São Gonçalo 126 anos

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MUNICÍPIO mostra O QUANTO pode surpreender com sua GRANDEZA

ORGULHO DE SUA

HISTÓRIA

PA R T E I N T E G R A N T E D E O F L U M I N E N S E. N ÁO P O D E S E R V E N D I D O S E PA R A DA M E N T E

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A grandeza de um município SÃO GONÇALO CONSTRÓI SUA HISTÓRIA COM A DETERMINAÇÃO DE SEU POVO E A VALORIZAÇÃO DE SUAS CARACTERÍSTICAS

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ma grande trajetória e uma gama de fatos históricos marcam os 126 anos da emancipação de São Gonçalo. Fundado em 6 de abril de 1579, o município foi desmembrado de Niterói em 22 de setembro de 1890 e, desde então, cresceu consideravelmente, se destacando no Estado do Rio de Janeiro. São Gonçalo é muito mais do que parece ser. Suas belezas, poucas vezes exploradas, impressionam os próprios moradores da cidade. Suas histórias, seus paraísos naturais e sua gente mostram que o município é uma verdadeira potência. A grandeza gonçalense vai além dos mais de 247 quilômetros quadrados que o município ocupa, fazendo dele a 66ª maior cidade em extensão territorial do Estado. A cidade é estratégica, com importantes rodovias estaduais que a atravessam (RJ-104 e RJ-106), além da BR-101. Seus 91 bairros são divididos entre cinco distritos: São Gonçalo, Ipiíba, Monjolos, Neves e

Belezas naturais, como a Praia das Pedrinhas, e riquezas históricas fazem parte dos 126 anos de São Gonçalo

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SG é a segunda cidade mais populosa do RJ: mais de 1 milhão de habitantes

Sete Pontes, cada um com suas particularidades. Hoje, a cidade é a segunda mais populosa do Estado do Rio de Janeiro, ocupando a 16ª posição no ranking nacional, com pouco mais de 1 milhão de habitantes. Por conta dessa grandiosidade, São Gonçalo é o segundo maior colégio eleitoral do Estado, com mais de 678 mil eleitores. Desses milhões de habitantes que escolheram São Gonçalo para viver, alguns se destacaram ao longo da História. Um deles foi o palhaço Carequinha, que fez do riso seu poder mais forte. A alegria e irreverência são marcas desse notório artista, primeiro palhaço a levar a arte circense para a televisão. Dez anos após sua morte, seu legado permanece vivo na cidade e virou motivo de orgulho. O mesmo amor por São Gonçalo era compartilhado por Dona Olinda. Com o samba pulsando nas veias, a apaixonada pela Império Serrano se rendeu à vermelha e branco gonçalense. Ciumento, o marido a proibiu de desfilar em 1948. Quase 40 anos depois, ela decidiu passar pela Avenida de novo, e não parou mais. Foi na Porto da Pedra que ela ganhou o título de Vó Sambista da Associação da Velha Guarda das Escolas de Samba do Rio.

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Diretora de Multimídia: Liliane Souzella | Editora-executiva: Sandra Duarte | Edição E REPORTAGEM: Pamella Souza | ARTE, CAPA E Diagramação: Wemerson Marreiro Redação: Rua Visconde de Itaboraí, 184, Centro – Niterói – RJ – CEP: 24.035-900 – Tel.: (21) 2125-3000 | Comercial: (21) 2125-3031 - E-mail: comercial@ofluminense.com.br


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Outros 2 mil componentes e 100 colaboradores escrevem a trajetória da Porto da Pedra no carnaval carioca. A beleza e força que representam o Tigre, símbolo da escola, são reproduzidas pelos gonçalenses que levam a agremiação no peito. Para chegar ao grupo de elite em 2017, o Tigre resgatará suas origens: as marchinhas que faziam de seu bloco de arrastão um sucesso, com o enredo “O abre-alas que as marchinhas vão passar: Porto da Pedra é quem vai ganhar... seu coração!”, de autoria do carnavalesco Jaime Cezário. Há também aqueles que ganharam “lugar” no município. Um dos principais pontos de encontro de São Gonçalo, a praça do bairro Zé Garoto, tem o nome da professora Estephânia de Carvalho. Zé Garoto, por sinal, era um português muito conhecido, que se tornou referência local. Além dos imigrantes que “Me senti lisonjeado com a ajudaram a construir a história e a cultura do município, São inauguração da praça. É uma Gonçalo também homenageia sensação de dever cumprido”, quem deu sangue pela pátria. emocionou-se Nelson, que escoOs militares que lutaram pelo lheu São Gonçalo para viver há 50 Brasil na Segunda Guerra Mun- anos. A praça hoje virou um local dial ganharam um lugar especial de encontros culturais. Outro reduto é o Parque em 1970, com a inauguração da Praça dos Ex-Combatentes, um Ambiental Praia das Pedrinhas, verdadeiro museu a céu aberto, conhecido como Piscinão de São no Patronato. Aos 96 anos, o Gonçalo. A poluição das praias tenente Nelson Moreira lembra impede que os gonçalenses as de seus tempos áureos, quando aproveitem, mas a piscina artificial de 9 mil metros quadrados cumdefendia o Brasil na Itália.

Arquivo/ Lucas Benevides

Arquivo/ Roberth Trindade

1940, já foi sede do Batalhão de Polícia Florestal, mas está inativa. O Governo do Estado e a Prefeitura de São Gonçalo negociam uma transferência de administração, para transformar a fazenda na sede da Guarda Municipal. Essa grandeza fez a cidade ganhar uma raridade: o único relógio de sol vertical com duas Arquivo/ Evelen Gouvêa Colaboração/ Pamella Souza faces do planeta. O monumento, criado pelo historiador Décio Machado, está na Praça Ayrton Senna, na Parada 40. O marco é uma homenagem ao centenário da emancipação do município. Por falar em emancipação, o Em sentido nome da cidade foi escolhido em Diadorim Ideias/ Isabela Kassow horário: Rua da homenagem ao seu padroeiro. A Feira; Porto da Igreja de São Gonçalo do AmaranPedra; Piscinão te, mais conhecida como a Matriz de São Gonçade São Gonçalo, é a sexta entre lo; ex-combaas paróquias mais antigas do Rio tente Nelson de Janeiro, erguida em 1645. É a Moreira; Dona partir dela que anualmente os Olinda e tapete gonçalenses mostram a força da de sal religiosidade, confeccionando no Dia de Corpus Christi o maior pre bem esse papel. Às margens o imperador também inspirou tapete de sal da América Latina, da BR-101, no bairro Boa Vista, o o nome do Rio Alcântara, onde, com 230 artes, que medem três local recebe água tratada da Baía. segundo relatos, nadou. metros de largura e mais de cinMas, não é só o banho que co de comprimento, formando atrai milhares de pessoas para Arquitetura - Por sua riqueza his- imagens, aproximadamente, por lá. O esporte já faz parte do coti- tórica, São Gonçalo pode ser con- 1,5 Km de extensão. diano do piscinão, com quadras siderada um marco da arquitetura A religiosidade em São Goncolonial brasileira. Com quase çalo sempre foi bem forte. Bom de vôlei e futebol. Todas essas belezas gonça- 400 anos, a Fazenda Colubandê exemplo é a Igreja Nossa Senholenses atraíram o imperador é uma das poucas testemunhas ra da Conceição, no Pacheco, Dom Pedro de Alcântara, Pedro do nascimento da cidade. Com erguida em 1859, que até hoje II, que deu origem ao nome 38 cômodos, a construção tem é usada para missas, apesar de do bairro. Além do bairro, que um pátio interno digno de filme um templo mais novo ter sido hoje é uma potência comercial, imperial. Tombada pelo Iphan em construído ao lado.

