Panorama Hospitalar 28ª edição Junho de 2015

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ph “São Paulo tem a melhor saúde pública e particular do Brasil” Dr. David Uip:

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28 ISSN 2359-0521

Ano 2 • No 28 • Junho/2015

Secretário de Saúde do Estado de São Paulo

Panorama hospitalar A revista + completa do setor da saúde


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Edição: Ano 2 • N° 28 • Junho de 2015 Presidência e CEO Victor Hugo Piiroja victor.piiroja@vpgroup.com.br

Redação Editora e Coordenadora Editorial Carla Nogueira carla.nogueira@vpgroup.com.br Arte Flávio Bissolotti flavio.bissolotti@vpgroup.com.br Giovana Dalmas giovana.dalmas@vpgroup.com.br Roger Tambelini roger.tambelini@vpgroup.com.br

Comercial Diretor Comercial Christian Visval christian.visval@vpgroup.com.br

Marketing Michelle Visval michelle.visval@vpgroup.com.br

Web e Sistemas Wander Martins wander.martins@vpgroup.com.br Robson Moulin robson.moulin@vpgroup.com.br Bruno Macedo bruno.macedo@vpgroup.com.br Carolina Teixeira carolina.teixeira@vpgroup.com.br

Financeiro Rodrigo Gonçalves de Oliveira rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br

A Revista A revista Panorama Hospitalar apresenta aos administradores de hospitais e clínicas notícias atualizadas sobre o mercado, entrevistas e reportagens sobre novas tecnologias e os principais temas do segmento, além de coberturas jornalísticas dos eventos do setor.

A PEDRA ANGULAR DA SAÚDE: O TRATO HUMANIZADO

O

setor da saúde é permeado por particularidades. Tanto no braço econômico e político, é único. Uma cadeia que se desenvolve e se perpetua diante de um DNA milenar, que mesmo com as soluções tecnológicas e inovações, a pedra angular do todo, é perene no trato humanizado. Esta peculiaridade do bem-estar em sua totalidade do ser humano é, talvez, o maior impulso deste segmento. Para esta engrenagem, a saúde, assim como o seu DNA, precisa de gente. Gente comprometida e dedicada. Gente que acredita em gente. Nesta edição, a Panorama Hospitalar (PH) entrevista o exemplo de “gente que acredita em gente” e que escolheu para sua trajetória de vida fazer o bem para o ser humano. O médico infectologista David Uip, atualmente também no comando da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, abre o jogo sobre o que pensa; o que lhe incomoda no Brasil, no sistema de saúde e na função de médico. Sua experiência imprime total liberdade para “falar sem papas na língua”. Em toda a entrevista, Dr. Davi Uip deixa evidente sua devoção de estar com olhar focado naquilo que é a espinha dorsal da saúde, o ser humano. E declara: “fiz um juramento e tenho muito orgulho da minha carreira”. No âmbito da saúde, o secretário se mostra preocupado com o cenário da Aids: “não vislumbro que a cura da Aids será possível em curto ou médio prazo. A prevenção, por meio do uso de preservativos nas relações sexuais, ainda é a forma mais eficaz para se evitar o contágio pelo vírus”, disse. Outro destaque de quem atua com este olhar humanizado e que surpreendeu a cadeia produtiva é a presidente da HOSPITALAR Feira + Fórum, Dra. Waleska Santos, quando anunciou a aquisição da mostra pelo grupo UBM. “Continuarei, como sempre, defendendo os interesses da classe médica, dos hospitais, da indústria brasileira e no exterior”, comenta a executiva na matéria “HOSPITALAR, que passa a compor o portfólio da UBM Brazil e da UBM”. Ainda sobre a HOSPITALAR, a equipe da PH traz os melhores momentos da feira, com destaque para L+M que realizou no Hospital Contemporâneo, no maior estande do evento, o lançamento do Cubin. A iniciativa é inédita no mercado da saúde e contou com os principais players do setor em seu lançamento. A PH deste mês está “mais gente”. Exemplos de profissionais e empresas que, literalmente, são diferenciados, porque imprimem em suas atuações a carência maior deste mundo globalizado: o amor.

Panorama Hospitalar Online www.revistapanoramahospitalar.com.br Tiragem: 15.000 exemplares Impressão: Duograf

Alameda Madeira, 53, Cj. 92 - 9º andar 06454-010 - Barueri – SP • + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br

Carla Nogueira Editora e Coordenadora Editorial Panorama Hospitalar | Junho, 2015

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Sumário

ÍNDICE

Mercado 6/8

Philips está mais focada no setor da saúde

O setor 10/11 As novidades da saúde

Especial 12/18

Entrevista especial com Dr. Davi Uip

Sucesso 20/24

Os melhores momentos da 22ª HOSPITALAR Feira + Fórum

Aquisição 25

HOSPITALAR passa a compor o portfólio da UBM Brazil e da UBM

Saúde Suplementar 26

Contratação: planos de saúde apresenta estabilidade

Recursos 28/29

Ministério da Saúde libera R$ 220 milhões para municípios

Pesquisa 30/31

71% dos brasileiros aprovam os serviços de saúde

Estudo 32/33

Pesquisa aponta os caminhos da saúde global

Acesso 34

Mercosul estuda compra conjunta de medicamentos

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Panorama Hospitalar | Junho, 2015



Mercado

INOVAÇÃO

“A Philips é mais saúde.

Nosso objetivo é salvar vidas”, afirma o vice-presidente sênior da área para a América Latina, Daniel Mazon Por Carla Nogueira

U

ma organização que por durante anos teve seu reconhecimento em todo o mercado mais direcionado para o consumidor final, mesmo com sua inovação no setor da saúde iniciada em 1814 através do desenvolvimento de equipamentos para raio-x e rádio, atualmente está mais conectada com toda a cadeia produtiva da saúde. A Philips em 2015 torna-se mais agressiva em seu braço de atuação na saúde e com uma meta de desempenho em crescimento para 2016 de em média 16 a 17%. (a maior nas áreas de atuação da marca). A estratégia, além de acompanhar o crescimento da indústria da saúde global, principalmente com as novas demandas do sistema como o envelhecimento e doenças crônicas, é oferecer um modelo de negócios mais focado e direcionado, impulsionando a marca neste segmento, que representa 50% do volume de negócios de toda a companhia. Desde o

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Panorama Hospitalar | Junho, 2015

ano passado, a companhia reinventou a célula healthcare dividindo as áreas em: Philips Healthtech, englobando o HealthSystems e Personal Health, conceituado antes como Consumer & Lifestyle e Healthcare e Lighting Solutions. Esta implementação, torna-se o grande apelo competitivo da Philips no mercado, oferecendo um conceito não somente de negócios, mas também de promoção e assistência à saúde, estimulando para toda a carteira de clientes (instituições ou consumidor) o conceito de vida saudável, a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento. “Esta nova Philips faz parte da nossa estratégia de entender mais o mercado e superar as expectativas deste setor, acompanhando todas as inovações deste segmento e principalmente, provocando e estimulando às pessoas a terem uma vida mais saudável. A Philips é mais saúde e nosso objetivo é salvar vidas”, afirma o vice-presidente


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Fotos: Divulgação

Organização pretende crescer 16% a 17% em 2016

sênior de saúde da América Latina da organização, Daniel Mazon. “Este olhar macro da Philips é um dos diferenciais das demais organizações. Nossa meta é alcançar 3 bilhões de pessoas em todo o mundo, fazendo diferença em suas vidas”, continua o executivo. A Philips, segundo o vice-presidente, por muito tempo foi construída com base em conglomerado, agregando mais de 25 indústrias das mais variadas áreas. Este novo processo, além de posicionar a organização como uma das mais importantes no setor, permite ainda, de acordo com Mazon, atender as demandas da saúde de forma mais focada, direta e principalmente na rapidez dos clientes. “Fica muito difícil atender as reais necessidades dos clientes sem estar focado, direcionado para tal. Com esta nova incorporação, vamos alcançar este objetivo de maneira mais eficiente, garantindo a qualidade em todos os processos e

“Nossa meta é alcançar 3 bilhões de pessoas em todo o mundo”, diz o vice-presidente sênior de saúde para a América Latina da organização, Daniel Mazon Panorama Hospitalar | Junho, 2015

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Mercado

INOVAÇÃO

área hospitalar, por exemplo. Esta ação, impacta diretamente na qualidade de atendimento ou prestação de serviços ao paciente. Isto é uma inovação”. E o Brasil, tem feito inovação? Questiono o executivo. “O País tem discutido bem a inovação. Há um certo interesse das bases para a profissionalização deste processo, é um começo”, complementa Mazon.

consolidando a marca na área healthcare”. Brasil, País emergente: Mesmo em um cenário não tão otimista, o Brasil para Philips é considerado ainda um “País emergente”, principalmente nesta área. Só em 2014, a organização investiu no País cerca de R$ 500 milhões no setor cuidados com a saúde. A companhia possui mais de 3 mil colaboradores, seis fábricas (duas em Manaus (AM), duas em Varginha (MG) uma em Blumenau (SC) e outra unidade em Lagoa Santa (SC). Além de 8 escritórios e três centros de pesquisa e desenvolvimento da América Latina. “O mercado latino-americano é um dos principais para a Philips e totalmente estratégico para toda a marca. O Brasil continua sendo um dos mais importantes países que investimos. Tem muito ainda que crescer por aqui e aperfeiçoar cada vez mais nossa performance de atuação”, argumenta Mazon. Esta busca contínua de desempenho da Philips no mercado global é evidente também quando se fala de inovação. A organização aplica este conceito de maneira contemporânea, com forte impacto na qualidade de vida das pessoas. Para o vice-presidente, “a inovação não está somente fundamentada em apresentar ao mercado um novo equipamento, mas principalmente, centrada na melhoria do paciente/consumidor final. Além desta metodologia, criamos uma unidade de negócios que visa colaborar para o aprimoramento dos clientes em sua produtividade na

