Panorama Hospitalar 24ª edição Fevereiro de 2015

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Panorama Gestão - Tecnologia - Mercado

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ISSN 2236-0336

Ministro da Saúde, Arthur Chioro: “Preciso deixar de ser o ministro da doença para ser, de fato, o ministro da saúde”

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entrevista:

Ano 2 • No 24 • Fevereiro/2015

GESTÃO DE CRISE Você está preparado?


FUNDAMENTOS PARA MELHORIA DA QUALIDADE E SEGURANÇA O Consórcio Brasileiro de Acreditação lança o seu mais novo produto o Fundamentals For Care que tem por objetivo possibilitar que instituições de saúde hospitalares e ambulatoriais conheçam e possam implantar um conjunto de Fundamentos e Critérios voltados a viabilizar a melhoria da qualidade e segurança da assistência prestada aos pacientes.

INFORMAÇÕES: Assessoria de Relações Institucionais - (21) 3299-8228 adm.ris@cbacred.org.br

PARCERIA/SUPORTE

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Editorial

Panorama Edição: Ano 2 • N° 24 • Fevereiro de 2015 Presidência e CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7732 Publicidade - Gerente Comercial Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7500

A Panorama Hospitalar está de parabéns!

Ismael Pagani e. ismael.pagani@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7724 Editora Keila Marques e. keila.marques@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7739 Repórter Carolina Spillari e. carolina.spillari@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7741 Conselho Técnico Dr. Gonzalo Vecina Neto, Dr. Eustácio Vieira e Dra. Pina Pellegrini Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.77 Marketing Tomás Oliveira e. tomas.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7762 Analista Thiago Guedes e. thiago.guedes@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7762 Assitente Michelle Visval e. michelle.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7762 Graphic Designers Giovana Dalmas e. giovana.dalmas@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7737 Flávio Bissolotti e. flavio.bissolotti@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7737 Carlos Costa e. carlos.costa@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7737 Web Designer Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7737

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o mês em que completa dois anos, a revista Panorama Hospitalar já é considerada mais do que uma publicação sobre Gestão e Tecnologia para o mercado hospitalar, visto que, está entre as melhores revistas brasileiras do segmento de saúde. Ao longo dessa jornada, contamos com a parceria de nossos anunciantes, que acreditaram no potencial da revista desde o início e contribuíram para a consolidação da marca ‘Panorama Hospitalar’ no setor de saúde. Também recebemos a colaboração de profissionais, instituições, sindicatos, hospitais e empresas do setor, fornecendo dados e informações valiosas e, ao mesmo tempo, corroborando com a construção da nossa credibilidade e confiabilidade. O segundo aniversário da Panorama Hospitalar representa, também, um momento de transição e, principalmente, de renovação. É com muita alegria que anuncio a jornalista Carla Nogueira como nova editora e coordenadora editorial da revista. A próxima edição já contará com toda a experiência que ela vem adquirindo na área de saúde desde 2006 – ano em que foi finalmente picada pelo “bichinho da saúde”, como ela mesma gosta de dizer, ao entrar no setor por meio do trabalho na Associação Paulista de Medicina. Já eu tenho uma nova missão na VP Group, como coordenadora do núcleo de comunicação de eventos, e deixo a revista com a sensação de dever cumprido. Mais do que isso, de que a revista está em ótimas mãos e seguirá uma trajetória de muito sucesso! Em nome da equipe Panorama Hospitalar, agradeço a todos que nesses dois anos contribuíram para que a revista entrasse para o hall das melhores revistas brasileiras do setor de saúde. E a vocês, leitores, agradeço o companheirismo. Aproveitem a leitura!

Web Designer Bruno Macedo e. bruno.macedo@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7726 Sistemas Fernanda Perdigão e. fernanda.perdigao@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7726 Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br t. +55 (11) 2424.7762 A Revista A revista Panorama Hospitalar apresenta aos administradores de hospitais e clínicas notícias atualizadas sobre o mercado, entrevistas e reportagens sobre novas tecnologias e os principais temas do segmento, além de coberturas jornalísticas dos eventos do setor. Panorama Hospitalar Online s. www.revistapanoramahospitalar.com.br Tiragem: 15.000 exemplares Impressão: Duograf

comunicação integrada

Alameda Madeira, 53, Cj. 92 - 9º andar 06454-010 - Barueri – SP • + 55 (11) 4197 - 7500 comunicação integrada www.vpgroup.com.br

Keila Marques Editora

Fevereiro, 2015

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Sumário

nesta edição

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NotÍcias André Longo deixa ANS e Martha Oliveira assume

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Máfia das próteses é condenada no Rio Grande do Sul

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Hospital disponibiliza imagens de exames em dispositivos móveis

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Aprovado o investimento de capital estrangeiro em hospitais do País

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Novidades da Hospitalar Feira e Fórum 2015

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Produtos e Serviços

Mundo hospitalar

Como o plano de gerenciamento de crise pode salvar a imagem e a credibilidade da sua instituição

Autoclave da Cisa economiza água na esterilização

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Tagmed

Reabilitação Feira + Fórum 2015 inaugura casa nova

TOTVS

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3M

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24 Artigo científico

Telemedicina e Telessaúde: Oportunidade de novos serviços e melhoraria da logística em saúde

ENTREVISTA

Em entrevista exclusiva à Panorama Hospitalar, o Ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirma que o investimento pesado em prevenção de doenças deve ser prioritário

28 Espaço Gestor

Profissionais de saúde buscam aperfeiçoamento em gestão

Ponto de vista Fernando L. Motta

Investir Certo: O que muda em 2015? Ricardo Fernandes

Engajamento de Pacientes: uma tendência no mercado de saúde

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livro O pior médico do mundo

34 AGENDA

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Panorama Hospitalar



Notícias

Justiça condena médicos e empresários por envolvimento com máfia das próteses

Crédito: Shutterstock

A Justiça Federal no Rio Grande do Sul condenou sete pessoas pelo crime de improbidade administrativa no Setor de Órteses e Próteses do Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre (RS). Com a decisão, dois médicos, três servidores públicos e dois empresários terão de devolver mais de R$ 5 milhões aos cofres públicos. A fraude foi descoberta em 2002, mas o processo foi iniciado apenas em 2005. O Ministério Público Federal (MPF) acusou os envolvidos de lucrar ilegalmente com a colocação de próteses, porém, como a decisão é em primeira instância, ainda cabe recurso. Segundo a Justiça, houve superfaturamento na aquisição de produtos fora da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). Os valores eram superiores aos cobrados em outros hospitais. Conforme o MPF, os médicos, com auxílio dos servidores, trabalhavam para favorecer os empresários na aquisição de material nos procedimentos licitatórios. Também foi constatado que os médicos autorizavam o pagamento de material não usado nos pacientes durante os procedimentos.

André Longo deixa ANS e Martha Oliveira assume

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mandato de André Longo como diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) se encerrou no dia 10 de janeiro de 2015. Longo havia tomado posse oficialmente em fevereiro de 2013, mas já atuava no cargo como interino desde novembro de 2012. Agora, a médica pediatra Martha Oliveira e diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS é quem vai assumir como diretora-presidente interinamente. Longo deixou vago o cargo de diretor de Normas e Habilitação de Produtos, que passa a ser ocupado por José Carlos Abrahão, médico pediatra e também diretor de Gestão da Agência.

Crédito: EBC

Como fica a Diretoria Colegiada da ANS: • Martha Oliveira: diretora-presidente interina e diretora de Desenvolvimento Setorial (DIDES) • José Carlos Abrahão: diretor de Normas e Habilitação de Produtos (DIPRO) e diretor interino de Gestão (DIGES) • Leandro Reis: diretor de Normas e Habilitação de Operadoras (DIOPE) • Simone Freire: diretora de Fiscalização

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Panorama Hospitalar


Notícias

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Fevereiro, 2015

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Notícias

Hospital disponibiliza imagens de exames em dispositivos móveis

Aprovado o investimento de capital estrangeiro em hospitais do País A presidente Dilma Roussef sancionou o artigo 143 da Medida Provisória 656/2014 que permite investimentos estrangeiros nos serviços de saúde, como clínicas e hospitais, no último mês de janeiro. Companhias internacionais poderão instalar ou operar hospitais, inclusive filantrópicos, e clínicas e executar ações e serviços públicos de saúde. O anúncio da aprovação casou divergências. Para o presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Luís Eugênio Souza, a permissão da entrada de capital estrangeiro aumenta o risco de oligopólio. “Haverá uma pressão para compra de pequenos centros, uma concentração dos serviços nas mãos de grandes grupos, algo extremamente prejudicial, sobretudo num serviço com saúde”, disse, em entrevista à Agência Estado. Contrário a essa visão, o presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Francisco Balestrin, critica as avaliações, sobretudo a que enxerga um caminho para o oligopólio. “Não há um conhecimento exato do setor. Existem no País 6.300 hospitais. O risco de concentração, numa área como essa é muito pequeno. Sem falar que, para fazer a fiscalização e evitar que isso ocorra existe o Cade”, completou.

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Panorama Hospitalar

Crédito: Shutterstock

Crédito: Shutterstock

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Hospital Samaritano, de São Paulo (SP), disponibilizará laudos e imagens de exames para pacientes e médicos em tablets e smartphones a partir de fevereiro 2015. A instituição permite que o resultado seja visualizado em até três horas, a partir do laudo finalizado. Médicos e pacientes terão mais agilidade e dinamismo no acesso dos exames de Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada, PET-CT, Hemodinâmica, Ultrassom, Mamotomia, Mamografia, Endoscopia, Ecodopplercardiograma e Raios X. Outra novidade é a instalação de ilhas clínicas no Hospital, para que os médicos consultem os exames de imagem. São 10 monitores de alta resolução para a área clínica, espalhados em pontos estratégicos da instituição, que servem de auxílio para as equipes médicas tomarem decisões importantes sobre tratamentos e cirurgias, com maior agilidade.


Notícias

Novidades da Hospitalar Feira e Fórum 2015 Participação das entidades IEPAS, SINDHOSP E FEHOESP na feira é marcada por inovações, ampliação do estande e evento inédito Yussif Ali Mere Jr., presidente do SINDHOSP e da FEHOESP comemora a participação do Sindicato, da Federação e também do IEPAS na Hospitalar 2015: “Fortalecemos nossa atuação na maior feira de saúde “.