Curiosidades de uma bela trajetória

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erdadeiros marcos já fizeram parte do território gonçalense. Você sabia que a primeira casa de umbanda do Brasil foi fundada em São Gonçalo? A Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade ficava em Neves e começou a realizar sessões espíritas em 1908, por Zélio de Moraes, na casa da família dele. O centenário patrimônio religioso foi demolido em 2011, gerando polêmica entre os historiadores e adeptos da religião. Outra curiosidade é que uma das sete maravilhas do mundo teve importante participação de São Gonçalo: o Cristo Redentor. Morador do BarroVermelho, Heitor Levy era um dos engenheiros responsáveis pela estátua. A cabeça do

Divulgação

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Neves recebeu a primeira tenda de umbanda do Brasil, assim como a segunda corrida automobilística do País

Cristo, feita de gesso, era dividida em 50 partes e foi no bairro que Levy a montou. As corridas automobilísticas também têm raízes na cidade. A segunda competição do Brasil aconteceu no município, em 1909. Com arquibancada montada em Neves, os corredores percorreram um trajeto de 72 Km por toda a cidade. O memorial que eterniza o trajeto está instalado na Praça de Neves. O luxo também marcou as terras gonçalenses. O Palácio do Mimi, do empresário Emir Porto, na Estrela do Norte, foi construído com materiais europeus. Palco de importantes festas, o antigo cassino chegou a ser visitado por Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral. Foi demolido em 2002.


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1º Distrito

• Alcântara • Antonina • Bairro das Palmeiras • Boaçu • Brasilândia • Centro • Colubandê • Cruzeiro do Sul • Estrela do Norte • Fazenda dos Mineiros • Galo Branco • Itaoca • Itaúna • Lindo Parque • Luiz Caçador • Mutuá • Mutuaguaçu • Mutuapira • Mutondo • Nova Cidade • Novo México • Porto do Rosa • Recanto das Acácias • Rio Verde • Rocha • Rosane • Salgueiro • São Miguel • Tribobó • Trindade • Vila Lara • Zé Garoto Arquivo/ Beatriz Cunha

Itaoca reúne beleza e história em um só lugar, com a Fazenda, Praia e Capela Nossa Senhora da Luz. Seu cenário foi retratado pela pintora Maria Graham, cuja obra está exposta em Londres

À luz da religiosidade

CONJUNTO FORMADO PELA PRAIA, FAZENDA E CAPELA NOSSA SENHORA DA LUZ GUARDA FATOS IMPORTANTES Arquivo / Luiz Nicolella

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1° Distrito de São Gonçalo é considerado a principal área do município, localizado na região central. Está delimitado pelos rios Imboaçú e Alcântara, um dos maiores da cidade. Essa primeira divisão reúne belezas naturais, históricas e verdadeiras relíquias culturais de São Gonçalo. Em Itaoca, três grandes elementos podem ser vistos em um só espaço: a Praia da Luz, a Capela Nossa Senhora da Luz e a Fazenda da Luz. Ao longo de mais de mil metros, o visual da praia encanta seus visitantes. Dividida em duas partes, praias de São Pedro e São João, a da Luz faz parte da Baía de Guanabara, com vista para a Ilha de Paquetá. Somando-se às águas do litoral, a religiosidade se faz forte em Iatoca. A Capela da Luz se tornou um marco no patrimônio histórico de São Gonçalo. Considerado um dos mais antigos do Brasil, o santuário teve a primeira missa celebrada em 1647, mas só foi incorporado aos bens do município em 1985.

A Capela da Luz é uma das mais antigas do Brasil, com primeira missa celebrada em 1647

Parte da Baía de Guanabara, a Praia da Luz oferece um visual encantador aos seus visitantes Depois de sofrer um naufrágio na região, o devoto capitão Francisco Dias da Luz decidiu erguer a capela. Ele fez uma promessa à santa: se sobrevivesse, iria construir o santuário na primeira terra firme que pisasse. O monumento ficou como um legado para os religiosos e seguidores da santa, que

mantêm a tradição de comemorar com missas e festas todo dia 2 de fevereiro, data de celebração de Nossa Senhora da Luz. Nada de grandes torres e sinos. O monumento impressiona por sua singularidade. O piso original em pedras da sacristia revela o estilo da época e as telhas coloniais,

moldadas pelos escravos, também foram preservadas desde a fundação da capela. Logo na entrada, pode-se observar a porta da igreja que já tem mais de 360 anos. O local ainda abriga objetos históricos, mantidos desde a sua criação. Para os historiadores e religiosos, as imagens de São Gon-

çalo do Amarante, de Santana e Cristo Crucificado, com um metro de altura, são verdadeiras relíquias que o município abriga. Sua última restauração foi em 2001. Entre as ruínas da fazenda que evidenciam a arquitetura barroca, quase 370 anos de histórias são guardadas ali. A construção santa fazia parte da Fazenda da Luz, evidenciando os costumes da época, já que pertencia à Casa Grande. Para ficar eternizado, o visual integrado pela capela, a fazenda e a praia serviram de inspiração para a arte. Em 1823, ao passar por terras gonçalenses, a artista inglesa Maria Graham resolveu colocar todo o seu encanto nas telas. O famoso quadro está exposto no Museu Britânico, em Londres.



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A cidade e seu vulcão Maciço de Itaúna é considerado um verdadeiro tesouro para geólogos e historiadores

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m vulcão é definido como uma estrutura geológica que surge a partir da emissão de magma, gases e partículas quentes do interior da Terra para a superfície terrestre. Já foi tema de centenas de filmes. Mas não é só nas telonas que se pode ver essa riqueza natural. Não muito longe da Praia da Luz, outro paraíso impressiona. Afinal, quem já imaginou que há um vulcão

na cidade? É Itaúna que abriga essa verdadeira relíquia para os geólogos e historiadores. O Maciço de Itaúna reúne potencial turístico ecológico e um centro de estudos em um só lugar, através de sua bela paisagem e estrutura de mais de 60 milhões de anos. Além da importância geológica, seus 300 metros de altura atraem aventureiros de todos os lugares. Não é todo lugar que oferece a vista para

Especialistas apontam que o vulcão tem mais de 60 milhões de anos a Serra de Friburgo, Dedo de Deus, Ponte Rio-Niterói, Cristo Redentor e Baía de Guanabara em um só lugar, de uma só vez. É por conta dessa vista peculiar que quem é apaixo-

nado pela natureza procura o Maciço de Itaúna. Quem quer aventura, encontra lá. A prática de voo livre, parapente e asa-delta são muito procuradas nesse ponto da cidade, principalmente por quem procura explorar as belezas escondidas de São Gonçalo. O Maciço faz parte da Área d e Pro t e ç ã o A m b i e n t a l d e Guapimirim, a maior extensão de manguezal preservado do Estado do Rio de Janeiro.

Há relatos de que animais como micos, tatus, cobras, lagartos e pacas podem ser encontrados pelas trilhas. Especialistas apontam que o local apresenta rochas magmáticas em suas encostas, que foram formadas pelas atividades vulcânicas há milhares de anos. Co m a e x t i n ç ã o d o v u l canismo explosivo, geólogos afirmam que não há risco da estrutura natural voltar à ativa.

Mapa de Cultura do Rio de Janeiro/ Diadorim Ideias/ Isabela Kassow

O Maciço de Itaúna guarda um vulcão extinto, com mais de 60 milhões de anos. Propício para a prática do voo livre, o local também atrai aventureiros e amantes da natureza

Fomento à atividade artística

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ar, poesia e cerveja. Esse era o clima de uma taverna na Idade Média, um ponto de encontro entre artistas. Trazendo esse conceito com um toque de contemporaneidade, o projeto “Uma Noite na Taverna” mostra que a arte e a boemia têm muito em comum. Prestes a completar 13 anos, o grupo apresenta, mensalmente, um evento multicultural no Mutuá, no Bossa Jazz, com música, dança, teatro e recitais, que procuram fomentar a atividade artística de São Gonçalo. Inspirados na obra de Álvares de Azevedo, “Noite na Taverna”,

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Rodrigo Santos e Romulo Narducci criaram o grupo. Através de uma viagem medieval, já fizeram mais de 135 edições. “Uma Noite na Taverna nasceu de uma necessidade que a própria cidade possuía, a de oferecer um espaço para que os artistas pudessem apresentar seus trabalhos. Não havia nada parecido em São Gonçalo”, lembrou Rodrigo Santos, que largou a carreira militar para ser professor e escritor. Contando, ainda, com a participação do poeta Ricardo Sirieira e do músico Kleber Murilo, o grupo homenageia um poeta ou movi- Projeto leva poesia e arte ao estilo medieval para bares de São Gonçalo

mento literário, consagrado ou não, a cada edição. Abrir espaço para artistas da cidade é quase uma regra também. Os tavernistas ainda procuram levar cultura para escolas, praças e outros locais, com eventos esporádicos em cada canto gonçalense. Foi assim que eles contagiaram a cidade com seus versos. “Nossa jornada nos concedeu credibilidade e respeito. Vimos outros projetos como esse surgirem depois. Mas, muitas vezes, a gente não percebe o alcance de nosso trabalho”, orgulha-se o poeta Ricardo Sirieira.