Investimento no Brasil em 2014: R$ 500 milhões em cuidados com a saúde 8

Panorama Hospitalar | Junho, 2015

Uma nova Era da saúde - Além da inovação, presente nas principais bancadas dos pensadores, líderes e players da saúde, a implementação da robótica e automação está provocando grandes reflexões e debates. A pauta desta questão é se o trato humanizado, DNA no atendimento, com estas novas tecnologias, vai neutralizar esta base primordial à promoção da saúde. Para Mazon, tanto a robótica, automação, ou até mesmo e-health e outros avanços, “só tem sentido se tiver um profissional de primeira na ponta do processo”. E argumenta mais, “a saúde é humanizada. Estas novas tecnologias auxiliam e otimizam os processos mas, nada adianta se não tiver, o olhar do profissional capacitado para tal. Tenho orgulho de atuar numa organização que salva vidas com ajuda de um profissional sempre presente em quaisquer inovação”. A tecnologia para o bem do paciente - Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais frequente no mundo, mais comum entre as mulheres e respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Para incentivar o diagnóstico e a promoção da “vida saudável” da Philips, a companhia investiu na implementação de uma tecnologia inédita de contagem de fóton presente no mamógrafo Microdose. O equipamento permite que até 50% da dose de radiação transmitida para o paciente seja reduzida, além de favorecer o desenvolvimento de novas aplicações de imagem avançada. Microdose ainda tem um detector de silício que promove a rápida detecção de densidades (nódulos e tumores), o que possibilita mais agilidade no exame e menor período de tempo, com a possibilidade de atender cerca de 15 mulheres a cada hora. “Não existe algo ainda semelhante na indústria. O Microdose, através do uso da tecnologia, beneficiará o paciente em um procedimento, que sabemos, é delicado. Este equipamento também é um diferencial pois “se coloca no lugar do paciente” e pensa no resultado de sua experiência com o equipamento e diagnóstico, minimizando o máximo o seu tempo e oferecendo mais bem-estar. É a nossa vantagem competitiva”, empolga-se Mazon. Recém-lançada no mercado, a ressonância magnética Ingenia S, promete minimizar o “pânico” de quem tem receios de realizar este diagnóstico. O Ingenia S tem a vantagem da redução de ruído, provocando a experiência “inbore” (dentro do tubo) aonde o paciente visualiza vídeos no decorrer do exame. “Queremos atingir a vida das pessoas com o melhor para elas. A Philips em cada lançamento insere esta proposta, o que para nós, é motivo de orgulho e dedicação para continuar seguindo”, finaliza Mazon.


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Coluna

O SETOR

Dr. José Carlos Abrahão é o novo diretor-presidente da ANS Foto: Divulgação

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édico pediatra, formou-se pela Faculdade de Medicina Souza Marques em 1977. Com mais de 40 anos dedicados ao setor de saúde brasileiro, Abrahão recebeu título de Especialista em Pediatria, cursou especialização em Administração Hospitalar e complementarmente o MBA Executivo em Administração pela Coppead/UFRJ. “Agradeço à Presidente Dilma Roussef e ao Ministro da Saúde, Arthur Chioro, a confiança em mim depositada. Trabalharei diuturnamente para corresponder a essa confiança e tenho clareza da nobreza dessa missão a mim confiada. A sociedade brasileira pode ter certeza de um trabalho intenso, pautado na transparência institucional e na sustentabilidade do setor para a

garantia da proteção dos direitos dos consumidores, que são nossa razão de existir como instituição. A valorização dos servidores de

APM critica proposta de reduzir a cobertura de medicamentos a pacientes

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roposta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgada pela imprensa hoje poderá representar um retrocesso aos usuários de planos de saúde. A lista de medicamentos cobertos pelos planos será baseada na lista do SUS. Atualmente, o sistema público oferece cobertura de medicamentos menor que a rede privada. Para o presidente da Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão, a mudança trará prejuízos aos usuários de planos de saúde. “A incorporação de novos medicamentos pelo SUS é muito lenta e se ocorrer o mesmo na saúde suplementar, os pacientes serão privados de avanços, novos produtos e tecnologias. Isso representa um retrocesso. O ideal é exatamente o contrário, que o SUS tivesse a agilidade de introdução de avanços como ocorre na prática clínica”, afirma.

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carreira e demais colaboradores da ANS permitirá que esse sólido corpo técnico elabore políticas de saúde que continuarão a proteger os usuários de planos de saúde, equilibrarão o funcionamento desse setor e colaborarão na integração com o Sistema Único de Saúde. O zelo com a coisa pública será permanente, o programa de Ressarcimento ao SUS continuará sendo fortalecido e a ANS buscará sua independência financeira. A Agência também se qualificará institucionalmente por meio de parcerias com a comunidade acadêmica, inegável riqueza nacional, e dialogará permanentemente com a sociedade civil, com os órgãos de defesa do consumidor e com todos os agentes públicos e privados que compõem esse setor”, declarou Dr. Abrahão.


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José Luiz Setúbal, do Banco Itaú, é o novo gestor da Santa Casa de SP

“A prioridade é sentar, conversar com as pessoas e começar um novo método de trabalho. Acredito que a Santa Casa estava sem uma liderança, e estou chegando para ser essa liderança e, a partir daí, começar a nova gestão”, disse Setúbal depois da eleição.

O hospital também teve problemas com o pagamento de salários de funcionários. Em março deste ano, o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem e Empregados em Estabelecimentos de Serviços de

Em julho do ano passado, a Santa Casa – maior centro de atendimento filantrópico da América Latina – fechou o prontosocorro e suspendeu as cirurgias seletivas e os exames laboratoriais, o que afetou em torno de 6 mil pessoas. Um dia depois de ter anunciado o fechamento, a Santa Casa reabriu o seu pronto-socorro e retomou os atendimentos. Em dezembro, auditoria da empresa

ABIMO nas redes sociais

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Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO) está cada vez mais próxima do setor e dos seus associados. Recentemente, a instituição inauguração sua fan page, potencializando a interlocução com toda a cadeia da saúde. Curta a página e fique sabendo das novidades e inovações da saúde.

Saúde de São Paulo (SinSaudeSP) entrou com ação trabalhista na Justiça, requerendo o pagamento do salário de novembro de 270 empregados, diferença do 13º salário de 2014 de todos os empregados e multas pelo atraso no pagamento das verbas de 2014. No dia 20 de maio o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região condenou a Santa Casa a quitar, no prazo de 30 dias, os salários devidos de 2014.

BDO Brasil apontou que a crise financeira da Santa Casa somava débito de R$ 773 milhões. “A reestruturação das dívidas será feita no curto prazo. Vamos conversar com as autoridades e com os credores, renegociar os contratos e o que for possível, dentro de nova perspectiva”, anunciou Setúbal.

Foto: Divulgação

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andidato único, o médico pediatra e acionista do Banco Itaú José Luiz Setúbal foi eleito, o novo provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Setúbal foi eleito para o cargo antes ocupado por Kalil Rocha Abdalla, que renunciou no dia 16 de abril deste ano. A provedoria vinha sendo conduzida, interinamente, por Ruy Altenfelder.

Setúbal admitiu que deve ocorrer demissões na Santa Casa, mas não revelou quando e quantas pessoas serão demitidas. “A Santa Casa, há dois anos, tinha 39 unidades de saúde. Hoje tem sete. A estrutura que tinha para administrar 39 [unidades] não precisa para administrar sete”, comentou. O novo gestor disse que, para recuperar financeiramente a instituição, pretende aumentar a participação do atendimento privado nas duas unidades Santa Isabel da Santa Casa, sem diminuir o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), que hoje corresponde a 95% da receita do hospital.

Apenas 37% dos profissionais de saúde do Brasil são graduados, aponta KPMG

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e acordo com a pesquisa “Promoção de saúde no Brasil: nossos hospitais relatam a realidade de 2014”, realizada pela KPMG com 1400 hospitais da rede pública e privada do país, apenas 37% dos profissionais de saúde do Brasil são graduados. Além disso, o

levantamento aponta que quanto maior o hospital, menor o número de graduados. Quando o tema é pósgraduação, os números são ainda menores, visto que 9,5% dos profissionais têm alguma especialização. “Os hospitais brasileiros precisam se preocupar com a qualificação profissional. Não contar com profissionais capazes e instruídos para realizar importantes funções fazem com que as instituições caiam em descrédito e aumente o descontentamento da população”, afirma o sócio da KPMG e líder para o setor de saúde, Marcos Boscolo. Panorama Hospitalar | Junho, 2015

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Especial

DR. DAVID UIP

“A gestão da saúde deve estar mais atenta

às políticas de prevenção e promoção de saúde como forma de evitar doenças e internações”

Por Carla Nogueira | Fotos Fábio Mendes

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m médico à frente do comando da Saúde do maior estado do Brasil, São Paulo. Dr. David Uip, desde setembro de 2013 tem a missão de organizar o sistema de saúde e suas variáveis complexidades, oferecendo, dentro das possibilidades, o melhor em promoção e assistência à população. São mais de 36 anos atuando na saúde pública. Experiência, que o faz trafegar com maestria em todos os assuntos da Saúde e dizer sem “papas na língua” o que pensa, o que lhe provoca e falar abertamente sua visão macro como médico e gestor. Em sua trajetória, Uip foi diretor-executivo do Instituto do Coração (InCor) do HCFMUSP de 2003 a 2008 e diretor-presidente da Fundação Zerbini entre 2007 e 2008. Também dirigiu por 10 anos a Casa da Aids, na capital paulista. Coordenou projetos de prevenção à transmissão vertical do HIV e de biossegurança nos hospitais nacionais de Angola, na África. Em 2009, assumiu o comando do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, maior centro de referência nacional em doenças infectocontagiosas. À frente da instituição, firmou convênio com a Fundação Faculdade de Medicina, entidade de apoio à assistência, ensino e pesquisa que auxilia o Hospital das Clínicas da FMUSP, visando agilizar a reposição de recursos humanos e modernizar a gestão do hospital. Médico, formado pela Faculdade de Medicina do ABC com especialização em doenças infecciosas e parasitárias pela USP, Dr. Davi Uip protagonizou grandes feitos, principalmente no desenvolvimento de novos tratamentos para