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urante os dias 19, 20, 21 e 22 de maio, a Hospitalar Feira e Fórum, realizada anualmente em São Paulo (SP), receberá representantes da saúde do mundo todo, a fim de apresentar e conhecer novidades, além de participar de toda a programação científica da feira. O Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde (IEPAS) terá um estande de 88 metros quadrados, dedicado à realização de workshops sobre temas variados, de interesse dos frequentadores da mostra brasileira. “E é neste ponto que ampliamos nossa atuação”, pontua Yussif Ali Mere Jr., presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, animado com os preparativos que envolvem a participação do Sindicato, da Federação e também do IEPAS na feira. A Hospitalar já se consolidou como o maior encontro do setor na América latina, movimentando toda a cadeia produtiva da saúde. Além dos workshops, as entidades mantém a realização dos Congressos Brasileiros de Gestão em Saúde, voltados a Laboratórios e Clínicas. Ambos serão realizados no dia 20 de maio, simultaneamente, na tradicional área do Fórum Hospitalar. No mesmo espaço, nos dias subsequentes, o IEPAS se reunirá com a Empreender Saúde (organização vol-

tada para o fomento e a inovação do setor no Brasil) e leva, pela primeira vez para dentro da Hospitalar, o evento “Startups da Área da Saúde”, realizado anualmente e que em 2015 terá sua 3ª edição. Gratuito, o encontro reunirá startups pré-selecionadas para apresentação de seus projetos e subsequentes rodadas de negócios. “Startups famosas, como a Easy Taxi, nasceram de eventos que aglutinam, de um lado, pessoas com ideias inovadoras e, do outro, investidores interessados em colocar dinheiro em projetos promissores”, afirma Marcelo Gratão, gestor do IEPAS e responsável por articular os últimos detalhes desta novidade. Na área da saúde, o modelo de negócio das startups só cresce e é, segundo a Associação Brasileira de Startups, um dos segmentos mais promissores. “São muitos os assuntos que interessam ao setor, como os relacionados ao Direito e às leis, os que impactam o trabalhador da saúde, os que dizem respeito à tecnologia. Nossa ideia é agregar temas que despertem o interesse, e abordá-los por meios de cursos rápidos. As pessoas poderão se inscrever no local, e todos os workshops serão gratuitos”, revela o coordenador da Comissão Executiva que trata das ações realizadas durante a feira, Luiz Fernando Ferrai Neto, que também é vice-presidente do SINDHOSP e diretor da FEHOESP. Eventos simultâneos Seis eventos realizados simultaneamente apresentarão as principais tendências e inovações da cadeia produtiva do setor. A Hospitalar Feira + Fórum congrega em 82 mil metros quadrados de exposição os lançamentos, novidades e tendências da saúde. São eles: Hospitais Lounge, Hospfarma Espaço Farmacêutico, Expo Enfermagem, Diagnóstica, Digital Health e Compo Health. Eles mostram o que há de melhor na vitrine de cada segmento. Serviço: Toda a programação e os detalhes dos eventos – workshops, Congressos de Gestão e Startups – estão em fase de elaboração. Acompanhe as informações no site do IEPAS, www.iepas.org.br e cadastre-se para receber as newsletters do SINDHOSP, no site www.sindhosp.com.br. Fevereiro, 2015

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Produtos e Serviços

Especializada na comercialização e distribuição de produtos médico-hospitalares no País, a Tagmed amplia o seu portfólio com uma linha de produtos para higiene pessoal composta por luvas de higiene corporal, touca com shampoo e lenços umedecidos para banho de leito. Em tempos de consumo consciente de água, esses produtos podem substituir o tradicional banho. A luva de higiene corpórea é um procedimento prático, rápido e econômico indicado para limpeza pessoal e íntima. Além de uma higiene efetiva seu uso também estimula a circulação sanguínea, proporcionando conforto físico e relaxamento muscular. O extrato de camomila em sua composição apresenta propriedade anti-inflamatória e hidrata a pele, mantendo-a limpa, revestida e protegida. Os produtos da Tagmed chegam para revolucionar os métodos conhecidos para o banho e higiene em pacientes acamados, tornando ágil o trabalho da equipe de enfermagem, sem o uso de água, sabão e compressas.

Crédito: Tagmed

Higiene do paciente

Crédito: TOTVS

Controle de infecção hospitalar O sistema TOTVS Controle de Infecção Hospitalar (Janus) auxilia no monitoramento e aperfeiçoamento da qualidade da assistência prestada pelas instituições de saúde, com foco nas infecções hospitalares e embasado na ANVISA e no Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). É compatível com qualquer outro sistema legado que a instituição utilize e possui inteligência para calcular dados epidemiológicos, emitir alertas, elaborar gráficos, entre outras funcionalidades. Além disso, proporciona economia ao racionalizar antibióticos e otimizar leitos de isolamentos. Entre os principais benefícios da solução, estão o controle de processos críticos - como de microrganismos, do uso de antibióticos e dos riscos de infecção - agilidade na apuração de dados, facilidade no acesso à informação, criação de histórico da instituição e redução efetiva de custos através da diminuição de infecções no ambiente hospitalar. O software é indicado para hospitais e instituições de saúde.

Para resolver o problema da presença de microorganismos no ponto de inserção do cateter, causando complicações para o paciente, a 3M apresenta novo conceito de fixador estéril para cateter, o Tegaderm CHG. O único fixador que combina, em um mesmo produto, redução e controle constante da colonização ao redor do ponto de inserção por meio de uma placa de gel com CHG que mantém contato com toda a superfície do cateter, proporcionando mais segurança na fixação. O produto também permite a visualização do local de inserção e barreira antimicrobiana e antifúngica contínua. De acordo com a 3M, o Tegaderm CHG reduz a colonização da pele por até 10 dias e evita a recolonização da pele por até sete dias.

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Panorama Hospitalar

Crédito: 3M

Fixador para cateter



Entrevista

ArtHur Chioro

“Preciso deixar de ser o ministro da doença para ser, de fato, o ministro da saúde”

Em entrevista exclusiva à Panorama Hospitalar, o ministro da saúde, Arthur Chioro, afirma que o investimento pesado em prevenção de doenças deve ser prioritário, sobretudo diante do envelhecimento da população, do maior risco de doenças crônicas e do aumento da violência

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á exatamente um ano, a Presidência da República anunciava oficialmente a escolha do então secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP), Arthur Chioro, 50 anos, para assumir o Ministério da Saúde (MS), no governo federal. Paulistano e pai de quatro filhos, Chioro se formou na Fundação Serra dos Órgãos e especializou-se em medicina preventiva e social pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Anos depois, tornou-se mestre e doutor em saúde coletiva e, também, professor universitário e pesquisador na área de planejamento e gestão em saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em sua trajetória na esfera política, Chioro foi Secretario de Saúde de São Vicente de 1989 a 1993 e, em 2009, assumiu a Secretaria de Saúde do Município de São Bernardo do Campo (SP). Entre 2003 e 2005 foi Diretor do Departamento de Atenção Especializada no MS, onde coordenou projetos como, a implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192). Também foi duas vezes presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, a última em 2013, que reúne gestores de 645 cidades paulistanas. Arthur Chioro concedeu entrevista exclusiva à Revista Panorama Hospitalar e falou sobre os fatos marcantes de sua gestão: o aumento de investimentos no programa Mais Médicos e na política de promoção da Saúde; a crise nas Santas Casas e nos hospitais filantrópicos; o anúncio das normas para estímulo do parto normal e a consequente redução de cesarianas desnecessárias na saúde suplementar e de medidas para o enfrentamento de problemas relacionados às distorções nos gastos de órteses, próteses e materiais

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Panorama Hospitalar

Um dos objetivos estratégicos do Ministério da Saúde é a melhoria do acesso e da qualidade do serviço, resolvendo de forma humanizada os problemas de saúde da população


ArtHur Carlos Chioro Faria

especiais (OPME); e, recentemente, a aprovação da lei que permite investimentos estrangeiros nos serviços de saúde, como clínicas e hospitais. PH - Qual é a prioridade do seu governo em 2015? Chioro - A saúde pública é prioridade para o governo federal. Temos cinco prioridades para os próximos anos: a expansão do Programa Mais Médicos e implantação do Mais Especialidades para aumentar a oferta em tempo oportuno a consultas, exames e procedimentos especializados no SUS, baseada no cuidado integral e resolutivo. Além disso, é preciso trabalhar a modernização da máquina administrativa. Vamos também lidar com o Sistema Nacional de Saúde e cuidar da área pública, saúde suplementar e do que ocorre no sistema privado.É o caso, por exemplo, das medidas para frear o número de cesáreas. Também vamos investir pesadamente na prevenção, sobretudo diante do envelhecimento da população, do maior risco de doenças crônicas e do aumento da violência. Eu preciso deixar de ser o ministro da doença para ser de fato o ministro da saúde. Prevenção deve ser prioritária. Entendemos que nosso esforço deve ser contínuo, uma vez que muito ainda precisa ser feito. Outra necessidade é avançar no fortalecimento do SUS garantindo o cuidado integral, equânime e humanizado, contribuindo para a construção de um país mais justo e solidário. PH - Quais são os maiores desafios da saúde pública? Chioro - Um dos objetivos estratégicos do MS é a melhoria do acesso e da qualidade do serviço, resolvendo de forma humanizada os problemas de saúde da população. Implantar as medidas estruturantes do Mais Médicos, no que se refere à formação e especialização na residência médica, avançando na regulação do trabalho do SUS e ajudando a resolver definitivamente a necessidade de médicos no País. Também é preciso ampliar a produção de medicamentos e equipamentos por meio do fortalecimento do complexo industrial brasileiro de saúde; cuidar com dignidade e em liberdade dos pacientes com transtornos mentais e dependentes químicos; modernizar e qualificar o processo de gestão do SUS. Uma agenda central para os próximos quatro anos é ampliar a oferta de serviços especializados. Avançamos muito nos últimos anos e o nosso compromisso é melhorar cada vez mais. PH - Como o MS vem atuando na prevenção e no combate de doenças crônicas? Chioro - O enfrentamento às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) é um dos principais desafios de saúde pública no mundo. No Brasil, as DCNTs são responsáveis por mais de 72% das causas de mortes. Apesar do grande percentual, o país superou a meta estabelecida para a redução da mortalidade prematura por doenças crônicas, que era de 2% ao ano. Entre 2010 e 2011, o índice de queda da mortalidade prematura (30 a 70 anos) por DCNTs foi de 3,8%. Destacam-se entre as ações a realização de pesquisas fundamentais para o monitoramento das metas como, por exemplo, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), ainda em andamento. De base domiciliar, é realizada com