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Multidão vai às compras Rua da feira, em Alcântara, se destaca como um dos principais polos comerciais de são Gonçalo Lucas Benevides

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á quem diga que ir às compras acaba com qualquer estresse. Mas, a busca pelos melhores preços pode virar uma verdadeira dor de cabeça. Em São Gonçalo, quem procura por produtos com um valor acessível já tem destino certo: a Rua da Feira. Os mais de 200 vendedores ambulantes que tomam conta da Rua João Caetano, em Alcântara, se tornaram personagens da cidade há mais de 50 anos. Cerca de 6 mil pessoas circulam diariamente pela Rua da Feira em busca de roupas, bolsas e outros artigos, segundo o Sindicato do Comércio Varejista Autônomo de Ambulantes e Feirantes de São Gonçalo. “As barracas conseguem oferecer um preço mais em conta nos produtos que vendem porque não incide tributos, como nas lojas. Milhares de pessoas movimentam a Rua da Feira, em Alcântara, todos os dias, em busca dos melhores preços Isso atrai o consumidor”, disse o presidente do sindicato, José das Mães e o Natal, são as que mais dos Jeans, por concentrar lojas do roupas e passou a oferecer uma Fernandes. impactam nas vendas, aumentan- segmento. Na época, a Rua da Fei- vasta gama de produtos. Para comerciantes, mesmo com do o lucro dos comerciantes em ra era o único local que conseguia Entre os principais artigos, os grande movimento diário, a Rua da mais de 50% e atraindo cerca de 30 disputar com Vilar dos Teles, em consumidores podem encontrar Feira “bomba” mesmo nas sextas mil pessoas por dia. São João de Meriti, polo preferido calçados, biquínis, bolsas e acessóe sábados, quando a maioria dos rios. É da venda destes produtos que Em seu início – na década de 80 das sacoleiras. clientes garante suas compras. As – o centro comercial em Alcântara Hoje, a Rua da Feira deixou de muitas famílias gonçalenses tiram datas comemorativas, como o Dia era conhecido também como Rua ser apenas um local que vende seu pão de cada dia e garantem o

sustento da família, como a vendedora Cleunice Dutra, de 44 anos. “Sempre fui camelô e vim trabalhar na Rua da Feira há dois anos. Já conquistei a minha clientela aqui e não troco meu ponto por nada”, contou Cleunice, que vende ursos de pelúcia e outros artigos de presente. Não é só preço que é o diferencial na Rua da Feira, o atendimento é a principal ferramenta dos vendedores para fidelizar os clientes. Trabalhando há 15 anos no local, Carlos Figueiredo, de 59, não abre mão do bom trato ao comprador para conseguir fechar uma venda. “Preço em conta é importante, mas não é o fundamental. Tem que ter qualidade no atendimento aos clientes. Temos que tratá-los bem e sempre com um sorriso no rosto”, explicou o vendedor de bolsas. Além dos ambulantes há também diversas lojas especializadas em bijuterias, joias, beleza estética, e estabelecimentos voltados para o ramo de festas (como ornamentação, fantasias e bufês). Galerias, prédios comerciais, bancos e outros negócios em geral também cercam a Rua da Feira tornando-a estratégica.

Confecções geram emprego

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om o crescimento constante, São Gonçalo se consagrou como um polo de moda do Estado. Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) mostra que a cidade está na segunda posição entre os municípios do Rio com o maior número de confecções. Em Nova Cidade está concentrada boa parte das fábricas da peça mais versátil de qualquer guarda-roupa: jeans. Segundo a coordenadora da área de Moda da Firjan, Ana Carla Torres, a cadeia da moda emprega quase 24 mil trabalhadores na Região Leste Fluminense, o que representa 12,2% do total do Es-

Evelen Gouvêa

São Gonçalo é a segunda cidade com maior número de confecções no Estado

tado. São Gonçalo é a principal na como a Mirele, Ajust, Avalon e outras. Todas elas produzem peças atuação do setor têxtil. “Com a mudança de comporta- para importantes grifes brasileiras, mento de consumo e nos modelos como Cantão, Enjoy e TNG, além de negócios da cadeia da moda, as de fabricar modelos próprios. Depois, o famoso outlet entra empresas da região ainda faccionam, mas grande parte estendeu em cena, com roupas de coleções seu negócio para marca própria. passadas das grandes etiquetas até Com isso, estão desenvolvendo 70% mais baratas em São Gonçalo. produtos diferenciados e com Essa facilidade atraiu as chamadas alto valor, gerando novos pontos sacoleiras, que vêm até de outras de vendas de varejo nas cidades e cidades para comprar peças. “Moro em Volta Redonda e todo novos mercados atacadistas fora do Estado”, ressaltou a coordenadora. mês vou em São Gonçalo para Segundo Ana Carla, o setor gera comprar roupas mais baratas e uma grande contribuição para revender. Isso tem me ajudado a a economia local, além de criar conquistar minha independência oportunidades de emprego. Nova financeira”, disse a sacoleira Ana Cidade reúne fábricas de jeans Paula Escobar, de 26 anos.



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Marcelo Feitosa

Bairro do Mutondo concentra grande número de bares e restaurantes que movimentam a noite gonçalense. O novo polo gastronômico é reduto de gente bonita à procura de diversão

Polo gastronômico

Baixo MUTONDO SE TRANSFORMA EM REDUTO DA BOEMIA COM BARES E BONS RESTAURANTES

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ntes conhecido apenas por ser um bairro residencial, o Mutondo tem se tornado o reduto da boemia. A concentração de bares e restaurantes transformam o bairro em um dos maiores polos gastronômicos de São Gonçalo. Durante os fins de semana, o Baixo Mutondo, como ficou conhecida a região, atrai uma verdadeira multidão para a Rua Alfredo Backer, com pessoas de diversas classes sociais em um só lugar. A comodidade e a segurança atraíram a população, que antes procurava diversão em outras cidades. Os preços em conta e a vasta opção de estabelecimentos é o que mais agrada aos visitantes. “Eu e meus amigos sempre nos reunimos aqui. Acho que temos tudo de bom. Música, comida boa e a cerveja, claro”, brinca a estudante Gabriela Andrade, de 22 anos.

