Panorama Audiovisual 81

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81 ISSN 2236-0336

Ano 6 - Edição 81 - Novembro/2017

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Os bastidores de Cano Serrado, o primeiro filme produzido em 8K no Brasil Perfeição em Movimentos

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Editorial

Broadcast & Broadband: União necessária Nós já dedicamos este editorial para comentar a chegada da TV de ultra-alta definição, batizada de Super Hi-Vision. Agora será a vez da televisão híbrida, ou Hybridcast, um conceito em desenvolvimento no Japão, que mescla o broadcast tradicional com a banda larga e consolida a integração da internet com os televisores, set-top boxes, videogames e players de Blu-ray. Se os novos televisores estão se conectando e navegando pela Web com enorme facilidade, essa iniciativa cria espaço para as emissoras desenvolverem novas estratégias e demarcarem território, revertendo a tendência de queda contínua de audiência. Antes de tudo, devemos lembrar que a radiodifusão tem a obrigação de oferecer uma boa cobertura para conquistar e manter a audiência, independente do conteúdo. Essa meta resultou na transmissão digital e no salto absurdo de qualidade da recepção aberta e gratuita – mesmo quando comparada aos canais por cabo e satélite. Por outro lado, a mesma radiodifusão peca pela baixíssima capacidade de interação com os espectadores, apesar de as emissoras explorarem o uso das pesquisas de opinião, enquetes e votações. O alto custo de produção, a escassez de canais disponíveis e a unidirecionalidade das transmissões contribuíram para isso. Mas as redes de comunicação, as telas de alta resolução e as últimas gerações de microprocessadores estão ajudando a mudar esta realidade nos próximos 10 anos, impulsionando a ligação entre as TVs e um manancial de conteúdos desconhecido pelos telespectadores. Por iniciativa dos fabricantes – que já perceberam como faturar com essa evolução, em pouco tempo todos os televisores terão acesso livre à internet e a conteúdos “premium”. Este será o ponto de virada para o mundo da televisão. O Hybridcast se apoia no padrão de transmissão digital ISDB-T, também usado no Brasil, e em vídeos, jogos e aplicações Web baseadas em servidores. Com ele, televisores conectados (com porta Ethernet ou Wi-Fi) podem receber uma programação ao vivo, acompanhada de menus interativos e links para conteúdos on-line associados. Num caso prático, as imagens dos bastidores de um programa poderão ser assistidas se houver interesse. Outra hipótese é abrir uma pequena janela na TV para comentar a novela com os amigos ou, ainda, começar a assistir um programa TV e continuar no iPad. Em qualquer dos casos, é importante ter claro que os conteúdos off-line e on-line devem ser complementares e criados em conjunto, com poucas brechas para uma fuga de audiência. Também é preciso considerar os receptores móveis (em celulares e veículos) como parte deste ecossistema desde as etapas iniciais de um projeto. Cada um tem a sua tela preferida para se entreter e a TV híbrida só irá funcionar se forem consideradas todas as opções. Nem mesmo as mídias sociais poderão estar fora dos novos projetos, uma vez que todas as opções, comentários e preferências (atores e esportes, por exemplo) serão considerados pelo Hybridcast para indicar programas e aplicativos. As análises sobre o perfil do espectador serão capazes ainda de oferecer programas sob demanda, disponíveis para streming nos servidores das emissoras e provedores de conteúdo. Essa união trará recursos para moldar a grade de programação conforme a audiência, chegando ao nível do indivíduo, e também vai gerar dados precisos sobre a audiência. Mais do que saber quantos aparelhos estão ligados, as emissoras terão acesso direto às impressões e interesses de cada um em tempo real.

Ano 6 • N° 81 • Novembro de 2017

Redação Editor e Jornalista Responsável

Fernando Gaio (MTb: 32.960) fernando.gaio@vpgroup.com.br Reportagem

Renan Araújo redacao@vpgroup.com.br Editor Internacional

Antonio Castillo acastillo@panoramaaudiovisual.com Coordenador Editorial

Flávio Bonanome flávio.bonanome@vpgroup.com.br Arte Flávio Bissolotti flavio.bissolotti@vpgroup.com.br Comercial Gerentes de Contas

Alexandre Oliveira alexandre.oliveira@vpgroup.com.br Colaboradores Gustavo Zuccherato, Fernanda Beatriz

Presidente & CEO Presidência e CEO

Victor Hugo Piiroja victor.piiroja@vpgroup.com.br Financeiro Rodrigo Gonçalves Oliveira rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br Atendimento Jessica Pereira jessica.pereira@vpgroup.com.br

Panorama Audiovisual Online www.panoramaaudiovisual.com.br Tiragem: 16.000 exemplares Impressão: Gráfica57 Fernando Gaio (MTb: 32.960) Editor Al. Madeira, 53, cj 92 - 9º andar - Alphaville Industrial 06454-010 - Barueri – SP – Brasil +55 11 4197-7500 www.vpgroup.com.br PanoramaAV

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Sumário

22 Produzindo em 8K Primeiro longa nacional gravado nesta resolução utilizou a câmera RED EPIC-W com sensor Helium 8K S35.

Nesta Edição 10 Notícias

22 Produção Nacional em 8K

Novidades para lei do Auidovisual no país

Os bastidores de “Cano Serrado”, primeira produção capturada em 8K no país.

12 Em Teste: Canon XF 405

26 Pós-Produção e Esteroscopia

Levamos a nova Camcorder da Canon para o campo de testes, e gostamos bastante dos resultados.

Visitamos a Produtora O2 para acompanhar a finalização do filme Pluft, totalmente em 3-D.

16 Produção com Poucos Recursos

30 Produzindo e Exibindo em 4K e HDR

Como uma nova geração de cineastas tem tomado partido da tecnologia e das novas formas de financiamento para realizar produções cinematográficas.

Veja como foi a Conferência Panorama Audiovisual que abordou as novas formas de produzir e exibir conteúdo.

26 Reportagem

12 Produção Brasileira em 3-D

Em Teste Canon XF 405


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Notícias

Ministério da Cultura investirá R$8,6 milhões em produções audiovisuais incluindo canais da web Programa contemplará 133 projetos e inclui investimentos em vlogs e aplicativos de cultura

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Ministério da Cultura investirá R$8,6 milhões em produções audiovisuais por meio de cinco editais do Programa Nacional de Fomento ao Audiovisual (Proav). Dessa vez, estarão contempladas 133 projetos, que incluem canais da web e aplicativos para a cultura. Ao todo, foram recebidas 3.160 inscrições. O programa, lançado em julho deste ano, também contempla editais já tradicionais, como o de curtas-metragens e o de roteiro, incluindo festivais e mostras de audiovisual. Entre as áreas que receberão o investimento estão o desenvolvimento de roteiros cinematográficos com novos roteiristas, juventude vlogueira com canais culturais na web, apoio à produção de curtas-metragens e apoio a festivais e mostras audiovisuais e aplicativos para cultura. PA

DJI escolhe nova distribuidora e quer elevar vendas em 15 vezes nos próximos dois anos Planos da empresa para o país incluem até mesmo a instalação de uma loja física no país e o aumento de equipamentos homologados

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DJI escolheu a Golden como distribuidora oficial da empresa no Brasil buscando ampliar a venda de drones entre 10 e 15 vezes nos próximos dois anos. Com a parceria a empresa quer realizar a homologação e certificação por parte da pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de sua linha completa de equipamentos no país. A DJI afirma que mensalmente 10 mil equipamentos da empresa são homologados no país e que a demanda do país por drones é 30% maior do que a oferta de produtos. A DJI possui atuação nos setores de cinema e vídeo, segurança, inspeções industriais e prediais, busca e resgate, mineração e agronegócio segundo o diretor da DJI para América Latina, Manuel Martínez. Segundo ele, ainda não há planos para abrir linhas de produção de drones no Brasil, mas uma loja física deverá ser lançada em breve (ainda não há local ou data definidos). Outra novidade é que a empresa lançará um novo produto em fevereiro de 2018 e o país será o primeiro da América do Sul a participar do lançamento mundial. PA


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Notícias

BBC lança seu primeiro estúdio para realidade virtual O novo BBC VR Hub será destinado a um número restrito de pessoas no primeiro momento

