeo para dispositivos móveis, como smartphones e tablets. O formato SDTV (Standard Definition Television) possui uma definição praticamente igual à definição obtida nos padrões analógicos, porém a transmissão de um sinal SDTV requer uma parcela do espectro menor do que é necessário para transmitir um sinal analógico. Já o formato EDTV (Enhanced Definition Television) seria uma opção intermediária entre o formato SDTV e HDTV, ou seja, possui uma melhor definição, mas ainda não requer toda a banda disponível. Utilizando uma combinação dos diferentes formatos, é possível fazer um melhor uso do espectro. A esta capacidade de combinar canais em uma faixa de espectro deu-se o nome de transmissão hierárquica ou multiprogramação. No Brasil, apesar de ter sido apontada como vantagem tecnológica da digitalização, encontrou barreiras jurídicas, políticas e comerciais para ser viabilizada. Cerca de um ano após o início das transmissões digitais, já em 2009, o Ministério das Comunicações vetou o seu uso por emissoras comerciais, tornando-o facultativo para emissoras públicas.
O ministro das Comunicações era Sérgio Motta
1998
Padrão norte-americano ATSC tem normas publicadas
1995 1998
1995
A Universidade Mackenzie participou do desenvolvimento do padrão ISDB-T desde o início e também montou uma unidade móvel para testes de campo
A ANATEL inicia os estudos sobre o padrão a ser adotado
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Especial - TV Digital
Linhas
Pontos por linha
Relação de Aspecto
LDTV
240
320
4:3
SDTV
480
640
4:3
EDTV
720
1280
16:9
HDTV
1080
1920
16:9
Estas sãos as principais resoluções adotadas na transmissão digital. No Brasil, o HDTV é o padrão escolhido desde o início
No período de transição, as emissoras precisaram combinar transmissões de imagens com diferentes resoluções, pois as câmeras de alta definição também estavam sendo introduzidas no mercado. Na imagem as instalações da EPTV de Campinas, uma das primeiras a aderir à TV digital
ATSC Ao longo dos anos, foram desenvolvidos três padrões de televisão digital: o ATSC nos EUA, o DVB na Europa e o ISDB no Japão. O padrão ATSC foi desenvolvido principalmente para atender as necessidades do formato HDTV. A técnica adotada foi a 8-VSB, que está baseada na modulação AM/VSB utilizada para transmissão de sinais analógicos. Na modulação 8-VSB, existem oito níveis possíveis, onde cada nível carrega três bits. Desta forma, a taxa de bits total no canal chega a 32,28 Mbps. A diferença entre a taxa total e a taxa útil do sistema ocorre devido ao uso de redundâncias necessárias ao sistema, como por exemplo, códigos corretores de erro e sinais de sincronismo.
ISDB-T
O ministro das Comunicações era Pimenta da Veiga
2000
A multiplexação COFDM (Coded Orthogonal Frequency Division Multiplexing) utilizada no DVB-T é um sistema multiportadora, onde cada portadora é ortogonal com relação às demais. Cada
A segmentação de banda é um dos principais recursos que tornou o padrão ISDB-T mais flexível do que o padrão DVB-T. Um símbolo COFDM do padrão ISDB-T é composto por N sub-portadoras, onde N depende do modo de operação. Essas N portadoras são divididas
Começam os testes com os três sistemas existentes
2002
DVB-T
1999 2002
sub-portadora pode ser modulada utilizando QPSK, 16QAM ou 64 QAM, dependendo das condições de transmissão e da taxa de bits requerida. O uso da multiplexação COFDM garante uma grande robustez do sistema em canais com multipercursos, pois no OFDM existe um tempo de guarda, que permite a sobreposição temporal entre símbolos OFDM adjacentes, sem perdas de informação. Para isso, no entanto, é necessário que o tempo de guarda do sinal OFDM seja maior do que a dispersão temporal introduzida pelo canal. Quanto maior o tempo de guarda, maior será a robustez aos múltiplos percursos. O preço pago por essa robustez é a redução na vazão do sistema com o aumento do tempo de guarda.
O ministro das Comunicações era Juarez Quadroz
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Especial - TV Digital
em 13 segmentos distintos. Esses segmentos podem ser livremente agrupados para transmitir programas distintos. Por exemplo, pode-se utilizar apenas segmento número 0 para transmitir um sinal LDTV de baixa taxa para a recepção em um dispositivo móvel, enquanto que os demais segmentos são empregados para transmitir um sinal HDTV para a recepção fixa. Logo, o uso da segmentação de banda permite que a emissora envie sinais de vídeo diretamente para o celular do telespectador, sem a necessidade da operadora de telefonia.
Implantação da TV digital A implantação do sistema de TV Digital no Brasil foi realizada segundo um cronograma nacional, que permitiu à população fazer a migração com o mínimo de aborrecimentos. Inicialmente, somente as classes A e B da população tiveram recursos para adquirir televisores digitais com receptores embutidos, mas ao longo dos anos as demais camadas foram adotando a tecnologia quando trocavam seus televisores. Na reta final, o governo e as empresas de telecomunicações acordaram a distribuição de kits com conversor e antena para cidadãos atendidos por algum programa social. Esta medida é essencial para garantir a compatibilidade de mais de 50 milhões de televisores analógicos que ainda existem no país, segundo a Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão). Os conversores ou STBs (set-top boxes) recebem sinais de TV Digital de um dado padrão e o convertem para um padrão analógico (NTSC, PAL ou SECAM), de modo que o usuário ainda possa utilizar um televisor analógico para assistir os programas transmitidos no padrão digital. O uso dos STBs foi fundamental durante o processo de migração do sistema analógico para o sistema digital, iniciado em 2007, e continuará sendo enquanto existirem televisores analógicos. Durante o período de migração, que já terminou em Brasília e está sendo finalizado na Grande São Paulo, houve uma coexistência entre transmissões analógicas e digitais, chamada de simulcast. Nesta fase, as emissoras já existentes foram obrigadas a emitir suas programações em ambos os padrões (analógico e digital), em canais distintos. Isto implicou numa duplicação das infra-estruturas de transmissão (antenas, geradores, transmissores, codificadores, controles mestres etc), uma vez que a tecnologia para transmissão de sinais analógicos não pode ser empregada simultaneamente para transmitir sinais digitais. Para isso, os órgãos reguladores precisaram conceder um canal extra de 6 MHz a cada emissora, viabilizando o sistema digital. Com o fim das transmissões analógicas, os canais originais das emissoras serão devolvidos ao governo.
TV digital no Brasil Em 1994, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) e a Sociedade Brasileira de Engenharia da Televisão (SET) iniciaram o estudo para definir a migração da TV Analógica para a TV Digital no Brasil. Em 1998, a ANATEL iniciou os estudos sobre o padrão a ser adotado. Para fundamentar a escolha, decidiu-se realizar testes com os três sistemas, que foram implementados em 2000.
O ministro das Comunicações era Miro Teixeira
2003
Lula toma posse como presidente
2003 2004
2003
Hélio Costa na inauguração das transmissões digitais da TV Globo em Porto Alegre, Curitiba e Goiânia, e a nova torre de transmissão da emissora na Avenida Paulista
Japão inicia transmissões digitais no padrão ISDB-T
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Especial - TV Digital
Multiplexação
COFDM
Modulação das sub-portadoras
QPSK, DQPSK, 16QAM ou 64QAM
Sistema de áudio
MPEG2
Largura de Faixa
6 MHz
Formatos sustentados
LDTV, SDTV, EDTV e HDTV
Código externo
Reed Solomon (204,188,8)
Código interno
Trellis r= 1/2, 2/3, 3/4, 5/6 ou 7/8
Tempo de guarda
1/4, 1/8, 1/16 ou 1/32
Número de segmentos
13
Taxas de bits por seg. [kbps]
Mínima: 280,85 – Máxima: 1787,28
Características fundamentais do padrão ISDB-T.
Assinado o decreto que institui o Sistema Brasileiro de Televisão Digital, conforme o DECRETO Nº 4.901
2004 2005
2003
Os resultados dos testes apresentaram que os padrões que utilizam a modulação COFDM obtiveram um bom desempenho nas mais diversas condições de recepção, utilizando tanto antena interna quanto antena externa. O padrão ISDB-T apresentou melhor desempenho que o sistema DVB-T, pois possui maior robustez e flexibilidade quanto à mobilidade do receptor. O padrão ATSC apresentou baixo desempenho para a recepção doméstica utilizando antena interna, ou seja, canais com multipercursos onde não existe um percurso predominante (visada direta). Outro problema apresentado pelo padrão ATSC foi o baixo desempenho apresentado em áreas de sombra. Em 2006, o Brasil adotou o padrão ISDB-T como camada física para o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). Essa decisão foi tomada depois da realização de uma série de pesquisas ao longo de 2005, onde diversas inovações foram propostas em todas as camadas do sistema. Para a camada de compressão de vídeo, definiu-se o uso da técnica H.264, que apresenta um desempenho superior ao MPEG-2, utilizado em todos os demais padrões de TV Digital. Outra inovação importante apresentada no SBTVD é o uso do Middleware nacional Ginga, desenvolvido pela PUC-RJ e UFPB e que apresenta grandes melhorias com relação a outras soluções de middleware existentes.
Quando o governo brasileiro adotou o ISDB-T como base do sistema brasileiro, houve um acordo de entendimento para transferência de tecnologia, capacitação e um conjunto de outras questões relacionadas. Neste termo de negociação, foi criado um grupo de trabalho Brasil-Japão com representantes de vários ministérios para estabelecer a padronização e comparação tecnológica, sendo que cada um tinha representantes do governo brasileiro e do Fórum da TV Digital. Em alguns grupos de trabalho, por exemplo, eram negociadas as questões relativas à implementação deste acordo, investimento na capacitação de recursos humanos, cooperação em pesquisa e desenvolvimento e padronização. O ponto alto destas reuniões foi a definição uma sistema internacional único, com todas as evoluções e definições dos dois países reunidas. Houve um acerto para haver um único nome e tudo que se cria e se implanta é feito de comum acordo e incorporado ao padrão. A implantação em si depende de cada país e de suas necessidades. O ministro das Comunicações Hélio Costa anunciou o início das operações comerciais da TV digital terrestre para o final do ano seguinte de 2007 e alguns meses antes foram feitas demonstrações públicas em São Paulo de programas em SD e HDTV transmitidos pelo canal 24 UHF (530-536 Mhz). À época, o ministro ressaltou o trabalho dos centros de pesquisa brasileiros para aperfeiçoar as técnicas de modulação do sinal da TV digital, referindo-se às mudanças que foram necessárias para permitir uma transmissão robusta tanto em grandes cidades com muitas edificações, quanto em regiões distantes, onde a população se encontra dispersa e o relevo é muito acidentado.
Testes prévios Nas primeiras demonstrações públicas, feitas na Escola Politécnica e no Mackenzie, foi possível assistir a programas em HD e SD, além da sintonia em celulares, sendo que todos passaram por uma modulação segmentada antes de serem transmitidos. O programa em HD estava no formato MPEG-2 a 18Mbits/s com modulação 64 QAM, e o SD em formato MPEG-4 AVC a 300 Kbits/s com modulação QPSK.
O ministro das Comunicações era Eunício Oliveira
2005 2010
Os padrões ATSC, DVB-T e ISDB-T foram submetidos às seguintes testes: • Interferência entre sinais analógicos e digitais: tem o objetivo de determinar qual é a tolerância do sistema digital a interferências provocadas pelos canais analógicos. • Cobertura do sinal transmitido: visa determinar a área de cobertura de cada padrão, utilizando a mesma potência de transmissão. Também analisa o desempenho dos receptores em áreas de sombras e nas fronteiras de cobertura. • Condições domésticas de recepção: analisa a qualidade de recepção em diversos ambientes domésticos, utilizando antenas internas e externas, determinando o desempenho do receptor em canais normalmente encontrados pelo receptor. • Qualidade de recepção móvel: determina a viabilidade e a tolerância do sistema à mobilidade do receptor.