Potencial- Há três anos, as irmãs Rosilene e Mônica Guimarães, 49 e 47 anos, respectivamente, previam o “boom” gastronômico que iria tomar conta do Mutondo. O potencial de crescimento do bairro, alinhado com a boa localização, foram alguns dos prin-

Douglas Macedo

cipais fatores que incentivaram as comerciantes a abrir um dos principais bares do local. “Vimos a oportunidade de comprar um espaço que estava abandonado. Decidimos investir, fizemos uma obra e agora estamos comemorando três anos de sucesso. Recebemos movimento de clientes durante toda a semana, mas, principalmente, às sextas-feiras e sábados, quando até fila de espera se forma”, disse Rosilene. A casa, que não abre apenas na segunda-feira, chega a receber uma média de duas mil pessoas durante o fim de semana, quando a maior movimentação é registrada. Durante a semana, happy hour tem endereço certo. O motivo de tantos clientes, para Rosilene, é a qualidade que o local oferece. “Procuramos sempre atrair os nossos clientes, com promoções e brindes para aniversariantes, com o objetivo de mantê-los sempre aqui conosco. Temos um cardápio bem variado, com preços em conta. Como a noite no Mutondo veio crescendo muito, sentimos necessidade de ampliar a casa, e mesmo assim o espaço fica cada vez menor” conta a empresária, que também investiu na Bares apostam em cervejas variadas e petiscos para atrair clientes

venda de cervejas especiais para agradar a clientela. Crianças, adultos, idosos e até famílias fazem parte da vida noturna do Mutondo, que vai ganhando cada vez mais espaço em São Gonçalo. Segundo as empresárias, moradores de Niterói e até do Rio costumam frequentar o bairro. Ao vivo – A música é um dos pontos fortes do local. Variedade é a palavra. Em cada bar, um ritmo diferente toma conta dos clientes. MPB, rock, sertanejo e samba estão entre os preferidos de quem frequenta o Baixo Mutondo. “Grande parte do público prefere ir para um bar com música ao vivo, ao invés de ir para uma boate. Então, desde a inauguração da casa, colocamos música ao vivo como mais um atrativo. Acho que aqui tem potencial para crescer ainda mais e estamos conseguindo nos firmar. Hoje, quem quer curtir um barzinho legal com os amigos e ouvir uma música boa, não precisa ir muito longe”, destacou Rosilene. A segurança é o fator que contribui para a alta frequência do lugar. o bairro fica a cerca de 200 metros do 7º Batalhão de Polícia Militar (São Go­nçalo), além de receber reforço da Guarda Municipal.



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SOCIAL

Food Truck

Como parte dos festejos de aniversário, os gonçalenses terão a 3ª Edição do Food Truck na Praça do Zé Garoto. O evento acontecerá entre os dias 22 a 25 e contará com shows do Tom Vieira, Zero Hora, A Conexão e Clássicos do Rock. A entrada é franca.

Palácio 22 de Setembro A nova sede do Poder Legislativo da cidade será batizada de “Palácio 22 de Setembro”. Projeto de lei de autoria do presidente da Câmara dos Vereadores, Diney Marins, foi aprovado em plenário e entra em vigor este mês. Localizada na Praça do Zé Garoto, a Câmara Municipal irá funcionar no antigo prédio do fórum, que está passando por obras de remodelação.

As belíssimas Renata Lima e Fabrícia Cristina

Os gestores Pamela Costa, Dimas Gadelha e Ariane Oliveira

Abertura

São Gonçalo fecha os últimos detalhes para a realização do tradicional desfile cívico, militar e estudantil na quintafeira, a partir das 8 horas, no Centro. Comemorando os 126 anos da emancipação, o evento promete reunir mais de 50 mil pessoas. O evento será aberto pelo grupamento militar: ex-combatentes da 2ª Guerra Mundial, 7° BPM, Corpo de Bombeiros, Grupamento Marítimo, Defesa Civil e Guarda Municipal.

Escolas

Em seguida o público irá conferir a passagem das escolas municipais, estaduais e particulares.

A bela e charmosa advogada Renatha Vivas curtindo a noite gonçalense

Nathalia Veríssimo e Paula Silva, sempre sorridentes nos eventos

Natalya Muniz, a linda empresária que é um luxo só

Almoço beneficente No dia 28, a partir das 12 horas, acontece o tradicional almoço beneficente no Abrigo Cristo Redentor. O evento, que reúne empresários, políticos e pessoas de famílias tradicionais da cidade, também faz parte do calendário de evento de aniversário.


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Abram as cortinas

As belas educadoras Graciane Volotão, Vaneli Chaves e Viviane Carvalho

Quem passa pelo Centro da Cidade já visualiza o futuro Teatro Municipal. Construído bem ao lado da prefeitura, o equipamento será aberto ao público em outubro. A secretaria de Cultura promete abrir as portas do espaço com grande show, muitas luzes e muitos artistas.

Karen de Souza e Gabriela Batista, no Paiol 8, na Lapa

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O médico Eduardo Paim, o empresário Saul Campos, o dentista Raphael Coelho e o administrador Philippe Maia: amigos curtindo a noitada sertaneja no Rancho 193

Agenda cultural

Uma série de atividades culturais agita a cidade este mês. O destaque fica por conta do projeto “Quinta Cultural”, que acontece no Centro Cultural Joaquim Lavoura, em Estrela do Norte. Grandes bandas da cidade fazem show no local a partir das 18 horas com entrada gratuita.

Casório

Os advogados Ronaldo e Kátia Dias trocam alianças no próximo sábado na Igreja Matriz de São Gonçalo. Entre os padrinhos, os empresários Eduardo e Silvia Medeiros e os produtores culturais Celso e Biank Ribeiro. Os noivos receberão os convidados em um badalado salão de festas no bairro do Zé Garoto.

Lara Alves, DJ e empresária, sempre linda e antenada com os hits

A engenheira Rafaela Muniz, belíssima e sempre simpática


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2º Distrito

• Almerinda • Amendoeira • Anaia Grande • Anaia Pequeno • Arrastão • Arsenal • Coelho • Engenho do Roçado • Jardim Amendoeira • Jardim Eliane • Jardim Ieda • Jardim Nova República • Ipiiba • Jóquei • Maria Paula • Oásis • Rio do Ouro • Sacramento • Santa Izabel • Vila Candoza • Várzea das Moças

Espaços religiosos para a fé e a paz

Divulgação/ Hugo de Castro

voluntários e a Preserv, fazendo o manejo do local e a sinalização para ordenar a visitação que, devido ao alto número de pessoas, vinham causando grandes impactos ao ambiente. Temos um projeto já empenhado para a implantação de estruturas de apoio a visitação no monte. Mas o ordenamento da visitação e a conscientização do público visitante é fundamental para que os futuros fiéis possam usufruir daquele ambiente, que para muitos é sagrado” Outro reduto de religiosos que buscam crescimento espiritual é o Monte das Oliveiras. O local já se tornou ponto para reflexão, em meio ao caos de uma cidade grande como São Gonçalo e chega a receber até 2 mil pessoas por semana. Com o mesmo nome do local sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos, em Jerusalém, o Monte das Oliveiras, em São Gonçalo, virou local de peregrinação de fiéis que buscam encontrar a paz. Situado no bairro Amendoeira, o monte é frequentado há muitos anos por evangélicos de diversas denominações que sobem o morro para orar, da mesma maneira como diz a Bíblia que Jesus Cristo fez no Monte das Oliveiras de Jerusalém. Com uma extensa área verde e um grande gramado, muitas pessoas buscam as sombras dos galhos para sentar e meditar. Em sua maioria, todos estão com a bíblia na mão, lendo passagens e orando pelas causas que acreditam. “Passei por problemas familiares e não sabia mais o que fazer. Foi quando conversei com algumas pessoas da minha igreja, que falaram que o Monte das Oliveiras é milagroso. Decidi ir para lá e passei uma manhã inteira orando, sentado no monte. Com a graça de Deus, consegui a minha bênção.”, contou o comerciante Carlos Almeida, de 43 anos.

O MONTE DAS ORAÇÕES E O DAS OLIVEIRAS ATRAEM DIARIAMENTE MILHARES DE FIÉIS EM BUSCA DE CRESCIMENTO ESPIRITUAL

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ão Gonçalo tem o maior índice de população evangélica do Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto a média nacional é de 20%, cerca de 30% dos gonçalenses são evangélicos. É no 2º Distrito do município que os religiosos buscam colocar a fé em prática. A região tem montes que, ao invés do perfil aventureiro, atraem milhares de fiéis ao longo do ano. Um dos locais mais visitados é o Monte das Orações, localizado em Várzea das Moças, bairro que faz limite com o município de Niterói. O local faz parte do Parque Estadual da Serra da Tiririca e recebe cerca de 12 mil visitantes por mês ou 148 mil anualmente, registrando o maior número de visitações entre as áreas de preservação do parque. Esses números foram obtidos através de um aparelho de contagem instalado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). De acordo com o gerente das unidades de conservação do instituto, Fernando Matias, a vocação turística religiosa do Monte das Orações está consolidada há

décadas, e só vem aumentando ao passar dos anos. “O uso público religioso é realidade em muitas das unidades de conservação do Estado do Rio de Janeiro. Consideramos este tipo de atividade fundamental para a disseminação da importância da preservação ambiental, desde que seu uso se dê de forma organizada e sob as práticas de mínimo impacto. O Monte das Orações é um exemplo de como o uso público religioso pode ser um grande aliado da conservação ambiental e, em especial, da gestão das unidades de conservação”

Cerca de 148 mil pessoas visitam o Monte das Orações anualmente Religiosos estão entre os principais visitantes do Monte das Orações Apesar de receber visitantes todos os dias, a maior movimentação é registrada nos fins de semana, quando quase 3 mil pessoas vão até o local. Em sua maioria, são membros de igrejas e grupos religiosos que programam excursões e montam grupos de oração..

