ANO II - NÚMERO 3
MARÇO DE 2018 por claudia assaf
Este jornal não reflete opinião do Itamaraty.
EDIÇÃO DEDICADA À
ECO NOMIA
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Edital CACD-2018,
cadê você?
MARÇO DIA DA MULHER
Maria da CONceiÇÃO TaVareS
Essa é a pergunta campeã que me chega. É a dúvida do momento. Não sai da cabeça dos candidatos ao Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD). O ano de 2018 é eleitoral, e, por isso, os prazos legais para a tomada de posse dos aprovados ficam mais curtos, daí a preocupação dos candidatos. Meu conselho: não perca sua concentração e seu foco dos estudos elocubrando a respeito daquilo que está fora de seu alcance. Qual a diferença que fará a sua vida? Mantenha o foco! Apenas faça a sua parte, estudando, e deixe que os organizadores se ocupem dessa preocupação. É uma pena que essa preocupação ocupe espaço nas mentes de quem está se preparando, porque o custo de oportunidade de um candidato ao CACD desperdiçar espaço de sua mente com preocupações que nada acrescentam ao processo preparatório é extremamente alto. Custo de oportunidade??? Mas o que é isso? Se a expressão soou grego para seus ouvidos, pare tudo. Candidato
HISTÓRIA EM ARTE
ao CACD deve estar muito bem familizarizado com o conceito da Economia denominado CUSTO DE OPORTUNIDADE. A boa notícia é que essa expressão - assim como tantas outras de Economia - pode ser facilmente entendida, porque Economia nada mais é do que a língua utilizada pela academia para traduzir cenas de nosso cotidiano. Se Economia também é um bicho papão para você, assim como era para mim quando eu me preparava, seus temores acabaram. Esta edição do jornal mensal buscará espantar o bicho papão que vem obstaculizando seu aprendizado de economia! Até um artigo especialmente para o leitor deste jornal, escrito por um economista e
cartaS aO ceacediSta
também candidato ao CACD teremos na edição deste mês
a rt ig o e x c l us i vo aos l e i to res do di c as da di p l o mata
Por Bruno Tadeu Lopes Siqueira de Moura, economista e ceacedista.
Boa leitura a todos!
Claudia Assaf www.dicasdadiplomata.com.br
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8 DE MARÇO DIA DA MULHER
MULHER E ECONOMIA Uma justa homenagem
Maria da Conceição Tavares Neste mês de março é celebrado o dia da mulher. Muitas conquistas alcançadas, outras tantas por vir. O fato de sermos fisicamente mais fracas que os homens ensejou alguns deles a pensarem que, por este fator, serem mais capazes que nós, uma tremenda besteira. O pensamento machista, que se alicerça na força masculina, ignora a igualdade em termos de capacidade intelectual. Toda uma mentalidade foi forjada, seja no ocidente, seja no oriente, de que o lugar da mulher é apenas na paz do lar, cuidando de sua prole, enquanto o homem - intelectualmente superior - proveria o lar. A missão de viver para o lar - que, cabe notar, não é tarefa para qualquer um - deve ser vista como opção, como tantas outras opções, à escolha da mulher, não por imposição do imaginário coletivo machista.
muitos dos quais igualmente defensores da igualdade de gênero, melhor para extirparmos machismos ainda existentes na Casa de Rio Branco.
