Panorama Audiovisual 80

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80 ISSN 2236-0336

Ano 6 - Edição 80 - Outubro/2017

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Editorial

Máquinas e inteligência artificial na reinvenção da comunicação audiovisual Hoje contamos com centenas de caminhos para transmitir e compartilhar nossas criações com milhares de espectadores. É uma evolução que desconstrói a lógica da indústria de mídia e entretenimento vigente por décadas, onde poucas companhias dispunham de meios para produzir e/ou transmitir. Um enorme filtro atuava em toda a cadeia criativa, selecionando por métodos pouco precisos quais produções tinham maior chance de sucesso e, portanto, mereciam investimento e espaço de exibição. Ao público restava escolher o que consumir entre as poucas opções selecionadas por executivos da indústria audiovisual. Se durante os anos 1990 houve uma expansão na programação através das TVs pagas, nos anos 2010 as possibilidades praticamente saíram do controle, afinal ninguém sabe ao certo quantos canais online existem e muito menos o que eles exibem. O crescimento exponencial de conteúdos não nos permite consumir uma fração do que gostaríamos. A relação foi invertida e o desafio dos produtores e distribuidores é analisar comportamentos para se sobressair junto ao espectador com informações e entretenimento relevante e sob medida. A demanda em si é antiga, mas foi acentuada e graças à inteligência artificial e à capacidade de as máquinas aprenderem (Machine Learning) ganha mais ferramentas para ser alcançada. São tecnologias que já afetam e certamente transformarão a indústria de mídia e entretenimento. Uma das possibilidades a explorar, por exemplo, é análise automatizada de dados sobre o comportamento dos usuários durante o consumo de mídia, suas preferências, o que o desagrada, interesses sazonais e assim por diante. Os dados gerados por milhões de clientes a cada segundo resultam em bases de dados com informações valiosas para quem investe em produtos como seriados e reality shows. Cada curtida, comentário ou troca de página tem um valor que contribui para a criação de produções ainda melhores e mais alinhadas aos interesses de públicos específicos. Esta análise da experiência do usuário é um passo enorme além das informações disponíveis básicas sobre perdas de pacotes e quedas de conexão que comprometem a satisfação do cliente. Aos poucos será normal avaliar até mesmo as expressões faciais de quem assiste a uma novela, cena a cena, basta que o cliente autorize esta função quando clica OK na instalação de um aplicativo relacionado ao provedor dos conteúdos. Da mesma forma – considerando que a maioria dos smartphones, tablets e notebooks têm microfones embutidos e a maioria das pessoas não lêem os contratos de instalação de aplicativos – as máquinas poderão ouvir e armazenar os comentários feitos pelos espectadores. O que vem a seguir é mais complexo, porque analisar milhões de ações e expressões, por exemplo, exige uma capacidade de processamento de dados indisponível e muito cara para a maioria dos potenciais interessados. As soluções vêm através de análises por amostragem, em data centers terceirizados ou usando a capacidade ociosa de processamento dos próprios clientes. Pelo lado do usuário, as possibilidades também são amplas. O Centro de Pesquisas da Ericsson no Silicon Valley já trabalha para desenvolver ferramentas tão particulares como a que é capaz de identificar cenas com sangue ou palavras ofensivas, por exemplo, para deixá-las borradas ou sem som quando estão sendo assistidas por uma criança. Neste caso, a inteligência artificial age cena a cena, seguindo um parâmetro habilitado pelos pais ou responsáveis. Finalmente, também para ilustrar possibilidades que surgem no horizonte, podemos mencionar os testes com sistemas automatizados de captação e edição de imagens para atender esportes com pouco apelo comercial. Através do mapeamento do campo, uma única câmera com inteligência artificial pode acompanhar a bola e fazer zoom, conforme a movimentação dos jogadores. Após o término da partida, o sistema gera um clipe com os melhores momentos para postar nas redes sociais, sem qualquer intervenção humana. Não sabemos quase nada sobre como a Inteligência Artificial e o Machine Learning transformarão a criação e distribuição de conteúdos, mas é certo que o consumo de mídia não será o mesmo e poucas profissões existentes hoje restarão após esta revolução das máquinas.

Ano 6 • N° 80 • Outubro de 2017

Redação Editor e Jornalista Responsável

Fernando Gaio (MTb: 32.960) fernando.gaio@vpgroup.com.br Reportagem

Renan Araújo redacao@vpgroup.com.br Editor Internacional

Antonio Castillo acastillo@panoramaaudiovisual.com Coordenador Editorial

Flávio Bonanome flávio.bonanome@vpgroup.com.br Arte Flávio Bissolotti flavio.bissolotti@vpgroup.com.br Comercial Gerentes de Contas

Alexandre Oliveira alexandre.oliveira@vpgroup.com.br Colaboradores Gustavo Zuccherato, Fernanda Beatriz

Presidente & CEO Presidência e CEO

Victor Hugo Piiroja victor.piiroja@vpgroup.com.br Financeiro Rodrigo Gonçalves Oliveira rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br Atendimento Jessica Pereira jessica.pereira@vpgroup.com.br

Panorama Audiovisual Online www.panoramaaudiovisual.com.br Tiragem: 16.000 exemplares Impressão: Gráfica57

Fernando Gaio (MTb: 32.960) Editor Al. Madeira, 53, cj 92 - 9º andar - Alphaville Industrial 06454-010 - Barueri – SP – Brasil +55 11 4197-7500 www.vpgroup.com.br PanoramaAV

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Sumário

10 Arri 100 anos A história de uma das mais emblemáticas fabricantes de sistemas para produção audiovisual do mundo

Nesta Edição 08 Showcase Pro

14 Ideologia Alemã

A TV aberta como ferramenta para alertas de emergências.

Vistamos as plantas da Sennheiser, Riedel Communications e Lawo para compreender o que está por traz da qualidade de seus produtos.

10 100 Anos de Arri

30 10 Perguntas

Toda a história e tecnologia de uma das principais fabricantes globais de solução para produção audiovisual.

Damian Kizner e Christian Bennett falam sobre a nova maneira de produzir conteúdo para o futuro do broadcast.

