Red Nose Xtreme Sports Mag N.03

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E D I Ç Ã O # 3

MMA

ROY NELSON CARISMA DE PESO

N.

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SKATE

LINDOLFO OLIVEIRA

J U L / A G O

2 014

MOTOCROSS SNOWBOARD JIU-JÍTSU SUP RED NOSE GIRL

GARRETT MCNAMARA, ATLETA RED NOSE, TESTANDO OS LIMITES EM TEAHUPOO.

SOBREVOANDO TEAHUPOO






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índice

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DIRETOR MARCELO CUNHA LEITÃO Gerente de Marketing: Fabio Brauner Gerente Financeiro: Monica Evangelista Licensing: Marcelo Abujamra e Alexandre Valle Marketing: Vinicius Nastri Designers: Sergio Severo e Thiago Funari

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Publisher: Claudio Martins de Andrade Diretoria Executiva: Claudio Martins de Andrade, Kiko Carvalho e Marcelo Barros

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72 PÁG.28 ROY NELSON CARISMA DE PESO PÁG. 08 PÁG. 10 PÁG. 14 PÁG. 20 PÁG. 22 PÁG. 24 PÁG. 82

EDITORIAL FOTO DO MÊS BEST BUY LOOK BOOK INSTA RED BACKSTAGE MOMENTO XTREME

PÁG.34 SOBRE TEAHUPOO PÁG.42 MOTOCROSS NOVA ERA FEMININA PÁG.46 FAIXA PRETA MERCADORIA DO JIU-JÍTSU PÁG.52 LINDOLFO OLIVEIRA SKATE COM DNA DE RUA PÁG.58 RED GIRL LUMA WEINHARDT

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #3 CAPA: GARRETT MCNAMARA, TEAHUPOO, TAHITI. FOTO: BEN THOUARD

REDAÇÃO Diretor: Kiko Carvalho (kiko.fluir@waves.com.br) Diretor de arte: Alessandro De Toni (ale.fluir@waves.com.br) Editor de fotografia: Luciano Ferrero (luciano.fluir@waves.com.br) Estagiários: (arte) Alexandre Pohl e (texto) Vinicius Sá Moura Colaboraram nesta edição: (texto) Marcelo Barone, Vinicius Sá Moura (foto) Ben Thouard, Bruno Donato, David Nagamini, Inovafoto, Kato Iguchi, Manoel Campos, Marcelo Barone, Raphael Kumbrevicius, Scott Dickerson, Tim McKenna, Wood Ward (ilustração) Diego Van Erven (revisão) Janaína Mello (tratamento de imagem) Premedia CROP

PÁG.66 O PODER DA MENTE A PSICOLOGIA NAS LUTAS PÁG.72 SNOWBOARD EXPEDIÇÃO ALASCA PÁG.78 DICAS DE SUP

RED NOSE XTREME SPORTS MAG, # 3 é uma publicação bimestral do núcleo de revistas customizadas da Third Wave Editora de Revistas Ltda. Administração e Jurídico: Rua Guararapes, 1.108. Brooklin – São Paulo/SP. Cep. 04561-001. Tel.: (11) 5090.3220. E-mail: fluir@waves.com.br As matérias publicadas não refletem necessariamente a opinião desta revista e sim a de seus autores. IMPRESSÃO Log&Print Gráfica e Logística S.A.



editorial PÁG.08

O BMX CAIO RABISCO, ATLETA RED NOSE, MANDANDO UM “FLAIR” CHEIO DE ESTILO DURANTE SEUS TREINOS EM WOODWARD.

A TERCEIRA EDIÇÃO DA RED NOSE XTREME SPORTS MAG CHEGA TÃO

ALUCINANTE QUE VAI VIRAR SEU MUNDO DE CABEÇA PARA BAIXO! PARA COMEÇAR, separamos alguns

produtos Red Nose que vão turbinar seus treinos e também seu dia a dia – disponíveis nas melhores lojas do país. Em seguida abordamos o polêmico tema da venda de faixas pretas no jiu-jítsu, e grandes nomes do esporte dão suas opiniões sobre o assunto. Você sabe com um psicólogo esportivo pode ajudar um atleta? Entenda o papel imprescindível desse profissional, que é visto com cada vez mais frequência nos corners dos lutadores. Em entrevista exclusiva para a Xtreme Sports Mag, Roy Nelson, o “gordinho do UFC”, soltou o verbo, falou da carreira no MMA, da polêmica em torno do seu visual e da visão que tem do nosso país. E mais, para aqueles que acham que motocross é esporte de homem, a piloto Stefany Serrão mostra que não há mais espaço para o preconceito no esporte. Com 13 anos dedicados ao skate, Lindolfo Oliveira fala do seu início “às escondidas”, das mudanças no esporte e dá dicas para quem quer viver do “carrinho”. E, para finalizar, revirando ainda mais sua cabeça, confira o ensaio da bela Luma Weinhardt, a Red Nose Girl desta edição. Se liga, hein, tem muito conteúdo nas páginas a seguir e você não perde em dar um “check”. Até mais! EQUIPE RED NOSE




FOTO DO MÊS

O HAVA IAN O GA RR ET T MC NA MA RA “D EE P” EM UM DO S SA LÕ ES AZ UI S DE CL OU DB RE AK , FIJ I.




BEST BUY PÁG.14

FORÇA

MÁXIMA OS PRODUTOS RED NOSE VÃO DAR UM GÁS NA SUA ROTINA! UMA LINHA COMPLETA PARA TURBINAR OS SEUS TREINOS E O SEU DIA A DIA.

1. BCAA2000

O BCAA2000 REDNOSE TEM FORMULAÇÃO EXCLUSIVA PARA SUPLEMENTAR ATLETAS, PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA E PESSOAS QUE BUSCAM QUALIDADE DE VIDA E MAIS RESISTÊNCIA EM SEUS TREINOS DE LONGA DURAÇÃO, ALÉM DE ESTÍMULO DA SÍNTESE ANABÓLICA. O BCAA2000 REDNOSE É UMA COMBINAÇÃO DE 4:1:1 DE L-LEUCINA, L-ISOLEUCINA E L-VALINA (BCAA’S), QUE SÃO RESPONSÁVEIS PELA GERAÇÃO DE ENERGIA PARA O TECIDO MUSCULAR.

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O WPI ISOLATE REDNOSE É UM SUPLEMENTO ALIMENTAR COMPOSTO POR WHEY PROTEIN ISOLATED PROTEÍNA ISOLADA DO SORO DO LEITE (WPI). O WPI ISOLATE REDNOSE É ELABORADO COM PROTEÍNAS DE ALTO VALOR BIOLÓGICO, ATUANDO DIRETAMENTE NO AUMENTO DO VOLUME CORPORAL DE MANEIRA SAUDÁVEL.

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BEST BUY

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LOOK BOOK PÁG.20

1. BLUSA FEMININA REGATA NADADOR EM FLAMÊ, COM ESTAMPA

2. BLUSA FEMININA DE VISCOLYCRA FLAMÊ, COM ESTAMPA EM FOIL

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3. REGATA PRETA MASCULINA REGATA MACHÃO FLAMÊ COM ESTAMPA.

4. CAMISETA CAMISETA MEIA MALHA COM ESTAMPA.

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insta red PÁG.22

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1. @CEZARMUTANTE

6. @DANILOEDIEHL

2. @MCNAMARA_S

7. @RAFAEL__FEIJÃO

3. @THECAST

8. @LINDOLFO_OLIVEIRA

A coisa não está boa não!!!

Em breve em um cinema perto de você!

Gratidão ao skateboard!

4. @PREDASKATE Xabirola na ofichina!!!

5. @GLOVERTEIXEIRA Dia de Sorvete!

Chuveirão!

Último dia de treinamento físico e pronto para guerra!!

Rolou na Vila Olímpica uma apresentação com crianças de diferentes Bairros de Maringá. É muito da hora ver a quantidade de novos skatistas pelos bairros, a vontade que eles tem de aprender, muitos deles tiveram os primeiros contatos com o Skate, estar junto com eles e ver a alegria no rosto de cada um deles é muito gratificante! Ainda me fizeram pular alguns skates.



[ BACKSTAGE ] PÁG.24

DO BRASIL PARA O MUNDO

CONFIRA UMA AMOSTRA DO ENSAIO EXCLUSIVO DA RED NOSE EM SÃO PAULO, E TAMBÉM O ESTANDE DA MARCA NA UFC FAN EXPO REALIZADA EM LAS VEGAS, QUE CONTOU COM A PRESENÇA DO PESO MEIO-PESADO GLOVER TEIXEIRA.