O ministro das Comunicações era Hélio Costa
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Após o início das transmissões digitais, em 2007, as emissoras seguiram transmitindo o sinal analógico. Em 2016 começou o desligamento dos transmissores analógicos
-se aprimorar o trabalho dos japoneses, especialmente na a relação portadora/ruído da modulação, que exigia mais potência de transmissão que o padrão ATSC, por exemplo. Para dar uma resposta, foi proposto o acréscimo da técnica Turbo Code na fase de modulação, um sistema inovador para correção de erro durante uma transmissão. Posteriormente, outras implementações foram melhor aceitas e o Turbo Code ficou de fora da especificação.
Hélio Costa
Assim como outras universidades, o Instituto Nacional de Telecomunicações colocou como meta ser um centro de excelência em sistemas de transmissão e recepção de sinais para a televisão digital para dar suporte ao processo em andamento. Este objetivo foi alcançado graças a enorme dedicação e competência dos engenheiros e pesquisadores que formam o grupo de pesquisa em televisão digital da entidade. O primeiro grande desafio, lançado em 2003, de
Brasil adota o padrão ISDB-T como camada física para o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), conforme o DECRETO Nº 5.820
2007
INATEL e Linear apresentam o primeiro transmissor de TV digital desenvolvido com tecnologia 100% nacional. Os 79 centros de pesquisas e universidades envolvidos no processo do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) entregaram seus relatórios ao Comitê de Desenvolvimento do sistema.
Desenvolvimento nacional
2006
2005
Ambas as modulações ainda foram submetidas a uma modulação OFDM para um canal de 6 MHz. Antes destas modulações, os materiais haviam passado por uma codificação de canal com a técnica Turbo Code, que corrige erros de codificação, garante a robustez durante a transmissão e a integridade do sinal na recepção. Para a demonstração foi usado um transmissor da fabricante STB de 1 KW de potência que, neste caso, atingia um raio de 15 quilômetros. A irradiação do sinal foi feita com uma antena de quatro painéis dipolo omnidirecional da fabricante Mectrônica. Para a recepção do sinal foi usada uma antena da EBCom. As pesquisas de campo do Laboratório de TV Digital da Universidade Mackenzie indicavam que em 2006, mais de 56% dos domicílios da cidade de São Paulo recebiam um sinal de TV com qualidade sofrível, com ruídos, interferências ou fantasmas. O trabalho do Mackenzie, que foi responsável pelo projeto de modulação do SBTVD, num consórcio que envolveu, ainda a USP, PUC-RJ, UFPB, Samsung, NEC, STB e a TVA, teve como ideal proporcionar a cobertura a toda a área de concessão das emissoras sem que nenhum tipo de interferência prejudicasse a recepção. Nos trabalhos da universidade, procurou-
Um dos nomes fortes na definição da TV digital foi o ministro das Comunicações Hélio Costa. Ao contrário de seus antecessores, ele conseguiu fazer com que o processo fosse acelerado, tirando do caminho muitos empecilhos burocráticos. Em seu mandato como ministro, Costa procurou valorizar o trabalho das universidades brasileiras, estimulando a criação de 22 consórcios responsáveis por vários estágios do processo de implantação da televisão digital terrestre. Ao todo foram 92 universidades públicas e privadas envolvidas. Entre os seus desafios estavam os royalties cobrados pela adoção das novas tecnologias. A meta era reduzi-los ao máximo. Graças a um acordo com o Japão, foi conquistada a isenção de pagamento para tecnologias desenvolvidas pelo país, o que não livrou o Brasil de longas discussões em relação ao Java na interatividade e à codificação de áudio. Ao ministro ainda coube a árdua tarefa de estimular a indústria de eletro-eletrônicos a iniciar a fabricação de receptores digitais.
Brasil inicia transmissões digitais no padrão ISDB-T
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Especial - TV Digital
6 MHz HD HD SD
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Estas são algumas das possibilidades de configuração de canais em uma mesma faixa de espectro com 6 MHz. No primeiro caso, encontramos emissoras como a TV Globo, SBT, Record e Band. Já a segunda opção foi escolhida pela TV Cultura, que também transmite os canais Multicultura e Univesp. A terceira opção foi adotada na Grande São Paulo pelos canais TV Câmara, Assembleia SP, TV Senado e TV Câmara de São Paulo. Existem duas outras configurações no ar, uma da TV Justiça com dois canais, e outra da EBC, em HD, e mais três canais SD: NBR, TV Escola e Canal Saúde
desenvolver um sistema de transmissão para o padrão americano foi recebido com grande entusiasmo por este grupo, que na época era constituído por alguns professores com uma fome insaciável de conhecimento e alguns alunos de mestrado que tinham vontade de desvendar esse novo mundo. Esse grupo já possuía um enorme potencial para atingir grandes conquistas, mas um ingrediente fundamental era necessário para que essa história de sucesso pudesse ser contada: a participação de uma empresa comprometida com o desenvolvimento tecnológico nacional. E esse espaço foi muito bem preenchido pela Linear Equipamentos Eletrônicos, hoje Hitachi Kokusai Linear, que sempre apoiou e incentivou o desenvolvimento e capacitação dos membros de ambas as equipes. No início, os desafios eram enormes. Não havia profissionais neste grupo que dominassem a ferramenta de desenvolvimento, conhecida como FPGA. Ninguém sabia ao certo qual seria o futuro da televisão digital no Brasil, já que as discussões sobre a implantação estavam apenas engatinhando. Mas isso não causou desânimo na equipe e nem re-
ceio em investir por parte da Linear. Todos viram estes fatos como uma grande chance de a cidade de Santa Rita do Sapucaí (MG) fazer diferença, o que de fato aconteceu. Em 2005, depois de muito trabalho, a parceria INATEL/Linear apresentou o primeiro transmissor de TV digital desenvolvido com tecnologia 100% nacional. Este feito já poderia ser considerado um imenso sucesso, mas para essa parceria isso foi apenas o começo. Em 2005, o Governo Federal decidiu investir no desenvolvimento de uma solução brasileira para sistema de televisão digital. O desafio era descomunal: conceber e implementar um sistema de transmissão e recepção de TV digital que apresentasse inovações significativas em um prazo de 10 meses. Esse desafio era muito maior do que aquele apresentado pelo transmissor ATSC. No entanto, agora a equipe não era formada por entusiastas. Os professores adquiriram um senso prático imenso, enquanto que os alunos de mestrado eram agora engenheiros competentes e familiarizados com as técnicas de implementação em FPGA e a Linear já produzia o transmissor ATSC
Sistema
Resolução
Linhas Ativas
PAL-M
525 linhas
320 linhas
PAL
625 linhas
330 linhas
SECAM
625 linhas
330 linhas
NTSC
625 linhas
330 linhas
SDTV
480 linhas
480 linhas
EDTV
720 linhas
720 linhas
HDTV
1080 linhas
1080 linhas
Claro, TIM, Algar e Vivo arrematam quatro lotes do leilão do 4G, que ocupará a faixa de 700 MHz
2014
O ministro das Comunicações era Paulo Bernardo
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Comparação entre o número de linhas dos principais sistemas analógicos e os formatos de televisão digital
É criado o Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV (GIRED), formado por representantes das quatro operadoras vencedoras do leilão dos 700 MHz e responsável pelo processo de desligamento da TV analógica
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Especial - TV Digital
2016
para ser vendido para os EUA, Canadá e México. Mas isso ainda não era o suficiente. Para cumprir este desafio a parceria INATEL/Linear precisava de ajuda. E essa ajuda foi encontrada em um dos maiores centros de ensino e pesquisa da América Latina: a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. O INATEL e a UNICAMP já possui há alguns anos um excelente relacionamento. Diversos docentes do INATEL obtiveram o título de Mestre e/ou Doutor na UNICAMP. Com a ajuda dos pesquisadores da UNICAMP, e também da Universidade Federal de Santa Catarina e do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, o consórcio concebeu e implementou protótipos de transmissor e receptor de um novo sistema de modulação, denominado de Modulação Inovadora do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (MI-SBTVD). Esse novo sistema apresentava um desempenho muito superior aos demais sistemas de modulação empregados nos padrões de Televisão Digital existentes, permitindo reduzir a potência de transmissão em até 70 vezes, mantendo a mesma qualidade de imagem na casa do telespectador. Por motivos de produção em escala, o Governo Federal decidiu empregar o sistema de modulação utilizado no Japão, mas os resultados obtidos por este consórcio mostraram que a competência dos pesquisadores, aliado ao traba-
lho coordenado de várias instituições de pesquisa e integrado com a indústria, podem apresentar resultados surpreendentes em prazos mínimos de execução. A experiência com o MI-SBTVD resultou em um maior amadurecimento do relacionamento entre o INATEL e a Linear. Agora a equipe estava preparada para o terceiro desafio: desenvolver um sistema de transmissão para ser empregado no Brasil. Em junho de 2006 foi anunciado que o Brasil iria adotar a camada física do sistema japonês de TV Digital. Dos três padrões comercialmente disponíveis, o padrão japonês era o mais complexo e flexível, o que significa que construir um transmissor para este padrão não seria uma tarefa simples. No entanto, o INATEL já possuía um laboratório com equipamentos de primeira linha voltados para o desenvolvimento de sistemas de TV Digital. A equipe estava no auge da integração e contava com os maiores engenheiros especialistas em TV Digital do mercado nacional. Assim, o desenvolvimento do transmissor para o padrão brasileiro de TV Digital foi encarado com naturalidade. Mas desafios ainda estavam a frente. A principal dificuldade no desenvolvimento deste transmissor foi a falta de informação. A norma que descrevia as funcionalidades do sistema japonês era ambígua em vários pontos e as solicitações por esclarecimentos nem sempre eram respondidas pelo órgão japonês responsável pela normatização da TV Digital naquele país. Isso exigiu que a norma fosse profundamente analisada, para descobrir qual das possíveis soluções seria a mais acertada para a TV Digital. Apesar destas dificuldades, a parceria conseguiu chegar a um protótipo 100% funcional em dezembro de 2006. Em julho de 2007 a Rede Bandeirantes de Televisão transmitiu os jogos Panamericanos 2007 em alta definição na cidade de São Paulo utilizando o primeiro transmissor de TV digital desenvolvido por brasileiros para brasileiros. Isso mostrou para o mercado televisivo nacional que a parceria entre a academia e a indústria brasileira seria capaz de desenvolver um equipamento de transmissão de TV Digital para concorrer com qualquer equipamento importado. Ao contrário do que se poderia imaginar, após a implantação da Televisão Digital Terrestre no Brasil, existiram poucos os dias de glória para as fábricas de transmissores, nacionais ou estrangeiras. Depois de São Paulo, Rio de Janeiros e outras grandes capitais aderirem à nova tecnologia, algumas fábricas faliram, caso da RF/Telavo, ou desativaram a operação no Brasil, como a Harris (hoje Gates Air). Já a Linear foi adquirida pela japonesa Hitachi Kokusai em 2011 e segue disputando o mercado, assim como as internacionais Rohde & Schwarz e Screen Service. Parte desta desaceleração foi motivada por crises dentro e fora do país, além problemas de gestão empresarial, mas não se pode esquecer o esquecimento do setor por parte do governo. Durante o processo decisório, anterior a 2007, havia uma expectativa tremenda de apoio estatal para compra de transmissores e antenas, através de financiamentos do BNDES e do Funtel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações). Mas os discursos nunca se concretizaram, prejudicando projetos de expansão de emissoras e complicando a vida dos fabricantes. Na outra ponta, se hoje há dinheiro para a distribuição de conversores às camadas de baixa renda, é porque esta obrigação foi incluída no leilão da faixa de 700 MHz para as empresas de telecomunicações. PA
O DECRETO No - 8.753 estabelece novo cronograma de migração e define que o encerramento da transmissão analógica no Brasil deve acontecer até 31 de dezembro de 2018. A PORTARIA Nº 378/2016/SEI-MC detalha a como a população será comunicada do desligamento e como será a distribuição de kits para recepção da TV digital
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Rio Verde (GO) é a primeira cidade a ter o sinal analógico desligado
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Conceitos técnicos O Ruído Branco e o Multipercurso foram discutidos à exaustão no processo de decisão sobre a Televisão Digital Terrestre. Entenda estes conceitos.