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BBC lançou o BBC VR Hub, seu novo estúdio dedicado às produções que utilizam realidade virtual. Segundo a chefe de conteúdos para realidade virtual da BBC, Zillah Watson, no começo a tecnologia será utilizada para trabalhos envolvendo um pequeno restrito de pessoas, que incluem produtores e especialistas em conteúdos digitais da emissora. Nos próximos meses, o trabalho no estúdio e as produções nesse formato devem ser acmpliadas. “Nós queremos empolgar nossas audiências com a criação de experiências fascinantes que utilizam o poder do VR. Acreditamos que a BBC pode trazer uma perspectiva única dessa tecnologia e estamos animados quanto ao potencial dessa tecnologia para enriquecer as nossas audiências”, disse ela. A BBC já realizo u alguns experimentos com o VR ao exibir refugiados atravessando o Mar Mediterrâneo, ao colocar o espectador em florestas pouco exploradas, no meio da Revolta da Páscoa, que aconteceu em 1916 na Irlanda e até mesmo no espaço. A BBC lançou ainda o VR Experience Home - A VR Spacewalk, um conteúdo de realidade virtual para visualização do espaço que agora é compatível com o Oculus Rift e o HTC Hive, primeira experiência de VR para esse dispositivo. “O Home representa o melhor da BBC, é

um trabalho criativo brilhante em conjunto com tecnologias de ponta que criam uma experiência única para o espectador. Aqueles que possuem os dispositivos compatíveis poderão visualizar A Estação Espacial Internacional e ter uma visão única do espaço”, afirmou o diretor do Home – A VR Spacewalk. PA

Novo HDMI 2.1 é lançado e suporta resolução de 10K Novo protocolo suporta também resoluções de 8K60fps e 4K120fps, formatos de HDR dinâmico e tem capacidade de banda de 48 Gbps

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HDMI Fórum, responsável por padronizar as tecnologias referente aos cabos HDMI, lançou oficialmente o novo HDMI 2.1, capaz de suportar resoluções de 8K60 e 4K120, além de resoluções de até 10K e aplicações para realidade virtual. Ele também suporta formatos de HDR dinâmico e a capacidade de banda é de 48 Gbps (A versão anterior possuía taxa de 18 Gb/s), assegurando alta qualidade de banda, baixa interferência eletromagnética e atendendo a avançados padrões de transmissão de vídeo e áudio (inclui a compatibilidade com eARC para tecnologia de áudio 3D em padrões como Dolby Atmos e DTS:X). As altas taxas de atualização elimina lags, travadas e falhas, além de eliminar delays e latência. Ele pode ser usado em dispositivos que já contam com uma base de dispositivos de HDMI e é compatível com versões mais antigas. Também há compatibilidade com HDMI Alt, que possibilita a conexão entre HDMI e USB-C.

O novo protocolo exibido na CES 2017 foi desenvolvido pelo Technical Working Group do HDMI Group, que incl ui empresas fabricantes de computadores, dispositivos móveis, cabos , componentes e produtos eletrônicos. PA


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AWS lança produtos para otimizar entrega e qualidade de serviços de vídeo profissionais O serviço em nuvem AWS Elemental Media Services permite agilizar o workflow e otimizar processos de entrega de vídeo ao vivo e sob demanda

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Amazon Web Services lançou cinco novos produtos dentro do portfólio em nuvem AWS Elemental Media Services para ajudar seus clientes a construir workflows de ponta a ponta com vídeos ao vivo e sob demanda com recursos profissionais como alta qualidade de imagem e confiabilidade necessária para entregar experiências de vídeo premium através de uma grande quantidade de dispositivos. A empresa está promovendo esses novos serviços como uma maneira de oferecer aos seus clientes mais flexibilidade à medida que eles migram de produções com equipamento especializado em broadcast e modelos customizados de receitas para produções ao vivo baseadas em nuvem que podem oferecer propaganda personalizada no estilo “pay as you go” e monetização para diversas plataformas. Segundo a empresa, as ferramentas buscam simplificar os processos, com uma execução muito mais rápida e eficiente. “Os workflows de vídeo profissionais nas últimas seis décadas ficaram limitados a alguns poucos players que podiam construir e manter infraestruturas customizadas que seriam atualizadas só uma ou duas vezes a cada década”, disse Alex Dunlap, gerente geral da AWS Elemental. “Essas empresas gastaram muito tempo, dinheiro e trabalho operando uma infraestrutura com recursos que poderiam ter sido utilizados em melhores experiências de conteúdo e para o usuário. Nós criamos o AWS Elemental Media Services para oferecer aos clientes uma alta qualidade de vídeo para qualquer dispositivo, em todo lugar, sem diferença entre uma infraestrutura leve ou complexa. Isso ajuda não só os provedores de vídeo tradicionais a inovar mais rapidamente como também abre oportunidades para startups, órgãos governa-

mentais, escolas e empresas multinacionais que antes tinham acesso limitado a tecnologia de vídeo de alta qualidade”, explicou . Entre os serviços estão inclusos: AWS Elemental MediaConvert: permite a formatação e compressão do conteúdo em VOD para entrega virtual a qualquer dispositivo com alta qualidade de transcoding e recursos de broadcast. AWS Elemental MediaLive: permite a codificação de vídeo ao vivo para televisões ou dispsositivos conectados. É possível rapidamente conectar canais broadcast ou eventos ao vivo e entregá-los de maneira confiável aos espectadores. AWS Elemental MediaPackage: permite preparar e proteger streams de vídeo ao vivo para entrega a dispositivos de internet com diversas experiências do usuário como start-over TV. AWS Elemental MediaStore: entrega de vídeo com storage de alta performance otimizado para mídia. AWS Elemental MediaTailor: inserção de propagandas direcionadas para o vídeo sem comprometer a qualidade e aumentando o engajamento do usuário para impulsionar receitas. Alguns clientes da empresa incluem BT, Pac-12 Networks, Amazon Prime Video, FOX Sports Australia, fuboTV, NINE in Australia, Spuul VOD em Cingapura, M2A Media, Cinépolis e Imagica. PA

Imagine Communications anuncia o nome de Tom Cotney como novo CEO O executivo também passa a fazer parte do conselho de administração da empresas e substituirá Charlie Vogt, que será conselheiro sênior no The Cores Group, grupo que controla a empresa

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Imagine Communications anunciou o nome de Tom Cotney como o novo CEO da companhia e integrante do conselho de administração da empresa. Ele substituirá Charlie Vogt que passa a fazer exercer a função de conselheiro sênior noThe Cores Group, grupo que controla a empresa, e continuará no trabalho de desenvolvimento das ações de M&A da Imagine. Cotney e Vogt trabalharão em conjunto durante o processo de transição de liderança da empresa. “Eu gostaria de agradecer a Charlie por sua liderança no comando da transformação e posicionamento da tecnologia da Imagine no mercado. Tom está igualmente qualificado a construir esse momento e continuar desenvolvendo a empresa e eu desejo as boas vindas a

ele nessa nova função. Temos a confiança que a Imagine continuará na liderança da indústria na transição para o IP e serviços em cloud desde a monetização até a distribuição de conteúdo” , afirmou o CEO do The Gores Group, Alec Gores. Cotney passou 20 dos seus 30 anos de carreira atuando em parcerias, vendas e concorrências nas indústrias de telecomunicações e tecnologia móvel. Ele foi diretor geral do setor de comunicações na IBM Global Services ne já exerceu o cargo de CEO e fez parte do conselho administrativo de diversas empresas privadas. Já Vogt atua em empresas do setor de telecomunicações, broadcast e mídia há 30 anos, sendo 16 deles como CEO. PA


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Em teste

Canon com 4K e muito mais Nós testamos a Canon XF405 em primeira mão e gostamos das imagens 4K 60P registradas. O mercado ganhou uma concorrente versátil para pequenas produções, documentários e jornalismo com orçamento apertado. Por Fernando Gaio

A compacta Canon XF405 é ergonômica e tem como destaques o sensor CMOS com 1 polegada, auto-foco Dual-Pixel e duas entradas XLR

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s segmentos de eventos, vídeos sociais, corporativos, documentários e até mesmo jornalismo televisivo ganharam da Canon uma ferramenta leve, simples de operar, compatível com os padrões do mercado e capaz de gravar em 4K UHD 60P. A nova XF405, apresentada oficialmente no IBC 2017, atende aos anseios de produtores que precisam registrar as suas imagens numa resolução superior ao Full HD, seja para atender especificações dos clientes atuais, arquivo e uso futuro, ou mesmo para aproveitar as possibilidades de redimensionamento e recorte. Seu sensor CMOS de 1 polegada oferece um resultado interessante quando há luzes altas e baixas, como pudemos notar ao gravar em meio aos bosques da Universidade de São Paulo. Mesmo com áreas super expostas, era possível ver detalhes de folhas caídas sob as árvores e as sobras delas. Este sensor é maior que habitual para câmeras de mão e dá a chance de escolher entre um visual mais televisivo e realista ou mais com cara de cinema. Entre os destaques do equipamento estão a conexão 3G-SDI e a porta HDMI 2.0 com suporte para 4K UHD. A XF405 tem uma versão idêntica, a XF400, que não traz apenas a conexão 3G-SDI. O preço de ambas é atraente: US$ 3500 para a XF405 e US$ 3000 para a XF400 nos Estados Unidos.