14 Reportagem

30 Manufatura Alemã

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Notícias

ShowCase PRO fornece tecnologia para implantação de sistema de alerta de emergências Empresa realizou uma demonstração da tecnologia EWBS em evento com o Fórum SBTV e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações em Angra dos Reis

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ShowCase PRO realizou, em parceria com o Fórum SBTV e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a primeira demonstração do EWBS - Sistema de Alerta de Emergência para Radiodifusão, recurso do sistema de TV digital brasileiro ISDB-TB que tem como objetivo exibir um método eficiente e rápido para a prevenção de desastres naturais. O evento de demonstração aconteceu no Centro Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão vinculado à Presidência da República e ao Gabinete de Segurança Institucional, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Durante a demonstração, realizada no começo do mês, a ShowCase PRO e o Fórum SBTV exibiram um alerta em tempo real sobre um suposto risco de acidente nuclear na usina de Angra dos Reis. O sistema também foi demonstrado durante a SET EXPO 2017. O EWBS é um sinal enviado pelos canais abertos que chega a todos os equipamentos de recpção (os televisores) e que exibe em tempo real as informações relacionadas aos riscos de ocorrências de um desastre natural em um determinado local. Todos os telespectadores com TV digital veem em sua tela uma faixa vermelha com os alertas emitidos pela Defsa Civil. A sinalização permite informar a população da área atingida por um alagamento ou deslizamento, por exemplo, permitindo a antecipação de medidas de evacuação de área. Os alertas seriam exibi-

dos de maneira independente, sem qualquer relação com a programação da emissora. “A sinalização é muito efetiva por conta do alcance da televisão na população brasileira. Os alertas são exibidos sem qualquer necessidade de infraestrutura de cabos ou serviços de telefonia ou internet e são um serviço de utilidade pública para os brasileiros”, Marco Antonio Melo, diretor comercial da ShowCase PRO. O sistema EWBS já é utilizado no Japão, especialmente para a divulgação de ocorrências relacionadas a furacões e terremotos, e também no Peru. As empresas ainda negociam com o Governo Federal as condições para a implantação do sistema, mas ainda não há qualquer prazo para a implantação. Também há planos para que a tecnologia seja implementada em outros países da América Latina. PA

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Arri: 100 anos de história Um século dedicado à produção audiovisual sob o ponto de vista da tecnologia. Por Flávio Bonanome

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ensar o passado é compreender o presente e idealizar o futuro. Quando o pensador grego Heródoto cunhou a frase, ele referia-se as epopeias da experiência humana e como era importante, não só preservar, como revisitar a história de nossos antepassados se quisermos entender quem somos e para onde podemos ir. Em suas devidas proporções, com a indústria audiovisual é a mesma coisa. Analisar e preservar as tecnologias e eventos que fizeram parte de sua construção é extremamente necessário para compreender o atual estado das coisas e para onde nos levarão as novas tendências e evoluções no que diz respeito a forma de se contar uma história. E poucas fabricantes podem- se dizer tão historicamente ligadas à indústria do que a Arri. Fundada em Setembro de 1917, a marca de equipamentos de iluminação, câmeras, lentes e acessórios, completou este ano 100 anos de existência. Uma marca que poucos podem gabar-se de ter alcançado neste segmento. Para se ter uma ideia do tamanho desta façanha, pode se dizer quase com certeza absoluta que nenhum dos profissionais da indústria lembra-se de seus primeiros produtos ou de seu surgimento. Trata-se de um nome que simplesmente sempre esteve lá para todos os que hoje vivem de cinema, broadcast, documentários e novas mídias. A marca nasceu do sonho de dois entusiastas, August Arnold e Robert Richter em Munique na Alemanha como uma empresa de acessórios e iluminação para produções cinematográficas. Inicialmente o nome escolhido fora Arnold & Richter Cine Technik que com o passar dos anos foi reduzido para Arri vindo das primeiras duas letras de cada sobrenome dos fundadores. O primeiro produto foi uma copiadora de filme construída sobre a base de um torno mecânico que Richter havia ganhado como presente de natal de sua família.

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Kinarri 35, a primeira câmera da fabricante construída em 1924

Entre os anos de 1920 e 1923, os dois sócios aventuraram-se na produção de seus próprios filmes, usando câmeras adquiridas para tanto, que em seguida eram também alugadas para outros cineastas da região, iniciando assim a operação de locação da empresa. Com o dinheiro conseguido graças ao sucesso de seus filmes, e a venda de algumas unidades de suas copiadoras de filme, a dupla conseguiu verba o bastante para realizar os investimentos e construir, em 1924, sua primeira câmera. CORPORATECORPORATE

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A primeira inovação em iluminação portátil, com lâmpadas elétricas movidas à um gerador com motor de avião

Batizada de Kinarri 35, a câmera usava uma manivela movida à mão e possuía capacidade para 30m de filme. Ao mesmo tempo a empresa desenvolveu seu primeiro conjunto de luzes portáteis, que combinavam uma lâmpada elétrica acompanhada de um gerador elétrico que era movido por um motor de avião.

Revolução Arriflex Em 1937 veio o desenvolvimento tecnológico que colocou de vez a empresa na história da produção cinematográfica, o nascimento da Arriflex 35. Até o surgimento deste equipamento, os operadores de câmera não tinham como ver a imagem que estava sendo capturada após passar pela lente, o que significava que importantes informações como foco e enquadramento, precisavam ser calculados. A Arriflex 35 trouxe uma abordagem muito similar à das câmeras fotográficas, empregando um espelho rotativo entre a lente e o filme operado por um motor, permitindo gravação continua ao mesmo tempo que o operador possuía condição de observar exatamente o que estava sendo filmado através do viewfinder. O conceito foi tão bem recebido, que todas as câmeras construídas subsequentemente empregavam a ideia e até hoje o mesmo design é usado na Arri Alexa Studio. As Arriflex chegaram em Holywood em 1947 por meio do filme de Delmer Daves Dark Passage estrelando Humphrey Bogart e Lauren Bacall. O filme ficou famoso por conta de suas sequências usando a técnica de câmera subjetiva, o que significava a necessidade de uma câmera portátil e de alta qualidade para a produção. O diretor então adquiriu uma Arriflex 35 diretamente do governo americano, que havia trazido algumas unidades para os Estados Unidos no final da segunda guerra mundial.

A primeira Arriflex, de 1937, um produto que dominou a cinematografia por mais de 60 anos

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Com o passar dos anos mais de 17 mil Arriflex foram construídas para atender as demandas de mercado e receberam prêmios de reconhecimento científico da academia de cinema americana duas vezes, em 1966 e 1982. Ainda em 1937 a fabricante passou a construir seus primeiros sistemas de iluminação em fresneis.