Entrevista

amostra de 80 mil domicílios, em 1.600 municípios. A PNS tem como objetivo coletar dados em escala nacional sobre a situação da saúde, comportamentos de risco e proteção, acesso a cuidados de saúde e outros. Uma primeira etapa da pesquisa foi anunciada em novembro de 2014 e revelou que 57,4 milhões de brasileiros adultos têm pelo menos uma doença crônica. PH - Por que o MS aumentou o investimento em política de promoção da Saúde? Chioro - A política de promoção da Saúde reforça o empenho do Ministério da Saúde em assegurar o acesso da população, sobretudo às mais vulneráveis, à educação em saúde, à melhoria da qualidade de vida e ao envelhecimento saudável. Ela incorpora o saber popular e tradicional às práticas em saúde e valoriza a formação e a educação permanente, que compreende mobilizar, sensibilizar e promover capacitações para gestores, trabalhadores da saúde e de outros setores. PH - Você acredita que o investimento de capital estrangeiro poderia aumentar a concorrência no setor privado de saúde e, consequentemente, proporcionar o aumento do número de hospitais e leitos e da qualidade do atendimento? Por quê? Chioro - O investimento externo não é a solução para todos os problemas da saúde suplementar, mas pode aumentar o investimento no setor, na oferta assistencial, absorção de tecnologias mais avançadas e melhores práticas de gestão. Aliás, o capital estrangeiro já integra a saúde suplementar, por meio das operadoras de planos de saúde. Por Exemplo, a Amil, comprada pela United Health, tem a propriedade de diversos hospitais e clínicas. Mas a possibilidade de ampliação de leitos é importante, pois o número de beneficiários de planos de saúde cresce a uma taxa maior do que o de hospitais privados. No entanto, para que haja impacto positivo na oferta assistencial, é crucial vincular a entrada de capital estrangeiro à ampliação dos serviços. Do contrário, seria apenas uma transferência de propriedade. Além disso, é preciso ficar atento para evitar a concentração de mercado e criar uma relação desigual entre grandes grupos em relação aos prestadores de serviços e consumidores. PH - Segundo o MS, o percentual de partos cesáreos no Brasil chega a 84% na saúde suplementar. Qual é a sua opinião sobre as normas para o estímulo ao parto normal publicadas pela ANS? Chioro - O Brasil vive uma epidemia de cesáreas. A taxa, que é de 40% no SUS, chega a 84% na saúde suplementar. Esse índice está muito acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde e do que é praticado em outros países com assistência obstétrica qualificada. Transformou-se em um problema que vem se agravando ano a ano. A cesárea feita sem necessidade aumenta em 120 vezes a probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido, em 25% os óbitos infantis neonatais e triplica o risco de morte materna. Por isso, demos prioridade a esse tema. O MS e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) adotaram Fevereiro, 2015

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Entrevista

ArtHur Carlos Chioro Faria

Arthur Chioro, ministro da saúde: “É crucial vincular a entrada de capital estrangeiro à ampliação dos servi;cos de saúde e evitar a concentração de mercado”

medidas para valorizar o parto normal e empoderar a mulher no seu direito de escolha por meio do acesso a informação, assegurando uma escolha consciente. Para a elaboração da Resolução nº 368 do dia 7 de janeiro, foi feita uma consulta pública que permitiu o envio, durante um mês, de contribuições de todos os setores da sociedade civil, inclusive de operadoras e entidades representativas. PH - Quais são as ações mais importantes da norma que estimula o parto normal? Chioro - Uma das ações mais importantes previstas na normativa é a possibilidade de as mulheres solicitarem às operadoras os percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por médico, estabelecimento de saúde e operadora. Com isso, as mulheres estarão mais bem informadas na hora de tomar decisões relativas ao seu pré-natal, parto e pós-parto. O parto cesáreo é uma conquista científica, que, quando indicado corretamente, salva vidas. O que não podemos aceitar é o excesso. A decisão deve ser consciente dos riscos e vantagens e sempre tomada no âmbito da relação médico-paciente. Mas o parto deve ser encarado como uma questão de saúde. No SUS, por exemplo, a estratégia Rede Cegonha incentiva o parto normal humanizado desde o planejamento familiar, já na atenção básica, e beneficia, com incentivos financeiros, as maternidades que aderem ao programa. Mudar a cultura de cesariana no Brasil é uma prioridade para a sociedade brasileira. PH - Como as medidas para o enfrentamento de problemas relacionados às distorções nos gastos de órteses, próteses e materiais especiais (OPME) vão apurar responsabilidades e punir responsáveis por práticas ilícitas na aquisição e uso de dispositivos médicos? Chioro - O Ministério da Saúde repudia atividades 14

Panorama Hospitalar

que prejudicam não só aos cofres públicos e privados e o bolso dos pacientes, mas, principalmente, a vida de milhares de pessoas no país. As distorções nos gastos de órteses, próteses e materiais especiais têm ganhado, a cada ano, mais importância aos municípios, estados e MS, além dos planos de saúde e instituições privadas de saúde. Trata-se de um problema grave em que o MS já tem se debruçado e adotado uma série de medidas, como revisão de protocolos, auditorias, análise de pagamentos e envio de ofício aos parceiros para adotarem medidas mais rigorosas. Além disso, no dia 5 de janeiro, o MS encaminhou ofício ao Ministério da Justiça solicitando providências cabíveis as recentes denúncias publicadas na imprensa. O Ministério da Justiça, por sua vez, iniciou uma investigação por meio da Polícia Federal sobre as denúncias. Também no último dia 5, foi realizada a primeira reunião do Grupo de Trabalho Interministerial que envolve os Ministérios da Saúde (Anvisa e ANS), da Justiça e Fazenda, além do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) para propor medidas de reestruturação e ampliação da transparência do processo de produção, importação, aquisição, distribuição, utilização, tributação, avaliação e incorporação tecnológica. Além da regulação de preços e do aprimoramento da regulação clínica e de acesso dos dispositivos médicos (Órteses, Próteses e Materiais Especiais - OPME) em todo o país. PH - O Grupo de Trabalho Interministerial prevê ainda a elaboração de um plano com a participação de diversas esferas da Saúde, certo? Chioro - O GT também prevê a participação de especialistas e instituições públicas e privadas que possam colaborar para uma proposta de reformulação de dispositivos médicos na área da saúde pública e privada. No prazo de 180 dias será ela-


Arthur Carlos Chioro Faria

borado um plano integrado de ação que abordará questões como a reestruturação do processo de registro, importação e compressa desses produtos; protocolos e diretrizes clínicas; produção de um sistema que possa regular e apresentar os preços praticados no mercado, reforço da análise de incorporação tecnológica, entre outras medidas. Cabe ressaltar que o Ministério vem desenvolvendo um sistema para identificar dados de fabricação, importação e comercialização de órteses, próteses e materiais especiais (OPM) na rede pública. O Sistema Informatizado do Registro Nacional de Implantes (RNI) permitirá o rastreamento desses produtos e já funciona em versão experimental em 15 hospitais de Curitiba (PR), para próteses de quadril e joelho. A meta é expandir para os mais de 190 hospitais sentinelas e progressivamente implantá-lo nas demais unidades. PH - O MS afirma ter elevado os repasses para as Santas Casas e hospitais filantrópicos, além de reajustado a tabela de remunerações por procedimentos e criado linhas de crédito. Quais serão as próximas medidas para findar as dívidas? Chioro - O MS tem adotado um conjunto de medidas para o fortalecimento dos hospitais filantrópicos e das Santas Casas. Os repasses federais para essas unidades tiveram crescimento de 57% em quatro anos, o que representa incremento de R$ 5 bilhões desde 2010. Neste ano, essas instituições devem receber do governo federal R$ 13,6 bilhões. O principal reforço no orçamento das Santas Ca-

Sobre a crise nas Santas Casas, Arthur Chioro diz que é preciso colaborar principalmente com aquelas de menor porte: “A ideia, nesse caso, é inseri-las na Política Nacional de Hospitais de Pequeno Porte, que permite à administração de um financiamento global, dando maior autonomia gerencial sobre o seu orçamento.”

Entrevista

sas se refere a recursos de incentivo, que já correspondem a quase 30% do total de repasses federais. O pagamento realizado fora da tabela SUS praticamente quintuplicou, passando de R$ 811,5 milhões em 2010 para R$ 3,8 bilhões em 2014. Mesmo com o aporte, entre 2007 e 2014, o MS reajustou cerca de 1.000 procedimentos incluídos na relação de procedimentos do SUS. Em relação às dívidas tributárias, estão sendo oferecidas soluções como o Programa de Fortalecimento das Santas Casas (PROSUS), que prevê a quitação dos débitos tributários das instituições que aderirem à iniciativa em um prazo máximo de 15 anos. Em contrapartida, os hospitais devem ampliar a realização de exames, cirurgias e atendimentos a pacientes do SUS. Aquelas que não foram contratualizadas ainda podem receber incentivos ao integrar as redes de atendimento, como as redes Cegonha, de Urgência e Emergência e a de leitos de retaguarda. PH - No seu entendimento, qual é a maior necessidade das Santas Casas? Chioro - Precisamos e podemos fazer pelas Santas Casas, principalmente para aquelas de menor porte. A ideia, nesse caso, é inseri-las na Política Nacional de Hospitais de Pequeno Porte, que permite à administração de um financiamento global, dando maior autonomia gerencial sobre o seu orçamento. Isso associado ao perfil assistencial de cada unidade, de acordo com a integração do atendimento em rede e a finalidade regional na prestação de serviços à população. Tais iniciativas mostram a importância dada ao setor. São ações que buscam soluções financeiras e gerenciais, atreladas a melhoria de qualidade do atendimento à população. PH - Como o governo vem enfrentando o desafio de garantir o acesso da população a medicamentos e equipamentos médicos hospitalares, não só pelo SUS, mas também por meio das Parcerias de Desenvolvimento Produtivos? Chioro - Atualmente, o Ministério da Saúde possui 98 parcerias envolvendo 19 laboratórios públicos e 50 privados. Trata-se de parcerias que preveem a transferência de tecnologia de 93 produtos (60 medicamentos, 6 vacinas, 27 produtos para saúde) e 8 projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I). Do total de PDP em vigência, 28 produtos já possuem registro na Anvisa pelas instituições públicas (2) e 25 estão no mercado e são comprados de forma centralizada pelo MS. Além disso, o Brasil possui parcerias para a produção de medicamentos biológicos, que equivalem a cerca de 4% dos medicamentos comprados pelo Ministério e representam 51% dos gastos. São 26 Biofármacos já disponibilizados à população pelo SUS para tratamento de: oncológicos, DMRI, cicatrizante, diabetes, imunoterapia, vacinas, hemofilia, artrite, doença de Gaucher, anti-inflamatório, fator de estímulo de colônia de granulócito, hormônio de crescimento e relaxamento muscular. Com as parcerias, a economia gerada de 2011 a 2014 é de R$ 1,6 bilhão e a economia prevista ao final dos projetos é de R$ 5,3 bilhões. Fevereiro, 2015

