A REVISTA DE NEGÓCIOS DO AÇO
GRIPS EDITORA – ANO 23 – Nº 156 – MAIO DE 2022
REDUÇÃO NA ALÍQUOTA DE IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO DE AÇOS
QUAL É O PAPEL DO LÍDER MODERNO
O AVANÇO DA ROBÓTICA NA INDÚSTRIA
ÍNDICE
FEIRAS E EVENTOS
A feira da retomada
E-COMMERCE
Usando as ferramentas certas para aumentar a venda de aços
RECURSOS HUMANOS
Qual é o papel do Líder Moderno?
VITRINE
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EDITORIAL
O Futuro é Agora!
GESTÃO EMPRESARIAL
Meios tecnológicos oferecem informações transparentes, fiéis e auditáveis
TRIBUTAÇÃO
Redução no imposto de importação de aço
ESTATÍSTICAS
ANUNCIANTES Siderurgia Brasil 156 - Maio - 2022
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EDITORIAL
O FUTURO É AGORA
C
hegamos à transição do 1º para o 2º Semestre de 2022 com algumas boas surpresas que merecem muito serem comentadas. Estamos voltando de duas feiras empresariais gigantescas e muito bemsucedidas realizadas no modelo presencial – a FEIMEC 2022, com foco no setor de máquinas e equipamentos industriais, promovida em São Paulo; e a AgroBrasília, feira de negócios e tecnologia voltada ao mercado do agribusiness, que aconteceu no Distrito Federal –, eventos estes que, como vocês sabem, já vimos acompanhando há alguns anos em nossas publicações. E, em ambas as feiras, com muita satisfação, pudemos sentir a mudança (para melhor!) no comportamento das pessoas que ocupam posição de destaque em suas empresas, como CEOs, diretores, e profissionais que atuam na alta gerência das duas cadeias produtivas mais importantes do Brasil. E nelas também, a principal diferença que, sem dúvida alguma, pudemos constatar foi o aumento da sensação de confiança. Com efeito, em tempos recentes, quando perguntávamos a esses executivos sobre sua percepção sobre o planejamento futuro, a resposta era sempre marcada por dúvidas e insegurança e muita chacota pelo futuro de nosso país. Porém, agora, com muita alegria, percebemos que isso mudou: vimos empresários animados e certos de que estão trilhando o bom caminho da retomada, com a perspectiva de que suas companhias fecharão o ano de 2022 com índices de crescimento e conquista de resultados excepcionais. E nem um ou outro resultado mensal negativo será suficiente para abalar a certeza de que vivemos novos tempos. Sim, aquele “mimimi” e a choradeira sem razão parecem, definitivamente, ter ficado no baú do esquecimento. E, hoje, todos eles estão concentrados em dotar suas empresas com um amplo ferramental mirado na conquista de melhorias da produtividade para atuar em um saudável cenário de alta competitividade. Para tanto, as duas feiras foram campeãs em lançamentos de produtos, serviços,
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Siderurgia Brasil 156 - Maio - 2022
sistemas técnicos, de informação e de gestão capazes de materializar suas projeções dentro de uma proposta de direcionamento de investimentos. Outra sensação muito clara que pudemos notar foi também o aumento da preocupação com a sustentabilidade e com o meio ambiente, por meio da correta destinação de resíduos e sucatas que deixamos para trás no processo de produção. Em síntese, com os cuidados com a preservação dos recursos naturais do nosso planeta, plasmado cada vez mais na observância dos conceitos de ESG, aquelas três letrinhas mágicas que exprimem o corolário da governança ambiental, social e corporativa, e que, a partir de agora, definitivamente, passará a fazer parte da realidade diária das empresas em âmbito mundial. Sinal claro disso, aliás, é o fato de que muitas granes empresas já suspenderam compras de fornecedores não alinhados a tais protocolos, criando outros ainda mais rígidos para o cumprimento desses objetivos. Sem entrar na esfera das crenças individuais, sentimos algo como uma espécie de “elevação espiritual coletiva” pairando em todos os estandes das feiras que visitamos. E uma frase que ouvi de uma famosa empresária na mostra de Brasília deixa bem claro o que vai acontecer com aqueles que não aderirem a essa dinâmica: “Deixe quem quiser chorar, porque estou aqui para fabricar e vender lenços!” E faço questão de deixar aqui uma nota minha que atesta que a empresária tem total razão: só no ano passado, a empresa dela cresceu mais de 200%, e tem projeções fantásticas para o futuro imediato. Captando tudo e dando provas verdadeiras e fiéis de que esse sentimento precisa se espalhar cada vez mais e entre os players do nosso mercado, dando forma proativamente a ações efetivas e reais, nesta edição da Revista Siderurgia Brasil trazemos uma reportagem exclusiva com um grande balanço da FEIMEC 2022, uma nota sobre os resultados da AgroBrasília, e artigos atuais e na linha do
Foto: Divulgação
EXPEDIENTE
A!
Ano 23 – nº 156 – Maio de 2022
HENRIQUE ISLIKER PATRIA EDITOR RESPONSÁVEL
tempo falando sobre como os meios tecnológicos oferecem informações fundamentais para uma boa gestão, destacando a enorme importância do papel que os grandes líderes da administração moderna terão que desempenhar e assumir para se adequar à realidade do futuro, que não é simplesmente o de amanhã, mas, sim, o do presente, como já evidencia o título deste meu editorial. Complementarmente, e com o mesmo objetivo, trazemos ainda em nossas páginas um balanço dos excelentes resultados obtidos pela implantação do e-commerce em uma das maiores produtoras de aço do Brasil, ao longo de seu primeiro ano de atividade. E, nesta edição também, damos espaço às “broncas” manifestadas no comunicado oficial do Instituto do Aço sobre a redução de imposto de importação de determinados tipos de aços, que já está valendo. E, entre outros conteúdos de atualização, trazemos ainda um quadro de estatísticas, que demonstra que o mês de abril foi marcado por acomodações em diversos setores, com números não foram tão generosos para as atividades que acompanhamos no mês a mês, em contraste com as boas perspectivas para o 2º semestre, o que cristaliza ainda mais a necessidade de agirmos já, para conseguirmos materializá-las. É como já diziam os nossos avós: não podemos deixar para amanhã o que podemos – e precisamos – fazer hoje. E, como de hábito, conclui esta minha mensagem agradecendo aos nossos leitores pela intensa e cada vez maior receptividade dada à nossa revista, convidando-os novamente a interagir conosco, por meio de nossos múltiplos canais de comunicação, sempre abertos a todos os seus comentários, críticas e sugestões. Faça uso deles quando e como quiser, porque, nem é preciso dizer, mas é sempre bom reafirmar, vocês são a principal razão da nossa existência; Então, muito obrigado e boa leitura!