Nesta edição de março do jornal do Dicas da Diplomata, em que tratamos de Economia e celebramos o Dia da Mulher, inspirem-se na sumidade representada pela professora MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES, portuguesa naturalizada brasileira, economista, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professora associada da Universidade de Campinas (Unicamp). Seu texto “Auge e declínio do processo de substituição de importações no Brasil” foi leitura obrigatória durante meu processo preparatório. Seus ensinamentos estão relacionados aos itens 3 e 4 do edital do CACD de Economia. Eu li seu texto no livro “Cinquenta anos de pensamento na Cepal”, volume Hoje, teses falaciosas como essa infelizmente ainda 1, organizado por Ricardo Bielschowsky (achei uma vigoram na mente de muitos, mulheres incluídas. versão em pdf na internet, em http://repositorio.cepal. Você, futura diplomata mulher, saiba que mesmo org/bitstream/handle/11362/1614/S33098N962Av1_ nós, mulheres diplomatas, também enfrentamos pt.pdf?sequence=1&isAllowed=y). Também recomendo essa realidade no Itamaraty, como toda e qualquer que assistam a vídeos no You Tube com a professora instituição no Brasil e no mundo. Por meio do diálogo Maria da Conceição Tavares, que, em 2018, completará e de canais institucionais, como o Comitê de Gestão de 88 anos de idade, e ainda está na ativa. Gênero e Raça (CGGR), criado em 2014 - embora um pouco adormecido no momento - estamos caminhando Se você está iniciando seu processo preparatório no CACD para regulamentos mais inclusivos em matéria de e ainda não ouviu falar em Maria da Conceição Tavares, gênero, resultantes de debates constantes. Você, futura conhecê-la terá sido o maior legado que esse processo diplomata, é parte desse processo, afinal, quanto mais preparatório deixará a você, independentemente se candidatas motivadas a ingressarem na carreira, mais concorda ou não com as teses da professora. fortalecidas, em parceria com nossos colegas homens, Fica a dica!
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Economia e meu processo preparatório Menos traumático do que eu havia previsto
Quem leu meu livro Diário de Bordo sabe bem que, quando decidi encarar a jornada preparatória rumo à aprovação no CACD, uma de minhas maiores inseguranças iniciais foi como eu faria para superar Economia - disciplina que nunca antes havia estudado. Como a decisão por passar no CACD estava já sacramentada na minha mente, deixei essa insegurança pra lá. “Vou pensar neste obstáculo mais adiante” dizia para mim mesma. Mesmo assim, conto aqui um segredinho: confesso a vocês que eu sentia uma sensação interna esquisita, porque, embora decidida, estava plenamente consciente de que não sabia NADA de Economia (e das demais matérias). Para mim, Economia era, na verdade, um bicho papão. A diferença era que, nas demais disciplinas, ao ler sozinha, eu entendia, dava um certo ar de liberdade e independência. Economia, não. Eu lia e mais desesperada ficava. Estava bloqueada com aqueles nomes pomposos. Para minha surpresa, a situação resolveu-se muito antes do que eu imaginei, como sabem, ao encontrar uma pessoa maravilhosa que foi
colocada no meu caminho por acaso ou por forças ocultas do Universo. A principal aprendizagem que obtive estudando Economia para o CACD com esta pessoa, e que ficaria comigo para sempre, mesmo que eu nunca viesse a ser aprovada, foi o que ele me disse: o fato de Economia, na verdade, ser uma forma de dar nomes especializados para situações corriqueiras de nosso dia a dia. Fui convencida nesse sentido. Quando passei a perceber Economia assim, desbloqueei. Tudo ficou bem mais simples. Nessa descoberta estava o conceito de CUSTO DE OPORTUNIDADE, tema de que tratarei mais adiante nesta edição do jornal. Quem leu meu Diário de Bordo - Um voo com destino à carreira diplomática sabe bem: quando decidi encarar o CACD, Economia era uma novidade. Na obra, eu narro precisamente como superei o bicho papão chamado Economia. Mais informações a respeito do livro, acesse: www.claudiaassafdiariodebordo.com.br
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HISTÓRIA EM ARTE “CaFÉ”
Autor: Cândido Portinari | Técnica: Pintura a óleo / tela Onde ver: Acervo Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro,RJ | Ano: 1935
Composição nos tons terras, verdes, ocres, cinzas, branco, preto, amarelos e rosas. Textura lisa. Cena de cultura de café. No primeiro plano, à esquerda, colona sentada no chão, de perfil para a direita, descalça, usando vestido e pano na cabeça. Ao centro, dois carregadores de café, com sacas na cabeça, usando camiseta e calças, um de frente e outro de perfil para a esquerda, este último cortado na altura das pernas pela margem inferior do suporte. À direita, por trás de uma saca de café aberta, figura de homem 3/4 voltado para a esquerda usando chapéu, lenço no pescoço, camiseta e calça, segurando um balde na mão esquerda. No
segundo plano, da esquerda para a direita: nove sacas de café empilhadas, vários montículos de café e uma figura, quase de frente, inclinada para frente, parecendo arregaçar as calças. No terceiro plano, da esquerda para a direita: figura de capataz de perfil para a direita usando botas, com o braço direito esticado apontando para a frente, na direção de vários homens inclinados ensacando café; um coqueiro; vários montículos de café e homens trabalhando. No fundo, da esquerda para a direita: vários carregadores de café com sacas na cabeça; cafezal com figuras colhendo café; e homem subindo numa escada.