Indústria brasileira: Antena da Ideal Antenas e transmissor da Linear desenvolvidos para a chegada da TV digital no Brasil
Em um sistema de transmissão sem fio, o canal de transmissão introduz diversas interferências e ruídos no sinal desejado, limitando a capacidade do sistema. Para o sucesso de um padrão, é fundamental que o mesmo apresente contramedidas adequadas para que a transmissão seja viável. Os dois principais fatores que degradam a qualidade de um sistema de transmissão sem fio são o Ruído Branco e o Multipercurso. Ruído Branco O ruído branco aditivo com distribuição gaussiana (AWGN Aditive White Gaussian Noise) está presente em todo o espectro de frequências e não pode ser evitado. Na transmissão analógica, o ruído branco provoca queda na qualidade do sinal recebido, causando o aparecimento de “chuviscos” na imagem. Essa queda na qualidade da imagem ocorre gradualmente, ou seja, na medida em que a relação entre a potência do sinal e a potência do ruído presente na banda de interesse diminui, ocorre uma diminuição na qualidade da imagem. Nos sistemas de televisão digital, a informação transmitida no canal está na forma digital. A queda na relação entre a potência do sinal e a potência do ruído causa um aumento da probabilidade de erro de bit. Todos os padrões apresentados utilizam códigos corretores de erro, que são capazes de corrigir os erros introduzidos pelo canal, até certo limiar. Se a taxa de erro estiver abaixo deste limiar, o código corretor é capaz de corrigir todos os erros introduzidos pelo canal e não há percepção na queda da qualidade da imagem. Mas se a relação sinal-ruído for baixa a ponto da taxa de erro ultrapassar a capacidade de correção do código, então decodificador passa a introduzir erros ao invés de corrigir, de modo que a recepção se torna inviável e não há reprodução da imagem. Desta forma, na televisão digital, ou tem-se uma imagem de excelente qualidade ou não se tem imagem alguma. Isto pode causar problemas de cobertura em áreas de sombra ou que estão localizadas muito longe do transmissor, caso o sistema não esteja bem dimensionado.
Multipercurso Nas transmissões de radiodifusão, é comum que várias versões do sinal transmitido cheguem à antena de recepção de um dado usuário através de diferentes percursos. Cada um destes percursos apresenta atenuação e atraso diferentes dos demais percursos, o que faz com que o sinal recebido seja formado pela sobreposição das versões de vários símbolos provenientes dos diferentes caminhos. Na TV analógica, os canais com multipercursos criam a sobreposição da imagem, causando os chamados “fantasmas”, o que prejudica a qualidade de recepção. Já na TV digital, os canais com multipercursos introduzem a Interferência Intersimbólica (IIS), que é a sobreposição entre os bits transmitidos devido à dispersão temporal do canal. A IIS causa aumento na taxa de erro de bits, diminuindo o desempenho do sistema. Se nenhuma contramedida é tomada, a ISI pode inviabilizar a recepção do sinal digital. O padrão ATSC utiliza equalizadores no domínio do tempo para eliminar a IIS do sinal recebido. Para que o sistema funcione de maneira adequada é necessário que os equalizadores apresentem um alto desempenho. Caso o número de percursos existentes seja maior do que a capacidade de atuação do equalizador, a taxa de erro se torna elevada a ponto de colocar o sistema fora de operação. No caso da multiplexação COFDM, utilizada nos padrões DVB-T e ISDB-T, há um tempo de guarda entre os símbolos COFDM, o que torna o sistema robusto a IIS. Se o espalhamento temporal dos percursos existentes for menor do que o tempo de guarda, não IIS entre os símbolos COFDM. Assim, a multiplexação COFDM não requer equalizadores complexos para que se tenha sucesso na recepção em canais com multipercursos. Os equalizadores utilizados no sistema COFDM atuam no domínio da freqüência que utilizam portadoras de referência para minimizar as distorções introduzidas pelo canal.
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Especial - TV Digital
Entrevista: Gunnar Bedicks Por Fernando Gaio e Renan Araújo
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uando se fala no desenvolvimento de TV Digital no Brasil não há como não pensar em Gunnar Bedicks. Formado em Engenharia de Telecomunicações pelo INATEL e Ph.D. em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo Bedicks agiu como principal embaixador do sistema brasileiro de TV digital tendo visitado 32 países nos últimos dois anos e recebido a ordem máxima da diplomacia brasileira, a Medalha da Ordem de Rio Branco. Além de ser Cientista Chefe no centro de pesquisa da TV Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Bedicks é professor de graduação e pós graduação nos cursos de Comunicação Digital na mesma instituição. Atuou como um dos principais engenheiros nos testes que o governo brasileiro encomendou para a adoção do novo padrão de radiodifusão em 2004. Com a criação da EAD (Empresa de Administração da Digitalização) e sua atuação via alcunha “Seja Digital”, Gunar Bedicks assumiu as funções de CTO da companhia, responsável direto pelos aspectos técnicos no que diz respeito ao processo de desligamento e distribuição de kits de conversão para famílias beneficiadas por programas sociais. Para entender esta perspectiva única sobre o processo, a Panorama Audiovisual conversou com o pesquisador sobre o tema. Panorama Audiovisual: Quando começou o estudo sobre a TV digital no Brasil e quais as premissas que deveria atender e o que justificava
na época a implantação de um novo padrão de transmissão? Gunnar Bedicks: O caminho para a TV Digital começou em 1997 com o comparativo entre os sistemas disponíveis. No final de 1999, foi apresentado ao Ministério das Comunicações um relatório pelo Mackenzie e CPTB em que se falava sobre a robustez do sinal e sobre qual dos sistemas seria mais adequado às condições brasileiras. Após essa data houve algumas reuniões até que, em 2001, foi exibido o relatório final pela Anatel. Em 2004, o ministro Hélio Costa criou o sistema brasileiro de TV Digital e com isso várias instituições participaram oferecendo propostas para esse sistema, entre consórcios e 83 instituições de pesquisa e desenvolvimento. Em 2006 através do decreto tomou-se a decisão de escolher pelo padrão do ISDBT, o sistema japonês. Foram tantas inovações com o H.264, as codificações, a interatividade definida pelo Ginga e outras questões – essas questões não foram iguais às do sistema japonês. O que caracteriza é a camada física e o sistema ficou conhecido como ISDBT-b. Escolhemos esse sistema por conta de algumas características, o que chamamos de robustez.. No decreto 57/20 há pontos pelos quais o sistema foi adotado. O primeiro foi a flexibilidade – poder transmitir em alta e baixa definição. O segundo é a mobilidade e portabilidade, ou seja, a possibilidade de receber a TV digital em dispositivos móveis. O terceiro é a imagem e som de melhor qualidade em comparação com o analógico. E por fim
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a possibilidade de agregar a interatividade. Esses foram os pontos que levaram à tomada de decisão do ISDBT. Junto com esse decreto foi criado o Fórum Brasileiro de TV Digital. PAV: Sobre o trabalho do Brasil com o Japão como foi construída a relação de pesquisa e desenvolvimento entre os dois países, como eles colaboraram para a melhoria do sistema para ser usado aqui e como nós contribuímos para o que eles iriam adotar anos depois? Bedicks: Desde 1997, conversávamos com os representantes de todos os sistemas, o ATSC, o ISDB-T e o DVB-T. O ATSC era um sistema proprietário, desenvolvido pela empresa Genesis, que tinha todos os direitos sobre o desenvolvimento. A negociação era feita de forma compacta e deveríamos adotar o sistema da forma como ele estava, sem modificações. Por isso achamos que não era o mais adequado levando-se em conta esta robustez que já eu falei. Havia na época certa dificuldade para que nós pudéssemos fazer alguma alteração. O DVB-T era um consórcio com membros que representavam empresas e instituições e apresentavam um sistema de forma fechada. Em 2002, conversamos com eles e propomos a alteração do sistema especialmente para a inclusão do entrelaçamento (interleaving), mas eles se recusaram a incluir uma inovação que era uma questão importante. Apenas em 2010, eles incluíram o interleaving nesse sistema. O sistema japonês se mostrou aberto a compartilhar conosco as informações sobre como o sistema foi construído e a troca entre as universidades e centros de pesquisa foi bastante intensa. Foi um grande aprendizado em conjunto com o Japão, o Brasil foi o segundo a usar o sistema e depois conseguiu desenvolver essa tecnologia
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O ATSC era um sistema proprietário, desenvolvido pela empresa Genesis, que tinha todos os direitos sobre o desenvolvimento. A negociação era feita de forma compacta e deveríamos adotar o sistema da forma como ele estava, sem modificações
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e eles aceitaram as inovações brasileiras, viram que o sistema poderia avançar para um nível de escolha, incluindo o H.264 e a interatividade. Isso criou entre nós uma comunidade forte e levamos isso para outros países. O Brasil foi o grande divulgador desse sistema que já foi adotado por 17 países. Hoje os usuários de ISDB representam uma população de quase três vezes maior que os de ATSC. Para o Brasil isso foi uma conquista muito grande, nós levamos essa tecnologia e essa inovação a outros países, chegamos até a África em 2014. Foi um modelo de cooperação tecnológico de bastante sucesso e continua sendo no avanço do desenvolvimento de inovações tecnológicas para o ISDB-T.