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Gestão de Crise

Gestão de crise Um plano de gerenciamento pode manter a credibilidade e reputação da instituição de saúde diante de uma situação caótica

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e por um lado a internet possibilitou ao paciente buscar orientação e tirar dúvidas através de páginas especializadas em saúde, por outro, também colaborou para disseminar informações mais rapidamente, sendo elas oficiais ou não, por meio das redes sociais. Nesse cenário de interatividade e acesso a informação em tempo real, um acidente pode ganhar grandes proporções e ser contado, e recontado, de diversas maneiras, antes mesmo do pronunciamento da fonte oficial. Toda e qualquer instituição, sendo privada ou pública, de fins lucrativos ou não, está sujeita a repercussão de dados não oficiais e informações incorretas. Por isso a importância do assessor de imprensa, ou seja, o jornalista que faz a intermediação entre uma empresa, ou marca, e a mídia. Este profissional tem, entre diversas responsabilidades, o papel de orientar os profissionais de saúde a se relacionarem com a imprensa em uma situação de

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Panorama Hospitalar

crise. Cada episódio é único, mas todos exigem cautela. Afinal, levam-se anos para construir uma reputação, mas são necessários apenas alguns minutos para denegrir uma imagem de qualidade, confiabilidade e tradição de uma instituição de saúde. No livro “Comunicação Empresarial – A construção da Identidade, Imagem e Reputação”, Paul Argenti, professor de administração e comunicação empresarial, define a crise como “uma catástrofe séria que pode ocorrer naturalmente ou como resultado de erro humano, intervenção ou até mesmo intenção criminosa. Pode incluir devastação tangível, como a destruição de vidas ou ativos, ou devastação intangível, como a perda da credibilidade da organização ou outros danos de reputação. Estes últimos resultados podem ser consequência da resposta da gerência à devastação tangível ou resultado de erro humano”.


Gestão de Crise

Mundo Hospitalar

tura da imprensa e pode comprometer a visibilidade futura da organização”, enfatiza. Segundo ela, quando uma crise é identificada, as primeiras 24 horas são imprescindíveis. O ponto de referência de todas as ações está no plano de gerenciamento de crise, que deve ser desenhado antes de o episódio acontecer, como uma ação preventiva, envolvendo a assessoria de imprensa e todas as áreas do hospital. “Na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, possuímos fluxos definidos para crises de imagem em diferentes situações e temos a oportunidade de testá-los em simulados de catástrofes organizados anualmente”, exemplifica. O plano de gerenciamento de crise define fluxos e o papel de cada área no processo e “quando não existe um plano, o resultado mais comum é que, em situações de crise, as áreas fiquem perdidas, não assumam responsabilidades e trabalhem sob a forma de acusação mútua”. Na área de Comunicação, nem sempre é possível mensurar resultados. E, neste caso, por exemplo, não existe uma técnica de ROI (return of investment) estabelecida. “Entendemos que atingimos nossos objetivos quando as situações de crise de imagem são contornadas por meio de ações preventivas”, esclarece Rosely.

O conceito de crise em uma unidade de saúde está diretamente atrelado ao risco de vida. Por conta da especificidade da atividade, o que em outras empresas prestadoras de serviços é considerado transtorno, desconforto, ou apenas um impacto na harmonia, em um hospital toma ares de crise. Num hospital a característica comum é o risco de uma crise comprometer a saúde ou o tratamento do paciente. Afinal, todos os usuários dos serviços estão com a saúde comprometida, dor, angústia e estresse. “Em um hospital, qualquer infortúnio pode ter grandes proporções”, afirma Eliane Belleza, diretora da Saúde em Pauta – empresa de Comunicação que atua exclusivamente na área de Saúde, e mestranda de Comunicação Social na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Para a gerente de Comunicação e Marketing da Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo (SP), Roserly Fernandes, a crise é uma situação que foge da rotina e que pode causar danos à imagem do Hospital, sendo as consequências, em alguns casos, irreversíveis, se a circunstância não for bem administrada. “Normalmente, esse fato passa a ter cober-

Situações de crise Eliane Belleza aponta as principais causas externas de crise: instabilidade no fornecimento de energia elétrica da região, que ocasiona uma pane temporária no gerador do hospital; falta do abastecimento de água e atraso na chegada de carros-pipa contratados; incêndios e fumaça tóxica nos arredores; problemas e consequentemente paralisação de elevadores; tempestades que avariam a estrutura física dos prédios; árvores que caem e danificam telhados, entre outros incidentes rotineiros e possíveis de acontecer em qualquer empresa ou até mesmo nas nossas residências. Mais especificamente na área de Saúde, ela lista como causas mais comuns, as alegações de condutas médicas erradas ou impróprias; percepções insatisfatórias dos clientes sobre o atendimento, a hotelaria, etc; falta de disponibilidade de leitos para internação; surtos, epidemias e falta de acesso aos serviços ambulatoriais que aumentam o volume de atendimento no pronto socorro e, dessa forma, prolongam o tempo de espera; problemas de autorização e liberação com as operadoras de saúde, entre outras. “Esses episódios comumente chamam a atenção da imprensa, o que pode gerar uma crise, necessitando assim de um planejamento e posicionamento especial do hospital”, alerta Belleza, que, atualmente, escreve o projeto de mestrado “A Narrativa Midiática da Dor: Boletim Médico de Pessoas Públicas é Notícia na Imprensa”. Segundo ela, uma causa comum atualmente em hospitais, que se não for administrada adequadamente se transforma numa crise, são as internações de pessoas públicas - ou pessoas não públicas, mas cujo episódio da hospitalização se tornou notícia - e o grande assédio da imprensa, gerando a necessidade de emissão de boletins médicos. Fevereiro, 2015

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Mundo Hospitalar

Gestão de Crise

Assédio ao paciente notório O paciente notório pode gerar visibilidade positiva ou negativa para o hospital. Um erro médico envolvendo um paciente como este pode ganhar grandes proporções, assim como a internação de uma pessoa pública pode causar transtorno nas proximidades e na própria instituição. Complicações de saúde envolvendo pessoas públicas são comumente usadas, e exploradas, pela mídia para alertar a população. É o caso da vice-Miss Bumbum 2012, Andressa Urach, que ficou cerca de um mês internada na unidade de terapia intensiva (UTI) do Grupo Hospital Conceição (GHC), em Porto Alegre (RS), após se submeter a uma cirurgia para a retirada de hidrogel - há cinco anos, a modelo aplicou cerca de 400 milímetros do produto nas coxas. Ela recebeu a visita da equipe de reportagem do site do tabloide britânico The Daily Mail, no leito

Eliana Belleza, Diretora da Saúde em Pauta: “É importante lembrar que não existe uma fórmula ‘empacotada’ para solucionar uma crise. O fundamental é que a equipe designada para tratar a questão esteja coesa, articulada, serena e atenta, pois pode ser necessário rever posicionamentos e ações durante os acontecimentos, avaliando os riscos, os desdobramentos e a repercussão do caso”.

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Panorama Hospitalar

hospitalar, o qual revelou imagens das feridas, ainda abertas e com curativos, e publicou uma entrevista de seis páginas. Ou seja, a repercussão do caso foi internacional e, inclusive, gerou boatos, não confirmados, de que parentes da modelo aproveitaram o momento da visita para registrar e vender imagens dela, no leito hospitalar, sem autorização. Provando, mais uma vez, que todo hospital precisa estar preparado para lidar com o assédio ao paciente notório. Na Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo (SP), existe um programa de conscientização para funcionários sobre Comunicação Institucional e a relação com a imprensa. Nesse programa, regras e restrições são esclarecidas. O processo começa na integração dos funcionários, onde a equipe de Comunicação e Marketing faz parte efetivamente dos treinamentos dos recém-admitidos e complementa o aprendizado com uma cartilha sobre o assunto. Já os médicos participam, anualmente, de um treinamento para esclarecer como deve ser estabelecido o relacionamento com a imprensa. Todas as áreas, indistintamente, participam da elaboração e do acompanhamento dessas normas. Cada tem uma visão e contribuição a dar no processo de criação de um fluxo e normas para a gestão de crise. “Primeiramente, é preciso ficar claro que a norma não é feita para privilegiar determinados pacientes, mas sim porque determinados pacientes ou situações mudam o dia a dia do hospital e podem alterar toda a rotina de trabalho”, ressalta a gerente de Comunicação e Marketing da Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo (SP), Roserly Fernandes. Ela defende o estabelecimento de normas e fluxos para pacientes notórios, desde a identificação no agendamento, até o acompanhamento e os desdobramentos decorrentes da grande procura de informações por parte de jornalistas, até a alta do paciente. “O princípio básico de todo este processo é a ética, ou seja, nada é divulgado sem autorização do paciente ou responsável, a verdade das informações deve prevalecer e a relação com a imprensa deve ser de parceria, pois o bem mais precioso para os profissionais da mídia é a informação.” A equipe de reportagem da Revista Panorama Hospitalar procurou a Comunicação Institucional do Hospital Albert Einstein, localizado em São Paulo (SP), para saber qual é a conduta de relacionamento com a mídia quando há um paciente notório no hospital e recebeu a seguinte resposta: “Para o Einstein, todos os pacientes são iguais, o conceito de celebridade quem dá é a mídia”. A mesma pergunta foi feita ao Diretor de Comunicação & Marketing Christiano Londres da Clínica São Vicente, com sede no Rio de Janeiro (RJ). Segundo ele, “para que as informações sejam uniformes e sigam a linha de atuação e pensamento do hospital, todos os contatos com jornalistas sobre internações e solicitações de entrevistas são intermediados e centralizados na assessoria de imprensa, que somente divulga informações previamente autorizadas, cabendo à equipe médica e aos familiares diretos do paciente, a decisão sobre a divulgação ou não na imprensa de Boletim Médi-