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Henrique Pátria henrique@grips.com.br Siderurgia Brasil 156 - Maio - 2022
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FEIRAS E E VENTOS
A FEIRA DA Com recorde de público e de vendas, a edição deste ano da Feimec em São Paulo, refletiu a pujança da indústria brasileira de máquinas e equipamentos MARCUS FREDIANI
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uperando todas as expectativas e movida por um forte movimento marcado não só pela demanda reprimida, como também – e principalmente –pela perspectiva de recupe-
ração de mercado que já começa a ser manifestada em diversos setores da economia brasileira, na dinâmica que promete se acelerar ainda mais a partir do 2º Semestre deste ano, a realização da FEIMEC 2022 – Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos, a mais completa mostra do setor da América Latina foi, definitivamente, um grande sucesso. Promovida entre os dias 3 e 7 de maio pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos - ABIMAQ, com organização da Informa Markets Brasil, em uma área de 64 mil metros quadrados de pavilhão no gigantesco espaço de exposições do São Paulo Expo, em São Paulo/SP, a terceira edição do evento cravou recorde de público,
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Fotos: Divulgação
RETOMADA
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FEIRAS E E VENTOS
José Velloso Dias Cardoso, presidente executivo da ABIMAQ
somando 55 mil visitantes ao longo de seus cinco dias de exposição, 10% a mais do que a versão anterior, realizada em 2018. Segundo informa José Velloso Dias Cardoso, presidente executivo da ABIMAQ, a feira reuniu mais de 900 marcas expositoras do Brasil e de países como China, Alemanha, Itália, Estados Unidos, entre outros, tornando-se o ponto de convergência de todos os segmentos industriais envolvidos com a Indústria 4.0. “Definitivamente, esta foi a maior FEIMEC de todos os tempos em termos de lançamentos dos expositores. As empresas que participaram tiveram uma visitação inédita na história do evento e sabemos que o volume de negócios foi igualmente expressivo”, comemora. Para ilustrar tal façanha, o executivo destaca que, depois de um período positivo para o setor – com cifra de crescimento acumulado de 43% entre 2019 e 2021 –, a previsão de evolução do setor para este ano situava-se na casa dos 3% no mercado interno e de 17% nas exportações. Contudo, esses números foram turbinados após os resultados da FEIMEC 2022. “Ainda estamos em fase de tabulação dos dados, mas seguramente as expectativas
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de negócios que tínhamos antes do evento foram amplamente superadas, em parte porque ficamos três anos sem fazer a feira e muitos dos lançamentos não tinham sido mostrados para o grande público. E isso é prova incontestável de que o setor se encontra aquecido e segue uma trajetória de grande potencial de desenvolvimento, o que exprime a nossa sensação de otimismo em relação ao futuro”, registra o presidente executivo da ABIMAQ.
ALINHAMENTO SINERGÉTICO A surpreendente performance da terceira edição da FEIMEC deixou claro que a feira se transformou em uma plataforma de negócios completa para todos os segmentos industriais, nacionais e internacionais, gerando negócios, relacionamentos e entregando conteúdos de qualidade, promovendo o alinhamento sinergético perfeito entre os ambientes físico e digital. Atualmente, a feira integra uma base de dados qualificada, com mais de 60 mil contatos de profissionais do setor e diversos canais, como plataforma digital, website, redes sociais e uma ferramenta de conteúdos e negócios exclusivos, com os
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FEIRAS E E VENTOS
quais consegue promover marcas, lançar produtos, gerar leads e realizar ações personalizadas para obtenção de um melhor retorno dos investimentos, com mais foco e assertividade. É o que comprova, por exemplo, a ferramenta Demonstrador de Soluções Tecnológicas da Indústria 4.0, desenvolvido pela ABIMAQ e por diversas empresas parceiras da associação, com o objetivo de apresentar, na prática e em tempo real, os principais conceitos e tecnologias aplicadas à Indústria 4.0, promovendo o avanço tecnológico e a geração de negócios no setor. “Por meio dela, apresentamos dez clusters com soluções 4.0, abrangendo desde a implementação de infraestrutura digital nas empresas, até a digitalização de máquinas, passando por integração de sistemas, rastreabilidade, controle de manutenção preditiva, estoque digital, entre outras tecnologias. Dentro da nossa proposta de divulgação de conteúdo, todas essas questões foram intensamente debatidas em mais de 20 palestras e rodadas tecnológicas, com o objetivo de atender à demanda dos visitantes pelas inovações exibidas”, sublinha João Alfredo Saraiva Delgado, diretor de tecnologia da ABIMAQ.
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CAPACITAÇÃO ROBÓTICA Com efeito, quem percorreu os extensos corredores da FEIMEC 2022 saiu da feira com a nítida percepção de que automação não é mais uma palavra do futuro, e sim do presente. Nos corredores da feira foi possível contemplar o que há de mais novo em termos de tecnologia para o mercado da indústria. Entretanto, ao lado de avançados softwares, veículos autoguiados e sistemas integrados de monitoramento, os robôs foram, sem dúvida alguma, as grandes estrelas do evento. Ver essas máquinas em ação nos estandes – por meio de demonstração de soldas, gravação em metais, cortes para peças de cerâmica e aço, entre outras operações – foi, efetivamente, uma experiência inesquecível para todos aqueles que procuram por soluções inteligentes para otimizar processos, ter mais eficiência na produção e reduzir custos. E, mais do que isso, enfatizou de maneira inquestionável a necessidade premente de as empresas investirem cada vez mais também na qualificação de mão de obra especializada para a perfeita utilização das ferramentas de robótica cada vez mais presentes na in-
dústria no âmbito da transformação digital capitaneada pela Indústria 4.0. “Não resta dúvida que o uso de robôs e das demais soluções propostas pela Indústria 4.0 ainda assusta um pouco o setor, que continua sentindo alguma dificuldade na contratação de mão de obra especializada. Algumas empresas não assimilaram bem a
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magnitude dessas tecnologias habilitadoras, por isso temos que investir em soluções tecnológicas e capacitação profissional, preparar as pessoas para atender à demanda desse mercado. Assim, embora se note certa resistência por parte da indústria, esse é um trabalho que precisa ser feito. E com urgência, uma vez que tais iniciativas voltadas
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ao treinamento e à qualificação fomentam a indústria, bem como, é claro, contribuem para o aprimoramento da mão de obra neste novo cenário”, contextualiza acerca do tema Fernando Telli, supervisor de projetos estratégicos do SENAI SP. Na busca pela convergência de parcerias capazes de difundir a correta assimilação desses conceitos e de proporcionar inovações, experiências e oportunidades tangíveis para o estabelecimento de uma indústria mais conectada, um dos projetos apresentados pelo SENAI SP foi o Soluções Digitais, uma iniciativa focada que abrange dois tipos de ações distintas, porém perfeitamente integradas. A primeira é o Simulador de Processos e o Escaneamento, um software
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que simula o processo de funcionamento da empresa no chão da fábrica, gerando uma planta completa das atividades realizadas no local por meio de realidade virtual, que ajuda a identificar gargalos que nem sempre são vistos a olho nu na empresa, como erros de layout e ociosidade de máquinas. A análise permite que o operador identifique e corrija problemas, como fazer a troca de robôs em determinadas operações, alteração de operadores, entre outros. Já a segunda, chamada Nuvem de Ponto, é um scanner de ambiente com alta precisão, que pode captar imagens em um raio de até 70 metros e, em uma única varredura, pode identificar diversos problemas na linha operacional de uma fábrica, permitindo que essas imagens sejam transmitidas em tempo real em outras telas, por exemplo, na sala de reunião da Diretoria da fábrica. “Esse sistema é uma novidade do SENAI, já em funcionamento na unidade de São Caetano do Sul. Além disso, o SENAI trabalha também com óculos de realidade virtual, que permitem que empresários consigam visitar as fábricas nacionais estando em outros países, além de facilitar treinamentos técnicos. Apenas dentro do projeto de Lean
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O Dia Mundial do Meio Ambiente, que será comemorado no dia 5 de junho, foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), e tem como objetivo chamar a atenção de todos para as condições ambientais do planeta Terra. A revista e o portal SIDERURGIA BRASIL, não poderiam ficar fora deste movimento em prol da sustentabilidade e a edição de junho será especialmente dedicada a este evento mundial. Confirme já sua participação. Conheça nossas edições anteriores e as principais notícias da cadeia siderúrgica.
Acesse: www.siderurgiabrasil.com.br E-mail: diretoria@grips.com.br Acompanhe a Siderurgia Brasil nas redes sociais
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FEIRAS E E VENTOS
Caio Mastrodomenico, CEO da Vallus Capital S/A
Manufacturing, já conseguimos atender a mais de 80 empresas com soluções inteligentes desse tipo”, informa por sua vez Gustavo Marques, representante de Engenharia do Instituto SENAI.