A era do broadcast Na metade do século XX, uma nova demanda surge conforme as empresas de radiodifusão começam a se estabelecer ao redor do mundo. Com demandas extremamente específicas para a produção de conteúdo, as exigências por sistemas focados nestas necessidades, passam a ditar o desenvolvimento tecnológico dos principais fabricantes do mercado, e não foi diferente para a Arri que respondeu com a criação da Arriflex 16ST, a primeira câmera profissional de 16mm com o mesmo, e já renomado, sistema de espelho rotativo do modelo cinematográfico. Nos anos que se seguiram, a fabricante investiu fortemente na expansão de suas plantas fabris, separando a linha de montagem de câmeras da focada em iluminação e construindo grandes laboratórios, estúdios e ampliando o negócio de locação. Outro mercado que a Arri também investiu e conseguiu sucesso, foi na área médica, com CORPORATECORPORATE

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sistemas câmeras para Raio X e aparatos que permitiam a melhor visualização de procedimentos cirúrgicos. Nos anos 1970 veio mais um grande salto em termos de tecnologia para iluminação com as linhas Arrisonne 2000 W e Apollo que trouxeram o conceito de Daylight para o Set. Além da qualidade da iluminação e baixo ruído, os novos sistemas garantiam possibilidade de controle de temperatura de cor, algo crucial para iluminação neste sistema. Os refletores trabalhavam com sistema HQI da Osram, o precursor do HMI. No final dos anos 1970 veio também a primeira subsidiária da fabricante fora da Alemanha, situada exatamente nos Estados Unidos.

Um novo século digital Após inúmeras gerações e evoluções tecnológicas da Arriflex, nos anos 2000 a empresa comprou a companhia Moviecam e, usando a tecnologia incorporada, desenvolveu a Arricam, uma câmera 35mm. O sistema veio já em dois modelos, a Arricam ST focado em produção em estúdio e a Arricam LT, portátil para gravações em externas. Ainda no começo do século, a fabricante trouxe o Arrimax 18/12, um

O primeiro sistema digital da fabricante, a Arriflex D-20 foi um marco no aprendizado sobre cinema digital CORPORATE

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A Alexa, atual produto flagship da marca e sinônimo de qualidade em cinematografia digital

sistema de iluminação com 50% mais luminosidade do que um PAR 12 kW. O equipamento trazia um conceito único de refletor, com capacidade de controle de feixe, eliminando a necessidade de lentes espalhadas. Foi em 2005 porém, que a fabricante desenvolveu seu primeiro produto para o mundo digital, a Arriflex D-20 e posteriormente seu upgrade, a D-21.Tratava-se de uma câmera digital que tentava manter o look padrão do cinema feito com película, trazendo tecnologia para o sensor com as funções específicas para o segmento cinematográfico. O equipamento era construído com um CMOS de 35mm, o que permitia que o uso de lentes 35mm já estabelecidas no mercado e favoritas dos diretores. Foi em 2010 porém que a grande aposta para uma câmera digital Flagship da Arri surgiu. Batizada de Alexa, a câmera digital de 35mm foi a porta de entrada para toda uma nova abordagem em termos de lentes, acessórios e recursos inclusos na câmera. O modelo foi seguido pela Alexa Plus, que permitia controle remoto, sensores de posição e movimento, e metadados das lentes tudo funcionando em um sensor 4:3, capaz de trabalhar com cinematografia anamórfica. A linha foi seguida pela a Alexa Studio, Alexa M e Alexa XT. Ao mesmo tempo, a fabricante renovou sua linha de refletores LED com o SKyPannel, uma nova abordagem para iluminação, com efeitos embarcados, controle wireless e uma série de facilidades do mundo digital. Era a chegada de tudo que o digital tinha a oferecer também para iluminação. Pode-se dizer que a história da fabricante e da produção audiovisual caminharam juntas até aqui. Não dá para saber se o cinema respondia às facilidades trazidas pela fabricante ou se a fabricante atendia as demandas dos profissionais de cinema. O que dá para ter certeza, é que 100 anos é uma marca para poucos, e a perenidade e o sinônimo de qualidade está no DNA da fabricante. PA CORPORATE

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Mentalidade e processo: o segredo da manufatura alemã A equipe da Panorama Audiovisual visitou as fábricas da Sennheiser, Riedel Communications e Lawo para entender os detalhes por traz da fama de excelência germânica. Por Flávio Bonanome

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o Brasil nos acostumamos a crescer ouvindo as mais valias tecnológicas da indústria estrangeira como se por si só fosse sinônimo de qualidade. “Tecnologia Japonesa”, “Qualidade Britânica” e “Engenharia Alemã” são máximas em grande parte das peças publicitárias no país quando o assunto é vender produtos de alta-tecnologia, eletrônicos domésticos ou automóveis importados. Há que proteste e diga que este tipo de discurso reforça alguma síndrome de vira-lata perpetuado no país como que para que algo tenha qualidade, teria que ser feito fora do Brasil. Um apelo que vem, sobretudo, da indústria nacional que tem lutar contra, além de todas as dificuldades impostas pela burocracia brasileira, a mentalidade do consumidor que, supostamente, valorizaria mais os importados. No caso do mercado audiovisual, onde 90% dos fornecedores são

internacionais de qualquer forma, o discurso perde um pouco a validade. Há pouca, e em alguns casos, nenhuma indústria nacional a se proteger e protestar, e mesmo assim as máximas da qualidade imposta por fabricantes de determinados países continua sendo repetida em eventos e nas rodas de conversa de aficionados técnicos. Visando colocar a prova um pouco estes paradigmas, resolvemos partir para uma empreitada que nunca havíamos cogitado: visitar as fábricas de alguns fornecedores do mercado audiovisual em suas sedes. A equipe da Panorama Audiovisual aproveitou nossa ida ao IBC 2017, em Amsterdã e ‘esticamos’ alguns dias até a Alemanha para visitar três fabricantes: Sennheiser, Riedel Communications e Lawo. Antes de partirmos para as visitas em si, cabe explicar o que nos levou a escolher estas três empresas. Os critérios usados para a esco-



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lha nesta viagem foram empresas que fossem desenvolvedoras de tecnologia, que representassem alguma liderança de mercado, que tivessem expressividade global, que fossem representadas no Brasil e, claro, cuja fabricação principal fosse em seu país natal. Claro que mesmo seguindo todos os critérios há outras marcas que poderiam estar nesta lista, mas houve também a questão da disponibilidade para nos receber e a agenda dos dias que teríamos disponíveis. Desta forma, logo após o final do IBC 2017, alugamos um carro híbrido no aeroporto de Amsterdã e encaramos a estrada.