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Especial - TV Digital
PAV: Entre as vantagens do sistema está a transmissão segmentada e a multiprogramação. São duas coisas possíveis, mas pouco aproveitadas. Por quê essas duas vantagens foram tão pouco exploradas? Bedicks: Nem sempre os desenvolvimentos tecnológicos que foram apresentados em determinado momento se refletem no mercado imediatamente. Colhemos frutos hoje de decisões tomadas há 10 ou 15 anos. As decisão de ter escolhido o ISDB-T naquela época está mostrando hoje que o problema com interleaving foi coberto. A cobertura que temos e a qualidade de recepção é tão grande que nós não teríamos isso nos outros dois sistemas. Isso nós não conseguíamos explicar nos primeiros anos de adoção do sistema, mas hoje, com a quantidade de canais, a gente vê esse reflexo. Algumas tecnologias são pensadas para o futuro. Muitas pessoas tem uma visão de implementar uma tecnologia que possibilita o uso no futuro ou que não era prevista naquele momento, como essa possibilidade de dividir a TV em três segmentos porque posso considerá-los de forma independente. A flexibilidade é o radiodifusor, em um espectro de 6Mhz, transmitir um canal em alta definição, dois canais de alta definição, 4 ou 8 canais de baixa definição ou três canais IP. Tecnicamente há a possibilidade. Do ponto de vista de negócios é uma questão de cada radiodifusor. Hoje a tecnologia permite colocar dois canais em alta definição na faixa de 6 Mhz, mas depende de cada decisão. Nós vemos que o mercado é movido a conteúdo e a parte mais cara é o conteúdo. Alimentar oito canais diferentes é muito difícil. Pode custar muito. Se o radiodifusor decide transmitir um canal único em alta definição essa é uma decisão dele. Claro que agora temos uma regra que impede a multiprogramação, apenas as emissoras públicas podem fazer isso. É uma regra que pode mudar a qualquer momento. A tecnologia permite isso. A portabilidade é uma outra funcionalidade vinculada a uma questão de robustez da transmissão. Receber o sinal do dispositivo móvel é possível. Se olharmos nas principais cidades, a maioria dos aparelhos GPS possui TV Digital com boa resolução. Com a robustez que ele tem é possível que os dispositivos em movimento possam transmitir a TV digital, o que não é possível em outros sistemas. E estamos vendo isso acontecer em muitos locais. PAV: Outra funcionalidade é o uso mais eficiente do espectro. Quais são os aspectos práticos e ganhos que a TV Digital trouxe com o uso eficiente do espectro? Bedicks: É importante pontuar que a transmissão analógica não per-
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Quando nós reservamos em função da própria UIP e o Brasil sendo signatário da própria IMP que é a IMP 2000 de ter o serviço móvel nas bandas UHF foi definido da faixa de 800 MHz na Europa e depois em 700 MHz. Essa decisão de hoje foi tomada em 2000 e agora é o reflexo. Para usar a faixa de 700 MHz temos que tirar as transmissões analógicas e digitais existentes
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Apesar de algumas questões pontuais, estamos cumprindo a data dos dois decretos essenciais. Ou seja, nosso objetivo é chegar no final de 2018 com o analógico desligado. Em alguns municípios não será necessário a adaptação para a faixa dos 700 MHz, mas a priori em todo lugar onde há necessidade de desligamento, cumprir a data de 2018 não é uma coisa impossível de acontecer
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mite a convivência de canais adjacentes, ou seja, um canal analógico não pode ter nenhum outro em cima ou em baixo, então sempre tem que ter um canal inteiro com bandas iguais. Em São Paulo, por exemplo, no analógico há o canal 7 e não tem o 8, tem o 9 e não tem o 10, tem o 11 e não tem o 12. Quantos anos nós convivemos na cidade de SP sem usar os canais 8, 10 e 12? Esse espectro foi interditado ao longo desse tempo porque não poderia ser utilizado. A tecnologia digital propiciou o uso dos canais adjacentes e com isso é possível ter mais canais na mesma faixa ou ter um canal com faixa menor e reservar parte da faixa atual para outras aplicações. Quando nós reservamos em função da própria UIP e o Brasil sendo signatário da própria IMP que é a IMP 2000 de ter o serviço móvel nas bandas UHF foi definido da faixa de 800 MHz na Europa e depois em 700 MHz. Essa decisão de hoje foi tomada em 2000 e agora é o reflexo. Para usar a faixa de 700 MHz temos que tirar as transmissões analógicas e digitais existentes. É possível retirar esses canais e remanejar para faixas de canais que anteriormente eram analógicos e ainda assim sobrar uma faixa de espectro para novos radiodifusores. Nós teremos uma redução da faixa de TV e aumento do numero de canais e, com isso, teremos um ganho para um uso mais eficiente do espectro. A outra questão é que com uma banda de 6MHz é possível oferecer mais possibilidades e conteúdos trazendo uma eficiência maior. Temos um ganho com a digitalização tanto com o aumento da faixa quanto com o aumento da diversidade do conteúdo. PAV: Os canais da faixa do 2 a 6 que deixarão de ser usados para a televisão poderão ser usados para outro serviço? Bedicks: Os canais que deixam de fazer parte do espectro digital são os canais de 2 a 6. Os de 7 a 13 do VHF continuam existindo na TV Digital. O 5 e 6 serão utilizados para a expansão da Rádio FM para o uso da faixa estendida que vai de 76 MHz a 88 MHz. As rádios AM estão se digitalizando e indo para o FM, podem migrar sua outorga para a faixa de 88 MHz a 108 MHz e se não houver canais podem ir para a faixa estendida de 76 MHz a 88 MHz. PAV: Passando para o calendário da TV Digital, houve atrasos seguidos. Quais são as causas principais para que esses prazos terem sido adiados? Bedicks: O decreto 57/20 diz que o desligamento do sinal deveria
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acontecer dez anos após sua promulgação. A data seria 16 de junho de 2016. Se olharmos o que aconteceu não estamos distantes daquela data. O desligamento de Rio Verde aconteceu dentro desse prazo. Conseguimos iniciar isso nessa data. Houve um outro decreto que criou um cronograma de desligamento, o 87/63. que determinou que começaria em 2016 e iria até 2018. O que podemos ver é que isso também não foi alterado. Apesar de algumas questões pontuais, estamos cumprindo a data dos dois decretos essenciais. Ou seja, nosso objetivo é chegar no final de 2018 com o analógico desligado. Em alguns municípios não será necessário a adaptação para a faixa dos 700 MHz, mas a priori em todo lugar onde há necessidade de desligamento, cumprir a data de 2018 não é uma coisa impossível de acontecer. Estamos caminhando para isso. Já aconteceu em Rio Verde e em Brasília. Ter alguns atrasos pontuais é muito pouco quando a gente considera o cumprimento do decreto como um todo. PAV: Quais são as regiões do país mais atrasadas que são prioritárias para o remanejamento do LTE? Bedicks: Não temos defasagem nenhuma. Teremos Goiânia em maio, em julho teremos Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Salvador e depois em 2017 Vitória e Rio de Janeiro. Estamos antecipando a instalação do LTE em muitas cidades. Isso tem avançado e a gente tem conseguido, mas esse é um trabalho em conjunto. Hoje temos mais de 1800 cidades do Brasil com a faixa de 700 MHz liberada para a instalação do LTE e estamos nos esforçando para avançar bastante com isso. Agora em março de 2017 temos mais de 2000 cidades prontas, basta apenas que as operadoras instalem o LTE. A responsabilidade da Seja Digital (EAD) é liberar a faixa de 700 MHz em todos os municípios do país. Serão 5570 municípios liberados para a instalação da LTE e, ao final de 2018, teremos todos com a faixa de 700 MHz liberada. Algumas cidades essa faixa é preciso apenas remanejar os canais sem o desligamento do sinal analógico. Em algumas pequenas não há nenhum canal nessa faixa, mas não basta isso. É preciso olhar o todo. Há todo um estudo que precisa ser feito para que a Anatel libere a cidade para a instalação do LTE. São duas questões importantes: a não interferência e o remanejamento dos canais. PAV: Em Brasília existe um operador de rede em um único local, as torres estão todas em um único local e em São Paulo e na maior parte do país não acontece isso. Isso influencia de alguma maneira? Bedicks: Em Brasília há a torre central que continua funcionando, a torre do Colorado, que tem alguns canais públicos e nessa região e no entorno algumas cidades tem suas torres. Apesar de ser aquela torre única de TV Digital para onde muitos radiodifusores foram, ainda assim há muitas outras. Essa é uma característica do Brasil e a gente teve que aprender a conviver com isso. Em alguns casos isso facilita em outros isso pode ser um pouco mais difícil. A Torre da Sumaré, que é a da TV Cultura, é o maior desafio do projeto, é a de maior porte, e o nosso desafio é o tempo levado para fazer o remanejamento do canal para que o radiodifusor não fique fora do ar. PAV: Sobre esse mínimo tempo que as pessoas deixam de receber os canais existem as chamadas zonas de sombra, principalmente em SP que é uma grande região. Vocês tem algum trabalho nesse sentido para cobrir essas áreas? Bedicks: Uma portaria do MCTIC diz que o radiodifusor, em qualquer lugar dentro da área de serviço, precisa ter o nível mí-
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Especial - TV Digital
nimo para que o sinal seja recebido. Onde esse nível não chega, essa portaria permite o uso de um reforço de sinal com um Gap Filler para melhorar a qualidade da cobertura na área de serviço. Os radiodifusores tem condições de instalar em regiões de sombra identificadas os GapFiller para ajudar a reforçar esse sinal. Quando a Seja Digital faz o remanejamento de um canal e tem os transportadores de sinais instalados também é nossa função substituir esses equipamentos, ou seja, a nossa responsabilidade é substituir aquilo que o radiodifusor já investiu na faixa de 700 MHz. PAV: Na época da escolha o HD era novidade e não se falava em 4K e 8K que hoje já são realidades ou estão começando, por exemplo, no Japão e na Coreia. Existe alguma forma de atualizar o padrão brasileiro sem que seja necessário atualizar todos os equipamentos? Há algum tipo de migração que não seja muito cara para comportar as novas resoluções de imagens? Bedicks: Em 1997 quando começamos os testes da TV digital nós precisávamos de 18 mb/s em mpeg-2 para ter alta definição. Naquela época, as telas de TV tinham uma distância entre pixels muito maior do que a gente tem hoje. Com a tecnologia de fabricação dos displays de led e plasma era preciso ficar a uma distancia muito grande das grandes TVs para perceber a alta definição. O gargalo estava relacionada a distância que você ficava da TV. Com as tecnologias de fabricação de TV, a gente pode dizer que esses novos aparelhos teriam uma resolução maior. O simples fato de ter mais pixels permite uma melhor qualidade de imagem. Uma TV 4K recebe conteúdo HD e parece que tem melhor qualidade mas o conteúdo é o mesmo. A tecnologia de codificação também avançou. Hoje aqueles 18 mb/s que era necessário em 1997 equivalem a 8 mb/s hoje usando H.264, o que permite colocar dois canais HD em um espaço de 6 Mhz, ou seja, eu não teria dificuldade em colocar um canal HD em 6 MHz. Do ponto de vista da robustez da transmissão, não faz diferença nenhuma ter o ISDB-T, precisamos ter codificador para transmitir o conteúdo 4K em uma TV que possa receber o 4K. Para isso acontecer a TV 2K não pode receber o conteúdo 4K. Existe uma proposta de ter uma camada de enriquecimento para você ter o 4K, mas são propostas que estão avançando. Em relação às TVs 8K a gente está vendo isso ser utilizado em ambientes corporativos e outros do que residenciais. Mas não tenha dúvidas de que a tecnologia de transmissão e modulação avança. Isso passa por uma evolução de transmissão. Mudar de 2K para 4K do ponto de vista do sistema não vejo dificuldades. Em uma discussão que houve no Fórum já foi discutida a possibilidade de reservar uma faixa desses canais analógicos para os canais 4K. No momento em que
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Agora em março de 2017 temos mais de 2000 cidades prontas para o LTE, basta apenas que as operadoras instalem o LTE. A responsabilidade da Seja Digital (EAD) é liberar a faixa de 700 MHz em todos os municípios do país. Serão 5570 municípios liberados para a instalação da LTE e, ao final de 2018, teremos todos com a faixa de 700 MHz liberada
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Existem algumas possibilidades como de usar camadas de enriquecimento com um HD de 8 mb/s e quem tiver uma TV 4K poderia receber esse conteúdo em 4K. Existem trabalhos no Mackenzie que já foram publicados mostrando a possibilidade de usar a tecnologia de enriquecimento do ATSC no ISDB-T
