Jornal Dicas da Diplomata - Maio 2018

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ANO II - NÚMERO 5

MAIO DE 2018 por claudia assaf

Este jornal não reflete opinião do Itamaraty.

29 MAIO DIA dO GEÓgRAFO

DIA dO GEÓgRAFO HISTÓRIA EM ARTE

EDIÇÃO DEDICADA À

GEOGRAFIA Quando iniciei meus estudos para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), estudando do absoluto zero, encarei um dia de cada vez; no entanto, confesso que algumas matérias me assustavam mais que outras, entre as quais economia, como sabem. Havia também outra disciplina de que eu tinha pavor: geografia. O pavor explicava-se pela minha falta de familiaridade com o tema. Para mim, geografia era apenas a memorização dos rios da margem esquerda e direita do rio Amazonas, nada mais que isso! Os que leram meu livro Diário de Bordo sabem bem: quando decidi ser diplomata e comecei a estudar para o CACD, havia dez anos que eu não estudava nada, apenas trabalhava, e, mesmo assim, quando era estudante, todas as matérias da área de humanas me eram ministradas à base da decoreba, sem qualquer abordagem crítica. Não me lembrava de nada! A professora que me preparou em geografia para o CACD no Rio de Janeiro - a amada mestre Lídia Bronstein - do jeitinho dela, foi aos poucos desvendando os mistérios da geografia, tornando-a palatável aos ceacedistas do ano de 2004, sedentos que estávamos por aprender aquele assunto. Não só isso: a professora Bronstein fez que eu me apaixonasse pelos temas da geografia, tão somente porque a geografia nada mais é que o estudo dos problemas que se apresentam no espaço em que vivemos - Brasil e mundo. Mal sabia eu que seria a prova em que obteria a nota mais alta no concurso do ano em que fui aprovada, 2006. Neste mês de maio, em que se comemora o Dia do Geógrafo em 29 de maio, dedico a edição do Jornal do Dicas da Diplomata à geografia.

Boa leitura a todos!

Claudia Assaf

ECONOMIA SEM MEDO Por Bruno Moura Professor de Economia e CACDista

cARTAS AO cEAcEdIsTA a rtigo exclusivo aos leitor es d o d ica s da d iplomata

www.dicasdadiplomata.com.br

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Para falar do geógrafo, precisamos, antes, falar da disciplina de que se ocupa, a geografia. A geografia, por sua vez, tem por objeto de estudo o espaço geográfico natural ou construído. Está subdividida em diversas outras áreas, que focam em temas os mais diversos de fundamental importância para quem aspira atuar como diplomata: crescimento demográfico, migração, relações políticas, conflitos entre nações, interpretação de mapas, cartografia, superfície terrestres, fenômenos físicos e climáticos, biomas, ecossistemas, turismo e seu desenvolvimento, cidades, planejamento urbano, violência, desemprego, problema de habitação, ações humanas no meio ambiente, questões associadas ao campo, recursos hídricos, entre tantas outras áreas. A depender da área de estudo, falamos em geografia física, geografia agrária, geografia ambiental, geografia urbana, para não mencionar a própria história evolutiva da geografia, como ela era no passado e como é hoje. Tudo isso cobrado pelo CACD. Você, que está se preparando para o CACD, parabenize seu professor ou sua professora de geografia neste 29 de maio!

PROGRAMA DE GEOGRAFIA DO CACD DE 2017

dIcA dE OURO

A subdivisão do conteúdo programático no edital já nos ensina muito Você já leu na íntegra o conteúdo programático de geografia do edital do CACD? O próprio programa em si muito nos ajuda a sistematizar o planejamento de estudo, para não mencionar a incrível interdisciplinaridade que a geografia nos proporciona. Não há como ler um tema de geografia sem se recordar de um ponto estudado em história, economia, política internacional ou direito. Reproduzo, a seguir, a íntegra do programa de geografia do CACD-2017:

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PROGRAMA DE GEOGRAFIA DO CACD DE 2017

Conteúdo programático de geografia no edital do CACD de 2017

dIcA dE OURO

1 História da Geografia. 1.1 Expansão colonial e pensamento geográfico. 1.2 A Geografia moderna e a questão nacional na Europa. 1.3 As principais correntes metodológicas da Geografia. 2 A Geografia da População. 2.1 Distribuição espacial da população no Brasil e no mundo. 2.2 Os grandes movimentos migratórios internacionais e intranacionais. 2.3 Dinâmica populacional e indicadores da qualidade de vida das populações. 3 Geografia Econômica. 3.1 Globalização e divisão internacional do trabalho. 3.2 Formação e estrutura dos blocos econômicos internacionais. 3.3 Energia, logística e reordenamento territorial pós-fordista. 3.4 Disparidades regionais e planejamento no Brasil. 4 Geografia Agrária. 4.1 Distribuição geográfica da agricultura e pecuária mundiais. 4.2 Estruturação e funcionamento do agronegócio no Brasil e no mundo. 4.3 Estrutura fundiária, uso da terra e relações de produção no campo brasileiro. 5 Geografia Urbana. 5.1 Processo de urbanização e formação de redes de cidades. 5.2 Conurbação, metropolização e cidades-mundiais. 5.3 Dinâmica intraurbana das metrópoles brasileiras. 5.4 O papel das cidades médias na modernização do Brasil. 6 Geografia Política. 6.1 Teorias geopolíticas e poder mundial. 6.2 Temas clássicos da Geografia Política: as fronteiras e as formas de apropriação política do espaço. 6.3 Relações Estado e território. 6.4 Formação territorial do Brasil. 7 Geografia e gestão ambiental. 7.1 O meio ambiente nas relações internacionais: avanços conceituais e institucionais. 7.2 Macro divisão natural do espaço brasileiro: biomas, domínios e ecossistemas. 7.3 Política e gestão ambiental no Brasil.

