RED NOSE EXTREME SPORTS MAG #05

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E D I Ç Ã O # 5

MMA BMX M OTO CRO SS SKATE MODA E COMPORTAMENTO

S U RF

TRIPLE CROWN

CONSAGRAÇÃO NAS ONDAS

RUGBY: JIU-JÍTSU NA GRAMA capaRED5_crop.indd 1

N.

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CONTEÚDO N O V / D E Z

2014

11/19/14 6:50 PM






índice

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PÁG.06 DIRETOR MARCELO CUNHA LEITÃO Gerente de Marketing: Fabio Brauner Gerente Financeiro: Monica Evangelista Licensing: Marcelo Abujamra e Alexandre Valle Marketing: Vinicius Nastri Designers: Fabio Mozart, Sergio Severo e Thiago Funari

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REDAÇÃO Diretor: Kiko Carvalho (kiko.fluir@waves.com.br) Arte: A&D Conteúdo - Alessandro De Toni (aledetoni@gmail.com) Fotografia: Luciano Ferrero (lucianoferrero25@gmail.com) Estagiários: (arte) Alexandre Pohl e (texto) Vinicius Sá Moura Colaboraram nesta edição: (texto) Vinicius Sá Moura, Daniela Burgonovo, Marcelo Barone, Ricardo Macario (foto) Alexandre Loureiro, Bernie Baker, Eduardo Magalhães, Felipe Marques, Gordinho, João Ávila, Joli, Maurício Arruda, Rodrigo Sodré, Scott Aichner, Sean Davey, Sebastian Rojas, Tó Mané, Wagner Carmo (revisão) Janaína Mello (tratamento de imagem) Premedia CROP PÁG.

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CONTEÚDO

Publisher: Claudio Martins de Andrade Diretoria Executiva: Claudio Martins de Andrade, Kiko Carvalho e Marcelo Barros

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PÁG.26 MMA DOR DE COTOVELO PÁG.32 BMX CAIO RABISCO DE ROLÊ PELOS EUA PÁG.42 MOTOCROSS PERFIL MILTON “CHUMBINHO” BECKER

PÁG. 08 PÁG. 10 PÁG. 14 PÁG. 18 PÁG. 22 PÁG. 24 PÁG. 82

PÁG.46 SURF TRIPLE CROWN: CONSAGRAÇÃO NAS ONDAS PÁG.60 RUGBY JIU-JÍTSU NA GRAMA PÁG.64 EDITORIAL DE MODA O ESTILO RED NOSE DE CURTIR A VIDA

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #5 CAPA: EDITORIAL DE MODA, RED NOSE. FOTO: RODRIGO SODRÉ

EDITORIAL FOTO DO MÊS BEST BUY LOOK BOOK INSTA RED BACKSTAGE MOMENTO XTREME

RED NOSE XTREME SPORTS MAG, # 5 é uma publicação bimestral do núcleo de revistas customizadas da Third Wave Conteúdo. Administração e Jurídico: Rua Guararapes, 1.108. Brooklin – São Paulo/SP. Cep. 04561-001. Tel.: (11) 5090.3220. E-mail: fluir@waves.com.br As matérias publicadas não refletem necessariamente a opinião desta revista e sim a de seus autores. IMPRESSÃO Log&Print Gráfica e Logística S.A.



editorial PÁG.08

CHAMA OS AMIGOS QUE A QUINTA EDIÇÃO DA RED NOSE XTREME SPORTS MAG ESTÁ IMPERDÍVEL. NA FOTO, CAIO RABISCO APROVEITANDO O ROLÊ PELOS ESTADOS UNIDOS.

A QUINTA EDIÇÃO DA RED NOSE XTREME SPORTS MAG CHEGA COM TUDO! Para começar, você

confere o relato e imagens alucinante do rolê do nosso atleta Caio Rabisco pelos Estados Unidos, em uma trip insana que durou quatro meses. Ainda na gringa, você confere uma matéria completa sobre a Triple Crown, evento que reúne os melhores surfistas do mundo em três das principais ondas do North Shore de Oahu, no Hawaii. Do surf para o MMA, trazemos a opinião de lutadores consagrados do UFC sobre um dos golpes mais contestados do esporte: a cotovelada. E mais! Confira como o jiu-jítsu vem sendo empregado no rugby e como os fundamentos da arte suave estão melhorando o desempenho dos jogadores profissionais na grama. Além disso, batemos um papo com Milton “Chumbinho” Beker, atleta de 47 anos que há 29 vem dando trabalho no Motocross – sendo hoje o atual recordista de títulos nacionais conquistados por um só atleta no motociclismo. Da lama para o asfalto, nosso atleta Raphael Índio te convida para conhecer seu novo projeto no Youtube, “Vida de Índio”. Para finalizar em grande estilo, você confere o ensaio especial de Verão da Red Nose que está simplesmente imperdível! Até a próxima edição!

EQUIPE RED NOSE



© TÓ MANÉ

FOTO DO MÊS

EM NAZARÉ, PORTUGAL, QUANDO O MAR CRESCE O GARANTIDA. NESTA FOT GARRET T É PRESENÇA BOMBA A UM CE DES SE NO O ATLETA RED TO PELO SURFISTA ACOMPANHADO DE PER SCOOBY. RO PED A CARIOC





BEST BUY PÁG.14

FAZENDO SUA

CABEÇA O VERÃO CHEGOU COM TUDO E PENSANDO NO SEU BEM ESTAR, SEM DEIXAR O ESTILO DE LADO, SEPARAMOS A SOMBRA PERFEITA PARA PROTEGER SUA CABEÇA – A ÁGUA FRESCA É COM VOCÊ.

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LOOK BOOK PÁG.18

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LOOK BOOK PÁG.20

REGATA PRETA REGATA EM VISCOLYCRA COM ESTAMPA

BLUSA BRANCA BLUSA EM VISCOLYCRA COM ESTAMPA E STRASS.



insta red PÁG.22

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1. @predaskate

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4. @lindolfo_oliveira

Red Nose Rebellion. #vidadeíndio #rednose

Happy Halloween!

2. @gloverteixeira

5. @thecast

3. @rafael__feijao

6. @mcnamara_s

Me and the champ Dragon, (risos).

A lealdade é uma pérola entre os grãos de areia, que só aqueles que realmente entendem seu significado podem vê-la.

Chegou chegando! #rednoseskateboarding

Love!



[ BACKSTAGE ] PÁG.24

VERÃO CHEIO DE ESTILO

CONFIRA UM POUCO DO QUE ROLOU NOS BASTIDORES DO ENSAIO ESPECIAL DA RED NOSE PARA A ESTAÇÃO MAIS QUENTE DO ANO.



DOR DE COTOVELO

O cotovelo é a parte do nosso braço que nos permite dobrá-lo, nele praticamente não existe acúmulo de gordura, por isso, é uma das partes mais duras do nosso corpo. A definição é da medicina, mas os lutadores de MMA sabem, com outras palavras, o quão severa pode ser uma cotovelada. Previstos na regra de alguns eventos e vetados de outros, os golpes com essa parte do corpo, vistos como uma poderosa arma, costumam ser questionados quando influenciam no resultado de alguma luta ou relembram os primórdios do vale-tudo com duelos sangrentos. Por Marcelo Barone

T

achada de vilã pelos críticos, a cotovelada é permitida no UFC, mesmo com o oponente no chão. Apesar da vaselina aplicada pelo cutman do evento para deixar partes sensíveis do corpo – como o supercílio – escorregadias, frequentemente cortes profundos são abertos no rosto dos lutadores. Pressionado a alterar a regra, Dana White, presidente do Ultimate, defende a cotovelada, que, curiosamente, era proibida na época do Pride, organização que autorizava o polêmico “tiro de meta” (chute na cabeça com o adversário caído).

“Cotovelo faz parte do MMA. Quem assiste ao UFC sabe que isso faz parte. As pessoas que praticam o nosso esporte estão bem treinadas em todos os fundamentos. Têm que saber impedir para se defender, têm que evitar os cotovelos também. Isso é parte do esporte.” Um dos casos mais emblemáticos sobre o tema aconteceu no UFC 146, em 2012, em Las Vegas. Na penúltima luta do card, Cain Velasquez e Antônio “Pezão” Silva protagonizaram um festival de sangue na cidade dos cassinos depois que o americano “abriu uma avenida”

na testa do paraibano, logo nos primeiros movimentos da disputa. Em seguida, o que se viu – e o que Pezão não viu devido ao sangue nos olhos – foi um duelo de dar inveja ao antigo vale-tudo. Derrotado sem conseguir acertar o adversário, Pezão revelou ter mentido, dizendo que estava enxergando para continuar na luta, definida por nocaute técnico. O ex-atleta do Strikeforce, que estreava pelo UFC, sabe que a cotovelada foi determinante para o desfecho do combate. No entanto, mantém-se contrário ao fim do famigerado golpe. >


© DIVULGAÇÃO

VITOR BELFORT, É CONTRA O CONTESTADO GOLPE, POIS ACREDITA QUE SUA FEROCIDADE AFASTA POSSÍVEIS PATROCINADORES.