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Estrada sem limites A primeira parte da jornada foi o trecho de 370 km entre Amsterdam e Hannover, cidade localizada no norte do país e bastante famosa por possuir a maior área de exposição para feiras e eventos do mundo. Exatamente por isso a cidade é conhecida por grandes eventos anuais como a CeBIT, maior feira de tecnologia da informação do mundo e a IAA, principal salão para o mercado automobilístico do globo. O objetivo era chegar na cidade no meio da tarde e para tanto fizemos uso de um dos principais “cartões postais” da Alemanha, as Autobans. Graças a total ausência de limites de velocidade, somados à qualidade da estrada em si e dos veículos, o trecho que normalmente levaria cerca de quatro horas para ser completado, foi feito em duas horas e meia, neste caso uma excelente vantagem à nosso favor. Hannover é onde fica a sede da fabricante de microfones e fones de ouvido Sennheisser desde 1947 no mesmo lugar. Trata-se de um ponto levemente afastado da cidade, em um bairro praticamente residencial com grandes propriedades com jardins enormes. O bairro estende-se por uma colina e no topo dela é possível avistar, ainda a algumas centenas de metros de distância, o logotipo da fabricante. A primeira coisa que nota-se ao chegar nas instalações é a linda arquitetura do prédio que mistura a recepção com a loja-conceito da marca. Um mistura das tonalidades neutras de preto e cinza que sempre foram marca registrada em seus produtos, contrastando com o azul típico de seu logotipo, evocando tanto a modernidade com sua tradição. Nosso anfitrião, Jörk Meyerrose, Vice-Presidente de Vendas para a América Latina já nos aguardava para um primeiro bate-papo. Após falarmos sobre as novidades que havíamos visto no IBC, o executivo nos explicou que tours na fábrica eram algo um pouco mais planejando dentro da Sennheiser do que esperávamos. De fato a em-

No lobby de entrada da Sennheiser há uma grande linha do tempo de produtos da marca, mostrando de forma bem ilustrativa sua evolução tecnológica e de mercado

presa possui uma arquivista profissional responsável por manter os registros históricos da companhia, e seria ela a responsável por nos levar para conhecer tanto a parte histórica, como o desenvolvimento tecnológico da marca. Com esta grata surpresa, fomos levados por Greta pelo tour que começa direto em um espaço dedicado de showroom da marca, que também atua como loja conceito. No centro da área há uma grande mesa formando uma linha do tempo, com os produtos posicionados na ordem em que foram sendo desenvolvidos e anotações históricas relativas desde a fundação da marca pelo dr. Fritz Sennheiser em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial. Na época, a empresa ainda era chamada Lab W e era formada basicamente pelo dr. Fritz e outros sete engenheiros da Universidade de Hannover. A companhia começou desenvolvendo uma alternativa para um modelo de microfone comum na época focado em conferências sob encomenda da Siemens. “Podemos falar que o primeiro produto da empresa foi de fato uma cópia de outro microfone, mas assim que os engenheiros finalizaram o projeto, perceberam que havia muito espaço para aprimoramento, e foi desta percepção que nasceram as linhas de microfones próprios”, explicou-nos Greta. Foi desta inventividade e inovação que a empresa seguiu puxando a tecnologia para captação, tendo desenvolvido o primeiro microfone Shotgun ainda nos anos 1950 e o primeiro fone de ouvido aberto nos anos 1960. A empresa foi renomeada para Sennheiser em 1958 e desde então ampliou sua área de atuação para captação para produção audiovisual, fones de consumo, equipamento especializado para aviação e sistemas sem fio.

Fabricando em 1947 a pedido da Siemens, o primeiro produto da Sennheiser foi uma cópia de um fabricante na época. Durante o processo os engenheiros perceberam muito espaço para melhorias e a história da empresa começou


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Reportagem

Feito à mão Segundo a própria arquivista da empresa, Fritz Sennheiser, se não fosse engenheiro, teria se tornado um jardineiro ou paisagista. Seu grande amor por criar ambientes esteticamente integrados com plantas pôde ser apreciada durante toda nossa caminhada na planta da fábrica, desde a entrada, até o antigo armazém onde tudo começou há mais de 60 anos com os oito engenheiros trabalhando. Hoje a empresa possui mais de 1200 funcionários, sendo 400 trabalhando diretamente nas linhas de produção, design e engenharia na Alemanha e mais 800 espalhados pelo mundo em equipes comerciais e especialistas. Durante a primeira parte de visita, Greta nos levou por dentro da linha de montagem dos fones e microfones de alta qualidade, como a linha MD, ou alguns produtos da linha Neumann, como a série TLM. Grande parte do processo na construção destes produtos é feita à mão por colaboradoras (todas mulheres) em uma espécie de aquário inviolável de vidro. “A montagem exige o manuseio de peças muito pequenas e delicadas, coisas complicadas de se automatizar”, explica nossa guia Greta. A preocupação com o processo de construção é bastante perceptível durante toda a visita. As colaboradoras que atuam no aquário não possuem função fixa, escolhem em qual parte do processo querem atuar de acordo com o que se sentem mais à vontade. Trata-se de uma forma de evitar que a repetição e fadiga mental ocasione erros humanos no caminho. Outro ponto bastante interessante é o aquário em si. Como o processo de construção das capsulas de microfone é bastante delicado, há uma enorme preocupação para que não hajam partículas de poeira ou sujeira no ar. O espaço então é levemente pressurizado para garantir que no caso de uma abertura descuidada de portas, o ar seja empurrado para fora, evitando a entrada de poeira. Outro cuidado é a troca total de todo o ar da área, executada a cada 30 segundos. Os testes também são pontos cruciais durante o processo de fabricação. Mais de uma vez os produtos passam por algumas etapas de provação bastante intensas, dividas em medições técnicas, capazes de acusar se a qualidade do produto é satisfatória, e de durabilidade, que vão garantir que os sistemas funcionarão sob circunstâncias adversas. Para a primeira etapa, a fabricante possui sua própria câmara anecoica, que nada mais é que uma sala tratada acusticamente para impedir que aja qualquer tipo reflexão sonora, garantindo que uma medição possa aferir exatamente o som que incide sobre um micro-