SUSTENTABILIDADE EM TELA Ganhando cada vez mais espaço na agenda de empresas e executivos do setor industrial, a sustentabilidade segue trilhando caminho de destaque e tornando-se um diferencial competitivo até para o fechamento de negócios. Por conta disso, ciente do papel de relevância que as iniciativas ESG (Environmental, Social and Governance - Governança Ambiental, Social e Corporativa, em tradução
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literal) vêm conquistando no mercado, em sua terceira edição a FEIMEC, completamente alinhada a esta nova realidade, promoveu uma série de ações focadas no tema, com o objetivo de sensibilizar e incentivar as mais de 900 marcas expositoras presentes na feira a adotarem iniciativas pertinentes. Assim, no Parque de Ideias – espaço destinado à difusão de conteúdos e conceitos técnicos e práticos de atualização profissional de relevância para o setor industrial – foram realizadas diversas atividades e palestras sobre a relação entre a sustentabilidade e a criação contínua de valor, a cargo de empresas e de renomadas instituições do setor, tais como a própria ABIMAQ, o Instituto de Qualidade Automotiva (IQA), o Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER) e a Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (VDI). E o exemplo da busca pelas corretas práticas de ESG também foi dado pela própria Organização da FEIMEC 2022 durante os cinco dias da feira. “Entre outras ações, aproveitamos a oportunidade para conscientizar todos os envolvidos no evento para a importância da redução significativa no uso e envio de materiais impressos, visto que a sociedade em ge-
ral já não faz mais tanta utilização deste recurso atualmente e opta, muitas vezes, por realizar a consulta de informações e documentos de forma digital. Sendo assim, seguimos o mesmo caminho, conduzindo todos os intervenientes da FEIMEC a adotar práticas voltadas a gerar menor impacto ambiental.
ECONOMIA E REVOLUÇÃO DIGITAL Destaque digno de nota no espaço do Parque de Ideias da FEIMEC 2022 foram também os debates sobre inovação, economia, conectividade, manufatura, sustentabilidade e identificação de gaps tecnológicos no âmbito da Indústria 4.0. Entre eles, um dos que chamou mais a atenção dos participan-
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tes foi aquele que sucedeu a palestra do CEO da Vallus Capital S/A, Caio Mastrodomenico (NE: Um dos entrevistados da edição de março/22 da revista Siderurgia Brasil), intitulada “Economia em tempos de revolução digital na indústria”. Mastrodomenico chamou a atenção para a discussão sobre a transição energética, visto que o aumento do custo de energia tem impacto direto na indústria. “O Brasil ainda é dependente de recursos hídricos, mas já fez
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a lição de casa e está investindo em energia limpa. O maior parque de energia solar da América Latina está no Piauí. É indispensável que a indústria se atualize sobre esse assunto”. Sobre as tendências de mercado e consumo, o palestrante falou que a propagação dos carros elétricos e autoguiados devem interferir diretamente no mercado de peças, seguros e assistência de veículos e que, embora seja um tema ainda pouco falado, a preparação para esse futuro começa agora.
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FEIRAS E E VENTOS
Outro ponto destacado por ele foi a necessidade de pesquisas e alternativas que o setor da indústria tem para driblar os altos preços de insumos e produtos. Por exemplo, para suprir a demanda do aço que vem em uma crescente de preços desde 2011, o setor da construção civil tem usado fibra de vidro para substituir o material, bem como os recursos desempenhados pelas impressoras 3D, que
atualmente são capazes de imprimir estruturas completas de casas. “Crise é um momento difícil, mas também faz com que você veja oportunidades. O comportamento do consumidor deve ser analisado e a indústria deve atender isso buscando mais recursos inovadores”, completou Mastrodomenico. Em sua intervenção o CEO da Vallus Capital S/A destacou ainda que uma gestão inteligente melhora a eficiência dos processos e o desempenho de uma marca, porém, é importante que além de dispor da tecnologia,
FEIMEC NA INTERNET Se não conseguiu visitar o pavilhão de exposições da Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos (FEIMEC) 2022, realizada no São Paulo Expo, não se preocupe, pois as principais inovações e lançamentos de produtos e serviços do setor, apresentados durante a edição estão disponibilizados na plataforma Indústria Xperience. Para conferir todas as atrações e conteúdos, que ficarão on demand na plataforma ao longo de todo este ano, acesse: https:// bit.ly/3PexVTv.
rurgia Brasil, também estiveram presentes a FEIMEC 2022 realizada no São Paulo Expo. Além da grande cobertura apesentada nesta edição da revista Siderurgia Brasil (156) Digital, veja também o vídeo de nossa participação clicando ao lado.
SIDERURGIA BRASIL NA FEIMEC Os Canais de Comunicação da Side-
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a empresa faça a programação e acompanhamento correto dessas métricas. “Atualmente, a Indústria 4.0 dispõe de tecnologias disruptivas que favorecem a gestão e a prevenção de riscos de uma empresa. A chamada IIoT - Industry Internet of Things e o metaverso são recursos importantes que, quando utilizados com estratégia, trazem previsibilidade de bons resultados”.
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Ao finalizar, Caio pontuou que a indústria brasileira tem grande potencial de desenvolvimento. “Para cada Real gerado na indústria são gerados R$ 2,40 na economia. O agro já nos mostrou como se faz para crescer. O desenvolvimento se dá por meio de investimentos em tecnologia e monitoramento. A indústria precisa se modernizar e alcançar seu papel de destaque na economia”, abrindo espaço para os debates.
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FERECEM INFORMAÇÕES TES, FIÉIS E AUDITÁVEIS O administrador de uma empresa moderna sabe que a cada dia ele terá de se posicionar em relação aos cuidados ambientais e tudo que representa a sigla ESG que já é uma exigência mundial, para não ficar para trás na corrida pelo mercado. Veja uma interessante constatação de que o Blockchain e ESG podem se tornar uma aliança importante para tal gerenciamento.
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FILIPE RIBEIRO DUARTE*
os últimos anos, a expressão ESG (Environmental, Social and Governance) tem se tornado um tema frequente nos noticiários, nas pesquisas na internet – (Conforme apurado pelo Google Trends, a pedido do Valor Econômico, as buscas pelo tema ESG cresceram 150% no ano de 2021, comparando-se a 2020) e pautas de investidores e diretores das empresas. O crescimento é compreensível por diversos fatores, e dois merecem destaque. O primeiro, é a finitude dos recursos naturais e respectivo impacto ambiental e social que as empresas naturalmente ocasionam versus o crescimento da demanda por serviços, produtos e da própria população. O segundo, é a tendência do direcionamento dos recursos financeiros dos principais investidores para empresas que pensam ESG na condução de seus negócios. Siderurgia Brasil 156 - Maio - 2022
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Segundo pesquisa realizada pela PWC, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuo na Europa considerarão os critérios ESG na hora de investir, bem como 77% dos investidores entrevistados indicam que pretendem não adquirir produtos não ESG nos próximos anos. Não custa também lembrar que o CEO da Black Rock, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, tem se manifestado reiteradas vezes para dizer que a gestora direcionará seus investimentos, cada vez mais, para ativos ESG. Os dados e tendências do consumo, dos investidores e do próprio direcionamento do meio ambiente tornam o assunto relevante para o direcionamento dos negócios empresariais, os quais buscam perenidade, sustentabilidade e lucratividade de suas atividades e, naturalmente, transparecer isso aos clientes e investidores. É nessa transparência que surge outro grande desafio. O que, ou como, transparecer? E mais, como garantir a confiabilida-