“Sou totalmente contra a cotovelada porque não existe proteção, não existe luva. É como se tivesse uma navalha no cotovelo.” (Vitor Belfort)


“Eu acho a cotovelada válida. Tem muita forma de se evitar. Há maneiras de evitá-la e de sair dela. Os wrestlers gostam muito desse golpe, porque ficam em cima e maltratam com ele”, comentou o atleta, que recebeu 13 pontos no hospital. No mesmo ano, outro atleta brasileiro foi vítima de uma cotovelada certeira. Desafiante ao título da categoria meio-pesado, Lyoto Machida enfrentou Jon Jones, hábil como poucos nesse quesito. Depois de levar vantagem no primeiro round, o carateca foi derrubado na etapa seguinte, recebeu uma violenta cotovelada e atuou com um profundo corte na testa. Com a resistência comprometida e sem manter o ritmo, acabou finalizado por uma guilhotina. “Quando abriu o corte, a minha visão ficou embaçada. A luta acabou

PESO PENA DIEGO NUNES, SOLTOU O BRAÇO EM KENNY FLORIAN NO 1º ROUND, MAS NO ROUND SEGUINTE O NORTEAMERICANO DISPAROU DURAS COTOVELADAS NA CABEÇA DO BRASILEIRO. ABRINDO UM CORTE QUE O ATRAPALHOU NO RESTO DO COMBATE. ANTÔNIO PEZÃO, MESMO DEPOIS DE PERDER UMA LUTA POR CAUSA DE UMA COTOVELADA, MANTÉM-SE CONTRA O FIM DO GOLPE.

ali mesmo”, explicou o “Dragão”. Integrante da categoria pena, Diego Nunes, assim como Pezão, perdeu para Kenny Florian, autor de uma cotovelada que provocou um corte na cabeça do brasileiro. Embora tenha levado a pior na decisão unânime, ele defende a ideia de que é preciso conviver com essa regra e não extingui-la. “O atleta que tem que ficar esperto para não tomar um golpe desses, que é como qualquer outro. Quantas joelhadas não entram? O joelho pode fraturar uma costela, alguma coisa. O cotovelo não, só corta. Corte, para um lutador, não é nada que tire a saúde do cara. É só uma coisa mais nítida aos olhos e talvez possa assustar um pouco quem está chegando agora, quem está começando agora a admirar o esporte.”

Navalha na carne

Na corrente dos insatisfeitos com a regra do UFC está Maurício “Shogun” Rua, veterano do Pride. Segundo ele, a cotovelada com os lutadores no chão deveria ser revista. “Pênalti e pisão tinham que ser liberados porque machucam menos do que o cotovelo. Deveriam tirar a cotovelada, que é realmente uma navalha. Às vezes, você está ganhando a luta, leva um corte profundo e ela acaba. Ninguém nunca se machucou sério com pisão ou pênalti.” Preocupado com a imagem do esporte, Vitor Belfort bate na mesma tecla do compatriota e vai além: acredita que um embate sangrento afasta o apoio de patrocinadores. “Sou totalmente contra a cotovelada porque não existe proteção, não existe luva. É como se tivesse uma navalha no cotovelo. >

“Eu acho a cotovelada válida. Tem muita forma de se evitar. Há maneiras de evitála e de sair dela. Os wrestlers gostam muito desse golpe, porque ficam em cima e maltratam com ele” (Antônio “Pezão” Silva)


RED NOSE XTREME SPORTS MAG #29

© ALEXANDRE LOUREIRO, WAGNER CARMO


Acho que poderia evitar muito sangramento e, com isso, muitas empresas que evitam se aliar ao esporte por causa do sangue se aproximariam. Em muitos esportes de contato, quando há sangue, eles param, como no futebol americano e rugby. Não gosto de luta quando tem muito sangue. Isso não é positivo para a imagem do esporte, apesar de o sangue ser vida. Isso pode ser evitado e deve ser mudado.”

Brasil na frente

Berço do MMA, o Brasil possui eventos que permitem e outros que vetam as cotoveladas. No maior deles, o Jungle Fight, é permitido ao lutador acertar o adversário com o cotovelo apenas no corpo, colocando em primeiro lugar a integridade física do profissional. Outras organizações também adotam regra semelhante. Promotor do show, Wallid Ismail considera o cotovelo uma faca,

capaz de provocar cortes e danos rigorosos aos atletas. Além disso, acha que o banho de sangue não é bem visto pelos telespectadores. “Fui o primeiro a ser contra a cotovelada. Às vezes, uma grande luta acaba por causa de um cotovelo. Não é sempre que o melhor ganha. Tem que dar a sorte de acertar uma cotovelada. Desde o começo, eu proibi a cotovelada porque vai contra a integridade dos lutadores. Não ter aquele sangue jorrando é a melhor coisa.”

Impacto negativo

Lutador ensopado de sangue é um prato cheio para os críticos do MMA, que se apressam em criar rótulos para a modalidade. No combate entre Antônio Pezão e Cain Velasquez, além da discussão sobre a manutenção das cotoveladas, está o impacto negativo que a imagem pode oferecer. Professor de marketing dos MBAs da FGV, Luiz Henrique Moreira

Gullaci acredita que o público que paga para assistir pela televisão ou comparece aos eventos não se assusta com cenas muito impactantes. “É como a gente ver uma tourada, com sangue e até o bicho morrer. Eu, particularmente, torço para o touro, mas, em questão de marketing, de mídia, de reputação do esporte, o sangue é um componente do palco. O sangue faz parte do espetáculo.” Luiz Henrique, no entanto, aposta que, se o embate tivesse sido transmitido em rede nacional, para um público pouco habituado ao MMA, a reação poderia ter sido outra. “ Teria impacto negativo, eu acho. Principalmente para quem não estava assistindo e passa a assistir. Querendo ou não, a grande massa brasileira é desinformada. Isso também pesaria na mídia impressa no dia seguinte. Apesar do estresse que poderia dar, também é o seguinte: depois de alguns dias ninguém fala mais nada”, finaliza.

“Deveriam tirar a cotovelada, que é realmente uma navalha. Às vezes, você está ganhando a luta, leva um corte profundo e ela acaba.” (Maurício “Shogun” Rua) ACIMA, AINDA NO TEMPO DE PRIDE, SHOGUN ABUSAVA DOS TIROS DE META, MAS HOJE NÃO É A FAVOR DAS COTOVELADAS. NA OUTRA PÁG. O EMBATE ENTRE LYOTO E JONES, ONDE UMA COTOVELADA PRATICAMENTE DECIDIU A LUTA.


© WANDER, DIVULGAÇÃO

“Quando abriu o corte, a minha visão ficou embaçada. A luta acabou ali mesmo” (Lyoto Machida, o “Dragão”)

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #31


RABISCO DE LESTE A OESTE Numa viagem que durou quatro meses e percorreu o território americano, o atleta de BMX Caio Rabisco relata suas experiências na terra do Tio Sam, os encontros com os ídolos e os rolês inesquecíveis em Woodward – destino dos sonhos de qualquer atleta. Por Vinicius Sá Moura

Fotos Ryan Guettler


RABISCO MANDANDO UM DOWNSIDE TAILWHIP DE PASSAGEM PELA TERRA DO TIO SAM.


N

o dia 5 de junho deste ano, Caio Oliveira Sousa, mais conhecido como Rabisco, embarcava rumo aos Estados Unidos numa viagem de quatro meses repleta de aprendizados, fortes emoções e, é claro, muito BMX. Ao desembarcar em solo americano, Caio seguiu rumo a Woodward West, um acampamento de esportes radicais localizado na Califórnia, onde ficou por três semanas andando ao lado de atletas profissionais que antes ele só via em vídeos, aprendendo novas manobras e aperfeiçoando seu inglês. Passados os

DURANTE 4 MESES NOS ESTADOS UNIDOS, CAIO TEVE A OPORTUNIDADE DE APRENDER NOVAS MANOBRAS E DE QUEBRA, ANDAR AO LADO DE GRANDES NOMES DO BMX MUNDIAL.