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forem desligados poderia haver a opção de solicitar os canais para a transmissão 4K. Talvez isso possa ocorrer mas foi apenas uma recomendação do Fórum. Teríamos no ar canais 2K e 4K, isso não deixa de ser possível. PAV: Dentro dessa divisão da faixa de 6 MHz, você poderia dividir a banda para comportar um canal em HD e outro em 4K? Bedicks: É possível, tem um estudos que propõe uma camada hierárquica de transmissão para o ATSC 3.0. Existem algumas possibilidades como de usar camadas de enriquecimento com um HD de 8 mb/s e quem tiver uma TV 4K poderia receber esse conteúdo em 4K. Existem trabalhos no Mackenzie que já foram publicados mostrando a possibilidade de usar a tecnologia de enriquecimento do ATSC no ISDB-T. Isso passa por uma questão de modelo de negócios. O que é mais interessante? Ter um novo canal dedicado ao 4K ou ter todos os canais com essa possibilidade? É claro que tem um risco, o limite é a capacidade da visão humana de enxergar aquela quantidade de pixels a uma determinada distância. Então não adianta nós avançarmos em uma tecnologia muito alta no sentido de que a visão humana não terá condições de ver isso a uma distância pequena. A 2 ou 3 metros existem limites físicos e biológicos por conta da visão que não vai permitir enxergarmos algo maior do que nossos olho suporta. É algo biológico. É claro que em um ambiente de cinema, de uma cirurgia ou de exploração de águas profundas em que é preciso aumentar muito aquela imagem isso faz todo sentido. Mas talvez isso não aconteça nas residências. PAV: Não podemos dizer que o padrão brasileiro está ultrapassado mas que está passível de atualizações. Levando em conta a evolução do ATSC 3.0, já existe a ideia de algum ISDB-T 2.0 ou algo que inclua transmissão por IP? O que existe nesse sentido? Bedicks: O ATSC 3.0 é uma proposta interessante em relação ao conteúdo em alta e ultra definição, mas temos o primeiro ponto importante: as cidades se transformam em megalópoles e crescem cada vez mais. Um professor sueco do MIT dizia que as cidades ficam cada vez maiores assim como os problemas surgem e precisam ser resolvidos, ou seja, não adianta aumentar a recepção de uma antena a dez metros em uma casa, porque essa solução não existe no Centro de São Paulo. A necessidade de melhorar a capacidade de transmissão está nos grandes centros. Esse é o nosso grande desafio, como será possível levar esses conteúdos pra essas residências. Não adianta um padrão de 8K ou 16K se a camada física não permite que isso chegue à TV do espectador. Ou seja, há uma limitação da transmissão pelo ar, que sofre com problemas e interferências que
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Especial - TV Digital
precisam ser combatidas e resolvidas com técnicas de transmissão e modulação e essas técnicas são bastante eficientes quando aumentam a quantidade bits ou hertz. Nós vemos que o ISDB-T tem uma robustez muito grande então aumentar a taxa de bits de um canal e diminuir a robustez não é a recomendação porque muitas pessoas podem não receber a tecnologia de transmissão. E o ISDB-T está preparado para esse desafio, nós devemos avançar para um 2 com certeza talvez dentro de uma tecnologia voltada para o que nós temos no Brasil. Não existe um prazo, uma decisão sobre isso. O nosso sistema em termos de robustez e cobertura está melhor que o DVB-T 2, que é um dos melhores do mundo. É claro que tem a questão do conteúdo, são discussões, mas não há nenhuma decisão em relação a isso. E acho prematuro qualquer estabelecimento de cronograma já que estamos na fase de digitalização agora. PAV: Quando a instalação do LTE começar nos próximos meses a robustez da TV Digital vai sobreviver? Ela está sujeita a interferências? Como vocês lidam com essa situação? Bedicks: As operadoras já implantaram o 4G em alguns municípios desde o desligamento em Rio Verde. Nós já temos cinco cidades com o LTE em 700MHz em operação, a maior delas é Uberlândia. Já temos 55 estações rádio-base em operação e até hoje temos um trabalho que trata da questão da interferência. Aquelas pessoas são comunicadas da operação da LTE e, caso sofram com algum tipo de interferência, elas podem ligar para a TV Perfeita que nós enviamos um técnico para verificar. Caso haja algum problemas, instalamos um filtro para mitigar isso. E durante essa implantação, nós recebemos aproximadamente 3 mil ligações telefônicas sobre possíveis interferências. Uma grande quantidade tratava de outros assuntos e de, aproximadamente 1500 ligações que estavam relacionadas a interferências, em 800 destes locais os técnicos fizeram visitas e não foram encontradas nenhuma interferência. Estava relacionada muito mais à instalação de um conector mal colocado ou de uma antena mal instalada e a uma série de outros problemas do que com interferências. A EAD tem a responsabilidade por esse trabalho e até o momento não encontramos nenhuma interferência. Vamos tratar agora da operação em Brasília que deve ter o LTE em Brasília até o final de abril e vamos verificar como será. PAV: Se precisar instalar os filtros, os custos dos equipamentos e para a instalação ficam por conta da EAD? Bedicks: Antes da instalação nós fornecemos kits para todos os condomínios residenciais com antenas coletivas. Depois da ativação, distribuímos SMSs, fazemos publicações em mídias falando sobre
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O nosso sistema em termos de robustez e cobertura está melhor que o DVB-T 2, que é um dos melhores do mundo. É claro que tem a questão do conteúdo, são discussões, mas não há nenhuma decisão em relação a isso. E acho prematuro qualquer estabelecimento de cronograma já que estamos na fase de digitalização agora
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o LTE e atendemos a população toda sobre isso. Caso haja alguma possível interferência nós enviamos um técnico para a residência para verificar e se houver a gente instala um filtro que é de responsabilidade e é pago pela EAD. PAV: Aqui em SP existe a questão dos canais virtuais da TV Digital. A gente tem a Rede Brasil transmitindo em 1.1 e 10.1 e outras mudaram como a TV Aparecida e a TV Cultura o canal no qual elas transmitem o virtual não é o mesmo de origem. O canal 2 da Cultura não é o 2 mais, foi ocupada por outra. Existiu o caso de uma emissora que estava usando duas posições no line-up. Como é essa administração dos canais virtuais? Bedicks: O caso está nas mãos no Sistema Brasileiro de TV Digital e o que é determinado pela própria portaria. A portaria diz que o radiodifusor deve obedecer às normas do Sistema Brasileiro de TV Digital, que diz que, se o radiodifusor opera uma tecnologia analógica, quando ele passar para o digital ele deve utilizar seu canal analógico acrescido do .1. Quem não estiver atendendo isso, não atenderá à norma. Isso criou alguma confusão aqui em São Paulo, porque alguns radiodifusores começaram a tomar alguns canais virtuais que não lhes pertenciam, apenas para ficar mais baixo no espectro, no controle ou próximo a alguma emissora. No dia 16 de março, o MCTIC publicou a portaria 1289 dando o prazo de 10 dias para que todos os radiodifusores de SP que não estejam cumprindo a norma, que se adequem às normas estabelecidas. Se algum canal virtual que não é o que o canal deve utilizar, isso deve ser alterado até o dia 26 de março. Se não fizerem isso, estarão irregulares em relação à portaria do ministério e o canal pode ser tirado do ar. Não cabe à EAD essa fiscalização. Isso foi criado para a resolução dessa questão que se tornou pública. Tem que ocorrer o desligamento antes do desligamento do sinal. PAV: Qual é a previsão de inicio do uso de LTE em SP? Bedicks: Existe um prazo determinado pelo edital que diz que o LTE tem que entrar em funcionamento em toda a Grande SP após o desligamento de todo o sinal analógico no Estado de São Paulo. Isso é o que consta no edital. Para isso ocorrer, é preciso desligar todo o sinal analógico no Estado, o que só deve ocorrer em 2018. Porém pode ser que haja uma viabilidade técnica que é não interferir nos canais na faixa de 700 MHz na existentes nas proximidades de onde a LTE entrar em operação. Vamos terminar o remanejamento de SP em janeiro de 2018. Então tem a fase da mitigação. Não dá para entrar em operação perto dessa data, porque tem os canais de Campinas, Ribeirão Preto, Vale do Paraíba, Santos o que interferiria. Só poderíamos entrar depois de desligar o sinal de todos, o que deve acontecer em setembro de 2017. Com mais 30 dias de cartela, só poderíamos entrar com o LTE a partir de 12 meses depois do desligamento de Campinas e esses outros. Algo em torno de agosto e setembro de 2018. PAV: Ao terminar o desligamento de todos os sinais, a Seja Digital encerra as suas atividades? Como isso se dará? Bedicks: Existem três responsabilidades. A primeira é de desligamento de sinal analógico, o que envolve a distribuição de antenas e conversores e a comunicação do desligamento do sinal. A segunda é remanejar os canais que estão na faixa de 700 MHz, temos que levar esses canais para baixo. E a terceira é mitigar possíveis interferências com o LTE na faixa de 700 MHz. Então, a responsabilidade de desligar não cessa com a responsabilidade de Seja Digital com o remanejamento de todos os desligamentos e com a mitigação de todas as interferências. Quanto à data não sei dizer. Quando os três objetivos forem cumpridos, não será necessário que a empresa exista mais e isso passa a ser de responsabilidade das operadoras. PA
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Especial - TV Digital
Entrevista: Roberto Franco, presidente do Fórum SBTVD Por Gustavo Zuccherato e Fernando Gaio
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ímbolo do esforço coletivo entre empresas, governo e sociedade civil o Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, ou simplesmente Fórum SBTVD é um verdadeiro símbolo da digitalização. Surgiu como uma entidade privada sem fins lucrativos, criada para estimular o desenvolvimento e implementação das melhores práticas para a TV Digital. Depois de ajudar a implantar o sistema, em dezembro de 2007, o Fórum seguiu avançando nas questões técnicas, mercadológicas e promocionais da TV Digital no Brasil. Esse trabalho continua sendo feito pelos representantes dos associados. Os associados do Fórum SBTVD são membros da radiodifusão, fabricantes de equipamentos de recepção, de transmissão e indústrias de software. Esses membros representam mais de 80% do setor.
Também são membros da entidade instituições de ensino e pesquisa que desenvolvem atividades relacionadas ao desenvolvimento da TV Digital Terrestre no Brasil. O Fórum conta com representantes do governo federal. Essa presença de agentes públicos no Fórum permite o acompanhamento mais próximo das discussões, além de estreitar as relações dos associados com os órgãos reguladores. Para entender a perspectiva da entidade sobre este histórico momento de desligamento, a Panorama Audiovisual conversou com seu atual presidente, Roberto Franco, que também atua como Diretor de Afiliadas do SBT. Durante a conversa, Franco falou sobre a experiência que é o Fórum, sobre o sentimento de missão cumprida e criticou alguns modelos de gestão de digitalização feito por outras entidades. Confira:
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Do ponto de vista da interatividade do ISDB, essa é uma potencialidade que não encontrou ainda um filão de mercado ou uma demanda de mercado que justifique um alto investimento comparando com outras tecnologias
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Panorama Audiovisual: Como está sendo este momento de desligamento analógico versus as expectativas que se tinha para o sistema de TV digital? Roberto Franco: Na verdade as expectativas estão se concretizando. O Brasil tinha a a ideia de ter um sistema robusto, que fosse capaz de ser recebido facilmente pelo telespectador, como foi a história da TV analógica, e que pudesse oferecer as vantagens da TV Digital, como alta resolução e alta qualidade da imagem e som, a possibilidade de receber em telas portáteis e interatividade. Essas expectativas todas estão se concretizando, algumas mais do que as outras. Até a questão de receptividade em telas portáteis está altamente comprovadas e a interatividade, continua disponível, mas que ainda não se tornou uma aplicação comercial, padrão, ou de grande exposição. PAV: Porque isso não aconteceu? Franco: Isso é um fenômeno mundial. A interatividade é um componente novo associado à televisão. Ela nasce competindo também com outras formas de interatividade, como no celular, na internet, em varejo. Não existe nenhum “killer application” destas plataformas. Você tem algumas aplicações muito significativas, um conhecimento da base de celular muito grande e, para o radiodifusor e para o negócio, o importante é ter a comunicação se fechando como um todo. A plataforma é um meio de suporte. A gente não pode confundir o sucesso ou não de algo pela plataforma. A televisão hoje no Brasil, conta cada vez mais com interatividade com uma participação massiva do público em redes sociais. O conteúdo da televisão está em várias novas plataformas. A televisão brasileira se renovou, está em acordo a tudo que tem no mundo. Do ponto de vista da interatividade do ISDB, essa é uma potencialidade que não encontrou ainda um filão de mercado ou uma demanda de mercado que justifique um alto investimento comparando com outras tecnologias, mas isso não quer dizer que é um fracasso ou é um sucesso, ela simplesmente é mais uma opção que nós temos para explorar. PAV: Mas haver uma interatividade não era exatamente uma determinação do Fórum SBTVD? Franco: E ela existe. A plataforma está disponível, é estável, é bas-
NA G&D, NÃO CONSTRUÍMOS APENAS OS MELHORES SISTEMAS KVM. TRABALHANDO EM CONJUNTO, VAMOS CONSTRUIR O MELHOR SISTEMA PARA VOCÊ Para nós, termos uma reputação inigualável de confiabilidade, usabilidade e desempenho não é o suficiente. Ou ser uma empresa certificada ISO 9001 com a maior gama ou linha de produtos da indústria. Ou até continuarmos a desenvolver inovações tais como o nosso algoritmo de compressão, que fornece a mais alta qualidade de vídeo, assegurando a operação livre de latência.