Visão geral das instalações da Sennheiser em Hannover

Entre as descobertas inusitadas de nossa visita, esteve este console de mixagem Sennheiser, exposto em um pequeno museu-vitrine na fábrica

fone, por exemplo, sem levar em conta reflexões do ambiente. Greta nos levou para conhecer a sala, o que per se é uma experiência impressionante. A ausência total de reflexões causa uma estranheza enorme nos ouvidos humanos, como se uma pressão constante estivesse sobre você. Há recomendações de tempo máximo para ficar dentro de uma sala destas, pois há um histórico de pessoas que tiveram ataques de pânico e ansiedade após períodos superiores a 30 minutos. Já pelo lado da durabilidade, a Sennheiser possui equipamentos que colocam os sistemas em exposições extremas de temperatura, com variações de -10º C até 50º C em períodos de até duas horas. Com as informações de performance e durabilidade capturadas, tudo é passado para a folha de especificações que acompanha o produto, ou seja, cada folha de especificações é válida especificamente para a unidade a qual se refere, ao invés de informações genérica sobre a linha em si. Após conferir este processo para a linha de transceptores RF e fones de ouvido, Greta nos levou para conhece a área dedicada a linha Evo. “Há dez anos percebemos que precisávamos de uma linha de microfones que fossem mais acessíveis para concorrermos no mercado de entrada. A primeira ideia foi levar a linha de montage para a China, mas não tivemos uma experiência boa. Queríamos o preço baixo, mas não queríamos abrir mãos da qualidade da Sennheisser, afinal, somos uma empresa alemã”, explicou Greta. A solução encontrada foi realizar um investimento milionário para a aquisição de uma linha de produção totalmente automatizada, capaz de montar os produtos, da construção aos testes finais, sem nenhuma intervenção humana. Hoje, estes robôs são capazes de entregar mais de três mil microfones por dia, com uma taxa de rejeição de qualidade inferior a 1%. Após o tour, Greta nos levou ao refeitório onde pudemos conversar com Uwe Cremering, diretor global de Marketing (veja entrevista no box). Para completar nosso passeio, já de volta ao Showroom da fabricante, não tivemos como não pedir para experimentar o modelo de testes do HE-1, fone de ouvido de mais alta qualidade da marca, conhecido como o fone mais caro do mundo (algo como US$ 55.000). Há um espaço no showroom dedicado à ele onde você pode ouvir músicas em arquivos não comprimidos e entender o porque de seu


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Reportagem

A Fábrica da Riedel Communications está localizada em Wuppertal, região oeste da Alemanha e a primeira surpresa está no Carro de F1 exposto logo em seu hall de entrada como uma lembrança da grande parceira da fabricante com a FIA

preço. A mera experiência de vê-lo em funcionamento, com sua base de mármore e suas válvulas transparentes abrindo já vale, mas o que dizer da qualidade sonora… sai de lá me questionando se a diferença na qualidade vale os mais de 150 mil reais e parece que pelo menos 81 pessoas acreditam que sim. Este é o número de HE-1 que Sennheiser vendeu desde seu lançamento em 2015.

Inter Comunicação Após a visita na fábrica da Sennheiser, o plano era passar a noite em Hannover, mas exatamente por conta da quantidade de eventos que a cidade recebe, não havia disponibilidade de hotéis, o que nos fez “esticar” até a próxima parada: Wuppertal, sede da Riedel Communications. Foi mais duas horas e meia de viagem sentido oeste, mais para a parte central do país, desta vez à noite. Até por conta do período eleitoral que o país estava passando, havia uma enorme quantidade de obras nas estradas, o que tornou o caminho um pouco chato.

Misturando muito da Tecnologia da Informação, o escritório da Riedel é dominado por ambientes de vidro cheio de servidores, o que faz lembrar uma empresa do vale do silício

Wuppertal é uma cidade historicamente industrial, com grandes bairros de trabalhadores datando desde o século XVIII. Levando em conta este histórico e, uma população relativamente pequena de 350 mil habitantes, é fácil imaginar que grande parte das pessoas trabalhem em alguma das inúmeras indústrias localizadas na região, entre elas, a Riedel Communications. Nossa visita a Riedel se deu em um momento muito oportuno. Em 2017 a empresa completa 30 anos de existência, o que per se transformou a experiência de conhecer as instalações algo muito mais comemorativo do que esperávamos. A sede fica dentro de um grande condomínio industrial que é todo de propriedade da empresa, mas que atualmente possui espaços sublocados para outras fábricas. De fato, até por conta do aniversário, todos os escritórios estavam em reformas, adquirindo uma nova cara para a próxima fase da empresa após suas três décadas de existência.


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Reportagem

Ao entrarmos de fato na recepção da Riedel, após passar por portaria e estacionamento, os olhos encheram ao ver postado no centro do saguão um carro de Formula 1. Claro que paramos para fazer fotos do “enfeite” e fomos surpreendidos. “Não é uma réplica, é de fato um Formula 1, na verdade, um dos três que temos aqui na empresa”, contou nosso anfitrião Christian Bockskopf, chefe do marketing da empresa. A Riedel tem uma estreita e antiga relação com a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), sendo fornecedora exclusiva de toda a rede de intercomunicação e conectividade do torneio global. Trata-se de um trabalho tão grande, que a fabricante possui um time exclusivo e itinerante que viaja junto com a federação para prover todos os serviços técnicos necessários. “Hoje, 10% de toda a receita da empresa vem da operação com a Formula 1”, explicou Bockskopf. Outra peculiaridade da empresa é que, até por se tratar de uma fabricante de soluções de conectividade, há uma grande força tarefa de profissionais das áreas de TI dentro da empresa. Some isso a um escritório extremamente moderno, com uma arquitetura requintada, e o carro de Formula 1 logo na entrada, e você está praticamente dentro de uma empresa típica do Vale do Silício. O tour de fato que fizemos pela linha de fabricação foi um pouco menos intenso do que nossa experiência do dia anterior. Havia uma grande preocupação com relação aos segredos industriais e métodos de desenvolvimento, mas durante todo o caminho pudemos, mais uma ver, nos deparar com a enorme preocupação com processos e controle de qualidade. Pudemos ver os equipamentos sendo testados um a um, com medições e testes de estresse muito parecidos com os que havíamos visto na Sennheiser. Ao todo, a fábrica abriga cerca de 300 funcionários, e mais da metade deles está alocado dentro da atividade de locação. Sim, além de fabricante, a Riedel loca os equipamentos de intercom para operações sobretudo em eventos de grande porte como competições esportivas e festivais de música. Segundo Bockskopf, cerca de metade de toda a receita da empresa vem do departamento de locação e há mais de 40 mil rádio-comunicadores à disposição para locação. Estes números superlativos per se exigem uma logística extremamente complexa em termos de operação. Ao caminhar pelas diversas

Após uma locação, todos os sistemas são limpos, checados e testados, garantindo que estejam 100% em condições de uma nova locação o mais breve possível

prateleiras do almoxarifado, dá para ver que todos os equipamentos estão lacrados em sacos plásticos que contém códigos de barra. “Toda vez que um equipamento volta de um cliente, ele é limpo, checado e, se estiver tudo funcionando, empacotado”, explica Bockskopf. Os códigos de barra são gerados por um sistema de gestão cujo responsável operacional alimenta com o número de série do produto e o histórico de locação e resultado de todos os testes feitos na devolução. Isso permite que o código gerado possa facilmente ser pesquisado no banco de dados e recuperar não só as condições gerais do produto, como seu histórico de uso e condições de entrega e devolução. Por fim, pudemos ver a preparação da linha de produção para atender as demandas do novo Bolero, sistema de intecom lançado este ano, e que já está começando a tornar-se padrão para os clientes Riedel.