As possibilidades de gravação variam entre 4K até 60P e HD até 120P, em várias taxas de bits

Existe uma versão ainda mais simples das duas, por apenas US$ 2500 nos EUA. A LEGRIA GX10, que busca espaço no mercado doméstico e semi-profissional com apenas de dois canais de áudio, mas com o mesmo sensor das irmãs mais caras.


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Em teste

É preciso alguma habilidade para navegar nos menus e atalhos criados pela Canon para ajustar foco e zoom. A bateria também ficou abaixo do esperado.

Câmera na mão A XF405 foi testada pela Panorama Audiovisual em quatro situações. Numa transmissão ao vivo pelo Facebook de um evento com mais de 4 horas de duração utilizando a porta SDI, em uma entrevista com iluminação controlada e em dois parques de São Paulo, num dia chuvoso e outro ensolarado. A primeira sensação que tivemos ao pegá-la nas mãos foi de familiaridade. Ela tem um peso (1,6 kg), ponto de equilíbrio, aspecto e distribuição de menus tradicionais, excetuando algumas funções de shutter, foco e zoom que têm atalhos num botão giratório na parte frontal. A navegação pelos menus quase infinitos do viewfinder também é relativamente familiar, mas a Canon bem poderia ter encontrado um lugar melhor para o joystick de navegação. Além de pequeno, ele está escondido na traseira do equipamento. Uma boa decisão da empresa foi equipar o modelo com a função de foco automático Dual Pixel, muito funcional quando não se tem um tripé e monitor à mão. O servomotor do sistema reagiu rápido em movimentos com a câmera suspensa pela alça superior e não fez feio. Clicando na tela é possível inclusive determinar qual será o ponto de foco a ser mantido. Naturalmente não é o que se deseja

em uma entrevista ou produção elaborada, mas a solução Dual Pixel ajuda muito e mesmo no modo de foco manual pode dar uma força, indicando com triângulos verdes o ajuste correto. A lente fixa com zoom de 15 vezes – um curso focal equivalente ao 25,5 – 382,5mm dos filmes – é simples de operar com o controle lateral. Já o pequenino controle de zoom encaixado na alça superior exige dedos mais delicados e não é muito funcional. Não é preciso usar a função de adaptador para ângulo aberto em cenas do gênero. Basta abrir a zoom e desfrutar de tomadas amplas e ricas em detalhes.

REC A XF405 tem um sensor CMOS de 1 polegada com aproximadamente 13,4 megapixels (4268 x 3148), sendo 8,29 megapixels (3840 x 2160) efetivos. Nas gravações nós trabalhamos com quase todas as resoluções disponíveis para entender quais compromissos estavam envolvidos. É possível escolher entre 150 Mbps: 3840x2160 (60p/30p/24p), 35 Mbps: 1920x1080 (60p/30p/24p),17 Mbps: 1920x1080 (60p/30p/24p), 8 Mbps: 1280x720 (60p), 4 Mbps: 1280x720 (30p). A primeira opção, a 3840x2160, 4K, garante detalhes impressionantes em entrevistas – talvez mais do que desejaríamos mostrar – e de natureza. A latitude da exposição foi muito explorada nas áreas abertas, bem como a amplitude de cores encontradas em flores, folhas, pássaros, edifícios e pessoas que caminhavam nos gramados e bosques da Universidade de São Paulo. A questão da latitude ainda ficou evidente no estúdio, onde tínhamos áreas bem iluminadas e outras mais escuras, igualmente definidas.

As portas Ethernet e SDI facilitam a conexões com sistemas de transmissão ao vivo e redes de dados. Outra porta útil é a HDMI 2.0, que pode auxiliar na monitoração, gravação ou mesmo conexão com switchers


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Lado a lado as versões 400 e 405. A grande diferença está na conexão 3G-SDI

Dentre as inúmeras opções de configurações, devemos anotar que a ‘pior’ opção - 4 Mbps: 1280x720 (30p) – também não fez feio, sendo uma possibilidade a considerar quando há falta de espaço em disco, cartões abaixo da especificação, sistema de edição defasado ou mesmo quando o objetivo é um registro de pré-produção, por exemplo. Escolhidas a resolução, taxa de frames e bits, devemos saber que o arquivo gerado é um MP4 com compressão MPEG-4 AVC/H.264 e amostragem de cor de 4:2:2 ou 4:2:0 (obrigatória quando se usa o gravador interno). No áudio temos a opção de 2 canais MPEG-4 AAC-LC com 16-bit ou 4 canais LPCM com 16-bit, sempre a 48 kHz. Os dois slots para cartões de gravação SD/SDHC/SDX estão na lateral superior direita, fáceis de serem acessados. Num cartão de 32GB como o que usamos é possível gravar 25 minutos a 150 Mbps, 115 minutos a 35 Mbps, 245 minutos a 17 Mbps, 520 minutos a 8 Mbps, e absurdos 1045 minutos ou 17 horas a 4 Mbps. Partindo destas especificações, consideramos que para trabalhar confortavelmente em 4K é necessário usar 3 ou 4 cartões de 64 GB, deixando os cartões extras descarregando as imagens em um hard disk. Em eventos muito longos vale a pena estudar a gravação externa usando as portas disponíveis. Para quem deseja tomadas mais criativas ou detalhes em cenas de velocidade, existe a possibilidade de trabalhar a 120 frames por segundo em HD. Em todos os casos testados não houve qualquer dificuldade em abrir os arquivos no Adobe Premiere ou no Blackmagic DaVinci. As velocidades e tempos de processamento estiveram dentro do habitual, com uma demora justificada no caso do 4K.

Considerações finais Estamos falando de uma câmera cujo primeiro argumento é a gravação em 4K, mas devemos lembrar que neste momento de migração ainda há muito para fazer em HD e neste quesito o resultado é plenamente aceitável para reportagens e pequenas produções. A gravação a 35 Mbits 4:2:2 é robusta e pode complementar uma pro-

dução televisiva sem comprometer o resultado final. A saída 3G-SDI contribui nesta proposta, facilitando a conexão com unidades móveis de jornalismo e com os sistemas de transmissão por redes de dados – os ‘mochilinks’. Também para transmitir as imagens por redes de dados, especialmente FTPs, foi colocado ao lado da porta 3G-SDI um conector RJ45 Ethernet com suporte ao padrão 1000BASE-T. Com ele podemos transferir imagens direto da XF405 para um servidor externo. A transferência não é em tempo real, mas certamente acelera os processos de edição e exibição. Já na seleção para 4K temos um equipamento confiável para documentários que precisam cruzar os anos e chegar aos dias em que o HD será coisa do passado. Temos também uma câmera de cobertura para pequenas tomadas ou filmagens onde não se pode arriscar com uma câmera de alto custo. Nos testes da Panorama Audiovisual pudemos usar todas as opções para gravação de áudio, com microfones dinâmicos e lapelas, juntos e separados, com e sem fio. Mais uma vez o desempenho foi positivo e dentro prometido. Desta forma pudemos ter dois microfones dinâmicos com controle de nível automático ou manual, o som ambiente do microfone embutido e ainda um sinal em linha. Outra possibilidade é usar as entradas 3 e 4 com microfones alimentados por phantom power – um recurso pouco usado mas que pode ser útil em algumas situações. A autonomia da bateria nos frustrou com apenas 1h30 de duração, indicando que qualquer uso mais sério da Canon XF405 deve considerar ao menos 4 baterias extras. Finalmente devemos dizer que apesar de estarmos diante de uma câmera semi-profissional, com limitações esperadas – sem genlok, por exemplo – a qualidade das imagens registradas, associada à facilidade de operar e transportar uma camcorder leve, nos deixaram muito satisfeitos. A indicação, como já colocamos no início, estende-se do vídeo social, aos trabalhos corporativos, eventos, documentários e jornalismos com orçamento muito limitado. PA


