Dossiê Temático sobre a Cidade

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Olga Dryuchenko

A cidade


Escola Secundária de Albufeira

D

Autora: Olga Dryuchenko 11ºD Professora: Maria de Jesus Pinto Português Ano lectivo 2010/2011

ossiê tematico 1


Amesterdão Amesterdão

Berlim

O que é uma cidade?

Londres Londres

Lisboa Lisboa

História de um povo?

Espaço urbanístico?

ParisTallin Paris

Moscovo Estocolmo Estocolmo

Estrutura social?

New York

Madrid Madrid Viena

Roma 2


Íntrodução

A

organização deste dossiê temático foi mais um desafio para a minha criatividade. Por essa razão, recebi a proposta da professora com grande entusiasmo e comecei a imaginar mentalmente qual seria a melhor e a mais original forma de elaborar esta recolha sobre o tema

“Cidade”.

É um tema relativamente fácil e bastante vasto para um citadino, o que facilita a tarefa. Antes de tudo, optei por encontrar a forma mais acertada para mim, para depois organizar a recolha sobre o tema. Encontrei esta, a forma de fazer um livrojornal on-line. Porque? Porque nunca tinha experimentado fazer um trabalho de tal forma, e porque efectivamente

interesso-me por montar jornais, escrever textos jornalísticos, tratar do aspecto visual e ver o resultado final. Depois de decidir com o suporte do dossiê, prossegui para a recolha de materias. Alguns deles resultam das orientações iniciais da professora, outros da minha imaginação, outros da minha ligação com a História, Geografia, Literatura, Música, alguns até das minhas experiências passadas. O aspecto visual, nomeadamente as imagens e o seu tratamento, o tipo de letra, as cores, derivará de alguns exemplos de revistas, mas não deixará de ser original. O objectivo é falar um pouco dos mais variados aspectos da cidade que vêm à mente, organizá-los de forma coerente e de fácil acesso.

Olga Dryuchenko

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índice Páginas  Introdução............................................ 3  Simbologia de “Cidade”..................... 5  Cidade e vida citadina nos diferentes tempos da história...............................7  Albufeira , cidade dourada................. 9  Uma lenda de Albufeira .....................13  A lenda das Sete Cidades....................15  Thomas More sobre a cidade In Utopia...............................................16  A Cidade na perspectiva dos músicos, escritores, poetas e pintores....17  Sobre a cidade perfeita ......................25  Curiosidades sobre as cidades .......... 27  As cidades que visitei .........................29  Uma viagem a Salamanca.................. 37  A cidade inteligente............................ 39  Conclusão............................................ 42  Bibliografia......................................... 43  Anexos................................................. 44

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Simbologia de “Cidade”

“A

cidade

é um símbolo da sedentarização dos povos nómadas e, por isso, expressa pelo quadrado, que representa a estabilidade. Tal como as casas, as cidades são o centro do mundo e podem ser associadas a um reflexo do paraíso ou de locais espirituais. Segundo a mitologia cristã, a primeira cidade foi criada por Caim, filho de Adão e Eva. As cidades, tal como as casas, são um símbolo de estabilidade e sedentarização e por isso assumem a forma quadrada por oposição às Nas imagens: Jerusalém e Babilónia

tendas e aos acampamentos nómadas que têm a forma redonda, representando o movimento. São também um símbolo feminino, associado à mãe que encerra os filhos que são os seus habitantes. As cidades são um elemento quadrado e mineral por oposição ao paraíso, do qual são um reflexo, que é redondo e tem uma simbologia vegetal. Segundo a tradição, existem cidades que são uma representação da valores espirituais e supremos: Heliopolis era a cidade do Sol, Jerusalém tinha a sua correspondente 5


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celeste com doze portas, correspondendo ao cosmos zodiacal, modelo que existia também nas cidades hindus e romanas, em que todas elas eram construídas tendo em conta a posição dos planetas

e o movimento do Sol. Para a construção das cidades, também se tinham em conta as nascentes e os cursos das águas, a direcção dos ventos, da luz e da sombra.