Gestão de Crise

co e informações relativas às internações. Nenhum colaborador está autorizado a dar informações à imprensa sobre qualquer paciente ou internação”. A equipe do departamento de Comunicação do Hospital Sírio Libanês também foi procurada, mas não se manifestou sobre o caso. O papel da assessoria de imprensa A assessoria de imprensa é responsável pela construção da percepção da opinião pública em relação ao hospital. De acordo com Belleza, é quem cria e/ou estreita um relacionamento de credibilidade com os veículos de comunicação; media as relações entre a instituição e a imprensa; dá visibilidade às atividades desenvolvidas no hospital; viabiliza fontes, profissionais da área técnica, para a imprensa; transforma a informação técnico-científica em notícia ao decodificar termos específicos da área e promover a disseminação de informação sobre saúde para a sociedade e tentar ocupar espaços na mídia espontânea. É muito comum uma situação de crise ‘vazar para a imprensa’ – termo usado por comumente usado por jornalistas - em tempo real por conta dos recursos de web. Nesse caso, cabe a assessoria de imprensa da instituição de saúde atender a demanda da mídia. Belleza afirma que a relação com a imprensa deverá ser pautada no repeito e objetividade, porém norteada pelas prioridades oriundas do paciente, seus familiares e equipes de saúde, respeitando a ética do hospital e suas normas de privacidade e segurança, sem deixar de prestar seu papel de informar a mídia. De acordo com o episódio, a assessoria de imprensa em conjunto com a direção do hospital irá definir a melhor forma de atender os jornalistas. Pode ser por meio da convocação de uma coletiva; de nota de esclarecimento; entrevistas pontuais; emissão de boletins atualizados, etc. “Depende da repercussão do caso, ou seja, do interesse da mídia; da disponibilidade das fontes e da privacidade e sigilo solicitados pelos pacientes e ou seus familiares”, explica Belleza. A assessoria deve agir como um intermediador entre os interesses do hospital, pacientes e da imprensa. Vivemos a era da interatividade, na qual a disseminação de informações, muitas vezes, ocorre independentemente dessa intermediação, porém, ainda cabe à assessoria de imprensa anunciar a informação oficial. Além do público externo, também há os funcionários do hospital, que também deve ser comunicado oficialmente. É importante avaliar a necessidade de elaborar nota interna para minimizar ruídos – a famosa rádio corredor – e conquistar a adesão e solidariedade das equipes através da transparência nas condutas. “É importante lembrar que não existe uma fórmula ‘empacotada’ para solucionar uma crise. Cada episódio é único. O fundamental é que a equipe designada para tratar a questão esteja coesa, articulada, serena e atenta, pois pode ser necessário rever posicionamentos e ações durante os acontecimentos, avaliando os riscos, os desdobramentos e a repercussão do caso. É bom comemorar o sucesso, mas é primordial aprender com a crise”, pontua Belleza.

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Dicas para o bom relacionamento com a mídia A agilidade, serenidade e transparência devem nortear a conduta de um gestor de saúde. Porém, nem sempre o porta-voz é o diretor do hospital. É necessário que o eleito tenha uma visão operacional da unidade; conhecimento técnico sobre o tema; fluência verbal e seja didático e receptivo com a imprensa. Confira as dicas: • Oferecer total amparo ao paciente e familiares das vitimas dos episódios de crise. Tanto material, se necessário, para deslocamento, alimentação, etc, quanto psicológico e médico. Destacar um colaborador para acompanhar a família e um médico para acompanhar o caso da vítima. • A direção da unidade e as lideranças dos setores envolvidos no episódio devem se mobilizar e se reunir agilmente para solucionar a questão in loco, a qualquer hora. Crise não se resolve por telefone, nem pela web! • Nas instalações das unidades hospitalares, a privacidade e a segurança de pacientes, familiares, acompanhantes e equipes de saúde deverão ser resguardadas do assédio da imprensa, quando não autorizado. • Num período de crise, a rotina hospitalar deverá ser preservada. Cada colaborador continuará desenvolvendo suas funções normalmente (salvo, impossibilidades decorrentes na infraestrutura predial). • A imprensa será educadamente informada quando sua entrada nas instalações internas do hospital não for autorizada. Mas lembre-se: o jornalista não é inimigo. Ele está ali a trabalho e merece respeito! • Não é proibido plantão da imprensa na porta do hospital ou registro de imagens das fachadas (a rua é pública). • Nas instalações internas, os profissionais de imprensa sempre deverão estar acompanhados pela equipe da assessoria ou de outros colaboradores escalados para isso. • Entrevistas, filmagens e fotos serão realizados somente após autorização das partes envolvidas e, especialmente, posteriormente liberação médica para tal. • Telefones, endereços e outras formas de contato, de pacientes, familiares, acompanhantes e equipes, só poderão ser divulgados para a imprensa após autorização prévia dos envolvidos. • No caso de Boletins Médicos: Avisar aos pacientes e/ou familiares do interesse da imprensa e garantir o sigilo das informações médicas quando solicitado. • Resguardar a privacidade do paciente e dos familiares nas dependências do hospital e assegurar a tranquilidade da equipe médica. • Entrar em contato com outras assessorias envolvidas no episódio (como, por exemplo, órgãos públicos e ou de celebridades). Fonte: Eliane Belleza

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CISA

Autoclave economiza água na esterilização Equipamento utiliza óleo em vez de água e oferece a solução para dias secos Por Carolina Spillari

Gilson Jorge Teixeira Ramos, diretor-geral da Cisa: “Dependendo do número de ciclos, o hospital pode gerar uma economia de, em média, R$ 50 mil por ano.

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m tempos de escassez de água, uma autoclave da Cisa pode ajudar a economizar esse líquido valioso que é fonte de vida. A autoclave Aquazero está disponível em capacidades que variam de 262 a 871 litros. Tudo o que é usado em uma cirurgia passa pela autoclave, desde instrumentos ortopédicos, martelos ou alicate de alta precisão. A bomba seca da Aquazero “gera bastante economia de água”, garante Gilson Jorge Teixeira Ramos, diretor-geral da Cisa. Ele explica que a bomba do equipamento não precisa de água para a refrigeração. “Dependendo do número de ciclos, o hospital pode gerar uma economia de R$ 50 mil por ano - pode ser mais ou menos a depender dos ciclos. A água cada vez mais é um bem escasso e caro”, constata. Todos os equipamentos de autoclave na temperatura de 134º (equivalentes a dois quilos de pressão) usam bomba de vácuo a base de água para fazer a selagem (o fechamento) e a selagem mecânica é a base de água, já a Cisa tem o óleo como base para selagem. Jefferson Alberto Anastacio, da assistência técnica da Cisa, diz que a selagem com água gasta 350 litros por hora, em média, fora os 40 litros por hora despendidos para gerar o vapor. No caso dos hospitais que utilizam o vapor das caldeiras, o uso de água seria zero. Anastacio afirma que essa tecnologia foi desenvolvida em Joinville (SC). “Já existia essa bomba no

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Panorama Hospitalar

mercado, mas adaptamos a tecnologia da indústria para fins hospitalares.” Além do vapor, há autoclaves da Cisa que utilizam as tecnologias de plasma e peróxido - a baixa temperatura, que se destinam a esterilizar equipamentos que não suportam altas temperaturas. A máquina que utiliza o formol é híbrida, e dispõe também do vapor. Já a autoclave com esterilização a frio com plasma não é fabricada no modelo híbrido. Entre os clientes da Cisa estão os hospitais Albert Einsten, Samaritano, São Luís, Sírio Libanês e Rede D’OR. Sua rede de representantes está em todo o Brasil. O processo de esterilização pode envolver também o tratamento da água. “Se a água for muito dura, ou seja, possuir alta quantidade de minerais, precisa-se pôr um abrandandor para depois tratá-la a água por osmose - tudo isso antes da esterilização”, detalha o diretor da Cisa. A osmose é o processo que trata a água para não prejudicar a máquina. Os equipamentos Cisa são compostos com titânio, o que reforça sua resistência à oxidação. Ramos conta que a Cisa trabalha também com uma linha de indicadores de processos que auxiliam o processo de esterilização. “Ele te mostra no final do processo se a esterilização foi eficaz ou não a partir da mudança da cor”, descreve. Empresa A Cisa desenvolve, fabrica e comercializa equipamentos e produtos para limpeza, desinfecção e esterilização de artigos médico-hospitalares e para o segmento industrial e laboratorial. Está no Brasil desde 2002, com uma fábrica em Joinville (Santa Catarina), município considerado o 3º maior polo industrial do Sul do Brasil. Em 2012, a empresa tornou-se independente da matriz italiana (Cisa S.p.A.), em função do crescimento da unidade no Brasil e na América Latina. A unidade brasileira atende países da América Latina, além de dar suporte para as demais unidades de negócios (escritórios e distribuidores). PH

Diferenciais técnicos do equipamento • Sistema hidráulico – 100% em aço inox • Consumos de utilidades – alta economia • Bomba de vácuo Aquazero – menor ruído, maior durabilidade, consumo de água zero • Estabilidade de temperatura


CISA

Mundo Hospitalar

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Mundo Hospitalar

Reabilitação

Reabilitação Feira + Fórum 2015 amplia modelos de negócios e inaugura casa nova Evento acontecerá no Centro de Convenções Expo Center Norte, em São Paulo, aumentando as oportunidades de negócios para o setor

O Centro de Convenções Expo Center Norte, será a nova casa da Reabilitação Feira e Fórum em 2015, entre 7, 8 e 9 de novembro, no Pavilhão Azul.

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pós três edições ocorridas no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, a edição 2015 da Reabilitação Feira + Fórum (Feira Internacional de Produtos, Equipamentos, Serviços e Tecnologia para Reabilitação, Prevenção e Inclusão) está de casa nova. O evento, que reúne a indústria nacional e internacional do segmento de reabilitação, e provoca o debate das políticas públicas que melhoram a qualidade de vida das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, ocorre nos dias 7, 8 e 9 de novembro de 2015 no Pavilhão Azul do Expo Center Norte. A ampliação da feira fortalece todo o setor, que cresce a cada dia, exigindo eficácia e novidades nos serviços e atendimento na reabilitação. A mudança de local tem como objetivo expandir ainda mais o olhar da indústria e da sociedade sobre a realidade dos mais de 45 milhões de brasileiros e 1 bilhão de pessoas no mundo que têm algum tipo de deficiência e enfrentam dificuldades de acesso à saúde, ao trabalho, a atividades culturais e sociais.