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Especial - TV Digital
tante poderosa. Agora, não se pode pensar que o Fórum vai ditar normas de mercado. A televisão digital no Brasil foi totalmente por adoção das tecnologias e dos features. Ninguém foi obrigado a comprar um televisor. Nós tivemos um prazo de adaptação, sem uma data muito curta, para que as pessoas tivessem tempo de se adaptar, de comprar sua antena e seu receptor e tivessem tempo de explorar as possibilidades da TV Digital. Quando a gente vê agora, no final, uma corrida para o desligamento, todas as localidades começaram com percentuais de lares não-preparados bem menor que 50%, ou seja, mais da metade da população já estava apta à migração. E o desfecho final, como qualquer tecnologia, tem sempre aqueles retardatalhos que deixam a migração para o último momento. O exemplo foi o que aconteceu em Rio Verde e em Brasília: foram as migrações mais tranqüilas do mundo inteiro. Institutos internacionais que acompanham o processo globalmente declararam que, por exemplo, em Brasília, até então, teria sido a migração mais bem-sucedida já registrada. Isso mostra que as normas, os processos oferecidos pelo Fórum SBTVD tiveram muito sucesso. Não houve nenhum passo para trás no Brasil. Não tivemos nada que exigiu a parada da implantação, para voltar atrás e reparar alguma coisa para continuar. Além disso, não existe nenhum legado de plataforma que tenha ocasionado em descontinuidade de algum equipamento que tenha que ser comprado novamente. O papel do Fórum foi o de assessorar e propor ao governo (agente regulador), as normas, especificações e boas práticas, ao mesmo tempo resolvendo demandas públicas da população. O conjunto de normas que o Fórum SBTVD escreveu - e que tornou o ISDB internacionalmente reconhecido - foram feitas justamente tentando fazer com que a televisão não resultasse em nenhum legado, ou seja, que nenhum receptor de TV digital deixasse de funcionar com alguma aplicação emitida por alguma operadora, e que não houvesse repúdio, que é nenhuma aplicação feita pelo radiodifusor pudesse deixar de funcionar em alguma parte dos receptores, ao mesmo tempo que atendesse as demandas e anseios sociais que estão todos listados nas especificações do sistema. Essas normas foram feitas, promulgadas, referendadas pela ABNT, se tornaram normas ABNT e o que você vê no Brasil é isso, um sistema bastante estável, bastante robusto, com todos os fabricantes tra-
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O papel do Fórum foi o de assessorar e propor ao governo (agente regulador), as normas, especificações e boas práticas, ao mesmo tempo resolvendo demandas públicas da população. O conjunto de normas que o Fórum SBTVD escreveu - e que tornou o ISDB internacionalmente reconhecido foram feitas justamente tentando fazer com que a televisão não resultasse em nenhum legado
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No Japão existe a mobilidade e eles tiveram um grande sucesso no desenvolvimento de métricas e acordos entre a indústria de telecomunicações e operadoras. O Japão conseguiu se organizar, fora isso, não tem nenhum país do mundo em que a TV portátil tenha sido um modelo de negócio estabelecido e vitorioso.
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balhando dentro da norma sem ter nenhum fabricante que possa ser apontado que tenha problema, nem tão pouco nenhum radiodifusor emitindo algum sinal que não funciona. Temos um sucesso absoluto do ponto de vista de um sistema aberto, que dá a oportunidade a todos as fabricantes de produzir determinada tecnologia e, com isso, aumentando a oferta de produtos e serviços ao consumidor. PAV: Outra funcionalidade é a da recepção móvel, que funciona muito bem, mas me parece que a indústria Telecom acabou sabotando a presença de receptores nos modelos mais populares de celulares, deixando a recepção muito aquém do que se esperava. O que dá pra prever para o futuro desta aplicação? Franco: Infelizmente a gente não tem o número preciso de quantos terminais portáteis existem. Mas uma coisa é fato, você entra em vários carros de São Paulo e outras cidades e nota muito a presença de dispositivos de recepção móvel, principalmente no parque de taxis, que têm receptores de todos os tipos de TV Digital, desde aparelhos de GPS, até telas de TV Digital, aparelhos de telefonia, entre outros. É fato que, no Brasil, a cadeia de distribuição de telefonia celular está nas mãos das operadoras de telefonia celular. São os incentivos de compra que fazem as pessoas comprarem determinados celulares. Com isso, as operadoras acabam direcionando a cadeia nos acordos comerciais que eles tem com as fabricantes. Então se o modelo A, B ou C vai ser incentivado, depende dos interesses comerciais. É muito difícil uma pessoa comprar um celular sem nenhum tipo de desconto dado pelo plano de telefonia. Ainda assim, você vê vários modelos de telefonia com a TV Digital embutida. Além disso, como disse, existem muitas pessoas que tem a TV Digital nos carros, em dispositivos portáteis quaisquer. Há uma dificuldade de saber o tamanho do parque porque, por exemplo, a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos) informa aquilo que foi produzido na indústria eletroeletrônica de Manaus pelos seus associados, que representam uma produção de TV portátil muito pequena. A Abinee (Associação Brasileira da indústria Elétrica e Eletrônica), por sua vez, que estaria com a industria de celular, troca pouca informação com o Fórum SBTVD a respeito disso. Eles fornecem dados estatísticos da fabricação de celular, mas quantos tem recepção embarcada ou não, não se sabe. Por fim, há essa indústria de GPS e outros dispositivos, que é muito difícil de mensurar no Brasil porque é um mercado de “Santa Ifigênia”, onde há uma variedade e circulação de produtos muito grande, mas que foge ao controle de uma estatística industrial. Uma outra dificuldade é que os sistemas de medição de audiência ainda não estão medindo a TV Móvel Portátil, o que faz com que o
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Especial - TV Digital
radiodifusor não tenha como explorar comercialmente este filão. Se eu não tenho métricas para dizer quantas pessoas estão me vendo, fica difícil vender. O modelo de negócio não se desenvolveu em parte por conta disso. Agora, isso é o preço da inovação. No Japão existe a mobilidade e eles tiveram um grande sucesso no desenvolvimento de métricas e acordos entre a indústria de telecomunicações e operadoras. O Japão conseguiu se organizar, fora isso, não tem nenhum país do mundo em que a TV portátil tenha sido um modelo de negócio estabelecido e vitorioso. O Brasil paga um preço de não valorizar isso e não estruturar. É algo em que o radiodifusor, junto com a indústria e o governo brasileiro conseguiram fazer de muito bom, mas não conseguiram explorar os outros agentes das cadeias que cercam para tornar isso um negócio vitorioso. As vezes, vemos argumentos do tipo “ah, mas isso não tem em nenhum lugar do mundo”, como é que um país quer ser inovador se quando ele faz inovação significativa ele não desenvolve porque não tem em outro lugar do mundo? Então aí a gente está pagando o preço Brasil. Mas o que eu posso dizer é o seguinte: a TV digital brasileira é reconhecida internacionalmente como uma das mais acertadas do ponto de vista de especificação e implantação. Se analisarmos, todos os países estão entrando na segunda geração de TV Digital, quase que um pulo da primeira pra terceira, e o Brasil continua com um primeiro sistema totalmente aptudente. Não existe nenhum sistema internacional, mesmo tendo vindo para uma tecnologia mais moderna, que ofereça melhores recursos que a TV brasileira oferece. Nós ficamos “à prova de futuro” fazendo uma 1ª geração de TV Digital com uma vida mais longa. Essa TV Digital que temos já existe há 10 anos, no Brasil, se formos ver, a primeira onda digital já tem 20 anos, e a nossa TV Digital tem vídeo com a melhor resolução no padrão comercial disponível. Você pode até falar que já existe o 4K, mas a distribuição em 4K ainda não existe. A distribuição 1080, que o mundo inteiro está buscando ter com qualidade, o Brasil já tem com alta qualidade, graças a ter adotado o H.264. O móvel e portátil só o ISDB conseguiu fazer de maneira adequada, tem no Japão e nos países que adotaram o padrão. EUA, Canadá, Europa, não tem. A própria interatividade, aqui no Brasil, você tem aplicações interessantes rodando, eu não posso dizer que são sucessos comerciais, mas como uma prova de conceito é perfeito, tanto é que o sistema Ginga é um dos sistemas homologados no UIT e já pronto pra TV híbrida. Eu acho que o Brasil acertou de mão cheia, conseguiu fazer uma adoção continental, em parceria com o Japão fazer um sistema internacional, agora, falta uma visão de país que não é escassa só nesse setor. A gente está vivendo o que outros setores já viveram há mais
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Essas expectativas todas estão se concretizando, algumas mais do que as outras. Até a questão de receptividade em telas portáteis está altamente comprovadas e a interatividade, continua disponível, mas que ainda não se tornou uma aplicação comercial, padrão, ou de grande exposição.
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Quando a gente vê agora, no final, uma corrida para o desligamento, todas as localidades começaram com percentuais de lares nãopreparados bem menor que 50%, ou seja, mais da metade da população já estava apta à migração. E o desfecho final, como qualquer tecnologia, tem sempre aqueles retardatalhos que deixam a migração para o último momento.