Para além de quadradas, as cidades também eram posicionadas em relação aos quatro orientes, ou seja, às quatro direcções, que na Índia eram associadas às quatro castas. Estas quatro direcções, complementadas por duas vias principais perpendiculares,assemelhava m-se ao Yantra de Shiva e eram usadas como modelo, tanto nas cidades imperiais da China como na Antiga Roma, simbolizando o centro do poder e do Império. Muitas cidades tinham fortalezas em forma de vários quadrados encaixados, como era o caso das cidades celtas, gregas ou chinesas. Segundo Platão, as

cidades da Atlântida eram de forma redonda, simbolizando uma perfeição supraterrena. Na Idade Média existia muito o conceito de uma cidade celeste por oposição às cidades terrenas e que a vida dos seres humanos era um percurso entre estas duas cidades. Na Bíblia, as cidades eram descritas com qualidades e defeitos e vestuário de pessoas, como é, por exemplo, o caso de Jerusalém, descrita como mãe, ou de Babilónia, vestida de púrpura e escarlate, com adornos de ouro e pedras preciosas, simbolizando a devassidão

Cidade (simbologia). In Diciopédia 2010


Cidades e vida citadina

Evolução histórica 

Grécia, Atenas, 300 anos a.C

“O

s

nossos antepassados adornaram a cidade com edifícios tão esplêndidos e numerosos que qualquer dos seus descendentes desistiria se tentasse superá-los. Deixaram-nos uma cidade ordenada e bel, com os propiléus lá no alto, o arsenal

Nas imagens: Atenas e Torre Eiffel ( Paris)

e muitas coisas mais. E, no entanto, as casas dos poderosos eram modestas e coerentes com o espírito da nossa constituição. Eram tão modestas e coerentes com esta última, que vivendas das pessoas famosas (...) não excediam a dos seus vizinhos(...)”

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Portugal, Lisboa, século XIII

“A

primeira muralha de Lisboa, (...) abrangia 15 mil hectáres. Não era uma grande cidade em comparação com outras metrópoles famosas da

França, Paris, século XXI

“A

actual organização da cidade de Paris muito deve às obras de Haussmann, durante o século XIX. Foi ele quem abriu a maioria das vias de maior circulação hoje em dia Costuma-se associar Paris ao alinhamento de imóveis de .

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Espanha muçulmana. Mas também não era uma aldeia. Em redor da mesquita que fora convertida em catedral funcionavam os mercados e os banhos públicos (...).”

mesma altura ao longo de avenidas ladeadas de árvores, às fachadas ritmadas pelos ornamentos do segundo andar e pelos balcões contíguos do quinto andar. O centro de Paris distingue-se dos centros de muitas grandes cidades ocidentais pela sua alta densidade populacional.”


Albufeira, cidade dourada

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N

ão nasci aqui. Mais de 6 mil kilómetros separam-me da terra que me deu vida e ar para respirar, que me acolheu no seu berço. Longe, atrás das montanhas e mares, planícies e vales. Mas o sítio onde pertenço realmente, onde vejo a minha vida correr de forma simples, onde sei que cada rua me conhece e cada edifício me sorri, é Albufeira.

reconfortante, as ondas falam connosco num sussuro que fica na memória para sempre. A Praia dos Pescadores de Albufeira e o antigo Jardim, fazem parte da baixa da cidade que se conserva

Albufeira

Extremo sul de Portugal, Algarve. Albufeira é uma cidade fantástica, de dimensões pequenas mas com tão grande significado. Aqui tudo é pragmático , pode-se percorrer a cidade inteira em menos de duas horas. Cada cantinho é único, cada sítio, mesmo visitado por uma vez deixa uma recordação especial. É uma cidade muito acolhedora, pode-se mesmo dizer que é dócil. Para quem aqui vive, Albufeira é essencial, é um pedacinho do mundo como não há outro igual. O verão aqui é dourado... Porque as praias são douradas. A areia é macia, o sol tão quente que parece que vamos derreter. As águas do mar são de um azul 11

desde dos tempos dos mouros. As noites aqui são de veludo... Frescas e brilhantes.