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Reportagem

Cineastas independentes enfrentam falta de recursos e viabilizam a produção de seus filmes Tanto no Brasil quanto no exterior, produtores buscam otimizar seus calendários e custos, diminuir equipes e realizar parcerias para a realização de seus filmes Por Flávio Bonanome e Renan Araújo

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os últimos anos, os lançamentos de novos equipamentos para o cinema têm apresentado diversos produtos premium, com câmeras que atendem a altas resoluções, como 4K e 8K e que apresentam recursos sofisticados como o HDR, além de lentes, equipamentos de iluminação e áudio e outros acessórios. Se esses tipos de produtos acabam ficando restritos aos grandes estúdios e produtoras, a tecnologia também tem proporcionado diversas alternativas para que produtores audiovisuais independentes e com poucos recursos possam viabilizar suas produções tanto no Brasil quanto no exterior. Há casos em que, para reduzir o orçamento, os cineastas estão presentes em todas as etapas da produção, buscam parcerias e fontes de financiamento e reduzem ao máximo o tempo e as locações utilizadas para a filmagem. E tudo isso, mantendo a qualidade técnica e buscando maneiras de alcançar o maior público possível. O americano Devin Rice ilustra bem esse cenário. Produtor independente há nove anos, ele começou a estudar cinema por conta própria por meio da leitura de livros, assistindo a tutoriais no YouTube e

cursos online em plataformas como o Video Copilot e Lynda.com e realizando pequenas gravações. Dessa maneira, ele pode aprender sobre todas as etapas de produção, desde o roteiro até a pós-produção, e resolveu produzir o filme “Being Black Enough”, que aborda a questão racial nos Estados Unidos. Para viabilizá-lo, ele levantou US$23 mil por meio do site de financiamento coletivo IndieGoGo e, assim comprou todos os equipamentos necessários: uma câmera Blackmagic Cinema para filmagens durante o dia e uma Sony 87S para tomadas à noite, lentes Zeiss ZE, Tokina 11-16 e uma Canon 24-70 da Série L. Para o áudio um microfone Sennheiser MK-146 com zoom H4N. Equipamentos que, segundo ele, estão sendo utilizados também por estúdios. “Comprei os equipamentos porque eles podem uma gravação mais profissional e quero fazer mais filmes após essa produção. Dessa maneira, não preciso ficar continuamente levantando dinheiro para isso e alugando equipamentos”, explicou ele, ressaltando que as possibilidades em relação a novos produtos é muito maior em relação a dez ou vinte anos atrás.


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reconhecimento e até mesmo uma conversa com a Disney que poderá gerar futuros frutos. Como próximos planos, ele pretende dirigir alguns projetos relacionados a filmes de terror e ficção cinetífica.

Baixos recursos e sucesso nas redes sociais

Rice, então se envolveu com todos os aspectos da produção. Elaborou o roteiro, selecionou os atores, atuou, dirigiu e realizou a edição, gradação de cor (inclusive com a criação de uma fórmula matemática para isso), efeitos visuais e tratamento de áudio utilizando ferramentas como o DaVinci Resolve, o After Effects e o Action Essentials. Para que isso fosse possível, ele contou com a ajuda da esposa Jacquelyn Rice. “Eu sabia que teria um baixo orçamento, que eu não seria capz de contratar um cineasta e que eu não teria uma grande equipe. Eu e minha esposa testamos tudo e deixamos tudo pronto para o momento em que os atores estivessem a disposição. A partir desse momento sabíamos que teríamos pouco tempo e tudo deveria estar pronto”, explicou Rice. “Sem a Jacquelyn, não seria possível porque ela é basicamente a segunda diretora. Quando eu estou no set, ela toca conta de tudo. E ela esteve comigo durante todo o processo”, afirma. Como prêmio para Rice, o filme foi selecionado para a premiere do festival de cinema independente Dances with Films e ganhou o prêmio de melhor filme em votação feita pelo público. Com isso, veio o

Também não faltam bons exemplos brasileiros de filmes independentes realizados com poucos recursos e que alcançaram sucesso como o “Fuga da Rocinha”, do diretor e roteirista Antônio Junior em parceria com a produtora Makina Cultural, do Rio de Janeiro co mo parte de um projeto social realizado com jovens moradores das comunidades da Rocinha e do Vidigal. A produção já alcançou quase 6 milhões de visualizações no YouTube e foi premiado como melhor filme de longa-metragem e melhor roteiro no 7º CIVIFILMES, Festival de Cinema Independente de São Paulo, além de obter mídia espontânea e exibições em emissoras de televisão regionais. Mas um dos fatos que mais chamam a atenção é que todo o filme foi viabilizado com menos de R$4 mil. Segundo o diretor, o grande segredo para isso foi a organização e o planejamento por parte de toda a equipe, além de manter a equipe estimulada e comprometida a partir do estabelecimento de metas profissionais e realistas que possam ser cumpridas. “O planejamento começou já no roteiro realizado de forma que fosse financeiramente viável. Também criamos um plano de produção bem detalhado, uma logística que permitisse reduzir os custos e um cronograma realista para realização de cada etapa. Aqui vale destacar que quando não temos o incentivo financeiro, é extremamente importante cumprir o cronograma definido no projeto”, ressaltou ele. Acho que a principal dica que posso dar aos produtores que querem realizar filmes, mas que não possuem recursos financeiros é sejam realistas, profissionais e honestos com todos os envolvidos. Então não prometam coisas que sabe que não poderá cumprir. Não estipule prazos (curtos) que não poderá cumprir. Não prometa resultados que sejam improváveis de alcançar. E principalmente, planeje bem a execução do projeto e cumpra o planejado dentro do prazo estabelecido, porque umas das maiores reclamações que ouço de produtores independentes é a dificuldade em manter a equipe estimulada e comprometida, mas o desinteresse e a dispersão dos participantes do projeto se dá principalmente quando há reiteradas alterações no projeto inicial, quando há reiteradas alterações na equipe e reiterados adiamentos na conclusão de etapas do projeto Sem qualquer tipo de apoio financeiro, a produção também contou com a colaboração de associações e moradores da Rocinha e do Vidigal para ceder espaços para as locações, e com colaboradores de outros estados que cederam músicas para as trilhas e produziram




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animações. Para a produção, a equipe utilizou uma câmera DSLR, um gravador de áudio digital, um microfone externo, um tripé, um steadycam e dois refletores para as cenas internas que foram cedidos pela MáKina Cultural. Para Antonio Junior, a tecnologia é uma grande aliada do cinema independente no país. “Acredito que o fator mais relevante para o aumento da produção independente, seja o barateamento das produções proporcionado por novas tecnologias. Hoje, com um argumento interessante, seja de ficção ou documental, uma câmera digital, um microfone e pessoas comprometidas com a produção, é possível produzir conteúdo audiovisual de qualidade, mesmo com poucos recursos financeiros”, destacou.