Fonte: http://www.cespe.unb.br/concursos/IRBR_17_DIPLOMACIA/arquivos/IRBR_ED._1_ABERTURA.PDF

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BROTAS DE MACAÚBAS BAHIA Como essa cidade do interior da Bahia se relaciona com o CACD?

A resposta à pergunta do subtítulo desta matéria é Milton Santos, um dos mais brilhantes geógrafos que o Brasil já teve. Em 3 de maio de 1926, nascia Milton Santos, em Brotas de Macaúbas, interior da Bahia. Faleceu em 24 de junho de 2001. Qual sua relação com o CACD? É que você poderá estudar quase todo o programa de geografia do conteúdo programático com os ensinamentos trazidos por Milton Santos.

globalização. Do pensamento único à consciência universal .

Record, Rio de Janeiro, 2000. 4º edição: 2000; e O Brasil: território e sociedade no início do século XXI

A terminologia por ele criada fez escola e revolucionou o pensamento geográfico. Para minha preparação, li dois livros de seu extenso acervo: (i) Por uma outra

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(em colaboração com Maria Laura Silveira), Record, Rio de Janeiro, 2001. No primeiro, Milton Santos contrasta a globalização de fábulas com a globalização de pervesidades - o que não poderia ser mais atual. A extrema pobreza nunca ficou tão patente quanto hoje.


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Milton Santos analisou intensamente o território adota a divisão tradicional das cinco regiões, brasileiro à luz da produção no espaço e como Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. essa produção transformou as relações socias e marcou os espaços, chegando a sugerir, até mesmo, nova regionalização do Brasil, em quatro grandes regiões, com base na intensidade do trânsito desigual da informação e das finanças pelo espaço delimitado - o que Milton Santos denominou de meio técnico-científicoinformacional, havendo, dessa forma, espécie de “quatro brasis”, a saber: região amazônica, região centro-oeste, região nordeste e região concentrada, esta última abarcando basicamente a região sudeste e sul da divisão tradicional. O meio acadêmico vale-se da divisão regional trazida por Milton Santos, ao passo que o Brasil

MILTON SANTOS E RUGOSIDADE

Nota máxima, 20 de 20 As ideias trazidas por Milton Santos por mim estudadas me ajudaram a tirar nota máxima na primeira questão de geografia de terceira fase. Eu fazia lista de termos criados por Milton Santos e devidamente a mim explicados pela minha amada professora carioca de geografia, a Lídia Bronstein. No Jornal deste mês, reproduzo uma questão de prova que muito me marcou quando prestei o CACD de 2006, ano de minha aprovação, bem como minha resposta a essa questão, que me garantiu nota máxima: inacreditáveis 20 de 20. É que a pergunta da Banca automaticamente me fez recordar de um termo de Milton Santos que eu havia estudado bastante - rugosidade: transformação do espaço geográfico por meio de atividades humanas, costumes, tecnologias, culturas, que pode ser percebida mesmo após muitos anos. Veja minha resposta baseada em meus estudos estratégicos de lista de palavras-chave e criatividade. Nota máxima, 20 de 20! Nem acreditei quando vi o resultado. Se eu consegui, você também conseguirá, afinal iniciei meus estudos em geografia para o CACD do absoluto ZERO!

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QUESTÃO 1 / GEOGRAFIA / TERCEIRA FASE / CACD 2006 A Região Nordeste do Brasil apresentou na última década algumas áreas de grande dinamismo econômico. Enumere e localize as atividades responsáveis por essa dinâmica e comente os fatores que explicam tal crescimento das economias locais.

Minha resposta, pontuada 20 de 20 pela Banca examinadora: Apesar de ser caracterizado como “regiãoproblema”, o Nordeste do Brasil apresentou, nos últimos anos, algumas áreas de dinamismo econômico, o que evidencia a potencialidade daquela região em se integrar à economia nacional e mundial. Tal dinamismo representa verdadeiro marco, na medida em que a herança colonial da região e as rugosidades ali presentes obstaculizaram seu crescimento e inserção. Nos primeiros séculos, a construção especial daquele território deu-se a partir do litoral, em latifúndios monocultores com produção voltada para fora, com estabelecimento da empresa açucareira, com fazendas desarticuladas entre si – o modelo arquipélago. Com o declínio do ciclo açucareiro, o Nordeste foi incapaz de renovarse ou migrar para outra fonte de renda tão

atraente quanto fora a economia açucareira. Esse cenário de declínio, asssociado às forças de poder local contra uma massa menos favorecida – o que, de certa forma, se vê até os dias de hoje – , impediram a transformação do status quo. Alegamse os mais variados motivos, entre eles o determinismo, que tenta justificar o atraso pela seca, por exemplo. Como se sabe, trata-se de uma forma da minoria – a elite do poder local – em legitimar-se frente ao envio de verbas federais, por exemplo (“Indústria da seca”). É nesse contexto que o dinamismo enconômico apresentado em algumas áreas do Nordeste marca um otimismo do país e, sobretudo, da população local, em relação a um futuro promissor da região Nordeste.