O dinamismo deste pequeno lugar é de tão maneira acentuado que por vezes chego a pensar que me encontro na capital. Mas quando saio para a rua, seja de dia ou de noite, no verão ou no

- a minha cidade

Cidade das praias douradas, do sol quente, do céu limpo e das ondas do mar com espuma branca. inverno, com frio ou calor, encontro sempre caras conhecidas e simpáticas, porque as pessoas de Albufeira são tão sociáveis como em mais lado

nenhum. Posso viajar mas tenho sempre saudades do espírito albufeirense, esteja onde estiver. Amo Albufeira, por ela ter me dado tudo o que tenho, tudo que preenche a minha vida. Por ela me ter aquecido quando estava com frio, por me ter dito o que havia de fazer nos momentos de maior desespero. Quando vou pela rua sozinha, é aí que saboreio a cidade, a sua tranquilidade, o seu companheirismo... Quando vou pela rua sozinha, olho para os lados e sei que estou em casa. Esta cidade deixa-nos estar connosco próprios, sentados no pontão a ver o pôr-do-sol, só nós e o nosso eu. Mas nunca nos deixa sozinhos... Este ar que me preenche tem um cheiro específico, um cheiro a amizade, um cheiro a bondade... Porque Albufeira é aquela cidade que uma vez presente na vida, nunca desaparecerá da memória, nunca largará o pensamento. Porque ser albufeirense é fazer parte de cada árvore, de cada grão de areia na praia, de cada raio do sol que ilumina este lugar paradisíaco.

Olga Dryuchenko

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Lenda da cidade de Albufeira

“A Fonte das Almas”

S

obre a Fonte Santa, de Alte, a norte de Paderne, concelho de Albufeira, Estácio de Veiga pôs a lenda em verso:

Era de Maio uma tarde, De tais flores perfumada Que a Virgem Mãe do Rosário De tanto enlevo enlevada Junto à margem de um ribeiro Céu e terra contemplava. Nas águas que ali correm, Via-se ela retratada, E dos mirtais e roseiras Que o ribeiro refrescava, Uma capela tecera Para a Senhora da Orada. Tecida que era a capela, Logo dalí se ausentara, Levando no seu regaço O Filhinho de su’ alma Indo em meio do caminho Grande calor apertava; 13

A água o Menino pedia, Mas sua Mãe não lh’a dava Que dentre aquelas estevas Olho d’água não brotava. Crescia a sede, crescia , E então a Virgem parava. Lança os olhos à ventura, Vê uma rocha escarpada. Onde o sol dava de face Com tal calor que crestava! Palavras que a Virgem disse Logo pelo Céu entraram, E o rochedo que as ouvira Em fonte se transformara. O caso é que em bem pouco Água tão fresca jorrava, Que aos pés da santa corria, Como quem lhe os pés beijava.


Bebendo que era o Menino, Toda a fonte se cercava De alecrins e manjeronas. E rosas de toda a casta, Desde então ficou a fonte Chamada fonte fadada, Dera-lhe a Virgem três chaves, Uma de ouro e as mais de prata,

Uma para ser aberta, Outra para ser fechada E outra para alí guardar Almas puras como a água, Das almas que a Santa Virgem Muitas vezes lá guardava, Ficou o povo chamando À fonte – Fonte das Almas.