Benefícios a longo prazo Mas além das parcerias e da equipe reduzida, outra solução encontrada pelos produtores foi reduzir o tempo de filmagem. Esse foi o caso do curta “A Última Gota”, dirigido por Pedro Barros, que também contou com um orçamento de R$4 mil e que foi selecionado para a sétima edição do festival Cinefantasy - Festival Internacional de Cinema Fantástico em 2016. Segundo o diretor de fotografia e operador de câmera do curta, Bruno Massao, as filmagens em um dia único cortaram os custos pela metade e exigiram a colaboração por parte de toda a equipe envolvida. De acordo com ele, foram utilizadas uma câmera Canon 5D Mk II e lentes EF (EF 24mm f/1.4L II USM, EF 35mm f/1.4L USM, EF100mm

f/2.8 Macro USM) com objetivo de oferecer mais mobilidade e praticidade nos movimentos. Ele também ressalta os benefícios ocasionados pelo curta. “Apesar de não ter sido comercialmente bem sucedido, o filme acabou abrindo portas para mim, já que eu acabei sendo chamado para dirigir outros curtas metragens”, afirmou. “Uma produção de baixo orçamento bem planejada e executada acaba sendo uma vitrine para toda a equipe responsável pela idealização”, disse ele, explicando que o financiamento do filme do próprio bolso também visa benefícios a longo prazo. O profissional explica que o mais importante é trabalhar em equipe em torno de um mesmo objetivo. “Junte seus amigos, especialmente os que compartilham da mesma paixão, e toquem o barco, planejando tudo desde o início - incluindo a questão financeira. Se todos puderem ajudar, mesmo que um pouco, pode ter certeza de que o projeto sai do papel”, ressaltou. Hoje, Massao é funcionário da divisão de Cinema, Pro Video & Broadcast da Canon e contou com a parceria da empresa para realizar alguns de seus videoclipes, como o da música “Você é Maior”, da banda Dinamite Club. Ele contou com o empréstimo de uma câmera Canon C100 Mk II e em troca Massao alugou equipamentos de uma locadora parceira e a empresa pode utilizar o videoclipe em seu portfólio. Além disso, ele está envolvido em três produções que estão em fase de finalização. PA



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Cano Serrado aposta na gravação em 8K Primeiro longa nacional gravado nesta resolução utilizou a câmera RED EPIC-W com sensor Helium 8K S35 e será finalizado em 4K. A escolha poupou recursos de iluminação e deu velocidade à produção com mais opções de enquadramento em uma única tomada. Por Fernando Gaio

Cano Serrado é o primeiro longa metragem brasileiro gravado em 8K. Gravado em Brasília e no interior de Goiás, o filme tem muita ação e deve chegar aos cinemas em meados de 2018

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om estreia prevista para 2018 e elenco nomes como Rubens Caribé, Milhem Cortaz e Paulo Miklos, o road movie Cano Serrado tem uma trama pouco habitual nas produções nacionais. Nela os cenários empoeirados do Cerrado brasileiro serão explorados com perseguições, confrontos e tiros, lembrando um faroeste nas proximidades de Brasília, com personagens ávidos por fazer justiça com as próprias mãos. Para conseguir as imagens que todos esperam de um filme do gênero, com tomadas amplas, carregadas de tons vermelhos na parte inferior e azul no alto, o diretor de fotografia William Pacini planejou trabalhar com três câmeras Sony FS7 XDCAM Super 35. “São escolhas que não partem de resoluções ou marcas, mas de aplicações, e neste caso a FS7 foi selecionada por conta dos bons resultados em cenas de estrada e noturnas. Eu gosto muito do grão produzido por elas”, descreveu para a Panorama Audiovisual, logo após o término das gravações. Pacini também havia estabelecido no projeto original que a captação seria em 4K, com gravação em RAW, usando um equipamento Convergent Design Odyssey. Em paralelo haveria a gravação em baixa resolução – proxy – com arquivos XAVC para montagem.

Reviravolta Além do trabalho como diretor de fotografia, William Pacini também comanda a locadora Brasil Camera Rental, conhecida por trazer os

Segundo William Pacini, o uso de 8K ampliou o ângulo de visão e a luminosidade, além de agilizar o fluxo de produção em função dos arquivos e da possibilidade de recortar as imagens com ‘janelas’ em 4K


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Às vésperas de começar as gravações William Pacini tomou uma decisão arriscada e apostou na RED EPIC-W com sensor Helium 8K S35. O resultado surpreendeu a equipe

lançamentos do mercado internacional em primeira mão. No início do ano, Pacini havia encomendado uma câmera RED EPIC-W com sensor Helium 8K S35 e ela chegou quinze dias antes de as gravações começarem, mudando o planejamento. Numa decisão arriscada, o diretor iniciou uma bateria de testes, cujos resultados foram apresentados aos produtores. Latitude, textura e formato de arquivo, foram alguns dos quesitos analisados e validados por todos. Segundo Pacini, destacou-se a possibilidade de reenquadramento a partir do 8K, o chamado crop de imagem. “Com essa resolução eu teria o plano aberto e o médio na mesma lente, por exemplo. Ou poderia conseguir um plano intermediário, um americano e um superclose na mesma tomada”, explica. “Na

hora percebi que seria muito melhor usá-la, reduzindo até mesmo as questões relacionadas com a iluminação”. O conhecimento e afinidade com as linhas anteriores da RED também garantiriam agilidade no set de gravação. Com a RED EPIC-W escolhida para câmera principal, a Sony FS7 foi delegada para a unidade responsável por imagens complementares mais fechadas. “As câmeras foram equalizadas de tal forma que a equipe de pós-produção não visse diferenças”, detalhou.

Experiência 8K Além de ser o primeiro longa-metragem gravado em 8K no Brasil, Cano Serrado também traria a oportunidade de levar a tecnologia ao

Pensado para ser rodado em 60 diárias, Cano Serrado precisou apenas de 45 dias para ser concluído. Foram cerca de 40 Terabytes de arquivos gerados ao final dos trabalhos.


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limite em uma situação real, longe dos estúdios e recursos abundantes como São Paulo e Rio de Janeiro. No local e com a equipe acompanhando, os testes deixaram claras as vantagens obtidas na imagem e no fluxo de produção, desenhado para trabalhar em 8K e geram uma matriz 4K para distribuição. O impacto inicial veio da amplitude da imagem. “Quando eu liguei a câmera fiquei completamente apaixonado. Eu não sei como vivemos sem o 8K até hoje”, descreve.

No set Pacini define como um grande acerto ter usado a RED com sensor Helium 8K S35 em Cano Serrado, uma vez que muitas cenas foram feitas em até 50% do tempo previsto graças à possibilidade de rodar mais de um plano com a mesma câmera e ao mesmo tempo. “Nós adiantamos 15 diárias de gravação”. Com muitas externas, o filme já colocava o sol como grande componente da iluminação e sensibilidade do Helium 8K S35 diminuiu ainda mais a iluminação locada. Em alguns casos, o excesso de luminosidade determinou a necessidade de “negativar” ou atenuar as cenas. “Nas cenas noturnas, que pediam um ambiente dramático, foi preciso reduzir muito a iluminação. As lentes foram um quesito solucionado com tranquilidade. Foi usado um conjunto Cooke Panchro, que segundo Pacini mantém a experiência do cinema, sem transformar o excesso de resolução em algo mais próximo das imagens de televisão. “Eu explorei muito a latitude da câmera e fiquei muito impressionado numa cena com contra-luz lateral, onde a o rosto do ator estava clara. Eu tinha o rosto, o céu e o chão completamente expostos”. A adequação do equipamento ao filme também se mostrou nas cenas com efeitos especiais de explosões e tiros, complexas de serem preparadas. Antes da pós, a monitoração no set de gravação é um desafio complexo, uma vez que o preço dos monitores 4K é “inviável” para o mercado nacional e muitas produções sequer utilizam modelos Full HD. O caminho encontrado por Pacini passa por vectorscopes e waveforms, que dão a medida técnica das imagens registradas. “Eu uso uma monitoração completamente técnica, baseada no waveform e na escala de cinza pré-definida”, detalha. Antes de cada cena e sempre que havia troca de iluminação, as câmeras gravavam uma cartela de cinza e a tabela de cores. “Nós também tínhamos um bom finalizador que validava o material diariamente”, exemplifica.

Fluxo de gravação A preocupação óbvia ao elevar a resolução é onde gravar como transitar os arquivos entre dispositivos. Mais uma vez houve surpresa e algumas situações o fluxo da RED se mostrou mais “tranquilo” que o da Sony FS7. A RED gera um arquivo bruto .R3D (DMG 4:4:4) e um arquivo Proxy .Mov, ambos gravados diretamente no cartão SSD RED MINI-MAG de 480 GB acoplado à câmera. A cada cena eles eram descarregados em um hard disk externo. “Na média gerávamos 1 Terabyte por dia”.