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Panorama Hospitalar

A inovação marca o momento de expansão da Reabilitação Feira + Fórum. Além de ampliar as oportunidades de negócios para a indústria, o evento atua como plataforma para troca de experiências entre profissionais, acompanhando o crescimento do setor que, cada vez mais, foca no design e custo-benefício, além de resistência, funcionalidade e qualidade. Para a médica, empresária e presidente da Reabilitação Feira + Fórum, Waleska Santos, a ampliação da feira reforça o compromisso do evento de trazer as tendências mundiais do setor, provocando a indústria na apresentação das inovações em soluções de produtos, equipamentos e serviços, o que reflete na melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida: “A feira é um grande momento que tem por objetivo divulgar, promover e incentivar o intenso e incansável trabalho de pessoas e instituições que vem sendo realizado nos últimos 30 anos. O evento se propõe a mobilizar a sociedade civil a participar e tomar a si também a responsabilidade do destino e


Reabilitação

Mundo Hospitalar

A mudança da sede da feira tem como objetivo expandir ainda mais o olhar da indústria e da sociedade sobre a realidade dos mais de 45 milhões de brasileiros que têm algum tipo de deficiência

bem estar dessas pessoas e, a exigir das autoridades públicas uma maior e efetiva atenção a um contingente de mais de 45 milhões de brasileiros”. A Reabilitação Feira + Fórum é realizada em conjunto com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. “Além de celebrar os avanços tecnológicos, científicos e humanos no respeito e na garantia dos direitos das pessoas com deficiência, a Reabilitação Feira + Fórum integra de forma única a indústria que atende o setor da reabilitação, as entidades e instituições que atuam em prol das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, profissionais e usuários do setor”, comemora a secretária Linamara Rizzo Battistella. Além disso, o evento é uma iniciativa da Hospitalar Feiras e Congressos (empresa privada organizadora

da Hospitalar, com o apoio da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo. Cerca de 100 empresas brasileiras e internacionais participaram como expositoras na última edição, em uma área de 7.300 metros quadrados. Fórum Profissional Simultaneamente à Reabilitação Feira + Fórum, acontece o Fórum Profissional, com temas que promovem a troca de informação, atualização e o relacionamento para profissionais brasileiros e internacionais. O evento conta com parcerias com instituições ligadas ao setor de prevenção, reabilitação e inclusão de pessoas com deficiência para garantir um conteúdo altamente especializado, que é apresentado em seminários, congressos e encontros setoriais. PH

Serviços 13ª Reabilitação Feira + Fórum - 13ª Feira Internacional de Produtos, Equipamentos, Serviços e Tecnologia para Reabilitação, Prevenção e Inclusão Data: 7, 8 e 9 de novembro de 2015 Horário: Profissionais do setor: 10 às 19h; Visitantes: 14h às 19h (entrada gratuita)

Cerca de 100 empresas brasileiras e internacionais participaram como expositoras da última edição, em uma área de 7.300 metros quadrados

Local: Pavilhão Azul - Expo Center Norte - Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme, São Paulo.

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Artigo Científico

Neoprospecta

Telemedicina e Telessaúde: Oportunidade de novos serviços e da melhoraria da logística em saúde Fonte: Chao Lung Wen chao@usp.br: Professor Associado e Chefe da Disciplina de Telemedicina da FMUSP e líder do grupo de pesquisa USP em Telemedicina e Telessaúde no diretório de pesquisa do CNPq/MCTes

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os últimos 15 anos, as tecnologias computacionais, interativas e móveis e as telecomunicações evoluíram de forma muito rápida, com sucessivas revoluções na capacidade de processamento dos aparelhos eletrônicos e velocidade de conectividades. Este cenário pode ser constatado pelo aumento das capacidades dos Smartphones e dos Tablets, o lançamento de novos dispositivos, como relógios inteligentes e outros acessórios, as tecnologias 3G e 4G, e a popularização do WiFi para acesso a dados. Estas mudanças indicam que a tendência do uso de recursos móveis e pessoais tende a se popularizar e consolidar rapidamente. Durante algumas décadas, os médicos já têm utilizado os recursos de telecomunicação, como o telefone e o antigo fax, para ajudarem os seus pacientes. Mais recentemente, com o acelerado avanço tecnológico, sobretudo após 2010, surgiram novas soluções que facilitam a troca de informações entre as pessoas. Este cenário também vem influenciando no cotidiano da comunicação entre médicos e entre médicos e pacientes. Embora ainda não haja consenso sobre a diferença entre os termos Telemedicina e Telessaúde, além de termos como eHealth, Telecare, eCare e Móbile Health, várias vezes as ideias se sobrepõem, e, outras vezes, se complementam. Porém, de forma geral, podemos dizer que existe uma convergência: todos se referem ao uso de tecnologias de telecomunicações, informática e interatividade para prover ou realizar atividades e serviços de saúde à distância. Por outro ângulo, podemos dizer que Telemedicina e Telessaúde significam o uso de tecnologias interativas eletrônicas, de dados e conectividade, para organizar uma “cadeia produtiva de saúde”, com finalidade de melhorar a estratégia e logística do sistema de saúde. A Telemedicina e Telessaúde são recursos emergentes. Atualmente existe a percepção sobre os seus potenciais, e as suas demandas tendem a aumentar cada vez mais. Por exemplo, a Telemedicina permite a trans-

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Panorama Hospitalar

missão de imagens médicas para realizar uma avaliação de especialista a distância tais como radiologia, patologia, oftalmologia, cardiologia, dermatologia, entre outras. E também a transmissão de dados digitais de ECG, EEG, ausculta cardíaca, tocoginecologia, espirometria, ultrassonografia, monitoramento de sinais vitais, etc. Isto agilizaria muito os serviços de cuidados aos pacientes e, ao mesmo tempo, reduziria riscos e custos desnecessários com transporte de pacientes e/ ou de equipamentos e exames para diagnóstico. Os sistemas de comunicações, como as videoconferências e as webconferências, portais assistenciais, email com segurança de encriptação, sistemas colaborativos online, etc, permitem aos médicos de diversas áreas interagirem com colegas e pacientes com maior frequência, e obterem uma melhoria na qualidade dos serviços. Os contínuos avanços da tecnologia criarão novos sistemas de assistência a pacientes que ampliarão a margem dos benefícios que a atual Telemedicina oferece. Além dos aspectos assistenciais, a Telemedicina poderá oferecer mais acesso à educação, ao conhecimento multicêntrico, à atualização profissional continuada, e à pesquisa médica, em especial para os estudantes e os médicos que se encontram em regiões mais afastadas. Assim sendo, Telemedicina e Telessaúde podem ser entendidas como áreas que empregam modernas tecnologias interativas, eletrônicas e de telecomunicações para criar novas soluções de processos com potencial de aumentar eficiência dos serviços. Essas áreas podem gerar uma série de serviços encadeados que vão desde a prevenção e promoção personalizada de saúde, até a reintegração social por meio de telehomecare. A integração entre soluções tecnológicas e serviços de saúde podem melhorar as atividades de educação, planejamento da logística de saúde, regulação da teleassistência e implementação de métodos para proporcionar atividades multi-institucionais.


Neoprospecta

As perspectivas futuras para a Telemedicina e Telessaúde até 2025 podem ser comparadas de forma análoga com áreas como, os serviços de Internet Banking e Web Checking (empresas aéreas), ao longo de um período de 10 anos. Ou seja, entre 2005 e 2015. Eles passaram de um serviço embrionário e pouco expressivo na Internet para, em 10 anos, mudarem todo o processo funcional dos bancos e das empresas aéreas. Como consequência, houve mudança no comportamento das pessoas e do mercado de comunicação, com novas oportunidades e empreendedorismo na sociedade como um todo. A Telemedicina e a Telessaúde deixaram de serem conhecimentos restritos a pequenos grupos de ambientes acadêmicos ou de pesquisa, como era até o início do ano 2000, para serem adotadas no Brasil como partes integrantes de estratégias de políticas públicas de saúde tanto para as áreas de Teleassistência como para a Educação Interativa à Distância (Educação 3.0). Na última década, inclusive, houve importante desenvolvimento nas universidades e na saúde pública, no Brasil. Veja na próxima página um esquema para facilitar a compreensão da situação atual da Telemedicina e Telessaúde no SUS (baseado no esquema de uma tese de Livre Docência de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP de 2003). O infográfico mostra a interligação das diversas ações governamentais que usam tecnologias de Telemedicina e Telessaúde: Nuvem “da Saúde”, biblioteca virtual em saúde e repositório educacional, Backbone de hospitais de referência, rede para atenção primária, consórcio de universidades para a atualização profissional, entre outros. Crescimento organizado e sistemático A Associação Médica Mundial reconhece os diversos aspectos positivos da Telemedicina, porém também entende que vários temas precisarão ser debatidos e regulamentados. O crescimento organizado e sistemático da Telemedicina e Telessaúde poderá melhorar o sistema de saúde. Porém, esses segmentos estão crescendo tão rapidamente

que as resoluções e normativas precisam ser revisadas periodicamente a fim de garantir que os problemas mais recentes e importantes sejam abordados. Além dos aspectos relacionados com tecnologia, ética, bioética, padronizações clínicas, etc., é preciso avançar nas discussões em relação às responsabilidades cíveis por serviços de saúde prestados através de tecnologias interativas, critérios de monitoramento de qualidade e remuneração profissional. A Telemedicina é um campo promissor para o exercício da Medicina e a formação neste campo deveria fazer parte da educação médica básica e continuada. Deve-se oferecer oportunidades a todos os médicos e outros profissionais de saúde interessados na Telemedicina. A Associação Médica Mundial vem recomendando às Associações Médicas Nacionais a adoção de uma Declaração sobre Responsabilidades e Normas Éticas na Utilização da Telemedicina para a promoção de programas de formação e de avaliação das técnicas de Telemedicina, no que concerne à qualidade da