Fonte: Projeto Portinari, em http://www.portinari.org.br/#/acervo/obra/1191/detalhes
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Os temas sociais das obras de Portinari constituíam-se na essência de suas criações. Em “Café”, Portinari retrata as condições dos trabalhadores rurais, principalmente nas fazendas de café, uma de suas obras de maior destaque. Observe que, ao fundo, as mulheres estão na tarefa da colheita. As formas desproporcionais dos personagens são propositais.
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PENSAMENTO DO
mÊS
Relacione o pensamento do mês com custo de oportunidade!
DiPlOmacia EcONÔmica: O BraSil e a OCDE Em junho de 2015, o Brasil e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) assinaram um acordo de cooperação, que permitirá aprofundar e sistematizar o relacionamento bilateral. O acordo institucionaliza a participação brasileira em diversos foros da OCDE e estabelece mecanismos para a definição de linhas de trabalho futuras. Independentemente de sua opinião sobre o pleito brasileiro, fato é que o tema está em andamento e talvez fosse importante você conhecer aspectos do processo de acessão do Brasil. Maiores informações acesse http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politicaexterna/diplomacia-economica-comercial-e-financeira/15584-obrasil-e-a-ocde
DICA DO
mÊS
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A interdisciplinaridade perfeita
História e Economia
Uma das maiores experiências interdisciplinares que tive durante meu processo preparatório ao CACD foi estudar a formação econômica do Brasil pela obra homônima de Celso Furtado, foto desta matéria: consolidei História do Brasil e vi na prática conceitos que estava estudando em Economia, como a política do café e teorias sobre oferta e demanda. Quanto aprendizado! Até hoje tenho guardado meu fichamento dessa obra. Mais importante que fichar ou fazer mapas mentais, é saber recuperar a informação estudada. O primeiro passo é ENTENDER o ponto estudado. Depois de fichar e entender a matéria, gravava minha própria voz lendo o fichamento, e sempre ouvia, em especial naqueles momentos em que não podia estar estudando: fazendo compras no supermercado, pegando o transporte, aguardando no consultório médico etc. Xeque-mate: assunto internalizado! Entrava na veia!
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Recordo-me bem: quando decidi “atacar” o Formação Econômica do Brasil, prometi para mim mesma que leria linha por linha, e só partiria para o parágrafo seguinte depois de plenamente ter entendido o anterior. A vontade de passar no CACD era tão grande, que a disciplina nesses estudos era baseada em extremo foco. Diz o ditado: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. A obra me foi fundamental em especial para cobrir o item 4 do programa de Economia, sobre a história econômica do Brasil, incluindo a economia cafeeira. De bônus, ler o Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado, consolidou o conhecimento em História do Brasil, sobretudo no que respeita à República Velha, referente à primeira metade do século XX. Fica a dica!