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Lenda da ilha dos Açores

“A lenda das Sete Cidades”

“C

onta a lenda que o arquipélago dos Açores é o que hoje resta de uma ilha maravilhosa e estranha. Vivia nessa ilha um rei que lamentava não ter filhos. A dor tornava-o amargo e cruel. Uma noite, desceu uma estrela muito brilhante dos céus que aos poucos se foi materializando numa bela mulher. Esta prometeu ao rei uma filha bela como o sol. Para isso, o rei teria de deixar de ser cruel e passar a ser paciente. Teria que construir um palácio rodeado por sete cidades cercadas por muralhas de bronze que ninguém poderia transpor. A princesinha 15

ficaria aí guardada durante trinta anos, longe dos olhos e do carinho do rei. O rei aceitou o desafio. No entanto, decorridos 28 anos, o rei não aguentou mais. Apesar de saber que morreria e o seu reino seria destruído, dirigiuse às muralhas para as destruir. Assim que começou, a terra estremeceu e o mar engoliu a ilha. No fim de tudo, restaram apenas as nove ilhas dos Açores e o palácio da princesa, transformado agora na Lagoa das Sete Cidades. A lagoa dividiu-se em duas: uma verde, como o vestido da princesa, e a outra azul, da cor dos seus sapatos.”

Lenda das Sete Cidades. In Diciopédia 2010 Na imagem: Lagoa das Sete Cidades


Na imagem: Ilha da Utopia

Thomas More sobre a cidade

I

númeras facetas de uma cidade abrem-se perante um observador atento. Este pode subir o pano que permanece sobre a cidade e abrir-se-a aos seus olhos um quadro multifacetado. Um desses observadores foi Thomas More, que no século XVI escreveu o livro “Utopia” no qual descrevia as mais ideais cidades, obviamente imaginárias. More não se limitava apenas a descrever a sua organização, fez ele uma autópsia minuciosa desde as intrelações dos cidadãos, a sua racional exploração dos recursos das cidades, a sua cultura até a distribuição da riqueza comum.

As reflexões de Thomas More suscitaram um debate durante o qual os participantes tentaram defender ou refutar a ideia da implementação da organização das cidades utopianas, na Inglaterra. Porém, o modelo utopiano revelou-se incompatível com todos os países europeus. A organização político-social destes estava tão enraizada e corrupta, que não se via possível qualquer governante legislar de acordo nem com metade das leis utopianas. Seria necessário arrasar todos os países europeus e extinguir a raça europeia, para poder começar a construção da cultura nova e mais perfeita... Olga Dryuchenko

In “Utopia”

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A cidade Lisboa & Amaurota

“Estavam no Loreto; e Carlos parara, olhando, reentrando na intimidade daquele velho coração da capital. Nada mudara. A mesma sentinela sonolenta rondava em torno à estátua triste de Camões. Os mesmos reposteiros vermelhos, com brazões eclesiásticos, pendiam nas portas das duas igrejas. O Hotel Aliance conservava o mesmo ar mudo e deserto. Um lindo sol dourava o lagedo; batedores de chapéu à faia fustigavam as pilecas; três varinas, de

canastra à cabeça, meneavam os quadris, fortes e ágeis na plena luz. A uma esquina, vadios em farrapos fumavam; e na esquina defronte, na Havaneza, fumavam também outros vadios, de sobrecasaca, politicando.”

Eça de Quierós, in “Os Maias “

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“As cidades da ilha, com especial menção de Amaurota Quanto às cidades, quem conhece uma conhece todas. Assemelham-se tanto quanto a natureza do local o permite. Descrever-vos-ei, pois, uma delas, indferentemente; mas porque não Amarouta? (...) A cidade de Amaurota fica na encosta de um monte de inclinação suave e tem forma quase quadrangular. Começa pouco abaixo do cume do monte e prolonga-se pelo

espaço de duas milhas até ao rio Anidro. A sua largura, junto ao rio, aumenta um pouco. ( ... ) Hoje, as casas são belas e elegantes, contruídas por um processo interessante, com três andares. O exterior das paredes é coberto de pedra, gesso, tijolo, e o seu interior é reforçado com vigas de madeira. Os telhados são planos (...)”