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Panorama Hospitalar | Junho, 2015

a Aids. Coleciona atendimentos a personalidades políticas e celebridades. Talvez um dos mais marcantes, foi então ao governador Mário Covas (in memoriam). Desta relação médico x paciente, construiu-se uma grande amizade com o líder político e sua família. Como gestor, Dr. Davi Uip, mostra-se hábil em seus discursos. É otimista em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas acredita que o modelo precisa ser repaginado. Defende a implementação das Organizações Sociais (OSS). Fala com orgulho do cenário da saúde no estado de São Paulo e pontua suas atuais preocupações em relação ao Brasil. Nesta entrevista, Dr. David Uip é médico, gestor, brasileiro, sonhador e ser humano. Características que desenham, até aos mais distantes, sua singularidade e talvez sua maior excelência: a devoção em lutar para o bem da humanidade. PH - O senhor é um médico de grande notoriedade no País, principalmente em sua especialidade. Pela sua experiência, acredita que chegaremos a cura da Aids? Dr. David Uip: “Torço para que a cura da Aids possa virar realidade, um dia, mas, infelizmente, ainda estamos longe disso. Em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil, pesquisadores vêm trabalhando incansavelmente na busca por uma vacina que seja capaz de prevenir o desenvolvimento da doença a partir da infecção pelo vírus HIV. Em


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Temos uma questão muito séria que é o fenômeno nacional da judicialização da saúde, que somente em SP consome cerca de R$ 600 milhões por ano


Especial

DR. DAVID UIP

São Paulo, há uma vacina brasileira em fase de testes em macacos no Instituto Butantan, com resultados até aqui satisfatórios. Mas não podemos iludir a população. Não vislumbro que a cura da Aids será possível em curto ou no médio prazo. A prevenção, por meio do uso de preservativos nas relações sexuais, ainda é a forma mais eficaz para se evitar o contágio pelo vírus”. PH - O Brasil tem avanços significativos em relação ao tratamento da AIDS, e o senhor é um dos responsáveis por estes resultados. Atualmente, como está o cenário da doença no País? Dr. David Uip: ”Houve avanços significativos e inegáveis ao longo das últimas décadas, que reduziram expressivamente a morbidade e a mortalidade por Aids no País, principalmente a partir da introdução do tratamento universal, a base de antirretrovirais, na segunda metade da década de 1990. Fico feliz por ter participado, junto com outros colegas médicos, das discussões, à época, que culminaram com a implantação dessa política por meio da aprovação de um projeto de lei no Congresso Nacional. Também fico preocupado quando olho o atual cenário da epidemia no País, porque com o avanço do tratamento surgiu uma percepção entre parte da população de que a contaminação pelo vírus da Aids pode não ser um problema, e que se pode conviver com a doença tranquilamente. Na verdade não é bem assim. O tratamento antirretroviral ocasiona sérios efeitos colaterais, como alterações metabólicas, dislipidemia, intolerância a glicose, diabetes, doença arterosclerótica, hipertensão arterial, alterações corpóreas (a exemplo de redistribuição de gordura), câncer, alterações renais, hepáticas e ósseas, entre outras. Outro aspecto que preocupa, que é a maior incidência de infecções por HIV que temos observado na população jovem, especialmente de homens que fazem sexo com homens, e que não se previnem adequadamente, tampouco responde às campanhas de prevenção. Costumo dizer que há uma epidemia dentro da epidemia, desses jovens que não usam camisinha. Julgo importante repensar toda a estratégia de abordagem e comunicação das campanhas de combate à Aids Temos de ser mais enfáticos: Aids mata. Todos os dias, sete pessoas, em média, morrem vítimas da doença no Estado de São Paulo”. PH - Em uma matéria na revista Isto é Gente, de 5 de junho de 2005, o senhor também é conceituado como “médico de celebridades”. Incomoda-se com este “título”? Acredita que para um médico isto pode tornar-se um diferencial em sua carreira? Dr. David Uip: “Sou médico formado pela Faculdade de Medicina do ABC com especialização em doenças infecciosas e parasitárias pela USP. Fiz um juramento e tenho muito orgulho de minha carreira. Não escolho nem faço

Costumo dizer que há uma epidemia dentro da epidemia, desses jovens que não usam camisinha. Aids mata 14

Panorama Hospitalar | Junho, 2015

SUS deve ser repaginado com criatividade, ousadia e inteligência distinção dos meus pacientes. Ainda aluno de Medicina, participei do Projeto Rondon, primeiro no câmpus avançado de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e depois, já como residente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, no câmpus avançado de Marabá. Abracei a saúde pública na prática, desde cedo, participando ativamente das atividades assistenciais, ensino, pesquisa, gestão e direção de serviços, no Hospital das Clínicas da FMUSP, na Casa da Aids, no Instituto do Coração (InCor) e, entre 2009 e 2013, no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Atendo meus pacientes no consultório particular, assim como sempre atendi aos usuários da rede pública, com dedicação, respeito e procurando fazer sempre o meu melhor”. PH - Ainda nesta matéria, descreve a relação do senhor com Mário Covas (in memoriam), da amizade, parceria e confiança com o mesmo tinha para ser tratado pelo senhor. Foi desta aliança, que iniciou-se no universo político? Se sim, pode relatar-me como e aonde foi? Dr. David Uip: “Ainda jovem, participei da equipe médica que atendeu ao presidente Tancredo Neves no InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da FMUSP. Na década de 1990, tive a oportunidade de tratar pessoalmente com o ex-ministro Adib Jatene e com o ex-senador José Sarney sobre políticas públicas de combate à Aids. E no final dos anos 90, fui médico do governador Mário Covas durante seu tratamento contra um câncer extremamente agressivo. Nos tornamos muito próximos e amigos à época, e até hoje tenho profundo carinho por ele e toda a sua família, e me emociono ao recordar todo o processo pelo qual ele passou, lutando com unhas e dentes para vencer o câncer. Mas quero enfatizar aqui que tenho 38 anos de atuação na saúde pública. Fui diretor de importantes serviços, como já citado, e penso que o reconhecimento das autoridades em relação ao meu trabalho vem da experiência acumulada ao longo de quatro décadas, como médico e gestor de saúde”. PH - Medicina, academia x política, como o senhor analisa estas relações? Dr. Davi Uip: “Sempre digo que quando a política entra no eixo central do debate sobre saúde, quem sai perdendo é a população. A medicina e a academia devem estar, sim, a serviço das boas políticas públicas de saúde. É o que eu procuro fazer na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, a partir do que aprendi como aluno e, depois, médico, professor de medicina e gestor de diferentes serviços de saúde”. PH- O senhor ainda atua como médico. Dentro desta visão, na sua opinião quais os principais embates que o médico enfrenta hoje para servir e promover a saúde no Brasil aos pacientes? Dr. David Uip: “Em muitas partes do Brasil, não só o médico, como enfermeiros e demais profissionais de saúde,


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São Paulo recebe de orçamento para a saúde R$ 20,4 bilhões anuais

enfrentam a dificuldade da falta de estrutura básica em serviços públicos de saúde, especialmente em cidades pelo interior do País, em locais distantes e de difícil acesso. São comuns unidades de saúde sem as mínimas condições para atendimento. Também há a questão da violência contra o médico, enfermeiros e técnicos, que infelizmente ainda acontece, sobretudo nas periferias. O que é repudiante porque são profissionais que se desdobram para fazer o melhor, atender a quem mais precisa, porém nem sempre com as condições ideais”. PH - No dia 5 de setembro de 2013, o senhor assumiu o comando da saúde do estado considerado mais rico e populoso do Brasil. Em seu discurso de posse – eu estava lá -, além da emoção muito aparente, o senhor afirmou, “Hoje o senhor (Governador) dá posse a um médico inconformado com as políticas públicas do País e que buscará melhorias reais”. Depois de dois anos, esta visão do senhor é perene? Dr. David Uip: “O inconformismo a que me referi foi o fato de que, como médico que sempre viveu o dia a dia dos hospitais e das comunidades, nunca acreditei em so-

O problema é que os serviços de saúde daqui atendem São Paulo e o Brasil inteiro

luções fáceis e marqueteiras. E continuo não acreditando. Na saúde pública não existe espaço para conversa mole. Precisamos, sim, de muito trabalho, boa gestão, programas e políticas públicas factíveis que tragam, de fato, melhorias reais para a população que usa a rede pública”. PH - Um dos principais discursos em relação aos problemas do SUS é a gestão e financiamento. O senhor como secretário, também acredita que os gargalos deste modelo também se norteiam nestas duas esferas? Dr. David Uip: “Esses são os dois problemas crônicos da saúde no País. As famílias brasileiras gastam mais do que o poder público. As despesas privadas representam 55% do total. E o governo federal vem se retirando do financiamento da saúde, onerando estados e, principalmente, municípios. Em 2000, o Ministério da Saúde era responsável por 58,5% das despesas proporcionais com saúde, enquanto os estados respondiam por 20,3% e os municípios, 21,2%. Dez anos depois, a participação da União no financiamento da saúde caiu para 44,8%, a dos Estados subiu para 26,9% e dos municípios, 28,3%. No Estado de São Paulo, a disparidade é ainda maior em relação à média nacional. Em 2000, os repasses federais para a saúde representaram 39%. Governo do Estado e municípios responderam por 29% e 32%, respectivamente. Em 2010, a União repassou 27,8% do total, enquanto Estado respondeu por 31,1% e os municípios paulistas responderam por 41,1%. A Constituição prevê que os municípios apliquem 15% de seu orçamento na saúde. Diadema, na Grande São Paulo, gasta 35%. Isso, aliado à defasagem da tabela SUS, que está congelada, ajuda a explicar por quê a conta não fecha. Atrelado a esta questão do subfinanciamento, Panorama Hospitalar | Junho, 2015