ENSAIO EXCLUSIVO DA RED NOSE

UFC FAN EXPO LAS VEGAS

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1. ESTANDE COM OS PRODUTOS RED NOSE; 2. FABIO BRAUNER, GERENTE DE MARKETING DA MARCA; 3. GLOVER TEIXEIRA MARCANDO PRESENÇA NO ESTANDE DA RED NOSE; 4. O ATLETA MEIO-PESADO CONCEDENDO ENTREVISTA; 5. GLOVER ATENDENDO AOS FÃS.

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ROY NELSON C A R I S M A

DE PESO ESQUEÇA A CARA DE MAU, AS DEZENAS DE TATUAGENS E O CORPO ATLÉTICO. ORELHA ESTOURADA, CICATRIZES E MARRA INERENTE A UM PESO PESADO? NEM PENSAR. A PINTA DE LUTADOR DE MMA PASSA LONGE DE ROY NELSON OU, PARA QUEM NÃO O CONHECE PELO NOME, O “GORDINHO DO UFC”. A APARÊNCIA INCOMUM – MARCANTE POR SUA BARRIGA AVANTAJADA – O TORNA UM DOS ROSTOS MAIS CONHECIDOS DA ORGANIZAÇÃO. OS ATRIBUTOS FÍSICOS, NA REALIDADE, SÃO APENAS OS INGREDIENTES QUE FAZEM O NORTE-AMERICANO SER NOTADO PELO PÚBLICO LEIGO. ENTRETANTO, A MÃO PESADA, CAPAZ DE NOCAUTEAR QUALQUER ADVERSÁRIO, É O PONTO FORTE DE “BIG COUNTRY” DENTRO DO CAGE. Por Marcelo Barone

F

aixa-preta de jiu-jítsu, Roy Nelson tem 38 anos, embora não pareça um veterano. Está na estrada desde 2004, quando começou a lutar profissionalmente. Em sua estreia nas artes marciais mistas, finalizou Bo Cantrell e, desde então, não parou mais. Rodou por eventos menores dos Estados Unidos até chegar ao EliteXC, em 2008, quando foi nocauteado pela primeira e única vez, para o bielorrusso Andrei Arlovski. Meses depois, perdeu para Jeff Monson e amargou dois reveses consecutivos. No momento mais difícil de sua carreira, Roy Nelson não esmoreceu. Conseguiu uma vaga na décima temporada do “The Ultimate Fighter”, dando início ao seu casamento com o UFC. O gordinho deixou o folclórico Kimbo Slice para trás e, na final do reality show, em 5 de dezembro de 2009, mostrou o poder de suas mãos ao nocautear Brendan Schaub no primeiro round.

Ao fincar sua bandeira no octógono, Nelson jamais deixou a organização. O atleta mostrou que tinha bagagem e qualidade para se manter dentre os pesos pesados da companhia e, paulatinamente, foi se firmando. Oscilou em alguns momentos, como nas derrotas para Junior Cigano e Frank Mir. Jamais, porém, vendeu barato, tanto é que ambas foram decididas pelos jurados. Em meados de 2012, a boa fase voltou a jogar com Roy Nelson. Foram três nocautes avassaladores, sobre Dave Herman, Matt Mitrione e Cheick Kongo, que levaram o nome de “Big Country” mais perto de uma disputa de título. Stipe Miocic e Daniel Cormier trataram de dissolver a esperança do lutador, cuja última luta se deu na vitória (mais uma por nocaute!) contra Rodrigo Minotauro, em Abu Dhabi, no mês de abril. A Red Nose Xtreme Sports bateu um papo com o lutador do UFC, que relembrou seu início nas artes marciais, analisou a categoria dos pesados, falou do desafio de cativar fãs e muito mais. Confira nas páginas a seguir.


RED NOSE XTREME SPORTS MAG #29

© DIEGO VAN ERVEN / DIEGOVANERVEN.BLOGSPOT.COM.BR


AO LADO, DURANTE ENTREVISTA, APESAR DA CARA DE MARRENTO, O “GORDINHO” SE MOSTRA RECEPTIVO AOS REPÓRTERES.

COMO FOI SEU INÍCIO NAS ARTES MARCIAIS? Eu comecei assistindo a filmes com artes marciais, como Karate Kid. Mas foi com o American Ninja que eu tomei gosto pelo MMA. E A SUA INFÂNCIA NOS ESTADOS UNIDOS? Minha infância foi um desafio. Tinha pais separados e por isso menos oportunidades do que teria em uma típica família americana. Porém, foi ela (família) que me transformou numa pessoa ética e definiu o homem que sou hoje. VOCÊ RECEBEU APOIO QUANDO DECIDIU QUE SERIA LUTADOR? Acho que a família deu suporte para minha carreira no MMA tanto quanto eles tinham conhecimento sobre o esporte. EM QUE MOMENTO PERCEBEU QUE SERIA LUTADOR PROFISSIONAL? Percebi que queria ser um lutador profissional depois que me dei conta de que assim iria lidar com os melhores lutadores do mundo. SOFREU ALGUM TIPO DE PRECONCEITO POR NÃO ESTAR DENTRO DOS PADRÕES DE UM LUTADOR? Eu acredito que qualquer atleta, independentemente do esporte, tem seus altos e baixos. Assim como obstáculos, você tem que superá-los para mostrar que merece estar no topo. VOCÊ ENTROU NO UFC EM 2009, PELO “THE ULTIMATE FIGHTER”. QUE RECORDAÇÕES GUARDA DO REALITY SHOW? As memórias que eu tenho do começo são dividindo o quarto com o Kimbo Slice. Lembro-me também que, depois de a nossa luta ir ao ar, eu recebi várias ameaças de morte. VOCÊ É FAIXA-PRETA DO RENZO GRACIE. O QUE O JIU-JÍTSU REPRESENTA PARA VOCÊ? O jiu-jítsu foi o começo de tudo no meu caminho no mundo do MMA. Me consolidou como um profissional de nível mundial para viver de acordo com o nome Gracie. VOCÊ É UM DOS LUTADORES MAIS CARISMÁTICOS DO UFC. A QUE ATRIBUI ISSO? Obrigado. Para mim é uma maneira de me distinguir dos outros lutadores e ajudar meus patrocinadores a me separar do resto.

POR QUE VOCÊ FOI AO JAPÃO TREINAR SUMÔ? O QUE ACHOU DA EXPERIÊNCIA? Acredito que aprender uma arte marcial tão tradicional como o Sumô é uma boa base para você adquirir poder e equilíbrio, e depois aplicar isso no MMA. QUAL A SUA VISÃO SOBRE O BRASIL, TERRA DE LENDAS DO MMA? O Brasil é um país muito bonito e que está cheio de fãs apaixonados. Quanto aos lutadores, eles têm mostrado que o Brasil é o celeiro de alguns dos melhores do mundo. QUAL LUTA CONSIDERA A MAIS DURA DE SUA CARREIRA? Minha luta mais difícil na carreira foi transformar quem não era meu fã em fã. COMO ANALISA A CATEGORIA DOS PESOS PESADOS DO UFC? Hoje em dia vejo a categoria peso pesado do UFC da forma mais forte desde que ela começou. E tenho orgulho de dizer que sou um dos lutadores dessa divisão. QUAL A SUA ANÁLISE DA LUTA ENTRE CAIN VELASQUEZ E FABRÍCIO WERDUM, VÁLIDA PELO CINTURÃO? Acredito que será uma luta muito interessante, pois os dois são atletas bem dinâmicos. Um deles é um ótimo Wrestler e o outro, um cara ótimo no jiu-jítsu. Não aposto em um vencedor. Quem conseguir impor melhor sua tática é que sairá vitorioso. DEIXE UMA MENSAGEM PARA OS SEUS FÃS BRASILEIROS. Agradeço a todo o apoio dos fãs apaixonados do Brasil. Sigam sempre me acompanhando através do Twitter @RoyNelsonMMA, do Facebook RoyNelsonUFC e do site roynelson.com.