De acordo com os fiéis, o Mon- Preservação Ambiental de Várzea te das Orações é considerado mila- das Moças (Preserv) vem atuando groso e, por isso, é muito procurado junto ao Inea na divulgação da por igrejas de São Gonçalo, Niterói, trilha do monte, com o intuito de Itaboraí e Maricá. Para ampliar ain- atrair visitantes, de maneira geral. “O Parque Estadual da Serra da da mais a visibilidade e o potencial turístico do local, a Associação de Tiririca vem investindo junto com

Bela vista - Além de encontrar a paz, os frequentadores do Monte das Oliveiras são presenteados com outra experiência quando sobem o local: vislumbrar uma das vistas mais belas de São Gonçalo, e ainda, todo o bairro de Alcântara e até o Corcovado, no Rio de Janeiro, com a Baía de Guanabara e a Serra de Teresópolis ao fundo.


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Aventura nas cavernas

TRILHAS, MERGULHOS EM GRUTAS SUBMERSAS E DESCIDAS EM RAPEL SÃO DESTAQUES EM SANTA IZABEL

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distrito de Ipiiba também é marcado por paraísos escondidos. Entre eles as Grutas de Caulim, mais conhecidas como Cavernas de Santa Izabel, no bairro de mesmo nome. Em uma trilha de cerca de uma hora, o caminho cercado por mata revela, em vários pontos, uma inspiradora paisagem de São Gonçalo e municípios vizinhos, que, muitas vezes, passa despercebida pela população. O conjunto de cavernas soma cerca de 10 mil metros de extensão e 30m de altura. As grutas fazem parte da Fazenda de Santa Edwiges, uma das mais bem preservadas da cidade, e atrai pessoas de todo o Estado. O caminho é um verdadeiro escape da movimentação urbana.

Lucas Benevides

Os caminhos que levam às Grutas de Caulim se tornaram um atrativo turístico para os praticantes de mountain bike e motocross, que se divertem com manobras radicais ao longo das subidas íngremes. As grutas eram naturais, mas sofreram modificações devido às explorações de mineradores. Com a prática, o lençol freático estourou e inundou parte do local. Assim, o mergulho virou outra atração. Quem nada no lago de uma das cavernas é levado para as outras grutas submersas. A prática é recomendada somente com a companhia de um profissional, já que a poeira depositada no fundo da água pode se levantar e prejudicar a visibilidade.

A beleza natural das Cavernas de Santa Isabel não é lenda. A escuridão total, mesmo em plena luz do dia, e uma infinidade de morcegos, são algumas de suas características.

Conjunto de 22 cavernas em Santa Izabel impressiona por sua grandeza

Rapel – Para quem procura mais aventura, o bairro oferece mais. O Grupo Granito de Montanhismo foi um dos primeiros a fazer rapel no local. Segundo o alpinista Everton Gnomo, é preciso procurar um profissional para fazer a prática nas cavernas. “Aqui é difícil de fazer rapel porque não há muitos pontos de ancoragem. As árvores que prendem o equipamento são muito finas, o que gera uma insegurança. Mas vale a pena. O lugar é único e pouco conhecido ainda”, disse.


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Em 1687 surgia a Fazenda Itaitindiba, que influenciou o nome não oficial da região. A propriedade abriga, ainda, a Capela de São José, construída por escravos e reformada diversas vezes

Lendas e histórias

FAZENDA ITAITINDIBA ESTÁ PRESENTE EM IMPORTANTES RELATOS E CHEGOU A ABRIGAR A FAMÍLIA IMPERIAL

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ambém em Santa Izabel, A história da Fazenda Itaitindia Fazenda Itaitindiba é ba teve origem da sesmaria doada mais uma das heranças a um padre jesuíta, em 1687. Uma históricas de São Gonça- das primeiras construções foi a lo. O local, que era frequentado capela, erguida por escravos. Em pela família imperial na época 1987, a imagem do altar, represenda monarquia, preserva seus tada por São José de saia, do século traços originais. Na língua indí- XVII, foi roubada. Tanto a casa gena, Itaitindiba significa pedras sede, datada do final do século brancas. Em suas terras está a XVII, quanto a capela, passaram Capela de São José, reconhecida por diversas reformas de conpela Igreja em 1780. servação. Madeiras do engenho

A Fazenda Itaitindiba abriga uma capela que foi reconhecida pela Igreja em 1780 foram reaproveitadas na reforma do casarão, na década de 70. Durante a última reforma, em 2000, foram encontradas

locais. Quem mora por perto diz que na época do movimento tenentista um homem cavou um buraco com 1,5 metro de profundidade, a cerca de um quilômetro da casa e ficou lá escondido para fugir de perseguições. Outra lenda local diz que quando a serra encontra-se coberta de nuvens e vai chover, vêMistérios – O local é ainda cená- -se “o véu de Dona Laura”, antiga rio para muitas lendas e histórias dona da fazenda.

máquinas do antigo Engenho de Farinha que havia no lugar e que hoje adornam a varanda da casa. O forno da farinha e o local onde se amassava a mandioca também ficam expostos na fazenda. Também ainda é possível encontrar um antigo engenho e as ruínas de sua chaminé.

Belezas e paisagens do Alto do Gaia

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correria do dia a dia e a rotina pesada impedem, muitas vezes, de repararmos nas belezas naturais que São Gonçalo oferece. E não são poucas. Ainda em Santa Izabel, é possível ter uma vista privilegiada do ponto mais alto da cidade: o Alto do Gaia. Ao longo do caminho, pode-se ver alguns dos pontos turísticos mais famosos do Estado de um outro ângulo. Cristo Redentor, Pedra da Gávea, Baía de Guanabara: tudo isso visto de um só lugar. Gaia vem do grego terra. Portanto, o nome significa alto da terra. E não é à toa: são 534 metros de altitude. Para se ter uma ideia, o Pão de Açúcar, um dos cartões-postais mais famosos do Rio, possui 396 metros. Por isso, quem se aventura pelas trilhas até o topo do Gaia con-

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segue ter uma vista privilegiada de toda a cidade, além de Maricá, Rio Bonito, Tanguá e Itaboraí. Apesar de fazer parte de terras particulares, sua visitação é aberta. Para quem gosta de estar em contato direto com a natureza, o Gaia pode ser o lugar perfeito, bem no “quintal de casa”. Para respirar o ar puro e aproveitar a paisagem única que o local oferece, é preciso encarar uma caminhada que dura cerca de duas horas. A cada trecho, o que se vê fica mais e mais interessante e fora do comum. Visitante assídua do Com seus 534 metros de altitude, o Alto do Gaia reserva uma paisagem única local, a estudante Adriana Dantas, de 24 anos, conta que subir o Alto entro em contato com a natureza ar puro”, disse a estudante, que é do Gaia foi uma das experiências e comigo mesma. Quem só está apaixonada por trilhas. mais incríveis que já teve. Ao passar pelos caminhos com acostumado com o cinza de São “A vista lá do alto é indescritível. Gonçalo, quando sobe, parece estar alguns trechos íngremes e mata É o lugar onde me encontro, onde em outro lugar, com tanto verde e fechada, um dos pontos conheci-

dos como Pedra do Urubu, atrai os visitantes para as famosas selfies, já que uma bandeira branca estendida pelos próprios aventureiros se tornou um verdadeiro marco. De lá, pode-se ter ideia do quando a ação humana modificou a paisagem, como destaca o presidente do Grupo Granito de Montanhismo, Thiago Viana. “Quando eu vinha aqui há uns 10 anos, mal tinham construções. Hoje, olhando a cidade daqui de cima, é o que mais se vê”, contou Thiago. No entanto, isso não tira a beleza única do lugar. Morador da região, o presidente do grupo promove diversas caminhadas no local, levando cada vez mais pessoas para conhecer o Alto do Gaia e desenvolvendo o potencial turístico do local.


