O BRASIL CARREGA UM PECADO ORIGINAL 1. O MapBio, (construído com parcerias desde 2015 foi inaugurado este mês) é um sistema de alerta de desmatamento que enxerga e registra nos diversos biomas todo desmatamento, legal ou ilegal. Segundo informações de imprensa (FSP) entre outubro e março de 2019 foi validado 4.577 alertas de desmatamento com supressão de 87.741 hectares de vegetação nativa. Atualmente existe uma parafernália de ferramentas, planos e normas (Deter-B no INPE, Sinaflor no Ibama, CAR, Drones etc..) para monitoramento gerando processos administrativos. Contudo, para frear esta verdadeira epidemia de devastação temos uma fragilidade da punição do crime ambiental, a lentidão dos tramites burocráticos e da justiça, agravado pelo fato dos infratores estarem assessorados e saber utilizar o sistema a seu favor, desacreditando na punição do Estado. Em 2018, em três dos sistemas de monitoramento foram geradas 150.000 alertas e apenas 1% resultou em ações efetivas. 2. Dos 4.577 alertas mencionados, 40% são de áreas que não poderiam ser desmatadas, como Unidades de Conservação, áreas de preservação permanente, matas ciliares, reservas legais de propriedades privadas, nascentes e terras indígenas e se constatou que 95% destes alertas não tinham autorização, sendo 982 do bioma Mata Atlântica, 1.277 do Cerrado, 474 da Caatinga, 1.712 da Amazônia, 85 Pantanal e 47 Pampa. 3. Qual a tendência no bioma Pampa, por exemplo? Com 178.8 mil km², já foi desmatado 78.1 mil km² (43,7%) restando 84.4 km² natural. O Pampa é composto com cerca de 450 espécies de gramíneas, um sistema que mantem um equilíbrio histórico com faunas e pastagens e atividades pastoris. Pesquisadores apontam que a presença destes animais não é prejudicial ao contrário é desejável e o que preocupa é a queda do numero de cabeças de gado e o avanço da monocultura de soja, girassol desarticulando a biodiversidade, impactando a base da “cultura gaúcha” pastoril ligada a pecuária com costumes comuns no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. 4. A este quadro de desmatamento se soma a tendência ao colapso do aquecimento global apontado em artigo da revista “Nature” referendado por 200 cientistas. Ali anunciam que até 2070 as mudanças do clima poderá reduzir em 10% a biomassa de especies de árvores levando mais carbono atmosfera, afetando mais ainda o “sistema de suporte à vida da nave mãe”. A afirmação se baseia no fato de que a “internet verde” (Wood Wide Web), ou seja, a rede de interconexões biológicas que mantém as florestas vivas através da simbiose fungosbactériasplantas que fornecem nitrogênio e fosforo às árvores em troca de carbono, umidade e abrigo esta sofrendo 1 ruptura devido ao aquecimento global. 5. Porque o Brasil herda e tem a marca de um “pecado original”? Nosso país tem o nome de uma árvore. Carrega na memória o fato de ter “matado” o Pau Brasil, com o avanço “civilizatório” o colonizador provocou uma espécie de “biocidio” para suprir o sistema de produção imediatista utilitário sem considerar a sustentabilidade dos recursos naturais. Uma modelagem comum nesta era insustentável em relação à natureza. Como se constata pelo desmatamento este comportamento social continua sem freio. Para muitas civilizações as árvores foram e ainda são sagradas e o Brasil necessita uma atitude como sociedade para exorcizar esta herança do “biocídio” da “família Pau Brasil”, mais que homenageá-lo criar punições e obrigações recompondo o ambiente necessário a vida não matando as matas que restam. Walter Tesch 15/06/2019.-.-
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Para entender como as árvores sentem e se comunicam e recomendável a leitura de “A VIDA SECRETA DAS ÁRVORES” de Peter Wohlleben e recordar as pesquisas da cientista do filme AVATAR.