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de das informações aos investidores e clientes, escapando do chamado greenwashing (O termo greenwashing não possui uma tradução literal para o português, mas pode ser entendido como “enverdecer” ou “lavagem verde”. A expressão greenwashing foi originalmente cunhada pelo ambientalista Jay Westerveld em um ensaio de 1986, quando ele afirmou que a indústria hoteleira promovia falsamente a reutilização de toalhas como parte de uma estratégia ambiental mais ampla, mas na verdade, tratava-se de uma medida de economia de custos (Orange e Cohen 2010). Orange, E., & Cohen, A. M. (2010). From eco-friendly to eco-intelligent. The Futurist, 44(5), 28—32). A preocupação é relevante, principalmente pelas discussões em torno da divulgação mascarada de informações que tentam levar o investidor ou consumidor a erro. Vale lembrar que a CVM exigirá a partir de 2023, nos formulários de referência das companhias abertas, informações sobre aspectos socioambientais das companhias. Logo, além de se preocupar com o alinhamento estratégico do tema ESG no direcionamento do negócio, precisam prestar informações confiáveis ao
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mercado, principalmente em seus relatórios de sustentabilidade. E o tópico tem mais um elemento complexo. Ainda que as principais consultorias globais se reúnam (A IFRS (International Financial Reporting Standards Foundation), organização internacional que cria normas financeiras e contábeis informou que, em parceria com outras consultorias, pretende lançar novas regras do IFRS que organizarão como informações sobre sustentabilidade devem ser publicadas pelas empresas em seus relatórios contábeis) e tentem criar parâmetros comuns e harmônicos de análise e divulgação dos dados dos fatores-chave do ESG entre as empresas, atualmente inexiste meios únicos capazes de avaliar o desempenho das organizações
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nos pilares de forma padronizada. Cada consultoria ou metodologia, naturalmente, classifica e atribui uma nota diferente às empresas. Foi o que demostrou a Bloomberg em parceria com a XP Investimentos, ao comparar as notas da Tesla em 3 diferentes metodologias que se propõem a mensurar a adoção de fatores ESG pelas empresas: Como resultado dessa falta de parametrização da análise e leitura dos dados, as empresas acabam prestando contas aos investidores de forma diferente, o que dificulta a análise e comparação entre elas ou de qual investimento realizar. E qual o elo do tema com a tecnologia e, principalmente, a blockchain? (De forma resumida, blockchain é um sistema que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informação pela internet. São pedaços de código gerados online que carregam informações conectadas – como blocos de dados que formam uma corrente – daí o nome). Ora, de algum modo ambos os temas estão rela-
chain e aos smart contracts um caminho mais seguro para a confiabilidade das fontes e informações relacionadas ao tema ESG. Com o intuito de criar um gerenciamento seguro, eficaz e transparente da cadeia de suprimentos, o blockchain desponta como ferramenta eficaz para rastrear o movimento em tempo real de bens e serviços. A tecnologia tem sido adotada por diversas aplicações, que passam por ofertantes de serviços financeiros, (por exemplo, Ripple e Libra), distribuição de alimentos e agrícolas (por exemplo, IBM Food Trust e Bumble Bee Foods), cadeias de suprimentos de saúde e farmacêutica (como ProCredEx e MediLedger). Outro exemplo é a Green Mining que utiliza blockchain para rastrear os lotes de resíduos, para garantir o peso e o tipo de material em cada local de
coleta. A pesagem é feita localmente e fotografada para armazenar registros, e, por fim, o material recebe um código rastreável através de blockchain, ou seja, sem possibilidade de adulteração. Ainda, destaca-se a Arabesque, que usa seus próprios conjuntos de pontuações ESG e inteligência artificial para gerenciar investimentos com base no desempenho financeiro e ESG. A temática ESG não é simples e de difícil mensuração e inserção nas mesas decisórias das empresas. Porém, parte da dificuldade em se medir os parâmetros e números que influenciam na adoção das práticas ESG pode ser resolvida por meio da tecnologia, em especial, o blockchain, em razão de seu potencial para garantir informações fiéis e auditáveis que reflitam o desenvolvimento sustentável das empresas (LI, Haun; PARK, Arim, 2021). *Filipe Ribeiro Duarte é Mestre em Direito Empresarial pela UERJ e advogado especializado em direito digital do Martinelli Advogados em Joinville (SC).
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cionados à capacidade de inovação das empresas. Por outro lado, blockchain é um dos meios tecnológicos atuais mais seguros para registrar e confirmar transações dos usuários, em razão do seu modo de funcionamento e inviabilidade de mutação ou fraude. Inclusive, essa é a aposta de Lewis Tian (TIAN, Lewis. Unraveling the Relationship Between ESG and Corporate Financial Performance – Logistic Regression Model with Evidence from China. 2021, p. 13), ao creditar à tecnologia block-
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E-COMMERCE NA DISTRIBUIÇÃO DE AÇOS
USANDO AS FERR PARA AUMENTAR
Foto: Gláucia Rodrigues
Ascanio Merrighi, diretor-executivo da Soluções Usiminas.
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RAMENTAS CERTAS A VENDA DE AÇOS Ao completar um ano de existência, a plataforma de vendas online da Soluções Usiminas ajuda a consolidar a democratização do consumo de aço no Brasil. MARCUS FREDIANI
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e-commerce da Soluções Usiminas – empresa do segmento de transformação e distribuição de aço do Grupo Usiminas – acaba de completar seu primeiro ano de atividades. A data foi bastante comemorada pela companhia e pelos mais de 4.500 clientes atendidos ao longo desse período, número esse, aliás, que vem crescendo expressivamente. “Essa é, decididamente, uma prova bastante consistente do sucesso do e-commerce “Mais Soluções Usiminas”, que criamos para democratizar o consumo do aço no país, oferecendo produtos e serviços para atender a todos os tipos de públicos, incluindo os pequenos consumidores”, explica Ascanio Merrighi, diretor-executivo da Soluções Usiminas, entre muitas outras coisas nesta entrevista exclusiva que concedeu à revista Siderurgia Brasil. Acompanhe! Siderurgia Brasil 156 - Maio - 2022
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E-COMMERCE NA DISTRIBUIÇÃO DE AÇOS Como se deu o passo a passo da implan-
Siderurgia Brasil: Ascanio, a gente sabe que a Soluções Usiminas tem a marca da inovação no seu DNA. Mas como foi que surgiu a ideia de criar o e-commerce de vocês? Ascanio Merrighi: Creio que o conceito básico que norteou a criação do nosso e-commerce foi o de antecipar questões que a gente sabe que são prementes. Assim, tudo começou entre 2017 e 2018, quando realizamos alguns fóruns na Soluções Usiminas para discutir questões relativas à Indústria 4.0 e ao mapeamento e à nossa interface com o mercado, com o objetivo de incorporar novas tecnologias que poderiam nos auxiliar na gestão de todos os fluxos que acontecem no dia a dia da empresa. E ao fazer essa reflexão, tornou-se premente a necessidade de democratizarmos o acesso ao nosso aço a todos os públicos. Até então, a Soluções Usiminas não atingia os clientes de menor consumo, mantendo seu foco no mercado industrial, ou seja, nas empresas de médio e grande porte, em função da necessidade de programação dos equipamentos das usinas. Assim, com a criação da plataforma “Mais Soluções Usiminas”, passamos a facilitar a venda do nosso aço, tornando a alta qualidade dos nossos produtos a todos os perfis de público.
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tação do e-commerce de vocês? Foi um processo bem minucioso, pensado em todos os detalhes. A partir do brainstorming inicial, passamos a trabalhar no desenvolvimento de um protótipo experimental do e-commerce, que ganhou forma entre agosto e setembro de 2020. Aí, no começo de 2020, passamos a fazer as primeiras experiências de venda online do nosso aço, especificamente para a região de Belo Horizonte. Gradualmente, a plataforma foi ganhando a aderência dos clientes e, em março de 2021, fizemos o lançamento oficial dela, expandida para a área geográfica dos estados de São Paulo e Minas Gerais os dois maiores mercados consumidores de aço no Brasil, que, atualmente, estamos atendendo com frete grátis pelo e-commerce, considerando-se, naturalmente, que os produtos oferecidos online têm preços diferenciados em função da agregação de valor do serviço de processamento e flexibilização de volumes de compra. Mas, com toda a certeza, estaremos expandindo os serviços da plataforma também para outros estados nos próximos anos. Quais serão eles? Já existe esse planejamento de expansão? Nossa ambição é ter a plataforma nacional de vendas online. E já existe, sim, o mapeamento de abertura do serviço do e-commerce em outros estados, embora eu não possa adiantá-lo agora, porque ainda estamos consolidando e desenvolvendo algumas soluções específicas para cada um desses mercados, que já atendemos por meio do nosso modelo de distribuição tradicional.