Fonte: http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2006/DIPLOMACIA2006/arquivos/GEOGRAFIA.pdf6

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A fruticultura represnta inserção cada vez mais sólida. O cultivo das frutas no Vale do São Francisco, com manejo apropriado do complexo solo-água, como a irrigação por gotejamento, permite ao produtor colheitas fartas, com frutas de qualidade – doces e apetitosas – , que fazem sucesso no mercado externo, além de abastecer o mercado interno. Ainda no setor de frutas, o Vale do Açu, no Rio Grande do Norte, vem se destacando na produção de uvas, vinícolas que se articulam também com o mercado externo. O extrativismo sustentável no meio-norte também é indutor do dinamismo econômico vivido por populações do Maranhão e Piauí. Com projetos governamentais voltados para promover a extração do babaçu (área mais úmida) e carnaúba (área mais seca) – espécies das quais se aproveitam quase tudo –, a população local adquire renda certa. O turismo é outra área que alavanca a economia nordestina. Desde os Lençóis Maranhenses às ilhas na Bahia, passando por praias ao longo de todo litoral, o Nordeste atrai cada vez mais o turista doméstico e estrangeiro – sobretudo após a ocorrência da onda tsunami, na ásia, há pouco mais de um ano. O oeste baiano vem se impondo como nova fronteira da moderna produção da soja. A região de Barreiras se destaca como principal produtora. A indústria de vestuário – como os bordados do Ceará – também conquistou o mercado não só no Brasil como no exterior. O pólo petroquímico de Camaçari, bem como a infraestutura de exploração petrolífera na região, evidencia a importância da

dinamização da economia nordestina. Vale ressaltar que as indústrias que se instalam no Nordeste justificam a necessidade de segurança energética, o que é garantida pelas hidrelétricas ali instaladas. Ainda no setor de ponta, não se pode deixar de mencionar a importância crescente de Campina Grande, na Paraíba, como tecnopólo e centro de pesquisa. Alguns fatores contribuíram para o dinamismo apresentado. Em primeiro lugar, os investimentos no corredor multimodal do Nordeste viabilizaram a articulução desses centros ao mercado. Obras em hidrovias – como na do São Francisco (drenagem, balisamento e sinalização adequados), duplicação de rodovias e renovação de ferrovias (como a que liga o binômio Juazeiro/Petrolina ao porto de Aratu na Bahia) foram essenciais. Ainda por vir está a Transnordestina, que poderá promover outras áreas dinâmicas e o Gasoduto da Integração Sudeste-Nordeste (Gasene). A Lei de Modernização dos portos também foi relevante. Itaqui (MA), Suape (PE) e Pecém (CE) são complexos portuários do Nordeste que escoam a produção não só das outras regiões do país, mas interligam, via cabotagem, a produção do Nordeste às demais regiões do país, impulsionando as dinamizações. Como se vê, um outro Nordeste surge juntamente com o século que se inicia. Para que essa dinamização não seja apenas um surto, é importante vontade política para romper com estruturas enraizadas, promover a sustentabilidade desse crescimento e, sobretudo, investir no capital humano da região.

Fonte: http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2006/DIPLOMACIA2006/arquivos/GEOGRAFIA.pdf

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Coletânea de frases de Milton Santos Que tal escolher uma e elaborar uma redação?

* A globalização mata a noção de solidariedade, devolve o homem à condição primitiva do cada um por si e, como se voltássemos a ser animais da selva, reduz as noções de moralidade pública e particular a um quase nada.

* A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une.

* Existem apenas duas classes sociais, as do que não comem e as dos que não dormem com medo da revolução dos que não comem.

* O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir.

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* A informação sobre o que acontece não vem da interação entre as pessoas, mas do que é veicu-lado pela mídia, uma interpretação interessada, senão interesseira, dos fatos.

* Jamais houve na história um período em que o medo fosse tão generalizado e alcançasse todas as áreas da nossa vida: medo do desemprego, medo da fome, medo da violência, medo do outro.

* O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde.

* Antigamente as grandes nações mandavam seus exércitos conquistar territórios e o nome disto era colonização. Hoje as grandes nações mandam suas multinacionais conquistar mercados e o nome disto é globalização.

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* A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos que apenas conseguem enxergar o que os separa e não o que os une.

* Consumismo e competitividade levam ao emagrecimento moral e intelectual da pessoa, à redução da personalidade e da visão do mundo, convidando, também, a esquecer a oposição fundamental entre a figura do consumidor e a figura do cidadão.