21 dias, Rabisco seguiu para a casa de Ryan Guettler, atleta australiano que ele havia conhecido ainda no Brasil. Lá, permaneceu por duas semanas antes de partir ao lado do piloto australiano para Ohio, onde aconteceria o Recon Tour. “Eu não podia correr esse campeonato, então fui apenas conhecer e aproveitei para andar em mais um lugar”, conta o brasileiro. Chegado o fim da competição, Rabisco retornou à Califórnia, onde aconteceria um dos maiores eventos de bowl do mundo, organizado pela Vans, o VAN DOREN INVITATIONAL. Para entender a importância dessa viagem, é preciso voltar um pouco no tempo, mais precisamente cinco anos atrás, quando São Bernardo do

Campo (SP) reinaugurava sua pista pública e junto com ela uma escolinha de skate, patins e BMX. Seguindo o exemplo de outros grandes nomes dos esportes radicais, Caio iniciava sua vida sobre as duas rodas na pista do município paulista – local que há algum tempo é formador de grandes ídolos para o Brasil. Quando começou no esporte, Rabisco tinha apenas sonhos e para conseguir alcançá-los teve que enfrentar centenas de adversidades, como a falta de apoio, a carência de equipamentos e a descrença das pessoas – natural quando se pratica qualquer modalidade radical no país, além de ter que dar a cara a tapa para poder dar sequência à prática do esporte. >


RED NOSE XTREME SPORTS MAG #35


“Meu primeiro ano foi o mais difícil, nem bicicleta eu tinha. A minha havia quebrado e eu não tinha como arrumá-la, mesmo assim continuei frequentando a pista e pedindo emprestado aos outros frequentadores e foi assim durante mais ou menos um ano”, lembra o atleta, que, contra tudo e todos, continuou indo atrás de seus objetivos para hoje poder contar um pouco do que viveu, prospectar o que ainda quer viver e, o mais importante, servir de exemplo a milhares de outros garotos que como ele batalham incansavelmente para quem sabe um dia realizar seus sonhos.

ABAIXO, O BRASILEIRO APROVEITANDO O ROLÊ AO LADO DOS AMIGOS. NA OUTRA PÁG, UM DIRT JUMP CHEIO DE ESTILO TENDO COMO FUNDO A PAISAGEM CALIFORNIANA.

Nos EUA, ele teve a oportunidade de dividir a plataforma com grandes nomes do esporte, mas novamente não pôde competir. ”Infelizmente não pude andar nesse evento devido ao curto tempo para entrega de documentação, mas mesmo assim foi uma das melhores experiências que já vivi”, relembra o atleta. Após a competição, Caio seguiu para Woodward East, localizado no estado da Pensilvânia, para encontrar Doguete, um antigo parceiro de treinos da pista de São Bernardo do Campo – onde ambos começaram suas histórias sobre duas rodas. “Em Woodward

East, encontrei meu amigo Doguete e andamos muito de bike juntos. Foi muito louco estar com ele curtindo os rolês longe de casa”, comenta. Foram três semanas de treinos ao lado do amigo antes de embarcar em uma road trip insana que passou pelos estados de Illinois e Saint Louis até chegar em Oklahoma, onde, segundo o brasileiro, ele teve a melhor experiência de sua vida. “Em Oklahoma, conheci o Matt Hoffman, o ‘pai’ do BMX. Andei na pista da casa dele junto com meus amigos, jantamos com ele e com a família dele. Tivemos um dia animal”, conta Rabisco. >


RED NOSE XTREME SPORTS MAG #37


Da casa do ídolo, o garoto partiu rumo a Las Vegas, mas, ao contrário do que muitos pensam, ele não passou nem perto dos cassinos. “Em Vegas eu andava de bike todos os dias em pistas diferentes e após uma semana continuamos nossa viagem para Woodward West. Nada de cassinos dessa vez”, diz. Assim que chegou ao seu destino, o atleta reencontrou outro velho amigo, o dono da “Dream BMX”, loja e distribuidora de peças no Brasil, que o ajudou muito no início da carreira. Passados três dias, Caio voltou para a estrada tendo novamente como destino a “Cidade do Pecado”, Las Vegas. “Fiquei mais quatro dias em Las Vegas, onde participei da Interbike, maior feira de bike da América, e enfim pude curtir as festas, cassinos e muita roleta (risos).” Mas, depois da curtição, era a hora de voltar para a estrada e cumprir os compromissos profissionais. “Voltei para casa do Ryan Guettler para fazer sessões de fotos com ele para

NA OUTRA PÁG., WALLRIDE INSANO JÁ COM SOL SE PONDO EM SOLO AMERICANO.

a Red Nose, e de lá embarquei para meu destino final, New Jersey, onde aconteceria o Recon Tour Pro.” Depois de comparecer a outros dois eventos durante sua estadia e apenas assistir, enfim Rabisco participaria do seu primeiro campeonato profissional nos Estados Unidos. “Meu primeiro campeonato Pro nos EUA foi animal, não passei para a final por muito pouco. De 40 atletas, apenas 12 passariam para a grande final, mas acabei ficando na 13a colocação. Não fiquei triste, pois fiz a linha que eu queria fazer, acertei as manobras e voltei de cabeça erguida, feliz demais com tudo que vivi lá fora”, disse Rabisco, que completa: “Espero continuar evoluindo e crescendo mais e mais no esporte, ajudando novos praticantes, mostrando o quanto o BMX me fez feliz e o quanto ele pode fazer muita gente feliz”. Foram quatro meses de muitos aprendizados e histórias que não caberiam nestas páginas, mas que jamais sairão da lembrança de Rabisco.


RED NOSE XTREME SPORTS MAG #39


CAIO RABISCO


CAIO MANDANDO UM TUCK NO HANDER COM DIREITO A PLATÉIA.

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #41


© DIVULGAÇÃO

O COROA É O REI DO MOTOCROSS 47 anos, 29 como piloto profissional. Parar? Nem pensar! Ele acaba de ampliar o recorde de títulos nacionais conquistados por um só atleta no motociclismo, 21, marca que pertence a ele por um bom tempo, e já pensa em erguer a próxima taça, no Mundial para Veteranos. Sinônimo de garra e dedicação, este é , respeitado por todos no mundo das duas rodas. A Red Nose Xtreme Mag bateu um papo com o catarinense, que relembrou seu início no esporte, analisou a modalidade e falou sobre o repasse de conhecimento aos futuros campeões. Confira nas páginas a seguir!

Milton “Chumbinho” Becker

MILTON BECKER, 47 ANOS DE IDADE, 29 DEDICADOS AO MOTOCROSS E 21 TÍTULOS NACIONAIS. ESTÁ BOM OU QUER MAIS?



VOCÊ TEVE UMA INFÂNCIA HUMILDE, NO INTERIOR DE SANTA CATARINA. CONTE-NOS COMO FOI.

É verdade, sou de Itapiranga, cresci ajudando meus pais a tratar os animais e em meio à roça. Estudava, mas caminhava 7 quilômetros para ir e outros 7 para voltar. Não era fácil, porém, lembro do carinho da minha família, das brincadeiras, tudo com muita alegria. Aprendi valores importantes que levo sempre comigo. Nos mudamos para a cidade quando eu era adolescente. E COMO FOI SEU ENVOLVIMENTO COM O MOTOCICLISMO?

Quando eu tinha 14 anos, comprei uma moto de rua com meu irmão. Eu trabalhava como frentista num posto de combustível e, atrás dele, sempre tinha um pessoal brincando de saltar uns morros. Foi ali que nasceu minha paixão pelo esporte. Com 15 anos, comecei a andar em pista de motocross e participei da minha primeira corrida, com moto emprestada. Consegui imprimir um bom ritmo, mas acabei caindo e não consegui um grande resultado. No ano seguinte, em 1985, tive patrocínio da revenda Honda e apoio do Motoclube. Foi então que dei início à carreira, participei do campeonato regional, no qual fui vice-campeão. E ESSE APELIDO, “CHUMBINHO”?

Surgiu na época do posto. Como trabalhava o dia inteiro, quando não estava abastecendo, pegava um banco e sentava. Aí começou a brincadeira, os colegas perguntavam se eu era de chumbo, pesado, que não aguentava ficar em pé. O Chumbinho ficou até hoje, todos me conhecem assim. SEU IRMÃO, ELTON, TAMBÉM FOI PILOTO E TRAVOU BELAS DISPUTAS COM VOCÊ. COMO ERA ESSA COMPETIÇÃO EM FAMÍLIA?