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Especial

DR. DAVID UIP

há a problemática da gestão. Este ano de 2015 vem sendo particularmente difícil para a área da saúde não só em São Paulo, mas em todo o Brasil, em razão da retração econômica que o País vive, com queda na arrecadação. Então, o nosso desafio é fazer mais com menos, a partir de ferramentas que garantam racionalização de custos e de boa gestão, sem prejuízo à assistência prestada aos usuários da rede pública. Acabamos de criar, na Secretaria, um Núcleo de Controladoria, visando proporcionar maior eficácia na gestão da saúde, controlando preço e qualidade e combatendo o desperdício e a má gestão. Já estamos adotando mecanismos de gestão que permitem fazer mais com menos recursos, a exemplo do aprimoramento do controle de almoxarifados e de materiais utilizados nas suas unidades de saúde, e melhor negociação de preços nos pregões eletrônicos, e também estamos buscando novas fontes de financiamento, como a parceria que firmamos com o BID para construir e reformas postos de saúde e Centros de Atenção Psicossocial em 74 municípios de cinco regiões do Estado, além da construção de dois novos hospitais, com investimentos de R$ 836 milhões”. PH- Aliás, o senhor acredita no modelo SUS como política pública de saúde eficaz à população? Dr. Davi Uip: “Não tenho dúvida de que o SUS é umas das grandes conquistas do povo brasileiro e um dos maiores programas sociais já criados no País, responsável por inúmeras ações de sucesso. Acredito, no entanto, que o sistema deve ser repaginado com criatividade, ousadia e inteligência. A reorganização do sistema passa pela efetiva implantação de um sistema de referência e contrarreferência, de modo que os serviços de saúde atendam à população segundo sua vocação. Não tem lógica e nem sentido que pacientes com problemas simples sejam atendidos

Não tenho dúvida de que o SUS é umas das grandes conquistas do povo brasileiro e um dos maiores programas sociais já criados no País

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Fiz um juramento e tenho muito orgulho de minha carreira em hospitais de referência para casos graves e complexos, mas, infelizmente, isso ainda ocorre e é comum no Brasil afora. Aqui em São Paulo estamos buscando dar maior inteligência ao sistema, ao classificar os hospitais como estruturantes, estratégicos e de apoio. Os estruturantes ficam responsáveis pelo atendimento aos casos de alta complexidade, os estratégicos fazem o dia a dia e priorizam a média complexidade e os de apoio ficam responsáveis pelos casos mais simples. Tudo regulado pela Cross, que é a nossa central de regulação da oferta de serviços de saúde. Outro ponto fundamental é que a gestão da saúde deve estar mais atenta às políticas de prevenção e promoção de saúde como forma de evitar doenças e internações. Nesse sentido, apostamos em duas iniciativas fundamentais: um deles, o programa Mulheres de Peito, oferta mamografias grátis sem necessidade de pedido médico para mulheres entre 50 e 69 anos, visando rastrear e detectar precocemente o câncer de mama. O outro é um programa de check-up anual em urologia e cardiologia para homens a partir dos 50 anos de idade, realizado aos sábados nos AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades)”. PH- O Brasil é um dos Países que menos gasta com a saúde e está em um cenário de desigualdade na distribuição dos recursos para este setor e mais, recentemente, um corte de 11% no orçamento. Dentro desta projeção, é possível promover a saúde de for-


ph ma eficaz? O senhor acredita em alguma melhora? Dr. David Uip: “Que o cobertor financeiro da saúde é curto todos sabemos. Como médico e gestor, apoio a iniciativa do “Saúde +10”, um movimento suprapartidário que reivindica que a União destine 10% da sua receita líquida bruta para a área da saúde. Repito: hoje a conta da saúde pública está onerando estados e, principalmente, municípios. O governo federal, que é o maior arrecadador de impostos, é o que menos financia, proporcionalmente, a saúde no Brasil. Acredito no SUS como programa de saúde pública eficaz, que ajudou a erradicar doenças como a paralisia infantil e a controlar outras como sarampo, difteria e tétano, além de ter contribuído de forma decisiva para diminuir drasticamente a mortalidade infantil, que é um importante indicador das políticas públicas de saúde. Mas algumas distorções, como o subfinanciamento, precisam ser corrigidas urgentemente, e sem a criação de novos impostos para a população”. PH - Falando em orçamento, qual é a média para o Estado de São Paulo para a saúde? Quais as principais dificuldades para trabalhar em cima deste orçamento para então promover a saúde no estado? Dr. David Uip: “O Estado de São Paulo cumpre rigorosamente a Emenda Constitucional 29/2000, que prevê a aplicação de 12% do orçamento na área da saúde. Um pouco mais até: chegamos a 12,46%. São R$ 20,4 bilhões anuais. O problema é que os serviços de saúde daqui atendem São Paulo e o Brasil inteiro. A cada hora são 13 atendimentos de pacientes de outros estados que procuram a saúde paulista, entre internações e assistência ambulatorial. O problema não é atender, é que não há nenhuma contrapartida financeira que venha para São Paulo. Além disso, temos a questão do estouro de teto, que é o atendimento a mais, não remunerado pelo Ministério da Saúde. Em 2014, a União deixou de repassar para São Paulo R$ 1,03 bilhão referentes a atendimentos de média e alta complexidades que ultrapassaram o teto financeiro destinado ao Estado e aos municípios paulistas. E outros R$ 700 milhões, referentes a tratamentos não previstos pelo SUS”. PH - Em recente entrevista no programa Roda Viva (TV Cultura), o senhor afirmou que está “preocupado com o futuro da saúde no Brasil”. O estado de São Paulo é um dos mais importantes no País, dentro desta perspectiva, a saúde estadual está preocupante? Dr. David Uip: “São Paulo tem a melhor saúde pública e particular do Brasil. Disso eu não tenho dúvidas. Pacientes de todo o país buscam tratamentos no Estado de São Paulo, em razão da excelência e qualidade de diversos serviços de saúde, como o Instituto do Câncer (Icesp), Hospital das Clínicas, InCor, Emílio Ribas, Hospital do Câncer de Barretos e tantos outros. A minha preocupação em relação ao futuro da saúde é diante de um cenário em que vivemos,

Meu compromisso é com a Medicina e a gestão da saúde

Saúde pública e particular devem caminhar juntas, e sob a lógica do paciente de retração econômica, inflação e dólar altos. Na saúde, a inflação é pelo menos o dobro dos índices oficiais, porque a maioria dos equipamentos e medicamentos é importada. Além disso, com o aumento do desemprego, a tendência é que muitas pessoas, que até agora pagavam planos privados de saúde, migrem para o SUS, gerando ainda mais filas. E temos uma questão muito séria que é o fenômeno nacional da judicialização da saúde, que somente em São Paulo consome cerca de R$ 600 milhões por ano. Muitas vezes o Estado é obrigado, via mandados de segurança, a arcar com medicamentos de marca já disponível no SUS, mas de outro fabricante, a entregar remédios experimentais, remédios sem registro na Anvisa e até produtos não ligados à terapia medicamentosa como sabão de coco em pó, antisséptico bucal, escova de dente infantil, xampu anticaspa, pilhas, copo descartável, chupeta, papel toalha, creme fixador de dentadura, filtro de água, óleo de soja, creme de leite, fubá, amido de milho etc. As demandas judiciais obrigam o Estado a retirar recursos de outras áreas e programas da Secretaria, inclusive da própria assistência farmacêutica, para atender a pedidos individuais. Cerca de 2/3 das receitas atendidas por meio de mandados de segurança pela Secretaria são oriundas de pacientes com planos privados de saúde ou de médicos particulares” PH - Qual seria, na opinião do senhor, o “bom futuro” da saúde no País e do estado de São Paulo? Dr. David Uip: “Estamos perseguindo este objetivo. Apesar de estarmos em um momento preocupante, as conquistas do SUS nos últimos 25 anos são inegáveis. Basta dizer que antes da implantação do sistema só tinham direito à assistência em saúde pela rede pública aquelas pessoas que contribuíam com a Previdência Social. O SUS trouxe os conceitos corretos de universalidade, equidade e integralidade. O bom futuro do sistema é que esses três conceitos sejam aplicados na prática, com diversos serviços, sejam básicos, ambulatoriais e de internação estejam funcionando de maneira plena e em sinergia, efetivamente integrados e hierarquizados”. PH - Saúde pública e privada. Como equalizar esta diferença? Acredita que é possível? Dr. David Uip: “Saúde pública e particular devem caminhar juntas, e sob a lógica do paciente. No entanto, muitos pontos precisam ser ajustados no sistema brasileiro. No Estado de São Paulo, 62% das pessoas possuem planos privados de saúde, mas é comum que, no caso de tratamentos complexos, como câncer, por exemplo, elas acabem em hospitais do SUS porque o convênio não autoriza o tratamento. Isso é um verdadeiro absurdo. O plano recebe as mensalidades, e quando o cliente precisa de assistência, ela é negada. Há um esforço da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que no meu entender é insuficiente, em cobrar o ressarcimento por atendimentos realizados em hospitais públicos a pacientes que tenham planos de saúde. Insuficiente porque em primeiro lugar os Panorama Hospitalar | Junho, 2015

