COACHING, MENTORING OU COUNSELLING E FATORES CULTURAIS Por Jansen Queiroz COACHING tem vários conceitos e inúmeras adjetivações, que mais confundem do que esclarecem, talvez, por ser uma atividade remunerada recente e que, quando bem realizada, gera enormes benefícios para o cliente, para a organização, para a família e para o coach. Também, por que há uma falsa ideia de que coaching é uma atividade que qualquer um pode exercer, pois se trata de uma atividade que um curso de 90 ou 200 horas, independentemente, da formação acadêmica do participante prepara o indivíduo para exercer com proficiência a atividade de coaching. A maioria dos cursos não define pré-requisitos, quanto ao tipo e nem ao nível de experiência de vida pessoal e profissional. Muitos acreditam que é só decorar meia dúzia de “perguntas poderosas”, fazer a roda da vida, aplicar alguma das ferramentas que identifique o perfil de personalidade, crer que basta ajudar o cliente a formular sua missão de vida, seus objetivos e metas e dar feedback. Sobre uma visão heterodoxa de feedback, consultar o capítulo 11 do livro Ser Mais em Gestão de Pessoas. A enganosa simplicidade da metodologia alienígena, aplicada com casca e nó, sem a devida redução sociológica, tende a levar ao descrédito no Brasil, uma atividade tão nobre, complexa como o coaching, que exige do Coach, a combinação de rica experiência de vida pessoal e profissional, conhecimento, estudo continuado, vocação para amar as pessoas e ter desprendimento para ajuda-las a adquirir as riquezas moral e econômicofinanceira, além de favorecer a melhoria da qualidade de vida dos gestores e dos colaboradores, da produtividade, da lucratividade, do desenvolvimento da equipe, dos processos de produção, dos produtos e do processo decisório. O Grupo de Excelência em Coaching – GEC, do Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRASP conceitua coaching como sendo uma atividade profissional que se dá num processo confidencial, estabelecido em uma relação de parceria entre Coach e Cliente, visando o desenvolvimento pessoal e profissional, apoiando e instigando, com o objetivo de atingir resultados previamente estabelecidos”. CRASP 15/07/2008. Este conceito possivelmente, até 2014, passará por revisão. Por isso, me atrevo a divulgar o que submeterei à avaliação do GEC-CRASP, por ocasião da provável revisão: Coaching é a arte e a técnica não diretiva, de apoiar o indivíduo, que quer desenvolver-se pessoal e profissionalmente, através da ampliação ou aquisição das competências emocionais (intra e interpessoal), técnicas e gerenciais, com vista à autorrealização. É também arte, por que o êxito ou o fracasso é função da imponderável interação, vulgo “química” entre o cliente e o coach. É uma construção de relação de confiança, de certeza e equânime entre os atores do processo. Cada relacionamento interpessoal é único. No capitulo 21 do livro Manual Completo de Coaching, da Editora SER MAIS, exponho o por quê da necessidade de uma metodologia brasileira de coaching. Que vai além do principio de que o coach tem as perguntas poderosas e o cliente às respostas, que o Ser Humano é igual em qualquer cultura. Este entendimento não considera a poderosa influência do fator cultural na percepção, na visão de mundo, nos valores que condicionam ou no mínimo influenciam fortemente o sentir, o pensar e o agir dos indivíduos. Tenho a convicção de que o coaching ou qualquer outra metodologia importada precisa ser adequada à cultura brasileira, como ensina o saudoso sociólogo da Administração, Guerreiro Ramos. Por que tem, entre outras, as seguintes peculiares: a teoria na prática é outra coisa, por isso, a maioria vai à instituição de ensino superior comprar um diploma e não conhecimento, o futuro pertence a uma divindade, o indivíduo é passivo, dependente quanto a construção de seu futuro, o tempo não é percebido como um fator escasso, de consumo instantâneo, irrecuperável, que não se pode estocar, nem comprá-lo. Tempo é