Competir com ele sempre foi um prazer. Jogávamos limpo, nos tocávamos muito, devido à confiança que um tinha no

outro, mas nunca tivemos problemas de relacionamento. Felizmente, tive a sorte de vencê-lo em todas as temporadas que travamos juntos, deixando ele sempre com o vice. Brincamos muito com isso. Hoje ele está afastado das pistas, se tornou atleta de freestyle, mas quem sabe um dia retorne para tirarmos a prova final. O MOTOCROSS É UM ESPORTE ARRISCADO, VOCÊ JÁ SOFREU MUITO COM LESÕES?

Com certeza, todos os pilotos estão sujeitos e sempre acontece algo durante a temporada. Eu já me machuquei muitas vezes, fraturei diversos ossos. A pior lembrança é de 2002, quando fraturei a mão esquerda logo após a primeira etapa do Brasileiro. Depois que voltei, corri algumas provas e fraturei a mesma mão novamente, tendo que abandonar a briga pelo título. Minhas recuperações costumam ser rápidas, pois tenho uma vida regrada, muito disciplinada, mas nem sempre as coisas acontecem como a gente espera. FALANDO EM VIDA REGRADA, CONTE COMO É SUA ROTINA.

É rotina de atleta, me alimento e durmo muito bem. Não consumo bebida alcoólica, não fumo, enfim, tenho hábitos saudáveis e isso faz uma diferença enorme no rendimento. Treino quatro vezes com moto por semana, mas também faço preparação física, pedalo, malho, alongo, enfim. Sou um cara família, quando não estou competindo, gosto de estar em casa com a minha mulher e filha. VOCÊ ESTÁ CORRENDO ENTRE OS VETERANOS AGORA E ACABA DE CONQUISTAR O TÍTULO DA CATEGORIA MX4 NO BRASILEIRO DE MOTOCROSS. COMO É SER UM DOS MAIS EXPERIENTES EM AÇÃO, SER O RECORDISTA EM TÍTULOS NACIONAIS?

Não sou mais um menino, é fato que não tenho a mesma explosão de antigamente, mas minha experiência ajuda muito na tomada de decisões na pista, consigo

desenvolver com mais tranquilidade, sem me deixar abalar, perder o foco. Além disso, conheço uma moto como ninguém, entendo cada barulho, cada resposta, sei preparar minha máquina. Eu simplesmente faço o que amo, com prazer, e isso contribui para que os resultados apareçam. Tenho a sorte de contar com pessoas que acreditam no meu trabalho, minha equipe, a Pro Tork, me dá um grande suporte. Tudo isso faz diferença. MUITOS JOVENS O PROCURAM COM O SONHO DE SE TORNAREM CAMPEÕES? VOCÊ DÁ AULAS?

Sim, eu ministro cursos e me dedico ao treinamento de alguns atletas. Pretendo intensificar esse trabalho quando eu resolver parar de competir. Gosto de repassar o que aprendi nesses 29 anos como profissional e fico muito feliz quando me procuram e perguntam minha opinião. Há alguns anos, tive a honra de ser consultor técnico da seleção brasileira no Motocross das Nações, uma espécie de Copa do Mundo da modalidade. Foi uma oportunidade bacana, com a qual me identifiquei. VOCÊ TEM PLANOS DE PENDURAR AS BOTAS?

Não. Enquanto eu me sentir bem, estarei nas pistas. Como eu disse, faço o que amo, é trabalho, mas também é prazer. Não vejo razões para eu parar. E, mesmo que eu pare de competir, não irei abandonar minha moto e todos os amigos que fiz nesta jornada. Acabei formando uma grande família no esporte, conheci pessoas muito queridas, criei vínculos, o motocross é minha vida. QUAL SEU PRÓXIMO DESAFIO?

Ainda este ano encaro o Mundial para Veteranos, na Califórnia, EUA. No ano passado fiquei com o vice, fechar a temporada 2014 com o título seria um sonho realizado.


© MAURICIO ARRUDA

PERFIL

NOME: Milton Becker APELIDO: Chumbinho NASCIMENTO: 18/7/1967 NATURAL DE: Itapiranga (SC) ALTURA: 1,79 m PESO: 79 kg PILOTO PROFISSIONAL DESDE: 1985 MOTO: KXF 450 TÍTULOS NACIONAIS: BRASILEIRO DE MOTOCROSS:

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NO SENTIDO HORÁRIO, A PARTIR DA FOTO ACIMA, BECKER EM FESTA APÓS CONQUISTAR O LUGAR MAIS ALTO DO PÓDIO; COMEMORANDO AINDA EM AÇÃO MAIS UMA VITÓRIA; E ENFRENTANDO AS CANALETAS.

125cc 2T – 1995 e 2003 250cc 2T – 1992, 2000 e 2001 MX3 – 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2012 e 2013 MX4 – 2011, 2012, 2013 e 2014. Brasileiro de Supercross: 250cc 2T – 1996, 1997 e 1998. Brasileiro de Ultracross: 250cc 2T – 1997. Superliga Brasil de Motocross: MX3 – 2011.

DESTAQUES DA CARREIRA:

Recordista em número de títulos nacionais no motociclismo. Vice-campeão no Mundial para Veteranos 2013. n Consultor técnico da seleção brasileira no Motocross das Nações 2011. MAIS INFORMAÇÕES: www.chumbinho2.com n n

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1983

1984

1995

1985

1996

2005

1997

2006

2010

1986

2007

2011

ALÉM DAS ONDAS E DISPUTAS EMOCIONANTES, A TRIPLE CROWN TAMBÉM É FAMOSA PELOS PÔSTERES PSICODÉLICOS QUE LANÇA A CADA EDIÇÃO DO EVENTO, ALGUNS ASSINADOS POR NOMES IMPORTANTES DO MUNDO ARTÍSTICO, COMO WOLFGANG BLOCH (2005), RICK RIETVELD (1998), JOHN SEVERSON (1995) E CHRISTIAN LASSEN (1990), ENTRE OUTROS. 2013

2014

1987

1998

2008

1988

1999

2009

2012


1989

2000

1990

1991

2001

1992

2002

O REINO E A COROA

1993

2003

1994

2004

Uma das disputas mais tradicionais e emblemáticas do esporte, a Tríplice Coroa Havaiana completa 31 anos de existência nesta temporada. Conheça detalhes da competição que consolida e destrói reputações e a cada ano reúne os melhores surfistas do mundo em três das principais ondas do North Shore de Oahu. Por Ricardo Macario RED NOSE XTREME SPORTS MAG #47


A

chegada do mês de novembro é um divisor de águas no Circuito Mundial de surf profissional. No sentido literal, das águas nem sempre desafiadoras da maioria das etapas do Tour (com exceções, claro) para as águas poderosas do Pacífico, mais especificamente do arquipélago localizado bem no centro do oceano no hemisfério norte. É no

Hawaii, no trecho de cerca de 10 quilômetros da costa norte da ilha de Oahu, que três etapas separam os homens dos garotos e formam a Tríplice Coroa Havaiana, espécie de Grand Slam do surf. Depois do título mundial, o troféu da Tríplice Coroa é provavelmente o segundo mais cobiçado pela maioria dos surfistas – lado a lado com o do Pipe Masters. “Para mim, a Triple Crown é a segunda coisa mais importante, depois do título mundial”, disse o australiano Joel Parkinson, tricampeão da Coroa e campeão mundial em 2012, depois de quatro vezes como vice do mundo, e campeão em Pipeline. No entanto, o detentor de 11 títulos mundiais, Kelly Slater, bicampeão da Coroa (1995 e 98), pensa diferente. “Eu realmente nunca dei muita importância à Triple Crown, sempre foquei na etapa de