Thomas More, in “Utopia “

na perspectiva dos escritores Nas imagens : Loreto, Lisboa e Ilha Poros, Grécia

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Os músicos sobre Nas imagens: Cidades do Porto e Lisboa

 Rui Velozo – “Porto Sentido”

Q

uem vem e atravessa o rio Junto a Serra do Pilar Vê um velho casario Que se estende ate ao mar

Esse teu ar grave e sério Num rosto e cantaria Que nos oculta o mistério Dessa luz bela e sombria

Quem te vê ao vir da ponte És cascata, são-joanina Erigída sobre o monte No meio da neblina.

[refrão] Ver-te assim abandonado Nesse timbre pardacento Nesse teu jeito fechado dD quem mói um sentimento

Por ruelas e calçadas Da Ribeira até à Foz Por pedras sujas e gastas E lampiões tristes e sós.

E é sempre a primeira vez Em cada regresso a casa Rever-te nessa altivez De milhafre ferido na asa


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 Amália Rodrigues – “Lisboa não

sejas francesa”

N

ão namores os franceses Menina, Lisboa, Portugal é meigo às vezes Mas certas coisas não perdoa Vê-te bem no espelho Desse honrado velho Que o seu belo exemplo atrai Vai, segue o seu leal conselho Não dês desgostos ao teu pai Lisboa não sejas francesa Com toda a certeza Não vais ser feliz Lisboa, que idéia daninha Vaidosa, alfacinha, Casar com Paris

Lisboa, tens cá namorados Que dizem, coitados, Com as almas na voz Lisboa, não sejas francesa Tu és portuguesa Tu és só pra nós Tens amor às lindas fardas Menina, Lisboa, Vê lá bem pra quem te guardas Donzela sem recato, enjoa Tens aí tenentes, Bravos e valentes, Nados e criados cá, Vá, tenha modos mais decentes Menina caprichosa e má

Lisboa não sejas francesa...

a Cidade..


A visão dos “Cidade” Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas, Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta, Saber que existe o mar e as praias nuas, Montanhas sem nome e planícies mais vastas Que o mais vasto desejo, E eu estou em ti fechada e apenas vejo Os muros e as paredes, e não vejo Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas. Saber que tomas em ti a minha vida E que arrastas pela sombra das paredes A minha alma que fora prometida Às ondas brancas e às florestas verdes.

Sofia de Mello Breyner, in “Obra Poética I”

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poetas sobre

“ Cidade” Uma

Uma cidade pode ser apenas um rio, uma torre, uma rua com varandas de sal e gerânios de espuma. Pode ser um cacho de uvas numa garrafa, uma bandeira azul e branca, um cavalo de crinas de algodão, esporas de água e flancos de granito. Uma cidade pode ser o nome dum país,

dum cais, um porto, um barco de andorinhas e gaivotas ancoradas na areia. E pode ser um arco-íris à janela, um manjerico de sol, um beijo de magnólias ao crepúsculo, um balão aceso numa noite de junho. Uma cidade pode ser um coração, um punho.

Albano Martins, in "Castália e Outros Poemas Nas imagens: Cidades de Coimbra e Sintra

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O olhar dos T anto como os compositores, os escritores e os poetas, os pintores têm uma visão personificada e

impressionista sobre o espaço urbano. Talvéz sejam justamente as pinturas que transmitem o ambiente citadino da mais fiel forma...

“Sobre a Cidade” por Marc Chagall (1915) 23


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pintores sobre “O Paço da Ribeira” por Dirk Stoop (1610-1686)

o espaço urbano

“Boulevard Montmartre” por Camille Pissarro (1897)


Sobre a cidade Perfeita Largos boulevards, ruas que brilham de pureza, aposentos de luxo e grau 0 de criminalidade. Na imagem: Roma, Itália.

E

mbarco numa viagem por uma cidade perfeita.