A POLÊMICA DO VISUAL A aparência de Roy Nelson, tanto pela barriga para lá de saliente quanto pela espessa e longa barba que costuma cultivar, já causou polêmica no Ultimate. O presidente da organização, Dana White, foi um dos críticos do visual do compatriota. “Ele me disse: ‘Quero mais patrocinadores’. Eu falei: ‘Você tem um cabelo até o meio das costas, uma barba de Papai Noel, e o pior é a barriga enorme. Qual empresa vai colocar sua marca nisso? Corte a barba, corte o cabelo. Leve sua carreira mais a sério. Perca um pouco de peso. Você é talentoso, tem mãos pesadas, é ótimo no jiu-jítsu, um queixo incrível. Leve sua carreira mais a sério’”, disse o mandatário, dois anos atrás, recebendo resposta do “alvo”. “Acho que eu roubei os holofotes de Dana. Ele gosta desta posição e isso está mudando. Mas não sei. Dana diz que me ama, que me odeia, fala tudo. Estou confuso. Agora só estou pensando em comer, porque isso está me colocando em depressão”, devolveu Nelson.

DE CIMA PRA BAIXO, O NORTE-AMERICANO USANDO SUA PESADA ESQUERDA CONTRA O COMPATRIOTA DANIEL CORMIER; DURANTE A PESAGEM, ROY EXIBE SEU CORPO VOLUPTUOSO - CONSIDERADO FORA DOS PADRÕES PARA O UFC; ENCARADA FINAL ANTES DO EMBATE CONTRA O BRASILEIRO RODRIGO “MINOTAURO” NOGUEIRA.

ROY NELSON



VISÃO AÉREA PRIVILEGIADA: A BANCADA DE TEAHUPOO COM A TORRE ONDE FICAM OS JUÍZES DO WCT, A ONDA QUEBRANDO E OS BARCOS E SURFISTAS AMONTOADOS NO CANAL.


RED NOSE XTREME SPORTS MAG #35



DO ALTO PODEMOS VER A BANCADA E A ONDA “DOBRANDO” EM DIREÇÃO AO CANAL, ONDE CONCENTRA TODA SUA ENERGIA NA SEÇÃO TUBULAR. NA OUTRA PÁG., TAUMATA PUHETINI SOME POR UM BOM TEMPO ANTES DE APARECER EM ÊXTASE NO CANAL.

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #37



JÁ IMAGINOU CHEGAR EM TEAHUPOO E SE DEPARAR COM ESSE LINE-UP? SWELL DE SUL/ SUDOESTE, ONDAS DE 6 A 8 PÉS, LISAS. É COMO ENCONTRAR UMA DAS RARAS E VALIOSAS PÉROLAS NEGRAS TAITIANAS.

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O “XERIFE” RAIMANA VAN BASTOLAER SAINDO DO TUBO DEPOIS DA BAFORADA, NUMA ONDA TÃO PERFEITA QUE PARECE PINTURA. RED NOSE XTREME SPORTS MAG #41


COM APENAS 18 ANOS, STEFANY JÁ MOSTRA PERSONALIDADE DE VETERANA QUANDO O ASSUNTO É MOTOCROSS.


MOTOCROSS A NOVA ERA FEMININA

HÁ QUEM DIGA QUE O MOTOCROSS É UM ESPORTE APENAS PARA HOMENS, QUE É BRUTAL E QUE NECESSITA DE UM PREPARO FÍSICO QUE UMA MULHER JAMAIS TERIA. MAS ESSAS PESSOAS ESTÃO MUITO ENGANADAS, NA ATUALIDADE AS MULHERES TÊM GANHADO DESTAQUE NESSA MODALIDADE, E ESTÃO MOSTRANDO QUE NÃO HÁ MAIS ESPAÇO PARA O PRECONCEITO.

A

© IDÁRIO CAFÉ

s mulheres estão cada vez mais presentes nos esportes de ação, dando uma cara nova (e ainda mais bonita) às competições. Nos últimos anos a participação feminina no motocross, tanto nacional quanto internacional, vem aumentando consideravelmente. Em um cenário predominantemente masculino, elas estão chegando para quebrar barreiras e mostrar para todos que podem sim competir de igual para igual com os homens. E para mostrar essa realidade e contar como as mulheres vêm ganhando destaque no cenário esportivo, conversamos com a piloto Stefany Serrão. Paulista de 18 anos, Stefany já pratica motocross desde pequena, já que começou com apenas seis anos por intermédio de sua família, que sempre teve negócios no meio do motociclismo. Seu avô foi um dos pioneiros em motovelocidade e seu pai competia, por diversão, na modalidade enduro. Seu gosto pelo esporte começou quando assistia uma corrida de minimotos e daí em diante pediu incansavelmente uma moto para seus pais, até ganhar uma Yamaha PW50 (Minimoto infantil de 50cc). A piloto, que compete há 12 anos, possui em seu currículo títulos de campeã no Arena Cross, Campeonato Paulista de Motocross, Paulista de Enduro de Velocidade, vice-campeã brasileira de Minicross, entre outros já conquistados. Atualmente Stefany faz parte da equipe IMS / Vulcano / Ipiranga / Levorin / Honda, onde já está há quatro anos, e vem brigando para ser uma das melhores no Campeonato Brasileiro de Motocross e Copa Minas Gerais, nas categorias MX3 e MXF, a bordo de uma Honda CRF 250.

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #43


MOTOCROSS PRECONCEITO Em qualquer tipo de esporte de ação, é comum haver preconceito quanto ao gênero, e no motocross não poderia ser diferente. Um esporte a motor, de risco e com predominância masculina, aparentemente não poderia ser praticado pelo “sexo frágil”. Em pleno século 21 o esporte praticado por mulheres ainda é tabu, mas as coisas estão mudando, pelo menos no motocross. Aos poucos as mulheres estão tomando conta dos gates de largada, dos pódios e ditando novas regras, formando uma nova era feminina dentro desse esporte tão robusto. Stefany garante que nos dias de hoje já não sofre nenhum tipo de preconceito ou descriminação por praticar um esporte com dominação masculina, mas que já sofreu com isso no início de sua carreira. “Hoje em dia não vejo nenhum preconceito, talvez por eu estar a bastante tempo competindo no meio dos homens, mas antigamente tinha bastante, principalmente dos pais de outros pilotos”, conclui a atleta. MODALIDADES Como em todo esporte, já existe uma modalidade exclusivamente feminina, a categoria MXF, como é chamada. Ela envolve apenas mulheres de 14 a 55 anos e com motos de 150 até 250 cilindradas. Mas, no motocross brasileiro, as mulheres tem chance de correr junto aos homens, na categoria MX3, em que competem homens de 35 a 55 anos e mulheres de 14 a 55 anos, com motos de 125 até 450 cilindradas. # PÁG. 44

Stefany não se intimida com esta categoria. Para ela, competir com homens é melhor, pois sempre esteve no meio deles, competindo e treinando, além de estimular a disputa. “Eu me divirto mais correndo com os homens, já estou acostumada, são muitos anos na batalha com eles. O desafio para mim é maior, claro que correr com mulheres é mais justo comigo, mas eu sou viciada em adrenalina, gosto de grandes desafios”, conclui. E está enganado quem pensa que os homens dão moleza para as mulheres, eles correm de igual para igual. “Há um respeito muito grande, até pelo fato de serem experientes, mas não tem moleza por eu ser mulher, são adversários de qualquer jeito e a pressão é sempre a mesma”, afirma a piloto. PREPARAÇÃO FÍSICA DIFERENCIADA O motocross é considerado um dos esportes que mais exigem da capacidade física para o desenvolvimento da modalidade, logo a preparação física e mental é de extrema importância nesse esporte, principalmente para as mulheres. O fato de competir com os homens aumenta ainda mais a necessidade da preparação. Os fundamentos básicos para o treinamento são os mesmos tanto para homens, quanto para mulheres, mas o que muda é a proporção inserida. Stefany compensa essa carência nos membros inferiores, sua preparação física é voltada para as pernas para compensar a força que os homens aguentam nos braços, além de muita capacidade aeróbica e trabalhar bastante para ter uma musculatura forte para aguentar impactos fortes.