NESTA PÁG. © JOLI, NA PÁG. AO LADO © SEAN DAVEY

TRIPLE CROWN


Pipeline e provavelmente coloquei tanta energia nisso que algumas vezes deixei a Coroa de lado”, disse Slater. Porém, tamanho é o peso da Coroa na reta final do Tour que em 2012 o local do Kauai Sebastian Ziets saiu da condição de mero coadjuvante para protagonista em apenas duas semanas, vencendo a etapa de Haleiwa, fazendo a final em Sunset e sacramentando seu primeiro troféu da Triple Crown durante a etapa de Pipeline, graças às derrotas de seus adversários diretos – o aussie Adam Melling, campeão em Sunset, e Alejo Muniz, finalista em Haleiwa e semifinalista em Sunset – e à sua vitória sobre John John Florence, defensor do título. Com o resultado, Ziets garantiu seu ingresso na elite do WCT em 2013, além de faturar US$ 100 mil, uma Harley Davidson e um relógio de US$ 10 mil em prêmios, e principalmente a glória de

entrar para um seleto grupo de campeões. “Eu nunca poderia imaginar que seria dessa maneira”, disse o surfista de 23 anos. “Foi um desfecho dos sonhos. Sonhos viram realidade”, completou o havaiano, primeiro a levar a Coroa de volta ao Kauai depois de Andy Irons. Já o Brasil teve em 2012 sua melhor participação na Triple Crown, com Gabriel Medina na segunda colocação no ranking, atrás de Ziets, e Alejo Muniz em quarto lugar, atrás de John John – sem esquecer as vitórias de Fabio Gouveia (1991) e Raoni Monteiro (2010) na etapa de Sunset, mas que isoladamente não chegaram a colocar nenhum dos dois na briga direta pela Coroa. Até então, a melhor campanha tinha sido de Renan Rocha em 2000, quando terminou em quarto lugar no ranking final. >

DOIS MOMENTOS INESQUECÍVEIS DA TRIPLE CROWN: NA OUTRA PÁG., O ANTOLÓGICO “SNAPBACK” DO AUSTRALIANO TOM CARROLL EM 91, CONSIDERADO POR MUITOS COMO A MANOBRA MAIS ANIMAL EM ONDAS GRANDES DA HISTÓRIA DO SURF COMPETITIVO; ACIMA, O HAVAIANO JOHN JOHN FLORENCE, QUE EM 2011 TORNOU-SE O MAIS JOVEM CAMPEÃO DA HISTÓRIA DA COROA, AOS 19 ANOS, COMPETINDO EM PIPELINE EM 2005, COM 13 ANOS DE IDADE.

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #49


As joias da Coroa

A MAJESTOSA ARENA DE PIPELINE, A JOIA MAIS IMPORTANTE DA TRÍPLICE COROA HAVAIANA.

© SEAN DAVEY

Faz todo sentido que a temporada de competições da ASP acabe no Hawaii, centro nervoso do surf no planeta, além de berço e Meca do esporte. Enquanto em algumas etapas do Circuito Mundial muitas vezes as baterias são decididas por questões táticas em ondas no máximo razoáveis, no Hawaii é o embate entre homem e natureza que conta. Cada etapa é considerada uma joia, e as três ondas que formam a Coroa oferecem todos os elementos para um surfista se provar. Pipeline é a única que integra o WCT, e por isso mesmo é a última, enquanto Haleiwa, a primeira, e Sunset, segunda, possuem status Prime e são decisivas na reta final da corrida pelas vagas na elite do ano seguinte. “A Tríplice Coroa Havaiana nasceu para ser a joia competitiva do surf mundial. Nesses palcos o que se viu foi, sem nenhum exagero, a consolidação da história do surf competitivo moderno”, escreveu o jornalista Tulio Brandão em sua coluna Leitura de Onda no site Waves. A definição não poderia ser mais justa. São três ondas que pedem um mix de habilidades e estratégias dificilmente exigidas em outro lugar. “Para ser um campeão da Tríplice Coroa, é preciso estar preparado para qualquer coisa, e se sentir confortável em todas elas”, Slater fala com total conhecimento de causa.


TRIPLE CROWN

© SEAN DAVEY

HALEIWA O Reef Hawaiian Pro, primeira joia da Triple Crown, acontece nas longas e manobráveis direitas de Ali’i Beach, na cidade de Haleiwa. A laje de coral afiado produz uma mistura de elementos de Sunset e Pipeline, mas com características próprias, que servem como aquecimento para as etapas seguintes. A correnteza é um dos obstáculos que exigem dos surfistas muito preparo físico, além de escolha e leitura de ondas apuradas. “Tem uma corrente sempre te jogando para o fundo e, se você passar do ponto onde deve dropar, não existe outro jeito senão ser aniquilado de volta à praia e tentar tudo de novo”, resume Gary Elkerton. As paredes extensas e rápidas são perfeitas para rasgadas e aéreos, e rolam tubos ocasionais. Nos dias menores, é amigável e serve de palco para vários campeonatos infantis, em que muitos surfistas havaianos iniciam suas carreiras. Mas, não se deixe enganar, quando o swell entra, a coisa fica séria. “Haleiwa grande é uma onda de respeito com séries de oeste. Quando você está no line-up e vê as séries vindo de Avalanche e reformando em Haleiwa, tem que estar muito focado para não se dar mal”, completa Kong.

SUNSET Segunda parada da Tríplice Coroa, o Vans World Cup of Surfing em Sunset Beach é um verdadeiro teste de resistência, força, coragem e habilidade em lidar com a vastidão do oceano. Considerada uma das ondas mais desafiadoras do mundo, as longas paredes de Sunset começam a quebrar no ponto mais outside da bancada e correm em direção ao canal, onde muitas vezes o famoso pico de oeste (west bowl) derrama toda a força do Pacífico em forma de tubos largos, pesados e difíceis de sair. Usando as maiores pranchas de seu quiver, os competidores precisam saber lidar com montanhas de água que podem chegar a 10 metros de altura e 12 de espessura, marchando impetuosamente numa área maior que um campo de futebol. “Sunset é uma das minhas etapas favoritas”, diz Joel Parkinson. “É uma onda muito difícil de surfar e incrivelmente desafiadora. Sinto que não é a gente que surfa a onda, é ela que nos conduz. Dá pra ver nitidamente quem sabe surfar com prancha grande e se colocar da maneira correta no line-up. E pegar a onda certa em Sunset é muito complicado. Quando você consegue é incrível, mas, se for na errada, pode levar mais de 10 minutos para voltar e a bateria já era”, destaca Parko. Sunset também já fez parte do WCT, algo que muita gente gostaria que voltasse a acontecer, por sua relevância no cenário competitivo.

PIPELINE O Billabong Pipe Masters é a etapa mais aclamada do Circuito Mundial e Pipeline, uma espécie de Santo Graal das ondas. A terceira e última joia da Coroa é ainda um dos campeonatos mais antigos do surf profissional. Mesmo quebrando bem próximo da praia, Pipeline pode ser a realização de um sonho e também o pior pesadelo do surfista – e já tirou mais vidas do que qualquer outra onda famosa. A praia literalmente treme quando as ondas explodem na bancada extremamente rasa de Pipeline, e os espectadores podem sentir de perto a energia do oceano e a tensão quando o surfista dropa as esquerdas ocas e rápidas. Qualquer erro é punido com um caldo terrível, e as consequências podem ser fatais. Tudo se resume a pegar o tubo, então, quanto maior a onda e mais fundo o surfista ficar, maior o risco e também a recompensa. “Eu cresci vendo essa onda, já surfei em todas as condições possíveis, de meio metro até o maior tamanho que pode ficar. Nesse tempo todo aprendi que você nunca pode ficar confortável demais. Quando isso acontece, o próximo passo é um lembrete que vai te deixar esperto de novo. É uma onda muito, muito pesada”, ensina o local hero John John Florence. No início dos anos 90, Kelly Slater provocou um choque de ordem no surf mundial ao começar a surfar o Backdoor, um tubo oco e rápido que muitas vezes fecha. Slater provou que usar pranchas menores e dropar atrasado poderia ser a receita de sucesso nessas ondas. Acabou vencendo a etapa seis vezes, mais do que qualquer outro surfista. RED NOSE XTREME SPORTS MAG #51


LEGADO PARA A HISToRIA

© SEBASTIAN ROJAS, © SCOTT AICHNER; © SEAN DAVEY.

NA PÁG. AO LADO, ACIMA, KELLY SLATER PROTAGONIZOU MOMENTOS INESQUECÍVEIS EM PIPELINE; ABAIXO, O HAVAIANO ANDY IRONS, TETRACAMPEÃO DA COROA, É UM DOS MAIS REVERENCIADOS DA COMPETIÇÃO. SUAS PERFORMANCES SEMPRE FORAM GARANTIA DE ESPETÁCULO, COMO NESTE TUBO NO BACKDOOR. NESTA PÁG., DOIS PILARES DA CONSOLIDAÇÃO DA TRIPLE CROWN: RANDY RARICK (DE BONÉ) E FRED HEMMINGS.