Foto: Montagem feita com fotos de Divulgação
Onde a central de vendas online de vocês está localizada atualmente? O núcleo central de operações hoje está em Santa Luzia/MG, embora a gente também, de forma coordenada, com a unidade da Soluções Usiminas instalada em Guarulhos/SP. Qual o motivo dessa divisão? Bem, básica e naturalmente ela ocorre em função da questão logística para realização das entregas. Mas, especificamente no estado de Minas Gerais, há outro fator que concorre para isso, que é a existência de um modelo de incentivo fiscal para trabalhar aços processados naquele estado. Então, a unidade de Santa Luzia processa esses aços e faz o atendimento primordial ao estado mineiro, tanto no âmbito do e-commerce quanto no da distribuição tradicional, enquanto a nossa unidade de Guarulhos trabalha primordialmente, e em ambos os canais também, para
o atendimento dos clientes do estado de São Paulo. Em Minas, nós e várias outras empresas têm esse incentivo há praticamente dez anos, como consequência da guerra fiscal entre os estados, principalmente quando se observou que o processamento do aço estava migrando para fora daquele estado. Ao longo deste primeiro ano de operação da plataforma, vocês têm notado uma migração substancial de clientes do modelo tradicional de distribuição para aquele do e-commerce? Na verdade, não existe muito esse tipo de “competição” entre os modelos de atendimento, porque, como frisei aí atrás, a proposta da plataforma online não foi, desde o início, a de atender os mesmos clientes da distribuição tradicional. A ideia foi, sim, a de ampliar nosso escopo de atendimento para captar novos clientes, que consomem nossos aços em meSiderurgia Brasil 156 - Maio - 2022
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E-COMMERCE NA DISTRIBUIÇÃO DE AÇOS
Usiminas, correto? Exatamente. Além de ser de fácil navega-
nor quantidade. Ou seja, aqueles que estão em uma posição mais avançada na cadeia de consumo, para os quais a Soluções Usiminas não vendia diretamente antes. Assim, com a criação do e-commerce, passamos a oferecer uma alternativa dentro da cadeia de consumo, mais próxima do consumidor final. E qual foi o resultado dessa dinâmica ao longo deste primeiro ano de funcionamento dele? Consideramos que ele foi de êxito total, porque, desde que começou, nosso e-commerce já atendeu a mais de 4.500 clientes. E, para nós, maior até do que o crescimento dos volumes de aços vendidos, é o indicador de evolução da quantidade de clientes que vêm sendo atendidos mês a mês. Por conta disso, acreditamos que nossa plataforma de atendimento online tem muito ainda a crescer no futuro, exatamente porque ela foi criada para atender milhares de clientes – e, porque não dizer, dezenas e milhares deles –, situados em um universo não só bem maior, como também mais diversificado e mais fragmentado do que aquele que a Soluções Usiminas trabalhava anteriormente. Em outras palavras, por meio dela, vocês “democratizaram” a venda dos aços da
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ção, nosso e-commerce ampliou o acesso a um número bem maior de clientes, ao permitir que eles comprem a linha completa de produtos da Usiminas em uma fase de transformação bem à frente daquele estágio bruto que eles saem das usinas. Ou seja, já prontos, como, por exemplo, bobinas já processadas em chapas de tamanhos variados e menores, ou já sob a forma de tubos e perfis. Com isso, então, abrimos a possibilidade de mais empresas de qualquer porte, ou até mesmo pessoas físicas, adquirirem aços diretamente da Usiminas, de forma ágil e segura. E quanto aos prazos de entrega? Nossos prazos de entrega de aços no âmbito do modelo tradicional de distribuição são reconhecidamente curtos. E não poderia ser diferente na operação do nosso e-commerce. Para tanto, mantemos grandes e completos estoques de produtos na Soluções Usiminas para realizar as entregas no menor tempo possível. No início da operação da plataforma, com uma área de atuação mais restrita em termos de geolocalização, o prazo de entrega era em até 24 horas, que foi mantida e ainda está disponível em alguns casos específicos. Naturalmente, à medida que a oferta dos nossos serviços foi avançando geograficamente, também tivemos que nos adaptar a essa realidade. Mas, no geral, nosso processo de entregas de pedidos feitos na plataforma de e-commerce é bastante ágil e rápido, com prazos que continuam curtos.
Falando em âmbito geral também, como você avalia os resultados da Soluções Usiminas e da siderurgia brasileira ao longo dos primeiros meses de 2022? E quais são as perspectivas daqui até o final do ano? Objetivamente, tivemos um início e um primeiro quadrimestre de ano bastante aderentes àquilo que havíamos planejado, algo que foi muito construído em cima das previsões de mercado do Instituto Aço Brasil. E hoje não temos nenhuma razão para acreditar que o mercado vá performar diferentemente das projeções daquela entidade daqui até o final do ano, embora saibamos que algumas questões – principalmente aquelas relacionadas à escassez da produção de componentes eletrônicos, bem como à dinâmica da Guerra da Ucrânia – ainda continuam sendo preocupantes para alguns de nossos clientes, como, por exemplo, os da indústria automotiva. Mas, mesmo com dificuldades derivadas desses fatos, acreditamos que a indústria brasileira vai se recuperar e atingir os patamares de desempenho anteriormente previstos. Nesse sentido, vale ainda destacar que existem os componentes de mercados que apontam para essa retomada, principalmente aqueles ligados às concessões, às licitações
e à formação bruta de capital fixo que vêm acontecendo no Brasil, assim como os marcos regulatórios relacionados, entre outros, a setores como o gás, o saneamento, ao setor ferroviário, que vêm trazendo para o país uma série de investimentos neles alocados. E, no âmbito da siderurgia, vale lembrar aqui que, no ano passado, o consumo do segmento de aços voltou a ficar perto do patamar recorde de 2013, o que foi uma notícia bastante animadora e estimulante em termos de perspectivas para 2022 e para os próximos anos. É claro, o processo de queda do consumo de aço não foi natural, mas tudo indica que o de recuperação o será. Em síntese, você e a Soluções Usiminas estão bastante otimistas. Sem dúvida. E acreditamos fortemente que o sucesso de uma plataforma de vendas online como a que implementamos pode fazer grande diferença no nosso mercado. E isso, principalmente, pelo fato de que ela é uma ferramenta que democratiza o acesso aos produtos de aço, tem tudo para ser efetivamente introduzida no dia a dia das pessoas e, definitivamente, pode ajudar a destravar o latente consumo de aço por habitante que existe no Brasil desde o início da década de 1980. Siderurgia Brasil 156 - Maio - 2022
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Foto: Montagem com foots da Shuttersctock
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REDUÇÃO NO IM IMPOR
Vista aérea- Tubarão
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MPOSTO DE RTAÇÃO DE AÇO Sob o argumento de que é preciso tomar algumas medidas de choque para reduzir ou conter a inflação o Governo Federal através do Ministério da Economia, baixou portaria reduzindo a alíquota de importação para alguns tipos de vergalhões de aço. HENRIQUE PATRIA
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o último dia 11 de maio o Ministério da Economia através do seu Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex), aprovou a redução do Imposto de Importação, via inclusão na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul (Letec), para alguns produtos de alimentação, vergalhões de aço e ácido sulfúrico, produto que é utilizado na produção de fertilizantes e mais um tipo especial de fungicida.