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Especial

DR. DAVID UIP

valores ressarcidos estão longe do montante efetivamente gasto. E, em segundo, porque o dinheiro não retorna ao hospital de origem. Temos exemplos clássicos aqui em São Paulo. No Icesp, cerca de 20% dos pacientes atendidos possuem algum tipo de convênio ou seguro de saúde. E o hospital não pode cobrar o ressarcimento das empresas. Os valores que a ANS cobra dos planos não retornam ao Instituto” PH - OSS, PPP, AMEs o senhor acredita que são “modelos” eficazes para a melhoria da saúde? No estado de São Paulo, estes cenários funcionam de forma plena? Pode citar exemplos? Dr. David Uip: “Sou defensor do modelo de Organizações Sociais de Saúde, que permitiu a abertura de mais de novos hospitais estaduais, desde 1998, no Estado de São Paulo. Mais do que isso, permitiram a interiorização do SUS, levando médicos e assistência em saúde especializada a locais distantes dos grandes centros urbanos. Os AMEs, que são administrados por OSS, se revelaram um modelo altamente resolutivo e proporcionaram a regionalização do atendimento ambulatorial em saúde. Agora estamos transformando esses serviços em “AMEs Mais”, com hospital-dia e cirurgias de média complexidade, além das consultas com especialistas e exames de apoio diagnóstico. Tudo em um só lugar, visando proporcionar tratamento integral. Em relação às PPPs, elas são um modelo novo na saúde de São Paulo, que vão permitir a construção de três novos hospitais, na capital, São José dos Campos e Sorocaba. A empresa vencedora da licitação investirá 40% do total e poderá operar os serviços da chamada “bata cinza”, não ligados à assistência aos pacientes, como limpeza, manutenção, estacionamento e segurança. A assistência ficará a cargo de Organizações Sociais”. PH- Atualmente, quais os principais embates da saúde do estado de São Paulo? Dr. David Uip: “Na área da saúde, São Paulo apresenta uma posição privilegiada em relação à maioria dos estados brasileiros, com uma das menores taxas de mortalidade infantil e equipamentos de saúde de ponta e centro de excelências. Houve avanços expressivos nos últimos 20 anos, com a entrega de 34 novos hospitais estaduais e de 52 AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) que ampliaram a assistência oferecida aos usuários do SUS. Obviamente há inúmeros desafios, e penso que um dos principais seja equacionar, em parceria com os municípios, a questão da referência e contrarreferência. O paciente deve ser atendido e acompanhado no seu município, com o seu médico no posto de saúde, e fazer os procedimentos de média e alta complexidade nos equipamentos secundários e terciários, caso seja necessário, sem que fique “perdido” na rede. Quando o usuário sai de uma Unidade Básica de Saúde com um papel na mão, uma guia, algo está errado. O SUS precisa garantir que todas as consultas, exames e outros procedimentos indicados ao paciente sejam efetivamente realizados, e que ele retorne à sua unidade de ori-

Abracei a saúde pública na prática 18

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Na saúde pública não existe espaço para conversa mole gem para ser acompanhado ao final de um tratamento” PH- Ainda no discurso de posse do senhor, o mesmo disse sobre inovação. A inovação da saúde no estado de São Paulo acontece? Quais foram as principais? Dr. David Uip: “São Paulo tem dados bons exemplos na área da saúde para o Brasil nas últimas décadas. Basta lembrar que foi aqui que nasceu o bem sucedido programa de tratamento universal de pacientes soropositivos, depois adotado pelo Brasil e que foi considerado exemplo pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Também foi em São Paulo que ocorreu a implantação do programa Agita, de incentivo à atividade física, que virou Agita Mundo e hoje está presente em diversos países. O modelo de Organizações Sociais de Saúde para gestão de hospitais e ambulatórios foi replicado em vários estados e municípios brasileiros. O mesmo ocorreu com a Lei Antifumo. E seguimos inovando, com a implantação da Controladoria da Saúde, a parceria com o BID para fortalecer a gestão da saúde em 74 municípios brasileiros, as PPPs dos hospitais, logística e distribuição de medicamentos e programas como o de rastreamento de câncer de mama em mulheres e check-up para homens a partir dos 50 anos, entre outras iniciativas” PH - O senhor tem pretensão para seguir na trajetória política? Dr. David Uip: “Meu compromisso é com a Medicina e a gestão da saúde, seja como secretário, cargo que é transitório, seja como diretor de serviços de saúde. A minha trajetória foi e sempre será militando na área da saúde, sem pretensões políticas” PH- Como médico, o que o senhor deseja para a saúde do estado de São Paulo? Dr. David Uip: “Como dizia o saudoso governador Mário Covas, a ponte e o viaduto podem até esperar, mas a saúde das pessoas, não. Os cidadãos precisam ser atendidos cada vez mais e melhor. Paralelamente, a isso é preciso que cada vez mais a saúde seja preventiva e menos curativa. Meu desejo é que a saúde paulista continue avançando de forma contundente, corrigindo rumos, aprimorando continuamente sua gestão e prestando a adequada assistência a quem dela precisa”. PH- Como secretário, o que o senhor deseja para a saúde do estado de São Paulo? Dr. David Uip: “Como secretário eu me orgulho de poder servir o Estado de São Paulo, diuturnamente, para que a saúde pública paulista avance ainda mais e continue dando bons exemplos para o País”.

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Time da revista Panorama Hospitalar agradece em especial aos profissionais: Vanessa Ruiz e Vanderlei França (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo). Ambos se dedicaram para a realização da entrevista.

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Sucesso

FEIRA

Maior e mais importante

Fotos: Divulgação

evento de saúde para o mercado latino-americano, 22ª HOSPITALAR Feira + Fórum encerra edição com 96 mil visitas profissionais

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onsagrando mais uma edição de absoluto sucesso, a 22ª HOSPITALAR Feira + Fórum, impulsionou toda a cadeia produtiva da saúde; provocou reflexões e debates sobre o setor e estimulou os negócios da indústria representada por 1.250 expositores de 33 países. Nos dias 19 a 22 de maio, o Expo Center Norte, foi mais uma vez o palco da Semana Internacional de Saúde, registrando, segundo dados oficiais da mostra, crescimento de 5% em visitantes profissionais, totalizando 96 mil. O número desbanca as projeções de uma possível crise no setor. O encontro dos grandes lançamentos da indústria com o mercado formado por hospitais, clínicas e laboratórios - que vinha refreando compras nos últimos meses, à espera do que a feira poderia trazer de novidades – foi avaliado pelos expositores como ‘muito positivo’, gerando negócios que deverão impulsionar o setor de agora até o final do ano. A Panorama Hospitalar marcou presença nos 4 dias da feira e conferiu os melhores momentos do espetáculo do setor latino-americano.

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Abertura oficial da feira – Momento de grande encontro entre representantes das entidades, lideranças e dirigentes do setor, a abertura oficial da HOSPITALAR foi pautada por discursos otimistas em relação ao futuro da saúde, principalmente, na questão da inovação do setor. Ponto alto foi a presença do secretário de saúde do estado de São Paulo, Dr. David Uip, que estava representando o governador Geraldo Alckmin. Uip reforçou, “a HOSPITALAR tem uma importância única para a saúde do estado e de todo o Brasil”. A presidente e fundadora da feira, Dra. Waleska Santos, reforçou o evento como uma grande plataforma e “caixa de ressonância das tendências e das novas demandas do mercado de saúde”. E continuou em seu discurso, “Este encontro entre as propostas da indústria e dos serviços com as necessidades e anseios da rede assistencial, deve gerar negócios e parcerias de grande impacto para o setor. Somos o 8° maior mercado de saúde do mundo, movimentando cerca de 10% do PIB brasileiro e gerando 12 milhões de empregos diretos e indiretos em toda a cadeia produtiva”.


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Hospitais Lounge – Novo setor, Hospitais Lounge, evidenciou a célula da saúde, trazendo como expositores dez hospitais brasileiros líderes em excelência médica e inovação de serviços. Instituições como Sírio-Libanês, Einstein, Rede D’Or São Luiz, Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCFMUSP, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Sistema de Saúde Mãe de Deus, Bandeirantes, Hospital Moinhos de Vento e Grupo Santa Joana mostraram que são não apenas os melhores exemplos de um setor que investe pesado em equipamentos, produtos, tecnologias e pessoal qualificado, mas também que estão encabeçando as mudanças e avanços do mercado brasileiro de saúde. Jantar Hospitalar – reúne a elite da saúde marcando a noite com o “Prêmio de Personalidade do Ano na Saúde” Tradicional na agenda da feira, o jantar da HOSPITALAR, na Casa Fasano, congregou a nobreza do setor com a presença de 500 empresários, dirigentes hospitalares, personalidades políticas e convidados. Um dos momentos mais aguardados foi a emocionante entrega do Prêmio Personalidade do Ano na área da Saúde, desta vez conferido ao Dr. Miguel Srougi, professor titular de Urologia na Universidade de São Paulo (USP) e um dos mais renomados urologistas do País, considerado o número 1 em cirurgias de câncer de próstata. Participaram desta homenagem as instituições apoiadoras da HOSPITALAR: ANAPH – Associação Nacional dos Hospitais Privados; ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde; FBAH – Federação Brasileira dos Administradores Hospitalares; SBPC/ML – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial e ONA – Organização Nacional de Acreditação. O encerramento do jantar contou com um espetáculo à parte do maestro João Carlos Martins e sua Camerata Musical, que presenteou à todos com uma apresentação comovente com peças de Bach, Puccini e Morrico.