As três décadas de existência da Tríplice Coroa Havaiana são essencialmente a história do surf moderno. Quando o ASP World Tour foi criado, em 1982, substituindo a antiga IPS, pelo australiano Ian Cairns, ele tirou a etapa decisiva do Hawaii e levou para a Austrália. Então Fred Hemmings, que já promovia campeonatos de surf no North Shore desde os anos 70 e entendia a importância de existir uma disputa por título no Hawaii, para consolidar o esporte ainda em formação, nomeou os tradicionais eventos locais de Duke Kahanamoku Invitational, World Cup of Sunset e Pipeline Masters. Hemmings sabia que nenhum outro lugar do mundo oferecia a consistência, o poder e a perfeição das ondas havaianas, bem como as situações dramáticas que ajudariam na evolução do esporte e dos próprios surfistas. No ano seguinte, fundou a Tríplice Coroa Havaiana, com um troféu (além da glória e da fama) para o surfista que acumulasse mais pontos nas três etapas. Com a ajuda de Randy Rarick, Bernie Baker, Jack Shipley e Bob Lundy, a Triple Crown of Surfing começou em 1983, com vitória do surfista local Michael Ho. Se a ideia de Hammings era ajudar a criar um cenário em que os surfistas havaianos pudessem se destacar, ele acertou na mosca. Das 31 edições da Coroa, 20 foram vencidas por havaianos, sendo Sunny Garcia o maior vencedor, com seis títulos, seguido por Derek Ho e Andy Irons, com quatro cada um. A Coroa foi ganhando notoriedade ao longo dos anos e os executivos da ASP decidiram levar o encerramento da temporada competitiva, bem como a disputa pelo título mundial, de volta para o Hawaii. Com o World Tour finalmente culminando com a disputa da Tríplice Coroa, e seu próprio troféu, Hemmings deixou a direção de campeonatos de surf para investir na carreira política. Em seu lugar entrou Randy Rarick, que permaneceu no cargo de diretor executivo até 2012 e teve um papel fundamental na evolução da competição e do esporte em si. Nesses 31 anos, a Triple Crown passou de US$ 30 mil em premiações, em 83, para mais de US$ 1 milhão em 2012. “Naquela época, sonhávamos em legitimar o surf e criar uma maneira de o surfista ganhar a vida com o esporte”, declarou o surfista executivo de cabelos brancos e muita bagagem nas costas, que deixa a linha de frente para atuar mais discretamente nos bastidores. Todos os profissionais com mais de 60 anos fizeram sua despedida da Tríplice Coroa em 2012, como o beach marshall de 93 anos Rabbit Kekai, o juiz chefe Jack Shipley, o diretor de prova Bernie Baker, o diretor de produção Skill Johnson e o locutor Nuno Jonet. “Queremos manter as coisas sempre renovadas e relevantes, e para isso é importante trazer sangue novo para conduzir o show e levar a Triple Crown pelos 31 anos”, conclui Rarick. Olhando para a vitória de Ho há 31 anos, passando por Kelly Slater e Sunny Garcia e chegando até o domínio de John John na temporada passada e a vitória de Sebastian em 2012, é fácil perceber que o surfista que emerge como campeão da Tríplice Coroa teve que provar suas habilidades nas mais diversas condições do palco definitivo do surf mundial. >


TRIPLE CROWN

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #53


2011,2013 \ JOHN FLORENCE

2007 \ BEDE DURBIDGE

© JOLI, SEAN DAVEY, KIRSTIN/ASP

2012 \ SEBASTIAN ZIETS

2008, 2009, 2010 \ JOEL PARKINSON

2002, 2003, 2005, 2006 \ANDY IRONS

2001 \ MYLES PADACA


TRIPLE CROWN 2013 2001

CRONOLOGIA DA REALEZA John John Florence (HAW) – 2011, 2013

Joel Parkinson (AUS) – 2008, 2009, 2010

Sebastian Ziets (HAW) – 2012

Bede Durbidge (AUS) – 2007

Nascido no North Shore de Oahu, Florence estava predestinado a ser campeão da Tríplice Coroa Havaiana – e ele foi o mais jovem da história, aos 19 anos, vencendo de quebra a etapa de Sunset. “Uma das lembranças mais marcantes foi um tubo nota 10 do Pat O’Connell no Backdoor, eu tinha uns 8 anos. E, quando Shea Lopez quebrou a perna, foi pesado. Ter crescido vendo tudo isso de perto construiu minha base para um dia vencer, e sinto que passou muito rápido.” Local do Kauai, “Seabass” entrou em sintonia com o North Shore e gravou seu nome na história. Venceu em Haleiwa, fez final em Sunset e eliminou o campeão da edição passada John John Florence em Pipeline para sagrar-se campeão da Coroa em 2012, além de entrar para o WCT. “Estou nas nuvens. Foram as três semanas mais insanas da minha vida. Provei para mim mesmo que posso vencer os melhores do mundo e mal posso esperar para ver o que virá na sequência.”

Parko é um exemplo de surfista que se adapta perfeitamente às diferentes condições encontradas na competição. Suas conquistas dizem tudo: uma vitória em Haleiwa, três em Sunset e três títulos consecutivos da Coroa, além de dois vices e uma vitória em Pipe. “Sempre me inspirei no Tom Carroll, o jeito que ele venceu a Coroa nenhum aussie tinha feito antes. Mas Sunny ainda é meu preferido, ele é muito consistente.” Este australiano sempre foi considerado um azarão, até vencer a Coroa. Com o status de campeão, Durbidge passou a ser um adversário de respeito nas três arenas, principalmente depois do vice em Haleiwa grande e a vitória em Pipeline em ondas pequenas e mexidas, mostrando versatilidade. “Sendo grande, levo certa vantagem em surfar ondas como Haleiwa e Sunset, e acho que venho melhorando em Pipe. Ajuda ter confiança em ondas mais pesadas.”

Andy Irons (HAW) – 2002, 2003, 2005, 2006

Um dos maiores surfistas da história, o local do Kauai possuía todas as características para ser um eterno candidato ao título da Coroa. Andy rivaliza com Sunny Garcia o maior número de vitórias em eventos da Triple Crown, sete (quatro em Pipe, um em Sunset e dois em Haleiwa). E, ao lado de Derek Ho, é o único a vencer nos três picos. “Andy sempre arriscou tudo na água e isso fazia o surf dele interessante de ver. Foi um surfista verdadeiramente incrível”, disse Sunny sobre o amigo.

Myles Padaca (HAW) – 2001

Padaca surpreendeu o mundo ao vencer a Coroa sem fazer parte do WCT. Com uma final em Haleiwa e o primeiro lugar em Sunset, ele garantiu a Coroa antes mesmo do encerramento de Pipe. “Ter vencido os melhores da elite mundial na última vez que Sunset integrou o WCT foi especial. Foram muitos anos de dedicação, remadas, sangue, suor e lágrimas naquela bancada. Para um havaiano, vencer a Coroa te coloca em outro patamar, é melhor que o título mundial.” > RED NOSE XTREME SPORTS MAG #55


© JOLI, BERNIE BAKER, GORDINHO, SEAN DAVEY

1995, 1998 \ KELLY SLATER

1996\ KAIPO JAQUIAS

1987, 1989 \ GARY ELKERTON

1997 \ MIKE ROMMELSE

1992, 1993, 1994, 1999, 2000, 2004 \ SUNNY GARCIA

1984, 1986, 1988, 1990 \DEREK HO

1991 \ TOM CARROLL

1983, 1985 \MICHAEL HO


TRIPLE CROWN 2000 1983

Kelly Slater (EUA) – 1995, 1998

Com 11 títulos mundiais, seis do Pipe Masters, duas Coroas e um Eddie Aikau no currículo, Slater já conquistou tudo que poderia nas ondas do North Shore. No entanto, o líder da geração Momentum ainda não venceu em Sunset, nem em Haleiwa, o que pode parecer irrelevante considerando que ele é um dos únicos que faturou o Pipe Masters, o mundial e a Coroa no mesmo ano (95). “Nesses 30 anos, a vitória de Ho em Pipe usando o grab rail e Carroll brincando com a onda definem o legado da Triple Crown.”

Mike Rommelse (AUS) – 1997

Depois de uma década disputando o ASP World Tour, Rommelse finalmente venceu uma etapa, em Sunset, e com o nono lugar em Pipe e o quinto em Haleiwa, ele ficou com o troféu da Tríplice Coroa, aproveitando o auge da carreira para se aposentar. “Só de entrar na água em picos como Sunset e Pipeline já é uma adrenalina, antes mesmo de pegar uma onda.”