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3º Distrito

• Apolo III • Barracão • Bom Retiro • Gebara • Guarani • Guaxindiba • Jardim Catarina • Lagoinha • Laranjal • Largo da Idéia • Marambaia • Miriambi • Monjolos • Pacheco • Raul Veiga • Santa Luzia • Tiradentes • Vila Três • Vista Alegre

Potencial que atrai indústrias I localização estratégica de guaxindiba leva grandes empresas a apostarem em são gonçalo nvestimento industrial. Nisso, o 3º Distrito de São Gonçalo, Monjolos, é destaque desde a década de 40, quando a cidade era conhecida como Manchester Fluminense. Grandes empresas, como a Crac, Cipa Produtos de Limpeza e Logshore, apostaram no município. Guaxindiba é considerada uma aposta para o setor fabril segundo a Associação Comercial e Industrial de São Gonçalo. “Fatores como a BR-101, que corta grande parte do País, os 14 Km da Baía de Guanabara que nos cerca e as duas rodovias (RJ-104 e RJ-106), se tornam estratégicos para Guaxindiba. O bairro também

está ao lado do Arco Metropolitano”, ressalta o presidente da associação, Evanildo Barreto. Foi no bairro que a farmacêutica alemã B. Braun decidiu instalar um dos maiores complexos industriais do Brasil: o Parque Fabril de Guaxindiba, que também é o maior centro logístico da empresa na América Latina, com área total de 22 mil m². Foram investidos quase R$ 350 milhões no local, que hoje emprega, em sua maioria, gonçalenses. Mesmo em meio à crise, a empresa prevê expansões, inclusive para outros bairros de São Gonçalo. “A localização da cidade é pri-

vilegiada, possui uma grande extensão territorial e um povo trabalhador. Acreditamos que esta região tem potencial para um desenvolvimento econômico e social”, elogiou o diretor industrial, qualidade, engenharia e meio ambiente da B. Braun, Claudio Carraro. A B. Braun é reconhecida mundialmente pela fabricação de produtos e prestação de serviços no meio hospitalar. O grupo desenvolve suas principais soluções tecnológicas, que são aplicadas nas diversas subsidiárias instaladas em mais de 60 países. Além da recente unidade de Guaxindiba, a empresa detém um

Romper as barreiras da crise é importante projeto de modernizaum dos objetivos do grupo, que obção no Arsenal, desde 1960. “A proximidade com a unidade jetiva crescer ainda mais na cidade. “Há barreiras relacionadas à de Arsenal permite uma sinergia maior entre as operações. O mas- infraestrutura que podem ser venterplan desenvolvido para Guaxin- cidas com o desenvolvimento de diba prevê que, no futuro, o Centro um plano diretor voltado para as Logístico – em operação desde 2015 potencialidades do município. O – seja integrado a uma nova planta desenvolvimento industrial precisa vir acompanhado de ganhos socioindustrial”, adiantou Claudio. A B. Braun ainda procura con- ambientais. Naturalmente, a crise tribuir com o desenvolvimento econômica que o país vive é uma econômico e social da cidade. Um dificuldade adicional, mas acredito exemplo é o Programa Arsenal do que temos condições de superáBem, que oferece cursos técnicos e -la mais rapidamente se o poder princípios de cidadania para jovens, público, as empresas e a sociedade preparando-os para o mercado de pensarem juntos o queremos para a cidade”, esclareceu o diretor. trabalho.


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Traços do passado glorioso Ruínas da fazenda engenho novo SÃO resquícios dos tempos de produção de açúcar Fotos: Lucas Benevides

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século XIX foi marcado pela intensa produção de açúcar e cachaça no Estado do Rio de Janeiro, mas era o município de São Gonçalo que mais produzia. Em 1860, mais de 30 engenhos já exportavam as iguarias para o Rio de Janeiro, através dos portos de Guaxindiba, Boaçu, Porto Velho e Pontal de São Gonçalo. Grande parte dos produtos saía da Fazenda Engenho Novo, uma das principais da época, que bateu recordes de produção no Estado. Depois de ter diversos donos, o local foi comprado pelo Barão de São Gonçalo, Belarmino Ricardo de Siqueira, em 1830. Mas sua importância não acaba por aí. A fazenda era nada mais nada menos que um dos recantos preferidos da Família Imperial, durante o Segundo Reinado. Isso, porque o barão mantinha uma amizade pessoal com o Imperador D. Pedro II, que se hospedava constantemente no local, durante suas visitas à Freguesia de São Gonçalo. A primeira visita aconteceu em 1870. Passar pela Fazenda Engenho Novo é fazer uma viagem no tempo. Sua construção, datada do século XVII, nos remete uma mistura de estilos arquitetônicos, dos períodos Colonial e Imperial. Hoje, suas ruínas nos mostram um cenário dificilmente visto em São Gonçalo.

Seu conjunto arquitetônico com estilo neoclássico impressiona pela grandeza e riqueza da época. Suas terras abrigavam diversas árvores raras. Além disso, palmeiras imperiais, doadas por D. João VI, o mesmo que plantou a primeira muda da espécie no Rio, também foram plantadas nos gramados da Fazenda Engenho Novo. Quem visita o local, ainda consegue ver algumas delas. Toda a sua beleza e grandiosidade histórica fizeram da

Fazenda Engenho Novo um crise econômica que se abateu verdadeiro cenário natural de sobre o estado, a capacidade fisproduções artísticas do cinema calizatória foi substancialmente comprometida, sendo reduzida, e da televisão brasileira. Para evitar a deterioração da por ora, basicamente a atividafazenda, até por conta do tempo des demandadas pela Justiça, Mie abandono, suas ruínas foram nistério Público e Procuradoria tombadas pelo Instituto Estadual do Estado”, lamentou o diretordo Patrimônio Artístico e Cultu- -geral do instituto, Manoel Vieira. Na década de 90, a fazenda ral (Inepac), em 1998. “O Inepac vem se manifestan- se tornou sede da Defesa Civil do, desde o tombamento do bem, de São Gonçalo, mas não durou em favor da sua conservação. muito tempo. Logo após a saída Mas recentemente, em razão da do órgão, a Fazenda Engenho

Novo se tornou vítima da destruição. Vândalos invadiam a propriedade para saquear móveis e utensílios de valor do casarão. Suas portas e janelas foram arrancadas. Não suficiente, um incêndio criminoso aconteceu no local. O casarão passou, recentemente, por um processo de reforma, com grande parte do casarão recuperado e reconstruído, respeitando as características originais.


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Arte consagrada Lona Cultural do Jardim Catarina comemora 13 anos Lucas Benevides

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m lugar onde a arte impera. Essa é a Lona Cultural Lídia Maria da Silva, mais conhecida como Lona Cultural do Jardim Catarina, localizada no bairro do 3º Distrito. Desde 2013 ela vem mudando a realidade das crianças e adolescentes gonçalenses. O centro cultural atende mais de 300 alunos, com cursos gratuitos. As opções são vastas: teatro, desenho, danças, escola de palhaço, entre outras. “Além das aulas, a lona abre espaço para eventos culturais. Pode ser algum colégio, igreja ou qualquer grupo ou instituição promovendo. Show, recital ou peça. Se tem arte, abrimos gratuitamente o espaço”, pontuou o professor José Jorge de Oliveira, de 60 anos, que dá aula de desenho na lona há dois anos. Mas a lona também é coisa séria. É de lá que saem verdadeiros talentos, que vão aprimorando suas técnicas com as aulas.