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Especial Sucesso

FEIRA

Destaque Fórum – Na programação, o II Congresso Design e Operação L+M, provocou profunda reflexão trazendo como tema central,: “Hospitais, metrópoles da saúde”, trazendo em seu encerramento um momento inédito. Estiveram presentes os secretários de saúde do Rio de Janeiro, Felipe Peixoto; e o secretário adjunto de Saúde do Governo de São Paulo, Dr. Wilson Pollara. As lideranças abordaram sobre gestão direta de Organizações Sociais de Saúde (OSS). O Secretário do Rio de Janeiro, defendeu que as OSS passem a administrar diretamente todos os hospitais públicos do Estado, possibilitando à pasta se concentrar na fiscalização e gestão dos contratos, além de nortear as políticas públicas do Estado de forma mais ampla. “Percebemos que o Estado se mostrou incapaz de administrar diretamente os hospitais, devido à alta complexidade envolvida neste processo, além de limitações legislativas. Vimos que as Organizações saem mais baratas ao fazer esta gestão além de serem mais eficientes”, afirmou o secretário. “O que temos que ter na secretaria é uma pasta que fiscalize e gere os contratos com estas organizações, além de nortear as políticas públicas do Estado, e não somente um órgão executor dos serviços de saúde. É impossível que o Estado continue com a administração

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direta dos hospitais, que saem caros ao governo e são menos eficientes devido a complexidade que administrálos. Do outro lado, os contratos com as OSS saem mais baratos e a administração destas organizações se tornam mais eficientes para os hospitais. É inadmissível que um Estado como o Rio de Janeiro, com tantos hospitais, não consiga atender a toda a população”, afirmou o secretário. Modelo Paulista - No Estado de São Paulo esta gestão é uma realidade há quase 20 anos, quando Mario Covas assumiu o governo paulista e havia 17 obras de complexos hospitalares inacabados. Devido à Lei de Responsabilidade Fiscal, que limitava os gastos com folha de pagamento, o então governador não podia concluir as obras e deixar a cargo do estado administrá-las. Para isso, realizou parcerias para que OSS assumissem a gestão destes hospitais. “Isso foi possível devido a mudança na legislatura que passou a qualificar como OSS entidades sem fins lucrativos com experiência comprovada no gerenciamento do setor de saúde”, pontuou o secretário adjunto de Saúde do Governo de São Paulo, Dr. Wilson Pollara, referindo-se à lei 846/98. Hoje, no Estado de São Paulo há 38 hospitais sendo administrados por OSS, enquanto outros 40 são geridos pelo Estado e 116 por entidades filantrópicas”, concluiu.


ph Fórum Hospitalar: 10 mil congressistas em 60 eventos simultâneos Presença de pensadores reconhecidos e palestrantes da saúde foram marcantes nos diversos eventos simultâneos do Fórum Hospitalar. Em mais uma edição, o Fórum reuniu 10 mil congressistas entre congressos, workshop´s e seminários. A feira mais uma vez evidenciou a atualização profissional multidisciplinar. Estimulou o conhecimento e a troca de experiências.

Manhãs de Tecnologia – Oferecer soluções personalizadas para instituições que, cada vez mais, possuem a tecnologia da informação como um dos alicerces de seu planejamento estratégico. Esse foi um dos maiores desafios levantados por CEOs, CIOs e pela indústria de softwares em saúde durante o evento “Manhãs sobre Tecnologias: recessão e impactos sobre o mercado da saúde”, promovido pela L+M em cooperação com a TM Jobs, durante a mostra. De acordo com um levantamento realizado pelo Gartner, o mercado nacional de TI movimentou cerca de US$ 129 bilhões em 2014. Dentro dessa soma estão investimentos realizados em todos os segmentos econômicos, incluindo o setor de saúde, que vem, ano após ano, apresentando um sólido crescimento. Com o passar do tempo, e a profissionalização da gestão nem diferentes segmentos do setor de saúde, executivos passaram a considerar a TI parte fundamental das operações, administrativas e clínicas. Porém, a falta de profissionais qualificados e o mercado ainda em amadurecimento ainda impedem que instituições de pequeno e médio porte passem efetivamente a contar com sistemas

de gestão, ERPs, prontuários eletrônicos e outras tecnologias comuns em instituições de grande porte e com capital para investir. O alto custo com a infraestrutura de TI e sistemas clínicos e administrativos também foram levantados por CEOs e CIOs. “Acredito que haverá oportunidade para todos os 6 mil hospitais do Brasil para investir em tecnologia da informação”, completa o conselheiro do Hospital Maternidade Dr. Christóvão da Gama, João Gregório Penido. Panorama Hospitalar | Junho, 2015

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Sucesso

FEIRA

L+M lança solução inédita para o mercado de saúde: Cubin – Lideranças setoriais, imprensa especializada, administradores hospitalares, principais players e dirigentes da saúde e construção marcaram presença no Hospital Contemporâneo, maior estande da HOSPITALAR para o lançamento da solução inédita para hospitais, centros médicos, clínicas e laboratórios: o Cubin, ambiente modular pré-fabricado que elimina desperdícios na construção civil e traz todas as instalações necessárias para serem integradas a obras de ampliação ou a novos ambientes de saúde. Parceria da L+M com a SCA, do setor moveleiro, o Cubin é feito de painéis metálicos pré-fabricados e fornecidos com todos os acessórios para serem encaixados na obra. Durante a solenidade de abertura, o diretor da L+M, Lauro Miquelin enfatizou o processo de desenvolvimento do projeto, bem como sua importância para o setor. “Tenho certeza de que todos ficarão anestesiados com tamanha inovação”, disse o executivo. Na oportunidade, a presidente e fundadora da HOSPITALAR Feira + Fórum, Dra. Waleska Santos, ressaltou a parceria da feira com a L+M. Também enfatizou o Cubin, como ferramenta eficaz para a melhoria do sistema de saúde. “Agradeço imensamente a parceria da L+M que há duas décadas mantém esta aliança de forma brilhante com a feira HOSPITALAR. Esta inovação mais uma vez potencializa a atuação da L+M em sempre trazer soluções, novidades que impactam na melhoria do setor como todo”, concluiu.

Panasonic no Hospital Contemporâneo – Através de uma parceria com a L+M, a Panasonic no Hospital Contemporâneo, trouxe uma solução que permite facilitar a comunicação entre pacientes e hospital, além de trazer conforto e comodidade no atendimento. Com um dispositivo móvel, tablet ou smartphone, o usuário poderá controlar de forma automatizada o ambiente do quarto como também solicitar diversos serviços apenas com um clique. Agora ficou fácil escolher o menu das refeições, verificar a agenda dos exames marcados e medicações periódicas, acionar o serviço de quarto (toalhas, lençóis, limpeza etc), realizar vídeo conferência (com o médico ou amigos e família) e ainda ter o controle de todo o ambiente na palma da mão (iluminação, cortinas, TV, ar condicionado). A Panasonic expôs suas novidades em um dos ambientes (quarto hospital) que foi apresentado o Cubin. Fora do quarto, a Panasonic disponibilizou ainda a solução de comunicação visual signage, em que o hospital poderá interagir com pacientes, visitantes e até mesmo funcionários. A ferramenta controla as mensagens exibidas em TVs e totens espalhados pelo local, com 24

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campanhas de publicidade, informativos e vídeos. “Nosso objetivo não é apenas impulsionar a integração das áreas e serviços por meio da tecnologia, mas oferecer à indústria hospitalar e hoteleira soluções eficientes através de espaços agradáveis que proporcionam maior qualidade de vida às pessoas”, afirma Fernando Guerra, gerente geral de system solution da Panasonic Brasil.


Aquisição

MOSTRA

HOSPITALAR: passa a compor

o portfólio da UBM Brazil e da UBM

“Continuarei, como sempre, defendendo os interesses da comunidade médica, dos hospitais, da indústria brasileira e dos serviços de saúde no Brasil e no exterior”, diz a presidente da feira, Dra. Waleska Santos

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Grupo britânico UBM, líder global em mídia de negócios e segunda maior organizadora de eventos no mundo, anuncia a aquisição da Hospitalar Feiras e Congressos, empreendedora e organizadora da HOSPITALAR Feira + Fórum, hoje a maior feira e conferência do setor da saúde nas Américas, com mais de 1.250 expositores e 60 eventos conjuntos, ocupando totalmente o Complexo do Expo Center Norte em São Paulo. “É com grande entusiasmo que anunciamos a aquisição da feira HOSPITALAR depois de consolidarmos um relacionamento profissional de 20 anos com Francisco e Waleska Santos, respectivamente presidente e vice-presidente do Grupo São Paulo Feiras Comerciais”, declarou o presidente da UBM Brazil, Joris van Wijk. “Estamos muito honrados com a confiança que ambos depositaram em nosso relacionamento e nesta parceria de longo prazo com a UBM”. A HOSPITALAR foi fundada em 1994 pela Dra. Waleska Santos e hoje atrai a visita de mais de 95 mil profissionais do setor durante seus quatro dias de realização. A relevância do evento em termos de geração de conteúdo especializado e potencial de networking sempre chamou a atenção da UBM Brazil. “O evento também tem grande sinergia com os nossos negócios no exterior, onde já operamos com a UBM Life Sciences, uma unidade especificamente dedicada à organização de eventos, conferências e geração de conteúdo para o setor da saúde, médico, veterinário e farmacêutico”, explica o presidente da UBM Brazil. “A parceria com a UBM para o futuro nos alegra muito, pois abre espaço para a HOSPITALAR e o setor da saúde do Brasil no mercado global, com a UBM Life Sciences”,

disse a Dra. Waleska Santos, que permanece presidindo o empreendimento e liderando seu grupo de trabalho. “Continuarei, como sempre, defendendo os interesses da comunidade médica, dos hospitais, da Indústria brasileira e dos serviços de saúde no Brasil e no exterior.” A aquisição da HOSPITALAR reforça o portfólio da UBM Brazil, que está sempre buscando eventos alinhados com a estratégia global do Grupo UBM de implementar suas marcas, iniciativas e empreendimentos pelo mundo, visando reforçar seus eventos e estar presente nos cinco continentes. Jean-François Quentin, atualmente vice-presidente da UBM Brazil, será o diretor geral da HOSPITALAR, atuando juntamente com a presidente Waleska Santos e sua equipe. “A aquisição da HOSPITALAR coloca a UBM Brazil na posição de 3º grande player no mercado brasileiro. Temos no portfólio eventos na América Latina como Intermodal, Concrete Show, Food Ingredients, NT Expo, Marintec, BlackHat e MEDTEC MD&M. A aquisição de um evento tão premium encaixa-se muito bem em nossa estratégia e reforça nosso posicionamento de longo prazo no mercado da América Latina”, analisou Quentin. Para Francisco Santos, presidente do Grupo Couromoda/São Paulo Feiras Comerciais, essa operação coroa um longo período de relacionamento com o board da UBM no Brasil e na Inglaterra e será altamente produtiva para o setor de saúde brasileiro. Santos continua como vice-presidente da HOSPITALAR e embaixador UBM Life Science. Ele reforça que o Grupo Couromoda, que continua sob seu controle, vai focar todas as suas atenções no mundo da moda e beleza, ampliando seus eventos Couromoda, Hair Brasil e São Paulo Prêt-à-Porter. Panorama Hospitalar | Junho, 2015