Nada a esconder

O almoxarifado da Riedel é todo codificado por um sistema que garante histórico e qualidade de cada um dos produtos que sai da fábrica, seja para locação ou para venda

Nossa última parada era a pequena cidade de Rastatt, já na fronteira entre Alemanha e França. Como a viagem levaria praticamente cinco horas desde Wuppertal, optamos por deixar um dia todo para a estrada e somente na manhã seguinte, o que nos permitiu hospedarmos na cidade vizinha de Baden-Baden, uma cidade turística devido às termas e balneários medicinais. No dia seguinte, já em Rastatt, quem nos recebeu no escritório da Lawo foi Andreas Hilmer, diretor de marketing e comunicação da marca. Já acostumado com o ambiente cheio de segredos industriais, questionei o que poderia ou não ser filmado e fotografado, e ai veio a primeira supresa. “Tudo. Você pode pegar imagens de tudo”, afirmou Hilmer que, ao reparar em minha expressão de assombro, completou “não temos nada a esconder. Além disso, hoje em dia com produtos cada vez mais digitais, o verdadeiro segredo está menos nos chips e mais nos algoritmos”. A fábrica da Lawo possui hoje 250 colaboradores, desde a linha de montagem, pessoal de escritório e departamentos de pesquisa, todos alocados em Rastatt. Há mais 100 funcionários fora da fábrica atuando em diferentes áreas do mundo. Mais uma vez vimos a preocupação com o processo acima de qualquer outra prioridade, dei-


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Reportagem

Ao todo, são quatro Carros de F1 dentro da fábrica da Riedel. O mundial de automobilismo garante hoje 10% de toda a receita da empresa e tem um time de 15 pessoas dedicado somente à este atendimento

xando claro a importância na forma como as coisas são feitas para atingir a excelência. Outra preocupação que ficou bem clara durante a visita foi para com os fornecedores. “Escolhemos a dedo de onde vêm os componentes que usamos e quem desenvolve o maquinário necessário. Até mesmo as chapas de aço usadas para os chasis são alemãs”, afirmou Hilmer. Sem arrogância nacionalista, o fato de dizer que seu fornecedor é alemão, para estas empresas, é o mesmo que dizer que está sendo levando em conta a mesma preocupação com excelência que eles próprios possuem, quase como se a mentalidade relativa à manufatura fosse parte do valor agregado do produto. Indo diretamente para a linha de produção, a primeira etapa é a de construção das placas e chips. Por um processo 100% automatizado, o coração do hardware dos produtos Lawo é montado em grandes mecanismos que rolam verdadeiras fitas de componentes e seguem o projeto carregado para posicionar cada um deles na placa. Em seguida, vem o primeiro teste de qualidade, também automatizado, que garante que todos os componentes estão posicionados corretamente, já descartando qualquer placa mal construída. Em seguida, há um processo manual de finalização, onde algumas das placas que tiveram pequenos desvios na fabricação podem ser corrigidas, e também a construção dos contatos mais delicados dos sistemas. Todo este processo é realizado por uma equipe extremamente especializada com o uso de ferramentas de magnificação.


Reportagem <<

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Em três momentos: 1 - A máquina que usa fitas de componentes para construir a placa; 2 - Equipamento de testes usado para garantir que todos os componentes estão corretamente montados; 3 - A placa de um dos produtos Lawo pronto para seguir caminho na linha de montagem

Com as placas construídas, a próxima etapa é das conectividades, também instaladas manualmente e já testadas conforme sua construção, garantindo que não haverá portas, sejam digitais ou analógicas, que estejam com alguma defasagem de sinal. As placas então são colocadas dentro dos chasis de seus respectivos produtos e recebem a finalização e acabamento, que são a montagem dos botões, faders, telas, etc. Com o produto montado, vem mais uma enorme bateria de testes, desta vez focado na funcionalidade geral do equipamento. Até por conta do valor e especificidade dos equipamentos da Lawo, não há possibilidade de manter estoque. Todos os produtos são fabricados sob demanda com as especificações exigidas por cada cliente. “Fazemos tudo isso em cinco dias”, explica Hilmer. De fato, da entrada da demanda à entrega do produto, este é o tempo que o cliente precisa esperar, mostrando a profundidade da eficiência da linha de fabricação conseguida pela fabricante.

As chapas de aço do Chasis são moldadas de forma praticamente manual

Um norte para a indústria Ao finalizar a última visita, ficou fácil entender os padrões que ditavam o modo de pensar a manufatura que a indústria alemã possui. Aquele orgulho nacional, estava longe, bem longe, de uma arrogância ou prepotência em sentir-se melhor que os demais. É mais como se cada um sentisse uma obrigação para com a reputação do país. Como se fosse uma grande vergonha colocar no mercado um produto de baixa qualidade, uma vez que isso refletiria na imagem do país como um todo. Pode parecer exagero, mas o efeito psicológico no consumidor é bem real. Quando você pensa em um “produto Chinês”, provavelmente a primeira coisa que vêm à sua mente é um equipamento de baixa qualidade ou uma cópia de alguma marca renomada. Isso não significa que todos os fabricantes chineses tenham esta mentalidade, há muitas fábricas na China com qualidade indiscutível, mas a imagem prevaleceu. É a mesma coisa com a Alemanha. Não dá para afirmar que todos os equipamentos fabricados no país sejam de alta qualidade, mas a imagem construída ao longo dos anos é esta, uma imagem que as empresas esforçam-se para manter. Por fim, gostaria de ressaltar que o objetivo desta reportagem-relato não é um enaltecimento per se dos fabricantes alemães, diminuir a cultura de outros países, sobretudo a brasileira, e muito menos fazer propaganda destas marcas que visitamos. O objetivo era de fato entender os “comos” e “porquês” exatamente para traçar as diferenças e paralelos, entender o que estamos consumindo e vislumbrar uma foram de fazer diferente da nossa. Talvez sirva como um norte. PA


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10P Damian Kirzner e

Chirstian Bennett O criador do evento Mediamorfosis e o chefe de Jornalismo Visual do The Guardian falou sobre a importância de se pensar na produção de conteúdo para múltiplas plataformas Por Renan Araújo