Lona abre um espaço democrático para a arte atendendo mais de 300 pessoas “Aqui é o começo. Vemos pequenos artistas com dificuldade e, de repente, eles explodem. A lona é o pontapé para eles galgarem a vida artística”, contou José Jorge. Com 13 anos de história, que se completam em novembro, a Lona Cultural vem mudando a realidade dos jovens do Jardim Catarina. O espaço, que oferece arte de forma

4º Distrito

democrática, já virou um verdadeiro marco cultural para São Gonçalo. “É bacana fazer parte de um projeto como esse. Porque temos não só uma realização profissional, mas pessoal também. Além de contribuir, a gente também aprende com os alunos. É uma troca de experiências que nós só temos a ganhar”, finalizou o professor de artes.

• Boa Vista • Camarão • Gradim • Mangueira • Neves • Parada 40 • Paraíso • Patronato • Pontal • Porto da Madama • Porto da Pedra • Porto Novo • Porto Velho • Vila Lage

Roda Cultural Batalha do tanque destaca talentos do rap

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ntes protagonista de guerras, hoje o tanque da Praça dos Ex-combatentes presencia apenas um tipo de batalha: a de rappers. Toda quarta-feira tem destino certo: a Roda Cultural de São Gonçalo, que acontece no point do Patronato. Evento cercado de muita música e improviso, a Batalha do Tanque reúne todas as tribos do movimento hip-hop. Com mais de 200 edições, o evento surgiu em 2011, e cada encontro semanal foi conquistando seu espaço. Mais de 300 pessoas costumam marcar presença nas

batalhas, inclusive participantes do “outro lado da Ponte”. “Estamos há cinco anos realizando a batalha na praça, com livre acesso para todo mundo. Sempre incentivando artistas da cena local”, destacou Felipe Gaspary, um dos organizadores. Uma caixa de som e um palco improvisado já são suficientes para começar. Quem tem coragem de encarar o “freestyle” se inscreve para participar da batalha. A única arma utilizada para derrubar o adversário é a rima. Quem conquistar o público e vencer, se torna o “Rei do Tanque”.

A imaginação é o limite. O tema das batalhas é livre, basta saber rimar e provocar o adversário ao som dos beats do DJ. A fama conquistada é o maior prêmio. O estudante Daniel Knust, de 17 anos, começou a frequentar o local com 14 anos. Desde então, vem ganhando espaço no mundo do rap. “São Gonçalo e rap chegavam a ser um paradoxo para mim. Mas, à medida que as batalhas foram acontecendo, vi que a cidade nasceu para o rap”, contou Knust.

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Fotos: Lucas Benevides

De braços abertos Capela de Santa Terezinha foi construída pelos próprios imigrantes

Base Naval da Ilha das flores foi a primeira hospedaria de imigrantes do Brasil

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barulho do mar e o soar da buzina dos navios. O clima faz referência à chegada de imigrantes no Brasil através da Ilha das Flores, em Neves. Essa é a experiência que o Centro de Memória do Imigrante procura passar aos seus visitantes, quando eles chegam ao museu para conhecer um pouco desse capítulo da história brasileira. Foi São Gonçalo que abriu as portas do País para quem buscava melhores condições de vida, tornando a ilha, hoje base dos Fuzileiros Navais, a primeira hospedaria de imigrantes do Brasil, que funcionou entre 1883 e 1966. A visitação integra um circuito a céu aberto, onde se percorre todo o conjunto arquitetônico, com cinco totens que destacam as atividades exercidas na época. Grande parte permanece com características originais de um século atrás, como uma caixa d’água enorme e paredes com escrituras em grego e italiano.

Segundo o suboficial Celso Baptista, o projeto começou em 2010, com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), tornando a ilha o primeiro museu em uma base militar em funcionamento. “Todas as casas funcionais da época hoje são de uso militar. Nesse tour, a gente segue mostrando essas construções, com pequenas alterações, mas com muitas áreas ainda preservadas. Isso faz com que a gente consiga ter uma apresentação através da história bem próxima da que os imigrantes viveram”, ressaltou o suboficial. Depois, o visitante é levado para a Casa do Intérprete, com duas salas que usam recursos multimídias como forma de interação com o visitante, proporcionando um melhor entendimento sobre o movimento migratório e imigratório. Emoções – Entrar no museu é viver novamente a áurea da hospedaria, se emocionando

Museu faz uma viagem no tempo através de depoimentos de imigrantes e imagens da época de hospedaria com os depoimentos de algumas das mais de 60 mil pessoas que por ali passaram e encontraram a esperança de uma vida melhor. “Colocamos caixas onde eram guardados os pertences dos imigrantes formando uma tela, para passar um filme que retrata acontecimentos da época. Tudo aqui nos leva para uma viagem no tempo”, explica o segundo-tenente Vagner da Rosa. Alemães, portugueses, italianos e pessoas de várias outras nacionalidades passaram pela Ilha das

Hospedaria já recebeu mais de 60 mil imigrantes em busca de uma vida melhor Flores. A hospedaria foi escolhida estrategicamente, por ficar afastada do continente, já que o Rio de Janeiro era endêmico e muitos imigrantes chegavam com doenças contagiosas, devido ao tempo de viagem. Eles eram tratados nas

enfermarias até que pudessem trabalhar. Com forte predominância católica, os imigrantes construíram a Capela de Santa Terezinha, que até hoje celebra missas. O santuário é fruto da promessa de uma das estrangeiras, em agradecimento ao emprego dado ao seu marido na hospedaria. Conhecer esse importante espaço não custa nada. Basta ir entre as terças e domingos, das 9h às 17h. Grupos de mais de 15 pessoas devem agendar a visita. Que tal uma viagem no tempo?


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Cidade das águas

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ão é preciso ir muito longe para ver um pôr do Sol digno de um registro. Árvores, gaivotas e o mar formam um cenário perfeito. Falando assim, até parece ser uma praia paradisíaca, e esta realidade está muito mais perto do que se imagina. A Praia das Pedrinhas é um das mais famosas de São Gonçalo e oferece um visual como poucas. Embora imprópria para banho, a orla, voltada para a Baía de Guanabara, é muito bem aproveitada pelos visitantes. A vista é linda e os bares próximos à praia tornam o lugar um verdadeiro polo gastronômico. Há alguns anos a área passou por uma reurbanização, o que deu uma nova “cara” ao lugar, deixando-o mais atraente e tornando-o um dos locais mais belos de São Gonçalo. Localizada no bairro Boa Vista, a Praia das Pedrinhas é muitas vezes esquecida pelos gonçalenses, mas para quem aprecia a paisagem uma vez, nunca mais esquece. Fora as belezas naturais, outro aspecto chama a atenção: são as centenas de barquinhos atracados pela orla. No local, está instalada uma colônia de pescadores, com cerca de 300 barcos de pesca, que anualmente realizam a Procissão Marítima de São Pedro, uma das principais festas da região.

Ilhas – As ilhas também são atrações na cidade. Uma delas é a de Jurubaíba, no Gradim, uma das mais visitadas. O local já foi até cenário de filme, “Onde a terra acaba”, de 1933. Outra importante ilha é a Luz Del Fuego (nome de uma dançarina que morava no local), rebatizada como Ilha do Sol. Foi lá que nasceu o nudismo no Brasil, reconhecido oficialmente pela Federação Internacional do Naturismo em, 1955. Em meados do século XX, celebridades do cinema, como os atores Errol Flynn, Lana Turner, Brigitte Bardot e Steve MacQueen visitaram o local. Antigamente, ao entrar na ilha, a nudez era obrigatória.