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tempo. Quando se consegue uma veia de vantagem competitiva, não conseguimos massa crítica para envolver o conjunto de forças visando fazer aquilo dar uma vantagem real ao país. PAV: Até nesse sentido deriva a expansão para outros países do ISDB-T? Franco: A expansão derivou porque ele é o melhor sistema disponível. Qualquer análise técnica que você for considerar registra que ele era o sistema mais bem construído, mais estável e que resolvia o maior número de demandas, ao mesmo tempo que oferece diversas funcionalidade. Outro ponto foi o modelo de cooperação que estabelecemos com os japoneses: o Brasil não aceitou ingressar no sistema japonês tendo uma ou duas cadeiras no Conselho. Nós definimos que teríamos nosso próprio Conselho e que conversaríamos com o Conselho do Japão como parceiros pares, e qualquer país que adotar o padrão vai ser par no processo. Além de ser o sistema mais aberto, com a melhor governança, com a melhor atenuação de interesses comerciais, de vantagens competitivas dentro do sistema, era o melhor sistema. Hoje o DVB 2 se aproxima do sistema brasileiro, o ATSC 3 iguala e até avança em algumas coisas - o que justificaria uma segunda geração do ISDB - mas há uma urgência, alguma premência de pular esse sistema? Não. Porque, por exemplo, o americano está desesperado para ir para o ATSC 3.0 porque o ATSC não tem mobilidade, não tem interatividade, não tem a resolução e nem um conjunto de soluções que nosso sistema já oferece. Ele tem resolução 1080 com uma compressão muito mais alta, que para jogos esportivos, como futebol americano, baseball, acaba resultando em uma experiência decepcionante. Assim, eles tem que rapidamente migrar porque o sistema já nasceu deficiente, já nasceu aquém do que eles gostariam. O Brasil deve migrar para um sistema futuro? Deve. Tem pressa? Não. Porque o que as pessoas querem consumir, em sua maioria, 80% do que se deseja do sistema, já está disponível nesta geração, então não justifica uma segunda migração em tão curto prazo. Quando o Ultra High Definition vir a ser o padrão, quando outros padrões vierem a ser desejados pela população, aí sim o Brasil vai estar desafiado a migrar. Hoje, não. PAV: Na sua visão, quando isso acontecerá? A regra quando você fala de inovação é a seguinte: é muito fácil você prever o que virá, o difícil é prever quando virar. Se você pegar todo
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futurólogo ou até revistas de ficção científica, tudo que eles prevêem em algum momento acontece. Agora, o que se previa que ia acontecer em 10 anos, as vezes aconteceu em 50, e outras coisas aconteceram mais rápido. É uma questão de movimento de mercado. Hoje, com a crise mundial, com outras prioridades que as pessoas estão tendo, será que o 4K ou o 8K são uma demanda tão expressiva? Será que o grau de satisfação das pessoas que estão com 1080, com os conteúdos que estão chegando, com a melhora do conteúdo do ponto de vista de produção - as séries americanas, as dramaturgias brasileiras, todas elas cresceram em complexidade e trama . A forma é muito importante, mas será que esses componentes da forma, que dão a subjetividade, que dão envolvimento, eles estão tão prementes no seu expressional – é claro que se você tiver experiência com isso é encantador – mas será que isso está na sua lista de prioridades? Um exemplo é o movimento que você tinha de telas, até porque a indústria de telas tem que renovar sempre para poder conseguir fazer girar a oferta, será que ela não deu uma estacionada no 4K? Será que as funcionalidades que estão sendo embarcados na televisão hoje estão mantendo o 4K e oferecendo outras funcionalidades dentro do televisor? É todo esse conjunto de stakeholders que definem o mercado. É o que está na prioridade do consumidor, o quanto ele está disposto a pagar, o que a indústria está vendo como uma melhor oportunidade. Se você levar em conta as tendências da indústria eletrônica de 8 anos atrás era para estarmos vivendo o 8K agora. O ciclo de vida de
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tecnologia, não de produto, mas de tecnologia, varia de acordo com o interesse das indústrias, varia de acordo com o panorama internacional, e no Brasil a gente também é afetado. É lógico, o radiodifusor tinha que abandonar a TV analógica para oferecer esse conjunto de maravilhas. O radiodifusor quer sempre ser a principal opção de entretenimento doméstico, em termos de audiovisual, então ele quer ter a forma mais rica possível. Apesar disso, quando se avalia o mercado, será que teremos uma grande maioria de pessoas com a forma maior do que o 1080, em um breve espaço de tempo? Isso é que o radiodifusor tem que estar monitorando e tentando responder. Independente de qual resposta chegue, ela sempre será de predição, e não uma verdade absoluta: é preciso tentar entender através dos sinais que estão presentes e a partir daí tomar as decisões. Apesar de estarmos estudando fortemente o Ultra High Definition e nós não vemos uma massa de produtos 8K sendo oferecidas em um curto espaço de tempo, nem de televisores nem como conteúdo, eu não vejo nenhum lançamento audiovisual em 8K para o mercado doméstico - não estou falando de cinema digital. Parece que a aceleração em direção ao 8K atenuou. A expectativa é que o 4K venha a ser um padrão comercial tal qual o 1080. Ainda assim, está mais lento do que se falava há cinco ou seis anos. O 4K já é uma realidade do ponto de vista tecnológico: produção em 4K já é viável, display de 4K já é disponível, mas você não vê uma aceleração muito forte em oferta de 4K. Mesmo quando se fala de conteúdos OTT, como o Netflix questiono a porcentagem do catálogo destes
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serviços está em 4K. Uma coisa é você ter o fenômeno tecnológico, outra coisa é você ter um fenômeno mercadológico. Do ponto de vista tecnológico, o 4K já é uma realidade, do ponto de vista de mercado, ainda é uma promessa. PAV: Qual foi o resultado de todo o trabalho internacional que todas essas gestões depois de 10 anos? Franco: Nós estabelecemos um conjunto expressivo com mais de 10 países que adotaram o ISDB. Se você pegar o mercado de televisores e a população destes países formasse um bloco muito interessante, semelhante ao ATSC (que, basicamente, são três países, mas com população elevada), e ao DVB, que pega toda Europa. Considerando isso, o ISDB passou a ser um sistema super relevante. Depois, é o único sistema que tem a governança aberta e democrática. É o único sistema que tem as normas publicadas em inglês, japonês, português e espanhol. Ou seja, qualquer fabricante vai ter acesso as normas do sistema com muita segurança. PAV: E não vai pagar royalties…. Franco: Exato, não paga royalties do sistema. Agora, como qualquer sistema, você tem tecnologias embarcadas, e essas tecnologias que tiverem royalty precisam ser pagas, mas todas elas com políticas que a gente chama de F-Hand: free ou reasonable & non-discriminatory, ou seja, qualquer tecnologia tem que ser disponibilizada para qualquer um com regras claras e isonômicas. Eu não posso licenciar um e não outro, cobrar mais de um do que de outro. O H.264, por exemplo, que está embarcado, possui royalties, mas você encontra a política na internet facilmente. Qualquer um que quiser comprar a licença é só preencher o formulário e passar a pagar o royalty de acordo com o que está estabelecido, ou seja, ele não cria assimetria de competição na indústria. Sobre o conceito de reasonable (razoável), nós não colocamos nenhum royalty que faça com que o produto perca a atratividade no mercado. Na hora que você coloca o H.264 no sistema, apesar de ter um custo, o fabricante já tem que licenciar o H.264 por uma série de outras coisas. Então ele não faz com que o sistema acabe penalizando o consumidor-final ou que enriqueça uma parte da cadeia, é um sistema muito bem equilibrado. Se alguma tecnologia vir a ferir esse princípio, ela não seria incluída
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Infelizmente a gente não tem o número preciso de quantos terminais portáteis existem. Mas uma coisa é fato, você entra em vários carros de São Paulo e outras cidades e nota muito a presença de dispositivos de recepção móvel, principalmente no parque de taxis, que têm receptores de todos os tipos de TV Digital, desde aparelhos de GPS, até telas de TV Digital, aparelhos de telefonia, entre outros.
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As vezes, vemos argumentos do tipo “ah, mas isso não tem em nenhum lugar do mundo”, como é que um país quer ser inovador se quando ele faz inovação significativa ele não desenvolve porque não tem em outro lugar do mundo? Então aí a gente está pagando o preço Brasil.
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ou seria excluída. Por exemplo, nós tivemos um embate muito longo sobre o fato do Ginga colocar a parte em Java ou não. Tínhamos um acordo com a Sun Microsystems, a Oracle comprou a Sun, o que gerou dúvida quanto a royalties. O Brasil foi o único país do mundo que levou quase que um ano debatendo até chegar a um modelo de licenciamento para o Brasil que garantia isonomia para todas as fabricantes que estivessem dentro do Brasil. O áudio também a gente só implementou quando teve certeza que o Royalty seria reasonable e não-discriminatório, é um sistema aberto, e a gente zela por isso. E no momento em que houver alguma surpresa, nós vamos rever o sistema. PAV: O Brasil teve algum ganho econômico nesse sentido? Franco: Infelizmente não. A indústria de transmissão conseguiu ampliar o mercado e exportar alguma coisa. A de software vendeu o serviço, sendo que nessa indústria o sistema Ginga é totalmente aberto, qualquer um pode experimentar o código, então alguns países, como a Argentina por exemplo, preferiram desenvolver a indústria local, mesmo assim gerou intercâmbio, gerou oportunidade da academia brasileira levar conhecimento. A indústria de eletrônicos, no entanto, pelos acordos de Mercosul e pelas políticas de fronteiras comerciais, não teve nenhuma vantagem. Aí, mais uma vez, é um projeto e decisões de país, é você ter as decisões dentro da caixa mas saber administrar as conseqüências fora da caixa. Falta isso ao país. E não é um problema de governo A, B ou C, historicamente o Brasil ainda explora muito pouco nossas forças e nossas vantagens. O Brasil, que sempre foi um seguidor de tecnologia conseguiu, com a TV Digital, ser um propositor de tecnologia, ser reconhecido internacionalmente como um líder poderoso, como um dos países com maior conhecimento sobre TV digital, e isso está esvaindo. No momento que o tempo vai passando, que aquela onda tecnológica vai passando, e o país não continua investindo em pesquisa, tira vantagem competitiva, não atrai e não incentiva a indústria, aquilo que foi gerado, que é uma riqueza potencial, acaba se perdendo. PAV: Você acredita que governo perdeu o interesse? Franco: Não vou dizer que perdeu o interesse, mas não consegue se estruturar. Isso é uma posição pessoal minha. Na hora que você tem um tema que foge a uma parte específica do governo, você não consegue estruturar para alavancar o potencial que ele tem. Enquanto você está tratando dentro do Ministério das Comunicações, tudo flui muito bem, na hora que você passa a tratar em algum momento com o Ministério da Fazenda, para ter uma solução robusta, aí você patina. E aí há que reconhecer que na época da Dilma Rousseff como Ministra da Casa Civil, ela conseguiu dar esse impulso, que no governo
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dela, como Presidente, ela não conseguiu seguir. Enquanto Ministra ela conseguia coordenar os ministérios e foi o momento que fez-se a expansão para outros países: conseguiu-se fazer acordos e até deixar algum nicho de um desenvolvimento industrial interessante. No momento que ela passou à Presidente e se ocupou com outras coisas, esse vácuo deixado por ela não foi ocupado. E aí é o que você vê, não é uma questão de país, foi uma questão personalizada. Primeiro eu acho que o Fórum SBTVD é uma experiência que o brasileiro deveria tomar com muito carinho, principalmente considerando um lugar que é altamente regulado pelo governo, que o poder concedente tem a soberania de tratar do assunto e, por força de Constituição, sequer pode renunciar ou transferir, ou seja, ao governo cabe estimular e explorar direta ou indiretamente a comunicação social, isto é, todas as regras de TV e rádio são de responsabilidade do Estado. O Forum foi a criação de uma instância da sociedade civil para regular esse setor. E a beleza da coisa é que fez-se isso como uma parceria entre governo e sociedade civil com esse papel de assessorar e propor, manter esse diálogo representando a sociedade para uma auto-regulação. Tudo que o Fórum e a ABNT fizeram é uma auto-regulação, é a sociedade dizendo como quer se regular em um tema, que é de responsabilidade do Estado, mas em parceria com ele e com a promulgação do Estado que não abriu mão das suas prerrogativas. É uma coisa inédita que trouxe a sociedade à mesa, que deu velocidade, que fez com que a academia contribuísse fortemente. Usamos o conteúdo nacional e criamos esse conhecimento todo em um prazo de tempo recorde. Mostramos a capacidade do Brasil produzir ciência e conhecimento. Isso não pode ser desperdiçado, isso deveria ser copiado. As relações de cooperação Brasil-Japão a partir daí cresceram e o Japão tomou isso como um modelo de cooperação dá certo. Antes eles queriam fazer, mas não encontravam um modelo de transferência de conhecimento, de contribuição, de troca de interesses. O Fórum SBTVD mostrou que o Brasil é capaz de cooperar internacionalmente, tal qual no Genoma, também tem bastante resultado, e é um modelo bastante novo de regulamentação. Agora isso servirá de aprendizado ou vai ser um fato isolado? Como cidadão, eu fico muito aflito, meu país pode ter muito mais coisas, nosso setor pode ter muito mais coisas, mas nós precisamos aprender a trabalhar, planejando e tendo objetivos muito claros. Há um desafio muito grande porque a grande missão do Fórum, que o originou, já está cumprida. O Fórum passa a ser agora, nesse final de migração, mais um elemento de coordenação, de educação, de disseminação e de solução de alguns problemas que possam acontecer mas, por outro lado, já está na hora de renovar nossa missão.