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HISTÓRIA EM ARTE “SEgundA cLAssE”

Autor: Tarsila do Amaral | Técnica: Pintura a óleo / tela 1933 - 110 x 151cm - Coleção particular, São Paulo, Brasil

Na década de 1930, a artista Tarsila do Amaral entra em sua fase social, na qual questiona as consequências sociais trazidas pela industrialização e demais formas de geração de riquezas, sem que, no entanto, traga benefícios para massa de contingentes, que continuam extremamente pobres, uma massa que sentia o efeito da globalização perversa, para usarmos termo de Milton Santos.

Descrição detalhada da obra: Acessar http://www.arteeartistas.com.br/segunda-classe-tarsila-do-amaral/

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PENSAMENTO DO

mÊs

O poder da geografia é dado pela sua capacidade de entender a realidade em que vivemos.

Milton Santos

Milton Santos

DICA DO

mÊs

Antonio Carlos Robert de Moraes (1954-2015), doutor em Geografia Humana pela USP, já presidiu a Banca examinadora de geografia de admissão ao Instituto Rio Branco.

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DICA DO

MUST READ!

Dica bônus:

pesquisem no YouTube palestras e aulas de Antonio Carlos Robert de Moraes, tendo a seu lado o caderno para anotar palavras e ideia chave, de que você fará uso na prova de terceira fase do ano do CACD da sua aprovação. Isso é que é estudo estratégico e em conta! O resto é conversa! Bons estudos!

mÊs

Não há melhor forma de iniciar seus estudos da geografia do que pelo histórico da formação da ciência geográfica, suas bases filosóficas, as escolas nacionais, como a escola alemã e o determinismo (Humboldt, Ritter, Ratzel); a escola francesa e o possibilismo de La Blache; o desdobramento das propostas lablachianas, as correntes quantitativa, ambiental, cultural, crítica, regional e os autores de cada uma dessas correntes etc. Basicamente todo o ponto 1 do conteúdo programático do edital. Feito isso, você estará pronto para encarar as demais cobrança do programa. Nesse sentido um autor que muito me ajudou sobretudo pelo seu extremo dididatismo - o que é fundamental para ceacedistas que precisam saber geografia mas não vem dessa área do saber - foi o mineiro, doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo Antonio Carlos Robert de Moraes, mais especificamente seu “Geografia: Pequena História Crítica” (foto), em que retrata a história do pensamento geográfico, descrevendo detalhadamente cada corrente geográfica do século XIX e XX. Infelizmente o Tonico, como Antonio Carlos Roberto de Moraes era conhecido entre os amigos, faleceu muito novo, aos 61 anos de idade, em julho de 2015, devido a complicações no fígado. Resumir esse livro é um excelente começo para mergulhar no mundo da geografia para o CACD! Fica a Dica do Mês!

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FILMES ESTRATÉGICOS

O mundo global visto do lado de cá

Sinopse: O documentário ¨O mundo global visto do lado de cᨠdo cineasta brasileiro Sílvio Tendler (2002), aborda as conseqüências deixadas pela globalização na visão do Geógrafo e intelectual baiano Milton Santos, destacando os períodos de exploração e descobertas e a globalização econômica, sobretudo a expansão do capitalismo para o mundo e as marcas deixadas por esse sistema. Fonte: https://geografiaifba20132.wordpress.com/ tag/resenha-do-documentario-o-mundo-globalvisto-do-lado-de-ca/

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Link para acessar o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM

FICHA TÉCNICA Gênero: Documentário Ano: 2002 Cineasta: Sílvio Tendler Duração: 1h29min

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ECONOMIA SEM MEDO!

NOTAS SOBRE INDICADORES MACROECONÔMICOS

Conceitos e prática: ensinamentos da prova do CACD Por Bruno Moura

Prezados leitores CACDistas, é um prazer imenso estar novamente aqui na edição de maio do jornal Dicas da Diplomata para compartilhar com vocês temas, peculiaridades, conceitos etc. acerca da prova de economia - área tão temida por muitos estudantes e que, muitas vezes por causa desse bloqueio mental criado pelo candidato, torna o próprio estudo dos tópicos de edital e a resolução das questões tarefas complexas e desgastantes. Ao elaborar esta coluna mensal, acima de tudo, tenho como foco abrir a mente de vocês, de modo a tornar o aprendizado desta ciência algo menos aterrorizante e mais palatável para todos. O conhecimento de conceitos de teoria econômica é fundamental para o exercício da função de diplomata e para nossa vida cotidiana também, a fim de não ficarmos alheios às questões econômicas nacionais e internacionais, assim como para tomarmos melhores decisões em nossa vida, nas mais variadas esferas que a compõem. Nesta edição vamos relembrar um pouco algo que abordei na edição de abril, onde destaco que, muitos candidatos, avançam diretamente para um estudo mais aprofundado de microeconomia e macroeconomia, cometendo o erro de relegar a segundo plano – e, por muitas vezes descartar de seu cronograma de estudos – temas e conceitos que permeiam ideias mais introdutórias que, por sua vez, fundamentarão o raciocínio para o desenvolvimento de modelos mais complexos. Um desses pontos “esquecidos” costuma ser algum aspecto da chamada contabilidade social, também conhecida entre os estudantes de economia como pré-macro. Aqui, duas temáticas em particular nos interessam bastante, quais sejam: contas nacionais e balanço de pagamentos. É a partir desses dois tópicos da contabilidade social que seremos apresentados a variáveis macroeconômicas fundamentais