Começo por imaginar um país perfeito, antes de tudo. Não sei porque mas a primeira associação que me vem à mente quando se fala em perfeição de cidade, é Itália. Roma ou Veneza, ou até mesmo Verona, cidades de escape para romanticos e artistas. Encontro-me em Itália , numa delicada cidade á beira do Mar Mediterrâneo. 25

O clima mediterrânico até no Inverno é ameno. Mas estou em meados de Junho. A quantidade de sol é invejável, as praias convidam-me gentilmente. Ao fundo vejo, montanhas onde posso refugiar-me no fresquinho da sombra do bosque. Entro pelas portas da cidade. Reparo que as ruas são largas, bastante largas para que os peões não tenham medo de andar no passeio e serem atropelados. Filas de


árvores ao longo de qualquer rua produzem oxigénio para respirar livremente. Os jardins que se encontram espalhados por toda a cidade dão-lhe um reflexo verde e acolhedor que contrasta com a cor das flores de verão. A electricidade alimenta os carros e os transportes públicos, tanto como todos os outros, de maneira a evitar a poluição do ar. As casas são de luxo, não muito grandes mas bem equipadas, bem contruídas e baratas, porque é suposto o país e a cidade serem abastadas. O Estado democrático encarrega-se de dar as melhores condições aos habitantes. Estes, desempenham os seus cargos de modo a contribuir para o bem de toda a sociedade . Todos são bem remunerados e têm as mesmas oportunidades.Os preços são fixos, não existe inflação nem

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Olga Dryuchenko

especulação da banca que obrigam os preços a disparar. Qualquer produto é acessível para qualquer pessoa. O poder de compra é equivalente para todos. Existem bancos, escolas com o melhor sistema educativo, universidades, unidades hoteleiras e de restauração, teatros, cinemas. Não falta nada. Não há ricos nem pobres. Não existe descriminação. A criminalidade é reduzida á zero pois é simplesmente impertinente e desnecessária. É um mundo a parte, que parte do princípio da igualdade e da felicidade comum. Cada um dos habitantes da cidade está plenamente feliz. A vida é de tal maneira boa, que deveria ser infinita…

É a utopia citadina...


Tóquio A

maior área metropolitana do mundo

A

cidade de Tóquio é a capital do Japão e a maior área metropolitana do mundo, contando com 12 milhões de habitantes. Porém, a Grande Tóquio supera todos os limites, albergando mais de 35 milhões de habitantes. Em comparação com Portugal, esta cidade ultrapassa o número total de habitantes portugueses mais de 3 vezes!

Nas imagens: Tóquio (Japão)e Hum (Croácia)

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28

Hum -Cidade miniatura um é uma cidade na Croácia central, que actualmente se encontra registada no livro dos Recodes de Guiness como a cidade mais pequena do mundo. Esta cidadefortaleza aparecida no século XI conta com apenas 17 habitantes! Nos seus tempos mais prósperos a sua população atingiu os incríveis 300 habitantes!

H


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Algumas cidades que visitei


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Porto - Portugal


31

Vila Nova


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de Gaia Portugal


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Moscovo Russia



Salamanca Espanha



Uma viagem a Espanha. Salamanca. 2011 Uma cidade que não passa despercebida ...

V

iajei a Salamanca este Inverno. A primeira impressão que tive foi: é uma cidade muito antiga, carregada de séculos de história com tanto por contar. Ficamos alojados num hostel no centro da cidade, numa rua próxima da Plaza Mayor. Das janelas do quarto abriase vista para umas casas degradadas. Porém, as redondezas tinham muito mais para ver, para andar, para contar ao som dos

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nossos passos desconheciam a cidade.

que

Começamos por observar mais de perto a Plaza Mayor e a sua grandiosidade. As ruas derivantes abriam caminho para a outra parte mais moderna da cidade, carregada de lojas de moda e montras para todos os gostos. Mas havia algo mais importante e simbólico para ser visto. As Catedrais, a nova e a antiga, e as Unversidades, a de Salamanca, e a Pontifícia.