Futuro

Cano Serrado é uma produção da Globo Filmes e BSB Cinema e Produções (DF), tem direção de Erik de Castro e foi rodado em Brasília e Goiás

A gravação dos arquivos em 8K abre a possibilidade de uma futura remasterização para exibição em monitores que chegarão ao mercado nacional no início da próxima década. Embora pareça um cenário distante, a Sharp anunciou o início da fabricação de televisores 8K de 70 polegadas para janeiro de 2018. Os primeiros mercados beneficiados são Japão, China, Coreia do Sul e Singapura, que pagarão US$ 9 mil. É menos que os primeiros modelos Full HD com esta dimensão, indicando que até 2020, quando os Jogos Olímpicos serão realizados no Japão e produzidos em 8K, o valor pode ficar abaixo dos US$ 5 mil. Não há qualquer previsão para distribuição por televisão aberta de imagens em 8K no Brasil, mas as redes de distribuição de vídeo sob demanda trabalham arduamente para disponibilizar o serviço o quanto antes. Cano Serrado é uma produção da Globo Filmes e BSB Cinema e Produções (DF), tem direção de Erik de Castro e foi rodado em Brasília e Goiás. Assista a entrevista completa com William Pacini no portal www. panoramaaudiovisual.com.br e na nossa página no Facebook. PA



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O2 Pós realiza trabalho de pós-produção com estereoscopia para o filme “Pluft” A produção do longa optou por mesclar efeitos realizados durante as gravações com os efeitos de pós-produção a fim de oferecer a sensação de profundidade ao espectador Por Renan Araújo

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esde o surgimento da fotografia, os seres humanos já buscavam uma maneira de enxergar as imagens além das duas dimensões tradicionais. O esterescópio, criado em 1837, pelo cientista britânico Charles Wheatstone, foi a primeira invenção concreta nesse sentido. O equipamento permitia a visualização de duas imagens idênticas projetadas a partir de dois pontos de observação distintos, relativas à distância entre os olhos humanos. Dessa maneira, as pessoas enxergavam a imagem com impressão de tridimensionalidade. O equipamento foi popularizado e difundido entre muitas famílias americanas da época, o que estimulou até mesmo a criação de livros de imagens em 3-D que retratavam imagens e cenários de guerras. O aparelho começou a cair em desuso, mas a utilização da técnica de combinação de imagens, denominada estereoscopia, se juntou à animação de imagens e encontrou o seu espaço no cinema. No audiovisual, os cineastas utilizavam a técnica do anaglifo, em que um par de imagens sobrepostas era desenhado em vermelho e azul e para enxergá-las em 3-D era necessário um par de óculos com filtros coloridos (azul e vermelho). O primeiro filme com o uso da tridimensionalidade foi “The power of Love”, de 1922 e, anos depois, os longas “Bwana Devil” (1952) e “House of Wax” (1953) ganharam notoriedade por também utilizar o recurso. Após a estagnação da tecnologia nos anos seguintes, na década de 80 o 3-D voltou à moda com a criação das salas de IMAX nos Estados Unidos e com seu uso em parques temáticos da Disney. A

popularização voltou a acontecer com a animação em 3-D digital “O Expresso Polar”, de 2004, que obteve um faturamento de mais de US$40 milhões nos Estados Unidos e inspirou a criação de diversas animações em três dimensões e da inauguração de salas de cinema especialmente preparadas para isso. Em 2006, pela primeira vez um filme filmado em 2D foi convertido para o 3-D na pós-produção. Aconteceu com “Super-Homem: O Regresso”. A revolução dessa tecnologia veio com o grande sucesso de Avatar (2009), que conseguiu a maior bilheteria da história do cinema. A grande inovação foi a filmagem feita por meio da técnica de 3-D


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estereoscópico: duas câmeras iguais eram colocadas juntas, uma ao lado da outra e, travadas, realizariam a gravação das cenas. A intenção é que cada câmera ficasse distante seis centímetros uma da outra (distância entre um olho e outro), o que tornaria possível a tridimensionalidade. A tecnologia do 3-D estereoscópico foi produzida de modo que as imagens não causassem incômodo aos telespectadores, um problema comum em outras projeções 3-D. Para isso, se faz necessário que todas os parâmetros, incluindo foco, zoom, abertura e o enquadramento das duas câmeras, assim como a realização de todos os efeitos de pós-produção, fossem absolutamente idênticos. Após o êxito do filme, segundo a MPAA (associação americana de produtores de cinema), houve um aumento de 170% em produções com versões 3-D entre 2010 e 2011. Ainda que parte das produções fossem filmadas em 2-D e convertidas para o 3-D em pós-produção, boa parte desse crescimento foi ocasionado por conta da difusão do 3-D estereoscópico que foi muito utilizado em franquias de grande sucesso de Hollyowood, como “Hobbit”, “O Espetacular Homem-Aranha”, “Star Wars”, “Transformers” entre muitos outros. A demanda pelo 3-D, porém, diminuiu e, segundo a Associação, apenas 62 filmes em 3-D foram produzidos em 2016. Também houve queda de 8% de faturamento nesse modelo em relação a 2015 e o modelo foi responsável por apenas 14% de todo o faturamento de Hollywood no ano. Embora muito desenvolvida em Hollywood, a utilização do 3-D ainda começa a se desenvolver no país, boa parte por conta dos altos custos de produção e da falta de profissionais especializados nesse tipo de produção. No Brasil, o longa “Brasil Animado”, de 2011, foi o primeiro filme nacional em 3-D estereoscópico. Porém, poucas produções foram realizados após isso. Foi com esse desafio que a O2 Pós, divisão de pós-produção da O2 Filmes, se envolveu na finalização do filme infantil “Pluft”, adaptação cinematográfica da história escrita por Maria Clara Machado e que conta com a direção de Rosane Svartman e produção da Raccord. A produção do filme afirma que esse é o primeiro filme infantil filmado em 3-D estereoscópico no país. O filme conta a história da amizade entre um fantasma (Cleber Salgado), que morre de medo de gente, e a menina Maribel (Lola Belli). Ela é sequestrada pelo pirata Perna de Pau (Juliano Cazarré), que quer usá-la para achar o tesouro deixado pelo seu avô, o falecido Capitão Bonança Arco-íris. Maribel espera pela ajuda dos marinheiros, amigos do capitão, que saem em busca da garota. Além da utilização de duas câmeras nas gravações, a produção optou por misturar efeitos de pós-produção com efeitos realizados durante as filmagens. Um dos principais exemplo é a criação dos fantasmas a partir da gravação de cenas embaixo d’água. Nesse processo, foi preciso que os atores não soltassem bolhas du-

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rante a gravação na água para que elas não precisassem ser retiradas a cada vez que o personagem fosse utilizado na pós-produção – o que, segundo Sandro Di Segni, diretor de efeitos especiais da O2 Pós, aumentaria em larga escala os custos e os trabalhos com pós-produção. A partir das filmagens, os fantasmas serão inseridos em diversos momentos ao longo do filme, inclusive contracenando com personagens reais. Segundo Di Segni, todo o longa exigiu uma grande integração entre os integrantes da produção, incluindo direção, produção, fotografia e direção de arte, e da pós, já que muitos dos efeitos foram trabalhados para serem resolvidos durante as gravações. “É um projeto com 600 cenas de efeitos, que exigia um chroma perfeito nas cenas embaixo d’água. Fizemos muitas pesquisas e tivemos que entender a questão da limpeza no estéreo. Foram muitos testes e conversas entre mim e a produção para acharmos uma solução que funcionasse para essa magnitude de efeitos”, explicou. Além disso, a equipe realizou gravações aéreas com um drone na praia de Sibaúma, em Tibaú do Sul, Rio Grande do Norte, que vão servir de cenário para a casa do fantasminha e de sua família no alto de um penhasco. Apenas a fachada do local foi montada no cenário, enquanto toda a estrutura externa da casa está em fase de construção na pós-produção. As cenas na água foram filmadas em Franco da Rocha, em São Paulo, enquanto as cenas internas do sótão, da casa do Pluft e da caverna foram gravadas no Rio de Janeiro. “O filme é um grande desafio porque você tem personagens inteiros


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em CG contracenando com personagens reais, você tem os digidoubles, que são os dublês digitais e ambientes inteiros em CG para complementar o que foi feito no cenário”, afirmou Di Segni. “É um filme filmado em três locações, sendo uma delas em baixo d’água e que tem que parecer uma locação só. O cenário digital que estou produzindo tem que se parecer com o real, então são muitos detalhes. É um projeto desafiador e que fará a gente crescer muito”, conclui ele.