Kaipo Jaquias (HAW) – 1996

Durante a etapa de Haleiwa, o local do Kauai disse que estava em busca do troféu de campeão da Tríplice Coroa Havaiana. Kaipo venceu a primeira joia, fez quartas em Sunset e semi em Pipe, alcançando seu objetivo e se tornando o primeiro havaiano de uma ilha vizinha a ganhar a Coroa. “Todo mundo quer começar bem na primeira. Dá motivação e confiança para crescer na competição. Não é como uma quadra de basquete, estática e igual. O mar muda o tempo todo e temos que nos adaptar à mãe natureza.”

Sunny Garcia (HAW) – 1992, 1993, 1994, 1999, 2000, 2004

Maior ganhador da Coroa de todos os tempos, o campeão mundial de 2000 é o símbolo do orgulho havaiano. Adorado por uns e odiado por outros, Sunny é passional, fala o que pensa e tem fome de vitória. Apesar de já ter feito final nos três picos e vencido várias vezes em Sunset e Haleiwa, em Pipe ele nunca venceu. “A melhor final foi em 2006, quando Kelly e Andy se alternaram na liderança a cada série até que Kelly ficou com a prioridade a poucos minutos do final. Até aí já tinha sido uma bateria alucinante e então Andy se enfiou embaixo do Kelly pra dropar uma direita no Backdoor, tirar um 10 e vencer a prova.”

Tom Carroll (AUS) – 1991

Já com dois títulos mundiais embaixo do braço, Carroll foi o segundo aussie a vencer a Triple Crown, na mesma temporada em que mandou a rasgada em Pipe que ficaria imortalizada como sua marca registrada. Mas no início era Sunset que mexia com ele. “Quando venci de backside o então campeão mundial (Mark Richards) sem que ninguém tivesse vencido de backside lá antes, em 82, foi uma quebra de paradigma. Sunset é uma onda complexa que leva tempo e dedicação para entender. Se pudermos vê-la de volta no WCT teremos o mix perfeito.”

Gary Elkerton (AUS) – 1987, 1989 Graças ao surf destemido e agressivo que sempre o caracterizou, “Kong” foi o primeiro aussie a vencer a Coroa, abrindo a porta para seus conterrâneos. Em 87, ele simplesmente venceu duas etapas consecutivas em Sunset,

em condições desafiadoras. Por isso é um dos poucos que ganharam o autoexplicativo apelido de “Mr. Sunset”. “Acho que Pipe é uma onda até fácil perto de Sunset. Mas ambas são únicas. Exigem o equipamento certo, concentração, posicionamento e timing. Madruguei muitas vezes no pico para acumular experiência.”

Derek Ho (HAW) – 1984, 1986, 1988, 1990

O irmão caçula de Michael, primeiro campeão da Coroa, foi o primeiro havaiano a se tornar campeão mundial, em 1993, quando venceu o Pipe Masters e o título do circuito numa só tacada. Ele estabeleceu o nível de excelência em Pipe e virou referência para os jovens havaianos depois de sua vitória em 86, com um épico tubo de 8 segundos e baforada dupla. “O ano em que ganhei minha última Coroa, 90, foi o mesmo da morte do meu grande amigo Ronnie Burns, por isso a vitória foi ainda mais especial.”

Michael Ho (HAW) – 1983, 1985

Num acidente de skate antes das finais em Pipeline, “uncle Mike” quebrou o braço e mesmo assim foi para a água. A suposta limitação de movimentos o levou a segurar a borda da prancha para ter mais controle, criando sem querer a técnica de entubar de grab rail e vencendo o Pipe Masters. Ainda nos dias de hoje ele se destaca quando o mar sobe em Pipe ou Sunset. “Desde garoto me inspirei em Gerry Lopez e Jeff Hakman. Jeff era o cara em Sunset e ver Gerry surfando Pipe era sempre maravilhoso.” RED NOSE XTREME SPORTS MAG #57


VIDA DE ÍNDIO Se está cansado dos vídeos convencionais de skate, você não pode perder nenhum episódio do novo canal de Raphael Índio no Youtube, “Vida de Índio”. Por Vinicius Sá Moura Foto Caua Cisk

Dono de um estilo inconfundível sobre quatro rodinhas, Raphael Índio protagoniza o mais novo programa no Youtube, “Vida de Índio”. A ideia do projeto é mostrar o rolê cheio de atitude do skatista carioca nos lugares mais improváveis e insanos em que sua motocicleta pode chegar, sim é isso mesmo que você leu, motocicleta. É com ela que Índio, ao lado de seus amigos, explora novos locais para andar de skate e sentir na pele – literalmente – a dificuldade de andar em lugares ruins e o prazer de andar em lugares bons. Na entrevista abaixo, o skatista carioca, conhecido pela ousadia e por sempre se atirar de cabeça em tudo que se propõe a fazer, fala um pouco sobre o projeto “Vida de Índio”, e faz um breve resumo da sua carreira no skate. COMO SURGIU A IDEIA DE FAZER SEU PRÓPRIO PROGRAMA?

Sempre gostei de andar em lugares diferentes sem me preocupar se foram feitos pra isso, se são bons ou ruins, fazer algo diferente, e com o programa posso passar isso para as pessoas. Em uma viagem com o Cauã, começamos a pensar na ideia de pegar uma moto e sair por aí fazendo vídeos. Passado um tempo, ele comprou a moto e começou viajar sozinho. Depois disso fomos pra Guaratinguetá (SP) e viver aquele momento foi irado, era o que faltava pra completar. Quando voltamos eu não pensei em outra coisa, comprei minha moto e o projeto todo começou a fluir melhor do que imaginamos, era muito conteúdo para apenas um vídeo, então decidimos fazer um canal no Youtube, assim teríamos mais de uma história para contar!

FALE MAIS SOBRE SEU PROGRAMA E QUAIS OS PLANOS PARA ELE?

“Vida de Índio” é baseado no meu lifestyle. Skate e moto são as ferramentas principais, sair do cotidiano em busca de lugares improváveis para andar de skate junto com amigos. O plano é sempre superar as expectativas, nada é muito planejado, as coisas vão acontecendo e a gente vai se ajustando a elas. O QUE AS PESSOAS PODEM ESPERAR DO PROGRAMA?

Acho que ele vai surpreender a cada episódio. Estamos em busca do desconhecido. Com certeza terá muito skate, moto e perrengues, (risos), além de muitas risadas, cultura, tudo que vier pra gente será lucro (risos). A ideia é viver os momentos e compartilhá-los com todos. DE QUANTO EM QUANTO TEMPO SERÃO LANÇADOS NOVOS EPISÓDIOS?

De 15 em 15 dias. Tendo também alguns episódios extras em nossa página no Facebook: A vida de índio. FALE UM POUCO DO RAPHAEL ÍNDIO, SKATISTA PROFISSIONAL.

Sou bem agitado e acabo levando isso para o meu skate também. Meu estilo é sempre bem agressivo gosto de pular escadas, dropar de lugares diferentes e andar com velocidade. Quando não estou andando de skate estou com minha família. COMO O SKATE ENTROU NA SUA VIDA?

Isso foi bem louco. Quando eu ainda criança, fazia muita besteira e o que me chamava atenção era os esportes de ação, bike, motocross e o skate -

tudo que tinha velocidade e risco me chamava atenção. Lembro que em um aniversário, não lembro a minha idade, uma tia distante me deu de presente um skate tubarão, quando abri o presente, fiquei feliz P#C*@l#o, e daí comecei e estou nessa até hoje. FOI INCENTIVADO PELOS FAMILIARES NO INÍCIO?

Minha família nunca foi muito ligada, mas me ajudou do jeito que pôde. Hoje o time cresceu, minha esposa, meu sogro e minha sogra são os maiores incentivadores e tenho muito a agradecer a eles. COMO DEFINIRIA SEU ESTILO?

Meu estilo é como preto e branco – simples, mas expressivo. NA SUA VISÃO, COMO É O SKATE NO RIO DE JANEIRO, ONDE VOCÊ MORA?

O skate carioca é muito doido. Aqui todos se amam e ao mesmo tempo se odeiam (risos). Gosto daqui porque tem diversos picos de rua, algumas pistas e bastante lojas e marcas aparecendo. Esse “oba oba” em torno do skate esta melhorando cada vez mais o esporte e espero que isso tudo continue! MANDE UMA MENSAGEM PARA A GALERA.