© MAURICIO ARRUDA; © IDÁRIO CAFÉ

MOTOCROSS FEMININO NO EXTERIOR No exterior já existem campeonatos próprios para mulheres, como é o caso do WMA (Women’s Motocross Association), que acontece nos EUA, com três etapas, e o Mundial de Motocross Feminino, com seis etapas em vários países (esse ano os países escolhidos foram o Catar, Itália, Holanda, França, Alemanha e República Tcheca). A participação das mulheres no exterior é bem maior que a do Brasil, porém ainda não se equivale com a participação masculina. O incentivo financeiro e a relevância ao motocross feminino no exterior também é maior, comparado com o Brasil, já que existem corridas exclusivamente femininas quase todos os finais de semana, nas mesmas pistas que correm os homens. Mas, apesar de todo o esforço das meninas, ainda falta muito para o motocross ser um esporte feminino. No Brasil, nem todos os campeonatos tem a categoria exclusivamente para mulheres. Muitas mulheres andam de moto e tem gosto por isso, mas poucas competem. Assim como em vários esportes, falta um incentivo a mais para apoiar as atletas. “Motocross é um esporte de risco, é difícil, são anos em cima de uma moto para poder competir em alto nível, se os organizadores não apoiarem e não fizerem corridas em todos os estados, fica complicado. Falta também estímulo ao esporte em si, das fábricas e dos patrocinadores, não apenas com as mulheres, mas também com as crianças. Há muito a ser feito ainda”, conclui Stefany. Fica então nossa torcida para esse incentivo a mais, porque ver corrida de moto é irado, com uma beleza a mais então, é sensacional!

NA PÁG. AO LADO, VOANDO ALTO DURANTE UM DE SEUS TREINOS. ABAIXO, A PAULISTA QUE JÁ COMPETE HÁ 12 ANOS, ACELERA FORTE NAS CURVAS. “SEXO FRÁGIL”, QUE NADA!

PERFIL

NOME: Stefany Serrão APELIDO: Tefany/Tefa IDADE: 15 de setembro de 1995 DE ONDE É: São Paulo (SP) MOTOCICLETA: Honda CRF 250 EQUIPE: IMS / Vulcano / Ipiranga / Levorin / Honda O QUE GOSTA DE FAZER ALÉM DO MOTOCROSS: Sair com as amigas e ouvir música. ÍDOLOS: Os pilotos Rafael Ramos e Paulo Alberto e a saltadora Yelena Isinbayeva

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #45



SÍMBOLO DE PRESTÍGIO, RESPEITO E DEDICAÇÃO, AS FAIXAS VIVEM DIAS DE CRISE NO JIU-JÍTSU. A PRETA, EM ESPECIAL, VEM SENDO TRATADA COMO MERCADORIA NO ESPORTE. O ASSUNTO É UM DOS MAIS POLÊMICOS DA ATUALIDADE, POIS CURSOS ONLINE E GRADUAÇÕES DE LUTADORES DE MMA, QUE NEM SEQUER VESTIRAM O QUIMONO UMA ÚNICA VEZ, SÃO ALVOS DE CRÍTICAS DOS EXPOENTES DA ARTE SUAVE. A VELHA GUARDA E ATLETAS QUE BEBERAM DA ESSÊNCIA DO JIU-JÍTSU NÃO SE CONFORMAM COM OS RUMOS QUE A GRADUAÇÃO ESTÁ TOMANDO. A BANALIZAÇÃO DA FAIXA É UM ASSUNTO QUE MEXE COM TODOS OS PRATICANTES DA MODALIDADE. CONFIRA NAS PÁGINAS A SEGUIR O QUE GRANDES ATLETAS DIZEM SOBRE O TEMA.

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #47


FOTOS: © MARCELO BARONE

ROBSON GRACIE

ATUAL PATRIARCA DA FAMÍLIA: “Que jiu-jítsu é esse que estão propagando? Isso não é jiu-jítsu coisa nenhuma, o grande culpado é o mestre que dá a faixa. O aluno não tem culpa, pois acha que aquilo é normal. Em uma situação normal, o cara tem que ter no mínimo seis ou sete anos de prática para chegar à faixa preta. Me pergunto como alguém pode pegar a faixa marrom em dois anos? Isso não existe, é falta de pudor, falta de moral. Há ainda os que graduam atletas do UFC apenas para se promoverem. Isso é falta de hombridade, honestidade, respeito. Se você me der um diploma de médico, eu não vou aceitar, porque eu não sou médico.”

GABI GARCIA

MAIOR CAMPEÃ DA HISTÓRIA DO JIU-JÍTSU FEMININO: “Eu vivi a expectativa de pegar a faixa preta por muitos anos. Fiquei bastante tempo na marrom e sempre me perguntava por que eu não chegava logo à preta. Não entendia o porquê de o Fábio Gurgel não me graduar. Mas, quando a faixa chegou à minha cintura, pude enfim sentir a sensação de dever cumprido. As pessoas têm que entender que para ser um faixa preta não é preciso somente ter a técnica perfeita. Para chegar neste grau é preciso ter o espírito, além de ter uma boa conduta e um comportamento exemplar. É muito mais do que treinar duro e ter status. Hoje eu percebo que, se tivesse recebido a minha faixa sem realmente merecer, jamais me sentiria uma faixa preta legítima.”


RÔMULO BARRAL

XANDE RIBEIRO

HEXACAMPEÃO MUNDIAL: “Acho isso uma pouca vergonha, uma grande palhaçada. Não é só de casca-grossa que vive a faixa preta. Tem que respeitar seu mestre e seus companheiros. Muita gente recebe a faixa preta porque abre filial de academia, e isso é inadmissível. Outra coisa que me deixa com raiva é ver lutador de MMA recebendo a faixa preta. MMA não é jiu-jítsu. Tem que saber usar o quimono, tem que ter comprometimento com o esporte e com o seu mestre. Mande-o mostrar uma guarda aranha, uma raspagem. Quem faz isso é um pela-saco que só está pensando em fama e dinheiro. Treinei e me esforcei muito para conseguir a faixa preta. Fui leal aos professores e aos companheiros de treino. Jiu-jítsu é uma coisa, MMA é outra. Respeitem a arte.”

CAMPEÃO DO ADCC 2013: “Eu vim da escola do Vinícius Draculino e aprendi com ele que, na hora de graduar, cada praticante tem uma necessidade diferente do outro. Existe uma diferença na hora de graduar um advogado ou um médico, que vão à academia três vezes por semana, mas se dedicam a aprender, com um cara que é atleta e que pensa em competir e levar o jiu-jítsu adiante, então, são pessoas diferentes, com métodos de graduações diferentes. Mas vale ressaltar que todos – independente de ser o praticante do dia a dia ou o atleta –, todos eles devem ser graduados por mérito: fazendo aula, aprendendo, treinando e evoluindo.”

NINO SCHEMBRI

BICAMPEÃO MUNDIAL: “O jiu-jítsu está perdendo a essência. É preciso existir a prática, o contato. Outro dia, vi o Royce criticando seus sobrinhos por estarem graduando via internet. Eles estão saindo da linha da arte marcial. Aqui, nos Estados Unidos, o pessoal também está fazendo bastante dinheiro com aulas pela internet e daqui a pouco, mesmo não concordando, vou passar a fazer. Se está certo ou errado, eu não sei, mas vou acabar fazendo também (risos).”

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #49


© MARCELO BARONE; © INOVAFOTO UFC; © EDUARDO FERREIRA

KRON GRACIE

SERGINHO MORAES

CAMPEÃO MUNDIAL E LUTADOR DO UFC: “Tem que existir algum controle da Confederação. Tem muita gente que amarra a faixa em si mesmo, outros que ganham ou até compram a faixa, então, tem que existir algum critério. Está mais do que na hora de organizar esse sistema e eu não digo só no jiu-jítsu, mas em todas as modalidades de luta. Eu sofri para pegar a minha faixa preta. Levei dez anos e vejo que hoje tem pessoas conquistando tal feito em apenas dez meses.”

CAMPEÃO DO ADCC 2013: “É uma vergonha a forma como o jiu-jítsu está sendo vendido. Atualmente, Rener e Ryron Gracie dão aulas online e, agora, qualquer um pode ter a faixa de um Gracie apenas vendo videoaulas pela internet. Fico triste de saber que isso está acontecendo e, infelizmente, eu não posso fazer nada. Não sou dono do mundo e, infelizmente, só posso controlar o que faço. O jiu-jítsu é uma arte marcial e, como qualquer outra, é preciso botar seu sangue na academia, conviver com seu professor e merecer a faixa. É algo que se ganha com tempo, experiência e não com dinheiro e amizade.”


ROYLER GRACIE

TETRACAMPEÃO MUNDIAL: “Sou totalmente contra esse tipo de conduta que, com certeza, não é e nunca foi o método ou o sistema do grande mestre Helio Gracie. Acho também que todos que têm esse tipo de graduação não deveriam ser reconhecidos e, na minha academia, eles não são. Isso já é um começo, além disso, deve haver um consenso por parte dos mestres.”