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FILMES ESTRATÉGICOS
O Longo Amanhecer
Uma Cinebiografia de Celso Furtado
Sinopse:
Ler as duas resenhas abaixo http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,o-longoamanhecer-conta-historia-de-celso-furtado,151298 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-longoamanhecer-documentario-sobre-celso-furtado
Link para acessar o vídeo: www.youtube.com/watch?v=ir5ZiJZ_KdQ&t=1411s
FICHA TÉCNICA Gênero: Documentário Direção: José Mariani Duração: 73 min 07
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CUSTO DE OPORTUNIDADE ESCOLHAS, ESCOLHAS, ESCOLHAS
Por Claudia Assaf Aquele(a) que já conhece agora neste momento ao o conceito provavelmente decidir ler este meu artigo, irá parar a leitura desta está no seu sangue, na sua matéria aqui, ao saber intuição, apenas estou aqui que abordarei um ponto apresentando o nome do que já conhece bem. Por economês para isso, ok? quê? Porque o seu CUSTO Ainda está calmo(a)? Eu DE OPORTUNIDADE em entendo o que está sentinler este artigo de hoje, por do, é angustiante, eu me já conhecer o conceito, é sentia assim também. Fique MAIOR do que optar por calmo(a), eu prometo que é fazer alguma outra coifácil...Continuando... sa que lhe trará melhor benefício; portanto, pesVamos atribuir valores soas racionais, quando esimaginários às nossas tiverem tomando decisões, opções, estão prontos? optarão por fazer aquilo que lhe trarão MENOR custo de oportuni- Vamos supor que você deverá decidir entre dois eventos para seu dade, anotaram isso? Assim, agradeço aos que já conhecem o con- próximo sábado: ceito e os convido a seguir a leitura das demais matérias do jornal; no entando, você que ainda quer conhecer mais sobre CUSTO DE EVENTO A - visitar a vovó no sábado: suponha que hoje seja sexOPORTUNIDADE, convido a continuar a leitura deset texto, porque ta-feira, e, hoje, sua vovó, ainda cheia de saúde, convidou você para seu CUSTO DE OPORTUNIDADE em continuar lendo será MENOR do um café de fim de tarde neste sábado na casa dela. Ela mora longe, e que ir fazer outra coisa neste exato momento. o tempo total da visita, incluindo seus deslocamentos de ida e volta, será, digamos, de três horas e meia do seu sábado. A vovó preferia Mas se você, que ainda não conhece este conceito e deseja deses- realmente que você fosse à casa dela, porque outros parentes tamperadamente continuar a leitura deste texto, vir seu filho pequeno bém irão hoje lá na vovó. Você estaria disponível para ir visitá-la no neste exato momento aparecer e tropeçar na sua frente, agora domingo à tarde. Vamos supor que você atribua ao evento A (visitar, mesmo, neste exato momento em que está lendo esta frase, bater no sábado, a vovó) o valor hipotético de 50. a boquinha no chão, começar a sangrar muito pelo beicinho, tenho a certeza absoluta que você imediatamente interromperá a leitura EVENTO B - redigir, no sábado, com calma, sua redação, que deverá deste artigo, para ajudar o filhinho amado. Por quê? Porque o seu ser entregue no domingo de manhã à professora: você precisa finalCUSTO DE OPORTUNIDADE em continuar a leitura deste meu post izar hoje, sábado, a escrita de uma redação de português, de treinserá agora MAIOR do que optar por socorrer seu filhinho acidentado. amento para o CACD, a ser entregue, sem falta, amanhã, domingo, para a sua professora particular de redação com aula agendada para Afinal, o que é esse tal CUSTO DE OPORTUNIDADE? Anote aí: é o um domingo por mês, de manhã, mas, por causa das últimas semavalor daquilo que você desistiu de escolher para escolher outra coisa nas absolutamente atribuladas, não foi possível elaborar o texto, e em seu lugar (leia várias vezes esta frase por favor). você pensava em fazer a redação de 650 palavras hoje, sábado, com calma e tranquilidade, depois de boas horas de sono recuperando o Em outros termos, custo de oportunidade É O CUSTO DE UMA ES- cansaço acumulado, pesquisando o tema com tranquilidade antes se COLHA RENUNCIADA! preciso fosse, na paz da sua casa ou na biblioteca mais próxima. Vamos supor que você atribua a este evento B o valor hipotético de 90. Xiiiii….não entendi nada! Calma, estamos juntos, keep calm, respirando fundo…Vamos lá em 3, 2, 1...