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Nós ficamos “à prova de futuro” fazendo uma 1ª geração de TV Digital com uma vida mais longa. Essa TV Digital que temos já existe há 10 anos, no Brasil, se formos ver, a primeira onda digital já tem 20 anos, e a nossa TV Digital tem vídeo com a melhor resolução no padrão comercial disponível.
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Se você levar em conta as tendências da indústria eletrônica de 8 anos atrás era para estarmos vivendo o 8K agora. O ciclo de vida de tecnologia, não de produto, mas de tecnologia, varia de acordo com o interesse das indústrias, varia de acordo com o panorama internacional, e no Brasil a gente também é afetado.
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O Fórum tem que passar a pensar fortemente – e já está- no que virá. Qual é a outra onda tecnológica que vai substituir essa para cumprir as demandas? O Fórum não é uma entidade tecnológica, ele têm que estar olhando quais são as demandas dos setores audiovisual, eletroeletrônico de televisores, da sociedade para o consumo de audiovisual e como é que a gente vai resolver isso através da tecnologia. PAV: Então no dia que o último receptor estiver instalado, o Fórum não irá acabar? Franco: Não. Veja bem, é uma possibilidade, mas se for isso, a gente vai estar desperdiçando essa arquitetura que foi criada em parceria governo-sociedade, imaginando que essa geração acabou, acabou o problema. Não é assim. A televisão, a comunicação social, tem que ser pensada como uma demanda social ad eternum. E se a tecnologia não para de evoluir e se essas demandas não param de mudar a forma de serem atendidas, nós sempre vamos ter necessidade de tratar a questão. E é isso que eu tenho discutido com os pares do Fórum. O fórum tem que terminar essa missão, mas ao mesmo tempo ele tem que começar – e já começou – a discutir o futuro do que está por vir e ser esse ambiente de discussão. Se discute inclusive o momento de se quebrar essa associação do Fórum com TV Terrestre e passar a pensar em TV por qualquer meio. Há dificuldades, porque são outros agentes, mas temos que pensar ou transformar o Fórum nisso ou criar as arestas, as fronteiras, para que a gente possa discutir com broadband, por exemplo. A própria TV digital brasileira, hoje, o sistema está pronto para fazer a TV híbrida. Uma das únicas especificações homologadas pela UIT para Hybrid Broadcast é o Ginga, então a gente tem que começar a buscar outros setores PAV: E os receptores domésticos já tem entrada para internet WI-FI há mais de cinco anos… Franco: Pois é. O grande desafio é você fazer com que o sistema que está sendo transmitido pelo ar converse de maneira transparente com o sistema que está vindo por outro meio, dentre os quais, a internet. O sistema brasileiro hoje, a especificação Ginga, ela já está pronta para fazer essa conversa, ou seja, os conteúdos não importa por onde estão vindo, eles integram a sua aplicação. Por exemplo, a TV conectada hoje ou você usa a Smart TV ou você vê a TV Aberta. Para ter o acesso que você quer ter tanto aqui, você precisa interromper um para acessar o outro. A híbrida se comunica. A especificação do Ginga já está pronta para isso. Tem solução de mercado já pronta? Não. Tem, conceitualmente, como foi o Sticker
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Center da TOTVS, mas nós temos que fazer isso virar massa crítica de mercado. E como se faz isso? Você tem que chamar a indústria, que é uma dificuldade, você não tem indústria nacional de receptor, as indústrias estão sendo levadas por suas áreas internacionais que estão visando mercados internacionais e, mais uma vez ressalto, para ser inovador e partir na frente é preciso um esforço maior. PAV: Existe a possibilidade de colocar uma informação incremental na faixa de 6 MHz para o 4K ser uma opção no futuro. Isso é real? É possível? Está sendo estudado? Franco: Essa solução não está em pauta. Nós já fizemos um grupo de trabalho onde nos reunimos duas vezes por ano para discutir a TV do futuro e a evolução da TV tanto no Japão quanto no Brasil. Queremos caminhar de mãos dadas e ambos estamos com boa vontade. Fora qualquer entendimento oficial, acordo entre países e/ou acordo industrial, nós estamos conversando quais são as funcionalidades que devemos ter na TV do futuro. Uma coisa que o Brasil pautou que o Japão não vai fazer é introduzir o HDR no 1080. Lá no Japão eles não tem espaço para fazer isso, porque eles usam MPEG-2, aqui no Brasil como a gente usa MPEG-4, nós podemos fazer uma camada adaptativa que nós vamos mandar o sinal normal e um pacote adicional que faz o HDR. Nós estamos dentro do fórum com um grupo de trabalho tentando escrever essas especificação, de forma que o receptor normal despreze aquele pacote sem ter nenhum problema e o televisor preparado pegue aquele pacote e faça o HDR. No nosso ver, o HDR vai trazer uma vantagem
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Se você pegar o mercado de televisores e a população destes países formasse um bloco muito interessante, semelhante ao ATSC (que, basicamente, são três países, mas com população elevada), e ao DVB, que pega toda Europa. Considerando isso, o ISDB passou a ser um sistema super relevante.
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muito maior para as telas nos tamanhos usados do que passar pro 4K. O 4K para telas muito grandes vai ser muito melhor. PAV: Isso seria um ISDB 2.0? Franco: Não, é o ISDB. Eu gosto de mudar o nome do sistema quando você tem uma tecnologia disruptiva, ou seja, aquela tecnologia evoluiu a tal ponto que as anteriores já não são compatíveis. Você tem que fazer uma ruptura do sistema e começar algo novo. O ISDB tem várias camadas de melhoria que a gente colocou. É evolutivo.
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São camadas evolutivas, de melhoras contínuas dentro do sistema que fazem deste sistema eficiente. Por exemplo, se a gente conseguir colocar o HDR lá dentro - que é uma possibilidade que estamos muito confiantes que conseguiremos – será uma camada de reconhecimento que não cria legado, os televisores antigos vão continuar funcionando PAV: É diferente, por exemplo, do ATSC 1 para o ATSC 3.0? Franco: Com o ATSC 3.0, os receptores ATSC 1 vão virar legado, eles deixarão de funcionar. A ideia é alongar o máximo a vida do ISDB, deixando ele competitivo com os sistemas internacionais. Nós só temos que pensar em uma tecnologia ruptura no momento que houver um sistema internacional, provado comercialmente, que traga vantagens desejáveis por nosso público consumidor e que não consigamos atender dentro do sistema. Agora, sempre que a gente pode atender dentro do sistema, nós estamos dando maior rentabilidade e vida-longa. Quando você passa por uma implantação de 10 anos, este sistema precisa viver pelo menos mais um tempo para justificar isso. Tudo bem, quem adotou no começo, já ta teve os benefícios todos por uma década, mas a gente quer alongar isso por outros 10 anos, pelo menos. O desafio é fazer esse sistema ser robusto e com qualidade suficiente para o espectador que está em casa ligue a TV e ache que não há nada melhor que isso. A TV Digital hoje no Brasil tem qualidade melhor que o cabo. A TV gratuita no Brasil tem melhor qualidade do que a que você paga pra receber. E com recursos que o sistema pago não oferece. A própria interatividade, o sistema pago nenhum deles conseguiu fazer nada de sucesso. E os radiodifusores já fizeram amostragens com bastante expressão, mas com dificuldades de medição de audiência, do que aquilo está produzindo, mas é uma coisa nova no mundo inteiro e que valeu muito para essa pesquisa. PAV: Como vocês avaliam o trabalho do Gired e da Seja Digital? Franco: É muito difícil falar sobre isso em nome do Fórum, porque nós equivocadamente e erroneamente fomos deixados de fora do Gired. Depois de muita pressão, o Fórum passou a ser um ouvinte privilegiado, com direito a voz, sem direito a voto no Gired. Na EAD, muito difícil, já que é uma entidade privada. Agora, o que eu sinto,
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Por exemplo, nós tivemos um embate muito longo sobre o fato do Ginga colocar a parte em Java ou não. Tínhamos um acordo com a Sun Microsystems, a Oracle comprou a Sun, o que gerou dúvida quanto a royalties. O Brasil foi o único país do mundo que levou quase que um ano debatendo até chegar a um modelo de licenciamento para o Brasil que garantia isonomia para todas as fabricantes que estivessem dentro do Brasil.
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O Brasil, que sempre foi um seguidor de tecnologia conseguiu, com a TV Digital, ser um propositor de tecnologia, ser reconhecido internacionalmente como um líder poderoso, como um dos países com maior conhecimento sobre TV digital, e isso está esvaindo.
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uma posição pessoal, é que precisamos ter mais transparência, mais dados, mais informação, tem que se apostar mais em informação. Se discutiu absurdamente o desligamento de São Paulo no final do ano passado e a primeira pesquisa de aferição foi feita em janeiro. Nós estamos discutindo as implantações de 2017, aí por uma questão de logística, a EAD querendo postergar as cidades do nordeste e não temos nenhuma pesquisa de aferição feita ainda. Eu sou engenheiro, gosto de trabalhar com dados. Pesquisa é massa de informação. Então faça essa pesquisa, analise os dados, faça suas projeções em cima disso. Agora quando você vê curvas de distribuição de kits, vê pesquisas soltas e aí começa as teorias das conspirações, uns acham que vai dar pra distribuir, outros acham que não vai, gera muito ruído. Mas quando a gente olha o que aconteceu em Rio Verde e em Brasília e o que está acontecendo em São Paulo, nós vemos que há muito mais ruído do que problema. Porque quando você não trabalha com dados de maneira estruturada, tem muito achismo. Eu estou fazendo uma aposta que dia 29 não vai haver nenhum problema, São Paulo está pronta. Vai ter problemas localizados sim, como em qualquer lugar, mas vai se resolver muito rapidamente. Mas aí tem muita teoria da conspiração porque quando os dados são escassos, cada um acha uma coisa, e aí fica sambando que nem um doido. Eu não tenho nenhuma crítica direta ao Gired, ao EAD, mas mais uma vez revela a dificuldade do Brasil de trabalhar quando você confronta nichos diferentes. No Fórum tivemos uma experiência bem sucedida, mas dá um trabalho muito grande. Mas lá a gente teve a clareza da missão do Fórum, do nosso propósito. Foi uma questão de colocar divergência na mesa para achar a solução conjunta. É divergir aqui para ter um consenso na ação. E a gente nunca recusou os enfrentamentos, por mais duros que fossem, por mais desagradáveis que fossem. Mas um enfrentamento dentro do Fórum para achar uma solução comum. E o que eu vejo as vezes é que se busca pouco enfrentamento, se busca um consenso muito rápido e na hora que vai implantar, você tem uma série de inserções. Há um consenso na mesa e na hora da implantação bate cabeça... eu acho que um desgaste mais duro previamente, as vezes, é melhor. O Fórum foi uma experiência muito bem concebida e muito bem executada, e deveria servir de modelo para muitas outras coisas do ponto de vista de quando você bota uma questão tão complexa com tantos stakeholders. Ter a visão no Brasil, qualquer pessoa, qualquer profissão, qualquer categoria está envolvida com a televisão. É igual a seleção brasileira, todo mundo é stakeholder, até os que não gostam de futebol. PA
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