JOSÉ ALDO

FAIXA PRETA DE JIU-JÍTSU E CAMPEÃO DO PESO-PENA DO UFC: “Dar faixa preta para político ou para uma grande estrela para ajudar a divulgar o esporte é uma atitude simbólica. Agora, dar faixa para atletas que nunca treinaram de quimono, e que amanhã vão dar aulas com a faixa preta na cintura de uma forma totalmente errada, é impensável e não pode existir. Atualmente, o jiu-jítsu está muito diferente do que eu aprendi. Leio que tem gente que ganha faixa fazendo curso na internet. Pelo amor de Deus, um cara desses é finalizado por um faixa azul. Isso não é mérito nenhum, é preciso treino, e isso eles não têm, o que têm é apenas um curso.”

RODOLFO VIEIRA

TETRACAMPEÃO MUNDIAL DE JIU-JÍTSU: “Não é só a faixa preta que está banalizada: a azul, a roxa, a marrom e todas as outras acabam sendo também. Há uns caras que você olha e pensa: ‘Meu Deus, como conseguiu sair da branca’. Algumas pessoas parecem não estar preocupadas com o nível dos alunos e saem distribuindo faixas. Isso é uma vergonha. Não adianta ser bom no tatame e mal-educado fora dele. Jiu-jítsu não é só uma questão técnica. Sua prática envolve comportamento também. A técnica é fácil, é só treinar direto e pronto, mas existem muitas outras coisas além disso para se tornar um faixa preta de verdade.”

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #51


EM 2002, COM APENAS 12 ANOS DE IDADE, LINDOLFO OLIVEIRA E SUA FAMÍLIA ENFRENTARAM MAIS DE 400 QUILÔMETROS, SAINDO DO MATO GROSSO ATÉ A CIDADE DE MARINGÁ, NO PARANÁ. NAQUELA ÉPOCA, O GAROTO NÃO TINHA IDEIA QUE AQUELA LONGA JORNADA MUDARIA NÃO SÓ SEU CEP, MAS TODA A SUA VIDA.

© KATO HIGUCHI

Por Vinicius Sá Moura

LINDOLFO VARANDO DE OLLIE OS OBSTÁCULOS URBANOS.



N A E N T R E V I S TA A S E G U I R , O S K AT I S TA M AT O - G R O S S E N S E D E 26 A N O S FA L A S O B R E S E U P R I M E I RO

C O N T A T O C O M O “ C A R R I N H O ”, O I N Í C I O “À S E S C O N D I D A S ” D A C A R R E I R A , A E V O L U Ç Ã O N O E S P O R T E E O S O B S TÁ C U L O S Q U E E N C O N T R O U ( E V A R O U ) , PA R A H O J E C O N S E G U I R V I V E R D O S K AT E .

Como exatamente o skate entrou na sua vida? Conheci o skate mais ou menos em 2002, quando tinha acabado de me mudar do Mato Grosso para Maringá, na casa da minha tia. Meu primo já andava havia algum tempo e, até então, só olhava o que ele fazia, mas não sabia andar. Comecei a observar ele andando e tenho que confessar que no início não tive muito interesse. Meu primeiro contato mesmo foi quando peguei o skate dele escondido e comecei a tentar andar dentro de casa e na cal# PÁG. 54

çada. Levei alguns tombos, coisa normal! (Risos.) Naquela época, eu e minha mãe não tínhamos dinheiro para comprar um skate, então toda vez que ele saía eu pegava o dele escondido (senão dava briga). Lembro que no bairro onde morávamos, tinha uma quadra onde os moleques se reuniam para andar e foi lá que perdi o medo. A partir daí fui me interessando cada vez mais pelo esporte, até que certo dia eu conheci o Carlos Barbato, vulgo Eré. Foi ele quem me mostrou alguns vídeos, me


deu algumas peças e me mostrou alguns nomes da época, como Rafael Gomes, Erison Trakinas e William Truta. Depois disso fui me apaixonando pelo skate gradativamente, aprendendo novas manobras e buscando ver e aprender de perto com aqueles caras que antes eu só via em vídeo. Qual foi a primeira e a última manobra que você aprendeu? A primeira foi Ollie, naturalmente, e a última foi Shove it Heelflip Frontside Crooked.

© MANOEL CAMPOS. © BRUNO DONATO.

Qual manobra não pode faltar na sua linha durante as competições? Hoje é o Ss Frontside Blunt. Em quais picos você acredita que seu role renda mais? Gosto de lugares que tenham coisas para pular, como corrimãos e transições. Acredito que meu role se encaixa bem aqui na Praça da Prefeitura e no Banks de Maringá. Você sempre treina no Brasil? Já viajou para treinar em outros países? Por enquanto todos os meus treinos fo-

ram aqui no Brasil, mas embarco para Barcelona no dia 1 o de agosto, para a minha primeira viagem. Serão 30 dias de muito skateboard e espero que essa viagem seja a primeira de muitas! Quando começou a andar, alguma vez passou pela sua cabeça que chegaria onde está hoje, vivendo do skate? Eu nem imaginava isso, na época eu só queria andar e sentir tudo o que o skate estava me dando. Ter o prazer de estar andando, não há dinheiro no mundo que pague esse sentimento. Quando percebeu que o skate tinha se tornado sua profissão? Percebi quando um determinado público na cidade já me reconhecia. Comecei a entrar em algumas marcas, fazer fotos, vídeos e quando isso rola, automaticamente as responsabilidades aumentam, porque aí você começa a ganhar dinheiro para andar. Mas o melhor disso tudo é ver a molecada que está começando se espelhar em você. Isso faz você perceber que o skate realmente é sua vida.

NA PAG. AO LADO, O SKATISTA MATO-GROSSENSE MANDANDO UM FS NOSEGRIND CHEIO DE ATITUDE. NESTA FOTO, LINDOLFO ESCALANDO O CORRIMÃO COM UM FS CROOKED. RED NOSE XTREME SPORTS MAG #55


Quais foram as principais mudanças no esporte em comparação à época em que você começou a andar? Hoje o skate mudou, ganhou bastante espaço. As manobras evoluíram, as mídias mudaram. Hoje tem a internet, que faz você chegar a vários lugares, as peças estão melhores e a aceitação do esporte pelas pessoas também melhorou – hoje há menos preconceito.

# PÁG. 56

Que conselho você daria para quem está começando no esporte e tem o sonho de ser profissional? Mesmo com todas as dificuldades, jamais desista dos seus sonhos. A base de tudo é acreditar, gostar do que está fazendo e se dedicar. Sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá.

© MANOEL CAMPOS

Hoje é mais fácil ou mais difícil andar de skate e ser skatista? Embora algumas coisas ao redor do esporte tenham evoluído, eu acredito que algumas dificuldades continuam as mesmas. Apesar de atualmente o skatista ser mais aceito, hoje as peças são muito mais caras, devido aos altos impostos do país.

Outra coisa é a repressão nos picos, que continua a mesma, assim como a visão do governo, que não mudou nem um pouco, e o reflexo disso é a falta de investimentos e incentivos ao esporte. Aqui no Brasil, temos sorte que a galera do skate se ajuda, um fortalecendo o outro. É isso, ser skatista de verdade não é fácil!


DO COMEÇO “ÀS ESCONDIDAS” EM MARINGÁ (PR), PARA AS RUAS DE SÃO PAULO.

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FOTOS: MARCIO NAGAMINI EDIÇÃO: ALESSANDRO DE TONI


LUMA WEINHARDT RED NOSE XTREME SPORTS MAG #59



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APELIDO: LU DE ONDE É: LAPA, PARANÁ. ONDE MORA: CURL CURL BEACH, NA AUSTRÁLIA. PRATICA ESPORTES? SIM, BODYBOARDING E NATAÇÃO. O QUE FAZ? TRABALHO E ESTUDO DESENHO INDUSTRIAL, NA AUSTRÁLIA. COMO FOI SUA INFÂNCIA? TIVE UMA INFÂNCIA TÍPICA DE CIDADE DO INTERIOR. CRESCI FAZENDO TRILHA E INDO A CACHOEIRAS. NA ADOLESCÊNCIA, COMO ERA? SEMPRE FUI MUITO INDEPENDENTE. APRENDI A ME VIRAR SOZINHA DESDE NOVA. COMO SE CONSIDERA HOJE? SUPER-REALIZADA! TENHO A VIDA QUE SEMPRE QUIS, MORANDO PERTO DO MAR, SURFANDO E ESTUDANDO O QUE EU CURTO. QUAL SUA RELAÇÃO COM O MAR E A PRAIA? SEMPRE FUI APAIXONADA PELA PRAIA E PELO MAR. AGORA QUE MORO NA PRAIA NÃO CONSIGO ME IMAGINAR MORANDO EM OUTRO LUGAR.