Estereoscopia Um dos grandes desafios do projeto é adequá-lo ao processo de estereoscopia, de modo que o filme em 3-D seja exibido de maneira “confortável” para o espectador. Segundo Di Segni, o trabalho árduo por parte da pós-produção é em relação à composição. Ele explica que é necessário realizar o ajuste correto entre as duas imagens, já que a distância entre elas regula a profundidade do quadro. “Você precisa animar essa distância para que ela chegue mais perto ou mais longe. Existe um ponto de convergência e se você aproxima desse ponto as imagens se aproximam e conforme você se afasta elas vão se distanciando para o outro lado. Então, é preciso tomar muito cuidado com cada detalhe”, esclarece. Além disso, os responsáveis pela pós-produção precisam ajustar a sincronização entre a câmera do olho esquerdo e a do olho direito. Caso haja um frame diferente pode haver incômodo para o espectador na imagem final e, por isso, todos os efeitos e detalhes técnicos também devem ser duplicados com o máximo de precisão possível. Para essa produção em específico, os profissionais de pós terão à disposição estações de trabalho adequadas ao estéreo com moni-

tores e computadores específicos, que foram testados antes do processo ser iniciado. Após o final dos trabalhos, os equipamentos são substituídos por monitores convencionais. Dessa maneira, todo os processos de colorização (que precisa passar por uma equalização especial), arte, composição, edição e efeitos precisam se adequar a esse formato e, para isso, são utilizados plug-ins e ferramentas destinados a essa tecnologia. O processo conta ainda com um supervisor de estereoscopia, que trabalhou durante as gravações e que está presente em todas as etapas da pós. O filme Pluft, que teve a produção iniciada em 2016, está em fase de montagem e de criação dos primeiros efeitos de pós-produção. Todo o processo de finalização deve levar cerca de um ano e a estreia deve acontecer em 2019.

Mercado estéreo Segundo a empresa, o mercado de produções que utilizam a estereoscopia ainda é pequeno embora apresente sinais de um crescimento tímido. “Muitas empresas optam pela conversão de arquivos 2D para 3-D, mas não pela filmagem com duas câmeras”, afirmou Paulo Barcellos, diretor geral da O2 Pós. Segundo ele, houve um crescimento da demanda pelo 3-D em 2009 e, após um período de estagnação, ele afirma que esse mercado começa a apresentar sinais de crescimento. Di Segni afirmou que há pouco tempo recebeu um orçamento para a filmagem com estereoscopia, mas que é difícil afirmar se isso se tornará ou não uma tendência. Caso aconteça ele acredita que o potencial dessa tecnologia estará destinado ao cinema, já que há poucas televisões em 3-D no mercado brasileiro atualmente. PA

O2 Pós atua em todas as etapas de pós-produção e busca automatizar processos para atender projetos variados A O2 Pós conta hoje com 135 profissionais, sendo 115 em São Paulo e 20 no Rio de Janeiro e está aberta para a pós-produção de trabalhos de outras produtoras dos mais diversos tamanhos, portes e regiões do país. Embora haja uma grande variedade de projetos, o diretor geral da O2 Pós, Paulo Barcellos, afirma que os principais campos de atuação são a publicidade e o entretenimento. Barcellos explica que o trabalho da empresa começa já no set de filmagem, com a transferência dos arquivos dos filmes para os HDs e que passa por todas as etapas até chegar na entrega final do projeto em formatos de cinema, Blu-Ray ou para a televisão. “Nossa grande especialidade é ser uma casa onde tudo acontece dentro da empresa com vários especialistas debaixo do mesmo telhado. Temos área de correção de cor, edição, efeitos visuais, arquivos para enviar para emissoras, os deliveys (para entrega de arquivos para emissoras) e até mesmo uma área que conta com 14 pessoas e é especializada em letreiros para filmes e séries e backshots de filmes publicitários. É uma grande empresa com várias microempresas dentro”, disse ele, ressaltando que praticamente todas as equipes participam de todos os trabalhos, o que estende a lista de créditos dos filmes. Barcellos explica que a empresa desenvolveu ferramentas para automatizar os processos e trabalhar em escala industrial mas sem perder a qualidade e a proximidade com os responsáveis pelas produções. Um dos grandes diferenciais tecnológicos apontados pelo executivo é uma ferramenta que funciona como um verdadeiro

banco de dados da empresa. Trata-se do SkyNet, um servidor de 200 TB que possui todas as masters da O2 durante os últimos 30 anos, incluindo durante a época da produtora Olhar Eletrônico, que deu origem à O2. Os profissionais podem fazer a consulta de materiais em alta resolução e enviá-los aos clientes de maneira ágil e prática.



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Conferência Panorama Audiovisual debate sobre tecnologias para produção e exibição 4K HDR Organizado pela Revista Panorama Audiovisual, o evento contou com a presença de mais de 80 profissionais do setor e abordou as reais necessidades e os desafios do fluxo de trabalho em altas resoluções Por Fernanda Beatriz

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endências de padronizações e possibilidades de uso das tecnologias 4K HDR em produções e pós-produções são assuntos que têm movimento o mercado audiovisual. Debater as reais necessidades e os desafios do fluxo de trabalho em altíssimas resoluções e com alto range dinâmico é uma discussão necessária para profissionais do setor, empresas e fabricantes do segmento. Pensando neste tema, a Revista Panorama Audiovisual realizou a “Conferência Panorama 4K HDR: Tecnologias da produção à exibição”, que aconteceu no dia 14 de novembro dentro das instalações do Estúdios Quanta, em São Paulo. Contando com a presença de mais de 80 participantes, entre eles profissionais de produção, locação, diretores de fotografia, film makers e fabricantes, o evento teve o prestígio da participação de palestrantes como: José Augusto de Blasiis (Cinemática/Universidade Metodista); Nelson Marcondes Filho (MarcFilmes/ABELE); Carlos Eber (ABC); José Francisco da Silva Neto (DotFilmes); Luís Inácio (O2 Filmes); Robson Silva (Dedolight); Fabiana Machado (Estúdios Quanta); Maurício Belonio (Quantum); Erick Soares (Sony) e Guilherme Campos (Samsung). O evento também foi transmitido pela internet, na Fanpage da Panorama Audiovisual no Facebook e atingiu mais de 20 mil pessoas. A conferência tratou sobre aspectos técnicos e promoveu uma importante troca de experiências e opiniões entre os profissionais. Fabiana Machado, gerente de marketing do grupo Quanta, deu as boas-vindas

aos participantes e contou sobre as cinco empresas do grupo: TELEM, Quanta (o maior complexo de estúdios da América Latina), Quanta DGT, Quanta Post e a Hollywood. Na sequência, Robson Silva, consultor de iluminação e especialista Dedolight, explicou sobre os produtos da marca, como a iluminação é um ponto crucial para a captação em HDR e a necessidade e efetividade de investir em refletores de LED.