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5º Distrito

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• Barro Vermelho • Covanca • Engenho Pequeno • Morro do Castro • Pita • Santa Catarina • Sete Pontes • Venda da Cruz • Zumbi

Pulmão de São Gonçalo Área de proteção ambiental do engenho pequeno preserva bioma da mata atlântica na cidade Fotos: Arquivo/ Thiago Louza

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no distrito de Sete Pontes que está o pulmão de São Gonçalo. A Área de Proteção Ambiental (APA) do Engenho Pequeno possui uma área de 140 hectares de mata secundária e terciária, único espaço natural protegido da Mata Atlântica no município, o que não é para qualquer cidade. Sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a APA é um exemplo de sustentabilidade em São Gonçalo, desempenhando um papel fundamental à natureza: o abrigo da fauna. Lá existem mais de 200 espécies de pássaros, além de animais típicos da fauna silvestre originária, entre micos, preás e tatus. A APA do Engenho Pequeno, que abrange ainda os bairros do Rocha, Colubandê, Tribobó, Morro do Castro e Novo México, foi criada com o intuito de preservar uma das poucas áreas de bioma da Mata Atlântica existentes próximo à área urbana. Lá podem ser vistos resquícios de espécies como alecrim-de-campinas, imbaúba, quaresmeira, aroeira, palmeira, entre outras. Mas o parque representa muito mais do que se possa imaginar. A unidade de conservação é essencial para a manutenção dos serviços ecossistêmicos de São Gonçalo, auxiliando no equilíbrio do clima local – tropical quente e úmido – e desempenhando uma função protetora da nascente dos rios Imboaçu, Brandoas, Alcântara e das Pedras. Além da importância ecológica, a área de proteção ambiental representa um espaço público que pode ser explorado pelos moradores da cidade e turistas também. A prática de trilhas é bastante realizada no local, que é propício para a recreação e o lazer. Afinal, sentir o ar puro da natureza e estar em contato direto com ela é, para alguns, uma das melhores atividades a se fazer.

APA do Engenho Pequeno é a única área ambiental da Mata Atlântica em São Gonçalo, e preserva centenas de plantas nativas e animais silvestres Por conta de suas belezas naturais, as trilhas da APA do Engenho Pequeno são muito procuradas por estudantes da área de biologia, ou simplesmente por entusiastas com o meio ambiente. Aproveitar a paisagem é uma tarefa fácil na APA do Engenho Pequeno. Durante as trilhas, diversos mirantes surpreendem os aventureiros, que encontram em cada ponto uma vista peculiar de São Gonçalo. Até mesmo os religiosos procuram conforto espiritual na área de proteção ambiental. No local há uma gruta com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, muito conhecida por trazer tranquilidade e paz aos seus visitantes. Há quem diga que a visita à imagem da santa rendeu milagres. Mas como surgiu tudo isso? Uma importante propriedade da época, a Fazenda Engenho Pequeno, deu lugar ao que conhecemos hoje como Área de Proteção Ambiental do Engenho Pequeno. Em 1978 ela foi desapropriada pelo Estado do

çalo colocava em risco a única vegetação de Mata Atlântica da cidade. Por isso, constantes campanhas de reflorestamento estão sendo adotadas ao longo do ano. Ações educativas de preservação ambiental salientam a importância dessa unidade de conservação à população gonçalense. Foi dessa forma que o local entrou para o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) do Ministério do Meio Ambiente no fim do ano passado. Após essa conquista significativa, a tecnologia está sendo usada como uma aliada importante na conservação e desenvolvimento sustentável. Um drone passou a ser utilizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente para auxiliar técnicos Imagem de Nossa Senhora Aparecida é um dos atrativos religiosos da APA e analistas a mapear as áreas Rio de Janeiro, dando origem a Pensando em reverter esse inacessíveis da APA. Com isso, um aterro sanitário que recebia cenário, o decreto municipal a área se torna a primeira uniresíduos de toda a cidade. No de 19 de julho de 1991 (nº 054) dade de conservação do Estado entanto, tudo o que se via eram transformou o local em uma do Rio de Janeiro a utilizar esse queimadas, invasões, ocupações unidade de conservação. A alta tipo de mecanismo tornando-se e desmatamento. taxa de ocupação de São Gon- um marco.


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No compasso do sucesso há 16 anos, Escola de Música Pixinguinha atende mais de 300 alunos no barro vermelho

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Fotos: Lucas Benevides

música tem o poder de transformar uma sociedade. Em São Gonçalo não é diferente. É através do som que a Escola de Música Pixinguinha, há 16 anos, procura contribuir para mudar a vida dos quase 300 alunos os quais atende no Barro Vermelho. A escola foi inaugurada no ano 2000, pela Fundação de Arte de São Gonçalo (Fasg), criando um espaço democrático para o aprendizado da música. Gratuitamente, pessoas de todas as idades podem se inscrever nas aulas de bateria, violão, violino, piano, guitarra, baixo, e muitas outras modalidades. De acordo com o diretor da Escola de Música Pixinguinha, Bruno Carvalho, a procura se estende para outros municípios. Além de atender alunos do próprio Barro Vermelho e São Gonçalo, em geral, pessoas de Escola de Música Pixinguinha oferece aulas de diversos instrumentos musicais para quase 300 alunos de várias cidades Itaboraí, Niterói e Maricá também procuram o local, que já se tornou Há 16 anos a referência no ensino musical. Escola Pixinguinha “Temos uma lista de espera oferece aulas enorme, com muita gente esperando por uma vaga. Vamos gratuitas de fazer uma recontagem para música saber quais alunos estão comparecendo ou não para dar a Além desse trabalho com oportunidade a quem precisa”, jovens, a Escola de Música Pixinpontuou Bruno. O sucesso é tanto que já falta guinha tenta incluir na sociedade espaço. Por isso, a ideia é criar portadores de necessidades espemais um polo no Centro da cida- ciais, principalmente autistas. As de, ampliando o número de vagas. atividades, além de oferecerem A ideia é ter, também, um estúdio uma formação cultural ao aluno, nesse novo espaço. De acordo procuram trabalhar as principais com a direção da escola, só com a dificuldades dos alunos, auxilianlista de espera se poderia triplicar do na percepção das coisas, no o número de alunos, que tem, em exercício da memorização e foco. De acordo com o superintensua grande maioria, jovens de dente de Música de São Gonçalo, baixa renda. “A maioria dos jovens com Leonardo Belga, a única limitação quem trabalhamos é de baixa do local é a idade mínima de quatro renda, que, normalmente, não anos. Além disso, segundo ele, certeriam condições de estudar mú- ca de 40% dos alunos que estudam sica, de pagar por uma aula. Aqui na Escola de Música Pixinguinha é uma esperança. Se ele quer ser seguem carreira como músicos. “ É gratificante ver um aluno músico, se ele quer entrar para as Forças Armadas como músico, entrando como músico para a Aeaqui é o começo. Oferecemos um ronáutica, ou para o (curso) Villaensino de música de qualidade -Lobos. Tem muita gente que hoje sem precisar pagar nada”, expli- é professor de música e aprendeu tudo aqui. Tem professor aqui da Depois que se aposentou, Eliana Pinheiro decidiu dedicar seu tempo à música cou Bruno.

própria escola que fez aula aqui no Pixinguinha e vai gerando esse ciclo”, completou. Além do ensino profissional de música, a escola já se tornou uma terapia para alguns. Com um número significativo de idosos, a escola proporciona um ambiente de integração entre pessoas de todas as idades. “Temos muitos alunos idosos. Um dos alunos de bateria, inclusive, tem 79 anos. Tínhamos outro de 83, que, em 2010, conseguiu tirar a melhor nota da escola, competindo com mais de 400 alunos”, disse Leonardo que, também lembrou da importância da música na formação de cidadania.

Um dos cursos é oferecido especialmente para pessoas com deficiência A aposentada Eliana Pinheiro, de 60 anos, faz aulas de violão e teoria musical. Segundo ela, a escola de música já se tornou uma extensão de sua casa. Participando de corais a vida inteira, ler partituras sempre foi uma dificuldade, superada há dois anos, quando começou as aulas no Pixinguinha. “Sempre gostei de música, mas não sabia como praticar. Foi quando eu conheci a Escola de Música Pixinguinha, através de uns amigos. Grande parte da minha família toca vários instrumentos e isso só foi me dando mais vontade de aprender”, relatou Eliana. Ganhar um violão do sobrinho foi o “empurrãozinho” que faltava para a aposentada se render à música. Hoje, ela conta que gosta de passar a maior parte do tempo no local, onde aprende, faz novos amigos e absorve o que de melhor a música pode oferecer. “Daqui a pouco o meu casamento de 33 anos vai acabar, de tanto tempo que eu passo aprendendo música (risos)”, brincou a aposentada.



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