Artigo Científico

atenção, relação médico-paciente e eficácia quanto a custos. Pedem ainda que elaborem e implementem junto com as organizações especializadas, normas de exercício que possam ser usadas como um instrumento na formação de médicos e outros profissionais de saúde que possam utilizar a Telemedicina; e incentivem a criação de protocolos padronizados para o uso nacional e/ou internacional, incluindo aspectos médicos e legais, entre outras recomendações. Pioneirismo No Brasil, a Faculdade de Medicina da USP foi pioneira ao aprovar a criação da Disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia, em 1997, com atuação em Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. Atualmente, a Disciplina tem atuação em Inovação Educacional e soluções tecnológicas (Educação 3.0 e computação gráfica 3D), pesquisas em Teleassistencia, além da coordenação de um grupo de Pesquisa USP em Telemedicina e Telessaude no Diretório de Pesquisa do CNPq/MCT. Além do uso dos recursos de videoconferência, a Faculdade de Medicina da USP utiliza recursos do Projeto Homem Virtual, um conjunto de modelagens e animações computadorizadas que apresenta em detalhe os vários órgãos do corpo humano, com fisiologia e fisiopatologias. O Homem Virtual vem sendo desenvolvido de forma ininterrupta nestes últimos 12 anos, na FMUSP, e conta com mais de 200 eixos temáticos diferentes que podem ser utilizados como Objetos Educacionais de Aprendizagem, produção de estruturas anatômicas em impressoras 3D, realidade aumentada e imersiva, entre outros usos. A FMUSP possui diversos Centros de Tecnologia (Cetecque interligam os institutos do complexo HC, as estruturas educacionais da FMUSP e as unidades da USP, formando uma rede para Educação e Pesquisa. Os Cetecs permitem também a interação com diversas instituições nacionais e internacionais para reuniões clínicas, sendo 10 anos de Telegeriatria e Teletraumatologia, discussões de pesquisa, realização de eventos e cursos de formação e atualização continuada, transmissões de demonstrações cirúrgicas, realização de sessões de segunda opinião médica especializada, entre outros. São 12 anos de telepatologia de discussão anatomopatológica baseada em autopsia. A Disciplina de Telemedicina da FMUSP também está concentrando esforços no projeto da Nuvem da Saúde e Tablet da Saúde, Laboratórios de Inovação em Educação, programas de atualização profissional continuada em serviço, Projeto Jovem Doutor, Fábrica de conhecimento em Saúde, entre outros.

Referência Bibliográfica 1. Chao LW, Silveira PSP, Azevedo Neto RS, Böhm GM. Internet discussion lists as an educational tool. Journal of Telemedicine and Telecare, 2000; 6:302-304. 2. Chao LW. Ambiente computacional de apoio à prática clínica. [tese - Doutorado] apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; São Paulo; 2000. 3. Chao LW. Modelo de ambulatório virtual (CyberambuFevereiro, 2015

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Neoprospecta

Jovem Doutor eCare Auto cuidado Teleconsultorias e 2° opinião formativa

Universidades, Educação Permanente, Estudantes, Residentes, pós-graduandos (UNASUS, Pro-Saúde)

SITUAÇÃO ATUAL DA TELEMEDICINA Bibliotecas Digitais, Ambientes Interativos de Aprendizagem, Repositórios de Conhecimentos, Redes de Colaboração BVS, Repositórios, Objetos Educacionais de Aprendizagem Data Center de Saúde Rede Colaborativa de Hospitais (RUTE) ___________________________ Back Bone (rede de troca de dados de alto desempenho)

latório) e tutor eletrônico (Cybertutor) para aplicação na interconsulta médica e educação a distância mediada por tecnologia. [tese – Livre Docência] apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; São Paulo; 2003. 4. Chao LW, Cestari TF, Bakos L, Oliveira MR, Miot HA, Böhm GM. Evaluation of an Internet-based teledermatology system. Journal of Telemedicine and Telecare, 2003; 9:S1:9-12. 5. Chao LW. Telemedicina na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Telessaúde – um instrumento de Suporte Assistencial e Educação Permanente. Editora UFMG, 247-256, novembro 2006. 6. Malmström MFV, Marta SN, Böhm GM, Wen LW. Homem Virtual: modelo anatômico 3D dinâmico aplicado para educação em odontologia. Revista da ABENO (Associação Brasileira de Ensino Odontológico), Belo Horizonte, 2004; 4(1):87. 7. Oliveira MR, Chao LW, Festa Neto C, Silveira PSP, Rivitti EA, Böhm GM. “A Web site for trainning nonmedical health-care workers to identify potencially malignant skin lesions and for teledermatology”. Telemed. J. e-Health 2002; 8(3):323-32. 8. Sequeira E, Soares S, Sgavioli CAPP, Chao LW, Marta SN. Projeto Homem Virtual em Odontologia. Revista da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas, 2006; 60 (Supl.- Jan):145. 9. Chao LW. Homem Virtual. Clínica Médica – Medicina USP/ HC-FMUSP. Editora Manole. Volume (1) 988-991, 2009. 10. Chao LW. Telemedicina e Telessaúde. Clínica Médica – Medicina USP/ HC-FMUSP. Editora Manole. Volume (2) 811-813, 2009. 11. Chao LW, Onoda MM. Teleducação Interativa. Clínica Médica – Medicina USP/ HC-FMUSP. Editora Manole. Volume (4) 679-681, 2009. 12. Chao LW. Segunda Opinião Especializada Educacional. Clínica Médica – Medicina USP/ HC-FMUSP. Editora

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Panorama Hospitalar

Manole. Volume (6) 777-779, 2009.

13. Chao Lung Wen. Teleducação em Saúde. Tecnologia da Informação e da Comunicação em Enfermagem. Editora Atheneu, 127-137, 2011. ISBN: 978-85-388-0162-7. 14. Ministério da Cultura. Programa Nacional de Apoio à Inclusão Digital nas Comunidades - Telecentros. BR [Internet]. [acesso 2013 dez 03]. Disponível em: http://www2.cultura. gov.br/site/2010/03/04/programa-nacional-de-apoio-a-inclusao-digital-nas-comunidades-telecentrosbr-2/. 15. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia [Internet]. Dezembro de 2006. [acesso 2013 mar 12]. Disponível em: http://www.unicentro.br/dirai/legislacao/Legislacao-base-Ensino-Superior/Tecnologo/ catalogo_completo.pdf. 16. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica [Internet]. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica. [acesso 2013 dez 01]. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/sistemas/Pmaq/. 17. Moraes RA, Dias AC, Fiorentini LMR. As tecnologias da informação e comunicação na educação: as perspectivas de Freire e Bakhtin. UNI Revista; 2006. 18. Nakamura R. Moodle. Como criar um curso usando a plataforma de Ensino a Distância. 1ª ed. São Paulo: Editora Farol do Forte; 2008. 19. MATURANA, H. Cognição, ciência e vida Cotidiana. Ed. UFMG. 2001 20. MAXWELL, John C. Todos se comunicam, poucos se conectam: desenvolva a comunicação eficaz e potencialize sua carreira na era da conectividade. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2010


Neoprospecta

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Espaço Gestor

gestão Anahp

Profissionais de saúde buscam aperfeiçoamento em gestão Crédito: Shutterstock

A complexidade do sistema de saúde torna cada vez maior a busca por profissionais capazes de relacionar o foco no paciente e os princípios de administração, incorporação de tecnologia e comunicação O Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa oferece cursos de pós-graduação, mestrado e especialização voltados à gestão e vem registrando aumento do número de interessados

A

lém de novas vagas voltadas à assistência direta aos pacientes, o crescimento e as transformações vividas pelo mercado de saúde também geram demanda crescente por profissionais capacitados em gestão. Mesmo com a manutenção do foco no paciente, a complexidade do sistema de saúde torna cada vez maior a busca por profissionais capazes de relacionar este aspecto com princípios de administração, incorporação de tecnologia, inovação e comunicação, entre outros. O Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa (IEP/ HSL) possui cursos, entre pós-graduação, mestrado e especializações voltados à gestão, para os quais vem registrando um número cada vez maior de interessados. Na área de pós-graduação, o curso de especialização em Gestão da Atenção à Saúde busca capacitar gestores para conduzir e implementar estratégias que atendam às novas demandas da área da saúde, tendo uma gestão compromissada e de alto desempenho à frente de organizações públicas e privadas. O Mestrado Profissional Gestão de Tecnologia e Inovação em Saúde, por sua vez, foi desenvolvido em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC) e aprovado pela CAPES (Área de Saúde Coletiva). O programa é voltado para atender às necessidades de profissionais interessados em inovar, transformar e melhorar a qualidade do cuidado em saúde, contribuindo para a transformação da realidade desta área no Brasil. “Precisamos ter profissionais cada vez mais preparados para atender todas as necessidades atuais e, também, as mudanças que vão acontecer. Por isso,

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o objetivo é que os alunos desenvolvam senso-crítico reflexivo e curiosidade para questionar realidades. Desta forma, tornam-se agentes transformadores no ambiente onde atuam”, afirma Roberto de Queiroz Padilha, superintendente de Ensino do IEP/HSL. A atuação do IEP/HSL também se estende ao aperfeiçoamento profissional da rede pública de saúde. Por meio de parceria com o Ministério da Saúde, dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), o Instituto capacitou, no final do triênio 2012-2014, mais de 21 mil profissionais da rede pública de saúde, de todas as regiões do país. Ao todo são 11 cursos: Especialização em Gestão de Emergências no SUS, Gestão de Emergências em Saúde Pública (GESP), Gestão da Vigilância Sanitária (GVISA), Gestão Federal do SUS, Processos Educacionais na Saúde, Aperfeiçoamento em Qualidade e Segurança no Cuidado ao Paciente, Educação na Saúde para Preceptores do SUS, Formação de Gestores e Preceptores de Residência Médica e Projeto Gestão da Clínica no SUS (GCSUS) que inclui três cursos de especialização, “Gestão da Clínica nas Regiões de Saúde”, “Regulação em Saúde no SUS” e “Educação na Saúde para Preceptores do SUS”. “Fechamos 2014 com a nossa meta alcançada. E queremos dar continuidade a esta proposta de capacitação dos profissionais, em benefício da qualidade da atenção à saúde no SUS. Sabemos da importância e do impacto dessa ação realizada em parceria com o Ministério da Saúde”, finaliza Padilha.PH



Ponto de Vista

Fernando

Investir Certo: O que muda em 2015? Fernando L. Motta dos Santos é criador da Solução VIAVEL Saúde – Simulação de Projetos e Análise do Investimento, diretor da SI Consultoria e da DahMotta TI, e possui 38 anos de experiência em viabilidade de investimentos, sendo 12 na área da Saúde