como Produto Interno Bruto (PIB ou Y para se referir à Renda Agregada), Produto Interno Líquido (PIL), Poupança Bruta (S, de “Saving” em inglês), Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) entre outras, e suas conexões na montagem de outros indicadores. Vamos analisar na prática a utilização dessa temática dentro da 3ª fase da prova do CACD, por meio de uma questão da prova de noções de economia do CACD de 2009. A temática da questão se faz presente no edital mais recente – ano de 2017 – no conteúdo programático de economia, mais especificamente nos pontos 2.1 Contabilidade Nacional, 2.1.1 Os conceitos de renda e produto. 2.1.2 Determinação da renda, do produto e dos preços e 2.1.4 Contas Nacionais do Brasil. Transcrevo na íntegra o enunciado da questão, juntamente com a tabela numérica do item (a), além dos itens (b) e (c). Os outros itens abordam, adicionalmente, a questão do multiplicador keynesiano – sem se distanciar do foco das contas nacionais -, a respeito do qual trataremos aqui em breve. A questão diz o seguinte: QUESTÃO 2 (CACD 2009) Considere os seguintes componentes do Produto Interno Bruto, PIB (Y), de uma economia aberta: consumo final total das famílias e do Governo (C), investimento total (I), exportações (X) e importações (M) de bens e serviços. Estes últimos não incluem as rendas dos fatores de produção recebidas do exterior nem as enviadas ao resto do mundo. Considere também os seguintes componentes do saldo das transações correntes (TC) do balanço de pagamentos: saldo da balança comercial e da conta de serviços (BC), saldo de rendas (BR) e saldo das transferências unilaterais (TU). Responda aos itens abaixo e justifique as respostas correspondentes.

BRUNO TADEU LOPES SIQUEIRA DE MOURA foi professor de Crescimento Econômico e Economia Internacional na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); doutorando em Ciências Econômicas pela mesma instituição; e CACDista. Pode ser contatado pelo correio eletrônico: brunomoura.alv@gmail.com. 13


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ECON OM I A S E M M E DO (a) A Tabela abaixo apresenta as participações dos quatro referidos componentes do PIB, em porcentagem (%) do PIB, no Brasil, entre 1995 e 1999. Por exemplo, o consumo representou 83,5 % do PIB em 1995. A última coluna mostra o saldo da balança comercial e da conta de serviços (BC) em % do PIB. Calcule os valores representados na Tabela pelas letras x, y, z e w.

(b) Considerando as definições de PIB, de Produto Nacional Bruto (PNB) e de saldo detransações correntes (TC), demonstre que: PNB = C + I + TC - TU. (c) A Renda Disponível Bruta (RDB) corresponde ao PNB acrescido do saldo das transferências unilaterais. Defina a Poupança Bruta (S), em termos do Investimento (I) e de um ou mais componente(s) do balanço de pagamentos. Observe com atenção que, a referida questão não trata marginalmente, ou tangencia a contabilidade social, ao contrário, toda a fundamentação da resposta se baseia nas ideias dessa área da macroeconomia. Advém, dessa maneira, a importância de estar afiado no reconhecimento e na montagem das conexões entre essas variáveis. Inicialmente, antes de analisarmos item por item, é importante salientar que estaremos efetuando os cálculos sempre com a ideia de que a ótica adotada para o cálculo de Produto ou da Renda Agregada (Y) será a ótica do dispêndio para uma economia aberta, isto é, que realiza transações comerciais com outros países. Isso implica que Y = C + I + G + (X - M), onde C é o consumo agregado, I é o investimento agregado – a soma da FBCF com a variação dos estoques -, G representa os gastos do governo e (X - M) representa a balança comercial do país, onde X são as exportações e M as importações. Note ainda que, em uma economia fechada, sem comércio com o exterior, excluiríamos da equação anterior a balança comercial. Devemos lembrar que, grosso modo, existem três formas diferentes de mensurar a riqueza de uma nação. A primeira 14