As Catedrais eram de extrema beleza. Eguidas sob a tutela de diferentes ordens arquitectónicas, elas repousavam na sua tranquilidade sacra. As salas da Faculdade de Letras da Universidade de Salamanca deixaram uma impressão magestosa. Zelando pela nossa sorte, fomos procurar o símbolo de Salamanca, a rã que está no edifício principal da Universidade. A Casa das Conchas conservava as suas 366

conchas desprotegidas do vento de Inverno e dos 4ºC que faziam gelar ossos. O Museu da Arte Moderna reluzia com as suas perfeitas bonecas de porcelana. Os jardins, situados nas zonas mais elevadas da cidade respiravam tranquilidade e transmitiam o sentimento de paz. A ponte sob o rio, à entrada da cidade, reflectia-se no rio como um arco-íris.

Ao anoitecer milhares de luzes iluminavam a Plaza Mayor enaltecendo o centro da cidade...

Salamanca Olga Dryuchenko

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Uma cidade Inteligente

“(...)

a

cidade contemporânea traz consigo novos desafios, oportunidades, e necessidades do desenvolvimento sustentável e da gestão inteligente. A pergunta é: como será a cidade do futuro? Qual é o modelo de cidade que desejamos? O certo é que devemos optar por uma cidade sustentável, i.e. uma cidade inteligente, inovadora, e criativa e que deve ser focada, planeada, e feita para as pessoas.”

“A

ssim, a cidade contemporânea traz

consigo novos desafios, oportunidades, e necessidades do desenvolvimento sustentável e da gestão inteligente. A pergunta é: como será a cidade do futuro? Qual é o modelo de cidade que desejamos? O certo é que devemos optar por uma cidade sustentável, i.e. uma cidade inteligente, inovadora, e criativa e que deve ser focada, planeada, e feita para as pessoas.”

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40

“A

cidade inteligente é definida, portanto,

como um território que traz sistemas inovativos e TICs dentro da mesma localidade. São territórios caracterizados pela alta capacidade de aprendizagem e inovação, embutida na criatividade d sua população, nas suas instituições de geração de conhecimento, e na sua infra-estrutura digital para comunicação e gestão do conhecimento. Isto leva certamente à necessidade e à ambição de repensarmos o nosso modo de viver.”

“M

as, o exemplo mais fascinante de cidade

digital é New Songdo em construção na Coreia do Sul, a 65 quilômetros da capital Seul, que conta com um investimento de US$ 25 bilhões, e que deve ser inaugurada em 2015. Songdo é um polo econômico, sustentável, tecnológico, confortável e totalmente planeado para atrair a comunidade mais dinâmica, vibrante e digitalizada do planeta. (...) Além de ser uma cidade totalmente high-tech, Songdo pretende ser a cidade mais verde do planeta.”


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“P

or exemplo, as arcas frigoríficas conectadas à

Internet, fazem compras on-line cada vez que algum alimento está a ficar em falta. Para se vestir, as mulheres interagem com o espelho do guarda-roupa que mostra as opções disponíveis, provam virtualmente as diferentes combinações e recebem até sugestões de moda etc. O chão é equipado por sensores de pressão que accionam a ajuda automaticamente em caso de queda de uma pessoa idosa. Sensores e chips levantam e analisam informações sobre a qualidade da água, ar, lixo, etc. e avisam sobre as condições sanitárias do ambiente. No trânsito, os semáforos são inteligentes e actuam de forma a facilitar o transito e evitar congestionamentos. Os motoristas visualizem on-line, as condições do trânsito. As áreas de estacionamento são monitoradas e os motoristas são informados sobre a quantidade e a localização das vagas.”

“A

ssim, Songdo, é um exemplo perfeito de

tentativa para colocar em prática o conceito de Ubiquitous City (U-City). O U-City, ou cidade digital, ou do futuro, é um conceito que está a priori. Porém, é preciso ter muitos cuidados com a privacidade das pessoas inerentes do uso de chips que carregam informações e dados pessoais. Até que ponto o monitoramento de nossas atividades é útil e pode ser tolerado?”


Conclusão Quando peguei na ideia de fazer um dossiê temático estava com grandes dúvidas sobre o resultado final. Pensei e repensei as várias maneiras de me lançar a este desafio, e posso dizer que completei o que tinha previsto para este dossiê temático.