QUAIS SÃO OS SEUS CUIDADOS COM A SAÚDE E COM A BELEZA? TENTO CUIDAR DA MINHA ALIMENTAÇÃO, TOMO MUITA ÁGUA, COMO MUITAS FRUTAS E VERDURAS E EVITO CARNE VERMELHA. TODO DIA PRATICO ATIVIDADE FÍSICA. ACHO QUE MEU ÚNICO GRANDE PROBLEMA SÃO OS DOCES (RISOS). QUE TIPO DE MUSICA GOSTA DE OUVIR? GOSTO DE REGGAE, MPB, ROCK, JAZZ, SOUL E ADORO ERYKAH BADU E THE ROOTS. QUAL PARTE DO CORPO QUE MAIS GOSTA? GOSTO BASTANTE DA MINHA BOCA. COMO SE IMAGINA DAQUI A 20 ANOS? TENHO MEUS PLANOS DE VIDA... QUERO TRABALHAR COM DESIGN, CONTINUAR MORANDO PERTO DO MAR E VIAJAR O MÁXIMO QUE EU PUDER. VOCÊ NAMORA OU É CASADA? COMO É O HOMEM IDEAL? NÃO NAMORO E NÃO TENHO UM PERFIL DE HOMEM IDEAL. SÓ QUERO ALGUÉM QUE SEJA MEU PARCEIRO DA VIDA E QUE ME FAÇA FELIZ.

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UMA EQUIPE FORTE DE MMA NÃO É COMPOSTA APENAS DE LUTADORES DE QUALIDADE, TREINADORES EXPERIENTES E BONS SPARRINGS. POR TRÁS DE UM BOM TIME, HÁ UM GRUPO MULTIDISCIPLINAR, COMPOSTO DE MÉDICOS, FISIOLOGISTAS, FISIOTERAPEUTAS, NUTRICIONISTAS, DENTISTAS E PREPARADORES FÍSICOS. EM BUSCA DE UM ESPAÇO ENTRE ESSES PROFISSIONAIS ESTÁ O PSICÓLOGO ESPORTIVO, RESPONSÁVEL PELA MENTE DO ATLETA, FATOR FUNDAMENTAL, MAS NEM SEMPRE LEMBRADO QUANTO COMEÇAM OS CHUTES E SOCOS. Por Marcelo Barone

A

mente é um conceito utilizado para descrever as funções superiores do cérebro humano relacionadas à cognição e ao comportamento, como desejos, temperamento, linguagem e sentidos. Embora esteja vinculada a qualidades mais inconscientes como pensamento, razão, memória, intuição e inteligência, em esportes mais antigos e em modalidades olímpicas, a figura do psicólogo já foi incorporada e, aos poucos, vem se estabelecendo também no mundo do MMA. Psicólogo e Clínico do esporte, Jorge Luís Ribeiro, o “Marujo”, trabalhou com atletas da X-Gym a pedido de Rogério Camões e, esporadicamente, atua em conjunto com a academia. Ele afirma que a psicologia no âmbito das lutas está em ascensão e defende que o lado emocional merece tanto cuidado quanto outros aspectos. “Bom treinamento físico, técnico e tático, os lutadores já têm. Só que os lutadores precisam estar com a mente boa para poder desempenhar o que foi treinado e isso envolve a questão da ansiedade e do controle de estresse. Esses fatores estão acentuados não só no MMA, mas também no judô, taekwondo e nas artes marciais em geral. É o que faz a diferença e que faz com que o atleta esteja em boas condições emocionais para treinar, ritual que normalmente é estressante e cansativo”, disse Marujo, que acompanhou o taekwondista Diogo Silva, quarto lugar na Olimpíada de Londres, em 2012.


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A pressão por resultados positivos e o constante risco de dispensa geram ansiedade e obrigação de vitória. E não saber caminhar sobre essa corda bamba torna a queda do lutador ainda mais dolorosa. “Aqueles que desenvolvem um trabalho voltado para controlar essas variáveis emocionais e que já lidam com o estresse gerado no dia a dia conseguem alcançar o objetivo. Somos corpo e mente. A psique é quem catalisa o tripé da preparação técnica, física e tática, e, para isso, é preciso estar estruturado. Não adianta ser forte e não ter controle emocional para aplicar a força na hora certa.” Marujo utiliza diversos métodos para que o lutador administre a ansiedade - saudável em níveis normais. Ele explica que cada psicólogo se apropria de técnicas e práticas diferentes para controlar as variáveis emocionais. “Às vezes eu faço a avaliação primeiro, lanço mão de técnicas de entrevista, aplico testes e, com isso, é possível mensurar o nível de ansiedade. O atleta tem que estar com certa dose de ansiedade para poder partir para cima e fazer a atividade com mais gana e afinco. São técnicas de respiração e até autossugestão, que algumas pessoas chamam de hipnose. Para outros eu indico ioga. Cada técnica é aplicada de acordo com a necessidade do lutador.” Integrante da divisão dos meio-médios do UFC, Erick Silva fez o acompanhamento com Marujo em seu primeiro combate pela organização, quando venceu Luis Beição, em agosto de 2011. E, independentemente de ter nocauteado o adversário, o “Índio” sabe da influência do psicólogo em sua preparação. “Ele é um profissional muito importante, que consegue direcionar o atleta. Gostei bastante do trabalho dele. Foi produtivo, conversávamos bastante. Tudo que ele falou foi útil e executei na luta. Temos que tirar proveito daquilo que a gente pode absorver”, comentou. O capixaba relembrou uma das avaliações aplicadas antes do combate, que consistia em fazer vários traços na vertical, do mesmo tamanho, um ao lado do outro. Ao fim do tempo, era possível analisar o desenho de acordo com o tamanho, o espaçamento e até a intensidade com a qual o examinado apertava a caneta na mão. “Ele tem o jeito de estudar isso. No final, meus ‘pauzinhos’ apareciam espaçados, mostrando que eu estava doido para terminar, para ir embora. Ele não diz nada antes e, quando fala depois, a gente realmente se identifica. Ele disse que, na maioria das coisas que eu fazia, começava bem enérgico, depois caía um pouco e no final subia novamente. Sabendo disso, tinha que trabalhar esse meio, manter o ritmo, pois na metade poderia haver uma queda. E foi o que tentei fazer e melhorar. Depois vi que era isso mesmo. Eu me segurava no segundo round com os sparrings e, no terceiro, ou no fim do treinamento, explodia porque estava acabando.”

© MARCELO BARONE; © DIVULGAÇÃO; © MARCELO BARONE


ACIMA, O LUTADOR E MESTRE MURILO BUSTAMANTE, LÍDER DA BRAZILIAN TOP TEAM, CONHECIDO POR INDICAR A SEUS ATLETAS O USO DA PSICOLOGIA ESPORTIVA ANTES DOS COMBATES. NO ALTO, DIOGO SILVA, MEDALHA DE OURO NOS JOGOS PAN-AMERICANOS DO RIO DE JANEIRO EM 2007 E QUARTO COLOCADO NAS OLIMPÍADAS DE LONDRES EM 2012 NO TAEKWONDO, CONTOU COM ACOMPANHAMENTO PROFISSIONAL PARA CONTROLAR SEU EMOCIONAL ANTES DAS COMPETIÇÕES. NA PÁG. AO LADO, O EX-DETENTOR DO CINTURÃO DOS MÉDIOS, ANDERSON SILVA, CONHECIDO POR USAR SUA EXPERIÊNCIA PARA INTIMIDAR E DESESTABILIZAR MENTALMENTE SEUS OPONENTES ANTES DO COMBATE.