trata do dispêndio que existe na economia; se consideramos o valor dos bens finais da economia, teremos o valor do Produto em termos de dispêndio. Essa abordagem é muito famosa na linha de pensamento keynesiana. As outras duas abordagens para a mensuração da riqueza são a abordagem da remuneração dos fatores de produção – ótica da renda na economia, e a abordagem da produção, ou seja, do valor que foi adicionado ao bem final em cada etapa do processo produtivo – ótica do produto ou do valor adicionado. É importante recordar que PIB se refere ao valor de todos os bens e serviços finais produzidos na economia durante um determinado período (normalmente 3 meses ou 1 ano). Note que os vocábulos destacados na definição acima, não estão aí por acaso. Ao estudarmos contabilidade social devemos sempre ter em mente que o PIB é mensurado em termos de “valor” como unidade comum, para que se possa somar laranjas, carros, cortes de cabelos etc. Atente também para o termo “final”, ou seja, bens intermediários e bens de capital, por exemplo, estão fora dessa contagem. E, por fim, o “período”. O PIB é uma variável de fluxo na economia, traduzindo, é passível de oscilações a cada instante. Por isso delimitamos um período específico para sua mensuração. Em resumo, a ideia central é que existe uma identidade contábil, independentemente da ótica utilizada para se calcular o “Nível de riqueza” de uma economia. A identidade produto dispêndio renda significa que, se quisermos avaliar o produto de uma economia num determinado período, podemos somar o valor de todos os bens finais produzidos – ótica do dispêndio – ou, alternativamente, somar os valores adicionados em cada unidade produtiva – ótica do produto – ou, ainda, somar as remunerações pagas a todos os fatores de produção – ótica da renda -. Feitas essas considerações, passemos ao item (a): Observe primeiramente que a tabela está montada, indiretamente, pela ótica do dispêndio. A diferença entre a equação original e as variáveis disponibilizadas na tabela, é que estas estão postas como percentual do Produto total (Y). Então, por exemplo, em 1997, o percentual do Produto agregado oriundo do consumo das famílias e do governo foi de 84,8%. O enunciado é claro ao representar (C), diferentemente do que é mais comum, como a soma do consumo das famílias e do governo; o que seria (C + G). Adicionalmente, nos são apresentados os pesos de X, M, I, o saldo da balança comercial e da conta de serviços (BC), saldo de rendas (BR) e saldo das transferências unilaterais (TU). Onde, BC, BR e TU são componentes de parte do balanço de pagamentos da economia. De um modo geral, podemos dizer que o balanço de pagamentos registra todas


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ECON OM I A S E M M E DO as transações entre residentes e não-residentes de um país num determinado período. Define-se como residentes de um país todas as pessoas, físicas ou jurídicas, que tenham esse país como seu principal centro de interesse. Por sua vez, TU, por exemplo, pode ser uma doação do governo brasileiro a um país vitimado por alguma calamidade. Nesse caso, não haverá um correspondente no balanço já que se trata de doação. Note também que um país pode ter um saldo negativo na balança comercial, importando em valores mais do que exportando. Some-se a isso os serviços e temos o saldo do BC. Caso contrário, precisaríamos somar e/ou subtrair os componentes da variável para obtermos o saldo. A questão nos ajuda a economizar tempo, nesse aspecto. Logo, como a tabela não traz informações sobre conta de serviços, admitimos que BC será composto apenas pelo saldo da balança comercial (X - M). Ponderando tudo pelo produto como apresentado na tabela, teremos: X/Y – M/Y = BC/Y. Concomitantemente, a relação Y = C + I + (X – M) pode ser reescrita como, C/Y + I/Y + BC/Y = 100%. A partir dessas relações já podemos achar as 4 letras solicitadas no item (a). y será I/Y para o ano de 1995. Reorganizando a equação acima temos: y = 100 – 83,5 – (- 1,5) = 18,0 Ou seja, no ano de 1995 o investimento total como percentual do PIB foi de 18%. Continuando, z = X/Y em 1996; logo, podemos usar a equação X/Y – M/Y = BC/Y, para obtermos que z = 8,4 – 1,8 = 6,6. Por sua vez, w = BC/Y para o ano de 1997. Logo, pela mesma relação utilizada para z, temos, w = 6,8 – 9,0 = - 2,2. Observe que, o saldo final de BC para 1997 pesou negativamente no cálculo do PIB. Por fim, x = C/Y para o ano de 1998. Logo, usando o mesmo raciocínio de y, temos que x = 100 – 17,0 – (-2,0) = 85,0. Vale salientar que o valor 100 pode ser utilizado nas equações, mesmo sendo uma percentagem, justamente por a tabela nos informar as outras variáveis em termos percentuais também. Assim, encerramos o item (a). No item (b), nos é solicitado que demonstremos a igualdade PNB = C + I + TC -TU. Antes de fazermos a demonstração vale a pena tecermos alguns comentários úteis. Primeiramente, devemos entender a diferença entre o conceito de Produto Interno Bruto (PIB) e o Produto Nacional Bruto (PNB). Esta última variável, como vemos na equação acima, será nossa variável dependente; diferentemente do que vínhamos usando até agora, isto é, PIB = Y. Quando calculamos o PIB, devemos, obrigatoriamente, levar