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Foto: Montagem com foots da Shuttersctock
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Segundo a nota oficial do Ministério da Economia foram priorizados, alguns itens que segundo eles, têm maiores impactos sobre a cesta de consumo com o fim de ajudar no combate à inflação que já apresenta crescimento acima dos dois dígitos neste ano. Para este fim foram consideradas mercadorias que integram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Além da redução para zero (0%), até 31 de dezembro de 2022, de várias alíquotas de importação de produtos do consumo direto das famílias, principalmente alimentos, foram reduzidas, de 10,8% para 4%, as tarifas de dois tipos de vergalhão de aço usados pela construção civil (CA-50 e CA60) – dentados, com nervuras, sulcos (entalhes) ou relevos, obtidos durante a laminagem, ou torcidas após laminagem. As alterações aprovadas pelo Gecex foram apresentadas em entrevista coletiva com a participação do secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo
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Guaranys, da secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Ana Paula Repezza, do secretário-executivo adjunto da Camex, Leonardo Diniz Lahud, do subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior da Secretaria de Comércio Exterior, Herlon Alves Brandão, e do assessor especial da Secretaria de Política Econômica (SPE), Rodrigo Mendes Pereira. O Instituto Aço Brasil – IABr, ao tomar conhecimento de que a medida estava em vias de ser aprovada, visitou as autoridades do Ministério da Economia e em seguida, programou e realizou uma coletiva de imprensa em
caráter extraordinário na tarde do dia 10 de maio com a presença de Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto e de Marcos Faraco, Presidente do Conselho, para comunicar que estiveram naquela manhã (10/05) reunidos no Ministério da Economia onde rebateram veementemente a informação recebida pelo Ministério, oriunda dos representantes da construção civil de que o setor vivia um pesadelo, pelo custo e pela irregularidade no fornecimento. Faraco afirmou” “Reiteramos no encontro desta manhã que tivemos no Ministério da Economia que o setor brasileiro da Construção Civil está plenamente abastecido – pois desde junho de 2021, não existe problema algum de abastecimento –, e ainda evidenciamos ao Ministro e à sua equipe econômica o fato de que o Brasil tem o vergalhão mais barato do mundo, o que, por si só, já invalidaria a necessidade de importação do produto”, Afirmou ainda que acreditava que esses argumentos serão mais do que suficientes para reverter a proposta de reduzir ou zerar a alíquota do imposto de importação dos vergalhões de aço. Entretanto, no dia seguinte (11/05) a portaria foi divulgada e o Instituto logo a seguir publicou a seguinte nota oficial:
Posicionamento Aço Brasil Redução do imposto de importação (Assessoria de imprensa Aço Brasil, 11/05/2022) Decisão do GECEX, em reunião realizada hoje, reduziu o imposto de importação de vergalhões CA50 E CA60 de 10,8% para 4%, até dezembro desse ano. A medida, no entendimento do Aço Brasil, é inadequada uma vez que o mercado se encontra plenamente abastecido, não existe especulação de preços e o impacto inflacionário do vergalhão é de apenas 0,03 ponto percentual no IPCA. Não existe, portanto, qualquer excepcionalidade que justifique a medida. É inadequada ainda, porque está na contramão da política adotada pelos principais países produtores de aço, que face ao gigantesco excesso de capacidade instalada no mundo, da ordem de 518 milhões de toneladas, tem adotado medidas de restrição à importação predatória. O Brasil, ao contrário, ao reduzir o imposto de importação facilitará ainda mais o desvio de comércio para o País. O mercado, soberano, responderá pelo impacto da medida. INSTITUTO AÇO BRASIL – IABR Siderurgia Brasil 156 - Maio - 2022
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RECURSOS HUMANOS
QUAL É O PAPEL DO Hoje, o líder deve atuar baseado no conceito da arquitetura social, colocando pessoas no lugar certo pois ele tem responsabilidade não apenas pelo lucro ou prejuízo de uma empresa, mas também é responsável pela vida das pessoas.
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FABIAN O LO URENÇO FERREIR A*
m cada um dos estágios da nossa vida, pessoal e profissional, convivemos com variados tipos de liderança. A primeira é exercida pelos nossos pais e família e, depois, quando chegamos ao ambiente corporativo, encontramos ao longo da carreira diversos modelos, e vamos aprimorando a nossa capacidade de liderar. No trabalho, quem não conviveu com um líder que deixava o trabalho na mesa durante a noite; o que era duro demais e gerava medo, o que era desinteressado e o time não respeitava? Mas, também, convivemos com líderes inspiradores. Não é possível falar de liderança sem falar em poder – a habilidade de influenciar o comportamento e eventos, seja pela posição que ocupamos, pessoal ou relacional – e influência – processos que fazem com que a energia se transforme em ações. Na lideran-
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ça, influência e poder são muito mais efetivos quando são trabalhados em conjunto, é como vamos conseguir reações nas pessoas, e esse é um dos caminhos que procuro trilhar.
CONCEITO EM CONSTANTE MUDANÇA O conceito de liderança, nas empresas, vem mudando muito desde sempre, e cada vez mais rapidamente. A cada dia, surgem novas teorias, e algumas me chamam a atenção há muito tempo, quebrando paradigmas. Vou dar um exemplo. Uma empresa Indiana conseguiu reverter um período de resultados insatisfatórios mudando totalmente uma “verdade”: o cliente em primeiro lugar. Um líder visionário, mudou esse conceito. Ele colocou os colaboradores em primeiro lugar, alegando que se a estrutura organizacional está feliz, se os colaboradores estão felizes, os clien-
O LÍDER MODERNO? O PAPEL DA ARQUITETURA SOCIAL Líderes inspiradores não são apenas puxadores de resultados, contratadores. Hoje, o líder deve atuar baseado no conceito da arquitetura social, colocando pessoas no lugar certo. Em uma das minhas experiências profissionais, quando cheguei a olhar a estrutura, imediatamente pensei: “Meu Deus, não consigo entender o que cada um faz em cada cargo”. Então, a arquitetura social busca colocar as pessoas nos lugares certos, recrutar as pessoas certas e formar um time, um grupo coeso alinhado aos objetivos do negócio que atuem na mesma direção. O seu time precisa entender por que está fazendo aquele determinado trabalho. Qual o impacto? Por que está vendendo? Dentro das organizações essa pergunta deve estar muito clara, remetendo aos valores, à visão, à missão da empresa, que, no caso da minha atual, é ajudar a sociedade com suas tecnologias. Todos sabem isso dentro da organização. Então, por que estamos fazendo isso? Se você conseguir fazer com que a organização, o seu time entenda isso, eles vão trabalhar muito mais motivados e orientados.
LIÇÕES APRENDIDAS E qual será a maior lição que aprendi na minha jornada profissional, desde os tempos de estagiário? Que quando você é gerente de gente, é uma pessoa que lida com pessoas, você tem responsabilidade não apenas pelo lucro ou prejuízo de uma empresa. Você é responsável pela vida das pessoas. A grande recompensa de um líder é o legado. Poder olhar para trás e dizer: “Aquele trabalho, eu tenho orgulho pois implementei, mudei, cresci, ajudei as pessoas do time”. É necessário fazer o seu time ter a visão de que ele precisa fazer o trabalho da sua vida. sempre buscando o melhor para a empresa, colaboradores e sociedade alinhados com os objetivos da empresa e da sua organização.
*Fabiano Lourenço Ferreira é presidente da Mitsubishi Electric do Brasil.
Foto: Divulgação
tes estarão felizes. Essa história aconteceu há 20 anos, mas somente há um ano ouvi esse conceito: “Empregados primeiro, clientes em seguida!”
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PALAVRA DO NOVO PRESIDEN DA ANFAVEA É DE OTIMISMO O novo presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, que tomou posse na semana passada abriu a sua primeira coletiva com a imprensa, após sua posse “Os números de abril são espetaculares e os de maio serão melhores ainda”. Disse que apesar do setor enfrentar grandes desafios, os cenários são muito auspiciosos, pois cresceu em abril 10% em relação a março e os primeiros dias de maio, já que a entidade acompanha dia a dia o mercado, mostraram que serão mais 10% no mínimo, acumulando algo próximo de 20% em relação a março.