Assim, vamos às perguntas:
Este conceito existe porque estamos a todo tempo tomando decisões, fazendo ESCOLHAS. CUSTO DE OPORTUNIDADE é o nome pomposo que a Economia dá para o ditado popular “nada é de graça”, ou da máxima “não existe almoço grátis”. Você usa este conhecimento diariamente, está usando 08
Quais os custos totais de você optar pelo EVENTO A: claro, temos a gasolina do seu carro, ou o preço da passagem da condução, a luz do banheiro que você precisará acender para se arrumar, etc. Esses custos do que GASTAMOS para fazer algo a gente sempre coloca na ponta do lápis. A novidade aqui é que a gente esquece de colocar também neste rol de custos o que a gente DEIXA DE GANHAR para optar por este
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ANO II - NÚMERO 3 evento A, ou seja, o que a gente deixa de ganhar ao RENUNCIAR ou DESISTIR de fazer outra coisa. Neste caso hipotético, a gente deixou de fazer a redação com calma, deixou portanto de ganhar 90. O que você deixa de ganhar é o seu CUSTO DE OPORTUNIDADE, percebeu. Assim, neste caso hipotético e didático, temos que:
pital fica em outra cidade, e você precisará viajar por duas horas indo e duas horas voltando, fora o tempo em que passará ao lado do leito da vovó, que está lúcida, despedindo-se daquele ser incrível que fez tantas vontades sua quando criança. Vamos supor que você atribua o valor hipotético de mil a este evento.
MEU CUSTO DE OPORTUNIDADE EM VISITAR MINHA VOVÓ NO SÁBADO É DE 90.
EVENTO B (idêntico ao evento B anterior). Vamos supor que você continua a atribuir a este evento B o valor hipotético de 90.
OU O CUSTO DE OPORTUNIDADE EM ESCOLHER O EVENTO “A” É 90. Isso porque, ao escolher ir à vovó, você não poderá executar o evento B, qual seja, fazer a redação de 650 palavras com a calma e a paz que queria fazer. Claro, poderá fazer de qualquer jeito, rapidinho, mas o evento B é fazer com calma, paz e tranquilidade. Temos que: custo de oportunidade em visitar a vovó no sábado É IGUAL AO valor de sua renúncia (produzir a redação); PORTANTO, o custo de oportunidade em escolher o evento A é de 90, que é o valor de fazer a redação, que você não mais fará no sábado como planejara. Vamos agora calcular seu custo de oportunidade em optar pelo Evento B: é aquilo que você DEIXA de ganhar. Ora, ao decidir ficar em casa para executar o planejamento B, a sua redação, você deixará de fazer A, de visitar a vovó no sábado, que lhe traria um benefício de 50, lembra? Então, seu CUSTO DE OPORTUNIDADE em ficar em casa fazendo sua redação com calma será de 50, ou seja: Custo de oportunidade em produzir sua redação no sábado É IGUAL AO valor de sua renúncia (visitar a vovó); PORTANTO, o custo de oportunidade em escolher o evento B é de 50, que é o valor dado por você a sua visita à vovó, que você não mais fará no sábado como planejara. Ora, se o custo de oportunidade em ir visitar a vovó é 90, e o custo de oportunidade em fazer a redação é 50, vou optar por fazer a redação, que me trará MENOR custo de oportunidade. Vamos agora mudar um pouco a descrição dos eventos, e veja o que você escolheria desta feita: EVENTO A: visitar a vovó, no hospital, lutando contra um câncer repentino que apareceu nos últimos cinco meses; médico acaba de dar menos de 24 horas de vida para a sua amada vovó. O hos-
Custo de oportunidade em produzir sua redação no sábado (evento B) É IGUAL AO valor de sua renúncia (visitar a vovó em fase terminal); PORTANTO, o custo de oportunidade em escolher o evento B, desta feita, é de mil, que é o valor dado por você a sua visita à vovó em fase terminal, já que você não mais fará essa visita no sábado como planejara. 