em consideração apenas toda a renda que é gerada em território brasileiro, seja por residentes ou não residentes. Em outras palavras, devemos considerar a renda gerada por empresas e indivíduos nacionais e estrangeiros, apenas aqui, em solo brasileiro. No caso da empresa estrangeira no Brasil, temos fatores de produção de propriedade de não residentes, como capital físico ou monetário. Nesse caso, parte da renda agregada gerada nessa economia – o Brasil, em nosso exemplo – ainda que tenha sida internamente gerada, não pode ser considerada do país, ou seja, não pode ser considerada nacional, uma vez que essa renda – ou parte dela – deverá retornar ao seu país de origem. Através desse ponto de vista, brasileiros ou empresas brasileiras que atuam no exterior seriam o outro lado da moeda que não foram considerados no PIB. À medida em que esses agentes enviam remessas para o Brasil, estamos gerando o PNB. Assim, podemos falar em Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) ou em Renda Líquida Recebida do Exterior (RLRE). De modo que, se queremos calcular o PNB, devemos deduzir do PIB a RLEE ou, se for o caso, adicionar ao PIB a RLRE. No final das contas, o que nos interessa é o saldo dessas transações. Logo, PNB = PIB + RLRE. Por sua vez, ao falarmos de investimento agregado (I) estamos considerando a soma duas variáveis: FBCF e a variação de estoques. Em geral, a FBCF é a parte do investimento planejada pelas empresas todos os anos, ao contrário do estoque que, normalmente, é “sobra não planejada”. Caso haja formação de estoque, o mesmo entrará com sinal positivo na soma. No fim, o que nos interessa é o saldo dessa variação. Isso implica, por exemplo, no fato de que, um carro produzido em 2017 e vendido na concessionária entrará no PIB de 2017, mas, mesmo sendo vendido no mesmo ano como usado, essa segunda transação não entrará no PIB de 2017 de modo a se evitar dupla contagem. Caso o carro permaneça no pátio da fábrica, entrará em 2018 no item variação de estoque. Através do investimento agregado, podemos gerar uma outra identidade contábil derivada de produto dispêndio renda, que é investimento poupança. Na verdade, essa segunda identidade é uma forma alternativa de representar a primeira identidade. E o que ela mostra? Mostra que, se a variação de estoques e a FBCF devem ser consideradas investimento, porque possibilitam, ensejam consumo futuro, elas também devem ser consideradas poupança, pois indicam que, dos esforços de produção num determinado período, nem tudo foi consumido naquele período, mas parte foi poupada para ser consumida no

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ECON OM I A S E M M E DO futuro. Como poupança significa necessariamente um crédito, o investimento, concretizado no aumento de estoques – quando há – e na FBCF, deve ser suficiente para “honrar” a poupança efetuada, e, portanto, configura um débito. Assim, doravante teremos também I≡S. Por fim, devemos considerar a depreciação dos bens, ou seja, o fato de que os bens se desgastam e perdem seu valor ao longo do tempo. Em economia, é justamente a depreciação que transformará uma variável bruta em líquida. Assim se temos o PIB ou o PNB e queremos calculálos em suas formas líquidas, devemos subtrair o percentual de depreciação considerada no período. Portanto, PIL = PIB – depreciação e PNL = PNB – depreciação. Colocados esses adendos, voltemos à demonstração da equação do item (b) questão. PNB = C + I + TC -TU. Inicialmente, devemos lembrar que o saldo do balanço de pagamentos em transações correntes (TC) é dado pelo somatório da balança comercial mais a balança de serviços – transportes, fretes, turismo, remessa de lucros etc. – mais as transferências unilaterais (TU). Ou seja, TC = (X - M) + BR +TU Dentro do contexto do enunciado, podemos usar (X - M) = BC para reorganizar a expressão BC = (TC - TU - RLRE), ou seja, o saldo de exportações líquidas de bens e serviços equivale ao saldo de transações correntes menos as transferências unilaterais correntes – sempre negativa por não ter contrapartida na situação onde o país é doador; positiva caso contrário - e a renda líquida recebida do exterior. A RLRE equivale ao saldo da subconta de rendas, da conta de serviços e rendas (BR) do balanço de pagamentos. Assim, para a questão, BR = RLRE Assim, podemos montar as seguintes relações: Y = C + I + (X - M) TC = BC - BR – TU (onde a balança comercial é dada só por BC, como já mostrado, e a conta de serviços e rendas, BR, na questão, aborda apenas RLRE). Logo, Y = C + I + TC -BR -TU. Em termos de PNB, temos que PNB = Y (PIB) + RLRE(BR), de modo que, PNB = C + I + TC – BR – TU + BR : PNB = C + I + TC – TU. Como queríamos demonstrar. Para finalizar, vamos responder o item (c) da questão. Nele, o próprio enunciado já define Renda Disponível Bruta (RDB) como sendo o PNB acrescido do saldo das transferências unilaterais. A partir disso, devemos definir a poupança bruta (S) em termos do Investimento (I) e de um ou mais componente(s) do balanço de pagamentos que, como já sabemos, só podem ser: TC, BC e BR, uma vez que TU já consta na definição de RDB. 16