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Ainda considerando que no mês de abril foram dois dias a menos em função dos feriados a indústria automotiva considerou que este foi o melhor mês do ano até aqui e um dos melhores dos últimos anos. A produção de autoveículos em abril foi de 185,4 mil unidades, 0,4% a mais que no mês anterior. Comparando com abril de 2021, quando a crise global de microprocessadores ainda não tinha se instalado a queda foi de 2,9%. E no primeiro quadrimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior a queda foi de 13,6%, mas em franca evolução. As vendas também tiveram reação, com
NTE Marcio de Lima Leite presidente da Anfavea,
média diária de 7.750 unidades em abril (a melhor desde dezembro), contra as 6.991 unidades/dia de março. No total, 147,2 mil unidades foram licenciadas, com leve alta de 0,3% sobre março e baixa de 15,9% sobre o mesmo mês de 2021. Na comparação de quadrimestres, a queda deste ano está em 21,4%, sempre lembrando que no início do ano passado não havia restrição de oferta por conta de semicondutores. O presidente ficou animado com as vendas e os emplacamentos de veículos que chegaram à casa das 8.400 unidades no período de 1 a 8 de maio superando a marca de vários meses e com grandes chances de superar as 9 mil unidades de maio/2021 que foi o segundo melhor mês do ano passado. “Poderíamos ter resultados de vendas ainda melhores se não fosse a persistente limitação de oferta provocada pela crise dos semicondutores”, explicou Márcio de Lima Leite “Apesar da inflação e da alta dos juros, ainda identificamos uma demanda reprimida de clientes particulares e sobretudo de locadoras, e os bons números de venda deste início de maio são indicadores dessa tendência. Esperamos que a situação da oferta comece a melhorar em meados do ano”, Os números mais animadores apresentados foram os de exportações, que já acu-
mulam alta de 17,9% sobre o primeiro terço de 2021, com um total de 153 mil unidades embarcadas ao exterior. Foram 44,8 mil em abril, crescimento de 15,2% sobre março e de 32,3% sobre abril do ano anterior. Trata-se do melhor resultado para o quadrimestre desde 2018. Ele disse que vê com bons olhos a expansão do mercado no Chile que vem crescendo mês a mês. “O Brasil hoje já pode ser considerado um grande player mundial na fabricação de veículos automotores, pois o desenvolvimento de nossa indústria, a alta tecnologia e a qualidade de nossos produtos tem feito toda a diferença no momento da exportação. Competimos de igual para igual e continuamos desenvolvendo nossa indústria para que a cada dia ela alcance melhores números no exterior”. Falando sobre o fornecimento dos microprocessadores ele comentou que existem 29 novas fábricas de microprocessadores sendo instaladas em várias partes do planeta. Ainda neste ano duas gigantescas fábricas localizadas na Alemanha e na Ásia respectivamente deverão entrar em operação, reduzindo sensivelmente o problema deste importante componente para a indústria automobilística. Fonte: Anfavea Siderurgia Brasil 156 - Maio - 2022
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QUEDA NA PRODUÇÃO E VENDA DE AÇOS EM ABRIL No último dia 18 de maio a diretora de Comunicação e Relações Institucionais do Aço Brasil, Débora Oliveira, apresentou os dados estatísticos do setor no qual soubemos que após dois meses de forte elevação, os dados relativos a abril, não foram os esperados. As vendas internas em abril de 2022 tiveram decréscimo de 4,9% frente ao verificado em março de 2022, atingindo 1,8 milhão de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos no mês de março foi de 2 milhões de toneladas, 5,3% abaixo do verificado em março de 2022. E a produção em abril, de aço bruto foi de 2,9 milhões de toneladas, representando queda de 2,2% frente ao apurado no mês de março de 2022. Na mesma coletiva o Aço Brasil divulgou também o Índice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA) de maio/22, que apresenta decréscimo de 12,8 pontos frente ao mês anterior, atingindo 46,7 pontos. A queda do ICIA reverteu a sequência de quatro meses seguidos de alta e voltou a situar-se abaixo da linha divisória de 50 pontos”. Já considerando o período de janeiro a abril houve uma queda de 1,5% A produção brasileira de aço bruto foi de 11,6 milhões de toneladas no acumulado de janeiro a abril de 2022, o que representa uma queda de
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1,5% frente ao mesmo período do ano anterior. A produção de laminados no mesmo período foi de 8,1 milhões de toneladas, com redução de 5,9% em relação ao registrado no mesmo acumulado de 2021. A produção de semiacabados para vendas totalizou 2,9 milhões de toneladas de janeiro a abril de 2022, um acréscimo de 15,6% na mesma base de comparação¹. As vendas internas foram de 6,6 milhões de toneladas de janeiro a abril de 2022, o que representa uma retração de 15% quando comparada com o apurado em igual período do ano anterior. O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 7,7 milhões de toneladas no acumulado até abril de 2022. Este resultado representa uma queda de 14,2% frente ao registrado no mesmo período de 2021. As importações alcançaram 1,1 milhão toneladas no acumulado até abril de 2022, uma redução de 25,2% frente ao mesmo período do ano anterior. Em valor, as importações atingiram US$ 1,5 bilhão e avançaram 17,7% no mesmo período de comparação. As exportações³ de janeiro a abril de 2022 atingiram 4,7 milhões de toneladas, ou US$ 3,8 bilhões. Esses valores representam, respectivamente, aumento de 32,7% e 58,3% na comparação com o mesmo período de 2021.
E se considerarmos isoladamente o mês de abril de 2022 Em abril de 2022 a produção brasileira de aço bruto foi de 2,9 milhões de toneladas, uma queda de 3,8% frente ao apurado no mesmo mês de 2021. Já a produção de laminados foi de 2 milhões de toneladas, 9,6% inferior à registrada em abril de 2021. A produção de semiacabados para vendas foi de 822 mil toneladas, um aumento de 28,4% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2021¹. As vendas internas recuaram 8,6% frente ao apurado em abril de 2021 e atingiram 1,8 milhão de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2 milhões de toneladas, 10,4% inferior ao apurado no mesmo período de 2021. As exportações² de abril foram de 1,2 milhão de toneladas, ou US$ 948 milhões, o que resul-
tou em aumento de 43% e 44,5%, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2021. As importações de abril de 2022 foram de 223 mil toneladas e US$ 351 milhões, uma queda de 37,4% em quantum e aumento de 2,3% em valor na comparação com o registrado em abril de 2021. ___________________________________ (1). Devido a uma perda que ocorre durante o processo produtivo do aço, a soma da produção de laminados e semiacabados para vendas não equivale ao total da produção de aço bruto. (2). Nos dados de abril/22, foram registrados volumes de exportações através de operações com embarque antecipado, que geralmente registram volumes acima do exportado efetivamente. A correção dessas exportações, possivelmente, ocorrerá nas próximas divulgações dos dados do Comex. (3). Em abril /22, o Ministério da Economia revisou as informações de exportações de Janeiro/22 a março/22 divulgadas através do Portal Comex. Portanto, o Aço Brasil atualizou os dados de exportações siderúrgicas relativos aos meses de janeiro/22 a março/22 que traz impactos nos volumes exportados do acumulado do ano.