Galera, o “Vida de índio” está chegando com uma proposta bem legal e diferente, não só para skatistas ou motociclistas, mas para os públicos de todas as idades. Para conferir tudo que está rolando é só se inscrever em nosso canal no Youtube: “Vida de Índio”.


O SKATISTA CARIOCA, RAPHAEL ÍNDIO COLOCA TODO SEU TALENTO EM “VIDA DE ÍNDIO”, SEU NOVO PROJETO. ORIGINAL E CHEIO DE ATITUDE COMO SUAS MANOBRAS.


JIU-JÍTSU NA GRAMA O rugby é um esporte coletivo, de intenso contato físico, criado na Inglaterra. Sua versão mais popular, composta de 15 integrantes em cada time, é realizada no gramado de grandes estádios. Já o jiu-jítsu é uma arte marcial originária do Japão, individual, praticada no tatame, que alia força e filosofia. Em um primeiro momento, as modalidades parecem seguir caminhos distintos, mas, na Austrália, a arte suave vem sendo empregada por jogadores profissionais de rugby, que pretendem utilizar alguns de seus fundamentos para melhorar o desempenho na grama. Por Marcelo Barone Fotos arquivo pessoal

A

ssistente técnico do Canterbury-Bankstown Bulldogs e lenda do rugby australiano, Jim Dymock começou a treinar jiu-jítsu na academia comandada pelos brasileiros Marcos Nevel e Maurício Cavicchini, a Gracie Sydney Australia, filial da Gracie Humaitá. Impressionado com a distribuição de peso, ao ver um lutador de 55 quilos dominar outro bem mais pesado, notou que as técnicas da arte suave poderiam ser úteis ao seu time, um dos mais tradicionais do país. O convite para o projeto, segundo Nevel, se deu quando Dymock assumiu a equipe como técnico interino. De novembro de 2011 até março de 2012, durante os

quatro meses de pré-temporada, todos os jogadores da equipe passaram a treinar jiu-jítsu, cujas aulas eram ministradas nas dependências do clube, duas vezes por semana, em Sidney. “A estrutura montada para que possamos trabalhar foi muito boa. As outras equipes usam mais a parte de wrestling. O brazilian jiu-jítsu foi usado por uma outra equipe alguns anos atrás e fez bastante sucesso”, disse Nevel. Com estrutura corporal respeitável, base sólida e bagagem do Grappling, os jogadores de rugby não saem da estaca zero se comparados aos demais praticantes de jiu-jítsu. >


CRIADO NA INGLATERRA, O RUGBY É UM ESPORTE COLETIVO DE INTENSO CONTATO FÍSICO, E FOI PENSANDO EM FACILITAR AS QUEDAS QUE CADA VEZ MAIS TREINADORES TEM INSERIDO O JIU-JÍTSU EM SEUS TREINAMENTOS.

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #61


NESTA PÁG. NO SENTIDO HORÁRIO, MARCOS NEVEL E MAURÍCIO CAVICCHINI, RESPONSÁVEIS PELOS TREINAMENTOS DO CANTERBURY-BANKSTOWN BULLDOGS. AO LADO, O TIME REUNIDO APÓS MAIS UM DIA DE TREINOS. NA PÁG AO LADO, OS JOGADORES PRATICANDO QUEDAS, GOLPE GERALMENTE UTILIZADO PARA ANULAR O ADVERSÁRIO DENTRO DE CAMPO.

Com a autoconfiança elevada e dosando o gás durante as partidas, passaram a reparar que alguns detalhes aprendidos nas aulas faziam a diferença no tapete verde. “Os jogadores estão conseguindo derrubar e controlar os rivais no chão com mais rapidez e facilidade, economizando mais energia e cansando o outro time. Tivemos um aproveitamento de 92% no tackle (única forma legal de parar o adversário que está com a bola), o que antes era de 75%”, explicou Cavicchini. Esporte mais popular da Austrália, o rugby está anos-luz à frente do jiu-jítsu no que tange à popularidade. Entretanto, com o sucesso do UFC, que vem sediando edições no país, a arte suave está conquistando seu espaço. E com o auxílio das aulas semanais, os jogadores passaram a entender melhor os segredos do BJJ. “Ver nossa modalidade sendo difundida e valorizada através do principal esporte australiano é ótimo, assim como ver os atletas utilizando em campo as técnicas que passamos”, declarou Cavicchini, que revelou uma curiosidade.

“Os jogadores estão conseguindo derrubar e controlar os rivais no chão com mais rapidez e facilidade, economizando mais energia e cansando o outro time.

“O mais engraçado é que no final das aulas eles sempre pedem para aprender alguns golpes famosos que veem nas lutas. ‘Agora ensina aquele do Anderson Silva’ é uma das frases que vez ou outra a gente escuta nos gramados ou no tatame.” Na Terra dos Cangurus há um ano, Maurício Cavicchini conta que quando chegou ao país vislumbrou a possibilidade de misturar os dois esportes, o que viria a acontecer. Apesar de os jogadores experimentarem o jiu-jítsu, os professores preferem não se arriscar no gramado do estádio do Bulldogs. “Se valesse apertar o pescoço, acho que a gente teria uma vaguinha no time (risos).”


RED NOSE XTREME SPORTS MAG #63


EDITORIAL DE MODA

VIDA BOA!

QUAL A FÓRMULA DO FINAL DE SEMANA PERFEITO? TEMPO BOM, PRAIA, ONDAS, AMIGOS, ESPORTES, BALADA, RISADAS... MISTURE TUDO ISSO, COLOQUE ESTILO, UM POUCO DE MORDOMIA (SE POSSÍVEL BASTANTE!). AGITE E DIVIRTA-SE. NAS PÁGINAS A SEGUIR INSPIRE-SE NO MELHOR ESTILO RED NOSE DE CURTIR E APRECIAR A VIDA, SEM MODERAÇÃO. Fotos RODRIGO SODRÉ E JOÃO ÁVILA Modelos AMANDA HERDEIRO, BEATRIZ CORRALEIRO, MAGALI BALSELLS E ALVARO PETRONI




EDITORIAL DE MODA

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #67


EDITORIAL DE MODA


RED NOSE EXTREME SPORTS MAG #69


EDITORIAL DE MODA


RED NOSE EXTREME SPORTS MAG #71


EDITORIAL DE MODA


RED NOSE EXTREME SPORTS MAG #73


EDITORIAL DE MODA



EDITORIAL DE MODA



CIRCUITO VERTICAL

© EDUARDO MAGALHÃES

Este ano, o Circuito Banco do Brasil chegou a sua segunda edição já reconhecido como um dos mais importantes eventos do país, unindo cultura, esporte e responsabilidade social e ambiental. Foram quatro eventos – Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro -, três deles com etapas realizadas em parceria com a Confederação Brasileira de Skate, onde os atletas superaram seus próprios limites e protagonizaram momentos que ficarão por muito tempo na memória do público.


DAN CEZAR MANDANDO UM FRONT SIDE NOSE BONE ESTRATOSFÉRICO NA ETAPA DO RIO DE JANEIRO, (RJ).

RED NOSE XTREME SPORTS MAG #79


© FILIPE MARQUES

CIRCUITO VERTICAL

NOME: Dan Cézar Pardinho APELIDO: Dan IDADE: 24 anos NATURAL DE: Santo André (SP) TÍTULOS: n n n n n n n n n n n n

PERFIL

Campeão Circuito Brasileiro Amador de Vertical, 2006 e 2007 Vice-campeão Oi Vert Jam, Rio de Janeiro, 2009 Campeão do Best Trick Converse Fix to Ride no Arpoador, Rio de Janeiro, 2009 Campeão da primeira etapa do Circuito Brasileiro, Guará, Distrito Federal, 2010 Campeão da segunda etapa do Circuito Brasileiro, Floripa, 2010 Campeão brasileiro de Vertical Profissional Invicto, 2010 Campeão do Best Trick Oi Vert Jam, Rio de Janeiro, 2011 Campeão do DC King of Mini Ramp, São Paulo, 2011 Campeão do Jump Festival (Pro Rad), São Paulo, 2012 Campeão do Jump Ramp, Barueri (SP), 2012 Campeão da segunda etapa do Circuito Banco do Brasil, Curitiba , 2013 Campeão da quarta etapa do Circuito Banco do Brasil, Rio de Janeiro–, 2013




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