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ensar em novas maneiras de conquistar a audiência e produzir conteúdos que sejam atrativos em diferentes plataformas tem sido um dos desafios enfrentados por diversos veículos de comunicação, incluindo alguns bem tradicionais que começaram a se arriscar com projetos multimídia. Foi com esse desafio que Christian Bennett assumiu o cargo de editor executivo de jornalismo visual do The Guardian, um dos mais tradicionais jornais ingleses. Vindo da televisão, onde trabalhou por muitos anos como editor de vídeos, Bennett começou no The Guardian em 2007 e, desde então, assumiu as unidades do The Guardian em Sydney, na Austrália, e em Nova York, nos Estados Unidos,até chegar ao seu cargo atual. Liderando uma equipe de mais de 60 pessoas, Bennett é responsável pelos vídeos e podcasts do veículo que possui mais de 100 milhões de visualizações mensais, sendo que dois terços vem de países de fora do Reino Unido. Quem também enfrentou uma experiência semelhante e hoje é visto como uma referência na produção transmídia é o argentino Damian Kirzner. Entre um dos projetos mais conhecidos do pro-

dutor de cinema está aquele desenvolvido no jornal argentino La Nación, que culminou com a plataforma audiovisual LN+. A Plataforma exibe análises e materiais aprofundados em vídeo, áudio e nas redes sociais que conversam com os conteúdos produzidos pelo jornal de maneira integrada. Além disso, Kirzner também é criador do evento Mediamorfosis. “Esse é um encontro feito para que possamos pensar um pouco sobre o que estamos fazendo nos veículos, entender as mudanças nos meios que acontecem a partir das novas tecnologias e inovações, conhecer novos casos de profissionais que estão trabalhando em todo o mundo e entender como os meios tradicionais estão mudando com as novas possibilidades multimídia”, afirmou ele, destacando que o evento sempre traz casos mundiais de sucesso. O evento surgiu há quatro anos e, em sua décima edição, já passou por Argentina, Brasil, Colômbia, Uruguai e em breve será realizado também no Chile. No mês passado, foi realizada a segunda edição brasileira do encontro em São Paulo (o primeiro foi em 2015). Bennett e Kirnzer estiveram no Brasil em setembro para participar


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da segunda edição brasileira do Mediamorfosis e conversaram com a Revista Panorama Audiovisual sobre os desafios e conquistas de seus projetos transmídia e sobre as novas tendências em produção de conteúdo, sobre como as tecnologias estão modificando a maneira de consumir as novas mídias e sobre a importância em se debater os novos cenários da mídia mundial. Panorama Audiovisual: Como foi o processo de criação do LN+ e quais as dificuldades e desafios em implementá-lo no La Nación? Damian Kirzner: Para mim foi muito interessante porque venho do meio de inovação e aqui eu tinha o desafio de trabalhar em um veículo muito tradicional, para ajudá-lo a inovar mesmo com uma estrutura muito firme. O primeiro desafio é de uma mudança cultural. Tínhamos que mudar uma cultura de trabalho, gráfica que tinha começado a ser digital e audiovisual, tínhamos que combater alguns vícios de trabalho, e mostrar que os fotógrafos poderiam ser também câmeras, que os jornalistas poderiam ser apresentadores. Outro desafio era a questão do tempo. Queríamos implementar as mudanças mas todos tinham que seguir trabalhando, não poderiam parar. Com pouco tempo e um baixo orçamento colocamos um canal de televisão no ar que respeitava a redação e a identidade do La Nación e conseguimos isso com muita qualidade. Também fizemos uma série de documentários interativos multiplataformas, com publicações na internet, televisão e jornal. Já estamos conversando com outros jornais como o El Tiempo da Colômbia e queremos realizar um projeto também aqui no Brasil.

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PAV: Quais são os principais desafios das emissoras e dos veículos tradicionais de comunicação? Kirzner: O desafio é falar da maneira mais apropriada à audiência em cada meio. Uma rede de televisão tem uma relação com sua audiência e as pessoas seguem essa marca na plataforma que for. Se um canal conversa pelas redes sociais ou por um canal tradicional, a audiência tem uma relação com essa marca. O que tem que ser feito é perceber onde está essa audiência e que conteúdos podem complementar essa forma de consumo da audiência. Deve-se entender que o próprio público é criador de conteúdo e pode ser mais amplo que a sua plataforma. O meio de comunicação deve utilizar a plataforma que melhor se adapte ao conteúdo que quer divulgar.

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PAV: Quais são alguns dos exemplos mais importantes de produção transmídia no mundo? Kirzner: Aqui no Mediamorfosis estamos apresentando um caso muito interessante da colega Sara Bozanic da Eslovênia, o Ukrainian Sheriff , um documentário interativo bem interessante. Há um caso peruano, o Projeto Quipu , de Rosamarie Lerner, que trata

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O desafio é falar da maneira mais apropriada à audiência em cada meio. Uma rede de televisão tem uma relação com sua audiência e as pessoas seguem essa marca na plataforma que for. Se um canal conversa pelas redes sociais ou por um canal tradicional

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Nós temos 100 milhões de visualizações por mês, 30 milhões vem do próprio site, cerca de 60 vem do Facebook e 10 vem por meio do YouTube

de uma questão social do Peru e que une os meios digitais e analógicos para denunciar abusos do Governo Fujimori. Também recomendo os documentários interativos Historias Extremas do La Nación. PAV: Existe algum tipo de particularidade no comportamento da audiência no Brasil, na Argentina e em outros lugares do mundo? Ou o comportamento é semelhante em todo o mundo? Kirzner: As características vão mudando em cada país de acordo com as características tecnológicas. Em alguns países com mais desenvolvimento se consomem mais conteúdos assim e em outros mais atrasados isso pode ser mais lento. No interior da Argentina, por exemplo, a conectividade 4G é muito ruim, então a tendência é que vejam mais televisão e acessem menos a internet. Mas as mudanças de hábitos de consumo de acordo com as tecnologias surgem de todos os lados, porque ela é um complemento das possibilidades humanas. Ela nos permite fazer coisas que apenas com nosso corpo não podemos. A partir dessa mudança muda toda nossa percepção da realidade e isso afeta a todas as gerações. Somos humanos que estamos super conectados e isso muda nossa maneira de prestar atenção, nossa atenção é mais segmentada e recebemos informações de muitos lugares ao mesmo tempo. Vivemos múltiplas realidades ao mesmo tempo e isso é global. E com isso, é preciso encarar cada coisa de uma maneira diferente. Dependendo do produto que quer divulgar você tem que achar a plataforma ideal para o seu público e isso muda de acordo com as tecnologias disponíveis.