RDB = PNB + TU Adicionalmente temos do item (b), Y = C + I + TC e que PNB = C + I + TC – TU. Colocando tudo em termos de Renda Disponível Bruta temos: RDB = C + I + TC – TU + TU = C + I + TC então RDB = C + I + TC Vimos anteriormente que a poupança bruta (S) pode ser interpretada como a diferença entre a renda disponível bruta e o consumo agregado de famílias e governo (C). Assim, temos: S = RDB – C ou, alternativamente, S = C + I + TC – C > S = I + TC. Agora temos a poupança em termos do investimento bruto e de um termo do balanço de pagamentos como pede o item (c). Aparentemente têm-se a impressão de estarmos diante de uma questão longa e cansativa para uma área de economia que mencionei ser apenas um “pré macro”; mas não é exatamente assim. Devemos tirar duas importantes lições dessa questão. A primeira, e já mencionada no início deste texto, é a importância de não subestimar ou mesmo, estudar apenas conceitos isolados e de forma rasa, tendo em vista modelos mais complexos de macroeconomia propriamente dita. A questão aqui trabalhada mostra que, apesar de se tratar de noções introdutórias, precisamos ter uma boa noção de como as variáveis estão relacionadas, e, como encontrar relações que não nos são apresentadas em uma primeira análise. A segunda lição é mais técnica, e diz respeito não ficar assustado com a extensão do que foi escrito para se responderem a apenas três itens da questão. Essa questão, por mais que não pareça, pode ser resolvida facilmente e muito bem explicada em apenas duas laudas, desde que o candidato conheça bem as variáveis, seus conceitos e suas correlações. Essa “falsa impressão” é proveniente do fato de eu ter procurado explicar cada item da montagem do processo com o máximo de detalhamento possível. Abordagem semelhante foi utilizada nos cálculos, com o objetivo precípuo de dirimir dúvidas nas transições entre as equações. Ademais, vale salientar a importância do sinal matemático com que algumas variáveis entrarão nas equações. Tais sinais podem mudar, dependendo da abordagem escolhida. Porém, por se tratar de temas contábeis – mesmo que a nível nacional – os saldos devem sempre ser iguais ao final. Desejo a todos os leitores do jornal do Dicas da Diplomata um excelente mês de maio, com estudos focados, e até a próxima edição, quando daremos continuidade a temáticas da prova de economia do CACD.


MAIO DE 2018

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cARTAS AO cEAcEdIsTA arti g o ex c l usivo aos leitor es d o d ica s da d iplomata

Por Claudia Assaf

Quando a língua árabe e a língua portuguesa se encontram

Para escrever o texto desta seção, inspirei-me no sonho que realizei na primeira semana deste mês de maio: Lancei meu curso online de alfabetização em língua árabe, especialmente voltado aos falantes de língua portuguesa.

Caros leitores, futuros diplomatas, Desde que fiquei fluente na língua árabe, ao estudar no instituto de línguas vinculado à Universidade de Damasco, na Síria, em 1993 e 1994, amigos e conhecidos me pediam para ensinar-lhes o árabe. Assim, ministrei por diversas vezes, desde meados da década de 1990, o árabe padrão, incluindo a alfabetização. Com o passar do tempo, a chegada dos filhos, o ingresso na carreira diplomática, o tempo passou a ficar escasso, mas o amor à língua árabe aumentou com o passar dos anos e com o uso que passei a fazer dele no meu ofício de diplomata. Tendo em conta o avanço da tecnologia da informação, pensei: por que não produzir um curso em árabe online, em que muito mais gente terá acesso a meu curso, sem ocupar meu tempo? Nascia a semente do meu sonho de desenvolver um curso online. Iniciei as gravações no final de 2016. O projeto demandou, inicialmente, criterioso processo de roteirização. Iniciaria pela alfabetização. Tinha as madrugadas, quando conseguia ficar acordada; as manhãs de 5h às 7h, enquanto as crianças ainda dormiam, e fins de semana. Problemas pessoais, como a deterioração da saúde de meu pai, levando a seu falecimento, mudança da Arábia Saudita, onde eu cumpria missão diplomática por três anos, para o Brasil, entre outros fatores, fizeram que a produção do curso se arrastasse por meses. Eu fiz tudo: roteiros, gravações e edições. Não foi fácil, mas foi extremamente prazeroso.

Finalmente, em maio corrente, tudo pronto, carreguei os vídeos para a plataforma e lá está, a todo vapor. Ficará no ar até agosto, quando, por questões contratuais, precisarei tirar do ar, mas retornará no ano seguinte, assim espero. Servindo no exterior, mais precisamente no mundo árabe, deparei com muitos brasileiros que queriam aprender a língua local, mas não conseguiam, precisamente porque nem inglês falavam. Por isso meu curso online eu decidi falar em português explicando para brasileiros. Espero que seja de proveito também a esse contingente. Curioso notar que, no mundo árabe, há também o contrário: milhares de brasileiros que lá cresceram e não sabem falar o português. Visitam nossas embaixadas brasileiras e perguntam se há curso de português, mas nem todas as nossas embaixadas contam com Centro de Estudos Brasileiros com cursos de português. Assim, já tenho ideias para novos projetos: desenvolver cursos de português para o público árabe nativo. O canal já existe, o “Portuguese Brazil for Arabs”, no YouTube, mas até hoje só publiquei um único vídeo. Por ora, minha dedicação é mesmo aos lusofalantes interessados em aprender o árabe. Se quiser descansar um pouco de seus estudos para o CACD, considere assistir ao meu curso de alfabetização em árabe: é lúdico, diferente, forçará seu cérebro a funcionar da direita para a esquerda, e, de bônus, poderá ajudá-lo bastante quando já for diplomata.

Está disponível em http://www.dicasdadiplomata.com.br/curso/arabe-alfabetizacao-turma-001 17


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