90 é muito menor que mil Ora, o meu CUSTOS DE OPORTUNIDADE de fazer a redação é agora ALTÍSSIMO, é mil. Como pessoas racionais, ao tomarem decisão, escolherão sempre aquilo que lhe trouxer MENOR CUSTOS DE OPORTUNIDADE, neste caso o menor CUSTO DE OPORTUNIDADE é 90, que é a minha renúncia em não fazer a redação; definitivamente optarei em visitar a vovó em fase terminal no hospital. Agora, bastará reler o início desta matéria para entender melhor porque eu disse que quem já conhecia o conceito de CUSTOS DE OPORTUNIDADE optaria por interromper a leitura naquele ponto em que anunciei que trataria deste tema. Também poderá voltar ao editorial do jornal, no quadro amarelo da primeira página, e entender melhor por que seu custo de oportunidade em ficar pensando a respeito da data da prova é muito. Agora, se mesmo que você que conhecia muito bem o conceito de CUSTOS DE OPORTUNIDADE optou por ler até aqui, eu fico muito feliz por vaidade talvez. Isso porque infiro que meu texto sobre um tema que você já conhecia bem recebeu de você um valor elevado, a ponto de optar por ler algo que já conhecia em detrimento de outra coisa, isto é, deixar de ler este post teria um alto custo de oportunidade, então agradeço pela valorização que atribuiu a minha pessoa e ao que eu escrevo. E a você que conheceu agora comigo o conceito de CUSTOS DE OPORTUNIDADE, recomendo que leia com atenção os quatro princípios de tomada de decisão individual explicados pelo autor de “Introdução à Economia”, N. Gregory Mankiw, o livro que usei em meu processo preparatório: #1: Pessoas enfrentam tradeoffs; #2: o custo de alguma coisa é do que você desiste para obtê-la (olha o custo de oportunidade aqui!); #3: pessoas racionais pensam na margem; e #4: pessoas respondem a incentivos. 09
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cartaS aO ceacediSta arti g o ex c l usi vo aos leitor es d o d ica s da d iplomata
Por Bruno Tadeu Lopes Siqueira de Moura*
Teoria econômica, história econômica e métodos quantitativo O tripé do conhecimento econômico na carreira diplomática Caros leitores, futuros diplomatas, Venho dedicando boa parte da minha atividade intelectual nos últimos doze anos ao estudo detalhado da economia, ou ciências econômicas, como a economia é denominada em algumas universidades. Depois de todo esse tempo no meio acadêmico, creio que seja possível fazer algumas ilações acerca de tão nobre ciência. Inicialmente, ressalto a importância da economia para o espectro de conhecimento de qualquer indivíduo que busque se tornar um diplomata com uma base de conhecimento muito mais robusta acerca do funcionamento das atividades e do comportamento dos agrupamentos humanos ao longo da história. Não é exacerbado dizer que, um diplomata com um bom conhecimento do chamado “core”, da base canônica, da teoria economia moderna (leia-se microeconomia e macroeconomia) estará mais apto a identificar tanto potencialidades como possíveis efeitos colaterais danosos de políticas públicas e privadas, quer domésticas, quer envolvendo parceiros ou entidades internacionais: Organização Mundial do Comércio, Fundo Monetário Internacional, mesas de negociação com países representantes de blocos econômicos etc. Em geral, as pessoas não sabem, mas os modelos econômicos modernos fornecem uma série de instrumentos analíticos, quantitativos e teóricos que se mostram essenciais aos futuros diplomatas no que tange à tomada
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eficiente de decisões em esferas estratégicas para o país como por exemplo, políticas de concorrência dos produtos brasileiros no mercado internacional e vice-versa, consolidação de empresas brasileiras no exterior, utilização racional de recursos naturais (economia ambiental), efeitos para a economia brasileira e, em particular para as diversas classes sociais e de renda de oscilações em variáveis macroeconômicas em regiões estratégicas do globo como Ásia e EUA, apenas para citar dois exemplos. É importante salientar que, uma nação que forma diplomatas sem conhecimento de teoria e História econômica tende a ser subestimado ao atrair investimentos externos e ao defender os interesses econômicos do Brasil em qualquer parte do