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PAV: Como você enxerga os recursos de interação com o espectador como realidade virtual e aumentada? Elas criarão uma nova narrativa para o audiovisual? Kirzner: Sim, uma nova narrativa está sendo criada e descoberta. Quando o cinema foi criado em que uma película é atravessada por uma luz, uniu o teatro, a literatura e a fotografia e se criou uma linguagem. Da mesma forma, os produtores de conteúdo estão descobrindo as narrativas para os novos meios. E ainda vamos ver o que se pode criar, se é algo para criar uma nova emoção como o vídeo em 360º ou se também vai produzir espetáculos como a

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realidade virtual, em que todo o entorno é modificado, como no teatro. Os óculos dessa realidade poderão mudar as regras de tudo, porque a partir do momento em que se coloca os óculos isso vai criar uma nova experiência de comunicação. Por hora ainda é experimental mas vai ser absolutamente disruptiva. PAV: Atualmente, qual é a estrutura audiovisual do The Guardian e quantos materiais são produzidos diariamente? Christian Bennett: Nós temos cerca de 60 pessoas, com mais um time de dez pessoas para conteúdos de realidade virtual e 10 para produzir podcasts. Eles estão sobre o meu e o comando do meu chefe Jason e ficamos responsáveis apenas pela parte editorial. Nós produzimos cinco ou seis vídeos de notícias diárias quentes. Também produzimos por dia um vídeo com um tema de destaque, com conteúdo original, além de um documentário por mês. É muita coisa mas é bem menos do que produzíamos anteriormente. Quando cheguei um dos meus principais argumentos era que não deveríamos produzir tantos vídeos mas promover aquilo que já tínhamos.

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PAV: Quantas pessoas acessam esse material mensalmente? Qual o perfil do público? Bennett: Nós temos 100 milhões de visualizações por mês, 30 milhões vem do próprio site, cerca de 60 vem do Facebook e 10 vem por meio do YouTube. É uma grande mistura de fontes. Geralmente, do Facebook e do YouTube a maioria do público é feminino entre 20 e 30 anos, enquanto no nosso site predomina um público em geral cinco anos mais velho. A maioria vem de países que falam inglês. Em primeiro a Inglaterra e os Estados Unidos em segundo, mas claro, isso depende do tema. Se produzirmos uma notícia sobre a Índia teremos uma grande audiência da Índia, por exemplo. Produzimos muitos materiais regionais por conta da nossa história mas nós também temos escritórios em Nova York e Sydney e nós tentamos, especialmente com as séries de documentários, focar em conteúdos para o mundo todo.

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PAV: Qual é o diferencial do The Guardian e de que maneira o veículo procura se diferenciar com conteúdos inovadores? Bennett: Eu acho que o que nos torna diferentes é que nós temos respeito pela nossa audiência e pelos nossos colaboradores. Historicamente as pessoas exploram uma história e falam sobre ela em um programa de televisão por poucos minutos, sem se aprofundar no conteúdo. Eu não acho que temos que fazer dessa maneira. Você pode realizar uma entrevista e descobrir tudo sobre a pessoa, pode ter uma conversa real com ela. Ela precisa durar o tempo que for necessário. Isso, para mim, é muito interessante e é onde os broadcasters perdem porque eles estão obcecados por um formato antigo.

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PAV: Como o The Guardian interage com os seus usuários e de que maneira isso influencia na produção de conteúdo? Bennett: Eu acho que a coisa mais importante sobre isso é encontrar jornalistas que são parte da audiência. Eu não acho que você pode conversar da maneira mais apropriada com pessoas de vinte anos ao utilizar profissionais de sessenta anos para fazê-lo. Você tem que ir até os locais, encontrar pessoas mais jovens e dar espaço para que eles falem para sua própria audiência. O mais importante é entender a sua audiência e temos que que ser capazes entender melhor as tecnologias e as particularidades desse novo momento para tentar oferecer o melhor conteúdo possível a ela.

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PAV: Você acha que as novas tecnologias como realidade virtual e aumentada influenciarão na maneira de se produzir conteúdos no futuro? Bennett: Sim, inclusive nós temos um estúdio de realidade virtual. Nós já produzimos sete produções de realidade virtual. Eu acho que é realmente importante se você se importa com o futuro do storytelling, o futuro do jornalismo em que você tem que experimentar novas mídias, porque você quer ser a pessoa que vai ajudar a produzir esse diálogo. PA

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4ª Feira Internacional de Tecnologia, Inovação, Infraestrutura e Soluções para Templos e Igrejas

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13 a 15 de Junho de 2018 Church Tech Expo A Church Tech Expo reúne o melhor das tecnologias de áudio e vídeo para templos, igrejas, locais de pregação e adoração. Exposição, palestras técnicas e workshops cobrem os segmentos de sonorização, mixagem, captação em vídeo, projeção, gravação, edição e transmissão. Em 2015, o evento reuniu 90 expositores, representando mais de 200 companhias, e mais de 7 mil visitantes. Participe e conheça o que há de mais inovador no setor. Aprenda com exemplos práticos como ampliar e otimizar as suas instalações ao lado dos principais fornecedores, integradores, consultores do mercado nacional e mundial. Entenda como e onde investir para ampliar o alcance de sua mensagem. O evento é destinado a líderes e representantes de religiões, membros de ministérios, equipes técnicas e de projeto, operadores de áudio e vídeo, e todos os envolvidos com áudio, vídeo e iluminação em templos e igrejas. O Congresso Church Tech Expo 2015 teve 100 de programação e recebeu 80 palestrantes em 65 sessão. Os temas centrais são: Integrando Áudio, Vídeo e Luz; Acústica e Inteligibilidade; Sistemas de PA e Sonorização; Produção de Apresentações Musicais; Mixagem e gravação; Seleção e configuração de microfones; Produção HD Ao Vivo; Implantação e Vantagens do Live Stream; Integração com Switcher e Robótica; Projeção e Processamento de Vídeo; Integração com Mídias Sociais; Infraestruturas baseadas em IP; Digital Signage Aplicada; Projetos de sucesso; Automação de Processos e Eventos; Desafios da Iluminação. www.churchtechexpo.com.br

13 a 15 de Junho de 2018 PANORAMA SHOW O mais importante latino-americano dedicado às tecnologias de Produção Audiovisual e Broadcast será realizado no São Paulo Expo (antigo Centro de Exposições Imigrantes), em São Paulo. Serão três dias de exposição e congresso dedicados ao aperfeiçoamento profissional, debate sobre tecnologias e promoção de negócios. Os temas-chave do congresso são soluções para produção e distribuição de áudio e vídeo em TV, cinema, novas mídias, publicidade, animação e games. Em 2015 o evento reuniu 7000 visitantes, incluindo mais de 1000 congressistas, que participaram de 65 sessões de debate e workshops. www.panoramaaudiovisualshow.com.br


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