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RECUO NAS VENDAS DE AÇOS PLANOS O aumento dos preços do aço no mercado interno que era para ser dividido em duas vezes – abril e maio – está causando mais estragos do que o esperado no segmento das distribuidoras de aço. “As empresas estão com muita dificuldade em repassar a primeira parte do aumento e isso deve fazer com que haja negociações da segunda parte” disse Carlos Loureiro, presidente do Inda, ao apresentar na data de hoje (23/05) os números do setor. No mês de abril as compras recuaram de forma abrupta em 27,7% com um total de 250,1 mil toneladas contra 345,9 mil registradas no mês passado, e se considerarmos a comparação com abril do ano passado, houve também uma queda acentuada de 27,5% pois naquele mês as compras haviam sido de 345,1 mil toneladas. A questão das compras está intimamente ligada às vendas que registraram queda de 20,9% com 302,7 mil toneladas vendidas contra 382,9 mil toneladas de
março, e se compararmos com o mesmo mês do ano passado, a queda foi de 11,8%, pois haviam sido vendidas 343,1 mil toneladas naquele mês. Com esta retração nas compras e baixo número das vendas o estoque no final do mês fechou com 721,8 mil toneladas que é 6,8% menor do que o mês passado, quando havia fechado com 774,3 e representa um giro de estoque de 2,4 meses de vendas. Assim como os demais indicadores as importações mostraram queda de 12,4% com volume total de 109,8 mil toneladas contra 125,3 mil. Comparando-se as importações com o mesmo mês do ano anterior (125,4 mil ton.), foi registrada queda de 12,5%. Loureiro não está muito confiante no futuro, pois suas previsões são de que seja registrado em maio de 2022, alta nas compras em torno de 14% e queda nas vendas em torno de 5%. Fonte: Inda
EVOLUÇÃO DAS VENDAS - POR PRODUTO
Queda de 1,6% no ano
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INDÚSTRIA DE MÁQUINAS APRESENTOU UM ABRIL NEGATIVO Segundo dados divulgados pela ABIMAQ, o mês de abril foi de queda nas receitas líquidas de vendas, anulando parte do crescimento de 18,2% observado em março. Mesmo com esta queda os diretores da entidade presentes à coletiva de imprensa sinalizaram que a expectativa é de recuperação do faturamento em 2022, principalmente devido ao excelente resultado alcançado na Agrishow em Ribeirão Preto e na FEIMEC em São Paulo, ambos os eventos patrocinados pela entidade Ao considerarmos o quadrimestre ( jan– abr), o setor acumula queda de 6,1% no total receitas líquidas quando comparadas com os resultados do mesmo período de 2021. Na análise interanual (de janeiro a abril contra o mesmo período de 2021) a queda mais intensa se deu nas vendas de máquinas para bens de consumo (-34,1%). Os investimentos ligados aos setores agrícolas de construção civil mantiveram o bom desempenho observado no último ano, crescimento de 7,9% e 8,0% respectivamente. Isso se deve principalmente ao aumento da inflação que faz com que haja retração no consumo de bens duráveis das famílias.
No caso das exportações que iniciaram forte recuperação a partir no segundo trimestre de 2021, estão mantendo esta tendência em 2022. Em abril de 2022 o setor exportou US$ 899 milhões em máquinas e equipamentos, volume 11% abaixo do observado em março de 2022, mas 18,1% acima do patamar de abril de 2021 (US$ 761 milhões). No ano do quadrimestre o setor fabricante de máquinas e equipamentos acumulou alta de 31,2% nas suas vendas para o mercado externo. No que se refere a empregos após queda de 0,2% observado em mar22, voltou a registrar em abril crescimento no número de pessoas empregadas com crescimento de 1%. Incremento de 4.047 pessoas no mês. Em relação ao mesmo mês de 2022 o setor registrou crescimento de 7,6% na mão de obra, um adicional de 27.805 pessoas. Finalizando, a carteira de pedido, medida em número de semanas para atendimento, aumentou em relação ao mês de mar22 (+3%), mas ficou abaixo do nível de abr21 (-2,1%). Fonte: Abimaq
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PRODUÇÃO MUNDIAL DE AÇOS TAMBÉM RECUA A produção mundial de aço bruto nos
abril de 2021. Ao considerarmos a relação
64 países filiados à World Steel Association
com março de 2022, houve uma ligeira alta
(Worldsteel) no mês de abril de 2022 foi de
de 1,1% pois naquele mês foram produzi-
162,7 milhões de toneladas (Mt) o que con-
das 161 milhões de toneladas.
tabiliza uma queda de 5,1% em relação a
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Fonte: Worldsteeel Association
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SUCESSO NA FEIMEC
Um dos destaques na última Feimec, que se realizou em São Paulo entre os dias 3 a 7 de maio e que está sendo objeto de uma matéria exclusiva em nossas páginas nesta edição, foi a Aços Favorit, nossa parceira de longa data. A empresa que foi fundada em 1996, por Rudolf Fritsch, mantém seu foco de atuação no corte e distribuição de aços especiais (ferramentas), barras inoxidáveis, aços construção mecânica, vigas estruturais e tubos mecânicos. Segundo Rudy como ele é conhecido “A participação da Aços Favorit na Feimec 2022 foi um sucesso! Além de reencontrar muitos clientes tradicionais, a presença na feira, também possibilitou novos negócios com contatos de todo o Brasil. A empresa está ainda mais motivada para a sequência do ano de 2022”. https://favorit.com.br
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VOLVO UTILIZARÁ AÇO “FÓSSIL-FREE” NA FABRICAÇÃO DE CAMINHÕES
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A tradicional produtora de caminhões Volvo é a primeira montadora de caminhões do mundo a adotar essa iniciativa. O aço da SSAB é produzido com uma tecnologia totalmente nova, baseada em hidrogênio. A introdução deste material nos caminhões elétricos Volvo começará no terceiro trimestre de 2022 e será inicialmente em baixa escala. O primeiro aço produzido com hidrogênio será usado nas longarinas, a espinha dorsal do caminhão, sobre a qual todos os outros componentes são montados. À medida que a disponibilidade de aço livre de fósseis aumentar, ele também passará a ser usado em outras partes do veículo. “Vamos aumentar o uso de materiais livres de fósseis em todos os nossos caminhões para torná-los ‘zero emissões’ não apenas em operação, mas também quando se trata dos materiais com que são produzidos”, diz Jessica Sandström, vice-presidente sênior de Gestão de Produto da Volvo Trucks. Fonte: jan.strandhede@volvo.com
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VITRINE
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NOSSA PARTICIPAÇÃO NA AGROBRASILIA A Grips Editora, responsável pelos portais Siderurgia Brasil e Agrimotor, prestigiaram com sua participação a ExpoBrasília 2022. O evento que movimenta o Centro Oeste brasileiro, já se tornou uma das principais feiras da região e neste ano apresentou um desempenho espetacular quando contabilizou R$ 4,6 bilhões em negócios com a participação de cerca de 520 expositores e um público de mais de 130 mil pessoas, que passaram nos cindo dias da feira pelo Parque Tecnológico Ivaldo Cenci. O que nos chamou atenção nesta feira é que além da intensa presença dos produtores de máquinas, tratores, veículos, implementos agrícolas, equipamentos e outros produtos, há
uma variada oferta de sementes e outros insumos, genética vegetal e animal, soluções de geração de energia, fertilizantes, vários processos de cultivares, órgãos como a EMBRAPA, que é um orgulho brasileiro no campo do agronegócio, cooperativas diversas inclusive uma cooperativa de indígenas comercializando seus produtos e até alguns exemplares de animais. Segundo Ronaldo Triacca, presidente da feira. “Ela encanta a todos pelo grande porte, pela excelente organização e tratamento diferenciado a expositores e público em geral, e pela diversidade de tecnologias agropecuárias, pois é o espelho da pujante região do Planalto Central”, declarou.
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INVESTIMENTOS FRANCESES NO BRASIL A Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), firmou um memorando de entendimentos com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) que resultará em um programa de cooperação técnica e investimentos de 450 mil euros, cerca de R$2,25 milhões, para estimular o financiamento sustentável visando o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU no Brasil. Segundo a presidente da ABDE, Jeanette Lontra, atualmente não é mais possível discutir desenvolvimento econômico e social sem colocar a sustentabi-
lidade como eixo central dessas propostas. A AFD vem apoiando instituições brasileiras desde 2013, disponibilizando recursos para financiar investimentos de baixo carbono e solidários e apoiando a transformação dessas instituições. A ABDE lançou oficialmente um documento inédito, intitulado Plano ABDE 2030 de Desenvolvimento Sustentável que enfoca alguns eixos norteadores e define missões estratégicas a seus membros que agora receberão apoio financeiro externo para seu cumprimento. https://abde.org.br/
ANUNCIANTES DESTA EDIÇÃO Aços Favorit Distribuidora Ltda. ArcelorMittal Brasil S.A. Benafer S/A - Comércio e Indústria Divimec Tecnologia Industrial Ltda. Intermach 2022 JLM Negócios e Soluções Ltda. - Mercosistem Larzinho Casa Jesus, Amor e Caridade Red Bud Industries Revista Siderurgia Brasil Tec Tor Indústria e Comércio Ltda. Tetraferro Ltda. Siderurgia Brasil - INSTITUCIONAL
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