mundo. Tratando um pouco da prova do concurso de admissão à carreira diplomática (CACD), é interessante pontuar algumas “dicas” que não exaurem todas as instruções que julgo necessárias para que o candidato ou candidata consiga ter um bom desempenho nessa parte da prova do CACD em particular. Depois de avaliar os últimos editais, é notório que o estudo da macroeconomia demandará tempo mais extenso por parte do candidato em relação à parte de microeconomia. Por quê? Além de a teoria macroeconômica ser aparentemente mais familiar ao candidato - haja vista sempre ouvirmos falar em inflação, juros, desemprego etc. -, as relações entre essas variáveis demandam entendimento claro da
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interação entre tais variáveis. Aí está a palavra mágica! Interação. Muitos candidatos pecam nesse quesito. Sabem os conceitos e alguns modelos mais simples, mas não entendem como, de modo geral, as variáveis consideradas macroeconômicas interagem entre si, em especial quando tratamos de diferentes escolas de pensamento, tais como a neoclássica e a keynesiana, apenas para ficar nas mais conhecidas. Além disso, temos a parte fundamental de economia Internacional, que propositalmente não mencionei até agora porque nada mais é, em boa parte, do que uma aplicação dos modelos vistos em macroeconomia aplicados ao comércio internacional. Isso seria a parte mais analítica (gráfica e matemática) da economia internacional. Questões que tratam do modelo de vantagens comparativas elaborado por David Ricardo e modelos mais modernos de comércio como o de Heckcher-Ohlin já foram cobrados em provas passadas. Sem embargo, é importante notar, nos últimos anos, certa tendência da banca examinadora em dar atenção maior à parte mais macroeconômica e política da economia internacional; o que pode ser considerada como a segunda parte da matéria em qualquer livro didático que seja consultado acerca do tema. Dada a limitação do espaço escrito, apenas sublinharei dois pontos: o estudo imprescindível da microeconomia que trata, fundamentalmente, dos agentes econômicos – consumidor e firma; e uma terceira parte, em geral pouco estudada, mas muito cobrada em questões dos últimos
anos no CACD, sobre Teoria do Equilíbrio Geral e externalidades (ponto esse, a meu ver, de suma importância). No que se refere à teoria dos Jogos, assunto vasto e extremamente complexo, uma análise introdutória e que se estenda até o conceito de Equilíbrio de Nash já é mais que suficiente para as aspirações da prova. Particularmente, considero este último tema de relevância especial para diplomatas que, em suas carreiras, lidarão com áreas voltadas para a questão de negociações econômicas e, de um modo mais geral, para qualquer decisão que precise ser tomada em situação de incerteza, em que há diversos indivíduos ou países envolvidos e se faça necessária tomada de decisão mutuamente benéfica, que gere maiores ganhos ou, no pior dos cenários, minimize os custos. Indicações de livros e textos podem ficar para uma próxima oportunidade, assim como a parte de História Econômica (brasileira e mundial) que, apesar de constarem no edital na parte de História, estão diretamente ligadas a obras e interpretações de autores e teorias econômicas. Note-se por exemplo, o caso clássico do feudalismo, que apresenta (apenas para ficar nos textos e autores principais) mais de doze interpretações de importantes e diferentes autores para seu surgimento, crescimento das cidades e favorecimento da expansão absolutista. Cordiais saudações aos leitores e a todos que almejam essa carreira tão importante para qualquer país e fascinante para qualquer indivíduo sedento de experiências únicas e conhecimento ímpar.
*Mestre em Ciências Econômicas (com ênfase em Economia Internacional e política monetária) pela UFPB, doutorando em Economia pela UFPE, candidato ao CACD.
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