Este dossiê temático é um ensaio para um melhor e maior trabalho que se pode desenvolver. Porém, não penso parar por aqui e até gostaria de continuar a preenché-lo. Seria uma mais valia aperfeiçoar este modelo já feito, adicionar mais informação.

A medida que realizava algumas tarefas e preenchia as páginas, as pesquisas davam novas ideias. Revi dezenas de imagens, ouvi músicas que nunca tinha ouvido, procurei vídeos, poemas, e tudo o mais que se possa imaginar. Fiquei mais enriquecida culturalmente e soube coisas que até hoje não sabia.

Enquanto estava a fazer isto vi-me muito entusiasmada e ansiosa para ver o resultado das horas infinitas passadas em frente ao computador. No final, gostei muito do que fiz, serviu-me de lição para as próximas tarefas. Penso que agora estou preparada para fazer outro dossiê temático e acredito que vou encontrar maneira de fazé-lo mais criativo.

Olga Dryuchenko

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Bibliografia COUTO, Célia, ROSAS Maria, O Tempo da História 1ª,2ª,3ª parte, 10º ano, 1ª edição, Porto Editora, 2008. COUTO, Célia, ROSAS Maria, O Tempo da História ,3ª parte, 11º ano, 1ª edição, Porto Editora, 2010. MORE, Thomas, Utopia, 3ª edição, Europa- América, 2004. QUEIRÓS, Eça, Os Maias, Porto Editora, 2010. MOUTINHO, José, Portugal Lendário, 1ª edição, Selecções do Reader´s Digest, 2005.

Média: Diciopédia, Porto Editora, 2010 http://pt.wikipedia.org/wiki/Paris http://letras.terra.com.br/amalia-rodrigues/483768/ http://letras.terra.com.br/rui-veloso/41677/ http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/sophia_m_b_andresen/poetas_sophi ambandresen_cidade01.htm http://www.citador.pt/poemas.php?op=10&refid=200810170304 http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%B3quio http://ru.wikipedia.org/wiki/%D0%A5%D1%83%D0%BC http://www.jornalpequeno.com.br/2010/9/26/cidade-inteligente132773.htm http://www.citador.pt/pensar.php?op=10&refid=200706220900&aut hor=148&theme=327 43


Anexos Vídeos: “Lisboa não sejas francesa”, por Amália Rodrigues: http://www.youtube.com/watch?v=JDby_KHmVO4 “Porto Sentido”, por Rui Veloso: http://www.youtube.com/watch?v=k2RBiFgaz7M “Lisboa menina e moça”, por Carlos do Carmo: http://www.youtube.com/watch?v=RDRM2dJQDws “A cidade até ser dia”, por Anabela http://www.youtube.com/watch?v=8E1glAS6IJ8

Mais: Poemas sobre a “Cidade” http://www.citador.pt/poemas.php?poemas=Cidade&op=9& theme=327 Salamanca: http://pt.wikipedia.org/wiki/Salamanca Albufeira: http://www.albufeira.pt/

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A Vida Vazia da Cidade Instalámo-nos, portanto, na cidade. Aí toda a vida é suportável para as pessoas infelizes. Um homem pode viver cem anos na cidade, sem dar por que morreu e apodreceu há muito. Falta tempo para o exame de consciência. As ocupações, os negócios, os contactos sociais, a saúde, as doenças e a educação das crianças preenchem-nos o tempo. Tão depressa se tem de receber visitas e retribuí-las, como se tem de ir a um espectáculo, a uma exposição ou a uma conferência. De facto, na cidade aparece a todo o momento uma celebridade, duas ou três ao mesmo tempo que não se pode deixar de perder. Tão depressa se tem de seguir um regime, tratar disto ou daquilo, como se tem de falar com os professores, os explicadores, as governantas. A vida torna-se assim completamente vazia. Leon Tolstoi, in "Sonata a Kreutzer"


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