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© MARCELO BARONE; © MARCELO BARONE; © ARQUIVO PESSOAL

A academia Pitbull Brothers, de Patrício e Patricky Freire, em Natal, no Rio Grande do Norte, é uma das primeiras do Brasil a incorporar um psicólogo ao time. A ideia surgiu a partir de uma declaração de Wanderlei Silva, ex-campeão do Pride, sobre o assunto. “Ouvi isso do Wanderlei, que lutador se preocupa muito em se preparar fisicamente, ficar com mãos e pés afiados e se esquece da mente. Às vezes alguma coisa guardada ali atrapalha nos treinos e no cage. É importante tanto no pré quanto no pós-luta”, comentou Patricky, que ainda pretende se consultar. Zacarias Ramalho Silvério, psicólogo da Pit Brothers, destaca que nenhum integrante é obrigado a fazer o acompanhamento, que trabalha a autoestima, a pressão da torcida e a influência desses fatores na performance. “Estamos quebrando o preconceito com os lutadores de MMA. Se o lado psicológico está bom, o atleta vai atuar 100%. Não podemos trabalhar cada um com seu lado, precisa ser junto com os mestres, treinadores e lutadores.” Líder da Brazilian Top Team e primeiro brasileiro campeão do Ultimate, Murilo Bustamante indicou um psicólogo esportivo ao pupilo Rousimar “Toquinho” Palhares, na época em que o mineiro fazia parte do time. O comandante acredita que, se tivesse feito acompanhamento em sua época de competidor, seus resultados seriam melhores. “Como estou nisso há muito tempo, sou uma espécie de psicólogo dos meus atletas. Pela minha criação e pela minha vida, sempre consegui administrar a pressão, mas ter um psicólogo comigo faria com que eu rendesse mais, pois administraria minhas emoções, angústias e nervosismo na hora do combate”, declarou. Murilo reforça que todas as grandes equipes olímpicas têm psicólogos esportivos, que através de exames, exercícios de concentração e outras técnicas, são capazes de potencializar o rendimento do grupo. No caso dos lutadores de MMA, grande parte vem de camadas humildes da sociedade, com baixa escolaridade e que desde cedo enfrentou obstáculos de “gente grande”. “O MMA é um esporte novo, muito mental, que envolve pressão psicológica, pois a pessoa entra sozinha em uma jaula para brigar. Uma análise mais profunda pode resolver uma insegurança justificada por problema familiar ou pessoal. O cara pode superar isso com a terapia e melhorar suas atuações”. Experiente e com 15 combates pelo Ultimate, Demian Maia decidiu fazer terapia após a derrota para Anderson Silva, em agosto de 2010. O trabalho com o psicólogo da seleção brasileira de boxe, Rubens Costa, se deu antes das lutas contra Mark Muñoz, Jorge Santiago e Chris Weidman. “O Luís Dórea me apresentou ao Rubinho, que já tinha acompanhado outros lutadores. Sempre me interessei pelo assunto porque a psicologia passa uma técnica mental muito interessante. Não estou mais trabalhando essa parte, pois o foco está em outros treinos, no entanto, foi muito bom.” As mudanças e os benefícios não surgem de uma hora para a outra, porém, a longo prazo, o resultado é positivo. “São coisas sutis, que você nem percebe na hora, mas são sementes que plantei e estão me ajudando agora. Agrega muito em sua carreira atlética. É como qualquer treino. Quando você começa no jiu-jítsu, não sai finalizando todo mundo na semana seguinte. Na parte mental, é a mesma coisa”.

ACIMA, ERICK SILVA, LUTADOR DA DIVISÃO DOS MEIO-MÉDIOS DO UFC, RECEBEU ACOMPANHAMENTO PROFISSIONAL ANTES DE UM DE SEUS COMBATES PELA ORGANIZAÇÃO E, AO FINAL, SAIU VITORIOSO. NO ALTO, PATRÍCIO E PATRICKY FREIRE, PROPRIETÁRIOS DA ACADEMIA PITBULL BROTHERS, UMA DAS PRIMEIRAS DO BRASIL A INCORPORAR UM PSICÓLOGO À EQUIPE. NA OUTRA PÁG., O PSICÓLOGO E CLÍNICO DO ESPORTE JORGE LUÍS RIBEIRO, O “ MARUJO”, TRAÇOU O PERFIL O PERFIL DE “SPIDER” E SEU TRABALHO DESPERTOU O INTERESSE DA EQUIPE DE UM DE SEUS ADVERSÁRIOS, A DO NORTE-AMERICANO CHAEL SONNEN.


Ao longo do período na X-Gym, Jorge Luís Marujo traçou o perfil do ex-detentor do cinturão dos médios do UFC Anderson Silva. Apesar das derrotas para Chris Weidman, “Spider” é visto como perito em desestabilizar os oponentes, a começar pela hora da pesagem, onde já surpreendeu e intimidou rivais. “Conheci o Anderson e toda sua equipe. Ele tem um pessoal muito bem preparado por trás dele. É um excelente atleta, diferenciado, não resta dúvida. Pelo fato de estar desenvolvendo essa atividade há bastante tempo, está maduro hoje. Fica bem característico que ele procura uma solução rápida para os problemas que lhe são apresentados. Ele não deixa a situação crescer muito”, explicou Marujo, que não fez atendimento clínico ao atleta paulista. Por meio de entrevistas, avaliação psicológica, testes projetivos e psicométricos e uma bateria de testes do Conselho Federal de Psicologia, Marujo traçou o perfil de “Spider”. Em cima de informações passadas por Rogério Camões e Josuel Distak, Jorge Marujo e os treinadores simulavam situações baseadas nas deficiências do campeão. “Eram situações técnicas, táticas, de força, mas não posso dar exemplos por uma questão ética. O sparring era potencializado para focar em uma parte que o Anderson não estava bem preparado e, com isso, melhorava a habilidade dele. Sempre foi feito assim e, lógico, conta muito também a disposição do lutador. O Anderson é totalmente aberto a novas experiências de treino. É um cara muito bom de se trabalhar porque ele não questiona, vai lá e faz.” O lado emocional de Anderson, que não aparenta desespero mesmo em momentos críticos, despertou o interesse da equipe de Chael Sonnen, no intervalo entre a primeira e a segunda luta entre eles, mas o convite foi declinado por Marujo. “Um adversário dele, que foi muito polêmico, me procurou, mas, em função de eu estar ligado diretamente com a equipe técnica do Anderson, não assumi compromisso. Hoje eu posso falar que chegaram a entrar em contato, porém não pude trabalhar com a equipe por questões éticas. Foi a equipe do Chael Sonnen.”


OS AVENTUREIROS DURANTE UMA PAUSA, APRECIANDO O VISUAL GELADO DO ALTO DA MONTANHA.

PROFESSOR GIRIDHARI DAS DURANTE O PROCESSO DE MEDITAÇÃO


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ALASCA PARA A MAIORIA DAS PESSOAS, QUANDO SE PENSA EM FÉRIAS O CENÁRIO INCLUI UMA PRAIA PARADISÍACA, SOL FORTE, ÁGUA QUENTE E BEBIDAS GELADAS. MAS, PARA OS AMIGOS EDUARDO NAUFAL, GAWAIN JULIAN E EDUARDO GEBARA, O LUGAR IDEAL PARA CURTIR AS FÉRIAS É INÓSPITO E A AREIA DÁ LUGAR AO GELO, QUE COBRE A PAISAGEM MONTANHOSA E CRIA O AMBIENTE IDEAL PARA A CHAMADA “VIAGEM PERFEITA” DESSES TRÊS AVENTUREIROS. Por VINICIUS SÁ MOURA


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á algum tempo, Eduardo Naufal (50), Gawain Julian (43) e Eduardo Gebara (50), três praticantes de heli snowboard (modalidade em que um helicóptero deixa o snowboarder no cume da montanha), já não encontravam nas pistas e “back countrys” das estações de inverno convencionais a mesma adrenalina que sentiam antes. Com mais de dez anos de experiência na neve, eles precisavam de terrenos mais desafiadores. Até que em 2006, durante uma viagem ao Chile, Eduardo Naufal conheceu Clark Fyans, um guia que trabalhava no Alasca. “Clark me falou muito sobre o lugar e no ano seguinte eu já estava lá”, conta o empresário, responsável pela convocação do amigo Eduardo Gebara para essa primeira viagem. “Eu morava na Suíça, e meu amigo Naufal disse que estava indo pro Alasca. Na mesma hora eu preenchi os formulários, paguei os custos da viagem e fui com ele”, lembra Gebara. Depois dessa

# PÁG. 74

primeira aventura, Naufal e Gebara retornaram outras cinco vezes ao Alasca. Da última vez, no início de 2014, foi a vez de o amigo Gawain conhecer o local. “Naufal e eu somos amigos pela ligação no trabalho e, quando ele me falou da oportunidade de fechar um grupo para fazer heli snowboard no Alasca, aceitei imediatamente”, comenta o empresário canadense naturalizado brasileiro. Com o condicionamento físico em dia e os equipamentos de segurança checados e prontos, os três amigos embarcaram rumo ao Alasca. Naufal partiu de São Paulo, Gebara de Singapura e Gawain de Maceió, todos com o mesmo destino: as montanhas do Alasca. Após enfrentarem longas horas de voo e conexões, os três desembarcaram em Anchorage, maior cidade do Alasca, de onde seguiram de carro por 45 minutos até Girdwood-AK, na estação “Alyeska”, único ski resort do estado. Já no local, era a hora de eles se prepararem para as descidas.