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Saúde Suplementar

MERCADO

Contratação: de planos de

saúde apresenta estabilidade no primeiro balanço de 2015

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primeiro balanço do mercado brasileiro de saúde suplementar de 2015 revela estabilização nas contratações de planos de saúde. Até março, foram registrados 50,8 milhões de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares, o mesmo volume verificado em dezembro de 2014. A estabilização foi identificada a partir do levantamento inédito realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), com base nos dados que acabam de ser atualizados pelas operadoras de planos de saúde. O IESS constata que a variação em 12 meses registra crescimento de 2,1%, correspondendo a um acréscimo de 1 milhão de vínculos no período. Leia a íntegra. ”Os números demonstram que o mercado de planos de saúde, apesar da queda de atividade econômica do País, ainda apresenta desempenho positivo”, afirma Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS. “A contratação de planos de saúde está relacionada ao mercado de trabalho e ao nível de renda da população. Mas, apesar da desaceleração da economia e do aumento do desemprego, o número de beneficiários de planos de saúde tem se mantido, o que mostra que esse é um mercado resiliente e que as empresas valorizam e preservam esse benefício aos trabalhadores.” O levantamento do IESS, que consta no boletim “Saúde Suplementar em Números”, indica que os planos coletivos empresariais responderam, em março, por 33,76 milhões de vínculos, oscilação de 0,1% comparativamente a dezembro de 2014 e com alta de 2,7% em relação a março de 2014. Os planos coletivos por adesão registraram -0,1% em relação a dezembro e alta de 1,8% se comparados ao mesmo mês

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Panorama Hospitalar | Junho, 2015

Estudo registra crescimento de 2,1% do ano passado, ao passo que os planos individuais tiveram o comportamento de -0,1% em comparação a dezembro e alta de 1,3% em comparação a março de 2014. Carneiro aponta que, em comparação aos dados de dezembro de 2014, o novo levantamento indica uma desaceleração do crescimento setor. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) acaba de revisar e corrigir os dados passados. Em dezembro de 2014 em comparação ao mês de setembro do mesmo ano, o crescimento total das contratações havia sido de 0,7%. Na mesma base comparativa, os planos coletivos empresariais cresceram 0,8%; os coletivos por adesão, 1,3%; e os individuais, 0,3%. No entanto, o setor tem apresentado desempenho superior ao desempenho da economia. Nos últimos três trimestres de 2014 (dados mais recentes do IBGE) o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentou decréscimos (-1,2%, -0,6% e -0,2%, respectivamente), na comparação em 12 meses, enquanto a saúde suplementar apresentou desempenhos positivos (2,7%, 2,7% e 2,1%, respectivamente). “Os ajustes econômicos recentes na economia brasileira podem resultar num baixo desempenho do PIB em 2015, mas é possível que ainda assim a saúde suplementar apresente desempenho positivo”, comenta o superintendente-executivo do IESS.



Recursos

SERVIÇOS

Ministério da Saúde libera R$ 220 milhões para municípios

O

ministro da Saúde, Arthur Chioro, anunciou o repasse de R$ 220 milhões em parcela única para municípios de 25 estados e o Distrito Federal. Os recursos, previstos em seis portarias de temas específicos são destinados aos serviços de emergência do Sistema Único de Saúde (SUS), como Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Para a assistência hospitalar, serão contemplados os serviços de cardiologia, além da Saúde Mental. “Todos os recursos que estavam com portarias já publicadas foram liberados, para UPA, SAMU, contratualização entre outras áreas que aguardavam recursos. São R$ 220 milhões que nós já estamos executando, 28

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a partir da liberação, na sexta-feira passada, do nosso orçamento. Neste momento, não há nenhuma portaria já aprovada e publicada que não tenha sido paga. E os pagamentos serão retroativos à data de publicação da portaria”, reforçou o ministro da Saúde, Arthur Chioro, que disse ainda que estão previstos mais recursos para as cirurgias eletivas. Entre as portarias já publicadas estão R$ 88,6 milhões para UPAs, R$ 23 milhões para Saúde Mental, R$ 13,5 milhões para leitos de UTI, R$ 67,2 milhões Santas Casas e Hospitais Filantrópicos por meio do Incentivo de Adesão à Contratualização (IAC) e R$ 2,9 milhões para Serviços de Alta Complexidade em Cardiologia. Na próxima semana serão mais R$ 24,6 milhões para o Serviço de Atendimen-


ph

Repasses: OBJETIVO

VALOR

UPA

R$ 88.611.500,00

SAMU

R$ 24.640.686,50

IAC

R$ 67.207.678,54

Alta Complexidade

R$ 2.957.434,76

UTI

R$ 13.571.334,51

Saúde Mental

R$ 23.047.979,23

TOTAL

R$ 220.036.613,54

Ministério também divulgou a Cartilha Para Apresentação de Propostas ao Ministério da Saúde e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) organizados pelo Ministério da Saúde. O objetivo é reduzir a mortalidade e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes de doenças raras, com a incorporação de novas tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS). Esta é a primeira fase da ação que tem como objetivo lançar 47 PCDT para doenças raras até 2018. Para a elaboração dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que orientam médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais de saúde a como realizar o diagnóstico, tratamento e reabilitação dos pacientes foram consultados cerca de 60 especialistas brasileiros. O documento, colocado em consulta pública, recebeu 834 contribuições, sendo 760 de pacientes, familiares, amigos ou associações de pacientes, o equivalente a 91%. “Estas publicações auxiliarão o Ministério da Saúde, por meio da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), na tomada de decisões para a inclusão de novos medicamentos e procedimentos seguros e eficazes para as pessoas com doenças raras”, esclareceu o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Jarbas Barbosa. Fotos: Divulgação

to Móvel de Urgência (SAMU 192). O anúncio foi feito pelo ministro durante a sessão de Informes do Governo Federal na “XVIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios”, em Brasília (DF). Desde o início do evento, equipes técnicas do Ministério da Saúde estão à disposição dos prefeitos e gestores de saúde pública p ara tirar dúvidas e esclarecer questões sobre os temas mais importantes da pasta na relação interinstitucional. Cartilha - Outra ação importante do Ministério da Saúde foi a distribuição da ‘Cartilha Para Apresentação de Propostas ao Ministério da Saúde’. O documento traz informações sobre como os gestores públicos de Saúde devem fazer para buscar recursos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS). O documento apresenta os critérios adotados para a celebração de contratos entre os municípios e o Ministério da Saúde; as ações e os programas prioritários do Governo Federal em Saúde; os tipos de recursos, a execução dos repasses, a identificação das despesas; pareceres, análises e especificações técnicas; legislação aplicável; e mostra ainda como constituir processos, apresentar propostas e celebrar convênios.

Protocolos Clínicos - Até o final deste ano, pacientes de 12 doenças raras contarão com Protocolos Clínicos

Todos os recursos que estavam com portarias já publicadas foram liberados, para UPA e SAMU, diz o Ministro da Saúde, Arthur Chioro

“Todos os recursos que estavam com portarias já publicadas foram liberados, para UPA e SAMU, diz o Ministro da Saúde“, Arthur Chioro

Fonte: Ministério da Saúde

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Pesquisa

ASSISTÊNCIA

71% dos brasileiros têm

os serviços públicos de saúde como referência

A

maioria dos brasileiros procura pelas unidades públicas quando apresenta algum problema de saúde. Pesquisa do Ministério da Saúde, realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 71,1% da população foram a estabelecimentos públicos de saúde para serem atendidos. Deste total, 47,9% apontaram as Unidades Básicas de Saúde como sua principal porta de entrada aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente são 40.674 unidades em funcionamento em todo o País. Os dados também apontam que as políticas públicas cumprem papel fundamental no acesso a medicamentos. Do total de entrevistados, 33,2% conseguiram pelo menos um dos medicamentos no SUS e 21,9%, por meio do Programa Farmácia Popular. Na avaliação do perfil dos usuários da rede pública de saúde, o estudo mostra que os serviços chegam a quem mais precisa. A proporção de indivíduos que mais tiveram acesso a medicamentos nos serviços públicos sobe para 41,4% na população sem instrução ou com fundamental incompleto e para 36,7% entre os de cor parda. O mesmo acontece com o Programa Farmácia Popular, ou seja, quem mais utiliza este serviço são as pessoas de menor escolaridade. De acordo com o ministro, os dados transformados em informações pelo IBGE permitirão ajudar a aperfeiçoar as políticas públicas de saúde. “Com a apropriação qualificada da pesquisa, iremos perseguir um modelo de acesso que resolve o problema do cidadão. Os vários números levantados também demonstram que estamos atendendo objetivamente e de for

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ma igualitária a todos, além de permitir desconstruir a imagem criada no Brasil de que o SUS não atende a população”, destacou o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Depois das Unidades Básicas de Saúde, os serviços públicos mais procurados pela população são os de emergências, como as Unidades de Pronto Atendimento Público ou Emergência de Hospital Público (11,3%), seguidos pelos hospitais e serviços especializados: do total, 10,1% da população vão até um Hospital Público ou Ambulatório quando tem um problema de saúde e 1,8% vão aos Centros de Especialidades e Policlínicas Públicas. Os consultórios e clínicas particulares atraem 20,6% dos brasileiros e 4,9% buscam emergências privadas. Os dados integram o segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) feita em 64 mil domicílios em 1.600 municípios de todo o País entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014. O estudo é considerado o mais completo inquérito de saúde do Brasil e traz dados inéditos sobre vários aspectos, entre eles, acidente no trânsito, acesso aos serviços de saúde (atendimento e medicamentos) e violência. A pesquisa serve de base para que o Ministério da Saúde possa traçar suas políticas públicas para os próximos anos.