O

segundo mandato presidencial da Dilma inicia com uma relevante mudança na condução da política econômica no Brasil: um severo ajuste visando recuperar as finanças públicas. Com os aumentos na SELIC que atingiu a 12,25% a.a. em 21 de janeiro de 2014, pico (provisório?) de uma alta iniciada em abril de 2013, o custo do crédito obtido no mercado livre (bancos comerciais, mesmo os públicos) já se elevou e deverá se manter ou até subir mais. Espera-se também maior prudência na concessão de empréstimos. O consenso (mediana das expectativas) do relatório FOCUS de 16 de janeiro deste ano projeta a taxa do dólar em R$ 2,65/ US$ no final de 2015, valor quase 11% maior que a cotação no início de 2014 e 19% maior que a média das cotações no período compreendido no início de abril ao final de junho de 2014. Até dia 23 de janeiro de 2015 já houve aumentos de impostos e de taxas púbicas. Um aumento de grande porte na energia elétrica, na faixa de 40%, já foi anunciado. Certamente novas medidas visando aumentar receitas públicas e reduzir despesas virão. O Ministro da Fazenda declarou em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, que é razoável esperar-se um trimestre de contração na economia em 2015. Creio que possa ser mais do que isso. O BNDES, principal fonte para investimentos de longo prazo no país, ainda no final de 2014 informou que reduzirá sua participação no financiamento de todos os tipos de projeto, bem como elevou a taxa de juros final para o cliente, tanto em operações diretas como indiretas (através de banco agente), e a área da saúde está incluída. Logo, serão necessários mais recursos próprios para seus investimentos. A TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo –, principal indexador dos financiamentos do BNDES, que ficará estável em 5.0% a.a., durante 2013 e 2014 foi elevada para 5,5% a.a. a partir de janeiro e novos aumentos não podem ser descartados. As justas e tão esperadas melhorias nas tabelas que remuneram os prestadores de serviço para o SUS, se concedidas, deverão ter percentuais bem menores que os esperados pelas organizações de saúde. Negociações de

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preços com os convênios poderão ficar mais difíceis. Quando o crescimento do PIB é baixo, ou reduzido, não significa que para todos os produtos e serviços haverá baixo crescimento ou mesmo retração. Mas, sim, que para alguns haverá razoável redução; para outros, estabilidade; para alguns poucos, crescimento, e, para casos mais raros ainda, um excelente crescimento. Isso é válido também para a área da saúde, que possui grande número de serviços distintos em suas diferentes especialidades. Está claro que o investimento, num cenário assim, deve ser decidido a partir de estudos ainda mais aprofundados e com menos otimismo, sem, no entanto, ser paralisado. A situação exige que as organizações de saúde definam com muito maior critério onde vão investir, até porque tudo indica que haverá redução de margens, e consequentemente menos recursos para investimentos. Elaboração de projetos detalhados, simulação de alternativas de negócio e análise de investimento são os caminhos a seguir. O VIAVEL Saúde, software que integra uma Solução de TI, é uma importante ferramenta para facilitar a tarefa de aperfeiçoar a elaboração de projetos, reduzir seus erros, bem como efetuar análises de investimento com rapidez e segurança. Decidido o projeto, um rigoroso acompanhamento de sua execução, incluído o de seu cronograma físico-financeiro, é fundamental. Estouros de orçamento não podem ser tolerados. Ao longo de 2014 publicamos uma série de seis artigos na Revista Panorama Hospitalar intitulada “Por que os projetos fracassam?”, na qual enumeramos as causas e apresentamos exemplos dos erros cometidos em projetos de investimento. Recomendo uma atenta releitura da série, antes do início do estudo de um novo investimento, que, como é sabido, começa pelo estudo do mercado e minucioso planejamento do projeto desejado, e é concluído com a estruturação de fontes de recursos adequadas em prazo e custo para sua realização. Não deixe de investir em 2015, mas, se for investir, INVISTA CERTO.PH



Ponto de Vista

Intersystems Marketing

Engajamento de Pacientes: uma tendência no mercado de saúde

Ricardo Fernandes é Country Manager da InterSystems no Brasil.

N

os últimos anos, o tema “engajamento de pacientes” tem ganhado destaque no mercado de saúde, sendo apontado como uma grande tendência. Os fornecedores de tecnologia para este setor têm corrido atrás para acelerar o desenvolvimento de novos recursos que permitam a interação dos pacientes com seu tratamento. Mas, apesar deste cenário, a adoção das organizações de saúde por soluções que viabilizem esse conceito, ainda tem sido tímida. O engajamento contribui para que sejam feitas iniciativas de prevenção, como a mudança dos hábitos de vida dos pacientes, a monitoria de saúde por meio de notificações e alertas clínicos, e também do apoio e acesso às informações antes, durante e no pós-tratamento de doenças, incluindo o combate a vícios como álcool, drogas e o fumo, somado à interação dos familiares e cuidadores. Já hoje em dia temos um modelo muito mais centrado no cuidado do paciente. No entanto, as tecnologias para apoiar estes esforços ainda não tiveram sucesso. Qual é a razão para essa desconexão? E qual é a solução? Em primeiro lugar, soluções de engajamento do paciente precisam ser benéficas tanto para pacientes como para médicos. Para isso, elas devem estar totalmente integradas com o histórico clínico completo, permitindo que as informações sobre o histórico dos principais atendimentos clínicos e diagnósticos sejam facilmente visualizadas em apenas uma fonte de consulta disponível em um portal com interface simples, de fácil acesso e entendimento aos usuários, sem o uso de termos técnicos que comprometam a assimilação do quadro clínico. Ao visualizar as informações deste portal os pacientes podem se comunicar com seu médico e checar informações sobre medicamentos e exames realizados, por meio do prontuário pessoal do paciente. Também é preciso que a equipe médica saiba explorar mais as informações registradas nos prontuários eletrônicos para extrair informações que poderiam

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Panorama Hospitalar

contribuir para uma tomada de decisão muito mais assertiva e embasada, com o envolvimento do paciente. Outro benefício que as soluções de engajamento do paciente podem oferecer é a possibilidade dos pacientes contribuírem no atendimento, informando seus dados. Isso ampliará a interação médico-paciente para além da consulta. Com isso, eles podem compartilhar informações que serão decisivas para a tomada de decisão médica, entre elas podemos listar: o aconselhamento de novas terapias, esclarecimentos sobre efeitos colaterais, sintomas diários, registros de nutrição e exercício físicos. Essa capacidade de registrar esses dados imediatamente aumenta a precisão dos diagnósticos. E mais do que isso, que o registro eletrônico permita ao paciente agendar consultas e exames, e visualizar os resultados por meio de um histórico de resultados. A solução ideal seria permitir a pacientes e médicos uma interação de forma assíncrona, com a verificação de dados vitais feitos em casa em vários dispositivos. Um exemplo prático: Um médico prescreve um novo medicamento para controle da pressão arterial elevada. O paciente é solicitado a registrar os sintomas de tontura e gravar sua pressão arterial a cada episódio. Normalmente, a maioria dos pacientes fazem anotações mentais de quantos episódios de tontura eles podem ter, podendo, ou não, anotar a sua pressão arterial. Utilizando as soluções de engajamento do paciente, um lembrete pode ser enviado para o smartphone do paciente em intervalos de tempo para perguntar sobre as tonturas. Dependendo da resposta do paciente, ele pode receber um alerta para medir sua pressão arterial. Esses dados são registrados e disponibilizados imediatamente para o médico, melhorando a precisão e a pontualidade de captura e compartilhamento de dados. Quanto mais detalhes e atualizações os médicos tiverem, melhores decisões serão tomadas para salvar vidas.PH


Gestão

Livros

Livro apresenta histórias sobre a prática da medicina “O pior médico do mundo” mostra a importância da relação médico-paciente e retrata as relações humanas no dia a dia da profissão

E

u choro, choro muito, soluço. Sinto culpa. Penso no que podia ter feito diferente. Nada. Nada adianta. O monitor faz traços que eu não entendia, até que restou uma linha reta. Retinha. Checam os cabos, todos conectados, checam o monitor, não há nada errado. Certeza. A mais certa e definitiva. Morte. Ele está morto”. O trecho apresenta o sentimento vivido por um médico em um dos 32 contos do livro “O pior médico do mundo”, que simulam cenas do cotidiano médico ao longo da trajetória estudantil, profissional e até os momentos de realizações e frustrações. A obra do médico-professor Gerson Salvador durou cinco anos para ser elaborada e pretende ampliar os debates sobre as relações humanas da medicina entre médicos, profissionais da saúde e estudantes. “Espero que o público consiga identificar os sentimentos envolvidos nas relações entre médicos em diversas etapas de formação e pacientes em distintas fases de vida. Desejo que as pessoas possam enxergar esse lado humano do atendimento médico“, explica Salvador. Segundo o autor, a inspiração de começar o livro veio da sua vivência e do contato com outros profissio-

nais da área e estudantes. “A medicina oferece a possibilidade de conhecer as pessoas com uma intimidade rara”, destaca Salvador. O conteúdo passa ao leitor o sentimento de quem perde um paciente, atende casos de abuso sexual, não consegue oferecer o melhor tratamento a seus pacientes por limitações impostas por planos de saúde, além disso, de quem cria vínculos e vê em si a responsabilidade pela vida dessas pessoas. Gerson Salvador é de Cansanção, sertão da Bahia. É médico infectologista, secretário de comunicação do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e professor de Propedêutica Clínica na Universidade de São Paulo, onde se formou. Iniciou sua carreira literária escrevendo poemas quando ainda estava no colégio e em 1993 recebeu o prêmio “Centenário Mário de Andrade”. Ficha Técnica Editora: Ciclo Contínuo Edição: 2014 Número de Páginas: 128 Formato: 14.00 x 21.00 cm Valor: R$ 29 o impresso e R$ 20 a versão digital Janeiro, 2015

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Agenda

fique por dentro

PRÓXIMOS EVENTOS ÌÌ Curso de Gestão em FaturAmento e Auditoria de Convênios Médicos Hospitalares 11 de fevereiro São Paulo (SP) 8h30 às 17h30 (11) 4890-2376/97168-1232 promotereventos8@uol.com.br

ÌÌ Curso de Negociação Coletiva e Gestão do Trabalho na Saúde 10 a 14 de fevereiro Natal (RN) inscricao.cursonatal@dieese.org.br

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ÌÌ Gestão e Fiscalização de contratos no contexto da execução de políticas públicas 11 de fevereiro 9h às 12h Escola de Governo do Distrito Federal (EGOV) www.escoladegoverno.seap.df.gov.br

ÌÌCircuito Einstein de Startups 26 de fevereiro 8h às 17h Hospital Israelita Albert Einstein inovaeinstein@einstein.br/(11) 2151-4355

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