NESTA PAG. ACIMA, COM O PICO VAZIO E NEVE FRESCA A PERDER DE VISTA, ATÉ MESMO O GUIA DA CPG PÔDE ARRISCAR ALGUNS VOOS. ABAIXO, OS HELISNOWBOARDERS LOGO DEPOIS DE SEREM “DESCARREGADOS” NO CUME DA MONTANHA. NA OUTRA PÁG. UMA RÁPIDA PARADA NAS DESCIDAS PARA RECUPERAR AS ENERGIAS.

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NESTA PÁG. ABAIXO, EDUARDO NAUFAL APROVEITANDO TODA A NEVE “POWDER” DA MONTANHA. NA OUTRA PÁG. EDUARDO GEBARA NO LIMITE DO DECLIVE, COM TODA A PAISAGEM DO ALASCA AO FUNDO.

“Logo que chegamos ao hotel, prontamente fechamos um pacote de heli snowboard com a Chugach Powder Guides (CPG), que tem mais de 25 anos de experiência na área. A vantagem com a CPG em Girdwood é que, quando não há voos por motivos de mau tempo, eles têm a alternativa de acessar o “back country” em baixas altitudes com snowcat”, comenta Gawain. Com os principais detalhes resolvidos, a próxima missão era encontrar os lugares certos para descer. “Durante nossa estadia, ficamos sabendo que não havia nevado tanto como de costume no Alasca”, lembra Naufal. Empecilho resolvido com rapidez pelos guias locais, que souberam encontrar nos 600 mil acres de subidas e descidas a neve boa e terrenos inclinados o suficiente para satisfazer a ânsia por descidas íngremes dos três heli snowboarders. Foram oito dias de neve perfeita, a famosa “powder”, e longas decidas que nem mesmo o frio intenso foi capaz de estragar. Com o passar dos dias, toda a jornada cansativa percorrida para estar ali foi apagada da memória, dando espaço para a

alegria de descer do cume ao pé da montanha ao lado dos amigos. Para quem não conhece o Alasca, é difícil acreditar que naquele local, que a maioria das pessoas chama de “fim do mundo”, três amigos encontrariam um mundo só deles, isolados das frustrações e dos problemas do dia a dia, envoltos pelas belezas naturais da região e toda sua perfeição branca. “A descida nas montanhas com neve ‘powder’ dá uma sensação de adrenalina e felicidade que não tem como medir. Você flutua, é parecido com surfar no mar, só que você dropa as melhores ondas da sua vida e a descida parece não ter fim”, diz Gawain, que compartilha de um sentimento parecido com o do amigo Gebara, que compara o Alasca ao Hawaii do snowboard. “A neve no Alasca e tão mortal como as ondas do arquipélago havaiano. Em uma das minhas descidas, a neve estava meio instável. Na ocasião, o Gawain estava vindo logo atrás de mim filmando. Fiz uma virada e uma placa de neve se soltou causando uma pequena avalanche que pegou o Gawain em cheio”, lembra Ge-


bara, que guarda o momento em vídeo como aprendizado. “O Alasca é perigoso, em uma fração de segundos a montanha vai do sólido ao líquido”, complementa o experiente snowboarder, feliz por nada de mais grave ter acontecido. Já Naufal, mesmo com outras cinco viagens ao pico no currículo, é enfático em dizer que essa última o proporcionou a melhor descida de sua vida. “Foi a melhor descida de todas. A neve estava incrível e em um pequeno cânion pude fazer algumas manobras. Hoje fico sonhando com o dia que vou voltar para lá”, confessa o empresário. Seja na primeira ou na sexta visita ao Alasca, o discurso dos três amigos é unânime. “Não há nada tão bonito como sobrevoar aquela paisagem e, quando o helicóptero chega ao topo, o silêncio e o visual do alto da montanha são mágicos. Nesse momento você vê que aquilo tudo é coisa de Deus”, relatam os amigos, que mesmo separados por quilômetros de distância compartilham da mesma saudade. “Ano que vem tem mais”, finalizam os três em coro.

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DICAS DE SUP

CUIDADO

COM A LESÃO! A FACILIDADE DE APRENDIZADO, ALIADA AO PRAZER PROPORCIONADO PELO CONTATO DIRETO COM A NATUREZA, FAZ COM QUE O STAND UP PADDLE SEJA UM DOS ESPORTES QUE MAIS CRESCEM. PORÉM, ESSA NOVA PAIXÃO TEM LEVADO PESSOAS QUE ATÉ POUCO TEMPO NÃO TINHAM O HÁBITO DE PRATICAR ESPORTES CONTINUAMENTE A SUBMETEREM-SE, DE UMA HORA PARA OUTRA, A UMA GRANDE CARGA DE EXERCÍCIOS. A CONSEQUÊNCIA INEVITÁVEL DISSO É O SURGIMENTO DE LESÕES, QUE EM ALGUNS CASOS PODEM SE TORNAR GRAVES. POR ISSO, FIQUE ATENTO NAS DICAS À SEGUIR E BOA REMADA. Por JOÃO RENATO

Fotos PAULO BARETA

PEGADA CORRETA \\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\

ALTURA DO REMO PARA OBTER A MEDIDA CORRETA DO REMO, COLOQUE-O PARALELO AO SEU CORPO E LEVANTE O BRAÇO. A “ZONA T” DEVE ESTAR NA ALTURA DO SEU PUNHO.

SEGURANDO O REMO EM PÉ, COLOQUE O REMO ACIMA DA CABEÇA COM OS COTOVELOS FORMANDO UM ÂNGULO DE 90 O.



DICAS DE SUP

PASSO A PASSO \\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\

1 2

3 4

REMO ENTRANDO NA ÁGUA PROJETE A PÁ PERPENDICULAR À PRANCHA. COM A ROTAÇÃO DO QUADRIL PROJETE O REMO O MAIS PARA FRENTE POSSÍVEL.

ALTURA DA “ZONA T” A MÃO QUE SEGURA A EMPUNHADURA NÃO DEVE PASSAR DA ALTURA DA CABEÇA. ISSO SERVE PARA TODAS AS FASES DA REMADA.

TIRANDO O REMO DA ÁGUA ESTE MOVIMENTO DEVE SER FEITO ASSIM QUE A PÁ ULTRAPASSAR A LINHA DO CALCANHAR

VOLTANDO PARA POSIÇÃO INCIAL NESTA FASE DE RECUPERAÇÃO A PÁ DEVE SAIR RENTE À ÁGUA CORTANDO O VENTO.

DICAS \\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\ EVITE LESÕES NÃO DEIXANDO A “ZONA T” PASSAR DA ALTURA DA CABEÇA.

ENCONTRE O CENTRO DE GRAVIDADE. GERALMENTE O COPINHO QUE SERVE PARA SEGURAR A PRANCHA DEVE ESTAR ENTRE OS SEUS PÉS.

yy

uu

tt

NÃO FLEXIONE O PUNHO. A MÃO QUE SEGURA A “ZONA T” DEVE ESTAR SEMPRE FIRME.

ATENÇÃO PARA O LADO CORRETO DA PÁ QUE DEVE ESTAR INCLINADA PARA FRENTE.

COMPLEMENTE SEU TREINO COM EXERCÍCIOS DE FORTALECIMENTO ESPECÍFICOS PARA OMBROS, BRAÇOS E LOMBAR. SEMPRE COM A SUPERVISÃO DE UM PROFISSIONAL.




© RAPHAEL KUMBREVICIUS

MOMENTO CONSIDER ADO UM ES PECIALISTA MAILTON D EM CORRIM OS SANTOS, ÃOS, MOSTRA Q TEM OUTR UE TAMBÉ AS MANOBR M AS EM SEU RE NESTA FOTO PERTÓRIO. , O PAULIST A MANDA UM FRONT SIDE FLIP CA BULOSO DEN TRO DE UM “FULL PIPE” IMPR OVISADO.



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