Os 50 maiores camisas 10

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Renato Andreão

Os 50 maiores camisas 10 de

todos os tempos

1a Edição

Edição: Futebol sem Fronteiras

Vitória 2012



A pR esen tAç ão

U

m futebolista com o número 10 nas costas sempre parece ser, á primeira vista, o melhor do time. Monstros como Pelé e Eusébio consagraram a camisa número 10 com seus rasgos de gênio. Mais tarde Platini, Maradona, Ronaldinho e muitos outros deram sequência a mística do 10. Muitos falam que essa espécie está extinta e tornou-se um artigo de luxo nos tempos modernos. Depende do conceito. Os clássicos camisas 10 Old School de estilo pausado que organizavam o jogo da equipe a partir do meio-campo com imaginação e técnica superior realmente eclipsaram-se. Em meio á evolução física e as novas abordagens e tendências táticas, ainda foi possível deleitar-se com Zidane e Riquelme. Ambos foram os últimos exemplares desta casta que conseguiram se adequar ao panorama moderno e jogar em alto nível. Ganso ainda precisa de algo mais. O ex-craque francês Michel Platini analisou que no cenário dos anos 90 o típico meia número 10 não era 10, nem 9, era 9.5. Ou seja, um “vagabundo” que joga solto da intermediária adversária para frente. Assim jogaram Baggio e Bergkamp. Mas para espanto de todos, no alvorecer deste milênio surgiu um 10 de qualidade técnica estonteante capaz de reunir todos os fundamentos dos míticos craques e executar tudo em alta velocidade: Lionel Messi. Vertiginoso e letal quando ar-


ranca para decidir jogos, cerebral quando recua para armar. Um fenômeno. Para elaborar uma lista dos 50 maiores camisas 10 de todos os tempos deve-se ter a noção exata de todas essas mudanças e dinâmicas que o futebol sofreu ao longo das décadas. O jornalista não pode ter a arrogância de fixar colocações como “esse foi o 1º, aquele o 5º melhor etc..”, porque depende muito do contexto em que o jogador se expressa. Por exemplo, Messi é muito mais produtivo que Maradona em número de assistências e gols, mas ainda não foi capaz de triunfar em circunstâncias adversas (como fez Diego por Argentinos Juniors, Napoli e Argentina-86) e fora da cultura de futebol onde cresceu (Barcelona). Tudo isso deve ser relevado. Comparar unanimidades é mais complexo do que se imagina. O jornalista esportivo, por mais experiente que seja, não tem subsídios para fazer tal julgamento. É óbvio que haverá contestações como as ausências de Mário Kempes, Raí e Roberto Dinamite. Aceitarei as críticas, mas reitero que um dos princípios desse trabalho foi ter uma visão universal, ampla, abrangendo o maior número de regiões possíveis do globo. Além disso, dei prioridade para personagens de técnica apurada. O lado mais nefasto de se analisar quem foram os 50 maiores 10 de sempre, é deixar de fora jogadores com estilo de um autêntico 10, mas que passaram quase toda a carreira vestindo outros números e raramente (ou nunca) usaram a 10 com brilho. Cruyff e Kaká são exemplos máximos. O holandês


quase sempre com a 14 nas costas e o brasileiro com a 8 ou a 22. Quando Kaká usou a 10, ele jogou pela seleção brasileira apenas em partidas de Eliminatórias, Copa das Confederações 2009 e no fiasco do Mundial 2010. Pouco para entrar num trabalho como esse. Há jogadores que se reinventaram e usando a gloriosa camisa 10 brilharam em situações especiais. O atacante uruguaio Diego Forlán é um deles. Centroavante de origem, é conhecido pelo instinto goleador que o fez ser artilheiro por onde passou. Porém, corajoso e inteligente taticamente, vestiu a 10 na Copa do Mundo de 2010, jogou mais recuado, deixando Luis Suárez como referência ofensiva e “agarrou os jogos pelos colarinhos”; decidiu partidas, levou o Uruguai ao 4º lugar e ganhou o prêmio de melhor jogador do torneio. Como ignorar um feito tão extraordinário como esse? Por essa razão preferi abranger todas as décadas e compilar os perfis dos “50 +” que brilharam com o número 10 - e em que época viveram seu auge! Apresentar com uma visão universal quais foram os futebolistas que carregaram a mística da camisa mais usada pelos craques na história do desporto-rei. Seus perfis, requintes técnicos, proezas, tudo apresentado com vigor e estilo. Entram nessa compilação jogadores que marcaram época vestindo a 10, independente de sua função ou dinâmica de jogo, se eram basicamente meias de ligação ou atacantes. O que vale é celebrar e manter viva a mística do camisa 10 no esporte mais popular do planeta.



A n o s 1 9 4 0 e 5 0.. ‒ Acontece a II Guerra Mundial (1939 – 45) ‒ Surge no Brasil a TV Tupi, primeiro canal de televisão das Américas. ‒ É criada a empresa estatal Petrobrás. ‒ Getúlio Vargas, então Presidente do Brasil, comete suicídio. ‒ O cantor Elvis Presley começa a fazer um tremendo sucesso. Surge também a banda Beatles. ‒ O revolucionário Fidel Castro toma o poder em Cuba. ‒ Começa a Guerra do Vietnã. ‒ No futebol, após 12 anos, a Copa do Mundo volta a ser realizada, em 1950 no Brasil. Apesar do favoritismo, os brasileiros perdem a final para o Uruguai, que ganha de virada: 1-2. ‒ Em 58 o Brasil ganha pela primeira vez uma Copa do Mundo. Didi e Garrincha brilham. Surge Pelé. ‒ No final dos anos 1940 os números nas camisas das equipes de futebol passam a ser obrigatórios em grande parte do mundo. Surgem os primeiros grandes camisas 10. Conheça-os nas próximas páginas..


L A bRunA nome: Angel Amadeo Labruna 28/09/1918, em Buenos Aires (Argentina) 20/09/1983 em Buenos Aires (Argentina) carreira: River Plate, Rampla Juniors/URU, (1939 – 61) Platense e Rangers de Talca/CHL onde mais brilhou com a 10: River Plate


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ma lenda das canchas argentinas. El Feo (“o feio”), como era conhecido, foi um goleador implacável que marcou época no River Plate dos longínquos anos 1940 e 50. Os números nas camisas só passaram a vigorar na Argentina em 49 e Labruna foi a primeira grande referência a usar a 10 no país do tango. Seus feitos são intermináveis; é o segundo maior artilheiro do campeonato argentino com 293 gols, apenas dois a menos que Arsenio Erico. Também é o maior goleador do Superclasico River Plate x Boca Juniors com 16 tentos e o jogador que mais tempo atuou pelo River com incansáveis 20 anos de serviços. Formou a lendária linha ofensiva do River Plate dos anos 40 ao lado de Moreno, Muñoz, Pedernera e Loustau, apelidada pela imprensa de La Máquina. Mais tarde atuou com Di Stéfano. Ao todo, ele ganhou nove títulos nacionais. Segundo fontes daquela época, Labruna, filho de um relojoeiro italiano, se caracterizava pela aceleração, agilidade e finalização impetuosa e precisa. É relevante notar que se a Segunda Guerra Mundial não tivesse impedido a realização das Copas do Mundo de 1942 e 46, certamente a Argentina poderia chegar longe com o ataque implacável do River Plate comandado por El Feo. No crepúsculo de sua carreira, aos 39 anos, jogou o Mundial de 58, mas obviamente, sem as condições físicas da juventude, foi um espectro em campo. Um craque que poderia ter tido glória maior, mas as guerras mundiais lhe tiraram a chance.





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