Jornal Dicas da Diplomata - Março 2017

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ANO I - NÚMERO 3

Dia Internacional da Mulher

8 de março HISTÓRIA DO BRASIL

Maria José de Castro Rebello Mendes ingressou no Itamaraty como a primeira mulher diplomata, em 1918. Quase cem anos depois, ainda somos significativa minoria no Minsitério. Futuras diplomatas: precisamos de você! Não é mimimi. O jornal de março do Dicas da Diplomata não poderia deixar de recordar que dia 8 deste mês comemora-se, no mundo, a figura da Mulher. Muito já foi dito, desnecessário repetir aqui, e o Dicas da Diplomata conta com seus seguidores para divulgar cada vez mais a necessidade de se respeitar esse ser, que, como os homens, é tão necessário para a natureza e o funcionamento do mundo. Não só divulgar, mas agir em prol desse respeito. Aproveitando o ensejo da data, recomendo a abordagem histórica da origem do machismo no Brasil, à luz da tese da historiadora Mary Del Priore, em seu livro “A mulher na história do Brasil”, no qual identifica as raízes do machismo brasileiro a partir do período colonial. Está disponível gratuitamente no link www.scribd. com/document/246524851/A-MulherNa-Historia-Do-Brasil-Mary-Del-Priore. Ao ler a obra, você observará tremendo ganho na argumentação de suas produções textuais, permitirá a consolidação daquilo que vem estudando em história, em especial no que se refere à construção da identidade brasileira, e, acima de tudo, aguçará a sua compreensão acerca desse ser chamado Mulher - que, até mesmo, nós, mulheres, não nos damos conta! Não se esqueçam que por muitos séculos a história foi contada por homens, portanto muitos elementos estiveram assim ignorados - tudo recuperado por Del Priore. Para conhecer mais a respeito da história da luta da mulher, que, até pouco tempo atrás, nem podia votar ou trabalhar fora, leia a série disponível no site Politize!, em: www.politize.com.br/trilhas/mulheres-edemocracia/

MARÇO DE 2017

Reinícios constantes vêm sendo a característica mais demandante desde que me tornei diplomata. Embora haja diplomatas que decidam ficar no Brasil por longa temporada, grande parte do quadro de funcionários do Serviço Exterior Brasiliero (SEB) muda de missão a cada três a cinco anos, a depender do rank e do cargo, se assistente de chancelaria, oficial de chancelaria ou diplomata. A decisão recai sobre o(a) servidor(a). Mesmo tendo sido opção minha, tomada em conjunto com a família, não é tarefa simples reiniciar. Novos horários, novas chefias, novas escolas, nova moradia, novos trajetos de vaivéns, nova rotina de crianças pequenas, novos temas no trabalho, e, no meu caso, com pessoas amadas muito doentes atualmente e de quem estou agora fisicamente mais próxima. Explicar como vem sendo cada uma dessas mudanças por que passo atualmente, daria um livreto cada uma! Pouparei meus queridos leitores. Digo apenas que, para enfrentar todas essas micromudanças simultâneas que ocorrem na vida do diplomata de tempo em tempo, é necessário manter a lucidez de tratar de cada uma delas de forma pragmática e serena, com muito diálogo com a família e com a nova chefia, sem perder de vista que servimos ao Estado brasileiro e devemos respeito à Administração Pública, que, tal como nossa vida pessoal, também precisa de nossa dedicação, além de sermos pagos para tanto, com recursos do erário - a que devoto meu respeito sagrado. Queria que meus leitores tomassem conhecimento desta minha fase, que será a sua em futuro proximo. Admito: não foi das mudanças mais difíceis, embora eu tenha vindo do outro lado do mundo, seja pela experiência acumulada com quatro mudanças desde que me tornei diplomata, seja pelo apoio que tenho de meu amado marido e nossa funcionária. A eles dedico o Jornal de Março, mesmo porque, sem ambos, eu não teria tido o tempo para escrever estas palavras a vocês. Fica a dica para os futuros diplomatas: conquistem o apoio de pessoas em quem confiam. O resto flui.

No âmbito internacional, não podemos deixar de recordar que a meta cinco de desenvolvimento sustentável é da promoção da igualdade de gênero. Adquira vocabulário em inglês e fique por dentro dessa meta lendo o link: https://sustainabledevelopment.un.org/sdg5

Para você, futura diplomata interessada em conhecer mais os temas que nos afetam, recordo que, em 2014, foi criado no Itamaraty o Comitê de Gestão de Gênero e Raça (CGGR), que já vem pautando importantes debates com a alta cúpula da Casa, em um canal de diálogo civilizado e necessário. Ainda no que respeita a nós, diplomatas mulheres, recomendo a leitura do livro de autoria de minha querida amiga diplomata, Viviane Balbino Rios, “Diplomata. Substantivo comum de dois gêneros”, que, embora com números defasados, dá uma excelente ideia da questão de gênero no Itamaraty. 01


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