País possui 40.674 unidades básicas de saúde


Durante o levantamento, foram coletadas informações sobre toda a família a partir de entrevistas com cerca de 205 mil indivíduos em domicílio, escolhidos por meio de sorteio entre os moradores da residência para responder ao questionário. Uma terceira fase da pesquisa trará informações resultadas dos exames de sangue, urina e aferição da pressão arterial dos brasileiros.

crescimento de 106% nos últimos quatro anos, chegando a R$ 20 bilhões em 2014. Esta é uma área de atenção prioritária para o governo, uma vez que consegue resolver até 80% dos problemas de saúde sem necessidade de encaminhamento do paciente para um hospital ou unidade especializada, tornando a assistência em toda a rede mais eficiente.

Expansão da saúde da família - Os números também demonstram expansão na cobertura da estratégia Saúde da Família. Ao todo, 112,5 milhões de brasileiros, equivalente a 56,2% da população, estão cadastrados neste programa. Se compararmos com os resultados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/IBGE), realizada em 2008, a iniciativa atingia 96,5 milhões de pessoas. Comparando os dois estudos, em cinco anos, cerca de 16 milhões de pessoas passaram a ser atendidas pelo Saúde da Família. Os dados da PNS mostram ainda que o serviço tem chegado principalmente às pessoas de menor escolaridade. Já no recorte por região, é o Nordeste (64,7%) quem mais conta com domicílios cadastrados no Saúde da Família e o Sul (56,2%) também registra índice acima da média nacional.

Avaliação no atendimento - Dos 30,7 milhões de pessoas que procuraram algum atendimento de saúde nas duas últimas semanas anteriores à pesquisa, 97% conseguiram atendimento e 95,3% foram atendidos na primeira vez em que procuraram. Apenas 3% não conseguiram atendimento, 38,8% alegaram não ter médico atendendo, 32,7% não conseguiram vaga ou pegar senha.

112,5 milhões de brasileiros são cadastrados no Saúde da Família Essa expansão do Saúde da Família também é observada nos números do Ministério da Saúde. Entre 2010 e 2014, houve um crescimento de 19,8% do total de equipes, passando de 31.660 para 37.944 no período. Os investimentos federais na atenção básica mais que dobraram –

Unidades Básicas de Saúde: serviços mais procurados

Os dados mostram que 65,7% se internaram em hospitais por 24 horas ou mais nos doze meses anteriores à pesquisa e a última internação foi através do Sistema Único de Saúde. Desse total, 82,6% avaliaram o atendimento recebido no SUS como bom ou muito bom. O perfil de internação compõe-se majoritariamente por jovens de 0 a 17 anos de idade (75,2%) e pessoas de baixa escolaridade - 80,6% sem instrução ou com fundamental incompleto. Do total de entrevistados, 80,4% tiveram atendimento de urgência no domicílio, através do Sistema Único de Saúde, e a avaliação do atendimento foi boa ou muito boa. Panorama Hospitalar | Junho, 2015

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Estudo

NOVOS MERCADOS

Saúde: países em desenvolvimento se mostram mais abertos à inovação

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mercado global de saúde está passando por um momento de transformação com o surgimento de novas tecnologias e competidores, que conseguem oferecer serviços com qualidade equivalente, ou até superior, a um número maior de pacientes. Neste contexto, as empresas do segmento têm de entender os movimentos que estão ocorrendo em todas as frentes, desde as expectativas do consumidor até o surgimento de novos recursos que não existiam há pouco tempo atrás. É o que aponta o estudo “Global health’s new entrants”, da PwC, sobre este segmento que, no mundo, representa um mercado estimado em US$ 9,59 trilhões – divididos entre US$ 8,1 tri gerados em iniciativas privadas ou governamentais e US$ 1,49 tri oriundos das indústrias de fitness e bem-estar. Os setores de TI e varejo, por exemplo, já têm percebido oportunidades interessantes em várias áreas do segmento de saúde. Em TI, a digitalização é um caminho sem volta: com a transmissão de dados em tempo real e a um custo

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menor, é possível consultar médicos remotamente e até mesmo realizar cirurgias em regiões de infraestrutura limitada. A tecn ologia também já possibilita o uso de novos aplicativos que ajudam o paciente a controla a ingestão de alimentos, líquidos e administração de medicamentos. Tendências de consumo - Os consumidores estão cada vez mais dispostos a procurar novas alternativas para suas demandas de saúde, sejam tratamentos,

Mercado da saúde global representa: US$ 9,59 trilhões


consultas ou ferramentas de bem-estar, como aplicativos. A pesquisa aponta que, nos mercados emergentes pesquisados (Brasil, China, Índia, África do Sul e Turquia), 54% dos respondentes esperam que aplicativos de saúde e serviços de mobile Health vão melhorar a qualidade do atendimento de saúde que recebem já nos próximos três anos. Outra questão importante apontada no estudo é que os consumidores esperam uma melhora na qualidade da “experiência do usuário” nos serviços de saúde. Eles citaram a conveniência e transparência que outros setores já oferecem, como o bancário, varejo e transporte. “Este gap entre a qualidade da experiência de consumo no setor de saúde e outros setores indicam oportunidades tanto para novos, quanto para os tradicionais competidores buscarem inovar e apresentarem soluções disruptivas. Uma ótima estratégia para revolucionar os processos e modelos no setor é entender o que pensa e quer o consumidor, dando voz a suas demandas”, explica Marcio Vieira, sócio da PwC Brasil e líder de Saúde da firma. Países em desenvolvimento são mais abertos à Inovação - Os modelos e sistemas de saúde ao redor do mundo apresentam peculiaridades e características distintas: países mais desenvolvidos tendem a ter um sistema consolidado e mais robusto, enquanto aqueles em desenvolvimento apresentam maiores carências e necessidades em um ambiente menos regulado. Nesse cenário, o estudo indica que inovações – tanto tecnológicas quanto nos processos – têm maior aderência e potencial de crescimento nos países em desenvolvimento, já que as demandas de saúde se apresentam mais urgentes e soluções disruptivas podem fazer a diferença na qualidade de vida dos pacientes. Tecnologias como mobile Health e digitalização dos serviços, que permite atendimento

Setores de TI e varejo na saúde: novas oportunidades à distância, são meios para democratizar o acesso à saúde e tem tido uma boa resposta do consumidor, que quer interagir mais e ser mais participativo no seu bem estar. Entre as características que permitem este movimento dos novos players do setor, a busca por uma maior interlocução com os pacientes ao redor do mundo foi determinante. “O segmento de saúde tem apresentado evoluções notáveis justamente por conta desses competidores, que permitiram alcançar muito mais pacientes com um serviço mais eficiente do que os métodos mais tradicionais”, comenta Vieira. Parcerias e joint-ventures são meios para que estes novos players implementem seus processos inovadores em países em desenvolvimento. Então, a partir de experiências bem sucedidas, o passo seguinte é a absorção destes processos em mercados mais maduros. “O desafio é entrar num ambiente com regulamentação mais rígida e políticas muito específicas. É preciso fazer antes um profundo estudo do mercado onde se quer atuar e isso leva tempo”, explica Marcio Vieira. Fitness e Bem-estar - Serviços e produtos de saúde voltados ao fitness e bem-estar compõem um caminho de menor resistência às inovações tecnológicas. Este mercado representa US$ 1,49 trilhão e novos competidores já têm tido sucesso com a oferta de produtos neste segmento, com o benefício de não ter tantas restrições e regulações como no setor de saúde propriamente. Panorama Hospitalar | Junho, 2015

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Acesso

ACORDO

Mercosul estuda compra conjunta

de medicamentos de alto custo Acordo em reunião prevê criação de grupo para viabilizar compra de remédios

O

acesso a medicamentos foi um dos temas de maior destaque na Reunião de Ministros do Mercosul, ocorrida em Brasília. Os países assinaram acordo prevendo a criação de um grupo de trabalho para estudar formas de reduzir valores e aumentar o acesso a remédios; principalmente os de alto custo. A conclusão do trabalho deve ser apresentada na próxima reunião do grupo, em setembro. Nas reuniões políticas, os ministros da Saúde e seus representantes adiantaram algumas formas de baratear remédios, como fazer compras em blocos de países. “Tomamos uma decisão política de criar uma plataforma comum de avaliação de preços, qualificando um banco regional de preços, no âmbito do Mercosul; de estabelecer uma estratégia de aquisição de medicamentos de alto custo para doenças raras [de uso] comum [dos países], de tal maneira que possamos usar o poder de compra pública, o poder de escala com as empresas que produzem esse medicamentos, da maneira mais vantajosa para garantir o acesso aos usuários”, explicou o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Em entrevista coletiva, Chioro disse que o acesso a remédios mais caros é um problema comum aos oito países que participaram da reunião, uma vez que a concorrência é baixa e muitas vezes a compra é pequena, o que pode tornar o valor mais alto ainda para países com pequena população. O ministro da Saúde da Argentina, Daniel Gollan, exemplificou que o valor de um remédio para hepatite B custa em seu país o dobro do 34

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que custa no Brasil, e cinco vezes mais do que custa no Peru. O acordo também poderá possibilitar que um País compre medicamentos seguindo licitação feita por outro do grupo, o que pode demandar alterações na legislação dos signatários. Além disso, deve ser criada uma lista de poucos medicamentos prioritários para todos os países, de modo que a compra possa ser feita pelo fundo estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A Opas usa o fundo para a compra de medicamentos em larga escala para os países da região. A previsão de orçamento para medicamentos no Brasil, em 2015, ultrapassa R$ 14 bilhões. “Temos capacidade de, todos juntos, ganhar no preço. O Brasil pode comprar mais barato do que compra, e os países ganharem muito na aquisição”, acrescentou Chioro. Com isso, os Países garantem acesso a medicamentos e evitam estratégias de negociação de novos medicamentos que sequer têm registros de segurança. Ele ressaltou que as medidas não serão excludentes. Brasil, Argentina, Paraguai, Venezuela, Bolívia, Chile, Uruguai e Peru também firmaram acordos políticos em que mostram disposição de dar atenção às áreas de prevenção de mortes no trânsito, diminuição do sódio na alimentação, transplantes e diminuição de cesarianas – problemas comuns a todos. Fonte: Agência Brasil



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