O evento trouxe um debate com os profissionais José Augusto de Blasiis, Nelson Marcondes Filho, Carlos Eber e José Francisco da Silva Neto


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“Refletores de led é o futuro. O consumo de energia é muito mais baixo, resulta em alta eficiência luminosa, tempo de vida útil muito maior e – ao longo dos anos – o LED consegue manter temperatura de cor e potência desde que seja usado num sistema de refrigeração”, disse. Maurício Belonio, engenheiro de soluções da Quantum, falou sobre a complexidade em um ambiente de pós-produção, fatores que geram impacto de performance em pós-produção. como abordar provisionamento de armazenamento e benefícios do uso de múltiplas tecnologias de modo unificado. “A quantidade de armazenamento necessária para produzirmos em todos os formatos e todas as altas resoluções necessita que seja criada uma política e estratégia”. Abordando questões como os benefícios, desafios e padronizações para 4K e HDR, Erick Soares, engenheiro de suporte e vendas da Sony Brasil, afirmou que a mensagem principal é deixar claro que o HDR é um conceito que deve ser pensado desde a captura até a entrega. “Já tive a experiência de estar com o diretor de fotografia e ele falar ‘não quero HDR’ porque só conhecia a imagem carregada de luz. A questão do HDR é trabalhar esses extremos. É necessário trabalhar os picos e o contraste onde for interessante. Saber usar essa ferramenta de uma maneira mais criativa”, disse. Logo após, Luís Inácio, responsável pela supervisão de pós-produção na O2 Filmes, contou como a produtora teve que repensar na maneira de trabalhar para atender as demandas de 4K. “A O2 começou a trabalhar com arquivos em 4K em 2008. Trabalhávamos na pós em HD ou SD e a entrega era realizada também em SD e HD. O impacto do 4K ficava concentrado na captação. De 2013 para 2014, começamos entregar em 4K e aí que veio o verdadeiro impacto para nós. Este ano, vamos fechar com oito entregas e acreditamos que, no próximo ano, este número dobrará”, conta. Devido às mudanças na pós-produção, a produtora comprou novos servidores que antes eram de 10TB e desde 2016 são de 100TB, converteram a Rede Ethernet de 1GB para 10GB, trocaram Drives de LTO 4 (800GB) para LTO 6 (2.5TB) e em 2018 para LTO8 (12TB), adquiriram monitores HDR com resolução para 4K, placas de vídeo com 2GB RAM de memória para 8GB Ram, atualização das máquinas do Render Farm para 3D e FX e Raids internos nas máquinas de 2TB para 6TB. Para falar sobre 4K HDR sob o ponto de vista da exibição, Guilherme Campos, gerente de produtos da Samsung, contou que seu maior desafio tem sido mostrar para o consumidor que a tela em 4k além de melhorar o entretenimento, torna possível enxergar os conteúdos de forma mais nítida. “O consumidor terá uma melhor experiência, inde-

Durante o intervalo, foi realizado um tour pelas instalações dos Estúdios Quanta, maior complexo de estúdios do país

Os presentes também puderam interagir com equipamentos e tecnologias que estavam em demonstração no espaço do evento

pendente do tamanho da tela do televisor. O pixel não ficará expandido, fornecendo oito milhões de pixels ao invés de dois milhões. O grande forte da Samsung é fazer acontecer o mercado de 4K no Brasil”.

Debate 4K HDR Após as palestras, os convidados puderam participar do debate “O panorama da produção audiovisual 4K HDR em território brasileiro”, que contou com a ilustre presença dos debatedores: José Augusto de Blasiis, Nelson Marcondes Filho, Carlos Eber e José Francisco da Silva Neto. Iniciando com a questão “o que justifica trabalhar com 4K e HDR no Brasil”, José Francisco diz acreditar que a chegada do HDR acrescenta uma gama de possibilidades criativas. “Passamos os últimos anos vendo imagens de uma faixa dinâmica com uma certa quantidade de brilho. De alguns anos para cá, com a evolução do LED e LCD, foi possível elevar a quantidade de brilho do display. Isso fez toda nossa produção parecer mais contrastada, ficou pior, ficou ruim. O HDR surgiu como resposta a esse novo patamar de brilho”, afirmou. Para Blasiis, os projetos audiovisuais tiveram um ganho excepcional com o HDR. Já Nelson Marcondes coloca em questão a monitoração que ainda não chegou em HDR, um ponto que preocupação para os profissionais. “Sentimos que ainda tem muita demanda para o Full HD. Muitas câmeras que são 4K são rodadas em HD, mas é um caminho irreversível. Agora, entrou o Full Frame 8K e parece que a indústria está tentando se reinventar o tempo todo. Eu, particularmente, não acredito no Full Frame, ainda não conseguimos exibir direito em 4K”. Ao serem questionados sobre a comparação do HDR 4K com o 3-D e sobre os valores investidos para a inserção destas novas tecnologias, Carlos Eber diz que “fica o que for bom. HDR é o máximo que a gente quer, é latitude, possibilita ver diferença de luminância, de detalhes da sombra e isso é muito bom”. “No passado, a revolução de tecnologias era bem maior, com películas, com equipamentos mecânicos, ópticos, entre outros. Você fazia um investimento e durava por dez anos, pelo menos. Na parte eletrônica e analógica realizávamos investimentos a longo prazo. O digital chegou em um formato de negócio criado para você vender e trocar rápido”, afirmou José Francisco que complementa: “essa tecnologia veio para ficar. Não é uma moda que vem e vai, vai permanecer e os televisores vão brilhar mesmo. É preciso muita instrução, conhecimento e pesquisa. Este é um momento de transição”. O vídeo completo do evento está disponível na página oficial da Panorama Audiovisual: www.facebook.com/panoramavbr PA


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4ª Feira Internacional de Tecnologia, Inovação, Infraestrutura e Soluções para Templos e Igrejas

2018

Organização

13 A 15 DE JUNHO

Mídias oficiais


P 34

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Programe-se!

Agenda

13 a 15 de Junho de 2018 Church Tech Expo

Acompanhe aqui o roteiro com as melhores sugestões de congressos, festivais, exposições, mostras, cursos, treinamentos e eventos do mercado audiovisual.

07 a 12 de Abril NAB Show 2018

Principal encontro focado em broadcast e produção audiovisual do mundo, realizado em Las Vegas, Estados Unidos. O evento traz feira e congresso e reúne fornecedores e usuários de emissoras, produtoras, agências de publicidade, novas mídias e cinema. www.nabshow.com

A Church Tech Expo reúne o melhor das tecnologias de áudio e vídeo para templos, igrejas, locais de pregação e adoração. Exposição, palestras técnicas e workshops cobrem os segmentos de sonorização, mixagem, captação em vídeo, projeção, gravação, edição e transmissão. Em 2015, o evento reuniu 90 expositores, representando mais de 200 companhias, e mais de 7 mil visitantes. Participe e conheça o que há de mais inovador no setor. Aprenda com exemplos práticos como ampliar e otimizar as suas instalações ao lado dos principais fornecedores, integradores, consultores do mercado nacional e mundial. Entenda como e onde investir para ampliar o alcance de sua mensagem. O evento é destinado a líderes e representantes de religiões, membros de ministérios, equipes técnicas e de projeto, operadores de áudio e vídeo, e todos os envolvidos com áudio, vídeo e iluminação em templos e igrejas. O Congresso Church Tech Expo 2015 teve 100 de programação e recebeu 80 palestrantes em 65 sessão. Os temas centrais são: Integrando Áudio, Vídeo e Luz; Acústica e Inteligibilidade; Sistemas de PA e Sonorização; Produção de Apresentações Musicais; Mixagem e gravação; Seleção e configuração de microfones; Produção HD Ao Vivo; Implantação e Vantagens do Live Stream; Integração com Switcher e Robótica; Projeção e Processamento de Vídeo; Integração com Mídias Sociais; Infraestruturas baseadas em IP; Digital Signage Aplicada; Projetos de sucesso; Automação de Processos e Eventos; Desafios da Iluminação. www.churchtechexpo.com.br

13 a 15 de Junho de 2018 PANORAMA SHOW

13 a 18 de Setembro IBC 2018 Considerado uma versão europeia da NAB Show, o IBC reúne em Amsterdam os líderes da indústria de radiodifusão, broadband e produção audiovisual. Mais de 1000 estandes apresentam um panorama completo do mercado. www.ibc.org

O mais importante latino-americano dedicado às tecnologias de Produção Audiovisual e Broadcast será realizado no São Paulo Expo (antigo Centro de Exposições Imigrantes), em São Paulo. Serão três dias de exposição e congresso dedicados ao aperfeiçoamento profissional, debate sobre tecnologias e promoção de negócios. Os temas-chave do congresso são soluções para produção e distribuição de áudio e vídeo em TV, cinema, novas mídias, publicidade, animação e games. Em 2015 o evento reuniu 7000 visitantes, incluindo mais de 1000 congressistas, que participaram de 65 sessões de debate e workshops. www.panoramaaudiovisualshow.com.br


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